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REVISTA CIENTÍFICA CIF BRASIL. 2018;10(3):63-76 PORTAL MULTIFUNCIONAL DA CIF
APLICABILIDADE DO “CIF DIGITAL” COMO
FERRAMENTA PARA O ACOMPANHAMENTO DAS CRIANÇAS COM
SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS EM UM CENTRO ESPECIALIZADO -
RELATO DE EXPERIÊNCIA
APPLICABILITY OF "DIGITAL ICF" AS A TOOL FOR FOLLOW-UP OF CHILDREN
WITH ZIKA VIRUS CONGENITAL SYNDROME IN A SPECIALIZED CENTER -
EXPERIENCE REPORT
Raiany Azevedo dos Santos Gomes1, Rayane da Costa Silva1, Raysa da Costa Silva1, Shirley
da Silva Santos1, Elaine Carla da Silva1, Jardel Barroso Dias Batista2, Clarissa Cotrim dos
Anjos3
1 Acadêmicas do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual de Ciências da Saúde
de Alagoas (UNCISAL), raianyazvdo@gmail.com, rayanefisio@outlook.com,raysa-
costa@outlook.com, shyr_l@hotmail.com, elainecfisio@outlook.com, 2 Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
jardelbdb@gmail.com, 3 Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Neurofuncional, Universidade Estadual
de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), clacotrimanjos@gmail.com
RESUMO
Esse estudo objetivou relatar a experiência da utilização do “Cif Digital” como ferramenta
para o acompanhamento das crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus. Na coleta de
dados foi aplicada a ficha de avaliação do setor de Fisioterapia, como também uma ficha
contendo os dados da CIF. Esses dados obtidos foram inseridos no “Cif Digital”. Verificou-
se que o registro das informações sobre funcionalidade das crianças foi feito de forma rápida e
precisa. Entretanto, o prontuário precisa de ajustes em relação a: gerar uma planilha em excel
de modo a listar todos os pacientes e resultados; necessidade de atualização da nomenclatura;
possibilitar salvar o arquivo em formato pdf; e aumentar o número de categorias a serem
classificadas. Apesar do “Cif Digital” apresentar falhas e dificuldades quanto ao seu uso,
destaca-se que o mesmo pode vir a ser uma ferramenta extremamente útil para promover uma
maior facilidade no registo das categorias da CIF.
Descritores: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde.
Fisioterapia. Zika Vírus.
REVISTA CIENTÍFICA CIF BRASIL. 2018;10(3):63-76 PORTAL MULTIFUNCIONAL DA CIF
ABSTRACT This study aimed to report the experience of the use of the "Digital Cif" as a tool for the
monitoring of children with Congenital Syndrome of the Zika Virus. In the data collection was
applied the assessment sheet of the Physiotherapy sector, as well as a card containing the
data of the CIF. These data were entered in the "Digital ICF". It was verified that the
registration of information about the children's functionality was done quickly and
accurately. However, the chart needs adjustments in relation to: generating an excel
spreadsheet in order to list all patients and results; need to update the nomenclature; be able
to save the file in pdf format; and increase the number of categories to be classified. Although
the "Digital ICF" presents flaws and difficulties in its use, it should be highlighted that it can
be an extremely useful tool to promote a greater ease in registering the categories of the CIF.
Key Words: International Classification of Functioning, Disability and Health. Electronic
Records. Microcephaly.
INTRODUÇÃO
Considerada uma malformação
congênita, a microcefalia ocorre em um
nascido vivo com crânio pequeno. A
ocorrência de um perímetro cefálico abaixo
do padrão das curvas apropriadas para a
idade e gênero, associado a uma
investigação com exames de neuroimagem
servem de referência para essa definição.
Grande parte das crianças com
microcefalia apresenta atrasos no
desenvolvimento neuropsicomotor e em
torno de 90% dos casos tem
comprometimento cognitivo com presença
de uma deficiência intelectual1.
A ocorrência dessa manifestação
tornou-se expressiva no Brasil no final do
ano de 2015, com o aumento do número de
crianças nascidas vivas com essa
malformação, em função da possível
infecção pelo vírus Zika. Devido ao
conjunto de características encontradas
nessas crianças, as mesmas passaram a ser
diagnosticadas não mais como crianças
com microcefalia, mas sim como crianças
com síndrome congênita do zika vírus
(SCZV) 2.
Assim, o governo vem promovendo
ações preventivas e reabilitadoras, para
evitar novos casos e também para que os
bebês acometidos conquistem um maior
ganho funcional possível. Uma dessas
ações consiste em intervir precocemente,
visando estimular o desenvolvimento
infantil, como preconiza a nova diretriz
para Estimulação Precoce de crianças de
zero a três anos com microcefalia proposta
pelo Ministério da Saúde2.
A intervenção precoce tem como
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objetivo ofertar experiências significativas
em momento e quantidade adequada que
favoreça a aprendizagem para que o bebê
se desenvolva dentro de sua capacidade de
maneira integrada com seu meio familiar.
Entende-se como experiências
significativas, o conjunto de atividades
dirigidas à criança menor que cinco anos,
pautadas na fase que se encontra,
utilizando técnicas e atividades adequadas
para estimular o desenvolvimento de sua
inteligência, motricidade e personalidade,
contribuindo para o seu desenvolvimento
integral3.
A Portaria n.º 793, de 24 de abril de
2012 instituiu a Rede de Cuidados à Pessoa
com Deficiência no Âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS), incluindo a pessoa
com deficiência na rede de serviços
existentes, possibilitando desde a atenção
básica até os serviços de maior
complexidade4.
Dentro da rede, estão os chamados
Centros Especializados de Reabilitação
(CER), unidades destinadas à atenção
ambulatorial especializada que realiza
diagnóstico, avaliação, tratamento e
acompanhamento de pessoas com
deficiência física e intelectual. Os CER
oferecem também doação, conservação e
adequação de órtese, prótese e meios
auxiliares de locomoção, tornando-se
referência para a rede de atenção à saúde
no território4.
O acompanhamento das crianças
com SCZV que apresentavam padrões
motores diferentes, fez com que a equipe
multiprofissional, composta por
Fisioterapeutas, Terapeutas Ocupacionais e
Fonoaudiólogos, procurasse meios de
realizar uma avaliação e classificar o nível
de comprometimento dessas crianças4.
Um estudo realizado por Barbosa et
al.4, em uma criança com SCZV
acompanhada por meio da Classificação
Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF), concluiu que
a utilização dessa ferramenta permitiu
classificar essas crianças ao longo do
tempo de uma forma prática e observar seu
progresso ou regresso. Tal elemento é
indispensável para o desenvolvimento de
estratégias em saúde.
A CIF que é o padrão mundial para
a classificação da funcionalidade e
incapacidade, produzida pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) e aprovada pela
Assembleia Mundial da Saúde em 2001,
pode ser aplicada em qualquer pessoa, para
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descrever sua funcionalidade e nível de
saúde, independentemente das condições
específicas de saúde, em todo o contexto
ambiental e pessoal5.
Ela constitui um modelo para a
organização e documentação de
informações sobre funcionalidade e
incapacidade, descrevendo a
funcionalidade como uma influência mútua
entre a condição de saúde de uma pessoa,
os elementos ambientais e os aspectos
pessoais5. Essa classificação, além de um
esquema de codificação, traz um modelo
sobre como se entender sobre
funcionalidade e incapacidade6,7.
A partir da experiência realizada
em uma criança com SCZV com o uso da
CIF, esse instrumento passou a ser
utilizado no setor de Fisioterapia no CER
III de uma universidade pública, ainda de
forma experimental4.
Considerando que o uso da CIF
como instrumento estatístico pode
contribuir para uma melhor compreensão
nacional e internacional sobre
funcionalidade e incapacidade, e que os
sistemas de informação em saúde contêm
apenas dados da Classificação
Internacional de Doenças – CID6, a
utilização de um sistema que viabilize a
elaboração de indicadores é de grande
relevância.
Diante desse contexto, a utilização
de prontuários eletrônicos se faz de
extrema importância como sendo o ponto
de partida para a criação de sistemas de
informações em saúde. E o “CIF Digital”
consiste em um prontuário eletrônico como
opção e ponto de partida para a criação de
sistema de informação local.
Desta forma, esta pesquisa teve
como objetivo verificar a aplicabilidade do
“CIF Digital” como ferramenta para o
acompanhamento das crianças com SCZV
atendidas no CER III de uma universidade
pública na cidade de Maceió/AL.
MÁTERIAL E MÉTODO
O presente trabalho constitui-se de
um relato de experiência no qual se
utilizou o prontuário eletrônico “CIF
Digital” para o acompanhamento de 10
crianças diagnosticadas com SCZV e
atendidas no CER III de uma universidade
pública. A amostra foi composta pela
quantidade de crianças que estavam sendo
atendidas no período de coleta de dados,
porém o serviço atende cerca de 20 de
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crianças. Pelo fato de algumas estarem
faltosas aos atendimentos, não foi possível
obter os dados da totalidade de crianças
acompanhadas neste serviço. Esse relato
teve início após a aprovação do Comitê de
Ética e Pesquisa, sob Protocolo de n°
2.212.038.
As mães das crianças que
participaram desta pesquisa foram
esclarecidas sobre a importância do relato
e assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) como forma
de confirmar a sua participação na
pesquisa.
Consideraram-se como critérios de
inclusão desta pesquisa os bebês que
realizaram triagem com a equipe
multiprofissional no CER III de uma
universidade pública, a partir do ano de
2016, de ambos os gêneros e que tenham
sido avaliadas e/ou acompanhadas no
serviço. Foram excluídas as crianças cujo
diagnóstico seja de SCZV associado a
outras patologias.
A coleta dos dados ocorreu no
período de Agosto a Outubro de 2017 nas
dependências do CER III e foi realizada
em duas etapas. Na primeira etapa foi
aplicada a ficha de avaliação adaptada do
setor de Fisioterapia, na qual continha as
seguintes informações: gênero da criança,
idade, naturalidade, procedência, cuidador,
escolaridade do cuidador, renda familiar,
terapias que realiza, idade de inicio de
tratamento (precoce ou tardio), presença de
deformidades estruturadas, realização de
cirurgias, número de consultas com
fisioterapeuta por semana, uso de órtese e
meios auxiliares de locomoção, como
também contendo os dados da CIF
sugeridos como mínimos e ideais para
sistemas de informação de saúde ou para
inquéritos de saúde por meio do Anexo 9
contido no livro da CIF na edição 2015 .
A segunda etapa consistiu na
utilização do prontuário eletrônico e a
mesma foi subdividida na análise da
aplicabilidade e o seu uso para o
acompanhamento das crianças. Todavia,
este artigo refere-se apenas à aplicabilidade
do prontuário eletrônico para o seu uso na
prática clínica. O acompanhamento ainda
está sendo realizado.
Para tanto, verificou-se a
praticidade, as ferramentas disponíveis e os
benefícios da utilização do “CIF Digital”
para a prática clínica no acompanhamento
das crianças com SCZV, bem como
críticas ao mesmo. Essa análise foi
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realizada pela profissional que atualmente,
aplica a “CIF Digital” no serviço, junto
com uma acadêmica que foi previamente
treinada para utilizar esse instrumento.
Durante o período de utilização do
“CIF Digital” foi observado como as
informações eram inseridas em relação a
sua praticidade, agilidade e rapidez. Todas
as dificuldades enfrentadas para a inserção
dos dados no sistema foram registradas em
um diário de campo de cada uma
(profissional e acadêmica). Posteriormente,
as informações contidas no diário de
campo, foram confrontadas e categorizadas
em vantagens e desvantagens do uso do
“CIF Digital”.
O “CIF Digital” foi desenvolvido
por um grupo de Fortaleze/CE e adquirido
pelo grupo CIF Brasil como prontuário
digital a ser utilizado para o uso da CIF na
prática clínica. Ele foi desenvolvido a
partir de tecnologias dentro do modelo de
software livre. O site fica hospedado num
servidor Linux Ubuntu 14.04, com 512
MHz de RAM e 20 GB de HD. A
linguagem de programação do site no
servidor é Javascript. O banco de dados
usado é PostgreSQL. O ambiente de
desenvolvimento utilizado foi o NetBeans8.
Para o desenvolvimento do “CIF
Digital” faz-se necessário apenas
equipamentos de computação com as
seguintes configurações: Processadores
Pentium Dual Core 2.6 GHz, 2GB RAM e
160 GB HD. Testes em computadores com
configurações inferiores (Pentium 4 2.0
GHz, 1 GB RAM e 40 GB HD) tiveram
êxito, sem impactar em nada no
processamento do software8.
RESULTADOS
O “CIF Digital” está sendo
utilizado desde agosto de 2017 para o
cadastro das crianças com SCZV no setor
de Fisioterapia vinculado ao CER III de
uma universidade pública. Neste período,
foram inseridos os dados de 10 crianças
com SCZV que são acompanhadas no
serviço. Durante o cadastro das crianças
neste prontuário eletrônico, verificaram-se
algumas vantagens e desvantagens para o
seu uso, que estão descritas nas Tabelas 01
e 02 abaixo.
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Tabela 01 - Vantagens observadas para aplicabilidade do uso do “CIF Digital” na
prática clínica de atendimento das crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus.
VANTAGENS
DESCRIÇÃO
Divisão da CIF por domínios
Foi possível dividir a classificação por domínios (b, s, d, e),
selecionando os seus componentes com maior facilidade e
agilidade, promovendo maior rapidez na codificação das
informações da criança sobre sua funcionalidade, bem como
um melhor direcionamento clínico do tratamento;
Praticidade de obtenção das
informações para classificar a
criança
Devido os dados estarem categorizados de acordo com os
domínios da CIF, a utilização do “CIF Digital” promove
rapidez para encontrar categorias específicas para a criança.
Registro rápido e ágil das
informações sobre
funcionalidade
O registro das informações sobre funcionalidade da criança
em acompanhamento foi feito de forma rápida e precisa,
minimizando a grande dificuldade de uso da CIF por ser
extensa e complexa; e observou-se uma grande praticidade
para a escolha das categorias a que se pretende classificar a
criança e consequentemente, compreender a condição de
saúde da mesma.
Registro das informações do
paciente no prontuário
eletrônico por tempo
indeterminado
Após a conclusão da classificação, o profissional obtém uma
ficha preenchida com todas as informações do paciente, que
ficará registrada no prontuário eletrônico por tempo
indeterminado; como também podendo ser anexado de
forma impressa no prontuário físico do paciente.
Baixo valor de aquisição
O custo-benefício da aquisição do “CIF Digital” na prática
clínica é relevante, visto que é pago anualmente um valor de
baixo custo que permite ao profissional ter acesso ao
sistema durante um ano.
Segurança no armazenamento
dos dados obtidos e
disponibilidade remota de
acessar os dados
Apenas os profissionais cadastrados pelo serviço possuem
acesso aos dados gerados pelo “CIF Digital”, o que permite
maior segurança dos dados armazenados, que podem ser
acessados em qualquer local com acesso à internet.
Uso simultâneo por diversos
serviços e profissionais de
saúde
Consiste em uma facilidade para a comunicação entre a
equipe de profissionais que atendem à criança.
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
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Tabela 02 - Desvantagens observadas para aplicabilidade do uso do “CIF Digital” na
prática clínica de atendimento das crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus.
DESVANTAGENS
DESCRIÇÃO
Não gera uma planilha em Excel de
modo a listar todos os pacientes
O programa Excel permite a tabulação de
dados e a construção de indicadores, a partir da
geração de tabelas e gráficos, facilitando
estudo e análise.
O salvamento das classificações por
categoria não é prático
Como não tem a opção de salvamento após
cada item classificado, o sistema muitas vezes,
não salva a categoria classificada, sendo
necessário refazê-la.
Nomenclatura desatualizada Algumas nomenclaturas não estão de acordo
com a versão atualizada do livro da CIF,
lançada no início de 2015, além de possuir
erros de grafia em algumas categorias.
O site habilita apenas a opção de salvar
como página da web
É necessário ter a possibilidade de salvar a
ficha cadastrada em outros formatos, como por
exemplo, PDF, para que seja mantida a
disposição do texto dentro da página,
possibilitando uma melhor visualização das
classificações do paciente.
Só é possível classificar 20 categorias
para cada domínio
O site suporta apenas a quantidade de 20
categorias por página e o mesmo não gera a
opção de selecionar página seguinte, o que
limita a quantidade de categorias a serem
classificadas por cada domínio.
As categorias e subcategorias não tem a
definição do que aquele item pretende
avaliar
No livro da CIF, cada categoria tem a definição
do item a ser avaliado, o que não tem no “CIF
Digital”, podendo levar a erros de classificação
devido a engano de interpretação.
Os itens que são qualificados como 9
(não aplicáveis), não ficam registrados
na lista
Quando a categoria é classificada como 9, esta
não fica na lista das classificações do paciente,
o que dificulta um acompanhamento
longitudinal.
A data da primeira consulta é registrada
como a data do dia que aquela
informação foi incluída no sistema
No cadastro inicial do paciente, onde tem o
espaço para preencher a anamnese e exame
físico, deveria conter um espaço para incluir a
data que aquela avaliação foi feita.
Após um tempo de inatividade na
janela do sistema, ele sai
automaticamente
Após um tempo com o sistema aberto sem
utilizá-lo ele sai automaticamente, causando
perda de tempo para fazer um novo ‘Login’
Fonte: Dados da pesquisa, 2017.
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DISCUSSÃO
Com a utilização do prontuário
eletrônico da CIF pode-se perceber que o
“CIF Digital” é uma ferramenta eficaz.
Proporciona ao fisioterapeuta uma
observação mais funcional dos dados
relevantes, possibilitando traçar os
objetivos do tratamento, além de
acompanhar a evolução do paciente em
uma abordagem longitudinal.
Bernardes e Pereira Junior9 e
Sabino, Coelho e Sampaio10 concordam
em seus estudos que a CIF promove um
tratamento orientado pelas necessidades do
individuo ao invés de um tratamento
orientado pela doença. Acrescentando que,
por meio dela, possibilita-se a
padronização da linguagem entre os
profissionais da saúde e um
aperfeiçoamento da comunicação entre os
profissionais e os usuários.
A Resolução No 452/2012 do
Conselho Nacional de Saúde dispõe que a
CIF seja utilizada tanto no Sistema Único
de Saúde (SUS) quanto na Saúde
Suplementar. Algumas de suas atribuições
servem como: ferramenta estatística na
coleta e no registro de dados (em estudos
da população e de inquéritos na população
ou em sistemas de informação para a
gestão); ferramenta clínica para avaliar
necessidades, compatibilizar os
tratamentos com as condições específicas,
ampliando a linha de cuidado; além de
ferramenta geradora de informações
padronizadas em saúde, devendo a mesma
ser inserida no Sistema Nacional de
Informações em saúde do SUS para
alimentar as bases de dados, com vistas ao
controle, avaliação e regulação para saúde
em todos os seu níveis de atenção7.
Desta forma, a utilização do “CIF
Digital” parece constituir uma ferramenta
importante para que essa determinação seja
colocada em prática. Visto que uma das
grandes dificuldades da implantação da
CIF nos serviços parece ser a dificuldade
de ser utilizada devido a sua complexidade.
No estudo realizado em
Fortaleza/CE que teve como objetivo
verificar o conhecimento e aplicação da
CIF por fisioterapeutas, ela foi considerada
uma classificação de difícil aplicação.
Grande parte dos entrevistados sentiu
dificuldade em utilizá-la na prática clínica
por alguns motivos, dentre eles estão à
falta de conhecimento, classificação
extensa, muito complexa, dificuldade em
dominar todos os componentes e falta de
treinamento adequado11.
Prontuários eletrônicos disponíveis
para a área de Fisioterapia são raros. Há
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uma necessidade de prontuários que
contenham informações específicas para a
Fisioterapia e que atendam aos requisitos
de padronização de dados e de
comunicação, fazendo com que estudos
nessa linha de pesquisa sejam essenciais12.
Na Fisioterapia, uma interface para
recolher, organizar e armazenar as
informações dos pacientes em um único
banco de dados é essencial para ajudar a
planejar e conduzir uma intervenção
fisioterapêutica eficaz e segura13.
Diante desses fatos, os benefícios
conquistados através do uso do “CIF
digital” justificam a importância da sua
utilização. Ademais, ele possibilita uma
maior segurança no armazenamento dos
dados obtidos, padronização da linguagem,
legibilidade das informações,
disponibilidade remota, uso simultâneo por
diversos serviços e profissionais de saúde,
processamento contínuo dos dados,
organização das informações, agilidade do
acesso aos registros e facilita a
comunicação da equipe de saúde.
A adoção de um sistema de registro
eletrônico possui vantagens e
desvantagens. As vantagens mais citadas
são: acesso rápido ao histórico de saúde e
procedimentos aos qual o paciente foi
submetido; disponibilidade remota; uso por
diversos serviços e profissionais de saúde;
flexibilidade do layout dos dados;
eliminação da redundância de dados;
integração com outros sistemas de
informação; e informações organizadas de
forma mais sistemática14. Assim, pode-se
perceber que o “CIF Digital” cumpre as
principais funções de um prontuário
eletrônico, porém não é integrado com
outros sistemas de informação, o que
dificulta a construção de indicadores de
saúde.
Como desvantagens, o estudo
realizado por Patrício, Maia, Machiavelli,
Navaes14 apontou a necessidade de grandes
investimentos para a implementação de
prontuários eletrônicos (equipamentos e
treinamentos); a resistência dos
profissionais de saúde ao uso de sistemas
informatizados (principalmente os mais
antigos e resistentes à adoção de novas
tecnologias); e o risco do sistema ficar
inoperante por horas.
O custo para ter acesso ao “CIF
Digital” não é elevado - porém, para sua
utilização no CER III de uma universidade
pública, seria necessário aumentar o
número de computadores disponíveis e a
rede lógica para o acesso à internet de
forma ágil. Atualmente, o setor de
Fisioterapia do CER possui apenas um
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equipamento, o que é insuficiente para
atender a demanda de pacientes.
Entretanto, estratégias estão sendo
planejadas para que cada setor disponha
de, pelo menos, um computador.
A CIF pode ser aplicada em
sistemas de informação e estatísticas para o
desenvolvimento de coleta de informações
sobre a funcionalidade e incapacidade,
considerando todos os seus componentes.
A linguagem e os conceitos consistentes
facilitam comparações, informações
complementares e conhecimento concreto.
As influências múltiplas entre os
componentes da CIF ativam sistemas de
informação diferentes, como exemplo, para
registro de estudos e investigação de
saúde13.
Dentro destas visões, percebe-se a
importância do prontuário não como um
simples repositório de informações
estáticas, mas como um documento
dinâmico capaz de subsidiar e nortear as
atividades dos profissionais que dele fazem
uso. Entretanto, na prática diária sua
utilização ainda é muito desconhecida
pelos profissionais de saúde, incluindo os
fisioterapeutas14.
Aliado à falta de conhecimento,
muitos profissionais ainda se encontram
insatisfeitos com o sistema manual de
registo devido ao número grande de
informações14.
Associado a esse fato, o uso da CIF
na prática clínica, devido a sua grande
quantidade de categorias, dificulta a sua
aplicabilidade. Diante do exposto, acredita-
se que com o uso do “CIF Digital”, a
aplicabilidade da CIF no serviço será mais
fácil, possibilitando a ampliação do seu uso
na prática clínica.
Muitos desafios ainda serão
encontrados no processo de transição da
avaliação em papel para a utilização do
“CIF Digital”, um deles é a adesão por
parte dos profissionais de saúde. Sendo o
principal desafio para os gestores dos
serviços a utilização dos protocolos
eletrônicos pelos profissionais da área na
rotina do dia a dia, tornando-se importante
fonte de dados clínicos15.
Uma das barreiras encontradas é a
própria mudança no comportamento do
profissional, que mostra resistência em
aderir a essa tecnologia15. Todo esse
contexto merece uma atenção especial,
pois é indispensável que o profissional
passe por um processo educativo, a fim de
se adaptar à mudança da evolução escrita
em papel para uma ferramenta eletrônica
de suporte à decisão clínica.
As dificuldades encontradas
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durante o período de inserção dos dados no
“CIF Digital” são consideradas fáceis de
serem resolvidas, uma vez que é necessário
apenas fazer alguns ajustes e atualizar o
sistema. Assim, acredita-se positivamente
nas perspectivas que esse instrumento
apresenta para o futuro, principalmente
para atender as necessidades dos
profissionais de saúde.
Desta forma, estabelecer como
objetivo melhorias constantes,
principalmente nos pontos considerados
menos satisfatórios, e atuar pontualmente
ao detectar estes pontos indesejáveis são
medidas necessárias para garantir a
aplicabilidade e a segurança de um sistema
de registro eletrônico na saúde. Ajustes
devem ser realizados para melhorar a
eficiência e eficácia antes da
implementação na rotina diária dos
fisioterapeutas13.
A constatação de carência de
estudos que abordem a utilização do “CIF
Digital” demonstra a necessidade de
estimular trabalhos nesta área. O objetivo é
estabelecer o espaço da Fisioterapia dentro
do registro eletrônico, de modo a fornecer
uma ferramenta segura de suporte à
tomada de decisão, garantir a continuidade
da intervenção e a autonomia para
estabelecer diagnósticos próprios da
Fisioterapia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do “CIF Digital”
apresentar falhas e dificuldades quanto ao
seu uso, destaca-se que o mesmo pode vir a
ser um instrumento extremamente útil para
promover uma maior facilidade no registo
das categorias da CIF, incentivando desta
maneira, o seu uso na prática clínica.
Isso permitirá futuramente que os
profissionais de todas as áreas possam ter
acesso de forma rápida e precisa aos dados
sobre a funcionalidade do paciente.
Portanto, esse prontuário eletrônico parece
ser bastante promissor, desde que sejam
feitas adequações para o seu uso.
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