Introdução À Escrita Criativa - Maria Rachel Oliveira

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7/16/2019 Introdução À Escrita Criativa - Maria Rachel Oliveira

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Introdução à

ESCRITA CRIATIVA

Oficina Terapia da Palavra

ESCRITA CRIATIVA

Trechos do livro “The Cambridgentroduction to Creative Writing”,

de David Morley. Compilados pelaOficina Terapia da Palavra

Organização:

aria Rachel Oliveira

ntrodução à Escrita Criativa

Escrever e ler fazem parte da mesmaórbita no espaço da linguagem. É estadobradi-nha que o tornará mais

consciente do seu potencial como autor,além de torná-lo(a) capaz de identificaressas habilidades nos demais.

A prática cria uma disciplina em suarotina, que é transformada atravésdesses hábitos. Prestar atenção no livro

na frase, nas entrelinhas acaba por

resultar num modo mais atento de ver avida, e de vivê-la.

Antes de começar é importanteapresentá-los aos mais ilustresconvidados para a festa da EscritaCriativa. São eles: leitura, crítica e

autocrítica, vocação, influência,reflexão, experiência, brincadeira,edição, linguagem, tradução, imitação,

experimentação, design, forma,qualidade, disciplina, notebooks,hábitos de trabalho, campo de atuação,composição, incubação, planejamento,

fluência, conclusão, reescrita, prazos,precisão, confiança, prática, público,vozes e egos.

Aqui, olharemos para o significado epara o som das palavras e frases; paraos diferentes estados de espírito que

usamos ao escrever. Trata-se de umaoficina rica em formas e disfarces, paracombater os inimigos e atiçar os aliadosda criatividade. Também vamosexplorar as características da mente quepodemos desenvolver para aumentar

nosso tesão pela escrita.

Primeiro liberte-se de qualquer robustezpsicológica e dos seus pudores. Assimpodemos pôr as mãos na massa.

Familiarize-se, portanto, com o seguinteprazer, paixão, experiência, amor,ntuição, ódio, dor e disposição para

Se não souber por onde começar a ler para se inspirar, experimente “As

entrevistas da Paris Review”disponíveis aqui, em inglês). É umivro fácil de ser encontrado nas

ivrarias, pra quem preferir a maneiraradicional, a edição é da Companhiadas Letras.

a escrita o que deixamos meio-dito émais significante do que o que dizemospor completo.

”Um homem lerá uma biblioteca antes

que escreva um livro.”

(Dr. Johnson)

Regras da Escrita Criativa

No jogo de escrever todos somos

niciantes.

Para novos escritores, adquirir ohábito e ativar as engrenagens é maisrevolucionário do que a criação dealgo necessariamente novo.

Concisão e clareza são difíceis deconquistar, mas de muita importância.

Economia é tudo, ou seja, menos é

Encontrar seu estilo é seu principalobjetivo, que não pode – e nem irá –

ser encontrado sem esforço. Isto feitoé que as coisas mudam de figura.Quando descobrir como é confortável

escrever pra você as palavras sairãocom mais facilildade.

Energia, na linguagem, é o próprioardim das delícias.

Toda escrita é reescrita.

O melhor texto é aquele que éhonesto.

A melhor escrita deve ser crível,mesmo não sendo.

Como uma segunda chance na vida,

um escritor escreve para alcançar averdade, ou melhor, para ir além dasua própria verdade.

Distancie-se do mundo, veja ascoisas como novas como se fosse aprimeira vez.

Apenas escrevendo para si mesmo éque você pode desejar escrever paraos outros (quem não agrada a si

mesmo, não agrada ninguém).

A inspiração não existe, cálculo e

design trazem mais recompensa. Um interesse precoce pela linguagem

geralmente é um sinal que uma pessoa

pode ter talento para a escrita.

Escrever deve parecer inevitável,como folhas para uma árvore. (Mesmo

aquelas folhas que demoram anos paracrescer.)

Ler SEMPRE fará de você um

escritor melhor, mas ler como umescritor irá torná

lo ainda mais fluente no seu estilo,ensinando-o(a) técnica e construindoseu vo-cabulário. Não tenha vergonha

de sublinhar frases, sacadas, capítulosou de colocar post-it nos seus textospreferidos. Aproveite para refletir arazão desse ou daquele texto ter

encantado tanto.

Imitação e influência não sãoproibidas. São seus primeiros aliados.Esteja aberto às influências e prontopara roubar de outros escritores.

O quanto mais você escrever, mais

próximo estará de melhorar eencontrar novas possibilidades deinguagem.

Escreva sempre que puder.

Escritores nascem ou são criados.

Talento natural e sua habilidade paraaprender desempenham ummportante papel. O fator

determinante é a sua vontade, suapersuasão e o seu caráter.

Mostrar é melhor que contar,especialmente entre novos escritores.Troquem textos.

Escrever o que você sabe é um passo

necessário.

Escrever o que desconhece,

entretanto, oferece muito maispossibilidades e é muito mais divertido

Encontrar “sua voz” pode ser oúnico estágio no caminho paraencontrar suas outras vozes, ouencontrar seu estilo.

Sua forma de escrever deve serpeculiar e diferente, caso contrário,seus leitores ficarão entediados.

O formato (crônica, conto, poesia) éuma ferramenta ele mesmo, já que a

restri-

ção provoca novas maneiras da escritse apresentar.

Frases de efeito impactantes podemcontaminar com sua beleza ou com asua in-tensidade. Não as use em

demasia. Adjetivos e advérbios são os

primeiros a serem cortados na revisão

Clichês, arcaísmos e inversões

precisam ter seu lugar muito bemescolhido ou devem ser sumariamentecortados do seu texto.

Qualquer frase que tire a atenção doeitor do livro é redundante.

A linguagem concreta tem maisressonância do que a linguagemabstrata.

O púbilco não nasce pronto, você

precisa criá-lo.

Conheça seu público. Imagine-o.

Para quem você quer escrever?

As pessoas que você conhece podemajudá-lo. Sempre que posível leia seutexto em voz alta e peça opiniões.(Você mesmo irá se surpreender aoescutá-lo.)

Escrever é uma das atividades maisprazerosas para a mente e o corpo dohomem.

Física e psicologicamente são asverdadeiras recompensas da escrita,

muito mais significativas do que a

publicação.

Você aprenderá mais sobre escrever

ao se permitir escrever mal algumasvezes.

Não há regras, exceto as que vocêestabelecer para si mesmo – que serãmuitas e bem complexas.

Jogos de Escrever

Escrever com criatividade pode parecer

com um

rabalho de desafios lógico-

matemáticos. Nenhum

escritor cria um livro de uma vez. Eles oescre-

vem em partes, ou passagens, ou cenasou es-

rofes, e cada parte exige algunsrascunhos.

Os jogos literários imitam esseprocesso, e são muito

parecidos com a realidade do que é

realmente escre-

ver. Eles acabam por criar um ritmo deprodução e

efervescência de idéias com essaécnica.

O FINAL É O COMEÇO

Escreva uma introdução imaginária deuma coletânea sua (pode ser de poemascrônicas, ensaios ou romances). Assuma

que o trabalho da sua vida ganhou asivrarias e você passou da obscuri-dadepara a fama num piscar de olhos. Essa éa sua oportunidade de dizer algo para

seus leitores e críticos. Por que,ncialmente, você foi ignorado pelos

editores? Quais são seus pontos fortes?

ota: Escritores sentem imensansatisfação. Aprendem a esperar erabalham por isso, então, esteja

habituado, desde agora, a estaremperpetuamente insatisfeitos com as suashabilidades e conquistas.

PALAVRA RESUMIDA

Vá a uma estante de livros de ficção ou

poesia. Escolha um livro ao acaso.Feche seus olhos ao abrí

lo e coloque seu dedo em algum lugar

na página. Provavelmente você acertouem alguma palavra.

Selecione 7 (a que você apontou àsescuras, as 3 anteriores e as 3posteriores). Agora você tem uma frasecom 7 palavras. Escreva essa frase no

seu computador. Continue escrevendo AMESMA FRASE por mais cincominutos. Só há duas regras nesse jogo:não pare de escrever, digitar mesmo, e

não é permitido pensar enquanto

escreve. Tente escrevê-la o mais rápidoquanto possível.

Você não está produzindo um trabalho darte. Depois dos cinco minutos vocêdeve ter atingido a marca de algumaspáginas.

Agora leia o que você escreveu. Defrente pra trás, de trás pra frente,através, palavra por palavra.

Sublinhe o que lhe chamar atenção por alguma destas razões: têm energia, te

surpreende, nunca foi escrita antes nasua língua natal. O trecho que vocêescolheu precisa ter algum sentido: podser uma frase completa ou mesmo o

nício ou o final de um texto. Agora

escreva uma pequena histó-

ria ou um poema de forma que seu

recho não pareça, de forma alguma, forde contexto. Como recurso final vocêpode “colocar” o trecho na fala dealgum personagem da sua história.

Objetivo: quando queremos ser originais, tendemos a ficar com a línguaravada, pois nos ensina-ram que nada

se cria, tudo se copia. Esse exercício éexcelente para “esquentar” os tamborinsde começar a escrever. É uma forma de

criar frases fora do lugar comum, ou queposuam uma energia lingüística fora donormal. Se possível, faça esse exercícioodos os dias para tirar sua mente do

imbo do marasmo.

DESCUBRA SEU CONTINENTE

magine uma porta. Pode ser a porta da

sua casa, de um dos ambientes dela, deuma livraria ou mesmo uma portaaleatória no meio da selva. Feche os

olhos e observe a porta. Escrevaalgumas linhas sobre ela. Como é omaterial e a fechadura desta porta?Como você se sente ao abri-la?

Abra a porta mentalmente, entre aondequer que ela o(a) leve.

a sua frente você vê um cenáriodesconhecido. Quais são as três coisasque mais chamam a sua atenção num

primeiro olhar – como elas são, o quesão ou como cheiram? Agora descreva osolo sob seus pés.

Você começa a ouvir um barulho à

distância. Com o quê se parece? Vocêambém vê algumas palavras, podem

estar em placas de sinalização, numa

capa de livro ou mesmo num pedaçosolto de papel. O quê elas dizem? Comoestá o tempo aí?

magine agora, que esse lugar faz partede um continente desconhecido – eapenas você sabe da sua existência.

Explore o espaço ao redor, em pelomenos 10 linhas. De repente vocêencontra alguém: pode ser um conhecidoou um completo desconhecido. Essa

pessoa diz algo para você. O quê? E oquê você responde? Escreva mais 10frases para terminar esse exercício.

Depois disso, deixe-o de lado por 3semanas, e, concluído o prazo, revise oexto completamente, corte, recorte,

refaça e o transforme em um conto ounum poema.

Objetivo: por ser um texto criado a

partir de uma combinação do seu estadode sonho e de uma imagem sugerida éum método parecido com a auto-

hipnose. Pode ser uma boa idéia tentar responder à essas questões para vocêmesmo regularmente, escrevendo comseus olhos fechados (ou usando um

gravador). Sempre aprimore algumaparte do que você já viu antes. Apreendas entradas, saídas, contornos, cidades ecidadãos do seu novo continente de

escrever.

SERMÃO OBSESSIVO

Brincando, escreva um discurso de 500

palavras de uma figura de autoridadeconhecida pelo seu público. Imite seueito de falar, seus jargões. Use um

personagem obsessivo, eloqüente, edesenvolto. Repita os jargões em seuexto.

Objetivo: A paródia é um exercícioefetivo de estilo, mas acaba dizendomais sobre o escritor do que sobre o

personagem. Conhecer as expressõesusadas pelos figurões (atores, diretores,políticos etc) permite que você asexplore criando um diálogo crível entre

os seus próprios persona-gens.

RESPONDENDO À ARTE

Visite um museu ou galeria e gaste o

resto do dia escrevendo para pinturas,esculturas ou foto-grafias que você viu.Torne essas respostas histórias ou

poemas.

Objetivo: Responder à arte dessa formaé chamado ecphrasis, e é estimular a

radição da escrita criativa. Vocêescreve algo em homenagem à artesvisuais, ou usa a arte visual, a escultura

ou o filme como um estímulo para oexto.

QUEM É VOCÊ?

Por que você escreve e como vocêescreve? Sua rotina o impede deescrever? Escreva um texto de no

máximo oitocentas palavrasdescrevendo as suas razões paraescrever ou não escrever.

nclua, no texto, os escritores, vivos oumortos, que te influenciam. O que ompulsiona e o que trava seu processo

criativo. Reflita (escrevendo,naturalmente) também sobre como vocêpode melhorar suas condições paraescrever. Revise o texto. Deixe um ano

nteiro descansando.

Objetivo: Escrevemos por diversasrazões, às vezes essas razões convergem

para o processo de escrever, pura esimplesmente. Ou o desejo de jogar coma linguagem. A forma pode ser o mais

atraente para você. Talvez o que vocêqueira seja compartilhar uma emoção.Se comunicar com o mudo ou trazer umaparte de si mesmo à tona. Seu desejopode ser contar uma história, qualquer história ou uma história específica. Esseexto servirá de referência para você,

pois é bem prová-vel que, quanto mais exercite suainguagem, mais mudem seus propósitos

É fundamental ser honesto consigomesmo. Escritores não devem enganar-se - exceto quando escrevem.

Organização:

Maria Rachel Oliveira

Design:

Mar cos Davi (www.marcosdavi.com)

( www.terapiadapalavra.com.br)

Introdução À Escrita Criativa - Maria Rachel Oliveira

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