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AUMENTO DA PRODUTIVIDADE ATRAVÉS DA
REDUÇÃO DO TEMPO DE SETUP NA
PRODUÇÃO DE BEBIDAS: APLICAÇÃO DO
MÉTODO SMED
BARBARA TIENE BARROS SODRE (UNICEUMA)
barbarasodre40@hotmail.com
Eunice Paraguassu Moura (UNICEUMA)
eunice.paraguassu@yahoo.com.br
Rita de Cassia Carvalho Mattos Rafael (UNICEUMA)
rita.mattos@sapo.pt
Alisson Castro Barreto (UNICEUMA)
alisson747@gmail.com
Considerando o mercado cada vez mais competitivo e globalizado devido aos
avanços tecnológicos e os impactos na economia mundial, torna-se
imprescindível para as organizações que querem se manter em um nível alto
de qualidade, almejando mais produtividade e rentabilidade nos negócios,
adotar técnicas mais eficazes como Just in Time (JIT), aplicação do 5S e o uso
da metodologia Single Minute Exchange of Die (SMED) proposta por Shingo
para redução do tempo de setup. Diante do exposto, este artigo possui como
objetivo geral abordar o aumento da produtividade através da redução do
tempo de setup na linha de produção mista (1000 ml e 600 ml) de uma
empresa de bebidas por meio da aplicação do método SMED. Para alcançar o
objetivo proposto várias ações foram desenvolvidas, como por exemplo a
melhoria do transporte de utensílios e ferramentas, padronização das
atividades para execução do setup e simplificação das tarefas e dispositivos.
A metodologia adotada no estudo caracterizou-se por uma revisão
bibliográfica, levantamento documental, estudo de caso e investigação
intervencionista. Como resultado alcançado, obteve-se a redução do tempo
de setup em 75,22% diminuindo de 666 minutos para 165 minutos,
aumentando a produtividade em 8,26%, ultrapassando a meta inicialmente
estabelecida pela empresa.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
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Palavras-chave: SMED. JIT. Tempo de setup. Produtividade. Linha de
produção.
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
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1. Introdução
A globalização do mercado, os avanços tecnológicos e a maior exigência do consumidor, em
relação a custo e prazo, forçam as empresas a utilizar os seus recursos da forma mais
proveitosa possível e, assim, melhorar sua eficiência produtiva para se sustentar de forma
competitiva no mercado. A capacidade de se posicionar corretamente perante os desafios de
um mercado em contínuas mudanças exige revisões constantes de metas e estratégias em
todas as áreas da organização.
Isso posto, o presente artigo tem como tema central o aumento da produtividade através da
redução do tempo de setup na produção de bebida, aplicando o método SMED. A escolha do
tema proposto advém da necessidade de aumentar a eficiência produtiva de uma empresa do
setor de bebidas, que pode ser obtida através da aplicação de alguns métodos, ferramentas ou
técnicas.
O gerenciamento do tempo gasto durante as operações de setup é um método que afeta
diretamente o índice de produtividade dentro de uma organização. Portanto, como forma de
gerenciar esse tempo, as empresas têm investido em ferramentas auxiliares para o
desenvolvimento de estratégias competitivas, como a aplicação do Single Minute Exchange of
Die (SMED) para a redução do tempo de setup. Mais do que uma teoria ou técnica para
reduzir operações de setup, o SMED deve ser visto como um novo modo de pensar a respeito
das atividades de produção.
Diante do exposto, a presente pesquisa orienta-se a partir do seguinte problema: como
aumentar a produtividade, por meio da redução do tempo de setup, aplicando o método
SMED em uma linha de produção mista (600 ml e 1000 ml) de uma indústria de bebidas do
Maranhão? Tal questionamento exigiu tanto uma revisão bibliográfica, quanto o uso de
instrumentos de observação ou coleta de dados. O objetivo geral é otimizar o processo de
setup de embalagem, vislumbrando o ganho de tempo e produtividade do método SMED,
numa indústria de bebidas do Maranhão.
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Vale ressaltar que o presente estudo é de suma importância para a comunidade acadêmica e
para a sociedade, pois contribui para o conhecimento teórico e prático ao expor resultados
satisfatórios do tema abordado.
A estrutura do artigo é a seguinte: inicia-se com elementos referentes à fundamentação
teórica, destacando as temáticas Just in time (JIT) e SMED, seguida dos procedimentos
metodológicos utilizados, resultados e discussões, e, por fim, a conclusão.
2. JIT e SMED
O sistema Just in Time (JIT) surgiu no Japão em meados dos anos 1970, a partir da Toyota
Motor Company, e é considerado como uma completa filosofia, incluindo aspectos de
administração de materiais, gestão da qualidade, arranjo físico, projeto do produto,
organização do trabalho e gestão de recursos humanos (CORRÊA; GIANESI, 2011).
Para Silva (2012), o JIT é o principal pilar do STP (Sistema Toyota de Produção). É uma
filosofia que visa gerir a indústria com competência e de maneira simples, melhorando o uso
dos recursos de capital, equipamentos e mão-de-obra. Como consequência, obtém-se um
sistema de manufatura adequado para atender às exigências de qualidade e é oferecido o
produto ao cliente por um menor custo.
O JIT tem como finalidade a melhoria contínua do processo produtivo. O acompanhamento
deste objetivo é realizado através de um mecanismo de redução de estoques para diminuir os
problemas de produção, os quais Corrêa e Gianesi (2011, p. 456) classificam em três grandes
grupos: “problemas de qualidade, problemas de quebra de máquina e problemas de preparo de
máquina”. Além dos estoques, mais seis tipos de desperdícios identificados na Toyota
formam a base da filosofia Just in Time, conforme aponta Santos (2003): superprodução,
tempo de espera, transporte, processo, estoque, movimentação e produtos defeituosos.
Reid e Sanders (2002) comentam que a ideia do desperdício compreende todos os aspectos da
empresa, gerando um enorme impacto, de modo que o JIT demanda uma completa
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sincronização para acabar com esperas e exagero de estoque, ou seja, o JIT exige um layout
simples a fim de que os recursos estejam próximos uns dos outros e o manejo do material seja
diminuído ao mínimo.
Desse modo, na efetivação do conceito JIT, um conjunto de regras ganha destaque na
eliminação de desperdícios, dentre elas, os 5S. A nomenclatura “5S” teve sua origem no Japão
e, segundo Klein e Soares Júnior (2013), significa: SEIRI (separe), SEITON (organize),
SEISON (limpe), SEIKETSU (padronize) e SHITSUKE (sustente).
Silva (2012) afirma que, com o intuito de eliminar desperdícios, a filosofia JIT necessita da
organização e limpeza do ambiente para o sucesso de aspectos como a confiabilidade dos
equipamentos, a visibilidade dos problemas, a diminuição das perdas, o controle, o
aprimoramento da qualidade, a condição moral dos trabalhadores. Tudo isso serve para que o
sistema produtivo passe a trabalhar melhor e, portanto, alcancem melhores índices de
qualidade, flexibilidade, confiabilidade própria e de seus parceiros, redução de setup e
produção em lotes menores.
Para Gaither e Frazier (2002), a manufatura JIT traz muitos benefícios para o processo
produtivo: os níveis de estoque e o tempo necessário para que os produtos percorram a fábrica
são drasticamente reduzidos, a qualidade do produto é melhorada devido ao envolvimento do
trabalhador na solução das causas dos problemas de produção.
Analisando os benefícios do JIT, percebe-se a relevância do estudo sistemático realizado por
Shingo e denominado de SMED (Single Minute Exchange of Die -Troca em um Dígito de
Minuto). Para Corrêa e Corrêa (2007), o SMED é a referência principal quando se trata de
redução dos tempos de setup de máquinas e foi publicada pela primeira vez por Shingo, no
Ocidente, em 1985. Com a necessidade de aumentar a eficiência produtiva, especificamente
voltada para o processo de efetivação de setups.
De acordo com Shingo (2000), setup é o tempo gasto na preparação de máquinas, desde a
última peça boa de um lote até a primeira peça boa do outro lote, ou seja, é o momento em
que o equipamento fica parado para a substituição das matrizes, moldes e ferramentas.
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Conforme destaca Oliveira, Vieira e Nasato (2015), SMED tem uma visão estratégica seguida
de conceitos para implantação da ferramenta e técnicas de apoio. Existem dois grupos
estratégicos para minimizar as perdas decorrentes das trocas de produtos nas operações: a
estratégias envolvendo habilidades e as estratégias envolvendo tamanho de lote.
Pinto e Souto (2007) apontam que a finalidade de reduzir o tempo de setup não é apenas obter
níveis ótimos de estoque, mas principalmente flexibilizar a produção, ou seja, engendrar uma
produção diversificada. Desse modo, percebe-se que dentro do processo de produção existem
fatores que contribuem para a melhoria das operações.
Embora as operações reais possam variar bastante, elas podem ser classificadas da seguinte
forma, segundo Shingo (2000, p. 75): operações de setup, operações principais,
processamento e transporte.
Segundo Shingo (2011), com a adoção do SMED, almejam-se atingir muitos benefícios. Ao
reduzir os tempos de setup, as taxas de operações da máquina aumentarão, a produção em
pequenos lotes reduz significativamente os estoques de produtos acabados e a geração de
estoques entre processos intermediários. Assim, percebe-se que a produção pode responder
velozmente as flutuações do processo, através de ajustes para adaptar-se a mudanças nas
exigências de modelo e ao tempo de entrega.
Para atingir tais benefícios, Shingo (2000) sistematizou seu método SMED em quatro
estágios, identificando técnicas que podem auxiliar no desenvolvimento de cada etapa,
conforme descrição a seguir:
Estágio preliminar: Setup interno e externo não se distingue - Este é o tipo de estágio que
ajusta apenas os parâmetros de tempo inicial das atividades desempenhadas no setup. Para
alcançar os tempos das atividades, o autor recomenda a probabilidade do uso do cronômetro,
do estudo do método, de apresentação com operadores ou do diagnóstico da filmagem da
operação.
Estágio 1: Separar e destacar setup interno e externo - Corresponde à coordenação das
atividades, classificando-as como setup interno, aquelas praticadas com a máquina
estacionada, e setup externo como sendo as atividades desempenhadas com a máquina em
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funcionamento. As técnicas associadas ao estágio 1 são: utilização do checklist, verificação
das condições de funcionamento e melhoria no transporte de matrizes.
Estágio 2: Conversão do setup interno em setup externo - É indispensável uma reanálise
das operações para constatar se determinada operação tem sido alocada de forma errada e
fazer um esforço para alterar estas atividades em setup externo. Para que isso aconteça usam-
se as técnicas de preparação antecipada das condições operacionais, padronização de funções
e utilização de guias intermediárias.
Estágio 3:Avanço sistemático de cada operação fundamental do setup interno e externo -
Essa fase busca a melhoria não apenas da máquina, mas tudo que está relacionado a ela, como
melhoria na estocagem, transporte de matrizes, navalhas, guias, e eliminação de ajustes. O
terceiro estágio atua no sentido de que muitos tempos de setup não são encurtados logo num
primeiro trabalho, sendo necessários que se repitam os estágios conceituais até que se
obtenham os menores números possíveis. Então, faz-se necessário: associar as técnicas de
melhoria na estocagem e no transporte de navalhas, matrizes, guias e batentes; implementação
de operações em paralelo; uso de fixadores funcionais; eliminação de ajustes; sistema de
mínimo múltiplo comum e mecanização.
O sucesso da implantação do SMED é a chave para alcançar vantagem competitiva para
qualquer fabricante que produz, organiza e processa uma variedade de produtos numa
máquina, linha ou célula de produção. A metodologia permite elevar ao máximo a taxa de
disponibilidade dos equipamentos e o aumento da produtividade, além de fornecer outro tipo
de benefícios que vão desde a redução do trabalho em movimento até um retorno do
investimento mais rápido dos equipamentos de produção. (SHINGO, 2011).
3. Metodologia
A pesquisa foi realizada na linha de produção mista (produção de 600 ml e 1000 ml) de uma
indústria de bebidas do Maranhão de janeiro/2014 a dezembro/2014. Para preservar o sigilo
do objeto de estudo, não serão descritos maiores esclarecimentos sobre o processo
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pesquisado.
Marconi e Lakatos (2007, p. 15) afirmam que a pesquisa “é um procedimento formal, com
método de pensamento reflexivo, que requer tratamento científico e se constitui no caminho
para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.
Para atender a afirmação de Marconi e Lakatos (2007) de que a pesquisa é um procedimento
formal, este estudo adotou como referência a classificação estabelecida por Vergara (2010)
apontando que os tipos de pesquisa são definidos por dois critérios fundamentais: quanto aos
fins e quanto aos meios. Este estudo, quanto aos fins, é classificado como uma pesquisa
intervencionista e quanto aos meios, é uma pesquisa bibliográfica, documental e estudo de
caso.
Jovanovic, Silva e Moura (2013, p. 12) citam que:
[...] a pesquisa intervencionista tem como característica a alocação dos participantes,
de forma aleatória, para receber uma das intervenções recomendadas pelo estudo.
Esse tipo de estudo avalia e confronta diferentes eventos que estão presentes, ou
ausentes, após os participantes receberem as intervenções.
Na linha de produção mista, objeto de estudo desta pesquisa, a investigação intervencionista
teve como principal papel interferir na realidade estudada, visando melhorias no processo
analisado.
Para Fonseca (2002, p. 32), “a pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros,
artigos científicos, páginas de web sites”. Gil (2008) afirma ainda que a pesquisa documental
é muito semelhante à bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes, pois este formato
precisa de materiais que não auferiram ainda um tratamento indutivo, ou que ainda podem ser
reelaborados conforme os objetos da pesquisa.
Nesta pesquisa, o levantamento documental foi feito a partir de dados fornecidos pelo sistema
de gerenciamento de produção da empresa pesquisada, permitindo inclusive a análise do
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histórico do tempo médio de setup.
De acordo com Oliveira (2015), o estudo de caso colabora para se entender melhor os
fenômenos individuais, as técnicas organizacionais e políticas da sociedade. Trata-se de um
método usado para se compreender a forma e as razões que levaram a determinada decisão.
O estudo de caso efetuado na linha de produção mista (produção de 600 ml e 1000 ml) de
uma indústria de bebidas do Maranhão possibilitou a compreensão da necessidade de
aplicação do SMED para melhoria do processo produtivo analisado.
4. Análise e discussão dos resultados
Escolheu-se a linha de produção mista (600ml e 1000ml) de uma indústria de bebidas do
Estado do Maranhão para aplicação da técnica SMED. Para tal, foram seguidas algumas
etapas sistemáticas, definidas por Shingo (2000) como estágios:
Estágio preliminar: Nessa etapa, setup interno e externo não se distingue. Nesse estágio foi
realizada a descrição do layout do processo de produção, construindo uma cronoanálise dos
tempos de cada atividade, observando e registrando o tempo gasto com os percursos feitos em
busca de materiais e ferramentas para utilização no processo de setup, sendo utilizado um
cronômetro para anotar os tempos e uma trena de roda para medir as distâncias percorridas,
conforme mostra a figura 1 a seguir.
Figura 1 – Layout e descrição do Processo.
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Fonte: Autora, 2015
Analisando a figura anterior, observou-se a existência de movimentos desnecessários, pois as
atividades eram mais demoradas devido à desorganização dos materiais, dos equipamentos e
do local de trabalho, sendo necessário redefinir o layout, conforme a figura 2 a seguir:
Figura 2 – Layout e descrição do Processo
Cabeçote
em
Armário Ferramentas
ECX
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Fonte: Autora, 2015
Com o novo layout, houve mais organização do ambiente de trabalho, cada equipamento
passou a ficar no lugar certo, os materiais ficaram mais próximos das máquinas ajudando a
reduzir o tempo das atividades realizadas.
Estágio 1 – O objetivo do estágio é separar o setup interno do externo, recordando que todas
as atividades realizadas com a máquina parada classificam-se como setup interno; e as
atividades realizadas com a máquina em funcionamento classificam-se como setup externo,
ou seja, é feita a separação das tarefas de reparação interna das tarefas de preparação externa.
Na linha de produção mista, objeto de estudo desta pesquisa, todas as operações de setup são
listadas a seguir:
- Revisão dos cabeçotes;
- Retirada de cabeçote;
- Retirada das grelhas de mesa;
- Retirada das grelhas do agitador;
Cabeçote
Armário Ferramentas
ECX
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- Retirada das bandeirolas;
- Posicionamento das grelhas do agitador;
- Posicionamento da mesa;
- Retirada do centrador;
- Alinhamento das guias da zona de encaixotamento;
- Posicionamento das bandeirolas;
- Posicionamento do cabeçote;
- Ajuste de todos os sensores;
- Espaçamento das grelhas da mesa e reaperto.
Após observação e análise, constatou-se que na linha de produção mista todas as atividades
citadas acima eram classificadas como setup interno, ou seja, eram realizadas com os
equipamentos parados.
Estágio 2 – O objetivo deste estágio é a conversão do setup interno para externo. Foram feitas
algumas observações no objeto de estudo desta pesquisa, identificando que das atividades
acima citadas duas poderiam ser convertidas em setup externo:
– Revisão dos cabeçotes: Para converter esta atividade em setup externo foi
necessária uma fonte de ar comprimido fora da máquina para realizar a revisão (troca de
tulipa, canela e mola);
– Espaçamento das grelhas da mesa.
Estágio 3 – O estágio três busca a melhoria contínua. Muitos tempos de setup não são
diminuídos logo no primeiro trabalho, sendo necessário fazer novas análises para obtenção de
melhores resultados. Essa fase busca a melhoria não apenas da máquina, mas tudo que está
associado a ela.
Para melhorar as atividades de setup externo, na linha produção estudada, foi aplicado o 5S,
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gestão e controle visual para que o essencial esteja prontamente disponível quando necessário,
sem perda de tempo, da seguinte forma: ferramentas sempre limpas, ferramentas guardadas
no local de uso, um lugar para cada coisa, cada coisa em seu lugar.
Além do descrito anteriormente, foi criado um checklist para as atividades de preparação,
ferramentas e materiais, visando obter mais organização e limpeza no ambiente de trabalho.
Procurou-se também adequar meios de transporte, evitando o uso de talhas, pontes rolantes e
empilhadeiras.
Como melhoria para o setup interno, na linha de produção mista pesquisada, foi feita uma
análise das operações de posicionamento, aperto e ajuste, pois, segundo Rodrigues (2006),
essas operações consomem um tempo significativo durante a operação de setup, portanto,
uma atenção especial deve ser dada a cada uma delas. As ações de melhorias identificadas na
operação objeto de estudo desta pesquisa foram as seguintes:
– Nas operações de posicionamento deve-se evitar o uso de talhas no transporte de
ferramentas. Usar preferencialmente carrinhos especiais para ferramentas, padronizar alturas e
utilizar encaixes, limitadores de curso, encostos e localizadores para agilizar o
posicionamento;
– Nas operações de aperto devem-se utilizar manípulos e limitadores. Quando isto
não for possível, adotar grampos ou então padronizar e reduzir o número de parafusos e
porcas. Após cuidadosa análise, reduzir o número de roscas ao mínimo necessário e diminuir
o número de ferramentas para fixação de parafusos;
– No ajuste, é necessário padronizar e pensar em termos de toque único, além de
usar espaçadores especiais para facilitar os ajustes ou para controlar marcações.
Cabe ressaltar que um padrão é seguido quando ele é de fácil entendimento, possibilitando
benefícios e facilitando a vida do usuário. Mais do que uma teoria ou técnica para reduzir
operações de setup, o SMED deve ser encarado como uma nova maneira de pensar a respeito
das atividades de produção.
Na linha de produção mista pesquisada, para separação das tarefas de preparação interna e
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externa, conversão de setup interno em externo e aperfeiçoamento de todos os aspectos das
operações de setup, foram realizadas várias ações, estando tais ações resumidas na figura 3 a
seguir:
Figura 3 – Técnicas práticas.
Fonte: Autora, 2015
Após descrição e análise de cada estágio de desenvolvimento da aplicação do SMED, na linha
de produção mista de uma indústria de bebidas do Maranhão, faz-se necessário citar os
benefícios da metodologia de Shingo para a linha de produção pesquisada.
Figura 4: Tempo médio do Setup 2014
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666 650 635610
510
315301
201 185 181 170 165
0
100
200
300
400
500
600
700
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Tempo M
META
Fonte: Autora, 2015
Analisando o tempo médio de setup, conforme a figura 4, pode-se observar que, com a
aplicação do método SMED, foi identificada uma redução de 75,22% no tempo de setup. Em
janeiro/2014 o tempo médio de setup era de 666 minutos, já em dezembro/2014 foi de 165
minutos, otimizando 501 minutos.
Figura 5 – Horas de produção x Hecto Litros 2014
Horas de
Produção12,9 13,2 13,4 13,8 15,5 18,8 19,0 20,7 20,9 21,0 21,2 21,3
Produção HL 2419 2475 2513 2588 2906 3525 3563 3881 3919 3938 3975 3994
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
Fonte: Autora, 2015
O tempo gasto com setup é condição necessária para diminuir a parada programada, tendo
impacto direto sobre a produtividade. A redução do tempo de setup resultou um aumento de
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disponibilidade dos equipamentos para produção. Na proporção que o tempo de operações de
setup diminui, as horas produtivas aumentam, conforme mostra a figura 5.
Figura 6 – Índice de produtividade 2014
44,12%
52,38%
43,00%
45,00%
47,00%
49,00%
51,00%
53,00%
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
REAL
META
Fonte: Autora, 2015
Como mencionado anteriormente, a redução do tempo de setup refletiu no aumento da
disponibilidade dos equipamentos para produção, favorecendo um aumento expressivo de
8,26% na produtividade (figura 6).
Dentre as ações realizadas durante o período de aplicação da metodologia SMED destacam-
se:
- Aplicação do 5S através da seleção de ferramentas necessárias para execução
das atividades, colocando as ferramentas no local adequado e mais próximo dos
equipamentos;
- Mais organização do ambiente de trabalho através da identificação dos kits de
setup, padronização na elaboração dos procedimentos operacionais e treinamento do pessoal
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da operação.
Todas as atividades foram realizadas com o objetivo de alcançar redução no tempo de setup e
maior produtividade, favorecendo, portanto, o processo de melhoria contínua e consequente
ganho de qualidade.
5. Conclusão
A pesquisa foi realizada em uma linha de produção mista (600 ml e 1000 ml) de uma indústria
de bebidas do Maranhão e abordou o aumento da produtividade a partir da redução do tempo
de setup com a aplicação do método SMED. Mais do que uma teoria ou técnica para reduzir
operações de setup, o SMED deve ser encarado como uma nova maneira de pensar a respeito
das atividades de produção. Com a aplicação do SMED na linha de produção estudada, foi
possível reduzir o tempo de setup, aumentar o tempo de operação do equipamento e obter,
consequentemente, ganhos de produtividade.
Para alcançar os objetivos deste estudo, várias ações foram desenvolvidas, dentre elas podem
ser destacadas: a melhoria do transporte de utensílios e ferramentas, padronização das
atividades para execução do setup e simplificação das tarefas e dispositivos.
De acordo com as avaliações finais, é possível inferir que os métodos e técnicas utilizados no
objeto de estudo desta pesquisa favoreceram uma redução no tempo de setup de 75,22% e
ganhos na produtividade de 8,26% durante o período analisado.
É necessário ir além com este estudo, pois o tema instiga aprofundar mais o conhecimento na
linha de produção pesquisada. No entanto, a expectativa é de que as informações apresentadas
neste trabalho colaborem na construção de outras pesquisas acadêmicas.
Em relação à limitação da pesquisa, decorre-se do fato de tratar-se de um estudo de caso, em
que os recursos utilizados para coleta de dados não fazem parte de um padrão pré-
estabelecido, limitando, portanto, a generalização dos resultados obtidos. Dessa forma, não se
pode associar os resultados alcançados nesta empresa ao de outras indústrias do setor de
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bebidas.
Como sugestão para trabalhos futuros, estabelece-se a propensão em estender a aplicação do
SMED às demais linhas de produção da indústria pesquisada, padronizando as operações de
setup e obtendo ganhos generalizados de produtividade.
Referências
CORRÊA, H. L; CORRÊA, C. A. Administração de produção e de operações: manufatura e serviços: uma
abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2007.
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