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5 comentario biblico expositivo novo testamento 1 wiersbe (1)

Date post: 15-Jun-2015
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NOVO TESTAMENTO 1 C omentário B íblico E xpos it ivo --------------------------------------------------------------------------------------------------- W a r r e n W . W i e r s b e
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  • 1. NOVO TESTAMENTO 1 C o m e n t r i o B b l i c o E x p o s i t i v o --------------------------------------------------------------------------------------------------- W a r r e nW . Wi e r s b e

2. C o m entrio Bblico Expositivo Novo Testamento Volume I W arren W. Wiersbe 3. C o m e n t r io B b l ic o Ex p o s it iv o Novo Testamento Volume I W a r r e n W . W ie r s b e Traduzido por S u s a n a E . K l a s s e n I aEdio Santo Andr, SP - Brasil 2007 4. Comentrio Bblico Expositivo Categoria: Teologia / Referncia Copyright 2001 por Warren W. Wiersbe Publicado originalmente pela Cook Communications Ministries, Colorado, e u a . Ttulo Original em Ingls: The Bible Exposition Commentary - New Testament: Vol. I Preparao: Liege Maria de S. Marucci Reviso: Thefilo Vieira Capa: Cludio Souto Diagramao: Viviane R. Fernandes Costa Impresso e Acabamento: Geogrfica Editora Os textos das referncias bblicas foram extrados da verso Almeida Revista e Atualizada, 2a edio (Sociedade Bblica do Brasil), salvo indi cao especfica. A 1a edio brasileira foi publicada em maio de 2006. Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Wiersbe, Warren W. Comentrio Bblico Expositivo : Novo Testamento : volume I / Warren W. Wiersbe ; traduzido por Susana E. Klassen. - Santo Andr, SP : Geogrfica editora, 2006. Ttulo original: The Bible Exposition Commentary - New Testament: Vol. I ISBN 85-89956-54-7 1. Bblia A.T. - Comentrios I. Ttulo. 06-3696 CDD-225.7 ndice para catlogo sistemtico: 1. Comentrios : Novo Testamento : Bblia 225.7 2. Novo Testamento : Bblia : Comentrios 225.7 Publicado no Brasil com a devida autorizao e com todos os direitos reservados pela: Geo-Grfica e editora ltda. Av. Presidente Costa e Silva, 2151 - Pq. Capuava - Santo Andr - SP - Brasil Site: www.geograficaeditora.com.br 5. S u m r io M a t e u s ............................................................................................................... 0 7 M a r c o s ...........................................................................................................1 4 2 L u c a s ................................................................................................................2 1 8 Jo o ..................................................................................................................3 6 4 A t o s ..................................................................................................................5 1 8 R o m a n o s ........................................................................................................6 6 7 1 C o r n t io s ...................................................................................................741 2 C o r n t io s ...................................................................................................8 2 0 G l a t a s ........................................................................................................... 8 91 6. M ateus ESBOO Tema-chave: O Rei e seu reino Versculos-chave: Mateus 2:2; 4:17 I. A REVELAO DO REI - CAPTULOS 1 - 1 0 A. Sua pessoa - 1 - 4 B. Seus princpios - 5 - 7 C. Seu poder - 8 - 1 0 ' (Observao: A mensagem nesse perodo de seu ministrio foi: "O reino dos cus est prximo" [3:2; 4:17; 10:7].) II. A REBELIO CONTRA O REI - CAPTULOS 11 - 13 A. Seu mensageiro rejeitado - 11:1-19 B. Suas obras so negadas - 11:20-30 C. Seus princpios so recusados - 12:1-21 D. Sua pessoa atacada - 12:22-50 E. Resultado: "os mistrios do reino" - 13 III. O AFASTAMENTO DO REI - CAPTULOS 14- 20 (Jesus procura deixar as multides para ficar a ss com seus discpulos.) A. Antes da confisso de Pedro - 14:1 - 16:12 B. A confisso de Pedro - 16:13-28 (A cruz mencionada pela primeira vez - 16:21) C. Depois da confisso de Pedro - 17:1 - 20:34 (A cruz mencionada pela segunda vez - 17:22) (A cruz mencionada pela terceira vez - 20:17-19) IV. A REJEIO DO REI - CAPTULOS 21 - 27 ("O reino de Deus vos ser tirado"; 21:43.) A. Sua apresentao pblica como Rei - 21:1-16 B. Seu conflito com os lderes - 21:17-23:39 C. Sua mensagem proftica - 24 - 25 D. Seu sofrimento e morte - 26 - 27 V. A RESSURREIO DO REI - CAPTULO 28 CONTEDO 1. Boas-Novas!........................................... 09 2. O nascimento do Rei (Mt 1 - 2)............................................... 13 3. As credenciais do Rei (Mt 3 - 4)............................................... 18 4. Os princpios do Rei: a verdadeira justia (Mt 5).......................................... ?3 5. Os princpios do Rei: a verdadeira adorao (Mt 6).................................... ?9 6. Os princpios do Rei: o verdadeiro julgamento (Mt 7)................................. 34 7. O poder do Rei (Mt8 - 9)............................................... 39 8. O s embaixadores do Rei (Mt 10).................................................... 45 9. O s conflitos do Rei (Mt 1 1 - 12)........................................... 50 10. Os segredos do Rei (Mt 13).................................................... 56 11. O afastamento do Rei (Mt 14).................................................... 6? 12. As preocupaes do Rei (Mt 15).................................................... 68 7. 8 MATEUS 13. A surpresa do Rei 20. A acusao do Rei {Mt 16).................................. ............72 (Mt23)........................................ ....108 14. A glria do Rei 21. A volta do Rei - Parte 1 (Mt 17).................................. ............78 (Mt 24:1-44)................................ ... 113 15. A repreenso do Rei 22. A volta do Rei - Parte 2 (Mt 18).................................. ............83 (Mt 24:45- 25:46)...................... ....118 16. As instrues do Rei 23. A preparao do Rei (Mt 19:1-15)......................... ............89 (Mt 26:1-56)................................ ....123 17. As exigncias do Rei 24. O julgamento do Rei (Mt 19:16-20:34)............... ............ 94 (Mt 26:57- 27:26)...................... ... 128 18. Os juzos do Rei 25. O sofrimento e morte do Rei (Mt 21:1 -22:14)................. ............ 99 (Mt 27:27-66).............................. ....133 19. A defesa do Rei 26. A vitria do Rei (Mt 22:15-46)....................... .......... 104 (Mt28).............................................137 8. 1 B o a s -N o v a s ! Cerca de vinte a trinta anos depois de Jesus ter voltado para o cu, um disc pulo judeu chamado Mateus foi inspirado pelo Esprito Santo a escrever um livro. Dis so resultou o que conhecemos hoje como o "Evangelho Segundo Mateus". Nenhum dos quatro Evangelhos regis tra qualquer palavra proferida por Mateus. Ainda assim, em seu Evangelho, ele nos apresenta as palavras e os atos de Jesus Cris to, o "filho de Davi, filho de Abrao" (Mt 1:1). Apesar de Mateus no ter escrito para falar de si mesmo, convm nos familiari zarmos com o apstolo e com o livro que escreveu. Assim, poderemos descobrir tudo o que ele desejava que soubssemos so bre Jesus Cristo. O Esprito Santo usou Mateus para reali zar trs tarefas importantes ao escrever este Evangelho. 1 . O CONSTRUTOR DE PONTES: APRESENTOU UM NOVO LIVRO Esse novo livro o Novo Testamento. Se um leitor da Bblia pulasse de Malaquias para Marcos, Atos ou Romanos, ficaria totalmen te confuso. O Evangelho de Mateus a ponte de transio entre o Antigo Testamen to e o Novo Testamento. O tema do Antigo Testamento apre sentado em Gnesis 5:1: "Este o livro da genealogia de Ado". O Antigo Testamento mostra a histria, extremamente triste, da famlia de Ado. Deus criou o homem a sua imagem, mas o homem pecou e, desse modo, distorceu sua imagem original. De pois disso, o homem gerou filhos " sua se melhana, conforme a sua imagem" (Gn 5:3), e estes se mostraram to pecadores quanto seus pais. No importa como lemos o Anti go Testamento, sempre encontramos peca dos e pecadores. O Novo Testamento, porm, o "Livro da genealogia de Jesus Cristo" (Mt 1:1). Je sus o ltimo Ado (1 Co 15:45), e ele veio ao mundo para salvar as "geraes de Ado" (da qual, a propsito, fazemos parte). Ape sar de no ser uma escolha nossa, nasce mos na gerao de Ado, e isso nos torna pecadores. Mas, por uma escolha de f, podemos nascer na gerao de Jesus Cristo e nos tornar filhos de Deus! Quando lemos a genealogia em Gnesis 5, a repetio da expresso e ele morreu soa como o badalar fnebre de um sino. O An tigo Testamento mostra que "o salrio do pecado a morte" (Rm 6:23). Mas quando passamos ao Novo Testamento, sua primei ra genealogia enfatiza o nascimento, no a morte! A mensagem do Novo Testamento diz que "o dom gratuito de Deus a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 6:23). O Antigo Testamento um livro de promessas; o Novo Testamento, por sua vez, um livro de cumprimento (por certo, h inmeras promessas preciosas no Novo Testamento, mas me refiro, aqui, nfase principal de cada parte da Bblia). Deus pro meteu um Redentor em Gnesis 3:15, e Je sus Cristo cumpriu essa promessa. Cumprir uma das palavras-chave do Evangelho de Mateus, usada cerca de vinte vezes. Um dos propsitos deste Evangelho mostrar que Jesus Cristo cumpriu as promes sas do Antigo Testamento a respeito do Messias. Seu nascimento em Belm cumpriu Isaas 7:14 (Mt 1:22, 23). Foi levado ao Egi to, onde ficaria mais seguro e, desse modo, cumpriu Osias 11:1 (Mt 2:14, 15). Quan do Jos e sua famlia decidiram se estabele cer em Nazar, cumpriram vrias profecias do Antigo Testamento (Mt 2:22, 23). Em seu Evangelho, Mateus apresenta pelo menos 129 citaes ou aluses ao Antigo Testamen to. Escreveu principalmente a leitores judeus para mostrar-lhes que Jesus Cristo era, de fato, o Messias prometido. 9. 10 MATEUS 2 . 0 b i g r a f o : a p r e se n t o u u m n o v o R ei A julgar pela definio moderna, nenhum dos quatro Evangelhos pode ser considera do uma biografia. Alis, o apstolo Joo duvidou de que fosse possvel escrever uma biografia completa de Jesus (Jo 21:25). Os Evangelhos deixam de fora uma srie de detalhes sobre a vida de Jesus aqui na Terra. Cada um dos quatro Evangelhos tem uma nfase particular. O Livro de Mateus cha mado de o "Evangelho do Rei" e foi escrito principalmente para leitores judeus. O Livro de Marcos, o "Evangelho do Servo", foi es crito para instruir os leitores romanos. Lucas escreveu principalmente para os gregos e apresentou Cristo como o "perfeito Filho do homem". Joo de interesse universal, e sua mensagem "Este o Filho de Deus". Ne nhum dos Evangelhos suficiente para con tar toda a histria da forma que Deus quer que a vejamos. Porm, quando juntamos os quatro relatos, vemos uma imagem mais complexa da Pessoa e obra de nosso Senhor. Uma vez que estava acostumado a man ter registros sistemticos, Mateus apresenta um relato extremamente organizado da vida e ministrio de nosso Senhor. O livro pode ser dividido em dez sees, que alternam o "fazer" e o "ensinar". Cada seo de ensina mentos termina com a frase: "Quando Jesus terminou estas palavras" ou uma declarao semelhante de transio. Os captulos po dem ser divididos da seguinte maneira: Narrativa Ensinamentos Transio 1 - 4 5 -7 7:28 8:1 - 9:34 9:35 - 10:42 11:1 11:2 - 12:50 13:1-52 13:53 13:53 - 17:27 18:1-35 19:1 19:1 - 23:39 24:1 - 25:46 26:1 26:1 - 28:20 (a narrativa da Paixo) Mateus descreve Jesus como um Homem de ao e um Mestre, registrando pelo me nos vinte milagres especficos e seis mensa gens principais: o Sermo do Monte (caps. 5 -7 ) , a comisso dos apstolos (cap. 10), as parbolas do reino (cap. 13), as lies so bre o perdo (cap. 18), as acusaes contra os fariseus (cap. 23), e o discurso proftico no monte das Oliveiras (caps. 24 - 25). Pelo menos 60% do livro dedicado aos ensi namentos de Jesus. importante lembrar que Mateus con centra-se no reino. No Antigo Testamento, a nao de Israel era o reino de Deus na Ter ra: "Vs me sereis reino de sacerdotes e nao santa" (x 19:6). Muitos, nos dias de Jesus, esperavam pelo libertador enviado por Deus, que os libertaria da escravido romana e restabeleceria o reino glorioso de Israel. A mensagem do reino dos cus foi pre gada inicialmente por Joo Batista (Mt 3:1, 2). Jesus tambm pregou essa mensagem no comeo de seu ministrio (Mt 4:23) e en viou os doze apstolos com a mesma pro clamao (Mt 10:1-7). Porm, as boas novas do reino exigiam do povo uma resposta moral e espiritual, no apenas a aceitao de um conjunto de re gras. Joo Batista pedia arrependimento. Semelhantemente, Jesus deixou bem claro que no tinha vindo para conquistar Roma, mas para transformar o corao e a vida daqueles que cressem nele. Antes de entrar na glria do reino, Jesus suportou o sofri mento da cruz. Podemos observar, ainda, que Mateus organizou seus textos de acordo com tpi cos, no em seqncia cronolgica. Agru pou dez milagres nos captulos 8 - 9 em vez de coloc-los dentro de sua seqncia histrica ao longo da narrativa do Evange lho. Sem dvida, vrios outros acontecimen tos foram totalmente omitidos. Ao conside rar a harmonia existente entre os Evangelhos, vemos que Mateus segue um padro pr prio sem, no entanto, contradizer os outros evangelistas. Alm de ser responsvel pela transio do Antigo para o Novo Testamento e de apresentar a biografia de um novo Rei, Je sus Cristo, Mateus tambm cumpriu um ter ceiro propsito ao escrever seu livro. 3 . O HOMEM DE F: APRESENTOU UM NOVO POVO Esse novo povo era, evidentemente, a Igre ja. Mateus o nico escritor a usar a pa lavra igreja em seu texto (Mt 16:18; 18:17). 10. MATEUS 11 O termo grego traduzido por "igreja" signifi ca "uma assemblia chamada para fora". No Novo Testamento, esse termo refere-se, em geral, congregao local dos cristos. No Antigo Testamento, Israel era escolhido por Deus, com eando com o cham ado de Abrao (Gn 12:1ss; Dt 7:6-8). Alis, Estvo chama a nao de Israel de "a congregao [igreja] no deserto" (At 7:38), pois era o povo de Deus chamado para fora. Porm, a Igreja do Novo Testamento formada por um povo diferente, pois cons tituda tanto de judeus quanto de gentios. Nessa Igreja, no h qualquer distino racial (Gl 3:28). Apesar de ter escrito principalmen te para judeus, ainda assim o Evangelho de Mateus possui um elemento "universal" que inclui os gentios. Por exemplo, lderes gen tios vo adorar o menino Jesus (Mt 2:1-12). Jesus realiza milagres para os gentios e at os elogia por sua f (Mt 8:5-1 3; 15:21-28). A rainha de Sab louvada por se mostrar dis posta a fazer uma longa jornada a fim de ouvir a sabedoria de Salomo (Mt 12:42). Num momento de crise em seu ministrio, Jesus fala de uma profecia sobre os gentios (Mt 12:14-21). Mesmo nas parbolas, Jesus indica que as bnos que Israel recusou seriam compartilhadas com os gentios (Mt 22:8-10; 21:40-46). De acordo com o discur so no monte das Oliveiras, a mensagem se ria levada "a todas as naes" (Mt 24:14); e a comisso do Senhor envolveria todas a na es (Mt 28:19, 20). Na Igreja primitiva, havia apenas cristos judeus e proslitos (At 2 - 7). Quando o evangelho chegou a Samaria (At 8), o povo mestio de judeus e gentios passou a fazer parte da Igreja. Depois que Pedro foi casa de Cornlio (At 10), os gentios tambm co mearam a participar da Igreja. A assemblia de Jerusalm (At 15) determinou que os gen tios no precisavam tornar-se judeus antes de se tornar cristos. Mateus apresenta toda essa questo de antemo, e quando seu livro foi lido pelos membros judeus e gentios da Igreja primiti va, ajudou a resolver diferenas e a promover a unidade. Mateus deixa claro que esse novo povo, a Igreja, no deveria apoiar qualquer forma de excluso racial ou social. Pela f em Jesus Cristo, os cristos so "todos um" no corpo de Cristo, a Igreja. A prpria experincia de Mateus com o Senhor, relatada em Mateus 9:9-1 7, um belo exemplo da graa de Deus. Seu antigo nome era Levi, o filho de Alfeu (Mc 2:14). "Mateus" significa "o dom de Deus". Ao que parece, esse nome lhe foi dado para come morar sua converso e seu chamado para ser discpulo. E importante lembrar que os coletores de impostos faziam parte de uma das clas ses mais odiadas da sociedade judaica. Para comear, eram traidores da prpria nao, pois ganhavam o sustento "vendendo-se" aos romanos ao trabalhar para o governo. Cada coletor adquiria de Roma o direito de reco lher impostos; quanto mais recolhia, mais conseguia guardar para si. Os coletores eram considerados ladres e traidores, e seus con tatos com os gentios tambm os colocavam margem da religio, a ponto de serem ti dos como impuros. Jesus refletiu a opinio popular acerca dos publicanos ao classific- los junto a prostitutas e a outros pecadores (Mt 5:46, 47; 18:17), mas deixou claro que era "amigo de publicanos e pecadores" (Mt 11:19; 21:31, 32). Mateus abriu seu corao para Jesus Cristo e se tornou uma nova pessoa. No foi uma deciso fcil para ele. Era de Cafar- naum, cidade que havia rejeitado o Senhor (Mt 11:23). Tambm era um negociante co nhecido na cidade e, provavelmente, foi perseguido pelos amigos de outros tempos. Sem dvida, perdeu muito dinheiro quando deixou tudo para seguir a Cristo. Mateus no apenas abriu seu corao, mas tambm abriu sua casa. Sabia que mui tos de seus velhos amigos, seno todos, o abandonariam quando comeasse a seguir Jesus Cristo. Por isso, aproveitou a situao e os convidou para conhecer Jesus. Deu uma grande festa e convidou todos os coletores de impostos ( possvel que alguns deles fos sem gentios) e judeus que no guardavam a lei ("pecadores"). Evidentemente, os fariseus criticaram Je sus por assentar-se mesma mesa que toda 11. 12 MATEUS essa gente impura e at tentaram instigar os discpulos de Joo Batista a criar uma desa vena (Lc 5:33). No entanto, Jesus explicou por que estava andando com "publicanos e pecadores": eram espiritualmente enfermos e precisavam de um mdico. O Senhor no veio chamar os justos, pois no havia justos. Veio chamar pecadores, e isso inclua os fariseus. Por certo, seus crticos no se con sideravam "enfermos espirituais", mas isso no muda o fato de que eram isso mesmo. Mateus no apenas abriu seu corao e sua casa como tambm abriu suas mos e trabalhou para Cristo. Alexander White de Edimburgo disse, certa vez, que, quan do Mateus deixou seu emprego para se guir a Cristo, levou consigo sua pena de escrever! Mal sabia ele, na poca, que um dia seria usado pelo Esprito para escrever o primeiro dos quatro Evangelhos do Novo Testamento! Diz a tradio que Mateus ministrou na Palestina durante vrios anos, depois que Jesus voltou para o cu, e que fez viagens missionrias para levar o evangelho aos ju deus dispersos entre os gentios. Seu traba lho relacionado Prsia, Etipia e Sria, e algumas tradies incluem ainda a Grcia. O Novo Testamento no diz coisa alguma sobre sua vida, mas podemos afirmar com certeza que, por onde quer que as Escritu ras passem neste mundo, o Evangelho escri to por Mateus continua a ministrar ao cora o de seus leitores. 12. 2 O N a sc im en to d o R ei M ateus 1 - 2 S e um homem aparece de repente dizen do ser rei, a primeira coisa que as pes soas querem ver so as provas. De onde vem? Quem so seus sditos? Quais so suas credenciais? Prevendo essas perguntas im portantes, Mateus comea seu livro com um relato detalhado do nascimento de Jesus Cristo e dos acontecimentos subseqentes. Ele apresenta quatro fatos sobre o Rei. 1. A l in h a g e m d o Rei (M t 1:1-25) Uma vez que a realeza depende da linha gem, era importante determinar o direito de Jesus ao trono de Davi. Mateus apresenta a linhagem humana de Jesus (Mt 1:1-17) bem como a divina (Mt 1:18-25). A linhagem humana (w. 1-17). O s ju deus davam grande importncia s genea logias, pois, sem elas, no podiam provar que faziam parte de determinada tribo nem quem possua direito de herana. Qualquer um que afirmasse ser "filho de Davi" deveria ser capaz de provar tal assero. Costuma-se concluir que Mateus apresenta a genealo gia de Jesus pelo seu padrasto, Jos, enquan to Lucas fornece a linhagem de Maria (Lc 3:23ss). Muitos leitores pulam essa lista de nomes antigos (e, em aiguns casos, impronunci- veis). Mas essa "lista de nome" essencial para o registro do Evangelho, pois mostra que Jesus Cristo faz parte da histria. Mos tra tambm que toda a histria de Israel pre parou o cenrio para seu nascimento. Em sua providncia, Deus governou e prevale ceu sobre os acontecimentos histricos, a fim de realizar seu grande propsito de tra zer seu Filho ao mundo. Essa genealogia tambm ilustra a maravi lhosa graa de Deus. muito raro encontrar nomes de mulheres em genealogias judaicas, pois os nomes e heranas eram passados para os homens. No entanto, encontramos nessa lista referncias a quatro mulheres do Antigo Testamento: Tamar (Mt 1:3), Raabe e Rute (Mt 1:5), e Bate-Seba, "a que fora mu lher de Urias" (Mt 1:6). Fica claro que Mateus deixa alguns no mes de fora dessa genealogia. provvel que tenha feito isso a fim de apresentar um sumrio sistemtico de trs perodos na histria de Israel, cada um com catorze ge raes. O valor numrico das letras em hebraico para "Davi" igual a catorze. Tal vez Mateus tenha usado essa abordagem a fim de ajudar seus leitores a memorizar essa lista complicada. Muitos judeus eram descendentes do rei Davi. Seria preciso mais do que um certi ficado de linhagem para provar que Jesus Cristo era "filho de Davi" e herdeiro do tro no de Davi. Da a grande importncia de sua linhagem divina. A linhagem divina (w. 18-25). Mateus 1:16 e 18 deixam claro que o nascimento de Jesus Cristo foi diferente daquele de qual quer outro menino judeu mencionado na genealogia. Mateus ressalta que Jos no "gerou" Jesus Cristo. Antes, Jos foi "marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se cha ma o Cristo". Jesus nasceu de uma me terrena, sem a necessidade de um pai ter reno. Esse fato chamado de doutrina do nascimento virginal. Cada criana que nasce uma criatura totalmente nova. Mas Jesus Cristo, sendo o Deus eterno (Jo 1:1, 14), existia antes de Maria, de Jos ou de qualquer outro de seus antepassados. Se Jesus Cristo tivesse sido concebido da mesma forma que qualquer outra criana, no poderia ser Deus. Era necessrio que viesse ao mundo por meio de uma me terrena, mas sem ser gerado por um pai terreno. Assim, por um milagre do Esprito Santo, Jesus foi concebido no ventre de Maria, uma virgem (Lc 1:26-38). H quem questione se, de fato, Maria era virgem , dizendo que "virgem ", em 13. 14 MATEUS 1 - 2 Mateus 1:23, deve ser traduzido por "moa". Porm, a palavra traduzida por virgem nesse versculo tem sempre esse significado e no permite qualquer outra traduo, nem mes mo "moa". Tanto Maria quanto Jos pertenciam casa de Davi. As profecias do Antigo Testa mento afirmavam que o Messias nasceria de uma mulher (Gn 3:15), da descendncia de Abrao (Gn 22:18), pela tribo de Jud (Gn 49:10) e da famlia de Davi (2 Sm 7:12, 13). A genealogia de Mateus acompanha a linha gem atravs de Salomo, enquanto Lucas acompanha sua linhagem atravs de Nat, outro filho de Davi. interessante observar que Jesus Cristo o nico judeu vivo que pode provar seu direito ao trono de Davi! Todos os outros registros foram destrudos quando os Romanos tomaram Jerusalm em 70 d.C. Para o povo judeu daquela poca, o noivado equivalia ao casamento - exceto pelo fato de que o homem e a mulher no coabitavam. Os noivos eram chamados de "marido e esposa", e, ao fim do perodo de noivado, o casamento era consumado. Se uma mulher que estava noiva ficava grvida, isso era considerado adultrio (ver Dt 22:13 21). Porm, Jos no pediu nenhuma puni o nem o divrcio quando descobriu que Maria estava grvida, pois o Senhor havia lhe revelado a verdade. Todas essas coisas cumpriram Isaas 7:14. Antes de terminar nosso estudo desta seo importante, devemos considerar trs nomes dados ao Filho de Deus. O nome Jesus significa "Salvador" e vem do hebraico Josu ("Jeov salvao"). Havia muitos meninos judeus chamados Josu (ou, no grego, Jesus), mas o filho de Maria chama va-se "Jesus o Cristo". O termo Cristo quer dizer "ungido" e o equivalente grego da designao Messias. Ele "Jesus o Messias". Jesus o seu nome humano; Cristo (Mes sias) o seu ttulo oficial; e Emanuel descre ve quem ele - "Deus conosco". Jesus Cristo Deus! Encontramos a designao "Emanuel" em Isaas 7:14 e 8:8. Assim, o Rei era um homem judeu e tam bm o Filho de Deus. Mas ser que algum reconheceu sua realeza? Sim, os magos que vieram do Oriente e o adoraram. 2. A revern cia a o Rei (M t 2:1-12) Devemos reconhecer que sabemos muito pouco sobre esses homens. A palavra traduzida por "magos" refere-se a eruditos que estudavam as estrelas. O ttulo d a im presso de que eram mgicos, mas pro vvel que fossem apenas astrlogos. No entanto, sua presena no relato bblico no deve ser interpretada como corroborao divina para a prtica da astrologia. Deus lhes deu um sinal especial, uma estrela miraculosa que anunciou o nascimen to do Rei. A estrela guiou-os a Jerusalm; l, os profetas de Deus lhes disseram que o Rei nasceria em Belm. Assim, os magos foram a Belm e, quando chegaram l, adoraram o menino Jesus. No sabemos quantos magos havia. Por causa dos trs presentes relacionados em Mateus 2:11, costuma-se supor que os ma gos tambm eram trs, mas no sabemos ao certo. De qualquer modo, quando a ca ravana chegou a Jerusalm, trouxe consigo gente suficiente para causar tumulto em toda a cidade. Epreciso lembrar que esses homens eram gentios. Desde o comeo, Jesus veio para ser "o Salvador do mundo" (Jo 4:42). Alm de ricos, esses homens eram estudiosos - poderiam ser considerados os cientistas da poca. Nenhuma pessoa culta que siga a luz que Deus lhe mostra pode deixar de adorar aos ps de Jesus. Em Cristo, "todos os tesouros da sabedoria e do conhecimen to esto ocultos" (Cl 2:3). Nele habita "cor poralmente, toda a plenitude da Divindade" (Cl 2:9). Os magos estavam procura do Rei, mas Herodes temia esse Rei e desejava destru- lo. Trata-se, aqui, de Herodes, o Grande, chamado de rei pelo senado romano por causa da influncia de Marco Antnio. He rodes era um homem cruel e astucioso que no permitia a ningum, nem mesmo aos membros da prpria famlia, qualquer inter ferncia em seu governo nem que se impe disse a satisfao de seus desejos perversos. 14. M ATEU S 1 15 Assassino implacvel, ordenou a morte da prpria esposa e dos dois irmos dela por suspeitar de traio. Casou-se pefo menos nove vezes, a fim de satisfazer sua luxria e de fortalecer alianas polticas. No de se admirar que Herodes tenha tentado matar Jesus. Afinal, desejava ser o nico a usar o ttulo de "Rei dos Judeus". No entanto, havia outra razo para desejar se ver livre de Jesus. Herodes no era judeu puro, mas idumeu, descendente de Esa. Vemos aqui um retrato do conflito antiqs- simo entre Esa e Jac, que teve incio an tes mesmo de os meninos nascerem (Gn 25:19-34). o espiritual contra o carnal, o piedoso contra o impiedoso. O s magos procuravam o Rei; Herodes opunha-se a ele e os sacerdotes judeus o ignoravam. O s sacerdotes conheciam as Es crituras e mostravam o Salvador a outros, mas eles mesmos se recusaram a ador-lo! Citaram Miquias 5:2, mas no obedeceram Palavra. Estavam a menos de 10 quil metros do Filho de Deus e, no entanto, no foram v-lo! O s gentios o buscaram e en contraram, mas os judeus no. De acordo com Mateus 2:9, a estrela que guiava os magos no ficava sempre visvel. Dirigindo-se a Belm, eles a viram novamen te, e ela os conduziu casa onde Jesus esta va. A essa altura, Jos e Maria haviam sado do local temporrio onde Jesus havia nas cido (Lc 2:7). Os prespios tradicionais que renem pastores e sbios no so fiis s Escrituras, pois os magos chegaram bem depois. Mateus cita outra profecia que se cum priu para provar que Jesus Cristo o Rei (Mt 2:5). Sua maneira de nascer cumpriu uma profecia, e o lugar onde nasceu cumpriu outra. Belm significa "casa do po" e foi onde o "po da vida" veio ao mundo (Jo 6:48ss). No Antigo Testamento, Belm as sociada a Davi, um tipo de Jesus Cristo em seu sofrimento e glria. 3 . A HOSTILIDADE CONTRA O REI (M t 2 :1 3 -1 8 ) Identifica-se algum no apenas por seus amigos, mas tambm por seus inimigos. Herodes fingia querer adorar o Rei recm- nascido (Mt 2:8), quando na verdade queria mat-lo. Deus mandou a Jos pegar a crian a e Maria e fugir para o Egito, pois era per to e havia muitos judeus naquela regio. Os tesouros recebidos dos magos seriam mais do que suficientes para pagar as despesas da viagem e de estadia nessa terra estran geira. Alm do mais, havia outra profecia a ser cumprida, Osias 11:1: "do Egito chamei o meu filho". A fria de Herodes mostra seu orgulho; no permitiria que ningum o enganasse, especialmente um bando de estudiosos gen tios! Assim, decretou a morte de todos os meninos com at 2 anos de idade que ainda permaneciam em Belm. No devemos ima ginar aqui centenas de garotinhos sendo mortos, pois no havia tantos meninos dessa idade em Belm naquela poca. Mesmo hoje, a populao em Belm de cerca de vinte mil habitantes. bem provvel que no te nha havido mais de vinte execues. Mas claro que uma s morte j teria sido demais! Mateus introduz aqui o tema da hostili dade, do qual trata ao longo de todo o livro. Satans mentiroso e assassino (Jo 8:44), e o rei Herodes no era diferente. Mentiu para os magos e mandou matar os meninos. Mas, at mesmo esse crime hediondo foi o cum primento da profecia em Jeremias 31:15. A fim de entendermos esse cumprimento, convm fazer uma recapitulao da hist ria judaica. Belm mencionada pela primeira vez nas Escrituras com referncia morte de Raquel, a esposa predileta de Jac (Gn 35:16 20). Raquel morreu ao dar luz um filho ao qual chamou Benoni, que significa "filho do meu sofrimento". Jac mudou o nome do me nino para Benjamim, "filho da minha destra". Os dois nomes so relacionados a Jesus Cris to, pois eie foi um "homem de dores e que sabe o que padecer" (Is 53:3), e agora o Filho de Deus, sentado a sua destra (At 5:31; Hb 1:3). Jac levantou uma coluna para marcar o lugar da sepultura de Raquel nas cercanias de Belm. A profecia de Jeremias foi proferida cer ca de seiscentos anos antes do nascimento 15. 16 MATEUS 1 - 2 de Cristo, no contexto da captura de Jerusa lm em cativeiro. Alguns dos cativos foram levados a Ram, em Benjamim, perto de Je rusalm, episdio que lembrou Jeremias do sofrimento de Jac quando Raquel morreu. No entanto, na passagem de Jeremias Ra quel quem chora, representando as mes de Israel chorando ao ver seus filhos sendo le vados para o cativeiro. Era como se Raquel dissesse: "Entreguei minha vida para dar luz um filho, e agora seus descendentes es to sendo destrudos". Jac viu Belm como um lugar de mor te, mas o nascimento de Jesus transformou- o num lugar de vida! A vinda do Messias traria libertao espiritual a Israel e, no futu ro, o estabelecimento do trono e do reino de Davi. Um dia, Israel - "o filho do meu sofrimento" - seria chamado de "o filho da minha destra". Jeremias deu nao a pro messa de que seriam restaurados a sua terra (Jr 31:16, 17), e a promessa foi cumprida. Porm, prometeu-lhes algo ainda maior: al gum dia, a nao seria reunida e o reino seria estabelecido (Jr 31:27ss). Essa profecia tambm se cumprir. Hoje em dia, poucos identificam Belm como um lugar de sepultamento. Para mui tos, o lugar onde Jesus Cristo nasceu. Por ter morrido por ns e ter ressuscitado, te mos um futuro promissor. Viveremos com ele para sempre na cidade gloriosa, onde no haver mais morte nem lgrimas. 4. A h um ild ade d o Rei (M t 2:19-23) Herodes morreu em 4 a.C., o que significa que Jesus nasceu entre os anos 6 e 5 a.C. impossvel no ver o paralelo entre Mateus 2:20 e xodo 4:19, o chamado de Moiss. Como Filho de Deus, Jesus estava no Egito e foi chamado para ir para Israel. Moiss es tava fora do Egito, escondendo-se para no ser morto, e foi chamado para voltar ao Egi to. Mas os dois faziam parte do plano de Deus para a redeno da humanidade. Jos e sua famlia precisaram de coragem para deixar o Egito, a mesma coragem que Moiss precisou ter ao voltar para o Egito. Arquelau era um dos filhos de Herodes, escolhido pelo pai para ser seu sucessor. No entanto, os judeus descobriram que, apesar de suas promessas de bondade, Arquelau era to perverso quanto o pai. Assim, os ju deus enviaram uma delegao a Roma para protestar contra sua coroao. Csar Augus to concordou com os judeus e o rebaixou a etnarca, com autoridade somente sobre metade do reino de seu pai (talvez, Jesus estivesse pensando nesse fato histrico quan do contou a parbola das dez minas em Lc 19:11-27). Esse episdio todo um bom exemplo de como Deus conduz seus filhos. Jos sa bia que, sob o governo de Arquelau, ele e sua famlia no estariam mais seguros do que estavam sob o governo de Herodes, o Grande. provvel que estivessem indo para Belm quando descobriram que Arquelau estava no trono. Sem dvida, Jos e Maria oraram, esperaram e buscaram a vontade de Deus. O bom senso lhes reco mendou cautela, e a f pediu que esperas sem. No tempo apropriado, Deus falou a Jos em sonho, depois do qual ele levou sua famlia para Nazar, onde haviam vivi do antes (Mt 2:19, 20). At essa mudana cumpriu uma pro fecia! Mais uma vez, Mateus ressalta que cada detalhe da vida de Jesus foi profetiza do nas Escrituras. importante observar que Mateus no se refere a um nico profeta em Mateus 2:23; antes afirma que tudo ocor reu "para que se cumprisse o que fora dito por intermdio dos profetas" (plural). Jesus no chamado de "nazareno" em nenhuma profecia especfica. O termo nazareno costumava ser usado em tom de reprovao: "De Nazar pode sair alguma coisa boa?" (Jo 1:46). Vrias profecias do Antigo Testamento mencionam a rejeio do Messias em sua infncia, e taivez seja a elas que Mateus esteja se referindo (ver SI 22; Is 53:2, 3, 8). O termo "nazareno" passou a ser usado tanto para Jesus quanto para seus seguidores (At 24:5). Em diversas ocasies, o Mestre chamado de "Jesus de Nazar" (Mt 21:11; Mc 14:67; Jo 18:5, 7). No entanto, possvel que, guiado pelo Esprito, Mateus tenha observado uma liga o espiritual entre o nome "nazareno" e a 16. M ATEUS 1 - 2 17 palavra hebraica rtetzer, que significa "um ramo ou renovo". Vrios profetas deram esse ttulo a Jesus (ver Is 4:2; 11:1; Jr 23:5; 33:15; Z c 3:8; 6:12, 13). Jesus cresceu em Nazar e foi associa do a essa cidade. De fato, seus inimigos pensavam que ele havia nascido l, pois di ziam que ele era da Galilia (Jo 7:50-52). Uma pesquisa dos registros do templo te ria lhes revelado que ele havia nascido em Belm. Onde j se viu um rei nascer num vilarejo e crescer numa cidade desprezada? A hu mildade do Rei , sem dvida alguma, digna de nossa admirao e um exemplo a ser seguido (Fp 2:1-13). 17. 3 As C redenciais do Rei M a teu s 3 - 4 Entre os captulos 2 e 3 de Mateus, passa ram-se cerca de trinta anos, durante os quais Jesus viveu em Nazar e trabalhou como carpinteiro (Mt 13:55; Mc 6:3). Che gou, enfim, o dia de comear o ministrio pblico que culminaria na cruz. Suas qualifi caes para ser Rei ainda eram vlidas? Ha via ocorrido algo nesse tempo que pudesse desqualific-io? Nos captulos 2 e 3, Mateus rene os depoimentos de cinco testemunhas quanto pessoa de Jesus Cristo, afirmando que ele o Filho de Deus e o Rei. 1. Jo o B atista (M t 3:1-15) A nao havia passado mais de quatrocen tos anos sem ouvir a voz de um profeta. Ento, aparece Joo, iniciando um grande reavivamento. Consideremos quatro fatos sobre Joo Batista. Sua mensagem (w. 1, 2, 7-10). A pre gao de Joo concentrava-se no arre pendimento e no reino dos cus. A paavra arrepender significa "mudar a forma de pen sar e agir de acordo com essa mudana". Joo no se contentava com remorso ou pesar. Desejava ver "frutos dignos de arre pendimento" (Mt 3:8). Era preciso provas de que a vida e a forma de pensar do indivduo haviam sido transformadas. Gente de todo tipo ia ouvir Joo pregar e v-lo realizar os batismos. Muitos publica- nos e pecadores o procuraram com sincera humildade (Mt 21:31, 32), mas os lderes religiosos recusaram sujeitar-se a sua pre gao. Consideravam-se bons o bastante para agradar a Deus. No entanto, Joo os chamava de "raa de vboras". Jesus usou a mesma linguagem ao tratar dessa gente que se julgava to virtuosa (Mt 12:34; 23:33; Jo 8:44). Os fariseus eram os tradicionalistas de seu tempo, enquanto os saduceus eram mais liberais (ver At 23:6-9). Os saduceus abasta dos controlavam os "negcios do templo", o comrcio que Jesus removeu daquele lugar de orao. Os fariseus e saduceus disputa vam entre si o controle de Israel, mas uni ram foras para se oporem a Jesus Cristo. Joo proclamava uma mensagem de jul gamento. Israel havia pecado e precisava arrepender-se, e cabia aos lderes religiosos dar o exemplo ao restante do povo. O ma chado estava posto raiz da rvore, e se esta (Israel) no desse bons frutos, seria cor tada (ver Lc 13:6-10). Se a nao se arrepen desse, o caminho estaria preparado para a vinda do Messias. Sua autoridade (w. 3, 4). Joo cumpriu a profecia dada em Isaas 40:3. Em termos espirituais, Joo foi o "esprito e poder de Elias" (Lc 1:16,17). At se vestia como Elias e pregava a mesma mensagem de julgamen to (2 Rs 1:8). Joo foi o ltimo dos profetas do Antigo Testamento (Lc 16:16) e o maior de todos (Mt 11:7-15; ver 17:9-13). Seu batismo (w. 5, 6, 11, 12). Os ju deus batizavam gentios convertidos, mas Joo estava batizando judeus! O batismo no era algo que Joo havia inventado ou tomado emprestado de alguma outra reli gio, antes, era realizado com autoridade do cu (Mt 21:23-27). Era um batismo de arrependimento, que antevia a chegada do Messias (At 19:1-7) e que cumpriu dois pro psitos: preparou a nao para Cristo e apre sentou Cristo nao (Jo 1:31). Mas Joo mencionou outros dois batis mos: um batismo do Esprito e um batismo de fogo (Mt 3:11). O batismo do Esprito veio em Pentecostes (At 1:5; observar tambm que Jesus no fala nada sobre fogo). Hoje, sempre que um pecador cr em Cristo, nascido de novo e batizado no mesmo ins tante pelo Esprito Santo, passando a fazer parte do corpo de Cristo, a Igreja (1 Co 12:12, 13). O batismo de fogo, por outro lado, refere-se ao julgamento futuro, como Mateus explica (Mt 3:12). 18. M ATEUS 3 - 4 19 Sua obedincia (w. 13-15). jesus no foi batizado por ser um pecador arrependido. At mesmo Joo tentou det-lo, mas Jesus sabia que essa era a vontade do Pai. Por que Jesus foi batizado? Em primeiro lugar, seu batismo foi uma forma de aprovar o minist rio de Joo. Em segundo lugar, mediante o batismo, Cristo identificou-se com os publi- canos e pecadores, as pessoas que veio salvar. Mas, acima de tudo, foi um retrato do futuro batismo na cruz (Mt 20:22; Lc 12:50) no qual seria coberto por todas as "ondas e vagas" do julgamento de Deus (SI 42:7; Jn 2:3). Assim, Joo Batista testemunhou que Je sus Cristo o Filho de Deus e, tambm, o Cordeiro de Deus (Jo 1:29), e seu testemu nho levou muitos pecadores a crer em Jesus Cristo (Jo 10:39-42). 2. O Esprito S an to (M t 3 :16 ) A vinda do Esprito Santo em forma de pomba foi um modo de identificar Jesus para Joo (Jo 1:31-34); tambm serviu para ga rantir a Jesus, naquele momento em que ini ciava seu ministrio, que o Esprito estaria sempre com ele (Jo 3:34). A pomba um smbolo muito bonito do Esprito de Deus em sua pureza e seu ministrio de paz. Essa ave aparece nas Escrituras pela primeira vez em Gnesis 8:6-11. No soltou dois pssa ros, um corvo e uma pomba, mas apenas a pomba voltou. O corvo representa a carne, e no teve dificuldade em encontrar alimen to fora da arca. Mas a pomba no se conta minaria com carcaas e, portanto, voltou para a arca. Da segunda vez que foi solta, a pomba voltou trazendo no bico o ramo de uma oliveira, um smbolo da paz. Da tercei ra vez que foi solta, no voltou. Podemos ver mais um significado nessa imagem. O nome Jonas significa "pomba", e ele tambm passou por um batismo! Jesus usou Jonas como um tipo do prprio Messias em sua morte, sepultamento e ressurreio (Mt 12:38-40). Jonas foi enviado aos gentios, e Jesus tambm ministraria aos gentios. 3. O Pai (M t 3:17) O Pai falou dos cus em trs ocasies espe- (Mt 17:3) e pouco antes de Cristo ser cruci ficado (Jo 12:27-30). Naquele tempo, Deus falou a seu Filho; hoje, ele fala por meio de seu Filho (Hb 1:1, 2). A declarao do Pai vinda do cu pare ce repetir o Salmo 2:7: "Tu s meu Filho, eu, hoje, te gerei". De acordo com Atos 13:33, esse ato de "gerar" refere-se ressurreio de Cristo dentre os mortos, no a seu nasci mento em Belm. Essa declarao encaixa- se perfeitamente com a experincia de ba tismo de Jesus em sua morte, sepultamento e ressurreio. Mas a declarao do Pai tambm asso cia Jesus Cristo com o "Servo Sofredor" pro fetizado em Isaas 40 a 53. Em Mateus 12:18, Mateus cita Isaas 42:1-3, em que o Servo Messias chamado de "meu escolhido, em quem a minha alma se compraz". O Servo descrito em Isaas humilde, rejeitado, desti nado a sofrer e morrer, mas retratado como aquele que vir em vitria. Apesar de ser possvel detectar uma imagem vaga de Israel como nao em alguns desses "cnticos do servo", a revelao mais clara dessas passa gens diz respeito ao Messias, Jesus Cristo. Mais uma vez, vemos a associao com Cristo em sua morte, sepultamento e ressurreio. Por fim, a declarao do Pai deixou pa tente sua aprovao de tudo o que Jesus havia feito at aquele momento. Os anos que Jesus passou "escondido" em Nazar alegraram muito o Pai. Sem dvida, esse elo gio foi um grande estmulo para o Filho ao comear seu ministrio. 4. S atans (M t 4:1-11) Da experincia sagrada e sublime das bn os no Jordo, Jesus foi conduzido ao de serto para ser testado. Jesus no foi tentado para que o Pai pudesse aprender alguma coisa sobre seu Filho, pois o Pai j havia lhe dado sua aprovao divina. Jesus foi tenta do para que toda criatura, no cu, na terra ou abaixo dela, soubesse que Jesus Cristo o Conquistador. Desmascarou Satans e suas tticas e o derrotou; por causa de sua vit ria, hoje podemos vencer a tentao. Assim como o primeiro Ado encontrou 19. 20 MATEUS 3 - 4 seu inimigo (1 Co 15:45). Ado se deparou com Satans num belo jardim, mas Jesus o enfrentou no deserto. Ado tinha tudo o que necessitava, mas Jesus estava com fome de pois de quarenta dias jejuando. Ado per deu a batalha e mergulhou a humanidade no pecado e na morte. Mas Jesus venceu aquela batalha e continuou derrotando Sa tans em outras batalhas, culminando com sua vitria final na cruz (Jo 12:31; Cl 2:15). Essa experincia de tentao preparou Jesus para ser nosso Sumo Sacerdote (Hb 2:16-18; 4:15,16). importante observar que Jesus enfrentou o inimigo como homem, no como Filho de Deus. Suas primeiras palavras foram: "no s de po viver o homem" (Mt 4:4; it. do autor). No devemos imaginar que Jesus usou seus poderes divinos para derro tar o inimigo, pois era justamente isso o que Satans queria que ele fizesse. Jesus usou os mesmos recursos espirituais disposio de todos ns hoje: o poder do Esprito San to (Mt 4:1) e o poder da Palavra de Deus ("est escrito"). No havia coisa na nature za de Jesus que servisse de ponto de apoio para Satans (Jo 14:30), mas, ainda assim, suas tentaes foram reais. A tentao en volve a vontade, e Jesus veio para fazer a vontade do Pai (Hb 10:1-9). A primeira tentao (w. 1-4). Diz res peito ao amor e vontade de Deus. "Uma vez que voc o Filho amado de Deus, por que seu Pai no o alimenta? Por que colo cou voc neste deserto terrvel?" Essa tenta o no muito diferente das palavras de Satans a Eva em Gnesis 3: uma insinua o sutil de que o Pai no nos ama. Mas o inimigo faz ainda outra suges to: "Use seus poderes divinos para suprir suas prprias necessidades". Quando co locamos nossas necessidades fsicas acima das espirituais, camos em pecado. Quan do permitimos que as situaes controlem nossas aes, em vez de seguir a vontade de Deus, tambm camos em pecado. Je sus poderia ter transformado as pedras em pes, mas com isso teria usado seus pode res independentemente do Pai, e o Filho veio justamente para obedecer ao Pai (Jo 5:30; 6:38). Para derrotar Satans, Jesus cita Deute- ronmio 8:3. Alimentar-se da Palavra de Deus mais importante do que consumir alimento fsico. Na verdade, a Palavra nos so alimento (Jo 4:32-34). A segunda tentao (vv. 5-7). A segun da tentao bem mais sutil. Dessa vez, Satans tambm usa a Palavra de Deus. "Quer dizer que voc pretende viver pelas Escrituras?", insinua. "Ento, permita-me ci tar um versculo da Palavra para ver se voc lhe obedece!" Assim, Satans o colocou no pinculo do templo, cerca de cento e cin qenta metros acima do vale de Cedrom, e citou o Saimo 91:11,12, em que Deus pro mete cuidar dos seus. "Se cr nas Escrituras, pule! Vamos ver se o Pai est mesmo cui dando de sua vida!" importante observar com ateno a resposta de Jesus: "TAMBM est escrito" (Mt 4:7, nfase do autor). Nunca devemos separar uma passagem do resto das Escritu ras; antes, preciso sempre "[conferir] coi sas espirituais com espirituais" (1 Co 2:13). Podemos usar a Bblia para provar pratica mente qualquer coisa, se isolarmos os tex tos de seu contexto, transformando-os em pretextos. Ao citar o Salmo 91, Satans ha via omitido astutamente as palavras "em to dos os teus caminhos". O filho de Deus, que est dentro da vontade de Deus, desfruta a proteo do Pai. Ele cuida daqueles que es to andando nos "[seus] caminhos". Jesus refuta o inimigo com Deuteron- mio 6:16: "No tentars o Senhor, teu Deus". Tentamos o Senhor quando nos colocamos em situaes que o obrigam a intervir de modo miraculoso em nosso favor. O diab tico que se recusa a tomar insulina e diz que Jesus cuidar dele est tentando o Senhor. Tentamos Deus quando procuramos faz-lo cair em contradio com sua Palavra. es sencial que cada cristo leia todas as Escri turas e estude tudo o que Deus tem a dizer, pois tudo o que se encontra na Bblia pro veitoso para nossa vida (2 Tm 3:16, 17). A terceira tentao (w. 8-11). Nessa ten tao, Satans oferece a Jesus um atalho para seu reino. Jesus sabia que teria de sofrer e de morrer antes de entrar em sua glria (Lc 24:26; 20. M ATEUS 3 - 4 21 1 Pe 1:11; 5:1). Se tivesse se prostrado e adorado Satans apenas uma vez (essa a nfase do verbo grego), teria desfrutado toda a glria sem qualquer sofrimento. Satans sempre quis receber adorao, pois sempre quis ser Deus (is 14:12-14). Adorar a criatu ra em lugar do Criador a mentira que go verna nosso mundo nos dias de hoje (Rm 1:24, 25). No existem atalhos para a vontade de Deus. Se desejamos participar da glria, devemos participar antes do sofrimento (1 Pe 5:10). Como prncipe deste mundo, Satans tinha autoridade para oferecer esses reinos para Cristo (jo 12:31; 14:30), mas Jesus no aceitou a oferta. O Pai j havia prometido o reino a seu Filho! "Pede-me, e eu te darei as naes por herana" (SI 2:8). Encontramos a mesma promessa no Salmo 22:22-31, o salmo da cruz. Jesus o refuta com Deuteronmio 6:13: "O S e n h o r , teu Deus, temers, a ele servi rs". Satans no havia dito nada sobre pres tar culto, mas Jesus sabia que toda adora o implica servido. Adorao e servio andam juntos. Derrotado, Satans saiu de fininho, mas no deixou de tentar Jesus, como Lucas 4:13 deixa claro: "Passadas que foram as tenta es de toda sorte, apartou-se dele o diabo, at momento oportuno". Satans usou Pedro para tentar Jesus a abandonar a cruz (Mt 16:21-23); por meio da multido que havia sido alimentada, tentou Jesus a estabelecer seu reino da maneira mais fcil (Jo 6:15). Uma vitria no garante jamais a liberdade de futuras tentaes. Antes, cada experin cia de vitria serve apenas para incentivar Satans a tentar com mais afinco. Convm observar que o relato de Lucas inverte a ordem das duas ltimas tentaes conforme se encontram registradas em Ma teus. A palavra "ento" em Mateus 4:5 pare ce indicar seqncia. Lucas apenas usa a conjuno simples "e", sem afirmar que est seguindo uma seqncia. A injuno de Je sus no final da terceira tentao ("Retira-te, Satans") comprova que Mateus segue a se qncia histrica. No h contradio, pois Depois de derrotar Satans, Jesus estava pronto para iniciar seu ministrio. Nenhum homem tem o direito de chamar outros a obedecer enquanto ele prprio no tiver obedecido. Cristo provou ser o Rei perfeito cuja soberania digna de nosso respeito e obedincia. Mas fiel a seu propsito, Mateus tem mais uma testemunha para depor em favor da realeza de Jesus Cristo. 5 . O M INISTRIO DE PODER DE C R ISTO (M t 4 :1 2 -2 5 ) Mateus j mostrou que todos os detalhes da vida de Jesus foram governados pela Pa lavra de Deus. Devemos lembrar que, entre o final das tentaes e a declarao de Ma teus 4:12, temos o ministrio descrito em Joo 1:19 - 3:36. No devemos imaginar que Joo Batista foi preso logo depois da tentao de Jesus. O Evangelho de Mateus organizado por tpicos, no em seqn cia cronolgica. Para o estudo mais detalha do da seqncia dos acontecimentos, reco mendo o uso de uma boa harmonia dos Evangelhos. Em Mateus 4:16, Mateus cita Isaas (ver ls 9:1, 2). O profeta escreveu sobre pessoas que "andavam" na escurido, mas no tem po de Mateus a situao era to desanima dora que o povo "jazia" na escurido! Jesus Cristo lhes trouxe a luz. Montou seu "centro de operaes" em Cafarnaum, na "Galilia dos gentios" - outra referncia ao alcance universal do evangelho. A Galilia possua uma populao mestia desprezada pelos cidados "puros" da judia. De que maneira Jesus trouxe essa luz para a Galilia? De acordo com Mateus 4:23, ele o fez por meio de suas pregaes, ensinamentos e curas. Essa nfase pode ser encontrada com freqncia no Evangelho de Mateus: ver 9:35; 11:4, 5; 12:15; 14:34 36; 15:30; 19:2. O evangelista deixa claro que Jesus curou "toda sorte de doenas e de enfermidades" (Mt 4:23). No havia caso algum difcil demais para Jesus! Em decorrncia desses grandes milagres, Jesus tornou-se extremamente conhecido e passou a ser acompanhado por uma multi- 21. 22 MATEUS 3 - 4 indica o versculo 15. A expresso "alm do Jordo" refere-se Peria, a regio a leste do Jordo. As notcias correram, e os que tinham amigos ou familiares enfermos os tra ziam para ser curados por Jesus. Mateus apresenta uma relao de alguns desses "casos" em Mateus 4:24. "Enfermida des e tormentos" abrangem quase todos os tipos de doenas. Sem dvida, Jesus tambm expulsou vrios demnios. O termo "lunti cos" no se refere a pessoas com doenas mentais, mas sim aos que sofriam de epilep sia {ver Mt 17:15). As curas foram apenas uma parte do ministrio de Cristo por toda a Galilia, pois ele tambm ensinou e pregou a Palavra. A "luz" prometida por Isaas foi a Luz da Palavra de Deus, bem como a Luz da vida perfeita e do ministrio compassivo de Cristo. A palavra "pregar", em Mateus 4:1 7 e 23, significa "anunciar como arauto". Jesus proclamou com autoridade as boas-novas de que o reino dos cus estava prximo. A expresso reino dos cus encontra da 32 vezes no Evangelho de Mateus, en quanto a expresso reino de Deus usada apenas 5 vezes (Mt 6:33; 12:28; 19:24; 21:31, 43). Por uma questo de reverncia ao nome santo do Senhor, os judeus no pronunciavam o nome "Deus", substituindo- o por "cus". O filho prdigo confessou ha ver pecado "contra o cu", referindo-se, obviamente, a Deus. Em vrias passagens em que Mateus usa reino dos cus, os textos paralelos em Marcos e Lucas usam reino de Deus. No Novo Testamento, a palavra reino sig nifica "autoridade, governo", no um lugar ou territrio especfico. A expresso "reino dos cus" refere-se ao governo de Deus. Os lderes judeus queriam um lder poltico que os livrasse de Roma, mas Jesus veio exercer soberania espiritual sobre o corao do povo. No entanto, como vimos anteriormente, isso no nega a realidade do reino vindouro. Jesus no apenas proclamou as boas-no vas e ensinou ao povo a verdade de Deus, mas tambm escolheu para si alguns disc pulos que pudesse treinar para o servio do reino. Em Mateus 4:18-22, lemos sobre o chamado de Pedro, Andr, Tiago e Joo, homens que j haviam se encontrado com Jesus e crido nele (Jo 1:29-42). Voltaram para seu negcio de pesca, mas Jesus os chamou para deixar tudo e segui-lo. Os detalhes des se chamado podem ser encontrados em Marcos 1:16-20 e Lucas 5:1-11. A expresso "pescadores de homens" no era nova. H sculos, filsofos gregos e romanos usavam-na para descrever o traba lho daqueles que procuravam ensinar e per suadir outros. "Pescar homens" apenas uma dentre muitas imagens que retratam o evangelismo na Bblia, e no devemos nos limitar a ela. Jesus tambm falou do pastor procura de ovelhas perdidas (Lc 15:1-7) e de trabalhadores na poca da colheita (Jo 4:34 38). Uma vez que esses quatro homens tra balhavam com a pesca, nada mais lgico que Jesus usar essa abordagem. Quatro (ou talvez at sete) dos doze dis cpulos de Jesus eram pescadores (ver Jo 21:1-3). Por que Jesus chamou tantos pesca dores? Em primeiro lugar, eles eram homens ativos; no costumavam passar o dia inteiro ociosos. Quando no estavam no barco, passavam boa parte do tempo selecionan do o que haviam pescado, preparando-se para a pescaria seguinte ou fazendo a ma nuteno de seu equipamento. O Senhor precisava de pessoas ativas, que no tives sem medo de trabalhar. Os pecadores tinham de ser corajosos e pacientes. Sem dvida, necessrio pacin cia e coragem para levar pessoas a Cristo. Era preciso ser habilidosos e aprender com outros os melhores lugares para encontrar peixes e a melhor maneira de pesc-los. A pesca de almas requer habilidade. Os pes cadores precisam trabalhar em equipe, e o trabalho do Senhor tambm requer coope rao. Acima de tudo, porm, a pescaria requer f: os pescadores no conseguem ver os peixes, portanto no sabem ao certo o que pegaro em suas redes. A fim de ser bem-sucedida, a pesca de almas tambm exige f e vigilncia. Mateus apresentou-nos o Rei, e, no cap tulo que acabamos de estudar, vimos todas as testemunhas declararem: "Este o Filho de Deus, este o Rei!" 22. 4 Neste captulo, jesus d trs explicaes sobre a verdadeira justia espiritual. Os Princpios d o Rei: A V erd ad eira Ju stia M ateus 5 Osermo do monte de todas as mensa gens de Jesus a mais mal interpretada. Uns dizem que o plano de salvao de Deus e que, se desejamos ir para o cu um dia, devemos obedecer a suas regras. Ou tros o chamam de "tratado em prol da paz mundial" e instam as naes da Terra a acei t-lo como tal. Outros, ainda, dizem que o sermo do monte no se aplica aos dias de hoje, mas que valer para um tempo futuro, talvez durante a tribulao ou no reino milenar. A meu ver, a chave para esse sermo Mateus 5:20: "Porque vos digo que, se a vossa justia no exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos cus". O tema central desse texto a verdadeira justia. Os lderes religiosos pos suam uma justia artificial e exterior com base apenas na lei. A justia que Jesus des creve, porm, verdadeira e essencial, co mea no interior, no corao. O s fariseus preocupavam-se com os mnimos detalhes da conduta, mas deixavam de cuidar do mais importante, o carter. A conduta decor rente do carter. Quaisquer que sejam as possveis aplica es do sermo do monte para os proble mas mundiais ou os acontecimentos futuros, sem dvida ele se aplica de maneira bem de finida a ns hoje. Jesus transmitiu essa men sagem aos cristos como indivduos, no ao mundo incrdulo em geral. O s ensinamentos do sermo do monte so repetidos para a Igreja de hoje nas epstolas do Novo Tes tamento. A princpio, Jesus proferiu essas pa lavras para seus discpulos (Mt 5:1), e mais 1. A NATUREZA DA JUSTIA VERDADEIRA (M t 5:1-16) Como Mestre exemplar que foi, Jesus no comea este sermo to importante com uma crtica negativa aos escribas e fariseus. Antes, inicia seu discurso com uma nfase positiva sobre o carter idneo e as bnos que dele decorrem para o cristo. O s fariseus ensinavam que a justia era algo exterior, uma questo de obedecer a determinadas regras e preceitos. Poderia ser medida por oraes, ofertas, jejuns etc. Jesus, nas bem- aventuranas e nas descries do indivduo temente a Deus, apresenta um carter cris to que flui do ser interior. Podemos imaginar como a ateno da multido se aguou quando jesus proferiu as primeiras palavras: "bem-aventurados" (em latim, beatus, de onde vem o termo bea- ttude). Essa palavra tinha significado muito forte para os que ouviam Jesus naquele dia, pois expressava a idia de "alegria divina e perfeita". No era um termo usado para os seres humanos, pois descrevia o tipo de ale gria experimentado apenas por deuses ou por mortos. Essa "bem-aventu rana" suge ria satisfao e suficincia interiores que no dependiam das circunstncias externas para ter alegria. isso que o Senhor oferece aos que confiam nele! As bem-aventuranas descrevem as atitu des que devem estar presentes em nossa vida hoje. Vemos aqui quatro dessas atitudes. Atitude em relao a si mesmo (v. 3). Ser humilde significa ter uma opinio corre ta de si mesmo (Rm 12:3). No quer dizer ser "pobre de esprito" e fraco! A humilda de o oposto das atitudes atuais de auto- afirmao e de exaltao. Tambm no uma falsa humildade, como aquela que diz: "No tenho valor algum, no sou capaz de fazer nada", mas sim uma atitude de ho nestidade em relao a si mesmo: conhe cer-se, aceitar-se e tentar ser autntico para a glria de Deus. Atitude em relao ao pecado (w. 4-6). 23. 24 MATEUS 5 pecado e o rejeitamos. Vemos o pecado co mo Deus o v e procuramos trat-lo como Deus o trata. Aqueles que encobrem ou defendem o pecado esto, sem dvida algu ma, indo pelo caminho errado. No deve mos apenas nos entristecer com o pecado, mas tambm nos sujeitar a Deus com man sido (ver Lc 18:9-14; Fp 3:1-14). Mansido no o mesmo que fraque za, pois tanto Moiss quanto Jesus foram homens mansos (Nm 12:3; Mt 11:29). O adjetivo "manso" era usado pelos gregos para descrever um cavalo domado e se refe re ao poder sob controle. Atitude em relao a Deus (vv. 7-9). Experimentamos a misericrdia de Deus quando cremos em Cristo (Ef 2:4-7), e ele nos d um corao puro (At 15:9) e paz in terior (Rm 5:1). Mas, depois de receber sua misericrdia, ns a compartilhamos com outros. Esforamo-nos por manter o corao puro a fim de buscar a Deus. Tornamo-nos pacificadores em um mundo perturbado e canais para a paz, a pureza e a misericrdia de Deus. Atitude em relao ao mundo (vv. 10 16). No fcil ser um cristo consagrado. Nossa sociedade no tem amizade com Deus nem com o povo de Deus. Quer gos temos quer no, estamos em conflito com o mundo, pois somos diferentes e temos atitu des diferentes. Ao ler as bem-aventuranas, observamos que mostram uma perspectiva radicalmente diferente daquela do mundo a nosso redor. O mundo estimula o orgulho e no a humil dade. O mundo incentiva o pecado, espe cialmente se for possvel escapar impunes. O mundo est em guerra com Deus, enquan to Deus deseja se reconciliar com seus ini migos e receb-los como filhos. Quem vive de maneira agradvel a Deus deve esperar perseguies. Mas importante certificar- se de que o sofrimento no resultante da prpria insensatez ou desobedincia. 2. O CAMINHO PARA A JUSTIA ve rd a d eira (M t 5:17-20) Depois de ouvir a descrio do tipo de ca rter que Deus abenoa, sem dvida alguns na multido disseram: " impossvel cultivar um carter como esse. Como ser justos as sim? De onde vem essa justia?" Para eles, era difcil entender de que maneira esses ensinamentos se relacionavam quilo que haviam aprendido desde a infncia. E quan to a Moiss e lei? Na lei de Moiss, Deus certamente reve lou seus padres para uma vida de santidade. Os fariseus defendiam a lei e procuravam lhe obedecer. Mas Jesus afirmou que a ver dadeira justia agradvel a Deus deve exce der aquela dos escribas e fariseus - e, para o povo em geral, os escribas e fariseus eram as pessoas mais santas da comunidade! Se e/es no haviam conseguido encontrar essa justia, que esperana haveria para o restan te do povo? Jesus explica a prpria atitude com res peito ei descrevendo trs relacionamen tos possveis. possvelprocurar destruir a lei (v. 17a). Para os fariseus, era justamente isso o que Jesus fazia. Em primeiro lugar, a autoridade de Jesus no era proveniente de nenhum lder ou escola rabnica conhecida. Em vez de ensinar os preceitos das autoridades no assunto, como os escribas e fariseus, Jesus ensinava com autoridade. Jesus parecia desafiar a lei no apenas com sua autoridade, mas tambm com suas aes. Curava pessoas no sbado e no fazia caso das tradies dos fariseus. Seus relacio namentos tambm pareciam opor-se lei, pois era amigo de publicanos e de pecadores. No entanto, eram os fariseus que des truam a lei! Por meio de suas tradies, pri vavam as pessoas da Palavra de Deus, e por meio de uma vida hipcrita, desobedeciam s leis que afirmavam proteger. Os fariseus pensavam estar guardando a Palavra de Deus, quando, na verdade, reprimiam a Pala vra de Deus, sufocando-a com seus preceitos humanos e acabando com sua vitalidade! O fato de terem rejeitado Cristo quando veio Terra comprovou que a verdade interior da lei no havia penetrado o corao des ses homens. Jesus deixou claro que veio para honrar a lei e ajudar o povo de Deus a am-la, apren 24. M ATEUS 5 25 der dela e coloc-la em prtica. Recusou a justia artificial dos lderes religiosos, que no passava de uma farsa. Para eles, a religio era um ritual morto, no um relacionamen to vivo. Uma vez que era falsa, no se repro duzia em outros de maneira viva e eficaz. Promovia apenas o orgulho, no a humilda de; conduzia escravido, no liberdade. Podem os procurar cum prir a le i (v. 17b). Jesus Cristo cumpriu a lei de Deus em todos os aspectos de sua vida. Cumpriu-a em seu nascimento, pois foi "nascido sob a lei" (Gl 4:4). Seus pais realizaram todos os rituais prescritos para um menino judeu. Por certo, tambm cumpriu a lei em sua vida, pois ningum nunca foi capaz de acus-lo de qualquer pecado. Jesus obedeceu a to dos os mandamentos de Deus na lei sem, no entanto, se sujeitar s tradies dos escri bas e fariseus. O Pai expressou sua aprova o declarando: "Este o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mt 3:17; 17:5). Jesus tambm cumpriu a lei em seus ensinamentos, e foi isso o que o levou a en trar em conflito com os lderes religiosos. Quando comeou seu ministrio, encontrou a Palavra viva de Deus recoberta de tradi es e de interpretaes humanas. Jesus rompeu essa "casca de religiosidade" e guiou o povo de volta Palavra de Deus. Em se guida, revelou-a como nova forma de viver para uma gente acostumada com a "letra" da lei, no com a "essncia" da vida. Foi, porm, em sua morte e ressurreio que Jesus cumpriu a lei de maneira espe cial, pois levou sobre si a maldio da lei (Gl 3:13). Ele cumpriu os tipos e as cerimnias do Antigo Testamento para que no fossem mais necessrios ao povo de Deus (ver Hb 9 - 10). Colocou de lado a antiga aliana e firmou uma nova aliana. A fim de destruir a lei, Jesus no lutou contra ela; ele a cumpriu! Talvez possamos esclarecer esse fato com uma ilustrao. H duas maneiras de destruir uma semente: esmagando-a em pedaos ou plantando-a para que cumpra seu propsito e se trans forme numa rvore. Quando Jesus morreu, rasgou o vu do templo e abriu o caminho para a santidade (Hb 10:19). Derrubou o muro de separao entre judeus e gentios (Ef 2:11-13). Uma vez que a lei foi cumprida em Jesus, no preci samos mais de templos construdos por mos humanas (At 7;48ss) nem de rituais religio sos (Cl 2:10-13). Como possvel cumprir a lei? Entregan do-nos ao Esprito Santo e deixando que opere em nossa vida (Rm 8:1-3). O Esprito Santo permite que experimentemos "a justi a da lei" em nossa vida diria. Isso no sig nifica que temos uma vida perfeita e sem pecado, mas sim que Cristo vive em ns pelo poder do Esprito Santo (GF2:20). Quem l as bem-aventuranas, v ali re tratado o carter perfeito de Jesus Cristo. Apesar de nunca ter se entristecido com seu pecado, pois jamais pecou, ainda assim foi um "homem de dores e que sabe o que padecer" (Is 53:3). Nunca precisou sentir fome nem sede de justia, pois era o santo Filho de Deus, mas se agradou da vontade do Pai e encontrou saciedade nessa obe dincia (Jo 4:34). A nica forma de experi mentar a justia das bem-aventuranas por meio do poder de Cristo. Podemos procurar cum prir e ensinar a lei (v. 19). Isso no significa voltar toda a ateno para o Antigo Testamento e esque cer o Novo! 2 Corntios 3 deixa bem claro que nosso ministrio refere-se nova alian a. Existe, porm, um ministrio da lei (1 Tm 1:9ss) que no contrrio mensagem glo riosa da graa de Deus. Jesus deseja que cresamos em conhecimento acerca da jus tia de Deus, a fim de que sejamos capazes de lhe obedecer e de compartilh-la com outros. A lei moral de Deus no mudou. Nove dos dez mandamentos so repetidos nas epstolas do Novo Testamento, e os cris tos so chamados a obedecer a eles. (A nica exceo o mandamento sobre o sbado, dado como um sinal para Israel. Ver Ne 9:14.) No obedecemos a uma lei exterior por medo. Antes, como cristos nos dias de hoje, obedecemos a uma lei interior e vivemos por causa do amor. O Esprito Santo nos ensina a Palavra e nos capacita a obedecer a ela. Pecado continua sendo pecado, e Deus 25. 26 MATEUS 5 continua a castig-lo. Na realidade, os cris tos de hoje tm ainda mais responsabilida de, pois temos mais conhecimento! 3. A JUSTIA EM AO NA VIDA DIRIA (M t 5:21-48) Jesus selecionou seis leis importantes do Antigo Testamento e as interpretou para o povo luz da vida nova que veio oferecer. Fez uma alterao fundamental sem, no entanto, mudar o padro de Deus: tratou das atitudes e intenes do corao, no apenas das aes aparentes. Os fariseus di ziam que a justia consistia em realizar de terminadas aes. Jesus diz que o cerne da justia so as atitudes do corao. O mesmo se aplica ao pecado: os fa riseus tinham uma lista de aes exteriores consideradas pecado, mas Jesus explicou que o pecado provm das atitudes do cora o. A ira sem motivo homicdio no co rao; a lascvia adultrio no corao. A pessoa que afirma "viver segundo o sermo do monte" talvez no perceba que mais difcil seguir esses preceitos do que os Dez Mandamentos! Homicdio (w. 21-26; x 20:13). Segun do uma estatstica que li, em Chicago, uma em cada trinta e cinco mortes por assassi nato, a maior parte delas "crimes passio nais" causados peia ira descontrolada entre amigos e parentes. Jesus no diz que a ira conduz ao homicdio, mas sim que a ira uma forma de homicdio. Existe uma ira santa contra o pecado (Ef 4:26), mas Jesus refere-se aqui a uma ira pecaminosa contra as pessoas. A palavra que usa em Mateus 5:22 significa "ira cul tivada, malignidade alimentada no ser in terior". Jesus descreve uma experincia pecaminosa constituda de vrios estgios. Primeiro, a manifestao de uma ira sem motivo. Depois, a exploso dessa ira em palavras, que pe mais lenha na fogueira e, por fim, leva condenao: "Seu tolo, seu rebelde obstinado!" A ira pecaminosa insensata, pois nos faz destruir em vez de edificar. Tira nossa li berdade e nos faz prisioneiros. Odiar algum cometer homicdio no corao (1 Jo 3:15). Isso no significa que devemos matar algum de fato, uma vez que j o fizemos intimamente. Por certo, os sentimentos pe caminosos no servem de desculpa para aes pecaminosas. A ira pecaminosa rom pe nossa comunho com Deus e com os irmos, mas no faz com que sejamos pre sos como assassinos. No entanto, no fo ram poucos os que se tornaram homicidas por no conseguir controlar seu furor. A ira deve ser encarada honestamente e confessada diante de Deus como pecado. Devemos procurar a pessoa ofendida e colo car as coisas em ordem sem demora. Quanto mais esperarmos, pior se torna a escravido! Quando recusamos a reconciliao, con denamo-nos a uma terrvel priso. (Para mais conselhos a esse respeito, ver Mt 18:15-20.) Algum disse bem que a pessoa que se re cusa a perdoar seu irmo est destruindo a mesma ponte sobre a qual precisa andar. Adultrio (vv. 27-30; x 20:14). Jesus assevera a pureza da lei de Deus e, em seguida, explica que a inteno dessa lei revelar a santidade do sexo e a pecami- nosidade do corao humano. Deus criou o sexo e protege essa criao. Tem autori dade para determinar como deve ser usado e para punir os que se rebelam contra suas leis. Deus no estabeleceu regras para o sexo porque deseja nos controlar, mas sim por que deseja nos abenoar. Deus sempre diz "no" para poder dizer "sim". A impureza sexual nasce dos desejos do corao. Mais uma vez, Jesus no est dizen do que desejos lascivos so a mesma coisa que prticas lascivas e, portanto, que a pes soa pode aproveitar e cometer adultrio de fato, uma vez que j o fez em pensamento. O desejo e a prtica no so idnticos, mas, em termos espirituais, so equivalentes. O "olhar" que Jesus menciona no apenas casual e de relance; antes, um olhar fixo e demorado com propsitos lascivos. poss vel um homem olhar de relance para uma mulher, constatar que ela linda, mas no ter pensamentos lascivos depois disso. O homem que Jesus descreve olha para a mulher com o propsito de alimentar seus apetites sexuais interiores, como um substituto para 26. M ATEUS 5 27 o ato sexual em si. No uma situao aci dental, mas um ato planejado. Como vencer essas tentaes? Pela pu rificao dos desejos do corao (o apetite conduz ao) e pela disciplina das aes do corpo. Claro que Jesus no est falando literalmente de realizar uma cirurgia, pois isso no resolveria o problema do corao. Em se tratando dos pecados sexuais, os olhos e as mos so geralmente os dois grandes "cul pados"; portanto, so eles que devem ser disciplinados. Jesus diz: "trate o pecado de maneira imediata e decisiva! No pense num tratamento gradual. A remoo deve ser ra dical!" A cirurgia espiritual mais importan te do que a cirurgia fsica, pois os pecados do corpo podem levar ao julgamento eterno. Convm refletir sobre passagens como Co- lossenses 3:5 e Romanos 6:13; 12:1, 2; 13:14. Divrcio (w. 31, 32). Jesus trata do di vrcio mais detalhadamente em Mateus 19:1-12; falaremos mais sobre o assunto nos comentrios referentes a essa passagem. Juram entos (vv. 33-37; Lv 19:12; D t 23:23). Trata-se do pecado de usar juramen tos para reforar a veracidade de uma de clarao. Os fariseus usavam vrios tipos de artifcio para esquivar-se da verdade, e o ju ramento era um deles. Evitavam usar o nome santo de Deus, mas empregavam aproxima es como a cidade de Jerusalm, cu, ter ra, ou alguma parte do corpo. Jesus ensina que nossas conversas de vem ser to honestas e nosso carter to verdadeiro que no haja necessidade de usar qualquer outro recurso para fazer as pessoas acreditarem em ns. As palavras dependem do carter, e juramentos no so capazes de compensar a falta de carter. "No muito falar no falta transgresso, mas o que modera os lbios prudente" (Pv 10:19). Quanto mais palavras algum usa para nos convencer, mais desconfiados devemos ficar. Vingana (vv. 38-42; Lv 24:19-22). A lei original era justa, pois impedia que as pes soas obrigassem o transgressor a pagar um preo maior do que o merecido por sua ofen sa e tambm evitava a retaliao. Jesus subs- a sofrer a perda, em vez de causar sofrimen to a outros. evidente que ele aplica esse princpio a ofensas pessoais, no em nvel coletivo ou nacional. A pessoa que busca a vingana causa apenas mais sofrimento a si mesma e ao transgressor, e o resultado guerra, no paz. A fim de "dar a outra face", devemos permanecer onde estamos e no fugir, uma atitude que requer f e amor. Tambm quer dizer que ns podemos ser feridos, mas melhor ser ferido por fora do que danificado por dentro. Significa, ainda, que devemos procurar ajudar o pecador. Estamos vulner veis, pois ele pode nos atacar novamente, mas somos vitoriosos, pois Jesus est do nosso lado, ajudando-nos a construir nosso carter. De acordo com os psiclogos, a vio lncia nasce da fraqueza, no da fora. O homem forte capaz de amar e de sofrer, enquanto o fraco pensa apenas em si mes mo e fere os outros para se defender. De pois, foge para se proteger. O am or pelos inimigos (vv. 43-48; Lv 19:17, 18). Em momento algum a lei ensina a odiar os inimigos. Passagens como xodo 23:4, 5 indicam exatamente o contrrio! Para Jesus, nossos inimigos so aqueles que nos amaldioam, nos odeiam e nos exploram. Uma vez que o amor cristo um ato de nossa volio, no apenas uma emoo, Deus pode ordenar que amemos nossos inimigos. Afinal, ele nos amou quando ra mos seus inimigos (Rm 5:10). Podemos de monstrar esse amor abenoando os que nos amaldioam, fazendo o bem a eles e orando por eles. Quando oramos por nossos inimi gos, achamos mais fcil am-los, pois a ora o remove o "veneno" de nossas atitudes. Jesus apresenta vrios motivos para essa admoestao: (1) Tal amor sinal de matu ridade e prova que somos filhos do Pai, e no apenas criancinhas. (2) divino, pois o Pai compartilha as coisas boas com aqueles que se opem a ele. Mateus 5:45 sugere que nosso amor cria um clima de bnos que torna mais fcil ganhar nossos inimigos e transform-los em amigos. O amor como o brilho do Sol e a chuva que o Pai, em sua 27. 28 MATEUS 5 para os outros. "Que fazem vocs mais do que os outros?". Essa uma boa pergunta. Deus espera que vivamos neste mundo num nvel bem mais elevado que o dos no cris tos, que retribuem o bem com bem e o mal com mal. Como cristos, devemos retri buir o mal com o bem, considerando isso um investimento de amor. O termo perfeito em Mateus 5:48 no significa impecavelmente perfeito, pois isso impossvel nesta vida (apesar de ser um excelente alvo para nossos esforos); antes, refere-se a nossa integridade e maturidade como filhos de Deus. O Pai ama seus inimi gos e procura transform-los em filhos, e de vemos auxili-lo nessa tarefa! 28. 5 Os Princpios d o Rei: A V e rd a d e ira A d o r a o M ateus 6 A verdadeira justia do reino deve ser apli cada s atividades da vida diria. Essa a nfase do restante do sermo do monte. Jesus associa esse princpio a nossa relao com Deus na adorao (Mt 6:1-18), com as coisas materiais (Mt 6:19-34) e com as ou tras pessoas (Mt 7:1-20). Jesus tambm adverte quanto ao perigo da hipocrisia (Mt 6:2, 5, 16), o pecado de usar a religio para esconder nossas trans gresses. Hipcrita no quem fica aqum de seus atos ideais nem quem peca ocasio nalmente, pois todos sofremos tais fracassos. Hipcrita algum que usa a religio delibe radamente para esconder seus pecados e promover o benefcio prprio. O termo gre go traduzido por hipcrita significa original mente "um ator que usa mscaras". A justia dos fariseus era insincera e de sonesta. Praticavam sua religio visando ao louvor dos homens e no recompensa de Deus. A verdadeira justia deve vir do inte rior. Cabe a cada um avaliar a sinceridade e a honestidade de seu compromisso cristo. Neste captulo, Jesus aplica essa avaliao a quatro reas distintas da vida. 1. N o ssas co n tr ib u i es (M t 6:1-4) Dar esmolas aos pobres, orar e jejuar eram disciplinas importantes na religio dos fari seus. Jesus no condenou essas prticas, mas advertiu que era preciso ter uma atitude interior correta ao realiz-las. O s fariseus usavam as esmolas como forma de obter o favor de Deus e a ateno dos homens - duas motivaes erradas. No h oferta, por mais generosa que seja, capaz de comprar de Deus (Ef 2:8, 9). Alm disso, tolice viver em funo do reconhecimento humano, pois a glria do homem no dura muito tempo (1 Pe 1:24). O que importa a glria e o fouvor de Deus! Nossa natureza pecaminosa to sutil que pode corromper at mesmo algo bom, como ajudar os pobres. Se nossa motivao receber o reconhecimento humano, en to, como os fariseus, chamaremos a aten o para o que estamos fazendo. Se nosso motivo servir a Deus e lhe agradar em amor, realizaremos nossas contribuies sem chamar a ateno e, assim, cresceremos es piritualmente, Deus ser glorificado e outros sero ajudados. Mas se ofertarmos por moti vos errados, privamo-nos das bnos e das recompensas e roubamos a glria de Deus, mesmo que dinheiro ofertado ajude uma pessoa necessitada. Isso significa que errado ofertar aber tamente? Todas as ofertas devem ser anni mas? No necessariamente, pois os cristos da Igreja primitiva sabiam que Barnab ha via doado o valor recebido da venda de suas terras (At 4:34-37). Quando os membros da igreja colocavam seu dinheiro aos ps dos apstolos, no o faziam em segredo. evi dente que a diferena est na motivao interior, no no modo como a oferta era realizada. Vemos um contraste no caso de Ananias e Safira (At 5:1-11), que tentaram usar sua oferta para mostrar aos outros uma espiritualidade que, na verdade, nenhum dos dois possua. 2. N ossas o r a es (M t 6:5-15) Jesus apresenta quatro instrues para orien tar nossa orao. Devemos orar em particular antes de orar em pblico (v. 6). No errado orar em pblico na congregao (1 Tm 2:1 ss), ao agradecer o alimento (Jo 6:11) ou, ainda, ao buscar auxlio de Deus (Jo 11:41, 42, At 27:35). Mas errado orar em pblico se no temos o hbito de orar em particular. Aque les que esto nos observando podem pensar que praticamos a orao em nossa vida par ticular. Assim, a orao pblica que no tem 29. 30 MATEUS 6 no passa de hipocrisia. A palavra quarto tambm pode ser traduzida por "cmara particular" e se referir despensa da casa. O relato bblico mostra Jesus (Mc 1:35), Eliseu (2 Rs 4:32ss) e Daniel (Dn 6:1Oss) oran do em particular. Devemos orar com sinceridade (vv. 7, 8). O fato de repetir um pedido no o torna uma "v repetio", pois tanto Jesus quanto Paulo repetiram suas peties (Mt 26:36-46; 2 Co 12:7, 8). Um pedido torna-se "v repe tio" quando as palavras no refletem um desejo sincero de buscar a vontade de Deus. A prtica de recitar oraes memorizadas pode se transformar em v repetio. Os gentios usavam oraes em suas cerimnias pags (ver 1 Rs 18:26). Meu amigo Dr. Robert A. Cook costu mava dizer que: "Todos ns temos uma ora o rotineira qual sempre voltamos; s quando nos livramos dela que podemos comear a orar de fato!" Vejo isso no ape nas em minhas oraes particulares, mas tambm ao realizar reunies de orao. Para alguns, orar como colocar um CD no apa relho de som e deixar tocando enquanto vo fazer outra coisa. Deus no responde a ora es insinceras. Devemos orar de acordo com a von tade de Deus (w. 9-13). Essa orao, mais conhecida como "Pai nosso", poderia ser chamada mais apropriadamente de "orao dos discpulos". Jesus no deu essa orao para ser memorizada e recitada determina do nmero de vezes. Pelo contrrio, deu essa orao para evitar que usssemos de vs repeties. Jesus no disse: "orem com es tas palavras", mas sim: "orem desta forma", ou seja, "usem esta orao como um mode lo, no como um substituto". O propsito da orao glorificar o nome de Deus e pedir ajuda para realizar sua vontade na Terra. Essa orao no co mea com nossos interesses pessoais, mas sim com os interesses de Deus: o nome de Deus, seu reino e sua vontade. Nas palavras de Robert Law: "A orao um instrumento poderoso no para realizar a vontade do homem no cu, mas para realizar a vonta de de Deus na Terra". No temos o direito de pedir a Deus qualquer coisa que deson re o nome dele, que impea o avano de seu reino, ou que seja um empecilho a sua vontade na Terra. interessante observar que todos os pronomes da orao esto no plural, no no singular ("Pai nosso"). Ao orar, preciso lem brar que somos parte da famlia de Deus, constituda de cristos de todo o mundo. No temos o direito de pedir qualquer coi sa que prejudique outro membro desta famlia. Se estivermos orando segundo a von tade de Deus, de uma forma ou de outra, a resposta abenoar todo o povo de Deus. Se colocarmos os interesses de Deus em primeiro lugar, poderemos apresentar nos sas necessidades pessoais. Deus se preocupa com nossas necessidades e as conhece an tes mesmo de ns as levarmos a ele (Mt 6:8). Se ele j sabe, ento por que orar? Porque a orao o caminho que Deus determinou para suprir essas necessidades (ver Tg 4:1-3). A orao nos prepara para usar corretamen te a resposta. Quando conhecemos nossa necessidade e a expressamos a Deus, con fiando que ele a prover, faremos melhor uso da resposta do que se Deus a impuses se sobre ns sem que a tivssemos pedido. E correto orar pelas necessidades dirias, por perdo e por orientao e proteo con tra o mal. "E no nos deixes cair em tenta o" no significa que Deus tenta seus filhos (Tg 1:13-17). Com essas palavras, estamos pedindo a Deus para nos guiar de modo a no nos desviarmos de sua vontade nem nos envolvermos em situaes de tentao (1 Jo 5:18), ou mesmo em situaes em que ten taremos a Deus, levando-o a nos resgatar miraculosamente (Mt 4:5-7). Devemos orar com esprito de perdo (vv. 14, 15). Neste "apndice" da orao, Jesus expande a ltima frase de Mateus 6:12: "assim como ns temos perdoado aos nos sos devedores", uma lio que repete a seus discpulos posteriormente (Mc 11:19-26). Je sus no est ensinando que os cristos s merecem o perdo de Deus se perdoarem os outros, pois isso seria contrrio a sua gra a e misericrdia. No entanto, se experimen tamos, verdadeiramente, o perdo de Deus, 30. M ATEUS 6 31 teremos a disposio de perdoar aos outros (Ef 4:32; Cl 3:13). Jesus ilustra esse princpio na parbola do Servo Incompassivo (Mt 18:21-35). Vimos que a verdadeira orao um assunto de famlia ("Pai nosso"). Se no h entendimento entre os membros da famlia, como podem querer ter um bom relacio namento com o Pai? 1 Joo 4 enfatiza que mostramos nosso amor a Deus ao amar nossos irmos. Quando perdoamos uns aos outros, no estamos adquirindo o direito de orar, pois o privilgio de orar faz parte da nossa filiao (Rm 8:15, 16). O perdo diz respeito comunho: se no estou em co munho com Deus, no posso orar efetiva mente. Mas minha comunho com Deus influenciada pela comunho com meu ir mo; conseqentemente, o perdo parte importante da orao. Uma vez que a orao envolve a glorifi cao do nome de Deus, apressando a vin da do reino de Deus (2 Pe 3:12), e ajuda a realizar a vontade de Deus na Terra, aque le que ora no pode ter pecado em seu corao. Se Deus respondesse orao de um cristo com um esprito rancoroso, es taria desonrando seu nome. De que ma neira Deus usaria tal pessoa para realizar sua vontade na Terra? Se atendesse aos pedidos dela, Deus estaria encorajando o pecado! O mais importante numa orao no simplesmente obter uma resposta, mas ser o tipo de pessoa a quem Deus pode confiar uma resposta. 3. Nosso je ju m (Mt 6:16-18) O nico jejum que Deus exigia do povo ju deu era aquele da celebrao anual do Dia da Expiao (Lv 23:27). Os fariseus jejuavam todas as segundas e quintas-feiras (Lc 18:12) e o faziam de modo visvel para todos. Sem dvida, seu objetivo era receber o louvor dos homens, e, com isso, perderam as bn os de Deus. No errado jejuar, se o fizermos da forma correta e pelos motivos certos. Jesus jejuava (Mt 4:3), e tambm os membros da Igreja primitiva praticavam o jejum (At 13:2). (Lc 21:34) e a manter nossas prioridades espirituais em ordem. No entanto, essa prti ca no deve jamais se tornar uma oportuni dade para a tentao (1 Co 7:7). A privao de um benefcio natural (como o alimento e o sono) no constitui, em si mesma, um je jum. necessrio que nos consagremos a Deus em adorao. Se no houver devoo sincera (ver Zc 7), no haver qualquer be nefcio espiritual duradouro. Assim como as ofertas e a orao, o ver dadeiro jejum deve ser feito em particular, apenas entre o cristo e Deus. Aquele que "[desfigura] o rosto" (apresenta uma expres so abatida, a fim de suscitar piedade e receber elogios) contraria o propsito do je jum. Aqui, Jesus apresenta um princpio fun damental da vida espiritual: tudo o que verdadeiramente espiritual nunca viola aquilo que Deus nos deu na natureza. Deus no destri uma coisa boa para construir outra. Se algum precisa parecer miservel para ser considerado espiritual, h algo de errado com seu conceito de espiritualidade. importante lembrar que a hipocrisia nos priva da realidade na vida crist. Colocamos a reputao no lugar do carter, as palavras vazias no lugar da orao e o dinheiro no lugar da devoo sincera. No de se ad mirar que Jesus tenha comparado os fariseus a sepulturas limpas por fora, mas imundas por dentro! (Mt 23:27, 28). A hipocrisia no nos priva apenas de nosso carter, mas tambm de nossas recom pensas espirituais. Em vez da aprovao eter na de Deus, recebemos o louvor superficial dos homens. Oramos, mas no obtemos res posta. Jejuamos, mas o ser interior no aperfeioado. A vida espiritual torna-se va zia e inerte. Perdemos as bnos aqui e agora, bem como as recompensas de Deus quando Cristo voltar. Outra coisa que perdemos com a hipo crisia nossa influncia espiritual. Os fariseus eram uma influncia negativa, corrompen do e destruindo tudo o que tocavam. As pessoas que os admiravam e obedeciam a suas palavras pensavam que estavam rece bendo ajuda, quando na realidade estavam 31. 32 MATEUS 6 O primeiro passo para superar a hipo crisia ser honesto com Deus em nossa vida particular. No devemos jamais orar sem sinceridade, pois, se o fizermos, nossas oraes no passaro de palavras vazias. Nossa motivao deve ser agradar somen te a Deus, sem nos importar com o que os outros dizem ou fazem. Devemos cultivar nosso corao em segredo. Algum disse bem que: "A parte mais importante da vida crist aquela que somente Deus v". Quando a reputao torna-se mais impor tante do que o carter, transformamo-nos em hipcritas. 4. O USO DAS RIQUEZAS MATERIAIS (M t 6:19-34) Estamos acostumados a dividir nossa vida em "espiritual" e "material", mas Jesus no faz essa diviso. Em vrias de suas parbo las, deixa claro que uma atitude correta em relao riqueza a marca da verdadeira espiritualidade (ver Lc 12:13ss; 16:1-31). Os fariseus eram cobiosos (Lc 16:14) e usavam a religio para ganhar dinheiro. Se temos a verdadeira justia de Cristo em nossa vida, tambm teremos uma atitude correta em relao aos bens materiais. Em momento algum Jesus exagera a po breza ou critica o enriquecimento legtimo. Deus fez todas as coisas, inclusive a comi da, roupas e metais preciosos, e declarou que todas as coisas que fez so boas (Gn 1:31). Deus sabe que precisamos de certas coisas para viver (Mt 6:32). De fato, Deus quem "tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento" (1 Tm 6:17). No er rado possuir coisas, mas errado permitir que as coisas nos possuam. O pecado da idolatria to perigoso quanto o da hipocri sia! Encontramos vrias advertncias contra a cobia ao longo Bblia (x 20:1 7; Sl 119:36; Mc 7:22; Lc 12:15ss; Ef 5:5; Cl 3:5). Jesus adverte sobre o pecado de viver em funo dos bens materiais e chama a ateno para as tristes conseqncias da cobia e da idolatria. Tornamo-nos escravos (vv. 19-24). O materialismo escraviza o corao (Mt 6:19 21), a mente (Mt 6:22, 23) e a volio (Mt 6:24). Podemos nos tornar prisioneiros de coisas materiais, mas devemos ser libertos e controlados pelo Esprito de Deus. Se o corao ama as coisas materiais e coloca o lucro nesta Terra acima dos investi mentos no cu, o nico resultado possvel um trgico prejuzo. Os tesouros da Terra podem ser usados para Deus, mas se ajun tarmos riquezas para ns mesmos, perdere mos esses bens - e, junto com eles, o nosso corao. Em vez de enriquecimento espiri tual, experimentaremos empobrecimento. O que significa acumular tesouros no cu? Quer dizer usar tudo o que temos para a glria de Deus, desapego s coisas mate riais da vida. Tambm significa medir a vida pelas verdadeiras riquezas do reino e no pe las falsas riquezas deste mundo. A riqueza no escraviza apenas o cora o, mas tambm a mente (Mt 6:22, 23). A Palavra de Deus usa a imagem do olho com freqncia para representar as atitudes da mente. Se os olhos esto devidamente focados na luz, o corpo pode realizar seus movimentos de maneira correta. Mas a vi so desfocada e dupla resulta em movimen tos confusos. extremamente difcil avanar enquanto tentamos olhar em duas direes ao mesmo tempo. Se nosso objetivo de vida o enriqueci mento material, experimentaremos escuri do interior. Mas se nosso alvo servir a Deus e glorific-lo, haver luz interior. Quan do h escurido onde deveria haver luz, estamos sendo controlados pelas trevas, pois as perspectivas determinam os resultados. Por fim, o materialismo pode escravizar nossa vontade (Mt 6:24). No podemos ser vir a dois senhores ao mesmo tempo - ou Jesus Cristo nosso Senhor, ou o dinheiro. Trata-se de uma questo de volio. "Ora, os que querem ficar ricos caem em tenta o, e cilada" (1 Tm 6:9). Se Deus concede riquezas, e as usamos para a glria dele, ento as riquezas so bno. Mas se dese jamos enriquecer e vivemos de acordo com essa perspectiva, pagaremos um alto preo pelas riquezas que buscarmos. Vivemos ansiosos (w. 25-30). A cobia no apenas desvaloriza nossa riqueza, como 32. MATEUS 6 33 tambm nos deprecia como pessoas! En chemo-nos de preocupaes e somos toma dos de ansiedade anormal, no espiritual. Quem busca riquezas pensa que o dinheiro resolver todos os problemas, quando, na realidade, trar ainda mais problemas! As ri quezas materiais criam uma sensao falsa e perigosa de segurana, a qual termina em tragdia. Os pssaros e os lrios no se preo cupam nem se inquietam e, ainda assim, tm uma riqueza de Deus que o ser huma no no consegue reproduzir. A natureza toda depende de Deus, e ele nunca falha. S o homem mortal depende do dinheiro, e o dinheiro sempre falha. Jesus afirma que a preocupao pe cado. Podemos dar nomes mais bonitos preocupao, chamando-a de aflio, far do, cruz a ser carregada, mas os resultados so os mesmos. Em vez de nos ajudar a vi ver mais, a ansiedade apenas encurta a vida (Mt 6:27). No grego, "andar ansioso" signi fica "ser atrado para direes diferentes". A ansiedade causa desintegrao interior. Quando o ser humano no interfere, a natu reza trabalha de maneira plenamente inte grada, pois toda a natureza confia em Deus. O ser humano, por sua vez, tenta viver na dependncia das riquezas materiais e aca ba se desintegrando. Deus alimenta os pssaros e veste os lrios, e far o mesmo por ns. E nossa "pe quena f" que impede Deus de trabalhar da forma como gostaria. Se nos sujeitarmos a Deus e vivermos para as riquezas eternas, ele revelar as grandes bnos que esto reservadas para ns. Perdemosnosso testemunho (w. 31-33). A preocupao com as coisas materiais nos faz viver como pagos! Quando colocamos a vontade e a justia de Deus em primeiro plano em nossa vida, ele cuida de todo o resto. triste quando no praticamos essa verdade. Mas o cristo que decide viver de acordo com Mateus 6:33 d um testemu nho maravilhoso para o mundo! Perdemos a alegria com o dia de hoje (v


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