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58-319-1-PB

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158 www.jmphc.com J Manag Prim Health Care 2012; 3(2):158-178. As Diretrizes Curriculares Nacionais e a formação do cirurgião-dentista brasileiro The National Curriculum Guidelines and training of brazilian dentists Emílio Prado da Fonseca Resumo As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Odontologia no Brasil foram instituídas em 2002 em paralelo aos cursos de enfermagem e medicina. Em termos específicos a formação do cirurgião dentista requer o desenvolvimento das seguintes habilidades e competências: ética; atuar em todos os níveis de atenção; de forma multiprofissional; reconhecer a saúde como direito; participativo e socialmente envolvido; conhecer técnicas de investigação; desenvolver assistência odontológica individual e coletiva; saber diagnosticar doenças do complexo maxilo-facial; realizar investigações básicas, promover a saúde e prevenir doenças bucais; analisar e interpretar os resultados relevantes de pesquisas; propor e executar planos de tratamento adequados; reconhecer as limitações e estar apto e flexível às mudanças circunstanciais; acompanhar e incorporar inovações tecnológicas no exercício profissional; dentre outros. O objetivo deste estudo é promover a reflexão sobre a importância do currículo para a formação profissional odontológica contemporânea. O objetivo deste estudo é estimular a reflexão sobre a importância do currículo para a formação profissional odontológica contemporânea. Abstract National Curriculum Guidelines (DCN) to the course of Dentistry in Brazil was imposed in 2002 in parallel to courses of nursing and medicine. Specifically formation requires the dentist to develop the following skills and competencies: ethics; act at all levels of care, so multiprofessional; recognize health as a right; participating and socially engaged; known investigative techniques, developing dental care individual and collective; know diagnose diseases of the maxillo- facial complex; conduct basic research, promote health and prevent oral diseases, analyze and interpret the results of relevant research, to propose and implement appropriate treatment plans; recognize the limitation and being fit and flexible to changing circumstances; track and incorporate technological innovations in the professional practice, among others. The objective of this study is to stimulate reflection on the importance of the curriculum for vocational dental contemporary. Descritores: Diretrizes Curriculares Nacionais. odontologia. currículo Keywords: National Curriculum Guidelines. dentistry, curriculum _____________________ Mestrando da Faculdade de Odontologia/Universidade Federal de Minas Gerais, Especialista em Docência do Ensino Superior (FIJ/RJ) e Especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde (FIJ/RJ) Para correspondência: Emílio Fonseca email: [email protected] Data da Submissão: 12/09/2012 Data do Aceite: 12/10/2012
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    www.jmphc.com

    J Manag Prim Health Care 2012; 3(2):158-178.

    As Diretrizes Curriculares Nacionais e a formao

    do cirurgio-dentista brasileiro

    The National Curriculum Guidelines and

    training of brazilian dentists

    Emlio Prado da Fonseca

    Resumo As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Odontologia no Brasil foram institudas em 2002 em paralelo aos cursos de enfermagem e medicina. Em termos especficos a formao do cirurgio dentista requer o desenvolvimento das seguintes habilidades e competncias: tica; atuar em todos os nveis de ateno; de forma multiprofissional; reconhecer a sade como direito; participativo e socialmente envolvido; conhecer tcnicas de investigao; desenvolver assistncia odontolgica individual e coletiva; saber diagnosticar doenas do complexo maxilo-facial; realizar investigaes bsicas, promover a sade e prevenir doenas bucais; analisar e interpretar os resultados relevantes de pesquisas; propor e executar planos de tratamento adequados; reconhecer as limitaes e estar apto e flexvel s mudanas circunstanciais; acompanhar e incorporar inovaes tecnolgicas no exerccio profissional; dentre outros. O objetivo deste estudo promover a reflexo sobre a importncia do currculo para a formao profissional odontolgica contempornea. O objetivo deste estudo estimular a reflexo sobre a importncia do currculo para a formao profissional odontolgica contempornea.

    Abstract National Curriculum Guidelines (DCN) to the course of Dentistry in Brazil was imposed in 2002 in parallel to courses of nursing and medicine. Specifically formation requires the dentist to develop the following skills and competencies: ethics; act at all levels of care, so multiprofessional; recognize health as a right; participating and socially engaged; known investigative techniques, developing dental care individual and collective; know diagnose diseases of the maxillo-facial complex; conduct basic research, promote health and prevent oral diseases, analyze and interpret the results of relevant research, to propose and implement appropriate treatment plans; recognize the limitation and being fit and flexible to changing circumstances; track and incorporate technological innovations in the professional practice, among others. The objective of this study is to stimulate reflection on the importance of the curriculum for vocational dental contemporary.

    Descritores: Diretrizes Curriculares Nacionais. odontologia. currculo

    Keywords: National Curriculum Guidelines. dentistry, curriculum

    _____________________

    Mestrando da Faculdade de Odontologia/Universidade Federal de Minas

    Gerais, Especialista em Docncia do Ensino Superior (FIJ/RJ) e

    Especialista em Gesto de Sistemas e Servios de Sade (FIJ/RJ)

    Para correspondncia: Emlio Fonseca email: [email protected]

    Data da Submisso: 12/09/2012

    Data do Aceite: 12/10/2012

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    Introduo

    As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso da graduao em odontologia foram institudas por meio de uma resoluo do Conselho Nacional de Educao em conjunto com a Cmara de Educao Superior e homologada pelo ministro da educao em 4 de dezembro de 2001 atravs da Resoluo CNE/CES n. 3 de 19 de fevereiro de 200211. O intuito da presente resoluo foi organizar o currculo das Instituies de Ensino Superior (IES) que possuem o curso de graduao em odontologia. As DCD para o curso estabelecem os princpios, fundamentos, condies e procedimentos para a formao de cirurgies dentistas em mbito nacional da organizao, desenvolvimento e avaliao dos projetos pedaggicos dos cursos de odontologia. Em termos especficos a formao do cirurgio dentista requer o desenvolvimento das seguintes habilidades e competncias: tica; atuar em todos os nveis de ateno; de forma multiprofissional; reconhecer a sade como direito; participao e contribuio social; conhecer tcnicas de investigao; desenvolver assistncia odontolgica individual e coletiva; saber diagnosticar doenas do complexo maxilo-facial; realizar investigaes bsicas, promover a sade e prevenir doenas bucais; analisar e interpretar os resultados relevantes de pesquisas; propor e executar planos de tratamento adequados; reconhecer as limitaes e estar apto e flexvel s mudanas circunstanciais; acompanhar e incorporar inovaes tecnolgicas no exerccio profissional; dentre outros11. O projeto pedaggico do curso de odontologia deve ser construdo

    coletivamente, centrado no aluno e apoiado no professor como facilitador e mediador do processo de ensino-aprendizagem e articulado entre: ensino, pesquisa e extenso. Com atividades e prticas independentes (presenciais e/ou a distncia), monitorias, estgios, iniciao cientfica, estudos complementares e cursos realizados em outras reas afins. Tambm deve orientar o currculo do curso paraum perfil acadmico, profissional e que possa contribuir para o pluralismo, diversidade cultural e contribuir para a inovao e qualidade do curso. As complexidades do mundo contemporneo aliado aos avanos tecnolgicos e cientficos exigem que o conhecimento seja trabalhado, nas instituies de ensino, de forma multidimensional. Para a formao profissional em sade, especialmente em odontologia, isto significa a necessidade de ampliao dos ambientes educacionais, das tcnicas educativas, vivncia com reais situaes profissionais e com diferentes graus de complexidade. Pelo exposto se justifica a realizao de estudos que abordem as Diretrizes Curriculares Nacionais e a formao acadmica contempornea em odontologia. O objetivo deste estudo estimular a reflexo sobre a importncia do currculo para a formao profissional odontolgica contempornea. As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de

    sade

    As DCN para os cursos de sade foram subdivididas de acordo com o curso de graduao e homologadas conforme parecer CNE/CES n. 583/01. Em linhas se aplicam a todos os cursos de

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    sade contemplam: (a) Perfil do egresso; (b) Competncias, habilidades e atitudes; (c) Habilitaes e nfases; (d) Contedos curriculares; (e) Organizao do curso; (f) Estgios e atividades complementares; (g) Acompanhamento e avaliao. Para questes como: durao do curso, carga horria e integralizao foi objeto de um parecer para cada curso. Conforme o mesmo parecer o CNE e a CES decidiram (Brasil a, 2001, p.2): [...] adotar uma orientao comum para

    as diretrizes que comea a aprovar e que garanta a flexibilidade, a criatividade e a responsabilidade das instituies ao elaborarem suas propostas curriculares.

    Ainda para os cursos de graduao emsade as DCN devem garantir conforme (Brasil a, 2001): [...] a

    capacitao de profissionais com autonomia e discernimento para assegurar a integralidade da ateno e a qualidade e humanizao do atendimento prestado aos indivduos, famlias e comunidade. A importncia das DCN no est circunscrita apenas ao aspecto legal e normativo da formao dos profissionais da rea de sade. Mas atende a uma necessidade de reviso e reformulao continuados dos currculos dos cursos de graduao da rea de sade e possibilita uma maior flexibilidade dos currculos em substituio a currculos fixos e padronizados. Segundo (Campos,2006, p. 7): Os ministrios da Educao e da

    Sade vm buscando implementar, numa srie de estratgias articuladas, transformaes dos processos formativos de forma a impactar positivamente as prticas profissionais em sade e, por via de consequncia, a sade dos brasileiros. Outro documento de referncia o Parecer CNE/CES n. 1133/2001 que buscou integrar educao e sade a partir

    de experincias bem sucedidas e que foram incorporadas pelas DCN6. Assim, a os cenrios e ambientes de aprendizagem podem ser diversificados, a partir da imerso do estudante no sistema pblico de sade. Isto acontece durante todo o perodo de formao do aluno. As articulaes entre o Ministrio da Sade e da Educao so importantes para a formao acadmica e para a educao continuada de profissionais da rea da sade. Compete ao Ministrio da Educao a definio das polticas de formao na educao superior, regulao, superviso, implementao de projetos pedaggicos e avaliao dos cursos. J o Ministrio, dentre outras atribuies, compete ao Sistema nico de Saude (SUS) a ordenao da formao de recursos humanos na rea da sade conforme o Inciso III do artigo 220 da Constituio Federal. O importante nas aes articuladas entre os dois ministrios que estas aes promovam a integrao entre as instituies de ensino e os servios de sade, caracterizada por estratgias/ aes que visam mudanas na formao, assistncia sade, processo de trabalho e da construo do conhecimento em funo das necessidades dos servios. Estas parcerias surgiram tambm em funo da implantao do SUS; de sua responsabilizao na formao dos profissionais da rea da sade e o direcionamento dos mesmos ao atendimento das demandas de recursos humanos dos servios pblicos de sade. A ao articulada entre os dois ministrios foi formalizada pela Portaria Interministerial n. 2118 de 3 de novembro de 2005. Esta portaria instituiu a cooperao tcnica para a formao e o desenvolvimento de recursos humanos na sade e envolve o nvel tcnico, a

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    graduao e a ps-graduao em sade. Dentre as iniciativas bem sucedidas desencadeadas pela articulao interministerial esto os Programas: Nacional de Reorientao da Formao Profissional (Pr-Sade) e o de Educao pelo Trabalho (PET-Sade)4. O debate em torno da formao dos profissionais de sade direcionada para as reais demandas sociais so polmica e conflituosa. A flexibilidade do currculo e a liberdade para as IES elaborarem seus projetos pedaggicos permite a adequao do ensino demanda local e permite que o ensino na rea da sade acompanhe os avanos tecnolgicos e cientficos, aliados a conceitos de preveno, promoo e qualidade de vida. Alm disso, as DCN sinalizam para a necessidade de maior interao entre ensino, servio e comunidade.

    As DCN estabelecidas para os cursos de sade surgem como resultado das novas conjunturas previstas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educao e Reforma Sanitria brasileira, trazendo evidncia dois aspectos fundamentais: a flexibilizao na organizao dos currculos pelas Instituies de Educao Superior (IES) e a existncia de uma base comum para o curso da sade. (Morita e Kriger 2005, apud HADDAD et al, 2006).

    preciso manter o espao para o debate e discusso permanente sobre a formao de profissionais da rea de sade. De quem a responsabilidade da formao destes profissionais? Para onde vo os egressos destes cursos? Quem e como deve ser feito a capacitao dos

    profissionais j formados? Existe algum tipo de incentivo para que os profissionais de sade busquem qualificao?

    Uma efetiva mudana no ensino de graduao supe aes amplas que envolvam as instituies de ensino superior, os professores, os estudantes, a sociedade e o Estado. A especificidade da universidade deve ser assumida de modo a evitar que o mercado e a profissionalizao venham em primeiro plano, em prejuzo do pensamento, da crtica, da criatividade. Mais importante que discutir a reforma do ponto de vista burocrtico e legal, perguntar os sentidos da vida acadmica que professores e alunos constroem: o currculo, o saber, a verdade, a histria. (Lemos e Fonseca, 2009, p.66).

    As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de

    Odontologia

    Em seu artigo 4 a DCN define os conhecimentos requeridos para a formao do cirurgio dentista com o exerccio das seguintes competncias e habilidades: (I) Ateno sade: dentro de seu mbito profissional, aptos a desenvolver aes de preveno, promoo, proteo e reabilitao da sade, tanto em nvel individual quanto coletivo; (II) Tomada de decises: o cirurgio dentista deve possuir competncia e habilidade para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidncias cientficas; (III) Comunicao: manter a confidencialidade das informaes a ele conferidas, em relao a outros

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    profissionais de sade e o pblico geral; Alm do domnio de pelo menos uma lngua estrangeira e de tecnologias de comunicao e informao; (IV) Liderana: apto a assumir posies de liderana tendo em vista o bem estar da comunidade. Envolve compromisso, responsabilidade, empatia, tomada de decises, comunicao e gerenciamento de forma efetiva e eficaz; (V) Administrao e gerenciamento: o profissional deve ser apto a ser gestor, empreendedor, empregador ou lder de equipe de sade e (VI) Educao permanente: deve desenvolver a capacidade de aprender continuamente tanto no perodo de formao como na prtica (aprender a aprender)10. Sempre de forma cooperativa por meio de redes nacionais e internacionais. Outra questo importante presente nas DCN so os contedos essenciais para o curso de graduao em odontologia. O objetivo englobar todas as matrias que envolvam o processo sade/doena (individual e coletivo) em ncleo comum a todos os cursos de odontologia. Devem contemplar: cincias biolgicas e da sade; cincias humanas e sociais e cincias odontolgicas (propedutica clnica, clnica odontolgica, odontologia peditrica)10. A odontologia possui um compromisso e um impacto no s na sade bucal das pessoas, mas em toda a dimenso de sade e sociedade. Tradicionalmente um grande nmero de cursos de odontologia ainda est focado na formao profissional para o mercado de trabalho da rede privada. Nem mesmo a crescente oferta de postos de trabalho no setor pblico, em funo da implantao do SUS, promovido pela insero do dentista na Estratgia de Sade da Famlia (ESF) e a criao dos

    Centros de Especialidades Odontolgicas (CEO) foram suficientes para alterar a lgica mercantilista da formao no

    ensino de graduao em odontologia. A instituio da DCN para o curso de odontologia pelo parecer CNE/CES n. 3/ 2002 justamente um mecanismo para a alterao desta lgica mercantil presente de um modo geral nos cursos de odontologia ofertados pelas IES. Muito em funo do seu carter legal que as DCN e suas orientaes para a elaborao dos currculos esto sendo adotadas pelas Instituies de Ensino Superior. As DCN tambm devem fundamentar e organizar o planejamento do curso de graduao em odontologia.

    Ao definir o perfil profissional desejado para os egressos dos cursos de odontologia, as DCN parecem contemplar uma nova prtica profissional que pode ser realizada para alm dos limites do consultrio. A formao de um profissional generalista procura romper com a dicotomia preventivo-curativo e pblico-privado, com a valorizao precoce da microespecializao e com a falta de integrao com outras reas da sade que tem caracterizado o exerccio da profisso. (Morita e Kriger, 2005, apud BRASIL, 2006, p. 123).

    Oportunizar ao aluno de

    graduao em odontologia experincias fora da sala de aula e mais prximo da realidade significa a formao de um profissional mais humano e sensvel s mazelas da sade bucal brasileira. Alm de proporcionar um melhor entendimento da influncia dos fatores

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    comportamentais, sociais, culturais e econmicos nos problemas de sade bucal da populao26. As elaboraes do projeto pedaggico devem ser planejado e adequado conforme os direcionamentos das DCN, a fim de permitir a integrao ensino/servio e aproximar de forma ampliada esta relao. Estas atividades extramuros das instituies de ensino

    tambm podem ser consideradas de carter educativo, porque os alunos estaro diante de situaes reais e que somente teriam oportunidade de vivenciar na prtica profissional. Aproximar o conhecimento adquirido durante o curso da realidade tambm reflete na formao de um profissional crtico e consciente do ponto de vista tico.

    A dificuldade das instituies de ensino aderir s DCN reside no fato de que muitas instituies funcionam mais como empresas do que como instituies formadoras e educativas. A preocupao em formar um profissional socialmente

    engajado extrapola suas competncias.

    Nem to pouco esto preocupadas em direcionar a formao de seus alunos para o servio pblico, como se trabalhar no setor pblico representasse a ltima opo e escolha. Ou ainda que no exista qualidade no servio pblico e que os dentistas que esto neste servio porque fracassaram profissionalmente.

    As DCN para a graduao em odontologia significaram um importante avano na medida em que estabeleceram claramente os princpios e fundamentos, para a formao do cirurgio dentista, definindo o perfil do egresso por meio de competncias e habilidades necessrias formao

    de um profissional da rea da sade. [...] A real concepo dos professores, coordenadores e diretores dos cursos na forma de saber conduzir o conceito filosfico alinhado sua aplicabilidade na estrutura curricular, um dos pontos que mais dificultam a aderncia s DCN. (Haddad et al, 2006, p.147).

    Em estudo qualitativo de aderncia dos cursos de odontologia s DCN realizado entre 2003 e 2006 Haddad e col. apontam que 77% dos cursos avaliados mostraram uma tendncia de aderncia18. O fato que a instituio das DCN para o curso de graduao em odontologia quebra a lgica da odontologia de mercado ao orientar a necessidade de incorporao, pelos projetos pedaggicos, das questes que envolvem os princpios do SUS e sua insero no modelo de ateno.

    A construo/implementao das DCN para os cursos de graduao em odontologia no Brasil est associada, de um lado, reestruturao produtiva do capitalismo global, particular-mente acumulao flexvel e flexibilizao do trabalho. Por outro lado, se insere na luta da universidade pela reconquista de sua legitimidade social e pela consolidao do Sistema nico de Sade em consonncia com as necessidades sociais da maioria da populao brasileira. (Senna e Lima, 2009, p. 35).

    De um modo amplo as DCN expresso a necessidade de mudanas na

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    formao dos profissionais em odontologia. Com um currculo mais flexvel e adequado ao compromisso social das universidades, os cursos de odontologia podem diversificar e articular a aprendizagem em torno das necessidades sociais. As DCN tambm trouxeram autonomia para elaborao dos projetos pedaggicos justamente para facilitar a incorporao de demandas locais. Nesta direo o pensamento de (Feuerwerker e Almeida, 2003, p.52) aponta para a superao de concepes conservadoras, rgidas, conteudistas e restritos a um currculo mnimo. Ainda segundo os autores necessrio analisar o contexto socioeconmico em que as DCN foram institudas. O momento de globalizao da economia e de intensos avanos tecnolgicos, cientficos e de informao.

    [...] a necessria diviso dos saberes para se ter a cientificidade (grifo do autor) requerida pelas universidades, at os dias atuais, desconsidera a compreenso do todo, e as aes so desagregadas das necessidades do ser humano, que um ser social, poltico, cultural e biolgico. (Baltazar et al, 2010, p. 299).

    Tambm ocorreu uma mudana no perfil da prtica odontolgica brasileira no final da dcada de 1980 com o aumento exorbitante no nmero de faculdades de odontologia. Consequen-temente o nmero de egressos dos cursos de odontologia aumentou sem que o nmero de postos de trabalho do servio pblico aumentasse na mesma proporo. Nem a crescente oferta de vagas promovidas pelos programas:

    Estratgia Sade da Famlia (ESF) e Centro de Especialidades Odontolgicas (CEO) foram suficientes para absorver a demanda de profissionais. H que se tomar cuidado em apontar o SUS como nico caminho empregador para a odontologia, uma vez que, o prprio sistema de sade no consegue absorver os profissionais de odontologia e cria-se uma falsa expectativa trabalhista. preciso contrapor o discurso de que o SUS o maior empregador da

    odontologia. At mesmo porque muitos

    postos de trabalho s esto sendo ocupados por falta de opo promovida pelo vertiginoso aumento de profissionais no mercado de trabalho. Da os profissionais recorrem ao servio pblico para garantir sua sobrevivncia e pela estabilidade de emprego. Muitas vezes sujeitos s pssima condies de trabalho. Segundo (Moyss, 2004, p.34): A passagem da odontologia de mercado, de natureza liberal e privada, tpica das ltimas dcadas do sculo XX, para uma odontologia sujeita s oscilaes da oferta de emprego e renda, num mercado extremamente competitivo, a tnica moderna. Em estudo realizado para verificar a formao em odontologia entre 1991 e 2004 ficou constatado um aumento do nmero de cursos de odontologia da ordem de 109,64%. Em nmeros absolutos o Brasil evoluiu de 83 cursos em 1991 para 174 em 2004. O maior aumento foi no nmero de instituies particulares. O mesmo estudo aponta para um aumento no nmero de vagas ofertadas, passando de 7.315 em 1991 para 15.733 em 2004 5. A consolidao do SUS depende da formao dos recursos humanos direciona para a sua proposta8, 26. Os estudantes de odontologia ao estarem

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    diretamente em contato com os pacientes em suas realidades tero a oportunidade de se tornar um profissional socialmente sensvel. Consequentemente quebrar a viso do paciente com objeto de estudo

    e treinamento.

    [...] As DCN tiveram o objetivo de orientar a formao de um cirurgio-dentista cujo perfil acadmico profissional apresente habilidades relacionadas atuao qualificada e resolutiva no SUS. As novas Diretrizes Curriculares para a Odontologia, em um contexto ampliado, objetivam direcionar a formao do cirurgio-dentista para atuar no SUS. (Cavalcante, Cartaxo e Padilha, 2010, p. 225).

    O que se espera com a implantao das DCN que a formao dos alunos de odontologia seja contextualizada para enfrentar os problemas de sade da populao e no somente os problemas de sade bucal. Observa-se que muitas instituies de ensino desconhecem ou

    retardam a implantao das DCN justamente pela necessidade de reformulao do seu pensamento voltado para a lgica de mercado. importante rever as estruturas curriculares e o prprio desenvolvimento dos cursos para a formao de um profissional compatvel com a realidade social do pas.

    necessrio assumir que no se pode esperar uma transformao espontnea das instituies acadmicas na direo assinalada pelo SUS. Assim, extremamente oportuno um papel indutor do SUS, em suas vrias instncias, para estimular as mudanas na

    formao profissional em sade de acordo com seus interesses e necessidades. (Morita e col., 2007, p.16).

    O fato que esta possibilidade de mudana no direcionamento das IES ir facilitar que a formao profissional fique mais prxima do necessrio para uma assistncia sade de maior qualidade, equnime e efetiva. Oportunizando inclusive o acesso de pessoas ao sistema de sade que em outros momentos no teriam o acesso. um intercmbio que favorece o aprendizado do aluno ao inseri-lo na realidade profissional e ao mesmo tempo a populao tem acesso ao servio de sade. As instituies de ensino precisam auxiliar os alunos a entender e ler as

    necessidades de sade da populao e do mercado de trabalho. Deve haver um equilbrio entre o setor pblico, que exige a busca de solues para os problemas de sade da comunidade, e o setor privado que exige aptido para o empreendedorismo.

    [...] Como fazer para lidar com um mundo em constante mutao? Como sair de um currculo que reflete mais a nossa prtica do passado do que a do presente e a do futuro? Como incorporar as mudanas que ocorreram no cenrio cientfico, epidemiolgico, tecnolgico, demogrfico, poltico e social no mesmo perodo? (Morita e col., 2007, p.151).

    Portando, fato que a implantao das DCN para a graduao em odontologia no foram implantadas imediatamente aps sua instituio e de forma impositiva. Gradativamente as

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    instituies de ensino foram e ainda esto se adequando a esta nova realidade curricular. O essencial que progressivamente se avance na construo coletiva de um projeto pedaggico centrado no aluno de odontologia como ator principal do processo de aprendizagem e tendo o professor como estimulador pela busca do conhecimento. A Formao em Odontologia

    A UNESCO, ao promover a Conferncia Internacional do Ensino Superior para o sculo XXI em 1998, prope solues para um processo de reformulao da educao superior mundial e que j constavam na reforma na educao superior brasileira atravs da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional LDB/ 96. O relatrio final da Conferncia proclama como misso e funes da educao superior: educar, formar e realizar pesquisas; igualdade de acesso; participao e promoo do acesso das mulheres; cooperao com o mundo do trabalho; diversificao como forma de ampliar a igualdade de oportunidades; educao inovadora, com estmulo ao pensamento crtico e a criatividade; pessoal da educao superior e estudantes como agentes principais; avaliao da qualidade; o potencial e o desafio de tecnologia; reforar a gesto e o financiamento da educao superior; compartilhar conhecimentos entre pases e continentes; entre outros37. Mais recentemente a UNESCO promoveu no ano de 2009 a conferncia mundial com o ttulo: As Novas

    Dinmicas do Ensino Superior e Pesquisa para a Mudana e o Desenvolvimento Social. Dentre os assuntos abordados

    esteve a responsabilidade social da educao superior para a erradicao da pobreza; do progresso e o desenvolvimento sustentvel37. O perfil do egresso do curso de odontologia, segundo a DCN, a formao de um profissional generalista, humanista, crtico e reflexivo. Preparado para atuar em todos os nveis de ateno sade com rigor tcnico e cientfico. Alm da capacidade de exercer atividades referentes sade bucal da populao de forma tica, legal e direcionando sua atuao para a transformao da realidade em benefcio da sociedade18. Dentro deste contexto de reforma do ensino superior, as faculdades de odontologia, em geral, precisam estar cientes da importncia de formar profissionais com uma real viso da condio social, econmica e de sade, principalmente bucal, da populao brasileira. No basta apenas formar para abastecer o mercado de trabalho como se os mesmos fossem apenas uns produtos de mercado, competente tecnicamente e altamente especializado. Mas se preocupar tambm na formao de cidados ticos, crticos e humanizados. Deve-se levar em conta que durante a formao acadmica que os alunos comeam a adquirir a percepo para o trabalho e que em sua maioria ser o primeiro emprego. Em muitos casos as faculdades no transmitem este tipo de conhecimento e ficam restritas ao aspecto tcnico e cientfico.

    [...] as mudanas na educao odontolgica devem ser feitas por uma induo centrpeta, a partir de reas perifricas de integrao de docncia e servio que, ao colocarem a universidade em contato com a

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    realidade social, determinariam, certamente, modificaes substan-tivas no modelo educacional tradicional (Mendes, 1986).

    Em estudo realizado em 2007 para analisar o perfil dos estudantes de odontologia da Universidade Federal da Paraba os pesquisadores puderam concluir: dos 187 alunos entrevistados 97,7% pretendem se especializar aps o trmino da graduao. Entre os estudantes que pretendem montar o consultrio particular, 47,1% acreditam na independncia profissional e 16,3% visam lucratividade. Os alunos que desejam trabalhar no servio pblico, 55,8% acreditam que seja uma boa alternativa para o primeiro emprego. Segundo a percepo de 77,3% dos estudantes, o trabalho da odontologia no SUS deve atender, com riqueza tcnico-cientfica, as necessidades da populao. Ao analisar o servio oferecido pelo SUS, 87,8% dos entrevistados declaram que o atendimento disponibilizado no eficaz e no atende s necessidades da populao21. A educao e a sade so condies essenciais para que as pessoas possam ter qualidade de vida. Assim em (Brasil b, 2006, p.18): A educao concebida como uma prtica social, oportunizando a busca pela construo de uma sociedade inclusiva e cidad, na qual o cuidado com a sade desempenha um papel decisivo. O importante que

    as DCN, como documento legtimo e orientador das reformas curriculares necessrias aos cursos de graduao em odontologia no Brasil, possam servir de elo entre alunos, universidades e servios de sade. Ainda tambm que os profissionais j formados possam se aproximar das universidades na busca de

    qualificao profissional e troca de experincias, pois, vivenciam a prtica. Onde a formao do cirurgio-dentista, em seus mltiplos nveis, possa ir de encontro com as necessidades do sistema de sade brasileiro. A organizao do curso dever ser definida pelo colegiado da graduao com a indicao da respectiva modalidade do curso: seriada anual, seriada semestral, sistema de crditos ou mdulos. Sendo necessrio que o aluno elabore um trabalho de concluso de curso com orientao docente. importante que a estrutura curricular tenha certa flexibilidade para que o aluno possa desenvolver habilidades, vocaes e potenciais (especficos e individuais). O fato que os vrios sujeitos que fazem parte do processo educacional odontolgico, dentre eles, os acadmicos de odontologia, docentes, usurios do sistema de sade, entidades de classe, precisam participar ativamente da discusso em torno da organizao do currculo para o aperfeioamento do curso de odontologia. As DCN, apesar do seu carter legal, por si s no so suficientes para que o currculo odontolgico seja condizente com a realidade e as demandas sociais. Neste processo o professor possui um papel emblemtico e complexo porque assume o papel de dentista e docente22. Vai atuar na formao tcnica odontolgica inerente ao desenvolvimento do conhecimento estomatogntico, de matrias e tcnicas novas. Com isso, o currculo deve proporcionar ao professor a flexibilidade de utilizao de novos recursos didticos, cientficos e tcnicos para favorecer o aprendizado conforme os recursos contemporneos disponveis. Nada em oposio introduo dos avanos

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    tecnolgicos e tcnicos na formao acadmica em odontologia. Mas preciso se perguntar a quem estes avanos esto servindo? A universidade, como espao formador e de construo do conhecimento, deve sempre discutir de forma crtica os avanos tecnolgicos e de inovao19. importante entender que o papel do professor de odontologia no se restringe a um mero transmissor do conhecimento e adestrador tcnico,

    mas um facilitador que ir auxiliar o aluno a construir e desenvolver no s suas habilidades tcnicas, mas tambm conhecimentos de tica profissional, poltica, cincias humanas e sociais12. Para (Silveira 2004, p.152): [...] a

    docncia abre-se como uma nova profisso para o dentista que se v diante do desafio de educar adultos, com toda

    a dimenso tica, poltica, social e pedaggica sem prescindir do conhecimento tcnico necessrio especfico da odontologia. (grifo do

    autor). Segundo (Demo 1998, apud Silveira, 2004, p.153): O que a tcnica menos fez at hoje foi democracia, e a cincia, transformao social. Outro ponto a ser discutido, e que as DCN no abordam, a formao dos dentistas/docentes. O que se observa so os professores imitando formas de professores que foram referncia durante o processo de formao acadmica. Muitas vezes reproduzindo da forma que aprendeu e/ou com pequenas adaptaes.

    O novo papel docente exigiria do professor: assumir o ensino-aprendizagem como mediao da aprendizagem ativa do estudante com auxlio pedaggico do professor

    [...]; conhecer e aplicar estratgias e metodologias ativas de ensinar-aprender a pensar, a aprender, a cuidar e avaliar. [...] Integrar no exerccio da docncia a imensidade do afeto. (Machado, Machado e Vieira, 2011, p. 332).

    Sabe-se que os cursos de mestrado e doutorado em odontologia oferecem a disciplina de didtica de ensino superior com carga horria em torno de 60 horas. Esta carga horria suficiente para preparar um professor/ dentista para os desafios que o aguardam na docncia? Ou ser que a formao didtico-pedaggica menos importante que a formao tcnica-cientfica? Os elementos fundamentais para a reformulao do ofcio de docente em odontologia para (Baltazar 2010, p. 298): [...] devem estar vinculados a processos metodolgicos e saberes pedaggicos, filosficos, polticos, humansticos e tambm, mas no apenas, saberes tcnicos e especializados de cada rea. fato que a formao do professor/dentista deficiente no s pela pouca carga horria da disciplina de didtica. Mas porque a formao do ser humano complexa e no depende somente da capacidade racional e intelectual, mas da capacidade de lidar com os conflitos, medos e inseguranas que advem do nosso conhecimento emprico e de nossas experincias cotidianas. O conhecimento cientfico no tem valor se ele no for capaz de solucionar problemas concretos. Este conhecimento emprico to importante quanto o conhecimento cientfico adquirido atravs do estudo formal. Ele possui uma relao de cumplicidade na formao do ser humano num ciclo de construo e

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    reconstruo do conhecimento. O importante que o conhecimento seja uma caixa de ferramentas, onde o

    indivduo possa utiliz-lo para o seu desenvolvimento enquanto sujeito e no para sobrepor ao outro (conhecimento enquanto poder). No ao acaso, aqueles que se dedicam a pensar o futuro da profisso, se deparam com as perspectivas da educao como agente de mudanas. Descobrem que seus compromissos de educadores/dentistas esto para alm do ensino. Empreender esforos para diminuir as desigualdades em sade da populao o maior compromisso. Cabe universidade a proposio de ideias e a articulao para viabilizar este encontro entre aluno, servio e comunidade de forma livre e longe de imposies e autoritarismos. Normalmente a universidade est envolvida com o ensino tcnico e cientfico e se esquece do seu papel na formao e conscientizao humana. No Brasil a formao do professor/dentista caminha para a formao do professor/pesquisador e tendo a pesquisa como forma de elo entre necessidades sociais, ensino e servio. A flexibilidade permite a aplicao de novas abordagens e espaos pedaggicos para alm do contedo curricular e aproxima pesquisa, servio e sociedade. Este novo paradigma possibilita segundo (Maltaguiati e Goldenberg, 2007, p. 1332): Intermediao de espaos de

    abrangncia e de interesses diversos, no mbito da poltica universitria. Reformular ou repensar um modo de ensinar odontologia de certa forma

    repensar e refazer como professor. Este o papel do corpo docente em relao ao currculo: repensar o papel do professor enquanto sujeito integrante do processo

    ensino-aprendizagem. Portanto, a formao do professor em odontologia um desafio pela necessria quebra do pensamento do ensino odontolgico de que quem sabe fazer bem feito tambm sabe ensinar e quem se apropriou bem de um determinado assunto, consequentemente, est apto a ensinar este assunto e exercer o ofcio de professor. Para (Toassi et al, 2012, p. 543): Como profissionais de

    educao, os professores no podem continuar a ser meros executantes ou receptculos das inovaes pedaggicas produzidas por outros. Currculo no curso de odontologia

    Na rea de sade o Relatrio Flexner constituiu um marco conceitual importante no ensino odontolgico. O relatrio reformula o ensino mdico no incio do Sculo XX em universidades Norte Americanas e Canadense. Suas principais caractersticas ideolgicas foram: mecanicismo, biologicismo, assistncia individual, altamente especializado, tecnificao dos atos, curativismo e excluso de prticas alternativas.

    Utilizaram processos de aprendizagem pouco crtica, expressa em currculos estanques e constitudos de disciplinas estritamente ligadas formao profissional com metodologias de ensino de inspirao Flexneriana

    (grifo do autor) cujos paradigmas se dirigiram principalmente aos aspectos biologicista e pendendo muito mais para a abordagem das doenas do que da sade. (Machado, Machado e Vieira,

  • 170

    2011, p. 327).

    Este modelo foi importado para o Brasil e influenciou a prtica e o ensino no campo odontolgico durante todo o Sculo XX. Muitos autores acreditam que este modelo continua hegemnico at os dias atuais, dentro das instituies de ensino odontolgico porque ele o modelo ideal para que se mantenha a lgica da odontologia de mercado. Ou seja, existem fortes interesses comerciais, por parte das empresas produtoras de equipamentos, produtos e servios de sade possa perpetuar suas mercadorias. Os avanos tecnolgicos e cientficos atingidos pela rea da sade so inegavelmente importantes para a melhoria das condies de vida das pessoas, mas que se questionar: quem so os maiores beneficirios desses avanos? O contexto histrico, poltico e econmico dos anos 1980 e 1990 propiciaram a retomada da democracia no Brasil que culminaram com reformas em diversas reas como sade e educao. Especificamente para a educao a Lei de Diretrizes e Bases para Educao (LDB/96) representou uma retomada da discusso da educao como prioridade poltica. No como benesse governamental, mas em decorrncia da luta popular ocorrida aps o fim do regime militar nos anos 1980. Os reflexos da LDB no ensino no campo da sade foram a instituio das DCN para a rea6. Especificamente para a odontologia isto ocorreu em 2002 com a instituio da DCN para o curso de odontologia. Principalmente sob os seguintes aspectos: construo do projeto pedaggico, profissionalizao do trabalho docente, mudana curricular e no perfil do egresso. Entretanto, por no ter sido

    compreendida a implantao das DCN est sendo adiadas. Este fato tem prejudicado a evoluo e o aperfeioamento dos currculos das instituies de ensino odontolgico. Com isso a formao profissional no se adequa s demandas sociais contemporneas do pas. O currculo no pode ser entendido como uma simples proposio de disciplinas e contedos sem que as mesmas se articulem em torno de um projeto pedaggico global vinculado com a realidade local16.

    O currculo constitui a programao norteadora da formao acadmica, executada mediante o processo educacional inerente aplicao de contedos e prticas, com a meta primordial de preparar tcnica, cientfica, moral, tica, social e intelectualmente os futuros profissionais das diferentes reas do conhecimento. (Paula e Bezerra, 2003, p.8).

    Sob este prisma social e poltico importante uma definio de currculo. Segundo (Sacristn 2000, p.34) o currculo : projeto seletivo de cultura, poltica e

    administrativamente condicionado, que preenche a atividade escolar e que se torna realidade dentro das condies da escola tal como se acha configurada. A

    partir desta definio o autor aponta trs questes que configuram a realidade curricular da escola: (i) seleo dos contedos; (ii) a escola um campo institucional organizado e, portanto, impe regras; (iii) este currculo est condicionado a uma realidade mais ampla. As DCN permitem que as universidades reformulem seus currculos de forma autnoma e flexvel

  • 171

    para possibilitar a incorporao de novos saberes e integram ensino-servio. O processo de implantao de adequao dos currculos tem sido lento e de difcil consenso. Muitas instituies de ensino se acomodaram nos antigos modelos de currculo mnimo e so resistentes s mudanas. A anlise crtica sobre o currculo necessria e deve ser permanente no mbito educacional do curso de odontologia apesar das resistncias. A reformulao do currculo deve ser entendida como um processo contnuo, dinmico e nunca esttico, perene e superficial. Em dados momentos preciso que se modifique de forma profunda a estrutura curricular para que se abra espao para o novo ideolgico.

    [...] devem ser conduzidos de modo organizado, o que torna necessria a existncia de uma equipe condutora e o compromisso do professor na colaborao para que se avance na perspectiva da construo de uma prtica educativa de boa qualidade, criadora de possibilidades de interveno crtica. (Toassi et al, 2012).

    A formao em Odontologia x DCN

    A educao superior em odontologia passa, nas ltimas dcadas, por transformaes em relao ao processo de produo do conhecimento. O desenvolvimento cientfico/racional tem produzido um grande volume de informaes. O resultado deste processo foi o desenvolvimento da Odontologia Baseada em Evidncias Cientficas. O rigor cientfico praticado na academia se distanciou das reais demandas da

    populao. Desta forma os sujeitos so vistos como mero objeto de estudo. Consequentemente o egresso ir reproduzir na sua prtica profissional o que aprendeu durante o curso.

    A mudana no perfil das doenas bucais (algumas em declnio como a crie e outras em ascenso como o trauma facial em decorrncia de acidentes e da violncia o cncer bucal) alm da transio demogrfica com o envelhecimento da populao brasileira. So fatores que interferem na formao dos trabalhadores em odontologia. (Moyss, 2004, p. 34).

    Percebe-se que neste contexto que a mera reproduo do modelo acaba gerando uma acomodao por parte dos docentes. Assim, surgem as resistncias internas para promoverem as reformas necessrias. Alm das estruturas departamentais dificultarem o planejamento e a execuo de aes amplas durante o percurso do aluno pelo curso. O processo ensino-aprendizagem acaba sendo realizadas de forma fragmentada em disciplinas desconectadas umas das outras. O reflexo dessa desarticulao dos contedos ser na qualidade da formao profissional. A estrutura departamental tambm fragmenta as relaes entre os docentes ao criar ncleos de fora divergentes dentro da instituio. A implantao do Sistema nico de Sade (SUS) em 1990 e o documento Diretrizes da Poltica Nacional de Sade

    Bucal promoveram a ampliao do acesso sade bucal. Consequentemente refletiram sobre a formao em odontologia para atender as demandas

  • 172

    profissionais do modelo de ateno sade vigente no Brasil. O SUS um modelo de ateno integral e universal sade. Nela esto contidas aes de promoo, preveno, proteo e recuperao da sade bucal da populao. Mesmo porque, nas ltimas dcadas, a odontologia tem incorporado tecnologias, migrao de profissionais, ainda que de forma parcial, para o servio pblico em funo do crescimento da oferta de postos de trabalho proporcionado pela implantao da Estratgia Sade da Famlia (ESF) e a criao dos Centros de Especialidade Odontolgica (CEO). A atuao profissional se faz de forma articulada, interdisciplinar, humanizada, com o compartilhamento de responsabilidades e o estabelecimento de vnculo com a comunidade. O processo de trabalho centrado no usurio e executado pela equipe de sade bucal (ESB) e no somente centrado no profissional dentista. Cabe as IES a reformulao curricular para a formao dos profissionais dentistas conforme este novo paradigma. A sade percebida no apenas como ausncia da doena, mas qualidade de vida. O conceito ampliado de sade exige dos profissionais que vo trabalhar neste modelo novas aptides e habilidades para trabalhar o coletivo, a famlia e o indivduo. Infelizmente os cursos de odontologia no esto preparando os alunos para este campo de trabalho. Acaba que os governos tem que lanar mo de cursos de capacitao para suprir as falhas existentes na graduao. A realidade que no h como auniversidade recuperar o egresso que no desempenha bem suas funes. Este o grande desafio que envolve o ensino odontolgico brasileiro. Conforme (Digenes et al 2010, p.96): Atravs dos

    mtodos de ensino e treinamentos que so baseados no SUS e focados nos estudantes, chama por um novo modelo pedaggico que alia excelncia tcnica e relevncia social, encoraja parcerias entre universidades, servios de sade e populao [...]. Existe ainda um evidente descompasso entre a formao dos cirurgies-dentistas e o sistema de saude brasileiro. Isto fica mais evidente ao se analisar o grande nmero de faculdades de odontologia no Brasil e mesmo assim o pas sustenta graves questes de sade bucal decorrentes da falta de acesso ao servio odontolgico por grande parte da populao. Estudos apontam altas prevalncias de: edentulismo, perda dental por crie e doena periodontal em jovens. Outro descompasso segundo (Queiroz e Dourado, 2009, p.1015) : O

    distanciamento do projeto de profisso da odontologia do processo de reorientao da formao do cirurgio-dentista que se pretende implementar. O modelo pedaggico hegemnico da odontologia brasileira exclui novas possibilidades de aprendizado ao no colocar os alunos em contato direto com as realidades populacionais. Ele centrado no condicionamento tcnico e na viso biologicista da doena. Este modelo afasta a formao odontolgica de outras reas do conhecimento to importantes quanto o saber tcnico. No s de outras reas da sade, mas tambm das cincias sociais e humanas.

    O modelo pedaggico que se torna hegemnico conteudistas e organizado de maneira compartimentada e isolada, fragmentando os indivduos em partes estanques. Dissocia conhecimentos das bsicas e

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    conhecimentos da rea clnica. [...] adotando sistemas de avaliao cognitiva por acumulao de informao tcnico-cientfica padronizada, incentivando a especializao precoce, perpetuando modelos tradicionais de prtica em sade. (Mello, Moyss e Moyss, 2010).

    O mais grave o distanciamento das reais necessidades de sade da populao brasileira. Diz (Pinheiro et al,2009, p. 105): As instituies de Ensino Superior, formadoras de recursos humanos, no caso em Odontologia, no devem restringir seu papel social ao atendimento das demandas por servio de sade no seu interior, e sim, estend-lo para fora dele. A educao dos profissionais de sade deve ser entendida como um processo permanente que se inicia na graduao e deve manter-se ao longo da vida profissional, mediante o estabelecimento de parcerias entre as instituies de ensino, os servios, a comunidade, as entidades e outros setores da sociedade civil. As orientaes contidas nas DCN podem promover uma maior democratizao do ensino nos cursos de odontologia e consequentemente aumento do seu compromisso social. Muitas universidades possuem experincias bem sucedidas neste sentido, mas ficam ocultas (currculo oculto) ou no possuem o devido respaldo no meio acadmico. Estgio Supervisionado

    O estudante de odontologia tambm deve desenvolver o estgio curricular com superviso docente, de

    forma articulada e com complexidade crescente ao longo do curso conforme preconizado pelas DCN17. A carga horria mnima do estgio de 20% da carga horria total do curso10. A proposta do estgio proporcionar, aos alunos de odontologia, o contato com realidades e prticas profissionais diversificadas de seu cotidiano de aluno na busca pela integrao ensino-servio de sade 2,7. As atividades extramuros desenvolvidas conjuntamente com os servios de sade amplia o acesso da populao s aes de sade e melhora a resposta do Sistema nico de Sade (SUS) s demandas populacionais por sade. Em contrapartida equaliza a formao dos acadmicos de odontologia com o desenvolvimento de habilidades e competncias preconizadas pelas DCN 26. Currculo Oculto

    Muitos autores procuram analisar a influncia do currculo oculto nas atividades pedaggicas. Em determinados cursos acaba se consolidando e determinando a formao profissional. O ambiente escolar acaba contribuindo, de forma subjetiva, para aprendizados coletivos e sociais importantes. Mas tambm pode ser uma forma de transmisso de valores e orientaes aos alunos para que estes se ajustem ao sistema social dominante20. Durante o perodo em que o aluno permanece na escola ele tambm absorve informaes fora da sala de aula e dos momentos pedaggicos. So nos corredores, cantina, festas e intervalos que outros conhecimentos e experincias no formais so compartilhados. Mais ainda com os avanos tecnolgicos as redes sociais absorveram estas necessidades de comunicao e

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    conhecimento no formal. Um estudo que analisou o currculo oculto na disciplina de clnica integrada aponta que as prticas executadas pelos alunos no coincidem com os objetivos gerais de formao da disciplina, provocando no s lacunas no processo ensino aprendizagem, mas uma tenso entre a formao de profissionais clnicos generalistas e especialistas20. Neste sentido o currculo oculto praticado dentro das IES acaba dicotomizando e fragmentando o conhecimento e o aprendizado durante o curso de odontologia. Esta abordagem importante porque as DCN, de forma clara e explcita, direcionam a formao do futuro profissional de sade para uma prtica integral de ateno sade por meio de aes de preveno, promoo, proteo e recuperao da sade. Alm de sua insero em um mercado de trabalho cercado de incertezas e em meio a uma sociedade complexa e competitiva.

    Discusso

    O Brasil possui um grande contingente de cirurgies-dentistas no Conselho Federal de Odontologia. Porm, a distribuio dos mesmos pelo pas desigual e a fixao destes no interior do pas um dos principais desafios profissionais. As mudanas curriculares propostas pelas DCN implicam em uma profunda mudana na forma de pensar e fazer odontologia. Esta quebra na

    estrutura do modelo educacional hegemnico e tradicional acontece quando o principal ator do processo ensino-aprendizagem passa a ser o aluno aliado s necessidades de sade bucal da populao. Este ponto gera um conflito interno entre as correntes de pensamento

    que querem as mudanas e os que no querem. Alm de a estrutura departamental fragmentar o conhecimento e a aprendizagem ainda existe a fragmentao por disciplina, que recorta ainda mais o processo ensino aprendizagem.

    Cada disciplina confina seus saberes e compartimentaliza os contedos, impossibilitando na maioria das vezes, o exerccio da conexo entre os conhecimentos por parte do profissional de sade em formao. Isso impacta no perfil do profissional, que se constri naturalmente a partir de um paradigma reducionista e fragmentado. (Albuquerque et al, 2009).

    Segundo (Conrado, Gomes e Robazza, 2004, p.24) o processo de mudana curricular: s seria possvel se

    a comunidade universitria da rea conseguisse uma formao slida de conscincia crtica e tivesse capacidade de responder s condies de sade bucal da sociedade. Os problemas para elaborao de um currculo, conforme preconizado pelas DCN, surge em decorrncia da inflexibilidade, comodismo e da dificuldade em aceitar o novo. Tambm complexo em virtude de como chegam os alunos ao curso de odontologia e como iro sair. Equacionar as diversidades em torno de um modelo curricular em que o aluno traz uma bagagem sociocultural muito diferente do que ele ir vivenciar durante o perodo em que frequentar o curso e tambm ser muito diferente do lugar que ele ira trabalhar aps a formatura. importante refletir sobre o

  • 175

    ensino odontolgico e sua responsabilidade na formao humana/profissional e no encaminhamento destes futuros profissionais. Muitos pensadores acreditam que o papel do ensino odontolgico instrumentar e equipar o aluno com as melhores ferramentas tcnicas para que ele possa sobreviver

    ao brutal e competitivo mercado de trabalho profissional odontolgico. Acredito que de responsabilidade do ensino odontolgico no s instrumentar tecnicamente os alunos, mas tambm preparar cidados ticos e humanos. Este conflito curricular tem como principal prejudicado o aluno com reflexos na qualidade dos profissionais que o ensino odontolgico brasileiro est formando. Outro ponto importante para ser discutido e que constitui um desafio em relao aos currculos a melhor forma de avaliao do processo de aprendizagem, o currculo, a instituio e o corpo docente. Para (Queiroz e Dourado,2009, p. 10): A discusso em torno da

    necessidade de reformulao e inovao do ensino odontolgico remonta a dcada de 1960 [...]. Portanto, a instituio das

    DCN no o comeo e nem ser o fim das discusses em torno do currculo odontolgico 32. Para (Arantes et al, 2009, p. 154): As DCN devem nortear a elaborao

    dos currculos dos cursos e de seus projetos pedaggicos de forma que, ao se graduar, o profissional detenha os conhecimentos, habilidades e atitudes necessrios ao peno exerccio de suas competncias. Os cursos de odontologia devero caminhar na direo de construo de um projeto pedaggico construdo de forma plural no sentido de respeitar as

    diversidades ideolgicas e de ampla participao dos diversos atores presentes no processo ensino-aprendizagem do curso de odontologia31. Inclusive com a participao dos pacientes atendidos nas clnicas universitrias. O paciente neste caso se encontra em uma situao de extrema vulnerabilidade e no deve ser visto apenas como um objeto de estudo. Da a oportunidade de aprendizado no s de tcnicas odontolgicas, mas de formao tica e humana.

    [...] se para educar um jovem a lutar por dinheiro e poder adotava-se uma pedagogia que premiava o egosmo, a hierarquia e a agressividade, para educar os jovens para os valores emergentes, os mtodos a serem usados devero valorizar mais o dilogo, a escuta, a solidariedade e a criatividade. (De Masi, 2000, p.284).

    A formao odontolgica voltada para as demandas do mercado de trabalho uma questo complexa e recorrente. H que se compreender que historicamente o curso de graduao em odontologia foi construdo sob esta lgica. Acredito na possibilidade de convivncia entre a lgica do mercado e as demais correntes. Para (Lazzarin, Nakama e Cordoni Junior, 2007): A

    formao em odontologia ainda no se libertou da formao voltada para o mercado de trabalho privado (liberal). (parntese dos autores). Acredito que esta libertao seja alcanada quando o pas tiver condies de absorver os egressos de curso de odontologia pelo SUS. H que se trabalharem as vrias correntes durante o curso para que o aluno tenha

  • 176

    condies de decidir qual o caminho seguir. A presena de uma universidade, no caso especfico com curso de odontologia, em um local gera impacto positivo onde atua e, consequentemente, estreita os laos com a comunidade em uma inter-relao e estabelece um vnculo e consequentemente melhora a qualidade de vida dos diversos atores envolvidos no processo ensino-aprendizagem como: estudantes, funcionrios, professores e usurios. Uma fragilidade da DCN o aspecto da formao e desenvolvimento do ofcio docente em odontologia. Como afirma (Baltazar, 2010, p.293): A fora da

    cincia moderna, marcada pelo positivismo, trouxe para o trabalho docente a responsabilidade em formar o aluno cognitivamente, e o que antes era marcado pelo dom e pelo sacerdcio passa a ser pelo poder da cincia. Inclusive em relao s DCN as mudanas deveriam ocorrer em um primeiro momento na formao dos educadores para posteriormente seguir no para a gradao. Para (Baltazar, 2010, p. 299): No sistema educacional, tais

    mudanas deveriam ocorrer em sentido contrrio, de modo a contemplar inicialmente a formao de formadores, ou seja, as mudanas nas ps-graduaes strictu senso e posteriormente, haver intervenes nas graduaes [...]. As questes de reforma curricular so muito mais profundas e repercutem diretamente no processo ensino-aprendizagem. Como afirma (Toassi et al, 2012): Mais do que mudanas

    aritmticas de crditos, na grade horria e de seus valores, as mudanas necessrias nas reformas curriculares passavam por questes que dizem respeito ao contedo pretendido e s estratgias de ensino e

    aprendizagem.

    Consideraes Finais

    Portanto, preciso entender a DCN no apenas como um conjunto de regras e normas burocrticas para padronizar a estrutura dos cursos de odontologia no Brasil. A sua anlise mais profunda e envolve no s a formao de um profissional de sade, mas tambm a formao de um cidado. Ela surge em decorrncia da mudana de paradigma tanto da rea da sade como da rea de educao frutos da redemocratizao do pas. Onde tanto a sade como a educao so entendidas como direito do cidado e dever do Estado presentes na Constituio Federal de 1988. A formao educacional do cirurgio dentista envolve dimenses cognitivas, afetivas, psicomotoras, sociais e de habilidades manuais. Ou seja, o perfil de um profissional integral. O conhecimento construdo na sua formao acadmica bsica deve permitir a participao ativa dos alunos neste processo e se aproximar ao mximo da realidade que o aluno vai encontrar na sua prtica profissional diria aps a concluso do curso. preciso transpor a discusso entorno da instituio das DCN para alm de um documento frio e carregado de obrigatoriedade e aprofundar o debate no s das questes que envolvem o currculo odontolgico, mas de todo o ensino odontolgico que se pratica no Brasil. As DCN em si no vo solucionar os problemas da formao profissional em odontologia. preciso que se faam as perguntas: Como era antes? O que tem sido feito? O que desejamos para o futuro? fundamental que toda a classe odontolgica se movimente em defesa do

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    aprimoramento do ensino odontolgico em todos os nveis.Por esta razo, o debate no s sobre as DCN, mas sobre a odontologia necessita ser perene. Aps 10 anos seria oportuno acompanhar e avaliar o processo de implantao das DCN pelas faculdades de odontologia e o desdobramento para a formao dos alunos do curso de odontologia.

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