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O diário perdido de Dom Juan
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o DiárioPerdido de DonJuan

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o DiárioPerdido de DonJuan

A Arte da Paixãoe as Perigosas Aventuras do Amor

ROMANCE

Douglas Carlton Abrams

Tradução

Andréa Rocha

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Copyright © 2007 by Douglas Carlton Abrams

Título original:The Lost Diary of Don Juan

Todos os direitos desta edição reservados à EDITORA OBJETIVA LTDA. Rua Cosme Velho, 103 Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22241-090 Tel.: (21) 2199-7824 – Fax: (21) 2199-7825 www.objetiva.com.br

Capa Mariana Newlands

Imagem de capaChristie’s Images/Corbis (The Dream by Fritz Zuber-Buhler)

Mapa de Sevilha cedido porFundación Focus-Abengoa, Hospital de los Venerables, Sevilha, Espanha

Revisão Sônia PeçanhaLilia ZanettiAntônio dos Prazeres

Diagramação ô de casa

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

A14d

Abrams, Douglas Carlton O diário perdido de Don Juan : a arte da paixão e as perigosas aventuras do amor / Douglas Carlton Abrams ; [tradução Andréa Rocha]. - Rio de Janeiro : Objetiva, 2007. 331p. : il. Tradução de: The lost diary of Don Juan ISBN 978-85-60280-17-9 1. Romance americano. I. Rocha, Andréa. II. Título.

07-1279 CDD: 813 CDU: 821.111(73)-3

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Sumário

Nota do Editor 7

Rumores e Mentiras 13Um Fulgor de Paixão 15

O Desejo de uma Mulher 21Ninguém Jamais Há de Saber 30

Nem Todo Mascarado É Ladrão 40O Amor de Seus Anjos 45

Uma Visão de Deus 53Isso Não Faço por Dinheiro Algum 61

Como Sal na Terra 66Um Homem Não É Apenas o que Seu Nascimento Determina 74

A Educação de um Libertino 82Ouro nas Veias de Sevilha 96O Mercado de Escravos 104

Taberna del Pirata 110Segredos Nunca Permanecem Enterrados 123

Mil Noites com um Estranho 131Corpus Christi 139

A Tourada 155Pecados da Carne 161

O Pecado Mais Mortal de Todos 169A Intuição de Alma 172

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O Baile de Máscaras 174O Convite da Duquesa Cristina 181

A Verdade 192Informações que Poderiam nos Arruinar 199

A Volta de Alma 209Um Novo Mundo 225

Uma Mariposa para uma Chama 228Um Passeio pelo Céu 234

Uma Filha do Engano e da Crueldade 242A Aposta do Amor 247

O Segredo do Casamento 254Travessia Segura 258

A Tentação de Alma 260Em Nome da Santa Inquisição 264

Confi ssão no Alcázar 276Duelando nos Terraços de Sevilha 282

O Quarto de Doña Ana 292Uma Despedida 299

A Última Noite: Um Registro Final 303

Glossário e Notas 315

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Nota do Editor

Como editor da University of California Press, responsável por manuscritos não solicitados, recebi muitos textos inusitados, mas nada como o que você está prestes a ler. A carta de apresentação indicava que o manuscrito havia sido enviado para mim por causa de um artigo que publiquei no Journal of Spanish Literature. Eu examinava as exíguas evidências existentes de que Don Juan, o famoso sedutor de mulheres, seria um personagem histórico real, que viveu no sul da Espanha no século XVI. O remetente afi rmava que o manuscrito anexado era nada menos do que uma tradução do diário mantido exatamente por esse mesmo Don Juan e guardado “em segredo por uma dúzia de gerações”. O pacote não tinha endereço do remetente.

O diário havia sido escrito supostamente em Sevilha, em 1593, du-rante a Era de Ouro Espanhola. Rei Filipe II governava o maior império que o mundo já havia conhecido e, por ordem da Coroa, Sevilha era o único porto no qual desembarcava toda a prata e o ouro das Américas. Por causa de sua grande riqueza e decadência moral, Sevilha era fre-qüentemente chamada de a Grande Babilônia da Espanha. Galantea-dores eram comuns naquele tempo, e o sucesso deles pode ter sido em parte resultado de uma redução no número de homens, ocasionada pelas guerras e pelo processo de colonização. Apesar de ser difícil julgar a pre-cisão do recenseamento histórico, estima-se que em algumas localidades metade de todas as mulheres fosse viúva ou abandonada.

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A vida de um homem não se divide uniformemente em capítulos, nem, provavelmente, os diários de Don Juan. A carta indicava que o tradutor havia tomado a liberdade de separar o texto em partes e até mesmo inserir títulos de capítulos do princípio ao fi m. Pelas datas, per-cebe-se que Don Juan muitas vezes escreveu de uma só vez aquilo que foi transformado em vários “capítulos”. Devo pedir desculpas aos meus colegas estudiosos por essas alterações do texto, que não devem ser con-sideradas originais. Como também não devem obviamente ser conside-rados originais o glossário e a seção de notas, os quais acrescentei com a intenção de oferecer uma orientação adicional para um leitor leigo que não esteja familiarizado com os muitos termos históricos e as palavras em espanhol que foram mantidas na tradução.

A maioria dos estudiosos defende que, mesmo que tenha sido pos-sivelmente baseado em contos populares, Don Juan Tenorio não passou de um personagem fi ccional criado pelo monge e autor teatral espa-nhol Tirso de Molina. Este diário, se autêntico, comprovaria a opinião da minoria — proposta pela primeira vez pelo estudioso francês Louis Viardot em 1835 — de que Don Juan era um nobre que existiu de verdade, morava na cidade de Sevilha e em quem Molina pode ter li-vremente baseado seu personagem. Submeti o diário à apreciação de numerosos especialistas, que não encontraram sinais de falsifi cação ób-via; entretanto, prudência acadêmica fez com que eu esperasse até agora para publicar esta tradução. Meus colegas conseguiram fi nalmente con-vencer-me de que um julgamento sobre a autenticidade do diário será melhor realizado não por mim, mas pelo leitor.

— D.C.A.Junho de 2006

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1. Catedral & Campanário da Giralda 2. Palácio da Duquesa Cristina 3. Convento de San José del Carmen 4. Residência de Don Juan no Barrio Santa Cruz 5. Casa de Doña Ana 6. Real Alcázar – Palácio Real & Jardins 7. Estrada para Carmona – Convento de la Madre Sagrada & Hacienda do Comendador

A SEVILHA DE DON JUAN – 1593

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8. Prado de San Sebastian 9. Rio corre para Sanlúcar de Barrameda (Porto para o Novo Mundo)10. Torre del Oro – Torre do Ouro11. Arenal – localização da Taberna del Pirata12. Plaza de San Francisco – Palácio do Marquês & Convento de San Francisco13. Residência de Alma14. Castillo de San Jorge – Fortaleza da Inquisição15. Alameda de Hercules16. Hospital de las Cinco Llagas

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Rumores e Mentiras

Escrevo nas páginas nuas deste diário de modo que a verdade seja conhecida e meu destino não seja abandonado aos rumores e às mentiras que já sussurram pelas ruas de Sevilha. Tenho

certeza de que depois da minha morte muitos tentarão encenar minha vida na forma de uma moralidade, mas a vida de um homem não pode ser compreendida ou repudiada tão facilmente.

Não me arriscaria a registrar meus segredos neste diário se não ti-vesse sido convencido a fazê-lo por meu amigo e benfeitor, Don Pedro, o marquês de la Mota. Ponderei que nada do que eu escreva pode ser di-vulgado durante minha existência sem que eu seja condenado pelo Santo Ofício da Inquisição e queimado na fogueira. Ontem mesmo, o próprio inquisidor deixou esse perigo gravado em minha imaginação. Talvez seja essa ameaça recente, ou o ultimato do rei, que afi nal tenha me levado a pegar esta pena e registrar com tinta estas palavras. O marquês insistiu em dizer que é para a posteridade que devo escrever este diário, porque a reputação de uma pessoa seria a única verdadeira imortalidade. Mas não se trata absolutamente de vaidade apenas o que me faz escrever.

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Já se passaram 36 anos desde o meu nascimento, ou, mais precisa-mente, desde que minha mãe me abandonou — uma trouxa de panos — no estábulo do Convento de la Madre Sagrada. Ter sido persuadido pela primeira vez em minha vida a pensar em como serei lembrado é sem dúvida um sinal de que estou envelhecendo. Entretanto, há um outro desejo que me leva a escrever neste diário. Esse desejo é o de transmitir o que aprendi a respeito das Artes da Paixão e da santidade do ser feminino. Já que renunciei ao matrimônio e não tenho herdeiros do meu próprio sangue, devo olhar para todos os que virão depois de mim como meus descendentes e tentar compartilhar com eles o que aprendi das mulheres que tive o privilégio de conhecer tão bem.

As recordações de um homem sempre tendem a ser lisonjeiras com ele mesmo, então não pretendo contar apenas com o meu testemunho, mas sim relatar, tão fi elmente quanto possível, não só os acontecimen-tos, mas as próprias palavras, tenham sido elas gritadas durante um due-lo ou sussurradas num abraço apaixonado.

É esse mesmo orgulho que me leva a iniciar meu relato com a mais audaciosa conquista que já empreendi. Minha ambição era nada menos do que libertar a casta e solitária fi lha do rei de seu aprisionamento no palácio real do Alcázar... por uma noite. Como sou nobre, sabia que, se fosse pego, teria o privilégio de colocar minha cabeça no cepo do carras-co e evitar a vergonha da forca.

A ambição de um homem, entretanto, assim como o seu destino, nem sempre são conhecidos por ele com antecedência. Quando aban-donei os braços da viúva Elvira, não tinha idéia do perigo que acabaria abraçando na noite passada.

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