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A TIMIDEZ ESCONDIDA - linguagens.ufba.br · 1 GUIDO GUERRA EDITORA UNIVERSITÁRIA DO LIVRO DIGITAL...

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GUIDOGUERRA

EDITORA UNIVERSITÁRIADO LIVRO DIGITAL

e-book.br

A TIMIDEZESCONDIDA

Um diálogo comCid Seixas

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Nos anos noventa do sé-culo vinte, o escritor e jor-nalista Guido Guerra traçouum vasto painel da vidabaiana, através de diálogos eentrevistas com personalida-des das diversas áreas, inclu-indo ciências, artes plásticas,literatura, cinema, música eoutros temas.

Publicados, inicialmentena grande imprensa local,estes textos vieram a inte-grar quatro livros editadospela Assembléia Legislativa,em convênio com a Acamiade Letras da Bahia, no iníciodo século XXI.

O diálogo entre GuidoGuerra e Cid Seixas apresen-tado neste e-book foi incluí-do em 2009 no volume inti-tulado Imortal irreverên-cia: depoimentos e entre-vistas.

Neste texto, os dois escri-tores e jornalistas relem-bram momentos cruciais epitorescos ao redor da vidado segundo, que é tambémDoutor pela USP e ProfessorTitular da UFBA.

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A TIMIDEZESCONDIDA

EDITORA UNIVERSITÁRIADO LIVRO DIGITAL

e-book.br

Guido Guerra

Um diálogo comCid Seixas

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| G U I D O G U E R R A |

CONSELHO EDITORIAL:Adriano Eysen (UNEB)Alana Al Fahl (UEFS)

Cid Seixas (UFBA/UEFS)Itana Nogueira Nunes (UNEB)Flávia Aninger Rocha (UEFS)

Coleção TealVolume 4

Copyright 2018

Tipologia Amer Type Md BT, 1368 páginas, formato 12 x 20 cm.

ILUSTRAÇÃO DA CAPA:Cid Seixas

“Auto-retrato” em xilogravura,reprodução da matriz entalhada

em cedro.

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| UM DIÁLOGO COM CID SEIXAS |

SUMÁRIO

A timidez escondidaGuido Guerra ................................... 7

Um incerto complexode inferioridade ................................ 9

Influência de Cabralpesou ............................................... 17

Meu sonho de rapaz do interiorera ser locutor de rádio .................. 25

Da convençãoà transgressão ................................... 43

Obras do Autor ............................... 50

Sobre a Coleção Teal ........................ 65

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| G U I D O G U E R R A |

https://issuu.com/ebook.br/docs/guido_cidhttp://www.e-book.uefs.br

http://www.linguagens.ufba.br

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| UM DIÁLOGO COM CID SEIXAS |

A TIMIDEZESCONDIDA

O menino do rio ficou na infânciaem Nagé. Mas guardou memória detudo que viu e testemunhou. Aqui serecompõe, sem barba e sem óculos degrau, mas num carrinho de pedalar.Um sonho por realizar, o de ser locu-tor de rádio, mas conheceu a popula-ridade pela televisão. Levou HumbertoPorto e Assis Valente para o SalãoNobre da Reitoria da UniversidadeFederal da Bahia: era a primeira vezque a música popular brasileira en-trava lá e pela mão de um quase ado-lescente. Alguns livros na bibliogra-fia, poemas. Mais de uma dezena de

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músicas gravadas. Agora, de óculos degrau e barba, professor universitário,com tudo a que tem direito: Mestradoem Filosofia da Linguagem, Doutora-do em Literatura Portuguesa. Com apalavra, Cid Seixas. Talvez ele aindaguarde a timidez que era do meninodo rio.

Guido Guerra

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| UM DIÁLOGO COM CID SEIXAS |

UM INCERTOCOMPLEXO DE

INFERIORIDADE

Guido – Nome completo.Cid – O mesmo que comecei assi-

nando no início da minha carreira,ou seja, Cid Seixas Fraga Filho. Maisrecentemente, eu o resumi para CidSeixas.

Guido – Data de nascimento.Cid – 4 de janeiro de 1948. Nasci

na Vila de Nagé, no município deMaragogipe, Bahia. Minha infância foidividida entre Nagé e Maragogipe. Naépoca, minha mãe era professora pri-mária em Nagé e lá morei durante al-gum tempo. Depois, meus pais se

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mudaram para Maragogipe, onde co-mecei a frequentar a escola, mas, nasférias, voltava sempre a Nagé.

Guido – E o melhor de sua infân-cia onde foi?

Cid – Foi em Nagé. Lá moravam osmeus primos e nós brincávamos mui-to, principalmente no rio. O rio foiuma experiência muito plena, muitoíntima com o mundo ao redor. Foiquando me senti mais livre, mais sol-to, mais menino. Então o rio tem,para mim, esse significado. O rio, den-tro de minha vida, significou liberda-de. Minha infância estava muito liga-da a isso.

Guido – Qual a memória que vocêguarda do menino?

Cid – Eu era um menino muito tí-mido, sempre fui muito tímido. Fala-va pouco de mim mesmo, falava mui-to, mas não de mim, de assuntos re-ferentes à escola, de leituras. Na épo-ca, era um bom aluno, um bom estu-

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dante. Era o tipo do alunozinho cha-to, que andava falando explicado e aspessoas pensando que eu era inteli-gente, ficavam perguntando assuntosde História, disso e daquilo outro. Portrás de tudo, escondia minha timidez,toda a minha dificuldade de me co-municar com os outros.

Guido – Aproveitando o embalo,uma pergunta bem lugar-comum,aliás, muito em moda nos anos 70:algum trauma de infância?

Cid – Minha infância foi marcada,também, por um certo e incertocomplexo de inferioridade. Não sei porque razão... me sentia inferior aosoutros meninos. Achava que eles erammais aptos para as atividades docotidiano, eram bem sucedidos comas meninas... e outras coisas. Eu meresguardava muito e isso foi um pesopesado para mim. Convivi com aautoestima oscilante, vezes em baixa,vezes não, durante a infância e grandeparte da adolescência. Tenho um

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temperamento depressivo que, nainfância, foi temperado por estri-pulias e outras “malazartes”. Sempretentava disfarçar as dificuldadesquebrando a monotonia do meio,perturbando, aprontando, fazendoartimanhas. Eu era o mais novo dosprimos que passávamos férias emNagé, mas sempre provocava osoutros. Cristoval, que era o maisajuizado, resolvia as situações. Eu erao único que não sabia nadar, massempre virava a canoa, talvez paradisfarçar minhas incertezas e defici-ências. Depois de virar a canoa, fugiamergulhando e boiando até segurarna borda. Lembro que Cristoval, queera bem mais forte, quando se irritavaia avisando: “Vou me retar, tou meretando...” E eu, fingindo que nãoestava nem aí, continuava atrapa-lhando os outros, que remavam,compenetrados como esportistas. Aíquando ele gritava: “Me retei”, eupulava n’água e fugia mergulhando.Até que um dia, todos se retaram de

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verdade se picaram, me deixandosozinho lá naquele mundo de água ecorrenteza... Como eu era o mais novoe não conhecia os perigos, Cristovalimaginou que eu poderia morrerafogado e voltou nadando para mesalvar. Foi a primeira lição prática denatação. Ele ia mostrando como eupoderia chegar até a margem distante,tanto mergulhando e respirando, aosubir à tona, quanto nadando de qual-quer jeito. Assim aprendi a me virar,como os outros moleques de rua. Umparêntese: eu disse que este meuprimo Cristoval era muito ajuizado,tanto por isso quanto por outrarazão: até quando perdia o juízo fa-zendo com as meninas o que não po-dia fazer, mostrava que era ajuizado:procurava entrar pelos meios alterna-tivos, isto é, pela porta do fundo, paranão deixar provas de ter comido a me-renda antes do recreio. Sujeito sabido.E eu, menino bobo, não aprendia alição que ele nos ensinava de graça.

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Guido – O menino tímido, quevocê era, enfrentava problemas nahora de tomar banho no rio, detirar a roupa na frente dos outros?

Cid – Aí não. O rio era um lancecompletamente diferente. Lá, mesentia livre, me sentia dominandoaquele universo, o universo do rio.Agora, lá, a gente não tomava banhonu não. Banho nu a gente tomava emum lugar chamado Atrás do Rio, queera uma área considerada o sanitáriopúblico de Nagé. Tanto que o povo ochamava de “cagador”. É que, nessaépoca, em Nagé, poucas eram as ca-sas que tinham sanitário. Na casa deminha avó e na de Tio Nena tinha... eem algumas outras casas também, maseram poucas. Na maioria não tinha.Então, os homens iam descomer nolugar conhecido como Atrás do Rio.Depois que se fazia o serviço, era sóentrar na água para tomar banho eali, sim, se tomava banho nu. Então,não havia a noção de pudor. Inclusiveas pessoas faziam suas necessidades

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fedorentas de forma socializada, cole-tivamente (eramos, talvez, comunis-tas de merda); palestrando, parlamen-tando, comentando os assuntos dodia, como se fossemos deputados emsessão solene do congresso nacional.

Uma coisa insólita, mas cultural-mente legitimada pelo uso. Faziaparte da nossa cultura, dos hábitosdas cidades e lugarejos do recôncavobaiano.

Nessa época descobri que DomPedro proclamou a Independência doBrasil, às margens do rio Ipiranga,porque ele teve uma diarréia desgra-çuda, quando saiu de Santos para SãoPaulo. É que a mata em redor do ria-cho era densa e, mesmo tendo toma-do um chá de folha de goiaba pelamanhã, pela tarde ele voltou a seobrar todo. Quando estava abaixadofazendo o serviço pra depois se lavarno rio, chegaram as notícias e ele pro-clamou a independência. Nem sei sedeu tempo de se lavar direito. Vejaque o nosso país se tornou indepen-

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dente de uma forma muito esquisita.Essas coisas não ensinavam na esco-la, mas ouvi alguém contar. A situa-ção do futuro Imperador era muito pa-recida com a da gente lá em Nagé, fa-zendo cocô na beira do rio, em com-panhia de outras pessoas e conversan-do. Só que, no caso dele, a obra foi acriação do império.

Lembro que no Sete de Setembro,Cristo-val, meu primo, saiu vestido deDom Pedro I, no desfile lá de Nagé,montado num cavalo branco que TioNena tinha. Ora, isso poderia entrarpara a história do Brasil, mostrandoque também lá em Nagé a cena da in-dependência se repetia, com o povoobrando Atrás do Rio, sem que a gen-te soubesse que estava relembrandopara a posteridade uma cena altamen-te patriótica. Pode parecer piada depalhaço de circo, mas isso é o Brasil,verdadeiro e varonil.

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INFLUÊNCIADE CABRAL PESOU

Qual a importância que o rioNagé tem em sua obra poética?

Cid – Devagar com o andor, que osanto é de barro. Falar em obra poé-tica pressupõe que o sujeito construiualgo importante. Não é o meu caso,porque ainda consigo ter autocrítica,ao contrário desse pessoal que andapor aí arrotando literatice. Eu procu-ro escrever em verso e em prosa, sóisso. Dentro de um determinado mo-mento, o rio que passa por Nagé, queé o Rio Paraguaçu, e também passapor Maragogipe, Cachoeira, toda aque-la região, adquiriu uma importância

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muito grande na minha vida. Na ver-dade, quando levei o rio para o marde palavras, eu não estava perceben-do a importância que ele tinha em mi-nha vida, dentro da minha subjetivi-dade. Pesou muito, nesse levar o riopara o que escrevi, a associação como trabalho poético de João Cabral deMelo Neto. Meu primeiro livro, Tem-porário, foi recebido com desconfi-ança por algumas pessoas, porque, emtermos de consciência poética, de ar-tesanato, tinha muito da afoiteza docalouro alegre, do iniciante que pen-sava ser poeta. Era um livro em queeu dizia as coisas do jeito que sentiae, muitas vezes, não como deve serdito pela voz da poesia. Evidentemen-te, as explosões mais confessionais doquase adolescente não eram poesia,eram restos de palavras perdidas... Jámeu segundo livro, Paralelo entrehomem e rio / Fluviário, foi um li-vro de aprendizagem. Parti de um mo-delo. Na época, o modelo mais impor-tante era João Cabral de Melo Neto.

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Como Cabral se voltava muito para orio Capibaribe ou para o Beberibe, tal-vez por uma influência formal e temá-tica, passei a buscar os motivos e as-pectos do rio. Somente depois desco-bri que, na verdade, existia um rio emmim, que era o meu rio Paraguaçu.

Bem, e o nível econômico de suafamília?

Cid – Numa cidade empobrecida,muita gente tinha a gente na contade ricos, mas era só impressão. Issoporque meu avô materno tinha sidoum homem bem de vida, depois arru-inado pelo jogo, e minha avó paternatinha uma empresa de energia elétri-ca, que meu pai administrava. Numvilarejo como Nagé, ter uma empresade luz não era lá grande coisa. Nemmedidor de consume tinha nas casas,pagava-se o mínimo. Principalmentese você considerar que lá moravam vá-rios parentes, cujas casas eram ilu-minadas pela empresa de minha avó,nem sempre havia pagamento. Nessa

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época, era uma empresa que não davalucro, só depois que foi vendida a ou-tra empresa de maior porte, com amentalidade empresarial, é que setornou lucrativa. E também não sepagava energia porque meu pai erapolítico, tinha aspirações políticas,era vereador e depois de algumas der-rotas se elegeu prefeito. Ele tinhaoutras atividades, abriu o primeiroginásio de Maragogipe, com tio Ger-son, um homem dinâmico e que sa-bia se relacionar muito bem. Eles fun-daram o Ginásio Simões Filho, cujonome era em homenagem ao entãoMinistro da Educação, ErnestoSimões Filho, que doou ao Ginásiotodo o material escolar, quadro ne-gro, carteiras etc... Depois, meu pai etio Gerson fundaram a Escola Normalde Maragogipe.

Cortando um pouco: como é quevocê descobre o jornalismo?

Cid – Quando terminei o ginásio,vim pra Salvador fazer o clássico – lá

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só havia o curso pedagógico, isto é, aEscola Normal – me matriculei noColégio Estadual da Bahia, o Central,e perdi o ano. Aqui, claro, me vi livreda tutela materna. Minha mãe erauma figura muito forte, obrigava agente a estudar, tinha de ser bom alu-no. Então, sofria uma pressão dana-da. Como era muito curioso, quandocriança, acho que vale à pena contaro episódio, porque isso me deu certafama na cidade. Quando Pedro Calmonfoi candidato ao Governo da Bahia,penso que em 1954, eu enfeitava meucarrinho de pedalar com propagandase saía correndo pela rua, repetindoaquelas propagandas de Pedro Calmone do meu pai, que era candidato a ve-reador. No dia em que Pedro Calmonchegou à cidade, tentei fazer um dis-curso. No meio do comício, falei comminha mãe, anunciei meu desejo, ode discursar. Ela, pra se livrar de mim,disse: “Fale com seu pai”. Aí, subi nocoreto, e quando disse a meu pai quequeria discursar, ele, também pra se

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livrar de mim, disse: “Fale com Dr.Pedro Calmon”. Pedro Calmon já iainiciar o discurso quando puxei o pa-letó dele e falei: “Dr. Pedro, quero fa-zer um discurso”. Ele conta isso numlivro de memórias. Tomado de surpre-sa, ele me carregou, me colocou nopalanque e eu falei. Repeti as mes-mas coisas que dizia no microfone debrinquedo do carrinho, e outras coi-sas que ouvia dos adultos. Assim, ga-nhei fama na cidade de menino inte-ligente, que fazia até discurso em co-mício de gente grande. Então, todomundo passou a cobrar uma maturi-dade que, evidentemente, eu não ti-nha. E essa cobrança era feita em todocanto, em casa, na escola, aonde euia. No curso de ginásio, minha mãeera muito severa comigo. Foi a pro-fessora mais severa que eu tive. Fuireprovado por ela em matemática emdois anos letivos, precisando fazercurso de recuperação durante as féri-as. Então, quando vim para Salvador,me vi livre de tudo isso. Ninguém me

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cobrava nada, eu não estudava, perdio ano; fiz tudo que tinha direito, en-fim. Pra você ter uma ideia, fiz o Clás-sico em cinco anos, ao invés de três.E saí do Central sem estar preparadopra fazer o vestibular. Eu queria fa-zer Letras, que era um curso muitosério, pois preparava bons professo-res. Mas o vestibular de Letras, na-quela ocasião, exigia que o candidatotivesse noções razoáveis de Latim eque se falasse uma língua estrangei-ra, coisas que eu não era capaz. Maspassei em outros vestibulares, comodireito e jornalismo, cursos que aban-donei. Eu queria fazer Letras, mas sóconsegui anos mais tarde, quando osgovernos já tinham avacalhado a fun-ção do professor.

Antes disso, resolvi trabalhar, co-meçando pelo rádio. Em Maragogipe,meu pai e tio Gerson tinham um ser-viço de alto-falante, então eu ganheicerto traquejo com o microfone. Acha-va bonito ser locutor; lá, tinha pro-gramas de auditório com aquelas atra-

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ções todas. Em Salvador, procureiNilton Spínola Cardoso, que ia sem-pre a Maragogipe, e apresentava umprograma no serviço de alto-falante;ele, Gastão do Rego Monteiro e ou-tros ases da radiofonia baiana. Pro-curei-o, então, para lhe pedir umavaga de locutor na Rádio Cultura daBahia onde ele comandava o famosoprograma “Na polícia e nas ruas”.Niklton tinha muita influência naemissora, mas minha voz ainda esta-va no período de transição, e aindanão dava para falar grosso e com posede locutor. Ele sugeriu que eu atuas-se como repórter no noticiário geral,onde, logo depois, passei a redator.Mas nunca apareceu a sonhadachance de eu trabalhar como locutorde rádio, que era o ideal de adoles-cente do interior. Suprema ambiçãodo menino do mato que morou emmim.

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Na segunda metade dos anos 60,talvez mais para o fim, tipo 1967/69, você descobre o jornalismoescrito, não é?

Cid – Quando fui morar na Pituba– isto quando meus pais vieram mo-rar em Salvador –, conheci o Dr. Pau-lo Nacife, que era diretor-gerente dosDiários Associados. Esse conhecimen-to veio através de um jornal de bair-ro que nós fazíamos, O Xixi. O outrojornal de bairro, lá na Pituba mesmo,era o de Renato Riela, O Arrastão. Onosso, a julgar pelo próprio título, era

MEU SONHO DERAPAZ DO INTERIORERA SER LOCUTOR

DE RÁDIO

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mais de molecagem. O de Riela erasério, intelectualizado, na medida emque isso era possível numa produçãojornalística de amadores e adolescen-tes. Então, por causa do meudespudorado Xixi, Dr. Paulo Nacifeconheceu a gente, o grupo que fazia ojornal. Ele me perguntou se eu tinhainteresse em fazer jornalismo, eu dis-se que tinha e fui ser foca no Diáriode Noticias. Aliás, me enganei. Eudisse a ele que não queria, não! Eleperguntou se eu queria ser foca noDN. A palavra “foca” não me agradou.Eu não queria virar bicho, queria serjornalista. Aí, continuei na Rádio. De-pois, como estava trabalhando comoredator, senti que estava na hora deexperimentar o texto de jornal. En-tão, voltei a Dr. Paulo e disse que que-ria focar no DN. O chefe de reporta-gem era Antônio Lins, com quemaprendi muita coisa. Ele foi minhamelhor escola de jornalismo e a demuita gente, também, como Béu Ma-chado, Renato Riela e outros mais.

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Me lembro que lá, no Diário denotícias, quando Renato Riela erao editor, você escreveu uma colu-na de notas policiais em lingua-gem de cordel. Como foi essa ex-periência?

Cid – Nessa época, não sei se o edi-tor era Riela ou Nelson Cerqueira, euera copydesk. Como eu reescrevia apágina de polícia e chegavam algumasnotícias truncadas, ou apenas comquatro ou cinco linhas de informa-ção, achei que poderia aproveitaraquele material em uma coluna. Deinício, me limitava a registrar essasinformações em tópicos. Depois, pen-sei o seguinte: se pegasse aquele ma-terial e trabalhasse em cima dele,usando a imaginação, inclusive emnível ficcional, teria melhor resulta-do. Aí, criei a coluna “Saco de Gatos”,que assinava com o pseudônimo deKaveira. Na verdade, era para ser K.Vieira. Porque eu assinava assim: K.Vieira. Era para ser Vieira, mas saiua primeira vez Veira, e resolvi não

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incluir o “i” que a composição engo-liu. O repórter Dominginhos era quemtrazia as noticias. Então, a gente tra-balhava em cima da ocorrência e usa-va títulos que seriam risíveis no jor-nalismo objetivo. Lembro de um des-ses títulos malamanhados que eu gos-tava de diagramar em letras garrafais:“Por sonhar com o amor de uma lin-da jumenta, jegue, indefeso, tomba es-faqueado”.

Vamos pular para outro assun-to: e a televisão?

Cid – Fui fazer televisão casualmen-te, quando já tinha perdido a espe-rança de ser locutor de rádio. Eu es-crevia no jornal Estado da Bahia,que também era um órgão dos Diári-os e Emissoras Associados, uma colu-na de artes, sob o título de “Bahia ar-tística”, substituindo Jorge Lindsay.Nesta época, Flávio Cavalcanti assi-nou um contrato com a TV Itapoanpara apresentar a edição baiana de AGrande Chance, o programa que apre-

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sentava pela Rede Tupy. Aqui o títuloera A Caminho da Grande Chance. Ojúri era formado por críticos de artesou pessoas vinculadas com a ativida-de artística, como Carlos Coqueijo,Alcivando Luz, Ildásio Tavares e ou-tros. O DN indicou seu cronista soci-al, Sylvio Lamenha, que era uma gran-de pessoa, dotada de instigante baga-gem intelectual. O Estado da Bahianão tinha ninguém para representá-lo. Às vésperas de se indicar alguém,Dr. Odorico Tavares, o diretor da em-presa, cobrou do editor do Estado daBahia, Heitor Castro, a indicação deseu representante. Enquanto não searranjava um nome definitivo e a al-tura do jornal, sugeriram que eu fos-se. Eu nem sabia que ia estrear na tv,quando um funcionário da empresa,Linotipo – esse era o apelido dele –,apareceu lá em casa, no BoulevardSuíço, com a recomendação de que euestivesse à noite, de paletó e gravata,na TV Itapoan, para participar de um

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programa. E repetiu que era ordemde Dr. Odorico. E lá fui eu.

O certo é que você ficou sendo otitular, não é?

Cid – Entrei no júri sabendo queteria uma atuação provisória, logoseria substituído. Estava lá como se otitular estivesse impossibilitado decomparecer. Aconteceu que minhaprimeira apresentação agradou. Eagradou porque era um menino dointerior, assustado, tímido, com umjeitão de garoto de 18 ou 20 anos. Issodespertou uma certa simpatia do pú-blico.

Você passou a ser conhecidocomo o Cidinho das Meninas...

Cid – Exato. Então, em função dasimpatia causada, a direção da Itapoanresolveu me manter no júri. O cachêsemanal não era de se jogar fora, achoque era superior ao salário mensal dojornal. Então, Domitila Garrido resol-veu produzir, aos sábados à tarde, oPoder Jovem e fui indicado como

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apresentador, ao lado de Sônia Dias.Era programa de auditório, ao vivo,com a música jovem. E aí, quanto amim, foi um fracasso. Porque não es-tava na minha. Em A Caminho daGrande Chance, eu me saía razoavel-mente porque se discutia música po-pular brasileira, que era uma coisaque estava nas minhas preocupações,estava na minha faixa de interesse,eu já produzia shows, fazia letra demúsicas. Quer dizer, música brasilei-ra era uma coisa que eu vivia, era aforma que encontrei. No Poder Jo-vem, que se voltava para a música daJovem Guarda, me senti deslocado,porque não tinha a menor atraçãopela música de pauleira, rock com ró-tulo de twist e essas coisas mais.Sônia Dias, ao contrário, integrava-se no espírito do programa. Eu não.Me sentia perdido ali dentro. Ouvin-te dos sambas de Chico Buarque, nãoera ouvinte de Raul Seixas, ex-colegado Colégio Central, que as pessoaspensavam que era meu irmão mais

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velho, nem das dissonantes distorçõesda guitarra.

E porque continuava?Cid – Aí é que está. A essa altura,

eu já tinha deixado o jornal. Assineium contrato de exclusividade com atelevisão, pelo qual ganhava bem.Comprei meu primeiro carro, era umGordini. De repente, o menino semeira nem beira, para usar a sua co-nhecida expressão, se viu com dinhei-ro na mão, podia frequentar a noite.Por ocasião de um festival, não sei sefoi o Nordestino da Canção ou outroqualquer, coloquei a letra numa mú-sica do maestro Carlos Lacerda, quedizia mais ou menos assim: “Meu car-ro, correndo asfalto,/ me torna ima-gem da televisão./ Assim, fingindo des-cuido,/ um pé de esperança/ esquecide plantar”. E por aí iam as coisas.Era uma música que falava de amor,de lirismo e, ao mesmo tempo, de sertornado imagem massificada da tele-visão. Então, fazia o programa de má

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vontade. Chegava lá não lia o script,não me empenhava. Houve o desgas-te, o programa foi caindo até que saiudo ar.

Quando o Grupo Função foi fun-dado?

Cid – Creio que foi por volta de1968. A ambição era montar espetá-culos de teatro. A gente não chegou amontar nenhuma peça, por falta depreparo de produção. No entanto, oGrupo Função montou vários espetá-culos, através dos quais estrearamvários nomes hoje conhecidos, comoEdil Pacheco, Ederaldo Gentil, MoraesMoreira, além de apresentar nomesjá confirmados pelo gosto popular,como Batatinha, Tião Motorista, Pa-nela. Quer dizer, o objetivo era pro-duzir bons espetáculos, que tivessemuma boa iluminação, um bom cená-rio, ou seja, que o compositor ou ocantor não se limitasse a pegar o mi-crofone e cantar, mas criar um clima,um ambiente agradável. Então, o Gru-

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po Função trabalhava junto, faziamúsica junto. Batatinha, que, até en-tão, só tivera um parceiro, Jota Luna,passou a fazer música comigo, comEdil Pacheco, com Ederaldo Gentil –todo mundo ia trabalhando entre si.Um dia, Moraes Moreira me olhouconstrangido e disse que o Grupo Fun-ção era meio devagar para o que elepretendia, ele queria uma coisa maisembalada e também mais voltada paraa cor local. E olhe que no Grupo, alémde sambistas tradicionais, de canto-res modernos como Celeste e Tereza,havia um conjunto de iê-iê-iê, osEcléticos, mas ele queria coisa maisarrojada e que, ao mesmo tempo, tra-balhasse em cima de temas baianos.Pouco tempo depois ele se apresenta-va com o grupo que seria a base dosNovos Baianos, uma espécie de pro-longamento da revolução da geraçãode Gil, Caetano, Tom Zé, Betânia e Gal.Com a saída de Moraes, de Tereza e deCeleste, que se ligaram a AlcivandoLuz, o Grupo Função foi, aos poucos,

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se desfazendo. Mas cumpriu seu pa-pel: realizamos alguns espetáculos,dois especiais para a televisão, enfim,marcou com vigor um momento decalmaria na nossa música. Era horade cada um seguir seu caminho, ca-minhar com as próprias pernas.

Com o fim do Grupo Função,você experimenta o teatro, nãomais como diretor ou produtor,mas como ator. Como foi esse cha-mado da vocação?

Cid – Fui convidado por SóstratesGentil que, com Lena Franca, dirigiao Teatro de Máscaras – Grupo Tema –para fazer teatro com ele. Como eutinha feito sucesso na televisão, eleachava que também podia fazer suces-so no teatro ou, pelo menos, puxarpúblico. Sóstrates acreditava muitonisso. Me lembro que ele usou umavez, numa peça de teatro, o juiz defutebol Garibaldo Mattos como ator,num texto de Florisvaldo Mattos. Erauma estratégia. Pouco depois, foi a

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minha vez de ser deslocado de umaárea para outra, também por iniciati-va de Sóstrates Gentil. Fui fazer OHomem do Princípio ao Fim, deMillôr Fernandes, dirigida por Gen-til. Foi, inclusive, uma peça queMillôr malhou muito. Porque a pro-posta dele, enquanto autor, não era aproposta de Sóstrates Gentil. Na cri-ação do mundo, Sóstrates me disseque queria um Adão viado. O primei-ro homem tem que ser uma bicha. QueSóstrates queria criar uma coisa real-mente provocativa. Na apresentaçãoda realidade brasileira, Sóstrates pre-tendeu retratar Getúlio mais para oridículo. Então, por causa dessa in-tenção, quando eu fazia a leitura daCarta-Testamento, aquela que fala nasforças e nos interesses contra o povo,a coisa beirava o ridículo. Era um es-petáculo demolidor. Isso provocoumuita reação. A ideia de Sóstrates erainteressante. Não sei se foi bem exe-cutada. Me parece que Sóstrates, comodiretor, nem sempre conseguia exe-

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cutar os projetos que tinha na cabe-ça. Ele tinha certa formação filosófi-ca, pensava alto, mas não realizava nopalco o que botava no papel. Antes,eu tinha feito teatro infantil comCarlos Petrovick. Em matéria de tea-tro adulto, como ator, parei nessa ex-periência.

De sua produção como composi-tor, qual a fase que você destaca-ria como a mais significativa?

Cid – Tive vários momentos. ComBatatinha, com Carlos Lacerda, comEdil Pacheco, Ederaldo Gentil, TiãoMotorista e outros. Mas consideroque a minha melhor fase foi quandome aproximei de uma das figuras daminha admiração, Fernando Lona,pioneiro da moderna vertente nordes-tina da música brasileira. O cinemanovo teve como trilha sonora muitasdas suas composições. Desderapazinho eu era admirador do tra-balho de Lona, com quem, mais tar-de, viria a fazer composições como

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“Cidadão do Mundo” e “Estandarte deCouro, Brasões”. A proposta da genteera retomar aquilo que ArianoSuassuna e outros fizeram muito bemem Pernambuco, através do Movimen-to Armorial: fazer uma música de basetelúrica, voltada para a terra, e quetivesse uma expressão semierudita. Eaí, a partir dessa vertente musical, agente pensou em fazer um espetácu-lo, sob o título “Estandarte de Couro,Brasões”, que teria suporte na massade instrumentos da Orquestra Sinfô-nica da Universidade Federal daBahia, sob a direção musical do ma-estro Lindembergue Cardoso, que che-gou a escrever as partituras. Íamostrabalhar com Orquestra, Coral – deonde um dos cantores era Carlos Pita,hoje um dos excelentes nomes daMPB; ele era o solista do Coral. Poressa ocasião, Pita conheceu FernandoLona. Então, “Estandarte de Couro,Brasões” reunia músicas de Lona fei-tas em parceria com Pita, comigo ecom Vandré. Mas aí o espetáculo

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pifou, porque, ao contrário do quehavia prometido, a Fundação Cultu-ral não topou financiá-lo. Essa é umahomenagem que a cultura baianadeve a Fernando Lona. Antes de Cae-tano e Gil descobrirem o filão do Nor-deste, Lona já tinha feito essa desco-berta. Foi o pioneiro, injustamenteesquecido. Morreu injustiçado. Coma morte de Fernando Lona, encerreiminha carreira de compositor.

Dá pra lembrar sua experiênciaem festivais universitários?

Cid – João Alfredo Quadros eRoberto Koch, que dirigiam o Serviçode Recreação e Esporte, resolveramcriar um Festival Universitário deMúsica Popular. O primeiro, acho, foiproduzido por Roberto Santana, estepioneiro em muita coisa boa. Daí emdiante, assumi a produção dos festi-vais que se seguiram. Na mesma épo-ca, com Carlos Nápoli, dirigi espetá-culos de música popular. Foi CarlosNápoli quem me levou pra trabalhar

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na área universitária com promoções;ele fazia a produção, eu, a direção.Nápoli conseguiu, na UFBA., uma ver-ba para shows sobre compositoresbaianos e me chamou para fazer a pes-quisa musical e dirigir o espetáculo.Resolvemos levar a obra de Assis Va-lente e Humberto Porto e apresentaro show na Reitoria. Na época, só seabria o salão nobre da Reitoria paraconcertos sinfônicos. Com o espetá-culo sobre Assis Valente e HumbertoPorto conseguimos quebrar o tabu.Fora da televisão e de jornal, era as-sim que eu me virava, ia ganhandoalgum dinheiro que me garantia asobrevivência.

Sua passagem pelo Teatro Cas-tro Alves, enquanto diretor, foimeio tumultuada, não?

Cid – Quando fui convidado paraassumir a direção do Castro Alves, noGoverno do ex-reitor Roberto Santos,quando o professor Carlos Sant’Anna,da Faculdade de Medicina, era secre-

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tário da Educação e Cultura, fiqueiinseguro para aceitar o convite. De-pois, como eu tinha toda essa vivênciacom espetáculos, resolvi encarar odesafio com entusiasmo, para desen-volver uma outra proposta de traba-lho. Minha ideia era popularizar oTCA, colocá-lo a serviço da produçãocultural baiana, abrir espaço para amúsica e para o teatro local. Até en-tão, o Castro Alves era conhecidocomo uma espécie de “elefante bran-co”, destinado apenas a balé, ópera eoutros eventos raros. Quando assu-mi sua direção, para você ter umaideia, lá só se entrava de paletó e gra-vata. Caetano e Gil, que eram nomesinternacionais, não conseguiam pau-ta com facilidade. Lugar de música po-pular era a Concha Acústica, para não“conspurcar as alcatifas do TCA”, con-forme um grã-fino escreveu no jor-nal. Muita gente teve que ir ao dicio-nário para saber o que bichão queriadizer. Então, fiz aquela abertura, opessoal passou a entrar de camiseta,

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os grupos de capoeira passaram a seapresentar no palco do monstro sa-grado, enfim o Castro Alves se inse-ria na vida da cidade. Tornou-se umespaço de livre circulação de gestos eideias. Num show de Rita Lee, a polí-cia tentou prender meio mundo degente que usava droga, ou que sim-plesmente assistia ao desbunde, naentrada do teatro. Entre aqueles queestavam na mira dos soldados, lem-bro de João Ubaldo Ribeiro, entãoeditor-geral da Tribuna da Bahia.Tive que fazer pose de autoridade eintervir junto aos carrancudos poli-ciais, usando a prerrogativa de gestorde um órgão do Estado.

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DA CONVENÇÃOÀ TRANSGRESSÃO

Como começaram suas diver-gências com o diretor da Funda-ção Cultural?

Cid – Assim que assumiu o cargo, onovo diretor da Fundação, à qual oTeatro estava ligado, me chamou parauma conversa. Eu havia sido nomea-do, no início do governo Roberto San-tos, pelo secretário de Educação,Carlos Sant’Anna. Primeiro, esse di-retor foi ao secretário e exigiu minhademissão. Não conseguiu. Foi ao go-vernador Roberto Santos e tambémnão conseguiu. Quer dizer, meu nomelhe foi imposto. Então, ele me convo-cou para uma reunião. Logo de início

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disse que quem comandava o Teatroera ele. Retruquei que não era bemassim. Até porque o diretor do Teatroera eu e não ele. Então, ficou aqueleclima carregado, pesado.

E sua demissão, como é que foi?Cid – Na verdade, ele só tomou a

iniciativa de me demitir no momen-to em que o governador Roberto San-tos recomendou que ele apresentas-se seu pedido de demissão da Funda-ção Cultural do Estado. Aí, antes deentregar a carta, e aproveitando a au-sência do governador e do secretáriode Educação, me demitiu, sob acusa-ção de que eu havia praticado “desviode receita”. Ao que, pelo Jornal doBrasil e por A Tarde, deu ampla di-vulgação, mesmo sabendo que não eraverdade. O governador Roberto San-tos, ao retornar, divulgou nota escla-recendo não ter havido qualquer ir-regularidade administrativa, mas di-vergências entre os dois diretores emlitígio.

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Vamos trocar esse samba-enre-do em miúdos?

Cid – A história é a seguinte: umano antes de minha demissão houveum espetáculo no Castro Alves, “OsDoces Bárbaros”, com Caetano, Gil,Gal e Bethânia, ao qual dispensei opagamento da taxa destinada ao TCA.É que os empresários reservaram umaparte da renda para o Natal dos fun-cionários da Secretaria da Educação.Não pense que era um precedente.Era uma prática comum. Havia umaportaria que conferia ao diretor doTCA esse direito, o de arbitrar ou dis-pensar o pagamento da taxa, sempreque julgasse necessário. Eu já havialiberado para mais de 100 espetácu-los, entre eles A Morte e a morte deQuincas Berro D’Água, de JoãoAugusto, baseado na obra de JorgeAmado. Apurados os fatos, o Tribu-nal de Contas do Estado, a propósitode recurso impetrado, sentenciou quenão houve deslize algum e que eu,como diretor do Teatro Castro Alves,

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tinha competência – o que significadizer: amparo legal – para fazer o quefoi feito. Portanto, tudo não passoude uma campanha, de natureza pes-soal, para atingir um desafeto. Com adecisão do Tribunal de Contas acabouo samba-enredo.

Vamos falar agora da entrevis-ta. Como pintou o Espelho de Nar-ciso?

Cid – Minha ideia inicial, quandoelaborei o projeto para minha disser-tação de Mestrado, era trabalhar comtextos cordel, uma coisa com a qualtinha muita afinidade. Depois, perce-bi que, estudando o cordel, poderiaestar fugindo do objeto do curso. En-tendi que tinha de trabalhar no âm-bito da linguística. Assim propus umestudo da língua, que era uma manei-ra de enfrentar o desafio: compreen-der o instrumento de trabalho do es-critor. Planejei uma coisa muito au-daciosa, passando pela história da lin-guagem humana à filosofia da lingua-

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gem. Procurei, em função desse pro-jeto, estudar a linguagem desde osgregos, Platão etc. até a atualidade.Claro que de um modo genérico. Es-tudei alguma coisa da Antiguidade,pouquíssima da Idade Média, indo àRenascença, ao Romantismo e outrasescolas, pinçando os autores mais re-presentativos de cada fase. E não meprendi apenas à linguística, ao estru-turalismo. Procurei adotar uma pos-tura, digamos, assim, filosófica. Pro-curei mostrar que linguagem e cultu-ra são coisas que se intercalam, queestão associadas. Quer dizer, procureicompreender o ser humano enquan-to ser falante, enquanto ser que temo domínio da faculdade da linguagem.

E por que o Espelho de Narci-so?

Cid – O título não veio racional-mente. Na verdade, o título acadêmi-co do trabalho é Linguagem, Culturae Ideologia no Idealismo e no Mar-xismo. Discuto essas relações com

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duas correntes filosóficas, o idealis-mo, que vem desde Platão, e o Mar-xismo, compreendendo Marx eEngels, além dos seus seguidores.Então, surgiu o nome Espelho de Nar-ciso, que achei sugestivo. Assim per-cebi que a linguagem é um espelho, eque nós atuamos como uma espéciede Narciso, nos miramos na suaesplendente expressão. O homem sevê refletido na linguagem que fala.Quer dizer, encontrei um título quetambém tem relação com a psicanáli-se, e essa pesquisa continuou na mi-nha tese de doutoramento, O Espaçode Transgressão, em que se quer dis-cutir a diferença entre o espaço dacultura e a força de rompimento quea literatura representa dentro domesmo universo social. Isso porqueo artista ultapassa a margem do espa-ço estabelecido pelo contrato social.Veja a associação que há entre a lou-cura e a literatura. O louco investecontra o espaço de convenção e tentadescobrir o que há fora desse espaço.

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O artista também faz isso, buscandoa lógica para além do logos.

Qual a diferença entre o escri-tor e o louco?

Cid – A diferença fundamental éque a investida do louco é inconsci-ente, enquanto a investida do escri-tor é precedida pela consciência. O es-critor monta na sua loucura, cavalgaas suas dificuldades, e tange as suasdeficiências. A consciência da arte étão forte que ele consegue captar es-sas experiências e levá-las para o es-paço da cultura. Quer dizer, o artistarompe com a cultura, mas retorna eseduz a cultura. Porque ele traz a ex-periência lá de fora para enriquecerainda mais o espaço social. Como háuma ligação entre a loucura e a arte,tive de estudar um pouco de psicaná-lise para entender melhor esses me-canismos humanos sociais.

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OBRAS DO AUTOR

POESIA

Temporário; poesia. Salvador, Cimape,1970 (Coleção Autores Baianos, 3).

Paralelo entre homem e rio: Fluviário;poesia. Salvador, Imprensa Oficial daBahia, 1972.

O signo selvagem; metapoema. Salvador,Margem / Departamento de AssuntosCulturais da Secretaria Municipal deEducação e Cultura, 1978.

Fonte das pedras; poesia. Rio de Janeiro,Civilização Brasileira; Brasília, Institu-to Nacional do Livro, 1979.

Fragmentos do diário de naufrágio; poe-sia. Salvador, Oficina do Livro, 1992.

O espelho infiel; poesia. Rio de Janeiro,Diadorim, 1996.

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ENSAIO E CRÍTICA

O espelho de Narciso. Livro I: Linguagem,cultura e ideologia no idealismo e nomarxismo; ensaio. Rio de Janeiro, Ci-vilização Brasileira; Brasília, InstitutoNacional do Livro, 1981.

A poética pessoana: uma prática sem teo-ria; ensaio. Salvador, CEDAP; Centro deEditoração e Apoio à Pesquisa, 1992.

Godofredo Filho, irmão poesia; ensaio.Salvador, Oficina do Livro, 1992.

Poetas, meninos e malucos; ensaios. Sal-vador, Universidade Federal da Bahia,1993. (Cadernos Literatura & Lin-guística, 1.)

Jorge Amado: Da guerra dos santos à de-molição do eurocentrismo; ensaio crí-tico. Salvador, CEDAP, 1993.

Literatura e intertextualidade; ensaio.Salvador, CEDAP, 1994.

Herberto Sales. Ensaios sobre o escritor.Salvador, Oficina do Livro, 1995.

O viajante de papel. Perspectiva crítica daliteratura portuguesa. Salvador, Ofici-na do Livro, 1996.

Triste Bahia, oh! quão dessemelhante.Notas sobre a literatura na Bahia. Sal-vador, Egba; Secretaria da Cultura,1996.

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O lugar da linguagem na teoria freudiana;ensaio. Salvador, Fundação Casa deJorge Amado, 1997. (Col. Casa de Pa-lavras)

O silêncio do Orfeu Rebelde e outros es-critos sobre Miguel Torga; ensaios. Sal-vador, Oficina do Livro, 1999.

O trovadorismo galaico-português; ensaiocrítico e antologia. Feira de Santana,UEFS, 2000.

Três temas dos anos trinta; textos de crí-tica literária. Feira de Santana, UEFS,2003. (Cadernos de sala de aula, 1)

Os riscos da cabra-cega. Recortes de críti-ca ligeira. Org., intr. e notas RubensAlves Pereira e Elvya Ribeiro Pereira.Feira de Santana, UEFS, 2003. (Col.Literatura e diversidade Cultural, 10)

Desatino romântico e consciência crítica.Uma leitura de Amor de Perdição, deCamilo Castelo Branco. 2a ed. Salvador,Rio do Engenho, 2016.

Da invenção à literatura. Ensaios de filo-sofia da linguagem. Salvador, Rio doEngenho, 2017.

NO EXTERIOR

The savage sign / O signo selvagem; poe-sia; trad. Hugh Fox. Lansing, Ghost

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Dance, 1983. (Edição bilingue norte-americana.)

E-BOOKS

Desatino romântico e consciência crítica.Uma leitura de Amor de Perdição, deCamilo Castelo Branco. Copenhagen,Issuu, E-Book.Br, 2014. Disponibilizadoem <https://issuu.com/e-book.br/docs/camilo>

O silêncio do Orfeu Rebelde e outros es-critos sobre Miguel Torga , 2 ed.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2015.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/torga>

Literatura e intertextualidade. Cope-nhagen, Issuu, E-Book.Br, 2015. Dis-po-nibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/intertextualidade>

Noventa anos do modernismo na Feira deSantana de Godofredo Filho. Copenha-gen, Issuu, E-Book.Br, 2015. Disponi-bilizado em <https: //issuu. com/e-book.br/docs/godofredofilho>

Os riscos da cabra-cega. Recortes de críti-ca ligeira. 2 ed., Copenhagen, Issuu,E-Book.Br, 2015. Disponibilizado em<https://issuu.com/cidseixas1/docs/ca-bra cega>

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| G U I D O G U E R R A |

Da invenção à literatura. Textos de filoso-fia da linguagem. Copenhagen, Issuu,E-Book.Br, 2015. Disponibilizado em<https: //issuu.com/e-book.br/docs/invencao>

Orpheu em Pessoa. Org. Cid Seixas eAdriano Eysen. Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2015. Disponibilizado em<https: //issuu.com/e-book.br/docs/orpheu>

Do inconsciente à linguagem. Uma teoriada linguagem na descoberta de Freud.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em https://issuu.com/e-book.br/docs/inconsciente

A Literatura na Bahia. Livro 1: Tradição eModernidade. Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016. Disponibilizado em<https: //issuu.com/e-book.br/docs/tradicaomodernidade>

1928: Modernismo e Maturidade. Livro 2de A Literatura na Bahia. Copenhagen,Issuu, E-Book.Br, 2016. Disponibiliza-do em <https://issuu.com/e-book.br/docs/1928>

Três Temas dos Anos 30. Livro 3 de A Li-teratura na Bahia. Copenhagen, Issuu,E-Book.Br, 2016. Disponibilizado em<https: //issuu.com/e-book.br/docs/anos30>

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| UM DIÁLOGO COM CID SEIXAS |

Final do século XX. Livro 4 de A Literatu-ra na Bahia. Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016. Disponibilizado em<https: //issuu.com/e-book.br/docs/seculo20>

A essência ideológica da linguagem. LivroI de: Linguagem, cultura e ideologia.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/linguagem1>

Linguagem e conhecimento. Livro II de:Linguagem, cultura e ideologia. Cope-nhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016. Dis-po-nibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/linguagem2>

Sob o signo do estruturalismo. Livro IIIde: Linguagem, cultura e ideologia.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/linguagem3>

O contrato social da linguagem. Livro IVde: Linguagem, cultura e ideologia.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/linguagem4>

A Linguagem: do idealismo ao marxismo.Livro V de: Linguagem, cultura e ideo-logia. Copenhagen, Issuu, E-Book.Br,2016. Disponibilizado em <https: //issuu.com/e-book.br/docs/linguagem5>

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| G U I D O G U E R R A |

Stravinsky: uma poética dos sentidos. Oua música como linguagem das emoções.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/stravinsky>

Castro Alves e o reino de eros. Cope-nhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu. com/e-book.br/docs/eros>

Espaço de convenção e espaço de trans-gressão. Livro I de O real em Pessoa.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/1.espaco>

A construção do real como papel da cul-tura. Livro II de O real em Pessoa.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/2.construcao>

A poesia como metáfora do conhecimen-to. Livro III de O real em Pessoa.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/3.poesia>

O signo poético, ficção e realidade. LivroIV de Conhecer Pessoa. Copenhagen,Issuu, E-Book.Br, 2017. Disponibilizadoem <https://issuu.com/e-book.br/docs/4.signo>

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| UM DIÁLOGO COM CID SEIXAS |

Do sentido linear à constelação de senti-dos. Livro V de Conhecer Pessoa.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2017.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/5.sentido>

O Eco da interdição ou O signo arisco. Li-vro VI de Conhecer Pessoa. Copenha-gen, Issuu, E-Book.Br, 2017. Disponibi-lizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/6.eco>

A poética pessoana: uma prática sem teo-ria. Livro VII de Conhecer Pessoa.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/7.poetica>

O desatino e a lucidez da criação em Pes-soa. Livro VIII de Conhecer Pessoa.Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/8.desatino>

Uma utopia em Pessoa: Caeiro e o lugarde fora da cultura. Livro IX de Conhe-cer Pessoa. Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2016. Disponibilizado em<https: //issuu.com/e-book.br/docs/9.caeiro>

Jorge Amado: Da guerra dos santos à de-molição do eurocentrismo. Copenha-gen, Issuu, E-Book.Br, 2017. Disponibi-lizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/amado>

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PARTICIPAÇÃO /ORGANIZAÇÃO

CUNHA, Carlos; SEIXAS, Cid. (Org.).Breve romanceiro do natal; antologiapoética. Salvador, Beneditina, 1972.(Coautoria)

CUNHA, Carlos; SEIXAS, Cid. (Org.). Setecantares de amigo; antologia poética.Salvador, Arpoador; Fundação Culturaldo Estado da Bahia, 1975. (Coautoria)

CUNHA, Carlos; SEIXAS, Cid. (Org.). Lirade bolso; poesia. Salvador, Arpoador/Fundação Cultural do Estado da Bahia,1975. (Coautoria)

VV. AA.: Antologia de Poetas da Bahia emAlfabeto Braille; poesia. Salvador, Fun-dação Cultural do Estado da Bahia,1976. (Coautoria)

TAVARES, Luis Henrique Dias etalii: Jorge Amado. Ensaios sobre o es-critor. Salvador, Universidade Federalda Bahia, 1983. (Participação com opoema “Bahia de Todos os Santos”, di-alogando com a obra amadiana.)

TORGA, Miguel: Novos contos da monta-nha. Rio de Janeiro, Nova Fronteira,1996. (“Apresentação à edição brasilei-ra”, p. 1-8.)

GUERRA, Guido: Vila Nova da RainhaDoida; contos. Rio de Janeiro, Record,

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| UM DIÁLOGO COM CID SEIXAS |

1998. (“Os contos de Guido Guerra”,abas 1-2.)

DAMULAKIS, Gerana: O rio e a ponte;à margem de leituras escolhidas.Salvador, Secretaria da Cultura e Turis-mo, 1999. (“A obra e o leitor: uma pon-te necessária”, abas 1 -2.)

TORGA, Miguel: Contos da montanha. Riode Janeiro, Nova Fronteira, 1999. (Ar-tigo: “Os Sonhos do Sujeito e sua Cons-trução Social”, p. 1-10.)

BRASIL, Assis: A Poesia Baiana no Sécu-lo XX. Antologia. Rio de Janeiro,Imago, 1999. (Participação com doispoemas: “Pasto das águas” e “Tebasrevisitada: Cidade da Bahia”, p. 213-215.)

CASTRO, Renato Berbert de. As candida-turas de Almachio Diniz e WanderleyPinho à Academia Brasileira. Salvador,Academia de Letras da Bahia;Assembleia Legislativa, 1999. (Artigo:“Renato Berbert de Castro: o viajantede papel”, p. 7-12.)

AZEVEDO et alii. Um grapiúna no paísdo Carnaval. Org. e revisão VeraRollemberg. Salvador, Fundação Casade Jorge Amado; Edufba, 2000. (Arti-go: “O sumiço da santa: Um painel co-lorido da cultura mestiça”, p. 333-340.)

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| G U I D O G U E R R A |

BRASILEIRO, Antonio. A estética da sin-ceridade & outros ensaios. Feira deSantana, UEFS, 2000. (“Estética brasi-leira e identidade pessoal”, abas 1-2.)

GUERRA, Emília Leitão: Poemas escolhi-dos.  Salvador, Edições Cidade da Bahia,2000. (“A poesia ‘familiar’ de EmíliaLeitão Guerra”, p. 7- 17.)

PEREYR, Roberval. A unidade primordi-al da lírica moderna. Feira de Santana,UEFS, 2000. (“Unidade do moderno edo contemporâneo”, abas 1-2.)

CUNHA, Carlos. A flauta onírica e novospoemas. Salvador, Edições Cidade daBahia; Fundação Gregório de Mattos,2001. (Artigo: “Do velho preciosismoao non sense pós-moderno”, p. 151-159.)

PÓLVORA, Hélio, org.  A Sosígenes, comafeto.  Salvador, Edições Cidade daBahia; Fundação Gregório de Mattos,2001. (Artigo: “Sosígenes Costa,epopeia cabocla do modernismo naBahia”, p. 75-84.)

RIBEIRO, Carlos, org. Com a Palavra oEscritor. Salvador, Casa de Palavras;Fundação Casa de Jorge Amado, 2002.(Artigo: “Com a palavra Guido Guer-ra”, p. 64-73.)

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| UM DIÁLOGO COM CID SEIXAS |

BARROS, José Carlos. (Org.). Bahia: Poe-tas e Poemas Contemporâneos. Salva-dor, Módulo, 2003. (Poemas escolhidos,p. 67-76.)

CANIATO, B. Justo; GUIMARÃES, Elisa,org. Linhas e entrelinhas: Homenagema Nelly Novaes Coelho. São Paulo: Edi-tora Casemiro, 2003. (Artigo: “Acade-mia dos Rebeldes: Revisitando umaproposta não esboçada”, p. 71-76.)

GUERRA, Guido. Auto-Retrato. Salva-dor, Fundação Gregório de Mattos,2003. (Artigo: “Auto-Retrato do Escri-tor Guido Guerra”, p. 285-291.)

MATTOS, Cyro; FONSECA, Aleilton, org. Otriunfo de Sosígenes Costa. Ilhéus,Editus, 2005. (Artigo: “Iararana, umdocumento dos anos 30”, p. 143-156.)

LEITE, Gildeci de Oliveira. (Org.).Vertentes culturais da literatura naBahia. Salvador, Quarteto, 2006. (Ar-tigo: “Jorge Amado e o canto épico damestiçagem”, p. 39-50. )

HOISEL, Evelina; RIBEIRO, M. de Fáti-ma. (Org.) Viagens: Vitorino Nemésioe intelectuais portugueses no Brasil.Salvador, UFBA, 2007. (Artigo: “HélioSimões e as relações luso-brasileiras”,p. 49-56.)

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| G U I D O G U E R R A |

GILFRANCISCO. (Org.). Musa capenga(obra esquecida de Edson Carneiro).Salvador, Fundação Cultural do Estadoda Bahia, 2007. (Artigo: “A poesia deÉdison Carneiro redescoberta porGilfrancisco”, p. 11-19.)

GUERRA, Guido. Imortal irreverência:depoimentos e entrevistas. Salvador,Ponte da Memória; AssembleiaLegislativa do Estado da Bahia, 2009.(Artigo: “Guido Guerra: do jornalismoà criação literária”, p. 15-22.)

GUERRA, Guido. Imortal irreverência:depoimentos e entrevistas. Salvador,Ponte da Memória; AssembleiaLegislativa do Estado da Bahia, 2009.(Depoimento: “A timidez escondida”, p.119-138.)

HOISEL, Evelina; LOPES, Cássia. Poesiae Memória: A poética de MyriamFraga. Salvador, Edufba, 2011. (Arti-go “Palavra de mulher, coisa fecunda”,p. 291-294.)

MATTOS, Cyro de. Berro de fogo e outrashistórias. Ilhéus, Editos, 2013. (Arti-go de introdução ao livro: “A força sel-vagem”, p. 9-12.)

SEIXAS, Cid; EYSEN, Adriano, org.Orpheu em Pessoa. Copenhagen, Issuu,E-Book.Br, 2015. Disponibilizado em

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| UM DIÁLOGO COM CID SEIXAS |

<https: //issuu.com/e-book.br/docs/orpheu> (Artigo: “Fernando Pessoa,centro constelar do grupo Orpheu”, p.161-180.)

EUCLIDES NETO. A última caçada; con-tos. Seleção, introdução e notas de CidSeixas. Copenhagen, Issuu, E-Book.Br,2017. Disponibilizado em <https: //issuu.com/euclides-neto/docs/1> (Arti-go: “O Contista Euclides Neto”, p. 9-12.)

EUCLIDES NETO. O advogado e o burroladrão; conto. Seleção, introdução enotas de Cid Seixas. Copenhagen,Issuu, E-Book.Br, 2017. Disponibilizadoem <https://issuu.com/euclides-neto/docs/2> (Artigo: “Uma Pequena Gran-de Obra”, p. 11-16.)

QUEIRÓS, Eça de. Singularidades de umarapariga loira; conto. Seleção, introdu-ção e notas de Cid Seixas. Copenhagen,Issuu, E-Book.Br, 2017. Disponibilizadoem <https://issuu.com/e-book.br/docs/singularidades> (Artigo: “Singularida-des de uma narrativa realista”, p. 8-13.)

MACHADO, Franklin. Feira não perdoaquem não aceita convenção. Um di-álogo com Guido Guerra. Seleção,introdução e notas de Cid Seixas.

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Copenhagen, Issuu, E-Book.Br, 2017.Disponibilizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/maxado> (Artigo: “Nostempos da Feira e dos feirenses de to-dos os tempos”, p. 8-13.)

GUERRA, Guido. A Timidez escondida.Um diálogo com Cid Seixas. Copenha-gen, Issuu, E-Book.Br, 2018. Disponibi-lizado em <https://issuu.com/e-book.br/docs/guido_cid> (Texto: “Um Diálogo”,p. 9-49.)

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| UM DIÁLOGO COM CID SEIXAS |

COLEÇÃO TEAL

A partir da atração exercida sobreartistas e arquitetos pela cor teal –cujo nome apareceu pela primeira vezem 1917 – foi criada esta coleção,com o fundo chapado na referida cor,para otimizar a leitura em tablets esmartfones.

Os e-books são diagramados no for-mato de 12 centímetros de largura,por 20 de altura, na fonte Amer TypeMd BT, corpo 13, cor branca, tornan-do a leitura visualmente cômoda.Novas experiências podem vir a rea-justar o projeto inicial da coleção paraaperfeiçoar os resultados obtidos.

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https://issuu.com/ebook.br/docs/guido_cidhttp://www.e-book.uefs.br

http://www.linguagens.ufba.br

Coleção TealVolume 4

Copyright 2018

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Este livro eletrônico éo quarto da “ColeçãoTeal”. O primeiro apre-sentou um diálogo entreFranklin Machado eGuido Guerra intituladoFeira não perdoa quemnão aceita convenção.

O segundo volume éconstituido pela narrati-va O bocado não é paraquem faz, de EuclidesNeto, ficcionista da re-gião cacaueira da Bahia.

O terceiro tem comotema e também como tí-tulo – Jorge Amado: Daguerra dos santos àdemolição do eurocen-trismo. Aí se traz à tonaum trabalho apresenta-do, em 1992, ao I Sim-pósio Internacional deEstudos Sobre JorgeAmado, por ocasião dascomemorações dos oiten-ta anos do escritor. NaBahia, o acontecimentofoi celebrado com festasno Pelourinho e debatesna Universidade.

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http://www.linguagens.ufba.br

GUIDOGUERRA

A TIMIDEZESCONDIDA

Um diálogo comCid Seixas

Nos anos noventa do século passa-do, o escritor e jornalista Guido Guer-ra traçou um vasto painel da vidabaiana, através de diálogos e entre-vistas com personalidades das diver-sas áreas, incluindo ciências, artesplásticas, literatura, cinema, músicaetc.


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