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ABC Do Podador de Sobreiros

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    B cdo podador de sobreirose do tirador de corttca1~ t:

    1995

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    Texto original do Eng.QSilv. BRITO DOS SANTOSEsbot;:ode gravuras do Eng:.QSilv. FELIZ RODRIGUESDesenhos de JOSE DE MOURAISBN 972809714-XDeposito Legal N.Q87482/95

    EDICAO !D O INSTITUTO FLORESTAlOI:A MUNDIAL DA .FLORESTA - 1995

    DIREC

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    NOTA A PRESENTE Eon;Ao

    Estamos perante a 6.a edicao do "ABC do podador de sobreiros e do tiradorde cortica", .

    Esta nova edicao deve ser considerada como uma modesta e muito mere-cida homenagem postuma aos seus principais e categorizados promotores:Professor JOAQUIM VIEIRA NATlVIDADE e Engenheiro JORGE BRITODOS SANTOS, tarnbem responsavei s pela concepcao, ape trechamento e dina-mizacao de todas as accoes de proteccao e de assistencia tecnica que ao tempefor am exercidas com perdu ravel efi cacia em beneffcio de toda a subericulturanacionaL

    Tendo como final idade inic ia l se rvir de guia aos cursos de formacao profis-sional ministrados aos podadores e descorticadores, logo se verificou 0interesse desta obra como manual pratico de grande utilidade para os suberi-cultores bern como para 0universe do ensino agricola a dive rs os nfve is,

    Passados que sao trinta e cinco anos sobre a sua l,"dicao e dez sobre a5.\ considera 0 Instituto Florestal oportuno reedita-Io, uma vez que todas asnocoes tecnicas nele expressas mantem invulgar ac tua lidade e 0 seu interessecomo objecto didact ico se faz sent ir com prernencia.

    Introduziram-se no texto e nas gravuras somente as alteracces devidas aousa de novas ferr amentas, nomeadamen te a moto-se rra, a s a lte racces da legi s-lacao proteccionlsta do sobreiro ell evolucao da ver tenre cornercial e industrial .dos produtos des ta arvore,

    Todas estas alteracoes foram devidamente autorizadas pelos autores e, nocaso do Eng. " Si lvicul tor Bri to dos Santos, pe los seus descendentes di rec tos,

    Procurou-se, ainda, introduzir as modificacoes graficas que a moderna tecno-logia permite.

    Lisboa, Janeiro de 1995

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    NOTA PREVIA

    Desde 1947, ano em que se intensifi caram as campanhas contr a a ar reia,que se realizam cursos de adestramento de rurais podadores de sobreiros.

    Reconheceram os tecnicos empenhados no trabalho de divulgacao das regrasde bern podar que, para modificar urn sistema ta.o generalizado e a proprianocao ja arreigada 110espfrito de muitos, de que 0 sobreiro viver ia tanto melhorquanta mais intensamente desramados, nao bastava a simples catequizacao desproprietaries.

    Quan tos casas concreto s, realmente , nao se deparavam em que estes, pre ten-dendo podas bern executadas por compreenderem perfei tamente as suas vanta-gens, con tinuavam coagidos a consent ir ve rdade iras mut il acoes no arvoredo s6porque nao podiam, ou nao sabiam, conduzir convenientemente os seus sobreiros .

    S6, de facto, atraves do ensino directo dos podadores e correspondenteconst ituicao de parcelas de dernonstracao, que para todos representassem patenteexemplo, a rotina poderia ser alterada.

    Muito se fez, mas a tare fa encontra-se, porem, ainda longe de conclufda,antes necessitando longo prosseguimento e ate quando a arte de bern podar forconsiderada, como antes 0 era a arreia, urn habito dos povos.

    Esta accao, verdadeiramente miss ionaria, s6 foi , entretanto, possfvel encetarcom exito e relativa facilidade porque ja se dispunha de uma tecnica definidae de urn guia complete, ambos obra do Prof. Vieira Natividade.

    Tal guia A poda dos sobrei ros - Conselhos aos subericultores publicadoem 1940, como separata do Boletim da Junta Nacional da Cortica e sumula detrabalho mais completo anter iorrnente executado (I), embora nao esc rito comeste fim especff ico, te rn consti tufdo, de fac to, prec ioso auxili ar de instrutorese instruendos.

    Acon tecendo, porem, que, depois de uma dist ribuicao de muitos milharesde exernp lares e esgotada a terceir a edicao, 0 seu autor nan pudesse ocupar-seda publicacao duma nova serie, tornou-se necessaria que outrem se abalancassea tar efa de '0 fazer.

    ( I) Tecnica Cul tura l dos Sobreirai s. I.Poda . Ediy lio da Junt a Nac ional da COrt iV8. 1937.

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    Perante tao ingrata missao, e mais para que nao fOssemos apelidados desimples plagiadores e que, pOI in tuito de modifi car melhorando, r esolvemostenta r dar ao t raba lho orientacao urn tanto dif erente: imprimir -Ihe carac te r deca rti lha, exclusivamente dest inada ao ensino de rura is.

    A principal finalidade das podas des sobreiros em producao, durante maisde meio seculo, muitas vezes transformadas em crirninosas "arrei as", foi 0desensombramento do terrene para ins talaeao de culturas consociadas de cereais ,hoje em grande parte abandonadas e substi rufdas par pastagens.

    Este ult imo facto, aliado a subida dos salar ies dos podadores sem correspon-dente va lorizacao das falcas e das lenhas, provocou acentuado desin teresse narealizacao desta pratica cultural. Persiste, contudo, para manuteneao dos montadosadul tos, pa ra beneffcio das pastagens e, princ ipa lmente, visando a renovacaodas copas e desta forma mascarando, em grande parte, a ca renc ia em elementosnutri tivos e em materia organ ica dos solos e a consequente fa lta de capacidadede retencao da agua das chuvas, Mas estas podas s6 sao viaveis econorni-camente se forem executadas sem atender a pormenores (que eram em tempospassados aprimorados de acordo com 0 gosto dos bons podadores), comrecu rso as moto-serras au a outros mecan ismos simi la res, accionados com di fe-rentes sistemas, que as igualem em rapidez de funcionamento e sejam, se pos-s fvel , de mais facil manejo e maior seguranca de trabalho, cujo desenvolvimentotera de ser sujei to a uma cui dado sa exper irnentacao.

    Persiste cada vez mais a indjspensabilidade de se realizarem em devidotempo aspodas de forma~ao.

    Havera, pai s, que apet rechar os podadores com nocoes precisas da manei racomo deverao orientar 0 desenvolvimento dos chaparros para que at injam,sem grandes alteracoes, a forma e porte natural do sobreiro.

    Para isso tera de se formar 0 tronco e desembaracar as pernadas ate alturasque permitam, de futuro, uma facil extraccao de pranchas de cortica de boasdimensoes,

    Nao se rest ring ira, no entanto, este manua l a poda dos sobreiros : contera,simultaneamente, nocoes sobre 0descor ticamento e os desbastes , assuntos aindaprecedidos pelas generalidades sobre a anatomia e fisiologia do sobreiro, consideradasindispensaveis a compreensao dos problemas focados .

    Teve- se , na tura lmente, se rnpre em atencao 0 nivel cultural das pessoas aque este l ivro se des tina e ass im se tentou uti lizar uma linguagem quanta possfvelsimples e se desceu as mais incipientes nocoes e rudimentares imagens,

    -6 -

    Io SOBREIRO

    o sobreiro e das arvores f lorestais mais abundantes no nosso Pais, colocan-do-se em area ocupada logo a seguir ao pinheiro,

    Para que se faca uma ideia da totalidade dessa area, podera dizer-se que, sepudessemos agrupar em povoamento regular todos os sobre iros exist entes emPortugal , obte riamos u rn montado continuo aproximadamente do tamanho detodo 0 dist rito de Santarem, Castelo Branco ou Portalegre,

    DlSTRIBUI(:AODO

    SOBREIROEl\'l PORTUGAL

    DISTRITODE

    CASTELO BRANCO

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    Aparece esta arvore em quase todas as regioes do continente pnrtugues,mas os maiores e melhores sobreirais concentram-se principalmente a SuI doRio Tejo e mais nas zonas junto .a costa do que no interior.

    No Nortecesta arvore quase s6 aparece em pequenos grupos, ou isolada,com excepcao da Terra Quente Transmontana, onde existem alguns importantesagruparnentos,

    Apesar de 0nosso Pa is se r mui to pequeno em area , produz rnai s co rtica quetodo 0res to do Mundo, i sto so por si podendo explicar a razao do interesse queo sobreiro nos merece,

    Mas os montados de sobro nao produzem apenas cortica, Tambem pode terinteresse e valor 0 fruto (lande), a lenha, para queirnar directamente ou fazercarvao, 0 entrecasco - de onde se podem extrair taninos - e a madeira.

    A cortica e , porem, a grande dis tancia, 0maior rendimento dos montados,pois e 0 produto mais valioso, em virtude das suas imimeras e importantes, aplicacoes,

    De fac to com a cortica, ta l como se ext rai da arvore ou apos transformacaoindustri al, podem fazer-se ent re mui tas outras coisas:

    - Rolhas e discos para vedar ltquidos;- Revestimentos e isolamentos para interior de ediffcios;- Juntas de dilatacao;- Artigos para calcado;- Caixas, tarros, etc., etc.;- Cortices para abelhas:- Papel de cortica,

    Todos estes produtos podem ser fabric ados em Portugal e para iS80 existerncerca de 600 fabric as, das maiores a s mais pequenas, onde se empregam pertode 13.000 operarios,

    -8 -

    IIA ARVORE

    o sobre iro, como qua lquer outra planta ou an imal e urn se r vivo que nasce,cresce, se reproduz e morre. Tern 0seu modo de vida propr io , as suas exigenciese necessidades, as suas doencas , Precisa absorver alimentos , fazer a sua diges tao,transforma-Ios na energia necessaria aos processes vitais, criar com eles reservasno seu inter ior.

    Para conhecermos melhor 0sobreiro, e assim compreendermos como devemoscuidar desta a rvore , va rnos primeiro ver como e constitufda, como nasce, comovive , se a limenta e se reproduz,

    ComoeconstituidaEm primeira observacao logo se notam no sobreiro tres par tes fundamentais:

    - a c.opa- 0 tronco- as raizes

    Mas, ao passo que 0 t ronco, ou fuste, e em geral formado por uma unicapeca, tanto a copa como 0raizame sao constitufdos par urn conjunto de muitoselementos que se vao dividindo sucessivamente,

    Na copa encontram-se, primeiro as pernadas, que sao 0resultado da divisaodo tronco. Cada pernada divide-se, por sua vez, em bracas, estas em ramos de1. a ordem, estes em ramos de 2. a ordem e assim sucessivamente ate aos maisdelgados raminhos do ano, ainda com 0 aspec to herbaceo (nao atempado,tenro), e por fim as folhas,

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    Por outro lado, debaixo da terra depara-se, em primeiro lugar, a rai; mestraau gavido, prolongamento do tronco que penetra ate grande profundidade dosolo sempre que a natureza deste 0 permite.

    ~ou

    ouzo" '-.:""~;.._ CORTE HORIZONTAL NAO!CORTE A LAVAR SIM!

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    E agora, que ja sabemos co rtar, como cortar e respec tivas razoes vamosaprender a podar .

    Antes convira chamar a atencao para 0 seguinte facto, alias, naturalmentedo conhecimento de todos porque ja tiveram ocasiao de 0observar:

    ~ ao corte de qualquer ramo corresponde, regra geral, uma rebentacaonas proximidades da respectiva ferida; os rebentos resultantes sao emtanto maior mimero e tanto mais fortes quanta maior 0 ramo cortado eo vigor da arvore, correspondendo a natural reaccao de depressa secrecuperado 0que foi suprimido.

    Sa li ente -se, ainda antes de qua isquer outras consideracoes, que a poda dossobreiros deve ser apenas encarada no sentido de preparar a arvore para 0futuro, ou melhorar as suas condicoes de vida.

    Nunca , po rtanto, se ra de a tender ao rendimento em lenha, ou fa1ca , a re ti rarda arvore , nem tao pouco interessa ra 0 desensombramento do terrene.o principal rendimento do sobreiro e 0que, portanto, the imprime verdadeirovalor e a cortica que dele se obtem,

    Cuidar do sobreiro para que venha, ou continue, a ser urn born produtor decortica e , por isso, 0 fundamental objectivo em vista.

    Lenhas das podas, searas ou pastos sob 0 coberto do mont ado sao tudorendimentos secundarios,

    Nos sobreiros consideram-se, em geral, tres tipos de poda distintos, con-soante a idade ou estado de vigor da arvore:

    - de formaciio ou educaciio - arvores novas;- de manutenciio ; correcctio , fruti ficacao; desafogo e higiene - em

    arvores adultas;- de rejuvenescimento, ou equilibria - em arvores velhas ou deere-

    pitas.

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    Poda de formacaoTern par firn, ta l como 0 nome indica , formar a arvore, ou se ja conduzi r 0

    chaparro desde 0 infcio da sua vida no sentido de vir a ter, quando adulto, aforma mais conveniente.

    Essa forma sera, naturalmente, aquela de que resultem melhores pecas decort ica e em cond icoes de rnai s faci l extraccao.

    Sera ainda aquela tambem em que a arvore, no seu conjunto, tenha asmelhores cond icoes de vida.

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    No primeiro aspecto, e intuit ivo que a poda de formacao devera se r di rigidano sentido de sc obter urn tronco alto e direito para nele se poderem vir a criarpranehas de cortica, tam bern direitas e eompridas.

    Nao se procurara, naturalmente, obter arvores tao altas e esguias como sefossem pinheiros, pois nao e essa a forma natural do sobreiro e nao devecontrariar-se a natureza; urn tronco, ou fuste, de entre 2 metros a 3 metros serao mais norma1.

    Como tambem, quando a arvore atinge a necessaria e tatura, as pernadasao normalmente descorticadas, igualmente intere sara que estas sejamdireitas, lisas e compridas, para que produzam pranchas do comprimento de,pelo menos, urn fardo de cortica: a volta, portanto, do met ro e meio.

    Ainda para facilidade do trabalho de descoticar, a mimero de pernadas naopode ser grande, para 0 espaco entre elas ser suficiente aos movimentos doti rador: duas a tres pernadas, 0 maximo quatro, e para 0 efeito 0 ideal.

    DUAS , TRES , 0 MAxIMO QUATROPERNADAS REM DISTRIBUfDAS A VOLTA DE TODA A ARVORE

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    Tambern as pernadas devern f icar bem dis tr ibufdas a volta de toda a a rvore.As bracas podem tambem em muitos casos vir a ser exploradas e, como tal,

    havera identicas exigencias quanta ao sel l comprimento, nurnero, dis tnbuicaee colocacao.

    Relativamenre as condicoes de vida da arvore, na conducao da poda devete r-se em vista situare rn-se os r amos te rminais e respee tivas folhas na posicaoideal: as folhas recebendo plena iluminacao, para facilitar a fotosintese: osramos nao se tocando, para se desenvolverem l ivremente ; perfe ito a rejamentointerne: toda a folhagem equidistante do sistema radicular, para que fique emidenticas condicoes de alimentacao.

    Para tanto e indi spensave l que a copa tome a forma e porte na tura l da espec ie.Ut B e ainda que as ramos das varias ordens nao eonstituam emaranhado

    que dificulte a acesso do podador a qualquer extrema da copa.E evidente que nunca se can segue uma perfeita esfera, pois a zona inferior

    da copa necessita estar livre de ramos para possibilitar os futuros aumentos dedescorti camento e as proprias lavouras. Alias, 0 ensombramento da propr ia.copa nao pennite a vida das folhas nas zonas mais baixas.

    Pelo que conhecemos sobre a maneira como 0 sobre iro vive, ja t ambemsabernos que , se nao fosse para 0format, nao haveria qualquer vantagem em 0desramar quando aindachaparro.

    Nesta fase da vida, como se viu, existe maior absorcao de sais mineraisdo que elaboracao de compostos hidrocarbonados, pelo que qualquersupressao de ramcs e, por tanto, reducao clovolume da copa agrava este desequi-lfbr io .

    Por isso mesmo devera haver 0 cuidado de conduzir a poda de formacao damaneira mais s imples, cor tando apenas 0essencialmente indispensavel ao f imem vista.

    Para tanto, melhor seria natural mente que esta pratica se realizasse porgrande mirnero de vezes, de maneira que em cada uma se retirasse 0mfnimo,cortando apenas ramos muito delgados para nao originar grandes feridas,

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    Mas uma poda deste tipo, de dois em dois, ou tres em tres anos, seria pra-ticamente irrealizavel por rnuito dispendiosa, pelo que se recomenda a suaexecucao em, pe lo rnenos, t res vezes:

    [" PODA: FORMAR 0 TRONCO 2 ' PODA: ESCOLHER AS PERNADAS 3.' PODA: ESCOLHER AS BRA(:AS

    - primeiro, quando chaparro esta ainda praticamente em moira,suprimindo os ramos ao longo do tronco de modo a torna-lo 0mais altopossfve ] e a prepara-lo para a desboia;

    - a segunda vez, logo a seguir a extraccao da cortica virgem, paraescolher os ramos que irao se c as futuras pernadas e abrir urn poueo acopa, pelo corte dos ramos intern os, ja que nesta fase de desenvol-vimento aquela se apresenta, em regra, muito esguia e fechada;

    - fiualmente, a seguir a tiragem da cortica secundeira, para cortar naspernadas os ramos mais baixos que possam vir a dificultar futurosaumentos de descorti camento, e escolhe r as brag as.

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    Poda das drvores adultasTerminada a poda de formacao, a arvore atingiu praticamente 0 estado adulto

    - a maioridade, poderfamos dizer, ainda comparando 0 sobreiro com 0homem.A cortica ja se encont ra, em regra, em primeira amadia , os lancarnentos do

    ano ja nao sao tao compridos como nos chaparros e ja . Mproducao de lande.Isto significa, como foi dito, que a arvore entrou em fase de equilibria

    nutri tivo, pais se ver if ica normal proporcionalidade entre os alimentos sugadosda terra pelas raizes, e os formados nas folhas, a custa do dioxide de carbonado ar e correspondente fotosfntese.

    Este e , afinal, 0 estado de maior interesse econ6mico: alem de dar fruto ecrescer e engrossar normalmente, a cortica e de melhor qualidade - naoexageradamente grossa e por isso nao muito porosa e rachada, como acontecenas arvores novas, nem muito delgada, como aparece no arvoredo velho, oudecrepito.

    Convem, portanto, manter os sobreiros neste estado 0 maior perfodo detempo possfvel e para isso e fundamental a poda .

    Mas, do estado adulto para 0 inicio da decrepitude e um pas so.Se deixassemos a copa da arvore crescer l ivremente , pouco tempo passado

    as alimentos vindos da terra comecavam a ser poucos para sustentar 0cambio,felogenio e gomos do total da ramaria,

    Se, quando is to esta quase para acontecer, diminuirmos urn pouco a tamanhoda copa evitamos que ta l aconteca .

    Com 0 corte en t ao realizado a arvore ficara urn pouco desequilibrada,aproximando-se mais do estado de chaparro, isto e , dispondo de novo de maissais minerais do que hidratos de carbono.

    Como este tipo de poda se realiza, em regra, de 8 em 8, 9 em 9, ou de 10em 10anos, durante tal espaco de tempo retormar-se-a novamente a equilfbrio;a arvore tendera outra vez para a velhice e entao nova poda sera oportuna.E evidente que a quantidade de rama a tirar nunca devera ser muito grande,pais, caso contrar io , provocar-se-ia exagerado desequilibr io , com consequenteenorme rebentacao e os inconvenientes de que trataremos ao estudar 0 casoespecial da arreia.

    Em arvoredo em tais condicoes nunca devera ser retirada mais do que umaquarta parte do volume da copa, isto e , reduzi-Ia a tres quartos do tamanhoque tinha antes de podada.

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    Porque 0 fim principal desta poda e manter a a rvore 0maior numero deanos possivel no estado adulto, ou de equi lfbrio, costuma chamar-se-Ihe podade manutenciio.

    Sera uma accao quase identic a it do cavaleiro que, puxando de vez emquando as redeas, obriga a montada a uma march a certa e sem possibilidadede desabrida ga lopada que, sem 0afrouxamento provocado pelo freio , algumasvezes the apeteceria.

    Sera ainda como quem vai ao volante tel que de quando em vez Ievantar 0pe do acelerador ou mesmo travar l igeiramente se quiser manter urna velocidadecerta.

    Sabemos, portanto, ja qual 0 objective principal desta poda e temos umanocao da quantidade maxima a cortar, naturalmente variando com 0 vigorpropr io de cada arvore: rnenor nas mais vigorosas, ma ior nas mais debi li tadas.

    Vamos agora ver quais os ramos a cortar, isto e , quais os que de preferenciadeverao ser sacrificados.

    Evidentemente que a supressao dos ramos devera obedecer a certas regraspa ra maiores beneffc ios traze r a arvore.

    Assim, ap rovei ta-se este mesmo trabalho para:

    - rebaixar, ou encurtar as pontas mais salientes, tanto no cimo da copacomo lateralmente, ou suprimir qualquer outra mais pendente; 0 quepodera chamar-se poda de correccdo;

    - cortar todos os ramos porventura ja secos, doentes ou envelhecidos,su jei tos a apodrecer e , como tal, a torna r-se asilo de pragas, ou doencas;ass im constituindo uma poda sanitaria;

    - desbastar ramos que se encontrem muito juntos, ou entrelacados,deixando os restantes em melhores condicoes de desenvolvimento e commaior facilidade de receber plena luz: assim se tratando de uma poda dedesempastarnento, ou desafogo,

    Mas, com este mesmo desempastamento reali zado nos ramos mais delgadose colocados naturalmente no exterior, ou periferia da copa provoca-se umamaior rebentacao nesta zona. Como e precisamente nos ramos novos assim

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    localizados que e formam as flores e consequentes frutos, com este tipo depoda e estimulada a producao de lande, e por esta razao pode ainda cha-mar- e poda de frutificacdo,

    Embora nao seja possfvel condensar aqui todas as recornendacoesnecessarias h i boa conducao da poda das arvores adultas, por ser dificil consi-derar os diversos aspectos em que as arvores se no podern deparar, nao devemdeixar-se esquecidos as seguintes casos especiais:

    1- 0 corte de ramos IadroesQuando uma arovore e exageradamente podada, isto e, quando lhe e tirada

    ramaria em quantidade superior ao necessario, de harmonia com 0 seu vigor,resul ta sempre uma exagerada rebentacao, princ ipa lmente locali zada ao lorigodas pernadas.

    Os renovos, assim result antes, te rn geralmente carac ter fst icas especiais:aprumados, muito vigorosos, quase com 0 aspecto de chaparros colocadossobre as arvores.

    Uma vez rnantido , tern tendencia para ere cer em altura, acabando pordominae toda a parte externa da pernada onde se encontram implantados.

    Porque desfrutam de condicoes especiais, sugam a maior parte da seivabruta destinada a a limentar a pernada (por isso se charnam tambern mamiies),que consequentemente enfraquece.

    As pontas si tuadas mais exte rnamente acabam por secar, result ando a copaficar pra ticamente const itu tda por ta is rebentos e , como tal, deformada.

    Para evitar estes inconvenientes, sao os ramos ladroes os que em primeirolugar devcrn ser sacrificados.

    Evidentemente que, em presenca de arvores desde empre mal padadas,rnuito abertas e com a parte super ior prati camente const itufda por ladroes, naoe possfvel suprimir todos estes sem perigo de se fazer uma nova arreia, aurnen-tando mais a inda 0 defeito.

    Nestas condicoes cortar-se-ao apenas os que se encontrern piorloca lizados: mais a meio da copa, i rnplantados na parte superior das pemadas,colocado em zonas ja descorticadas, mais aprurnados e com aspecto de maiorvigor.

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    Os restantes aproveitar-se-ao para ajudar a reconstituir, au guarnecer efechar a copa na sua parte superior. para tanto devendo haver a cuidado de 0reba ixar, com supressao do ramo guia. A sim se contrari ara a natura l tendenc iade tais ramo para crescer ern altura e os obrigara a alargar, para que quantapossfvel tomem configuracao e caracte rfsticas de ramos normais.

    CORTAR os rarnos terminais l

    Multo dentro da copa - CORTAR!Sabre a cornea amadia - CORTAR!

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    2- 0 revestjmento das pernadas e bracasH. vimos, a proposito da poda de formacao, a necessidade de deixar Jivres

    de q ualquer ramiflcacao as pernadas e braces ate altura susceptivel dedescorticamento,

    Entretanto, tal trabalho de simplificacso nao deve ser exagerado, comotantas vezes acontece. A par tir cia altura em que os proxirnos descort icamentosnao interessem, e indispensavel deixar a arvore bem reves tida de ram os laterais,Esta recornendacao baseia-se nos seguintes factos:

    - quanta mais baixa se encontra inse rida a rama, melhores as suas condicoesde alirnentacao, por rnais per to das rafzes e, por tanto, por menor 0carninhoa percorre r pela selva bru ta;

    o descorticamenro podera subir ate aquiCORTAR!

    I.

    - essa a razao de serem as pontas mais salientes as primeiras a enfraquecer'e secar e necessitarern rebaixamento quando a arvore corneea aenvelhecer;

    - para esse encurtarnento ser possivel e indispensavel , como ja foi dito, aexister icia de ramos laterals.

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    3 - A exagerada abertura das copas.A proposito da poda de formaeao. ja foram indicadas as vantagens de conduzir

    a copa para a forma de esfera oca, por ser aquela em que toda a ramaria seen contra em melhores condicoes, tanto no que se refere a alimentacao pelaseiva bruta como 11recepcao da luz indispensavel a fotosfntese.

    Recomendado foi tambem que, sen do a copa dos chaparros novos de umamanei ra gem! de forma muito esguia, urn dos primeircs cuidados devera ser 0de sacrificar os ramos centrals, como unica rnaneira de a abrir urn pouco e,por tanto, obriga-la a alarga r,

    Convem, entretanto, que nas podas seguintes esre cri terio nao se desenvolvaexageradamente, como e tendencia de todo 0podador, por natural cornodisrno:subir para 0meio da arvore e cottar tudo quanto encontra a sua volta e de simais proximo.

    E urn defeito que se impoe combater, pois, em vez da desejada bola em quetodo 0 espaco aereo e melhor aprove itado para a folhagem receber luz, acabapor obter-se uma simples roda em que as pemadas sao os raios e os aros areduzida ramaria e folhagem que a volta se dispoe.

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    Para evitar este defeito, e aconselhavel conduzir a poda de modo que cadapemada e 0 conjunto dos ramos que a comp5em sejam tornados como se deuma arvore independente se tratasse, Toma-se, assirn, a pernada propriamentedita como a tronco da nova arvore, as bracas como pernadas, os ramos deprirneira ordem como bracas, etc..,

    Cada uma destas novas copas poda-se entao separadamente, per este trabalhose evitando que se toquem com as vizinhas, abrindo-as pelo corte do ramocentral, sirnplificando-as, mas procurando sempre que tomem umaforma regular,s imetr ica, tal como se procede na poda de formacao de urn chaparro.

    E com 0progressive alargamento destas mais pequenas copas independentesou copas parciais , em toda a sua volta que acabara por se recobrir totalmentea copa da arvore, assirn se constituindo a desejada esfera oca.

    Evidenternente que, assim como pernada se pode considerar como uma arvoreindependente, a mesmo se passara com cada braca e 0conjunto da sua ramaria,cada ramo de 1." ordem, de 2." ordem, etc.: sempre fazendo 0possfvel porquenao se toque com os elementos que 0 rodeiam, abrindo-os pelo sacriftcio doramo central, simplicando-os, etc.._

    Muito proximo da pernada vizinha - CORTAR!Sem este ramo 0conjunto ficaramais aberto - CORTAR!

    ._ Muit o compri da emrela cao a todaW~!::;; : : ; : :~:::E a c opa - CORTAR[

    Alivia-se 0c on ju n to e p r o vo c a -s eo aparecimento de renovo-CORTARI

    Considerase a pem ada como uma arvore independente,imaginando-a colocada verticalmente.

    - 38 -

    4 - A monda, on desgrelaA necessida de na mesma poda tirar ramos ladrces, fazer correccoes de

    forma, desempastar um ou outre ramo que se encontre exageradamente denso,obriga muitas vezes a sacrificar rama em quantidade superior it calculada deharmonia com 0 vigor das arvores.

    Como reaccao surgira naturalmente forte rebenracao, distr ibuida pelaspernadas e bracas e ate pelo proprio tronco,Para evitar 0desenvolvimento de tais ramos mal localizados e, portanto,prejudiciais, e aconselhavel 0 seu arranque, ou corte, antes mesmo deatemparem.

    No Verao seguinte it poda, ou no que se lhe segue, devern suprimir-se,portanto, todos aqueles que se afigurem pior localizados, para deixar apenas,de maneira sal teada, os que pela sua posicao pcderao vir a constituir ramosliteis it arvore ou que, pelo menos nao Ihe sejam muito prejudiciais. Estaoperacao nao se pode considerar uma poda na verdadeira acepcao da palavramas tao somente uma"monda" que se pode efectuar com uma podoa.

    Colocados em zona em quenao p re judiquem: f azer ruondasalteada - SACRIFICAR OSPIOR LOCALIZADOS

    , '/, (I Colocados sobr e a. cortiea preta ou muito

    p roximo - CORTAR TODOS.JI,I

    - 39' -

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    Poda de renovaciio, rejuvenescimento ou equilibriaPelo que ja foi dito sobre podas em geral, pouco ja se tornara necessario

    acrescentar quanto a de renovacao das arvores envelhecidas, destinada areconduzi-Ias ao estado adulto, ou equil ibrado.

    Conhecem-se os sin tomas da arvore enve lhec ida : folhagem amare lecida,sem rebentacao do ana e, por vezes, pontas secas (1).

    Tambern sabemos quais os principais motivos do envelhecimento: sermuito maior 0 volume da ramaria que do raizame; encontrar-se a terra onde sedesenvolve 0 cabelame ja muito empobrecida de sais minerais; a seiva brutater dificuldade em subir ate a s extremidades da copa.

    Execptuando cas o s em que se reconheca ser economico fornecer a terra,on de se encontram instaladas as rafzes, sais minerais atraves de qualqueradubacao e, nao sendo por regra econornico, pro ceder a regas para maiorfacilidade de dissolucao dos sais ainda existentes, resta muitas vezes comounica possibilidade reduzir as necessidades da arvore: e dirninuir as neces-sidades e 0 mesmo que limi ta r 0 tamanho das zonas a alimentar, ou seja asdimensoes da copa .

    A propria arvore indica 0 caminho a seguir: uma poda atraves da qual seencurte 0 comprimento dos ramos da copa, pois a secura das pontas naoconstituira mais que urn encurtamento, ou seja uma pod a feita pela proprianatureza.

    Nao hi, portanto outro remedio: para um sobreiro envelhecido, na maiorpar te dos casos, uma desr amacao mais intensa.

    E mesmo nesta fase da vida da arvore que, em seu proprio beneffcio, a podatern maior utilidade.

    Reduzindo 0 volume da copa, diminui-se automaticamente 0 consumo dosalimentos e, como se mantem constante a absorcao radicular, restabele-cer-se- a de novo 0 equi librio ent re a quan tidade de substanc ias formadas nasfolhas e sugadas pel a s raizes, Entao os gomos, 0 cambio e 0 felogenio voltam

    (1) Nao devera confundir-se pontas secas como sinal de velhice da arvore com ramos secos noi nt er io r da copa, que podem apa recer nas ar vo res ma is v igor osa s, pur simp le s cons equenci a de s eencontrarem ensombrados. As folhas sem luz directa do sol nao pod em funcionar e com a suaqueda morrem os ramos que as content .

    - 40 -

    a dispor de alimentos em quantidades normais e, portanto, a funcionar comregularidade, originando novos rebentos, gerando razoaveis camadas de lenhoe de cor tica.Mas, para tal seconseguir e indispensavel que a reducao do volume da

    copa sefaca na quantidade exactamente necessaria: nem de mais, nem demenos.

    Se a desramacao for superior provoca-se urn desequilfbrio em sentidooposto ao que existia, colocando a arvore tal como 0 chaparro (com mais sa isrninerais do que hidratos de carbono); se, em contrapartida, for por demaisreduzida a porcao de copa sacrificada nao chega a atingir-se 0 desejadorestabelecimento do equilfbrio.

    Eo mesmo que aoproceder a uma pesagem: se fal ta mercadoria e se adicionarno respectivo prato menos que 0necessario, 0 fiel continua vi rado para 0 ladodo peso, mas, se se junta r quant idade superior, aquele pende para 0Iado oposto,obrigando a retirar ainda uma porcao,

    E, realmente, sempre diffcil determinar a olho a quantidade exacta paraque a balanca f ique perfeitarnente equil ibrada.

    No caso da poda acontece 0 mesmo. S6 sendo 0 t rabalho mais delicadopor nao ser possivel emendar os erros cometidos, colocando e retirandosucessivamente pequenas quant idades de rama.

    Pode-se, efectivamente, avaliar se a arvore esta mais ou men os velha, e,portanto, necessit a de maio r ou menor desrarnacao.

    Sabe-se, por exemplo, que esta tanto mais velha quanto mais amare la estive ra folha, menores e mais raros forem os rebentos do ano, mais compridas eem maior mimero surgem pontas secas. 0 contrario tambem e verdadeiro:esta tanto menos envelhecida ou debilitada e, portanto, menos necessitada dedesramacao, quanta mais verde a folhagem, menos pontas secas existirem, oumaior presenca de rebentos do ana houver e maior comprimento estesatingirem,

    Mas , mesmo ass im, e mui to dt fic il dete rminar pa ra cada caso a quantidadeexacta de rama a retirar para que 0equilfbrio nutri tivo da arvore se restabeleca,

    Como primeiro indicativo podera dizer-se que a quantidade a sacrificaroscilara, nestes cas o s de decrepitude, entre metade e uma terca parte: umaterca parte, se a arvore simplesmente comeca a envelhecer: metade, se a cadu-cidade e ja muito adiantada; enos estados inte rmedios as corresponden tesvar iantes entre os dois l irni tes.

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    Mas, as quantidades perfei tamente exactas, ou as proprias gradacoes entr eos l irni tes de variacao, so a prat ica podera definir: a pra tica de podar e a p rati ca ,simul tanea, de observa r como as arvo res reagem a poda que lhes e feita.

    E, realmente, facil concluir no ana seguinte, au melhor ainda no segundo,se uma arvore foi, ou nao, bern podada quanta a intensidade de desramacao:

    - podou-se de mais, se rebentou exageradamente, tanto no exterior dacopa, como nas pernadas e no proprio tronco;

    - de menos, se a arvore nao teve qualquer rebentacao, au renovou muitopouco, tal como estava acontecendo antes da poda;

    - a quantidade exactamente necessaria, se se registou normal rebentacaoem toda a peri feri a da copa, sem contudo, su rgire rn r amos advent iciosao longo do tronco e pernadas.

    Isto relativamente a quantidade a cor tar, porque quanto a maneira de conduzira poda , ou seja os ramos a sac rifi ca r, POllCOhavera a acrescentar ao indicadosabre a poda de formacao e a das arvores adultas,

    Aproveita-se a desrarnacao para proceder as necessaries correceoes dacopa , com rebai .xamentos e encurtamentos consoante a a rvore se apresente emforma mais esguia ou mais aberta; desempasta-se toda a ramaria: elimi-nam-se as ramos ladrties e, quanto possivel, os ramos mais envelhecidos daper ifer ia da copa.

    E evidente que quanro men os ramos ladrces houver a sacrificar mais sepode reba ixa r e desempasta r e vice-ve rsa .

    Sao naturalmente neste tipo de poda bern mais importantes do que emqualquer outro os rebaixamentos, au encurtamentos de ramcs, sabido como eserem exactamente as pontas mais alongadas que mais envelhecidas e secasem geral se encontram.

    Sempre que existam ramos laterais par onde possam ser executados, osrebaixamentos tern, portan to, parti cular interesse , nao somente pe la reducaooperada no percurso da seiva bruta, como pela possibilidade de se substituir aramaria ant iga par ramos novas, do corte resul tantes.

    - 42 -

    A arreiaConhecido ja POI'lIue e como se poda, consoante as condicoes em que 0

    arvoredo se encontra, nao sera diftcil cornpreender as ineonvenieutes, aumaleficios, de podar mal e, portanto, as per:igos da arreia,

    Esta pra ti ca, quase barbara, de desramar as sobreiros, que fel izrnente ja emmuitas regioes foi posta de parte, chegou a generalizar-se a quase todo a Pafs.

    Era, entao, vulgar os sobreiros serem reduzidos ao tronco e a uma au duaspernadas, terrninadas estas por urn simples pincel de folhas; isto quando asproprias pernadas nao eras degoladas, au chapotadas a urn au dois palmos daorigem.

    Pacamos entao Iigeira apreciacao da influencra que tais mutilacoesprovocam na vida da arvore, baseando-nos, naturalmente, nos conhecimentosja adquiridos,

    Como primeiro pre juizo logo surgem as grandes feridas de demorada c ica -trizacao, quando nao ficam para sempre abertas, com a sua serie de inconve-nientes: a apodrecirnento de lenho, primeiro superficialmente, depoisprogredindo para a inter ior do tronco, a te acabar pelo tota l sac rffic io da arvore .

    Mas na o f indam aqui os males.Ja sabemos como circulam as seivas bruta e elaborada, nos vasos

    lenhosos e tubas erivosos, percorrendo toda a arvore das nervuras das folhasa s radfculas,Mas, esta cornunicacao e feita por sectores, isto e, existe uma correspon-

    dencia perfeita entre as diversas pernadas, ou bracas, e as raizes no mesmoIadn existentes,

    Todos ja teriarn visto, por exemplo, que ao ser cortada uma raiz principalna abertura de uma vala, au simples cava, junto de urn sobreiro, pouco tempopassado morre, ou en fraquece, a pernada, au brae a , do lado co rrespondente .

    Isto e consequencia de serem as sais minerals sugados par essa seq:ao daraiz cortada que alimentavam aquela mesma peroada, au braca,

    Mas, a inversa tambeme verdadeira: cortando determinada pemada, pedesecar a raiz correspondente, pais era a seiva elaborada nas fulhas daquelamesma pernada que alimentava a respectiva raiz.

    Assim se compreendera que ao fazer-se a arreia dum sobreiro, sao preju-dicadas as r afzes correspondentes as pernadas au bracas sacrif icadas.

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    Ora, uma vez reduzido 0 ra izame , a arvore ter a menores possibi lidades desugar alimentos da te rra.

    F icara tambem quase sem folhas e, por tanto sem possibi lidade de f ixar di6xidode carbone, de fazer subir a seiva bruta e, em ultima analise, de formar seivaelaborada.

    Entretanto, a arvore tern tendencia a reagir procurando recompor 0 maisdepressa possivel a copa derrubada, e por is so rebenta com grande inten-sidade, emi tindo renovos principa lmente do tipo de ramos Iadroes,Como ao dar-se esta rebentacao e reduzidissima a elaboracao, todos osnovos ramos se criam a custa das substancias de reserva acumuladas notronco, ja que as existentes na ramaria se perderam com os cortes.

    Mas, apesar de algumas raf zes se tere rn perdido, 0 sistema radicular ter iaficado, mesmo assim, em maior volume que 0 c ia copa, poi s esta foi prat ica-mente toda sacrificada. Portanto, enquanto a copa nao se recompoe, haverana seiva elaboracla maior percentagem de sais minerais do que hidratos decarbone,

    Quanto ao equilfbrio nutritivo, a arvore assemelhar-se-a, portanto, a urnchaparro, ou melhor, correspondera a urn grupo de chaparros; tan tos quan tosos rebentos ladr5es sob re e la c riados.

    Mas, consumidas todas as reservas na reconstituicao da copa e , simul tanea-mente, reduzida a elaboracao, em bern pequena escala havera alimentos a dispo-si~ao do cambio e fe logenio do t ronco. Bern pequena e , portanto, nesse perfodode crise a ac tiv idade destas assentadas geradoras, pe lo que pouco engrossaraentao 0 l enho do tronco, como pouco aumen ta ra 0 calibre da cortica, E exemplobern demon strati YO deste facto a dificuldade com que a cortica se desprende noVerao seguinte ao de uma arreia, consequencia da reduzida intensidade comque esta funcionando 0 felogenio.

    Este 0 conjunto das consequencias de uma s6 arreia.Supunhamos 0 que se pas sara numa arvore periodicamente assim

    mutilada.Quanto nao ira progressivamente enfraquecendo pela consecutiva perda

    de reservas; quanta nao aumentarao as feridas e 0 apodrecimento do lenho;quanto nao se reduzira cada vez mais 0 sistema radicular e a copa; quanta naodeixara de engrossar 0 tronco e a cort ica?

    Pintamos, naturalmente, 0 quadro 0mais negro possivel para que todos os- 44 -

    preJUlZos fossem postos em evidencia. Fomos ao extremo de indicar cortestota is de pernadas e supress6es tambern quase globais de folhagem.

    Mas, em maior ou menor escala, sao sempre estes os pre juizos para aa rvorequando dela se retira maior quantidade de rama do que a necessaria ao fim emvista e seja qual for 0 t ipo de poda pretendido.

    Nunca sao, portanto, exagerados os cuidados no calculo da desramacao e eessa a grande vantagem de trabalharmos com perfeita consciencia da missaoque desempenhamos, como se espera acontecer agora, depois de todos estesensinamentos perfeitarnente apreendidos.

    LegislaciioRelativamente a poda dos sobreiros existem as seguintes disposicoes

    legais:

    Decreto-Lei n." 172/88, de 16 de Maio, estipula :Art." 3.

    I - A poda dos sobreiros em criacao ou adultos e permitida apenas naestrita medida em que vise dar as arvores a conformacao mais acle-quada a exploracao da corti ca , manter ou restabelece r a sua sanidadee equilfbrio vegetativo, sem afectar a sua capacidade produtiva enormal desenvolvimento, sempre de harmonia com as lirnitacoes epreceitos tecniccs estabelecidos.

    2 - A pratica considerada no mimero anterior s6 e permitida entre 1 deNovembro e 31 de Marco.

    3 - Nos montados explorados em "pau batido" a poda nao e permitidadurante os tres anos que antecedem 0 ana do descorticamento nemnos tres anos seguintes .

    4 - E obrigator io a par ticipacao ao Ins ti tu to Florestal da intencao de podaros sobre iros com a an tecedencia minima de 30 dias rela tivamente adata do infcio do trabalho, indicando a entidade ges tora ciaexploracao,a identif icacao do predio e a local izacao e area aprox imada da parcelaonde a operacao se va i efectuar.

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    IVoDESCORTI

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    De novo se regressa , portanto, a normalidacle vegetativa.Somente a a rvore saiu enfr aquecida desta c rise:~ perdeu seiva elaborada por toda a area descorticada:~ esteve tres semanas sem elaborar nova seiva:~ teve que reconst itui r 0 fe logenio e as pri rneir as celu las de corti ca .

    E 0 sacriftcio continua: para mais rapida proteccao e isolamento doentrecasco, 0 novo fe logenio func ionara com maior intensidade que 0 antigo,natural mente consumindo mais seiva e reservas; maior actividade que sepro longa durante a lguns anos, como bern se veri fi ca observando urn pedaco decortica.

    I . COSTA ou RASPABARRIGA

    As camadas anuais, mais proximas da costa, sao as mais espessas paraestreitarem a maneira que se caminha para 0 lado da barriga.

    Em resultado da crise motivada pelo descortit;:amento havera uma menoractividade das restantes zonas de crescimento da arvore (cambio e gomos),onde 0 alimento naturalmente escasseara, e, assim, com 0 enfraquecimentogeral da arvore se reduz 0 seu cresc imento em grossura e a ltura.

    Evidentemente que quanto maior for airea de tronco e pernadasdescort icada maiores se rao todos os p rejuf zos enunciados, porque:

    _ maior sera a quantidade de seiva perdida;- mais seiva e reservas serao consumidas.

    - 48 -

    Por isso, e intuitivo eoneluir que se de dois sobreiros da mesma idade evivendo em igual t erreno urn for descorti cado periodicamente e 0 outro nuncaexplorado, 0 ult imo at ingi ra bastante maio r desenvolvimen to e envelhecerabern mais tarde.

    Pelas mesmas razoes, identic as diferencas se encontrariam entre doisexemplares em que urn tenha sido exagerada e outro moderadamente des cor-ticado.

    Regras a que deve obedecerSendo a co rtica 0 princ ipa l rendimento do sobrei ro, os efe itos apon tados

    nao constituirao, evidentemente, razoes suficientes para eondenar 0 descorti-camento.o que fieou dito tera, sim, a vantagem de esclarecer que, para os sobreirospoderem manter-se regularmente vigorosos, nao envelhecerem precoce-mente, continuarem a desenvolver-se e a produz ir corti ca de razoave l cal ibre equalidade, e indispensavel proeeder a sua exploracao com eonta, peso e medida,

    PERjMETROMiNIMO70cm

    3.0xP AMADIA2.5xP .,' SECUNDEIRA

    DESBOIA

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    POI isso 0 Decreto-Lei n." 172/88 de 16 de Maio estipula :Art," 4.

    1 - Nao e permitida a desboia de chaparros cujo perfrnetro do troneo medidosobre a cortica e a altura do peito (a 1,30m do solo) seja inferior a70cm.

    2 - Nao sao tambem perrnitidos aurnentcs de descorticamento em zonasde tronco, pernadas ou bracas cujo per imetro nao atinja 70cm, medidossobre a cornea no limite superior do mesmo aumento.

    Art." 5._ A intensidade do descorticamento nao pode exeeder os limites da altura

    represent ada pelos seguintes mult iples do perimet ro do tronco med idosobre a cortica e Ii altura do peito (a 1,30m do solo):

    a) Duas vezes, tra tando-se de desboia de chaparros,b) Duas vezes e meia, em sobreiros com cortica secundeira.e) Tres vezes, nas arvores produtoras de cortica amadia,

    Como se verifica, a legislacao e as recornendacoes enunciadas visamprincipalmente:

    _ proteger as avores, tanto mais quanto mais novas se encontrem, paraque, quanta possfvel, nao seja prejudicado 0 seu normal desenvol-vimento, exactamente no perfodo de maier vigor vegetat ive;

    ~ preservar as arvores 0 maior mimero de anos possfvel de sacrift cios,para que se recomponham das respectivas crises de que sao vftimas.

    (1) Charna -se de sb6i a a t ir ag em dap r irnei ra c or ti ca q ue 0so brei ro cr ia de sd e que na sc e c qu e, po rsua vez se denomina cortica v irgem,(2) Cortica secundcira e a que se forma a segui r a tiragern da co.rtiY3 virge " _ I '(3) Cortica amadia e toda a cor tica depois de ser ext rai da a cornea secundeira. .'

    Conhe ce -s e b ern a c or ti ca se cunde ir a da amadia por n aque la a c os ta , ou rasp a, s ec rnuito marsespessa e fendida transversalrncnte.

    A cortica virgem melhor ainda se distingue por nao ter qualqucr raspa. . . .POT is 0 mesrno tambern a esta corticu se chama cortica branca e 11secunde ira e amadia, cornea

    preta,

    - 50 -

    Cuidados a terAo contnirio do que acontece com 0 felogenio, 0cambio nao tern, normal-

    mente, poss ibil idade de se regenerar .De facto, ao arrancar-se urn pedaco de entrecasco, deixando 0 cambio e 0

    Ienho sob a accao do tempo, origina-se lima ferida, tal como ao cortar-se urnramo.

    A correspondente cicatrizacao so, em geral, se inicia na zona do cambioque cerca essa ferida e cujo entrecasco nao sofreu dano.

    Esta cicatrizacao e , entretanto, mui to lenta e durante ela 0 lenho pode apo-drecer.

    Mas, alem deste inconveniente, t ais feridas tern ainda a desvantagem de,quando fechadas, constituirern irregularidades na superficie do tronco e,por tanto, nas pranchas da cor tica, com inerente desvalor izacao.

    Acontece, porem, que as feridas surgem nao s6 quando 0entrecasco e total-mente arrancado, mas tambem se simples mente Ievantado; condicao em que 0cambio igualmente morre.

    Deve, poi s, haver 0 maior cuidado em evitar estes desprendimentos aodescorticar, os quais sao sempre motivados por a cortica dar mal. Em vez de acortica se sol tar pela zona do felogenio, separa -se 0 propr io entrecasco, pelocambio,

    As difi culdades de ext raccao podem ter varia s causas, em que as princ ipaisserao:

    - 0descort icamento corneca r mui to cedo e , portanto, em al tura em que ossobreiros nao entraram em plena actividade vegetativa e, como tal, acort ica nao estar a inda a cria r-se com a necessaria intensidade;

    - 0 descortieamento ser, em contrapartida, muito tardio e ja quando aactividade comeca a declinar;

    - terem precedido 0descor ticarnento dias exageradamente frios, ou muitoquentes e secos,igualmente mot ivando certa quebra de act ividade:- encont ra rem-se os sobre iros muito envelhec idos;- os sobreiros terem sido exageradarnente desramados (arriados) no ultimo

    Inverno, ou no anter ior;- tratar-se do lade do tronco onde tenha sido cortada uma pernada, ou

    raiz.

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    Qualquer que eja a razao porque a cortica, porventura, nao esteja dandoberne por isso haja perigo do entrecasco se soltar a ela agarrado, 0descortica-mento devera ser imediatamente suspenso.

    E sempre preferfvcl atrasar por uns dias, ou mesmo por urn ano, a exploracaode uma pernada, urn sobreiro ou ate uma parcela do montado, do que provocartao prejudiciais mutilacoes.

    Mas quando por qualquer descuido tais arranques, ou empolamentos deentrecasco se registem, deve haver 0 cuidado de tentar 0 seu imediato reajus-tamento, utilizando uns pequenos pregos, pois rnuitas vezes acontece que 0cambio, nao ehegando a seear, continua em actividade.

    E evidente que tanto se podem provocar grandes feridas por arranque, ouempolamento do entrecasco, como descort icando em condicoes tais que 0felogenio nao se regenere.

    Quando, apos 0 descorticamento, surge urn grande suao, ou uma fortechuvada, 0 felogenio nao se regenera, razao porque 0 entrecasco seca em todaa sua expessura, acabando 0cambio por ser tambem afectado.

    Outras feridas de entrecasco igualmente bastante prejudiciais ao asmotivadas pelos golpes do rnachado quando a pancada com ele dada e maisforte que 0 necessario para cortar apenas a cortica.Embora, em regra, de pcquenas dimensces e, portanto, de rapida recober-tura, sao principal mente inconvenientes pelas tortuosidades provocada notronco resultantes das cicatrizacoes.

    Tais golpes sao mais frequentes nos cortes atravessados, como os que tern,por exernplo, lugar nas zonas de separacao das mecas, onde chegam a veri-ficar-se enormes mamilos circundando todo 0 tronco.

    - 52 -

    DEFORMA~OESCAUSADAS PELORISCADO DO

    I' ENTRECASCO APOS 0DESCORTI~AME TO.

    MAMILO FORMADOt\"A ZONA DESEPA RA~Ao DA MEC;:A.

    Ainda outro motive de ferimentos clolenho e prcgressiva deformacao dotronco e a pratica muitas vezes adoptada de riscar Jongitudinalmente 0entrecasco a seguir ao descortieamento, com 0 fim de orientar 0 rachado dafutura cortica.

    Verifica- e, afinal, que 0efeito em vista e bern reduzido, apena resultandomaleficios.

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    SistemasE muito variavel 0 sistema deexploracao da cornea: a extraccao de toda a

    cortica nUID s6 ana; 0 montado dividida em folhas para cada uma del a s serexploradapor sua vez; descor ticamento salteado das arvores ; var ias extraccoesem cada arvore (me~as).

    Tambem 0 numero de mecas por arvore nao e constante. Existem casos decinco mecas ria mesma arvo re pe lo que esta e sujei ta a descort icamento de doisem dois anos.

    Para a vida da arvore, propriamente di ta , e muito discu tfve l se e preferfveluma mais forte perturbacao em cada perfodo de nove, ou dez anos, portanto,com razoavel espaco de tempo para se recornpor (caso do pau batido), se, pelocont rario, provocar-lhes c rises menos intensas, mas mais frequentes (caso dasmeeas).o maior inconveniente para a vida das arvores com a sistema de rnecasestara na tendenc ia de elevar 0mvel da exploracao,

    De fac to, pa ra que as pranchas de cada vez t iradas tenham razoavel compri.-mento, 0descorticador e insensive lmente levado a subir a al tura da ext raccao.

    Economicamente, 0 si st ema das mecas afigura-se bastan te condenavelepar var ias razoes:

    - e despendido mais tempo na exploracao, por obrigar a caminhar para amesma arvore e subi-Ia mal! '>vezes;

    - pre judica- se a qual idade da cornea nas zonas de transicao , infal ivelmentefolhada;

    - ainda, como atras foi dito, provocam-se feridas de entre cas eo nos golpestransversais, com 0respective inconveniente de progressive deformacaodo t ronco e desvalorizacao das pranchas

    Por isso 0Decre to-Lei 172/88 de 16 de Maio est ipula:Art ." 6.

    2 - A extraccao em "rnecas" s6 e perrnuida nos sobreiros cujo descortica-mento ja era efec tuado por este processo a data da actual legis lacao.

    De todos os si st emas indicados, 0 mais econ6mico e aconselhavel e, semdiivida, 0 da divisao do montado em folhas, em cada uma das quais todas as

    - 54 -

    arvores sao descorticadas nurn ana e a pau batido,Podera obte r-se corti ca em var ios anos para mais regu lar r endimen to, todos

    os t raba lhos se simp lifi cam e , a lem disso, sao menos provavei s enganos quan toa idade da cor tica.

    IntensidadeComo 0 s istema de exploracao, tambem e muito var iavel a intensidade.Ainda que 0mais vulgar seja 0 descorti camen to dos sobrei ros em cortica

    amadia a tingir al turas medias de t re~ vezes 0 per imetro do tronco a a ltu ra dopeno, nao e tambem raro encontrarem-se exploracoes a alturas de 6, 7, 8 emais vezes aquela medida ,

    Em tais cases, e salvo raras excepcoes de sobreiros vivendo em terramuito fer ti l e clirna humido, 0arvo redo apresenta -se enfraquec ido e a corneadelgadlssirna.

    Quando tal acontece e em presenca de sobrei ros rela tivarnente novos e compossibilidades de se revigorarem, torna-se absolutamente aconselhavelrebaixar 11 exploracao, ainda que seja de certo modo desagradavel para 0 empresariover f icarem por descort icar apreciaveis porcces de bracas, pernadas, 011mesmotroncos, com corti ca pre ta .o prejuizo e. pore rn, so momentaneo e apenas aparente , pois e largamentecompensado nas futuras extraccoes com a maior engrossamento do tronco e dacort ica e a respec tiva melhoria em qual idade.

    Alem do sistema de exploracao por mecas, como ja refe rimos, 0que commais frequencia da origem aos exageros de altura do descorticamento e a pressade fazer desaparecer 0enguiado e rachado carac te risti co da corti ca de arvoresnovas.

    Nao raro e, realmente, dizer-se que determinada arvore necessita de urngrande aumento na exploracao por estar a criar cortica demasiado grossa eenguiada.

    Tal nocao e absolutarnento errada, pois a cor tica nes tas condicoes e exclu-siva consequencia do forte vigor do sobreiro que, porianto, esta a crescer e aengrossar com intensidade,

    Se, aumentando 0descorticarnento, se consegue cortica sem rachas e enguiado,- 55 -

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    e porque seenfraqueceu a arvore de tal modo que 0 seu vigor e crescimentogeral afrouxararn; condicoes absolutamente inversas das desejadas em arvoresnovas.

    Realmente, nao sera a meia arroba de cortica de melhor ou pior qualidadeproduzida por uma arvore nova que mais interessara, mas antes as 4 ou 5 quepodera fornecer duas ou tres dezenas de anos depois,

    Quando a arvore se encontra em plena producao e suficientemente desen-volvida a cortica ja nao enguiara, sem que para tanto tivesse havido neces-sidade de aumentar exageradamente a exploracao e retarda r 0crescimento naepoca mais propr ia para um melhor desenvolvirnento.

    A.idade da cartieaJ:i foi dito quee proibida a extraccao de cortica secundeira, ou amadia, que

    nao tenha, pelo menos, nove anos de criacao,A contagem da idade de criacao da cornea e , por isso mesmo, assunto sobre

    o qual 0 descorticador nao deve ter diividas .. S6 assim poderao ser evitadosdesrespeitos IIlei e aborrecimentos, ja para 0propr ietario produtor da cor tica,ja para 0 cornerciante, ou industrial comprador .

    Tal contagern nao e diffcil para quemja sabe como a cortica secr ia e deseavolve.A cada ano de crescimento corresponde, como e natural, uma carnada de

    cor tica criada em todo 0perioclo de actividade vegetativa.isto e, desde 0principiada Primavera ate ao final do Outono.

    Urn crescimento anual completo e, portanto, const ituldo pela carnada largae clara, formada na Primavera e Verao, e pela zona mais estreita e escura,gerada no Outono, quando a actividade vegetativa afrouxa.

    Observando 0 corte de uma prancha de cortica, notam-se a partir cia costae a terminar na barriga, todas as referidas camadas,

    Supunhamos, para maior facil idade, urna cor tica comecada a formar-se depoisda tiragem da anterior Ieita, porexemplo, em Julbo de 1950.

    A raspa, oucosta, corresponde a poreao de enrrecasco morta apos 0desconicamento e si tuada para 0 exter ior do telegenic entao regenerado.

    Como esse felogeaio logo iniciou a formacao decorticae era pleno Estio,Olinda se formaram celulas grandes e de paredes delgadas, constituindo umacamada de cortica clara e macia,

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    Chegado 0Outono , ge rou-se a primei ra risca escura.Ficou, assim, praticamente formado meio ano de crescimento (lulhofNovembro

    de 1950) .Decorridos a Primavera e Verao seguintes (de 1951), nova camada clara se

    consti tuiu, comple tada depois com a ri sca escura do Outono imedia to.Em 1952, 1953, etc., ate 1958, ocorreram fen6menos identicos: em cada

    ana se formou a correspondente carnada com as suas assentadas de Primavera/Verao e de Outono, so dife rindo ent re si por se torna rem sucessivamente maisestreitas,

    No final de 1958, a cortica tinha entao 8 anos completes ( formados nosanos de 1951 a 1958) e rnais meio ano, relative ao creseimento operado em1950 (a seguir ao desco rticamen to).

    Na Primavera de 1959, novamente corneca a criar-se uma camada Prima-vera/Verao que, ate Julho, ao proceder-se a extraccao ficara em metade, assirnse cornpletando os 9 anos indispensaveis ao descorticamento nas condicoesexigidas por lei.

    Por outras palavras: para que uma cortica tenha a idade legal minima, ousejam 9 anos, deve apresentar:

    - 8 carnadas anuais cornpletas;- Y 2 camada anual , junto .a raspa;- Y 2 carnada anua l, na bar riga da prancha,

    Estas duas meias camadas consideram-se praticamente como urn ana completo,o qual, com as 8 camadas referidas, perfaz os 9 anos.

    No esquema anexo verifi ca -se existi rem na prancha :- 9 camadas de Outono;- 8 camadas completas de Primavera /Verao;- 2 meias camadas de Prrmavera/verao (uma junto a cos ta, criada a seguir

    ao descorti ca rnento anterior, out ra junto a barriga, que estava sendogerada ao descortiear-se),

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    COSTA'h CAM ADA DE VERAO

    ~~ .. ~~~~ .. ~~~~ CAMADADEOUTOKOCAMADA DE PRIMAVERAIVERAO

    4" BARRIGA" Y 2C AMADA D E P R IM A V ERA IV E RA O

    Nestas condicoes, para maior facilidade na contagem da idade, bastara terem atencao 0 mimero de riscas eorrespondentes aos cresc imentos de Outono.

    A cort ica tera tantos anos quantas dessas mesmas riscas aparecerem.E evidente que nem sempre e facil encontrar bern nitidas, a olho nu, essasr iscas. Isto porque:- sendo a cortica muito delgada, algumas delas ficam muito proxirnas e

    confundem-se;- varias causas, como urn ataque de insectos desfolhadores roendo toda

    a folhagem, urn incendio no Verao, urn muito forte suao, ou estioparticuJarmente seeo seguido de urn Outono chuvoso, etc., podemperturbar a c rescimento normal da cort ica e provocar 0aparecimento defalsas eamadas de Outono;

    - 0 descorticamento ser feito muito tardiarnente e de tal modo que logo aseguir a ele se fonnem apenas celulas de Outono, que neste caso fiearnjunto a costa, com ela se confundindo e por 1S50, corn muita dif icul-dade se distinguindo.

    Efeetivamente, par muito cuidado que baja e sempre possfvel exist iremanomalias que dif icultam a contagem rigorosa da idade da cor tica pel osmetodosvulgares, com consequentes contra riedades para quem a produz e negoceia .

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    Sistema mais prat ico e seguro e ainda 0 preventivo de se marcarem a tintatodas as arvores ern cada ano descorticadas: trabalho, afinal, facil e barato,pintando no ent recasco acabado de desnudar 0ultimo algarismo da direita doano em que 0 descort icamento esta a ser feito.

    o Decreto-Lei 172/88 de 16 de Maio estipula no sell Art. 6.:1 - Nao e permit ida a extraccao de co rnea amadia e secundei ra com menos

    de nove anos de criacao;3 - Para tornar exequivel 0ordenamento da exploracao de cada montado(afolharnento das tiragens, supressao de "mecas", etc.), 0 InstituteFlorestal podera mediante requerimento fundamentado, autorizar aext raccao de cortica com oito anos de criacao , desde que a quan tidadeextrafda nestas condicoes nao ultrapasse 10% da quanti dade total decornea a extrair nesse ano no montado em causa;

    4 - E obrigat6ria a marcacao nas arvores no proprio ano da despela, doalgari smo das unidades desse mesmo ana em todos os sobre iros explo-rados em descorticamento salteado enos sobreiros que delimitam asrespec tivas parce las na exploracao por folhas.

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    vo DESBASTE

    o desbaste e tambem irnportante tare fa a ca rgo do trabalhador do montadoe, por tanto, igualmcnte sobre ele irt teressarao algumas consideracoes .

    Os sobre iros mui to juntos prejudica rn- e mutuamente porque:- os sistemas radieulares, misturando-se, en tram em concorrencia no

    mesmo cuba de te rra, que depressa se esgota das substancias nutri tivasmais necessarias;

    - as copas nao podem desenvolver-se livremente em largura, por falta deespaco.

    Com fraca absorcao e reduz ida elaboracao, tarnbern e limitada a actividadevegetativa:

    - 0 t ronco engrossa muito lentarnente;- a cornea fica particularrnente delgada;- a producao de fruto e diminuta;- as arvores apresenram-se debeis, esguias e de curta duracao.

    o rendimento de urn montado nestas condicoes e necessariamente baixo . .Por sua vez, os sobreiros, embora arvores de longa vida, como 0 atesta a

    existencia de exemplares seculares, tern urn l imite econornico de exploracao apartir do qual deixa de ter interesse a sua manutencao. Em adiantados estadosde envelhecimento, alem de uma cortica por demais del g ada e de inferior qua-l idade,o lenho en tra em Iase de apodrec imento , pa ra de todo se inut ili za r comosimples combustiveL

    Nao sera, pois, aconselhavel manter as arvortes ate tao avancado grau dedepreciacao, melhor sendo proeeder ao seu sacriftcio oportuno para que,entretanto, os espacos por el.as ocupados sejam preenchidos par novosindivfduos de maior producao e futuro, retirando-se assim igualmente os queconst ituem focos de disseminacao de pragas e doencas.

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    E atendendo aos aspectos focados que os montados de sobro necessiramperi6dicos desbastes, para:

    - evitar que os sobreiros se desenvolvam exageradamente juntos;~ nao perrnitir a existencia de arvores por dernais envelhecidas,

    Mas, se e prejudicial 0arvoredo muito basto, tambern tern series inconvenientesa fraca densidade.Os montado de sobro encontram-se, de uma maneira geral, implantadosem zonas aridas, com estios quentes, seeos e muito prolongados, em que amaior dificuldade para a sua vida eonsiste na falta de humidade do solo capazde possihi lit ar a normal absorcao.

    Pois, quanto menor for a densidade do arvoredo, maior sera a incidenciadirecta des raios solares na terra e, portanto, 0 seu dessecamento.o ideal para a vida do povoarnento e, portanto, que 0solo se encontre total menteensornbrado pelas copas das propr ias arvores '! ',o desbaste, com intervalos sensivelmen te iguai s aos do descort icamen to eda poda (9 em 9 ou 10 em 10 anos), deve ser feito muito cautelosamente,sacr ificando-se as a rvores cujas copas comecarn a en trelancar-se nas outras,mas de maneira que as restantes fiquem quase tocando-se: is to de molde afacilitar 0 progressive alargamento das copas das arvores a manter, masassegurando, simultaneamente, 0maximo ensombramento do terreno.

    Nao e fac il da r uma indicacao aproximada do numero optimo de sobrci rospor unidade de superffcie de montado, tao variave l ele e com 0 tamanho mediodas arvores, a sua disposicao no terrene, a forma das copas, a natureza e 0dec live do solo, a hurnidade ambien te, etc . ...

    Tao poueo essa indicacao sera necessaria, existindo exacta nocao do que sepretende: urn coberto total, um permanente alargamento das copas, uma cornposicaode arvoredo contendo exernplares de todas as idades, em que as mais novasassegurem a substituicao das mais velhas sern que do desbaste resulte abaixarnentoda producao,

    (I) Considera-se 0 caso tf pi co de explo ra cao sube rtco!a , em que e secundario 0 aproveitamentoagricola do terrene que, nageneralidade das condieoes do Alentejo, nao fornece rendimentos cornpara vcisao de urn montado bern reves tido de arvoredo.

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    Assente 0cri terio de densidade, sera facil proceder a marcacao das arvoresa sacrificar,

    Em povoamentos cujas arvores tenham idades aproxirnadas, a propriaconcorrencia entre elas dernovida, na conquista da luz indispensavel a suavida, logo da indicacao das mais fortes (dominantes), que tendem a tomarpreponderancia sob re as mais fracas (dominadas), na tura lmente as p rimeirasa sac rifi car, para faci li tar a vida das mais promissoras.

    Mas, num montado nao interessa apenas 0 vigor e porte dos sobreiros. Noseu rendimento tern fundamental importancia a qualidade da corti ca, tantomelhor quanto menos porosa e racbada cujo principal defeito sera ainda 0prego, consti tufdo par pequenos graos rfgidos nalgumas arvores aparecendocom frequencia, tanto no interior da prancha como na costa e barriga.

    Tanto nos chaparros, ainda em cortica virgem, como nas arvores adul tas, efacil, mesrno sem proceder ao descorticamento, distinguir os bons dos mausproduto res. Nos primeiros, a cor c lara da cort ica vi rgem e segura indicatrvo dequalidade; nestes, sao geralmente born sinal a lisura e macieza da costa e suapequena espessura. Entretanto, e ainda durante 0 descor ticamento a melhoraltura para proceder a seleccao.

    Sobreiros produtores de cor tica preguenta, ou mui to porosa , se rao tambemos primei ros a sacri fica r num desbaste bern ordenado, apes 0 descorticamento.Finalmente, porque tambem tern fundamental interesse, para a producao

    de cortica e facilidades da sua extraccao, a forma dos sobreiros, como ja foiapontado a proposito da poda de formacao, no criterio dos desbastes nao podeser a lhe ia a conformacao das arvo res.

    Em sfntese, teremos, portanto, como principais motivos para a marcacaodas arvores a sacri ficar em desbaste , serem:

    - secas;- doentes, ou muito velhas;- dominadas;- mas produtoras de cortica;- mal conformadas.

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    Dada a importancia dos desbastes na manutencao dos montados em boascondicoes de vida, tambem para e1es existe especial legislacao, que, no entanto,s6 contempla como motivos justificativos de des baste, os tres primeiros dalista arras referida.

    Assim, encontra-se determinado, pelo Decreto-Lei 172/88 de 16 de Maiono seu Art." 1.0:

    1 - E proibido 0 corte au arranque de sobreiros em criacao ou adultos,que nao se encontrem secos, doentes decrepitos ou dominados comexcepcao dos que devam sair em desbastes ou cortes rasos referidosno Art igo 2.".

    3 e 4 - 0 proprietario e obrigado a proceder a marcacao das arvores asuprimir e a partic ipa r ao Insti tuto Florestal, 30 dias antes de comecaro des baste, 0mimero de arvores a eliminar, 0 tipo e idade de criacaoda cortica que contem, a designacao da entidade gestora da explo-racao, a identificacao do produto e a localizacao e area aproximadada parcela onde a operacao se vai efectuar.

    A marcacao das a rvores a supr imi r e , normalmente, feita com uma cinta decal ou tinta indelevel a toda a volta do tronco como forma de mais rapidaidenti ficacao pe los tecnicos dos Services Regiona is do Instituto Florestal queprocedem a inspeccao.o trabalho de corte e aconselhavel ser feito no perfodo de actividadevegetativa, para que mais facilmente sejam separados os respectivosdespojos - cortica, entrecasco e lenho -, devendo sempre serem tomadas asnecessarias precaucoes para mini mizar 0 risco de incendios florestais.

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