+ All Categories
Home > Documents > al_pos v 2ª semana

al_pos v 2ª semana

Date post: 05-Jul-2015
Category:
Upload: wyoliveira
View: 246 times
Download: 3 times
Share this document with a friend
Popular Tags:
101
´ Algebra Linear Francisco Duarte Moura Neto — Instituto Polit´ ecnico Luiz Mariano Paes de Carvalho — Instituto de Matem´ atica e Estat´ ıstica Universidade do Estado do Rio de Janeiro 21 de maio de 2011
Transcript
Page 1: al_pos v 2ª semana

Algebra Linear

Francisco Duarte Moura Neto — Instituto PolitecnicoLuiz Mariano Paes de Carvalho — Instituto de Matematica e Estatıstica

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

21 de maio de 2011

Page 2: al_pos v 2ª semana

Sumario

1 Metodo de Eliminacao de Gauss 1

1.1 Metodo de substituicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Etapas do metodo de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.3 Fatoracao LU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.4 Fatoracao PA = LU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1.5 Sistemas de equacoes com matrizes retangulares . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.6 Sobre sistemas singulares e regulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2 Determinante 16

2.1 Propriedades do determinante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3 Areas e Volumes 18

3.1 Calculo de areas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.2 Volumes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.3 Hipervolume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.4 Paralelogramo em IR3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.5 Criterio do determinante para vetores l.i.’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

4 Gram-Schmidt 23

4.1 Processo de ortogonalizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

4.2 Fatoracao QR de uma matriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

5 Teorema Fundamental da Algebra Linear 26

5.1 Multiplicacao de matrizes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

5.2 A geometria dos sistemas lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5.3 A geometria das transformacoes lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

5.4 Ortogonalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

6 Autovalores e Autovetores 35

6.1 Motivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

6.2 Determinacao analıtica dos autovalores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

6.3 Aplicacao ao estudo de sistemas de EDO’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

i

Page 3: al_pos v 2ª semana

ii SUMARIO

7 Diagonalizacao de Matrizes 427.1 Resultado basico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 427.2 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 457.3 Funcao de matriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 467.4 Aplicacao a equacoes de diferencas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

8 Teorema Espectral 528.1 Consideracoes iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 528.2 Espacos vetoriais complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 548.3 Equacoes diferenciais e a exponencial de matrizes . . . . . . . . . . . . . . 58

9 Massas e Molas em Equilıbrio 629.1 Uma massa e uma mola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 629.2 Duas molas e uma massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 639.3 Uma massa suspensa por uma mola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 649.4 Uma massa entre duas molas alinhadas com a forca da gravidade . . . . . 649.5 Duas massas e duas molas alinhadas com a gravidade . . . . . . . . . . . . 659.6 Uma linha de molas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

10 Projecoes e Quadrados Mınimos 7110.1 Projecao sobre linha reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7110.2 Determinacao da constante de elasticidade de uma mola . . . . . . . . . . 7310.3 Solucao de sistemas impossıveis: quadrados mınimos . . . . . . . . . . . . 7410.4 Regressao linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

11 Agrupamento de Genes 7911.1 Motivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7911.2 Particionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

12 Exercıcios I 8012.1 Parte um . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8012.2 Parte dois . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8212.3 Parte tres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8412.4 Parte quatro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

13 Exercıcios II 9013.1 Um . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9013.2 Dois . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9213.3 Tres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

Page 4: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 1

Metodo de Eliminacao de Gauss

1.1 Metodo de substituicao

O metodo de eliminacao de Gauss nada mais e do que uma versao algoritmica do metodode substituicao. Recordamos o metodo de substituicao. O metodo de substituicao escreveuma das incognitas em termos das outras (resolve para uma em funcao das outras),e substitui a expressao dessa incognita nas restantes equacoes, eliminando-a, portanto.Vejamos um exemplo, com tres equacoes a tres incognitas u, v e w,

2u + v + w = 54u − 6v = −2−2u + 7v + 2w = 9

1a equacao2a equacao3a equacao

(1.1)

Resolvemos a primeira equacao para a incognita u em funcao das outras incognitas, ob-tendo

u =1

2(5− v − w) (1.2)

A equacao (1.2) e equivalente a primeira equacao em (1.1). Substituindo-se o valor de ucomo expresso pelo lado direito da equacao (1.2) nas 2a e 3a equacoes de (1.1) obtemos{

42

(5− v − w) − 6v = −2−22

(5− v − w) + 7v + 2w = 9(1.3)

resultando em {− 8v − 2w = −12

8v + 3w = 14(1.4)

Chamemos o numero que multiplica a incognita u, na 1a equacao em (1.1) de pivo, isto e,2 e o pivo da primeira equacao em (1.1). Se multiplicarmos ambos os lados da 1a equacaoem (1.1) por 4

2, onde no denominador temos o pivo, e se da segunda equacao subtrairmos

esse multiplo da primeira equacao, obtemos a equacao,

−8v − 2w = −12

1

Page 5: al_pos v 2ª semana

2 CAPITULO 1. METODO DE ELIMINACAO DE GAUSS

Analogamente, multiplicando-se ambos os lados da primeira equacao em (1.1) por −22

,onde novamente, no denominador temos o pivo da primeira equacao e no numerador onumero que multiplica u, a variavel que sera substituıda, na terceira equacao, e da terceiraequacao subtraırmos esse multiplo da primeira equacao, obtemos,

8v + 3w = 14

Em outras palavras, da segunda e da terceira equacoes subtraımos multiplos da primeiraequacao conseguindo eliminar a incognita u, e obtendo as mesmas equacoes derivadas porsubstituicao, equacao (1.4). E nesta ideia que se baseia a primeira etapa do metodo deeliminacao de Gauss.

Reduzimos entao o sistema de tres equacoes a tres incognitas ao sistema2u+ v + w = 5{−8v − 2w = −128v + 3w = 14

formado por uma equacao a tres incognitas e um sub-sistema de duas equacoes a duasincognitas, v e w. Sabendo-se a solucao do sub-sistema dois por dois, isto e, sabendo-seo valor de v e w, pode-se recorrer a primeira equacao para determinar u.

Mas, ao sub-sistema dois por dois podemos aplicar a mesma ideia de substituicao,isto e, usa-se a segunda equacao para determinar uma das incognitas, v, em funcao daoutra, w, e substitui-se na terceira equacao, obtendo-se, esquematicamente, um sistemana forma

equacao a tres incognitas, u, v, e w{equacao a duas incognitas, v e w{

equacao a uma incognita, w

concretamente dado neste caso por2u+ v + w = 5{−8v − 2w = −12{w = 2

Desta forma resolve-se a ultima equacao, determinando-se w, depois substitui-se o valorde w na segunda equacao, determinando-se o valor de v, e finalmente usa-se na primeiraequacao os valores ja determinados de v e w para obter-se o valor de u. A esta ultimaetapa da-se o nome de retrosubstituicao.

Claramente o procedimento pode ser seguido no caso de um sistema de n equacoes a nincognitas, trocando-o inicialmente por uma equacao com n incognitas e um sub-sistemade n − 1 equacoes a n − 1 incognitas, e procedendo recursivamente, para ‘diminuir’ otamanho do sub-sistema ate atingir um sub-sistema de uma equacao a uma incognita.

1.2 Etapas do metodo de Gauss

O metodo de eliminacao de Gauss e constituıdo por duas etapas: (A) Eliminacao avancada;(B) Retrosubstituicao.

Page 6: al_pos v 2ª semana

1.2. ETAPAS DO METODO DE GAUSS 3

(A) Eliminacao avancada A eliminacao avancada elimina variaveis de equacoes maisabaixo usando as de cima. E um processo reversıvel. O numero (nao-nulo) que multiplicaa variavel da equacao acima a ser eliminada das equacoes abaixo e chamado de pivo.

No exemplo,pivo︷︸︸︷

2 u + v + w = 54u − 6v = −2−2u + 7v + 2w = 9

Usa a 1a equacao para eliminar a1a variavel (u) das equacoes restantessubtraindo multiplos da 1a a 2a e depois a 3a

(1.5)

2u + v + w = 5

−pivo︷︸︸︷

8 v − 2w = −128v + 3w = 14

linha 1 e mantidalinha 2→ linha 2 −2·linha 1

linha 3→ linha 3 −(−1)·linha 1

Observacoes

• Para eliminar o 4u na 2a equacao basta subtraı-la de um multiplo da 1a linha. Omultiplicador da 1a linha e obtido dividindo-se o 4 pelo pivo. Assim, faz-se a trocada 2a linha,

linha 2 → linha 2 - 2·linha 1

• Note que este procedimento e reversıvel. Por exemplo, para recuperar a 2a linhaoriginal basta adicionar a 2a linha atual duas vezes a linha 1 atual (que, alias, naosofre alteracoes).

linha 2 → linha 2 + 2·linha 1

• O procedimento gerou um subsistema de 2 equacoes a 2 incognitas (v, w). Sabendo-se a solucao deste subsistema 2 por 2, sabemos a solucao do sistema 3 por 3 original.

• Aplicando-se este procedimento sistematicamente, o sistema vai gerando subsiste-mas de tamanho cada vez menor: 3 por 3 → 2 por 2 → 1 por 1.

Usa-se, em seguida, a 2a equacao para eliminar a 2a variavel (v) da equacao restante(a 3a equacao), subtraindo-se da 3a equacao um multiplo da 2a.

2u + v + w = 5− 8v − 2w = −12

w = 2

mantemmantem

linha 3 −(−1)·linha 2

Page 7: al_pos v 2ª semana

4 CAPITULO 1. METODO DE ELIMINACAO DE GAUSS

(B) Retrosubstituicao A substituicao recuada ou retrosubstituicao procede da ultimaequacao em direcao a primeira, como a seguir:

w = 2−8v − 2(2) = −12 ⇒ v = 12u+ (1) + (2) = 5 ⇒ u = 1

ultima equacaosubstitui-se w da 3a equacao na 2a equacaosubstituem-se os valores de w e v na 1a equacao

Finalmente u = 1v = 1w = 2

(1.6)

Observacao conceitualmente importante Esta ultima etapa tambem e reversıvel.E a reversibilidade das duas etapas, A e B, que garante logicamente que as solucoes dosistema original, equacao 1.1 (ou equacao 1.5) e as solucoes do sistema final, equacao 1.6,sao as mesmas. Pode-se ir de uma a outra e da outra a uma...

Pode-se utilizar uma notacao matricial para ressaltar ainda mais o caracter algorıtmico,de processamento de numeros, de que se reveste o metodo de Gauss. O objetivo e obter-seuma matriz triangular superior1 U , (upper triangular). Tem-se

2 1 14 −6 0−2 7 2

∣∣∣∣∣∣b︷ ︸︸ ︷

5−29

linha 1 → linha 1linha 2 → linha 2 −2· linha 1linha 3 → linha 3 + linha 1

2 1 1−8 −28 3

∣∣∣∣∣∣5−1214

linha 1 → linha 1linha 2 → linha 2linha 3 → linha 3 + linha 2

2 1 1−8 −2

1

∣∣∣∣∣∣5−12

2

1.3 Perspectiva matricial do procedimento: matrizes

elementares e fatoracao LU

Fatoracao LU

O metodo de eliminacao de Gauss para a resolucao de equacoes lineares procede usandooperacoes elementares sobre a matriz do sistema de forma a obter, no final, uma matriztriangular superior.

1Uma matriz U e triangular superior, se suas entradas abaixo da diagonal principal sao nulas, isto e,se Uij denota a entrada na linha i e coluna j da matriz U , entao, Uij = 0 sempre que i > j.

Page 8: al_pos v 2ª semana

1.3. FATORACAO LU 5

Uma das operacoes elementares do metodo e a substituicao de uma linha do sistema porela diminuıda de um multiplo de uma outra linha. Essa operacao pode ser representadapela multiplicacao pela esquerda da matriz A do sistema, por uma matriz dita elementar,E. A matriz elementar tem por caracterısticas, ser triangular inferior, com 1’s na diagonalprincipal, e um unıco valor nao nulo abaixo da diagonal. Esse valor, representado por−m, esta localizado na mesma linha que e usada para modificar e na coluna com mesmoındice que a linha que esta sendo modificada, onde m representa o valor a ser multiplicadoa linha a ser usada na modificacao e o chamado multiplicador.

Isto e um pouco complicado de descrever sem sımbolos para denotar as linhas envol-vidas, mas um pouco confuso (abstrato) se usarmos a notacao. Vamos usar a notacaoadequada e depois fazer um exemplo para facilitar a compreensao.

Seja Ai a i-esima linha da matriz A. No metodo de Gauss, tipicamente substituımosa linha i, pela linha Ai − mAj, onde j < i, com o objetivo de usar a linha j, maisprecisamente o elemento Ajj, chamado pivo, para eliminar (zerar) o elemento Aij da

linha i. Para tal, o multiplicador e m =Aij

Ajj.

A matriz elementar que corresponde a essa operacao e a matriz cujos unicos elementosnao-nulos sao a diagonal principal, que so tem 1’s, e o elemento

Eij = −m

Como j < i, a matriz e triangular inferior.Consideremos um exemplo.

E︷ ︸︸ ︷ 1 0 0−2 1 00 0 1

A︷ ︸︸ ︷ 2 1 1

4 −6 0−2 7 2

=

EA︷ ︸︸ ︷ — A1 —— A2 − 2A1 —— A3 —

=

2 1 10 −8 −2−2 7 2

F︷ ︸︸ ︷ 1 0 0

0 1 01 0 1

EA︷ ︸︸ ︷ 2 1 1

0 −8 −2−2 7 2

=

FEA︷ ︸︸ ︷ — (EA)1 —— (EA)2 —— (EA)3 + (EA)1 —

=

2 1 10 −8 −20 8 3

G︷ ︸︸ ︷ 1 0 0

0 1 00 1 1

FEA︷ ︸︸ ︷ 2 1 1

0 −8 −20 8 3

=

GFEA=U︷ ︸︸ ︷ — (FEA)1 —— (FEA)2 —— (FEA)3 + (FEA)2 —

=

U︷ ︸︸ ︷ 2 1 10 −8 −20 0 1

A matriz U e triangular inferior. Denote por G−1, F−1, E−1, as matrizes que representamas operacoes elementares inversas. No exemplo, pode-se verificar que

G−1 =

1 0 00 1 00 −1 1

, F−1 =

1 0 00 1 0−1 0 1

e E−1 =

1 0 02 1 00 0 1

Page 9: al_pos v 2ª semana

6 CAPITULO 1. METODO DE ELIMINACAO DE GAUSS

Calculando-se o produto obtem-se

L = E−1F−1G−1 =

1 0 02 1 0−1 −1 1

que e uma matriz triangular inferior (por isso a escolha da letra L para representa-la, doingles lower triangular).

Como

GFEA = U

aplicando-se em ambos os lados da equacao acima, as operacoes inversas, comecando coma inversa da ultima realizada, G, obtemos

G−1GFEA = G−1U donde FEA = G−1U

e em seguida, a inversa de F e depois a inversa de E, chega-se a

A = E−1F−1G−1GFEA = E−1F−1G−1U = LU

isto e, a matriz foi fatorada num produto de uma matriz triangular inferior com 1′s nadiagonal, L, por uma matriz triangular superior com os pivos na diagonal, U .

Em resumo, as matrizes L e U terao o seguinte aspecto,

L =

1 0 0m21 1 0m31 m32 1

e U =

pivo1 ∗ ∗0 pivo2 ∗0 0 pivo3

onde, por exemplo, m21 e o multiplicador utilizado para ‘limpar’a posicao 21, linha 2,coluna 1, com a ajuda da linha 1. A linha 2 subtrai-se m21 vezes a linha 1, onde

m21 =elemento 21

pivo1

e pivo1 e o pivo da linha 1.

Resolucao de sistemas com a fatoracao LU

Considere um sistema de equacoes lineares na forma

Ax = b

onde se tenha conseguido fatorar A = LU . Entao, pode-se escrever

L

y︷︸︸︷Ux = b ⇒

{Ly = bUx = y

Page 10: al_pos v 2ª semana

1.4. FATORACAO PA = LU 7

Assim, resolve-se primeiramente o sistema para y,

Ly = b

que e facil e rapido de se resolver, — e uma substituicao avancada — e em seguida,resolve-se para x o sistema

Ux = y

que e uma retrosubstituicao, igualmente facil e rapida de executar.

Exemplo 1 No exemplo, resolve-se 1 0 02 1 0−1 −1 1

y1

y2

y3

=

5−29

donde, sucessivamente, da primeira equacao y1 = 5, da segunda equacao, 2(5)+y2 = −2ou, y2 = −12, e da terceira equacao, −5− 1(−12) + y3 = 9, resultando em y3 = 2.

Em seguida, resolve-se 2 1 10 −8 −20 0 1

uvw

=

5−12

2

que resulta na solucao (u, v, w) = (1, 1, 2).

Observacao Depois de obter a fatoracao LU de uma matriz A, quando existir, e possıvelresolver rapidamente Ax = b para diversos lados direitos b. Isso pode ser interessanteem aplicacoes onde se procure saber o comportamento de um sistema (com x sendo aresposta do sistema), quando diferentes estımulos (representados por b) sejam aplicadosa ele.

1.4 Eliminacao, substituicao e permutacao: fatoracao

PA = LU

Quando a fatoracao LU falha

O algoritmo de Gauss pode falhar quando o sistema e singular, caso que sera analisadoposteriormente, ou quando, apesar de ser regular (nao singular), o candidato a pivo e nulo.Neste utimo caso, e simples modificar o algoritmo, permutando-se as linhas do sistema.Exemplifiquemos.

Page 11: al_pos v 2ª semana

8 CAPITULO 1. METODO DE ELIMINACAO DE GAUSS

Exemplo 2 Exemplo de sistema singular. Assuma que ao aplicar o algoritmo de Gaussa um sistema, obtenha:

u + v + w = —2u + 2v + 5w = —4u + 4v + 8w = —

⇒u + v + w = —

3w = a4w = b

O algoritmo nao pode prosseguir, e temos as seguintes possibilidades para o conjuntosolucao do sistema:

a

3=

b

4⇒ o sistema tem infinitas solucoes;

a

36= b

4⇒ o sistema nao tem solucao alguma

Exemplo 3 Exemplo de sistema nao singular, e algoritmo de Gauss, como apresentadoate o momento, falha.

u + v + w = —2u + 2v + 5w = —4u + 6v = 8w = —

u + v + w = —0u + 0v + 3w = —0u + 2v + 4w = —

Nao ha como continuar o algoritmo uma vez que o candidato a pivo e nulo. A solucaodeste pequeno obstaculo e trocar as duas ultimas linhas de posicao

u + v + w = —0u + 2v + 4w = —0u + 0v + 3w = —

e o algoritmo pode prosseguir com a etapa B da retrosubstituicao.

Matrizes de permutacao

Uma matriz de permutacao e obtida a partir da matriz identidade trocando-se suas linhasou colunas. Assim, uma matriz de permutacao, n× n, tem apenas n entradas nao-nulas,iguais a 1, sendo que em cada linha e em cada coluna ha apenas uma entrada igual a 1.

A matriz P e um exemplo de matriz de permutacao:

P =

0 1 01 0 00 0 1

→ Obtida da matriz identidade trocandoa 1a e a 2a colunas (ou linhas)

Uma matriz de permutacao pode ser representada por suas colunas ou linhas que saovetores canonicos, como no exemplo a seguir:

Q =

0 1 00 0 11 0 0

=

| | |e3 e1 e2

| | |

=

— eT2 —— eT3 —— eT1 —

Page 12: al_pos v 2ª semana

1.4. FATORACAO PA = LU 9

Concentremo-nos na representacao envolvendo as colunas. Defina a funcao

i : {1, 2, 3} → {1, 2, 3}j 7→ i(j) = ij

onde i1 = 3, i2 = 1 e i3 = 2. Entao

Q =

| | |ei1 ei2 ei3| | |

=

| | |e3 e1 e2

| | |

Ou seja, dada uma funcao bijetora (injetora e sobrejetora) de {1, 2, 3} em si mesmo, temosuma matriz de permutacao, bastando colocar na coluna j o vetor eij . E vice-versa.

Assim, o numero de matrizes de permutacao, n× n, e igual ao de funcoes bijetores de{1, 2, . . . n} em {1, 2, . . . n}. Ora, esse e numero e o numero de permutacoes de n objetos:n!.

Uma propriedade das matrizes de permutacao e que o produto dela com sua transpostae a identidade (i.e. sua inversa e a sua transposta). Vejamos como verificar,

PT︷ ︸︸ ︷— eTi1 —— eTi2 —...

......

— eTin —

P︷ ︸︸ ︷ | | · · · |

ei1 ei2 · · · ein| | | |

= I

A entrada lm (linha l e coluna m) da matriz produto P TP e dada por eTileim = δlm, istoe, P TP = I.

Sistemas nao-singulares: fatoracao PA = LU

Por simplicidade, represente matriz de permutacao da seguinte forma0 0 1 00 1 0 01 0 0 00 0 0 1

=

— eT3 —— eT2 —— eT1 —— eT4 —

=

3214

Na obtencao da fatoracao PA = LU , onde A e a matriz original do sistema linear, P

e uma matriz de permutacao, L e uma matriz triangular inferior, com uns na diagonalprincipal, e U uma matriz triangular superior, o algoritmo comeca com duas copias daidentidade e a matriz A lado a lado e termina com as matrizes P , L e U . A primeiraidentidade e a matriz P sao representadas como anteriormente explicitado,

[I I A] → [P L U ]

Page 13: al_pos v 2ª semana

10 CAPITULO 1. METODO DE ELIMINACAO DE GAUSS

Ilustramos o processo atraves de um exemplo,1234

1 0 0 00 1 0 00 0 1 00 0 0 1

1 2 4 63 2 1 51 3 2 1−2 1 −1 2

troca linha 1 com a 3 (para ver como registrar)

3214

1 0 0 00 1 0 00 0 1 00 0 0 1

pivo︷︸︸︷1 3 2 13 2 1 51 2 4 6−2 1 −1 2

usa pivo para ‘limpar’ coluna 1 abaixo dele,

coloca multiplicadores na segunda matrizA2 7→ A2 − 3A1; A3 7→ A3 − 1A1;

A4 7→ A4 − (−2)A1;

3214

1 0 0 03 1 0 01 0 1 0−2 0 0 1

1 3 2 10 −7 −5 20 −1 2 50 7 3 4

troca linhas 2 e 3 (facilita as contas)

3124

1 0 0 01 1 0 03 0 1 0−2 0 0 1

1 3 2 1

0

pivo︷︸︸︷−1 2 5

0 −7 −5 20 7 3 4

pivo (−1) para ‘limpar’ coluna 2 abaixo dele;

multiplicadores na segunda matrizA3 7→ A3 − 7A2; A4 7→ A4 − (−7)A2

3124

1 0 0 01 1 0 03 7 1 0−2 −7 0 1

1 3 2 10 −1 2 50 0 −19 −330 0 17 39

troca linhas 3 e 4 (para ilustrar o metodo)

3142

1 0 0 01 1 0 0−2 −7 1 03 7 0 1

1 3 2 10 −1 2 5

0 0

pivo︷︸︸︷17 39

0 0 −19 −33

usa pivo 17 (para zerar −19 abaixo dele)A4 7→ A4 −

(−1917

)A3

)

3142

1 0 0 01 1 0 0−2 −7 1 03 7 −19

171

1 3 2 10 −1 2 50 0 17 390 0 0 180

17

Obtem P , L e U

Page 14: al_pos v 2ª semana

1.5. SISTEMAS DE EQUACOES COM MATRIZES RETANGULARES 11

Pode-se verificar que PA = LU , onde

P =

3142

=

0 0 1 01 0 0 00 0 0 10 1 0 0

L =

1 0 0 01 1 0 0−2 −7 1 03 7 −19

171

e U =

1 3 2 10 −1 2 50 0 17 390 0 0 180

17

1.5 Sistemas de equacoes com matrizes retangulares

1.5.1 Retas

Dados dois pontos distintos x0 = (x01, x

02, . . . x

0n)T , x1 = (x1

1, x12, . . . x

1n)T ∈ IRn, x0 6= x1,

a reta que passa por esses pontos e definida por

r = {x ∈ IRn tal que x = x0 + t(x1 − x0) para todo t ∈ IR} (1.7)

A representacao dada acima da reta r tambem e chamada de equacao parametrica dareta. O vetor x1 − x0 (ou qualquer multiplo seu nao-nulo), e o vetor direcao da reta r.

Exemplo 4 Sejam (1, 3) e (2, 1) ∈ IR2. Determine: (a) a equacao parametrica da reta;(b) a equacao da reta.

Solucao a) x1 − x0 = (1,−2)T . Entao a equacao parametrica e(xy

)= x = x(t) =

(1 + t3− 2t

)∀t ∈ IR

b) Como x = 1 + t e y = 3− 2t, eliminando t, obtem-se y + 2x = 5.

Poder-se-ia ter feito a alınea b) usando a formula usual para a equacao da reta em IR2

passando pelos pontos x0 = (x0, y0) e x0 = (x1, y1):

y − y0

x− x0

=y1 − y0

x1 − x0

(1.8)

Vale lembrar que enquanto a equacao (1.7) e valida em IRn, para qualquer n ≥ 1, aequacao (1.8) so e valida para IR2 e nao ha formula analoga, com apenas uma equacao,para n 6= 2.

Page 15: al_pos v 2ª semana

12 CAPITULO 1. METODO DE ELIMINACAO DE GAUSS

1.5.2 Resolver sistemas

A questao que se coloca e sobre o significado de resolver um sistema de equacoes. Quandoo sistema tem apenas uma solucao, a questao e determinar a solucao. Quando o sistematem mais do que uma solucao, o que se quer e parametrizar o conjunto solucao, isto e,determinar uma funcao cuja imagem seja o conjunto solucao do sistema de equacoes.Vejamos alguns exemplos para entender o que se quer dizer.

Resolva a equacao 3x = 4. A solucao desta equacao, em IR e unica e e x = 4/3. Resolvaagora a equacao 3y + 4x = 12 em IR2. O conjunto de pontos que satisfaz esta equacaocompoe uma reta. A resolucao implica que se determine uma equacao parametrica dareta. Bem

y =12

3− 4

3x ⇒

(xy

)=

(x

4− 43x

)x

(1−4

3

)+

(04

)∀x ∈ IR

ou seja e a reta que ‘passa’ pelo ponto (0, 4)T e tem direcao (3,−4)T .

Sistemas de m equacoes a n incognitas

Para resolver sistemas lineares de m equacoes a n incognitas, podemos aplicar proce-dimento analogo ao ja apresentado, usando permutacoes, e subtraindo a uma linha ummultiplo de outra.

O objetivo agora e que e um pouco modificado. Ao inves de realizar as operacoeselementares para obter uma matriz triangular inferior, realizam-se essas operacoes com ointuito de chegar a uma matriz escada. Uma matriz escada e tal que:

• As linhas nulas aparecem embaixo;

• Abaixo de qualquer pivo so ha zeros;

• Cada pivo esta a direita do pivo da linha acima.

Com esse objetivo em mente, dada uma matriz A, m×n, e sempre possıvel determinarmatrizes P , quadrada, m×m, de permutacao, L, tambem quadrada, m×m, triangularinferior com uns na diagonal principal, e U , m× n, matriz escada, contendo os pivos, talque PA = LU .

Considere a resolucao do sistema Ax = b, onde, apos as operacoes elementares,

A | b → U | b

U | b =

U︷ ︸︸ ︷pivo︷︸︸︷1 3 2 1 0

0 0

pivo︷︸︸︷3 1 2

0 0 0 0

pivo︷︸︸︷2

b︷ ︸︸ ︷∣∣∣∣∣∣

412

Page 16: al_pos v 2ª semana

1.6. SOBRE SISTEMAS SINGULARES E REGULARES 13

Aqui temos 5 variaveis, (x1, x2, . . . , x5, 3 pivos (= dim Im(A) associados as variaveisx1, x3, x5, chamadas de basicas ou dependentes, 5− 3 = 2 variaveis livres.

A resolucao do sistema se completa ao escrever as variaveis basicas em funcao daslivres. Resolvendo da ultima em direcao a primeira equacao,

x1 + 3x2 + 2x3 + x4 = 4

3x3 + x4 + 2x5 = 1

2x5 = 2

obtemos

x5 = 1

3x3 + x4 = −1 ⇒ x3 = −1

3− 1

3x4

x1 + 3x2 + 2

(−1

3− 1

3x4

)+ x4 = 4 ⇒ x1 =

14

3− 3x2 −

1

3x4

donde as solucoes sao dadas porx1

x2

x3

x4

x5

=

143− 3x2 − 1

3x4

x2

−13− 1

3x4

x4

1

=

143

0−1

3

01

+ x2

−31000

+ x4

−1

3

0−1

3

10

para todo x2, x4 ∈ IR.

1.6 Sobre sistemas singulares e regulares

A palavra singular ja diz que se um sistema e singular e porque ele e, de alguma formadiferente, ou melhor raro. O que e raro, e diferente, e singular. Entao os sistema singularessao ‘raros’e os regulares sao mais comuns. Vamos esclarecer isso um pouco. Considere ossistemas de duas equacoes a duas incø’gnitas a seguir:{

2x− y = 1x+ y = 5

Tem uma unica solucao: sistema regular

{2x− y = 1

4x− 2y = 8 Nao tem nenhuma solucao: sistema singular

{2x− y = 1

−4x+ 2y = −2 Tem infinitas solucoes: sistema singular

Page 17: al_pos v 2ª semana

14 CAPITULO 1. METODO DE ELIMINACAO DE GAUSS

Um sistema de duas equacoes a duas incognitas e dito regular se tem uma e somente umasolucao (sistema deteminado), caso contrario, se nao tiver nenhuma solucao, ou infinitassolucoes e chamado de singular (sistema impossıvel ou indeterminado). Seja S o espacode todos os sistemas de duas equacoes a duas incognitas,{

ax+ by = cdx+ ey = f

Coomo cada equacao representa uma reta, podemos pensar que S e o conjunto de paresde retas, ou ainda, que e o conjunto dos coeficientes,

S =

{(a b cd e f

), para todo , a, b, c, d, e, f ∈ IR

}Sejam

SR = ‘conjunto dos sistemas regulares’

SS = ‘conjunto dos sistemas singulares’

Entao,

S = SRd∪ SS

onde ∪ designa a uniao de conjuntos e d diz que a intersecao dos conjuntos e vazia.Observamos o seguinte com relacao aos sistemas regulares e singulares:

1. Um sistema regular corresponde a duas retas transversais. Se as perturbarmos umpouquinho, isto e, se modificarmos um pouquinho os coeficientes do sistema, asduas retas continuarao a ser transversais, logo o sistema resultante continuara a serregular, a ter uma unica solucao;

2. Um sistema singular corresponde a (a) duas retas paralelas, ou (b) duas retas coin-cidentes. A perturbarmos um pouquinho essas retas, e claro que podemos continuara ter retas paralelas, ou coincidentes, mas e possıvel perturba-las bem pouquinho eelas passarem a ser transversais, correspondendo assim a um sistema regular, comuma unica solucao.

O conjunto dos sistema regulares e dito:

• aberto (ou estavel) porque satisfaz a propriedade 1. acima;denso porque satisfaz a propriedade 2. acima

O conjunto dos sistema regulares e aberto porque suficientemente perto de qualquersistema regular so ha sistemas regulares, e e denso porque perto de qualquer sistema(regular ou singular) ha um sistema regular.

Page 18: al_pos v 2ª semana

1.6. SOBRE SISTEMAS SINGULARES E REGULARES 15

Sejamos um pouco mais formais. Uma perturbacao de um sistema e simplesmenteuma perturbacao (modificacao) dos seus coeficientes. Considere uma perturbacao nossistemas singulares dados anteriormente,{

(2 + ε)x− y = 14x− 2y = 8

(x, y) =

(4

ε,8

ε− 4

)Tem uma unica solucao: sistema regular

{(2 + ε)x− y = 1−4x+ 2y = −2

(x, y) = (0,−1) Tem uma unica solucao: sistema regular

Assim, dado um sistema singular, havera tao perto quanto se queira, ε bem pequeno, umsistema regular (sistemas regulares sao densos).

Por outro lado, uma perturbacao pequena de um sistema regular nao ‘destroi’ suaregularidade. Considere uma perturbacao geral do sistema regular dado,{

(2 + ε1)x+ (−1 + ε2)y = (1 + ε3)(1 + ε4)x+ (1 + ε5)y = (5 + ε6)

Quando ε’s forem bem pequenos, o sistema tem uma unica solucao: sistema regular. Defato,

det

(2 + ε1 −1 + ε21 + ε4 1 + ε5

)= 3+

α︷ ︸︸ ︷(ε1 + ε4 + ε5 − ε2 + ε1ε5 − ε2ε4) = 3 + α

que e diferente de zero garantido a resolucao do sistema, desde que α ou os ε’s sejampequenos.

Porque o conjunto Sr e aberto e denso em S e justificavel afirmar que, salvo raras (equica honrosas) excecoes, um sistema de n equacoes a n incognitas tem uma unica solucao.Em matematica diz-se que genericamente um sistema de n equacoes a n incognitas, temuma unica solucao. Ou ainda, a existenca e unicidade de solucoes e uma propriedadegenerica de sistemas de n equacoes a n incognitas.

Page 19: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 2

Determinante

Da lıngua portuguesa, estudante significa, por incrıvel que possa parecer, ‘aquele queestuda’, como amante e aquele que ama, presidente aquele que preside e determinanteaquele que determina.

Para entender que em matematica o nome nao e incompatıvel com o sentido da palavradeterminante, vamos primeiro ver o que e o determinante. Mais a frente, veremos porqueele e ‘o que determina’.

O determinante, denotado por det, e uma funcao escalar (isto e, assume valores re-ais) definida para matrizes quadradas com as seguintes propriedades (que a caracterizamcompletamente):

i) det I = 1;

ii) det e multilinear nas linhas, isto e, escolhida uma linha, e mantidas inalteradas asoutras linhas, o det e linear nessa linha (aditiva e homogenea de grau 1);

iii) det e anti-simetrica, isto e, trocando-se duas linhas, o det troca de sinal.

Vejamos como essas propriedades especificam unicamente o determinante.

Exemplo 5 A partir das propriedades definidoras, calcule o determinante de uma matriz2× 2.

det

(a bc d

)= det

((a 0) + (0 b)

c d

)ii= det

(a 0c d

)+ det

(0 bc d

)ii= det

(a 0c 0

)+ det

(a 00 d

)+ det

(0 bc 0

)+ det

(0 b0 d

)ii= ac det

(1 01 0

)+ ad det

(1 00 1

)+ bc det

(0 11 0

)+ bd det

(0 10 1

)= ad− bc

16

Page 20: al_pos v 2ª semana

2.1. PROPRIEDADES DO DETERMINANTE 17

uma vez que por (iii)

det

(1 01 0

)= − det

(1 01 0

)⇒ det

(1 01 0

)= 0

e analogamente,

det

(0 10 1

)= 0

e por (iii) e (i),

det

(0 11 0

)= − det

(1 00 1

)= −1

2.1 Propriedades do determinante

Para facilitar o calculo do determinante de uma matriz e conveniente introduzir algu-mas propriedades que agilizam o seu calculo. Se formos usar apenas as propriedadesdefinidoras, resultara em um processo moroso.

a) Se duas linhas da matriz sao iguais, o determinante e nulo. Esta propriedade e umaconsequencia de (iii). Para nao dificultar a notacao, vamos ilustrar a demonstracaono caso de uma matriz 3× 3, que e suficientemente esclarecedora. De fato, assumaque a primeira e a segunda linha se igualam, e troque-as entre si. Pela propriedade(iii) — A1 —

— A1 —— A3 —

(iii)︷︸︸︷= −

— A1 —— A1 —— A3 —

vemos que o determinante se anula.

Page 21: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 3

Areas e Volumes

3.1 Calculo de areas

Dados dois vetores v1 e v2 em IRn, o paralelogramo gerado por eles tem a mesma areaque o paralelogramo gerado por v1 e v2 + λv1, para todo o valor de λ. Escolha entao λde tal sorte que v1 e v2 + λv1 formem um retangulo, i.e., escolha de tal forma que essesvetores sejam ortogonais,

v1 ⊥ v2 + λv1

Assim

(v2 + λv1)Tv1 = 0

vT2 v1 + λvT1 v1 = 0 ⇒ λ =vT2 v1

vT1 v1

Agora, sejam u1 = v1 e u2 = v2 − vT2 v1

vT1 v1

v1. E claro que u1 ⊥ u2 (foram construıdos

para tal). Denote por

P(u,v) = ‘paralelogramo gerado por u e v’

Entao

areaP(u1,u2) = ||u1|| ||u2||

e tambem

areaP(v1,v2) = areaP(u1,u2)

Seja

A =

| |u1 u2

| |

18

Page 22: al_pos v 2ª semana

3.1. CALCULO DE AREAS 19

a matriz cujas colunas sao os vetores u1 e u2. Entao,

ATA =

(— uT1 —— uT2 —

) | |u1 u2

| |

=

(uT1 u1 0

0 uT2 u2

)donde

det(ATA) = uT1 u1uT2 u2 = ||u1||2||u2||2

logo

areaP(u1,u2) = ||u1|| ||u2|| =√

det(ATA)

quando u1 ⊥ u2.Por outro lado, seja

B =

| |v1 v2

| |

a matriz cujas colunas sao os vetores v1 e v2 e note que | |

u1 u2

| |

=

| |v1 v2 − λv1

| |

=

| |v1 v2

| |

R︷ ︸︸ ︷(

1 −λ0 1

)ou, em outras palavras,

A = BR

onde R e uma matriz quadrada, 2× 2. Entao,

det(ATA) = det(RTBTBR) = det(RT ) det(BTB) det(R) = det(BTB)

uma vez que detR = detRT = 1.A matriz BTB e a matriz de Gram dos vetores v1 e v2,

BTB =

(vT1 v1 vT1 v2

vT2 v1 vT2 v2

)e e instrumental na determinacao da area do paralelogramo formado por v1 e v2. De fato,do que ficou dito, temos, em geral,

areaP(v1,v2) = |√

det(BTB) |

Observacao 6 Note que, se os vetores v1 e v2 estiverem em IR2, a matriz B e quadradae, como o determinante de uma matriz e de sua transposta sao iguais, temos det(BTB) =det(BT ) det(B) = (detB)2, donde,

areaP(v1,v2) =√

det(BTB) =√

(detB)2 = | detB|

Page 23: al_pos v 2ª semana

20 CAPITULO 3. AREAS E VOLUMES

3.2 Volumes

Em IR3, sejam tres vetores l.i.’s, v1, v2 e v3. Seja

P(v1,v2,v3) = ‘paralelepıpedo gerado pelos vetores’

Entao, analogamente ao que foi feito para dois vetores em IR2 pode-se concluir que

volume (P(v1,v2,v3)) = | detA|

onde A e a matriz cujas colunas sao os vetores v1, v2 e v3.

3.3 Hipervolume

Em IR4, sejam quatro vetores l.i.’s, v1, v2, v3 e v4, gerando um hiper-paralelogramo de16 = 24 = C0

4 + C14 + C2

4 + C34 + C4

4 vertices dados por:

C04 = 1 0 = (0, 0, 0, 0)

C14 = 4 v1, v2, v3, v4

C24 = 6 v1 + v2, v1 + v3, v1 + v4, v2 + v3 v2 + v4 v3 + v4

C34 = 4 v1 + v2 + v3, v1 + v2 + v4, v1 + v3 + v4, v2 + v3 + v4

C44 = 1 v1 + v2 + v3 + v4

Seja

P(v1,v2,v3,v4) = ‘hiper-paralelogramo gerado pelos vetores’

Entao,

4-volume (P(v1,v2,v3,v4)) = | detA|

onde A e a matriz cujas colunas sao os vetores v1, v2, v3 e v4.Note que os vetores sao l.i.’s se e somente se detA 6= 0.

3.4 Paralelogramo em IR3

Dados v1 e v2 ∈ IR3, tem-se o paralelogramo gerado, P(v1,v2). A matriz A cujas colunassao os vetores v1 e v2,

A =

| |v1 v2

| |

=

a11 a12

a21 a22

a31 a32

Page 24: al_pos v 2ª semana

3.5. CRITERIO DO DETERMINANTE PARA VETORES L.I.’S 21

tem tres submatrizes, escolhendo duas linhas em tres, (C23 = 3),

A12 =

(a11 a12

a21 a22

), A13 =

(a11 a12

a31 a32

), A23 =

(a21 a22

a31 a32

)Cada uma delas contem dois vetores correspondentes, respectivamente, a projecao dosvetores originais nos planos xy, xz e yz, gerando em cada plano, paralelogramos (casual-mente as projecoes podem ser l.d.’s e nao gerar paralelogramos). Mostramos o seguinte‘Teorema de Pitagoras’ para as areas:

(areaP)2 = (areaP12)2 + (areaP13)2 + (areaP23)2

onde, por exemplo, P12 representa o paralelogramo resultante da projecao do paralelo-gramo original no plano xy.

Demonstracao Vimos, anteriormente, que

(areaP(v1,v2))2 = det(ATA) (3.1)

= det

(vT1 v1 vT1 v2

vT2 v1 vT2 v2

)= det

(a2

11 + a221 + a2

31 a11a12 + a21a22 + a31a23

a11a12 + a21a22 + a31a32 a212 + a2

22 + a232

)=

(a2

11 + a221 + a2

31

) (a2

12 + a222 + a2

32

)− (a11a12 + a21a22 + a31a32)2

= a211a

212 + a2

11a222 + a2

11a232 + a2

21a212 + a2

21a222 + a2

21a232 + a2

31a212 + a2

31a222 + a2

31a232

−(a2

11a212 + a2

21a222 + a2

31a232 + 2a11a12a21a22 + 2a11a12a31a32 + 2a21a22a31a32

)= a2

11a222 + a2

11a232 + a2

21a212 + a2

21a232 + a2

31a212 + a2

31a222

−2a11a12a21a22 − 2a11a12a31a32 − 2a21a22a31a32

Por outro lado

(detA12)2 = det

[(a11 a12

a21 a22

)]2

= a211a

222 − 2a11a12a21a22 + a2

12a221

(detA13)2 = det

[(a11 a12

a31 a32

)]2

= a211a

232 − 2a11a32a31a12 + a2

31a212 (3.2)

(detA23)2 = det

[(a21 a22

a31 a32

)]2

= a221a

232 − 2a21a32a31a22 + a2

31a222

(...horas depois...) comparando as equacoes (3.1) e (3.2), concluımos a demonstracao doresultado.

3.5 Criterio do determinante para vetores l.i.’s

Os vetores v1, v2, v3 ∈ IRn sao l.i’s se e somente se algum dos subdeterminantes 3× 3, (eha C3

n tais subdeterminantes) da matriz A, n× 3 cujas colunas sao os vetores dados, for

Page 25: al_pos v 2ª semana

22 CAPITULO 3. AREAS E VOLUMES

nao nulo. Caso contrario, isto e, se todos os subdeterminantes 3 × 3 forem nulos, entaoos vetores sao l.d.’s.

Este resultado se generaliza para k vetores em IRn, k ≤ n. Os vetores v1, v2, . . .vk ∈IRn sao l.i.’s se somente se algum subdeterminante k × k da matriz A cujas colunas saoos vetores dados, for nao nulo. Se todos os Ck

n subdeterminantes forem nulos, entao osvetores serao l.d.’s.

Tambem,

k − volumeP (v1,v2, . . .vk) =

√ ∑klinhas

(detAk linhas)2

Observacao 7 Hiper-volume ou k-volume

• k = 1 comprimento

• k = 2 area

• k = 3 volume (usual)

• (k = 0 numero de elementos)

Page 26: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 4

Gram-Schmidt

4.1 Processo de ortogonalizacao

Considere o seguinte problema. Dados os vetores l.i.’s, obtenha uma base para o espacogerado. Para ilustrar, consideremos tres vetores, a, b e c em IRn, independentes, eU = span {a, b, c}, deseja-se obter uma base ortonormal para U . Uma forma de seresolver este problema e atraves do processo de Gram-Schmidt ou algum de seus variantes.Pode-se inicialmente ortogonalizar (10 passo) e em seguida normalizar (20 passo).10 passo: ortogonalizacao. Sejam

q1 = a

q2 = b− q1q1T

q1T q1

b (4.1)

q3 = c− q1q1T

q1T q1

c +q2q2

T

q2T q2

c (4.2)

Pode-se verificar que os vetores q1, q2 e q3 sao ortogonais entre si (i.e. dois a dois). Istoe natural se observarmos como foram obtidos. O vetor q2 e obtido de b, ‘retirando-se’ acomponente paralela ao vetor q1, que e a projecao ortogonal de b sobre a direcao de q1,

q1q1T

q1T q1

b

Analogamente, o vetor q3, e obtido retirando-se as componentes paralelas a q1 e q2.20 passo: normalizacao. Sejam

q1 =q1

||q1||

q2 =q2

||q2||(4.3)

q3 =q3

||q3||Os vetores q1, q2 e q3, formam uma base ortonormal de U .

23

Page 27: al_pos v 2ª semana

24 CAPITULO 4. GRAM-SCHMIDT

4.2 Fatoracao QR de uma matriz

Da equacao (4.1) podemos reescrever

a = q1

b =

s12︷ ︸︸ ︷q1

Tb

q1T q1

q1 + q2

c =

s13︷ ︸︸ ︷q1

Tc

q1T q1

q1+

s23︷ ︸︸ ︷q2

Tc

q2T q2

q2 + q3

ou, agrupando em forma matricial, | | |a b c| | |

=

| | |q1 q2 q3

| | |

1 s12 s13

0 1 s23

0 0 1

Da equacao (4.3), temos

q1 = ||q1||q1 q2 = ||q2||q2 q3 = ||q3||q3

temos, | | |q1 q2 q3

| | |

=

| | |||q1||q1 ||q2||q2 ||q3||q3

| | |

=

| | |q1 q2 q3

| | |

||q1|| 0 00 ||q2|| 00 0 ||q3||

Sendo entao R a seguinte matriz,

R =

r11 r12 r13

0 r22 r23

0 0 r33

=

||q1|| 0 00 ||q2|| 00 0 ||q3||

1 s12 s13

0 1 s23

0 0 1

=

||q1|| ||q1||s12 ||q1||s13

0 ||q2|| ||q2||s23

0 0 ||q3||

pode-se escrever (qualquer matriz com colunas l.i.’s) A como o produto

A = QR

onde Q e uma matriz com colunas ortonormais, possivelmente retangular, e R matrizquadrada triangular superior. Essa e a fatoracao QR de uma matriz.

Page 28: al_pos v 2ª semana

4.2. FATORACAO QR DE UMA MATRIZ 25

Assuma que A e uma matriz quadrada, e tenhamos a fatoracao QR de A. Neste caso,a matriz Q tambem sera quadrada, logo e uma matriz ortogonal, i.e., QTQ = I. Nestecaso, para resolver o sistema Ax = b, notamos que

Q

y︷︸︸︷Rx = b

donde, resolvemos primeiramente para y o sistema,

Qy = b

cuja solucao e obtida simplesmente por multiplicacao de matrizes, y = QTb, e em seguidaresolve-se

Rx = y

que so envolve retro-substituicao (igualmente facil).

Page 29: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 5

Teorema Fundamental da AlgebraLinear

5.1 Multiplicacao de matrizes

Sejam A uma matriz m× p e B uma matriz q× n. Se p = q e possıvel multiplicar A porB; se p 6= q nao e possıvel.

Exemplo 8 Considere A, matriz 2× 3 e B, matriz 3× 4. −1 1 1 02 1 1 00 −1 1 0

(

2 2 31 5 2

) (· · · 1 · · · · · ·· · · · · · 8 · · ·

)Em geral, seja:

• Ai = ‘i-esima linha da matriz A’;

• Bj = ‘j-esima coluna da matriz B’;

• Cij = ‘elemento da matriz C na i-esima linha e j-esima coluna’.

Seja ainda C = AB. Define-se

Cij =

p∑k=1

AikBkj

para todo i = 1, . . .m e j = 1, . . . n.Com essa definicao de produto de matrizes, e notando que Ai e uma matriz 1 × p e

Bj e uma matriz p× 1, entao, Cij = AiBj, e uma matriz 1× 1.

26

Page 30: al_pos v 2ª semana

5.1. MULTIPLICACAO DE MATRIZES 27

Algoritmo para calculo de C = A×B A = A7×5; B = B5×8; C = C7×8

BeginAlgorithm. Faca C ← 0, a matriz nula.. For i = 1 : 7 → (escolhe a linha do resultado). For j = 1 : 8 → (escolhe a coluna do resultado). For k = 1 : 5 → (calcula o resultado como acumulacao progressiva). Cij ← Cij + Aik ·Bkj

. EndFor

. EndFor

. EndForEndAlgorithm

O que acontece se trocarmos a ordem dos For’s ? Quantas trocas existem?

Algumas formas de ‘olhar’ a multiplicacao de matrizes Podemos organizar amultiplicacao de matrizes por diferentes blocos: elementos, linhas, colunas, etc, Vejamosalgumas possibilidades.

. . . . . . . . .— Ai —. . . . . . . . .

...... | ...

...... Bj ...

...... | ...

=

...

......

......

... Cij...

......

......

Observamos que Cij = AiB

j.

| | | || | | || | | || | | || | | |

... | ...

... Bl ...

... | ...

... | ...

=

... | ...... C l ...... | ...... | ...

Notamos que C l e combinacao linear das colunas de A com coeficientes dados pelas colunaBl.

Vejamos uma ultima e importante estruturacao do produto de duas matrizes:

| | |A1 A2 A3

| | |

— B1 — —— B2 — —— B3 — —

= A1B1 + A2B2 + A3B3

Page 31: al_pos v 2ª semana

28 CAPITULO 5. TEOREMA FUNDAMENTAL DA ALGEBRA LINEAR

5.2 A geometria dos sistemas lineares

Intersecao de conjuntos ‘lineares’: 2x− y + z = 2x+ y − 2z = 0x− 2y − z = −2

Neste caso, o conjunto solucao representa a intersecao de tres planos (tres conjuntos‘lineares’):

• plano π1: plano perpendicular ao vetor (2,−1, 1) e passando pelo ponto (4, 2, 0);

• plano π2: plano perpendicular ao vetor (1, 1,−2) e passando pelo ponto (0, 0, 0);

• plano π3: plano perpendicular ao vetor (1,−2,−1) e passando pelo ponto (0, 1,−1)

A unica solucao e (1, 1, 1).Representacao de vetor por combinacao linear das colunas da matriz: 2 −1 1

1 1 −21 −2 −1

xyz

=

20−1

2

11

−11−2

1−2−1

xyz

=

20−2

x

211

+ y

−11−2

+ z

1−2−1

=

20−2

5.3 A geometria das transformacoes lineares

Uma funcao (ou transformacao) T : IRn → IRm e linear se

• T (u + v) = T (u) + T (v) para todo u,v ∈ IRn(‘T da soma e a soma dos T ’s’);

• T (λu) = λT (u) para todo λ ∈ IR e todo u ∈ IRn (‘T do multiplo e o multiplo doT ’).

Em particular, T (0) = 0, (T (‘vetor nulo em IRn’) = ‘vetor nulo em IRm’). Em outraspalavras: e condicao necessaria, mas nao suficiente, para T ser linear que ‘leve’ o zero nozero.

Page 32: al_pos v 2ª semana

5.3. A GEOMETRIA DAS TRANSFORMACOES LINEARES 29

Uma funcao linear e ‘confundıvel’ com uma matriz, a matriz cujas colunas sao asimagens dos vetores canonicos. Seja A uma matriz m× n e u um vetor em IRn. Entao afuncao

u 7→ Au

cujo domınio e IRn e contradomınio e IRm e linear. Ademais,

Ae1 = A1 = ‘a primeira coluna de A’

Ae2 = A2 = ‘a segunda coluna de A’...

Aen = An = ‘a n-esima coluna de A’

Dois subespacos importantes associados a uma transformacao linear A sao o nucleo,N(A), um subespaco do domınio, e a imagem, Im(A), um subespaco do contradomınio,

N(A) = {x ∈ IRn | Ax = 0} = ‘nucleo da transformacao A’

Im(A) = {y = Ax ∈ IRm para algum x ∈ IRn} = ‘imagem da transformacao A’

O nucleo e tambem chamado de espaco nulo, e a imagem de espaco coluna. Se apli-carmos os mesmos conceitos a matriz AT teremos, o nucleo de AT , que para a matriz Ae chamado de espaco nulo a esquerda de A, isto porque,

ATy = 0 ⇔ (ATy)T = 0 ⇔ yT (AT )T = 0 ⇔ yTA = 0

e o espaco coluna de AT e o chamado espaco linha de A. Estes espacos vetoriais saoconhecidos como os quatro espacos fundamentais de A.

Pela definicao, observamos que para se saber se x pertenca a N(A) basta calcular Axe verificar se e nulo, ao passo que se quisermos saber se determinado y pertence a Im(A),e necessario resolver, para x, o sistema de equacoes Ax = y.

Por outro lado, se quisermos determinar todos os elementos de N(A), devemos resolvero sistema de equacoes Ax = 0, ao passo que para gerar um elemento de Im(A) bastaescolher um qualquer elemento x de IRn e calcular Ax, que pertencera a Im(A).

Definicao Dados vetores u1, u2, . . . ,uk ∈ IRn, o espaco gerado por eles e o subespacocontendo todas as combinacoes lineares desses vetores,

span{u1, u2, . . . ,uk} = {c1u1 + c2u2 + . . . ckuk,∀c1, c2 . . . ck ∈ IR}

A imagem de A e entao o espaco gerado pelas colunas de A,

Im(A) = span{A1, A2, . . . An}

Uma matriz A, (i.e., uma funcao linear), ‘leva’ subespacos em subespacos. Em parti-cular, como uma reta passando pela origem e um subespaco, se colecionarmos as imagens

Page 33: al_pos v 2ª semana

30 CAPITULO 5. TEOREMA FUNDAMENTAL DA ALGEBRA LINEAR

dos pontos de uma reta passando pela origem, como este conjunto tem que ser um su-bespaco vetorial, entao so podera ser uma nova reta passando pela origem ou a propriaorigem.

Mas mais ainda. Transformacoes lineares levam translacoes de subespacos em translacoesde subespacos. Assim,

• pontos vao em pontos (esta afirmacao e sem graca: cada ponto do domınio vai emum e um so ponto do contradomınio por definicao de funcao);

• retas vao em retas ou em pontos;

• planos vao em planos, retas ou pontos.

Como exemplo muito simples, considere a transformacao linear

P : IR3 → IR3

(x, y, z) 7→ P (x, y, z) = (x, y, 0)

que representa uma projecao ortogonal sobre o plano xy, e e dada pela matriz P

P

xyz

=

1 0 00 1 00 0 0

xyz

=

xy0

Entao,

• a reta t(1, 1, 1), ∀t ∈ IR tem por imagem a reta dada pela equacoes x = y e z = 0,ou parametricamente, por (t, t, 0), ∀t ∈ IR;

• Ja a reta (0, 0, t), ∀t ∈ IR tem por imagem a origem (0, 0, 0);

• o plano z = 3 tem por imagem o plano z = 0, ou seja o plano xy;

• o plano x+ y = 1 tem por imagem a reta (1, 0) + t(1,−1),∀t ∈ IR.

Exemplo 9 Dada a transformacao linear definida pela matriz T ,

T =

(1 0 1/20 1 2

)determine a imagem por T da reta definida pelos pontos (1, 1, 1) e (3, 2,−1).

Podemos fazer este problema determinando a reta e depois sua imagem, ou determinandoa imagem dos pontos e depois o conjunto (reta ou ponto) que eles definem.

Page 34: al_pos v 2ª semana

5.4. ORTOGONALIDADE 31

• Primeiro a reta e depois a imagem. A reta tem por direcao o vetor diferenca(3, 2,−1)− (1, 1, 1) = (2, 1,−2), e a equacao parametrica e:

t 7→ (1 + 2t, 1 + t, 1− 2t)

Assim, calculando a imagem do ponto generico,

T

1 + 2t1 + t1− 2t

=

(1 0 1/20 1 2

) 1 + 2t1 + t1− 2t

=

(32

+ 32t

3− 3t

)

que e a reta pelo ponto (32, 3) com direcao definida pelo vetor (3

2,−3).

• As imagens dos pontos dados sao:

T

111

=

(32

3

)e T

32−1

=

(52

1

)

Vemos entao estes pontos correspondem a fazer t = 0 e t = 2/3, na reta obtidaanteriormente. Como a imagem e uma reta, e passa pelos pontos obtidos, e amesma.

5.4 Ortogonalidade

Recordamos alguns conceitos sobre produto interno. O produto interno ou escalar de doisvetores em IRn e dado por

〈u,v〉 =n∑i=1

uivi = u1v1 + u2v2 + . . . unvn

e a norma de um vetor e dada por:

||u|| =√〈u,u〉 =

√u2

1 + u22 + u2

3 + . . . u2n

Dois vetores sao chamados ortogonais se e somente se

u1v1 + u2v2 + . . . unvn = 0

Neste caso denota-se u ⊥ v (e le-se u e perpendicular a v). A motivacao para estadefinicao, e que para v−u ser a hipotenusa do triangulo com outros lados u e v, devemoster o teorema de Pitagoras satisfeito, i.e.,

||u||2 + ||v||2 = ||v − u||2

e usando as definicoes esta equacao implica que u1v1 + u2v2 + . . . unvn = 0.

Page 35: al_pos v 2ª semana

32 CAPITULO 5. TEOREMA FUNDAMENTAL DA ALGEBRA LINEAR

Definicao Subespacos U e V ⊂ IRn sao ortogonais se e somente se para todos u ∈ U ev ∈ V , tem-se u ⊥ v (i.e. uTv = 0).

Exemplo 10 Em IR3 o plano xy (U = {(a, b, 0), ∀a, b ∈ IR})e o eixo dos z’s (V ={(0, 0, c), ∀c ∈ IR})sao espacos ortogonais. De fato,

uTv = (a b 0)

00c

= 0

Exemplo 11 Os espacos

U = ‘plano xy’;

V = ‘plano xz,

nao sao espacos ortogonais. Verifique.

Definicao Dado um subespaco U , o espaco perpendicular ou ortogonal a U , denotadopor U⊥ (le-se U perp) e o subespaco formado por todos os vetores w que sejam ortogonaisa cada um dos vetores de U , i.e., em sımbolos,

w ∈ U⊥ ⇔ w ⊥ u, ∀u ∈ U

No exemplo 10, tem-se que U⊥ = V e V ⊥ = U . No exemplo 11 tem-se que V ⊥ ={(0, y, 0), ∀y ∈ IR = ‘eixo dos y’s.

Observacao Pode-se verificar que (U⊥)⊥ = U , isto e, calculando-se o perp do perp deum subespaco em IRn obtem-se novamente o subespaco original. (O perp do perp e oproprio espaco).

Definicao Dados dois subespacos U e V , ortogonais, definimos o subespaco U ⊕ V ={u + v, ∀u ∈ U, v ∈ V }, chamado soma direta ortogonal. Dados dois subespacos U eV , ortogonais, dizemos que sao complementares ortogonais se, dado qualquer vetor doespaco, w, ele puder ser escrito, de forma unica, como a soma de um elemento de U e umde V . Denota-se isto escrevendo U ⊕ V = IRn

E fato que dim(U ⊕ V ) = dim(U) + dim(V ).No exemplo 10, U e V sao complementares ortogonais. De fato, em geral, dado U , seu

complementar ortogonal e U⊥.Em IR3, o eixo dos x’s e o eixo dos z’s sao subespacos ortogonais, mas nao sao com-

plementares ortogonais.Com a notacao introduzida, podemos enunciar o

Page 36: al_pos v 2ª semana

5.4. ORTOGONALIDADE 33

Teorema Fundamental da Algebra Linear Dada uma matriz A, m× n,

• O espaco nulo de uma matriz A e o complementar ortogonal do espaco linha de A,em IRn;

• O espaco nulo a esquerda e o complementar ortogonal do espaco coluna de A emIRm.

Como

• o espaco nulo de A e o nucleo de A, N(A);

• o ‘espaco coluna de A’ e a imagem de A, Im(A);

• o ‘espaco linha de A’ e Im(AT );

• e o ‘espaco nulo ‘a esquerda de A’, e o nucleo da transposta, N(AT ),

podemos escrever o TEFAL da seguinte forma simbolica:

(Im(AT ))⊥ = N(A)

(Im(A))⊥ = N(AT )

Podemos ainda escrever:

N(A)⊕ Im(AT ) = IRn

N(AT )⊕ Im(A) = IRm

Como consequencia temos que

dim N(A) + dim Im(AT ) = n = dim Dom(A)

dim N(AT ) + dim Im(A) = m = dim ContraDom(A)

Observamos que dim Im(A) = dim Im(AT ) que e o posto da matriz e e o numero de pivos.Assim, pode-se esvrever

dim N(A) + dim Im(A) = n = dim Dom(A)

Este ultimo resultado e mais conhecido como o teorema do nucleo e da imagem. Qua-litativamente podemos expressar o resultado da seguinte forma: Tendo n dimensoes nodomınio da transformacao linear A, algumas sao anuladas (dim N(A)) e outras ‘sobrevi-vem’ na imagem de A, de forma a que todas as dimensoes iniciais estao contabilizadas.Poder-se-ia dizer que este resultado e uma ‘lei de balanco de dimensoes’.

Como consequencia to TEFAL, Im(A) = N(AT )⊥, e como o sistema linear Ax = btem solucao se e somente se b ∈ Im(A) ou seja b ∈ N(AT )⊥, isto e b tem que ser ortogonalao nucleo da transposta, ou aos elementos de uma base desse espaco. Se v1, . . . ,vl foremuma base de N(AT ), deve-se ter:

〈b,vi〉 = 0 i = 1, . . . l

Estas equacoes sao chamadas de condicoes de compatibilidade.

Page 37: al_pos v 2ª semana

34 CAPITULO 5. TEOREMA FUNDAMENTAL DA ALGEBRA LINEAR

Exemplo 12 Considere o sistema 1 −1 00 1 −1−1 0 1

x1

x2

x3

=

b1

b2

b3

Como N(AT ) = span{(1, 1, 1)}, entao o sistema tem solucao se e somente se b satisfizer aseguinte condicao de compatibilidade:

b1 + b2 + b3 = 0

Observacao

Assuma que A e uma matriz real simetrica. Entao existe matriz ortogonal Q e matrizdiagonal D tal que:

AQ = QD

ou

A = QDQT

Sendo Q1, . . . , Qn as colunas de Q e d1, . . . dn as entradas da diagonal principal de D,pode-se verificar que:

A = d1Q1(Q1)T + d2Q

2(Q2)T + . . . dnQn(Qn)T (5.1)

Uma vez que as colunas (e as linhas) de Q sao vetores com norma 1, notamos que a matrizP1 = Q1(Q1)T e uma matriz de projecao, isto e, (P1)2 = P1. Alias, como P1 e uma matrizsimetrica, entao P1 e uma projecao ortogonal. Como tambem e uma matriz com posto 1,a imagem e gerada pelo vetor Q1, P1 e a matriz da projecao ortogonal sobre a direcao deQ1. Resultado analogo vale para Pi, i = 1, 2, . . . , n.

A equacao (5.1) ‘revela’ como ‘funciona’ uma matriz real simetrica. Calculando Ax oresultado e

Ax = d1Q1(Q1)Tx + d2Q

2(Q2)Tx + . . . dnQn(Qn)Tx

= d1P1x + d2PT2 x + . . . dnPnx (5.2)

Dado x, a componente de x no eixo definido por Qi,

Pix = Qi(Qi)Tx

e multiplicada por di para produzir a imagem; a soma dessas componentes amplia-das/reduzidas, espelhadas ou nao, e o vetor resultante, como mostra a equacao (5.2).A ampliacao versus reducao e definida por | di |. Se | di |> 1 tem-se uma ampliacao,se 0 < | di |< 1 tem-se uma reducao, se di = 0 tem uma anulacao, e se | di |= 1nao ha nem reducao, nem ampliacao, tem-se uma manutencao. Ja se di < 0 tem-se umespelhamento, caso contrario nao.

Page 38: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 6

Autovalores e Autovetores

6.1 Motivacao

Considere o problema de valor inicial (PVI) para uma equacao diferencial ordinaria (EDO)linear de 1a ordem {

dxdt

= ax , t > 0x(0) = x0

A solucao geral da EDO e

x(t) = ceat

onde c e uma constante qualquer, e assim,

x0 = x(0) cea0 = c → x0 = c

a solucao do PVI e dada por

x(t) = x0eat

Quando

• a > 0 o PVI e um modelo para o crescimento populacional;

• a < 0 tem-se um modelo para o decaimento radiativo;

• a = tem-se um modelo para uma situacao constante, que nao varia com o tempo(estacionaria).

No primeiro caso temos uma escala de tempo naturalmente associada ao fenomeno sendomodelado,

td = ‘o tempo necessario para que a quantidade x dobre de valor’

35

Page 39: al_pos v 2ª semana

36 CAPITULO 6. AUTOVALORES E AUTOVETORES

Neste caso, td satisfaz,

x0eatd = x(td) = 2x0

donde, aplicando o logaritmo natural em ambos os lados da equacao anterior, obtemos

td =ln(2)

a

Analogamente, para o segundo caso, define-se a seguinte escala de tempo,

tm = ‘vida media’

o tempo necessario para a quantidade x se reduzir a metade do seu valor inicial,

tm = − ln(2)

a

que tambem e uma quantidade positiva, uma vez que, neste caso, a < 0.Considere agora um PVI para um sistema de duas equacoes diferenciais ordinarias a

duas funcoes incognitas, lineares de 1a ordem{dxdt

= ax+ bydydt

= cx+ dyt > 0

{x(0) = x0

y(0) = y0

onde as equacoes estao no lado esquerdo e as condicoes iniciais no lado direito da equacaoem destaque anterior.

Utilizando notacao matricial o sistema pode ser reescrito como

dvdt︷ ︸︸ ︷

d

dt

(xy

)=

A︷ ︸︸ ︷(a bc d

) v︷ ︸︸ ︷(xy

),

v(0)︷ ︸︸ ︷(x(0)y(0)

)=

v0︷ ︸︸ ︷(x0

y0

)Assim, em notacao vetorial, temos:

d

dtv = Av , v(0) = v0 (6.1)

Procuremos solucoes na forma de ‘separacao de variaveis’,

v(t) =

(αβ

)eλt (6.2)

(onde temos a separacao das variaveis de estado, (α, β)T , e a variavel temporal, eλt). Comv dada pela equacao (6.2), temos

d

dtv =

d

dt

(αeλt

βeλt

)=

(αλeλt

βλeλt

)= λeλt

(αβ

)(6.3)

Page 40: al_pos v 2ª semana

6.1. MOTIVACAO 37

Av(t) = eλtA

(αβ

)(6.4)

Impondo que os lados direitos de (6.3) e (6.4) se igualem, (i.e., que v(t) dada em (6.2)satisfaca a equacao (6.1), obtemos,

eλtA

(αβ

)= λeλt

(αβ

), ∀t,

ou, uma vez que eλt 6= 0, ∀t,

A

(αβ

)= λ

(αβ

)(6.5)

Resumindo temos: v = v(t) dado na equacao (6.2) e solucao do sistema de EDO’s(6.1) se e so se α, β, e λ satisfazem equacao (6.5). Assim, e natural estudar equacoes dotipo da equacao (6.5).

Definicao 13 Dada uma matriz quadrada A, n× n, procura-se λ (escalar pertencente aIR ou C) e vetor v 6= 0 (pertencente a IRn ou a Cn, tais que

Av = λv (6.6)

Os λ’s que satisfazem esta equacao sao chamados de autovalores da matriz, e os corres-pondentes v’s sao chamados de autovetores.

Observacao 14 a) As incognitas, neste problema, sao λe v;b) O conjunto dos autovalores de uma matriz e o espectro da matriz,

σ(A) = {λ, tal que existe v 6= 0 satisfazendo Av = λv}

c) O problema (6.6) nao e linear uma vez que envolve produtos das incognitas, λv.

Exemplo 15 Reflexao por reta. Considere a reflexao, R, pela reta passando pela origeme com direcao dada pelo vetor (3,−2)T . Temos:

R

(3−2

)=

(3−2

)→

(3−2

)e autovetor de R associado ao autovalor λ = 1

R

(23

)= −

(23

)→

(23

)e autovetor de R associado ao autovalor λ = −1

Note que os vetores(46

),

(−2−3

),

(−4−6

),

(1015

)e

(2/31

)tambem sao autovetores de R associados ao autovalor −1 uma vez que sao todos elesmultiplos nao nulos do autovetor (2, 3)T .

Page 41: al_pos v 2ª semana

38 CAPITULO 6. AUTOVALORES E AUTOVETORES

Exemplo 16 Projecao sobre reta. Considere a projecao ortogonal, Π, sobre a reta dadano exemplo anterior. Entao

Π

(23

)=

(00

(3−2

)=

(3−2

)logo (2, 3)T e autovetor de Π associado ao autovalor 0 e (3,−2)T e autovetor de Π associadoao autovalor 1.

Observacao 17 a) Todo o vetor u 6= 0 que esteja no nucleo da matriz A e um autovetorassociado ao autovalor 0. Em outras palavras, zero e um autovalor de uma matriz se esomente se seu nucleo for nao-trivial;b) Se u 6= 0 e autovetor da matriz A relativo ao autovalor λ, entao todo o seu multiplinao-nulo, ku, com k 6= 0 tambem sera autovetor de A para o mesmo autovalor λ;c) Recordamos que uma matriz quadrada A e inversıvel se e so se N(A) = {0}. Assim,A e inversıvel se e so se 0 nao for autovalor de A.d) O problema de determinacao dos autovalores, envolvendo o determinante, e altamentenao-linear. Conhecidos os autovalores, a determinacao dos autovetores e um problemalinear.

6.2 Determinacao analıtica dos autovalores

Para resolver

Av = λv

escrevemos

Av − λIv = 0

ou, ainda, colocando em evidencia o v,

(A− λI)v = 0

Procuramos solucoes nao-triviais (ie., v 6= 0) desta equacao. Isto ocorre se e so se A− λIfor nao-inversıvel, ou seja, se e so se det(A− λI) = 0.

Observacao 18 a) pc(λ) = det(A − λI) e um polinomio de grau n em λ, chamado depolinomio caracterıstico de A.b) pc(λ) tem n raızes se forem contadas as multiplicidades;c) As raızes podem ser complexas;d) λ e um autovetor de A se e so se λ e raiz do polinomio caracterıstico.

Page 42: al_pos v 2ª semana

6.3. APLICACAO AO ESTUDO DE SISTEMAS DE EDO’S 39

Exemplo 19 Dada a matriz

A =

(4 −52 −3

)calcule os autovalores e correspondentes autovetores.

Solucao Polinomio caracterıstico de A,

pc(λ) = det(A− λI) = det

(4− λ −5

2 −3− λ

)= (4− λ)(−3− λ)− 2(−5)

= λ2 − λ− 2

As raızes sao λ = 2 e λ = −1, isto e, σ(A) = {−1, 2}.Calculo do autovetor associado a λ = 2

(A− λI)v = 0 ⇔(

2 −52 −5

)(xy

)=

(00

)⇔ 2x− 5y = 0 ⇔

(xy

)= k

(52

)para todo k 6= 0, ou seja, (5, 2)T ou qualquer multiplo nao-nulo e autovetor associado aoautovalor λ = 2.

Calculo do autovetor associado a λ = −1(5 −52 −2

)(xy

)=

(00

)⇔

(xy

)= k

(11

)Exercıcio 20 Interprete geometricamente a transformacao linear associada a matriz A,vendo como e transformado o paralelogramo gerado pelos autovetores (5, 2)T e (1, 1)T .

6.3 Aplicacao ao estudo de sistemas de EDO’s

Considere o PVI para um sistema de EDO’s{dvdt

= 4v − 5w, t > 0, v = 8 em t = 0dvdt

= 2v − 3w, t > 0, w = 5 em t = 0

Sejam

u =

(v(t)w(t)

), u0 = u(0) =

(v(0)w(0)

)=

(85

)e A =

(4 −52 −3

)Entao, em forma vetorial o problema se escreve

du

dt= Au, t > 0, sistema de EDO’s (6.7)

u(0) = u0, condicoes iniciais (6.8)

Page 43: al_pos v 2ª semana

40 CAPITULO 6. AUTOVALORES E AUTOVETORES

Procure solucoes da forma u(t) = xeλt, com x um vetor e λ um escalar (uma constante).Solucoes nao-triviais somente quando (λ,x) e um par (autovalor, autovetor) da matriz A.

Usando os calculos realizados na secao anterior, concluımos que

u1 = e−t(

11

)e u2 = e2t

(52

)sao duas solucoes do sistema de equacoes (6.7).

Observamos que a combinacao linear de solucoes do sistema (6.7) tambem e solucaodo sistema. De fato,

d

dt

u(t)︷ ︸︸ ︷(c1u1(t) + c2u2(t)) = c1

du1

dt+ c2

du2

dt= c1Au1 + c2Au2 = A

u︷ ︸︸ ︷(c1u1 + c2u2)

isto e,

du

dt= Au

Assim, para resolver o PVI, procuramos c1 e c2 tais que

c1u1(0) + c2u2(0) =

(85

)ou seja,

c1

(11

)+c2

(52

)=

(85

)⇔(

1 51 2

)(xy

)=

(85

)⇔{c1 + 5c2 = 8c1 + 2c2 = 5

⇔{c1 = 3c2 = 1

Solucao do sistema (6.7) satisfazendo as condicoes iniciais (6.8) e:

u(t) = 3e−t(

11

)+ 1

(52

)e2t =

(3e−t + 5e2t

3e−t + 2e2t

)Observacao 21 a) Seja λ um autovalor de A, n×n. O conjunto de todos os vetores v quesao autovetores de A correspondendo ao autovalor λ, juntamente com o vetor nulo, v = 0,(que nao e autovetor), forma um subespaco de IRn, chamado de autoespaco associado aoautovalor λ, Vλ, i.e.,

Vλ = {v tal que Av = λv}

e um subespaco, o autoespaco do autovalor λ.b) O traco de uma matriz A e:

tr (A) =n∑i=1

aii

Page 44: al_pos v 2ª semana

6.3. APLICACAO AO ESTUDO DE SISTEMAS DE EDO’S 41

E fato que

tr (A) =n∑i=1

λi = λ1 + λ2 + . . . λn (6.9)

det(A) =n∏i=1

λi = λ1 · λ2 · . . . λn (6.10)

No exemplo,

V−1 = span {(1, 1)T}V2 = span {(5, 2)T}

Tambem

tr (A) = a11 + a22 = 4 + (−3) = 1 = 2 + (−1) = λ1 + λ2

det(A) = a11 · a22 − a21 · a12 = 4 · (−3)− (−5) · 2 = −2 = 2 · (−1) = λ1 · λ2

Exemplo 22 Vamos demonstrar os resultados das equacoes (6.9), (6.10) no caso 2 × 2.O polinomio caracterıstico da matriz

A =

(a bc d

)e

pc(λ) = (a− λ)(d− λ)− bc = λ2 − (a+ d)λ+ (ad− bc)= λ2 − tr (A)λ+ det(A)

Se λ1 e λ2 sao as raızes de pc, entao, pc pode ser escrito como

pc(λ) = (λ− λ1)(λ− λ2) = λ2 − (λ1 + λ2)λ+ λ1 · λ2

Aassim, igualando os coeficientes, temos

λ1 + λ2 = tr (A) = a11 + a22

λ1 · λ2 = det(A) = a11 · a22 − a21 · a12

Page 45: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 7

Diagonalizacao de Matrizes

7.1 Resultado basico

Definicao 23 Uma matriz A, n×n, e diagonalizavel se e so se existe matriz P , inversıvel,e matriz D diagonal, (i.e. fora da diagonal principal os elementos sao nulos), tais que

A = PDP−1 (ou AP = PD)

Teorema 24 Dada matriz A, n × n, com n autovetores l.i.’s, entao A e diagonalizavel,e se λ1, . . . , λn sao os autovalores e v1, . . . ,vn sao os correspondentes autovetores, entaopodemos tomar

D =

λ1 · · · · · · O· · · . . . · · · · · ·· · · · · · . . . · · ·O · · · · · · λn

e P =

| ...

... |v1

...... vn

| ...... |

| ...... |

onde O representa os zeros da matriz.

Exemplo 25 Seja a matriz A do exemplo (19). Entao,

D =

(−1 00 2

)P =

(1 51 2

)donde,

P−1 =1

−3

(2 −5−1 1

)=

(−2

353

13−1

3

)Entao (

4 −52 −3

)=

(1 51 2

)(−1 00 2

)(−2/3 5/31/3 −1/3

)

42

Page 46: al_pos v 2ª semana

7.1. RESULTADO BASICO 43

Demonstracao Escrevendo a condicao de autovalor-autovetor temos,

Av1 = λ1v1

......

Avn = λnvn

Organizando em forma matricial

AP =

| | ... |

Av1 Av2... Avn

| | ... || | ... |

=

| | ... |

λ1v1 λ2v2... λnvn

| | ... || | ... |

=

| | ... |v1 v2

... vn

| | ... || | ... |

λ1 O. . .

. . .

O λn

= PD

Assim, AP = PD e como P e inversıvel (pois P tem colunas l.i.’s), ultiplicando ambosos lados pela direita por P−1 temos

AP = PD ⇒ APP−1 = PDP−1 ⇒ A = PDP−1

Observacao 26 a) A e diagonalizavel se e so se A admite uma base de autovetores.b) Se A tem n autovalores distintos entao tera n autovetores l.i.’s e automaticamente seradiagonalizavel.c) A nao precisa ter n autovalores distintos para ser diagonalizavel. Os exemplos maissimples sao a matriz a matriz identidade e a matriz nula, n×n. Mais geralmente qualquermatriz diagonal e diagonalizavel, basta escolher P = I. Pode ter ou nao todos os elementosdistintos na diagonal principal.d) A matriz P que diagonaliza uma matriz nao e unica. Por exemplo, para a matrizidentidade, qualquer matriz inversıvel serve.

Exemplo 27 Nem todas as matrizes sao diagonalizaveis. Por exemplo, as matrizes

A =

(0 10 0

)e B =

(3 10 3

)nao sao diagonalizaveis.

Page 47: al_pos v 2ª semana

44 CAPITULO 7. DIAGONALIZACAO DE MATRIZES

A matriz A tem zero como unico autovalor, com multiplicidade 2. Os autovetores saomultiplos nao-nulos de (1, 0)T , (nao ha outros autovetores), i.e.

V0 = span {(1, 0)T}

Similarmente, a matriz B tem tres como unico autovalor, com multiplicidade 2; V3 =span {(1, 0)T}.

Diz-se que a multiplicidade algebrica e 2 (a raiz e dupla) e a multiplicidade geometricae um (pois a dimensao o autoespaco associado ao autovalor e um).

Observacao 28 a) Seja A uma matriz n × n e assuma que seus autovalores sejamλ1, λ2 . . . , λk com multiplicidades n1, n2, . . . nk, respectivamente. Neste caso, o numerode raızes

n = n1 + n2 + . . . nk e, tambem

pc(λ) = (−1)n(λ− λ1)n1 · (λ− λ2)n2 · . . . (λ− λk)nk

Sejam ainda d1 = dimVλ1 , d2 = dimVλ2 . . . e dnk= dimVλnk

. Define-se:

ni = ‘multiplicidade algebrica do autovalor λi’

di = ‘multiplicidade geometrica do autovalor λi’

Em geral,

‘multiplicidade algebrica de λi’ ≥ ‘multiplicidade geometrica de λi’

E fato que a matriz A e diagonalizavel se e so se ni = di, para todo i = 1, . . . k,

‘multiplicidade algebrica de λi’ = ‘multiplicidade geometrica de λi’

b) A e diagonalizavel se e somente se os autovetores formarem uma base (i.e., existir basede autovetores).c) A e inversıvel se e somente se os autovalores forem nao-nulos.d) Autovalores distintos implica autovetores l.i.’s

Demonstracao De fato, sejam v1, v2 autovetores de A, cujos respectivos autovaloressao denotados por λ1 e λ2. Entao,

c1v1 + c2v2 = 0 ⇒ 0 = A(c1v1 + c2v2) = c1Av1 + c2Av2 = c1λ1v1 + c2λ2v2

Assim,{c1v1 + c2v2 = 0

c1λ1v1 + c2λ2v2 = 0⇒{c1λ1v1 + c2λ1v2 = 0c1λ1v1 + c2λ2v2 = 0

⇒ c2(λ1 − λ2)v2 = 0

Mas λ1 6= λ2 e v2 6= 0, donde c2 = 0. De forma analoga conclui-se que c1 = 0, logo aunica combinacao linear de v1 e v2 nula e quando os coeficientes sao nulos, ou seja, v1 ev2 sao l.i.’s.

Page 48: al_pos v 2ª semana

7.2. EXEMPLOS 45

7.2 Exemplos

Exemplo 29 Cizalhamento

A =

(1 1

3

0 1

)Polinomio caracterıstico: pc(λ) = (1− λ)2

V1 = span {(1, 0)T}

Multiplicidade algebrica do autovalor 1 e 2; multiplicidade geometrica do autovalor 1 e 1.Assim, a matriz A nao e diagonalizavel.

Exemplo 30 Reflexao pelo plano x + y + z = 0. Polinomio caracterıstico: pc(λ) =(1− λ)2(−1− λ)

V1 = {(x, y, z) tal que x+ y + z = 0}V−1 = span {(1, 1, 1)T}

Multiplicidade algebrica do autovalor 1 e 2; multiplicidade geometrica do autovalor 1 e 2.Multiplicidade algebrica do autovalor −1 e 1; multiplicidade geometrica do autovalor −1e 1. Assim, a matriz da reflexao e diagonalizavel.

Exemplo 31 Matriz A,

A =

0 1 0 00 0 0 00 0 0 10 0 0 0

Polinomio caracterıstico: pc(λ) = λ4

V0 = span {(1, 0, 0, 0)T , (0, 0, 1, 0)T}

Multiplicidade algebrica do autovalor 0 e 4; multiplicidade geometrica do autovalor 1 e 2.A nao e diagonalizavel.

Exemplo 32 Matriz de rotacao por π/2.

K =

(0 −11 0

)Polinomio caracterıstico: pc(λ) = λ2 + 1. Autovalores: λ± = ±i.

Vi = span {(i, 1)T}

K =

P︷ ︸︸ ︷(i −i1 1

) D︷ ︸︸ ︷(i 00 −i

) P−1︷ ︸︸ ︷(i −i1 1

)1

2i

K e diagonalizavel.

Page 49: al_pos v 2ª semana

46 CAPITULO 7. DIAGONALIZACAO DE MATRIZES

Observacao 33 Se uma matriz, A, com entradas reais admitir um autovalor, λ, com-plexo (mais claramente, com parte imaginaria nao-nula), entao o autovetor associado, v,tambem tera entradas complexas. Alem disso, λ, o complexo conjugado do autovalor, ev, o complexo conjugado do autovetor, tambem sao um par de autovalor, autovetor deA. De fato,

Av = λv ⇒ Av = λv ⇒ Av = λv ⇒ Av = λv

Este resultado pode ser empregado no exemplo anterior, para a determinacao do autovetorassociado a −i, quando se tiver calculado o autovetor associado a i.

7.3 Funcao de matriz

Potencias

A = PDP−1

A2 = PDP−1PDP−1 = PD2P−1

D2 =

λ21 O

. . .

O λ2n

Exemplo 34 Para a matriz A do exemplo 19 temos

A5 =

P︷ ︸︸ ︷(1 51 2

) D5︷ ︸︸ ︷((−1)5 0

0 25

) P−1︷ ︸︸ ︷(−1

3

)(2 −5−1 1

)=

(54 −5522 −23

)Inversas

A−1 = PD−1P−1

De fato,

PD

I︷ ︸︸ ︷P−1P D−1P−1 = P

I︷ ︸︸ ︷DD−1 P−1 = PP−1 = I

No exemplo,

A−1 =

(1 51 2

)(−1 00 1/2

)(2 −5−1 1

)(−1

3

)=

(32

−52

1 −2

)=

(1 00 1

)

Page 50: al_pos v 2ª semana

7.3. FUNCAO DE MATRIZ 47(4 −52 −3

)(32

−52

1 −2

)=

(1 00 1

)Polinomio em A Dado um polinomio, por exemplo q(x) = x2 − 3x + 2, denota-se porq(A) a matriz

q(A) = A2 − 3A+ 2I

Se A e diagonalizavel, pode-se calcular q(A) da seguinte forma,

q(A) = PD2D−1 − 3PDP−1 + 2PP−1 = P(D2 − 3D + 2I

)P−1 = Pq(D)P−1

Para a matriz dada no exemplo 19,

q(A) =

(1 51 2

)(q(−1) 0

0 q(2)

)(2 −5−1 1

)(−1

3

)=

(1 51 2

)(6 00 0

)(2 −5−1 1

)(−1

3

)=

(−4 10−4 10

)(−1

3

)Definicao 35 Espectro de A, σ(A), e o conjunto dos autovalores de A.

Observacao 36 Se σ(A) = {λ1, λ2, . . . λn} entao,

σ(A−1) = {λ−11 , λ−1

2 , . . . λ−1n } para A ter inversa, zero nao e autovalor

σ(A+ cI) = {λ1 + c, λ2 + c, . . . λn + c}σ(kA) = {kλ1, kλ2, . . . kλn} onde k e um numero real ou complexo

σ(Ak) = {λk1, λk2, . . . λkn} onde k e um inteiro

σ(q(A)) = {q(λ1), q(λ2), . . . q(λn)}, onde q e um polinomio

.Demonstracao (apenas uma das propriedades)

λ ∈ σ(A) ⇔ ∃v 6= 0 tal que Av = λv ⇔ Av + cv = λv + cv

⇔ (A+ cI)v = (λ+ c)v ⇔ λ+ c ∈ σ(A+ cI)

Exemplo 37 Sendo A a matriz do exemplo 19, σ(A) = {−1, 2}, e

σ(A− I) = σ

(4 −52 −4

)= {−2, 1}

Teorema 38 Se A e B sao diagonalizaveis, entao elas possuem a mesma matriz de au-tovetores, P , se e so se comutam, i.e., AB = BA. Neste caso, os autovalores de AB

Page 51: al_pos v 2ª semana

48 CAPITULO 7. DIAGONALIZACAO DE MATRIZES

(ou de BA) sao dados pelo prodto dos autovalores de A e de B associados aos mesmosautovetores. Mais especificamente, se

Avi = λivi e Bvi = µivi, entao ABvi = (λiµi)vi

Demonstracao (⇒, se diagonalizam com a mesma P , entao comutam) Se A =PDP−1 e B = PΓP−1 entao

AB = PD

I︷ ︸︸ ︷P−1P ΓP−1 = P

diagonais comutam︷︸︸︷DΓ P−1 (AB e diagonalizavel com P ; diagonal λiµi

= PΓDP−1 = PΓP−1PDP−1 = BA

(⇐, se comutam, entao diagonalizam com a mesma P ) Assuma que os autovetores sejamdistintos. Entao

Av = λv ⇒ BAv = λBv ⇒ A(Bv) = λ(Bv)

Bv e um autovetor de A (ou e nulo). Em qualquer dos casos, v e autovetor de B,

• Se Bv = 0, v e autovetor associado ao autovalor nulo;

• Se Bv 6= 0 , como λ’s sao distintos, o autoespaco tem dimensao 1, logo Bv = αv,logo v e autovetor de B, assim, P e o mesmo.

7.4 Aplicacao a equacoes de diferencas

Exemplo 39 juros a 6% ao ano; capital a investir R$ 1000,00Denote por

P0 → ‘principal ou capital inicial’

Pk → ‘capital no k-esimo ano’

a) Juros simples (calculado uma vez ao ano):

Pk = (1 + 0, 06)kP0

Por exemplo, P5 = ‘capital apos 5 anos’ = (1 + 0, 06)5P0 ' 1338, 23.

b) Juros compostos todos os meses (composto 12 vezes ao ano)

Pk+1 =

(1 +

0, 06

12

)Pk, k indica mes

donde Pk =

(1 +

0, 06

12

)kP0

Page 52: al_pos v 2ª semana

7.4. APLICACAO A EQUACOES DE DIFERENCAS 49

5 anos correspondem a 60 meses, assim,

P60 =

(1 +

0, 06

12

)60

1000 =

((1 +

0, 06

12

)12)5

1000 ' 1348, 85

c) Juros compostos diariamente (365 dias ao ano)

Pk =

(1 +

0, 06

365

)kP0

P5·365 =

[(1 +

0, 06

365

)365]5

1000 ' 1349, 83

c) Juros compostos instantaneamente. Inicialmente calcule o valor quando o ano e divididoem N partes iguais, assim 5 anos corresponde a 5N divisoes,

P5N =

[(1 +

0, 06

N

)N]5

1000

Assim, para saber o valor quando os juros sao calculados instantaneamente, basta calcularo limite quando N →∞,

limN→∞

P5N =(e0,06

)51000 ' 1349, 87

Mais formalmente, se t representa o tempo em anos, tem-se que

P (t+1

N) = P (t)

(1 +

0, 06

N

)ou, denotando por ∆t = 1/N , tem-se que

P (t+ ∆t)− P (t)

∆t= 0, 06P (t)

e passando ao limite, quando ∆t→ 0,

lim∆t→0P (t+ ∆t)− P (t)

∆t= 0, 06P (t)

obtem-se a equacao diferencial que P (t) satisfaz,

P ′(t) = 0, 06P (t)

cuja solucao geral e

P (t) = P0e0,06t

Page 53: al_pos v 2ª semana

50 CAPITULO 7. DIAGONALIZACAO DE MATRIZES

Exemplo 40 Sequencia de Fibonacci A sequencia de Fibonacci e definida como asolucao da seguinte equacao de diferencas linear de 2a ordem{

Fk+2 = Fk+1 + FkF0 = 0, F1 = 1

Considere o vetor

U k =

(Fk+1

Fk

)Entao, U k satisfaz o seguinte sistema de equacoes de diferencas, linear de 1a ordem,

U k+1 =

(Fk+2

Fk+1

)=

(Fk+1 + FkFk+1

)=

A︷ ︸︸ ︷(1 11 0

) Uk︷ ︸︸ ︷(Fk+1

Fk

)isto e,

U k+1 = AU k com U 0 = (F1, F0)T = (1, 0)T

A forma da solucao pode ser obtida notando que

U 1 = AU 0

U 2 = AU 1 = A(AU 0) = A2U 0

U 3 = AU 2 = A(A2U 0) = A3U 0

...

U k = AkU 0

Podemos verificar que a matriz A tem 2 autovalores distintos,

φ± =1±

√(5)

2

logo A e diagonalizavel. A quantidade φ+ e conhecida como a razao aurea1 Assim, A =PDP−1 onde

P =

(−1 −1φ− φ+

)D =

(φ+ 00 φ−

)P−1 =,− 1√

5

(φ+ 1−φ− −1

)1Seja um retangulo de lados L e l, com L > l, e considere o quadrado de lado l incluıdo no retangulo.

O retangulo menor que sobra tem lados l e L− l. Estes serao proporcionais aos lados do retangulo maior,respectivamente L e l, se a razao r = L/l for a razao aurea.

L

l=

l

L− l⇒

l2 = L2 − Ll ⇒ L2

l2− L

l= 1⇒ r2 − r − 1 = 0

Page 54: al_pos v 2ª semana

7.4. APLICACAO A EQUACOES DE DIFERENCAS 51

Pode-se verificar que

Ak = PDkP−1

Ainda,

Fk =(

0 1)( Fk+1

Fk

)=(

0 1)U k

=(

0 1)AkU 0 =

1√5

(φk+ − φk−

)E interessante notar que Fk, pela definicao e a condicao inicial, e necessariamente umnumero inteiro, mas olhando a expressao desse numero usando a razao aurea e difıcilacreditar em tal.

Observacao 41 Para o calculo de potencias de matrizes diagonalizaveis em geral, temos,

U k = AkU 0 = PDk

c︷ ︸︸ ︷P−1U 0

= P

λk1. . .

λkn

c1

...cn

= P

c1λk1

...cnλ

kn

= c1λ

k1v1 + c2λ

k2v2 . . . cnλ

knvn

Definicao 42 Dada equacao de diferencas

U k+1 = AU k

diz-se que e:a) estavel se os autovalores satisfazem |λi| < 1;b) neutramente estavel se |λj| = 1 para algum j e |λi| < 1, para os restantes i’s;c) instavel se, para algum autovalor, |λj| > 1

Teorema 43 (Perron-Frobenius) Seja A uma matriz cujas entradas sao todas positivas.Entao o maior autovalor λ1 de A e real e positivo, e os componentes do autovetor corres-pondente podem ser escolhidos positivos.

Definicao 44 Uma matriz e de Markov, se todas suas entradas sao nao-negativas e asoma dos elementos de cada coluna e um.

Toda a matriz de Markov tem 1 como autovalor. O vetor com todas as entradas iguais a1 e autovetor da transposta de uma matriz de Markov, associado ao autovalor 1.

Page 55: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 8

Teorema Espectral

8.1 Consideracoes iniciais

Exemplo 45 Diagonalize a matriz abaixo, com uma matriz inversıvel e depois com umamatriz ortogonal.

A =

5 −1 −1−1 5 −1−1 −1 5

(Note que o segundo problema e possıvel porque A e simetrica.) Autovalores

pc(λ) = det(A− λI) = −λ3 + 15λ2 − 72λ+ 108

= −(λ− 3)(λ− 6)2

As raızes sao 3, com multiplicidade 1, e 6, com multiplicidade (algebrica) dois.Autovetores para λ = 3 (A− 3I)v = 0, i.e., 2 −1 −1

−1 2 −1−1 −1 2

xyz

=

000

A solucao e, (

x y z)T

= z(

1 1 1)T ∀z

Autovetores para λ = 6 (A− 6I)v = 0, i.e., −1 −1 −1−1 −1 −1−1 −1 −1

xyz

=

000

Tem-se que x = −y − z donde a solucao e,(

x y z)T

=(−y − z 1 1

)T= y

(−1 1 1

)T+ z

(−1 1 1

)T ∀y, z

52

Page 56: al_pos v 2ª semana

8.1. CONSIDERACOES INICIAIS 53

Assim, a matriz dos autovetores,

S =

1 −1 −11 1 01 0 1

e inversıvel, e

AS = SD

D =

3 0 00 6 00 0 6

Agora, podemos construir uma matriz ortogonal para diagonalizar A. Aplicamos o pro-cesso de Gram-Schmidt (G-S) as colunas de S.(

1 1 1)T →

√3

3

(1 1 1

)TOs vetores b = (−1, 1, 0)T e c = (−1, 0, 1)T sao ortogonais ao vetor (1, 1, 1)T , masnao sao ortogonais entre si. No entanto os vetores b e c pertencem ao autoespaco V6.Combinacoes lineares dos dois continuam a pertencer ao mesmo espaco. De fato, comoAb = 6b, e Ac = 6c,

A(βb + γc) = βA(b) + γA(c) = β6b + γ6c = 6(βb + γc) ∈ V6

Como o processo de Gram-Schmidt troca vetores por combinacoes lineares deles, se com-binarmos vetores do mesmo autoespaco, eles continuarao no mesmo autoespaco e podemser escolhidos (e isso que G-S faz) de forma a serem vetores ortonormais. Facamos,

c = c− Pbc =(−1 0 1

)T − 1

||(−1, 1, 0)||2(−1 1 0

)T=(−1/2 −1/2 1

)TAgora normalize c, obtendo (−

√6/6, −

√6/6, 2

√6/6)T . Entao, a matriz

Q =

33−√

22−√

66√

33

√2

2−√

66√

33

0 2√

66

e ortogonal e A = QDQT .

Teorema 46 Teorema Espectral Matrizes simetricas reais tem autovalores reais e seusautovetores podem ser escolhidos ortonormais, formando base, isto e, se A = AT , existematriz diagonal real, D, e matriz ortogonal, Q, (QQT = I), tal que

A = QDQT

onde as colunas de Q sao formadas pelos autovetores e a diagonal principal de D e formadapelos autovalores de A.

Page 57: al_pos v 2ª semana

54 CAPITULO 8. TEOREMA ESPECTRAL

8.2 Espacos vetoriais complexos

Denotamos por ICn o conjunto das n-uplas ordenadas de numeros complexos.

x ∈ ICn, x =(x1 x2 . . . xn

)T, com xi ∈ IC

Denotamos a norma em ICn por, || ||, onde

||x||2 = |x1|2 + . . . |xn|2

Vale recordar que se z = a+ib ∈ IC, com a, b ∈ IR, e i2 = −1, entao o complexo conjugadode z e

z = a− ib

e

zz = |z|2 = a2 + b2

Um numero complexo z e dito complexo unitario se |z| = 1. Recordamos ainda a formulade Euler,

ea+ib = ea(cos b+ isen b)

Dado x ∈ Cn, i.e. uma matriz n×1, denota-se por x∗ ou por xH , e le-se x hermitiano,a matriz 1× n

xH = xT =(x1 x2 . . . xn

)O produto interno em ICn e dado por

(x,y) = xHy = x1y1 + x2y2 + . . . xnyn

Exemplo 47 Sejam

x =

(1 + i

3i

)e y =

(4− i

2

)Temos

xH = xT =(

1− i −3i)

Assim,

xHy =(

1− i −3i)( 4− i

2

)= (1− i)(4− i) + (−3i)2 = 3− 11i

e

xHx =(

1− i −3i)( 1 + i

3i

)= (1− i)(1 + i) + (−3i)(3i) = 11 = ||x||2

Page 58: al_pos v 2ª semana

8.2. ESPACOS VETORIAIS COMPLEXOS 55

Dada uma matriz A define-se AH (tambem denotada por A∗), A hermitiana ou A estrelaou a adjunta de A, por

AH =(A)T

a transposta conjugada da matriz A.Pode-se verificar que

(AB)H = BHAH e (AH)H = A

Assim,

(x, Ay) = xHAy = (AHx)Hy = (AHx,y)

e este resultado mostra como A muda de posicao no produto interno. No caso real, Amuda de posicao no produto interno, pela transposta, e no caso complexo pela transpostaconjugada.

Definicao 48 Uma matriz e dita hermitiana ou auto-adjunta se AH = A, i.e. se Ahermitiana e ela propria.

Em particular, uma matriz hermitiana, quando muda de posicao no produto interno,continua ela propria. O mesmo ocorre com matrizes simetricas reais e o produto internoe o produto interno em IRn, que ao trocar de posicao no produto interno, se manteminalteradas.

Exemplo 49 A matriz

A =

(2 3− 3i

3 + 3i 5

)e hermitiana.

Exemplo 50 Seja A uma matriz anti-simetrica real, AT = −A. Entao, iA e uma matrizhermitiana.

Observacao 51 a) Uma matriz A e hermitiana se e somente se aij = aji e ao longo dadiagonal principal so ha numeros reais.b) Se A e real, AH = AT e A sera hermitiana se e so se A for simetrica.c) Os autovalores de matrizes hermitianas sao reais e os autovetores (de autovalores dis-tintos) sao ortogonais.

Demonstracao (c) Seja v e λ um par autovetor-autovalor de A, Av = λv. Entao,

λvHv = vHAv = (AHv)HvAH=A

= (Av)Hv = (λv)Hv = λvHv

Como vHv 6= 0 pois v e um autovetor, entao, λ = λ, isto e, λ e real.

Page 59: al_pos v 2ª semana

56 CAPITULO 8. TEOREMA ESPECTRAL

Esta mesma demonstracao mostra que se A e simetrica real, entao seus autovaloressao reais.d) Se λ 6= θ forem autovalores de A, u e v forem os respectivos autovetores, (Au = λue Av = θv, com u 6= 0 6= v) e A auto-adjunta, AH = A, entao u ⊥ v.

Demonstracao

Au = λu ⇒ λvHu = vHAu ⇒λvHu = (AHv)Hu = (Av)Hu = (θv)Hu = θvHu = θvHu

Assim,

(λ− θ)vHu = 0

e como λ 6= θ, conclui-se que vHu = 0 isto e, que u ⊥ v.

Definicao 52 a) Uma matriz U e unitaria se UHU = I ou, o que e o mesmo, UUH = I.b) Uma matriz A e anti-hermitiana ou anti-autoadjunta se AH = −A.c) Uma matriz A e normal se AHA = AAH (isto e, se comuta com a sua transpostaconjugada). No caso de A ser real, A e normal de ATA = AAT .

Matriz Definicao Teorema Espectral Autovalores

Hermitiana AH = A A = UDUH , UHU = I reaisSimetrica real A = AT e A = A A = QDQT , QQT = I, Q = Q reais

Anti-hermitiana AH = −A A = UDUT , UUH = I imaginarios purosAnti-simetrica real AT = −A e A = A A = UDUT , UUH = I imaginarios purosOrtogonal (real) ATA = I, e A = A A = UDUT , UUH = I complexos unitarios

Unitaria AHA = I A = UDUT , UUH = I complexos unitariosNormal AHA = AAH A = UDUT , UUH = I complexos em geral

Observacao 53 a) Todas as classes de matrizes apresentadas na tabela anterior saonormais.b) Se A = UDUH , entao,

A = UDUH =

| ... |u1

... un

| ... |

λ1

. . .

λn

— uH1 —

...— uHn —

=

| ... |λ1u1

... λnun

| ... |

— uH1 —

...— uHn —

= λ1u1u

H1 + λ2u2u

H2 + . . . λnunu

Hn

Page 60: al_pos v 2ª semana

8.2. ESPACOS VETORIAIS COMPLEXOS 57

c) Dados vetores ortonormais, u1, . . . ,uk, a matriz de projecao ortogonal no espaco geradopor eles e:

P = u1uH1 + u2u

H2 + . . .uku

Hk

d) Todas as classes de matrizes acima sao diagonalizaveis, admitindo base ortonormal deautovetores.e) Se A e anti-hermitiana, entao B = iA e hermitiana.

Demonstracao De fato,

BH = (iA)H = −iAH = −i(−A) = iA = B

f) Se A e hermitiana, entao iA e anti-hermitiana.g) Se A e unitaria, entao seus autovalores sao complexos unitarios.

Demonstracao Como

Av = λv ⇒ ||Av|| = ||λv|| ⇒ ||Av||2 = ||λv||2

⇒ (Av)HAv = (λv)Hλv ⇒ vH

I︷ ︸︸ ︷AHA v = λvHλv

⇒ vHv = λλvHv

Como vHv = ||v||2 6= 0, entao |λ| = 1, i.e., os autovalores sao unitarios.h) tr (AT ) = tr (A), tr (AH) = ¯tr (A).i) det(AT ) = det(A) e det(AH) = ¯det(A)j) det(eA) = etr (A).

Demonstracao

det(eA) = det(UeDUH) = det(U) det(eD) det(UH)

= det(U) det(UH) det(eD) = eλ1+λ2+...λn = etr (A) 6= 0

logo eA e sempre inversıvel. Note que det(U) det(UH) = det(UUH) = det(I) = 1 e que

eD =

eλ1

. . .

eλn

Duas matrizes A e B sao similares se existe P , inversıvel tal que

A = PBP−1

Assim, uma matriz e diagonalizavel se for similar a uma matriz diagonal.

Page 61: al_pos v 2ª semana

58 CAPITULO 8. TEOREMA ESPECTRAL

Exemplo 54 Considere a funcao

F : IR3 → IR

(x, y, z) 7→ F (x, y, z) =(x y z

) 8 −2 0−2 −6 10 1 4

xyz

=

(x y z

)PDP T

xyz

=

(u v w

)D

uvw

= λ1u

2 + λ2v2 + λ3w

2

onde

D =

λ1 0 00 λ2 00 0 λ3

e

uvw

= P T

xyz

representa uma mudanca de variavel.

Matrizes similares tem os mesmos autovalores (mesmo espectro). De fato, os respec-tivos polinomios caracterısticos se igualam,

det(A− λI) = det(PBP−1 − λPP 1) = det(P (B − λI)P−1)

= det(P ) det(B − λI) det(P−1) = det(P ) det(P−1) det(B − λI)

= det(PP−1) det(B − λI) = det(I) det(B − λI) = det(B − λI)

Teorema 55 Lema de Schur Toda a matriz quadrada A e similar, por uma matrizunitaria, U , a uma matriz triangular superior, T , isto e,

A = UTUT

Os autovalores de A sao os mesmos de T e os de T sao as entradas na diagonal principal.

8.3 Equacoes diferenciais e a exponencial de matrizes

Recordamos que a funcao exponencial para numeros reais (ou complexos) pode ser definidaatraves da serie convergente

ex = 1 + x+x2

2!+x3

3!+x4

4!+ . . .

Page 62: al_pos v 2ª semana

8.3. EQUACOES DIFERENCIAIS E A EXPONENCIAL DE MATRIZES 59

Em particular, tomando x = at temos

eat = 1 + at+a2t2

2!+

(a3t3

3!+a4t4

4!+ . . .

Derivando termo a termo, obtem-se Em particular, tomando x = at temos

d

dteat =

d

dt

(1 + at+

a2t2

2!+

(a3t3

3!+a4t4

4!+ . . .

)= 0 + a+ a2t+ a3 t

2

2!+ a4 t

3

3!+ . . .

= a

(1 + at+

a2t2

2!+a3t3

3!+a4t4

4!+ . . .

)= aeat

Assim, a funcao x(t) = x0eat satisfaz a equacao diferencial ordinaria

dx

dt= ax

e a condicao inicial x(0) = x0.Analogamente, considere o PVI associado a um sistema de equacoes diferenciais line-

ares, homogeneas de 1a ordem,

dx

dt= Ax, t > 0 (8.1)

x(0) = x0

onde x = x(t).Se definirmos a exponencial de matrizes1,

eAt = 1 + At+ A2 t2

2!+ A3 t

3

3!+ A4 t

4

4!+ . . .

Exemplo 56 Sendo A = diag(1, 2),

eAt =

(1 00 1

)+

(1 00 2

)t+

(1 00 4

)t2

2!+ . . .

=

(et 00 e2t

)Note que

d

dteAt = A+ A2t+ A3 t

2

2!+ . . .

= A

(I + At+ A2 t

2

2!+ . . .

)= AeAt

1A exponencial de matrizes quadradas e uma funcao bem definida uma vez que a serie e convergenteem sentido apropriado, mas cuja discussao foge aos objetivos destas notas

Page 63: al_pos v 2ª semana

60 CAPITULO 8. TEOREMA ESPECTRAL

Assim, se x(t) = eAtx0, tem-se que

d

dtx = A

x︷ ︸︸ ︷eAtx0 = Ax

e, x(0) = eA0x0 = e0x0 = Ix0 = x0, ou seja x(t) = eAtx0 satisfaz o problema (8.1).No caso em que A e diagonalizavel, A = PDP−1, temos:

eAt = I+

A︷ ︸︸ ︷PDP−1 t+

A2︷ ︸︸ ︷PD2P−1 t

2

2!+

A︷ ︸︸ ︷PD3P−1 t

3

3!+ . . .

= P

(I +Dt+D2 t

2

2!+D2 t

3

3!+ . . .

)P−1

= P

eλ1t

. . .

eλnt

Assim,

x(t) = P

eλ1t

. . .

eλnt

c︷ ︸︸ ︷P−1x0

= P

c1eλ1t

...cne

λnt

= c1eλ1tv1 + c2e

λ2tv2 + . . . cneλntvn

Exemplo 57 Determine a solucao do PVI dado a seguir,

du

dt=

(−2 11 −2

)u u(0) =

(23

)Autovalores da matriz do sistema

det

(−2− λ 1

1 −2− λ

)= (2− λ)2 − 1 = 0

Autovalores: λ = −1 e λ = −3.Autovetores associados ao autovalor λ = −1, α(1, 1)t, ∀α.Autovetores associados ao autovalor λ = −3, β(1,−1)t, ∀β.Solucao da forma

u(t) = c1

(11

)e−1t + c2

(1−1

)e−3t

Page 64: al_pos v 2ª semana

8.3. EQUACOES DIFERENCIAIS E A EXPONENCIAL DE MATRIZES 61

Para satisfazer a condicao inicial,(23

)= u0 = c1

(11

)+ c2

(1−1

)donde {

c1 + c2 = 2c1 − c2 = 3

⇒{

c1 = 5/2c2 = −1/2

A solucao entao e dada por

u(t) =5

2

(11

)e−1t +−1

2

(1−1

)e−3t =

1

2

(5e−t − e−3t

e−t + e−3t

)

Page 65: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 9

Massas e Molas em Equilıbrio

9.1 Uma massa e uma mola

Considere uma mola na horizontal com uma das extremidades (a da esquerda) presa auma parede e em cuja outra extremidade esta ligada uma massa pontual. O movimentodesse sistema e regido pela 2a lei de Newton. Denotemos por m a massa da partıculapontual, por L o comprimento livre da mola, e por y = y(t) a posicao da massa comrelacao a parede, e por F a forca exercida pela mola na massa. Entao, pela 2a lei deNewton, temos:

md2y

dt2= F

A forca que a mola exerce sobre a massa e proporcional a alteracao do comprimento damola (Hook),

F ∝ ‘variacao do comprimento’

A variacao do comprimento da mola e dado por y − L, que e positivo se a mola estasendo alongada (sofrendo distensao) e negativo se ela estiver sendo diminuıda (sofrendocompressao). A forca que a mola exerce, sobre a massa e no sentido de diminuir seutamanho, caso esteja sendo alongada, e de aumentar caso esteja menor que seu tamanhonatural. Neste caso, pode-se entao escrever que

F = −c(y − L)

onde c denota a constante de elasticidade da mola, ou constante de Hook.A situacao de equilıbrio ocorre quando y(t) e constante, donde d2y/dt2 = 0, e, pela

segunda lei de Newton, e necessario que F = 0 donde y = L, isto e, quando a mola estivercom o seu comprimento natural.

Se x(t) for a posicao da mola, no tempo t, em relacao a posicao de equilıbrio,

x = y − L

62

Page 66: al_pos v 2ª semana

9.2. DUAS MOLAS E UMA MASSA 63

entao F = −cx e

md2x

dt2= −cx

que e a forma usual da equacao do sistema massa-mola.

9.2 Duas molas e uma massa

Seja uma massa pontual entre duas molas cada uma das molas presa uma parede. Sejay = y(t) a posicao da massa, marcada com relacao a parede da esquerda, e denote a molada esquerda por 1 e a da direita por 2.

Alguns informacoes sobre o sistema sao dados na tabela a seguir, onde ∆c > 0 denotaa variacao do comprimento de uma mola e D representa a distancia entre as paredes.

mola comp. const. Hook pto inicial pto final ∆c

1 L1 c1 0 y(t) y − L1

2 L2 c2 y(t) D D − y − L2

Nao se faz a-priori nenhuma relacao entre L1, L2 e D. Assim, quando o sistema estiverem equiıbrio, e D > L1 + L2, as molas estarao sendo distendidas, e caso D < L1 + L2 asmolas estarao sendo comprimidas. Denote por

F1 = ‘forca exercida pela mola 1 na massa’ = −c1(y − L1)

F2 = ‘forca exercida pela mola 2 na massa’ = c2(D − y − L2)

A equacao de movimento continua sendo a expressao da 2a lei de Newton, md2ydt2

= Fonde F = F1 + F2 e o somatorio das forcas exercidas sobre a massa. Assim, a condicaode equilıbrio continua sendo a nulidade de F , isto e,

−c1(y − L1) + c2(D − y − L2) = 0

Resolvendo-se para y, a solucao de equilıbrio ocorre quando a massa se encontra em

y =c1L1 + c2(D − L2)

c1 + c2

Como casos particulares temos:

• c1 = c2 ⇒ y = D+L1−L2

2

• L1 = L2 ⇒ y = c2D+(c1−c2)L1

c1+c2

• c1 = c2 e L1 = L2 ⇒ y = D2

Page 67: al_pos v 2ª semana

64 CAPITULO 9. MASSAS E MOLAS EM EQUILIBRIO

Observacao Se D = L1 + L2, entao quando c1 = c2, y = L1 e quando L1 = L2,y = c1L1+c2L2

c1+c2= c1

c1+c2L1 + c2

c1+c2L2 que e a media ponderada dos comprimentos por pesos

referentes a elasticidade relativa das molas.

9.3 Uma massa suspensa por uma mola

Quando uma massa esta suspensa por uma mola, e o eixo esta apontando para baixo,seja y o deslocamento da massa em relacao ao ponto de suporte da mola. Tipicamente,os valores que y assume sao positivos. Esta situacao representa um sistema com umaextremidade fixa e a outra livre (FL).

A soma das forcas, uma devido a gravidade e a outra devido a forca de restauracaoda mola, e dada por,

F = −c(y − L) +mg

e a equacao de movimento escreve-se como

md2y

dt2= F = −c(y − L) +mg

Em equilıbrio, −c(y − L) +mg = 0, ou

y = L+mg

c

E usual utilizar variavel para descrever posicao em relacao a posicao de equilıbrio, istoe,

x = y −(L+

mg

c

)Neste caso, a equacao diferencial para x e dada por

md2x

dt2= −cx

e, claro,

y = x+(L+

mg

c

)9.4 Uma massa entre duas molas alinhadas com a

forca da gravidade

Consideramos uma massa presa a duas molas, na vertical, com cada uma das molaspresas, uma ao teto e a outra ao chao. Esta situacao representa um sistema com as duasextremidade fixas (FF).

Temos as seguintes forcas atuando sobre a massa:

Page 68: al_pos v 2ª semana

9.5. DUAS MASSAS E DUAS MOLAS ALINHADAS COM A GRAVIDADE 65

• Forca da gravidade: Fg = mg;

• Forca exercida pela mola 1 (a mais acima): F1 = −c1(y − L1);

• Forca exercida pela mola 2 (a de baixo): F2 = c2(D − y − L2).

Quando em equilıbrio,

0 = Fg + F1 + F2

= mg − c1(y − L1) + c2(D − y − L2)

que e uma equacao linear em y, a posicao da massa, e cuja solucao e

y =mg

c1 + c2

+c1L1 + c2(D − L2)

c1 + c2

9.5 Duas massas e duas molas alinhadas com a gra-

vidade

Nesta situacao temos duas molas e duas massas, com uma das molas presa a uma paredee o sistema todo ‘pendurado’. E o caso de uma extremidade fixa e a outra livre.

As forcas atuando sobre a massa 1 (a mais acima) sao:

• Forca da gravidade: Fg1 = m1g;

• Forca exercida pela mola 1 (a mais acima) sobre a massa 1: F11 = −c1(y1 − L1);

• Forca exercida pela mola 2 (a de baixo) sobre a massa 1: F21 = c2(y2 − y1 − L2).

As seguintes forcas atuam sobre a massa 2 (a de baixo):

• Forca da gravidade: Fg2 = m2g;

• Forca exercida pela mola 2 sobre a massa 2: F22 = −c2(y2 − y1 − L2).

As condicoes de equilıbrio sao:

0 = F1 = Fg1 + F11 + F21 = m1g − c1(y1 − L1) + c2(y2 − y1 − L2)

0 = F2 = Fg2 + F22 = m2g − c2(y2 − y1 − L2)

Este e um sistema de equacoes lineares para (y1, y2), que pode ser re-escrito como

c1(y1 − L1)− c2(y2 − y1 − L2) = m1g

c2(y2 − y1 − L2) = m2g

ou, em forma matricial,(c1 + c2 −c2

−c2 c2

)(y1

y2

)−(c1L1 − c2L2

c2L2

)=

(m1gm2g

)

Page 69: al_pos v 2ª semana

66 CAPITULO 9. MASSAS E MOLAS EM EQUILIBRIO

ou, ainda,(1 −10 1

)(c1 00 c2

)[(1 0−1 1

)(y1

y2

)−(L1

L2

)]= g

(m1

m2

)Denotando as matrizes,

A =

(1 −10 1

)e C =

(c1 00 c2

)e os vetores

y,=

(y1

y2

), m =

(m1

m2

)e L =

(L1

L2

)a equacao para y pode ser escrita como

ATCAy = gm + ATCL

9.6 Uma linha de molas

Considere uma linha de molas e massas entre elas, penduradas por uma das molas presaao teto. Com relacao a outra extremidade do sistema, podemos ter duas possibilidades:fixa ou livre. O sistema entao do tipo fixo-fixo (FF) ou fixo-livre(FL).

Assuma que o sistema seja constituıdo por tres massas. Ha entao quatro molas nosistema FF e tres no FL. Vamos obter as equacoes relacionando o deslocamento das massase a tensao nas molas, primeiro no caso FF e depois no FL.

Sistema Fixo-Fixo

Em geral, no sistema FF, se ha n massas, entao haverao n + 1 molas. Consideremos ocaso em que n = 3. Denotemos por

y = (y1, y2, y3) → ‘posicao das massas’

u = (u1, u2, u3) → ‘deslocamento das massas do equilıbrio sem gravidade’

e = (e1, e2, e3, e4) → ‘alongamento das molas’

w = (w1, w2, w3, w4) → ‘tensao nas molas: forca interna’

f = (f1, f2, f3) → ‘forca nas massas’

A obtencao das equacoes sera realizada em tres etapas:

• 1a etapa Relaciona a posicao (ou o deslocamento) das massas ao alongamento dasmolas (condicao geometrica);

y 7→ e

Page 70: al_pos v 2ª semana

9.6. UMA LINHA DE MOLAS 67

• 2a etapa Relaciona o alongamento das molas as forcas internas nas molas (lei deHook);

e 7→ w

• 3a etapa Relaciona as forcas internas das molas as forcas (externas) sobre as massas(lei de balanco).

w 7→ f

1a etapa Relacao geometrica: alongamento das molas dependendo das posicoes dasmesmas

e1 = y1 − L1

e2 = y2 − y1 − L2 (9.1)

e3 = y3 − y2 − L3

e4 = D − y3 − L4

Alternativamente, podemos obter o alongamento das molas dependendo do desloca-mento das massas da posicao de equilıbrio quando sob a ausencia da forca da gravidade(sistema na horizontal),

ei = ‘alongamento da mola i ’ = ui − ui−1

= ‘deslocamento da massa i ’− ‘deslocamento da massa i− 1 ’

Assim,

e1 = u1

e2 = u2 − u1 (9.2)

e3 = u3 − u2

e4 = −y3

As equacoes (9.2) e (9.2) podem ser reapresentadas matricialmente, dando:e1

e2

e3

e4

=

1 0 0−1 1 00 −1 10 0 −1

y1

y2

y3

L1

L2

L3

L4 −D

ou seja,

e = Ay − L

onde L = (L1, L2, L3, L4 −D)T e A e a matriz de diferencas, 4× 3,

A =

1 0 0−1 1 00 −1 10 0 −1

Page 71: al_pos v 2ª semana

68 CAPITULO 9. MASSAS E MOLAS EM EQUILIBRIO

2a etapa A lei de Hook (uma lei constitutiva ou material) conecta os alongamentos dasmolas a tensao interna das mesmas

w1 = c1e1

w2 = c2e2

w3 = c3e3

w4 = c4e4

ou, simplesmente,

w = Ce

onde a matriz da materialidade e dada por

C = diag(c1, c2, c3, c4) =

c1 0 0 00 c2 0 00 0 c3 00 0 0 c4

3a etapa Equacao de balanco (afirmacao do estado de equilıbrio): as forcas internas(w) das molas devem balancear as forcas externas sobre as massas (f). A massa i temacima a mola i e abaixo a mola i+ 1:

0 = Fi = Forca da gravidade + forca da mola i+ forca da mola i+ 1

= mig − wi + wi+1

Assim,

w2 − w1 = m1g

w3 − w2 = m2g

w4 − w3 = m3g

ou, pondo em evidencia as matrizes,

−1 1 0 00 −1 1 00 0 −1 1

w1

w2

w3

w4

= g

m1

m2

m3

ou ainda,

ATw = gm

Page 72: al_pos v 2ª semana

9.6. UMA LINHA DE MOLAS 69

A matriz de rigidez do sistema fixo-fixo

Finalmente, das tres etapas, concluımos:

ATw = gm → AT (Ce) = gm → AT (C(Au)) = gm

isto e ATCAu = gm ou

ATC(Ay − L) = gm ⇒ ATCAy = gm + ATCL

A matriz K = ATCA e chamada de matriz de rigidez do sistema. Ela e o analogodiscreto do operador laplaciano que tanto aparece nas equacoes da Fısica-Matematica.

Podemos determinar qual a estrutura de K = ATCA. De fato,

A =

−1 1 0 00 −1 1 00 0 −1 1

c1 0 0 00 c2 0 00 0 c3 00 0 0 c4

1 0 0−1 1 00 −1 10 0 −1

=

c1 + c2 −c2 0−c2 c2 + c3 −c3

0 −c3 c3 + c4

Como caso particular, tomemos molas com constante de elasticidade unitaria, c1 = c2 =c3 = c4 = 1, C = I. Entao,

K =

2 −1 0−1 2 −10 −1 2

ou seja, K = K3, que novamente reencontramos.

Sistema Fixo-Livre

No sistema FL, ha o mesmo numero de massas e molas. Consideremos o caso em que hatres massas. Analogamente ao caso do sistema FF, denotemos por

y = (y1, y2, y3) → ‘posicao das massas’

u = (u1, u2, u3) → ‘deslocamento das massas do equilıbrio sem gravidade’

e = (e1, e2, e3) → ‘alongamento das molas’

w = (w1, w2, w3) → ‘tensao nas molas: forca interna’

f = (f1, f2, f3) → ‘forca nas massas’

A obtencao das equacoes e realizada nas tres etapas descritas anteriormente.

Page 73: al_pos v 2ª semana

70 CAPITULO 9. MASSAS E MOLAS EM EQUILIBRIO

1a etapa Deslocamentos das massas → alongamento de molasQuando em equilıbrio, na horizontal, o sistema satisfaz

y = (y1, y2, y3) = (L1, L1 + L2, L1 + L2 + L3)

e a variavel u e medida a partir desses pontos, resultando em

u = (u1, u2, u3) = (y1 − L1, y2 − (L1 + L2), y3 − (L1 + L2 + L3))

o que reescrito fornece,

(y1, y2, y3) = (u1 + L1, u2 + L1 + L2, u3 + L1 + L2 + L3)

donde

e1 = y1 − L1 = u1

e2 = y2 − y1 − L2 = u2 − u1 (9.3)

e3 = y3 − y2 − L3 = u3 − u2

ou ainda, e1

e2

e3

=

1 0 0−1 1 00 −1 1

u1

u2

u3

2a etapa Alongamento de molas → tensao interna w1

w2

w3

=

c1 0 00 c2 00 0 c3

e1

e2

e3

3a etapa Tensao interna de molas → forcas sobre massas

w2 − w1 = m1g

w3 − w2 = m2g

−w3 = m3g

ou −1 1 00 −1 10 0 −1

w1

w2

w3

= g

m1

m2

m3

Page 74: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 10

Projecoes e Quadrados Mınimospara Matrizes Retangulares

10.1 Projecao sobre linha reta

Sejam dados um ponto b e uma reta r, que passa pela origem e que tem direcao definidapelo vetor a. Como veremos, os dois problemas a seguir sao equivalentes:

• Determinar ponto p da reta r, mais proximo de b;

• Determinar a projecao ortogonal de b sobre a reta r.

Ponto mais proximo O ponto generico da reta e dado por ta, com t ∈ IR. Seja f(t)a distancia de ta a b,

f(t) = dist(‘ponto da reta’, b) = dist(ta, b) = ||ta− b||=

√(a1t− b1)2 + (a2t− b2)2 + . . . (ant− bn)2

Observamos que achar o ponto de mınimo de f e equivalente a achar o ponto de mınimoda funcao g = f2

2, dada explicitamente por

g : IR → IR

t 7→ g(t) =1

2

((a1t− b1)2 + (a2t− b2)2 + . . . (ant− bn)2

)Procuramos o ponto de mınimo entre os pontos crıticos de g (i.e., quando g′ = 0). Deri-vando g em relacao t, e igualando a zero temos

g′(t) = (a1t− b1) · a1 + (a2t− b2) · a2 + . . . (ant− bn) · an = 0

donde, resolvendo para t obtemos

t =a1b1 + a2b2 + . . . anbna2

1 + a22 + . . . a2

n

=aTb

aTa

71

Page 75: al_pos v 2ª semana

72 CAPITULO 10. PROJECOES E QUADRADOS MINIMOS

Recordamos aqui que a e um vetor coluna,

a =

a1

a2...an

Assim, o ponto mais proximo e dado por

p = t · a =aTb

aTaa =

aaT

aTab = Pab

onde a matriz

Pa =aaT

aTa,

n× n, e chamada de matriz de projecao ortogonal sobre a direcao do vetor a.Note que o ponto mais proximo nao deveria depender do tamanho de a, nem de seu

sentido, e apenas de sua direcao. Isso e o que de fato ocorre pois se substituirmos a porλa, λ 6= 0, a matriz permanece inalterada, Pa = Pλa.

Observacao Dados vetores u e v ∈ IR, (vetores ‘em pe’), e usual denotar a matriz uvT ,n× n, por u⊗ v, i.e.,

u⊗ v = uvT ,

o chamado produto tensorial de u e de v. Assim, Pa = a⊗a||a||2 = a

||a|| ⊗a||a|| .

Projecao ortogonal sobre uma linha reta Para que ta seja a projecao ortogonal deb sobre r, e necessario que o vetor indo de ta a b, isto e, o vetor diferenca, b − ta, sejaortogonal a a,

b− ta ⊥ a

isto e, que o produto escalar entre os dois seja nulo,

(a, b− ta) = aT (b− ta) = 0

Assim,

aTb− taTa = 0 ⇒ t =aTb

aTa

Logo, Pab, a projecao ortogonal de b sobre a linha gerada por a e dada por

Pab = ta =aTb

aTaa =

aaT

aTab

Page 76: al_pos v 2ª semana

10.2. DETERMINACAO DA CONSTANTE DE ELASTICIDADE DE UMA MOLA73

Observacao A matriz P = Pa = aaT

aTa satisfaz: (i) P e simetrica; (ii) P 2 = P ; (iii)

posto de P e igual a um; (iv) Im(P ) = span{a}; (v) N(P ) = span{a}⊥.O ultimo destes resultados depende do Teorema Fundamental da Algebra Linear (TE-

FAL). Demonstracao:

N(P )TEFAL

= Im(P T )⊥ = span{a}⊥

10.2 Determinacao da constante de elasticidade de

uma mola

Consideramos a seguir uma aplicacao da tecnica de quadrados mınimos desenvolvidaanteriormente ao problema inverso de determinar a constante de elasticidade de umamola.

Assuma que lhe seja fornecida uma tabela de dados experimentais relacionando forcaaplicada sobre uma mola, denotada por b, e o respectivo alongamento da mola, denotadopor a,

a a1 a2 · · · anb b1 b2 · · · bn

Uma lei fısica (lei constitutiva) diz que b e proporcional a a,

b ∝ a

isto e, existe uma constante, a constante de proporcionalidade, neste caso chamada deconstante de elasticidade da mola ou constante de Hook, denotada por c, tal que

b = ca

Em particular, se quisermos dobrar o alongamento da mola, devemos dobrar a forcaaplicada sobre sua extremidade.

Nosso interesse entao e determinar c tal que

b1 = ca1

b2 = ca2

...

bn = can

ou seja, queremos resolver o sistema de n equacoes a uma incognita, c, dado porb1

b2...bn

=

a1

a2...an

c

Page 77: al_pos v 2ª semana

74 CAPITULO 10. PROJECOES E QUADRADOS MINIMOS

Em geral este sistema e impossıvel, isto e, salvo raras excecoes o sistema nao tem solucao.Sejam a = (a1 a2 . . . an)T e b = (b1 b2 . . . bn)T . Alternativamente, o que se procura fazere determinar o valor de c de forma a que o vetor erro, b − ca, seja o vetor de menortamanho possıvel. Isto e, procura-se minimizar a soma de quadrados,

E(c) = (b1 − ca1)2 + (b2 − ca2)2 + . . . (bn − ca2)2

A solucao, ja sabemos, e:

c =aTb

aTa=

∑ni=1 aibi∑ni=1 a

2i

10.3 Solucao de sistemas impossıveis: quadrados mınimos

Seja Ax = b um sistema impossıvel. Geralmente, troca-se este problema pelo problemade minimizar, em algum sentido, o vetor Ax− b.

A solucao de quadrados mınimos de um sistema impossıvel e, por definicao, o valor daincoginta x tal que o vetor de discrepancia d = Ax− b tenha a menor norma euclideanapossıvel.

Esta solucao e conseguida quando o vetor b− Ax seja ortogonal ao espaco coluna deA, isto e, se as colunas de A forem A1, A2, . . . , Ak,

A =

| | ... |A1 A2 ... Ak

| | ... |

devemos ter que

A1 ⊥ b− AxA2 ⊥ b− Ax

...

An ⊥ b− Axou ainda,

(A1)T (b− Ax) = 0

(A2)T (b− Ax) = 0...

(Ak)T (b− Ax) = 0

donde

(A1)TAx = (A1)Tb

(A2)TAx = (A2)Tb...

(Ak)TAx = (Ak)Tb

Page 78: al_pos v 2ª semana

10.3. SOLUCAO DE SISTEMAS IMPOSSIVEIS: QUADRADOS MINIMOS 75

que pode ser reorganizado em forma matricial,— (A1)T —— (A2)T —· · · · · · · · ·— (Ak)T —

Ax =

— (A1)T —— (A2)T —· · · · · · · · ·— (Ak)T —

b

o que notoriamente pode ser escrito simplesmente como a chamada equacao normal,

ATAx = ATb

cuja solucao e a solucao de quadrados mınimos de um sistema impossıvel.Apresentamos uma deducao alternativa, baseada no Teorema Fundamental da Algebra

Linear. Queremos determinar x de tal forma que

b− Ax ⊥ Im(A)

Isto e, queremos que

b− Ax ∈ Im(A)⊥

Mas, pelo TEFAL, Im(A) = N(AT )⊥, donde, Im(A)⊥ = (N(AT )⊥)⊥ = N(AT ), uma vezque o perp do perp de um espaco vetorial de dimensao finita e o proprio espaco. Entao,basta que b− Ax ∈ N(AT ), isto e,

AT (b− Ax) = 0 ⇒ ATAx = ATb

obtendo novamente a equacao normal.

Observacao (1) E um fato que se A tem colunas linearmente independentes (li’s), entaoATA e inversıvel. Neste caso, podemos representar a solucao de quadrados mınimos por

x =(ATA

)−1ATb

e a projecao ortogonal de b sobre o espaco coluna de A por

Pb = Ax = A(ATA

)−1ATb

A matriz

P = A(ATA

)−1AT

e a matriz da projecao ortogonal de b sobre o espaco coluna de A.

(ii) Quando A nao tem colunas li’s, basta reduzir o problema escolhendo colunas li’s.

Page 79: al_pos v 2ª semana

76 CAPITULO 10. PROJECOES E QUADRADOS MINIMOS

Um exemplo Considere

A =

1 21 30 0

e b =

456

O sistema Ax = b e impossıvel. A solucao de quadrados mınimos e obtida resolvendo-sea equacao normal, ATAx = ATb,(

1 1 02 3 0

) 1 21 30 0

( xy

)=

(1 1 02 3 0

) 456

ou, efetuando as multiplicacoes,(

2 55 13

)(xy

)=

(923

)cuja solucao e (x, y) = (2, 1).

O erro cometido e dado por

b− Ax =

456

− 1 2

1 30 0

( 21

)=

006

A matriz de projecao P e dada por

P A(ATA

)−1AT =

1 0 00 1 00 0 0

uma matriz de projecao sobre o plano xy como era natural esperar se notarmos como saoas colunas da matriz A.

Observacao Dada uma matriz A qualquer, a matriz P = A(ATA

)−1AT satisfaz as

seguintes propriedades: (i) P 2 = P (idempotencia); (ii) P T = P (simetria).

Definicao Uma matriz e chamada de matriz de projecao se e so se satisfaz a condicao(i) acima. Quando, alem de (i) satisfaz (ii), entao e chamada de matriz de projecaoortogonal.

Existe motivacao geometrica para o uso dessa nomenclatura.

Observacao Dados k vetores li’s em IRn, v1, v2, . . .vk, com n ≥ k, entao, para deter-minar a matriz de projecao sobre o espaco U gerado pelos vetores,

U = span{v1, v2, . . .vk}

basta construir a matriz A cujas k colunas sao os vetores dados, e a matriz de projecao e

entao dada por P = A(ATA

)−1AT .

Page 80: al_pos v 2ª semana

10.4. REGRESSAO LINEAR 77

10.4 Regressao linear

Considere a tabela dada a seguir referente a dados experimentais. Assume-se que asvariaveis denotadas por x sejam livres (explicativas) e que a variavel y seja dependente(variavel resposta)

x1 x2 x3 . . . xn y

1a observacao x11 x1

2 x13 . . . x1

n y1

2a observacao x21 x2

2 x23 . . . x2

n y2

......

......

......

......

......

......

......

observacao k xk1 xk2 xk3 . . . xkn yk

Assuma agora que tem motivos para achar que os dados sao razoavelmente representadospelo seguinte modelo linear,

y = α0 + α1x1 + α2x2 + . . . αnxn

A questao e determinar os coeficientes α0, α1, . . . αn de forma a que a soma dos quadradosdos erros seja mınima. Temos:

d1 = y1 −(α0 + α1x

11 + α2x

12 + . . . αnx

1n

)→ erro na 1a observacao

d2 = y2 −(α0 + α1x

21 + α2x

22 + . . . αnx

2n

)→ erro na 2a observacao

...

dk = yk −(α0 + α1x

k1 + α2x

k2 + . . . αnx

kn

)→ erro na k-esima observacao

Quer-se entao minimizar a soma dos quadrados,

E(α0, α1, . . . αn) = (d1)2 + (d2)2 + . . . (dk)2

=k∑i=1

(yi − α0 −

n∑j=1

αjxij

)2

Qual a solucao? Pode derivar a funcao E com relacao a cada αi e obter um sistema linearpara determinar os pontos crıticos. Alternativamente, pense a equacao (10.1) matricial-mente,

Denotemos por d = (d1 d2 . . . dk)T o vetor de discrepancia, y = (y1 y2 . . . yk)T ,α = (α0 α1 . . . αn)T , e

X =

1 x1

1 . . . x1n

1 x21 . . . x2

n...

... . . ....

1 xk1 . . . xkn

Page 81: al_pos v 2ª semana

78 CAPITULO 10. PROJECOES E QUADRADOS MINIMOS

A equacao (10.1) pode entao ser escrita simplesmente como

d = y −Xα

A situacao ideal seria determinar α de tal forma que d pudesse ser escolhido igual aovetor nulo. Como isto quase nunca e possıvel, vemos que estamos perante um problemaimpossıvel, e partimos para obter a solucao de quadrados mınimos. Assim, o valor dovetor α que procuramos e solucao da equacao normal,

XTXα = XTy

Page 82: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 11

Agrupamento de Genes

11.1 Motivacao

Um microarray de DNA mede os nıveis de expressao de milhares de genes em um experi-mento unico. Essa informacao pode ser armazenada em um vetor coluna longo. Se temos20 indivıduos, e 1000 nıveis, podemos formar a matriz G, 1000× 20,

G =

| | · · · || | · · · |G1 G2 ... G20

| | · · · || | · · · |

Uma questao basica (etapa inicial) para o entendimento deste conjunto de dados e

agrupar os genes que apresentem nıveis de expressao altamente correlacionados (e algumasvezes anti-correlacionados). Esses genes podem estar no mesmo caminho celular.

O projeto do Genoma Humano nos disse quais sao as pecas no quebra-cabeca da vida:as linhas de G.

Questao → de que forma essas pecas se mobilizam para produzir funcao como, porexemplo, criar proteınas?

11.2 Particionamento

Interesse em particionar um grafo em duas partes, isto e, a partir de um grafo conexo,retirar alguns arcos de forma a obter dois subgrafos desconexos.

79

Page 83: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 12

Exercıcios I

12.1 Parte um

1a Questao: a) Dada a matriz

P =

23−1

3−1

3

−13

23−1

3

−13−1

323

mostre que e uma matriz de projecao (isto e, que P 2 = P ) ortogonal (isto e, que P = P t).b) Considere o triangulo em IR3 cujos vertices sao dados pelos pontos

a =

303

, b =

6−6

6

e c =

6−3

6

e calcule a imagem de cada um desses pontos (vetores) pela transformacao P .c) Sejam a, b e c as imagens dos pontos a, b e c por P . Determine a equacao da reta r(por extensao −→ parametrica) que passa pelos pontos a e b.d) O ponto c pertence a r?

2a Questao: Seja P a matriz da 1a questao. Determine: a) o nucleo de P ; b) a imagemde P .

3a Questao: Dado o problema de valor na fronteira (ou de contorno) para a funcaoy = y(x),

d2y

dx2+ 2y = 4x− 3, para x ∈]0, 2[

sujeito as condicoes de Dirichlet, y(0) = 3 e de Neumann, dydx

(2) = 4, obtenha um sistemade tres equacoes a tres incognitas que o aproxime, pelo metodo de diferencas finitas,usando que

dy

dx(x) ≈ y(x+ h)− y(x− h)

2he

d2y

dx2(x) ≈ y(x+ h)− 2y(x) + y(x− h)

h2

80

Page 84: al_pos v 2ª semana

12.1. PARTE UM 81

quando h, que representa o tamanho da malha, e pequeno.

4a Questao: a) Determine uma fatoracao PA = LU da matriz

A =

0 1 1 21 2 1 22 7 6 12 6 4 8

b) Usando o resultado na alınea a), determine a solucao do sistema

Ax =

461620

5a Questao: a) Dado o plano π de equacao x + 2y + z = 0, determine a matriz R dareflexao em relacao ao plano π. b) De os vertices de um triangulo cuja imagem pelatransformacao R seja ele proprio.

6a Questao: a) Determine a fatoracao PA = LU da matriz

A =

1 1 1 21 1 2 12 1 1 12 3 4 6

b) Determine o espaco nulo de A.c) Determine o espao coluna de A.d) Determine a solucao do sistema Ax = b onde b = [1, 3, 3, 3]T .

7a Questao: a) Determine a matriz Q da projecao sobre o plano de equacao x−y+z = 0segundo a direcao definida pelo vetor [2, 1, 2]T .b) Calcule Q7.

8a Questao: Dado o problema de valor na fronteira (ou de contorno) para a funcaoy = y(x),

d2y

dx2− 3

dy

dx= 4x− 3, para x ∈]− 1, 1[

sujeito as condicoes de Dirichlet, y(−1) = 5 e de Robin, y(1) + 3 dydx

(1) = 0, obtenha umsistema de cinco equacoes a cinco incognitas que o aproxime, pelo metodo de diferencasfinitas, usando que

dy

dx(x) ≈ y(x+ h)− y(x− h)

2he

d2y

dx2(x) ≈ y(x+ h)− 2y(x) + y(x− h)

h2na equacao,

Page 85: al_pos v 2ª semana

82 CAPITULO 12. EXERCICIOS I

e dy/dx ≈ (y(x + h) − y(x))/h, na condicao de fronteira de Robin, quando h, querepresenta o tamanho da malha, e pequeno. Use h = 1/2 = 0, 5. Explicite a matriz dosistema de equacoes.

9a Questao: a) Obtenha a matriz de incidencia A do grafo dado na figura. b) Determineo espaco nulo de A; c) Determine o espaco nulo a esquerda de A; d) Explique o que oTeorema Fundamental da Algebra Linear afirma para A; e) Determine ATA e AAT .

12.2 Parte dois

1a Questao: Determine uma expressao simples para

det

a a a aa b b ba b c ca b c d

2a Questao: Um fabricante de perfumes, desejando determinar o preco de venda quemaximizaria o seu lucro, quer expressar as suas vendas semanais y (em milhares de vidros)como uma funcao linear do preco x (em reais por vidro), y = a + bx. Com este objetivoem mente, ele realizou vendas experimentais do perfume em quatro cidades semelhantes,tendo obtido os seguintes resultados:

Cidade 1 Cidade 2 Cidade 3 Cidade 4x 6,25 6,75 8,00 8,75y 6,03 5,62 4,78 4,34

a) Obtenha o sistema indeterminado que a e b devem satisfazer.b) Determine a e b que melhor se ajustam aos dados, no sentido dos mınimos quadrados.

3a Questao: Dados dois polinomios de grau menor ou igual a 2, p e q, defina o seguinteproduto interno,

〈p, q〉 = p(0)q(0) + p(1)q(1) + p(2)q(2)

Utilize o metodo de Gram-Schmidt a base {1, x, x2} com este produto interno.

4a Questao: Dados os vetores

v1 =

1101

v2 =

1011

v3 =

0111

a) Determine uma base ortonormal para

V = span{v1, v2, v3}

Page 86: al_pos v 2ª semana

12.2. PARTE DOIS 83

b) Obtenha a matriz da projecao ortogonal sobre V .c) Dado o vetor

c =

7070

determine vetores a e b tais que

c = a + b

com a ∈ span{v1, v2, v3} e b ⊥ a.

5a Questao: a) Dados dois numeros reais, u e v, mostre que (u−v)2+(u+v)2 = 2(u2+v2).b) Considere o paralelogramo P gerado pelos vetores u e v, digamos em IR2, isto e, oparalelogramo tem os vertices (0, 0), u = (u1, u2), v e u+v. Assuma que o produto internoe a norma de vetores sao os usuais, respectivamente, uTv = u1v1 + u2v2 e ||u|| =

√uTu.

Mostre que

||u + v||2 + ||u− v||2 = 2(||u||2 + ||v||2

)c) (Regra do paralelogramo) Interprete, geometricamente, o resultado obtido acima.(Dica: O comprimento do segmento que liga a origem ao vetor u + v, uma diagonaldo paralelogramo, e ||u + v||. O que representa ||u− v|| ? E ||u|| ?)

6a Questao: Um homem da idade media foi esticado, em um aparelho de tortura, acomprimentos L = 5, 6 e 7 pes, sob forcas aplicadas F = 1, 2 e 4 toneladas. Assumindoa lei de Hook, L = a + bF , determine o comprimento normal do sujeito, a, por mınimosquadrados.

7a Questao: Calcule o determinante da matriz

A =

1 t t2 t3

t 1 t t2

t2 t 1 tt3 t2 t 1

(Sugestao: Utilize a eliminacao de Gauss para calcular o determinante.)

8a Questao: [Algumas alıneas sao independentes das outras]. a) A distancia deum (hiper)plano aTx = c, em um espaco de dimensao m, a origem e |c|/||a||. Qual adistancia do plano x1 + x2 − x3 − x4 = 8 a origem, e que ponto no plano e o mais pertoda origem.b) Determine uma base ortonormal para o espaco coluna da matriz

A =

1 −63 64 85 07 8

Page 87: al_pos v 2ª semana

84 CAPITULO 12. EXERCICIOS I

c) Escreva A como QR, onde Q tem colunas ortonormais e R e triangular superior.d) Determine a matriz de projecao sobre o espaco gerado pela colunas de A. (Sugestao:Faca isso a partir da matriz Q.e) Determine a solucao de mıminos quadrados de Ax = b, se b = (−3, 7, 1, 0, 4).

9a Questao: a) Determine os coeficientes de Fourier a0, a1, b1 da funcao degrau y(x),que e 1 no intervalo 0 ≤ x ≤ π e 0 no restante do intervalo π < x ≤ 2π:

a0 =(y, 1)

(1, 1)a1 =

(y, cosx)

(cosx, cosx)b1 =

(y, senx)

(senx, senx)

b) Represente graficamente a funcao y(x) e a funcao aproximada, z(x), obtida atraves dopolinomio de Fourier,

z(x) = a0 + a1 cosx

com apenas dois termos.

10a Questao: a) Aplique o metodo de Gram-Schmidt aos vetores (1,−1, 0), (0,1,-1), e(1,0,-1), para encontrar uma base ortonormal para o plano x1 + x2 + x3 = 0 (ao qual osvetores anteriores pertencem). Qual e a dimensao deste subespaco, e quantos vetores naonulos resultam do metodo de Gram-Schmidt?b) Obtenha as matrizes da projecao ortogonal sobre o subespaco V definido pelo plano,e sobre o subespaco V ⊥ (V perp).

12.3 Parte tres

1a Questao: Considere o problema de valor inicial para o sistema de equacoes diferenciaisordinarias:

x′1 = 3x1 + 3x2

x′2 = 4x1 + 2x2, t > 0 (12.1)

onde x1 = x1(t) e x2 = x2(t), e as condicoes iniciais sao

x1(0) = 1 , x2(0) = 2 (12.2)

a) Represente o sistema matricialmente.

b) Determine as solucoes da equacao (12.1) da forma

(x1(t)x2(t)

)=

(uv

)eλt, onde u, v

e λ sao constantes.c) Determine a solucao de (12.5) sujeita as condicoes da equacao (12.2).

2a Questao: Diagonalize a matriz

A =

0 1 11 0 11 1 0

Page 88: al_pos v 2ª semana

12.3. PARTE TRES 85

atraves de uma matriz ortogonal, sabendo que os autovalores sao -1 e 2.

3a Questao: Sejam a, b, c e d numeros reais tais quea2 + b2 = 1c2 + d2 = 1ac+ bd = 0

(12.3)

Mostre que a2 + c2 = 1b2 + d2 = 1ab+ cd = 0

(12.4)

(Sugestao: Lembre-se, esta disciplina e de Algebra Linear — vetores e matrizes.)

4a Questao: [ Calculo Funcional] Note bem: varias alıneas nao dependem das anteri-ores. Dada a matriz

A =

(0 2−1 3

)a) Determine o polinomio caracterıstico de A.b) Diagonalize A.c) Use a alınea anterior para calcular A8.d) Dado um polinomio q(x) = x3 − 7x2 + 3x + 5, defina a avaliacao de q na matriz A,como sendo

q(A) = A3 − 7A2 + 3A+ 5I (nao precisa calcular)

O teorema de Cayley-Hamilton diz que uma matriz anula o seu polinomio caracterıstico,isto e,

pc(A) = 0

onde o zero no lado direito da equacao e a matriz nula. Verifique, no caso da matriz Adada e usando o polinomio determinado na alınea a), a veracidade do teorema de Cayley-Hamilton neste caso.e) Use o resultado acima para dar uma formula para A2 atraves de um polinomio de graumenor ou igual a 1.f) Determine um polinomio de grau 1, r(x) = ax + b, que interpole a funcao x8 nosautovalores de A. Isto e, se λ1 e λ2 forem os autovalores de A, determine a e b tais que

aλ1 + b = λ81

aλ2 + b = λ82

g) Calcule r(A).h)Verifique que A8 = r(A).

Page 89: al_pos v 2ª semana

86 CAPITULO 12. EXERCICIOS I

————————————————————————-

Lembrete: (r su v

)−1

=1

rv − su

(v −s−u r

)Obs.: O resultado exibido na alınea h) e bastante geral. Conhecendo-se o espectro

de uma matriz e possıvel achar-se potencias arbitrarias de uma matriz — e portantoresolver diversos problemas — avaliando polinomios interpolantes simples, sem ter queachar autovetores nem diagonalizar a matriz. A consequencia do Teorema de Cayley-Hamilton exibida na alınea e) indica porque isso e possıvel — troca potencias maiores pormenores.

5a Questao: Sejam α1 e α2 numeros reais nao-nulos, e v1 e v2 vetores em IR5, com norma1 e ortogonais. Defina a matriz

A = α1v1vT1 + α2v2v

T2

a) Mostre que a matriz A e simetrica.b) A matriz A e diagonalizavel? Justifique.c) Calcule Av1.d) O que voce pode concluir sobre a relacao entre A e v1?e) Mostre que zero e autovalor de A.f) O que voce sabe dizer sobre o auto-espaco associado ao autovalor zero? Em particular,qual e a sua dimensao?

6a Questao: Uma empresa de mudancas que opera no triangulo Rio, Sampa e BH temem cada uma das cidades uma garagem. Todo o mes metade dos caminhoes que estaoem BH e no Rio vao para Sampa, e a outra metade ficam nas respectivas cidades, e oscaminoes que estao em Sampa se dividem igualmente entre BH e o Rio. Monte a matrizde transicao T , 3 × 3, e obtenha o estado estacionario u∞ correspondendo ao autovalorλ = 1. Assuma que o numero de caminhoes total e de 1000 unidades.

7a Questao: Uma questao importante relativamente a matrizes que modelam situacoesfısicas e a localizacao dos autovalores de uma matriz; por vezes mesmo quando nao epossıvel determina-los facilmente, saber algo a respeito e suficiente. O teorema a seguir euma ferramenta importante nesse contexto.

Teorema (dos cırculos) de Gerschgorin. Todo autovalor de uma matriz A, n×n, comentradas reais ou complexas, esta na uniao dos cırculos (de Gerschgorin) C1, C2, . . . , Cn,onde Ci e o cırculo, no plano complexo1 de centro aii, o i-esimo elemento da diagonalprincipal da matriz, e raio dado pela formula ri =

∑nj=1;j 6=i |bij| que se iguala a soma dos

valores absolutos dos restantes elementos da i-esima linha.

1O plano complexo e, essencialmente, o IR2, com o eixo dos x′s sendo o eixo real e o eixo dos y′s oeixo imaginario.

Page 90: al_pos v 2ª semana

12.4. PARTE QUATRO 87

a) Dada a matriz

D =

4 2 11 5 32 4 7

determine os centros e os raios dos quatro cırculos de Gerschgorin.b) Uma matriz e chamada diagonalmente dominante quando cada entrada da diagonalexcede a soma dos valores absolutos dos restantes elementos da linha. A matriz D ediagonal dominante?c) Observe que nenhum cırculo de Gerschgorin da matriz D contem o numero real λ = 0.Mostre, entao que D e inversıvel.

8a Questao: Considere o problema de valor inicial para o sistema de equacoes diferenciaisordinarias:

x′1 = 3x1 − 12x2

x′2 = −2x1 + 3x2, t > 0 (12.5)

onde x1 = x1(t) e x2 = x2(t), e as condicoes iniciais sao

x1(0) = 3 , x2(0) = 2 (12.6)

a) Represente o sistema matricialmente.

b) Determine as solucoes da equacao (12.5) da forma

(x1(t)x2(t)

)=

(uv

)eλt, onde u, v

e λ sao constantes.c) Determine a solucao de (12.5) sujeita as condicoes da equacao (12.6).

9a Questao: Diagonalize a matriz

A =

2 1 01 1 10 1 2

atraves de uma matriz ortogonal, sabendo que zero e um dos autovalores de A.

12.4 Parte quatro

1a Questao: Dada a matriz tridiagonal

A =

a1 c1

b1 a2 c2

b2 a3 c3

b3 a4 c4

b4 a5 c5

b5 a6

Page 91: al_pos v 2ª semana

88 CAPITULO 12. EXERCICIOS I

onde os espacos vazios sao preenchidos por zeros, obtenha a decomposicao A = LU ,fazendo as hipoteses adequadas sobre as entradas da matriz A.

2a Questao: Companhias multinacionais nos EUA, Japao e Europa detem recursos novalor de US$ 4 trilhoes (4 × 1012). No inıcio, $ 2 trilhoes estao nos EUA, e $ 2 trilhoesestao na Europa. Cada ano, 1/2 do dinheiro dos EUA ficam no paıs, e o restante vai parao Japao e para a Europa em quantidades iguais. No caso do Japao e da Europa, metadedos recursos fica nos respectivos paıses e o restante vai para os EUA.a) Obtenha a matriz A tal que E

JE

ano k + 1

= A

EJE

ano k

b) Determine a distribuicao limite dos $ 4 trilhoes quando o mundo ‘terminar.c) Determine a distribuicao dos recursos no ano k.

3a Questao: Dado o sistema0 0 0 0 1 −10 0 0 0 2 10 0 3 1 5 10 0 1 3 2 52 1 2 3 1 01 2 1 −1 2 −1

x1

x2

x3

x4

x5

x6

=

03101194

calcule a solucao apos obter a decomposicao PA = LU .

4a Questao: Um fabricante de perfumes, desejando determinar o preco de venda quemaximizaria o seu lucro, quer expressar as suas vendas semanais y (em milhares de vidros)como uma funcao linear do preco x (em reais por vidro), y = a + bx. Com este objetivoem mente, ele realizou vendas experimentais do perfume em quatro cidades semelhantes,tendo obtido os seguintes resultados:

Cidade 1 Cidade 2 Cidade 3 Cidade 4x 6,25 6,75 8,00 8,75y 6,03 5,62 4,78 4,34

a) Obtenha o sistema indeterminado que a e b devem satisfazer.b) Determine a e b que melhor se ajustam aos dados, no sentido dos mınimos quadrados.

5a Questao: Dados dois polinomios de grau menor ou igual a 2, p e q, defina o seguinteproduto interno,

〈p, q〉 = p(0)q(0) + p(1)q(1) + p(2)q(2)

Utilize o metodo de Gram-Schmidt a base {1, x, x2} com este produto interno.

Page 92: al_pos v 2ª semana

12.4. PARTE QUATRO 89

6a Questao: Diagonalize a matriz A por intermedio de uma matriz ortogonal,

A =

3 3 1 13 3 1 11 1 3 31 1 3 3

7a Questao: a) Quais os valores de a e b que tornam a seguinte equacao uma cadeia deMarkov?

uk+1 = Auk =

(a b

1− a 1− b

)uk, u0 =

(11

)b) Calcule uk = SΛS−1u0 para valores arbitrarios de a e b.c) Sob quais condicoes em a e b, uk se aproxima de um limite finito quando k ← ∞ equale o limite?E necessario que A seja uma matriz de Markov?

8a Questao: a) Determine a funcao do tipo a cosx + b senx mais proxima da funcaof = sen 2x no intervalo [−π, π]. Lembre que, neste caso, o produto interno e dado por∫ π−π. (Dica: Lembre que o mais proximo, e dado pela projecao ortogonal).

9a Questao: a) Determine o posto da matriz A e escreva-a na forma A = uvT :

A =

1 0 0 30 0 0 02 0 0 6

b)Para a matriz A determine a base dos quatro sub-espacos associados (nucleo, imagem[espaco coluna], nucleo a esquerda, espaco linha.

10a Questao: Diagonalize a matriz

A =

2 1 01 1 10 1 2

atraves de uma matriz ortogonal, sabendo que zero e um dos autovalores de A.

11a Questao: a) Obtenha o polinomio caracterıstico da matriz

A =

1 3 −13 −3 3−1 3 1

b) Determine os autovalores de A sabendo que 3 e um dos autovalores.c) Obtenha autovetores relativos a cada autovalor encontrado.

12a Questao: Dado o plano π de equacao x−y+2z = 0, determine a matriz da projecaosobre π segundo a direcao definida pelo vetor (1,1,1).

13a Questao: Considere a projecao ortogonal sobre a reta x−2y = 0, aqui denotada porT : IR2 → IR2. Sem determinar explicitamente a matriz que representa T , de:a) os autovalores de T ;b) autovetores para cada um dos autovalores.

Page 93: al_pos v 2ª semana

Capıtulo 13

Exercıcios II

13.1 Um

1a Questao: Dada a matriz tridiagonal

A =

a1 c1

b1 a2 c2

b2 a3 c3

b3 a4 c4

b4 a5 c5

b5 a6

onde os espacos vazios sao preenchidos por zeros, obtenha a decomposicao A = LU ,fazendo as hipoteses adequadas sobre as entradas da matriz A.

2a Questao: a) Mostre que

limh→0

f(x+ h)− f(x− h)

2h= f ′(x)

b) Dado o problema de valor na fronteira (ou de contorno)

d2y

dx2+ 3

dy

dx+ y = 5x2 + 3x, para x ∈ [0, 2]

sujeito as condicoes y(0) = 2 e y(2) = 1, obtenha um sistema de quatro equacoes a 4incognitas que o aproxime, utilizando para esquema de discretizacao o metodo de dife-rencas finitas.

3a Questao: Dado o sistema0 0 0 0 1 −10 0 0 0 2 10 0 3 1 5 10 0 1 3 2 52 1 2 3 1 01 2 1 −1 2 −1

x1

x2

x3

x4

x5

x6

=

03101194

90

Page 94: al_pos v 2ª semana

13.1. UM 91

calcule a solucao apos obter a decomposicao PA = LU .

4a Questao: Dado o plano π de equacao x− 2y + z = 0, determinea) a matriz A da reflexao em relacao ao plano π;b) a matriz B da projecao ortogonal sobre π;c) a matriz C da projecao segundo a direcao do vetor (1, 1, 1).

5a Questao: a) Determine o posto das matrizes A,B,C da questao anterior.b) Determine os espacos nulos de A, B e C.c) Determine os espacos coluna de A, B e C.d) Determine, sem fazer contas, atraves de um argumento geometrico, A2, B2 e C2.Tambem AB.

6a Questao: Dados os vetores (‘verticais’) u ∈ IRm e v ∈ IRn, define-se o produtotensorial u⊗ v pelo produto de matrizes,

u⊗ v = uvT

onde o superescrito T denota a transposicao.a) Dados u = (1, 2,−1)T e v = (2,−3− 4)T determine u⊗ v e uTv.Uma matriz A e decomponıvel quando e possıvel escolher vetores u e v tais que A = u⊗v.b) Dadas as matrizes

A =

2 7−6 −214 14

e B =

4 165 256 36

decida se sao decomponıveis e, em caso afirmativo, obtenha os correspondentes u e v.c) Dada A = u⊗v, determine base para o espaco nulo e o espaco coluna de A e verifiqueo teorema fundamental da algebra linear neste caso.

7a Questao: Diz-se dos vetores u1, u2, . . . ,uk que sao ortogonais se 〈ui,uj〉 = 0, ∀i 6= j.a) Calcule B2 onde B = u1 ⊗ u1.b) Calcule A2 e (I − A)2 quando A = u1 ⊗ u1 + u2 ⊗ u2 + . . .uk ⊗ uk.

8a Questao: Diz-se que a matriz B e obtida de A por uma perturbacao de posto 1 ou queB e uma perturbacao de posto 1 da matriz A quando B = A + C onde C e uma matrizde posto 1. Analogamente poder-se-ia definir perturbacoes de posto 2 ou superiores. Eclaro que quando u,v 6= 0 e C = u ⊗ v, C tera posto 1 (como verificado anteriormentena questao 6c).a) Mostre que a matriz ‘cheia’

4 1 1 11 5 1 11 1 3 11 1 1 2

pode ser obtida como uma perturbacao de posto 1 de uma matriz diagonal com entradas(3,4,2,1), e a perturbacao e da forma u⊗ u.

Page 95: al_pos v 2ª semana

92 CAPITULO 13. EXERCICIOS II

b) Dadas as matrizes

A =

2 −1 0 0 −1−1 2 −1 0 00 −1 2 −1 00 0 −1 2 −1−1 0 0 −1 2

e A =

2 −1 0 0 0−1 2 −1 0 00 −1 2 −1 00 0 −1 2 −10 0 0 −1 2

mostre que A e obtida de A por uma perturbacao de posto 2 que pode ser escrita comou1 ⊗ v1 + u2 ⊗ v2. Obtenha u1,u2,v1,v2.c) Considere a matriz tridiagonal abaixo

A =

a1 c1

b1 a2 c2

b2 a3 c3

b3 a4 c4

b4 a5 c5

b5 a6

e mostre que esta pode ser escrita como uma perturbacao de posto 2 da matriz em blocos

A =

a1 c1

b1 a2 c2

b2 a3

a4 c4

b4 a5 c5

b5 a6

d) Mostre que se C, m × n, tem posto 1, entao existem u ∈ IRm e v ∈ IRn tais queC = u⊗ v. (Este resultado e a volta da questao 6c).

9a Questao: (Sherman-Morrison) a) A inversa da matriz B = I − v⊗w tem a formaB−1 = I − cv ⊗w. Multiplicando, determine o valor de c.b) Se A e inversıvel e B = A − vwT e inversıvel, entao a inversa de B e B−1 =A−1 − cA−1vwTA−1. Multiplicando (e procurando por um escalar em vwTA−1vwTA−1)encontre o numero c.

10a Questao: a) Dada a matriz da questao 8a), determine sua inversa.b) Faca o mesmo exercıcio usando o resultado da questao 9b).c) Se voce subtrair 1 da 1a entrada, a11 de A, que matriz sera de A−1 para obter-se ainversa da nova matriz? Em A−1 seja q a primeira coluna, rT a primeira linha, e s aprimeira entrada.

13.2 Dois

1a Questao: Para se estudar a influencia das variaveis capital investido (x1) e gasto empublicidade (x2) no lucro anual (y) de empresas, foram observadas essas variaveis em doze

Page 96: al_pos v 2ª semana

13.2. DOIS 93

empresas em um mesmo ano. Os seguintes resultados foram registrados, na unidade de100.000 reais,

y 12 13 3 3 11 19 1 14 15 17 2 15x1 31 16 29 19 27 21 24 11 26 18 12 3x2 4 5 3 0 2 6 2 3 6 6 1 5

Ajuste a estes dados um modelo do tipo y = a + bx1 + cx2, pelo metodo dos mınimosquadrados.

2a Questao: Um experimento foi realizado para se estudar a relacao entre o grau decorrosao de um metal, y, e o tempo de exposicao (em semanas), x, desse metal a acao daacidez do solo. Foram obtidos os seguintes resultados:

x 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10y 0,08 0,18 0,32 0,53 0,88 1,30 1,95 2,80 3,90 4,60

Ajuste a esses dados o modelo y = a+ bx+ cx2, pelo metodo dos mınimos quadrados.

3a Questao: Encontre a curva y = C+D2t que da o melhor ajuste por mınimos quadradospara as medidas y = 6 em t = 0, y = 4 em t = 1 e y = 0 em t = 2. Escreva as tresequacoes que seriam resolvidas se a curva passasse por esses tres pontos, e encontre osmelhores valores para C e D.

4a Questao: O teorema fundamental da algebra linear e frequentemente apresentadocomo a alternativa de Fredholm: Para quaisquer A e b, um e apenas um dos seguintesproblemas tem solucao:

(1) Ax = b (2) ATy = 0, yTb 6= 0.

Em outras palavras, ou (a) b esta no espaco coluna de A e assim (1) tem solucao, ou (b)existe y no nucleo de AT , y ∈ N (AT ), tal que yTb 6= 0. Consequentemente, note que setodo y que pertencer ao nucleo de AT satisfizer yTb = 0 entao (2) nao tem solucao, e (1)tera.

a) Mostre que e contraditorio que os problemas (1) e (2) tenham solucao ao mesmo tempo.b) Determine uma base para o espaco nulo da matriz

A =

(1 0 21 1 4

)e verifique que este e ortogonal ao espaco linha. Dado x = (3, 3, 3), decomponha-o emuma componente no espaco linha, xr e um componente no espaco nulo, xn.

5a Questao: a) A distancia de um (hiper)plano aTx = c, em um espaco de dimensao m,a origem e |c|/||a||. Qual a distancia do plano x1 +x2−x3−x4 = 8 a origem, e que ponto

Page 97: al_pos v 2ª semana

94 CAPITULO 13. EXERCICIOS II

no plano e o mais perto da origem.b) Determine uma base ortonormal para o espaco coluna da matriz

A =

1 −63 64 85 07 8

c) Escreva A como QR, onde Q tem colunas ortonormais e R e triangular superior.d) Determine a matriz de projecao sobre o espaco gerado pela colunas de A, a partir damatriz Q.e) Determine a solucao de mıminos quadrados de Ax = b, se b = (−3, 7, 1, 0, 4).

6a Questao: Se A e uma matriz quadrada e inversıvel mostre que AB tem o mesmoespaco nulo (e o mesmo espaco linha e o mesmo posto) que a matriz B.

7a Questao: a) Projete o vetor b = (1, 2) na direcao dos vetores ortogonais (1, 1) e (1,-1)e verifique que a soma dessas projecoes e o proprio vetor b.b) Faca o mesmo mas agora projete na direcao dos vetores nao ortogonais (1,0) e (1,1).Mostre que, diferentemente do que ocorre com o caso ortogonal, a soma das duas projecoesunidimensionais nao se iguala ao vetor b.

8a Questao: a) Determine o comprimento do vetor v = (1/√

2, 1/√

4, 1/√

8, . . .) e dafuncao f(x) = ex (no intervalo 0 ≤ x ≤ 1). Qual e o produto interno, neste intervalo, deex e e−x?b) Determine os coeficientes de Fourier a0, a1, b1 da funcao degrau y(x), que e 1 nointervalo 0 ≤ x ≤ π e 0 no restante do intervalo π < x ≤ 2π:

a0 =(y, 1)

(1, 1)a1 =

(y, cosx)

(cosx, cosx)b1 =

(y, senx)

(senx, senx)

c) Determine a linha reta mais perto da parabola y = x2 no intervalo −1 ≤ x ≤ 1 nosentido de L2[−1, 1].d) Determine o proximo polinomio de Legendre - um polinomio cubico ortogonal a 1, x ea x2 − 1

3sobre o intervalo −1 ≤ x ≤ 1.

e) Aplique o metodo de Gram-Schmidt aos vetores (1,−1, 0), (0,1,-1), e (1,0,-1), paraencontrar uma base ortonormal para o plano x1 + x2 + x3 = 0 (ao qual os vetores acimapertencem). Qual e a dimensao deste subespaco, e quantos vetores nao nulos resultam dometodo de Gram-Schmidt?

9a Questao: a) Eliminacao por blocos da, se o bloco pivo A for inversıvel,(I 0

−CA−1 I

)(A BC D

)=

(A B0 D − CA−1B

)A matriz D−CA−1B e chamada de complemento de Schur. Mostre que seu determinante

Page 98: al_pos v 2ª semana

13.3. TRES 95

vezes detA se iguala ao determinante da matriz em blocos original,(A BC D

)Mais ainda, mostre que se AC = CA, entao esse determinante se iguala a det(AD−CB).b) Neste caso, o sistema de equacoes para (v,p) dado por:

Av +Bp = α

Cv +Dp = β

pode ser desacoplado em equacoes que primeiramente devem ser resolvidas para p e emseguida para v. Determine essas equacoes.

10a Questao: Se C =

(a bc d

)e D =

(u vw z

)entao a equacao para a determinacao

de matrizes C e D tais que CD = −DC se torna equivalente a:

CD +DC = 0 ou

2a c b 0b a+ d 0 bc 0 a+ d c0 c b 2d

uvwz

=

0000

a) Determine o determinante da matriz A, 4 por 4, dos coeficientes.b) Mostre que detA = 0 apenas em dois casos: a+ d = 0 ou ad− bc = 0.Em todos os outros casos, CD = −DC so sera possıvel com D = 0.c) Construa exemplos nao triviais de matrizes C e D satisfazendo CD = −DC.

13.3 Tres

1a Questao: Dada a matriz

A =

1 2 −11 0 14 −4 5

Determine:(a) o polinomio caracterıstico de A e os autovalores de A, sabendo-se que λ = 1 e umaraiz do polinomio caracterıstico de A.(b) um autovetor correspondente a cada autovalor e diagonalize A.

2a Questao: Dado o plano π de equacao x−y+2z = 0, considere a matriz A da projecaosobre π segundo a direcao definida pelo vetor (1,1,1). Sem determinar explicitamente A,obtenha:a) Os autovalores de A;b) Uma base de autovetores.

Page 99: al_pos v 2ª semana

96 CAPITULO 13. EXERCICIOS II

c) A base e ortogonal?d) A matriz A e diagonalizavel?

Uma questao importante e a localizacao dos autovalores de uma matriz; por vezes mesmoquando nao e possıvel determina-los facilmente, saber algo a respeito e suficiente. Oteorema a seguir e uma ferramenta importante nesse contexto.

Teorema (dos cırculos) de Gerschgorin. Todo autovalor de uma matriz A, n × n,esta em pelo menos um dos cırculos (de Gerschgorin) C1, C2, . . . , Cn, onde Ci e o cırculode centro aii e raio ri =

∑nj=1;j 6=i |bij| igual a soma dos valores absolutos dos restantes

elementos da i-esima linha.

3a Questao: a) A matriz

A =

4 2 11 5 32 4 7

e chamada diagonalmente dominante porque cada entrada da diagonal excede a soma dosvalores absolutos dos restantes elementos da linha. Esboce os cırculos de Gerschgorinpara esta matriz.b) Nenhum cırculo contem λ = 0. Mostre que as matrizes diagonalmente dominantes saosempre inversıveis.c) Conclua, justificando, que A e inversıvel.d) Lembrando que todos os autovalores de matrizes simetricas reais sao reais, use o te-orema de Gerschgorin para obter um intervalo que contenha σ(C), o espectro da matrizC, onde

C =

2 0 10 3 21 2 2

e) Considere uma matriz B cujas linhas satisfazem

|bi1|+ |bi2|+ |bi3|+ . . .+ |bin| < 1 ∀i

Mostre, a partir do teorema de Gerschgorin, que todos os autovalores deB satisfazem |λ| <1. (Sugestao: Aqui e conveniente escrever a equacao do i-esimo cırculo de Gerschgorin,

|bii − z| ≤ |bi1|+ |bi2|+ . . .+ |bi i−1|+ . . .+ |bi i−1|+ |bin|

e trabalhe o lado esquerdo.)

4a Questao: a) Dada uma matriz A anti-Hermitiana, AH = −A, mostre que se u e vsao autovetores de A, associados respectivamente a autovalores distintos µ e λ, (µ 6= λ),entao u e ortogonal a v (uHv = 0).b) Dada matriz anti-Hermitiana, mostre que B = A + 1

2I e inversıvel. (Sugestao: Qual

e a relacao entre σ(B) e σ(A)? Ou melhor, qual a relacao entre os autovalores das duas

Page 100: al_pos v 2ª semana

13.3. TRES 97

matrizes?)c) Mostre que a relacao de similaridade de matrizes, A ∼ B se e so se existir S inversıveltal que A = SBS−1, e uma relacao de equivalencia.

5a Questao: Uma matriz simetrica real A e chamada de positiva definida se xTAx > 0,para todo x 6= 0.a) Escolhendo adequadamente x, mostre que a11 > 0. Mostre tambem que todas asentradas da diagonal principal de A sao positivas.b) Mostre que os autovalores de A sao positivos (sugestao: escolha x). Conclua que A einversıvel.c) Determine os autovalores da matriz

C =

(1 11 1

)e decida se A e positiva definida.d) Dada a funcao quadratica

f(x, y, z) = 5x2 + 4y2 + 3z2 − 2xy − 2xz + 2yz

escreva-a na forma xTAx onde xT = (x y z) e A e uma matriz simetrica.e) Decida se a matriz A e positiva definida. (Sugestao: Gerschgorin).

6a Questao: Suponha que a populacao de coelhos, c, e de lobos, l, sao governadas pelosistema de equacoes diferenciais ordinarias:

dc

dt= 4c− 2l

dl

dt= c+ l

a) Explique porque e razoavel que o coeficiente de c na 1a equacao seja positivo e ocoeficiente de l seja negativo.b) Explique o significado dos sinais dos coeficientes de c e l na 2a equacao.c) Se inicialmente c = 300 e l = 200, quais sao as populacoes de coelhos e lobos no tempot?d) Depois de um tempo longo, qual e a proporcao de coelhos e lobos? (c(t)/l(t) quandot→ +∞).

7a Questao: a) Dada a funcao quadratica

f(x1, x2, x3) = 3x21 + 5x2

2 + 2x23 − 2x1x2 + 2x1x3 − 2x2x3

escreva-a na forma xTAx onde xT = (x1 x2 x3) e A e uma matriz simetrica.b) Diagonalize A atraves de uma matriz ortogonal Q, A = QDQT com D diagonal,sabendo que 2 e um dos autovalores de A.c) Faca a mudanca de variaveis y = QTx e obtenha h(y) = f(Qy).d) Considere a equacao f(x) = 1 nas novas variaveis (h(y) = 1). Identifique este conjunto.

Page 101: al_pos v 2ª semana

98 CAPITULO 13. EXERCICIOS II

Note que a transformacao y = QTx preserva angulos e distancias, assim, o conjuntogeometrico obtido e o mesmo que nas variaveis x, mas ‘mudado de posicao’.e) Ja agora, a partir de A = QDQT e escolhendo direito Λ, obtenha uma raiz quadradade A, B, com B2 = A, B na forma QΛQT .

8a Questao: Considere a matriz tridiagonal

A =

a bb a b

b a. . .

. . . . . . bb a

Seja Xk = det(A(k)) o determinante da k-esima sub-matriz principal de A, isto e, a matrizk × k no canto superior esquerdo da matriz A.a) Expandindo pela k-esima linha, mostre que

Xk = aXk−1 − b2Xk−2

b) Resolva esta equacao de diferencas, para obter o valor de Xk para k arbitrario. (Se formuito difıcil em geral, faca apenas para quando a = 2 e b = −1).

9a Questao: Seja A uma matriz tridiagonal simetrica de tamanho (n+m)× (n+m).a) Verifique que A pode ser escrita como uma matriz diagonal em blocos,

A =

(T1 00 T2

)+ β(en + en+1)⊗ (en + en+1)

onde T1 e uma matriz n× n e T2 e uma matriz m×m. Ilustre essa decomposicao com amatriz dada na questao anterior (a = 2 e b = −1, e n = m = 3.)b) Se T1 = Q1D1Q

T1 e T2 = Q2D2Q

T2 , mostre que

A =

(Q1 00 Q2

)[(D1 00 D2

)+ βz ⊗ z

](QT

1 00 QT

2

)com zT = (qT1 , q

T2 ) onde qT1 e a ultima linha de Q1 e qT2 e a primeira linha de Q2.

c) Ilustre explicitamente esta construcao com o exemplo referido.

10a Questao: Exercıcios 5.3.5, 5.3.9 e 5.3.11 do livro Linear Algebra and its Applicationsby G. Strang.


Recommended