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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
FRANCISCO ELPÍDIO VIANA BARBOSA
ANÁLISE DAS VARIÁVEIS OPERACIONAIS DE UM
PROCESSO DE PRODUÇÃO DE PAPEL VISANDO
MAIOR EFICIÊNCIA DA OPERAÇÃO
ANALYSIS OF OPERATING VARIABLES IN A
PAPERMAKING PROCESS AIMING AT A HIGHER
OPERATION EFFICIENCY
CAMPINAS – SP
2015
FRANCISCO ELPÍDIO VIANA BARBOSA
ANÁLISE DAS VARIÁVEIS OPERACIONAIS DE UM PROCESSO DE
PRODUÇÃO DE PAPEL VISANDO MAIOR EFICIÊNCIA DA OPERAÇÃO
Orientador: Prof. Dr. José Vicente Hallak d’Angelo
Coorientador: Prof. Dr. Roger Josef Zemp
CAMPINAS – SP 2015
Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas como parte os requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre na Área de Engenharia Química
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO FRANCISCO ELPÍDIO VIANA BARBOSA E ORIENTADA PELO PROF. DR. JOSÉ VICENTE HALLAK D’ANGELO
Dissertação de Mestrado defendida pelo aluno Francisco Elpídio Viana Barbosa
em 19 de Novembro de 2015 e aprovada pela Comissão Avaliadora constituída
pelos seguintes Doutores:
Prof. Dr. Roger Josef Zemp
(Co-Orientador, FEQ/UNICAMP)
Prof. Dr. Adriano Pinto Mariano
(FEQ/UNICAMP)
Dr. Vinícius Bohrer Lobosco Gonzaga de Oliveira
(Suzano Papel e Celulose)
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros da Comissão
Avaliadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.
À minha esposa Maria Helena e aos meus filhos Francisco e Rodrigo,
pelo incentivo permanente para a conclusão deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. José Vicente Hallak d’Angelo, em primeiro lugar, por sua incansável
dedicação, paciência e amizade na orientação e no desenvolvimento deste trabalho.
A todos os meus professores das disciplinas do Curso de Mestrado que, sem dúvida,
muito me ajudaram nesta trajetória.
A todos os colegas do Curso de Mestrado, pelo companheirismo e amizade.
À International Paper, pela oportunidade para me dedicar e realizar este trabalho a
partir de estudos de casos em seus processos industriais e aos colegas que participaram e
ajudaram nos desenvolvimentos.
Finalmente, quero agradecer à minha família que sempre acreditou na minha
disposição e perseverança na busca deste ideal e incondicionalmente me apoiou, não medindo
esforços em ajudar-me para que eu pudesse alcançar este objetivo.
Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo.
Todos nós sabemos alguma coisa.
Todos nós ignoramos alguma coisa.
Por isso aprendemos sempre. Paulo Freire
RESUMO
Diversos processos produtivos possuem alto grau de complexidade em relação à
natureza de seus componentes e das interações entre eles, assim como da forma de controle
dos parâmetros interdependentes ou não, para o alcance e manutenção de requisitos
predefinidos para a qualidade do produto e para o próprio processo. Este trabalho foi
motivado pela busca da compreensão das relações existentes entre determinadas variáveis
operacionais e a produtividade de máquinas de papel, produzindo papéis brancos de imprimir
e escrever, em processo alcalino, utilizando celulose branqueada de eucalipto e carbonato de
cálcio precipitado como carga mineral, além de outros aditivos usualmente empregados neste
tipo de processo. O principal objetivo desta dissertação foi analisar as principais variáveis
operacionais de um processo industrial de produção de papel, visando identificar seus efeitos
práticos sobre a eficiência da produção a fim de sugerir condições ótimas de operação. Foram
avaliados os seguintes efeitos: da formação da folha e da condutividade da polpa no índice de
quebras da máquina; utilização de sílica coloidal, em substituição a uma micropartícula
orgânica, como agente de retenção e drenagem, no aumento do desaguamento da folha
durante a fabricação do papel; redução do grau de refinação da polpa combinada com o
aumento da prensagem sobre o aumento do desaguamento da folha, durante a fabricação de
papel. Os impactos diretos e indiretos dessas variáveis foram examinados a partir de
resultados de testes industriais e de dados do processo e de pesquisa laboratorial. A
deterioração da formação da folha provocou aumento no número de quebras de folha na
máquina. O aumento da condutividade da celulose implicou em importante aumento de
quebras de folha. A reversão destes processos de perda só aconteceu com o restabelecimento
dos valores conhecidos, quando o índice de formação da folha voltou ao nível de 67 unidades
Kajaani, no primeiro caso estudado, e a condutividade da polpa ao patamar de 280 µS, no
segundo estudo, fazendo com que as máquinas de papel alcançassem eficiência de tempo de
96%. A sílica coloidal mostrou-se interessante alternativa à micro-partícula orgânica, no
processo de retenção e drenagem analisado. A redução do grau de refinação da polpa e o
aumento da prensagem da folha, de forma combinada, promoveram também aumento da
drenagem da folha. Nestes dois casos de melhoria do processo, o teor de sólidos da folha,
deixando a sessão de prensas, aumentou em 1,5 e 3,0 pontos percentuais, respectivamente,
resultando em, pelo menos, 2% em aumento de produtividade da máquina estudada.
Palavras-chave: máquina de papel, produtividade, formação, condutividade, desaguamento,
quebras.
ABSTRACT
Several productive processes have high degree of complexity regarding the nature
of their components and the interactions to themselves as well as the control way for the
interdependent or not parameters, in order to achieve and sustain the predefined requirements
related to product quality and to the process itself. This work was motivated by the
comprehension of the existing relation between determined operational variables and the
papermachine productivity, when producing printing and writing papers, in alkaline process,
using eucalyptus bleached pulp and precipitated calcium carbonate as filler, besides other
usual chemicals for this type of process. The main objective of this dissertation is to analyze
operational variables in a printing and writing paper industrial process, with purpose of
identifying practical effects of them on the production efficiency to suggest optimized
operational conditions. Since this general objective, specific objectives were defined in order
to evaluate the effects of the sheet formation as well as the pulp conductivity effects on the
papermachine breaks index; the effects of the colloidal silica, in place of an organic
microparticle, as retention and drainage agent, as well as the effects of pulp refining reduction
combined with web pressing increase, on the web drainage. Direct and indirect impacts of the
studied variables were examined since the industrial trial results as well as from the industrial
process data. Laboratorial survey related to retention and drainage was also conducted to
support industrial test. The sheet formation deterioration clearly provoked increase in the
sheet breaks index. The increase noted on the pulp conductivity also increased importantly the
sheet breaks. The reversion of these loss processes only happened with the reestablishing of
the known values for those referred parameters which means: sheet formation back to 67
Kajaani units, in the first studied case, and the pulp conductivity to the 280 micro Siemens, in
the second study. So, the studied papermachines returned to the time efficiency level of 96%.
Colloidal silica was demonstrated to be an interesting alternative to the organic microparticle
for the analyzed retention and drainage process. The reduction of the pulp refining combined
with web pressing increase provided higher web drainage. In these two process improvement
cases, the web dryness, from the press section, was respectively increased in 1,5 and 3,0
percentage points, resulting in at least 2% increase in the studied papermachine productivity.
The analysis conducted in this dissertation show the influence of the studied variables on the
production performance of a papermachine as well as the benefits associated to the
appropriated adjustment of those variables.
Keywords: papermachine, productivity, formation, conductivity, drainage, breaks.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Evolução da Produção Brasileira de Celulose 19
Figura 1.2 Evolução da Produção Brasileira de Papel 19
Figura 1.3 Balança Comercial do Setor de Celulose e Papel 19
Figura 2.1 Desenho esquemático da transformação da madeira no processo 27
Figura 2.2 Diagrama de Fluxo de um Processo Kraft 28
Figura 2.3 Sistema típico de fabricação de papel 30
Figura 2.4 Desenho esquemático da máquina de papel de imprimir e escrever 30
Figura 2.5 Circuito de aproximação e pontos de aplicação de aditivos. 31
Figura 2.6 Grau de refinação x Energia aplicada às fibras 32
Figura 2.7. Resistência à tração x Grau de refinação 32
Figura 2.8 Índice de Retenção de Água (IRA) x Energia Aplicada às Fibras 33
Figura 2.9 “Dynamic Drainage Jar” 38
Figura 2.10 Representação esquemática partícula coloidal em suspensão 42
Figura 2.11 Efeito da sílica no desaguamento 43
Figura 2.12 Efeito da sílica na remoção de água na seção de prensas 43
Figura 2.13 Diferença entre filtração e espessamento 45
Figura 2.14 Representação esquemárica de flutuação de retenção de sólidos 47
Figura 2.15 Padrões de formação da folha de papel 48
Figura 2.16 Desenho esquemático de pontes de hidrogênio entre fibras 49
Figura 2.17 Resistência da folha úmida de polpa sulfito refinada 51
Figura 2.18 Resistência da folha úmida - celulose em suspensão e celulose seca 51
Figura 2.19 Resistência da folha úmida idealizada por Brecht e Erfurth 52
Figura 2.20 Resistência da folha úmida versus seu teor de sólidos 53
Figura 2.21 Desenho esquemático da consolidação da folha úmida de papel 55
Figura 2.22 Desenho esquemático do fenômeno causado pela contração fibra durante
a secagem 55
Figura 2.23 Fases do processo de prensagem da folha de papel 56
Figura 2.24 Índice de retenção de água versus teor de sólidos da folha 57
Figura 2.25 Grau de refinação da polpa e teor de sólidos da folha 58
Figura 4.1 Formação e Resistência ao Estouro - Médias diárias 69
Figura 4.2 Regressão linear: Formação e Resitência ao estouro 70
Figura 4.3 Regressão linear: Formação e Resistência ao estouro (Mullen) 70
Figura 4.4 Resistência ao estouro e Nº Quebras da folha 71
Figura 4.5 Regressão linear: Nº Quebras e Resistência ao estouro 72
Figura 4.6 Índice de formação e Nº Quebras da folha 72
Figura 4.7 Regressão linear: Nº Quebras e Formação 73
Figura 4.8 Nº de Quebras de folha em função do Mullen e da Formação 73
Figura 4.9 Passe 3ª Prensa/1º Grupo e Nº Quebras da folha 74
Figura 4.10 Regressão linear: Passe 3ª Prensa/1º Grupo e Nº Quebras 74
Figura 4.11 Influência da e Relação jato/tela na formação 76
Figura 5.1 Condutividade da celulose e Nº de Quebras – Médias mensais 80
Figura 5.2 Regressão linear: Nº Total de quebras e Resistência ao estouro 81
Figura 5.3 Condutividade da celulose e Eficiência total das máquinas 81
Figura 5.4 Influência da retenção de cargas na produção de papel 84
Figura 5.5 Influência da retenção de cargas no Nº quebras de folha 84
Figura 5.6 Influência da retenção de cargas das perdas de CaCO3 85
Figura 5.7 Evolução da % PCC no papel 85
Figura 5.8 Efeito da aplicação do polímero (APAA) na retenção 86
Figura 5.9 Efeito do aumento da retenção na sua variabilidade (COV1σ ) 86
Figura 5.10 Efeito da retenção na drenabilidade da polpa 87
Figura 5.11 Efeito da retenção na variabilidade da °CSF 88
Figura 5.12 Efeito da retenção na alcalinidade na sua variabilidade (COV1σ ) 88
Figura 6.1 Desenho esquemático de um “Gap Former” 92
Figura 6.2 Efeitos da aplicação de sílica na retenção e drenagem 95
Figura 6.3 Momento da interrupção da micropartícula orgânica 96
Figura 6.4 Passe (%) entre a 3ª e 4ª prensas 97
Figura 6.5 Consumo específico de vapor 97
Figura 6.6 Teor de sólidos da folha na saída da 3ª prensa 98
Figura 6.7 Grau Shopper Riegler - caixa de entrada 99
Figura 6.8 Permeabilidade da folha à passagem de ar 99
Figura 7.1 Efeito da prensagem na resistência ao estouro, durante redução do grau
de refinação 109
Figura 7.2 Efeito da prensagem no passe entre a 3ª e 4ª prensas e na porosidade do
papel, durante redução do grau de refinação 110
Figura 7.3 Influência do grau de refinação no volume específico do papel 111
Figura 7.4 Velocidade da MP e % sólidos na saída da 3ª prensa 112
Figura 7.5 Correlação entre velocidade da MP e % sólidos na saída da 3ª prensa 112
Figura 7.6 Nº Quebras da MP e % sólidos na saída da 3ª prensa 113
Figura 7.7 Correlação Nº Quebras da MP e % sólidos na saída da 3ª prensa 114
Figura 7.8 Σ Cargas dos Nips e % sólidos na saída da 3ª prensa 114
Figura 7.9 Correlação entre Σ Cargas dos Nips e % sólidos na saída da 3ª prensa 115
Figura 7.10 Grau de Refinação e % sólidos na saída da 3ª prensa 115
Figura 7.11 Correlação entre grau de refinação e % sólidos na saída da 3ª prensa 116
Figura 7.12 Grau de refinação e Porosidade do Papel 116
Figura 7.13 Correlação entre Grau de refinação e Porosidade do papel 117
Figura 7.14 Teor de sólidos em função do grau de refinação e Σ cargas das prensas 117
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 Produtos do Agronegócio – Exportações x Área Plantada-2011 19
Tabela 1.2 Impacto financeiro em função de quebras e velocidade de operação da
máquina de papel 21
Tabela 3.1 Casos estudados neste trabalho e descrição de seus objetivos e variáveis 66
Tabela 6.1 Características da máquina e processo em análise 92
Tabela 7.1 Resumo dos resultados do teste industrial Nº1 107
Tabela 8.1 Valores de referência das variáveis analisadas 121
LISTA DE SIGLAS
ABTCP Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel
APAA Anionic Poliacrilamide – poliacrilamida aniônica
BET Brunauer, Emmett, Teller - método de medição de área superficial específica Bracelpa Associação Brasileira de Celulose e Papel
Co Lado de comando ou de serviço da máquina de papel CSF Canadian Standard Freeness – drenabilidade da polpa de celulose DDJ Britt Dymamic Drainage Jar – equipamento de medição de retenção e
drenagem
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MP Máquina de papel
Nip Área de contato entre dois rolos que se opõem em pressão
OBA Optical Brightner Agent – alvejante óptico
OME total Eficiência global ponderada do total de máquinas consideradas
PCC Precipitated Calcium Carbonate – carbonato de cálcio precipitado
SR Schopper Riegler - drenabilidade da polpa de celulose
TAPPI Technical Association of Pulp and Paper Industry
TIP Tappi Technical Information Paper
Tr Lado da transmissão ou do acionamento da máquina de papel
UHLE Box Caixa de vácuo do sistema de condicionamento dos feltros úmidos
US$ MM. Milhões de dólares americanos
NOMENCLATURA % PCC Teor de carbonado de cálcio ou de carga mineral no papel (%)
°CSF Canadian Standard Freeness – grau drenabilidade da suspensão (mL)
°SR Schopper Riegler – grau drenabilidade da suspensão (mL)
Alc Alcalinidade da água branca (ppm CaCO3)
Cab Consistência da bandeja ou calha de água branca (%)
Cc Condutividade da celulose (micro-Siemens/cm ou µS/cm)
Cce Consistência da caixa de entrada (%)
COVnσ Coeficiente de variação relativo a “n” desvios padrão (%)
Cv Consumo específico de vapor da máquina de papel (kg de vapor/kg de papel)
Ep Eficiência de produto, produto dentro das especificações/total produzido (%)
Er Energia líquida de refinação (kWh/ton)
Et Eficiência de tempo, tempo de produção/tempo disponível para produção (%)
Fd Drenagem da suspensão (g água/seg)
FSP Ponto de saturação da fibra (g de água/100g de fibras)
IP Impulso de prensagem (MPa.seg)
IP Relação entre a carga da prensa e a velocidade da máquina de papel (MPa.seg)
IRA Índice de retenção de água (g de água/100g de fibras, g de água/g de fibras)
Kajaani Index Índice de formação da folha (unidades Kajaani)
Lpcc Perda de carbonato de cálcio para o efluente
Mullen Resistência do papel ao estouro (lb/in2, kPa)
OME Overall Machine Efficiency eficiência global de uma máquina: ET = Et x Ep (%)
Passe Diferença de velocidade entre seções da máquina de papel (%)
Pd Produção diária (t/d)
Pe Permeabilidade Gurley ou porosidade Gurley do papel (seg/100ml)
Ph Taxa de produção horária (t/h)
Pm Produção mensal (t/m)
Pv Pressão do vapor (psi)
Quebras Quebras da folha de papel (N° quebras/dia ou Nº quebras/mês)
RSP Retenção de Simples Passagem (%)
RSPC Retenção de simples passagem de cinzas ou de cargas (%)
tq Tempo de quebra (min)
TS Teor de sólidos da suspensão ou da folha úmida (%)
V Velocidade da máquina de papel (mpm)
Vj Velocidade do jato (mpm)
Vj/Vt Relação entre velocidades do jato e da tela
Vt Velocidade da tela (mpm)
WRV Índice de retenção de água (g de água/100g de fibras, g de água/g de fibras)
WWS Resistência da folha úmida (N/m)
Xm Valor médio da variável
Letras gregas:
σ Desvio padrão
SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................................................... 08
ABSTRACT ........................................................................................................................................... 09
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................ 10
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................................... 13
LISTA DE SIGLAS ............................................................................................................................... 14
NOMENCLATURA .............................................................................................................................. 15
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 19
1.1 Introdução ........................................................................................................................................ 19
1.2 Objetivos .......................................................................................................................................... 22
CAPÍTULO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA .......................... 24
2.1 Processo kraft de produção de celulose ............................................................................................ 24
2.1.1 Obtenção dos cavacos………………………………………………………………………………. 25
2.1.2 Cozimento .............................................................................................................................. 26
2.1.3 Ciclo de recuperação............................................................................................................ 27
2.2 Processo de fabricação de papel....................................................................................................... 28
2.2.1 Refinação................................................................................................................................31
2.2.2 Zona de formação da máquina de papel................................................................................34
2.2.3 Retenção e drenagem .............................................................................................................35
2.2.4 Formação da folha.................................................................................................................47
2.2.5 Resistência da folha úmida. ................................................................................................ 50
2.2.6 Seção de prensas da máquina de papel................................................................................. 53
2.2.7 Oportunidades e contribuição................................................................................................59
CAPÍTULO 3. ESTUDO DE CASOS ................................................................................................... 60
CAPÍTULO 4. ESTUDO #1 - ANÁLISE DO EFEITO DA FORMAÇÃO DA FOLHA ..................... 68
4.1 Introdução ........................................................................................................................................ 68
4.2 Métodos e equipamentos .................................................................................................................. 68
4.3 Resultados ........................................................................................................................................ 69
4.4 Conclusões ....................................................................................................................................... 76
CAPÍTULO 5. ESTUDO #2 - ANÁLISE DO EFEITO DA CONDUTIVIDADE DA CELULOSE . 78
5.1 Introdução ........................................................................................................................................ 78
5.2 Métodos e equipamentos .................................................................................................................. 79
5.3 Equações .......................................................................................................................................... 80
5.4 Resultados ........................................................................................................................................ 80
5.5 Conclusões ....................................................................................................................................... 89
CAPÍTULO 6. ESTUDO #3 - ANÁLISE DO EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DA
MICROPARTÍCULA ORGÂNICA POR SÍLICA COLOIDAL………………………………... 91
6.1 Introdução ........................................................................................................................................ 91
6.2 Métodos e equipamentos .................................................................................................................. 93
6.3 Equações .......................................................................................................................................... 94
6.4 Resultados ........................................................................................................................................ 94
6.4.1 Ensaios laboratoriais ............................................................................................................ 94
6.4.2 Teste industrial ...................................................................................................................... 95
6.4.3 Resultados ............................................................................................................................. 95
6.5 Conclusões…………………………………………………………….………. ............................ 100
CAPÍTULO 7. ESTUDO #4 - ANÁLISE DOS EFEITOS COMBINADOS DA REDUÇÃO DO
GRAU DE REFINAÇÃO DA POLPA E DO AUMENTO DA CARGA DE PRENSAGEM ….102
7.1 Introdução ...................................................................................................................................... 102
7.2 Métodos e equipamentos ................................................................................................................ 103
7.3 Resultados ...................................................................................................................................... 105
7.3.1 Teste industrial Nº1 ............................................................................................................ 106
7.3.2 Teste industrial Nº2 ............................................................................................................. 108
7.3.3 Resultados de longo prazo ................................................................................................... 111
7.4 Conclusões.................................................................................................................................... .. 118
CAPÍTULO 8. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................ 119
8.1 Conclusões ..................................................................................................................................... 119
8.2 Sugestões para trabalhos futuros .................................................................................................... 122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................. 123
ANEXOS..............................................................................................................................................127
Capítulo 1 - Introdução
19
Capítulo 1 - Introdução
1.1 - Introdução
O setor de produção de papel e celulose no Brasil, historicamente, tem
demonstrado relevância dentre os diversos segmentos industriais brasileiros. Sua
participação no produto interno bruto do país é de aproximadamente 4%, significando um
valor da ordem de R$ 176 bilhões (IBGE-Mar./2014). As Figuras 1.1 a 1.3 e a Tabela 1.1
evidenciam as perspectivas de crescimento registradas nos últimos dez anos.
Figura 1.1 Figura 1.2
Evolução da Produção Brasileira de Celulose. Evolução da Produção Brasileira de Papel.
Figura 1.3
Balança Comercial do Setor de Celulose e Papel.
Fontes: Conjuntura Bracelpa - Dados do Setor. Publicação mensal da ABTCP-Março/2014.
Capítulo 1 - Introdução
20
O fabricante de papel tem como objetivos fazer produtos com a qualidade
especificada pelo cliente e de forma eficiente, num ambiente seguro e ecologicamente
adequado. Estas têm sido as premissas para a competitividade, no mundo globalizado. Para
alcançá-los, de forma economicamente viável, é essencial que a máquina de papel apresente
bom desempenho o qual é normalmente avaliado pelo número de quebras da folha que ela
apresenta, numa base temporal (ex: quebras por dia ou por mês). Trata-se se de um
indicador mundialmente reconhecido.
As fábricas de papel possuem estatísticas sobre este e outros indicadores para
analisar e avaliar seus resultados e então atuar no processo a partir de tomadas de decisões.
Este número pode alcançar valores distintos, dependendo de fatores como: tipo de papel
fabricado, matérias primas empregadas, máquina e equipamentos utilizados, controle do
processo, velocidade da máquina de papel, formação e habilidade da equipe de operacional,
etc.
Neste trabalho foi avaliado um processo alcalino de produção de papéis brancos de
imprimir e escrever, utilizando celulose branqueada de eucalipto e carbonato de cálcio
precipitado como carga mineral, além de outros aditivos usualmente empregados neste tipo
de processo.
Neste caso, o número de quebras assume valores típicos entre 20 a 100
quebras/mês (Metso, 2012), dependendo das condições praticadas. O tempo de
restabelecimento da fabricação normal, após uma quebra da folha, é, obviamente, uma
importante variável do processo. Este tempo está numa faixa típica de 10 a 20 minutos
(Metso, 2012) e é função dos recursos disponíveis na máquina bem como de procedimentos e
habilidade da equipe de produção para esta operação.
A eficiência total de uma máquina de papel (OME) depende essencialmente de sua
eficiência de tempo (Et), que indica quanto do tempo disponível para produzir foi
efetivamente aproveitado e da eficiência em produzir produto dentro das especificações ou
produto vendável (Ep). Assim, a eficiência total é definida pelo produto destas últimas, ou
seja: OME = Et x Ep e uma faixa típica para tal eficiência, para uma máquina que produz papel
nas condições citadas anteriormente, é de 90-95% (Metso, 2012).
Tão importante quanto estes indicadores é a taxa de produção da máquina, que
mostra quanto de papel é produzido na unidade de tempo, ex.: Ph (t/h) ou Pd (t/d). Ela
Capítulo 1 - Introdução
21
depende, diretamente, da velocidade média que a máquina produz, além do tipo de papel
que é fabricado e da eficiência de tempo. A velocidade poderá ser maior, para um
determinado tipo de papel, na medida em que a resistência da folha e a estabilidade do
processo sejam maiores.
A motivação para este trabalho de pesquisa pode ser percebida por meio dos
números mostrados na Tabela 1.2, considerando-se as seguintes premissas, bastante
realistas do ponto de vista prático: Ph = 20 t/h de taxa produção da máquina de papel; tq = 15
minutos de tempo perdido médio por quebra de folha e US$ 350,00/t de margem de
contribuição do papel.
Tabela 1.2 - Impacto financeiro em função de quebras e da velocidade de operação da máquina de papel.
Variáveis Unidade Incremento Impacto Financeiro (U$MM./ano)
Nº Quebras Quebra/dia +1 -0,6
Velocidade mpm +10 +0,6
Além disso, não foram encontrados, em trabalhos acadêmicos e mesmo na
literatura especializada, estudos específicos sobre as análises aqui propostas que
considerem a fabricação de papéis de imprimir e escrever, em processo alcalino, utilizando-
se apenas fibra de eucalipto (fibra curta). Assim, este estudo pretende dar uma contribuição
como uma referência comprovada do ambiente produtivo acima descrito.
Ressalta-se, aqui, o pioneirismo brasileiro na fabricação de papéis de imprimir e
escrever, com a utilização apenas de celulose de eucalipto como fonte de matéria fibrosa.
Este fato culminou numa tradição tecnológica que tem sido aperfeiçoada ao longo das
últimas décadas e, ainda, inalcançada por outros países fabricantes de papéis de imprimir e
escrever.
A combinação da produtividade florestal e do processo de fabricação de celulose e
papel, com fibra branqueada de eucalipto, tem se mostrado uma receita competitiva de
negócio. Em vista disso, o Brasil tem passado por forte expansão na produção de celulose
branqueada de eucalipto, desde a década passada e é hoje o maior produtor e exportador
Capítulo 1 - Introdução
22
mundial desta fibra. O Brasil ocupa a 4ª posição no ranking mundial de produtores de
celulose e a 9ª posição no ranking mundial de produtores de papel, conforme dados da
Bracelpa (2012).
Como grande parte desta fibra é utilizada para a fabricação de papel em diferentes
partes do mundo, entende-se que as análises deste trabalho poderão ter uma contribuição
importante. Situações de perda de eficiência total em uma máquina de papel, em razão de
ocorrência do número excessivo de quebras da folha não são raras. Normalmente, requerem
mobilização de uma equipe multifuncional e de trabalho intenso para investigação da real
causa do problema bem como a proposição e implantação de ações para sua mitigação.
Trata-se de um grande problema de curto prazo para uma fábrica de papel porque,
além de gerar a inerente perda de eficiência, gera perdas associadas como a maior produção
de papel rejeitado, o maior consumo de insumos, potencial de reclamações de clientes,
trocas eventuais de fabricação ou de programação de produção, etc.. Especialmente para
esta dissertação, foram escolhidas situações registradas em um processo industrial, num
contexto de perda de eficiência da máquina de papel em razão de um número de quebras
relativamente elevado.
Considerando então a contextualização deste trabalho de pesquisa, são
apresentados a seguir os objetivos: principal e específicos, deste trabalho.
1.2 - Objetivos
Este trabalho de pesquisa tem como objetivo principal analisar as variáveis
operacionais de um processo industrial de produção de papel, visando analisar sua influência
sobre a eficiência da produção, identificando os efeitos práticos dessas variáveis, de forma a
sugerir condições otimizadas de operação.
Para alcançar este objetivo principal foram traçados os seguintes objetivos
específicos:
• avaliar os efeitos da formação da folha no índice de quebras da máquina;
• avaliar os efeitos da condutividade da celulose no índice de quebras da máquina;
• avaliar os efeitos da utilização de sílica coloidal, como agente de retenção e drenagem, no
aumento do desaguamento da folha durante a fabricação do papel;
Capítulo 1 - Introdução
23
• avaliar os efeitos da redução do grau de refinação da polpa, combinada com o aumento
da de prensagem sobre o aumento do desaguamento da folha durante a fabricação de
papel.
Nessa análise, em busca de melhorias do processo, serão considerados dois
processos de investigação de causa e resolução de problemas de perda de eficiência e dois
projetos de melhoria contínua para aumento de produtividade. Este estudo se justifica por
proporcionar informações técnicas traduzidas em procedimentos e ações, a partir de seus
resultados, que contribuem para a estabilidade do processo de fabricação de papel e
melhoria na produtividade, evitando perdas ou gerando ganhos de expressivo valor
econômico.
Esta dissertação de mestrado está estruturada de forma que, no Capítulo 2
apresenta-se a fundamentação teórica envolvendo conceitos que suportam o
desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, além de sua contribuição para o setor de
fabricação de papel, com base na revisão da literatura. No Capítulo 3, os quatro estudos de
casos propostos são detalhadamente descritos, para que, então, cada uma das análises
desenvolvidas seja mostrada em um capítulo específico (4 a 7), com ênfase para os
resultados obtidos. No Capítulo 8 são apresentadas, respectivamente, as conclusões do
trabalho e as recomendações para trabalhos futuros.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
24
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
2.1 - Processo Kraft de Produção de Celulose
Os temas desenvolvidos neste trabalho estão associados ao processo de fabricação
de papel que utiliza apenas fibra de eucalipto branqueada como fonte de matéria prima
celulósica. Por isso, será feita a seguir uma breve abordagem sobre o processo de obtenção
da polpa de celulose, denominado Kraft ou ao Sulfato, que é utilizado em larga escala em
todo o mundo e especialmente no Brasil, para a produção da polpa celulósica de eucalipto, a
fim de que se tenha uma melhor compreensão das análises propostas.
Primeiramente, é importante lembrar que a madeira é composta, essencialmente,
por três componentes: celulose ou alfa celulose, hemicelulose e lignina. O processo de
polpação consiste em extrair a lignina, através de sua solubilização no licor de reação,
deixando as fibras livres e flexíveis. As fibras são constituídas de pequenos filamentos
denominados de micro-fibrilas, que por sua vez são constituídas por alfa celulose, estando
envolvidas pela hemicelulose, tendo a lignina como o cimento que as une e as mantêm
rígidas na madeira. A lignina é uma resina que será utilizada como combustível para
produção de vapor, no ciclo de recuperação dos reagentes químicos do processo Kraft, na
caldeira de recuperação.
O processo Kraft (Casey, 1981), juntamente com o processo soda, são os processos
alcalinos utilizados, em escala industrial, na fabricação de celulose, diferentemente do
processo sulfito que se caracteriza pelo emprego do ácido sulfuroso na etapa de cozimento
ou de digestão dos cavacos da madeira. Descoberto em 1879, pelo químico alemão Carl F.
Dahl, que observou que, quando na reposição das perdas de álcali no processo soda era
usado sulfato de sódio em vez de carbonato de sódio, o resultado era uma polpa com fibras
muito mais resistentes.
Foi verificado que durante a incineração do licor utilizado ou licor negro, para
recuperação dos reagentes, os íons sulfato eram reduzidos a íons sulfeto, de forma que o os
agentes ativos da reação fossem na realidade a soda e o sulfeto de sódio e não o sulfato,
como imaginado inicialmente. O processo Kraft mostrou-se superior ao processo soda com
relação à qualidade da polpa produzida, ao rendimento do processo e, consequentemente,
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
25
aos custos de fabricação. A presença do enxofre, na forma de sulfeto, proporcionou
enormes benefícios ao processo alcalino de cozimento promovendo a maior rapidez na
solubilização da lignina enquanto a taxa de ataque a carboidrato (celulose e hemicelulose) se
manteve inalterada. Em outras palavras, o sulfeto preservava mais a fibra durante as reações
químicas que ocorrem no processo de cozimento, fazendo-a mais resistente enquanto
aumentava o rendimento do processo. Por isso tornou-se rapidamente o processo
mundialmente mais utilizado já a partir dos anos 1940’s, impulsionado pela invenção da
caldeira de recuperação, no início dos anos 1930’s, por G.H Tomlinson, equipamento que foi
o divisor de águas para a disseminação do processo Kraft.
Naturalmente apresentou também muitas vantagens sobre o processo sulfito,
dentre elas a flexibilidade de poder ser utilizado para qualquer espécie de madeira, menor
tempo de cozimento, excelente resistência da polpa, ciclo de recuperação do licor negro
muito bem estabelecido, etc. A seguir, serão descritas as principais etapas do processo Kraft
de polpação.
2.1.1 – Obtenção dos cavacos
Toras de madeira oriundas do campo ou da floresta chegam à fábrica de celulose,
descascadas ou não e são armazenadas em pilhas. No processo, alimentam um equipamento
descascador de toras chamado de tambor descascador que, em movimento rotativo
contínuo, promove o descascamento da madeira, devido ao movimento das toras no seu
interior e o contato entre elas. Durante esta operação, água é aspergida sobre as toras para
uma lavagem inicial visando, especialmente, a eliminação de areia a elas aderida, vinda do
campo. A casca é separada para queima e produção de vapor/energia, ao alimentar uma
caldeira de biomassa. Imediatamente, a madeira descascada passa por um picador de facas
rotativas que, transforma a tora em cavacos ou pequenos pedaços de madeira, com forma
aproximadamente regular e tamanho que proporciona mobilidade e área superficial
adequada para as reações químicas de cozimento da madeira que ocorrerão do interior do
reator ou digestor. O cozimento poderá ser feito em um digestor em batelada ou em um
digestor contínuo.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
26
2.1.2 – Cozimento
Os cavacos que normalmente são impregnados com vapor em um estágio prévio, a
fim de que sejam aquecidos e ar de seu interior possa ser expelido, alimentarão o digestor
juntamente com o licor branco (solução aquosa de hidróxido de sódio e sulfeto de sódio),
licor preto fraco (licor reciclado de um ponto do digestor) e condensado de processo. A
primeira fase do processo de cozimento é denominada de impregnação, quando o licor de
cozimento penetra na estrutura capilar dos cavacos, na chamada zona de impregnação, que
ocorre a temperaturas abaixo de 100 °C, dando início a reações químicas entre os
reagentes e a madeira, que se desenvolvem a baixas temperaturas. No cozimento contínuo,
40-60% do consumo de licor de cozimento se dá na fase de impregnação.
O cozimento dos cavacos acontece a temperaturas na faixa de 160 a 180 °C,
alcançadas com a utilização de vapor direto ou indireto e pressão de 9 a 12 kgf/cm2. Ar e
gases não condensáveis são continuamente aliviados do reator, através de uma válvula de
controle de pressão no topo do digestor. A remoção de lignina da madeira, no processo de
cozimento, pode chegar a 90%, quando da obtenção de polpas que serão branqueadas. As
reações químicas que ocorrem no processo são complexas e não totalmente conhecidas.
Durante um cozimento Kraft típico, para a produção de polpa branqueada,
aproximadamente 80% da lignina, 50% das hemiceluloses e 10% da celulose são
dissolvidos (Smook, 1934). O rendimento deste processo está na faixa de 50 a 60 %,
significando que de cada tonelada de madeira produz-se 500 a 600 kg de polpa seca.
Completado o processo de digestão, a polpa e o licor negro são descarregados em
um tanque de expansão ou de baixa pressão (“blow tank”). Cavacos que, eventualmente,
não foram cozidos (nós), ficam retidos em uma peneira e geralmente são reciclados ao
digestor. O vapor de expansão (“flash”) passa por trocadores de calor, para aquecimento de
água a ser utilizada no processo de lavagem da polpa. A polpa cozida é enviada para a etapa
de lavagem, onde o resíduo de licor negro é separado das fibras, com o mínimo de diluição.
Esta operação, denominada lavagem da polpa marrom, é geralmente desenvolvida através
de filtros rotativos a vácuo, dispostos em série. Estes cilindros filtrantes operam em
contracorrente e promovem o deslocamento do resíduo de licor negro que ainda impregna
as fibras. Equipamentos difusores podem ser alternativos para os referidos filtros.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
27
Imediatamente após a etapa de lavagem, a polpa marrom poderá ser branqueada ou, então,
depurada para seu uso final na produção de papeis marrom (papeis Kraft). A Figura 2.1
mostra, esquematicamente, a transformação da madeira no processo Kraft.
Figura 2.1 – Desenho esquemático da transformação da madeira no processo.
(Tran e Vakillainnen, www.tappi.org/content/events/08kros/manuscripts/1-1.pdf.)
2.1.3 - Ciclo de recuperação
A recuperação de reagentes químicos e da energia do licor negro bem como a
reconstituição daqueles reagentes para formar novamente o licor branco de cozimento é
feita na unidade de recuperação que envolve os seguintes sistemas: evaporação, caldeira de
recuperação e planta de caustificação (Smook, 1934).
O licor negro fraco (~15% em massa de sólidos), produzido na fase de lavagem
da polpa marrom, é processado conforme as etapas abaixo:
1- Concentração, através um sistema de evaporadores de múltiplos efeitos e
adição de agentes químicos, para a faixa de 60 a 75 % de sólidos;
2- Incineração do licor preto concentrado (combustível) na caldeira de
recuperação para a formação de uma massa inorgânica fundida, além da geração de vapor
para o processo;
3- Dissolução do fundido inorgânico em água para formar o licor verde;
4- Caustificação do licor verde com cal requeimada, para formar o licor branco,
para o próximo ciclo de cozimento.
Uma importante função da caldeira de recuperação é de reduzir quimicamente os
compostos de enxofre oxidados contidos no fundido da caldeira, novamente à forma de
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
28
sulfeto. O controle da atividade do licor verde é essencial para a correta operação no ciclo de
licor. A meta é um compromisso entre dois fatores, pois a alta concentração do licor
aumenta a quantidade disponível dos componentes da soda, facilitando a operação e
capacidade para superar eventuais interrupções. Por outro lado, concentrações menores de
licor verde melhoram a eficiência do processo de caustificação, assegurando que menor
quantidade de carbonato de sódio, não reativo, seja arrastada no ciclo. A Figura 2.2 mostra
um diagrama de fluxo de um processo Kraft.
Figura 2.2 - Diagrama de Fluxo de um Processo Kraft. (Tran e Vakillainnen, www.tappi.org/content/events/08kros/manuscripts/1-1.pdf.)
2.2 - Processo de Fabricação de Papel
A fabricação de papel é um processo complexo que envolve muitas etapas e
diferentes tipos de papel, com diferentes propriedades. Papel com largura de até 10 m é
fabricado, numa base contínua, em máquinas de papel que chegam a 150 m de
comprimento. Máquinas modernas que produzem papel de baixa gramatura alcançam
velocidades de 2000 m/min. (Pikulik, 2011).
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
29
Numa forma geral, o processo se desenvolve a partir das operações de preparação
de massa, que se inicia com a preparação de uma suspensão aquosa de fibras de celulose, a
matéria prima principal, passando por um tratamento físico, denominado de refinação e
que torna as fibras mais flexíveis, e também por aditivação química, quando as fibras
recebem diferentes aditivos tais como: carga mineral (ex.: carbonato de cálcio, caulim,
gesso, dióxido de titânio) amido, agentes de retenção e drenagem, alvejante óptico,
microbicidas, anti-espumante, etc., que vão conferir determinadas propriedades ao papel e
ao processo, com o propósito de fazer com que a fibras estejam apropriadas para a
produção de papel.
Em seguida, esta suspensão é introduzida na máquina de papel para a formação de
uma folha de papel úmida e com baixa resistência, que será prensada para a remoção do
excesso de água e sua consolidação. Ela será então imediatamente secada por evaporação
para eliminação de quase toda a água remanescente, unindo ainda mais as fibras entre si.
Finalmente, o papel produzido é calandrado para uniformização de sua espessura e
alisamento. Aditivos tais como: amido e químicos auxiliares são aplicados numa seção
intermediária do processo de secagem do papel, operação esta denominada de colagem
superficial, para aumentar sua uniformidade e resistência superficial. O papel produzido
continuamente é enrolado ainda na máquina de papel, que na sequência será segmentado
para a forma de bobinas que serão convertidas para folhas em resmas ou enviadas
diretamente para os clientes.
A máquina de papel é, essencialmente, uma máquina desaguadora, pois o processo
exige grande diluição da suspensão para que a uniformidade da folha de papel seja
garantida, porém em circuitos cada vez mais fechados. Desta forma, o desaguamento ou a
drenagem durante o processo é sempre uma preocupação. As ilustrações apresentadas nas
Figuras 2.3 e 2.4 procuram representar o processo descrito.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
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Figura 2.3 – Sistema típico de fabricação de papel. (Gess, 1998)
Figura 2.4 - Desenho esquemático da máquina de papel de imprimir e escrever.
A adição de químicos se dá em função do processo utilizado, dos produtos
fabricados e também das peculiaridades de cada circuito ou de cada sistema de produção. O
ponto de aplicação de cada aditivo é definido em função da natureza do processo assim
como daquilo que se espera do aditivo e do caráter iônico de cada químico. A representação
típica ou convencional de aplicação de químicos para um processo alcalino de produção de
papeis de imprimir e escrever é apresentada na Figura 2.5.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
31
Figura 2.5 - Circuito de aproximação e pontos de aplicação de aditivos(Norell et al., 2010)
A seguir, serão revistos tópicos do processo de produção de papel com maior
relevância para o propósito deste estudo.
2.2.1 - Refinação
Consiste num tratamento mecânico imposto à suspensão fibrosa (polpa), com o
auxílio de um refinador de discos, com lâminas rotativas, a fim de tornar as fibras mais
flexíveis e com maior área específica, requisitos muito importantes no processo de formação
da folha de papel. Esta operação apresenta efeitos importantes no processo de
desaguamento e secagem da folha na máquina de papel, como também nas propriedades do
papel produzido (Clark, 1978). É uma operação de alta demanda de energia elétrica e de
natureza exotérmica.
A fibra é constituída por camadas fibrilares e as fibrilas, por sua vez, por
macromoléculas de celulose. O termo hidratação significa a penetração de moléculas de
água entre as moléculas de celulose. Neste processo há o rompimento de pontes de
hidrogênio existentes entre moléculas de celulose que são substituídas por pontes de
hidrogênio entre água e moléculas de celulose (Giertz, 1993). Este fenômeno, juntamente
com a penetração de água “não ligada” no interior da parede celular, promove o efeito de
inchamento das fibras, tendo como principal consequência o aumento da flexibilidade das
fibras. A fibra mais flexível ou refinada é um requisito do processo, para a formação
uniforme ou homogênea da folha de papel e para o desenvolvimento de suas resistências.
Caixa de Entrada
Tela Linha Úmida
Água Branca
Tanque da Máquina
DepuradorCentrilimpador
Caixa de Nível
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
32
Em contrapartida, como o fenômeno está associado ao aumento da superfície
específica da fibra, há efeitos indesejáveis na drenabilidade da fibra, no consumo de vapor
para secagem e na estabilidade dimensional do papel produzido. Portanto, o processo de
refinação é controlado através da medição do grau de refinação, o qual nada mais é que a
medição do grau de drenabilidade das fibras ou da facilidade com que as fibras libertam a
água que está alojada entre elas. Variáveis do processo, tais como: tipo de fibra, processo de
obtenção da polpa, pH de refinação da suspensão, temperatura, consistência; desenho do
disco de refinador, dentre outras, influenciam o processo de refinação (Clark, 1978).
Nesta etapa há, naturalmente, alto consumo de energia bruta, da ordem de 100 a
250 kWh/t fibra (Giertz, 1993). A Figura 2.6 ilustra o efeito da aplicação de energia de
refinação no grau de refinação das fibras ou na drenabilidade da polpa. A prática usualmente
utilizada pelo operador de máquinas de papel, no processo de refinação da polpa, tem sido
invariavelmente a de explorar os seus efeitos no desenvolvimento de resistência da folha de
papel, principalmente, para “garantia” de bom andamento de máquina de papel. A Figura
2.7 mostra o efeito típico da refinação da polpa na resistência do papel. Entretanto, muitos
efeitos indesejáveis, seguramente, vão aparecer e limitar esta operação, na medida em que
é ela gradualmente intensificada.
Figura 2.6 Figura 2.7 Grau de refinação x Energia aplicada às fibras. Resistência à tração x Grau de refinação.
(Lumiainen, 1998) (Lumiainen, 1998)
Além do grau de refinação, outra variável de grande relevância para a avaliação da
drenabilidade das fibras no processo de produção do papel é o índice de retenção de água
(IRA) da polpa ou “Water Retention Value” ou “Water Resistance Value” (WRV), que mede a
quantidade de água retida ainda pela fibra, quando submetida a um processo de
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
33
centrifugação. A Figura 2.8 mostra o efeito da refinação (energia líquida ou energia aplicada
às fibras) no desaguamento forçado da fibra – WRV.
Figura 2.8 - Índice de Retenção de Água (IRA) x Energia Aplicada às Fibras (Lumiainen, 1998).
No caso específico da utilização de fibra de eucalipto, é muito importante salientar
fatores como o número de fibras por grama e o comprimento médio das fibras apresentados
pela espécie, da ordem de 16 a 18 milhões de fibras/g e de 0,8 a 1,0 mm, respectivamente
(Giertz, 1993). São as principais características desta fibra e que a diferencia muito das outras
fibras oriundas das madeiras folhosas, que alcançam valores predominantemente inferiores
a 10 milhões de fibras/g e comprimento entre 1,0 e 1,2 mm (Giertz, 1993). Estas grandezas
estão associadas à enorme superfície específica destas fibras, já mesmo antes da refinação.
Tendo-se em conta que a refinação promove, além da fibrilação interna e externa, o
corte de fibras e geração de finos ou fragmentos de fibras, entende-se que a refinação
intensa da fibra de eucalipto inevitavelmente causará perda, relativamente muito maior, da
capacidade de liberação de água pelas fibras e, consequentemente, grandes restrições ao
desaguamento, nas diferentes seções da máquina de papel, uma vez que a resultante da
superfície específica das fibras será ainda muito maior, significando grande capacidade de
retenção de água.
Portanto, as premissas teóricas descritas são muito valiosas para suportar uma das
propostas desta dissertação que, na direção oposta ao modo trivial, recomenda redução do
grau de refinação das fibras de eucalipto, porém, combinando esta medida com o aumento
da prensagem, como forma de recuperar ou compensar parte importante de eventual perda
de resistência da folha de papel, com a redução da refinação. Especificamente no item sobre
a Seção de Prensas, na sequência, será abordado o fenômeno de consolidação da folha,
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
34
quando as fibras se aproximam, ao longo da espessura da folha (eixo Z), pelo efeito da
compressão mecânica e expulsão de água, desenvolvendo ligações entre si que culminam
em aumento de resistência da folha. O modelo proposto é muito desafiador, do ponto de
vista operacional, principalmente em razão da prática usualmente adotada.
2.2.2 - Zona de formação da máquina de papel
Seção onde a folha de papel é formada sobre uma tela ou entre duas telas plásticas
e, também é a seção onde ocorre o desaguamento da maior parte da água da suspensão
injetada na caixa de entrada, ou seja, de aproximadamente 97,5 % da água lançada, com
consistência típica na faixa de 0,5 a 1,0%, de maneira controlada para que a qualidade do
papel seja alcançada e a produtividade garantida.
O desaguamento acontece hidrostaticamente na sua fase inicial forçado com o
auxílio de aplicação de vácuo sob regiões das telas. O teor de sólidos da folha, deixando esta
seção, está entre 18 e 24 %. Sob as telas estão instalados diversos elementos desaguadores
constituídos, geralmente, por lâminas cerâmicas ou plásticas posicionadas transversalmente
sob a(s) tela(s), com perfil de um folio (“foil”), que imprimem um movimento ondulatório,
longitudinal, à tela, que é transferido à suspensão que está sendo desaguada. Este
movimento, denominado de “atividade”, acontece na fase de formação folha propriamente
dita, de forma controlada. Gera cisalhamento entre fibras prevenindo a floculação entre elas
ou até destruindo flocos formados. Este mecanismo é o principal responsável pela garantia
da formação ou uniformidade da folha de papel.
Cabe dizer que a diluição da suspensão ou consistência com a qual ela deixa a caixa
de entrada tem papel importantíssimo na homogeneidade da folha a ser alcançada. Quanto
menor a consistência, menor será a probabilidade de formação de flocos durante a
construção ou estruturação da folha. Portanto, minimizar a consistência da caixa de entrada
é a medida clássica e primária para que a folha de papel seja bem formada ou que possua
uma distribuição uniforme de fibras. Garantida a formação adequada ou requerida, o
desaguamento nesta seção da máquina de papel é forçado até a aplicação de vácuo intenso,
no seu final.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
35
A formação ou homogeneidade da folha, como já mencionado, é de fundamental
importância para o uso final do papel de imprimir e escrever. A presença de flocos ou
aglomerados de fibras revela-se como áreas de alta densidade de fibras, contrastando com
zonas de baixa densidade na sua vizinhança, caracterizam assim um grau de
heterogeneidade na distribuição das fibras. Este contraste é, por exemplo, revelado quando
a tinta de impressão cobre a superfície do papel como deficiência de qualidade do papel.
Além disso, a natureza da formação influencia também as propriedades de resistência da
folha, pois áreas de menor densidade de fibras também são áreas de menor resistência da
folha. Portanto, numa situação limite, este fenômeno poderá ter efeitos no andamento ou
na produtividade da máquina de papel.
Os sólidos não retidos na folha acompanham a água drenada, que é denominada
água branca e cuja maior parte (~85%) é recirculada no próprio circuito de aproximação,
para a diluição da massa grossa, na sucção da bomba de mistura. A sobra desta água branca,
que é de aproximadamente 15% de seu total, é enviada para um filtro de discos, a vácuo,
para recuperação dos sólidos nela contidos, que fecham o circuito quando são enviados ao
tanque de mistura.
A maioria das forças de cisalhamento anteriormente citadas são geradas na peneira
pressurizada, caixa de entrada e, principalmente, na zona de formação, provocando perda
de retenção de partículas finas, durante esta etapa que passa por um processo de filtração
da folha.
2.2.3 - Retenção e Drenagem
2.2.3.1 - Retenção
A composição do papel combina materiais de origem biológica, sintética e
inorgânica. Seus principais componentes são as fibras de celulose e os finos (pequenos
segmentos de fibras), cargas inorgânicas (minerais) e orgânicas, polímeros naturais e
sintéticos (para obtenção de colagem, retenção e resistências da folha de papel). A retenção
de cada um dos seus componentes será crítica para as propriedades e qualidade da folha de
papel, assim como para o atendimento de requisitos ambientais e de custos.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
36
Na fabricação de papel, a retenção indica a quantidade de um determinado
componente no produto final em relação à quantidade deste mesmo componente num
estágio anterior do processo. É entendida como a quantidade de todos os materiais,
suspensos e dissolvidos, os quais permanecem como componentes da folha de papel final
em relação à quantidade presente em alguma etapa anterior do processo de produção (Gess,
1998).
Trata-se de um dos mais importantes parâmetros de operação e controle da parte
úmida do processo de fabricação de papel. Retenções específicas podem ser definidas,
dependendo de qual material está sendo retido e onde está sendo medido.
a) Retenção de Simples Passagem
O subcomitê do Comitê de Aditivos de Fabricação de Papel da TAPPI (“Technical
Association of the Pulp and Paper Industry”- EUA) definiu a Retenção de Simples Passagem
ou de Simples Passo (RSP) como simplesmente a razão da diferença entre as consistências da
caixa de entrada e da bandeja de água branca drenada, e da consistência da caixa de
entrada. Matematicamente, a retenção de simples passagem é calculada por:
RSP = 100 . (Cce – Cab)/ Cce (2.1)
RSP: Retenção de Simples Passagem
Cce: Consistência da caixa de entrada
Cab: Consistência da bandeja ou calha de água branca
Analogamente, a retenção de simples passagem de um determinado componente
da suspensão que alimenta a máquina de papel pode ser calculada simplesmente se
determinando as frações deste componente na suspensão da caixa de entrada e da bandeja
de água branca. Assim, a retenção de simples passagem de cinzas RSPC, que também é
muito utilizada na indústria de fabricação de papel, é calculada a partir da determinação das
frações de cinzas nas consistências da caixa de entrada e da bandeja de água branca, com a
utilização de fórmula semelhante. Entretanto, deve se levar em conta de que o valor de
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
37
retenção de simples passagem dá uma ideia do que está acontecendo na máquina de papel.
Ela é, na realidade, uma aproximação, através de um cálculo simplificado e rápido, da
retenção real e seu valor poderá levar erros nas conclusões se, por exemplo, a consistência
na bandeja de água branca medida não for representativa da água branca da máquina.
Outro cuidado deve-se ter ao comparar valores de retenção de diferentes máquinas que, por
razões tecnológicas, utilizam níveis significativamente diferentes das consistências da caixa
de entrada.
b) Retenção Real
A retenção de simples passagem refere-se à eficiência do extremo úmido da
máquina de papel enquanto a retenção real diz respeito à eficiência da máquina de papel
como um todo. A retenção real é definida como a fração ou porcentagem da quantidade de
material que é retido na folha de papel produzida. A TAPPI define retenção real como a
razão entre a massa que deixa a sessão de formação ou massa que alimenta a sessão de
prensas sobre a massa de sólidos alimentada.
c) Mecanismos de retenção
A retenção dos diferentes componentes da massa na folha de papel produzida está
associada a mecanismos de natureza química, mecânica ou combinação dos dois
mecanismos. Enquanto os materiais dissolvidos na suspensão são retidos por adsorção ou
através da formação de ligações químicas aos sólidos suspensos, estes últimos são retidos
mediante um processo de filtração durante o processo de formação da folha úmida de
papel. Tal processo ocorrerá independentemente de forças de atração ou de repulsão entre
as partículas.
Pelo fato de possuírem tamanho relativamente pequeno, as partículas que
compõem a fração de finos da massa (cargas minerais e finos de celulose) são difíceis de
serem retidas na estrutura da folha em formação. Por isso, uma quantidade muito maior
destas finas partículas atravessaria a malha da tela formadora e seriam incorporadas à água
branca drenada nesta fase de formação da folha, caso agentes auxiliares de retenção não
fossem adicionados ao processo para aumentar a retenção coloidal daquelas partículas. Os
auxiliares de retenção são agentes químicos com superfície ativa que fazem com que as
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
38
partículas finas formem flocos ou aglomerados entre si ou através de sua adsorção à
superfície das fibras da suspensão, desenvolvendo assim, maior retenção por meio químico
e mecânico.
Estudos e investigações sobre retenção e drenagem em máquinas de papel são
conduzidos, inicialmente, em laboratório, com a utilização de um equipamento denominado
“Britt Dynamic Drainage Jar” – DDJ, desenvolvido no início dos anos 1970, por Britt e
Unbehend, com o objetivo de simular as condições encontradas numa máquina de papel. O
sistema determina a tendência relativa da fração de finos da massa de atravessar uma tela
(malha de 200 mesh) juntamente com o fluido ou de permanecer na fase sólida. O resultado
é reportado como retenção da fração de finos em determinadas condições de turbulência do
sistema, selecionadas com objetivo de aproximá-las daquelas predominantes na máquina de
papel em estudo. A Figura 2.9 ilustra o instrumento DDJ.
Figura 2.9 – “Britt Dynamic Drainage Jar Tester” (Hubbe, www4.ncsu.edu/~hubbe/new).
c) Retenção de Finos
A retenção de partículas finas ou de finos depende de fatores mecânicos e
químicos. Do ponto de vista de variáveis mecânicas podemos citar variáveis como: o
AgitadorSuporte
“Jar” c/SuspensãoFibrosa
Tela
Pinça
Becker
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
39
tamanho das partículas a serem retidas; os poros da folha úmida em formação; a geometria
da tela sobre a qual a folha de papel é formada; a velocidade ou taxa na qual a folha é
formada; a gramatura ou peso do papel a ser produzido; a maneira ou intensidade com as
quais a suspensão fibrosa está sendo drenada.
A química exerce, igualmente, importante papel na retenção das partículas finas
contidas na suspensão que alimentará a máquina de papel. Através dela, pode-se, por
exemplo, aumentar o tamanho das partículas a serem retidas, através de um processo de
floculação, gerando macro-partículas ou flocos, constituídos de fibras, finos de celulose e
carga mineral. Agentes químicos podem, também, mudar a carga iônica de parte dos sólidos
da suspensão ou das partículas finas, fazendo com que elas sejam, então, ancoradas às
partículas maiores, através de um mecanismo de aglomeração ou coagulação. Por outro
lado, tais agentes podem, também, reduzir o tamanho dos poros da folha que está sendo
formada e como consequência, a taxa de drenagem da suspensão. O uso inadequado de
polímeros de alta massa molar, como agente de retenção, pode causar sobrefloculação e,
consequentemente, a formação menos uniforme da folha, com poros maiores.
Contrariamente, a utilização de polímeros aniônicos pode promover folhas com flocos
menores e com melhor formação ou uniformidade.
d) Retenção em pH Alcalino
O princípio do mecanismo da ação de agentes químicos na retenção de partículas
finas passa por um processo inicial ou primário de coagulação, aglomeração ou de
aproximação destas partículas, formando um floco, porém pouco resistente ao cisalhamento
que está presente em elevada intensidade no processo hidráulico de fabricação de papel.
Esta primeira etapa acontece, normalmente, com agentes catiônicos com alta densidade de
carga elétrica. A resistência do floco ao cisalhamento é alcançada com o mecanismo de
floculação onde, normalmente, um polímero de alta massa molar e densidade de carga
elétrica positiva ou negativa, é empregado para formar um floco resistente e com potencial
para ancorá-lo na fibra. Tais processos acontecem pela desestabilização das partículas finas,
através de alteração de suas cargas elétricas.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
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No processo alcalino, o próprio pH alcalino implica em resistência à drenagem e
dificuldades maiores na retenção. Polímeros catiônicos e aniônicos são utilizados. O melhor
desempenho de polímeros aniônicos em processo alcalino está, também, associado ao
maior estiramento do polímero aniônico em presença de íons hidroxila (repulsão de grupos
com mesma carga elétrica na cadeia), da mesma forma que acontece com o polímero
catiônico no meio ácido, ou seja, na presença de íons H+.
Outro aspecto relevante é que, no processo alcalino, as fibras de celulose e,
portanto suas fibrilas estão mais estiradas devido à maior de densidade de carga elétrica
negativa na fibra, provocada pelo aumento de pH e então, com maior superfície disponível
para o desenvolvimento de interligações entre fibras, desenvolvendo uma folha com maior
resistência. Por outro lado, este mesmo fenômeno concorre, também, para o prejuízo da
drenagem. Um programa mínimo para retenção e drenagem para um processo alcalino faz
uso de um agente coagulante catiônico de baixa massa molar, seguido de um agente
floculante aniônico, de alta massa molar. Este último é, normalmente, adicionado ao
processo em um ponto onde o cisalhamento já está muito reduzido, com o propósito de
preservação do floco formado, também chamado de “hard floc”(Hagemeyer, 1992)
caracterizado por sua alta resistência à turbulência ou ao cisalhamento, proporcionando
altos níveis de retenção, porém, quando exposto a um processo de redispersão, o floco
resultante de uma re-floculação desenvolverá retenção muito menor.
As características destes eletrólitos (massa molar, densidade de carga elétrica,
natureza química) bem como suas concentrações e pontos de aplicação terão efeitos
positivos para o objetivo a ser alcançado, mas, também, podem trazer algumas
consequências indesejáveis, como exemplo algum prejuízo na formação da folha de papel
produzido, em razão formação de flocos necessária para a retenção dos finos na folha
formada, além da dificuldade da drenagem imposta pelo pH alcalino e que é agravada pela
necessidade de minimização do tamanho dos flocos formados.
e) O efeito da condutividade
O arraste elevado de eletrólitos e sua concentração na água da suspensão fibrosa,
provenientes da planta de fabricação de celulose em uma fábrica integrada, poderá implicar
na supressão de cargas iônicas da superfície da fibra e das cargas minerais (Gess, 1998). Isso
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
41
ocorre, geralmente, quando algum distúrbio é registrado na planta de celulose que acarreta
em uma lavagem relativamente pobre das fibras, favorecendo a presença de eletrólitos no
fluxo de suspensão que vai alimentar a fábrica de papel. Nesta situação, coloides poderão
também ter sua concentração aumentada no referido fluxo. Além disso, as moléculas de
polímeros e amidos modificados presentes no extremo úmido do processo de fabricação de
papel, sofrerão, também, tal tipo de interação ou neutralização. No processo alcalino de
fabricação de papel, em especial, este fenômeno caracteriza-se, principalmente em
situações de fechamento de circuito ou na utilização de matéria-prima fibrosa reciclada
(Gess, 1998).
Estes fatores contribuem para a elevação da condutividade do sistema, ou seja,
aumenta a concentração de eletrólitos ou íons dissolvidos no fluido da suspensão. O
aumento da condutividade do sistema, medido na água branca do processo, indica sério
potencial de significante perda de eficiência dos agentes de retenção de cargas e finos e,
consequentemente, da retenção propriamente dita. Os polímeros aniônicos de cadeia longa,
que são normalmente utilizados no referido processo tem suas cargas elétricas negativas
parcialmente neutralizadas e com isso, perdem sua eficiência para promover a retenção de
partículas finas, além de perderem o estiramento natural de sua cadeia, provocado pela
repulsão entre as cargas elétricas negativas vizinhas. Esta perda de estiramento irá provocar
algum grau de enrolamento de sua cadeia, o que é indesejável para o processo, pois
contribuirá para o aumento excessivo do tamanho dos flocos formados com o auxilio do
polímero com prejuízo para a formação ou uniformidade do papel. Situação análoga
também poderá ocorrer, por exemplo, com as cargas positivas do amido catiônico,
usualmente, utilizado. Serão, parcialmente, neutralizadas, com consequente perda de
eficiência do amido no processo de retenção. A Figura 2.5, mostra pontos mais comuns de
adição de produtos químicos no circuito de aproximação.
2.2.3.2 - Utilização de Sílica Coloidal como Micro-Partícula
Além da utilização de polímeros catiônico e aniônico, a adição de um terceiro
componente, denominado de micro-partícula pode ser também uma opção num programa
de retenção e drenagem. Esta possui como principais características o tamanho muito
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
42
pequeno, elevada área superficial e é altamente carregada com carga elétrica negativa. Com
este programa é possível aplicar o polímero de alta massa molar em um ponto anterior ao
depurador principal do circuito de aproximação, equipamento este que por ser rotativo,
promoverá cisalhamento ao floco construído previamente, quebrando-o parcialmente,
porém não o destruindo completamente. Imediatamente após, a micro-partícula é aplicada
para promover a refloculação das partículas cisalhadas, numa forma mais ordenada
produzindo os chamados micro flocos ou “soft flocs”. Esta é a característica deste tipo de
floco (Hagemeyer, 1992), que quando exposto ao cisalhamento ou turbulência, num ciclo de
redispersão ele se refloculará no mesmo nível da floculação inicial.
O resultado é um floco menor e mais uniforme, que será ainda retido e também um
importante aumento na liberação da água alojada no corpo da suspensão fibrosa para ser
drenada durante a formação da folha de papel. A presença da micro-partícula no sistema
significa maior taxa de desaguamento ou de drenagem da suspensão, além de melhoria na
formação da folha de papel. Dentre as micro-partículas, comercialmente disponíveis, a sílica
coloidal é a mais utilizada em processos de fabricação de papel. Os mecanismos propostos
para o sistema que utiliza sílica coloidal é muito menos entendido que o do sistema
tradicional ou que usam dois polímeros (“dual”), já citado.
A maioria dos mecanismos sugeridos para um sistema de retenção que utiliza a
sílica coloidal baseia-se na interação entre partículas coloidais e a desestabilização destas
partículas (coagulação). Têm origem na teoria da dupla camada elétrica de partículas
coloidais suspensas em solução (Figura 2.10).
Figura 2.10 - Representação esquemática partícula coloidal em suspensão (Gess, 1998).
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
43
Existem várias referências na literatura indicando que a sílica coloidal trabalha em
sinergia com o amido catiônico adicionado previamente no processo, comprimindo a
camada elétrica dupla, das partículas de amido. Moberg (1991) teoriza que a sílica coloidal é
fisicamente pequena o suficiente para entrar na estrutura amorfa do amido catiônico em
solução neutralizando completamente sua carga positiva. Isto resultaria no colapso da dupla
camada elétrica de íons sílica/amido, formando flocos pequenos e mais densos. A
consequência para a máquina de papel será um alto nível de retenção e excelente
desaguamento ou drenagem da polpa. Portanto, é evidente que a presença do amido
catiônico é fundamental e mandatória para o trabalho da sílica no sistema de retenção. Em
resumo, a aplicação de sílica coloidal como componente de um programa de retenção e
drenagem significa desenvolver um balanço muito mais efetivo entre a retenção das
partículas finas a drenagem e a formação uniforme da folha. As Figuras 2.11 e 2.12 mostram
os efeitos da sílica na remoção de água na formação e prensagem da folha úmida.
Figura 2.11 Figura 2.12
Efeito da sílica no desaguamento. Efeito da sílica na remoção de água na seção de prensas.
(Moberg e Nilsson, 1991)
2.2.3.3 - Drenagem na Máquina de Papel
O processo de remoção de água no extremo úmido de uma máquina de papel tem
sido estudado mais que qualquer outra área da fabricação de papel. Isto tem acontecido
provavelmente porque a estrutura do papel e a velocidade na qual ele é fabricado estão
diretamente relacionadas à remoção de água bem como com a complexidade dos
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
44
equipamentos e das técnicas utilizadas. Os estudos conduzidos estão calcados nas
correlações físico-químicas entre água e fibras, que podem ser utilizadas para se alterar a
taxa de remoção de água, assim como nos materiais utilizados como auxiliares de drenagem,
no extremo úmido da máquina de papel. A remoção de água pode ser pensada para uma
máquina de papel Fourdrinier, máquina que possui apenas uma tela formadora e, portanto,
a drenagem ocorre apenas numa direção, acontecendo em quatro zonas de desaguamento
distintas (Hagemeyer, 1992):
1) Zona de formação: compreendida desde o ponto de aterrissagem do jato de
suspensão fibrosa, que deixa o lábio da caixa de entrada, sobre a tela formadora até o ponto
imediatamente antes da primeira caixa de sucção ou de alto vácuo, como conhecida.
2) Zona de vácuo: tem início na primeira caixa de alto vácuo até o ponto em que
a folha úmida deixa o rolo de sucção da tela.
3) Seção de Prensas: inclui todos os nips das prensas instaladas.
4) Seção de secagem: inclui todos os elementos aquecidos, principalmente os
cilindros secadores.
A drenagem de água da suspensão fibrosa pode acontecer por dois mecanismos
diferentes que acontecem simultaneamente, quando a suspensão alcança a tela, para a
formação da folha de papel. Estes mecanismos são: filtração ou espessamento.
A filtração ocorre quando as fibras e os finos contidos na suspensão encontram-se
livres para se moverem independentemente. Existe uma interface ou fronteira nítida entre a
suspensão diluída e a manta ou folha úmida que está sendo formada, quando o material
sólido é separado da fase líquida, durante a drenagem sobre a tela. A concentração da parte
não drenada permanece constante.
O espessamento acontece quando as fibras em suspensão formam uma rede ou
uma trama coesa, em virtude de sua imobilização ou ancoragem. A estrutura atua como uma
rede compressível que colapsa durante a drenagem. Aqui, não há uma interface definida na
suspensão e a água é removida de todas as partes da rede, a uma mesma taxa, conforme a
compactação prossegue. A conclusão, a partir da estrutura do papel, é que a filtração é o
mecanismo predominante. Portanto, os principais estudos de desaguamento e formação da
folha, especialmente voltados para caracterização de fibras celulósicas, fazem uso das
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
45
teorias da filtração presentes na literatura. A Figura 2.13 representa cada um dos
mecanismos de desaguamento citados.
Figura
2.13 – Diferença entre filtração e espessamento (Smook, 1992).
Estas teorias são também aplicáveis aos estudos de desaguamento em máquinas
de papel porém, levando-se em conta a diferença de ordem da resistência à filtração
quando folhas são formadas em equipamentos laboratoriais (formadores de folhas de mão)
e a resistência à filtração durante a formação da folha na máquina de papel. Além da
importância dos mecanismos da remoção de água durante a consolidação da folha de papel,
é fundamental ter ciência de interações entre a água e fibra/superfície da celulose e a
parede da fibra. A celulose é ávida por água devido ao grande número de pontes de
hidrogênio que se formam entre as moléculas polares da água e o número elevado de
grupos hidroxilas presentes na superfície da fibra de celulose. A água está associada à fibra
em três diferentes maneiras, segundo Giertz (1993):
1) Água Livre: água que está praticamente desimpedida para fluir através dos interstícios e
capilares da folha úmida, quando esta está sob a ação da gravidade ou de pressão hidráulica
durante sua formação.
2) Água Ligada ou Embebida: água que está muito próxima da superfície das fibras e
firmemente presa por pontes de hidrogênio.
3) Água de Constituição: água que faz parte da estrutura química ou cristalina da fibra.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
46
Não são definidas interfaces claras entre estes diferentes tipos de água presentes
em uma suspensão fibrosa. A divisão entre a água ligada ou embebida e a de constituição é
geralmente entendida como que a primeira se libera à pressão de vapor nula, ou seja, a 100
°C. A divisão entre a água embebida e a água livre é, usualmente, aceita como o ponto de
saturação da fibra (FSP) e varia com o tipo (espécie) de fibra, grau de refinação e teor de
finos presentes. O FSP pode ser determinado, de forma aproximada, pela determinação do
valor de retenção de água (WRV) da fibra. O processo de formação da folha em uma
máquina de papel é afetado principalmente pela resistência da folha úmida, que se forma
sobre a tela, ao fluxo de água. Por outro lado, existem forças que promovem a drenagem da
suspensão, como: pressão hidrostática (coluna hidráulica da folha em formação), pressão
inercial (causada pela aterrissagem do jato sobre a tela formadora), forças hidrodinâmicas
(geradas por elementos desaguadores – rolos esgoteadores e/ou lâminas “foil”) vácuo
externo (vácuo aplicado externamente) pressão aplicada por rolos (principalmente rolos de
prensas). Existem conhecidos fatores que influenciam na resistência à drenagem. São eles:
- Temperatura da massa ou suspensão;
- Presença de surfactantes;
- Quantidade de ar entranhado no corpo da suspensão;
- Teor de carga mineral;
- Umidade da massa sobre a tela;
- Química da superfície da fibra;
- Presença e grau de floculação promovido por agentes químicos;
- Teor de finos na suspensão.
Quando as fibras recebem um nível relativamente alto de refinação, elas tendem a
ter a drenagem muito reduzida. O aumento da temperatura da água drenada reduz a
viscosidade do líquido e faz com que a drenagem passa a ocorrer numa taxa superior. A
admissão de ar na massa ou sua presença dificulta a drenagem na máquina de papel. O
aumento do teor de carga mineral ou de cinzas no papel facilita a drenagem. Agentes
floculantes ou agentes de retenção, normalmente, melhoram a drenagem, além de
aumentarem a retenção de finos. Esta é a razão de serem denominados como agentes de
retenção e drenagem. Várias vantagens podem ser relacionadas ao o uso de um agente
auxiliar de drenagem como:
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
47
- Aumento de produção;
- Menor consumo de vapor para a secagem do papel;
- Melhoria da formação ou uniformidade da folha de papel;
- Possibilidade do uso da quantidade maior de matérias primas menos nobres.
Entretanto, algumas vezes, nota-se dificuldade ou resistência, por parte de
operadores de uma máquina de papel em melhorar ou maximizar a retenção a fim de poder
obter os benefícios acima. Uma das principais razões identificadas para o fato acima é a
flutuação ou variação da retenção e não, propriamente, a retenção em si. Esta variação
estará associada a uma variação na consistência da água branca e da gramatura da folha em
formação e, na maioria das vezes, ao controle de injeção dos agentes de retenção. A
consequência disso pode ser perda de produtividade, devido à quebra da folha na máquina
de papel. A Figura 2.14 mostra tal flutuação.
Figura 2.14 - Representação esquemática de flutuação de retenção de sólidos.
2.2.4 - Formação da folha
Formação é definida como a uniformidade com a qual as fibras estão distribuídas na
folha de papel (Casey, 1981). Consiste então, de uma propriedade física do papel embora
seja usualmente medida através do grau de uniformidade da luz que atravessa o papel. A
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
48
formação é costumeiramente avaliada visualmente pelo fabricante de papel e de uma forma
subjetiva, olhando a folha sob uma fonte de luz. A formação da folha está relacionada com o
grau de variação na gramatura, medida numa determinada área do papel em uma escala
que possa ser observada a olho nu (Hagemeyer, 1992). Isto não inclui flutuações na
microestrutura que afeta as ligações entre as fibras como também a porosidade do papel.
A folha possui uma formação uniforme quando é percebida uma regularidade ou
uniformidade no seu aspecto visual, sem a presença discreta de flocos e falhas, áreas mais e
menos opacas, regiões mais densas e menos densas ou ainda, com regiões com maior
número de fibras ou com número de fibras. A Figura 2.15 ilustra folhas de papel com
diferentes níveis de formação.
Formação pobre (flocos grandes) Formação boa (pequenos flocos)
Figura 2.15 – Padrões de formação da folha de papel.
Equipamentos mais modernos fazem uso de sensores que empregam elementos
radioativos, para medição de gramatura (relação de massa/área do papel – g/m2) em áreas
milimétricas da folha de papel, cujos resultados de formação de, são reportados,
numericamente, pelo desvio padrão desta da medição de gramatura mencionada. Outros
equipamentos fazem uso de princípios ópticos. Utilizam uma fonte de luz, incidente na
amostra de papel, assim como um sistema de detecção de luz com uso, por exemplo, de
célula foto elétrica e câmera fotográfica que quantifica a relação entre a quantidade de luz
incidente e a quantidade que atravessa a folha, de forma comparativa a um padrão de
referência.
Portanto, atualmente existem instrumentos que medem a formação do papel de
uma forma objetiva ou numérica. A formação é de grande importância porque afeta a
aparência do papel e, também, influencia suas propriedades físicas e ópticas (Casey, 1981).
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
49
Ela não só afeta os valores médios de praticamente todas as variáveis associadas às
propriedades físicas e ópticas, mas, também, da dispersão daquelas variáveis. Propriedades
relacionadas à resistência da folha, como: tração, estouro e dobra como também as
características de impressão do papel. Além disso, a formação afeta a uniformidade da
prensagem, secagem e da calandragem da folha de papel durante sua fabricação. Boa
formação é essencial para os papeis de imprimir e escrever (Glassman, 1985). O mesmo
ocorre para os papeis base, que vão receber um revestimento ou impregnação.
A folha bem formada indica uniformidade na distribuição das interligações entre
fibras através da formação de pontes de hidrogênio, conforme lustra a Figura 2.16.
Figura 2.16 – Desenho esquemático de pontes de hidrogênio entre fibras (Nikolaeva, 2010).
O tensionamento ou tracionamento da folha mal formada amplifica os efeitos da
formação pobre, implicando na redução da resistência da folha úmida (Nikolaeva, 2010).
Como exemplo, cita-se algumas variáveis de influência na formação da folha, tais
como a consistência da caixa de entrada (Thorp, 1998), o índice de floculação da suspensão
(Gess, 1998) – retenção de cargas e o a própria relação Jato/Tela = Vj/Vt (Gavelin, 1998.) –
relação entre a velocidade do jato (Vj) de suspensão que deixa a caixa de entrada e a
velocidade (Vt) da tela sobre a qual o jato aterrissa. A velocidade do jato de massa é
determinada com a medição da pressão no interior da caixa de entrada, que é variável
determinante para o cálculo hidráulico da velocidade (Bernoulli), com a qual o jato de
suspensão fibrosa deixa o lábio ou bocal da caixa para aterrissar na tela da mesa plana ou da
zona de formação da máquina de papel. É também conhecida a influência da diferença entre
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
50
as velocidades do jato e da tela na formação da folha de papel, em função de efeitos de
cisalhamento causados pelo impacto das camadas de fibras no processo de aterrissagem.
2.2.5 - Resistência da folha úmida (“WWS - wet web strength”)
A resistência da folha úmida tem um importante papel na eliminação de quebras no
extremo úmido da máquina de papel (Clark, 1978). Durante sua formação, na máquina de
papel, a folha úmida tem que resistir às fraturas, por estar sendo alongada entre seções da
máquina (passe) e, também, pela tensão para destacar a folha da superfície do rolo da
prensa, tensão esta que aumenta com o quadrado da velocidade da máquina (MacDonald,
1970). A preocupação dos estudiosos para o desenvolvimento de métodos de medição da
resistência da folha úmida não é atual e alguns procedimentos laboratoriais foram
desenvolvidos sendo que o de medição de resistência à tração tem sido o de maior
interesse.
Na Figura 2.17, Lyne e Gallay (Clark, 1978) apresentam os resultados sobre o efeito
da refinação de uma polpa sulfito, com madeira da árvore spruce e, também, os efeitos do
teor de sólidos (TS) na resistência da folha úmida à tração, quando é testada para suportar
seu próprio peso (“breaking length”). Este aumento da resistência da folha úmida é
atribuído, quase que sem nenhuma sombra de dúvida, à ligação mais forte ou firme entre
fibrilas externas das fibras, fibrilas cujas superfícies foram expostas pela refinação da polpa
e/ou de condições para sua aproximação.
A Figura 2.18 apresenta os resultados encontrados por Brecht e Erfurth (Clark,
1978), num trabalho onde foram determinadas resistências à tração (“breaking Load”) de
folhas úmidas feitas com celulose em suspensão (“Moist”), com celulose seca (“Dried”) e,
também, com pasta mecânica (“Groundwood”). Claramente é notada a diferença de
resposta à resistência da folha com relação à celulose secada previamente e, então,
repolpada para a produção da folha para o teste. Fica também muito claro, o já citado e
enfatizado efeito do teor de sólidos da folha úmida (TS) na resistência da mesma.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
51
Figura 2.17 - Resistência da folha úmida de polpa sulfito refinada (Clark, 1978).
Figura 2.18 - Resistência da folha úmida - celulose em suspensão e celulose seca
(Clark, 1978).
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
52
Os mesmos autores acima idealizaram a Figura 2.19, como modelo para a
compreensão da evolução da resistência da folha úmida (“wet web strength”), que está
dividido em quatro diferentes zonas, que caracterizam a evolução da referida resistência da
folha úmida com o respectivo teor de sólidos (TS) por ela apresentado. A inclinação da reta
da primeira zona pode ser atribuída ao atrito entre fibras, durante a diminuição de
espessura do filme de água entre fibras. Como consequência, a folha úmida se contrai,
tornando-se mais fina. Por volta de 20% de teor de sólidos, ar começa a penetrar na folha,
permitindo assim a extensão dos efeitos da tensão superficial das partes externas para as
partes internas da folha. A inclinação da reta correspondente à segunda zona e reduzido
porque a quantidade de interfaces com água começa diminuir, depois que os efeitos da
tensão superficial alcançam seu máximo. Além disso, a compactação da folha torna-se muito
mais difícil devido a fibra tornar-se mais rígida. A inclinação da terceira zona começa a
aumentar mais rapidamente em razão da aceleração da formação de pontes de hidrogênio
entre fibras na medida em que a água livre é removida. Finalmente, a inclinação da quarta
zona é causada pelo aumento usual da resistência à tração com o aumento do teor de
sólidos.
Figura 2.19 - Resistência da folha úmida idealizada por Brecht e Erfurth (Clark, 1978).
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
53
O impacto do teor de sólidos na resistência da folha úmida é mostrado, também, na
Figura 2.20.
Figura 2.20 - Resistência da folha úmida versus seu teor de sólidos (Smook, 1992).
2.2.6 - Seção de Prensas da Máquina de Papel
A folha úmida, vinda da etapa anterior, passa por estágios de compressão
progressiva sendo que, em cada um deles, a folha está entre um ou dois feltros úmidos, que
absorvem a água extraída, quando da compressão do conjunto feltros e folha, entre os dois
rolos que formam cada prensa.
A folha de papel úmida pode deixar a seção de prensas com teor de sólidos entre 40
e 55% dependendo, principalmente, da configuração da seção de prensas da máquina de
papel, mas também de variáveis primárias de prensagem como: a carga aplicada no “nip”
(linha de tangência ou de contato entre os dois rolos de uma prensa) das prensas; o tempo
de residência da folha (função da velocidade da máquina e da largura do “nip”) no “nip”;
temperatura da folha; o tipo de fibra utilizada bem como seu grau de refinação, o tipo de
papel produzido e a umidade da folha que chega à prensa.
A prensagem da folha úmida promove a expulsão da água intrafibras, com
aproximação das mesmas no chamado eixo Z, ou seja, ao longo da espessura do papel.
Assim, tal aproximação culminará em iteração eletrostática entre fibras, com o
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
54
desenvolvimento de resistências da folha úmida, dentre elas a resistência á tração, que é de
fundamental importância para o transporte da folha através das seções da máquina de
papel.
A efetividade desta atração eletrostática será tanto maior na medida em que maior
quantidade de água é eliminada da folha. Este fenômeno é denominado de “consolidação”
da folha. Nesta dissertação, está incluída uma proposta de aumento da consolidação da
folha com o propósito de alcançar maior resistência da folha na saída da prensa e, portanto
menor potencial de quebras da folha com o seu tracionamento, que aumenta com o
aumento da velocidade da máquina.
O teor de sólidos (TS) da folha aumentará com a compressão mecânica da folha
úmida, na seção de prensas. Historicamente, tem havido esforço contínuo em maximizar a
remoção de água na seção de prensas. Os mais recentes aumentos nos valores da referida
variável têm sido alcançados com tecnologias de aumento da pressão ou carga aplicada nos
rolos das prensas, aumento do tempo de residência da folha no nip bem como com o
aumento de temperatura da folha úmida. A seção de secagem sucede a seção de prensas de
uma máquina de papel. O processo de secagem do papel é relativamente muito caro em
termos de instalação e de energia consumida para a secagem da folha, com a utilização de
vapor indireto e também, da energia para o acionamento desta seção que, usualmente é
muito longa (Reese, 1999).
O principal objetivo da prensagem é a remoção da água da folha úmida e de sua
consolidação (Smook, 1992). A folha úmida é encaminhada ao “Nip” formado por dois rolos
(prensas) e suportada, durante a prensagem, por um ou dois feltros úmidos. A prensagem é
considerada um fenômeno de fluxo controlado pelo fluxo de água entre as fibras e, também,
pelo fluxo da parede fibrilar. As fibras são forçadas a entrar em contato íntimo umas com as
outras, durante a compressão da folha úmida, desenvolvendo de ligações (pontes de
hidrogênio) entre fibras, na etapa seguinte do processo, ou seja, durante a secagem da
folha. As Figuras 2.21 e 2.22 ilustram o fenômeno.
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
55
. Figura 2.21 Figura 2.22 Desenho esquemático da consolidação Desenho esquemático do fenômeno causado da folha úmida de papel. pela contração fibra durante a secagem. (Giertz, 1993)
Um dos principais indicadores do desempenho da prensagem é o valor de uma
variável denominada de “passe” entre as seções de prensagem e secagem, região em que a
folha úmida atravessa, sem sustentação mecânica, na grande maioria das máquinas de
papel. O passe é a diferença de velocidade entre os acionamentos de cada uma daquelas
seções, normalmente expresso em percentual. Este passe é medido continuamente, assume
valores típicos na faixa de 2 a 4% para esta classe de máquina e processo, sendo influenciado
por diferentes parâmetros como por exemplo: o teor de sólidos (TS) com o qual a folha deixa
a seção de prensas; a velocidade da máquina; a força de aderência entre a folha úmida e a
superfície do último rolo da prensa, as ligações entre fibras, o tipo de papel produzido, etc.
O papel se alonga quando submetido à tensão, principalmente, quando está úmido.
Esta é a razão da existência deste diferencial de velocidade ou passe entre duas seções da
máquina de papel, independentemente acionadas. Assim, a folha torna-se mais susceptível
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
56
às quebras, na medida em que o valor do passe aumenta (Módulo de Young – tensão x
deformação) - (Thorp, 1998 e Casey, 1981) significando maior deslisamento entre as
camadas de fibras que compõem a folha de papel e, por isso, sofre aumento em seu
comprimento, devido ao tensionamento ou tração. No limite, haverá a ruptura da folha. A
correlação entre a capacidade da folha úmida de suportar tal tensão e o seu desempenho na
seção seguinte ou seção de secagem é bem conhecida. A resistência da folha úmida, para
valores típicos de 40 a 50% de teor de sólidos corresponde a, apenas 10 a 15% da resistência
do papel seco. (Kunnari, et al, 2007).
As fases ou etapas (Thorp, 1998) do processo de prensagem ou o que realmente
acontece durante a operação de prensagem da folha estão representadas na Figura 2.23.
Existem variáveis que exercem influência de grande relevância. Thorp (1998) define
estas variáveis como aquelas capazes de alterar a porcentagem de sólidos da folha que deixa
a seção de prensas em quatro pontos percentuais ou mais. Dentre as variáveis primárias
podemos citar algumas das principais (Reese, 1999) como:
1) Carga da Prensa: Carga do Nip = Carga Total (kN) / Largura do rolo (m);
2) Uniformidade da Carga da Prensa: significa uniformidade de picos de pressão e muito
afetada pela uniformidade do feltro úmido;
Figura 2.23 – Fases do processo de prensagem da folha de papel (Thorp, 1998).
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
57
3) Velocidade da Máquina (V): influencia inversamente o tempo de residência da folha sob
ação da prensagem;
Tempo de Residência (mseg.) = Largura do Nip (mm) / Velocidade (mpm.);
4) Impulso de Prensagem (IP): combina a carga do nip com o tempo de residência da folha
no nip;
IP (Mpa.seg) = Carga da Prensa / Velocidade da Máquina
5) Temperatura da Folha: Remoção de Água = f (tensão superficial; viscosidade). Portanto
o aumento da temperatura da folha úmida implicará em maior remoção de água;
6) Umidade da Folha na Entrada: A folha que entra na prensa com menor teor de umidade
sairá da mesma, com maior teor de sólidos;
7) Gramatura do Papel: Folhas mais espessas oferecerão maior resistência à remoção de
água, durante a operação de prensagem;
8) Propriedades da suspensão fibrosa: Especial atenção deverá ser dada ao grau de
refinação da polpa na remoção de água na seção de prensas, para um mesmo tipo de fibra e
composição da massa utilizada, com ênfase para o teor de carga mineral que contém.
A Figura 2.24 evidencia a influência do índice de retenção de água (WRV) da polpa
no teor de sólidos da folha úmida que deixa a seção de prensas de uma máquina de papel,
lembrando que, a Figura 2.7 apresenta a influência da energia de refinação no referido
índice. Da mesma forma, a Figura 2.5 mostra a influência do grau de refinação na mesma
variável. Portanto, fica clara a existência de correlação entre o grau de refinação da polpa e
o teor de sólidos da folha, na saída sãs prensas.
Figura 2.24 - Índice de retenção de água versus teor de sólidos da folha (Busker, 1982)
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
58
A Figura 2.25 mostra uma correlação possível entre o grau de refinação da polpa (°CSF) e o
teor de sólidos – TS (“dryness”) da folha, deixando o nip da prensa.
Figura 2.25 - Grau de refinação da polpa e teor de sólidos da folha (Reese, 1999).
9) Feltros Úmidos: características como uniformidade da superfície, capacidade de absorção
de água/resistência à compactação e dupla feltragem da prensa, ou seja, uso de feltro úmido
em cada um dos rolos da prensa, influenciarão na remoção de água.
10) Reumidecimento da Folha:
- na expansão da folha saindo do nip (minimizar);
- fora do nip (evitar).
Reese (1999) cita, também, variáveis secundárias, definidas como aquelas que
poderão alterar o teor de sólidos da folha em algum valor menor que quatro pontos
percentuais.
Além das variáveis já mencionadas, é importante que se tenha em consideração, a
relevância da utilização de uma micro-partícula, como componente do programa de
retenção e drenagem. A Figura 2.12 apresenta este efeito da micro-partícula sílica, no teor
de sólidos na saída de uma seção de prensas. Outra importante consideração, nesta direção,
é o teor de carga mineral (ex.: Carbonato de Cálcio) na composição da massa utilizada. A
presença da carga mineral facilitará a remoção da água (Laufmann, 1998), durante o
processo de prensagem pelo fato dela não apresentar afinidade com a água como a fibra de
celulose (hidrofilia).
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica e Revisão da Literatura
59
2.2.7 – Oportunidades e contribuição
Como mostrado até aqui, muita informação está disponível na literatura sobre os
conceitos e os avanços tecnológicos que envolvem as variáveis operacionais analisadas
nesta dissertação. As expectativas deste estudo convergem para a direção da maioria das
propostas conhecidas, em termos de resultados, mas com ações diferentes daquelas
usualmente implantadas, as quais estão voltadas para procedimentos que envolvem, na sua
essência, grandes investimentos para o aumento de produtividade de uma máquina de
papel. Alguns exemplos práticos podem servir para uma rápida analogia. Se a produtividade
da máquina de papel precisa ser melhorada, não faltarão recomendações como: introduzir a
fibra longa no processo para o aumento da resistência da folha, como reforço para a
resistência ou instalar novos equipamentos como por ex.: uma nova caixa de entrada ou até
mesmo um novo formador, uma prensa de nip estendido, etc. Percebe-se que estas ações
são na sua maioria de natureza mecânica e, via de regra, requerem capital e elevado e longo
tempo para implantação. Logicamente, serão muito bem vindas, quando os cálculos
financeiros destes projetos apontarem para retornos interessantes para o investidor. Por
outro lado, esta dissertação sugere como alternativa imediata ou complementar, que
análises e ajustes ou modificações de certas variáveis do processo como ele está, poderão,
em muitas situações, contribuir para importante melhoria da produtividade da máquina de
papel. Naturalmente, este procedimento exigirá a compreensão dos conceitos técnicos
envolvidos bem como das inter-relações entre determinadas variáveis, no tempo. A análise
persistente e cuidadosa destas variáveis levará a resultados que, obviamente, poderão não
se equiparar com aqueles relativos a investimentos de capital, mas seguramente, farão
grande diferença nos resultados de curto prazo de uma empresa, além de não exigirem
investimentos. Acredita-se ser esta uma oportunidade além de muitas outras para
investigações que, por razões compreensíveis, não se encontram publicamente disponíveis.
Assim, no Capítulo 3, são introduzidos os estudos de casos deste trabalho, envolvendo
importantes variáveis operacionais da fabricação de papel e seus efeitos na produtividade da
máquina de papel.
Capítulo 3 – Estudos de Casos
60
Capítulo 3 - Estudos de casos
Considerando o objetivo principal deste trabalho, apresentado no Capítulo 1, sobre
analisar a influência das variáveis operacionais de um processo industrial de produção de
papel, buscando condições otimizadas de operação e tendo-se em conta a abrangência da
descrição do processo de produção de papel apresentado no Capítulo 2 (item 2.2),
apresenta-se neste capítulo uma descrição detalhada dos estudos propostos para esta
dissertação de mestrado.
Para buscar condições otimizadas de operação do processo de produção de papel,
serão analisados os efeitos de variáveis que podem causar aumento do número de quebras
de folha, quando operando fora das especificações desejadas, pois o índice de quebra de
folhas é um dos principais indicadores, da eficiência da produção (Metso, 2012).
Conforme já abordado no Capítulo 1, situações de perda de eficiência total em uma
máquina de papel, por excesso de quebras da folha, não são raras e normalmente requerem
mobilização de uma equipe multidisciplinar de trabalho para investigação da real causa do
problema bem como a proposição e implantação de ações para sua mitigação. Trata-se de
um grande problema de curto prazo para uma fábrica de papel porque, além de gerar a
inerente perda de eficiência, gera perdas associadas, como a maior produção de papel
rejeitado, o maior consumo de insumos, potencial para reclamações de clientes, trocas
eventuais de fabricação ou de programação de produção, etc. A investigação das causas de
problemas como o descrito inicia-se com uma ampla inspeção de diferentes pontos do
processo e da verificação de suas variáveis, num procedimento de rotina. O aprofundamento
do trabalho é requerido, na medida em as ações de rotina não convergem para a solução do
problema. Especialmente para esta dissertação, foram escolhidas duas daquelas situações,
registradas em um processo industrial.
Inicialmente, análises foram desenvolvidas a partir de um contexto de perda de
eficiência da máquina de papel em razão de um número de quebras relativamente elevado.
Um elevado número de variáveis do processo foi verificado, quanto ao histórico de suas
tendências, no tempo. Para avaliar a produtividade da máquina de papel foram escolhidas
duas importantes variáveis de processo, as quais estão relacionadas diretamente com o
número de quebras:
Capítulo 3 – Estudos de Casos
61
• formação da folha de papel;
• condutividade da celulose;
que quando fora de controle, causam um aumento direto do número de quebras
de folha, com base em dados históricos. Os resultados destas análises têm grande
importância para a prevenção de quebras da folha e redução da perda de produtividade da
máquina. A relevância do tema é reforçada pelo grande desafio, em casos como estes, da
identificação da(s) causa(s) do problema em tempo hábil, num processo de grande
complexidade, para se evitar perdas econômicas de grandes proporções.
A formação da folha de papel diz respeito à sua homogeneidade ou uniformidade. É
medida numericamente, podendo ser correlacionada com a resistência do papel. No cenário
industrial estudado neste trabalho, uma máquina de papel, produzindo folha com gramatura
de 75 g/m2 a velocidade de 980 mpm (metros por minuto), passou a apresentar 12
quebras/dia, contra seu valor histórico de 1,3 quebra/dia. A partir da rastreabilidade do
processo, incluído também o processo de produção de celulose, foi identificado um desvio
importante no índice de formação da folha, de 67 para 54 unidades (menor→pior). A partir
daí, foi verificada uma associação entre a perda de formação e perda de resistência da folha
de papel produzida. Eventual perda de resistência da folha significa potencial aumento do
número de quebras da folha de papel.
Uma das principais vantagens em se utilizar apenas fibra de eucalipto na fabricação
dos papeis de imprimir e escrever é reconhecidamente a homogeneidade ou formação do
papel produzido, especialmente, por se tratar de uma fibra curta e por isso, com chances
muito menores de produzir aglomerados de fibras ou flocos, trazendo grande benefício à
qualidade da impressão no papel. Assim, a relação entre formação deste papel e o processo
de fabricação nem sempre é motivo de grande atenção, dado o diferencial apresentado e
inerente à própria fibra. Em outras palavras, para o operador, alguma perda no índice de
formação normalmente não é associada com a produtividade da máquina de papel.
A análise descrita evidenciou notoriamente este fato, uma vez que o problema
estava instalado e sua associação com a perda de formação da folha, que é medida
rotineiramente, só foi detectada após este período de intensa investigação e análises.
Identificada a provável causa do problema, o desafio seguinte foi o de se determinar a sua
causa raiz, ou seja, o porquê da formação da folha ter piorado ou ter se desviado de seu
Capítulo 3 – Estudos de Casos
62
nível padrão. Concluída a análise, as ações tomadas permitiram o restabelecimento do
índice de formação histórico assim como a produtividade da máquina de papel.
Da mesma forma, numa segunda análise, a proposta foi verificar a influência do
aumento da condutividade da água que acompanha a celulose, normalmente denominada
de condutividade da celulose, no andamento das máquinas de papel de uma mesma planta.
Esta análise foi também desenvolvida dentro do processo de investigação de um problema
de perda de produtividade, por número excessivo de quebras de folha, nas quatro máquinas
de papel de uma planta integrada (a celulose é fabricada e depositada em uma torre, a 10%
de sólidos, para alimentar a fábrica de papel).
O número de quebras/mês das quatro máquinas juntas, que estava em 40
quebras/mês, alcançou valores de até 86 quebras/mês. Foi constatado que a condutividade
da celulose (Cc) se alterou de 300 para 350 micro-Siemens/cm (valores médios mensais) no
mesmo período. Mudanças em outras variáveis do processo de fabricação de papel tais
como: na condutividade da própria água branca das máquinas de papel (água drenada no
processo de formação da folha) e na retenção de sólidos (percentual do fluxo de sólidos que
alimenta a tela formadora, que segue para a seção seguinte da máquina), foram registradas.
Uma das máquinas apresentou evidências mais claras do problema, através de
severa instabilidade da drenagem, na zona de formação da folha (operação sobre uma tela
rotativa), devido à suas peculiaridades e maiores limitações de processo. Como
consequência, tornou-se impraticável, do ponto de vista operacional, manter o teor de carga
mineral do papel (carbonato de cálcio precipitado) e a velocidade da máquina, nas
respectivas metas especificadas, implicando em aumento do custo variável do produto.
Queda do nível de retenção de sólidos e sua elevada variabilidade são as principais
mudanças registradas no processo de fabricação de papel e associadas ao problema, pois
têm influência no desaguamento, durante a formação da folha. Quebras da folha podem ser
provocadas pela instabilidade nesta etapa. Aditivos químicos são adicionados ao processo
especificamente para promover a retenção de partículas finas como o carbonato de cálcio,
utilizado como carga mineral (“filler”) e fragmentos de fibras, através de um mecanismo de
coagulação e floculação, impedindo-os de atravessar a malha da tela de formação da folha,
que consiste de uma operação de filtração. Como já enfatizado no Capítulo 2 (item 2.3.1.1.
e), cátions e anions em solução interagem com os agentes de retenção, podendo alterar
Capítulo 3 – Estudos de Casos
63
significativamente a natureza das cargas elétricas disponíveis para o desenvolvimento do
mecanismo de retenção e promoção de drenagem, dependendo de suas concentrações.
Assim, a alteração da condutividade registrada, proporcionou alterações químicas na
chamada química da parte úmida das máquinas de papel em estudo.
Na sequência deste trabalho acadêmico foram incluídos, também, dois estudos de
melhoria contínua, visando aumentar a capacidade de desaguamento da suspensão fibrosa,
durante as etapas de formação e de prensagem da folha, em uma máquina de papel com
importantes limitações em drenagem. Como consequência natural do problema, tem-se
restrição de velocidade e, obviamente, de produtividade, além de maior vulnerabilidade à
ocorrência de quebras. Esta máquina desenvolve velocidades na faixa de 1050 a 1150 mpm,
dependendo do papel que produz e das condições do processo, possuindo acionamento
para alcançar até 1200 mpm.
Os valores iniciais do passe entre a 3ª e 4ª prensas, que servem de referência para
este trabalho, encontram-se na faixa de 2,8 – 3,4 %, maiores que as referências conhecidas,
entre 2,0 – 2,6 % (Clark, 1978). A faixa de valores correspondentes para o teor de sólidos da
folha deixando a seção de prensas está entre 40 a 42% porém, referências de comparação
para máquinas e processos similares (TIP 0404-47, 2011) inclusive dentro da própria
corporação proprietária da máquina em estudo, estão na faixa de 43 a 48%. Vale lembrar
que um incremento de apenas um ponto percentual neste parâmetro se traduz em quatro
pontos percentuais (Smook, 1992) em economia de vapor, na seção de secagem, após as
prensas.
A expectativa de resultados dos estudos foi fazer com que o teor de sólidos da
folha (TS), tanto na saída da zona de formação (entrada da seção de prensas) como na saída
da seção de prensas, sejam maiores e, portanto, de se produzir uma folha de papel que se
alongue menos (passe menor), significando uma folha mais resistente aos esforços a que é
submetida na máquina de papel.
O primeiro destes estudos visa melhorar a drenagem da máquina, com auxílio da
aplicação de sílica coloidal, agente químico auxiliar de retenção e drenagem com carga
elétrica negativa, em substituição a um produto de mesma função, regularmente utilizado,
também com carga elétrica negativa, porém de natureza orgânica. Ambos atuam,
conceitualmente, como agentes de re-floculação ordenada de flocos previamente formados
Capítulo 3 – Estudos de Casos
64
pela ação de um polímero (poliacrilamida aniônica – APAA) e fragmentados pelo
cisalhamento criado por peneiras pressurizadas, na etapa de depuração da suspensão
fibrosa que alimentara a máquina.
Estas micro-partículas promovem melhoria na liberação de água da suspensão, por
um mecanismo de formação de canais de escoamento desenvolvidos através da suspensão,
durante a formação da folha. Este trabalho busca melhoria da chamada drenagem química,
pois se utiliza apenas de alterações de propriedades e dosagem de produtos químicos para
promover aumento de desaguamento. A motivação técnica para a substituição mencionada
baseia-se na forte limitação da máquina em drenagem e dos resultados de avaliações
comparativas de retenção e drenagem, em laboratório, apontando para possibilidade de
ganhos em drenagem para o mesmo nível de retenção de sólidos, corroborando com o fato
de que a sílica coloidal, partícula com diâmetro de 5 nm, apresenta área superficial (BET) e
densidade de carga elétrica superiores em relação ao produto orgânico, cujo diâmetro é de
70 nm (Gess, 1998) e, portanto, com maior estabilidade e atividade no meio. Os principais
indicadores acompanhados foram: o passe e a porcentagem de sólidos da folha que deixa a
seção de prensas, além do teor de sólidos na saída da zona de formação, consumo de vapor,
propriedades do papel como porosidade, etc.
Outro importante estudo de melhoria contínua, incluído neste trabalho, tem o
mesmo propósito do anterior, ou seja, de minimizar as restrições ainda existentes para
promover liberação de água da suspensão de fibrosa, durante a produção do papel, porém
fazendo uso de outros meios disponíveis naquela mesma máquina. Com a intenção exclusiva
de garantir a produtividade da máquina de papel, ou seja, de evitar quebras da folha, os
valores praticados para essas duas variáveis do processo foram motivo de atenção, por
estarem muito diferentes daqueles já conhecidos e colocados em prática, para processos e
máquinas similares. O grau de refinação das fibras (ISO5267, 1999), que é uma avaliação
laboratorial da natureza física das fibras e indica quão livre encontra-se a água para ser
liberada das fibras durante um processo de formação de folha, foi a primeira variável
identificada. Valores médios iniciais desta variável encontravam-se entre 45 – 50 °SR, sendo
que as referências práticas de comparação para máquinas e processos similares, da própria
corporação proprietária da máquina em estudo, estavam entre 25 e 35 °SR.
Capítulo 3 – Estudos de Casos
65
O grau de refinação é modificado, operacionalmente, com a aplicação de energia
mecânica às fibras (golpes) por meio de um equipamento específico, denominado refinador.
Normalmente, refinar as fibras ou aumentar o °SR significa aumentar flexibilidade bem como
superfície específica das fibras e, por conseguinte, o entrelaçamento entre elas, implicando
em aumento de resistência da folha. Este fenômeno tem sérios limites tais como: perda da
capacidade das fibras para liberação da água (desaguamento mecânico e evaporação);
aumento do passe, aumento do consumo específico de vapor para a secagem do papel,
instabilidade dimensional do papel com absorção ou perda de água para o ambiente em que
é utilizado, perda de volume específico do papel, etc.
A outra variável identificada como potencial de melhoria foi a pressão linear da 3ª
prensa, que estava em apenas 90 kN/m sendo que as referências de comparação para
máquinas e processos similares da própria corporação proprietária da máquina em estudo
mostram valores na faixa de 110 – 120 kN/m. A proposta deste estudo é de redução do grau
de refinação das fibras, para aumento da capacidade de drenagem da máquina de papel em
estudo e concomitante aumento da pressão de prensas, em especial da 3ª prensa,
objetivando as faixas de referência mencionadas para cada uma das duas variáveis descritas.
A análise dos resultados e conclusões extraídas da análise de dados de testes em escala
industrial foi, analogamente ao estudo anterior, a forma demonstrar seu êxito. Os principais
indicadores acompanhados são: o passe e o teor de sólidos da folha (TS) que deixa a seção
de prensas, além do teor de sólidos na saída da zona de formação, velocidade da máquina;
consumo específico de vapor, número de quebras/mês, propriedades do papel, etc.
Esta dissertação analisa a forma com que variáveis como: a formação do papel; a
condutividade da celulose; a utilização de sílica coloidal; o grau de refinação e a pressão de
prensas podem contribuir para a melhoria do desempenho da fabricação de papel, através
de evidências produzidas a partir de testes ou avaliações industriais fundamentadas em
conceitos teóricos.
Considerando então a descrição dos problemas industriais enfrentados e as
avaliações realizadas sobre as tentativas de se contornar esses problemas, foram definidos
quatro estudos para avaliar possíveis melhorias no processo de produção de papel, cujos
objetivos específicos estão citados no Capítulo 1 e descritos na Tabela 3.1, que apresenta os
quatro estudos de casos realizados neste trabalho. Cada um desses estudos é abordado nos
Capítulo 3 – Estudos de Casos
66
capítulos subsequentes desta dissertação, onde suas metodologias, resultados e conclusões
serão detalhados separadamente.
Tabela 3.1 - Casos estudados neste trabalho e descrição de seus objetivos e variáveis.
Estudo #1
Título Análise do efeito da formação da folha na produtividade da máquina de papel
Objetivo Identificar os efeitos da formação da folha no índice de quebras da máquina
Variáveis analisadas
1- Índice de formação (Kajaani Index), 2- Resistência ao estouro (Mullen Test); 3- Número de quebras da folha por dia; 4- Passe (diferença de velocidade) entre 3ª Prensa e 1º grupo secador (%)
Forma de avaliação da melhoria do processo
Gráficos de correlação/regressão entre variáveis: 1-2, 2-3, 1-3 e 3-4
Estudo #2
Título Análise do efeito da condutividade da celulose na produtividade da máquina de papel
Objetivo Identificar os efeitos da condutividade da celulose no índice de quebras da máquina.
Variáveis analisadas
1-Condutividade da polpa (água da suspensão fibrosa), 2- Retenção de Simples Passagem (total e de cargas) 3- Teor de Carga Mineral (PCC) no papel (a 525°C) 4- Drenabilidade da Suspensão (“Canadian FreenessTest”) 5- Alcalinidade da água branca 6- Número de quebras da folha por dia 7- Eficiência Global da Máquina (OME) 8- Eficiência de tempo - Et 9- Eficiência de Produto - Ep
10 - Produção Mensal da Máquina - Pm (ton/mês) 11- Perdas de PCC para efluente - Lpcc (kg/dia)
Forma de avaliação da melhoria do processo
- Gráficos de correlação/regressão entre variáveis: 1-6; 1-7; 2-10; 2-6,2-11 - Análise de coeficiente de variação para retenção e para drenabilidade da suspensão (° Freeness)
Capítulo 3 – Estudos de Casos
67
Tabela 3.1 - Casos estudados neste trabalho e descrição de seus objetivos e variáveis.
Estudo #3
Título Análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal na produtividade da máquina de papel
Objetivo Identificar os efeitos da utilização de sílica coloidal, como agente de retenção e drenagem, no aumento do desaguamento da folha
Variáveis analisadas
1- Passe (diferença de velocidade) entre a 3ª e 4ª Prensas (%) 2- Consumo específico de vapor – Cv (kg vapor/kg papel) 3- Teor de sólidos da folha na saída da 3ª prensa – TS (%) 4- Drenabilidade da Suspensão na caixa de entrada (°SR) 5- Porosidade Gurley-Pe (permeabilidade do papel à passagem de ar) 6- Drenagem da suspensão – Fd (g água/seg) 7- Retenção de simples passagem – RSP (%)
Forma de avaliação da melhoria do processo
- Gráficos do comportamento das variáveis acima listadas
Estudo #4
Título Análise dos efeitos da redução do grau de refinação da polpa combinada com o aumento da carga de prensagem na produtividade
Objetivo Identificar os efeitos da refinação e da prensagem no aumento do desaguamento da folha durante a fabricação de papel
Variáveis analisadas
1- Energia líquida de refinação - Er (kWh/ton) 2- Índice de retenção de água pelas fibras (IRA ou WRV) 3- Drenabilidade da Suspensão ou grau de refinação (°SR) 4- Porosidade Gurley - Pe (permeabilidade do papel ao ar) 5- Passe (diferença de velocidade) entre a 3ª e 4ª Prensas (%) 6- Teor de sólidos da folha, na saída da 3ª prensa – TS (%) 7- Teor de Carga Mineral (PCC) no papel (a 525°C) 8- Resistência ao Estouro (Mullen Test); 9- Pressão Linear das Prensas (kN/m) 10- Pressão do Vapor - Pv (psi) 11- Teor de sólidos na saída do rolo “Couch” (%) 12- Velocidade da máquina (mpm) 13- Número de quebras da folha por dia
Forma de avaliação da melhoria do processo
- Gráficos do comportamento das variáveis acima listadas. - Gráficos de correlação/regressão entre variáveis: 12-6; 13- 6; 9-6; 3-6 e 3-4; - Avaliação de alterações nos valores médios das variáveis (Controle x Teste)
Nos capítulos a seguir são apresentadas as metodologias e equações (quando for o
caso) utilizadas na determinação das variáveis envolvidas em cada estudo, bem com os
resultados e conclusões individuais de cada um deles.
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
68
Capítulo 4 - Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
4.1 - Introdução
Uma máquina de papel, do tipo Fourdrinier, produzindo em média 18,5 ton/h de
papel reprográfico ou “Copy Paper”-75 g/m2, à velocidade de 980 mpm, passou a
apresentar, em um dado momento, um índice de 12 quebras da folha/dia que é um valor
bastante atípico em relação ao valor histórico de 1,3 quebra/dia. O tempo médio perdido de
produção, a cada interrupção ou quebra, era de 19 minutos. Para fins de um cálculo
financeiro aproximado, considerando-se uma margem de contribuição de, por exemplo, US$
300,00/ton papel, pode-se dizer que o problema em estudo estava diante de uma situação
de perda de US$ 18.000,00/dia. A partir da rastreabilidade do processo, incluído também o
processo de produção de celulose, foi identificado desvio importante no índice de formação
da folha, de 67 para 54 unidades (menor pior).
Análises gráficas mostraram importantes correlações entre a referida mudança da
formação da folha (“Kajaani Index”) com a medição de resistência da folha de papel ao
estouro, usualmente chamada de teste de Mullen, e destas com o número de quebras da
máquina de papel e, portanto, com sua produtividade.
O reestabelecimento do índice de formação da folha a valores conhecidos fez com
que a produtividade da máquina de papel voltasse ao patamar histórico.
4.2 - Métodos e equipamentos
-Autoline-300 - Lonrentz & Wettre - Kajaani Index, Formação da folha.
Medição da formação da folha por princípio óptico, para papeis planos. A folha é
iluminada a um nível pré-determinado, de forma que flocos de diferentes tamanhos
aparecem na imagem que é capturada com uma câmera digital e analisada por meio de um
software analisador de imagem, resultando em valores de formação, em função do tamanho
dos flocos dividido pelo comprimento de onda (Tolkki, 2009). A distribuição estatística
destes valores é determinada e o valor médio registrado como resultado.
- Norma TAPPI - T 403 om-10, 2010, “Bursting strength of paper” (Mullen).
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
69
Medição da resistência máxima do papel e produtos de papel ao estouro, na faixa
de 50 a 1200 kPa (7 a 175 psi), na forma de folhas planas com espessura até 0,6 mm ( 0,025
in.).
- Registros operacionais, Nº quebras da folha.
Registra a data, horário e o tempo não produtivo, referentes a cada quebra de
folha da máquina de papel, além de informações complementares inerentes ao processo de
fabricação.
As medições de formação e da resistência ao estouro (TAPPI - T 403 om-10, 2010)
da folha de papel são conduzidas à frequência definida, no laboratório de qualidade da
fábrica de papel considerada, em amostras de cada rolo de papel produzido na máquina.
Trata-se de instrumentos clássicos utilizados em fábricas de toda parte do mundo que
seguem procedimentos universais padronizados. Os valores das variáveis nos gráficos de
resultados são as médias diárias de cada uma delas, sendo que 26 a 30 rolos são produzidos
por dia.
4.3 - Resultados
Os resultados, apresentados na forma de gráficos, possibilitaram o
desenvolvimento das análises e discussões associadas. Nota-se que a partir de certo
momento, mais precisamente no 12º dia do período e analisado, a formação do papel
passou a influenciar, de forma importante, na resistência ao estouro da folha de papel
(Figura 4.1).
Figura 4.1 - Formação e Resistência ao Estouro - Médias diárias.
2426283032343638
50
54
58
62
66
70
Mul
len
-psi
Kaja
ani I
ndex
Dia
Formação e Resistência ao Estouro - Mullen Dia 1 a 31
FORMACAO REAL-MPX-QUA MULLEN REAL-MPX-QUA
ação para melhoria da formação
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
70
A Figura 4.2 apresenta uma correlação entre as variáveis mencionadas, referente
ao período do problema. Observa-se que se trata de uma correlação muito forte, tendo em
vista o valor do coeficiente de determinação da regressão linear calculada (R2=0,91). Este
valor indica que 91% da queda de resistência ao estouro do papel do papel são explicados
pela queda do índice de formação da folha (Spiegel, 1972; Juran, 1951). Análises de variância
e de resíduos (Minitab 17) em anexo.
Figura 4.2 - Regressão linear: Formação e Resistência ao estouro.
A Figura 4.3 mostra a correlação entre as variáveis: formação do papel e resistência
ao estouro, porém entre os valores individuais de cada uma. Observa-se, também, um
importante valor do coeficiente da regressão, corroborando o indicado no gráfico anterior.
Análises de variância e de resíduos (Minitab 17) em anexo.
Figura 4.3 – Regressão linear: Formação e Resistência ao estouro (Mullen).
y = 0,5943x - 4,8192R² = 0,9124
24
26
28
30
32
34
36
53 55 57 59 61 63 65 67 69
Mul
len
-psi
Kajaani Index
Mullen versus Formação Dia 22 a 31
y = 0,5405x - 1,6006R² = 0,689
2022242628303234363840
50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70
Mul
len
-psi
Formação - Kajaani Index
Mullen versus Formação Valores Individuais - 22º - 31º dia
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
71
A forte correlação entre a resistência ao estouro do papel e a resistência à tração
(Lumiainen, 1998; Clark, 1978), normalmente identificada nos processos produtivos, é muito
conhecida pelo fabricante de papel. A resistência à tração, em especial aquela medida no
sentido longitudinal da folha de papel ou sentido de fabricação, é sem dúvida, de maior
interesse para o operador da máquina de papel uma vez que a folha de papel, ainda úmida,
é sempre tracionada, no sentido longitudinal. Entretanto, os resultados dos testes de
resistência ao estouro ou teste de Mullen são tradicionalmente seguidos, por se tratar de
um teste mais rápido de ser realizado em laboratório e, portanto, de resposta mais rápida ao
operador, para eventuais ajustes do processo.
Da mesma forma, é também conhecida a correlação direta entre a resistência da
folha de papel e a resistência da folha ainda úmida, durante sua fabricação. Então, do ponto
de vista operacional ou de produtividade, esta correlação justifica a preocupação para com a
resistência do papel, pois é sabido que esta mostra, indiretamente, a tendência da
resistência da folha úmida, que é determinante para a produtividade da máquina de papel.
A etapa seguinte da investigação desenvolvida nesta análise foi a de verificação da
existência de uma correlação entre as variáveis: resistência ao estouro e número de quebras
da folha, no período do problema. A Figura 4.4 mostra o comportamento destas variáveis no
período.
Figura 4.4 - Resistência ao estouro e Nº Quebras da folha.
A correlação entre a resistência ao estouro e o número de quebras de folha/dia é
mostrada na Figura 4.5. Neste ponto, foi possível entender e interpretar que o excesso de
02468101214
25
27
29
31
33
35
Nº Q
uebr
as/d
ia
Mul
len
-psi
Dia
Mullen e Nº Quebras da Folha Dia 22 a 31
MULLEN REAL-MPX-QUA QuebraFotoCelula_MPx
ação p/ melhoria da formação
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
72
quebras de folha na máquina papel, no período analisado estava correlacionado com a
perda de sua resistência, fato que é muito coerente e possível, do ponto de vista técnico, em
um processo de fabricação de papel. Análises de variância e de resíduos (Minitab 17) em
anexo.
Figura 4.5 - Regressão linear: Nº Quebras e Resistência ao estouro.
Finalmente, seguem os resultados, mostrados na Figura 4.6, das tendências do
índice de formação da folha (“Kajaani Index”) e do número de quebras da folha, no mesmo
período já referido anteriormente. Como esperado, o comportamento da variável formação
da folha (Figura 4.6) apresentou perfil de comportamento muito parecido semelhante ao do
teste de arrebentamento (Mullen), apresentado na Figura 4.4.
Figura 4.6 – Índice de formação e Nº Quebras da folha.
y = -1,5041x + 51,7270R² = 0,6374
02468
101214
24 26 28 30 32 34 36
Nº Q
uebr
as/d
ia
Mullen - psi
Quebras versus Mullen Dia 22 a 31
02468101214
54
58
62
66
70
Nº Q
uebr
as/d
ia
Kaja
ani I
ndex
Dia
Formação e Nº Quebras da Folha Dia 22 a 31
FORMACAO REAL-MPX-QUA QuebraFotoCelula_MPx
ação p/ melhoria da formação
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
73
Assim, a evidência da correlação estatística entre o índice de formação da folha,
identificada como a variável que sofreu desvios significantes em relação aos seus valores
típicos do processo em estudo, e o número de quebras/dia foi determinada, mais uma vez
com valor importante do coeficiente de determinação da regressão (Spiegel, 1972),
conforme apresentada na Figura 4.7. Análises de variância e de resíduos (Minitab 17) em
anexo.
Figura 4.7 - Regressão linear: Nº Quebras e Formação.
A compilação dos dados referentes ao período analisado, em um gráfico
tridimensional (Minitab-17), reforça a interpretação dos resultados desta análise. Assim, na
Figura 4.8 nota-se, em uma forma combinada, a interferência ou efeito do índice de
formação e da resistência ao estouro da folha no número de quebras de folha da máquina
de papel em estudo.
Figura 4.8 - Nº de Quebras de folha em função do Mullen e da Formação.
y = -0,8344x + 55,4295R² = 0,5067
02468
101214
51 54 57 60 63 66 69
Nº Q
uebr
as/d
ia
Kajaani Index
Quebras versus Formação Dia 22 a 31
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
74
Complementando a análise de dados do processo, foi também avaliado no
mesmo período, o comportamento do passe entre a 3ª folha e o 1º grupo secador da
máquina. Como esperado, esta variável apresentou perfil muito semelhante aos mostrados
até aqui, como pode ser notado nas Figuras 4.9 e 4.10. Análises de variância e de resíduos
(Minitab 17) em anexo.
Figura 4.9 - Passe 3ª Prensa/1º Grupo e Nº Quebras da folha.
Figura 4.10 - Regressão linear: Passe 3ª Prensa/1º Grupo e Nº Quebras.
A sequência de gráficos, aqui apresentada, deixa clara que a perda de formação
interferiu significativamente na produtividade ou andamento da máquina de papel em
análise. A recuperação da variável a um nível conhecido foi mandatório para o
reestabelecimento do bom andamento da máquina de papel. É importante reforçar que o
número de quebras é uma variável discreta (acumulativa) e resistência ao estouro, assim
como a formação e o passe, são contínuas. Portanto, entende-se que a ordem de grandeza
0
2
4
6
8
10
12
14
2
2,1
2,2
2,3
2,4
2,5
Nº Q
uebr
as/d
ia
Pass
e-%
Dia
Passe 3ª Prensa/1ºGrupo e Nº Quebras da Folha Dia 22 a 31Ago
FORMACAO REAL-MPX-QUA QuebraFotoCelula_MPx
ação p/ melhoria da formação
y = 22,7243x - 46,3188R² = 0,5688
02468
101214
2,0 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6
Que
bras
Passe - %
Quebras versus Passe 3ª Prensa /1ºGrupo Dia 22 a 31
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
75
do coeficiente de determinação da regressão encontrado é, igualmente, um indicativo de
interpendência relevante entre as duas variáveis, tendo em vista a natureza de cada uma,
lembrando que a primeira não tem uma frequência regular.
Além disso, deve-se levar em conta a complexidade do processo de fabricação de
papel, no que diz respeito ao seu número de variáveis, a natureza destas variáveis e o
potencial de interação entre elas. Outro ponto de relevância a ser enfatizado neste trabalho
é a própria identificação prática de tais correlações, raramente encontradas na literatura e,
muito provavelmente, inéditas para processos de fabricação de papeis de imprimir e
escrever que utilizam apenas fibra de eucalipto como fonte de matéria prima fibrosa.
Foi verificado que, durante uma parada da máquina de papel para manutenção e
limpeza, o manômetro interno da caixa de entrada foi substituído. Foi verificado que o novo
manômetro não possuía a mesma calibração daquele que saiu, devido à falha na execução
do procedimento de calibração do mesmo. Assim, imediatamente após o reinicio de
operação da máquina, registrou-se o inicio da redução do índice de formação do papel, pois
a referência operacional de controle da variável da relação Jato/Tela continuou associada à
calibração do primeiro manômetro. Em outras palavras, o erro de calibração do manômetro
induziu a um erro na relação Jato/Tela que, consequentemente, promoveu nível de
cisalhamento diferente na formação da folha de papel (Odell, 2000; Parker, 1994)
prejudicando o índice de formação da folha e, consequentemente, a produtividade da
máquina de papel.
A Figura 4.11 apresenta a curva resultante de um experimento industrial que
mostra a típica da influência de alterações feitas na variável: relação Jato/Tela sobre a
formação da folha. Vale lembrar que este experimento foi conduzido em outra máquina de
papel, porém, produzindo o mesmo tipo de papel e também com receita muito parecida
aquela da máquina em estudo, neste ponto deste trabalho. É também importante ressaltar
que o aparelho de medição do índice de formação, neste caso específico, foi o equipamento
Ambertec, que mede variações de gramatura (g/m2) da folha e, portanto, quanto menor o
resultado numérico, melhor a formação da folha.
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
76
4.4 - Conclusões
Os resultados desta análise levam à conclusão de que a redução registrada no
índice de formação da folha de papel implicou na perda temporária de desempenho da
máquina de papel ou o aumento do número de quebras da folha, em razão de seu efeito
negativo na resistência da folha. A variável alcançou nível de grande sensibilidade para a
resistência da folha úmida e, consequentemente, para a estabilidade operacional. Como
mencionado, pelo fato da fibra de eucalipto, que pertence à classe das fibras curtas,
favorecer de forma importante a formação da folha (Giertz, 1993; Smook, 1992), nem
sempre a influência desta variável na resistência da folha é percebida de imediato.
Figura 4.11 - Influência da e Relação jato/tela na formação.
Conclui-se também que o processo de uso final do papel é muitas vezes mais
tolerante à perda na formação do que próprio processo de fabricação do papel, conforme
constatado no tipo de papel produzido na máquina em análise (papel reprográfico). Então, a
melhor prática que se pode tirar deste estudo é que a melhoria da formação da folha de
papel e o rigor na sua manutenção dentro de limites seguros contribuirão efetivamente para
a eficiência dos processos de fabricação e de utilização do papel. Tal prática pode e deve ser
generalizada aos diferentes segmentos da fabricação de papel.
A formação da folha de papel, que é influenciada pela relação Jato/Tela (Parker,
1994), foi prejudicada por mudança no valor real deste parâmetro de controle hidráulico da
caixa de entrada, devido à troca de um manômetro, (calibração diferente), numa parada da
0,250,300,350,400,450,500,550,600,650,700,75
0,940 0,950 0,960 0,970 0,980 0,990 1,000 1,010 1,020 1,030
Form
ação
espe
cífica
-g/
m2
Vjato/Vtela
Formação Ambertec vs. Relação Vjato/Vtela
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação da folha
77
máquina para manutenção. Trata-se de um evento que não é tão raro, cujo procedimento
demanda atenção.
O restabelecimento do padrão normal de desempenho de produção da máquina foi
alcançado com o restabelecimento do nível aceitável de formação da folha de papel.
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
78
Capítulo 5 - Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
5.1 - Introdução
Uma fábrica com capacidade anual de produção de aproximadamente 430.000 ton
de papel de imprimir e escrever enfrentou o problema de número excessivo de quebras de
folha, a partir do 3º mês analisado neste estudo, nas quatro máquinas de papel em operação
naquela unidade.
As máquinas operavam à velocidade entre 500 e 1070 mpm, na produção de papeis
off-set, em diferentes gramaturas, processo alcalino, utilizando apenas fibra de eucalipto
como fonte de celulose e carbonato de cálcio precipitado (PCC) como carga mineral, na faixa
de 12 – 24%, dependendo do papel produzido. Uma das máquinas, dedicada à produção de
papel reprográfico 75 g/m2, apresentou severa instabilidade da drenagem na mesa plana,
traduzida nas variações da posição da linha úmida na mesa. Além disso, foi registrada
expressiva diminuição da vida útil do feltro pick-up, associada à perda elevada de carbonato
de cálcio para o efluente, a partir dos separadores das caixas de vácuo para
condicionamento/limpeza do feltro (“UHLE boxes”) daquele feltro. Como consequência,
tornou-se impraticável do ponto de vista operacional, manter o teor de carga mineral do
papel (carbonato de cálcio) na meta especificada, significando aumento do custo variável do
produto. Em vista de tais evidências, esta máquina demandou maior esforço para o
reestabelecimento das suas condições operacionais ideais.
Financeiramente, o problema foi de grande impacto, principalmente, pelo fato de
se operar as máquinas de papel à eficiência global reduzida. O valor projetado para a perda
anual relativa ao problema, se não resolvido, foi de, aproximadamente, US$ 2.5 milhões.
A investigação das causas do problema teve início através da análise de variáveis do
processo que identificou importantes mudanças na retenção de simples passagem de cinzas
das máquinas de papel, assim como na condutividade da água branca das máquinas e suas
respectivas variabilidades, que estavam associadas à instalação de uma nova prensa, no
último estágio de branqueamento de celulose, em substituição ao antigo filtro engrossador
de massa (“decker”).
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
79
A ação imediata, com abrangência para as quatro máquinas de papel, foi a de
abertura do circuito, novamente, através da adição de um volume de água fresca na diluição
da polpa virgem substituindo parte da água branca reciclada da fábrica de papel,
reestabelecendo os níveis originais de condutividade e retenção. Para a máquina mais
sensível ao problema, foi introduzido um polímero (APAA) para promover mais retenção e
estabilidade de drenagem.
5.2 - Métodos e equipamentos
- Norma TAPPI 211 om-12, “Ash in wood, pulp, paper and paperboard: combustion at 525°C”,
2012. Determinação de cinzas em todos os tipos e classes de papel feito a partir de polpa de
madeira e seus derivados.
- Norma TAPPI 227 om-09, “Freeness of pulp” (“Canadian standard method”), 2009. Medição
da taxa na qual uma suspensão diluída de polpa (3g de polpa em 1 litro de água) deve ser
drenada.
- Norma TAPPI 240 om-12, “Consistency (concentration) of pulp suspensions”, 2012. Medição
da consistência ou concentração da suspensão aquosa de fibras. É aplicável às suspensões
com consistência até 25%.
- Norma TAPPI 252 om-12, “pH and electrical conductivity of hot water extracts of pulp,
paper, and paperboard”, 2012. Determinação do pH e da condutividade em amostras do
extrato quentes de suspensão fibrosa, papel e cartão.
- Informação Técnica TAPPI - TIP 0404-47, “Paper machine performance guidelines”, 2011.
Lista valores de referência para parâmetros relacionados com o desempenho da máquina de
papel, para a maioria das classes de papel, e oferece sugestões para a aplicação destas
referências.
- Informação Técnica TAPPI -TIP 0502-13,”Retention definitions”, 2010. Define o significado
de termos comumente usados no processo de fabricação de papel: retenção
- Registros Operacionais, Nº Quebras da Folha. Registra a data, horário e o tempo não
produtivo, referentes a cada quebra de folha da máquina de papel, além de informações
complementares inerentes ao processo de fabricação.
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
80
- Relatório de perdas da fábrica, Perdas de Carbonato de Cálcio. Calcula e registra as perdas
para o efluente da fábrica, a partir de amostragem regular do efluente de cada máquina de
papel bem como da medição e integração de sua vazão.
5.3 – Equações
- Retenção de simples passagem:
RSP = 100 x (Cce – Cab)/Cce (5.1)
- Coeficiente de variação:
COVnσ = nσ/Xm (5.2)
- Eficiência Total da Máquina:
OME = Et x Ep (5.3)
5.4 - Resultados
Os resultados de relevância técnica extraídos desta análise são apresentados
graficamente e discutidos.
a) Relação de causa e efeito entre Condutividade da Polpa e Quebras de Folha
Figura 5.1 - Condutividade da celulose e Nº de Quebras – Médias mensais.
40
54
70
86
61
78
64
40
5246
36
303
323 321
349 343332
316
297283 279 273
220236252268284300316332348364380
2030405060708090
100110120
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Con
dutiv
idad
e (µS
/cm
)
Nº Q
uebr
as /m
ês
Mês
Condutividade da Polpa e Nº Total de Quebras .
Nº Total de Quebras Condutividade da Polpa.
abertura do circuito
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
81
Figura 5.2 - Regressão linear: Nº Total de quebras e Resistência ao estouro.
Análises de variância e de resíduos (Minitab 17) em anexo. b) Relação de causa e efeito entre Condutividade da celulose e OME total
Figura 5.3 - Condutividade da celulose e Eficiência total das máquinas.
As Figuras 5.1 a 5.3 evidenciam a identificação da causa raiz do problema
investigado. Imediatamente após a implantação do plano de ação, construído a partir da
análise de variáveis do processo, teve início a redução da condutividade da polpa (Cc) com a
ação de abertura parcial do circuito do processo de produção de papel, por meio de
introdução de um volume de água fresca na diluição da celulose que deixava a prensa final
y = 0,5163x - 103,37R² = 0,6645
2030405060708090
100
250 275 300 325 350 375
Nº T
otal
de
Que
bras
/mês
Condutividade da Polpa (µS/cm)
Nº Total de Quebras e CondutividadePeríodo de 11 meses
95,06 95,06
94,19
93,51
94,38
93,80
94,19
94,09
95,16
94,9794,48
303
323 321
349 343332
316
297283 279
273
220
252
284
316
348
380
93,0
93,5
94,0
94,5
95,0
95,5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Con
dutiv
idad
e (µS
/cm
)
OM
E -%
Mês
Condutividade e OME Total
OME Total Condutividade da Polpa.
abertura do circuito
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
82
da planta para ser armazenada na torre de alta densidade, a 10% de consistência. O
resultado direto desta ação foi o início da estabilização do andamento das máquinas de
papel da fábrica, através de redução gradativa do número diário de quebras.
Nota-se que os resultados apresentados estão em total conformidade com a
literatura existente (Gess, 1998; Guess, 2001), que discute, dentre outros aspectos, a
influência do fechamento do circuito de água branca na retenção de cargas e finos durante o
processo de formação da folha de papel. Este fenômeno é interpretado como a ocorrência
de neutralização de cargas elétricas nas superfícies da celulose e dos agentes de retenção
utilizados (amido catiônico e sílica coloidal), pelos íons em excesso, como consequência do
fechamento do circuito, excesso este evidenciado pelo aumento da condutividade ou da
concentração de íons dissolvidos na suspensão fibrosa da polpa e, consequentemente, pelo
aumento da condutividade da água branca do processo de produção de papel. A resultante
deste processo foi perda de capacidade de adsorção das partículas eletricamente carregadas
e, consequentemente, a perda da retenção e o aumento em sua variabilidade, pela redução
da resistência dos flocos formados ao cisalhamento (Hagemeyer, 1992). Como a retenção de
cargas e finos tem relação estreita com drenagem ou desaguamento da suspensão, as
mudanças registradas na retenção influenciaram o desaguamento e, portanto a
uniformidade da folha úmida, no processo, desencadeando rupturas mais frequentes da
folha (quebras) em razão da instabilidade na drenagem.
A alteração da condutividade da celulose aconteceu com a instalação de uma
prensa, no último estágio de branqueamento de celulose, que substituiu o antigo filtro
lavador e engrossador, a vácuo. Este novo equipamento passou a demandar maior volume
de água drenada no processo de fabricação de papel (água branca), reciclada para
manutenção da consistência da massa colocada na torre de estocagem em 10%. Isto significa
fechamento ainda maior do circuito de água das máquinas de papel, que provoca a
concentração de íons solúveis e coloides no sistema. Este efeito interferiu na atividade dos
aditivos mencionados. Um plano de ação foi elaborado e implantado.
Este tipo de correlação entre variáveis, extraída de dados do próprio processo
industrial e associada a um período relativamente longo de análise, não está normalmente
registrado na literatura disponível para o processo estudado. Dentre as razões para isso
pode-se mencionar: a necessidade do acesso aos dados e do acompanhamento regular do
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
83
processo, a familiaridade com o processo e sistemas, a compreensão de eventos registrados
no período analisado, etc.; para o real entendimento das referidas interações e conclusões.
Os resultados seguintes dizem respeito à apenas uma máquina de papel,
denominada neste trabalho como MPx, que, pela natureza de seu produto/processo,
demandou ação adicional, que foi a aplicação de um polímero auxiliar de retenção, como
forma de promover maior robustez no programa de retenção drenagem (Scott, 1992; Gess,
1998).
c) Relação de causa e efeito entre Retenção de Cargas e a Produtividade da MPx
Os resultados obtidos na MPx com a introdução de poliacrilamida aniônica
(polímero de alta massa molar e média densidade de carga – cadeia linear) são ilustrados
nas Figuras 5.4 a 5.7. A aplicação inicial foi de 137 g/ton (mês 9). No 10º e 11º mês foram
dosados 219 e 243 g/ton, respectivamente. Nota-se uma estabilidade dos indicadores de
produtividade da máquina com impacto incisivo (Smook, 1992), a partir da introdução do
polímero no processo, na redução das perdas de carbonato de cálcio (Lpcc) para o efluente
(Figura 5.6) possibilitando a aplicação desta carga mineral de forma consistente no processo
(Figura 5.7). A utilização do polímero permitiu o desenvolvimento da retenção de carga
através de uma ligação mais forte entre partículas de carbonato de cálcio (PCC) e fibras, não
permitindo então a perda ou fácil liberação do PCC da folha úmida para o feltro pick up da
máquina de papel. Esta transferência descontrolada de partículas de PCC para o feltro
implica, também, em desgaste prematuro da vestimenta, em função da abrasividade do
mineral (Manson, 1995). Portanto, a referida mudança promoveu, também, o aumento da
vida útil do feltro pick up da MPx, de 30 para 45 dias. Outro grande benefício associado a
esta ação, como já mencionado, foi o da redução de variabilidade das variáveis de processo
inerentes à retenção e drenagem, como mostram os gráficos que seguem.
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
84
Figura 5.4 - Influência da retenção de cargas na produção de papel.
Figura 5.5 - Influência da retenção de cargas no Nº quebras de folha.
397,5
386,8
397,2
373,5
372,9
371,8
379,4
392,2
393
392,2
393,1
39
4342
4039
40
4544
51
5556
35
39
43
47
51
55
59
360
370
380
390
400
410
420
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Ret
ençã
o C
arga
s -%
Prod
ução
-ton
/mês
Mês
Retenção de Cargas e Produção da MPx
Produção - MPx Retenção de Cargas - MPx
abertura do circuito
aplic. polímero
6
20
17
28
2122
28
15
2015 15
39
4342
4039
40
4544
51
5556
35
40
45
50
55
60
5
10
15
20
25
30
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Ret
ençã
o de
Car
gas -
%
Nº Q
uebr
as / m
ês
Mês
Retenção de Cargas e Nº Quebras da MPx
Nº Quebras - MPx Retenção de Cargas - MPx
abertura do circuito
aplic. polímero
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
85
Figura 5.6 - Influência da retenção de cargas das perdas de CaCO3.
Figura 5.7 - Evolução da % PCC no papel.
d) Melhoria da Retenção e Drenagem e Redução de Variabilidade com aplicação de
polímero.
Os resultados, aqui apresentados, indicam a relevância da utilização de um
programa de retenção e drenagem eficiente e robusto, que permita a manutenção das
variáveis em níveis compatíveis com o processo e forte o suficiente para manter a
estabilidade apropriada daquelas variáveis. Os parâmetros apresentados nas Figuras 5.8 a
7,47,0
6,77,3
6,16,7 6,6 6,5
4,5
4,0
3,0
39
4342
4039
40
4544
51
5556
35
39
43
47
51
55
59
2
3
4
5
6
7
8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Ret
ençã
o de
Car
gas-
%
kg P
CC
/ton
pape
l
Mês
Perdas de PCC e Retenção de Cargas da MPx
Perda de PCC para Efluente Retenção de Cargas - MPx
14,8
16,1 15,9 15,9
14,7
17,6 17,6
18,3 18,1 18,4 18,4
14
15
16
17
18
19
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
% P
CC
Mês
Carga Mineral no Papel - MPx
abertura do circuito
aplic. polímero
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
86
5.12 foram analisados em dois períodos distintos, de 16 dias cada um, nas mesmas
condições de produção. O primeiro, imediatamente antes do inicio da aplicação do polímero
agente de retenção. O segundo período, com a aplicação daquele agente químico, já
consolidada.
Figura 5.8 - Efeito da aplicação do polímero (APAA) na retenção.
Figura 5.9 - Efeito do aumento da retenção na sua variabilidade (COV1σ ).
46 5878 84
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Período de 16 dias sem polímero Período de 16 dias com polímero
%
Retenção Simples Passagem - MPx
Retenção de Cargas Retenção Total
8,7
2,93,61,4
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Período de 16 dias sem polímero Período de 16 dias com polímero
CO
V1σ
-%
Variabilidade da Retenção Simples Passagem - MPx
Retenção de Cargas Retenção Total
- 67 %
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
87
Figura 5.10 - Efeito da retenção na drenabilidade da polpa.
Destes resultados, nota-se que, por exemplo, a redução de variabilidade nas
variáveis de retenção de cargas e finos e na drenabilidade da polpa (°Freeness) está
associada ao nível da retenção. Em especial, a Figura 5.10 mostra que, apesar da massa ter
sido mais refinada (°CSF: 430 ml), no segundo período, a drenabilidade da suspensão,
medida em amostras da a caixa de entrada, aumentou de forma significativa (°CSF: 471 ml).
Este último valor é influenciado pela refinação e pelo grau de floculação promovido pelo
programa de retenção e drenagem. Outra clara evidência do efeito do polímero no processo,
mostrada na Figura 5.11, foi a de redução do coeficiente de variação (COV) da drenabilidade
na caixa de entrada, de maneira importante, sem ter sido influenciada pela variabilidade da
massa refinada, cujo COV não se alterou. Tal fenômeno é traduzido como robustez do
sistema de retenção e drenagem, alcançada com o aumento do nível de retenção de cargas,
alcançada, principalmente, pela introdução de um polímero (Hagemeyer, 1992; Gess, 1998).
Por fim, percebe-se a partir da Figura 5.12, o efeito do aumento da retenção de
cargas na redução do carbonato solúvel na água branca ou drenada na zona de formação da
máquina de papel, indicado pela diminuição de sua alcalinidade - Alc (T428 om-13, 2013) e,
também, da variabilidade desta variável na água branca.
455471
448430
400
410
420
430
440
450
460
470
480
Período de 16 dias sem polímero Período de 16 dias com polímero
CSF
(ml)
°Freeness Médio (°CSF) - MPx
Caixa de Entrada Refinadores
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
88
Figura 5.11- Efeito da retenção na variabilidade da °CSF (COV1σ ).
Figura 5.12 - Efeito da retenção na alcalinidade (Alc) na sua variabilidade.
Para a mitigação da causa do problema estudado nesta análise, considerou-se a
imediata abertura do circuito de água das máquinas de papel, pela adição de um
determinado volume de água fresca, na diluição da polpa oriunda da prensa e, também, a
adição de um polímero de retenção (poliacrilamida aniônica-APAA), no processo da máquina
que apresentou maior sensibilidade ao problema (Gess, 1998). Esta última medida
promoveu significante aumento da retenção de sólidos e redução de sua variabilidade,
significando um sistema de retenção mais robusto ou menos sensível às variações do
processo.
5,7
3,43,3 3,4
0
1
2
3
4
5
6
Período de 16 dias sem polímero Período de 16 dias com polímero
CO
V1σ
-%
Variabilidade do °Freeness - MPx
Caixa de Entrada Refinadores
- 40%
199151
12
6
0
2
4
6
8
10
12
14
0
50
100
150
200
250
Período de 16 dias sem polímero
Período de 16 dias com polímero
CO
V1σ
-%
ppm
. CaC
O3
Alcalinidade da Água Branca - MPx
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
89
5.5 - Conclusões
Resumidamente, pode-se ressaltar que os resultados desta análise convergem às
seguintes afirmações:
a) O número total de quebras das máquinas foi reduzido conforme o objetivo proposto (40
quebras/mês) e o OME total de todas as máquinas (“Overall Machine Efficiency”)
aumentou de 94,0 para 94,9 %;
b) As perdas de PCC (Lpcc), para o efluente, foram reduzidas de 6,5 para 3,5kg de PCC/ton, na
MPx;
c) A vida do feltro pick-up, da MPx, foi estendida de 30 para 45 dias, com potencial para 50
dias;
d) A % PCC no papel da MPx, alcançou valores consistentes acima de 18%.
Conclui-se que o número total de quebras de folha, nas quatro máquinas de papel,
estava sendo influenciado, significativamente, pela mudança na condutividade da polpa e foi
sensivelmente reduzido através da redução da condutividade da polpa.
O fechamento do circuito de água branca, imposto pela implantação de um novo
projeto na planta de celulose (fábrica integrada), implicou na concentração de eletrólitos no
processo de fabricação de papel, interferindo na eficiência dos agentes de retenção e,
consequentemente, na estabilidade do processo de retenção e drenagem das máquinas
(Gess, 2001; Manson, 1995). Ressalta-se aqui, que os programas de retenção, então
utilizados, apresentavam certa vulnerabilidade para o fenômeno descrito, pelo fato de
terem apenas amido catiônico e sílica coloidal como componentes. Portanto, a abertura do
circuito, foi necessária, no curto prazo, para restabelecimento do nível anterior de
condutividade da polpa. A alteração da condutividade da celulose aconteceu com a
instalação de uma prensa, no último estágio de branqueamento de celulose, que substituiu
o antigo filtro lavador e engrossador, a vácuo. Este novo equipamento passou a demandar
maior volume de água drenada no processo de fabricação de papel (água branca), reciclada
para manutenção da consistência da massa colocada na torre de estocagem em 10%. Isto
significa fechamento ainda maior do circuito de água das máquinas de papel, que provoca a
concentração de íons solúveis e coloides no sistema. Este efeito interferiu na atividade dos
aditivos mencionados. Um plano de ação foi elaborado e implantado. Essencialmente,
considerou-se a imediata abertura do circuito de água das máquinas de papel, pela adição
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose
90
de um determinado volume de água fresca, na diluição da polpa oriunda da prensa e,
também, a adição de um polímero de retenção, no processo da máquina.
A adição de um polímero (poliacrilamida aniônica-APAA) para promover floculação
na MPx, possibilitou significante aumento da retenção de cargas e a redução de sua
variabilidade, tornando seu processo mais estável e menos sensível às variações oriundas do
processo de fabricação de celulose(Gess, 1998). Esta nova condição da química da parte
úmida favoreceu a ancoragem das partículas de carbonato de cálcio às fibras, reduzindo
significativamente a chance de se soltarem, quando a folha úmida formada encontra a
superfície do feltro pegador ou feltro “pick up”, deteriorando-o prematuramente em razão
da abrasividade da carga mineral, além de aumentar a perda de carbonato de cálcio para o
efluente, através da água de limpeza do feltro.
A preocupação com a interferência de agentes de retenção na formação da folha de
papel está sempre presente, em razão da floculação inerente ao processo de
desenvolvimento da retenção de partículas finas. Neste estudo, mais especificamente no
caso da máquina em que foi adicionado o polímero, não foi diferente. A formação da folha
foi monitorada e mantida em nível aceitável, praticamente, equivalente ao anterior.
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
91
Capítulo 6 - Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula
orgânica por sílica coloidal
6.1 - Introdução
A motivação para este estudo foi deficiência e a limitação para desaguamento ou
drenagem apresentada pela máquina de papel, evidenciadas pelo teor de sólidos da folha
úmida, relativamente baixo na saída da zona de formação e também na saída da seção de
prensas.
Os fundamentos teóricos mostram que, para o bom desempenho de uma máquina
de papel, em especial para aquelas de maior velocidade, o teor de sólidos da folha que deixa
a seção de prensas deve alcançar valores compatíveis com as referências práticas bem
conhecidas (TIP 0404-47, 2011). Neste caso específico, as características principais da
máquina e do processo encontram-se na Tabela 6.1., a expectativa para este parâmetro é de
se alcançar valores maiores ou iguais a 44% de sólidos. Desta forma, a folha úmida alcançará
resistência suficiente para suportar a tensão imposta para o seu transporte através da
máquina de papel.
Os recursos mecânicos disponíveis para a aceleração do desaguamento da folha
foram explorados, antes da substituição da micro-partícula, como o exemplo da intensidade
de aplicação de vácuo na zona de formação, o desenvolvimento de feltros úmidos com
características mais apropriadas, aumento da pressão do vapor na caixa de vapor, etc.
Entretanto, permanecia ainda a restrição para a aceleração da drenagem e consequente
melhoria do desempenho da máquina de papel.
Moberg (1991) aponta que a utilização de sílica facilitará, também, a drenagem,
durante a prensagem ou consolidação da folha úmida. Pelo fato da sílica ser uma partícula
inorgânica de área específica superior àmicro-partícula orgânica, até então em uso, na
máquina de papel em questão, testes laboratoriais, comparativos, de retenção e drenagem
foram previamente conduzidos, cujos resultados suportaram a realização de um teste
industrial.
As principais características da máquina e processo deste estudo são apresentadas
na Tabela 6.1.
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
92
Tabela 6.1 – Características da máquina e processo em análise.
O desenho esquemático de um formador do tipo “Gap Former” é mostrado
na Figura 6.1, cuja principal característica é o lançamento do jato de massa no espaço ou
“gap” entre duas telas formadoras. É importante frisar que existem diferentes desenhos
para este tipo de formador.
Figura 6.1 – Desenho esquemático de um “Gap Former”. (Thorp, 1998).
Gap Roll/Blade
Máquina
de Papel
Fabricante Voith Máquina e Equipamentos - Brasil
Ano de instalação 1992
Velocidade 1100 mpm
Largura do rolo Jumbo 4700 mm
Papel Imprimir e Escrever
Gramatura 75 g/m2
Taxa de produção 23,3 ton/h
Caixa de Entrada Hidráulica
Formador Gap Former (ex.: Figura 6.1)
Seção Prensas Tri-Nip + 4ª Prensa; Caixa de Vapor
Processo
pH caixa entrada 8.0
Sistema de Retenção
Amido Catiônico – Fécula de Mandioca
Poliacrilamida Aniônica.
Micro-partícula
Grau de Refinação 40 °SR (Shopper Riegler)
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
93
6.2- Métodos e equipamentos
- Norma ISO 5267-1, “Pulps Determination of drainability - Part 1: Schopper-Riegler method”,
1999. Determinação da drenabilidade de suspensão de polpa de celulose em água,
utilizando-se do método “Shopper Riegler”. O teste Schopper Riegler fornece uma medida da
taxa na qual uma suspensão diluída de polpa pode ser desaguada. A drenabilidade da polpa
de celulose está relacionada com as condições da superfície e o inchamento das fibras,
significando um indicador valioso da quantidade de tratamento mecânico ao qual a polpa de
celulose foi submetida.
- Norma TAPPI - T 211 om-12 – “Ash in wood, pulp, paper and paperboard: combustion at
525°C”, 2012. Determinação de cinzas em todos os tipos e classes de papel feito a partir de
polpa de madeira e seus derivados.
Norma TAPPI - T 240 om-12 – “Consistency (concentration) of pulp suspensions”, 2012.
Medição da consistência ou concentração da suspensão aquosa de fibras. É aplicável às
suspensões com consistência até 25%.
- Informação Técnica TAPPI -TIP 0502-13 – “Retention definitions”, 2010. Define o significado
de termos comumente usados no processo de fabricação de papel: retenção
- Norma TAPPI - T 536 om 12 – “Resistance of paper to passage of air” (“high-pressure Gurley
Method”), 2012. Medição do tempo requerido para que certo volume de ar passe através da
amostra de papel sendo testada. A pressão do ar é gerada por um cilindro
gravitacionalmente carregado, que captura um volume de ar dentro de uma câmara com
selo líquido.
- Norma TAPPI T-261 cm-10 – “Fines fraction by weight of paper stock by wet screening”,
2010. Medição do conteúdo percentual de finos, em peso, de amostras de massa de papel
ou de suspensão através de um classificador de peneira única. Um procedimento modificado
permite usar o aparelho para mediar a tendência da fração de finos em ser retida por uma
fração de fibras sob condições de turbulência controladas ou graduadas. O aparelho
recomendado é o Jar Test (Figura 2.8).
- Medição na própria máquina - Passe. O passe é a diferença de velocidade entre os
acionamentos de seções subsequentes de uma máquina de papel, normalmente expresso
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
94
em percentagem. Tal diferença existe como compensação para o alongamento sofrido pela
folha de papel, quando é tracionado da seção anterior para a posterior.
- Medição na própria máquina - Consumo específico de vapor. Razão entre o consumo
horário de vapor para secagem da folha e a produção horária da máquina de papel.
Normalmente expresso em kg de vapor/kg papel.
6.3 - Equações
Retenção de simples passagem:
RSP = 100 x (Cce – Cab)/Cce (6.1)
6.4 – Resultados
6.4.1 - Ensaios laboratoriais
O ensaio laboratorial foi conduzido para avaliar a sensibilidade dos dados de
retenção e drenagem em relação às alterações na dosagem da sílica bem como aos
resultados alcançados com a utilização da micro-partícula orgânica, até então, em uso na
máquina de papel em estudo.
Os resultados apresentados na Figura 6.2 indicaram que, com a introdução da sílica
coloidal no processo, seria possível desenvolver retenção de cargas e finos, assim como a
drenagem da suspensão (Fd), durante a formação da folha nos mesmos níveis alcançados
com a micropartícula orgânica, além de recurso para melhoria destes parâmetros com
incrementos em sua dosagem específica. Com o trabalho prévio, em laboratório, foi possível
verificar que a substituição proposta seria factível e sem grande risco ao processo produtivo.
Além disso, experiências com outras máquinas de papel, em processo semelhante,
corroboravam esta última afirmação, sobre o risco ao processo.
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
95
Figura 6.2 - Efeitos da aplicação de sílica na retenção e drenagem (Fd).
6.4.2 - Teste Industrial
A micropartícula orgânica, uma poliacrilamida aniônica de cadeia ramificada que
estava em uso regular no processo, foi substituída pela sílica coloidal (micropartícula
inorgânica), no mesmo ponto de aplicação, ou seja, após a peneira pressurizada ou
depurador primário.
Condições do experimento:
- Referência: micropartícula orgânica dosada à razão de 440 g/ton.
- Experimento: Sílica + Polímero (APAA – «anionic polyacrilamida») nas dosagens de
2,5 kg/ton e 90 g/ton, respectivamente.
- Velocidade da Máquina : 1085 mpm.
- Gramatura : 75 g/m2
- PCC no papel : 18 %
- Outros parêmetros : inalterados
6.4.3 - Resultados
Os resultados obtidos da análise desenvolvida neste capítulo são apresentados a
seguir, na forma gráfica. O primeiro gráfico (Figura 6.3), mostra, em especial, o momento em
que a micropartícula orgânica foi substituída pela sílica coloidal.
10
12
14
16
18
20
22
35
40
45
50
55
60
65
Micro-Partícula Orgânica 200 g/ton
1 2 3 4
Dre
nage
m -
gH20
/sec
Ret
ençã
o C
arga
-%
Sílica kg/ton
Efeito da Sílica na Drenagem - LaboratórioSílica + 200 g Polímero/ton papel
Retenção de Carga Drenagem
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
96
Figura 6.3 – Momento da interrupção da micropartícula orgânica.
Conforme indicado na Figura 6.3, o experimento em fase industrial teve início às
11:30 h do primeiro dos três dias analisados, sendo que as primeiras 11 horas deste mesmo
dia serviram de referência para as análises comparativas que se seguiram. A sílica é
fornecida e armazenada a 15% de concentração (% de sólidos) e diluída seis vezes, em linha,
para então ser injetada na parte constante da máquina de papel, imediatamente após o
depurador primário. A substituição da micropartícula orgânica pela aplicação de sílica
aconteceu de forma gradativa, numa operação que durou, aproximadamente, três horas.
Entretanto, nota-se pelos resultados apresentados nos gráficos, que o processo tomou um
tempo maior para a completa estabilização e ajustes para a nova condição.
Na Figura 6.4, observa-se a redução gradual do passe (%) entre a 3ª e 4ª prensas,
ajustado pelo operador. Esta redução fez-se necessária em razão do aumento de tensão da
folha úmida que, pela primeira vez em seu percurso se encontra sem sustentação. A
tendência de aumento de tensão da folha, percebida visualmente pelo operador, devido ao
fato da folha estar alongando menos, assim como a redução do consumo específico de
vapor (Cv), conforme evidenciado na Figura 6.5, são indicadores operacionais e de processo
inerentes ao aumento do teor de sólidos da folha úmida, deixando a 3ª prensa da máquina
de papel em estudo e, consequentemente, do aumento do desaguamento ou de drenagem
da folha durante o processo de formação e prensagem, confirmando a expectativa da
proposta (Moberg, 1991).
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
97
Figura 6.4 - Passe (%) entre a 3ª e 4ª prensas.
Figura 6.5 – Consumo específico de vapor - Cv.
A evidência do aumento do teor de sólidos na saída da prensa é apresentada na
Figura 6.6, cujos valores desta variável só são conseguidos a partir de eventuais quebras da
folha ou interrupção da produção, provocadas por algum distúrbio operacional ou de
processo, durante os quais é possível a coleta de amostras em dois pontos transversais da
folha úmida, seguindo procedimento técnico pré-definido (TIP 0404-01, 2002). Portanto, são
pontos eventuais, mas de grande importância na interpretação dos resultados. O aumento
do valor desta variável é, talvez, a principal busca do fabricante de papel para a garantia da
produtividade da máquina. É sempre um ponto de muita atenção, se não o de maior
atenção, por parte do operador da máquina de papel. Nesta região, a folha úmida funciona
de maneira semelhante à de um fusível elétrico, como a parte mais suscetível à ruptura em
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
98
caso de um esforço excessivo, sendo, portanto, a primeira a se romper (quebra).
Logicamente, quanto mais úmida a folha, maior a probabilidade de ruptura.
Figura 6.6 – Teor de sólidos da folha na saída da 3ª prensa.
T. Seco 3ª Pr. Co: Teor seco (%) da folha que deixa a 3ª prensa da máquina, cuja
amostra foi coletada à, aproximadamente, 50 cm da borda da folha, do lado de comando
(Co.) ou de operação da máquina.
T. Seco 3ª Pr. Tr: teor seco (%) da folha que deixa a 3ª prensa da máquina, cuja
amostra foi coletada à, aproximadamente, 50 cm da borda da folha, do lado da transmissão
(Tr.) ou de acionamento da máquina.
O consumo específico de vapor e o teor de sólidos da folha, apresentados nas
Figuras 6.5 e 6.6, respectivamente, são variáveis interdependentes, ou seja, o consumo
específico de vapor da máquina é função do teor de sólidos. Assim, estes resultados atestam
o efeito da alteração feita no processo. As Figuras 6.7 e 6.8 refletem, também, evidências de
mudanças que ocorreram no processo e no papel produzido em função da introdução da
sílica no sistema. A Figura 6.7 mostra a redução do grau Schopper Riegler - °SR (ISO 5267-1,
1999), medido na suspensão da caixa de entrada. Esta variável indica o grau de
drenabilidade da suspensão, que será maior na medida em que seu valor numérico é
reduzido. Da mesma forma, a Figura 6.8 deixa clara a ação da nova micro-partícula na
porosidade (Pe) ou permeabilidade do papel, ratificando a sua maior capacidade de liberação
da água da folha nas diferentes seções da máquina de papel através de alteração da sua
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
99
estrutura (Moberg, 1991; Nilsson, 1994), deixando canais ou microporos para a passagem da
água.
Numericamente, a relação identificada entre o ganho do teor de sólidos na saída da
Prensa (+1,5 ponto percentual) e a redução no consumo de vapor (- 7,25%) está dentro do
esperado, uma vez que, teoricamente, a expectativa é de economizar 4% em vapor para
cada ponto percentual aumentado no teor de sólidos na saída da seção de prensas (Thorp,
1998).
Figura 6.7 - Grau Schopper Riegler - caixa de entrada.
Figura 6.8 – Permeabilidade da folha à passagem de ar.
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
100
6.5 – Conclusões
Os resultados apresentados nesta análise remetem às afirmações que se seguem:
a) Aumento do teor de sólidos da folha, na saída da 3ª prensa, de 42 para 43,5%.
b) Redução de passe da 3ª para a 4ª prensa, de 3,0 para 2,45%.
c) Redução do consumo específico de vapor, de 2,07 para 1,92 kg vapor/kg papel.
d) Redução do grau Schopper Riegler (ISO 5267-1, 1999) da massa da caixa de entrada de 33
para 29,5 ml, significando o aumento da drenabilidade da suspensão.
e) Redução da permeabilidade da folha ao ar - Pe (porosidade Gurley), de 12 para 10,2
seg./100ml (T 536 om 12, 2012).
No experimento analisado, ficou demonstrada a influência positiva da substituição
da micro-partícula orgânica por sílica coloidal na drenagem da folha no extremo úmido da
máquina de papel em estudo. Conforme a expectativa baseada em relatos da literatura
(Moberg, 1991; Nilsson, 1994), o fato é evidenciado tanto pelos resultados preliminares
obtidos em laboratório como pelas mudanças registradas nos valores ou patamares dos
principais indicadores operacionais inerentes à alteração promovida no processo. Trata-se
da evidência prática da chamada drenagem química, alcançada com o auxilio de um agente
químico, no caso a sílica coloidal. Este efeito atendeu ao objetivo proposto que, pelo fato da
máquina em estudo estar limitada para desenvolvimento da drenagem mecânica, foi de
aumentar sua capacidade de drenagem, pela ação de um agente químico que,
consequentemente, a sua produtividade.
A micropartícula tem pelo menos duas funções no processo, que são: auxiliar no
mecanismo de retenção de finos e contribuir no desenvolvimento da drenagem, sendo esta
última explorada nesta análise. Entretanto, a retenção de cargas (finos) foi mantida no
mesmo patamar inicial, sem nenhuma dificuldade. A melhoria do processo envolveu custos
equivalentes com o benefício adicional do aumento de drenagem (produtividade),
anteriormente demonstrado.
O fenômeno descrito foi confirmado, posteriormente, em duas outras
oportunidades, durante tentativas de se reverter a mudança, visando utilização de um
programa de retenção de menor custo. Os resultados foram na direção oposta a estes
apresentados neste trabalho, ou seja, registro de maior consumo de vapor para secagem da
Capítulo 6 – Estudo #3: análise do efeito da substituição de micropartícula orgânica por sílica coloidal
101
folha, culminando com a necessidade de redução da velocidade da máquina de papel,
devido à limitação de fluxo de vapor disponível.
A interpretação do resultado obtido nesta análise pode-se atribuir à maior atividade
das partículas de sílica, em função da dimensão da partícula que proporciona área superficial
muito elevada, bem como a alta densidade de carga, relativamente à micropartícula
orgânica anteriormente utilizada (Gess, 1998).
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
102
Capítulo 7 - Estudo #4: análise dos efeitos combinados da redução do grau de
refinação da polpa e do aumento da carga de prensagem
7.1 - Introdução
Outro importante estudo de melhoria contínua, incluído neste trabalho, tem o
propósito semelhante ao do anterior, ou seja, minimizar as restrições ainda existentes para
promover liberação de água da suspensão fibrosa durante a produção do papel, porém
fazendo uso de outros meios disponíveis naquela mesma máquina. Com a intenção exclusiva
de garantir a produtividade da máquina de papel, ou seja, de evitar quebras da folha, os
valores praticados para duas variáveis do processo foram motivo de atenção, por estarem
muito diferentes daqueles já conhecidos e colocados em prática, para processos e máquinas
similares. Essas variáveis são: o grau de refinação das fibras -°SR - Schopper Riegler (ISO
5267-1, 1999) e a carga de prensagem, definida como a pressão linear na 3a prensa.
O grau de refinação das fibras é obtido por meio de uma avaliação laboratorial da
natureza física das fibras e indica quão livre encontra-se a água para ser liberada das fibras
durante um processo de formação de folha. Valores médios iniciais desta variável
encontravam-se entre 45 – 50 °SR, sendo que as referências práticas de comparação para
máquinas e processos similares, da própria corporação proprietária da máquina em estudo,
estavam entre 25 e 35 °SR. Um nível elevado do grau de refinação traz sérias limitações para
o processo, tais como: perda da capacidade das fibras para liberação da água
(desaguamento mecânico e evaporação); aumento do passe, aumento do consumo
específico de vapor para a secagem do papel, instabilidade dimensional do papel com
absorção ou perda de água para o ambiente em que é utilizado, perda de volume específico
do papel, etc. A outra variável identificada como potencial de melhoria foi a pressão linear
da 3ª prensa, que estava em apenas 90 kN/m sendo que as referências práticas mostram
valores na faixa de 110 – 120 kN/m, em máquina e processos semelhantes da própria
corporação proprietária da máquina de papel em estudo.
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
103
A proposta deste estudo de melhoria é de redução do grau de refinação das fibras
para aumento da capacidade de drenagem da máquina de papel em estudo e concomitante
aumento da pressão de prensas, em especial da 3ª prensa, como forma de compensação da
perda de resistência da folha, objetivando as faixas de referência mencionadas para cada
uma das duas variáveis descritas.
A redução da intensidade ou grau de refinação das fibras é sempre desafiadora, do
ponto de vista operacional, porque o efeito primário e clássico da refinação é o aumento das
resistências da folha (Lumiainen, 1998), as quais estão sempre associadas ao desempenho
produtivo da máquina de papel. Por outro lado, na medida em que a fibra é refinada, sua
capacidade de liberar água é reduzida. Acredita-se que a combinação da redução do grau de
refinação com o aumento da carga de prensagem se trata de uma sinergia, uma vez que a
fibra menos refinada liberará mais facilmente água, que por vez será submetida a pressões,
ainda maiores para expulsão da água contida entre fibras, desenvolvendo, assim, melhoria
na consolidação da folha úmida, que resulta em aumento do teor de sólidos e,
consequentemente, no aumento da resistência da folha de papel.
A análise dos resultados e conclusões extraídas dos dados obtidos nos testes
industriais serão, analogamente ao projeto anterior, a forma de demonstração de seu êxito.
Além disso, será analisado o histórico de longo prazo dos mais importantes indicadores, para
demonstração da efetividade das mudanças propostas. Os principais indicadores
acompanhados foram: o passe e o teor de sólidos da folha que deixa a seção de prensas,
além do teor de sólidos na saída da zona de formação, velocidade da máquina; consumo
específico de vapor e o número de quebras/mês, propriedades do papel.
7-2 - Métodos e equipamentos
- Norma ISO 5267-1, “Pulps Determination of drainability - Part 1: Schopper-Riegler
method”, 1999. Determinação da drenabilidade de suspensão de polpa de celulose em água,
utilizando-se do método Schopper Riegler. O teste Schopper Riegler é fornece uma medida
da taxa na qual uma suspensão diluída de polpa pode ser desaguada. A drenabilidade da
polpa de celulose está relacionada com as condições da superfície e o inchamento das fibras,
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
104
significando um indicador valioso da quantidade de tratamento mecânico ao qual a polpa de
celulose foi submetida.
- Norma TAPPI - T 211 om-12 – “Ash in wood, pulp, paper and paperboard: combustion at
525°C”, 2012. Determinação de cinzas em todos os tipos e classes de papel feito a partir de
polpa de madeira e seus derivados.
- Norma TAPPI - T 240 om-12 – “Consistency (concentration) of pulp suspensions”, 2012.
Medição da consistência ou concentração da suspensão aquosa de fibras. É aplicável às
suspensões com consistência até 25%.
- Norma TAPPI - T 403 om-10, 2010, “Bursting strength of paper” (“Mullen Test”). Medição
da resistência máxima do papel e produtos de papel ao estouro, na faixa de 50 a 1200 kPa (7
a 175 psi), na forma de folhas planas com espessura até 0,6 mm ( 0,025 in.).
- Informação Técnica TAPPI -TIP 0502-13 – “Retention definitions”, 2010. Define o significado
de termos comumente usados no processo de fabricação de papel: retenção
- Norma TAPPI - T 536 om 12 – “Resistance of paper to passage of air” (“high-pressure Gurley
Method”), 2012. Medição do tempo requerido para que certo volume de ar passe através da
amostra de papel sendo testada. A pressão do ar é gerada por um cilindro
gravitacionalmente carregado, que captura um volume de ar dentro de uma câmara com
selo líquido.
- Norma TAPPI - UM 256 – “Water retention value” (WRV), 2015. Medição da água retida por
uma amostra de polpa úmida após ser centrifugada sob condições padrão. Este valor pode
ser uma ferramenta útil na avaliação no desempenho de uma polpa quanto ao seu
comportamento de drenagem numa máquina de papel.
- Informação Técnica TAPPI - TIP 0404-47 – “Paper machine performance guidelines”, 2011.
Funcionários de companhias de papel, fornecedores de vestimentas para máquinas de
papel, consultores e outros têm desenvolvido parâmetros de referência de performance
para máquinas de papel, cuja efetividade tem sido comprovada para avaliação do
desempenho de máquinas de papel. Este documento de informação técnica lista tais
parâmetros para a maioria das classes de papel e oferece sugestões para aplicação.
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
105
- Indicação na própria máquina - Pressão linear das prensas da máquina de papel. Força total
aplicada no rolo da prensa dividido pelo comprimento do rolo (nip) em contato com o rolo
de contra pressão. A força é determinada com a pressão hidráulica medida através de
manômetros dos pistões que aplicam força nas pontas de eixo.
- Indicação na própria máquina - Velocidade da máquina de papel. Determinada através do
gerador de pulsos marca Leine Linde, de 1000 pulsos.
- Registros Operacionais, Nº Quebras da Folha. Registra a data, horário e o tempo não
produtivo, referentes a cada quebra de folha da máquina de papel, além de informações
complementares inerentes ao processo de fabricação.
- Medição na própria máquina - Passe. O passe é a diferença de velocidade entre os
acionamentos de seções subsequentes de uma máquina de papel, normalmente expresso
em percentagem. Tal diferença existe como compensação para o alongamento sofrido pela
folha de papel, quando é tracionado da seção anterior para a posterior.
- Medição na própria máquina - Consumo específico de vapor. Razão entre o consumo
horário de vapor para secagem da folha e a produção horária da máquina de papel.
Normalmente expresso em kg de vapor/kg papel.
7.3 – Resultados
A redução da intensidade ou grau de refinação das fibras, de uma forma geral, é
sempre desafiadora no processo de produção de papel. Isto, porque o efeito primário e
clássico da refinação é o aumento das resistências da folha (Lumiainen, 1998), as quais estão
sempre associadas ao desempenho produtivo da máquina de papel. Por outro lado, na
medida em que a fibra é refinada, sua capacidade de liberar água é reduzida. Portanto, é
preciso encontrar uma solução de compromisso entre essas variáveis, pois reduzir
drenabilidade significa perder produtividade, na grande maioria das vezes.
A filosofia adotada e proposta nesta de melhoria do processo foi de atuação
combinada, das duas variáveis, ou seja, reduzir o grau de refinação das fibras e, ao mesmo
tempo, aumentar a carga de prensagem. É importante ressaltar que o aumento de pressão
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
106
só foi possível porque a máquina de papel em estudo apresentava, ainda, recursos para
aumento da carga das prensas. Existem máquinas onde esta operação não é possível pelo
fato da pressão das prensas já terem alcançado seu limite mecânico de segurança. Com esta
última, a expectativa foi de incrementar a consolidação da folha e, consequentemente, a
porcentagem de sólidos da folha (Reese, 1999) buscando-se, assim, compensação de perdas
de resistência da folha imposta pela primeira ação. Acredita-se tratar de uma de sinergia,
uma vez que a fibra menos refinada liberará mais facilmente água, que por vez será
submetida a pressões ainda maiores para expulsão de água da folha. Medidas
complementares para a busca do objetivo proposto foram gradualmente implantadas, antes
dos experimentos descritos, para viabilização das ações propostas. Os experimentos foram
conduzidos em escala industrial e os resultados obtidos são apresentados e discutidos a
seguir.
7.3.1 - Teste Industrial Nº1
a) Objetivo
Aumentar o teor de sólidos, na saída da 3ª prensa em, pelo menos, três pontos percentuais
através da redução do grau de refinação da polpa e, ao mesmo tempo, aumentar a pressão
da 3ª prensa.
b) Condições básicas de máquina e processo
- Velocidade da MP: 1090 mpm
- Fibra: 100% suspensão de fibra de eucalipto.
- Papel produzido: “Copy Paper” 75 g/m2.
- Carbonato de cálcio no papel: reduzido de 17 para 10%.
- Duração do teste: 8 horas.
c) Resultados
O resumo dos resultados alcançados nesta análise é apresentado na Tabela 7.1.
Observa-se que a redução do grau de refinação realizada foi de 11 pontos (43 para 32 °SR)
foi expressiva e conforme o planejado, da mesma forma, o aumento da pressão linear da 3ª
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
107
prensa de 90 para 110 kN/m. Alterações de parâmetros de uma máquina de papel em
regime de produção, como estas conduzidas no teste, requerem em primeiro lugar, um
planejamento bem elaborado e muita disciplina operacional, para que o risco de perda de
produção seja mínimo, como o registrado. Obviamente, outras variáveis de interesse foram
monitoradas e corroboraram para a influência das mudanças propostas nos dois parâmetros
mencionados para se alcançar o objetivo proposto para esta análise.
Tabela 7.1 - Resumo dos resultados do teste industrial Nº1.
Parâmetro Unidade Controle Teste
Grau de Refinação - Schopper Riegler -°SR mL 43 32
Energia Líquida de Refinação - Er kWh/ton 85 55
Índice de Retenção de Água - WRV g/100g 240 210
Grau SR na Caixa de Entrada mL 35 25
Teor de Sólidos na Saída do Rolo “Couch” % 19 20
Pressão Linear da 3ª Prensa kN/m 90 110
Teor de Sólidos na Saída da 3ª Prensa % 40 43
Passe da 3ª para 4ª Prensa % 3,1 2,6
Pressão do Vapor da pré-Secagem - Pv psi 300 260
Teor de Carga Mineral no Papel % 17 10
Resistência ao Estouro - Mullen kPa 230 300
Porosidade Gurley Seg./100mL 11,5 8,5
d) Conclusões
A avaliação dos resultados do teste industrial Nº 1, desta análise, leva às seguintes
conclusões:
1) As ações de redução do grau de refinação - °SR e aumento da pressão da 3ª prensa
proporcionaram o aumento do teor de sólidos da folha, em três pontos percentuais.
2) A energia líquida de refinação (Er) aplicada às fibras foi reduzida em 35%, significando
importante potencial de redução de custo variável.
3) Variáveis como índice de retenção de água (WRV), sólidos na saída da zona de formação,
passe da 3ª para 4ª prensa, consumo de vapor e porosidade do papel, se alteraram em
função das mudanças realizadas, conforme as expectativas.
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
108
4) O passe entre a 3ª e 4ª prensas apresentou redução expressiva, de 3,1 para 2,6 %.
5) A redução, inicial, do teor de carbonato de cálcio no papel, como forma de preservação
das resistências da folha durante o teste, mostrou-se desnecessária, em parte, pois não
só preservou como aumentou a resistência da folha ao estouro.
A redução do carbonato de cálcio influenciou de forma negativa o alcance do
objetivo, pois é sabido que a carga mineral, ao contrário da fibra de celulose, não tem
afinidade ou avidez por água e, portanto, auxilia no desaguamento da folha e na evaporação
de água na etapa de secagem (26- Laufmann, 1998). O carbonato de cálcio facilita o
desaguamento e a evaporação de água da folha. Esta medida foi planejada como uma forma
de prevenir ou compensar qualquer distúrbio na resistência da folha úmida, com
consequências na produtividade da máquina, durante o experimento, que pudessem ocorrer
em razão da redução do grau de refinação. Entretanto, nota-se que apesar deste efeito, foi
possível identificar também o efeito resultante das medidas principais no teor de sólidos na
saída da 3ª prensa (Reese, 1999), bem como no passe da 3ª para a 4ª prensa, reforçados por
outras evidências como: o índice de retenção de água da polpa – WRV (Busker, 1982), o grau
de drenabilidade da suspensão na caixa de entrada, o teor de sólidos da folha úmida que
deixava a zona de formação (“saída do rolo couch”), a pressão de vapor da pós-secagem, e a
própria porosidade do papel.
7.3.2 - Teste industrial Nº2
a) Objetivo
Avaliar efeitos da redução do grau de refinação da polpa, de 40 para 35 °SR,
combinado com o aumento da pressão linear da 3ª prensa, de 90 para 110 kN/m, no passe
da 3ª para a 4ª prensa, nas resistências e porosidade do papel.
b) Condições básicas de máquina e processo
- Velocidade da MP: 1114 mpm
- Fibra: 100% suspensão de fibra de eucalipto.
- Papel produzido: “Copy Paper” 75 g/m2.
- Carbonato de cálcio no papel: 17 %.
- Duração do teste: 5 horas.
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
109
c) Resultados
Os registros dos dados de processo e de qualidade, referentes ao experimento
desenvolvido, são apresentados nas Figuras 7.1 e 7.2. A partir delas foi possível a
visualização precisa do fenômeno proposto no estudo, que consistiu em se combinar a
redução do grau de refinação da polpa (ISO 5267, 1999) e o aumento da carga da 3ª prensa,
como forma de compensação da perda de resistência da folha úmida provocada pela
primeira mudança. Estas alterações foram feitas de forma gradual e quase que simultânea.
O resultado imediato foi que o andamento da máquina ficou inalterado e o passe entre as
últimas duas prensas foi reduzido, indicando que a folha úmida que deixava a 3ª prensa
estava mais resistente, ou seja, menos úmida (Reese, 1999).
Figura 7.1 - Efeito da prensagem na resistência ao estouro,
durante redução do grau de refinação.
d) Conclusões
A partir dos resultados obtidos no teste industrial Nº2, concluiu se que as
expectativas embasadas nos conceitos teóricos foram confirmadas, conforme verificadas na
sequência.
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
110
Figura 7.2 - Efeito da prensagem no passe entre a 3ª e 4ª prensas e na porosidade do papel,
durante redução do grau de refinação.
1) O aumento da pressão linear da 3ª Prensa reverteu a tendência de queda da resistência
do papel ao estouro - Mullen (39-Reese, 1999) provocada pela redução do grau de
refinação da polpa -°SR (Lumiainen, 1998), conforme revela a Figura 7.1.
2) O experimento demonstrou claramente a tendência de redução do passe da 3ª para a 4ª
prensa com a redução da refinação e aumento de prensagem (Figura 7.2), o que é uma
evidência de que a folha deixou a 3ª prensa com maior teor de sólidos, indicando
grande potencial para melhoria do desempenho da produção de papel através de
redução do potencial de quebras e aumento de velocidade (Reese, 1999).
3) A tendência de queda da porosidade Gurley, (tendência para folha mais permeável à
passagem de ar ou mais aberta), provocada pela redução do grau de refinação (Clark,
1978), foi revertida na medida em que a pressão da 3ª prensa evoluiu, consequência do
aumento da consolidação da folha (Figura 7.2) e fechamento de poros da folha.
Os resultados anteriormente apresentados corroboram a proposta do estudo de
melhoria no desaguamento da folha, no extremo úmido da máquina de papel, com a
redução do grau de refinação da polpa combinada com aumento da prensagem da folha
úmida, como sinergia para o próprio desaguamento e compensação de perda de resistência
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
111
da folha provocada pela primeira ação (Smook, 1992). Um efeito que pode ser avaliado em
função da classe de papel produzido, diz respeito ao comportamento do volume específico
do papel em razão do aumento da intensidade de prensagem, que promove aumento de
densidade da folha (Clark, 1978). Por outro lado, a redução da refinação da polpa favorece o
aumento de seu volume específico. A Figura 7.3 mostra o efeito da energia de refinação no
volume especifico do papel, medido em outra máquina, com processo e produto bastante
semelhantes (Clark, 1978).
Figura 7.3 – Influência do grau de refinação no volume específico do papel.
7.3.3 – Resultados de longo prazo
As evidências positivas e as conclusões obtidas a partir dos testes industriais
realizados previamente fizeram com que as medidas propostas de aumento das cargas da
prensas e combinada com a diminuição da intensidade de refinação das fibras (°SR) fossem,
gradativamente adotadas, no regime normal de produção da máquina estudada. Resultados
práticos de longo prazo (valores médios de 30 dias, incluindo toda a produção da mesma
MP, em referência) que foram alcançados a partir dos princípios da proposta acima, são
apresentados nas figuras que seguem. Naturalmente outras melhorias foram agregadas no
período, assim como interferências no processo são introduzidas e administradas. Esta
análise macro de resultados ratifica as premissas consideradas para as mudanças realizadas
no processo.
Volume Específico - Bulk
2,24
1,80
1,60
1,68
1,551,601,651,701,751,801,851,901,952,002,052,102,152,202,252,30
400 420 440 460 480 500 520 540 560 580 600
Drenabilidade, CSF
cm3/
g
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
112
Figura 7.4 - Velocidade da MP e teor de sólidos
Figura 7.5 - Correlação entre velocidade da MP e teor de sólidos na saída da 3ª prensa.
A evolução da velocidade da máquina, registrada no período analisado, e sua
correlação, com coeficiente de determinação da regressão linear: 0,68 (Spiegel, 1972), com o
teor de sólidos na saída d a 3ª prensa (Mac Donald, 1970, Reese, 1999) são mostradas nas
Figuras 7.4 e 7.5. Como já mencionado, esta análise de longo prazo considerou as médias
mensais das variáveis em estudo correspondentes a toda produção da máquina, envolvendo
diferentes classes e gramaturas de papel, ou seja, sem condições especiais ou controladas.
Mesmo assim, os efeitos das alterações feitas mostraram reflexo positivo no resultado final
de produtividade da máquina estudada. Deve-se lembrar de que a tensão aplicada à folha
úmida aumenta com o quadrado da velocidade da máquina de papel (Mac Donald, 1970).
41,041,542,042,543,043,544,044,545,045,546,0
1080
1090
1100
1110
1120
1130
1140
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Teor
de
Sólid
os -
%
Velo
cida
de -
mpm
.
Mês
Velocidade da MP e Teor de Sólidos após 3ª Prensa Médias Mensais
Veloc. 9PG2ENR_VELOCIDADE Dryness - Saída 3ª Prensa
R² = 0,6790
1080
1090
1100
1110
1120
1130
1140
41 42 43 44 45 46
Velo
cida
de -
mpm
.
Teor de Sólidos - %
Velocidade da MP x Teor de Sólidos após 3ª Prensa Médias Mensais - 17 meses
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
113
Além disso, aumento de velocidade na máquina de papel implica em redução do tempo de
residência da folha no nip das prensas, significando menor desaguamento (Reese, 1999).
Portanto, o aumento de velocidade registrado só foi possível com o aumento da resistência
da folha úmida conseguido com redução da umidade da folha deixando a prensa, através das
medidas propostas neste estudo.
Na mesma direção, as Figuras 7.6 e 7.7 indicam os resultados obtidos com o
aumento do teor de sólidos na saída da 3ª prensa na redução do número mensal de quebras
da folha úmida, deixando, mais uma vez, revelando o ganho de produtividade da máquina
de papel com as alterações propostas. Portanto, o ganho final é resultante da soma das
melhorias alcançadas com cada uma das variáveis acima, ou seja, com a redução de quebras
e com o aumento de velocidade da máquina de papel.
Figura 7.6 - Nº Quebras da MP e teor de sólidos na saída da 3ª prensa.
Os resultados e correlações referentes às duas variáveis, cujos efeitos sobre a
produtividade da máquina de papel em questão foram objeto deste estudo, são revelados
nas Figuras 7.8 e 7.9. São apresentadas as relações do efeito do aumento da carga nos nips
das prensas sobre o teor de sólidos na saída da 3ª prensa. Da mesma forma, as Figuras 7.10
e 7.11 indicam os efeitos verificados da redução do grau de refinação da polpa na mesma
variável acima.
41,041,542,042,543,043,544,044,545,045,546,0
30405060708090
100110120
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Teor
de
Sólid
os -
%
Nº Q
uebr
as/m
ês.
Mês
Nº Quebras da Folha e Teor de Sólidos após 3ª Prensa Médias Mensais
Nº Quebras Dryness - Saída 3ª Prensa
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
114
Figura 7.7 - Correlação Nº Quebras da MP e teor de sólidos na saída da 3ª prensa.
Vale ressaltar que esta proposta considerou a alteração simultânea daquelas duas
variáveis. Assim, pode-se interpretar que os resultados de produtividade acima
apresentados, por meio do ganho de velocidade da máquina, está essencialmente
relacionado com os resultado conseguidos com a redução do grau de refinação da polpa
combinado com o aumento da prensagem da folha úmida.
Figura 7.8 - Σ Cargas dos nips e teor de sólidos na saída da 3ª prensa.
R² = 0,7036
0
20
40
60
80
100
120
41 42 43 44 45 46
Nº Q
uebr
as /
mês
Teor de Sólidos - %
Nº Quebras da Folha x Teor de Sólidos após 3ª Prensa Médias Mensais - 17 meses
41,041,542,042,543,043,544,044,545,045,546,0
235
240
245
250
255
260
265
270
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Teor
de
Sólid
os -
%
ΣCa
rga
Nip
-kN/
m
Mês
Σ Carga Nip e Teor de Sólidos após 3ª Prensa Médias Mensais
∑Pressões 1ª;2ª 3ªPrensas Dryness - Saída 3ª Prensa
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
115
Figura 7.9 - Correlação entre Σ cargas dos nips e teor de sólidos na saída da 3ª prensa.
Figura 7.10 - Grau de refinação e teor de sólidos e teor de sólidos na saída da 3ª prensa.
Como forma de reforçar os resultados relativos à interdependência entre as
variáveis - grau de refinação e teor de sólidos na saída da 3ª prensa - são apresentadas, a
seguir as correlações entre a porosidade do papel e o os sólidos na saída da prensa. Isso
porque, sabidamente, a porosidade ou permeabilidade ao ar da folha de papel torna-se
menor na medida em que a refinação é reduzida.
R² = 0,6709
41
42
43
44
45
46
230 240 250 260 270 280
Teor
de
Sólid
os -
%
Σ Carga Nip - kN/m
Teor de Sólidos após 3ª Prensa x ∑ Carga do Nip Médias Mensais - 17 Meses
39
40
41
42
43
44
45
46
38
40
42
44
46
48
50
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Teor
de
Sólid
os -
%
Grau
Ref
inaç
ão -
°SR
Mês
Grau de Refinação e Teor de Sólidos após 3ª Prensa Médias Mensais
°SR - Refinadores Dryness - Saída 3ª Prensa
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
116
Figura 7.11 - Correlação entre Grau de refinação na saída da 3ª prensa
Figura 7.12 - Grau de refinação e Porosidade do papel.
R² = 0,6111
41
42
43
44
45
46
36 38 40 42 44 46 48 50
Teor
de
Sólid
os -
%
Grau de Refinação - °SR
Teor de Sólidos após 3ª Prensa x Grau de RefinaçãoMédias Mensais - 17 meses
10
11
12
13
14
15
16
38
40
42
44
46
48
50
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Poro
sidad
e Gu
rley
-seg
/100
ml
Grau
Ref
inaç
ão -
°SR
Mês
Grau de Refinação e Porosidade do PapelMédias Mensais
°SR - Refinadores Porosidade 9760POGU003
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
117
Figura 7.13 - Correlação entre Grau de refinação e Porosidade do papel.
Observa-se, na Figura 7.14, o efeito resultante da combinação das alterações
propostas para o grau de refinação e pressão das prensas, construída a partir dos dados
históricos do processo, até aqui apresentados. A Figura 7.14 mostra a tendência de
maximização do teor de sólidos na saída da 3ª prensa com o aumento da carga das prensas e
redução do grau de refinação (°SR). Em anexo encontram-se as análises de variância e de
resíduos (Minitab 17), relativas às regressões lineares nas Figuras 7.5; 7.7; 7.9; 7.11 e 7.13.
Figura 7.14 - Teor de sólidos em função do grau de refinação e Σ das cargas das prensas.
R² = 0,6479
41
42
43
44
45
46
9 10 11 12 13 14 15
Teor
de
Sólid
os -
%
Porosidade Gurley - Seg/100 ml
Teor de Sólidos após 3ª Prensa x Porosidade Médias Mensais - 17 Meses
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem
118
7.4 – Conclusões
Os resultados dos experimentos mostraram a tendência de redução do passe da 3ª
para a 4ª prensa com a redução da refinação e aumento de prensagem, que é uma evidência
de que a folha deixou a 3ª prensa com maior teor de sólidos (Clark, 1978), indicando grande
potencial para melhoria do desempenho da produção de papel, através de redução de
quebras e aumento de velocidade (Reese, 1999).
A tendência de queda da porosidade Gurley, (tendência para folha mais permeável
à passagem de ar ou mais aberta) provocada pela redução do grau de refinação, foi revertida
na medida em que a pressão da 3ª prensa evoluiu, consequência do aumento da
consolidação da folha de papel.
O processo de prensagem implica automaticamente na densificação da folha de
papel (Reese, 1999). Portanto torna-se necessário o monitoramento da densidade ou do
volume específico do papel e dos requisitos para esta variável, para o seu uso final. No caso
particular do processo em estudo, não houve nenhuma perda importante de volume
específico, pois a prática anterior contemplava nível de prensagem aquém das referências
conhecidas.
A implantação gradual, em escala produtiva, das medidas previamente
experimentadas, mostrou-se eficaz no aumento da produtividade da máquina de papel
estudada neste programa, apresentando forte indicativo da contribuição desta combinação
dos fatores: redução do grau de refinação e aumento da carga de prensagem na redução de
quebras da folha e consequente aumento da velocidade da máquina de papel. A tradução
destes resultados em ganhos financeiros é de grande expressão no contexto de negócios,
representando economia na casa de US$ 2,5 MM/ano.
Esta análise representa uma oportunidade quase sempre possível de se identificar
no processo produtivo que, se bem interpretada e explorada adequadamente, poderá ser
revertida em importantes benefícios para o negócio e o desenvolvimento empresarial.
Capítulo 8 - Conclusões e sugestões para trabalhos futuros
119
Capítulo 8 - Conclusões e sugestões para trabalhos futuros
8.1 - Conclusões
As análises desenvolvidas neste trabalho mostram a influência das variáveis
identificadas na eficiência de produção da máquina de papel e também os benefícios
associados aos ajustes adequados destas variáveis.
Este modelo de análise torna-se cada vez mais um fator preponderante para o
processo de melhoria contínua do sistema de produção de papel, bem como para a
resolução de problemas ou desvios do comportamento ideal do processo, sem a
necessidade de grande investimento de capital.
A compreensão dos fundamentos teóricos que regem a interdependência entre as
variáveis estudadas, possibilitou a identificação das correlações de causa e efeito no
processo industrial. O grande desafio de um trabalho deste tipo é o fato de ser realizado em
escala industrial. As alterações planejadas devem ser feitas, na sua maioria, de forma
gradual, a fim de que não sejam causados distúrbios e perdas para o processo. Além disso,
as eventuais alterações no produto devem ser estimadas previamente e, em casos extremos,
uma destinação diferenciada deve ser prevista.
Tendo-se em vista os objetivos pré-estabelecidos, conclusões puderam ser tiradas a
partir dos resultados das análises propostas.
A primeira análise considerou o efeito da formação do papel na produtividade da
máquina. Permitiu-se concluir que, além de sua conhecida importância da formação da folha
de papel no uso final do papel gráfico, ela exerce também papel fundamental para a
garantia da produtividade da máquina de papel e que, apesar de ser fortemente favorecida
pela utilização da fibra de eucalipto, requer um rigoroso controle e monitoramento. Embora
atendendo aos requisitos para o uso final do papel, a formação poderá não estar, por
alguma razão, em um nível aceitável para o bom desempenho da máquina de papel. Isso
está associado à situação de ajustes da máquina de papel para operar apenas com a
utilização daquela fibra, ou seja, fibra curta, que sabidamente tem potencial relativamente
menor para o desenvolvimento de resistência da folha, tornando a produtividade da
máquina de papel mais sensível às variações da formação.
Capítulo 8 - Conclusões e sugestões para trabalhos futuros
120
Por meio da segunda análise conduzida nesta dissertação, houve a oportunidade de
se identificar na prática o esperado efeito do aumento da condutividade da polpa na
eficiência de máquinas de papel. A importância da retenção de cargas e finos e de sua
estabilidade no andamento da máquina de papel ficou claramente demonstrada, de onde se
concluiu que a condutividade elevada da polpa, em relação ao histórico do processo,
influenciou negativamente a produtividade da máquina através de sua interferência no
processo de retenção e drenagem. O número total de quebras de folha, nas quatro
máquinas de papel, diminuiu sensivelmente, através da redução da condutividade da polpa
e do aumento da retenção de cargas na máquina que apresentava maior sensibilidade ao
fenômeno. O processo desta máquina tornou-se mais estável e menos sensível às variações
oriundas do processo de fabricação de celulose.
A substituição da micro-partícula orgânica por sílica coloidal revelou-se uma
alternativa para a melhoria da capacidade de drenagem da máquina de papel por meio de
ação de um agente químico mais eficiente, sem a instalação de novos equipamentos. A sílica
influenciou positivamente a drenagem da folha no extremo úmido da máquina de papel,
possibilitando a redução imediata do passe entre a 3ª e 4ª prensas da máquina de papel
dentre outros efeitos. A consistência desta conclusão foi reforçada ou aumentada por
tentativas frustradas de retorno ao uso da micro-partícula orgânica. Assim, esta medida
ficou consolidada como uma ação de melhoria contínua do processo em estudo.
Naturalmente, para outras máquinas e/ou processos, em que se queira explorar alternativa
semelhante, é recomendável seguir os passos dados nesta análise, em função das
peculiaridades de cada um.
A última das análises apontou os efeitos da combinação de redução do grau de
refinação com aumento da prensagem da folha na produtividade da máquina de papel. Tal
combinação promove a sinergia esperada para o aumento do teor de sólidos na folha que
deixa a 3ª prensa da máquina, melhorando a eficiência da máquina através do aumento da
velocidade de produção. Histórico de médio prazo do sistema analisado não deixa dúvidas
sobre esta afirmação. Num experimento específico, ficou evidente que o aumento da
pressão linear da 3ª Prensa reverteu a tendência de queda da resistência do papel ao
estouro (Mullen) provocada pela redução do grau de refinação da polpa (°SR), conforme a
expectativa.
Capítulo 8 - Conclusões e sugestões para trabalhos futuros
121
Das análises desenvolvidas nesta dissertação pode-se dizer que é altamente
recomendável grande atenção às variáveis analisadas para a otimização da produtividade de
uma máquina de papel. Maximizar a formação do papel será sempre uma boa prática.
Manter a condutividade do sistema, em especial a condutividade da polpa, no caso de
plantas integradas, em níveis conhecidos e compatíveis com os agentes químicos utilizados,
prevenirá perdas significativas. A drenagem química promovida por micropartículas
apropriadas ao processo será sempre uma alternativa complementar para a superação das
limitações de drenagem mecânica.
A intensidade de refinação das fibras é uma variável, até certo ponto, polêmica,
pois seu aumento promove normalmente o aumento da resistência da folha mas, com
muitas consequências indesejáveis, sendo a redução da drenagem na máquina de papel e o
maior consumo de energia elétrica as principais delas. Portanto, minimizar o grau de
refinação será a melhor prática que, quando combinada com o aumento da carga de
prensagem, quando possível, implicará em um efeito sinérgico para o desaguamento e
compensatório para a resistência da folha de papel, conforme apresentado neste trabalho.
Os valores de referência das variáveis analisadas e seus efeitos diretos ou indiretos na
produtividade das máquinas de papel estudadas são apresentados na Tabela 8.1.
Tabela 8.1 – Valores de referência das variáveis analisadas.
Estudo # 1 Formação da Folha
Estudo # 2 Condutividade da Polpa
Formação Efeito na Produtividade Condutividade Efeito na
Produtividade unidade (Kajaani
Index) (Nº Quebras/dia) (µ Siemens/cm) (ΣNº
Quebras/mês) Condição
do Processo
Inicial 54 12 350 86
Otimizado 67 1,3 273 36
Estudo # 3 Micropartícula Orgânica por
Sílica
Estudo # 4 Refinação + Prensagem
Micropartícula Efeito na Produtividade
Refinação + Σ Cargas das Prensas
Efeito na Produtividade
unidade - sólidos-saída da 3ª prensa - (%) (°SR; kN/m) (Nº Quebras/mês)
Condição do
Processo
Inicial orgânica 42 44; 240 80
Otimizado sílica 43,5 38; 265 50
Capítulo 8 - Conclusões e sugestões para trabalhos futuros
122
8.2 - Sugestões para trabalhos futuros
Seria muito útil para o aprofundamento deste tema o desenvolvimento de uma
forma ou modelo de determinação da resistência da folha úmida de papel (“wet web
strenght”) que deixa a seção de prensas da máquina, sem a necessidade da amostragem.
Como abordado neste trabalho, trata-se do ponto mais sensível e crítico para a
produtividade, na grande maioria das máquinas de papel. Portanto, a informação prévia
desta variável ou até mesmo o seu controle, em máquina, terá muita utilidade na fabricação
do papel. Nessa direção, um sensor para medição em linha da variável será inevitavelmente
o próximo passo. Outro importante esclarecimento poderia ser a investigação sobre
influência da distribuição dos finos (dupla-face) ao longo da espessura da folha de papel na
drenagem e também na resistência da folha de papel úmida. Finalmente, seria
recomendável também a pesquisa buscando identificar os efeitos da orientação das fibras na
drenagem da folha e consequentemente, na sua resistência, quando ainda úmida.
A avaliação precisa dos ganhos com a redução no consumo de energia elétrica bem
como com a extensão da vida útil dos discos dos refinadores, em razão da redução do grau
de refinação da polpa, deverá ser conduzida na sequência deste trabalho, como uma
oportunidade complementar de ganhos operacionais e financeiros de relevância.
A análise detalhada do efeito resultante das alterações das variáveis deste trabalho
(grau de refinação e prensagem) no volume específico do papel deve também ser
considerada como etapa complementar do trabalho, uma vez que na maioria dos casos esta
variável exerce grande importância na qualidade final do papel.
É, também, recomendável a tentativa de quantificar e ponderar um desgaste maior
dos feltros úmidos da seção de prensas, como consequência do incremento promovido na
carga dos nips das prensas.
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Statistical Process Control Inc. Knoxville, Tenessee, USA, 1986.
Anexos
127
ANEXO - 1
Análises das regressões lineares apresentadas, utilizando-se o software Minitab
17, para estudos estatísticos.
Para cada regressão linear apresentada nesta dissertação, na forma gráfica e com as
respectivas equações e coeficientes de determinação, foram desenvolvidas análises de
variância e de resíduos (testes de hipóteses), considerando-se um intervalo de confiança de
95%, para determinação do valor-p (p-value), ou seja, da probabilidade da correlação linear
não apresentar significância, assim como da normalidade e distribuição residual da
regressão a fim de se verificar a significância da correlação (Juran,1951; Spiegel,1972).
Para todos os casos, foram encontrados valores-p ≤ 0,05, além de normalidade e
aleatoridade na distribuição dos resíduos, atestando a significância das correlações lineares
sugeridas no trabalho. Estes resultados são apresentados a seguir.
Anexos
128
Capítulo 4 – Estudo #1: análise do efeito da formação.
1- Regression Analysis: MULLEN versus ÍNDICE DE FORMACAO - Figura 4.2 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 43,214 43,2139 83,34 0,000 ÍNDICE DE FORMACAO 1 43,214 43,2139 83,34 0,000 Error 8 4,148 0,5185 Total 9 47,362 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 0,720072 91,24% 90,15% 83,99% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant -4,82 3,89 -1,24 0,250 ÍNDICE DE FORMACAO 0,5943 0,0651 9,13 0,000 1,00 Regression Equation MULLEN = -4,82 + 0,5943 ÍNDICE DE FORMACAO Residual Plots for MULLEN
210-1-2
99
90
50
10
1
Standardized Residual
Perc
ent
3634323028
1
0
-1
-2
Fitted Value
Stan
dard
ized
Res
idua
l
1,00,50,0-0,5-1,0-1,5
3
2
1
0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
10987654321
1
0
-1
-2
Observation Order
Stan
dard
ized
Res
idua
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for MULLEN
Anexos
129
2- Regression Analysis: MULLEN versus ÍNDICE DE FORMACAO - Figura 4.3 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 1055,49 1055,49 496,32 0,000 Formação 1 1055,49 1055,49 496,32 0,000 Error 224 476,36 2,13 Lack-of-Fit 222 476,36 2,15 * * Pure Error 2 0,00 0,00 Total 225 1531,85 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 1,45830 68,90% 68,76% 68,34% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant -1,60 1,45 -1,11 0,270 Formação 0,5405 0,0243 22,28 0,000 1,00 Regression Equation Mullen = -1,60 + 0,5405 Formação Residual Plots for Mullen
420-2-4
99,999
90
50
10
1
0,1
Standardized Residual
Perc
ent
35,032,530,027,525,0
2
1
0
-1
-2
Fitted Value
Stan
dard
ized
Res
idua
l
1,81,20,60,0-0,6-1,2-1,8-2,4
24
18
12
6
0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
220200180160140120100806040201
2
1
0
-1
-2
Observation Order
Stan
dard
ized
Res
idua
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Mullen
Anexos
130
3- Regression Analysis: Quebra Foto Célula-MPX versus MULLEN – Figura 4.5 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 107,14 107,141 14,06 0,006 MULLEN 1 107,14 107,141 14,06 0,006 Error 8 60,96 7,620 Total 9 168,10 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 2,76040 63,74% 59,20% 49,64% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant 51,7 12,3 4,20 0,003 MULLEN -1,504 0,401 -3,75 0,006 1,00 Regression Equation Quebra Foto Célula-MPX = 51,7 - 1,504 MULLEN Residual Plots for Quebra Foto Célula-MPX
210-1-2
99
90
50
10
1
Standardized Residual
Perc
ent
10,07,55,02,50,0
2
1
0
-1
-2
Fitted Value
Stan
dard
ized
Re s
i du a
l
1,51,00,50,0-0,5-1,0-1,5-2,0
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
10987654321
2
1
0
-1
-2
Observation Order
Stan
dard
ized
Re s
i du a
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Quebra FotoCelula-MPX
Anexos
131
4- Regression Analysis: Quebra Foto Célula-MPX versus ÍNDICE DE FORMACAO - Figura 4.7 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 85,18 85,18 8,22 0,021 ÍNDICE DE FORMACAO 1 85,18 85,18 8,22 0,021 Error 8 82,92 10,37 Total 9 168,10 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 3,21951 50,67% 44,50% 20,07% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant 55,4 17,4 3,19 0,013 ÍNDICE DE FORMACAO -0,834 0,291 -2,87 0,021 1,00 Regression Equation Quebra FotoCelula-MPX = 55,4 - 0,834 ÍNDICE DE FORMACAO Residual Plots for Quebra Foto Célula-MPX
210-1-2
99
90
50
10
1
Standardized Residual
Perc
ent
10,07,55,02,50,0
1
0
-1
-2
Fitted Value
Stan
dard
ized
Res
idua
l
1,51,00,50,0-0,5-1,0-1,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
10987654321
1
0
-1
-2
Observation Order
Stan
dard
ized
Res
idua
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Quebra FotoCelula-MPX
Anexos
132
5- Regression Analysis: Quebra Foto Célula-MPX versus Passe- 3ªPRENSA /1º GRUPO SECs. - Figura 4.10 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 95,62 95,621 10,55 0,012 Passe-3ªPRENSA /1º GRUPO SECs. 1 95,62 95,621 10,55 0,012 Error 8 72,48 9,060 Total 9 168,10 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 3,00996 56,88% 51,49% 37,89% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant -46,3 16,0 -2,89 0,020 Passe-3ªPRENSA/1ºGRUPO SECs 22,72 6,99 3,25 0,012 1,00 Regression Equation Quebra FotoCelula-MPX = -46,3 + 22,72 Passe- 3ªPRENSA /1º GRUPO SECs. Residual Plots for Quebra FotoCelula-MPX
210-1-2
99
90
50
10
1
Standardized Residual
Perc
ent
10,07,55,02,50,0
2
1
0
-1
-2
Fitted Value
Stan
dard
ized
Res
idua
l
1,51,00,50,0-0,5-1,0-1,5-2,0
4
3
2
1
0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
10987654321
2
1
0
-1
-2
Observation Order
Stan
dard
ized
Res
idua
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Quebra FotoCelula-MPX
Anexos
133
Capítulo 5 – Estudo #2: análise do efeito da condutividade da celulose. 1) Regression Analysis: Nº Total de Quebras versus Condutividade da Polpa. Figura 5.2 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 1787,5 1787,5 17,83 0,002 Condutividade da Polpa. 1 1787,5 1787,5 17,83 0,002 Error 9 902,5 100,3 Total 10 2690,0 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 10,0139 66,45% 62,72% 49,93% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant -103,4 38,1 -2,71 0,024 Condutividade da Polpa. 0,516 0,122 4,22 0,002 1,00 Regression Equation Nº Total de Quebras = -103,4 + 0,516 Condutividade da Polpa. Residual Plots for Nº Total de Quebras
210-1-2
99
90
50
10
1
Standardized Residual
Perc
ent
8070605040
1
0
-1
Fitted Value
Stan
dard
ized
Res
idua
l
1,00,50,0-0,5-1,0-1,5
4
3
2
1
0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
1110987654321
1
0
-1
Observation Order
Stan
dard
ized
Res
idua
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Nº Total de Quebras
Anexos
134
Capítulo 7 – Estudo #4: análise dos efeitos combinados grau de refinação/carga de prensagem 1) Regression Analysis: Velocidade versus Dryness - Saída 3ª Prensa – Figura 7.5 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 1537,0 1537,00 31,73 0,000 Dryness - Saída 3ª Prensa 1 1537,0 1537,00 31,73 0,000 Error 15 726,5 48,44 Total 16 2263,5 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 6,95958 67,90% 65,76% 56,54% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant 762,8 61,7 12,35 0,000 Dryness - Saída 3ª Prensa 8,06 1,43 5,63 0,000 1,00 Regression Equation Velocidade = 762,8 + 8,06 Dryness - Saída 3ª Prensa Residual Plots for Velocidade
210-1-2
99
90
50
10
1
Standardized Residual
Perc
ent
1130112011101100
2
1
0
-1
-2
Fitted Value
Stan
dard
ized
Res
idua
l
1,51,00,50,0-0,5-1,0-1,5-2,0
6,0
4,5
3,0
1,5
0,0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
161412108642
2
1
0
-1
-2
Observation Order
Stan
dard
ized
Res
idua
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Veloc.
Anexos
135
2) Regression Analysis: Nº Quebras versus Dryness - Saída 3ª Prensa - Figura – 7.7 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 4975 4974,5 35,60 0,000 Dryness - Saída 3ª Prensa 1 4975 4974,5 35,60 0,000 Error 15 2096 139,7 Total 16 7070 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 11,8207 70,36% 68,38% 61,17% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant 699 105 6,66 0,000 Dryness - Saída 3ª Prensa -14,50 2,43 -5,97 0,000 1,00 Regression Equation Nº Quebras = 699 - 14,50 Dryness - Saída 3ª Prensa Residual Plots for Nº Quebras
210-1-2
99
90
50
10
1
Standardized Residual
Perc
ent
100806040
1
0
-1
Fitted Value
Stan
dard
ized
Res
idua
l
1,51,00,50,0-0,5-1,0-1,5
6,0
4,5
3,0
1,5
0,0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
161412108642
1
0
-1
Observation Order
Stan
dard
ized
Res
idua
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Nº Quebras
Anexos
136
3) Regression Analysis: Dryness - Saída 3ª Prensa versus ∑Pressões 1ª;2ª 3ªPrensas - Figura 7.9.
Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 15,883 15,8827 30,58 0,000 ∑Pressões 1ª;2ª 3ªPrensas 1 15,883 15,8827 30,58 0,000 Error 15 7,790 0,5193 Total 16 23,673 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 0,720652 67,09% 64,90% 56,07% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant 18,01 4,55 3,96 0,001 ∑Pressões 1ª;2ª 3ªPrensas 0,0986 0,0178 5,53 0,000 1,00 Regression Equation Dryness - Saída 3ª Prensa = 18,01 + 0,0986 ∑Pressões 1ª;2ª 3ªPrensas Residual Plots for Dryness - Saída 3ª Prensa
210-1-2
99
90
50
10
1
Standardized Residual
Perc
ent
44434241
2
1
0
-1
Fitted Value
Stan
dard
ized
Re s
idua
l
2,01,51,00,50,0-0,5-1,0
4,8
3,6
2,4
1,2
0,0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
161412108642
2
1
0
-1
Observation Order
Stan
dard
ized
Re s
idua
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Dryness - Saída 3ª Prensa
Anexos
137
4) Regression Analysis: Dryness - Saída 3ª Prensa versus °SR - Refinadores – Figura – 7.11 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 14,466 14,4664 23,57 0,000 °SR - Refinadores 1 14,466 14,4664 23,57 0,000 Error 15 9,206 0,6138 Total 16 23,673 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 0,783429 61,11% 58,52% 52,26% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant 62,70 4,03 15,55 0,000 °SR - Refinadores -0,4517 0,0930 -4,85 0,000 1,00 Regression Equation Dryness - Saída 3ª Prensa = 62,70 - 0,4517 °SR - Refinadores Residual Plots for Dryness - Saída 3ª Prensa
210-1-2
99
90
50
10
1
Standardized Residual
Perc
ent
45444342
2
1
0
-1
Fitted Value
Stan
dard
ized
Res
idua
l
1,51,00,50,0-0,5-1,0-1,5
4,8
3,6
2,4
1,2
0,0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
161412108642
2
1
0
-1
Observation Order
Stan
dard
ized
Res
idua
l
Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Dryness - Saída 3ª Prensa
Anexos
138
5) Regression Analysis: Dryness - Saída 3ª Prensa versus Porosidade – Figura 7.13 Analysis of Variance Source DF Adj SS Adj MS F-Value P-Value Regression 1 15,337 15,3374 27,60 0,000 Porosidade 1 15,337 15,3374 27,60 0,000 Error 15 8,335 0,5557 Total 16 23,673 Model Summary S R-sq R-sq(adj) R-sq(pred) 0,745446 64,79% 62,44% 56,30% Coefficients Term Coef SE Coef T-Value P-Value VIF Constant 53,12 1,91 27,86 0,000 Porosidade -0,787 0,150 -5,25 0,000 1,00 Regression Equation Dryness - Saída 3ª Prensa = 53,12 - 0,787 Porosidade Residual Plots for Dryness - Saída 3ª Prensa
210-1-2
99
90
50
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1
Standardized Residual
Perc
ent
45444342
2
1
0
-1
-2
Fitted Value
Stan
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ized
Res
idua
l
210-1-2
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3
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0
Standardized Residual
Freq
uenc
y
161412108642
2
1
0
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Observation Order
Stan
dard
ized
Res
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Normal Probability Plot Versus Fits
Histogram Versus Order
Residual Plots for Dryness - Saída 3ª Prensa
Anexos
139
Anexo - 2 - Glossário sobre Fabricação de Papel
Acabamento – conjunto de operações pelas quais o papel passa, após ser produzido na máquina, tais como: rebobinamento, corte, supercalandragem, escolha, embalamento, etc.
Aditivos – nome genérico dado a todos os materiais não fibrosos adicionados à massa, durante a sua preparação ou ao próprio papel, durante sua fabricação. São exemplos de aditivos: amido, cola de breu, cola sintética, carbonato de cálcio, caulim, sulfato de alumínio, agentes de retenção e drenagem, anilinas, biocidas, etc.
Água Branca – é a água drenada da tela, durante a formação da folha de papel. É recolhida e recirculada para diluição da massa e recuperação de fibras e cargas nela contidas em suspensão.
Alongamento – incremento no comprimento da folha de papel, quando submetida à tração.
Alvura – termo usado para referir-se à refletividade de uma folha de papel ou de celulose, a uma luz específica, em condições padronizadas.
Amido interno – amido de milho, mandioca ou de batata, modificado quimicamente com a adição de radicais que conferem carga elétrica à sua cadeia química. Pode ter natureza catiônica, anfótera ou aniônica, e apresentar diferentes graus de substituição ou DS (degree of substitution). São cozidos e aplicados durante a preparação da massa para proporcionar resistência no papel e auxiliar na retenção de cargas.
Amido superficial – amido natural milho, mandioca ou de batata cujo peso molecular é previamente reduzido, em função da viscosidade da solução desejada. É aplicado na superfície do papel para aumento de sua resistência superficial e acabamento, através da chamada prensa de cola ou “size press”.
Aproveitamento – é a relação, expressa em percentagem, entre a produção bobinada ou acabada e a produção da máquina de papel, na enroladeira.
Bobina – parte do rolo jumbo, o qual foi segmentado numa bobinadeira.
Bobinadeira - equipamento com a função de segmentar longitudinal e transversalmente o rolo Jumbo. Possui facas rotativas que segmentam o rolo transversalmente.
Branqueamento – ou alvejamento, é o tratamento químico, geralmente, em vários estágios, que se dá à celulose depois do cozimento, depuração e lavagem, com a finalidade de descolorir ou remover os materiais corantes não celulósicos ainda presentes na massa, aumentando a alvura do produto final.
Caixa de entrada – caixa de construção hidrodinâmica, instalada no extremo úmido da máquina de papel, com a função de entregar ou lançar um jato de massa muito diluído e hidraulicamente estável, através de uma seção retangular, sobre toda a largura da tela da zona de formação da máquina de papel.
Anexos
140
Caixas de sucção – caixas estáticas instaladas sob a tela formadora, com cobertura ranhurada ou perfurada, contendo vácuo internamente, com a função de auxiliar na drenagem da folha de papel em formação.
Caldeira de recuperação – caldeira com um forno especial para queimar lixívia ou licor preto concentrado, obtido do processo de cozimento, onde a água do licor é evaporada, o material sólido é decomposto em carbono, sais inorgânicos e gases voláteis. Tem por finalidade recuperar os reagentes inorgânicos utilizados no cozimento da celulose e gerar vapor para o processo.
Carga mineral – material inorgânico, insolúvel, finamente dividido, tal como caulim, carbonato de cálcio, gesso, dióxido de titânio, etc., adicionado à massa, durante a fabricação do papel, para conferir ao papel determinadas propriedades como: opacidade, alvura, lisura, melhorar a absorção de tinta, etc.
Celulose – é um carboidrato de alto peso molecular principal componente da madeira e de certos vegetais fibrosos.
Celulose de fibra curta – é a celulose cujo comprimento de suas fibras encontra-se entre 0,7 – 2.0 mm, oriunda, principalmente, das madeiras duras ou folhosas. No Brasil, a mais importante para a fabricação de papel é a celulose de eucalipto.
Celulose de fibra longa – é a celulose cujo comprimento médio de fibras está acima de 3 mm, podendo chegar até 5 ou 6 mm. São oriundas, principalmente, das madeiras coníferas.
Celulose sulfato – celulose produzida pelo processo sulfato de polpação. O licor de cozimento é o hidróxido de sódio com sulfeto de sódio, produtos químicos que são economicamente recuperáveis em uma instalação de recuperação.
Celulose sulfito – celulose produzida pelo processo sulfito de polpação. O licor de cozimento é o sulfito ácido de cálcio, formado pela mistura de bissulfito de cálcio com excesso de ácido sulfuroso.
Centrilimpador – ou “centricleaner” é um sistema de depuração da massa constituído por estágios de hidrociclones, para eliminação de contaminantes pesados e/ou grossos.
Circuito de aproximação – faz a interface entre a preparação de massa e a caixa de entrada de uma máquina de papel. Fazem parte deste circuito o sistema de depuração, o controle de gramatura, controle de fluxo para a máquina. A maior parte da água branca drenada na máquina é utilizada para diluição da massa, neste circuito.
Colagem interna – adição de químico à massa que está sendo preparada, a fim de prevenir ou controlar a penetração de líquidos através da folha de papel. É conseguida com a adição de cola sintética (ex.: ASA – alkenyl succinic anhydride ou AKD – alkyl ketene dimer) ou cola vegetal (ex.: cola de breu)
Colagem superficial – adição de amido cozido de milho ou de mandioca sobre as superfícies do papel para lhe conferir resistência superficial e acabamento. Juntamente com o amido
Anexos
141
outros aditivos podem ser aplicados (ex.: alvejante óptico, agente de colagem, corantes, etc.).
Consistência – é a percentagem de material sólido, seco absoluto, contido na massa.
Cozimento – operação feita com materiais celulósicos fibrosos tais como madeiras, fibras têxteis e resíduos agrícolas, tratando-os com produtos químicos apropriados, geralmente com o auxílio de alta pressão e temperatura, com o objetivo de remover grande parte dos materiais não celulósicos, principalmente a lignina.
Depuração – operação que consiste em fazer a massa diluída passar por equipamentos de limpeza da massa (hidrociclones e/ou peneiras) para eliminação de aglomerados de fibras ou de impurezas ou contaminantes. Pode ocorrer em diferentes fases do processo.
Depurador – nome geralmente dado a um depurador com peneira. Pode ser pressurizado ou rotativo.
Desagregador ou “pulper” – equipamento usado para desagregar ou suspender em água a matéria-prima fibrosa, como: celulose, pasta mecânica ou aparas de papel reciclado.
Desaguamento – ou drenagem é o processo de retirada de água da suspensão, que ocorre, de forma controlada, nas seções de formação (filtração através de tela) e de prensas ( compressão da folha úmida entre rolos cilíndricos) de uma máquina de papel.
Dupla-face – diferença entre os valores medidos ou apresentados para uma mesma característica ou um mesmo parâmetro, em cada uma das superfícies do papel.
Enroladeira – equipamento instalado no final do extremo seco da máquina de papel, onde o papel, produzido continuamente, é enrolado sobre um carretel ou estanga, gerando o rolo Jumbo.
Feltro pick-up – ou feltro pegador, é o feltro úmido que, além de envolver o rolo superior da 1ª prensa e os rolos- guia da máquina, envolve também um rolo de sucção. Juntos estão em contato com a parte extrema e inclinada da tela da mesa plana, para aspiração e transporte da folha úmida de papel que foi formada.
Feltro úmido – material tecido, com superfície e estrutura apropriadas, instalado nas prensas da máquina de papel, com as funções de transportar a folha úmida bem como absorver e transportar a água extraída do papel pela prensagem, para que seja eliminada do circuito das prensas, através de caixas de vácuo (UHLE boxes).
Fibrilação externa – exposição das fibrilas ou unidades fibrilares, durante a operação de refinação da massa, aumentando a superfície específica das fibras para o desenvolvimento de ligações interfibrilares, durante a formação da folha de papel.
Fibrilação interna – inchamento da fibra causado pela penetração de água no interior das fibras de celulose, durante o processo de refinação, promovendo o inchamento das fibras, em razão do alojamento de moléculas de água entre as fibrilas. Torna as fibras mais flexíveis.
Anexos
142
Formação do papel – também chamada de distribuição, é definida como grau de uniformidade com que as fibras estão distribuídas na folha de papel.
Gap Former – tipo de formador de máquina de papel com duas telas, em que o jato de massa é lançado entre as duas telas ou no “gap” entre as mesmas.
Gramatura – peso da folha de papel por unidade de superfície, normalmente expresso em g/m2.
Grau de refinação – medida do grau de esgotamento ou de drenagem de uma suspensão fibrosa, durante a operação de formação de uma folha, em um equipamento específico ( Schopper Riegler, Freeness, etc.), em condições e procedimentos padronizados. Normalmente, é determinado em laboratório.
Hidratação – termo empregado para designar o fenômeno de penetração de água no interior das fibras de celulose, durante a refinação.
Hydro-Foil – lâmina raspadora, construída em polietileno ou material cerâmico, com perfil de um “foil” (perfil da asa do avião), instalada transversalmente sob a tela formadora da máquina de papel. Tem a função de promover a drenagem da folha que está sendo formada, através do vácuo gerado pelo movimento longitudinal da tela sobre o “foil” (lâmina anterior) além de raspar a água drenada (lâmina posterior).
Lignina – material não celulósico constituinte de vegetais, em especial das madeiras. Possui alto peso molecular, é amorfa e colorida, e desempenha o papel de um adesivo entre fibras. A maior parte da lignina é removida no processo de cozimento. No processo de branqueamento é descolorida ou quase totalmente removida.
Máquina Fourdrinier – nome dado à máquina de papel cuja seção de formação é constituída por uma mesa plana.
Massa – nome genérico dado à suspensão fibrosa, durante a utilização no processo de fabricação de papel.
Massa virgem – suspensão fibrosa, recebida da planta de celulose, em uma fábrica integrada, que ainda não foi refinada e aditivada.
Mesa plana – seção de formação da máquina que possui uma tela plástica como componente principal e é suportada por rolos cilíndricos e caixas contendo “hidro foils” ou e caixas de sucção. Chuveiros transversais fazem a limpeza contínua da tela, que é acionada e guiada por rolos cilíndricos específicos.
Orientação de fibras – direção das fibras em relação ao eixo longitudinal da máquina de papel.
Passe – diferença de velocidade linear entre seções consecutivas da máquina de papel.
Prensa de colagem – ou “size press”, consiste de uma prensa com rolos revestidos com borracha, que está instalada num ponto intermediário da seção de secagem ou secaria da máquina de papel, com a função de aplicar amido nas superfícies da folha de papel (amido
Anexos
143
superficial ou colagem externa). O papel pode receber o amido, quando mergulhado numa poça de solução de amido, entre os rolos da prensa (size press), ou através da aplicação de um filme de solução de amido sobre cada uma das duas superfícies (“film size press”).
Preparação de massa – conjunto de operações por que passa a suspensão fibrosa, desde o seu recebimento até alcançar a máquina de papel, incluindo a desagregação (quando utilizada celulose seca ou desaguada), refinação, aditivação e depuração.
Produção acabada – produção disponível para ser expedida ou enviada ao cliente.
Produção bruta – produção da máquina na enroladeira.
Produção líquida – produção da máquina, após bobinagem.
Receita de fabricação – especificações de parâmetros relativos ao processo, operação e qualidade do papel, para a fabricação de um determinado tipo de papel.
Refinação – tratamento mecânico das fibras, com o objetivo de torná-las mais flexíveis e com maior superfície específica, a fim de promover a formação e desenvolver resistência na folha de papel.
Refinador – equipamento rotativo, cujo rotor e estator possuem lâminas que promovem golpes mecânicos nas fibras que atravessam, na forma de um colchão de massa, o estreito espaço entre eles. Este espaçamento entre rotor e estator é modificado com maior ou menor aplicação de energia, definindo assim o controle da refinação ou o grau de refinação da massa.
Rolo “couch” – Rolo instalado no final da zona de formação, que trabalha com vácuo e promove a última etapa do desaguamento da folha formada para entregá-la à prensagem.
Rolo Jumbo – nome da bobina mãe ou rolo de papel produzido na enroladeira da máquina de papel.
Secaria - denominada, também, de parte seca da máquina de papel, consiste de conjuntos ou grupos de cilindros secadores metálicos, alimentados com vapor, para troca térmica entre sua superfície externa metálica e o papel úmido em contato com ela, proporcionando o aquecimento e evaporação da água alojada entre as fibras. Outros componentes como rolos-guia, acionamento, lâminas raspadoras, etc. fazem, também, parte do sistema.
Vestimenta – nome genérico dado aos feltros e telas de uma máquina de papel.