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ANÁLISE GLOBAL DE ESTRUTURAS DE EDIFÍCIO DE CONCRETO...

Date post: 11-Aug-2020
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ANÁLISE GLOBAL DE ESTRUTURAS DE EDIFÍCIO DE CONCRETO ARMADO APLICANDO A TEORIA DA CONFIABILIDADE Márcio Tacques do Rego Monteiro Junior Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Sérgio Hampshire de Carvalho Santos Rio de Janeiro Fevereiro de 2019
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ANÁLISE GLOBAL DE ESTRUTURAS DE EDIFÍCIO DE CONCRETO ARMADO

APLICANDO A TEORIA DA CONFIABILIDADE

Márcio Tacques do Rego Monteiro Junior

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Sérgio Hampshire de Carvalho Santos

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2019

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ANÁLISE GLOBAL DE ESTURUTURAS DE EDIFÍCIO DE CONCRETO ARMADO

APLICANDO A TEORIA DA CONFIABILIDADE

Márcio Tacques do Rego Monteiro Junior

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO

DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

______________________________________

Prof. Sérgio Hampshire de Carvalho Santos, D.Sc.

______________________________________

Prof. Anderson Pereira, D.Sc.

______________________________________

Prof. Júlio Jerônimo Holtz Silva Filho, D.Sc.

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2019

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Monteiro Junior, Márcio Tacques do Rego

Análise Global de Estruturas de Edifício de Concreto

Armado Aplicando a Teoria da Confiabilidade/Márcio

Tacques do Rego Monteiro Junior – Rio de Janeiro:

UFRJ/ Escola Politécnica, 2019.

VIII, 68p.: il.; 29,7cm

Orientador: Sérgio Hampshire de Carvalho Santos

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/

Engenharia Civil, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 67-68.

1. Introdução. 2. Abordagens para Dimensionamento

Estrutural. 3. O Programa VAP. 4. Análise Global de um

Pórtico de Edifício Convencional. 5. Conclusão.

I. Santos, Sérgio Hampshire de Carvalho. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenharia Civil III. Análise Global de Estruturas de

Edifício de Concreto Armado Aplicando a Teoria da

Confiabilidade.

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AGRADECIMENTOS

Ao prof. Sérgio Hampshire de Carvalho Santos, por ter me orientado no

desenvolvimento deste trabalho, sendo sempre solícito e paciente, tendo me

passado muitos ensinamentos nesse período.

Aos professores Anderson Pereira e Júlio Jerônimo Holtz Silva Filho pela

disponibilidade e atenção para fazer parte da Banca Examinadora deste Projeto de

Graduação.

Aos meus familiares, por todo o suporte dado para que eu pudesse concluir a

minha graduação.

Aos amigos que fiz durante esses 5 anos de graduação, que sempre me

ajudaram nos estudos e tornaram mais divertida essa etapa da minha formação.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como

parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ANÁLISE GLOBAL DE ESTRUTURAS DE EDIFÍCIO DE CONCRETO ARMADO

APLICANDO A TEORIA DA CONFIABILIDADE

Márcio Tacques do Rego Monteiro Junior

Fevereiro/2019

Orientador: Sérgio Hampshire de Carvalho Santos

Curso: Engenharia Civil

A abordagem por segurança global considera as diferentes incertezas no

comportamento estrutural por meio de uma condição pré-definida de estado limite.

Nesta avaliação, se majora uma ou mais variáveis de carregamento por um fator λ

(fator de segurança global), até que se atinja a situação de colapso da estrutura,

sendo as variáveis ligadas às solicitações e às resistências tomadas com seus

valores médios. Essa abordagem permite quantificar a segurança estrutural global,

diferentemente dos modelos de dimensionamento usualmente adotados, em que

se visa apenas garantir a segurança seccional. Este trabalho pretende avaliar o

fator λ encontrado na análise por segurança global, relacionando-o com os índices

de confiabilidade e níveis de segurança adotados em projeto. Para isso, o pórtico

central de uma edificação convencional de 13 pavimentos será analisado para a

ação de cargas permanentes e da carga acidental de vento.

Palavras-Chave: Análise de confiabilidade; Concreto armado; Segurança global

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment

of the requirements for the degree of Civil Engineer

RELIABILITY EVALUATION OF STRUCTURAL SAFETY FACTOR FOR

REINFORCED CONCRETE BUILDINGS USING A GLOBAL RESISTANCE

APPROACH

Márcio Tacques do Rego Monteiro Junior

February/2019

Advisor: Sérgio Hampshire de Carvalho Santos

Course: Civil Engineering

The global resistance approach considers the different uncertainties in

structural behavior through a predefined limit state condition. In this evaluation, one

or more load variables are multiplied by a factor λ (global safety factor), until the

structural collapse situation is reached, being the variables corresponding to the

loads and the resistances taken with their mean values. This approach allows

quantifying the global structural safety, differently of the design models currently

adopted, in which the purpose is only to ensure the sectional safety. This work

intends to evaluate the λ factor found in the global safety analysis, relating it with

reliability indexes and safety levels adopted in the design. For this, the central

frame of a conventional building with 13 floors is analyzed for the action of

permanent loads and the variable wind load.

Keywords: Reliability; Reinforced Concrete; Global Resistance.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................. 1

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................. 3

1.3 METODOLOGIA ............................................................................................ 3

1.4 ESTRUTURA DO TEXTO ............................................................................. 5

2 ABORDAGENS PARA DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL ............................ 6

2.1 MÉTODO DE PROJETO SEMI-PROBABILÍSTICO ....................................... 6

2.1.1 Estados limites .......................................................................................... 6

2.1.2 Ações e combinações de ações no ELU.................................................... 8

2.1.3 Propriedades e resistência do concreto armado ...................................... 10

2.2 PROJETO BASEADO NA TEORIA DA CONFIABILIDADE (MÉTODO

PROBABILÍSTICO) ................................................................................................. 15

2.2.1 Variáveis aleatórias ................................................................................. 16

2.2.2 Distribuições aleatórias contínuas ........................................................... 18

2.2.3 Variáveis de projeto e suas distribuições ................................................. 21

2.2.4 Função de falha ....................................................................................... 22

2.2.5 Probabilidade de falha (𝑷𝒇) ..................................................................... 24

2.2.6 Índice de confiabilidade (β) ...................................................................... 25

2.2.7 Métodos de análise ................................................................................. 28

2.3 PROJETO BASEADO NA ABORDAGEM POR SEGURANÇA GLOBAL .... 33

2.3.1 O fator de segurança global (λ) ............................................................... 33

2.3.2 A análise não linear ................................................................................. 34

2.3.3 Verificação explícita da rotação plástica solicitante ................................. 35

2.3.4 Metodologia do projeto aplicada na análise global ................................... 36

3 O PROGRAMA VAP ........................................................................................... 37

4 ANÁLISE GLOBAL DE UM PÓRTICO DE EDIFÍCIO CONVENCIONAL ........... 41

4.1 ESTRUTURA ANALISADA .......................................................................... 41

4.2 ANÁLISE DETERMINÍSTICA PELO ESTADO LIMITE ÚLTIMO .................. 42

4.2.1 Dimensionamento das vigas .................................................................... 43

4.2.2 Dimensionamento do pilar mais solicitado ............................................... 45

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4.3 ANÁLISE POR SEGURANÇA GLOBAL ...................................................... 47

4.4 ANÁLISE PROBABILÍSTICA PARA O ELU - VIGAS ................................... 51

4.5 ANÁLISE PROBABILÍSTICA PARA O ELU – PILARES .............................. 54

4.6 ANÁLISE PROBABILÍSTICA PARA A SEGURANÇA GLOBAL ................... 59

4.7 CAPACIDADE DE ROTAÇÃO DAS RÓTULAS PLÁSTICAS ...................... 64

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 66

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 67

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1 INTRODUÇÃO

1.1 MOTIVAÇÃO

Na Engenharia de Estruturas, é prática corrente em projeto que o

dimensionamento dos elementos estruturais seja realizado a partir de modelos

semi-probabilísticos. Essa metodologia torna necessária a adoção de coeficientes

de segurança que majoram as solicitações e minoram as resistências, com o

objetivo de mitigar inúmeras as incertezas relacionadas ao projeto e à execução de

estruturas.

São exemplos de incertezas observadas no dimensionamento estrutural as

propriedades físicas e mecânicas de resistência dos materiais, a magnitude e a

forma de aplicação dos carregamentos e a modelagem estrutural (deve-se levar

em conta que os modelos teóricos utilizados para o dimensionamento apresentam

simplificações e discrepâncias com relação ao modelo real). Além disso, deve-se

levar em conta possíveis erros e imperfeições durante a construção da estrutura.

Com o objetivo de garantir os níveis de segurança mínimos estabelecidos para

as estruturas civis, as normas de ações e cargas apresentam os coeficientes de

segurança que devem ser utilizados pelos engenheiros civis na execução de seus

projetos. Os valores recomendados para os coeficientes de segurança devem ser

calibrados de acordo os índices de confiabilidade (β). Para o cálculo destes β é

necessário avaliar as variáveis de resistência e solicitação envolvidas em projeto

de acordo com seus valores médios e desvios padrão, por meio de modelos

probabilísticos.

A Teoria da Confiabilidade é utilizada para a avaliação dos modelos semi-

probabilísticos adotados no dimensionamento estrutura. Por meio de sua

aplicação, é possível definir a probabilidade de falha e o índice de confiabilidade

(β) em função do período de vida útil de uma estrutura. O índice de confiabilidade

representa o grau de confiança de um sistema estrutural para a falha, assumindo-

se respeitadas as condições estabelecidas em projeto.

Com os recentes avanços nos estudos de dimensionamento de estruturas

baseado na teoria de confiabilidade, surge o conceito de segurança global

(CERVENKA,2013).

A abordagem por segurança global considera as diferentes incertezas no

comportamento estrutural por meio de uma condição pré-definida de estado limite.

Nesta avaliação, se majora uma ou mais variáveis de carregamento por um fator λ

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(fator de segurança global), até que se atinja a situação de colapso da estrutura,

sendo as variáveis ligadas às solicitações e às resistências tomadas com seus

valores médios, permitindo que a análise fique isenta de definições arbitrárias de

valores característicos.

Para uma melhor definição do fator de segurança global (λ), é utilizada a

metodologia de análise não linear, ferramenta que se torna cada vez mais comum

para projeto de novas estruturas e avaliação de estruturas já construídas. O

conceito de análise não linear surge como uma alternativa à análise linear

convencional, possibilitado pelo avanço das ferramentas computacionais de

avaliação de estruturas. Embora inicialmente, devido à sua complexidade, essa

metodologia fosse adotada apenas em estudos e pesquisas para embasar

investigações experimentais, a acurácia dos resultados obtidos e a possibilidade

de otimização no dimensionamento das estruturas fizeram com que ela se tornasse

uma importante prática de dimensionamento.

No dimensionamento convencional por meio de modelos semi-probabilísticos,

considera-se a distribuição dos esforços internos por meio da análise linear e a

segurança dos elementos estruturais é verificada seccionalmente. Nessa

abordagem são adotadas hipóteses que não necessariamente refletem o

comportamento real das estruturas.

A distribuição elástica dos esforços internos é uma boa representação para a

aplicação de cargas de baixa magnitude. No entanto, conforme o aumento da

magnitude das solicitações pode ocorrer uma redistribuição desses esforços

devido a respostas inelásticas na estrutura, invalidando essa hipótese.

Além disso, a análise de segurança seccional por meio dos estados limite,

conforme preconizado em diversas normas de dimensionamento, assume-se o

comportamento não linear dos materiais que compõem a estrutura, não sendo

essa uma hipótese consistente com a distribuição elástica dos esforços internos.

A análise não linear permite verificar a estrutura dentro de diversas hipóteses

de carregamento e considerando diferentes respostas estruturais, de acordo com a

magnitude das solicitações de projeto, além de permitir a avaliação da segurança

global do modelo estrutural analisado, não apenas a avaliação seccional dos

elementos estruturais isolados.

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1.2 OBJETIVOS

O presente trabalho pretende avaliar o fator de segurança global (λ)

encontrado na análise por segurança global, relacionando-o com os índices de

confiabilidade e níveis de segurança adotados em projeto. Além disso, pretende-se

determinar se o índice de confiabilidade (β) correspondente ao fator de segurança

global (λ) está acima dos limites recomendados pelas normas de dimensionamento

de estruturas.

Será também feita uma comparação entre os índices de confiabilidade

encontrados ao se avaliar uma estrutura de edificação convencional pela análise

semi-probabilística, utilizando o critério dos estados limites preconizados na NBR

6118 (ABNT, 2014) e pela análise de segurança global. Vale ressaltar que na

análise semi-probabilística serão determinados índices de confiabilidade para cada

um dos elementos estruturais analisados, enquanto na análise por segurança

global será determinado apenas um índice de confiabilidade, relacionado ao nível

de segurança da estrutura como um todo.

Essa comparação visa evidenciar que a análise por segurança global pode

conduzir ao dimensionamento de estruturas mais econômicas, sem prejudicar a

segurança da estrutura quando comparada à análise determinística.

1.3 METODOLOGIA

O pórtico central de uma edificação convencional de 13 pavimentos é

analisado para a ação de cargas permanentes e da carga acidental de vento,

considerando as abordagens semi-probabilísticas e probabilísticas, no intuito de

determinar o nível de segurança dessa edificação.

Inicialmente é realizado o dimensionamento dos elementos estruturais que

compõem o pórtico central (vigas e pilares), considerando a aplicação de cargas de

vento concentradas nos nós e de cargas de peso próprio distribuídas nos

pavimentos. As cargas são aplicadas na estrutura modelada com o auxílio de um

programa de análise estrutural e são retiradas as solicitações máximas de cálculo

que atuam em cada elemento estrutural. Nessa etapa, o dimensionamento

estrutural segue as recomendações da NBR 6118 (ABNT, 2014), sendo adotada a

abordagem semi-probabilística, com uso dos coeficientes de segurança

apresentados pela Norma e de valores característicos de resistência e solicitação,

considerando o estado limite último.

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Tendo sido determinadas as dimensões e as armaduras dos elementos

estruturais por meio da abordagem semi-probabilística, é realizada então a análise

por segurança global, com o objetivo de determinar o fator de segurança global.

Para isso, é realizada uma análise não linear da estrutura em um programa de

análise estrutural, considerando a aplicação das cargas de vento e peso próprio

com seus valores médios. Além disso, são consideradas as resistências médias de

vigas e pilares, e a formação de um mecanismo de rótulas plásticas nas vigas

quando elas atingem suas respectivas capacidades resistentes. Para garantir a

simetria da estrutura analisada é considerada simplificadamente a aplicação

apenas de esforços nodais, permitindo uma melhor análise da formação das

rótulas plásticas.

Neste projeto, a carga de peso próprio é mantida constante e a solicitação de

vento é progressivamente majorada e aplicada na estrutura até o momento de

colapso do pórtico analisado. O fator de segurança global (λ) pode ser então

determinado como a razão entre o esforço de vento aplicado no momento de

colapso da estrutura e o valor médio da solicitação de vento.

Após o dimensionamento dos elementos estruturais no estado limite último e a

determinação do fator λ pela abordagem de segurança global, são realizadas

análises de confiabilidade com o intuito de determinar os níveis de segurança

associados a cada elemento estrutural (análise probabilística para o estado limite

último) e o nível de segurança associado ao comportamento global da estrutura

(análise probabilística para a abordagem por segurança global).

Para realização das análises de confiabilidade é utilizado o programa “VAP”

(2017), que permite, por meio da definição de uma função de falha associada às

variáveis de projeto, determinar os índices de confiabilidade (β) e as probabilidades

de falha relacionados a cada um dos casos estudados.

Tendo sido obtidos os resultados para as análises de confiabilidade, é feita

uma comparação entre os índices de confiabilidade encontrados e chega-se à

conclusão que a abordagem por segurança global resulta em valores de β maiores

do que os obtidos nas análises semi-probabilísticas seccionais de vigas e pilares, o

que indica que essa metodologia pode levar à uma otimização do projeto,

resultando em estruturas mais econômicas sem afetar a segurança estrutural.

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1.4 ESTRUTURA DO TEXTO

Este trabalho está estruturado em capítulos. A ordenação dos tópicos é

apresentada a seguir:

Capítulo 1: Introdução do tema estudado no trabalho, contendo a motivação para

realização do mesmo, objetivos e a metodologia adotada.

Capítulo 2: Revisão bibliográfica, com a apresentação das diferentes abordagens

para o dimensionamento estrutural adotadas nas análises realizadas.

Capítulo 3: Apresentação do programa “VAP” (2017), utilizado nas análises

probabilísticas referentes ao estudo de caso.

Capítulo 4: Estudo de caso - Análise global de um pórtico de edifício convencional.

Capítulo 5: Conclusão do trabalho.

Capítulo 6: Referências bibliográficas utilizadas como base para a elaboração do

trabalho.

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2 ABORDAGENS PARA DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL

2.1 MÉTODO DE PROJETO SEMI-PROBABILÍSTICO

A norma brasileira de projeto de estruturas de concreto NBR 6118 (ABNT,

2014) baseia-se em um método semi-probabilístico de projeto. Nela é apresentada

a metodologia de estados limites, que consiste na definição de valores

característicos das variáveis e de coeficientes parciais de ponderação, que

dependem da natureza das solicitações e resistências consideradas em projeto.

Esses coeficientes são adotados com o intuito de levar em consideração as

incertezas associadas à cada variável de projeto, permitindo que haja uma certa

margem de segurança entre a resistência e as solicitações atuantes na estrutura

analisada e diminuindo assim a probabilidade de falha da mesma, conforme

apresentado na figura 2.1:

Figura 2.1 – Esquema do método semi-probabilístico (FRANCO, 2010)

A seguir serão apresentadas as recomendações normativas no que diz

respeito à determinação das resistências e propriedades dos materiais adotados

em projeto (concreto e aço), das ações e combinações de ações atuantes nas

estruturas analisadas e dos estados limites que devem ser considerados para a

verificação do comportamento estrutural.

2.1.1 Estados limites

Estados limites estão relacionados aos critérios de segurança adotados para

as diversas verificações que devem ser consideradas no dimensionamento das

estruturas. A NBR 6118 (ABNT, 2014) classifica os estados limites em estados

limites últimos e estados limites de serviço.

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Estados limites últimos (ELU) correspondem à máxima capacidade resistente

da estrutura. Sua ocorrência representa uma situação de colapso estrutural e

determina a paralisação do uso da construção. A seguir são apresentados alguns

exemplos de estados limites últimos considerados na NBR 6118 (ABNT, 2014):

a) Estado limite último de perda do equilíbrio da estrutura;

b) Estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da

estrutura, no seu todo ou em parte, devido às solicitações normais e

tangenciais;

c) Estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da

estrutura, no seu todo ou em parte, considerando os efeitos de segunda

ordem;

d) Estado limite último provocado por solicitações dinâmicas;

e) Estado limite último de colapso progressivo.

Neste trabalho é considerado no dimensionamento das estruturas o estado

limite apresentado no item “b”. As vigas são dimensionadas para solicitações de

flexão e os pilares para solicitações de flexocompressão.

A condição de segurança no ELU é apresentada na NBR 6118 (ABNT, 2014)

por meio da seguinte relação entre a resistência e a solicitação de cálculo:

𝑅𝑑 ≥ 𝑆𝑑 (( (2-1)

Sendo:

𝑅𝑑 - Resistência de cálculo

𝑆𝑑 - Solicitação de cálculo

Já os estados limites de serviço (ELS) são aqueles relacionados ao conforto

do usuário e à durabilidade, aparência e boa utilização da estrutura. A seguir são

apresentados os estados limites de serviço a serem considerados nas estruturas

de concreto armado:

a) Estado limite de abertura de fissuras (ELS-W);

b) Estado limite de deformações excessivas (ELS-DEF).

c) Estado limite de vibrações excessivas (ELS-VE).

Neste trabalho não são considerados os estados limites de serviço para

verificação dos elementos estruturais dimensionados, pois eles não estão

relacionados com o colapso estrutural, tema principal de estudo das análises de

confiabilidade realizadas.

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2.1.2 Ações e combinações de ações no ELU

As solicitações de cálculo são obtidas por meio da majoração das solicitações

características consideradas no dimensionamento estrutural. A NBR 6118 (ABNT,

2014) define os coeficientes parciais de ponderação de ações. As solicitações

características e os coeficientes por sua vez dependem dos tipos de ações, que

podem ser classificados conforme apresentado a seguir:

a) Ações permanentes (𝐹𝑔𝑘): Ações que ocorrem durante toda a vida útil da

estrutura com valores praticamente constantes, como o peso próprio

estrutural.

b) Ações variáveis (𝐹𝑞𝑘): Ações cujos valores variam significativamente ao

longo da vida útil da estrutura e atuam de forma intermitente, como o

vento.

c) Ações devido a deformações impostas (𝐹𝜀𝑘 ): Ações devidas a efeitos

indiretos, como recalques de apoio, variação de temperatura e retração.

Para as ações permanentes, os valores característicos adotados devem ser

iguais aos valores médios das respectivas distribuições de probabilidade,

correspondentes ao quantil de 50%, tanto para ações favoráveis quanto para as

desfavoráveis.

Para as ações variáveis, os valores característicos correspondem a valores

que tem de 25% a 35% de probabilidade de serem ultrapassados no sentido

desfavorável, durante um período de 50 anos.

Os coeficientes de ponderação 𝛾𝑓 de ações definidos na NBR 6118 (ABNT,

2014) para o ELU são apresentados na tabela 2.1:

Tabela 2.1 – Coeficientes de ponderação de ações 𝛾𝑓 no ELU (ABNT, 2014)

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Além dos coeficientes de ponderação, a norma também apresenta os

coeficientes de combinação 𝛾𝑓2 para o ELU nos casos de atuação simultânea de

duas ou mais ações no elemento estrutural:

Tabela 2.2 – Coeficientes de combinação de ações 𝛾𝑓2 no ELU (ABNT, 2014)

A NBR 6118 (ABNT, 2014) apresenta também as possíveis combinações de

ações a serem consideradas:

Tabela 2.3 – Combinações no ELU (ABNT, 2014)

Com base nas tabelas 2.1, 2.2 e 2.3, chega-se à equação que define a

solicitação de cálculo no ELU para situação de esgotamento da capacidade

resistente de elementos estruturais de concreto armado:

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𝑆𝑑 = 𝛾𝑔 ∙ 𝐹𝑔𝑘 + 𝛾𝑞(𝐹𝑞𝑘,1 + ∑(𝜓0,𝑗 ∙ 𝐹𝑞𝑘,𝑗) ) (( (2-2)

Em que:

𝑆𝑑 - é a solicitação de cálculo;

𝛾𝑔 e 𝛾𝑞 - são os valores dos coeficientes de ponderação de cargas permanentes e

variáveis, respectivamente;

𝐹𝑔𝑘, 𝐹𝑞𝑘,1 e 𝐹𝑞𝑘,𝑗 - são os valores característicos devidos às ações permanentes,

ação variável principal e ações variáveis secundárias, respectivamente;

𝜓0,𝑗 - são os valores dos coeficientes de combinação associados às ações

variáveis secundárias.

Vale ressaltar que existem várias possibilidades para as combinações de

ações, dependendo de qual das ações variáveis seja tomada como principal.

Essas diferentes possibilidades devem ser contempladas no projeto.

2.1.3 Propriedades e resistência do concreto armado

O concreto armado é um material estrutural que consiste na combinação do

concreto simples com barras de aço. O concreto simples é um aglomerado de

cimento, água e agregados que apresenta boa resistência a compressão, porém

não trabalha bem à tração. Para combater essa deficiência, são posicionadas

barras de aço dentro do concreto para resistir aos esforços de tração. O

funcionamento conjunto desses materiais é possível graças a aderência existente

entre eles.

A seguir são apresentados os conceitos de resistência característica e as

propriedades do concreto e do aço, além dos coeficientes de minoração

apresentados na NBR 6118 (ABNT, 2014) para determinação da resistência de

cálculo desses materiais.

2.1.3.1 Resistência característica (𝑓𝑘)

A resistência característica é definida na NBR 6118 (ABNT, 2014) como o valor

de resistência que apresenta probabilidade de apenas 5% de não ser atingido

dentro de uma amostra de um determinado material, sendo admitida uma

distribuição normal para as resistências, conforme apresentado na figura 2.2:

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Figura 2.2 – Valor característico da resistência (PINHEIRO, 2012)

Logo, a resistência característica (𝑓𝑘) é avaliada a partir do valor médio (𝑓𝑚) e

do desvio padrão (�̅�) da amostra analisada:

𝑓𝑘 = 𝑓𝑚 − 1,65 ∙ �̅� (( (2-3)

Sendo a média:

𝑓𝑚 =∑ 𝑓𝑖

𝑛𝑖=1

𝑛 (( (2-4)

E o desvio padrão:

�̅� = √∑ (𝑓𝑖−𝑓𝑚)²𝑛

𝑖=1

𝑛−1 (( (2-5)

Vale ressaltar que, para o concreto, a resistência característica adotada em

projeto deve corresponder aos resultados de ensaios de compressão axial

realizados em corpos de prova de concreto com 28 dias de idade.

Os concretos são classificados em classes de acordo com a sua resistência.

Um concreto é dito da classe C40 se ele apresenta 40 MPa de resistência

característica.

2.1.3.2 Propriedades do concreto

a) Diagrama tensão-deformação:

O diagrama tensão (𝜎𝑐)-deformação (𝜀𝑐) do concreto no estado limite último é

apresentado na figura 2.3:

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12

Figura 2.3 – Diagrama tensão-deformação do concreto no ELU (NBR6118, 2014)

Sendo adotados os seguintes valores para os parâmetros 𝜀𝑐2 (deformação

específica de encurtamento do concreto no início do patamar plástico) e 𝜀𝑐𝑢

(deformação específica de encurtamento do concreto na ruptura), para concretos

de classes até C50:

𝜀𝑐2 = 2 ‰ (( (2-6)

𝜀𝑐𝑢 = 3,5 ‰ (( (2-7)

A NBR 6118 (ABNT, 2014) permite a consideração simplificada de um

diagrama tensão-deformação de formato retangular com tensão constante de 0,85

𝑓𝑐𝑑 ,desde que não ocorra uma diminuição de largura da seção comprimida de

concreto conforme se aproxime do bordo comprimido, para concretos de Classe até

C50. Para isso, deve-se considerar uma redução de 20% na profundidade da linha

neutra “x” nas peças submetidas a esforços de flexão. O diagrama simplificado foi

utilizado no dimensionamento estrutural de vigas e pilares realizado nesse trabalho.

O fator 0,85 é um redutor da resistência que leva em consideração a aplicação

de carregamentos de longa duração no concreto (efeito Rüsch).

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b) Módulo de elasticidade

A NBR 6118 (ABNT, 2014) apresenta a formulação para a determinação dos

módulos de elasticidade inicial (𝐸𝑐𝑖) e secante (𝐸𝑐𝑠) do concreto, estimados a partir

de sua classe:

Módulo de elasticidade inicial (𝑓𝑐𝑘 ≤ 50 𝑀𝑃𝑎):

𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝐸 ∙ 5600√𝑓𝑐𝑘 (( (2-8)

Módulo de elasticidade inicial (𝑓𝑐𝑘 > 50 𝑀𝑃𝑎):

𝐸𝑐𝑖 = 21,5 ∙ 10³ ∙ 𝛼𝐸 ∙ (𝑓𝑐𝑘

10+ 1,25)

1/3 (( (2-9)

Sendo 𝛼𝐸 um parâmetro que depende da rocha matriz de brita empregada como

agregado (1,2 para diabásio e basalto; 1,0 para granito e gnaisse; 0,9 para calcário

e 0,7 para arenito).

A partir do módulo de elasticidade inicial, é estimado o módulo de

elasticidade secante:

𝐸𝑐𝑠 = 𝛼𝑖 ∙ 𝐸𝑐𝑖 (2-10)

𝛼𝑖 = 0,80 + 0,20 ∙𝑓𝑐𝑘

80 < 1,0 (2-11)

2.1.3.3 Propriedades do aço

a) Módulo de elasticidade

A NBR 6118 (ABNT, 2014) fornece o valor para o módulo de elasticidade do

aço CA-50, utilizado como armadura passiva nos elementos de concreto armado:

𝐸𝑠 = 210 𝐺𝑃𝑎 = 210 ∙ 106 𝑘𝑃𝑎 (2-12) ((

b) Diagrama tensão (𝜎𝑠) - deformação (𝜀𝑠)

Para o cálculo no estado limite último, a NBR 6118 (ABNT, 2014) apresenta

no item 8.3.6 o diagrama tensão-deformação bilinear genérico para os aços, que

pode ser representado como na figura 2.4:

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Figura 2.4 – Diagrama tensão-deformação do aço no ELU (SANTOS, 2017)

O diagrama apresentado mostra que, quando submetido à tração, o patamar

máximo de deformação antes do escoamento do aço corresponde a 𝜀𝑦𝑑 , que

depende do tipo de aço. Já a deformação máxima do aço após o início da

plastificação, que independe do tipo de aço, é de 10‰.

Na compressão, o limite para o início do escoamento do aço também é 𝜀𝑦𝑑.

No entanto, a deformação máxima do aço após o início da plastificação fica

limitada à 3,5‰, correspondente a deformação máxima do concreto na ruptura.

A tabela a seguir apresenta os valores de 𝜀𝑦𝑑 para os diferentes aços

comerciais, sendo o aço CA-50 o mais utilizado nas armaduras passivas para

concreto armado.

Tabela 2.4 – Deformações no aço

2.1.3.4 Resistências de cálculo

A resistência de cálculo dos materiais é obtida por meio da adoção dos

coeficientes de minoração apresentados pela NBR 6118 (ABNT, 2014).

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Tabela 2.5 – Coeficientes de minoração das resistências (ABNT, 2014)

Com isso, determina-se a resistência de cálculo do concreto (𝑓𝑐𝑑):

𝑓𝑐𝑑 =𝑓𝑐𝑘

𝛾𝑐 (2-13)

E a resistência de cálculo do aço utilizado como armadura (𝑓𝑦𝑑):

𝑓𝑦𝑑 =𝑓𝑦𝑘

𝛾𝑠 (2-14)

Em que:

𝑓𝑐𝑘 é a resistência característica à compressão do concreto;

𝑓𝑦𝑘 é a tensão de escoamento característica do aço.

2.2 PROJETO BASEADO NA TEORIA DA CONFIABILIDADE (MÉTODO

PROBABILÍSTICO)

A Teoria da Confiabilidade permite considerar as diversas incertezas

associadas ao dimensionamento estrutural, por meio da análise de cada uma das

variáveis associadas à resistência ou à solicitação considerada em projeto. Assim,

são consideradas incertezas associadas às propriedades físicas e de resistência

dos materiais, magnitude e forma de aplicação dos carregamentos e as diferenças

entre modelos teóricos adotados e a realidade. Além disso leva-se também em

consideração erros e imperfeições que podem ocorrer durante a etapa de

construção das estruturas.

Para isso, as variáveis de projeto são tomadas como distribuições

probabilísticas, ou seja, variáveis aleatórias tomadas com seus valores médios e

desvios padrão, sendo a natureza dessas distribuições dependentes do tipo de

variável analisada.

A Análise de Confiabilidade tem como objetivo a determinação da

probabilidade de falha de um determinado modelo estrutural, sendo a falha a

situação em que a estrutura atinge uma condição indesejada. Nesse trabalho, será

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16

considerada como falha a situação em que ocorra a ruptura das vigas por flexão ou

a ruptura dos pilares por flexocompressão.

Surge como um dos principais conceitos associados à Teoria da

Confiabilidade o índice de confiabilidade (β), a partir do qual se pode determinar a

probabilidade de falha (𝑝𝑓) de uma estrutura.

O índice de confiabilidade pode ser definido como o grau de segurança de

um sistema estrutural para a falha. Sua determinação é feita a partir de uma função

de falha, usualmente uma função que relaciona resistência e solicitação.

2.2.1 Variáveis aleatórias

Variável aleatória pode ser entendida como uma função que associa cada

elemento de um espaço amostral à um número real (PINHEIRO, et al., 2011).

Portanto, uma variável aleatória corresponde a um vetor (X), nos quais estão

contidos diversos resultados possíveis (x) para caracterizar o valor que essa

variável assume em uma determinada condição ou experimento. A variável

aleatória pode ser então vista como uma distribuição dos diversos resultados

obtidos para diferentes condições ou repetições de um experimento.

Como exemplo de uma variável aleatória pode-se considerar os resultados

dos ensaios de compressão axial em cilindros de concreto. Cada um dos valores

encontrados para as diferentes repetições do ensaio é considerado uma realização

da variável (x), já o conjunto de todos os resultados obtidos (X) é a própria variável

aleatória que define a resistência do concreto.

Nas análises de confiabilidade que visam determinar a segurança de

elementos estruturais são estudadas variáveis aleatórias contínuas. Uma variável

aleatória é dita contínua, se o número de valores que ela puder assumir for

qualquer valor dentro de um intervalo de reais, ou seja, um infinito inumerável

(BECK, 2015).

Uma variável aleatória contínua pode ser representada por uma função

contínua, conhecida como função densidade de probabilidade (PDF), desde que

essa função respeite algumas condições, apresentadas a seguir:

I. A função densidade de probabilidade deve ser sempre maior ou igual à 0,

ou seja, 𝑓𝑥(𝑥) ≥ 0 para qualquer valor de x.

II. A área sob a curva que representa a função densidade de probabilidade

deve ser igual à 1:

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∫ 𝑓𝑥+∞

−∞(𝑥)𝑑𝑥 = 1 (2-15)

III. A probabilidade de um valor ser menor ou igual à 𝑥𝑖 é:

𝐹𝑥(𝑥𝑖) ≡ 𝑃(𝑥 ≤ 𝑥𝑖) = ∫ 𝑓𝑥

𝑥𝑖

−∞(𝑥)𝑑𝑥 (2-16)

Embora qualquer função que satisfaça essas três condições possa

representar variáveis aleatórias, é comum a adoção de modelos de funções pré-

definidas. As funções adotadas nesse trabalho são apresentadas no item 2.2.2.

Além da função densidade de probabilidade (PDF), alguns parâmetros podem

ser utilizados para caracterizar uma variável aleatória. Os principais parâmetros de

variáveis aleatórias são apresentados em seguida:

a) Média (µ)

A média ou valor esperado de uma variável aleatória contínua é definida como:

𝐸(𝑋) = 𝜇𝑥 = ∫ 𝑥 ∙ 𝑓𝑥

+∞

−∞(𝑥)𝑑𝑥 (( (2-17)

b) Variância

A variância traduz a dispersão dos dados em torno da média, sendo expressa por:

𝑉𝐴𝑅(𝑋) = ∫ (𝑥 − 𝜇𝑥)² ∙ 𝑓𝑥

+∞

−∞(𝑥)𝑑𝑥

𝑉𝐴𝑅(𝑋) = 𝐸(𝑋2) − 𝜇𝑥2 (2-18)

c) Desvio padrão (𝜎𝑥)

O desvio padrão é a raiz quadrada da variância, sendo a medida de

dispersão mais utilizada:

𝜎𝑥 = √𝑉𝐴𝑅(𝑋) (( (2-19)

d) Coeficiente de variação (COV)

O coeficiente de variação é a razão entre o desvio padrão e a média de uma

variável aleatória. Esse coeficiente é utilizado para mensurar a amplitude de

dispersão dos valores encontrados e permite melhor visualização sobre a

variabilidade de uma função.

𝐶𝑂𝑉 =𝜎𝑥

𝜇𝑥 (( (2-20)

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2.2.2 Distribuições aleatórias contínuas

Neste item são apresentadas as distribuições aleatórias contínuas utilizadas

usualmente nas análises de confiabilidade estrutural, adotadas no desenvolvimento

desse trabalho. Para caracterizá-las, são apresentados seus principais parâmetros

e suas respectivas funções densidade de probabilidade e de distribuição

acumulada.

2.2.2.1 Distribuição normal N (µ, σ)

A distribuição normal, também chamada de gaussiana, é talvez a mais

conhecida e a mais utilizada, sendo adotada com muita frequência para

representar fenômenos físicos (SCHNEIDER, 2006).

Essa distribuição é simétrica e caracterizada por dois parâmetros, média (µ) e

desvio padrão (σ). Sua função densidade de probabilidade é dada pela seguinte

expressão:

𝑓(𝑥) =1

𝜎𝑥 ∙ √2𝜋exp [−

1

2(

𝑥 − 𝜇𝑥

𝜎𝑥) ²] (( (2-21)

A sua função de distribuição acumulada não possui expressão na forma

analítica, sendo definida como:

𝐹(𝑥) = ∫1

𝜎𝑥 ∙ √2𝜋exp [−

1

2(

𝑥 − 𝜇𝑥

𝜎𝑥) ²] 𝑑𝑥

𝑥

−∞

(( (2-22)

Essa função cumulativa pode ser avaliada por meio de processos de

integração numérica ou com o uso de tabelas apresentadas em livros de

estatística.

A seguir são apresentadas, na figura 2.5, três distribuições normais de

probabilidade que apresentam a mesma média (µ=0) e diferentes desvios padrão

(σ = 0,5, 0,7 e 1). O intuito é de mostrar que quanto maior for a dispersão com

relação a média, mais dilatada será a base da função densidade de probabilidade

(PDF), o que acarreta em distribuições com maior.

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Figura 2.5 – Distribuições normais (FRANCO, 2010)

Se uma variável aleatória possui distribuição normal, com média zero e

desvio padrão igual a um, é dito que essa variável possui distribuição normal

padrão (PINHEIRO, et al., 2011).

Para melhor representação da distribuição normal padrão, é introduzida uma

variável auxiliar, chamada de variável reduzida ou padrão, apresentada a seguir:

𝑌 =𝑋 − 𝜇𝑥

𝜎𝑥 (( (2-23)

Assim, a função densidade de probabilidade da distribuição normal padrão é

dada por:

𝑓(𝑦) = 𝜙(𝑦) =1

√2𝜋exp [−

1

2𝑦²] (( (2-24)

Já a função cumulativa da distribuição normal padrão é definida como:

Φ(𝑦) = ∫1

√2𝜋exp [−

1

2𝑦²]

𝑦

−∞

(( (2-25)

Como exemplo de uma distribuição normal padrão tem-se a curva em laranja

apresentada na figura 2.5.

O teorema do limite central afirma que caso haja uma soma de um grande

número de variáveis aleatórias, a distribuição de probabilidade dessa soma se

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aproxima da distribuição normal, independentemente da natureza de distribuição

dessas variáveis (MELCHERS, 1999).

A distribuição normal é utilizada nas análises de confiabilidade para

representar variáveis de resistência dos materiais, dimensões seccionais,

solicitações permanentes, etc. Para o caso de algumas grandezas físicas como as

dimensões seccionais, deve-se ter cuidado para que as variáveis analisadas não

assumam valores negativos, já que isso seria impossível na prática.

2.2.2.2 Distribuição de Gumbel

A distribuição de Gumbel é classificada como uma distribuição de valores

extremos. Esse tipo de distribuição é utilizado quando é interessante determinar os

valores máximo ou mínimo da ocorrência de um fenômeno, como por exemplo a

determinação da maior carga variável de ocupação que ocorre no piso de um

edifício durante o seu período de vida útil.

A função densidade de probabilidade para distribuições do tipo Gumbel é

apresentada a seguir:

𝑓(𝑥) =1

𝜎∙ exp [(

𝑥 − 𝜇𝑥

𝜎𝑥) − exp (

𝑥 − 𝜇𝑥

𝜎𝑥)] (( (2-26)

Sendo a média dada por:

𝜇𝑥 = 𝑏 +𝛾

𝑎

(( (2-27)

E a variância dada por:

𝜎2 =𝜋²

6 ∙ 𝑎² (( (2-28)

Em que:

𝑎 representa o parâmetro de escala;

𝑏 representa o parâmetro de posição;

𝛾 = 0,57721566 (constante de Euler).

Já a função cumulativa da distribuição Gumbel é definida como:

𝐹(𝑥) = exp [− exp (−𝑥 − 𝜇𝑥

𝜎𝑥)] (( (2-29)

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A seguir, na figura 2.6, é apresentado um exemplo de função densidade de

probabilidade para uma distribuição do tipo Gumbel com média de 21,37 e desvio

padrão de 7,48, que representa o esforço horizontal devido a carga de vento que é

utilizado nas análises de confiabilidade realizadas nesse trabalho:

Figura 2.6 – Exemplo de distribuição do tipo Gumbel

A distribuição Gumbel possui muitas aplicações em engenharia, sendo

utilizada principalmente para descrever fenômenos naturais, como vazão de rios,

volume de chuvas, velocidades de vento e magnitudes de sismos.

No que diz respeito às análises de confiabilidade estrutural aqui descritas, a

distribuição de Gumbel é utilizada para representar as variáveis de cargas

acidentais e solicitações devidas a ação do vento.

2.2.3 Variáveis de projeto e suas distribuições

A tabela 2.6 apresenta um resumo das distribuições adotadas para as

principais variáveis aleatórias consideradas em projetos de estruturas de concreto

armado. Além do tipo das distribuições, são também apresentados outros

parâmetros pertinentes para caracterizar cada variável.

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Tabela 2.6 – Resumo das variáveis para estruturas de concreto armado (SANTOS, 2018)

Em que:

“Bias factor” é um fator utilizado para relacionar o valor médio com o valor

característico de cada variável, sendo a razão entre os dpisvalores médio e

característico;

Fractil ou TM representa, dependendo da variável, ou o fractil da curva de

probabilidades utilizado para definir seu valor característico, ou o período de

recorrência adotado para determinação dos valores extremos de variáveis

aleatórias (intervalo de tempo em que, em média, o valor característico é igualado

ou ultrapassado).

2.2.4 Função de falha

A função ou equação de falha para um sistema qualquer corresponde a uma

função g (�̃�) das n variáveis aleatórias envolvidas em um problema. Quando essa

função se iguala à zero, tem-se a situação crítica em que se atinge a configuração

de estado limite preconizada na análise, escrita da seguinte forma (BECK, 2015):

𝑔(�̃�) = 𝑔(𝑋1, 𝑋2, … , 𝑋𝑛) = 0 (( (2-30)

Essa função apresenta dois domínios distintos, quando 𝑔 (�̃�) ≤ 0 a função se

encontra no domínio de falha (𝛺𝑓), e na situação em que 𝑔 (�̃�) > 0 a função se

encontra no domínio de sucesso (𝛺𝑠).

VARIÁVEL DISTRIBUIÇÃO BIAS FACTOR COV ou s Fractil ou TM

Carga Permanente Normal 1,050 0,10 0,48

Carga Acidental (50 anos) Gumbel 0,890 0,35 140

Vento (50 anos) Gumbel 1,187 0,35 50

Modelagem das cargas Normal 1,000 0,10 -

Resistência do concreto Normal 1,328 0,15 0,05

Resistência do aço Normal 1,089 0,05 0,05

Dimensões seccionais Normal 1,000 4mm+0,006L≤10mm -

Área das barras Normal 1,000 0,015 -

Cobrimento Normal 1,000 5mm -

Modelagem das resistências Normal 1,000 0,05 -

RESUMO DAS VARIÁVEIS PARA ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

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𝛺𝑓 = {�̃�|𝑔(�̃�) ≤ 0}

𝛺𝑠 = {�̃�|𝑔(�̃�) > 0} (( (2-31)

A figura 2.7 apresenta os domínios de sucesso e falha para o caso de uma

função de falha g (𝑈1, 𝑈2), dependente de duas variáveis aleatórias. A linha que

delimita esses dois domínios, em que g (𝑈1, 𝑈2) = 0, é chamada superfície de falha.

Figura 2.7 – Função de falha (FRANCO, 2010)

A equação de estado limite adotada usualmente nas análises de

confiabilidade estrutural, que expressa o problema fundamental de confiabilidade, é

uma função que relaciona as variáveis de resistência e solicitação consideradas

em um projeto.

𝑔(𝑅, 𝑆) = 𝑍 = 𝑅 − 𝑆 (( (2-32)

Em que:

R é a variável aleatória correspondente à resistência;

S é a variável aleatória correspondente à solicitação.

Portanto, atinge-se a situação de falha na região em que 𝑆 > 𝑅 , ou seja,

quando a solicitação é maior do que a resistência estrutural, o que corresponde a

Z (margem de segurança) < 0. Diversas possibilidades para o problema

fundamental são apresentadas na figura 2.8.

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Figura 2.8 – Problema fundamental da confiabilidade (BECK, 2015)

O domínio de falha para o problema fundamental da confiabilidade é

apresentado na figura 2.9:

Figura 2.9 – Domínio de falha para o problema R-S (BECK, 2015)

2.2.5 Probabilidade de falha (𝑷𝒇)

A probabilidade de falha de um sistema representa as chances dos

resultados obtidos nas análises estarem contidos no domínio de falha (�̃� ∈ 𝛺𝑓).

𝑃𝑓 = 𝑃[{�̃� ∈ 𝛺𝑓}] = 𝑃[{𝑔(𝑥) ≤ 0}] (( (2-33)

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Caso a função conjunta de probabilidades 𝑓�̃�(�̃�) seja conhecida, a

probabilidade de falha pode ser obtida pela seguinte integral, no domínio de falha

(𝛺𝑓):

𝑃𝑓 = ∫ 𝑓�̃�(�̃�) 𝑑�̃� (( (2-34)

Já para o problema fundamental da confiabilidade, tem-se:

𝑃𝑓 = 𝑃[{𝑅 ≤ 𝑆}] = [{(𝑟, 𝑠)𝜖 𝛺𝑓}] (( (2-35)

Assumindo que as distribuições de probabilidade de resistência (R) e

solicitação (S) são conhecidas e independentes, a probabilidade de falha para o

problema fundamental da confiabilidade pode ser calculada como:

𝑃𝑓 = ∫ ∫ 𝑓𝑟

𝑠

−∞

−∞

(𝑟)𝑓𝑠(𝑠)𝑑𝑟𝑑𝑠 = ∫ 𝐹𝑟(𝑠)𝑓𝑠(𝑠)𝑑𝑠∞

−∞

(( (2-36)

Por meio da observação da figura 2.8, percebe-se que a probabilidade de

falha está relacionada com área de sobreposição entre as funções densidade de

probabilidade de resistência e solicitação. Logo, quanto mais distantes forem as

médias das distribuições de resistência e solicitação, menor será a probabilidade

de falha.

Outro fator que influencia a área de sobreposição das curvas é o grau de

dispersão das variáveis aleatórias, que se relaciona com o desvio padrão das

distribuições. Quanto menor for o grau de dispersão das distribuições, menor será

a probabilidade de falha.

2.2.6 Índice de confiabilidade (β)

O índice de confiabilidade é um fator de referência que expressa o grau de

confiança de um modelo estrutural para falha, considerando um determinado modo

de comportamento para a estrutura e sendo respeitadas as premissas adotadas

em projeto.

Ao analisar o problema fundamental da confiabilidade, em que 𝑍 = 𝑅 − 𝑆 ,

caso R e S sejam variáveis aleatórias, Z também o será. Portanto, Z possui função

densidade de probabilidade 𝑓𝑧 (𝑧).

Nesse caso, a probabilidade de falha da função Z pode ser calculada da

seguinte maneira (BECK, 2015):

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𝑃𝑓 = 𝑃[{𝑍 ≤ 0}] = ∫ 𝑓𝑧(𝑧)𝑑𝑧0

−∞

= 𝐹𝑧(0) (( (2-37)

Sendo R e S distribuições normais, Z também será uma distribuição normal,

com as seguintes média e desvio padrão:

𝜇𝑍 = 𝜇𝑅 − 𝜇𝑆 (( (2-38)

𝜎𝑍 = √𝜎𝑅2 + 𝜎𝑆

2 (( (2-39)

Transformando a variável Z em uma variável Y com distribuição normal padrão:

𝑌 =𝑍 − 𝜇𝑍

𝜎𝑍 (( (2-40)

A probabilidade de falha pode então ser descrita como:

𝑃𝑓 = 𝑃[{𝑍 ≤ 0}] = 𝑃[{𝑌 ∙ 𝜎𝑍 + 𝜇𝑍 ≤ 0}]

𝑃𝑓 = 𝑃 [{𝑌 ≤ −𝜇𝑧

𝜎𝑧}] = 𝛷 (−

𝜇𝑧

𝜎𝑧) = 𝛷(−𝛽) (( (2-41)

Sendo 𝛽 definido como:

𝛽 =𝜇𝑍

𝜎𝑍

(( (2-42)

O índice de confiabilidade pode então ser interpretado como a distância entre

o valor médio de Z e a situação de falha, medido em unidades de desvio padrão

(BASTOS, 2012), ver figura 2.10. Essa definição pode ser utilizada mesmo quando

a variável Z apresenta distribuição diferente da normal.

Figura 2.10 – Índice de confiabilidade (BASTOS, 2012)

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Quanto maior for o índice de confiabilidade da estrutura, maior será o seu

grau de confiança para a falha, e menor será sua probabilidade de falha. Portanto,

o grau de confiança de uma estrutura está diretamente relacionado ao valor médio

da função margem de segurança (Z), sendo a estrutura mais segura quanto maior

for esse valor. Já quanto maior for o valor do desvio padrão, maior será a

dispersão da função margem se segurança, o que diminui a confiabilidade

estrutural.

Tendo definido o índice de confiabilidade (β), é necessário determinar limites

para os seus valores e para a probabilidade de falha das estruturas, com o intuito

de garantir a segurança. O anexo B da EN 1990 (CEN, 2002) estabelece restrições

para os índices de confiabilidade, de acordo com classes de consequência.

Cada classe de consequência (CC) está relacionada à uma classe de

confiabilidade (RC), cujos índices de confiabilidade são delimitados de acordo com

a tabela 2.7 a seguir:

Tabela 2.7 – Classes de consequência (CEN, 2002)

Assim, percebe-se que o índice de confiabilidade está relacionado com o

período de vida útil da construção, que pode ser classificado nas categorias

definidas na tabela 2.8, pelo Código Modelo da fib (2013).

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Tabela 2.8 – Vida útil das construções (FIB, 2013)

Por fim, deve-se considerar também o estado limite que está sendo analisado

para delimitar os valores de β:

Tabela 2.10 – Restrições de β de acordo com o estado limite (CEN, 2002)

Portanto, para a análise de confiabilidade de um edifício convencional em

concreto armado (RC2), no estado limite último, caso estudado nesse trabalho, o

índice de confiabilidade fica limitado a:

𝛽 ≥ 3,8 (( (2-43)

2.2.7 Métodos de análise

Conforme apresentado nos itens anteriores, a Teoria da Confiabilidade

permite determinar a probabilidade de falha de uma estrutura, por meio de funções

de falha, a partir da resolução da integral apresentada na equação (2.34). No

entanto, para problemas reais, nem sempre é possível determinar de forma

analítica a solução dessa equação.

Nos casos em que as variáveis aleatórias não são independentes entre si

e/ou apresentam distribuições diferentes da normal ou funções de falha complexas,

é necessária a utilização de métodos alternativos para a avaliação da

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probabilidade de falha de uma estrutura a partir de sua equação de falha. A seguir

são apresentados os principais métodos para análise de confiabilidade estrutural.

2.2.7.1 Método de Monte Carlo

O método de Monte Carlo é um método numérico que pode ser utilizado para

analisar funções de falha de qualquer forma, podendo as variáveis aleatórias que

compõem essa equação de falha apresentar qualquer distribuição de densidade de

probabilidade.

Trata-se de um método estatístico de simples aplicação, no qual é realizada

uma simulação numérica que considera diversas possibilidades de valores para

cada variável aleatória, de acordo com suas distribuições. Esses valores são

determinados a partir de um arranjo de números pseudoaleatórios.

A precisão dessa simulação numérica está diretamente relacionada ao

número de experimentos realizados, ou seja, ao número de valores que cada

variável aleatória assume. Logo, por mais que esse método apresente a vantagem

de poder ser utilizado de maneira geral, sua principal desvantagem é a

necessidade de realização de um grande número de simulações para atingir

resultados com boa precisão.

O fator limitante para a utilização do método de Monte Carlo é a capacidade

computacional (SCHNEIDER, 2006).

A probabilidade de falha pelo método de Monte Carlo, após a realização de N

experimentos, é determinada a partir da seguinte equação:

𝑃𝑓 = 1

𝑁∙ ∑ 𝐼[𝐺(𝑋) ≤ 0]

𝑁

𝑖=1

(( (2-44)

Em que:

N é o número de experimentos realizados;

𝐼[ ] é chamada de função indicadora, que define a região de segurança e a região de

falha, definida como:

𝐼[𝐺(𝑋)] = { 1 , 𝐺(𝑋) ≤ 0 0 , 𝐺(𝑋) > 0

(( (2-45)

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Portanto, considerando N o número de experimentos realizados, e 𝑛𝑓 o

número de experimentos em que a equação de falha atingiu o domínio de falha, a

probabilidade de falha pode ser definida como:

𝑃𝑓 = 𝑛𝑓

𝑁 (( (2-46)

2.2.7.2 First order reliability method (FORM)

Conforme apresentado no item 2.2.6, o valor do índice de confiabilidade (β)

para o problema fundamental da confiabilidade (Z = R - S), sendo R e S variáveis

aleatórias estaticamente independentes e com distribuição normal, pode ser dado

por:

𝛽 = 𝜇𝑅−𝜇𝑆

√𝜎𝑅2 + 𝜎𝑆

2

(( (2-47)

Fazendo a transformação das variáveis de resistência e solicitação para as

variáveis reduzidas, que apresentam distribuição normal padrão, tem-se:

𝑟 =𝑅 − 𝜇𝑅

𝜎𝑅 (( (2-48)

𝑠 =𝑆 − 𝜇𝑆

𝜎𝑆 (( (2-49)

Com isso, é possível reescrever a equação de falha para o problema

fundamental da confiabilidade:

𝑍 = 𝑟𝜎𝑟 + 𝜇𝑅 − 𝑠𝜎𝑆 − 𝜇𝑆 (( (2-50)

Tendo sido determinada a função de falha, pode-se determinar a superfície

de falha e os domínios de sucesso e de falha, conforme apresentado na figura

2.12:

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Figura 2.12 – Representação da superfície de falha (FRANCO, 2010)

A figura 2.13 apresenta a superfície de falha (Z=0.0), na qual está contido o

ponto (r*, s*), sendo esse o ponto mais próximo, pertencente à superfície de falha,

da origem do espaço normal padrão. A distância entre esse ponto, conhecido como

ponto de projeto, e a origem do espaço normal padrão representa o grau de

segurança do sistema para a falha.

Essa distância é obtida por meio da geometria analítica:

𝑑 = 𝜇𝑅−𝜇𝑆

√𝜎𝑅2 + 𝜎𝑆

2

(( (2-51)

Portanto, percebe-se que, para o caso do problema fundamental da

confiabilidade, com as variáveis de resistência e solicitação tomadas com

distribuição normal padrão, a superfície de falha é uma reta, e a distância d

apresenta o mesmo valor do índice de confiabilidade (β).

O método FORM aplica a metodologia descrita acima, em que busca-se a

função de falha de um sistema no espaço reduzido (reta), por meio da

transformação das variáveis de solicitação e resistência em variáveis de

distribuição normal padrão, e, por fim, determina-se a distância entre a origem do

espaço reduzido e o ponto de projeto, sendo esse o ponto contido na superfície de

falha mais próximo da origem.

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Figura 2.13 – Representação do método FORM (FRANCO, 2010)

Ao se analisar a figura 2.13 percebe-se que a aproximação da superfície de

falha em uma reta no espaço reduzido implica na obtenção de valores

aproximados de β, podendo ser a favor da segurança quando a função g(V) for

convexa com relação ao ponto de projeto, e contra a segurança quando for

côncava.

Para os casos usuais de análise de confiabilidade em elementos estruturais,

a diferença entre os valores de β reais e aqueles obtidos pela aplicação do método

FORM é aceitável.

2.2.7.3 Second order reliability method (SORM)

O método SORM apresenta metodologia similar ao método FORM, sendo o

índice de confiabilidade (β) também obtido por meio da distância entre a origem do

espaço reduzido e o ponto de projeto.

No entanto, nesse caso a transformação das variáveis aleatórias visa a

aproximação da superfície de falha por uma função quadrática, não mais em uma

reta, o que resulta em valores de β mais próximos dos valores reais.

Embora mais preciso, o método SORM apresenta uma implementação

computacional mais complexa do que o método FORM.

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2.3 PROJETO BASEADO NA ABORDAGEM POR SEGURANÇA

GLOBAL

O avanço nos estudos de dimensionamento estrutural baseados na Teoria da

Confiabilidade permitiu o desenvolvimento de uma nova metodologia de projeto. A

abordagem por segurança global (CERVENKA, 2013) surge com o intuito de

possibilitar o projeto de estruturas mais econômicas, sem comprometer o nível de

segurança estrutural.

Na abordagem por segurança global, o dimensionamento estrutural é realizado

inicialmente de acordo com as recomendações normativas, visando a uma

posterior otimização. No caso desse trabalho, os elementos estruturais (vigas e

pilares) são dimensionados de acordo com a metodologia apresentada na NBR

6118:2014.

2.3.1 O fator de segurança global (λ)

As diversas incertezas presentes no dimensionamento estrutural são então

consideradas por meio da adoção de um fator de segurança global (λ). Esse fator

único é adotado para a consideração conjunta de todas as incertezas presentes no

projeto, diferentemente do método de dimensionamento semi-probabilístico usual,

em que são adotados coeficientes de segurança parciais para cada uma das

variáveis consideradas no projeto.

Figura 2.14 – Abordagem por segurança global x método semi-probabilístico

Nesta avaliação, o fator λ é utilizado para majorar uma ou mais cargas

atuantes no modelo estrutural, até que se atinja a situação de colapso da estrutura,

ou seja, o valor numérico de λ que leva a estrutura ao colapso é considerado como

o fator de segurança global da análise realizada.

𝜆 = 𝑆𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎çã𝑜 (𝑐𝑜𝑙𝑎𝑝𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙)

𝑆𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎çã𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑎 (( (2-52)

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Para que a análise seja isenta de definições arbitrárias de valores

característicos, e para que seja possível determinar a probabilidade de falha e o

índice de confiabilidade (β) associado ao fator de segurança global (λ), as variáveis

de resistência e solicitação são tomadas com seus valores médios, evitando a

influência da definição arbitrária das variáveis características de projeto.

2.3.2 A análise não linear

Para melhor definição do fator de segurança global (λ), é utilizada a

metodologia de análise não linear, ferramenta que se torna cada vez mais comum

para projeto de novas estruturas e avaliação de estruturas já construídas. Nesse

trabalho, foi considerada a formação de rótulas plásticas nas vigas de concreto

armado a partir do momento em que elas atingem sua capacidade resistente,

sendo os esforços redistribuídos para outros elementos estruturais.

A figura 2.15 exemplifica o mecanismo de formação de rótulas plásticas nas

vigas no problema analisado.

Figura 2.15 – Mecanismo de formação de rótulas plásticas (análise não linear)

O avanço das ferramentas computacionais de avaliação de estruturas

possibilitou que o conceito de análise não linear passe a ser utilizado em projetos

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como uma alternativa à análise linear convencional. Inicialmente essa metodologia

era adotada apenas em pesquisas e estudos teóricos, devido à sua complexidade.

No entanto, a acurácia dos resultados encontrados e a possibilidade da otimização

no projeto estrutural tornaram a análise não linear uma prática possível de

dimensionamento.

No caso da análise linear, utilizada no dimensionamento usual de estruturas

por meio de modelos semi-probabilísticos, considera-se a distribuição elástica dos

esforços internos nos elementos estruturais, sendo a segurança estrutural

analisada por meio de verificações seccionais em cada um desses elementos.

Essa abordagem adota hipóteses que nem sempre refletem o comportamento real

das estruturas.

A aplicação de cargas de baixa magnitude em um elemento estrutural gera

uma distribuição de esforços internos que pode ser bem representada por modelos

elásticos, no entanto, com o aumento das solicitações, é comum que ocorra uma

redistribuição desses esforços internos devido a respostas inelásticas.

Além disso, a distribuição elástica dos esforços internos não é consistente com

o comportamento não linear dos materiais que compõem a estrutura, considerado

nas análises de segurança seccionais de acordo com os estados limites

preconizados nas diversas normas de dimensionamento.

A análise não linear possibilita a avaliação da segurança global do modelo

estrutural, não apenas a avaliação seccional de elementos estruturais isolados,

além de permitir a verificação da estrutura dentro de diversas hipóteses de

carregamento e considerando diferentes respostas estruturais.

2.3.3 Verificação explícita da rotação plástica solicitante

A NBR 6118 (ABNT,2014) apresenta em seu item 14.6.4.4 um modelo para

verificação da rotação nas rótulas plásticas, em que são determinados limites para

as rotações plásticas impostas em estruturas de concreto armado, de acordo com

a figura 2.16:

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Figura 2.16 – Capacidade de rotação de rótulas plásticas (ABNT, 2014)

O limite da rotação plástica solicitante apresentado na figura 2.16 corresponde

à situação em que a razão a/d =3. Em que “a” é a distância entre o engaste e o

ponto de momento fletor nulo da viga analisada e “d” é a altura útil da viga.

Para outras situações, deve-se adotar a seguinte relação na determinação da

capacidade de rotação das rótulas plásticas:

𝜃𝑎𝑑𝑚 = 𝜃𝑝𝑙 ∙ √(𝑎/𝑑)

3 (( (2-53)

2.3.4 Metodologia do projeto aplicada na análise global

A seguir é apresentada a sequência de etapas adotada para a verificação

estrutural na abordagem por segurança global:

1) Dimensionamento dos elementos estruturais pelo método semi-

probabilístico de projeto, seguindo as recomendações normativas;

2) Análise não linear do modelo estrutural com auxílio de programa

computacional, considerando valores médios de solicitação e resistência;

3) Determinação do fator de segurança global (λ), referente ao carregamento

que leva a estrutura ao colapso;

4) Análise de confiabilidade para o fator λ encontrado, considerando o

comportamento global do modelo estrutural.

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3 O PROGRAMA VAP

O programa Variables Processor (VAP) foi desenvolvido por Petschacher na

década de 1990, possibilitando a realização de análises de segurança estrutural

baseadas na Teoria da Confiabilidade. O programa pode ser utilizado em diversas

aplicações de engenharia, quando tem-se a necessidade de analisar a influência

das variáveis consideradas em projeto de maneira mais precisa.

Nele, define-se uma função de falha (G) que relaciona as variáveis de

resistência (R) com as de solicitação (S), de acordo com o problema fundamental

da confiabilidade, como apresentado na figura 3.1:

Figura 3.1 – Função de falha e variáveis no programa VAP

Para o caso exemplificado, a equação de falha depende de dez variáveis

aleatórias independentes, cada uma delas com sua distribuição de densidade de

probabilidade característica.

Na figura 3.2 é apresentado um exemplo de função de falha, para o caso de

análise de estabilidade global em um pórtico de edificação convencional, estudo

que será apresentado no item 4 do presente trabalho:

Figura 3.2 – Definição de função de falha no programa VAP

Tendo sido definida a função de falha, é necessário caracterizar as variáveis

aleatórias que a compõem, introduzindo no programa suas distribuições e seus

valores característicos. As figuras 3.3 e 3.4 apresentam a definição de duas das

variáveis aleatórias adotadas no caso que será analisado.

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Figura 3.3 – Definição da variável FC (resistência do concreto)

Nesse caso, define-se “FC” (resistência do concreto) como uma variável aleatória

de distribuição normal, com média de 39840 kPa e desvio padrão de 5976 kPa.

Figura 3.4 – Definição da variável FH (força horizontal)

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Já para o caso de “FH” (força horizontal), foi adotada uma variável aleatória

com distribuição de Gumbel (valores extremos), com média de 10,68 kN e desvio

padrão de 3,74 kN.

Após a definição da função de falha e da caracterização das variáveis

aleatórias que a compõem, é então realizada a análise no programa para

determinação dos índices de confiabilidade e das probabilidades de falha

associadas ao caso estudado.

O programa possibilita a utilização dos métodos FORM, SORM e Monte Carlo

para realização de análises e simulações, além da metodologia de integração

numérica.

Figura 3.5 – Opções de análise no programa VAP.

A seguir, nas figuras 3.6 e 3.7 são apresentadas as interfaces para aplicação

dos métodos FORM e SORM, utilizados no presente trabalho.

Figura 3.6 – Interface para aplicação dos métodos FORM e SORM.

Clicando em “start” o programa roda a análise e retorna a probabilidade de

falha no campo “pf”, no caso de aplicação do método FORM, ou nos campos “pf” e

“pf2”, ao adotar-se o método SORM.

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Já no caso de aplicação do Método de Monte Carlo, deve-se definir também o

número de simulações a serem realizadas. O programa retorna a probabilidade de

falha e a distribuição de densidade de probabilidade da função de falha.

Figura 3.7 – Interface para aplicação do método de Monte Carlo

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4 ANÁLISE GLOBAL DE UM PÓRTICO DE EDIFÍCIO CONVENCIONAL

A seguir é apresentado um exemplo de realização de análise por segurança

global de um pórtico representativo de uma estrutura de edificação convencional,

cujos elementos estruturais foram dimensionados de acordo com as

recomendações da norma brasileira NBR 6118 (ABNT,2014).

Em seguida são realizadas análises de confiabilidade utilizando o programa

“VAP”. Encontram-se os índices de confiabilidade para a situação final de

segurança global e para a análise seccional usual e então é feita uma comparação

entre os resultados obtidos.

4.1 ESTRUTURA ANALISADA

A estrutura analisada neste trabalho é um edifício convencional de 13

pavimentos. Será feita a análise do pórtico plano central do edifício. A seguir, nas

figuras 4.1 e 4.2 são apresentados o esquema da planta do edifício e o esquema

do pórtico plano.

Figura 4.1 – Planta do edifício Figura 4.2 – Pórtico plano central

A análise de segurança global realizada leva em consideração dois

carregamentos atuantes na estrutura: uma carga transversal de vento, com

resultante de 1 kN/m² na fachada maior e uma carga permanente distribuída por

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pavimento de 8 kN/m². Com isso, é possível determinar as resultantes dessas

cargas, que são aplicadas diretamente nos nós do pórtico plano.

Carga de Vento:

𝑉 = 1𝑘𝑁

𝑚2× 3𝑚 × 6𝑚 = 18 𝑘𝑁 (( (4-1)

Carga de Piso:

𝑃 = 8𝑘𝑁

𝑚2× 5𝑚 × 6𝑚 = 240 𝑘𝑁 (( (4-2)

No entanto, para o dimensionamento dos elementos estruturais no estado

limite último, de acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), considera-se as cargas

aplicadas no pavimento como distribuídas, com a justificativa de que as seções

transversais adotadas para as vigas sejam compatíveis com aquelas observadas

em estruturas reais.

Essa consideração permite que o mecanismo de formação de rótulas plásticas

utilizado na análise de segurança global também esteja em conformidade com

aquilo que seria observado na prática.

Carga de piso distribuída:

𝑃𝑑𝑖𝑠𝑡 = 8𝑘𝑁

𝑚2× 6𝑚 = 48 𝑘𝑁/𝑚² (( (4-3)

4.2 ANÁLISE DETERMINÍSTICA PELO ESTADO LIMITE ÚLTIMO

As cargas de vento e de piso distribuída são aplicadas no pórtico central da

edificação modelado em programa de análise estrutural, conforme apresentado na

figura 4.3:

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Figura 4.3 – Cargas aplicadas no ELU.

Com isso, são determinados os máximos momentos fletores atuantes nas

vigas e os máximos momento fletor e esforço normal que atuam no pilar mais

solicitado. Em seguida, os elementos estruturais são dimensionados.

4.2.1 Dimensionamento das vigas

Tabela 4.1– Esforços solicitantes nas vigas no ELU

Tendo encontradas as máximas solicitações nas vigas, é realizado o

dimensionamento. Determinam-se as seções transversais e as áreas de armadura

necessárias de acordo com a formulação apresentada na NBR 6118 (ABNT,2014).

No dimensionamento busca-se adotar seções em que a relação linha neutra sobre

altura útil se aproxime o máximo possível de 0,45 (valor limite) para uma melhor

adequação posterior nas análises por segurança global e por confiabilidade

seccional.

𝑥

𝑑≅ 0,45 (𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒)

(( (4-4)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Mk(kNm) 613,6 649,0 619,6 601,0 572,4 549,9 526,2 499,1 477,2 451,6 427,5 414,1 346,0

Md(kNm) 859,0 908,6 867,4 841,4 801,4 769,9 736,7 698,7 668,1 632,2 598,5 579,7 484,4

Vigas

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A seguir são apresentados os resultados obtidos, sendo exemplificada a

metodologia de dimensionamento adotada por meio do cálculo da Viga 1.

Tabela 4.2 – Dimensionamento das vigas no ELU

Exemplo de cálculo da viga 1:

As resistências características do concreto e do aço adotadas são:

𝑓𝑐𝑘 = 30 𝑀𝑃𝑎 (( (4-5)

𝑓𝑦𝑘 = 500 𝑀𝑃𝑎 (( (4-6)

Primeiro, determina-se o valor da altura útil da seção de concreto considerando

um cobrimento de 0,05 m:

𝑑 = ℎ − 𝑐𝑜𝑏 = 1,10 − 0,05 = 1,05 𝑚. (( (4-7)

Em seguida, são determinados os fatores adimensionais 𝐾𝑚𝑑, 𝐾𝑥 𝑒 𝐾𝑧:

𝐾𝑚𝑑 =𝑀𝑑

𝑏 ∙ 𝑑2 ∙ 𝑓𝑐𝑑=

859

0,15 × 1,052 ×30000

1,4

= 0,242 (( (4-8)

𝐾𝑥 =𝑥

𝑑=

1 − (1 − 2 ×𝐾𝑚𝑑0,85

)0,5

0,8=

1 − (1 − 2 ×0,2420,85

)0,5

0,8= 0,431

(( (4-9)

𝐾𝑧 = 1 − 0,5 × 0,8 × 𝐾𝑥 = 1 − 0,5 × 0,8 × 0,431 = 0,828 (( (4-10)

Com isso, é possível determinar a área de armadura necessária para resistir

ao momento fletor de projeto.

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𝐴𝑠 =𝑀𝑑

𝐾𝑧 ∙ 𝑑 ∙ 𝑓𝑦𝑑=

859

0,828 × 1,05 ×50

1,15

= 22,73 𝑐𝑚² (( (4-11)

4.2.2 Dimensionamento do pilar mais solicitado

São retirados da análise em programa computacional os máximos esforço

normal e momento fletor atuantes no pilar mais solicitado do pórtico central.

Esforço normal:

𝑁𝑘 = −3565,7 𝑘𝑁 (( (4-12)

𝑁𝑑 = 1,4 × −3565,7 = −4992 𝑘𝑁 (( (4-13)

Momento fletor:

𝑀𝑘 = 347,78 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (( (4-14)

𝑀𝑑 = 1,4 × 347,8 = 487 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (( (4-15)

Tendo sido determinados os valores das solicitações de cálculo, é realizado o

dimensionamento do pilar mais solicitado, considerando o comportamento em

flexão composta reta. Esse dimensionamento é realizado com o auxílio da planilha

desenvolvida por SANTOS (2019), de acordo com o preconizado pela NBR 6118

(ABNT,2014).

A seguir, na figura 4.4, é apresentado o ábaco de interação utilizado no caso

analisado.

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Figura 4.4 –Ábaco de verificação do pilar mais solicitado no ELU.

São considerados os seguintes dados de cálculo:

𝑏 = ℎ = 0,50𝑚 (𝑠𝑒çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟)

𝑑′ = 𝑑′′ = 0,03𝑚 (𝑐𝑜𝑏𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎)

𝑓𝑐𝑘 = 30𝑀𝑃𝑎(𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜)

𝑓𝑦𝑘 = 500 𝑀𝑃𝑎(𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑎𝑐𝑡𝑒𝑟í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑎ç𝑜)

Chega-se a armadura necessária para resistir aos esforços de projeto:

𝐴𝑠 = 72 𝑐𝑚² (( (4-16)

O esquema de armaduras no pilar é apresentado na figura 4.5:

Figura 4.5 –Esquema de armaduras dos pilares

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47

4.3 ANÁLISE POR SEGURANÇA GLOBAL

A análise por segurança global assume uma situação última de ruptura, em

que tanto as vigas quanto os pilares do pórtico central atingem suas capacidades

resistentes. No caso das vigas, considera-se a situação da formação de rótulas

plásticas quando elas atingem sua capacidade resistente com o aumento das

cargas aplicadas na estrutura analisada (cargas de vento, no caso exemplificado).

Após a formação de rótulas plásticas nas vigas, o aumento das solicitações

aplicadas no pórtico passa a ser resistido exclusivamente pelos pilares. O

momento crítico da análise ocorre quando são formadas rótulas plásticas nas

bases dos pilares, dando início a uma cadeia cinemática.

No caso exemplificado, a análise consiste em manter constante o valor

aplicado de carga permanente (carga de piso) e majorar progressivamente as

cargas de vento aplicadas na estrutura, multiplicando-as por um fator λ (fator de

análise global) até o momento de colapso do pórtico analisado.

Para obter os resultados desejados na análise por segurança global, são

considerados os valores médios das cargas aplicadas, assim como os valores

médios das resistências consideradas. Essa consideração tem como objetivo evitar

que os resultados encontrados sejam influenciados por definições arbitrárias de

solicitações e resistências características e de cálculo, que variam de acordo com

a norma considerada para o projeto.

Além disso, para garantir a simetria da estrutura analisada, possibilitando a

melhor análise dos mecanismos de formação das rótulas plásticas, é considerada

simplificadamente a aplicação apenas de cargas nodais.

Na obtenção dos valores médios das cargas aplicadas são consideradas as

relações entre valores médios e característicos (“bias factor”) de 1,05 para carga

permanente e de 1,187 para a carga de vento (correspondente a um período de

recorrência de 50 anos e a um coeficiente de variação de 0,35). Com isso, chega-

se aos seguintes valores para as cargas aplicadas.

Carga de Piso:

𝑃 = 1,05 × 240 = 252 𝑘𝑁 (( (4-17)

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48

Carga de Vento:

𝑉 = 1,187 × 18 = 21,37 𝑘𝑁 (( (4-18)

As cargas nodais são então aplicadas no pórtico central modelado em

programa de análise estrutural.

Figura 4.6 –Cargas aplicadas na análise global.

Após a determinação das cargas atuantes na estrutura, é necessário

determinar as capacidades resistentes de vigas e pilares considerando os valores

médios das resistências do concreto e do aço. Para isso, deve-se considerar que a

definição para valores característicos de resistência dos materiais pela NBR 6118

(ABNT,2014) leva em consideração o quantil de 5%.

As relações entre os valores de resistência média e característica (“bias

factor”) do concreto e do aço são respectivamente 1,328 e 1,089; considerando os

coeficientes de variação para as resistências do concreto e do aço iguais a 0,15 e

0,05.

Com isso, determinam-se os valores de resistência média.

Concreto:

𝑓𝑐𝑚 = 1,328 × 30000 = 39840 𝑘𝑃𝑎 (( (4-19)

Aço:

𝑓𝑦𝑚 = 1,089 × 50 = 54,45 𝑘𝑁/𝑐𝑚² (( (4-20)

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Tendo sido determinados esses valores, é possível calcular os momentos

resistentes médios (capacidade resistente) das vigas analisadas. Para isso será

utilizada a planilha de dimensionamento desenvolvida por SANTOS (2019),

conforme exemplificado para a viga 1:

Figura 4.7 – Ábaco de verificação da viga 1 considerando as resistências médias.

Portanto, vemos que para o caso da viga 1, ao considerar os valores de

resistência média chega-se à seguinte capacidade resistente:

𝑀𝑟𝑒𝑠 = 1151 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (( (4-21)

A mesma metodologia foi adotada para determinação da capacidade resistente

das vigas que vão do segundo ao décimo terceiro pavimento. Os valores obtidos

são apresentados a seguir:

Tabela 4.3 –Capacidade resistente das vigas do pórtico central.

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Tendo então sido determinadas as capacidades resistentes de todas as vigas

que compõem o pórtico analisado, é possível modelar no programa de análise

estrutural as rótulas plásticas que surgirão quando os momentos solicitantes nas

vigas atingirem os momentos resistentes médios.

A análise considerando as rótulas plásticas é então realizada. A metodologia

adotada é a de se aumentar gradativamente o valor de λ (fator de segurança

global) até se atingir a situação de ruptura do pilar mais solicitado.

A situação de ruptura ocorre quando se atinge os seguintes esforços no pilar

mais solicitado:

𝑀𝑠𝑜𝑙 = 1016 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (( (4-22)

𝑁𝑠𝑜𝑙 = −5114 𝑘𝑁 (( (4-23)

O que pode ser verificado com auxílio da planilha de dimensionamento de

SANTOS, considerando agora as resistências médias do concreto e do aço para

determinação da capacidade resistente do pilar:

Figura 4.8 –Ábaco de verificação do pilar mais solicitado considerando resistências

médias.

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Os esforços solicitantes que causam a ruptura do pilar são encontrados

quando se aplica no programa de análise estrutural os carregamentos horizontais

apresentados parcialmente na figura 4.9:

Figura 4.9 – Resultados da análise de segurança global.

Logo, o fator de segurança global encontrado na análise realizada é de:

𝜆 =74,8

21,37= 3,50 (( (4-24)

Esse valor relativamente elevado mostra que é possível otimizar o projeto,

reduzindo o custo da estrutura, no que diz respeito à análise por segurança global.

Para isso é necessário definir uma relação entre o λ (fator de segurança global) e o

índice de confiabilidade (β), que é usualmente apresentado nas normas de

dimensionamento, com o objetivo de garantir o nível requerido de segurança.

Sendo assim, a seguir serão realizadas análises de confiabilidade com o intuito

de determinar essa relação entre os fatores λ e β.

4.4 ANÁLISE PROBABILÍSTICA PARA O ELU - VIGAS

A análise probabilística de segurança no estado limite último consiste em

analisar seccionalmente a segurança nas seções críticas dos elementos estruturais

solicitados. Neste tópico serão analisadas as vigas do pórtico plano central

previamente apresentado; no próximo tópico serão analisados os pilares.

Para as vigas submetidas à solicitação de flexão simples, a NBR 6118

(ABNT,2014) considera o equilíbrio seccional com o bloco retangular equivalente

de resistência do concreto, conforme mostrado na figura 4.10:

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Figura 4.10 –Seção simplificada de concreto armado para análise seccional.

Considerando o equilíbrio na seção de acordo com as recomendações

normativas, é possível determinar uma equação representativa do momento fletor

resistente de vigas submetidas à flexão simples.

Primeiramente, determinam-se as forças atuantes no aço e no concreto, além

do braço de alavanca entre essas duas forças:

𝐹𝑠 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 (4-25)

𝐹𝑐 = 0,85 ∙ 𝑓𝑐 ∙ 𝑏 ∙ 0,8𝑥 (4-26)

𝑧 = 𝑑 − 0,4𝑥 (4-27)

Depois, igualam-se as forças do concreto e do aço:

𝑀𝑟𝑒𝑠 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 ∙ 𝑧 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 ∙ (𝑑 − 0,4𝑥) (( (4-28)

𝑀𝑟𝑒𝑠 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 ∙ (𝑑 −0,5 ∙ 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦

0,85 ∙ 𝑓𝑐 ∙ 𝑏) (( (4-29)

Considerando-se a altura útil da seção de concreto como sendo a altura total

subtraída do cobrimento (neste caso definido como a distância entre o centro de

gravidade das armaduras e a face mais próxima do concreto) adotado, chega-se à

seguinte equação para o momento fletor resistente das vigas:

𝑀𝑟𝑒𝑠 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 ∙ (ℎ − 𝑐𝑜𝑏 −0,588 ∙ 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦

𝑓𝑐 ∙ 𝑏) (( (4-30)

Com isso, é possível definir a equação de falha das vigas submetidas a flexão,

que nada mais é do que uma subtração do momento fletor resistente menos o

solicitante (W):

𝐹𝑙𝑖𝑚 = 𝐴𝑆. 𝑓𝑦. (ℎ − 𝑐𝑜𝑏 − 0,588. 𝐴𝑆 .𝑓𝑦

𝑓𝑐 ∙ 𝑏) − (𝑊) (( (4-31)

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53

Para a definição probabilística das variáveis, são consideradas as

características apresentadas na tabela 4.4.

Tabela 4.4 –Características probabilísticas para as análises de confiabilidade

Além disso, devem-se definir algumas outras variáveis referentes ao caso

analisado, como altura da seção (h), largura da seção (b), cobrimento adotado para

a armadura e o momento solicitante na viga causado pela ação do vento (W).

Tomando como base a tabela 4.4, são definidas as variáveis probabilísticas

que são utilizadas na análise de confiabilidade. A seguir são apresentadas as

variáveis adotadas para análise da Viga 1.

Tabela 4.5 –Características probabilísticas da viga 1.

A análise de confiabilidade é então processada no programa “VAP”, aplicando-

se o método FORM. Os resultados encontrados são apresentados na figura 11.

Variável Distribuição Média Desvio Padrão

h(m) Normal 1,100 0,010

b(m) Normal 0,150 0,0049

cob(m) Normal 0,050 0,005

As(cm²) Normal 22,73 0,3410

fc(kN/m²) Normal 39840 5976

fy(kN/cm²) Normal 54,45 2,7225

W(kNm) Gumbel 728,3 254,91

Viga 1

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Figura 4.11 –Análise probabilística seccional da viga 1.

A análise fornece os seguintes resultados:

Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝛽) = 1,43

𝑃𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 = 7,692 × 10−2

Esse baixo valor de β é explicado pelo fato de o momento solicitante ser todo

proveniente da carga de vento, que é uma carga com alto coeficiente de variação.

A seguir são apresentados os resultados dos índices de confiabilidade encontrados

para todas as vigas que compõe o pórtico central analisado.

Tabela 4.6 –Análise probabilística seccional das vigas.

4.5 ANÁLISE PROBABILÍSTICA PARA O ELU – PILARES

Para se determinar a função de falha dos pilares submetidos à flexão

composta reta, inicialmente é feita a definição da taxa mecânica de armadura (ω),

do esforço normal reduzido (η) e do momento reduzido (μ), de acordo com o

apresentado por SANTOS (2019):

𝜔 =𝐴𝑆 . 𝑓𝑦

𝑏. ℎ. 𝑓𝑐 (( (4-32)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

β 1,43 1,42 1,43 1,42 1,44 1,42 1,41 1,42 1,41 1,43 1,41 1,43 1,42

Prob. Falha 7,69E-02 7,85E-02 7,68E-02 7,76E-02 7,56E-02 7,73E-02 7,87E-02 7,72E-02 7,87E-02 7,66E-02 7,89E-02 7,57E-02 7,81E-02

Vigas

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𝜂 =𝑁

𝑏. ℎ. 𝑓𝑐 (( (4-33)

𝜇 =𝑀

𝑏. ℎ2𝑓𝑐 (( (4-34)

É então feita a consideração de que as variáveis ω, η e μ são expressas por

uma relação linear na região em torno do ponto de projeto:

𝜔 = 𝐴 + 𝐵𝜇 + 𝐶𝜂 (4-35)

Figura 4.12 –Relação linear entre as variáveis adimensionais.

Será inicialmente determinado o ponto de projeto:

Taxa mecânica de armadura:

𝜔 =𝐴𝑆. 𝑓𝑦

𝑏. ℎ. 𝑓𝑐=

72 ×50

1,15

0,5 × 0,5 ×30000

1,4

= 0,58435 (( (4-36)

Momento adimensional:

𝜇 =𝑀

𝑏. ℎ2𝑓𝑐=

487

0,5 × 0,52 ×30000

1,4

= 0,18181 (( (4-37)

Normal adimensional:

𝜂 =𝑁

𝑏. ℎ. 𝑓𝑐= −

4992

0,5 × 0,5 ×30000

1,4

= −0,93184 (( (4-38)

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Tendo sido encontrada a posição do ponto de projeto, são escolhidos 3 pontos

próximos a essa posição para determinação da equação linear que determina o

valor da taxa mecânica de armadura.

Os pontos escolhidos são:

Ponto 1:

𝜔 = 0,6; 𝜂 = −1,0

Ponto 2:

𝜔 = 0,6; 𝜂 = −0,75

Ponto 3:

𝜔 = 0,4; 𝜂 = −1,0

Tendo sido determinados os valores da taxa mecânica de armadura e do

esforço normal reduzido de cada ponto, seguindo o critério de que os pontos

escolhidos devem estar próximos do ponto de projeto, é possível determinar os

valores dos momentos fletores reduzidos. A seguir será apresentado o cálculo do

momento fletor reduzido para o ponto 1 (𝜔 = 0,6 ; 𝜂 = −1,0).

Cálculo da área de armadura e do esforço normal de projeto:

𝐴𝑠 =𝜔 ∙ 𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑓𝑐

𝑓𝑦=

0,6 × 0,5 × 0,5 ×30000

1,450

1,15

= 73,93 𝑐𝑚² (( (4-39)

𝑁𝑑 = 𝜂 ∙ 𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑓𝑐 = −1 × 0,5 × 0,5 ×30000

1,4= −5357,14 𝑘𝑁 (( (4-40)

Tendo sido determinados a área de armadura e o esforço normal de projeto, o

valor do momento fletor de projeto é obtido por meio da planilha de

dimensionamento desenvolvida por SANTOS (2019):

𝑀𝑑 = 452 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (( (4-41)

E assim determina-se o valor do momento fletor reduzido:

𝜇 =𝑀

𝑏. ℎ2𝑓𝑐=

452

0,5 × 0,52 ×30000

1,4

= 0,16875 (( (4-42)

Com isso chega-se a equação representativa do primeiro ponto de projeto:

𝐴 + 0,16875𝐵 − 𝐶 = 0,6 (( (4-43)

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A mesma rotina é adotada para os pontos 2 e 3, sendo determinado o seguinte

sistema de equações lineares para determinação das incógnitas A, B e C:

𝐴 + 0,16875𝐵 − 𝐶 = 0,6 (4-44)

𝐴 + 0,23184𝐵 − 0,75𝐶 = 0,6 (4-45)

𝐴 + 0,09931𝐵 − 𝐶 = 0,4 (4-46)

A resolução do sistema fornece a relação linear na região de entorno do ponto

de projeto. Considerando-se o esforço de compressão como positivo, chega-se a

seguinte equação:

𝜔 = −0,6129 + 2,8802𝜇 + 0,7268𝜂 (( (4-47)

A partir dessa relação, pode-se determinar a função de falha dos pilares

submetidos à flexão composta reta:

𝐹𝑙𝑖𝑚 = 𝜔𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡 + 0,6129 − 2,8802𝜇 − 0,7268𝜂 (( (4-48)

Em que:

𝜔𝑒𝑥𝑖𝑠𝑡 =𝐴𝑆 . 𝑓𝑦

𝑏. ℎ. 𝑓𝑐 (( (4-49)

Logo:

𝐹𝑙𝑖𝑚 = 𝐴𝑆. 𝑓𝑦

𝑏. ℎ. 𝑓𝑐+ 0,6129 − 2,8802𝜇 − 0,7268𝜂 (( (4-50)

A seguir todos os fatores são multiplicados pelo fator 𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑓𝑐:

𝐹𝑙𝑖𝑚 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 + 0,6129𝑏ℎ𝑓𝑐 − 2,8802𝜇𝑏ℎ𝑓𝑐 − 0,7268𝜂𝑏ℎ𝑓𝑐 (( (4-51)

E como:

𝜇𝑏ℎ𝑓𝑐 =𝑀

ℎ (( (4-52)

𝜂𝑏ℎ𝑓𝑐 = 𝑁 (( (4-53)

Chega-se à função de falha em função dos esforços solicitantes de cálculo:

𝐹𝑙𝑖𝑚 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 + 0,6129 ∙ 𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑓𝑐 −2,8802 ∙ 𝑀

ℎ− 0,7268 ∙ 𝑁 (( (4-54)

Tomando como base a tabela 4.4, são definidas as variáveis probabilísticas

que são utilizadas na análise de confiabilidade. A seguir são apresentadas as

variáveis adotadas para o pilar analisado.

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Tabela 4.7 – Características probabilísticas do pilar analisado

A análise de confiabilidade é então processada no programa “VAP”, aplicando-

se o método FORM. Os resultados encontrados são apresentados na figura 4.13.

Figura 4.13 – Análise probabilística seccional do pilar analisado

A análise fornece os seguintes resultados:

Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝛽) = 2,91

𝑃𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 = 1,781 × 10−3

O valor encontrado de β está abaixo do valor limite recomendado (𝛽𝑙𝑖𝑚 = 3,8).

Isso pode ser explicado pelo fato da peça estar submetida à ação simultânea de

cargas permanentes e variáveis, com a solicitação variável representando grande

parcela da solicitação total (cerca de 47%).

Contribuição da parcela de momento fletor (carga variável):

𝐹𝑊 =2,8802 × 412,9

0,5= 2378,47 𝑘𝑁 (( (4-55)

Variável Distribuição Média Desvio Padrão

h(m) Normal 0,500 0,007

b(m) Normal 0,500 0,007

As(cm²) Normal 72,00 1,080

fc(kN/m²) Normal 39840 5976

fy(kN/cm²) Normal 54,45 2,7225

N(kN) Normal 3744,00 187,2

W(kNm) Gumbel 412,9 144,5

Pilar

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Contribuição da parcela de esforço normal (carga permanente):

𝐹𝑁 = 0,7268 × 3744 = 2721,14 𝑘𝑁 (( (4-56)

Razão entre solicitação variável e solicitação total:

𝑟𝑎𝑧ã𝑜 =2378,47

5099,61= 0,466 (( (4-57)

Durante o período de vida útil de uma edificação usual, a probabilidade de que

as solicitações variáveis representem 47% das solicitações totais é pequena.

4.6 ANÁLISE PROBABILÍSTICA PARA A SEGURANÇA GLOBAL

Para a determinação da probabilidade de falha da estrutura considerando a

análise por segurança global, é necessário definir, a partir dos esforços solicitantes

na estrutura, o momento fletor e o esforço normal que surgem na base do pilar. Na

análise a seguir é determinado o índice de confiabilidade relacionado ao fator λ

(fator de segurança global) de 3,5.

O cálculo do momento fletor atuante na base do pilar é feito considerando o

equilíbrio do pilar, na seguinte situação:

Figura 4.14 – determinação do momento fletor na base do pilar

Portanto, o momento solicitante na base do pilar pode ser determinado pela

seguinte equação:

𝑀𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 = (1 + 2 + 3 … + 13) × 3 ×𝐹𝐻

2− ∑ 𝑀𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠

𝑀𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 =273 × 𝐹𝐻

2− ∑ 𝑀𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠 (( (4-58)

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Já o cálculo do esforço normal que ocorre na base do pilar pode ser realizado

considerando a seguinte configuração:

Figura 4.15 – Determinação do esforço normal na base do pilar

Portanto, o esforço normal na base do pilar pode ser determinado pela

seguinte equação:

10 × (𝑁𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 − 13 ∙ 𝐹𝑉) + 2 × 𝑀𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 = 273 × 𝐹𝐻

𝑁𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟 =(273 ∙ 𝐹𝐻 − 2 ∙ 𝑀𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟)

10+ 13 ∙ 𝐹𝑉 (( (4-59)

Tendo sido determinadas essas equações, e considerando a função de falha

adotada na análise probabilística de pilares, é possível definir uma nova equação

de falha em função dos esforços verticais e horizontais aplicados na estrutura e

dos momentos fletores que surgem nas vigas quando aplicados esses

carregamentos.

𝐹𝑙𝑖𝑚 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 + 0,6129 ∙ 𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑓𝑐 −2,8802 ∙ 𝑀

ℎ− 0,7268 ∙ 𝑁

𝐹𝑙𝑖𝑚 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 + 0,6129 ∙ 𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑓𝑐 −2,8802 ∙ (

273 ∙ 𝐹𝐻2 − ∑ 𝑀𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠)

ℎ− 0,7268

∙ ((273 ∙ 𝐹𝐻 − 2 ∙ 𝑀𝑝𝑖𝑙𝑎𝑟)/10 + 13 ∙ 𝐹𝑉)

𝐹𝑙𝑖𝑚 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 + 0,6129 ∙ 𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑓𝑐 −2,8802 ∙ (

273 ∙ 𝐹𝐻2 − ∑ 𝑀𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠)

ℎ− 0,7268

× ((0,1 × (273 ∙ 𝐹𝐻 − 2 ∙ (273 ∙ 𝐹𝐻

2− ∑ 𝑀𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠)) + 13 ∙ 𝐹𝑉)

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𝐹𝑙𝑖𝑚 = 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦 + 0,6129 ∙ 𝑏 ∙ ℎ ∙ 𝑓𝑐 −2,8802 ∙ (

273 ∙ 𝐹𝐻2

− ∑ 𝑀𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠)

− 0,7268 × (13 ∙ 𝐹𝑉 + 0,2 ∑ 𝑀𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠)

(( (4-60)

Tomando como base a tabela 4.4, são definidas as variáveis probabilísticas

que são utilizadas na análise de confiabilidade. A seguir são apresentadas as

variáveis adotadas para o pilar analisado:

Tabela 4.8- Características probabilísticas na análise por segurança global

Os valores encontrados de média (µ) e desvio padrão (σ) para o somatório de

momentos fletores atuantes na viga foram determinados da seguinte forma:

𝜇 = ∑ µ𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠 (( (4-61)

σ = √∑ σ𝑣𝑖𝑔𝑎𝑠2 (( (4-62)

O desvio padrão para o momento fletor atuante em cada viga é determinado a

partir da diferença entre os valores de momento fletor médio e característico, da

seguinte maneira:

σ =𝑀𝑚é𝑑𝑖𝑜 − 𝑀𝑘

1,65 (( (4-63)

A seguir são apresentados os valores de momento fletor atuantes nas vigas

encontrados no programa de análise estrutural, quando são aplicados os esforços

médios e característicos na estrutura, além dos seus respectivos desvios padrões

e os quadrados dos desvios padrões (variâncias)

Tabela 4.9- Médias e desvios padrões dos momentos fletores que surgem nas vigas

Variável Distribuição Média Desvio Padrão

h(m) Normal 0,500 0,007

b(m) Normal 0,500 0,007

As(cm²) Normal 72,00 1,080

fc(kN/m²) Normal 39840 5976

fy(kN/cm²) Normal 54,45 2,7225

FV(kN) Normal 252,0 12,6

FH(kNm) Gumbel 21,37 7,48

Mvigas(kNm) Gumbel 9193 267,1

Análise por segurança global

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Como exemplo, é determinado o desvio padrão do momento fletor atuante na

viga do primeiro pavimento:

σ =𝑀𝑚é𝑑𝑖𝑜 − 𝑀𝑘

1,65=

1151 − 995,8

1,65= 94,1 𝑘𝑁 ∙ 𝑚 (( (4-64)

Após determinadas as médias e os desvios padrões de todas as variáveis que

compõem a função de falha, a análise de confiabilidade é processada no programa

“VAP”, aplicando os métodos FORM, SORM e Monte Carlo (1000000 de

amostras). Os resultados encontrados são apresentados na figura 4.16:

Figura 4.16 – Análise probabilística para a segurança global

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Mméd(kNm) 1151 1207,8 1169 1117,0 939,6 840,5 740,3 603,5 510,6 381,3 283,4 168,9 80,0

Mk(kNm) 995,8 1094,6 976,4 908,2 787,2 707,3 623,5 508,3 430,0 321,2 238,8 141,7 67,3

σ(kNm) 94,1 68,6 116,7 126,5 92,4 80,7 70,8 57,7 48,8 36,4 27,0 16,5 7,7

σ² 8848,5 4706,8 13625,3 16013,8 8531,0 6516,9 5010,9 3328,9 2386,2 1326,7 730,6 271,8 59,2

Vigas

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63

A análise fornece os seguintes resultados:

Método FORM:

Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝛽) = 3,84

𝑃𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 = 6,137 × 10−5

Método SORM:

Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝛽) = 3,85

𝑃𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 = 6,019 × 10−5

Método de Monte Carlo (1000000 de amostras):

Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑓𝑖𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝛽) = 3,89

𝑃𝑟𝑜𝑏𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 = 5,000 × 10−5

Portanto, percebe-se que a análise de confiabilidade relacionada ao fator de

segurança global (λ) de 3,5, que corresponde ao dimensionamento usual de

acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), fornece resultados em conformidade com

o limite normativo recomendado para o índice de confiabilidade (𝛽 ≥ 3,8):

𝜆 = 3,50; 𝛽 ≅ 3,85 > 3,8

A figura 4.17 apresenta uma evolução do índice de confiabilidade β em função

do fator de segurança global λ, com valores obtidos em análises similares à

apresentada.

Figura 4.17 – Relação λ x β

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4.7 CAPACIDADE DE ROTAÇÃO DAS RÓTULAS PLÁSTICAS

Conforme apresentado no item 2.3.3, para se garantir que o pórtico analisado

esteja em segurança com relação ao estado limite último, deve-se verificar as

rotações plásticas que ocorrem na estrutura devido ao mecanismo de formação de

rótulas plásticas.

Para isso, foram retiradas do programa de análise estrutural as rotações que

ocorrem nas vigas dos três primeiros pavimentos em duas situações, quando

submetidas aos seus limites de carregamento elásticos e na situação de colapso

plástico encontrada na análise por segurança global (fator λ = 3,5).

Os resultados obtidos são apresentados na tabela 4.10.

Tabela 4.10- Rotações nas vigas devido à formação de rótulas plásticas

Portanto, percebe-se que a viga do segundo pavimento apresenta a maior

rotação plástica:

𝜃 = 3,00 𝑚𝑟𝑎𝑑

A capacidade de rotação das rótulas plásticas é determinada seguindo a

metodologia apresentada no item 2.3.3, de acordo com a figura 2.16, considerando

𝑓𝑐𝑘 = 30 𝑀𝑃𝑎 e a razão x/d = 0,411. Tem-se:

𝜃𝑝𝑙 = 7,50 𝑚𝑟𝑎𝑑

Para determinação da máxima rotação plástica admissível, adota-se a

seguinte relação:

𝜃𝑎𝑑𝑚 = 𝜃𝑝𝑙 ∙ √𝑎/𝑑

3 (( (4-65)

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Em que:

𝑎 = 5,0 𝑚 (𝑑𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑒𝑛𝑔𝑎𝑠𝑡𝑒 𝑎𝑜 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑛𝑢𝑙𝑜)

𝑑 = 1,10 𝑚 (𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 ú𝑡𝑖𝑙 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑔𝑎 𝑑𝑜 𝑠𝑒𝑔𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜)

Logo:

𝜃𝑎𝑑𝑚 = 7,50 ∙ √5

1,1 ∙ 3 = 9,23 𝑚𝑟𝑎𝑑 (( (4-66)

Portanto, após feita a verificação da capacidade de rotação das rótulas

plásticas, tem-se que a maior rotação plástica que ocorre nas vigas do pórtico

analisado está dentro do limite proposto pela NBR 6118 (ABNT,2014).

𝜃 = 3,00 𝑚𝑟𝑎𝑑 < 𝜃𝑎𝑑𝑚 = 9,23 𝑚𝑟𝑎𝑑 (( (4-67)

Assim, a estrutura analisada está segura no que diz respeito ao mecanismo de

formação de rótulas plásticas nas vigas quando elas atingem sua capacidade de

resistência elástica.

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5 CONCLUSÃO

Os resultados encontrados indicam que a análise de confiabilidade por

segurança global resulta em índices de confiabilidade superiores aos encontrados

nas análises seccionais de vigas e pilares. Deve-se observar que as análises de

confiabilidade usuais em seções isoladas podem levar à resultados distorcidos,

pois não representam o funcionamento da estrutura como um todo.

Além disso, percebe-se que o fator de segurança global correspondente ao

dimensionamento realizado pelo estado limite último de acordo com a NBR 6118

(ABNT, 2014) resulta em um índice de confiabilidade que está em conformidade

com o valor de β= 3,8, muitas vezes considerado como o valor limite nas análises

probabilísticas de segurança.

A tabela a seguir resume os resultados encontrados nas diversas análises:

Tabela 4.11- Resultados obtidos

A realização de mais estudos é necessária para a efetiva aplicação dos

conceitos de análise por segurança global aqui apresentados. Será necessária

uma definição normativa para o fator 𝜆 mínimo a ser considerado em cada caso,

em conformidade com os limites recomendados para o índice de confiabilidade β.

Considera-se também que esse fator de segurança deva ser mais rigoroso

nos casos de ruptura frágil das estruturas, apresentando valores maiores do que

nas situações em que ocorre a ruptura do tipo dúctil.

Como sugestão para trabalhos posteriores pode-se citar o estudo do

coeficiente de segurança global em estruturas nas quais ocorrem rupturas do tipo

frágil, ou a obtenção do fator de segurança global de estruturas de edifícios de

concreto armado aplicando todas as cargas usualmente consideradas em projeto,

por meio de análises mais refinadas.

Análise β

Vigas 1,43

Pilares 2,91

Global, λ=3,50 3,85

Global, λ=3,00 3,37

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