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António Ramos Pires IWA 2: 2007 Quality Management · 4.1 Requisitos Gerais A implementação de...

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António Ramos Pires Professor Coordenador da Escola Superior de Tecnologia de Setúbal Coordenador da UNIQUA-IPS IWA 2: 2007 Quality Management systems – Guidelines for the application of ISO 9001:2000 in education Abril de 2009
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António Ramos Pires

Professor Coordenador da Escola

Superior de Tecnologia de Setúbal

Coordenador da UNIQUA-IPS

IWA 2:

2007 Quality Management

systems – Guidel ines for the

appl icat ion of ISO 9001:2000

in education

Abril de 2009

2

ÍNDICE

Introdução………………………………………………………………………………………

Objectivo da UNIQUA – IPS………………………………………………………………….

Caracterização genérica da norma ISO 9001:2008……………………………………….

Princípios de gestão da qualidade…………………………………………………………..

Estrutura do documento………………………………………………………………….......

Estrutura da norma………………………………………………………………………........

Terminologia…………………………………………………………………………..............

PARTE I – INTERPRETAÇÃO DOS REQUISITOS

4. Sistema de gestão da qualidade em organizações de ensino

4.1 Requisitos gerais.....................................................................................................

4.2 Requisitos da documentação ..................................................................................

5 Responsabilidade da gestão em organizações de ensino .......................

5.1 Comprometimento da gestão ..................................................................................

5.2 Focalização no cliente.............................................................................................

5.3 Política da qualidade ...............................................................................................

5.4 Planeamento ...........................................................................................................

5.5 Responsabilidade, autoridade e comunicação ........................................................

5.6 Revisão pela gestão................................................................................................

6 Gestão de recursos em organizações de ensino ..........................................

6.1 Provisão de recursos...............................................................................................

6.2 Recursos humanos..................................................................................................

6.3 Infraestrutura ...........................................................................................................

6.4 Ambiente de trabalho ..............................................................................................

7 Realização do serviço educativo ......................................................................

7.1 Planeamento da realização .....................................................................................

7.2 Processos relacionados com o estudante...............................................................

7.3 Concepção e desenvolvimento em organizações de ensino...................................

7.4 Compras..................................................................................................................

7.5 Fornecimento do serviço educativo.........................................................................

7.6 Controlo dos dispositivos de monitorização e de medição......................................

3

8 Medição, análise e melhoria em organizações de ensino ..........................

8.1 Generalidades .........................................................................................................

8.2 Monitorização e medição.........................................................................................

8.3 Controlo do produto não conforme..........................................................................

8.4 Análise de dados.....................................................................................................

8.5 Melhoria …………………………………………………………………………………

PARTE I I – GESTÃO POR PROCESSOS APLICADA AO ENSINO

SUPERIOR

4.1 INTRODUÇÃO

4.2 CONCEITO DE PROCESSO

4.3 SEQUÊNCIA DE PROCESSOS EM VÁRIOS SECTORES INDUSTRIAIS

4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS

4.5 CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS

4.6 CARACTERIZAÇÃO DOS MODELOS DE GESTÃO DOS PROCESSOS

4.7 DOCUMENTAÇÃO DOS PROCESSOS

4.8 MAPEAMENTO DE PROCESSOS

4.9 OBJECTIVOS E INDICADORES DOS PROCESSOS

4.10 REVISÃO DOS PROCESSOS

ANEXO 1 - OUTROS MODELOS DE REPRESENTAÇÃO DOS PROCESSOS

ANEXO A – Auto Avaliação para Organizações de Educação

ANEXO B – Exemplos de processos, indicadores, registos e ferramentas

4

Introdução

A produção de normas a nível internacional na área de sistemas de gestão da

qualidade visa criar documentos de referência para a avaliação da conformidade dos

referidos sistemas com documentos reconhecidos.

A norma ISO 9001 define requisitos para a avaliação da conformidade dos sistemas

de gestão da qualidade e, por pretender ter uma aplicação universal, está escrita

numa linguagem nem sempre fácil de entender e interpretar, principalmente em

sectores com menor experiência na sua utilização. Assim, a ISO entendeu criar um

documento de apoio aos utilizadores na área da educação que, para facilitar a

produção não tem o estatuto de uma norma, mas de documento pró normativo, o

IWA 2:2007. Este documento não visa a certificação (caso da ISO 9001), mas sim a

melhoria contínua e sustentabilidade do sucesso.

Objectivo da UNIQUA – IPS

No âmbito das actividades da Unidade, o presente documento resultou da

necessidade de clarificar o entendimento dos requisitos decorrentes da revisão da

norma ISO 9000: 2008, quando aplicada ao Ensino Superior. A experiência

acumulada pela comunidade técnica e científica aponta para situações de

interpretações muito diferentes que, frequentemente se traduzem em desorientações

perturbantes para as organizações. A pouca experiência do Ensino Superior apenas

agrava o quadro.

A Gestão por processos, requisito novo da versão de 2000, criou situações muito

diversas de aplicação, muitas delas inadequadas à sua gestão. Incluiremos uma

secção especificamente dedicada ao tema, descrevendo os resultados obtidos, quer

pela investigação, quer pela experiência. (VER PARTE II – GESTÃO POR

PROCESSOS). Ao longo do texto, tentaremos indicar exemplos práticos, visando

complementar e facilitar a interpretação.

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Caracterização genérica da norma ISO 9001:2008

A revisão, em curso, das normas da família ISO 9000 traduziu-se, por agora, na

edição de 2005 da ISO 9000 (terminologia e definições), estando a ISO 9004 em

processo de revisão.

A ISO 9001:2008 estabelece os requisitos para um sistema de gestão da qualidade.

A ISO 9004 prevista para 2009 manterá a mesma numeração que a ISO 9001, o que

muito facilitará a sua leitura, compreensão e uso, mas será transformada e poderá

ter um título do tipo guia para o sucesso sustentável da organização, passando a

constituir uma primeira aproximação aos modelos de Gestão pela Qualidade Total.

Para efeitos de avaliação externa apenas a norma ISO 9001 pode ser usada, porque

é a única que define requisitos.

Princípios de gestão da qualidade

1. Os oito princípios básicos (ISO 9001)

Abordagem por processos

As organizações educativas devem adoptar uma abordagem por processos aquando

do desenvolvimento e implementação de um sistema de gestão da qualidade. A

instituição educativa deverá identificar o nível em que cada processo operacional

cria valor para o aprendente. Por essa razão, deverá incluir os processos

relacionados com a missão da instituição. A compreensão das interacções entre

processos é fundamental para que a organização melhore os seus processos em

particular e o sistema de uma forma geral.

Entendimento das competências fundamentais

(centradas nos clientes/aprendentes)

Este entendimento inclui vários facilitadores que permitem garantir uma vantagem

competitiva. Estes factores passam pela tecnologia, pelas capacidades, pelas

especialidades e pela cultura organizacional. A força colectiva da instituição potencia

a criação de valor para o aprendente. A competência fundamental das instituições

educativas deverá incentivar a inovação, adaptando-se às mudanças do ambiente

educativo, no sentido de manter a sua vantagem competitiva.

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Optimização total (abordagem sistémica à gestão)

Cada processo operacional deve alcançar os seus objectivos, em linha com os

objectivos mais gerais da organização.

Liderança

Estabelece a visão, cria a política para implementar a visão, conduzindo a

organização a responder rapidamente às mudanças no contexto educativo.

Tomada da decisão baseada em factos

Assegura que as decisões mais gerais da organização se baseiam em factos

compreendidos de forma clara e não em informação especulativa e conveniente.

Para este fim, informação e saber aliam-se às capacidades de análise, ao raciocínio

lógico e à abordagem científica.

Parcerias (mutuamente benéficas para os fornecedores)

São importantes na optimização de certos factores (saber, capacidade e

criatividade) com vista a atingir valor para o aprendente.

Envolvimento das pessoas

É a forma mais efectiva e eficaz de uma instituição educativa atingir os seus

objectivos, facilitando o envolvimento de todas as pessoas e rentabilizando as suas

competências, capacidades, sabedoria e criatividade.

Melhoria contínua

A melhoria contínua do processo de aprendizagem das instituições educativas e da

aprendizagem pessoal dos seus alunos, permite-lhes continuarem a criar valor. Tal

permite um crescimento sustentado no contexto educativo externo, assim como um

aumento da aprendizagem, da saber pessoal e institucional, de uma forma

inovadora e construtiva.

7

2. Os quatro princípios adicionais para organizações educativas

Criação de valor para o aprendente

A instituição deverá encorajar os aprendentes a sentirem-se satisfeitos com o valor

que lhes está a ser fornecido. As medidas de satisfação determinam o grau em que

os valores vão de encontro às necessidades e expectativas dos aprendentes. Os

resultados obtidos ajudam as instituições educativas a aumentar o seu valor, ao

melhorarem os seus processos de criação de valor para os aprendentes.

Ênfase no valor social

Importância de estar atento à forma como os aprendentes e outras partes

interessadas sentem os valores da ética, da segurança e da conservação ambiental.

As instituições educativas apenas podem garantir um crescimento sustentado,

quando a sociedade, de forma alargada, reconhece o valor acrescentado dos seus

aprendentes, quando estes finalizam os seus estudos.

Agil idade

A agilidade é essencial para um crescimento sustentado, num ambiente educativo

em mudança radical, e confere, a um contexto avesso à mudança, uma

oportunidade de obter sucessos continuados na área da educação.

Autonomia

Baseando-se na análise circunstancial e na auto-análise, a instituição educativa

deve tomar as suas próprias decisões, no que respeita aos valores e tomar atitudes

próprias, longe de qualquer espécie de estereótipo.

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Estrutura do documento

Este documento está estruturado em duas partes: a primeira contém a interpretação

sequencial dos requisitos, enquanto a segunda apresenta algumas orientações para

a implementação da Gestão por processos. Esta secção justifica-se pelo facto deste

assunto ser o mais inovador de entre os requisitos da norma e, em termos práticos,

ter revelado uma complexidade que justifica esta estrutura do documento.

Adicionalmente, os cursos podem, com vantagem, ser considerados processos.

Estrutura da norma

A norma, para além das secções introdutórias em que se fomenta a abordagem por

processos, apresenta as seguintes grandes cláusulas:

4. Sistema de gestão da qualidade

5. Responsabilidade da gestão

6. Gestão dos recursos

7. Realização do produto

8. Medição, análise e melhoria

Terminologia

Para além da terminologia contida na ISO 9000:2005, neste texto utilizaremos a

seguinte terminologia:

Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) - será utilizado como equivalente a

Sistema da Qualidade (SQ);

Requisito - será entendido como as afirmações da norma ISO 9001:2008, das

quais se retiram consequências para a implementação do Sistema de Gestão

da Qualidade (necessidade de documentar, registar, demonstrar...);

Procedimento - não documentado como equivalente a Prática;

Controlo - equivalente a Monitorização e medição;

Cliente - equivalente a destinatário da educação e estudante

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PARTE I – INTERPRETAÇÃO DOS REQUISITOS

4. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE EM ORGANIZAÇÕES DE ENSINO

4.1 Requisitos Gerais

A implementação de um SGQ (Sistema de Gestão da Qualidade) pode encontrar a

sua origem em duas razões principais:

∞ decisão da gestão da organização (que inclui a procura de um melhor

desempenho, a minimização/eliminação das consequências das falhas, a

imagem .....);

∞ imposição de clientes/utilizadores/utentes ou outras partes interessadas.

Em qualquer dos casos, a organização deve encarar o SGQ como um subsistema

do Sistema da Gestão Global. Por essa razão, deve ajudar a gerir de uma forma

mais eficaz as actividades mais relevantes para a qualidade.

O SGQ deve ser documentado, no sentido de o tornar vísivel e auditável/avaliável. A

sua documentação deve ser cuidadosamente preparada. A decisão de criar um

documento (ex: manual, procedimento, instrução, registo) deve basear-se numa

análise sólida da sua necessidade e/ou utilidade, nomeadamente, através das

respostas às seguintes questões:

∞ Quais as potenciais consequências da falta do documento (em que devem ser

considerados, por exemplo, o nível de qualificação do destinatário, a

complexidade da operação ou actividade);

∞ Quem são os destinatários (determina a linguagem, a sua forma e mesmo o

suporte);

∞ A necessidade de evidenciar, perante terceiros, a existência e a operação do

SGQ (ex: auditoria das partes interessadas, certificação por 3ª parte,

acreditação);

∞ A informação que a organização necessite registar e tratar sobre algumas das

suas actividades e processos.

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Especial atenção deve ser dada a:

∞ identificação, descrição, classificação, análise e gestão dos processos;

∞ disponibilização dos recursos e da informação;

∞ definição dos objectivos/ resultados desejados;

∞ melhoria contínua.

Os processos a considerar devem incluir as seguintes áreas:

∞ Concepção educacional;

∞ Desenvolvimento dos curricula;

∞ Fornecimento da educação;

∞ Avaliação da aprendizagem;

∞ Acompanhameno do desempenho dos diplomados.

O anexo B.1 do IWA fornece uma lista de processos.

A organização deve identificar os requisitos legais aplicáveis, os requisitos de

acreditação e outros requisitos que lhe sejam aplicáveis e assegurar a respectiva

conformidade.

Para que o SGQ seja auditável tem de ser visível ou seja, tem de estar

suficientemente documentado. Contudo, o equilíbrio entre os procedimentos

documentados, as práticas (procedimentos não documentados) e os registos tem de

ser encontrado através de uma fórmula em que, normalmente a um nível de menor

detalhe e extensão dos procedimentos documentados corresponde um nível mais

detalhado e consistente dos registos (estes terão sempre de evidenciar as práticas

existentes e conter a informação desejada).

Em relação à gestão por processos, estes devem ser sempre monitorizados, mas

apenas medidos (em termos de indicadores quantitativos), quando aplicável.

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4.2 Requisitos da Documentação

4.2.1 Generalidades

A organização deve definir a estrutura da documentação usada no Sistema da

Qualidade e em todas as actividades associadas (ver também 5.4.2 Planeamento do

Sistema da Qualidade).

Esta estrutura deve ser lógica (existência duma hierarquia de documentos) e

assegurar a coerência do conjunto da documentação (evitar sobreposições de

conteúdos entre documentos, e/ou lacunas, no mesmo nível documental). Para além

disso, deve ser concebida de modo a identificar todos os tipos de documentos a usar

no controlo e gestão da qualidade, de forma a que qualquer novo documento que se crie,

se enquadre na estrutura definida.

A ISO/TR 10013 (referida na bibliografia da norma ISO 9001) estabelece orientações

para a estruturação da documentação. Os documentos devem ter uma

codificação/referência que os identifique inequivocamente (ver 4.2.3 Controlo dos

documentos) e que permita saber quantos documentos existem de cada tipo.

O conteúdo e a linguagem da documentação deve ter em atenção os respectivos

utilizadores. Deste modo, a extensão e o detalhe devem estar de acordo com:

∞ a complexidade do trabalho (necessidade de instruções de pormenor e risco de

uma execução incorrecta);

∞ a formação dos utilizadores (tarefas mais qualificadas podem necessitar apenas

de grandes linhas de orientação e a definição dos limites a não ultrapassar;

tarefas mais simples podem apenas necessitar de instruções tipo “faça isto e não

faça aquilo”).

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Questões Práticas

A estrutura da documentação pode ser expressa por diversas formas, como por

exemplo uma pirâmide, uma árvore, um diagrama ou outras.

Na estrutura indicada podem ser individualizados os documentos por órgão de

gestão (CD, CC, CP), bem como por outros níveis (departamentos, secções...).

A estrutura da documentação deve ter um nível onde todos os requisitos estejam

cobertos de forma similar. Por exemplo, a existência dum procedimento geral por

cada cláusula (ex: Fornecimento do serviço educativo) da norma (embora possa

existir mais do que um procedimento geral por requisito). Neste sentido, não é

aceitável que não exista, por exemplo, um procedimento geral para a formação,

quando existe para outros requisitos; também não é aceitável que documentos do

mesmo tipo tenham conteúdos muito diferentes (ex: o procedimento de gestão da

qualidade sobre compras conter toda a informação e o procedimento similar para

controlo dos documentos remeter para 4 ou 5 procedimentos operacionais).

A estrutura deve permitir identificar, a todos os níveis, todos os documentos

relacionados com cada um dos requisitos da norma. Por exemplo, o Manual da

Qualidade deve referir todos os tipos de documentos relacionados com cada

cláusula e as suas interrelações.

PolíticaEstrutura

Procedimentosdo sistema gestão

da qualidade

- Normas , leis e regulamentos- Currículos dos cursos

Manuais Manuaisde Macroprocessos/procedimentos Áreas educativas

Cursos afins

Planos da qualidadeOutros Planos

Manuais de operações técnicas Instruções educativas- Equipamentos - Avaliação - Sistemas - Recuperação

Especificações /características - Produtos- Serviços

Tabelas

Impressos

PolíticaEstrutura

Procedimentosdo sistema gestão

da qualidade

- Normas , leis e regulamentos- Currículos dos cursos

Manuais Manuaisde Macroprocessos/procedimentos Áreas educativas

Cursos afins

Planos da qualidadeOutros Planos

Manuais de operações técnicas Instruções educativas- Equipamentos - Avaliação - Sistemas - Recuperação

Especificações /características - Produtos- Serviços

Tabelas

Impressos

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A coerência da estrutura obriga a que, por exemplo, não existam procedimentos ao

nível operacional sem o adequado enquadramento ao nível geral de gestão.

No sentido de facilitar e uniformizar a preparação dos documentos é aconselhável

que a organização crie regras apropriadas para o efeito (podem ser procedimentos

“mestres” de preparação dos documentos).

4.2.2 Manual da Qualidade

O MQ (Manual da Qualidade) deve, no mínimo, conter as seguintes informações:

∞ O campo de aplicação do SGQ (ex: Escolas, cursos, serviços …);

∞ As exclusões aos requisitos da norma (com justificação adequada e

detalhada, o que implica que seja provado que as exclusões não afectarão a

obtenção da conformidade, a satisfação dos clientes ou qualquer outro

resultado pretendido);

∞ Os procedimentos do SGQ ou, pelo menos, a referência aos mesmos;

∞ A descrição dos processos e das suas interacções.

O MQ deve descrever o SGQ. Para o efeito, deve indicar toda a documentação do

mesmo. Este objectivo pode ser conseguido de várias formas:

∞ os procedimentos documentados do SGQ referem os outros documentos

relacionados (ex: Procedimentos técnicos, impressos);

∞ identificação das práticas adoptadas para cumprir os requisitos (ex:

fluxogramas e impressos);

∞ lista dos procedimentos técnicos/específicos/operacionais, com indicação do

objectivo e do âmbito;

∞ lista dos impressos com indicação, pelo menos, do título;

Em complemento à documentação do SGQ, a forma adoptada para a descrição dos

processos e das suas interacções deve permitir entender o funcionamento da

organização como rede interligada de processos (ex: um fluxograma global dos

processos (sequência e interligação), com indicação, nomeadamente, das entradas

e saídas, da documentação mais importante e das principais formas de

monitorização e medida).

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O MQ deve descrever (totalmente, ou remeter para outros documentos) as práticas

e os procedimentos a cumprir:

∞ os requisitos das normas de referência;

∞ os requisitos legais e regulamentares aplicáveis;

∞ os requisitos da acreditação e certificação que estejam em causa.

O MQ não deve conter procedimentos técnicos/específicos (aqueles que possam

conter saber fazer específico da organização). Contudo, para que possa descrever

adequadamente o SGQ, deve referi-los, indicando o seu objectivo e o seu campo de

aplicação, como já referido acima.

Questões Práticas

O Manual deve ser concebido para introduzir os seus utilizadores no SGQ e orientá-

los na estrutura da documentação. Adicionalmente, pode constituir uma forma de

divulgação da sua política, dos objectivos estratégicos e dos seus cursos e serviços.

Assim, pode ter uma estrutura do tipo:

Parte l - Secções introdutórias

0.1 Índice

0.2 Introdução

0.3 Promulgação do Manual

0.4 Organização do Manual

0.5 Alteração e revisão do Manual

0.6 Lista de distribuição

0.7 Registo das alterações e revisões

1. Objectivo e campo de aplicação

1.1 Redução do âmbito

2. Referências, definições e abreviaturas

3. Apresentação da organização

3.1 História da organização

3.2 Políticas e áreas de influência

3.2.1 Política da Qualidade

3.3 Principais destinatários/estudantes/clientes

3.4 Instalações e equipamentos

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3.5 Apoio aos clientes/destinatários/estudantes

3.6 Relações com as partes interessadas

3.6 Organização

3.6.1 Descrição resumida dos processos

3.6.2 Representante da gestão

3.7 Resumo dos procedimentos do sistema

Parte II - Procedimentos do sistema de gestão da qualidade

4 Sistema de gestão da qualidade

4.1 Identificação e descrição dos processos

4.2 Requisitos da documentação

4.2.1 Estrutura da documentação

4.2.2 Preparação da documentação

4.2.5 Controlo dos documentos

4.2.6 Controlo dos registos

5 Responsabilidade da gestão

5.1 Planeamento (descrição geral das actividades de planeamento)

5.1.1 Definição de objectivos, metas e programas

5.2 Responsabilidade, autoridade e comunicação

5.2.1 Organogramas

5.2.2 Descrição de funções

5.2.3 Comunicação interna

5.3 Revisão do SGQ pela gestão

6 Gestão de recursos

6.1 Competência, formação e consciencialização

6.1.1 Avaliação da eficácia da formação

6.2 Manutenção (equipamentos, edifícios, transportes, comunicações)

6.3 Sistema de informação

6.4 Ambiente de trabalho

7 Realização do serviço de educação

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7.1 Planeamento da realização do serviço (descrição geral das actividades de

planeamento)

7.2 Processos relacionados com o estudante e com o serviço de educação

7.2.1 Determinação dos requisitos relacionados com o serviço de educação

7.2.2 Identificação dos aspectos legais e regulamentares

7.2.3 Revisão dos requisitos relacionados com a aprendizagem

7.2.4 Comunicação com os clientes/destinatários/estudantes

7.3 Concepção e desenvolvimento dos serviços/produtos

7.3.1 Metodologia da concepção

7.3.2 Aplicação e revisão

7.4 Compras

7.4.1 Avaliação e selecção dos fornecedores

7.4.2 Reavaliação dos fornecedores

7.4.3 Compras

7.4.4 Verificação do produto e do serviço comprado

7.4.5 Acções correctivas a fornecedores

7.5 Produção e fornecimento do serviço de educação

7.5.1 Planeamento e controlo do fornecimento do serviço

7.5.2 Validação dos processos de fornecimento do serviço

7.5.3 Identificação e rastreabilidade

7.5.4 Estado da monitorização e medição

7.5.5 Propriedade dos clientes

7.5.6 Preservação

7.5.13 Actividades posteriores ao fornecimento do serviço (ex: acompanhamento no

mercado)

7.6 Desenvolvimento e controlo dos métodos e instrumentos de avaliação

8 Medição, análise e melhoria

8.1 Monitorização da satisfação dos clientes/destinatários/estudantes

8.1.1 Monitorização da satisfação das partes interessadas

8.2 Auditoria interna

8.3 Monitorização e medição dos processos

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8.4 Monitorização e medição dos produtos/serviços

8.5 Controlo do serviço/produto não conforme

8.5.1 Não conformidades internas

8.5.2 Não conformidades externas (reclamações)

8.4 Análise de dados

8.4.1 Técnicas estatísticas

8.4.2 Relatórios

8.5 Melhoria

8.5.1 Melhoria contínua

8.5.1 Acções correctivas

8.5.2 Acções preventivas

ANEXO A- Lista dos procedimentos operativos/específicos/técnicos e instruções de

trabalho

ANEXO B – Lista dos impressos

4.2.3 Controlo dos Documentos

Estes requisitos obrigam à existência de um procedimento documentado

O Controlo dos documentos deve abranger todos os tipos previstos na estrutura da

documentação.

Em termos de controlo, é útil estabelecer a distinção entre dois tipos de

“documentos”: documento e impresso (máscaras, formatos, templates, modelos ou

outras designações equivalentes). Se o primeiro tipo se caracteriza por “transmitir”

instruções, orientações, ou informações técnicas, o segundo destina-se a “ser

preenchido”.

No primeiro tipo incluem-se, por exemplo, os procedimentos, instruções, fichas de

disciplina, textos e materias de estudo, livros de estudo editados pela organização,

18

enquanto os impressos (ex: modelo das pautas; modelos das requisições de

serviços) são, na sua maioria, necessários para implementar procedimentos e

instruções. Os impressos, uma vez preenchidos, transformam-se, na generalidade,

em Registos da qualidade (ex: actas, pautas), um tipo especial de documentos (a

serem controlados de acordo com 4.2.4)

Para além dos documentos referidos há que não esquecer os dados (qualquer

informação elementar resultante do funcionamento do sistema (ex: registo dos

resultados académicos), ou quaisquer outros dados obtidos por outra forma e que

sejam relevantes para os requisitos da norma ISO 9001).

São também documentos e/ou dados a controlar, os que tenham origem no exterior

da organização e que sejam necessários para o planeamento ou operação do SGQ,

tais como: legislação, regulamentos de acreditação, bases de dados, normas e

códigos de boa prática, software.

Contudo, deve ser ressalvado que, em termos mais coerentes, estes conceitos

podem ser expressos da seguinte forma: os dados transformam-se em informação e

esta, por sua vez, transforma-se em conhecimento e em saber específico da

organização (processo de aprendizagem organizacional).

Dados Informação Conhecimento Saber

Aprovação e Emissão dos Documentos

Para controlo dos documentos têm de ser adoptados procedimentos adequados,

nomeadamente os circuitos de elaboração/preparação, verificação e aprovação.

Contudo, nem todos os documentos da organização têm, necessariamente, de ser

controlados no interior do sistema da qualidade. Poderão sê-lo de outras formas.

Os tipos de documentos a controlar já foram identificados aquando da elaboração da

estrutura da documentação. Se o mesmo tipo de documento (ex: Instruções de

laboratório) puder ser elaborado, verificado ou aprovado por circuitos diferentes,

então esta distinção deve ser feita.

19

Se os documentos são elaborados para transmitir informação, orientações ou

instruções a alguém, então deve ser definida a sua fonte emissora e os seus

destinatários (lista de distribuição), bem como a actividade inversa, isto é, uma vez

inválidos (ex: alterados) e/ou obsoletos (ex: extintos) devem ser estabelecidas as

responsabilidades pela sua remoção dos locais de uso e pelo arquivo histórico de,

pelo menos, um exemplar de cada documento substituído, devidamente identificado

(menção de “substituído/obsoleto”).

Por último, o sistema de controlo de documentos deve possibilitar saber, em

qualquer momento e facilmente, o estado de revisão de todos os documentos

controlados (ex: lista de alterações e/ou lista das revisões) e onde está o original de

cada documento, a partir do qual são feitas as cópias necessárias pelos

responsáveis pela sua emissão e distribuição.

Os detentores de documentos controlados não podem fotocopiá-los para outros

utilizadores, porque estas cópias passavam a ser documentos não controlados.

Pode admitir-se que o sejam, desde que essa situação esteja prevista, mas neste

caso os documentos devem ser inequivocamente identificados como cópias não

controladas.

Para efeitos de controlo, os documentos devem ter um código (ex: numérico, ou alfa

numérico) e uma designação.

Para efeitos de controlo de relatórios ou outros dados organizados, estes devem

estar identificados relativamente a: origem, emissor, data, responsável pela

transmissão dos dados e terem, pelo menos, a designação (ex: indicadores de

desempenho da 1º ano – Direcção de curso 08.12.15).

Outro aspecto do controlo dos documentos tem a ver com o controlo dos impressos.

Estes são necessários para implementar os procedimentos e instruções e, portanto,

estão, normalmente, associados àqueles.

Para efeitos de controlo, é necessário que tenham, pelo menos, um código (número,

referência ou outra designação equivalente), que distinga um impresso de qualquer

outro, e uma designação.

20

Os sistemas de codificação dos documentos, dados e impressos devem ser

concebidos de modo a permitirem uma identificação fácil, pelo menos, no que

respeita aos níveis da estrutura da documentação (caso dos documentos), dos

procedimentos a que dizem respeito (caso dos impressos) e das fontes emissoras

(caso dos dados).

Os referidos sistemas de codificação devem estar documentados, de modo a

garantir a sua coerência e adopção por todas as funções envolvidas no controlo dos

documentos.

O Controlo dos documentos pode envolver três conceitos muito usuais:

Elaboração/Preparação, Verificação e Validação.

Um documento não se encontra ”validado” se não exibir a assinatura/rúbrica

“aprovado” de quem está autorizado a fazê-lo. Apesar de ser desejável que possua

também as rúbricas de quem preparou e verificou, a rúbrica que o torna válido é a

de quem o aprova.

A verificação deve ser feita por quem tenha uma visão ampla de, pelo menos, um

tipo de documentos e deve consistir na análise da compatibilidade desse documento

com os restantes do mesmo tipo e/ou com outros tipos de documentos, com

objectivos complementares.

A preparação indica quem elaborou o texto inicial, concebeu o documento e

recolheu a informação. A linguagem dos documentos, a forma de apresentação dos

dados, bem como o desenho dos impressos, devem ser rigorosamente dirigidos aos

utilizadores, razão pela qual devem ser fáceis de compreender, ler e preencher.

A maioria dos sistemas estão hoje parcial ou totalmente informatizados, o que só

facilita as actividades atrás identificadas. Contudo, surge a necessidade de outros

procedimentos, nomeadamente a validação de documentos, dados e impressos

gerados e controlados informaticamente. Estes procedimentos estão ligados, por

exemplo, a procedimentos adicionais de reconhecimento da validação e de

segurança da informação:

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∞ o documento deve ter indicadores (assinaturas digitalizadas, siglas, símbolos ou

outras soluções) que indiquem aos utilizadores os responsáveis pelos aspectos

essenciais do controlo dos documentos já referidos acima (ex: preparação,

verificação e aprovação);

∞ devem existir procedimentos ao nível da gestão do sistema informático em que,

não apenas se assegurem todos os restantes aspectos do controlo dos

documentos, mas também a segurança, integridade e acessos aos ficheiros.

Alterações/Modificações dos Documentos e Dados

Estas devem respeitar os circuitos definidos e referidos anteriormente, para todos os

aspectos do controlo dos documentos e dados.

A natureza das alterações deve ser feita, se possível, no próprio documento, de

forma a facilitar o entendimento e a aplicação das mesmas pelos utilizadores e,

preferencialmente, deve indicar o que o utilizador vai ter de passar a fazer de

diferente, relativamente ao que já fazia.

Questões Práticas

Sobre os Controlo dos documentos é recomendável que a organização ponha, na

medida do possível, todos os tipos de documentos e todas as responsabilidades

associadas aos aspectos de controlo (elaboração, verificação, aprovação, emissão,

lista de distribuição, original, arquivo histórico...), acima referidos, numa matriz,

tabela, quadro ou forma equivalente.

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22

Esta forma global de visualização, de todo o conjunto da documentação associada

ao sistema, é uma ajuda importante para evitar alguns erros típicos, tais como:

∞ várias designações para o mesmo documento ou impresso (ex: Instrução de

ensaio = Ficha de laboratório);

∞ designações de documentos que não existem (ex: Fichas Técnicas, quando o que

existem são Informações Técnicas);

∞ códigos incompatíveis;

∞ responsabilidades não coerentes;

∞ documentos fora de controlo.

Os dois sistemas de controlo dos impressos, que se seguem, são aceitáveis:

∞ por um lado, considerá-los parte integrante dos documentos em que foram

criados, o que implica que têm de ser aprovados conjuntamente (de preferência

dentro do mesmo impresso em que foi escrito o documento e constituindo,

portanto, páginas dos mesmos; também podem ser considerados como anexos).

Este sistema implica que qualquer alteração que seja feita a um impresso obriga à

revisão do documento a que está associado;

∞ por outro lado, considerá-los documentos controlados de forma independente o

que, apesar de simplificar o “mexer na documentação”, obriga a que qualquer

alteração, antes de ser aprovada, seja verificada no sentido de assegurar que o

conteúdo dos documentos a que estão associados e/ou afectos não tem

necessidade de ser alterado

Lista de aprovação dos Registos

Código Designação Documentos

a que está

associado

Revisão Data Alteração

A lista de revisões de qualquer documento deve, pelo menos, indicar o conteúdo das

mesmas. Não é, normalmente, aceitável, apenas uma lista cronológica das revisões

efectuadas.

23

Lista de revisões

Documento Revisão Data Motivo e descrição da alteração

Os documentos obsoletos devem ser tratados como Registos da qualidade (ver

4.2.4 Controlo dos Registos).

O sistema de controlo dos documentos deve incluir as normas aplicáveis na

organização (nacionais e internacionais).

Isto pode significar:

∞ lista actualizada das normas existentes;

∞ mais do que um exemplar, dependendo do número de utilizadores;

∞ lista de distribuição ou lista de normas requisitadas (a um serviço responsável

pelo arquivo e controlo - Mediateca);

∞ sistema de actualização das normas (ex: assinatura, ou esquema equivalente de

serviços disponibilizados pelos organismos de normalização).

Quando os documentos, dados e impressos são controlados informaticamente, o

sistema de controlo deve assegurar, pelo menos, que:

∞ os utilizadores não podem alterar os documentos, dados ou impressos, após a

sua aprovação/ “fecho”;

∞ não podem imprimir documentos controlados (ex: podem apenas ler), a não ser

que estejam autorizados (o sistema informático dá-lhes essa possibilidade).

Nesse caso, os documentos devem sair identificados como não controlados (o

sistema deve assegurá-lo automaticamente). Outra solução pode ser a de

considerar todos os documentos em papel como não controlados.

∞ qualquer alteração a documentos, impressos ou dados depois de validada, terá

de dar origem a nova revisão/ edição, como é usual no papel. O sistema

informático pode também guardar automaticamente a versão anterior e constituir

assim o arquivo dos documentos obsoletos.

24

Os documentos ou dados fornecidos pelos clientes e fornecedores informaticamente

(ex: Bases de dados; programas informáticos; CD) devem estar incluídos nos

sistemas de controlo, quando forem relevantes para o SGQ.

A existência duma lista de rúbricas (de todas as pessoas que podem assinar

documentos, dados e registos) é necessária para evidenciar as autoridades e

responsabilidades envolvidas.

4.2.4 Controlo dos registos

Estes requisitos obrigam à existência de um procedimento documentado

Repetindo, em parte, o que já foi anteriormente referido no requisito de Controlo dos

documentos, um registo da qualidade resulta duma actividade e deve evidenciar

que:

∞ a qualidade foi alcançada (em geral os registos associados às actividades de

monitorização e medição do serviço, controlo do processo de ensino-

aprendizagem, resultados da avaliação e não conformidades). Deve ser

recordado que um impresso, depois de preenchido, se transforma, normalmente,

num registo.

ou

∞ o sistema da qualidade funcionou, de acordo com os procedimentos/ práticas

previstas (ex: actas de reunião).

Alguns documentos, provenientes de fornecedores (ex: licenças de software;

relatórios de reparação) e provenientes de clientes (ex: certificados de habilitações),

depois de analisados e/ou utilizados, são também registos.

Para que possa ser efectuado um controlo sobre os registos da qualidade, importa,

em primeiro lugar, saber quais são esses registos, de uma forma individualizada.

Depois disso, e para cada um deles, há que estabelecer as formas de controlo e as

responsabilidades associadas, como se enumera em seguida:

25

∞ compilação (ex: por curso/estudante/equipamento/data);

∞ indexação (ex: como procurar);

∞ condições de acesso (ex: quem e como);

∞ arquivo (ex: pastas, dossiers, estrutura dos ficheiros informáticos);

∞ armazenamento e manutenção (ex: condições ambientais, embalagem e

segurança - principalmente para registos em arquivo morto);

∞ tempos de retenção;

∞ inutilização.

Dado o carácter específico dos registos académicos, recomenda-se um procedi-

mento documentado dedicado (registos sujeitos a requisitos legais específicos).

Deve ser salientado que não tem, forçosamente, de existir um único arquivo

centralizado para todos os registos. Estes podem estar a cargo de diversas funções

(CD, CC, CP, Departamentos, Laboratórios).

Os tempos de retenção devem ser estabelecidos com critérios e de forma individual.

Por exemplo, exigências legais, possível utilização dos registos (ex: necessidade de

consulta para analisar uma situação anómala). Não devem ser estabelecidos através

duma medida taxativa (ex: 5 anos para todos os registos, indefinidamente), medida

essa que não se consegue justificar, a organização deve sempre encontrar uma

justificação para os atribuir.

Por exemplo, podem existir registos com prazos de retenção curtos (ex: um ano) e

outros com prazos muito longos (ex: 20 anos). Alguns destes prazos derivam de

obrigações legais, razão pela qual estas situações devem estar identificadas.

A eliminação dos registos, ao fim do período de retenção definido, deve ser feita de

forma a que não seja posta em causa a confidencialidade ou outros dados da

organizção e/ou dos clientes/estudantes.

Particular atenção deve ser dada aos registos informatizados, em que os

procedimentos de “apagar” não devem permitir a sua recuperação posterior.

26

Para facilitar o controlo, os registos devem ter uma identificação individual (ver 4.2.3

Controlo dos Documentos).

Questões Práticas

Para facilitar a identificação, a visualização, o controlo e ainda evitar

esquecimentos, aconselha-se a que organização utilize uma matriz, tabela, quadro,

ou outra forma equivalente, onde todos os registos estejam identificados, bem como

os aspectos de controlo acima referidos.

Código Designação Indexação

(procurar)

Compilação Local e

Tempo do

Arquivo

Vivo

Local e

Tempo do

Arquivo

Morto

Eliminação

Para preencher a forma de registo escolhida, por exemplo, uma matriz, a

organização poderá começar por introduzir impressos, actas, relatórios, certificados

e outros registos referidos em qualquer documento controlado, ou referido no MQ e

nos outros documentos. Posto isso, restará, apenas, acrescentar uma pequena

parte dos registos que não estejam, eventualmente, incluídos nos documentos

controlados.

Não é aceitável que se indiquem apenas os tipos de registos (ex: registos dos

alunos) - a menos que exista outra forma de os identificar - mas sim todos os

registos individualmente (ex: Imp 345 - Pautas).

Poderá haver vantagens em definir os tempos de retenção, quer para o arquivo vivo

(na posse dos responsáveis pela compilação), quer para o arquivo morto.

A indexação apenas por datas pode não ser adequada, nomeadamente se existirem

necessidades de consulta por parte de outro tipo de agregação.

Por último, os documentos, quando obsoletos, transformam-se também em registos,

razão pela qual deles deve ser mantido arquivo conveniente. Para organizações com

sistemas certificados, os documentos obsoletos podem ser mantidos durante a

validade do certificado.

27

5 RESPONSABILIDADE DA GESTÃO EM ORGANIZAÇÕES DE ENSINO

5.1 Comprometimento da gestão

As últimas versões da norma ISO 9001, enfatizam o comprometimento da gestão no

desenvolvimento e implementação do SGQ, o que pode ser visto sob os seguintes

aspectos:

∞ Comunicação à organização da importância dos requisitos dos

clientes/destinatários/estudantes;

∞ Comunicação à organização da importância dos requisitos legais e

regulamentares;

∞ Estabelecimento da política da qualidade, assegurando que os objectivos da

qualidade são estabelecidos e são coerentes com a política;

∞ Encorajamento da identificação e da implementação das melhores práticas;

∞ Revisão do SGQ (eficácia do sistema para atingir os objectivos);

∞ Disponibilização dos recursos necessários.

Questões Práticas

Apesar de serem questões óbvias e, em certa medida, portadoras de alguma

retórica (tantas vezes foram repetidas!), importa, ainda assim, reflectir sobre as

práticas organizacionais:

∞ As políticas reduzem-se, normalmente, a algumas frases, mais ou menos

iguais em todas as organizações;

∞ Os objectivos são, frequentemente, muito vagos (ex: aumentar a qualidade do

ensino), limitados (ex: realizar as primeiras auditorias internas) e sem

rastreabilidade aos objectivos estratégicos/principais da organização (ex:

certificar o Sistema da qualidade), de forma a que o auditor já não pode dizer

que não estavam definidos os objectivos;

28

∞ Revisão do sistema nada tem a ver com as actividades essenciais. Deverá

ser feita um mês antes da auditoria do OC (Organismo de Certificação)/

Agência de Acreditação. Um “relatório” do gestor da qualidade e uma acta

com alguns objectivos (que pouco ou nada têm a ver, normalmente, com os

anteriores) e a situação fica resolvida;

∞ A disponibilização de recursos necessários é uma questão ainda mais

delicada, uma vez que estes não são normalmente identificados.

5.2 Focalização no Cl iente

A orientação do SGQ para o cliente está explícita, nomeadamente nos seguintes

aspectos:

∞ Os requisitos dos clientes/destinatários/estudantes devem ser identificados;

∞ A sua obtenção deve ser prosseguida;

∞ A satisfação dos clientes/destinatários/estudantes deve ser melhorada,

aspecto que está patente em vários outros requisitos.

O conceito de cliente é frequentemente alvo de infrutíferas discussões. No âmbito

desta interpretação, o aluno/estudante/aprendente está na primeira linha das

grandes preocupações de uma organização de educação. Outras partes

interessadas devem também ser incluídas no SGQ, através de formas adequadas

de resposta às suas necessidades.

5.3 Polít ica da Qualidade

A política da qualidade deve ser entendida como o conjunto das grandes linhas de

orientação estabelecidas pela gestão de topo da organização, para todos os

processos relevantes para a qualidade.

Nesse sentido, devem ser orientações de carácter permanente, apenas alteráveis

em função da envolvente, da concorrência, de exigências dos clientes ou de uma

reorientação da organização na sociedade, em geral, e na rede de ensino superior,

em particular.

29

A Revisão da política deve, no entanto, estar prevista, nomeadamente no que refere

ao procedimento para o efeito e aos respectivos intervenientes.

Questões Práticas

Não faz sentido escrever: “É política desta organização obter a certificação do seu

sistema da qualidade”. Contudo, faz sentido afirmar: “é política desta organização

estabelecer parcerias com outras organizações de educação, no sentido de

desenvolver novas práticas pedagógicas”.

Exemplos (não válidos para qualquer organização):

∞ A organização deve disponibilizar as suas capacidades técnicas e científicas

aos agentes da gestão autárquica, de modo a ajudá-los a resolver os seus

problemas de qualidade e a melhorar o seu processo de planeamento e

controlo.

∞ Um novo curso só deve ser disponibilizado se se verificar que é melhor que o

do concorrente mais próximo, quer em termos de preço, quer em termos de

empregabilidade.

∞ Os custos relacionados com o insucesso escolar devem ser calculados para

todos os cursos.

∞ A organização adopta os princípios da responsabilidade social, como parte do

seu próprio desenvolvimento.

Note-se que são orientações úteis para os serviços da organização. É afirmado o

que deve ser feito e não o como deve ser feito.

5.4 Planeamento

Quando falamos de planeamento, no âmbito deste requisito, referimo-nos apenas a

dois aspectos:

∞ Definição dos objectivos da qualidade;

∞ Planeamento do sistema da qualidade.

Contudo, a necessidade de planeamento está explicitamente referida, nomeada-

mente nos seguintes requisitos:

∞ 6.1 Disponibilização dos recursos

30

∞ 6.3 Infra-estrutura (ex.: inclui o planeamento da manutenção de edifícios,

equipamentos, hardware, software...)

∞ 7.1 Planeamento da realização do serviço;

∞ 7.3 Planeamento da concepção e desenvolvimento.

E implícita em:

∞ 7.5.1 Controlo do fornecimento do serviço;

∞ 8.2.2 Auditorias internas;

∞ 8.2.3 Monitorização e medição dos processos;

∞ 8.2.4 Monitorização e medição do produto.

Finalmente, a abordagem por processos, como recomendado pela norma, exige que

o planeamento inclua:

∞ a identificação e a caracterização dos processos (4.1);

∞ o planeamento da sua monitorização e o controlo (o que, eventualmente,

complementará o que estiver planeado em 8.2.3 e 8.2.4)

Em cada requisito específico, trataremos dos respectivos aspectos de planeamento.

5.4.1 Objectivos da Qualidade

Os objectivos da qualidade são resultados desejados, num espaço de tempo

determinado. Deste modo, implicam sempre alguma quantificação, embora esta não

tenha de ser forçosamente em termos de indicadores numéricos de desempenho ou

outros. Pode também tomar a forma, por exemplo, de tempos ou prazos (ex:

implementação do módulo “inquérito aos alunos”, do sistema de informação, até

Julho de 2009).

Os objectivos podem ser de melhoria e/ou de manutenção do nível de desempenho

existente. Contudo, os objectivos de melhoria devem ser estabelecidos com uma

periodicidade definida e de acordo com formas estabelecidas (ver 5.6 Revisão do

sistema pela gestão).

A política e os objectivos, definidos a cada momento, devem apresentar coerência, e

serem consistentes com o sistema da qualidade

31

Os objectivos gerais devem ser desdobrados em objectivos parcelares ou metas, a

diversos níveis funcionais e, eventualmente, a nível individual (ex: eventual

integração com sistemas de avaliação do desempenho, por exemplo o SIADAP).

A Revisão do Sistema deve incluir a análise do cumprimento dos objectivos. No caso

de alguns não terem sido alcançados, as respectivas causas devem ser identificadas

e, a manterem-se as situações que conduziram ao seu estabelecimento, devem ser

replaneados e/ou reformulados.

Não é aceitável que os objectivos não conseguidos sejam simplesmente

abandonados, sem que haja uma justificação adequada.

Questões Práticas

Faz sentido estabelecer como objectivo da organização, a implementação de um

sistema da qualidade até final do ano de 2010, de modo a poder obter a respectiva

certificação. Não faz sentido afirmar como objectivo a melhoria da qualidade do

ensino ou da produtividade da I&D, sem qualquer quantificação ou prazo.

A experiência acumulada aconselha a que se concebam programas para alcançar

os objectivos e metas definidos (acções, responsabilidades, recursos, prazos). Se

apenas se definirem os objectivos, as probabilidades de sucesso são fracas.

5.4.2 Planeamento do Sistema da Qualidade

Abordaremos, neste requisito, apenas as questões relativas à documentação e à

estrutura do Sistema, dado que os outros aspectos serão abordados nos pontos

identificados em 5.4.

Em termos teóricos, o planeamento do SGQ é a actividade mais relevante e

abrangente da implementação de um sistema, porque pode envolver desde a

identificação das necessidades dos clientes/estudantes/destinatários até à sua

satisfação. Contudo, em termos mais pragmáticos, o planeamento do sistema da

qualidade pode ser visto, com vantagens, de uma forma mais restrita, até porque os

diversos aspectos do planeamento estarão contemplados noutros requisitos.

32

Para que fiquem claras as actividades de planeamento para toda a organização e

também para as entidades externas (ex: clientes/estudantes/destinatários, partes

interessadas, Agências de acreditação), estas devem ser documentadas, de forma a

facilitar a compreensão das abordagens, das práticas, das técnicas e dos métodos

utilizados pela organização, nas diversas actividades de planeamento.

Assim, estes requisitos podem ser divididos em três partes:

∞ breve descrição das actividades de planeamento (ex: concepção dos cursos,

serviço docente, avaliação, ano, semestre), remetendo para a eventual

documentação existente;

∞ descrição da documentação de suporte ao SGQ, justificando as opções

tomadas, a estrutura resultante e as inter-relações;

∞ abordagem por processos (a forma de identificação dos processos, a

estrutura de níveis adoptada, a hierarquia e classificação dos mesmos, o seu

controlo, gestão e revisão), de acordo com a qual a organização deve

descrever as formas de funcionamento e interligações da rede de processos,

assim como a forma de atingir os objectivos pretendidos, nomeadamente no

que se refere à qualidade dos cursos e à satisfação dos clientes.

O que deve ser entendido como processo, deve estar confinado aos grupos de

actividades que caracterizam o essencial das mesmas, assim como a missão da

organização (ex: Cursos, I&D, Prestação de serviços). Pelo menos numa primeira

fase da descrição dos processos, não devem ser concentrados esforços nas

actividades de carácter não essencial e, muito menos, em querer que todos os

requisitos da norma sejam vistos como processos (ex: Responsabilidade da gestão,

Controlo dos documentos, Auditorias, Monitorização e Medição).

O planeamento do SGQ deve permitir abranger todos os requisitos da norma (ver

4.1), bem como os objectivos da qualidade. A integridade/adequabilidade e eficácia

do planeamento do sistema devem ser asseguradas pela introdução de

alterações/melhorias no SGQ, nomeadamente as que derivam da Revisão do

sistema pela gestão.

33

Questões Práticas

As formas gráficas de representar os processos são normalmente as melhores para

obter uma compreensão fácil e concisa, principalmente as suas interdependências.

Contudo, deve ser feita uma distinção importante entre duas das técnicas de

representação:

∞ Descrição dos processos, em que pode ser utilizada a cartografia dos

processos (ex: diagramas, fluxogramas, esquemas), onde aqueles são,

fundamentalmente, identificados pela suas entradas e saídas e ainda os

grandes fluxos de informação e/ou a sequência das grandes actividades

dentro de cada área educativa/Escola (Ensino - aprendizagem, I&D,

Prestação de serviços). Por exemplo para a área de Ensino - aprendizagem a

sequência poderia ser: Identificação de necessidades e expectativas;

Concepção dos cursos; Planeamento da realização dos cursos; Realização;

Inserção no mercado de trabalho acompanhamento das carreiras

profissionais;

∞ Análise dos processos (também chamada de micro cartografia), em que cada

processo é decomposto nas suas actividades elementares, sendo cada uma

destas caracterizada pela sua natureza (ex: exposição, experimentação,

compilação de informação, avaliação) e por outros parâmetros de análise (ex:

duração, quantidade de materiais consumidos, custo, energia, resíduos).

Se no primeiro caso pretendemos a visão global, nomeadamente, a sequência, a

importância relativa e a análise da coerência da globalidade dos processos, no

segundo caso, pretendemos intervir sobre o processo, no sentido da sua eventual

reconcepção e melhoria.

(Ver Parte II sobre Gestão por Processos)

34

5.5 Responsabilidade, Autoridade e Comunicação

5.5.1 Responsabilidade e Autoridade

Pretende-se a definição clara da autoridade (o que as pessoas podem decidir

autonomamente) e das responsabilidades (as actividades que têm de

desempenhar). O seu âmbito abrange todas as pessoas que possam afectar a

conformidade com os requisitos do produto/serviço (linguagem da ISO 9001:2008).

Dito de outro modo, abrange praticamente todas as funções.

Quando existam órgãos colectivos/colegiais de decisão/análise (ex: Comissão da

Qualidade, Conselho Científico, Conselho Pedagógico, Conselho Directivo,

Comissão Executiva de Departamento; Área científica), as suas composições,

funções e modos de decisão/conclusão devem estar claramente definidos, de

acordo com a legislação e os requisitos estatutários aplicáveis.

Questões Práticas

Um organigrama hierárquico é, normalmente, uma forma gráfica de exprimir a

estrutura organizacional. Contudo, pode não ser suficiente para uma definição clara

da autoridade, podendo ser necessária uma descrição de funções (também uma

forma usual de definir as responsabilidades).

Aliás, devem sempre existir descrições de funções dos que gerem (ex: níveis

hierárquicos), executam (ex: funções mais relacionadas com a leccionação) e

verificam (funções mais relacionados com a avaliação) a qualidade.

O organigrama hierárquico deve ser claro relativamente à identificação dos níveis

hierárquicos da organização e à identificação dos que fazem parte da sua

“direcção/gestão de topo”. O referido organograma não deve ser confundido com

organigramas funcionais, mais úteis para definir as relações entre funções, por

exemplo, dentro de um processo ou entre órgãos (ex: Conselho Científico -

Conselho Directivo).

Numa organização de ensino, as relações entre órgãos e entre pessoas não se

caracterizam essencialmente pela hierarquia, mas sim pela cooperação. Deste

modo, a definição da autoridade e da responsabilidade emanam, muitas vezes, dos

35

próprios órgãos. Contudo, as referidas características não devem impedir a decisão

e o respectivo acompanhamento das decisões. Espera-se que estruturas com

menos níveis hierárquicos e com grande actividade inter pares, sejam mais eficazes

do que as estruturas essencialmente hierárquico - funcionais. Contudo, a Gestão de

topo tem de ser definida de forma precisa (eventualmente um órgão conjunto CD,

CC, CP).

No caso de órgãos colectivos, não é aceitável que se diga por exemplo: “a revisão

do sistema é efectuada pela comissão da qualidade“. É necessário que se diga

como se decide (ex: maioria, consenso, se existe direito de veto ou de qualidade de

algum(s) dos seus membros).

Ainda nestes casos, é necessário que a composição seja claramente definida. Por

exemplo, não é aceitável que se afirme: “a comissão da qualidade é constituída por

representantes dos departamentos”. Devem ser indicados os seus membros

inequivocamente, o que não impede que, em casos justificados, um Presidente de

departamento não possa delegar noutro elemento essa função (saliente-se que,

deste modo, a responsabilidade é sempre do referido Presidente).

5.5.2 Representante da gestão

A Gestão de topo deve nomear um elemento da gestão da organização como seu

representante. Este deve ter responsabilidades pelo estabelecimento,

implementação, manutenção e melhoria do sistema, nomeadamente fornecer

informação à gestão sobre o desempenho do sistema, para efeitos de revisão do

mesmo e para desencadear acções de melhoria contínua. Este representante deve

ainda comunicar com os estudantes e outras partes interessadas sobre assuntos do

SGQ. O essencial é o funcionamento integrado deste elemento com a “equipa de

gestão” e a sua liberdade e autoridade organizacional para poder assegurar as

tarefas acima referidas.

Para o desempenho das suas funções, para além de deter conhecimentos

específicos de gestão da qualidade e dos requisitos particulares da acreditação, este

representante deve possuir, ou desenvolver, competências ao nível da comunicação

36

e das relações interpessoais, bem como conhecimentos técnicos e científicos

adequados sobre o processo de ensino - aprendizagem.

Questões Práticas

São formas aceitáveis, por exemplo as seguintes: ser membro de um órgão de

gestão (ex: Comissão Executiva do Conselho Científico, Conselho Directivo, ou

Conselho Pedagógico), ser Vice – Presidente do IPS, ou elemento do Staff

(devendo, neste caso, ter funções executivas).

Não é aceitável que seja um elemento, normalmente alheio às actividades do dia a

dia, e muito menos exterior à organização.

5.5.3 Comunicação interna

Os canais de comunicação interna devem assegurar, pelo menos, três aspectos (ver

5.1 Comprometimento da gestão):

∞ Comunicação à organização da importância dos requisitos dos

clientes/estudantes/destinatários;

∞ Comunicação à organização da importância dos requisitos legais e

regulamentares;

∞ Comunicação à organização de algumas medidas da eficácia do SGQ.

Os aspectos relacionados com a comunicação são cada vez mais importantes numa

organização, nomeadamente para que se consiga:

∞ A identificação de todos os colaboradores com os objectivos mais gerais;

∞ A difusão dos valores e da cultura;

∞ Um conhecimento mais preciso das actividades;

∞ Manter o nível de consciencialização, quanto aos aspectos legais e

regulamentares e quanto à importância da satisfação dos requisitos dos

clientes estudantes/destinatários.

Questões Práticas

As formas adoptadas podem ser muitas, sendo as mais frequentes relacionadas

com boletins, jornais, quadros informativos, intranet, internet, sem esquecer as

próprias reuniões (cadeia insubstituível de transmissão e recepção de informação).

37

5.6 Revisão pela Gestão

5.6.1 Generalidades

Esta revisão não deve ser confundida com a revisão do manual da qualidade, nem

com qualquer avaliação funcional ou parcial. O que se pretende é uma avaliação ao

mais alto nível, global e integrada do desempenho, adequabilidade e eficácia do

sistema (volta a ser relevante a definição precisa sobre a constituição da gestão de

topo).

Esta deve ser efectuada a intervalos de tempo definidos e tem de ter um âmbito

suficientemente alargado para avaliar o cumprimento da política e dos objectivos da

qualidade, os requisitos das normas de referência, a satisfação dos clientes e

restantes partes interessadas, as oportunidades de melhoria e as necessidades de

alterar o SGQ.

As formas de revisão do sistema (e da definição de objectivos) devem estar

definidas. A figura esclarece que as auditorias internas constituem o elemento

essencial de informação sobre o funcionamento e eficácia do SGQ, à semelhança

das Acções correctivas que constituem o elemento fundamental para tratar as não

conformidades. Esta mesma figura ilustra que as auditorias avaliam a eficácia dos

próprios procedimentos para não conformidades e acções correctivas.

- Produtos

- Processos

- Procedimentos

Acções correctivas

Sistema da qualidade

Auditorias internas

5.6.2 Entrada para a revisão

A Revisão do Sistema é a tarefa mais reveladora da integração e do alinhamento do

SGQ com o sistema da gestão global da organização. Para ser eficaz, a revisão

deve basear-se num conjunto de informação, previamente definida, não só no seu

conteúdo, mas também na sua forma de agregação (ex: por processo, curso,

38

departamento) e apresentação (ex: indicadores, gráficos, tabelas), pelo que é

recomendável definir as responsabilidades pela recolha e pelo tratamento da

informação. Esta não tem de ser, nem deve, da exclusiva responsabilidade do

representante da gestão.

A norma ISO 9001:2008 exemplifica o tipo de informação que deve ser utilizada,

como entrada para a revisão:

∞ tratamento das não conformidades;

∞ resultados das auditorias (e outras avaliações externas);

∞ monitorização da satisfação dos clientes/destinatários/estudantes;

∞ estado das acções correctivas e das acções preventivas;

∞ seguimento das anteriores revisões (ex: Objectivos da qualidade);

∞ alterações ao SGQ e suas implicações;

∞ alterações na legislação e na regulamentação aplicáveis;

∞ recomendações para melhoria.

Do nosso ponto de vista, não pode deixar de ser incluída a avaliação dos resultados

de monitorização e gestão dos processos, nomeadamente:

∞ resultados do desempenho (ex: resultados do desempenho Cursos, da I&D e

da Prestação de serviços;

∞ tratamento das reclamações e ontras comunicações com as partes

interessadas.

5.6.3 Saída da revisão

Da análise da informação indicada, deverão resultar:

∞ as adequadas alterações ao sistema da qualidade (ex: melhoria da sua

eficácia e dos seus processos);

∞ os grandes objectivos de melhoria (ex: cursos, satisfação dos clientes,

podendo estes, eventualmente, ser desdobrados até aos níveis hierárquicos e

funcionais definidos e pelas técnicas mais adequadas);

∞ orientações para o planeamento estratégico;

∞ a identificação dos recursos necessários (ver 5.4.1 Objectivos da qualidade).

39

O estabelecimento de objectivos para os processos surge como uma medida

elementar de coerência. A análise do cumprimento dos objectivos anteriores é uma

das tarefas obrigatórias, porque permite avaliar a “utilidade” da Revisão para a

organização.

Os registos da Revisão devem ser consistentes e coerentes com os objectivos.

Questões Práticas

Não são aceitáveis actas com a mera indicação das decisões tomadas. Estas devem

evidenciar que o funcionamento de todo o Sistema foi devidamente analisado. Para

que a Revisão seja útil, um conjunto vasto de informação deve ser analisado, razão

pela qual os registos devem incluir toda a informação utilizada.

A existir um procedimento documentado, este pode ter o seguinte conteúdo típico:

Qual a informação a recolher obrigatoriamente (ex: custos relacionados com o

insucesso e os abandonos, prazos de conclusão dos cursos, índices de

satisfação/insatisfação dos clientes/estudantes/destinatários);

As responsabilidades pela recolha da informação estabelecida e respectiva

frequência (não deve ser apenas da responsabilidade do representante da

gestão);

As formas em que essa informação deve ser apresentada (apenas dados de

síntese ou também descritivos, dados de evolução e/ou acumulados, …);

As formas de análise (quem deve participar, como e quando);

As formas de validação dos objectivos apresentados (ex.: aprovação prévia

dos departamentos envolvidos na implementação…);

A forma de convocação da direcção (ou outro órgão dirigente), bem como os

métodos de decisão. Isto implica que os “limites da direcção” sejam definidos,

quer em termos descritivos, quer em termos hierárquicos ou, dito de outro

modo, quem faz e quem não faz parte da direcção/gestão de topo.

40

6. Gestão de recursos em organizações de ensino

6.1 Provisão de Recursos

Os recursos referidos neste ponto têm a ver com dois aspectos:

∞ Implementar e manter o SGQ e melhorar continuamente a sua eficácia;

∞ Aumentar a satisfação dos clientes/destinatários/estudantes.

A identificação dos recursos é, essencialmente, assegurada pelas actividades de

planeamento.

6.2 Recursos Humanos

6.2.1 Generalidades

O essencial deste ponto é a definição clara das competências exigidas para um bom

desempenho das funções, (ex.: formação escolar, experiência profissional,

capacidades específicas, atributos pessoais) e aquelas que são consideradas pela

organização como mínimas para uma pessoa poder desempenhar determinada

função, sem que seja posta em causa a qualidade do serviço.

O conceito de competência é mais vasto do que o conceito de qualificação

académica. Uma pessoa pode ter as qualificações entendidas como adequadas e,

apesar disso, não conseguir atingir os níveis de desempenho pretendidos.

O que foi dito aplica-se às actividades relevantes para a qualidade. A versão 2008

clarifica que a conformidade com os requisitos do serviço pode ser afectada directa

ou indirectamente por pessoas que desempenhem qualquer tarefa dentro do SGQ, o

que em termos práticos, pode excluir algumas funções (ainda que poucas).

O cumprimento deste requisito pode ser feito através da descrição de funções. A

definição das competências não tem forçosamente de ser feita por pessoa, mas sim

por função, respeitando os estatutos da carreira docente e os outros requisitos

legais.

41

Questões Práticas

A definição das competências mínimas para desempenhar adequadamente uma

função é, particularmente, importante no ensino superior. Para estabelecimento

daquelas competências, é, normalmente, adequado que sejam definidas as tarefas

possíveis de executar por cada tipo de qualificação profissional. Adicionalmente, o

desenvolvimento das carreiras, incluindo a formação necessária, é outro dos

aspectos relevantes. A nível lectivo e pedagógico, a referida definição, apesar de

difícil e complexa, não deixa de constituir uma grande medida de prevenção.

6.2.2 Competência, Consciencialização e Formação

Competência

O uso do conceito competência não é uma mera questão de palavras. A

competência não advém directamente da qualificação (formação académica, por

exemplo), mas exige que os critérios utilizados garantam que o profissional em

causa tem as capacidades para atingir os níveis de desempenho desejados nas

respectivas tarefas.

Consciencia lização

A organização deve assegurar que os seus trabalhadores e colaboradores têm

conhecimento das consequências das suas falhas na qualidade (na organização,

nos clientes e nas restantes partes interessadas), com o detalhe suficiente para que

esse conhecimento os possa orientar para a execução correcta das suas tarefas.

Formação

O essencial deste requisito não é a elaboração de um plano de formação, mas sim a

identificação das necessidades de formação. O plano é uma consequência das

necessidades e um meio para as satisfazer. Numa instituição de ensino superior a

formação deve ser entendida de forma ampla, desde a formação académica até à

pedagógica, relações interpessoais e uso de ferramentas específicas. O âmbito

inclui o pessoal docente e não docente.

42

A identificação das necessidades de formação pode fazer-se a partir de duas fontes

principais:

A primeira é a definição das competências mínimas exigidas para “o pessoal que

desempenha trabalho que afecta a conformidade com os requisitos do produto”,

segundo o enunciado desta cláusula. Esta identificação é, de alguma forma,

automática. Por exemplo, se um funcionário vai passar a executar ou a ser

responsável por outra actividade/tarefa para a qual estão definidas qualificações, ao

nível da formação que ele não possui, então essa é uma necessidade identificada e

que deve, portanto, estar contemplada no plano de formação. No caso de um

docente, devem ser respeitadas as atribuições da carreira e, para estas, identificar

necessidades específicas.

A segunda é a análise das necessidades aos diversos níveis da organização. Esta

poderá ser feita de várias formas, mas em qualquer caso deve sempre existir uma

justificação para as necessidades apontadas.

Não é aceitável que uma chefia, por exemplo, indique uma formação específica para

um grupo de funcionários, sem que isso esteja devidamente fundamentado, por

exemplo, em problemas existentes na área (ex: número de erros nos ofícios), na

introdução de novas tecnologias (ex: sistema de informação), na introdução de

novos métodos de trabalho (ex: novo equipamento), na introdução de novos

procedimentos/alteração aos existentes (ex: aquando da implementação do

sistema), na alteração dos circuitos de trabalho), na introdução de novas filosofias

de gestão (ex: Qualidade total), no estabelecimento/alteração de circuitos

documentais, na introdução da informatização de alguma actividade, ou outras

melhorias.

Na identificação das necessidades, deve ter-se sempre presente que a formação é

um meio e não um fim em si própria. A ênfase deve ser posta na justificação, para

que a formação seja efectivamente útil à organização e não um custo, muito menos

um plano de formação para “auditor/avaliador externo ver”.

Identificadas as necessidades, a organização deve definir as responsabilidades pelo

planeamento, aprovação, execução e seguimento das acções de formação. A

43

formação pode ser interna ou externa. No caso dos docentes, o planeamento e

seguimento deve ser assegurado pelos órgãos de responsabilidde científica e/ou

pedagógica.

No caso de ser interna, a organização deve ter algum critério de escolha dos

formadores (ex: formação anterior, preparação de material de formação).

No caso de ser externa, a organização deve ter uma forma de avaliar e seleccionar

as empresas e os formadores (ver 7.4 Compras), bem como de avaliar a eficácia da

formação (ex: inquéritos aos formadores e formandos; avaliação pela chefia).

Sobre a avaliação da eficácia da formação, a organização pode utilizar várias

metodologias, mas todas devem incluir alguma análise sobre a diferença de

desempenho antes e depois da formação. Para o efeito, é fundamental que sejam

claramente definidos os objectivos da formação, porque será a partir destes que se

escolherão as formas de avaliação da respectiva eficácia. Não se têm mostrado

úteis formas taxativas de avaliação, iguais para todas as acções (ex: 3 meses após

a acção, a efectuar pela chefia).

As formas de avaliação devem ser endereçadas à natureza das acções (ex:

transmitir conhecimentos; transmitir informação; saber fazer; aplicar software; usar

ferramentas; comunicação numa língua…) e aos objectivos. A melhor solução

passará por definir as formas de avaliação, no próprio planeamento da formação.

Das acções de formação realizadas devem ser mantidos registos, sendo que estes

devem identificar formandos e formadores, conteúdos, durações previstas e

efectivas, classificações (se for o caso) e as avaliações acima referidas.

Igualmente, deve existir evidência do grau de realização do plano de formação,

razões do seu não cumprimento e o adequado replaneamento (ex: relatórios de

execução da formação).

A nível individual deve existir uma ficha, cadastro ou forma similar, que permita, com

facilidade, evidenciar a formação recebida, nomeadamente, o treino no local de

trabalho.

44

Como nota final, salienta-se que o resultado desejado é a obtenção de

competências, as quais podem ser alcançadas pela via da formação tradicional

(quando aplicável), mas também por outras vias (ex: estágios, trabalhos

acompanhados, prestação de serviços).

Questões Práticas

Dados os considerandos anteriores, não é normalmente aceitável que o plano de

formação seja elaborado, apenas, a partir dos catálogos comerciais disponíveis, sem

uma adequada identificação das necessidades, nos termos já referidos. No caso dos

docentes a formação deve basear-se nas necessidades da organização (docência,

I&D, Prestação de serviços) e não, apenas, na oferta das universidades.

Para efeitos de elaboração do planeamento da formação, pode ser útil a existência

duma matriz, tabela ou quadro equivalente, onde constem as competências e

qualificações mínimas, por função, e os requisitos de formação associados.

Se os objectivos das acções de formação tiverem sido definidos com precisão, então

o plano pode, desde logo, indicar as formas de avaliação da eficácia da formação.

Por exemplo, se a acção de formação apenas disser “formação avançada em Excel”,

será muito difícil definir qual a melhor forma de avaliar a eficácia da mesma. Para o

efeito, será necessário que na identificação das necessidades se justifique o que as

pessoas em causa necessitam de passar a saber fazer especificamente nas novas

tarefas. Deste modo, a avaliação estará facilitada.

Quando a formação inclui uma componente prática importante, por exemplo, seis

meses no posto de trabalho, deve existir um relatório comprovativo de que a pessoa

em causa está em condições de desempenhar as actividades previstas. Esta é uma

forma de evidenciar que a formação foi efectuada e se revelou eficaz.

Quando a organização está a implementar os procedimentos de formação, na

maioria das situações, já muitos funcionários frequentaram acções de formação

necessárias à sua qualificação presente. Nestes casos, é aconselhável que a

empresa efectue a “recuperação” possível da situação, mesmo que seja a partir do

conhecimento dos responsáveis com maior antiguidade.

45

Os materiais de formação, incluindo os adquiridos por um funcionário numa acção

externa, poderão dar origem à constituição de um arquivo que possibilite a sua

utilização futura por parte da organização.

Acção Objectivos Formandos Calendário Formadores Avaliação

6.3 Infraestrutura

O conceito de infraestrutura inclui:

∞ edifícios, espaço de trabalho e meios associados;

∞ equipamentos (ex: hardware e software);

∞ serviços de apoio (ex: transportes e comunicações).

A manutenção de equipamentos (ex: laboratórios; software) pode ter um impacto

directo nas actividades de ensino – aprendizagem. Os Processos relacionados com

o estudante (7.2) requerem a disponibilização de meios adequados. Deste modo, a

manutenção deve ser planeada aos níveis adequados (ex: curativa, preventiva,

preditiva), o que não significa que tenham de existir todos os níveis e para todos os

equipamentos.

As intervenções devem ser executadas de acordo com instruções escritas, (que

passam a ser documentos controlados) sempre que a sua ausência possa afectar a

correcta execução do trabalho.

Estas intervenções devem gerar registos que possam permitir replanear as

intervenções em função do histórico dos equipamentos e controlar economicamente

a actividade.

A actividade de manutenção deve incluir o equipamento utilizado na I&D e na

prestação de serviços.

46

Quando alguma parte dos planos for executada pelos próprios operadores ou

utilizadores dos equipamentos, estes devem ser adequadamente treinados e dispor

dos meios necessários.

A manutenção tende a ser considerada um processo de suporte (Ver Parte II -

Gestão por processos).

Embora controverso, o documento IWA refere a análise de riscos relacionados com

a segurança e saúde do trabalho e a segurança física, o que em nossa opinião

estará melhor enquadrado no ponto 6.4.

6.4Ambiente de trabalho

As exigências associadas a este ponto referem-se às condições facilitadoras do

ambiente de aprendizagem, que satisfaçam os requisitos dos estudantes. Estas

condições devem ser avaliadas periodicamente e esta avaliação deve ser utilizada

como entrada para a Revisão do sistema e como base para a melhoria contínua.

Para o efeito, as referidas condições devem estar definidas com algum suporte

reconhecido (ex: área das salas de aulas; número de alunos; acústica, iluminação).

A organização deve, ainda, identificar, no mínimo, a legislação laboral aplicável (ex:

Segurança e Saúde Ocupacional), como primeiro passo para a concepção dos

postos de trabalho, de acordo com as práticas recomendadas pelos conhecimentos

técnicos e científicos.

A clarificação introduzida em 2008 inclui no conceito de ambiente de trabalho,

factores como o ruído, a temperatura, a humidade, a iluminação ou outras condições

do ambiente.

7. Realização do serviço educativo

(Ver os considerandos efectuados em 5.4.2 Planeamento do sistema de gestão da

qualidade).

47

7.1 Planeamento da realização

Estes requisitos têm a ver com todos os processos necessários à prestação do

serviço, nomeadamente:

∞ Identificação dos requisitos relacionados com o serviço de educação (ver

7.2.1 e 7.2.2);

∞ Concepção e desenvolvimento (ex: cursos; materiais pedagógicos; métodos

de ensino; métodos de avaliação (ver 7.3);

∞ Monitorização dos processos (ver 8.2.3 e 8.2.4);

∞ Compras (ver 7.4);

∞ Fornecimento do serviço (ver 7.5), incluindo: 7.5.1 Controlo do

fornecimento; 7.5.2 Validação dos processos; 7.5.3 Identificação e

rastreabilidade; 7.5.4 Propriedade do cliente; 7.5.5 - Preservação (ex:

armazenamento e protecção dos documentos académicos; produtos de

laboratório; material para I&D);

∞ Actividades posteriores ao serviço (ex: relações com antigos estudantes;

empregabilidade);

∞ Controlo dos dispositivos de monitorização e medição (ver 7.6);

∞ Informação de retorno dos clientes e outras partes interessadas, incluindo

Reclamações (ver 7.2.3).

Pelo âmbito acima exposto, e que corresponde ao conteúdo da Cláusula 7, podemos

ver que se trata, de uma forma geral, do ciclo da qualidade do produto e serviço.

Normalmente, a actividade de planeamento tem sempre como um dos seus

objectivos fundamentais a melhor utilização dos recursos disponíveis, o controlo do

progresso e a tomada de decisões de replaneamento quando os objectivos não são

alcançados, ou não o são da forma pretendida.

O planeamento da realização do serviço deve garantir que a qualidade pretendida,

em cada fase de realização do produto é obtida da forma mais eficaz. Os processos

para a realização devem ser consistentes com os outros requisitos do SGQ.

Embora a Realização do serviço tenha a ver com todo o ciclo da realização, como

acima salientámos, o planeamento do fornecimento do produto (7.5) pode ser visto,

com vantagens, de uma forma mais restrita, tratando os restantes aspectos, de uma

48

forma mais apropriada, em cada um dos respectivos requisitos (ex: concepção dos

materiais pedagógicos).

Assim, uma das saídas do planeamento pode ser um plano da qualidade (ex:

actividades de verificação, monitorização). Outra das saídas pode ser um plano de

controlo dos processos (ex: assiduidade de estudantes e professores; resultados).

Desta forma, estamos a dar cumprimento aos requisitos 8.2.3 Monitorização e

medição dos processos e 8.2.4 Monitorização e medição do serviço.

Em qualquer caso, o planeamento deve permitir que as eventuais alterações nos

planos, nos produtos (cursos), nos serviços, ou nos processos são avaliadas em

termos das suas implicações no planeamento anteriormente estabelecido.

Adicionalmente, a actual abordagem por processos requer que estejam definidos

indicadores de desempenho ao nível de cada processo. Estes podem incluir

indicadores, por exemplo, de satisfação dos clientes internos e externos, podem

estar relacionados com as melhorias pretendidas ou com as inovações introduzidas

no processo, podem ter a ver com o número de equipas multidisciplinares envolvidas

em iniciativas de melhoria, bem como com os recursos.

O planeamento, utilizando as técnicas que cada organização entender como as mais

adequadas, deve no mínimo, identificar as características críticas e significativas do

serviço e do processo, em qualquer fase de realização e, em função das

consequências (por exemplo, sucesso escolar, satisfação dos clientes/estudantes,

segurança e saúde dos estudantes e docentes, ambiente, economia) de uma não

conformidade, estabelecer as medidas específicas de controlo, ou seja, aquelas que

permitam detectar as falhas, ou as suas causas, bem como as medidas correctivas e

preventivas adequadas.

Por último, deve ser salientado que devem existir planos a outros níveis que não os

indicados, mais direccionados para o controlo de processos “não produtivos”, como

por exemplo: comunicação, lançamento de novos produtos e, eventualmente, a sua

relação com os planos estratégicos de desenvolvimento.

49

Questões Práticas

Um plano da qualidade pode ser expresso através de um documento do tipo:

Plano da Qualidade

Características dos serviços Parâmetros dos processos (ensino-

aprendizagem U

C

Verificações

Monitorização

Documento

s

suporte

Registo

s

Respons

ab

Valores

Especificado

s

Documentos

suporte

Regis

t

Respons

a.

Exemplo de plano da qualidade (serviço+processo)

7.2 Processos relacionados com o estudante

Estes requisitos incluem: as actividades de identificação dos requisitos dos

estudantes e de outras partes interessadas, os requisitos de entrada na instituição e

eventual selecção, as obrigações mútuas (estudante-instituição), bem como as

actividades posteriores ao serviço.

Estes aspectos devem ser identificados, clarificados e acordados antes do início

formal da inscrição.

Estes requisitos devem ser entendidos como o conjunto de medidas preventivas

estabelecidas pela organização, durante o circuito de recrutamento dos estudantes,

no sentido de assegurar que se entenderam correctamente as suas necessidades e

expectativas e que se tem capacidade para as cumprir, e que, também, os

estudantes entenderam e aceitaram as condições necessárias ao seu sucesso.

7.2.1 Determinação dos requisitos relacionados com o serviço

educativo

Em primeiro lugar, a organização deve estabelecer procedimentos e /ou práticas

capazes de conseguir identificar claramente os requisitos dos estudantes e de outras

partes interessadas, quer estes os expressem, formalmente, quer não. Os requisitos

relacionados com o serviço podem incluir as actividades pós-serviço.

No caso dos estudantes, estes não têm capacidades e/ou conhecimentos que lhes

permitam definir totalmente as condições de aprendizagem. Por outro lado, a

organização deve ter, ela própria, requisitos a considerar (ex: estudantes não

50

desejáveis, condições de acesso, aspectos éticos a respeitar; códigos de conduta

dos estudantes; contratos de aprendizagem).

A organização deve adoptar medidas que minimizem os riscos de fornecer produtos

e serviços que fiquem aquém das necessidades e expectativas identificadas.

7.2.2 Revisão dos requis itos relacionados com a aprendizagem

Após a identificação clara e completa dos requisitos relacionados com o serviço, não

deve ser iniciado nenhum serviço (ex: curso de licenciatura; pós graduação; curso

profissional; contrato de I&D; prestação de serviços) sem que aqueles sejam

analisados e revistos, com vista a determinar se a organização está em condições

de os satisfazer e que a sua realização corresponde às suas políticas/orientações.

A análise e revisão a efectuar pode incluir:

∞ verificação das competências do corpo docente;

∞ planeamento da realização (ex: recursos bibliográficos; laboratórios; protocolos

com parceiros; material pedagógico);

∞ regras de definição das propinas;

∞ aceitação das condições do serviço (ex: aprendizagem; prestação do serviço) por

parte dos clientes/estudantes;

∞ procedimentos e /ou práticas para situações fora do comum (ex: recuperação do

insucesso);

Alterações no serviço

As alterações a um serviço devem seguir o mesmo circuito da análise e aprovação

anterior e devem ser registadas.

Questões Práticas

No ensino superior, dada a complexidade técnica das matérias e as consequências

das decisões, o diálogo decorre entre especialistas, que tendem a desvalorizar os

aspectos formais. Assim, podem usar-se procedimentos baseados na análise do

risco envolvido nas soluções dadas aos clientes/destinatários/estudantes.

51

7.2.3 Comunicação com o estudante

Durante todas as fases de relacionamento com o estudante e para que este decorra

da melhor forma e se possam construir relações de confiança, partenariado, ou

outras, a organização deve instituir formas adequadas de comunicação. De acordo

com a experiência acumulada, muitos dos problemas com os clientes/

destinatários/estudantes advêm de deficiências ao nível da comunicação (ex: canais

inadequados, destinatários mal caracterizados, conteúdos de informação

incompletos).

A comunicação com os clientes/destinatários/estudantes deve ser mantida,

nomeadamente para:

∞ transmitir informações completas sobre o produto e o serviço (ex: condições

de aprendizagem; apoios; empregabilidade);

∞ obter informação sobre o desempenho profissional (eventual forma de iniciar

a reconcepção e melhoria dos produtos);

∞ avaliar os níveis da qualidade do serviço;

∞ poder percepcionar a opinião dos clientes/destinatários/estudantes sobre a

organização (ver 8.2.1 Satisfação do cliente);

∞ obter sugestões de melhoria (muitas organizações relatam situações em que

grande parte das ideias inovadores foram sugeridas pelos clientes/

destinatários/estudantes).

Embora o texto da norma inclua as reclamações, como uma forma de “retorno de

informação do cliente”, entendemos que o tratamento das reclamações deve ter um

tratamento particular. Uma reclamação é uma situação em que o sistema da

qualidade falhou. A forma como a organização trata as reclamações é crítica para o

sucesso e para a imagem da organização. Por isso, claramente recomendamos o

estabelecimento de procedimentos documentados e detalhados. Eventualmente,

podem ser os mesmos, ou similares aos adoptados para o tratamento das não

conformidades internas.

52

Questões Práticas

Todos os tipos de anomalias nas relações com os clientes/destinatários/estudantes

devem ser registadas com detalhe e precisão. É sabido que quando um cliente

destinatário/estudante reclama, ainda está a dar uma nova oportunidade ao

fornecedor do serviço. Contudo, muitos não reclamam, abandonam. Por essa razão,

a comunicação com os clientes destinatários/estudantes deve incluir a análise dos

abandonos. As responsabilidades e a autoridade para resolver as reclamações

devem estar claramente definidas.

7.3 Concepção e desenvolv imento

As actividades de Concepção e desenvolvimento são sempre difíceis do ponto de

vista do seu controlo e gestão. Algumas das actividades são pouco adequadas para

controlo, contudo outras podem ser normalmente controladas. O processo de

concepção pode ser visto como um conjunto de actividades interrelacionadas e

interligadas, como se representa, em seguida:

Para um entendimento conveniente das exigências destes requisitos, devem ser

clarificados os conceitos relevantes:

∞ planeamento;

∞ revisão;

∞ verificação;

∞ validação.

Identificação das necessidades das partes interessadas

Expressão funcional das necessidades/Competências desejadas

Concepção dos currículos e métodos de ensino-aprendizagem

Alternativas e cenários/estudo de cursos de referência

Comparação de conteúdos com cursos similares

Planeamento do curso (meios e recursos)

Experimentação, Aprovação, Homologação

Parcerias e financiamento

Planeamento

Revisão

Verificação

Validação

53

Esta clarificação é feita nos respectivos pontos a seguir mencionados. Contudo,

deve-se salientar que as respectivas actividades podem ser realizadas de forma

separada ou em conjunto, conforme for mais adequado ao produto e à organização.

7.3.1Planeamento da Concepção e Desenvolvimento

O controlo das actividades de concepção é sempre muito difícil já que, em muitas

situações, se trata de controlar procedimentos, circuitos, responsabilidades,

interfaces e mesmo soluções conceptuais e criativas. Contudo, as decisões tomadas

na concepção têm, muito frequentemente, consequências decisivas em termos de

custo, satisfação dos clientes/ destinatários/ estudantes e competitividade/

atractividade.

Deste modo, a organização deve estabelecer procedimentos que assegurem que

estas actividades, tão importantes, decorrem de forma controlada.

A primeira grande tarefa tem a ver com um adequado planeamento. Este deve

identificar as fases, as pessoas e/ou grupos responsáveis por cada fase/actividade,

bem como as entradas e saídas de cada fase, com as respectivas revisões,

verificações, os seus conteúdos, participantes e ainda as formas de análise e

decisão.

Para o efeito, e de acordo com a complexidade do projecto, devem ser utilizadas

técnicas adequadas de planeamento e gestão do desenvolvimento dos produtos

(ex: QFD - Desdobramento da função qualidade, AMFE - Análise modal de falhas e

seus efeitos, para além das técnicas usuais de gestão de projectos).

Um relatório de análise das necessidades deve fornecer uma entrada para a

concepção. No caso dos cursos: competências a obter; população alvo; legislação;

dados do mercado; regime de funcionamento; financiamento; avaliação das

competências; avaliação da eficácia da formação...

O desenvolvimento da concepção deve seguir procedimentos definidos pela

organização (mas referenciados na literatura), estabelecendo as diversas etapas, os

intervenientes e os decisores.

54

A aprovação/validação final dos conteúdos programáticos dos cursos deve ser

efectuada por uma equipa que não tenha participado no seu desenvolvimento

(requisitos ENQA).

Interfaces Técnicas e Organizacionais

Os canais de comunicação entre os diversos grupos e/ou pessoas a actuar dentro

do mesmo projecto devem estar claramente definidos em termos das

responsabilidades, das informações a transmitir (quando e em que formato), das

reuniões a realizar, bem como os pontos do projecto em que é exigida a participação

de diversos intervenientes.

É particularmente relevante a definição clara das formas de verificação e revisão a

realizar ao longo das diversas fases.

Se estiverem envolvidas equipas e/ou pessoas de entidades/organizações

diferentes, o referido acima necessita de ser acordado entre as partes.

7.3.2 Entradas para concepção e desenvolvimento

Para que um projecto de concepção se inicie devem estar definidos os dados

imprescindíveis para o efeito. Isto pode ser sistematizado através duma lista de

elementos a reunir:

∞ requisitos dos clientes e de outras partes interessadas (explicitados por ele ou

identificados pela organização), quer em termos funcionais (ex: competências),

quer em termos técnicos (ex: métodos de aprendizagem; ferramentas informáticas

a utilizar);

∞ lergislação aplicável (ao produto, serviço, ao ambiente e à segurança e saúde do

trabalho);

∞ códigos de boa prática;

∞ requisitos de acreditação/homologação dos produtos;

∞ Curricula e condições de funcionamento de cursos tomados como referência.

55

7.3.3 Saídas da concepção e desenvolvimento

Os resultados da concepção tomam, normalmente a forma de:

∞ Estrutura dos produtos (ex: % das vários tipos de UC´s; conteúdos e objectivos

por cada período lectivo);

∞ Conteúdos das UCs;

∞ especificações do processo de ensino-aprendizagem (ex: métodos de ensino; tipo

de materiais; equipamentos de apoio; controlo do processo);

∞ avaliação das competências e dos instrumentos de avaliação.

As diferentes fases da concepção, bem como os resultados associados devem ser

definidos no planeamento, de modo a que as equipas de concepção os possam

conceber e elaborar de acordo com os requisitos referidos acima.

A documentação emitida pela concepção deve ser controlada (ver 4.2.3).

Questões Práticas

As especificações dos clientes e de outras partes interessadas, dadas as suas

características específicas (ex: estudantes; sociedade), devem ser estabelecidas

através de métodos referenciados e testados (ex: a partir de metodologias do

marketing, de estudos de mercado ou outras formas). As especificações para a

concepão devem ser, na extensão possível, apenas funcionais (ex: o que os

estudantes devem ser capazes de fazer; o que devem saber) e não técnicas (ex:

conteúdos programáticos), de modo a deixar às equipas de concepção a maior

liberdade de encontrar a solução curricular e pedagógica mais optimizada.

7.3.4 Revisão da concepção e desenvolvimento

Deve entender-se como revisão da concepção, a análise e avaliação das grandes

opções de desenvolvimento. Dito de outra forma, em pontos bem definidos das

diversas fases da concepção, identificadas no planeamento, deve reunir uma equipa

de revisão (igualmente definida no planeamento), perante a qual a(s) equipa(s)

apresentará(ão) os resultados a que chegou até aquele ponto, nomeadamente as

dificuldades, impossibilidades e as opções possíveis.

56

A equipa de revisão (em alguns pontos deve estar prevista a participação de

elementos externos) deve então analisar as soluções propostas e optar pela via de

continuação da concepção, utilizando critérios definidos.

O âmbito da revisão pode incluir:

∞ a exactidão dos conteúdos, por especialistas que não tenham participado na

concepção dos materiais;

∞ a aptidão dos conteúdos tecnológicos e científicos;

∞ os resultados de ensaios/testes/estudos comparativos efectuados (ex:

adequação aos públicos alvo).

7.3.5 Verif icação da concepção e desenvolvimento

As verificações da concepção devem ser vistas como complemento das revisões e

com um âmbito mais restrito e diferenciado. Têm como objectivo verificar se os

objectivos estabelecidos para uma fase foram ou não atingidos, ou dito doutro modo,

verificar as actividades das equipas da concepção e desenvolvimento.

Para o efeito, podem ser utilizadas as seguintes formas:

∞ comparação com concepção similar e já provada (forma empírica e simples, mas

que não pode constituir a única maneira de verificação);

∞ estudos e demonstrações (para provar que os resultados pretendidos foram

alcançados);

∞ análise dos documentos produzidos em cada fase antes da sua emissão.

Podem e devem ser usadas outras formas de verificação, de acordo com a natureza

dos cursos em causa.

7.3.6 Validação da concepção e desenvolvimento

A validação da concepção deve ser, em princípio, realizada sobre o produto

acabado (ex: projecto de curso) de modo a verificar o seu funcionamento nas

condições de utilização. Esta validação deve assegurar que os Curriculla, os

métodos pedagógicos e os meios envolvidos vão conseguir obter as competências e

outros resultados desejados.

57

Como não será possível validar o produto directamente nas condições de utilização

(por exemplo o ensaio de todas as UCs de um curso de 3 anos), então terão de ser

utilizadas outras técnicas de validação acelerada (ex: comparação com UCs

similares; formas de validação parcelares a conteúdos particularmente novos;

formas de acompanhamento das primeiras edições).

A validação deve ser feita em condições de funcionamento bem definidas, de

preferência iguais às da utilização normal, o que implica que estejam completamente

especificados aspectos como, por exemplo: condições ambientais normais e

extremas, cargas de trabalho de alunos e docentes, calendário escolar, tempos de

avaliação. e obviamente, nestas condições, o curso tem de provar que cumpre todas

as especificações aplicáveis.

Questões Práticas

Quando não for possível realizar a validação em condições reais de utilização

podem sempre simular-se, experimentalmente, essas condições (ex: turmas

construídas; turmas piloto; grupos de demonstração).

7.3.7 Controlo de alterações na concepção e desenvolvimento

As alterações à concepção devem ser tratadas pelos mesmos circuitos do

estabelecimento das especificações anteriores às alterações. Destas alterações

devem ser gerados registos comprovativos, pelo menos, da aprovação das partes

interessadas, quando envolvidas.

Questões Práticas

Quando as alterações se efectuarem sobre produtos já em curso, quer seja para

melhorar o seu desempenho global, quer seja para alterar conteúdos ou métodos,

devem ser definidos os critérios que obriguem à repetição de alguns dos

testes/estudos/demonstrações de validação.

58

7.4 COMPRAS

7.4.1 Processo de compra

A prática da organização deve assegurar que os bens e serviços comprados estão

em conformidade com as especificações. Como parte do processo de o assegurar,

os itens devem ser adquiridos a fornecedores que tenham demonstrado possuir

capacidades técnicas e organizacionais adequadas.

Tendo em vista clarificar conceitos, convém recordar dois aspectos:

∞ em primeiro lugar, a definição de produto, que pode ser qualquer combinação de

hardware e software e compreender aspectos tangíveis e intangíveis;

∞ em segundo lugar, as especificações devem ser entendidas, não só como os

requisitos técnicos, mas também como os requisitos do Sistema de gestão da

qualidade do fornecedor.

O primeiro aspecto implica que, nomeadamente, os fornecedores de serviços devam

ser incluídos no âmbito destas actividades. Aliás, a organização deve definir a

extensão das actividades de compra a incluir no SGQ. Como regra geral, só se

exige que sejam avaliados os fornecedores, que sejam relevantes para a

conformidade com os requsitos dos produtos/serviços.

Avaliação dos fornecedores

Este ponto pode, em termos práticos, dividir-se em cinco grandes áreas:

∞ Avaliação;

∞ Selecção;

∞ Reavaliação;

∞ Acções correctivas;

∞ Lista de fornecedores aceitáveis.

Questões Práticas

Na primeira avaliação dos fornecedores, que dá origem à primeira lista de

fornecedores aprovados, é aceitável que seja usada, apenas, a experiência

acumulada, mesmo que não existam registos adequados. Contudo, no sentido de

assegurar uma maior credibilidade, devem ser usados critérios objectivos e um

59

conjunto alargado de pessoas (ex: qualidade, compras, ensino, armazém,

administrativa, financeira...). Desta avaliação devem ser elaborados os registos

adequados.

Para processos de compra via Internet (pesquisa de fornecedores e respectiva

avaliação inicial), a organização deve estabelecer métodos adequados às

respectivas limitações associadas, nomeadamente:

∞ Distância física, o que impede a observação e a examinação dos itens;

∞ Característica da interface com os fornecedores;

∞ Atrasos devidos ao “navegar” à procura de informação;

∞ Custos de logística adicionais (montagem, embalagem e expedição de

pequenas quantidades);

∞ Incapacidade de aproveitar as vantagens da deslocação às instalações do

fornecedor;

∞ Aumento da dificuldade de avaliar e seleccionar novos fornecedores (grande

oferta e disponibilidade de opções).

7.4.2 Informação de Compra

Este ponto pode dividir-se em dois aspectos essenciais:

∞ Os documentos de compra, ou seja, os documentos que são enviados ao

fornecedor, formalizando a compra; estes devem especificar os itens duma forma

clara e inequívoca;

∞ A revisão dos documentos de compra antes da sua expedição, de modo a garantir

que são completos e coerentes.

7.4.3.Verif icação do Produto Comprado

Este ponto é, normalmente, conseguido através da inspecção/monitorização e

medição de recepção.

60

7.5 FORNECIMENTO DO SERVIÇO

7.5.1 Controlo do fornecimento do serviço

O Controlo e o planeamento do fornecimento do serviço devem assegurar que os

processos e as respectivas actividades decorrem sob condições controladas, de tal

modo que qualquer desvio ao estabelecido (ex: taxas de sucesso dos cursos) é

prontamente corrigido e a normalidade é restabelecida.

Este requisito pode ser dividido em quatro grandes áreas:

1 - Planeamento (ex: elaboração dos horários, momentos de avaliação; elaboração

de materiais específicos para colmatar situações negativas anteriores);

2 - Elaboração de documentação de suporte ao processo de ensino-aprendizagem;

3 – Concepção e validação dos instrumentos de avaliação;

4 - Controlo do progresso (ex: confrontação do previsto com o realizado, análise das

causas, análise estatística dos resultados).

Estas grandes áreas podem ainda ser subdivididas, por exemplo, da seguinte

maneira:

∞ Controlo das UCs, a partir das especificações do curso;

∞ Elaboração dos materias de trabalho/estudo;

∞ Planeamento das aulas.

O plano de controlo das UCs requer que sejam identificados os pontos críticos e

significativos (ver também 5.4.2 Planeamento do Sistema da Qualidade).

A elaboração de materiais de trabalho/estudo deve ter em conta os pontos críticos e

significativos (ex: dificuldades de entendimento; insucesso anterior), as

características dos alunos, e as situações onde a sua ausência possa comprometer

os objectivos de aprendizagem.

O apoio ao estudante durante o processo de ensino-aprendizagem deve ser

estabelecido tendo em conta, nomeadamente, a natureza e complexidade deste.

61

Pode ainda prever-se a extensão desse apoio às aplicações noutras UCs a

montante.

A análise e resolução de reclamações não deve terminar sem se determinar a causa

real que lhe deu origem, nem a respectiva acção correctiva, quando a ela houver

lugar. As medidas de controlo podem incluir auscultação dos estudantes e dos

docentes.

7.5.2 Validação de processos

Os processos que requerem validação são aqueles em que a “saída resultante não

possa ser verificada por subsequente monitorização e medição” e em que as

“deficiências apenas se manifestam depois de o produto estar em utilização ou de o

serviço ter sido prestado”.

Este conceito tem aplicação na validação dos cursos (ver 7.3) e dos processos de

ensino-aprendizagem de uma forma geral (ver 7.5.1).

7.5.3 Identif icação e Rastreabilidade

Identificação

A identificação pode incluir:

- curricula, curso e respectivos documentos de apoio;

- equipamentos, acessórios e consumíveis de laboratório;

- contratos de I&D e prestação de serviços.

Na concepção dos sistemas de identificação devem ser tidos em conta, pelo menos,

os seguintes aspectos:

∞ Que identificação é necessária (ex: estudante, UC) ou, dito doutro modo, quem

vai necessitar da identificação em todas as fases do ciclo de fornecimento do

serviço ou mesmo pós serviço;

∞ Como vai ser utilizada (ex: em documentos, registos informáticos).

Em relação a itens físicos, deve ser salientado que podem coexistir vários sistemas

de identificação, desde que os objectivos acima referidos possam ser alcançados

(ex: referências dos fornecedores para os consumíveis, hardware, software, e

codificação internas para os restantes itens).

62

Rastreabilidade

A rastreabilidade é um requisito que visa assegurar a possibilidade de “viajar”, por

exemplo, através dos registos relativos a um estudante, com vista a poder entender

os respectivos problemas de aprendizagem.

A extensão e o detalhe da rastreabilidade devem ser determinados, em função das

necessidades esperadas de informação a que seja interessante responder,

nomeadamente, as necessidades levantadas.

A possibilidade de rastrear está estreitamente relacionada com os registos da

qualidade a gerar e a manter (ver 4.2.4).

7.5.4 Propriedade do Cliente

Este requisito pode incluir:

∞ Os computadores pessoais, livros, textos, documentos, software;

∞ A propriedade intelectual (ex: patente – o seu conhecimento deve ser

protegido);

∞ Os dados pessoais.

Na prestação de serviços e na I&D pode incluir:

∞ Software fornecido pelo cliente para ser utilizado pela organização, por exemplo

na realização de cálculos;

∞ Software do cliente que a organização deve alterar, com ou sem metodologias por

ele definidas;

∞ Documentos fornecidos pelo cliente necessários para fornecer o serviço (ex:

Manual da qualidade num pedido de consultoria);

∞ Dados económico financeiros necessários para realizar análises e

aconselhamentos;

∞ Equipamentos a serem utilizados;

∞ Dados pessoais e organizacionais;

∞ Materiais e equipamentos forncecidos pelos clientes.

63

7.5.5 PRESERVAÇÃO

Manuseamento

Este ponto pode limitar-se à identificação dos meios de movimentação, se não

existirem outros meios de manusear os itens e produtos, mas pode também exigir a

elaboração de procedimentos detalhados e meios mais ou menos sofisticados e até

condições de manuseamento muito estritas (ex: pesagem de alguns componentes

activos).

Situação particular deve ser considerada sempre que se tenha de manusear

produtos perigosos, combustíveis, explosivos, tóxicos, poluentes, contaminantes, ou

outros com riscos para o estudante, o meio ambiente, a saúde pública ou os

equipamentos e instalações.

Nestas situações devem existir as respectivas fichas de segurança dos produtos, os

meios adequados de combate/controlo e o pessoal deve ser treinado para operar em

situações de incidentes, ou acidentes.

Armazenamento

Estes requisitos devem garantir que as condições de armazenagem não possam

deteriorar os itens e produtos, quer por acondicionamento deficiente (ex:

empilhamento exagerado), quer por questões ambientais (ex: temperatura) ou por

tempo de armazenagem (ex: não praticar sistemas de “o primeiro a entrar é o

primeiro a sair”).

Deve ainda permitir gerir o espaço de forma eficiente, o que pode passar por meios

adequados de armazenagem (ex: prateleiras, contentores), localização (ex:

numeração dos espaços) e atribuição de espaços.

Questões Práticas

Para os produtos considerados perigosos, em caso de incidente ou acidente, (ex:

salpico para os olhos; choque eléctrico) devem, não só, existir condições especiais

de armazenamento em locais próprios, mas também sistemas provados de

resolução dos problemas, o que implica, nomeadamente, a existência nos locais das

64

respectivas fichas de dados de segurança dos produtos, dos meios de combate

indicados, bem como pessoal treinado para as acções de socorro.

No caso de produtos com riscos de explosão ou incêndio devem ter as medidas

adequadas de protecção e de combate aos incidentes e acidentes.

Uma atenção especial deve ser dada à utilização de alguns equipamentos de

ensaios (ex: equipamentos eléctricos, equipamentos que usem combustíveis ou

outras substâncias similares) ou às montagens associadas aos mesmos, onde

tenham de ser estabelecidas condições de segurança.

7.6 CONTROLO DOS DISPOSITIVOS DE MONITORIZAÇÃO E DE MEDIÇÃO

Normalmente, esta designação refere-se a dispositivos físicos de medição. Na

educação pode referir-se, essencialmete a ferramentas de avaliação da

aprendizagem, nomeadamente testes e exames.

Para o primeiro caso, operacionalizar o estabelecido nestes requisitos é essencial

entender dois conceitos fundamentais e que podem ser expressos da seguinte

forma: “a incerteza das medições é conhecida e é compatível com a capacidade de

medição requerida” (linguagem da norma ISO 9001:1994).

Na linguagem da norma ISO 9001:2008, temos de “assegurar que a monitorização e

a medição podem ser e são levadas a cabo de uma forma consistente com os

requisitos de monitorização e de medição”.

Para o efeito, interessa entender o significado de incerteza da medição: o valor lido

por um instrumento, ou determinado por um qualquer outro método de

monitorização, ensaio ou teste não pode ser tomado como o verdadeiro valor da

medição. Este situar-se-á num intervalo de confiança que é, de facto, a incerteza da

medição. Para além deste conceito tem de conhecer-se o de erro sistemático, que

se obtem através da comparação com padrões conhecidos. O conhecimento dos

erros sistemáticos e das incertezas permite definir as condições de utilização dos

equipamentos físicos de medição.

No caso dos instrumentos de avaliação da aprendizagem, nomeadamente testes e

exames, devem ser estabelecidas as formas de avaliação da sua exactidão e

65

incerteza, para que possam ser levadas em conta, quer na concepção, quer na

classificação dos resultados escolares, o que requer conhecimentos específicos.

8. MEDIÇÃO, ANÁLISE E MELHORIA EM ORGANIZAÇÕES DE ENSINO

8.1 Generalidades

Os requisitos em causa têm a ver com três aspectos essenciais:

- Demonstrar a conformidade com os requisitos do produto e do serviço;

- Assegurar a conformidade com o Sistema de Gestão da Qualidade;

- Melhorar continuamente a eficácia do ensino.

Para o efeito, devem ser planeados e implementados processos de:

- Monitorização;

- Medição;

- Análise;

- Melhoria,

definindo os métodos mais adequados e utilizando as técnicas estatísticas

apropriadas e da forma mais conveniente.

8.2 MONITORIZAÇÃO E MEDIÇÃO

8.2.1 Satisfação do cliente/dest inatário/estudante

O requisito estabelece: “determinar a percepção do cliente, quanto ao facto de a

organização ter satisfeito as suas expectativas”.

O que se pretende é que a organização estabeleça métodos de seguir de forma

contínua a percepção do cliente/estudante quanto ao seu desempenho esperado.

Para o efeito, podem ser usados inquéritos/questionários (estes necessitam de ser

validados). Contudo, outras formas podem ser utilizadas, como contactos

normalmente efectuados com os clientes//destinatários/estudantes, (ex:

recolhendo e registando a informação obtida em reuniões).

A versão 2008 da ISO 9001 esclarece que a monitorização pode incluir fontes de

informação tais como inquéritos de satisfação, dados relacionados com a qualidade

66

dos serviços fornecidos, análise de perdas de propostas, abandono de estudantes,

elogios, reclamações, relatórios de actividades.

8.2.2 AUDITORIA INTERNA

Estes requisitos obrigam à existência de um procedimento documentado

Estes requisitos visam dois grandes objectivos:

∞ Determinar se o SGQ está conforme o planeado, com os requisitos das normas

de referência, da acreditação, e com os requisitos do SGQ estabelecidos pela

organização;

∞ Se está implementado e mantido com eficácia.

Do primeiro, devemos salientar que se trata de verificar actividades e procedimentos

e não funções (evitar confusão com avaliações de desempenho, mérito, ou outras do

campo operacional, quer de pessoas, quer de chefias).

Do primeiro e do segundo, devemos salientar a eficácia dos procedimentos, das

práticas e do conjunto do sistema.

A avaliação de um processo ou de uma das suas actividades compreende, duma

forma simplificada, três grandes aspectos:

∞ Se estão adequadamente documentados;

∞ Se as instruções transmitidas pela documentação e/ou as práticas adoptadas

estão a ser entendidas e postas em prática de forma planeada e sistemática;

∞ Se aquelas são eficazes, isto é, se permitem atingir os objectivos duma forma

sistemática (de acordo com os procedimentos estabelecidos e/ou as práticas

adoptadas) e, simultaneamente o fazem da forma mais económica e eficaz.

As auditorias internas não têm de ter a mesma forma de realização das auditorias

externas porque podem e devem ser efectuadas a áreas/processos/actividades

isoladas, sem necessidade de avaliar, duma só vez, todo o sistema. Por outro lado,

67

as auditorias são uma forma mais abrangente de verificação e não podem ser

confundidas com quaisquer actividades de monitorização e medição ou de rotina.

As auditorias têm de ser planeadas, de modo a abrangerem todas os processos e

todas as actividades e serem executadas de uma forma sistemática, o que significa

verificar sempre os aspectos de um processo ou de uma actividade que estão

previamente definidos (e que devem ser suficientes para avaliar os três aspectos

referidos acima: documentação, seguimento e eficácia).

O planeamento das auditorias internas deve, pois, ser elaborado por processos (ex.

curso; projecto de I&D), actividades (ex: inscrição dos alunos, compras), áreas

físicas (ex: armazém; laboratório) ou òrgão (ex: departamento), devendo

preferencialmente, em qualquer das situações, serem avaliados todos os

procedimentos e práticas aplicáveis, embora possam ser verificados, apenas alguns.

Nestes casos, o planeamento deve evidenciar que os restantes são verificados

noutras auditorias.

As auditorias devem poder concluir acerca da monitorização, gestão e melhoria

contínua dos processos. O planeamento, mesmo não sendo elaborado por

processos, tem de garantir a auditoria aos mesmos, o que inclui genericamente os

aspectos atrás referidos e especificamente os objectivos, os indicadores, a

documentação de suporte e os registos.

Em particular, os requisitos da norma, a que organização está sujeita para efeito da

certificação do seu Sistema da Qualidade ou da acreditação devem estar incluídos

no âmbito da auditoria.

Os auditores devem ter a formação adequada (que deve estar definida - ver 6.2

Recursos Humanos), da qual deve constar uma parte teórica e uma prática.

Os auditores internos não necessitam de ter uma formação de nível similar a um

auditor externo, já que o seu âmbito de actuação é mais restrito e procedem de

acordo com orientações mais precisas. A norma ISO 19011 contém orientações para

a qualificação dos auditores internos (ver a respectiva secção 7.4). A organização

deverá ter alguém capaz de planear e gerir um programa de auditorias, incluindo a

avaliação dos resultados, a eficácia do sistema, bem como coordenar e seguir as

acções correctivas adequadas.

68

Qualquer tipo de auditoria deve realizar-se, preferencialmente, de acordo com uma

lista de verificação/comprovação, ou designação semelhante, que evidencie o seu

carácter sistemático e deve dar origem a um relatório/registos que indique o que foi

avaliado, as constatações da auditoria (conformidades e não conformidades).

Parece hoje mais consensual que, pelo menos, as evidências da auditoria devem

ficar documentadas, mesmo que seja apenas a mera listagem dos documentos

avaliados.

Questões Práticas

As listas de verificação/comprovação de apoio às auditorias devem ser elaboradas a

partir da leitura do manual da qualidade, dos procedimentos aplicáveis e da análise

da restante documentação e devem cobrir, no mínimo, os requisitos das normas a

que a organização está, eventualmente, sujeita. Contudo, as listas não devem ser

utilizadas tal como são elaboradas (ex: segundo o articulado dos documentos de

referência). A dinâmica de uma auditoria não coincide com a estrutura das listas.

Estas devem ser entendidas como auxiliares de memória, como ajudas (e

evidências de planeamento) e ainda como plataforma de entendimento auditores-

auditados (ex: listas enviadas previamente aos auditados).

A existência das referidas listas facilitará, não só, a realização das auditorias, mas

também a elaboração do relatório, já que as listas podem constituir as evidências do

que deveria ter sido verificado e o relatório aquilo que efectivamente foi verificado,

nomeadamente as não conformidades.

As acções correctivas decorrentes das auditorias, bem como o seu seguimento, não

devem ser desencadeadas pela equipa auditora, mas sim pela estrutura da

organização. De outro modo correr-se-á o risco de criar estruturas paralelas.

Embora os resultados/conclusões das auditorias devam ser levados ao

conhecimento das áreas auditadas e as acções correctivas acordadas com elas,

também não é aceitável que sejam as áreas auditadas a definir (aprovar) as acções

correctivas.

Em princípio, os circuitos para desencadear uma acção correctiva não devem ser

diferentes dos estabelecidos para as outras não conformidades nos processos, nos

69

serviços e no sistema detectadas por outras formas (ver 8.5.2 Acções Correctivas e

8.5.3 Acções Preventivas).

Quando as auditorias são subcontratadas, a organização deve evidenciar que os

auditores possuem as qualificações por si definidas (ex: através do curriculum vitae)

e que eles cumprem os procedimentos para as auditorias internas da organização,

isto é, usam as listas de comprovação e os relatórios que estão previstos e outras

condições contratuais.

Os resultados/conclusões das auditorias internas são uma informação importante e

imprescindível para efeitos da Revisão do sistema pela gestão.

A norma ISO 19011 deve ser utilizada como orientação, para o planeamento e

realização das auditorias (ver a respectiva secção 7.4).

Como nota final deve ser sublinhado que um dos objectivos complementares de uma

auditoria é, precisamente, o reforço do conhecimento entre sectores e actividades.

8.2.3 Monitorização e medição dos processos

(Para efeitos de monitorização e medição dos processos, ver 7.1 Planeamento da

realização e 7.5.1 Controlo do fornecimento do serviço. )

Salientamos que o controlo dos processos implica que quando os resultados não

são alcançados, as adequadas medidas de correção e correctivas são tomadas para

repor o processo nos resultados desejados, e para evitar que as condições adversas

se voltem a repetir.

O controlo (tipo e extensão) estabelecido sobre os processos deve basear-se nas

consequências das falhas nesses processos, quer na conformidade das saídas, quer

na efcácia como atingem os resultados desejados.

Os indicadores dos processos devem, preferencialmente, permitir a comparação

com organizações externas e de referência.

8.2.4 Monitorização e medição do serviço de educação

70

Estes requisitos estão estreitamente relacionados com o requisito 7.5.1 Controlo do

fornecimento do serviço, nomeadamente com eventuais Planos da Qualidade

(monitorização e medição dos serviços). De facto, as actividades de monitorização e

medição, bem como os respectivos registos devem ser discriminadas no plano da

qualidade ou em procedimentos documentados.

O aspecto essencial destes requisitos tem a ver com a capacidade de demonstrar

que o conjunto das actividades de monitorização e medição, complementado com o

controlo do processo (ver 7.5.1 Controlo do fornecimento do serviço), está

adequadamente planeado de modo a garantir, não apenas que o serviço final está

de acordo com o especificado, mas também que o é conseguido da forma mais

económica, segura e eficaz.

Os registos da Monitorização e medição devem provar que o serviço cumpriu o

especificado nos respectivos planos da qualidade e procedimentos associados e que

a qualidade desejada foi alcançada.

Os indicadores dos serviços devem, preferencialmente, permitir a comparação com

organizações externas e de referência.

8.3 CONTROLO DO PRODUTO NÃO CONFORME

Estes requisitos obrigam à existência de um procedimento documentado

O âmbito desta cláusula deve ser bem definido, tendo em conta a definição de

produto, e que nesta cabem as não conformidades nos processos e no sistema.

Assim, os requisitos visam impedir que produto conforme (ex: taxas de insucesso

não desejadas; informações incorrectas; incumprimentos de requisitos legais, de

orientações da política ou dos procedimentos) possa ocorrer sem tratamento e

resolução.

O tratamento envolve (embora possam não existir todos os aspectos indicados):

∞ Identificação;

∞ Documentação;

∞ Análise;

∞ Decisão.

71

Quando uma não conformidade é detectada, deve ser devidamente identificada, e os

sectores envolvidos devem ser disso informados.

A natureza da não conformidade deve ser documentada, bem como outros aspectos

relevantes para a análise (onde, quando, como, por quem, causas possíveis,

consequências actuais e futuras, clientes/estudantes e serviços envolvidos).

A documentação da não conformidade constitui a base para a análise e é importante

que esteja completa, legível e acessível a quem tenha a responsabilidade de decidir

sobre a não conformidade. Esta decisão deve ser fundamentada, sempre que

possível, em critérios definidos e deve ficar registada.

A decisão pode tomar várias formas, no caso dos estudantes:

∞ Repetição simples (ex: exame);

∞ Recuperação (ex: insucesso numa UC);

∞ Plano especial de estudos.

Em qualquer caso, devem ser gerados registos da aceitação e da natureza das não

conformidades.

A documentação das não conformidades é decisiva para outros requisitos: 8.5.1

Melhoria Contínua, 8.5.2 Acções Correctivas, 8.5.3 Acções Preventivas - porque do

seu tratamento (ex: estatístico) e análise podem (devem) ser desencadeadas

aquelas acções.

O tratamento das reclamações pode ser incluído neste âmbito, em alternativa a 7.2 (

ver 7.2.3 Comunicação com o estudante).

No caso de um serviço de educação são particularmente relevantes são os aspectos

de:

∞ Documentação;

∞ Análise.

A documentação de uma não conformidade num serviço, que envolva o

cliente/estudante/destinatário, é particularmente difícil, porque inclui, em muitas

72

situações, versões pessoais de acontecimentos e percepções da realidade, sempre

com algum dos aspectos desfocados.

A documentação de uma não conformidade interna (ex: processo, sistema) também

apresenta dificuldades acrescidas em relação a um produto físico, porque envolve

sempre algum erro ou deficiência, directamente atribuível a uma ou mais pessoas.

Contudo, a não documentação impossibilita uma análise à posteriori e as eventuais

Acções correctivas e/ou Preventivas.

Ao contrário de um produto físico, um serviço não conforme, não pode, na

generalidade dos casos, ser repetido, reparado, reclassificado, renegociado com o

cliente/estudante/destinatário. Em muitos casos, trata-se de compensá-lo, algumas

vezes com carácter auto punitivo, por parte da organização, razão pela qual, estas

situações têm de estar muito claras para os colaboradores.

Questões Práticas

Dadas as características dos serviços de educação, a definição do que entender por

não conformidade no processo de ensino-aprendizagem deve ser clara e

inequívoca.

8.4 Análise de dados

O Sistema da qualidade gera um conjunto muito importante de dados e informações,

que devem ser utilizados para controlo, gestão e revisão dos procedimentos e das

práticas adoptadas ou seja, para suportar a melhoria contínua.

A informação residente nos documentos do sistema permitirá, por exemplo:

∞ Encontrar áreas de melhoria prioritárias através dos registos das actividades

de monitorização e medição dos processos de ensino-aprendizagem;

∞ Identificar pontos críticos das reclamações de clientes e outras partes

interessadas;

∞ Tratar as não conformidades num período de tempo, identificação possíveis

relações entre causas;

∞ Identificar acções correctivas;

∞ Identificar acções preventivas;

∞ Tratar dados do mercado;

73

∞ Suportar a Revisão do sistema;

∞ Suportar em dados os objectivos da qualidade;

∞ Suportar os dados de controlo e gestão dos processos, no sentido da sua

coerência, e consistência;

A gestão baseada em factos (um princípio da gestão da qualidade) encontrará aqui

excelentes exemplos de aplicação.

A informação disponibilizada pelo Sistema da qualidade pode, por analogia, ser

associada a uma “mina de ideias de melhoria”. Algumas são fáceis de extrair e não

necessitam de técnicas específicas de tratamento (ex: os próprios números

absolutos, algumas percentagens). Outras necessitam de algumas técnicas simples,

disponíveis em programas comuns de software (ex: gráficos de barras, gráficos de

“queijo”). Contudo, outras necessitam de técnicas que permitam descer mais fundo

na mina, na pesquisa das causas ou das soluções (ex: Análise multi-variada).

Ainda sobre este requisito, faz sentido chamar a atenção para dois outros aspectos:

∞ A própria análise qualitativa dos dados; nem todos os dados têm de ser

objecto de quantificações (ex: análise dos relatórios de visita a instituições de

referência);

∞ A informação com origem no exterior da organização, mas que pode ser de

grande utilidade (ex: novos equipamentos; informação pública e relativa aos

principais concorrentes/instituições próximas).

Estes são os objectivos fundamentais deste ponto e têm a ver com a exigência de

identificar a necessidade do uso de técnicas estatísticas, sendo para o efeito

referido, na bibliografia, o relatório técnico ISO/TR 10017:2003 - Orientações para

técnicas estatísticas na ISO 9000. A título informativo, a ISO 9004:2000 refere ainda,

na bibliografia, o ISO Handbook, Métodos estatísticos para controlo da qualidade, 4ª

edição, 1995, volumes 1 (terminologia e símbolos - aceitação por amostragem) e 2

(métodos de medição e interpretação de resultados de dados estatísticos – controlo

do processo).

Em termos genéricos, podemos dizer que a organização deve identificar quais as

técnicas estatísticas mais adequadas para apoiar as actividades de controlo e

74

gestão das suas diversas áreas. Para o efeito, a organização deve conhecer o uso

típico das técnicas estatísticas, as situações em que estas podem ser usadas, mas

também as suas limitações, porque só assim poderá decidir correctamente pela sua

implementação.

As técnicas e situações podem ser tão variadas que para garantir uma correcta

aplicação, as organizações necessitam de dispor de recursos adequados (técnicos e

humanos). Mas as técnicas estatísticas não podem ser restringidas, apenas às

tradicionais. Cada vez mais, as organizações terão de recorrer a técnicas mais

diversificadas e sofisticadas, o que requer conhecimentos técnicos adequados (ex: 6

Sigma).

Como nota final, gostaríamos de salientar que o campo de aplicação das técnicas

estatísticas é muito vasto e pode estabelecer a ponte para a gestão do

conhecimento. Os sistemas disponibilizam muitos dados elementares, que uma vez

tratados se transformam em informação. Por sua vez, esta deve se utilizada para

melhorar o conhecimento da organização e dos seus membros, no sentido de

ambos se prepararem para os grandes desafios das sociedades do futuro.

8.5 Melhoria

8.5.1 Melhoria contínua

As noções de acções correctivas e preventivas estão implícitas em qualquer Sistema

da qualidade, bem como a melhoria contínua. Por essa razão, importa clarificar o

entendimento a dar àqueles conceitos.

Assim, as acções correctivas são as tomadas para eliminar as causas conhecidas

das não conformidades, no sentido da sua não repetição.

As acções preventivas são dirigidas às causas potenciais de não conformidades

(estas ainda não aconteceram). Esta, aparentemente simples, alteração tem

importantes implicações ao nível da identificação das causas potenciais das não

conformidades.

Dados Informação Conhecimento Saber

75

As acções correctivas e preventivas devem ter o grau adequado à dimensão dos

problemas e serem proporcionais aos riscos previsíveis.

As acções correctivas decorrentes das reclamações devem ser tratadas neste ponto.

A melhoria contínua, não é um mero slogan ou princípio de gestão. A organização

tem de evidenciar o caminho a percorrer e o já percorrido, no sentido de melhorar os

níveis actuais de desempenho. Não é aceitável que a organização tenha apenas

objectivos que visem manter os actuais níveis de desempenho em todas as áreas.

Estes requisitos têm uma grande relação com o requisito 5.4.1 Objectivos da

qualidade. A organização tem de evidenciar que entre o conjunto de objectivos e

metas, alguns deles são de melhoria, para os períodos de tempo em que são

definidos.

8.5.2 Acções Correctivas

Estes requisitos obrigam à existência de um procedimento documentado

Em primeiro lugar, os procedimentos para acções correctivas devem incluir não só o

produto e o serviço, mas também os processos e o sistema da qualidade.

Este aspecto é muito importante, dado que as causas das não conformidades estão

com frequência nos métodos de trabalho e nos procedimentos. Aliás, dentro da

filosofia da gestão da qualidade, não é aceitável que se resuma a actuação ao nível

do produto e do serviço.

Em segundo lugar, as acções correctivas devem basear-se no tratamento das

reclamações dos clientes e na documentação das não conformidades (ver 8.3

Controlo do Produto não Conforme e 8.2.2 Auditoria interna).

Em terceiro lugar, as acções correctivas a implementar podem não ser evidentes,

pelo que a função responsável (ex: qualidade) pelo seu desencadeamento pode ter

necessidade de solicitar a investigação das causas e o estudo das soluções a outras

funções (ex: áreas científicas).

76

Em qualquer momento, a função responsável pelo controlo das acções correctivas

deve poder evidenciar o seu estado (em curso, em estudo, fechadas), mas também

que foram realizadas de acordo com os circuitos previstos nos procedimentos.

Deve ainda reportar para a Gestão aquelas acções que não estiverem a ter o

andamento desejado. O tratamento das acções correctivas, nomeadamente a sua

eficácia e extensão, deve ser levado à Gestão para efeitos de revisão do sistema.

8.5.3 Acções Preventivas

Estes requisitos obrigam à existência de um procedimento documentado

As acções preventivas devem ser tomadas tendo em conta as consequências das

não conformidades, quer elas sejam, facilmente, mensuráveis em termos

económicos, quer o sejam noutros termos (ex: produtividade, reputação, imagem,

satisfação do cliente/estudante/destinatário, ambiente de trabalho, outras partes

interessadas).

Contudo, em muitos casos, as consequências económicas das falhas, se

quantificadas, continuam a revelar-se os argumentos de maior acolhimento, embora

devamos reconhecer as dificuldades de traduzir naqueles termos problemas como,

por exemplo, a perda de confiança dos clientes/estudantes/destinatários, o

abandono escolar e muito menos um deficiente desempenho profissional. Embora o

texto da norma não refira nenhuma técnica e/ou método para identificação das

causas potenciais das falhas, já que não é essa a sua função, a organização pode

seleccionar as que entender como mais adequadas (ex: AMFE – Análise Modal de

Falhas e Seus Efeitos; Gestão do risco).

Seja qual for a forma como uma empresa identifica as causas potenciais das falhas,

exigências devem ser satisfeitas:

∞ Usar a informação disponibilizada pelo sistema, no sentido de identificar, por

exemplo, tendências, correlações, consequências e estabelecer os circuitos e

responsabilidades pelo desencadeamento das acções preventivas;

∞ Raciocinar por analogia (ex: se aconteceu neste curso, não poderá vira acontecer

em outros?!);

77

∞ Estabelecer a informação, relacionada com as acções preventivas (o seu estado e

eventuais dificuldades de implementação), que deve ser comunicada à gestão

para efeitos de Revisão do sistema.

O Representante da gestão tem aqui uma das suas tarefas mais significativas.

Questões Práticas

O pedido de uma acção correctiva ou preventiva deve ser feito formalmente, pelo

que se recomenda a criação de um impresso próprio. A centralização destes

pedidos e a sua numeração constituem formas de facilmente controlar o seu estado

e evolução, embora possam existir formas descentralizadas de controlo.

Não é necessário, nem normalmente vantajoso, que existam na organização vários

sistemas de desencadear e controlar as acções correctivas e preventivas. Por

exemplo, um sistema para as acções correctivas sobre os processos e os serviços e

um totalmente desintegrado deste para as acções decorrentes das auditorias

internas.

Seja qual for o sistema, este deve prever um prazo de implementação, bem como a

definição das responsabilidades aos níveis das funções e dos indivíduos. Os meios

de controlo devem permitir avaliar a eficácia das acções correctivas e preventivas.

78

PARTE II

GESTÃO POR PROCESSOS EM ORGANIZAÇÕES

DE ENSINO SUPERIOR

Introdução

Apesar do tema gestão por processos já ter sido abordado na Parte I,

decidimos criar uma secção autónoma sobre a Gestão por Processos

aplicada a Organizações de Ensino Superior (OES), dada a sua eventual

contribuição para a monitorização e gestão das actividades do IPS e das suas

Unidades. Começamos por situar a Gestão por Processos, relativamente a

outras técnicas e métodos de organização, passando depois a definir os

conceitos e abordagens mais usuais, terminando na ligação entre gestão,

processos e monitorização das organizações.

As unidades funcionais das OES (ex.: áreas científicas, departamentos)

podem não ser consideradas como um conjunto discreto e isolado de

unidades com fronteiras muito bem definidas. A tendência crescente para

serem vistas como grupos flexíveis e interligados através de fluxos de

informação, que atravessam horizontalmente as actividades fundamentais, é

uma realidade que encontra as suas raízes nos movimentos de Reengenharia

(Hammer e Stanton, 1999) e noutros contributos, todos perfilhando a

obtenção de níveis significativamente mais elevados de desempenho. As OES

podem também ser vistas como um “grupo de grupos incompletamente

ligados” (Weick, 2003, p. 380). Por outro lado, o funcionamento mais

optimizado das OES passa por clarificar a sua missão e visão, no quadro do

fornecimento aos seus destinatários/clientes/estudantes, de produtos e

serviços de reconhecido valor social, ambiental, cultural e económico, que

aqueles aceitem pagar, financiar ou apoiar.

1.2 Conceito de Processo

Na expressão mais simples, um processo é um “conjunto de actividades

interrelacionadas e interactuantes, que transformam entradas em saídas” (ISO

79

9000). Numa descrição mais detalhada, é um conjunto de actividades

realizadas por uma ou diversas áreas funcionais de uma organização,

interrelacionadas entre si, com uma entrada e uma saída claramente

definidas. Delas depende, individualmente ou no seu conjunto, a obtenção de

resultados quantificáveis (ex: quantidades, prazos, tempos de execução), que

representam (ou devem representar), valor acrescentado para os clientes da

organização ou para a organização. Neste enquadramento, uma “actividade”

é um conjunto de tarefas interligadas e uma “tarefa” é um acto elementar

realizado por uma pessoa e/ou uma máquina.

Os processos de que falamos são processos de gestão e não processos de

carácter técnico, mais típicos de áreas científicas, embora se deva dizer que

na subdivisão dos processos em sub-processos, a este último nível seja

coerente e interessante considerar processos àquele nível. Aliás, as práticas

institucionalizadas nas organizações tendem a considerar com mais facilidade

processos a nível técnico e específico do que a nível de gestão,

essencialmente por razões de controlo (execução e custos). Por exemplo,

Misterek et al. (1992) ligam directamente o conceito de processo a processos

tecnológicos, sendo a sua qualidade (eficácia com que o processo tecnológico

transforma entradas em saídas) avaliada através de onze dimensões.

Os processos podem ser hierarquizados, desde as grandes áreas de

actividade (ex: Ensino-aprendizagem; I&D; Prestação de serviços;), até às

mais elementares (ex: Unidades curriculares), como ilustrado na Figura 1.

Quando falamos de processos em termos de um sistema de gestão, estamos,

normalmente, apenas a tratar dos três primeiros tipos.

80

Os processos devem ter, pelo menos, as seguintes características:

∞ Ser definidos pela gestão de topo;

∞ Ser interfuncionais por natureza;

∞ Ter associado um conjunto de objectivos e respectivos indicadores.

Áreas Educativas

Macro Processos Operacionais

Processos Operacionais

Processos Principais

Processos

sub-processos

actividades

Figura 1 – Hierarquia de Processos

Smith (2003) identifica três abordagens à melhoria dos processos: TQM (Total

Quality Management), Reengenharia e o que chama de “abordagem eclética”.

Esta é identificada com a transfuncionalidade, tendo como primeira

preocupação a integração de pessoas, grupos de trabalho e tecnologias.

A definição dos processos pela gestão de topo garante que os processos

considerados interessam à gestão global da organização. O estabelecimento

de objectivos para os processos, pela direcção de topo, evidencia o aspecto

anterior e é ainda uma garantia de alinhamento entre os objectivos dos

processos e os objectivos da instituição.

A natureza transfuncional, essencial a um processo, não deve ser esquecida,

porque ela objectiva a visão horizontal da organização, esbatendo as

barreiras funcionais e concentrando os esforços no valor social, ambiental,

cultural e económico, requerido pelos destinatários/clientes/estudantes,

ajudando, assim, a concretizar uma nova abordagem à gestão.

81

Este entendimento implica, no âmbito de um Sistema de Gestão da

Qualidade, o seguinte:

∞ A identificação e caracterização adequada dos processos;

∞ A atribuição de responsabilidades pela sua gestão/coordenação;

∞ A avaliação da sua eficácia;

∞ A melhoria de desempenho dos processos.

Uma OES em particular deve identificar os processos através de critérios de

relevância e impacto nas suas grandes actividades em cada Escola/área

educativa (ex.: Ensino; I&D; Prestação de serviços). Cada organização tem

um conjunto vasto de actividades operacionais necessárias para atingir os

seus objectivos.

A abordagem por processos significa, essencialmente, efectuar o exercício de

“escolher” entre a intrincada rede de actividades, os seus subconjuntos, em

que esteja claramente identificada uma entrada e uma saída. O isolamento

desse subconjunto de actividades tem especial interesse do ponto de vista da

sua gestão em particular e deve ser relevante para a gestão global da

organização.

Para o efeito, duas formas fundamentais podem ser utilizadas (ver Figura 2):

1- Identificar os fluxos de informação e, ao longo dos mesmos, determinar

qual a informação que é necessária para efeitos de monitorização, medição e

gestão. A identificação de tais pontos de informação é, normalmente, uma

indicação de que aí devem acabar processos.

2 - Identificar os fluxos dos materiais e, ao longo dos mesmos, proceder de

forma idêntica.

82

Figura 2 – Identificação das saídas para os processos

Em qualquer dos métodos, deve começar-se por identificar o que podemos

chamar de Macro Processos Operacionais, começando e acabando nos

destinatários/clientes/estudantes (ex: Cursos), (Pires, 2003a). Estes macro

processos podem compreender, naturalmente, a sequência dos processos

principais (ex: anos). Obviamente que cada um dos processos principais

poderá ainda ser dividido em sub-processos (ex: semestres, unidades de

aprendizagem; unidades curriculares), até ao nível que a organização

entender como necessário a uma melhor gestão.

Outros processos são necessários para suportar ou gerir os Macro Processos

Operacionais e respectivos processos principais e sub-processos. Estes são

denominados de processos de suporte e processos de gestão (ex: recursos

humanos; mediateca; infraestruturas informáticas e de informação;

planeamento estratégico; gestão patrimonial). Qualquer dos processos

anteriores pode assumir outras designações, tais como: críticos ou centrais,

embora estas designações sejam mais comuns nos processos principais.

Uma nota especial merecem os chamados Processos do Sistema de Gestão

da Qualidade. Estes dizem respeito a um conjunto vasto de requisitos,

nomeadamente, a documentação do próprio sistema (ex: Documentos e

Fluxode Informação

Fluxode Estudantes

Limitesda organização

Entrada Saída

Saídas paraProcessos

Saídas paraProcessos

83

Registos), o Controlo do produto não conforme, a Auditoria interna, as Acções

correctivas, as Acções preventivas, as Acções de melhoria, e outras

actividades de gestão do sistema. O estudo empírico e a experiência

acumulada permitem concluir que, na maioria das organizações, estas

actividades podem ser geridas adequadamente através de procedimentos

documentados (Pires, 2003b).

Não deve existir confusão entre a identificação dos processos com interesse

do ponto de vista da gestão e o seu mapeamento, de que falaremos mais à

frente. O mapeamento é apenas a tradução gráfica dos processos e das suas

principais interacções. Sublinhamos o objectivo dos processos a considerar:

melhorar a gestão da organização.

Apesar das enormes e importantes mudanças operadas na sociedade, na

economia e na tecnologia, muitas organizações não mudaram, no essencial, a

sua forma de gestão. Por exemplo, apesar das mudanças mais ou menos

radicais na envolvente externa, as OES não experimentaram melhorias

significativas mas, pelo contrário, acentuaram aspectos negativos, o que num

contexto de mercado, significaria o encaminhamento para a fase de declínio

do seu ciclo de vida (Gardner, 2001). As tentativas para horizontalizar as

organizações, focalizando esforços e recursos no(s) Macro(s) Processo(s)

Operacional(ais), bem como as soluções encontradas ao nível da

coordenação transfuncional (ex: cursos), sofrem o efeito de atracção da

estrutura vertical (ex. áreas científcas e departamentos), conseguindo, estes,

muitas vezes, recuperar o poder e o controlo sobre as operações, os

objectivos e os níveis de desempenho de toda a organização,

independentemente das soluções organizativas (ex: institutos, universidades,

departamentos, cursos, delegações, polos).

Deming (1994) observou que a departamentalização funcional dos diferentes

corpos da organização constituía o maior obstáculo à melhoria da qualidade.

Os benefícios de uma gestão por processos pode ainda encontrar as suas

84

origens nas empresas multinacionais que pretendem oferecer níveis de

serviço similares em qualquer parte do mundo em que operem. Nestes casos,

a preocupação centra-se na normalização dos processos, assumindo a figura

de Gestor do Processo um papel chave, quer na uniformização, quer no

estabelecimento de objectivos, indicadores, níveis de qualidade e mesmo

recursos.

As soluções organizativas encontradas nas grandes empresas,

nomeadamente a dominância das equipas de gestão dos processos sobre as

áreas funcionais ou o poder dos gestores dos processos sobre a afectação de

recursos das áreas funcionais não são, normalmente, transferíveis para as

OES, porque a separação entre gestores funcionais e gestores por processos

não tem enquadramento regulamentar.

Os objectivos dos processos que fornecem valor ao

cliente/destinatário/estudante e mesmo à organização são, com frequência,

esquecidos e preteridos em favor dos objectivos das áreas funcionais

tradicionais. Contudo, a gestão por processos, para existir e ser benéfica, não

tem de destruir as áreas funcionais, nem viver em estado de conflito com as

mesmas. É possível encontrar formas de sincronizar esforços, recursos e

objectivos.

As áreas funcionais e os processos têm de coexistir e cooperar (Hammer e

Stanton, 1999). Para o efeito, a missão das áreas funcionais tem também de

ser reconcebida: estas continuam a ser responsáveis pelo trabalho, mas

passam a centralizar a sua actividade na formação de especialistas

requeridos pelas equipas interfuncionais e pelo desenvolvimento técnico e

científico. Contudo, perderão progressivamente a missão de conceber e gerir

os processos transversais (ex: cursos).

85

A comparação entre a situação actual e a futura, é apresentada na Tabela 1.

Àreas Funcionais Actividades tradicionais Novas actividades

Departamento - Supervisiona a distribuição

de serviço e gere os

recursos afectos

- Assegura a cooperação

entre as áreas científicas e

os cursos

- Promove a

pluridisciplinadidade

Área Científica - Assegura o

desenvolvimento técnico e

científico

- Afecta docentes a cursos,

I&D e outras actividades

- Coopera com os Directores

de curso

Conselho Científico - Gestão reactiva - Gestão proactiva de apoio

aos cursos, à I&D e outras

actividades

Conselho Pedagógico - Acompanhamento do

funcionamento dos cursos

- Estudo de problemas

- Propostas de melhoria

Director de curso

Conselho Directivo - Supervisiona a distribuição

de serviço e gere os

recursos

- Controla os resultados

- Operacionaliza os

Sistemas informáticos

parciais e limitados

- Assegura a cooperação

entre a estrutura funcional e

a horizontal

- Gestores dos processos

controlam os resultados e

gerem os recursos afectos

- Sistema único e integrador

A gestão por processos, na sua forma mais genuína, significa uma mudança

drástica na forma de gestão das organizações, porque separa o controlo e o

poder sobre as pessoas (gestores das áreas funcionais) e o controlo e o

poder sobre o resultado do trabalho (gestores dos processos). Contudo, as

mudanças não podem destruir as competências centrais das organizações.

Esta é uma realidade que é diferente na economia de mercado e na economia

social.

A gestão por processos não pode tornar-se num ponto de conflito dentro das

organizações, nem pode ser um exercício sem valor acrescentado para os

clientes/destinatários/estudantes e para a gestão das organizações. O

86

essencial tem a ver com um novo estilo de gestão, em que os processos têm

de estar integrados na estratégia das organizações, os gestores têm de

aprender a trabalhar em equipa e fomentar a mesma cultura em toda a

organização.

A visão de uma organização, como uma rede interligada e interactuante de

processos, através dos quais se alcançam os objectivos pretendidos,

consagra como boa prática de gestão, contributos teóricos e práticos de

diversos autores e proveniências (Bryne, 1993; Champy, 1995; Gardner,

2001; Hammer e Stanton, 1999; Kaplan e Norton, 1996; 2000; McCormack,

2001; Porter, 1985).

O Modelo da European Foundation for Quality Management – EFQM - (1992)

integrou, desde sempre, um critério relativo aos Processos (Gestão dos

Processos), no sentido em que as organizações devem identificar os

processos críticos para o negócio e sobre eles exercer adequadas medidas

de gestão, avaliação e revisão. As práticas da Reengenharia procuraram

reconceber as organizações através da identificação e alteração dos seus

processos. As práticas do JIT incluíam também a análise dos processos e

actividades, no sentido de eliminar aquelas que não acrescentassem valor,

bem como a reconcepção do layout (implantação) dos postos de trabalho e as

formas de organização da produção/fornecimento do serviço. As práticas de

ABC (Activity Based Cost) e ABM (Activity Based Mangement) traduziram a

necessidade de outro tipo de gestão dos processos e actividades.

A Abordagem por Processos, segundo a norma NP EN ISO 9000 constitui um

dos oito princípios da Gestão da Qualidade. Este princípio está traduzido em

requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade na respectiva norma NP EN

ISO 9001. Não faz, portanto, sentido que a abordagem à gestão por

processos, fomentada pela referida norma, seja vista de forma

desenquadrada do movimento que, tende a combater a existência única de

estruturas funcionais das organizações e incentiva uma visão transfuncional

87

das organizações, sublinhando, nomeadamente, as vantagens da

concentração de esforços, atenções e recursos nos processos com maior

valor acrescentado para os clientes/destinatários/estudantes.

Exemplos de Processos em vários sectores de actividade

A título de exemplo, apresentamos, na Tabela 4.1, alguns exemplos de

processos principais. Sequências. A sequência de alguns deles poderia

constituir, em alguns casos, Macro Processos Operacionais.

Tabela 2 – Exemplos de Processos Principais

Sectores Processos Principais

Secretaria Identificação, registo, admissão de alunos, pagamento, melhoria

Departamentos Serviço docente, distribuição, leccionação, acompanhamento, medidas de melhoria

Compras Requisição, selecção de fornecedor, colocação de encomenda, recepção,

pagamento

Ano/Curso Planeamento anual, serviço lectivo, avaliação, monitorização

Curso Identificação de necessidades, concepção, planeamento, realização, inserção no

mercado

Classificação dos Processos

A classificação dos processos facilita a decisão sobre as formas de gestão e

controlo. Esta classificação reflecte, normalmente, a sua

importância/relevância para acrescentar valor aos clientes (externos e

internos), em particular, e à organização no seu conjunto (Pylipow, 2000).

Uma das formas mais interessantes é exemplificada em seguida:

- Processos Integradores, que estabelecem a estrutura de gestão da

organização, são condicionantes imprescindíveis de todos os outros

processos, fazem convergir toda a organização para os

clientes/destinatários/estudantes e transpõem os valores da organização para

88

os outros processos, estabelecendo, nomeadamente, as formas de actuação

internas, as relações com a sociedade e as formas de operação.

- Processos Críticos, Significativos ou Operacionais são orientados para o

mercado/sociedade (empresas, famílias, parceiros e concorrência) e estão

directamente ligados aos produtos e serviços; os seus resultados são

directamente percebidos pelos clientes (valor para o cliente) e para a sua

realização intervêm, geralmente, várias áreas funcionais.

- Processos de Suporte, que estão centrados em apoiar os clientes internos,

apoiam os outros processos (Integradores, Operacionais e/ou de Suporte);

estão sujeitos a directivas/orientações internas (ex. Políticas de RH, Sistemas

de controlo) e são essenciais ao funcionamento da organização (Valor para a

Organização)

Figura 3 – Exemplo de gestão integrada dos processos

Por exemplo o Macro Processo Operacional Ensino-aprendizagem pode ser

constituído pela sequência de seis processos operacionais:

Gestão da Organização e dos Recursos Humanos

Gestão da Estratégia e Desenvolvimento da OrganizaçãoPI1

Gestão Global da Qualidade

PI5

Gestão do Conhecimento

PI2

PI3

PI4Inte

gra

do

rres

Ma

cro

Op

era

cio

na

is

Aprendizagem OrganizacionalPS1

Administrativo - Financeiro

PS5

Serviços de Infraestruturas

PS2

PS3

PS4

Su

po

rte

Ensino - Aprendizagem

Investigação e Desenvolvimento

Prestação de Serviços

Áre

as

Ed

ucati

vas

89

Caracterização dos Processos

Os processos exemplificados na Figura 3 são caracterizados através dos seus

objectivos mais gerais, das suas entradas e saídas, como indicado a seguir.

PI1 - Gestão da Estratégia e Desenvolvimento da Organização:

Objectivo: Alcançar e manter vantagens distintivas e sustentáveis a longo

prazo, respondendo a ameaças e oportunidades da envolvente e gerindo os

recursos globais.

Entrada: Missão e Visão, informação de retorno sobre o desempenho da

organização, plano estratégico anterior e objectivos.

Saída: organização alinhada para os objectivos comuns, Plano Estratégico,

Fontes de Financiamento e Planos Operacionais de Actividades.

PI2 - Gestão da Organização e dos Recursos Humanos:

Objectivo: Contribuir para o crescimento da organização através da atracção,

desenvolvimento e retenção dos melhores Recursos Humanos, fomentando

um clima e uma cultura motivantes, de modo a que os RH se comprometam

com os objectivos globais da organização e especificamente com uma

estrutura ágil, dinâmica e flexível.

Entrada: Missão e Visão, informação de retorno, plano estratégico anterior e

objectivos.

Saída: Empresa alinhada para os objectivos comuns, Plano Estratégico,

Fontes de Financiamento e Planos Operacionais de Actividades.

Concepção

do

Curso

Identificaçãonecessidadese Expectativasdas partesinteressadas

Planeamento

Curso

Realização

do

Curso

Mercado

TrabalhoCarreiras

PO1 PO2 PO3 PO4 PO5 PO6

90

PO 1 - Identificação das necessiddaes e expectativas das partes

interessadas

Objectivo: Definir, implementar e gerir a carteira de serviços/produtos, na

perspectiva das necessidades e expectativas das partes interessadas.

Optimizar a credibilidade e a procura por parte dos clientes/destinatários, em

relação aos serviços/produtos.

Entrada: Identificação das necessidades e expectativas das partes

interessadas.

Saída: Oferta de serviços/produtos. Plano de credibilidade.

POS 2 - Planeamento e concepção de serviços (não ensino)

Objectivo: Planificar, conceber e implementar os serviços, com a qualidade

requerida, desenvolvendo a infraestrutura e os sistemas necessários.

Entrada: Plano Estratégico, Regulamentação aplicável, Estudo de novas

tecnologias, Estimativas da procura, Dados de consumo, Plano de

comunicação e Perfis/Especificações dos serviços.

Saída: Disponibilidade da infraestrutura técnica e dos sistemas necessários

aos serviços.

POS 4 - Prestação de serviços

Objectivo: Captar os clientes alvo. Realizar as actividades de promoção e

venda de acordo com as orientações, através do estabelecimento de relações

de cooperação duradoiras. Assegurar a qualidade e a gestão eficiente das

relações com os parceiros e a sociedade.

Entrada: Plano estratégico, Política de cooperação, Especificações comerciais

dos serviços, Produtos disponíveis, Necessidades e Informações dos clientes.

Pedidos de prestação de serviços, Contratos com os clientes e acordos com

os parceiros

Saída: Serviços prestados, projectos, estudos, soluções.

91

PS 1 - Facturação e Cobrança

Objectivo: Assegurar que todos os serviços facturáveis o sejam de forma

correcta e sejam enviados atempadamente, garantindo a cobrança e as

restantes condições contratuais.

Entrada: Serviços e produtos activos, Correcções a facturas emitidas, outros

créditos e encargos.

Saída: Facturas enviadas e cobradas, Resolução das reclamações relativas a

facturas, Resolução dos atrasos e dos incobráveis.

PS 2 – Aprovisionamento

Objectivo: Assegurar o abastecimento de bens e serviços nas melhores

condições de custo, qualidade e prazo.

Entrada: Requisitos dos produtos e serviços para as operações e os

investimentos.

Saída: Produtos e serviços prestados aos clientes internos e externos.

PS 5 - Controlo de Gestão

Objectivo: Garantir o seguimento e o controlo adequado das actividades e dos

resultados da organização, com o objectivo de suportar uma tomada de

decisões eficaz.

Entrada: Estratégias e políticas da organização, Legislação e regulamentação,

Dados contabilísticos, Modelo de gestão.

Saída: Quadro de indicadores, Relatórios de avaliação da gestão, Análise

económica e de rentabilidade, Propostas de melhoria da gestão.

POE 2 - Planeamento e concepção dos cursos

Objectivo: Planificar, conceber e implementar os cursos, com a qualidade

requerida, desenvolvendo a infra-estrutura e os sistemas necessários.

Entrada: Plano Estratégico, Regulamentação aplicável, Estudo de novas

tecnologias, Estimativas da procura, Dados de empregabilidade, Plano de

Promoção e Imagem, Perfis/Especificações/Planos curriculares dos cursos.

92

Saída: Disponibilidade pedagógica e científica, da infra-estrutura técnica e dos

sistemas necessários aos cursos.

POE 4 – Realização dos cursos

Objectivo: Captar os estudantes alvo. Realizar as actividades de promoção de

acordo com as orientações, através do estabelecimento de relações de

cooperação duradoiras com as partes interessadas. Assegurar a qualidade e

a gestão eficiente das relações com os parceiros e a sociedade.

Entrada: Plano estratégico, Política de cooperação, Especificações/Planos

curriculares dos cursos, Produtos disponíveis, Necessidades e Informações

dos potenciais empregadores.

Saída: Profissionais com as qualificações requeridas.

POID 2 - Planeamento da Investigação e desenvolvimento

Objectivo: Planificar as actividades de I&D, de acordo com as orientações

definidas, desenvolvendo as infra-estruturas tecnológicas e os sistemas

necessários.

Entrada: Plano Estratégico, Regulamentação aplicável, Novos conhecimentos

e conhecimentos emergentes, Novas tecnologias, Estimativas da procura de

novas soluções, Dados de aplicabilidade, Parcerias, Perfis e competências de

pessoas e grupos, Financiamentos.

Saída: Projectos e estudos a realizar, Condições de financiamento

POID 4 – Realização da Investigação e desenvolvimento

Objectivo: Captar os projectos e estudos alvo. Realizar as actividades de I&D,

de acordo com as orientações, através do estabelecimento de relações de

cooperação duradoiras com as partes interessadas e outros parceiros.

Assegurar a qualidade e a gestão eficiente das relações com os parceiros e a

sociedade.

Entrada: Plano estratégico, Política de cooperação, Competências e recursos

disponíveis, Necessidades e Informações dos potenciais parceiros e

financiadores.

93

Saída: Soluções, projectos, estudos e contributos.

POID 5 – Demonstração e Divulgação da Investigação e do Desenvolvimento

Objectivo: Identificar utilizadores e aplicadores das soluções encontradas e

criar condições para a sua transformação em novos produtos e serviços

Entrada: Soluções, projectos, estudos e contributos

Saída: Parcerias, Venda de patentes

A Figura 4 ilustra, a título de exemplo, como o Planeamento de tipo

estratégico pode ser visto como um processo.

Para completar a caracterização dos processos, é necessário ainda definir os

factores críticos de sucesso. Por exemplo, para o Processo operacional POS

1 - Planeamento e concepção de serviços (não ensino), os factores críticos de

sucesso podem ser:

∞ Informações do mercado e das tecnologias;

∞ Desenvolvimento contínuo e melhoria da carteira de serviços;

∞ Optimização contínua da qualidade e da eficácia do processo de

desenvolvimento de novos serviços;

∞ Capacidade de resposta às solicitações do mercado;

∞ Ideias inovadoras adaptáveis a segmentos do mercado pretendidos;

∞ Elevado envolvimento das áreas científicas;

∞ Abordagens e metodologias fortes e diferenciadas.

94

Figura 4 - Processo de Planeamento Estratégico

Caracterização dos Modelos de Gestão dos Processos

Os Modelos de Gestão dos Processos são constituídos pelos elementos de

gestão e coordenação. Normalmente, um modelo de processos inclui:

∞ Definição das responsabilidades (ex: gestores de processos,

coordenação de processos por grande área de ensino);

∞ Estrutura por níveis (ex: cadeia de valor, macro processos, processos

principais, sub- processos, actividades);

∞ Documentação dos processos (e: manuais, procedimentos, instruções,

impressos).

A forma como os processos são modelados determina que alguns tenham,

essencialmente, a ver com os aspectos estratégicos e outros com os aspectos

operacionais, como se pode verificar no exemplo apresentado. Alguns

processos podem ser realizados por pessoas da mesma área funcional, pelo

que a organização funcional tradicional pode geri-los de forma eficaz.

Contudo, uma das maiores vantagens da abordagem por processos reside na

sua natureza transfuncional e esta exige a interacção e o trabalho em equipa

de pessoas de várias áreas funcionais, com diversas competências e de

Entradas

- Evolução social e económica- Evolução tecnológica e científica- Compromissos adquiridos- Avaliação regulamentar- Planos de Desenvolvimento da Organização- Resultados da actividade- Meio Ambiente

Estudos da envolvente

Informação Clientes

Partes interessadas

MCTES

DocenteseColabor.

Definição dosObjectivosEstratégicos

da Organização

Elaboração do Plano de Actividdes

Definição dos Objectivos das Árease Processos

Desenvolvimento dos Planos

Operacionais

Definição dos Objectivos

pessoais

Revisãodo Processo

Saídas

- Revisãoda Estratégia- Plano Estratégicoa longoprazo- Acompanhamentodos objectivos- Objectivos por áreas- Objectivospor processos- Objectivos pessoais

95

várias áreas do conhecimento. Por isso, é necessário que existam outras

formas de gestão, nomeadamente:

- Gestores dos processos/gestão por processos;

- Coordenação dos gestores/da gestão dos processos.

A integração entre a organização funcional e a organização por processos

(horizontal) necessita estar bem definida e aceite, bem como as respectivas

responsabilidades, como se exemplifica na Figura 5. Este esquema é

apresentado, apenas, a título conceptual, não sendo aplicável à generalidade

das organizações. Pretende-se salientar o novo papel das áreas funcionais:

gerir recursos e desenvolver especialistas para integrarem as equipas de

gestão dos processos.

Figura 5 - Responsabilidades pela gestão dos processos

As responsabilidades dos diversos actores, no esquema anterior, são as que

se apresentam de seguida. Partimos do princípio de que os gestores dos

processos dependem directamente da direcção de topo. As

Responsabilidades do Gestor de Processo, devem ser, tipicamente, as

seguintes:

- Coordenar a definição detalhada dos níveis dos sub processos, actividades,

procedimentos e instruções, bem como a sua implementação e consistência

entre entradas e saídas;

Processo1

Gestor doprocesso

Processo2

Gestor doprocesso

Processo3

Gestor doprocesso

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Recursos

Especialista

Coordenaçãoárea A

Coordenadorde processos

Coordenaçãoárea B

Coordenadorde processos

Coordenaçãoárea C

Coordenadorde processos

Coordenaçãoárea D

Coordenadorde processos

D i r e cção

Coordenação da gestãodos processos

96

- Coordenar os recursos relacionados com os processos;

- Gerir e organizar as interfaces dentro do mesmo processo, bem como com

outros processos, e promover a melhoria contínua;

- Assegurar a medição dos parâmetros e características de controlo dos

processos com vista à sua eficiência e eficácia.

As responsabilidades do coordenador dos processos, em que intervém uma

área funcional, são tipicamente as seguintes:

- Indicar os especialistas de processo e apoiar as suas tarefas;

- Assegurar a coerência e consistência entre processos;

- Participar na resolução de conflitos de responsabilidades.

Normalmente, a dimensão das organizações e o nível de detalhe dos

processos não justificam esta função.

As responsabilidades do responsável de área funcional são tipicamente as

seguintes:

- Nomear o coordenador de processos da sua área;

- Aprovar os procedimentos e instruções produzidos pela sua área.

Na maioria das situações, o gestor da área funcional gere os recursos

(humanos e materiais) que lhe estão afectos, enquanto aos especialistas cabe

a responsabilidade de definir, com detalhe, o processo sob a supervisão do

gestor do processo.

As responsabilidades da coordenação/coordenador da gestão dos processos

são tipicamente as seguintes:

- Coordenar a definição do modelo de processos ao nível dos processos e sub

processos, bem como o plano geral de implementação dos mesmos;

- Actuar como facilitador da concepção de processos ao nível dos sub

processos, actividades e procedimentos;

97

- Assegurar que os processos constituem um conjunto completo, integrado,

coerente e consistente;

- Avaliar o grau de implementação dos processos;

- Definir mecanismos de apoio para todo o ciclo de vida dos processos;

- Fomentar a melhoria contínua dos processos.

Estas responsabilidades podem estar na própria equipa de gestão ou na

Comissão da Qualidade. A relação entre processos e áreas gestoras (onde,

com frequência está o gestor do processo) pode ser vista na Tabela 4.2.

Tabela 1 – Relação entre Processos e gestores

Processos Operacionais Gestores

PO 1: Identificação de necessidades e expectativas das

PI´s

POS 2: Planeamento e concepção de serviços (não

ensino)

POS 4: Prestação dos serviços

POE 2: Planeamento e concepção dos cursos

POE 4: Realização dos cursos

POID 4: Realização da I&D

PO 5: Inserção na vida activa

PO 6: Acompanhamento das carreiras

∞ IPS

∞ Novos Serviços

∞ Grupo Técnico-Científico

∞ Conselho Científico

∞ Directores de curso

∞ Grupos Científicos

∞ Conselho Directivo

∞ Conselho Directivo

Processos Integradores Área Gestora

PI 1: Gestão da Estratégia e Desenvolvimento da

Organização

PI 2: Gestão da Organização e dos Recursos Humanos

PI 3: Gestão Global da Qualidade

PI 4: Gestão do Conhecimento

∞ Presidência IPS

∞ Organização e RH

∞ UNIQUA

∞ UNIQUA

Processos de Suporte Área Gestora

PS 1: Aprendizagem organizacional

PS 2: Infraestruturas

PS 3: Administrativo - Financeiro

∞ UNIQUA

∞ Manutenção e Informática

∞ Administração

98

Na maioria das organizações, as responsabilidades dos gestores dos

processos podem ser, de uma forma geral, as indicadas anteriormente; de

uma forma mais específica envolvem:

∞ Monitorizar o desempenho do processo ou subprocesso, seguindo os

respectivos indicadores;

∞ Analisar as tendências de evolução do desempenho;

∞ Investigar as causas de eventuais desvios aos objectivos,

nomeadamente junto das áreas funcionais intervenientes;

∞ Estudar soluções para os problemas identificados;

∞ Propor acções correctivas, preventivas e de melhoria;

∞ Informar, periodicamente, a gestão de topo (Conselho Geral;

Presidência; Conselhos Directivos, Científicos, Pedagógicos) das

acções tomadas pelas áreas funcionais intervenientes;

∞ Acompanhar a implementação das acções de melhoria.

A função de gestor de processo pode ou não coincidir com os responsáveis

de áreas funcionais. Nas soluções mais comuns, os gestores de processos

não gerem recursos (humanos ou materiais), para além daqueles que derivam

da sua função hierárquica, continuando os recursos a ser geridos pelas áreas

funcionais. A criação da figura formal de gestor do processo, independente da

estrutura funcional e na dependência apenas hierarquicamente da gestão de

topo, não é facilmente adoptada. Esta opção implicaria uma solução

organizativa do tipo matricial, o que requer ponderação e preparação

adequada. Na maioria das pequenas e médias empresas portuguesas esta

solução matricial não parece ser adequada (Pires e Machado, 2003), situação

que entendemos similar numa OES. Contudo, podem funcionar soluções

mistas (ex: o gestor do processo recolhe e trata informação, ficando as

decisões a cargo de uma equipa).

99

Documentação dos Processos

A documentação dos processos será aquela que caracterize os processos,

identifique os aspectos de gestão e os aspectos operacionais do mesmo,

podendo assumir várias formas, tais como:

- Representação gráfica (em complemento da representação simples e

isolada, é normalmente necessária uma outra representação, que permita

visualizar o conjunto dos processos seleccionados, bem como as suas

interacções);

- Ficha de caracterização (ver Figura 6);

- Descrição das actividades interrelacionadas;

- Procedimentos escritos;

- Instruções;

- Registos;

- Fórmulas de cálculo dos indicadores.

De acordo com a estrutura das actividades, podem ainda ser considerados

manuais de macro processos/áreas de ensino/cursos com afinidades, sendo

certo que quase toda a documentação existente pode e deve ser aproveitada

para documentar os processos que tenham sido seleccionados.

Ficha de Caracterização dos Processos

Para cada um dos Processos e Sub-processos identificados podem ser

elaboradas Fichas de caracterização, indicando, nomeadamente: entradas (e

respectivas origens), saídas (e respectivos destinatários), gestores/gestão dos

processos, actividades principais/processos principais, áreas funcionais

intervenientes, bem como a respectiva documentação de apoio a cada

processo, sub-processo ou actividade e, ainda, os objectivos globais do

processo de nível mais elevado e os eventuais objectivos dos processos e/ou

actividades de nível inferior, de modo a que as relações e influências entre

eles se percebam com facilidade.

100

A documentação dos processos, no caso de sistemas formalizados com base

na norma ISO 9001:2008, deve ter alguma expressão ao nível do Manual da

Qualidade. De acordo com a estrutura que propomos (Ver Parte I), na

primeira parte do manual pode ser incluída uma breve descrição dos

processos composta, por exemplo, por um quadro resumo do modelo de

processos (indicando o nome e a classificação dos processos), uma

justificação da escolha dos processos baseada na sua importância e impacto

no negócio, bem como uma imagem gráfica das interacções. A segunda parte

do Manual da Qualidade pode ter representações gráficas por cada processo

e sub-processo, complementadas por fichas de caracterização dos processos,

como exemplificado na Figura 6.

FIC

HA

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Entradas

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Saídas

Cl ientes/Destinatá

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Sequência de A

ctividades e Processos

Principais Á

reas intervenientes

102

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Representação Gráf ica

A representação gráfica de um processo isolado assume, tipicamente, o

aspecto indicado na Figura 7.

Figura 7 – Representação Típica de um Processo

Desta figura salientamos o seguinte:

∞ As entradas e as saídas indicadas são típicas, embora na prática

não seja necessário identificá-las desta forma. Por exemplo, de

nada valerá indicar recursos se daí não pudermos retirar algo de

útil para entender ou gerir o processo;

∞ Na maioria das situações, o que desencadeia o processo é a

informação. Todas as outras entradas, embora tenham de existir,

são recursos;

∞ s saídas podem também incluir informação relevante para

desencadear o(s) processo(s) seguintes.

Cada processo pode ainda ser detalhado através de fluxogramas ou

outros esquemas gráficos, com os níveis de detalhe convenientes.

Salientamos, novamente, que a representação gráfica, apesar de

importante, não é o essencial da abordagem por processos, mas apenas

uma forma de facilitar a visualização e o entendimento dos processos.

Saídas

GestãodosProcessos

P r o d u t o s/ S e r v iço s

Entradas

Leg i s l açã oe Regu l amentaçã o

P o lít i c ase P roced imentos

In f raest rutu ras

Recu r sos

In fo rmaçã o(i n t e r n ae e x t e r n a)

Feedback

P rocesso

104

Mapeamento de Processos

Um processo pode ser definido de um modo descritivo ou representado

por mapas ou modelos gráficos. A representação gráfica ajuda a tornar o

processo mais “visível” e a melhorar o seu nível de comunicação e

compreensão, sendo um elemento de referência para todos os

elementos de uma organização ou unidade de educação. As formas de

representação dos processos apresentadas, permitem pôr em evidência

aspectos específicos, podendo ainda ser complementadas com outras

características e informações próprias dos processos (Damelio, 1996). O

Mapa Relacional (ver Figura 8) evidencia as relações internas

cliente/fornecedor, no âmbito de uma estrutura organizacional. O Mapa

Funcional identifica as áreas funcionais, as actividades e a sua

sequência, como pode ser visto na Figura 9.

Figura 4.8 Mapa Relacional

Figura 9 – Mapa Funcional

Estudo

de MercadoMarketing

Proposta de

Desenvolvimento

Engenharia

Colocaçãona Rede

Fabr ico

Projecto

I mplementaçãode Meios

Elaboração deProtótipo

Produção

Distr ibuição

Estudo

de MercadoMarketing

Proposta de

Desenvolvimento

Engenharia

Colocaçãona Rede

Fabr ico

Projecto

I mplementaçãode Meios

Elaboração deProtótipo

Produção

Distr ibuição

105

O Fluxograma permite descrever com detalhe actividades e tarefas

associadas (ver Figura 10). O Mapa de Actividades permite analisar, com

o nível de detalhe desejado, as actividades e as tarefas, nomeadamente,

as suas características e os seus parâmetros específicos, que integram o

processo (ver Figura 11).

A análise permitida pelo mapa de actividades permite caracterizar as

diferentes actividades, identificando e fornecendo entradas para a

melhoria do processo em termos operacionais, não só pela análise dos

dados, mas também pelo trabalho de síntese que permite desenvolver.

PQ – Procedimento da Qualidade CQ – Comissão

da Qualidade

Figura10 – Fluxograma

Necessidade de estudo/

alteração a um procedimento

Solicitação do estudo/

alteração do PQ.

Análise do pedido em reunião

da CQ

Pedido aceite?

Defini ção dos responsáveis

pela elaboração/alteração

Elaboração da versão alterada

do procedimento

Aprovado pela CQ?

Atribui ção de código ao novo

procedimento

Manutenção do histórico do

procedimento

Distribui ção do novo

procedimento

Preenchimento do PQ 4.2.3/2

no campo respectivo

N

S

S

N

1

2

3

4

5

6

7

8

PQ 4.2.3/1

PQ 4.2.3/2

PQ 4.2.3/2

106

Re

f.

Actividades/Tarefa

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N.º

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Observações

Elim

inar

Alte

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Sim

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Ma

nte

r

1 Elaborar materiais 2 De 1 S 3m Pesquisa em OES referência x

2 Construir casos e

exercícios

x

3 Apresentar módulo x

4 Preparar x

5 Resolver x

6 Avaliar aprendizagem x

7 Avaliar competências x

8 Avaliação formal 1 x

9 Avaliação formal 2 x

10 Avaliação final x

11 Avaliação de recurso x

Figura 11 – Exemplo de Mapa de Actividades

As primeiras formas de representação permitem ter uma visão macro dos

processos, enquanto que as restantes podem representar o processo com um

maior nível de detalhe. A Figura 12 e a Tabela 3 apresentam, de forma sintética,

as principais características das diferentes formas de representar os processos.

Figura 12 – Macrocartografia e Microcartografia

107

Tabela 2 – Características das formas de representação dos processos

Tipo de

Representação Apl icação

Nível de

Detalhe Característ icas Pontos Chave

Mapa

Relacional

“Contexto”

organizacional

Baixo

Evidencia as

relações cliente

fornecedor in-

ternas.

Define a estrutura

or-ganizacional

- Não define o processo no seio

da área funcional

- Mostra as relações existentes

na or-ganização

- Define as relações

cliente/fornecedor

Mapa

Funcional

Processo

/áreas

funcionais

Médio

Mostra as áreas

fun-cionais, as

actividades e a sua

sequência.

- Define o processo no seio da

área funcional

- Mostra as relações

cliente/fornece-dor

- Define os sub processos e/ou

activi-dades que integram o

processo

Fluxograma

Definição do

processo e

das

actividades

que o

integram

Médio/

Elevado

Mostra as

actividades e a sua

sequência.

Define o tipo e as

ca-racterísticas da

activi-dade

- Define as actividades que

integram o processo e a sua

sequência possível

- Caracteriza o tipo de

actividade

- Não define directamente quem

reali-za a actividade mas esta

informação pode ser

associada ao fluxograma

- Define o estado actual do

processo

Mapa de

Actividades

Análise e

melhoria das

actividades e

tarefas que

integram o

processo

Elevado

Define as

caracterís-ticas e

os parâmetros

específicos das

activi-dades e

tarefas que

integram o

processo

- Define detalhadamente todas

as acti-vidades que integram o

processo, os seus parâmetros

e características

- Permite analisar as diferentes

activi-dades identificando e

fornecendo en-tradas para a

melhoria do processo em

termos operacionais

108

Objectivos e Indicadores dos Processos

A identificação de processos só faz sentido se o conjunto de actividades

que lhe está associado puder ser gerido de forma autónoma, ou seja, se

for possível definir objectivos e estabelecer indicadores úteis para

monitorizar e gerir os referidos processos. Para cada processo

(integrador, operacional ou de suporte) têm de ser definidos, para efeitos

de monitorização, os seguintes aspectos:

∞ Objectivos;

∞ Factores críticos de sucesso;

∞ Características a medir;

∞ Indicadores.

Os objectivos devem estar integrados com os objectivos mais gerais dos

macro processos em que se inserem. Quando assim não acontece, esta

situação indicia modelos de processos inadequados à realidade das

organizações (Pires, 2003a, 2003b, 2003c; Pires e Machado, 2003). Os

critérios essenciais para validar um modelo de processos são a avaliação

da adequabilidade do seu modelo de gestão e a coerência e a

compatibilidade dos objectivos entre si com os objectivos mais gerais da

organização. É necessário alinhar e integrar objectivos a três níveis:

objectivos dos macro-processos, objectivos dos processos e outros

objectivos da qualidade.

A definição de objectivos deve ser partilhada e “negociada” com as

pessoas. Não devem ser avaliados apenas os objectivos, mas também o

envolvimento, a participação e a criatividade, pois, alguns objectivos

podem ter sido mal definidos e as pessoas não podem ser

responsabilizadas por isso. Se os objectivos não foram atingidos, há que

identificar quais os níveis responsáveis por esse facto. A gestão por

processos conduz à necessidade de um estilo de gestão cooperativo e

participativo, em que as responsabilidades da gestão de topo, gestão

109

intermédia e gestão operacional é elevada. A forma como as

organizações estabelecem objectivos para os processos deve estar

definida, bem como o respectivo desdobramento. O estabelecimento de

objectivos deve estar suportado em tendências e dados, surgindo

aqueles, portanto, de forma lógica e compreensível. A fórmula de cálculo

dos indicadores deve ser documentada. A sua falta tenderá a criar,

sistematicamente, equívocos decorrentes da não formalização das

referidas fórmulas de cálculo, nomeadamente, porque o entendimento

deixa de ser unânime entre os docentes e responsáveis, dificultando a

construção de consensos entre os respectivos significados.

A metodologia do Balanced Scorecard pode ser utilizada para desdobrar

e alinhar os objectivos (Kaplan e Norton, 1996; 2000). A Figura 18 mostra

como os objectivos estabelecidos podem/devem estar em consonância

com os objectivos globais das actividades. Por exemplo, se a proposta

de valor (ex: projecto de escola) está centrada na “Liderança pelos

cursos”, então os indicadores devem contribuir para aquela estratégia. É,

portanto, natural que surjam, ou seja dada particular atenção a

indicadores relacionados com as competências, as características e o

desempenho global dos diplomados. Ainda relativamente a este

exemplo, os indicadores escolhidos para dar resposta à perspectiva

baseada nos Processos internos, com uma estratégia centrada na

Liderança pelos produtos, terão logicamente de estar ligados ao

processo de Concepção e desenvolvimento de cursos. Os objectivos e

indicadores devem evidenciar que os esforços desenvolvidos nestas

actividades estão alinhados e são coerentes com aquela estratégia.

110

Figura 13 – Rastreabilidade dos Objectivos

Na construção dos indicadores de desempenho podem ser cometidos

alguns erros típicos:

As medidas estão estabelecidas em torno de objectivos de satisfação

dos clientes/destinatários/estudantes, dos colaboradores, do MCTES e

outras partes interessadas. Contudo, pouco dizem sobre “como” a

organização consegue atingir esses objectivos. Por exemplo, indica-se

um objectivo de diminuição das reprovações em 5%, mas não existe um

programa para alcançar esse objectivo, definindo nomeadamente, as

acções, os responsáveis, os recursos, os prazos. As medidas não levam

em conta a necessidade de dados que permitam a aprendizagem

organizacional.. Exemplo típico é a falta sistemática de tratamento dos

dados gerados pelos Sistemas da Qualidade. As medidas são centradas

nas iniciativas, quando o deveriam ser nos resultados (ex. certificação

ISO 9001, acreditação ENQA), ou noutras áreas de melhoria do

desempenho (ex: redução do tempo de realização dos cursos). As

medidas não estão alinhadas com a estratégia (são um conjunto de

medidas ad hoc).

Visão e Estratégia

Visão

Estratégia

Processos Internos

Financeira

Clientes

Aprendizagem

e Crescimento

Obj. Metas Resp.

111

O diagrama representado na Figura 14 mostra como efectuar o

mapeamento dum processo e simultaneamente alinhar os objectivos e

indicadores do processo com os indicadores do Balanced Scorecard.

A melhoria contínua dos processos constitui um dos princípios

fundamentais desta abordagem. Neste sentido, não só os objectivos de

mais alto nível devem ser desdobrados, pelo menos até ao nível dos

processos seleccionados, mas também os objectivos destes processos

devem ser desdobrados para as actividades com impacto significativo

nos objectivos dos respectivos processos. Em termos genéricos, cada

objectivo de alto nível deve ter um programa que garanta que vai ser

atingido. Um programa de gestão deve incluir, pelo menos, os objectivos,

as metas (sub-objectivos), os prazos, os recursos e as

responsabilidades. Qualquer programa terá de ter algum tipo de

seguimento para análise da evolução dos indicadores, de acordo com os

objectivos pretendidos, bem como na tomada de medidas que corrijam

eventuais desvios. Embora as formas de alinhamento dos objectivos

possam ser várias, bem como as formas de acompanhamento,

apresentamos de seguida um exemplo que liga os projectos aos

processos considerados críticos e às áreas em que, no essencial, se

inserem (ver Tabela 4).

112

Figura 14 – Diagrama de processo

Redução dos tempos de facturaçãoAumento da facturaçãoCrescimento da margem

Retenção dos Clientes/estudantesObjectivosScorecard

Idade dos cr éditosRedução dos tempos de facturaçãoReclamações

Nível de não pagamento Níveis de incobráveis

Ind icadoresP rocessos

Redução dos tempos de facturaçãoAumento da facturaçãoCrescimento da margem

Retenção dos Clientes/estudantesObjectivosScorecard

Idade dos cr éditosRedução dos tempos de facturaçãoReclamações

Nível de não pagamento Níveis de incobráveis

Ind icadoresP rocessos

Processo de Facturação e Cobrança

Inscriçõesrecebidas

Condiçõespagamento

C réditoOK

ConfirmaçãoRegisto p/Facturação

FacturaEmitida

PagamentoRecibo para

Cliente

ContactarCliente

AgênciaCobranças

ContenciosoCancelar

AcordoCom

Cliente

EntradasInscrições válidas, Dados para facturaçãoCondições de pagamentoDetalhes da inscrição, PropostaRequisitos clientes/estudantesInstruções

SaídasInscrições pagas, Facturas recebidasLista de EncobráveisDados actualizados clientesInformação de gestão

Sim

NãoSim

Não

Não

Sim

113

Tabela 3 - Exemplo de alinhamento de objectivos

Projecto

s

Credibil izaç

ãodos

Cursos

Gestão das

infraestrutur

as

Norte

Setúbal

Sistema de

Informação

Melhoria

da

mediateca

Benchmarki

ng

ISO

14001 SA 8000

Processo

s

Crít icos

Estudo

de

mercados

X X X

Concepção

de Cursos

X X X X X

Planeamen

to X X X X X

Realização

Cursos X X X X X X X X

Avaliação X X X

Inserção X X X X X

Carreriras X X X X

Promoção X X X X X X X X

Área de

Object ivo

s

QUALIDADE PROCESSOS ORGANIZAÇÃO

Do ponto de vista da gestão por processos, o foco de avaliação está no

desempenho dos processos e não nas funções. Os indicadores de

desempenho estão, em primeiro lugar, relacionados com processos e só

depois com funções. Neste tipo de gestão, as recompensas devem estar

associadas àquilo que as pessoas contribuem para os processos e para

os seus resultados. A descrição de funções deve ser feita em termos do

contributo individual para os processos, sendo as metas (objectivos)

distribuídas ao longo da linha dos processos e não das linhas funcionais.

A avaliação poderia incluir os contributos para os processos.

114

Revisão dos Processos

Os processos devem ser revistos periodicamente. Por exemplo, se uma

organização opera um SGQ ISO 9001, esta revisão pode ocorrer

aquando da revisão do sistema de gestão da qualidade. Esta revisão

assume particular importância nas fases iniciais da introdução da gestão

por processos, em que os modelos são experimentais e necessitam de

ajustes importantes. Também não deve ser esquecido que as condições

da envolvente podem mudar, que o posicionamento estratégico pode ser

alterado, questionando e alterando significativamente a importância e

relevância dos processos para os resultados. A Figura 15 ilustra o

processo de revisão pela gestão, como constituindo também um

processo.

Figura 15 – Processo de revisão dos processos

Identificação dos processos Principais Projectos e Programas Programas de gestão da qualidade Objectivos por áreas de gestão

Satisfação dos Clientes/Destinatários/Estudantes Satisfação das Partes Interessadas Indicadores e objectivos dos processos Indicadores de desempenho Resultados da actividade Outras

Missão Plano de Comunicação Planeamento Anual Plano estratégico a 5 anos

Entradas

Revisão pela Gestão

Processo de Auditoria

Sa ídas

Revisão dos Processos

115

ANEXO 1 - Outros modelos de representação dos

processos

1. Modelo APQC

O modelo APQC da American Productivity and Quality Center (APQC,

1992) tem como objectivo criar um modelo genérico de alto nível, que

permita uma visão transversal, em vez da visão funcional tradicional.

Propõe a classificação dos processos em duas categorias: operacionais

e de gestão e suporte. O modelo, para cada uma das categorias, define,

respectivamente, sete Processos Operacionais (os quais por sua vez se

dividem em 91 sub-processos) e seis Processos de Gestão e Suporte (os

quais por sua vez se dividem em 123 sub-processos).

Os PProcessos Operacionais são os seguintes:

∞ Compreensão dos Mercados e dos Clientes;

∞ Desenvolvimento da Visão e da Estratégia;

∞ Concepção de Produtos e Serviços;

∞ Marketing e Vendas;

∞ Produção e Entrega (empresas industriais);

∞ Produção e Entrega (empresas de serviços);

∞ Facturação e Assistência Após Venda.

Os PProcessos de Gestão e de Suporte são os seguintes:

∞ Desenvolvimento e Gestão dos RH;

∞ Gestão da Informação;

∞ Gestão dos Recursos Financeiros e dos Recursos Físicos;

∞ Programa de Gestão Ambiental;

∞ Gestão das Relações Exteriores;

∞ Gestão da Melhoria e da Mudança.

116

Este modelo tem a vantagem de oferecer uma lista de processos e sub-

processos logicamente estruturados, onde cada organização se pode

inspirar para seleccionar os seus próprios processos e sub-processos.

2. Modelo IDEFO

O modelo IDEFO (Information Definition for Data Modelling) é um método

de modelização dos processos que foi desenvolvido para a força aérea

dos EUA, com base numa linguagem gráfica bem estabelecida (SADT –

Structured Analysis and Design Technique). Este método analisa

hierarquicamente as actividades, consistindo num conjunto de

diagramas, textos e índices relacionados entre si. As actividades são

descritas em termos de Inputs, Outups, Controlos e Mecanismos (ICOM).

Esta descrição é usada por algumas organizações, como forma de

abordagem aos processos (NIST, 1993). Este modelo pretende fornecer

uma fórmula de modelação para os processos duma organização, de tal

modo que todos os processos podem, teoricamente, ser representados

graficamente da mesma maneira.

Usa o conceito de função, como equivalente a processo e, para além das

entradas e saídas, usa ainda os conceitos de controlo e mecanismo, com

os significados a seguir indicados:

∞ Nome da função: verbo ou frase verbal que descreve a função

modelada;

∞ Entrada: dados ou objectos que são transformados ou consumidos

pela função para produzir saídas;

∞ Controlo: condições requeridas para produzir as saídas correctas;

∞ Saída: dados ou objectos produzidos pela função;

∞ Mecanismo: meios usados para desempenhar a função.

117

A simbologia é a ilustrada na Figura 16. A aplicação necessita ainda dos

conceitos de Diagrama de nós, de Diagrama de contexto e Diagrama de

composição, também ilustrados através dos exemplos apresentados, nas

Figuras 17, 18 e 19.

Figura 16 – Modelo IDEFO

Figura 17 – Diagrama de nós

A0

Nome da função

Entrada Saída

Controlo

Mecanismo

A3 A5

A51 A52

A6A2 A4

Realização da formação

A0

A1

Planeamento darealização da

formação

Concepção edesenvolvimento

da formação

Relaçãocom

o clienteCompras

Produçãoda formação

Serviçoapós venda

Programaçãoda formação

Execuçãoda formação

118

Figura 18 - Diagrama de decomposição

Figura 19 – Diagrama de contexto

Pro

post

a p

ara

o c

liente

Especificação deprodução

Programa trimestral deformação

Insta

laçõe

s

Equip

am

ento

s

Recurs

os

did

ácti

cos

Form

adore

s

Aplic

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Manual deprocessos eprocedimentos

Relatório para ocliente

Processo técnico-pedagógico

Acções de formação

Pro

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(PA

F)

Consulta do cliente

Encomenda do cliente

Produtos comprados

Proposta de programa

A42

Execução da

formação

A41

Programação da

formação

A0

Formação

Necessidades de formação

Consulta do cliente

Encomenda do cliente

Propostas de fornecedores

Produtos comprados

Reclamações

Manual de p

rocessos e

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para

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PAF e planos customizados

Proposta para o cliente

Consulta a fornecedores

Encomenda para o fornecedor

Acções de formação

Processo técnico- pedagógico

Manual de i

nstr

uçõe

s

de t

rabalh

o

119

3. Métodos Suportados em Software

Nestes métodos, o conceito de processo é identificado com a resposta

da organização aos estímulos do exterior ou do interior. Estes são

considerados como entradas do processo. Outro conceito deste modelo

é o de objectos de negócio, de que são exemplo os contratos, as

encomendas e os clientes. Assim, o processo teria um estado inicial (os

estímulos) e teria um estado final (fim do ciclo de vida dos objectos de

negócio). Em termos práticos, o processo “Gerir encomendas” teria um

estímulo, a sua colocação por parte do cliente externo ou de alguma

entidade interna, e terminaria na satisfação da encomenda.

As abordagens suportadas em software, apesar de apresentarem

importantes vantagens ao nível da sistematização e abrangência, bem

como da visualização uniforme para toda a organização, não deixam de

se revelar, principalmente para organizações mais pequenas, exercícios

consumidores de tempo, que tendem a esquecer os processos principais

pelo tratamento igualitário a que são sujeitos todos os processos. A

modelização permite criar uma visão computorizada dos processos de

negócio. Greenfield (2002) indica quatro vantagens: um entendimento

mais claro do negócio, a capacidade de avaliar com exactidão o estado

actual das operações, a capacidade de testar ideias de melhoria e

melhorar a comunicação dos processos e das mudanças previstas.

4. Metodologia ICOM

A metodologia ICOM (Imput, Control, Output, Mechanism), é uma

variante simplificada do método IDEFO e considera que na organização

estão presentes as chamadas Áreas processuais, dentro das quais se

definem os processos. O conceito de Área processual é entendido como

um agrupamento de processos orientados para uma mesma função ou

realização. Deste modo, os processos que compõem uma determinada

120

área processual estão relacionados com a mesma área funcional. Este

modelo assume, para além das entradas e saídas, dois outros conceitos:

controlo e recursos (à semelhança da metodologia IDEFO).

As áreas processuais podem ser divididas entre áreas de negócio e

áreas de suporte. As áreas de negócio podem ser: produção e

fornecimento do produto; gestão das cobranças; serviço ao cliente. As

áreas de suporte podem ser: gestão da informação, gestão dos recursos

humanos, gestão dos recursos financeiros, ambiente, segurança e

higiene no trabalho, gestão da melhoria e da mudança. Por exemplo, a

área processual de “Produção e fornecimento do produto” poderia incluir

processos como: logística, produção, armazenamento, manutenção e

controlo da qualidade.

A área processual de “Serviço ao cliente” poderia incluir: tratamento de

reclamações e avaliação da satisfação dos clientes. A área processual

de “Gestão da informação” poderia incluir processos como: gestão das

tecnologias de informação e gestão da informação. A área processual de

“Gestão da melhoria e da mudança” poderia incluir processos como:

medição e monitorização de processos, gestão de auditoria, gestão das

não conformidades, gestão de processos e acções correctivas e

preventivas.

121

ANEXO A – Auto Avaliação para Organizações de Educação

Nome do avaliador:

Organização de Educação:

Data:

Instruções

A auto-avaliação leva, por norma, menos de uma hora. Por favor, use a “escala de nível” que se segue,

para indicar a sua base de resposta às questões dos tópicos numerados. Por favor, registe o nível que

usou, no espaço em branco que se segue a cada afirmação. Considere o exemplo que se segue:

Exemplo:

“ Processo normalmente utilizado pelos agentes educativos para determinar, rever e melhorar a eficácia

dos aprendentes _____”.

O “2” significa que quando responde a questões sobre este processo, confia na eficácia das repostas

dadas às reclamações/insatisfações ou ao seu encaminhamento conforme o caso. Os dados são revistos

quando solicitados e estão disponíveis dados adicionais, mas limitados, sobre os resultados obtidos pela

organização educativa.

Escala

Nível 1 – Abordagem Não Formal

Orientação – não existe evidência de qualquer abordagem sistemática. Existência de resultados fracos ou

imprevisíveis. Existem alguns dados disponíveis mas não são utilizados para melhorar o desempenho.

Nível 2 – Abordagem Reactiva

Orientação – Abordagem baseada na resolução de problemas. A organização educativa responde a

reclamações/insatisfações ou encaminha-as, conforme necessário. Os dados são revistos quando

solicitados e estão disponíveis dados adicionais, mas limitados, sobre os resultados obtidos pela

organização educativa.

Nível 3 – Abordagem Estável

Orientação – Existem dados detalhados e actuais que são usados como guia para a conformidade com

os requisitos. Existência de um método ou de uma abordagem. Existe preocupação com a melhoria.

Nível 4 – Abordagem Sistemática

Orientação – Processo sistemático de alinhamento com bons resultados e com tendência sustentada de

melhoria. Os dados são, efectivamente, utilizados e o desempenho do aprendente é melhorado de forma

continuada. As normas regulamentares são cumpridas, de forma consistente.

Nível 5 – Melhoria contínua e significativa

Orientação – Sistema de gestão fortemente integrado com melhorias institucionalizadas. Os aprendentes

são mais eficazes, de acordo com os critérios da organização educativa.

122

Afi rmações

Os níveis que atribui a cada afirmação servem apenas para planear. Poderão ajudá-lo a definir uma linha

de base, no sentido de identificar necessidades para definir prioridades ou para medir o progresso.

Poderá também ser útil para o ajudar a identificar aplicações adequadas à sua organização educativa. As

afirmações que se seguem prendem-se com as principais cláusulas do sistema de gestão da qualidade

baseado no ISO 9001: 2008.

Cláusula 4 – Sistema de Gestão da Qualidade

1) Processo usado para determinar, rever e melhorar a eficácia dos aprendentes ____

2) Actividades que permitem a cada aprendente atingir um desempenho eficaz ____

3) Avaliações que verificam conhecimentos/competências requeridos a cada aprendente ____

4) Alinhamento de normas, currículo, ensino, avaliação e melhoria ____

5) Medição da motivação individual dos aprendentes em cumprirem os requisitos ____

6) Suporte de aprendizagem, comprovadamente eficaz, para cada aprendente ____

7) Monitorização sistemática de todos os processos relacionados com a eficácia de cada aprendente

____

8) Adequabilidade de equipamentos e recursos disponíveis em sala de aula ____

9) Validação do currículo relativamente à satisfação de requisitos educativos e profissionais ____

Cláusula 5 – Política da Qualidade na Organização Educativa

1) Selecção e uso de informação para suporte do sistema de gestão ____

2) Dados actuais eficazes na melhoria dos processos de ensino e de aprendizagem ____

3) Critério e métodos de comparação de dados para melhoria dos processos ____

4) Análise externa dos dados (fora da organização educativa) ____

5) Integração da informação por parte de todas as partes da organização educativa ____

6) Transpusição dos resultados das suas análises para melhorar a eficácia do sistema de qualidade ____

7) Registo de mudanças efectivas realizadas no seu sistema da qualidade ____

8) Evidência de que as mudanças no sistema melhoraram os resultados ____

Cláusula 6 – Gestão dos Recursos Educativos

1) Admininstração efectiva dos processos de aprendizagem dos aprendentes ____

2) Concepção crítica do currículo em função dos requisitos de cada aprendente ____

3) Serviços de apoio que permitam ao aprendente satisfazer os requisitos educativos ____

4) Processos monitorizados diariamente ____

5) Avaliação dos processos e implementação de mudanças ____

6) Processos que melhorem a eficácia do aprendente ____

7) Número reduzido de actividades sem utilidade para a organização ____

Cláusula 7 – Realização dos Serviços Educativos

1) Evidência de melhoria contínua e substancial do desempenho ____

2) Projectos bem sucedidos que melhorem os actuais ou novos processos ____

3) Pequenas melhorias que tenham sido feitas nos processos existentes ____

4) Melhorias de progresso significativo e inovador realizadas no seu sistema ____

5) Processo de melhoria contínua alinhado com os requisitos de aprendizagem ____

6) Currículo alinhado com as melhorias ao nível da aprendizagem ____

123

7) Recursos e planeamento alinhados com a melhoria do desempenho do aprendente ____

8) Objectivos de desempenho mensuráveis para os processos de aprendizagem ____

9) As atribuições de trabalho dos funcionários apoiam os sistemas de gestão da qualidade ____

10) As competências e o desempenho requeridos aos trabalhadores podem ser verificados ____

11) Os processos de trabalho dos funcionários relacionam-se com a realização do aprendente _

12) A compreensão, por parte dos funcionários, relativamente às responsabilidades que lhes são

atribuídas, pode ser verificada ___

13) A compreensão, por parte dos pais, das expectativas educacionais relativamente ao seu filho pode

ser verificada ____

14) Liderança que alinha as prioridades do sistema com os requisitos de cada aprendente _____

15) Objectivos definidos, para oportunidades futuras, no sentido de sustentar o ambiente de

aprendizagem ____

16) Definidas as responsabilidades pela tomada de decisão e pela prestação de contas ____

17) A proximidade das pessoas com os problemas é essencial à resolução dos mesmos ____

18) Os registos dos resultados do desempenho documentam a eficácia da liderança ____

19) Desenvolvimento de competências de liderança entre os seus agentes educativos ____

Cláusula 8 – Medição, Análise e Melhoria

1) Medição das percepções da comunidade relativamente à satisfação com a organização ___

2) Melhoria da satisfação da comunidade relativamente à eficácia educativa _____

3)Processos de acompanhamento no fornecimento de informação aos membros da comunidade _____

4)Acções correctivas eficazes respondem às reclamações da comunidade _____

5) Acções de planeamento baseadas nas necessidades da comunidade _____

6) Relações eficazes com organizações educativas _____

7) Transições eficazes dos aprendentes para o nível seguinte _____

8) As respostas às necessidades da comunidade podem ser verificadas _____

9) Objectivos do sistema relacionados com as necessidades prioritárias da sua comunidade _____

124

ANEXO B – Exemplos de processos, indicadores, registos e

ferramentas

B.1 Processos

1) programas de acreditação e certificação

2) aquisição de materiais e de outros recursos

3) administração de serviços

4) admissão de candidatos

5) afectação dos recursos necessários para levar a cabo o ensino extra campus e ensino on-line

6) afectação de espaços para aulas, laboratórios, workshops, bibliotecas e outros espaços

similares

7) distribuição de serviço docente

8) avaliação do desempenho

9) divulgação de boas práticas

10) divulgação do plano de sistema de gestão da qualidade por toda a organização

11) conversão de informação em conhecimento

12) acções correctivas e preventivas

13) decisão sobre que medidas serão monitorizadas

14) métodos de ensino

15) concepção e desenvolvimento de resultados para validação dos currículos ou programas

16) concepção e desenvolvimento de currículos

17) desenvolvimento de material de divulgação dos cursos

18) desenvolvimento de material pedagógico de apoio aos cursos

19) desenvolvimento, revisão e actualização dos planos de estudo e currículos

20) disponibilização de recursos humanos e materiais necessários ao cumprimento dos objectivos

21) conhecimento, implementação e manutenção dos requisitos da ISO 9001

22) determinação da informação de partida, com vista à detecção de necessidades de recursos

23) definição de uma política da qualidade que permita a todos os membros da organização um

conhecimento da visão e da missão da mesma

24) estabelecimento de métodos de verificação do desempenho académico

25) estabelecimento de objectivos da qualidade para a realização de objectivos e intenções,

definidos na política da qualidade

26) avaliação do currículo actual

27) contratação de pessoal administrativo e docente

28) identificação de acções preventivas

29) identificação de população alvo (aprendente)

30) planeamento da manutenção das infraestruturas

31) cadastro de equipamento laboratorial

32) gestão do processo de aprendizagem

33) manutenção das instalações

34) revisão pela gestão

35) revisão pela gestão do sistema de gestão da qualidade

36) processo de recrutamento e markting

125

37) controlo de desempenho da organização

38) apoio ao aprendente

39) monitorização e medição dos processos educativos

40) funcionamento de bibliotecas, workshops e laboratórios

41) planeamento de recursos, a médio e a longo prazo

42) disponibilização dos serviços das bibliotecas, dos equipamentos audiovisuais, computadores e

outros serviços

43) disponibilização de manuais práticos para laboratórios e workshops

44) disponibilização de serviços de protecção civil, segurança e saúde no trabalho e restante

segurança

45) fornecimento de serviços de apoio ao processo de aprendizagem (em salas de aula, laboratórios,

bibliotecas e outros)

46) disponibilização do número suficiente de docentes e de outros agentes educativos

47) publicação de folhetos informativos para aprendentes e outras partes interessadas

48) programas de acreditação, graus profissionais e estudos pós-graduados

49) selecção e matrículas dos aprendentes

50) melhoria das actividades de ensino

51) melhoria do desempenho da organização

52) planeamento estratégico

53) formação do pessoal não docente

54) tutoria e orientação de oportunidades vocacionais

55) auditorias internas da qualidade

56) monitorização dos recursos

57) monitorização dos objectivos educacionais

B.2 Indicadores

1) taxa de aprovação

2) grau de dificuldade dos objectivos

3) taxa de abandono

4) altas taxas de abandono

5) número de diplomas

6) taxas de colocação dos aprendentes no mercado de trabalho

7) variáveis relacionadas com os aprendentes, pessoal docente e não docente

8) número de parcerias académicas e e outras parcerias institucionais

9) número de programas académicos acreditados

10) número de prémios internacionais concedidos ao pessoal docente

11) número de prémios nacionais concedidos ao pessoal docente

12) número de projectos de investigação patrocinados por instituições externas

13) número de avaliações qualitativas e quantitativas

14) resultados de desempenho do sistema de gestão da qualidade e dos processos educativos

15) fiabilidade nos meios de comunicação

16) frequência da re-avaliação (número de avaliações para a obtenção de aprovação numa UC)

17) índices de satisfação dos aprendentes e de outras partes interessadas

18) medidas específicas de eficácia do ensino

126

19) taxa de sucesso por ciclo de ensino

20) taxas de sucesso

21) capacidade do pessoal docente e de outros agentes educativos (capacidade lectiva)

22) desempenho do pessoal docente e discente

23) competências do pessoal docente

24) tendências

25) número anual de patentes alcançado

26) número anual de graus avançados concedidos

27) número anual de publicações de investigação

B.3 Reg istos

1) cumprimento dos objectivos da qualidade

2) actividades do pessoal da organização que afectam a qualidade

3) processo de matrículas e avaliações

4) auto-avaliações anuais

5) leis e regulamentos aplicáveis

6) requerimentos, registos ou documentos fornecidos pelos aprendentes para a sua matrícula ou

renovação

7) utilização de material audio-visual e electrónico

8) certificação, licenciamento e requisitos legais de funcionamento

9) observação de aulas

10) plano de comunicação para revisão e acompanhamento

11) reclamações

12) controlo da concepção e do desenvolvimento das mudanças ao nível dos currículos, calendário

escolar, horários e pré-requisitos de entrada

13) direitos de autor e permissão para uso de informação

14) classificações de curso e provas de exame

15) currículo, curso e módulos

16) concepção do currículo

17) bens e propriedades dos aprendentes

18) estudo e investigação sobre a capacidade de aprendizagem do aprendente

19) relatório da concepção

20) relatório do desenvolvimento

21) não confomidades nos programas educativos e planos de formação do pessoal da organização

22) documentação fornecida pelos aprendentes, tal como certificados, diplomas de níveis escolares

anteriores, documentos pessoais

23) questionários (docentes e cursos)

24) aprovação do equipamento e qualificações dos docentes

25) evidência de conclusão (certificado, ECTS, diploma)

26) exames, testes ou outros documentos realizados pelo aprendente

27) facilidades oferecidas ao aprendente em termos de instalações

28) documentos de identificação (bilhete de identidade e outros documentos)

29) informação proveniente de tendências, indicadores de pessoal docente e administrativo

127

30) inputs dos aprendentes e de outras partes interessadas: pais, indústria, governo e sociedade

31) estratégias de ensino

32) certificações ou qualificações do docente

33) acordos de propriedade intelectual, teses, dissertações e materiais com direitos de autor

34) rregistos de curso do aluno

35) hhorár ios de tu rma

36) registos de identificação do aluno

37) registos de desempenho do aluno e rev isões pedagógicas

38) eequipamento pessoal

39) plano de estudo do aprendente

40) matrícula do aprendente

41) oorganizações académicas

42) lista de nomes dos docentes

43) perda, deterioração ou uso inadequado dos materiais fornecidos ao aprendente

44) exames médicos, estudos ou certificados do aprendente

45) políticas públicas nacionais relacionadas com a área educativa

46) não cumprimento dos objectivos educacionais

47) não conformidade do serviço educativo

48) políticas da qualidade da organização

49) resultados relativos à revisão,verificação e validação da concepção

50) modificações da concepção e desenvolvimento do serviço educativo

51) rresultados de aud ito rias e da rev isão pe la ges tão

52) desempenho dos serviços educativos

53) pré-requisitos para os cursos

54) registos da qualidade, de acordo com o estabelecido no sistema de gestão da qualidade

55) registos e documentos do percurso académico do aprendente

56) registos das competências do pessoal docente e administrativo

57) ppolí ticas reguladoras e organ izacionais

58) ppré-requis itos re levantes de conhecimento ou exper iência

59) ccontractos de investigação

60) resultados de investigação

61) rresultados da e ficác ia do mater ial pedagógico

62) competências e conhecimentos a serem adquiridos

63) plano de estudos e currículo

64) actividades de ensino-aprendizagem

65) ll ivros de texto e edição

66) pplano de es tudos do curso

67) hhorár ios de grupo

68) nnível curr icula r segu inte

69) pplanos de formação para o pessoal da organização

70) ttraba lhos, pro tót ipos desenvolvidos e ou tros

B.4 Ferramentas

128

1. diagramas de causa a efeito

2. gráficos de controlo

3. análises de custo relacionadas com o cumprimento dos objectivos da qualidade

4. inquéritos de satisfação a alunos e a outras partes interessadas

5. inquéritos aos funcionários e eesquemas de sugestão

6. aanálise modal de falhas e seus e fei tos

7. mmetodolog ias financeiras

8. ffluxogramas

9. aanálise da envolvente

10. avaliações formais e informais

11. histogramas

12. avaliação de impacto

13. análise de necessidades

14. aanálise de Pareto

15. ddiagramas do processo

16. ccartas de controlo esta tís tico

17. verificação e validação de métodos

129

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