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aposCEMP__2011_3

Date post: 07-Jul-2015
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CENTRO UNIVERSITRIO DO NORTE Laureate International Universities ESCOLA DE CINCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE ADMINISTRAO

COMUNICAO EMPRESARIAL: ABORDAGEM GERAL

Marcus Tlio Tom Catunda Maria Francisca Morais de Lima Marivan Tavares dos Santos Wenderson Pinto Farias

MANAUS 2011

SUMRIO UNIDADE I: COMUNICAO ......................................................................................... 2 TEXTO_1: COMUNICAO E CULTURA..................................................................... 2 NORMATIZAO DA COMUNICAO: ELEMENTOS VERBAIS E NOMINAIS 12 TEXTO_2: COMUNICAO E FUNES DA LINGUAGEM ................................... 21 TEXTO_3: LINGUAGEM, SISTEMA, LNGUA E NORMA ........................................ 37 UNIDADE II COMUNICAO EMPRESARIAL ...................................................... 48 TEXTO_1: A COMUNICAO EMPRESARIAL: CONCEITOS E TRAJETRIA . 48 TEXTO_2: INTRODUO COMUNICAO EMPRESARIAL E ESTUDO DA DENOTAO E CONOTAO .................................................................................... 56 TEXTO_3: COMUNICAO E GERENCIAMENTO DE IMAGEM .......................... 63 NORMATIZAO DA COMUNICAO: ELEMENTOS PRONOMINAIS ............. 71 UNIDADE III COMUNICAO EMPRESARIAL ESCRITA:.................................. 73 TEXTO_1: O QUE REDAO EMPRESARIAL ....................................................... 73 TIPOS DE DOCUMENTOS: CARTA COMERCIAL, ATA, CIRCULAR, CURRICULUM VITAE, MEMORANDO INTERNO (CI) E EXTERNO, MEMORIAL, RELATRIO ..................................................................................................................... 78 NORMATIZAO DA COMUNICAO: LOGICIDADE TEXTUAL A PARTIR DE ELEMENTOS COORDENATIVOS E SUBORDINATIVOS ......................................... 90 NORMATIZAO DA COMUNICAO: PARALELISMO GRAMATICAL .......... 95 UNIDADE IV COMUNICAO EMPRESARIAL ORAL ......................................... 97 TEXTO_1: O ADMINISTRADOR E O COMUNICADOR ........................................... 97 TEXTO_2: COMUNICACO ORAL ............................................................................ 102

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UNIDADE I: COMUNICAO TEXTO_1: COMUNICAO E CULTURA1 A comunicao, para os agrupamentos humanos, to importante quanto o sistema nervoso para o corpo. Atravs dessa complexa rede que perpassa todos os outros sistemas (circulatrio, digestivo, reprodutor etc.), o corpo ganha vida. Sem o sistema nervoso, um corpo no se locomove, no se alimenta, no canta. Sem a comunicao, todas as relaes que se estabelecem entre as pessoas e os diversos grupos humanos seriam impossveis, sejam relaes comerciais, de trabalho ou afetivas. Desde da simples compra e venda, at a regncia de uma orquestra. difcil definir a comunicao2, principalmente na atualidade, com a evoluo tecnolgica que vem propiciando enormes e variadas formas de comunicao. Objetivamente, possvel defini-la como troca de mensagens, deliberadas ou no, entre sujeitos: pessoaXpessoa (mediada ou no por mquina: TV, computador), ou ainda pessoa X animal etc. Mas ser que a troca de mensagens garante a comunicso? A origem etimolgica da palavra comunicao tornar comum, ou seja, se uma pessoa consegue fazer com que sua ideia seja captada e compreendida por outra (s) pesoa(s), nesse momento ocorreria o fenmeno da comunicao. E isso, sabe-se, bem difcil. A comunicao pode ser verbal quando feita atravs de palavras: linguagem oral ou escrita, ou no verbal quando as mensagens so transmitidas atravs de gestos, do tom de voz, do olhar, da maneira de vestir etc. Alm disso possvel usar desenhos (sinais), imagens, sons (msica e cdigo Morse) etc. A importncia e a riqueza de formas so aspectos mais conhecidos sobre a comunicao. Um outro aspecto menos abordado no cotidiano sua profunda relao com a cultura. A comunicao o reflexo da cultura humana, ao mesmo tempo em que possibilita a sua construo e disseminao. A cultura de um povo abrange seus valores, costumes, hbitos, crenas etc. Ela expressada atravs de: sua linguagem oral - compreende a Lngua oficial (Lngua Portuguesa, por exemplo) e as expresses idiomticas, as grias etc.; sua linguagem escrita - mesmo usando a Lngua oficial, h diferena entre a maneira que um povo fala e escreve; foram criadas regras especficas para linguagem escrita, visando facilitar sua compreenso, uma vez que ela se eterniza e o autor da mensagem no; as normas e a permanncia da escrita possibilitaram a criao do estilo prprio, da literatura de cada povo; seus smbolos - o Hino Nacional, a Bandeira, os heris e outros sinais usados no cotidiano; por exemplo: aliana de casamento (compromisso); vestir-se de preto no velrio (respeito, afeio, dor); mandar flores (paixo, admirao, agradecimento, carinho) etc. Apesar de haver semelhanas culturais entre vrios povos, que possuem hbitos, valores, ou Lngua em comum (como o caso de Brasil e Portugal), h especificidades na maneira de ser ou de falar que os distinguem e garantem sua identidade cultural. tambm por causa das particularidades que ocorrem os choques culturais. Por exemplo: tirar ar do estmago aps a refeio, hbito comum nos pases rabes, significa satisfao e funciona como agradecimento para os anfitries. No Brasil, e nos pases de cultura semelhante, o mesmo ato considerado falta de educao e causa grande desagrado.PIMENTA, Maria Alzira. Comunicao empresarial: conceitos e tcnicas para administradores. Campinas, SP: Editora Alnea, 2009. 2 atribudo ao publicitrio Duda Mendona, bem-sucedido criador de campanhas publicitrias para polticos, uma outra instigante definio: Comunicao no o que se diz, mas o que o outro entende.1

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Apesar de haver semelhanas culturais entre vrios povos que possuem hbitos, valores, ou dioma em comum (como o caso de Brasil e Portugal), h especificidades no modo de ser ou de falar que os distinguem e garantem sua identidade cultural. tambm por causa de tais particularidades que ocorrem os choques culturais. Por exemplo: tirar ar do estmago aps a refeio, hbito comum nos pases rabes, significa satisfao e funciona como agradecimento para os anfitries. No Brasil, e nos pases de cultura semelhante, o mesmo ato considerado falta de educao e causa grande desagrado. HIPERTEXTO E SOCIEDADE DE REDES Levy (1993, p. 20), poeticamente, compara o fenmeno da comunicao a um jogo de xadrez. Segundo essa viso, a cada lance do jogo (ato comunicativo), um novo cenrio apresenta-se. Vo fazer parte dele os novos valores, atitudes e demandas entre os envolvidos, combinados de infinitas formas, gerando novas situaes com vrios encaminhamentos possveis. A estrutura semelhante do hipertexto utilizada nos computadores. O autor tambm observou uma relao entre a evoluo da ciberntica e, posteriormente, da informtica com uma nova estrutura sociotcnica, caracterizada pelo hipertexto. Segundo ele:a estrutura do hipertexto no d conta somente da comunicao. Os processos sociotcnicos, sobretudo, tambm tm uma forma hipertextual, assim como vrios outros fenmenos. O hipertexto talvez uma metfora vlida para todas as esferas da realidade em que as significaes estejam em jogo (LVY, 1993, p. 25).

A estrutura hipertextual a causa ou o efeito - difcil saber, do que hoje chamado sociedade de redes. Nela, as janelas so abertas e fechadas segundo uma lgica aleatria, nada linear. Para acompanhar e participar dessa nova estrutura sociotcnica, presente em vrios mbitos do cotidiano3, o indivduo necessita de habilidades e conhecimentos novos. O importante que, ao se transmitir uma mensagem, o receptor vai ter uma reao (ainda que seja no fazer nada) e esta vai ter um significado para o emissor. Assim, conhecer o funcionamento e as tcnicas de comunicao, observar, pensar e aprender sobre elas , sem dvida, necessrio. E, para quem trabalha com Administrao, comunicar-se fundamental. Como socializar uma meta? Como propor e implementar uma mudana de procedimento ou uma nova tecnologia? Como conhecer as demandas, dificuldades e interesses das pessoas, se no pela comunicao? Contraditoriamente, h duas atitudes bem distintas em relao comunicao como necessidade. Uma assumida pelos que perceberam sua importncia, sensveis ao fato de que qualquer processo de trabalho envolve pessoas, seres humanos, com todos os seus conflitos, emoes, potencialidades e dificuldades. Essa atitude tem levado valorizao da comunicao e, consequentemente, criao, sistematizao e socializao de conhecimentos, como mostra o grande nmero de publicaes nessa rea. Por outro lado, h administradores que vem a comunicao como uma parte secundria de seu negcio: "Melhor ter, mas se no for possvel, uma boa contabilidade dar conta dos3

Na internet, nos caixas eletrnicos e tambm na maneira pela qual as pessoas conversam, trabalham e se relacionam.

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problemas". Colaborando com essa linha de raciocnio, esto os que acreditam que funcionrios entendem, preferencialmente, duas mensagens: aumento de salrio e demisso. Sem desconsiderar a importncia da contabilidade ou qualquer outro fator tcnico, cumpre lembrar o quanto os recursos humanos so importantes em qualquer processo de trabalho. Mquinas excelentes, sem funcionrios competentes e conscientes para utiliz-las e preservlas, no funcionam ou duram pouco. Por isso, a dimenso humana e a comunicao so to valorizadas pelas empresas que esto conseguindo sobreviver s constantes transformaes no mercado. SENSO COMUM E SENSO CRTICOAssim que voc pensar que sabe como so realmente as coisas, descubra outra maneira de olhar para elas. (Robin Willians)

No h nada mais sublime e, muitas vezes, nada mais difcil que trocar ideias e sentimentos com outras pessoas. fato, tambm, que, na maior parte do tempo, essa troca uma necessidade. Apesar disso, ela nem sempre ocorre, deixando, nesses casos, uma sensao de frustrao. A dificuldade est relacionada questo de que cada pessoa tem uma maneira prpria de ver o mundo e de atribuir-lhe valores. Desde o assunto mais simples at o mais complexo, o que se passa na mente de cada um nico. Quando uma pessoa diz que deseja comprar, para sua sala, um sof azul, lindo e confortvel, certamente, cada pessoa que ouvi-la formar uma imagem diferente de sof com base nas mesmas caractersticas. interessante observar a enorme diversidade no que concerne s representaes. Entretanto, quando se trata de compreender a realidade, a grande maioria da populao no dispe de conhecimentos especializados, o que implica o uso do senso comum como forma fundamental de conhecimento. Esse tambm um aspecto importante que influencia a comunicao. Pedro Demo chama a ateno para o quanto esse recurso, o senso comum, est presente em nosso cotidiano:moramos numa casa mais que tudo pautados pelo senso comum, sem maiores conhecimentos de engenharia, de arquitetura, de instalao eltrica, de leis fsicas de slidos e de lquidos e assim por diante. Conduzimos um automvel tendo aprendido a dirigir, mas se o carro pra, geralmente no sabemos o porqu, o que significa dizer que temos do automvel um conhecimento de senso comum (1985, p. 55).

E defende sua importncia lembrando que segrande parte da populao vive, organiza-se, sobrevive e convive na base do senso comum, no pode ser "besteira" o que caracterstica to fundamental. Os prprios cientistas tambm usam o senso comum, e no esporadicamente, mas como conduta habitual (p. 54).

Existe, ainda, uma variao positiva do senso comum, o bom senso, definido como saber simples, inteligente e sensvel ao bvio (1989, p. 18). No convvio dirio, ele costuma ser almejado pelas pessoas por ser de grande auxlio nos desafios do cotidiano. Como no poderia deixar de ser, tanto o senso comum, quanto o bom senso no possuem estatuto de conhecimento cientfico, e costumam ser combatidos por todos que se dizem preocupados com a Verdade e a Cincia. Para Gramsci (1978, p. 143), por exemplo, senso comum :

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uma concepo nica, idntica no tempo e no espao: o "folclore" da filosofia e, como folclore, apresenta-se em inmeras formas; seu trao fundamental e mais caracterstico o de ser uma concepo (inclusive nos crebros individuais) desagregada, incoerente, inconsequente, adequada posio social e cultural das multides, das quais ela a filosofia.

Segundo ele, o senso comum que imobiliza o pensamento, porque se constitui de grandes generalizaes, parte de verdades primitivas, de definies intocveis e inquestionveis. Est associado a um conhecimento fragmentrio, acrtico, imediatista e crdulo. Os provrbios e ditos populares so manifestaes concretas do senso comum. Para vrias situaes h provrbios que se encaixam to perfeitamente que, ao serem proferidos, rotulam, selam o contexto de tal maneira que tendem a dificultar qualquer tentativa de transform-lo. Assim, muitos erros so cometidos, principalmente quando se aceita que "A voz do povo a voz de Deus", "Onde h fumaa, h fogo", "Pau que nasce torto no endireita" etc. Essas frases, como outras semelhantes, tm sua dimenso de verdade e, por isso, cabem em tantas situaes. O problema generalizar, utilizando-as indiscriminadamente, sem avaliar cada situao e pessoa segundo sua especificidade. Quando se assume uma atitude analtica, contemporizando os vrios aspectos de uma questo, em lugar do senso comum, est sendo usado o senso crtico. Ele est associado postura cientfica, metodologicamente cuidadoso e rigoroso, seguro e controlado. Como a proposta deste livro contribuir para a melhoria da comunicao no ambiente de trabalho, apresenta-se o senso crtico, no com a preocupao de se implementar o rigor cientfico, mas como instrumental adequado para compreender realidade, sua inrcia e, se possvel, transcend-la. Primeiramente, preciso tomar cuidado para no confundir senso critico com apontar defeitos. Em qualquer situao muito fcil perceber os problemas e, mais fcil ainda, no encaminhar solues. Estas sim so difceis. Ter senso crtico ser capaz de analisar uma situao de vrios pontos de vista. Para isso se deve: 1.avaliar as causas e as possveis implicaes dela, bem como os papis e atitudes das pessoas envolvidas - considerando um universo amplo; 2.considerar a lgica interna da situao, o que ela tem de peculiar e de diferente em comparao a outras semelhantes; 3.situar a si prprio em relao ao que est acontecendo, fazer auto crtica, identificar seu papel e sua atitude. Esse procedimento necessrio para, tendo como base as condies disponveis, poder definir, escolher e realizar encaminhamentos adequados. LINGUAGEM E SIGNO A linguagem, construo social da humanidade atravs dos tempos, o instrumento usado para a comunicao. Ela histrica, ou seja, est em constante transformao. Os fatos marcantes, as descobertas cientficas, o uso de novas tecnologias vo alterando a forma de lidar com a realidade e por isso vo alterando a linguagem. Existem vrias linguagens: oral, escrita, cientfica etc. A linguagem musical, por exemplo, composta de sinais grficos, claves, marcaes de ritmo. A conveno e a socializao das regras de combinao desses elementos permitem que uma pessoa escreva uma melodia e outra tenha condies de

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compreend-la. A linguagem pode ser definida como: repertrio de signos com regras para combin-los. O signo, por sua vez, qualquer coisa que faz referncia a outra coisa ou ideia. Cada signo possui um significado, ou seja, seu uso social, como compreendido o conceito4 a ele associado; e, tambm, um significante que sua manifestao concreta (um desenho, uma palavra, um gesto um som). Os signos tm significados diferentes em funo do contexto em que se encontram. Por exemplo, a palavra 'legal' assume diferentes significados, como nas frases a seguir: Este documento no legal. Fui a uma festa muito legal. Integrando os dois tringulos que representam a estrutura de um signo, temos: Objeto referente - objeto pedra. Significante - palavra pedra, que poderia ser o desenho de uma pedra, gesto etc. Significado - conceito de 'pedra'.

TIPOS DE SIGNIFICADOSO significado no est nas palavras, mas em ns. (Senador S. I. Hayakawa)

H vrios tipos de significado significado gramatical: depende da relao com os outros signos dentro do discurso. significado contextual: o significado das flores em um casamento diferente do significado em um velrio. significado referencial: depende somente da relao entre signo e seu conceito referente, o que aparece no dicionrio. significado denotativo: quando um signo indica diretamente um objeto referente ou suas qualidades; ex: Enraivecida, quebrou vassoura na cabea do marido; significado conotativo: ampliao, enriquecimento do significado referencial dos signos, atravs da imaginao, com jogos de palavras, como exemplo, temos a poesia. Comprei duas vassouras: Uma para varrer ventos. Outra para varrer pensamentos. (DED FERLAUTO) Nada foi feito sonhado Mas foi bem vindo Feito tudo fosse lindo (PAULO LEMINSKI)

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O conceito corresponde imagem mental formada aps o processo de abstrair as qualidades do objeto. Ex: PEDRA, qualidades comuns: dura, fica no cho, no se move, pesada.

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CODIFICAO E DECODIFICAO Para transmitir uma mensagem, o emissor utiliza um cdigo, que formado por um conjunto organizado de signos. Ao transformar sua ideia em estmulos fsicos, utilizando os signos codificados, ele realiza o processo de codificao. O receptor, ao receber a mensagem, realiza o processo contrrio. Ao identificar no estmulo fsico (os signos codificados) a ideia do emissor, est realizando o processo de decodificao. - Cdigo fechado e cdigo aberto Os cdigos tambm podem ser classificados em abertos ou fechados, quando so considerados as formas como sero decodificados. Fechado: ocorre quando, para um significante, h apenas uma decodificao, um significado e uma resposta. Ex.: placas de trnsito, a mensagem: A reunio sobre oramento ser dia 14/03/98, s 15 horas, na sala 22, e todos esto convocados. Aberto: ocorre quando, para um significante, existe mais de uma decodificao, mais de um significado, mais de uma resposta. Ex.: as mensagens: Espero sua visita em breve, Faremos uma reunio durante a semana. MODELOS DE COMUNICAO, RUDO E FEEDBACK Sendo a comunicao um fenmeno humano, difcil conceber um modelo que expresse sua complexidade e os vrios aspectos envolvidos. O clssico modelo de Comunicao expressa uma viso simplificada do modelo de Shannon (Teoria da Comunicao).

Emissor

Envia mensagem Envia Feedback

Receptor

Um modelo mais elaborado apresenta uma viso do fenmeno como processo (ROBINSON, 1991):

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Concepo da mensagem

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Codificao Seleo da da 3 mensagem mensagem

feedback

decodificao interpretao 6 da mensagem 5 da mensagem 4

As trs primeiras etapas so realizadas pelo emissor e as trs ltimas pelo receptor. O feedback (retroalimentao, retroao) pode ser definido com: reao ao ato da comunicao.

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Ele possibilita que o emissor saiba se sua mensagem foi aprovada, desaprovada, compreendida ou no. Um fator determinante no processo de comunicao que no aparece nesses modelos rudo. Ele consiste de qualquer interferncia ou barreira que dificulte a comunicao. O rudo pode se localizar no emissor, no receptor, no veculo utilizado ou no ambiente onde o processo da comunicao acontece. O emissor pode no formular bem sua mensagem, dificultando a compreenso por parte do receptor. O veculo de comunicao escolhido pode ser inadequado. O receptor pode no prestar ateno suficiente mensagem. E, ainda, pode haver algum tipo de poluio sonora ou visual no ambiente que impea a boa percepo do que se quer comunicar. O rudo em uma comunicao pode ter vrias origens: a) no emissor ou no receptor: psicolgica: o estado mental e emocional: preocupao, estresse, descontentamento etc.; perceptual: a concepo de mundo e de pessoa, a formao cultural e religiosa, os preceitos e os esteretipos; fisiolgica: dor de cabea (e outras), dificuldade visual ou auditiva. b) no ambiente; excesso de barulho, pouca luz, movimentao de pessoas etc. c) na mensagem: tipo de linguagem e de vocabulrio utilizados, sequncia lgica, velocidade de emisso etc. REDUNDNCIA E ENTROPIA H ainda dois importantes conceitos relacionados aos processos de comunicao, so eles: redundncia e entropia. Segundo Robinson (1991), a redundncia caracteriza a mensagem que contm elementos conhecidos e, portanto, seu contedo parece mais previsvel. Os artigos de jornal, msica popular, gibis e telenovelas so exemplos de peas de comunicao que utilizam a redundncia na forma e na linguagem, que se repetem. Contrariamente, a entropia marcada por algum elemento estranho, no usual, gerando um alto grau de imprevisibilidade em relao ao seu contedo transmitido. A publicidade busca empregar a entropia para chamar a ateno sobre o produto anunciado. Nas empresas, deve-se busca a redundncia com o objetivo de garantir a socializao das informaes, a eficincia e eficcia. Nonaka e Takeuchi (1997), ao tratar da criao do conhecimento nas empresas japonesas, chamam a ateno para a importncia da redundncia, no compartilhamento das ideias. Nesse contexto, ela ajuda no desenvolvimento de uma base cognitiva comum entre os funcionrios, permitindo a troca e difuso de conhecimentos. Para que a redundncia, desejada, no se transforme em mera repetio mecnica e indesejada, recomendvel usar vrias formas e estilos de comunicao para a mesma mensagem. Por exemplo: a implantao e um plano importante ( de carreiras ou de participao nos lucros) deve ser veiculado em cartazes, boletins, na rdio ou TV internas, em reunio etc. DIFICULDADES DE COMUNICAO NAS EMPRESAS A comunicao j difcil entre pessoas prximas, com laos afetivos (familiares e amigos), que se predispem (pelo menos deveriam) tolerncia, pacincia e ao cuidado com o que vai ser falado ou ouvido. Em uma empresa onde essas ligaes entre as pessoas so mais tnues ou inexistem, a comunicao tende a ser mais difcil ainda. Segundo um ponto de vista oposto, a neutralidade e a racionalidade, caractersticas do ambiente empresarial, tendem a facilitar a comunicao, uma vez que as emoes e passionalidade, s vezes exageradas, das relaes familiares, tambm podem servir como empecilhos. Entretanto, h fatores intrnsecos

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s organizaes que constituem barreiras comunicao eficaz. Segundo Megginson(1998), so eles: Nveis organizacionais: quanto mais complexa for a estrutura, cargos e departamentos, maior a distoro entre a mensagem original e a que chega no destino; cada nvel funciona como filtro, modificando, acrescentando ou retirando parte do contedo da mensagem; Autoridade administrativa: necessria e inerente organizao, ela dificulta uma comunicao livre e aberta, quem possui autoridade, em geral, tenta mostrar controle sobre a situao, evitando qualquer comunicao que o coloque em uma situao vulnervel; por outro lado, os subordinados tendem a manter uma aparncia favorvel, evitando expressar problemas, desacordos, frustraes etc.; Especializao: tende a fragmentar a organizao em vrios grupos com interesses, atitudes de ver os fatos e vocabulrio prprio, que dificulta o intercmbio de ideias; Sobrecarga de informaes: acontece quando se privilegia a quantidade de informaes em detrimento da qualidade, que obtida com a seleo e a anlise. Essa sobrecarga pode confundir e at paralisar as pessoas envolvidas. ATIVIDADE A convivncia entre indivduos tornou-se vivel graas comunicao. Com esse importante recurso, as pessoas podem interagir umas com as outras, pois o ser humano tem necessidade de externar seus sentimentos ou ideias. Assim, em sua forma mais simples, o ato de comunicao constitui-se em um processo no qual so utilizados elementos essenciais para promoverem a compreenso da mensagem, a saber: Emissor: o elemento que inicia o processo de comunicao. quem envia a mensagem atravs da palavra oral ou escrita, gestos, expresses, desenhos etc., de tal forma que o recebedor entenda. Receptor ou recebedor: quem recebe a mensagem do emissor. Tecnicamente, decodifica a mensagem. Referente: o assunto de que trata a mensagem. tambm o contexto em que essa mensagem deve estar inserida. Mensagem: constitui o teor expresso, ou seja, o que a fonte deseja transmitir, podendo ser visual, auditiva ou audiovisual. Cdigo: o instrumento usado para se comunicar, pois consiste em um conjunto de sinais estruturados, que pode ser verbal ou no-verbal. Canal: o elemento que conduz a mensagem ao receptor. No texto escrito, o canal a folha de papel. 1 Leia o texto a seguir: O TROCO O telefone toca.... - Al. - Al, poderia falar com o responsvel pela linha? - Pois no, pode ser comigo mesmo. - Quem fala, por favor? - Edson. - Sr. Edson, aqui da Telemar, estamos ligando para oferecer a promoo Telemar linha adicional, onde o Sr. tem direito... - Desculpe interromper, mas quem est falando?

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- Aqui Rosicleide Judite, da Telemar, e estamos ligando... - Rosicleide, me desculpe, mas para nossa segurana, gostaria de conferir alguns dados antes de continuar a conversa, pode ser? - Bem, pode. - De que telefone voc fala? Meu bina no identificou. - 10331. - Voc trabalha em que rea, na Telemar? - Telemarketing Pro Ativo. - Voc tem nmero de matrcula na Telemar? - Senhor, desculpe, mas no creio que essa informao seja necessria. - Ento terei que desligar, pois no posso ter segurana que falo com uma funcionria da Telemar. So normas de nossa casa. - Mas posso garantir.... - Alm do mais, sempre sou obrigado a fornecer meus dados a uma legio de atendentes sempre que tento falar com a Telemar. - Ok.... Minha matrcula 34591212. - S um momento enquanto verifico. (Dois minutos depois) - S mais um momento. (Cinco minutos depois) - Senhor? - S mais um momento, por favor, nossos sistemas esto lentos hoje. - Mas senhor... - Pronto, Rosicleide, obrigado por ter aguardado. Qual o assunto? - Aqui da Telemar, estamos ligando para oferecer a promoo, onde o Sr. tem direito a uma linha adicional. O senhor est interessado, Sr. Edson? - Rosicleide, vou ter que transferir voc para a minha esposa, porque ela que decide sobre alterao e aquisio de planos de telefones. - Por favor, no desligue, pois essa ligao muito importante para mim. (coloco o telefone em frente ao aparelho de som, deixo a msica Festa no Ap do Latino tocando no Repeat (quem disse que um dia essa droga no iria servir para alguma coisa?), depois de tocar a porcaria toda da msica, minha mulher atende: - Obrigado por ter aguardado.... pode me dizer seu telefone pois meu bina no identificou.. - 10331. - Com quem estou falando, por favor. - Rosicleide - Rosicleide de qu? - Rosicleide Judite (j demonstrando certa irritao na voz). - Qual sua identificao na empresa? - 34591212 (mais irritada agora!). - Obrigada pelas suas informaes, em que posso ajud-la? - Aqui da Telemar, estamos ligando para oferecer a promoo, onde a Sra tem direito a uma linha adicional. A senhora est interessada? - Vou abrir um chamado e em alguns dias entraremos em contato para dar um parecer, pode anotar o protocolo por favor.....al, al! TUTUTUTUTU... - Desligou.... nossa que moa impaciente! Baseado no texto O troco, Mafia Capitalism, identifique os elementos das situaes de comunicao.

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EMISSOR:............................................................................................................................ RECEPTOR: ....................................................................................................................... CDIGO: ............................................................................................................................. CANAL: ................................................................................................................................. REFERENTE/CONTEXTO: ................................................................................................ MENSAGEM: ........................................................................................................................ Mafia Capitalism5 em empresas como a Lehman Brothers e a Marril Lynch que reinam executivos, gerentes de contas e corretores to ricos e poderosos que recebem o apelido coletivo de Mestres do Universo. Seus rendimentos entre salrios, comisses, bonificaes e dividendos so to desproporcionais aos de qualquer outro ramo de atividade profissional que adquiriram uma espcie de propriedade mstica, como transubstanciao na Eucaristia: incorporaram uma distncia que separa Wall Street da economia real e o capital produtivo do capital como abstrao auto-gerativa, e so o mais prximo que o valor de qualquer trabalho j chegou a metafsica. Os mestres do Universo so produtos rarefeitos da exuberncia irracional que dominou o mercado de capitais nestes ltimos anos, na frase que j merece ser imortalizada como o nome de banda de rap. Seu poder e sua riqueza deram a medida da irracionalidade. Como no existem ateus nas trincheiras, no existem liberais ortodoxos para protestar quando estado interfere para salvar empresas combalidas. Basta, para ter direito ao socialismo que no diz seu nome, que a empresa seja to grande que sua queda derrubaria mais do que convices ideolgicas. Ou seja, que a empresa tenha o poder de chantagem. Os americanos gostam de fazer pouco do que chamam de crony capitalism, ou capitalismo de compadres, de outros pases em contraste com a pureza impessoal de seu mercado, mas desde que salvou a Chrysler no governo Reagan porque ela simplesmente no podia falir, e atravs de outros governos firmemente anti-intervencionistas, culminando com o socorro do Bush a bancos e financeiras na crise atual, o estado vem cedendo a repetidas chantagens, no que s pode ser chamado de mafia capitalism. No chore, portanto, pelos Mestres do Universo. Seja qual for o desfecho da crise, o capital financeiro continuar prevalecendo, e se auto-renumerando na mesma escala sideralou talvez com algum novo comedimento para no pegar mal. Outros gigantes financeiros esto ameaados de ruir com a Lehman Brothers, mas nenhum dos seus executivos sair sem uma boa compensao, sem contar com o que j acumularam nos anos de exuberncia. E difcil acreditar que o estado deixe uma Goldman Sachs, que j deu colaboradores e ideias para tantos governos americanos, sem ajuda. Qualquer pedido que ela fizer ser um pedido que o estado no pode recusar. EMISSOR:............................................................................................................................ RECEPTOR: ....................................................................................................................... CDIGO: ............................................................................................................................. CANAL: ................................................................................................................................. REFERENTE/CONTEXTO: ................................................................................................ MENSAGEM: ........................................................................................................................

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VERSSIMO, Luis Fernando. Mafia Capitalism. A Crtica. Manaus, Ano LVII, n.20.639. 21 set 2008. Caderno A Semana, A5.

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Curiosidade...X, achismo (particulamente, acho que) O Jean pensou, pensou. Depois ficou encucado. O uso do particulamente j expresso eu, particulamente, acho no demais? Sobra? Sobra. O eu j particular. Sabe o que mais? O acho tambm excede. Com ele, o enunciado vira achismo. Fica fraco, sem seriedade. Experimente comear a frase sem eu acho que. Ela fica enxuta e convincente: (Eu acho que) O Brasil vai sofrer bruta recesso com o pacote fiscal. (Eu acho que) O comrcio deve abrir aos domingos. (SQUARISI, Dad. Dicas da Dad, 2003)

Mais... Identifique os elementos das situaes de comunicao: a) Pronunciamento do presidente em cadeia nacional de rdio e TV no Dia do Trabalho. EMISSOR:............................................................................................................................ RECEPTOR: ....................................................................................................................... CDIGO: ............................................................................................................................. CANAL: ................................................................................................................................. REFERENTE/CONTEXTO: ................................................................................................ MENSAGEM: ........................................................................................................................ b) Um estudante ao telefone convidando um colega de turma para ir ao jogo de futebol no prximo fim de semana. EMISSOR:............................................................................................................................ RECEPTOR: ....................................................................................................................... CDIGO: ............................................................................................................................. CANAL: ................................................................................................................................. REFERENTE/CONTEXTO: ................................................................................................ MENSAGEM: ........................................................................................................................

Relembrando...

NORMATIZAO DA COMUNICAO: ELEMENTOS VERBAIS E NOMINAIS 1 CONCORDNCIA VERBAL 1. Nos Exerccios a seguir, faa a concordncia escolhendo a forma verbal adequada. 1.----------------------, naquele dia, cinco pessoas. (faltou / faltaram) 2.---------------------- ainda algumas vagas. (resta / restam) 3.--------------------- o presidente e o ministro. (falou / falaram) 4.O presidente e o ministro..---------------------------.(falou / falaram) 5.Jogadores, tcnicos, dirigentes, ningum------------do regulamento da competio. (reclamou/reclamaram)

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6.Alunos, professores, diretores, todos------------------que iriam festa. (anunciou/anunciaram) 7.Ele, tu e eu------------------sair. (resolvemos / resolveram) 8.Tu e teus amigos---------------- reunio. (comparecestes / compareceram) 9.Vossa Excelncia----------------------o motivo da minha demisso. (sabe / sabeis) 10.Uma multido ---------------------na frente do teatro. (protestava / protestavam) 11.Uma multido de desempregados----------------na frente do teatro. (protestava/protestavam) 12.Grande parte dos alunos ------------------ aula. (faltou / faltaram) 13.Fomos ns quem-----------------o aumento de salrio. (reivindicou / reivindicamos) 14.Fomos ns que-----------------o problema (resolveu / resolvemos) 15.Os Estados Unidos--------------poderoso reforo. (enviou / enviaram) 16.Mais de uma pessoa----------------- solenidade. (compareceu / compareceram) 17.Mais de um aluno ------------------ solenidade (compareceu / compareceram) 18.Mais de um aluno------------------ as mos. (deu-se / deram-se) 19.Alguns de ns-----------sair. (deveremos / devero) 20.Algum de ns -----------------o problema. (resolver / resolveremos) 21.Quais de vs--------------- aquela cena? (presenciaram / presenciastes) 22.Qual de vs----------------- o resultado do jogo? (sabe / sabeis) 23.-----------------aulas de Matemtica. (ministra-se / ministram-se) 24.-----------------curso de computao. (ministra-se / ministram-se) 25.-----------------fotografia na hora. (revela-se / revelam-se) 26.-----------------de pessoas experientes. (necessita-se / necessitam-se) 27.-----------------em discos voadores. (acredita-se / acreditam-se) 28.O relgio da igreja---------------doze horas. (deu / deram) 29.No relgio da igreja--------------doze horas. (deu / deram) 30.---------------quatro horas no relgio da matriz. (bateu / bateram) 31.---------------pelo menos quarenta mil torcedores no estdio. (havia / haviam) 32.---------------haver mais razes para a sua sada. (devia / deviam) 33.---------------quatro anos que no viajo. (faz / fazem) 34.---------------fazer dez meses que ela no aparece. (vai / vo) 35.---------------fatos que ainda no foram revelados. (existe / existem) 36.---------------existir pessoas que no sabem o resultado. (pode / podem) 37.Paris ou Munique----------------a sede da prxima assembleia. (ser / sero) 2. Nos exerccios que seguem, faa a concordncia utilizando o verbo ser no presente do indicativo. 1. Eu -------------o culpado de tudo. 2. O culpado de tudo ---------------eu. 3. Que -----------------constelaes? 4. Quem ---------------os responsveis? 5. ----------- uma hora e quarenta minutos. 6. ----------- dois para a uma. 7. Daqui at aquela cidade------------trinta quilmetros. 8. ----------------dezoito de novembro. 9. Aquilo -----------------fatos passados. 10. Isto -------------------lembranas perdida. 11. Luciana------------ as preocupaes da me. 12. Quinhentos quilmetros------------------muito. 13. Dez quilos de carne------------suficiente.

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2 CONCORDNCIA NOMINAL 1. Nas frases abaixo, faa a concordncia, utilizando a palavra entre parentes. a) Vo ------------------ os documentos do comprador. (anexo) b) Seguem ------------- as duplicatas para pagamento. (anexo) c) Esto----------------- as despesas com o frete. (incluso) d) Seguem-------------- os relatrios de venda. (incluso) e) Elas ------------------ providenciaram os documentos. (mesmo) f) Elas------------------- encaminharam a solicitao. (prprio) g) Maria Helena respondeu: muito -----------------(obrigado) h) Naquela sala, havia-------------alunas. (menos) i) As tropas inimigas estavam ---------------------(atento) j) Ela-------------- falou: muito -------------------(prprio / obrigado) 2. Complete as frases abaixo utilizando meio (ou suas variaes) a) Ela estava ----------------------aborrecida com sua atitude. b) Luciana anda-------------------preocupada com sua sade. c) A porta est -------------------aberta. d) Tomou sozinho ---------------garrafa de vinho. e) Ele chegou ao meio dia e ------------------------. 3. Complete as frases abaixo utilizando bastante ou bastantes a) ------------------alunos foram ao acampamento. b) No havia--------------------motivos para ele faltar. c) Compareceram quele lugar ---------------vezes. d) Elas falam ---------------------------- alto. e) Eram alunas--------------------------- simpticas. 4. Preencha as frases abaixo utilizando adequadamente a palavra entre parnteses. a) Eram assuntos-------------------- interessantes. (muito) b) Os exerccios foram resolvidos ------------------vezes. (muito) c) Os livros custaram----------------------(caro) d) Naquela loja, havia mercadorias--------------------- (barato) e) Paguei---------------- aquela moto. (caro) 5. Nas frases abaixo, ocorrem erros com relao sintaxe de concordncia. Reescreva-as, corrigindo-as. a) Aspirina boa para dor de cabea. ........................................................................................................................................ b) proibida entrada de menores de dezoito anos. ........................................................................................................................................ c) Escolheu oportunos momento e hora para sair. ........................................................................................................................................ d) Era necessrio a presena de todos na reunio. ........................................................................................................................................ e) vedado a entrada de estranhos. ........................................................................................................................................ 6. (UM-SP) Marque a alternativa cuja sequncia preencha adequadamente as lacunas do seguinte perodo: Ns----------socorremos o rapaz e a moa -------------------

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a)mesmos bastante machucados b) mesmo bastantes machucados c) mesmos bastantes machucados d) mesmo bastante machucada e) mesmo- bastantes - machucada Ela estava----------------irritada e, ----------voz, porm com-----------razes, dizia--------desaforos. a) meio meia bastantes bastantes b) meia meia bastante bastante c) meia meia bastantes bastantes d) meio meia bastante bastante 3 PARNIMOS Um dos problemas mais comuns da ortografia o uso de parnimos (palavras e expresses semelhantes, com significados diversos). Veja aqui alguns exemplos de parnimos que confundem as pessoas: Amostra - parte representativa de um todo. Mostra - apresentao, exibio. Aparte - interrupo feita a quem est discursando. parte - em particular, de lado, separadamente. Cassar- perder direitos polticos ou mandato, no caso de poltico. Caar - perseguir e matar animais ou pessoas. Cela- cmodo da priso. Sela- arreio de cavalo. Comprimento - extenso. Cumprimento - saudao. Concerto - apresentao musical. Conserto - o ato de consertar algo que no funciona bem. Cozer - cozinhar. Coser - costurar. Deferir - atender, conceder. Diferir -adiar, procrastinar; ser diferente. Descriminar ou descriminalizar - tirar o carter de crime. Discriminar - distinguir, diferenciar. Mas - conjuno adversativa, que exprime oposio ou restrio Mais - advrbio que indica aumento, grandeza, superioridade ou comparao. Ms - adjetivo que se ope a boas. Onde - advrbio de lugar. Aonde - advrbio de lugar, usado para indicar movimento, com verbos como ir, vir, chegar e levar. Pequenez - Qualidade do que pequeno. Pequins - Raa de co. Sob - debaixo de, sofrendo efeitos de. Sobre - acima de, a respeito de. Ratificar - confirmar ou validar. Retificar - corrigir. Cerrao - neblina.

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Serrao - ato de serrar. Sortir - abastecer, prover. Surtir - resultar. Trfego - circulao de veculos. Trfico - comrcio. Vers - futuro do verbo ver. Veraz verdico, verdadeiro. Vestirio - lugar onde as pessoas trocam de roupas. Violinista - tocador de violino. Violonista - tocador de violo. 1. Marque a resposta correta nas diversas oraes abaixo: 1. A piscina olmpica tem 50 metros de comprimento/ cumprimento. 2. No incio da cerimnia, todos viram o cumprimento/ comprimento dos embaixadores. 3. Nessa receita, preciso cozer/coser muito bem o frango. 4. As mulheres de antigamente eram prendadas, sabiam cozer/coser e fiar. 5. O texto que li uma amostra/mostra do talento desse escritor. 6. Visitei uma mostra/amostra da nova pintora. 7. O homem fez um aparte/a parte durante a exposio do trabalho. 8. Corrigi a redao e conversei com o aluno parte/ aparte. 9. Assistimos ao concerto/conserto da pianista. 10. Minha secadora foi para o conserto/ concerto. 11. O deputado foi cassado/ caado. 12. Caar/Cassar lees ainda considerado um esporte. 13. Naquela noite, o bandido escapou de sua cela/ sela. 14. O cavaleiro comprou uma sela/cela enfeitada para seu alazo. 15. Somente o diretor pode deferir/diferir o seu pedido de licena. 16. Infelizmente, minha opinio deferir/difere da sua. 17. A promulgao da lei foi diferida/ deferida para o ano que vem. 18. Foi feita uma campanha para descriminar/ discriminar a prtica da eutansia. 19. Algumas pessoas propem descriminalizar/ discriminalizar o uso da maconha. 20. Devemos discriminar/ descriminar o certo do errado. 21. Preparei-me para a corrida, mas/ mais/ ms no consegui um bom resultado. 22. Voc precisa se preparar mas/ mais/ ms. 23. Elas so pessoas muito mas/ mais/ ms. 24. A sala onde/aonde trabalho espaosa. 25. Onde/aonde Laura vai nos levar? 26. No Natal, a pequenez/ pequins do homem d lugar ao amor. 27. Ganhei um lindo pequenez/ pequins. 28. Ele esconde o dinheiro sob/sobre o colcho. 29. O dissimulado poltico est sob/sobre suspeita. 30. Coloquei o remdio sob/sobre a mesa. 31. Conversamos muito sob/sobre os novos alunos. 32. A testemunha ratificou/retificou suas declaraes no julgamento. 33. Professora, vou retificar/ratificar minha resposta. 34. A viagem foi demorada porque havia muita cerrao/ serrao. 35. No podamos dormir com aquele barulho da cerrao/ serrao. 36. Ele quer sortir/surtir o armazm para evitar problemas. 37. O esforo do jogador no surtiu/sortiu efeito.

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38. Durante o Natal, o trfego/ trfico aumenta porque todos vo fazer compras. 39. Nossos polticos no combatem o trfego/ trfico de drogas. 40. Somente amanh vers/ veraz os presentes. 41. Esta uma afirmao vers/ veraz. 42. Os torcedores no permitiram que os jogadores retomassem rapidamente ao vestirio/ vesturio. 43. No Museu, apreciamos alguns exemplares do vestirio/ vesturio usado pelo imperador. 44. O violinista/ violonista conseguiu um emprego na orquestra. 45. O violinista/ violonista apresentava-se em "shows" de bossa nova. 2. Marque a forma errada, conforme a norma padro: 1. O valor das bonecas e das roupas infantis subiram muito. 2. O valor das bonecas e das roupas infantis subiu muito. 3. Devemos agradecer os fregueses pela preferncia. 4. Devemos agradecer aos fregueses a preferncia. 5. Ser lanado este ms a nova bicicleta. 6. Ser lanada este ms a bicicleta. 7. A vitria elevou a moral dos atletas. 8. A vitria elevou o moral (nimo) dos atletas. 9. O jogador acaba de ganhar carto vermelho. 10. O jogador acaba de receber carto vermelho. 11. Era a jovem melhor preparada. 12. Era a jovem mais bem preparada. 13. O patro pagou os funcionrios. 14. O patro pagou aos funcionrios. 15. Vou estar passando na sua casa s 18 horas. 16. Vou passar ou passarei na sua casa s 18 horas. 17. Vo fazer cinco anos que no lhe vejo. 18. Vai fazer cinco anos que no a (o) vejo. 19. Laura, resolva o problema junto diretoria. 20. Laura, resolva o problema com a diretoria. 21. Essas so as crianas que os pais estiveram no hospital. 22. Essas so as crianas cujos pais estiveram no hospital. (ou seja, os pais delas estiveram no hospital). 23. O atleta no deveria ter sido penalizado pelo juiz. 24. O atleta no deveria ter sido advertido/castigado/punido pelo juiz. 25. Se papai vir aqui e nos ver to chateadas, ficar preocupado. 26. Se papai vier aqui e nos vir to chateadas, ficar preocupado. 27. Enquanto no a ver melhor, no ficarei em paz. 28. Enquanto no a vir melhor, no ficarei em paz. 29. Isto um pequeno detalhe. 30. Isto um detalhe. 31. Dado os resultados das respostas, os alunos no estudaram. 32. Dados os resultados das respostas, os alunos no estudaram. 33. D-se aulas de portugus. 34. Do-se aulas de portugus. 35. partir de janeiro, os preos sero reajustados . 36. A partir de janeiro, os preos sero reajustados. 37. Convidamos Vossa Senhoria e famlia para a cerimnia que realizar-se- na Igreja Batista.

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38. Convidamos Vossa Senhoria e famlia para a cerimnia que se realizar na Igreja Batista. 39. De acordo com o homem do tempo, podem haver fortes pancadas de chuva no feriado . 40. De acordo com o homem do tempo, pode haver fortes pancadas de chuva no feriado. 41. No aceitaremos as propostas cujas as condies no estejam de acordo com o edital. 42. No aceitaremos as propostas cujas condies no estejam de acordo com o edital. 43. Foi encaminhado ao diretor os currculos. 44. Foram encaminhados ao diretor os currculos. 45. Ele no aceitava nenhuma propostas. 46. Ele no aceitava nenhumas propostas. (No tenho nenhuns trocados/ no sinto nenhumas ccegas.) 47. Entre eu e meu marido, alm de respeito, h muito amor. 48. Entre mim e meu marido, alm de respeito, h muito amor. 49. Sempre houve muito dilogo entre eu e meus pais. 50. Sempre houve muito dilogo entre mim e meus pais. 51. A ponte que passamos foi reformada. 52. A ponte por que passamos foi reformada. 53. Essa blusa que estou vestindo maravilhosa! 54. Esta blusa que estou vestindo maravilhosa! 55. Esse ms est passando muito rpido. 56. Este ms est passando muito rpido. 57. Este caderno que tens nas mos meu! 58. Esse caderno que tens nas mos meu! 59. Colaborarei com voc, se voc no se opor . 60. Colaborarei com voc, se voc no se opuser. 61. Preciso comprar bastante roupas para usar no vero . 62. Preciso comprar bastantes roupas para usar no vero. 63. Os Estados Unidos firmou acordo com o Brasil. 64. Os Estados Unidos firmaram acordo com o Brasil. 65. Estvamos em trs no carro. 66. Estvamos trs no carro. 67. Duzentos dlares so suficientes. 68. Duzentos dlares suficiente. 69. Est chovendo desde de segunda-feira . 70. Est chovendo desde segunda-feira . 71. Para maiores informaes, ligue 0800-22-22-22 . 72. Para mais informaes, ligue 0800-22-22-22 . 73. Fazem dias lindos por aqui todos os meses . 74. Faz dias lindos por aqui todos os meses . 75. Lucinda anda meia nervosa ultimamente. 76. Lucinda anda meio nervosa ultimamente. 77. meio-dia e meio agora . 78. meio-dia e meia agora. 79. Vou por tudo a limpo, por medida de segurana . 80. Vou pr tudo a limpo, por medida de segurana. 81. Elas nunca tem oportunidades de participar dos jogos . 82. Elas nunca tm oportunidades de participar dos jogos. 83. Seis reais so muito por essa melancia! 84. Seis reais muito por essa melancia! 85. Professora, para mim corrigir o exerccio? 86. Professora, para eu corrigir o exerccio?

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87. Bebi muita gua-de-cco. 88. Bebi muita gua-de-coco. 89. O beb fez cco. 90. O beb fez coc. 91. Se voc ver minha irm, por favor, entregue este dinheiro . 92. Se voc vir minha irm, por favor, entregue este dinheiro. 93. Namoro com Fernanda . 94. Namoro Fernanda. 95. Comprei trezentas gramas de salsicha. 96. Comprei trezentos gramas de salsicha 97. Houveram muitos pedidos. 98. Houve muitos pedidos. 99. Fazem dois anos que no a vejo. 100. Faz dois anos que no a vejo. 4 CUIDADO COM PALAVRAS ** Porqus Por que - em frases interrogativas diretas e indiretas. Exemplos: Por que ele saiu? Ela quer saber por que ele saiu? Quando equivalente a pelo(s) qual(is) Exemplo: A razo por que samos ser esclarecida. Por qu - em final de frase. Exemplo: Voc fez isso por qu? Porque - em frases afirmativas. Exemplo: S porque o repreenderam, chorou. Porqu - substantivo e vem antecedido por artigo. Exemplo: Voc sabe os porqus daquele fato? ** h / a h - 3 pessoa do singular do verbo haver; pode ser substitudo por tem Exemplo: H (tem) trs anos que no o vejo. a - no pode ser substitudo por tem. Exemplo: Daqui a pouco sero trs horas. ** a fim de / afim a fim de - ideia de finalidade Exemplo: Ele adotou aquela medida a fim de ser popular. afim - ideia de afinidade Exemplo: Nossa ideia de gesto empresarial afim. ** se no / seno se no - uma hiptese negativa. Substitui-se por caso no. Exemplo: O que acontecer se no tomarmos cuidado?

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seno - pode ser substitudo por: do contrrio, a no ser. No uma hiptese. Exemplo: Tomara que chova, seno estamos perdidos. ** acerca de/ a cerca de/ h cerca de acerca de = sobre Exemplo: Ele falou acerca do filme. a cerca de = aproximadamente Exemplo: O stio fica a cerca de dez metros. h cerca de = tem aproximadamente Exemplo: Estive l h cerca de dez dias. ATIVIDADES 1. Sublinhe a forma que completa corretamente as frases a seguir: a)(Aonde/ onde) foram os que pensavam diferentemente de ns? b)(Aonde/ onde) se acham os nossos adversrios? c)Falamos (a cerca de/ acerca de) teatro. d)(H cerca de/ a cerca de) trs quilmetros fica o posto. e)(H cerca de/ a cerca de) duas horas choveu bastante. 2. Empregue a ou h nas frases a seguir: a) No ______o que negar. b) Chegou _________ precisamente duas horas. c) S vou daqui _________________ trinta minutos. d) A outra cidade est ______________ dez dias de viagem. 3. Coloque C (certo) ou E (errado) nas frases abaixo: ( ( ( ( ( ( ( ( ) Houveram inmeros problemas. ) Ele disse que podem haver problemas. ) Ele disse que deve existir problemas. ) Amanh, devero haver novas demisses. ) Determinou-se que devem acontecer descontos nas mercadorias. ) H de haver novas turmas. ) Ho de ocorrer outros projetos. ) H de existir novas alegrias. Show da lngua portuguesa! Um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta. Escreveu assim: Deixo meus bens a minha irm no a meu sobrinho jamais ser paga a conta do padeiro nada dou aos pobres. Morreu antes de fazer a pontuao. A quem deixava a fortuna? Eram quatro concorrentes.

Mais...

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1) O sobrinho fez a seguinte pontuao: Deixo meus bens minha irm? No! A meu sobrinho. Jamais ser paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres. 2) A irm chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: Deixo meus bens minha irm. No a meu sobrinho. Jamais ser paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres. 3) O padeiro pediu cpia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele: Deixo meus bens minha irm? No! A meu sobrinho? Jamais! Ser paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres. 4) A, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretao: Deixo meus bens minha irm? No! A meu sobrinho? Jamais! Ser paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres. Moral da histria: "A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Ns que fazemos sua pontuao. E isso faz toda a diferena..." TEXTO_2: COMUNICAO E FUNES DA LINGUAGEM6 Para Maria Schuler, em Comunicao estratgica (2004, p. 11), a comunicao est presente em todas as formas de organizao conhecidas na natureza, tanto que se pode afirmar que a nica maneira de haver organizao atravs da comunicao. Putnam, Phillips e Chapman (In: CLEGG; HARDY; NORD, 2004, v. 3, 110), por sua vez, afirmam que "comunicao e organizao so coisas equivalentes". No h executivo de grande empresa que desconsidere a importncia da comunicao. Talvez, porm, nada receba to pouca ateno e reconhecimento como os profissionais que a ela se dedicam. As empresas ocupam-se de seu patrimnio, gastam fortunas contabilizando seus haveres, compram frotas de automveis, imveis, armazns, investem milhares de reais em computadores, convenes, reunies, viagens, mas pouco interesse tem com a comunicao externa e interna que circula em seu ambiente. Qualquer soma, por mais nfima que seja, considerada desperdcio se estiver relacionada rea de comunicao. Se preciso veicular uma informao: " Fulano, veja se aquele seu amigo pode nos fazer um favor, no p da pgina de sua coluna ... " Se para veicular um comunicado interno: " Fulano, veja se falta alguma crase no meu texto ... " Como se v, a comunicao fica reduzida a favores ... Os estudiosos da linguagem reconhecem na comunicao um papel relevante. Esse papel, no entanto, nem sempre foi visto de forma positiva. Nem sempre se admitiu sem discusso que uma das funes da linguagem a comunicao. Por exemplo, foi Saussure que afirmou que a lngua fundamentalmente um instrumento de comunicao. Anteriormente, a lngua era vista como representao, como uma estrutura de pensamento. Como consequncia do pensamento de Ferdinand de Saussure, Roman Jakobson e Bertil Malmberg introduziram a comunicao no quadro das preocupaes lingusticas. Nos anos de 1950, a teoria da informao exerceu forte influncia nos estudos da Lingustica. Diga-se, porm, que a teoria da informao examina a comunicao de uma perspectiva diferente das dos estudos lingusticos e, naturalmente, com outros objetivos. Os estudos da informao ocupam-se relativamente comunicao, com as medidas de informao, ou seja, a quantidade de informao transmitida em uma comunicao. Tambm TOMASI, Carolina; MEDEIROS, Joo Bosco. Comunicao e Funes da Linguagem. In: ______. Comunicao Empresarial. 2.ed. So Paulo: Atlas, 2009.6

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se dedicam economia da mensagem, ao tratar de questes relativas codificao eficiente, capacidade de transmisso do canal, eliminao de rudos. Vrios estudiosos ocuparam-se da comunicao. Os modelos vistos a seguir mostram a contribuio de cada um deles. O modelo mecanicista foi desenvolvido por C. E Shannon e Weaver, em 1949. um modelo fsico, mecanicista, e no humano. Ele considera que de um lado da comunicao h uma fonte e do outro lado um destinatrio. A fonte transmite um sinal que captado pelo receptor. O sinal pode ser impedido por rudo e a mensagem chegar de forma distorcida ao destinatrio. O modelo ocupa-se do ato de codificar e decodificar mensagens. A fonte transforma uma informao em sinal e o receptor transforma o sinal em informao novamente. No se trata, pois, de um modelo que tem em vista explicar a comunicao humana, que muito mais complexa e envolve muitos outros elementos, ou outras preocupaes de ordem psicolgica, sociolgica, contextual. Vejamos graficamente o modelo:funes de informao transmissor receptor receptor

mensagem

sinal

Sinal recebido

mensagem

Fonte de rudo

O esquema de comunicao visto comporta um emissor e um receptor, divididos em dois compartimentos estanques que separam a codificao e a decodificao da emisso e da recepo. Comporta ainda um canal, ou seja, um suporte material que serve para a transmisso de algo de um ponto para outro, e uma mensagem, que resulta da decodificao, entendida como um conjunto de sinais. Os rudos interferem em todo o percurso da informao e reduzem a eficincia da comunicao. So rudos: barulhos, problemas relativos ao canal, desateno, desinteresse, vocabulrio, repertrio cultural, crenas. Do ponto de vista que estamos examinando, no passa a comunicao de transferncia de mensagens de um emissor a um receptor, organizadas segundo um cdigo e transformadas em sequncia de sinais. A preocupao do modelo com o aprimoramento da transmisso de mensagens. O modelo mecanicista considera a comunicao de um ponto de vista neutro; ela seria sem intencionalidade manifesta e sem relao com o contexto social em que processada. Esse modelo tambm focaliza a fonte da mensagem como sua criadora. A comunicao envolve duas ou mais pessoas que participam na criao de um sentido. Por isso que se afirma que a informao que no causou nenhuma reao ou resposta no receptor no estabeleceu comunicao, isto , essa informao no se tornou comum. Segundo esse modelo, passiva a posio do receptor. De certa forma, revela a superioridade da fonte sobre o interlocutor. Assim que se pode afirmar que o modelo mecanicista reflexo de determinadas sociedades em que alguns tm voz e vez e outros nem vez nem voz. Um ambiente organizacional em que uns falam e outros escutam e obedecem cegamente ao modelo mecanicista de comunicao. Modelo circular da comunicao. Enquanto o modelo circular da comunicao ocupase da realimentao do processo, os modelos lineares de comunicao tratam da transmisso da mensagem de um emissor a um receptor, sem preocupar-se com a reciprocidade, caracterstica da comunicao humana. O receptor tem possibilidade de tornar-se emissor e de realimentar a comunicao.

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A reao aos modelos lineares de comunicao desenvolveu-se nos EUA a partir dos anos de 1950. B. Bateson, E. Hall e E. Goffman ocuparam-se de um modelo circular de comunicao. Surgiu ento a noo de retroalimentao, ou realimentao. A comunicao no pode ser pensada como um fenmeno de mo nica, mas como um sistema interacional. Nesse sistema, informa-nos Diana Luz Pessoa de Barros (ln: FIORIN, 2003, p. 42), "importam no apenas os efeitos da comunicao sobre o receptor, como tambm os efeitos que a reao do receptor produz sobre o emissor". E continua mais frente:A reciprocidade da comunicao a garantia da possibilidade, ao menos, de equilbrio de poder entre os interlocutores de uma dada comunicao. Nos regimes autoritrios no h direito de resposta. O patro costuma dizer do empregado ou os pais ao filho, que ele muito respondo ou, em outras palavras, que ele teve a ousadia de usar a reciprocidade caracterstica da comunicao humana e de tomar a palavra, em resposta (BARROS ln: FlORIN, 2003, p. 42).

Nos estudos da interao ou do dilogo entre interlocutores, um dos primeiros estudiosos foi Bakhtin. Para o autor russo, a interao verbal a realidade fundamental da linguagem. Goffman estudou os procedimentos de preservao da face na comunicao. Face a expresso social do eu individual, a imagem pblica que constri de si mesmo. Ao interagir, o indivduo pe em risco sua face. Os procedimentos de atenuao do discurso so exemplos de proteo da face: V embora! [Suma daqui!] Deixe-me, por favor. [Vai andando, por favor.] Voc poderia me deixar? [Eu poderia ficar sozinha um instante?] Ser que voc poderia me deixar sozinha, por favor? [Ser possvel um minuto de sossego, por favor?] Na comunicao como interao, so relevantes os seguintes aspectos: no processo de comunicao, o texto produto dos falantes que se constroem enquanto constroem juntos o texto; a imagem ou simulacros que os interlocutores constroem na interao (a imagem que o emissor faz de si, a imagem que o emissor faz do receptor, a imagem que o receptor faz dele mesmo, a imagem que o receptor faz do emissor); carter contratual (aceitao das ideias do outro) e polmico da comunicao; no possvel considerar a mensagem apenas como expresso de contedos; ampliao do dizer na sociedade (s vezes, nos dirigimos a uma audincia, mas outros tambm participam de uma comunicao, manifestando sua opinio; imagine-se o caso de algum que repreende algum na frente de outra pessoa e esta, embora no estivesse inicialmente envolvida na comunicao, faz observaes de que no se deve falar assim...). Os participantes de um processo de comunicao vo construindo-se, modificando-se e transformando-se. Assim, os sujeitos da comunicao no so dados previamente, mas se constroem enquanto se comunicam. Os sujeitos so constitudos por diferentes vozes que fazem deles sujeitos histricos e ideolgicos. Mesmo quando pensam que so originais, repetem formulaes (ideologias) sociais. Barros (ln: FIORIN, 2003, p. 44) afirma que inegvel que no falamos da mesma forma com aqueles em que acreditamos gostarem de ns, concordarem conosco e com aqueles de que estamos convencidos terem conosco srias divergncias. Igualmente, o receptor, ao receber e interpretar a mensagem, levar em conta as imagens que constri do emissor e de si mesmo.

J os modelos psicolgicos de comunicao consideram fonte e receptor como destinador e destinatrio, como pessoas. no ntimo das pessoas que ocorrem os processos de

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composio e de interpretao da mensagem. O receptor seria estimulado pela mensagem a processar uma interpretao. Berlo, estudioso da comunicao, por exemplo, considera os aspectos da experincia, das atitudes, do conhecimento, da situao social e da cultura da fonte e do receptor. A interpretao um complemento necessrio da decodificao. Da que necessria a ateno do receptor, sua capacidade de dar significado aos sinais que recebe e disposio para aceitar e compreender as informaes recebidas. De igual forma, preciso considerar que o receptor avalia as informaes e que esta avaliao tem participao na resposta que d comunicao recebida. Um terceiro modelo de comunicao seria o sociolgico. Para Riley e Riley (apud SCHULER, 2004, p. 15), as estruturas sociais exercem fortes influncias sobre os indivduos que se comunicam. O grupo social do qual o indivduo faz parte responsvel pela construo de significados e sentidos. O modelo antropolgico de comunicao tem pelo menos dois expoentes sua frente: Lvi-Strauss e Eduard Hall. A comunicao seria um sistema de mensagens que permite ser interpretado. Ela um instrumento de organizao dos componentes culturais. Os sujeitos da comunicao precisam ser considerados como sujeitos competentes, que tm qualidades que permitem que eles se comuniquem. De acordo com Greimas, a tradio antropolgica francesa (Lvi-Strauss) v a comunicao como transferncia de objetos de valor e como comunicao entre sujeitos. A comunicao entre sujeitos ocorre mediante objetos de valor que circulam entre eles e os constituem como sujeitos. Os sujeitos j no so caixas vazias de emisso e recepo de mensagens. Os sujeitos devem ser vistos como sujeitos competentes que tm certas qualidades que lhes permitem comunicar-se. De um lado, querem ou devem, sabem e podem realizar a comunicao. O processo comunicativo visto de agora em diante como um fazersaber do destinador e um adquirir saber do destinatrio. Para aprender a saber preciso que o destinatrio queira faz-la. E isto nos leva a pensar o destinatrio como um fazer-crer, um fazer-fazer (persuadi-la). Comunicao, desse ponto de vista, se confunde com manipulao. O destinador elabora um fazer-persuasivo. Ele utiliza procedimentos para faz-la crer e para faz-la fazer. O destinador, implcita ou explicitamente, prope ao destinatrio um contrato em que oferece valores que o destinatrio deseja ou teme. Este realiza um fazer interpretativo para acreditar no destinador ou no. Vai verificar se o destinador confivel ou no, se os valores que oferece so ou no desejveis. O destinador e o destinatrio utilizam sua competncia semntica, constituda de sentimentos, crenas, conhecimentos. Para persuadir e interpretar, necessrio comparar conhecimentos, valores, crenas da competncia semntica dos sujeitos que esto em jogo na comunicao. Por isso que se diz que os sujeitos da comunicao no so caixas vazias, mas pessoas que tm aspiraes, emoes, conhecimentos, valores, crenas. As estratgias de persuaso variam, pois, de cultura para cultura, de sujeito para sujeito, de classe social para classe social. A ideologia outro fator relevante na comunicao. Esta em nenhum momento neutra ou ingnua. Todos os discursos so marcados por coeres sociais. Temas e figuras sofrem as determinaes sociais. Enquanto tema a representao abstrata da realidade, figura a concretizao de um tema. Assim, a figura de Chapeuzinho Vermelho concretiza o tema da necessidade de obedincia; a figura do jovem tematiza a exuberncia de vida e fora, enquanto a do ancio o da experincia e do conservadorismo. O uso de figuras e de temas indica a ideologia presente no discurso, porque manifestam os valores de uma sociedade. As vozes cruzam-se e podem ocorrer tanto a concordncia como a discordncia, a polmica, ou seja, um destinador pode usar determinadas figuras e temas para estabelecer um contrato de adeso aos valores expressos ou contest-los.

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A Semitica tambm apresenta contribuies no estudo da comunicao, sobretudo por ocupar-se dos sistemas de signos, como sons, imagens, cores, objetos, posses, que formam uma linguagem compartilhada por grupos sociais. O modelo sistmico de comunicao ocupa-se de integrar a descrio dos elementos e dos processos da comunicao, procurando compreender sua funcionalidade em determinado contexto. o enfoque sistmico que traz a dimenso estratgica das comunicaes humanas. Da interessar-se pelos objetivos da comunicao e percepo das mensagens e dos resultados obtidos com os esforos de comunicao. Considera tambm a simultaneidade de fonte e receptor, atores envolvidos na comunicao. Enfim, a comunicao exige a presena de um emissor (destinador), um receptor (destinatrio), o canal e a mensagem. Alm desses elementos, so necessrios processos para que ela se estabelea, e tais processos compreendem: composio, interpretao, resposta. O destinatrio pode ter comportamento passivo, ativo ou proativo. A composio de uma comunicao envolve escolha dos signos, palavras, desenhos, sinais, cones, smbolos, canal e outros. Os elementos reunidos em certa disposio compem um sistema de signos que significam algo. Veja-se o caso de um aviso num hospital, num nibus, porta de um museu, no mural de uma empresa, no relgio de ponto. Se o destinador passivo, ele recebe a mensagem, mas no a utiliza; se ativo, o destinador recebe a mensagem e reage a ela. Por isso se diz que seu comportamento reativo. No comportamento proativo, o destinador provoca uma mensagem da parte do destinador. Ele estimula o destinador a oferecer-lhe uma mensagem. Uma tosse, um franzir de cenho, uma risada, todos podem ser estmulos provocadores da emisso de uma mensagem. Pessoas envolvidas em uma comunicao tanto emitem, como recebem mensagens. Assim, ora uma pessoa desempenha a funo de emissor, ora de receptor. Da mesma forma, a funo de receptor ou emissor pode no ser representada por uma nica pessoa; s vezes, ela o por um grupo, por uma empresa, por toda a sociedade. A composio o processo pelo qual o emissor transforma dados em mensagem, atribui signos ao contedo de sua inteno. o processo que envolve a codificao de uma mensagem, que implica certa estratgia persuasiva, ou preocupao argumentativa para alcanar o objetivo que tem em vista. Todavia, preciso ressaltar que a composio no se esgota na pura codificao, visto que envolve outros elementos, como escolha do canal, oportunidade da comunicao, complexidade da mensagem e outros. A interpretao o processo pelo qual o destinatrio compreende a mensagem, atribuindo sentido aos significantes que percebe na mensagem. Aqui tambm entra em cena a estratgia de interpretao do receptor. Ele pode valorizar ou no determinados signos. A mensagem deve estar adequada ao canal que a conduzir ao destinatrio. Da que, para ser efetiva e alcanar o resultado que se espera, a mensagem deve ser veiculada adequadamente. De igual forma, deve ela estar adequada ao emissor: se ele inspirar credibilidade, sua mensagem poder ser eficaz; caso contrrio, a mensagem pode estar bem elaborada, mas no alcanar o objetivo, porque o emissor no merece confiana. Esse o caso de um vendedor mentiroso que engana seus clientes. Mesmo que afirme alguma verdade sobre determinado produto, sua mensagem no convencer o cliente que j o conhece. O pai que muito promete ao filho e no cumpre nada do que diz tambm exemplo de inadequao da mensagem ao emissor. Um professor que usa gria ou expresses incompatveis com o nvel lingustico que dele se espera tambm pode constituir-se num exemplo de inadequao de emissor e mensagem. A escolha de um canal inadequado tambm pode comprometer a comunicao. Se um profissional transmite um relatrio administrativo por meio de quadrinhas de cordel, ou repentes, por exemplo, o canal escolhido pode constituir-se em srio entrave comunicao. O canal, de igual forma, tambm deve estar adequado ao receptor. Uma mensagem escrita

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(no em Braile), por exemplo, se dirigida a um deficiente visual, pode no alcanar resultado esperado, exceto se algum ler a mensagem para ele. Outra fonte de incompatibilidade pode residir na adequao de mensagem e receptor. Se a linguagem utilizada no est ao alcance do receptor, a comunicao no se efetiva. Um receptor formal exige linguagem formal; um receptor no formal exige mensagem no formal. O uso de vocabulrio raro e sintaxe complexa numa mensagem endereada pessoa no letrada pode constituir-se entrave comunicao. Todo receptor utiliza filtros prprios na interpretao de mensagens. Um desses filtros, o cultural, leva o receptor a interpretar apenas mensagens que reconhece, quer por ignorncia, quer por preconceito, quer pela ideologia da sociedade de que faz parte e outros fatores. Ainda de salientar a existncia de rudos que impedem que a comunicao se estabelea. Eles podem ser tcnicos, organizacionais, semnticos, de atitudes e comportamentos. Os tcnicos dizem respeito ao canal de transmisso e a seus defeitos. Exemplo: um aparelho telefnico com defeito. Os organizacionais so relativos ao estabelecimento de redes de comunicao, ou conjunto de canais de informao no interior de uma organizao. Conforme a organizao estabelecida, ela pode favorecer a existncia de rudos, entraves de comunicao. Os semnticos so originados de impreciso ou ambiguidade das expresses utilizadas. J os rudos de atitudes e de comportamentos dizem respeito tanto a emissor quanto a receptor: influncia sobre o que dizem e como dizem. Dito isso, preciso sempre ter presente que emissor e receptor tm caractersticas pessoais, culturais e motivao diferentes. E tais caractersticas so relevantes quando se examina detidamente a comunicao. Caractersticas pessoais, como aspectos fsicos, temperamento, carter, estilo, personalidade so fatores que no podem ser desconsiderados por quem deseja entender em profundidade o processo da comunicao. A forma como interpretamos o mundo muito limitada. Por mais conscincia que temos de nossos limites, ainda assim possvel que em algum momento consideremos absurdo uma pessoa no entender determinado ponto de vista. Afirma Schuler (2004, p. 35):Rejeitamos, desprezamos e desrespeitamos pessoas por elas terem diferentes formas de vestir, de pentear o cabelo, diferentes pesos e posturas fsicas, e fazemos isso nos ambientes mais ilustres, como nas escolas, nas empresas, nas organizaes em geral. Como estudiosos e administradores de comunicao, no nos cabe julgar esta baixa conscincia, mas constat-la para poder t-la em conta em nosso planejamento de comunicao.

A abordagem da realidade pode dar-se de trs formas: analtica, sinttica e intuitiva. Uma pessoa que aborda a realidade de forma analtica, detalhista, pode chocar-se com o tratamento rpido, aparentemente superficial e impreciso que d ao exame de tudo que lhe cai s mos. Os intuitivos, por sua vez, podem desprezar o excesso de zelo lgico de analticos e sintticos. De toda forma, preciso ter conscincia de que pessoas com estilos cognitivos diferentes comumente apresentam problemas de comunicao. A cultura e o contexto social exercem forte influncia sobre o indivduo e, consequentemente, interferem na comunicao das pessoas. A cultura manifesta-se no repertrio de todo comunicador. Ele composto de signos, de conhecimentos e de crenas. O repertrio de signos constitudo sob a influncia da interao social e a forma de o indivduo dar sentido ao que o circunda. O repertrio de conhecimentos composto pelo conjunto de aprendizagens do indivduo, pela experincia que forma em contato com o mundo. O repertrio de crenas formado no meio familiar e convvio com vrios grupos que influenciam seus julgamentos morais, ticos e estticos.

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Uma concluso que se tira da que uma mesma mensagem enviada a pessoas diferentes no leva ao compartilhamento de seu significado. Outro fator relevante no processo de comunicao a percepo do indivduo. Toda pessoa tem uma forma prpria de perceber a realidade. Por isso, para que uma estratgia de comunicao alcance o efeito desejado, preciso ter ao menos uma ideia da estratgia de recepo do outro, daquilo que ele pode extrair do que se diz a ele. A seleo que fazemos de aspectos da realidade e da comunicao leva-nos a perceber certos pormenores e excluir outros. Alm da seleo, que permite uma percepo particular do mundo, h a distoro, que o processo que nos possibilita introduzir mudanas na comunicao, bem como alterar a interpretao que temos do universo. Sobre o lugar onde a comunicao ocorre, de dizer que toda pessoa se sente mais vontade e mais poderosa em seu prprio espao. Quando est no domnio do outro, a vantagem troca de mo e passa a ser do interlocutor. Um territrio neutro pode neutralizar esse aspecto, ainda que seja difcil estabelecer uma real neutralidade, exceto se os protagonistas forem bem conhecidos. O ambiente rico em elementos que podem influenciar uma comunicao, como luz, cores, disposio dos objetos, higiene, ventilao. Suponhamos, por exemplo, uma luz que incida diretamente sobre o olho de uma pessoa. Evidentemente, tal fato perturba-a pela situao desconfortvel, impede-lhe uma concentrao adequada. Qualquer pormenor que roube a ateno de uma pessoa prejudicial comunicao, principalmente se ela estiver diante de outra. Outro exemplo: um outdoor em uma avenida disputa a ateno do destinatrio com o barulho e o movimento dos automveis e dos pedestres. Muitas vezes, as comunicaes em outdoor so endereadas aos motoristas, que tm apenas alguns segundos para visualiz-los. Agora, imagine um outdoor com mensagens escritas em caracteres no legveis a distncia. O clima interpessoal outro fator decisivo na comunicao. Se os comunicadores se sentem como adversrios, o efeito da comunicao ser totalmente diverso do que se se considerassem amigos. O destinatrio influenciado pelas relaes de poder e pela considerao que tem com relao a seu interlocutor. Por isso, importante numa comunicao primeiro conquistar a confiana do interlocutor, para depois comunicar-lhe algo. Uma pessoa tende a estar de acordo com outra que ela aprecia, e apreciar aqueles que com ela se parecem. O emissor que mais nos atrai aquele que mais se parece conosco. A confiana recproca condio indispensvel para que a comunicao seja eficaz. Em relao mensagem, os especialistas afirmam que, "para uma comunicao eficaz, necessrio ter informaes sobre a pessoa ou pessoas para quem nos dirigimos" (SCHULER, 2004, p. 95). Suponhamos que seja necessria uma comunicao sobre o lanamento de determinado livro de lngua portuguesa. O conhecimento que temos do pblico que consome esse tipo de informao composto de professores, estudantes de qualquer nvel, vestibulandos, pessoas que estejam preparando-se para participar de concursos. Suponhamos ainda que seja nosso desejo focalizar o pblico que se prepara para concursos. Se a mensagem apoiar-se em informaes que no valorizam respostas precisas a questes lingusticas, se preocupar-se em salientar o elevado nvel da pesquisa, ou dos avanos em relao gramtica tradicional, possvel que colha um grande fracasso; no alcance xito, porque quem se prepara para concursos deseja textos de perguntas e respostas precisas, sem labirintos especulativos. preciso descobrir o que o pblico-alvo valoriza na comunicao para oferecer-lhe justamente isso. Oferecer-lhe o que ele espera que lhe ofeream. Tambm de se perguntar: qual seria o melhor canal para atingir o pblico? Televiso, rdio, outdoor, revistas, jornais, folhetos a serem distribudos porta dos estabelecimentos que oferecem treinamento para tais concursos?

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Entre os linguistas, sobressai, entre as propostas de ampliao dos modelos da teoria da informao, a de Roman Jakobson. Para esse autor, h na comunicao um destinador que envia uma mensagem a um destinatrio; para ser eficaz, essa mensagem requer um contexto (ou referente) e uma conexo psicolgica entre remetente e destinatrio que lhes do capacidade para entrar e permanecer em comunicao. As contribuies de Jakobson so: a relao com o contexto, com a experincia comunicada e a representao do cdigo e dos subcdigos. O cdigo o estoque estruturado de elementos que se apresentam como um conjunto de alternativas de seleo para a produo da mensagem. Para que haja comunicao, necessrio um cdigo parcial ou totalmente comum ao remetente e ao destinatrio. Os subcdigos introduzem no esquema da comunicao a questo da variao lingustica. Se os cdigos so diferentes, no h comunicao, exceto se o emissor se vale de outros cdigos, como, por exemplo, o no verbal, como gestos, sinais fsicos. Um grego no se comunica com um brasileiro se ambos desconhecerem o cdigo utilizado para a comunicao (lngua grega ou portuguesa). De igual forma, se no h interseco de subcdigos, a comunicao fica prejudicada. O subcdigo envolve tambm o vocabulrio. Por exemplo: em Portugal diz-se confeito; no Brasil, bala; em Portugal, casa de banhos; no Brasil, banheiro; em Portugal, pastilha elstica; no Brasil, chiclete; bombeiro no Rio de Janeiro o que se chama em So Paulo encanador (mecnico hidrulico). de considerar tambm que h variantes mais ou menos prestigiosas pelos usurios. H excees s consideraes expostas, como, por exemplo, um indivduo pode ser bemsucedido em sua comunicao mesmo utilizando um registro no apropriado a sua audincia, como era o caso de Jnio Quadros, que utilizava uma modalidade lingustica imprpria a seus receptores, mas, justamente por causar certa estranheza no uso de uma modalidade tensa num contexto distenso, acabava tornando sua comunicao eficaz. Tambm possvel ser malsucedido utilizando um subcdigo apropriado audincia. Este o caso de um professor que se vale de um subcdigo adequado a seus alunos, mas inoportuno pelo que dele se espera, ou seja, uso de uma modalidade lingustica mais prxima da gramtica. Imagine-se um professor de medicina utilizando termos da gria para expor o contedo de sua disciplina. Os alunos podem sentir-se diante de um charlato e a comunicao no se efetivar. As propostas de Jakobson ampliam o modelo da informao, particularmente no que diz respeito aos cdigos e subcdigos e variao lingustica. relevante sua contribuio tambm em relao variedade das funes da linguagem. Para o linguista citado, a linguagem deve ser examinada em toda a variedade de suas funes e no somente em relao funo informativa (referencial, ou denotativa, ou cognitiva). Jakobson retoma as trs funes da linguagem de Buhler: a expressiva (emotiva), a apelativa (conativa) e a representativa (referencial), e acrescenta outras trs: a funo ftica, a metalingustica e a potica. As funes focalizariam um dos elementos do processo de comunicao. A funo emotiva est centrada no remetente. caracterizada sobretudo pelo uso da primeira pessoa do discurso. A funo referencial est centrada no contexto ou no referente (focaliza o fato, a coisa; uso da terceira pessoa gramatical, prevalncia de uso de substantivo verifique-se, por exemplo, uma notcia veiculada pela mdia -, uso de estratgias argumentativas). Essa funo produz o efeito de objetividade e o de realidade (nomes prprios, qualidades objetivas). O sujeito distancia-se dos fatos e provoca o efeito de verdade. Textos que utilizam a funo referencial so os que tm por fim a transmisso objetiva de informao. A realidade e a objetividade produzida so efeitos de sentido que decorrem dos procedimentos lingusticos utilizados. A funo potica est centrada na mensagem (focaliza os jogos de linguagem, tudo o que pode chamar a ateno na linguagem; por exemplo, um

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trocadilho, uma rima, uma aliterao, uma figura de linguagem). A funo conativa est centrada no destinatrio. So seus elementos expressivos: imperativos, interrogaes, vocativos, pronomes de segunda pessoa. A funo ftica est centrada no contato. No se ocupa da comunicao, mas em testar o canal, verificar se o destinatrio est atento (voc est me ouvindo?, sim, hum, sei, continua, todas essas expresses so exemplos do uso da funo conativa). A funo metalingustica a que focaliza o cdigo. a funo que explica o prprio cdigo. Uma legenda de uma foto, uma definio de uma palavra, a explicitao de um conceito, um verbete de dicionrio so exemplos. Dito isso, preciso acrescentar que as mensagens no utilizam apenas uma funo, mas vrias. O que se observa uma funo dominante nos textos, uma funo que sobressai. Funo referencial: funo centrada no referente. Valoriza fundamentalmente o que se informa. marcada pelo uso da denotao, de terceira pessoa, verbos impessoais, voz passiva, dados que exprimem objetividade, como nmeros, nomes de lugares. A cincia, o noticirio jornalstico, as comunicaes empresariais privilegiam essa funo em seus comunicados. Exemplos:Arroz mais nutritivo, tomates que combatem o cncer, doenas curadas com terapias certeiras, clones de animais. Essas so apenas algumas das faanhas produzidas pela moderna biotecnologia, herdeira direta dos conhecimentos que o homem passou a ter sobre os genes e seu funcionamento no ltimo sculo. As possibilidades so muitas e as oportunidades de emprego crescem a cada dia tanto em universidades quanto nas empresas (Vida Executiva, ano 1, n 2, p. 78, jul. 2004). O governo federal anunciou a finalizao do primeiro sequenciamento gentico mundial do cafeeiro. O objetivo melhorar a qualidade do caf. O trabalho, que envolveu Embrapa, Fapesp e outras 20 instituies, identificou 32 mil genes e permitir a criao de um banco de dados (Folha de S. Paulo, 11 ago. 2004, p. 1).

Funo emotiva ou expressiva: est centrada no emissor da mensagem. Exprime essa funo a atitude do destinador em relao ao contedo. A linguagem ganha caractersticas de subjetividade, revelando emoes e atitudes interiores. O emissor ocupa-se sobretudo consigo mesmo, deixando o receptor em segundo plano. So caractersticas dessa funo: uso de primeira pessoa, de exclamaes, de interjeies, de pronomes possessivos, de diminutivos afetivos, adjetivao farta, advrbios de modo, uso de modalizadores, como eu acho que, eu considero que e outros, prolongamentos de vogais, pausas, acentos enfticos, hesitaes. Esses procedimentos criam o efeito de subjetividade e de emotividade ou de presena ou proximidade do emissor. O sujeito no relata fatos, mas um ponto de vista sobre eles, os seus sentimentos e emoes sobre os acontecimentos. Exemplos:Nunca havia parado para pensar que, para as mulheres, chorar, por exemplo, tem um significado diferente do que tem para mim, porque, do ponto de vista hormonal, ela est muito mais propensa a isso. A chuva de lgrimas significa que esta criatura do sexo feminino perdeu o controle, em um determinado momento, mas vai retom-Io e amanh estar aqui trabalhando, perfeitamente centrada (Julio Lobos em Vida Executiva, ano 1, n 2, p. 53-54, jul. 2004). Tento ficar relaxado antes de competir. importante estar facada, mas s vezes concentrao demais traz ansiedade e se torna prejudicial. Tento equilibrar tudo (Michael Phelps. Pingue-pongue. Folha de S. Paulo, 11 ago. 2004, Caderno Especial, p. 3).

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Funo conativa: a funo que se orienta para o destinatrio, constituindo o receptor o centro de interesse da mensagem. O contedo tem destino preestabelecido, deduzindo-se, portanto, da, a necessidade de prender a ateno do receptor. As marcas lingusticas mais evidentes so os vocativos, os imperativos, utilizao dos pronomes tu, voc, vs, o uso do verbo dever e outros que transmitem essa mesma modalizao, perguntas, respostas. Esses procedimentos produzem o efeito de interao com o destinatrio, ao qual se procura persuadir, ou do qual se espera uma resposta, um comportamento, uma atitude. Exemplos:Richard N. Bolles, autor de As 5 melhores maneiras de conseguir emprego, respondendo pergunta "Como procurar emprego enquanto se est empregada? Quais os cuidados necessrios para manter a tica?" Aproveite os fins de semana para fazer contatos por e-mail ou celular e o horrio do almoo para marcar visitas. Nunca use o expediente de trabalho com esse objetivo, jogando no ar a desculpa de que vai ao mdico ... (Vida Executiva, ano 1, n 2, p. 13, jul. 2004). Voc pode fazer um curso de Direito em outra faculdade, mas chega uma hora em que a verdade aparece. Mackenzie. A faculdade particular que mais aprovou alunos no exame da OAB (Folha de S. Paulo, 11 ago. 2004, Caderno Folha Dinheiro, p. B1). Seu filho precisa de um professor que seja como ele: ligado na tomada. Aprendiz. O nico computador que j vem com um ano de contedo exclusivo UOL (Folha de S. Paulo, 11 ago. 2004, Caderno Folha Dinheiro, p. B1).

As trs funes vistas j eram conhecidas quando Jakobson ps-se a estudar outras trs no quadro dos estudos lingusticos. Funo ftica: est centrada no contato psicolgico. Tudo o que numa mensagem serve para estabelecer, manter ou cortar o contato corresponde a essa funo, que apenas aproxima receptor e emissor. Serve essa funo para testar o canal, prolongar ou interromper uma conversa, um telefonema. So expresses caractersticas: al, , ento, a, hein, entende?, evidentemente, hum, pois no e outras que so vazias de significado, mas servem para testar o contato, frmulas prontas para estabelecer ou interromper contato e verificar se o contato est ou no estabelecido. Produz essa funo o efeito de aproximao e interesse entre destinador e destinatrio. Para Jakobson, a primeira funo da linguagem que a me utiliza na conversa com o beb (gu, gu, g, g...). Pessoas que tm necessidade mais de contato que de informao utilizam essa funo. So outras manifestaes da funo ftica: aperto de mo, sorrisos, inclinao do corpo, olhares trocados, uma pergunta muitas vezes repetida, que tem em vista fazer o interlocutor continuar falando, a repetio de algumas expresses do analista que tem em vista manifestar que est prestando ateno ao paciente. Exemplo:Maruska Rameck estudou o que "voz do poder". Um grupo de executivas foi convidado a ler um texto e a voz das pessoas foi gravada e avaliada por 80 pessoas. Maruska responde pergunta sobre qual foi o resultado: Maruska - O resultado foi surpreendente. As que seguiam o padro masculino de voz conquistaram notas mais altas. VE - O que padro masculino? Maruska - uma voz assertiva, com tempo de pausa menor. A entonao massculina mais rspida e as expresses, autoritrias, impositivas. E o mais engraado que a maioria dessas mulheres fala dessa forma exclusivamente no ambiente de trabalho (Vida Executiva, ano 1, n 2, p. 28, jul. 2004).

Em entrevista a Pedro Alexandre Sanches e Silvana Arantes, Gilberto Gil responde seguinte pergunta:

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Folha - O projeto radical? Gil- Em que sentido? uma tentativa de interpretao dos desejos e necessidades do conjunto do audiovisual, das relaes entre o produto estrangeiro e o brasileiro. [...] O combate a oligoplios, na comunicao, citado no projeto, lhe parece radical ao interferir no territrio das comunicaes? [...] Folha - Caetano Veloso j disse que Gilberto Gil o Lula do Lula. O Sr. hoje est esquerda de Lula? Gil - Parece cada vez mais que ele tem razo. O governo Lula, todo ele, est esquerda e direita do Lula, o tempo todo, ele inclusive (Folha de S. Paulo, 11 ago. 2004, p. A10).

Funo metalingustica: est centrada no cdigo e serve para dar explicaes ou precisar o cdigo utilizado pelo emissor. O efeito de sentido o de linguagem que explica outra linguagem, ou seja, de circularidade da definio e da comunicao. Tem por objeto a prpria lngua. So exemplos os verbetes de dicionrio, uma pea teatral ou filme que aborda o prprio teatro ou o prprio filme, um poema que se faz do poema. Exemplos:O nome parece novo, mas o conceito do tempo da carochinha. A gesto do conhecimento, que nos ltimos cinco anos vem se tornando uma prtica frequente nas companhias, consiste em arquivar o capital intelectual dos funcionrios a fim de transform-lo em patrimnio da empresa. A principal diferena que os arquivos verticais com gavetas cheias de fichas foram substitudos por intranets, portais e outros sistemas de colaborao (Vida Executiva, ano 1, n 2, p. 20, jul. 2004). Em situao de poo, a gua equivale a uma palavra em situao dicionria (Joo Cabral de Melo Neto, "Rios sem discurso").

Funo potica: utiliza procedimentos no plano da expresso, como reiterao de sons, ritmo, isto , explora as possibilidades estruturais da lngua; a estrutura da m