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Artigo de Revisão Benefícios da mobilização precoce em ... · mobilização precoce na...

Date post: 20-Jun-2020
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1 Artigo de Revisão Benefícios da mobilização precoce em pacientes críticos na unidade de terapia intensiva Benefits of Early Mobilization in Critical Care Patients Francielle Oliveira Balduino 1 Giulliano Gardenghi 2 Resumo Introdução: Durante muito tempo preconizou-se o repouso absoluto no leito como sendo obrigatório no tratamento de pacientes internados. No entanto, nas últimas décadas, os avanços tecnológicos, avanço das pesquisas e o aumento do conhecimento científico acerca do tema permitiram a constatação de que a imobilidade no leito é um fator contribuinte para o retardo na recuperação desses pacientes. Objetivo: Descrever os benefícios da mobilização precoce em pacientes críticos na unidade de terapia intensiva. Métodos: Revisão de literatura sobre os benefícios da mobilização precoce em pacientes críticos na unidade de terapia intensiva, utilizando bases de dados: MEDLINE, LILACS, SCIELO, PUBMED e GOOGLE ACADÊMICO. Resultados/Conclusão: O uso da mobilização precoce em pacientes críticos no ambiente de UTI foi relacionada ao aumento de força muscular em geral, melhora na capacidade funcional respiratória, diminuição no tempo de desmame da VM, redução do tempo de internação hospitalar e melhora na capacidade de realização das atividades de vida diária. Descritores: Mobilização Precoce; Unidade de Terapia Intensiva; Fisioterapia. Abstract Introduction: For a long time absolute rest in the bed was recommended as being mandatory in the treatment of hospitalized patients. However, in recent decades, technological advances, advances in research and the increase of scientific knowledge about the subject have allowed the finding that immobility in the bed is a contributing factor to the delay in the recovery of these patients. Objective: To describe the benefits of early mobilization in critically ill patients in the intensive care unit. Methods: Literature review on the benefits of early mobilization in critical patients in the intensive care unit, using databases: MEDLINE, LILACS, SCIELO, PUBMED and ACADEMIC GOOGLE. Results / Conclusion: The use of early mobilization in critically ill patients in the ICU environment was related to increased muscle strength in general, improvement in respiratory functional capacity, decreased weaning time of MV, reduced hospital stay and improved capacity activities. Key words: Early Mobilization; Intensive Care Unit; Physiotherapy. 1. Fisioterapeuta; Pós graduanda em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo CEAFI Pós-graduação, Goiânia/Goiás Brasil. 2. Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela FMUSP, Coordenador Científico do Serviço de Fisioterapia do Hospital ENCORE/GO, Coordenador Científico do CEAFI Pós- graduação/GO e Coordenador do Curso de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão, São Paulo/SP Brasil.
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1

Artigo de Revisão

Benefícios da mobilização precoce em pacientes críticos na unidade de

terapia intensiva

Benefits of Early Mobilization in Critical Care Patients

Francielle Oliveira Balduino1 Giulliano Gardenghi2

Resumo

Introdução: Durante muito tempo preconizou-se o repouso absoluto no leito como sendo obrigatório no tratamento de pacientes internados. No entanto, nas últimas décadas, os avanços tecnológicos, avanço das pesquisas e o aumento do conhecimento científico acerca do tema permitiram a constatação de que a imobilidade no leito é um fator contribuinte para o retardo na recuperação desses pacientes. Objetivo: Descrever os benefícios da mobilização precoce em pacientes críticos na unidade de terapia intensiva. Métodos: Revisão de literatura sobre os benefícios da mobilização precoce em pacientes críticos na unidade de terapia intensiva, utilizando bases de dados: MEDLINE, LILACS, SCIELO, PUBMED e GOOGLE ACADÊMICO. Resultados/Conclusão: O uso da mobilização precoce em pacientes críticos no ambiente de UTI foi relacionada ao aumento de força muscular em geral, melhora na capacidade funcional respiratória, diminuição no tempo de desmame da VM, redução do tempo de internação hospitalar e melhora na capacidade de realização das atividades de vida diária. Descritores: Mobilização Precoce; Unidade de Terapia Intensiva; Fisioterapia.

Abstract

Introduction: For a long time absolute rest in the bed was recommended as being mandatory in the treatment of hospitalized patients. However, in recent decades, technological advances, advances in research and the increase of scientific knowledge about the subject have allowed the finding that immobility in the bed is a contributing factor to the delay in the recovery of these patients. Objective: To describe the benefits of early mobilization in critically ill patients in the intensive care unit. Methods: Literature review on the benefits of early mobilization in critical patients in the intensive care unit, using databases: MEDLINE, LILACS, SCIELO, PUBMED and ACADEMIC GOOGLE. Results / Conclusion: The use of early mobilization in critically ill patients in the ICU environment was related to increased muscle strength in general, improvement in respiratory functional capacity, decreased weaning time of MV, reduced hospital stay and improved capacity activities. Key words: Early Mobilization; Intensive Care Unit; Physiotherapy.

1. Fisioterapeuta; Pós graduanda em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo CEAFI Pós-graduação, Goiânia/Goiás – Brasil.

2. Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela FMUSP, Coordenador Científico do Serviço de Fisioterapia do Hospital ENCORE/GO, Coordenador Científico do CEAFI Pós-graduação/GO e Coordenador do Curso de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão, São Paulo/SP – Brasil.

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Introdução

Durante muito tempo preconizou-se o repouso absoluto no leito como

sendo obrigatório no tratamento de pacientes internados. No entanto, nas últimas

décadas, os avanços tecnológicos, avanço das pesquisas e o aumento do

conhecimento científico acerca do tema permitiram a constatação de que a

imobilidade no leito é um fator contribuinte para o retardo na recuperação desses

pacientes. Dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva (UTI) cerca

de 30% a 60% desenvolve fraqueza generalizada relacionada ao imobilismo¹. São

necessários somente sete dias de repouso no leito para reduzir a força muscular

em 30%, com uma perda adicional de 20% da força restante a cada semana2.

Várias condições clínicas submetem o paciente ao decúbito

prolongado no leito. Mas, independente de qual seja essa condição, entende-se

que o imobilismo no leito é diretamente proporcional às graves complicações que

o paciente pode apresentar, acometendo os sistemas musculoesquelético,

cardiorrespiratório, metabólico, gastrointestinais, geniturinários, cutâneo, entre

outros. O que contribui para a redução na capacidade funcional e maior

dependência das atividades de vida diária (AVD’s), prolongamento do tempo de

internação, aumento dos custos hospitalares, e aparecimento de fraqueza da

musculatura periférica e respiratória ³ 4 5.

A assistência fisioterapêutica no cuidado do paciente crítico pode

auxiliar na identificação precoce de problemas cinéticos-funcionais, sendo o

programa de reabilitação recomendado como prática fundamental e segura para

recuperação desses pacientes6. A mobilização precoce na UTI é de extrema

importância, pois com ela pretende-se manter ou aumentar a força muscular e a

função física do paciente. Incluindo atividades terapêuticas progressivas como

exercícios de mobilidade no leito, mudanças de decúbito, sedestação beira leito,

ortostatismo, transferência para uma poltrona e a deambulação7. Diante do

exposto, este estudo tem como objetivo descrever os benefícios da mobilização

precoce em pacientes críticos na unidade de terapia intensiva.

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Metodologia

O estudo consiste em uma revisão de literatura sobre os benefícios

da mobilização precoce em pacientes críticos na UTI. Esta revisão foi

conduzida por meio de informações obtidas nas bases de dados: MEDLINE,

LILACS, SCIELO, PUBMED e GOOGLE ACADÊMICO. Sendo selecionados

artigos publicados entre 2006 e 2017, em português ou inglês, sendo utilizadas

as seguintes palavras-chaves: mobilização precoce, imobilismo, fisioterapia,

paciente crítico, UTI. Objetivou-se chegar a um artigo de revisão de literatura,

que incluísse revisões sistemáticas e ensaios clínicos, randomizados ou não,

que pudessem refletir a melhor evidência disponível na literatura. Para tanto,

buscou se padronizar, tanto a maneira como a revisão bibliográfica foi

realizada, como a forma de apresentar seus resultados. Dos 22 artigos

encontrados, 14 foram selecionados segundo os critérios de inclusão. Os quais

consistiam em considerar artigos que abordassem sobre pacientes críticos com

admissão em ambiente de UTI, e foram excluídos estudos que tratavam da

mobilização precoce fora do ambiente da UTI.

Resultados

Na tabela 1 estão expressos os resultados encontrados referentes a

mobilização precoce no paciente crítico, mostrando os objetivos e principais

achados dos diversos estudos selecionados. Os estudos em geral apontam a

recuperação do grau de força muscular pela mobilização precoce, e também

relacionavam a força à função e ao impacto positivo na qualidade de vida

desses pacientes. Também podemos observar nos estudos que o tempo de

duração das terapias eram de no máximo 60 minutos, com sessões de um a

sete dias por semana, os autores tinham como principal foco o ganho ou a

recuperação da força muscular, ndependência funcional, e o desmame

precoce da ventilação mecânica (VM).

Tabela 1 – Resultados da busca de artigos relacionados a mobilização precoce em pacientes críticos na UTI.

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Autor

(es) /

Ano

Objetivos Métodos Principais

achados

Bailey P et al., 2007.

Estabelecer se a

atividade precoce é

viável em pacientes com

insuficiência respiratória

internados na UTI.

103 pacientes

participaram do

estudo, os mesmos

tinham que sentar-se

na cama e na cadeira

e deambular dentro da

UTI por um período de

2 horas por dia.

Concluiram que

a atividade

inicial é viável e

segura em

pacientes com

insuficiência

respiratória. A

maioria dos

sobreviventes

(69%) foram

capazes de

ambular > 100

pés durante sua

permanência na

UTI.

Morris P. et al., 2008.

Avaliar os efeitos da

mobilização precoce na

UTI, no tratamento da

insuficiência respiratória

aguda.

330 pacientes,

realizaram exercícios

assistidos e ativo-

assistidos,

sedestação, e

exercícios

respiratórios, com

sessões diárias até a

alta da UTI.

Observaram que

os pacientes que

receberam o

protocolo de

mobilização

precoce mais

cedo foram

associados com

a diminuição de

tempo de

internação em

UTIs em

comparação

com pacientes

que receberam o

tratamento

tradicional.

Hodgin K. et al., 2009.

Estipular a utilização da

fisioterapia hospitalar

para pacientes em

recuperação de doença

crítica.

482 fisioterapeutas

aplicaram as técnicas

(sem quantidade

específica de

pacientes e idade dos

mesmos), no qual

realizaram sessões de

três a cinco vezes por

semana, com

exercícios

respiratórios,

mobilização articular

passiva global,

posicionamento ativo

assistido e ativo

resistido,

Os pacientes em

VM que

iniciaram a

terapia após a

intubação

demonstraram

uma maior

independência

funcional e

redução na

duração da

ventilação

mecânica.

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propriocepção, e

deambulação.

Burtin C. et al., 2009

Descobrir se uma

sessão de exercício

diário com o

cicloergômetro é seguro

e eficaz na prevenção

da diminuição da

funcionalidade, estado

funcional e da força

muscular do quadríceps

associada a

permanência

prolongada em uma

UTI.

Pacientes

encontrados em UTI

por 7 dias ou mais,

com um grupo

controle

(n=45) e intervenção

(n=45). Na sessão era

realizada a

Fisioterapia

respiratória,

mobilizações passivas

ou ativas de MMSS e

MMII em ambos os

grupos.

Adicionalmente, uso

de cicloergômetro de

MMII com

duração média de 20

min. ao

grupo intervenção.

Houve um

aumento da

força de

quadríceps,

melhora da

funcionalidade e

do status

funcional

percebido pelo

próprio paciente

no grupo

intervenção.

Soares T. et al., 2010.

Relatar a frequência de

retirada do leito em

pacientes submetidos à

ventilação mecânica e

sua repercussão na

mortalidade e no tempo

de permanência na

unidade de terapia

intensiva.

Pacientes submetidos

a ventilação

mecânica, realizaram

sedestação com

membros inferiores

(MMII) pendentes,

sedestação na

poltrona, marcha

estacionária e

deambulação.

Observou-se

que os pacientes

retirados do leito

apresentaram

menor

mortalidade.

Brahmbhatt N. et al., 2010.

Avaliar a eficácia da

associação da

interrupção diária da

sedação com a

fisioterapia e terapia

ocupacional sobre os

resultados funcionais

em pacientes que

ficaram em VM na

unidade de terapia

intensiva.

Pacientes realizavam

mobilização precoce e

terapia ocupacional

nos períodos de

interrupção diária de

sedação.

Os pacientes

retornaram mais

rápido ao seu

estado funcional

realizando 6

atividades de

vida

diária e

deambulação.

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Dantas C. et al., 2012.

Avaliar os efeitos de um

protocolo de

mobilização precoce na

musculatura respiratória

e periférica de pacientes

na UTI para ajudar na

construção de diretrizes

ao tratamento.

48 pacientes de

ambos os sexos

divididos em grupo

controle com

fisioterapia

convencional e grupo

de mobilização

precoce que recebeu

um protocolo

sistemático de

mobilização precoce

que estavam sob VM.

Com sessões diárias

cinco vezes na

semana. No grupo

controle eram

realizados a

mobilização passiva

nos quatro membros

evoluindo para

exercícios ativo-

assisitidos, e no grupo

de mobilização

precoce um protocolo

de mobilização

precoce

sistematizado, duas

vezes ao dia, todos os

dias da semana.

Os pacientes

que foram

submetidos a

um protocolo de

mobilização

precoce

apresentaram

ganho de força

muscular

inspiratória e

periférica. Ainda

diminuiu o

tempo de

ventilação

mecânica e de

permanência na

Unidade de

Terapia

Intensiva.

Feliciano V. et al., 2012.

Avaliar a eficácia de um

protocolo de

mobilização precoce no

tempo de internação na

UTI, e analisar a força

muscular respiratória e

periférica nesses

pacientes.

48 pacientes,

realizaram sessões

diárias durante o

tempo médio de 17

dias de internação na

uti. Realizaram

mobilização passiva

dos quatros membros

evoluindo para

exercícios ativo-

assistido e ativo-

resistido, sedestação

beira leito e

cicloergometria para

MMII.

Os pacientes

que foram

submetidos ao

protocolo de

mobilização

precoce e

sistematizado

evoluíram com

ganho de força

da força

muscular

inspiratória e

força muscular

periférica e

ainda tiveram

alta precoce da

Unidade de

Terapia

Intensiva.

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Neto P. et al., 2013.

Investigar as alterações

cardiorrespiratórias de

pacientes durante o

exercício ativo com

cicloergômetro e

analisar a aceitação dos

pacientes para realizar

esse tipo de atividade.

15 pacientes,

realizaram o exercício

para MMII utilizando o

cicloergômetro, cinco

vezes por semana,

durante seis semanas.

Observaram

pequenas

alterações

cardiorrespiratóri

as durante o

exercício e uma

boa aceitação

dos pacientes

com a atividade.

Carvalho

T. et al.,

2013.

Avaliar a funcionalidade

e independência de

pacientes que

realizaram a saída do

leito

precocemente na

Unidade de Terapia

Intensiva.

Pacientes internados

na Unidade de

Terapia Intensiva com

prescrição médica de

fisioterapia que

realizaram, divididos

em grupo de

fisioterapia

convencional (grupo

controle) e o grupo

intervenção, que

realizou o protocolo de

mobilização precoce

com mudanças de

decúbito, mobilização

passiva, ativo-

assistida, e resistidas

de MMSS e MMII,

diagonais funcionais,

e alongamento.

Os pacientes

apresentaram

melhor taxa de

funcionalidade

após a alta da

UTI, menor

tempo de

internação, e

também menor

tempo de

hospitalização.

Heidi J. et

al., 2013.

Reduzir o número de

pacientes e o tempo de

permanência dos

pacientes internados na

Unidade de Terapia

intensiva.

Pacientes receberam

um programa de

mobilização precoce

nas primeiras 48

horas de internação

na UTI.

Pacientes sedados

recebiam:

mobilização passiva

global.

Pacientes sem

sedação recebiam:

exercícios ativos de

MMII e MMSS, sentar

beira leito, sentar na

poltrona, treino de

ortostatismo e

deambulação.

Observou-se

que o programa

de mobilização

precoce teve

resultados e

melhorias na

clinica dos

pacientes, como

por exemplo no

tempo de

internação.

Cordeiro

L. et al.,

2015.

Avaliar o impacto da

deambulação precoce

na duração da

permanência em

49 pacientes,

realizaram o exercício

de deambulação

estimulada após a

Pode-se concluir

que a

deambulação

precoce não

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unidade de terapia

intensiva (UTI) nos

pacientes submetidos a

cirurgia cardíaca.

cirurgia cardíaca. influenciou na

duração da

permanência

desses

pacientes na

UTI.

Murakami F. et al., 2015.

Avaliar a evolução

funcional dos pacientes

submetidos ao protocolo

de reabilitação precoce

desde a admissão até a

alta da UTI.

463 pacientes foram

submetidos ao

protocolo de

reabilitação precoce

com um tempo

mínimo de 30 minutos

e máximo 60 minutos

de cada sessão,

foram divididos em

planos de intervenção

conforme seu status

funcional.

A manutenção

e/ou melhora do

status funcional

admissional es-

teve associada

com menor

tempo de in-

ternação na UTI.

Chiang L. et al., 2016.

Investigar os efeitos do

treinamento físico sobre

o estado funcional em

pacientes com VM

prolongada.

32 pacientes,

realizaram exercícios

de fortalecimento

muscular de MMSS e

MMII, sedestação

beira leito,

deambulação e

exercícios

diafragmáticos, cinco

vezes por semana,

durante seis semanas.

Oservou-se

melhoria na

força muscular e

tempo fora da

ventilação após

os pacientes que

necessitam de

VM prolongada

praticarem

treinamento

físico em seis

semanas.

Siqueira N. 2017.

Avaliar as alterações no

sistema respiratório,

hemodinâmico, nível de

consciência e no

comportamento dos

pacientes submetidos

ao ortostatismo passivo

através do uso da

prancha ortostática.

Pacientes restritos ao

leito e incapazes de

realizar o ortostatismo

ativo dentro da UTI,

aonde realizaram a

progressão dos

ângulos na prancha

ortostática de 10 em

10 minutos, uma vez

ao dia durante cinco

dias consecutivos.

O treino de

ortostase

proporcionou um

aumento

significativo e

proprioceptivo

nas alterações

hemodinâmicas

e respiratórias, o

uso da prancha

ortostática

auxilia

indiretamente na

redução do

tempo de

internação, das

complicações

secundárias e

sequelas

decorrentes ao

imobilismo,

resultando na

melhora da

qualidade de

vida.

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Nos protocolos aplicados, não houve predomínio na utilização de

qual técnica deveria ser aplicada junto aos pacientes. Porém verificou-se um

consenso entre os autores em utilizar exercícios com uma intensidade capaz

de gerar uma contração visível no músculo alvo. Grande parte dos estudos

evidenciaram recuperação de força muscular, menor tempo de internação

hospitalar, maior independência funcional, e o desmame precoce da VM com o

uso da mobilização precoce.

Discussão

Imobilidade, descondicionamento, fraqueza, podem contribuir para

hospitalização prolongada, diminuição do estado funcional e a qualidade de

vida do paciente. Uma crescente literatura demonstra que os sobreviventes da

doença crítica tratada em UTI têm significativas e prolongadas complicações

neuromusculares que prejudicam sua função física e qualidade de vida após a

alta hospitalar 17.

A imobilidade é um problema frequente em pacientes em VM e pode

contribuir no aumento de tempo de internação hospitalar e o aparecimento de

fraqueza muscular respiratória e periférica, prejudicando assim as suas funções

e a qualidade de vida do paciente. A debilidade generalizada é uma

complicação comum em pacientes internados na UTI. Diversos fatores podem

contribuir essa condição, dentre eles destacamos a VM e a imobilidade

prolongada que aumenta o índice de mortalidade, complicações e o tempo de

internação interferindo na vida do paciente até anos depois de sua alta

hospitalar 15.

Nos últimos 20 anos, ocorreram avanços na terapia intensiva bem

como na VM, o que resultou no aumento da sobrevida dos pacientes críticos.

Porém, alguns pacientes desenvolvem a necessidade de VM prolongada,

mostrando-se frequentemente descondicionados devido a insuficiência

respiratória precipitada pela doença subjacente, efeitos adversos das

medicações e período de imobilização prolongado 14. Apesar das evidências de

muitos anos que a VM e o imobilismo prolongado no leito resultam em

descondicionamento físico e respiratório; estudos investigando a eficácia da

mobilização precoce para pacientes críticos numa UTI só começaram a

aparecer na literatura nos últimos 10 a 15 anos 22.

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Estudos eletrofisiológicos dos membros revelam anormalidades

neuromusculares difusas em 50% dos pacientes internados na UTI após 5 a 7

dias de VM, tendo como principal sinal clínico o descondicionamento físico,

devido à fraqueza muscular 14. Por esse motivo, a introdução da mobilização

precoce torna-se importante para evitar a perda significativa das habilidades

diárias do paciente.

O imobilismo prolongado pode desempenhar um papel importante

no desenvolvimento de anomalias neuromusculares, em exemplo a

polineuropatia e a miopatia, complicando o estado clínico dos pacientes críticos

8. Os estudos com pacientes críticos em VM, demonstram que estas doenças

estão associadas ao aumento do tempo de permanência na UTI podendo

causar aumento no índice na taxa de mortalidade, fraqueza muscular, paralisia,

prolongar o tempo de suporte ventilatório de duas a sete vezes, prejudicando

em até 100% a reabilitação dos pacientes internados 23.

A falta de uma abordagem sistemática sobre o desmame da VM e

sobre a sedação prolongada podem ocasionar ausência completa ou parcial da

atividade neural e da mecânica muscular, contribuindo para a intolerância aos

exercícios 9 13. O estudo de Brahmbhatt et al 13, descreveram que pacientes em

VM com uso médio de dois dias de sedação, sendo analisado o estado

funcional do paciente para descontinuação da sedação, tiveram menor duração

do delirium e mais dias livres da VM; proporcionando maior alcance no status

funcional independente, maior ganho nas atividades de vida diária e a

deambulação. Cordeiro et al 19 investigaram o impacto da deambulação

precoce na duração da permanência em UTI nos 49 pacientes submetidos a

cirurgia cardíaca e pode-se concluir que a deambulação precoce não

influenciou na duração da permanência desses pacientes na UTI.

Hodgin et al 10 mostraram em seu estudo que doentes críticos

submetidos a VM e que iniciaram a terapia após a intubação demonstrou

redução na duração da ventilação mecânica e maior independência funcional.

Nos estudos de Bailey et al 8, foram evidenciados que a atividade quando

realizada mais cedo (após 24 horas de admissão na UTI), observando a

estabilização fisiológica do paciente, pode melhorar a função física do doente

crítico, gerando uma maior possibilidade de deambulação precoce, onde 69,4%

dos pacientes analisados deambularam 100 pés. Chiang et al 21, também

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mostraram em seu estudo que 53% dos pacientes submetidos a um

treinamento físico de seis semanas recuperaram a deambulação. Também

analisaram que 87% dos pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica

(DPOC) após uma média de sete semanas de reabilitação recuperaram de um

episódio de insuficiência respiratória aguda.

Corroborando aos estudos sobre os benefícios do exercício para a

mecânica respiratória, Dantas et al 14 em sua pesquisa com 48 pacientes

internado em uma UTI e submetidos a VM, revelaram que após um protocolo

de mobilização precoce apresentaram ganho de força muscular inspiratória, de

força muscular periférica e ainda diminuiu o tempo de VM e de permanência na

UTI.

O uso do cicloergômetro também, como auxílio na mobilização

precoce em pacientes críticos, numa frequência de quatro sessões por semana

com 20 minutos e ajuste da intensidade conforme força muscular do paciente,

promoveu uma melhora na fraqueza muscular, na tolerância ao treinamento

físico, na dispneia e dessaturação; assim diminuindo o tempo de internação

destes pacientes na UTI 11. No estudo realizado por Neto et al 16, observaram

que o uso do cicloergômetro realizado uma vez durante a internação do doente

crítico por cinco minutos teve boa aceitação dos pacientes e poucas alterações

na hemodinâmica funcional, justificando que o uso do cicloergômetro pode

auxiliar na melhora da força muscular destes doentes.

Heidi et al 18 em seu estudo com pacientes que receberam um

programa de mobilização precoce nas primeiras 48 horas de internação na UTI,

observaram que com o mesmo obteve-se resultados e melhorias na clinica do

paciente, como por exemplo no tempo de internação. Nos estudos de

Murakami et al 20 tiveram como objetivo avaliar a evolução funcional dos 463

pacientes submetidos ao protocolo de reabilitação precoce desde a admissão

até a alta da UTI, no qual a manutenção e/ou melhora do status funcional

admissional esteve associada com menor tempo de internação na UTI. Por isso

a mobilização precoce iniciada imediatamente após a estabilização fisiológica

do paciente juntamente com uma equipe multidisciplinar é necessária como

parte das rotinas diárias na UTI 24 25.

Siqueira 26 mostrou em seu estudo que a prancha ortostática além

de ser pouco usada como um recurso fisioterapêutico em ambientes

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hospitalares, ela tem atuação benéfica, sendo capaz de proporcionar e

contribuir para um bom trabalho de mobilização precoce, um aumento

proprioceptivo nas alterações hemodinâmicas e respiratórias além de aumentar

o nível de consciência significativamente, contribuindo assim para um bom

prognóstico de pacientes, consequência esta redução de complicações

secundárias e sequelas decorrentes ao imobilismo, auxiliando indiretamente e

minimizando o tempo de internação, resultando em melhora na qualidade de

vida destes pacientes vítimas da imobilização prolongada.

Estudos evidenciam a necessidade de se iniciar o mais

precocemente um programa de reabilitação no doente crítico, afim de evitar os

fatores de riscos para o desenvolvimento da imobilidade, que geram perda da

função muscular e aumentam as complicações respiratórias. Além disso,

ressalta-se ainda que a mobilização precoce diminui o tempo do paciente na

VM e melhora a qualidade das atividades diárias do paciente pós alta-

hospitalar.

Conclusão

Estudos evidenciam a necessidade de se iniciar o mais

precocemente um programa de reabilitação no doente crítico, afim de evitar os

fatores de riscos para o desenvolvimento da imobilidade, que geram perda da

função muscular e aumentam as complicações respiratórias. Além disso,

ressalta-se ainda que a mobilização precoce diminui o tempo do paciente na

VM e melhora a qualidade das atividades diárias do paciente pós alta-

hospitalar.

Conclui-se que o uso da mobilização precoce em pacientes críticos

na UTI foi associada a melhora na capacidade funcional respiratória, ao

aumento de força muscular e periférica, diminuição no tempo de VM e do

tempo de internação hospitalar e evolução na realização das atividades de vida

diária, apesar de que não haja uniformidade quanto à maneira de aplicação das

técnicas, nos estudos aqui apresentados.

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