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As Características dos Discípulos de Cristo, por C. H. Spurgeon

Date post: 07-Apr-2016
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Um sermão destinado para ser lido no dia do Senhor, 26 de novembro de 1899. Pregado por C. H. Spurgeon, no Tabernáculo Metropolitano, Newington. Na noite do Dia do Senhor, 16 de julho de 1882. “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:26) “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos.” (João 8:31) “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João 13:35) “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” (João 15:8)
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C. H. SPURGEON

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Traduzido do original em Inglês

Characteristics of Christ’s Disciples — Sermon Nº 2650

Metropolitan Tabernacle Pulpit — Volume 45

By C. H. Spurgeon

Via SpurgeonGems.org

Adaptado a partir de The C. H. Spurgeon Collection, Version 1.0, Ages Software.

Tradução: Ezequias Farias

Revisão: Camila Almeida

Revisão Final e Capa: William Teixeira

1ª Edição: Janeiro 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com permissão de

Emmett O´Donnell em nome de SpurgeonGems.org, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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As Características dos Discípulos de Cristo (Sermão Nº 2650)

Um sermão destinado para ser lido no dia do Senhor, 26 de novembro de 1899.

Pregado por C. H. Spurgeon, no Tabernáculo Metropolitano, Newington.

Na noite do Dia do Senhor, 16 de julho de 1882.

“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e

irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.”

(Lucas 14:26)

“Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha

palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos.” (João 8:31)

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos

outros.” (João 13:35)

“Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.”

(João 15:8)

Nesta manhã, eu preguei sobre um dos privilégios dos discípulos de Cristo: “Quando eles

estavam sozinhos, Ele explicava tudo a seus discípulos”. Eles formaram um círculo e tive-

ram o privilégio de ouvir as exposições e explicações que nosso Senhor deu apenas aos

Seus discípulos. Enquanto eu estava falando, eu acho que a pergunta deve ter surgido nos

corações de muitos dos meus ouvintes, “O que é um discípulo de Cristo?”. E também a

continuação de uma indagação: “Eu sou um dos Seus discípulos?”. É muito importante para

nós, que somos pregadores, sabermos o que um discípulo é, pois somos convidados a ir e

fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito

Santo. O que está envolvido em fazer um discípulo? Não podemos responder plenamente

a essa pergunta até sabermos o que um discípulo é!

A fim de ajudá-los, queridos amigos, a saberem se realmente são discípulos de Cristo, cha-

marei sua atenção para quatro textos nos quais o Senhor Jesus menciona algumas das coi-

sas que são essenciais para o verdadeiro discipulado, e sem as quais um homem não pode

ser Seu discípulo. Peço ao Espírito Santo para fazer aqueles que são discípulos se alegra-

rem em seu discipulado e a considerar a maior honra de sua vida ter o Filho de Deus como

o seu Mestre e Líder. E eu também oro para que aqueles que temem não serem Seus discí-

pulos possam ser levados a Ele, enquanto eu estou falando. Que eles possam, por Sua

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graça, resolver que eles também serão Seus discípulos, e que o Espírito Divino os conduza

à Escola de Cristo, para que possam sentar-se aos Seus pés e receber a Sua Palavra a

partir de agora!

I. A primeira marca do discipulado para qual eu chamarei a sua atenção é mencionado no

Evangelho segundo Lucas, no Capítulo 14 e verso 26: “Se alguém vier a mim, e não abor-

recer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria

vida, não pode ser meu discípulo”. Estas palavras provam que o primeiro quesito de um

discípulo de Cristo é a SINCERIDADE.

O significado desta passagem é que o discípulo de Cristo deve, amar tanto o seu Senhor

que, em comparação com o amor que ele presta a Cristo, todos os outros amores deverão

arder apenas fracamente e serem malmente dignos de serem mencionados! Este versículo

tem intrigado muitas pessoas porque eles supõem que Cristo realmente desejou que odias-

sem a seu pai, mãe, esposa e assim por diante. O menor pensamento possível devia ter

convencendo-lhes de que Ele nunca poderia ter desejado que eles façam qualquer coisa

do tipo! Se você pegar as palavras de Cristo, sem procurar encontrar o seu significado, vo-

cê pode entendê-las mal, pois, algumas vezes, Ele fala muito corajosamente — Eu quase

poderia ter dito, com a maior reverência, sem muitos rodeios —, a fim de deixar bem claras

as Suas colocações. Ele fala de um modo que, em outros, seria tolice. Ele vai além do que

Ele quer que entendamos literalmente, porque Ele sabe que esta é a única maneira em que

Ele pode fazer Seu ensino de fácil entendimento para algumas mentes. Não havia realmen-

te nenhuma razão para que alguém cometesse tal erro e houvesse entendido estas pala-

vras da mesma forma que se destacam em nossa versão.

Não é possível que um homem, para ser um discípulo de Cristo, venha a odiar qualquer

pessoa, pois a Religião de Cristo é uma Religião do amor, e o ódio deve ser expulso do

seio de quem O recebe. É absolutamente inconcebível que qualquer pessoa que odeie seu

pai possa ser um discípulo de Cristo, pois isso seria uma violação do primeiro mandamento

com promessa, que nos ordena honrar nosso pai e mãe. Certamente Jesus nunca ensinou

algo contrário aos mandamentos de Seu Pai! Aquele que odiou sua própria mãe seria um

monstro, e não um discípulo manso e humilde de Jesus que cuidou de Sua mãe em meio

à Sua agonia na cruz. Será que a natureza, em si, não nos ensina que o nosso amor certa-

mente deve fluir em direção àqueles que foram os autores do nosso ser e que tão afetuo-

samente cuidaram de nós quando éramos incapazes de cuidar de nós mesmos? Eu não

temo que qualquer um de vocês, queridos amigos, cometam erros a esse respeito e, em

seguida, fantasiem que você tem o mandado de Cristo para odiar seu pai e sua mãe!

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Então, não deve um homem amar a sua esposa? Sim, ele deve, pois o apóstolo diz: “Mari-

dos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja”. Já ouvi falar de alguém que

se dizia amar muito a sua esposa, mas eu não acredito nisso, porque o padrão de amor de

um marido é: “como também Cristo amou a igreja”, e quem poderia ir além disso? Um ho-

mem pode ser excessivamente submisso ou devoto de modo que, em alguns casos, isso

pode tê-lo levado para o extremo de se tornar loucura e idolatria, mas deste mal espero que

nós escapamos. Contudo, um homem não poderia ser um discípulo de Cristo se ele literal-

mente odiava sua esposa. Ele seria indigno da sociedade, mesmo da moral, muito mais da

sociedade do Gracioso, se ele assim agisse. Nem podemos imaginar Cristo ordenando a

alguém que odeie os seus próprios filhos. A própria natureza dita que devemos amá-los e

nós o fazemos, não podemos nem queremos impedi-lo. Nos tornaremos traidores de Cristo,

se tentamos expulsar um afeto que Ele próprio tem implantado dentro de nós. Nenhum

homem pode odiar seus filhos e ainda ser Cristão! Seria uma prova clara de que ele não

tinha nada do Cristianismo sobre ele, assim como o apóstolo diz, de uma outra questão:

“se alguém não cuida dos seus, e principalmente dos da sua própria casa, tem negado a fé

e é pior que um infiel” [1 Timóteo 5:8]. Portanto, não devemos odiar os nossos filhos, nem

devemos odiar nossos irmãos e irmãs.

É somente em um sentido comparativo e não, literalmente, que o termo pode, eventualmen-

te, ser usado. E para deixar isso bem claro, Cristo disse que devemos odiar nossa própria

vida. O próximo passo para isso seria um suicídio e o Salvador nunca poderia ter ordenado

nenhum de Seus seguidores a cometer esse pecado terrível! O que ele quis dizer foi que

Ele deverá ter o primeiro lugar em nossos corações e todos os que nos são estimados de-

vem estar em segundo. Sim, e nós mesmos deveremos estar em segundo, também, e deve-

mos estar preparados para quebrar todo laço terreno, em vez do laço que nos une a Cristo

Jesus, nosso Senhor.

O ensino do texto é que Cristo deve ser amado mais do que todas as nossas relações. Po-

de ser que nunca teremos de suportar o teste de escolher entre Cristo e os nossos entes

queridos, mas alguns tiveram que fazer isso. Você, talvez, já ouviu a história do mártir que

estava saindo para ser queimado por causa de Cristo. E, como seus inimigos tinham falhado

em demovê-lo de sua firmeza, eles fizeram mais uma tentativa, pois o homem bom estava

a caminho da estaca. Eles trouxeram sua mulher e seus 11 filhos para encontrá-lo e todos

estavam chorando e ajoelhando-se diante dele, pedindo-lhe para se retratar. Sua esposa

implorou: “meu marido, não seja tão obstinado! Não vá para a fogueira”, e cada um de seus

filhos tinha sido ensinado a agarra-se a seu pai e dizer-lhe: “Pai, viva por minha causa”, “e

por mim, pai”. Este foi um ensaio que o bom homem não esperava e como ele estava ali,

cercado por seus entes queridos, ele disse: “Deus sabe como eu amo todos vocês, e como

com prazer, por amor de vós, eu faria qualquer coisa que eu pudesse, com a consciência

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tranquila, de modo a fazê-los felizes. Mas, em comparação com Cristo e Seu Evangelho,

que eu amo com todo meu coração e alma, devo abandonar-lhes e tratá-los como se eu

não tivesse amor por vocês. Eu devo ir e render o meu corpo para ser queimado pela ver-

dade de Cristo. Portanto, não chorem e machuquem o meu coração”. Isso foi grandiosa-

mente feito da parte dele; e provavelmente você pode ter uma melhor ideia do significado

do meu texto a partir deste incidente que eu lhe contei, melhor do que por qualquer palavra

que eu possa usar.

Bem, caros amigos, embora sua fé talvez nunca seja submetida a esse teste supremo, uma

questão de vida ou morte, contudo, você poderá ser testado para ver se você ama a Cristo

mais do que você ama os seus parentes. Havia um certo bispo de Deus que tinha um irmão

que veio e pediu-lhe para ordená-lo e dar-lhe moradia, pois o seu comércio não prosperou

como ele desejava. O bom bispo amava seu irmão e ele teria feito tudo o que era certo para

ajudá-lo. Mas ele disse: “Meu querido irmão, você não é chamado por Deus para realizar

esse tipo de trabalho, por isso não posso ordená-lo, ou dar-lhe um sustento. Terei prazer

em dar-lhe dinheiro para ajudá-lo em seu negócio, mas eu não posso fazer uso da minha

posição na igreja para colocá-lo em um lugar para o qual você não está qualificado. Se você

fosse uma pessoa capaz e apropriada para este serviço santo, eu teria ficado maravilhado

em realizar o seu desejo. Mas como você não é, eu não posso usar minha influência para

beneficiar-lhe desta forma”. Eu desejo que cada bispo agisse da mesma forma, pois eles

nem sempre o fizeram. No entanto, houve o ponto crucial no qual o bom homem sentiu que

ele deveria, antes, considerar o bem-estar da igreja do que o benefício de seu parente e

ele deve tratá-lo apenas como se ele fosse um estranho. É assim que devemos lidar com

qualquer um que vem até nós com um propósito similar; se ele é uma pessoa apropriada,

deixe-o ser encorajado a entrar na obra para a qual está qualificado. Mas se ele não é,

deixe-o voltar para a sua oficina, ou para seu arado, ou ao seu furador, ou para a sua

profissão, ou deixe-o se envolver em algum negócio em que ele ganhará a vida e não fará

nenhum mal aos seus semelhantes, como ele faria se ele fosse colocado para trabalhar no

que ele não é adequado.

Não têm alguns de vocês, queridos amigos, encontrado casos em que a mesma dificuldade

tenha surgido? Você deve fazer um mal a Cristo e ao Seu povo, ou então você deve parecer

duro e cruel para com algum parente ou amigo. Bem, você não pode ser discípulo de Cristo

se você hesitar um minuto sobre o que é claro que você deve escolher! Irmãos, irmãs, es-

posa, filhos, pai, mãe nunca devem ser permitidos por um momento serem colocados em

competição com Cristo! Lembro-me de alguém que, quando muito jovem, sentiu que ele

deveria ser batizado na profissão de sua fé em Cristo, mas aqueles que eram mais próximos

e queridos a ele não concordaram com ele sobre esse assunto. Ele não tinha um parente

que pensava como ele quanto a esta questão. Ele colocou seu caso perante eles e, sendo

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tão jovem, ele pediu para que ele pudesse ter permissão para realizar suas convicções

conscientes, mas, ao mesmo tempo, ele disse: “Se a autorização não vier, obedecerei a or-

dem de meu Senhor, pois, neste caso, não reconheço nenhum pai ou mãe, mas simples-

mente farei como meu Salvador me manda”.

Em matéria de Religião, só Cristo é o nosso líder, e nossa consciência jamais pode obede-

cer a qualquer supremacia, além da de nosso Senhor Jesus Cristo. Essa decisão deve ser

anunciada mui suavemente, sem qualquer amargura de espírito, com muita humildade —

e oração por sabedoria e orientação —, mas não deve haver qualquer dúvida sobre a sua

ação! Você deverá colocar os pés no chão, e dizer: “Em tudo o que diz respeito a Cristo e

à minha alma, eu não chamo a nenhum homem de ‘pai’, sobre a terra, mas, a todo custo,

devo seguir o meu Senhor onde quer que Ele me leve”.

Acho que agora você pode ver o objetivo das palavras do Salvador. A regra para vocês que

são Seus discípulos deve ser: Cristo em primeiro lugar e todo mundo, tão abaixo quanto

você quiser. Todos tratados com bondade e devida consideração, mas a ninguém é permi-

tido usurpar o trono do grande Rei. Então, em primeiro lugar, devemos amar a Cristo mais

do que todos os nossos parentes.

E, em seguida, devemos amar a Cristo mais do que a nossa própria vida. Você sabe que

tem havido muitos que não amaram as suas vidas tanto quanto eles amaram o seu Senhor,

pois eles se entregaram livremente por causa dAquele que deu a Sua vida por eles. Os

Cristãos, em épocas passadas, sabiam o que estava envolvido em ser fiel a Cristo. Você

pode ter lido aquela carta que escreveu Plínio, sobre os primeiros Cristãos, na qual ele

disse que não sabia o que fazer com eles, porque eram homens de bom caráter, mas tinham

esta peculiaridade, que eles seguiam a Cristo em tudo. Eles, na verdade, vieram com calma

confiança, até mesmo para o tribunal romano, bem sabendo que, se eles fossem conde-

nados por serem Cristãos, eles seriam condenados à morte; e parecia que eles estavam

ansiosos para morrer, tão ansiosos que colocavam o seu amor a Cristo antes de qualquer

pensamento de liberdade da dor ou escape da morte! Em que consistiam os tormentos —

para os quais eles foram destinados, no âmbito dos seus muitos perseguidores —, eu quase

não me atrevo a dizer-lhes. Pense em um deles forçado a se sentar em uma cadeira de

ferro em brasa. E de outros arrastados por cavalos selvagens, ou atingidos por touros, ou

despedaçados por animais selvagens. Tudo o que poderia adicionar vergonha e dor à morte

foi inventado naqueles tempos, mas os mártires recuaram ou voltaram atrás? Não. Eles se

levantam pela causa de Cristo e renunciaram às suas próprias vidas como se elas não

valessem nada, ao invés de serem acusados de traidores de Jesus Cristo, seu Senhor e

Salvador!

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Devemos estar preparados para fazer o mesmo que eles fizeram, se necessário. Só que,

no nosso caso, provavelmente nunca chegaremos a esse ponto neste país onde, graças a

Deus, temos tanta liberdade civil e religiosa. No entanto, muitas vezes, um teste semelhante

pode ser aplicado a nós de uma forma modificada. Pode haver, por exemplo, alguma perda

nos negócios por fazer o que sabemos ser o certo! Há algumas pessoas que tem tido o

hábito de exercer a sua atividade no Sabath, mas quando eles se tornaram discípulos de

Cristo, eles fecharam sua loja naquele dia, e outras pessoas disseram-lhes: “Você será ar-

ruinado, você nunca ganhará o sustento. Você sabe, nós temos necessidade de viver”. Te-

nho ouvido muitas vezes essa última frase, mas eu não acredito nisso. Eu não vejo ne-

nhuma necessidade para nós vivermos. Há uma necessidade para nós de sermos fiéis a

Cristo, mas não para nós continuarmos a viver! É melhor negócio que nós venhamos a mor-

rer do que que venhamos a fazer uma coisa errada. E devemos estar preparados a qualquer

momento para dizer: “Se for necessário, deixaremos o nosso comércio e empobreceremos.

Mas manteremos a consciência limpa”. E para aquele que tem um passarinho no seu peito

nunca faltará música! E embora tenha apenas um centavo no bolso, contudo, se ele usar a

botoeira chamada juízo do coração na lapela, ele nunca precisará invejar o homem mais

rico do mundo!

Pode acontecer com você, no seu negócio, que haverá uma oportunidade de obter dinheiro

por ser ladrão de uma maneira respeitável, há uma abundância de tais ladrões por aí. Mas

se você é um Cristão, você dirá: “Não, o dinheiro ganho por desonestidade levará uma mal-

dição com ele. Eu não posso tocá-lo mais do que eu lidaria com dinheiro sujo. Se um

método é errado, devo abandoná-lo, pois lucro e riqueza não deverão vir a mim, se não for

honestamente. Eu devo servir e servirei ao Senhor Jesus Cristo em primeiro lugar e acima

de tudo”.

Às vezes, você sabe que por amor de Cristo, nossos irmãos e irmãs vão como missionários

para a Índia ou para a China, e alguns vão para o Congo ou para outras estações na África,

onde é quase certo que, em pouco tempo, eles serão atingidos pela febre. Mas quão

corajoso é isso da parte deles! Quão verdadeiro discípulo de Cristo é tal homem ou tal mu-

lher, que, sabendo que tudo isso é esperado, no entanto, diz: “Meu Senhor me chama a

servi-lO na África. E se Ele me envia para um manguezal e para uma febre, vou tão facil-

mente como se tivesse me chamado para sentar em um trono”.

Para resumir o ensinamento deste primeiro texto: seu significado é que Cristo deve ser a-

mado mais do que qualquer coisa. Se houve que escolher entre o mundo inteiro ou Cristo,

graças a Deus, há muitos de nós que não esperariam um momento para decidir-se! E se

essa fosse a escolha: a vergonha aos olhos dos homens, ou então muito maior a vergonha

de desertar do Salvador, oh, eu espero que não hesitaríamos nem por um instante! “Não”,

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diz o Cristão: “Cristo é o meu tudo em todos. Se eu tiver todas as coisas, vou tentar en-

contrá-lO nelas e se eu não tenho nada, eu vou encontrar todas as coisas nEle”. Assim, o

significado deste texto é que Cristo deve ter servos sinceros e se você vir a Ele para ser

Seu discípulo, você deverá trazer todo o seu ser com você.

Cristo nunca será Rei sobre um ânimo dividido. Houve uma época em que a ilha era um

heptarquio e sete reis governaram sobre ela. Mas agora temos apenas um soberano e

neste reino unido jamais teremos, senão apenas um governante supremo. Assim deve ser

no coração do homem. O Diabo está muito disposto a compartilhar o reino com Cristo. “Oh”,

diz ele, “deixe que Cristo reine e deixe-me reinar também! Vamos fazer um excelente par

para dominar sobre os homens”. Mas Cristo não permitirá que isso seja assim. Se quiser-

mos ser Seus discípulos, Ele nos governará a partir do alto de nossa cabeça até as solas

dos nossos pés, e Ele não permitirá que Satanás tenha uma única fortaleza dentro de nós

para que possa chamar de sua. Para fora é que você tem que ir, seu usurpador vil, pois

veio Aquele que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores! A coroa está posta sobre a Sua

fronte, Ele não permitirá um rival nem por uma hora! Venha, então, amado, o que você diz?

Você é sincero com Cristo? Se não, você não é Seu discípulo. Ouça enquanto eu leio o

nosso primeiro texto novamente, e enquanto eu faço que você leia o significado verdadeiro

e pleno das palavras e sinta a sua força. “Se alguém vem a mim e não odeia seu pai e sua

mãe, esposa e filhos, e irmãos e irmãs, sim, e sua própria vida, também, não pode ser meu

discípulo”.

II. O segundo requisito para ser um discípulo de Cristo é encontrado no Capítulo 8 do Evan-

gelho segundo João, no verso 31: “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós

permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos”. Assim, PER-

SEVERANÇA é o próximo traço no caráter de um verdadeiro discípulo de Cristo.

Há um grande número de pessoas que, como os judeus, professam crer em Jesus Cristo

por um tempo. Quando a oposição e perseguição chegam, eles O abandonam e assim pro-

vam que eles não eram realmente Seus discípulos. Eu não sei muito sobre o mérito da

questão que é frequentemente discutida nos jornais, no que diz respeito ao alistamento por

um curto ou um longo tempo de serviço militar da Rainha, mas eu sei que o meu Senhor e

Mestre não aceitará qualquer um, a menos que você entre em Seu exército pela vida toda

— não, mais —, por toda a eternidade! Na verdadeira Igreja de Cristo não há nenhuma

profissão de fé apenas por um tempo. Uma vez que você tiver feito isso, você terá feito para

sempre. A própria maneira de confessar a Cristo, que é pelo Batismo, significa isso, pois o

homem que é justamente imerso no nome da Santíssima Trindade, é sepultado em primeiro

lugar e, em seguida, ele sobe novamente — e aquele sepultamento, que ocorre uma vez,

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nunca poderá ser cancelado — aconteça o que acontecer, é um fato consumado. Então,

mais uma vez, o ato de imersão nunca pode deixar de ser um fato. Marcas feitas na carne

podem ser removidas, mas quando a marca d’água foi colocada sobre todo o corpo, nunca

poderá ser removida. Aquele que foi sepultado com Cristo pode ter sido um hipócrita e um

enganador, mas, apesar de sua hipocrisia e engano, ele passou pela forma externa da

ordenança e ele nunca poderá livrar-se da responsabilidade da mesma. Será a sua des-

graça eterna, se ele for um réprobo batizado! No Dia do Juízo Final será evidência conclu-

siva de sua culpa que ele tanto tentou enganar a si mesmo, ou enganou o povo de Deus e

fez zombaria das ordenanças de Cristo. Mas, no caso de um verdadeiro crente em Cristo,

a perseverança no caminho certo prova que ele é um Cristão.

Em primeiro lugar, temos que continuar a acreditar nas palavras de Cristo. Embora, possa

surgir quaisquer novos erros doutrinários, não deveremos nos importar com eles, mas ape-

nas continuar na fé de Cristo. Então seremos verdadeiramente Seus discípulos! Nestes di-

as maus, algumas novas heresias aparecem quase toda semana. Há algumas pessoas que

parecem gastar todo o seu tempo em inventar mentiras e estas, juntadas aos velhos erros

que estão sendo continuamente remendados, confundem aqueles que não estão bem fir-

mados na fé, de forma que eles mal sabem o que é a doutrina ortodoxa e qual é a hetero-

doxa. Mas aquele que se mantém perto de seu Mestre, senta-se aos Seus pés e aprende

dEle — quando ele é ensinado do Espírito — e se mantém no que recebeu. Sr. Whitefield

costumava dizer que na sua época havia algumas pessoas para as quais era impossível

confessar um credo. Ele disse: “Você pode antes tentar fazer um conjunto de roupas para

a lua, pois eles mudam com tanta frequência como esta faz”. E nós temos muitas pessoas

da mesma espécie em nossos dias! Eles são “apenas iniciantes, e nada duradouros”. Mas

isso não é uma característica do discipulado Cristão! Um homem não é discípulo de Cristo

se ele é “levado em roda por todo o vento de doutrina” [Efésios 4:14], permitindo que qual-

quer pessoa possa colocar um remo em seu barco e virar e redirecioná-lo para onde quer

que o intruso deseje. Não, a mensagem do Mestre aos Seus seguidores é: “Se vós perma-

necerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos”.

Mas também temos que continuar em obediência. É parte de um verdadeiro discípulo de

Cristo fazer a vontade de seu Senhor mesmo numa posição em que todas as tentações

possam assaltá-lo. Você não será obediente a Ele por muito tempo sendo puxado pelo

casaco, primeiro desta maneira, e depois daquela. Mas o verdadeiro discípulo de Cristo diz:

“Se todos os reinos deste mundo me fossem dados com a condição de que eu me prostras-

se e adorasse o deus deste mundo, eu não pensaria, por um instante, em fazê-lo, pois es-

tou alistado no exército da Cruz. Eu sirvo a Cristo Senhor e somente a Ele”.

E também devemos continuar na palavra de Cristo, quando estamos em aflição. Há, infeliz-

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mente, alguns que, se Deus tratá-los duramente, ficam fortemente ofendidos com Ele. Um

querido filho é tirado de seu círculo familiar e eles dizem que nunca perdoarão a Deus. Eles

têm problema sobre problema e logo eles se queixam de que Deus se comporta maldo-

samente para com eles, e eles estão prontos para voltar no primeiro cruzamento que eles

vêm em sua peregrinação. Mas isso não ocorrerá naqueles que são “verdadeiramente discí-

pulos”. Devemos aguentar, venha o mal, ou o bem, e este deve ser o nosso lema, um que

eu tenho citado para vocês e que eu gosto de meditar para mim mesmo: “Ainda que ele me

mate, nele esperarei” [Jó 13:15]. Comprometamo-nos a Ele como a um fiel Criador. Temos

levantado a mão em sinal de nossa fidelidade a Ele, e nós não podemos voltar atrás!

Caros amigos que recentemente foram convertidos a Cristo, deixe-me exortar-lhes a serem

firmes e inabaláveis! Você não pode ser discípulo de Cristo, a menos que você esteja firme

e decidido. Um soldado Cristão que tinha que dormir em uma tenda com alguns compa-

nheiros ímpios, ajoelhou-se à noite para orar e toda vez que ele fez isso, foi atacado por

todos os tipos de mísseis. Ele consultou o capelão sobre o que era melhor a se fazer e a-

quele indivíduo oportunista disse que pensou talvez não ser necessário que o soldado se

ajoelhasse em público antes de se retirar para descansar. O soldado tentou o plano covarde

por uma noite, mas ele ficou muito infeliz e sua consciência estava preocupada. Ele tinha

falhado em dar testemunho por Cristo, por isso, na noite seguinte, ele se ajoelhou como

tinha feito antes e agradou a Deus que, aos poucos, a oposição cessasse e, mais do que

isso, a influência de seu exemplo corajoso e as palavras que ele falou em momentos dife-

rentes, fez com que todos os outros homens na tenda se ajoelhassem, também, antes de

irem descansar! Se eles foram todos convertidos ou não, eu não posso dizer, mas, de qual-

quer forma, havia pelo menos, a forma de oração naquela maneira. Quando o soldado viu

o capelão, mais uma vez, e disse-lhe o que tinha acontecido, o capelão o elogiou, e, em

seguida, o soldado lhe perguntou: “Você não acha que é melhor para nós sempre manter-

mos as nossas cores em exibição?”.

Essa é uma boa palavra de ordem para você, amado: mantenha sempre as suas cores em

exibição! Há alguns professos que dizem: “Nós podemos levar a nossa bandeira enrolada

em uma caixa a prova d’agua e quando houver uma oportunidade favorável, podemos

deixá-la ondular com a brisa”. Não, não! É melhor manter suas cores sempre em exibição.

Pode haver riscos e dificuldades pelo ondular da bandeira, mas cem vezes pior é enrolá-la

e colocá-la fora de vista. Nunca tenha vergonha do que não há nenhuma razão para se

envergonhar! Se alguém se envergonha de ser um Cristão, certamente Cristo tem motivo

para se envergonhar dele! Que não seja assim com você, querido amigo, mas sim que cada

um diga:

“Envergonhado de Jesus? Esse querido Amigo

Em quem minhas esperanças do Céu dependem?

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Não! Quando eu me envergonhar, seja esta a minha vergonha.

Que eu reverencie ainda mais o Seu nome.”

Mas, quanto a envergonhar-me quando eu reconheço que eu sou Seu servo, que tal sinal

carmesim de vergonha jamais possa vir ao meu rosto! Assim, permaneça firme na fé, ama-

do, pois, assim, você deve provar que você verdadeiramente é um discípulo de Cristo.

III. Devo agora passar para uma terceira marca de um verdadeiro discípulo de Cristo, isto

é, o AMOR FRATERNAL. Por favor, olhe para o Capítulo 13 do Evangelho de João, e o

verso 35: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos

outros”.

Essa deve ser uma marca do discipulado que todos os homens podem ver. Sempre que há

amor genuíno entre os Cristãos, todo mundo sabe de certo que eles são discípulos de

Cristo. Os homens bons e homens maus, o mais ignorante e os homens mais insensatos

não podem deixar de ver que o amor é, por assim dizer, um sinal pendurado exteriormente,

como uma marca de algo que ocorre internamente. Aquele discípulo a quem Jesus amava,

escreveu: “Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que

ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus;

porque Deus é amor” [1 João 4:7-8].

Agora, irmãos e irmãs, como devemos amar os nossos irmãos, de modo a que todos os

homens saibam que somos discípulos de Cristo? Uma maneira imediata é considerando as

suas necessidades e fazendo o melhor que pudermos para ajudá-los a sair de suas dificul-

dades. Se dizemos ao que passa frio e fome: “Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos” [Tiago

2:16]. E ainda assim não fazemos nada para ajudá-los na prática, como habita o amor de

Deus em nós? Que tipo de Cristianismo é liberal apenas em palavras? Caros amigos, há

muitas pessoas pobres entre nós que estão lutando para obter um meio de subsistência e,

infelizmente, há muitos outros que não conseguem encontrar qualquer emprego sequer. E

cabe a qualquer um dos que estão sendo prósperos por Deus, ajudar os seus irmãos po-

bres, tanto quanto puderem. Muitas vezes um homem pode realmente ajudar o seu próxi-

mo, mesmo que não tenha dinheiro sobrando. Eu li uma história bonita de um mineiro, Cór-

nico, que estava ficando um pouco velho e o capitão da mina disse: “John, eu acho que eu

posso colocá-lo em uma vaga mais leve do que a que você está agora. Você ganhará mais

dinheiro e você terá que ser um supervisor dos outros, em vez de trabalhar muito sozinho.

Eu sei que eu posso confiar em você, por isso vou colocá-lo nessa vaga no próximo mês”.

O mineiro disse, em resposta: “Capitão, você conhece o nosso irmão Tregony?”, “Sim”, res-

pondeu o capitão. “Você sabe que ele é mais velho do que eu”, disse o mineiro, “Ele não

pode executar um dia de trabalho, agora, mas eu temo que ele terá que desistir totalmente.

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Eu gostaria que você o pusesse nessa vaga, embora eu esteja ficando velho, eu acho que

eu posso continuar por mais um ano ou dois. Então, deixe o velho Tregony obter a vaga de

supervisor”.

O capitão assim o fez, e este é o verdadeiro amor Cristão, quando um homem está disposto

a fazer um sacrifício, porque ele sente que ele não está necessitando tanto quanto o outro.

Eu me lembro de dizer a uma viúva pobre que veio uma manhã ao orfanato com seu filho:

“Há outra mulher lá fora. Você foi falar com ela, não é mesmo, enquanto você estava espe-

rando para entrar?”, “Sim, senhor”, respondeu ela. Eu disse: “Ela tem nove filhos e nós só

podemos ficar com um. Quantos você tem?”, “Três”, respondeu a mulher. “Bem, agora”, eu

perguntei, “com qual desses três deveremos ficar?”, “Oh, Senhor!”, Ela disse, “não há um

minuto necessário para deliberar sobre o assunto! Você pega um dos filhos da outra pobre

mulher. Vou tentar fazer o melhor que posso, embora seja uma escolha difícil para mim,

contudo aquela mulher tem uma carga mais pesada a carregar do que eu, coitada”. Tive o

prazer de ver tal espírito de autossacrifício e fico sempre contente quando as pessoas Cris-

tãs sentem esse tipo de simpatia e amor um pelo outro. Quantas vezes poderiam estradas

difíceis serem mais suaves, se todos agissem assim! Isso é exatamente o que temos de

estar constantemente fazendo, pois não podemos ser discípulos de Cristo se não tivermos

amor uns pelos outros.

Junto a isso, podemos mostrar o nosso amor aos nossos irmãos ao suportar os seus de-

feitos. É algo grandioso ser capaz de lidar com um bom negócio. Há algumas pessoas que

parecem pensar que vieram ao mundo para que outras pessoas possam suportá-las, e elas

certamente fazem a sua parte, pois dão às outras pessoas muito o que aturar! E se alguém

vier, no mínimo, a ressentir-se, eles dizem, “Fulano e ciclano estão de mau humor comigo”.

Eu diria que um anjo poderia estar de mau humor com algumas pessoas, mas eu não acho

que ele estaria. Ainda assim, gostaria que essas pessoas se lembrassem das provocações

que muitas vezes dão, bem como as réplicas afiadas que às vezes elas recebem.

“Oh”, diz alguém, “eu não acredito que haja qualquer amor entre os Cristãos”. Irmão, você

está medindo nosso milho com seu alqueire! Você percebe que não tem nenhum amor em

seu coração, pois, se você tivesse, haveria um pouco de amor em seus olhos e você perce-

beria algo também em outros. Mas quando isso é limpo e saído de sua própria alma, você

acha que ele também deve ter partido de outros. Claro, você não admite que saiu de você

e você imagina que você vê o que é exterior a você mesmo quando na verdade está dentro,

então, quando você diz que não há amor em lugar nenhum, é porque você está olhando

para si mesmo no espelho, apenas isso. Mas nós que amamos o Senhor podemos, eu

creio, suportar uns aos outros. Às vezes eu tento pensar que é a maior maravilha, que vo-

cês, queridos amigos, têm me aturado tanto tempo, ou que eu tenha aturado vocês! Há al-

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guns de vocês que são as melhores pessoas do mundo inteiro e há outros que ainda não

são os melhores, mas, sim, o contrário, e alguns de vocês nos causam problemas, às vezes.

Bem, que Deus possa dar a todos nós muita paciência e que possamos acreditar uns nos

outros! Isso é metade da batalha em todas as dificuldades que possam surgir entre os

Cristãos: que não venhamos a imputar motivos errados aos nossos companheiros, e que

não estejamos prontos para fazermos acusações uns contra os outros, mas apenas acre-

ditemos que cada um dos nossos companheiros é um filho de Deus e se há algo que ele

fez, e que parece errado, digamos: “isso deve ter sido mal interpretado ou deturpado. Es-

tou certo de que ele não pode ter feito uma coisa dessas. Lutarei por ele. Ele é meu irmão

em Cristo, por isso vou defendê-lo”.

Há um outro ponto em que alguns de vocês podem exercer o amor de uns pelos outros e

que é alegrando-se na felicidade do outro. Este é um ponto que é muitas vezes esquecido.

Você sabe qual é a tendência entre os homens, aqui está um homem que está subindo no

mundo, por isso há muitos que dizem: “Ah!”. Eles não dizem mais nada, mas eles dão de

ombros e eles olham cheios de coisas indizíveis. Ou há um irmão que tem feito bem na

Igreja e ele é referido em termos de aprovação. Então, uma vez alguém começa a tentar

rebaixá-lo e diz: “Ah, sim! Eu poderia ter feito o que ele fez”. Então, por que você não fez?

“Ah, mas ele tinha aquelas grandes vantagens!”. Sim, talvez ele tivesse, e você também ti-

nha a oportunidade de fazer uma coisa ou outra, contudo você não fez o melhor uso delas.

Agora, em vez de estar com ciúmes do sucesso de nosso irmão, não deveríamos estar nos

regozijando uns com os outros? Se um homem é pobre, que ele se regozije que nem todos

são tão pobres quanto ele é! Se ele está preocupado quanto às suas circunstâncias mun-

danas e ele encontra-se com um irmão que não tem motivo para tanta tristeza, deixe-o di-

zer: “Eu estou contente que ele está melhor do que eu. Eu não quero que ele tenha alguma

coisa com que se preocupar, como meus problemas me atribulam. Louvo a Deus por sua

prosperidade, bendigo ao Senhor pela sua felicidade”. Então, quando vemos um homem

especialmente gentil e talentoso que entra na Igreja, e está servindo a Deus, vamos recebê-

lo de todo o coração e um diga ao outro: “Aqui está um verdadeiro companheiro para nós,

estamos contentes que Deus nos enviou um homem para nos ajudar em Sua obra”.

Eu queria que nós tivéssemos a mente daquele nobre espartano que queria ser um magis-

trado, mas um outro homem se apôs a ele e recebeu o dobro de votos que ele. O que o

espartano disse? “Estou grato que o país tem homens melhores do que eu e eu estou con-

tente de ver que ele sabe onde encontrá-los quando precisam deles”. Então, queridos ami-

gos, fiquem felizes quando Deus provê homens melhores do que vocês para fazer a Sua

obra. Deixe o pregador se alegrar quando um outro pregador destaca-se mais do que ele.

Esse é o ponto para o qual todos nós devemos nos voltar. Deixe a professora da escola

dominical louvar ao Senhor, quando ela encontra uma outra professora que a ofusca total-

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mente. Que coisa abençoada é para o professor da escola bíblica que tem uma grande

companhia ao redor dele, encontrar outro irmão que dá uma aula melhor do que ele jamais

fez! Bendito seja Deus, quando é assim, queridos amigos. Este é um daqueles pontos que

muitas vezes é difícil, mas que deveria ser fácil, e que seria fácil se tivéssemos amor um

pelo outro! E se nós não temos esse tipo de amor, não somos discípulos de Cristo.

IV. Devo encerrar agora com apenas algumas observações sobre a última característica de

um discípulo de Cristo. Isso é mencionado no Capítulo 15 do Evangelho de João, no verso

8: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos”. Assim,

a última marca de um discípulo é ser FRUTÍFERO.

O que é ser frutífero neste sentido? Bem, em primeiro lugar, é servir a Cristo. Ele disse aos

Seus discípulos: “Quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada

podeis fazer” [João 15:5], claramente o que implica que o fruto vindouro por permanecer-

mos nEle será visto pelo nosso fazer algo por Ele. Homens e mulheres Cristãos, o Senhor

Jesus Cristo não quer ter nenhum seguidor que nunca combata ou lute por Ele! Ele não de-

seja ter conSigo pastores que nunca apascentarão o Seu rebanho, meros Cristãos nominais

que nunca fazem nada por Ele. Será que isso toca em algum de vocês? Alguns de vocês

vêm aqui, domingo após domingo, e vocês se sentam e apreciam o meu ministério, mas

vocês não ajudam na escola dominical, vocês não distribuem folhetos, vocês não pregam,

vocês não fazem nada! Como você pode ser discípulo de Cristo? Eu suponho que você é

como alguns oficiais dos quais eu li, que arrastam grandes salários porque são ornamentos

ilustres para o serviço. É uma grande honra ter essas pessoas no exército, embora nunca

viram uma espada desembainhada, exceto nos dias de avaliação. Então, sem dúvida, é

uma coisa muito boa ter um número de membros da Igreja que são pessoas simplesmente

ornamentais, elas incham nossos números quando elas são contadas conosco e as pes-

soas dizem: “Eles são tão respeitáveis que ajudam a fazer com que todos nós também seja-

mos respeitáveis”.

Bem, agora, para dizer a verdade, nós não nos importamos um átomo sobre a sua respeita-

bilidade! Nós pensamos que a pessoa mais respeitável no mundo — ou seja, a pessoa que

mais merece ser respeitada — é aquela que está fazendo alguma coisa! Aquele que não

faz nada merece passar fome, assim como o apóstolo Paulo disse: “Vos mandamos isto,

que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também” (2 Tessalonicenses 3:10), que é

a mesma coisa como deixá-lo a morrer de fome. Busquemos ser discípulos frutíferos, fazen-

do tudo o que podemos para Cristo, porque, se não dermos frutos, não podemos ser Seus

discípulos.

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Em seguida, a frutificação será provada pelas nossas orações. Observe as palavras de

nosso Senhor: “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis

tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e

assim sereis meus discípulos” [João 15:7-8]. A oração, então, é um bendito fruto da graça

Divina — oração pelos outros, a oração pela Igreja de Cristo, a oração que traz bênçãos

incontáveis do alto. Muitos doentes acamados que não podem falar e que dificilmente po-

dem levantar as mãos, podem ficar ali e fazer grandes coisas em oração! Joana d’Arc não

era tão poderosa quanto aquele pobre inválido! Ela é a verdadeira guerreira do Rei! En-

quanto ela está ali, aparentemente indefesa, ela está comandando as legiões do Céu por

suas petições invencíveis! Cuidem, então, queridos amigos, para que deem muito fruto, em

oração fervorosa e prevalecente!

Outro método de frutificação é através de um caráter santo. Ó amados, eu lhes imploro

para que sejam homens e mulheres santos! Procurem por estrita conformidade com a se-

melhança de Cristo. Nada faz mais bem para a Igreja do que os seus membros viverem o

Evangelho em todas as suas preocupações, em casa e no exterior.

Mas eu acho que não daremos frutos como deveríamos, a menos que nós nos esforcemos

para trazer convertidos a Jesus. Cara senhora, procure ganhar a alma de sua pequena em-

pregada! Bom mestre, empregando tantas mãos, ajunte-os, às vezes, e fale com eles sobre

o seu Salvador, e ore para que Ele possa ser o Salvador deles também. Você pode fazer

isso? Não deve haver um membro estéril nesta igreja. Todos deveriam ser capazes de sen-

tir que, quando vierem diante de Deus finalmente, devem ser capazes de dizer: “Aqui estou

eu e os filhos que me destes” [Hebreus 2:13]. Para isso viveremos! Para isso deixe-nos tra-

balhar! Se não o fizermos, não podemos ser discípulos de Cristo.

Lembro-me de alguém que nunca fez nada por Cristo e quando outra pessoa lhe falou sobre

sua falta de frutificação, ele disse que trazia frutos internos. Eu nunca ouvi essa ideia antes,

então eu revirei na minha mente e, na próxima vez que eu o encontrei, disse a ele: “Você

ainda está produzindo fruto interno?”. Ele respondeu: “Sim”. “Bem”, eu disse, “nós nunca

chegaremos a ele até que você seja cortado”. O fruto é intencionado para ser manifestado

exteriormente, de modo a ser confirmado para o benefício dos outros! Assim, a este res-

peito, irmãos e irmãs, busquem ser frutíferos, prestando todo o serviço possível ao nosso

Senhor e Mestre.

A aplicação real dos meus quatro textos é esta: Vocês, queridos amigos, são discípulos de

Cristo? Deixe que essa pergunta seja propagada ao redor e deixe que essas quatro marcas

nos ajudem a julgarmos a nós mesmos — somos diferentes daqueles que não são discí-

pulos de Cristo por nossa sinceridade, perseverança, amor fraternal e frutificação? Que to-

das estas coisas existam em nós e abundantemente. E se não temos nenhuma delas, que

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possamos ir a Cristo por elas! Deite-se aos Seus pés. Confesse o seu pecado e, então,

olhe para cima, creia nEle e viva para sempre! O Senhor vos abençoe, queridos amigos,

por amor de Jesus! Amém.

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO use este sermão para trazer muitos

Ao conhecimento salvador de JESUS CRISTO.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.


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