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BAUM, William. Compreender o Behaviorismo

Date post: 08-Nov-2015
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Livro do autor William Baum
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312
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    www.jspsi.blogspot.com

  • B347c Baum, William M.Compreender o behaviorismo : comportamento, cultura e evoluo /

    William M. Baum ; traduo Maria Teresa Araujo Silva ... [et al.j. - 2. ed. rev. e ampl. - Porto Alegre : Artmed, 2006.

    312 p. ; 23 cm.

    ISBN 978-85-363-0697-1

    1. Psicologia - Behaviorismo. I. Ttulo.

    CDU 159.9.019.4

    Catalogao na publicao: Julia Angst Coelho - CRB 10/1712

  • COMPREENDER O BEHAVIORISMOComportamento, cultura e evoluo

    William M. BaumUniversity of New Hampshire

    2a edio revisada e ampliada

    Traduo: jMara Teresa Araujo Silva

    Maria Amelia Matos Gerson Yukio TomanaW

    Professores no Departamento de Psicologia Experimental do instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo.

    Emmanuel Zagury TourihhoProfessor no Departamento de Psicologia da da Universidade Federal do Par.

    Consultoria, superviso e reviso tcnica desta edio:Maria Teresa Araujo Silva

    Frederico Dentello Instituto de Psicologia da Universidade de So Paulo.

    Reimpresso 2008

    Associao Unificada Paulista do Ensino Renovado Objetivo - ASSUPERO

    Data N.cie C ham ad a

    na. de Volume R e gistrad o por

    A v ^ m s QaAWJ ...

    2006

  • Obra originalmente publicada sob o ttuloUnderstanding Behaviorism: Behavior, Culture, and Evolution, Second Edition (Blackwell) ISBN 1-4051-1262-X

    2005 by William Baum

    This edition is published by arrangement with Blackwell Publishing Ltd, Oxford. Translated by Artmed Editora SA from the original English language version. Responsibility of the accuracy of the translation rests solely with the Artmed Editora SA and is not the responsibility of Blackwell Publishing Ltd. Edio publicada conforme acordo firmado com Blackwell Publishing Ltd, Oxford.Traduo de Aitmed Editora SA do original em lngua inglesa.A responsabilidade pela preciso da traduo totalmente da Artmed Editora SA, no recaindo em nenhum momento com a Blackwell Publishing Ltd.

    CapaGustavo MacriPreparao do originalJosiane TiburskySuperviso editorialMnica Ballejo CantoProjeto grfico e editorao eletrnicaArmazm Digital Editorao Eletrnica - rcrnv

    Reservados todos os direitos de publicao, em lngua portuguesa, ARTMED EDITORA S.A.Av. Jernimo de Orneias, 670 ~ Santana90040-340 Porto Alegre RSFone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070

    proibida a duplicao ou reproduo deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrnico, mecnico, gravao, fotocpia, distribuio na Web e outros), sem permisso expressa da Editora.

    SO PAULOAv. Anglica, 1091 - Higienpolis01227-100 So Paulo SPFone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333

    SAC 0800 703-3444

    IMPRESSO NO BRASIL PR IN TE D IN BRAZIL

  • Agradecimentos

    Ai \ o preparar esta edio, recebi especialmente a ajuda de duas pessoas - Howie Rachlin, com suas sugestes animadoras e amigveis, e Jack Marr, com suas crticas incansveis e desafiadoras. Agradeo a Gerry Zuriff por suas crticas e por me enviar1 a avaliao de seus alunos quanto ao livro. John Kraft tambm me forneceu resultados de seu uso do livro como texto didtico. Sou grato Universidade de Canterbury (Nova Zelndia), onde grande parte das mudanas no novo texto foi realizada, por me conceder a bolsa Erskine de professor visitante, e particularmente a Ant McLean, Randy Grace e Neville Blampied, pelos proveitosos dilogos que tivemos ali. Tive conversas teis com Michael Davison, Don Owings e Pete Richerson. Sugestes produtivas vieram de Tom Mawbinney, John Malone e Phil Hineline. Meu filho Gideon me apresentou a teorias e pesquisas de cientistas polticos sobre as relaes entre os governos nacionais. Sou especialmente grato ao apoio de todos os meus filhos, Shona, Aaron, Zack, Naomi e Gideon, e de seus companheiros, Nick, Mareia e Stacy.

    William M. Baum

  • Q u a n d o escrevi a primeira edio de Compreender o behaviorismo, queria apresentar um a viso do behaviorismo mais clara e mais atualizada que a disponvel nos livros de B. F. Skinner que eu recomendava a meus alunos. Embora meus entendimentos anteriores ainda se sustentem - de que todos os behavioristas concordam que um a cincia do com portam ento possvel, de que esta proposio define o behaviorismo e de que quaisquer discordncias que haja entre os behavioristas nascem de questes sobre como caracterizar a cincia e o comportamento - para esta edio resolvi concentrar-me menos nas idias de Skinner e mais em minhas prprias. Como resultado, o livro contm menos jargo da anlise comportamental. Por estar mais perto do vocabulrio do dia-a-dia, o livro ainda mais acessvel do que foi inicialmente.

    Corrigi uma srie de falhas que colegas e alunos apontaram para mim. Os Captulos 2 e 3, que apresentam o contexto filosfico, esto mais claros a respeito da ligao entre o behaviorismo radical e o pragmatismo e a respeito de suas divergncias em relao ao realismo popular e ao dualismo. Reforcei a discusso tanto sobre as idias de Ryle quanto o behaviorismo molar, o ponto de vista de Rachlin e o meu prprio. Ao longo do livro, as apresentaes so expostas mais em termos do behaviorismo molar.

    Alguns dos novos materiais aperfeioam o relacionamento com a evoluo com o contexto. Esclareci o papel das conseqncias ltimas (sade, recursos, relacionam entos e reproduo). Estabeleci ligaes entre autocontrole, comportamento controlado por regras, altrusmo, cooperao e seguimento de regras culturais ao descrev-los todos com o um a competio entre reforo postergado e imediato. O Captulo 13, sobre evoluo da cultura, agora deixa mais clara a analogia com a evoluo dos organismos. O Captulo 11, sobre relaes, gerenciamento e governo, agora reformula o contracontrole explicitamente como autocontrole, e incorporou uma seo sobre o problema da segurana nas relaes internacionais. 0 Captulo 14

  • Vi Prefcio segunda edpo

    inclui agora o exemplo especfico de uma proposta para aperfeioar o processo democrtico. Para ajudar os estudantes a evitar que sejam sobrecarregados com o novo vocabulrio introduzido em cada captulo, adicionei, depois de cada seo de leituras adicionais, uma lista de termos, com o guia de estudo.

  • Sumrio

    Prefcio segunda e d i o .................................................... .................................................. vii

    PARTE UMO q u e b e h a v io r is m o ?

    1. Behaviorismo: definio e h ist ria .............................................................................17

    Referencial histrico.........................................................................................................18De filosofia o cincia ..................................... ....................................................................18Psicologia objetivo .............. ...............................................................................................20Psicologia com para tiva ....................................................................................................... 21A primeiro verso do behaviorismo ......................................................................................23

    Livre-arbtrio versus determinismo...................... ......................................................... 25Definies.................................................. .................. ...... .............................................25Argumentos pr e confra o lvre-orbtrio................................................................................ 26

    Resum o................................ ............................................................................................. 30

    Leituras adicionais ............ ...... ........................ ....... .............. ..................... 31

    Termos introduzidos no Captulo 1 ................................................................................ 32

    2. O behaviorismo como filosofia da cincia................................................................ 33

    Realismo versus pragmatismo........................................................................................ 34Reafemo............................................................................................................................34Pragmafismo ......................................................................................................................36

  • 10 Sumrio

    Behaviorismo radical e pragmatismo................................................................................43

    Resum o.............................. ................................................................. ...................................45

    Leituras adicionais........................................................................................................... . 46

    Termos introduzidos no Captulo 2 ................................................................................... 47

    3. Pblico, privado, natural e fic tc io .................................................................................. 49

    M entalism o........................................................................................................................... 49fventos pblicos e privados................................................................................................... 50Fventos nourois...................................................................................................................50Natural menta/ e fict/cio.......................................... ............................................................. 51Objees ao mentalismo......................................................................................................... 53

    Erros de categoria............................................................................................................. 56Ryle e o hiptese pammecnica............................................................................................. 57O behaviorismo molorde RacMin............................................................................................. 59

    Eventos privados................................................................................................................... 63Comportamento privodo.......................................................................................................... 63Autoconfiecmento e conscincia............... ................. .............................................................67

    Resum o.................................................................................................................. ....... . 69

    Leituras adicionais............................................................. ...............!...............................70

    Termos introduzidos no Captulo 3 ................................................................................... 70

    PARTE D O ISU m m o d e lo cien tfico d e co m p o rta m e n to

    4. Teoria da evoluo e reforo ............................................................................................73

    Histria evolutiva.................................................................................................................. 73Seleo na tu ra l.......................................................................................................................74Reflexos e pacfres fixos de ao...............................................................................................76Reforadores e punidores.........................................................................................................80Reviso das influncias filogenticas..........................................................................................85

    Histria de reforo ....................................... ........................................................................86Seleo pelas conseqncias................................................................................................... 86Explicaes histricas...............................................................................................................90

    Resum o....................................................................................... .......................................... 93

    Leituras ad icionais................................................................................................................94Termos introduzidos no Captulo 4 ................................................................................... 94

  • 5. Inteno e reforo............................................................................................................97

    Histria e fun o .............................................................................................................. 97O uso de explicaes histricos............................. ................................ ..... .............. ........ 98Unidades funcionais..........................................................................................................100

    Trs significados de infeno..................... ...................................................................103Inteno como funo....................................................................................................... 103inteno como causa....................................... ................................................................ 104Inteno como sentimento: outo-refatos ...............................................................................109

    Resum o........ .............................................. ....................................................................113

    Leituras adicionais........................................................................................................ . 114

    Termos introduzidos no Captulo 5 ......................................................................... . 114

    6. Controle de estmulo e conhecimento..................................................................... 115

    Controle de estm ulo.....................................................................................................116Estmulos discriminativos................................................................................................... 116Seqncias estendidos e estmulos discriminativos....................................................... 117Discriminao.................................................................................................. ............... 119

    Conhecimento^................................................................................ ............................. 120Conhecimento operadonol: saber "como".................................... ................................ . 121Conhecimento declarativo: saber "sobre*...........................................................................123Aufoconbecimenfo.............. ............................................................................................ 126

    O comportamento dos cientistas.................................................................................130Observao e discriminao............................................................................................. 130Conhecimento cientfico ....................................... ......................................... ..................131fragmatismo e contextuolismo ............................................................................................ 132

    Resum o............................................................................................................................133

    Leituras adicionais.........................................................................................................133

    Termos introduzidos no Captulo 6 ............................................................................. 134

    7. Comportamento verbal e linguagem ...................................................................... 135

    O que comportamento verbal?.................... .......................................... ........... ,...135Comunicao............................ ...................................................................................... 136O comportamento verbal como comportamento operante......................................... ............ 136FoJante e ouvinte............................... ................................................................. ............137Exemplos........................................................................................................................141Comportamento verbal versus linguagem ........................................................................... 145

    Sumrio 11

  • 12 Sumrio

    Unidades funcionais e controle de estm ulo...............................................................147Atividades verbais como unidades funcionots........................................................................ 147Controle de estmulo no comportamento verbal.....................................................................148Alguns equvocos comuns...................................................................................................149

    Sign ificad o ........................................................................................ ...............................152Teorios de referncia.................................................................................... ..................... 152Significado como uso..........................................................................................................154

    Gramtica e sintaxe......................................... ............................................................... 157Regras como descries........................................................................................................ 158Onde esto as regras?..................................................................... .....................................160

    Resum o......................................................... .......................................................................160

    Leituras adicionais...............................................................................................................161

    Termos introduzidos no Captulo 7 ................................................................................. 163

    8, Comportamento controlado por regras e pensam ento.......................................... 165

    O que comportamento controlado por regras?..................... .................................. 165Comportamento controlado por regras versus comportamento modeado implicitamente..............166Regras: ordens, instrues e conselhos.................................................................................... 168Sempre duas relaes............................................................................................................172

    Aprendizagem de seguimento de regras....................................................................... 176Modelagem do comportamento de seguir regras........................................................... ....... 177Onde esto as regras?.......................................................................................................... 177

    Pensamento e resoluo de problem as...................................................................... 178Mudona de estmulos.......................................................................................................... 179Comportamento precorrenfe............................................................................. .....................181

    Resumo................................................................................................................................183

    Leituras adicionais............................................................................................................. 184

    Termos introduzidos no Captulo 8 ................................................................................. 184

    PARTE TRS Q u e st e s so c ia is

    9. Lib erd ad e ........................................................................................................................... 187

    Usos da palavra livre.......................................... ............................................................... 187Ser livre: ivre-arbfrio........................................................ .................................................. 1 88Senfir-se fivre; liberdade potica e so c ia l............................ ................................................... 188Liberdade espiriual............... .......................................... ................................................... 197

  • Sumrio 13

    O desafio do pensamento tradicional........................................................................... 199

    Resum o...............................................................................................................................200

    Leituras adicionais.............................................................................................................201

    Termos introduzidos no Captulo 9 ................................................................................. 201

    10, Responsabilidade, mrito e cu lp a............................................................................... 203

    A r^ponsabiiidade e as causas do comportamento................... .............................. 203vre-orbfrio e visibilidade do confrole...................................................................................204-Atribuio de mrito e culpo................................................................................................ 205Compaixo e confrole......................................................................................................... 206

    A responsabilidade e as conseqncias do comportamento........ ............................ 208O que responsabilidade?...................................... ...........................................................208Consideraes prticos; a necessidode de confrole.................................................................210

    Resum o............................ .................................................................................................. 212

    Leituras adicionais........................ ................................................................................... 213

    Termos introduzidos no Captulo 1 0 ..............................................................................214

    11, Relaes, gerenciamento e govern o .......................................................................... 215

    Relaes................................. ....................................................... .................................... 215Reforo mtuo....................................................................... ............................................ 216Indivduos e instituies............................................ ..........................................................218

    Explorao ...................... .......................... .......... ............................................................220O "escravo fe liz " .................................................................................................................221Conseqncias de longo prazo.............................................................................................221Bem-estar relativo ................................................................................................................223

    Controle e contra controle...............................................................................................227Contracontrole............................................................................. ......................................227Eqidade ...........................................................................................................................230Poder..................................................................................................................................231Dem ocracia ....................................................................................... ................................233

    Resum o...............................................................................................................................234

    Leituras adicionais................................. .................. ........ ........................................... ..236

    Termos introduzidos no Captulo 1 1 ........ ............................................................... 237

    12, Valores: religio e cincia.............................................................................................239

    Questes de v a lo r........................................................................................................... 239ReiafiV/smo moral ............................................................................................................... 240Padres ticos ....................................................................................................................240

  • 14 Sumrio

    Uma abordagem cientfica dos va lo res..........................................................................243Reforadores e punidores...................................................................................................... 244Senfmenlos.......................................................................................................................246Teoria do evoluo e vaores............................................................................................... 248

    Resum o............. ............. .................................................................................................. 253Leituras adicionais............................................................. ............................................. 254

    Termos introduzidos no Captulo 12 ....................... ...................................................... 255

    13. Evoluo da cultura......................................... .................. .......................... ................257

    Evoluo biolgica e cultura.............................................................................................258Replicadores e aptido................................................................. ......................... ............258Sociedades................................................................................. .................. ......................260Definio de culfuro.......................................................................................................... 261Traos que permem o cultura ........................................ .....................................................263

    Variao, transmisso e seleo.................................................................................,.267Variao............................................................................................................................. 268Transmisso......................................................................................................................... 273Seleo..................................................................................................... ......................... 276

    Resumo ................................................................................ .......................................... 281

    Leituras adicionais.............................................................................................................. 283

    Termos introduzidos no Captulo 1 3 ...................................................................... ...... 284

    14. Planejamento culSural: experimentao em prol da sobrevivncia..................... 285

    Planejamento pela evoluo......... ...................................... ............................................286Cruzamento seletivo..............................................................................................................286Avaliao............................................................................................................ ................287

    A sobrevivncia como critrio........................................ ..................................................288Variao orientada........................ ....................................................................................... 290

    Uma sociedade experimental............................................................................. ..........291Experimentao....................................................................................................................291Democracia......................................................................................................................... 292Felicidade ......... .............. ...................................................................................................293WaldenTwo: a vis de Skinner.......... ................ ............... ...................................... .........294

    Objees..............................................................................................................................296Resum o................................................................................................................................ 302Leituras adicionais......................................................................................................... . 304Termos introduzidos no Captuio 1 4 ................................................................................304

    A p n d ice ........................................................................................................................................ 305ndice remissivo ............................................................................................................................307

  • PARTE UM0 que behaviorismo?

    B eh aviorism o um tpico controverso. Algumas objees so levantadas a partir de um a com preenso correta de suas posies, mas as concepes errneas so inmeras. Os trs captulos desta primeira parte visam esclarecer aquilo que se poderia chamar de postura filosfica do behaviorismo.

    Tudo que genuinam ente controverso sobre o behaviorismo deriva de sua idia bsica, de que uma cincia do comportamento possvel. Cada cincia, em algum ponto de sua histria, teve de exorcizar causas imaginrias (agentes ocultos) que supostam ente existem por detrs ou sob a superfcie dos eventos naturais. O C aptulo 1 ex p lica com o a negao de agentes ocultos defendida pelos behavioristas leva a uma controvrsia autntica: a questo do comportamento ser livre ou determ inado.

    O Captulo 2 se destina a impedir concepes distorcidas que podem surgir porque o behaviorism o mudou ao longo do tempo. Uma verso inicial, chamada behaviorismo metodolgico, baseava-se no realismo, viso segundo a qual toda experincia causada por um mundo objetivo e real, exterior e separado do mundo subjetivo e interno. O realismo pode ser contrastado com o pragmatismo, que se cala sobre a origem da experincia, mas, em compensao, aponta a utilidade de tentar entender e buscar o sentido de nossas experincias. Uma verso posterior do behaviorismo, denom inada behaviorismo radical, baseia-se mais no pragmatismo do que no realism o. Quem no entender essa diferena provavelmente ter dificuldade em compi'eender o aspecto fundamental do behaviorismo radical, que a rejeio do m entalism o.

    A crtica behaviorista do mentalismo, explicada no Captulo 3, permeia o resto do livro, pois exige que os behavioristas proponham explicaes no-mentalistas do com portam ento (Parte Dois) e solues no-mentalistas para problemas sociais (Parte Trs).

  • 1Behaviorismo:

    definio e histria

    i idia central do behaviorismo pode ser formulada de maneira simples: possvel uma cincia do comportamento. Os behavioristas tm vises diferentes sobre o sentido dessa proposio, e especialmente sobre o que cincia e o que comportamento, mas todos eles concordam que pode haver uma cincia do comportamento.

    Muitos behavioristas acrescentam que a cincia do comportamento deve ser a psicologia. Esse ponto no pacfico, porque muitos psiclogos rejeitam de todo a idia de que a psicologia seja um a cincia, e outros que a vem como cincia consideram que seu objeto alguma outra coisa que no o comportamento. Bem ou mal, a cincia do com portam ento veio a ser chamada de anlise comportamental. O debate ainda continua, se a anlise comportamental parte da psicologia, se o mesmo que psicologia, ou se independente da psicologia; mas organizaes profissionais como a Association for Behavior Analysis, e revistas, como The Behavior Anlyst, Journal o fthe Experimental Analysis of Behavior e Journal o f Applied Behavior Analysis, do rea sua identidade.

    Sendo um conjunto de idias sobre essa cincia chamada de anlise comportam ental, e no a cincia em si, o behaviorismo no propriamente uma cincia, mas um a filosofia da cincia. Como filosofia do comportamento, entretanto, aborda tpicos que muito.prezam os e que nos tocam de perto: por que fazemos o que fazemos, e o que devemos e no devemos fazer. Oferece uma viso alternativa que m uitas vezes vai contra o pensamento tradicional sobre o agir, j que as vises tradicionais no se tm pautado pela cincia. Veremos em captulos posteriores que s vezes ele nos leva em direo radicalmente diferente do pensamento convencional. Este captulo cobre um pouco da histria do behaviorismo e uma de suas implicaes mais im ediatas: o determinismo.

  • 18 William M. Baum

    REFERENCIAL HISTRICO

    De filosofia a cincia

    Todas as cincias - astronomia, fsica, qumica, biologia - tiveram sua origem na filosofia, e eventualmente se separaram dela. Antes que a astronomia existisse como cincia, por exemplo, os filsofos especulavam sobre a organizao do universo natural, partindo de suposies sobre Deus ou sobre algum outro padro ideal e, atravs de raciocnio, concluam como seria o universo. Por exemplo, se todos os eventos im portantes aparentem ente ocorrem na Terra, ento ela deve ser o centro do universo. Como o crculo a form a mais perfeita, o Sol deve girar em torno da Terra seguindo um a rbita circular. A Lua deve girar em outra rbita circular, mais prxima, e as estrelas se organizam em torno do conjunto m aneira de um a esfera, que a mais perfeita form a tridim ensional. (At hoje o Sol, a Lua e as estrelas so chamados corpos celestes, porque se supunha que fossem perfeitos.)

    As cincias da astronom ia e da fsica surgiram quando as pessoas comearam a ten tar entender os objetos e fenmenos naturais por meio de sua observao. Ao apontar um telescpio para a Lua, Galileu (1564-1642) observou que sua paisagem marcada por crateras estava ionge de ser a esfera perfeita imaginada pelos filsofos. Quanto fsica, Galileu observou o movimento de corpos cadentes, fazendo um a bola deslizar por uma rampa. Ao descrever suas descobertas, ele ajudou a forjar as noes modernas de velocidade e acelerao. Isaac Newton (1642- 1727) acrescentou conceitos como fora e inrcia, criando um poderoso esquema descritivo para a compreenso do movimento de corpos na Terra, assim como de corpos celestes como a Lua.

    Ao criar a cincia da fsica, Galileu, Newton e muitos pensadores do Iluminismo rom peram com a filosofia. O raciocnio da filosofia parte de suposies para concluses. Seus argumentos tomam a forma Se isto fosse assim, ento aquilo seria assim. A cincia segue direo oposta: Isto foi observado; que verdade poderia levar a essa observao, e a que outras observaes isso levaria?. A verdade filosfica absoluta: se as premissas forem enunciadas explicitamente e se o raciocnio for correto, as concluses seguem-se necessariam ente. A verdade cientfica sempre relativa e provisria: relativa observao e suscetvel de no ser confirmada por novas observaes. As suposies filosficas se referem a abstraes alm do universo natural: Deus, harmonia, formas ideais, e assim por diante. As suposies cientficas usadas na construo de teorias referem-se apenas ao universo natural e sua possvel forma de organizao. Embora fosse telogo, alm de fsico, Newton separava as duas tarefas. Sobre a fsica, afirmou que Hypotheses non fingo (No fao hipteses), querendo dizer que, ao estudar fsica, no se preocupava com nenhum a entidade ou princpio sobrenatural - ou seja, com coisa alguma fora do prprio universo natural.

    Os gregos antigos tambm especularam sobre qumica, tanto quanto sobre fsica. Filsofos como Tales, Empdocles e Aristteles conjeturaram que a matria varia em suas propriedades por ser dotada de certas qualidades, essncias ou princ

  • Compreender o behaviorismo 19

    pios. Aristteles sugeriu quatro qualidades: quente, frio, mido e seco. Se a substncia era um lquido, possua maior quantidade da qualidade mido; se era um slido, a maior quantidade era da qualidade seco. A m edida que os sculos se sucederam , a lista de qualidades cresceu. Dizia-se que coisas que esquentavam possuam internam ente a essncia calrica. Materiais que podiam ser queimados possuam o flogisto. Essas essncias eram consideradas substncias reais, escondidas dentro dos materiais. Q uando os pensadores abandonaram essas especulaes e comearam a confiar na observao das mudanas da matria, nasceu a cincia da qumica. Antoine Lavoisier (1743-1794), dentre outros, desenvolveu o conceito de oxignio a partir de cuidadosas observaes de pesos. Lavoisier descobriu que, quando chumbo, um metal, queimado em um recipiente fechado e se transforma em um p amarelo (xido de chumbo), esse p pesa mais do que o metal original; no entanto, o recipiente conserva o mesmo peso. Lavoisier raciocinou que isso s poderia ocorrer se o m etal se combinasse com algum elemento do ar. Esse raciocnio aludia exclusivamente a termos naturais; ignorava as qualidades sugeridas pela filosofia e estabelecia a qumica como cincia.

    A biologia rom peu com a filosofia e a teologia da mesma forma. Os filsofos raciocinavam que, se havia diferena entre coisas vivas e no-vivas, era porque Deus havia dado s coisas vivas algo que no havia dado s no-vivas. Alguns pensadores consideravam que essa coisa interna era a alma; outros a chamavam de vis viva (fora viva). No sculo XVII, os primeiros fisilogos comearam a abrir os animais para ver como funcionavam. William Harvey (1578-1657) descobriu algo que se assem elhava mais ao funcionamento de uma mquina do que ao de uma m isteriosa fora viva. Tornou-se claro que o corao funcionava como uma bomba que fazia o sangue circular atravs das artrias e dos tecidos, voltando ao ponto de partida atravs das veias. De novo, esse raciocnio abandonava as suposies hipotticas dos filsofos e usava como nico referencial a observao de fenmenos naturais.

    Q uando Charles Darwin (1809-1882) publicou sua teoria da evoluo por seleo natural, em 1859, despertou verdadeiro furor. Alguns se ofenderam porque a teoria ia contra o relato bblico de que Deus criara todas as plantas e animais em alguns poucos dias. At mesmo alguns gelogos e bilogos se alarmaram com as idias de Darwin. Pela informao proveniente do estudo de fsseis, esses cientistas estavam familiarizados com a esmagadora evidncia do surgimento e da extino de m uitas espcies, e j estavam convencidos de que a evoluo ocorria. Ainda assim, e em bora no mais tomassem o relato bblico ao p da letra, esses cientistas ainda olhavam a criao da vida (portanto, a evoluo) como uma obra de Deus. Sentiram-se to agredidos pela teoria darwiniana da seleo natural quanto aqueles que tom avam a Bblia ao p da letra.

    Na teoria de Darwin, o que mais impressionou seus contemporneos, tanto os que eram a favor como os que eram contra, foi sua explicao sobre a origem da vida, que deixava de fora Deus ou qualquer outra fora que no fosse natural. A seleo natural um processo puramente mecnico. Se as criaturas variam, e a variao herdada, segue-se que qualquer vantagem reprodutiva apresentada por um tipo levar esse tipo a substituir todos os seus competidores. A teoria moderna da evoluo surgiu na primeira metade do sculo XX, quando a idia de seleo

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    natural foi combinada com a teoria da herana gentica. Essa teoria continua a despertar objeoes devido a seu carter naturalista e sem Deus.

    Com a psicologia aconteceu o mesmo que com a astronom ia, a fsica, a fisiologia e a biologia evolutiva. A ruptura da psicologia com a filosofia relativam ente recente. At a dcada de 1940, era raro encontrar um a universidade que tivesse um departam ento de psicologia, e os professores de psicologia, em geral, se encontravam em departam entos de filosofia. Se a biologia evolutiva, com suas razes em meados do sculo XIX, ainda est com pletando sua rup tura com a doutrina teolgica e filosfica, no de espantar que os psiclogos de hoje ainda estejam debatendo as implicaes de se considerar a psicologia um a verdadeira cincia, e que os leigos estejam apenas comeando a descobrir quais so essas implicaes na prtica.

    Na segunda m etade do sculo XIX, tornou-se costumeiro cham ar a psicologia de cincia da m ente. A palavra grega psyche tem um significado um pouco mais amplo que esprito, porm mente parecia menos especulativo e mais acessvel ao estudo cientfico. Como estudar a mente? Os psiclogos propuseram a adoo do m todo dos filsofos: a introspeco. Se a mente era um a espcie de palco ou arena, ento deveria ser possvel olhar dentro dela e ver o que estava ocorrendo; era esse o sentido da palavra introspeco. Trata-se de um a tarefa difcil, tan to mais se o que se deseja colher fatos cientficos fidedignos. Parecia aos psiclogos do sculo XIX que essa dificuldade poderia ser superada com bastante treino e m uita prtica, No entanto, duas correntes de pensamento se somaram para corroer essa viso: a psicologia objetiva e a psicologia comparativa.

    Psicologia objetiva

    Alguns psiclogos do sculo XIX sentiam-se pouco vontade com a introspeco como mtodo cientfico. Ela parecia muito pouco confivel, muito vulnervel a distores pessoais, m uito subjetiva. Outras cincias utilizavam mtodos objetivos que produziam m edidas verificveis e replicveis em laboratrios do m undo inteiro. Se duas pessoas treinadas em introspeco discordassem sobre suas concluses, seria difcil resolver o conflito; entretanto, se utilizassem mtodos objetivos, os pesquisadores poderiam notar diferenas de procedimento que talvez explicassem os resultados diferentes.

    Um dos pioneiros da psicologia objetiva foi o psiclogo holands E C. Donders (1818-1889), que se inspirou em um intrigante problema colocado pela astronomia: como calcular a. hora exata em que uma estrela estar em determ inada posio no cu. Quando se v um a estrela atravs de um telescpio poderoso, parece que ela viaja a uma aprecivel velocidade. Os astrnomos que tentavam fazer medidas precisas tinham dificuldade em estimar a velocidade com a preciso de um a frao de segundo. Um astrnom o ficava ouvindo o tique-taque de um cronm etro que marcava segundos enquanto observava a estrela, e contava os tiques. Q uando a estrela cruzava um a linha marcada no telescpio (o m om ento de trnsito), o astrnom o anotava m entalm ente sua posio no m om ento do tique im ediatam ente anterior e im ediatam ente posterior ao trnsito, e depois estimava a frao da

  • Compreender o behaviorismo 21

    distncia entre as duas posies que ficava entre a posio imediatamente anterior ao trnsito e a linha. O problem a era que diferentes astrnomos, observando o mesmo m omento de trnsito, chegavam a diferentes estimativas de tempo. Os astrnomos ten taram solucionar o problema gerado por essa variao calculando um a equao para cada astrnom o, a chamada equao pessoar, que computaria o tempo correto a partir das estimativas de tempo feitas por um dado astrnomo.

    Donders raciocinou que as estimativas de tempo variavam porque no havia dois astrnomos que levassem o mesmo tempo para julgar o momento exato do trnsito, acreditando que estariam chegando a seu julgamento atravs de diferentes processos m entais. Pareceu a Donders que esse "tempo de julgamento poderia ser um a m edida objetiva til. Comeou a fazer experimentos em que m edia o tempo de reao das pessoas - o tempo exigido para detectar uma luz ou um som e ento apertar um boto. Descobriu que as pessoas consistentemente levavam mais tempo para escolher o boto correto, dentre dois botes, quando uma ou outra de duas luzes aparecia, do que para apertar um nico boto quando uma nica luz aparecia. Donders argum entou que subtraindo o tempo de reao simples, mais curto, do tem po de reao de escolha, mais longo, poderia medir objetivamente o processo m ental de escolha. Isso era um grande avano sobre a introspeco, porque significava que os psiclogos podiam fazer experimentos de laboratrio com os mesmos mtodos objetivos utilizados pelas outras cincias.

    Outros psiclogos desenvolveram outros mtodos que pareciam medir os processos mentais de form a objetiva. Gustav Fechner (1801-1887) tentou medir a intensidade subjetiva da sensao, desenvolvendo uma escala que se baseava na diferena apenas perceptvel - a m enor diferena fsica entre duas luzes ou sons que um a pessoa conseguia detectar. Hermann Ebbinghaus (1850-1909) mediu o tempo que ele prprio levava para aprender e depois reaprender listas de slabas sem sentido - combinaes de consoante-vogal-consoante sem nenhum significado - a fim de produzir m edidas de aprendizagem e de memria. Outros utilizaram o mtodo desenvolvido por I. R Pavlov (1849-1936) para estudo da aprendizagem e da associao atravs da m edida de um reflexo simples transferido para novos sinais apresentados no laboratrio. Essas tentativas traziam em comum a expectativa de que, ao seguir m todos objetivos, a psicologia poderia se transformar em um a verdadeira cincia.

    Psicologia comparativa

    Ao mesmo tempo que os psiclogos tentavam fazer da psicologia uma cincia objetiva, a teoria da evoluo estava tendo um efeito profundo sobre essa disciplina. Os seres humanos no eram mais vistos como entes parte, separados das outras coisas vivas. Comeava-se a reconhecer que compartilhamos com antropides/ macacos, ces e at peixes, no somente traos anatmicos, mas tambm muitos traos com portam entais.

    *N. de T. Apes, no original. Grupo de smios que compreende orangotangos, gorilas e chimpanzs, entre outros.

  • 22 Williom M. Baum

    Assim nasceu a noo de continuidade da espcie - a idia de que, mesmo sendo claram ente diferentes entre si, as espcies tambm se assemelham um as s outras, medida que compartilham a m esm a histria evolutiva. A teoria de Darwin ensinou que novas espcies passaram a existir apenas como modificaes de espcies existentes. Se evoluiu como qualquer outra, nossa espcie deve, ento, ter surgido como modificao de alguma outra. Ficava fcil ver que ns e os antropides tnham os ancestrais comuns, que antropides e macacos tinham ancestrais comuns, que macacos e m usaranhos tinham ancestrais comuns, que m usaranhos e rpteis tinham ancestrais comuns, e assim por diante.

    Todas as razes levavam a esperar que, assim como podamos ver as origens de nossos traos anatmicos em outras espcies, poderamos tam bm ver as origens de nossos prprios traos mentais. Presumia-se, naturalm ente, que nossos traos mentais apareceriam em outras espcies sob formas mais simples ou rudimentares, mas a idia de fazer comparaes entre espcies a fim de conhecer melhor a nossa prpria deu origem psicologia comparativa.

    Tornaram-se comuns as comparaes entre outras espcies e a nossa. O prprio Darwin escreveu um livro chamado The expression of the emotions in men and animais. No incio, as provas de existncia de uma m entalidade aparentem ente hum ana nos outros animais consistiam em observaes casuais de criaturas selvagens e domsticas, observaes essas que m uitas vezes no passavam de relatos anedticos sobre bichos de estimao ou animais de criao. Com um pouco de imaginao seria possvel imaginar um co que aprendeu a abrir o porto do jardim levantando o trinco, depois de observar o exemplo de seu dono e raciocinar sobre ele. Alm disso, seria possvel im aginar que as sensaes, os pensam entos e os sentimentos do cachorro deveriam ser semelhantes aos nossos, e assim por diante. George Romanes (1848-1894) levou esse raciocnio a sua concluso lgica, chegando a defender que nossa prpria conscincia deve servir de base a nossas'conje- turas sobre um a eventual tnue conscincia que ocorra, digamos, em formigas.

    Essa form a de humanizar a besta, ou antropomorfismo, soou especulativa demais para alguns psiclogos. No final do sculo XIX e no incio do sculo XX, os psiclogos comparativos comearam a substituir as vagas informaes anedticas por observaes rigorosas, conduzindo experimentos com animais. Muitas dessas primeiras pesquisas basearam-se em labirintos, visto que qualquer criatura que se movimente, desde o ser humano at o rato, o peixe ou a formiga, pode ser adestrada na resoluo de um labirinto. Era possvel contar o tempo que a criatura levava para atravessar o labirinto e o nmero de erros que cometia, assim como o declnio no. tempo e nos erros, medida que o labirinto era dominado. Em sua tentativa de hum anizar a besta, esses primeiros pesquisadores freqentem ente acrescentavam especulaes sobre estados mentais, pensam entos e emoes dos animais. Dizia-se, por exemplo, que os ratos manifestavam aborrecimento ao fazer um erro, ou mostravam confuso, hesitao, confiana, e assim por diante.

    O problema dessas afirmaes sobre conscincia animal era ficarem muito merc de vieses individuais. Se duas pessoas, ao fazerem uma introspeco, podiam discordar se estavam se sentindo irritadas ou tristes, com mais razo duas pessoas discordariam sobre um rato sentir-se irritado ou triste. Dado o carter subjetivo das observaes, a discordncia no poderia ser resolvida atravs de outros

  • Compreender o behaviorismo 23

    experimentos. Pareceu claro a John B. Watson (1879-1958), o fundador do behaviorismo, que, como m todo cientfico, as inferncias sobre conscincia em animais eram ainda m enos confiveis do que a introspeco, e que nenhum a das duas poderia servir como m todo para uma verdadeira cincia.

    A primeira verso do behaviorismo

    Em 1913, W atson publicou o artigo Psychology as the behaviorist views it, que rapidam ente foi tom ado como manifesto do incipiente behaviorismo. Guiado pela psicologia objetiva, W atson articulou a crescente insatisfao dos psiclogos com a introspeco e a analogia como mtodos. Queixava-se de que a introspeco, ao contrrio dos m todos utilizados pela fsica e pela qumica, era excessivamente dependente do indivduo:

    Se voc no conseguir reproduzir meus dados (...) porque sua introspeco no foi bem treinada. Ataca-se o observador e no a situao experimental. Na fsica e na qumica, atacam-se as condies experimentais, Diz-se que o equipamento no era suficientemente sensvel, que foram usadas substncias qumicas impuras, etc. Nessas cincias, uma tcnica melhor fornecer resultados passveis de reproduo. Na psicologia diferente. Se voc no consegue observar de 3 a 9 estgios de clareza na ateno, sua introspeco que deficiente. Se, por outro lado, um sentimento parece razoavelmente claro para voc, sua introspeco e culpada de novo. Voc est vendo demais. Os sentimentos nunca so claros (Watson, 1913, p. 163).

    Tambm no eram confiveis as analogias entre animais e seres humanos. W atson se queixava de que a nfase na conscincia o obrigava

    absurda situao de tentar construir o contedo da mente do animal cujo comportamento vnhamos estudando. Nessa perspectiva, depois de ter demonstrado a capacidade de aprender de nosso animal, a simplicidade ou complexidade de seus mtodos de aprendizagem, o efeito de hbitos passados sobre respostas presentes, a faixa de estmulos aos quais normalmente responde, a faixa ampliada aos quais pode responder sob condies experimentais - em termos mais genricos, seus vrios problemas e as vrias formas de resolv-los - ainda deveramos achar que a tarefa est inacabada e que os resultados so inteis, at que possamos interpret-los, por analogia, luz da conscincia (...) sentimo-nos obrigados a dizer alguma coisa sobre os possveis processos mentais de nosso animal. Dizemos que, no tendo olhos, sua corrente de conscincia no pode conter sensaes de brilho e cor tal como as conhecemos, no tendo papilas gustativas, essa corrente no pode conter sensaes de doce, azedo, salgado e amargo, Mas, por outro lado, dado que efetivamente ele responde a estmulos trmicos, tcteis e orgnicos, o contedo de sua conscincia deve ser constitudo em larga escala por essas sensaes (...). Com certeza, possvel demonstrar a falsidade dc uma doutrina como essa, que requer uma interpretao analgica de todos os dados comportamcntais (Watson, 1913, p. 159-160),

  • 24 William M. Baum

    Os psiclogos se emaranharam nesses esforos infrutferos, argumentou Watson, porque definiram a psicologia como cincia da conscincia. Essa definio era responsvel pelos mtodos pouco confiveis e pelas especulaes infundadas. Era responsvel pela incapacidade da psicologia de se tornar um a verdadeira cincia.

    Em vez disso, escrevia Watson, a psicologia deveria ser definida como cincia do com portam ento, Descreveu sua decepo quando, ao ver a psicologia definida no incio de um livro de Pillsbury como cincia do com portam ento, descobriu que depois de umas poucas pginas o texto parava de se referir a comportamento e em vez disso voltava ao tratam ento convencional da conscincia. Reagindo, Watson escreveu, Acredito que podemos compor um a psicologia, defini-la como Pillsbury, e jam ais renunciar a nossa definio: nunca usar os term os conscincia, estados mentais, mente, contedo, verificvel introspectivamente, imagens e coisas parecidas (Watson, 1913, p. 166).

    Evitar os termos relacionados conscincia e m ente deixaria a psicologia livre para estudar o comportamento hum ano e animal. Se a continuidade da espcie podia levar humanizao da besta, podia da m esm a forma levar ao oposto (bestializao do ser humano?); se idias sobre seres hum anos pudessem ser aplicadas a animais, ento princpios desenvolvidos atravs do estudo de animais poderiam ser aplicados a seres humanos. Watson contestou o antropocentrismo. Aludiu ao bilogo que, ao estudar a evoluo, coleta dados a partir do estudo de m uitas espcies de plantas e animais, e tenta elaborar as leis da hereditariedade do tipo especfico sobre o qual est conduzindo os experim entos (...). No justo dizer que todo o seu trabalho dirigido para a evoluo hum ana ou que deva ser interpretado em termos da evoluo hum ana (Watson, 1913, p. 162). Para Watson, era d a ro que o caminho era fazer da psicologia um a cincia geral do comportam ento, que compreendesse todas as espcies, e na qual os seres humanos seriam apenas mais uma.

    Essa cincia do comportamento idealizada por W atson no usaria nenhum dos termos tradicionais referentes m ente e conscincia, evitaria a subjetividade da introspeco e as analogias entre o animal e o hum ano, e estudaria apenas o comportamento objetivamente observvel. No entanto, mesmo no tempo de Watson, os behavioristas discutiam a propriedade dessa receita. No era claro o que objetivo queria dizer, ou em que consistia precisam ente o comportamento. Como esses termos ficaram abertos interpretao, as idias dos behavioristas sobre o que constitui cincia e como definir com portam ento divergiram ao longo dos anos.

    O mais conhecido behaviorista ps-Watson B. E Skinner (1904-1990). Suas idias a respeito de como chegar a um a cincia do com portam ento mostram um ntido contraste com a viso da maior parte dos outros behavioristas. Enquanto a principal preocupao dos outros eram os mtodos das cincias naturais, ad e Skinner foi a explicao cientfica. Sustentou que o caminho para um a cincia do comportam ento estava no desenvolvimento de termos e conceitos que permitissem explicaes verdadeiramente cientficas. Rotulou a viso oposta de behaviorismo metodolgico, e chamou sua prpria posio de behaviorismo radical Falaremos mais sobre ambos nos Captulos 2 e 3.

  • Compreender o behaviorismo 25

    Q uaisquer que sejam suas divergncias, todos os behavioristas concordam com as prem issas bsicas de Watson: possvel criar uma cincia natural do comportam ento, e a psicologia pode ser essa cincia. Essa idia central desperta controvrsias anlogas reao contra a explicao naturalista de Darwin para a evoluo. Se Darwin agrediu ao deixar de fora a mo oculta de Deus, os behavioristas agridem ao deixar de fora outra fora oculta: o poder das pessoas governarem seu prprio com portam ento. Assim como a teoria darwiniana desafiou a venerada noo de um Deus criador, o behaviorismo desafia a venerada noo de livre-arbtrio. Como esse desafio freqentemente suscita antagonismos, a ele passaremos agora.

    LIVRE-ARBTRIO ItfffSt/S DETERMINISMO

    Definies

    Na idia de que possvel um a cincia do comportamento est implcito que o com portam ento, como qualquer objeto de estudo cientfico, ordenado, pode ser explicado, pode ser previsto desde que se tenham os dados necessrios e pode ser controlado desde que se tenham os meios necessrios. Chama-se a isso determinismo, a noo de que o comportamento determinado unicamente pela hereditariedade e pelo am biente.

    M uita gente faz objees ao determinismo. Ele parece ir contra tradies culturais de longa data, que atribuem a responsabilidade pelos atos ao indivduo, e no hereditariedade e ao ambiente. Essas tradies mudaram um pouco: a responsabilidade pela delinqncia atribuda a um mau ambiente; artistas famosos expressam reconhecim ento a pais e professores; e admite-se que alguns traos com portam entais, tais como o alcoolismo, a esquizofrenia, a lateralidade e o QI tenham um com ponente gentico. Entretanto, permanece a tendncia de atribuir crdito e culpa s pessoas, de afirmar que h no comportamento algo mais do que hereditariedade e ambiente, que as pessoas tm liberdade para escolher o curso de suas aes.

    O nom e que se d capacidade de escolha livre-arbtrio. O livre-arbtrio supe um terceiro elemento alm da hereditariedade e do ambiente, supe algo dentro do indivduo. Afirma que, apesar da herana e dos impactos ambientais, um a pessoa que se comporta de dada forma poderia ter escolhido comportar-se de outra m aneira. Afirma algo alm do mero sentimento de ser capaz de escolher - poderia m e parecer que sou capaz de tom ar ou no tomar um sorvete e, no entanto, meu ato de tom ar sorvete poderia ser inteiramente determinado por eventos passados. O livre-arbtrio afirma que a escolha no uma iluso, que so as prprias pessoas que causam o comportamento.

    Filsofos ten taram conciliar o determinismo e o livre-arbtrio. Propuseram p ara o liv re-arb trio teorias cham adas de determ inism o b rando e teorias com patibilizadoras. Um tipo de determinismo brando, por exemplo, atribudo a

  • 26 William M. Baum

    Donald Hebb (psiclogo behaviorista; ver Sappington, 1990), defende que o livre- arbtrio consiste em comportamento que depende da hereditariedade e da histria am biental, fatores menos visveis do que o ambiente atual do indivduo. Mas, como esse ponto de .vista ainda considera que o comportamento resulta unicamente da herana e do meio, passado e presente, deixa implcito que o livre-arbtrio apenas um a experincia, uma iluso, e no um a relao causal entre pessoa e ao. A teoria compatibilizadora de livre-arbtrio proposta pelo filsofo Daniel Dennett define o livre-arbtrio como deliberao antes da ao (Dennett, 1984). Desde que eu delibere sobre tomar o soivete (Ser que este sorvete vai me engordar? Ser que posso compensar as calorias ingeridas fazendo exerccio? Posso ser feliz se estou sem pre fazendo regime?), meu ato de tom ar o sorvete escolhido livremente. Isso compatvel com o determinismo porque a prpria deliberao um comportam ento que pode ser determ inado pela hereditariedade e pelo ambiente passado. Se a deliberao tem algum papel no comportamento que a segue, estaria funcionando apenas como um elo em um a cadeia de causalidade que remonta a outros eventos no passado. Entretanto, essa definio no se conforma ao que as pessoas convencionalmente chamam de livre-arbtrio.

    Os filsofos chamam a idia convencional de livre-arbtrio - a idia de que a escolha realm ente pode ser independente dos eventos passados - de livre-arbtrio libertrio. Qualquer outra definio compatvel com o determinismo, como as de Hebb e de Dennett, no apresenta problemas para o behaviorismo ou para uma cincia do comportamento. Apenas o livre-arbtrio libertrio entra em conflito com o behaviorismo. A histria desse conceito nas teologias judaica e crist sugere que ele existe precisamente para negar o tipo de determ inism o que o behaviorismo representa. Abandonando os filsofos, portanto, vamos nos referir ao livre-arbtrio libertrio como livre-arbtrio.

    Argumentos pr e contra o livre-arbtrio

    Para provar o livre-arbtrio (em outras palavras, contestar o determinismo) seria necessrio que, embora se conhecessem todos os possveis fatores determ inantes de um ato, a consumao desse ato assumisse sentido contrrio ao previsto. Como, na prtica, esse conhecimento perfeito impossvel, o conflito entre determinismo e livre-arbtrio nunca poder ser resolvido por dem onstrao. Pode parecer que crianas de classe mdia e lares saudveis que se tornam dependentes de drogas escolheram livremente esse caminho, porque no h nada em sua histria que possa explic-lo, mas o determ inista insistir que investigaes adicionais revelaro os fatores genticos e am bientais que levaram a essa dependncia. Pode parecer que a carreira musical d.e M ozart seria inteiram ente previsvel a partir de seu histrico familiar e da forma como a sociedade vienense funcionava em sua poca, mas o defensor do livre-arbtrio sustentar que o pequeno Wolfgang escolheu livrem ente agradar seus pais com seu trabalho musical, ao invs de ficar se entretendo com brinquedos como as outras crianas. J que a persuaso pela prova imposs

  • Compreender o behaviorismo 27

    vel, en to a aceitao do determinismo ou do livre-arbtrio deve depender das conseqncias dessa crena, e essas conseqncias podem ser sociais ou estticas.

    Argumentos sociais

    Na prtica, tem-se a impresso de que a negao do livre-arbtrio poderia solapar toda a estru tu ra moral de nossa sociedade. Que acontecer a nosso sistema judicirio se as pessoas no puderem ser consideradas responsveis por seus atos? J comeamos a te r problemas com a alegao, feita por criminosos, de insanidade ou de incapacidade mental. Se as pessoas no tm livre-arbtrio, que ser de nossas instituies democrticas? Por que se dar ao trabalho de fazer eleies se a escolha entre os candidatos no livre? A crena de que o comportamento das pessoas determ inado poderia encorajar ditaduras. Por essas razes, talvez seja bom e til acreditar no livre-arbtrio, mesmo que ele no possa ser demonstrado.

    Os behavioristas tm de levar em considerao esses argumentos; caso contrrio, o behaviorismo corre o risco de ser rotulado como uma doutrina perniciosa. Trataremos deles na Parte Trs, quando discutiremos liberdade, poltica social e valores. Agora faremos um breve apanhado que dar uma idia da direo geral que ser tom ada mais adiante.

    A percepo de ameaa democracia deriva de um pressuposto falso. Embora seja verdadeiro que a democracia se baseia na escolha, falso que a escolha se torna sem sentido ou impossvel se no houver livre-arbtrio. A idia de que a escolha desapareceria provm de um a noo excessivamente simplista da alternativa ao livre-arbtrio. Se, em um a eleio, um a pessoa puder votar de duas formas, o voto que de fato ocorrer depender no apenas de sua histria a longo prazo (provenincia, educao familiar, valores), mas tambm de eventos imediatemente anteriores eleio. As campanhas eleitorais existem precisamente por essa razo, Posso m udar de lado em funo de um bom discurso, sem o qual eu votaria em outro candidato. Para que um a eleio tenha sentido, as pessoas no precisam ser livres; basta apenas que seu comportamento esteja aberto influncia e persuaso (determ inantes ambientais de curto prazo).

    Somos favorveis democracia, no porque tenhamos livre-arbtrio, mas porque acham os que, como conjunto de prticas, ela funciona. Em uma sociedade dem ocrtica, as pessoas so mais felizes e mais produtivas do que sob qualquer m onarquia ou d itadura conhecidas. Em vez de nos preocuparmos com a perda do livre-arbtrio, podemos, com maior proveito, nos perguntar o que tem a dem ocracia que a faz superior. Se pudermos analisar nossas instituies democrticas de forma a descobrir o que as faz funcionar, poderemos talvez encontrar maneiras de torn-las ainda mais eficientes. A liberdade poltica consiste em algo mais prtico do que o livre-arbtrio: significa ter opes disponveis e ser capaz de afetar o com portam ento daqueles que governam. Uma compreenso cientfica do comportam ento poderia ser usada para aum entar a liberdade poltica. Dessa forma, o conhecim ento advindo de um a cincia do comportamento estaria a servio de um bom uso; no necessrio que haja abuso. E, no fim das contas, se realmente

  • 28 William M, Baum

    possumos o livre-arbtrio, presumivelmente ningum precisa se preocupar, de qualquer maneira, com o uso desse conhecimento.

    E sobre a moral? As teologias judaica e crist incorporaram o livre-arbtrio como meio de salvao. Sem esses ensinamentos, ser que as pessoas ainda sero boas? Uma forma de responder a essa questo olhar para a parte da hum anidade, de longe majoritria, que no tem esse compromisso com a noo de livre-arbtrio. Ser que os budistas e hindustas da China, Japo e ndia se comportam de form a menos tica? Em nossa prpria sociedade, a ascenso da instruo pblica vem deslocando cada vez mais para as escolas a educao moral, que antes se dava na igreja e no lar. medida que nos apoiamos mais nas escolas para produzir bons cidados, a anlise comportamental j est contribuindo. No h razo par que a cincia do comportamento no seja utilizada para transform ar crianas em cidados bons, felizes e eficientes.

    Quanto ao sistema judicirio, ele existe para lidar com nossos fracassos, e no preciso encarar a justia como uma questo puram ente moral. Sempre precisaremos considerar as pessoas responsveis por seu com portam ento, no sentido p rtico de que os atos so atribudos a indivduos. Estabelecido o fato de que houve um a transgresso, ento surgem problemas prticos relativos a como proteger a sociedade do transgressor e a como tornar improvvel que essa pessoa se comporte da mesma forma no futuro. Colocar o criminoso na cadeia j se mostrou de duvidosa valia. Uma cincia do comportamento poderia ajudar tanto na preveno como no tratam ento mais eficiente da criminalidade.

    Argumentos estticos

    Os crticos da noo de livre-arbtrio muitas vezes apontam sua falta de lgica. Mesmo telogos que promoveram essa idia se em baraaram com o paradoxo de seu conflito com um Deus onipotente. Santo Agostinho foi claro: se Deus faz tudo e sabe tudo antes de acontecer, como pode algum fazer alguma coisa livremente? Da mesma forma que no determinismo natural, se Deus determ ina todos os eventos (inclusive nossos atos), ento apenas nossa ignorncia - no caso, da vontade de Deus - que nos perm ite a iluso do livre-arbtrio. A soluo teolgica comum cham ar o livre-arbtrio de mistrio; de alguma form a Deus nos d o livre-arbtrio apesar de Sua onipotncia. Essa resposta insatisfatria porque afronta a lgica e no resolve o paradoxo.

    Em seu conflito com o determinismo, divino ou natural, o livre-arbtrio parece ser funo da ignorncia. Na verdade, pode-se argum entar que o. livre-arbtrio simplesmente um nom e para a ignorncia dos determ inantes do comportamento. Quanto mais sabemos das razes que esto por trs dos atos de um a pessoa, tanto menos nos inclinamos a atribuir esses atos ao livre-arbtrio. Se um garoto que rouba carros vem de um meio pobre, tendemos a atribuir seu comportamento ao meio, e quanto mais sabemos do abuso e da negligncia que ele sofreu por parte de sua famlia e da sociedade, menos provvel se torna que afirmemos que sua escolha foi livre. Quando sabemos que um poltico foi subornado, no mais achamos que ele pode assumir posies polticas livremente. Q uando ficamos sabendo que um artis

  • Compreender o behaviorismo 29

    ta recebeu o apoio dos pais e teve um grande professor, sentimos menos admirao por seu talento.

    O outro lado desse argum ento que, independente de quanto se saiba, ainda assim no se pode prever exatam ente o que uma pessoa far em determinada situao. Essa imprevisibilidade s vezes considerada prova de livre-arbtrio. Entretanto, o clima tam bm imprevisvel, mas nunca olhamos para ele como produto de livre-arbtrio. H muitos sistemas naturais cujo comportamento momentneo no podem os prever, mas nunca os consideramos livres. Fixaramos para a cincia do com portam ento um padro superior ao das outras cincias naturais? Alm disso, o erro lgico envolvido fcil de detectar. 0 livre-arbtrio realmente implica im previsibilidade, mas de form a alguma isso exige o inverso, ou seja, que a imprevisibilidade implique livre-arbtrio.

    De certa forma, deveria at ser falso que o livre-arbtrio implique imprevisibilidade. Meus atos podem ser imprevisveis para outra pessoa, mas se meu livre- arbtrio pode causar m eu comportamento, eu devo saber perfeitamente bem o que vou fazer. Isso exige que eu conhea minha vontade, pois difcil ver como uma vontade desconhecida poderia ser livre. Se decido fazer regime, e sei que essa m inha vontade, ento devo prever que continuarei com o regime. Se conheo minha vontade, e m inha vontade causa meu comportamento, deveria ser capaz de prever m eu com portam ento de forma perfeita.

    A noo de que o livre-arbtrio causa o comportamento levanta tambm um espinhoso problema metafsico. Como um evento no-natural, como o livre-arbtrio, pode causar um evento natural, como tomar sorvete? Eventos naturais podem levar a outros eventos naturais, porque podem estar relacionados um com o outro no tem po e no espao. Uma relao sexual leva a um beb cerca de nove meses depois. A frase leva a deixa implcito que a causa pode ser localizada no tempo e no espao. Por definio, entretanto, coisas no-naturais no podem ser localizadas no tem po e no espao. (Se pudessem, seriam naturais.) Como ento um evento no-natural pode levar a um evento natural? Quando e onde o querer ocorre, de m odo a me levar a tom ar sorvete? (Outra verso desse problema o problema mente-corpo, que nos ocupar no Captulo 3,) A nebulosidade dessas conexes hipotticas conduziu ao Hypotheses nonfingo de Newton. A cincia admite enigmas no-resolvidos, porque um enigma pode, ao final, render-se a novos pensamentos e experim entos, mas a conexo entre o livre-arbtrio e a ao no pode sr elucidada dessa forma. E um mistrio. O objetivo da cincia de explicar o mundo exclui mistrios que no possam ser desvendados.

    A natureza m isteriosa do livre-arbtrio, por exemplo, vai contra a teoria da evoluo. Primeiro, h o problema da descontinuidade. Se falta livre-arbtrio aos animais, como foi que ele subitamente apareceu em nossa espcie? Teria de ter sido prenunciado em nossos ancestrais no-humanos. Segundo, mesmo que os animais pudessem ter livre-arbtrio, como poderia uma coisa to pouco natural ter evoludo? Os traos naturais evoluem por modificao de outros traos naturais. Pode-se at im aginar a evoluo de um sistema mecnico natural que se comportasse imprevisivelmente de tempos em tempos. Mas no h como conceber uma form a pela qual a evoluo natural resultasse em um livre-arbtrio no-natural. Talvez seja esse um poderoso motivo para a oposio de certos grupos religiosos

  • 30 Williom M. Boum

    teoria da evoluo; inversamente, um motivo igualmente poderoso para excluir o livre-arbtrio das explicaes cientficas do comportamento,

    Com efeito, toda a razo por que apresentamos esses argum entos contra o livre-arbtrio realm ente m ostrar que abordagens cientficas do comportamento que excluem o livre-arbtrio so possveis. Os argumentos visam defender a cincia do com portam ento contra a suposio de que o comportamento hum ano no pode ser com preendido porque as pessoas tm livre-arbtrio. A anlise do com portam ento evita o uso do conceito em arenas em que ele tem conseqncias infelizes, como no sistema judicirio (Captulo 10) e no governo (Captulo 11). A anlise do comportam ento om ite o livre-arbtrio, mas no impe proibies ao uso do conceito no discurso cotidiano ou nas esferas da religio, poesia e literatura; sacerdotes, poetas e escritores falam com freqncia de livre-arbtrio e escolhas livres. Uma cincia do com portam ento poderia pretender explicar essas falas, mas de nenhum a m aneira proibi-las. Neste livro, de todo modo, exploramos como com preender o comportamento sem conceitos misteriosos como livre-arbtrio.

    RESUMO

    Todos os behavioristas concordam que possvel um a cincia do comportamento, que veio a ser chamada de anlise comportamental. Apropriadamente, o behaviorismo visto como a filosofia dessa cincia.

    Todas as cincias se originaram da filosofia e dela se separaram , A astronomia e a fsica surgiram quando os cientistas passaram da especulao filosfica observao. Ao faz-lo, abandonaram qualquer preocupao com coisas sobrenaturais, observando o universo natural e explicando os eventos naturais por referncia a outros eventos naturais. Da mesma forma, a qumica separou-se da filosofia quando abandonou a idia de essncias internas e ocultas como explicao dos eventos qumicos. Ao se tornar cincia, a fisiologia abandonou a vis viva em prol de explicaes mecanicistas sobre o funcionamento do corpo. A teoria da evoluo de Darwin foi percebida, em grande medida, como um ataque religio porque se propunha a explicar a criao de formas de vida apenas com eventos naturais, e sem a mo sobrenatural de Deus. A psicologia cientfica tambm nasceu da filosofia, e talvez ainda esteja se separando dela. Dois movimentos promoveram essa ruptura, a psicologia objetiva e a psicologia comparativa. A psicologia objetiva enfatizou a observao e a experimentao, mtodos que caracterizavam as outras cincias. A psicologia com parativa enfatizou a origem comum de todas as espcies, inclusive seres hum anos, na seleo natural, e ajudou a promover explicaes puram ente naturais acerca do com portam ento humano.

    John B. Watson, que fundou o behaviorismo, adotou o cam inho da psicologia comparativa. Atacou a idia de que a psicologia era a cincia, da m ente, m ostrando que nem a introspeco nem analogias com a conscincia anim al produziam os resultados confiveis obtidos pelos mtodos de outras cincias. Sustentou que som ente atravs do estudo do comportamento poderia a psicologia atingir a confiabilidade e a generalidade necessrias para se tom ar uma cincia natural.

  • Compreender o behaviorismo 31

    A idia de que o com portam ento pode ser tratado cientificamente continua controversa, porque desafia a noo de que ele provm da livre escolha do indivduo. Promove o determ inism o, segundo o qual todo o comportamento se origina da herana gentica e de eventos ambientais. O termo livre-arbtrio designa a suposta capacidade que tm as pessoas de escolher seu comportamento livremente, sem levar em conta a herana ou o ambiente. O determinismo afirma que o livre- arbtrio um a iluso fundada na ignorncia dos fatores que determinam o comportam ento. Como um a verso branda do determinismo e as teorias compatibilizadoras defendem a idia de que o livre-arbtrio apenas uma iluso, no representam um a objeo cincia do comportamento. Apenas o livre-arbtrio libertrio, a idia de que as pessoas realm ente possuem a capacidade de se comportar da forma que escolheram (adotada pelo judasmo e pelo cristianismo), entra em conflito com o determinismo. Como a disputa entre determinismo e livre-arbtrio no pode ser resolvida atravs de provas, o debate acerca de qual desses dois pontos de vista correto se apia em argum entos relativos s conseqncias - sociais e estticas - da adoo de um a ou de outra.

    Os crticos do determ inism o argumentam que a crena no livre-arbtrio necessria preservao d a democracia e da moralidade em nossa sociedade. Os behavoristas argum entam que provavelmente o oposto que verdadeiro - um a abordagem com portam ental de problemas sociais pode aperfeioar a democracia e favorecer o com portam ento tico. Quanto esttica, os crticos do livre-arbtrio observam que ele ilgico quando associado noo de um Deus onipotente (como geralm ente o ). Q uer um ato seja atribudo a eventos naturais ou vontade de Deus, ainda assim ele no pode, pela lgica, ser atribudo ao livre-arbtrio do indivduo. Os defensores do livre-arbtrio retrucam que, dado que os cientistas nunca podem prever em detalhe as aes de um indivduo, o livre-arbtrio permanece possvel, ainda que seja um mistrio. Os behavioristas respondem que precisam ente sua natureza misteriosa que o torna inaceitvel, porque levanta o mesmo problem a que outras cincias tiveram de superar: como uma causa no-natural pode levar a eventos naturais? Os behavioristas do a mesma resposta que as outras cincias deram : os eventos naturais provm somente de outros eventos naturais. Essa viso cientfica do comportamento argumenta contra a aplicao da idia de livre-arbtrio justia e ao governo, contextos em que ela produz escassas conseqncias para a sociedade, mas permanece neutra (e poderia explicar) a respeito do uso da idia no discurso cotidiano, na religio, na poesia e na literatura.

    LEITURAS ADICIONAIS

    Boakes, R. A. (1984). From Darwin to behaviorism: psychology' and the minds of animals. Cambridge: Cambridge University Press. Excelente avaliao histrica dos primrdios do behaviorismo.

    Dennett, D. C. (1984). Elbow room: the varieties of free will worth wanting. Cambridge (Mass.): MIT Press. Inclui uma discusso completa do tpico do livre-arbtrio e um exemplo de uma teoria eompatibilizadora.

  • 32 William M. Boum

    Sappington, A. A. (1990). Recent psychological approaches to the free will versus determinism issue. Psychological Bulletin, 108, 19-29. Esse artigo contm um til sumrio das vrias posies.Watson, J, B. (1913). Psychology as the behaviorst views it. Psychological Review, 20, 158- 177. Watson expe suas idias originais nesse artigo clssico.Zuriff, G. E. (1985). Behaviorism: a conceptual reconstruction. Nova York; Columbia University Press. Esse livro um compndio e um debate do pensamento de vrios behavioristas, do comeo do sculo XX at cerca de 1970.

    TERMOS INTRODUZIDOS NO CAPITULO 1

    Anlise comportamental Antropomorfismo Behaviorismo metodolgico Behaviorismo radical CalricoContinuidade da espcie DeterminismoDiferena apenas perceptvel Dualismo

    Flogisto Introspeco Livre-arbtrio libertrio Psicologia comparativa Psicologia objetiva PsycheTempo de reao Vis viva

  • 20 behaviorismo

    como filosofia da cincia

    A idia de que pode haver uma cincia do comportamento ilusivamente sim-pies. Ela leva a duas questes espinhosas. A primeira : O que cincia?, Essa pergunta pode evocar um a resposta do tipo Cincia o estudo do universo natural. A resposta, porm , d origem a outras perguntas: O que torna algo natural? O que est implcito em estudo?. Se reformularmos a pergunta para: O que diferencia a cincia de outros empreendimentos humanos, como a poesia e a religio?, um a possvel resposta seria a de que a cincia objetiva. Mas o que ser objetivo?

    A segunda questo : O que confere carter cientfico ao estudo do comportam ento?. A resposta depende de como respondemos primeira questo. Talvez o com portam ento seja parte do universo natural. Talvez haja algo de nico na maneira como falaram os sobre o comportamento, de um ponto de vista cientfico.

    Este captulo dar enfoque primeira questo. O tema principal do Captulo 3 ser a segunda questo, embora a resposta completa pergunta sobre o que significa estudar cientificam ente o comportamento seja expandida no restante do livro.

    As idias dos behavioristas radicais sobre cincia diferem das idias dos primeiros behavioristas, assim como tambm diferem das posies de muitos pensadores anteriores o sculo XX, O behaviorismo radical se conforma tradio filosfica conhecida como pragmatismo, enquanto os pontos de vista anteriores eram derivados do realismo.

  • 34 Wiiliom M. Baum

    REALISMO VERSUS PRAGMATISMO

    Realismo

    Enquanto viso de mundo, o realismo to difundido na civilizao ocidental que muitos o aceitam sem questionamentos. Ele representa a idia de que as rvores, as rochas, as construes, as estrelas e as pessoas que eu vejo esto l realm ente - que h um mundo real fora do sujeito que d origem a nossas experincias. Se dou as costas para uma rvore acredito que, ao m e virar, eu a verei novamente. Parece senso comum que a rvore parte do m undo real fora de mim, enquanto minha experincia da rvore, minhas percepes, meus pensamentos e sentimentos esto dentro de mim. Essa noo aparentem ente simples envolve duas pressuposies que no so to simples. Primeiro, esse m undo real parece estar de algum m odo l fo ra , em contraste com a nossa experincia, que parece estar de algum m odo aqui dentro. Segundo, nossas experincias so experincias do mundo real; elas existem parte do mundo propriam ente dito. Como veremos adiante, ambas as suposies podem ser questionadas, com resultados importantes.

    Como no caso do livre-arbtrio e do determinismo, os filsofos escreveram bastante sobre o realismo. Distinguiram diversas verses do realismo. A descrio do pargrafo anterior no corresponde a nenhum a verso filosfica. Estaria prxim a do ponto de vista que os filsofos cham am de realismo ingnuo, que sustenta que a existncia de um objeto subsiste separadam ente de noss percepo dele. Uma vez que isso parte da viso do com portam ento que herdamos ao crescer na cultura ocidental, m uitas vezes chamada de psicologia popular, poderamos cham ar isso de realismo popular. A noo cotidiana de que a estabilidade de nossa experincia do mundo (que a rvore ainda est l quando eu me volto) deriva de sua realidade, vamos nos referir simplesmente como realism o.

    0 ii/Verso objetivo

    A origem do pensam ento cientfico atribuda a vrios filsofos gregos que viveram no sculo VI a.C. Um deles, Tales, props um a viso do universo que se diferenciava fundam entalm ente da perspectiva babilnica amplamente aceita em seu tempo, segundo a qual o deus M arduk havia criado o universo e continuava a governar todos os acontecimentos. Tales props que o Sol, a Lua e as estrelas moviam- se mecanicamente atravs do cu durante o dia, e noite moviam-se ao. redor da Terra, plana, retornando a suas posies no leste para se elevarem novam ente na manh seguinte (Farrington, 1980). A despeito de quo distantes essas idias possam parecer em relao s que temos hoje, a verso de Tales sobre o universo foi til. Farrington (1980, p. 37) com enta que um comeo admirvel, cujo ponto principal organizar em uma descrio coerente diversos fatos observados, sem introduzir o deus M arduk'. Em outras palavras: Tales props que o universo um mecanismo compreensvel.

  • Compreender o behaviorismo 35

    No contexto do realismo, um mecanismo compreensvel significa um mecanismo real, que existe fora do sujeito, e que vimos a conhecer medida que o estudam os. Seu carter compreensvel significa que, medida que o conhecemos melhor, esse universo mecnico se faz menos enigmtico. Sua existncia fora do sujeito torna-o objetivo - isto , independentemente de como nossas concepes sobre ele se alterem, o universo permanece exatamente como .

    Descoberta e verdade

    O realism o supe um a certa viso sobre a descoberta cientfica e a verdade. Se h um universo objetivo que podemos conhecer, ento apropriado dizer que, quando estudam os cientificamente o universo, descobrimos coisas sobre ele. Se pudermos descobrir algo a respeito de como funciona o universo, ento podemos dizer que descobrimos a verdade a seu respeito. Dessa perspectiva, pouco a pouco, descoberta por descoberta, alcanamos toda a verdade sobre o modo como o universo funciona.

    Dados sensorais e subjetividade

    Para o realista, nossa aproximao da verdade lenta e incerta porque no podemos estudar o m undo objetivo diretamente. Temos contato direto apenas com o que nossos sentidos produzem . O filsofo George Berkeley (1685-1753) levou em considerao essa condio indireta para lanar dvidas sobre a presuno de que o m undo est realm ente l. Ele escreveu, em um ensaio intitulado Principies of hum an knowledge:

    E realmente uma opinio estranhamente predominante entre os homens que casas, montanhas, rios e, em uma palavra, todos os objetos sensveis tm uma existncia, natural ou real, distinta de sua percepo pelo entendimento (...) ainda assim, qualquer um que decida question-la perceber, se eu no estiver enganado, que ela envolve uma contradio manifesta. Pois o que so os objetos acima mencionados seno as coisas que percebemos pelos sentidos? E o que percebemos alm de nossas prprias idias ou sensaes? (Burtt, 1939, p. 524)

    Em outras palavras, uma vez que; no temos contato direto com o mundo real, mas apenas com nossas percepes dele, no temos nenhuma razo lgica para acreditar que o m undo realm ente exista.

    Embora alguns filsofos posteriores a Berkeley tenham partilhado seu ceticismo sobre o realismo, aceitando a idia de que os objetos do mundo so apenas inferncias, os filsofos da cincia em geral tenderam a se alinhar com o realismo, e trataram a questo colocada por Berkeley de modo diferente. Bertrand Russell (1872-1970), por exem plo, escrevendo no incio do sculo XX, substituiu as 'idias

  • 36 William M. Boum

    e sensaes de Berkeley pelo conceito de dados sensoriais. Sugeriu que o cientista, estuda os dados sensoriais para ten tar conhecer o mundo real. Os dados sensoriais, estando dentro do sujeito, so subjetivos, mas constituem o meio de entender o m undo real, fora do sujeito.

    Explicao

    Na abordagem realista, a explicao consiste na descoberta de como as coisas realm ente so. Uma vez conhecida a rbita da Terra em volta do Sol, teremos explicado por cjue temos estaes climticas e por que a posio do Sol no cu m uda como muda. E como ter explicado o funcionam ento do m otor de um carro: o eixo vira porque os pistes o em purram quando sobem e descem.

    Para o realista, as explicaes diferem de meras descries, as quais apenas detalham como nossos dados sensoriais se organizam. Descries de mudanas na posio do Sol existiam muito antes que fosse amplamente aceita a idia de que a Terra gira em torno do Sol em rbita elptica. A descrio s nos conta a aparncia das coisas na superfcie - quando se descobre a verdade escondida no modo de funcionamento das coisas, ento os eventos que percebemos esto explicados.

    Pragmatismo

    O realismo pode ser contrastado com o pragmatismo, concepo desenvolvida por filsofos norte-americanos, particularm ente Charles Peirce (1839-1914) e William Jam es (1842-1910), durante a segunda metade do sculo XIX e incio do sculo XX. A noo fundamental do pragm atism o de que a fora da investigao cientfica reside no tanto na descoberta da verdade sobre a m aneira como o universo objetivo funciona, mas no que ela nos perm ite fazer (da o nome pragmatismo, da m esma raiz de prtico). Em particular, a grande realizao da cincia que ela perm ite dar significado a nossa experincia; ela torna nossa experincia compreensvel. Por exemplo, permite com preender que a chuva cai, no por causa de algum deus misterioso, mas devido ao vapor d gua e s condies climticas da atmosfera. As vezes a cincia nos perm ite at m esm o prever e controlar o que acontecer, se tivermos os meios para tal. Ouvimos as notcias sobre as condies climticas po rque nos so teis; tomamos antibiticos porque sabemos que eles combatem a infeco.

    James (1974) apresentou o pragmatismo como um mtodo para resolver controvrsias e como um a teoria da verdade. Ele assinalava que algumas questes nos levam apenas a argum entos infindveis, sem resultados satisfatrios:

    O mundo nico ou mltiplo? - predestinado ou livre? - material ou espiritual? - algumas dessas noes podem ou no se mostrar adequadas; e as discusses a respeito so infindveis. O mtodo pragmtico nesses casos tentar interpretar cada noo identificando as respectivas conseqncias prticas. Que diferena

  • Compreender o behoviorismo 37

    prtica faria a algum se esta noo, e no aquela, fosse verdadeira? Se nenhuma conseqncia prtica pode ser identificada, ento as alternativas significam do ponto de vista prtico a mesma coisa e toda a disputa intil. Sempre que uma disputa for sria, devemos ser cap


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