+ All Categories
Home > Documents > Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como...

Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como...

Date post: 01-Feb-2018
Category:
Upload: duongkhanh
View: 215 times
Download: 1 times
Share this document with a friend
16
13 ENTREVISTA Plano Nacional de Leitura vai ter medidas para pôr os rapazes a ler mais Teresa Calçada e Elsa Maria Conde, que presidem à comissão que vai aplicar o Plano Nacional de Leitura 2027, dizem que será preciso "uma certa frescura" para cativar os rapazes para a leitura de livros. BÁRBARA WONG 23 de Abril de 2017 https://www.publico.pt/2017/04/23/sociedade/noticia/plano- nacional-de-leitura-vai-ter-medidas-para-pos-os-rapazes-a-ler- mais-1769700 Elsa Maria Conde (à esquerda) e Teresa Calçada NUNO FERREIRA SANTOS Teresa Calçada e Elsa Maria Conde dizem que vão tentar que o Plano Nacional de Leitura tenha presença na televisão,
Transcript
Page 1: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

ENTREVISTA

Plano Nacional de Leitura vai ter medidas para pôr os rapazes a ler mais

Teresa Calçada e Elsa Maria Conde, que presidem à comissão que vai aplicar o Plano Nacional de Leitura 2027, dizem que será preciso "uma certa frescura" para cativar os rapazes para a leitura de livros.

BÁRBARA WONG 23 de Abril de 2017

https://www.publico.pt/2017/04/23/sociedade/noticia/plano-nacional-de-leitura-vai-ter-medidas-para-pos-os-rapazes-a-ler-mais-1769700

Elsa Maria Conde (à esquerda) e Teresa Calçada NUNO FERREIRA SANTOS

Teresa Calçada e Elsa Maria Conde dizem que vão tentar que o Plano Nacional de Leitura tenha presença na televisão, "seja em programas próprios, seja em colaboração com outros".

PUB

Page 2: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

Até agora o Plano Nacional de Leitura (PNL) esteve concentrado nos alunos e nas suas famílias. Como se leva o plano para fora da escola?Teresa Calçada (T.C.) — O PNL quer que se leia em todo o lado. Vamos apostar em estratégias que ponham a leitura como um bem na vida das pessoas, como um combate à pobreza. Não ser letrado é uma forma de pobreza.Mas combater a pobreza através da leitura não é um trabalho para dez anos…T.C. — Sim, é muito lento no tempo. Evidentemente, estamos a falar de um país em que o acesso à escola e aos bens culturais tem poucos anos. Portanto, não há uma relação de progresso como se houvesse uma varinha mágica. Por isso defendo uma política pública de leitura e comparo com a política pública de saúde: vê-se muito bem como esta combateu epidemias, deu melhores condições às famílias para criar os seus filhos e é isso que se espera das escolas e da sociedade civil. No caso da política pública de leitura é contribuir para que se seja educado. Os adultos são um público que, em muitos casos, não é qualificado. Nomeadamente os jovens adultos. O PNL tem de ter condições para intervir junto desse público.Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter, dentro das ofertas curriculares, propostas que levem à leitura, tanto em ambiente dos livros de estudo, como ao nível de um conjunto imenso de recursos que servem para melhorar o sucesso desses alunos que têm um passado de escolarização difícil.E esse é um público maioritariamente masculino.Elsa Maria Conde (E.M.C.) — A forma de estar e viver a socialização, entre os rapazes, é diferente da das raparigas. Tem havido muita literatura para tentar definir estratégias de leitura dirigidas aos rapazes, do secundário e dos primeiros anos do ensino superior, porque é um público específico e para o qual temos de fazer diferente.Já têm alguma ideia?T.C. — Só identificámos o problema.

Page 3: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

E.M.C. — As listas [de livros recomendados] não fazem distinção entre rapazes e raparigas e acho que recomendar um livro para uma rapariga é diferente...T-C. — …Pelo menos alguns livros...E.M.C. — ... Porque os interesses são diferentes. Vamos ter de nos informar o melhor possível e tentar actuar neste campo. Temos de ter uma certa frescura na maneira como abordamos os miúdos.Qual vai ser o papel da RTP?T.C. — Já que há serviço público, deve ser chamado à responsabilidade.

Em tempos houve um programa do PNL na RTP2.T.C. — Isso interrompeu-se, mas serão retomadas algumas novas/velhas parcerias. Tentaremos que o PNL tenha presença [na televisão] seja em programas próprios, seja em colaboração com outros. A faixa etária dos jovens leitores é muito importante porque só se consolidam hábitos de leitura se o público for induzido a não ter desprezo por ler.O que vão ser a comissão de honra e o conselho científico do PNL previstos na resolução do Conselho de Ministros publicada no final de Março, onde se aprovam as linhas orientadoras para o Plano Nacional de Leitura 2027?T.C. — Vão ser um conjunto de pessoas que testemunham e partilham a ideia do valor que a leitura representa.Já sabem quem serão essas pessoas?T.C. — Não. Quer dizer, serão pessoas com mérito reconhecido pela sociedade e que será uma honra tê-los connosco. Quanto ao conselho científico será um conjunto de pessoas que nos acompanhará nas resoluções do plano.

Page 4: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

ENTREVISTA

“Se não se ler bem, é-se diminuído na cidadania e nas oportunidades”

Teresa Calçada e Elsa Maria Conde são os rostos do novo Plano Nacional de Leitura. Novas listas de livros recomendados "serão melhoradas". E a ideia é chegar não só aos mais pequenos, também aos pais dos alunos.

BÁRBARA WONG 23 de Abril de 2017

https://www.publico.pt/2017/04/23/sociedade/noticia/se-nao-se-ler-bem-ese-diminuido-na-cidadania-e-nas-oportunidades-1769577

Page 5: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,
Page 6: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

Podem existir clubes de leitura “numa empresa, num banco, numa fábrica”. Pode haver livros nos comboios, e não apenas televisão. Para já, são apenas ideias de Teresa Calçada, que há décadas está ligada à política do livro e da leitura e esteve à frente da Rede das Bibliotecas Escolares até 2014. Ela e Elsa Maria Conde, que também vem da Rede das Bibliotecas Escolares, são agora as responsáveis pelo novo Plano Nacional de Leitura (PNL). Neste domingo, Dia Mundial do Livro, o Governo apresenta o projecto para os próximos dez anos, no Porto.

PUB

Teresa Calçada diz que ainda não sabe qual o orçamento que terá para gerir. E há muitas medidas por definir. Mas há decisões já tomadas: o PNL deixa de estar só sobre a tutela do Ministério da Educação e passa a haver uma comissão interministerial, a que se juntam os ministérios da Cultura e o da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Pretende-se alargar públicos, porque até agora foram essencialmente os mais pequenos que estiveram no centro das atenções. E apostar na “melhoria das qualificações dos pais” dos

Page 7: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

alunos. Mais: “O digital tem de ser uma oportunidade” para aumentar os níveis de leitura.

E que livros novos vão entrar na lista dos recomendados? Teresa Calçada, que lamenta que os contos de fadas não sejam hoje “a literatura mais amada”, remete o assunto para a equipa de especialistas que tem essa incumbência.PÚBLICO: Em 2014 aposentou-se, em 2016 é homenageada durante a celebração dos 20 anos da Rede das Bibliotecas Escolares (RBE) e é criado um prémio com o seu nome. O que a faz voltar ao activo, como comissária do Plano Nacional de Leitura (PNL)?Teresa Calçada (T.C.) — São aquelas coisas na nossa vida que, por vezes, não são muito racionais, ou talvez sejam… A idade, porque a idade conta. Ter a ideia de que ainda posso fazer e que não fui capaz. Depois, acredito mesmo que não é possível ser gente sem ler, sem gostar de ler, sem ser proprietário do uso da palavra. O meu ponto não é o livro, mas a leitura. O meu negócio é a leitura. Era ontem, como é hoje. Se quiser, é um acto de cidadania.Ajudou na decisão o facto de alguns amigos dizerem que era possível concretizar algumas ideias. Mas a decisão final tomei-a porque a Elsa aceitou vir comigo. Acredito muito no seu contributo porque tem outras competências, capacidades, modos de agir, de pensar e de estudar e que contribuirão para esta parceria e ajudarão no “Ler+”.

“Ler+” é o logotipo do PNL. Vai manter-se?T.C. — Vai manter-se. Nesta segunda fase do PNL, até 2027, terá um novo logotipo, mas o “Ler+” simboliza o que vamos continuar a fazer, a valorizar a leitura. Honramos a história e o património do PNL, que tem dez anos, e as pessoas que passaram por lá.

Enquanto responsável da Rede das Bibliotecas Escolares esteve na génese da criação do PNL, que balanço faz dos primeiros dez anos?T.C. — Estive enquanto coordenadora da Rede das Bibliotecas

Page 8: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

Escolares e costumava dizer que a rede era o tosco e o PNL era a superestrutura, que trouxe um conjunto de recursos e uma espécie de alegria de vir para a rua dizer que “ler é bom”, “Ler+ é melhor”. O balanço é positivo porque alguns indicadores que foram construídos ao longo dos anos o mostram. O PNL 2027 vai ter algumas novidades ou pontos que não foram tão explorados.

E quais são?T.C. — O PNL tem o envolvimento de outros ministérios, porque um PNL não é só o esforço que se faz na Educação, mas precisa de formas de olhar o mundo que estão associadas à Cultura, como os museus, serviços educativos, cinema… O mesmo é verdadeiro para a Ciência e Ensino Superior, com as redes das bibliotecas dos diferentes organismos, que têm muito para dar e partilhar. A nossa intenção é trabalhar com as autarquias e estas vão querer associar-se, como antes, às propostas que o PNL terá para fazer. Vamos alargar o público. O PNL sempre disse que se dirigia à população em geral, mas deu respostas muito centradas nos mais pequenos e nas famílias.Elsa Maria Conde (E.M.C.) — O trabalho em torno da leitura vive muito da relação entre as escolas e as bibliotecas, numa colaboração que já existe e que é para continuar, nomeadamente a nível local, das autarquias. Assim como dizemos que há aspectos que têm de ser reforçados, que há vertentes que vão ser trabalhadas de outra maneira, também há outras que é para manter. Tem de haver alguma inovação e diversificação.T.C. — Há projectos que já não têm o impacto que tiveram no princípio, neste momento há excesso de concursos no PNL e podemos ter outros formatos de ligação a quem trabalha no terreno e com as fundações e museus. Mas o Concurso Nacional de Leitura é para continuar.

A ideia é criar parcerias, projectos, alargar os públicos leitores. Como é que isso se faz?T.C. — Há que alargar o público, dos mais pequenos aos adultos, com

Page 9: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

programas que favorecem a prática e valorização da leitura, por exemplo, em ambientes de trabalho. Podem existir clubes de leitura numa empresa, num banco, numa fábrica. Todos os indicadores mostram como é importante a qualificação dos pais para o sucesso académico dos filhos. Vamos apostar numa melhoria das qualificações dos pais, através dos programas dirigidos aos adultos.

E haverá também uma aposta na escrita?T.C. — O PNL sempre disse “leitura e escrita”, mas a verdade é que nomeamos mais a leitura. Queremos reforçar o valor da escrita em si mesmo, mas também para a própria leitura. Como é que em muitos ambientes digitais a escrita nos pode levar a ser um leitor mais competente? Como é que se desenvolvem capacidades de ler mais qualificadas?Já sabem o que vão fazer em cada um dos dez anos?T.C. — Não. Vamos ter um tempo para fazer o plano estratégico e o que se vai propor começará a ser aplicado no próximo ano lectivo, a começar em Setembro.Como é que avalia o trabalho feito nos últimos anos?T.C. — Vivemos um período social de uma crise maior, com cortes muito grandes e esperamos que algumas antigas — e outras novas — parcerias, com fundações e organizações nacionais e internacionais, possam melhorar os recursos financeiros do PNL. Embora o PNL seja uma política nacional de leitura — é assim que o vemos —, como o são as políticas de saúde ou ambientais, em que o Estado tem obrigação de oferecer as condições de acesso a todos, é um bem de todos e todos podem colaborar.

Ler é um bem e toda a gente tem de ter oportunidades, estímulos e formas criativas ou solidárias para que isso aconteça. Não se propõe dizer que todos os portugueses têm de ler 20 livros, isso não tem nada a ver com o PNL, o que queremos é contribuir para a possibilidade de capacitar outros para que valorizem hábitos e

Page 10: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

competências de leitura. Se não se ler bem, é-se diminuído na cidadania e nas oportunidades.Não se propõem 20 livros, mas do PNL fazem parte listas com recomendações de livros. Estas vão continuar?T.C. — As listas de livros do PNL são orientações e sugestões por níveis etários que permitem orientar e sugerir para encontrar pistas. Nunca tiveram um carácter autoritário. Ler deve ser por prazer.Mas as listas vão ser alteradas?T.C. — Serão melhoradas, com informação mais qualificada. Vamos relacionar por temas, os títulos podem ter recensões para ter mais informação. Mas não deixam de ser sugestões. As listas são feitas por um conjunto de especialistas — poderão mudar para o ano que vem, mas a ideia é ter este auxiliar no sentido de estimular o gosto pela leitura. Porque a leitura dá-nos mundo! Como é que é a nossa frase, Elsa?E.M.C. — “Ler+, todas as palavras do mundo.” É a frase que vamos usar no dia do lançamento do PNL [hoje].T.C. — No sentido de revelar que a leitura nos tira do mundo pequenino em que vivemos, faz-nos compreender a alteridade, faz-nos mais tolerantes.Como é que acompanhou a polémica dos pais da secundária Pedro Nunes, em Lisboa, por causa de algumas passagens de cariz sexual do livro de Valter Hugo Mãe que estava recomendado para alunos do 3.º ciclo?T.C. — É estranho, provinciano e denuncia que quem se preocupa é menos letrado do que devia. A polémica teve a novidade de fazer aparecer um número crescente de pessoas que defendeu o livro e isso foi muito bom.Podem surgir outras polémicas semelhantes?T.C. — Antes desta, houve uma com a Alice Vieira. Estas polémicas alertam para a necessidade de o PNL ser criterioso.Que livros gostaria que estivessem nestas listas?T.C. — Os contos de fadas hoje não são a literatura mais amada. Nós dizemos que devemos ler se queremos que as crianças cresçam

Page 11: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

melhor. Se quisermos que cresçam ainda melhor é ler-lhes mais contos de fadas. Mas não há uma receita. Há uma equipa que tem a obrigação de definir as listas do PNL e para mim devem estar todos os livros que aproximam os miúdos e os graúdos da palavra escrita, da palavra dita, da palavra manipulada. Eu confio nesse conjunto de especialistas, assim como nas editoras e nos autores (escritores e ilustradores). Claro que se edita muita coisa que sabemos que não é bem escrita ou bem trabalhada, por isso, existem critérios para a escolha.Onde estão pessoas devem estar livros, mas livros variados, plurais e sem preconceitos porque as pessoas são diferentes. O mundo é muito diverso.Onde devem estar os livros?T.C. — Quer exemplos? Atenção que ainda não corresponde a nenhum projecto do PNL, mas num comboio pode haver livros, em vez de ter só a televisão. Por exemplo, nas paragens de autocarro podem estar pequenas caixas em que as pessoas podem pôr e tirar livros. Ter bibliotecas abertas 24 horas nas universidades. Fomentar clubes de leitura em empresas, não tem que ser um grupo de elite, porque se o modo de atrair for bem feito, tanto pode gostar o mais pobre como o mais rico. E encontrar formas de combater a conectividade permanente e alienante, com outros conteúdos que existem – blogues, youtubers, etc.O PNL não quer combater o digital, mas associar-se a ele?T.C. — O digital tem de ser uma oportunidade. Os miúdos trazem o mundo no smartphone, agora a luta é se somos capazes de os convencer que esse mundo é plural e rico, ou se deixamos que os inimigos desta concepção digam que o que é bom é ser um estúpido digital. O desafio é que a palavra falada e escrita é condição da humanidade. A sobrevivência da palavra e compreender o mundo através dela, é isso que vamos fazer, favorecendo aquilo que é bom porque ler é poder.

Page 12: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

E.M.C. — O digital tem de ser complementar ao papel. Hoje há uma possibilidade muito real de chegar à leitura através do digital, por exemplo, através de comunidades virtuais de leitores.Está previsto fazer estudos? Quais são as necessidades sentidas?T.C. — A avaliação é para retomar, assim como os estudos que foram interrompidos.E.M.C. — Um dos mais importantes é o da Leitura em Portugal, de 2007, e que vamos retomar. É fundamental para conhecer a realidade e em dez anos essa modificou-se profundamente. Nomeadamente a questão do digital.T.C. — Vamos constituir um conjunto de conselheiros para conseguir identificar áreas associadas a centros de investigação, o que vai implicar apoios comunitários. Os estudos são importantes para auxiliar as decisões.

Page 13: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

Livro de Valter Hugo Mãe fica no Plano Nacional de Leitura apenas para o secundário

Romance O Nosso Reino gerou polémica pelas passagens de cariz sexual.LUSA 30 de Janeiro de 2017

O romance O Nosso Reino, de Valter Hugo Mãe, que gerou polémica pelas passagens de cariz sexual, sairá das leituras recomendadas no 3.º ciclo pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) para constar apenas do secundário, disse o comissário Fernando Pinto do Amaral, nesta segunda-feira.

PUB

“Não está em causa a sua qualidade literária, o que houve foi um problema de inserção na lista. O livro entrou no 3.º ciclo por lapso, porque foi escolhido para o secundário”, explicou o comissário do PNL. São centenas de livros e dezenas de listas que integram o PNL, pelo que é normal que ocorram erros deste tipo, explicou o

Page 14: Web viewO PNL tem de ter condições para intervir junto desse público. Como é que se chega a este que é um público difícil? T.C. — Há que ter,

responsável, exemplificando com um caso semelhante que aconteceu há uns anos com um livro da escritora Alice Vieira.De qualquer forma, o poeta desvaloriza a polémica, explicando que não se trata de uma obra de cariz erótico, mas de um livro com memórias de infância e que tem umas passagens com conteúdo sexual, que apareceram descontextualizadas da narrativa. Assim, o livro continuará a integrar o PNL, mas na lista das leituras recomendadas para alunos do secundário.O Nosso Reino estava nas listas dos livros de leitura recomendada para o 3.º ciclo do ensino básico, que abrange 7.º, 8.º e 9.º anos, portanto, alunos com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos.A polémica surgiu quando pais de alunos do 8.º ano da Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa, que leram o livro nas férias do Natal, se aperceberam do seu conteúdo e protestaram.A decisão de passar o livro para as listas do secundário foi tomada após uma reunião na tarde desta segunda-feira com a comissão de especialistas que seleccionam os livros. Contudo, Fernando Pinto do Amaral sublinhou que esta decisão não foi uma “reacção” à polémica, mas sim a correcção de um lapso, que entretanto foi detectado.


Recommended