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CA'JUSCEMARA THEIS
OS BENEFicIOS DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO
RESPIRATORIO E POSTURAL DA CRIAN<;:ARESPIRADORA
BUCAL: UM ESTUDO DE CASO
Monogrnfia aprcscntltda ao Curso de P6s-Grlldua~ilo em Fisiotcrapia Cardiorrcspirat6riOlda Faculdadc de Cienci:ls d:l Saude dolUnivcrsidadc Tuiuti do Pllrana, como rcquisitoparcial para obtcn~ao do titulo deEspecializa.;ao FisiotcralliaCardiorrcspiratoria.Oricntador: Espcridiao Elias Aquim
CURlTIBA
2007
CONSULTAINTERNA
TERMO DE APROV ACAO
JUSCEMARA THEIS
OS BENEFiclOS DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO
RESPIRATORJO E POSTURAL DA CRIANCA RESPIRADORA
BUCAL: UM ESTUDO DE CASO
ESlli lIlonografill roi julgada e apro\'ada para obtclH;:i1o do titulo de Espccialishl em Fisiolcrapi:lCardiorrcspiratOrill no programa de ros-Gnldua~ao de Fisiotcrapia dll Universidade Tuiuti do Paran:i.
Curitiba, 09 de fevcreiro de 2007.
EspecialiZ3t;30 em Fisiotcnlpia CardiorrespiratOria
Prof. Dr. Esperidiao Elias AquimUniversidade Tuiuti do ParanaDepartamento de Pos-Gradu3ftiio
Prof. Dr. Alfredo CuelloUniversidade Tuiuti do Parana
Departamento de Pos-GradU3ftaO
Prof. Dr. Marcelo Marcio XavierUniversidadc Tuiuti do ParanaDepartamento de Pos-Gradu34;ao
AGRADEClMENTOS
A Deus;
A minha familia;
Ao Rodrigo, que me incentivou durante a pesquisa;
A paciente da pcsquisa;
A Adriana, Carla e Carolina, minhas amigas;
Ao meu orienrador e todos os que de alguma forma me auxiliaral11.
SUMARIO
RESUMO 5
ABSTRACT 5
INTRODU<;:Ao 6
MATERIAIAS E METODOS 7
RESULDADOS 9
DISCUssAo 10
CONCLUsAo 13
REFERENCIAS 13
REVISAo BlBLIOGRAFICA 15
RESUMO
A respirayao bucal e uma das disfunt;5es que mais transtorno causa, especiaimente na crianya.o paciente respirador bucal possui uma maior atividade ou esforc;:o da musculatura acessoriada inspirm;ao, 0 que, aiem de provocar incorrcta ventila9ao puimonar, pode tornar estesmusculos hipertroficos, contribuindo para que 0 diafragma tome-se incficienlc, dcvido ao sellusa reduzido c a conscqUcntc falta de sinergismo com os museu los abdominais. Estascondi90es levam aD inadequado padrao respirat6rio c, como conseqUencia, ha compensarrocsmuseu lares ocasionando alterarroes posturais. Diante distc, leve-sc como objetivos avaliar acrianrra respiradora bucal e realizar um tratamenlo fisiolcrapeutico, respiratorio e postural. Naavaliayao da funyao respiratoria observou-sc a anatomin tonicicn, a medinica ventilatoria, c 0
pico de nuxo expiratorio maximo, atraves do aparclho Peak Flow. 0 examc fisico constou deuma avaliayao postural fotografica realizada em plano frontal, anterior e posterior, e sagital,dircito c esquerdo, utilizando-sc uma linha vertical como referencia. As ailcra(,:oesrcspiratorias e posturais descritas na literatura foram observadas na avaliayao e 0 tratamentorealizado mostrou resultados satisfatorios principalrnente no aumento do pico de nuxoexpiratorio maximo e na redwrao da hipcrlordose lombar.
Palavras-chavc: respirador bucal; avalia<;ao; tratamento; fisioterapia
ABSTRACT
The oral breathing is one of the dysfunctions that causes the most disruption, especially in thechild. The oral breathing patient requires a greater activity or effort of the backup breathingmuscles, Which, besides provoking inappropriate lung ventilation, can make these muscleshyperbolic, contributing for the diaphragm to become inefficient, due to its reduced use andthe consequently lack on synergism with the abdominal muscles. These conditions take to aninadequate breathing standard and, as consequence, there are muscular compensationsresulting in lhe posture alterations. Facing this, the goals were to evaluate the oral breathingchild and realize a physiotherapeutic treatment, in the breathing and posture. In the evaluationof the breathing runction it was observed the thorax anatomy, the mechanical ventilation, andthe peak or maximum expiration flow, through the Peak Flow equipment. In the physicalexam there was a photographic posture evaluation realized by a frontal plan, front and back,arrow, right and left, using a vertical line as reference. The breathing and posture aherationsdescribed in the literature were observed in the evaluation and the treatment realized showedsatisfying results mainly in the increase of the maximulll expiratory peak How and in thereduction of the lumbar hypertordosis.
Key words: oral breather;.evaluation; treatment; physiotherapy
INTRODU<;:Ao
o processo de rcspira<riiocomprecndc, primeiramcnte, a ventilayao puimonar,
podcndo ser rcalizada tanto pcJa boca quanta pelo nariz. Ao nascer, C predominante a
respiray30 atraves das fossas nasais. Os reccptorcs neurais ai instal ados enviam aos
ccntros vitais a infonnm;ao sabre pureza, umidade c demais condiyoes do ar inspirado.
Se em algum momento da inrancia fatorcs como hipcrtrofia de adcn6ides e
amidalas, finite alergica, gripe, sinusite, hipolonia da musculaLura elevadora da
mandibula au traumatismo facial ocasionar obstrw;ao das vias aereas stlperiores,
provocando a respiray30 oral, esta crianya estara assumindo uma condiy30 palo16gica
que provocani altcrayoes morfologicas e funcionais em todo 0 organismo. (I. 2)
As doenc;as alcrgicas afctam cerca dc 20 % da populac;ao sendo a rinite
alergica a causa mais comum de obstruc;ao das vias aereas superiorcs. (3.'1.5) Patologias
das vias aereas superiares padcm causar perturbac;aa da "perfonnancc" rcspiratoria,
pclo fata de provocarem obstmc;ao nasal, detcnninante da respirac;ao bucal. (6) Essa
respirac;ao inadequada acarrela mudanc;as no sistema respiratorio c aJterar;oes
miofaciais. Estas modificam 0 eixo corporal e sua dimimica ocasionando altera~ocs
poslurais. (4)
A rctirada cirurgica de amigdalas e adcn6idcs ncm scmprc resolve a
problema da respirayao bueal, pois se nao for realizada a rceducayao da respirac;ao e a
readaplayaO da musculatura, a rcspirayao nasal padenl persistir como hlibito residual.
(2)
As altera90es que ocorrem a medio ou longo prazo, decorrentes da respira9ao
oral, podem ler conseqUencias danosas tanto para 0 sistema respiralorio quanto para 0
musculo-esqueletico. Diante disto, busea-se, atraves desla pesquisa, uma intervcnc;ao
tisioterapCulica no atendimento do respirador bucal visando mclhoras na func;ao
respiratoria c postural.
MATERJAIS E METODOS
Realizou-se 0 estudo de um unico caso: crianc;a com respira9ao bucal, sexo
feminino, sele anos de idade, 134 em de altura, scm compromctimento cognitivo.
Realiza tratamento fonoaudi610go.
o estudo roi previamcnte aprovado pelo Comite de Etica de I-Iumanos do
Hospital Nossa Senhora do Perpetuo Socorro e, apcs a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esc1arecido, iniciou-se a pesquisa.
Inicialmente, fbi realizada uma avaliac;ao constituida per uma ficha de
avaliac;ao especialmcnte desenvolvida que COIlslava de um qllestionario com dad os de
identificac;ao, avaliac;ao respiratoria e exame fisico.
Na avalia930 da fllIl9ao respiratoria observou-se a anatomia toracica c a
mccanica ventilatoria. (2) Quantificou-se 0 pico dc nuxo expiralorio maximo atraves do
aparelho Peak Flow (7, Rl.
o exame fisico constou de uma avaliac;ao postural fotogn'dica realizada com 0
auxilio de uma maquina fotografica digital da marca Olympus (Camcdia Master 3.2
Mg). A avalia9ao roi realizada em plano frontal, anterior e posterior, e sagital. direilo e
esquerdo, utilizando-se uma linha vertical como rererencia. Analisou-se a posiC;i'ioda
cabec;a, da col una cervical, tonkica e lombar, 0 posicionamento das cinturas escapular
e pcivica, joelhos e peS.(4)
Apos a avaliac;ao, iniciou-se 0 tratamento tisiotcrapelltico objelivando
educac;ao respiratoria e postural.
A educayao respiratoria foi realizada com tecnicas de propriocepc;ao
diafragmatica, conscienlizac;ao do alo respiralorio nasal e padr6es ventilatorios. (3,9. 10,
II)
o tralamento para correc;ao postural baseou-se em tecnicas de alongamcnto
dos musculos acessorios da respirayao, islO e, csternocleidomastofdeos e escalcnos,
alongamento dos musculos grande dorsal e peitorais para corrigir a elcvaC;flo das
coste las e a protusao dos ombros. Alem de alongamentos. relizou-se lambem 0
fortalccimento dos musculos paravertebrais e abdominais para favoreccr 0 trabalho
diarTagmatico, romboides e trapeZiO.(6.12, 13)
Como objcto de ludoterapia ulilizou-se a bola suic;a.
A crianc;a recebeu tambern orientac;oes posturais como evitar a anteriorizac;ao
da cabcc;a, a protmsao dos ombros e a hipercifose. Em todos os excrcfcios, inclusive os
cxercfcios posturais, enfatizou-se a educac;ao do ato respiratorio.
o alendirnento fisioterapeutico foi realizado duas vezes por semana durante
oilO seman as, totalizando 16 sessoes.
RESULTADOS
Os resultados evidenciaram melhora na mcdinica ventilat6ria, seodo que no
inicio do lralamento a pacienle apresentava respira<;ao toradea alterando-se, apos 0
tratamento, para toraeo-abdominal. a tipo de torax era nannal e assim mantevc-sc.
Quanta a cirtomelria a CrianIY3apresentou 63 em a nive! axiiar, S6 em a nivel
de processo xif6ide e 58 em a nlvel costal. Apcs 0 tralamento estes valorcs
mantiveram-se, alterando apenas 0 diametro a nlvel costal para 59 em.
o Pico de Fluxo Expirat6rio Maximo era de 160 IImin altcrando-se, apos 0
tratamento, para 200 IImin.
Quanta as aitera<roes posturais, no inicio do tTatamento a pacienlc apresentava
a cabc93 inclinada it direita, 0 ornbro csqucrdo mais alto, 0 troneo rodada it dircila,
hipcrcifose toracica e hiperlordose 10mbar, abdomen protuso, anterovesao de quadril.
joelhos direito e esquerdo valgo e fora da linha de gravidade e pe 0 valgo. Com 0
tratamento observou-se simetria das cinturas escapulares, houve reduc;ao da rolac;ao de
tronco, da hiercifose tonicia, hiperlordose lombar, da anterovesao de quadril c da
protllsao do abdomen. Os joelhos apresentaram-se simelricos com a linha de
gravidade. Naa houve alterac;ao da inclinac;ao da cabec;a, c na posic;aa valgo dos
joelhos e pe.
10
DISCUSSAO
Embora 0 orificio nasal ofere~a maior rcsistencia ao fluxo de ar que a boca, a
respira~ao nasal se torna mais vantajosa pelo fato de proporcionar melhores condi.;:oes
para a entrada do ar, iSla e, aqucce, umidifica c filtra 0 ar inspirado.
A rcspira.;:ao nasal, associ ada a propriocepyao difragiltica e ao aiongamenlo
dos museu los acess6rios da respirayao, proporcionou a paciente uma melhora na
medinica ventilat6ria e, conseqiientemenle. um aumcnlo no Pico de Fluxo Expiratorio
Maximo.
A atenyao as regi5cs nasal c t6raco-abdominal e que vai possibilitar a
automatiz3tyao da respirayao nasal nas Crian((3S com rcspira.yao bucal. A
conscientiz3yaO t6raco·abdominal consiste no rcconhecimento, lreino e contrale dos
qualro tempos respiralorios, iSlOe, inspirac;ao, apnCia, expirac;ao, apneia. Alem disto,
deve-se eSlimular a crianya sentir ° movimento da respirac;ao completa, que
compreende 0 mecanismo abdominal, toni.cico inferior e superior, em lodas as
alividades. (14)
A paciente apresenlava urn Pico de Fluxo Expirat6rio Maximo equivalcnle a
160 I/min antes do tratamento, alterando-se para 200 I/min apos. Esle valor, apesar de
ler aumentado, continua inferior, sendo que 0 normal seria de 290 IImin (para uma
criam,;:acom 134 em de altura).
Para 0 respirador bucal, 0 tempo expirat6rio prolongado e fundamental, pois
criara espac;o para maior entrada de ar aos pulmoes, recdueando sua mecanica
ventilat6ria. 0 g{ls carbonico e eliminado pelos pulmoes durante a expirac;ao. Sua
11
cxpulsao restaura a musculo, enquanto que a seu aclllnuio provoca fenomenos toxicos
que podcm ate conduzir it paraiisia dos centres nervosos. Uma expiracrllo Jonga c lenta
impede 0 aumcnto excessivo da concentra9ao de gas carbonico nas hemacias e esvazia
as alveolos criando condic;oes para urn maior enchimcnto pulmonar. (2)
o fato mecanico da passagem do af pcJas fossas nasais excita as terminac;ocs
nervosas, estas geram determinadas respostas, como 0 contrale da amplitude do
movimento toniciea, 0 descnvolvimento tridimensional das fossas nasais, a venlilu9ao
pulmonar, a tamanha dos seios maxi lares e Qutros estimulos vitais para todo a
organismo. (3)
Na rcspirac;ao bucal, os reflexos trigcminos e simpiiticos, dcixam de scr
excitados pel a mucosa nasal, provocando altera~ao no ritmo e amplitude da respira~ao
e reduyao da capacidade ventilaloria do ar inspirado, 0 que ocasiona a redu~ao do
volume de ar. Como conseqUencia da reduy30 do volume de ar, 0 respirador bucal
passa a apresentar fadiga freqUente, ja que a contrac;ao conslante dos musculos
acessorios da inspira~ao mantem a eleva~ao do osso esterno, 0 que aumenta 0 rilmo c
reduz a amplitude respiratoria. (2)
Sendo assim, a mlisclilatura acess6ria da inspirac;ao, que seria atuante apenas
em movimentos mais vigorosos, ou seja, sob uma demanda ventilat6ria aUl11enlada,
passa a atuar como musculo principal tomando ineficiente a a~ao do diafragma, 0
principal musculo inspirador. (2.6)
Ah:!m da hiperatividade da musculalura accssoria da rcspirac;ao, 0 individuo
que nao aprcsenta vedamento labial espontaneo, man tendo a boca aberta e respirando
atraves del a, demonstra que sua matriz funcional oronasofaringeana eSHlprejudicada,
12
exibe hiperatividade da musculatura facial, acarretando em compensa<r5es e
conseqUenlemente aitera<roes posturais. (15)
Denlre as aitera.;;oes posturais encontradas dcstacam-sc a hiperlordose
cervical, hipcrcifose dorsal, hiperlordose lombar, joelhos em reclfrvalum c pes
planos.(4) As aJtcrm;:oes posturais encontradas na pesquisa condizcm com 0 que csta
descrito na Iiteratura.
Para conseguir respirar melhor, 0 rcspirador bucal projcta a cabcya para
frente, reli ficando 0 trajelo das vias respiralorias e fazcndo com que 0 ar chcgue mais
rapido aos puim6es. Aos projetar a cabe<ra para frente, tada a musculatura do pesco90
e cintura escapuJar fica comprornctida. A coluna cervical loma-se retificada e
anteriorizada, as escapulas ficam elevadas, os ombros prolusos e a regiao anterior do
lorax dcprimida. A crian9a passa a realizar uma rcspirayuo mais rapida c curta. criando
uma deficicncia de oxigenal;3o. Neste proccsso a a98.0 do diafragma e pequcna.
levando-o ao relaxamento. 0 mesmo acontece com os mllsculos abdominais que,
associ ado a ingesHio constante de ar, leva a crialwa respiradora bucal a ler uma
protusao abdominal. (2)
Atraves de exercieios de alongamenlo e fortalecimento p6de-se obler boa
correl;uo postural do paciente respirador bueal.
A einesioterapia desempcnha uma fUl11;uO importante na a930 postural e
corretiva dos museu los erelores da coluna vertebral, que exercem urn papel acess6rio
muito importanle na medinica respiratoria, ja que par mel a da posi9ao creta da coluna
toraeiea, permitem urn melhor equilibria e uma maior expansao da caixa toracica. 0
cxcrcfcio de alongamento permite desenvolver c melhorar a fUI19fio primaria de
13
sustcnla¥ao dos museu los espinhais profundos. Ele permite rcalizar as corrc90es loeais
de cada curvatura da col una vertebral, tanto nos dcsvios antero-poslcriores, como nos
laterais. (14)
CONCLUSAO
Com este estudo, pode-se concluir que 0 tratamento tisioterapcutico c de
grande importancia para 0 paciente respirador buca!. As alterm;6es respiratorias e
posturais, evidentcs nestes pacientcs, quando nao corrigidas pem1anecem, agravando-
se com 0 passar do tempo. Os resultados obtidos oa pcsquisa foram satisfatorios,
principalmente para 0 aumento do pico de lluxo cxpiratorio maximo e para a redll~ao
da hiperlordose lombar.
Para maior fidedignidade dos resultados, sugerc-sc a continuidade da pesquisa
com uma maior amoslra.
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15
REVISAO BlBLIOGRAFICA
A respiravao e a primeira funvao do ser humane apos 0 nascimento e, junto
com a amamentac;:ao, oferecem ao organismo do rccem-nascido elementos nutritivos e
imuIlo16gicos e eficicntc troea gasosa. (1) Alcm dos beneficios nutricionais,
imunologicos e emocionais, 0 aleitamcnto materna promove a saude do sistema
estomatogmilico. E tim eSlimulo que propicia 0 correto estabelccimcnto da rcspirac;:ao
nasal e 0 desenvolvimento nannal de todD 0 complcxo craniofacial. (2)
Com 0 desmame precoce, a crianya nao supre suas necessidades de slIq:ao e
acaba adquirindo luibitos de SUCy80 naD nutritiva. Estudos demonstram que quanta
maior 0 periodo de aleitamento materna, menor a ocorrencia de habitos de succ;:ao,
respirat;ao oral e bruxismo. A amamenta~ao exclusiva por seis meses satisfaz a
necessidade lisiol6gica de suct;ao da criant;a, diminuindo a suc~ao nao nutritiva. (2)
Durante a amamenta<;ao. a crian~a faz uma respira~ao predominantemente
nasal, que estimula os sensores da mucosa nasal, filtra, aquece e umidifica 0 ar antes
deste chegar aos pulmoes e cumprir sua func;ao de hematose. Ao passar pela cavidade
nasal, 0 ar, em seu fluxo, produz uma pressao que expande as vias aereas superiores e
I'az a acra~ao dus cavidades pneumaticas paranasais. Sendo assim, a crian~a que desde
o nascimento lem amamentalYao diretamentc do seio materna, vedamento labial e
respirac;ao nasal, devera ler um desenvolvimento harmonioso da face e regiflo
oronasofarfngea. (I)
16
A rcspirar;ao bucal e uma das disfunr;oes que mais transtoma causa,
cspccialmente na crianc;a, e deve-sc principaimenle a obstrur;ao nasal. (3) A alergia
rcspiratoria constitui urna das principais causas de obstrur;ao nasal. Possivelmente, em
virtudc dos fatores aiergicos, das alteracroes poshlrais e tambem das alterar;5es na
mecanica ventilatoria, presentes nesles casas, tambem padenl haver 0
comprometimento das vias acreas infcriorcs e da [ul1(;50 pulmonar. (4)
o ar que entra pel a boca, por na~ sofrer os process os de umidificar;ao,
aquecimento e filtra'rao pel as fossas nasais, causa com maior freqiicncia infecr;ocs das
vias 8ercas 5uperiores, por nao haver a barrcira imuIlol6gica nalural contra agentes
agressorcs, encontrada na cavidade nasal. (I)
Na respira~ao bucal, os reflexos trigeminos e simpaticos, deixam de ser
excitados pela mucosa nasal. provocando uma rcspira~ao ataxica, 0 que altera seu
rilmo e amplitude, reduz a volume de ar inspirado e leva a uma hipoxia, repercutindo
em todo a organismo, principal mente nas regi6es toracoecrvicocranial, par ser a regiao
que abriga a musculatura acessoria da inspirayao, baslante utilizada pela crianc;a
portadora de respirac;ao buca!. (1.4)
A hiperalividade da musculatura acessoria da inspirac;ao como os
estemocleidomastoideos, escaienos, peitorais e trapezio superior, explica-se pelo
esforc;o que 0 respirador bucal faz para aumentar 0 volume pulmonar, devido a
obstruc;ao das vias aereas superiores. (I)
Scndo assim, a musculatura acess6ria da inspirac;ao, que seria atuanle arenas
em movimentos mais vigorosos, ou seja, sob uma demanda ventilat6ria aumentada,
passa a atuar como principal tornando ineticiente a ac;ao do diafragma. 0 principal
17
mllsculo inspirador. Atem disto, a hipcratividade da l11usculatura acessoria pode
aumentar 0 volume deslcs museu los, lamando-os hipertroficos e contribuindo para urn
desequilfbrio muscu!ar.(I)
Para 0 rcspirador bucal, 0 tempo expiratorio prolongado e fundamental, pais
crianl espa.yo para maior entrada de ar aDs pulm6es, rceducando a mecfinica
ventilatoria deSla crianc;a. (\)
o gas carbonico e eliminado pelos pulmoes, durante a expira'Yao. Sua
expulsao rcslaura 0 musculo enquanto que 0 seu acumulo provoca fenomcnos toxicos
que pod em ate conduzir it paralisia dos centros nerVOSQS. Uma expirac;ao longa e Icnta
impede 0 aumento excessivo da concentra~ao de gas carbonico nas hemacias, esvazia
os alveolos criando condic;oes para urn maior enchirnenlo pulmonar. (I)
A atenc;:ao as rcgioes nasal e taraco-abdominal e que vai possibilitar a
automatiza~ao da respirm;:ao nasal nas crian.yas com respira~ao bucal. A
conscientiza~ao toraco-abdominal consiste no reconhecimento, treino c controle dos
qualro tcmpos respiratarios, islO e, inspirac;:ao, apnt!ia, expirac;ao, apneia. Alem disto,
deve-se cstimular a crians:a sentir 0 movimento da rcspirac;ao complcta, quc
comprecnde a mecanismo abdominal, toni.cico inferior e superior, em tadas as
atividades. (5)
o individua que nao apresenta vedamento labial cspontaneo, man tendo a boca
aberla e respirando atravcs dela, demonstra que sua matriz funcional
oronasofaringeana csta prejudicada, exibe hiperatividade da musculatura facial,
acarretando em compensac;:oes c consequentcmente altera~5es posturais. (6)
18
A crian~a que apresenta rcspirayao oral prolongada apresenta diversas
alterac;oes que sao caracteristicas. Nesta, e passivel verificar uma anterioriz3crao da
posicrao da cabcc;a a fim de conseguir respirar melhor. Ao projetar a cabcc;a para frenle
e passivel rCliticar 0 trajeto das vias respirat6rias, fazcndo 0 ar chcgar mais nipido da
cavidade oral aDs pulmoes. Esta adaptcH;ao postural tambem e responsavei pela
aumento da atividade muscular cervical devido, principal mente, a atividade bilateral
dos ITIllscuios csternocleidomastoideos. (I)
Dentre Dutras aiterac;oes decorrenlcs da rcspirayao oral deslacam-sc as
aherayoes cranio-faciais como crescimento cranio-facial vertical, cianose
infraorbitaria, assimetria facial em bucinador, narinas cstreitas e inclinadas, menor
espa<;o na cavidade nasal, desvio de septa devido a prcssao do palato ogival para cima
e para frentc. (7.8)
Na cavidade oral aprescntam overjet, isto e, incisivos superiores na frente dos
infcriores e hipodesenvolvimento dos maxilarcs. As altera<;oes nos orgaos
fonoarticulatorios sao hipotonia e hipofunc;ao dos musculos elevadores da mandibula,
alterac;ao do t6nus dos iabios e da bochecha, labia superior retrafdo au curto e inFcrior
evcrtido au interposlo entre as dentes, labios secas e rachados com altcrayao da cor e
lingua hipotonica. (3.7)
Com rcla<;ao as altera<;oes comportamentais, destacam-se: sono agitado,
irritabilidade, diliculdade de concentra<;ao acompanhada de queda no rendimento
escolar e de baixa aptidiio esportiva, entre outras. (8) Pode-se observar altera<;6es no
sistema cardio-circulatoria, decorrcntes do atraso na circula<;ao pelo deficit de
19
oxigenar;ao, como hipertrofia do ventriculo dircito e insuficicncia da valvula
pulmonar. Durante 0 sono podem aprescmar hipoxemia, hipercapnia e acidose. (7)
Dentre as altcra'toes posturais cncontradas deslacam-sc a hipcrlordose
cervical, hipercifosc dorsal, hiperlordose lombar, joclhos em recurvatwn e pes pianos.
(7) Para conscguir respirar melhor, 0 respirador bueal projeta a cabcr;a para frentc,
reli ficando 0 trajeto das vias respiratorias e fazendo com que 0 ar chcgue mais Tapida
aOs pulmoes. Aos projelar a cabcr;a para frenlc, tada a musculatura do PCSC090C
cintura escapular fica comprometida. A col una cervical toma-se retificada e
anleriorizada, as escapulas Ileam elevadas, as ombros protusos e a rcgiao anterior do
t6rax deprimida. A crian~a passa a rcalizar uma respira9ao mais rapida e curta, criando
uma deficiencia de oxigena9ao. Neste processo a a9ao do diafragma e pequena,
levando-o ao relaxamento. 0 mesmo acontece com os musculos abdominais que,
associado a ingestao conslante de ar, leva a crian93 respiradora bucal a ter uma
protusao abdominal. (I)
A cinesioterapia desempenha uma fun9ao importante na a930 postural e
correliva dos musculos eretores da col una vertebral, que exercem urn papel acessorio
muito importante na meciinica rcspiraloria, ja que par rneio da posic;ao creta da col una
toracica, pcrmitem urn mclhor equilfbrio e uma maior expansao da caixa toracica. 0
exercfcio de alongarnento permite descnvolver e melhorar a func;ao primiiria de
sustentac;ao dos museu los espinhais profundos. Elc pcrmite rcalizar as correc;oes locais
de cada curvatura da coluna vertebral, tanto nos desvios antero-posteriorcs, como nos
latcrais. (5)
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