Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a nutrição
Characterization of the gut microbiota of dogs and cats and its relation to nutrition
Autora: Vivian Pedrinelli1
Orientador: Marcio Antonio Brunetto1
1Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Universidade de São Paulo
6º Programa de Incentivo à Pesquisa em Nutrição de Cães e Gatos Total Alimentos
1
Caracterização da microbiota intestinal de cães e gatos e sua relação com a nutrição
Characterization of the gut microbiota of dogs and cats and its relation to
nutrition
Resumo
O estudo da microbiota é recente, principalmente quando se considera os
avanços no campo da medicina veterinária. Com o desenvolvimento de novas
técnicas, permitiu-se a melhor identificação e caracterização de componentes da
microbiota de diversos nichos, como cavidade nasal e oral, pele e trato
gastrointestinal. Poucos estudos foram conduzidos sobre a microbiota de cães e
gatos, sendo a maioria deles sobre a microbiota gastrointestinal, e na maior parte
deles foram utilizados animais saudáveis e de laboratório. Alguns estudos
preliminares tentam entender a relação entre microbiota e doença, enquanto outros
procuram elucidar a relação entre nutrição e microbiota. A composição de
macronutrientes e também a adição de alguns ingredientes específicos na dieta
podem auxiliar na modulação da microbiota e assim, produzir benefícios para o
hospedeiro como melhora da saúde intestinal e bem-estar dos animais. Esta revisão
tem como objetivo compilar informações sobre a microbiota de cães e gatos, sua
relação com doenças e principalmente sobre como a nutrição pode influenciar este
importante componente da saúde de cães e gatos.
Palavras-chave: microbioma; trato gastrointestinal; canino; felino; dieta.
Abstract
The research of the microbiota is recent, especially when the advances in the
field of veterinary medicine are considered. The development of new techniques
allowed a better identification and characterization of microbiota components of
several niches, such as nasal and oral cavities, skin and gastrointestinal tract. Few
studies were conducted to gather information about microbiota of dogs and cats, most
of which being about gastrointestinal microbiota, and in the majority healthy laboratory
animals were used. Some preliminary studies try to understand the relation between
microbiota and disease, while others try to elucidate the relation between nutrition and
the microbiota. Macronutrient composition and the inclusion of specific ingredients in
the diet may help modulate the gut microbiota and, by doing so, provide benefits to the
2
host such as improvement of gut health and animal welfare. This review aims to gather
information about the microbiota of dogs and cats, its relation to diseases and
especially about how nutrition can influence this important component of health for
dogs and cats.
Keywords: microbiome; gastrointestinal tract; canine; feline; diet.
Introdução
O corpo dos seres humanos é colonizado por grande quantidade e variedade de
microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus. Esses organismos residentes
convivem em simbiose com seu hospedeiro (GRICE e SERGE, 2011). Estudos
recentes demonstraram que o trato gastrointestinal de mamíferos é colonizado por
uma microbiota complexa que inclui bactérias, archea, fungos, protozoários e vírus
(SUCHODOLSKI, 2011). Estima-se que o trato gastrointestinal de cães e gatos
apresente aproximadamente um trilhão de células componentes da microbiota,
número esse 10 vezes maior do que as células do organismo hospedeiro
(SUCHODOLSKI, 2016). Diferenças na microbiota e microbioma podem ocorrer de
acordo com a genética, idade, localização geográfica e especialmente com a dieta
(PANASEVICH et al., 2015).
Microbiota pode ser definida como o conjunto de microrganismos presentes em
ambiente definido ou, mais especificamente, a identificação taxonômica que está
associada a um determinado ambiente, por exemplo, pelo sequenciamento de RNA
ribossomal (rRNA). O termo metagenoma consiste no total de material genético
extraído de uma população de um ambiente específico. Já o termo microbioma é
definido como o conjunto microbiota e metagenoma (SUCHODOLSKI, 2011;
WHITESIDE et al., 2015). A alteração de composição e/ou de variedade de espécies
bacterianas da microbiota intestinal pode ser definida como disbiose, e pode estar
associada com desordens do trato gastrointestinal e até mesmo de outros órgãos
(SUCHODOLSKI, 2016).
As potenciais funções e interações entre organismo e microbiota em cães e
gatos são amplas, porém ainda pouco exploradas. Existem como exemplos estudos
que avaliaram desde a microbiota da pele de cães saudáveis e cães alérgicos
(HOFFMANN et al, 2014) até as populações de determinadas bactérias intestinais de
cães com meningoencefalomielite (JEFFERY et al, 2017).
3
Atualmente a microbiota gastrointestinal é reconhecida como um dos fatores que
influenciam a homeostase, saúde e doenças diversas. Entretanto, a relação da
nutrição de cães e gatos com estes microrganismos ainda precisa ser melhor
elucidada. Dado o papel do trato gastrointestinal na digestão e sistema imune
principalmente, perfis microbianos e de seus metabólitos podem influenciar na saúde
dos animais como um todo, assim como na saúde dos tutores e de outras pessoas
com as quais têm contato (SUCHODOLSKI, 2011; DENG e SWANSON, 2014).
O objetivo desta revisão é analisar os conhecimentos disponíveis sobre a
microbiota de cães e gatos, para melhor entender sua composição, sua correlação
com doenças e a influência da nutrição nos microrganismos que a compõe.
A microbiota gastrointestinal de cães e gatos
No passado, grande parte do conhecimento referente à microbiologia
gastrointestinal foi obtido por meio do uso de técnicas convencionais de cultura,
mesmo que fosse possível cultivar em laboratório menos de 1% dos microrganismos
obtidos. A recente disponibilidade de sequenciamento genético aliada ao
desenvolvimento de bioinformática possibilitou a melhor identificação e caracterização
de microbiota e microbioma, aspecto que tem aprimorado o entendimento sobre o
assunto (DENG e SWANSON, 2014).
O principal objetivo do estudo da estrutura filogenética atual é o RNA ribossomal,
e mais especificamente uma pequena subunidade, o gene 16S rRNA, que está
presente em todas as bactérias e possui sequências fixas e variáveis, possibilitando
a distinção entre níveis filogênicos (DENG e SWANSON, 2014). Alguns dos métodos
utilizados para identificar e quantificar microrganismos são a reação em cadeia de
polimerase (PCR), o polimorfismo no comprimento do fragmento de restrição (RFLP),
eletroforese em gel com gradiente de temperatura e técnicas de sequenciamento de
DNA como método de Sanger, Illumina ou pirosequenciamento 454 (LIU et al., 1997;
ZOETENDAL, AKKERMANS e DE VOS, 1998; RIGOTTIER-GOIS et al., 2003;
WEINSTOCK, 2012).
Quando se trata de seres humanos, há grupos internacionais focados no estudo
especifico do microbioma, como o Human Microbiome Project
(http://www.hmpdacc.org). Já há microbiomas descritos em diferentes nichos do corpo
humano, como cavidade nasal, cavidade oral, pele, trato urogenital e trato
4
gastrointestinal, e estudos demonstram que diversas doenças em seres humanos
podem estar associadas com a disbiose, como obesidade, diabetes, alergias e doença
intestinal inflamatória (TURNBAUGH et al., 2006; ROUND e MAZMANIAN, 2009;
LARSEN et al., 2010; SPOR, KOREN e LEY, 2011). Porém, quando comparado com
dados de microbioma humano, há poucos estudos sobre este tema em cães e gatos,
e a maioria publicada até o momento realizou apenas a análise fecal de animais
saudáveis (DENG e SWANSON, 2014).
Cães e gatos possuem um trato gastrointestinal relativamente simples por sua
natureza carnívora e não dependem de microbiota como fonte de energia, diferente
de bovinos e equinos (DENG e SWANSON, 2014). Os gatos, como animais
estritamente carnívoros, apresentam metabolismo adaptado à maior uso de proteína,
enquanto os cães são considerados onívoros e podem digerir e absorver maior
quantidade de carboidratos (NRC, 2006; FEDIAF, 2016). Estas diferenças alimentares
e metabólicas podem justificar particularidades da microbiota gastrointestinal de cães
e gatos. Handl e colaboradores (2011) observaram que a microbiota de felinos
aparenta apresentar maior diversidade bacteriana devido ao maior número de
unidades taxonômicas operacionais. O mesmo estudo observou menor variação de
microbiota entre gatos do que entre cães, e observou predominância do filo Firmicutes
(aproximadamente 95% de frequência) em ambas as espécies. Estas informações
diferiram dos resultados encontrados por Middelbos e colaboradores (2010). Neste
estudo, cães saudáveis apresentaram frequência de 40% do filo Fusobacteria, 35%
do filo Bacteroidetes e apenas 25% do filo Firmicutes. Esta diferença pode ser devido
ao emprego de metodologias distintas para determinação das bactérias. No estudo de
Handl e colaboradores (2011) foi utilizada a etapa de homogeneização de amostras
do tipo “bead beater”, enquanto Middelbos e colaboradores (2010) não empregaram
esta etapa. Outro estudo realizado por Desai e colaboradores (2009) demonstrou a
diferença entre gatos criados indoor e gatos criados outdoor. Em ambos os grupos a
predominância foi do filo Firmicutes, porém houve menor diversidade de
microrganismos nos animais criados outdoor.
O principal propósito de se estudar a microbiota de cães e gatos é compreender
melhor a dinâmica e função das comunidades microbianas, além de sua relação com
o hospedeiro e com doenças e a influência de fatores como dieta, uso de
medicamentos e ambiente (DENG e SWANSON, 2014). Além disso, o estudo da
5
microbiota de cães e gatos pode ter influência também na saúde humana, devido a
relação cada vez mais próxima entre tutores e animais de estimação. Um estudo
realizado por Song e colaboradores (2013) observou que tutores de cães
compartilharam mais bactérias com seus cães do que com cães de outros tutores,
principalmente na microbiota da pele.
No trato gastrointestinal, as bactérias predominantes em cães e gatos são do filo
Firmicutes (abundância média de 92%), seguidas do filo Bacteroidetes com
abundância de 2,3%. Já na microbiota fúngica, o gênero predominante em cães foi o
Nakaseomyces, enquanto os gêneros Saccharomyces, Aspergillus e Penicillium
foram predominantes em gatos (HANDL et al., 2011). Honneffer e colaboradores
(2017) observaram em cães uma prevalência geral de Firmicutes, Fusobacteria,
Bacteroidetes, Proteobacteria e Actinobacteria, e também avaliaram as diferenças de
filos nos diferentes segmentos do trato gastrointestinal (Figura 1).
Figura 1 – Microbioma em diferentes segmentos do trato gastrointestinal de cães adultos
saudáveis.
Fonte: Honneffer et al., 2017 - traduzido pelos autores.
6
A função predominante das sequências de bactérias no trato gastrointestinal de
cães, segundo Swanson e colaboradores (2011), foi nas categorias carboidratos (12-
13%), metabolismo de proteínas (8-9%), metabolismo de DNA (7%), parede e cápsula
celular (7-8%), aminoácidos e derivados (7%), virulência (6-7%) e cofatores, vitaminas
e pigmentos (6%). Em gatos, os resultados encontrados por Barry e colaboradores
(2012) para as funções das bactérias gastrointstinais foram semelhantes aos
encontrados em cães: carboidratos (15% das sequências), subsistemas baseados em
clusters (14%), metabolismo protéico (8%), parede e cápsula celular (7%),
metabolismo de DNA (7%) e virulência (6%).
A interação entre microbiota e doença em cães e gatos
Assim como observado em humanos, alterações na microbiota podem contribuir
para distúrbios intestinais em cães e gatos, além da invasão da luz intestinal e
translocação bacteriana (DENG e SWANSON, 2014).
Um estudo realizado por Foster e colaboradores (2013) comparou a microbiota
fúngica de cães saudáveis e cães com diarreia aguda e não encontrou diferença.
Outro estudo realizado por Bell e colaboradores (2008) observou em cães com
diarreia aguda, através da técnica RFLP, aumento de Clostridium perfringens,
Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium quando comparados com cães
saudáveis. Em relação à doença intestinal inflamatória (DII), Suchodolski e
colaboradores (2012) observaram que cães com DII apresentaram aumento nas
populações de Proteobacteria e menor quantidade de Clostridia.
Já no âmbito das alergias, foi observada diferença da composição de microbiota
das axilas, narinas, virilha e espaço interdigital de cães saudáveis e cães alérgicos
(HOFFMANN et al., 2014), conforme ilustrado na Figura 2.
Em humanos foi estabelecida relação entre a redução de populações de
Faecalibacterium prausnitzii e/ou Prevotella spp e o desenvolvimento de esclerose
múltipla (MIYAKE et al., 2015). Jeffery e colaboradores (2017) avaliaram as
populações dessas mesmas bactérias em cães com meningoencefalomielite de
origem desconhecida (MOD), doença imunomediada que pode ter causa infecciosa,
assim como a esclerose múltipla. Cães com MOD apresentaram menor abundância
de Prevoltellaceae quando comparados com cães controle pareados (cães de mesma
raça, idade e sexo), mas não houve diferença para Faecalibacterium prausnitzii.
7
Figura 2 – Média de famílias e filos bacterianos encontrados em cães saudáveis e alérgicos.
Fonte: Hoffmann et al., 2014 – traduzido pelos autores.
Outro achado interessante foi a diferença de microbiota em cães com e sem
urólitos de oxalato de cálcio (GNANANDARAJAH et al., 2012). Este estudo observou
que cães com urólitos de oxalato de cálcio apresentaram maiores populações de
Bacteroidetes e menores populações de Actinobacteria quando comparados com
cães adultos saudáveis (Figura 3).
Em relação à influência de medicamentos, Igarashi e colaboradores (2014)
avaliaram o efeito da administração de 14 dias de metronidazol e prednisolona na
microbiota de cães saudáveis, e o efeito residual 14 e 28 dias depois do final do
tratamento. Neste estudo não foi observada diferença no tratamento com
prednisolona, porém o tratamento com metronidazol reduziu a proporção do filo
Fusobacteria e aumentou a proporção do filo Actinobacteria, principalmente por
aumento de Bifidobacterium, o que sugere efeito benéfico na administração deste
antibiótico.
8
Figura 3 – Distribuição de filos identificados por 16S rDNA filotipagem em cães saudáveis
(a) e cães com urólitos de oxalato de cálcio (b).
Fonte: Gnanandarajah et al., 2012 – traduzido pelos autores.
Um estudo realizado por Isaiah e colaboradores (2017) avaliou a influência da
insuficiência pancreática exócrina (IPE) no microbioma de cães. Observou-se
aumento das famílias Bifidobacteriaceae, Enterococcaceae e Lactobacillaceae nos
animais com IPE tratada e não tratada quando comparados com o grupo controle.
Além disso, uma menor variedade de espécies definida pelo número de unidades
taxonômicas operacionais foi observada nos animais com IPE, com e sem
suplementação enzimática.
Em gatos, um estudo realizado com 10 animais com diabetes mellitus tratados
com insulina exógena e seus controles saudáveis pareados por raça, idade e gênero
demonstrou que os filos predominantes em ambos os grupos foram Firmicutes,
Actinobacteria e Bacteroidetes (BELL et al., 2014). Estes resultados sugerem não
haver diferenças entre a microbiota de gatos diabéticos e gatos saudáveis.
Outro estudo realizado por Ramadan e colaboradores (2014) avaliou a
microbiota fecal de gatos com diarreia crônica adquirida antes e depois de manejo
com dietas comerciais coadjuvantes ao tratamento de alterações gastrointestinais.
Apesar de observada diferença entre as populações bacterianas dos grupos após
tratamento com dietas comerciais diferentes, este estudo pontual não pôde concluir
se as alterações de microbiota foram responsáveis pela melhora no quadro clínico ou
vice-versa, e se somente o uso da dieta pode ter alterado sua composição.
9
Suchodolski e colaboradores (2015) avaliaram o microbioma de gatos
saudáveis, com diarreia aguda e com diarreia crônica. Foi observado aumento da
ordem Burkhoderiales, da família Enterobacteriaceae e dos gêneros Streptococcus e
Collinsella em gatos com diarréia aguda e crônica. Nos gatos saudáveis foi observado
aumento da ordem Campylobacterales, da família Bacteroidaceae e dos gêneros
Megamonas, Helicobacter e Roseburia. Em gatos com diarréia crônica o filo
Bacteroidetes diminuiu, enquanto em gatos com diarréia aguda o gênero Lactobacillus
diminuiu.
Gatos com vírus da imunodeficiência felina (FIV) apresentaram aumento de
abundância de Bifidobacteriales, Lactobacillales e Aeromondales na microbiota retal
quando comparado com controles saudáveis (WEESE et al., 2015). Este mesmo
estudo identificou predominância de Firmicutes, seguido de Proteobacteria e
Actinobacteria, em ambos os grupos,
A influência da alimentação na microbiota intestinal de cães e gatos
Há grande variação na composição de alimentos comerciais, sejam eles úmidos
ou secos. Diversos estudos avaliaram a influência de diferentes composições de
dietas na microbiota intestinal de cães e gatos e seus potenciais benefícios. Um
estudo realizado por Hang e colaboradores (2012) avaliou o uso de 3 dietas com
concentrações de proteína bruta diferentes (19%, 23% e 61% na matéria seca) e sua
influência na microbiota bacteriana. A dieta com 23% de proteína foi a que resultou
em maior diversidade de sequências, e as dietas com 61% e 19% de proteína bruta
favoreceram, respectivamente, as populações de Erysipelotrichales e
Fusobacteriales.
Dietas baseadas em alimentos crus também foram avaliadas em cães
(BELOSHAPKA et al., 2013). Neste estudo foram avaliadas seis dietas com fontes
protéicas cruas: controle com carne bovina e controle com carne de frango, carne
bovina com 1,4% de inulina e carne de frango com 1,4% de inulina, carne bovina com
1,4% de extrato de parede celular de levedura e carne de frango com 1,4% de extrato
de parede celular de levedura. Todas as dietas a base de carne bovina aumentaram
as populações de Escherichia, mas diminuíram as de Anaerobiospirillum quando
comparadas com as dietas de frango. As dietas com inulina aumentaram as
populações de Lactobacillus e reduziram as de Enterobacteriaceae quando
10
comparadas com os grupos controles, e se comparadas com o grupo de extrato de
parede celular de levedura reduziram as populações de Escherichia. Além disso, nos
grupos tratados com extrato de parede celular de levedura as populações de
Bifidobacterium aumentaram se comparadas com os grupos tratados com inulina e os
grupos controle.
Ainda em cães, foi avaliada a influência de polpa de beterraba na microbiota
intestinal. Um estudo por Middelbos e colaboradores (2010) observou aumento do filo
Firmicutes e redução dos filos Fusobacteria e Actinobacteria em cães que consumiram
dieta com inclusão de 7,5% de polpa de beterraba em relação ao grupo controle. Um
outro estudo encontrou aumento dos filos Bacteroidetes e Firmicutes em cães também
alimentados com dieta com 7,5% de polpa de beterraba se comparados com os
animais controles (SWANSON et al, 2011).
Um estudo realizado por Panasevich e colaboradores (2015) avaliou a
modulação do microbioma fecal de cães adultos saudáveis através da inclusão de
fibra de batata na dieta, uma fonte de fibra fermentável e mista de solúvel e insolúvel.
Neste estudo, a inclusão de fibra de batata aumentou as proporções de Firmicutes e
reduziu as proporções de Fusobacteria, sugerindo potencial efeito prebiótico.
Outro ingrediente com potencial prebiótico em humanos, porém não amplamente
testado em cães, é a polidextrose. Beloshapka, Wolff e Swanson (2012) avaliaram a
influência deste ingrediente na microbiota de cães adultos saudáveis. Em cães
alimentados com dietas com inclusão progressiva de polidextrose houve redução
linear de Clostridium perfringens fecal, porém não houve alteração de Escherichia coli,
Lactobacillus spp e Bifidobacterium spp.
Sabbioni e colaboradores (2016) avaliaram a influência de zeólita na população
de Bifidobacteria de cães adultos saudáveis. O grupo tratado com 5 gramas por dia
de zeólita apresentou aumento de Bifidobacterium ssp, Lactobacillus ssp e
Enterococcus ssp e redução de Enterobacteriaceae após 29 dias de consumo do
alimento quando comparado com o grupo que não ingeriu zeólita. Além disso, houve
diferença entre as populações de Bifidobacteria (Figura 4), o que sugere maior
proliferação de Bifidobacteria como Bifidobacterium animalis e B. pseudolongum em
animais tratados com zeólita, bactérias estas que possuem potenciais efeitos
prebióticos e podem reduzir a proliferação de bactérias patogênicas (FERRARIO et
al., 2016).
11
Figura 4 – Representação da população de Bifidobacteria nos grupos não tratado (NTr) e
tratado (Tr) com zeólita em cães adultos saudáveis nos dias 16 (T1) e 29 (T2) da dieta.
Fonte: Sabbioni et al, 2016.
Em gatos também foram realizados estudos para comparar o efeito de diferentes
alimentos na microbiota intestinal. Em dois estudos com filhotes foi observado
aumento do filo Actinobacteria e redução do filo Fusobacteria após o manejo alimentar
com uma dieta seca extrusada formulada com 34% de proteína bruta, 9% de gordura
e 11% de carboidrato, quando comparada com um segundo alimento extrusado
composto por 53% de proteína bruta, 24% de gordura e 31% de carboidrato, ambos
na matéria seca. No grupo alimentado com a dieta com mais proteína foi observado
aumento dos filos Fusobacteria e Proteobacteria (HOODA et al., 2013; DEUSCH et
al., 2014). A influência das fibras também foi investigada em gatos adultos. Um estudo
comparou 3 dietas, uma com 4% de celulose, outra com 4% de fructooligossacarídeos
(FOS) e a terceira com 4% de pectina (BARRY et al., 2013). Esta última resultou no
aumento da abundância dos filos Firmicutes, Chlorobi, Proteobacteria e também de
bactérias totais. A dieta com FOS aumentou as populações de Actinobacteria em
relação ao grupo alimentado com a dieta formulada com pectina, o que sugere efeito
benéfico.
12
Também foi avaliada em gatos adultos saudáveis a influência da composição de
macronutrientes no metaboloma plasmático (DENG, JONES e SWANSON, 2014). Os
animais foram alimentados com 4 dietas extrusadas com diferentes composições
(controle, alta gordura, alta proteína e alto carboidrato) por 16 dias, seguido de coleta
de plasma em jejum. O grupo alimentado com a dieta de alta proteína apresentou
aumento na concentração de compostos associados ao metabolismo da microbiota
intestinal, como fenilacetilglicina, fenilalanina e tirosina. Os autores concluíram que
estes resultados sugerem maior oferta de substrato à microbiota e/ou possível
alteração em sua composição.
Um estudo realizado por Kerr, Dowd e Swanson (2014) avaliou a diferença de
microbiota em gatos adultos saudáveis em dois grupos, um manejado com alimento
extrusado a base de frango e outro manejado com o fornecimento de pintos de 1 a 3
dias de vida. Nos dois grupos o filo Firmicutes foi prevalente (de 62 a 88% de
sequências), seguido de Fusobacteria (0,2 a 17%), Proteobacteria (2 a 16%) e
Bacterioidetes (0 a 3%). Os gêneros predominantes em gatos alimentados com pintos
foram Clostridium, Blautia, Peptococcus e Fusobacterium, enquanto no grupo
manejado com alimento extrusado os predominantes foram Megamonas,
Megasphera, Blautia e Collinsella. O gênero Escherichia esteve presente na maioria
dos animais do grupo alimentado com pintos, mas não foi identificado no grupo do
alimento extrusado. Além disso, cinco gêneros foram detectados no grupo alimentado
com dieta extrusada que não estiveram presentes no grupo de gatos alimentados com
pintos: Megasphera, Lactobacillus, Prevotella, Subdoligranulum e Bifidobacterium.
Apesar das diferenças encontradas, é necessário destacar que a composição
nutricional das dietas foi diferente e os resultados somente podem ser atribuídos às
dietas como um todo.
Em gatos com mais de 9 anos com suplementação de oligofrutose e inulina foi
observada uma tendência na diminuição de Bifidobacterium spp e redução
significativa das concentrações de Escherichia coli quando comparada com grupo
controle e grupo suplementado apenas com oligofrutose (BARRY et al., 2014).
Conclusão
Com base na revisão apresentada, as informações disponíveis demonstraram
que o alimento consumido pode modular a microbiota de cães e gatos e
13
consequentemente seu microbioma. Deve-se levar em consideração que a maior
parte dos estudos foram realizados em animais adultos saudáveis e de laboratório e,
portanto, deve-se ter cautela para extrapolar os dados apresentados para animais
acondicionados em outras situações. Além disso, a interação entre tutor e animal pode
influenciar a microbiota de ambos, por isso o maior conhecimento sobre microbiota de
cães e gatos não só traz benefícios aos animais, mas também aos seus tutores e
demais pessoas que convivem com eles.
Os estudos publicados até o momento servem como ponto de partida para novas
pesquisas. No entanto, as informações disponíveis até o momento são insuficientes
para uso prático, sendo necessários novos estudos tanto em animais saudáveis
quanto acometidos por doenças, para melhor esclarecer a composição e a função da
nutrição na microbiota de cães e gatos.
Referências
BARRY, K. A.; HERNOT, D. C.; VAN LOO, J.; FAHEY JR, G. C.; DE GODOY, M. R.
C. Fructan supplementation of senior cats affects metabolite concentrations and fecal
microbiota concentrations, but not nitrogen partitioning in excreta. Journal of Animal
Science, v. 92, p. 4964-4971, 2014.
BARRY, K. A.; MIDDELBOS, I. S.; BOLER, B. M. V.; DOWD, S. E.; SUCHODOLSKI,
J. S.; HENRISSAT, B.; COUTINHO, P. M.; WHITE, B. A.; FAHEY JR, G. C.;
SWANSON, K. S. Effects of dietary fiber on the feline gastrointestinal metagenome.
Journal of Proteome Research, v. 11, p. 5924-5933, 2013.
BELL, J. A.; KOPPER, J. J.; TURNBULL, J. A.; BARBU, N. I.; MURPHY, A. J.;
MANSFIELD, L. S. Ecological characterization of the colonic microbiota of normal and
diarrheic dogs. Interdisciplinary Perspectives on Infectious Diseases, v. 2008,
e149694, 2008.
BELL, E. T.; SUCHODOLSKI, J. S.; ISAIAH, A.; FLEEMAN, L. M.; COOK, A. K.;
STEINER, J. M. MANSFIELD, C. S. Faecal microbiota of cats with insulin-treated
diabetes mellitus. PLoS One, v. 9, i. 10, e108729, 2014.
14
BELOSHAPKA, A. N.; WOLFF, A. K.; SWANSON, K. S. Effects of feeding
polydextrose on faecal characteristics, microbiota and fermentative end products in
healthy adult dogs. British Journal of Nutrition, v. 108, p. 638-644, 2012.
BELOSHAPKA, A. N.; DOWD, S. E.; SUCHODOLSKI, J. S.; STEINER, J. M.;
DUCLOS, L.; SWANSON, K. S. Fecal microbial communities of healthy adult dogs fed
raw meat-based diets with or without inulin or yeast cell wall extracts as assessed by
454 pyrosequencing. FEMS Microbiology Ecology, v. 84, p. 532-541, 2013.
DENG, P.; JONES, J. C.; SWANSON, K. S. Effects of dietary macronutrient
composition on the fasted plasma metabolome of healthy adult cats. Metabolomics,
v. 10, p. 638-650, 2014.
DENG, P.; SWANSON, K. S. Gut microbiota of humans, dogs and cats: current
knowledge and future opportunities and challenges. British Journal of Nutrition, v.
113, p. S6-S17, 2014.
DESAI, A. R.; MUSIL, K. M.; CARR, A. P.; HILL, J. E. Characterization and
quantification of feline fecal microbiota using cpn60 sequence-based methods and
investigation of animal-to-animal variation in microbial population structure. Veterinary
Microbiology, v. 137, p. 120-128, 2009.
DEUSCH, O.; O’FLYNN, C.; COLYER, A.; MORRIS, P. M.; ALLAWAY, D.; JONES, P.
G.; SWANSON, K. S. Deep Illumina-based shotgun sequencing reveals dietary effects
on the structure and function of the fecal microbiome of growing kittens. PLoS One, v.
9, e101021, 2014.
FÉDÉRATION EUROPÉENNE DE L’INDUSTRIE DES ALIMENTS POUR ANIMAUX
FAMILIERS (Bruxelas, Bélgica). Nutritional Guidelines for Complete and
Complementary Pet Food for Cats and Dogs, Bruxelas, Bélgica, 2016, 100p.
FERRARIO, C.; MILANI, C.; MANCABELLI, L.; LUGLI, G. A.; DURANTI, S.;
MANGIFESTA, M.; VIAPPIANI, A.; TURRONI, F.; MARGOLLES, A.; RUAS-
15
MADIEDO, P.; VAN SINDEREN, D.; VENTURA, M. Modulation of the eps-ome
transcription of bifidobacteria through simulation of human intestinal environment.
FEMS Microbiology Ecology, v. 92, fiw056, 2016.
FOSTER, M. L.; DOWD, S. E.; STPHENSON, C.; STEINER, J. M.; SUCHODOLSKI,
J. S. Characterization of the fungal microbiome (mycobiome) in fecal samples from
dogs. Veterinary Medicine International, v. 2013, e658373, 2013.
GNANANDARAJAH, J. S.; JOHNSON, T. J.; KIM, H. B.; ABRAHANTE, J. E.; LULICH,
J. P.; MURTAUGH, M. P. Comparative faecal microbiota of dogs with and without
calcium oxalate stones. Journal of Applied Microbiology, v. 113, p. 745-756, 2012.
GRICE, E. A.; SERGE, J. A. The skin microbiome. Nature Reviews Microbiology, v.
9, p. 244-253, 2011.
HANDL, S.; DOWD, S. E.; GARCIA-MAZCORRO, J. F.; STEINER, J. M.;
SUCHODOLSKI, J. S. Massive parallel 16S rRNA gene pyrosequencing reveals highly
diverse fecal bacterial and fungal communities in healthy dogs and cats. FEMS
Microbiology Ecology, v. 76, p. 301-310, 2011.
HANG, I.; RINTILLA, T.; ZENTEK, J.; KETTUNEN, A.; ALAJA, S.; APAJALAHTI, J.;
HARMOINEN, J.; DE VOS, W. M.; SPILLMAN, T. Effect of high contents of dietary
animal-derived protein or carbohydrates on canine faecal microbiota. BMC Veterinary
Research, v. 8, p. 90, 2012.
HOFFMANN, A. R.; PATTERSON, A. P.; DIESEL, A.; LAWHON, S. D.; LY, H. J.;
STEPHENSON, C. E.; MANSELL, J.; STEINER, J. M.; DOWD, S. E.; OLIVRY, T.;
SUCHODOLSKI, J. S.; The skin microbiome in healthy and allergic dogs. PLoS One,
v. 9. e. 1, p. 1-9, 2014.
HONNEFFER, J. B.; STEINER, J. M.; LIDBURY, J. A.; SUCHODOLSKI, J. S. Variation
of the microbiota and metabolome along the canine gastrointestinal tract.
Metabolomics, v.13, i. 26, 2017.
16
HOODA, S.; BOLER, B. M. V.; KERR, K. R.; DOWD, S. E.; SWANSON, K. S. The gut
microbiome of kittens is affected by dietary protein:carbohydrate ratio and associated
with blood metabolite and hormone concentrations. British Journal of Nutrition, v.
109, p. 1637-1646, 2013.
IGARASHI, H.; MAEDA, S.; OHNO, K.; HORIGOME, A.; ODAMAKI, T.; TSUJIMOTO,
H. Effect of oral administration of metronidazole or prednisolone on fecal microbiota in
dogs. PLoS One, v. 9, i. 9, e107909, 2014.
ISAIAH, A.; PARAMBETH, C.; STEINER, J. M.; LIDBURY, J. A.; SUCHODOLSKI, J.
S. The fecal microbiome of dogs with exocrine pancreatic insufficiency. Anaerobe,
2017, http://dx.doi.org/10.1016/j.anaerobe.2017.02.010.
JEFFERY, N. D.; BARKER, A. K.; ALCOTT, C. J.; LEVINE, J. M.; MEREN, I.;
WENGERT, J.; JERGENS, A. E.; SUCHODOLSKI, J. S. The Association of specific
constituents of the fecal microbiota with immune-mediated brain disease in dogs.
PLoS One, v. 12, i. 1, e0170589, 2017.
KERR, K. R.; DOWD, S. E.; SWANSON, K. S. Faecal microbiota of domestic cats fed
raw whole chicks v. an extruded chicken-based diet. Journal of Nutritional Science,
v. 3, e. 22, p. 1-5, 2014.
LARSEN, N.; VOGENSEN, F. K.; VAN DEN BERG, F. W.; NIELSEN, D. S.;
ANDREASEN, A. S.; PEDERSEN, B. K.; AL-SOUD, W. A.; SORENSEN, S. J.;
HANSEN, L. H.; JAKOBSEN, M. Gut microbiota in human adults with type 2 diabetes
differs from non-diabetic adults. PLoS One, v. 5, e9085, 2010.
LIU, W. T.; MARSH, T. L.; CHENG, H.; FORNEY, L. J. Characterization of microbial
diversity by determining terminal restriction fragment length polymorphisms of genes
encoding 16S rRNA. Applied Envoronmental Microbiology, v. 63, p. 4516-4522,
1997.
17
MIDDELBOS, I. S.; BOLER, B. M. V.; QU, A.; WHITE, B. A.; SWANSON, K. S.; FAHEY
JR, G. C. Phylogenetic characterization of fecal microbial communities of dogs fed
diets with or without supplemental dietary fiber using 454 pyrosequencing. PLoS One,
v. 5, i. 3, e9768, 2010.
MIYAKE, S.; KIM, S.; OSHIMA, K.; NAKAMURA, M.; MATSUOKA, T.; CHIHARA, N.;
TOMITA, A.; SATO, W.; KIM, S. W.; MORITA, H.; HATTORI, M.; YAMAMURA, T.
Dysbiosis in the gut microbiota of patients with multiple sclerosis, with a striking
depletion of species belonging to Clostridia XIVa na IV clusters. PLoS One, v. 6,
e0137429, 2015.
NATIONAL INSTITUTES OF HEALTH – DATA ANALYSIS AND COORDINATION
CENTER. Human Microbiome Project (http://hmpdacc.org/) – acesso em 21 de
fevereiro de 2017.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL (Washington DC, EUA). Nutrient Requirements
of Dogs and Cats. Washington DC, EUA, 2006. 398 p.
PANASEVICH, M. R.; KERR, K. R.; DILGER, R. N.; FAHEY JR, G. C.; GUÉRIN-
DEREMAUX, L.; LYNCH, G. L.; WILS, D.; SUCHODOLSKI, J. S.; STEINER, J. M.;
DOWD, S. E.; SWANSON, K. S. Modulation of the faecal microbiome of healthy adult
dogs by inclusion of potato fibre in the diet. British Journal of Nutrition, v. 113, p.
125-133, 2015.
RAMADAN, Z.; XU, H.; LAFLAMME, D.; CZARNECKI-MAULDEN, G.; LI, Q. J.;
LABUDA, J.; BOURQUI, B. Fecalmicrobiota of cats with naturally occurring chronic
diarrrhea assessed using 16S rRNA gene 454-pyrosequencing before and after dietary
treatment. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 28, p. 59-65, 2014.
RIGOTTIER-GOIS, L.; BOURHIS, A. G.; GRAMET, G.; ROCHET, V.; DORÉ, J.
Fluorescent hybridization combined with flow cytometry and hybridization of total RNA
to analyse the composition of microbial communities in human faeces using 16S rRNA
probes. FEMS Microbial Ecology, v. 43, i. 2, p. 237-245, 2003.
18
ROUND, J. L.; MAZMANIAN, S. K. The gut microbiota shapes intestinal immune
responses during health and disease. Nature Reviews Immunology, v. 9, p. 313,
2009.
SABBIONI, A.; FERRARIO, C.; MILANI, C.; MANCABELLI, L.; RICCARDI, E.; DI
IANNI, F.; BERETTI, V.; SUPERCHI, P.; OSSIPRANDI, M. C. Modulation of the
bifidobacterial communities of the dog microbiota by zeolite. Frontiers in
Microbiology, v. 7, e1491, 2016.
SONG, S. J.; LAUBER, C.; COSTELLO, E. K.; LOZUPONE, C. A.; HUMPHREY, G.;
BERG-LYONS, D.; CAPORASO, J. G.; KNIGHTS, D.; CLEMENTE, J. C.; NAKIELNY,
S.; GORDON, J. I.; FIERER, N.; KNIGHT, R. Cohabiying family members share
microbiota with one another and with their dogs. eLife, v. 2, e00458, 2013.
SPOR, A.; KOREN, O.; LEY, R.; Unravelling the effects of the environment and host
genotype on the gut microbiome. Nature Reviews Microbiology, v. 9, p. 279-290,
2011.
SUCHODOLSKI, J. S. Diagnosis and interpretation of intestinal dysbiosis in dogs and
cats. The Veterinary Journal, v. 215, p. 30-37, 2016.
SUCHODOLSKI, J. S. Intestinal microbiota of dogs and cats: a bigger world than we
thought. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 41, p. 261-
272, 2011.
SUCHODOLSKI, J. S.; DOWD, S. E.; WILKE, V.; 16S rRNA gene pyrosequencing
reveals bacterial dysbiosis in the duodenum of dogs with idiopathic inflammatory bowel
disease. PLoS One, v. 7, e39333, 2012.
SUCHODOLSKI, J. S.; FOSTER, M. L.; SOHAIL, M. U.; LEUTENEGGER, C.; QUEEN,
E. V.; STEINER, J. M.; MARKS, S. L. The fecal microbiome in cats with diarrhea. PLoS
One, v. 10, e0127378, 2015.
19
SWANSON, K. S.; DOWD, S. E.; SUCHODOLSKI, J. S.; MIDDELBOS, I. S.; VESTER,
B. M.; BARRY, K. A.; NELSON, K. E.; TORRALBA, M.; HENRISSAT, B.; COUTINHO,
P. M.; CANN, I. K. O.; WHITE, B. A.; FAHEY JR, G. C. Phylogenetic and gene-centric
metagenomics of the canine intestinal microbiome reveals similarities with humans and
mice. The ISME Journal, v. 5, p. 639-649, 2011.
TURNBAUGH, P. J.; LEY, R. E.; MAHOWALD, M. A.; MAGRINI, V.; MARDIS, E. R.;
GORDON, J. I. An obesity-associated gut microbiome with increased capacity for
energy harvest. Nature, v. 444, p. 1027, 2006.
WEESE, J.S.; NICHOLS, J.; JALALI, M.; LISTER, A. The rectal microbiota of cats
infected with feline immunodeficiency virus infection and uninfected controls.
Veterinary Microbiology, v. 180, p. 96-102, 2015.
WEINSTOCK, G. M. Genomic approaches to studying the human microbiota. Nature,
v. 489, p. 250-256, 2012.
WHITESIDE, S. A.; RAZVI, H.; DAVE, S.; REID, G.; BURTON, J. P. The microbiome
of the urinary tract – a role beyond infection. Nature Reviews Urology, v. 12, p. 81-
90, 2015.
ZOETENDAL, E. G.; AKKERMANS, A. D.; DE VOS, W. M. Temperature gradient gel
electrophoresis analysis of 16S rRNA from human fecal samples reveals stable and
host-specific communities of active bacteria. Applied Environmental Microbiology,
v. 64, p. 3854-3859, 1998.