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Curso de Tecnologia em Gastronomia
Cardápios
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Apostila de Cardápios
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“First we eat, then we do everything else”“First we eat, then we do everything else”“First we eat, then we do everything else”“First we eat, then we do everything else”
M.F.K. Fisher
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MenuMenuMenuMenu Assim é conhecida internacionalmente a seqüência de pratos que serão servidos em uma refeição ou, num restaurante, a relação dos pratos disponíveis. Esta estruturação ou planejamento de uma refeição é muito importante para seu resultado final, tanto em termos de nutrição como da impressão que ocasiona. No passado, quando era moda um almoço de três serviços ou um jantar de cinco, o menu de uma refeição era mais impactante do que nos dias de hoje. No caso de um jantar, por exemplo, os cinco serviços eram escolhidos entre hors d’ouvre, sopa, peixe, entrée ou entrada, relevé, sorbet, assado, entremets e sobremesa. Menu é uma palavra de origem francesa, mas já adotada na maioria dos países. É o mesmo que cardápio. Em Portugal é chamado ementa.
Pequeno Dicionário de Gastronomia Maria Lucia Gomensoro
Uma lista, em uma ordem específica, dos pratos a serem servidos em uma determinada refeição. Em restaurantes franceses, todos os pratos que estão disponíveis são listados na carte, o menu lista os pratos para refeições fechadas, nas quais a composição é decidida pelo gerente do restaurante. A palavra menu data de 1718, porém o costume de fazer tal lista é muito mais antigo. Em tempos passados, a listagem dos pratos servidos em cerimoniais era afixada à parede e o pessoal de cozinha, minuciosamente, seguia a ordem de apresentação dos pratos.
Larousse Gastronomique
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O cardápio, também chamado menu, lista ou carta, é um veículo de informação, venda e publicidade de um restaurante, e tem por finalidade auxiliar os clientes na escolha dos alimentos. A origem da palavra menu remonta à Paris do século XVIII, época das confrarias, as quais podem ser consideradas precursoras dos atuais sindicatos. Nelas estavam agrupados os diversos segmentos profissionais; havia os rôtisseurs, charcutiers, vinaigriers, sauciers, moutardiers, pâtissiers, traiteurs e restaurateurs, etc. A confraria dos traiteurs – isto é, aqueles que “tratavam” com o cliente qual o tipo de alimentação a ser levada para casa – separou-se em 1738 da corporação dos tripiers, que tinham por hábito cozinhar tripas, vísceras e miúdos – menus morceaux – em grandes caldeirões. As pessoas, ao se aproximarem, pediam pelos menus morceaux ou simplesmente menus. Os hoteleiros, por sua vez, desde 1549, eram obrigados a afixar na porta dos estabelecimentos uma listagem com as produções culinárias.
Passaporte para o Sabor Ronaldo Lopes Pontes Barreto
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Breve História do Restaurante e sua Evolução
RestauranteRestauranteRestauranteRestaurante
DataçãoDataçãoDataçãoDatação 1845-1890 cf. CCBAss AcepçõesAcepçõesAcepçõesAcepções ■ substantivo masculino 1111. estabelecimento que se dedica ao negócio de servir refeições; salão ou aposento onde são servidas as refeições. 2222. lugar em que se tomam refeições em comum; refeitório. EtimologiaEtimologiaEtimologiaEtimologia fr. restaurant (1521) “aquilo que repara as forças, alimento ou remédio fortificante”, (1803) “estabelecimento público para restabelecer as forças pela alimentação”, part. pres. de restaurer “renovar as forças pela alimentação”.
Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa
As origens do restaurante recuam aos limites da pré-história e da
história. Esse tipo de comércio surgiu da necessidade dos camponeses e
artesãos se alimentarem fora de seu domicílio enquanto mantinham relações
sociais, de amizade ou de negócios. Desde a Antiguidade, tanto no Império
Romano, quanto na China, existiam estalagens ou postos de correio nas
principais estradas, onde os viajantes podiam se alimentar e pernoitar.
Em adição, no mundo inteiro, em todas as épocas e inclusive hoje,
existem as cozinhas de rua, que oferecem aos clientes a possibilidade de se
sentarem em bancos enquanto se alimentam. Por uma quantia módica os
passantes podem se servir de um prato feito ou de certo número de alimentos
já preparados. Os “restaurantes de rua” ainda estão presentes em grande
número na Ásia, América Latina, Oriente Médio e África. Segundo Flandrin e
Montanari, em História da Alimentação, os vendedores ambulantes, por não
oferecerem aos clientes a possibilidade de se sentarem à mesa, não podem
ser considerados cozinhas de rua.
Concomitantemente, na Europa, era possível fazer uma refeição fora de
casa em estabelecimentos que vendiam bebidas alcoólicas e que propunham
pratos simples e baratos – preparados no próprio local ou fornecidos por uma
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estalagem ou butique de alimentação vizinha – além de vinho, cerveja ou
aguardente, objeto principal de seu comércio. Esses estabelecimentos eram
comuns na França, Alemanha, Áustria, Alsácia, Grécia e Inglaterra, onde a
convivialidade era barulhenta, muitas vezes licenciosa e ocasionalmente
provocadora de brigas. Os alimentos servidos satisfaziam, preferencialmente,
um paladar “popular” e os vinhos eram de má qualidade. Espaços mais
requintados eram os cafés franceses, onde se serviam bebidas de melhor
qualidade, chá, chocolate – então bebidas exóticas, acompanhadas de bolos e
sorvetes. O primeiro café de Paris nasce em 1674, pelas mãos do napolitano
Francesco Capelli.
Porém, para degustar pratos mais elaborados, era conveniente dirigir-se
a algumas boas estalagens e, sobretudo aos especialistas em carnes assadas
e aos traiteurs, que eram os responsáveis pelo monopólio das carnes cozidas
juntamente com os charcuteiros. Os pequenos traiteurs de bairro, por
trabalharem em um espaço bastante reduzido com um balcão e poucos
assentos, conseguiam mais lucro com as encomendas entregues em domicílio
ou nos quartos de hotel e estalagem onde a pessoa se encontrava instalada.
O primeiro restaurante, da forma como nós o conhecemos hoje, foi
aberto em Paris nas proximidades do Louvre (na rue de Poulis ou rue de
Bailleul, conforme os autores) em 1765 por Boulanger. Boulanger passou a
servir “caldos restauradores” (“bouillons restaurants”) à base de carne,
propícios a restaurar as forças debilitadas. Desde o final da Idade Média a
palavra “restaurant” designa esses caldos ricos que incluem carne, raízes,
cebolas, ervas, especiarias, açúcar-cande, pão torrado ou cevada, manteiga,
pétalas secas de rosas, passas, âmbar, etc. Além desse caldo restaurador,
Boulanger prepara pés de porco ou carneiro em um molho branco desfazendo
assim o monopólio da corporação dos traiteurs. Apesar de Boulanger ter sido
levado à Corte por ter infringindo esse monopólio um juiz do Parlamento dá a
razão a ele, fato que encorajou uma nova profissão e deu início a uma rápida
sucessão de restaurantes.
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Os restaurantes multiplicam-se, e pratos requintados são servidos em
mesinhas individuais ou reservadas para um grupo de clientes. As iguarias
disponíveis eram informadas em uma folha com moldura, e ao final da refeição,
apresentava-se ao cliente a conta. Até então a palavra restaurante não era
utilizada para designar o estabelecimento do restaurateur, e somente em 1835
a Academia oficializou a palavra restaurante para ser utilizada no sentido como
a conhecemos até hoje.
Eis que chega a Revolução Francesa (1789-1799), levando à fortuna do
restaurateurs. A Revolução teve um efeito dramático na proliferação dos
restaurantes, uma vez que muitos bons cozinheiros que trabalhavam para a
corte e a nobreza perderam seus patrões, refugiados em diferentes partes da
Europa ou guilhotinados. Muitos cozinheiros também migraram para o exterior
e cruzaram o Atlântico em direção à América, especialmente New Orleans.
Apesar de alguns cozinheiros continuarem a trabalhar para as famílias mais
abastadas em Paris, muitos abriram seus próprios estabelecimentos na França
ou outros países. A revolução permitiu que a alta cozinha abandonasse a corte.
A partir dessa época, os restaurantes tornaram-se estabelecimentos que
trouxeram enormes mudanças ao costumes de uma sociedade. Ao longo do
século XIX as tabernas que serviam vinho de má qualidade desapareceram, os
cafés tornaram-se salões de chá, estabelecimentos rústicos se transformaram
em verdadeiros restaurantes que serviam os clientes em mesas com toalhas e
belos pratos. O requinte das antigas mansões aristocráticas podia ser
encontrado nos restaurantes de luxo de Paris, Lyon e Bordeaux.
Antonin Carême (1783-1833) estabeleceu a grand cuisine e escreveu
um tratado cuidadoso detalhando numerosos pratos e molhos na obra La
Cuisine Classique (1856) e em outros volumes. A grand cuisine oferecia uma
carte de sugestões disponíveis na cozinha. É dessa nova filosofia que surge o
que se conhece por restaurante à la carte. A proposta de Carême foi levada
adiante por seus sucessores – Dugleré, Urbain Dubois e, enfim, Escoffier.
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No final do século XIX surge uma segunda revolução na arte de comer
bem fora de casa. Como o desenvolvimento dos transportes rápidos as viagens
de lazer tomam amplitude por toda a Europa – é o turismo de luxo, o que fez
com que profissionais experientes abrissem os palaces – grandes hotéis de
luxo. Um dos pais dessa nova fórmula hoteleira é o suíço César Ritz (1850-
1918), que se associou a um dos melhores cozinheiros do momento – o
francês Auguste Escoffier (1847-1935).
A parceria de ambos leva à abertura do Savoy Hotel, em 1889, em
Londres. A partir daí, começam a estabelecer importantes hotéis em Londres,
Paris e ao redor do mundo. A grand cuisine proposta por Carême brilha
livremente, assegurando que as produções culinárias sejam as mais
sofisticadas possíveis juntamente com melhor serviço e as mais finas louças e
cristais.
Nos Estados Unidos da América, Charles Ranholfer (1836-1899) foi o
primeiro chef renomado norte americano a seguir a filosofia da grand cuisine, à
frente do Delmonico’s, além de ser autor da obra The Epicurian.
Um pouco mais adiante, Fernand Point (1897-1955) foi o chef
proprietário do La Pyramide na França, e indo além de Escoffier, introduziu
novas mudanças na gastronomia e iniciou a nouvelle cuisine.
Paul Bocuse e Jean Troisgros, discípulos de Point, juntamente com
Roger Vergé e Michel Guerard, “popularizaram” a nouvelle cuisine, levando ao
crescimento e desenvolvimento da cozinha contemporânea.
Vários outros chefs contribuíram imensamente para o desenvolvimento
da cozinha contemporânea e muitos tornaram-se famosos por trabalharem com
métodos nada ortodoxos, como o chef catalão Ferran Adrià à frente do El Bulli,
que elevou a “desconstrução” do alimento à categoria de arte, alterando
texturas, temperaturas e inovando na combinação dos ingredientes. É a
cozinha da desconstrução.
Paralelamente, está a gastronomia molecular, na qual houve a
introdução de equipamentos de laboratório na busca de novas combinações e
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releituras de pratos clássicos. A cozinha molecular deriva das experiências
feitas nos anos 80 pelo físico húngaro Nicholas Kurti e pelo químico francês
Hervé This na Universidade de Oxford. Chefs de cozinha tornaram-se parceiros
desses cientistas ou firmaram parceria com Universidades ou Centros de
pesquisa a fim de desenvolverem pratos que agora constam nos cardápios de
sofisticados restaurantes. O restaurante The Fat Duck, em Londres, reduto do
chef Heston Blumenthal, é o maior expoente da cozinha molecular no
momento.
Atualmente, os mais variados interesses dos indivíduos, estilos de vida,
as necessidades de uma sociedade moderna e a busca pelo novo levaram a
uma variedade inimaginável de estabelecimentos voltados à alimentação
oferecendo a oportunidade de encontrarmos brasseries, bistrôs, restaurantes
sofisticados, étnicos, fast foods, deliveries, restaurantes de flats e hotéis,
buffets, e muito mais.
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Conceito de Restaurante
No Brasil, a definição de restaurante é um estabelecimento comercial
destinado à produção, venda e serviços de alimentos e bebidas. Vinculada a
essa definição básica, há uma característica que estabelece a alma do
restaurante – o conceito.
Todo restaurante possui um conceito, o qual depende de amplos fatores,
que extrapolam o próprio cardápio em si. Um desses fatores é o público-alvo –
como identificá-lo e atingi-lo?
Um indivíduo ou grupo de pessoas que se propõem a visitar um
restaurante e fazer a sua refeição nesse estabelecimento deve ter alguns
anseios e desejos que devem ser supridos pelo restaurante.
Entre os infindáveis motivos que levam os indivíduos a visitar um
restaurante pode-se levantar os seguintes:
� Circunstância do trabalho: proximidade entre o local de trabalho e o
restaurante;
� Localização: a localização de um restaurante ou a facilidade de
estacionamento pode favorecer as vendas;
� Horário: muitos procuram restaurantes que funcionam por períodos
mais amplos;
� Estilo de vida: pessoas que não estão habituadas ou até mesmo
impossibilitadas de preparar e fazer suas refeições em casa;
� Status: muitos vão a um restaurante “da moda” para ver e ser visto;
� Ambiente: um ambiente inusitado e inovador desperta a curiosidade do
público, por exemplo, restaurantes temáticos;
� Estilo de serviço: pode variar do mais informal possível – um fast food,
até um restaurante estrelado;
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� Cardápio: um dos aspectos mais importantes no conceito de um
restaurante;
� Preço: para uma grande parcela da população a razão custo/benéfico
pode se tornar um fator decisivo na escolha do estabelecimento;
� Chef de cozinha: com a grande exposição de nomes famosos na mídia,
as pessoas procuram por um serviço “assinado”.
Ainda na definição de conceito de restaurante podem-se identificar
diversos tipos de restaurante, com diferentes contextos, no que concerne a
público-alvo, cardápio, preço, estilo de serviço e decoração.
Não existe consenso a respeito das categorias de restaurantes
existentes, e, além disso, a literatura especializada registrar novos tipos de
estabelecimentos a cada momento.
Porém, de uma maneira geral, podem-se identificar algumas categorias:
Restaurante Tradicional
Também conhecidos como restaurantes familiares. Possuem um
cardápio extenso, com preparações tradicionais e de aceitação geral. O público
desse tipo de restaurante é extremamente eclético, atendendo desde a
necessidade de uma criança até a de uma pessoa idosa. É decoração é
simples e correta.
Restaurante Internacional
Em sua grande maioria, são restaurantes localizados em hotéis e flats. O
cardápio de um restaurante internacional precisa oferecer preparações
reconhecidas internacionalmente, direcionadas aos hóspedes provenientes de
diversas culturas. A decoração deve ser clássica e sóbria e esse tipo de
restaurante deve apresentar uma carta de vinhos bem representativa.
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Restaurante Gastronômico
Nessa categoria de restaurante podemos encontrar um cardápio original
com a presença de um chef de cozinha renomado. São restaurantes pequenos
com serviço altamente especializado. É nesse tipo de restaurante que
podemos encontrar o “menu degustação”, que pode ser composto por mais de
12 pratos.
Restaurantes de Especialidades
Os restaurantes de especialidades podem se especializar em
determinados produtos, métodos de cocção, culturas, etc.
Grill
Restaurantes especializados em grelhados, que a partir dos anos 80
apresentou grande expansão diferenciando-se das churrascarias de então. Nos
grills encontramos um ambiente bem decorado e um serviço à la carte,
diferente dos rodízios. Em adição, os grills oferecem uma ampla opção de
saladas e outras preparações como frutos do mar.
Brasserie
Estabelecimento típico da Baviera, que no Brasil, trazida pelos
imigrantes alemães, recebeu o nome de choperia. Basicamente, a brasserie
funciona como um restaurante que também funciona como casa de bebidas.
Choperia
As choperias funcionam como locais onde os clientes podem fazer uma
refeição ou simplesmente servir-se de bebidas, principalmente cervejas e
chopes, e petiscos. Assim que as brasseries foram implantadas no Brasil, o
cardápio foi bastante alterado, dando lugar a petiscos bastante apreciados por
brasileiros – batatas fritas, provolone à milanesa, calabresa, etc.
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Fusion Food
A mescla de ingredientes e técnicas de cocção provenientes de várias
culturas deu origem a fusion food ou fusion cuisine. É a culinária de fusão
criativa, onde podemos encontrar um cardápio criativo e inovador, e tornou-se
uma tendência mundial.
Típicos
Restaurantes típicos podem abranger as produções culinárias
específicas de um país, de uma região dentro de um país ou ainda
especializar-se em um gênero de culinária – uma pizzaria, uma creperia, um
restaurante vegetariano, entre outros. Quando um restaurante típico
especializa-se em algum país ou região, pode-se falar em restaurante étnico.
Temáticos
Os restaurantes temáticos são criados em torno de uma idéia, dando
prioridade ao divertimento e à fantasia. Alguns restaurantes enfatizam alguma
atividade, como esportes ou viagens, uma determinada época ou algum país.
Nesses restaurantes a ambientação é um dos aspectos que devem ser mais
exaustivamente trabalhados a fim de criar um clima adequado e convincente.
Pode-se afirmar que um restaurante típico, quando além de oferecer uma
cozinha autêntica, apresenta uma decoração e serviços típicos do país,
certamente pode ser considerado um restaurante temático.
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Fast foods
Apesar de poder apresentar várias caracterizações é uma categoria de
restaurante que tem por finalidade a rapidez no serviço. O cardápio deve ser
restrito para que o serviço corra de uma forma ágil e dinâmica.
Dentro dessa categoria encontramos os seguintes estabelecimentos:
Coffee shops
Cafeterias com cardápio simples, abertas durante 24 horas, localizadas
geralmente em hotéis e aeroportos. Apresenta preparações simples e serviço
rápido.
Lanchonete
Mais simples que os coffee shops, com serviço bem informal. Cardápio
com ênfase em sanduíches e petiscos.
Casual Dinning
Uma mistura de restaurante com coffee shop e grill, muitas vezes
tematizando algum país. Cardápio amplo e serviço rápido, mas atencioso.
Restaurantes que seguem essa definição são o T.G.I. Friday’s e o America.
Self-service
Restaurante no qual o cliente assume o serviço quase em sua
totalidade, visando rapidez de serviço e redução de custos. Dentro do sistema
self-service há a possibilidade de pagamento de um preço fixo ou o sistema de
pagamento pelo peso. Em ambos, o preço é acessível quando comparado ao
sistema à la carte, a oferta de alimento é bem variada e o tempo despendido
para a refeição diminui enormemente.
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Rôtisserie
São casas que vendem pratos prontos, como antepastos, massas,
molhos, tortas, carnes e sobremesas “para viagem”.
Casas de chá
Estabelecimentos que oferecem o serviço de chá completo, com
salgadinhos, canapés, minidoces, bolo, sucos, bebidas quentes, entre outros.
Muitas vezes a ambientação da casa é colonial.
Pâtisserie
Apesar do nome – confeitaria – esse tipo de estabelecimento serve itens
salgados e pães.
Boulangerie
Lojas especializadas em pães, com enfoque em receitas artesanais e
diferenciadas.
Padaria-café
Padarias que além de produzirem seu produto básico – o pão – também
passaram a servir bebidas quentes e outras, sanduíches, saladas e sopas.
Sorveteria
Estabelecimentos especializados em sorvetes artesanais com grande
diversidade de sabor. Muitas dessas lojas optaram por servir doces também,
buscando um aumento da sua clientela.
Pubs
Estabelecimento tipicamente inglês ou irlandês. São bares
especializados em cervejas, muitas vezes oferecendo música ao vivo.
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Drugstore
No Reino Unido e Estados Unidos, essa nomenclatura encontra-se
relacionada a um local que une drogaria e mercearia. No Brasil, as lojas de
conveniência são o que mais se aproxima de uma drugstore.
Casas de sucos e vitaminas
Bastante comuns atualmente, são casas que se especializaram em
servir sucos e vitaminas, vinculando esses produtos a imagem de uma
alimentação saudável. Algumas dessas casas servem também sanduíches
naturais ou outros produtos como o açaí.
Casas noturnas
As casas noturnas, além de serem um ambiente de descontração para
se ouvir música e dançar, tornaram-se ambientes multifuncionais, inclusive com
serviço de alimentação.
Restaurantes de Coletividades
Restaurantes situados em empresas ou escolas, com a função de
oferecer alimentação aos funcionários e/ou estudantes.
Catering
Empresas especializadas na preparação de alimentos para os meios de
transporte como trens, ônibus e aviões, com exceção dos navios.
Buffets
Empresas especializadas no fornecimento e serviço de alimentação no
local definido pelo cliente ou em espaço próprio da empresa.
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Evolução do Menu
Uma refeição pode ser composta por um único prato ou fornecer ao
comensal uma longa e complexa viagem. Porém, a ordem dos vários serviços
foi estabelecida há vários séculos, e apesar de ter passado por grandes
transformações ao longo dos tempos ainda é possível observar grandes
semelhanças entre cardápios contemporâneos e do século XVIII,
principalmente na ordem de apresentação dos serviços.
Ione Teichmann, em seu livro Cardápios, Técnicas e Criatividade,
mostra uma ordem de serviços tradicional composta por 12 serviços:
1º - Hors d’ouvre frio 2º - Sopa 3º - Hors d’ouvre quente 4º - Pescado 5º - Prato principal 6º - Entrée 7º - Sorbet 8º - Assado 9º - Entremet 10º - Queijo 11º - Doce 12º - Fruta
Brillat-Savarin, em A Fisiologia do Gosto, descreve um jantar para dez
pessoas, por volta de 1740. Savarin nos fornece ainda a informação, de que a
partir dessa época, passou a haver mais ordem, limpeza e elegância em todas
as refeições.
1º serviço Caldo de carne Uma entrada de vitela em seu suco Um antepasto
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2º serviço Um peru Um prato de legumes Uma salada Um creme (às vezes) Sobremesas Queijo Frutas Um pote de conservas
Dornenburg e Page, em seu livro Culinary Artistry, descrevem um menu
de Antonin Carême:
1º - Sopa de vegetais 2º - Uma carne assada ou braseada acompanhada por vegetais
glaceados ou arroz e jus 3º - Um peixe gratinado ou pocheado ou um cozido de peixe 4º - Alguma ave assada com vegetais 5º - Itens doces 6º - Salada 7º - Sobremesa
E um exemplo de menu planejado por Escoffier:
1º - Ostras, caviar, salmão defumado ou hors d’ouvre quente 2º - Sopa 3º - Peixe 4º - Relevés 5º - Entrées 6º - Caça ou carne assada 7º - Salada 8º - Vegetais 9º - Sobremesa
Atualmente, o número de serviços oferecidos em uma refeição sofreu
uma diminuição dramática, devido, principalmente, ao estilo de vida
contemporâneo. Além disso, com a implantação, há séculos atrás, do menu à
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la carte, é o cliente que se encarregada da escolha dos pratos. Porém, em
alguns restaurantes sofisticados ou gastronômicos fica a critério do chef o
número e a ordem dos pratos que compõem a refeição - é o menu degustação.
Em tempos atuais, Terrance Brennan, chef proprietário do Picholine, em
Nova York, que já recebeu o título de melhor chef do ano por várias revistas
especializadas, sugere e comenta um menu composto por dez itens:
MenuMenuMenuMenu ComentáriosComentáriosComentáriosComentários
Amuses, por exemplo, salmão defumado ou vieiras, salada de palmito
Este item deve ser interessante, mas não o suficiente para “tirar o fôlego” do cliente
Sopa ou “hors d’ouvre”, por exemplo, ostras
Foie gras
Peixe, do leve (robalo, halibut) ao pesado (cod, salmão, atum)
É interessante progredir com os sabores, servindo o peixe mais delicado seguido pelo peixe mais forte. Você poderia começar com um linguado em um molho vinagrete, seguido por vieiras com trufas negras e um salmão com raiz forte
Carne ou caça Se possível, eu gosto de deixar para o clientes escolherem o que eles desejam – carne bovina, cordeiro ou caça
Queijos
Sorbet Pode ser servido em uma sopa de frutas
Sobremesa
Café e petit fours Seria interessante que seus clientes tivessem algo doce juntamente com o café
Chocolates No último momento da refeição, esta é mais uma surpresa que permite que você ultrapasse todas as expectativas dos clientes
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Definições de alguns termos
� Amuse ou amuse-bouche
São termos que significam literalmente entretenimento ou entreter a
boca, respectivamente. São pequenas produções culinárias servidas com a
intenção de entreter a boca, revigorar o paladar e aumentar o apetite. Pode
também ser definido como um canapé ou hors d’ouvre.
� Hors d’ouvre
É o primeiro “prato” a ser servido em uma refeição. Como o hors d’ouvre,
é por definição, um item adicional ao menu, deve ser leve e delicado,
estimulando o apetite para os pratos mais pesados que serão servidos a
seguir. A apresentação de um hors d’ouvre é muito importante e deve sempre
ser o mais decorativo possível. Existem dois tipos de hors d’ouvre: frios ou
quentes (ver capítulo seguinte para maiores detalhes).
� Entrée
Termo em francês cuja tradução literal significa “entrada”. Porém, isso
não significa que eram pratos que iniciavam a refeição.
Os autores divergem bastante quando definem esse termo. Maria Lucia
Gomensoro, em Pequeno Dicionário de Gastronomia, citando Louis Eustache
Ude, chef e escritor do século XIX, explica que eram pratos de carne, ave, caça
ou peixe servidos durante o segundo serviço. Já a definição da Larousse
Gastronomique é a seguinte: atualmente, entrée é o principal prato de uma
refeição, mas em um menu francês completo é o terceiro serviço, apresentado
após o hors d’ouvre (ou a sopa) e o prato de peixe e precedendo o assado. Em
um jantar de gala, entrée pode significar uma produção servida quente com
molho ou até mesmo um prato frio. Entrées também podem ser compostas por
mais de um prato com ingredientes diversos.
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Na idade média, entrées incluíam itens como melão cristalizado, tortas
de ostras, andouillettes (um tipo de embutido de carne de porco), mousselines
e preparações com queijo servidas em ramequins. Atualmente, entrées podem
incluir peixe, frutos do mar, caviar, foie gras, terrine de peixe, pasta, queneles,
quiches, tortas, pratos com ovos (incluindo soufflés) e pratos vegetarianos (com
alcachofras e aspargos). Teoricamente, charcutaria fria, peixe em marinadas
ou em óleo, vegetais crus, saladas compostas, melão e rabanete são
considerados hors d’ouvre.
� Entremet
Em uma tradução literal do francês, essa palavra significa “entre pratos”,
e, atualmente, na França, encontra-se relacionada a alguns tipos de produção
culinária doce, a qual são sempre servidas após o queijo. Em épocas
passadas, todos os pratos servidos após o assado, incluindo vegetais e doces,
eram chamados de entremets. Na Idade Média, os entremets eram verdadeiras
obras de arte, sendo apresentados com o acompanhamento de música e
dança. Da Idade Média até o século XIX os entremets eram servidos durante
toda a refeição, entre pratos de assados e peixe, e misturavam o sabor salgado
e o doce em uma mesma produção.
Porém, a subdivisão mais recente para o entremet é a seguinte:
• Entremets quentes: frituras envoltas em massa, panquecas, frutas
flambadas, omeletes e soufflés doces.
• Entremets frios: cremes bávaros, blancmanges, charlottes, compotas,
massas doces, cremes, frutas geladas, merengues, pudins, sobremesas
com arroz ou semolina e sobremesas enformadas, frequentemente com
frutas.
• Entremetes gelados: sorvetes de frutas, sorbets, granités, soufflés
gelados, vacherins, parfaits, mousses, sobremesas geladas e bolos.
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� Relevé
Termo francês utilizado em relação ao principal serviço de uma refeição
completa e formal, no estilo em que era servida até o início do século XX.
Consistia em uma grande peça de carne com osso, assada, grelhada ou
cozida, geralmente guarnecida de vegetais e batatas. Era servida entre a sopa
e a entrée. O termo praticamente não é mais usado.
� Sorbet
É uma espécie de sorvete feito unicamente com suco de fruta, ou uma
infusão e açúcar, e eventualmente uma bebida alcoólica. Não contém qualquer
tipo de gordura nem gema de ovo. Os sorbets foram as primeiras “sobremesas”
geladas, uma vez que os sorvetes aparecem somente no século XVIII.
Acredita-se que o sorbet tenha sido desenvolvido pelos chineses, os quais
passaram a técnica de misturar sucos de frutas, aromáticos, mel e neve para
os persas e árabes, que a levaram em seguida para a Itália. Somente no
século XVI Catarina de Médici leva o sorbet para Paris.
Nos dias atuais o sorbet é mais comumente servido como uma
sobremesa refrescante, porém ainda pode ser utilizado como um item que
“limpa” o paladar entre pratos salgados de um jantar de gala, assim como era
servido nos jantares do século XIX.
A denominação sorbet vem do árabe charab (bebida) e do turco chorbet
(bebida fria). Em italiano diz-se sorbetto.
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Produções Culinárias em um Cardápio
Apesar de não existirem regras pré-definidas sobre o que deve constar
em um cardápio existe uma forma de categorizar ou organizar as produções
culinárias de uma forma mais clara. Segundo Barreto, em Passaporte para o
Sabor (modificado):
Hors d’ouvre frio
Peixes , moluscos e crustáceos
� Crus
� Em conserva
� Em salmoura
� Defumados
� Cozidos
� Grelhados
� Fritos
� Com ou sem molhos, maionese, manteiga cremes
� Ovas
Charcutaria
Ovos
Frutas
Legumes e verduras
� Cruas, cozidas ou em conserva
Canapés frios preparados com elementos diversos
Hors d’ouvre quentes
� Canapés quentes – fritos ou assados, podendo ser preparados à base
de peixes, frutos do mar, aves, carnes, ovos, legumes, etc.
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Sopas
Sopas claras
� Brodo
� Caldos
� Consommés
Sopas ligadas
� Sopas creme
� Veloutés
Sopas purê
Sopas não passadas (potages – soupes)
Sopas de caráter regional
Sopas frias
Ovos
� Cozidos com casca – duros ou moles
� Cozidos sem casca
� Fritos
� Mexidos
� Omeletes – omelete aberta, francesa e fritada ou tortilla, omelete soufflé
� Soufflés
Saladas
� Simples
� Compostas
Pescados
� Água doce, salgada ou anódromo
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25
Frutos do mar
� Moluscos, crustáceos e algas marinhas
Aves
� Domésticas ou de caça
Carnes
� Bovina
� Suína
� Ovina
� Caprina
� Caça
� Exóticas
Outras carnes
� Rãs e esgargots
Miúdos
� Carnes ou aves
Massas (Pasta)
� Massas secas
� Massas recheadas
Cereais e amidos
� Risotos, grãos, farofas, tubérculos e raízes e cuscuz
Legumes e verduras
� Preparados das mais variadas formas – crus, salteados, fritos,
grelhados, assados, etc.
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Sobremesas
� Preparações à base de massa seca, folhada, cozida (pâte à choux) e
massas fermentadas
� Custards
� Bolos
� Merengues
� À base de chocolate
� Soufflés
� À base de frutas
� Geladas
� Quentes
� Petits-fours
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Compondo um Menu como Experiência Gastronômica
Planejar um menu é um dos aspectos mais difíceis da nossa arte. Auguste Escoffier Atingir as notas certas em termos de sabores para um único prato é uma
tarefa bem diferente de harmonizar uma seqüência completa de pratos em uma
refeição.
Apesar de um menu apresentar-se como uma lista de pratos, o menu
não é simplesmente um momento de inspiração de um indivíduo, mas expõem
a personalidade do chef, seu ponto de vista e suas idéias, além de oferecer a
oportunidade única de demonstrar a sua expressão artística.
Um menu deve estimular e excitar o paladar, inclusive nas definições
utilizadas na descrição das produções e design do cardápio. Os pratos devem
resgatar memórias, estimular a curiosidade dos comensais, levá-los a uma
viagem por regiões distintas e tornar-se uma experiência gastronômica
agradável e prazerosa.
Para tanto, um ambiente agradável, uma louça graciosa e decoração
apropriada, além da música como estimulante dos sentidos ajudam a tornar a
simples tarefa da alimentação em uma viagem multisensorial.
Independentemente de valores e classificações sócio-econômicas, a arte
de compor um menu ou preparar uma refeição equilibrada pode, e deveria
sempre, transparecer inclusive nas refeições mais modestas e breves. Um
piquenique ao ar livre em um parque é capaz de oferecer uma experiência
gastronômica com a possibilidade de recompensar os cinco sentidos – uma
boa comida, sons e paisagem relaxantes, além de uma companhia agradável,
podem ser tão ou até mais reconfortante que um jantar em um restaurante de
padrão superior.
Uma experiência gastronômica deve, em contrapartida a simplesmente
ordenar pratos, servir como uma experiência holística. O alimento, além de
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Apostila de Cardápios
28
proporcionar energia ao nosso organismo, apresenta um quociente emocional
que não deve ser esquecido por nenhum chef.
Logicamente, a composição de um menu, além da inspiração dos chefs
e cozinheiros, depende de certos parâmetros como sazonalidade, público,
horários, entre outros mais.
A sensibilidade e o conhecimento do chef, em adição a forma como o
alimento é adquirido, armazenado, manipulado, preparado e servido permitirão
a criação do menu.
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Fatores determinantes de um Cardápio
Para a elaboração de um bom cardápio, como colocado anteriormente, a
simples escolha aleatória dos pratos não é suficiente. São inúmeros os fatores
que determinarão o porquê das preparações constarem ou não no cardápio.
� Análise da clientela: é necessário conhecer o público ao qual se
destina o cardápio. Poder aquisitivo, idade, sexo, profissão, estilo do vida e
tempo disponível são alguns parâmetros que devem ser levantados ao
determinar-se para quem esse restaurante se destina. Essas informações,
além de nortearem o planejamento do cardápio, possibilitarão a escolha do
melhor canal de comunicação entre o estabelecimento e o cliente.
Francisco Tommy Freund, em Alimentos e Bebidas, Uma Visão
Gerencial, sugere de forma esquemática os melhores cardápios para cada
público específico:
Destinação do MenuDestinação do MenuDestinação do MenuDestinação do Menu CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticas
Gourmets Cozinha de alto nível – Pratos requintados
Homens de negócios Cozinha tradicional e charmosa – Pratos simples, leves – Forte apelo para novidades
Famílias Cardápios infantis – Preços moderados
Turistas Cozinha regional – Preços adequados ao restaurante
Clientela local Cozinha com opções fixas (grelhados, saladas) e pouca variação de pratos
Passantes Cozinha com opções renovadas com grande freqüência – Especialidades da região
Clientela jovem Pratos simples – Cozinha rápida – Preços razoáveis
Clientela mais idosa Cozinha leve, balanceada
Ainda segundo esse autor, “quando o público predominante é formado
por mulheres, que são mais observadoras, o colorido e a variedade dos
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Apostila de Cardápios
30
alimentos são pontos-chave do cardápio. Se a clientela for muito variada, a
melhor opção é a diversificação, procurando atingir principalmente o público-
alvo”.
Freund faz ainda uma classificação dos hábitos alimentares dos
brasileiros por faixa etária:
Mais de 60 anos
Receitas caseiras, com origens étnicas e cozinha internacional na linha
Escoffier.
De 40 a 60 anos
Cozinha internacional na linha Escoffier, mais aberto às novidades e
uma cozinha mais leve no preparo. Aceita, com restrições gustativas, o fast
food. Preocupado com o aspecto gourmet.
De 20 a 40 anos
Cozinha mais natural, receitas mais saudáveis, cozinha oriental, fast
food e delivery, preocupação com o impacto dos alimentos sobre a estética
pessoal. A alimentação deve refletir também seu estilo de vida e posição social.
Até 20 anos
Fast food, cozinha oriental, cozinha americana, sabores mais marcantes
e repetitivos. Total indiferença ao aspecto gourmet da refeição. Fortes
influências do marketing da indústria de alimentos e do contexto social em que
vive. A freqüência do local é importante; sua ambientação, nem tanto.
� Preferências regionais: cada estado ou cidade apresenta preferências
alimentares muito bem estabelecidas, as quais devem ser respeitadas. Muitas
regiões apresentam uma predileção por determinados temperos ou sabores e
tentar alterar esse padrão pode levar o restaurante ao fracasso. Uma exceção
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são os restaurantes típicos ou temáticos, os quais recebem os clientes
justamente pela sua proposta de oferecer o diferente.
� Localização geográfica/regionalidade: a localização geográfica do
estabelecimento pode determinar quais ingredientes irão ou não aparecer no
cardápio. A falta da matéria-prima ou a demora na entrega devem ser dados
relevantes durante o planejamento do cardápio.
� Variação climática/sazonalidade: regiões com estações do ano bem
definidas pode levar a alterações do cardápio, fazendo com que o restaurante
tenha cardápios sazonais. Além disso, é possível encontrar um alimento com
preços mais acessíveis em determinadas estações do ano, devido a uma maior
disponibilidade. Estar atento a melhor época de oferta de produtos, como
frutas, legumes, peixes e frutos do mar, evita custos excessivos com
transporte, importação e estocagem.
� Mercado abastecedor: ingredientes muito específicos são difíceis de
encontrar. Deve-se ter o cuidado com improvisações para não afetar a
autenticidade da receita.
� Acessibilidade: a localização do restaurante e formas de acesso pode
determinar tanto o conceito do restaurante quanto o tipo de cliente.
Restaurantes com acesso difícil e/ou com escassas opções de estacionamento
tendem a oferecer seus serviços aos moradores locais ou pessoas que
trabalham nas proximidades. Restaurantes fora do centro ou fora do perímetro
urbano já têm outro tipo de público-alvo como cliente.
� Espaço físico do estabelecimento: o tamanho do salão, da cozinha e
dos anexos deve estar de acordo com as preparações que constam no
cardápio e ao tipo de serviço proposto pelo estabelecimento.
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32
� Conhecimentos de serviços de restaurante: o tipo de serviço
encontra-se bastante relacionado ao cardápio do restaurante. Preparações
com cardápios à la carte ou com serviço de buffet são bem diferentes na forma
como são preparados e servidos.
� Ambiente: decoração, iluminação, mobiliário, música e utensílios devem
estar de acordo com a categoria do restaurante, com o cardápio e público-alvo.
A palavra chave é adequação.
� Número de “couverts”: a quantidade de refeições servidas influencia a
quantidade e complexidade das produções servidas. Por exemplo, um
restaurante sef-service com alta rotatividade de clientes impede que
preparações complexas sejam oferecidas.
� Horário de atendimento: certas preparações são mais bem aceitas se
servidas em horários já estabelecidos por hábito ou razões culturais. Um ótimo
exemplo são as pizzarias. Outro aspecto importante é o período que os
alimentos ficarão expostos em réchauds, como no caso do serviço de buffet.
� Ofertas do mercado: um cardápio deve ser planejado tendo em vista o
que vem sendo oferecido por outros estabelecimentos. A partir dessa coleta de
dados fica ao critério do restaurante seguir a tendência atual do mercado ou
oferecer um novo produto.
� Custo: a seleção de um prato está diretamente ligada à relação custo x
contribuição e deve ser diretamente proporcional ao poder aquisitivo do cliente.
Dessa forma, todas as receitas que constam do cardápio devem apresentar
ficha técnica e de custo.
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� Equipamentos e utensílios: certas preparações necessitam de
equipamentos específicos para a sua preparação, além de, muitas vezes,
necessitarem de talheres e/ou recipientes apropriados para o serviço.
� Mão-de-obra: quanto mais complexo e elaborado for um cardápio há a
necessidade de um staff especializado e bem treinado.
� Sistema de compras e estocagem: ao planejarmos um cardápio
devemos ter conhecimento sobre a política de compras utilizada pelo
estabelecimento. A periodicidade de compra dos insumos determina quais
produções constarão no cardápio, e muitas vezes, poderão até excluir certas
preparações. Por exemplo, uma preparação que necessita de cogumelos
frescos levará a necessidade da compra desse produto em curtos intervalos de
tempo.
� Conhecimentos culinários: conhecer técnicas de preparo, saber
identificar ingredientes e equipamentos e ter noções sobre preparações
clássicas são habilidades necessárias para quem desenvolve um cardápio.
� Análise e estatísticas de vendas: item essencial, principalmente na
hora da atualização do cardápio, pois reflete a preferência dos clientes.
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Aspectos da Composição Básica das Produções Culinárias
A introdução de elementos contrastantes em cor, forma, textura, aroma e sabor A introdução de elementos contrastantes em cor, forma, textura, aroma e sabor A introdução de elementos contrastantes em cor, forma, textura, aroma e sabor A introdução de elementos contrastantes em cor, forma, textura, aroma e sabor adicionam energia e movimento aos pratos, quebrando a monotonia imposta pelo adicionam energia e movimento aos pratos, quebrando a monotonia imposta pelo adicionam energia e movimento aos pratos, quebrando a monotonia imposta pelo adicionam energia e movimento aos pratos, quebrando a monotonia imposta pelo
excesso de regularidade e repetiçãoexcesso de regularidade e repetiçãoexcesso de regularidade e repetiçãoexcesso de regularidade e repetição
Um bom planejamento de cardápios deve considerar os seguintes
aspectos:
� Cor
A variedade de cores é fundamental na montagem de um prato e do
cardápio como um todo, pois as pessoas comem primeiro com os olhos. As
cores devem ser contrastantes e vivas, para dar aos pratos um colorido que
desperte o desejo de consumo. Além disso, outro aspecto muitas vezes
esquecido é a de que o ser humano associa as cores com sentimentos ou
qualidades.
� Sabores e temperos
Os sabores presentes em um cardápio devem ser bem destacados
nunca deixando o cliente na dúvida do que ele está comendo. Lógico que isso
não impede que o chef combine sabores contrastantes em um mesmo prato,
porém a identidade do sabor não pode ser perdida e tornar-se simplesmente
uma mistura de sabores não identificados. É muito importante que no decorrer
de uma refeição os sabores não se repitam excessivamente.
� Aromas
Item muitas vezes negligenciado por quem planeja um cardápio, que
enriquece uma produção culinária e que é capaz de intensificar o sabor do
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35
alimento. Os aromas podem ser trabalhados com métodos de cocção – a
defumação, por exemplo, ou com o uso correto de especiarias.
� Formas
Os alimentos apresentam três dimensões e de acordo como são
trabalhados, dobrados e/ou cortados pode-se chegar a um aspecto harmônico
que denota criatividade e cuidado, a fim de quebrar a monotonia e a repetição
da mesma forma.
� Texturas
A textura é um aspecto importante tanto visualmente como quando a
sentimos em nossa boca. Alguns alimentos refletem a luz e brilham, enquanto
outros apresentam um aspecto mais opaco. Alguns alimentos, ao mordemos,
podem ser crocantes, macios, untuosos, secos ou úmidos e muitas vezes
podem somar mais de uma textura. Dessa forma, é importante pensarmos em
um cardápio que agregue alimentos de texturas variadas - líquida, macia,
cremosa, áspera, crocante, úmida, seca, dura, fibrosa, etc.
� Ingredientes
A diversificação de ingredientes e o seu uso com harmonia denotam
criatividade e conhecimento da pessoa que planejou o cardápio, além de
contribuir para que uma simples refeição torne-se uma grande experiência
gastronômica. Ao trabalharmos com menus étnicos ou produções muito
específicas devemos nos certificar da disponibilidade dos ingredientes corretos,
caso contrário perde-se a autenticidade dos pratos.
� Montagem dos pratos
A disposição dos alimentos no prato mostra o talento da equipe de
cozinha. Quando pensamos na disposição dos alimentos em um prato
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podemos usar uma série de palavras: simples, elegante, equilibrado, clean,
chic, moderno, orgânico, etc.
A montagem do prato deve explorar todo o potencial do alimento
somando funcionalidade e beleza ao mesmo tempo.
� Tamanho das porções
O tamanho das porções dos alimentos é bastante variável dependendo
do padrão do restaurante, do tipo de serviço e de seu público-alvo. Segundo
Freund, “... o que pode ser dito com relativa segurança sobre os hábitos dos
brasileiros à mesa é que exigimos fartura...”. Porém, uma parte da população,
apesar de minoria, procura restaurantes gastronômicos onde são servidos
vários serviços de menor tamanho na tentativa de produzir uma experiência
diferenciada.
Teichmann, em seu livro Cardápios, Técnicas e Criatividade, sugere que
em uma refeição composta por três serviços – um menu pré-fixado, por
exemplo (para maiores detalhes leia o item Como Apresentar os Alimentos
mais adiante), as porções servidas não devem ser grandes. Segundo a autora,
o 1º serviço - a entrada - não deve ultrapassar 150 g, o prato principal deve
conter uma peça principal (uma carne, por exemplo) pesando cerca de 180 g
com uma porção de 80 g de molho, guarnecida por 100 g de algum
acompanhamento. Por fim, o 3º serviço – a sobremesa – não deve ultrapassar
100 g. A soma de todos os pratos para esse tipo de serviço, segundo
Teichmann, deve permanecer entre 600 e 650 g.
� Métodos de cocção
Os alimentos passam por um processo de transformação, por meio da
cocção, tornando-os mais aptos a serem consumidos, e cada categoria de
alimento tem um método de cocção mais adequado as suas características
naturais. Em adição, é importante que um cardápio apresente uma grande
variedade de métodos de cocção tornando a refeição mais enriquecedora e
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menos “cansativa”. Além disso, um cardápio que contém pratos preparados
com métodos de cocção diversos pode satisfazer a diferentes tipos de clientes.
Métodos de cocçMétodos de cocçMétodos de cocçMétodos de cocçãoãoãoão
MétodosMétodosMétodosMétodos tradicionais tradicionais tradicionais tradicionais de cocção, com o de cocção, com o de cocção, com o de cocção, com o uso de equipamentos e utensílios uso de equipamentos e utensílios uso de equipamentos e utensílios uso de equipamentos e utensílios
tradicionaistradicionaistradicionaistradicionais
Equipamentos modernosEquipamentos modernosEquipamentos modernosEquipamentos modernos
Assar Forno combinado
Caramelizar Forno microondas
Banho-maria Fritura sob pressão
Branquear Dotados de raios infravermelhos
Brasear
Escaldar
Flambar
Fritar por imersão
Gratinar
Grelhar
Guisar
Pôeler
Refogar (Suar)
Saltear
Selar
� Temperaturas
A preocupação com temperaturas não deve jamais ser esquecida. Um
alimento que deveria ser servido em alta temperatura, se servido morno, perde
grande parte das suas características organolépticas, além de denotar um
serviço ruim. O mesmo é válido para sobremesas geladas, que em
temperaturas altas perdem inclusive a sua textura característica.
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Outro item de suma importância a ser observado em relação a
temperaturas é quando se trabalha com serviço de buffet. Nesse caso, deve-se
ter mente que certos alimentos não “resistem” à exposição ao calor por mais do
que alguns minutos, como as massas e risotos.
Entender alguns princípios básicos envolvendo a categoria dos
alimentos, como cor, textura, sabor e aroma pode ser extremamente útil
quando um chef compõem um menu, podendo, dessa forma oferecer ao cliente
o efeito máximo que o alimento pode desempenhar sobre os cinco sentidos,
sem o comprometimento de determinado ingrediente ou produção.
Segue abaixo uma maneira bem simplificada de como apresentar
sabores de uma forma harmoniosa ao longo de uma refeição:
A harmonia também pode ser o resultado do contraste entre sabores,
temperaturas e texturas. Itens contrastantes podem aparecer em pratos
distintos ou estarem presentes na mesma produção culinária.
Textura leve ⇒ densa
Consistência delicada ⇒ itens com mais “corpo”
Aromas sutis ⇒ pungentes
Sabores sutis ⇒ complexidade de sabores
Carnes brancas ⇒ carnes vermelhas
Vinhos brancos ⇒ tintos
Queijos frescos ⇒ queijos maturados
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Exemplos de contrastes em um menu:
Carne vermelha/carne branca
Frio/quente
Cozido/cru
Cremoso/crocante
Seco/úmido
Leve/pesado
Suave/condimentado
Salgado/doce
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Diagrama de constrastes
O The Culinary Institute of America, no livro Baking and Pastry, sugere o
uso de um “diagrama de contraste” para confeitaria e panificação, mas que
pode ser facilmente adaptado para o uso em todas as áreas da gastronomia.
Esse diagrama de contraste (ou contrast wheel) é um guia visual usado
para entender os sabores, temperaturas e texturas contrastantes que podem
ser utilizados pelo chef na criação de uma sobremesa empratada. A sugestão é
a de usar um número de características contrastantes ao prato por meio do uso
de diferentes componentes, mas nunca adicionar componentes apenas para
conseguir mais um elemento contrastante. O número de componentes deve
fazer sentido quando combinados.
O diagrama de contraste é dividido em sabores delicados e vigorosos e
textura do alimento na boca (veja na próxima página). Combinar elementos
contrastantes desperta e provoca o paladar. Nesse livro podemos encontrar
como ótimo exemplo uma clássica torta de maçãs (apple pie à la mode).
Uma boa torta de maçãs deve ter uma massa crocante com um recheio
levemente ácido, a qual se adiciona o sorvete que traz cremosidade. A torta
deve ser servida quente, o que faz com que os sabores e aromas se
sobressaiam, além de permitir um contraste de temperaturas com o sorvete
gelado.
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Diagrama de ConstrastesDiagrama de ConstrastesDiagrama de ConstrastesDiagrama de Constrastes
Fonte: Baking and Pastry: mastering the art and craft.
Rico
Doce
Quente Azedo
Frio
Crocante
Leve Macio
Sensação
Sensação
Sabor
Sabor
Características delicadas
Características vigorosas
EquilíbrioEquilíbrioEquilíbrioEquilíbrio
Sabor Sensação (textura)
Aroma Cor
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Como Sentimos o Sabor
Dos nossos cinco sentidos, somente o olfato e o paladar têm uma
natureza puramente química, ou seja, conseguem detectar moléculas
químicas. Dessa forma, é por meio do olfato e do paladar que experimentamos
diferentes sensações olfativas e gustativas a partir do contato com moléculas
de diferentes compostos químicos.
Aquilo que chamamos de sabor é uma combinação de odores e gostos
percebidos por nossos narizes e papilas gustativas, com as contribuições
adicionais da temperatura, da ardência (o "picante" dos temperos) e da textura.
Os receptores olfativos nos nossos narizes conseguem distinguir entre milhares
de odores diferentes, e calcula-se que contribuam com 80% do sabor, uma vez
que as moléculas gasosas liberadas na boca pela mastigação e pelo ato da
deglutição conseguem subir pela cavidade nasal e atingem os receptores
olfatórios. Os sentidos do paladar e do olfato trabalham em conjunto para que
seja possível reconhecer e apreciar os sabores, e as informações sensitivas
provenientes da língua e do nariz são combinadas no centro do olfato e do
paladar no cérebro.
Milhares de papilas gustativas cobrem a maior parte da superfície da
língua, mas também se encontram no palato rígido e no palato mole. Quando o
alimento é colocado na boca, ele estimula os receptores das papilas gustativas.
Estas, por sua vez, enviam impulsos nervosos ao centro do olfato e do paladar
do cérebro, o qual os interpreta como sabor. O mesmo ocorre em relação ao
olfato - uma pequena área da membrana da mucosa nasal contém terminações
nervosas que detectam odores, que são levados ao cérebro na forma de
impulsos nervosos. O centro do olfato e do paladar interpreta esses impulsos
nervosos como um odor distinto. Através desse processo, milhares de odores
diferentes podem ser detectados.
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Ao chegar ao cérebro, a combinação de estímulos provenientes do
paladar, do olfato e da textura do alimento ainda precisa passar por um
processo de interpretação para ser identificado completamente.
O sabor
Há algum tempo atrás se achava que só existiam quatro sabores
primários: doce, ácido, salgado e amargo, e que teríamos papilas gustativas
especiais para cada um. Atualmente há um consenso geral de que há pelo
menos mais um sabor primário, conhecido pelo seu nome japonês, umami. Ele
está associado ao glutamato monossódico e a outros compostos do ácido
glutâmico, um dos aminoácidos comuns que constituem os blocos de
construção das proteínas.
O umami é um tipo de sabor agradável, associado a alimentos ricos em
proteínas, como carne e queijo. Além disso, já não se acredita que cada tipo de
papila gustativa responda exclusivamente a um único estímulo, mas que
responda também, num grau menor, a outros. Desse modo, o tradicional "mapa
da língua", como mostrado a seguir, é uma simplificação grosseira que mostra
apenas as regiões em que a língua é mais sensível aos sabores primários. O
sabor que realmente sentimos é um padrão geral de estímulos de todos esses
receptores de sabor, as células presentes dentro das papilas gustativas, que na
verdade percebem os diversos paladares. O fato de as sensações gerais
serem distintas entre os indivíduos depende de diferenças fisiológicas
individuais, de experiências emocionais anteriores e de hábitos culturais.
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Fonte: http://www.msd-brazil.com/
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Apostila de Cardápios
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Como apresentar os Alimentos
Os alimentos, em qualquer dos estabelecimentos citados anteriormente,
podem ser apresentados das seguintes formas:
� À la carte
Cardápios à la carte são cardápios que apresentam vários tipos de
produções culinárias, descritas em uma seqüência, de acordo com a ordem
dos serviços. De uma forma geral:
• Entradas frias e quentes; • Saladas; • Consommés; • Cremes e sopas; • Ovos e farináceos; • Peixes e frutos do mar; • Aves; • Carnes; • Guarnições e sobremesas.
A conceituação do restaurante determinará a distribuição e número
desses itens, porém, a tendência de menus muito extensos já está
ultrapassada, ficando reservada a alguns restaurantes de nível superior,
tradicionais ou de hotéis. Segundo Freud, as vantagens de um menu mais
enxuto podem ser explicadas pela:
• Redução do inventário; • Maior controle de estoque; • Redução da burocracia; • Redução de requerimentos na produção de alimentos; • Menor necessidade de espaço e equipamentos; • Treinamento mais curto; • Mais tempo para a gerência controlar a qualidade e a eficiência.
A modalidade de serviço geralmente escolhida para um menu à la carte
é o serviço empratado, o qual é uma das maneiras mais criativas do chef
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Apostila de Cardápios
46
trabalhar com criatividade na montagem e lay-out do prato. O serviço
empratado é um conceito adotado praticamente em todos os tipos de
restaurantes e em quase todos os países.
� Table d’hôte
É um tipo de menu pré-fixado, encontrado originalmente em hotéis com
sistema de meia pensão ou pensão completa. Nesse tipo de menu os
alimentos são divididos em entradas, pratos principais e sobremesas e podem
ser servidos em sistema de buffet, empratado ou de uma forma mista.
Os menus do dia ou sugestões do chef, compostos por entrada, prato
principal e sobremesa são considerados menus table d’hôte, bem como os
menus degustação.
� Self-service
É um conceito genérico que engloba os tipos de serviço em que o cliente
se serve sozinho ou com a ajuda de um garçom. Nesse sistema o cliente se
serve dos alimentos expostos da forma que desejar.
Podemos encontrar o sistema self-service nas mais variadas ocasiões –
café da manhã, brunch, almoço, chá da tarde, jantar e eventos comemorativos.
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Planejamento de um Cardápio
O planejamento de um cardápio nem sempre se inicia na cozinha com o
trabalho isolado de um chef, que é o profissional responsável pela preparação
do alimento, mas depende da opinião imprescindível de outros profissionais – o
gerente de A&B e o maître.
O chef de cozinha tem conhecimento sobre a produção e viabilidade do
preparo, além de conhecer a habilidade da mão-de-obra que o auxilia. O
gerente de A&B encontra-se envolvido em todas as etapas operacionais de um
restaurante e o maître, por meio do contato próximo com o cliente, pode
traduzir os desejos do público e levar à cozinha as solicitações e sugestões dos
clientes.
Na fase de criação de um menu, é importante procurar referências em
livros técnicos, que contenham idéias para menus, e livros de receitas.
Também é interessante manter um arquivo de menus previamente utilizados
com itens que já foram servidos com sucesso em uma outra época. Nem todos
os menus são novos ou originais, e muitas vezes são revisões de menus
antigos com novas características que foram adicionadas a fim de satisfazer
tendências atuais de mercado.
O foco principal do trabalho de levantamento que levará à montagem de
um cardápio deverá sempre ser o cliente. Para tanto, o máximo de informações
coletadas sobre o público-alvo nunca será demais.
Freund, em Alimentos e Bebidas, Uma Visão Gerencial, diz que um
cardápio deve conjurar pelo menos quatro atributos básicos:
• Boa relação custo-benefício, ou seja, excelente qualidade sem extravagância de custos;
• Estética impecável quanto às texturas e cores, isto é, apresentação primorosa;
• Sabor excepcional, da entrada até a sobremesa;
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• Caráter saudável, com balanceamento de calorias;
• Serviço eficiente e irretocável.
Após a definição do tipo de cozinha, parte-se para a seleção das
produções culinárias. É importante que se planeje um cardápio para todo o
ano, levando em consideração a sazonalidade e disponibilidade de
ingredientes.
A partir do momento que se o número de pratos esteja estipulado,
devem-se planejar quantos pratos teremos em cada item (por exemplo, 3
sopas, 4 saladas, e assim por diante). Todos os pratos devem ser testados e
degustados por mais de uma pessoa, e devem ser apresentados da mesma
forma que serão servidos aos clientes. Assim que os pratos forem aprovados
parte-se para a montagem da ficha técnica, um instrumento fundamental dentro
de qualquer restaurante (para maiores detalhes, leia o item Ficha Técnica).
Periodicamente, após uma análise de vendas rigorosa (veja item
adiante) o cardápio deve ser revisto, para que alguns pratos passem por
alterações ou sejam realmente substituídos.
Planejamento horizontal
Ione Teichmann, em Cardápios, Técnicas e Criatividade sugere uma
maneira lógica para organizar um cardápio. É o planejamento horizontal:
De acordo com esta forma de planejamento, deve-se escolher, em
primeiro lugar, o prato mais importante – o prato principal, pois a sua
composição possibilitará a determinação dos outros componentes da refeição.
Quando o planejamento é feito para um período longo (15 dias), a variedade
dos pratos principais fica bem visível e fácil de corrigir.
Segundo a autora deve-se usar o seguinte esquema:
1º - preencher prato principal/guarnição;
2º - entradas: fria, sopa, quente;
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3º - sobremesa. De acordo com esse modo de organização de cardápio é possível
verificar quais itens estão sendo escolhidos, evitando repetições. Outra
sugestão de Teichmann é a utilização de uma folha grande, permitindo que
todo o planejamento fique visível, sem ser preciso consultar mais de uma
página.
Esse tipo de planejamento é muito útil em cardápios bastante flexíveis
que se alteram constantemente, por exemplo, um cardápio diário de um
restaurante de coletividade.
Segue abaixo um exemplo desse planejamento:
ServiçoServiçoServiçoServiço Segunda FeiraSegunda FeiraSegunda FeiraSegunda Feira Terça FeiraTerça FeiraTerça FeiraTerça Feira Quarta FeiraQuarta FeiraQuarta FeiraQuarta Feira
EntradaEntradaEntradaEntrada Salada Caprese Caldo Verde Salada Niçoise
Prato PrincipalPrato PrincipalPrato PrincipalPrato Principal Medalhão de alcatra Filé de merluza grelhado com molho de camarão
Filé de frango grelhado com molho de limão
GuarniçãoGuarniçãoGuarniçãoGuarnição Legumes salteados na manteiga
Arroz de brocólis Guisado de abóbora
SobremesaSobremesaSobremesaSobremesa Pannacotta Ambrosia Mousse de chocolate
1ª escolha Prato principal
2ª escolha Guarnições
3ª escolha Entradas
4ª escolha Sobremesas
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Flexibilidade do MenuFlexibilidade do MenuFlexibilidade do MenuFlexibilidade do Menu
Menus podem ser alterados semanalmente, a cada mês, a cada três
meses – de acordo com as estações do ano, uma vez ao ano ou inclusive
todos os dias, dependendo da proposta do estabelecimento. Outros
restaurantes permanecem com cardápios inalterados por anos, ou com sutis
alterações ao longo do tempo.
Muitos chefs europeus usualmente adquirem seus produtos em
mercados locais logo pela manhã, comprando frutas e vegetais frescos,
peixes, carnes e aves. E somente a partir dessas compras o menu do dia
será planejado. Esta é a forma mais flexível de menu. Já os restaurantes
brasileiros trabalham com menus bem menos flexíveis e nesse caso passa-
se a trabalhar com opções denominadas sugestão do chef, sugestão do dia
ou especial do dia. Estas opções, além de acrescentarem um caráter mais
pessoal ao cardápio, podem servir para o aproveitamento de matéria-prima
estocada em maior quantidade ou para a execução de pratos que
contenham ingredientes encontrados a bons preços no mercado
abastecedor.
Muitos restaurantes sofisticados reservam para o almoço o Menu
Executivo – uma espécie de table d’hôte com ótimos pratos a preços
convidativos quando comparados ao couvert médio do restaurante.
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51
O que é o Menu?
O menu como ferramenta de marketing.
Quando o cliente senta-se à mesa em um restaurante, é oferecido a ele
um menu – uma das ferramentas básicas voltadas à comunicação, relações
públicas e vendas. O cliente pode não ter visitado o restaurante por causa do
cardápio, mas uma vez lá, é o menu que determina o que os clientes vão pedir
e o quanto eles irão gastar.
Um menu é simplesmente um pedaço de papel com palavras e, algumas
vezes, gravuras. Porém, esse simples pedaço de papel dever ser atraente,
claro e limpo, refletindo a qualidade, aparência e estilo do restaurante. Um
menu sujo, mal impresso e confuso tem o poder de criar uma imagem negativa
do estabelecimento.
Os itens abaixo devem ser cuidadosamente considerados quando um
cardápio é planejado e serão detalhadamente discutidos nas próximas páginas:
• O visual do cardápio deve estar de acordo com uma série de parâmetros estudados anteriormente como, por exemplo, o nome do estabelecimento, a decoração do salão, o tipo de cozinha e de serviço, o valor do couvert e o público-alvo;
• O tamanho do cardápio deve ser proporcional ao espaço disponível, devendo ser funcional e prático;
• A redação e a correção gramatical devem ser exaustivamente revistas;
• Deve-se ter atenção especial aos termos em outros idiomas;
• As produções culinárias devem ser listadas na ordem que serão consumidas e em ordem crescente de preço dentro de cada categoria;
• Os pratos, quando necessário, devem conter uma pequena descrição.
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52
Lay out de Cardápio
Ordem dos serviços
Ao iniciarmos a confecção de um menu devemos estar atentos a ordem
de serviços dos pratos que devem seguir os esquemas propostos abaixo, que
diferem muito pouco entre si:
Segundo Teichmann em Cardápios, Técnicas e Criatividade
Segundo Seaberg, em Menu Design, Merchandising and Marketing
Entradas Frias Hors d’ouvres
Sopas Sopas
Entradas quentes Saladas
Pescados Sanduíches, quando oferecidos
Aves Pratos principais, divididos em categorias de carne – bovina, porco, cordeiro e vitelo; peixes e frutos do mar; e aves
Carnes Acompanhamentos (guarnições), quando servidos à la carte, isto é, o cliente escolhe a guarnição de sua preferência
Sobremesas Sobremesas
Menu infantil, quando disponível
Bebidas; de acordo com o restaurante vinhos e coquetéis podem estar listados em cartas separadas
Seaberg, por ser um autor norte-americano, ressalta ainda a importância
de incluir em um cardápio Itens de Café da Manhã, o que vem se tornando uma
realidade e um conceito pertinente ao estilo de vida do brasileiro.
Além disso, o restaurante pode trabalhar com Especiais do Dia,
Sugestão do Dia ou Sugestão do Chef. Nesse caso, a descrição desse prato
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53
deve ser colocada em uma posição estratégica no cardápio (ver maiores
detalhes adiante) ou ser sugerida pelos atendentes.
Além disso, há a possibilidade de o restaurante oferecer, mais
comumente aos domingos, um serviço de buffet ou brunch, ou um menu
especial relacionado a datas comemorativas, como o Natal, Dias das Mães,
etc. Em ambos os casos, essa informação deve ser fornecida pelos atendentes
ou estar visível aos clientes por meio de filipetas, placas ou outro meio de
comunicação.
Tipo de letra
O propósito de um menu é informar ao cliente o que ele irá consumir e
quanto irá pagar. Dessa forma, a comunicação escrita, nesse caso, toma uma
proporção única, e para tanto, a letra utilizada em um cardápio deve ser
cuidadosamente escolhida.
Letras muito pequenas ou linhas muito próximas dificultam a leitura e
causam confusão. A cor da letra e do fundo também devem ser escolhidos com
atenção e um “boneco” do cardápio deve ser, obrigatoriamente testado nos
local real, uma vez que a iluminação do salão pode ser indireta, ou muito baixa,
o que dificulta a leitura. O uso de cores deve ser usado com cautela, e a cor
utilizada deve ser escura o suficiente para contrastar com o fundo. Além disso,
deve-se evitar o uso de um
As possibilidades de tipos de letras são inúmeras, porém alguns
detalhes devem ser observados:
• A possibilidade de escolha de letras é bastante ampla e deve estar de acordo com a proposta do restaurante. Por exemplo, a fonte Vivaldi em
nada se assemelha a um fast food. Da mesma forma que a fonte Jokerman
jamais seria utilizada em um restaurante tradicional;
• Apesar da premissa acima ser verdadeira o uso de fontes exóticas ou estranhas deve ser usada com cautela e apenas em alguns títulos;
padrão negativo
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54
• As letras minúsculas são mais “legíveis” quando comparadas às MAIÚSCULAS, fato explicado pela nossa maior familiaridade com jornais, livros e revistas, redigidos, em grande parte, em letras minúsculas. As letras maiúsculas devem ser usadas quando queremos enfatizar algo, estabelecer categorias e fazer “quebras” no menu;
• Itálico: deve ser utilizado com cautela, pois dependendo da letra escolhida, pode dificultar a leitura ou cansar os olhos, por exemplo, Crème Brulée;
• O tamanho das letras deve ser cuidadosamente escolhido, pois muitos clientes apresentam diminuição da acuidade visual e podem se sentir desconfortáveis pedindo auxílio aos atendentes. Segundo Seaberg, um cardápio não deve ter qualquer parte redigida em uma letra menor que 12 pontos;
• A distância entre as linhas também deve permitir uma leitura tranqüila.
Redação de Cardápios
O cardápio, a peça primordial de vendas utilizada pelos restaurantes,
deve estar redigido de forma impecável, e deve oferecer aos clientes uma
impressão de esmero aliado aos conhecimentos culinários e muitas vezes
históricos. Os exemplos listados abaixo forma extraídos do livro Passaporte
para o Sabor, de Ronaldo L. P. Barreto, onde há maiores detalhes sobre os
procedimentos de grafia e redação de cardápios.
Ao redigirmos um cardápio com termos em outras línguas é de extrema
importância consultar bons dicionários de gastronomia, como a Larousse
Gastronomique. Outra excelente alternativa é o livro Berinjela se Escreve com
J, do crítico gastronômico Josimar Melo, que cita a grafia de mais de 10.000
termos gastronômicos. Além dessas duas obras, a autora Ione Teichmann traz
em sua obra Cardápios – Técnicas e Criatividade, um capítulo listando um
grande número de pratos e guarnições.
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55
Uso de maiúsculas
• Sempre no início de frases: Cordeiro ao molho de especiarias;
• Em nomes próprios ou sobrenomes: Pêssegos Melba, Tournedos
Rossini;
• Em referência a países, localidades e acidentes geográficos: Ervas de
Provence, Coquilles Saint-Jacques
A forma à la e alla
• À la é utlilizada para designar à moda de, à maneira de em cardápios
em francês – à la russe, à la provençale;
• Antes de vogais o “a” de la é suprimido: à l’americaine, à l’anglaise;
• Para cardápios em italiano utiliza-se alla.
O uso de de e en (em francês)
O de significa que esse alimento é feito com aquele ingrediente,
enquanto que en indica que o alimento é servido em determinado recipiente ou
massa:
• Pâte en croûte;
• Mousse de foie gras.
Uso do au e aux
O au e aux são utilizados no singular e no plural respectivamente e
significa que a produção culinária é produzida com determinado ingrediente ou
tem esse ingrediente em sua composição:
• Mousse au citron;
• Baba au rhum;
• Langouste aux herbes de Provence.
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Uso do feminino e do plural (para masc. e fem.) em francês
Em francês o feminino é feito acrescentando-se um e ao final da palavra,
e no caso do plural, acrescenta-se um s. Porém, em nenhuma dessas formas a
pronúncia é alterada:
• Legume sauté (masc. singular) e Pomme de terre sautée (fem. singular);
• Legumes sautés (masc. plural) e Pommes de terre sautées (fem. plural).
Italiano – uso do plural
Em italiano, o plural masculino é feito com a letra i ao final da palavra, e
o plural feminino é feito com a letra e. Não se usa o s em nenhum dos casos:
• Antipasto (masc. singular), antipasti (masc. plural);
• Frutta (fem. singular), frutte (fem. plural).
Singular e plural em português
Segundo Barreto, em Passaporte para o Sabor, quando o prato não
contiver mais do que uma unidade de determinado produto, deveremos
escrevê-lo no singular. Quando é servido um legume ou parte dele, a mesma
regra pode ser aplicada.
Veja abaixo os exemplos:
• Bisteca de porco e Filé à parmigiana;
• Costeletas de cordeiro, endívias recheadas, ervilhas na manteiga;
• Salsão grelhado, salada de alface, couve-flor frita.
Adjetivos em português
Segundo Barreto, os adjetivos devem concordar com o nome com o qual
se relacionam diretamente, por exemplo, costeletas de cordeiro grelhadas, e
não costeletas de cordeiro grelhado – o cordeiro não foi grelhado inteiro,
somente as costeletas. No caso da truta, por ser um item servido inteiro ao
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cliente, é indiferente a forma como descrevemos essa preparação – filés de
truta defumada ou filés de truta defumados.
Pleonasmos
Muitas vezes, na ânsia de manter o cliente bem informado, o restaurante
pode cometer pleonasmos (repetições) ao definir as produções servidas. Por
exemplo, é desnecessário dizer Apfelstrudel de maçã, guacamole de abacate
ou torta lemon pie.
Há termos culinários que automaticamente são associados a
determinados ingredientes, como por exemplo, chantilly – creme batido,
florentine – espinafre, provençale – alho e tomate, etc.
IMPORTANTE: apesar dessa associação já existir no mundo da
gastronomia, o cliente, ao escolher um prato, não é obrigado a saber que Filet
de saumon à la florentine é um filé de salmão guarnecido por espinafre. Nesse
caso, pode-se optar por agregar uma breve descrição do prato no cardápio –
em letras menores e abaixo do nome da produção, ou caberá ao maître ou
garçom a tarefa de explicar ao cliente a composição do mesmo.
Além disso, cabe à equipe responsável pelo gerenciamento do
restaurante encontrar a melhor alternativa para o cliente não se sentir
constrangido ou o serviço tornar-se excessivamente lento.
Humor e uso de superlativos
O uso do humor na descrição dos pratos deve estar intimamente ligado
à clientela que freqüenta o restaurante, pois nem todos os clientes poderão
entender a mensagem. Deve existir um cuidado especial em usar o nome de
pessoas homenageadas em receitas.
Outro ponto bastante delicado é o uso de superlativos – o melhor,
insuperável, impecável, etc. – para designar um prato, uma especialidade ou
até mesmo o próprio estabelecimento.
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Muito correta, Ione Teichmann diz que “...quem deve dar estas
conotações aos pratos é o comensal que certamente espera que o restaurante
prepare sempre o melhor, o insuperável, o impecável alimento para ele”.
Tipo de papel
O cardápio, a princípio, deve ser resistente o suficiente para durar certo
tempo, pois o valor da sua confecção não é baixo.
O papel – tipo, textura e cor – deve ser escolhido cuidadosamente, e da
mesma forma que o tipo de letra, o papel utilizado deve estar completamente
de acordo com o conceito do restaurante.
Muitos restaurantes optam por manter o cardápio dentro de uma capa de
couro ou outro material que aumenta a vida útil do mesmo, evitando que
respingos de líquidos atinjam o papel ou que o manuseio excessivo danifique o
papel.
Independentemente do tipo de papel utilizado, deve-se ter um cuidado
excessivo em evitar rasuras, e uma vez que alguma alteração se tornar
necessária o cardápio deve ser reimpresso.
Uso de ilustrações e fotos
Ilustrações também podem ser usadas em cardápios, tanto na capa
como no interior, porém, novamente o bom gosto e o senso estético
predominam na sua escolha. Fotos dos pratos, principalmente em fast foods,
podem ajudar e acelerar o processo de escolha do cliente.
Muitos restaurantes optam por utilizar capas coloridas que contêm
desenhos, gravuras ou fotos, que devem estar de acordo não só com a
proposta do restaurante, bem como com as páginas internas do cardápio.
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Tamanho do cardápio
Ione Teichmann, em Cardápios, Técnicas e Criatividade, fornece
algumas normas gráficas pré-determinadas para cardápios de diversos tipos de
estabelecimentos (veja a seguir). Atualmente, as possibilidades são inúmeras
no que concerne ao tipo de papel e tamanho do cardápio e deve-se somente,
estar atento em produzir um cardápio adequado ao restaurante, ao tamanho da
mesa e que seja funcional.
Menus de restaurante: 46 cm de largura x 32 cm de altura.
Menu de salão de chá, do cofee shop, da carta de bebidas e do serviço de
andares: 21 cm de largura x 30 cm de altura.
A carta de bebidas provavelmente terá mais folhas internas que os outros
menus.
46 cm
32 cm
21 cm
30 cm
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Apostila de Cardápios
60
Menu de bar: 30 cm de largura x 21 cm de altura.
Menu infantil: 21 cm de largura x 29 cm de altura.
O menu infantil deve ser confeccionado com um material mais acessível, pois,
provavelmente será reposto com mais periodicidade.
Os exemplos acima são bastante restritivos, pois os cardápios podem
levar dobras inusitadas ou conter várias páginas em seu interior, logicamente
estando de acordo com o conceito do restaurante.
Formato de cardápios
Atualmente são utilizadas formas diversas de cardápio. Cardápios
podem ser confeccionados em formato de coração, frutas, objetos, animais,
etc. Além disso, as produções culinárias do restaurante podem ser inclusive
escritas em uma lousa, ultrapassando a idéia de um cardápio convencional.
21 cm
30 cm
21 cm
29 cm
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61
_______________________________________________________________
October 1999
Grand Menu
Amuse Gueule
Salad of Pheasant Breast with Asian Pear, Matsutake Mushrooms, Hazelnuts
& Seared Canadian Foie Gras
European Loup de Mer with Roasted Eggplant,
Cucumber-Yogurt Sauce & Spícy Curry Sauce
Grilled New Zealand Amberjack with Sea Scallops, Grilled Salsify, Tiny Fennel
& Shellfish-Red Wine Emulsion
Crawford Farm Lamb Loin & Rack with Butternut Squash,
French Lentils & Horseradish-Infused Cauliflower Puree
Roasted Italian Prune Plums with Buttermilk Sorbet & Pluot Soup
Sage Corn Scone wilh Papaya & Passion Fruit Foam
Mignardises
_______________________________________________________________
Fonte: O Restaurante, conceito e operação; Walker J.R. e Lundberg, D.E.
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Cortesia: Restaurante Bellaluna, São Paulo/SP
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63
Fonte: Menu Design, merchandising and marketing; Seaberg, Albin G.
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Apostila de Cardápios
64
Fonte: Menu Design, merchandising and marketing; Seaberg, Albin G.
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65
Ainda em relação ao formato e variedade de tipos de cardápios,
podemos classificá-los, de uma forma bem ampla, como:
Simples (one-panel menu)
São aqueles cardápios confeccionados em apenas uma folha, no qual
há a possibilidade de uso da frente e do verso da carta. É um tipo de cardápio
bem informal.
Uma dobra
Esse tipo de cardápio permite o uso de várias páginas, somente com
uma dobra central, da mesma forma que um livro.
É um tipo de cardápio bastante tradicional, bastante adequado para
restaurantes familiares e internacionais.
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66
Duas dobras (three-panel menu)
Esse cardápio deve ser confeccionado em uma grande folha de papel
dobrada de uma forma adequada (duas vezes).
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67
É um menu bastante informal, no qual pode-se listar uma grande
variedade de itens.
É muito utilizado em restaurantes voltados ao público jovem.
Outras variações
Na variação abaixo - um menu com várias dobras - os painéis menores
(laterais) também podem ser utilizados para discriminar itens como bebidas ou
petiscos.
Fonte das últimas figuras: Menu Design, merchandising and marketing; Seaberg, Albin G.
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68
Ponto Focal
Já foram realizados estudos sobre o ponto no qual as pessoas
primeiramente fixam os olhos, seja quando estão lendo uma revista, um jornal,
um panfleto, um folder e até mesmo um menu.
A esse ponto se dá o nome de ponto focal (focal point).
Dessa forma, quando estamos planejando um menu, esse ponto pode e
deve ser explorado pelo restaurante para estimular a venda de determinados
pratos.
O ponto focal muda de acordo com o tipo e formato do cardápio. Veja a
seguir o ponto focal (área listrada) de cardápios simples, com uma dobra e
duas dobras:
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69
Sugestão do Chef
Muitos restaurantes oferecem a sugestão do chef (sugestão do dia,
especial do dia). Essa estratégia pode ter várias finalidades, porém
independentemente de qual é o seu objetivo essa sugestão deve figurar em um
local de destaque no cardápio, justamente em uma área que se encontra
dentro do ponto focal.
A sugestão do chef pode ser uma ótima estratégia para se testar uma
nova preparação que futuramente será incluída no cardápio, e deve-se
entender que essa sugestão não é eterna, e deve ser constantemente
atualizada.
Segundo Frederico Vasconcellos, em Menu: como montar uma cardápio
eficiente, a sugestão do chef, em destaque no cardápio, é uma importante
ferramenta de marketing para o restaurante, dessa forma, alguns cuidados são
necessários:
• Separar uma área no ponto focal para a inclusão de um cartão com a sugestão;
• O preço da sugestão deve ser compatível com os outros pratos da casa.
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70
No caso de um menu completo, como sugestão do dia – entrada, prato
principal, sobremesa e algumas vezes uma bebida, é importante que o valor
traga vantagens para o cliente, e não seja simplesmente a soma dos pratos.
Muitos restaurantes optam por essa estratégia no serviço de almoço, e
denominam essa prática de menu executivo, com um preço bastante
convidativo.
Fonte das últimas figuras: Menu: Como montar um cardápio eficiente; Vasconcellos, Frederico.
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71
Ficha Técnica
Atualmente, o setor de alimentos de bebidas, juntamente com a
remuneração da mão-de-obra especializada, representa um alto custo para um
restaurante ou afim. Para garantir a sobrevivência e o crescimento do negócio,
o uso de ferramentas de controle passou a ser fundamental.
Com base nessa premissa, a Ficha Técnica visa estabelecer
procedimentos de elaboração e montagem dos pratos listados no cardápio,
além de ajudar na elaboração dos preços de vendas.
A ficha técnica é um dos documentos mais importantes dentro de um
restaurante e pode ser conceituada como uma receita padronizada, segundo
Frederico Vasconcellos, em Menu: como montar um cardápio eficiente. A
definição de receita padronizada é perfeita, uma vez que a ficha técnica
registra de forma precisa a matéria prima utilizada, a quantidade necessária, os
custos envolvidos na elaboração da produção, e discrimina, inclusive, o
processo de elaboração do item – etapas de preparação e montagem dos
pratos.
A ficha técnica é, portanto, um instrumento gerencial e de apoio
operacional. É um instrumento gerencial, pois, a partir da elaboração de uma
ficha técnica, pode-se fazer o levantamento dos custos. Por outro lado, é um
instrumento operacional, pois garante padronização nas etapas de elaboração
de um prato, desde o seu início até a montagem final – uma das razões para
anexarmos uma foto do prato finalizado à ficha técnica.
Segundo Vasconcellos, a ficha técnica proporciona as seguintes
vantagens:
• Diminuir as perdas na cozinha;
• Dinamizar o trabalho da brigada de sala, os quais terão acesso às
fichas, podendo assim conhecer os pratos em detalhes;
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72
• Facilitar a preparação dos pratos;
• Permitir o bom treinamento de novos cozinheiros;
• Facilitar o trabalho do setor de compras;
• Ajudar no controle dos desvios;
• Garantir ao cliente qualidade e quantidade;
• É a base de cálculo do preço de venda dos pratos.
Em adição ao colocado anteriormente, é por meio do arquivamento das
fichas técnicas que podemos manter um histórico das preparações já
oferecidas pelo restaurante, ou de preparações básicas, como caldos, fundos,
molhos ou guarnições simples, como um arroz branco, e que são
constantemente utilizados na elaboração de outras receitas.
No caso de preparações básicas como, por exemplo, molho bèchamel –
a partir da ficha técnica desse molho (em arquivo) esse item poderá constar na
receita de outros pratos, sem haver a necessidade de listar seus ingredientes
novamente, uma vez que os mesmos já foram discriminados e o seu custo final
foi previamente estabelecido na sua própria ficha técnica.
Estrutura da ficha técnica
O exemplo a seguir se refere a elaboração de uma torta individual de
morango, composta por uma base, recheio de creme e cobertura de morangos
e geléia de brilho.
De acordo com o proposto anteriormente, sobre o uso de fichas técnicas
arquivadas, veja como a última ficha técnica – a finalização da Torta de
Morango é elaborada com o uso de duas outras fichas técnicas previamente
elaboradas e arquivadas.
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73
Para se obter uma ficha técnica perfeita deve-se observar o
preenchimento correto de cada um desses campos:
PÂTE SUCRÉE
Rendimento: 5 bases 7 cm de diâm.
FOTO
Produto Un. Quant.
Líquida Valor
Unitário Rendimento Quant.
Bruta Valor Total
Farinha de trigo refinada
Kg 0,220 R$ 1,50 100% 0,220 R$ 0,33
Açúcar refinado Kg 0,075 R$ 1,27 100% 0,075 R$ 0,10 Manteiga integral sem sal
Kg 0,100 R$ 7,90 100% 0,100 R$ 0,79
Fermento em pó químico
Kg 0,002 R$ 13,60 100% 0,002 R$ 0,03
Ovos Un 1,000 R$ 0,17 100% 1,000 R$ 0,17
Valor total da preparação
R$ 1,41
Valor da porção (1 base)
R$ 0,28
Modo de preparo
1.
2.
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74
CRÈME PÂTISSIÉRE
Rendimento: 8 tortas 7 cm de diâm.
FOTO
Produto Unidade Quant.
Líquida Valor
Unitário Rendimento Quant.
Bruta Valor Total
Amido de milho Kg 0,040 R$ 3,95 100% 0,040 R$ 0,16 Açúcar refinado Kg 0,120 R$ 1,27 100% 0,120 R$ 0,15 Manteiga integral sem sal
Kg 0,050 R$ 7,90 100% 0,050 R$ 0,40
Leite integral Kg 0,500 R$ 1,20 100% 0,500 R$ 0,60 Ovos Un. 6,000 R$ 0,17 100% 6,000 R$ 1,02
Valor total da preparação
R$ 2,33
Valor da porção (100 g de creme)
R$ 0,29
Modo de preparo
1.
2.
TORTA DE MORANGO
Rendimento: 1 torta de 7 cm de diâm.
FOTO
Produto Unidade Quant.
Líquida Valor
Unitário Rendimento Quant.
Bruta Valor Total
Morangos frescos Kg 0,080 R$ 8,00 90% 0,089 R$ 0,71 Crème pâtissiére Kg 0,100 R$ 0,29 100% 1,000 R$ 0,29 Pâte sucrée base 1 R$ 0,28 100% 1,000 R$ 0,28 Geléia de brilho Kg 0,015 R$ 10,00 100% 0,015 R$ 0,15
Valor total da preparação
R$ 1,43
Valor da porção R$ 1,43 Valor preço de venda R$ 5,50
Modo de preparo
1.
2.
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75
Formação do Preço de Venda
A formação correta do preço de venda de um produto ou serviço é uma
das tarefas mais importantes dentro dos estabelecimentos relacionados à
grande área conhecida por nós como Alimentos e Bebidas. Ao formatarmos
esse valor devemos ter em mente que o mesmo é formado por meio de uma
somatória complexa de custos fixos e variáveis, onde são considerados itens
como matéria-prima, gastos com mão-de-obra, gastos operacionais, além de
impostos.
Segundo Frederico Vasconcellos, em Menu: como montar um cardápio
eficiente, o autor cita de uma forma bem clara, que o preço fixado para a venda
de um produto deve ser capaz de:
• Cobrir os custos variáveis advindos do produto ou serviço;
• Cobrir os custos fixos e operacionais da empresa;
• Prover uma boa lucratividade, com vistas à manutenção da saúde
financeira do empreendimento, bem como a sua longevidade.
Chegando a uma fórmula genérica de preço:
Preço de venda = custo variável unitário + custo fixo + lucro
Segundo Frederico Vasconcellos e Marcelo Traldi Fonseca existem
vários métodos para se calcular o preço de venda de um item ou de um prato,
e podem ser divididos basicamente em dois métodos: informais ou empíricos,
pois se baseiam na intuição ou na experiência das pessoas envolvidas; e os
formais ou científicos, os quais consideram os custos de produção diretos e
indiretos.
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76
Métodos informais ou empíricos
Os métodos informais excluem qualquer análise de custo que incidem na
produção. Veja a seguir quais são esses métodos:
Intuição
Não é o método mais seguro, mas não podemos dizer se é certa ou
errada, pois muitos empreendedores foram bem sucedidos utilizando esse
método.
A formação do preço por esse método vem do conhecimento e
experiência do empreendedor juntamente com a sua percepção de mercado,
em adição as necessidades e expectativas do público.
Com base nos competidores
É um dos métodos mais utilizados.
Primeiro deve-se fazer uma pesquisa de mercado para determinar que
são os seus competidores ou concorrentes.
Segundo Vasconcellos, os concorrentes dividem-se em duas categorias:
os primários ou diretos e os secundários. Os primários atuam dentro da mesma
faixa de mercado e com o mesmo produto, enquanto que os secundários
atuam na mesma região de influência, mas com um segmento diferente.
De acordo com esse método, usa-se o mesmo preço utilizado pelos
concorrentes.
Vale ressaltar que esse método só é eficiente se os custos forem
exatamente iguais aos dos concorrentes, e se o método de apuração de preços
do concorrente for eficiente. Caso contrário, como tão bem colocado por
Marcelo T. Fonseca, “...os dois competidores estarão cavando suas covas
juntos e nas mesmas proporções”.
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77
Seguindo o líder
É uma maneira de formatar o preço com base nos competidores, mas
nesse caso, determina-se que é o líder do mercado. Uma vez identificado
copia-se os preços, partindo-se do pressuposto de que se os preços são bons
para o líder, o serão para todos.
Psicológico
Nesse método estabelece-se o preço de venda baseando-se na
expectativa de gasto do cliente, sem levar em consideração os custos que
incidem na produção.
É um método bastante interessante quando o produto é novo e não há
concorrência ou similar no mercado.
Vale lembrar que esse método não exclui, futuramente, uma análise
mais detalhada de custos.
Tentativa e erro
É um método que parte da intuição e vai sendo adaptado ao longo do
tempo, de acordo com os erros e acertos cometidos, podendo levar ao lucro ou
ao prejuízo. Nesse caso, estabelece-se o preço por um período de tempo e
avaliam-se os resultados.
É uma prática um tanto arriscada, uma vez que só se tem idéia do
ocorrido após o fechamento do balancete.
Outro fato a ser discutido é a imagem do estabelecimento aos olhos do
consumidor. Em tempos de economia supostamente estável, como o presente
momento, os consumidores tem como comparar valores, sendo que um
aumento em algum item do cardápio será sentido com facilidade pelo cliente, o
que transfere uma imagem negativa ao produto e até mesmo ao
estabelecimento.
Curso de Tecnologia em Gastronomia
Apostila de Cardápios
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Referências Bibliográficas
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