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Charles Swindoll - A Busca do Caráter

Date post: 30-May-2018
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  • 8/14/2019 Charles Swindoll - A Busca do Carter

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    A Busca do CarterA Busca do Carter

    Charles SwindollTtulo original: The Quest for Character

    Traduo: Oswaldo RamosEditora Vida, 1991

    Digitalizado por Luz

    HTTP://SEMEADORESDAPALAVRA.QUEROUMFORUM.COM

    http://semeadoresdapalavra.queroumforum.com/http://semeadoresdapalavra.queroumforum.com/http://semeadoresdapalavra.queroumforum.com/http://semeadoresdapalavra.queroumforum.com/http://semeadoresdapalavra.queroumforum.com/http://semeadoresdapalavra.queroumforum.com/http://semeadoresdapalavra.queroumforum.com/http://semeadoresdapalavra.queroumforum.com/
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    Dedico este livro com todo afeto a meus colegasmais ntimos de ministrio:

    Paul Sailhamer Buck Buchanan

    Doug Haag

    Mel Howell Howie Stevenson

    A autenticidade, coerncia, integridade e lealdade quedemonstram tm sido de valor inestimvel para mim, aolongo dos anos em que temos trabalhado Juntos naPrimeira Igreja Evanglica Independente de Fullerton,

    Califrnia, EUA.Mediante o exemplo deles, convenci-me de que a

    busca do carter um objetivo que vale a pena perseguir.

    "Meus irmos, tende por motivo de grande gozo opassardes por provaes, sabendo que a prova da

    vossa f desenvolve a perseverana. Ora, aperseverana deve terminar a sua obra para quesejais maduros e completos, no tendo falta de coisaalguma." (Tiago 1:2-4)

    N D I C E :

    INTRODUO............................................................................................. ........4PARTE 1- GUARDESEUCORAO 10

    ALVOSDATENTAO....................................................................................... ..13

    O VERDADEIROSUCESSO.................................................................. .................17

    ENTORPECIMENTOGRUPAL..................................................... ............................20

    ASSASSINOENGAIOLADO....................................................................... .............25

    O JULGAMENTODE DEUS...................................................... ............................29

    CAPACHOS

    PORTA

    ........................................................................................ ..33RESTAURAO........................................................................ ........................36

    AQUELEDIA... ESTEDIA................................................................................. ....40

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    MENTESIMPLES............................................................................................... 44

    SOLIDONALIDERANA........................................................................ .............47

    SINCERIDADE.................................................................................. ................51

    HONESTIDADE................................................................................. ................54

    ONTEM, HOJEEAMANH................................................................................. ...58

    FESTAEFONTE......................................................................... ......................61CORRENDODEMEDO.......................................................................... ..............64

    UMAQUEDAESPIRALADA............................................................................... .....68

    RIGIDEZ........................................................................................................ .73

    CURIOSIDADE........................................................................................... .......78

    NEGLIGNCIADOSPAIS................................................................................. .....81

    BELEZA... DISTNCIA....................................................................... ...............85

    PARTE 2 - DO SEU CORAO 89DOISMINUTOSMEMORVEIS.............................................................................. ..95

    INFERIORIZADOS.......................................................................................... ...100

    INTERCESSO......................................................................................... .......104

    VEMFRENTE!............................................................................. ................108

    DETERMINAOFRREA.................................................................. .................111

    SEUSBRIOCHESAMANTEIGADOS.................................................................. .......115

    ENCANTO........................................................................................ .............118

    UMALEALDADESBIA................................................................................... ...122

    SATISFAO................................................................................................ ..126

    COISASQUENOMUDAMNUNCA.................................................................. ......129

    VERDADEIROTRABALHODEEQUIPE............................................................... ......133

    DEDICAO................................................................................. .................137

    SONHANDO................................................................................................. ..140

    CARICATURAS...................................................................... .........................144

    DOMQUEPERMANECE................................................................................... ..146UMTEMPOPARAAVERDADE................................................................... ..........151

    BOMSENSODESASSOMBRADO.................................................................. .........155

    FPROFUNDA................................................................................. ..............160

    LIBERTANDO-SE........................................................................... ..................165

    CONCLUSO.............................................................................. ...................170

    NOTAS..................................................................................... ...................174

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    INTRODUO

    "Minha primeira viso direta do Titanic duroumenos do que dois minutos; contudo, a

    imagem total de seu imenso casco,projetando-se a partir do fundo do mar,permanecer para sempre em minha vida.Agora, finalmente, encerrava-se a busca."1

    Assim escreveu Robert Ballard, aps descobrir o cascofantasmagrico do H.M.S. Titanic, deitado em seu bero

    solitrio, a mais de trs mil metros, no fundo do AtlnticoNorte. Durante mais de trs quartos de sculo o grandiosonavio revestiu-se de celebridade e lenda. Ei-lo de cascomergulhado em dcadas de podrido e sedimentos. Oconvs imundo e retorcido. Embora ainda impressione,graas s suas dimenses, o toque de elegnciadesapareceu. J no mais o gracioso barco que deslizou,cheio de pompa, em sua primeira viagem, no incio de abrilde 1912. Apenas cinco dias aps o comeo de sua jornadaromntica, a cidadela navegante foi aprisionada e afundadapor um "iceberg" insensvel, cruel, que a aguardava aquase 600 quilmetros a sudeste de Terra Nova.

    O resto constitui histria trgica bem conhecida. Onavio jaz silencioso e solitrio, derramando lgrimas deferrugem, no apenas por si mesmo, porm, mais aindapelas 1.522 almas que ele arrastou consigo.

    At que uma luz estroboscpica lhe penetrasse otmulo espantoso e lamacento, em primeiro de setembrode 1985, ningum sabia com certeza sua localizao.Naquele dia memorvel, o homem que havia amadodemais esse navio e, portanto, no podia esquec-lo, quehavia vivido os ltimos treze anos "dominado" pela"angustiosa busca desse barco", obteve sua primeira visodo transatlntico. At que ponto esse homem estavafascinado pela aparncia da nave? O suficiente para bater

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    53.500 fotos dela. O suficiente para esquadrinhar cadametro quadrado daquela figura gigantesca... quasetrezentos metros de comprimento, 30 de largura, 46.328toneladas. O suficiente para respeitar-lhe a privacidade edeix-lo como o encontrou, sem perturb-lo e inexplorado,

    visto que todas as tarefas propostas estavam executadas.Foi como Ballard escreveu, ao final de sua ltima visita:"...a busca do Titanic acabou. Que ele descanse em paz."2

    Misso cumprida.

    Em diversas ocasies, o explorador usou a mesmapalavra a fim de descrever seu sonho de toda a vida:"busca." Uma busca uma espcie de perseguio, uma

    procura intensa. Webster adiciona uma dimenso colorida definio: "... um empreendimento intrpido de romancemedieval, usualmente envolvendo viagens cheias deaventuras." provvel que isto fizesse Robert Ballard sorrir.De maneira bem estranha, sua jornada plena de aventurasconstitui, na verdade, um romance com um navio muitomais idoso do que ele.

    O que voc busca? Voc alimenta um "sonho de toda avida?" H alguma coisa "dominando sua vida" ao ponto decaptar e manter sua ateno durante treze anos ou mais?Qual a "jornada plena de aventuras" de que voc gostariade participar? Que descoberta voc gostaria de realizar?...Que empreendimento voc imagina em segredo? Se nohouver uma busca, a vida se reduz rapidamente a umandoa escura, mancha descorada, ou dieta montonademais para arrancar a pessoa da cama, de manh. Abusca alimenta nosso fogo. Impede que fiquemos boiandotorrente abaixo, apanhando escombros. Mantm nossamente engrenada, incita-nos a prosseguir. Todos nsestamos rodeados pelos resultados da busca encetada poralgum, os quais nos trouxeram benefcios. Permita-memencionar alguns nomes:

    Sobre minha cabea h uma brilhante lmpadaeltrica. Obrigado, dison

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    Sobre meu nariz tenho um par de culos que mepermite enxergar bem. Obrigado, Franklin.

    Em minha garagem h um carro pronto paraconduzir-me a qualquer lugar para onde eu o dirigir.

    Obrigado, Ford. Pelas prateleiras de minha biblioteca espalham-se

    livros cheios de coisas interessantes, de pesquisascuidadosamente conduzidas. Obrigado, autores.

    Idias, memrias, pensamentos estimulantes,habilidades criativas e percias relampejam atravsde minha mente. Obrigado, Professores.

    Bem dentro de mim h traos de personalidades,convices fortes, uma certeza sobre o que certoe o que errado, o amor de Deus, uma bssolatica, um compromisso perptuo para com minhaesposa e famlia. Obrigado, pais.

    Bem embrulhados nas dobras de minha vida esto

    a disciplina e a determinao, a recusa terminantede desistir quando a situao se torna difcil, umamor pela liberdade existente em nosso pas, umrespeito pela autoridade. Obrigado, fuzileirosnavais.

    Chegam a meus ouvidos, durante o dia todo,trechos de msica linda, dos quais cada pedacinho

    representa um misto diferente de melodia e ritmo...harmonia que permanece. Obrigado, compositores.

    Em casa, h um ambiente pacfico, cheio demagnetismo, ambientao agradvel aos olhos,papis de parede de cores atraentes, mveis debom gosto, confortveis, abraos afetivos, umabrigo em tempos tempestuosos. Obrigado,

    Cynthia.Eu poderia prosseguir nesta lista, at a pgina

    seguinte. Voc tambm. S porque algumas pessoas

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    dedicaram-se a sonhar, a perseguir seus sonhos, aacompanh-los e completar sua busca, nossas vidastornaram-se mais confortveis, mais estveis. Isto suficiente para incentivar-me a prosseguir, se no servirpara mais nada.

    E voc? Sonha escrever um artigo, ou um livro?Escreva-o!

    Voc est tentando descobrir se todo esse trabalho notrato das crianas vale a pena? Claro que vale a pena!Continue!

    Gostaria de voltar para a universidade e concluir

    aquele curso? Volte a estudar!... pague o preo, ainda queisso leve anos!

    Voc se bem no meio da redecorao e j estcansada de toda essa confuso? Prossiga!

    Voc est tentando dominar um ofcio, e o exigetempo, pacincia e energia (para no mencionar dinheiro)?V em frente!

    Voc no consegue tirar da cabea aquela melodia?Criou umas msicas que precisam ser postas em papel?Mos obra! V trabalhar! Est pensando em montar umnegcio pessoal? Por qu no? difcil encontrar satisfaoverdadeira a meio caminho da escada do sucesso, noempreendimento de algum.

    Deus est permanentemente em busca de algo. Vocj pensou nisso um dia? A busca de Deus o propsitotramado no estofo do Novo Testamento. O padro que elepersegue est definido em Romanos 8:29, onde elepromete que nos conformar imagem de seu Filho. Outrapromessa est registrada em Filipenses 1:6, onde lemosque ele iniciou boa obra em ns e no vai interromp-la.Noutro passo bblico, ele chega a chamar-nos de "feitura"

    sua (Efsios 2:10). Ele est nos martelando, limando,esculpindo, dando-nos forma! A segunda carta de Pedrochega ao ponto de relacionar alguns dos objetivos dessa

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    busca encetada por Deus: diligncia, f, virtude, conhe-cimento, domnio prprio, perseverana, piedade, fraterni-dade e amor (2 Pedro 1:5-7). Numa palavra: carter.

    Qualidades de carter slido em seus filhos eis abusca de Deus busca incansvel. A luz estroboscpica deDeus no cessar sua busca enquanto no completar aobra. E quando que ela vai terminar? Quandodescansarmos em paz... nunca na vspera. S ento quea obra divina estar completa, em ns. Devemosagradecer-lhe por no desistir de ns, enquanto vamospassando pelo processo de desenvolvimento do carter.Obrigado, Senhor!

    disso que trata este livro. Minha inteno no foitorn-lo uma lista exaustiva de todas as qualidades queprecisamos discutir, ainda que as circunstncias semostrassem muito favorveis. Entretanto, inclumos aqui asque merecem nossa ateno imediata. Veja voc: Deus noopera no vcuo. Ele pode operar assim (e s vezes operamesmo), porm, no que concerne a traos do carter, ele

    nos empurra ao. A busca de Deus torna-se a nossabusca. Os interesses que vicejam no corao de Deustornam-se interesses que vicejam em nosso corao. Uso apalavra "corao" porque esse o termo que as Escriturasempregam para descrever o lugar onde primeiramente seformam aquelas qualidades dignas de serem cultivadas.Talvez devssemos chamar o corao de tero do carter.

    s vezes precisamos guardar nosso corao... proteg-lo contra invases, e mant-lo a salvo, em segurana. Vezou outra deveramos dar nosso corao... permitir quecertas qualidades saiam, liber-las para os outros. Vistoque ambas as opes constituem fatos reais, dividi estelivro de acordo com essa nfase dupla. Os primeiros vintecaptulos convidam-no a guardar seu corao a fim deimpedir que as coisas que no devem permanecer dentrodele consigam penetrar. Os ltimos vinte captulosdesafiam-no a dar seu corao, liberando qualidades que

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    precisam ser postas em uso, para o bem dos outros e paraa glria de Deus.

    Tiro o chapu para vrias pessoas quedesempenharam papis de vital importncia na elaboraodeste volume. Na Editora Multhomah, Larry Libby, meuamigo e editor de muitos anos, bem como Brenda Jose,com sua percia criativa, inimitvel, me proporcionaramajuda e encorajamento inestimveis. Sou devedor a ambos,pela competncia, cooperao e confiana quedemonstraram. Em meu escritrio, Helen Peters, minha fiele sempre coerente secretria, que vem mourejando comigoao longo de todas as obras que tenho publicado, merece

    outra salva de palmas. Enquanto viajo, vou rabiscandopensamentos, empilhando-os e colocando-os diante delanas condies mais variadas que se possa imaginar; minhasecretria aceitou esse desafio, com mxima graa, edatilografa tudo isso diligentemente, produzindo ummanuscrito. Em casa, Cynthia, Colleen e Chuck jamaisdeixaram de entender meu amor ao ministrio de escrever,

    e jamais me fizeram sentir culpa, quando os prazos finaisme obrigam a dizer no para eles, e sim para o meutrabalho. Em vez disso, diminuram suas exigncias eminimizaram suas expectativas. Chegam at a sorrirbenevolentemente diante de minha preocupao, quandomeu corpo est com eles mas minha mente est no livro.Trs salvas de palmas para esse trio!

    Agora, finalmente, tomo emprestado algo de RobertBallard: minha busca terminou. Bem, pelo menos esta quevoc tem nas mos. A outra busca aquela busca maior,sobre a qual escrevi em cada pgina deste livro essanunca terminar. Pelo menos enquanto eu no partir paradescansar em paz. Pelo resto de minha vida estareiguardando meu corao, e dando-o tambm. Deus jamaisinterromper a obra de martelar em mim aquelas coisas

    que precisam ser trituradas, nem parar de esmerilharminhas atitudes, de esculpir meu carter. Diferentementedo homem que encerrou sua busca ao localizar o Titanic,

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    prosseguirei minha busca de carter durante todos os meusdias. E voc tambm far isso.

    Meu magno desejo que estas pginas nos forneammais pacincia durante o processo, e maior perseverana,at o fim. Quando houvermos terminado a busca, tenhacerteza disto, estaremos na gloriosa presena de Deus,conformados imagem de seu Filho.

    Chuck Swindoll

    Fullerton, Califrnia

    Parte 1- Guarde seu coraoA vida uma selva.

    Quem jamais se viu enfiado at o pescoo nas areiasmovedias de prazos e exigncias inadiveis? Quem jamaistravou batalha com irritaes piores que crocodilos, nospntanos lodosos dos compromissos demasiado grandes,das realizaes demasiado pequenas, e da exausto total?Coroando tudo isso h os ataques de surpresa da crticacruel, que nos assalta como leo faminto, que nos rasgacom garras semelhantes s de panteras. S os mais fortes que sobrevivem. Dentre estes, os que so capazes dedetetar o perigo, e conhecem as tcnicas de auto-defesa,safam-se nas melhores condies.

    Jay Rathman um destes homens. Ele caava veadosna rea de vida selvagem de Tehema, perto de Red Bluff,ao norte da Califrnia, quando escalou a encosta de umprecipcio grantico, segurando-se borda. Ao erguer acabea para olhar por cima da borda, percebeu ummovimento direita de seu rosto. Uma cascavel enroscadaatacou-o com rapidez de relmpago e por um triz no lhe

    abocanhou a orelha direita."As presas da serpente de 1,20 m enroscaram-se na

    gola olmpica do suter de l de Rathman. A fora do

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    ataque fez com que a serpente lhe casse no ombroesquerdo. Em seguida, ela se lhe enrolou no pescoo.

    Rathman agarrou-a por trs da cabea, com a moesquerda, podendo sentir o veneno quente a escorrer-lhepelo pescoo. O guizo agitado produzia um rudo furioso.

    O homem caiu para trs, estatelando-se de cabeapara baixo e rolando pela encosta ngreme, atravs domato e pedras vulcnicas, seu rifle e binculo despencandojunto.

    "Infelizmente", disse Rathman, ao descrever o in-cidente a um oficial do Departamento de Caa e Pesca,

    "acabei encravado entre as rochas; meus ps ficarampresos, na descida, e l fiquei eu de cabea para baixo,quase sem poder mover-me."

    Conseguiu pegar o rifle com a mo direita e usou-opara desenroscar as mandbulas do suter; mas a cobratinha condies de atacar outra vez.

    "Ela fez cerca de oito tentativas e conseguiu atingir-me

    com a ponta do focinho, bem abaixo de meu olho, cerca dequatro vezes. Fiquei com o rosto virado, de maneira que acascavel no tinha ngulo favorvel para enfiar-me aspresas; mas a cabea dela estava bem perto de mim. Eu ea bicha encaramo-nos olho no olho; descobri ento que ascobras no piscam. Aquelas presas mais pareciam agulhasamaldioadas... Tive de estrangular a serpente. No tive

    outro jeito. Meu receio era que se todo o meu sangue medescesse cabea, eu viesse a desmaiar."

    Quando Rathman tentou atirar o rptil morto de lado,no o conseguiu.

    "Com a mo direita, tive de soltar os dedos da es-querda, um por um, do pescoo da cobra."

    Rathman, de 45 anos, trabalha no Departamento deDefesa, em San Jos. Calcula que seu embate com aserpente tenha durado 20 minutos.

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    O guarda Dave Smith diz o seguinte, ao registrar seuencontro com Rathman:

    "Ele caminhou na minha direo segurando este guizo.Parecia sorrir ao dizer-me: 'Gostaria de registrar umaqueixa a respeito desta sua vida selvagem aqui.' "

    Quando li pela primeira vez esse relato de arrepiar oscabelos, percebi como o combate de Rathman parece-setremendamente com nossa vida diria. No momento maisinesperado somos atacados. Com fora traioeira, taisassaltos de cascavel tm um jeito de desequilibrar-nos,enquanto se enroscam em ns. Vulnerveis e expostos,podemos facilmente sucumbir diante de tais ataques. Essesassaltos so freqentes e multi-variados: dores fsicas,traumas emocionais, estresse relacionai, dvidasespirituais, conflitos matrimoniais, tentaes carnais,reveses financeiros, assaltos demonacos, desapontamen-tos profissionais... pam, pam, pam, pam, PAM!

    Lutamos encarniadamente em busca desobrevivncia, sabendo que qualquer arremetida do inimigopode atingir o alvo e inocular o veneno paralisante,imobilizador, que nos deixar incapacitados. Qual essealvo, exatamente? O corao? ele sim, esse rgo ondenasce a esperana, onde se tomam as decises, onde oscompromissos so fortalecidos, onde a verdade armazenada e, principalmente, onde o carter (essa coisaque nos d profundidade e nos torna sbios) se forma.

    No de admirar que o sbio da antigidade j nosadvertia:

    "Ouve tu, filho meu, e s sbio, e dirige no caminhocerto o teu corao" (Provrbios 23:19).

    A busca do carter exige que certas coisas sejammantidas dentro do corao, enquanto outras precisam sermantidas longe dele. Um corao desguarnecido significa

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    desastre. Um corao bem guarnecido significasobrevivncia. Se voc espera sobreviver na selva, evencer em todos os ataques traioeiros, voc precisaguardar seu corao.

    As pginas que se seguem o ajudaro, encorajando-o aperseverar nessa busca.

    ALVOSDATENTAO

    Fortuna. Fama. Poder. Prazer.

    No que concerne s tentaes, aqui esto os maioresviles.

    No que no existam outras armadilhas e tropeos.Existem, e quantos! Mas os quatro acima representamnossos elos mais fracos na corrente de resistncia... asaberturas mais visveis em nossa armadura. Se o inimigode nossas almas deseja lanar um de seus "dardosinflamados" num ponto em que produzir maior impacto,far uma escolha dentre estes quatro principais alvos.

    FORTUNA.

    Dinheiro, dinheiro, dinheiro. Coisas que tm umaetiqueta de preo. Bens materiais. Objetos tangveis. E que

    h por trs de tudo isso? O desejo de possuir, de apossar-se, de juntar riquezas, ficar rico; enfrentemos a realidade: odesejo de parecer rico. Trata-se da obsesso de razesprofundas, no sentido de impressionar os outros e tambmdeliciar-se na velhssima coceira denominada "quero mais."Sempre mais. O bastante nunca bastante. A satisfaoest fora de questo.

    Tudo isto parece to claro no papel! Pinte essa coisa deverde e chame-a de cobia pura e simples... fcil de seranalisada neste momento objetivo. Porm, quando

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    deslizamos na corrente de gua e comeamos a nadar, eisque surge uma torrente (to sutil, de incio) que nos apanhae nos arrasta. Logo somos engolfados por ela, e atiradosnas cataratas, quase totalmente descontrolados. Paralivrarmo-nos e iniciar nova trajetria noutra direo (nunca

    sutil, nunca fcil!) precisamos de nada menos que o poderdo Deus Todo-poderoso. Jamais algum resistiu cobiasem que travasse uma luta ao mesmo tempo incansvel eferoz. O deus chamado Fortuna tem morte lenta e dolorosa.

    FAMA.

    o anseio de ser popular. Ser membro da "gangue".Ser amado. Na verdade, algo mais do que isso. a fomede ser conhecido, de criar um nome para si mesmo. Inclui aperseguio do melhor lugar, o aperto de mos certas, abatida nas costas certas, estar nos ambientes certos...manipulando e cavando habilmente. O tempo todo h umapreocupao jamais pronunciada em torno de uma agendaegocntrica, oculta: que o seu nome fique l em cima, sobo foco dos holofotes. A insegurana assim revelada estentre o pattico e o nauseante.

    No me entenda mal. Para algumas pessoas, a famachega de surpresa. Nada mais do que o subproduto deum trabalho bem feito, isento de estratgia maliciosa. Sem jamais nutrir qualquer desejo de ser bem conhecido,algumas pessoas so atiradas no centro do palcoindependentemente de seus prprios desejos. Tudo bem:que elas continuem a examinar suas motivaes e amanter o equilbrio. A fama pode ser o atrativo principal. Asalturas so estonteantes. Um brincalho disse, jocosamente: "A fama, semelhana da fumaa, inofensiva se voc no a inalar."4 As pessoas queconseguem domin-la com graa, no se permitem

    esquecer quo imerecedoras so. Com freqncia, taispessoas tm origens muito humildes. Como a famosacontralto Marian Anderson, que afirmou que o momento

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    mais importante de sua vida ocorreu quando ela chegouem casa e disse sua me que no precisaria mais lavar aroupa das pessoas, dali por diante.

    PODER.Os que buscam o poder desejam controlar, governar

    os outros. Querem ocupar cargos de autoridade e fazer ascoisas sua maneira, conforme sua vontade. Manipulam emanobram as pessoas, a fim de ficar em posio deautoridade, de tal maneira que consigam dominar os outrose mant-los obedientes. Embora alguns consigam realizar

    isto como mestres da fraude, escondendo a verdade pordetrs de mscaras sorridentes e palavras piedosas, seuestilo dominador torna-se evidente quando as pessoas quesupostamente deveriam obedecer no obedecem e, aocontrrio, exercem alguma forma de independncia criativae sadia. "Antema!" grita o ditador. E zs! o chicote entraem ao. As pessoas que anseiam pelo poder demonstrammnima tolerncia pelos indivduos que pensam com suasprprias cabeas e falam segundo suas prprias idias.

    Por alguma estranha razo, as fileiras religiosas estoinchadas de pessoas que sucumbiram diante desta formaespecial de tentao. D a certas pessoas autoridadesuficiente para liderar, conhecimento bblico suficiente paracitaes escritursticas e necessidade de obter sucesso, eno passar muito tempo para voc pensar que Csar sereencarnou. No de surpreender que Pedro, ao dirigir-seaos que pastoreiam o rebanho de Deus, advertiu-os contraserem "dominadores dos que vos foram confiados" (1 Pedro5:3). Lderes enlouquecidos pelo anseio de poder esmagammais ovelhas do que poderamos imaginar. A tragdiaparticular disto que as ovelhas esmagadas no sereproduzem e, alm disso, raramente se recuperam de

    todo.

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    PRAZER.

    "Se voc se sentir bem..." Ah! termine voc mesmo oadgio. Talvez seja nosso ponto mais vulnervel tentao:o prazer, que significa o desejo de satisfazer-sesensualmente, no importa o custo. Pode ser to inocentecomo um pequeno divertimento, ou to srdido como umarelao sexual ilcita. No estou interessado no ato, mas naatitude. "Quero o que quero quando quero. Vou ser feliz,preciso realizar-me, gratificar meus desejos... a despeitode!"

    No, de modo nenhum samos por a dizendo as coisasassim, abertamente. Entretanto, com essa intensidade deprazer sensual que o prazer perseguido. E ao faz-lo,racionalizamos as Escrituras, baixamos nossos padres demoralidade, desprezamos as punes da conscincia e,assim, convencemo-nos no apenas de que est tudo bem,mas de que aquilo uma necessidade! Se, de algumaforma, algumas vises de Deus interrompem nossabrincadeira no "playground", temos meios de ignor-lo,

    tambm. Dessas pessoas diz Paulo que so insensatas eloucas:

    "Pois tendo conhecido a Deus, no o glorificaram comoDeus... antes seus raciocnios se tornaram estultos, eseus coraes insensatos se obscureceram. Dizendo-se sbios, tornaram-se loucos..." (Romanos 1:21-22).

    Fortuna. Fama. Poder. Prazer. No que concerne stentaes, estas so as maiorais. Resistindo contra cadauma delas, de peito aberto, cultivamos o carter dentro dens, no ntimo. Portanto, mantenha os olhos abertos, edeixe sua armadura bem mo. A batalha prossegue agoramesmo, bem acesa. Voc no pode confiar no "cessar fogo"

    de Satans.

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    "tomando, sobretudo, o escudo da f, com o qualpodereis apagar todos os dardos inflamados do ma-ligno" (Efsios 6:16)

    A Busca de Hoje

    O apstolo Joo escreve palavras muito fortes em 1Joo 5:19: "o mundo inteiro jaz no maligno." Em seguida,adverte-nos: "Filhinhos, guardai-vos dos dolos." doloscomo a fortuna, a fama, o poder e o prazer. Essa uma dasrazes porque os momentos devocionais com o Senhor tmtanto valor. Iluminam o foco de nossa vida. Corrigem nossaviso. Incendeiam nosso louvor. Redirecionam nossasprioridades. Tiram nossa ateno deste planeta, e colocam-na em coisas eternas.

    Leia 1 Joo 5.

    O VERDADEIROSUCESSO

    No diz o suficiente, mas o que diz bom. Refiro-mes reflexes de Ralph Waldo Emerson a respeito dosucesso:

    "Como medes o sucesso?

    Rir com freqncia, e muito; Ganhar orespeito de pessoas inteligentes e o afeto dascrianas; Obter a apreciao de crticoshonestos e agentar firme a traio dosfalsos amigos; Apreciar a beleza; Descobrir oque h de melhor nos outros; Deixar o mundoum pouco melhor, seja mediante uma crianasadia, uma situao social redimida, ou umatarefa bem executada; Saber at que outrem

    recebeu o sopro da vida s porque voc viveu isto ser bem sucedido."5

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    Fiquei impressionado. Aprecio tanto o que deixou deser mencionado quanto o que est explcito. Emersonjamais se refere a dinheiro, status, posio ou fama. Nadadiz acerca do poder sobre as pessoas. Tampouco sobreriquezas. Ou auto-imagem super-intimidativa. No coloca

    nfase em tamanho, nmeros, estatsticas, e tampouconoutros pontos no essenciais, luz da eternidade.

    Leia outra vez essas palavras. possvel que voctenha perdido alguma coisa na primeira leitura. Preste maisateno, desta vez, nos verbos: "rir... ganhar... obter...agentar... apreciar... descobrir... deixar... saber..." Ao longode todo o texto, a nfase recai em algo fora de ns

    mesmos, no ? Para mim, esse o elemento que mais meconforta, dentre todos. Tambm uma pea rara, dentre asda literatura que trata do sucesso.

    Enquanto vagueio pela propaganda sobre o sucessoque se escreve hoje, noto que a predominncia do foco deateno est no "eu" externo da pessoa como possoparecer to esperto, que impresso fantstica eu posso

    produzir, quanta riqueza consigo acumular e quototalmente posso controlar as coisas, ou quo rapidamentesou promovido ou... ou... ou. No consigo ler nada equero dizer nada mesmo que coloque nfase no corao,no ser interior, na sede de nossos pensamentos,motivaes e decises. Nada, isto , com exceo dasEscrituras.

    interessante que a Bblia diz muito pouco sobre osucesso, mas muita coisa sobre o corao, onde se originao verdadeiro sucesso. No de admirar, pois, que Salomotenha desafiado seus leitores, dizendo:

    "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teucorao, pois dele procedem as sadas da vida"

    (Provrbios 4:23)

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    Est certo: "guarda o teu corao." Coloque umasentinela de planto. Vigie-o cuidadosamente. Proteja-o.D-lhe toda ateno. Mantenha-o limpo. Jogue fora oentulho. ali, lembre-se, que coisas ruins conseguemesconder-se facilmente, como:

    "...maus pensamentos, os adultrios, as prostituies,os homicdios, os furtos, a avareza, as maldades, oengano, a lascvia, a inveja, a blasfmia, a soberba, ea loucura" (Marcos 7:21-22).

    Voc sabe, so aquelas coisas que por fim emergem,quando o doce e tirnico odor de sucesso nos intoxica,fazendo que "as fontes da vida" exalem veneno. Como importante o corao! nele que se forma o carter. S ocorao detm os segredos do verdadeiro sucesso. Seustesouros no tm preo, so inestimveis mas podemser roubados.

    Voc est guardando seu corao? Diga-o com todahonestidade: voc guarda seu corao? As razes horrendase venenosas do pecado encontram nutrientes no ntimo denosso corao. Embora pareamos bem-sucedidos,ressoemos como bem-sucedidos, falemos a respeito desucesso, e at nos vistamos para o sucesso, podemosestar, na verdade, deriva. Podemos estar sofrendo deuma eroso interna daquelas coisas que nossos lbios

    esto alardeando publicamente. Isto se chama fingimento.Um termo mais severo hipocrisia... e as pessoas bem-sucedidas conseguem ser tremendamente hbeis nesse jogo. Agradeo ao Sr. Joseph Bayly, j falecido, estaspalavras:

    "Jesus advertiu seus discpulos: devemosprecaver-nos contra a hipocrisia, que fingir

    ser algo que na verdade no somos, ou agircom uma mscara cobrindo-nos o rosto. Ahipocrisia um terrvel sinal de que h srios

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    problemas em nosso corao que saguarda o dia em que sero expostos. como John Milton afirmou em Paraso Perdido:'Nem homens nem anjos conseguemdiscernir a hipocrisia, o nico mal que age

    invisivelmente exceto Deus'."6Os pensamentos de Emerson a respeito do sucesso

    so profundos; vale a pena memoriz-los. Contudo, estaquesto da guarda do corao exige algo mais a seracrescentado. essencial que o guardemos no se tratade algo opcional. No fcil guard-lo. No se processanaturalmente. Requer honestidade. Exige pureza.

    O sucesso pode transformar-se facilmente emfracasso. Basta que baixemos a guarda.

    A Busca de Hoje

    Ser como Cristo. Eis nosso objetivo, com todafranqueza e simplicidade. Parece um objetivo pacfico,

    relaxante, fcil. Mas, pare um pouco e pense. Ele aprendeuobedincia mediante o sofrimento que lhe sobreveio. Eassim ocorre conosco. Ele suportou todos os tipos detentaes. E assim as devemos suportar. Nosso alvo serparecidos com Cristo. Entretanto, isso no fcil, tampoucorpido ou natural. coisa impossvel para a carne, demoraa acontecer, e de escopo sobrenatural. S Cristo pode

    realizar esse objetivo em ns.Leia Marcos 7.1-23.

    ENTORPECIMENTOGRUPAL

    Diga-me: onde que voc estava na manh de 16 demaro de 1968? Ah, tampouco eu me lembro! Entretanto,h um grupo de homens que no conseguem esquecer.

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    Ainda que jamais se renam outra vez, nunca mais seesquecero daquela manh.

    Esses camaradas tinham uma tarefa dura...receberam uma daquelas misses tipo "descubra-e-destrua", uma clula de combate pertencente BrigadaOperacional Barker, incumbida de invadir um pequenogrupo de aldeias, conhecidas coletivamente como MyLai,na provncia de Quang Ngai, no Vietn do Sul. Treinados eagrupados muito s pressas, a maioria desses homens erainexperiente em batalha. Durante um ms inteiro,anteriormente a MyLai, no haviam tido sucesso algum nascampanhas militares. Embora no houvessem conseguido

    que o Vietcongue se engajasse numa guerra verdadeira, astropas americanas vinham sofrendo, todavia, algumasbaixas desmoralizantes, por causa de algumas minasterrestres e armadilhas tolas, mas traioeiras. Acrescente-se a isso uma alimentao deficiente, grandes enxames deinsetos, calor opressivo, chuva e humidade tropicais, mais afalta de sono, e voc ter um quadro da origem da loucura.

    A confuso quanto identidade do inimigo tampoucoajudou em alguma coisa. Vietnamitas e vietcongues tinhama mesma aparncia. Visto que pouqussimos usavamuniformes, distinguir os combatentes dos no-combatentesera mais do que difcil. Voc acreditaria que isso seria, naverdade, impossvel?

    Olhando para trs, ao longo dos anos, a partir de1968, com a calma objetividade que o tempo e a histriaprovem, no exagerado afirmar que as instrues dadastanto aos homens recm-recrutados, quanto aos oficiaissubalternos, na noite anterior que precedeu o ataque,foram pelo menos incompletas e ambguas. Supunha-seque a tropa toda estivesse familiarizada com a Convenode Genebra, segundo a qual crime hostilizar qualquerno-combatente (e, no que concerne conveno, at

    mesmo o combatente) que largou suas armas devido aferimentos ou doena. Provavelmente alguns soldadosdesconheciam, tambm, a "Lei da Guerra Terrestre",

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    exarada no Manual de Campo do Exrcito dos EstadosUnidos, segundo a qual quaisquer ordens que violam aConveno de Genebra so ilegais e no devem serobedecidas. Ponto final.

    Quando a companhia "Charlie" esgueirou-senervosamente pela regio de MyLai, naquela manh, nodescobriu um nico combatente sequer. Ningum estavaarmado. Ningum atirou nos americanos. S havia alimulheres, crianas e velhos desarmados.

    O que ocorreu, em seguida, no ficou devidamenteesclarecido. Ningum consegue reproduzir a ordem exatados acontecimentos; e ningum nega, todavia, osresultados trgicos: Entre quinhentos e seiscentosvietnamitas foram mortos de vrias maneiras. Em algunscasos, os soldados pararam porta de uma cabana e aretalharam com fogo de armas automticas e semi-automticas, matando todos quantos estavam l dentro.Outras pessoas foram alvejadas quando tentavam fugir,algumas das quais seguravam bebs nos braos. O

    morticnio de maior escala ocorreu na aldeia de MyLai 4,onde o primeiro peloto da companhia "Charlie", sob ocomando de um jovem tenente chamado William L. Calley,Jr., reuniu os habitantes como gado, em grupos de vinte, ouquarenta, ou mais, e liquidou-os a rifle, metralhadora ougranadas.

    A matana levou bastante tempo, algo como toda a

    manh. O nmero de soldados envolvidos s se consegueestimar. Talvez uns poucos, algo como cinqenta, de fatopuxaram os gatilhos e pinos de granadas; mas razoavelmente certo presumir-se que cerca de duzentosdeles testemunharam de modo direto a matana.Poderamos supor que dentro de uma semana pelo menosquinhentos soldados da Brigada Operacional Barker sabiamque alguns crimes de guerra haviam sido cometidos. Nofim, se voc se lembra bem, consideraram-se acusaescontra vinte e cinco soldados, dos quais s seis foram aotribunal. Finalmente, apenas um deles foi condenado, o te-

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    nente Calley... embora, se quisssemos ser bemespecficos, muitos outros tambm fossem culpados. Devolembr-lo de que deixar de comunicar um crime em simesmo tambm crime. Durante o ano que se seguiu,imagine quantos membros da Brigada Operacional Barker

    tentaram relatar a matana. Nenhum.O povo norte-americano s soube dos

    acontecimentos de MyLai por causa de uma carta que RonRidenhour escreveu a diversos congressistas trs mesesaps seu retorno vida civil, no final de maro de 1969...mais de um ano aps o massacre.

    Basta de 16 de maro de 1968. Aconteceu e pronto.Acabou-se. No alimento o desejo de eleger-me juiz e jri, eapontar um dedo acusador na direo de mais algunssoldados que tentam refugiar-se num fio de navalha. Esseshomens no precisam de condenaes suplementares(francamente, eu os admiro at mesmo por terem ido l,para tentar cumprir suas obrigaes); entretanto, todos nspodemos beneficiar-nos de uma avaliao breve.

    Para mim, MyLai uma ilustrao clssica daquiloque determinado profissional denominou de"entorpecimento psquico" que com freqncia ocorre numgrupo.... semelhana de certa forma de anestesiaemocional auto-induzida. Nas situaes em que nossossentimentos, nossas emoes so tremendamentedolorosos ou desagradveis, o grupo auxilia na capacidade

    de anestesiar-se mutuamente, uns aos outros. A pessoa sesente bastante encorajada por estar no meio de outros quefazem a mesma coisa. Em vez de pensar com preciso,sobrepesando com exatido o que certo e o que errado,a pessoa acha que possvel e at mesmo fcil jogara responsabilidade moral em cima de algum do grupo.Dessa maneira, no s o indivduo abandona suaconscincia, mas a conscincia do grupo, como um todo, setorna to fragmentada e diluda que quase como se noexistisse. O Dr. Scott Peck descreve o caso com muitavivacidade, em seu livro "People of the Lie" (Povo da

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    Mentira): "A coisa bem simples... o horrvel se tornanormal, e perdemos nosso senso do horror. Simplesmente odesligamos."7

    Isso explica porque a presso grupal doscompanheiros to poderosa, to potencialmenteperigosa. Torna-se a motivao mais importante por detrsdas experincias que envolvem drogas, promiscuidadesexual, auto-entrega grupal a algum tipo de seita religiosa,ou procedimento financeiro ilegal. O sorriso amarelo, ou osgritos da maioria, conseguem intimidar a integridade. Se talfato pode acontecer a soldados no sudeste da sia, podeacontecer tambm a pessoas como voc e eu. Por isso,

    mantenha-se alerta! Quando surge a presso que vemempurrando, procure pensar de maneira independente.Pense biblicamente. Faa o mximo possvel para conduzir-se segundo sua cabea, e no segundo suas emoes. Sevoc fracassar nesta deciso, vai perder sua bssola ticanalgum ponto entre seu desejo de ser amado e o deproceder corretamente.

    "No vos enganeis", adverte o apstolo que, comfreqncia, via-se sozinho, "as ms companhias corrompemos bons costumes" (1 Corntios 15:33). O entorpecimentogrupal apresenta a possibilidade de pairar quaseindefinidamente num padro de conduta destitudo deconscincia e comprometido com o mal.

    Ser que voc duvida disso? Pense em Jonestown. Ou

    em Watergate. Ou nas experincias com LSD patrocinadaspela CIA. Ou no Holocausto. Ou na Inquisio. Ou no grupoque clamava: "Crucifica-o!"

    Diga-me: ser que existe algum grupo tentandoentorpec-lo?

    A Busca de HojeNum mundo impessoal, de mudanas rpidas, em que

    ns nos sentimos mais semelhantes a um nmero do que a

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    uma pessoa, torna-se fcil acreditar que nossorelacionamento vertical continua a ser o mesmo. Rostossem nome diante de um Deus preocupado; pessoasapressadas envolvidas em atividades destitudas desentido, fteis. Mas, a coisa no assim. A Palavra de Deus

    nos assegura que h uma identidade, e promete-nos quenossas vidas tm ordem, uma razo de ser, um propsito.Vamos viver o dia de hoje com essa confianaconfortadora... Deus sabe o que est fazendo.

    Leia Josu 23.1-16; 24.14-15.

    ASSASSINOENGAIOLADO

    Aconteceu h muitos anos.

    Um psiclogo e pesquisador do Instituto Nacional deSade Mental estava convencido de que poderia comprovarsuas teorias mediante uma gaiola cheia de ratos. Seu

    nome? Dr. John Calhoun. Sua teoria? As condies desuperpopulao cobram uma taxa pesada da humanidade.

    O Dr. Calhoun construiu uma gaiola quadrada paraabrigar uns camundongos escolhidos. Ele os observavaatentamente, enquanto o nmero deles aumentava. Inicioucom oito ratinhos. A gaiola foi planejada para conterconfortavelmente uma populao de 160 animais. Ele

    permitiu que os ratos procriassem, entretanto, at chegar a2.200.

    Os animais no foram privados de nenhuma dasnecessidades vitais, exceto privacidade no havia temponem espao para a solido. O alimento, a gua e outrasprovises sempre estavam limpos e em abundncia.Mantinha-se uma temperatura agradvel. No havia

    doenas. Todos os fatores de mortalidade (exceto a idade)foram eliminados. A gaiola era ideal para os camundongos,exceto quanto s condies de superpopulao. A

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    populao atingiu o pice de 2.200 indivduos aps cercade dois anos e meio. Visto no haver meios de oscamundongos poderem escapar fisicamente do ambientefechado, o Dr. Calhoun estava interessado de modoespecial em como eles se arranjariam na gaiola

    superlotada.Foi interessante que quando a populao atingiu

    aquele pico, a colnia de ratos comeou a desintegrar-se.Coisas estranhas comearam a acontecer. O Dr. Calhounanotou o seguinte:

    Os animais adultos formaram grupos naturais de

    cerca de uma dzia de camundongos. Em cada grupo, cada camundongo adulto

    desempenhava uma funo social particular...contudo, no havia funes em que pudessemcolocar os camundongos jovens, sadios, o quedilacerou a sociedade inteira.

    Os machos que haviam defendido seus territrios

    abandonaram a liderana que exerciam. As fmeas tornaram-se agressivas e expulsaram os

    mais novos... at mesmo suas prprias crias.

    Os mais novos cresciam apenas para tornar-seauto-indulgentes. Comiam, bebiam, dormiam,arrumavam-se, mas no demonstravam a

    agressividade normal. O fato mais digno de nota:no conseguiam reproduzir-se.

    Aps cinco anos, todos os camundongos haviammorrido. Tal fato aconteceu apesar de haver abundncia decomida, gua, e ausncia de doenas, at o fim. Aps opsiclogo e pesquisador haver relatado suas experincias,duas perguntas significativas foram levantadas:

    P.: "Quais foram as primeiras atividades a cessarem?"R.: "As atividades mais complexas, para os

    camundongos: o namoro e o acasalamento."

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    P.: "Que resultados produziria a superpopulao sobrea humanidade?"

    R.: "Em primeiro lugar, cessaramos de reproduzirnossas idias e, junto com as idias, nossos objetivos eideais.

    Em outras palavras, perderamos nossos valores."

    Confesso que fiquei um tanto assustado com essaexperincia.

    Sim, eu sei! Eu sei bem que no somos camundongos.E no estamos engaiolados. E no sofremos to fortesuperlotao; parece, todavia, que em algumas grandescidades do mundo estamos chegando perto, bem perto!

    No entanto, a experincia comunica algumas analogiasque vale a pena considerarmos. D uma olhada outra veznaquela lista de observaes e tire suas prpriasconcluses. No deixe passar aquela dupla de observaesde Calhoun: uma delas realmente uma observao; aoutra, uma opinio.

    A observao: "Os mais novos... no conseguiamreproduzir-se.

    A opinio: "... perderamos nossos valores."

    Embora tenhamos prometido a ns prprios, e aoSenhor, que este ano seria diferente, muitos de nscontinuamos a lutar contra um polvo teimoso, de oito

    braos tentaculares, chamado "ocupao." Vimo-noscontinuamente esforando-nos demais, andando depressademais, tentando fazer o mximo. Estou certo? A "tiraniado urgente" enroscou seus poderosos tentculos ao seuredor, mais um ano, no verdade? Embora voc saiba queo segredo de conhecer Deus est em "aquietai-vos" (Salmo46:10 diz o texto hebraico: pare de lutar, fique quieto,

    relaxe!), voc j comeou a racionalizar sua ocupao. Aofazer isso, voc est comprometendo a busca do carter.

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    Voc percebe quais so os perigos de uma vida semprivacidade? Voc est consciente de que a falta de tempopara estar a ss o incio da desintegrao espiritual? Tomando emprestado de Gordon MacDonald: nessaagitao toda voc "perde a capacidade de pr ordem em

    seu mundo particular."Isso no nada? No chega a ser um problema? No

    tenha tanta certeza! Aprenda uma lio singular dessescamundongos aprisionados. O mesmo assassino estsolto... no se trata da falta de alimento e gua, nem dafalta de sade e de atividades, mas a falta de tempo paraestar a ss com Deus, longe da multido. Continue nesse

    esquema apertado, superlotado, e os seus jovens deixarode reproduzir as qualidades pelas quais vale a pena viver...e voc mesmo acabar perdendo os valores por que vale apena morrer.

    Lembre-se da experincia desenvolvida h muitosanos. Nem uma criatura sequer sobreviveu s condies deabarrotamento e superpopulao; entretanto, a lio fala

    bem alto e bem claro a ns, agora mesmo.So ratinhos que rugem.

    A Busca de Hoje

    Ser usado por Deus. Exige algo mais encorajador, quenos d maior senso de realizao? Talvez no; mas h algo

    mais bsico: encontrar-se com Deus. Deliciar-se napresena do Senhor, isolar-se do rudo da cidade e, emquietude, oferecer-lhe o louvor que ele merece. Antes deengajar-nos no trabalho de Deus, vamos encontrar-nos comele em sua Palavra... na orao... na adorao.

    Leia o Salmo 143.

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    O JULGAMENTODE DEUS

    Foi o velho pregador rural, Vance Havner, que disse,certa vez:

    "Se Deus tratasse as pessoas, hoje, como umdia tratou Ananias e Safira, todas as igrejasprecisariam manter um necrotrio no poro."

    Essa declarao leva muitas pessoas a sorrir. Eu nosorrio. Ponho-me a pensar... a imaginar o porqu. Naverdade, j colecionei vrias perguntas tipo "por qu?"concernentes ao julgamento de Deus. Por que o julgamento

    divino no mais bvio nas vidas das pessoas quedeliberada e voluntariamente desobedecem a Deus? Porque o Senhor no age com rapidez e severidade, visto quea santidade de Deus est sendo maculada, e sua reputaoposta em jogo? Por que que Deus no cumpre suapromessa cada vez que resistimos tentao de pagar omal com o mal... especialmente porque ele repete essapromessa tantas vezes nas Escrituras: "A mim me perten-cem a vingana e a recompensa"? diz o Senhor(Deuteronmio 32:35; Romanos 12:17-19; Hebreus 10:30).

    A referncia em Hebreus chega at a concluir assim:"O Senhor julgar o seu povo." Perdoe-me se lhe pareocruel e severo, mas minha preocupao : quando? Ondeesto os exemplos de Ananias e Safira de hoje, quando oscrentes fraudam outros crentes? Por que no h maiscrentes entre ns fracos e doentes... e por que na verdademais deles no morrem (!) como acontecia na congregaodos corntios, quando esses crentes deixavam deconsiderar as coisas de Deus com seriedade (1 Corntios10:30)? Se Ananias e Safira no conseguiram que o Senhorlhes perdoasse um nico ato de hipocrisia, como que hojeas pessoas podem mentir, fraudar, roubar, adulterar e, em

    seguida, prosseguir com a vida, como se tudo isso fosseprtica normal, usual? E j que estamos tratando desse

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    assunto, se 1 Corntios 5:11 faz parte das Escrituras, que que nos torna hesitantes em obedecer prescrio?

    "... mas agora vos escrevo que no vos associeis com

    aquele que, dizendo-se irmo, for devasso, ouavarento, ou idlatra, ou maldizente, ou beberro, ouroubador. Com o tal nem ainda comais."

    Sim, citao direta... em contexto... corretamentetraduzida do texto grego. Eu mesmo verifiquei. Se significaalguma coisa, isto: o isolamento uma dasconseqncias quando o crente adota um modo de vidaanti-bblico. Tomado literalmente, o texto ordena a todosquantos se nomeiam pelo nome de Cristo que se recusem aaliviar a solido do crente carnal. At mesmo os membrosda famlia devem cooperar com o isolamento ordenado porDeus, at que haja arrependimento.

    As implicaes de Paulo (contrria opinio popular) a seguinte: Quando nos recusamos a associar-nos, ou acomer com pessoas que levam vidas comprometedoras,irresponsveis, imorais, o julgamento de Deus avingana divina passa a ocorrer. Podemos ter certezadisso! E a que surge o enguio. Muitas vezes, assim nosparece, a vingana divina no ocorre. Posso mencionarcaso aps caso em que o julgamento de Deus nosobreveio. E falo com toda a franqueza: estou me

    debatendo com isso. Se Deus santo (e eu sei que ele ),se ele abomina o pecado (e eu sei que ele o abomina) e seele tem cimes de sua igreja, para que ela se mantenhauma noiva pura (sim, isso tambm verdade), onde est aprova? Para sermos dolorosamente especficos, por que que um crente aps outro desencaminham-se de seusrespectivos casamentos, em pecado, sem que lhessobrevenha algum sinal de vingana divina aberta? Ou,como que os crentes chegam concluso que ohomossexualismo aceitvel, praticando-o em seguida,sem sofrer o julgamento que recaiu sobre os sodomitas que

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    viveram nas duas cidades gmeas da antigidade, Sodomae Gomorra? Era errado naquela poca, mas certo hoje?

    Eu sei qual a resposta celestial para estas perguntas,mas onde est a prova terrena? certo que Deus sabe quea ausncia de disciplina divina est sendo usada contra ele!E isso me deixa furioso. E triste. E um bocado confuso.Especialmente quando estou tratando de um caso deinfidelidade marital, e o cnjuge que permaneceu fiel (e fezo mximo possvel para que o casamento funcionasse) meolha e pergunta, com toda a sinceridade: "Por que que oSenhor permitiu que meu cnjuge sasse ileso dessatraio?" O Senhor deixa uma poro de crentes como ns

    imaginando coisas, e no apenas umas poucas pessoasapanhando os frangalhos.

    De todo meu corao concordo com o salmista: "J tempo, de operares, Senhor; tm quebrado a tua lei"(Salmo 119:126). Acredito que se Deus agisse todecisivamente como o fazia com freqncia nos temposbblicos, mudanas maravilhosas ocorreriam em toda a

    cristandade. Um sadio temor do Senhor voltaria outra vez aeletrizar o povo de Deus, ao mesmo tempo em que voltariao respeito devido ao seu santo nome. Uma caminhadaobediente se tornaria evidente entre ns. Alm disso, umarenovada determinao no sentido de respeitar os votosmatrimoniais haveria de solidificar os lares. Uma Noivamais pura, dotada de carter genuno, inestimvel em seuvalor, estaria esperando pelo Noivo.

    Porventura no hora de orarmos mais ousada efervorosamente? Porventura no bem apropriado queatentemos detidamente para a advertncia de Pedro:"... tempo que comece o julgamento pela casa de Deus..." (1Pedro 4:17)? Sim, penso que . Na verdade, vejo todas asrazes possveis por que devamos pedir ao Senhor que ajadepressa, com severidade se necessrio, de modosignificativo o suficiente para assegurar a ateno detodos, inclusive as pessoas que agora mesmo estobrincando com a idia de cair.

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    Li na semana passada a respeito de um casal (vamoscham-los de Carlos e Clara), cujo casamento de vinte ecinco anos era excelente. No idlico, mas muito bom. Tinham trs filhos adultos que os amavam ternamente.Alm disso, haviam sido abenoados financeiramente, de

    modo a permitir-se sonhar com uma casa de campo, beirade um lindo lago, na aposentadoria. Comearam a procuraruma casa assim. Um vivo, a quem chamaremos deBenjamim, estava vendendo a sua. O casal gostou da casadele e bastante. Voltaram para casa para fazer planos.Passaram-se os meses.

    H pouco tempo, sem mais nem menos, Clara disse a

    Carlos que queria o divrcio. Ele ficou aturdidssimo. Depoisde todos esses anos? Por qu? E como que ela podiaengan-lo... como que ela poderia estar nutrindo essatraio, enquanto estavam procurando uma casa ondegozar a aposentadoria? Ela lhe asseverou que no estiveratendo um caso, que no fizera nada. Na verdade, tratava-sede uma deciso muito recente, agora que ela havia

    encontrado outro homem. Quem? Clara admitiu que eraBenjamim, o dono da casa em perspectiva, com quem elase encontrara inadvertidamente algumas semanas aps ha-verem conversado sobre a transao imobiliria.Comearam a sair juntos. Visto estarem, nesse momento,"apaixonados", no havia como voltar atrs. Nem osprprios filhos, que odiaram a idia toda, conseguiramdissuadir a me.

    No dia em que ela deveria ir embora, Carlosatravessou a cozinha, na direo da garagem. Percebendoque ela teria partido quando ele voltasse, murmurouhesitante:

    Bem, querida, acho que esta a ltima vez...

    A voz se lhe sumiu, enquanto prorrompia em soluos.

    Ela saiu constrangida, apanhou apressadamente suascoisas, e partiu de carro ao encontro de Benjamim. Menosde duas semanas depois de ela ter-se mudado para ir

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    morar com Benjamim, seu amante, Carlos foi acometido deum ataque cardaco. Ficou em estado de coma durantealgumas horas... e finalmente morreu.

    hora de nosso Deus santssimo agir. Sim, e que ele ofaa de modo significativo.

    A Busca de Hoje

    Neste mundo depravado, torna-se difcil encontrarmuitas fontes de encorajamento e felicidade. Olhe ao seuredor. O cenrio branco, horrendo. Corrupo, opresso,infidelidade, injustia e rivalidade aguardam-nos em quasetodos os cantos, produzindo desnimo e medo. Assim "aoredor" de ns... sob o sol... nunca "acima" de ns. QueDeus nos d olhos para que possamos enxergar atravs denossas circunstncias, e ouvir sua voz, que nos d novaconfiana, apesar das crateras e fendas que se abrem aolongo dessa jornada chamada vida. Quando procurarmos oSenhor, hoje, que novas perspectivas nos tragam renovado

    nimo, novos sons, a felicidade h tanto tempo esperada.No perca os sinais. Oua cuidadosamente.

    Leia Hebreus 12.

    CAPACHOSPORTA

    Meu corao se enternece pelos que passam a vidacomo ces escorraados. Voc j os conhece. Soindivduos curvados, acanhados, relutantes, cheios demedo. Parecem carregar nos ombros o peso do mundo.Podem ser talentosos, seres humanos graciosos, mas suaincapacidade para projetar o menor grau de autoconfianaos leva a esconder a competncia como se fora um segredo

    terrvel.David Seamands descreve um homem assim:

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    "... Ben era uma das mais tmidas almas aquem eu j dera aconselhamento. Eu nemsequer conseguia ouvir-lhe a voz. 'Que foique voc disse, Ben?' Comeamos umtreinamento que consistia em elevar-lhe avoz. Pedi-lhe que lesse algo para mim. 'Umpouco mais alto, Ben. Afirme-se. Fale comdesembarao!' Tinha grande medo de ser umfardo para as pessoas. Estar ao lado delepodia fazer que uma pessoa se sentisseconstrangida. Voc tentaria procurar um

    cartaz que ele estivesse carregando quedissesse: 'Desculpe-me por estar vivendo.'Voc j ouviu falar da 'Ordem Dependentedas Almas Realmente Tmidas e Humildes'?Pois, trata-se do clube dos 'capachos', cujainsgnia oficial uma lusinha amarela:cuidado! Seu lema oficial : 'Os humildes

    herdaro a terra, se isso for aprovado por to-dos!' A sociedade foi fundada por UptonDickson que escreveu um folheto intitulado:'Poder para Ceder'. Bem, acho que meuamigo Ben poderia ser membro honorriodesse clube de capachos."9

    O Dr. Seamands prossegue descrevendo o processorduo pelo qual passou Ben, a fim de vencer seu estilo devida idntica ao de um co surrado. Graas a um longoperodo de tempo dispendido com vrios amigos simpticose determinados, o jovem tornou-se capaz de desenrolar suahistria, que inclua uma srie de memrias dolorosas.Talvez a memria mais difcil fosse o sentimento de culpa,segundo o qual ele havia sido a causa do colapso nervosode sua me... de ela ter sido uma invlida emocional. Creia-me, se puder: Haviam dito a Ben, quando adolescente, queele era realmente culpado disso. Sem estar conscientizado,

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    Ben vivia sob o fardo enorme de uma culpa originada nessaacusao cruel e injusta. Quando, finalmente, ele se foroua declarar a prpria angstia, suspirou de alvio. Dentro deum perodo relativamente curto, o gigantesco pesodeslizou-se-lhe dos ombros; o moo foi capaz de pr um

    ponto final naquela penitncia em que vinha vivendo haviaanos.

    Quanta injria, quanto dano se pode fazer medianteobservaes errticas! Nossa lngua descuidada podedepositar idias germinais de mgoa, humilhao e dionas mentes tenras, idias que se desenvolvem, tornam-seinfeces incontrolveis e espalham doenas por toda a

    personalidade adulta. Sem a menor considerao para coma vulnerabilidade do prximo, temos o poder de iniciar umviolento terremoto emocional mediante algumasdeclaraes simples que rasgam e dilaceram a mente dapessoa como se fossem granadas. Tais palavras destrutivasso como a projeo de 800 volts numa fiao de 110 volts.

    Entretanto, a reao surpreendente a timidez

    totalmente desequilibrada, em vez de raiva aberta. Isto noquer dizer que a raiva, o ressentimento, e at mesmo odio no estejam presentes. Ao contrrio! O caso quetodos os sentimentos ferventes esto sepultados sobcamadas de timidez, humildade, e at mesmo de piedadecom laivos de espiritualidade. fcil a pessoa serenganada pelos capachos, que desenvolveram maneirasprprias de mascarar suas dores... especialmente quandoconsideramos que os crentes se sentem bem mais vontade rodeados por pessoas tipo "sente-se-e-fique-quieto" do que por pessoas tipo "levante-se-e-diga-tudo-de-vez".

    Encontro alguma ajuda nos Provrbios de Salomo. Elemenciona "lngua", "lbios", "boca" e "palavras" um poucomenos de 150 vezes quase 5 vezes por captulo. Ele nosexorta continuamente a prestar mxima ateno ao quedizemos, quando o dizemos e como o dizemos. A ofensa oua cura podem vir da mesma garganta. Alm disso, o

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    homem sbio nos adverte contra mascarar a verdade... econtra o erro de achar que a quietude sempre quer dizerpaz. E assim por diante.

    Posso oferecer-lhe uma sugesto para a sua busca decarter, durante o ms seguinte? Provrbios tem trinta eum captulos. Que tal ler um captulo por dia? A sabedoriaest esperando. Posso assegurar-lhe.

    Quem sabe receberemos discernimento suficiente paraperceber que os ces escorraados s vezes so cesloucos, prontos para morder... e as almas dependentes comfreqncia so almas doentes que precisam de cura.

    A Busca de Hoje

    Hebreus 12:1-3 fala dos pesos e embaraos que nosassediam... dos obstculos que bloqueiam nosso caminho.Gaste alguns minutos pensando nisso. Faa uma pequenapesquisa. Quais so os seus obstculos? De que maneiraperturbam sua carreira? Quando que voc vai tratar

    desses embaraos, segundo seu plano? No h melhorpoca para fazer isso do que agora mesmo... sim, hoje semfalta.

    Leia Tiago 3.

    RESTAURAO

    Quando os doze voltaram para casa, aps um perodoagitado de ministrio pblico, fizeram seus relatrios, edisseram a Jesus tudo quanto haviam feito e ensinado(Marcos 6:30). extremamente significativo que o Senhorno os empurrou de volta ao, nem os espicaou para

    iniciar novo empreendimento. Na verdade, nunca lemosque alguma vez ele sofresse de "afobao e pressa."Nunca!

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    "Ele lhes disse: Vinde vs, aqui parte, a um lugardeserto, e repousai um pouco. Porque havia muitosque iam e vinham, e no tinham tempo para comer.Ento foram ss num barco para um lugar solitrio"

    (Marcos 6:31-32).

    Descanso e restaurao no constituem luxo; sonecessidades essenciais. Ficar a ss e descansar duranteum perodo no egosmo; ser parecido com Cristo.Pegar um dia de folga por semana, e presentear-se com umperodo de frias relaxantes e revigorantes no carnal;

    espiritual. Nada h, absolutamente nada de invejvel ouespiritual em coronrias entupidas, ou nervosesfrangalhados. Tampouco um programa ultra-ativo ,necessariamente, marca de uma vida produtiva. Euconstantemente me lembro do antigo lema grego: "o arcoque est sempre flexionado acabar se quebrando."

    Bem, como que a coisa funciona em sua vida? Vamos

    fazer uma breve apreciao. Faa uma pausa longa osuficiente para voc rever tudo, e refletir. Procure serhonesto ao responder s seguintes perguntas, que talvez omagoem um pouco:

    Meu ritmo este ano realmente diferente do ritmodo ano passado?

    Estou gostando da maior parte de minhasatividades, ou apenas estou tolerando-as?

    Arranjei tempo, deliberadamente, em vriasocasies neste ano, para restaurao pessoal?

    Tenho engolido minhas refeies s pressas, ouvenho dando tempo suficiente para provar eusufruir o alimento?

    Dou a mim mesmo permisso para umrelaxamento, um momento de lazer, para estar

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    tranqilo?

    Ser que as outras pessoas acham que estoutrabalhando demais, durante muitas horas, ouvivendo sob tenso? Sinto-me s vezes entediado e

    muitas vezes preocupado? Estou mantendo-me em forma, fisicamente?

    Considero meu corpo importante o suficiente paraseguir uma dieta alimentar, com exerccios fsicosregulares, sono suficiente, a fim de eliminar oexcesso de peso?

    Como est meu senso de humor?

    Est Deus sendo glorificado pelo esquema queestou seguindo... ou ser que ele fica apenas comas sobras de minhas energias?

    Aproximo-me perigosamente do ponto em que vouestar exausto, totalmente "desanimado"?

    Dureza, no? Mas haveria uma ocasio melhor do que

    agora mesmo para voc fazer uma pequena avaliao? Sefor necessrio, introduza modificaes, uma pequena re-estruturao em sua vida. Podemos aprender uma liocom a natureza. Aps a colheita sempre se segue umperodo de descanso; a terra precisa de algum tempo pararenovar-se. A produo constante, sem restaurao, esgotaos recursos e, na verdade, diminui a qualidade do produto.

    Ateno, grandes realizadores e viciados no trabalho!Tomem cuidado! Se o alarme em seu painel interior mostraa luz vermelha piscando nervosamente, que voc estcarregando um fardo demasiado pesado, longe demais erpido demais. Se voc no diminuir a marcha, vailamentar-se... e vo lamentar-se os que o amam. Se voctiver a coragem de dar o fora desse beco sem sada e

    realizar as mudanas necessrias, ser sbio. Entretanto,quero adverti-lo quanto a trs barreiras que voc vaienfrentar imediatamente.

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    Primeira barreira: a falsa culpa. Ao dizer "no" spessoas a quem voc costumava dizer "sim", voc vaipassar a sentir umas agulhadas de culpa. Despreze-as!Segunda: hostilidade e incompreenso da parte dos outros.A maioria das pessoas no vai entender suas novas

    decises no sentido de diminuir o ritmo, de modo especialos que se encontram no barco que vai afundando, do qualvoc acaba de pular fora. No h problema! Mantenha suasdecises. Terceira: voc se defrontar com perspectivaspessoais dolorosas. No podendo preencher cada momentolivre com algum tipo de atividade, voc comear a ver seuverdadeiro eu, e no vai gostar de algumas coisas que vai

    notar, coisas que antigamente contaminavam sua vidaagitada. Entretanto, dentro de um perodo relativamentecurto de tempo, voc dobrar a esquina e estar naestrada que o conduzir a uma vida mais sadia, mais livre emais plena de realizaes. Mais do que tudo, sua busca decarter voltar aos trilhos corretos.

    bvio que toda esta conversa sobre descanso e

    restaurao vital, tomada de tempo para repouso erelaxamento, pode ser levada a um extremo ridculo. Estoubem ciente disso. Contudo, para cada pessoa que decideemigrar para esse extremo, e ali enferrujar, h milhares deoutras que se empenham numa batalha feroz contra aexausto. Nenhum desses extremos correto; neste ounaquele, estamos errados.

    Meu desejo que todos permaneamos no ponto dasabedoria. No equilbrio. Com a mente certinha. Com boasade. Na vontade de Deus.

    Como est voc?

    A Busca de Hoje

    Este momento de calma reflexo o que Davi tinhaem mente quando escreveu a respeito de "pastosverdejantes" e "guas de descanso." Beba em

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    tranqilidade! Usufrua tanto quanto puder da presena doseu amado Pastor. A Palavra dele restaurar sua alma medida que "as veredas da justia" vo-se tornando claras.Ainda que estes dias sejam turvados pelo medo ou pelaincerteza, ei-lo ao seu lado... to perto de voc como o

    palpitar de seu corao, to ntimo como sua respirao.D-lhe louvores! A adorao de Deus unge nossos dias efaz com que clices vazios transbordem.

    Leia o Salmo 23.

    AQUELEDIA... ESTEDIA

    Imagine a seguinte cena, durante os prximosminutos:

    "Mas o dia do Senhor vir como um ladro. Os cuspassaro com grande estrondo, e os elementos, ar-

    dendo, se desfaro, e a terra e as obras que nela h,sero descobertas. Havendo, pois, de perecer todasestas coisas, que pessoas no deveis ser em santidadee piedade, aguardando, e desejando ardentemente avinda do dia de Deus, em que os cus, em fogo sedissolvero, e os elementos, ardendo, se fundiro?" (2Pedro 3:10-12)

    Coisa aterrorizante essa, em que os cus passam, comdestruio astronmica, e "elementos ardendo"(mencionados duas vezes), resultaro na liquidao doplaneta Terra. Fico imaginando como isso ocorrer. Semprepenso nisso. Tenho ouvido as mesmas coisas que vocouviu sobre guerras nucleares, superatmicas, e msseisnucleares, na Terceira Guerra Mundial. Contudo, nada disso

    explica "os cus passaro com grande estrondo" nem comoa atmosfera circundante e a estratosfera poderiam ser"incendiados... e os elementos, ardendo, se desfaro."

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    Visto que tal catstrofe introduziria "o dia do Senhor",sempre alimentei reservas quanto a ele utilizar fogos deartifcio humanos para anunciar sua chegada. Se estoulendo estes versculos corretamente, eles descrevem umafora destrutiva to espantosa e fenomenal, que faria nosso

    armamento demolidor parecer uma bombinha juninaexplodindo sob uma embalagem de lata, vazia. impossvel imaginar!

    Entretanto, durante minhas leituras, vrios anos atrs,deparei com uma possvel tecnologia destrutiva. Pode serapenas uma pista sobre como o Senhor poderia estarplanejando o disparo dessa exploso final.

    Em 9 de maro de 1979, nove satlites estacionadosem vrios pontos do sistema solar registraramsimultaneamente um evento singular, no espao infinito.Na verdade, foi a maior exploso energtica jamaisverificada. Os astrnomos que estudaram osacontecimentos ficaram estupefatos, falando sozinhos.

    A exploso de radiao gama durou apenas umdcimo de segundo... mas nesse breve instante emitiutanta energia quanto o sol em 3.000 anos. Um astrofsicochamado Doyle Evans, que trabalha nos LaboratriosCientficos de Los Alamos, no Novo Mxico, disse que aenergia foi 100 bilhes de vezes maior que a emisso deenergia do Sol. Se tal exploso de raios gama houvesseocorrido na Via Lctea, teria incandescido toda a nossa

    atmosfera. Se o Sol, repentinamente, emitisse a mesmaquantidade de energia, a Terra se vaporizariainstantaneamente.

    E h mais. Os satlites foram capazes de assinalar olocal da exploso: um ponto numa galxia conhecida comoN-49, que est associada aos remanescentes de umasupernova que se acredita ter explodido cerca de dez mil

    anos atrs. Quando uma estrela explode, transformando-senuma supernova, a casca externa se lhe desfaz de todo e oncleo se condensa, em razo de sua prpria gravidade, a

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    fim de criar uma estrela de nutron. Esse ncleotransforma-se numa esfera nica, enorme, que se encolhe,partindo de um tamanho maior que o Sol (1.380.000quilmetros de dimetro) at chegar a uma bola compactacom no mais de 8 quilmetros de dimetro. Estes

    nutrons so to incrivelmente densos que uma polegadacbica (2,4 cm de lado) desse material pesa cerca de 10milhes de milhes de quilos. Muitos astrnomos acreditamque os estudos proporcionados pelos satlites abriro novacompreenso das estrelas de nutrons, e de outrosfenmenos e objetos celestiais.

    Antigamente, a atmosfera da terra havia impedido os

    astrnomos de estudar a radiao gama. Apenas em anosrecentes a rede de satlites equipada com detectores deraios gama tornou possvel aos cientistas localizar as fontesdesses raios.

    A despeito de nossa falta de conhecimentos, de nossaignorncia quanto aos aspectos tcnicos de tudo isso,sugiro que o que j sabemos pode lanar alguma luz sobre

    a validade das observaes de Pedro. Pelo menos, segundocalculo, faz mais sentido do que meras guerras atmicas. provvel que a catstrofe ser mais ou menos parecidacom o filme Guerra nas Estrelas mas eu no pretendoestar por aqui para assistir ao lanamento.

    Todavia, no desprezemos a pergunta contundente dePedro, no versculo 11. Ao enfrentar uma execuo

    iminente, o velho pescador de face marcada pelo tempocontempla voc e eu, atravs dos sculos. Voc consegueperceber o olhar do apstolo? Voc consegue ver ointeresse dele, delineado em marcas profundas, ao redor deseus olhos? Pode ouvir-lhe a voz singularmente grave?

    "Visto que todas essas coisas ho de ser assimdesfeitas, deveis ser tais como os que vivem em...?"

    J que este mundo e todas as suas obras sedissolvero um dia, num relmpago convulsivo, que tipo devida deveramos estar vivendo nesta terra passageira, que

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    logo se acabar? Que tipo de prioridades deveria formularnossos programas? Que tipo de consideraes deveriaplanejar nossos passos, orientar nossa conversa edeterminar nossa direo?

    "Que tipo de pessoas vocs deveriam ser?" Esta umapergunta que concerne a nosso carter.

    Pedro responderia sua prpria pergunta no flegoseguinte.

    "... havendo, pois, de perecer todas estas coisas, quepessoas no deveis ser em santidade e piedade,

    aguardando e desejando ardentemente a vinda do diade Deus" (3:11)

    Aquele dia, diz Pedro, deveria exercer tremendoimpacto sobre o dia de hoje. Guarde seu corao dequalquer coisa que lhe possa trazer constrangimento,quando chegar aquele dia.

    A Busca de Hoje

    "Pois os olhos do Senhor, seus olhos passam por todaa terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujocorao perfeito" (2 Crnicas 16:9).

    Muitas coisas ocorrem quando dispomos nosso corao

    a procurar Deus, incluindo nossa avaliao pessoal. O seucorao pertence "completamente" a Deus? Escolha umarea reservada e convide o Esprito de Deus para penetrarali, e cavar, e conquistar novo territrio. Dirija suasoraes, hoje, mais na direo da entrega do que na dadefesa. Deus "apoiar fortemente" essa atitude: ele quer"mostrar-se forte" para com voc. Libere!

    Leia 2 Pedro 3.

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    MENTESIMPLES

    Tiago no brinca em servio. Pega a baioneta e pula najugular, direto. Logo de incio ele nos adverte contra ser de

    "nimo dobre." Diz-nos que quando a pessoa tem nimodobre, torna-se "inconstante em todos os seus caminhos."Facilmente sacudida. Usando-se expresses de hoje, apessoa no sabe o que quer.

    A duplicidade mental doena comum que deixa suavtima paralisada pela dvida... hesitante, cheia dehipocrisia, de palavras tericas, mas vazia de ao

    confiante. Muito palavreado e pouca ao. Insincera einsegura. Tiago descreve-a melhor do que ns: "Nosuponha esse homem que alcanar do Senhor algumacoisa." Soco direto, retorcido. como eu disse: Tiago nobrinca em servio.

    Creio que melhor interpretar a passagemliteralmente. "Inconstante" quer dizer inconstante.

    "Impelida e agitada" significa impelida e agitada. "Noalcanar do Senhor alguma coisa" quer dizer isso mesmo.Deus, deliberadamente, retm as coisas quando o homemde nimo dobre ora. Isto muito srio.

    muito melhor ter mente simples! Nada deencenaes vazias! Nada de enrolaes religiosas! Chegade falar uma coisa, mas ter outra em mente. Basta de

    hipocrisia, em que as palavras so baratas e as aparnciasexternas enojam, pela falsa piedade. As pessoas de mentesimples apresentam catecismo pequeno e carter grande.

    Demonstram interesse... verdadeiro interesse. Sohumildes... verdadeiramente humildes. Amam... com amorgenuno. Demonstram carter... carter autntico.

    Senhor Deus da realidadetorna-se real

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    no plstico

    sinttico

    fingido, mascarado,

    ator encenando seu papel

    hipcrita.No quero

    ter uma lista de coisas

    para orar

    quero orar

    sem agonizar

    para descobrir tua vontademas obedecer-te

    naquilo que j sei.

    No quero discutir

    teorias da inspirao

    mas submeter-me tua Palavra.

    No quero explicar

    a diferena entre

    eros e filo e gape

    mas amar.

    No quero cantar

    e viver meu cnticos da boca para fora:

    Quero que seja real.

    No quero diz-lo como ,

    mas quero ser do jeito

    que tu queres que eu seja.

    No quero pensarque algum precisa de mim

    mas que eu preciso dele

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    pois do contrrio sou incompleto.

    No quero dizer aos outros

    como se fazem as coisas

    mas quero faz-las

    ter de estar sempre certomas admitir meu erro, quando errado.

    No quero ser recenseador

    mas obstetra

    no pessoa envolvida, profissional

    mas um amigo.

    No quero ser insensvelmas sentir a dor dos outros

    nem dizer que sei como voc se sente

    mas dizer que Deus sabe

    e eu tentarei

    se voc tiver pacincia comigo;

    enquanto isso estarei tranqilo.

    No escarnecerei das atitudes alheias

    mas serei sincero em tudo que disser

    inclusive nisto.10

    Joe Bayly chamou este poema, muitoapropriadamente, de "Salmo da Pessoa de Mente Simples."Deus no se retrai diante de uma orao como essa,porque Joe no disse uma coisa querendo dizer outradiferente. semelhana de Tiago, Joe no brinca emservio. J partiu deste mundo, por esta altura, mas suaspalavras continuam vivas. Ele se parecia com algum queeu conheo.

    Seu nome Jesus.

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    A Busca de Hoje

    Conhecer Deus. No existe outra busca maisimportante do que esta. Paulo declarou que este era seuobjetivo de vida. (Filipenses 3:10). Jesus orou no sentido deisso tornar-se uma realidade (Joo 17:3). Jeremias declarouque esta deveria ser a nica coisa de que um homempoderia gabar-se (Jeremias 9:24). O conhecimento de Deustem um ponto inicial a salvao e constitui umprocesso sem fim. Transforme-o em seu objetivo, hoje.Pense conscientemente: "Senhor, usa estes momentostranqilos para aumentar meu conhecimento de ti. Assumeo primeiro lugar em minha vida, em meu corao. Revela-te

    a mim."Leia Tiago 1.

    SOLIDONALIDERANA

    H ocasies em que meu corao se derrete pelonosso Presidente. No s exerce ele o ofcio mais difcil domundo, mas, alm de tudo, no consegue vencer, noimporta que deciso tome. Visto que pombos e falcesjamais coexistem, no h maneira de confin-los na mesmagaiola juntos. H ocasies em que ele comea a duvidar doseu prprio valor. . . tempos em que ouve os passos deseus crticos, e fica imaginando se eles que tm razo. ASala Oval precisa ser o lugar mais solitrio da Amrica. Onico consolo que esse homem tem que ele no onico. Todos os Presidentes que o precederamexperimentaram as mesmas lutas. Ser o Chefe inclui essaagrura profissional.

    Lembrei-me disso, recentemente, quando li a respeitode um programa levado ao ar no PBS, sobre um dos maissrios dos assuntos: uma biblioteca. No entanto, tratava-seda biblioteca do Congresso, e o antigo presidente da PBS,Sir Huw Wheldon, estava de p, numa floresta de arquivos

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    de cartes de ndices. O programa tinha todas ascaractersticas de um documentrio lento, montono, atque...

    No meio do programa, o Dr. Daniel Boorstin,bibliotecrio do Congresso, tirou uma caixinha azul de umpequeno armrio que, em certa poca, continha asraridades da biblioteca.

    Uma etiqueta colada na caixa dizia o seguinte:CONTEDO DOS BOLSOS DO PRESIDENTE, NA NOITE DE 14DE ABRIL DE 1865.

    Visto que foi nessa fatdica noite que Abrao Lincoln

    fora assassinado, a ateno de todos os espectadores foiapanhada.

    Em seguida, Boorstin passou a remover os itens dacaixa e a exibi-los diante da cmera. Havia cinco objetos nacaixa:

    um leno com um bordado: "A. Lincoln"

    um canivete de menino do campo um estojo de culos consertado com um barbante

    uma carteira contendo uma nota do cinco dlares dinheiro confederado (!)

    alguns artigos de jornais, recortados, velhos egastos

    "Esses artigos recortados de jornais", explicouBoorstin, "diziam respeito s grandes realizaes de AbraoLincoln. Um deles, na verdade, relata uma palestra de JohnBright, em que este afirma que Abrao Lincoln era "um dosmaiores homens de todos os tempos."

    Hoje, isso do conhecimento comum. O mundo sabe,hoje, que o estadista britnico John Bright tinha razo emsua avaliao de Lincoln, mas, em 1865, milhes depessoas mantinham uma opinio contrria. Os crticos doPresidente eram ferozes, e inumerveis. Ele sofreu uma

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    agonia solitria que refletia a dor e a turbulncia queesfrangalhavam seu pas, pelo dio e por uma guerra cruele carssima.

    H alguma coisa de pattico e tocante, no quadromental desse grande lder que procura consolo e auto-afirmao em alguns recortes velhos de jornais, enquantoos l sob as chamas inquietas de uma vela, a ss na SalaOval.

    Lembre-se disto: quem verdadeiramente responsveltambm solitrio. A solido se instala onde se instala aresponsabilidade.

    Em ltima anlise, os maiores lderes precisam pagar opreo da liderana. Consideremos alguns exemplos. Moissno tinha amigos ntimos. Tampouco os teve Josu. Vocencontra Davi com Jnatas apenas na mocidade masquando Davi se tornou rei de Israel, suas maiores batalhas,suas oraes mais profundas e suas decises mais difceisocorreram na solido. O mesmo aconteceu a Daniel. Equanto aos demais profetas? Foram os mais solitrios detodos os homens do Velho Testamento. Paulofreqentemente mencionou isso em suas cartas. Assimdisse ele a seu discpulo Timteo:

    "... todos os que esto na sia me abandonaram" (2Timteo 1:15)

    Voc alguma vez pensou no evangelista Billy Grahamlonge de suas cruzadas, e de suas aparies pblicasperidicas? Pensou no presidente de alguma organizaoou instituio educacional crist? Faa isso durante algumtempo. Essas pessoas se qualificariam como ilustraes dadeclarao de A. W. Tozer: "A maior parte dos lderes destemundo tem sentido solido."

    Por favor, no me interprete mal. No queremos dizerque o lder mantm-se afastado, que no presta contas,

  • 8/14/2019 Charles Swindoll - A Busca do Carter

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    que de propsito se retira, ou tem alguma coisa queesconder trata-se apenas da natureza de suas funes. Ena solido que Deus lhe entrega grandes pensamentos; amente precisa estar tranqila e calma para receb-los.Grande parte do peso do ofcio no pode, simplesmente

    no pode ser suportado por outras pessoas. Ainda que aidia possa parecer mstica, absolutamente essencial queas pessoas a quem Deus convoca e nomeia para cargos deliderana aprendam a respirar confortavelmente o arrarefeito das altitudes do Himalaia, pois ali que o confortoe a segurana de Deus chegam, nas asas do profundosilncio da solido. Ali a opinio humana se cala. A f

    substitui o medo. Aprofunda-se a busca do carter. ali(conforme diz F. M. Meyer) que nossa viso se torna clara, eonde se decanta a lama da correnteza de nossa vida.

    ali que os verdadeiros lderes, a ss, em solido,adquirem o direito de ser respeitados. E aprendem oprofundo sentido destas palavras imortais: "Aquietai-vos esabei que eu sou Deus."

    A Busca de Hoje

    "Em cada vida

    H uma pausa que melhor do que a correriadesenfreada,

    Melhor do que o esforo mximo, a faanha

    mais bela; permanecer tranqilo sob a vontadeSoberana.

    H silncio melhor do que o discurso maisardente,

    Melhor do que ficar quieto, que o chorodesrtico;

    continuar tranqilo sob a vontadeSoberana.

  • 8/14/2019 Charles Swindoll - A Busca do Carter

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    A pausa e o silncio entoam cntico emdueto,

    Em unssono calmo e duradouro:

    Alma humana, o plano traado por Deus

    executado no precisa da ajuda humana!Tranquiliza-te e v!

    Permanece tranqilo e aprende!"11

    Leia o Salmo 46.

    SINCERIDADE

    "ngela Atwood foi uma garota querida,honesta e sincera que semelhana deCristo morreu pelas coisas em que acre-ditava."

    Essas palavras saram de fato dos lbios de um padrecatlico romano, enquanto proferia a apologia de ngela spessoas que se haviam reunido na Igreja de So Paulo, doProspect Park, em Nova Jersey. Visto que os eventospertinentes morte de ngela desapareceram na histriasrdida da era radical da Amrica, permita-me refrescar-lhea memria. Esta jovem pertencia scia de seis membrosda pesada, que se chamavam a si mesmos "ExrcitoLibertador Simbions." Ela e seus companheiros forammortos num violento tiroteio com as autoridades que fazemcumprir a lei, em Los Angeles, nos anos setenta.

    "Esta moa sincera estava seguindo uma vocaocrist", disse o padre, visto que ela, semelhana deCristo, estava disposta a morrer pelo que ela sinceramenteacatava e em que acreditava. Embora fosse uma perigosameliante, ofensora da lei, fugitiva treinada na horrenda arte

  • 8/14/2019 Charles Swindoll - A Busca do Carter

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    de assassinar, a sinceridade de ngela livrou-a assimacreditava o padre da culpa e (acredite se quiser) ligou-aa Cristo.

    "Sinceridade" considerada carto de crditointernacional de ampla aceitao. Esfregue-o no rosto doSenhor e Senhora Pblico Ingnuo e a sinceridade serhonrada sem questionamento. No importa quo imensassejam as dvidas que o usurio possa ter contrado, oucomo o carto tenha sido mal-utilizado, a "sinceridade"apagar toda a suspeita, validar todas as aes. Voc nemsequer precisa assinar um recibo comprovante. Bastaescrever "Eu sou sincero" no final de cada transao e voc

    se ter tornado mais uma criatura na fila colossal dos quecarregam esse carto, os quais mantm o mundo na cristada crise. Por alguma razo estranha a justia dormita,enquanto o juiz e o jri sorriem diante do veredicto final:"No culpado... inocente, por causa da sinceridade."

    Desde quando a "sinceridade" me d o direito depraticar o mal? Charles Whitman era sincero quando levou

    sua arma poderosa ao topo da torre de observao daUniversidade do Texas e assassinou dezesseis transeuntesinocentes. O jovem terrorista rabe era sincero quandodirigiu um veculo cheio de explosivos por cima dasbarracas dos fuzileiros navais em Beirut, matando 241 jovens americanos mantenedores da paz. Tambm erasincero Sirhan Sirhan quando assassinou o senador RobertKennedy... e Adolfo Hitler, quando escreveu Mein-Kampf... eBenedic Arnold, quando traiu seu pas s margens do rioHudson... e Judas, quando vendeu a prpria alma por 30moedas de prata.

    Claro que eram sinceros. Mas estavam sinceramenteerrados. Nenhuma terrvel devoo, determinao ouenvolvimento sacrificial, ainda que excepcionalmenteimensos, dedicados a aes erradas, transformariam taisaes em atos corretos. Gritar mais alto no transforma umargumento fraco em forte. Guiar mais depressa no ajudaquando voc est perdido. Acrescentar mais algumas

  • 8/14/2019 Charles Swindoll - A Busca do Carter

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    assinaturas no transforma um diploma universitrio falsoem documento respeitvel. E assim que tampouco asinceridade consegue desculpar o pecado, no importandode modo algum o que um clrigo bem intencionado, e malorientado, possa dizer num funeral.

    Todavia, ser que isso significa que a sinceridade questionvel? Na verdade, no. Seria melhor dizer que ovalor da sinceridade depende daquilo que ela representa.Em sua carta aos crentes filipenses, Paulo ora assim:

    "E esta a minha orao: que o vosso amor aumente

    mais e mais em pleno conhecimento e toda percepo,para que possais discernir as coisas excelentes, paraque sejais sinceros, e inculpveis at ao dia de Cristo"(Filipenses 1:9-10)

    Ns, que nos empenhamos numa busca de carter,devemos permitir que a sinceridade se torne nossodistintivo de excelncia, durante todos os nossos dias naterra. Sincero palavra derivada do latim, significando"sem cera." O termo grego significa "testado ao sol."Entenda, ento: os antigos produziam um tipo fino deporcelana que, quando exposta ao calor do forno, fissurasdiminutas apareciam. Mercadores desonestos esfregavamcera branca, perolada, por sobre tais fissuras, e as peaseram vendidas como sendo ntegras a menos que

    fossem expostas ao sol. Os mercadores honestosmarcavam suas peas intactas com as palavras sine cera "sem cera."

    Esta a sinceridade genuna. Nada de mscara, nadade hipocrisia. Nada de rachaduras recobertas e escondidas.Quando a verdadeira sinceridade flu de nossa vida,aprovam-se as coisas excelentes para fazer parfrase de

    Paulo. Somos ento (e s ento) "semelhantes a Cristo."Quando o sol brilha e nos aquece, e testa nossa vida, a

    ausncia de rachaduras garante a presena da verdade.

  • 8/14/2019 Charles Swindoll - A Busca do Carter

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    Voc no consegue separar estas duas coisas... noimportando quo sincero voc seja.

    A Busca de Hoje

    Joo 4:23 assegura-nos que nosso Pai procura nossaadorao. Ele anseia por ter "verdadeiros adoradores," noadoradores falsificados... ou hipcritas. Visto que "todas ascoisas esto nuas e patentes aos olhos daquele


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