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1 CORPO DE DELITO OS EFEITOS DOS ORGANOCLORADOS NA SAÚDE HUMANA Adaptação de "Body of Evidence: the Effects of Chlorine on Human Health", de Michelle Allsopp, Pat Costner e Paul Johnston GreenPeace Abril de 1996
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CORPO DE DELITO

OS EFEITOS DOS ORGANOCLORADOS NA SAÚDE HUMANA

Adaptação de "Body of Evidence: the Effects of Chlorine on Human Health",

de Michelle Allsopp, Pat Costner e Paul Johnston

GreenPeace

Abril de 1996

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ESTE MATERIAL NA FORMA DE CARTILHA FOI IMPRESSO EM

PAPEL TOTALMENTE ISENTO DE CLORO

Foto da Capa: criança contaminada por organoclorados em Cubatão (SP)

Foto: Greenpeace/Seul

Tradução:

Marijane Lisboa

Revisão Técnica:

Joya Emilie de Menezes Correia e Nádia Haiama

Edição:

Paulo Adário

Programação Visual:

Andréa Continentino e Paulo Felício

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 4

1.1. Proibição Internacional: a única alternativa ............................................ 5

1.2. O equilíbrio da natureza ..................................................................... 6 1.3. Os efeitos tóxicos dos organoclorados ................................................... 6

1.4. Uso do cloro no mundo ...................................................................... 7 1.5. Contaminantes no útero ..................................................................... 8

1.6. Efeitos na vida selvagem .................................................................... 9

1.7. Exposição Humana a Organoclorados .................................................. 10 1.8. Síntese: A Química do Cloro e a Formação de Organoclorados................. 12

2. OS EFEITOS NA REPRODUÇÃO ................................................................ 14

2.1. Efeitos na Reprodução Masculina ....................................................... 14 2.1.1. Doenças no Homem Adulto ......................................................... 14

2.2. Efeitos na Reprodução Feminina ........................................................ 15 2.2.1. Menstruação: cada vez mais cedo ................................................ 16

2.2.2. Endometriose ........................................................................... 16

2.3. Síntese: Alteração da Função Endócrina .............................................. 16

3. EFEITOS EM FETOS E CRIANÇAS ............................................................. 18

3.1. Óbito Fetal ..................................................................................... 18 3.2. Baixo Peso no Nascimento ................................................................ 18

3.3. Alterações de Comportamento e Rebaixamento da Inteligência ............... 19

3.4. Danos no Sistema Imunológico .......................................................... 19

4. ORGANOCLORADOS E CÂNCER ................................................................ 21

4.1. Seveso: a Evidência ........................................................................ 21

4.2. O Câncer de Mama .......................................................................... 21

5. PROIBIÇÃO TOTAL DE ORGANOCLORADOS................................................ 23

5.1. Precaução em Primeiro Lugar ............................................................ 23 5.2. Taxas para o Cloro e Fundos de Transição ........................................... 24

5.3. Acordos Internacionais ..................................................................... 24

ANEXO 1 – LISTA DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS ............................................. 26

ANEXO 2 – MAIORES PRODUTORES E USUÁRIOS MUNDIAIS DO CLORO ............ 27

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 29

TABELAS

Tabela 1 – Organoclorados ........................................................................... 8

Tabela 2 – Os efeitos documentados de vários organoclorados na vida selvagem . 10

Tabela 3 - Leite Materno ............................................................................ 11

Tabela 4 - Câncer e a exposição aos organoclorados ....................................... 22

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1. INTRODUÇÃO

Em 1962, no livro "Primavera Silenciosa" (Silent Spring), Rachel Carson lançou a

primeira advertência sobre os perigos dos organoclorados. O alerta de Carson era

claro: presentes em pesticidas, solventes, plásticos e outros produtos químicos, os

organoclorados (toxinas resultantes da combinação de cloro e matéria orgânica)

poderiam contaminar os organismos de todos os homens, mulheres, crianças e

animais do planeta, assim como o ar, lagos, oceanos, peixes que aí vivem e as aves

que deles se alimentam.

Hoje, já está suficientemente documentado o papel dos organoclorados na dizimação

de populações inteiras de aves, focas e outros animais, na infertilidade, na

feminilização dos machos e no déficit de desenvolvimento dos órgãos sexuais.

Evidências científicas crescentes indicam que os organoclorados podem estar

prejudicando o funcionamento interno do organismo humano – ao alterar os níveis

hormonais, provocar defeitos congênitos e infertilidade, comprometer as funções

mentais de crianças, causar câncer e diminuir a resistência a enfermidades por

deprimir o sistema imunológico.

Como os sintomas clínicos da exposição a estas substâncias químicas podem tardar

a se manifestar nos seres humanos, só agora se evidenciam as implicações em larga

escala para a saúde, antecipadas por Rachel Carson. A partir do momento em que a

geração dos anos 50 e 60, exposta no útero materno a essas substâncias, atingiu a

idade reprodutiva, as evidências começaram a se impor.

Algumas substâncias cloradas permanecem intactas no meio ambiente por décadas

e mesmo séculos. Organoclorados persistentes são partes da dieta diária de todos

nós. Essas toxinas podem ser encontradas no sangue humano, no leite materno, nos

músculos e no tecido adiposo de pessoas em todas as partes do globo. Acumulando-

se nos tecidos através dos tempos, elas se somam às cargas corporais de substâncias

perigosas que ameaçam a vida.

Recentemente, por exemplo, pesquisas comprovaram que as pessoas expostas a

dioxinas durante o acidente industrial na cidade italiana de Seveso, em 1976, são

mais propensas a certos tipos de câncer.1 Um estudo holandês, de 1994, contatou

200 bebês, cujas mães tinham altos níveis de dioxinas no leite e no cordão umbilical,

apresentaram uma variedade de disfunções em seus músculos, reflexos e tireoide.2

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Este relatório é mais do que um alerta: pretende contribuir para o debate sobre o

assunto no Brasil e funcionar como instrumento de apoio à luta do Greenpeace e

outras instituições pela proibição total, em escala mundial, da produção de

organoclorados. Se permitirmos que se continue a produzir poluentes químicos

capazes de interferir em funções tão básicas da vida humana, estaremos pondo em

risco os alicerces biológicos da nossa própria espécie.

1.1. Proibição Internacional: a única alternativa

Organoclorados persistentes estão circulando pelo meio ambiente de todo o planeta,

das profundezas do leito marinho à estratosfera, do Polo Norte ao Polo Sul.

Os organoclorados persistentes mais voláteis – como os clorofluorcarbonos (CFCs) e

alguns solventes – ascendem à atmosfera, reduzindo a camada de ozônio. Os menos

voláteis permanecem na atmosfera por algum tempo e finalmente se depositam na

superfície da Terra. Alguns desses últimos, próximo ao local de onde se originaram;

outros circulam pelo globo, levados por correntes de ar, depositando-se por fim, em

leitos de rios, lagos, mares, vegetação e solo. Uma vez retidos na superfície do

planeta, quantidade significativa desses organoclorados ingressa na cadeia

alimentar.

Os organoclorados se depositam em maior escala nas regiões frias. Esse fenômeno,

conhecido como destilação global, é a causa das inesperadas concentrações elevadas

de organoclorados no ar, na água do mar, nos plânctons, nos animais selvagens e

na população da região ártica.

Estabelecer restrições às emissões de alguns tipos de organoclorados a níveis

"aceitáveis" seria uma medida inócua, que não contribuiria em nada para eliminar os

organoclorados que já estão circulando pelo planeta. O máximo que se poderia

alcançar seria estabilizar os níveis de organoclorados persistentes já presentes no

meio ambiente. Isso de pouco adiantaria, pois os organoclorados são tóxicos em

quaisquer níveis e capazes de se acumular nos tecidos dos organismos vivos.

Além disso, as restrições só poderiam ser aplicadas aos 11.000 organoclorados

registrados como produtos comerciais. Eles representam, porém, uma pequena

fração do número total de organoclorados criados acidentalmente, como subproduto

das atividades industriais. Muitos desses subprodutos ainda sequer foram

identificados.

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A única forma de obter uma proteção efetiva é através de uma medida preventiva

global: um acordo internacional, com a força de lei, para banir a produção dos

organoclorados.

1.2. O equilíbrio da natureza

Entre os principais argumentos contrários a uma proibição para os organoclorados,

está o de que a própria Natureza produz substâncias químicas similares a estes

organo-halogênios. A maioria é encontrada em algas marinhas, bactérias fungos,

enquanto algumas poucas são produzidas por plantas, animais e por fenômenos

naturais.

A maioria dos organoclorados naturais é produzida em pequenas quantidades. Uma

exceção notável é o organoclorado mais simples, o clorometano. Produzido por algas

marinhas, supõe-se que ele desempenhe um papel regulador da camada de ozônio.

Somente alguns dos organoclorados produzidos por organismos vivos são

persistentes. Acredita-se também que as erupções vulcânicas produzam pequenas

quantidades de alguns organoclorados persistentes (até há pouco se pensava que os

incêndios florestais fossem uma fonte significativa de dioxinas, um grupo de

organoclorados persistentes, mas esta teoria foi refutada).

A existência, na Natureza, de compostos químicos similares aos organoclorados serve

mais como um argumento favorável do que como argumento contrário à sua

proibição. Como ainda se conhece muito pouco a respeito das funções

desempenhadas pelos organo-halogênios produzidos naturalmente, é impossível

predizer o impacto real dos organoclorados sintéticos no delicado equilíbrio do nosso

ecossistema. Devido a essa incerteza, é inaceitável que se continue despejando no

meio ambiente tais quantidades de organoclorados sintéticos.

1.3. Os efeitos tóxicos dos organoclorados

Os compostos organoclorados produzem uma ampla gama de efeitos tóxicos em

animais e seres humanos, inclusive nos sistemas reprodutivo, nervoso e imunológico,

além de causarem câncer.

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Muitos desses efeitos ocorrem porque certos organoclorados são capazes de

mimetizar ou bloquear determinados hormônios, particularmente hormônios sexuais.

Além disso, alguns organoclorados afetam enzimas que controlam as reações

bioquímicas no organismo. Há organoclorados que também afetam os

neurotransmissores, substâncias químicas do sistema nervoso, assim como as

células do sistema imunológico.

Certos organoclorados, como os PCBs (policloreto de bifenilas) e as dioxinas, podem

se ligar a proteínas específicas nas células, causando hepatoxidade, neurotoxidade,

imunotoxidade, alteração do metabolismo lipídico e dos níveis de hormônios da

tireoide, além de modificação da tolerância à glicose e perda de peso durante o

desenvolvimento do feto.

1.4. Uso do cloro no mundo

Os maiores produtores de cloro no mundo são as grandes multinacionais químicas –

como a Bayer, a Dow Chemical, a Hoechst, a ICI, a Solvay, a Akzo, a Norsk Hydro,

a Occidental, a OLIN e a PPG.

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Tabela 1 – Organoclorados

SETOR % TOTAL

Gás cloro 15

Celulose e papel 10

Esgotos 4

Água potável 1

Plásticos 50

PVC 34

Poliuretano 11

Resinas epoxi 2

Neoprene 1

Outros plásticos 2

Compostos orgânicos 20

Solventes 9

Refrigerantes 2

Pesticidas 2

Produtos farmacêuticos 0,5

Detergentes 0,5

Outros químicos 6

Compostos inorgânicos 15

Ácido clorídrico 6

Hipocloritos 4

Dióxido de titânio 2

Outros inorgânicos 3

Fonte: Indústria e Comércio

1.5. Contaminantes no útero

Quando mulheres grávidas ou lactantes são expostas a organoclorados persistentes,

seus filhos ficam igualmente expostos. Esses poluentes passam através da placenta

para o feto em desenvolvimento, assim como passam para o recém-nascido através

do leite materno. Durante as etapas iniciais de desenvolvimento da vida, quando os

órgãos do corpo estão se formando e crescendo, a suscetibilidade aos efeitos dos

compostos tóxicos é evidentemente maior.3

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Os fetos em desenvolvimento carecem de gordura corporal para armazenar os

organoclorados que, circulam diretamente nos órgãos em desenvolvimento. E como

o sistema imunológico dos fetos ainda não se formou inteiramente, sua defesa contra

essas substâncias tóxicas é bastante limitada.

1.6. Efeitos na vida selvagem

Em várias partes do mundo, organoclorados persistentes têm sido responsabilizados

pelo declínio de populações da fauna selvagem. As evidências sugerem que os seres

humanos não são menos vulneráveis a essas substâncias.

No caso de animais, relacionou-se os organoclorados persistentes com o aumento do

número de deformidades e morte de embriões, a feminilização de machos, o déficit

de desenvolvimento dos órgãos sexuais, a infertilidade e o comportamento anormal

no cuidado com as crias.

Exemplos de espécies vítimas do envenenamento por organoclorados são as aves

que se alimentam de peixes nos Grandes Lagos (EUA/Canadá), as baleias belugas no

estuário de St. Lawrence (Canadá) – que estão ameaçadas de extinção – as focas do

Mar Báltico, o falcão peregrino da Grã-Bretanha e a lontra marinha europeia.

Em certas regiões já se obteve a proibição de alguns organoclorados específicos. Foi

o caso do DDT nos EUA, após a descoberta de que este pesticida ocasionava

afinamento da casca dos ovos de aves, ameaçadas de extinção, na região dos

Grandes Lagos. Apesar da proibição, a vida selvagem não se recuperou inteiramente

da contaminação.

Desde então, observou-se o crescimento populacional de algumas espécies, como o

cormorão de crista dupla (ave norte-americana) e a gaivota argêntea. Populações de

outras espécies, contudo, como a andorinha-do-mar comum, continuam a diminuir

– provavelmente porque os efeitos observados nestas aves e em outras espécies da

fauna selvagem sejam causados por vários poluentes persistentes interagindo

conjuntamente, e não só pelo DDT.

Como se indica na Tabela 2 os organoclorados têm sido associados ao declínio de

várias espécies selvagens. Em alguns casos, esse efeito foi atribuído diretamente a

organoclorados específicos – como DDT ou PCBs. Mas como esses estudos não

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investigaram todos os poluentes organoclorados presentes, também é possível que

o fenômeno seja causado por uma complexa mistura de organoclorados persistentes.

Tabela 2 – Os efeitos documentados de vários organoclorados na vida selvagem

Animal Localização Efeito

Truta lacustre Grandes Lagos Morte embrionária

Crocodilo Flórida

Anomalias sexuais em indivíduos jovens,

dificultando a reprodução. Por exemplo,

estrutura anormal dos ovários em fêmeas e testículos anormais e pênis

pequenos em machos

Falcão peregrino Grã-Bretanha Afinamento da casca dos ovos

Foca comum Mar Wadden Dificuldade de implantação embrionária

Foca anelada Mar Báltico Dificuldade na reprodução, lesões ósseas

e hiperplasia adrenal

Leão Marinho Califórnia Abortos

Baleia Beluga Estuário de Saint

Lawrence (Canadá)

Lesões mamárias e baixo índice de

gravidez

Pantera Flórida

Defeitos reprodutivos de desenvolvimento, baixo número e

anomalia de espermatozoides, crescente

incidência de criptorquidia (não descimento dos testículos em crias

machos)

Fonte: M. Allsopp

1.7. Exposição Humana a Organoclorados

Os organoclorados persistentes fazem parte da dieta diária de quase todos os

indivíduos do nosso planeta. Em qualquer parte do globo, estas toxinas podem ser

detectadas no sangue humano, no leite materno, nos músculos e no tecido adiposo.

Mais de 90% desses organoclorados persistentes ingressam em nossos organismos

através da alimentação. A carne, o peixe e os laticínios apresentam os níveis mais

altos de concentração de organoclorados persistentes, porque esses compostos

químicos tendem a se armazenar nas gorduras, acumulando-se através da cadeia

alimentar. As frutas e vegetais fumigados com pesticidas podem conter altos níveis

de organoclorados.

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Organoclorados também têm sido identificados na água e nos esgotos tratados com

cloro, dióxido de cloro ou outros agentes oxidantes clorados. Quase todas as pessoas

ingerem água clorada (o cloro é um meio barato na desinfecção desse líquido). Os

compostos orgânicos encontrados em fontes de água natural, particularmente na

superfície da água, reagem com o cloro. São então produzidos alguns organoclorados

tóxicos e provavelmente carcinogênicos. O pesquisador C. Rappe detectou a presença

de dibenzofuranos, um organoclorado extremamente tóxico, na água tratada com

compostos clorados4.

A Tabela 3 indica a concentração de organoclorados no leite materno em diferentes

partes do mundo.

Tabela 3 - Leite Materno

Composto

Químico

Concentração

média (ppm)

Concentração

máxima (ppm) Localização

Dieldrin .0,05 1,78

1,00

Austrália

Iraque

Heptacloro e seu

epóxido 0,05

2,50

0,48

Espanha

Itália

Clordano 0,08 >2,00 México e Iraque

DDT total 1,00 >100,00 Guatemala

HCB 0,10 7,0 Grécia

Beta-HCH 1,00 6,50 Chile

Gama-HCH

(lindano) 0,05 0,89 Itália

PCB total 1,00 3,60 Canadá (Baia de

Hudson)

2,3,7,8-TCDD

(dioxina) 0,000002 0,00145

Vietnã (década de

70)

ppm = partes por milhão / Adaptado de Thomas e Colbom, 1992

Exposições prolongadas a doses relativamente baixas de toxinas persistentes podem

resultar em uma acumulação significativa destas em seres humanos.

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Esse é o caso do povo inuit (também conhecido como esquimó), na região ártica de

Quebec, no Canadá, que têm nos peixes e nos mamíferos marinhos itens importantes

de sua dieta alimentar. Os níveis de dioxina e PCBs no leite materno das mulheres

inuit são 3,5 vezes maiores do que os encontrados entre as demais mulheres que

vivem em Quebec.

A ocorrência de organoclorados persistentes em tecidos humanos pode ser um

indicador dos padrões regionais de industrialização e consumo, particularmente de

pesticidas.

• Os níveis de DDT no leite materno e nos tecidos humanos são maiores em

países com economia agrícola, onde este pesticida ainda é produzido e usado,

do que em países industrializados, que restringiram ou proibiram o seu uso.

• A população de países mais industrializados apresenta níveis mais altos de

compostos químicos manufaturados, como PCBs e dioxinas, do que

populações de países menos industrializados.

• Em países mais industrializados, a proibição de determinados organoclorados

como o DDT, o hexaclorobenzeno (HCB) e o Dieldrin em resultado em um

declínio gradual dos níveis destas substâncias no meio ambiente. Em alguns

casos, porém, esse declínio parece ser mais lento, apresentando

concentrações que podem refletir a circulação total dessas substâncias em

todo o planeta.

1.8. Síntese: A Química do Cloro e a Formação de Organoclorados

A química do cloro começa com o sal comum, o cloreto de sódio, uma substância

estável e natural que circula constantemente pelos ecossistemas e em nossos

organismos. A indústria química cria o gás cloro ao passar a eletricidade através da

água salgada, rompendo o sal e, através disso, alterando fundamentalmente a

característica do cloro.

Diferentemente do cloro no sal, o gás cloro é uma substância extremamente reativa

e venenosa, que raramente aparece na Natureza. Ela é capaz de se ligar rapidamente

com matéria orgânica, formando uma nova classe de compostos chamados de

organoclorados.

A maior parte do gás cloro se combina com produtos petroquímicos para formar

organoclorados tais como plásticos (especialmente o cloreto de polivinila – PVC),

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pesticidas, solventes e outros produtos químicos. Cerca de 15% do gás cloro são

utilizados fora da indústria química, principalmente como branqueador de papel. Na

desinfecção da água potável se utiliza apenas um por cento do gás cloro produzido.

Atualmente, a indústria produz cerca de 11.000 organoclorados distintos, utilizados

numa ampla gama de produtos, desde pesticidas e plásticos até pastas de dentes e

soluções para higiene bucal. Além disso, sua produção e uso geram milhares de

outros organoclorados não desejados. A fabricação de PVC, por exemplo, gera

dioxinas – um dos mais nocivos grupos de organoclorados.

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2. OS EFEITOS NA REPRODUÇÃO

2.1. Efeitos na Reprodução Masculina

Nos últimos 30 a 50 anos, as alterações nos órgãos reprodutivos masculinos têm sido

mais frequentes e a infertilidade masculina parece estar aumentando.5

Essas tendências podem ser atribuídas a diversas causas, como doenças

sexualmente transmissíveis e consumo excessivo de álcool e tabaco. Porém, é difícil

explicar essas tendências mundiais a partir de hábitos que diferem tanto de cultura

para cultura.

Atualmente, há uma crescente evidência científica de que o aumento de alterações

no sistema reprodutor masculino pode estar relacionado com a exposição a

substâncias químicas, muitas das quais organocloradas e capazes de causar

distúrbios endócrinos.6

Nos últimos 50 anos:

• O número de espermatozoides em homens declinou consideravelmente. Dois

estudos recentes, na Europa, mostram que a contagem de espermatozoides

caiu a uma taxa de 2% ao ano, nos últimos 20 anos. Também decaiu a

qualidade dos espermatozoides, que apresentam declínio da motilidade, assim

como proporção maior de anomalias.7

• A incidência de câncer testicular tem aumentado em escala mundial. Entre os

anos 40 e 80, na Dinamarca, a incidência desse câncer aumentou de 3 a 4

vezes.7

• Na Grã-Bretanha, dobraram os casos de criptorquidia (testículos que não

descem para a bolsa escrotal), desde os anos 50.8

• As anomalias uretrais têm aumentado na Grã-Bretanha, Suécia, Noruega,

Dinamarca e Hungria.8

2.1.1. Doenças no Homem Adulto

Embora os maiores impactos dos organoclorados sobre o sistema reprodutivo

masculino ocorram durante a fase de desenvolvimento, algumas pesquisas

demonstram que os níveis de testosterona (hormônio sexual masculino), assim como

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o número de espermatozoides em adultos, têm diminuído como consequência da

exposição a organoclorados persistentes.

Segundo estudo realizado na Índia, um grupo de homens que trabalhava com

pesticidas organoclorados, como o DDT, apresentava diminuição da fertilidade

quando comparado a um grupo menos exposto. Registrou-se também um aumento

significativo em fetos natimortos, mortalidade neonatal e defeitos congênitos em

crianças nascidas desses homens.9

A exposição ocupacional ao pesticida dibromocloropropano (DBCP) produziu muitos

casos de infertilidade masculina. Os pesquisadores Whorton e Foliart descobriram

que os homens que fabricavam ou aplicavam DBCP tinham um número baixo de

espermatozoides, o qual variava proporcionalmente ao tempo em que tais homens

haviam estado expostos ao pesticida.10

Estudos recentes também indicaram que a exposição ocupacional a dioxinas reduz o

nível do hormônio sexual masculino, a testosterona. Durante a Guerra do Vietnã, os

soldados que empregavam o Agente Laranja, contaminado com dioxinas,

apresentaram diminuição do tamanho dos testículos.11

Na população em geral, uma prolongada exposição em pequenas doses pode

igualmente afetar a fertilidade masculina. Em Israel, pesquisas com homens que

apresentavam problemas inexplicáveis de fertilidade constataram a presença de altas

concentrações do pesticida DDT no sangue, assim como de lindano, um composto

químico usado para tratar de madeiras.12

2.2. Efeitos na Reprodução Feminina

Nos últimos 50 anos, as mulheres de países industrializados têm apresentado

crescentes problemas reprodutivos. Esses problemas podem ser devidos à exposição

pré-natal ou à exposição adulta a compostos químicos, os quais modificam o sistema

endócrino, como é o caso de alguns organoclorados persistentes.13,14

• As meninas estão atingindo a puberdade mais cedo.

• A incidência de endometriose está aumentando e ocorrendo em idade mais

precoce.

• É também crescente a incidência de algumas formas de câncer do aparelho

reprodutor, como o câncer de vagina, de cervix do útero e de mama.

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2.2.1. Menstruação: cada vez mais cedo

A idade da primeira menstruação (menarca) é pré-determinada durante estágios

iniciais do desenvolvimento. Experiências em roedores mostraram que alto níveis de

estrógeno durante a gestação ou antes da puberdade aceleram o processo de

maturação do hipotálamo, causando instalação precoce do primeiro estro

(equivalente à menarca nos humanos). Nestes últimos 200 anos, a idade da

instalação da menarca diminuiu de uma média de 17 anos para uma média de 12,8

anos.15

Por outro lado, sabe-se que os períodos em que a idade da instalação da menarca

declinou foram acompanhados por uma diminuição de gravidez múltipla (gêmeos)

nos mesmos grupos de mulheres sob observação. Enquanto essa diminuição costuma

indicar queda na fecundidade e provável exposição tóxica, o declínio da idade da

instalação da menarca normalmente sinaliza melhoria na nutrição e na saúde pública.

Portanto, ambos os efeitos – gravidez múltipla e declínio da idade da instalação da

menarca – não poderiam ser explicados por uma melhoria na alimentação. Por isso

uma hipótese é a de que esses fenômenos sejam causados por um aumento da

exposição ao estrógeno. Esse aumento se deveria ao contato crescente dos seres

humanos com estrógenos químicos no meio ambiente.14

2.2.2. Endometriose

A endometriose consiste em células da mucosa uterina crescendo fora do útero,

geralmente nos ovários, bexiga, intestinos e na parede pélvica. Essa enfermidade

causa infertilidade e dores crônicas. Nos Estados Unidos, chega a afetar uma mulher

em cada dez em idade reprodutiva.16

Estudos em macacos rhesus demonstraram que a exposição a dioxinas ou PCBs

aumenta o risco de desenvolvimento da endometriose. Observou-se que o

aparecimento dessa enfermidade pode ocorrer mesmo com doses de dioxinas 7 a 8

vezes menores do que aquelas consideradas "seguras", na classificação atual da

Organização Mundial da Saúde.16,17

2.3. Síntese: Alteração da Função Endócrina

Alguns organoclorados podem causar danos mimetizando ou bloqueando hormônios

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esteroides que controlam o crescimento e o sexo, em particular o estrógeno

(hormônio sexual feminino) e a testosterona (hormônio sexual masculino).

Para que o estrógeno produza seus efeitos no organismo, da mesma forma que

outros hormônios, necessita se ligar a determinadas proteínas celulares, chamadas

"receptores". O encaixe do receptor e do hormônio é intrincado e extremamente

preciso.

Essa ligação entre a célula receptora e o hormônio provoca uma resposta fisiológica

no organismo. Alguns organoclorados se ligam a receptores celulares de estrógeno,

provocando processos inadequados ou bloqueando os processos normais no

organismo.

O estrógeno é essencial para o desenvolvimento normal dos órgãos reprodutivos

femininos e masculinos durante a vida fetal, tanto nos seres humanos quanto nos

animais. Por isso, não é surpreendente que organoclorados que mimetizem ou

bloqueiem o estrógeno possam causar efeitos devastadores no desenvolvimento do

sistema reprodutivo do feto. Os efeitos na prole são permanentes e irreversíveis.

O estrógeno e outros hormônios esteroides também são fundamentais no

desenvolvimento e crescimento normais do cérebro, tireoide, fígado, rins, esqueleto

e sistema imunológico.

Em adultos, os hormônios são essenciais na regulação de vários processos biológicos.

Portanto, adultos também são afetados pela exposição a organoclorados. Mas os

fetos e recém-nascidos são evidentemente os grupos que correm o maior risco

quando expostos a organoclorados. Esses também podem causar danos ao interferir

em outras proteínas complexas, como as enzimas e neurotransmissores.

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3. EFEITOS EM FETOS E CRIANÇAS

Os jovens em fase de desenvolvimento são particularmente sensíveis à exposição

aos organoclorados. A exposição pré-natal a organoclorados persistentes, além de

poder prejudicar o sistema reprodutivo durante a fase de desenvolvimento, pode

causar uma série de outros efeitos adversos para a saúde.

A exposição aos organoclorados durante a gravidez pode provocar:

• Óbito fetal e aborto espontâneo;

• Diminuição de peso e tamanho ao nascimento;

• Alterações de comportamento e rebaixamento da inteligência;

• Depressão do sistema imunológico;

• Redução da resistência óssea;

• Efeitos na reprodução.

3.1. Óbito Fetal

A exposição de mulheres grávidas a certos organoclorados pode provocar óbito fetal

ou abortos espontâneos. Mulheres que tenham trabalhado com solventes ou com

pesticidas organoclorados correm riscos maiores.

Estudos mostram que as mulheres que foram expostas a altas concentrações do

solvente percloroetileno em lavanderias a seco são três e meia vezes mais propensas

a abortos espontâneos do que as não expostas.18

Homens que trabalharam com alguns organoclorados, como pesticidas, podem ter

anomalias nos espermatozoides, que resultem em abortos espontâneos.9

3.2. Baixo Peso no Nascimento

A exposição pré-natal aos PCBs reduz o peso dos recém-nascidos, como

evidenciaram experimentos com animais e dados epidemiológicos em seres

humanos.

Foi o que ocorreu, por exemplo, com os recém-nascidos de mulheres que haviam

ingerido quantidades moderadas de peixe contaminado do Lago de Michigan: eles

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apresentaram baixo peso ao nascimento, diâmetro craniano menor e nasceram mais

prematuramente do que os bebês de mulheres não expostas. As crianças de mãe

expostas aos PCBs também apresentaram, aos quatro anos, estatura menor do que

a média.19,20

Um estudo recente na Holanda investigou a exposição e os efeitos das dioxinas e

PCBs em 200 recém-nascidos saudáveis, que nasceram sem quaisquer complicações.

A estimativa da exposição dos recém-nascidos foi feita medindo-se as concentrações

de dioxinas e PCBs presentes no leite de suas mães e no cordão umbilical. Os mais

expostos apresentavam menor habilidade de usar seus músculos, uma maior

incidência de disfunções da glândula tireoide e reflexos menos desenvolvidos, entre

os dez primeiros dias e os três meses de idade. A constatação preocupou os

cientistas, que acompanharão o desenvolvimento dessas crianças ao longo de toda

a sua infância, para verificar se os efeitos encontrados são permanentes.21,22

3.3. Alterações de Comportamento e Rebaixamento da Inteligência

Evidências crescentes sugerem que a exposição pré-natal a organoclorados pode ter

um efeito permanente no comportamento e inteligência.

É o caso, por exemplo, dos moradores de Yucheng, em Taiwan, que foram

acidentalmente expostos a PCBs e dioxinas, ao comer arroz contaminado. Doze anos

após o acidente, crianças que haviam sido contaminadas no útero apresentavam

alterações de comportamento e rebaixamento da inteligência.23,24,25

Na região do Lago Michigan, observou-se que os filhos de mulheres que ingeriram

quantidades moderadas de peixe contaminado com PCBs sofriam diminuição da

memória recente e apresentavam evidências de uma função mental mais lenta do

que a normal.26

3.4. Danos no Sistema Imunológico

Muitos organoclorados são tóxicos para o sistema imunológico. Como se sabe, danos

no sistema imunológico podem resultar no aumento de doenças infecciosas, alguns

tipos de câncer e doenças autoimunes.

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Em Times Beach, Missouri (EUA), constatou-se que as crianças entre 9 e 14 anos de

idade, cujas mães foram expostas a dioxinas durante a gravidez, tinham anomalias

nas células do sistema imunológico. Resultados semelhantes foram encontrados em

estudos com animais.27

As mulheres inuit, cuja dieta consiste basicamente em peixe e mamíferos marinhos,

têm altos níveis de PCBs e dioxinas no seu leite materno. Estudo recente mostrou

que existe uma correlação entre a contaminação do leite materno e uma incidência

maior do que a normal de infecções do ouvido nos bebês inuit.28

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4. ORGANOCLORADOS E CÂNCER

Estima-se que aproximadamente metade dos cânceres na Europa e 8 entre cada 10

cânceres nos Estados Unidos são causados por fatores relacionados ao meio

ambiente ou a hábitos de vida.29

Pesquisas com comunidades expostas e trabalhadores industriais têm sugerido uma

correlação entre vários organoclorados e tipos diferentes de câncer. Em muitos

estudos, a exposição a níveis elevados ou por longos períodos aumenta o risco de

câncer.

4.1. Seveso: a Evidência

Desde 1976, quando um grave acidente industrial na cidade italiana de Seveso

liberou dioxinas para a atmosfera, cerca de 2.000 famílias passaram a ter sua saúde

monitorada por cientistas. Esse estudo é muito significativo: a população está sendo

bem monitorada e novas técnicas facilitaram a medição de dioxinas no sangue, um

fator decisivo para uma determinação precisa do nível de exposição. Há alguns anos,

os pesquisadores constataram um aumento de doenças cardiovasculares e provável

aumento de determinados tipos de câncer.

Estudos mais recentes, realizados pela mesma equipe científica, reforçaram a

evidência de que as dioxinas são carcinogênicas para seres humanos. O cientista Pier

Alberto Bertazzi publicou, com sua equipe, um artigo na revista "Epidemiology", em

1993, descrevendo o aumento de determinados tipos de câncer entre a população

de Seveso.1

Segundo o artigo, pessoas que viviam na segunda área mais contaminada da região

(a chamada "zona B") tinham uma probabilidade três vezes maior de contrair câncer

de fígado do que a população em geral. No mesmo grupo, uma forma de mieloma

ocorreu 5,3 vezes mais frequentemente entre as mulheres, enquanto que entre os

homens alguns cânceres de sangue foram 5,7 vezes mais frequentes.

4.2. O Câncer de Mama

O câncer de mama é um dos problemas de saúde mais sérios em todo o mundo. Ele

é responsável por mais de 5% dos óbitos em alguns países e está aumentando em

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escala mundial. Nos Estados Unidos, a mortalidade por câncer de mama tem

aumentado a uma proporção de 1% ao ano, desde a II Guerra Mundial.15

Os fatores de risco identificados para o câncer de mama, como idade, história familiar

de câncer de mama, idades de início da puberdade, primeira gravidez e menopausa,

obesidade e consumo de álcool, fornecem explicação para apenas cerca de um terço

do total de casos.

Investigações realizadas em células de câncer de mama também têm trazido

evidência de que os organoclorados podem estar relacionados com a formação do

câncer de mama.

Estudos realizados na Califórnia indicaram um risco quatro vezes maior para

mulheres com altos níveis de DDE, um metabólito do pesticida DDT.30,31 Contudo,

outros estudos não confirmam essa correlação.32,33

Medidas preventivas deveriam ser adotadas enquanto prosseguem os estudos sobre

a relação entre o câncer de mama e os organoclorados.

A Tabela 4 indica os vários tipos de câncer estão associados à exposição a

organoclorados específicos.

Tabela 4 - Câncer e a exposição aos organoclorados

Tipo de Câncer Organoclorado

Fígado PCBs

Trato digestivo PCBs

Pâncreas DDT

Pulmão Dioxinas, clorometilas, éteres

Sarcoma de tecido moles Dioxinas, clorofenóis

Gânglios linfáticos, especialmente o 2,4-D Herbicidas, fenóxidos

Anemia aplásica (pré-cancerosa) Lindano, pentaclorofenol

Mama DDE

Cânceres múltiplos (todos os tipos) Dioxinas

Fonte: M. Allsopp

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5. PROIBIÇÃO TOTAL DE ORGANOCLORADOS

"A expansão dinâmica da indústria de cloro durante as décadas de 50 e 60

foi um equívoco decisivo no desenvolvimento industrial do Séc. XX, que

não teria ocorrido caso soubéssemos, à época, o que hoje sabemos a

respeito dos impactos da indústria de cloro sobre o meio ambiente e a

saúde humana".

(Conselho Alemão de Especialistas em Temas Ambientais, 1990)

Em virtude da sua persistência e circulação contínua no meio ambiente, os

organoclorados acabaram se espalhando por todo o planeta. Um claro exemplo disso

é o pesticida toxafeno, que já está proibido em 27 países, mas continua sendo

utilizado no Caribe, para o cultivo de algodão. Embora não esteja mais em uso na

Europa Ocidental, o toxafeno é encontrado em altas concentrações no Mar do Norte

e no Atlântico Norte.

Dada a dimensão planetária da contaminação com organoclorados, impõe-se a sua

proibição em escala mundial.

Para a obtenção dessa proibição mundial, são necessários os seguintes passos:

• Inclusão do Princípio Precautório nas legislações internacionais e nacionais;

• Acordo Internacional para eliminação progressiva dos organoclorados,

• Taxação progressiva da produção de cloro;

• Programas de realocação de trabalhadores e comunidades atingidas pela

eliminação da indústria de cloro;

• Assistência técnica e financeira para países em desenvolvimento e pequenas

empresas, visando substituir os produtos clorados.

5.1. Precaução em Primeiro Lugar

Em vez de permitir a descarga de substâncias químicas até que se comprove dano à

saúde pública e ao meio ambiente, o Princípio Precautório proíbe a descarga de

substâncias sintéticas, a menos que se comprove que tais substâncias sejam inócuas.

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A adoção desse princípio evita o problema de tentar estabelecer níveis de tolerância

"aceitáveis" para substâncias cuja toxidade ainda não seja bem conhecida. Ao adotar-

se o Princípio Precautório, as indústrias seriam forçadas a reduzir a zero suas

emissões tóxicas, em vez de apenas restringi-las a determinados níveis.

5.2. Taxas para o Cloro e Fundos de Transição

A produção de cloro e soda deve ser taxada com um imposto por tonelada produzida.

Esse imposto permitiria constituir fundos financeiro para auxiliar a transição para

uma "sociedade industrial sem cloro".

5.3. Acordos Internacionais

Nos últimos anos, uma série de órgãos internacionais têm se manifestado a respeito

da contaminação com organoclorados:

• 1989, Conferência Circumpolar – Inuit: a Conferência fez um apelo

internacional para o controle da contaminação tóxica do Ártico, na sua maior

parte originária de regiões distantes, mas atingindo o Ártico através das

correntes atmosféricas.

• 1992, Comissão Mista dos Grandes Lagos: essa comissão, formada por

cientistas dos EUA e Canadá, para tratar da contaminação dos lagos

fronteiriços aos dois países, recomendou a seus governos a eliminação de

todos os usos de cloro como matéria-prima industrial.

• 1992, Comissão de Paris: Os 13 países da região do Atlântico Nordeste e

da União Europeia concordaram em eliminar as descargas de substâncias

tóxicas, persistentes e bioacumulativas, particularmente os organoclorados.

• 1993, Conferência do Mar do Norte: essa conferência adotou o acordo

acima citado da Comissão de Paris, assim como as metas prévias para a

redução em 50% de vários organoclorados e de 70% para as dioxinas.

• 1993, Convenção de Barcelona: 21 nações do Mar Mediterrâneo

concordaram em eliminar a descarga de substâncias tóxicas, persistentes e

bioacumulativas, particularmente os organoclorados.

• 1995, Conferência do Mar do Norte: os países participantes fecham acordo

para eliminar a descarga de substâncias perigosas no mar no prazo de uma

geração (25 anos).

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Esses acordos regionais, no entanto, ainda não seriam suficientes para resolver o

problema da contaminação planetária. Devido à circulação global de poluentes

persistentes, mesmo quando uma região proíbe determinado organoclorado, a

substância proibida seguirá se acumulando ali enquanto continuar a ser produzida e

usada em qualquer parte do mundo. A única solução é uma proibição internacional,

com força de lei, banindo todos os organoclorados, como um grupo. Esse acordo

deve incluir um cronograma para a eliminação progressiva de compostos clorados

nos setores mais importantes, para os quais já existam alternativas economicamente

viáveis e comprovadas: indústria de celulose e papel, solventes, PVC e pesticidas.

Numa segunda etapa, deve ser eliminado o uso de cloro na desinfecção da água e de

intermediários do cloro em processos industriais.

O primeiro grande passo para esse acordo foi a Conferência Intergovernamental

sobre a Proteção do Meio Marinho contra Fontes de Poluição Terrestres, realizada em

novembro de 1995. Na Declaração de Washington, os países presentes

comprometeram-se a elaborar e adotar um acordo legal, de caráter global, para

eliminar os poluentes orgânicos persistentes dos oceanos do planeta. Isso pode

requerer, inclusive, a eliminação da sua própria produção e uso.

O significado político da Conferência de Washington é claro: os poluentes orgânicos

persistentes, entre os quais se encontram os organoclorados persistentes, são agora

reconhecidos como um problema mundial, assim como o problema da camada de

ozônio ou do aquecimento global. Traduzir em ação essas palavras, no entanto,

garantindo assim uma "sociedade livre de cloro", continua sendo um dos grandes

desafios ambientais do fim desse século.

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ANEXO 1 – LISTA DE SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS

• CFC clorofluorcarbono

• DDT diclorofenil tricloroetano

• DBCP dibromocloropropano

• DDE diclorodifenil dicloroetano

• HCB hexaclorobenzeno

• HCH hexaclorohexano

• PVC cloreto de polivinila

• PCP pentaclorofenol

• PCB policloreto de bifenila

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ANEXO 2 – MAIORES PRODUTORES E USUÁRIOS MUNDIAIS DO CLORO

• Akso Nobel

• Asahi Glass

• Associated Octel

• Atochem

• BASF

• Bayer

• Borregaard Industries

• Buna

• Caffaro

• Ciba Geigy

• Dow Chemical

• Dow Europe

• Electroquimicia

• Elf Atochem

• Enichem

• Erkimia

• Finnish Chemicals

• General Eletric Plastics

• Hays Chemicals

• Hoechst

• ICI

• Metaux Speciaux

• Norsk Hydro

• Occidental Petroleum

• Olin

• PPG Industries

• Produits Chemiques

• Quimica Del Cinca

• Rhône-Poulenc Chemie

• Roche Products

• Schweizerhall

• Solvay

• Tessenderlo Chemie

• Tosoh

• Uniteca

• Veitsiluoto

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• Vulcan Materials

• Wacker – Chemie

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