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Economia emDestaque
Entrevista Artigos
Desempenho daconjuntura baiana no1 trimestre de 2007
Carla do NascimentoElissandra BritoFabiana PachecoJoo Paulo Caetano Santos
Joseanie MendonaNcia SantosPatrcia Cerqueira
6
Vida sustentvel
Joo Damsio
22Pobreza comoinsuficincia de renda:vantagens e limitaesde sua utilizao
Kenys M. Machado
30
Programa de Aceleraodo Crescimento (PAC)na Bahia: vertente dainfra-estrutura
Jorge Tadeu Dantas CaffZlia Maria Abreu Gis
36
Sumrio
ExpedienteGOVERNO DO ESTADO DA BAHIAJAQUES WAGNER
SECRETARIA DO PLANEJAMENTORONALD LOBATO
SUPERINTENDNCIA DE ESTUDOSECONMICOS E SOCIAIS DA BAHIAJOS GERALDO DOS REIS SANTOS
CONSELHO EDITORIALAntnio Plnio Pires de MouraCeleste Maria Philigret BaptistaEdmundo S Barreto FigueraJair Sampaio Soares JuniorJackson Ornelas MendonaJos Ribeiro Soares Guimares
Laumar Neves de SouzaMarcos VerhineRoberto Fortuna Carneiro
COORDENAO GERALLuiz Mrio Ribeiro Vieira
COORDENAO EDITORIALElissandra Alves de BrittoJoo Paulo Caetano Santos
EQUIPE TCNICACarla Janira Souza do NascimentoFabiana Karine Pacheco dos SantosJoseanie Aquino MendonaPatrcia CerqueiraNcia Moreira da Silva SantosRosangela Ferreira Conceio
NORMALIZAOCoordenao de Documentao e Biblioteca COBI
REVISOMaria Jos Bacelar
COORDENAO GRFICADris Serrano
FOTOSAgecomLucas SantanaStock.XCHNG
DESIGNER GRFICO/EDITORAO/ILUSTRAESNando Cordeiro
Os artigos publicados so de inteira responsabilidadede seus autores. As opinies neles emitidas no expri-mem, necessariamente, o ponto de vista da Superin-tendncia de Estudos Econmicos e Sociais da Bahia SEI. permitida a reproduo total ou parcial dos
textos desta revista, desde que seja citada a fonte.Esta publicao est indexada no Ulrichs Internatio-nal Periodicals Directory e no Qualis.
Mercado de trabalho:um ano animador porenquanto apenas umapossibilidade
Gustavo Santana O. Santos
46
Novo PIB da Bahia:breves notas metodolgicase rebatimentos regionais
Edmundo S Barreto FigueirGustavo Casseb Pessoti
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Carta do editor4
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Ponto de vista
O social como vetorde desenvolvimentoeconmico
Jos Geraldo dos Reis
Santos
60
Investimentosna Bahia
ConjunturaEconmicaBaiana
IndicadoresConjunturais
Investimentosindustriais previstosiro gerar 55.498 novospostos de trabalho
62
Livros66
68
Indicadores Econmicos
Indicadores Sociais
Finanas Pblicas
79
86
96
Av. Luiz Viana Filho, 435 4 Avenida 2 And. CAB
Cep: 41.745-002 Salvador BahiaTel.: (71) 3115 4823/4822 Fax: (71) 3116 1781www.sei.ba.gov.br [email protected]
CONJUNTURA & PLANEJAMENTO, V.1- (1994- ) Salvador: Superintendncia de Estudos
Econmicos e Sociais da Bahia, 2007.
Trimestral
ISSN 1413-1536CDU 338(814.2)
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A revista Conjuntura & Planejamento passa, a partir dessa edio, a ser veiculada
trimestralmente. A despeito da mudana de periodicidade, buscou-se manter o con-tedo cientfico e informativo, que caracterstico da revista. Nesse sentido, os artigosdesta nova edio trazem ao pblico leitor uma gama de informaes relacionadas atividade econmica da Bahia e do Brasil, alm do informativo estatstico, no qualso apresentados grficos com anlises da conjuntura econmica baiana, bem comotabela dos principais indicadores econmicos e sociais do estado. Em sua nova pe-riodicidade, a revista tambm inova com a introduo de novas sees Entrevista,Livros, Ponto de vista , tendo como objetivo promover maior interao dos leitorescom os eventos reais e cotidianos do ambiente econmico e social da Bahia.
Um dos novos destaques na C&P trimestral a seo de Entrevista. Nesta edio, arevista traz uma entrevista com o Joo Damsio Oliveira Filho, professor da Faculdadede Cincias Econmicas da Bahia, na qual so abordadas questes relacionadas aomeio-ambiente. Na entrevista, o professor destaca que a preservao do meio-ambiente,em suas diversas vertentes gua, tratamento de esgoto, lixo etc. , passa pela mu-dana de paradigma. Alm disso, sustenta que a preservao traz ganhos no apenasdo ponto de vista ambiental, mas tambm do ponto de vista econmico.
Outra destaque a seo Ponto de vista, onde Jos Geraldo dos Reis Santos, Diretorgeral da SEI, explana sucintamente, sobre o grande desafio enfrentado pelo novo go-verno da Bahia, que inverter a lgica do desenvolvimento econmico, social e territo-
rial do Estado. Ao abordar o assunto de uma forma elucidativa, o autor contribui paraampliar o discernimento do leitor quanto s questes que envolvem o crescimento daeconomia baiana.
A revista Conjuntura & Planejamento traz, nesta edio, artigos que avaliam eventosde carter regional e nacional. Em um desses artigos, Tadeu Caf e Zlia Gis analisamo Plano de Acelerao do Crescimento (PAC), tendo como base os principais projetosvoltados para a Bahia. Essa proposta de investimentos desencadeia uma perspectivade crescimento da economia do estado. J o autor Gustavo Santana apresenta os pri-meiros indicadores do mercado de trabalho brasileiro e aponta perspectivas a partirdo lanamento do PAC. H ainda outros dois artigos de carter tcnico-metodolgico;
em um deles, Kenys Machado analisa a definio da pobreza a partir do conceito deinsuficincia de renda. Por fim, Edmundo Figueira e Gustavo Pessoti apresentam anova metodologia de clculo do PIB e seus impactos sobre a quantificao da geraode riqueza no pas. No artigo, os autores apontam as principais vantagens dessa novametodologia.
Com essa nova formulao, espera-se que a revista C&P continue colaborando, agoraem maior dimenso, para ampliar o conhecimento da populao, em especial de seusleitores, de questes relacionadas ao ambiente econmico em todos os seus aspectos.Assim, esta nova edio no se torna o ponto de partida, mas um novo ponto de partida
para o acesso a esse conhecimento.
Carta do editor
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Desempenho da conjuntura baiana no 1 trimestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE
O presente artigo apresenta os principais indicadores conjunturais da economiabrasileira e baiana para o primeiro trimestre de 2007. O desempenho da economiabrasileira, observado pela leitura de seus principais indicadores, revela dinamismoem vrios setores, principalmente na indstria e no comrcio varejista.
Dois aspectos so relevantes neste perodo para analistas conjunturais da economiabrasileira. O primeiro, a apreciao cambial e o crescimento das importaes; e o
segundo, o aumento na produo de bens de capital.
De acordo com o Grupo de Conjuntura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)(CARTA DE CONJUNTURA, 2007), alguns analistas defendem que a apreciao do cm-bio e o crescimento das importaes so benficos ao crescimento econmico, uma vezque contribuem para o controle da inflao e para a reduo da taxa de juros: isto , porum lado, o cmbio apreciado inibiria o aumento dos preos, via concorrncia externa;por outro, o aumento das importaes ampliaria a oferta de bens, compensando o dese-quilbrio entre a demanda interna e a produo. Ressalta-se tambm que a importaode bens de capital contribui para ampliar o nvel de investimento no pas. No entanto
outra linha admite que esta mesma apreciao cambial pode levar perda de competiti-vidade externa, via desempenho do quantumdas exportaes e das importaes.
Outro fato que chama ateno neste primeiro trimestre so as elevadas taxas de cres-cimento da produo interna industrial de bens de capital, que no esto sendo afeta-das pelo aumento nas importaes de bens de capital. Segundo dados da PesquisaIndustrial Mensal (PIM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), estesetor tem apresentado taxas consecutivas de crescimento. Considerando-se o ndice tri-mestral em relao ao trimestre imediatamente anterior, observa-se aumento gradativonos ltimos cinco trimestres -0,8% no primeiro trimestre de 2006, passando a 1,0%
Desempenho daconjuntura baianano 1 trimestre de 2007
Carla do Nascimento, Elissandra Brito, Fabiana Pacheco,
Joo Paulo Caetano Santos, Joseanie Mendona, Ncia Santos, Patrcia Cerqueira*
* Economistas e tcnicos da SEI
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ECONOMIAEM DESTAQUE
Carla do Nascimento, Elissandra Brito, Fabiana Pacheco,Joo Paulo Caetano Santos, Joseanie Mendona, Ncia Santos, Patrcia Cerqueira
no segundo, 3,3%, respectivamente, no terceiro e quar-to, atingindo 6,9% no primeiro trimestre de 2007. Estesacrscimos tornam-se mais expressivos, na medida em
que se considera a expanso de bens de capital impor-tados, podendo-se concluir que h mercado crescentetanto para produtos importados como para os produzidosinternamente; como tambm, sinalizam est ocorrendoum aumento da capacidade produtiva interna, que temcomo inteno atender demanda futura.
Ambos os fatores permitem inferir que a economia bra-sileira caminha para um crescimento, ainda que modes-to, conforme expectativas de analistas. Ressalta-se que
o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deverter importante participao da produo agropecuriae, principalmente, do setor de servios. Portanto, umapossvel queda do setor industrial de transformao po-der ser compensada por esses dois setores, como tam-bm por outros que compem o setor industrial, como aconstruo civil e a indstria extrativa.
Todos estes aspectos repercutem diretamente nas eco-nomias subnacionais, no caso aqui a se destacar, a
economia baiana. Os indicadores que mostram aperfor-mancedessas economias nos primeiros meses do anode 2007 esto apresentados nas sees seguintes.
ECONOMIA BRASILEIRA
Com a nova metodologia das Contas Nacionais apre-sentada pelo IBGE, a previso do PIB 2007 foi revistapelo Instituto de Pesquisa Econmica e Aplicada (IPEA)para 4,2%, o que foi divulgado pela Nota Tcnica, nodia 20 de abril; economistas mais otimistas, a exemplodo Grupo de Conjuntura da UFRJ (CARTA DE CONJUN-
TURA, 2007), esperam taxa de crescimento prxima de4,5% desse indicador em 2007. Somado a isso, o cen-rio externo favoreceu os principais indicadores da ativi-dade econmica, que alcanaram bons resultados noprimeiro trimestre de 2007.
Conforme PIM (Pesquisa Industrial Mensal, 2007), oindicador de produo fsica da indstria apresen-tou, no primeiro trimestre de 2007, resultado positivotanto frente a igual perodo do ano anterior (3,8%),
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quanto em relao ao ltimo trimestre de 2006(1,2%), na srie ajustada sazonalmente. Em termossetoriais, no primeiro trimestre de 2007, a fabricaode mquinas e equipamentosapresentou incrementode 14,4% em relao a igual perodo do ano anterior,com liderana no impacto sobre o ndice geral, ca-bendo produo de fornos de microondas e refrige-radoresas contribuies positivas mais importantes.Outros impactos positivos e relevantes sobre o resul-tado global da indstria vieram de veculos automo-
tores (6,0%), em funo da expanso na produode autopeas e automveis, seguido pelo setor de ali-mentos(4,8%), com destaque para os itens sucos delaranjae carnes de aves.
Em sentido oposto, entre as dez indstrias que registra-ram queda, as que mais pressionam negativamente ataxa global foram as de material eletrnico e equipamen-tos de comunicaes(-10,9%) e afarmacutica(-4,8%).
Na anlise por categoria de uso, ainda com base naPIM, os ndices confirmam a liderana de bens de capi-tal, que cresceu 7,8% no quarto trimestre de 2006, pas-sando a 14,8% no perodo seguinte. Nessa categoria,destaca-se o comportamento favorvel dos subsetoresde bens de capital para transportese de bens de capitalpara fins agrcolas, que reverteram a queda de 1,9% ede 2,2%, respectivamente, no ltimo trimestre do anopassado, para uma expanso de 9,5% e 13,1%, respec-tivamente, nos trs primeiros meses de 2007.
Os bens intermediriostambm mostram avano, em-bora mais moderado, entre os dois trimestres (de 2,2%para 3,8%), com destaque para o subsetor de insumosindustriais elaborados(de 1,9% para 3,2%).
O setor de bens de consumoperde ritmo nessa com-parao: bens de consumo durveis passa de 4,3%no ltimo trimestre de 2006 para 2,3% no primeiro de2007, influenciado principalmente pelos desempenhosde eletrodomstico da linha marrom(de -3,1% para -24,3%) e de celulares (de 4,3% para -8,9%), enquantobens de consumo semidurveis e no durveis passade 2,8% para 1,3%, especialmente em funo do gru-pamento de outros no durveis, que passa de 3,8% noltimo trimestre de 2006 para crescimento nulo (0,0%)
no perodo seguinte.
Considerando-se o comrcio exterior, a balana comer-cial brasileira alcanou US$ 13 bilhes no primeiro tri-mestre de 2007, resultado de exportaes de US$ 46 bi-lhes e importaes de US$ 33 bilhes. As exportaescresceram 18,2% em relao ao mesmo perodo, ao pas-so que as importaes tiveram aumento de 24,6%, con-solidando a tendncia observada nos ltimos meses,quando cresceram acima das exportaes (CENTRO IN-TERNACIONAL DE NEGCIOS DA BAHIA, 2007). Desta-
cando-se as importaes de bens de capital, verifica-seum aumento de US$ 8,2 bilhes, do primeiro trimestre de2006, para US$ 9,4 bilhes no mesmo perodo de 2007.Observa-se que a importao de bens de capital temimportante participao na pauta, com 28,2%, ficandoatrs apenas do setor de bens intermedirios (43,4%).
No que se refere ao setor agrcola, estimativas do IBGE,no Levantamento Sistemtico da Produo Agrcola re-alizado em abril de 2007, apontaram, para a safra nacio-nal de cereais, leguminosase oleaginosas, um volume de132,3 milhes de toneladas, maior 1,2% que a estimadaem maro (130,7 milhes de toneladas), e superior em13,0% que a obtida em 2006 (117,0 milhes de tonela-das). A rea cultivada em 2007 apresenta um incremen-to de apenas 0,1% em relao ao ano precedente, situ-ando-se em 45,6 milhes de hectares. Entre os produtosanalisados, a soja e o milho 1 safra so os que tmmaiores reas plantadas, com, respectivamente, 20,6 e9,4 milhes de hectares plantados nesta safra.
Na anlise por categoriade uso, ainda com base na
PIM, os ndices confirmam aliderana de bens de capital,que cresceu 7,8% no quartotrimestre de 2006, passando a14,8% no perodo seguinte
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Carla do Nascimento, Elissandra Brito, Fabiana Pacheco,Joo Paulo Caetano Santos, Joseanie Mendona, Ncia Santos, Patrcia Cerqueira
As perspectivas favorveis para a cultura do milho desegunda safra e a reviso na expectativa da produo dotrigo em gro explicam essa mudana nas estimativaspara 2007. O milhode segunda safra dever registrar em2007 colheita de 15,020 milhes de toneladas, volume
7,4% superior ao previsto em maro (13,99 milhes detoneladas) e a produo do trigo em gro dever atingir3,8 milhes de toneladas, colheita 9,1% maior do que aprojetada em maro (3,463 milhes de toneladas). Essedesempenho esperado porque as principais culturassero beneficiadas pelas boas condies climticas epelos investimentos em insumos agrcolas, entretanto,a safra poder ser revista para baixo, tendo em vista asgeadas que esto ocorrendo no sul do pas.
No comrcio varejista, segundo dados da PesquisaMensal do Comrcio (PMC) (2007) elaborada pelo IBGEem maro, o resultado foi surpreendente no primeirotrimestre do ano, com variao de 9,7% em relao aigual perodo de 2006, superando a variao do ltimotrimestre do ano anterior (7,0%).
As atividades que determinaram tal comportamento fo-ram: combustveis e lubrificantes, que evoluiu de -4,5%para 4,8%; tecidos, vesturio e calados (de 2,5% para6,7%); mveis e eletrodomsticos(de 11,8% para 20,5%);
livros, jornais, revistas e papelaria(de -1,7% para 5,7%) eoutros artigos de uso pessoal e domstico(de 18,9% para21,8%). As atividades de hipermercados, supermercados,produtos alimentcios, bebidas e fumo e equipamentos e
material para escritrio, informtica e comunicaoapre-sentaram estabilidade, com taxas neste ltimo trimestrede 7,1% e 20,2%, respectivamente.
Em termos do comrcio varejista ampliado, a taxa devariao do trimestre, de 11,8%, tambm superou a doltimo trimestre do ano de 2006 (8,8%), influenciadapelo comportamento da atividade de veculos, motos,partes e peas, que evoluiu de 12,6% para 17,4%. J na
outra atividade que compe o setor, material de cons-truo, houve movimento contrrio, saindo de uma taxade 11,2% para 6,0%.
Os resultados obtidos pelo varejo refletem, por um lado,fatores sazonais, como a Pscoa, por exemplo, e, por ou-tro, o aumento do poder de compra da populao, decor-rente basicamente do aumento da massa real de salrio.
Neste contexto, foi apurado, com base nos dados da
Pesquisa Mensal de Emprego (PME) (2007) realizadapelo IBGE, em maro, um contingente de 40,2 milhesde pessoas com 10 anos ou mais de idade. Esta estima-tiva cresceu 2,2% em relao a maro do ano passado.A pesquisa apontou tambm que eram 20,6 milhes aspessoas ocupadas. Este contingente cresceu 0,7% emrelao a fevereiro ltimo e teve uma expanso, com-parativamente ao ano passado, de 3,2%, perto de 641mil pessoas. Cabe ressaltar que, em termos relativos, ocrescimento da populao ocupada foi superior ao dapopulao em idade ativa.
A taxa de desocupao, estimada em 10,1%, no so-freu alterao em relao a fevereiro. Na comparaocom igual perodo do ano passado, o quadro tambmfoi de estabilidade. Nenhum grupamento de ativida-de apresentou variao significativa frente a fevereirode 2007, todavia, na comparao com maro de 2006,o quadro foi de alta na construo (5,0%), comrcio,reparao de veculos automotores e de objetos pesso-
ais e domsticos e comrcio a varejo de combustveis
(3,5%), servios prestados s empresas, aluguis, ati-vidades imobilirias e intermediao financeira(7,5%) eservios domsticos(6,5%).
Ainda segundo a PME, o rendimento mdio real habitu-almente recebido pela populao ocupada, em maro,apresentou estabilidade na comparao com feverei-ro de 2007 e registrou elevao ante o ms de marode 2006 (5,0%). Em todas as formas de insero foiobservada alta no rendimento, na comparao anual:
Omilhode segunda safradever registrar em 2007colheita de 15,020 milhesde toneladas, volume 7,4%superior ao previsto em maro
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Desempenho da conjuntura baiana no 1 trimestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE
empregados com carteira de trabalho assinada (2,2%),empregados sem carteira de trabalho assinada (6,0%)e trabalhadores por conta prpria (12,1%).
O IBGE est divulgando, pela primeira vez, com base nosdados da PME, a massa de rendimentos reais da popula-o ocupada, que foi estimada para o total das seis regiesmetropolitanas em 22,5 bilhes de reais. Esta estimativa
apresentou estabilidade em relao a janeiro, mas, contrafevereiro do ano passado, este indicador apresentou cres-cimento expressivo de 7,7%, atingindo a maior variaoobservada no exerccio de comparao anual entre osmeses de fevereiro fevereiro de 2002 para 2003 (-0,2%);fevereiro de 2003 para 2004 (-1,9%); fevereiro de 2004 para2005 (6,8%); fevereiro de 2005 para 2006 (3,5%).
O contingente de pessoas na fora de trabalho foi es-timado, para o agregado das seis regies, em marode 2007, em 22,9 milhes, apresentando alta (1,0%) emrelao a fevereiro de 2007. Na comparao com mar-o de 2006, foi registrado crescimento de 2,9%, ou seja,em um ano, entraram na fora de trabalho aproximada-mente 648 mil pessoas.
Outros indicadores contribuem para a leitura conjuntu-ral do desempenho da economia brasileira, como, porexemplo, as vendas de papelo ondulado. De acordocom estatsticas da Associao Brasileira de Papelo
Ondulado (ABPO), ocorreu um crescimento de 3,3% nacomercializao daquele produto no primeiro trimes-tre de 2007, comparando-se com o mesmo perodo de2006. A entidade prev crescimento de 7% nas vendasde papelo ondulado impulsionado pela acelerao do
ritmo da atividade fabril no pas.
Diante do exposto, o cumprimento das metas do Pro-grama de Acelerao do Crescimento (PAC), lanadopelo governo federal em janeiro de 2007, poder favo-recer ainda mais o cenrio positivo delineado pelosindicadores econmicos. O relatrio apresentado apscem dias do lanamento do programa trouxe boas no-tcias e sinais de alerta.
Dentre as boas notcias, o anncio da regulamentaodo Regime Especial de Incentivo ao Desenvolvimentoda Infra-estrutura, que prev incentivos, cujo volumeglobal da ordem de R$ 1,6 bilho para as empresasque tiverem projetos de infra-estrutura aprovados nasreas de transportes, energia, saneamento bsico eirrigao. Entretanto os projetos de importncia es-tratgica para o pas requerem ao mais incisiva nocumprimento das metas.
neste cenrio que se insere a economia baiana, com
o pas apresentando ainda elevadas taxas de juros (atu-almente em torno de 12,50%), aumento da renda real,leve recuperao dos investimentos e manuteno dosaldo comercial externo positivo, a despeito do aumen-to das importaes.
Considerando-se a conjuntura baiana, os principaisindicadores econmicos mostram desempenho acimado observado no ano anterior. Na indstria, os dadosde produo fsica mostram-se, ainda que positivos,abaixo das expectativas para o ano de 2007. No comr-cio varejista, o volume de vendas mantm a mesmadinmica observada em anos anteriores; na atividadeagrcola, estima-se safra recorde. No comrcio exterior,as exportaes mantm o saldo comercial positivo,mesmo com o crescimento das importaes nos lti-mos meses.
Os aspectos que mostram o comportamento desses in-dicadores esto expostos nas sees seguintes.
De acordo com estatsticasda Associao Brasileira de
Papelo Ondulado (ABPO),ocorreu um crescimento de3,3% na comercializaodaquele produto noprimeiro trimestre de 2007,comparando-se com o mesmoperodo de 2006
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ECONOMIAEM DESTAQUE
Carla do Nascimento, Elissandra Brito, Fabiana Pacheco,Joo Paulo Caetano Santos, Joseanie Mendona, Ncia Santos, Patrcia Cerqueira
AGRICULTURA BAIANA EM 2007:
PRIMEIROS RESULTADOS
As estimativas do Levantamento Sistemtico da Pro-duo Agrcola (LSPA) do IBGE, realizadas em abril de2007, indicam um desempenho positivo para as princi-pais lavouras baianas. Os dados gerais (Tabela 1) rati-ficam a expectativa de melhora do setor no estado. Emespecial destaca-se o crescimento da produo fsica(em toneladas) de gros de quase 29%, acompanhadodo crescimento da rea colhida de 7,0%.
Observando-se os produtos, separadamente, as cultu-ras que apresentam maior crescimento de produo f-sica so: milho (50,4%), feijo (31,1%), algodo (29,9%),
sorgo (28,9%) e soja (15,4%).
As estimativas das lavouras de gros baianas acom-panham a expectativa de crescimento da produonacional (8,2%). Vale destacar o incremento signifi-cativo do rendimento por hectare (19,6%), impulsio-nado pelas boas condies climticas, durante todoo ciclo das culturas e pelo elevado nvel tecnolgico(OITAVO..., 2007).
A produo de milho o destaque no crescimentoda produo (50%). Estima-se que em 2007 este grodeva alcanar a ordem de 1,66 milho de toneladas.Destacam-se como principais reas produtoras de mi-lho as regies de Irec, Nordeste e Oeste, que, juntas,
representam mais de 75% do milho plantado em todoo estado. A despeito das boas expectativas para estegro no estado, no cenrio nacional os preos do mi-lho apresentam queda no ms de abril. Tal instabilida-de dos preos tem sido motivada pelas incertezas emrelao ao plantio dos Estados Unidos, a apreciaodo real frente ao dlar dos EUA, e a intensificao dacolheita no Brasil, que elevou a oferta do produto nomercado interno, derrubando os preos. Segundo es-tudo da Cleres (empresa de consultoria do Agroneg-
cio), o clima ser o principal direcionador dos preosdo milho (MILHO..., 2007).
O feijo, o algodo e o sorgo tambm apresentam re-sultados otimistas, com significativo crescimento emrelao ao ano passado. Na medida em que estes pro-dutos fazem parte do rol de produtos tradicionais do es-tado, estes resultados so importantes para o cenrioda agricultura baiana.
Tabela 1Estimativas de produo fsica, reas plantada e colhida e rendimento dos principais produtos agrcolas: Bahia,2006-2007
Produtos/safras
Produo fsica (t) rea plantada (ha) rea colhida (ha) Rendimento (kg/ha)
20061 20072 Var.(%) 20061 20072 Var.(%) 2006
1 20072 Var.(%) 2006 2007Var.(%)
Mandioca 4.403.414 4.571.505 3,82 350.827 407.939 16,28 345.701 350.827 1,48 12.738 13.031 2,30
Cana-de-acar 6.141.719 6.260.479 1,93 102.888 103.425 0,52 102.230 103.425 1,17 60.077 60.532 0,76
Cacau 135.925 135.925 0,00 553.476 553.476 0,00 520.233 520.233 0,00 261 261 0,00
Caf 174.792 151.773 -13,17 162.975 145.900 -10,48 159.326 143.000 -10,25 1.097 1.061 -3,29
Gros 4.315.275 5.547.200 28,55 2.708.879 2.771.087 2,30 2.577.235 2.769.689 7,47 1.674 2.003 19,62
Algodo 811.163 1.053.618 29,89 257.567 303.191 17,71 257.567 303.191 17,71 3.149 3.475 10,34
Feijo 333.209 436.711 31,06 719.900 732.294 1,72 616.417 732.294 18,80 541 596 10,32
Milho 1.107.016 1.665.421 50,44 808.761 834.977 3,24 781.121 833.579 6,72 1.417 1.998 40,97
Soja 1.991.400 2.298.000 15,40 872.600 851.000 -2,48 872.600 851.000 -2,48 2.282 2.700 18,33
Sorgo 72.487 93.450 28,92 50.051 49.625 -0,85 49.530 49.625 0,19 1.463 1.883 28,67
TOTAL - - - 3.879.045 3.981.827 2,65 3.704.725 3.887.174 4,92 - - -
Fonte: IBGE - PAM/LSPA/GCEA1Estimativas do GCEA/IBGE safra 2006 (dados sujeitos a retificao).2Estimativas do GCEA/IBGE abril/2007 (dados sujeitos a retificao).3 Rendimento= produo fsica/rea colhida.
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Desempenho da conjuntura baiana no 1 trimestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE
A cotonicultura baiana registrou aumento de aproxima-damente 30% na produo e de 17,8% na rea colhida.Dentre os motivos para este resultado positivo esto: aexpanso da cultura do algodo no Oeste da Bahia, asboas condies climticas e a recuperao das cota-
es do gro. As cotaes mdias mundiais devem su-bir 13,6%, segundo o Centro de Estudos Avanados emEconomia Aplicada (CEPEA), motivada pelo consumoe pelas importaes chinesas que dinamizam o merca-do internacional (AGROMENSAL, 2007).
A soja tambm apresenta resultado positivo em rela-o a 2006, com crescimento da produo em tornode 15%. A despeito de ter sua rea plantada e colhidareduzidas, o cultivo tecnificado, o intensivo controle
da ferrugem asitica e as boas condies climticaselevam o rendimento por hectare. A expectativa queeste rendimento seja superior a 18%, em relao aoano passado. Alm disso, o incremento nos preos dasoja no mercado nacional e internacional no primeiroquadrimestre do ano impulsionou o setor. Na Bolsa deChicago (CBOT), os preos da soja oscilaram, entre de-zembro e maro, cerca de 36% (PREO..., 2007).
As produes de cana-de-acar, mandioca e cacaumantm-se estveis, com suaves incrementos (exceto
o cacau). Em especial a cana-de-acar apresenta bomresultado, mesmo patamar da safra anterior, que foi in-
fluenciado pelas expectativas em relao aos preosdo lcool e do acar nos mercados interno e externo.
Apenas a produo de caf apresenta estimativa ne-gativa para esta safra (-13,2%). O baixo desempenho
desta cultura, segundo as informaes da CompanhiaNacional de Abastecimento (Conab), est associado prtica de podas drsticas (recepa), aliadas ao menorndice de ocorrncia de floradas na regio do Planalto(tradicional), ao baixo uso de insumos, ao aumento dereas semi-abandonadas, substituio do caf peloeucalipto e bienualidade negativa (um ano de alta eoutro de baixa) (SEGUNDO..., 2007).
O caf, mesmo no apresentando conjuntura favorvel
nesta safra, um produto importante na pauta de expor-taes da Bahia. De acordo com os dados da Tabela 2,este produto apresenta a maior taxa de crescimento novalor de transaes (79%) em relao ao mesmo pero-do do ano passado, seguido da soja e derivados (49%)e do sisal e derivados (46%).
Os resultados das exportaes baianas ainda no refle-tem os impactos recentes da desvalorizao do dlarem relao ao real. O valor de janeiro a maro de 2007apresenta crescimento das transaes de 6% em rela-
o a igual perodo do ano passado, a despeito da re-duo (14%) no volume (em toneladas) comercializado,
Tabela 2Exportaes do agronegcio: Bahia, Jan.-Mar./ 2006-2007
ProdutosPeso (t)
Var (%)Valores (US$ 1000 fob)
Var (%)2006 2007 2006 2007
Soja e derivados 132.849 201.774 51,9 31.573 46.885 48,5
Cacau e derivados 21.579 16.951 -21,4 51.630 39.313 -23,9
Couros e peles 6.352 6.086 -4,2 19.823 24.673 24,5
Sisal e derivados 27.273 35.757 31,1 22.241 35.534 46,3Caf e especiarias 9.343 15.639 65,8 20.257 36.171 78,6
Algodo e seus subprodutos 23.629 23.856 1,0 26.221 26.317 0,4
Frutas e suas preparaes 9.596 8.541 -11,0 8.120 7.817 -3,7
Fumo e derivados 557 813 46,0 3.274 4.472 36,6
Pesca e aqicultura 945 414 -56,2 3.676 1.497 -59,3
Total das exportaes agronegcio 232.123 309.831 33,5 186.815 222.679 19,2
Total das exportaes baianas 2.320.733 2.003.239 -13,7 1.457.152 1.549.294 6,3
Participao do agronegcio nas exportaes baianas 10,00 15,47 12,82 14,37
Fonte: PROMOBAHIA, 2007 (com adaptaes)
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ECONOMIAEM DESTAQUE
Carla do Nascimento, Elissandra Brito, Fabiana Pacheco,Joo Paulo Caetano Santos, Joseanie Mendona, Ncia Santos, Patrcia Cerqueira
conforme indicado na Tabela 2. A soja o principal pro-duto exportado pelo estado, no que se refere ao valorde transaes, chegando a 47 milhes de dlares nesteperodo, seguida pelo cacau (39 milhes de dlares) epelo caf (36 milhes de dlares). As vendas de caf
e soja foram motivadas pelos timos preos interna-cionais e contnuo crescimento da economia mundial(EXPORTAES..., 2007).
Com base nos dados da Tabela 2, este macrosetor apre-senta crescimento de aproximadamente 19% no valordas transaes, e tambm em volume fsico, chegandoa 310 toneladas. O peso das exportaes do agroneg-cio nas vendas externas do estado tambm apresentacrescimento em relao ao mesmo perodo do ano an-
terior, chegando a 14% do valor das transaes.
INDSTRIA
A indstria geral(extrativa e de transformao) baia-na registrou, no primeiro trimestre de 2007, um cres-cimento de 2,0% na comparao com o mesmo pe-rodo de 2006, segundo dados da PIM de maro de2007. Esse resultado positivo foi influenciado pelodesempenho alcanado pela indstria de transforma-
o, que cresceu 2,4% no perodo em anlise, diferen-temente da extrativa, que apresentou recuo em suaproduo de 4,0%.
As maiores influncias positivas vieram dos segmentosde alimentos e bebidas(17,9%), devido a maior fabrica-o de farinha e pelletsda extrao de leo de soja, eleo de soja em bruto;produtos qumicos, por conta doaumento no processamento de polietileno de alta den-sidade (PEAD) e octanol e seus ismeros; borracha eplstico(13,9%), decorrente de maior produo de gar-rafes, garrafas e frascos de plsticos e embalagens deplstico para produtos alimentcios.
Alm desses, destaca-se o segmento celulose e papel(1,7%), em funo de aumento na fabricao de pa-pel e celulose. O segmento da metalurgia bsica, bemcomo o setor de minerais no-metlicos, obtiveramcrescimentos modestos chegando a um acrscimo naproduo de 1,0% e 0,2%, respectivamente.
O segmento deprodutos qumicos apresentou um bomdesempenho no primeiro trimestre de 2007. Este setor,mesmo tendo apresentado uma recuperao no finalde 2006, devido queda no preo do petrleo e tambmde seus derivados usados na indstria de sintticos, vaiinvestir menos em 2007, na comparao com os investi-mentos realizados no ano passado. Em 2006, os altos pre-os da nafta petroqumica, matria-prima bsica do setor,
e a queda nos preos com exportaes, devido ao real va-lorizado e um mercado interno sobreofertado de resinas,fizeram o lucro das principais empresas do setor cair.
Os resultados negativos foram registrados pelos se-tores de refino de petrleo e produo de lcool, comqueda de 3,0%, devido, sobretudo, a uma reduo naproduo de nafta e leo diesel, e o segmento de ve-culos automotores, que obteve reduo de 18,5% emsua produo, comparando-se com o mesmo perododo ano passado.
Na anlise por setores da indstria de transformao,tm-se que o segmento de refino de petrleo e produ-o de lcool obteve reduo em sua produo fsica,influenciada pela reduo no processamento da nafta,leo diesel e gasolina. Neste setor, a necessidade cons-tante de se descobrir novos poos de petrleo garantirinvestimentos de grande porte para os prximos anos noestado (ACOMPANHAMENTO CONJUNTURAL, 2007).
Em 2006, os altos preos danafta petroqumica, matria-
prima bsica do setor, e a quedanos preos com exportaes,devido ao real valorizado e ummercado interno sobreofertadode resinas, fizeram o lucrodas principais empresas dosetor cair
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O setor espera que em 2007 a demanda por resinascresa no pas e que a entrada em operao de novascapacidades no mundo demore mais do que o previsto.As expectativas so positivas, devido ao aumento darenda do pas, reduo de juros e, principalmente, de
mais investimentos do governo em infra-estrutura, oque leva ao aumento no consumo de resinas com PVC(SETOR..., 2007).
Para o setor deveculos automotores, dois fatores devemser evidenciados para justificar a queda no primeiro tri-mestre de 2007. Em primeiro lugar, no ms de fevereiro,durante quinze dias, ocorreu frias coletivas na empresabaiana, com parada na produo de veculos. Em se-gundo, ainda que o impacto seja menor, considera-se
tambm o efeito da valorizao do Real, uma vez que omelhor patamar do dlar para as vendas externas do se-tor de US$ 2,50. Observa-se que as vendas externas dosegmento caram 17,5% no trimestre. A empresa consi-dera analisar os investimentos na rea produtiva a longoprazo, a depender do nvel de apreciao do cmbio.
Ainda com relao ao setor automotivo, a produo j al-canou no estado a plena capacidade, necessitando deoutras alternativas para aumentar a produo de veculos adoo de novos procedimentos, equipamentos etc.
, com o objetivo de atender crescente demanda peloproduto (ACOMPANHAMENTO CONJUNTURAL, 2007).
No primeiro trimestre de 2007, foram produzidos 655mil carros no estado, um crescimento de 4% em rela-o ao mesmo perodo do ano passado. Desse total,182 mil unidades foram exportadas, o que representauma queda de 9,5% em relao ao primeiro trimestrede 2006, fato que est relacionado valorizao do realfrente ao dlar, que leva a uma queda na exportao.No volume de vendas para o mercado interno, consi-derando as condies favorveis de crdito e do mer-cado de trabalho, este segmento dever registrar bomdesempenho em 2007, com as vendas de automveis.
A metalurgia bsica no estado tem seu desempenhoafetado pela forte volatilidade do preo do cobre nomercado internacional, que atualmente encontra-secom tendncia de alta. Segundo dados do Instituto Bra-sileiro de Siderurgia, as vendas internas alcanaram
2,9 milhes de toneladas, o que representa uma alta de10,7% em relao ao ano passado; as vendas externaschegaram a 1,7 milhes, uma queda de 19,6%, abaixodo que foi registrado em 2006 (ACOMPANHAMENTOCONJUNTURAL, 2007).
Espera-se uma melhoria nas exportaes do setor, com aentrada em operao de grandes projetos de expanso.
Alm disso, o Programa de Acelerao do Crescimento(PAC), aliado poltica de flexibilizao monetria, esta-ria criando um ambiente favorvel para investimentosem setores que demandam ao, como, por exemplo, osetor automobilstico e o da construo civil.
O segmento de celulose e papel, que registrou alta emsua produo fsica, vem recebendo importantes inves-timentos para expanso da indstria de celulose no es-tado, caracterizados por projetos de grande porte, com
previso de maturao para o ano de 2007. O resultadofavorvel do setor deve-se s altas dos preos interna-cionais da celulose acima das expectativas, acompa-nhando o incremento da demanda internacional, puxa-do pela economia chinesa.
A elevao nos preos da celulose, em mdia de 11%nos ltimos 12 meses e a reduo de custos administra-tivos levaram as empresas do setor a aumentarem asmargens operacionais no primeiro trimestre de 2007.
O segmento de celulose epapel, que registrou alta em
sua produo fsica, vemrecebendo importantesinvestimentos para expanso daindstria de celulose no estado,caracterizados por projetos degrande porte, com previso dematurao para o ano de 2007
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Na composio das exportaes baianas, os destaquesindividuais foram: FUEL-OIL, com valor total de US$259,5 milhes; catodos de cobre refinado (US$ 199,6 mi-lhes) e pasta qumica madeira (US$ 198,6 milhes).
A Tabela 3 mostra as exportaes baianas segundo osprincipais segmentos. Nela destaca-se o crescimentode trs segmentos: borracha e suas obras (274,5%), comdestaque para o crescimento das exportaes de outrospneus novos para nibus ou caminhes (358,6%); mqui-nas, aparelhos e materiais eltricos (111,9%), sobressain-do-se a expanso nas exportaes de eletrodos de carvopara uso em fornos eltricos 204,8%; e, finalmente, qumi-cos e petroqumicos (41,6%), em que as exportaes debenzeno registraram a maior variao (76,8%).
Ainda com respeito s exportaes, avaliando-as pelaclassificao das Categorias de Uso, constata-se que
o setor de bens intermedirios foi o que representoua maior parte do total das exportaes (70,7%); o subi-tem insumos industriaiscorrespondeu a 61,8% de tudoo que foi exportado. Esse ltimo nmero indica que aproduo industrial baiana, voltada para as exporta-
es, est diretamente relacionada dinmica indus-trial do resto do mundo, sobretudo para o conjunto decinco pases Estados Unidos, Argentina, Holanda,Bahamas e China , que representam 54,6% do totaldas exportaes da Bahia.
Se a valorizao cambial incorre em problemas paraas exportaes, o mesmo no se pode dizer das im-portaes. Apesar de registrarem queda em abril(-4,1%), no perodo dos primeiros quatro meses de
2007, o crescimento no valor importado foi de 24,7%,enquanto em termo de quantum, o crescimento foide 23,7%. Segundo relatrio da Centro Internacional
Tabela 3Exportaes principais segmentos: Bahia, Jan.-Abr./2007- Jan.-Abr./2006
SegmentosValores (US$ 1000 FOB)
Var. (%) Part. (%)2006 2007
Qumicos e petroqumicos 355.570 503.608 41,6 23,5
Metalrgicos 252.113 311.910 23,7 14,6
Petrleo e derivados 458.630 304.782 -33,6 14,3
Papel e celulose 219.606 259.412 18,1 12,1
Automotivo 262.213 214.510 -18,2 10,0
Minerais 75.569 84.896 12,3 4,0
Soja e derivados 34.265 61.581 79,7 2,9
Borracha e suas obras 15.102 56.556 274,5 2,6
Cacau e derivados 64.376 55.935 -13,1 2,6
Caf e especiarias 27.216 43.351 59,3 2,0
Sisal e derivados 32.221 39.559 22,8 1,9Couros e peles 26.933 34.121 26,7 1,6
Algodo e seus subprodutos 30.602 29.992 -2,0 1,4
Mqs., apars. e mat. eltricos 12.963 27.464 111,9 1,3
Calados e suas partes 21.635 22.904 5,9 1,1
Mveis e semelhantes 19.902 19.099 -4,0 0,9
Frutas e suas preparaes 11.369 14.291 25,7 0,7
Fumo e derivados 3.935 4.908 24,7 0,2
Pesca e aqicultura 4.524 2.003 -55,7 0,1
Demais segmentos 44.598 48.357 8,4 2,3
Total 1.973.342 2.139.239 8,4 100,0
Fonte: MDIC/SECEX, dados coletados em 14/05/2007Elaborao: Promo - Centro Internacional de Negcios da Bahia
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do na Tabela 4. Esse resultado reflete a desaceleraoocorrida nos cinco meses anteriores. O recuo no nvelde atividade do ramo atribudo ao fato dos consumi-dores preferirem adquirir esses equipamentos em lojasde outros segmentos, como Mveis e eletrodomsticos
e Hipermercados e supermercados (VENDAS..., 2007a).
(13,8%). Obteve-se, ainda, variao positiva para o sub-grupo de Hipermercados e supermercados de 17,2%.
Nesse mesmo perodo, observou-se uma expanso nasvendas de veculos, motos, partes e peasna ordem de
11,6%, e material de construo de 3,2%, mas essesgrupos no entram na composio do indicador de vo-lume de vendas, fazendo parte do comrcio varejistaampliado. O movimento do primeiro grupo decorre dasestratgias adotadas pelas instituies financeiras liga-das s montadoras de reduzir os juros cobrados e alon-gar os prazos de financiamento; e o segundo, deriva doincentivo conferido pelas medidas oficiais de governo.
Em decorrncia das expressivas taxas de expanso nas
vendas, verificadas nos meses anteriores, o segmentode hipermercados, supermercados, produtos aliment-cios, bebidas e fumoregistrou variao acumulada noano de 11,6%. Tratando-se de um grupo que comerciali-za, prioritariamente, gneros de primeira necessidade,verifica-se que o aumento do poder de compra da popu-lao e a estabilidade no emprego continuam sendo asprincipais justificativas para a expanso das vendas dosetor. No subgrupo de hipermercados e supermercados,a variao foi ainda mais significativa (17,2%). As cons-tantes promoes realizadas pelas grandes redes e a
comercializao de grande variedade de produtos im-portados contriburam para impulsionar os negcios.
No segmento de mveis e eletrodomsticos, a manu-teno das condies favorveis de crdito, rendimen-to real, emprego e preos so os principais determi-nantes para explicar o desempenho apresentado pelosetor nos primeiros trs meses de 2007.
No acumulado do ano, o ramo de outros artigos de usopessoal e domsticoapresentou o terceiro melhor de-sempenho do varejo, o que pode ser creditado s ca-ractersticas dos artigos que o segmento comercializae tambm ao efeito da pscoa, uma vez que as lojas dedepartamento se destacam na venda desses produtos.
O segmento de tecidos, vesturio e calados, quartomaior impacto positivo no resultado do varejo baianonesse primeiro trimestre de 2007, expandiu as vendasem 12,5%. A melhora nos negcios pode ser explica-
Tabela 4Variao no volume de vendas no varejo1: Bahia,Mar/2007
Classes e gneros Mensal2 No ano3 12 meses4
Comrcio varejista 9,3 11,1 10,0
Combustveis e lubrificantes 3,7 1,3 -1,1
Hipermercados, supermercados,produtos alimentcios, bebidas e
fumo
6,2 11,6 14,5
Hipermercados e supermercados 11,4 17,2 23,6
Tecidos, vesturio e calados 17,8 12,5 3,7
Mveis e eletrodomsticos 14,6 19,9 17,4
Artigos farmacuticos, mdicos,ortopdicos, de perfumaria ecosmticos
14,2 11,0 4,6
Livros, jornais, revistas e papelaria 11,2 13,8 -21,3
Equipamentos e materiais paraescritrio, informtica e comuni-cao
6,3 -1,6 6,4
Outros artigos de uso pessoal e
domstico
33,2 24,0 17,0
Veculos, motos e peas 11,5 11,6 16,7
Materiais de construo 3,1 3,2 2,3
Fonte: IBGE/ Diretoria de Pesquisas / Departamento de Comrcio e ServiosObs: nd significa que o dado no est disponvel1Dados deflacionados pelo IPCA2Variao observada no ms em relao ao mesmo ms do ano anterior3Variao acumulada observada at o ms do ano em relao ao mesmo
perodo do ano anterior4Variao acumulada observada nos ltimos 12 meses em relao aos 12
meses anteriores
Por atividade, levando-se em considerao a contribui-o para o resultado global do varejo baiano, os princi-pais destaques para o trimestre foram os segmentosde Hipermercados, supermercados, produtos aliment-cios, bebidas e fumo (11,6%); Mveis e eletrodomsti-cos (19,9%); Outros artigos de uso pessoal e domstico(24,0%); Tecidos, vesturio e calados (12,5%); Artigosfarmacuticos, mdicos, ortopdicos, de perfumaria ecosmticos (11,0%); seguidos por Combustveis e lu-brificantes (1,3%); e Livros, jornais, revistas e papelaria
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ECONOMIAEM DESTAQUE
Carla do Nascimento, Elissandra Brito, Fabiana Pacheco,Joo Paulo Caetano Santos, Joseanie Mendona, Ncia Santos, Patrcia Cerqueira
da por um significativo crescimento apresentado pelosetor no ms de maro (17,8%), influenciado pela cam-panha do Liquida Salvador e pela reduo de preosmotivada pelo aumento das importaes.
Na atividade de artigos farmacuticos, mdicos, ortop-dicos, de perfumaria e cosmticos, a expanso nas ven-das atribuda elevao do salrio e diversificaona linha de produtos oferecidos. Alm disso, o segmen-to de farmcia comercializa produtos genricos, cujospreos mais acessveis parcela da populao de me-
nor poder aquisitivo tem sua procura intensificada.
O segmento de combustveis e lubrificantes apresen-tou, no primeiro trimestre de 2007, variao positiva de1,3%. Segundo o IBGE, esse comportamento atribudo estabilizao dos preos nos ltimos meses, [...] con-jugada com a melhoria das condies econmicas dopas (PESQUISA MENSAL DO COMRCIO, 2007, p. 1).
No ramo de livros, jornais, revistas e papelaria, o cres-cimento nas vendas, registrado para o perodo, foi de13,8%. Inversamente ao ocorrido durante os 12 mesesdo ano passado, o setor apresenta, nos trs primeirosmeses de 2007, sucessivas taxas positivas. Justificaesse desempenho o aumento das vendas de materialescolar, verificada no incio do ano.
O desempenho apresentado pelo comrcio nos pri-meiros meses de 2007 deixa os analistas de mercadootimistas quanto ao comportamento do setor nos pr-
ximos meses do ano. As vendas neste perodo tm osmelhores resultados para o primeiro trimestre desde2001. Para Otavio Aidar, economista da Rosenberg &Associados, os resultados sugerem que o comrcio irmuito bem durante o ano, puxando a indstria (VEN-
DAS ..., 2007, p. 1). Para Reinaldo Pereira, tcnico dacoordenao de comrcio do IBGE, mantidas as atuaiscondies favorveis da economia, o comrcio varejis-ta dever registrar neste ano um crescimento superiorao apresentado em 2006 (FARID, 2007a).
A expectativa de que o comrcio continue nos prximosmeses apresentando dinamismo nas vendas, diantedos prognsticos favorveis ao aumento do empregoformal e da manuteno das redues da taxa bsica
de juros (SELIC), associado implantao do PAC pelogoverno, traz novo nimo para o setor.
CONSIDERAES FINAIS
Outros indicadores confirmam o desempenho positi-vo da economia baiana durante o primeiro trimestre:aumento de 6,9% no consumo de cimento baiano, noperodo janeiro-maro, antecipando um provvel cres-cimento no setor da construo civil. E aumento na
arrecadao tributria, com resultado de R$ 2,130 bi-lhes, no primeiro trimestre de 2007, com um acrsci-mo de 3,7% em relao ao mesmo perodo de 2006. Asreceitas provenientes do ICMS, que equivalem a 90%da receita tributria, representaram uma arrecadaode R$ 1,913 bilho no perodo.
Outro indicador que pode ser destacado a reduzidataxa de inflao observada no municpio de Salvador.Segundo clculo da SEI, no primeiro quadrimestre doano, o IPC registrou taxa de 1,4%. No mesmo perodode 2006, a taxa apurada foi de 2,1%. Os grupos queapresentaram as taxas mais elevadas neste princpiode ano foram: transporte e comunicao (4,7%), habi-tao e encargos (2,1%), e alimentos e bebidas (2,1%).
Diante do exposto, espera-se que o nvel de atividadeeconmica no estado da Bahia entre numa trajetria decrescimento superior ao observado em 2006. A expan-so do setor agropecurio seria resultado da combina-
O desempenho apresentadopelo comrcio nos primeiros
meses de 2007 deixa osanalistas de mercadootimistas quanto aocomportamento do setor nosprximos meses do ano
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Desempenho da conjuntura baiana no 1 trimestre de 2007ECONOMIAEM DESTAQUE
o de uma boa safra de gros, com preos em alta dasprincipais commodities, como, por exemplo, a soja.
Na indstria, o crescimento deve ser impulsionadoprincipalmente pela construo civil, tendo-se como
base as principais medidas de poltica econmica paraestimular o crescimento do pas, como tambm os no-vos investimentos no setor de transformao. O princi-pal estmulo deve ter origem na demanda do mercadointerno, beneficiando, no primeiro momento, a inds-tria de bens no durveis e durveis, como, por exem-plo, os segmentos de alimentos e bebidas e veculos;no segundo momento, a maior dinmica da economiabrasileira, poder gerar um aumento na demanda porbens intermedirios, principalmente dos segmentos
qumicos, metalrgicos, siderrgicos e de celulose.
Para o comrcio varejista, especula-se que continueapresentando dinamismo nas vendas, mesmo que emalgum momento haja uma amenizao no ritmo de ex-panso. O prognstico otimista para tal comportamen-to tem como base a manuteno da queda nas taxas dejuros, a ampliao da massa salarial e a dinamizaoda economia com implantao das medidas econmi-cas do governo federal.
A dinmica dos principais setores da economia deverepercutir na taxa de ocupao de mo-de-obra, rever-tendo a trajetria de queda no nvel de emprego, princi-palmente no setor industrial e, consequentemente, noaumento da massa salarial da populao, que j vemapresentando indcios de recuperao.
Assim, quanto ao mercado de trabalho, segundo da-dos apurados pela PME, em maro de 2007, havia 2.901mil pessoas em idade ativa na Regio Metropolitana deSalvador. Deste total, 50,6% encontravam-se ocupadas(nvel de ocupao), 8,3% desocupadas e 41,0% noeconomicamente ativas. A taxa de atividade (59,0%)no apresentou modificao significativa na compara-o mensal, mas cresceu 1,8 pontos percentuais emrelao ao mesmo ms do ano anterior. Com relao taxa de desocupao, observou-se aumento, tanto nacomparao com fevereiro de 2007 (13,6%) quanto emrelao a maro de 2006 (13,7%), alcanando taxa de14,0% em maro (ano?).
No tocante ao rendimento mdio real habitualmenterecebido em maro pelas pessoas ocupadas da RMS(R$ 854,50), apresentou-se estvel frente a fevereiro de2007 e com acrscimo de 3,5% em relao ao mesmoms do ano anterior.
Conclui-se ento que um maior crescimento da eco-nomia baiana poder advir do sucesso da poltica eco-nmica brasileira que pretende, com o PAC, estimulara demanda agregada no curto prazo, com intuito deviabilizar acelerao nas taxas de crescimento, dandomais dinmica s principais atividades econmicas.
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C&P - O que tem sido feito para melhorar o apro-veitamento dos recursos hdricos no Brasil?Joo Damsio - O gerenciamento racional do usoda gua chama a ateno no s por ser atual, masporque os mecanismos institucionais para realiz-loforam criados com o Cdigo Nacional de guas ecom a criao da Agncia Nacional da gua (ANA).Hoje, j lei que todas as bacias hidrogrficas de-vero ter um Comit de Bacias, que, eventualmente,
JooDamsio
O homem um degradador por natureza, quecontinuamente captura energia, mas no sabeproduzir.AexplicaodeJooDamsiodeOli-veira Filho, especialista em DesenvolvimentoEconmico eMeioAmbiente pelaUniversidadedeWashington,noslembradadificuldadedeco-locaremprticaoconceitodedesenvolvimen-tosustentvel.Nestaentrevista,oprofessordaUFBAedoutoremE
conomiapelaUniversidadedeBostonfalasobreaimpossibilidadededevol-vermos ao planeta a energia que consumimos apesar das muitas aes possveis para umaexploraobemmaisracionaldoqueapraticadaatualmente.Confiraopontodevistadopesquisa-dorsobreutilizaodagua,tratamentodolixo,controleambientaleProtocolodeKyoto.
ESPECIALISTAFALADEAESPARAREDUZIROIMPACTOAMBIENTALDASATIVIDADESECONMICAS
aps a apresentao de um plano de gerenciamen-to, ser transformado numa Agncia de guas comautonomia para efetuar a cobrana da utilizao derecursos hdricos.
C&P - Como deve ser a cobrana?JD - Muita gente se assusta quando eu falo em co-brana dos recursos hdricos: vo comear a cobrargua?. Como, se todo mundo j paga gua h muito
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Em economia,aprendemos quea forma desigual
de agir sobredesiguais cobrarigual. Desiguaisdevem pagardesigualmente,para que hajajustia social. necessriocriar critrios decobranas (pelouso da gua)que levem emconsideraoa valoraoeconmica.
tempo? Quem no pagava eramempresas, que muitas vezes nofaziam uso racional dessa gua.Meu interesse por esta questosurgiu ainda no incio dos anos 90,
ao fazer um trabalho de EIA/RIMAsobre um projeto que buscava seinstalar no litoral norte da Bahia.Descobri que eles pretendiam cap-tar, de incio, 1 m3 por segundo ea seguir quando entrasse emplena operao at 2 m3por se-gundo de um rio cuja vazo mdiaanual era 3 m3 por segundo. Ouseja, iriam tirar 1/3 do rio para eles
e depois 2/3. claro que fui contr-rio a isso. Indaguei: Porque vocsno utilizam gua do subsolo, umavez que estamos em cima do len-ol So Sebastio, que enorme?Eles disseram: gua do subsolopaga imposto, alm de termos gas-tos com energia, enquanto a guada superfcie de graa. lgicoque uma atitude como essa noleva em considerao os demais
usos alternativos da gua. A idiado projeto era fazer barragens pararegularizar o fluxo do rio, e assimter acesso aos tais 2 m3 por segun-do ao longo do ano, independenteda anlise sobre os efeitos a jusan-te e no esturio. O que me pareceextremamente importante no so mapeamento de todo o sistemade bacias do Estado da Bahia quando eu digo mapeamento no apenas do ponto de vista hidro-grfico, mas tambm scio-econ-mico-ambiental de forma que asintervenes feitas sobre os ma-nanciais possam ter todos os seusimpactos calculados. No apenasimpactos econmicos diretos,mas ao longo da cadeia produtivae dos grupamentos sociais direta-
mente envolvidos, consideradastambm as populaes animaisdos meios aquticos e terrestres.Tambm das regies estuarianase dos manguezais, que so direta-mente afetadas por alteraes navazo desses rios. Trata-se, maisdo que nunca, de buscar entender,qualificar e classificar cada cursode gua segundo critrios de va-
zo ecolgica. Isso at o momentono existe; s um termo bonito. necessrio arregaar as mangase partir para um estudo de vazoecolgica que resulte em formaseficientes de cobrana. Neste pon-to, quero chamar a ateno parao fato de que a cobrana da guano pode ser feita como em outrosEstados, simplesmente por valores
parametrizados (que so no fundoum bom chute). Muitos os cha-mam de parmetros tcnicos. Noso necessariamente parmetroseconmicos, uma vez que estabe-
lecem cobranas idnticas paratodos. Em economia, aprendemosque a forma desigual de agir sobredesiguais cobrar igual. Desiguaisdevem pagar desigualmente, paraque haja justia social. necess-rio criar critrios de cobranas quelevem em considerao a valora-o econmica.
C&P - Uma cobrana como essano seria mal recebida?JD- Para entender a repercusso necessrio levar em consideraoduas coisas. Primeiro: muitas ve-zes, essas propostas de cobranaesto baseadas apenas nos custosde produo, que podem estar de-salinhados com o excedente brutogerado em cada um dos ramos. svezes uma cobrana pode ser muito
pequena quando comparada como custo de produo, porm muitogrande diante do excedente econ-mico gerado naquele segmento. necessrio entender se o usuriotem como repassar esse custo oque certamente geraria algum tipode presso inflacionria ou seele vai ter que retirar da gordura,do que recebe; ou seja, deduzir doseu excedente bruto, porque notem capacidade de repassar preo.Ento, h usurios de ambos os ti-pos e isso exige cuidado de anliseeconmica. A coisa no pode serfeita de uma forma simplesmentetcnica ou impositiva, porque asrepercusses podem ser srias nomdio prazo. A segunda questoest relacionada com a cobrana
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ao longo da cadeia. Isso repeti-do como dogma, mas as pessoasno entendem direito. No tenho amenor dvida, na questo da gua,que no se trata apenas de cobrar
por cobrar; necessrio que os co-mits de bacias estejam interessa-dos na anlise da qualidade dessagua. Portanto, vazo ecolgicano apenas de volume de gua;os comits e agncias de baciasprecisam estar preocupados coma qualidade do efluente lanado.Ele deve permitir a continuidade davida na gua e a sua utilizao para
quem estiver vivendo a jusante dorio. Do contrrio, vamos cair numasituao la Rio Paraba do Sul,em que a cidade joga o seu esgotocom tratamento mnimo num riocujas guas vo ser capturadas no-vamente 15 km abaixo, tendo de sertratadas para consumo humano;depois so novamente lanadas ecapturadas 20 km depois. At che-gar foz do rio, tero sido captura-
das e jogadas sujas umas 40 ou 50vezes. Isso no faz sentido!
C&P - Existem alternativas parao problema do esgotamento sa-nitrio?JD- A mudana de paradigma naquesto da gua me leva ao se-gundo assunto, que a questodo lixo e do esgotamento sanitrio resduos da ocupao humana.Prefiro tratar dessa forma, pois re-sduo lixo mais esgotamento sa-nitrio. Este paradigma que jdura dois sculos , para o qualsaneamento retirar resduos ejogar na gua, est formando pro-fissionais treinados para jogar oslquidos na gua e enterrar os sli-dos. Fazemos trabalhos complexos
a exemplo do Bahia Azul, queinverte curso de rios, gasta energia, com um tratamento claramenteinsuficiente, e jogamos os esgotosde toda a cidade, ligado rede deesgotamento sanitrio no interiorda Baa de Todos os Santos. Isso chamado de Bahia Azul. Sempre
me opus ao projeto, pois juntavatodos os resduos num nico lugarpara jogar no emissrio. O que estfaltando? Fazer o tratamento desseresduo de forma adequada, e no odispor num lugar como a Baa, quetem um ritmo relativamente baixode renovao de guas e tende aacumular um volume crescente delodo orgnico no seu fundo. A lon-go prazo, ele pode trazer questesimprevistas. Quando esse lodo sedeposita por algumas dcadas nofundo de uma gua de pouca mo-vimentao, vai simplesmente eli-minando a capacidade de aerao,gerando digesto anaerbica. Isto, comea-se a produzir gs natu-ral. A situao se agrava caso seesquea que parte do esgotamento
lanado hoje no emissrio efluen-te de empresas. Ou seja, tambmefluentes industriais esto sendojogados junto com o esgotamentosanitrio humano. Isso pode gerarproblemas no devidamente equa-cionados a longo prazo.
C&P - A recente mortandade depeixes na Baa de Todos os San-tos est relacionada com essaquesto?JD- No posso afirmar com certe-za. Mas no esquisita uma marvermelha, na qual no se desco-bre que empresa lanou os res-duos; na qual um cara diz isso natural, e dali a trs meses ocorrede novo? Natural ocorrer sempre
Este paradigma que j dura doissculos , para o
qual saneamento retirar resduose jogar na gua,est formandoprofissionaistreinados parajogar os lquidos nagua e enterrar osslidos.
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No existepoluio,existem coisas
que j estavamna natureza eso colocadasexcessivamente emum lugar e faltamem outro.
uma coisa que nunca ocorria?No tenho elementos para apon-tar a causa, mas ela deve ser in-vestigada. Fizemos e continuamosa fazer uma mudana no ambien-
te do fundo da Baa; o processo cumulativo. Seria importante terclareza do acompanhamento dis-so e saber se h algum tipo de re-lao de causa e efeito.
C&P - Fale um pouco mais sobreo Bahia Azul.JD- Minha defesa, na poca, erapara que se fizesse a digesto ana-
erbica na sada, j que a maiorparte do investimento levava todoo esgotamento sanitrio para umanica localizao. Porque esta di-gesto gera gs natural. Antiga-mente, quando se falava isso todomundo perguntava e da, o que sefaz com gs natural? Hoje todossabem, e esto pagando caro poresse gs da Bolvia. Existe, sim,utilizao econmica j articula-
da, montada, estabelecida para autilizao desse gs. E o que so-bra da digesto anaerbica apsser, devidamente tratado com ve-tores patognicos, pode ser usadocomo adubo orgnico, reduzindoa necessidade de importao deadubos. uma questo de algumsair frente, levantando a bandei-ra e declarando vivel o processo,ainda mais a partir do Protocolode Kyoto.
C&P - Por qu?JD- Porque um projeto dessa na-tureza demonstra a captura de car-bono, a qual gera bnus que hojepodem ser comercializados numabolsa de crditos de carbono, tor-nando-se vivel economicamente.
Sempre se dizia: uma coisa comoessa no tem viabilidade econ-mica. Eu digo: hoje tem trs ca-minhos. Vender o gs natural; uti-lizar o resto do lodo como adubo,
devidamente eliminados os vetorespatognicos; e cobrar os seus cr-ditos de carbono, porque se estevitando emisso. Penso ser esseum primeiro passo. Lgico que es-tou falando de nosso exemplo, emque os dejetos so jogados na Baade Todos os Santos. Retomando aquesto da gua, d para perceberque, se ao invs de fazerem com
que o esgotamento sanitrio sejajogado na gua, as prefeituras odestinassem para tratamento, ge-rao de gs e adubo e cobranade crdito de carbono, o processo
se tornaria auto-sustentvel. Aomesmo tempo, os cursos dguasse mantm menos sujos, pois omaior poluente atual das guasbrasileiras, em todas as bacias,
o esgotamento sanitrio. esgotohumano no tratado, junto com ou-tros efluentes.
C&P - Falamos apenas da polui-o lquida. E quanto aos res-duos slidos?JD - Sobre poluio, gosto muitodo que dizia o Lutzemberg: Noexiste poluio, existem coisas
que j estavam na natureza e socolocadas excessivamente em umlugar e faltam em outro. Ns re-tiramos elementos orgnicos danatureza em forma de alimentos,
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ingerimos, digerimos e jogamos osresduos na gua. Nisso fazemosduas bobagens. Primeiro, retira-mos elementos orgnicos da natu-reza e no os retornamos para l;
segundo, sujamos um lugar semnecessidade. Temos de mudar ra-dicalmente o paradigma. gua no para sujar, mas para ser utilizadaracionalmente; os resduos e deje-tos no devem retornar ao cursodgua, na medida do possvel.
Quando eu me referi a resduos,falei tambm em lixo e na questo
da destinao de slidos a aterros.Ora, aterros sanitrios vm sen-do apresentados h algum tempocomo sendo a soluo racional,muito melhor do que lixo. No te-nho a menor dvida, porque lixo o fim do mundo: as coisas ficam acu aberto, gerando vetores, focosde doenas endmicas e epidmi-cas, contaminando o lenol freti-co, via chorume, e criando outros
problemas sociais. O lixo com-posto por dois tipos de produtos:um volume enorme de reciclveisque, hoje, so simplesmente enter-rados, sem qualquer coleta nem se-parao, porque a maior parte doscontratos de prefeituras com ascoletadoras privadas de lixo feitapor volume e peso; portanto, essasterceirizadas no tm o menor inte-resse em permitir que cooperativasde catadores de materiais recicl-veis tenham acesso a esses produ-tos. Outros resduos so orgnicos:restos de comida, animais mortos.Estes podem ser tratados em usinade compostagem. No precisa serenterrado, pode ser transformado compostagem adubo. A temque haver uma mudana, ou seja,
uma legislao exigindo que todo olixo urbano passe previamente porcoleta, catao e separao dosreciclveis antes de a terceirizadadestin-los para essa deposio fi-
nal. Esse um primeiro passo, namedida em que as cooperativas decatadores de materiais reciclveisvm crescendo no Brasil.
C&P - A coleta seletiva de Sal-vador tem mostrado resultado?JD - Aqui em Salvador temos aCAEC, que faz parte do movimentonacional e uma das associaes
mais eficientes. Porm as coopera-tivas no tm acesso sequer a 5%de todo o material reciclvel do Es-tado, simplesmente porque 95% enterrado vivo, como lixo. Isso nofaz sentido porque fantsticaa economia de energia ao se reci-clarem plstico e papel , tanto doponto de vista da cobertura vegetal,como do ponto de vista da utilizaoda gua. No faz sentido do ponto
de vista social, porque boa parte dosque hoje so cooperados na cata-o de lixo so justamente os ex-ba-dameiros, pessoas que estavam nomais simples estrato da condiohumana: desempregados, no-ins-trudos, desinformados. Hoje essaspessoas comeam a trabalhar, a teruma renda cooperada crescente. Emalguns casos transformam o mate-rial na prpria planta de reciclagem.A gente tem que estar atento paraisso, porque uma frente ambientalcontempornea, faz toda a racionali-dade econmica possvel.
C&P - As questes parecem re-lacionadas.JD - gua, lixo, esgotamento sa-nitrio. Estou tentando mostrar
que essas trs coisas so absolu-tamente ligadas; no d para falarem uma sem falar nas outras. importante pensar na mudana deparadigma. A questo ambiental
de curtssimo prazo tem a ver comqualidade de gua, mas tambmcom destinao de resduos. Pararradicalmente de jogar resduos nagua e passar a tratar o lixo urba-no como uma coisa lucrativa paraa sociedade. Promover inclusosocial dos estratos menos favore-cidos na forma de cooperativas decatadores de materiais reciclveis
economia de energia, menos da-nos ao meio ambiente. Enfim, umautilizao mais conservadora dosrecursos naturais. Esse um mo-delo no qual todos os resduos soredestinados. reciclado? Voltapara a indstria. Orgnico? Com-postagem. Esgotamento sanitrio?Tratamento.
C&P - Como o Protocolo de Kyoto
e o relatrio da ONU sobre o cli-ma afetam o Brasil?JD- A primeira parte do Protocolo jest em andamento. Trata-se da cap-tura de carbono e emisso de crdi-tos de carbono pelo Banco Mundial. um mercado. Por exemplo, j exis-tem avaliaes que permitem sabero potencial de uma cidade do portede Feira de Santana em gerar bonsmilhes de dlares anuais apenascom lixo orgnico. Por outro lado, necessrio entender que as emis-ses precisam ser mantidas sobcontrole. muito estranho falar emcontrole num pas que no conse-gue sequer controlar as queimadasda Amaznia nem a destruio dafloresta. O problema do refloresta-mento que no se substituem flo-
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restas complexas como a Amazniaou a Mata Atlntica com a mesmadinmica de biodiversidade, nemcom a mesma dinmica do micro-clima e das precipitaes da flores-ta homognea. Veja o que aconte-ceu com a alterao do micro-climana regio cacaueira. J no chovel como h 30 anos; a substituiode parte importante da Mata Atln-tica pela mata de monocultura do
eucalipto alterou o regime pluvial.Ento, independente da ocorrnciada vassoura-de-bruxa, o ritmo do mi-cro-clima do sul da Bahia hoje estcompletamente alterado. lgicoque, para cuidar de emisses e doseu ritmo, necessrio um reapa-relhamento dos rgos ambientais.Quando eu digo reaparelhamento,isso no deve ser entendido comocrtica aos rgos de gerenciamen-to ambiental, muito pelo contrrio, um incentivo a que eles consigamaumentar os seus quadros tcni-cos, tenham recursos para desen-volver as suas tarefas. Sabemosque so heranas de governos ante-riores, mas se o Brasil vai algum diamostrar que tem responsabilidadeambiental, necessrio que haja
uma destinao formal em volumecrescente para a formao, capa-
citao e treinamento de tcnicosna rea ambiental. O mesmo paraa criao de postos nessa rea. Aomesmo tempo, destinao de recur-sos que permitam a essa tarefa delicenciamento ambiental e fiscaliza-o de emisses ser tratada com aseriedade necessria. Isso me pare-ce fundamental depois da divulga-o do Painel Intergovernamental
J existemavaliaes quepermitem saber o
potencial de umacidade do porte deFeira de Santanaem gerar bonsmilhes de dlaresanuais apenas comlixo orgnico.
de Mudanas Climticas (IPCC), orelatrio da ONU que mostra uma
necessidade de monitoramentomaior e mais prximo para obteresse tipo de controle. Essa reuniode Bancoc destacou os principaispoluidores do mundo, que hoje so,sem duvida e no podem esca-par do crivo , EUA, China e UnioEuropia. Esses trs blocos teroque ser colocados em escrutnio.Porm, para as prximas dcadas,
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os desenvolvimentos em emissesde pases como ndia, Brasil, fricado Sul e Mxico tero que ser consi-derados claramente. Neste sentido necessrio reorientar a ordenao
da utilizao dos recursos naturaisem nosso pas.
C&P - O que pode ser melhora-do nas instituies ambientais?JD- As pessoas tm de ser forma-das e empregadas, com recursosem mos. Recursos, muitas vezes,no s dinheiro, equipamentotambm, para que as coisas se-
jam feitas. O Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (INPE), porexemplo, faz um tratamento de fo-tos de satlites com GPS sobre aAmaznia que capaz de dizer nahora se acenderam um fogo l. Sque no adianta, porque no temquem v fiscalizar; no adianta terequipamento pela metade. Parecefaltar um pouco de encaminha-mento executivo, pois alguns dos
aspectos normativos j existem nopapel. H necessidade, portanto,de um gerenciamento que seja im-plementado de fato, com os rgosresponsveis. No sentido mais am-plo, buscar sempre a utilizao ra-cional de recursos.
C&P - A Bahia tem atuado napreservao de suas florestas?JD - Penso que a proteo da cober-tura vegetal e das florestas primrias cada vez mais raras deve serfeita na forma de reservas. No casoda Bahia, o nmero delas muitopequeno. Algumas reservas estua-rinas precisam ser criadas. Na cha-mada rea de Proteo Ambiental(APA) do Litoral Norte, vemos que,apesar de ser uma rea de proteo
ambiental extremamente frgil paraa implementao de grandes proje-tos, devido superficialidade do pri-meiro lenol fretico, eles vm sen-do implementados sem passar por
um licenciamento mais cuidadoso.Grandes volumes de esgotamentohumano tm sido lanados em cur-sos dgua aps tratamento apenasprimrio, na melhor das hiptesessecundrio. Quando chove, o esgo-tamento vai todo para o mar semtratamento. At agora, a coisa cres-ce sem limite. Basta ver o nmerode projetos novos que vm sendo
licenciados para o litoral norte.Qualquer estudo mais srio sobrea destinao desse potencial de es-goto nessa regio deveria ser maisbem considerado. H, tambm, umconjunto de projetos especiais quemereciam um acompanhamentomais prximo. necessrio perce-ber, por exemplo, que o refloresta-mento por eucalipto, que existe emvrias regies da Bahia, precisa ser
observado e acompanhado, para seevitar que regies inteiras sejam de-gradadas, devido ao fato de a Bahiater a maior produtividade de euca-lipto por metro cbico de madeiragerado por ano, no mundo. Ou seja,um eucalipto de cinco anos de ida-de j est no ponto de ser cortadopara virar celulose. Ora, o primeirocorte aos cinco, o segundo vemaos dez e o terceiro aos quinzeanos; depois disso, diz a lenda que antieconmico continuar. O queas empresas fazem? Geralmente to-cam fogo, deixam as razes presen-tes, e os tocos no desentocados. claro que mais caro desentocarum eucalipto, pois a raiz semprequatro ou cinco vezes maior do queo que est para fora da terra. Acaba
Essesbiocombustveisdevem ser todospesquisados eimplementados,mas importanteentender que elescontribuiro dentro
da matriz energticacom parcelas nonecessariamentecapazes de esgotar autilizao de todosos combustveisfsseis.
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ENTREVISTAJoo Damsio
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sendo mais caro desentocar e daroutra destinao para aquela terrado que comprar outra.
C&P - O Brasil est em van-
tagem na mudana de matrizenergtica?JD- Creio que o trade offentre pro-duo de alimentos e produo delcool pode ser transformado numacoisa sria, caso no haja acom-panhamento ambiental cuidadosodo Estado em todos os seus nveis(governos federal, estadual e mu-nicipal). No vou me posicionar
de forma contrria produo deenergia a partir da biomassa, mas necessrio entender que, nestemomento, no existe no horizon-te a possibilidade de substituiode toda a energia fssil. Os custosambientais de tent-lo (ou pior, deproduzir para exportao) podemser altos. Quer dizer, resolvem-seproblemas ambientais externos,mas importando problemas de ou-
tras naturezas em grande escala.Basta visitar o interior de So Paulo,o litoral norte do Rio ou o interior deAlagoas e Pernambuco (Zona daMata) e verificar se as condiesambientais e sociais esto adequa-das. isso que desejamos comosoluo para a questo energtica? necessrio ponderar com caute-la, no descartando possibilidades,mas tambm sem pensar que todosos ovos devem ser colocados nessacesta. No uma soluo nica,no pode jamais ser uma soluonica de longo prazo. Como algumpode ser contra a gerao de biodie-sel a partir da mamona? Ningumpode ser contra, se a mamonacresce no semi-rido, onde outrascoisas dificilmente crescem. Ento,
vamos transformar o semi-ridonuma grande produo de mamo-na. Como algum pode ser contraproduzir biodiesel a partir do dend?Mas temos que lembrar o seguinte:
no momento em que o produtor defeijo de Irec achar que ele estganhando mais se plantar mamonano mesmo lugar que plantava feijo,teremos um problema. Se ele achar,pior ainda, que no vai plantar maisfeijo e cobre tudo de dend coi-sa que acho um pouco mais difcil,porque o dend leva mais anos paraproduzir a ter sido criada uma
cultura que vai durar 80 anos, pois uma cultura no-renovvel e no-substituvel, permanente. Essesbiocombustveis devem ser todospesquisados e implementados, mas importante entender que eles con-tribuiro dentro da matriz energticacom parcelas no necessariamentecapazes de esgotar a utilizao detodos os combustveis fsseis.
C&P - possvel manter o rit-mo de crescimento econmicoa partir de uma postura de sus-tentabilidade?JD- possvel predar com o mnimode organizao para no degradartudo de uma s vez? Essa talvez sejauma pergunta mais adequada, por-que as conseqncias so irrever-sveis. Temos de perceber que sus-tentabilidade s existe em situaesonde se tenha reverso entrpica.O ser humano, ou quaisquer outrasformas de vida, no consegue viversem gastar energia, sem degradar. muito triste o dia em que voc sedescobre um degradador, que preci-sa continuamente capturar energia,mas que no sabe produz-la semdar lugar a degradao ainda maior.
Temos deperceber quesustentabilidades existe emsituaes ondese tenha reversotrpica. muitotriste o dia em que
voc se descobreum degradador,que precisacontinuamentecapturar energia,mas no sabeproduzir.
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Pobreza como insuficincia de renda: vantagens e limitaes de sua utilizaoARTIGOS Pobreza como insuficincia de renda: vantagens e limitaes de sua utilizao
Pobreza comoinsuficincia
de renda:vantagens e limitaesde sua utilizaoKenys M. Machado*
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ARTIGOSKenys M. Machado
A literatura atual sobre pobreza a descreve como um fenmeno complexo e mul-tifacetado, cujas dimenses envolvem diversos elementos importantes para o
bem-estar dos indivduos. No h um consenso sobre quais seriam estas di-menses, mas as definies buscam enumerar uma sria de direitos conside-rados fundamentais, aos quais todo ser humano deveria ter acesso como condi-o mnima para uma vida digna.
Contudo, dentre as dimenses apontadas com relevantes, uma (ou a falta dela)ganha destaque ao ponto de se confundir com o prprio fenmeno. Esta dimen-so a renda, cuja principal justificativa, como se ver a seguir, sua instru-mentalidade ao servir de proxydo nvel de bem-estar dos indivduos. a partirda renda que so calculados os principais indicadores de pobreza, definindo aquantidade de pobres, onde eles esto e sua evoluo.
O problema desta utilizao o esquecimento do carter funcional da rendanestas medidas, e a anlise dos dados como se a pobreza se reduzisse a tal as-pecto. Assim, o objetivo deste artigo discutir as conseqncias da utilizaoexclusiva da renda com proxyda pobreza, dando destaque questo da mensu-rao. Para isto, o assunto exposto em duas sees: a primeira apresenta umaanlise sobre a relao entre renda e pobreza; e a segunda descreve o clculo eo uso da linha de pobreza.
* Economista (UFBA), Mestreem Administrao (UFBA)e Especialista em PolticasPblicas e Gesto Governa-mental (EPPGG) do Gover-no do Estado da Bahia.
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Pobreza como insuficincia de renda: vantagens e limitaes de sua utilizaoARTIGOS
POBREZA COMO INSUFICINCIA DE RENDA
A abordagem da pobreza como insuficincia de ren-da teve incio com os trabalhos de Booth, no sculoXIX, em Londres, e Rowntree, no comeo do sculo XX,
em York. Booth separou 8 classes sociais por meio darenda, sendo 4 caracterizadas como pobres. Rowntreeutilizou uma metodologia diferente, definindo duas ca-tegorias de pobreza. A primeira (primary poverty)era es-timada de forma monetria, por meio de uma linha depobreza suficiente para adquirir nutrientes (alimento),roupa e pagar o aluguel. A segunda (secondary poverty)era avaliada pelos entrevistadores como aqueles larescujas condies eram visivelmente necessitados. Pelapesquisa, 30% da populao de York vivia na pobreza
(LADERCHI et al, 2003, p. 8). Estes estudos guardavamalgumas semelhanas ainda observadas contempora-neamente: adotavam uma perspectiva objetiva da men-surao da pobreza; a pesquisa era feita por indivduosexternos ao fenmeno; e a abordagem era individualis-ta (LADERCHI et al., 2003).
Atualmente a definio de pobreza como insuficinciade renda ainda a mais utilizada e est diretamenterelacionada com a possibilidade de mensurao da po-breza ao se converter em termos monetrios certas ne-
cessidades consideradas mnimas. Neste caso, a ren-da seria umaproxydaquelas necessidades, permitindoa quantificao do nmero de pobres e a comparaointertemporal.
A possibilidade de clculo e sua utilizao cotidiana-mente no significam que seja fcil a mensurao dapobreza por meio da renda. As diferentes metodologias
de clculo e a prpria definio de um mnimo tornaarbitrria sua determinao e proporciona uma gran-de quantidade de estimativas, mesmo tendo-se comobase uma mesma populao em um determinado pe-rodo de tempo.
Rocha (2003), destaca os vrios problemas da varivelrenda como medida da pobreza mas afirma que o princi-pal argumento terico de sua vasta utilizao a estreitacorrelao entre a renda e os indicadores de bem-estarfsico. Para a autora [...] associar pobreza desnutrioconsiste ainda hoje, infelizmente, numa abordagemoperacional [...] (ROCHA, 2003, p. 19), sendo esta maisadequada para o caso da pobreza extrema.
Laderchi et al. (2003) destacam que o apelo desta abor-dagem para os economistas se refere a sua adequa-o ao postulado da microeconomia de maximizaoda utilidade pelos consumidores. A mensurao destautilidade seria umaproxydo bem-estar, e uma queda adeterminado valor mnimo de recursos caracterizaria apobreza. Segundo os autores, a validade desta aborda-gem depende dos seguintes aspectos: [...] se a utilida-de uma adequada definio de bem-estar; se o gastomonetrio uma medida satisfatria da utilidade; seuma queda na utilidade encerra tudo o que entende-
mos por pobreza; e a justificativa para uma determi-nada linha de pobreza. (LADERCHI et al., 2003, p. 7,traduo nossa).
Alm disso, os autores afirmam que o uso dessa abor-dagem justificado por dois argumentos distintos.Um se refere existncia de uma certa renda mnimapara todos os indivduos, que os autores dizem ter me-nos seguidores; o outro est relacionado adequaodeste mtodo comoproxydo bem-estar e da pobreza esua possibilidade de clculo pelos dados disponveis,argumento que contestado por eles e outros pesqui-sadores, tais como Ravallion (1996), Sen (2000, 2001),Costa (2002a ; 2002b), Szeles (2005) ; Hulme, Moore eShepherd (2001).
Laderchi et al. (2003) tambm destacam que a aborda-gem monetria vem se beneficiando por avanos emsua metodologia, mas ainda assim ela necessita de umasrie de julgamentos de valor. Lembram que, enquanto
A possibilidade de clculo esua utilizao cotidianamenteno significam que seja fcila mensurao da pobreza pormeio da renda
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ARTIGOSKenys M. Machado
os postulados metodolgicos so da teoria econmica,
a pobreza no uma categoria econmica, e possui in-teraes sociais no consideradas nesses estudos.
LINHA DE POBREZA
Na mensurao da pobreza por meio da renda, comu-mente se estabelece um limite mnimo, no qual todosos indivduos abaixo deste valor seriam pobres. Nestecaso, calcula-se uma linha de pobreza baseado na rendasuficiente para a satisfao de algumas necessidades
bsicas. Isto feito por meio da delimitao da linha deindigncia e, a partir da, obtm-se a linha de pobreza.
A linha de indigncia calculada a partir da quantidadede calorias suficientes para a reproduo do indivduoou da famlia. Esse valor convertido em alimentos deacordo com os costumes da sociedade e, assim, conver-tidos em moeda. A linha de indigncia a quantidadede moeda para a compra destes produtos. No clculoda linha de pobreza, aplica-se o multiplicador de Engel linha de indigncia para incorporar os gastos comhabitao, transporte e vesturio. Estas linhas podemser calculadas com base na famlia, aplicando-se coefi-cientes de reduo para seus membros de acordo coma idade (SALAMA; VALIER, 1997). Assim, aqueles queesto abaixo da linha de indigncia no teriam recursossuficientes para atender suas necessidades nutricionaise os que esto abaixo da linha de pobreza so considera-dos pobres, podendo ou no estar na situao de fome,a depender de sua distribuio abaixo desta linha.
Uma outra opo a utilizao do salrio mnimo ou darenda per capita como linha de pobreza. A primeira em-pregada no Brasil para a determinao dos pobres poralguns pesquisadores e pelo governo federal, na conces-so de benefcios de programas focalizados. A segunda
opo adotada, por exemplo, na International Standardof Poverty Line(ISPL), cuja linha de pobreza relativa equi-vale a 50% da renda per capita do pas correspondente(COSTA, 2002a, p.3). O problema destas opes que:(1) elas no levam em conta as diferenas regionais,como ocorre no Brasil, ao se utilizar meio salrio mnimopara determinar a linha de pobreza de residentes em, porexemplo, So Paulo e Juazeiro, onde os custos de vidaso bem diversos1; e (2) podem existir flutuaes no valorreal do salrio mnimo ao longo do tempo. A partir des-
sas linhas, pode-se calcular a quantidade de indivduosou famlias pobres e indigentes. O indicador mais sim-ples o headcount index, ou proporo de pobres (H0),que relaciona a quantidade de