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CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus...

Date post: 18-Jul-2020
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ CURSO DE ZOOTECNIA PROJETO ORIENTADO ROSANA DE CARVALHO CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS DA GERAÇÃO F1 JATAÍ - GOIÁS 2018
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL JATAÍ

CURSO DE ZOOTECNIA

PROJETO ORIENTADO

ROSANA DE CARVALHO

CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E

ANGUS E AS CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS DA

GERAÇÃO F1

JATAÍ - GOIÁS

2018

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ROSANA DE CARVALHO

CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS

CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E REPRODUTIVAS DA GERAÇÃO F1

Orientadora: Profª Dra. Adriana Luize Bocchi

Projeto Orientado apresentado à Universidade Federal de Goiás – UFG, Regional Jataí, como parte das exigências para a obtenção do título de Bacharel em Zootecnia.

JATAÍ - GO

2018

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Projeto Orientado apresentado como parte das exigências para a obtenção do título de

Bacharel em Zootecnia, defendido e provado em 19 de fevereiro de 2018, pela seguinte banca examinadora:

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Dedico,

Primeiramente a Deus, aos meus pais Jurucey e

Maria Luzia e meus irmãos Solange e Renato,

pelo apoio, compreensão e carinho.

Dedico especialmente à minha sobrinha Ana

Flávia porque ela sempre esteve ao meu lado, se

preocupando comigo e com a qualidade dos meus

estudos. Afinal, somos assim tão idênticas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a Deus por me conceder a oportunidade de ter uma

família maravilhosa que sempre me apoiou, pela oportunidade de estudar e por ter

saúde, por sem ela, nada somos.

À Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, pela realização do curso de

Zootecnia e por ter a oportunidade de aprender com os melhores professores.

Ao meu pai, Jurucey Carvalho Barros, porque sempre foi, é e será minha

referência maior de dedicação, trabalho e honestidade. Agradeço por confiar em mim

e em minhas escolhas e porque sempre estar ao meu lado me orientando e dando

carinho.

À minha mãe, Maria Luzia Borges de Carvalho, pelas atitudes de carinho, amor

e atenção. Agradeço pelos ensinamentos e por fazer esta caminhada ao meu lado

com todo apoio e confiança.

Aos meus irmãos, Renato e Solange, porque sei que a caçula sempre tem os

melhores irmãos, aqueles que vão te defender de tudo e de todos. Obrigada pelo

carinho e brincadeiras.

À minha tia Sandra, porque ela sabe conversar comigo quando preciso acalmar

a alma e por seus conselhos sempre úteis.

À minha sobrinha Ana Flávia, pela preocupação sempre, pelo carinho, pelas

conversas mais loucas e porque eu a considero como minha filha.

Aos meus amigos por também me apoiarem e por compreender meus

momentos em que precisei ficar só e também por outros, quando precisei de apoio,

um ombro amigo e por toda a diversão nos momentos mais descontraídos.

À minha orientadora Adriana Bocchi, pela paciência, carinho, atenção e por me

apresentar ao maravilhoso mundo do Melhoramento Genético Animal.

A todos os professores, professoras, técnicos e colaboradores do curso de

Zootecnia, pelo conhecimento ofertado, pela paciência, compreensão e por fazer

dessa jornada um caminho inesquecível.

A todos vocês, meus sinceros agradecimentos!

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“A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer

o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento”.

Platão

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RESUMO

O melhoramento genético animal é uma ferramenta utilizada cada vez mais nas propriedades rurais como forma de aumentar a produtividade. Seguindo este conceito, o cruzamento entre as raças Nelore e Angus é um procedimento realizado com o intuito de incrementar os valores produtivos do rebanho e otimizar o tempo de produção de gado de corte devido aos seus resultados consistentes. Com a pressão cada vez maior do mercado interno e externo, a busca por produzir carne de qualidade e padronizada vem se tornando cada vez mais o objetivo da pecuária de corte nacional.

Palavras-chave: melhoramento, genético, carne, carcaça

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ABSTRACT

Animal genetic improvement is a tool used more and more in rural properties as a way to increase productivity. Following this concept, the crossbreeding between the Nelore and Angus breeds is a procedure performed with the purpose of increasing the productive values of the herd and optimizing the time of production of beef cattle due to its consistent results. With the increasing pressure of the domestic and foreign market, the search for quality and standardized meat has become increasingly the goal of national beef cattle.

Keywords: improvement, genetic, beef, frame

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SUMÁRIO

RESUMO vii

ABSTRACT viii

LISTA DE TABELAS

xi

LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS xiii

1. INTRODUÇÃO

1

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2

2.1 CARACTERIZAÇÃO DAS RAÇAS

2

2.1.1 NELORE

3

2.1.1.1 Origem

3

2.1.1.2 Caracterização racial

4

2.1.1.3 Programas de Melhoramento Genético

5

2.1.2 ANGUS

6

2.1.2.1 Origem

6

2.1.2.2 Caracterização Racial

8

2.1.2.3 Programas de Melhoramento Genético

9

2.2 UTILIZAÇÃO DO CRUZAMENTO COMO MÉTODO DE MELHORAMENTO GENÉTICO ANIMAL

10

2.3 HETEROSE, COMPLEMENTARIDADE E HETEROZIGOSE

11

2.3.1 Heterose materna

17

2.4 DIFERENÇAS PRODUTIVAS ENTRE NELORE E F1

19

2.4.1 Diferenças entre carcaça de zebuínos e taurinos

19

2.4.2 Diferenças nas carcaças de animais F1 e Nelore inteiros e castrados

21

2.4.3 Características de carcaça de fêmeas

23

2.4.4 Produção de animais superprecoces

26

2.4.5 Características organolépticas da carne 28

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2.4.5.1 Influência da dieta do animal na carne

30

2.4.6 Qualidade da Carcaça medida por Ultrassonografia de carcaça

31

2.5 UTILIZAÇÃO DAS FÊMEAS F1 NO SISTEMA PRODUTIVO

33

2.6 PROGRAMAS DE QUALIDADE DA CARNE ANGUS

35

2.6.1 Carne Angus Certificada

35

2.6.2 Cota Hilton

37

2.7 SELEÇÃO, PARÂMETROS GENÉTICOS E BENEFÍCIOS NO CRUZAMENTO

38

2.8 DESAFIOS PARA O PRODUTOR QUANTO AO USO DE CRUZAMENTOS

41

2.9 CONCLUSÃO 44

2.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

44

2.11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

47

2.12 ANEXOS

60

2.13 APÊNDICE

61

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xi

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Características de carcaça de 3 grupos genéticos (dados ajustados a uma idade média de 23 meses)

13

TABELA 2. Total de fêmeas gestantes na 1ª e 2ª estações de monta e taxas de concepção e reconcepção de fêmeas GN e NA

14

TABELA 3. Pesos (kg) ao desmame e ao sobreano de bezerros de 3 grupos genéticos

15

TABELA 4. Comparação do desempenho de dois grupos (NE X F1) de animais machos inteiros contemporâneos criados em sistema de suplementação a pasto e abatidos aos 20 meses de idade

15

TABELA 5. Desempenho fisiológico e produtivo de bovinos Guzerá e ½ Guzerá-Aberdeen Angus criados em confinamento

16

TABELA 6. Estimativas de heterose individual (h¹) e materna (hᴹ) para algumas características de importância econômica

18

TABELA 7. Peso (kg) e Ganho Médio Diário (kg) de novilhos de 3 grupos genéticos

19

TABELA 8. Diferenças entre Bos taurus e Bos indicus no sistema calpaína

20

TABELA 9. Médias e desvio-padrão das características de carcaça e qualidade da carne de novilhos de 3 grupos raciais

20

TABELA 10. Comparação de características qualitativas e quantitativas de animais castrados e não castrados

22

TABELA 11. Comparação de características de carcaça, acabamento e peso de animais F1 Angus x Nelore terminados em confinamento

23

TABELA 12. Desempenho zootécnico de animais F1

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Angus x Nelore inteiros, castrados e fêmeas

24

TABELA 13. Médias de peso vivo (PV), peso de carcaça (PC) e rendimento de carcaça (RC) de novilhas x novilhos Angus

25

TABELA 14. Desempenho de fêmeas bovinas superprecoces de diferentes grupos genéticos

25

TABELA 15. Dias em confinamento, idade média e ganho de peso médio diário de novilhos Red Angus confinados e abatidos com diferentes pesos

27

TABELA 16 Médias para peso de carcaça fria, espessura de gordura subcutânea (EGS) e composição da carcaça de novilhos Red Angus confinados e abatidos com diferentes pesos

27

TABELA 17. Índices produtivos e reprodutivos na pecuária de corte nacional

33

TABELA 18. Desempenho da terceira raça sobre base meio-sangue Nelore x Angus no abate

34

TABELA 19. Peso médio dos animais ao nascimento

39

TABELA 20. Peso final dos animais

39

TABELA 21. Estimativas das médias da temperatura retal (TR), da taxa de sudação (TS) e da frequência respiratória (FR) dos grupos genéticos Nelore, Senepol x Nelore e Angus x Nelore, avaliadas durante o teste de tolerância ao calor

43

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LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS

Figura 1. Touro Nelore (A); Vaca Nelore (B); Bezerra Nelore (C)

5

Figura 2. Touro Menelik

7

Figura 3. Touro Aberdeen Angus (A); Vaca Red Angus (B); Bezerro Red Angus(C)

9

Figura 4. Distância e variabilidade genética entre raças

13

Figura 5. Selo do programa Carne Angus Certificada

36

Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de vacas Nelore e F1

42

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1. INTRODUÇÃO

O agronegócio brasileiro representa um dos maiores exponentes da economia

do país, responsável por grande parte da produção de riquezas e presente em todos os

Estados da Federação, o que se traduz em uma quantidade expressiva nas exportações,

incluindo diversos produtos como carnes, laticínios e grãos. Em 2016, o Produto Interno

Bruto (PIB) do Brasil foi de R$ 6,27 trilhões e somente o agronegócio conseguiu alcançar

R$ 1,48 trilhão deste valor, o que representou 24% do PIB total do país (ABIEC, 2017c).

Em relação à pecuária, o Brasil ocupa uma posição de destaque, visto se tratar

de um setor da economia que gera uma receita significativa ao país, principalmente

quando se diz respeito à pecuária de corte. Sabe-se porém, que esta atividade possui

uma diversidade de produção e aplicação tecnológica bastante variada no país, com

propriedades sofisticadas e altamente produtivas e outras baseando-se ainda na

produção extensiva e precariedade dos meios de produção (CARVALHO, 2017).

Contextualizando ainda a importância da pecuária, este setor foi responsável

pela movimentação de R$ 483,5 bilhões em 2015 e deste total, R$ 147,03 bilhões foi

referente às atividades nas fazendas, R$ 145,88 bilhões foi movimentado nas indústrias e

R$ 176,36 bilhões no varejo, sendo que neste último valor, 87% constaram apenas da

venda de carnes, fora outros produtos (ABIEC, 2016b).

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes

(Abiec), o país possui cerca de 219 milhões de cabeças de gado e desde 2004 ocupa a

liderança no mercado de exportação de carne mundial. Além disso, a área de pastagem

ocupa 164 milhões de hectares com uma taxa de ocupação média de 1,33 cab/ha. Ainda

segundo a Abiec, as exportações de carne bovina alcançaram US$ 5,36 bilhões em 2016

em um total de 1,83 milhão de toneladas comercializadas, tendo Hong Kong como o

principal mercado consumidor da carne brasileira in natura (16,85%) e miúdos (61%) e,

em seguida, União Europeia com carne industrializada (41,38%). (ABIEC, 2017c)

Em 2015, foram abatidos 39,16 milhões de cabeças de gado e deste total cerca

de 5 milhões (13%) foram terminados em confinamento, enquanto 87% a pasto. Em

relação aos estados com maior rebanho, Mato Grosso ocupa a primeira colocação com

28.457.770 cabeças (13,61%), seguido por Minas Gerais com 23.588.517 cabeças

(11,28%) e Goiás com 21.659.556 cabeças (10,36%) (Abiec, 2016b).

Estes dados corroboram com a avaliação feita pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento (MAPA) em que se espera que até 2020 a produção brasileira

de carne bovina supra 44,5% do mercado mundial, ou seja, quase a metade de todas as

exportações neste setor.

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Outro aspecto relevante na pecuária de corte nacional é a utilização de gado

zebu, aliado a este fato, o uso de programas de melhoramento genético animal com a

realização de cruzamentos com taurinos e a própria erradicação da febre aftosa no país

(CRPBZ, 2016). Estes animais zebuínos são altamente adaptados ao clima tropical e às

condições de produção à pasto da pecuária, podendo ser utilizados em diversos

cruzamentos, mantendo a sua rusticidade e aumentando a produção.

É neste cenário que vem se destacando o cruzamento entre as raças Nelore e

Angus como forma de intensificar a produção de carne em menor tempo e com mais

qualidade e ainda com maior aproveitamento de carcaça e peso superior. De acordo com

a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) a partir do ano de 2013, a

venda de sêmen de touros da raça Angus foi superior a do Nelore, sendo que quatro

anos antes, em 2008, para cada dose de sêmen vendida da raça europeia, eram

comercializadas mais de quatro de Nelore. Além disso, em 2015 das 8,2 milhões de

doses de sêmen comercializadas no Brasil, 4,2 milhões foram da raça Angus, ou seja,

51% (ASSOCIOAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2018f).

Além de intensificar a produção diminuindo o ciclo de produção a padronização

do produto final favorece toda a cadeia de produção, sendo benéfica aos frigoríficos e

também ao consumidor final que exige cada vez mais carnes de boa qualidade e

padronizadas. É neste contexto que o melhoramento genético possui uma importância

fundamental, proporcionando técnicas que melhoram a produtividade do gado de corte.

Assim, o objetivo dessa revisão de bibliografia é demonstrar como o cruzamento Nelore x

Angus pode ser uma alternativa para garantir o aumento da eficiência produtiva na

pecuária de corte, por meio do incremento dos valores produtivos da geração F1.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CARACTERIZAÇÃO DAS RAÇAS

A pecuária de corte é um dos segmentos mais rentáveis para o PIB do país,

representando 30% do agronegócio (ABIEC, 2016b). Está presente em todos os estados

da Federação e em sistemas de produção variados, com predomínio daqueles

extensivos. Além disso, nas regiões Centro-Oeste e Sudeste há quantidade maior de

gado de raças zebuínas, enquanto no Sul, a presença é mais forte de taurinas,

principalmente as britânicas (PEIXOTO, 2010).

Em relação à produção de gado de corte à pasto, por conta da extensão

territorial do país e das características climáticas, o custo de produção de carne é um dos

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menores do mundo. (SOUZA, 2006; CARVALHO, 2009). Por outro lado, o aumento da

disponibilidade de tecnologias nas pastagens e no próprio rebanho e pressões de

mercado fazem com que cada vez mais ocorra uma mudança no pensamento no setor de

gado de corte (DIAS-FILHO, 2014). Isso se traduz em uma busca cada vez maior por

produtividade e melhor aproveitamento das áreas disponíveis.

É neste cenário que se destaca a abrangência do zebuíno nas mais diversas

áreas de produção de carne no país. De acordo com o Centro de Referência da Pecuária

Brasileira – Zebu (CRPBZ), 80% da população dos bovinos brasileiros possuem em sua

genética, algum traço zebuíno, os quais são altamente adaptados ao clima tropical e

criação à pasto (ABCZ, 2017a).

2.1.1 NELORE

2.1.1.1 Origem

A raça Nelore, também conhecida como Ongole, é originária da Índia, sendo que

o nome Nelore é dado a um distrito da antiga Província de Madras, situada na costa

oriental daquele país. Foi da lá que embarcaram os primeiros animais desta raça para o

Brasil (ACNB, 2017). As importações desta raça começaram na primeira metade do

século XIX e se expandiram no século XX, primeiro no estado do Rio de Janeiro, depois

em São Paulo e Minas Gerais. No ano de 1938 foi criado o Registro Genealógico, quando

teve início a definição das características raciais da raça Nelore (FREITAS, 2018a).

Além disso, destaque para as importações que aconteceram entre os anos de

1960 e 1962, quando chegaram ao país grandes reprodutores da raça, como Karvadi,

Golias, Rastã, Checurupadu, Godhavari, Padu e Akasamu, os quais formam as principais

linhagens do Nelore (FREITAS, 2018a). Além destes, o touro Taj Mahal, introduzido no

Brasil em 1963 (GUAPORÉ PECUÁRIA, 2017) também merece reconhecimento por

conta da importância na formação do Nelore no país.

O melhoramento genético dos animais zebuínos e, principalmente do Nelore no

Brasil teve início na primeira metade do século XX, estabelecendo os padrões raciais.

Nos anos de 1950 os trabalhos de melhoramento começaram a estabelecer padrões de

características produtivas, as quais se consolidaram em 1968 com a criação das provas

de desenvolvimento ponderal da ABCZ, sendo que apenas em 1984 foi lançado o

primeiro sumário da raça em parceria entre a ABCZ e a Embrapa Gado de Corte, época

em que também foram criados os primeiros programas de melhoramento genético de

animais de corte (MENEZES, 2008).

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4

2.1.2.2 Caracterização racial

Os animais da raça Nelore possuem aptidão para produção de carne, quesito o

qual vem passando por intenso melhoramento genético (ACNB, 2017). Além disso,

apresentam boa conformação, com cabeça leve e pequena, ossatura fina e com bom

desenvolvimento de carcaça. São animais rústicos e os bezerros nascem fortes e

espertos, acompanhando o rebanho em poucas horas após o parto (LOPES JUNIOR,

2017).

Machos e fêmeas são bem diferentes e com temperamento ativo e dócil. A

pelagem é branca ou cinza-clara e os pelos são curtos e densos e nos machos as

regiões do pescoço e cupim tendem a ser mais escuras. A pele é preta ou pelo menos

escura, solta, flexível e oleosa, assim como as unhas, o espelho e as mucosas das

aberturas naturais.

As orelhas destes animais são curtas e com as pontas terminando em forma de

lança, além disso, a face interna do pavilhão deve ser voltada para frente. Os chifres,

quando presentes, são escuros, curtos, mais grossos na base, achatados e de seção

oval, com superfícies rugosas e estrias longitudinais. A partir do momento que estão

maiores, podem se direcionar para fora, para trás ou para cima.

Por serem zebuínos, apresentam barbela que começa debaixo do maxilar

inferior e se estende até o umbigo, porém, nos machos, é mais abundante e pregueada.

Além disso, outra característica da raça é a presença de giba, muito mais acentuada nos

machos, a qual se apoia na região da cernelha.

O pescoço é bastante musculoso nos machos e o dorso é largo e reto, com leve

inclinação e ligação harmoniosa com a garupa e boa cobertura muscular. Já a cauda,

com vassoura preta, possui boa inserção e se estende até os jarretes. Os animais Nelore

possuem tórax largo, amplo e profundo e as costelas são compridas, largas e bem

arqueadas. Fêmeas possuem úbere e tetos pequenos e os machos bolsa escrotal fina e

bem pigmentada.

Os animais da raça Nelore são bastante resistentes ao calor já que possuem

maior quantidade de glândulas sudoríparas e por terem o trato digestivo cerca de 10%

menor do que raças europeias, seu metabolismo é mais baixo, o que gera quantidade

menor de calor. Como ponto positivo da raça, merece destaque também a resistência à

parasitas, por conta das características do seu pelo e pele escura, fina e resistente, o que

dificulta a ação de insetos sugadores e carrapatos. Animais Nelore produzem uma

secreção oleosa na pele, a qual possui ação repelente, que se intensifica quando estão

em altas temperaturas (ARIEIRA et al., 2008).

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São animais que apresentam menor proporção de cabeça, vísceras e patas, o

que determina bom rendimento de carcaça nos processos industriais. A cobertura de

gordura é considerada homogênea, principalmente em animais de terminação precoce.

Por padrão, a carne de gado Nelore é vista com baixo teor de gordura de marmoreio

(ACNB, 2017). Apesar disso, segundo Nadai Bonin et al. (2014), genearcas como Golias

e Karvadi possuem potencial genético para produção de descendentes com peso de

carcaça e músculos maiores, além de carne mais macia. A linhagem Golias apresenta

maior deposição de gordura intramuscular e a linhagem Akasamu, maior deposição de

gordura subcutânea.

Na Figura 1 podem ser visualizados exemplares de um macho adulto, fêmea

adulta e uma bezerra.

Figura 1. Touro Nelore (A); Vaca Nelore (B); Bezerra Nelore (C) Fonte: Alta Genética (2018) (A); Seleção CS (2018) (B); Arquivo pessoal (C)

2.1.2.3 Programas de Melhoramento Genético

Por ser a raça bovina mais criada no Brasil, o Nelore possui diversos programas

de melhoramento genético. Como exemplo dos principais, pode-se citar:

- Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) da ABCZ: foi criado

em 1992 e é um programa voltado aos animais de corte e de produção leiteira e possui

três provas zootécnicas, sendo o Controle do Desenvolvimento Ponderal (CDP), Provas

de Ganho de Peso (PGP) e Controle Leiteiro (CL) (ABCZ, 2018b).

- Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP): possui

programas de melhoramento genético das raças Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã. O

Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN) começou em 1988 e

desde 2003 passou a se chamar Programa Nelore Brasil. Atualmente, são

disponibilizadas DEPs para 32 características, além do índice MGT para a raça. Em

2014, o programa começou a disponibilizar também DEPs Genômicas por meio de

marcadores moleculares (ANCP, 2018).

- Geneplus: programa criado em 1996 por meio de parceria entre a Embrapa

Gado de Corte e a empresa Geneplus Consultoria Agropecuária Ltda. Trabalha com as

A B C

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raças Nelore e Senepol e os dados de cada propriedade participante do programa são

expressos em DEPs e suas acurácias além de percentis e disponibilizados por software

SGP – Sistema Geneplus onde o produtor encontra diversas ferramentas para usar no

melhoramento genético de seu rebanho (GENEPLUS, 2018).

- DeltaGen: programa que se iniciou primeiramente em 1974 com o nome

Conexão Delta G no Rio Grande do Sul para as raças Hereford e Braford. Em 1993

surgiu o programa de melhoramento para a raça Nelore em sistemas de produção de

bovinos a pasto (DELTAGEN, 2018).

- Cia. do Melhoramento: a Associação Cia. de Melhoramento surgiu no início de

2015 e está presente no Brasil, Paraguai e Colômbia. Entre seus serviços e softwares

estão a avaliação genética, acasalamento dirigido, seleção genômica e reprodutores e

matrizes CEIP (CIA. DE MELHORAMENTO, 2018)

- Paint: programa de melhoramento genético para seleção de raças de corte

criadas a pasto que se iniciou em 1994 e abrange propriedades no Brasil e no Paraguai.

O Paint faz parte da CRV Lagoa, que é a maior central de genética bovina de toda a

América Latina. Gera avaliações genéticas de cada propriedade participante em software

próprio onde são geradas DEPs e DEPhs (Desempenho Esperado na Progênie) para 16

características econômicas (PAINT, 2018).

- Qualitas: programa de melhoramento genético do Nelore gerenciado pela

Qualitas Melhoramento Genético e tem como objetivo selecionar animais jovens para

produção de touros e novilhas melhoradoras. Em 2002 recebeu reconhecimento do

MAPA e autorização para emissão de CEIP (Certificado Especial de Identificação e

Produção). O programa utiliza avaliações e seleções de animais para eficiência funcional

assim como DEPs (NELORE QUALITAS, 2018).

2.1.2 ANGUS

2.1.2.1 Origem

A raça Angus é britânica, advinda da região da Escócia e, segundo registros

históricos, seu melhoramento genético começou no início do século XIX. No Brasil, foi

introduzida primeiramente na região de Bagé (RS), local considerado, portanto, como um

dos mais importantes centros da raça no país (FREITAS, 2018b). O primeiro registro do

Angus no Brasil foi realizado em 1906, por meio de um touro vindo do Uruguai (Figura 8)

chamado Menelik (COSTA, 2017).

Page 20: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

7

Figura 2.Touro Menelik Fonte: Blog Stravaganza (2018)

Durante a seleção genética da raça, existia variação na cor da pelagem, porém,

um dos pioneiros da raça na Escócia, Hugh Watson teve como preferência a seleção de

animais pretos. A pelagem vermelha se manteve nos rebanhos de forma recessiva. De

acordo com a Associação de Criadores Aberdeen Angus Portugal (2017) a coloração não

interfere nas características zootécnicas destes animais, conhecidos como Red Angus

(pelo vermelho) e Aberdeen Angus (pelo preto).

Porém, segundo Beheregaray Neto (2018) animais de pelagem preta apresentam

melhor capacidade de se adaptarem ao clima tropical do que aqueles de pelagem

vermelha. Silva (2001) afirma que bovinos com pelos vermelhos são desaconselhados

em climas quentes por conta da alta transmissão de radiação pela epiderme, a qual é

vermelha clara, porém, estas variações que ocorrem em pelos pretos e vermelhos

dependem também da estrutura, comprimento, diâmetro, número de pelos por unidade

de área e inclinação do pelame, sendo que o ideal é o pelo curto e bem assentado.

O pelame negro é considerado melhor em relação ao vermelho visto que

apresenta em sua epiderme maior quantidade de melanina que tem como função garantir

proteção contra os raios UV. O vermelho, por outro lado, tem alta transmissibilidade à

radiação UV pela epiderme e pelame (SILVA; LA SCALA JR; POCAY, 2001).

Page 21: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

8

No Brasil, a Associação Brasileira de Angus foi fundada em 1963, formada

inicialmente por pecuaristas gaúchos e desde então, esta associação tem orientado a

expansão da raça por todo o país. Ela também é responsável pelo Programa Carne

Angus Certificada, cadeia que envolve produtores, indústria, varejo e associação de raça.

Apesar disso, as suas regionais ainda estão concentradas na região Sul e apenas duas

delas no Sudeste, sendo uma em São Paulo e a outra no Rio de Janeiro (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE ANGUS, 2017).

Além disso, a associação da raça possui parceria com a Associação Nacional de

Criadores ―Herd-Book Collares‖ (ANC) a qual é responsável pela coleta, estruturação e

manutenção em todo o país da base de dados que forma o Arquivo Zootécnico Nacional

executando o registro genealógico de 20 raças bovinas, como o Aberdeen Angus,

Hereford e Charolês. Há também uma parceria com o Serviço de Registro Genealógico

(SRG), o qual realiza os serviços de registro e controle genealógico do Angus, com o

objetivo de emitir o certificado de registro (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS,

2017; HERD-BOOK COLLARES, 2018a).

2.1.2.2 Caracterização Racial

Os animais da raça Angus possuem o biótipo considerado clássico com aptidão

para carne. Possuem tamanho moderado e corpo volumoso e comprido, com

profundidade média de acordo com a idade. Além disso, não possuem chifres e a

pelagem, abundante, sedosa, não completamente lisa, com pelos de curtos a médio,

pode ser vermelha ou preta. Já a pele é moderadamente grossa e elástica

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2017).

A cabeça do animal Angus possui tamanho mediano, assim como as orelhas, as

quais são um pouco eretas e bem coberta de pelos. A musculatura do corpo é

evidenciada, principalmente na região dos quartos e paletas, sem excesso de pele ou

gordura. Os membros também possuem musculatura bastante definida (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE ANGUS, 2017).

Os machos apresentam uma expressão de masculinidade caracterizada

principalmente por uma massa muscular forte no pescoço e cabeça e já as fêmeas

possuem um pescoço mais suave, comprido e fino e cabeça pequena. Os bezerros

Angus possuem corpo mais longilíneo nos meses iniciais de vida, ou seja, não devem

apresentar desenvolvimento excessivo de pescoço e cabeça e o comprimento das

extremidades dever ser maior que a profundidade do tórax e com pouca deposição de

gordura (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2017).

Page 22: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

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De acordo com a Associação Criadores Aberdeen Angus Portugal (2017), os

animais dessa raça são considerados rústicos, com precocidade sexual, bom

crescimento e acabamento, as fêmeas possuem facilidade ao parto e com conhecida

capacidade maternal. O temperamento dos bovinos Angus é considerado ativo, porém,

não são agressivos. As fêmeas Angus, além de terem boa habilidade materna, possuem

úbere de tamanho intermediário e bem implantado e os tetos são finos e medianos.

Os animais Angus apresentam carne marmorizada e com boa cobertura de

gordura (3 a 6 mm), lhe conferindo sabor característico e boa maciez (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE ANGUS, 2017).

Na Figura 3 podem ser visualizados exemplares de machos adultos, fêmea

adult

a e

um

beze

rro.

2.1.2.3 Programas de Melhoramento Genético

A raça Angus está cada vez mais difundida por todo o país, sendo usada

principalmente em cruzamentos com animais zebuínos por conta da heterose

proporcionada à progênie. De acordo com a Associação Brasileira de Inseminação

Artificial (Asbia, 2017), a venda de sêmen das raças Red Angus e Aberdeen Angus

aumentou 15,4% no Brasil em 2015 quando comparado ao ano anterior. Além disso,

entre 2010 e 2016, a raça cresceu 150% no país enquanto a média de crescimento de

raças de corte em geral foi de 50%.

Por conta disso, existem vários programas de melhoramento genético dessa

raça, os quais procuram cada vez mais aperfeiçoar o Angus principalmente no que diz

respeito ao aumento da resistência contra parasitas e maior adaptabilidade ao clima

tropical. Dessa forma, a raça Angus vem passando por um processo de seleção e

também sendo utilizada intensivamente em cruzamentos, principalmente com o Nelore no

Brasil Central.

A B C

Figura 3 - Touro Aberdeen Angus (A); Vaca Red Angus (B); Bezerro Red Angus(C) Fonte: Insemina (2018) (A); Fonte: Fato Rural (2018) (B); Fonte: Sítio JP (2018) (C)

A B C

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Como exemplo de programas de melhoramento genético da raça Angus:

- Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (PROMEBO): programa de

melhoramento genético criado em 1974 para bovinos de raças de corte, podendo ser

Puros de Origem, Puras por Cruza, Cruzamentos ou Gado geral. Utiliza metodologia de

modelos mistos e as estimativas das características avaliadas nos rebanhos são

expressas em DEPs (HERD-BOOK COLLARES, 2018b).

- Programa Natura: programa de melhoramento genéticos das raças Angus e

Brangus criado em 1986 e que utiliza rebanhos brasileiros e do Paraguai. O programa,

coordenado pela Gensys, controla animais de diferentes composições raciais desde o

Nelore até o Angus, com todos os graus de sangue intermediários entre as duas raças.

As suas avaliações genéticas se concentram em ganho de peso, escores visuais de

confirmação, precocidade, musculosidade e características avaliadas por

ultrassonografia. Possui ênfase também em parâmetros de adaptação como tamanho do

prepúcio, comprimento do pelame e resistência ao carrapato (GENSYS, 2018).

- Programa Terneiro Angus Certificado: criado em 2008 pela Associação

Brasileira de Angus para terneiros Angus e Cruza Angus que podem ou não estarem

associados na Associação da raça. Seu objetivo é agregar valor ao terneiro e fomentar a

utilização de touros registrados para direcionar a produção ao Programa Carne Angus

Certificada (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2018d).

- Programa Cruzamento sob controle de genealogia (CCG): controlado pela

Associação Nacional de Criadores (ANC) Herd Book Collares a qual realiza o controle

genealógico da raça Aberdeen Angus e sua variedade Red Angus. Registra animais

Puros de Origem (PO), Puros por Cruza (PC), Cruzamentos sob Controle de Genealogia

(CCG) e Livro Aberto (LA) (HERD-BOOK COLLARES, 2018b).

- Programa Melhoramento Genético Angus: criado pela Associação Brasileira de

Angus e utiliza a metodologia do Promebo. Os animais são avaliados em diversas

características como peso, ganho de peso, perímetro escrotal, resistência ao carrapato,

avaliações de carcaça por ultrassonografia e escores visuais de conformação,

musculosidade, precocidade e padrão racial. Os dados obtidos são comparados por meio

de DEPs (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2018c).

2.2 UTILIZAÇÃO DO CRUZAMENTO COMO MÉTODO DE MELHORAMENTO

GENÉTICO ANIMAL

O cruzamento no melhoramento genético tem como objetivo se beneficiar da

heterose advinda das raças paternais, complementando características desejáveis de

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ambas na progênie (PEREIRA, 2008). O cruzamento é uma forma de melhorar o ganho

genético para características com baixa herdabilidade e ocorre entre indivíduos de raças

distintas com o intuito de produzir uma progênie mais produtiva (PIZZOL, 2012; ROSA et

al., 2013).

Dessa maneira, o valor genético das raças paternais de acordo com as

características econômicas que se deseja melhorar, deverá ser semelhante ao valor

genético almejado na progênie advinda deste cruzamento ou pelo menos complementar

ao valor genético de uma possível terceira raça que será introduzida no cruzamento

(ELER, 2017).

Por conta de todas as características raciais, produtivas e reprodutivas do Nelore

e pelo desenvolvimento de técnicas de reprodução como a inseminação artificial (IA),

esta raça vem sendo utilizada em diversos cruzamentos com o objetivo de produzir carne

diferenciada. Assim, no Brasil, o Nelore tem sido cruzado com diversas raças britânicas e

continentais, o que gera descendentes com características específicas, segundo o grupo

genético com o qual ocorreu o cruzamento (FREITAS, 2018a).

De acordo com Santos (2017), sabe-se que o desempenho da geração F1, ou

seja, dos animais cruzados de primeira geração, além dos efeitos não aditivos: heterose

materna e direta e a recombinação gênica (ELER, 2017) o desempenho também

depende de efeitos aditivos, os quais são caracterizados pelos genes de interesse de

cada raça utilizada e a transmissão dessas características que cada animal pode passar

aos seus descendentes. É notável também a influência do fator ambiental que os animais

cruzados estarão submetidos.

Cunningham (1981) ressalta que em um ambiente desfavorável, os animais

cruzados têm sua produção fortemente influenciada pelo efeito da heterose e, por outro

lado, ambientes considerados como adequados, a produção dos animais será

influenciada em grande parte pelos efeitos aditivos da raça, comprovando a interação

entre genótipo e ambiente.

Dessa forma, destaque para o cruzamento de animais da raça Nelore com a

raça britânica Angus, produzindo animais com precocidade sexual, boa habilidade

materna, férteis e menor tamanho da vaca quando adulta, aspectos relacionados à

melhor eficiência reprodutiva do rebanho (FREITAS, 2018b). Aproveita-se então as

características de adaptabilidade, resistência e fertilidade das vacas Nelore e o ganho de

peso, precocidade sexual e acabamento dos touros Angus, aumentando a eficiência na

atividade de corte. Sendo assim, os parâmetros positivos de cada uma das raças se

complementam na progênie (LAZIA, 2017).

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2.3 HETEROSE, COMPLEMENTARIDADE E HETEROZIGOSE

Entende-se por heterose a superioridade da média da geração F1, em relação à

média dos pais, sendo que este parâmetro é expresso de acordo com a medida da

característica, como kg ou cm. Dessa forma, a heterose significará o quanto superior é a

média de F1 sobre a média das raças parentais (ELER, 2015).

Já a heterozigose, de acordo com Kippert (2006), é definida como a proporção

de locos nos quais os genes alelos têm origem nas raças paternais, sendo que este

parâmetro pode ser considerado como uma medida indireta da própria heterose, visto

que há uma relação linear entre estes dois quesitos. Tal relação é dependente dos tipos

de ação gênica não-aditiva, considerando a dominância, sobredominância e epistasia

(ROSO, 2000).

A heterose apenas ocorrerá se houver diferença na frequência gênica entre as

raças paternais envolvidas e o efeito de dominância entre os alelos não for nulo (LOBÔ,

2005). Assim, quanto maior for a distância genética entre as raças, maior será a heterose

observada em F1, sendo que animais de raças próximas, ou seja, mesmos grupos

genéticos possuem desempenho menor quanto às características produtivas e

reprodutivas quando cruzados (SINIMBU, 2017).

Além disso, quanto menor a herdabilidade maior será a heterose de determinada

característica. Dessa forma, atributos relacionados ao crescimento pós-desmama, como

conversão alimentar ou composição de carcaça são de alta herdabilidade e, portanto,

possuem baixo valor de heterose. Por outro lado, fertilidade, adaptabilidade e demais

fatores relacionados a reprodução possuem altos valores de heterose e baixa

herdabilidade (ARTMANN et al., 2014).

Em estudo realizado pela Embrapa e pelo National Center for Genetic

Resources Preservation do Agricultural Research Service (ARS) dos Estados Unidos

comprovou-se que a distância genética entre as raças é um dos fatores que aumenta a

produção na pecuária. De tal modo, quanto maior for esta variabilidade entre as raças,

melhor será a progênie obtida nos cruzamentos. Para avaliar esta distância e exemplificar

a relação da distância genética, utilizou-se 19 raças bovinas, sendo 4 brasileiras e 15

norte-americanas e o resultado foi obtido por meio de genotipagem comparando todas as

raças com a Curraleiro Pé-Duro. Foi possível comprovar ainda que a variabilidade

genética entre indivíduos foi de até 75% e entre raças de até 15% (EMBRAPA MEIO-

NORTE, 2018).

Na Figura 4 é possível verificar a variabilidade genética entre as raças

estudadas.

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Figura 4. Distância e variabilidade genética entre raças

Fonte: EMBRAPA MEIO-NORTE, (2018) *Raças: CPD – Curraleiro Pé-Duro Sim – Simental Her – Hereford Lim – Limosin AnP – Angus Preto Cha – Charolês AnV – Angus Vermelho Sho – Shorthorn TXL – Texas Longhorn Car – Caracu Gir – Gir

Nel – Nelore

Dessa maneira, a utilização do cruzamento permitirá obter os efeitos da

heterose, também chamada de vigor híbrido, sobre o ganho de peso, peso de carcaça,

precocidade e outras características produtivas e, ainda sobre a carcaça, a heterose

influenciará alguns de seus aspectos qualitativos, como acabamento, maciez e

marmoreio (ZAMBONI, 2010).

Sainz (2017) avaliando a progênie do cruzamento de touros Nelore, Aberdeen

Angus e Brahman com vacas Nelore abatidos com idade média de 23 meses após 138

dias de confinamento, foi possível identificar que os maiores pesos vivos e área de olho

de lombo foram dos animais Angus x Nelore, logo após Brahman x Nelore e por fim,

Nelore. Quanto ao rendimento e gordura subcutânea, os animais Angus x Nelore e

Nelore tiveram valores estatisticamente diferentes, já a progênie Brahman x Nelore não

apresentou diferenças significativas quando comparada aos outros grupos nestes

características, conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Características de carcaça de 3 grupos genéticos (dados ajustados a uma idade média de 23 meses)

Item Angus x Nelore Brahman x Nelore Nelore

Peso vivo final, kg 502ª 460ᵇ 414

Peso carcaça, @ 18,3ª 17,5ª 15,4ᵇ Rendimento, % 55,2ᵇ 55,8ªᵇ 56,1ª Acabamento, 0 a 5 3,3 3,4 3,2

Área de olho de lombo, cm²

65,6ª 60,2ᵇ 56,5

Gordura subcutânea,

mm

8,6ª 7,3ªb 7,1ᵇ

ª,ᵇ, - médias na mesma linha com superescritos diferentes são diferentes (P ˂ 0,05)

Fonte: Sainz (2017)

0,121 0,113

0,091 0,105

0,082

0,105 0,115

0,096

0,07

0,112

0,143

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0,14

0,16

CPD x

Sim

CPD x

Her

CPD x

Lim

CPD x

AnP

CPD x

Cha

CPD x

AnV

CPD x

Sho

CPD x

TXL

CPD x

Car

CPD x

Gir

CPD x

Nel

Dis

tân

cia

gen

étic

a

Raças comparadas

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SOLLECITO et al. (2016) analisando as taxas de reconcepção de primíparas

com idade média de 14 meses das raças Guzerá, ½ Guzerá x ½ Nelore e ½ Angus x ½

Nelore perceberam que após a segunda estação de monta (EM) com duração de 90 dias,

animais cruzados Angus x Nelore obtiveram taxa de reconcepção três vezes maior do

que em primíparas cruzadas Guzerá x Nelore. Aquelas da raça Guzerá diferiram dos dois

grupos anteriores, com taxa de concepção de 9,09% e de reconcepção de 0%. Estes

resultados demonstram que a heterose foi determinante na reprodução, indicando maior

precocidade sexual de fêmeas cruzadas com Angus em relação aos animais puros ou

com menor distância genética. Os resultados estão descritos na Tabela 2.

Tabela 2. Total de fêmeas gestantes na 1ª e 2ª estações de monta e taxas de concepção e

reconcepção de fêmeas GN e AN

Grupo genético

N Número de prenhez na

1ª EM

Taxa de concepção

(%)

Número de prenhez na

2ª EM

Taxa de reconcepção

(%)

Prenhezes acumuladas

Guzerá x

Nelore

32 9 28,13ᵇ 2 22,22ª 11

Angus x Nelore

32 24 75,00ª 14 58,333ª 38

*Letras diferentes na mesma coluna diferem (P<0,05) entre si Fonte: SOLLECITO et al. (2016)

Também analisando a precocidade sexual, eficiência reprodutiva e desempenho

reprodutivo em regime de pasto de fêmeas Nelore (NE) e cruzadas ½ Angus x ½ Nelore

(AN), ½ Caracu x ½ Nelore (CN) e ½ Senepol x ½ Caracu (SC), Reggiori et al. (2016)

concluíram que as matrizes AN foram as que tiveram maior precocidade sexual, definida

como a capacidade de ficar prenhe com idade média de 11,3 meses a 16,8 meses, com

média de 92,2% de prenhez. Já o grupo das vacas Nelore, neste mesmo quesito, obteve

1,1%. Já as fêmeas CN e SC conseguiram taxa de prenhez com esta precocidade sexual

de 29,1% e 22,6% respectivamente.

O mesmo ocorre quando se comparada a habilidade de permanência no

rebanho, entendida como a capacidade de ficar prenhe até os dois anos de idade e ainda

reconceber como primípara, gerando duas progênies até os quatro anos de idade. Nesse

parâmetro, as matrizes AN e CN foram as que apresentaram as melhores médias, com

taxa de permanência de 77,1% e 71,9% respectivamente. Já as fêmeas NE e SC

apresentaram valores de 33,5% e 35% respectivamente (REGGIORI et al., 2016).

Os animais cruzados, obtidos por meio do cruzamento entre zebuínos e taurinos,

quando comparados aos animais zebuínos puros, apresentam maior velocidade de

crescimento (15%), maior eficiência reprodutiva (43%) e mérito de carcaça maior (0,7%),

segundo Barbosa & Alencar (1995) citado por Kippert (2006).

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Corroborando estes dados, Sainz et al. (2017) comparam a progênie de touros

Nelore, Brahman e Aberdeen Angus cruzados com vacas Nelore, criados e recriados a

pasto e terminados em confinamento. Ao avaliar o peso ao desmame e ao sobreano dos

bezerros obtidos nesses cruzamentos, obteve-se os seguintes dados apresentados na

Tabela 3.

Tabela 3. Pesos (kg) ao desmame e ao sobreano de bezerros de 3 grupos genéticos

Grupo genético Desmame (260 dias – 8,5 meses)

Sobreano (423 dias)

½Angus x ½Nelore 210 kg× 301 kg×

½Brahman x ½Nelore 210 kg× 280 kgʸ

Nelore 186 kgʸ 249 kgⱽ

×,ʸ médias na mesma coluna com superescritos diferentes são diferentes (P ˂ 0,001)

Fonte: Sainz et al. (2017)

Dias et al (2015) ao compararem os dados de desempenho na pré-desmama e

após o abate aos 20 meses de idade de machos inteiros Nelore e advindos de

cruzamento Nelore x Angus, ou seja, F1, todos criados a pasto desde o nascimento

identificou que os animais cruzados obtiveram melhor desempenho quanto ao peso ao

nascimento, peso ajustado aos 205 dias, peso ao desmame e ganho de peso diário do

nascimento até os 205 dias. Por outro lado, o rendimento de carcaça dos animais F1 foi

menor do que o grupo de Nelore, porém, sem valor significativo (p>0,05) pelo Teste T

como apresentado na Tabela 4.

Tabela 4. Comparação do desempenho de dois grupos (NE X F1) de animais machos inteiros

contemporâneos criados em sistema de suplementação a pasto e abatidos aos 20 meses de idade

Grupo PN P205 PD GPD RC%

NE 31,05±3,65 171,61±16,30 232,22±19,15 0,683±0,08 53,61±2,22 F1 34,33±2,76 202,16±26,22 272,78±38,41 0,821±0,14 52,50±1,54

Teste T P=0,0046 P=0,0002 P=0,0005 P=0,001 P=0,09 PN – peso ao nascer; P205 – peso ajustado aos 205 dias; PD – peso ao desmame; GPD – ganho de peso diário entre o nascimento e 205 dias; RC% - rendimento de carcaça quente; p>0,05 demonstra que não houve diferença estatística

Fonte: Dias et al (2015)

Em relação ao rendimento de carcaça, a semelhança deste parâmetro em

grupos de animais puros e cruzados, segundo Ferreira et al. (2011) e Dias et al. (2015)

se deve, possivelmente, a idade dos mesmos, visto que se encontram em fase de

crescimento. Ainda de acordo com Owens (1993), animais em fase de crescimento não

apresentam diferença significativa na composição da carcaça e ganho de peso.

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Em estudo onde se analisou o desempenho produtivo e fisiológico de animais

puros Guzerá e ½ Guzerá x ½ Aberdeen Angus criados em confinamento por 80 dias,

Carmo et al. (2016) verificaram que ocorreram diferenças significativas quanto à

frequência respiratória, peso inicial e final, ganho de peso médio diário e rendimento de

carcaça, o que favoreceu os animais cruzados (Tabela 5).

Tabela 5. Desempenho fisiológico e produtivo de bovinos Guzerá e ½ Guzerá-Aberdeen Angus criados em confinamento

Guzerá Guzerá x Aberdeen Angus

Frequência respiratória (mov/min) 29,67ᵇ 34,35ª 0,032 Peso inicial (kg) 381,27ᵇ 401,34ª 0,038 Peso final (kg) 497,27ᵇ 541,34ª 0,035

Ganho de peso médio diário (kg) 1,45ᵇ 1,75ª 0,029 Rendimento de carcaça (%) 53,14ᵇ 54,81ª 0,045 Conformação Retilínea Subconvexa

Acabamento 3,17ª 4,15ª 0,773 1 -valor de probabilidade do teste F da análise de variância

Fonte: Carmo et al. (2016)

Os autores ainda puderam verificar que possivelmente a maior frequência

respiratória dos animais cruzados foi devido ao fato da menor tolerância destes ao

ambiente em que estavam inseridos no município de Trindade com temperatura média

durante o experimento de 28ºC.

Assim como a heterose é importante no cruzamento, a complementaridade

também é fundamental pois, de acordo com Toral et al. (2011), é a junção das

características desejáveis de uma das raças de forma a complementar a outra raça.

Dessa maneira, ela pode ser descrita quando se tem, por exemplo, a resistência ao calor

e ectoparasitas de animais zebuínos e o acabamento de carcaça e qualidade de carne

dos taurinos como o Angus. Assim, a complementaridade utiliza os pontos fortes de cada

uma das raças envolvidas no cruzamento para que se possa atingir melhores resultados

do que aqueles encontrados nas raças puras (BOITO; PARIS, 2016).

Segundo Toffani et al. (2010), a heterose e a complementaridade geradas pelo

cruzamento entre zebuínos e taurinos são as responsáveis pela alta produção da

progênie desses animais em climas tropicais, obtendo maior velocidade de crescimento e

peso ao abate mais cedo além de oferecer ao mercado carne mais macia e de melhor

qualidade.

Porém, existem desvantagens quanto ao uso de cruzamentos na pecuária de

corte. De acordo com Assis (2017), quando se tem apenas a preocupação de lucro a

curto prazo o cruzamento pode se tornar um problema em médio prazo. Isso ocorre

quando a seleção feita no rebanho é deixada em segundo plano e o ganho com a

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heterose acaba não se tornando crescente ao longo do tempo e mesmo assim sendo

vista como o principal parâmetro de produtividade.

Além disso, em propriedades que fazem o uso de cruzamentos para otimizar a

produção de carne, deve haver uma boa organização operacional, uso de tecnologias

reprodutivas, ambiente favorável e mão de obra mais qualificada, o que pode

comprometer a relação custo/benefício. Portanto, o cruzamento não exclui a necessidade

do melhoramento genético do rebanho por meio da seleção, devendo ser considerados

de forma conjunta (SANTOS, 2017).

2.3.1 Heterose materna

Sabe-se que a heterose individual é aquela ligada ao indivíduo, não se

atribuindo a nenhum efeito materno, paterno ou ligado ao sexo, sendo apenas o resultado

de combinações gênicas. Ao contrário disso, a heterose materna diz respeito à utilização

de fêmeas cruzadas no lugar das puras, observando características como produção de

leite, peso ao nascimento e peso à desmama (PEREIRA, 2008).

Segundo Eler (2017), a heterose materna pode ser explicada quanto ao efeito

genético que as mães cruzadas, ou seja, F1 têm em suas progênies quando comparado

a este mesmo efeito, porém produzidas por mães não cruzadas.

Para Skrypzeck et al. (2000) as fêmeas oriundas de cruzamentos têm a chance

de apresentarem maior produção de leite e por consequência disso, suas crias possuem

a capacidade de expressar melhor o seu potencial de crescimento.

A produção de leite assim como os outros fatores que envolvem a habilidade

materna como por exemplo, facilidade de parto, capacidade de conceber e cuidados

maternais, determinados pelo genótipo da vaca são parâmetros que, assim como o

genótipo do bezerro para crescimento até a desmama e os efeitos ambientais

influenciarão diretamente o peso à desmama da cria (PEROTTO, 2008).

De forma geral, têm-se as estimativas de heterose individual (h¹) e materna (hᴹ)

para algumas características de importância econômica. Estes valores podem variar

segundo as raças, sistema de cruzamento e mérito genético dos reprodutores usados por

exemplo (PEREIRA, 2008). A Tabela 6 abaixo mostra alguns desses valores.

Page 31: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

18

Tabela 6. Estimativas de heterose individual (h¹) e materna (hᴹ) para algumas características de

importância econômica

Característica h¹ hᴹ

Peso ao nascer 3,0 1,5 Peso à desmama 5,0 8,0 Peso à desmama/vaca exposta 7,0 15,0

Peso ao sobreano 6,0 2,0

Fonte: PEREIRA (2008)

Em estudo realizado com o objetivo de avaliar as heteroses materna e individual

sobre o ganho de peso do nascimento à desmama em bovinos oriundos de cruzamento

entre Nelore e Angus, Roso (2000) acompanhou os dados de 17.796 animais cruzados

vindos de 50 rebanhos do ―Programa Natura‖ de diversos estados e concluiu que tanto a

heterose materna quanto a individual contribuíram de forma significativa sobre o ganho

de peso do nascimento à desmama, com relação linear com as heterozigoses. Dessa

forma, obteve-se os valores de 15,46% (22,62 kg) para heterose materna e 9,10% (13,31

kg) para heterose individual.

Para Cundiff et al. (1974) mais de 60% da heterose para parâmetros que de

certa forma contribuem para o incremento do peso ao desmame relaciona-se com a

heterose materna.

Em outra avaliação foram estudados os dados de 62.985 animais puros das

raças Nelore, Angus e Hereford e seus cruzamentos Nelore x Angus e Nelore x Hereford

e verificou-se que o valor médio de GMD (ganho médio diário) de peso no período pré-

desmama foi de 0,659 kg/dia, sendo que a heterose individual foi de 0,042 kg/dia, o que

representou um acréscimo de 6,2% no GMD nos animais F1. Em relação aos bezerros

filhos das vacas F1, a heterose materna foi de 0,074 kg/dia, ou seja, 11,2% de acréscimo

no GMD. Sendo assim a heterose materna representou 64,5% da total (TEIXEIRA;

ALBUQUERQUE, 2005).

Ao analisar animais de três grupos genéticos sendo ½ sangue Nelore x

Aberdeen Angus, ¾ Nelore x ¼ Aberdeen Angus e apenas Nelore, todos criados a pasto

em sistema rotacionado com suplementação mineral durante o ano e proteica no período

da seca e terminados em confinamento por um período de 60 dias e abatidos aos 24

meses, Zamboni (2010) observou durante todo este período diversas características

produtivas, sendo que o peso aferido aos 120 dias foi uma das características que mais

sofreu influência da raça, com os maiores valores em animais ¾ Nelore x ¼ Aberdeen

Angus. Isso ocorreu devido a maior habilidade materna de suas mães, vacas ½ Aberdeen

Angus, quando comparado as vacas Nelore. O leite materno é um componente da dieta

responsável por 20 a 25% de variação no peso à desmama e no ganho de peso do

nascimento até ocorrer o desmame (ALENCAR, 1989; MARQUES et al., 2005).

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19

O mesmo pode ser dito em relação ao parâmetro avaliado Ganho Médio Diário

(GMD) aos 120 dias, em que se observa que novamente a habilidade materna das mães

½ sangue Aberdeen Angus se sobressaiu em relação às vacas Nelore. Os bezerros ¾

Nelore apresentaram uma média maior do que aqueles puros da raça Nelore (ZAMBONI,

2010) como observado na Tabela 7.

Tabela 7. Peso (kg) e Ganho Médio Diário (kg) de novilhos de 3 grupos genéticos

½ Aberdeen Angus

¾ Nelore Nelore CV (%)

Média ± DP Média ± DP Média ± DP

Peso 120 158,36ᵇ ± 26,62 171,74ª ± 28,05 150,34ᵇ ± 30,45 16,99

GMD 1-120 dias 1,061ªb ± 0,21 1,121ª ± 0,21 0,984ᵇ ± 0,23 19,90 Letras diferentes na mesma linha diferem (P<0,05) entre si.

Fonte: ZAMBONI (2010)

2.4 DIFERENÇAS PRODUTIVAS ENTRE NELORE E F1

2.4.1 Diferenças entre carcaça de zebuínos e taurinos

Sabe-se que a qualidade da carne é afetada pelo grupo genético e sexo dos

animais, influenciando diversos aspectos como rendimento, composição muscular e

deposição de tecido adiposo na carcaça (CARVALHO, 2015; REIS, 2017)

Assim, animais taurinos possuem maior atividade da enzima calpaína,

responsável pelo amaciamento natural da carne, já que degrada as estruturas

miofibrilares da fibra muscular. Por outro lado, bovinos das raças zebuínas têm maior

concentração de calpastatina, a qual é um inibidor das calpaínas e, por consequência,

diminui a proteólise muscular, deixando a carne mais dura. Este sistema é ativado

durante o post mortem com pico máximo no momento que ocorre o rigor mortis

(CARVALHO, 2015).

Roça (2018) afirma que o rigor mortis ocorre após a morte do bovino e é

considerada uma contração muscular permanente, ou seja, caracterizada pela rigidez das

pontes entre a actina e miosina. Para tanto, toda a reserva de ATP dos músculos deve ter

sido gasta convertendo tal estrutura em carne. O tempo necessário para esta

transformação a partir do início do rigor mortis é de 24 horas (FELICIO, 1997; ROÇA,

2018).

Na Tabela 8 é possível verificar a diferença na concentração de

calpaínas/calpastatina em diferentes grupos genéticos.

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20

Tabela 8. Diferenças entre Bos taurus e Bos indicus no sistema calpaína

Raça

Hereford Brahman

µ-Calpaína*, U/g 0,95ª 0,50ᵇ

m-Calpaína**, U/g 0,73 0,78

Calpastatina, U/g 1,85ᵇ 2,40ª

* Requer Ca²+ em quantidades micromolar; ** Requer Ca²+ milimolar

Fonte: Sainz (2014) apud Wheeler et al (1990)

Zamboni (2010) avaliou o desempenho até o abate e características de carcaça

e da carne de animais ½ sangue Nelore x Aberdeen Angus, ¾ Nelore x Aberdeen Angus

e apenas Nelore, todos submetidos ao mesmo regime de criação extensivo, terminados

em confinamento e abatidos aos 24 meses de idade. Em relação à qualidade da carne e

carcaça, foi possível verificar que as características peso ao abate, acabamento de

carcaça, espessura de gordura e maciez foram significativamente superiores nos animais

cruzados. Por outro lado, o rendimento de carcaça, área de olho de lombo (AOL) e

gordura intramuscular não apresentaram diferenças estatísticas entre os grupos de

animais avaliados (Tabela 9).

Tabela 9. Médias e desvio-padrão das características de carcaça e qualidadade da carne de

novilhos de 3 grupos raciais

½ Aberdeen

Angus

¾ Nelore Nelore CV

(%)

Peso abate (kg) 538,04ª ± 31,38 543,00ª ± 34,87 472,76ᵇ ± 36,56 6,47

Acabamento 2,90ª ± 0,53 2,12ᵇ ± 0,64 1,88ᵇ ± 0,71 26,57

Rendimento carcaça (kg) 55,23ª ± 1,67 56,22ª ± 1,46 55,91ª ± 1,16 2,71

Espessura gordura (mm) 5,19ª ± 1,78 4,01ᵇ ±1,22 3,01ᵇ ± 0,82 33,01

Força cisalhamento (kg) 6,78ᵇ ± 2,50 7,50ªb ± 2,27 8,45ª ± 1,61 30,23

Área Olho Lombo (cm²) 94,03ª ± 14,23 92,92ª ± 15,37 83,19ª ± 18,58 17,13

Gordura intramuscular (%) 5,17ª ± 1,89 4,88ª ± 1,81 4,20ª ± 1,20 35,46

Letras diferentes na mesma linha diferem (P<0,05) entre si.

Fonte: Zamboni (2010)

Outro parâmetro relacionado as diferenças de carcaça de zebuínos e taurinos

seria o processo de maturação, o qual é dependente da calpaína e calpastatina, as quais

são encontradas em diferentes proporções entre animais de grupos genéticos distintos

(RUBENSAM; FELICIO; TERMIGNONI, 1998).

Ainda segundo Oliveira, Correia e Silva (2013) e Bridi e Constantino (2018) a

maturação é procedimento de estocagem da carne in natura que consiste em seu

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21

armazenamento em temperaturas de 1º a 2ºC por um período de cerca de 14 dias. Por

este processo, as proteases presentes na carne irão atuar gerando a proteólise de

proteínas estruturais do sarcômero. A maturação também é responsável em parte pela

maciez e desenvolvimento do sabor da carne. Além disso, é influenciado por inúmeros

fatores como raça, velocidade da glicólise, degradação das proteínas miofibrilares, entre

outros (FELICIO, 1997).

Dessa forma, a maturação da carne pode fazer com que a mesma se torne mais

macia, porém, este processo é variável em carnes já consideradas macias e entre os

diversos cortes e aquelas que sofreram cold shortening não amaciam após a maturação

(WHEELER et al., 1990; RUBENSAM; FELICIO; TERMIGNONI, 1998).

2.4.2 Diferenças nas carcaças de animais F1 e Nelore inteiros e castrados

O uso da castração pode conferir animais com carcaça superior em relação a

deposição de gordura do que em animais inteiros, porém, com menor ganho de peso

corporal. Além disso, animais castrados são mais fáceis de serem manejados visto que

é um método que reduz comportamentos sexuais e agressivos (MOREIRA, 2013).

Costa et al. (2007) afirma também que a castração tem como objetivo reduzir a

quantidade de energia de manutenção dos animais quando estes já estão em fase de

terminação.

Por outro lado, Silva et al (2003) e Brito et al. (2011) afirmam que a castração

pode levar a alguns problemas nos animais como granulomas, abscessos, funiculites,

miíases, hemorragias e problemas de cicatrização que podem inclusive levar à morte.

Uma outra abordagem que deve ser levada em consideração é que animais

não castrados apresentam ganho de peso mais rápido dentro do mesmo grupo

genético. Assim, Marcondes et al. (2008) e Prado et al. (2015) ressaltam que o ganho

de peso médio diário de animais sem castração foi maior do que em castrados, nos

valores de 24 e 17% em animais Nelore e ½ Purunã e ½ Canchim respectivamente.

Apesar do ganho de peso maior em animais inteiros, como há menor deposição

de gordura nestas carcaças, ocorre uma perda do seu valor comercial visto que esta

cobertura de gordura é importante pois mantém a qualidade da carne nas primeiras

horas do seu resfriamento, evitando problemas quanto à maciez (MACHADO, 2015).

Moletta et al. (2014) analisaram as características qualitativas e quantitativas de

carcaças e da carne de 169 animais da raça composta Purunã (Charolês, Caracu,

Angus e Canchim) castrados e não castrados com idade média de 20 meses os quais

foram terminados em confinamento por um período de 116 dias. No resultado

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22

evidenciou-se que os bovinos não castrados apresentaram carne mais escura e com

menor marmorização quando comparados aos castrados. Os outros resultados podem

ser visualizados na Tabela 10 onde todos os valores encontrados diferem entre si.

Tabela 10. Comparação de características qualitativas e quantitativas de

animais castrados e não castrados

Parâmetro Castrados Não castrados

Peso ao abate (kg) 450,8 493,1

Rendimento de carcaça (%) 53,5 55,2

Grau de acabamento (mm) 4,2 3,6

Conformação e área de Longissimus dorsi (cm²)

63,3 68,6

Fonte: Moletta et al. (2014)

Moreira (2013) comparou estatisticamente animais submetidos a castração

cirúrgica e imunológica e inteiros quanto ao desempenho produtivo das carcaças em

animais F1 Angus x Nelore, todos submetidos a regime de pastagem com peso médio

inicial de 233 quilos. Ao analisar os resultados, o autor verificou que o ganho de peso dos

bovinos não castrados foi superior em relação aos dois métodos de castração, sendo que

estes reduziram em até 12,7% este parâmetro e quanto ao peso final dos animais, os

dois métodos de castração reduziram em 7% tal variável. Além disso, animais castrados

cirurgicamente tiveram a maior taxa de deposição de gordura subcutânea, e os animais

não castrados apresentaram a pior taxa. A taxa de deposição de área de olho de lombo

não diferiu estatisticamente entre os grupos.

Ainda de acordo com este autor, os animais não castrados foram os

apresentaram maior peso de carcaça, assim como maior rendimento de dianteiro. Já os

castrados, maior rendimento de traseiro em relação a carcaça. Pelos dois métodos de

castração, obteve-se também maior proporção de cortes nobres do traseiro.

Euclides Filho et al. (2001) compararam o desempenho de animais ½ Nelore x ½

Angus (AN) e ½ Nelore x ½ Simental (SN) castrados e inteiros e concluíram que sobre os

dois diferentes grupos genéticos, ocorreu diferença significativa apenas quanto ao tempo

de confinamento, sendo que os animais SN ficaram 14 dias a mais (131 dias x 117 dias).

Sobre o peso ao abate, rendimento de carcaça e área de olho de lombo, nenhuma

dessas apresentaram diferenças. Sobre animais castrados ou não, os inteiros

permaneceram 25 dias a mais no confinamento em relação aos castrados ao nascimento,

porém, apresentaram peso médio de abate superior (515 kg versus 463 kg). Os animais

castrados ao nascimento ficaram 111 dias no confinamento e os castrados na desmama

ou com 1 ano de idade permaneceram 95 dias. Por fim, o rendimento médio de carcaça

independente do grupo genético e da castração ou não foi de 57,79%.

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23

Quanto aos animais Nelore, Freitas et al. (2008) avaliaram três grupos distintos,

castrados aos 13 meses, castrados aos 18 meses e inteiros, todos confinados por 100

dias e abatidos com 22 meses de idade. Os autores afirmaram que os inteiros

apresentaram maiores peso ao abate (395 kg) e peso de carcaça quente (214,89 kg). Já

os animais castrados nas duas idades não apresentaram diferenças entre si. Quanto ao

rendimento de carcaça fria, os inteiros tiveram 53, 71% e área de olho de lombo (AOL) de

61,23 cm2. Tais valores foram superiores aos do grupo de animais castrados aos 13

meses, porém, não diferiram dos valores do grupo de 18 meses. Por outro lado, animais

inteiros tiveram menor espessura de gordura dos os castrados, que não diferiram entre si,

assim como maior percentual de dianteiro.

Analisando relatórios de abate colhidos na MFG Agropecuária de lotes de

animais F1 Angus x Nelore castrados e inteiros, terminados em confinamento e com a

maioria deles entre 13 e 24 meses, foi possível verificar que o lote de bovinos inteiros

apresentaram em todos os atributos analisados os maiores valores conforme Tabela 11.

Tabela 11. Comparação de características de carcaça, acabamento e peso de animais F1 Angus x Nelore terminados em confinamento

Parâmetro Castrados Inteiros

Quantidade de animais 118 120

Peso de saída de confinamento (kg) 518,14 554,33

Peso carcaça (@) 18,32 20,67

Rendimento carcaça (%) Grau de acabamento (%) (mediano – acima)

53,04 100

55,93% 100

Fonte: arquivo pessoal

Apesar da superioridade destas variáveis nos animais F1 inteiros, vale ressaltar

que quanto ao grau de acabamento, o lote de bovinos castrados apresentou 67,8% dos

animais com cobertura uniforme e 32,2% com cobertura mediana. Já com os animais

inteiros aconteceu o inverso, com maior número de animais com cobertura mediana

(85,8%) e uniforme com apenas 14,2%.

Quanto a idade de abate dos animais e a necessidade de castração Freitas

(2006) e Freitas et al. (2008) afirmam que em casos de abate de animais com até 24

meses de idade, a castração torna-se menos importante já que a carcaça produzida

possui a cobertura mínima de gordura exigida, desde que seja oferecida uma dieta de

elevada densidade energética. Isso porque a espessura mínima exigida pelos frigoríficos

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24

é de 3 mm e a terminação em confinamento usando animais que sejam precoces quanto

à deposição de gordura consegue proporcionar tal cobertura.

2.4.3 Características de carcaça de fêmeas

O abate de fêmeas na pecuária de corte no país é considerado representativo

sendo que em 2016 do total de 29,67 milhões de animais abatidos 38,6% eram de

fêmeas (IBGE, 2017).

Em relação a composição corporal, Berg (1976) e Paulino et al. (2009) afirmam

que o crescimento e composição de carcaça de fêmeas é diferente do que em machos

pois as novilhas conseguem atingir a maturidade mais cedo e consequentemente com

deposição de gordura mais rápido, porém, apresentam peso de carcaça menor do que

os machos.

Segundo Bridi e Constantino (2018) o desenvolvimento de machos e fêmeas é

diferente por conta do dimorfismo sexual. Dessa forma, a deposição de gordura no

macho é mais lenta do que em fêmeas e no primeiro, há uma maior taxa anabólica de

deposição de músculo. Portanto, quando se abate machos e fêmeas em mesma idade,

a maior quantidade de tecido adiposo será encontrada nas fêmeas. Já os animais

castrados ficam posicionados entre machos inteiros e fêmeas quanto a esta deposição

de gordura.

Corroborando estas informações, segundo dados colhidos na MFG

Agropecuária sobre o desempenho zootécnico de animais terminados em confinamento,

é possível verificar as diferenças entre F1 Angus x Nelore inteiros e castrados e também

fêmeas do mesmo cruzamento (Tabela 12).

Tabela 12. Desempenho zootécnico de animais F1 Angus x Nelore inteiros, castrados e fêmeas

Parâmetro Inteiros Castrados Fêmeas

Quantidade de animais 222 5883 6303

Peso inicial (kg)

256,6 242,68 258,31

Peso inicial (@)

8,55 8,09 8,61

Peso final (kg)

550,35 486,42 443,37

Peso final (@)

20,56 17,28 15,45

Dias confinamento

197 191 148

Ganho de Peso Diário (GPD) 1,489 1,273 1,255

Rendimento carcaça (%) 56,05 53,27 52,27

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Fonte: arquivo pessoal

Madruga et al. (2016) ao avaliarem o rendimento de carcaça e outros atributos

de novilhas e novilhos castrados Angus, entre 2 e 2 anos e meio de idade e terminados

em semi-confinamento (Tabela 13) verificaram que em todas as características

comparadas, peso vivo, peso de carcaça e rendimento de carcaça, os novilhos

apresentaram valores maiores.

Tabela 13. Médias de peso vivo (PV), peso de carcaça (PC) e rendimento de

carcaça (RC) de novilhas x novilhos Angus

Parâmetro Novilhas Novilhos

Peso vivo (kg) 439,5 463

Peso de carcaça (kg) 218,96 238,49

Rendimento carcaça (%) 49,73 51,48

Fonte: Madruga et al. (2016)

Segundo Berg (1976), o peso menor das fêmeas se justifica por conta de

depositarem mais cedo gordura, o que diminui a velocidade de crescimento.

Sobre o rendimento de carcaça, Jurca (2018) afirma que na maioria dos

frigoríficos do país fêmeas terminadas em pasto são abatidas com este parâmetro em

torno de 48 e 49% e, quando confinadas, entre 50 e 51%. Portanto, o valor de

rendimento de carcaça de fêmeas na tabela acima está aceitável já que se trata de

animais apenas terminados em semi-confinamento.

Ao analisar diversas características de novilhas de diferentes grupos genéticos

em sistemas de criação superprecoce, em que as mesmas foram desmamadas aos 210

dias de idade, com média de peso vivo de 274 kg, criadas em creep feeding na cria e

confinadas por 132 em média até alcançarem o peso de 350 kg e 5 mm de gordura

subcutânea (EGS), Rodrigues et al. (2010) observou os seguintes dados:

Tabela 14. Desempenho de fêmeas bovinas superprecoces de diferentes grupos genéticos

Parâmetro

Grupo

Genético

¾ Canchim x ¼

Nelore

½ Canchim x

½ Nelore

⅝ Simental x

⅜ Nelore

¼ Simental x ¼

Nelore x ¼ Angus

CV

(%)

Peso vivo inicial (kg) 241±17ᵇ 236±20ᵇ 242±24ᵇ 272±23ª 8,33

Peso vivo final (kg) 390±14ªb 374±27ªb 350±39ᵇ 405±21ª 7,69

Idade abate (meses) 12,77 12,77 11,80 12,20 0,40

Dias de confinamento 143 143 114 126 6,29

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Ganho de peso diário

(kg/dia)

1,04 0,95 0,94 1,07 23,87

Consumo de matéria seca diária (kg/dia)

5,80 6,50 5,98 6,89 7,80

Consumo de matéria seca (% PV)

1,80 2,13 2,02 2,04 7,00

Conversão alimentar

(kg MS/kg ganho de peso)

5,77 6,55 6,78 7,31 9,00

Peso de carcaça

quente (kg)

204,7±7,3ᵇ 199,4 ± 14,4ᵇ 195,4 ± 21,0ᵇ 231,0 ± 12,0ª 6,00

Rendimento de carcaça quente (%)

52,50ᵇ 53,30ᵇ 56,00ªb 57,00ª 4,00

Médias seguidas da mesma letra, na linha, não diferem (P<0,05) pelo teste Tukey

Fonte: Rodrigues et al. (2010)

Ao analisar a Tabela 14 pode-se notar a importância do cruzamento para a

obtenção de maior eficiência nos parâmetros produtivos e relacionados à carcaça.

Destaque ainda para o rendimento de carcaça quente de novilhas tricross (¼ Simental x

¼ Nelore x ¼ Angus) o qual atingiu 57%. Neste mesmo grupo, os animais apresentaram

o maior peso final, porém, sem diferir significativamente dos animais cruzados Canchim x

Nelore.

Ao avaliar relatório de abate colhidos na MFG Agropecuária de lote de 120

fêmeas F1 Angus x Nelore terminadas em confinamento e com 84,2% com idade entre

13 e 24 meses e com peso de saída de confinamento de 440,5 kg em média foi possível

verificar um peso de abate de 15,5@ e rendimento de carcaça de 52,95%. Quanto ao

grau de acabamento de gordura, todo o lote se enquadrou no perfil mediano.

2.4.4 Produção de animais superprecoces

Animais superprecoces são aqueles que após o desmame são terminados em

confinamento e devem ser abatidos até os 15 meses de idade. Além disso, o seu peso

deverá ser maior que 16,6 @ para machos e 15,6 @ para fêmeas, com cobertura de

gordura no Longissimus dorsi acima de 3,5 mm, entre 60 e 80 cm2 de área de olho de

lombo e cortes cárneos em tamanhos comerciais (SILVEIRA, 2003 citado por

BIANCHINI et al., 2007).

Para alcançar estes valores, segundo Restle et al. (2007), é importante utilizar

raças com precocidade principalmente para deposição de gordura e conversão

alimentar, fatores os quais se relacionam diretamente com o período de confinamento.

Dessa forma, o uso de raças menores é o mais adequado pois são animais que

apresentam boa cobertura de gordura com peso vivo menor, assim, tendem a

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apresentar acabamento de carcaça mais cedo enquanto animais de raças de porte

grande demoram mais tempo (PEREIRA et al., 2009; LINHARES, 2010).

Rodrigues et al. (2010) avaliaram diversos parâmetros produtivos de novilhas

em sistema de produção superprecoce. Os animais eram ¾ Canchim × ¼ Nelore (¾

CN); ½ Canchim × ½ Nelore (½ CN); Simbrasil (⅝ Simental × ⅜ Nelore) e Three-cross

¼ Simental × ¼ Nelore × ½ Angus. Todas foram desmamadas aos 210 dias de idade

com média de 247,4 ± 16,5 kg de peso vivo (PV) e foram confinadas por 132 dias em

média até alcançarem 350 kg de PV e 5 mm de cobertura de gordura. Ao relacionar os

valores obtidos, os autores afirmaram que os grupos genéticos não influenciaram o

ganho de peso diário, mas a espessura de gordura subcutânea do dorso (EGS) e da

garupa (EGG) foi maior nos animais three-cross. Os valores de conversão alimentar

foram de 5,77; 6,55; 6,78; 7,31 respectivamente, para os grupos ¾ CN, ½ CN, ⅝

Simental × ⅜ Nelore e Three-cross.

Outro parâmetro destacado pelos autores foi o rendimento de carcaça quente,

sendo que os animais three-cross apresentam o maior valor (57%), diferindo dos demais

grupos menos dos animais ⅝ Simental × ⅜ Nelore (56%). Dessa maneira, o grupo das

fêmeas three-cross foi o que mais se destacou por conta do crescimento de músculos e

de tecido adiposo satisfatório.

Costa et al. (2002) estimaram o desempenho de animais Red Angus com peso

médio de 189 kg de PV confinados a partir de 8 meses de idade até alcançarem os pesos

de 340, 370, 400 e 430 kg. Os resultados obtidos podem ser visualizados na Tabela 15 e

com relação à carcaça na Tabela 6.

Tabela 15. Dias em confinamento, idade média e ganho de peso médio diário de novilhos Red

Angus confinados e abatidos com diferentes pesos

Peso de abate

(kg)

Parâmetro 340 370 400 430

Dias em confinamento

114 144 168 209

Idade (meses) 12 13 14 15

Ganho de peso médio diário (kg/an./dia)

1,32 1,27 1,23 1,15

Fonte: Costa et al. (2002b)

Tabela 16. Médias para peso de carcaça fria, espessura de gordura subcutânea (EGS) e composição da carcaça de novilhos Red Angus confinados e abatidos com diferentes

pesos

Peso de abate

(kg)

Parâmetro 340 370 400 430

Page 41: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

28

Peso de carc. fria (kg) 181,5 203,2 211,5 239,3 EGS (mm) 3,91 6,16 6,16 9,58 Osso (%) 15,06 13,75 13,62 14,15

Músculo (%) 63,53 63,17 61,87 59,73 Gordura (%) 21,69 23,72 25,13 26,51

Fonte: Costa et al. (2002a)

Ao estimar, por meio de equação de regressão, o peso de carcaça e gordura de

cobertura mínima exigida em superprecoces, o peso ideal para o abate deveria ser de

337 e 327 kg respectivamente. Em todo caso, o peso de abate para animais

superprecoces dessa raça não deve ser maior que 400 kg visto que a espessura de

gordura com este peso foi de 6,16 mm, valor máximo desejado pelos frigoríficos. Além

disso, os valores encontrados de marmoreio em uma escala de 1 (traços) a 18

(abundante) foram de 4, 6, 7,5 e 8,66 para cada um dos pesos pré-determinados. Tais

valores tiveram correlação direta com a EGS e com o teor de gordura da carcaça. Para

os autores, os dados de marmoreio foram classificados entre leve- e pequena+ e, mesmo

sendo uma raça com altos graus de marmoreio, os valores menores encontrados se

justificam na idade dos animais, já que este tipo de gordura se deposita com mais

intensidade em idades mais adiantadas.

Em outro estudo onde se avaliaram alguns atributos de carcaça e características

físico-químicas e de qualidade da carne de machos superprecoces Nelore (N), ½

Aberdeen Angus ½ Nelore (AN) e ½ Limousin ¼ Aberdeen Angus ¼ Nelore (LAN) com

idade inicial entre 7,5 e 11,5 meses e abatidos com 143 dias de confinamento, foi

possível verificar que os animais AN tiveram o maior peso ao abate (512,15 kg), ganho

médio diário de peso (1,5 kg) e comprimento de carcaça. Já novilhos do grupo LAN

apresentaram maior rendimento de carcaça (56,3%) e área de olho de lombo (80,29 cm2).

Por fim, os animais Nelore foram os que tiveram pior desempenho quanto a média de

peso final (473,37 kg), ganho médio diário (1,23 kg) e área de olho de lombo (63,82 cm 2).

Quanto ao rendimento de carcaça, os valores não apresentaram diferença significativa

entre os grupos AN e Nelore. Quanto à espessura de gordura, os animais ½ Limousin ¼

Aberdeen Angus ¼ Nelore obtivem o menor valor (3,39 mm) enquanto os demais os

valores foram superiores aa 4 mm, sendo 4,14 para Nelore e 4,26 para ½ Angus ½

Nelore (PEREIRA et al., 2009).

Ainda segundo os autores, os resultados demonstram a superioridade no

desempenho dos bovinos cruzados entre zebuínos e taurinos (½ Aberdeen Angus ½

Neloree ½ Limousin ¼ Aberdeen Angus ¼ Nelore), já os animais Nelore confirmaram a

possibilidade de bom acabamento para esta raça em produção superprecoce. Sobre a

espessura de gordura, ressaltaram que o menor valor encontrado para o grupo LAN pode

ser devido à raça Limousin, que é taurina continental, ou seja, mais tardia.

Page 42: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

29

2.4.5 Características organolépticas da carne

Ao se falar em aumento da eficiência na pecuária de corte, deve-se levar em

consideração as características de carcaça e da própria carne dos animais que estão

sendo abatidos. Essa importância refere-se principalmente por conta da expansão de

novos mercados e na determinação dos preços. Dessa forma, as características

organolépticas da carne, as quais são, por exemplo, cor, sabor, suculência e maciez

estão intimamente relacionadas à sua qualidade (FEITOSA, 2014).

De acordo com Luchiari Filho (2000) a carne é composta por quatro partes,

sendo elas: tecido muscular, tecido conjuntivo, tecido gorduroso e tecido nervoso. Dentre

todos estes, o mais importante por conta da sua abundância e valor comercial é o

muscular.

Ressalta-se que, segundo a Instrução Normativa nº 9 de 4 de maio de 2004 do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, entende-se por carcaça ―o animal

abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido de cabeça (separada entre os ossos

occipital e atlas), patas (seccionadas à altura das articulações carpo-metacarpiana e

tarso-metatarsiana), rabada, órgãos genitais externos, gordura perirrenal e inguinal, ferida

de sangria, medula espinhal, diafragma e seus pilares‖. Por esta mesma legislação, o

acabamento da carcaça é observado na distribuição e quantidade de gordura de

cobertura nas 6ª, 9ª e 12ª costelas.

A maciez da carne, de acordo com Alves (2007), está relacionada com a

natureza e quantidade de tecido conjuntivo, correspondendo ao colágeno e elastina e

ainda com a organização das proteínas miofibrilares. Já o marmoreio ou marmorização

refere-se à deposição de gordura intramuscular, a qual é encontrada entre os feixes de

fibras dos músculos. Assim, quanto maior o grau de marmoreio maior será a suculência,

sabor e maciez da carne (SADKOWSKI et al., 2014).

Da mesma forma, segundo Luchiari Filho (2000) a área de olho de lombo (AOL),

característica avaliada entre a 12ª e 13ª costelas também é um parâmetro utilizado sobre

qualidade de carcaça. Isso porque a AOL relaciona-se com a musculosidade e indica

ainda o rendimento de cortes que possuem alto valor comercial. Indo além, a AOL e a

espessura de gordura subcutânea (EGS) possuem uma correlação positiva alta e são

usadas para predizer com mais certeza, ou seja, acurácia, a quantidade de cortes

comestíveis na carcaça (PEREIRA, 2006).

Outro aspecto importante referente à carcaça é a espessura de gordura

subcutânea (EGS), a qual tem como uma das principais funções servir como um isolante

Page 43: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

30

térmico que determinará a velocidade de seu resfriamento. Este parâmetro é importante,

visto que no post mortem o resfriamento deve ocorrer de forma gradual e lenta, evitando

um choque de temperatura conhecido como cold shortening. Este processo indesejado

se instala quando a carcaça é resfriada rapidamente sendo que um dos motivos disso

pode ser uma pobre EGS, o que encurtaria as fibras de actina e miosina antes de se

transformarem em actomiosina e, consequentemente provocando na carne o seu

endurecimento (FEITOSA, 2014).

2.4.5.1 Influência da dieta do animal na carne

Santos et al. (2015) afirmam que diversos fatores extrínsecos interferem na

qualidade da carne e, dentre eles, a alimentação dos animais é o mais fácil de se alterar.

Dessa forma, sabe-se que a terminação de bovinos pode ser feita à pasto ou em

confinamento e da mesma maneira, produzem carcaças com características de

acabamento e conformação diferentes e consequentemente carne com atributos

organolépticos específicos.

De acordo com a dieta, animais terminados em sistema extensivo apresentam

valor de maciez e teor de gordura inferiores do que os de bovinos terminados em

confinamento. Por outro lado, em relação aos seus aspectos nutricionais, são mais

benéficas pois apresentam baixa relação Ω6:Ω3 e altos valores de ácido linoleico

conjugado (CLA). Sobre a maciez e teor de gordura, são parâmetros que podem ser

melhorados com suplementação e também com cruzamento entre animais taurinos e

zebuínos. (SANTOS et al., 2015).

A baixa relação de ácido graxo Ω6:Ω3 é importante pois previne o

desenvolvimento de diversas doenças cardiovasculares, câncer, doenças inflamatórias e

auto-imunes (MAINARDI, 2014). O ácido linoleico conjugado em humanos é responsável

pela redução da gordura corporal e possui ainda propriedades anti-cancerígenas e anti-

diabéticas (LIMA; CAVALCANTI, 2008; MENEZES; AUGUSTO, 2014).

Sobre a relação da dieta com a carcaça, Souza et al. (2012) ao analisarem

novilhas Nelore, F1 Nelore x Angus e F1 Nelore x Simental, constatou-se que o

incremento nos níveis de concentrado na dieta, 30 e 50% de acordo com a MS

conseguiram influenciar características na carcaça. Dessa maneira, a dieta com 50% de

concentrado foi responsável pelo aumento de 24,12% na quantidade de gordura na

carcaça (P<0,10). Já a quantidade total e a porcentagem de tecido muscular não sofreu

alteração segundo os valores de concentrado ofertados.

Page 44: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

31

Observa-se, portanto, que apesar da seleção genética influenciar as

características organolépticas da carne como a maciez, os fatores ambientais contribuem

de forma mais acentuada no que diz respeito a este quesito. Em pesquisa feita,

constatou-se que 46% das diferenças na maciez da carne foi por conta de fatores

genéticos e 54% ocorreram devido as mudanças ambientais. Da mesma forma, dentro da

mesma raça, as variações na maciez acontecem 30% por fatores genéticos e 70% pelo

efeito do ambiente (KOOHMARAIE et al., 2003).

Segundo Costa et al (2002) o consumidor no momento da compra da carne

avalia o produto primeiramente pela cor do músculo e da gordura. Logo após, as

características de processamento, como perda de líquidos no descongelamento e na

cocção também são avaliadas, seguidas por fim, pelos aspectos sensoriais de

palatabilidade, suculência e maciez.

Porém, em estudo realizado em Jataí-GO, onde foram aplicados 100

questionários nos pontos de venda de carne do município sobre os aspectos levados em

consideração na escolha do produto, observou-se que os consumidores se atentam

primeiramente à higiene do funcionário e do local (74%), logo em seguida o cheiro (63%),

qualidade (59%), preço (50%), procedência (46%), aparência (42%), presença do selo do

SIM, SIE ou SIF (19%) e valor nutricional da carne (17%) (SILVA et al, 2016).

Do mesmo modo, estudo realizado por Carvalho et al (2013) no estado do Rio

de Janeiro também mostra que o consumidor consome em maior quantidade a carne

bovina por conta de hábitos alimentares e o paladar e como fatores determinantes na

escolha do produto a higiene do local e o aspecto da carne.

Em relação às exigências do mercado, cada vez mais busca-se produzir carne

padronizada e com qualidade superior e neste segmento o melhoramento genético

voltado ao cruzamento industrial torna-se cada vez mais uma ferramenta adequada.

Pretende-se portanto, obter animais mais precoces, com maior rendimento de carcaça e

cortes, com carne mais macia e com maior grau de marmoreio (CARVALHO, 2015).

2.4.6 Qualidade da Carcaça medida por Ultrassonografia de carcaça

O melhoramento genético em gado de corte conduz para que animais com as

melhores características de carcaça possam ser utilizados com bases nestes critérios de

seleção. Para tanto, uma ferramenta que revolucionou a maneira de avaliar a qualidade

da carcaça sem a necessidade de abate dos animais foi a ultrassonografia

(MAGNABOSCO et al., 2018).

Page 45: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

32

Segundo Fisher (1997) a utilização da ultrassonografia na bovinocultura para

predição de valores relacionados a carcaça como método não invasivo e que não deixa

resíduos na carne surgiu em 1950 e é considerada uma tecnologia de baixo custo e de

fácil utilização.

A técnica consiste na utilização de ondas sonoras com frequências acima da

amplitude para humanos, ou seja, maior que o intervalo de 20 Hz a 20 kHz. Geralmente,

em medicina veterinária utiliza-se frequências entre 3,5 a 10 MHz. Assim, quanto maior a

densidade dos tecidos, maior será a absorção das ondas sonoras, processo conhecido

como impedância acústica, o qual se refere a resistência de cada tecido à passagem das

ondas. Entre os tecidos verificados, o mais denso é o ósseo, que irá refletir maiores

quantidades de ondas captadas pelos cristais presentes no transdutor do aparelho e

transformando-as em impulsos elétricos, os quais serão mostrados na tela (AUGUSTO,

2000; POLIZEL NETO et al., 2009; ARAÚJO, 2018; SILVA JÚNIOR, 2018).

Dessa forma, a área de olho de lombo (AOL) é o parâmetro utilizado na

ultrassonografia para estimar a quantidade de músculo presente na carcaça e

posteriormente, seu rendimento. Tanto o AOL quanto o marmoreio são mensurados no

Longissimus dorsi e, sobre esta última característica, trata-se de uma medida indireta da

maciez da carne. Já a espessura de gordura subcutânea (EGS) é medida entre as 12ª e

13ª costelas acima desse mesmo músculo (DIBIASI et al., 2010).

Outra característica que pode ser analisada via ultrassom é a espessura de

gordura na garupa ou na picanha (EGG ou EGP8), a qual é dada em milímetros e assim

como a EGS está relacionada com a precocidade de acabamento. A sua medição é feita

na região da garupa entre o íleo e o ísqueo e normalmente a deposição de gordura nesta

região ocorre antes do que nas costelas (MARQUES, 2011; FARIA, 2012).

Santi et al. (2009) avaliaram, por meio da ultrassonografia, a deposição tecidual

na carcaça na fase de acabamento de animais superprecoces, fêmeas e machos inteiros

cruzados das raças Angus, Canchin, Caracu, Nelore, Red Angus e Valdostana. O

resultado obtido demonstrou maior deposição de gordura nas fêmeas. Porém, quanto a

deposição de músculo na carcaça, o autor ressaltou discordâncias nos resultados por

conta da experiência dos avaliadores quanto a interpretação de imagens de

ultrassonografia.

Méo Filho et al. (2014) avaliaram por meio de ultrassonografia as correlações

entre as medidas de espessura de gordura subcutânea (EGS) e a área de olho de lombo

(AOL) nas carcaças de animais cruzados advindos da reprodução de touros Hereford e

Charolês com vacas ½ Angus x ½ Nelore e ½ Simental x ½ Nelore. Os animais

analisados eram compostos de fêmeas e machos não castrados. Ao analisar o resultado,

Page 46: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

33

foi possível verificar alta correlação entre os valores de EGS e AOL demonstrando mais

uma vez como a técnica de ultrassonografia pode auxiliar o produtor no momento certo

de abater o animal com maior lucratividade.

Portanto, o uso de ferramentas como a ultrassonografia de carcaça pode

selecionar animais com melhor composição de peso e, consequentemente, mudar a

curva de crescimento proporcionando animais mais precoces tanto na terminação quanto

sexualmente, garantindo ciclos de produção mais curtos e eficientes (KOURY FILHO,

2018).

Existe outro método de avaliação de carcaça além da ultrassonografia, que é a

imputação de escores de forma visual a qual permite a identificação de animais com

melhor musculatura e precocidade de acabamento (YOKOO et al., 2009). O escore visual

é uma avaliação indireta da qualidade da carcaça a qual permite identificar em um

mesmo animal seus pontos positivos e negativos assim como em um rebanho (DIBIASI,

2010).

2.5 UTILIZAÇÃO DAS FÊMEAS F1 NO SISTEMA PRODUTIVO

Aumentar a eficiência reprodutiva e elevar os índices de produção são objetivos

necessários para que a atividade pecuária tenha maior produtividade e custo benefício

satisfatório (VASCONCELOS, 2006).

Destarte, Lupinacci (2000) ressalta que a pecuária de corte brasileira ainda é

ineficiente do ponto de vista reprodutivo, com índices abaixo do ideal e retorno financeiro

muitas vezes não compensatório. Corroborando estes dados, na Tabela 17 pode-se

observar diversos parâmetros produtivos e reprodutivos encontrados em fazendas e seus

valores ideais, utilizando maior aporte tecnológico.

Tabela 17. Índices produtivos e reprodutivos na pecuária de corte nacional

Parâmetro Média brasileira Sistema tecnificado

Taxa de natalidade % 60 80

Taxa de mortalidade até a desmama %

8 4

Taxa de desmama % 55 76

Taxa de mortalidade pós desmama %

4 2

Idade ao primeiro parto –

meses

48 24-36

Intervalo entre parto – meses 21 14

Idade ao abate – meses 48 30

Taxa de abate % 21 33

Peso da carcaça – kg 200 230

Rendimento de carcaça 53 55

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Lotação animal / ha 0,9 1,6

Kg de carcaça / ha 34 80

Fonte: Lupinacci (2000)

Como as características reprodutivas são de baixa herdabilidade uma das

maneiras para aumentar a eficiência reprodutiva é a utilização de cruzamentos

incrementando a heterose e ao mesmo tempo, selecionando animais com os melhores

índices reprodutivos, destacando a precocidade sexual e a taxa de reconcepção das

fêmeas, ou seja, sua capacidade de gerar outro bezerro na próxima estação de monta

(REGGIORI et al., 2016; SOLLECITO et al., 2016).

O cruzamento entre as raças Nelore e Angus, as fêmeas F1 apresenta o máximo

de heterose e suas características produtivas e reprodutivas ganham destaque. Essas

matrizes são ao mesmo tempo altamente produtivas e precoces assim como apresentam

a adaptabilidade comum dos zebuínos (REGGIORI et al., 2016).

Sobre os critérios Ganho de Peso Médio Diário e Peso aos 12 meses, Perotto et

al. (2001) analisaram bezerros advindos de cruzamentos entre matrizes Nelore e touros

zebuínos e taurinos e concluiu que bezerros Nelore puros tiveram o menor ganho médio

diário de peso (GMD) da desmama aos 12 meses, com 0,247 kg, seguidos por aqueles

cruzados Guzerá x Nelore (0,287 kg) e por fim, sem diferença estatística, bezerros Red

Angus x Nelore (0,366 kg) e Marchigiana x Nelore (0,352 kg). O peso aos 12 meses

também seguiu esta mesma sequência, sendo o animal mais leve o Nelore (176,82 kg) e

o mais pesado o Red Angus x Nelore (223,30 kg).

Ao realizar o cruzamento entre Nelore e Angus, o produto F1 é na maioria das

vezes todo abatido graças as suas características de carcaça e carne já citados e por sua

precocidade e ganho de peso. Por outro lado, a fêmea F1 pode ser usada com outro

objetivo, o qual é a formação do tricross (Three Cross), ou seja, quando há o cruzamento

dessa fêmea com uma terceira raça ainda não utilizada (ZADRA, 2017).

Rodrigues (2016) ressalta que a novilha F1, por conta da sua precocidade, pode

emprenhar aos 14 ou 15 meses a pasto ou até mesmo aos 12 ou 13 meses em regimes

intensivos e com isso o seu parto ocorre entre os 21 e 22 meses. Diante desse cenário,

esta novilha ainda estará se desenvolvendo e ao mesmo tempo prenhe e por isso há a

necessidade de usar touros de uma terceira raça com DEPs negativas para peso ao

nascer, porém, com rápido crescimento.

Ainda segundo este autor, o Senepol é uma raça que se destaca neste contexto

podendo ser usada em primíparas e o Brangus ou Braford nas multíparas, já que todas

estas raças têm capacidade de produzir animais com boa carcaça em tricross (Tabela

18).

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Tabela 18. Desempenho da terceira raça sobre base meio-sangue Nelore x Angus no abate

Idade Raça Peso Sistema de criação Estado

13 meses Senepol 20@ Creep + Confinamento Intensivo GO

16 meses Braford 18@ Creep + Confinamento Intensivo MS

21 meses Guzerá 18@ Pasto + Confinamento

Estratégico

GO

24 meses Charolês 22@ Confinamento Intensivo MT

Fonte: Rodrigues (2016)

Além dessas raças citadas as quais podem ser usadas na formação do tricross,

uma outra opção vem sendo considerada pelos produtores rurais, que é o uso da raça

sintética Ultrablack Angus. Em fevereiro de 2017 o Ministério da Agricultura liberou, por

meio da portaria 183, o registro de animais dessa raça no Brasil pela Associação

Brasileira de Angus (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2018a).

Esta raça é originária da Austrália e surgiu por meio do cruzamento entre Angus e

animais de raças zebuínas, sendo que para ser formada deve ter obrigatoriamente no

mínimo 80% de genes de Angus. Dessa maneira, ao ser usada em fêmeas F1 Angus,

consegue gerar animais de boa qualidade de carcaça e que apresentam ainda

rusticidade típica de zebuínos.

Dentre suas características, conservam a pelagem vermelha ou preta do Angus e

também são mochos. Possuem ainda boa habilidade materna e baixo peso ao

nascimento (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2018).

2.6 PROGRAMAS DE QUALIDADE DA CARNE ANGUS

2.6.1 Carne Angus Certificada

Segundo Conceição e Barros (2005) a certificação de um produto lhe confere

uma garantia de um conjunto de qualidades previamente determinadas. Assim, redes de

frigoríficos cada vez mais têm aderido a programas de compra de animais cruzados

Angus com certificação, o que garante controle de todas as etapas de sua produção.

O programa Carne Angus Certificada foi implantado em 2003 por meio de uma

parceria entre a Associação Brasileira de Angus (ABA) e os frigoríficos com o objetivo de

produzir carne de alta qualidade. Dessa forma, busca valorizar a carne de animais

advindos de cruzamento com esta raça e a expansão da mesma, bonificando o produtor

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2018b).

Este programa possui ainda reconhecimento internacional e tem parceria com

diversas redes de varejo e frigoríficos, como o Marfrig, Frigorífico Silva, VPJ, Cotripal,

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36

Aliança, Verdi, São João, Frigol e JBS os quais estão distribuídos em dez estados, sendo

eles Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato

Grosso, Goiás, Pará, Rondônia e Acre (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2018e).

O que diferencia o produto participante do programa Carne Angus Certificada é

uma série de parâmetros que visa padronizar o que é oferecido ao mercado, como a

raça, idade, sexo e acabamento. No Centro Oeste, para participar do programa as

exigências são assim definidas (PROGRAMA CARNE ANGUS CERTIFICADA, 2018g):

Padrão racial:

Angus e Red Angus;

Cruzamentos com zebuínos e raças sintéticas, com mínimo de 50% de

sangue Angus;

Cruzamentos com raças europeias de corte, com mínimo de 50% de sangue

Angus;

Animais devem ser mochos, mas o programa permite chifres bananas,

rudimentos córneos móveis e batoque;

Não são permitidos animais de cruzas com raças leiteiras, como Holandês,

Jersey e Gir;

Idade e sexo:

Machos castrados e fêmeas: até 2 dentes;

Machos inteiros: dentes de leite;

Acabamento:

Gordura mediana (3 mm de cobertura de gordura);

Animais com acabamento superior a este tem valorização adicional de

acordo com cada frigorífico;

Além disso, um técnico do próprio programa identifica e inspeciona os animais

ainda no curral do frigorífico e depois do abate, avaliando os parâmetros já citados e,

caso as carcaças forem aprovadas recebem um carimbo com a letra ―a‖. Após este

processo, a desossa, embalagem e expedição do produto, também acompanhadas pelo

técnico, são feitas de forma separadas de outras carcaças e recebem o carimbo de

certificação da Associação Brasileira de Angus (FLORES, 2016). Abaixo o selo que

identifica o produto certificado:

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Figura 5. Selo do programa Carne Angus Certificada Fonte: Associação Brasileira de Angus (2018)

Para participar do programa o produtor interessado deve aderir ao Protocolo

Angus e preencher um termo de adesão, o qual deverá ser enviado à ABA. Já as

bonificações pagas ao produtor variam conforme o animal, ao estado e também de

acordo com cada frigorífico (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANGUS, 2018).

2.6.2 Cota Hilton

Corroborando a importância do melhoramento genético e dos cruzamentos entre

zebuínos e taurinos na qualidade da carne, existe a Cota Hilton que garante preços mais

altos no mercado internacional da carne. Faz parte dessa cota cortes especiais do quarto

traseiro de animais precoces, sendo definida anualmente com o valor de 65.250

toneladas o qual somente os países credenciados, Argentina, Austrália, Brasil, Uruguai,

Paraguai, Nova Zelândia, Estados Unidos e Canadá têm acesso. Desse montante, o

Brasil está autorizado a vender 10.000 toneladas pela Cota Hilton enquanto a Argentina

possui uma cota de 28 mil toneladas (ABIEC, 2016a). Ainda de acordo com a Associação

Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, entre junho de 2015 e junho do ano

passado, o Brasil atingiu mais de 90% do seu valor na cota, com o embarque de 9,2 mil

toneladas.

De acordo com Silva (2016), para ser credenciada à exportação de carne por

esta cota, a fazenda deve atender aos requisitos dispostos na Instrução Normativa nº 017

de 2006 em auditoria realizada pelo SISBOV. Além disso, é necessária uma análise pela

direção do Health and Food Safety – SANCO (Saúde e da Segurança Alimentar) o qual

verificará a parte de sanidade. Assim, a carne destinada à exportação pela Cota Hilton

apresentará um certificado de autenticidade contendo o selo ―Carne de Bovino de Alta

Qualidade‖, de acordo com o dispositivo legal nº 810/2008.

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Conforme estipulado por estas legislações e pela Cartilha JBS (2018) são

requisitos necessários para fazer parte da cota:

Propriedade Rural habilitada (ERAS – Estabelecimento Rural Aprovado

SISBOV);

Animais devem ser identificados e incluídos na Base Nacional de Dados

(BND) desde o desmame (até 10 meses de idade);

Idade máxima ao abate para macho inteiro é de 18 meses (dentes de leite)

e macho castrado e fêmea até 30 meses (4 dentes permanentes);

Conformação de carcaça do tipo convexa (A), subconvexa (B) ou retilínea

(C);

Acabamento de carcaça com cobertura de gordura escassa (de 1 a 3 mm)

ou mediana (4 a 6 mm);

Carcaça com peso para macho de no mínimo 240 kg (16@) e para fêmea

de no mínimo 195 kg (13@);

Goiás possui 435 propriedades rurais cadastradas no SISBOV espalhadas em

126 dos 226 municípios. No total, o Brasil possui cerca de 1640 estabelecimentos

habilitados para exportação de carne pela Cota Hilton e o estado goiano representa

aproximadamente 27% desse total (BORGES, 2016).

2.7 SELEÇÃO, PARÂMETROS GENÉTICOS E BENEFÍCIOS NO CRUZAMENTO

Apesar do cruzamento trazer inúmeros benefícios no aumento da produção

devido à heterose e complementariedade, não exclui a necessidade de fazer a seleção

no rebanho. Isso porque um cruzamento sem seleção terá como resultado valores

facilmente ultrapassados pela seleção da raça pura (EUCLIDES FILHO, 1997).

Dessa forma, entende-se por seleção, de acordo com Alencar (2010) a escolha

dos pais por meio de critérios de seleção para atingir um objetivo definido na próxima

geração. Ao realizar este método de melhoramento genético em um rebanho, a escolha

de reprodutores geneticamente superiores gera ganhos produtivos mais elevados

(SOLLER et al., 2016). Além disso, a seleção é indicada para características de média a

alta herdabilidade, como peso corporal e taxas de crescimento, as quais responderão

bem ao utilizar essa forma de melhoramento genético (MENEZES; ROSA; PEREIRA,

2016). Portanto, a seleção feita em um rebanho consistirá na escolha dos animais

geneticamente superiores os quais poderão ser utilizados no cruzamento (ARTMANN et

al., 2014).

Page 52: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

39

Segundo Eler (2017) a herdabilidade mostrará a confiabilidade quando se utiliza

uma característica, ou seja, o fenótipo do animal, na determinação do valor genético

daquela característica na população. Assim, quando se fala em alta herdabilidade

significa que aquele animal com determinada característica irá produzir filhos com o

mesmo desempenho e, por outro lado, baixa herdabilidade determina que o desempenho

dos pais afetará muito pouco o da progênie.

Ao definir o objetivo da seleção, os critérios com os quais o produtor irá trabalhar

devem ser determinados, como por exemplo peso ao nascimento, peso a desmama e ao

sobreano os quais permitem avaliar o desenvolvimento do bezerro assim como a

habilidade materna, característica importante até a desmama. Além disso, ao utilizar

escores visuais de conformação, precocidade, musculatura e tamanho proporcionam uma

seleção para eficiência de carcaça em menos tempo. Por fim, o uso do critério perímetro

escrotal serve como referência no que diz respeito à fertilidade dos descendentes, visto

que quanto maior o perímetro mais cedo os animais entram na puberdade (SILVEIRA et

al., 2004; FORNI; ALBUQUERQUE, 2006; BARROZO, 2009; BOLIGON et al., 2009;

REIMANN, 2015).

Ainda segundo Reimann (2015) após determinadas quais as características que

serão utilizadas na seleção e a realização da sua avaliação no rebanho, o próximo passo

é especificar o valor genético de acordo com os dados aferidos. A partir daí é possível

estimar o quanto do fenótipo é determinado por fatores ambientais e o quanto é pela

genética. Após são obtidos os valores de DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie).

A Diferença Esperada na Progênie (DEP), também conhecida como metade do

valor genético prediz a habilidade de transmissão de alguma característica do progenitor

a sua progênie (ZADRA, 2012). Resende e Perez (1999) afirmam que DEP é a diferença

esperada na progênie quando comparada com a média das progênies de todos os touros

no programa de avaliação.

Assim como ocorre na seleção, ao realizar o cruzamento, deve-se observar as

diversas características, como por exemplo, aquelas ligadas ao ganho de peso pois são

importantes para determinar a produtividade na bovinocultura de corte. Daga e Gai

(2015) ao avaliar a influência de touros das raças Aberdeen Angus, Red Angus e

Brangus em matrizes Nelore em relação ao ganho de peso verificou que houve uma

diferença nesta característica nas crias das três diferentes raças e quanto ao peso ao

nascimento, os animais cruzados com Brangus apresentaram valores superiores, porém,

sem significância estatística, conforme pode ser observado nas Tabelas 19 e 20.

Tabela 19. Peso médio dos animais ao nascimento

Page 53: CRUZAMENTO ENTRE AS RAÇAS NELORE E ANGUS E AS … · 2019-02-19 · Selo do programa Carne Angus Certificada 36 Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação de

40

Raças Peso (kg)

Red Angus 29,40

Brangus 32,10

Aberdeen Angus 30,90

Fonte: Daga e Gai (2015)

Tabela 20. Peso final dos animais (3 meses de idade)

Raças Peso (kg)

Red Angus 106,50

Brangus 115,50

Aberdeen Angus 106,50

Fonte: Daga e Gai (2015)

De acordo com Daga e Gai (2015) o peso final maior em animais cruzados com

Brangus, mesmo não tendo apresentado diferença estatística, se deve a sua carga

genética por conta da presença de zebuíno em sua formação, os quais são mais

adaptados e rústicos quando comparados as raças Aberdeen Angus e Red Angus.

Ressalta-se ainda que, de acordo com Lima Neto et al. (2009) as características de

carcaça possuem em geral, média e alta herdabilidade e por isso podem ser controladas

por meio do melhoramento genético.

Outro fator importante que deve ser considerado tanto na seleção quanto no

cruzamento é o peso ao nascimento como forma de evitar a ocorrência de partos

distócicos (BOLIGON et al., 2009). A distocia, segundo Freire et al. (2014) é uma

complicação no momento do parto ocorrendo dificuldade na saída do feto. Suas causas

são variadas, podendo ocorrer por conta da raça, estado nutricional da vaca, estresse,

tamanho do feto e problemas ósseos da vaca (BORGES, 2011).

Quando se faz a seleção para a produção de carne, deve-se atentar ao fato de

que ao aumentar as características de crescimento pode elevar o requerimento de

manutenção das vacas, principalmente em dietas desbalanceadas ou pobres devido ao

aumento de tamanho e também, o surgimento de problemas de parto por conta do peso

maior do bezerro ao nascimento (SALA, 2009).

Além disso, Dias, Faro e Albuquerque (2004) assegura que cada vez mais têm-

se usado fêmeas com pouca idade na reprodução com o intuito de aumentar a

precocidade sexual do em rebanho, porém, tal prática requer um bom manejo visto que

podem ocorrer problemas de várias ordens, motivo o qual deve ser determinante no

momento da escolha do cruzamento. Short et al. (1994) citado por Gottschall et al. (2008)

afirmam que o acasalamento de fêmeas jovens requer maior exigência nutricional com

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41

maior custo alimentar, maior probabilidade de partos distócicos e consequentemente

maior perda de bezerros.

O perímetro escrotal é uma característica importante no que diz respeito a

precocidade sexual e sua herdabilidade é considerada alta (CYRILLO et al., 2001).

Geralmente é medido aos 18 meses de idade no Brasil enquanto que trabalhos feitos em

outros países utilizam a idade de 12 meses pois animais taurinos alcançam a maturidade

sexual mais cedo (PEREIRA; ELER; FERRAZ, 2000).

Ao analisar a correlação genética entre o perímetro escrotal e características

reprodutivas de fêmeas Nelore, Pereira, Eler e Ferraz (2000) identificaram que a mesma

foi favorável para idade ao primeiro parto (-0,22), dias para o parto (-0,06 e -0,04

respectivamente, com e sem a inclusão do ambiente permanente da vaca) e duração da

gestação (-0,05 e -0,04 respectivamente, com e sem a inclusão do ambiente

permanente). Como são valores negativos, significam que ao aumentar o perímetro

escrotal, diminui-se por exemplo, a idade ao primeiro parto. Por outro lado, o intervalo de

parto obteve correlação positiva de 0,10. Portanto, a correlação genética poderá ser

explicada como a relação existente entre duas características as quais podem ou não

serem afetadas pelos mesmos genes de maneira positiva ou negativa (ARTMANN et al.,

2014).

Da mesma forma, Gressler et al. (2000) avaliou as correlações genéticas entre o

perímetro escrotal aos 12 meses (PE12) e aos 18 meses (PE18) de animais Nelore e a

idade ao primeiro parto (IPP), datas do primeiro parto (DPP), do segundo parto (DSP) e

primeiro intervalo de partos (PIP) e verificou os seguintes valores de correlações

favoráveis com PE12 respectivamente: -1,00; -0,08; -0,71; e -0,37. Já com PE18, os

valores foram: -1,00; 0,21; -0,35; e -0,44. O autor concluiu que a seleção para o PE12 é

mais eficiente quando o objetivo é melhorar as características reprodutivas do rebanho.

2.8 DESAFIOS PARA O PRODUTOR QUANTO AO USO DE CRUZAMENTOS

Apesar de tudo o que foi exposto nesta revisão de bibliografia, o uso de

cruzamento na bovinocultura de corte também possui desafios. Dessa maneira, apesar

da superioridade dos animais F1 em relação às raças puras, o uso de cruzamento

implica em um alto grau de organização na propriedade e mão de obra mais qualificada

e também na manutenção de fêmeas da raça pura utilizada para produzir animais de

reposição (SANTOS, 2018). Sobre este quesito, Suleiman (2014) afirma que a

reposição de fêmeas do rebanho é importante para manter a produtividade sendo que o

ideal é que por ano sejam repostas 30% das matrizes.

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42

Luchiari Filho (2006) ressalta ainda que para garantir o sucesso no uso de

cruzamento deve-se ter um planejamento estratégico em relação às raças utilizadas e

ao próprio manejo, visto que, apesar dos animais cruzados serem mais produtivos

também são mais exigentes e, por consequência, necessitam de melhorias no ambiente

e na nutrição.

Segundo Euclides Filho (1997) o sistema de cruzamento envolve uma série de

fatores que devem ser levados em consideração à sua implantação, sendo eles: o

ambiente, exigência do mercado, mão de obra disponível, nível gerencial, sistema de

produção, viabilidade de uso de inseminação artificial, objetivo do empreendimento,

número de vacas e número e tamanho dos pastos.

Em relação à necessidade energética dos diferentes grupos genéticos de

bovinos, sabe-se que com o aumento do peso do animal a composição do ganho se

modifica havendo maior deposição de gordura e menor de proteína e isso tem

interferência direta nas exigências nutricionais. Em pesquisa realizada, foi determinada

tais exigências de energia para fêmeas de 18 meses de Nelore, F1 Nelore x Angus e F1

Nelore x Simental e os resultados demonstraram que o requerimento de energia

metabolizável para mantença foi de 85,37; 94,68 e 98,3 kcal/kgPCVZ0,75/dia

respectivamente. Porém, tais valores não tiveram diferença significativa (P>0,05) pelo

teste de identidade de modelos (SOUZA, 2010).

Do mesmo modo, Calegare (2004) estimou as exigências em energia

metabolizável, ou seja, descontados os valores perdidos nas fezes, urina e fermentação

microbiana de fêmeas adultas lactantes e que não estavam prenhes de quatro grupos

genéticos, sendo eles: Nelore, Canchim x Nelore (CN), Angus x Nelore (AN) e Simental

x Nelore (SN) e identificou os seguintes valores respectivamente: 19,7; 20,6; 23,1 e 23,7

Mcal/d. Além disso, as estimativas de exigências de mantença e lactação das vacas dos

diferentes grupos podem ser vistas na figura abaixo:

141 150 152 147

65 69 76 83

N E L O R E C A N C H IM X N E L O R E

A N G U S X N E L O R E

S I M E N T A L X N E L O R E

EM, K

CAL/

KG 0,

75

GENÓTIPOS

Mantença Lactação

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43

Figura 6. Estimativas das exigências de mantença e lactação

de vacas Nelore e F1

Dessa maneira, o autor concluiu que vacas Nelore, quando submetidas a um

ambiente não favorável, podem apresentar melhor eficiência quanto a exigência de

mantença sendo, portanto, mais produtivas.

Outro fator que merece destaque quando se fala em cruzamento de raças

taurinas e zebuínas e neste caso, Angus e Nelore, é a adaptabilidade ao clima tropical

dos animais cruzados em relação aos de raças puras. Ribeiro et al (2008) em estudo

realizado com fêmeas de 14 meses de idade dos grupos genéticos Nelore (NE), Nelore x

Angus (TA) e Senepol x Nelore (SN) sobre as respostas fisiológicas frente às condições

de adaptabilidade identificaram que os animais Angus x Nelore apresentaram a maior

frequência respiratória e os animais Senepol x Nelore a menor taxa de sudação conforme

Tabela 21.

Tabela 21. Estimativas das médias da temperatura retal (TR), da taxa de sudação (TS) e da frequência respiratória (FR) dos grupos genéticos Nelore, Senepol x Nelore e Angus x Nelore, avaliadas durante o teste de tolerância ao calor

Grupo genético TR (ºC) FR (mov/min) TS (g.m -2

h -1

)

Nelore 40,06 ± 0,04a 35,19 ± 1,01

b 582,52 ± 10,06

b

Senepol x Nelore 39,80 ± 0,04a 37,24 ± 0,94

b 437,88 ± 10,06

a

Angus x Nelore 39,92 ± 0,04a 41,52 ± 0,98

a 597,83 ± 10,09

b

Letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)

Fonte: Ribeiro et al (2008)

Os resultados, segundo os autores, sugerem que os animais Senepol x Nelore

foram os mais eficientes em relação a manutenção da homeostase corporal os quais

tiveram seus mecanismos de sudação menos ativados.

Carmo et al. (2016) avaliaram diversos parâmetros produtivos de bovinos

Guzerá e Guzerá x Aberdeen Angus assim a frequência respiratória destes animais

submetidos a confinamento no município de Trindade por 80 dias, período o qual a

temperatura média foi de 28ºC e umidade de 47%. Sobre a frequência respiratória dos

dois grupos genéticos, foi possível verificar que nos animais puros o valor foi de 29,67

mov/min enquanto no grupo cruzado foi de 34,35 mov/min. Tais valores apresentaram

diferença estatística e a justificativa dos autores quanto a este parâmetro foi por conta a

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44

menor tolerância ao calor dos animais Aberdeen Angus, os quais fizeram parte do

cruzamento.

Glaser (2008) avaliou o comportamento de bovinos Red Angus, Caracu e Nelore

quanto a utilização de sombras artificiais (malha de polietileno) e naturais e de água para

imersão. Os resultados obtidos mostraram que os animais Angus foram os que mais

utilizaram as sombras durante grande parte do dia e principalmente nas horas mais

quentes. Além disso, em alguns momentos quando a sombra não estava disponível

também usaram a água para imersão. Enquanto estavam na sombra frequentemente

eles apresentavam atividades de ruminação e ócio e o pastejo ocorreu geralmente nos

horários mais frescos do dia. Os animais Caracu utilizaram as sombras com frequência

moderada e poucas vezes a água para imersão e o pastejo foi feito durante todo o dia,

porém, de forma mais intensa ao amanhecer e no final da tarde. Por fim, os bovinos

Nelore não usaram as sombras e nem a água de imersão mesmo em altas temperaturas.

Tais comportamentos, segundo o autor, mostram que os animais mais adaptados são

mais tolerantes ao calor e estresse térmico.

Por fim, outro aspecto que deve ser levado em consideração em relação a

utilização do cruzamento industrial é o seu custo e lucratividade já que, como foi dito,

animais cruzados produzem mais, porém exigem mais principalmente sob o aspecto

nutricional. Sobre esta temática, Sato et al. (2014) realizaram um estudo em uma

propriedade no estado de Rondônia com o objetivo de estimar os custos e a viabilidade

econômica da recria em sistema semi-intensivo de bovinos Nelore e F1 Nelore x Angus.

Os animais estavam com idade entre 10 e 14 meses e pesos médios de 281 e 240,8

quilos, respectivamente cruzados e Nelore. Os resultados obtidos mostraram que o lote

F1 obteve em 150 dias ganhos de 0,800 gramas/dia e o grupo Nelore 0,650 gramas/dia.

Além disso os pesos finais foram de 404,1 e 340,95 kg para F1 e Nelore

respectivamente.

Em relação aos custos totais, os valores obtidos foram de R$ 4962,36 para os

cruzados e R$ 4723,65 para os de raça pura. O custo unitário, ou seja, por cabeça foi de

R$ 124,06 e R$ 118,09 para F1 e Nelore respectivamente. Estes valores, segundo os

autores foi explicado por conta que os animais cruzados consumiram mais sal e

medicamentos devido a sua maior exigência nutricional e menor resistência a parasitas

em relação aos animais Nelore. Ao analisar a receita total, os valores foram de R$

15.618,00 e R$ 12.692,00 para cruzados e Nelore respectivamente. Assim, o lucro líquido

foi cerca de 25% maior no lote F1 quando comparado ao lote de animais puros.

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45

Os autores ressaltam por fim que, apesar do custo inicial dos animais cruzados

ser em torno de 20% maior em comparação ao grupo Nelore, eles apresentam também

ganhos maiores em todos os parâmetros quando comparados aos animais puros.

2.9 CONCLUSÃO

No atual cenário da pecuária de corte brasileira, o produtor deve se atentar

sempre às novas tecnologias para que a produção de sua propriedade consiga ter

lucratividade. Dessa forma, o cruzamento feito entre o Nelore e o Angus pode contribuir

neste intento, pois seu retorno financeiro é baseado em inúmeros estudos e pesquisas

que comprovam que o uso das duas raças contribui por meio da heterose e

complementaridade com a produção de animais F1 produtivos, adaptados ao clima

tropical, precoces e com carcaça com qualidade superior aos de animais zebuínos puros.

Portanto, o cruzamento entre a raça taurina Angus e a zebuína Nelore constitui-

se como uma alternativa viável ao aumento da produtividade da pecuária de corte por

meio do incremento dos valores produtivos da geração F1.

2.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A raça zebuína Nelore é reconhecida por sua adaptabilidade, rusticidade e

produção em clima tropical e em sistemas mais extensivos e a Angus cada vez mais

conquista o mercado de carne por conta da sua precocidade e ótimo acabamento de

carcaça, portanto, o cruzamento entre as duas se justifica ao complementar na progênie

todas essas características por meio da heterose, gerando animais com produtividade

acima da média das raças puras.

Neste contexto, a heterose da geração F1 advinda do cruzamento Nelore x

Angus terá, por conta da distância genética entre as raças, valor máximo alcançado por

meio de cruzamento, o que de fato, explica os ganhos em precocidade, acabamento,

peso e rendimento de carcaça. Da mesma forma, a heterose materna que as fêmeas

cruzadas geram de efeito na progênie produz resultados satisfatórios, principalmente por

conta da produção de leite e cuidados maternais.

Outro mérito do cruzamento entre Nelore e Angus é a qualidade da carne

explicada por meio de suas características organolépticas, como a maciez, parâmetro o

qual está diretamente relacionado com a natureza e quantidade de tecido conjuntivo,

assim como o maior marmoreio encontrado em carnes com maior deposição de gordura

intramuscular. Apesar disso, o ambiente também contribui com as características

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46

organolépticas da carne, como por exemplo, a nutrição, produzindo carcaças diferentes à

pasto e em confinamento.

A carne dos animais Nelore x Angus, por todo seu padrão de qualidade, é

reconhecida e promovida por meio de programas de certificação e bonificação, como o

―Carne Angus Certificada‖ e a ―Cota Hilton‖. Isso demonstra mais uma vez que ao

certificar um produto advindo desse cruzamento, coloca-se no mercado carne de

qualidade e com controle das etapas de produção.

As diferenças entre as carcaças de zebuínos e taurinos podem ser explicadas

pela relação do complexo enzimático calpaína/calpastatina, sendo a primeira responsável

pelo amaciamento da carne e a segunda um inibidor da primeira enzima. A carne mais

dura do zebuíno é justamente pela maior quantidade de calpastatina do que o encontrado

em animais taurinos. Essa relação é exemplificada quando se compara as características

de carcaça entre animais cruzados (F1) e puros, tendo os primeiros carne mais macia.

Outro parâmetro importante no que diz respeito à qualidade da carne e carcaça

é a castração, sendo que pelo demonstrado, tanto os animais F1 quanto Nelore quando

castrados apresentam maior deposição de gordura e melhor acabamento, porém, com

menor ganho de peso e rendimento de carcaça. Sendo assim, a castração deve ser

levada em consideração no cruzamento, podendo ser uma escolha definida por exemplo,

pela idade dos animais, já que aqueles mais jovens podem não responder

satisfatoriamente ao procedimento.

No que diz respeito à carcaça de fêmeas, a deposição de gordura é mais rápida

do que nos machos e, por conta da maturidade sexual das mesmas, podem ser

terminadas mais rápido. Para incrementar a produtividade das fêmeas, o cruzamento

entre zebuínos e taurinos consegue proporcionar melhores resultados. As fêmeas F1,

podem ser usadas no próprio sistema produtivo já que possuem alta heterose materna e

produzem bezerros com maiores pesos a desmama e consequentemente durante todo o

ciclo produtivo de recria e terminação. Neste contexto surge o three cross, cruzamento

das fêmeas F1 com uma terceira raça diferente e com resultados produtivos satisfatórios.

Para avaliar a carcaça, o uso da ultrassonografia se destaca e, portanto, é uma

ferramenta a qual o produtor deve utilizar para melhor direcionar o melhoramento

genético do seu rebanho, podendo selecionar ou cruzar aqueles que apresentem as

melhores qualidades quanto a área de olho de lombo (AOL) e espessura de gordura

subcutânea (EGS) sem que para isso seja preciso abater o animal.

Outra possibilidade no uso do cruzamento Nelore x Angus é a produção de

novilhos superprecoces que é uma opção ao mercado quanto à carne de maior

qualidade. Os animais criados neste sistema de produção devem ser escolhidos segundo

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47

às raças ou cruzamentos mais adequados, principalmente no que tange à precocidade de

ganho de peso e acabamento e é nesse sentido que o Angus se destaca, sendo uma

raça reconhecida pela precocidade de carcaça.

O cruzamento entre as raças Nelore e Angus produz inúmeros benefícios

principalmente em relação a qualidade de carcaça e precocidade, porém, não exclui a

necessidade de seleção no rebanho. Para tanto, o produtor deve se orientar por meio de

diversos parâmetros como peso ao nascimento, habilidade materna, perímetro escrotal e

escores visuais de conformação para manejar de forma mais adequada o rebanho

selecionando os melhores animais por meio da DEP, baseando-se em números e na

herdabilidade de cada característica.

Mesmo com todos os méritos do cruzamento entre Nelore e Angus, alguns

desafios devem ser enfrentados pelo produtor que desejar adotar esse sistema de

produção. Entre os fatores que devem ser levados em consideração está o alto grau de

organização operacional que a propriedade deve ter, principalmente em relação a mão de

obra mais qualificada. Além disso, o produtor precisa se atentar quanto às fêmeas de

reposição e para tanto, deve manejar o rebanho de forma a manter fêmeas da raça pura.

Outros parâmetros importantes são a necessidade energética dos animais cruzados,

visto que estes são mais exigentes, prover um ambiente mais favorável a animais que

tendem a sofrer com altas temperaturas e a relação custo/produtividade, que deve

sempre orientar o produtor no andamento de sua atividade.

Portanto, o uso do cruzamento entre as raças Nelore e Angus com o objetivo

de aumentar a eficiência na produção de carne é uma alternativa viável à bovinocultura

de corte brasileira. Por apresentar índices produtivos relacionados a qualidade da carne

e carcaça e por conta da precocidade e acabamento dos animais F1, este sistema de

produção é justificável.

2.11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2.12 ANEXOS

Sistema Nacional de Tipificação de Carcaças Bovinas

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Figura 1. Maturidade

Fonte: Lawrence et al. (2001) citado por BeefPoint (2018)

Figura 2. Acabamento

Fonte: Slideshare (2018)

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Figura 3. Escores de conformação da carcaça

Fonte: Felício (2005) citado por Sainz (2013)

2.13 APÊNDICE

Sistema Nacional de Tipificação de Carcaças Bovinas (Portaria nº 612, de 05 de outubro

de 1989 e Instrução Normativa nº 9, de 03 de maio de 2004) utiliza os seguintes

parâmetros para classificação das carcaças:

Sexo

Maturidade

Peso

Acabamento da carcaça

M – macho Sexo C – macho castrado F – fêmea

Dentes de leite 2 dentes incisivos permanentes Maturidade 4 dentes incisivos permanentes 6 dentes incisivos permanentes 8 dentes incisivos permanentes

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1 – ausente 2 – escassa (1 a 3 mm) Acabamento 3 – mediana (3 a 6 mm) 4 – uniforme (6 a 10 mm) 5 – excessiva (> 10 mm)

C – convexa Sc – sub-convexa Conformação* Re – retilínea Sr – sub-retilínea Co – côncava (*) – esta característica foi extinta da nova Instrução Normativa nº 9 de maio de 2004

Acabamento de carcaça

―Verificado mediante observação da distribuição e quantidade de gordura de cobertura

em locais diferentes da carcaça (a altura das 6ª, 9ª e 12ª costelas partes dorsal e ventral

do músculo grande dorsal e músculo serrátil dorsal caudal, na região lombar e coxão)‖.

Fonte: MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Instrução Normativa nº 09, de 9 de maio de 2004. Sistema Brasileiro de Classificação de Carcaças de Bovinos. Brasília, 2004


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