UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Grécia Virgínia de Souza Lima de Araujo
O alto índice de licenças-saúde ocasionadas por estresse no
ambiente de trabalho
Prof. Carlos Cereja
Rio de Janeiro
2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE UNTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Grécia Virgínia de Souza Lima de Araujo
O alto índice de licenças-saúde ocasionadas por estresse no
ambiente de trabalho
Monografia apresentada ao Instituto A vez
do Mestre como pré-requisito para obtenção
do curso de pós-graduação em Gestão de
Recursos Humanos
Orientador: Prof. Ms. Carlos Cereja
Rio de Janeiro
2014
AGRADECIMENTOS
A todos os autores, corpo docente do Instituto
A Vez do Mestre, aos colegas de classe e a
todos que direta ou indiretamente
contribuíram para confecção deste trabalho
acadêmico.
iii
DEDICATÓRIA
Ao meu Esposo Cleiton Viana de Araujo, que
me trazia lanche enquanto estudava para
concluir um excelente trabalho, a minha
família que sempre me apoiou nas minhas
decisões, e a todos que acreditaram no meu
potencial.
iv
RESUMO
Este trabalho tem o intuito de traçar um paralelo entre o estresse
ocasionado pelo trabalho o alto índice de licenças-saúde requerido
ultimamente. Para que esse objetivo possa ser cumprido é necessário que se
vislumbre a concepção de trabalho dentro do capitalismo, que obriga que as
pessoas se adaptem a ritmos de vida cada vez mais estressantes. É nesse
macro-cenário que há o estudo da correlação entre o estresse e o trabalho e o
consequente aumento do número de casos relatados de trabalhadores com a
síndrome de burnout.
Palavras-chave: licença-saúde, estresse, burnout, qualidade de
vida no trabalho.
v
ABSTRACT
This paper aims to draw a parallel between the stress caused by the
high rate of work-health licenses required lately. For this objective can be
fulfilled it is necessary to glimpse the design work within capitalism, which
forces people to adapt to rhythms increasingly stressful life. Is this macro
scenario there to study the correlation between stress and work and the
consequent increase in the number of cases of workers with burnout syndrome
reported.
Keywords: license-health, stress, burnout, life quality in the
workplace.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: O processo de estresse segundo Dejours (1998), p. 13.
Figura 1- Modelo Dinâmico do stress Ocupacional de Couto e
Moraes (1991), p. 16.
vii
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 8
1. Evolução da conexão entre o estresse e o afastamento do
trabalho por motivo de estresse .................................................................................. 9
1.2. A concepção de trabalho na modernidade ........................................ 10
2. Evolução da ideia de estresse em relação ao ambiente de
trabalho ..................................................................................................................... 15
2.1. Estresse no ambiente de trabalho ..................................................... 15
2.2. Síndrome de Burnout ........................................................................ 21
3. Possíveis soluções tomadas pelas empresas para resolução
desses problemas. .................................................................................................... 27
Considerações Finais .................................. Erro! Indicador não definido.
Referências bibliográficas ........................................................................ 32
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem a intenção de trazer à tona o alto índice de
estresse ocasionado pelo atual ritmo de trabalho, regido pelo capitalismo.
Neste sentido, no primeiro capítulo analisaremos como o absteísmo tem
afetado as empresas na atualidade, não somente pela falta de funcionários,
mas também pelo alto índice de licenças-saúde pedidas por funcionários que
sofrem com a conexão entre o estresse e o trabalho. Será necessário, também
o estudo detalhado de como a relação de trabalho tem evoluído desde as
Revoluções Industriais, culminando no advento do Capitalismo.
No segundo capítulo será estudado como a evolução do conceito de
estresse se deu até os dias atuais. Neste ponto, teremos que entender que a
relação entre estresse e trabalho só começou a tomar forma após a Segunda
Guerra Mundial, com o advento da Terceira Revolução Industrial e o artigo de
Le Guillant sobre a “Neurose das Telefonistas”. A partir de então, analisaremos
como a conexão entre estresse e trabalho evoluiu para a síndrome burnout,
uma doença que acomete os trabalhadores e é o resultado de um processo
crônico de estresse, sendo a principal causa do absenteísmo e/ou licenças-
médicas nas empresas.
Por fim, traremos alguns estudos a respeito de intervenções
possíveis não somente para o tratamento, mas também para a prevenção da
ocorrência da síndrome de burnout. Dentre as possíveis formas de prevenção,
a principal e mais efetiva é a aplicação, tanto por parte o empregador, quanto
do funcionário, de formas que resultem na Qualidade de Vida no Trabalho.
9
CAPÍTULO I
EVOLUÇÃO DA CONEXÃO ENTRE O ESTRESSE E O
AFASTAMENTO DO TRABALHO POR MOTIVO DE
ESTRESSE
São dois os fatores mais preocupantes relacionados a situação de
afastamento do trabalho por motivo de doença do país. O primeiro é a saúde e
segurança do trabalhador, que contra a própria vontade se vê obrigado a deixar
o exercício de suas atividades. E em segundo lugar, colocamos as onerações
causadas às empresas por esses afastamentos, diminuindo consequente a
produtividade e desacelerando o crescimento, seja a nível organizacional, seja
a nível global.
Cardoso e Novais observam que os absenteísmos remunerados
pelas organizações geram um ônus bastante elevado, pois “apesar de não
haver a utilização desta mão-de-obra nos processos da organização o
montante da remuneração e encargos sociais ocorrem da mesma forma”.
Os autores chamam a atenção ainda que estes inconvenientes
cobram das empresas a substituição dos empregados ausentes através do
remanejamento de pessoal ou por meio de contratação de novos profissionais.
Cardoso e Novais atentam, assim como Schmidt, Santos e Gomes
(2003) que mesmo ausências não justificadas, em que o empregador tem
direito de descontar do salário do empregado o tempo de ausência, geram
prejuízos as empresas pois sob o ponto de vista no qual o processo normal de
produção é interrompido, é necessária a
Substituição do profissional e conseqüentemente uma provável
queda na produção e qualidade passa a gerar tais custos os quais acabam
sendo adicionados aos produtos ou serviços ou, caso contrário, sacrificando o
retorno econômico destas organizações.
10
No exemplo de Cunha, no estado de Santa Catarina, apenas no ano
de 2007, em uma amostra de 16.056 trabalhadores, houve um total de 19.227
licenças-saúde concedidas para 12.110 trabalhadores no serviço público
estadual, ou seja, um total de mais de 75% dos trabalhadores pesquisados
receberam algum tipo de licença médica. Deste total, é possível destacar que a
grande maioria das licenças, foram concedidas por motivos comportamentais,
como depressão e estresse. Este número, de quase 7 mil licenças, equivale a
aproximadamente 35% do total. O estado de Santa Catarina calcula que só
neste período, foram gastos mais de 50 milhões de reais devido à necessidade
de concessão de licenças médicas.
Cruz et al (2011) perceberam que os transtornos mentais ou
comportamentais constituem uma das maiores causas de consultas médicas,
internações e afastamentos na atualidade. Em estudo realizado na região
metropolitana de São Paulo entre população em geral atendida pelo Programa
de Saúde da Família, localizado na zona norte da cidade, elas constataram a
prevalência de 24,9% de atendimentos relacionados à de transtornos mentais
ou comportamentais. Elas afirmam ainda que algumas pesquisas populacionais
nacionais e internacionais mostram “prevalência de transtornos depressivos na
população que variaram de 6,3% a 12,8% nos Estados Unidos, 10% na Grã-
Bretanha e de 0,9% a 10,2% no Brasil”.
.
1.2. A concepção de trabalho na modernidade
Para que possamos entender a motivação de tantas licenças saúde
reivindicadas durante as últimas décadas, necessitamos entender como o novo
modelo de trabalho, baseado no Capitalismo influi na vida do trabalhador
moderno, causando-lhe estresse.
Ao analisar as diversas esferas do trabalho, nota-se que todo o
modus operandi está baseado no capitalismo, o principal responsável pelo
caráter embrutecedor do trabalho. Surge então a necessidade de se analisar o
11
último dos regimes de relação de produção: o Capitalismo. O ponto marcante
do capitalismo consiste nas Revoluções Industriais.
A Primeira Revolução Industrial se confunde com a criação da
primeira máquina à vapor. Sparta (2003) nos afirma que o maior teórico
existente durante a Primeira Revolução Industrial foi Adam Smith, idealizador
do liberalismo Econômico. Sparta (2003) ainda afirma:
A sociedade capitalista industrial nasceu na Europa do final do
século XVIII, centrada na produção manufatureira em larga escala. A partir
deste momento, a vida laboral separou-se da vida doméstica e o trabalho foi
mecanizado e segmentado em tarefas especializadas. Um grande contingente
de agricultores e artesãos passou a vender sua força de trabalho para a
indústria em troca de salários. Duas classes sociais emergiram neste novo
cenário: a burguesia, detentora dos meios de produção industrial, rica e ávida
de consumo, e o proletariado, mão-de-obra necessária para a produção de
bens e serviços. Esta foi uma época de supervalorização da produção
industrial, em que os trabalhadores assalariados enfrentavam jornadas de
trabalho extensas e não possuíam qualquer direito ou garantia social.
No fim do século XIX ocorreu a Segunda Revolução Industrial, que
teve como principal característica o desenvolvimento da indústria química e
elétrica. Outra característica marcante foi a utilização de petróleo (e seus
derivados) e aço. Os principais pensadores da época são Marx e Engels, que
analisaram a exploração do trabalho. Sparta (2003) afirma:
Carl Marx e Friedrich Engels foram seus contemporâneos e
apontaram as perversidades das relações de trabalho engendradas pela
sociedade industrial do seu tempo, marcada pela exploração do trabalho
assalariado e pela alienação do trabalhador. Marx e Engels (1848/2001)
defenderam a idéia da luta de classes como motor do desenvolvimento social,
demonstraram como a burguesia foi revolucionária ao diluir o poder feudal e
como o proletariado deveria ocupar o seu papel revolucionário e destituir o
poder burguês. O saldo mais positivo do pensamento destes autores foi a
12
fundação das lutas por direitos e garantias sociais do trabalhador industrial
assalariado.
Segundo Sparta (2003) esta revolução teve como principal expoente
Taylor e Ford, que visavam o aumento da produção com a diminuição do
trabalho e a criação das linhas de montagem na indústria automobilística,
respectivamente. Araújo e Sachuk (2007) afirmam que durante a Segunda
Revolução Industrial, ao longo do desenvolvimento capitalista, gerou uma
concepção gerencialista do trabalho. Essas autoras explicam:
O trabalho é considerado como (1) mercadoria, num vínculo estreito
com o consumo, provedor de salários, assistência, benefícios e ampla rede de
proteção institucional, que inclui a garantia de estabilidade no emprego; (2)
provedor de contatos interpessoais; (3) pobre de conteúdo, parcelado,
monótono, mecanizado e repetitivo para a maioria dos trabalhadores.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, após a segunda metade do
século XX, o mundo ingressou numa etapa de profundas evoluções no campo
tecnológico. Surge a Terceira Revolução Industrial, desencadeada pela junção
entre o campo científico e a produção industrial. Araújo e Sachuk (2007)
afirmam como ocorreu a passagem do modelo taylorista/fordista para o modelo
da Terceira Revolução Industrial:
A superação gradual e histórica do modelo taylorista/fordista de
produção – decorrente de uma diversidade de fatores, como o gigantismo
organizacional e o concomitante crescimento da necessidade de maior
flexibilização e agilidade, a globalização dos mercados, o surgimento de novas
tecnologias e modelos de gestão e os movimentos socioculturais da sexta
década do século XX – criou novas contradições no mundo do trabalho. Dessa
forma, com a terceira Revolução Industrial, o avanço da informática e a
comunicação por satélite tornaram possível coordenar de forma eficiente
grande número de fornecedores independentes, sem a necessidade de integrá-
los sob o mesmo comando. O gigantismo burocrático da empresa fordista-
taylorista mostrou-se dispendioso e ineficiente quando comparado com o
sistema just in time.
13
Araújo e Sachuk (2007) dizem que o novo modo de trabalho, com as
novas tecnologias, exige um trabalhador melhor qualificado. Para aqueles que
estão empregados em um trabalho com o modelo moderno, Araújo e Sachuk
(2007) afirmam que “tem-se uma tarefa enriquecida no conteúdo, porém mais
exploração, na forma de ampliação da mais-valia. As contradições são muito
mais acentuadas, mesmo que mais sutis e/ou dissimuladas”. Estas mesmas
autoras ainda afirmam:
O trabalho como algo embrutecedor, monótono, repetitivo, não
deliberado, pesado, humilhante, arriscado, estimulado exclusivamente por
incentivos externos, embora continue existindo, provavelmente descrevendo o
trabalho da maioria da população, não é mais o que predomina nas
organizações contemporâneas.
Machado (2005) nos fala que o mundo do trabalho aponta para
mudanças significativas nos aspectos da centralidade do trabalho, como
categoria-chave. Vivemos um mundo mais profissionalizado, com
trabalhadores com escolaridade mais avançada atuando em todos os níveis.
Por outro lado, vivemos o fenômeno da implosão do processo de trabalho, que
redefine definitivamente o mundo do trabalho, as equipes e suas formas de
inserção. Experimentamos um vasto e grave processo de terceirização,
flexibilizando contratos, formas de pagamento e até mesmo jornadas de
trabalho. Partindo dos aspectos descritos acima, Caetano et al. (2012) afirma:
A reestruturação do processo produtivo verificada nas últimas
décadas implicou alterações diretas na saúde do trabalhador, modificando o
perfil de adoecimento e sofrimento desses indivíduos. Dependendo da forma
de organização do processo de trabalho, o cotidiano no ambiente laboral é
configurado por contextos nos quais os modos de se trabalhar, de lidar com o
tempo e equipamentos são seguramente danosos à saúde.
Caetano et al (2012) explica ainda que o processo de adoecimento,
infelizmente, está dentro da cadeia produtiva utilizada pelo novo modelo de
trabalho exposto anteriormente. Ferreira et al (2009) concorda com Caetano et
14
al (2012) ao afirmar que esta nova forma de trabalho tem contribuído para o
aumento dos “índices de absenteísmo, de acidentes, das doenças do trabalho
e de licenças-saúde nas organizações públicas”.
15
CAPÍTULO II
EVOLUÇÃO DA IDEIA DE ESTRESSE EM RELAÇÃO
AO AMBIENTE DE TRABALHO
Para que possamos entender a evolução do conceito de estresse no
trabalho é necessário analisar primeiramente como a ideia de estresse, que é
relativamente nova se desenvolveu a partir do século XX. Logo após, será
necessário entender como essa ideia começou a ser relacionada ao ambiente
laboral. Assim o faremos no próximo subitem.
2.1. Estresse no ambiente de trabalho
A ideia de estresse tem sido relacionada como uma consequência
da vida pós-moderna, chegando até mesmo a se tornar parte do senso comum.
Segundo Filgueiras e Hippert (1999) o conceito de estresse tem sido veiculado
erroneamente, principalmente pelos meios de comunicação, dando a
impressão de que este estado é a causa de todos os males da vida atual. Com
a motivação de desmistificar o conceito do estresse, estes autores apresentam
a ideia de Hans Selye foi o primeiro estudioso que tentou definir estresse, em
1936:
O estresse é o estado que se manifesta através da Síndrome Geral
de Adaptação (SGA). Esta compreende: dilatação do córtex da suprarenal,
atrofia dos órgãos linfáticos e úlceras gastro-intestinais, além de perda de peso
e outras alterações. A SGA é um conjunto de respostas não específicas a uma
lesão e desenvolve-se em três fases: 1) fase de alarme, caracterizada por
manifestações agudas; 2) fase de resistência, quando as manifestações
agudas desaparecem e; 3) fase de exaustão, quando há a volta das reações da
primeira fase e pode haver o colapso do organismo.
Estes autores ainda explicam que não é necessário que haja essas
três fases para que o estresse apareça, pois ele pode ser encontrado em
qualquer uma e “as doenças físicas mais sérias como úlceras, artrites,
16
hipertensão arterial, ou lesões cardíacas seriam derivadas da fase de
esgotamento” (Sousa et al., 2012).
Ainda segundo Hans Selye (1959) o estresse é um estado produzido
sistema biológico, que se encontra dentro da Síndrome Geral de Adaptação.
Este autor foi de grande importância, pois transpôs o termo “stress” que vem da
física, que significa “grau de deformidade sofrido por um material quando
submetido a um esforço ou tensão” (Pinheiro et al., 2011) para a biologia
“significando esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que
considere ameaçadoras a sua vida e a seu equilíbrio interno” (ibidem). Pereira
e Zille (2010) apud Selye (1959) consideram que:
O estresse não é tensão nervosa, estímulo e descarga hormonal das
glândulas supra-renais, que se restringem apenas às conseqüências de lesões
no corpo, alteração da homeostase, reação de alarme, agente de estresse ou
estressor e reação específica ou não específica do organismo. O estresse é um
estado caracterizado por uma síndrome específica de fatos biológicos.
Ocorrem modificações pontuais no sistema biológico que são causadas por
uma grande variedade de agentes, mas deve-se considerar o estresse como
sendo inespecificamente induzido. Dessa forma, ele é a resposta inespecífica
do corpo a exigências às quais está sendo submetido.
Pereira e Zille (2010) apud Selye (1959) diferenciam duas formas de
estresse, um positivo (eustresse) que representa uma reação do corpo a um
estímulo externo, só que nesse caso na forma de superação e prazer, e um
negativo (distresse) que se manifesta da forma como o conhecemos
atualmente. A diferenciação destes dois tipos de estresse fica mais elucidada
ao analisar o quadro anal processo de estresse, segundo Dejours (1998)
17
Figura 2- O processo de estresse segundo Dejours (1998, p. 65)
A partir da conceituação primordial de Selye começou-se a falar em
estresse como sendo um conceito não puramente orgânico, mas também como
sendo algo social e psicossomático. Com essa nova perspectiva, o estresse
começou a ser relacionado ao trabalho, pois é nessa área que ocorre a maior
necessidade de adaptação do indivíduo.
Billiard (1996) afirma que o primeiro autor a relacionar o labor com o
estresse foi Paul Silvadon no ano de 1952 e seu contemporâneo Le Guillant,
logo após a Segunda Guerra Mundial, causando um movimento chamado
psicopatologia do trabalho. Lima (1998) explicita de forma satisfatória a
contribuição destes autores para a compreensão da patologização que o
trabalho gera em forma de estresse:
A doença mental no trabalho seria conseqüência de toda uma
trajetória do indivíduo (daí sua proposta de se estudar minuciosamente a
história de vida dos pacientes) que se adicionaria a um contexto de trabalho
repleto de contradições e de exigências. Para ele, a chave da disciplina está na
questão da alienação, pois ela nos introduz "numa psicopatologia onde o
subjetivo e o objetivo seriam menos separados e onde o conhecimento do
indivíduo e da sociedade se reconciliariam" (ibidem, p.359). O que defende,
18
portanto, é uma abordagem psicossociológica da doença mental, na qual o
trabalho estaria no centro da realidade social.
O principal trabalho nesta época a respeito do estresse no trabalho
foi também publicado por Le Guillant em 1956, denominado “La névrose des
téléfonistes”, ou seja, “a neurose das telefonistas”. Neste artigo, este autor
procura entender o porquê das telefonistas de Paris tirarem longas licenças.
Segundo Santos e Galery (2001) “Le Guillant acreditava que o sofrimento
mental dos trabalhadores resultava das condições e da organização do
trabalho”.
Assim sendo, pode-se afirmar que Le Guillant foi o precursor da
ideia de adoecimento devido ao trabalho. Santos e Galery (2001) afirmam que
inicialmente Le Guillant relacionou o estudo da “Neurose das Telefonistas”
“Síndrome Geral da Fadiga Nervosa” correlacionando-as às condições de
trabalho, pois “pressupunham a diminuição dos gastos de energia muscular e
uma aceleração correlativa de rapidez dos atos de trabalho, que causariam um
aumento dos esforços de atenção, precisão e velocidade” (Ibidem).
Complementando essa ideia, estes mesmos autores citam Souza e Athayde
(2006) ao analisar este estudo:
A análise da fadiga, para os autores de Neurose das Telefonistas,
considera três planos: o fisiológico, o psicoafetivo e o psicossocial, tendo como
ponto de partida o trabalho e as relações objetivas criadas na interação do
trabalhador com seu trabalho.
Souza e Athayde (2006) complementam a análise de Santos e
Galery (2001) ao afirmar que com o artigo “Neurose das Telefonistas”, Le
Guillant inicia um estudo de sobre como o trabalho pode afetar a vida pessoal
do trabalhador em geral, complementando que essa não seria uma síndrome
localizada:
Le Guillant afirma que a síndrome acima descrita não seria exclusiva
das telefonistas, mas, ao contrário, poderia ser encontrada em pessoas em
atividade de trabalho, cujas condições fossem objetiva ou subjetivamente
penosas ou, ainda, que exigissem um ritmo excessivamente rápido de
operações.
19
Para chegar à conclusão acima destacada, Souza e Athayde (2006)
apud Doray (1996) analisam dois artigos específicos de Le Guillant, o primeiro
“La névrose des téléfonistes” (La Presse Médicale, nº 64) e o segundo
“Quelques notes méthodologiques a propos de la névrose des téléfonistes”
(Les Conditions de Vie et Santé). Para estes autores, a compreensão destes
dois artigos só é possível quando analisados juntos, pois eles formam em
uníssono uma crítica à medicina formal que desconsidera a “conexão entre
condições de vida-trabalho e problemas de saúde” (Idem). Nesse mesmo viés
de estudo, é possível entender o resumo que Souza e Athayde (2006) fazem
do trabalho de Le Guillant, afirmando que tal:
A síndrome acima descrita não seria exclusiva das telefonistas, mas,
ao contrário, poderia ser encontrada em pessoas em atividade de trabalho,
cujas condições fossem objetiva ou subjetivamente penosas ou, ainda, que
exigissem um ritmo excessivamente rápido de operações.
A partir desta enorme contribuição feita por Le Guillant, começaram
a surgir diversos trabalhos relacionando o trabalho com licenças-saúde.
Segundo Lima (1998), o maior representante deste campo de pesquisa a partir
da década de 60 foi Christophe Dejours, que começou a delinear seus
trabalhos a partir dos movimentos de Maio de 1968, “que se interessa pela
investigação das conseqüências mentais do trabalho, mesmo quando não
surgem doenças mentais propriamente ditas”.
O objeto de estudo deste autor era a Psicopatologia do Trabalho e o
sofrimento imputado aos trabalhadores que têm sido oprimidos no capitalismo.
Lima (1998) afirma a respeito de Dejours:
Ele observa que muitas vezes não é possível alcançar um equilíbrio
entre as exigências da organização do trabalho e as necessidades tanto
fisiológicas quanto psicológicas do trabalhador. Deste conflito emerge um
sofrimento que pode ser mais ou menos elaborado e apresentar repercussões
mais ou menos acentuadas sobre a saúde mental.
Nazareth et al. (2008) afirma que Dejours introduziu o conceito de
estresse dentro da proposta de Le Guillant, afirmando que o estresse não é
uma doença, mas um descontrole do organismo que tenta se adequar ao
trabalho. Para complementar essa ideia, Nazareth et al. (2008) afirma que
20
“Dejours (1998), o concebe como uma reação do trabalhador a diversos
aspectos do seu ambiente de trabalho que são percebidos como ameaçadores.
Tais agentes estressores afetam negativamente a produtividade do indivíduo”.
Dentro deste contexto, Couto e Moraes (1991) nos oferece um
resumo sobre a união entre estresse e trabalho, conceituando-a como Stress
Ocupacional:
Figura 3- Modelo Dinâmico do stress Ocupacional de Couto e Moraes
(1991, p. 78)
É dentro desta perspectiva que chegamos ao ápice da conexão
entre alto índice de licenças-saúde ocasionadas por estresse no ambiente de
trabalho: a “síndrome de Burnout”, que será analisada no próximo subitem.
21
2.2. Síndrome de Burnout
A vida conturbada da atualidade tem desencadeado um alto nível de
estresse na vida do trabalhador contemporâneo. Há um termo utilizado por
médicos e psicólogos para designar a exaustão obtida com o estresse no
trabalho, a “Síndrome de Burnout”. O termo burnout vem da língua inglesa e é
designado “como aquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de energia.
Metaforicamente é aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite, com grande
prejuízo em seu desempenho físico ou mental” Trigo et al. (2007).Estes
mesmos autores nos dão uma ideia mais abrangente de como a síndrome de
burnout se inicia:
A síndrome de burnout é um processo iniciado com excessivos e
prolongados níveis de estresse (tensão) no trabalho. Para o diagnóstico,
existem quatro concepções teóricas baseadas na possível etiologia da
síndrome: clínica, sociopsicológica, organizacional, sociohistórica (Murofuse et
al., 2005). A mais utilizada nos estudos atuais é a concepção sociopsicológica.
Nela, as características individuais associadas às do ambiente e às do trabalho
propiciariam o aparecimento dos fatores multidimensionais da síndrome:
exaustão emocional (EE), distanciamento afetivo (despersonalização – DE),
baixa realização profissional (RP) (Ibidem)
Essa síndrome foi descrita primeiramente pelo psicólogo alemão
Herbert Freudenbergerem 1970 nos Estados Unidos, quando iniciou sua
prática em psicologia. Segundo Carlotto e Palazzo (2006) há três dimensões
relacionadas à síndrome de burnout: exaustão emocional, despersonalização e
diminuição da realização pessoal no trabalho. Segundo essas mesmas autoras
esta síndrome pode ser descrita também como:
Um tipo de estresse de caráter duradouro vinculado às situações de
trabalho, sendo resultante da constante e repetitiva pressão emocional
associada ao intenso envolvimento com pessoas por longos períodos de
tempo. (Ibidem)
No Brasil esta síndrome começou a ser relatada e analisada a partir
de 1987, com Ana Cristina Limongi França, que abordou como a Burnout
22
associa o trabalho e o estresse como um fator importante para o absenteísmo.
Grangeiro et al. (2008) traçam um histórico de como essa doença foi descrita
no país após o artigo de França:
Na década de 1990 tiveram lugar as primeiras teses que
contemplavam o tema, a exemplo de Lipp (1996) que já cita o burnout em seus
estudos sobre o estresse. Benevides-Pereira (1994, 2001) inclui em suas obras
características típicas desta síndrome em um grupo de psicólogos. Mas,
provavelmente o aspecto mais preponderante para situar esta síndrome
ocorreu em 1996, quando da Regulamentação da Previdência Social. Nesta
oportunidade, tal síndrome foi finalmente incluída como um agente patogênico
causador de doença profissional. Entretanto, mesmo assim, esta ainda é pouco
conhecida por parte dos profissionais, mesmo daqueles que, devido à sua
ocupação, deveriam conhecê-la o suficiente para poder orientar, diagnosticar
ou encaminhar para uma intervenção.
Devido ao amplo desconhecimento, muitos nomes surgiram a
identificar denominar a síndrome de burnout, causando dificuldade tanto para
os pacientes quanto para as empresas que tem que enfrentar o constante
absenteísmo do doente. Grangeiro et al. (2008) nos oferece alguns exemplos:
A título de exemplos, seguem algumas dessas denominações:
estresse laboral para assinalar a associação com o trabalho (Büssing & Glaser,
2000; González, 1995; Herrero, Rivera & Martín, 2001; Schaufeli, 1999),
estresse profissional (May & Revich, 1985; Nunes, 1989), estresse assistencial,
estresse ocupacional assistencial ou simplesmente estresse ocupacional
denotando uma maior incidência entre profissionais que lidam com o cuidado a
outras pessoas, independentemente do caráter profissional ou trabalhista
(Carlotto, 1999; Firth, 1985; Shoröder, Martín, Fontanais & Mateo, 1996).
Alguns autores espanhóis referem-se à expressão síndrome de queimar-se
pelo trabalho (Gil-Monte & Peiró, 1997; Seisdedos, 1997) ou desgaste
profissional (Moreno-Jiménez, Garrosa & González, 2000). No Brasil,
observam-se referências à neurose profissional ou neurose de excelência
(Stella, 2001), ou síndrome do esgotamento profissional (Moraes, 2000).
Carlotto e Palazzo (2006) afirmam que a teoria mais aceita na
atualidade sobre a Síndrome de Burnout é a perspectiva socialpsicológica de
23
Maslach e Jackson, que consideram esta síndrome como sendo um estresse
causado pelo constante trabalho em conjunto. Carlotto e Palazzo (2006) nos
explicam mais detalhadamente as três perspectivas da síndrome de burnout
segundo Maslach e Jackson:
É um construto formado por três dimensões relacionadas, mas
independentes: (a)exaustão emocional: caracterizada por falta de energia e
entusiasmo, por sensação de esgotamento de recursos ao qual pode somar-se
o sentimento de frustração e tensão nos trabalhadores; (...) (b)
despersonalização: caracterizada pelo desenvolvimento de uma insensibilidade
emocional, que faz com que o profissional trate os clientes, colegas e a
organização de maneira desumanizada; (c) diminuição da realização pessoal
no trabalho: caracterizada por uma tendência do trabalhador a autoavaliar-se
de forma negativa, (...), com conseqüente declínio no seu sentimento de
competência e êxito, bem como de sua capacidade de interagir com os demais.
(Idem)
Grangeiro et al. (2008) apud Schaufeli e Buunk (1996) discorda de
afirma que Maslach e Jackson ao afirmar que existem mais de três dimensões
relacionada a esta síndrome. Para eles, a síndrome apresenta seis dimensões:
afetiva, cognitiva, física, comportamental, social e atitudinal. Na dimensão
afetiva, estes autores destacam que há um sentimento de baixa auto-estima,
sentimento de impotência ao trabalho, gerando um quadro depressivo. Na
dimensão cognitiva a pessoa que desenvolve essa doença apresenta como
principal característica a apatia em relação à profissão, e presença de sintomas
sensório-motores, como os tiques nervosos, a agitação e a incapacidade para
relaxar. Já na dimensão física abarca os sintomas psicossomáticos. Na
dimensão comportamental, a principal característica é o absenteísmo. Não
obstante, a dimensão social se revela com problemas dentro da empresa, por
conta de um comportamento de evitação dos contatos sociais. Por fim, a
dimensão atitudinal é demonstrada pela a desumanização, a insensibilidade, a
indiferença e o cinismo no trato com os clientes.
Capelatto (2010) propõe a ocorrência de doze estágios para que
síndrome de burnout se torne uma realidade. Para este autor, tudo começa
com uma dedicação exagerada ao trabalho, pois “o portador de Burnout mede
24
autoestima pela capacidade de realização e sucesso profissional”. Porém
quando há um não reconhecimento deste esforço, surge o primeiro estágio: a
necessidade de se afirmar. Para este autor, os estágios seguintes são:
dedicação intensificada; descaso com as necessidades pessoais; recalque de
conflitos, que é quando ocorrem as manifestações físicas; reinterpretação dos
valores; negação de problemas; recolhimento; mudanças de comportamento;
despersonalização; vazio interior; depressão; e, por fim, a síndrome de burnout
propriamente dita.
Devido à diversidade de sintomas relacionados com a síndrome de
burnout, há uma dificuldade na diferenciação desta com a depressão. Sobre
esse assunto, Grangeiro et al. (2008) discorre:
Alguns estudos demonstram que burnout e depressão emergem por
diferentes fatores (McIntyre, 1994; Schaufeli & Buunk, 2003). Segundo
Benevides-Pereira (2002), a pessoa que vivencia o burnout identifica o trabalho
como desencadeante do processo e apresenta uma sintomatologia com
prevalência de sentimentos de desapontamento e tristeza. Por outro lado, na
depressão há prevalência de sentimentos de derrota e letargia para a tomada
de atitude.
Para entender melhor os sintomas relacionados à síndrome de
burnout, Trigo, Teng e Hallak (2007) detalham as principais formas de
manifestação desta doença:
Sentimentos de desesperança, solidão, depressão, raiva,
impaciência, irritabilidade, tensão, diminuição de empatia; sensação de baixa
energia, fraqueza, preocupação; aumento da suscetibilidade para doenças,
cefaléias, náuseas, tensão muscular, dor lombar ou cervical, distúrbios do
sono.
Estes mesmos autores afirmam que esta doença é tão presente na
sociedade brasileira que até mesmo a Previdência social a reconhece como
uma doença profissional, relacionando-a como um transtorno mental
relacionado ao trabalho:
No Brasil, o Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, aprovou o
Regulamento da Previdência Social e, em seu Anexo II, trata dos Agentes
Patogênicos causadores de Doenças Profissionais. O item XII da tabela de
25
Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho
(Grupo V da Classificação Internacional das Doenças – CID-10) cita a
“Sensação de Estar Acabado” (“Síndrome de Burnout”, “Síndrome do
Esgotamento Profissional”) como sinônimos do burnout, que, na CID-10,
recebe o código Z73.0. (Ibidem)
Trigo, Teng e Hallak (2007) analisaram diversos dados estatísticos,
chegando à conclusão de que o estresse é o principal fator que leva os
trabalhadores a se afastarem do trabalho. Como a síndrome de burnout é o
resultado de um processo crônico de estresse, ela é a principal causa do
absenteísmo e/ou licenças-médicas nas empresas, pois
À medida que o trabalho deixe de ser um construtor de autoestima,
de autopromoção do indivíduo e de construção de prazer, pode gerar dano,
como o burnout, como um engodo que ocorre na esperança de se tornar o
melhor, o mais especial, o primeiro da lista de promoções. O trabalho é uma
escolha, não só da sobrevivência econômica do indivíduo, mas da sua
sobrevivência como sujeito de uma sociedade; é a promoção de sua identidade
como pessoa. Capelatto (2010)
É com base nesse macro-cenário que surge a necessidade urgente
das empresas aplicarem estratégias que diminuam os problemas de saúde,
tanto médicos quanto psicológicos, dos trabalhadores. Sato acrescenta:
Insere-se, especialmente, naquele conjunto de estratégias que
visam prevenir determinados problemas de saúde, como por exemplo, os de
saúde mental e psicossomáticos, as lesões por esforços repetitivos, os
acidentes de trabalho, como mostram diversas evidências obtidas por
pesquisas empreendidas com o apoio de referenciais teórico-metodológicos os
mais diversos, e focando as diferentes categorias de trabalhadores. (Sato,
2002)
Neste sentido, Sato (2002) acredita que as empresas necessitam
fazer um replanejamento do modo de trabalho, inserindo neste as
preocupações relacionadas à saúde do trabalhador.
26
Ferreira et al (2009) concorda com Sato (2002) e acrescenta que
este replanejamento deve ser inserido na maneira com que os gestores devem
repensar “as práticas organizacionais, buscando responder eficientemente às
exigências da nova conjuntura”. Neste sentido, as práticas gestacionais devem
ser voltadas para a maneira com que a “Qualidade de vida do Trabalhador”.
27
CAPÍTULO III
POSSÍVEIS SOLUÇÕES TOMADAS PELAS EMPRESAS
PARA RESOLUÇÃO DESSES PROBLEMAS.
O enfrentamento do estresse e da síndrome de burnout é
imprescindível para que haja uma reação frente ao sofrimento causado pela
situação laboral. Moreno et al. (2011) acreditam que as estratégias para lidar
com essa síndrome dependem do objetivo desejado, pois há diversas tecnicas,
entre elas estão:
Intervenções focadas no indivíduo como baseadas em habilidades
comportamentais e cognitivas de coping, meditação, educação em saúde e
atividade física; na relação indivíduo-organização compreendendo as ações
para melhoria da comunicação e trabalho em equipe, entre outras; na
organização como treinamento e mudança das condições físico-ambientais e
intervenções combinadas que associam dois ou mais tipos de intervenções
com focos distintos.
Moreno et al. (2011) apud Benevides (2002) acreditam que para o
enfrentamento da crise de burnout há três possíveis intervenções: “centrados
na resposta do indivíduo (individual), no contexto ocupacional (organizacional)
e na interação contexto ocupacional e indivíduo (combinadas)”.
Entre as individuais, a principal intervenção frente ao estresse e à
síndrome de burnout consiste na aprendizagem, por parte do profissional, de
“estratégias de enfrentamento adaptativas diante de agentes estressantes,
conseguindo prevenir as respostas negativas associadas aosefeitos do
estresse” (Ibidem), destacando a função do médico e do psicólogo.
Porém, segundo Moreno et al. (2011) as intervenções
organizacionais são as mais eficazes devido à variabilidade dos estressores e
ao fato de que o ambiente de trabalho deve ser adequado a todos os
funcionários. Dentro das intervenções organizacionais, a principal delas se
refere à qualidade de vida do trabalhador.
A qualidade de vida no trabalho, porém, é um dos novos desafios da
atualidade principalmente ao se pensar que a falta de projetos que visem a
28
QVT trazem diversos malefícios à empresa, como, por exemplo, o alto número
de trabalhadores com doenças médicas e psicológicas, que necessitam tirar
licença saúde por diversas vezes. Cavassani et al (2006) ainda afirma que
estudos relacionados à aplicação da QVT em variados ambientes de trabalho
“tiveram como consequência a divisão de tarefas e a especialização dos
trabalhadores, esta forma de trabalho eliminava esforços desnecessários. O
operário trabalharia mais e se cansaria menos” (ibidem). Ferreira et al. (2009)
ainda afirma:
Do ponto de vista das organizações, a importância do tema QVT se
inscreve numa perspectiva de enfrentamento dos problemas presentes no
cotidiano dos ambientes de trabalho que colocam a qualidade de vida no
trabalho como uma real necessidade.
Maximiniano (2000) define a QVT como uma visão integral das
pessoas, que é o chamado enfoque biopsicossocial. “O enfoque
biopsicossocial das pessoas origina-se da medicina psicossomática, que
propõe a visão integrada, ou holística, do ser humano”.
Esta definição concorda com Vasconcelos (2001) apud França
(1997) que acreditam que “a construção da qualidade de vida no trabalho
ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um
todo, o que chamamos de enfoque biopsicossocial”.
Vieira (1990) cita ainda várias definições de QVT: como, por
exemplo, em que “a QVT tem como objetivo central gerar uma organização
mais humanizada para resultar dela uma relação entre capital e trabalho não
conflitante, mas sim cooperativa”.
Nunca se falou tanto em Qualidade de Vida no Ambiente do
Trabalho como se tem falado neste século. No entanto, o século XXI tem
muitos desafios ainda pela frente. Segundo Boog (2001)
A Qualidade de Vida no Trabalho representa hoje um dos maiores
desafios empresarias, pois não é simples conciliar competitividade aos novos
padrões de conhecimento, aliados a qualificação profissional e aos novos
estilos de vida. Quando se fala em qualidade de vida, é a percepção de bem-
29
estar, a partir das necessidades individuais, ambiente social e econômico e
expectativa de vida.
Para Vasconcelos (2001) apud Silva e de Marchi (1997), há dois
principais desafios a serem vencidos pelo mundo empresarial atualmente:
O primeiro está relacionado à necessidade de uma força de trabalho
saudável, motivada e preparada para a extrema competição atualmente
existente. O segundo desafio é a capacidade, na visão deles, de a empresa
responder à demanda de seus funcionários em relação a uma melhor
qualidade de vida.
Vasconcelos afirma que o povo brasileiro é um dos povos mais
operosos do mundo, com cerca de 54 horas semanais, provocando estresse,
entre outros problemas de saúde. Portanto, há muito o que se investir na área
de Qualidade de Vida no Trabalho.
Concluímos então que a QVT envolve uma série de aspectos que
agem diretamente sobre a produtividade e a subjetividade do trabalhador.
Estes fatores são tanto ambientais como internos a pessoa, que deve ser
considerada como ser pensante e ativo, não apenas como mero reprodutor de
regras de execução do cargo. Ou seja, o ser humano é um todo, não pode ser
visto por suas partes separadamente.
30
CONCLUSÃO
O homem é constantemente pressionado a se comportar. Assim,
nas organizações o comportamento acaba por ser funcional em razão da
conduta conveniente.
A conduta é amparada em relação as suas conseqüências. Deste
modo, o comportamento do indivíduo está voltado para os objetivos
organizacionais.
Neste contexto, o comportar-se “bem” de um funcionário na
empresa, é amparado nas próprias conveniências da organização, a fim de
atingir os objetivos impostos.
A presente imposição da empresa ocasiona angustias no
homem, fragilizando-o em relação aos demais, interferindo, assim, nas
relações interpessoais. O indivíduo poderá utilizar o seu desenvolvimento
como um processo de acusação.
Deste modo, é necessário que o empregado seja bem
trabalhado, sendo necessário a empresa ensinar a equipe a utilizá-lo.
Portanto, o retorno de informação entre os funcionários deve ser
realimentado, ou seja, é a informação que um determinado sistema passa
para outro, apresentando-se o impacto do seu funcionamento.
A informação é o reconhecimento do poder do outro, ou seja, é a
informação repassada, sendo que esta deverá ser utilizada da melhor
maneira possível. Assim, o funcionário satisfeito acaba por representar a
melhor ferramenta para a empresa.
Diante disto, o presente trabalho procurou identificar a conexão que
o estresse no ambiente laboral tem com a elevação do alto índice de pedidos e
concessões de licenças-saúde.
Neste sentido, pudemos analisar como o capitalismo gerou uma
série de mecanismos para controlar o funcionário, objetivando sempre a
ampliação da mais-valia. Neste sentido, o mercado tem buscado pelo
funcionário mais qualificado, colocando uma série de exigências não só
profissionais, como pessoais, que resulta num processo de seleção cruel.
31
Este novo conceito de trabalho tem provocado diversas doenças
sociais e individuais, sendo as principais o estresse e a síndrome de burnout,
um tipo de estresse de caráter duradouro que sempre está vinculado às
situações de trabalho oferecidas pela pós-modernidade.
Neste sentido, foi mister trazer à tona as principais formas de driblar
as estes efeitos e até mesmo prevenir o seu aparecimento. Dentre as formas
sugeridas, pudemos entender que a Qualidade de Vida no Trabalho é a
principal forma de aliar os interesses do funcionário com os da empresa,
presando pela saúde mental do indivíduo.
32
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