Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no
perfil nutricional e ingestão energética em estudantes
universitários Portugueses
Effect of breakfast contribution to nutrient profile and energy
intake among Portuguese university students
Sandra Marlene Ribeiro de Abreu
Orientado por: Dr. Hugo Fernando de Jesus Oliveira Valente
Co-orientado por: Dra. Luísa Maria da Cruz Soares Miranda
Trabalho de Investigação
Porto, 2009
i
Agradecimentos
Ao Dr. Hugo Valente agradeço a confiança que em mim depositou em ter aceite
orientar este trabalho. Agradeço ainda, a revisão paciente e profunda deste
trabalho bem como a sua disponibilidade constante.
À Dra. Luísa Miranda pelo aconselhamento dos procedimentos estatísticos mais
adequados no tratamento de dados, pelo apoio constante e pelo interesse
demonstrados durante a realização deste trabalho. Agradeço, também, a revisão
crítica e pertinente deste trabalho.
Ao Professor Doutor Jorge Mota pela disponibilização dos dados para a
realização deste trabalho.
ii
Índice
Agradecimentos..................................................................................................... i
Lista de Abreviaturas............................................................................................ iii
Resumo ................................................................................................................iv
Abstract ................................................................................................................vi
1. Introdução......................................................................................................... 1
2. Objectivos......................................................................................................... 7
3. Material e Métodos ........................................................................................... 7
3.1. Amostra...................................................................................................... 7
3.2. Avaliação da ingestão alimentar e nutricional ............................................ 8
3.3. Dados antropométricos ............................................................................ 10
3.4. Dados sócio-demográficos e actividade física ......................................... 11
3.5. Análise estatística .................................................................................... 11
4. Resultados...................................................................................................... 12
5. Discussão....................................................................................................... 17
6. Limitações ...................................................................................................... 22
7. Conclusão....................................................................................................... 23
8. Referências Bibliográficas .............................................................................. 24
iii
Lista de Abreviaturas
ESTSP – Escola Superior de Tecnologias da Saúde do Porto
FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
FCNAUP – Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do
Porto
FCUP – Faculdade de Ciências da Universidade do Porto
FEP – Faculdade de Economia da Universidade do Porto
FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
FMDUP – Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
FMUP – Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
FPCEUP – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do
Porto
ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar
IMC – Índice de massa corporal
ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto
OMS – Organização Mundial de Saúde
OR – Odds Ratio
RR – Risco relativo
iv
Resumo
Introdução: O padrão alimentar desequilibrado encontrado nos estudantes
universitários reflecte, possivelmente, as pressões socais e académicas que
enfrentam neste novo ambiente. A omissão de refeições, nomeadamente, do
pequeno-almoço é frequentemente encontrada em jovens adultos. O consumo do
pequeno-almoço tem sido apontado como um factor importante no equilíbrio
nutricional, na performance académica, na redução do risco de doenças crónicas
e obesidade, fazendo dele um veículo importante para a promoção da saúde.
Objectivo: determinar o efeito do contributo energético do pequeno-almoço no
perfil nutricional e ingestão energética numa amostra de estudantes universitários.
Material e métodos: foi aplicado um registo alimentar das últimas 24horas a 221
estudantes (121 mulheres) que frequentavam o ensino universitário, no ano
lectivo de 2007/2008, com idades compreendidas entre os 18 e 25 anos. A
conversão dos alimentos em nutrimentos foi efectuada através do programa
informático Food Processor SQL®. A amostra foi dividida em tertis segundo o
contributo energético do pequeno-almoço para a ingestão energética total (tertil 1:
0-11%; tertil 2: 12-17%; tertil 3: 18-50%). Para a análise estatística utilizou-se o
Statistical Package for the Social Science versão 13.0, e seguintes testes
estatísticos: One Way Anova, Kruscall-Wallis, Qui-quadrado e Mann-Whitney.
Resultados: verificou-se que a ingestão energética total foi significativamente
superior nos tertis 1 e 2, comparativamente ao tertil 3 (tertil1: 2227,2kcal vs tertil2:
2419,1kcal vs tertil3: 1904,5kcal, p <0,05). Relativamente ao contributo relativo
em hidratos de carbono para a ingestão energética total, verificou-se no tertil 3 um
contributo médio significativamente superior comparativamente com o tertil 1
v
(tertil1: 45,4% vs tertil 3: 49,8%, p <0,05). Verificou-se, um contributo médio de
gorduras totais relativo à ingestão energética total inferior no tertil 3,
comparativamente com os outros tertis (tertil1: 35,1% vs, tertil2: 32,8% vs tertil3:
30,1%, p <0,05), sendo que o contributo médio em gorduras saturadas foi
significativamente superior nos tertis 1 e 2 (tertil1: 10,8% vs tertil2: 10,1% vs
tertil3: 9,4%, p <0,05). Relativamente ao contributo energético dos episódios
alimentares, verificou-se no tertil 3, para o almoço e jantar, um contributo
significativamente inferior ao do tertil 1 (almoço - tertil1: 35,6% vs tertil3: 29,2% p
<0,05) (jantar - tertil1: 32,4% vs tertil3: 25,4%, p <0,05). O contributo energético
relativo à merenda da manhã foi significativamente inferior no tertil 3 quando
comparado com o tertil 2 (tertil2: 6,6% vs tertil3: 3,7%, p <0,05).
Conclusão: estes resultados sugerem que o contributo energético do pequeno-
almoço é um factor importante na adequação do perfil nutricional e ingestão
energética total. Assim, torna-se essencial a promoção do consumo do pequeno-
almoço como estratégia na adopção de hábitos alimentares saudáveis e
adequação nutricional em estudantes universitários.
Palavras-chave: pequeno-almoço, ingestão energética, perfil nutricional,
estudantes universitários.
vi
Abstract
Background: The unbalanced dietary found in university students possibly
reflects the social and academic pressures they face in this new environment. The
omission of meals, including breakfast is often found in young adults. The
consumption of breakfast has been associated with a better nutritional profile, a
better academic performance, a decrease risk of chronic diseases and obesity,
making it an important vehicle for health promotion.
Aim: analyse the contribution of breakfast in nutrient profile and energy intake in
university students.
Methods: A total of two hundred twenty one university students (121 females)
aged between 18-25 years old, completed a 24-hour recall. The students were
attending the first year of the university during the 2007/2008 academic year. Food
Processor SQL® program was used to convert food into nutrient. Energy to
nutrient intake, total energy intake and energy intake to meals were compared
across tertils of breakfast contribution to total daily energy intake. The contribution
of breakfast provided between 0 and 11%, 12 and 17%, 18 and 50% of energy in
tertile 1, tertile 2 and tertile 3 respectively. Analysis was done using Statistical
Package for the Social Science software version 13.0. Analysis of variance was
used to investigate the relationships of breakfast contribution on total energy
intake, energy intake to nutrient and meals.
Results: The total energy intake was significantly higher in tertile 1 and 2,
compared to tertile 3 (tertil1: 2227.2 kcal vs tertil2: 2419.1 kcal vs tertil3: 1904.5
kcal, p <0.05). The contribution of the carbohydrates to total energy intake was
significantly higher in tertil 3 than tertil 1 (tertil1: 45.4% vs tertil 3: 49.8%, p <0.05).
vii
There was a lower contribution to the fat on total energy intake in tertile 3
compared with the others tertiles (tertil1: 35.1% vs, tertil2: 32.8% vs tertil3: 30.1%,
p <0.05), and the contribution to saturated fat was significantly higher in tertile 1
and 2 (tertil1: 10.8% vs tertil2: 10.1% vs tertil3: 9.4%, p <0.05). Additionally
concerning meals contribution, it was found in tertil 3, for lunch and dinner, a
significantly lower contribution to the tertil 1 (lunch - tertil1: 35.6% vs tertil3: 29.2%
p <0.05) (dinner - tertil1: 32.4% vs tertil3: 25.4%). The energy contribution of
morning snack was significantly lower in tertil 3 when compared with the tertil 2
(tertil2: 6.6% vs tertil3: 3.7%, p <0.05).
Conclusions: Our results suggest that contribution of breakfast is an important
factor to the overall nutrient profile and energy intake adequacy during the day.
These findings confirm that breakfast consumption should be encourage as an
important strategy for improving the nutritional quality and healthy dietary habits of
university students.
Keywords: breakfast, energy intake, nutrient profile, university students.
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
1
1. Introdução
A alimentação é um dos factores externos que pode influenciar, positiva ou
negativamente, a saúde dos indivíduos, segundo Emílio Peres, ela “faz-nos
pequenos ou grandes, imbecis ou inteligentes, frágeis ou fortes, apáticos ou
intervenientes, insociáveis ou capazes de saudável convivência…no fundo somos
aquilo que comemos” (1). Segundo a OMS, a adopção de estilos de vida
saudáveis, nomeadamente de hábitos alimentares saudáveis, poderiam evitar
80% dos casos de doença cardiovascular, 90% dos casos de diabetes mellitus
tipo 2 e 33% de todos os tipos de cancro (2).
O estudo do padrão alimentar e perfil nutricional em estudantes universitários
tem um relevante interesse, uma vez que, a entrada na Universidade está
associada, em muitos casos, a uma maior independência, a uma menor
supervisão dos pais e a maiores pressões sociais e académicas (3). Tal como se
encontra descrito (3), este novo ambiente altera, frequentemente, vários dos
determinantes de saúde, entre os quais se salienta um padrão alimentar saudável
e consequentemente o perfil nutricional. À maior independência experienciada
pelos estudantes associa-se, também, a responsabilidade pela sua ingestão
alimentar bem como a escolha de alimentos. Esta parece ser influenciada,
segundo alguns autores, por factores económicos, sócio-culturais, ambientais, de
conveniência e ainda características individuais (fisiológicas, psicológicas e
preferências) dos estudantes (4-8). A existência de padrões alimentares
desequilibrados tem sido descrito, em alguns estudos, em estudantes
universitários (9, 10).
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
2
A ocorrência de erros alimentares, como a omissão de refeições,
nomeadamente do pequeno-almoço, o consumo de alimentos de alta densidade
energética, ricos em gordura, açúcar e sal, e o consumo insuficiente de
hortofrutícolas contribuem para a vulnerabilidade nutricional nos estudantes
universitários (9, 11).
O papel do pequeno-almoço tem suscitado múltiplos interesses (12-14),
trabalhos publicados já nos anos 50 sugeriam que a omissão ou o consumo
nutricionalmente desadequado do pequeno-almoço poderia ter consequências
desfavoráveis no equilíbrio nutricional dos indivíduos e afectar determinadas
funções do organismo (capacidade de concentração e física, performance
académicas, entre outras) (15-17). Segundo alguns estudos (18, 19), a omissão do
pequeno-almoço inicia-se na adolescência e aumenta com a idade. Em Espanha,
no estudo enKid (18), cerca de 2% das crianças com idade compreendida entre os
6 e 9 anos omitem o pequeno-almoço. Com o avançar da idade esta proporção
aumenta para 10% entre os 14 e os 17 anos e para 15% entre os 18 e os 24 anos
(18). A mesma tendência verifica-se noutros países ocidentais, nomeadamente em
França onde cerca de 18% dos adultos, entre os 18 e 65 anos, não realizam esta
refeição (20). Para Majem et al (21), o pequeno-almoço, por ser a primeira refeição
do dia, representa o ponto de partida para a adopção de hábitos alimentares ao
longo do processo de definição do comportamento alimentar. Apesar de não
existir uma definição universalmente aceite para o pequeno-almoço ideal parece
existir um consenso relativamente ao seu contributo energético, à sua
composição e à sua regularidade (22-25). Quanto ao seu contributo energético este
deveria satisfazer entre 20 a 25% da energia ingerida diária (22, 23). No entanto, na
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
3
maioria dos estudos realizados em países desenvolvidos, observa-se que o
contributo energético do pequeno-almoço para a ingestão energética total é
inferior ao recomendado, variando entre os 15 e 20% (20, 26). Além da sua
regularidade diária o pequeno-almoço deveria incluir alimentos como lacticínios,
cereais e derivados e fruta (24, 25).
Numerosos estudos têm verificado que o consumo regular do pequeno-
almoço contribui significativamente para o equilíbrio nutricional dos indivíduos,
melhorando a distribuição da ingestão energética ao longo do dia e o perfil
nutricional, nomeadamente, o aporte em micronutrimentos (19, 20, 23, 24, 27). De facto,
indivíduos com um consumo regular do pequeno-almoço tem maior ingestão de
fibras, cálcio, vitaminas A e C, riboflavina, zinco, ferro e menor ingestão
energética total, menor ingestão de gordura e colesterol, comparativamente com
indivíduos que omitem esta refeição (19, 23). Encontra-se também descrito na
literatura, que os indivíduos que omitem o pequeno-almoço tendem a escolher
alimentos com maior densidade energética durante o dia (28). Um estudo realizado
em adolescentes, verificou que indivíduos que consumiam um pequeno-almoço
de alta qualidade, isto é, caracterizado por um consumo regular e pela presença
de dois ou mais alimentos dos diferentes grupos (produtos cerealíferos, lacticínios
e hortofrutícolas) apresentavam ingestões totais significativamente maiores de
pão, hortofrutícolas, lacticínios e menor ingestão de refrigerantes
comparativamente com os adolescentes que consumiam um pequeno-almoço de
baixa qualidade (omissão/consumo irregular e ausência ou presença de somente
um alimento dos diferentes grupos) (24).
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
4
O papel positivo do consumo de pequeno-almoço na performance
académica e na redução do risco de doenças crónicas e obesidade também tem
sido alvo de estudo (14, 29). Vários estudos sugerem que o consumo regular de
pequeno-almoço contribui não só para alcançar e manter um peso saudável,
como também para o menor ganho ponderal ao longo do tempo (28, 30, 31). Um
estudo recente do NHANES III verificou a existência de uma associação inversa
entre o consumo de pequeno-almoço e o IMC (30). Neste observaram, nas
mulheres, a existência de uma associação significativa entre o consumo regular
do pequeno-almoço e um valor de IMC <25kg/m2 (30). Verificaram, ainda, que as
mulheres que referiam consumir o pequeno-almoço tinham uma menor
probabilidade de ter excesso de peso (IMC> 25kg/m2) comparativamente com as
mulheres que omitiam esta refeição (OR= 0.76, IC a 95% 0,57-1,01, p=0,05) (30).
Encontra-se descrito que, numerosos factores como o consumo de gordura
total e saturada, hortofrutícolas, cereais e fibras, afectam o risco de doenças
crónicas (32-34). Quando considerado o papel do pequeno-almoço, alguns estudos
tem descrito uma associação positiva entre o consumo regular desta refeição e a
redução da morbilidade e mortalidade por doenças crónicas (14, 35, 36). No Alameda
County Study (36), verificaram que o consumo irregular desta refeição está
associado ao aumento do risco de morte. De facto, foi observado nos indivíduos
que omitiam o pequeno-almoço um aumento no risco de morte comparativamente
com aqueles que consumiam regularmente esta refeição (RR= 1,46, IC a 95%
1,17-1,83) (36). Noutro estudo com 86 190 homens, o consumo de cereais integrais
ao pequeno-almoço, ajustado para outros factores de risco como hábitos etílicos,
hábitos tabágicos, actividade física e IMC, foi inversamente associado ao risco de
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
5
morte (RR= 0,73) e de morte por doença cardiovascular (RR=0,72) (35). Assim,
estes estudos sugerem que padrões alimentares que incluem um consumo
regular do pequeno-almoço e no qual esteja presente cereais integrais e fruta,
tem um efeito protector no risco de doenças crónicas e mortalidade.
O efeito do consumo do pequeno-almoço nos níveis de colesterol plasmático
tem sido alvo em alguns estudos, nos quais se verifica que indivíduos que omitem
esta refeição apresentam níveis mais elevados de colesterol (13, 37). Um estudo
randomizado realizado em mulheres (IMC=23,2±1,4 Kg/m2), observou
concentrações plasmáticas de colesterol-total e colesterol-LDL inferiores nas
mulheres que consumiam o pequeno-almoço comparativamente com as que o
omitiam (3.14 vs 3.43 mmol/L, e 1.55 vs 1.82 mmol/L, respectivamente; p =0.001)
(37). Segundo um estudo realizado com crianças, adolescentes e adultos franceses
os consumidores de pequeno-almoço que incluíam cereais prontos a comer,
apresentavam níveis de colesterol plasmático mais baixos comparativamente com
aqueles que não consumiam este tipo de alimentos (23). Neste, consumidores de
cereais prontos a comer ao pequeno-almoço, com idades compreendidas entre os
18 e 65 anos, apresentaram concentrações plasmáticas de colesterol total
significativamente inferiores quando comparados com indivíduos da mesma faixa
etária que não consumiam cereais prontos a comer (4,97 vs 5,36 mmol/L,
respectivamente; p <0,05) (23). Os resultados destes estudos, tornam-se
particularmente relevantes quando consideramos o papel do colesterol como um
dos maiores factores de risco para doenças cardiovasculares (38).
O papel do pequeno-almoço na performance académica tem sido descrito
por alguns autores, em crianças e adolescentes (29, 39). A omissão do pequeno-
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
6
almoço parece afectar a memória de curto prazo e episódica, a resolução de
problemas e a atenção (29). A diminuição dos níveis de glicemia e insulinemia
observado no jejum nocturno e prolongado pela omissão do pequeno-almoço
parece reflectir-se na diminuição de algumas das capacidades cognitivas referidas
anteriormente (40). Um estudo recente em adolescentes demonstrou que o
consumo de um pequeno-almoço de elevada qualidade, ou seja, que inclua
alimentos dos diferentes grupos (cereais e derivados, hortofrutícolas, lacticínios,
carne e ovos), estava associado a um melhor resultado no teste de saúde mental
(39). A ingestão alimentar foi recolhida em 836 adolescentes através de um registo
alimentar de 3 dias e a saúde mental foi medida pelo Child Behaviour Checklist
que avalia os problemas e competências comportamentais e emocionais em
crianças e adolescentes. Quando ajustado para confundidores (IMC,
características sociodemográficas e familiares, actividade física e hábitos
alimentares) a ingestão de um pequeno-almoço de elevada qualidade associava-
se a uma diminuição de 1,66 pontos (p= 0,002) no Child Behaviour Checklist
comparativamente com os adolescentes que omitiam esta refeição (39).
A importância evidenciada na literatura relativamente ao consumo do
pequeno-almoço leva-nos a acreditar que esta é uma refeição essencial para a
adopção de hábitos alimentares saudáveis. Numerosos estudos têm estudado o
papel do consumo do pequeno-almoço em crianças (18, 22, 23, 41), adolescentes (18,
19, 23, 24, 42) e adultos (18, 23, 27, 43). Os dados sobre o efeito do pequeno-almoço no
perfil nutricional e ingestão energética, em estudantes universitários, são
escassos. Segundo o meu conhecimento existe apenas um estudo com
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
7
estudantes da Universidade do Porto, não publicado, sobre a caracterização do
contributo nutricional do pequeno-almoço no dia alimentar (44).
As pressões sociais aliadas à vulnerabilidade nutricional encontrada em
estudantes universitários, torna particularmente importante o estudo desta
refeição na aquisição de padrões alimentares salutares.
2. Objectivos
Este estudo teve como principais objectivos:
• determinar a composição nutricional e energética do pequeno-
almoço, em estudantes universitários;
• determinar a composição nutricional e energética total de acordo com
o contributo energético do pequeno-almoço, em estudantes
universitários;
• determinar o contributo energético das diferentes refeições de acordo
com o contributo energético do pequeno-almoço, em estudantes
universitários.
3. Material e Métodos
3.1. Amostra
Os dados analisados foram recolhidos no período compreendido entre
Fevereiro de 2008 e Abril 2008, no âmbito do projecto de Doutoramento em
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
8
Actividade Física e Saúde, no Centro de Investigação em Actividade Física,
Saúde e Lazer da FADEUP, intitulado “Factores de risco cardiovascular e função
autonómica em estudantes da Universidade do Porto”. Foram estudados 221
indivíduos (121 mulheres) com idades compreendidas entre os 18 e 25 anos. Os
indivíduos eram estudantes que frequentavam o primeiro e segundo ano do
ensino universitário, no ano lectivo de 2007/2008, das seguintes faculdades:
FEUP (33%), FADEUP (21,3%), FPCEUP (10,9%), ESTSP (9,5%), FCNAUP
(9%), FEP (7,2%), FMDUP (6,3%), FMUP (0,9%), ISEP (0,9%), ICBAS (0,5%) e
FCUP (0,5%). A participação dos indivíduos no estudo foi voluntária e todos foram
informados sobre os procedimentos do estudo segundo as recomendações da
declaração de Helsínquia. Todos os sujeitos deram o seu consentimento
informado por escrito.
3.2. Avaliação da ingestão alimentar e nutricional
A ingestão alimentar foi obtida através de um registo alimentar das últimas
24horas realizado por investigadores treinados. Os indivíduos estimaram a porção
de alimento consumido comparando com as fotografias do manual de
quantificação de alimentos (45). A conversão dos alimentos em nutrimentos foi
efectuada através do programa informático Food Processor SQL®, (ESHA
Research, USA), cujo informação nutricional é proveniente da tabela de
composição de alimentos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da
América (United States Departement of Agriculture) e inclui alimentos crus e/ou
processados. Foram acrescentados à base original alimentos e pratos típicos
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
9
portugueses utilizando a Tabela da Composição de Alimentos Portugueses (46).
Recorreu-se à informação da composição dos ingredientes que constituíam a
receita culinária dos pratos ou sobremesas onde não foi possível obter informação
nutricional dos produtos já confeccionados. A receita culinária foi obtida através
da informação disponível nos URL’s http://www.gastronomias.com/ e
http://www.gastronomias.com/. Foi calculado a parte edível e o rendimento, de
acordo com o processamento culinário, para a obtenção da composição
nutricional da receita.
Neste estudo, foi considerado como pequeno-almoço o primeiro episódio
alimentar registado até ás 11h30 e separado de qualquer outro por, pelo menos,
30 minutos (44). A energia das merendas da manhã, da tarde e ceia
correspondem, respectivamente, ao somatório da energia ingerida nos diferentes
episódios alimentares entre o pequeno-almoço e almoço, entre o almoço e jantar
e após o jantar. O contributo energético do pequeno-almoço e restantes refeições
(merendas, almoço, jantar e ceia) é relativo a ingestão energética total. A amostra
foi categorizada em tertis de acordo com o contributo energético do pequeno-
almoço. O tertil 1 incluiu os indivíduos com um contributo energético ao pequeno-
almoço entre 0-11%, o tertil 2 entre 12-17% e o tertil 3 entre 18-50%,
relativamente à ingestão energética total.
No presente estudo foram analisados os seguintes parâmetros nutricionais:
ingestão energética, contributo energético de proteínas, hidratos de carbono,
açúcares, mono e dissacarídeos, gordura, gordura saturada, monoinsaturada,
polinsaturada relativamente à ingestão energética total e à ingestão energética do
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
10
pequeno-almoço, fibra total e do pequeno-almoço, e ainda o contributo energético
do almoço, jantar, merendas e ceia relativamente à ingestão energética total.
3.3. Dados antropométricos
Foram avaliadas as seguintes medidas antropométricas com o participante
descalçado e vestido com roupas leves, na posição antropométrica (peso
igualmente distribuído pelas duas pernas, membros superiores lateralmente
pendentes e a cabeça orientada segundo o plano de Frankfurt): peso, altura,
percentagem de gordura corporal e índice de massa corporal. O peso e a gordura
corporal foram medidos através de balança electrónica (Tanita Innerscan, BC-
532, Netherlands) com valores extremos do zero aos 150kg com possibilidade de
obter valores aproximados para o peso de 100g e para a gordura corporal de
0,1%. O registo foi efectuado em kilograma com valores decimais e em
percentagem para o peso e gordura corporal, respectivamente. A altura foi
medida através do estadiómetro Seca model 708, Germany. O valor da altura foi
registado em centímetros. O IMC foi obtido segundo a fórmula de Quetelet: IMC=
peso/altura2, em kg/m2 (47). Foram utilizados os critérios de definição de obesidade
da OMS (48).
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
11
3.4. Dados sócio-demográficos e actividade física
A actividade física foi avaliada através da versão curta do International
Physical Activity Questionnaire (49) que fornece informações sobre o tempo
dispendido a andar (marcha), em actividades com intensidade moderada e com
intensidade vigorosa e sobre inactividade física. A actividade física total foi
expressa em minutos por semana (min/semana).
Foram ainda recolhidos dados sócio-demográficos e de estilo de vida.
3.5. Análise estatística
Para a análise estatística dos dados utilizou-se o Statistical Package for the
Social Sciences versão 13.0. Procedeu-se à caracterização da amostra através
da análise descritiva das variáveis sexo, idade, percentagem de gordura corporal,
actividade física, episódios alimentares e ingestão de álcool utilizando a média e
desvio padrão. A análise descritiva do excesso de peso foi expressa em
frequência. Utilizou-se o teste do Qui-Quadrado para testar a diferença de
frequências entre os tertis da contribuição do pequeno-almoço, relativas ao sexo e
refeições (merendas da manhã e tarde, almoço, jantar e ceia). A normalidade das
variáveis contínuas foi testada com o teste de Kolmogorov-Smirnov. A
homogeneidade das variâncias foi verificada através do teste de Levene. A
análise de variância entre os tertis do contributo do pequeno-almoço para a
ingestão energética total foi efectuada através do teste One-Way Anova. Para a
comparação de médias foi utilizado o teste Post-hoc de Bonferroni. As variáveis
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
12
que não apresentavam distribuição normal foram transformadas de forma a
cumprirem os requisitos dos testes paramétricos, de acordo com a inclinação da
recta que passa pela coordenada dos pontos que definem os grupos dada pelo
gráfico Spread-Versus-Level. As variáveis ingestão energética total (kcal),
ingestão energética excluindo o pequeno-almoço (kcal) e contributo energético
relativo ao almoço para a ingestão energética total (%) foram logaritmicamente
transformados. O contributo relativo de mono e dissacarídeos totais para à
ingestão energética total foi transformado em raiz quadrada.
As variáveis que após a transformação continuaram a não reunir os
pressupostos para o teste One-Way Anova foram analisados com o teste de
Kruskal-Wallis. Posteriormente ao teste de Kruskal-Wallis, e quando este foi
significativo e de forma a saber-se entre que tertis havia diferenças significativas,
foi utilizado o teste de Mann-Whitney para amostras independentes para a
comparação de médias entre os tertis. Considerou-se um nível de significância
para um valor de p <0,05.
4. Resultados
A tabela 1 apresenta as variáveis descritivas da amostra por tertis do
contributo energético do pequeno-almoço relativamente à ingestão energética
total. Não se observaram diferenças significativas quanto à idade entre tertis.
Observou-se uma frequência maior de mulheres no tertil 2 e 3 (tertil2: 56% vs
tertil3: 60,3%), no entanto, sem significado estatístico. Relativamente ao IMC,
observou-se um valor superior no tertil 3 comparativamente com os outros tertis
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
13
(tertil1: 22,5kg/m2 vs tertil2: 22, 5kg/m2 vs tertil3: 23,4kg/m2, p> 0,05). O mesmo
se verificou para a frequência de excesso de peso/obesidade (tertil1: 15,1% vs
tertil2: 16,0% vs tertil3: 17,8%, p> 0,05) e percentagem de gordura corporal
(tertil1: 19,4% vs tertil2: 19,4% vs tertil3: 22,1%, p> 0,05). A actividade física
apresentou valores superiores no tertil 1 comparativamente com os outros tertis
(tertil1: 423min/semana vs tertil2: 315min/semana vs tertil3: 344min/semana, p>
0,05).
Contributo energético do pequeno-almoço (%)
Tertil 1
(0-11%)
Tertil 2
(12-17%)
Tertil 3
(18-50%)
Racio homem/mulher c 38/35 33/42 29/44
Idade (anos) a 20 (1) 20 (1) 20 (1)
IMC (kg/m2) b 22,5 (2,7) 22,5 (2,5) 23,4 (2,8)
Excesso de peso/obesidade (%) c 15,1 16,0 17,8
Gordura corporal (%) b 19,4 (7,8) 19,4 (6,8) 22,1 (8,1)
Actividade física (min/semana) a 423 (382) 315 (328) 344 (368)
Episódios alimentares a 5 (1) 5 (1) 5 (1)
Tabela 1 – Caracterização da amostra segundo os tertis do contributo energético do pequeno-
almoço para a ingestão energética total (média ± desvio padrão). IMC: índice de massa corporal.aKruskal-Wallis; bOne-Way Anova, teste post-hoc de Bonferroni; cQui-quadrado de Pearson.
De acordo com a tabela 2, a frequência da merenda da manhã foi menor no
tertil 3 comparativamente com os outros tertis (tertil1:38,4% vs tertil2: 56% vs
tertil3: 30,1%, p=0,005). O mesmo se verificou para a merenda da tarde
(tertil1:86,3% vs tertil2: 96% vs tertil3: 79,5%, p=0,010).
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
14
Contributo energético do pequeno-almoço (%)
Tertil 1
(0-11%)
Tertil 2
(12-17%)
Tertil 3
(18-50%)
p
Merenda da manhã (%) 38,4 56 30,1 0,005
Almoço (%) 100 100 98,6 0,361
Merenda da tarde (%) 86,3 96 79,5 0,010
Jantar (%) 95,9 98,7 95,9 0,537
Ceia (%) 32,9 28 19,2 0,165
Tabela 2 – Frequência de refeições realizadas, de acordo com os tertis do contributo energético
do pequeno-almoço para a ingestão energética total. p: Qui-quadrado de Pearson.
Como se pode observar na tabela 3, o tertil 3 apresentou uma ingestão
energética média ao pequeno-almoço significativamente superior
comparativamente aos outros tertis (tertil1: 114,3kcal vs tertil2: 340,0kcal vs
tertil3: 435,0kcal, p <0,05). Relativamente ao contributo médio em
macronutrimentos para o total energético do pequeno-almoço, verificou-se que o
contributo de proteínas, hidratos de carbonos e gordura foi significativamente
superior no tertil 3 comparativamente com o tertil 1 (p <0,05). O contributo médio
relativo a gorduras insaturadas (mono e polinsaturada) para o total energético ao
pequeno-almoço, foi significativamente superior no tertil 3 comparativamente com
os outros tertis (p <0,05). O tertil 1 apresentou uma ingestão média de fibras
significativamente inferior aos dos outros tertis (tertil1: 1,1g vs tertil 2: 1,6g vs tertil
3: 2,6g, p <0,05).
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
15
Contributo energético do pequeno-almoço (%)
Tertil 1
(0-11%)
Tertil 2
(12-17%)
Tertil 3
(18-50%)
Energia (kcal) a 114,3 (12,7) 340,0 (20,6)* 435,0 (17,8)* #
Proteínas (%) b 10,7 (10,4) 16,9 (5,3)* 16,6 (5,3) * #
Hidratos de carbono (%) b 40,5 (33,5) 57,2 (11,0)* 55,0 (12,1) * #
mono e dissacarídeos a 7,1 (2,2) 5,5 (1,0) 7,0(1,2)
açúcares a 22,4 (2,8) 27,8 (1,5)* 24,5 (1,4)
Gordura (%) a 11,6 (1,4) 20,2 (1,3)* 24,4 (1,5)*
saturada a 3,4 (3,5) 7,1 (0,9)* 9,7 (1,0)* #
monoinsaturada a 2,6 (0,6) 3,6 (0,5)* 5,4 (0,6)* #
polinsaturada b 0,9 (1,6) 1,5 (1,3)* 1,8 (1,4)* #
Fibra (g) a 1,1 (0,3) 1,6 (0,2)* 2,6 (0,3)* #
Tabela 3 – Ingestão energética total do pequeno-almoço (kcal), ingestão de macronutrimentos (em
contributo médio percentual para ingestão energética total do pequeno-almoço) e ingestão de fibra
ao pequeno-almoço (g) segundo os tertis do contributo energético do pequeno-almoço para a
ingestão energética total (média ± desvio padrão). aKruskal-Wallis; bOne-Way Anova, teste post-
hoc de Bonferroni. *p <0,05 comparado com o tertil 1; #p <0,05 comparado com o tertil 2.
De acordo com a tabela 4, a ingestão energética total foi significativamente
superior nos tertis 1 e 2 comparativamente ao tertil 3 (tertil1: 2227,2kcal vs tertil2:
2419,1kcal vs tertil3: 1904,5kcal, p <0,05). Quando analisado a ingestão
energética excluindo o pequeno-almoço, verificou-se uma ingestão média
significativamente menor no tertil 3 (tertil1: 2113,0kcal vs tertil2: 2079,1kcal vs
tertil3: 1469,5kcal). Relativamente ao contributo energético médio do almoço para
a ingestão energética total, verificou-se no tertil 3 um contributo significativamente
inferior ao do tertil 1 (tertil1: 35,6% vs tertil3: 29,2%, p <0,05). O mesmo se
verificou para o contributo energético do jantar relativamente à ingestão
energética total (tertil1: 32,4% vs tertil3: 25,4%, p <0,05). Quando analisado o
somatório do contributo energético das principais refeições relativamente à
ingestão energética total, verificou-se um contributo médio significativamente
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
16
inferior no tertil 3 comparativamente aos outros tertis (tertil1: 66,7% vs tertil2:
61,8% vs tertil3: 53,5%, p <0,05). Considerando os contributos relativos de
energia proveniente das merendas, verificou-se no tertil 3 um contributo médio
inferior ao tertil 1 e 2, no entanto, este só é significativo para a merenda da manhã
quando comparado o tertil 3 com o tertil 2 (tertil2: 6,6% vs tertil3: 3,7%, p <0,05).
Contributo energético do pequeno-almoço (%)
Tertil 1
(0-11%)
Tertil 2
(12-17%)
Tertil 3
(18-50%)
Energia total (kcal)b 2227,2 (795,9) 2419,1 (1083,5)* 1904,5 (655,2)* #
Energia excluindo o PA (Kcal)b 2113,0 (739,7) 2079,1 (916,0) 1469,5 (545,8)* #
Energia merenda da manhã (%)a 5,0 (7,8) 6,6 (7,4) 3,7 (6,4) #
Energia almoço (%)b 35,6 (12,7) 30,3 (11,0) 29,2 (10,4)*
Energia merenda da tarde (%)b 18,8 (14,5) 17,4 (10,3) 16,1 (11,5)
Energia jantar (%)b 32,4 (15,4) 29,1 (10,6) 25,4 (12,0)*
Energia ceia (%)a 3,4 (7,0) 2,6 (5,6) 2,3 (6,5)
Energia jantar+almoço (%)b 66,7 (1,5) 61,8 (1,5) 53,5 (1,5)* #
Tabela 4 – Ingestão energética total e ingestão energética das principais refeições e merendas
(em contributo médio percentual para a ingestão energética total) segundo os tertis do contributo
energético do pequeno-almoço para a ingestão energética total (média ± desvio padrão).aKruskal-
Wallis; bOne-Way Anova, teste post-hoc de Bonferroni; PA: pequeno-almoço. *p <0,05 comparado
com o tertil 1; #p <0,05 comparado com o tertil 2.
Na tabela 5 apresenta-se os contributos médios dos macronutrimentos para
a ingestão energética total e a ingestão média de fibras totais. Relativamente ao
contributo relativo em hidratos de carbono para a ingestão energética total,
verificou-se no tertil 3 um contributo médio significativamente superior ao do tertil
1 (tertil1: 45,4% vs tertil 3: 49,8%, p <0,05). Quando analisado o contributo relativo
em gorduras para a ingestão energética total, verificou-se um contributo médio
inferior no tertil 3 comparativamente com os outros tertis (tertil1: 35,1% vs, tertil2:
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
17
32,8% vs tertil3: 30,1%, p <0,05), sendo que o contributo médio em gorduras
saturadas para o valor energético total foi significativamente superior no tertil 1
(tertil1: 10,8% vs tertil3: 9,4%, p <0,05). Apesar de não se ter verificado diferenças
significativas da ingestão de fibra, o tertil 1 apresentou uma ingestão média
inferior ao dos outros tertis (tertil1:12,8g vs tertil2: 14,4g vs tertil3: 13,5g, p> 0,05).
Contributo energético do pequeno-almoço (%)
Tertil 1
(0-11%)
Tertil 2
(12-17%)
Tertil 3
(18-50%)
Proteínas total (%) a 16,9 (4,3) 17,8 (4,8) 17,5 (4,7)
Hidratos de carbono total (%) a 45,4 (8,5) 46,6 (7,7) 49,8 (8,1)*
mono e dissacarídeos a 3,5 (3,7) 4,4 (3,9) 6,1(5,3)*
açúcares (%) a 13,5 (7,3) 16,2 (6,7) 17,0 (7,5)*
Gordura Total (%) a 35,1 (6,8) 32,8 (6,3) 30,1 (7,0)* #
saturada (%) a 10,8 (3,5) 10,1 (2,9) 9,4 (3,3)*
monoinsaturada (%) a 13,6 (4,5) 12,2 (3,1) 10,7 (3,6)* #
polinsaturada (%) a 4,9 (1,6) 4,3 (1,6) 4,3 (2,0)
Fibra total (g) a 12,8 (5,8) 14,4 (7,5) 13,5 (7,7)
Álcool
gb 0,7 (5,8) 0,2 (1,6) 0,01 (0,08)
% de energiab 0,2 (1,7) 0,03 (0,2) 0,01 (0,03)
Tabela 5 – Ingestão de macronutrimentos (em contributo médio percentual para a ingestão
energética total), fibra total e alcóol segundo os tertis do contributo energético do pequeno-almoço
para a ingestão energética total (média ± desvio padrão). aOne-Way Anova, teste post-hoc de
Bonferroni; bKruscall-Wallis. *p <0,05 comparado com o tertil 1; #p <0,05 comparado com o tertil 2.
5. Discussão
Este estudo teve como objectivo estudar o efeito do contributo energético
do pequeno-almoço no perfil nutricional e ingestão energética numa amostra de
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
18
estudantes universitários. Neste estudo, verificou-se que os indivíduos com um
maior contributo energético ao pequeno-almoço apresentavam um perfil
nutricional e energético total mais adequado, comparativamente com os
indivíduos com menor contributo energético.
O contributo relativo de energia proveniente dos macronutrimentos para o
total energético ao pequeno-almoço observado nos indivíduos com uma
contribuição maior (12-50% da ingestão energética total), é semelhante ao
encontrado noutros estudos (23, 50). Verificou-se, também, um contributo médio
superior em hidratos de carbono, proteínas, gordura total, saturada e
polinsaturada e fibra. Este perfil nutricional é encontrado em numerosos estudos
cujo padrão alimentar ao pequeno-almoço inclui cereais e derivados,
nomeadamente cereais prontos a comer, fruta e lacticínios (12, 23, 24, 50, 51).
Relativamente à ingestão de fibras ao pequeno-almoço, presente em alimentos
como cereais e fruta, estas parecem, segundo alguns autores (52-54), ter um papel
importante na regulação do apetite e consequente ingestão alimentar durante o
dia. Ensaios clínicos (53, 55) tem verificado que o consumo de alimentos ricos em
fibras ao pequeno-almoço atenua a resposta glicémica e insulínica pós-prandial,
melhora a sensibilidade a insulina e reduz a hipoglicemia entre refeições. Esta
resposta metabólica tem um efeito na saciedade e um possível impacto na
ingestão energética subsequente (56). A chegada de alimento ao tubo digestivo
estimula a secreção de hormonas e péptidos (insulina, colecistocinina, glucagon-
like peptide-1, entre outros) que aumentam a saciedade (57). A presença de fibras
aquando a ingestão alimentar parece aumentar os níveis circulantes destas
hormonas e consequentemente aumentar a saciedade pós-prandial (14).
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
19
A ingestão média de energia total nos indivíduos com um maior contributo
energético ao pequeno-almoço (18-50%) foi menor. Verificou-se, também nestes
indivíduos, um contributo relativo em hidratos de carbono maior e em gordura total
menor, para a ingestão energética total, comparativamente com os indivíduos
com menor ingestão (0-17%). Estes resultados são semelhantes aos encontrados
por Paul Preziosi et al (23) num estudo onde verificaram que indivíduos (crianças,
adolescentes e adultos) com uma ingestão energética ao pequeno-almoço
superior a 25% da energia diária recomendada apresentavam um contributo
energético maior em hidratos de carbono e menor em gordura total. O mesmo se
verificou num estudo experimental de Ambroise Martin et al (58), no qual
observaram, em homens saudáveis, que ao consumo de um pequeno-almoço de
alto valor energético (> 25% da ingestão energética total) se associava um maior
contributo em hidratos de carbono e menor em gordura total para a ingestão
energética total comparativamente com a ingestão de um pequeno-almoço de
baixo valor energético (< 10% da ingestão energética total). No mesmo estudo, e
quanto à ingestão energética total, verificaram uma ingestão superior nos
indivíduos que consumiam um pequeno-almoço de alto valor energético. No
entanto, quando analisada a ingestão energética excluindo a energia proveniente
do pequeno-almoço esta era significativamente inferior aos que consumiam um
pequeno-almoço de baixo valor energético (<10% da ingestão energética total).
Noutro estudo clínico randomizado (28), o consumo de pequeno-almoço continua a
estar associado a uma melhor distribuição energética pelos macronutrimentos,
com um maior contributo em hidratos de carbono e menor em gorduras totais.
Num estudo de Nicklas et al (27) com jovem adultos, demonstraram que indivíduos
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
20
que não consumiam o pequeno-almoço tinham uma ingestão energética total e
um contributo em gordura saturada inferiores aos indivíduos que consumiam esta
refeição. Estes resultados são diferentes dos encontrados neste estudo e no de
Ambroise Martin et al, onde o contributo em gordura saturada foi inferior nos
indivíduos que apresentavam um contributo energético ao pequeno-almoço maior
(18-50% e> 25% da ingestão energética total, respectivamente). A diferença
encontrada entre resultados pode ser explicada pelas características específicas
das populações estudas e pelas diferentes metodologias utilizadas na recolha da
informação sobre a ingestão alimentar e na definição do pequeno-almoço. Além
disso, no estudo de Nicklas et al (27) a ingestão energética e de nutrimentos foi
avaliada segundo o consumo ou omissão do pequeno-almoço, sendo, assim,
diferente da metodologia utilizada neste estudo.
Para a gordura monoinsaturada, o contributo para o total energético foi
inferior nos indivíduos com uma ingestão energética ao pequeno-almoço entre os
18 e 50%. O mesmo se observou noutros estudos nos quais a ingestão
energética ao pequeno-almoço era superior a 25% da ingestão energética diária
recomendada (20, 23). As diferenças encontradas para os mono e dissacarídeos e
os açúcares podem ser explicadas pelas características específicas do programa
informático utilizado para a conversão dos alimentos em nutrimentos. No entanto,
para estes nutrimentos foram observados contributos superiores nos indivíduos
com maior contributo energético ao pequeno-almoço (18-50%) comparativamente
com os indivíduos com um contributo mais baixo (0-12%). Estes resultados
reflectem possivelmente o padrão alimentar desequilibrado observado em
numerosos estudos com estudantes universitários, onde é frequente observar a
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
21
ingestão de alimentos ricos em açúcares, rico em gorduras e sódio e com baixa
densidade nutricional (9, 11). A ingestão de refrigerantes açucarados em
estudantes, encontra-se descrito num estudo recente de Arcan et al (59) onde mais
de metade da amostra estudada consumia entre 5 a 6 vezes por semana este tipo
de bebida, contribuído assim para a ingestão de açúcares.
O período do dia durante o qual é realizada a ingestão alimentar parece ter
um papel importante na ingestão energética diária, segundo Castro (60) ingestões
realizadas no período da manhã estão associadas a uma redução da ingestão de
energia durante o dia. Neste estudo foi observado, que para o almoço, merenda
da manhã e jantar os contributos médios para o total energético foram inferiores
nos indivíduos que apresentavam um contributo energético ao pequeno-almoço
entre os 18 e 50%. Ambroise Martin et al (58), verificou que indivíduos com uma
ingestão energética ao pequeno-almoço superior a 25% apresentavam
contributos para a energia total inferiores nas refeições do almoço e jantar quando
comparados com indivíduos com uma ingestão energética ao pequeno-almoço
inferior a 10%. Segundo este autores, a saciedade decorrente da ingestão de um
pequeno-almoço de alto valor energético (>25% da ingestão energética total) leva
a uma menor frequência de ingestão e subsequente energia da merenda da
manhã. O mesmo se observou neste estudo onde a frequência da merenda da
manhã foi inferior nos indivíduos com um contributo energético ao pequeno-
almoço superior (18-50%). Relativamente ao almoço, o contributo energético
inferior observado nos indivíduos com uma ingestão energética ao pequeno-
almoço entre 18-50% poderá ser explicada, segundo alguns autores, pela
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
22
presença de fibras em alimentos tipicamente ingeridos ao pequeno-almoço como
os cereais integrais (61).
6. Limitações
Este estudo apresenta algumas limitações. A avaliação da ingestão alimentar
foi efectuada através das últimas 24horas que, segundo Willet e apesar das suas
limitações (recurso à memória, viés do entrevistador, flat-slope syndrome), é um
método considerado válido para descrever ingestões médias em grupos (62). A
definição de pequeno-almoço, adoptada neste trabalho, teve em consideração as
características específicas da população em estudo, no entanto, a existência de
diferentes definições dificulta a comparação entre os diferentes estudos e os seus
resultados. Outra limitação do estudo reside no facto de não existir uma base de
dados informatizada com informação sobre a composição de alimentos
portugueses. Assim, o recurso a uma base de dados relativa à composição de
alimentos estrangeiros poderá ter introduzido alguns erros na avaliação da
ingestão de alguns nutrimentos. Neste trabalho não foi avaliado a composição
alimentar do pequeno-almoço. Assim, esta poderá ser alvo de outro estudo de
forma perceber como a escolha alimentar efectuada ao pequeno-almoço pode
influenciar a ingestão energética e perfil nutricional.
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
23
7. Conclusão
Os resultados encontrados neste trabalho, sugerem que o consumo de um
pequeno-almoço de alto valor energético (18-50%) está relacionado com um
melhor perfil nutricional e uma menor ingestão energética durante o dia. De facto,
um consumo energético maior ao pequeno-almoço contribui para uma distribuição
nutricional mais adequada, com menor contributo em gordura total e saturada e
maior em hidratos de carbono. Estes resultados apoiam a importância da
promoção do consumo de pequeno-almoço na aquisição de hábitos alimentares
saudáveis para a protecção da saúde e prevenção de doenças crónicas.
Efeito do contributo energético do pequeno-almoço no perfil nutricional e
ingestão energética em estudantes universitários
Sandra Abreu
24
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