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ENSINO FUNDAMENTALANOS INICIAS

1º ANO

MANUAL DO PROFESSOR

MANUAL DOPROFESSOR

FUNDAMENTALANOS INICIAIS

1o ANO

Direção-geralCaio Lo Bianco

Gerência pedagógicaJoana London

Direção editorialRachel Nogueira

Gerência editorialElvira Cardoso

Gerência de criaçãoErika Scheiner

Coordenação pedagógicaRenata Ishida

Supervisão editorialAndressa Fontes

Supervisão de criaçãoFelipe Grisolia

DesignTUUT

IconografiaMariana Baptista e Tatiana Siqueira

DiagramaçãoFelipe Cabral, Paula Samico e Rafael Abreu

RevisãoCaíque Pereira, Karen Bandeira, Luciana Cafasso e Thayane Vieira

AutoriaCaio Lo Bianco, Joana London, Leonardo Viana, Renata Ishida e Ricardo Cavalcanti

ColaboradoresAmanda Vollger, Antonia Mendes, Carolina Pavanelli, Christine Lourenço, Cristiane Forny,

Diego Aguiar, Guilherme Cintra, Rachel Nogueira, Sandra Valle e Virgínia Chaves

ISBN978-65-5521-429-1

GUIA GERALAPRESENTAÇÃO

Prezado professor,

Você acaba de receber o Manual do Professor de LIV (Laboratório

Inteligência de Vida). Possivelmente, é a primeira vez que se depara com

algo parecido. Ao folhear este livro, perceberá que há uma diferença

em relação ao restante do material didático – a ausência de respostas

“corretas” ou “esperadas”. Aqui, trabalhamos com respostas desejáveis,

mas o que desejamos mesmo é a reflexão, o debate, a investigação e os

questionamentos promovidos por situações cotidianas por meio de histórias

e situações propostas pelos professores durante as aulas.

MAS O QUE É O LIV E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?

O LIV trabalha com competências sociais e emocionais, que se desdobram

em atitudes, valores e comportamentos que podem ser aprendidos e

experimentados na relação com o outro e com o espaço, seja na escola, na

cidade ou na família. Além disso, são tão importantes quanto as habilidades

cognitivas, pois melhoram o aprendizado e o desempenho sob condições

desafiadoras, que exigem empatia, pensamento crítico, perseverança e

criatividade, mas que nem sempre são valorizadas ou sequer trabalhadas na

escola de forma organizada e sistemática.

Dentro de uma sociedade cada vez mais conectada e globalizada, urge

formarmos cidadãos que saibam lidar com suas emoções. Saber reconhecer

e lidar com emoções, expressá-las de modo claro e respeitoso e trabalhar de

maneira colaborativa e em equipe são competências essenciais para a vida

em sociedade e para o sucesso nas profissões contemporâneas.

GUIA GERAL

4 LIV · 1o Ano

COMO TRABALHAR O LIV COM CRIANÇAS TÃO PEQUENAS?

Da forma mais lúdica possível. No 1o Ano do Ensino Fundamental, a

ideia é trabalhar com o conhecimento e o reconhecimento das emoções.

Utilizaremos como material didático o livro A caixa do Tomás, da autora

Blandina Franco e do ilustrador José Carlos Lollo. A partir da leitura do livro

e somando as atividades propostas, os alunos serão convidados a identificar

o que foi sentido pelo personagem e, depois, a fazer uma reflexão acerca

de como e quando viveram emoções similares, abrindo um espaço para

refletirem sobre suas vivências.

No livro, há 15 (quinze) sentimentos escolhidos pela autora, e esse manual

traz um passo a passo de como trabalhá-los com as crianças ao longo

de 35 (trinta e cinco) aulas, ajudando-as a reconhecer os sentimentos e,

principalmente, fazendo-as refletir sobre o que Tomás está vivendo.

Nós, da Equipe LIV, acreditamos na sua capacidade em ministrar essa

disciplina, portanto o aconselhamos a também criar, brincando com as

emoções conforme apareçam. O manual oferece aulas bem estruturadas,

mas vale destacar que não estão “escritas em pedra”. Assim, você tem

a liberdade de inventar, recriar e adaptar o material recebido. Nosso

único pedido é que nos dê um retorno em relação à disciplina, para que

possamos também, cada vez mais, aprimorá-la.

QUAL O FORMATO DAS AULAS?

Você vai perceber que há duas aulas de introdução (nas quais

apresentamos o livro A caixa do Tomás, sua família e o boneco que

será levado por um aluno diferente a cada semana) e duas aulas para

cada sentimento. Na primeira, abre-se espaço para muita conversa e

compreensão das situações e emoções vividas por Tomás, principalmente

para as dúvidas. Nessas aulas, sugerimos que se use o Tomás como

“mascote da fala”, ou seja, que o boneco fique na mão de quem está com a

palavra, tornando-se, assim, um indicador de quem precisa ser escutado.

Na segunda aula, são apresentadas brincadeiras e atividades que

permitem às crianças entrar em contato com esses sentimentos de forma

menos intelectual e mais corporal, sensitiva.

GUIA GERAL

5LIV · 1o Ano

Ao lado das descrições das atividades, há um espaço indicando os

objetivos principais de cada aula, o que é necessário para a sua preparação

e o dever de casa. Isto ocorrerá sempre: a cada semana, apenas um aluno

é responsável pela apresentação do dever de casa, que é contar e mostrar

registros com o Tomás no fim de semana.

Sugerimos que o professor organize e personalize alguma pasta, caderno

ou suporte de sua preferência, visando a guardar em um único lugar os

registros que os alunos forem trazendo ao longo do ano. Esse suporte

pode ser mandado junto com o Tomás e com a criança para casa, assim

as famílias se inspiram e realizam a tarefa também. O professor tem

autonomia para pensar na melhor organização possível para sua turma,

mas o importante é que os alunos entendam que, a cada fim de semana,

aquele que for sorteado na aula levará o Tomás para casa e deverá trazê-lo

de volta com registros (ex.: fotos, desenhos, carta) de sua experiência com

o boneco. Também sugerimos que o professor participe da dinâmica e o

leve para casa após todos os alunos terem levado.

Exemplo de folha:

Em cada aula, as atividades estão descritas e detalhadas de forma a gerar

o menor número possível de dúvidas. Estas, no entanto, são normais

e esperadas. Por isso, sugerimos como preparação para a aula a leitura

atenta do capítulo do livro a ser trabalhado e da aula específica a ser

ministrada no dia (ex.: para a terceira aula, é necessária a leitura prévia do

capítulo “O ovo de gesso” e do guia do professor referente à aula 03).

FRENTE VERSO

GUIA GERAL

6 LIV · 1o Ano

Além disso, cada atividade possui uma estimativa de tempo de duração. É

importante ressaltar que o tempo não precisa ser cumprido à risca e que

nem sempre será possível fazer todas as atividades propostas no livro.

Isso não quer dizer que o professor fracassou. O tempo e a quantidade

de atividades irão variar de acordo com a quantidade de alunos da

turma, com o nível de atenção ou dispersão deles etc. É fundamental a

compreensão dos objetivos almejados para cada aula; por isso, propomos

as melhores atividades para trabalhar cada tema abordado pelo livro de

Blandina e Lollo.

Obs.: A aula 19 (“Conversando sobre o LIV”) deve ocorrer na última aula

antes das férias do primeiro semestre letivo. No manual do professor, essa

aula está disposta antes da aula “A fita vermelha”, que será a primeira do

segundo semestre.

COM QUAIS MATERIAIS TRABALHAREMOS?

O livro A caixa do Tomás será usado por turmas de 1o Ano do Fundamental.

As aulas e o guia do professor estão presentes no manual do professor,

no qual se encontram todas as propostas de atividades e de reflexão

referentes a cada capítulo.

O caderno de atividades será composto por duas folhas para cada

capítulo. Na primeira folha, haverá um espaço para a realização de um

desenho livre sobre a história lida ou orientado por alguma atividade

indicada nas aulas no manual do professor. Já na segunda folha, haverá

um espaço com uma linha para os alunos escreverem o sentimento

trabalhado nas histórias, bem como um espaço para desenharem na

silhueta do Tomás a expressão facial desse personagem referente ao

sentimento do capítulo (haverá uma silhueta para cada capítulo). O

caderno de atividades permanece em sala durante todo o ano e só será

devolvido na última aula de LIV. Cada turma terá uma caixa coletiva na

qual os alunos colocarão, escrito em um pedaço de papel, o sentimento

trabalhado no dia. Essa caixa deve ser preparada pelo professor e não

será enviada pelo LIV como material.

GUIA GERAL

7LIV · 1o Ano

É importante ressaltar que não haverá propostas para os alunos

desenharem na folha de desenho do caderno de atividades em todas

as aulas. Entretanto, se tanto o professor quanto os alunos quiserem

desenhar nas folhas sem as respectivas atividades de desenho, o docente

pode administrar um tempo com todos para que esses registros sejam

feitos.

Cada turma terá um Tomás de pelúcia, que será levado a cada fim de

semana por um aluno junto com o “diário do Tomás” (ver aula 1). É

normal que as crianças se apeguem ao boneco e queiram tocá-lo, abraçá-lo

ou cuidar para que ele não estrague. Portanto, sugerimos ao professor que

organize com a turma um “cantinho” da sala dedicado a guardá-lo durante

os momentos em que não haja aula de LIV.

Sugerimos algumas ideias do que colocar nesse espaço para torná-lo mais

interativo:

a. Mural com “Pergunta da semana” (ex.: “Como você está se

sentindo hoje?”, “O que eu gosto de fazer nos horários livres?”,

“Qual é a coisa de que eu menos gosto?”, “Quais são as minhas

maiores qualidades?”, “O que me deixa feliz?”), que cada criança,

ao longo da semana, pode responder com desenhos, palavras e

frases.

b. Árvore genealógica e das relações de amizade do Tomás, para

que as crianças compreendam melhor quem são a família, os

amigos e os personagens do livro A caixa do Tomás.

c. Espaço para registrar quem já levou o Tomás para casa e quem

ainda não o levou.

d. Cartaz com o nome do Tomás e a frase “Cantinho do Tomás”.

e. Colocar o cartaz com os “Combinados do Tomás” (ver aula 1).

GUIA GERAL

8 LIV · 1o Ano

Além de professores e alunos, os pais também receberão o seu material para

complementar aquilo que vem sendo trabalhado com seus filhos em sala de

aula. Esse material deve ser enviado no primeiro dia de aula, exceto a caixa

amarela individual, que pertence aos alunos, mas só será enviada na aula 2

(ver aula 2). Esse material das famílias também foi desenvolvido pela dupla

Blandina e Lollo, o que auxilia ainda mais na criação de vínculo das crianças

com os personagens.

O livro Vida Formiga conta a história das formigas que moram na casa da

árvore do Tomás, que, além de contarem sobre o que elas observam das

aventuras vividas pelos personagens, também contam sobre suas próprias

vidas. Assim, traz ótimas ferramentas para o trabalho em casa.

Ao final de todos os capítulos, há uma proposta de atividade e de conversa

para as famílias e seus filhos, estimulando o diálogo e a maior interação

dentro das casas.

A Equipe LIV acredita ser necessário esse “intercâmbio de ideias” entre a

escola e os ambientes familiares e sociais fora dela, a fim de alcançar uma

formação socioemocional.

No caderno de atividades do aluno, haverá um espaço com silhuetas do

Tomás para cada capítulo. Com isso, pretende-se permitir que as crianças

associem os sentimentos trabalhados a uma expressão facial correspondente

(cada aluno deve desenhar a expressão individualmente e escrever o nome

do sentimento trabalhado). Sabemos que o tempo dedicado para as atividades

às vezes não sai exatamente como o programado, portanto não há nenhum

problema se o professor escolher outros momentos para os alunos realizarem o

referido exercício, caso não sobre tempo.

Obs.: Sugerimos que o professor ajude a organizar o caderno do aluno junto

com as crianças. Pode ser uma boa ideia dedicar um espaço da sala para

os cadernos de atividades e para os materiais recebidos pelos alunos, por

exemplo, as silhuetas do Tomás, de modo a facilitar a organização.

GUIA GERAL

9LIV · 1o Ano

O QUE FAZER COM O LIVRO A CAIXA DO TOMÁS NO FIM DO ANO?

O amor – último sentimento escolhido pela autora – será trabalhado em

apenas uma aula. Julgamos ser uma ótima oportunidade para fazer o

encerramento da disciplina, da forma que melhor convier ao professor.

Sugerimos que, ao final dessa aula e, consequentemente, da disciplina,

professor e alunos escolham uma instituição para doar o Tomás de

pelúcia e seu livro. Dessa forma, as crianças poderão, também, praticar o

desapego e a empatia, ao verem que, com o material que tanto as ajudou

ao longo do ano, outras crianças vão poder aprender e se divertir.

Esperamos que a nova disciplina seja estimulante tanto para os alunos

quanto para os professores. Temos aqui a oportunidade de orientar e

ajudar esses sujeitos tão pequenos – e mesmo assim tão complexos – no

caminho do autoconhecimento. O percurso é longo, sem dúvida, mas, com

a ajuda dos professores, dos coordenadores e de todos os funcionários da

escola, asseguramos que será um caminho muito compensador. Conte

conosco para o que for necessário.

Atenciosamente,

Equipe LIV

ANIVERSÁRIO DO TOMÁS!

Tomás nasceu no dia 15 de Outubro e, como todo filhote, ele também gosta

de comemorar o seu aniversário. Então, marque no calendário esse dia tão

especial e, se for possível, prepare com a turma uma festa para celebrar

esse momento. Aliás, não esqueçam de convidar o Geraldo, a Fernanda e

os amigos da escola para comer um pedaço de bolo! Divirtam-se!

Não esqueçam de registrar esse momento e mandar para a gente.

GUIA GERAL

10 LIV · 1o Ano

AULA 01ApresentaçãoApresentação do Tomás

p. 12

AULA 03DebateO ovo de gesso

p. 16

AULA 05DebateUma semente de jatobá

p. 20

AULA 09DebateDuas folhas secas

p. 28

AULA 11DebateO cavalo laranja

p. 33

AULA 15DebateO papel crepom

p. 41

AULA 17DebateTrês palitos de sorvete

p. 45

AULA 06AtividadesUma semente de jatobá

p. 22

AULA 08AtividadesA biribinha

p. 26

AULA 12AtividadesO cavalo laranja

p. 35

AULA 14AtividadesA meia de rena

p. 39

AULA 02ApresentaçãoTomás e a turma

p. 14

AULA 04AtividadesO ovo de gesso

p. 18

AULA 10AtividadesDuas folhas secas

p. 30

AULA 16AtividadesO papel crepom

p. 43

AULA 07DebateA biribinha

p. 24

AULA 13DebateA meia de rena

p. 37

CRONOGRAMA

GUIA GERAL

11LIV · 1o Ano

AULA 32AtividadesO telescópio

p. 76

AULA 34AtividadesO avô

p. 80

AULA 22DebateA pena branca

p. 55

AULA 24DebateA fivelinha

p. 59

AULA 29DebateA asa do besouro

p. 69

AULA 31DebateO telescópio

p. 74

AULA 35Aula livreA caixa colorida

p. 82

AULA 18AtividadesTrês palitos de sorvete

p. 47

AULA 19DebateConversando sobre o LIV

p. 49

AULA 21AtividadesA fita vermelha

p. 53

AULA 25AtividadesA fivelinha

p. 61

AULA 26AtividadesVida Formiga

p. 63

AULA 28AtividadesA pilha

p. 67

AULA 33DebateO avô

p. 78

AULA 23AtividadesA pena branca

p. 57

AULA 30AtividadesA asa do besouro

p. 72

AULA 20DebateA fita vermelha

p. 51

AULA 27DebateA pilha

p. 65

CRONOGRAMA

APRESENTAÇÃO

12 LIV · 1o Ano

LEITURA EM RODA10 min

Inicie a aula lendo, em roda, o capítulo de apresentação

do Tomás. Apresente o Tomás e os outros personagens

da história, afirmando que ele vai ajudar a todos a

aprender e a entender os seus sentimentos. Lembre

que, embora o Tomás esteja na escola, aquilo que será

aprendido com ele vai ser usado para o resto da vida,

com a família, com os amigos ou com qualquer pessoa

que os alunos vierem a conhecer.

APRESENTAÇÃO DO TOMÁS DE PELÚCIA10 min

Mostre à turma que Tomás viverá dentro da sala de

aula. É importante passá-lo de mão em mão, pedindo às

crianças que tenham cuidado ao manuseá-lo. Explique

que ele vai acompanhá-las durante todas as aulas e que

é um bem comum da turma. Decida com os alunos o

melhor lugar da sala para deixá-lo durante a semana

(votação) e guarde-o no lugar escolhido.

TOMÁS EM CASA5 min

Explique aos alunos que, no fim de cada semana, um

deles levará o Tomás para casa. Esclareça que a escolha

será feita por sorteio e que todos vão passar um fim de

semana com o Tomás, pois esse processo só acontecerá

com aqueles que ainda não foram contemplados.

OBJETIVO

Apresentar o Tomás para a turma.

Combinar deveres e cuidados que

todos devem ter com o Tomás.

PREPARAÇÃO PARA A AULA

Ler o capítulo de apresentação.

Material necessário:

Pilot e papel grande para escrever

os combinados.

DEVER DE CASA

Da aula passada:

Não há.

Para a próxima aula:

Sorteio de qual aluno levará o Tomás

para casa.

Indicar às famílias que leiam o

capítulo “A casa na árvore”, do livro

Vida Formiga.

AULA 01APRESENTAÇÃO DO TOMÁS

APRESENTAÇÃO

13LIV · 1o Ano

COMBINADOS DO TOMÁS EM CASA15 min

O que devemos fazer quando estivermos com o Tomás? Quais cuidados

devemos ter com ele? Peça aos alunos que pensem em possíveis

combinados – se não houver um movimento espontâneo, dê exemplos.

Escreva essa lista com a turma (ex.: não pode dar banho, não pode

trocar a roupa dele etc.) e pendure-a na sala de aula.

Em outro momento, o professor deve explicar para a turma o que deve

ser feito com o Tomás no fim de semana. As crianças precisam levar

para a aula um registro de como foi a estada do Tomás em suas casas.

Pode ser uma foto, um diário escrito com os responsáveis ou qualquer

coisa que mostre a companhia do Tomás no fim de semana. Além disso,

é importante que retornem com ele na segunda-feira.

DESPEDIDA10 min

Convide os alunos para a próxima aula. Explique que, nas aulas de

LIV, eles aprenderão sobre os sentimentos com o Tomás, que vai

acompanhá-los durante todo o ano.

Obs.: Entregue o material do responsável aos alunos (exceto a caixa

amarela).

Faça o sorteio do aluno que vai levar o Tomás para casa.

Esta é uma boa aula para você indicar às famílias que leiam o capítulo

“A casa na árvore”, do livro Vida Formiga.

APRESENTAÇÃO

14 LIV · 1o Ano

DIÁRIO DO TOMÁS5 min

Peça ao aluno que levou o Tomás para casa que

compartilhe seu fim de semana e seus registros

com a turma.

RELEITURA DO CAPÍTULO5 min

Relembre o capítulo de apresentação do Tomás e abra

espaço para as perguntas que surgirem, a fim de que

todos compreendam a história.

IDENTIFICAÇÃO COM O TOMÁS10 min

Para esse momento, reflita com os alunos sobre as possíveis

identificações deles com o Tomás. Peça que todos fiquem no

centro da sala e separe dois cantos: um será equivalente às

pessoas que se identificam com o Tomás e outro, às que não

se identificam. Traga afirmações sobre o personagem e peça

para que se desloquem para um dos lugares. Após a primeira

afirmação, eles podem voltar para o centro. Você pode fazer

a segunda afirmação e eles novamente vão para o canto que

faça mais sentido para eles. E assim suscessivamente.

Algumas ideias de afirmação:

– Tenho uma irmã mais nova.

– Gosto de brincar com meus primos.

– Moro em uma casa.

– Adoro bolo quentinho.

– Eu gosto de brincar de quebra-cabeça.

Depois dessa brincadeira, sente em roda e converse

sobre essas afirmações e o que eles notaram de

semelhante e de diferente entre eles e o Tomás.

OBJETIVO

Identificação dos alunos com o

Tomás. Apresentação da caixa

coletiva de sentimentos. Primeira

conversa sobre sentimentos.


Reler o capítulo de apresentação.


Caixa coletiva de sentimentos.

DEVER DE CASA

Da aula passada:

O aluno que levou o Tomás deve

mostrar seu diário.


Sorteio de qual aluno levará o Tomás

para casa.

AULA 02TOMÁS E A TURMA

APRESENTAÇÃO

15LIV · 1o Ano

APRESENTAÇÃO DA CAIXA COLETIVA DE SENTIMENTOS15 min

Volte à história e leia a parte que diz que o Tomás pode guardar o que quiser na caixa, e ele

escolhe guardar o que sente.

– O que são os sentimentos? (Ouça as respostas dos alunos e defina com eles).

“São nossas emoções, o que sentimos, mesmo que muitas vezes não entendamos

por que estamos sentindo.”

Momento de apresentação da caixa coletiva de sentimentos. É importante dizer para a

turma: na caixa coletiva de sentimentos poderemos guardar todos os sentimentos que o Tomás

nos apresentar, ou outros que forem aparecendo ao longo das aulas. A caixa coletiva de

sentimentos deve ser construída com auxílio do professor junto à turma, portanto não é um

material enviado pelo LIV. Sugerimos que, se houver tempo, o professor, junto aos alunos,

personalize a caixa com pinturas, desenhos, frases ou de qualquer outra forma que escolher.

Nesse momento, o professor deve, também, apresentar a caixa individual de cada aluno,

diferenciando-a da coletiva: A caixa coletiva deve ficar na sala de aula e tudo o que colocarmos

nela será decidido pela turma. A caixa individual será levada para casa e cada aluno deve decidir

o que quer guardar nela.

Peça exemplos de sentimentos. O mais provável é que apareçam “alegria”, “tristeza”, “raiva”

e “nervosismo”. Dificilmente alguma criança dirá, por exemplo, “tranquilidade”. Se disser,

deve-se aproveitar a oportunidade. Se não disser, o professor poderá introduzir perguntas

sobre a calma e conversar um pouco sobre ela.

A tranquilidade é o que sentimos quando estamos calmos, relaxados, sem nenhum outro

sentimento. Quando estamos tranquilos, conseguimos fazer aquilo que queremos.

DESPEDIDA15 min

Relembrando a primeira aula, peça aos alunos que se deitem em silêncio, de olhos fechados,

e respirem fundo dez vezes. Conte com eles e, ao final, peça-lhes que abram os olhos e se

levantem aos poucos.

Pergunte aos alunos o que estão sentindo, se estão mais calmos do que no início da aula e se

sentiram alguma mudança.

Convide os alunos para a próxima aula.

Faça o sorteio do próximo aluno que vai levar o Tomás para casa.


1º ANO

LIVRO: A CAIXA DE TOMÁS

2 3

4 5

Apresentação

O ovo do gesso (ciúme)

Uma semente de jatobá (animação)

A biribinha (rejeição)

Duas folhas secas (confiança)

O cavalo laranja (frustração e arrependimento)

A meia de rena (inveja)

O papel crepom (raiva)

Três palitos de sorvete (alegria)

A fita vermelha (vergonha)

A pena branca (coragem)

A fivelinha (egoísmo)

A pilha (medo)

A asa do besouro (culpa)

O telescópio (ansiedade)

O avô (tristeza)

A caixa colorida (amor)

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103

Este é o Tomás. A irmã do Tomás se chama Valentina. Sua prima se chama Gigi, e seu primo, Geraldo. Sua avó se chama Madalena, mas todo mundo chama ela de Lena. Tomás vive em uma casa que tem quintal. No quintal tem uma árvore, na árvore tem uma casinha, na casinha tem carrinho, boneca, quebra-cabeça faltando peça, bloco de montar pra construir coisas, lápis de cor com e sem ponta, alguns animais selvagens e de plástico em geral, pacotes de bolacha começados, além de duas borrachas e alguns papeis de bala amassados. Às vezes, quando o Tomás pisa no terceiro degrau da es-cada que é feita de tábuas pregadas no tronco da árvore, ela faz um barulho diferente, um “nhééééc” igual ao do couro da

8 9

bota do seu avô. Às vezes, lá da cozinha, vem o cheiro do bolo que a sua mãe está assando pro lanche, e ele consegue sentir lá da janela. Às vezes tem umas formigas carregando migalhas de bolacha que caíram no chão, e Tomás tem certeza de que, se não fosse por ele, as formigas morreriam de fome. Às vezes tem um facho de luz do sol que entra pelas frestas da parede, e Tomás acha que, se pegasse uma lupa, daria pra ele colocar fogo em um pedacinho de papel. Às vezes o Tomás sobe na casinha e nada acontece. Então ele deita na almofada colorida que sua mãe costurou e que ele vive contando que é cheia de penas de gansos selvagens do Canadá e fica lá, bem sossegado. Às vezes ele é um pirata que prende a Gigi no mastro enquanto Geraldo, o marinheiro cego de um olho, varre o convés com uma vassoura feita de pétalas secas de raflésia, a planta-cadáver das selvas de Bornéu. Teve uma vez em que uma caixa grande, colorida e vazia estava no chão, bem no meio da casa da árvore e, em cima dela, tinha um bilhete escrito em letra de forma garranchosa que dizia: “guarde aqui tudo o que você quiser”. E é lá que o Tomás guarda o que ele sente.

10 11

Naquele dia, o Tomás não queria brincar com a Valentina. Naquele dia, a Valentina tinha caído e quebrado o dedo. E nem era um dos dedos mais importantes, um daqueles que a gente usa pra segurar o lápis. Era o menor dedo que uma pessoa tem e nem era da mão direita, era o dedinho do pé e ainda por cima do pé esquerdo, que todo mundo sabe que não é um dedo importante ou o melhor dedo que uma pessoa pode ter! Mas a Valentina caiu, quebrou o dedo, foi para o pronto-socorro com sua mãe e voltou com o pé engessado e uma boneca nova no colo. Tomás não entendia por que alguém que quebra só um dedinho precisa colocar gesso colorido e ainda por cima ganhar um presente por causa disso. Quando uma pessoa era boba o suficiente pra cair e deixar

O ovo do gesso(ciúmes)

12 13

alguma parte do seu corpo quebrar, essa pessoa não devia ser premiada. Tomás subiu na sua casa da árvore e ficou lá emburrado. Ali, o Tomás podia ficar quieto, sem ter que paparicar a Valentina, que tinha ganhado uma boneca careca de presente só porque quebrou um dedo. Unzinho só! Quando a Gigi e o Geraldo chegaram, eles não correram pra casa da árvore como faziam sempre. Eles ficaram lá na sala com a Valentina. Absurdo, isso! Só porque a Valentina quebrou um dedinho, um dedinho de nada, eles ficaram na sala com ela! E agora parecia que eles iam jogar algum jogo, que devia ser um jogo bem bobo, porque uma pessoa que quebra um dedo do pé não deve ter capacidade de brincar de qualquer coisa que seja legal e deve querer só brincar com aquela boneca careca e esquisita que tinha ganhado. Se eles estivessem brincando com a boneca careca, esquisita e macambúzia, ele ia atormentar o Geraldo por brincar com as meninas ao invés de estar lá na casa da árvore com ele, construindo uma máquina para viajar no tempo e no espaço com aquelas ferramentas coloridas e importadas de Taiwan que ele ganhou merecidamente, por mérito só seu, de aniversário. Então, o Tomás decide descer da sua casa da árvore e

descobrir do que eles estavam brincando. E, pela janela da sala, ele viu a Valentina deitada no sofá com o pé numa almofada macia, com as bochechas vermelhas, descabelada e falando pelos cotovelos. E viu a Valentina mostrar pra Gigi uma bolinha colorida, que todo mundo sabe que era só uma bolinha colorida mesmo! Um pedacinho do gesso que cobria o pé dela e que ela segurava com cuidado enquanto explicava pra Gigi que aquilo era um ovo do gesso do pé dela. — Mas gesso não bota ovo! — estranhou a Gigi. — O meu botou! Foi o que o enfermeiro disse. E é laranja! Ó! — Você dá ele pra mim? — perguntou a Gigi. — Não, esse ovo o meu gesso botou pro Tomás. Eu guardei pra ele! O moço disse que ovos de gesso são muito legais e que a gente nunca sabe o que pode nascer deles. — Será que vai nascer um bicho? Uma planta? — disse a Gigi — Um dedo igual ao que você quebrou? — disse o Geraldo. — Eu acho que vai nascer o que o Tomás quiser. As coisas são sempre assim com o Tomás, ele é muito poderoso e especial e nunca quebrou nenhum dedo. E, de repente, a boneca não era mais tão careca e esquisita, a Valentina não era tão boba e a vontade do Tomás de ficar

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sozinho na casa da árvore não era tão grande. O ovo do gesso ainda não quebrou e nada nasceu dele, por enquanto. E ele está guardado na caixa do Tomás, junto com mais um monte de coisa.

16 17

Aquele era o melhor dia de todos! De todos os dias que Tomás já tinha vivido, aquele com certeza era o melhor de todos! O dia até que tinha começado normal. O Tomás acordou cedo, foi pra escola, fez as coisas que tinha que fazer por lá e voltou pra casa. E nessa hora as coisas começaram a melhorar. Primeiro, era uma sexta-feira e sextas-feiras são por natureza os melhores dias da semana, só perdendo pro sábado e empatando com o domingo. Depois, o Geraldo chegou com uma mala! Isso só podia querer dizer duas coisas: ou o Geraldo ia se mudar definitivamente pra casa do Tomás ou eles iam viajar! Será?! Se eles fossem viajar, o Tomás queria ir pra algum lugar que tivesse praia, mas podia ser também pra algum lugar que tivesse

Uma semente de jatobá(animação)

18 19

montanha-russa ou canoagem, arvorismo e rafting! Eles também podiam acampar! O Geraldo disse que, com certeza, eles iam viajar! Ninguém tinha dito que ele ia morar pra sempre na casa do Tomás! E ele não colocou todas as roupas dele na mala, então, com certeza, eles iam viajar. E provavelmente seria a viagem do século, já que ninguém tinha contado pra onde eles iam! Esse tipo de mistério só podia ser porque a viagem era especial! Os dois decidiram desfazer a mala do Geraldo pra ver se achavam alguma pista do lugar pra onde eles iriam. Tinha sunga! Praia, piscina, lago, lagoa, riacho, mar, rio! Tinha um casaco acolchoado daqueles impermeáveis! Frio, montanha, escalada, Everest! Uma bota! Campo, barro, andar a cavalo! Um tênis! Futebol, vôlei, corrida, caminhada, caminho de Santiago de Compostela! Não dava pra saber! A mala do Geraldo estava muito bem-feita. Com ela, eles poderiam ir pra qualquer lugar, mas acabaram indo mesmo é pro quintal, porque a Odete ficou muito brava com a bagunça que eles fizeram e agora ela tinha que arrumar a mala toda de novo! No quintal, os dois continuaram tentando descobrir pra

onde eles iam viajar. Será que era de avião? Se fosse de avião, Tomás achava que tinha que levar aquelas máscaras parecidas com a do Zorro, só que sem os furos dos olhos, pra eles poderem dormir sem se incomodar com a luz. E se fosse de navio? Já pensou? Eles bem que podiam ir numa excursão pra resgatar relíquias do Titanic. E na mala do Geraldo tinha uma sunga, era melhor o Tomás também separar a dele e os óculos de natação, só pra garantir. Se eles fossem de carro, o Tomás precisava levar alguns brinquedos pra brincar no carro, porque viagem de carro sempre demorava e ele achava meio chato, mas não muito chato porque eles estavam viajando e, quando chegavam, era sempre legal. De qualquer maneira e de qualquer meio de transporte, era sempre bom levar algumas bolachas porque ele sempre ficava com fome quando viajava. E também seria legal levar uns livros, né? Gibis! Cadernos de atividades! — Geraldo, pega o estojo? — Você pegou o cubo mágico? A pilha de tranqueiras no meio da sala já estava enorme quando a mãe do Tomás chegou em casa no final do dia. — Mas o que que é isso, Tomás? — São as coisas pra viagem! Que foi? Esqueci alguma coisa?

20 21

— Esqueceu! O juízo! Você acha que eu vou levar tudo isso pro sítio da tia Wanda? — A gente vai pro sítio da tia Wanda? Aquele que no lugar da piscina tem um esguicho verde rachado, não tem cavalo nem TV porque não tem antena? — Esse mesmo. Os dois ficam só um pouco em silêncio, pensando no sítio da tia Wanda que eles conheciam bem. — Uau! Jura? Vamos agora?! Não falei que ia ser a viagem do século? — Eba! Show! Vamos, Geraldo, vamos pegar a bola e meu arco e flecha! — Tá, eu te ajudo! Você lembra que lá tem um lago e que em volta dele é tudo barro e da última vez a gente perdeu o chinelo e a meia? — Oba!!! Quando voltou do sítio, o Tomás guardou na sua caixa uma semente de jatobá que a tia Wanda deu pra ele como prêmio por não ter perdido nenhuma meia daquela vez.

22 23


1º ANO

PELÚCIA TOMÁS


2º ANO

MANUAL DO PROFESSOR


2o ANO

MANUAL DOPROFESSOR

Direção-geral

Caio Lo Bianco

Gerência pedagógica

Joana London

Direção editorial

Rachel Nogueira

Gerência editorial

Elvira Cardoso

Gerência de criação

Erika Scheiner

Coordenação pedagógica

Renata Ishida

Supervisão editorial

Andressa Fontes

Supervisão de criação

Felipe Grisolia

Design e editoração

TUUT

Iconografia

Mariana Baptista e Tatiana Siqueira

Diagramação

Felipe Cabral, Paula Samico e Rafael Abreu

Revisão

Caíque Pereira, Karen Bandeira, Luciana Cafasso e Thayane Vieira

Autoria

Caio Lo Bianco, Joana London, Leonardo Viana e Ricardo Cavalcanti

Colaboradores

Amanda Ribeiro, Antonia Mendes, Carolina Pavanelli, Christine Lourenço, Cristiane Forny, Diego Aguiar,

Guilherme Cintra, Maira Maia, Rachel Nogueira, Sandra Valle e Virgínia Chaves

ISBN

978-65-5521-426-0

GUIA GERAL1. CARTA DE APRESENTAÇÃO AOS PROFESSORES DE LIV

Prezado professor,

Este será o seu guia das aulas de LIV para turmas de 2o Ano do Ensino

Fundamental. Talvez seja a primeira vez que você tenha contato com um

material como este. Nele, falaremos sobre um tema muito importante que

todos nós conhecemos: o conceito de empatia.

Este não é um material como outro qualquer. Com ele, não estamos

esperando respostas “certas” ou “erradas”; o que pretendemos é ajudar

nossas crianças a se conhecerem a partir de atividades divertidas, debates e

muita reflexão para que elas busquem identificar melhor seus sentimentos

e os das pessoas que estão à sua volta. Os professores também podem

participar das dinâmicas e das reflexões descrevendo situações que

acontecem ou que aconteceram em sua vida. Assim, as aulas ficam mais

acolhedoras e cativantes e os alunos se sentirão mais à vontade para

compartilhar o que eles sentem a partir das histórias, dinâmicas e situações

que o professor vai propor a cada aula.

Que tal abrir um espaço para nos colocarmos mais no lugar do outro e nos

preocuparmos mais com nossos sentimentos?

2. MAS O QUE É O LIV E QUAL A SUA IMPORTÂNCIA?

O LIV é um projeto que trabalha com competências sociais e emocionais,

as quais se desdobram em atitudes, valores e comportamentos que podem

ser aprendidos e experimentados na relação com o outro e com o espaço

na escola, na cidade ou na família. Embora nem sempre sejam valorizadas

ou sequer trabalhadas de forma organizada e sistemática na escola, essas

competências são tão importantes quanto habilidades cognitivas, pois

melhoram o aprendizado e o desempenho sob condições desafiadoras que

exigem empatia, pensamento crítico, criatividade e perseverança.

Saber reconhecer, acolher e expressar as próprias emoções de forma nítida

e respeitosa, bem como saber trabalhar de maneira colaborativa e em

equipe é essencial para a vida em sociedade e para o sucesso nas profissões

contemporâneas.

GUIA GERAL

4 LIV · 2o Ano

3. COMO TRABALHAR O LIV COM CRIANÇAS TÃO PEQUENAS?

Neste ano, trabalharemos o conceito de empatia, o conhecimento e o

reconhecimento das emoções. De forma lúdica, traremos dinâmicas

divertidas e muitas reflexões acerca das histórias que serão contadas.

Utilizaremos como material didático o livro O caderno do Geraldo, da autora

Blandina Franco e do ilustrador José Carlos Lollo. O objetivo é fazer com que

os alunos consigam tanto reconhecer seus sentimentos quanto identificá-

-los nas pessoas que estão ao seu redor, para que pensem em suas atitudes

considerando o que os outros estão sentindo.

No livro, há 15 situações escolhidas por nós e pela autora, nas quais o

personagem Geraldo tem de compreender os seus sentimentos e os de seus

amigos, colegas e família para lidar melhor com cada uma delas.

O manual oferece aulas bem estruturadas, mas é importante destacar que

elas não estão “escritas em pedra”. Assim, você tem a liberdade de inventar,

recriar e adaptar o material recebido. Pedimos apenas que nos informe o que

foi feito em relação à disciplina para que possamos, também, aprimorá-la

cada vez mais.

4. QUAL O FORMATO DAS AULAS?

Há duas aulas de introdução (nas quais apresentamos o livro O caderno do

Geraldo e a pelúcia do Geraldo – o boneco que a cada semana será levado

por algum aluno diferente) e duas aulas para cada capítulo em que o Geraldo

se encontra em alguma situação na qual precisa compreender melhor o que

está acontecendo com os outros personagens.

Na primeira dessas aulas, abre-se espaço para muita conversa, compreensão

das experiências e emoções vividas pelo Geraldo e, principalmente, para

as dúvidas. Na segunda, são apresentadas brincadeiras, propostas de

registros e atividades que permitem às crianças entrar em contato com esses

sentimentos de forma menos intelectual e mais corporal e sensitiva.

Ao lado das descrições das atividades, há um espaço indicando os objetivos

principais de cada aula, a preparação para a aula com o material necessário

e o dever de casa. Este será sempre o mesmo e tratará do fim de semana

com o Geraldo. Portanto, a cada semana, apenas um aluno é responsável

pela apresentação do dever de casa, que é contar e mostrar registros de uma

entrevista.

GUIA GERAL

5LIV · 2o Ano

Em cada aula, as atividades estão descritas e detalhadas de forma a gerar

o menor número de dúvidas possível. Estas, no entanto, são normais e

esperadas. Por isso, sugerimos como preparação para a aula a leitura atenta

do capítulo a ser trabalhado e da aula específica a ser ministrada no dia.

No final de cada capítulo do livro O caderno do Geraldo, há um enigma

proposto pela autora no rodapé da página. Sugerimos, como você vai notar

ao final de cada aula de leitura, que a resposta seja dada no momento de

“Despedida” (depois de os alunos tentarem adivinhá-la). As respostas dos

enigmas estão no final do livro O caderno do Geraldo.

Cada atividade possui uma estimativa de tempo com relação à duração.

É importante ressaltar que o tempo não precisa ser cumprido à risca e que

nem sempre será possível fazer todas as atividades propostas no livro.

Isso não quer dizer que o professor fracassou. O tempo e quantidade de

atividades variarão de acordo com a quantidade de alunos na turma, com o

nível de atenção ou dispersão deles etc. É fundamental a compreensão dos

objetivos almejados para cada aula; por isso propomos as melhores atividades

para trabalhar com cada tema abordado pelo livro de Blandina e Lollo.

Como trabalharemos com desenhos e registros, é importante explicar

aos alunos que todas as produções feitas nos cadernos são expressões

individuais do que eles sentem e pensam sobre os assuntos que serão

tratados. Portanto, sugerimos aos professores explicar-lhes que não existe

desenho “feio” ou “bonito”, e que toda forma de se expressar é válida para

demonstrar seus sentimentos e visão do mundo.

GUIA GERAL

6 LIV · 2o Ano

4.1 Dinâmicas semanais

• Cumprimento do dia

Nas aulas de leitura serão propostas diversas dinâmicas de cumprimentos entre

os alunos. A ideia é promover atividades curtas e rápidas nas quais eles tenham

espaço para se conhecerem melhor, se cumprimentarem antes de começar as

aulas e se integrarem de forma mais lúdica. Algumas delas foram elaboradas de

acordo com a situação contada no capítulo lido no dia, porém o professor tem

total liberdade de criar e de alterar as dinâmicas propostas.

O objetivo delas é fazer com que os alunos interajam e se respeitem cada vez

mais, para começarem a compreender melhor uns aos outros e a considerar

melhor as próprias atitudes com base na compreensão do que os outros amigos

estão sentindo. Sugerimos aos professores que participem dos cumprimentos

com os alunos; dar o exemplo de como fazê-los pode facilitar o entendimento

de como a atividade funcionará. Tanto nas aulas quanto nos cumprimentos, se

algum aluno não quiser compartilhar com a turma os seus sentimentos, suas

histórias e suas singularidades, este não deve ser obrigado a falar. Encoraje os

alunos a falar sobre si quando se sentirem confortáveis para isso.

• Entrevistas do Geraldo

A cada semana, a partir da aula 2, uma criança será sorteada para levar

o Geraldo para casa e passará um fim de semana com o mascote. Nessa

ocasião, ela deverá escolher alguém que lhe seja próximo para entrevistar; no

encontro seguinte, os registros da entrevista serão levados à sala de aula – por

exemplo, fotos, textos, um desenho feito em conjunto com o entrevistado – e

apresentados à turma. A criança deve contar os medos e os sonhos da pessoa

entrevistada, o que deixa essa pessoa feliz, como fica quando se sente triste,

isto é, apresentar as respostas do entrevistado às perguntas que ela elaborou.

Os alunos podem pensar em diferentes formas de apresentar o entrevistado

com base nesses registros, e cabe ao professor organizar uma pasta ou outro

espaço para guardar as entrevistas ao longo do ano. No final de cada caderno

dos alunos, haverá uma folha destacável dedicada a essa entrevista. Aquele

que for o sorteado da semana deve destacar a folha e levá-la para casa junto

com o boneco do Geraldo.

• Enigmas do Geraldo

Sabemos que os alunos adoram descobrir enigmas, assim como o Geraldo.

Por isso, ao final de cada capítulo haverá algum mistério para a turma tentar

desvendar. É importante deixar que tentem descobrir sozinhos e estimular

GUIA GERAL

7LIV · 2o Ano

respostas variadas e criativas. Quando os alunos tiverem esgotado suas

tentativas, o professor deve acessar a penúltima página do livro e dar a eles

a resposta certa.

5. COM QUAIS MATERIAIS TRABALHAREMOS?

5.1 Material do professor

O livro O caderno do Geraldo será usado para turmas de 2o Ano do Ensino

Fundamental. As aulas e o guia do professor estão presentes neste manual

do professor, no qual se encontram todas as propostas de atividades e

de reflexão referentes a cada capítulo. Cada turma terá um Geraldo de

pelúcia que será levado a cada fim de semana por um aluno junto com as

Entrevistas do Geraldo (ver aula 2).

É normal que as crianças se apeguem ao boneco do Geraldo e queiram

tocá-lo, abraçá-lo ou cuidar para que ele não estrague, portanto sugerimos

ao professor que, junto com a turma, organize um “cantinho” na sala para

guardá-lo durante os momentos em que não haja aula de LIV. Oferecemos

algumas ideias do que colocar nesse espaço para torná-lo mais interativo,

porém o professor pode decidir qual a melhor forma de guardar o Geraldo

(ver aula 1).

5.2 Caderno do aluno

O caderno de atividades é composto por duas folhas para cada capítulo. Na

primeira folha há um espaço para a criança desenhar com base na história lida

ou orientada por alguma atividade indicada nas aulas do manual do professor.

Já na segunda folha há um espaço com linhas para que os alunos descrevam

o desenho feito no dia ou escrevam sobre ele, caso queiram, podendo falar

sobre seus sentimentos diante da situação proposta para registro. A capa

será personalizada pelos alunos na primeira aula (ver aula 1). O caderno de

atividades permanecerá em sala durante todo o ano e só será devolvido na

última aula de LIV.

GUIA GERAL

8 LIV · 2o Ano

É importante ressaltar que nem todas as aulas terão propostas para os alunos

desenharem na folha de desenho do caderno de atividades, porém, se o

professor estiver de acordo e os alunos quiserem desenhar nas folhas em que

não são indicadas atividades de desenho, é possível administrar um tempo

com a turma para que esses registros sejam feitos.

Obs.: No caderno de atividades dos alunos há uma página de introdução

do Tomás, personagem principal do livro A caixa do Tomás, trabalhado em

turmas do 1o Ano do Ensino Fundamental. Se houver alunos que estejam

lidando pela primeira vez com as aulas de LIV, sugerimos ao professor que

peça à turma para abrir o caderno de atividades e leia com ela essa introdução.

Assim, todos terão conhecimento dos personagens que aparecerão no livro

O caderno do Geraldo.

As orelhas do Geraldo serão usadas pelos alunos durante as aulas. O objetivo

é fazer com que, ao “vestir” as orelhas, eles passem a se colocar no lugar do

Geraldo e, de forma divertida, passem a entender melhor como os amigos

estão se sentindo. Ao longo das atividades, surgirão propostas de quando os

alunos devem colocar as orelhas, porém fica a critério do professor escolher

outros momentos ou a melhor forma de administrar a ocasião de usá-

las – por exemplo, ao contarem seus registros das Entrevistas do Geraldo

ou durante o cumprimento do dia. Caso alguma criança não queira usar as

orelhas, ela não deve ser obrigada a vesti-las, porém pode ser incentivada a

usá-las para “entrar no clima” das atividades junto com a turma. As orelhas

permanecerão na escola durante todo o ano e serão enviadas para casa

no último dia de aula.

5.3 Material da família

Os responsáveis receberão, no primeiro dia de aula, um material da família e

o Manual do Capitão Clark para complementar o que vem sendo trabalhado

com os alunos em sala de aula. A aula 19 é dedicada ao livro Manual do

Capitão Clark, portanto, na aula anterior (aula 18), é preciso pedir aos alunos

que levem para a sala o livro completado. Esse material das famílias também

foi desenvolvido pela dupla Blandina e Lollo, o que auxilia ainda mais na

criação de vínculo das crianças com os personagens.

Esse livro traz um personagem muito amado por Geraldo, o Capitão Clark, e

tem como objetivo que as famílias pensem nas missões necessárias para que

ele se torne capitão, cumprindo-as em grupo.

GUIA GERAL

9LIV · 2o Ano

ANIVERSÁRIO DO GERALDO!

Geraldo nasceu no dia 16 de junho e, como todo filhote, ele também gosta


especial e, se for possível, prepare com a turma uma festa para celebrar esse

momento. Aliás, não esqueçam de convidar o Tomás, a Fernanda e os amigos

da escola para comer um pedaço de bolo! Divirtam-se!

Não deixem de fazer registro desse momento e mandar para a gente.

6. O QUE FAZER COM O LIVRO O CADERNO DO GERALDO NO FIM DO ANO?

A despedida – último capítulo escolhido pela autora – será trabalhada

nas duas últimas aulas. Sugerimos que, na segunda aula desse capítulo,

o professor e seus alunos escolham uma instituição à qual doar o Geraldo

de pelúcia e o seu livro. As crianças também terão de se despedir de ambos.

Dessa forma, poderão continuar praticando o desapego e a empatia ao verem

que, com o material que as ajudou ao longo do ano, outras crianças vão poder

aprender e se divertir.

No final de cada aula, há um espaço para observações e anotações a ser usado

pelo professor. Sugerimos aos professores de LIV que usem essas linhas para

anotar seus apontamentos sobre cada aula, tanto para registrar suas observações

pessoais sobre a turma quanto para compartilhar com a Equipe LIV o que deu

certo, os momentos-chave e as informações que julguem importantes.

Esperamos que a nova disciplina seja estimulante tanto para os alunos quanto

para os professores e para as famílias. Temos aqui a oportunidade de orientar

e ajudar essas pessoas tão pequenas – e mesmo assim tão complexas – no

caminho do autoconhecimento. O percurso é longo, sem dúvida. Mas, com

a ajuda dos professores, coordenadores, funcionários da escola e família,

asseguramos que será um caminho muito compensador.

Conte conosco para o que for necessário.

Atenciosamente,

Equipe LIV

GUIA GERAL

10 LIV · 2o Ano

AULA 01ApresentaçãoApresentação do Geraldo

p. 12

AULA 03DebatePrimeiro dia de aula

p. 18

AULA 05DebateTrabalho em grupo

p. 22

AULA 09DebateO problema da Matemática

p. 30

AULA 11DebateO problema do Carlos

p. 34

AULA 15DebateAniversário na escola

p. 41

AULA 17DebateA Fernanda no hospital

p. 45

AULA 06AtividadesTrabalho em grupo

p. 24

AULA 08AtividadesO colega de muleta

p. 28

AULA 12AtividadesO problema do Carlos

p. 36

AULA 14AtividadesO lanche coletivo

p. 40

AULA 02AtividadesGeraldo e a empatia

p. 15

AULA 04AtividadesPrimeiro dia de aula

p. 20

AULA 10AtividadesO problema da Matemática

p. 32

AULA 16AtividadesAniversário na escola

p. 43

AULA 07DebateO colega de muleta

p. 26

AULA 13DebateO lanche coletivo

p. 38

CRONOGRAMA

GUIA GERAL

11LIV · 2o Ano

AULA 30DebateO pum

p. 72

AULA 32DebateFérias

p. 76

AULA 35AtividadesA despedida

p. 82

AULA 21AtividadesA fila

p. 53

AULA 23AtividadesA viagem

p. 58

AULA 27AtividadesApresentação do trabalho

p. 66

AULA 29AtividadesO valentão

p. 70

AULA 33AtividadesFérias

p. 78

AULA 18AtividadesA Fernanda no hospital

p. 47

AULA 20DebateA fila

p. 51

AULA 24DebateO estudo do meio

p. 60

AULA 26DebateApresentação do trabalho

p. 64

AULA 31AtividadesO pum

p. 74

AULA 34DebateA despedida

p. 80

AULA 22DebateA viagem

p. 56

AULA 28DebateO valentão

p. 68

AULA 19AtividadesManual do Capitão Clark

p. 49

AULA 25AtividadesO estudo do meio

p. 62

CRONOGRAMA


Inicie a aula lendo, em roda, o capítulo de apresentação

do Geraldo. Apresente este e todos os personagens

da história, afirmando que ele vai ajudar cada um a

compreender melhor os sentimentos dos outros (na aula

seguinte, a discussão com os alunos será sobre empatia).

Lembre-se de que, embora o Geraldo esteja na escola,

tudo o que for aprendido com ele será usado para o

resto da vida, seja com a família, com os amigos ou com

qualquer pessoa conhecida.

GERALDO DE PELÚCIA5 min

Mostre às crianças que haverá um Geraldo de pelúcia na

sala de aula e que ele vai morar na escola como se fosse um

amigo da turma, portanto todos devem cuidar para que ele

não estrague. É importante fazê-lo passar de mão em mão,

pedindo às crianças que tenham cuidado ao manuseá-lo.

Explique a elas que ele vai acompanhá-las durante todas as

aulas, mas que é um bem comum da turma.

Os alunos podem colocar suas “orelhas do Geraldo”

enquanto a pelúcia passa pela roda. Explique que o

objetivo é fazer com que, ao “vestir” as orelhas, eles

passem a se colocar no lugar do Geraldo para, de uma

forma divertida, passar a entender melhor como os

amigos estão se sentindo. As orelhas do Geraldo

permanecem na escola até o último dia de aula.

OBJETIVO

Apresentar o Geraldo de pelúcia aos

alunos e construir o seu cantinho.


Ler o capítulo de apresentação e o

guia do professor. Preparar o caderno

do aluno e o do responsável, que serão

entregues no final da aula.


Materiais diversos para a construção

do Cantinho do Geraldo e materiais

para enfeitar a capa do caderno

dos alunos – cola, cartolinas, Pilot

colorido, tesoura, lápis de cor, papéis

coloridos.

DEVER DE CASA

Da aula passada:

Não há.



capítulo “O Capitão Clark”, do livro

Manual do Capitão Clark.

AULA 01APRESENTAÇÃO DO GERALDO

APRESENTAÇÃO

12 LIV · 2o Ano

CANTINHO DO GERALDO + DECORAÇÃO DO CADERNO DO ALUNO 30 min

Decida o melhor lugar da sala para guardar o Geraldo. Construa, decore e

personalize esse espaço em conjunto com as crianças para que o Geraldo fique

guardado e, ao mesmo tempo, esteja visível na sala de aula. A forma como

o “Cantinho do Geraldo” será construído fica a critério de cada professor e sua

turma, podendo ser alterado quando se julgar necessário. O mais importante

no primeiro dia é estabelecer esse espaço, o qual pode ser usado também para

interações com os alunos fora do momento de aula, para que as crianças criem

mais vínculos com o Geraldo e os aprendizados de cada aula.

Sugestões para o “Cantinho do Geraldo”:

• Pergunta da semana, à qual cada criança, ao longo da semana, pode

responder com desenhos, palavras, frases etc.

Ex.: “Como estou me sentindo hoje?”, “O que eu gosto de fazer nos horários

livres?”, “Qual é a coisa de que eu menos gosto?”, “Quais são as minhas

maiores qualidades? ”, “O que me deixa feliz?”.

• Árvore genealógica e das relações do Geraldo para que as crianças

compreendam melhor quem são a família, os amigos e os personagens de

O caderno do Geraldo.

• Espaço para listar os nomes de quem já levou o Geraldo para casa e de

quem não o levou ainda.

• Caderno grande de folhas de cartolina no qual as crianças possam

desenhar, sempre que quiserem, situações parecidas com as que ouviram

nas histórias do Geraldo.

• Mural com exemplos de “piadas dos pontinhos”, como as que vão surgindo

na história, para as crianças tentarem descobrir. Além disso, listar nele

curiosidades, como as coisas que o Geraldo gosta de saber (capítulo da

apresentação do Geraldo).

Explique à turma que cada aluno receberá um caderno de atividades, igual

ao caderno de desenhos que a avó do Geraldo deu a ele, que será usado ao

longo do ano. Peça aos alunos que decorem a capa do caderno da forma

como eles quiserem, de forma única e criativa. É importante ressaltar que

os alunos devem decorar apenas a capa do caderno, assim como o Geraldo

e sua avó fizeram. Explique que esse caderno ficará sempre na sala de aula

para a realização das tarefas.

APRESENTAÇÃO

13LIV · 2o Ano

DESPEDIDA5 min

Pergunte quem sabe o enigma do pontinho e, em seguida, dê a resposta à turma.

Obs.: Lembre-se de que as respostas dos enigmas se encontram no final do

livro O caderno do Geraldo.

No final da aula, os alunos devem levar para casa o guia do responsável e o

livro Manual do Capitão Clark, de Blandina Franco. O caderno de atividades

dos alunos deve permanecer na escola até a última aula de LIV.

Esta é uma boa aula para você indicar às famílias que leiam o capítulo “O

Capitão Clark” do livro.

ANOTAÇÕES

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APRESENTAÇÃO

14 LIV · 2o Ano

ATIVIDADES

15LIV · 2o Ano

RELEMBRANDO O CAPÍTULO DE APRESENTAÇÃO10 min

Use esse espaço para relembrar os personagens

apresentados e para tirar possíveis dúvidas que surgirem

a respeito da história.

Pergunte quais semelhanças ou diferenças as crianças

têm em relação ao personagem, verificando o que têm

em comum com o Geraldo. Seguem sugestões de

perguntas para guiar a discussão.

a. Quem tem um caderno ou outra coisa para

desenhar os sentimentos?

b. O que tem no quarto de vocês? Alguém tem

alguma coisa igual às do Geraldo?

OBJETIVO

Entender o conceito de empatia.

Explicar a dinâmica dos

cumprimentos.



guia do professor.


Cartolina, Pilot e bola para a

dinâmica dos cumprimentos.

DEVER DE CASA

Da aula passada:

Não há.


Não há.

AULA 02GERALDO E A EMPATIA

ATIVIDADES

16 LIV · 2o Ano

ATIVIDADE DE EMPATIA25 min

Antes da atividade, relembre aos alunos que ao longo do ano vamos trabalhar

a empatia. Pergunte a eles se já ouviram falar sobre essa palavra.

Caso eles não conheçam esse termo, explique-lhes que empatia é uma

consideração pelo outro, por seus sentimentos, por suas experiências, ou a

capacidade de se colocar no lugar dele para tentar ver o mundo como ele vê.

Feito isso, dê aos alunos as orelhas do Geraldo e peça-lhes que se

posicionem, um ao lado do outro, em redor da sala, olhando para a parede

e de costas para o professor. Em seguida, explique a eles a brincadeira da

estátua: ao ouvirem o seu comando (algum sentimento: raiva, felicidade,

chateação etc.) e a palavra “Já!”, todos devem se virar, fazendo uma estátua

que expresse esse sentimento. Escolha a “melhor” estátua, e a criança

selecionada passa a determinar o comando (sentimento) seguinte. Ela

deverá, então, escolher quem tiver feito a melhor estátua de seu comando e

voltar para a fileira; o colega escolhido decidirá o comando posterior.

Propostas de discussão:

a. Nós conseguimos perceber o que os outros estão sentindo?

b. O que cada um usou para escolher a “melhor” estátua?

c. Todo mundo sente raiva, felicidade etc. pelos mesmos motivos?

d. É importante perceber o que os outros estão sentindo?

DINÂMICA DOS CUMPRIMENTOS10 min

Ensine aos alunos a dinâmica dos cumprimentos (ver manual do professor,

página 6) e explique-lhes que, a partir do encontro seguinte, eles começarão

as aulas se cumprimentando de jeitos diferentes para se conhecerem melhor.

Proposta de cumprimento do dia: (Todos com as orelhas do Geraldo). Com

uma bola de papel, o professor diz como está se sentindo e joga a bola para

outra criança, que deve fazer o mesmo. Cada criança jogará a bola para

alguém que ainda não tenha falado, até que a última criança fale.

ATIVIDADES

17LIV · 2o Ano

DESPEDIDA5 min

Explique que, a partir dessa aula, a cada semana um aluno levará o Geraldo

para casa, durante o fim de semana, para fazer o exercício “Entrevistas do

Geraldo” (ver manual) e deverá trazê-lo na aula seguinte. Sorteie o Geraldo para

o primeiro aluno e convide todos a estarem presentes na próxima semana.

Em caso de algum aluno ficar triste ou chateado por não ter sido sorteado

para levar o Geraldo para casa na primeira semana ou nas próximas aulas,

explique que, mesmo não sendo daquela vez, todos os alunos terão a

oportunidade de passar um fim de semana com o Geraldo. Tranquilize-o

dizendo que todos podem ficar felizes por aquele aluno que está levando a

pelúcia, assim como todos os outros alunos também ficarão felizes quando

for a vez dele.

ANOTAÇÕES

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2º ANO

LIVRO: O CADERNO DO GERALDO

6

7

Apresentação

Primeiro dia de aula

Trabalho em grupo

O colega de muleta

O problema da Matemática

O problema do Carlos

O lanche coletivo

Aniversário na escola

A Fê no hospital

A fila

A viagem

Estudo do meio

Apresentação do trabalho

O valentão

O pum

Férias

A despedida

9

15

21

27

33

39

47

55

63

71

79

87

95

103

111

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Esse é o Geraldo. A irmã do Geraldo se chama Gigi. Sua prima se chama Valentina, e seu primo, Tomás. Sua avó se chama Madalena, mas todo mundo a chama de Lena. Sua mãe se chama Virgínia, mas todo mundo a chama de Vivi – por isso ela sempre acha que está sendo chamada quando alguém chama a Gigi. O pai do Geraldo não mora na mesma casa que ele, então é a sua mãe quem cuida de tudo na casa deles. O Geraldo gosta de ajudar a mãe, então, sempre que ela está ocupa-da com alguma coisa da casa deles, ele fica atrás dela, fazendo compa-nhia e falando sem parar sobre as coisas que ele considera importantes, mas que nem todo mundo sabe, e que podem ser úteis para ela um dia, como a profundidade oceânica em que os tubarões nadam ou a quanti-dade de ovos que a rainha dos cupins bota em um dia.

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Infelizmente, a mãe dele faz parte do grupo de pessoas que não sa-bem nada sobre essas coisas, e, portanto, ela nunca sabe dizer os nomes das 27 luas de Urano ou qual o tamanho do pescoço de uma girafa e sempre acaba dizendo que ele ajuda mais brincando no quintal do que seguindo seus passos pela casa. Em compensação, ela sabe todas as respostas a perguntas do tipo “O que é um pontinho verde no canto da sala?” e sempre dá ao Geraldo o melhor beijo de mãe que existe. O Geraldo e a mãe moram em uma casa amarela que fica a um quar-teirão da casa de seus primos e a três quarteirões da escola onde ele estu-da. A casa não é grande, mas também não é pequena. Não tem um jardim cheio de árvores, mas tem grama e esguicho para os dias de sol. O Geraldo tem um quarto só para ele, com uma janela azul bem no meio da parede em que a sua cama fica encostada. Quando chove, ele gosta de olhar os desenhos que as gotas de chuva fazem no vidro e ima-ginar com o que elas se parecem. No quarto há uma estante azul de madeira com três prateleiras nas quais o Geraldo guarda coisas importantes. Na verdade, quem guarda é a mãe dele, pois o Geraldo é distraído e deixa as coisas espalhadas pela casa inteira. Na prateleira de baixo há uma caixinha cheia de bolas de gude que o Geraldo usa como asteroides quando brinca de extinção dos dinossauros na Terra, uma pasta de elástico com desenhos e fotos de vários planetas recortados do caderno de ciências do jornal e uma caneca que ele ganhou

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da avó Lena como lembrança de quando ela foi a Poços de Caldas, na qual ele guarda seus lápis e canetas coloridas e mais algumas coisas que a mãe dele não sabia onde colocar. Na prateleira do meio ficam a nave espacial, os tripulantes huma-nos e extraterrestres, os potes de gosma, as armas a laser, os monstros amorfos e todas as outras coisas do capitão Clark que ele ganhou no Natal passado. Ali também ficam seus livros sobre planetas e viagens e um globo que reproduz o mapa do céu e que, quando é ligado na toma-da, acende e projeta a galáxia nas paredes e no teto do quarto. Na prateleira de cima, o Geraldo guarda aquilo em que Gigi não pode mexer, pois são coisas particulares. Tem um cofre na forma de um caixão que, quando a gente coloca apresenta uma moeda em cima dele, apresenta uma mão de esqueleto puxando a moeda para dentro; tem uma foto dele ainda bebê no colo do pai; tem um saquinho colorido que ele ganhou de presente da mãe e que, para qualquer pessoa desavisada, pode parecer só um saquinho de areia costurado como aqueles do jogo “Cinco Marias”, mas, na verdade, é uma coisa especial que ela costurou só para ele, mesmo não sabendo costurar, contendo um pouco de cora-gem, um pouco de carinho e dois beijos dela para emergências. Às vezes, o Geraldo acha que ela inventou isso só para que ele tivesse coragem de viajar sozinho com a escola no ano passado, mas, como funcionou e ele viajou e sobreviveu, ele prefere acreditar nela e guardar o saquinho para usá-lo de novo, se precisar; e tem o caderno de desenho que ele ganhou da avó Lena.

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No ano passado, quando seu avô morreu, o Geraldo ficou muito triste, com medo de esquecer as histórias que o avô contava ou perder outras pessoas da sua família ou mais um monte de coisas que ele não entendia nem conseguia explicar. Então, um dia, a avó Lena buscou o Geraldo na casa dele, e eles foram a pé até uma rua cheia de lojas que havia ali perto e compraram um caderno de desenho, desses comuns e que são vendidos em qualquer lugar, e um tecido de algodão azul-marinho estampado com pequenas naves. Em casa, eles encaparam o caderno com o tecido que tinham com-prado, e a avó Lena disse a ele que ali, naquele caderno, podia escrever ou desenhar tudo o que achasse importante ou sentisse ou descobrisse sobre a vida e as pessoas de quem gostava. Ela ensinou a ele que esse era um dos jeitos mais simples, divertidos e seguros de entendermos e guardarmos as coisas que a gente aprende e as pessoas que a gente ama. Outro método conhecido é guardar dentro da cabeça da gente, mas, nesse caso, não podemos usar canetas coloridas e, às vezes, as cores se apagam. Então, desde aquele dia, é ali que o Geraldo guarda todas as coisas que ele aprende e que não quer esquecer sobre a vida e sobre os outros.

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O Geraldo está pronto, esperando. Ele está sozinho, sentado no sofá da sala, de uniforme e mochila, esperando sua mãe, que está no quarto com a Gigi há um tempão. O Geraldo gosta muito da Gigi, ela é irmã dele e, apesar de ser mais nova, não é sempre que se mostra insegura, embora hoje esteja se sen-tindo assim. Ele não entende o que está acontecendo com a Gigi. Hoje é o primeiro dia de aula deles, e a Gigi não quer ir para a escola. A mãe do Geraldo até já disse a ela que hoje vai ficar na escola fazen-do a adaptação, que é quando os pais ficam na escola para acompanhar seus filhos até que eles se acostumem. Mas nem isso convenceu a Gigi a ir para a escola. O Geraldo está ansioso. Para ele, o primeiro dia de aula é o dia de descobrir o que mudou na escola. Muda a cor das paredes, que são pin-tadas nas férias, muda a classe em que ele vai estudar, muda o material

Primeiro dia de aula

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escolar que ele vai usar, muda o cardápio da cantina, mudam os alunos da classe, e o Geraldo está louco para saber quem estará na mesma classe que ele e se vai ter algum aluno novo para ele conhecer. E, além de tudo isso, mudam também os professores, e o Geraldo quer muito saber quem vai ser o seu. Ele se preocupa porque um professor novo pode ser uma pessoa que não gosta dele ou de crianças em geral; pode ser uma pessoa igual àquela vizinha da tia Lúcia que coleciona ga-tos no quintal, fazendo com que, só de passar na sua calçada, a gente sinta o cheiro de xixi; pode até ser uma pessoa que queira convencer os alunos a comer só comida vegana! Geraldo estava mesmo ansioso com o primeiro dia de aula e queria ir logo para a escola descobrir a resposta a todas essas perguntas, mas a Gigi estava atrasando tudo. Por que será? Este é o primeiro ano da Gigi na escola em que o Geraldo estuda. Há dois anos ela frequentava uma escola que funciona como uma creche para filhos de funcionários no trabalho da sua mãe. A escolinha antiga da Gigi era pequena, só tinha seis crianças e três bebês, e agora, na escola nova, ela teria um espaço bem maior para brin-car e mais crianças para conhecer e fazer amizade! Muito melhor! Na Pré-Escola sempre há um monte de crianças novas, então tudo seria novo e desconhecido para todo mundo, e a Gigi não seria a única criança que não conhece os professores, a rotina da escola, as classes e onde fica o banheiro.

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Sem falar que a escola era logo ali, pertinho da casa deles, então, se a mãe ficasse presa no trânsito ou tivesse uma reunião muito importante e se atrasasse muito, Gigi conseguiria voltar para casa sozinha. O Geraldo não entendia o que estava acontecendo com a Gigi. A es-cola é tão legal! Por que será que ela não quer ir? E quando ele não aguentava mais esperar e levantou do sofá para chamar a mãe mais uma vez, ela entrou na sala trazendo a Gigi. A Gigi segurava a mão da mãe com tanta força que os dedos dela estavam brancos, provavelmente porque o sangue parou de circular ali. Uniforme vestido, mochila nas costas, laço no cabelo e um monte de lá-grimas querendo pular para fora dos olhos. No caminho para a escola, a Gigi andava quieta, agarrada na mão da mãe, e o Geraldo, que andava ao lado dela, de vez em quando olhava para a irmã para ver se ela já tinha começado a chorar. Ao mesmo tempo, procurava na sua imaginação alguma informação importante, daquelas que todo mundo deveria saber, mas nem todo mundo sabe, que expli-casse por que a Gigi estava tão estranha naquele dia. Porém, para esse assunto, ele não encontrou nada catalogado. Na porta da escola, a mãe do Geraldo o abraçou e beijou. Fazendo cócegas nele, perguntou: O que é um pontinho preto em um livro? O Geraldo ficou com vergonha, mas também ficou feliz. Quando viu o Tomás e seus amigos correndo no pátio, correu para brincar, mas, no meio da corrida, olhou para trás para dar um tchau para a mãe e viu a

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Gigi, parecendo muito menor do que era, parada perto do portão enor-me da escola. Várias crianças corriam e gritavam em volta da Gigi, sem reparar nela ali, parada, sozinha, sem saber o que fazer e sem ter uma amiga com quem brincar. A Gigi queria muito que a Valentina, sua prima e melhor amiga, que também começaria na escola naquele dia, estivesse lá com ela. Mas, por azar das duas, a Valentina estava com uma virose e não iria para a escola no primeiro dia de aula. A mãe do Geraldo estava parada perto da Gigi conversando com a dona Mercedes, a orientadora da Pré-Escola, e as duas nem perceberam quando a Gigi soltou da mão da mãe e foi caminhando quietinha até a mureta que separa a rampa de entrada da escola e a quadra de futebol, sentou de cabeça baixa abraçando sua mochila e ficou ali, tentando aprender a ser invisível para os outros. E foi na invisibilidade dela que o Geraldo conseguiu enxergar direiti-nho o que a Gigi estava sentindo. O Geraldo foi até a Gigi, sentou do lado dela e perguntou: — Ei, Gigi, você sabe o que é um pontinho preto em um livro?

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O Geraldo está animado. Hoje, quando a aula começou, a primeira coisa que a sua professora disse foi que, naquele dia, fariam o primeiro trabalho do ano que valeria nota. O Geraldo achava que não precisaria se esforçar para fazer o tra-balho porque era em grupo, e trabalho em grupo a gente faz com os amigos, então é lógico é mais fácil de fazer do que aqueles que a gente precisa fazer sozinho. Ele queria ter ficado no grupo do Tomás, mas a professora disse que não, que, quando os dois estão juntos, eles não prestam atenção, então o grupo do Geraldo era formado por ele, a Fúlvia, o Carlos e a Fê. A Fúlvia era nova na escola, e o Geraldo não a conhecia direito. O Carlos ele conhecia, e eles eram só colegas, daqueles que a gente às vezes brinca na escola, mas nunca tinha ido à casa dele. Já a Fê era sua amiga desde quando eles entraram na escola, ela ensi-nou o Geraldo a escalar as portas pelo lado de dentro do batente, como se eles fossem aranhas de pernas esticadas.

Trabalho em grupo

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A Fê estava sentada de frente para o Geraldo fazendo o que ela sem-pre faz: o que ela tem vontade! Ela cruzava as pernas, descruzava, fazia bolinhas de papel para, de vez em quando, jogar uma no Geraldo e, mes-mo bagunçando, ouvia tudo o que a professora dizia e fazia tudo certo. O Carlos era de longe o mais concentrado do grupo. Ele anotava tudo o que a professora falava, às vezes levantava a mão e perguntava alguma coisa sem sentido, do tipo “Podemos falar de muitas coisas?”. E ele pare-cia meio nervoso, o Geraldo não sabia por quê. — Para de fazer bagunça, Geraldo. – cochichou o Carlos. — Assim a gente vai tirar zero no trabalho. — Como assim, Carlos?! Nem tem zero na escola – estranhou Geral-do, já que lá não tinha zero mesmo, as notas eram dadas por letras. A Fúlvia era um mistério. Estava quieta, prestando atenção em tudo. O Geraldo não tinha a menor ideia do que ela estava pensando, mas acha-va que seria bom ela estar no grupo porque ela tinha cara de quem cola adesivo e desenha com caneta colorida no caderno, e uma pessoa assim é sempre boa para fazer trabalhos em grupo, que, com certeza, precisariam de desenhos ou fotos coladas. Quando todos os grupos estavam formados e todo mundo estava quase em silêncio, a professora explicou que eles teriam que escolher entre dois temas: planetas ou animais africanos, e essa escolha era parte impor-tante do trabalho porque eles tinham que escolher juntos e sem brigas. O Geraldo ficou mais animado ainda. Eles tinham saído na frente! — Fácil! Planetas, é óbvio!

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Acontece que a Fúlvia resolveu começar a falar e ela não só falava, como também queria mandar e decidir quem faria cada tarefa no grupo! Ela disse que existem mais animais africanos na galáxia do que pla-netas e, por isso, o trabalho ficaria mais “rico” se fosse sobre animais! Imagina, mais rico! Será que ela não sabe quanto custa uma viagem es-pacial? A Fúlvia mal chegou à escola e já começou falando besteira! O mais incrível é que o Carlos concordou com ela! Ainda bem que a Fê preferia planetas, então estava empatado. “Vamos decidir na sorte”, determinou a Fúlvia. “Pedra, papel, tesou-ra”, disse a Fê. “Dois ou um”, disse o Carlos. “Lá em cima do piano tem um copo de veneno”, disse a Fúlvia. “Palitos, igual a qualquer filme, quan-do é preciso escolher quem vai ser sacrificado”, disse o Geraldo. — Vamos fazer do jeito que o Geraldo está falando, para ele não po-der reclamar quando ele perder – disse a Fúlvia, e todo mundo concor-dou com ela, menos o Geraldo, que pressentiu ali a sua derrota. Dito e feito. O Geraldo ficou com o palitinho do sacrifício, e a Fúl-via, feliz, mandou o Carlos pegar um livro sobre curiosidades animais na biblioteca. E ele foi! A partir daquela hora, o Geraldo perdeu toda a vontade de fazer aque-le trabalho e também toda a esperança de um dia ser amigo da Fúlvia. Ele nunca ele seria amigo de alguém que acha uma girafa interessan-te! E daí que elas não têm cordas vocais, que têm o coice mais poderoso do mundo e conseguem limpar as orelhas com a própria língua? Quem quer saber que o elefante é o único animal que tem quatro joelhos e que o olho de um avestruz é maior do que seu cérebro?

23

O Geraldo não queria escutar o que a Fúlvia ditava para o Carlos, que escrevia com cuidado na cartolina aberta no chão entre eles, onde a Fê desenhava uma girafa de pescoço torto e uma floresta cheia de ma-cacos azuis pendurados nas árvores, mas, quando percebeu, estava dei-tado no chão, colorindo um hipopótamo que mais parecia um hamster gigante. Enquanto coloria, o Geraldo pensava que a Gigi adoraria saber que o suor dos hipopótamos era cor-de-rosa, e sua mãe odiaria saber que existem 1 milhão de formigas para cada pessoa! Para que isso? O que alguém faria com 1 milhão de formigas? O Carlos não parecia mais nervoso e estava apontando vários lápis no apontador elétrico na mesa da Janaína. A Fê continuava fazendo o que ela tinha vontade e, agora, queria descascar uma laranja para obter uma espiral perfeita, como se fosse uma cobra, e, depois, colar na car-tolina. A Fúlvia tinha parado de querer mandar em todo mundo e agora fazia linhas retas de lápis grafite bem clarinho em um canto da cartolina, para o Carlos usar como linha e conseguir escrever reto. No fim do dia, depois que receberam um B+ de nota pelo trabalho, o Geraldo não achava mais impossível ser amigo da Fúlvia, mas isso só por-que ele achou legal ela fazer linhas na cartolina para ajudar o Carlos, que escrevia como se as palavras quisessem fugir pelo pé da página. Quando o Geraldo viu a sua mãe no portão da escola, correu até ela e perguntou: — Mãe, o que são dois pontinhos de cor cinza em cima da água?

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2º ANO

PELÚCIA GERALDO


3º ANO

MANUAL DO PROFESSOR

MANUAL DOPROFESSOR


3o ANO

Direção-geralCaio Lo Bianco

Gerência pedagógicaJoana London

Direção editorialRachel Nogueira

Gerência editorialElvira Cardoso

Gerência de criaçãoErika Scheiner

Coordenação pedagógicaRenata Ishida

Supervisão editorialAndressa Fontes

Supervisão de criaçãoFelipe Grisolia

DesignTUUT

IconografiaMariana Baptista e Tatiana Siqueira

DiagramaçãoFelipe Cabral, Paula Samico e Rafael Abreu

RevisãoCaíque Pereira, Karen Bandeira, Luciana Cafasso e Thayane Vieira

AutoriaCaio Lo Bianco, Joana London, Leonardo Viana, Maira Maia, Renata Ishida e Ricardo Cavalcanti

ColaboradoresAntonia Mendes, Carolina Pavanelli, Christine Lourenço, Cristiane Forny,

Diego Aguiar, Guilherme Cintra, Rachel Nogueira, Sandra Valle e Virgínia Chaves

ISBN978-65-5521-423-9

GUIA GERALPrezado professor,

Este será o seu guia de aulas do LIV para turmas de 3o Ano do Ensino

Fundamental. Talvez seja a primeira vez que você se encontra com um

material como este. Nele, falaremos sobre um tema que é muito importante e

que todos nós conhecemos: relacionamentos.

Este guia não é como um guia qualquer; com ele não estamos esperando

respostas “certas” ou “erradas”. O que pretendemos é, por meio de atividades

divertidas, debates e muita reflexão, ajudar a criança a reconhecer e a

entender melhor as suas relações com amigos e familiares e as suas atitudes.

Os professores também poderão participar das dinâmicas e das reflexões

compartilhando situações de suas vidas. Assim, as aulas ficarão mais

acolhedoras e cativantes e os alunos se sentirão mais à vontade para expor o

que sentem a partir de histórias, dinâmicas e situações que o professor vai

propor a cada aula.

MAS O QUE É O LIV E QUAL É A SUA IMPORTÂNCIA?

O LIV trabalha com competências sociais e emocionais, que se

desdobram em atitudes, valores e comportamentos que podem ser

aprendidos e experimentados na relação com o outro e com o espaço, seja

na escola, na cidade ou na família. Além disso, elas são tão importantes

quanto as habilidades cognitivas, pois melhoram o aprendizado e

o desempenho sob condições desafiadoras, que exigem empatia,

pensamento crítico, perseverança e criatividade, mas que nem

sempre são valorizadas ou sequer trabalhadas na escola de forma

organizada e sistemática.

Dentro de uma sociedade cada vez mais conectada e globalizada,

urge formarmos cidadãos que saibam lidar com suas emoções. Saber

reconhecê-las e expressá-las de forma transparente e respeitosa e saber

trabalhar de maneira colaborativa são competências essenciais para a

vida em sociedade e para o sucesso nas profissões contemporâneas.

GUIA GERAL

4 LIV · 3o Ano

COMO TRABALHAR O LIV COM CRIANÇAS TÃO PEQUENAS?

Da forma mais lúdica possível. Neste ano, trabalharemos com o tema

“Relacionamentos”. A ideia é trabalhar, ao longo de todo o ano,

o reconhecimento de diversas relações que nos envolvem. Utilizaremos,

como material didático, o livro Os papéis da Fernanda, da autora Blandina

Franco e do ilustrador José Carlos Lollo. O objetivo é que os alunos consigam

compreender todas as formas de relação presentes em suas vidas.

No livro, há 15 situações escolhidas pela autora e por nós em que a personagem

Fernanda precisa compreender as relações existentes em sua vida. Isso

significa entender sua relação com seus amigos, com sua maturidade, com sua

família e com situações do seu dia a dia para lidar melhor com cada uma.

Nós da Equipe LIV acreditamos na sua capacidade em ministrar essa

disciplina, portanto o aconselhamos a criar também. O manual oferece

aulas bem estruturadas, mas vale destacar que elas não estão “escritas

em pedra”. Assim, você tem a liberdade de inventar, recriar e adaptar o

material recebido. Nosso único pedido é que nos dê um retorno em relação à

disciplina para que também possamos, cada vez mais, aprimorá-la.

QUAL É O FORMATO DAS AULAS?

Você vai perceber que há duas aulas de introdução (nas quais apresentamos

o livro Os papéis da Fernanda, a família desta e a mascote, que será levada

por um aluno diferente a cada semana) e duas aulas para cada capítulo em

que a Fernanda se encontra em alguma situação de compreender melhor o

que está se passando com ela e com os outros personagens.

Na primeira aula de cada capítulo, abre-se espaço para muita conversa

e compreensão das situações e emoções vividas pela Fernanda e pelos

outros personagens e, principalmente, para as dúvidas. Já que falaremos

sobre relacionamentos, nessas aulas de leitura, sugerimos que os alunos

sempre se dividam em grupos para conversar sobre as perguntas propostas

no dia e vivenciar trocas e conversas com colegas diferentes a cada aula.

É importante que o professor passe pelos grupos para acompanhar e

incentivar as discussões, assim como para evitar e resolver possíveis

conflitos entre os integrantes. Porém, sinta-se livre para definir a quantidade

de crianças em cada grupo, assim como a forma de dividi-los.

Na segunda aula de cada capítulo, são apresentadas brincadeiras, propostas

de registros e atividades que permitem às crianças entrar em contato com os

sentimentos de forma menos intelectual e mais corporal, sensitiva.

GUIA GERAL

5LIV · 3o Ano

Ao lado das descrições das atividades, há um espaço indicando os objetivos

principais de cada aula, os materiais, entre outros fatores, necessários para

a sua preparação e o dever de casa. Este será sempre o mesmo e tratará do

fim de semana com a Fernanda. Portanto, a cada semana, apenas um aluno

é responsável pela apresentação do dever de casa, que é contar e mostrar

registros desse tempo passado com a mascote.

Em cada aula, as atividades estão descritas e detalhadas de modo a gerar

o menor número possível de dúvidas. Estas, no entanto, são normais e

esperadas. Por isso, sugerimos, como preparação, a leitura atenta do capítulo a

ser trabalhado e da aula a ser ministrada no dia.

Além disso, cada atividade possui uma estimativa de tempo em relação à

sua duração. É importante ressaltar que o tempo não precisa ser cumprido à

risca e que nem sempre será possível fazer todas as atividades propostas no

livro. Isso não quer dizer que o professor fracassou. O tempo e a quantidade

de atividades variarão de acordo com o número de alunos na turma e com o

nível de atenção ou dispersão deles.

COM QUAIS MATERIAIS TRABALHAREMOS?

Manual do professor

O livro Os papéis da Fernanda será utilizado por turmas de 3o Ano do Ensino

Fundamental. As aulas e o guia do professor estão presentes no manual

do professor, no qual estão todas as propostas de atividade e reflexão

referentes a cada capítulo. Nos dias de debate e reflexão com a turma, o

professor deve ler toda a história escrita pela autora. Nos dias de atividades,

o professor deve ler a parte final do capítulo, na qual sempre há um registro

da Fernanda sobre a história contada.

Cada turma terá uma Fernanda de pelúcia, que será levada, a cada fim

de semana, por um aluno diferente da turma. É normal que as crianças se

apeguem ao boneco da Fernanda e queiram tocá-lo, abraçá-lo ou cuidar para

que ele não estrague, portanto sugerimos que o professor, junto à sua turma,

organize um “cantinho” na sala dedicado a guardá-lo durante os momentos

em que não se tem aula de LIV. Sugerimos algumas ideias do que colocar nesse

espaço para torná-lo mais interativo, porém o professor pode decidir qual é a

melhor forma de guardar a Fernanda na sala. Também é possível que alguns

alunos criem certa resistência ao boneco. Se isso acontecer, é importante não

forçá-los a realizar essa tarefa do fim de semana. Respeite o momento de cada

um e incentive o vínculo aos poucos. É preciso ter em mente que essa situação

pode resultar do fato de a Fernanda ser uma mascote feminina, temática que

GUIA GERAL

6 LIV · 3o Ano

será trabalhada no próprio livro e, portanto, haverá muito espaço para

conversar com os alunos.

Uma das atividades que ocorrerão semanalmente chama-se Pasta da

Fernanda. No caso, uma criança será escolhida por sorteio para levar o

boneco da Fernanda e passar um fim de semana com ele. O objetivo é que

o aluno, junto aos responsáveis, conheça um lugar novo e faça um registro

sobre ele. Esses apontamentos devem ser coletivos, ou seja, os responsáveis

devem participar das atividades tanto de realização do desenho sobre o local

visitado quanto de criação do texto explicando um pouco a experiência em

família. Lembre-se de que o aluno deve levar a Fernanda e os registros de

volta para a escola já na segunda-feira, assim outra criança poderá levar a

personagem no fim de semana seguinte. Os registros serão adicionados à

pasta coletiva da Fernanda (uma pasta da turma preparada pelo professor de

LIV contendo todos os registros levados pelos alunos).

Lembrando:

a. Essa pasta não será enviada pelo LIV como material para o

professor.

b. O sorteio só ocorrerá com aqueles que ainda não passaram o fim

de semana com o boneco de pelúcia da Fernanda.

Caderno do aluno

O caderno do aluno será composto por atividades relacionadas a cada

capítulo. Em algumas páginas, haverá um espaço para registro sobre a

história lida, orientado por alguma atividade indicada nas aulas do manual

do professor. Em outras, haverá um espaço com perguntas para que os

alunos, se quiserem, descrevam a atividade feita no dia ou escrevam sobre

ele, podendo falar sobre como se sentiram diante da situação contada.

O caderno do aluno permanece em sala durante todo o ano e só deverá

ser levado para casa na última aula de LIV.

As crianças receberão, também, um envelope individual e um bloco de recados.

Nas atividades de leitura, os alunos se dividirão em grupos para conversar sobre

a história contada, seguindo as perguntas propostas pelo professor. A cada grupo

formado, os alunos terão de escrever recados para os colegas de grupo, que serão

guardados nos envelopes individuais de seus respectivos destinatários. Existirá

um direcionamento para a realização de cada um dos recados. Lembre os alunos

de sempre assinarem seus nomes nos papéis de recado. Tanto os envelopes

quanto os blocos de recados devem permanecer na escola até a última

atividade de LIV. Esse material só vai ser explicado aos alunos na aula 03.

GUIA GERAL

7LIV · 3o Ano

Obs.: No caderno do aluno, há uma página de introdução do Geraldo, personagem principal trabalhado nas

turmas de 2° Ano do Ensino Fundamental. Se na turma houver alunos que estão lidando pela primeira vez

com as aulas de LIV, ou que não conheceram o personagem do ano anterior, sugerimos ao professor que

peça aos alunos que abram o caderno do aluno e leia com eles a introdução desse personagem para que

todos possam conhecer os integrantes do livro Os papéis da Fernanda.

Material da família

Além de professores e alunos, os responsáveis também receberão materiais (o material da família e o livro

Histórias da Tia Val) para complementar aquilo que vem sendo trabalhado com as crianças em sala de aula.

Esse livro de histórias da família também foi desenvolvido pela dupla Blandina e Lollo, o que auxilia ainda

mais na criação de vínculo das crianças com os personagens.

A aula 19 será dedicada a esse material, portanto, na aula anterior, lembre os alunos de levar os seus livros

da família para utilizar na sala.

ANIVERSÁRIO DA FERNANDA!

Fernanda nasceu no dia 18 de maio e, como todo filhote, ela também gosta


especial e, se for possível, prepare, com a turma, uma festa para celebrar esse

momento. Aliás, não esqueçam de convidar o Geraldo, o Tomás e os amigos da

escola para comer um pedaço de bolo! Divirtam-se!

Não se esqueçam de fazer um registro desse momento e mandar para a gente.

O QUE FAZER COM O LIVRO OS PAPÉIS DA FERNANDA NO FIM DO ANO?

Sugerimos ao professor e aos seus alunos que escolham uma instituição para doar a Fernanda de pelúcia

e o seu livro. Dessa forma, as crianças poderão continuar a praticar o desapego e a empatia ao verem que,

com o material que as ajudou ao longo do ano, outras crianças vão poder aprender e se divertir.

Esperamos que a nova disciplina seja estimulante tanto para os alunos quanto para os professores.

Temos, aqui, a oportunidade de orientar e ajudar esses sujeitos tão pequenos – e, mesmo assim, tão

complexos – no caminho do autoconhecimento. O percurso é longo, mas, com a ajuda dos professores, dos

coordenadores e de todos os funcionários da escola, asseguramos que será muito compensador.

Conte conosco para o que for necessário.

Atenciosamente,

Equipe LIV

GUIA GERAL

8 LIV · 3o Ano

AULA 01ApresentaçãoApresentação da Fernanda

p. 10

AULA 03DebateA lenda do Jaé Grande

p. 16

AULA 05DebateO verso da amizade

p. 21

AULA 09DebateQuadrinhos do invisível

p. 29

AULA 11DebateLimerique do jiribanda

p. 34

AULA 15DebateUm manuscrito em língua morta

p. 42

AULA 17DebateO mito do umbigo do mundo

p. 46

AULA 06AtividadesO verso da amizade

p. 23

AULA 08AtividadesA sigla Ichiiiiiiiii

p. 27

AULA 12AtividadesLimerique do jiribanda

p. 36

AULA 14AtividadesDicionário das inimizades

p. 40

AULA 02ApresentaçãoFernanda e o conceito de relações

p. 12

AULA 04AtividadesA lenda do Jaé Grande

p. 19

AULA 10AtividadesQuadrinhos do invisível

p. 31

AULA 16AtividadesUm manuscrito em língua morta

p. 44

AULA 07DebateA sigla Ichiiiiiiiii

p. 25

AULA 13DebateDicionário das inimizades

p. 38

CRONOGRAMA

GUIA GERAL

9LIV · 3o Ano

AULA 31AtividadesO equinócio

p. 74

AULA 33AtividadesHistória de cavalaria

p. 78

AULA 35AtividadesConto de Natal

p. 82

AULA 22DebateTratado sobre dragões

p. 56

AULA 24DebateA profecia

p. 60

AULA 28DebateO conto da noiva de Gârbova

p. 68

AULA 30DebateO equinócio

p. 72

AULA 18AtividadesO mito do umbigo do mundo

p. 48

AULA 21AtividadesCartão do porta-retratos

p. 54

AULA 25AtividadesA profecia

p. 62

AULA 27AtividadesA tabela

p. 66

AULA 32DebateHistória de cavalaria

p. 76

AULA 34DebateConto de Natal

p. 80

AULA 23AtividadesTratado sobre dragões

p. 58

AULA 29AtividadesO conto da noiva de Gârbova

p. 70

AULA 20DebateCartão do porta-retratos

p. 52

AULA 19DebateHistórias da Tia Val

p. 50

AULA 26DebateA tabela

p. 64

CRONOGRAMA

APRESENTAÇÃO

10 LIV · 3o Ano


Inicie a aula lendo, em roda, o capítulo de apresentação da

Fernanda. Apresente a Fernanda e todos os personagens

da história aos alunos, afirmando que ela vai ajudar a

aprender e a compreender as nossas relações com todas

as coisas (na aula seguinte, discutiremos com os alunos

sobre relações).

Lembre-os de que, embora a Fernanda esteja na escola,

tudo o que será aprendido com ela será usado para o

resto da vida, seja com a família, com os amigos ou com

qualquer pessoa que viermos a conhecer.

FERNANDA DE PELÚCIA5 min

Conte às crianças que haverá uma Fernanda de pelúcia

na sala de aula e que ela vai morar na escola como se

fosse uma amiga de todos, portanto a turma deve cuidar

para que ela não estrague. É importante passá-la de mão

em mão, pedindo às crianças que tenham cuidado ao

manuseá-la. Explique que ela vai acompanhar os alunos

durante todas as aulas, mas que é um bem comum

da turma.

OBJETIVO

Apresentar a Fernanda de pelúcia.

Construir o Cantinho da Fernanda.



guia do professor. Levar o caderno

do aluno e o da família, que serão

entregues no final da aula.


Materiais diversos para a construção

do Cantinho da Fernanda (cola,

cartolinas, canetas Pilot coloridas,

tesoura, lápis de cor, papéis coloridos).

DEVER DE CASA

Da aula passada:

Não há.



capítulo “Apresentação”, do livro

Histórias da Tia Val.

AULA 01APRESENTAÇÃO DA FERNANDA

APRESENTAÇÃO

11LIV · 3o Ano

CANTINHO DA FERNANDA30 min

Decida com os alunos o melhor lugar da sala para guardar a Fernanda.

Construa, decore e personalize esse espaço com as crianças para que a

Fernanda fique guardada e visível na sala de aula. A forma como o Cantinho

da Fernanda vai ser construído fica a cargo de cada professor e sua turma,

podendo ser alterado quando se julgar necessário. O mais importante, nesse

primeiro dia, é estabelecer esse local, que pode ser usado também para

interações com os alunos fora do momento de aula, para que as crianças

criem mais vínculos com a personagem e com os aprendizados de cada aula.

Sugestões para o Cantinho da Fernanda:

• Espaço para os envelopes individuais dos alunos (aula 03). Procure

deixá-los em um local visível e de fácil acesso, para que os alunos

possam deixar os bilhetes para os colegas sempre que quiserem.

• Mural com o desenho dos alunos.

• Desenho dos personagens da história e a relação destes com

a Fernanda.

• Caixa para que as crianças deixem diferentes registros (poesias,

textos, frases) de seu dia em diferentes suportes (papel de caderno,

guardanapo, recados).

• Combinados de como cuidar da Fernanda quando ela for levada

para casa. Por exemplo, regras básicas de cuidado coletivo: não

sujar, cuidar com carinho, não dar banho ou molhar, trazer para

a sala de aula na segunda-feira etc. (estes combinados podem ser

construídos na aula 02).

DESPEDIDA5 min

Lembre-se de entregar, também, o livro Histórias da Tia Val e o material da

família de cada aluno para que eles levem para casa.

Obs.: Os blocos de recados e os envelopes dos alunos devem permanecer

na sala, e seu uso deve ser explicado somente na aula 03.

Esta é uma boa aula para você indicar às famílias a leitura do capítulo

“Apresentação”, do livro Histórias da Tia Val.

APRESENTAÇÃO

12 LIV · 3o Ano

RELEMBRANDO O CAPÍTULO DE APRESENTAÇÃO10 min

Use esse espaço para relembrar os personagens

apresentados e para tirar possíveis dúvidas que surgirem

a respeito da história.

IDENTIFICAÇÃO COM A FERNANDA10 min

Pergunte quais semelhanças ou diferenças as crianças

têm com a Fernanda. Questionamentos para guiar

a discussão:

• O que vocês acharam da Fernanda?

• Quais eram as atividades que a Fernanda mais

gostava de fazer?

• Quem gosta de ler livros? Qual é o seu livro

preferido?

• Assim como a Fernanda, alguém gosta de

escrever?

O que vocês usam para escrever sobre o dia a

dia de vocês?

ATIVIDADE DE RELAÇÕES25 min

Peça aos alunos que façam um círculo, sentados no chão,

sentados em cadeiras ou posicionados em pé.

OBJETIVO

Explicar a ideia de relacionamentos.


Reler o capítulo de apresentação e o

manual do professor.


Cartolina, canetas Pilot coloridas

e dois rolos de barbante para a

atividade das relações.

DEVER DE CASA

Da aula passada:

Não há.


O primeiro aluno sorteado leva a

Fernanda e a Pasta da Fernanda.

AULA 02FERNANDA E O CONCEITO DE RELAÇÕES

APRESENTAÇÃO

13LIV · 3o Ano

Primeira parte:

1. Um aluno começa segurando a ponta do rolo de barbante, dizendo

o que ele acha que significa a palavra “relações”.

2. Em seguida, com cuidado para não soltar a ponta do barbante, ele

joga o rolo de barbante para outro aluno, para que este o pegue.

3. Já com o rolo na mão, o outro aluno deve segurar o barbante e, da

mesma maneira, dizer o seu significado da palavra “relações”.

Assim, uma teia se formará.

4. Após dizer o significado da palavra “relações”, esse aluno joga,

cuidadosamente, o rolo de barbante para outra pessoa. O jogo

prosseguirá nessa dinâmica, até que o último aluno fale o seu

significado para tal palavra.

5. Assim que todos falarem, o professor pedirá que olhem a teia

formada com o barbante e que a analisem para ver se encontram

alguma forma geométrica ou algum desenho que lhes lembre algo.

Segunda parte:

Ainda com o barbante preso nos dedos, e formada uma teia entre os alunos,

pergunte as seguintes questões:

• Com quem/o que nos relacionamos nas nossas vidas? Será que nos

relacionamos só com pessoas?

• Será que conseguimos pensar em diferentes formas de se

relacionar? Vocês se relacionam com seus amigos da mesma forma

que se relacionam com seus responsáveis?

Nesse momento, se houver dúvidas, elucide que nos relacionamos

de um jeito com nossa família, de outro jeito com nossos amigos

na escola, de outro jeito com as nossas responsabilidades, entre

outros. Explique que cada relação é única, assim como a teia que

eles formaram.

• Será que nos relacionamos com todos os nossos amigos da mesma

forma? E com todas as pessoas da nossa família?

• Será que, se essa atividade também fosse feita por outras pessoas,

as teias formadas seriam iguais? Por quê?

APRESENTAÇÃO

14 LIV · 3o Ano

A seguir, encontra-se um modelo de como pode ficar a teia.

Terceira parte:

• Pegue a teia formada pelo barbante e corte-a em pequenos pedaços,

formando pequenas pulseiras. Cada aluno receberá a sua. Se

houver tempo, sugira que eles pintem o pedaço de barbante antes

de colocá-lo no braço.

Explique que todos são importantes para os aprendizados que vamos ter

neste ano e que cada pulseira representa uma parte da teia formada pela

turma. Mostre às crianças que podemos aprender muito uns com os outros

quando nos escutamos e nos respeitamos.

Diga que a Fernanda vai ajudar a entender e a pensar um pouco mais o

funcionamento dos relacionamentos nas nossas vidas.

APRESENTAÇÃO

15LIV · 3o Ano

DESPEDIDA5 min

Explique que, a partir desta aula, a cada semana um aluno levará a Fernanda

para casa, durante o fim de semana, para fazer a Pasta da Fernanda (ver

manual) e que ele deverá trazê-la na aula seguinte. Lembre-se de que a

pasta deve ser preparada pelo professor de LIV. Sorteie a Fernanda para o

primeiro aluno levá-la e faça combinados com a turma para os cuidados com

a mesma: não molhar, trazê-la de volta na segunda-feira etc.

Pode acontecer de algum aluno não se sentir confortável em levar a

Fernanda por diversos motivos – por exemplo, por ser uma boneca, e não

um boneco. Caso isso aconteça, nenhum aluno deve ser obrigado a levá-la,

porém cabe ao professor incentivar indicando que pode ser divertido fazer

atividades com a família e mostrar a personagem aos responsáveis.

ANOTAÇÕES

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3º ANO

LIVRO: OS PAPÉIS DA FERNADA

BLANDINA FRANCO E JOSÉ CARLOS LOLLO

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

V583v Os papéis da Fernanda / escrito por Blandina Franco e ilustrado por José Carlos Lollo

144 p.

1. Literatura infantojuvenil I. Título

ISBN 978-85-8021-358-4 CDD: 028.5

Índice para catálogo sistemático:

1. Literatura infantil: 028.52. Literatura infantojuvenil: 028.5

2a edição impressa pela Edigráfica em novembro de 2017

A reprodução deste material, total ou parcial, só poderá ser realizada com autorização da Editora.

Apresentação

A lenda do Jaé Grande (crescer)

O verso da amizade (melhores amigos)

A sigla Ichiiiiiiiii (grupos)

Quadrinhos do invisível (bullying)

Limerique do jiribanda (apontar culpados)

Dicionário das inimizades (apelidos)

Um manuscrito em língua morta (palavrões)

O mito do umbigo do mundo (nem sempre é a sua vez)

Cartão do porta-retratos (nem tudo é igual pra todo mundo)

Tratado sobre dragões (meninos versus meninas)

A profecia (violência física e verbal)

A tabela (certo e errado)

O conto da noiva de Gârbova (o gostar)

O equinócio (não gosta de mim)

História de cavalaria (omissão)

Conto de Natal (despedida)

Dicionários

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33

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89

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105

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137

144

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Essa é a Fernanda. Mas todo mundo chama ela de Fê. Sua tia se chama Valquíria, e todo mundo chama ela de Valquíria mesmo, menos a Fê, que chama ela de tia Val. A Fê mora com a tia em um apartamento pequeno, no térreo de um prédio sem jardim, mas dentro do apartamento dela tem vários vasos com samambaias e violetas coloridas que a tia rega todo dia antes de ir pro tra-balho, com um regador de bico comprido como o pescoço de uma garça. A Fê mora com a tia Val desde que tinha dois anos de idade. Ela não sabe por que foi morar com a tia, mas sabe que prefere morar com ela do que com a mãe, que não tem paciência nem tempo pra cuidar de uma criança. Pelo menos foi isso que a Fê ouviu a mãe dizer pra tia Val em uma das poucas vezes que as três se encontraram. Já a tia Val tem todo o tempo que ela não está trabalhando e toda a paciência do mundo pra cuidar de uma criança. E ela sempre diz que a criança que ela escolheu pra cuidar é a Fê.

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A tia Val diz que escolher uma criança pra cuidar é a mesma coisa que amar – que escolher é uma coisa muito importante e vale muito, às vezes até mais do que outras coisas que muita gente acha que são importantes. E a Fê escolheu amar a tia Val como se ela fosse a mãe dela e as duas vivem em um apartamento no térreo de um prédio sem jardim, que é cheio de plantas e que a Fê gosta muito. As duas dividem o quarto na hora de dormir, mas, durante o dia, o quarto é só da Fê, e ela tem uma cama com um monte de almofadas bordadas jogadas em cima, como a cama de qualquer menina que tem uma tia que gosta de bordar, e a cama dela fica encostada em uma parede cheia de fotos da Fê, como a parede de qualquer menina que tem uma tia que gosta de tirar fotografia. Na sala do apartamento da Fê tem uma estante com uma parte que tem porta, onde a Fê guarda jogos e brinquedos e qualquer outra coisa que ela ache importante. Em uma das prateleiras dessa estante tem duas bonecas de louça coloridas, vestidas com roupas de antigamente, que a Fê comprou junto com a tia Val em uma feira de artes, na única viagem que as duas fizeram juntas, e entre as duas bonecas fica uma caixinha de ma-deira enfeitada com flores coloridas, que é onde a Fê guarda seus brincos, colares e pulseiras que ela só usa em dias especiais por que, como todo mundo sabe, pulseiras e colares enroscam nas folhas quando a gente sobe em árvores, então, além de enfeitar à toa, podem atrapalhar. E a Fê não gosta de coisas que atrapalham. O resto da estante é toda para os livros que as duas compram juntas

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em um sebo que tem no centro da cidade. Todo final de mês, quando a tia Val recebe o salário, as duas vão até o sebo “aumentar a imaginação delas”, que é como elas chamam o que qualquer outra pessoa chamaria de “aumentar o número de livros na estante”. E esse é um dos passeios que a Fê mais gosta de fazer, não por causa dos livros, mas porque, enquanto a tia Val procura as histórias que elas vão levar pra casa, a Fê toma sorvete de casquinha com aquela cobertura de chocolate que fica dura quando esfria, sentada na mureta do sebo es-perando pela tia, pra depois elas almoçarem em um restaurante que tem lá perto, que faz o mais gostoso bife a cavalo que a Fê já comeu desde o dia em que ela finalmente decidiu experimentar o prato, porque, final-mente acreditou que o bife não era DE cavalo e, sim, um bife normal com um ovo frito em cima, como se fosse uma sela de montaria. A tia Val trabalha em uma escola que não é uma escola normal dessas que ensinam coisas normais como ler e escrever e matemática. A escola onde a tia Val trabalha ensina coisas diferentes sobre assuntos diferentes que só existem em livros diferentes, como, por exemplo, “O saci, a Cuca e o Curupira” ou “O que dizem os heróis gregos quando não dizem nada” ou “Contos sufis na contemporaneidade”, seja lá onde fique esse lugar. A tia Val não é professora nessa escola, ela faz outro trabalho que não é ensinar, e a Fê não sabe que trabalho é esse, mas ela sabe que foi o chefe da tia Val que conseguiu a bolsa de estudos pra Fê estudar na escola normal, onde ela aprende coisas normais como ler, escrever e matemática, junto com o Geraldo e o Tomás, que são seus melhores amigos, mesmo

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sendo meninos e vivendo em casas onde o jardim é do lado de fora. E é nessa escola normal que a Fê brinca e divide com seus amigos as brincadeiras e coisas que ela imagina enquanto ouve as histórias que a tia Val conta pra ela toda noite antes de dormir e que mostram pra ela que o verde que ela tem dentro do seu apartamento sem jardim pode ser maior do que o cinza do lado de fora. Um dia, a tia Val contou pra Fernanda a lenda das Valquírias e, antes mesmo de ouvir qualquer coisa, a Fê já gostou da história só porque a per-sonagem principal tinha o nome da tia. Valquíria! As Valquírias eram personagens importantes da mitologia nórdica, e a tia explicou que os nórdicos são os vikings, que são o povo do Thor, que

é um herói que todo mundo conhece e sabe que é poderoso. Elas eram encarregadas de escolher os melhores, mais valentes, bravos e especiais guerreiros mortos em batalha para viver em Asgard, que é o reino de Odin, que é o pai do Thor, que manda em tudo naquele reino, até no Thor! As Valquírias são guerreiras poderosas e certeiras. Ninguém consegue enganar uma Valquíria! Não adianta alguém fingir que tem valor – tem que ser valoroso de verdade pra ser escolhido por uma Valquíria. Elas usam escudos parecidos com o da Mulher Maravilha, e é o brilho desses escudos que faz existir a aurora boreal, que são aquelas luzes co-loridas que brilham no céu do polo Norte. A Fê gostou muito da lenda das Valquírias, mas o que ela gostou mesmo foi quando a tia disse que ela podia ficar feliz porque, no final das contas, ela foi escolhida por uma Valquíria, e isso era uma coisa que só acontecia com pessoas especiais nas lendas e histórias e que, com ela, Fê, isso tinha acontecido na vida real. E isso mudou a vida da Fê. Porque ela descobriu que as coisas que acontecem nas histórias tam-bém podem acontecer na vida real e que as coisas que acontecem na vida real podem ter uma história escondida. Então, passou a procurar por essas histórias, pensando que nelas en-contraria sentido pra um monte de coisa que acontecia e ela não enten-dia, porque histórias são mais fáceis de entender do que a vida real. Todo mundo sabe disso! E começou a escrever as histórias que encontrava es-condidas nas pequenas coisas que aconteciam com ela e com os amigos.

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E ela escrevia em folhas soltas, páginas de caderno, guardanapos ou qualquer papel que estivesse à mão. Depois guardava esses papéis em uma pasta de elástico colorida que fica guardada na estante da sala, entre os livros comprados no sebo do centro da cidade junto com a tia Val. E assim, a Fê começou a escrever a sua própria história.

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Amanhã começam as aulas e a Fê está um pouco nervosa, o que não é muito comum. A Fê normalmente é tranquila e só fica nervosa quando alguma coisa muito chata acontece, como brigar com um amigo ou que-brar costelas e não poder subir em árvores por causa disso. E ela adora sua escola e tem amigos queridos lá! Mas, hoje ela está nervosa e inquieta, como se no dia seguinte ela tivesse que ir num lugar terrível, viver coisas apavorantes como aprender o que são dígrafos, que ela acha que parece o nome de alguma escrita das múmias do Egito antigo, ou ter que “de-compor centenas”, que ela fica na dúvida se é matemática ou ciências, mas acha que, se for ciências, vai ser mais legal, porque um dia ela e o Geraldo fizeram a decomposição de uma minhoca na casa da árvore do Tomás e foi bem divertido. Pena que depois a mãe do Tomás achou a minhoca espetada com alfinetes, deu um grito de nojo e ainda deu bronca neles porque alfinetes não são brinquedo de criança! Por que não? E todo o nervosismo dela começou quando, uma semana antes das aulas começarem, a cabeça da Fê se encheu daqueles pensamentos que a

A lenda do Jaé Grande

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gente pensa só pra sofrer, sabe? Como se sofrer fosse bom, tipo quando a gente arranca a casquinha de um machucado que já está sarando mesmo sabendo que isso vai fazer voltar a doer. A Fê estava com saudade dos amigos, principalmente do Tomás e do Geraldo, que são seus melhores amigos. Então, começou a imaginar como seria o re-encontro com eles, do que eles iam brincar e como seria a classe deles, e tudo de bom e divertido e especial que os três fariam juntos. Mas, de repente, ela começou a pensar que podia ser que eles não caíssem na mesma classe, podia ser que eles ficassem em classes, em prédios, em mundos, em universos separados, e aí eles não iam nem se encontrar no recreio. Isso não era justo! Se isso acontecesse ela ia pedir pra Vanessa, a diretora da escola, colocar ela na mesma classe que o Geraldo e o Tomás. Ela ia ter uma conversa séria com a Vanessa, porque era errado ela ficar em uma classe separada deles e mais isso e mais aquilo e, “se a Vanessa falar assim, eu vou responder assado”, e, quanto mais ela ensaiava na cabeça dela essa conversa imaginária sobre uma coisa que nem era coisa ainda (era só um medo que ela sentia), mais essa coisa vi-rava realidade, até que virou uma certeza absoluta e pronto: ela não ia mais estudar na mesma classe que os amigos! Isso era injusto e ela tinha que descobrir uma maneira de denunciar isso. A Vanessa que me aguarde! E tinha também a tia Val que encasquetou que agora a Fê já era grande pra certas coisas e tirou dela alguns direitos adquiridos, direitos que ela sempre teve, como, por exemplo: o direito de não arrumar a sua cama ou de não colocar a sua roupa na máquina de lavar e colocou no lugar desses

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direitos algumas obrigações, como levar seu próprio copo pra cozinha e colocar na pia depois de beber água ou organizar suas coisas! “Fala sério! Eu sempre fiz isso!”, – a Fê pensava com ela mesma. – Tá, não era sempre, mas era muitas vezes e, quando fazia, fazia porque queria ajudar a tia. Mas agora a tia vai começar a mandar nela? Tá, ela sempre mandou, só que isso nunca incomodou a Fê, por que será que tá incomodando agora? – Pô, tia Val, vou ter que trabalhar agora? – perguntou a Fê. – Pelo menos vou ganhar salário? – continuou, agora provocando a tia. – Que salário, o quê, moleca! Você já é grande pra arrumar suas coi-sas. Vai, corre! Vai arrumar sua bagunça na sala e aproveita e arruma a mochila que amanhã começam as aulas – disse a tia Val e continuou –, depois volta aqui que o almoço tá quase pronto. E tinha essa coisa de grande-pequena também! Grande, pequena, grande, pequena! A tia Val parecia não se decidir qual o tamanho real da Fê. Pra coisas chatas tipo arrumar coisas ela é grande, pra coisas legais tipo dormir tarde ou assistir filmes de terror igual aqueles que o Geraldo assistia pela metade porque a mãe dele não deixava ele assistir inteiro, ela é pequena! “A tia Val bem que podia me deixar assistir pelo menos as primeiras cenas dos filmes, que são sempre felizes, como se monstro nenhum fosse matar todo mundo dali a alguns minutos!”, a Fê matutava enquanto arrumava a sua bagunça na sala. E se ela já era grande pra certas coisas, os amigos dela também de-viam ser. Todo mundo na escola deve ter crescido também e como será que eles estão? Já pensou a Fúlvia grande? Ou os puns do Douglas?

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Depois que a Fê cumpriu seu trabalho escravo de arrumar a bagunça que ela mesma tinha feito, voltou correndo pra cozinha e sentou na mesa, esperando a tia Val acabar de servir aquela parte do frango assado que tem o ossinho da sorte pra elas fazerem seus pedidos e descobrirem qual vai ser atendido. – Fê, agora que você já está crescida, pode ser mais independente e ter mais responsabilidade – disse a tia Val, colocando o prato na frente da Fê –, e já pode começar a ir sozinha pra escola… – Jura, tia?! – a Fê interrompeu, feliz e preocupada ao mesmo tempo. – Sozinha como?!! Mas a escola não é longe? – É, querida, por isso mesmo consegui uma vaga pra você ir e voltar sozinha da escola na van da tia Elizabeth – a tia Val respondeu animada. – Putz, mas com a tia Elizabeth?! – disse a Fê, murchando. Ela não gosta muito da tia Elizabeth que só transporta crianças da pré-escola, usa calças estampadas ridículas, fala alto como uma gralha e aperta as bochechas de todo mundo! – Mas por quê? Não posso ir na van da tia Ana com o pessoal da minha idade? – Não dá, querida. A tia Ana não pega nenhuma criança perto da nossa casa. E a Elizabeth ofereceu carona pra você sem cobrar nada da gente. Eu sei que você sabe que ainda é pequena pra ir sozinha de ônibus e também sei que você sabe que a gente não pode pagar o serviço de van da tia Ana. Você já é grande pra entender isso, né, Fê? – a tia Val pergun-tou, alimentando um pouco mais o nervosismo da Fê. – Se você preferir, eu continuo te levando pra escola de ônibus.

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Mas a Fê não é boba e é lógico que ela preferia a tia Elizabeth ao ôni-bus. Então, no dia seguinte, no horário marcado, ela estava prontinha pra ir pra escola de van e, quando chegou lá, todo o seu nervosismo sumiu. Ela, o Geraldo e o Tomás estavam na mesma classe. A Beatriz, a Fúl-via, o Carlos, o Douglas e o Arthur também. E tinha mais um monte de alunos novos. Quando o sinal tocou, ela e os dois amigos combinaram de subir na árvore do pátio no recreio, pra matar a saudade daquilo que faziam juntos quase todos os dias do ano passado. O professor deles naquele ano era o Diogo e ele tinha uma cara meio brava que não combinava com o brinco que ele usava na orelha esquerda, mas podia ser que ele fosse legal. De cara ele começou a explicar que esse ano a brincadeira deles ficaria mais séria, que eles tinham crescido e por isso mesmo começariam a ter mais responsabilidades. Então podia ser também que ele fosse um mala.

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Até aquele ano a Fê achava que crescer significava poder fazer o que quisesse, quando quisesse e do jeito que quisesse, assim naturalmente: você ia crescendo e todas as vantagens de ser grande iam aparecendo na sua frente e você ia ganhando elas, tipo as moedas dos video games. A Fê tentou falar isso pro Tomás e pro Geraldo, mas não conseguiu porque os dois, mesmo estando sentados perto dela, ficaram o tempo todo conversando com uns meninos novos como se ela não existisse e nem perceberam que ela tentou falar com eles. Que chatos! E, na hora do recreio, os dois saíram correndo pro pátio com os amigos novos sem nem lembrar que eles tinham combinado de subir na árvore! Que chatos nível máximo! Então os três não subiram juntos na árvore como tinham combinado. E quando o dia acabou, depois da Fê ter resolvido os problemas na aula de matemática, de ter escrito a lição de casa na agenda, de ter organizado o armário de material (que, a partir desse ano, cada aluno tinha um e era responsável por ele), depois de ter ajudado a tia Elizabeth a colocar o cinto de segurança nas crianças menores do que ela, a Fê per-cebeu, sentada no banco da frente da van porque já era grande pra isso, que nunca tinha se sentido tão pequena em toda a sua vida já vivida.

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3º ANO

PELÚCIA FERNADA

Date post:	25-Mar-2021
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