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8/10/2019 Exegese de Isaas 40. 1-2.
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THIAGO MACHADO SILVA
EXEGESE DE ISAAS 40.1-2Co nso lo e libertao para o po vo de Deus
Exegese de Isaas 40.1-2, entregue aoSeminrio Presbiteriano do Sul como parte dorequisito para obteno do ttulo de Bacharelem Teologia.
Campinas2012
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1 Texto Hebraico de Isaas 40.1-2"
!"#$%&'()*+
,-./+0&
&123.4
5-/67.8
59/67.81
!"#$%&'()*(+,-.+/012&0!3)4,+#56'&7&28)9,+:2; 2
!"#$%&'()#*+,-$./-0!1#2#3+*4(#2+56#7.8-0
!"#$%'()*+,!-.#%/'0%1(2!"!"#$%&'()*+,-./012'*-3!"#$
2 Anlise Textual
Essa primeira parte do trabalho tem como objetivo a apresentao de alguns
argumentos que confirmem o fato de que a percope de Isaas 40:1-2 um texto
completo, ntegro2. E, posteriormente, sero analisados os termos do texto e suas
variantes de acordo com os manuscritos do aparato crtico da Bblia Hebraica
Stuttgartensia(BHS), a fim de trazer o texto o mais prximo possvel do seu original.
2.1 Delimitao do Texto
Na delimitao do texto, os princpios que destacam o comeo, o meio e o fim de
uma unidade independente, sero verificados, buscando assim uma lgica textual e
a verificao de que a defesa da mesma confivel. Delimitar um texto, portanto,
significa estabelecer os limites para cima e para baixo, ou seja, onde ele comea e
onde ele termina3.
1Bblia Hebraica Stuttgartensia, Deutsche Bibelgesellschaft, Stuttgart, 1997.2Em Metodologia de exegese bblica, CssioMurilo Dias da Silvaargumenta na pgina 68 que percope onome tcnico dado a uma unidade textual completa, isto , um texto composto de sentido prprio e que contenhacomeo, meio e fim.3SILVA, Cssio Murilo Dias da. Meto do lo gia de exegese bblica. So Paulo: Paulinas, 2000. p. 68.
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2.1.1 Critrio s de Abertura
A) O critrio retrico presente que confirma o fato de ser o comeo de uma nova
unidade o anncio de um tema4. A presena do termo !"#$%&' consolem por
duas vezes no incio do verso 1 indica o assunto que ser tratado no texto e a
nfase no chamado para consolar. Aqui, o profeta relata a mensagem de Deus de
consolo aos exilados5
B) O texto massortico (TM), a verso escrita do Antigo Testamento hebraico que se
colocou como padro no meio acadmico6, do qual a BHS faz uso, tem duas
marcas7 que indicam sua opinio quanto ao incio e fim de uma percope: 1- a
petuh (indicada pela letra ! peh), que indica que ele no tem ligao alguma
com o anterior; e 2- a setum (indicada pela letra " samek), que indica uma
ligeira quebra da percope anterior.
Antes do incio do versculo 1, no fim do versculo 8 do captulo 39, h a presena do
petuh, indicando uma quebra da percope anterior (captulo 39), e,
consequentemente, o incio de outra (captulo 40).
2.1.2 Critrio s de Fechamento
A) Um critrio de fechamento percebido uma alterao no discurso, pois, a partir
do versculo 3, o profeta relata ouvir uma voz celestial que proclama o contedo da
mensagem de consolo.8O profeta muda do chamado para consolar (v.1-2), para a
proclamao do contedo desta mensagem (a partir do v.3).
4SILVA, 2000, p. 71.5BIBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. 2ed. Barueri, SP: Sociedade Bblica do Brasil; So Paulo: Cultura Crist,2009, p.928.6 FRANCISCO, Edson de Faria. Manual da Bblia Hebraica: Intro duo ao Texto Masso rtico : GuiaIntro dutrio para Biblia Hebraica Stuttgartensia.p. 209 2 ed. So Paulo: Vida Nova, 2005.7Ibid., p. 166.8BIBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, 2009. p.928.
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B) No fim do versculo 2 h a presena da setum, indicando uma ligeira quebra da
percope anterior, e, conseqentemente, o incio de outra, com alguma ligao com
aa anterior. Para reforar o argumento, os editores da BHS colocaram o versculo 3
na linha abaixo, pois quando eles no concordam com a delimitao dos massoretas,
apesar de manterem o sinal (seja ! ou "), continuam o prximo versculo na
mesma linha do anterior. Assim, pode-se dizer que o texto de Isaas 40:1-2 um
pargrafo dentro de uma percope maior.
Segundo o comentrio The interpreters Bible9, esses versculos (40.1-2) so o
prefcio, ou o prlogo de um poema maior que vai at o v.11, e que pode ser lido daseguinte maneira: Primeira estrofe (v.3-5); segunda estrofe (v.6-8); terceira estrofe
(v.8-10) e concluso (v.11). Outros dois comentrios que dividem este texto da
mesma forma so Matthew Henrys Commentary (pg. 708) e Comentrio Bblico
Vida Nova (pg. 989-990)
2.2 Crtica Textual
A crtica textual (C.T.) que ser feita nesse trabalho servir como uma tentativa de
remontar o texto original de Isaas 40.1-2 com a base das cpias imperfeitas que
chegaram at ns10 . Na tentativa da restaurao do texto, as variantes dos
manuscritos presentes no aparato crtico da BHS11 sero comparadas com seus
termos correspondentes, contidos no texto hebraico que a BHS usa, o Texto
Massortico (T.M. Cdice de Leningrado, com sua concluso datada no sc XI
d.C.
12
; mas que comeou no perodo do 2 templo, aproximadamente 520 a.C.).
E essa comparao ser feita pela utilizao dos cnones da crtica textual 13.
Estes valorizam as seguintes leituras das variantes: 1- A leitura mais antiga; 2- A
mais difcil; 3- A mais breve; 4- A que melhor explica as variaes; 5- A com maior
9BOWIE, R. W., SCHERER, P., BUTTRICK, G. A (editores). The Interpreters Bible. New York: AbingdonPress, 1956. v. 6.10Ibid.11A obra utilizada para esta anlise foi a Bblia Hebraica Stuttgartensia. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft,1990. p. 1211.12FRANCISCO, Edson de Faria, 2005. p. 209.13ARCHER, 2004, p. 58.
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apoio geogrfico; 6- A que mais coincide com o estilo do autor; 7- A que no
possui nenhuma tendncia doutrinria. O termo escolhido equivale quele que se
insere na maioria desses cnones citados acima, quele que faz sentido dentro do
seu contexto em detrimento daquele que no faz e ao termo do T.M. em caso de
empate14.
2.2.1 Apresentao e Anlise da Variante
Verso 2
!"#$%&'()*(+,-.+/012&0!3)4,+#56'&7&28)9,+:2;2
!"#$%&'
()#*+,-$
./-0
!1#2#3+*
!"#$%&'#(
!"#$
!"#$%'()*+,!-.#%/'0%1(2!"!"#$%&'()*+,-."/0123$4+.05
a) Para o verbo !"#$%&'#( (terminou) do versculo 2, o Texto Massortico o
apresenta como um Verbo Qal perfeito, terceira pessoa, feminino, singular. O
aparato crtico indica que segundo os manuscritos do mar morto (Rolo do Mar Morto
de Isaas 1QIsa), (alguns peritos dataram esses manuscritos entre 150 e 100 a.C.),
eles preferem usar o mesmo verbo !"#,mas em outra conjugao. Como no tem
sufixo pronominal, sabemos que o Qal no infinitivo indica "3 pessoa do singular
masculino"15. Ento, a diferena que o TM apresenta um termo em "3 pessoa do
singular FEMININO" e a variante "3 pessoa do singular MASCULINO". Portanto, amudana de gnero.
A maioria das suas desvios do TM so provenientes de lapsos escribais bvios,
pois o texto foi copiado com certo descuido16. Quanto ao cnone 4 a leitura que
melhor explicou a variao foi a da variante, pois foi atravs dela que, ao vermos
que uma 3 pessoa do singular MASCULINO, chegamos funo da variante na
14Ibid, p. 61.15LAMBDIN, 2003, 69.16ARCHER, 2004, p.37
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proposta. Mas ainda assim, de acordo com os outros cnones, e de acordo com a
afirmao do Archer que 1QIsa pertence mesma famlia de manuscritos que
representada pelo Texto Massortico17, optamos pela leitura do TM, com o verbo no
feminino, e no no masculino, como sugere a variante, pois o verbo est
concordando com o termo !"#$#%&' (guerra), que tambm est no feminino.
b) Para o mesmo verbo !"#, os editores da BHS propem uma variante
alternativa18, mas agora, ao invs de estar na forma Qal, os editores preferem usar
o verbo no Piel. Por no ter nenhuma testemunha textual que concorde com os
editores da BHS, sua proposta alternativa de leitura na forma Piel, foi considerada
uma mera conjectura sem o direito de passar pelo crivo dos cnones da Crtica
Textual, aderindo-se ento o termo do T.M.19
2.3 Traduo 20
1 Console21, console meu povo, diz vosso Deus,
2 Fale 22 ao corao de Jerusalm e proclame23 para ela que sua guerra 24
terminou25, que sua iniquidade est perdoada26, que ela recebeu27 da mo de
Yahweh em dobro por todos os pecados dela.
17Ibid18William Lacy Lane, em Guia para o Aparato Crtico da BHS (Seminrio Presbiteriano do Sul, Julho/2001 obra no publicada), na pgina 1, diz que quanto relao com o TM, as notas podem ser: 1) Aditivas: sovariantes que sugerem que se adicione palavra ou frases ao que est no TM. Essas notas so geralmentesinalizadas pelo sinal +. 2) Supressivas: so variantes que sugerem que se extraia do texto palavras ou frases.3) Alternativas: so variantes que propem que a palavra ou frase do TM deve ser substituda pela palavra oufrase da nota. A BHS indica isso colocando a referncia nota (letras a, b, c, etc) antes da palavra a sersubstituda. No caso de frases, toda a frase que est entre duas letras de referncias deve ser substituda (porexemplo, uma frase que est entre ). Por isso que esta variante est denominada como alternativa.19WRTHWEIN, Ernst. The Text o f the Old Testament. Leiden: Oxford Basil Blackwell, 1957, p. 80.20Os livros usados para a traduo deste texto foram: BDB, 1976; LAMBDIN, 2003.21BDB, 1976, p. 636; LAMBDIN, 2003, 102 e 14922Ibid, p. 180; Ibid, 102 e 14923Ibid, p. 894; Ibid, 10224Ibid, p. 83825BDB, 1976, p. 571; LAMBDIN, 2003, 5226Ibid, p. 953; Ibid, 13927Ibid, p. 542; Ibid, 57
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2.4 No tas de Traduo 28
a) O verbo !"#$%&' traduzido por Console (v.1) classificado como um Verbo
Piel, imperativo, masculino, plural. A presena deste termo por duas vezes no
incio do verso 1 indica o assunto que ser tratado no texto e a nfase no
chamado para consolar. uma ordem exclusiva para consolar Jerusalm.
b) O verbo !"#$%&' traduzido por Fale (v.2) tambm classificado como um
Verbo Piel, imperativo, masculino, plural. Este verbo no Piel transmite a idiade um falar direcionado to somente ao corao de Jerusalm.
c) O termo !"#$#%&' traduzido por guerra classificado como um substantivo
singular, construto, sufixo na 3a pessoa feminino singular, e melhor
entendido por tempo de servio. O autor est usando uma linguagem militar.
O exlio como se fosse o tempo de servio de um soldado.29
d) O verbo !"#$%&'( traduzido como perdoada (v.2) classificado como um
Verbo Nifal perfeito, terceira pessoa, masculino, singular. Ento, estando este
Nifal em uma conjugao natural e existindo na forma Qal correspondente
(voz ativa), este verbo foi traduzido na voz passiva, como comumente o Nifal
entendido.30
3 Anlise Gramtico Sinttica
O propsito da anlise gramtico-sinttica entender a estrutura organizacional das
28A obra base para essa parte do trabalho foi: OWENS, Jonh Joseph. Analytical Key to the Old Testament.v.4. Michigan: Baker Book House, 1994. p. 119.29BOWIE, R. W., SCHERER, P., BUTTRICK, G. A, 1956. v. 6, p. 425.30Ibid; LAMBDIIN, 2003, 140.
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oraes. Primeiramente, iremos delimitar e classificar as oraes. Logo aps
visualizaremos a organizao das oraes atravs da estrutura sinttica.
3.1 Delimitao e classificao das o raes
Vs. Texto Hebraico e traduo Orao
1a !"#$%&'Console
Orao verbal,
Independente.
1b!"#$%&'()*+%,
Console meu povo
Orao verbal,
coordenada, assindtica,
Principal de 1c
1c!"#$%&'()*+,-.*/%
Diz o vosso Deus
Orao verbal
subordinada substantiva
objetiva direta a 1b
2a!"#$%&'!(!"#$!%&'()*+,-.$/$
Fale ao corao de Jerusalm
Orao verbal,
coordenada, assindtica a
2b
2b
!"#$%&'(
)*(+,-.+/E proclame para ela
Orao verbal,
coordenada, sindtica,
conjuntiva, aditiva a 2a e
principal de 2c, 2d e 2e
2c!"#"$%&'("#%)*"+,-./!
Que sua guerra terminou
Orao verbal,
subordinada, substantiva,
objetiva direta a 2b.
2d!"#$%&'
()#*+,-$
./-0Que sua iniquidade est perdoada
Orao verbal,subordinada, substantiva,
objetiva direta a 2b.
2e
!"#$%&'(%!)*+,-#./%'0!1'2)3#$!"#$%&
!"#$%&'()*+,-."/01Que ela recebeu da mo de Yahweh (em)
dobro por todos os pecados dela
Orao verbal,
subordinada, substantiva,
objetiva direta a 2b.
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3.2 Estrutura sinttica
1a
1b
1c
!"#$%&'
!"#$%&
'()*+%,
!"#$%&'()*+,-).$!
2a
2b
2c
2d
2e
!"#$!%&'()*+,-.$/$#0'1)*2#3
!"#$%&'(
)*(+,-.+/
!"#$#%&'
()#$&*+#,
-./0
!"#$%&'
()#*+,-$
./-0
!"#$!%&'()*+,-!#.%/#0&1+2
!"#$%&'()*+,-."/01
23$4+.0536
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4 Anlise Literria
A anlise literria de Isaas 40.1-2 se presta a definir sua classificao ou gnero
literrio, dentre tantos gneros literrios que os livros profticos abarcam, de acordo
com a concluso tirada depois de um estudo da prpria percope bem como da
opinio de estudiosos desta rea. Num segundo momento, esta anlise tem a
funo de determinar as caractersticas prprias desta percope que respondam ao
porqu de tal gnero. E por fim ser analisado o contexto de vida (Sitz im Leben) noqual surgiu esta obra do profeta Isaas e em que contexto de vida esta mensagem
foi usada, especificamente quanto percope que vem sendo estudada neste
trabalho.
4.1 Gnero literrio
A melhor nomenclatura para a procedncia das palavras de Deus aos profetas, que,por sua vez, transmitiram-nas aos frequentadores do santurio orculo proftico.
O orculo proftico a viso dos grandes atos de Deus no futuro prximo e mais
distante; marcado pelo carter do arrebatamento visual ou auditivo durante a
experincia religiosa do profeta. Assim, diz-se que a literatura proftica um tipo de
literatura de revelao.31 preciso ter em mente que h uma abrangncia de
textos profticos que oscilam entre a prosa e a poesia e que, mesmo quando se
identifica a poesia como caracterstica, dentro de uma mesma percope pode havercaractersticas de vrios gneros literrios, como apelos ao jejum ou ao luto,
motivaes, evocao do juzo, lamentao, chamada ao arrependimento, orculo
de salvao32, discursos de repreenso e admoestaes33.
31BENTZEN, AAGE. Intro duo ao Antigo Testamento . Trad. Helmuth Alfredo Simon. So Paulo: Aste, 1968.v. 1. p. 211-219.32AMSLER, S.; ASURMEDI, J.; AUNEAU, J.; MARTIN-ACHARD, R. Os pro fetas e o s livro s pro ftico s. Trad.Benni Lemos. So Paulo: Edies Paulinas, 1992. p. 405.33BENTZEN, 1968, p., 201 e 208.
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A profecia um gnero bblico mais amplo do que a maioria das pessoas pensa,
pois ela envolve os mensageiros de Deus na proclamao da palavra de Deus para
a cultura vigente, que precisava ser mudada.34O objetivo nesta etapa da exegese
analisar a qual gnero literrio o texto de Isaas 40.1-2 pertence, bem como apontar
as caractersticas que o fazem ser de tal gnero.
4.1.1 Gnero Literrio Geral
O estilo de uma profecia no calmo, o discurso no avana tranquilamente; ao
contrrio, as imagens se sucedem umas s outras, a linguagem frequentemente
rude, com transies bruscas. Em muitas vezes carregados por uma poesia muitobem elaborada.35
A partir das caractersticas comuns a este texto e dos inmeros gneros literrios
nos livros profticos, constatou-se que Isaas 40-66 uma poesia com
caractersticas de um orculo de salvao, pois nos mostra a salvao redentora
para indivduos, comunidades e naes atravs do SENHOR. J a primeira parte
(Isaas 1-39), apresenta a punio humilhante pelo pecado do povo36
. O focoprincipal dos orculos de salvao era a restaurao do povo de Deus Terra
Prometida depois do exlio, tema que tratado no texto que objeto deste
trabalho.37
Elas (promessas de salvao) apresentam uma ordem para que sealegrem ou no temam (41.10; 43.1); garantias de ajuda divina(41.10; 43.5; 55.3); declaraes das consequncias da atividadedivina (41.11-12, 15-16a; 43.2; 44.3-5; 54.4); e, s vezes,declaraes sobre o propsito bsico de Deus em tudo isso...38
Segundo Kaiser, um orculo de salvao incondicional, pois unilateral no sentido
de que no depende de forma alguma da obedincia ou comprometimento humanos
34KAISER, Walter C., SILVA, Moiss. Intro duo Hermenutica Bblica. So Paulo: Editora Cultura Cristo.2002. P. 135.35Ibid.36DRISCOLL, Mark. Um livro que vo c vai realmente ler: So bre o Antigo Testamento . Trad. Ktia Ferreira.Rio de Janeiro: Tempo de Colheita, 2010, p.73.37BIBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, 2009, p.882.38LASOR, William S., HUBBARD, David B., BUSH, Frederic W. Intro duo ao Antigo Testamento . Trad. LucyYamakami. So Paulo: Vida Nova, 1999, p. 321.
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para que ocorra seu cumprimento.39Deus d uma ordem para consolar o seu povo,
e apesar do povo ter se rebelado, Ele os libertaria do cativeiro. Aquilo que o profeta
profetizou, se cumpriria. O intento principal aqui anunciar o fim da punio divina, a
gloriosa interveno de Deus em favor dos exilados e a promessa de restaurao
baseada na palavra divina que sempre cumpre o seus propsitos.40
4.1.2 Gnero Literrio Especfico
A partir das caractersticas comuns a este texto e dos inmeros gneros literrios
nos livros profticos, constatou-se que Isaas 40.1-2 uma poesia comcaractersticas de um orculo de salvao, pois aqui o profeta anuncia uma nova
perspectiva, na qual se contempla a ao salvadora de YHWH41
Verso Estrutura Texto
1
2
Anncio de Salvao
Console, console meu povo, diz
vosso Deus,
fale ao corao de Jerusalm eproclame para ela que sua guerra
terminou, que sua iniquidade est
perdoada, que ela recebeu da mo
de Yahweh em dobro por todos os
pecados dela.
Nota-se pelo quadro acima que o texto de Isaas 40.1-2 contm um nico anncio deSalvao. Aqui ns temos o anncio de que o livramento est vindo ao povo de
Israel, que se encontra cativo no exlio babilnico. Yahweh est livrando o povo do
cativeiro, e para isso, Ele d ordens para consolar o Seu povo que estava cativo
(v.1), dizendo ao corao de Jerusalm que a guerra terminou, que sua iniquidade
est perdoada, que ela recebeu da mo de Yahweh em dobro por todos os seus
39KAISER, 2002, p. 144.40LASOR, 1999, p. 320.41SILVA, 2000, p. 197.
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pecados (v.2). O livramento chegou. Yahweh est para colocar fim a todo o
sofrimento do seu povo com grande salvao.
um orculo proftico porque segundo Bentzen: O orculo proftico a viso dos
grandes atos de Deus e por isto tem poder de criar o futuro 42O futuro do povo de
Deus o fim do exlio e a liberdade do cativeiro babilnico. Este o anncio que
encontramos na percope em questo. O imperativo repetido (!"#$%&'
!(#$%&'),
atravessa todas as formas literrias, e a mensagem quer forar uma deciso, a de
abandonar Babilnia pela volta a Jerusalm.43
A boa nova da salvao, da felicidade e da paz deve atingir ocorao de Jerusalm, onde o povo, libertado por Ciro, convidadoa se reconstituir. Senhor da histria e criador do mundo, Deus fazsua justia triunfar aos olhos das naes, renovando, de maneiraainda mais maravilhosa, os prodgios do xodo. Constitudotestemunha e servo de seu Deus, Israel chamado a decifrarprogressivamente as dimenses mais espirituais e mais universaisde uma salvao cuja condio a sada de Babilnia.44
4.1.3 Sitz im Leben
Sitz im Leben no o ambiente histrico, poltico, social ou econmico no qual o
texto foi composto, e sim uma situao padro ou regular que motiva o surgimento
dos Gneros Literrios. uma atividade generalizada e exercida em circunstncias
tpicas e no de um evento isolado.45A inteno do Sitz im Leben identificar em
que situao de vida o texto surgiu e em qual situao era usado.
O Sitz im Leben do livro estende-se desde o Israel do pr-exlio, espera do terrveljulgamento do Senhor, a quem havia rejeitado, at os exilados, que precisavam
saber que sua experincia de julgamento divino fora completada e ouvir palavras de
consolo.46 Foi nesta poca, nesta situao que o profeta falou. Ele exerceu seu
ministrio por um perodo de mais de quarenta anos, de 740 at depois de 701 a.C.
E quando olhamos para o primeiro captulo, no primeiro versculo, vemos que Isaas
42BENTZEN, 1968, p. 213.43AMSLER, S., 1992. p. 317.44Ibid. p. 324.45SILVA, 2000, p. 230.46LASOR. 1999, p. 312.
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profetizou durante o reinado de quatro reis de Jud: Uzias (morreu em 740 a.C.),
Joto (750-731 a.C), Acaz (635-715 a.C) e Ezequias (729-686 a.C). Era um perodo
de grande agitao poltica em decorrncia do imperialismo assrio.
Em uma brilhante srie de profecias de grande alcance, ainda queespecficas, Isaas prediz a queda da Babilnia pag (46.1-47.15) e asalvao do remanescente de Israel. Mais de cem anos antes deCiro assumir o reinado da Prsia, Isaas o anuncia pelo nome comoo agente ungido por Deus para reconduzir o remanescente do seupovo de volta terra.47
As profecias dos captulos 40 at 66.24 fazem parte do Sitz im leben secundrio,
ou seja, foram originalmente dirigidas basicamente aos exilados na Babilnia paraencoraj-los a escapar de seus captores e retornar pela f Terra Prometida.48O
contedo principal destes captulos a predio da libertao dos judeus do
cativeiro babilnico. Isaas retrata essa libertao como iminente. E ele aponta Ciro
como um instrumento do Senhor para a libertao do povo.49 Isaas relata agora
como Deus o chamou para confirmar ao povo a libertao do exlio babilnico vinda
de Deus e nos v.1-2 o profeta relata a mensagem de Deus de consolo e conforto aos
exilados. Como o prprio nome de Isaas diz: O Senhor (Jav) deu salvao50,
agora, a esse povo imerso em sua angstia, vem uma mensagem de consolao da
parte do Senhor.51
Da mesma forma que Deus havia predito coisas passadas, que foram historicamente
cumpridas, agora Ele est predizendo coisas novas (a libertao de Israel), e o
cumprimento dessas profecias anteriores pode servir para Israel como garantia de
que as coisa novas certamente tambm acontecero. A maior parte do povo geme
sob as condies de vida que sofre em terra estranha, e Jerusalm e as cidades de
Jud esto abandonadas, oprimidas pelo exlio babilnico. Esta profecia portanto
nasce para proclamar libertao de um estado de angstia e aflio.52
47BBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. 1999. P.791.48BIBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, 2009, p.928.49RIDDERBOS, J, Isaas: intro duo e co mentrio . Trad. Adiel Almeida de Oliveira. 2Ed. So Paulo: VidaNova, 1995, p. 308.50Ibid. p. 9.51Ibid. p. 310.52Ibid. p. 309.
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5 Anlise Retrica
Na Anlise Retrica, nossa preocupao se volta para a maneira pela qual o autor
procura dar maior expressividade, maior colorido, maior vivacidade a seu texto.53
Esta parte do trabalho facilita o entendimento das formas de expresso e das
nfases das poesias hebraicas. Para isso, o que ser feito aqui : estudar as linhas
poticas de Isaas 40.1-2, a mtrica, que d ritmo poesia, e identificar os
paralelismos de ideias presentes, as figuras de linguagem, as palavras chave que
aparecem e outros recursos retricos que so percebidos na percope.
5.1Delimitao e Mtrica das Linhas Po ticas
A nomenclatura utilizada para a classificao das linhas poticas ser a de W.G.E.
Watson54citada por Cssio Murilo. Utilizamos tambm da comparao de algumas
verses da Bblia em portugus
55
e da BHS para nos auxiliar neste trabalho.Comentrios exegticos renomados56tambm apresentam essa mesma delimitao.
Verso Classificao Co lo n Mtrica
1a
1b
Bicola
Console, console meu povo,
!"#$%&
'()*+%,
'-)*+%,
diz vosso Deus,
!"#$%&'()*+,-.*/%
3
+
2
53SILVA, 2000. P. 15554Assim, a linha potica ser denominada como colon e seu plural cola, que se referem ao nmero de slabas(abertas ou fechadas) em um segmento de linhas (STEK, John H. Aspecto s da Po tica do AntigoTestamento e Uma Intro duo a: Salmo s, Pro vrbio s e Eclesiastes. Campinas, SP: Luz para o Caminho,1987. ed 2.Traduzida por Glauber Ribeiro. p. 1). No caso de agrupamentos sero adicionados os prefixos bi, tri,tetra ou hexa palavra colon.55Bblia de Jerusalm, Bblia Nova Verso Internacional.56Watts, John D. W.: Wo rd Biblical Co mmentary. Isaiah 34-66. Dallas: Word, Incorporated, 2002 (Word BiblicalCommentary 25), S. 75.
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17
2a
2b
Bicola
fale ao corao de Jerusalm
!"#$!%&'()*+
,-.$/$#0
'1)*2#3
E proclame para ela
!"#$%&'()*(+,-.+/
3
+
2
2c
2d
Bicola
que sua guerra terminou,
!"#$#%&'()#$&*+#,-./0
que sua iniquidade est perdoada,
!"#$%&'
()#*+,-$
./-0
2
+
2
2e
2f
Bicola
que ela recebeu da mo de Yahweh
!"#$!%&'()*+,-!#.%/#0&1+2
em dobro por todos os pecados dela.
!"#$%&'()*+,-!./012#3*-/425
3
+
2
Segundo Schokel: O comeo (40.1-11) como uma breve abertura em que os
temas principais, tonalidade e procedimentos poticos so anunciados. 57 O
imperativo duplo (!"#$%&'
!(#$%&') no v.1 repetido como um motivo musical, uma
nfase para consolar o povo de Deus. Ele fala ao corao de Jerusalm (v.2), com
delicadeza mais do que agressividade.
Podemos encontrar tambm 3 frases iniciadas por !"#$ caracterizando um ritmo e
articulao potica.
5.2 Definio do s Paralelismo s
57ALTER, Roberto, KERMODE, Frank. Guia Literrio da Bblia. Trad. Gilson Csar Cardoso de Souza. SoPaulo: Fundao Editora da Unesp. 1997. P. 189.
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18
O paralelismo considerado a caracterstica tpica da poesia hebraica58, e supe
duas afirmaes equivalentes (contedo), expressas em duas frmulas construdas
de maneira semelhante (forma).
A poesia hebraica caracterizada no pela rima ou pela mtrica inflexvel nem pelo
paralelismo de palavras, mas sim pelo paralelismo de ideias. Esse paralelismo foi
pela primeira vez examinado e descrito pelo estudioso britnico, o Bispo Lowth, em
sua importante obra De sacra posi Hebraeoruh (1753). Lowth estabeleceu trs
categorias de paralelismo: 1) Paralelismo sinonmico 2) paralelismo antittico e 3)
paralelismo sinttico. Abaixo, analisaremos o texto de Isaas 40.1-2, com base
nesses paralelismos, a fim de compreender ainda mais as nfases do autor nessa
poesia
Verso Co lo n Paralelismo
1a
1b
Console, console meu povo,
!"#$%&'()*+%,'-)*+%,
diz vosso Deus,
!"#$%&'()*+,-.*/%
Paralelismo sinttico entre
1a e 1b, e 1a e 2a, 1b e
2a.
2a
2b
fale ao corao de Jerusalm
!"#$!%&'()*+,-.$/$#0'1)*2#3
E proclame para ela
!"#$%&'(
)*(+,-.+/
Paralelismo sinonmico
entre 2a e 2b.
2c
2d
que sua guerra terminou,
!"#$#%&'
()#$&*+#,
-./0
que sua iniquidade est perdoada,
!"#$%&'
()#*+,-$
./-0
Paralelismo construtivo
entre 2b, 2c, 2d e 2e.
Sinonmico entre 2c e 2d.
58SILVA, 2000, p. 303.
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2e
2f
que ela recebeu da mo de Yahweh
!"#$!%&
'()*+,
-!#.%/#0
&1+2
em dobro por todos os pecados dela.
!"#$%&'()*#+&,!"#$%&'()*+,-
Paralelismo sinttico ou
construtivo entre 2e e 2f.
5.3 Figuras de Linguagem
A Anlise das figuras de linguagem presentes no texto importante pelo fato de ser
necessrio entendermos no meramente o significado das palavras em si, mastambm as leis que governam seu uso e suas combinaes59E para isso que
passaremos agora a analisar a construo potica de Isaas 40.1-2.
No versculo 1 Console, console meu povo, diz vosso Deus, encontramos uma
figura de linguagem que se chama repetio, e tem por objetivo destacar a
importncia do consolo que Deus tem preparado para o seu povo. uma nfase.60
No final do versculo 2, encontra-se uma metonmia61, que quando se usa o sujeito
no lugar de algo que pertence ele ou se relaciona com ele. ... que ela recebeu em
dobro por todos os pecados dela, a palavra dobro significa algo completo, ou uma
recompensa plena. Israel recebeu das mos de Yaweh o dobro, uma plena
retribuio por todos os pecados dela.
5.4 Palavras Chaves
A repetio do verbo !"#$%&'
!(#$%&' (Console, console...) no versculo 1 demonstra
uma nfase proposital do autor, indicando que a ao de consolar o povo de
grande importncia para o tema dessa percope.
59BULLINGER, E.W. Figures o f Speech used in the Bible. Grand Rapids, Michigan USA: Baker Book House,1993. Traduo nossa.60BULLINGER, E.W. Diccio nario de figuras de diccio n usadas en la Biblia. Trad. Francisco Lacueva.Barcelona: Editorial Clie. 1985. P. 185 Traduo nossa.61Ibid. p. 506.
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O aparecimento de !"#$traz consigo uma srie de bnos que serviro de consolo
para Jerusalm. Esse que traz o contedo da mensagem que ser falada ao
corao de Jerusalm: que sua guerra terminou, que sua iniquidade est perdoada,que ela recebeu da mo de Yahweh em dobro por todos os pecados dela.
4 Extrao da Mensagem
Aps verificarem-se os detalhes gramaticais, sintticos, estruturais e tambm
detalhes do gnero literrio de Isaas 40.1-2, o tema que ser proposto : Consolo elibertao para o povo de Deus.
O Esprito de Deus aqui proclama conforto divino. Logo no incio do versculo 1,
Yahweh d uma ordem de consolao: (!"#$%&'()*+,-./+0&&123.45-/67.859/67.8) Console,
console o meu povo, diz vosso Deus. No aparece neste captulo o que tinha
acontecido com Israel, nem se refere especificamente ao exlio. Declara-se
simplesmente que Israel teria passado por um severo tempo62: (!"#$#%&'()#$&*+#, -./0)
Sua guerra terminou (v.2) e recebera em dobro por todos os pecados dela. O
imperativo repetido nos mostra o tom compassivo e urgente do consolo. O profeta
usa a expresso verbal !"#$%&' !(#$%&' no Piel deliberadamente para enfatizar a
intensidade do consolo, enquanto que no imperativo denota a urgncia do comando.
O fato de o verbo dominante ser console d a entender que o povo de Deus estvivendo em um estado de aflio e opresso do exlio babilnico. Esta profecia,
portanto, proclama libertao de um estado de angstia que no teve incio seno
um sculo depois da morte de Isaas63Parece que Isaas foi transportado em
esprito para a poca do exlio, e muito tempo antes, ele j profetizou a libertao do
povo.
62PFEIFFER, Charles F. Co mentrio Bblico Mo o dy. So Paulo: Imprensa Batista Regular, 2001. P. 42.63RIDDERBOS, J. 1995, p. 309.
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Encontramos tambm a linguagem misericordiosa do Deus compassivo que cumpre
a aliana, quando lemos no v.1 O meu povo (!"#$%&). Meu povo o objeto do verbo,
no um vocativo.
64
Israel o povo de Yahweh, e Yahweh o Deus de Israel. Outralinguagem que nos mostra o carter gracioso pode ser visto em: Fale ao corao de
Jerusalm (!"#$!%&'()*+,-.$/$#0 '1)*2#3), que significa consolar e confortar gentilmente e
carinhosamente. Isaas est profetizando o fim do sofrimento e da escravido do
povo de Deus. O povo que tinha sofrido muito, exilados na Babilnia, agora recebem
o consolo divino. Yahweh se lembra de Israel, e ordena a consolao.
Qual o contedo dessa mensagem de consolao? Proclame para ela(Jerusalm), que sua guerra terminou, que sua iniquidade est perdoada, que ela
recebeu da mo de Yahweh em dobro por todos os pecados dela. O anncio do
iminente fim da guerra seguido pelo anncio de uma expiao de pecados: Sua
iniquidade est perdoada. O verbo aparece no Nifal e pode ser interpretado
literalmente como feito aceitvel, ou tem sido aceitvel. A nfase aqui no
perdo e na misericrdia, pois apesar do povo ter virado as costas para Deus,
apesar de Deus os ter castigado os levando para o Exlio, agora esse mesmo Deus,misericordiosamente os perdoa, e promete consolo e libertao do exlio. Quando
Jud e Jerusalm j haviam experimentado muito sofrimento, e aos olhos do Senhor
isso j fora o suficiente, ento, chegou a hora da redeno.
O profeta retrata aqui com exagero potico a paixo do amorde Jav, que agora suscitado para com o Seu povo, e quejulga o seu sofrimento como suficiente, e mais do quesuficiente, de forma que agora Ele quer apressar-se em dar-lhefim.65
Estes dois captulos nos d uma forte convico de que a sentena de Jerusalm j
est mais do que pronta. No por merecimento, mas pela graa de Deus.66
64 BOWIE, R. W., SCHERER, P., BUTTRICK, G. A (editores). The Interpreters Bible. New York: AbingdonPress, 1956. Vol. V. P. 424.65RIDDERBOS, J. 1995, p. 311.66CARSON, D.A. Co mentrio Bblico Vida No va. Tradutores: Carlos E.S. Lopes, James Reis, Luclia Marques,Mrcio L., Valdemar Kroker. So Paulo: Vida Nova. 2009. P. 990.
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5 Anlise Co ntextual
Nessa parte, o primeiro princpio hermenutico, a saber, o sentido dessa poesia deacordo com todo seu contexto, comear a ser analisado. Assim, o texto de Isaas
40.1-2 ser estudado mediante o seu contexto prximo, remoto, do livro e cannico.
Isso ser feito por meio da comparao de textos e da Teologia Bblica.
Primeiro ser analisado o Contexto Prximo, representado pela percope anterior
(Isaas 39.1-8) e pela posterior (Isaas 41). Depois o texto ser analisado de acordo
com o bloco de material em que est inserido, que o seu Contexto Remoto. Aps o
Contexto Remoto, ser analisado o Contexto do Livro, ou seja, todo o livro de Isaas.
E por fim, ser verificado o Contexto Cannico, que a anlise do texto dentro do
cnon do Antigo Testamento.
O objetivo da Anlise Contextual buscar a funo da percope em questo aonde
ela se encontra. importante destacar que quanto mais prximo o contexto, mais
profunda a anlise, mesmo que esta seja progressiva com relao abrangncia.
Esse ser o primeiro princpio hermenutico utilizado neste trabalho.
5.1 Co ntexto Prximo
O Contexto prximo engloba a percope anterior (Isaas 39.1-8) e a posterior (Isaas
40.3-5). A percope anterior conclui a primeira metade do relato de Isaas. Perto do
fim do sculo VIII a.C., o Imprio Assrio comea a enfraquecer, e uma de suas
colnias, a Babilnia, comea a se afirmar. Agora, o rei Ezequias hospeda alguns
homens em busca de aliados, e aparentemente Ezequias est disposto a se aliar a
qualquer um que se oponha Assria. Nestes versculos, o profeta Isaas anuncia a
Ezequias que as autoridades de Jerusalm e a dinastia davdica sero deportadas
para a Babilnia; os filhos da casa real sero humilhados e transformados em
eunucos no palcio do rei da Babilnia. Esse orculo um anncio chocante do
fracasso de todas as autoridades de Jerusalm.67 Por fim, Deus decide entregar
67BBLIA de fo rmao espiritual Reno vare: Nova Verso Internacional. Editor Richard Foster; editores gerais:Gayle Beebe [et al.]. Trad. Cludia Ziller... [et al.] Rio de Janeiro: Ichtus, 2009. P. 1155.
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toda a cidade, com a qual Yahweh est comprometido, aos inimigos de Jerusalm.
Nesta percope de Isaas 39.1-8 o incio do relato do exlio babilnico.
provvel que esse orculo tenha sido transmitido por volta de 700 a.C., no fim do
reinado de Ezequias. Quando chegamos no captulo 40, j um espao de 160 anos,
durante os quais a cidade de Jerusalm foi destruda e seus lderes, exilados na
Babilnia.68 O perodo de silncio entre o 39.8 e o 40 a afirmao de que, em
perodos de perda e de silncio, deve haver apenas a espera fiel e a confiana em
Deus.
Na percope em questo (40.1-2) o Senhor ordena a consolao e a libertao doseu povo do exlio, e na percope posterior (40.3-5) nos deparamos com o chamado
do arauto.
O grande caminho processional (que toda a humanidade trilhar,vers. 5) devidamente faz parecer minsculos os roteiros cerimoniaisdas festas pags. O deserto duplamente significativo, tanto comoum exemplo das barreiras que precisam ceder ao avano real (v.4)quanto como lembrete do primeiro xodo.69
Preparem o caminho para o Senhor(v.3) - A inteno do plano divino na volta do
povo ao lar construir um grande caminho por meio do qual haja uma entrada
triunfal. A imagem que ns vemos nesta percope uma grande procisso de judeus
voltando para casa em exuberncia, todos guiados pela glria de Deus. O intento
principal aqui anunciar a gloriosa interveno de Deus em favor dos exilados.
5.2 Co ntexto Remo to
Isaas 40-55 o grande poema do retorno do exlio, o segundo xodo, mais glorioso
do que o primeiro. Praticamente todos os comentadores coincidem em que a obra
acha-se emoldurada por um prlogo (40.1-11) e um eplogo (55.6-13), nos quais
ocupa lugar central o tema da Palavra de Deus e o do novo xodo .70O corpo do
68BBLIA de fo rmao espiritual Reno vare, 2009, p. 1155.69CARSON, 2009, p. 990.70 SCHOKEL, Alonso. DIAZ, J.L. Sicre. Pro fetas I: Isaas, Jeremias. Trad. Anacleto Alvarez. So Paulo:Paulinas, 1988. P. 280.
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bloco tambm dividido em dois, segundo SCHOKEL, Isaas 40-48 e 49-55. A
primeira parte (40-48) focaliza a libertao da Babilnia e o retorno terra
prometida; Ciro cumpre a sua misso como libertador, e as polmicas contra os
deuses gentios so frequentes e demonstram que s Yahweh o Senhor da histria.
A segunda parte (49-55) focaliza a restaurao e glorificao de Jerusalm,
apresentada, s vezes como cidade, outras vezes como esposa.
Este bloco de Isaas chamado de bloco da Consolao, pois Isaas fala em
palavras luminosas no s da restaurao do povo de Deus, mas da vinda do Servo
de Yahweh, prefigurando o Messias prometido.
5.3 Co ntexto do Livro
Isaas foi, sem dvida, o maior de todos os profetas do Antigo Testamento, pois seu
pensamento e doutrina cobriam uma gama to variada de assuntos quanto seu
ministrio foi de longa durao.71
O livro de Isaas se d no contexto do cativeiro babilnico, onde ser levantado, no
futuro, Ciro, em Isaas 45 como um instrumento de Deus para libertao do povo.
O livro composto de duas partes: a primeira, captulos 1 a 39, temos o relato
anterior queda de Jerusalm, e a segunda parte, captulos 40 at o fim,
acompanha o retorno dos exilados judeus para a Judia. Mas embora seus escritos
possam ser divididos em duas partes, o livro consta como unidade com seus
prprios aspectos de continuidade, tais como a frase sem igual e distintiva o Santode Israel que ocorre doze vezes na primeira parte e quatorze vezes na segunda
parte.72
Isaas destaca a integridade de Yahweh, o Deus da aliana. Isso se v no contraste
entre as aes dos reis: Acaz e Ezequias. Acaz no confiou em Yahweh e pediu
ajuda aos assrios durante a crise poltica, contrariando o conselho de Isaas, e isso
trouxe uma srie de crises. Ezequias, apesar de, no incio ter contado com a ajuda71KAISER, Walter C. Teo lo gia do Antigo Testamento . So Paulo: Vida Nova. 1988, p. 212.72KAISER, 1988, p. 212.
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dos egpcios, dependeu de Yahweh e foi livrado de forma poderosa. Ele se tornou
um grande exemplo de como Deus, na sua soberania pode livrar seu povo.73
5.4 Co ntexto Cannico
Perdo sempre favor divino que nenhuma ao de Israel pode merecer. Perdo
um presente assim como a aliana.
A meno de que a iniquidade de Jerusalm foi expiada possui uma conotao
sacrificial, j que em muitos lugares o verbo usado em conexo a holocausto
(Levtico 1.4). A expiao da iniquidade uma interpretao extremamente difcil,
especialmente porque o povo exilado no podia oferecer os sacrifcios prescritos de
reparao, pelo contrrio, sobrecarregou a ira de Yahweh e o aborreceu com as
suas iniquidades (Isaas 43.22-24). Uma vez que Israel por si mesmo nada poderia
fazer para promover a restaurao em relao aliana, s Yahweh, com toda a
sua bondade e misericrdia que tardio para irar-se e grande em benignidade (Joel
2.13); que mantm sua misericrdia at a milsima gerao e perdoa iniquidades,
transgresses e pecados (Ex 34.6-7) poderia perdoar.
Consequentemente a orao de Miquias muito instruidora: Quem, Deus,
semelhante a ti, que perdoas a iniquidade e te esqueces da transgresso do
restante da tua herana? O Senhor no retm a sua ira para sempre, porque tem
prazer na misericrdia. (Miquias 7.18)
Segundo Schokel74
, o primeiro xodo foi o comandado por Moiss, que libertou opovo de Israel do Egito, e ele adquire e descobre o seu sentido mais profundo. J o
segundo xodo, ou retorno do exlio babilnico (a partir de Isaas 40) fica
transfigurado entre uma recordao histrica e um anseio futuro. Ainda existe um
terceiro xodo, realizado por Cristo, que o xodo autntico, mas nos deteremos
aqui ao primeiro e segundo xodo.
73HILL, Andrew E. & WALTON, J.H. Pano rama do Antigo Testamento . So Paulo: Editora Vida, 2007, p. 463.74SCHOKEL,1988. p. 271-272.
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No primeiro xodo o povo saa ou era tirado do Egito, da escravido e de trabalhos
forados; percorria um deserto hostil; entrava na terra prometida. Deus era o
protagonista da ao. No segundo xodo, o povo sai ou tirado, porque na frente
sai o Senhor pessoalmente. Em primeiro lugar Deus d uma ordem que se h de
cumprir, um anncio de salvao que ser realizado.
6 Atualizao da Mensagem
Na perspectiva de Isaas, a restaurao aps o tempo de exlio inaugurava um novo
tempo, e a salvao atravs do servo de Deus, Ciro, liga-se uma maior salvao,
que Cristo, o Servo de Deus, trar ao seu povo. O Consolo e a libertao foram
cumpridos plena e perfeitamente com a vinda do Servo de Deus, Jesus Cristo, que
veio para libertar o seu povo da escravido do pecado.
Assim como a iniquidade do povo de Deus foi perdoada, quando ainda estavam no
exlio, e por causa da graa e misericrdia do prprio Deus, foram libertos da
escravido do exlio babilnico, assim tambm, no Novo Testamento, ns, que
estvamos escravizados pelo pecado, incapacitados de oferecer qualquer coisa para
sermos aceitos por Deus, fomos vivificados, libertos da escravido do pecado, por
causa da misericrdia de Deus e do seu grande amor com que nos amou (Efsios
2.4-5). De acordo com Schokel75, essa libertao realizada por Cristo pode ser
entendida como o terceiro xodo. O primeiro xodo, foi a libertao do povo de
Israel do Egito, o segundo, foi a libertao do povo de Deus do exlio babilnico, e o
terceiro xodo, a libertao do povo de Deus da escravido do pecado, realizado por
Cristo.
Cristo o perfeito Servo de Deus, que veio para expiar os nossos pecados, e morrer
vicariamente em nosso lugar. Ele trouxe a verdadeira mensagem de consolo e
libertao para o ns, o povo escolhido de Deus. Cristo o nosso modelo de servo.
Cristo muito maior do que Ciro. Ele aquele que nos amou quando ainda
estvamos longe, exilados e escravizados pelo nosso pecado, e aquele que
75SCHOKEL,1988. p. 271-272.
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expiou todo o nosso pecado, para nos transformar naquilo que verdadeiramente
somos chamados: povo de Deus, filhos de Deus.
A grande mensagem que podemos extrair que o consolo, a libertao e
consequentemente a nossa salvao nica e exclusivamente pela graa. Podemos
sofrer as consequncias pelo nosso pecado, assim como Israel sofreu no exlio,
mas quando Deus decide agir em nosso favor, Ele o faz mesmo que no
mereamos, e ns nunca merecemos. No por mritos, mas pela misericrdia e
bondade de Deus, que enviou seu nico Filho Jesus Cristo para fazer expiao
pelos nossos pecados e nos trazer libertao.
Nossa libertao da escravido do pecado acontece somente por meio de Jesus
Cristo, e um dos defensores da graa de Deus Joo Calvino, que afirma que
somente por meio da justia de Cristo que ns somos justificados diante de Deus.76
Para Calvino, a morte de Cristo o preo de nossa redeno, donde obtemos
perdo e justificao.
O povo, que seria exilado, seria devolvido sua cidade, e nessa volta, tambmhaveria uma volta ao servio e adorao, com um corao obediente. Essa
renovao espiritual e a volta histrica em si eram para a realizao de um objetivo
muito maior, a saber, a redeno eterna do povo escolhido de Deus.77
Conclui-se ento que o Messias prometido foi proclamado por Isaas como agente e
mediador da aliana. Essa mensagem, transmitida pela proclamao proftica, era
proveniente de Yahweh e no foi dada a Isaas por experincia, percepo, reflexoou meditao sobre mensagens anteriores. Yahweh falou para e por intermdio de
Isaas e no centro de sua mensagem divinamente concedida estava aquele que foi
chamado de Filho da Virgem, Filho que governar, Rebento de Jess, Filho e Servo,
Servo Sofredor e Filho Ministrador: Jesus Cristo.78
76CALVINO, Joo. As Institutas da religio crist. Trad. Odayr Olivetti. So Paulo: Cultura Crist. Vol. 2, 2006,p. 195.77GRONINGEN, Gerard Van. Criao e Co nsumao : O Reino, a Aliana e o Mediador. Trad. Susana Klassen.So Paulo: Cultura Crist, vol.2, 2004, p. 195-196.78GRONINGEN, 2004, p. 193.
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