+ All Categories
Home > Documents > Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo...

Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo...

Date post: 08-Nov-2018
Category:
Upload: dinhkiet
View: 220 times
Download: 0 times
Share this document with a friend
15
Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015 ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015 O MUSEU DO CALÇADO DE FRANCA E SEU ACERVO Franca Shoe Museum and its collection Andrade, Natalie Rodrigues Alves F. (UNIFRAN e FATEC Franca) Matos, Ana Paula (UNIFRAN) Resumo: Esta pesquisa busca investigar o acervo do Museu do Calçado de Franca e aspectos relacionados ao seu surgimento e trajetória por meio de pesquisa bibliográfica sobre museus e os calçados. Utiliza de observação direta para analisar os calçados e sua forma de catalogação. Pretende refletir e demonstrar a importância do Museu e sua contribuição para a sociedade local, além de descrever sua situação atual. Palavras-chaves: Museu, calçados, Franca. Abstract: This research investigates the Franca Shoe Museum collection and the aspects related to its emergence and trajectory by bibliographic research about museums and shoes. It’s used direct observation to analyze the shoes and their way of cataloging. This article intend to reflect and demonstrate the importance of the Museum and its contribution to the local society, in addition to describe your current situation. Key-words: Museum, shoe, Franca. Introdução Observamos a perda do cultivo da história e memória em nossa sociedade. Esse fato é percebido pelo descuido e falta de tratamento dos patrimônios históricos e também dos artefatos produzidos na cidade de Franca, interior do estado de São Paulo. A perda do cultivo da história na sociedade brasileira é objeto de várias interpretações: Cada indivíduo é parte de um todo – da sociedade e do ambiente onde vive – e constrói, com os demais, a história dessa sociedade, legando ás gerações futuras, por meio dos produtos criados e das intervenções no ambiente, registros capazes de propiciar a compreensão da história humana pelas gerações futuras. A destruição dos bens herdados das gerações passadas acarreta o rompimento da corrente do conhecimento, levando-nos a repetir incessantemente experiências já vividas (CREA-SÃO PAULO, p.15, 2008). Seriam considerados patrimônios históricos e culturais “todos os bens de natureza material e imaterial, de interesse cultural ou ambiental, que possuam significado histórico, cultural ou sentimental, e que sejam capazes, no presente ou no futuro, de contribuir para a compreensão da identidade cultural da sociedade que produziu” (CREA-SÃO PAULO, p.15, 2008).
Transcript
Page 1: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

O MUSEU DO CALÇADO DE FRANCA E SEU ACERVO

Franca Shoe Museum and its collection

Andrade, Natalie Rodrigues Alves F. (UNIFRAN e FATEC Franca) Matos, Ana Paula (UNIFRAN)

Resumo: Esta pesquisa busca investigar o acervo do Museu do Calçado de Franca e aspectos relacionados ao seu surgimento e trajetória por meio de pesquisa bibliográfica sobre museus e os calçados. Utiliza de observação direta para analisar os calçados e sua forma de catalogação. Pretende refletir e demonstrar a importância do Museu e sua contribuição para a sociedade local, além de descrever sua situação atual. Palavras-chaves: Museu, calçados, Franca. Abstract: This research investigates the Franca Shoe Museum collection and the aspects related to its emergence and trajectory by bibliographic research about museums and shoes. It’s used direct observation to analyze the shoes and their way of cataloging. This article intend to reflect and demonstrate the importance of the Museum and its contribution to the local society, in addition to describe your current situation. Key-words: Museum, shoe, Franca.

Introdução

Observamos a perda do cultivo da história e memória em nossa sociedade. Esse fato é

percebido pelo descuido e falta de tratamento dos patrimônios históricos e também dos artefatos

produzidos na cidade de Franca, interior do estado de São Paulo.

A perda do cultivo da história na sociedade brasileira é objeto de várias interpretações:

Cada indivíduo é parte de um todo – da sociedade e do ambiente onde vive – e constrói, com os demais, a história dessa sociedade, legando ás gerações futuras, por meio dos produtos criados e das intervenções no ambiente, registros capazes de propiciar a compreensão da história humana pelas gerações futuras. A destruição dos bens herdados das gerações passadas acarreta o rompimento da corrente do conhecimento, levando-nos a repetir incessantemente experiências já vividas (CREA-SÃO PAULO, p.15, 2008).

Seriam considerados patrimônios históricos e culturais “todos os bens de natureza

material e imaterial, de interesse cultural ou ambiental, que possuam significado histórico, cultural

ou sentimental, e que sejam capazes, no presente ou no futuro, de contribuir para a compreensão

da identidade cultural da sociedade que produziu” (CREA-SÃO PAULO, p.15, 2008).

Page 2: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

De qualquer modo, na cidade de Franca, localizada no interior do estado de São Paulo,

esse fato é percebido pelo permanente descuido e falta de conservação e preservação do seu

patrimônio histórico e cultural, assim como dos artefatos produzidos por sua indústria, base da

economia local. Autores como Ferreira (1983 e 1989) e Follis (2004), que analisaram o

desenvolvimento histórica local, apontam sua incapacidade em preservar adequadamente seu rico

patrimônio cultural.

Um dos maiores exemplos desse descaso está na ausência de cuidados e conservação

quanto aos calçados e acessórios de couro produzidos pela indústria local ao longo de sua história.

Na cidade, apenas a indústria Samello S/A possui um pequeno acervo de artefatos e fotos

(de calçados e propagandas) que demonstram sua importante trajetória na história do calçado

brasileiro.

Na cidade, poucas empresas se preocuparam em preservar sua própria história e seus

produtos, como a indústria de calçados Samello e a indústria de borracha Amazonas, que

possuem em suas fábricas um pequeno acervo (de calçados e materiais de propaganda),

demonstrando sua importante trajetória na história do calçado masculino brasileiro.

Reconhecendo a importância em resgatar e preservar a história dos artefatos do setor

coureiro/calçadista, a indústria Samello tomou a iniciativa, no ano de 2001, de reunir seu acervo

juntamente com doações de alguns colaboradores como empresários, lojistas, modelistas e

personalidades, fundando assim o Museu do Calçado de Franca, inaugurado oficialmente em 25

de outubro de 2001, em imóvel residencial adaptado ao empreendimento, localizado na praça

Nossa Senhora da Conceição, no centro da cidade.

O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do

Museu do Calçado relacionadas ao seu surgimento e trajetória, bem como ao número total de

artefatos e suas especificações (períodos e coleções de que ela se constituiu, como réplicas,

modelos internacionais, modelos nacionais, modelos francanos e modelos da indústria Samello),

como são catalogados, qual sua contribuição e importância para a sociedade local e sua situação

atual.

A finalidade desta análise é ressaltar a importância de se preservar a história e a memória

dos artefatos/objetos das indústrias e sociedades, nesse caso a do polo calçadista de Franca-SP.

O presente artigo será desenvolvido a partir de referências bibliográficas, tendo como

fonte artigos, dissertações e livros publicados sobre o polo industrial de calçados de Franca, sobre

os artefatos/objetos e os museus. Será utilizado também o conhecimento acadêmico e profissional

Page 3: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

relacionado ao tema, uma vez que as autoras estão envolvidas com as áreas pesquisadas, como

docentes nas áreas de História1 e Design de Moda2.

Também será utilizada observação direta por meio de pesquisa e análise dos artefatos e

de informações referentes ao Museu do Calçado de Franca e seu acervo.

Como resultado, além das análises e observações realizadas, espera-se que os assuntos

aqui tratados inspirem uma reflexão da necessidade de preservação da história e da memória local

por meio da conservação de objetos tão importantes na composição da história da cidade de

Franca.

1. O polo calçadista de Franca-SP

A cidade de Franca está situada no extremo nordeste paulista, sua taxa de urbanização

atingiu 98,23 % e sua população 318.369 habitantes, segundo o censo do IBGE realizado em

2010. Seu surgimento está vinculado ao movimento de “torna-viagem” dos mineiros no final do

século XVIII, quando fugindo dos impostos da Coroa Portuguesa, foram ocupando o oeste de

Minas até a rota do Anhanguera, o chamado “Caminho dos Goyazes”, a velha estrada entre o

porto de Santos e as províncias de Goiás e Mato Grosso.

Hoje, a cidade abriga um importante polo industrial com 449 indústrias e 265 prestadoras

de serviços especializados para o segmento, além de 283 empresas fornecedoras de insumos e

matérias-primas. Em 2010 sua produção foi de 25,9 milhões de pares de calçados pares (cerca

de 3,2% da produção nacional), sendo 3,5 milhões destinados à exportação. Os valores de

exportação do polo alcançaram US$ 95,74 milhões – 6,43% do faturamento total das exportações

brasileiras de calçados no ano em questão. Em 2010 o polo empregou 32.300 trabalhadores, o

que equivale a 8% da mão de obra empregada neste segmento no país (FERREIRA, M. MENDES,

H.M.P. e SILVA, A.C.C., 2012).

1 Matos é docente nas disciplinas de História da Moda do curso de graduação em Design de Moda da UNIFRAN e é graduada e mestre em História pela UNESP Franca. 2 Andrade é docente em disciplinas relacionadas ao Design de Moda e Design de Calçados na UNIFRAN, na graduação em Design de Moda e na FATEC Franca, no curso de Gestão da Produção Industrial. É graduada em Desenho de Moda pela FASM e mestre em Design pela UAM, ambas em São Paulo.

Page 4: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

A cidade é um dos principais e tradicionais sistemas de produção na indústria brasileira

de calçados, assim como a região do Vale dos Sinos, no estado do Rio Grande do Sul.

O polo apresenta grande representatividade na fatia da produção de calçados masculinos

de couro, no total da produção de calçados brasileiros. A cidade possui a cadeia couro-calçados

completa, demonstrando ser um cluster3, já que podem ser encontrados fornecedores de matéria-

prima (como o couro), componentes (metais e solados), máquinas e equipamentos para o setor.

O polo calçadista de Franca possui atualmente 467 empresas oficialmente registradas, emprega

em média 28 mil pessoas e tem uma produção anual estimada em torno de 39,5 milhões de pares,

segundo dados do SINDIFRANCA (2014).

Franca foi antiga rota dos bandeirantes e já aparecia como o maior centro urbano e

entreposto comercial do início do século XX. “A formação do povoado de Franca está ligada

diretamente à pecuária, atividade responsável pelo efetivo povoamento de grande parte do interior

do Brasil no período colonial” (COUTINHO, 2008, p.23).

Sobre o a considerável quantidade de sapateiros na região desde a formação do povoado,

Coutinho (2008) supõe que o movimento de tropeiros na cidade sustentaria a hipótese dos

viajantes terem estimulado a produção de artefatos de couros. Também para o autor, após a

década de 1870, a profissão do sapateiro e a abertura de suas oficinas tiveram, na economia

cafeeira do Nordeste Paulista, a possibilidade de se tornar exclusiva e com expressão econômica.

A partir dos novos mercados formados pela economia cafeeira, somados à facilidade de transporte

dos artefatos de couro pela rede ferroviária, houve um impulso na produção local desses produtos

(COUTINHO, 2008).

A partir da década de 1950, estabiliza-se o ciclo que perdura até a contemporaneidade

neste polo, onde trabalhadores, em oficinas improvisadas em cômodos de suas casas, inspirados

no êxito de industriais da mesma origem, abrem suas empresas. “O empreendedorismo, unido aos

conhecimentos técnicos e carência de recursos, uma característica da fabricação de calçados na

cidade desde o início do século XX, ampliou-se em criações de diversas novas empresas”

(ANDRADE, 2012, p.58).

Um exemplo é a história do fabricante, Miguel Sábio de Mello, “lavrador no município, ex-

funcionário de Calçados Jaguar e, finalmente proprietário de uma oficina de sapatos (botas e

chinelos). Em 1953 dá o primeiro grande salto no segmento, data da fundação de Samello

Calçados S/A” (MUSEU DO CALÇADO DE FRANCA, 2014).

3Cluster é um agrupamento de caráter operacional ou administrativo de empresas da mesma cadeia produtiva.

Page 5: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

A partir de então:

Com qualidade, produtividade e competição nos preços, nasce a proliferação de indústrias que projetaria Franca, mundialmente conhecida como a maior produtora de calçados masculinos do Brasil, principalmente pela responsabilidade de inaugurar uma nova fase da história do calçado em Franca. Despontam inúmeras fábricas que consolidam a proliferação do pólo calçadista em Franca, constituída pelas empresas Agabê, Pestallozi, Palermo, Sândalo, Terra, Francano, entre tantas outras (MUSEU DO CALÇADO DE FRANCA, 2015)

Navarro afirma (1998 apud ANDRADE, 2012) que, desde meados da década de 1970, as

exportações dos calçados de Franca se consolidam, tornando o município o maior polo produtor

e exportador de calçados masculinos de couro do país.

Entende-se, enfim, que, apesar de nascer em uma região marcada pela agropecuária e

pela incerteza sobre seu futuro como centro produtor de calçados, Franca acumula décadas de

experiência no setor. Desde o estabelecimento da primeira indústria, existe um enorme zelo em

relação à produção do couro e seus derivados e, por isso, o nome da cidade está até hoje atrelado

aos calçados de melhor qualidade do país.

Porém, as indústrias locais demonstram ainda uma falta de qualificação profissional e uma

falta de consciência das demandas de um novo mercado, copiando modelos e modelagens de

empresas maiores, reproduzindo e adaptando os modelos às suas condições de produção. Ainda

hoje, poucas industrias dispõem de designers no setor de desenvolvimento de produtos. Grande

parte dos modelos ainda são reproduções de modelos europeus e, talvez por isso, pouco se

interesse pela preservação do que produzem.

2. O Museu de Calçados de Franca e seu acervo

2.1 Museus

Segundo Gonçalves (p. 83, 2007):

O espaço material dos museus é constituído social e simbolicamente pelo tenso entrecruzamento de diversas relações entre grupos étnicos, classes sociais, nações, categorias profissionais, público, colecionadores, artistas, agentes do mercado de bens culturais, agentes do Estado, etc. As ideias e valores que norteiam essas relações são dramatizados por meio de uma “teia de significados” (Weber 1978; Geertz 1973) cuja coerência e estabilidade são

Page 6: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

permanentemente ameaçadas por questionamentos externos e internos ao próprio campo.

Assim, podemos considerar que os museus refletem toda a dinâmica de uma sociedade,

com seus erros e acertos e, ainda, as manobras dos grupos sociais que buscam a manutenção

ou a mudança da fonte de poder.

Ao adquirir, por variados meios, objetos das mais diversas procedências, ao classificá-los como componentes de uma determinada coleção e ao exibi-los publicamente, os museus modernos não somente expressam como fabricam ideias e valores por meio dos quais as relações entre sociedades, grupos e categorias sociais são pensadas. Seu estudo nos dá acesso aos mecanismos pelos quais essas ideias e valores circulam socialmente, como são reproduzidos, reinterpretados e disseminados no espaço público das sociedades modernas. Aquilo que Françoise Héritier chamou de “simbólica elementar do idêntico e do diferente” (1979:217) é elaborada de modos particulares através daqueles procedimentos de aquisição, classificação e exibição de objetos pelos museus. Oposições fundamentais do universo social e ideológico moderno tais como civilizado /primitivo, nacional/ estrangeiro, erudito /popular, elite /povo, passado /presente e principalmente autenticidade / inautenticidade são representadas e disseminadas no espaço dos museus, o que os transforma em rico material de estudo sobre os sistemas de relações sociais e os sistemas de ideias e valores vigentes no contexto das sociedades modernas (GONÇALVES, p. 84, 2007).

Desta forma, os objetos expostos nos museus estão imbuídos de significados que fazem

o elo entre o que a sociedade era e o que ela é. Tais objetos têm o poder de demonstrar a trajetória

do passado ao presente e, muitas vezes, do presente ao futuro. Estudar o acervo dos museus é

uma inquestionável fonte de conhecimento sobre a história da sociedade, seus valores e

costumes: esses estudos sobre coleções, museus e patrimônios repercutem aspirações e

reivindicações formuladas por movimentos sociais de natureza nacionalista, étnica ou religiosa em

defesa de suas respectivas concepções de identidade e memória, como descreve Gonçalves

(2007).

Quanto aos estudos relacionados aos calçados, saber sobre o desenvolvimento da

indústria calçadista no país, nos revela, de forma geral, parte importante de sua economia

(pecuária, exportações e importações) e, de forma específica, como regiões inteiras se

desenvolveram e, nos dias de hoje, ainda se mantêm devido à atividade calçadista.

Em relação aos espaços que preservam a história do artefato calçado, existem no Brasil

dois museus específicos sobre as atividades do setor coureiro-calçadista e do artefato calçado: o

Page 7: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

Museu Nacional do Calçado (MNC)4, no polo coureiro-calçadista de Novo Hamburgo, no estado

do Rio Grande do Sul, localizado no Campus I da Universidade FEEVALE (MUSEU NACIONAL

DO CALÇADO, 2014) e o Museu do Calçado de Franca (MCF), localizado na cidade de Franca,

interior do estado de São Paulo, atualmente localizado no campus da UNIFRAN (Universidade de

Franca).

2.2 Histórico do Museu do Calçado de Franca

O Museu do Calçado de Franca foi idealizado por Regina Consuelo de Luca de Mello,

fundadora do Instituto Cultural Wilson Sábio de Mello, com a ideia central de criar um espaço que

fosse capaz de resgatar a história do calçado e trajetória da indústria calçadista francana.

A indústria Samello S.A. e seu fundador, Miguel Sábio de Mello - um ex-sapateiro que se

tornou fabricante -, se destaca principalmente em relação à implementação de inovações no setor

calçadista do polo de Franca, além de iniciativas pioneiras para a concepção de um calçado

diferenciado desde a década de 1950.

A Samello tornara-se não apenas a maior fabricante de Franca, na metade do século XX,

como também foi referência no setor, como a primeira indústria da cidade a utilizar de esteiras

mecânicas na produção e a ingressar no mercado externo de forma efetiva. O lançamento do

modelo de mocassim no país é um marco na história do segmento (ANDRADE, 2012).

Assim, no dia 25 de outubro de 2001, data em que se comemora o Dia do Sapateiro,

Regina Mello concretiza seu objetivo e homenageia seu pai ao inaugurar e batizar o Museu do

Calçado “Miguel Sábio de Mello”, sediado à Rua Monsenhor Rosa, n° 1843, no centro da cidade.

Na época, o local contava com cerca de três mil itens, entre peças de marketing, fotografias,

réplicas de sapatos (PEDIGONI, 2001).

O Museu atendia ao público em geral e passou a ser referência cultural na cidade a todos

os interessados em conhecer a história da cidade, do calçado e da indústria calçadista. Seu acervo

continha, além das réplicas, sapatos originais de época, calçados típicos de países, calçados de

celebridades nacionais e internacionais, material publicitário e fonográfico, sala de vídeo, livraria

especializada, além da boutique do sapato – que comercializava souvenires temáticos – e o cyber

café – para pesquisas mais abrangentes.

4 O MNC foi fundado no ano de 1999. “Possui cerca de 40 mil peças, das quais 35 mil são calçados e o restante bolsas, acessórios, ferramentas e livros, sendo que todas as peças do museu foram recebidas por meio de doação” (TESSARI, 2014, p.4 e 5).

Page 8: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

Apesar de levar o nome do pai da fundadora e iniciar suas atividades com um acervo que

conta a trajetória da empresa Samello S/A, empresas importantes para a histórica calçadista da

cidade tiveram seu lugar reservado, assim, é possível encontrar exemplares dos Calçados Agabê,

Sândalo, Jacometti, Donadelli, Albanese, Carmen Steffens, Couromoda, Francal, Abicalçados,

Azaléia e Paquetá, e também material do Grupo Editorial Sinos e Sindicato da Indústria e Calçados

de Franca. Regina Mello relata ao jornal local que:

Pelo nosso estatuto, assumimos a responsabilidade pela guarda de cada item encaminhado para o museu, seja ele doado ou apenas cedido”. (...) “calçadistas, lojistas, fornecedores, profissionais do ramo e as pessoas em geral podem contribuir para o incremento do banco de dados (DIÁRIO DA FRANCA, 2001, p.4).

As atividades do Museu, porém, não se limitavam à temática calçadista. Incluso no circuito

cultural da cidade, o espaço passa a abrigar exposições de arte, exibir documentários (como na

Semana Mário de Andrade, em 2002, e o projeto Curta na Hora do almoço, lançado em 2003),

noites temáticas (Noite do choro, queijos e vinhos, em 2004), apresentações musicais e teatrais,

etc. Recebeu personalidades políticas, religiosas e artistas. O espaço foi mantido pelo Instituto

Wilson Sábio de Mello até maio de 2007, quando UNIFRAN – Universidade de Franca o assume,

sob contrato de comodato com o Instituto, provavelmente motivado pelas dificuldades financeiras

enfrentadas pelo grupo Samello.

Sob administração da Unifran, o Museu muda de endereço, passa a localizar-se à mesma

rua, porém ao número 1611. A Unifran promove a modernização do cybercafé e dá continuidade

às atividades culturais, incentivando e organizando visitas de escolas da rede pública e particular.

No entanto, no ano de 2011, a Unifran transfere o Museu para as dependências do seu

campus, localizado à Avenida Dr. Armando Salles de Oliveira, n° 201, no Parque Universitário.

Desde então, foram suspensas as atividades culturais, mantendo-se apenas as visitas ao acervo.

Até meados de dezembro do ano de 2014, o Museu permanecia no campus da Unifran,

porém a visitação foi drasticamente reduzida (acontecem somente com horário pré-agendado) e

segundo a responsável pelo Museu na Universidade, o acervo será devolvido ao Instituto Cultural

Wilson Sábio de Melo, uma vez que a nova administração da universidade5 não demonstrou

interesse em mantê-lo até o final do contrato (maio de 2022).

5 Em julho de 2013 a Unifran – Universidade de Franca – foi vendida ao Grupo Cruzeiro do Sul Educacional.

Page 9: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

2.3 O acervo e catalogação do Museu do Calçado de Franca

Em termos gerais, calçado pode ser definido como qualquer acessório usado para vestir,

cobrir ou proteger os pés, podendo ser sapatos, botinas, sandálias, etc.

Segundo o livro “A brief survey of shoe fashion through the ages”, publicado pela British

United Shoe Machinery Co. Ltd (MUSEU DO CALÇADO, 2014), na Antiguidade, os calçados se

dividiam em duas categorias: os que protegiam a planta dos pés e eram atados com cordões e os

que cobriam inteiramente os pés e os que deixavam os dedos inteiramente livres, tais como a

solea, crepida, baxae e sandálias.

Antigamente, em sua maioria, os calçados eram feitos basicamente em couro. Atualmente,

o couro ainda é o material predominante e altamente valorizado, porém podem existem outras

opções, como: a pelica, camurça, os tecidos, palhas, cordas, borrachas, madeira, e a indústria,

através dos diversos tipos de beneficiamento, pode nos oferecer diferentes tipos de couro, que

variam em resistência, espessura, maciez e cor.

Quanto aos solados (sola), empregados para proteger as plantas dos pés, também pode

ser fabricado em diversos materiais além do couro. Os saltos, geralmente são de madeira, metal

ou borracha, forrados em couro, tecido ou outro material.

Porém, devemos ressaltar que a definição e significados dos calçados vão além de

proteção dos pés e seu calce para o ato de caminhar. O calçado é um artefato imbuído de diversos

significados, atendendo a diversos desejos e necessidades. Ele comunica por meio de elementos

de design, sensações, símbolos, contextos sociais e até mesmo características subjetivas dos

usuários (ANDRADE, 2012). Também é um guardião de memórias individuais e coletivas.

Os artefatos em exposição do Museu do Calçado de Franca são importantes objetos

portadores de memórias, reforçando uma determinada situação, espaço ou tempo. Por meio da

pesquisa destes artefatos, conseguimos relacionar a memória, a história e a moda, pois, se

rememorarmos nossa história por meio de lembranças, roupas ou mesmo objetos, podemos

recompor um todo e retratar a história e a identidade de uma pessoa ou grupo como reflete Merlo

(2010).

A metodologia utilizada previa primeiramente a análise e comparação da catalogação dos

dois únicos museus de calçados do país, o Museu Nacional do Calçado, em Novo Hamburgo-RS

e o de Franca-SP.

Page 10: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

A catalogação do MNC6 utiliza um programa de computador desenvolvido especificamente

para o museu. O catálogo eletrônico possui o maior número possível de informações sobre cada

artefato. Além dessa catalogação, os calçados recebem em suas solas uma etiqueta com códigos

de barras. Esse código remete ao sistema que contém os seguintes dados: localização do modelo

(código, tipo de modelo e caixa de acondicionamento, doador, estilista ou a qual celebridade

pertenceu, foto e características como a descrição do modelo, matérias-prima, técnicas utilizadas

e detalhes. O programa de catalogação encontra-se on-line no site do museu para consultas de

forma livre, como descreve Tessari (2014). Porém, atualmente, o site encontra-se fora do ar para

uma reformulação.

O MCF7 não possui um sistema tão avançado e detalhado. Em pesquisa e consulta aos

arquivos do museu, encontramos apenas uma pasta com a relação de calçados e uma lista

digitada com dados sobre o acervo do museu. Sobre cada artefato havia as seguintes informações:

um código (definido como registro), uma descrição (do tipo de modelo, matéria-prima, referência

da forma, cores e fabricante, mas não em todos os modelos temos registros de todos estes itens),

data (ano ou década), origem (país) e número de pés (ou pares). Assim como o MNC, encontram-

se nas solas ou formas de calçados, uma etiqueta, porém com descrições sobre o código do

modelo, referência da forma, fabricante e doador do artefato.

O MCF possui um site, mas contendo algumas fotos do acervo, principalmente das

réplicas de calçados históricos e textos sobre a história do calçado e da cidade de Franca.

No MCF estão expostos réplicas de calçados femininos e masculinos estrangeiros

(ocidente e oriente) de vários séculos anteriores ao XX; modelos de calçados utilizados por

celebridades, como atores, cantores e políticos, sapatos conceituais, calçados típicos, modelos de

grifes internacionais (principalmente italianos) e nacionais. Todos os pares foram doados em sua

maioria pela família Mello, proprietários da Samello S.A. Além dos calçados, o museu possui

exposto alguns livros, malas de viagem, caixas com ferramentas para a confecção de calçados e

posters.

6 Museu Nacional do Calçado de Novo Hamburgo, RS, Brasil. 7 Museu do Calçado de Franca, SP, Brasil.

Page 11: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

Figura 1: Mocassim e sapatos em forma brasileiros doados pela Samello S/A. Fonte: Acervo dos autores, 2014.

Os artefatos expostos possuem apenas uma tag contendo o nome do modelo e ano de

fabricação.

Figura 02: Bota Plataforma Samello S/A da década de 1970. Fonte: Acervo dos autores, 2014.

Por meio de análise da pasta/catálogo, que possui pouquíssimos dados registrados sobre

cada par) e em visitação ao museu, foi possível quantificar em números que 55 pés/ou pares de

calçados são de origem brasileira (porém sem poder numerar os pares produzidos na cidade de

Franca) e 155 pés/pares de calçados estrangeiros de países de todos os continentes.

Destes pés e pares, 46 deles são réplicas de calçados dos períodos da Antiguidade e dos

séculos XV a XIX (réplicas estrangeiras de calçados estrangeiros), calçados típicos (japoneses,

indianos) ou fantasia (pares usados em filmes ou criações conceituais de estudantes).

Page 12: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

Dos pares documentados, 192 são considerados de época em seus registros. Os mais

antigos datam da década de 1930 até a década de 1990. A maioria dos calçados de época são

das décadas de 1960 e 1970, período de grande aumento da produção de calçados do polo de

Franca.

O valor de um museu como o do calçado de Franca é o de reconhecer as qualidades do

produto e do território local. Autores como Krucken (2009) descrevem a necessidade em

compreender e valorizar o espaço onde nasce um produto, sua história, qualidades, identidades

(clima, natureza local, estilos de vida dos moradores e espírito do lugar, elementos de patrimônio

materiais (arquitetura, artefatos, arte, etc) e de patrimônio imaterial (folclore, línguas, música), além

de história e economia regional como ferramentas para a diferenciação e consolidação de um

produto ou serviço ligado ao território.

“Com a globalização, um dos maiores desafios é comunicar as qualidades e valores de

produtos locais para pessoas que não conhecem o seu contexto de origem e a sua história, de

modo que possam assimilá-los e reconhecê-los” (KRUCKEN, 2009, p.23).

Neste momento, percebemos aqui a importância do MCF como um recurso para

demonstrar os valores dos artefatos produzidos no polo de Franca, associando os mesmos a sua

história, economia e cultura, ressaltando os produtos com características que mais destacam o

polo como os modelos masculinos e os unissex (o modelo mocassim, que destacou a cidade no

mercado nacional e internacional), que apresentam toda uma tradição sobre as características de

produção dos calçados, incluindo os processos artesanais de costuras manuais.

Considerações Finais

É inquestionável a importância que os museus adquirem quanto à conservação da história

e da memória das sociedades, sendo assim, também não se questiona a importância do Museu

do Calçado de Franca como componente de grande valor para a sociedade francana pelo mesmo

motivo: preservação da história do calçado e da indústria calçadista na cidade.

Como afirma Krucken (2009) o reconhecimento das qualidades e valores dos produtos

locais, referentes aos conhecimentos e importância das comunidades produtoras, são uma forma

de contribuição para tornar visível toda uma sociedade e sua história por trás dos artefatos. Estes

Page 13: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

objetos comunicariam os elementos culturais e sociais e possibilitariam os consumidores de

apreciá-los devidamente, criando uma imagem favorável da cidade onde o produto é desenvolvido.

O Museu do Calçado de Franca seria uma forma de valorizar e proteger o patrimônio

material para registrar histórias para a comunidade.

Assim como em outros setores culturais e do patrimônio local, a sociedade não se envolve

e não demonstra interesse em preservar ou resgatar o passado da cidade. Também demonstra a

falta de relações e envolvimento entre a população local, os empresários do setor e as instituições

de ensino. Percebemos, assim, uma baixa conscientização e percepção da cidade e sua

identidade; existem poucos espaços para transmitir identidades culturais e territoriais e são

menores ainda, ações para sensibilizar e informar sobre sua história. Franca tem alta produção

industrial, mas poucas produções culturais.

Sobre o Museu de Calçado de Franca, infelizmente, ao final da pesquisa, nota-se que,

com o tempo, houve uma mudança de rumo quanto à gestão e até mesmo uma falta de interesse

quanto expansão e manutenção do museu e seu acervo. Antes, as atividades que incluíam a

comunidade e várias atividades promocionais, hoje, sofrem completo abandono: apesar de

instalado no campus de uma universidade, não há qualquer atividade social, cultural ou educativa

que o envolva e, mesmo antes do final do contrato, o acervo será devolvido à família Samello para

desocupação do espaço.

Quanto à devolução do acervo, não há notícias de que o mesmo seja transferido para

outro local ou mesmo que outra empresa ou empresário tenha se interessado em mantê-lo. Até a

finalização do artigo, a Universidade de Franca não “comenta” sobre o destino das peças a não

ser sobre a devolução para a família que detêm sua guarda.

O fechamento do Museu do Calçado de Franca reflete não só o desinteresse da sociedade

local em preservar sua história, mas também mostra uma grande mudança de comportamento do

homem moderno. Segundo Walter Benjamin (apud GONÇALVES, 2007) já não temos mais

“tempo” para contemplar, estamos submersos na era da informação rápida e impessoal, que já

nos chega pronta e acabada, quase inquestionável. Não nos envolvemos, não interpretamos e,

neste contexto, não cabe o museu nos termos em que se encontrava o Museu do Calçado de

Franca: local de narrativa, de distensão psicológica e, até mesmo, de ócio.

Page 14: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

Referências

Publicações COUTINHO, Antonio. Couro cru: origens do polo calçadista de Franca (1820-1950). Franca: Ribeirão Gráfica e Editora, 2008. FERREIRA, Mauro. Franca, Itinerário Urbano. Franca: Laboratório das Artes, 1983. FERREIRA, Mauro; MENDES, Hellen Maria Passos; SILVA Ana Carolina Carlucci da. Mobilidade urbana e sustentabilidade em Franca (SP). Anais do XIII Encontro de Pesquisadores do UNIFACEF, Franca, 2012. FOLLIS, Fransérgio. Modernização urbana na Belle Époque paulista. São Paulo: Editora UNESP, 2004. GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Antropologia dos objetos: coleções, museus e patrimônios. Coleção Museu, Memória e Cidade: Rio de Janeiro, 2007. KRUCKEN, Lia. Design e Território: valorização de identidades e produtos locais. Sutdio Nobel: São Paulo, 2009. MERLO, Márcia. Memórias: imagens entre fotos, palavras, coisas e sonhos. In: COLÓQUIO DE MODA, 6., 2010, São Paulo. Anais eletrônicos do 6° Colóquio de Moda. São Paulo: [s.n.], 2010. 1 CD-ROM. PEDIGONI, Ângelo. Museu do calçado de Franca expõe 3 mil pares. Diário da Franca, Franca, 9 de out. 2001. Local, p. 4. TESSARI, Valéria. Catalogação de acessórios em museus: O Museu do FIT e Museu Nacional do Calçado. IV Seminário Moda Documenta. I Congresso Internacional de Memória, Design e Moda. São Paulo, 2014.

Teses e Dissertações

ANDRADE, Natalie Rodrigues Alves Ferreira de. O Design de Moda e o desenvolvimentodos calçados femininos no Polo de Franca – SP. 2012, 212 f. Dissertação (Mestrado em Design) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2012. FERREIRA, Mauro. O Espaço Edificado e a Indústria Calçadista de Franca. São Carlos: EESC/USP. 1989. Referências Webgráficas

ESTEVES, Tarissa. Um museu invisível. PortalGCN.net.br. Disponível em <http://gcn.net.br/imprimir/noticia/227567> Acesso em: 12/01/2015. FRANCA INAUGURA MUSEU DO CALÇADO. Disponível em: <http://www.she.com.br/secoes/ver.asp?id_mat=105&id_secao_mat=441&id=44> Acesso em: 12/01/2015. MUSEU DO CALÇADO DE FRANCA. Disponível em: <www.museudocalcado.com.br/incInternas.php?page=textoshistoriacalcado>. Acesso em 16/10/2014.

Page 15: Franca Shoe Museum and its collection - Moda Documenta · O presente estudo tem por objetivo investigar e analisar informações sobre o acervo do Museu do Calçado relacionadas ao

Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015

ISSN: 2358-5269 Ano II - Nº 1 - Maio de 2015

MUSEU NACIONAL DO CALÇADO. Disponível em: http://www.feevale.br/cultura/museu-nacional-do-calcado-mnc. Acesso em 17/10/2014 SINDIFRANCA. Relatório Mensal – NICC Polo Franca – AGOSTO de 2014. Disponível em: <file:///C:/Users/Natalie/Downloads/estatistica_201409181025082295380..pdf>. Acesso em: 16/10/2014 as 13hs. CREA-SÃO PAULO. Patrimônio Histórico: como e por que preservar/ coordenação de: Nilson Ghirardello

e Beatriz Spisso; colaboradores: Gerson Geraldo Mendes Faria [et al.]. -- Bauru, SP: Canal 6, 2008.

Disponível em: <http://www.creasp.org.br/arquivos/publicacoes/patrimonio_historico.pdf>. Acesso em: 20/02/2015. TESTA, Fernanda. Unifran reinaugura Museu do Calçado de Franca. Portal GCN.net.br. Disponível em: <http://gcn.net.br/noticia/151494/artes/2011/11/UNIFRANREINAUGURAMUSEUD0CALCAD0DEFRANCA151494> Acesso em: 12/01/2015.


Recommended