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H. Spencer Lewis - As Doutrinas Secretas de Jesus (Rev)

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    A doutrina secreta de JesusA doutrina secreta de JesusA doutrina secreta de JesusA doutrina secreta de Jesus

    H. Spencer Lewis, F.R.C., Ph.D.

    1 Edio Grande Loja do Brasil

    Maio de 1988

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    DEDICO A

    SAR HIERONYMUS DA BLGICA

    Cuja postura e pureza de carter emprestaram

    Ilimitado encanto magnificncia de sua

    Sabedoria.

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    Figura 1: Construo de antigos essnios. Perto do Mar Morto, na Jordnia, encontram-se as runasde um antigo dormitrio e refeitrio dos essnios. Perto dali esto localizadas as colinas em cujas

    cavernas foram encontrados os famosos Pergaminhos do Mar Morto.

    Figura 2: Local da ltima Ceia. As duas janelas, embaixo e no centro, deixam passar a luz para asantigas cmaras secretas do Conselho do Cristo Jesus

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    Figura 3: Igreja da Natividade, em Belm. Todas as seitas e autoridades concordam quanto autenticidade desse edifcio, cujo ptio freqentemente usado como quartel.

    Figura 4: A majestosa muralha e a torre do Rei David. Essas sombrias pedras cinzentas resistirammuitas vezes aos selvagens ataques dos filisteus e de outras tribos belicosas do passado.

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    SUMRIO

    PREFCIO..................................................................................................................7CAPTULO I: Uma espantosa descoberta.................................................................12CAPTULO II: A necessidade de sigilo......................................................................20CAPTULO III: A grande escola secreta....................................................................24CAPTULO IV: A misso secreta de Jesus ...............................................................38CAPTULO V: Administrao e discipulado dos mistrios cristos ...........................46CAPTULO VI: Misses secretas individuais.............................................................61CAPTULO VII: Estranhas passagens da Bblia........................................................67CAPTULO VIII: O maior dos milagres......................................................................85CAPTULO IX: Mais comprovao bblica.................................................................95CAPTULO X: As doutrinas secretas.......................................................................112CAPTULO XI: Os grandes mistrios ......................................................................127CAPTULO XII: Modificaes progressivas das doutrinas crists ...........................139CAPTULO XIII: A preservao dos ensinamentos secretos ..................................146

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    PREFCIO

    A discusso e a controvrsia no so os motivos principais deste livro,

    embora nele haja bastante argumentao, o que sem dvida suscitar controvrsia.

    Os fatos so teimosos. A verdade se revela mesmo que esteja oculta por

    trs de um vu ou misturada com alegorias, parbolas e estranhas interpretaes. A

    maioria dos fatos contidos neste livro esto claramente revelados na Bblia Crist,

    particularmente no Novo Testamento. Este trabalho, entretanto, no um exemploda forma pela qual a Bblia pode ser erroneamente interpretada, ou descuidada e

    arbitrariamente citada, em partes, para comprovar uma idia, uma teoria ou uma

    postulao. Algum j disse que praticamente qualquer teoria estranha ou

    proposio assombrosa pode ser provada tomando-se passagens desconexas ou

    no relacionadas da Bblia e juntando-as de determinado modo, ou reforando

    certas palavras, de maneira a formar uma idia nova e totalmente incorreta.

    As citaes da Bblia Crist utilizadas neste livro so surpreendente e

    estranhamente esclarecedoras, quando usadas exatamente como aparecem no

    Novo Testamento e sem sererri separadas do contexto geral. Elas contm fatos que

    foram deliberadamente omitidos ou mal interpretados, pois no so suscetveis de

    diferentes interpretaes. Ou elas significam determinada coisa, ou no significam

    nada.

    Quando o Novo Testamento afirma que Maria, a me de Jesus, era uma

    de suas discpulas secretas ou um membro do grupo de Seus discpulos que se

    reuniam em um local secreto, isto no significa nem pode significar que se tratava de

    uma outra Maria, ou que ela era membro de algum outro grupo de estudantes, ou

    ainda que era uma de Suas discpulas apenas espiritualmente ou alegoricamente.

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    Muitas pessoas podem ficar surpresas em saber que Jesus tinha uma mulher entre

    seus seguidores, fosse ela Maria, sua me, ou qualquer outra. Mas s porque esse

    fato surpreendente no h razo para duvidar de sua veracidade ou de sua

    implicao, seu significado claramente deliberado e seu significado subjacente.

    Se Jesus tinha Sua me, como simples mulher, entre Seus estudantes

    particulares, Seus discpulos secretos ou Seu grupo de discpulos, isto muito

    significativo, no apenas porque ela era Sua me, Maria. E se esse fato

    surpreendente, que devemos ento pensar de outras passagens do Novo

    Testamento que afirmam que havia outras mulheres alm de Maria entre Seus

    discpulos particulares e que, portanto, nem todos os Seus discpulos ou estudantes

    escolhidos eram homens?

    No se trata de que esse fato seja suficientemente importante para se

    escrever um livro a respeito, pois, afinal de contas, muitas mulheres foram

    eminentes estudantes das grandes verdades da vida, grandes instrutoras e

    pregadoras, sendo com certeza to qualificadas naquele tempo quanto o so hoje

    para serem discpulas iguais aos homens em quaisquer circunstncias. A

    importncia disto est no fato de que ou a Igreja ou seus representantes

    autorizados, ou alguns deles, ou o movimento cristo de sculos passados,

    deliberada ou inconscientemente omitiram esse significativo aspecto da grande obrade Jesus, o Cristo.

    O mesmo se aplica ao fato de os irmos e irms de Jesus terem sido

    membros de sua escola secreta, particular. Ser que estamos dando excessiva

    nfase a isso e aos incidentes at agora velados de Sua vida? Pensamos que no,

    diante do fato de que muitos grandes sermes foram pregados, panfletos foram

    escritos e captulos de livros cuidadosamente preparados para interpretar a atitude

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    de Jesus para com seus pais e seus parentes. Pensem por um momento nas

    milhares de vezes em que muitos clrigos, em sermes e por escrito, tentaram

    explicar a passagem do Novo Testamento que parece ser uma censura Sua me

    por ocasio de Sua demora na sinagoga. Esse estranho incidente tem sido

    apresentado aos freqentadores de escolas dominicais e a estudantes da Bblia

    como indicao de que Jesus no tinha pacincia com Seus pais, de que estes

    pouco ou nada compreendiam quanto a Sua misso na vida, e de que Ele podia at

    ser grosseiro, intolerante e sem considerao para com as mulheres e suas

    perguntas sobre Seus assuntos. Essas explicaes e interpretaes implantaram na

    mente de muitas pessoas a dvida quanto a Jesus ser to perfeito nas coisas

    humanas como o era nas coisas divinas. Ser isso justo? So as interpretaes

    daquele incidente corretas luz dos fatos que mostram que Jesus tinha a mente

    aberta e suficiente compreenso para permitir que Sua me, Suas irms e outras

    mulheres fossem estudantes secretos dos grandes "mistrios" que Ele ensinava?

    Se parecer que o autor deste livro est indo longe demais ao dar nfase a

    quaisquer possveis reunies secretas de uma escola particular de discpulos,

    tenhamos em mente que a prpria Bblia a melhor autoridade para comprovar

    essas afirmaes, e vai longe no destaque que d ao fato de que Jesus ensinava s

    multides de um modo, ao crculo exterior de estudantes particulares de outro, e naintimidade ensinava e instrua a um grupo interior, uma escola secreta, de uma

    terceira forma. Temos tambm repetidas declaraes do prprio Jesus de que os

    grandes mistrios, os grandes segredos que Ele ensinava a uns poucos em Seus

    discursos privativos e Suas reunies secretas, no podiam ser revelados s

    multides nem podiam ser compreendidos pelas pessoas comuns. No obstante, a

    igreja crist de nossos dias no esclarece s massas a existncia de segredos,

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    verdades e fatos que elas no compreendem porque so mesmo difceis de

    compreender, mas que podem ser revelados e demonstrados aos dignos, aos

    preparados, e aos especialmente iniciados.

    Esses fatos do um colorido diferente ao quadro do cristianismo como

    sistema religioso, filosfico ou moral. Na verdade, eles nos ajudam a compreender

    que a instruo crist original e verdadeira e as doutrinas crists originais eram

    coisas divinas no destinadas a todos os seres humanos, constituindo um sistema

    de verdades transcendentais, revelaes esotricas e leis divinas de ilimitada

    aplicao e onipotente poder. Cabe aos que contestam os fatos contidos neste livro

    provar seus argumentos. O autor apresenta seus fatos e as verdades por eles

    reveladas. Se as citaes aqui utilizadas e os fatos nelas contidos revelarem

    verdades que contrariem os fatos contidos neste livro, ento o leitor que contestar o

    livro dever apresentar suas interpretaes e demonstrar que so superiores s que

    aqui esto expostas.

    Ou as muitas citaes do Novo Testamento, as muitas sugestes, as

    muitas condies e situaes reveladoras significam algo bem definido ou no

    tm significao alguma.

    O leitor de mente aberta e sem preconceitos ser o melhor juiz de que:

    A Ordem Rosacruz em todo o mundo, a Fraternidade Rosacruz da

    AMORC, inclusive suas alianas e afiliaes, dedicada perpetuao e constante

    revelao das antigas verdades pela cuidadosa disseminao a pessoas

    devidamente qualificadas, no separa as verdadeiras doutrinas de Jesus e Suas

    grandes verdades do sistema original do cristianismo. Este livro, portanto, no , em

    sua natureza essencial ou em sua inteno, uma propaganda da Ordem Rosacruz,

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    AMORC, e sim uma contribuio voltada unicamente para a literatura esotrica de

    milhares de anos passados e de hoje.

    O AUTOR

    Templo de Alden,

    Parque Rosacruz,

    San Jos, Califrnia

    20 de janeiro de 1937

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    CAPTULO I: Uma espantosa descoberta

    Estamos certos de que muitos cristos ficaro surpresos com a

    insinuao de que Jesus ensinou quaisquer princpios divinos secretamente, ou que

    praticou qualquer arte divina sem a revelar a todos.

    O autor deste livro ficou espantado, a princpio, quando descobriu que

    isso era verdade. Como dedicado freqentador de cultos religiosos cristos por trinta

    anos ou mais, e aps muitos anos de estudo da Bblia dirigido por lderes do

    pensamento cristo protestante, parecia-lhes quase inacreditvel que fatos to

    importantes da vida de Jesus e da criao inicial das doutrinas e prticas crists

    tivessem passado despercebidos pelos mais aguados e analticos estudantes do

    cristianismo, ou tivessem sido deliberadamente ocultos do pblico por alguma razo

    que pudesse ter parecido boa e suficiente.

    Assim que a chave para corroborar esses fatos se revelou

    inequivocamente em passagens do Novo Testamento e desvendou muitos mistrios

    da vida e das atividades de Jesus e Seus discpulos, as numerosas passagens

    intrigantes e at mesmo duvidosas da Bblia se tornaram claras, compreensveis, na

    forma de evidncias positivas que vieram apoiar a descoberta.

    Para que o leitor possa compreender claramente os segredos que Jesus

    transmitiu exclusivamente a Seus discpulos testados e comprovados, faz-se

    necessrio resumirmos a histria revelada por fatos descobertos to gradativamente

    que pareceram uma revelao verdadeiramente divina e csmica.

    Eis os fatos: Jesus convocou muitas reunies ou sesses secretas com

    Seus discpulos e fiis companheiros, o que sugerido em muitas partes do Novo

    Testamento. Existem evidncias inequvocas deste fato.

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    Jesus possua um conhecimento raro, secreto, divino ou espiritual e semi-

    cientfico, que Lhe permitia realizar milagres e transmitir Seu conhecimento e Seu

    poder secretos, o que igualmente inegvel se considerarmos conscienciosa-mente

    certas passagens do Novo Testamento.

    Os primeiros cristos, que constituram a verdadeira base da religio

    crist, eram capazes de realizar milagres ou aplicar princpios csmicos ou divinos

    de maneira nova e diferente que jamais fora aplicada antes, o que se imprime em

    nossa conscincia ao lermos e analisarmos os Evangelhos Sinpticos e outras

    partes do Novo Testamento.

    A primitiva igreja crist se dedicava a duas fases essenciais de atividade:

    pregao, ensino, postulao, e realizao de curas e demonstraes, o que no se

    pode negar.

    A igreja crist de hoje no mais pratica ou demonstra os princpios de

    cura ou de inovao das leis divinas e naturais para ocasionar manifestaes

    incomuns, concentrando-se quase exclusivamente na pregao e postulao, o que

    indica que a igreja crist de hoje e dos ltimos sculos ou abandonou toda uma fase

    de seu trabalho, ou algum conhecimento secreto que os antigos cristos possuam

    no foi transmitido atravs dos tempos, de sacerdote a sacerdote, de ministro

    religioso a ministro religioso, de seita a seita.As declaraes acima constituem as chaves fundamentais para

    desvendar os mistrios da misso de Jesus, o Cristo, em Sua vida na Terra. Aps

    cuidadoso estudo e extensas pesquisas dessas chaves e dos muitos fatos correlatos

    revelados por elas e atravs delas, o autor passa a resumir os surpreendentes

    argumentos que apresentar nos captulos seguintes deste livro:

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    1. Jesus teve nascimento divino e, portanto, foi especialmente preparado

    (espiritualmente, mentalmente e por outros meios) para receber, testar e

    aplicar certo conhecimento secreto que O capacitaria a cumprir um ministrio

    especial na Terra;

    2. Tendo sido devidamente preparado de forma divina, espiritual, intelectual, e

    de outras maneiras, para essa grande misso, tambm foi decretado que Ele

    transmitiria esse conhecimento, bem como os poderes especiais nele

    desenvolvidos por esse conhecimento, a outros indivduos que fossem

    capazes e dignos, a fim de que eles levassem avante Sua misso atravs das

    eras, e fizessem "coisas ainda maiores".

    3. Durante os primeiros anos do ministrio de Jesus, Ele procurou, encontrou,

    treinou e preparou esses homens e mulheres da Palestina, do Egito e da

    Sria, que se mostraram espiritualmente dignos, alm de moral e eticamente

    qualificados para perpetuar o conhecimento que Ele trouxera Terra e os

    poderes que Lhe tinham sido transmitidos atravs de Seu nascimento divino;

    4. Essas pessoas, preparadas e treinadas, constituram um grupo secreto deadeptos e servidores-companheiros, que se reuniam de tempos a tempos

    como um colgio secreto para fins de instruo, testes, provas e a prtica

    conscienciosa dos princpios secretos;

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    5. Essa sociedade secreta foi formada por Jesus e mantida em contnuo

    funcionamento e operao nos ltimos anos da vida de Jesus, no se

    extinguindo por ocasio da Crucificao e da Ascenso;

    6. Os homens e mulheres ligados por juramento a essa sociedade secreta

    formavam um total de cento e vinte pessoas, no se limitando aos doze

    apstolos ou discpulos, e este fato espantoso est claramente indicado no

    Novo Testamento;

    7. Como qualquer outra sociedade secreta que tinha de proteger zelosamente

    seus ensinamentos, princpios, listas de membros, ideais e propsitos de

    perseguio poltica ou aristocrtica, esse misterioso grupo de estudantes

    especiais tinha vrios locais de reunio definidos, fixos e continuamente

    utilizados, em Jerusalm, com ramificaes para reunies ocasionais em

    outros distritos;

    8. Seu principal local de reunio, ou "Templo" era guardado e bem protegido,

    tinha um nome secreto e era conhecido somente pelos membros testados,

    fato este tambm comprovado por passagens bem claras do NovoTestamento.

    9. Essa sociedade secreta tambm utilizava palavras de passe, sinais, smbolos

    e outros meios de reconhecimento mtuo entre os membros, evitando que

    espies ou perseguidores polticos se infiltrassem ou tomassem

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    conhecimento de sua obra secreta, o que tambm comprovado por citaes

    do Novo Testamento;

    10. Quando os membros dessa sociedade secreta eram convocados por Jesus,

    em ocasies regulares ou especiais, tinham de se dirigir ao local secreto da

    reunio um a um, com grandes precaues, usando senhas secretas que

    eram modificadas de tempos a tempos;

    11. Entre os cento e vinte membros contavam-se, alm daqueles que se

    tornariam conhecidos como os doze apstolos e que constituam o comit

    executivo dessa sociedade secreta, outros interessados no misterioso e

    secreto trabalho da sociedade, inclusive a me de Jesus e Seus irmos e

    irms;

    12. Durante o perodo de estudo e preparao para o trabalho secreto, Jesus no

    s lhes ensinou as lies secretas como os auxiliou a desenvolver no ntimo

    do seu prprio ser o mesmo poder misterioso, secreto e espiritual que Ele

    possua e, feito isto, tendo assim preparado completamente os discpulos,

    conferiu-lhes a divina autoridade para usar o poder especial que haviamdesenvolvido e representar Jesus e o Reino dos Cus pelos sculos afora;

    13. Entre os cento e vinte estudantes secretos havia homens ricos do pas e

    alguns que tinham poder e influncia poltica, os quais vieram mais tarde em

    auxlio de Jesus em Suas horas de perseguio, realizando certas aes que

    tinham mutuamente prometido realizar em caso de emergncia;

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    14. As parbolas e instrues alegricas que Jesus transmitia ao pblico,

    especialmente s pessoas que o seguiam com certa cautela, eram verdades

    veladas e deliberadamente ocultas, que ainda hoje no podem ser

    compreendidas e adequadamente interpretadas a menos que se tenha um

    conhecimento bsico dos ensinamentos secretos transmitidos ao Seu grupo

    de estudantes secretos;

    15. Essa sociedade secreta pode ou no ter sido afiliada aos essnios, outra

    sociedade secreta com que Jesus estava bem familiarizado1;

    16. Cada um dos ensinamentos secretos constitui uma lei divina espiritualmente

    aplicada e materialmente manifestada e apresentado em detalhamento

    quase perfeito (oculto em passagens do Novo Testamento), de modo que

    pode ter suas partes unidas e concatenadas para que se chegue a uma

    compreenso completa e perfeita;

    17. Esses ensinamentos e prticas secretos no esto includos nas instrues

    da igreja crist de nossos dias e, pelo fato de algumas dessas verdades

    1 A descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto confirmou a referncia feita pelo autor aos essnios eseus ensinamentos secretos, que precederam o cristianismo e que Jesus deve ter conhecido bem.Um relatrio parcial sobre essa descoberta, do arquelogo ingls G. Lankester Harding, Diretor doDepartamento de Antigidades da Jordnia, diz o seguinte:"A mais espantosa revelao dos documentos essnios at agora publicada a de que os essniospossuam, muitos anos antes de Cristo, prticas e terminologias que sempre foram consideradasexclusivas dos cristos. Os essnios tinham a prtica do batismo, e compartilhavam um repastolitrgico de po e vinho presidido por um sacerdote. Acreditavam na redeno e na imortalidade daalma. Seu lder principal era uma figura misteriosa chamada o Instrutor da Retido, um profeta-sacerdote messinico abenoado com a revelao divina, perseguido e provavelmente martirizado."Muitas frases, smbolos e preceitos semelhantes aos da literatura essnia so usados no NovoTestamento, particularmente no Evangelho de Joo e nas Epstolas de Paulo. O uso do batismo porJoo Batista levou alguns eruditos a acreditar que ele era essnio ou fortemente influenciado por

    essa seita. Os pergaminhos deram tambm novo mpeto teoria de que Jesus pode ter sido umestudante da filosofia essnia. de se notar que o Novo Testamento nunca menciona os essnios,embora lance freqentes calnias sobre outras duas seitas importantes, os saduceus e os fariseus." O Editor.

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    secretas terem sido descobertas por pessoas que no pertenciam igreja

    crist, surgiram vrias seitas e cultos que passaram a utilizar esses

    conhecimentos secretos e se tornaram rivais da igreja crist;

    18. Se a igreja crist da atualidade se instrusse nesse conhecimento secreto e se

    dedicasse a ensinar, preparar e qualificar certos estudantes devotados de

    todas as partes do mundo para pratic-lo e demonstr-lo, tornar-se-ia a mais

    importante e poderosa influncia em prol da paz, da felicidade, da sade e do

    contentamento universal. Ela poderia eliminar a maioria dos problemas da

    vida e estabelecer o Reino dos Cus na Terra, pela supresso gradativa das

    guerras nacionais e internacionais, das incompreenses, disputas,

    rivalidades, erros e pecados.

    Os fatos referidos sero apresentados nos captulos seguintes deste livro.

    O resumo que demos representa o tema e os postulados do autor. Certamente

    esses fatos sero rejeitados pelos sacerdotes, pastores, ou religiosos em geral, e

    sero escarnecidos pela maioria dos cristos. Por estranho que parea, porm, os

    seguidores das chamadas religies pagas, ou no-crists, estaro entre os primeiros

    a reconhecer a verdade deste livro, e a apresentar evidncias que o apiem,baseadas em sua prpria experincia de vida e em seus arquivos. Os cristos por

    nascimento ou inclinao, que aos poucos foram se afastando da senda crist ou da

    igreja crist, aclamaro este livro como a correta explicao do que consideram ser

    a fraqueza da igreja crist de hoje, uma boa razo para o seu afastamento e sua

    indiferena s instituies crists.

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    Os estudantes de misticismo, metafsica, filosofia mstica e leis csmicas,

    como rosacruzes, teosofistas, maons, hermticos e martinistas, recebero muito

    bem esta obra, por fora de incidentes comuns em sua vida e dos antigos registros

    de suas organizaes.

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    CAPTULO II: A necessidade de sigilo

    A primeira pergunta que surge naturalmente na mente dos cristos

    devotos e estudantes sinceros da Bblia : "Houve a necessidade de um instrutor

    secreto e da preservao do conhecimento secreto com relao misso de

    Jesus?"

    Uma segunda pergunta poderia ser a seguinte: "Se concordamos com a

    idia de que Jesus foi divinamente predestinado a ser o Salvador da humanidade,alm de professor e instrutor dos que buscavam a vida eterna pelas verdades

    divinas, ento por que Ele teve de preservar o conhecimento e o poder em segredo,

    transmitindo-o apenas a uns poucos?"

    As mesmas perguntas so feitas hoje por pessoas que tm preconceitos

    em relao a igrejas de qualquer denominao, e que acreditam que Deus deveria

    ter revelado todo o conhecimento a toda a humanidade, e deveria continuar

    revelando esse conhecimento, conferindo poderes mundanos e espirituais

    extraordinrios a todos os indivduos, e assim promovendo o Reino dos Cus mais

    rpida e seguramente.

    Examinando a histria passada, percebemos que em dezenas de

    ocasies que remontam a uma grande antigidade, Deus inspirou certas pessoas

    sbias e escolhidas para servirem como reveladores ou avatares, para ensinar e

    pregar o conhecimento necessrio a elevar a conscincia do homem a um plano

    mais alto e tornar sua compreenso mais ampla, aproximando-o da harmonizao

    com os princpios da vida e da verdade eternas. Cada uma dessas grandes Luzes

    contribuiu para o avano da civilizao e para o desenvolvimento moral do homem.

    Entretanto, esse processo sempre foi lento e pouco eficiente. O aumento da

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    populao do mundo, acompanhado de uma crescente influncia desmoralizadora

    de natureza satnica, e da rpida deteriorao de princpios slidos responsveis

    pela estabilizao da moral entre homens e mulheres, tornou necessrio enviar

    Terra um Salvador que fundasse ou organizasse um sistema permanente de

    orientao e instruo que abrangesse o mundo inteiro.

    uma verdade fundamental,.to verdadeira hoje quanto o era h dois mil

    anos, que nem toda a humanidade est preparada e qualificada em qualquer sentido

    para receber ou compreender e utilizar as verdades mais elevadas da vida e o

    miraculoso poder que provm desse conhecimento. Deus deve ter compreendido,

    ento como hoje, que enquanto o indivduo no se torna espiritualmente digno, e

    digno tambm no sentido intelectual e social, no merece e no pode absorver nem

    aplicar adequadamente as verdades superiores que tornam o homem livre e o

    iniciam na senda da vida eterna. As prprias experincias de Jesus no cumprimento

    de Sua misso nos oferecem excelentes razes para justificar o princpio do sigilo.

    Mesmo entre os que foram cuidadosamente testados, preparados e qualificados,

    alguns se tornaram cticos, outros procuraram utilizar o conhecimento e o poder

    para objetivos pessoais e egosticos,.e ainda outros se tornaram espies, inimigos e

    traidores da causa.

    A perseguio e depois a execuo de Jesus provam que havia umarazo muito boa para que se guardasse sigilo.

    Embora seja verdade que a misso de Jesus terminou cedo, quando Ele

    atingia a flor da vida; embora seja verdade que os perseguidores e executores

    fizeram o possvel para destruir o conhecimento e o poder que Jesus tinha trazido

    para a humanidade, vestgios da verdade e vagos elementos do miraculoso poder

    que Ele transmitia chegaram at ns, atravessando os sculos, e tm servido como

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    meios de redeno gradual do homem. Se no fosse o sigilo, a organizao secreta,

    b cuidadoso teste de cada pessoa transformada em guardi dos mistrios, a Grande

    Luz que veio terra nos primeiros trinta anos da Era Crist teria se apagado no

    momento da Ascenso de Jesus, o Cristo, e hoje os ensinamentos e prticas que

    Ele tornou reais e universalmente aplicveis s necessidades do homem teriam sido

    perdidos, a humanidade teria regredido aos erros do passado e o mundo de hoje

    no veria sequer um desmaiado brilho daquela Grande Luz.

    A primitiva igreja crist, aps a transmisso das "chaves" de So Pedro

    para os lderes cristos que o sucederam, afirmou ter preservado cuidadosamente,

    por um sculo ou dois, o esprito da organizao secreta fundada por Jesus. A

    histria das primeiras atividades da igreja crist mostra que, embora a massa da

    populao constitusse um grande crculo exterior de devotos e estudantes dos

    ensinamentos cristos, ela recebia apenas uma forma velada e cuidadosamente

    moderada dos princpios cristos; j num crculo interior secreto, um limitado nmero

    de candidatos era conduzido passo a passo atravs dos grandes mistrios e

    ensinamentos secretos a um grau de desenvolvimento e desabrochar que os

    preparava para continuar o trabalho que Jesus havia iniciado e transmitido a Seus

    discpulos.

    Mas, com o passar dos sculos, os ensinamentos secretos se tornaramcada vez mais exclusivos, enquanto as alegorias e os incompreensveis princpios

    da instruo velada foram sendo distorcidos, ritualizados, morrendo nas mentes

    obscurecidas das massas.

    verdade inquestionvel que, nos arquivos da Santa Igreja Catlica

    Romana, bem como no corao e na mente de grandes, sinceros e santos lderes de

    sculos passados, os verdadeiros ensinamentos secretos e poderes divinos

  • 8/3/2019 H. Spencer Lewis - As Doutrinas Secretas de Jesus (Rev)

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    transmitidos por Jesus foram preservados, sendo conscienciosa-mente utilizados, de

    modo limitado, para reforar o poder daquela igreja e a proteo de sua elevada

    autoridade. Mas tambm verdade que, nas fileiras da fraternidade crist de hoje,

    tanto catlica como protestante, esse grande conhecimento secreto desconhecido

    e at insuspeitado. Vemos, portanto, que em todos os sentidos, as chaves para a

    Igreja do Cristo (transmitidas por Jesus a Pedro, lder de sua grande Escola de

    Discpulos) eram de fato chaves reais que deveriam passar de cada sucessor de

    Pedro ao prximo responsvel pela preservao e explicao da verdade; no eram

    simples chaves alegricas, e sim as chaves de ouro que destravam os portes

    (abrem os portais) de todos os templos e tabernculos cristos, de todos os

    coraes ou almas, de todas as escolas de vida que hoje existem.

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    CAPTULO III: A grande escola secreta

    Tendo descoberto as chaves que confirmaram a existncia da sociedade

    secreta, no foi difcil voltar a ateno para antigos arquivos e registros, para

    escritos histricos e Escrituras no includas na Bblia, e para muitas passagens do

    Novo Testamento, aos quais, reunidos como as contas de um rosrio, do nos, um

    quadro bem claro do modo pelo qual Jesus agiu para cumprir Sua grande misso na

    vida.Em primeiro lugar, devemos ter em mente que houve amplos precedentes

    para guiar Jesus no problema da organizao de um corpo fsico ou terreno como o

    grupo secreto que estamos descrevendo. Ao longo dos sculos anteriores tinha

    havido no Egito, na ndia, na Prsia e em outras regies do Oriente Prximo, escolas

    e movimentos secretos dedicados preservao e perpetuao da sabedoria

    revelada. Na maioria dos pases progressistas do Oriente Prximo havia um

    sacerdcio oficial dedicado difuso de religio oficial e preservao das tradies

    religiosas e das crenas antigas. Tambm havia, em cada um desses pases, uma

    ou mais organizaes secretas compostas de livres pensadores, filsofos, msticos

    iluminados e devotos religiosos que buscavam a verdade dos mistrios da vida e

    preferiam as revelaes espirituais e csmicas que lhes vinham como bnos de

    Deus e ddiva humanidade, e que, pouco a pouco, deixavam de lado as antigas

    tradies, supersties e crenas mitolgicas de seus ancestrais. Portanto, em todas

    as terras houve, por muitos sculos, uma rivalidade entre os buscadores da verdade

    revelada e os protetores das formas antigas e errneas de religio.

    Como era de esperar, o sacerdcio oficial tinha todas as vantagens de

    ordem fsica e terrena para impor suas crenas e prticas s massas, enquanto que

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    os buscadores, cticos, herticos e iluminados, muitas vezes tiveram de sacrificar a

    vida e os bens mundanos para preservar as grandes verdades que lhes tinham sido

    reveladas e que tinham descoberto pelo uso de chaves reveladas.

    A acirrada luta entre o culto de Amenhotep IV e o sacerdcio oficial do

    Egito um exemplo tpico dessa contnua rivalidade entre a Luz e as Trevas. A

    grande iluminao que recebeu o Fara Amenhotep IV, tornando evidentes para ele,

    pela primeira vez na histria da civilizao, os verdadeiros princpios da existncia

    de um s e eterno Deus, e a falsidade da multiplicidade de deuses, constituiu um

    despertar e uma chocante reao por todo o pas. Era inevitvel que, embora ele

    doasse seu tempo, sua fortuna e seus melhores interesses ao desenvolvimento da

    nova revelao, dessa religio monotesta, embora construsse templos e relicrios

    ao Deus eterno, destruindo esttuas, templos, tabuletas e afrescos relativos antiga

    crena, sua vida fosse tirada e os astuciosos sacerdotes conseguissem subverter o

    que consideravam um movimento rival perigoso. Embora esse Fara sofresse

    intensamente e fosse impelido a uma transio prematura, realizou tanto pela

    disseminao nacional de sua religio que centenas, talvez milhares de anos

    tenham passado sem esmaecer o brilho de suas doutrinas e preces ao Deus de

    todas as criaturas, nem torn-las perdidas para a posteridade.

    Depois que Jesus recebeu o batismo e o Esprito Santo desceu sobre Ele,preenchendo o Seu ser com a sabedoria e o poder divinos que o transformaram de

    alma encarnada no Cristo redentor do mundo, ele no poderia ter deixado de

    compreender que cada revelao, cada impulso divino, cada viso, cada mensagem

    falada que vinha da boca dos anjos ou do prprio Deus, conduziam-no pelo mesmo

    caminho de sofrimento, intrigas, traio e finalmente crucificao, que todos os Seus

    predecessores haviam testemunhado em suas jornadas de Luz entre os homens.

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    Os registros das atividades de todos os lderes anteriores do pensamento

    divino, criadores de organizaes secretas de preservao e perpetuao dos

    ensinamentos divinos, devem ter propiciado a Jesus um excelente mapa e um

    quadro impressionante da senda que Ele teria de trilhar no cumprimento de Sua

    misso.

    No me deterei na educao e treinamento preliminares que certamente

    devem ter sido administrados a Jesus para torn-lo to brilhante intelectualmente j

    aos doze anos, quando causou espanto aos Ancios da sinagoga de seu pas;

    tambm no me referirei educao terrena e espiritual superior que lhe foi dada na

    juventude, no incio de Sua misso, capacitando-o a usar analogias, alegorias e

    metforas relativas a assuntos pessoais, ocupaes, interesses, desejos,

    esperanas, provas e tribulaes de pessoas de muitas naes, muitas profisses e

    ocupaes, alm de muitas posies sociais. Aquele jovem, nascido no lar de um

    carpinteiro de condio muito modesta, no poderia ter adquirido todo o seu

    conhecimento nas primitivas escolas de Sua prpria terra, e no poderia ter sido

    mandado para um pas distante a fim de freqentar uma escola particular, pela

    simples falta de recursos. A preparao que Ele recebeu como menino e depois

    como rapaz no foi apenas resultado de vises e mensagens inspiradoras vindas a

    Ele atravs do Csmico, da conscincia de Deus, pois Seu desenvolvimento,treinamento e educao foram de natureza dual. Ele conhecia os hbitos e

    costumes, os artifcios, as crenas hipcritas, as tentaes mundanas e as

    fraquezas dos povos de muitas terras; tambm parecia possuir um conhecimento

    ilimitado de leis espirituais e divinas e de grandes verdades csmicas que no

    poderia ter aprendido a no ser colocando-se total e entusiasticamente em harmonia

    com Deus, Seu Pai, que Lhe ordenara que deixasse o Reino dos Cus e fosse ao

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    reino da Terra, para transform-la em local de paz, como o Reino dos Cus na

    Terra.

    No se pode questionar Sua educao espiritual, Sua preparao e

    iluminao quanto s coisas mais elevadas da vida. Sem dvida, tratava-se de

    sabedoria revelada, religio revelada, lei revelada. De nenhuma outra fonte poderia

    ter provindo uma tal sabedoria. Mas tambm verdade que Seu conhecimento

    mundano, to detalhadamente compreendido em sua verdadeira relao com as

    coisas profanas da vida, como provam centenas de Suas alegorias e metforas, s

    poderia ter sido obtido pelo contato pessoal com as situaes mundanas, com

    pessoas profanas de idias profanas.

    A educao inicial de Jesus (conhecido pelo nome "Jos" at o Seu

    batismo) foi tratada amplamente em meu livro anterior, A Vida Mstica de Jesus, de

    modo que no h necessidade de fazer maiores referncias importncia desse

    Seu treinamento inicial. Mas no podemos deixar passar o fato de que parte desse

    treinamento inicial incluiu o estudo das provaes e sucessos, dos fracassos,

    esperanas e aspiraes daqueles que haviam formado e organizado ou apoiado

    escolas e movimentos secretos em terras prximas, pessoas que haviam assim

    agido com um propsito mais ou menos semelhante ao que impeliu Jesus nas

    ocasies em que passou a perceber vividamente os contatos espirituais que estavafazendo e as obrigaes que logo teria de assumir.

    No ficamos surpresos, portanto, ao descobrir que, ao cumprir os desejos

    de Seu Pai e organizar uma sociedade secreta, alm de proteg-la e desenvolv-la,

    Jesus se serviu de muitos pontos e princpios de organizao j estabelecidos em

    escolas secretas do Extremo Oriente e do Oriente Prximo. At mesmo alguns

    termos e smbolos secretos que Jesus usou e a que se referia veladamente em Suas

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    conversas, pregaes e histrias alegricas, eram idnticos aos de outras escolas e

    imediatamente reconhecveis para os membros de movimentos estrangeiros ou

    distantes, sendo ainda usados nos dias de hoje.

    E assim descobrimos, pela conscienciosa anlise de antigos registros de

    vrios arquivos do Oriente Prximo, em que foram preservadas referncias a Jesus,

    e pelo exame de passagens isoladas e especialmente salientadas do Novo

    Testamento, que logo aps Seu batismo e o influxo do Esprito Santo que deu incio

    Sua misso na vida, Ele se misturou a ricos e pobres, bons e maus, cultos e

    publicanos, virtuosos e pecadores, e muito aprendeu conversando e discutindo com

    todos eles, a respeito das religies estabelecidas e dos costumes de Seu tempo.

    Dotado de profundo discernimento interior e de um especial dom divino de recepo

    intuitiva de conhecimento provindo da mente de Deus e do homem, e tendo apenas

    a honestidade para servir e a verdade para revelar, Ele gradualmente foi reunindo

    nos olivais e nos campos ao longo das grandes estradas da Palestina, homens e

    mulheres que mostrassem alguma inclinao para ouvi-Lo pregar. Ao trmino de um

    breve perodo de instruo, Ele repentinamente fazia perguntas aos Seus ouvintes,

    como se desejasse que argumentassem com Ele ou discutissem os pontos

    importantes, mas sempre com a idia de aprender como a mente do ser humano

    estava assimilando e aceitando os princpios racionais e futursticos que Eledefendia como vitais para a salvao do homem. Por causa da oposio poltica, e

    sabendo o que havia acontecido nos sculos anteriores, Ele fazia quase todas as

    reunies preliminares com o intuito de testar e selecionar discpulos dignos nos

    campos prximos das estradas, onde o soldado romano, o oficial judeu, o rabe

    desconfiado e outras pessoas podiam ouvir o que Ele dizia sem descobrir em Suas

    palavras qualquer erro tcnico, qualquer crime contra o Estado, qualquer insulto

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    grosseiro contra as religies estabelecidas, e qualquer violao dos regulamentos

    militares.

    A princpio, muitos ridicularizavam Suas afirmaes amplas e positivas,

    que eram como proclamaes e profecias, enquanto outros sorriam de Suas

    descries da infelicidade que adviria aos ricos, aos preguiosos e negligentes. Os

    homens cultos da sinagoga, os dirigentes religiosos, os que detinham o controle

    poltico, riam com desprezo do crescimento e desenvolvimento de Seu pequeno

    bando de seguidores. Ele era encarado como um radical ou extremista inofensivo

    que poderia atrair e manter o interesse de um punhado de pessoas por alguns

    minutos. Mas no pensamento daqueles que eram sinceros, pessoas que em toda

    gerao ou poca so os verdadeiros buscadores da verdade, havia algo singular e

    mstico em Seu modo de falar, em Seu mtodo de demonstrao das simples porm

    misteriosas leis da natureza.

    Assim, no tardou muito para que Jesus se visse cercado de duas classes

    de homens e mulheres os que duvidavam e escarneciam, e os que acreditavam

    Nele e em Seus ensinamentos, embora temessem pela prpria vida caso se

    mostrassem sinceros tanto diante dos que Lhe eram fiis como diante dos que eram

    contra Ele.

    Jesus logo achou necessrio desenvolver seu trabalho de maneira dual.Seria necessrio continuar as reunies abertas, as demonstraes pblicas de

    milagres nas margens das estradas, na presena das multides; mas tambm seria

    necessrio reunir-se, em ocasies variadas de cada ms, com Seus sinceros e

    honestos colaboradores, que Ele havia escolhido nos ltimos meses para levar

    adiante Sua grande obra. Nisso Jesus percebeu que a experincia de avatares e

    lderes anteriores era de grande valor, e os antigos registros indicam que ele no se

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    desviou muito dos mtodos que esses lderes haviam utilizado, no que se referia aos

    detalhes do reconhecimento fsico e mundano.

    Evidentemente, havia dois tipos de homens e mulheres que eram

    admitidos a Suas escolas secretas ou a Seus locais secretos de reunio. O primeiro

    grupo consistia de pessoas que estavam sinceramente interessadas em conhecer os

    fatos, mas que deliberadamente tomavam esses fatos com certa restrio e exigiam

    sinais e demonstraes de tempos a tempos. Essas pessoas tornaram-se

    estudantes sinceros no que concerne ao desejo de dominar os princpios dessas

    demonstraes, j que esse domnio lhes permitiria curar os doentes, fazer andar os

    aleijados e dar viso aos cegos, como Jesus havia feito, mas no estavam ansiosas

    para seguir Seus preceitos espirituais e modificar o curso de sua vida pessoal de

    modo que pudessem alcanar o estado ideal que Jesus defendia como o objetivo

    maior de Sua misso.

    A outra classe aceitava com sincera f todas as grandes verdades

    postuladas por Jesus e pouco ou nada se importava com demonstraes contnuas

    de Seu poder, encontrando na virtude de uma vida mais aprimorada toda a

    recompensa que desejava.

    Essas duas faces de Seu grupo fizeram Jesus ir a extremos para lhes

    transmitir a importncia da obra que tinha de realizar e que Ele sabia que deveria sercontinuada por Seus seguidores no futuro.

    No foi fcil o trabalho que Jesus teve para organizar a instituio ou

    escola que Ele visualizava, e temos vrias provas de que Ele se retirou para a

    solido ou para o silncio muitas vezes, para chorar, orar e pedir a Deus que Lhe

    desse orientao especial. Os pecados do mundo no O entristeciam tanto quanto a

    indiferena e falta de sinceridade dos que eram verdadeiramente dignos de se tornar

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    Seus grandes discpulos, mas que ainda se apegavam aos prazeres do mundo e

    no podiam se dar total e completamente ao novo movimento.

    Entretanto, percebemos que com o passar do tempo Ele reuniu cento e

    vinte seguidores e estudantes para formar Sua sociedade secreta. Houve alguns

    que Ele teve de deixar de parte, no crculo exterior de membros, pois representavam

    os buscadores insinceros ou superficiais da verdade. Hoje em dia temos o mesmo

    tipo de pessoas indo de um lado para outro para ouvir palavras de sabedoria de

    grandes pregadores e oradores, comprando livros e manuscritos, sempre

    procurando, conforme elas mesmas dizem, as grandes verdades da vida. Mas no

    santurio de seu corao, nas horas silenciosas de meditao e auto-analise, elas

    classificam as verdades recebidas e as analisam luz de suas prprias crenas

    anteriores, especialmente luz de suas crenas e convices mais convenientes.

    Criam uma filosofia, um cdigo de vida, um credo prprio que e' uma mistura, de

    suas prprias crenas e daquelas que acharam mais convenientes e passveis de

    aceitao, provindas de mentes e coraes alheios. Essas pessoas jamais

    descobrem ou compreendem real e interiormente as grandes verdades que esto

    buscando. Encerram sua vida ainda convictas de que o grande mestre que poderia

    lhes ter revelado todas as verdades que elas poderiam aceitar e que lhes seriam

    inequivocamente provadas no apareceu, e que em algum lugar esse grande mestredevia existir, enquanto elas buscavam aqui e ali, passando diariamente pelo portal

    do templo que tanto esperavam encontrar.

    Para evitar que os indignos e aqueles que se encontravam no crculo

    exterior de membros participassem das instrues secretas e revelaes divinas que

    Deus prometera a Jesus que seriam dadas a Seus discpulos, nada mais natural que

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    Jesus decidisse que Ele e Seus cento e vinte discpulos qualificados se reunissem

    secretamente, mediante um sinal ou palavra de passe com que se identificassem.

    E assim, no prprio corao de Jerusalm, numa rua que no despertava

    suspeitas e onde estava garantida a proteo contra interferncias dos soldados

    romanos, eles adquiriram e mantiveram um local secreto de encontros, com um

    nome vago que era conhecido somente por Jesus e seus cento e vinte associados.

    Tudo isso pode parecer fico ou imaginao, mas demonstrarei mais

    adiante que essas declaraes so fatos apoiados por provas inquestionveis no

    Novo Testamento, em frases, pargrafos e palavras que no podem ter outra

    interpretao ou significado, e que tm sido considerados estranhos e misteriosos

    para os estudantes da Bblia, at agora.

    Assim, em certas noites, de acordo com as fases da Lua e com os

    regulamentos relativos a feriados judeus e romanos, com os quais no desejavam

    entrar em conflito para no chamar a ateno, e seguindo antigos costumes de

    avatares anteriores, que conheciam o valor dos aspectos benficos e harmnicos

    das condies celestes e csmicas, esses cento e vinte estudantes e seu divino lder

    se reuniam em ocasies previamente acertadas, sem qualquer notificao especial;

    em ocasies especiais, causadas por uma emergncia ou uma grande revelao

    vinda a Jesus em algum momento do dia ou da noite, eles eram avisados de umareunio por meio de uma mensagem codificada que circulava entre eles.

    Foi dessa forma que Jesus gradualmente exps a Seus estudantes

    selecionados as grandes verdades secretas sobre os mistrios da vida e da morte,

    os valores espirituais da Terra e do Reino que estava por vir. Foi nessas reunies

    que Ele provou e demonstrou que Suas doutrinas no eram apenas filosficas,

    religiosas, morais ou de mero valor tico, mas tinham tambm valor prtico nos

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    assuntos dirios da vida. Ele lhes ensinou a natureza da doena, sua causa e sua

    cura. Ensinou-lhes o quanto era falaz depender exclusivamente de ervas, drogas,

    bruxarias ou encantamentos e outras formas de tratamento, quando havia um

    grande poder divino que poderia ser e seria exercido atravs deles, tendo por

    elemento essencial o poder criativo usado por Deus no comeo dos tempos e na

    criao do universo e de tudo que existia acima e abaixo da superfcie da terra. A

    transformao de gua em vinho, o fazer jorrar sangue da pedra, a restaurao

    instantnea de ossos quebrados e tecidos dilacerados, a volta do batimento a um

    corao sem vida, a doao da luz ou da viso dos olhos cegos, a preparao de

    po e man a partir de elementos invisveis do espao, e centenas de

    demonstraes semelhantes da lei natural e divina agindo em unssono, faziam

    parte dos procedimentos de cada uma dessas reunies secretas. O caminho para a

    vida eterna, a verdadeira imortalidade da alma, a purificao do corpo e do Eu

    Interior, a consecuo da beleza espiritual, do poder divino e da harmonizao com

    Deus eram cuidadosamente explicados, passo a passo, em lies coletivas e

    instruo pessoal. A Lei do Tringulo e o significado da Trindade eram bsicos em

    todas as discusses filosficas e demonstraes alqumicas ou fsicas das leis

    universais de Deus.

    Podemos fechar os olhos e ver, possivelmente com nossa viso mstica, olocal mais importante dessas reunies. Deve ter sido bastante amplo para acomodar

    cento e vinte pessoas, e ter espao para as demonstraes. Sabemos com certeza

    que esse local foi reservado para o uso exclusivo de Jesus e seus estudantes por

    um longo perodo de tempo e que ele tinha um nome significativo, um nome que

    significava algo bem definido para os discpulos mas, obviamente, significou muito

    pouco para os estudantes de cristianismo no passar dos sculos. Poderemos ver

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    mais adiante que o nome desse local poderia ter fornecido uma das importantes

    chaves para a situao, embora tenha sido negligenciado, como chave, nos ltimos

    dezenove sculos. A maioria dos templos secretos e locais de encontro de filsofos

    msticos de sculos anteriores ficava em cavernas ou espaos subterrneos em

    runas, onde estava assegurado o sigilo e onde o silncio era um fator importante.

    Um pequeno nmero desses locais, entretanto, ficava na superfcie, s

    vezes at acima do primeiro andar de alguma velha estrutura; neste caso particular,

    verificamos que Jesus e seus discpulos escolheram uma grande sala acima do

    primeiro andar, onde os transeuntes de Jerusalm nada veriam de suspeito,

    especialmente se os discpulos seguissem as instrues rigorosas de entrada no

    local um a um, enquanto um guardio observava secretamente a rua, avisando se

    algum estranho se aproximava. Com as janelas totalmente fechadas por cortinas

    mas um grande quadrado no teto aberto para o cu estrelado, um altar central com

    velas suficientes para iluminar o local, nenhuma luz podia ser vista de fora.

    Talvez a coisa mais espantosa a respeito dessa sociedade e suas

    reunies seja o fato de que, quando Jesus escolheu, com muito cuidado e

    certamente atravs de orientao espiritual e revelao, os cento e vinte discpulos

    dignos a quem podia confiar a prpria vida, incluiu Sua prpria me, alm de Seus

    irmos e irms. Digo espantosa, no pelo fato de Jesus ter considerado dignos Suame, irmos e irms, mas porque os estudantes da Bblia e os cristos em geral

    questionaro o fato e diro que ele impossvel por no estar revelado pela palavra

    de Deus na Bblia. Mas a verdade que isso revelado no Novo Testamento de

    modo to claro que no pode ser questionado. Esse fato pode ser encontrado em

    diversas passagens que citarei mais adiante, e torna claros e compreensveis outros

    incidentes da relao de Jesus com Seus pais quanto Sua misso, os quais no

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    so compreensveis sem que se tenha conhecimento dessa associao com Jesus

    na sociedade secreta. Na verdade, muitos cristos lero este livro e negaro que

    Jesus tivesse irmos e irms. Minha afirmao neste sentido foi questionada tantas

    vezes em palestras pblicas e em discusses em igrejas, que aprendi a consultar

    rapidamente vrias partes do Novo Testamento e ler as declaraes que a

    confirmam para meus surpreendidos ouvintes.

    No de admirar, portanto, que o estudante cristo da Bblia esteja to

    pouco familiarizado com grande parte do trabalho secreto de Jesus durante Sua

    misso na Terra.

    Se a Bblia pode ser lida por tantos milhes de pessoas e analisada por

    tantos pregadores e intrpretes eruditos, e se tanta coisa pode ser escrita e afirmada

    a respeito da vida de Jesus sem que se torne de conhecimento geral o fato de que

    Jesus teve irmos e irms nascidos depois Dele (se devemos acreditar em muitas

    passagens da Bblia) ou alguns nascidos antes e outros depois Dele, se decidirmos

    crer em outros registros, ento no devemos nos surpreender com o fato de que o

    verdadeiro e secreto propsito, as verdadeiras e secretas leis, ideais e doutrinas de

    Jesus tenham se perdido para os cristos modernos.

    Jesus manteve Seus estudantes e Sua escola secreta at a ltima hora

    de Sua vida. Ele havia dito muitas e muitas vezes a Seus discpulos o que osgrandes mestres de todas as eras haviam dito aos discpulos sinceros: que chegaria

    o tempo em que a perfeio ou maestria desceria como que do cu e ficaria com

    eles como resultado de sua dedicao aos estudos e sua pacincia quanto s lies

    e demonstraes. Jesus assegurou aos discpulos que chegaria o tempo em que

    Deus cumpriria Sua promessa e faria o Esprito Santo descer sobre eles como havia

    descido sobre Ele prprio, e que, com essa bno de Deus, Ele, como mestre-

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    instrutor, tambm lhes outorgaria autoridade para sair pelo mundo e no s pregar e

    ensinar como Ele havia feito, mas fazer ainda milagres como Ele havia feito e

    realizar coisas ainda maiores. Ano aps ano aqueles estudantes esperaram

    ansiosos por esses exerccios mais elevados, pelo maior dos dias de formatura,

    quando o milagre dos milagres seria realizado neles. Mas Jesus tambm os advertiu

    de que antes que isso pudesse ocorrer, Ele teria de descer ao inferno e carregar

    Sua cruz, sacrificar Sua vida terrena, ser crucificado e sepultado. Ele sabia, pelo

    conhecimento da vida de anteriores Luzes do mundo, pelas profecias dos grandes

    patriarcas, pelas vises que Deus havia Lhe revelado, que deveria sofrer

    perseguio justamente nas mos daqueles que Ele se dispunha a auxiliar, e que

    seria trado por algum em quem muito confiava; e que, tal como mostravam

    milhares de exemplos na histria de civilizaes passadas, um traidor teria de estar

    entre os leais e sinceros, para exemplificar o esprito das trevas e o carter de Sat.

    Chegou ento a hora negra e tudo que havia sido profetizado se cumpriu.

    Em silncio, a maioria de Seus estudantes, que haviam penhorado a

    prpria vida ao sigilo, afastaram-se das hordas de tagarelas espectadores, com uma

    compreenso que outros jamais alcanariam, e observaram o cumprimento

    dramtico do antigo princpio csmico de que o Mestre deve levar Sua cruz ao local

    do suplcio, nela sofrer e ser sepultado com os mortos, e assim se preparar para aascenso final ao reino de perfeita paz e perfeito amor. Os doze estudantes

    especiais que eram Sua guarda pessoal e Seu grupo executivo, e que seriam

    conhecidos do mundo como Seus nicos seguidores secretos, cumpririam seu dever

    durante as horas do martrio, enquanto os outros cem ou mais, inclusive Sua me,

    cumpriam suas tarefas em silncio, sempre atentos ao olhar observador do inimigo.

    Um de Seus membros secretos mais ricos se apresentou (como se tivesse recebido

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    uma inspirao repentina) oferecendo-se para tomar conta do corpo, no momento

    exato em que a lei decretara que algum deveria cumprir essa formalidade.

    Ento desceu o pano sobre aquela drstica cena, sem que os soldados e

    polticos, os zombadores, os crticos e os que haviam atirado pedras em Jesus e

    cuspido Nele, ficassem sabendo que um grupo de cento e vinte pessoas havia

    cercado o palco do Glgota, formando um crculo mstico cujo poder elevou Jesus

    para alm do sofrimento humano e da profanao humana; que, longe de ter sido

    aquele o ato final e o fechamento da tumba que encerraria a carreira de um

    misterioso fazedor de milagres, tratara-se apenas do fechamento temporrio de uma

    tumba que seria novamente aberta e da qual se ergueria o grande Redentor da

    humanidade, cujo poder ascendera enquanto Ele estava na cruz mas que desceria

    novamente, no sobre um s, mas sobre o nmero mstico de cento e vinte

    seguidores; e que, pela transformao do homem Jesus e pela transferncia de Seu

    poder, ocorreria no mundo o incio de um novo Reino que seria eterno na Terra.

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    CAPTULO IV: A misso secreta de Jesus

    Foram feitas constantes referncias, nos captulos anteriores, grande

    misso que Jesus deveria realizar em Sua vida na terra. Como essa misso esteve

    fortemente associada ao segredo e ao mistrio, talvez seja adequado fazer uma

    pausa e apresentar algumas consideraes sobre a prpria misso.

    J nos referimos ao fato de que, no decorrer de sculos anteriores a

    Jesus, haviam surgido personalidades iluminadas que tinham espargido luz e

    revelaes divinas sobre povos de vrias naes. Mesmo que hesitemos em aceitar

    pelo que parecem ser as estranhas declaraes dos registros mitolgicos de antigas

    filosofias e religies, e mesmo que descontemos os exageros de afirmaes

    alegricas na histria das religies egpcias e hindus, por exemplo, ainda assim nos

    resta uma quantidade de fatos que indicam claramente que as populaes daqueles

    pases acreditaram por muitos sculos que os grandes lderes que surgiram em seu

    meio e os guiaram para fora das trevas espirituais, levando-os para a luz, haviam

    tido nascimento divino e tinham sido divinamente predestinados para cumprir uma

    misso de iluminao.

    Como indiquei em meu livro sobre a vida mstica de Jesus, houve muitas

    personalidades sobre as quais se fizeram afirmaes de concepo imaculada ou

    concepo e nascimento divinos, havendo registros que so praticamente

    semelhantes s histrias sobre a concepo e o nascimento de Jesus. Mesmo que

    no aceitemos esses registros histricos como verdadeiros, mas apenas como

    alegricos, no podemos fugir concluso de que, entre os povos antigos, havia a

    crena comum de que esses filsofos msticos e "sbios" iluminados eram a

    representao de seu deus ou deuses, indicados singular e espiritualmente para

    surgir entre os homens em diversos estgios de civilizao para apontar o prximo

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    caminho, ou o prximo caminho superior, e a melhor maneira de abandonarem a

    situao em que se encontravam, em troca de outras mais nobres e melhores. E

    podemos facilmente compreender como os admiradores e mesmo adoradores

    sectrios de cada ciclo de tempo inventaram ou criaram histrias exageradas ou

    fantsticas sobre a extrema divindade e singularidade desses "sbios", depois que

    tais lderes morreram. Mesmo em nossa poca somos dados a transformar em

    heris extraordinrios pessoas que tenham alcanado destaque em algum campo de

    empenho humano; ainda tendemos a encarar toda mente muito iluminada como um

    ser no s destinado a cumprir uma misso iluminadora, mas, tambm um ser

    incomum, mesmo num sentido fsico, mental e biolgico.

    Essa tendncia a atribuir aos sbios e iluminados lderes da humanidade

    certas qualidades diferenciadoras que no so comuns a todos os seres humanos

    continua a existir, por exemplo, entre os cristos devotos que acham que cada um

    dos discpulos de Jesus deve ter sido cosmicamente concebido como uma alma, e

    nascido fisicamente no plano terreno de maneira singular, para ter alcanado as

    grandes alturas de sua nobre posio na religio crist. Apesar do fato de que a

    literatura crist e os registros cristos nos contam por exemplo que So Mateus,

    antes de se converter ao cristianismo, era um publicano ou cobrador de impostos

    residente em Cafarnaum, e que depois de se tornar um grande pregador e umagrande luz entre os homens (deixando vrios registros espirituais imortalizados na

    Bblia) ele morreu de morte natural, os cristos parecem achar que ele merece o

    ttulo de santo, no por causa do bem que realizou na ltima fase de sua vida, como

    discpulo e missionrio, mas devido a algumas qualidades singulares que devem ter

    sido atribudas sua alma ou personalidade antes que ela se projetasse do Reino

    dos Cus ou espao csmico para o pequenino corpo fsico nascido na Terra, e

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    porque at o seu nascimento deve necessariamente ter sido acompanhado de

    incidentes ou condies singulares que no so comuns a todos.

    Embora os registros cristos nos digam claramente, sem qualquer

    inteno de pintar uma imagem fantstica, que So Marcos tinha na realidade o

    nome de Joo e o sobrenome Marcos, e apesar de pouco se saber de sua vida

    pessoal antes da converso ao cristianismo, e de que no lhe seja atribudo nenhum

    fato que pudesse chamar a ateno do pblico antes que ele comeasse a pregar

    associando-se aos outros discpulos, os cristos tendem a visualiz-lo como uma

    criana santa e devota que cresceu e alcanou a idade adulta com magnfica

    espiritualidade, predestinada a ser uma grande luz na igreja crist, um santo. O

    mesmo se repete com todas as personalidades ligadas histria crist.

    Mas uma coisa certa quanto aos antigos registros relativos aos avatares

    e grandes luzes que precederam Jesus: eles de fato cumpriram uma misso, a

    despeito de terem sido divinamente predestinados ou no, ou de terem nascido de

    maneira singular ou no. No porque esses filsofos msticos e homens sbios

    tenham pretendido ou declarado que foram divinamente enviados que a histria

    contempornea e moderna os aclama como divinamente inspirados e designados

    para uma misso singular, mas por causa do que eles efetivamente realizaram e

    fizeram pela civilizao, e por causa da iluminao que irradiaram entre os homens.Ao estudarmos e analisarmos os escritos ou ensinamentos desses

    antigos filsofos, verificamos que a verdade revelada e a sabedoria inspirada

    constituem o tema de suas contribuies perenes para o pensamento moral e

    espiritual de sua poca. De onde veio esse maravilhoso conhecimento, e o que

    que eleva um homem de uma situao comum de vida, fazendo-o renunciar a todas

    as oportunidades de conforto pessoal e consecues individuais, para trabalhar

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    diligente e longamente em favor da espiritualidade, ou pelo menos da moral e da

    tica, fazer sacrifcios para elevar a humanidade e sofrer corajosamente a

    recompensa final e suprema que a humanidade insiste em dar aos que mais a

    auxiliam? Com efeito, a histria registra claramente que os Duminados do passado

    sempre sofreram traio, suspeita, inveja e cime de certas seitas e classes de

    pessoas de seu tempo, e na maioria dos casos passaram pela transio como seres

    incomuns, pendurados numa cruz alegrica, seno real, e escarnecidos por aqueles

    que deveriam ser os mais reconhecidos por sua obra.

    Nada seno um plano cosmicamente esboado, algum esquema

    divinamente previsto, alguma idia concebida por Deus e por Ele autorizada, poderia

    ser responsvel pela posio especial ocupada por esses filsofos antigos em sua

    poca e pela grande sabedoria que eles legaram ao mundo, preservada em

    impressionantes registros. Esses ensinamentos mostram claramente que a

    revelao de grandes verdades da vida no s proveio de uma fonte divina mediante

    mensagens e vises, motivaes e impulsos, mas tambm que as verdades assim

    reveladas e apresentadas humanidade foram progressivas, como passos para a

    frente e para o alto, rumo aos planos superiores de existncia e compreenso

    consciente. Cada um desses avatares pareceu lanar uma base e sobre ela erigir

    uma estrutura que se ergueu at que elevou a conscincia da humanidade a umponto ou plano alm do qual no poderia passar naquele ciclo de desenvolvimento

    da civilizao e do progresso espiritual na Terra.

    Ento, aps um longo perodo de silncio, outro avatar surgia e levava o

    desenvolvimento a um outro plano superior. Ao analisarmos os ensinamentos

    daqueles antigos msticos e sbios, percebemos que o ltimo deles levara o

    desabrochar da conscincia espiritual, bem como da compreenso tica e moral do

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    homem, a um ponto em que a humanidade estava preparada para os

    surpreendentes e chocantes princpios e verdades que Jesus revelaria j em seus

    primeiros discursos. Quando Jesus declarou aos seus seguidores sinceros que lhes

    trazia um Novo Caminho para a vida eterna, que lhes trazia a realizao e o

    cumprimento das profecias dos sbios do passado, Ele queria dizer precisamente o

    que disse, e o desenvolvimento do cristianismo e dos princpios cristos nos revelou,

    nos quase dois mil anos que se passaram desde ento, que talvez Ele tenha falado

    com mais sabedoria do que imaginava, ou de fato sabia bem o que dizia, graas a

    Sua preparao e Seu treinamento para o ministrio e a misso de Sua vida.

    Qual era ento essa misso? Deveria ela ser como a misso dos sbios

    Iluminados anteriores? Deveria Jesus erguer-se nas trevas do ciclo do tempo e

    elevar a conscincia da humanidade um grau acima do que os outros haviam feito, e

    evitar que a humanidade tropeasse no caminho ou voltasse a antigas crenas e

    prticas? Deveria Ele afinal ser apenas mais um dos salvadores divinamente

    inspirados e predestinados que surgiram com o passar dos ciclos de tempo?

    Como quer que vejamos Sua genealogia e as condies imediatas que

    cercaram Sua concepo e Seu nascimento fsico, persiste o fato de que Jesus,

    como a mais nova e maior das Luzes divinas, surgiu em meio a um povo que

    aparentemente no precisava de uma religio nova, mais elevada ou mais sincera.Se por um lado analisamos a religio judaica dominante em Sua poca, percebemos

    que, com exceo de algumas crenas que os cristos hoje consideram talvez falhas

    em sinceridade, no se pode questionar a sinceridade geral dos seguidores da

    religio judaica, particularmente no que concerne adorao do "Deus nico e

    eterno". E se analisamos outras religies que existiam em Seu local de nascimento,

    verificamos que nelas no faltavam seguidores ardorosos e profunda devoo. 0 fato

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    de que um grande Messias era esperado no era indicao de que se esperava ou

    necessitava de uma nova religio, nem de que fossem consideradas necessrias

    mudanas radicais. Na verdade, foi porque Jesus anunciou logo no incio de Sua

    misso que no concordava com as idias incorporadas f judaica, e que no

    podia apoi-las, que Ele atraiu antagonismo fazendo a maioria dos judeus achar que

    Ele no poderia ser o Messias esperado.

    S unia vez na histria da civilizao viera Terra um lder e instrutor

    espiritual cujos ensinamentos e prticas tinham sido to radicalmente diferentes e

    cujo primeiro passo fora contestar as crenas religiosas da poca. Essa nica e

    grande luz fora o fara egpcio Amenhotep IV, mais tarde conhecido como

    Akhenaton, que desviara as meditaes do homem da multiplicidade de deuses

    simblicos para o "Deus nico e eterno".

    Vemos, portanto, que Jesus nasceu em um pas comparativamente novo,

    onde uma nova religio, ou uma reviso da religio existente, parecia no ser

    necessria, e que Ele falou desde o incio como um puro modernista. Que podemos

    ento dizer sobre a misso desse grande modernista? Encontramos a resposta

    simbolizada em uma de Suas declaraes, quando Ele afirmou que viera como um

    mensageiro de Deus para ser o redentor e Salvador dos homens. Ele no veio com

    uma espada para destruir a vida, mas com uma espada flamejante para destruir omal e dar maior poder verdade. Ele veio para assegurar que as leis reveladas ao

    homem em todas as eras no fossem mais ignoradas e abolidas vontade, ou

    negadas, e sim obedecidas e cumpridas.

    No obstante, Ele tinha uma misso secreta, que explicou em detalhes

    para Seus estudantes em Sua escola secreta. Essa misso, como veremos em

    captulos posteriores, consistia em sofrer vicariamente pelos pecados de todos os

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    homens, assim purific-los de todo mal, inclusive do pecado original herdado pela

    humanidade, alm de sofrer e dedicar Sua misso terrena e sua divindade para que

    os homens pudessem receber o Esprito Santo e estabelecer na Terra o Reino dos

    Cus.

    Que misso maravilhosa e nica!

    Haver alguma razo para nos perguntarmos por que Ele envolveu Sua

    misso em mistrio e segredo? No teria Ele de revelar ao homem o maior de todos

    os mistrios, e no eram esses mistrios secretos? No era essa misso cheia de

    perigos e terrveis conseqncias para todos os padres e prticas polticos,

    religiosos e sociais de todo o mundo?

    Percebemos, pela anlise de Sua misso, e tomando Suas prprias

    palavras e combinando-as para compar-las com Suas prticas e instrues

    particulares, que alm de se apresentar ao povo como a Luz dos Homens, como um

    outro Joo Batista, um outro Amenhotep, ou um outro lder do desabrochar

    espiritual, pregando aberta e publicamente, Ele iria lanar o alicerce (o estranho e

    misterioso alicerce) da superestrutura invisvel que deveria constituir o milagre dos

    milagres, a Remisso dos pecados dos homens e a purificao de suas almas pelo

    "Sangue do Cordeiro".

    Atravs das eras o cordeiro fora o smbolo de um grande mistrio, e seusangue sempre fora reservado para sacrifcio especial, em pocas e locais dos

    ciclos de civilizao em desenvolvimento em que o povo nunca compreendera o

    significado espiritual ou mstico da cerimnia, de modo que ele permanecera como o

    mistrio dos mistrios, no revelando sequer s grandes Luzes que haviam apenas

    sugerido sua significao. Era parte da misso de Jesus no continuar mistificando

    Seus seguidores com o smbolo do cordeiro, ou com referncias ao seu sangue ou

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    referncias maiores possibilidade da completa redeno e purificao do homem,

    mas demonstrar o mistrio, erguer o vu e expor alma de toda a humanidade o

    processo da purificao e o caminho da salvao.

    Uma misso to tremenda tinha de ser realizada com o mais alto grau de

    sigilo e cuidado em sua fase inicial. Uma revelao prematura dos fatos, uma

    descoberta extempornea de Seus planos, uma aplicao profana de Seus

    princpios msticos, teriam tornado Sua misso mais rdua, teriam frustrado muitas

    de Suas mais caras esperanas e desejos; pior que isso, teriam impedido a

    demonstrao final e decisiva de Seus ensinamentos, pela qual a f do mundo foi

    atrada para Ele e Seus ensinamentos e a "rocha" de Sua igreja firmemente

    colocada nos ciclos adequados da evoluo humana.

    Assim, verificamos que Sua divina e predestinada misso, Seu

    nascimento e Sua preparao terrena como o maior de todos os lderes da

    humanidade, ocorreram exatamente no ciclo histrico, exatamente no perodo de

    desabrochar e desenvolvimento do ser humano, exatamente no local e nas

    condies precisas em que o mximo de bem poderia ser realizado. S a

    compreenso disto deveria bastar para que todo cristo (todo pensador analtico)

    acreditasse que Jesus fora singularmente concebido e nascido para cumprir uma

    misso nica, e para manifestar ao mundo o mistrio secreto, o mistrio dosmistrios.

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    CAPTULO V: Administrao e discipulado dos mistrioscristos

    Os cristos em geral ficaro sem dvida surpresos ao lerem que as

    verdadeiras doutrinas e prticas crists esto repletas de mistrios reais e que a

    misso secreta de Jesus e Seus discpulos consistia em primeiro praticar e aplicar

    esses mistrios e depois revelar as leis secretas neles envolvidos aos discpulos

    dignos, capacitando-os assim a cumprir suas misses especiais em todo o mundo. A

    igreja crist de nossos dias, com seus rituais e doutrinas modernizadas, deixa na

    mente de seus seguidores sinceros a impresso de que todos os mistrios do

    cristianismo pertencem aos sacramentos e s caractersticas do ritual, no tendo

    ligao com as leis naturais ou divinas aplicveis aos assuntos prticos e naturais do

    dia a dia.

    Aps fazer minuciosa pesquisa sobre a compreenso de milhares de

    cristos nos ltimos anos, conclu que essas pessoas, a despeito de longo e

    detalhado estudo da Bblia e sincera anlise dos princpios cristos, tm a idia geral

    de que quaisquer mistrios que tenham sido associados a rituais e doutrinas

    religiosos, faziam parte de antigas idias e ensinamentos pagos, e de que tais

    mistrios foram abandonados ou classificados como secretos, e na maioria dos

    casos tornados inconseqentes e totalmente transparentes pelas revelaes de

    Jesus ao mundo. Em outras palavras, essas pessoas parecem pensar que nos

    ensinamentos pagos, primitivos e mitolgicos da ndia, do Egito, da Prsia e de

    outras naes, havia afirmaes tidas como estranhas e misteriosas e

    demonstraes pretensiosas, freqentemente dramatizadas e apresentadas emambientes impressionantes e hipnticos, chamadas de "mistrios" para confundir e

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    atordoar os participantes desses rituais e conduzi-los cegamente, ou seduzi-los a

    uma forma de devoo que os manteria eternamente no escuro com relao

    verdade desses chamados "mistrios". As pessoas que tm essa crena concluem

    logicamente que a vinda do cristianismo e a difuso de nova Luz por Jesus e Seus

    discpulos afastaram esses mistrios que eram tomados como fatos pelas massas,

    livrando-as de continuarem escravizadas a falsas crenas e poderes misteriosos que

    no eram divinos nem sobrenaturais, e sim mgicos, sendo produzidos ou

    manifestados por meio de truques para enganar os ingnuos.

    A verdade que as primitivas doutrinas e prticas crists continham mais

    mistrios e segredos genunos relativos a leis e princpios misteriosos do que os

    pagos jamais haviam conhecido. Embora seja indiscutivelmente verdadeiro que nas

    primitivas religies pagas encontramos muitos chamados mistrios que no passam

    de inteligentes disfarces da verdade de manipulaes mgicas da lei natural, muitos

    deles eram baseados em verdades fundamentais representativas de genunos

    mistrios da vida. Os iluminadores ensinamentos de Jesus e Seus discpulos

    desfizeram os engodos de muitos mistrios pagos, mas Jesus tambm trouxe uma

    nova luz para a compreenso desses antigos mistrios, e com isto fez com que eles

    evolussem para sublimes e transcendentais revelaes e demonstraes da

    verdade.Os mistrios que Jesus ensinou a Seus discpulos, e que foram por eles

    usados em seus trabalhos missionrios especficos, nunca estiveram separados da

    igreja crist e nunca deixaram de ser elementos essenciais da teologia crist e da

    doutrina crist. Entretanto, verdade que, medida que a religio crist foi sendo

    sistematizada, ritualizada e modernizada, os mistrios transcendentais que Jesus

    veio para revelar e que constituram o mais elevado elemento espiritual de Seus

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    ensinamentos e prticas, perderam-se para o crculo exterior de membros da antiga

    igreja crist, tornando-se finalmente desconhecidos at mesmo para os mais

    avanados e proficientes criadores e instrutores dos Evangelhos cristos.

    Indaga-se hoje se os primeiros Padres da Santa Igreja Romana

    conheciam alguma coisa daqueles sublimes mistrios alm do fato de que Jesus os

    havia demonstrado e revelado a Seus discpulos, utilizando-os para fazer Seus

    milagres e cumprir Seus compromissos como mestre e missionrio. Provavelmente

    verdade que nos mais sigilosos arquivos da Santa Igreja Romana esto preservadas

    as verdades desses grandes mistrios e das leis que tornam possvel ao indivduo

    altamente espiritualizado demonstr-los e manifest-los. Na verdade, alguns desses

    mistrios, que utilizam leis naturais e divinas para sua manifestao, foram aplicados

    em sculos passados pelos mais altos dignitrios eclesisticos do crculo interior da

    Igreja Catlica Romana e foram colocados disposio de muitos cardeais e

    servidores especiais. Temos certamente o direito de presumir que o crculo interior

    da Igreja, conhecido como o Colgio dos Cardeais, esteja de posse da sabedoria e

    do conhecimento relativos a esses grandes mistrios e possa aplicar as leis e

    realizar aparentes milagres quando achar necessrio. Se esses eminentes

    Sacerdotes da igreja crist no conhecem esses mistrios e o modo de aplic-los,

    ento so mais passveis de crtica por essa falta de conhecimento e sua ineficientedireo da Igreja.

    Nas observaes levemente veladas mas freqentemente claras feitas

    pelos apstolos do Novo Testamento, vemos que as doutrinas e mistrios secretos

    que Jesus veio demonstrar, revelar e ensinar, foram um dom transcendental de

    Deus aos apstolos escolhidos e nomeados, que deveriam se considerar os

    administradores dessas coisas e no receptores pessoais de uma bno individual.

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    Seria seu dever transmitir essas verdades e mistrios como seus curadores e no

    mantendo o conhecimento e a sabedoria em sua prpria conscincia, como uma

    legtima posse pessoal.

    Vemos nessa idia um dos mais antigos princpios msticos, totalmente

    conhecido e mantido como lei e prtica fundamentais pelos devotos seguidores de

    vrias fraternidades e organizaes msticas do nosso tempo. A rara sabedoria e o

    conhecimento divino que vm ao mstico sincero atravs de revelaes, ou atravs

    do estudo de antigos manuscritos disponveis nos arquivos de sua fraternidade, no

    existem para serem incorporados conscincia do estudante e do adepto como um

    poder intelectual ou como ddivas para o fim de aumentar sua proficincia pessoal e

    servi-lo egoisticamente em seu domnio da vida. Esse mstico aprende, desde os

    primeiros estgios de seu desenvolvimento, que, se ele for considerado digno de

    receber esse conhecimento e compreenso dos mistrios, e desenvolver algum grau

    de capacidade na aplicao da lei natural e divina revelao, demonstrao e

    manifestao ou uso dos mistrios da vida, ele o far apenas como um canal, um

    instrumento ou servo labutando na vinha da humanidade, realizando suas

    demonstraes e aplicando seu conhecimento em favor da Conscincia de Deus, da

    divina Conscincia universal. Assim sendo, qualquer tentativa de reter secretamente

    esse conhecimento no interior da conscincia individual, de deixar de oferec-lo aosque so dignos, mesmo sem utiliz-lo egoisticamente, constitui o no cumprimento

    dos deveres e obrigaes do ministrio; e isto um pecado maior do que permitir o

    uso demasiadamente freqente do conhecimento, a tal ponto que possa

    ocasionalmente redundar em benefcio para o indivduo que esteja agindo como

    instrumento ou servidor.

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    No podemos conceber, portanto, qualquer afirmao satisfatria que

    explique a falta da prtica e revelao dos mistrios na igreja crist de hoje com

    base em que os padres da igreja ignoram esses mistrios ou preferem ocult-los.

    A falta de referncia a esses mistrios nos ensinamentos e prticas da

    igreja crist de hoje constitui a base para as mais severas crticas feitas contra ela,

    tanto na verso protestante como na catlica. Embora o devoto comum da religio

    crist no saiba quais foram esses grandes mistrios que foram ocultos ou restritos,

    e possa at duvidar de que tais mistrios tenham existido, ele est se tornando mais

    familiarizado com o fato de que muitos cultos e seitas fora das igrejas crists

    ortodoxas esto utilizando o que denominam leis e princpios divinos e mistrios

    cristos, para com eles realizarem aparentes milagres e executarem em prol da

    humanidade prticas que simulam as dos primeiros discpulos cristos. O fato de

    esses cultos utilizarem uma sabedoria ou um conhecimento que chamam de mstico

    ou metafsico, divino ou cristo, e de realizarem extraordinrias demonstraes de

    cura e domnio dos problemas da vida, no s tem causado sria diminuio nas

    fileiras das igrejas crists ortodoxas, enfraquecendo-as, como tambm tem levado

    muitas mentes analticas a pelo menos suspeitarem de que deve ter havido

    sabedoria, conhecimento e poder conhecidos de Jesus, de Seus discpulos e

    provavelmente dos primeiros padres cristos, que no esto includos na igreja cristde hoje nem so utilizados pelos cristos como parte de seus deveres.

    Essa infeliz situao, causadora de muitas divises na igreja crist e do

    aumento de afiliao aos cultos e sociedades msticos e metafsicos, foi considerada

    deplorvel por muitos telogos cristos importantes do sculo passado. Muitos deles

    indicaram que a ausncia de caractersticas msticas, dos mistrios genunos e de

    prticas divinas nas igrejas crists de nossa poca constitui a verdadeira razo do

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    crescimento lento e do grande abandono das denominaes crists por parte de

    seus membros.

    Embora eclesisticos de todas as denominaes religiosas tenham se

    expressado freqentemente sobre a influncia dessas mltiplas seitas, cultos e

    escolas secretas contra o crescimento e desenvolvimento da igreja crist, e tenham

    admitido que esses novos movimentos representam uma sria forma de rivalidade

    para com a igreja crist, no conseguiram perceber que o erro est em sua prpria

    igreja e que, se essa igreja despertasse e ativasse o esprito dos mistrios e prticas

    cristos que Jesus ensinou a Seus discpulos, e que eles utilizaram em seu trabalho

    missionrio, os movimentos e sistemas rivais no teriam razo de existir e mesmo

    desapareceriam, devido ao imediato retorno ao seio da igreja crist de milhes de

    pessoas que se tornaram indiferentes ou desanimadas.

    Um dos maiores telogos e analistas espirituais modernos foi o falecido

    Dr. Robert Norwood, que foi pastor de uma igreja que crescia rapidamente na

    Filadlfia, e mais tarde foi escolhido para ser a grande Luz da Igreja de So

    Bartolomeu, em New York. Durante um conclave de eclesisticos episcopais

    reunidos para discutir assuntos da igreja e resolver seus problemas mais prementes,

    o Dr. Norwood afirmou que "a maior necessidade da igreja crist de hoje o retorno

    aos ensinamentos msticos e s revelaes dos mistrios do verdadeiro fundamentodo cristianismo".

    Que os discpulos de Jesus sabiam que estavam lidando com mistrios

    que eram secretos e com doutrinas novas e portanto ainda no reveladas, verifica-se

    em todas as suas falas registradas no Novo Testamento. Basta atentarmos para as

    seguintes declaraes de Jesus e Seus discpulos: "A vs dado conhecer os

    mistrios do reino dos cus; a vs vos dado saber os mistrios do reino de Deus;

  • 8/3/2019 H. Spencer Lewis - As Doutrinas Secretas de Jesus (Rev)

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    falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistrio; e somos os dispenseiros dos

    mistrios de Deus e compreendemos todos os mistrios; tendo nos dado a conhecer

    os mistrios; tendo sido recebidos nos mistrios e sendo conhecedores deles,

    tornamos conhecidos os mistrios dos evangelhos e o mistrio que foi oculto das

    eras; guardando o mistrio da f em uma pura conscincia" etc. Frases como estas,

    e muitas outras de teor semelhante, podero ser encontradas em Mateus 13:11;

    Marcos 4:11; Lucas 8:10; Romanos 11:25, 16:25; 1 Corntios, 2:7, 4:1; 13:2, 14:2,

    15:51; Efsios 1:9, 3:3, 3:4, 3:9, 5:32; Colossenses 1:26, 1:27, 2:2, 4:3; Timteo 3:9,

    3:16; Apocalipse 1:20, 10:7, 17:5, 17:7.

    Neste incio de nossa discusso desta questo, procuremos uma

    compreenso correta dos termos "mistrio" e "mistrios", conforme foram usados por

    Jesus e pelos apstolos no Novo Testamento. No devemos acreditar que a palavra

    "mistrio" se referisse a qualquer ocorrncia ou princpio incomum ou extraordinrio

    que mediante uma simples explicao deixaria de ser um mistrio ou uma lei difcil

    de compreender. Uma das mais eminentes autoridades em anlise de palavras e

    termos usados pelos autores dos livros da Bblia foi Robert Young, cuja

    concordncia analtica da Bblia, publicada em 1893, continua sendo uma fonte sem

    igual de informaes confiveis sobre esses assuntos. Ele afirma que a palavra

    "mistrio", como foi usada pelos autores do Novo Testamento, significava "aquiloque s conhecido pelos iniciados".

    Outra fonte de informaes confiveis sobre este ponto o excelente livro

    comentado sobre termos expositivos e explanatrios, escrito e editado pelo

    Reverendo Robert Jamison da Igreja de So Paulo em Glasgow, Esccia; pelo Rev.

    A. R. Fausset, de St. Cuthberfs, York, Inglaterra, e pelo Rev. David Brown, Professor

    de Teologia em Aberdeen, Esccia. Em seus exaustivos comentrios sobre o uso

  • 8/3/2019 H. Spencer Lewis - As Doutrinas Secretas de Jesus (Rev)

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    dos termos "mistrio" e "mistrios" por Jesus e Seus discpulos, eles nos esclarecem

    que a palavra "mistrios", nas escrituras, no usada no sentido clssico de

    "segredos religiosos", nem tampouco de coisas incompreensveis ou difceis de

    compreender por sua prpria natureza, mas sim no sentido de coisas relacionadas

    com revelao puramente divina e, geralmente, coisas obscuramente divulgadas

    segundo os antigos padres de parcimnia, e obscuramente compreendidas durante

    todo aquele perodo, mas completamente publicadas nos evangelhos... Os

    "mistrios do Reino dos Cus", portanto, significam as gloriosas verdades

    evanglicas que, naquele tempo, somente os discpulos mais adiantados podiam

    compreender, e apenas parcialmente.

    Pela explicao dada pela primeira das autoridades citadas, que emprega

    a palavra "iniciados",


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