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8/3/2019 H. Spencer Lewis - As Doutrinas Secretas de Jesus (Rev)
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A doutrina secreta de JesusA doutrina secreta de JesusA doutrina secreta de JesusA doutrina secreta de Jesus
H. Spencer Lewis, F.R.C., Ph.D.
1 Edio Grande Loja do Brasil
Maio de 1988
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DEDICO A
SAR HIERONYMUS DA BLGICA
Cuja postura e pureza de carter emprestaram
Ilimitado encanto magnificncia de sua
Sabedoria.
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Figura 1: Construo de antigos essnios. Perto do Mar Morto, na Jordnia, encontram-se as runasde um antigo dormitrio e refeitrio dos essnios. Perto dali esto localizadas as colinas em cujas
cavernas foram encontrados os famosos Pergaminhos do Mar Morto.
Figura 2: Local da ltima Ceia. As duas janelas, embaixo e no centro, deixam passar a luz para asantigas cmaras secretas do Conselho do Cristo Jesus
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Figura 3: Igreja da Natividade, em Belm. Todas as seitas e autoridades concordam quanto autenticidade desse edifcio, cujo ptio freqentemente usado como quartel.
Figura 4: A majestosa muralha e a torre do Rei David. Essas sombrias pedras cinzentas resistirammuitas vezes aos selvagens ataques dos filisteus e de outras tribos belicosas do passado.
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SUMRIO
PREFCIO..................................................................................................................7CAPTULO I: Uma espantosa descoberta.................................................................12CAPTULO II: A necessidade de sigilo......................................................................20CAPTULO III: A grande escola secreta....................................................................24CAPTULO IV: A misso secreta de Jesus ...............................................................38CAPTULO V: Administrao e discipulado dos mistrios cristos ...........................46CAPTULO VI: Misses secretas individuais.............................................................61CAPTULO VII: Estranhas passagens da Bblia........................................................67CAPTULO VIII: O maior dos milagres......................................................................85CAPTULO IX: Mais comprovao bblica.................................................................95CAPTULO X: As doutrinas secretas.......................................................................112CAPTULO XI: Os grandes mistrios ......................................................................127CAPTULO XII: Modificaes progressivas das doutrinas crists ...........................139CAPTULO XIII: A preservao dos ensinamentos secretos ..................................146
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PREFCIO
A discusso e a controvrsia no so os motivos principais deste livro,
embora nele haja bastante argumentao, o que sem dvida suscitar controvrsia.
Os fatos so teimosos. A verdade se revela mesmo que esteja oculta por
trs de um vu ou misturada com alegorias, parbolas e estranhas interpretaes. A
maioria dos fatos contidos neste livro esto claramente revelados na Bblia Crist,
particularmente no Novo Testamento. Este trabalho, entretanto, no um exemploda forma pela qual a Bblia pode ser erroneamente interpretada, ou descuidada e
arbitrariamente citada, em partes, para comprovar uma idia, uma teoria ou uma
postulao. Algum j disse que praticamente qualquer teoria estranha ou
proposio assombrosa pode ser provada tomando-se passagens desconexas ou
no relacionadas da Bblia e juntando-as de determinado modo, ou reforando
certas palavras, de maneira a formar uma idia nova e totalmente incorreta.
As citaes da Bblia Crist utilizadas neste livro so surpreendente e
estranhamente esclarecedoras, quando usadas exatamente como aparecem no
Novo Testamento e sem sererri separadas do contexto geral. Elas contm fatos que
foram deliberadamente omitidos ou mal interpretados, pois no so suscetveis de
diferentes interpretaes. Ou elas significam determinada coisa, ou no significam
nada.
Quando o Novo Testamento afirma que Maria, a me de Jesus, era uma
de suas discpulas secretas ou um membro do grupo de Seus discpulos que se
reuniam em um local secreto, isto no significa nem pode significar que se tratava de
uma outra Maria, ou que ela era membro de algum outro grupo de estudantes, ou
ainda que era uma de Suas discpulas apenas espiritualmente ou alegoricamente.
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Muitas pessoas podem ficar surpresas em saber que Jesus tinha uma mulher entre
seus seguidores, fosse ela Maria, sua me, ou qualquer outra. Mas s porque esse
fato surpreendente no h razo para duvidar de sua veracidade ou de sua
implicao, seu significado claramente deliberado e seu significado subjacente.
Se Jesus tinha Sua me, como simples mulher, entre Seus estudantes
particulares, Seus discpulos secretos ou Seu grupo de discpulos, isto muito
significativo, no apenas porque ela era Sua me, Maria. E se esse fato
surpreendente, que devemos ento pensar de outras passagens do Novo
Testamento que afirmam que havia outras mulheres alm de Maria entre Seus
discpulos particulares e que, portanto, nem todos os Seus discpulos ou estudantes
escolhidos eram homens?
No se trata de que esse fato seja suficientemente importante para se
escrever um livro a respeito, pois, afinal de contas, muitas mulheres foram
eminentes estudantes das grandes verdades da vida, grandes instrutoras e
pregadoras, sendo com certeza to qualificadas naquele tempo quanto o so hoje
para serem discpulas iguais aos homens em quaisquer circunstncias. A
importncia disto est no fato de que ou a Igreja ou seus representantes
autorizados, ou alguns deles, ou o movimento cristo de sculos passados,
deliberada ou inconscientemente omitiram esse significativo aspecto da grande obrade Jesus, o Cristo.
O mesmo se aplica ao fato de os irmos e irms de Jesus terem sido
membros de sua escola secreta, particular. Ser que estamos dando excessiva
nfase a isso e aos incidentes at agora velados de Sua vida? Pensamos que no,
diante do fato de que muitos grandes sermes foram pregados, panfletos foram
escritos e captulos de livros cuidadosamente preparados para interpretar a atitude
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de Jesus para com seus pais e seus parentes. Pensem por um momento nas
milhares de vezes em que muitos clrigos, em sermes e por escrito, tentaram
explicar a passagem do Novo Testamento que parece ser uma censura Sua me
por ocasio de Sua demora na sinagoga. Esse estranho incidente tem sido
apresentado aos freqentadores de escolas dominicais e a estudantes da Bblia
como indicao de que Jesus no tinha pacincia com Seus pais, de que estes
pouco ou nada compreendiam quanto a Sua misso na vida, e de que Ele podia at
ser grosseiro, intolerante e sem considerao para com as mulheres e suas
perguntas sobre Seus assuntos. Essas explicaes e interpretaes implantaram na
mente de muitas pessoas a dvida quanto a Jesus ser to perfeito nas coisas
humanas como o era nas coisas divinas. Ser isso justo? So as interpretaes
daquele incidente corretas luz dos fatos que mostram que Jesus tinha a mente
aberta e suficiente compreenso para permitir que Sua me, Suas irms e outras
mulheres fossem estudantes secretos dos grandes "mistrios" que Ele ensinava?
Se parecer que o autor deste livro est indo longe demais ao dar nfase a
quaisquer possveis reunies secretas de uma escola particular de discpulos,
tenhamos em mente que a prpria Bblia a melhor autoridade para comprovar
essas afirmaes, e vai longe no destaque que d ao fato de que Jesus ensinava s
multides de um modo, ao crculo exterior de estudantes particulares de outro, e naintimidade ensinava e instrua a um grupo interior, uma escola secreta, de uma
terceira forma. Temos tambm repetidas declaraes do prprio Jesus de que os
grandes mistrios, os grandes segredos que Ele ensinava a uns poucos em Seus
discursos privativos e Suas reunies secretas, no podiam ser revelados s
multides nem podiam ser compreendidos pelas pessoas comuns. No obstante, a
igreja crist de nossos dias no esclarece s massas a existncia de segredos,
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verdades e fatos que elas no compreendem porque so mesmo difceis de
compreender, mas que podem ser revelados e demonstrados aos dignos, aos
preparados, e aos especialmente iniciados.
Esses fatos do um colorido diferente ao quadro do cristianismo como
sistema religioso, filosfico ou moral. Na verdade, eles nos ajudam a compreender
que a instruo crist original e verdadeira e as doutrinas crists originais eram
coisas divinas no destinadas a todos os seres humanos, constituindo um sistema
de verdades transcendentais, revelaes esotricas e leis divinas de ilimitada
aplicao e onipotente poder. Cabe aos que contestam os fatos contidos neste livro
provar seus argumentos. O autor apresenta seus fatos e as verdades por eles
reveladas. Se as citaes aqui utilizadas e os fatos nelas contidos revelarem
verdades que contrariem os fatos contidos neste livro, ento o leitor que contestar o
livro dever apresentar suas interpretaes e demonstrar que so superiores s que
aqui esto expostas.
Ou as muitas citaes do Novo Testamento, as muitas sugestes, as
muitas condies e situaes reveladoras significam algo bem definido ou no
tm significao alguma.
O leitor de mente aberta e sem preconceitos ser o melhor juiz de que:
A Ordem Rosacruz em todo o mundo, a Fraternidade Rosacruz da
AMORC, inclusive suas alianas e afiliaes, dedicada perpetuao e constante
revelao das antigas verdades pela cuidadosa disseminao a pessoas
devidamente qualificadas, no separa as verdadeiras doutrinas de Jesus e Suas
grandes verdades do sistema original do cristianismo. Este livro, portanto, no , em
sua natureza essencial ou em sua inteno, uma propaganda da Ordem Rosacruz,
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AMORC, e sim uma contribuio voltada unicamente para a literatura esotrica de
milhares de anos passados e de hoje.
O AUTOR
Templo de Alden,
Parque Rosacruz,
San Jos, Califrnia
20 de janeiro de 1937
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CAPTULO I: Uma espantosa descoberta
Estamos certos de que muitos cristos ficaro surpresos com a
insinuao de que Jesus ensinou quaisquer princpios divinos secretamente, ou que
praticou qualquer arte divina sem a revelar a todos.
O autor deste livro ficou espantado, a princpio, quando descobriu que
isso era verdade. Como dedicado freqentador de cultos religiosos cristos por trinta
anos ou mais, e aps muitos anos de estudo da Bblia dirigido por lderes do
pensamento cristo protestante, parecia-lhes quase inacreditvel que fatos to
importantes da vida de Jesus e da criao inicial das doutrinas e prticas crists
tivessem passado despercebidos pelos mais aguados e analticos estudantes do
cristianismo, ou tivessem sido deliberadamente ocultos do pblico por alguma razo
que pudesse ter parecido boa e suficiente.
Assim que a chave para corroborar esses fatos se revelou
inequivocamente em passagens do Novo Testamento e desvendou muitos mistrios
da vida e das atividades de Jesus e Seus discpulos, as numerosas passagens
intrigantes e at mesmo duvidosas da Bblia se tornaram claras, compreensveis, na
forma de evidncias positivas que vieram apoiar a descoberta.
Para que o leitor possa compreender claramente os segredos que Jesus
transmitiu exclusivamente a Seus discpulos testados e comprovados, faz-se
necessrio resumirmos a histria revelada por fatos descobertos to gradativamente
que pareceram uma revelao verdadeiramente divina e csmica.
Eis os fatos: Jesus convocou muitas reunies ou sesses secretas com
Seus discpulos e fiis companheiros, o que sugerido em muitas partes do Novo
Testamento. Existem evidncias inequvocas deste fato.
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Jesus possua um conhecimento raro, secreto, divino ou espiritual e semi-
cientfico, que Lhe permitia realizar milagres e transmitir Seu conhecimento e Seu
poder secretos, o que igualmente inegvel se considerarmos conscienciosa-mente
certas passagens do Novo Testamento.
Os primeiros cristos, que constituram a verdadeira base da religio
crist, eram capazes de realizar milagres ou aplicar princpios csmicos ou divinos
de maneira nova e diferente que jamais fora aplicada antes, o que se imprime em
nossa conscincia ao lermos e analisarmos os Evangelhos Sinpticos e outras
partes do Novo Testamento.
A primitiva igreja crist se dedicava a duas fases essenciais de atividade:
pregao, ensino, postulao, e realizao de curas e demonstraes, o que no se
pode negar.
A igreja crist de hoje no mais pratica ou demonstra os princpios de
cura ou de inovao das leis divinas e naturais para ocasionar manifestaes
incomuns, concentrando-se quase exclusivamente na pregao e postulao, o que
indica que a igreja crist de hoje e dos ltimos sculos ou abandonou toda uma fase
de seu trabalho, ou algum conhecimento secreto que os antigos cristos possuam
no foi transmitido atravs dos tempos, de sacerdote a sacerdote, de ministro
religioso a ministro religioso, de seita a seita.As declaraes acima constituem as chaves fundamentais para
desvendar os mistrios da misso de Jesus, o Cristo, em Sua vida na Terra. Aps
cuidadoso estudo e extensas pesquisas dessas chaves e dos muitos fatos correlatos
revelados por elas e atravs delas, o autor passa a resumir os surpreendentes
argumentos que apresentar nos captulos seguintes deste livro:
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1. Jesus teve nascimento divino e, portanto, foi especialmente preparado
(espiritualmente, mentalmente e por outros meios) para receber, testar e
aplicar certo conhecimento secreto que O capacitaria a cumprir um ministrio
especial na Terra;
2. Tendo sido devidamente preparado de forma divina, espiritual, intelectual, e
de outras maneiras, para essa grande misso, tambm foi decretado que Ele
transmitiria esse conhecimento, bem como os poderes especiais nele
desenvolvidos por esse conhecimento, a outros indivduos que fossem
capazes e dignos, a fim de que eles levassem avante Sua misso atravs das
eras, e fizessem "coisas ainda maiores".
3. Durante os primeiros anos do ministrio de Jesus, Ele procurou, encontrou,
treinou e preparou esses homens e mulheres da Palestina, do Egito e da
Sria, que se mostraram espiritualmente dignos, alm de moral e eticamente
qualificados para perpetuar o conhecimento que Ele trouxera Terra e os
poderes que Lhe tinham sido transmitidos atravs de Seu nascimento divino;
4. Essas pessoas, preparadas e treinadas, constituram um grupo secreto deadeptos e servidores-companheiros, que se reuniam de tempos a tempos
como um colgio secreto para fins de instruo, testes, provas e a prtica
conscienciosa dos princpios secretos;
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5. Essa sociedade secreta foi formada por Jesus e mantida em contnuo
funcionamento e operao nos ltimos anos da vida de Jesus, no se
extinguindo por ocasio da Crucificao e da Ascenso;
6. Os homens e mulheres ligados por juramento a essa sociedade secreta
formavam um total de cento e vinte pessoas, no se limitando aos doze
apstolos ou discpulos, e este fato espantoso est claramente indicado no
Novo Testamento;
7. Como qualquer outra sociedade secreta que tinha de proteger zelosamente
seus ensinamentos, princpios, listas de membros, ideais e propsitos de
perseguio poltica ou aristocrtica, esse misterioso grupo de estudantes
especiais tinha vrios locais de reunio definidos, fixos e continuamente
utilizados, em Jerusalm, com ramificaes para reunies ocasionais em
outros distritos;
8. Seu principal local de reunio, ou "Templo" era guardado e bem protegido,
tinha um nome secreto e era conhecido somente pelos membros testados,
fato este tambm comprovado por passagens bem claras do NovoTestamento.
9. Essa sociedade secreta tambm utilizava palavras de passe, sinais, smbolos
e outros meios de reconhecimento mtuo entre os membros, evitando que
espies ou perseguidores polticos se infiltrassem ou tomassem
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conhecimento de sua obra secreta, o que tambm comprovado por citaes
do Novo Testamento;
10. Quando os membros dessa sociedade secreta eram convocados por Jesus,
em ocasies regulares ou especiais, tinham de se dirigir ao local secreto da
reunio um a um, com grandes precaues, usando senhas secretas que
eram modificadas de tempos a tempos;
11. Entre os cento e vinte membros contavam-se, alm daqueles que se
tornariam conhecidos como os doze apstolos e que constituam o comit
executivo dessa sociedade secreta, outros interessados no misterioso e
secreto trabalho da sociedade, inclusive a me de Jesus e Seus irmos e
irms;
12. Durante o perodo de estudo e preparao para o trabalho secreto, Jesus no
s lhes ensinou as lies secretas como os auxiliou a desenvolver no ntimo
do seu prprio ser o mesmo poder misterioso, secreto e espiritual que Ele
possua e, feito isto, tendo assim preparado completamente os discpulos,
conferiu-lhes a divina autoridade para usar o poder especial que haviamdesenvolvido e representar Jesus e o Reino dos Cus pelos sculos afora;
13. Entre os cento e vinte estudantes secretos havia homens ricos do pas e
alguns que tinham poder e influncia poltica, os quais vieram mais tarde em
auxlio de Jesus em Suas horas de perseguio, realizando certas aes que
tinham mutuamente prometido realizar em caso de emergncia;
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14. As parbolas e instrues alegricas que Jesus transmitia ao pblico,
especialmente s pessoas que o seguiam com certa cautela, eram verdades
veladas e deliberadamente ocultas, que ainda hoje no podem ser
compreendidas e adequadamente interpretadas a menos que se tenha um
conhecimento bsico dos ensinamentos secretos transmitidos ao Seu grupo
de estudantes secretos;
15. Essa sociedade secreta pode ou no ter sido afiliada aos essnios, outra
sociedade secreta com que Jesus estava bem familiarizado1;
16. Cada um dos ensinamentos secretos constitui uma lei divina espiritualmente
aplicada e materialmente manifestada e apresentado em detalhamento
quase perfeito (oculto em passagens do Novo Testamento), de modo que
pode ter suas partes unidas e concatenadas para que se chegue a uma
compreenso completa e perfeita;
17. Esses ensinamentos e prticas secretos no esto includos nas instrues
da igreja crist de nossos dias e, pelo fato de algumas dessas verdades
1 A descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto confirmou a referncia feita pelo autor aos essnios eseus ensinamentos secretos, que precederam o cristianismo e que Jesus deve ter conhecido bem.Um relatrio parcial sobre essa descoberta, do arquelogo ingls G. Lankester Harding, Diretor doDepartamento de Antigidades da Jordnia, diz o seguinte:"A mais espantosa revelao dos documentos essnios at agora publicada a de que os essniospossuam, muitos anos antes de Cristo, prticas e terminologias que sempre foram consideradasexclusivas dos cristos. Os essnios tinham a prtica do batismo, e compartilhavam um repastolitrgico de po e vinho presidido por um sacerdote. Acreditavam na redeno e na imortalidade daalma. Seu lder principal era uma figura misteriosa chamada o Instrutor da Retido, um profeta-sacerdote messinico abenoado com a revelao divina, perseguido e provavelmente martirizado."Muitas frases, smbolos e preceitos semelhantes aos da literatura essnia so usados no NovoTestamento, particularmente no Evangelho de Joo e nas Epstolas de Paulo. O uso do batismo porJoo Batista levou alguns eruditos a acreditar que ele era essnio ou fortemente influenciado por
essa seita. Os pergaminhos deram tambm novo mpeto teoria de que Jesus pode ter sido umestudante da filosofia essnia. de se notar que o Novo Testamento nunca menciona os essnios,embora lance freqentes calnias sobre outras duas seitas importantes, os saduceus e os fariseus." O Editor.
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secretas terem sido descobertas por pessoas que no pertenciam igreja
crist, surgiram vrias seitas e cultos que passaram a utilizar esses
conhecimentos secretos e se tornaram rivais da igreja crist;
18. Se a igreja crist da atualidade se instrusse nesse conhecimento secreto e se
dedicasse a ensinar, preparar e qualificar certos estudantes devotados de
todas as partes do mundo para pratic-lo e demonstr-lo, tornar-se-ia a mais
importante e poderosa influncia em prol da paz, da felicidade, da sade e do
contentamento universal. Ela poderia eliminar a maioria dos problemas da
vida e estabelecer o Reino dos Cus na Terra, pela supresso gradativa das
guerras nacionais e internacionais, das incompreenses, disputas,
rivalidades, erros e pecados.
Os fatos referidos sero apresentados nos captulos seguintes deste livro.
O resumo que demos representa o tema e os postulados do autor. Certamente
esses fatos sero rejeitados pelos sacerdotes, pastores, ou religiosos em geral, e
sero escarnecidos pela maioria dos cristos. Por estranho que parea, porm, os
seguidores das chamadas religies pagas, ou no-crists, estaro entre os primeiros
a reconhecer a verdade deste livro, e a apresentar evidncias que o apiem,baseadas em sua prpria experincia de vida e em seus arquivos. Os cristos por
nascimento ou inclinao, que aos poucos foram se afastando da senda crist ou da
igreja crist, aclamaro este livro como a correta explicao do que consideram ser
a fraqueza da igreja crist de hoje, uma boa razo para o seu afastamento e sua
indiferena s instituies crists.
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Os estudantes de misticismo, metafsica, filosofia mstica e leis csmicas,
como rosacruzes, teosofistas, maons, hermticos e martinistas, recebero muito
bem esta obra, por fora de incidentes comuns em sua vida e dos antigos registros
de suas organizaes.
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CAPTULO II: A necessidade de sigilo
A primeira pergunta que surge naturalmente na mente dos cristos
devotos e estudantes sinceros da Bblia : "Houve a necessidade de um instrutor
secreto e da preservao do conhecimento secreto com relao misso de
Jesus?"
Uma segunda pergunta poderia ser a seguinte: "Se concordamos com a
idia de que Jesus foi divinamente predestinado a ser o Salvador da humanidade,alm de professor e instrutor dos que buscavam a vida eterna pelas verdades
divinas, ento por que Ele teve de preservar o conhecimento e o poder em segredo,
transmitindo-o apenas a uns poucos?"
As mesmas perguntas so feitas hoje por pessoas que tm preconceitos
em relao a igrejas de qualquer denominao, e que acreditam que Deus deveria
ter revelado todo o conhecimento a toda a humanidade, e deveria continuar
revelando esse conhecimento, conferindo poderes mundanos e espirituais
extraordinrios a todos os indivduos, e assim promovendo o Reino dos Cus mais
rpida e seguramente.
Examinando a histria passada, percebemos que em dezenas de
ocasies que remontam a uma grande antigidade, Deus inspirou certas pessoas
sbias e escolhidas para servirem como reveladores ou avatares, para ensinar e
pregar o conhecimento necessrio a elevar a conscincia do homem a um plano
mais alto e tornar sua compreenso mais ampla, aproximando-o da harmonizao
com os princpios da vida e da verdade eternas. Cada uma dessas grandes Luzes
contribuiu para o avano da civilizao e para o desenvolvimento moral do homem.
Entretanto, esse processo sempre foi lento e pouco eficiente. O aumento da
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populao do mundo, acompanhado de uma crescente influncia desmoralizadora
de natureza satnica, e da rpida deteriorao de princpios slidos responsveis
pela estabilizao da moral entre homens e mulheres, tornou necessrio enviar
Terra um Salvador que fundasse ou organizasse um sistema permanente de
orientao e instruo que abrangesse o mundo inteiro.
uma verdade fundamental,.to verdadeira hoje quanto o era h dois mil
anos, que nem toda a humanidade est preparada e qualificada em qualquer sentido
para receber ou compreender e utilizar as verdades mais elevadas da vida e o
miraculoso poder que provm desse conhecimento. Deus deve ter compreendido,
ento como hoje, que enquanto o indivduo no se torna espiritualmente digno, e
digno tambm no sentido intelectual e social, no merece e no pode absorver nem
aplicar adequadamente as verdades superiores que tornam o homem livre e o
iniciam na senda da vida eterna. As prprias experincias de Jesus no cumprimento
de Sua misso nos oferecem excelentes razes para justificar o princpio do sigilo.
Mesmo entre os que foram cuidadosamente testados, preparados e qualificados,
alguns se tornaram cticos, outros procuraram utilizar o conhecimento e o poder
para objetivos pessoais e egosticos,.e ainda outros se tornaram espies, inimigos e
traidores da causa.
A perseguio e depois a execuo de Jesus provam que havia umarazo muito boa para que se guardasse sigilo.
Embora seja verdade que a misso de Jesus terminou cedo, quando Ele
atingia a flor da vida; embora seja verdade que os perseguidores e executores
fizeram o possvel para destruir o conhecimento e o poder que Jesus tinha trazido
para a humanidade, vestgios da verdade e vagos elementos do miraculoso poder
que Ele transmitia chegaram at ns, atravessando os sculos, e tm servido como
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meios de redeno gradual do homem. Se no fosse o sigilo, a organizao secreta,
b cuidadoso teste de cada pessoa transformada em guardi dos mistrios, a Grande
Luz que veio terra nos primeiros trinta anos da Era Crist teria se apagado no
momento da Ascenso de Jesus, o Cristo, e hoje os ensinamentos e prticas que
Ele tornou reais e universalmente aplicveis s necessidades do homem teriam sido
perdidos, a humanidade teria regredido aos erros do passado e o mundo de hoje
no veria sequer um desmaiado brilho daquela Grande Luz.
A primitiva igreja crist, aps a transmisso das "chaves" de So Pedro
para os lderes cristos que o sucederam, afirmou ter preservado cuidadosamente,
por um sculo ou dois, o esprito da organizao secreta fundada por Jesus. A
histria das primeiras atividades da igreja crist mostra que, embora a massa da
populao constitusse um grande crculo exterior de devotos e estudantes dos
ensinamentos cristos, ela recebia apenas uma forma velada e cuidadosamente
moderada dos princpios cristos; j num crculo interior secreto, um limitado nmero
de candidatos era conduzido passo a passo atravs dos grandes mistrios e
ensinamentos secretos a um grau de desenvolvimento e desabrochar que os
preparava para continuar o trabalho que Jesus havia iniciado e transmitido a Seus
discpulos.
Mas, com o passar dos sculos, os ensinamentos secretos se tornaramcada vez mais exclusivos, enquanto as alegorias e os incompreensveis princpios
da instruo velada foram sendo distorcidos, ritualizados, morrendo nas mentes
obscurecidas das massas.
verdade inquestionvel que, nos arquivos da Santa Igreja Catlica
Romana, bem como no corao e na mente de grandes, sinceros e santos lderes de
sculos passados, os verdadeiros ensinamentos secretos e poderes divinos
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transmitidos por Jesus foram preservados, sendo conscienciosa-mente utilizados, de
modo limitado, para reforar o poder daquela igreja e a proteo de sua elevada
autoridade. Mas tambm verdade que, nas fileiras da fraternidade crist de hoje,
tanto catlica como protestante, esse grande conhecimento secreto desconhecido
e at insuspeitado. Vemos, portanto, que em todos os sentidos, as chaves para a
Igreja do Cristo (transmitidas por Jesus a Pedro, lder de sua grande Escola de
Discpulos) eram de fato chaves reais que deveriam passar de cada sucessor de
Pedro ao prximo responsvel pela preservao e explicao da verdade; no eram
simples chaves alegricas, e sim as chaves de ouro que destravam os portes
(abrem os portais) de todos os templos e tabernculos cristos, de todos os
coraes ou almas, de todas as escolas de vida que hoje existem.
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CAPTULO III: A grande escola secreta
Tendo descoberto as chaves que confirmaram a existncia da sociedade
secreta, no foi difcil voltar a ateno para antigos arquivos e registros, para
escritos histricos e Escrituras no includas na Bblia, e para muitas passagens do
Novo Testamento, aos quais, reunidos como as contas de um rosrio, do nos, um
quadro bem claro do modo pelo qual Jesus agiu para cumprir Sua grande misso na
vida.Em primeiro lugar, devemos ter em mente que houve amplos precedentes
para guiar Jesus no problema da organizao de um corpo fsico ou terreno como o
grupo secreto que estamos descrevendo. Ao longo dos sculos anteriores tinha
havido no Egito, na ndia, na Prsia e em outras regies do Oriente Prximo, escolas
e movimentos secretos dedicados preservao e perpetuao da sabedoria
revelada. Na maioria dos pases progressistas do Oriente Prximo havia um
sacerdcio oficial dedicado difuso de religio oficial e preservao das tradies
religiosas e das crenas antigas. Tambm havia, em cada um desses pases, uma
ou mais organizaes secretas compostas de livres pensadores, filsofos, msticos
iluminados e devotos religiosos que buscavam a verdade dos mistrios da vida e
preferiam as revelaes espirituais e csmicas que lhes vinham como bnos de
Deus e ddiva humanidade, e que, pouco a pouco, deixavam de lado as antigas
tradies, supersties e crenas mitolgicas de seus ancestrais. Portanto, em todas
as terras houve, por muitos sculos, uma rivalidade entre os buscadores da verdade
revelada e os protetores das formas antigas e errneas de religio.
Como era de esperar, o sacerdcio oficial tinha todas as vantagens de
ordem fsica e terrena para impor suas crenas e prticas s massas, enquanto que
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os buscadores, cticos, herticos e iluminados, muitas vezes tiveram de sacrificar a
vida e os bens mundanos para preservar as grandes verdades que lhes tinham sido
reveladas e que tinham descoberto pelo uso de chaves reveladas.
A acirrada luta entre o culto de Amenhotep IV e o sacerdcio oficial do
Egito um exemplo tpico dessa contnua rivalidade entre a Luz e as Trevas. A
grande iluminao que recebeu o Fara Amenhotep IV, tornando evidentes para ele,
pela primeira vez na histria da civilizao, os verdadeiros princpios da existncia
de um s e eterno Deus, e a falsidade da multiplicidade de deuses, constituiu um
despertar e uma chocante reao por todo o pas. Era inevitvel que, embora ele
doasse seu tempo, sua fortuna e seus melhores interesses ao desenvolvimento da
nova revelao, dessa religio monotesta, embora construsse templos e relicrios
ao Deus eterno, destruindo esttuas, templos, tabuletas e afrescos relativos antiga
crena, sua vida fosse tirada e os astuciosos sacerdotes conseguissem subverter o
que consideravam um movimento rival perigoso. Embora esse Fara sofresse
intensamente e fosse impelido a uma transio prematura, realizou tanto pela
disseminao nacional de sua religio que centenas, talvez milhares de anos
tenham passado sem esmaecer o brilho de suas doutrinas e preces ao Deus de
todas as criaturas, nem torn-las perdidas para a posteridade.
Depois que Jesus recebeu o batismo e o Esprito Santo desceu sobre Ele,preenchendo o Seu ser com a sabedoria e o poder divinos que o transformaram de
alma encarnada no Cristo redentor do mundo, ele no poderia ter deixado de
compreender que cada revelao, cada impulso divino, cada viso, cada mensagem
falada que vinha da boca dos anjos ou do prprio Deus, conduziam-no pelo mesmo
caminho de sofrimento, intrigas, traio e finalmente crucificao, que todos os Seus
predecessores haviam testemunhado em suas jornadas de Luz entre os homens.
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Os registros das atividades de todos os lderes anteriores do pensamento
divino, criadores de organizaes secretas de preservao e perpetuao dos
ensinamentos divinos, devem ter propiciado a Jesus um excelente mapa e um
quadro impressionante da senda que Ele teria de trilhar no cumprimento de Sua
misso.
No me deterei na educao e treinamento preliminares que certamente
devem ter sido administrados a Jesus para torn-lo to brilhante intelectualmente j
aos doze anos, quando causou espanto aos Ancios da sinagoga de seu pas;
tambm no me referirei educao terrena e espiritual superior que lhe foi dada na
juventude, no incio de Sua misso, capacitando-o a usar analogias, alegorias e
metforas relativas a assuntos pessoais, ocupaes, interesses, desejos,
esperanas, provas e tribulaes de pessoas de muitas naes, muitas profisses e
ocupaes, alm de muitas posies sociais. Aquele jovem, nascido no lar de um
carpinteiro de condio muito modesta, no poderia ter adquirido todo o seu
conhecimento nas primitivas escolas de Sua prpria terra, e no poderia ter sido
mandado para um pas distante a fim de freqentar uma escola particular, pela
simples falta de recursos. A preparao que Ele recebeu como menino e depois
como rapaz no foi apenas resultado de vises e mensagens inspiradoras vindas a
Ele atravs do Csmico, da conscincia de Deus, pois Seu desenvolvimento,treinamento e educao foram de natureza dual. Ele conhecia os hbitos e
costumes, os artifcios, as crenas hipcritas, as tentaes mundanas e as
fraquezas dos povos de muitas terras; tambm parecia possuir um conhecimento
ilimitado de leis espirituais e divinas e de grandes verdades csmicas que no
poderia ter aprendido a no ser colocando-se total e entusiasticamente em harmonia
com Deus, Seu Pai, que Lhe ordenara que deixasse o Reino dos Cus e fosse ao
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reino da Terra, para transform-la em local de paz, como o Reino dos Cus na
Terra.
No se pode questionar Sua educao espiritual, Sua preparao e
iluminao quanto s coisas mais elevadas da vida. Sem dvida, tratava-se de
sabedoria revelada, religio revelada, lei revelada. De nenhuma outra fonte poderia
ter provindo uma tal sabedoria. Mas tambm verdade que Seu conhecimento
mundano, to detalhadamente compreendido em sua verdadeira relao com as
coisas profanas da vida, como provam centenas de Suas alegorias e metforas, s
poderia ter sido obtido pelo contato pessoal com as situaes mundanas, com
pessoas profanas de idias profanas.
A educao inicial de Jesus (conhecido pelo nome "Jos" at o Seu
batismo) foi tratada amplamente em meu livro anterior, A Vida Mstica de Jesus, de
modo que no h necessidade de fazer maiores referncias importncia desse
Seu treinamento inicial. Mas no podemos deixar passar o fato de que parte desse
treinamento inicial incluiu o estudo das provaes e sucessos, dos fracassos,
esperanas e aspiraes daqueles que haviam formado e organizado ou apoiado
escolas e movimentos secretos em terras prximas, pessoas que haviam assim
agido com um propsito mais ou menos semelhante ao que impeliu Jesus nas
ocasies em que passou a perceber vividamente os contatos espirituais que estavafazendo e as obrigaes que logo teria de assumir.
No ficamos surpresos, portanto, ao descobrir que, ao cumprir os desejos
de Seu Pai e organizar uma sociedade secreta, alm de proteg-la e desenvolv-la,
Jesus se serviu de muitos pontos e princpios de organizao j estabelecidos em
escolas secretas do Extremo Oriente e do Oriente Prximo. At mesmo alguns
termos e smbolos secretos que Jesus usou e a que se referia veladamente em Suas
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conversas, pregaes e histrias alegricas, eram idnticos aos de outras escolas e
imediatamente reconhecveis para os membros de movimentos estrangeiros ou
distantes, sendo ainda usados nos dias de hoje.
E assim descobrimos, pela conscienciosa anlise de antigos registros de
vrios arquivos do Oriente Prximo, em que foram preservadas referncias a Jesus,
e pelo exame de passagens isoladas e especialmente salientadas do Novo
Testamento, que logo aps Seu batismo e o influxo do Esprito Santo que deu incio
Sua misso na vida, Ele se misturou a ricos e pobres, bons e maus, cultos e
publicanos, virtuosos e pecadores, e muito aprendeu conversando e discutindo com
todos eles, a respeito das religies estabelecidas e dos costumes de Seu tempo.
Dotado de profundo discernimento interior e de um especial dom divino de recepo
intuitiva de conhecimento provindo da mente de Deus e do homem, e tendo apenas
a honestidade para servir e a verdade para revelar, Ele gradualmente foi reunindo
nos olivais e nos campos ao longo das grandes estradas da Palestina, homens e
mulheres que mostrassem alguma inclinao para ouvi-Lo pregar. Ao trmino de um
breve perodo de instruo, Ele repentinamente fazia perguntas aos Seus ouvintes,
como se desejasse que argumentassem com Ele ou discutissem os pontos
importantes, mas sempre com a idia de aprender como a mente do ser humano
estava assimilando e aceitando os princpios racionais e futursticos que Eledefendia como vitais para a salvao do homem. Por causa da oposio poltica, e
sabendo o que havia acontecido nos sculos anteriores, Ele fazia quase todas as
reunies preliminares com o intuito de testar e selecionar discpulos dignos nos
campos prximos das estradas, onde o soldado romano, o oficial judeu, o rabe
desconfiado e outras pessoas podiam ouvir o que Ele dizia sem descobrir em Suas
palavras qualquer erro tcnico, qualquer crime contra o Estado, qualquer insulto
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grosseiro contra as religies estabelecidas, e qualquer violao dos regulamentos
militares.
A princpio, muitos ridicularizavam Suas afirmaes amplas e positivas,
que eram como proclamaes e profecias, enquanto outros sorriam de Suas
descries da infelicidade que adviria aos ricos, aos preguiosos e negligentes. Os
homens cultos da sinagoga, os dirigentes religiosos, os que detinham o controle
poltico, riam com desprezo do crescimento e desenvolvimento de Seu pequeno
bando de seguidores. Ele era encarado como um radical ou extremista inofensivo
que poderia atrair e manter o interesse de um punhado de pessoas por alguns
minutos. Mas no pensamento daqueles que eram sinceros, pessoas que em toda
gerao ou poca so os verdadeiros buscadores da verdade, havia algo singular e
mstico em Seu modo de falar, em Seu mtodo de demonstrao das simples porm
misteriosas leis da natureza.
Assim, no tardou muito para que Jesus se visse cercado de duas classes
de homens e mulheres os que duvidavam e escarneciam, e os que acreditavam
Nele e em Seus ensinamentos, embora temessem pela prpria vida caso se
mostrassem sinceros tanto diante dos que Lhe eram fiis como diante dos que eram
contra Ele.
Jesus logo achou necessrio desenvolver seu trabalho de maneira dual.Seria necessrio continuar as reunies abertas, as demonstraes pblicas de
milagres nas margens das estradas, na presena das multides; mas tambm seria
necessrio reunir-se, em ocasies variadas de cada ms, com Seus sinceros e
honestos colaboradores, que Ele havia escolhido nos ltimos meses para levar
adiante Sua grande obra. Nisso Jesus percebeu que a experincia de avatares e
lderes anteriores era de grande valor, e os antigos registros indicam que ele no se
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desviou muito dos mtodos que esses lderes haviam utilizado, no que se referia aos
detalhes do reconhecimento fsico e mundano.
Evidentemente, havia dois tipos de homens e mulheres que eram
admitidos a Suas escolas secretas ou a Seus locais secretos de reunio. O primeiro
grupo consistia de pessoas que estavam sinceramente interessadas em conhecer os
fatos, mas que deliberadamente tomavam esses fatos com certa restrio e exigiam
sinais e demonstraes de tempos a tempos. Essas pessoas tornaram-se
estudantes sinceros no que concerne ao desejo de dominar os princpios dessas
demonstraes, j que esse domnio lhes permitiria curar os doentes, fazer andar os
aleijados e dar viso aos cegos, como Jesus havia feito, mas no estavam ansiosas
para seguir Seus preceitos espirituais e modificar o curso de sua vida pessoal de
modo que pudessem alcanar o estado ideal que Jesus defendia como o objetivo
maior de Sua misso.
A outra classe aceitava com sincera f todas as grandes verdades
postuladas por Jesus e pouco ou nada se importava com demonstraes contnuas
de Seu poder, encontrando na virtude de uma vida mais aprimorada toda a
recompensa que desejava.
Essas duas faces de Seu grupo fizeram Jesus ir a extremos para lhes
transmitir a importncia da obra que tinha de realizar e que Ele sabia que deveria sercontinuada por Seus seguidores no futuro.
No foi fcil o trabalho que Jesus teve para organizar a instituio ou
escola que Ele visualizava, e temos vrias provas de que Ele se retirou para a
solido ou para o silncio muitas vezes, para chorar, orar e pedir a Deus que Lhe
desse orientao especial. Os pecados do mundo no O entristeciam tanto quanto a
indiferena e falta de sinceridade dos que eram verdadeiramente dignos de se tornar
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Seus grandes discpulos, mas que ainda se apegavam aos prazeres do mundo e
no podiam se dar total e completamente ao novo movimento.
Entretanto, percebemos que com o passar do tempo Ele reuniu cento e
vinte seguidores e estudantes para formar Sua sociedade secreta. Houve alguns
que Ele teve de deixar de parte, no crculo exterior de membros, pois representavam
os buscadores insinceros ou superficiais da verdade. Hoje em dia temos o mesmo
tipo de pessoas indo de um lado para outro para ouvir palavras de sabedoria de
grandes pregadores e oradores, comprando livros e manuscritos, sempre
procurando, conforme elas mesmas dizem, as grandes verdades da vida. Mas no
santurio de seu corao, nas horas silenciosas de meditao e auto-analise, elas
classificam as verdades recebidas e as analisam luz de suas prprias crenas
anteriores, especialmente luz de suas crenas e convices mais convenientes.
Criam uma filosofia, um cdigo de vida, um credo prprio que e' uma mistura, de
suas prprias crenas e daquelas que acharam mais convenientes e passveis de
aceitao, provindas de mentes e coraes alheios. Essas pessoas jamais
descobrem ou compreendem real e interiormente as grandes verdades que esto
buscando. Encerram sua vida ainda convictas de que o grande mestre que poderia
lhes ter revelado todas as verdades que elas poderiam aceitar e que lhes seriam
inequivocamente provadas no apareceu, e que em algum lugar esse grande mestredevia existir, enquanto elas buscavam aqui e ali, passando diariamente pelo portal
do templo que tanto esperavam encontrar.
Para evitar que os indignos e aqueles que se encontravam no crculo
exterior de membros participassem das instrues secretas e revelaes divinas que
Deus prometera a Jesus que seriam dadas a Seus discpulos, nada mais natural que
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Jesus decidisse que Ele e Seus cento e vinte discpulos qualificados se reunissem
secretamente, mediante um sinal ou palavra de passe com que se identificassem.
E assim, no prprio corao de Jerusalm, numa rua que no despertava
suspeitas e onde estava garantida a proteo contra interferncias dos soldados
romanos, eles adquiriram e mantiveram um local secreto de encontros, com um
nome vago que era conhecido somente por Jesus e seus cento e vinte associados.
Tudo isso pode parecer fico ou imaginao, mas demonstrarei mais
adiante que essas declaraes so fatos apoiados por provas inquestionveis no
Novo Testamento, em frases, pargrafos e palavras que no podem ter outra
interpretao ou significado, e que tm sido considerados estranhos e misteriosos
para os estudantes da Bblia, at agora.
Assim, em certas noites, de acordo com as fases da Lua e com os
regulamentos relativos a feriados judeus e romanos, com os quais no desejavam
entrar em conflito para no chamar a ateno, e seguindo antigos costumes de
avatares anteriores, que conheciam o valor dos aspectos benficos e harmnicos
das condies celestes e csmicas, esses cento e vinte estudantes e seu divino lder
se reuniam em ocasies previamente acertadas, sem qualquer notificao especial;
em ocasies especiais, causadas por uma emergncia ou uma grande revelao
vinda a Jesus em algum momento do dia ou da noite, eles eram avisados de umareunio por meio de uma mensagem codificada que circulava entre eles.
Foi dessa forma que Jesus gradualmente exps a Seus estudantes
selecionados as grandes verdades secretas sobre os mistrios da vida e da morte,
os valores espirituais da Terra e do Reino que estava por vir. Foi nessas reunies
que Ele provou e demonstrou que Suas doutrinas no eram apenas filosficas,
religiosas, morais ou de mero valor tico, mas tinham tambm valor prtico nos
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assuntos dirios da vida. Ele lhes ensinou a natureza da doena, sua causa e sua
cura. Ensinou-lhes o quanto era falaz depender exclusivamente de ervas, drogas,
bruxarias ou encantamentos e outras formas de tratamento, quando havia um
grande poder divino que poderia ser e seria exercido atravs deles, tendo por
elemento essencial o poder criativo usado por Deus no comeo dos tempos e na
criao do universo e de tudo que existia acima e abaixo da superfcie da terra. A
transformao de gua em vinho, o fazer jorrar sangue da pedra, a restaurao
instantnea de ossos quebrados e tecidos dilacerados, a volta do batimento a um
corao sem vida, a doao da luz ou da viso dos olhos cegos, a preparao de
po e man a partir de elementos invisveis do espao, e centenas de
demonstraes semelhantes da lei natural e divina agindo em unssono, faziam
parte dos procedimentos de cada uma dessas reunies secretas. O caminho para a
vida eterna, a verdadeira imortalidade da alma, a purificao do corpo e do Eu
Interior, a consecuo da beleza espiritual, do poder divino e da harmonizao com
Deus eram cuidadosamente explicados, passo a passo, em lies coletivas e
instruo pessoal. A Lei do Tringulo e o significado da Trindade eram bsicos em
todas as discusses filosficas e demonstraes alqumicas ou fsicas das leis
universais de Deus.
Podemos fechar os olhos e ver, possivelmente com nossa viso mstica, olocal mais importante dessas reunies. Deve ter sido bastante amplo para acomodar
cento e vinte pessoas, e ter espao para as demonstraes. Sabemos com certeza
que esse local foi reservado para o uso exclusivo de Jesus e seus estudantes por
um longo perodo de tempo e que ele tinha um nome significativo, um nome que
significava algo bem definido para os discpulos mas, obviamente, significou muito
pouco para os estudantes de cristianismo no passar dos sculos. Poderemos ver
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mais adiante que o nome desse local poderia ter fornecido uma das importantes
chaves para a situao, embora tenha sido negligenciado, como chave, nos ltimos
dezenove sculos. A maioria dos templos secretos e locais de encontro de filsofos
msticos de sculos anteriores ficava em cavernas ou espaos subterrneos em
runas, onde estava assegurado o sigilo e onde o silncio era um fator importante.
Um pequeno nmero desses locais, entretanto, ficava na superfcie, s
vezes at acima do primeiro andar de alguma velha estrutura; neste caso particular,
verificamos que Jesus e seus discpulos escolheram uma grande sala acima do
primeiro andar, onde os transeuntes de Jerusalm nada veriam de suspeito,
especialmente se os discpulos seguissem as instrues rigorosas de entrada no
local um a um, enquanto um guardio observava secretamente a rua, avisando se
algum estranho se aproximava. Com as janelas totalmente fechadas por cortinas
mas um grande quadrado no teto aberto para o cu estrelado, um altar central com
velas suficientes para iluminar o local, nenhuma luz podia ser vista de fora.
Talvez a coisa mais espantosa a respeito dessa sociedade e suas
reunies seja o fato de que, quando Jesus escolheu, com muito cuidado e
certamente atravs de orientao espiritual e revelao, os cento e vinte discpulos
dignos a quem podia confiar a prpria vida, incluiu Sua prpria me, alm de Seus
irmos e irms. Digo espantosa, no pelo fato de Jesus ter considerado dignos Suame, irmos e irms, mas porque os estudantes da Bblia e os cristos em geral
questionaro o fato e diro que ele impossvel por no estar revelado pela palavra
de Deus na Bblia. Mas a verdade que isso revelado no Novo Testamento de
modo to claro que no pode ser questionado. Esse fato pode ser encontrado em
diversas passagens que citarei mais adiante, e torna claros e compreensveis outros
incidentes da relao de Jesus com Seus pais quanto Sua misso, os quais no
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so compreensveis sem que se tenha conhecimento dessa associao com Jesus
na sociedade secreta. Na verdade, muitos cristos lero este livro e negaro que
Jesus tivesse irmos e irms. Minha afirmao neste sentido foi questionada tantas
vezes em palestras pblicas e em discusses em igrejas, que aprendi a consultar
rapidamente vrias partes do Novo Testamento e ler as declaraes que a
confirmam para meus surpreendidos ouvintes.
No de admirar, portanto, que o estudante cristo da Bblia esteja to
pouco familiarizado com grande parte do trabalho secreto de Jesus durante Sua
misso na Terra.
Se a Bblia pode ser lida por tantos milhes de pessoas e analisada por
tantos pregadores e intrpretes eruditos, e se tanta coisa pode ser escrita e afirmada
a respeito da vida de Jesus sem que se torne de conhecimento geral o fato de que
Jesus teve irmos e irms nascidos depois Dele (se devemos acreditar em muitas
passagens da Bblia) ou alguns nascidos antes e outros depois Dele, se decidirmos
crer em outros registros, ento no devemos nos surpreender com o fato de que o
verdadeiro e secreto propsito, as verdadeiras e secretas leis, ideais e doutrinas de
Jesus tenham se perdido para os cristos modernos.
Jesus manteve Seus estudantes e Sua escola secreta at a ltima hora
de Sua vida. Ele havia dito muitas e muitas vezes a Seus discpulos o que osgrandes mestres de todas as eras haviam dito aos discpulos sinceros: que chegaria
o tempo em que a perfeio ou maestria desceria como que do cu e ficaria com
eles como resultado de sua dedicao aos estudos e sua pacincia quanto s lies
e demonstraes. Jesus assegurou aos discpulos que chegaria o tempo em que
Deus cumpriria Sua promessa e faria o Esprito Santo descer sobre eles como havia
descido sobre Ele prprio, e que, com essa bno de Deus, Ele, como mestre-
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instrutor, tambm lhes outorgaria autoridade para sair pelo mundo e no s pregar e
ensinar como Ele havia feito, mas fazer ainda milagres como Ele havia feito e
realizar coisas ainda maiores. Ano aps ano aqueles estudantes esperaram
ansiosos por esses exerccios mais elevados, pelo maior dos dias de formatura,
quando o milagre dos milagres seria realizado neles. Mas Jesus tambm os advertiu
de que antes que isso pudesse ocorrer, Ele teria de descer ao inferno e carregar
Sua cruz, sacrificar Sua vida terrena, ser crucificado e sepultado. Ele sabia, pelo
conhecimento da vida de anteriores Luzes do mundo, pelas profecias dos grandes
patriarcas, pelas vises que Deus havia Lhe revelado, que deveria sofrer
perseguio justamente nas mos daqueles que Ele se dispunha a auxiliar, e que
seria trado por algum em quem muito confiava; e que, tal como mostravam
milhares de exemplos na histria de civilizaes passadas, um traidor teria de estar
entre os leais e sinceros, para exemplificar o esprito das trevas e o carter de Sat.
Chegou ento a hora negra e tudo que havia sido profetizado se cumpriu.
Em silncio, a maioria de Seus estudantes, que haviam penhorado a
prpria vida ao sigilo, afastaram-se das hordas de tagarelas espectadores, com uma
compreenso que outros jamais alcanariam, e observaram o cumprimento
dramtico do antigo princpio csmico de que o Mestre deve levar Sua cruz ao local
do suplcio, nela sofrer e ser sepultado com os mortos, e assim se preparar para aascenso final ao reino de perfeita paz e perfeito amor. Os doze estudantes
especiais que eram Sua guarda pessoal e Seu grupo executivo, e que seriam
conhecidos do mundo como Seus nicos seguidores secretos, cumpririam seu dever
durante as horas do martrio, enquanto os outros cem ou mais, inclusive Sua me,
cumpriam suas tarefas em silncio, sempre atentos ao olhar observador do inimigo.
Um de Seus membros secretos mais ricos se apresentou (como se tivesse recebido
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uma inspirao repentina) oferecendo-se para tomar conta do corpo, no momento
exato em que a lei decretara que algum deveria cumprir essa formalidade.
Ento desceu o pano sobre aquela drstica cena, sem que os soldados e
polticos, os zombadores, os crticos e os que haviam atirado pedras em Jesus e
cuspido Nele, ficassem sabendo que um grupo de cento e vinte pessoas havia
cercado o palco do Glgota, formando um crculo mstico cujo poder elevou Jesus
para alm do sofrimento humano e da profanao humana; que, longe de ter sido
aquele o ato final e o fechamento da tumba que encerraria a carreira de um
misterioso fazedor de milagres, tratara-se apenas do fechamento temporrio de uma
tumba que seria novamente aberta e da qual se ergueria o grande Redentor da
humanidade, cujo poder ascendera enquanto Ele estava na cruz mas que desceria
novamente, no sobre um s, mas sobre o nmero mstico de cento e vinte
seguidores; e que, pela transformao do homem Jesus e pela transferncia de Seu
poder, ocorreria no mundo o incio de um novo Reino que seria eterno na Terra.
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CAPTULO IV: A misso secreta de Jesus
Foram feitas constantes referncias, nos captulos anteriores, grande
misso que Jesus deveria realizar em Sua vida na terra. Como essa misso esteve
fortemente associada ao segredo e ao mistrio, talvez seja adequado fazer uma
pausa e apresentar algumas consideraes sobre a prpria misso.
J nos referimos ao fato de que, no decorrer de sculos anteriores a
Jesus, haviam surgido personalidades iluminadas que tinham espargido luz e
revelaes divinas sobre povos de vrias naes. Mesmo que hesitemos em aceitar
pelo que parecem ser as estranhas declaraes dos registros mitolgicos de antigas
filosofias e religies, e mesmo que descontemos os exageros de afirmaes
alegricas na histria das religies egpcias e hindus, por exemplo, ainda assim nos
resta uma quantidade de fatos que indicam claramente que as populaes daqueles
pases acreditaram por muitos sculos que os grandes lderes que surgiram em seu
meio e os guiaram para fora das trevas espirituais, levando-os para a luz, haviam
tido nascimento divino e tinham sido divinamente predestinados para cumprir uma
misso de iluminao.
Como indiquei em meu livro sobre a vida mstica de Jesus, houve muitas
personalidades sobre as quais se fizeram afirmaes de concepo imaculada ou
concepo e nascimento divinos, havendo registros que so praticamente
semelhantes s histrias sobre a concepo e o nascimento de Jesus. Mesmo que
no aceitemos esses registros histricos como verdadeiros, mas apenas como
alegricos, no podemos fugir concluso de que, entre os povos antigos, havia a
crena comum de que esses filsofos msticos e "sbios" iluminados eram a
representao de seu deus ou deuses, indicados singular e espiritualmente para
surgir entre os homens em diversos estgios de civilizao para apontar o prximo
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caminho, ou o prximo caminho superior, e a melhor maneira de abandonarem a
situao em que se encontravam, em troca de outras mais nobres e melhores. E
podemos facilmente compreender como os admiradores e mesmo adoradores
sectrios de cada ciclo de tempo inventaram ou criaram histrias exageradas ou
fantsticas sobre a extrema divindade e singularidade desses "sbios", depois que
tais lderes morreram. Mesmo em nossa poca somos dados a transformar em
heris extraordinrios pessoas que tenham alcanado destaque em algum campo de
empenho humano; ainda tendemos a encarar toda mente muito iluminada como um
ser no s destinado a cumprir uma misso iluminadora, mas, tambm um ser
incomum, mesmo num sentido fsico, mental e biolgico.
Essa tendncia a atribuir aos sbios e iluminados lderes da humanidade
certas qualidades diferenciadoras que no so comuns a todos os seres humanos
continua a existir, por exemplo, entre os cristos devotos que acham que cada um
dos discpulos de Jesus deve ter sido cosmicamente concebido como uma alma, e
nascido fisicamente no plano terreno de maneira singular, para ter alcanado as
grandes alturas de sua nobre posio na religio crist. Apesar do fato de que a
literatura crist e os registros cristos nos contam por exemplo que So Mateus,
antes de se converter ao cristianismo, era um publicano ou cobrador de impostos
residente em Cafarnaum, e que depois de se tornar um grande pregador e umagrande luz entre os homens (deixando vrios registros espirituais imortalizados na
Bblia) ele morreu de morte natural, os cristos parecem achar que ele merece o
ttulo de santo, no por causa do bem que realizou na ltima fase de sua vida, como
discpulo e missionrio, mas devido a algumas qualidades singulares que devem ter
sido atribudas sua alma ou personalidade antes que ela se projetasse do Reino
dos Cus ou espao csmico para o pequenino corpo fsico nascido na Terra, e
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porque at o seu nascimento deve necessariamente ter sido acompanhado de
incidentes ou condies singulares que no so comuns a todos.
Embora os registros cristos nos digam claramente, sem qualquer
inteno de pintar uma imagem fantstica, que So Marcos tinha na realidade o
nome de Joo e o sobrenome Marcos, e apesar de pouco se saber de sua vida
pessoal antes da converso ao cristianismo, e de que no lhe seja atribudo nenhum
fato que pudesse chamar a ateno do pblico antes que ele comeasse a pregar
associando-se aos outros discpulos, os cristos tendem a visualiz-lo como uma
criana santa e devota que cresceu e alcanou a idade adulta com magnfica
espiritualidade, predestinada a ser uma grande luz na igreja crist, um santo. O
mesmo se repete com todas as personalidades ligadas histria crist.
Mas uma coisa certa quanto aos antigos registros relativos aos avatares
e grandes luzes que precederam Jesus: eles de fato cumpriram uma misso, a
despeito de terem sido divinamente predestinados ou no, ou de terem nascido de
maneira singular ou no. No porque esses filsofos msticos e homens sbios
tenham pretendido ou declarado que foram divinamente enviados que a histria
contempornea e moderna os aclama como divinamente inspirados e designados
para uma misso singular, mas por causa do que eles efetivamente realizaram e
fizeram pela civilizao, e por causa da iluminao que irradiaram entre os homens.Ao estudarmos e analisarmos os escritos ou ensinamentos desses
antigos filsofos, verificamos que a verdade revelada e a sabedoria inspirada
constituem o tema de suas contribuies perenes para o pensamento moral e
espiritual de sua poca. De onde veio esse maravilhoso conhecimento, e o que
que eleva um homem de uma situao comum de vida, fazendo-o renunciar a todas
as oportunidades de conforto pessoal e consecues individuais, para trabalhar
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diligente e longamente em favor da espiritualidade, ou pelo menos da moral e da
tica, fazer sacrifcios para elevar a humanidade e sofrer corajosamente a
recompensa final e suprema que a humanidade insiste em dar aos que mais a
auxiliam? Com efeito, a histria registra claramente que os Duminados do passado
sempre sofreram traio, suspeita, inveja e cime de certas seitas e classes de
pessoas de seu tempo, e na maioria dos casos passaram pela transio como seres
incomuns, pendurados numa cruz alegrica, seno real, e escarnecidos por aqueles
que deveriam ser os mais reconhecidos por sua obra.
Nada seno um plano cosmicamente esboado, algum esquema
divinamente previsto, alguma idia concebida por Deus e por Ele autorizada, poderia
ser responsvel pela posio especial ocupada por esses filsofos antigos em sua
poca e pela grande sabedoria que eles legaram ao mundo, preservada em
impressionantes registros. Esses ensinamentos mostram claramente que a
revelao de grandes verdades da vida no s proveio de uma fonte divina mediante
mensagens e vises, motivaes e impulsos, mas tambm que as verdades assim
reveladas e apresentadas humanidade foram progressivas, como passos para a
frente e para o alto, rumo aos planos superiores de existncia e compreenso
consciente. Cada um desses avatares pareceu lanar uma base e sobre ela erigir
uma estrutura que se ergueu at que elevou a conscincia da humanidade a umponto ou plano alm do qual no poderia passar naquele ciclo de desenvolvimento
da civilizao e do progresso espiritual na Terra.
Ento, aps um longo perodo de silncio, outro avatar surgia e levava o
desenvolvimento a um outro plano superior. Ao analisarmos os ensinamentos
daqueles antigos msticos e sbios, percebemos que o ltimo deles levara o
desabrochar da conscincia espiritual, bem como da compreenso tica e moral do
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homem, a um ponto em que a humanidade estava preparada para os
surpreendentes e chocantes princpios e verdades que Jesus revelaria j em seus
primeiros discursos. Quando Jesus declarou aos seus seguidores sinceros que lhes
trazia um Novo Caminho para a vida eterna, que lhes trazia a realizao e o
cumprimento das profecias dos sbios do passado, Ele queria dizer precisamente o
que disse, e o desenvolvimento do cristianismo e dos princpios cristos nos revelou,
nos quase dois mil anos que se passaram desde ento, que talvez Ele tenha falado
com mais sabedoria do que imaginava, ou de fato sabia bem o que dizia, graas a
Sua preparao e Seu treinamento para o ministrio e a misso de Sua vida.
Qual era ento essa misso? Deveria ela ser como a misso dos sbios
Iluminados anteriores? Deveria Jesus erguer-se nas trevas do ciclo do tempo e
elevar a conscincia da humanidade um grau acima do que os outros haviam feito, e
evitar que a humanidade tropeasse no caminho ou voltasse a antigas crenas e
prticas? Deveria Ele afinal ser apenas mais um dos salvadores divinamente
inspirados e predestinados que surgiram com o passar dos ciclos de tempo?
Como quer que vejamos Sua genealogia e as condies imediatas que
cercaram Sua concepo e Seu nascimento fsico, persiste o fato de que Jesus,
como a mais nova e maior das Luzes divinas, surgiu em meio a um povo que
aparentemente no precisava de uma religio nova, mais elevada ou mais sincera.Se por um lado analisamos a religio judaica dominante em Sua poca, percebemos
que, com exceo de algumas crenas que os cristos hoje consideram talvez falhas
em sinceridade, no se pode questionar a sinceridade geral dos seguidores da
religio judaica, particularmente no que concerne adorao do "Deus nico e
eterno". E se analisamos outras religies que existiam em Seu local de nascimento,
verificamos que nelas no faltavam seguidores ardorosos e profunda devoo. 0 fato
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de que um grande Messias era esperado no era indicao de que se esperava ou
necessitava de uma nova religio, nem de que fossem consideradas necessrias
mudanas radicais. Na verdade, foi porque Jesus anunciou logo no incio de Sua
misso que no concordava com as idias incorporadas f judaica, e que no
podia apoi-las, que Ele atraiu antagonismo fazendo a maioria dos judeus achar que
Ele no poderia ser o Messias esperado.
S unia vez na histria da civilizao viera Terra um lder e instrutor
espiritual cujos ensinamentos e prticas tinham sido to radicalmente diferentes e
cujo primeiro passo fora contestar as crenas religiosas da poca. Essa nica e
grande luz fora o fara egpcio Amenhotep IV, mais tarde conhecido como
Akhenaton, que desviara as meditaes do homem da multiplicidade de deuses
simblicos para o "Deus nico e eterno".
Vemos, portanto, que Jesus nasceu em um pas comparativamente novo,
onde uma nova religio, ou uma reviso da religio existente, parecia no ser
necessria, e que Ele falou desde o incio como um puro modernista. Que podemos
ento dizer sobre a misso desse grande modernista? Encontramos a resposta
simbolizada em uma de Suas declaraes, quando Ele afirmou que viera como um
mensageiro de Deus para ser o redentor e Salvador dos homens. Ele no veio com
uma espada para destruir a vida, mas com uma espada flamejante para destruir omal e dar maior poder verdade. Ele veio para assegurar que as leis reveladas ao
homem em todas as eras no fossem mais ignoradas e abolidas vontade, ou
negadas, e sim obedecidas e cumpridas.
No obstante, Ele tinha uma misso secreta, que explicou em detalhes
para Seus estudantes em Sua escola secreta. Essa misso, como veremos em
captulos posteriores, consistia em sofrer vicariamente pelos pecados de todos os
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homens, assim purific-los de todo mal, inclusive do pecado original herdado pela
humanidade, alm de sofrer e dedicar Sua misso terrena e sua divindade para que
os homens pudessem receber o Esprito Santo e estabelecer na Terra o Reino dos
Cus.
Que misso maravilhosa e nica!
Haver alguma razo para nos perguntarmos por que Ele envolveu Sua
misso em mistrio e segredo? No teria Ele de revelar ao homem o maior de todos
os mistrios, e no eram esses mistrios secretos? No era essa misso cheia de
perigos e terrveis conseqncias para todos os padres e prticas polticos,
religiosos e sociais de todo o mundo?
Percebemos, pela anlise de Sua misso, e tomando Suas prprias
palavras e combinando-as para compar-las com Suas prticas e instrues
particulares, que alm de se apresentar ao povo como a Luz dos Homens, como um
outro Joo Batista, um outro Amenhotep, ou um outro lder do desabrochar
espiritual, pregando aberta e publicamente, Ele iria lanar o alicerce (o estranho e
misterioso alicerce) da superestrutura invisvel que deveria constituir o milagre dos
milagres, a Remisso dos pecados dos homens e a purificao de suas almas pelo
"Sangue do Cordeiro".
Atravs das eras o cordeiro fora o smbolo de um grande mistrio, e seusangue sempre fora reservado para sacrifcio especial, em pocas e locais dos
ciclos de civilizao em desenvolvimento em que o povo nunca compreendera o
significado espiritual ou mstico da cerimnia, de modo que ele permanecera como o
mistrio dos mistrios, no revelando sequer s grandes Luzes que haviam apenas
sugerido sua significao. Era parte da misso de Jesus no continuar mistificando
Seus seguidores com o smbolo do cordeiro, ou com referncias ao seu sangue ou
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referncias maiores possibilidade da completa redeno e purificao do homem,
mas demonstrar o mistrio, erguer o vu e expor alma de toda a humanidade o
processo da purificao e o caminho da salvao.
Uma misso to tremenda tinha de ser realizada com o mais alto grau de
sigilo e cuidado em sua fase inicial. Uma revelao prematura dos fatos, uma
descoberta extempornea de Seus planos, uma aplicao profana de Seus
princpios msticos, teriam tornado Sua misso mais rdua, teriam frustrado muitas
de Suas mais caras esperanas e desejos; pior que isso, teriam impedido a
demonstrao final e decisiva de Seus ensinamentos, pela qual a f do mundo foi
atrada para Ele e Seus ensinamentos e a "rocha" de Sua igreja firmemente
colocada nos ciclos adequados da evoluo humana.
Assim, verificamos que Sua divina e predestinada misso, Seu
nascimento e Sua preparao terrena como o maior de todos os lderes da
humanidade, ocorreram exatamente no ciclo histrico, exatamente no perodo de
desabrochar e desenvolvimento do ser humano, exatamente no local e nas
condies precisas em que o mximo de bem poderia ser realizado. S a
compreenso disto deveria bastar para que todo cristo (todo pensador analtico)
acreditasse que Jesus fora singularmente concebido e nascido para cumprir uma
misso nica, e para manifestar ao mundo o mistrio secreto, o mistrio dosmistrios.
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CAPTULO V: Administrao e discipulado dos mistrioscristos
Os cristos em geral ficaro sem dvida surpresos ao lerem que as
verdadeiras doutrinas e prticas crists esto repletas de mistrios reais e que a
misso secreta de Jesus e Seus discpulos consistia em primeiro praticar e aplicar
esses mistrios e depois revelar as leis secretas neles envolvidos aos discpulos
dignos, capacitando-os assim a cumprir suas misses especiais em todo o mundo. A
igreja crist de nossos dias, com seus rituais e doutrinas modernizadas, deixa na
mente de seus seguidores sinceros a impresso de que todos os mistrios do
cristianismo pertencem aos sacramentos e s caractersticas do ritual, no tendo
ligao com as leis naturais ou divinas aplicveis aos assuntos prticos e naturais do
dia a dia.
Aps fazer minuciosa pesquisa sobre a compreenso de milhares de
cristos nos ltimos anos, conclu que essas pessoas, a despeito de longo e
detalhado estudo da Bblia e sincera anlise dos princpios cristos, tm a idia geral
de que quaisquer mistrios que tenham sido associados a rituais e doutrinas
religiosos, faziam parte de antigas idias e ensinamentos pagos, e de que tais
mistrios foram abandonados ou classificados como secretos, e na maioria dos
casos tornados inconseqentes e totalmente transparentes pelas revelaes de
Jesus ao mundo. Em outras palavras, essas pessoas parecem pensar que nos
ensinamentos pagos, primitivos e mitolgicos da ndia, do Egito, da Prsia e de
outras naes, havia afirmaes tidas como estranhas e misteriosas e
demonstraes pretensiosas, freqentemente dramatizadas e apresentadas emambientes impressionantes e hipnticos, chamadas de "mistrios" para confundir e
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atordoar os participantes desses rituais e conduzi-los cegamente, ou seduzi-los a
uma forma de devoo que os manteria eternamente no escuro com relao
verdade desses chamados "mistrios". As pessoas que tm essa crena concluem
logicamente que a vinda do cristianismo e a difuso de nova Luz por Jesus e Seus
discpulos afastaram esses mistrios que eram tomados como fatos pelas massas,
livrando-as de continuarem escravizadas a falsas crenas e poderes misteriosos que
no eram divinos nem sobrenaturais, e sim mgicos, sendo produzidos ou
manifestados por meio de truques para enganar os ingnuos.
A verdade que as primitivas doutrinas e prticas crists continham mais
mistrios e segredos genunos relativos a leis e princpios misteriosos do que os
pagos jamais haviam conhecido. Embora seja indiscutivelmente verdadeiro que nas
primitivas religies pagas encontramos muitos chamados mistrios que no passam
de inteligentes disfarces da verdade de manipulaes mgicas da lei natural, muitos
deles eram baseados em verdades fundamentais representativas de genunos
mistrios da vida. Os iluminadores ensinamentos de Jesus e Seus discpulos
desfizeram os engodos de muitos mistrios pagos, mas Jesus tambm trouxe uma
nova luz para a compreenso desses antigos mistrios, e com isto fez com que eles
evolussem para sublimes e transcendentais revelaes e demonstraes da
verdade.Os mistrios que Jesus ensinou a Seus discpulos, e que foram por eles
usados em seus trabalhos missionrios especficos, nunca estiveram separados da
igreja crist e nunca deixaram de ser elementos essenciais da teologia crist e da
doutrina crist. Entretanto, verdade que, medida que a religio crist foi sendo
sistematizada, ritualizada e modernizada, os mistrios transcendentais que Jesus
veio para revelar e que constituram o mais elevado elemento espiritual de Seus
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ensinamentos e prticas, perderam-se para o crculo exterior de membros da antiga
igreja crist, tornando-se finalmente desconhecidos at mesmo para os mais
avanados e proficientes criadores e instrutores dos Evangelhos cristos.
Indaga-se hoje se os primeiros Padres da Santa Igreja Romana
conheciam alguma coisa daqueles sublimes mistrios alm do fato de que Jesus os
havia demonstrado e revelado a Seus discpulos, utilizando-os para fazer Seus
milagres e cumprir Seus compromissos como mestre e missionrio. Provavelmente
verdade que nos mais sigilosos arquivos da Santa Igreja Romana esto preservadas
as verdades desses grandes mistrios e das leis que tornam possvel ao indivduo
altamente espiritualizado demonstr-los e manifest-los. Na verdade, alguns desses
mistrios, que utilizam leis naturais e divinas para sua manifestao, foram aplicados
em sculos passados pelos mais altos dignitrios eclesisticos do crculo interior da
Igreja Catlica Romana e foram colocados disposio de muitos cardeais e
servidores especiais. Temos certamente o direito de presumir que o crculo interior
da Igreja, conhecido como o Colgio dos Cardeais, esteja de posse da sabedoria e
do conhecimento relativos a esses grandes mistrios e possa aplicar as leis e
realizar aparentes milagres quando achar necessrio. Se esses eminentes
Sacerdotes da igreja crist no conhecem esses mistrios e o modo de aplic-los,
ento so mais passveis de crtica por essa falta de conhecimento e sua ineficientedireo da Igreja.
Nas observaes levemente veladas mas freqentemente claras feitas
pelos apstolos do Novo Testamento, vemos que as doutrinas e mistrios secretos
que Jesus veio demonstrar, revelar e ensinar, foram um dom transcendental de
Deus aos apstolos escolhidos e nomeados, que deveriam se considerar os
administradores dessas coisas e no receptores pessoais de uma bno individual.
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Seria seu dever transmitir essas verdades e mistrios como seus curadores e no
mantendo o conhecimento e a sabedoria em sua prpria conscincia, como uma
legtima posse pessoal.
Vemos nessa idia um dos mais antigos princpios msticos, totalmente
conhecido e mantido como lei e prtica fundamentais pelos devotos seguidores de
vrias fraternidades e organizaes msticas do nosso tempo. A rara sabedoria e o
conhecimento divino que vm ao mstico sincero atravs de revelaes, ou atravs
do estudo de antigos manuscritos disponveis nos arquivos de sua fraternidade, no
existem para serem incorporados conscincia do estudante e do adepto como um
poder intelectual ou como ddivas para o fim de aumentar sua proficincia pessoal e
servi-lo egoisticamente em seu domnio da vida. Esse mstico aprende, desde os
primeiros estgios de seu desenvolvimento, que, se ele for considerado digno de
receber esse conhecimento e compreenso dos mistrios, e desenvolver algum grau
de capacidade na aplicao da lei natural e divina revelao, demonstrao e
manifestao ou uso dos mistrios da vida, ele o far apenas como um canal, um
instrumento ou servo labutando na vinha da humanidade, realizando suas
demonstraes e aplicando seu conhecimento em favor da Conscincia de Deus, da
divina Conscincia universal. Assim sendo, qualquer tentativa de reter secretamente
esse conhecimento no interior da conscincia individual, de deixar de oferec-lo aosque so dignos, mesmo sem utiliz-lo egoisticamente, constitui o no cumprimento
dos deveres e obrigaes do ministrio; e isto um pecado maior do que permitir o
uso demasiadamente freqente do conhecimento, a tal ponto que possa
ocasionalmente redundar em benefcio para o indivduo que esteja agindo como
instrumento ou servidor.
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No podemos conceber, portanto, qualquer afirmao satisfatria que
explique a falta da prtica e revelao dos mistrios na igreja crist de hoje com
base em que os padres da igreja ignoram esses mistrios ou preferem ocult-los.
A falta de referncia a esses mistrios nos ensinamentos e prticas da
igreja crist de hoje constitui a base para as mais severas crticas feitas contra ela,
tanto na verso protestante como na catlica. Embora o devoto comum da religio
crist no saiba quais foram esses grandes mistrios que foram ocultos ou restritos,
e possa at duvidar de que tais mistrios tenham existido, ele est se tornando mais
familiarizado com o fato de que muitos cultos e seitas fora das igrejas crists
ortodoxas esto utilizando o que denominam leis e princpios divinos e mistrios
cristos, para com eles realizarem aparentes milagres e executarem em prol da
humanidade prticas que simulam as dos primeiros discpulos cristos. O fato de
esses cultos utilizarem uma sabedoria ou um conhecimento que chamam de mstico
ou metafsico, divino ou cristo, e de realizarem extraordinrias demonstraes de
cura e domnio dos problemas da vida, no s tem causado sria diminuio nas
fileiras das igrejas crists ortodoxas, enfraquecendo-as, como tambm tem levado
muitas mentes analticas a pelo menos suspeitarem de que deve ter havido
sabedoria, conhecimento e poder conhecidos de Jesus, de Seus discpulos e
provavelmente dos primeiros padres cristos, que no esto includos na igreja cristde hoje nem so utilizados pelos cristos como parte de seus deveres.
Essa infeliz situao, causadora de muitas divises na igreja crist e do
aumento de afiliao aos cultos e sociedades msticos e metafsicos, foi considerada
deplorvel por muitos telogos cristos importantes do sculo passado. Muitos deles
indicaram que a ausncia de caractersticas msticas, dos mistrios genunos e de
prticas divinas nas igrejas crists de nossa poca constitui a verdadeira razo do
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crescimento lento e do grande abandono das denominaes crists por parte de
seus membros.
Embora eclesisticos de todas as denominaes religiosas tenham se
expressado freqentemente sobre a influncia dessas mltiplas seitas, cultos e
escolas secretas contra o crescimento e desenvolvimento da igreja crist, e tenham
admitido que esses novos movimentos representam uma sria forma de rivalidade
para com a igreja crist, no conseguiram perceber que o erro est em sua prpria
igreja e que, se essa igreja despertasse e ativasse o esprito dos mistrios e prticas
cristos que Jesus ensinou a Seus discpulos, e que eles utilizaram em seu trabalho
missionrio, os movimentos e sistemas rivais no teriam razo de existir e mesmo
desapareceriam, devido ao imediato retorno ao seio da igreja crist de milhes de
pessoas que se tornaram indiferentes ou desanimadas.
Um dos maiores telogos e analistas espirituais modernos foi o falecido
Dr. Robert Norwood, que foi pastor de uma igreja que crescia rapidamente na
Filadlfia, e mais tarde foi escolhido para ser a grande Luz da Igreja de So
Bartolomeu, em New York. Durante um conclave de eclesisticos episcopais
reunidos para discutir assuntos da igreja e resolver seus problemas mais prementes,
o Dr. Norwood afirmou que "a maior necessidade da igreja crist de hoje o retorno
aos ensinamentos msticos e s revelaes dos mistrios do verdadeiro fundamentodo cristianismo".
Que os discpulos de Jesus sabiam que estavam lidando com mistrios
que eram secretos e com doutrinas novas e portanto ainda no reveladas, verifica-se
em todas as suas falas registradas no Novo Testamento. Basta atentarmos para as
seguintes declaraes de Jesus e Seus discpulos: "A vs dado conhecer os
mistrios do reino dos cus; a vs vos dado saber os mistrios do reino de Deus;
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falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistrio; e somos os dispenseiros dos
mistrios de Deus e compreendemos todos os mistrios; tendo nos dado a conhecer
os mistrios; tendo sido recebidos nos mistrios e sendo conhecedores deles,
tornamos conhecidos os mistrios dos evangelhos e o mistrio que foi oculto das
eras; guardando o mistrio da f em uma pura conscincia" etc. Frases como estas,
e muitas outras de teor semelhante, podero ser encontradas em Mateus 13:11;
Marcos 4:11; Lucas 8:10; Romanos 11:25, 16:25; 1 Corntios, 2:7, 4:1; 13:2, 14:2,
15:51; Efsios 1:9, 3:3, 3:4, 3:9, 5:32; Colossenses 1:26, 1:27, 2:2, 4:3; Timteo 3:9,
3:16; Apocalipse 1:20, 10:7, 17:5, 17:7.
Neste incio de nossa discusso desta questo, procuremos uma
compreenso correta dos termos "mistrio" e "mistrios", conforme foram usados por
Jesus e pelos apstolos no Novo Testamento. No devemos acreditar que a palavra
"mistrio" se referisse a qualquer ocorrncia ou princpio incomum ou extraordinrio
que mediante uma simples explicao deixaria de ser um mistrio ou uma lei difcil
de compreender. Uma das mais eminentes autoridades em anlise de palavras e
termos usados pelos autores dos livros da Bblia foi Robert Young, cuja
concordncia analtica da Bblia, publicada em 1893, continua sendo uma fonte sem
igual de informaes confiveis sobre esses assuntos. Ele afirma que a palavra
"mistrio", como foi usada pelos autores do Novo Testamento, significava "aquiloque s conhecido pelos iniciados".
Outra fonte de informaes confiveis sobre este ponto o excelente livro
comentado sobre termos expositivos e explanatrios, escrito e editado pelo
Reverendo Robert Jamison da Igreja de So Paulo em Glasgow, Esccia; pelo Rev.
A. R. Fausset, de St. Cuthberfs, York, Inglaterra, e pelo Rev. David Brown, Professor
de Teologia em Aberdeen, Esccia. Em seus exaustivos comentrios sobre o uso
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dos termos "mistrio" e "mistrios" por Jesus e Seus discpulos, eles nos esclarecem
que a palavra "mistrios", nas escrituras, no usada no sentido clssico de
"segredos religiosos", nem tampouco de coisas incompreensveis ou difceis de
compreender por sua prpria natureza, mas sim no sentido de coisas relacionadas
com revelao puramente divina e, geralmente, coisas obscuramente divulgadas
segundo os antigos padres de parcimnia, e obscuramente compreendidas durante
todo aquele perodo, mas completamente publicadas nos evangelhos... Os
"mistrios do Reino dos Cus", portanto, significam as gloriosas verdades
evanglicas que, naquele tempo, somente os discpulos mais adiantados podiam
compreender, e apenas parcialmente.
Pela explicao dada pela primeira das autoridades citadas, que emprega
a palavra "iniciados",