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INFLUÊNCIA DA DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO TRATAMENTO ...€¦ · online and MCI using the...

Date post: 30-Oct-2020
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ISADORA SIMON PONTE INFLUÊNCIA DA DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTES COM PERIODONTITE APICAL Londrina 2018
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ISADORA SIMON PONTE

INFLUÊNCIA DA DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTES COM

PERIODONTITE APICAL

Londrina 2018

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ISADORA SIMON PONTE

INFLUÊNCIA DA DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO

TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM PACIENTES

COM PERIODONTITE APICAL

Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Odontologia Restauradora da

Universidade Estadual de Londrina, como

requisito parcial à obtenção do diploma de

graduação em Odontologia.

Orientador: Prof. Dr. Pablo Andres Amoroso

Silva

Londrina

2018

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ISADORA SIMON PONTE

INFLUÊNCIA DA DIABETES MELLITUS TIPO 2 NO

TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTES COM

PERIODONTITE APICAL

Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Odontologia Restauradora da

Universidade Estadual de Londrina, como

requisito parcial à obtenção do diploma de

graduação em Odontologia.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Pablo Andres Amoroso

Silva

Universidade Estadual de Londrina

Prof. Dr. Roberto Prescinotti

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 23 de NOVEMBRO de 2018.

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Dedico este trabalho ao meus pais Glaucia e

Agostinho que com muita dedicação e amor

fizeram da mim o seu maior e mais importante

trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por sua infinita bondade e misericórdia em

minha vida, a minha família por todo apoio e amor, aos amigos que permaneceram e os que

encontrei durante esta caminhada e ao meu professor orientador Dr. Pablo Andres Amoroso

Silva pela paciência e dedicação ao desenvolvimento deste trabalho.

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PONTE, Isadora Simon. Influência da diabetes mellitus tipo 2 no tratamento endodôntico

em dentes com periodontite apical. 2018. 35 folhas. Trabalho de conclusão do curso de

Odontologia. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018.

RESUMO

A periodontite apical é uma resposta inflamatória dos tecidos periodontais periapicais à

infecção do sistema de canais radiculares com origem pulpar, concomitantemente ocorre

um aumento significativo dos níveis dos mediadores inflamatórios e condições ecológicas

sistêmicas podem se apresentar como fatores potenciais na modulação da patologia de

origem endodôntica. Diferentes fatores terapêuticos e condições clínicas podem interferir

no processo de reparo periapical, como por exemplo, a diabetes mellitus (DM). O

comprometimento da circulação colateral e redução da microvascularização dos tecidos

podem afetar também os tecidos pulpares e em associação à outros fatores, é esperado que

se verifique um aumento do risco de infecção e necrose pulpar nos pacientes com diabetes.

Contudo, as evidências que suportam a patogênese, progressão e resolução das infecções

endodônticas em pacientes com DM é ainda inconclusiva. O objetivo deste trabalho é

avaliar, mediante revisão de literatura a influência da diabetes mellitus tipo 2 nos tecidos

periapicais e de que forma esta pode ser determinante para o desenvolvimento de patologias

periapicais e o sucesso dos tratamentos endodônticos neste tipo de pacientes. No presente

trabalho foram revisados artigos dos últimos 10 anos em bases de dados como

MEDLINE/Pubmed, Wiley online e Cielo utilizando combinação de termos e palavras-

chave como: Diabetes mellitus, endodontia, periodontite apical. Em conclusão, há

evidências científicas que demonstram um pior prognóstico no tratamento endodôntico em

diabéticos, porém os resultados dos estudos realizados até o momento não são conclusivos. .

Palavras-chave: Periodontite apical 1. Endodontia 2. Diabetes mellitus 3.

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PONTE, Isadora Simon. Influence of type 2 diabetes mellitus on endodontic treatment in

teeth with apical periodontitis. 2018. 35 sheets. Dentistry course completion work. State

University of Londrina, Londrina, 2018.

ABSTRACT

Apical periodontitis is an inflammatory response of the periapical periodontal tissues to the

infection of the pulpal root canal system. Concomitantly, a significant increase in the levels of

inflammatory mediators occurs and systemic ecological conditions may present as potential

factors in the modulation of pathology of endodontic origin. Different therapeutic factors and

clinical conditions may interfere with the periapical healing process, such as diabetes mellitus

(DM). The involvement of collateral circulation and reduction of tissue microvascularization

may also affect the pulp tissues and, in association with other factors, it is expected to increase

the risk of infection and pulp necrosis in patients with diabetes. However, the evidence

supporting the pathogenesis, progression and resolution of endodontic infections in patients

with DM is still inconclusive. The objective of this study is to evaluate the influence of type 2

diabetes mellitus on periapical tissues and how this may be determinant for the development of

periapical pathologies and the success of endodontic treatments in this type of patients. In the

present work the last 10 years were reviewed in databases such as MEDLINE / Pubmed, Wiley

online and MCI using the combination of terms and keywords: Diabetes mellitus, endodontics,

apical periodontitis. In conclusion, there is scientific evidence that shows a worse prognosis in

endodontic treatment in diabetics, but the results of the studies done so far are not conclusive.

Keywords: Apical periodontitis 1.endodontic 2. Diabetes mellitus 3.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

1 REVISÃO DE LITERATURA 12

1.1 FISIOPATOLOGIA DA DIABETES MELLITUS TIPO 2 ........................................... 12

1.1.2 Efeito da Hiperglicemia nos Tecidos Pulpares 13

1.2 INFLUÊNCIA DA DIABETES TIPO 2 NO TRATAMENTO ENDODÔNTICO...................................14

1.2.1 Patologia Periapical em Diabetes Tipo 2 15

1.2.2 Prevalência da Periodontite Apical em DMT2 17 1.3 IMPACTO DA INFECÇÃO PERIAPICAL NO METABOLISMO DO DIABÉTICO..........................19

1.3.1 Patologia Periapical e Resistência à Insulina 21 1.4 RESULTADO CLÍNICO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM PACIENTES COM DIABETES

MELLITUS...........................................................................................................................................................................22

2 DISCUSSÃO 26

3 CONCLUSÃO 29

REFERÊNCIAS

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INTRODUÇÃO

O sistema de canais radiculares é, em seu estado íntegro, livre de infecções. Este

sistema de canais não exibe microbiota parasita e nenhum microrganismo

detectado nele pode ser considerado como um potencial patógeno, diferentemente

do que ocorre na cavidade oral. Se microrganismos encontram seu caminho até os

canais radiculares, as conseqüências podem variar de uma simples pulpite

reversível chegando a uma necrose do tecido pulpar e eventualmente para a

formação de patologias periapicais como a periodontite apical (Persoon & Özok

2017). A periodontite apical consiste em uma resposta inflamatória dos tecidos

periodontais periapicais à infecção do sistema de canais radiculares com origem

pulpar (Persoon & Özok 2017). No entanto, a ocorrência da necrose pulpar sem o

envolvimento de microrganismos, não obrigatoriamente irá resultar em

periodontite apical (Glickman & Schweitzer 2013). Além disso, se uma polpa

necrótica sofrer a ação de outros fatores, por exemplo, um trauma mecânico ou

térmico, dificilmente poderá manter o seu estado asséptico devido à falta de

circulação sanguínea e mecanismos de defesa que possam eliminar

microrganismos intrusivos. Condições ecológicas podem selecionar certos tipos na

microbiota da cavidade oral, como as bactérias anaeróbias gram-negativas, que

passam a ser dominantes e iniciar o processo de doença. Com o desenvolvimento

da patologia periapical ocorrerá um aumento significativo dos níveis dos

mediadores inflamatórios e condições ecológicas sistêmicas podem se apresentar

como fatores potenciais na modulação da patologia de origem endodôntica

(Persoon & Özok 2017). Depois de estabelecida a patologia periapical, o

tratamento endodôntico terá como objetivo descontaminar o canal radicular

através do preparo químico-mecânico e após a sua obturação promover o processo

de reparo endodôntico (Holland et al. 2017).

O processo de reparo endodôntico é um processo que visa restabelecer a

integridade do tecido e a sua função regular. O sucesso deste reparo dos tecidos

periapicais após um tratamento endodôntico depende de fatores como a

capacidade de regeneração das células afetadas pela patologia, a extensão do sítio

afetado e da atividade proliferativa do tecido estromal. Os desafios que afetam o

processo de cicatrização após o tratamento endodôntico são o controle da

inflamação da polpa ou processos infecciosos e neutralização simultânea de danos

imprevisíveis ao tecido periapical e conseqüências relacionadas a estes fatores

(Holland et al. 2017). É importante entender como as condições clínicas locais e

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de saúde sistêmica do paciente podem afetar o resultado previsto do tratamento

dos canais radiculares. Diferentes fatores terapêuticos e condições clínicas podem

interferir no processo de cura periapical, como por exemplo, condições sistêmicas

como a diabetes mellitus (Holland et al. 2017). A Diabetes Mellitus (DM) é

considerada um fator potencial na modulação da patologia de origem endodôntica

e a evidência científica é consistente quanto ao impacto dessa doença sistêmica na

prevalência e gravidade da doença periodontal, principalmente em pacientes

doentes sem controle dos níveis de glicemia. A diabetes mellitus é uma desordem

metabólica que possui como característica predominante a hiperglicemia como

resultado de um defeito da secreção de insulina pelo pâncreas quando este não tem

a capacidade de produzir insulina suficiente ou o organismo não possui a

capacidade de usar a insulina produzida de forma eficaz. (American Diabetes

Association 2013). A DM tipo 2, que é a forma mais comumente encontrada,

caracteriza-se pela disfunção das células β produtoras de insulina ou também pelo

desenvolvimento da resistência do organismo à insulina produzida (Montane et al.

2014). O individuo com DM pode apresentar comprometimento das funções do

sistema imunitário, o que o predispõe a inflamação crônica, degradação

progressiva dos tecidos e diminuição na capacidade de reparo a nível tecidual

(Garber et al. 2009). Das alterações ocasionadas por esta doença na cavidade oral

podem se destacar a xerostomia, alterações periodontais, aumento da

suscetibilidade à infecção e alterações na polpa dentária e aos tecidos periapicais.

O comprometimento da circulação colateral e redução da microvascularização dos

tecidos podem afetar também os tecidos pulpares, e em associação à resultante

inibição da atividade microbicida dos polimorfonucleares, é esperado que se

verifique um aumento do risco de infecção e necrose pulpar nos pacientes com

diabetes (Bender & Bender 2003). Contudo, as evidências que suportam a

patogênese, progressão e resolução das infecções endodônticas em pacientes com

DM é ainda inconclusiva.

O objetivo deste trabalho é avaliar mediante revisão de literatura a influência da

DM tipo 2 ao nível dos tecidos periapicais e ponderar de que forma esta pode ser

determinante para o desenvolvimento de patologias periapicais e o sucesso dos

tratamentos endodônticos não cirúrgicos neste tipo de pacientes.

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1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 FISIOPATOLOGIA DA DIABETES MELLITUS TIPO 2

Sendo a forma mais comum da diabetes, a Diabetes mellitus tipo 2 (DMT2) é

considerada atualmente como uma desordem sistêmica de etiologia multifatorial

que envolve uma interação complexa entre fatores genéticos, epigenéticos e

ambientais (Jiang et al. 2013). Ao contrário do que ocorre na diabetes tipo 1, os

indivíduos com diabetes tipo 2 produzem a insulina, porém, o organismo pode

criar uma resistência dos tecidos à mesma (Montane et al. 2014). Esta resistência é

causada devido a uma diminuição no número de receptores de insulina disponíveis

nas células-alvo ou devido a uma deficiência na sinalização pós-receptor,

promovendo eventos moleculares intracelulares anormais (Vernillo 2001) e não

responder e utilizar a insulina como deveria. Este tipo de paciente pode também

produzir a insulina, mas não em quantidades ideais para suprir a necessidade do

organismo fazendo com que o açúcar não seja carregado por completo para dentro

das células e acabar se acumulando no sangue levando a um quadro de

hiperglicemia, que é a principal característica dessa patologia. (Bender & Bender

2003; Armada-Dias et al. 2006; Lecka-Czernik 2010; Eldarrat 2011).

A fisiopatologia da DMT2 não se restringe apenas à produção de insulina ou aos

efeitos da insulina nos tecidos (Fernández-Real & Pickup 2012). As vias

metabólicas imunes inatas podem ser ativadas no tecido adiposo, fígado, ossos e

músculos paralelamente aos mecanismos envolvidos na luta contra infecções e

lesões. Parece que a ativação crônica dessas vias inatas pode levar ao DMT2 e a

compreensão de todos esses processos levará a um quadro mais completo da

fisiopatologia da resistência insulínica e do DMT2 (Segura-Egea et al. 2012).

As alterações na função do sistema imunológico produzem um fenótipo

inflamatório de células imunes onde ocorre a supra-regulação de citocinas pró-

inflamatórias, monócitos e leucócitos polimorfonucleares e também regulação

negativa de fatores de crescimento de macrófagos (Delamaire et al.1997). Esses

fatores predispõem esses pacientes à inflamação crônica, ruptura progressiva

tecidual e diminuição da capacidade de reparo tecidual (Iacopino 2001).

Paralelamente, as desordens de origem circulatórias generalizadas presentes em

pacientes com DM devido à deficiência de insulina, implicam em um suprimento

sanguíneo deficiente em áreas lesadas além da desidratação celular (Bender &

Bender 2003). O sistema vascular é afetado por depósitos ateromatosos que se

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acumulam no lúmen da membrana basal, resultando em uma resposta prejudicada

a leucócitos e uma diminuição na capacidade de defesa das células

polimorfonucleares (Bender & Bender 2003; Sano et al. 2011), o que levaria ao

fato desses pacientes serem mais suscetíveis a processos infecciosos,

especialmente os do tipo anaeróbios, causados pela redução da difusão de oxigênio

através da parede dos capilares. A supressão de neutrófilos e o sinergismo

bacteriano que implicam em um processo de infecção geralmente retardado e

grave (Britto et al. 2003; Segura-Egea et al.2012).

Portanto, o controle deficiente da DM e da hiperglicemia diminuirá ainda mais a

efetividade da resposta imunológica, com diminuição da função leucocitária e

atraso na cicatrização de feridas, e está associada a formas agressivas de doença

periodontal (Delamaire et al. 1997, Iacopino 2001, Salvi et al. 2008). Ainda deve-

se considerar que altos níveis de glicose em áreas danificadas promovem a

proliferação de bactérias, morte de leucócitos, apoptose e depuração, além da

captura de leucócitos-hospedeiros (Bender & Bender 2003) o que leva esses

pacientes a suscetibilidade para o desenvolvimento de complicações orais como

patologias pulpares e periapicais (Bender & Bender 2003; Fouad 2003b; Iwama et

al. 2006; Segura- Egea et al. 2012) e especialmente a doença periodontal (Arrieta-

Blanco et al. 2003; Fouad 2003b; Balakhonov et al. 2006; Iwama et al. 2006;

Wang et al. 2006; Garber et al. 2009; Lecka- Cxernik 2010; Negrato & Tarzia

2010; Al- Maskari et al. 2011, Eldarrat 2011).

1.1.2 Efeito da Hiperglicemia nos Tecidos Pulpares

Em decorrência da hiperglicemia ser a principal característica relacionada ao

DMT2, sua influência sobre os tecidos pulpares é significativamente relevante. A

hiperglicemia pode causar diversas alterações na estrutura pulpar, principalmente

em decorrência da circulação colateral comprometida, o que leva a um aumento do

risco de desenvolvimento da necrose causada por isquemia (Bender & Bender

2003; Catanzaro et al.2006). Outras modificações estruturais que podem ser vistas

no tecido pulpar são, a redução na concentração de colágeno, aumento da

espessura da membrana basal dos vasos sanguíneos, angiopatia, maior frequência

de calcificações e inflamação da túnica interna de artérias (Bender & Bender 2003;

Catanzaro et al. 2006; Leite et al. 2008). Altos níveis de glicose podem também

inibir a função dos macrófagos, a quimiotaxia, fagocitose e a morte bacteriana,

resultando num estado inflamatório que prejudica a proliferação celular e a

cicatrização de feridas, funções essenciais para o restabelecimento da polpa

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(Garber et al. 2009). As principais consequências dessas alterações estão

relacionadas à diminuição da tensão de oxigênio e ao recrutamento da defesa

celular, pois as células da defesa não conseguirão atingir a lesão através da

circulação sanguínea. O oxigênio diminuído aumenta o número de bactérias nas

infecções e a necrose pulpar ocorre quando microrganismos atingem a polpa

dentária e são transportados pela corrente sanguínea através de uma bacteremia

transitória, levando ao processo de anacorese. (Bender & Bender 2003).

Além disso, em indivíduos com um estado prolongado de hiperglicemia, as

proteínas, incluindo o colágeno, tornam-se irreversivelmente glicosiladas para

formar produtos avançados de glicação (AGEs) (Mealey & Oates 2006). Isto é

importante, pois uma resposta alterada do hospedeiro à infecção como ocorre em

indivíduos diabéticos, pode estar relacionada ao acúmulo de interação de AGE

com seus receptores nos tecidos. O acúmulo de AGEs pode levar a uma resposta

inflamatória exacerbada, com conseqüente maior reabsorção óssea e redução das

atividades de formação óssea (Graves et al. 2000; Liu et al.2006.) nas lesões

periapicais de origem pulpar.

1.2 INFLUÊNCIA DA DIABETES TIPO 2 NO TRATAMENTO

ENDODÔNTICO

A associação entre a patologia periapical e a diabetes mellitus tem sido alvo de

diversos estudos no decorrer dos anos e torna-se cada dia mais relevante no que

diz respeito ao controle de ambas as patologias.

A possível ligação entre condições inflamatórias crônicas orais como a

periodontite apical e a saúde sistêmica é uma área bastante estudada atualmente

pela comunidade cientifica odontológica e também médica (Segura-Egea et

al.2012).Considerando-se a progressiva conscientização dessa potencial relação

entre distúrbios inflamatórios persistentes da cavidade oral e estados de doença em

outros órgãos do corpo, a periodontite apical em seu estado crônico e agudo

também pode ser um achado nessa relação. (Joe Editorial Board 2008).

A periodontite apical crônica envolve a ativação da imunidade inata. O LPS de

bactérias gram-negativas anaeróbias causadoras da periodontite apical ativa as vias

intracelulares nos macrófagos e neutrófilos, regulando de forma positiva as

citocinas pró-inflamatórias como IL-1, IL-6, IL-8, TNF-a e PGE2. Essas citocinas

produzidas no local migram para a circulação sistêmica (Doyle et al.2007), onde

interagem com os ácidos graxos livres e produtos avançados da glicosilação,

característica do DMT2. A ativação dessas vias inflamatórias em monócitos e

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macrófagos, células endoteliais, adipócitos, hepatócitos e células musculares

poderia promover uma elevação na resistência geral à insulina, modificando o

controle metabólico em diabéticos tipo 2 e a periodontite apical crônica.

Essa afirmação de que a doença periapical pode ter um impacto significativo no

estado metabólico de diabetes já é alvo de diversos estudos. A inflamação local em

pacientes com diabetes promove um aumento da glicose no sangue, piorando o

estado metabólico (Bender & Bender 2003). Outros estudos sugerem que quando

as infecções periodontais e periapicais são tratadas, pode-se melhorar o tratamento

do diabetes com o objetivo de apoiar o controle da doença metabólica (Rees 2000;

Simpson et al. 2010; Vergnes 2010) e quando não tratadas, essas infecções podem

estimular alterações metabólicas causadas pelo aumento da resistência global à

insulina promovida pela ativação de vias inflamatórias (Segura-Egea et al. 2012).

1.2.1.Patologia Periapical em Diabetes Tipo 2

Em pacientes não diabéticos, os microrganismos e seus produtos metabólicos

derivados da necrose pulpar afetam os tecidos periapicais, levando a uma lesão

periapical crônica com reabsorção do tecido duro e destruição do ligamento

periodontal (Siqueira 2002; Fukada et al. 2009) e a severidade da resposta tecidual

está diretamente relacionada ao número e virulência das células microbianas

(Siqueira 2002). Quando os microrganismos da polpa migram para o tecido

periapical, eles são cercados por neutrófilos polimorfonucleares ou plugues

epiteliais, como uma resposta imuno-inflamatória contra a evolução do processo

infeccioso. O exsudato inflamatório periapical apresenta um considerável número

de células imunocompetentes que tem como alvo a eliminação desses

microrganismos (Takahashi 1998; Teixeira Salum et al. 2010). No interior desse

exsudato encontram-se citocinas que agem no processo de remodelação óssea

desenvolvendo um importante papel na resposta inflamatória periapical,

especialmente nas células osteoclásticas (Takahashi 1998).

No caso de pacientes diabéticos, os níveis altos de glicose na resposta

inflamatória podem ser associados com a redução de IL-4 e osteoprogenitores

(Duarte et al. 2012) e uma super regulação de IL-1B, IL-6, IL-8, IL-10, TNF-a e

ativador do receptor nuclear do fator kappa B ligante (Morohoshi et al. 1996;

Garcia-Hernandez et al. 2012; Wang et al. 2012). Essa consideração poderia

explicar o efeito da hiperglicemia na remodelação óssea sob condições

infecciosas.

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Para se entender melhor o processo molecular a respeito da reabsorção óssea em

lesões periapicais em pacientes com DM, vários estudos in vitro tem sido

realizado no decorrer dos anos usando células osteoblásticas e osteoclásticas.

(Willians et al. 1997; Iwama et al. 2003; Catanzaro et al. 2006; Wittrant et al.

2008; Garber et al. 2009; Zhen et al. 2012; Dienelt & zur Nieden 2011). Em um

desses estudos demonstrou-se uma baixa regulação na proliferação de osteoblastos

primários de osso de ratos calvária no período neonatal em um meio de

concentração de glicose alta em comparação com os níveis baixos de glicose

(Zhen et al. 2010). Em outro estudo, relatos envolvendo células osteoclásticas

diferenciadas demonstraram uma atividade de regulação positiva de osteoclastos

em condições hiperglicêmicas. Isso infere que a glicose pode inibir o processo de

osteoclastogênese, mas não a atividade dos osteoclastos maduros (Dienelt & zue

Nieden 2011).

A diabetes também promove diminuição na formação de osteoblastos,

influenciando a secreção específica da matriz óssea (Takahashi et al. 1999;

Wittrant et al. 2008; Dienelt & zur Nieden 2011). Outros estudos sugerem que a

reabsorção óssea e o balanço de deposição poderiam estar mais relacionados ao

número de células ativas no processo do que a sua capacidade individual nesse

processo (Wang et al. 2006). Ao analisar o tempo de evolução da doença,

observou-se redução da densidade mineral óssea 10% maior quando comparados

aos não diabéticos. Entretanto, pacientes com DM tipo 2 frequentemente

apresentam aumento da densidade óssea (Achemlal et al .2005; Wittrant et

al.2008).

Um estudo histológico investigou as alterações nos tecidos pulpares e periapical

após a exposição pulpar em ratos diabéticos induzidos por estreptozocina e os

resultados mostraram que a inflamação no ligamento periodontal apical, a

reabsorção radicular e a reabsorção óssea alveolar foram mais severas do que em

ratos controle (Koksaka et al.1996). Um estudo posterior também demonstrou a

presença de mediadores da inflamação e modificações nos componentes

estruturais da polpa dental observadas em ratos diabéticos após 30 e 90 dias de

tratamento com estreptozotocina (Catanzaro et al. 2009).

Existe também a proposição de que a presença da DM não controlada implica na

ausência do processo de cicatrização e na progressão das lesões endodônticas pós-

tratamento (Fouad 2003b, Garber et al. 2009). Essas exposições são apoiadas por

estudos clínicos que apontaram para uma diminuição na redução da radiolucência

periapical (apenas 48% de radiolucência) em pacientes internados com alta

concentração de glicose plasmática (90-110 mg dL1), comparados a 74% de

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redução da radiolucência em pacientes com baixos valores de glicose (70- 89 mg

dL1) (Fouad 2003b). Em outro estudo (Bender & Bender 2003), observou-se

aumento da radiolucência periapical após o tratamento do canal radicular em

pacientes com necrose pulpar e baixo controle do DM. Outro fator é baseado em

relatos que demonstram que o metabolismo da glicose pode ser acelerado durante

a diferenciação dos osteoclastos (Kim et al. 2007) e o osso diabético exibe uma

diminuição no número de osteoblastos. O crescimento e diferenciação de

osteoblastos podem estar relacionados à perda óssea associada à diabetes, uma vez

que é altamente sensível ao estresse osmótico (Zayzafoon et al. 2000). Pacientes

com diabetes não controlado apresentam hipercalciúria e perda óssea. A

osteopenia nesses pacientes pode ser resultado da redução da formação óssea e do

aumento da reabsorção óssea (Balint et al. 2001).

Ainda nesse contexto, estudos em modelos animais mostraram que o diabetes pode

também afetar o processo de cicatrização da polpa dentária através da inibição da

formação da ponte dentinária e uma intensificação na inflamação pulpar após a

exposição da polpa ter sido selada com agregado trióxido em ratos diabéticos.

(Garber et al. 2009).

1.2.2 Prevalência da Periodontite Apical em DMT2

Um estudo (Fouad et al. 2003) demonstrou que em populações de pacientes

odontológicos, a porcentagem de dentes com lesões periapicais foi estimada em 3

a 5% de todos os dentes examinados. No entanto, entre os dentes que foram

tratados endodonticamente, a percentagem com lesões periapicais é 31-61%. Isso

demonstrou que as LP são, portanto, bastante prevalentes, especialmente em

relação aos dentes que foram tratados endodonticamente.

Em estudo posterior mostrou-se que a prevalência da periodontite apical em

diabéticos tipo 2 era de 81,3% e que a DMT2 estava significativamente associada

ao aumento da prevalência de periodontite apical (Segura-Egea 2005). O mesmo já

havia sido defendido por outros autores que relataram um pior resultado do

tratamento de dentes com periodontite apical pré-operatória em diabéticos quando

comparados com não diabéticos (Fouad & Burleson 2003). Achados semelhantes

foram observados em outros projetos de pesquisa (Marrota et al. 2012; Lopez et

al. 2011).

Em um estudo onde foi pesquisado o estado periapical e endodôntico de pacientes

diabéticos tipo 2 na Catalunha através da investigação radiográfica da prevalência

de periodontite apical e tratamento endodôntico em pacientes diabéticos tipo 2 e

pacientes controle, foram estudados 100 pacientes, sendo 50 destes com histórico

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de DMT2 bem controlada e 50 sem histórico de diabetes e com tolerância normal

à glicose como pacientes controle. Nos resultados do estudo se observou que a

periodontite apical foi encontrada em 74% dos pacientes diabéticos e em 42% dos

pacientes controle, revelando uma prevalência significativa maior de PA e

tratamento endodôntico em diabéticos tipo 2. Este resultado está de acordo com

achados de estudos anteriores (Segura-Egea et al. 2005).

Posteriormente uma avaliação da prevalência de PA e o tratamento em diabéticos

tipo 2 comparados com não diabéticos foi realizado em uma população brasileira

(Marotta et al. 2012). Os resultados dessa análise mostraram que entre os

indivíduos diabéticos a prevalência de lesões de PA foi de 15% enquanto que nos

pacientes controle foi de 12%. Ao analisar separadamente a prevalência de PA em

dentes não tratados ou tratados, ficou claro que a diferença significativa foi

principalmente devido à prevalência de PA em dentes não tratados, que foi de 10%

em diabéticos e 7% em não diabéticos. Dos dentes com tratamento do canal

radicular de indivíduos diabéticos, 46% estavam associados à PA, enquanto 38%

dos não diabéticos evidenciaram doença. No entanto, essa diferença não foi

significativa. O número de dentes com tratamento endodôntico adequado no grupo

diabético correspondeu a 41% dos dentes tratados, 37% dos quais apresentaram

lesões periapicais. No grupo controle, dentes com tratamento endodôntico

correspondiam a 30% dos dentes tratados, dos quais 23% tinham PA. Essa

diferença também não foi significativa. Quanto aos dentes com tratamento

endodôntico adequado e restauração coronária adequada, 35% dos diabéticos e

27,5% dos não-diabéticos estavam associados à PA, diferença que também não foi

significativa. Portanto, os achados deste estudo mostraram que a PA é mais

freqüente em dentes não tratados de diabéticos do que em não diabéticos. Esses

achados corroboram com os dois estudos espanhóis (Segura-Egea et al. 2005;

Lopez-Lopez et al. 2011), mas estão em desacordo com um estudo anterior que

incluiu pacientes diabéticos tipo 1 e 2 e não encontraram uma correlação

significativa entre pacientes diabéticos tipo 2 e a presença de PA pós-tratamento

(Britto et al. 2003).

Em um estudo realizado com pacientes da Faculdade de Odontologia da

Universidade de Sevilha para avaliar a alta prevalência de periodontite apical entre

os diabéticos tipo 2, foram estudados 70 indivíduos sendo 32 destes pacientes que

relataram história de DMT2 bem controlada e 38 pacientes que não relataram

nenhum histórico de DM. Os resultados desse estudo mostraram que dentre os

pacientes diabéticos, 83% dos dentes tratados endodonticamente apresentaram

periodontite apical, enquanto nos controles apenas 60% e entre os dentes sem

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nenhum tratamento endodôntico, 6% e 3% foram associados com a periodontite

apical em pacientes diabéticos e nos controles, respectivamente. Esses achados

mostram que a prevalência da periodontite apical em pacientes diabéticos é

significantemente maior que do que nos pacientes controle (Segura-Egea et al.

2005).

Neste contexto, Iwana et al. (2003) utilizando ratos goto-kakizaki avaliaram os

efeitos da DMT2 na evolução de lesões periapicais após a exposição pulpar no

primeiro molar inferior esquerdo com DM não dependentes de insulina, usando

como controle ratos Wistar. Os resultados mostraram que quatro semanas após a

exposição pulpar a análise histológica, a reabsorção óssea alveolar foi mais grave

e as lesões periapicais apresentaram-se maiores nos ratos diabéticos que receberam

uma solução de sacarose, sugerindo que as condições metabólicas produzidas pelo

DMT2 aumentam o desenvolvimento de lesões periapicais em ratos.

1.3 IMPACTO DA INFECÇÃO PERIAPICAL NO METABOLISMO DO

DIABÉTICO

Diversos mecanismos aceitáveis biologicamente poderiam ser propostos para

explicar as interações entre a periodontite e a diabetes. A diabetes tipo 2 é uma

manifestação da resposta inflamatória do hospedeiro, pois uma resposta de fase

aguda que é induzida por citocinas está intimamente envolvida na patogênese

dessa doença (Santos Tunes R et al. 2010). De forma semelhante, os mecanismos

da resposta mediada pelo hospedeiro na periodontite envolvem a ativação da

imunidade inata, estritamente pela supra-regulação de citocinas pró-inflamatórias

de monócitos e leucócitos PMN. Sendo assim, as infecções periodontais gram-

negativas crônicas podem levar ou perpetuar um estado inflamatório sistêmico

crônico elevado, colaborando para o aumento da resistência à insulina e

inadequado controle glicêmico (Montoya-Carralero et al. 2010).

Em um caso foram estudados os efeitos de uma inflamação dental aguda e focal

com subsequente tratamento do canal radicular em um homem de 70 anos com

diabetes controlado de forma moderada. O relato demonstrou uma correlação de

alta relevância entre a resistência à insulina e uma inflamação dental local de

origem endodôntica (Schulze et al. 2007).

Embora infecções periapicais causem uma série de respostas teciduais locais com

o objetivo de limitar a disseminação dos elementos infecciosos, a periodontite

apical pode não ser exclusivamente um fenômeno local. A interação entre o

lipopolissacarídeo (LPS) de bactérias gram-negativas anaeróbias causadoras de

PA com o receptor Toll-like 4 (TLR4) em macrófagos e neutrófilos ativa o amplo

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20

eixo da imunidade inata, regulando citocinas pró-inflamatórias como IL-1b, IL -6,

IL-8, TNF-a e prostaglandina E2 (PGE2) (Rôças et al. 2014). Essas citosinas

podem ser liberadas na circulação sistêmica (Doyle et al. 2007), induzindo ou

perpetuando um estado inflamatório crônico sistêmico elevado (Caplan et al.

2006). Embora não haja evidências científicas conclusivas indicando que um

canal radicular infectado possa atuar como um foco de infecção para locais

distantes do corpo (exceto para pacientes sistemicamente comprometidos), o

oposto também não foi comprovado, ou seja, não há evidências claras mostrando

que infecções endodônticas são um evento isolado, sem efeito no resto do corpo

(Siqueira 2011).

É notório que, em seu estágio agudo não balanceado, a disseminação da infecção e

o processo inflamatório para os compartimentos próximos do tecido são possíveis

e podem causar condições inflamatórias fatais graves, mas felizmente raras. Além

disso, considerando a crescente conscientização de uma relação potencial entre

persistentes distúrbios inflamatórios da cavidade oral e condições de doença em

outros órgãos do corpo, manifestações agudas e crônicas da PA também podem

estar implicadas (Marton 2004; Marton & Bergenholtz 2004).

Alguns autores defendem que a periodontite apical primária e pós-tratamento pode

influenciar a saúde geral de um indivíduo e esta ainda permanece uma questão a

ser respondida na microbiologia endodôntica (Siqueira & Rôças 2014). Em

relação a achados microbiológicos, se reconhece uma hipótese que poderia

explicar porque um hospedeiro diabético pode ser mais predisposto às infecções

significativas. Esta hipótese afirma que a suscetibilidade dos diabéticos a

infecções se deve a presença de múltiplos perfis microbianos no canal radicular

em dentes necrosados e que os pacientes diabéticos comportam um perfil

microbiano mais virulento, com aumento significativo de espécies como

Prevotella intermedia, Porphyromonas gengival, F. nucleatum, P. micros &

Streptococcus (Fouad 2003). Com base nessa afirmativa, um estudo buscou

identificar patógenos endodônticos de pacientes sintomáticos e assintomáticos,

diabéticos ou não com necrose pulpar e lesões periapicais (Fouad et al. 2003). As

amostras microbianas foram coletadas de forma asséptica da polpa necrótica de 24

pacientes, incluindo 6 diabéticos em tratamento endodôntico. Os resultados

mostraram que F. nucleatum, P. micros e Streptococcus spp foram os mais

prevalentes dos microrganismos analisados. Houve associações altamente

significativas entre Streptococcus spp, e a combinação de Streptococcus spp. e

F.nucleatum e dor pré-operatória. Com relação ao diabetes, houve associação

positiva, porém não significativa, entre diabetes e a presença de P. endodontalis e

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P. gingivalis. O número de microrganismos diferentes detectados por espécime

foi, em média, maior nos espécimes diabéticos comparados com não diabéticos,

mas as diferenças não foram estatisticamente significativas. A associação entre a

presença de E. infirmum e diabetes foi estatisticamente significante. Esses estudos

fornecem alguns dados preliminares sobre o potencial aumento da prevalência de

alguns patógenos endodônticos virulentos em canais radiculares de pacientes

diabéticos. Em outro estudo foi relatado um aumento da perda óssea alveolar após

a inoculação de Actinobacillus actinomycetemcomitans, um patógeno associado às

infecções pulpares, em camundongos diabéticos em comparação com os não

diabéticos (Mahamed et al. 2005). Além disso, Eubacterium infirmum foi

significativamente associado a pacientes com diabetes em uma identificação de

microorganismos em estudos de casos clínicos pré-operatórios (Fouad et al.

2003c).

Recentemente foi realizado um estudo transversal com 83 pacientes diabéticos

onde avaliaram o controle metabólico da DM medindo os níveis de hemoglobina

glicosilada e classificando os pacientes diabéticos como bem controlados (HbA1c

<6,5%) ou mal controlados (HbA1c> 6,5%). Os resultados revelaram que o estado

periapical se correlacionou significativamente com os níveis de hemoglobina

glicosilada. A análise de regressão logística multivariada demonstrou uma

associação significativa entre o estado periapical dos tratamentos do canal

radicular e os níveis de HbA1c (P <0,05). No geral, os resultados são

inconclusivos, embora alguns estudos sugiram que a doença periapical crônica

pode contribuir para o descontrole metabólico diabético (Sanchez-Domínguez et

al. 2015).

1.3.1 Patologia Periapical e Resistência à Insulina

Existe a proposição de que a inflamação oral pode comprometer a sensibilidade à

insulina de maneira semelhante à obesidade, aumentando a ativação da resposta

imune sistêmica geral iniciada por citocinas (Dandona et al. 2004; Colombo et al.

2012; Katz et al. 2001), como o TNF-a que é a citosina que está relacionada à

diminuição da sinalização insulínica e da resistência a insulina. Posteriormente, foi

realizado um estudo cujo objetivo foi determinar se as lesões periapicais induzidas

são capazes de aumentar o TNF-a plasmático e diminuir a sensibilidade à insulina

e a sinalização da insulina em ratos não diabéticos (Astolphi et al .2013). A base

deste estudo foram dados que afirmam que a lesão periapical (LP) induz

inflamação oral e respostas imunes contra microrganismos que invadem e

destroem a polpa dentária (Bergenholtz 1977) e que neste processo várias citosinas

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22

são capazes de induzir reabsorção óssea, incluindo TNF-a e interleucina (IL) -6, e

a expressão dessas citocinas em locais de inflamação aumenta após a exposição

pulpar (Stashenko et al. 1994). Em particular, as quantidades de TNF-a são

significativamente mais altas na polpa exposta de camundongos em comparação

com a polpa saudável (Kawashima et al. 1999). Além de agir localmente, esses

mediadores se difundem na circulação sistêmica.

Em outros estudos o objetivo foi determinar se as lesões periapicais (LP) induzidas

são capazes de aumentar o TNF-a plasmático e diminuir a sensibilidade à insulina

e a sinalização da insulina em ratos não diabéticos. A hipótese era a de que as LP

alteram a sinalização sistêmica da insulina e a sensibilidade à insulina através do

TNF-a plasmático elevado. Os resultados mostraram que a glicose sanguínea, o

TNF-a sérico e a IL-6 se mostraram significativamente maiores em ratas com

abscessos pulpares. Além disso, as ratas com LP induzidas também apresentaram

concentrações de glicose no sangue e insulina no soro, significativamente mais

altas (Bain et al. 2009; Zhang et al. 2011). Os níveis elevados de TNF-a e IL-6

podem ser observados em tecidos como o fígado e os cornos uterinos de ratos com

LPs (Bain et al. 2009) e o TNF-a altera a sinalização da insulina (del Aguila et al.

1999; Lumeng et al. 2007; Colombo et al. 2012; Chiba et al. 2012) confirmando

que as lesões periapicais induzidas diminuíram a sinalização da insulina em ratos.

Outros estudos não relataram diferença na concentração plasmática de TNF-a

entre ratos machos 28 dias após a indução de lesões periapicais em comparação

com animais controle (Zhang et al. 2011). Em camundongos com outro tipo de

inflamação bucal, que é induzida por doença periodontal, as concentrações de

citosinas pró-inflamatórias também estão supostamente elevadas no soro. Isso

pode contribuir para um estado hiper-inflamatório sistêmico, que é um fator de

risco para vários tipos de doenças sistêmicas, como a diabetes (Colombo et al.

2012).

Apesar de ser aceito que as citocinas pró-inflamatórias são importantes para a

patogênese das lesões periapicais, a forma como suas funções são equilibradas e

sistemicamente controladas ainda não é bem compreendida (Colic et al. 2002). As

lesões periapicais são capazes de causar alterações na sinalização da insulina e na

sensibilidade à insulina, provavelmente pela elevação do TNF-a plasmático. Dessa

forma, os resultados de estudos realizados enfatizam a importância de prevenir

doenças inflamatórias locais como lesões periapicais em um esforço para prevenir

a resistência à insulina, que é uma característica principal do DMT2 (Zhang et al.

2011).

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23

1.4 RESULTADO CLÍNICO DO TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM

PACIENTES COM DIABETES MELLITUS

Existe a afirmação que a diabetes mellitus tem seus efeitos sobre as doenças

pulpares e periapicais e seu desfecho terapêutico (Chakravarthy 2013). Com base

na literatura e nas evidências clínicas, lesões periapicais em pacientes com DM

apresentam algumas particularidades que afetam as taxas de sucesso do tratamento

endodôntico. O conhecimento molecular dessas especificidades, principalmente

relacionado às lesões periapicais, microrganismos e resposta imuno-inflamatória,

poderiam orientar melhor o tratamento endodôntico e oferecer novas orientações

terapêuticas para esses pacientes (Leite et al. 2008).

Alguns autores afirmam que o tratamento endodôntico de pacientes diabéticos

com infecções do canal radicular está relacionado a uma diminuição no sucesso, e

esses pacientes podem ter número de surtos infecciosos aumentado (Armada-Dias

et al. 2006; Fouad & Burleson 2003). Outro estudo relatou que homens com

diabetes tipo 2 que tiveram tratamentos endodônticos eram mais propensos a ter

lesões residuais após o tratamento (Britto et al. 2003).

Em termos histológicos, o sucesso endodôntico assume que houve um reparo

completo dos tecidos periapicais na ausência de células inflamatórias (Abbott

1991). No entanto, esse objetivo é difícil de ser alcançado, como demonstrado em

estudos anteriores (Brynolf 1967). O tratamento endodôntico dos dentes infectados

visa à eliminação de bactérias do canal radicular, proporcionando um ambiente

favorável à cicatrização. Vários estudos clínicos relatam uma taxa de sucesso de

terapia endodôntica variando de 87,4% a 94,5% (Barbakow et al.1980; Morse et

al.1983).

Afirma-se que o principal e mais importante fator na determinação do sucesso de

uma restauração endodôntica em longo prazo é a presença e /ou persistência de

microrganismos. Todavia, outros autores evidenciaram que todos os

microrganismos não podem ser removidos após a preparação químico-mecânica

do canal radicular (Nair et al.1990). No entanto, é possível minimizar a quantidade

de bactérias presentes no canal radicular, aderindo a um protocolo rígido e

controle de infecção, mantendo assim a quantidade de bactérias sob o "nível

crítico" (Allard et al. 1987). Na maioria dos casos, quando o crescimento

bacteriano é controlado, o sistema do hospedeiro responderá adequadamente ao

antígeno. No entanto, em um indivíduo com comprometimento do sistema imune,

isso pode não ser o caso. Assim, fundamental para o resultado do tratamento

endodôntico é a capacidade do clínico de minimizar a quantidade de

(re)colonização bacteriana. (Chandra 2009).

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24

Já foi mostrado que indivíduos diabéticos com bom controle glicêmico mostraram

melhor cicatrização do que os diabéticos com pobre controle da doença. Estudos

mostraram que a cicatrização radiográfica da lesão periapical após o tratamento do

canal radicular em um grupo com baixo nível de glicose foi reduzida em uma

média de 74% em comparação com uma redução de apenas 48% para um grupo

com alta glicose (Cheraskin et al. 1968). Resultados semelhantes foram

encontrados em dois estudos que compararam pacientes diabéticos bem

controlados e pacientes controle, um usando radiografias panorâmicas digitais

(Lopez-Lopez et al. 2011) e o outro usando radiografias periapicais de boca

completa e radiografias panorâmicas (Marotta et al. 2012). Os achados de 24% e

38% de dentes com canais tratados e lesões periapicais (LP) radiolucentes no

grupo controle e diabéticos respectivamente, e 46% de dentes com canais tratados

com periodontite apical no grupo diabético. Num estudo realizado utilizando

radiografias periapicais e sem levar em conta o controle metabólico de pacientes

diabéticos, 83% dos canais tratados tiveram sinais radiográficos de periodontite

apical no grupo diabético, enquanto apenas 69% tiveram lesões periapicais no

grupo controle; entretanto, essas diferenças não foram significativas (Segura-Egea

et al. 2005), de forma semelhante ao investigarem dados de desfecho de

tratamento endodôntico em 140 pacientes, 73 destes com DM, descobriram que

pacientes com diabetes tinham uma probabilidade reduzida de sucesso (avaliados

clínica e radiograficamente) (Fouad & Burleson 2003).

Um estudo epidemiológico sobre uma população regional de nativos americanos

identificou fatores que afetam a retenção de canais tratados. Os resultados sugerem

que o diabetes contribuiu para a diminuição da retenção de canais tratados

(Mindiola et al. 2006). No mesmo contexto, um estudo retrospectivo analisando

196 dentes com raízes tratadas, avaliou se o DM estava associado ao desfecho de

pacientes submetidos à terapia não cirúrgica do canal radicular. Os resultados

mostraram que os tratamentos realizados em diabéticos tinham maior

probabilidade de falhar, revelando uma associação significativa limítrofe entre

DM e a extração de e dentes com raízes tratadas (Doyle et al. 2007). No mesmo

ano, foi realizado um estudo prospectivo envolvendo 1600 dentes tratados

endodonticamente. Concluindo que os pacientes diabéticos estavam associados à

perda de três vezes mais dentes tratados endodonticamente do que os saudáveis

(Ng et al. 2011).

Por outro lado, em um estudo retrospectivo (Britto et al. 2003), usando uma série

de radiografias periapicais da boca completa e radiografias panorâmicas e

avaliando o estado periapical com os critérios de Strindberg (1956), não houve

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25

diferença significativa entre controles (44,2%) e diabéticos (46,4%) no percentual

de dentes com raízes tratadas com PA. No entanto, os homens com DM tipo 2 que

tinham raízes tratadas eram mais propensos a ter lesões residuais.

Recentemente autores compararam a taxa de sucesso de dentes com canais

tratados, avaliada radiograficamente e clinicamente, em dois grupos de 23

pacientes, um controle saudável e os outros diabéticos, e não encontraram

diferenças significativas entre os grupos (Ferreira et al. 2014).

Um estudo também foi realizado para avaliar clínica e radiograficamente a

condição periapical dos doentes em pacientes diabéticos tipo 2 e assim, avaliar o

resultado da cicatrização do tratamento endodôntico de sessão única (Rudranaik et

al. 2015). Os resultados mostraram que clinicamente a cura foi observada em

todos os pacientes diabéticos e radiograficamente, todos os pacientes, exceto os

pacientes diabéticos mal controlados, apresentaram cicatrização bem-sucedida.

O Departamento de Endodontia do Centro de Saúde da Universidade de

Connecticut, desde 1990, realizou um estudo que compreendeu dados de 7.516

casos endodônticos de 5.244 pacientes que passaram por avaliação e/ou tratamento

endodôntico, incluindo 394 casos de 242 pacientes diabéticos sendo que 58 destes

estavam em uso de insulina. Ao examinar todos os pacientes apresentados, foi

demonstrado que, em relação aos pacientes diagnosticados com lesões periapicais,

os pacientes diabéticos com insulina apresentaram uma maior incidência de dor

periapical em comparação com os não diabéticos dependentes de insulina ou não

diabéticos. Diabéticos em geral também tiveram cerca de duas vezes a taxa de re-

agudização da infecção endodôntica em comparação com os não-diabéticos (4,8%

vs. 2,3%). O Diabetes não afetou o resultado do tratamento na amostra total.

Porém, quando foram levados em conta apenas casos com lesões periapicais pré-

operatórias, os diabéticos tiveram uma porcentagem muito menor de casos de

sucesso comparados com os não-diabéticos.

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26

2 DISCUSSÃO

Nos últimos séculos diversos estudos com animais e humanos têm buscado

investigar a possível relação entre à diabetes mellitus (DM) e a doença periapical.

Sendo a diabetes considerada a terceira condição mais prevalente em

comprometimento médico na busca por tratamento odontológico ( Dhanuthai et al.

2009) esta revisão de literatura teve como objetivo investigar a prevalência da

periodontite apical (PA) e o decorrer do tratamento endodôntico em diabéticos

tipo 2. Segundo Lima et al. (2013), o controle inadequado da DM pode predispor

esses pacientes a várias infecções orais, incluindo a infecção da polpa dentária.

Além disso, a presença da PA em diabéticos também colabora com o descontrole

da doença. Essa relação sugere uma suscetibilidade cruzada entre as duas

patologias, o que aumenta a taxa clínica de falha do tratamento endodôntico. Estes

autores também mostram que pouco se sabe sobre a microbiologia das infecções

endodônticas e da reação imunoinflamatória na DM que poderiam ser

implementadas em novas terapias para esses pacientes. Os estudos humanos

revisados tiveram como variáveis endodônticas analisadas a prevalência de lesões

periapicais, a prevalência de tratamentos endodônticos e o resultado do tratamento

endodôntico nesses pacientes. Embora os resultados desses estudos não sejam

conclusivos, as evidências científicas disponíveis sugerem uma associação entre a

DM e uma maior prevalência de lesões periapicais, maior tamanho dessas lesões e

frequência de infecções odontogênicas. Em um outro contexto Astolphi et al.

(2013) buscou também avaliar o efeito das lesões periapicais na sinalização e

sensibilidade à insulina em ratos. O resultado do seu estudou mostrou que as

lesões periapicais são capazes de causar alterações na sinalização e na

sensibilidade à insulina, provavelmente pela elevação do TNF-a plasmático. Dessa

forma, enfatizando a importância de se prevenir doenças inflamatórias locais como

as lesões periapicais em favor de prevenir a resistência à insulina que é a principal

característica da DMT2. Em seus estudos Holland et al. (2017) defendem que o

processo de reparo dos dentes tratados endodonticamente depende não apenas da

adoção das abordagens clínicas corretas, mas também de fatores como doenças

crônicas que podem alterar as defesas imunitárias do hospedeiro e interferir no

resultado do tratamento do canal e no processo de cicatrização. No ano anterior

Rundranaik et al. (2016) através de seu estudo mostrou que os pacientes com DM

mostraram uma apresentação mais complexa e comprometida da doença

periapical, e a condição tem um efeito significativo sobre o resultado da

cicatrização do tratamento endodôntico com sessão única. Lima et al. (2013)

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27

também relatou que os pacientes diabéticos foram mais propensos à doença

periapical crônica com lesões de maior tamanho e com maior prevalência. Estes

autores também demonstraram que o resultado da cura no final de um ano foi pior

em diabéticos com mal controle da doença quando comparados aqueles com bom

controle da DMT2. Segura-Egea et al. (2005;2012) mostraram evidências que

associam uma maior prevalência da periodontite apical, lesões osteolíticas

periapicais em maior tamanho, maior probabilidade de infecções periapicais

assintomáticas e atraso ou parada do reparo periapical nos diabéticos. O

prognóstico para o tratamento dos canais radiculares em diabéticos foi pior, com

uma taxa mais alta de falhas e aumento de periodontite apical crônica persistente

após o tratamento. De forma semelhante, Marotta et al. (2012) através de um

estudo transversal onde avaliaram a prevalência da PA e o tratamento endodôntico

em diabéticos tipo 2 comparados a não diabéticos de uma população brasileira

relataram que a PA foi significantemente mais prevalente em dentes não tratados

de diabéticos tipo 2 sugerindo que a diabetes pode ser um modificador da doença

periapical no sentido de que indivíduos com diabetes podem ser mais propensos ao

desenvolvimentos de doenças primários, porém, os achados deste estudos não

confirmaram que a DM possa influenciar a resposta ao tratamento dos canais

radiculares, pois nos dentes tratados avaliados não se observou aumento na

prevalência da PA quando comparados aos controles. Em outro estudo transversal

realizado na Espanha, López-López et al. (2011) investigaram radiograficamente a

prevalência da PA e tratamento endodôntico em diabéticos tipo 2 e controles. Os

resultados mostraram que em pacientes adultos, o tipo 2 da DM está

significativamente associado a um aumento da prevalência a um aumento da

prevalência da PA e tratamento endodôntico.

Os achados dos estudos apresentados (Bender & Bender 2003; Catanzaro et

al.2006; Garber et al. 2009; Demmer et al.2010; Segura-Egea et al.2012) sugerem

que o diabetes pode se apresentar como um modificador da patologia da

periodontite apical, no sentido de que diabéticos podem ser mais propensos a

desenvolver PA primária. No entanto, alguns achados não confirmam que o

diabetes pode de fato influenciar a resposta ao tratamento dos canais radiculares,

pois os dentes tratados de diabéticos não apresentaram aumento significativo da

prevalência da doença quando comparados aos controles. Devido as inconstâncias

nos dados disponíveis encontrados na literatura e considerando as limitações dos

estudos transversais, novos estudos são necessários para ilustrar algumas questões

e confirmar outras.

Considerando que evidências científicas disponíveis indicam que a diabetes

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28

mellitus está significativamente associada à maior prevalência de lesões

periapicais em dentes tratados endodonticamente, esta deve ser reconhecida como

um importante fator modificador no prognóstico pré-operatório do tratamento

endodôntico. Os profissionais da endodontia devem estar cientes da relação entre o

desfecho do tratamento endodôntico e a diabetes, devendo manter dados atuais

sobre o estado diabético de seus pacientes e devem informar tais pacientes dos

riscos envolvidos na terapia endodôntica para eles.

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29

3 CONCLUSÃO

Apesar de os resultados realizados até o momento não serem conclusivos, os

mesmos demonstram algumas diferenças na história natural das lesões periapicais

no paciente diabético, sugerindo uma associação entre a DM e a Periodontite

apical. Até o momento sugere-se uma associação entre a DM e o desenvolvimento

da periodontite apical sendo que a DM tipo 2 pode ser um fator modificador da

patologia da periodontite apical, no sentido de que indivíduos com diabetes podem

ser mais propensos a desenvolver a PA primária. No entanto, os achados

encontrados nos estudos revisados neste trabalho não confirmam que a diabetes

possa ter influência no sucesso clínico ao tratamento endodôntico já que não

apresentaram aumento significativo da prevalência da doença quando comparados

aos grupos controles.

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