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INSTITUTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO … · Then the objectives of analysis, general and...

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INSTITUTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO DIVISÃO DE ENSINO ANÁLISE DE FREQÜÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE NEVOEIRO NO AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO – PORTO ALEGRE/RS Relatório de Pesquisa Luiz Alexandre Fragozo de Almeida Nome do Aluno MET-001/2008 Curso e Ano
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INSTITUTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO

DIVISÃO DE ENSINO

ANÁLISE DE FREQÜÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE NEVOEIRO NO AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO – PORTO ALEGRE/RS

Relatório de Pesquisa

Luiz Alexandre Fragozo de Almeida

Nome do Aluno

MET-001/2008

Curso e Ano

1

RELATÓRIO DE PESQUISA

ANÁLISE DE FREQÜÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE NEVOEIRO NO AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO – PORTO ALEGRE/RS

TÍTULO

23/06/2008 ________________

DATA

MET-001 / 2008 ___________________

CURSO

Este documento é o resultado dos trabalhos do aluno do Curso de

Especialização em Meteorologia Aeronáutica do ICEA. Seu conteúdo reflete a

opinião do autor, quando não for citada a fonte da matéria, não representando

necessariamente, a política ou prática do ICEA e do Comando da Aeronáutica.

2

RESUMO

A freqüência de ocorrência de nevoeiro no Aeroporto Internacional Salgado Filho em

Porto Alegre – RS, no período de janeiro/1998 a dezembro/2006, foi investigada no

presente estudo. A análise foi feita a partir de dados extraídos das mensagens

meteorológicas, pertinentes à região estudada, constantes do banco de dados do

Instituto de Controle de Espaço Aéreo - ICEA. Todavia, antes de partir para a análise

dos dados, foi apresentada a conceituação de nevoeiro, bem como, sua

classificação, formação, dissipação e peculiaridades. Em seguida, foram traçados os

objetivos da análise, geral e específicos, seguidos da relevância do tema e

delimitação do período analisado, e, a revisão da literatura pertinente. Para tanto, a

metodologia empregada na análise, adotou o tratamento estatístico dos dados,

objetivando dar validade científica ao presente estudo. Em capítulo próprio foram

apresentados os dados já compilados e os resultados obtidos através da análise

realizada, entre os quais, aspectos do nevoeiro na região quanto ao período de

maior freqüência de ocorrência, hora de início, duração, temperatura e visibilidade.

Palavras-chave: nevoeiro; análise estatística; freqüência de ocorrência.

3

ABSTRACT

The frequency of occurrence of fog in the Salgado Filho International Airport in Porto

Alegre - RS in the period from Janeiro/1998 until December/2006, was investigated

in this study. The analysis was based on data taken from weather messages,

relevant to the region studied, in the database of the Instituto de Controle do Espaço

Aéreo - ICEA. However, before leaving for the analysis of the data, was presented

the concept of fog, and their classification, formation, dissipation and peculiarities.

Then the objectives of analysis, general and specific were related, followed the

relevance of the theme and delimitation of the period analysed, and the review of

relevant literature. For this, the methodology used in the analysis, adopted the

statistical treatment of data, to provide scientific validity to this study. In separate

chapter, were presented the data already gathered and the results obtained through

analysis, including, aspects of fog in the region for the period from greater frequency

of occurrence, time of initiation, duration, temperature and visibility.

Key-words: fog; statistical analysis; frequency of occurrence

4

LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 – Dias de Nevoeiro por Ano.........................................................................19

Figura 2 – Dias de Nevoeiro por Mês (98/06) ...........................................................20

Figura 3 – Horas de Nevoeiro por Ano.......................................................................20

Figura 4 – Horas de Nevoeiro por Mês (98/06) .........................................................21

Figura 5 – Hora de Início de Nevoeiros .....................................................................22

Figura 6 – Hora de Início de Nevoeiros (maio/agosto) ..............................................22

Figura 7 – Duração dos Nevoeiros (98/06) ...............................................................23

Figura 8 – Duração dos Nevoeiros (maio/agosto) .....................................................24

Figura 9 – Hora de Início de Nevoeiros de Curta Duração .......................................24

Figura 10 – Hora de Início de Nevoeiros de Média Duração.....................................25

Figura 11 – Hora de Início de Nevoeiros de Longa Duração.....................................25

Figura 12 – Hora de Início de Nevoeiros de Muito Longa Duração ..........................26

Figura 13 – Temperatura na Hora de Início dos Nevoeiros.......................................27

Figura 14 – Visibilidade Durante os Nevoeiros..........................................................27

Figura 15 – Dias de Nevoeiro.....................................................................................30

Figura 16 – Horas de Nevoeiro..................................................................................30

Figura 17 – Períodos de Duração dos Nevoeiros... ..................................................31

Figura 18 – Correlação entre a Duração e a Hora de Início dos Nevoeiros..............31

Figura 19 – Comparação da Visibilidade Durante os Nevoeiros................................32

Figura 20 – Duração e Hora de Inìcio dos Nevoeiros................................................33

Figura 21 – Duração e Hora de Início dos Nevoeiros (mai/ago)................................33

Gráfico 1 – Pressão ao Nível da Estação...................................................................28

Gráfico 2 – Umidade...................................................................................................28

Gráfico 3 – Temperatura Média..................................................................................28

Gráfico 4 – Temperatura Mínima................................................................................28

5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................06

2 INFORMAÇÕES PRELIMINARES.........................................................................08

2.1 Problema.............................................................................................................08

2.2 Objetivo da Investigação...................................................................................11

2.3 Objetivos Específicos........................................................................................11

2.4 Relevância da Pesquisa....................................................................................12

2.5 Delimitação.........................................................................................................12

3 INVESTIGAÇÃO.....................................................................................................14

3.1 Metodologia........................................................................................................14

3.2 Revisão da Literatura.........................................................................................16

4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS.....................19

4.1 Apresentação dos dados...................................................................................19

4.2 Análise dos Resultados.....................................................................................28

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................34

6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................36

APÊNDICE A – MAPA COM LOCALIZAÇÃO DA CIDADE DE PORTO

ALEGRE/RS...............................................................................................................38

APÊNDICE B – MAPA COM LOCALIZAÇÃO DO AEROPORTO INTERNACIONAL

SALGADO FILHO (PORTO ALEGRE/RS)................................................................39

6

1. INTRODUÇÃO

A Meteorologia, de forma simples, pode ser definida como a ciência que trata

dos fenômenos atmosféricos, tais como variações de temperatura, umidade, entre

outros. No entanto, esta ciência possui uma larga abrangência em razão de sua

diversidade e importância nos diversos setores da vida humana.

Na aviação, de maneira especial, a meteorologia mostra sua grande

relevância, vez que possibilita o estudo dos mais diversos fatores meteorológicos

que estão diretamente ligados ao sucesso ou não das atividades a serem realizadas.

Dessa forma, o estudo dos fenômenos e condições meteorológicas ligados às

atividades aeronáuticas mostra-se cada vez mais necessário, principalmente no

atual mundo globalizado, onde há a crescente necessidade de agilizar o transporte

de pessoas e bens, entre as diversas partes do globo, de forma cada vez mais

intensa, segura e eficiente.

Cumpre ressaltar a existência de diversos fatores meteorológicos que

influenciam na aviação, no entanto, alguns merecem especial atenção em razão de

sua maior implicação. Entre eles, destaca-se o nevoeiro, fenômeno meteorológico

que pode ocorrer por longos períodos, inibindo pousos e decolagens nos diversos

aeródromos.

Em razão dessa característica, o nevoeiro traz inúmeras conseqüências para

as operações aeronáuticas, tais como dificuldades operacionais decorrentes de

redirecionamento de vôos, abastecimento e manutenção de aeronaves, escala de

trabalho de tripulantes, bem como, diversos prejuízos morais e materiais aos

usuários do serviço.

Assim, vários fatores justificam o estudo do nevoeiro, objetivando a análise de

sua ocorrência e freqüência, de forma a identificar suas principais características.

Acrescenta-se a relevância do estudo, uma vez que poderá auxiliar aeronavegantes,

quando do planejamento de vôos ou redirecionamentos, bem como, aos diversos

estudiosos que buscam desenvolver novos métodos de previsão do fenômeno,

objetivando resultados ainda mais precisos.

Todavia, os fatores meteorológicos distinguem-se de maneira significativa

entre as diversas regiões, em decorrência de variações geográficas e topográficas,

razão pela qual o presente estudo estará direcionado ao Aeroporto Internacional

Salgado Filho em Porto Alegre/RS.(Ver Apêndices A e B)

7

A escolha do referido aeródromo para a presente análise se justifica em razão

de sua localização, qual seja, a região sul, que juntamente com a região sudeste,

concentra o maior índice de trafego aéreo de nosso país. Ademais, a região sul

também se destaca entre as demais pela grande ocorrência de nevoeiro, revelando

a grande importância do estudo na região.

Destaca-se que os dados utilizados no presente estudo foram extraídos das

mensagens meteorológicas horárias pertinentes ao Aeroporto Internacional Salgado

Filho, no período de 1998 a 2006. As referidas mensagens foram obtidas junto ao

banco de dados do Instituto de Controle do Espaço Aéreo - ICEA.

A partir dos dados obtidos, foi iniciada a análise da freqüência de ocorrência

de nevoeiro no Aeroporto Internacional de Porto Alegre, através da elaboração de

planilhas, gráficos e tabelas. Para tanto, foram utilizados recursos da Estatística, em

razão da segurança de seus métodos levarem a resultados confiáveis, pois envolve

técnicas para coleta, organização, análise e interpretação de dados, proporcionando

assim, validade científica ao presente estudo.

Como embasamento teórico para a presente análise, várias obras foram

utilizadas, entre elas a obra de Lima (1982) - confecção de um método objetivo de

previsão de ocorrência de nevoeiro de radiação em Porto Alegre; e, a obra de Piva e

Fedorova (1999) - estudo sobre a formação de nevoeiro de radiação em Porto

Alegre, determinando parâmetros que caracterizam as condições atmosféricas

favoráveis à ocorrência do nevoeiro.

Assim, em capítulo inicial é feita a apresentação da problemática da pesquisa,

tecendo considerações sobre o conceito, classificação, formação, dissipação e

peculiaridades do fenômeno nevoeiro. O segundo capítulo apresenta o objetivo

geral e os específicos, da análise proposta, justificando e delimitando o tema.

No capítulo seguinte é relatada a metodologia utilizada de forma

pormenorizada, bem como, a revisão da literatura pertinente à presente análise.

Em capítulo próprio, são apresentados os dados obtidos através de métodos

estatísticos empregados, com breve leitura de cada figura elaborada. Ainda neste

capítulo quarto, é feita a análise dos dados, ponto culminante deste estudo.

Por fim, seguem as considerações finais, englobando as conclusões obtidas e

recomendações relevantes.

8

2. INFORMAÇÕES PRELIMINARES

2.1. Problema

No Brasil, as regiões sul e sudeste são as regiões com maior ocorrência de

nevoeiro. Tal fato torna-se muito relevante em razão das referidas regiões

possuírem o maior tráfego aéreo em seus aeroportos, pois, segundo dados

divulgados pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (INFRAERO) na

planilha do Movimento Operacional Acumulado de 2007, os aeroportos dessas

regiões movimentaram mais de 60.000.000 de passageiros de um total de

110.569.767 em todo o país. Assim, qualquer interrupção nas atividades nos

aeródromos dessas regiões interfere significativamente em toda a malha aérea.

Desta forma, o estudo do nevoeiro nestas regiões mostra-se de grande

relevância. Ocorre que em decorrência de fatores geográficos e topográficos, os

fatores meteorológicos distinguem-se entre as diversas regiões, assim, é necessário

restringir a análise da ocorrência do fenômeno em apenas uma localidade, a fim de

obter características próprias do fenômeno, tais como horário do inicio, duração,

período de ocorrência, entre outros, que são específicos do local sob análise.

Com um movimento intenso de vôos diariamente, o Aeroporto Internacional

Salgado Filho em Porto Alegre, é de extrema importância para o funcionamento da

malha aérea nacional e internacional. Uma interrupção de algumas horas nas

operações aéreas desse aeroporto pode ocasionar atrasos em inúmeros vôos e até

mesmo um colapso em toda a estrutura aeroviária brasileira.

Neste contexto, a ocorrência ou não de nevoeiro, entre outras condições

meteorológicas ainda são determinantes para um bom desempenho das atividades

aeronáuticas, de tal forma, que, quando essas condições não são favoráveis,

passam a representar riscos ao transporte aéreo, podendo causar situações de

perigo e inúmeros danos, decorrentes de atrasos, redirecionamentos de vôos e

cancelamentos. O nevoeiro destaca-se entre os demais fenômenos meteorológicos

em razão de restringir as operações nos aeródromos por longos períodos

Contudo, antes de analisar a ocorrência e a freqüência do nevoeiro no

Aeroporto Internacional Salgado Filho, necessário se faz inicialmente tecer breves

considerações sobre o fenômeno, para então passar a sua análise. Entre tais

considerações, relevante se faz sua conceituação, formação e dissipação,

caracterização, classificação e peculiaridades.

9

O nevoeiro, de forma objetiva, pode ser definido como a suspensão de

gotículas de água na camada atmosférica contigua à superfície terrestre, reduzindo

a visibilidade horizontal a menos de 1km. (Varejão-Silva, 2005).

Para Ferreira (2006) nevoeiro é, simplesmente, como uma nuvem stratus

formada no mesmo nível da superfície, que permanece por um bom tempo sobre

ela. A localização do nevoeiro deve ser notada para que os pilotos, navegadores e

motoristas sejam alertados sobre a má visibilidade causada por esse fenômeno.

Identificar o nevoeiro em uma imagem de satélite meteorológico pode melhorar

bastante o sistema de alerta nos aeroportos, portos e estradas; entretanto, não é

tarefa fácil tampouco precisa.

Os nevoeiros se formam quando a massa de ar se torna saturada de vapor

d’água e têm como característica a redução da visibilidade, causada por partículas

microscópicas de água líquida, em suspensão de forma densa próxima ao solo.

Os nevoeiros podem se dissipar pela radiação solar que aquece a superfície e

o ar, promovendo a evaporação das partículas microscópicas de água. Durante esse

processo, o nevoeiro eleva-se da superfície, dando origem a uma nuvem stratus,

que é uma camada nebulosa, baixa e cinzenta e tem a base a cerca de 400 metros

ou menos. O tempo necessário para a dissipação depende da espessura dos

nevoeiros e da altura da camada de inversão de temperatura. (Oliveira; 2002)

Os nevoeiros sempre caracterizam uma condição de risco em relação às

diversas formas de transporte, em razão de redução significativa da visibilidade. Em

aeródromos, a ocorrência de nevoeiros põe em risco a segurança das atividades

aeronáuticas.

Alguns elementos que propiciam o surgimento e desenvolvimento de nevoeiro

são o acúmulo de umidade próximo à superfície, inversão térmica e ausência de

ventos fortes que dissipem o ar úmido.

Entre os principais tipos de nevoeiro, Varejão-Silva (2005) relaciona:

a) O nevoeiro de radiação – os mais comuns - são assim chamados porque sua

gênese é devida ao arrefecimento noturno do solo por emissão de energia radiante.

O ar, em contato com ar arrefecido, perde calor por condução, tornando-se mais frio

que a camada atmosférica imediatamente acima. Próximo à superfície, portanto, a

temperatura do ar aumenta com a distância ao solo, estabelecendo-se uma inversão

térmica a uma certa altura. Abaixo do nível de inversão a camada atmosférica é, por

10

conseguinte, estável. O resfriamento, se suficiente para ultrapassar a temperatura

do ponto de orvalho, provocará condensação do vapor. Nevoeiros desse tipo se

formam em noites sem nuvem, ou poucas nuvens altas, condição necessária ao

rápido resfriamento do solo por irradiação. A presença de nuvens inibe o

arrefecimento noturno, face ao efeito estufa. Além disso, é requerida a presença de

vento, não muito forte, ampliando a espessura da camada resfriada, e, portanto,

aumentando a espessura do nevoeiro.

b) nevoeiro de advecção – surge quando o ar úmido escoa sob uma superfície fria

(solo ou água). O ar, perdendo calor por condução para a superfície, se arrefece de

baixo para cima, o que propicia a formação de uma camada atmosférica estável,

justaposta à superfície. Se há vento fraco a diferença entre a temperatura do ar e da

superfície tende a diminuir e o resfriamento atinge apenas a uma camada

atmosférica bastante delgada. Havendo um vento um pouco mais forte, a mistura

turbulenta do ar inibe o equilíbrio térmico, mas aumenta a espessura da camada

resfriada. Como no caso anterior, o aparecimento do nevoeiro acontecerá quando a

temperatura dessa camada torna-se inferior à do ponto de orvalho inicial.

c) nevoeiro orográfico – um nevoeiro pode surgir quando ar úmido e estável se eleva

ao longo de uma encosta, expandindo-se (e, por conseguinte, se resfriando)

adiabaticamente. Se o aclive for suficientemente extenso, o ar ascendente se

tornará saturado a uma certa altura. A partir desse nível, até o todo da elevação,

haverá um nevoeiro.

Há outras classificações de nevoeiro, que englobam além dos acima citados:

o nevoeiro de evaporação ou de vapor - ocorre quando massas de ar frio deslocam-

se sobre superfícies líquidas relativamente quentes. Neste caso, a umidade

proveniente da água por evaporação, se junta ao ar frio, tornando-o saturado e

provocando condensação; e, o nevoeiro de vales associados ao resfriamento

noturno – é mais comum no inverno. Como o ar frio é mais pesado que a sua

vizinhança, à medida que ocorre o resfriamento noturno ele tende a se concentrar no

fundo dos vales, favorecendo a formação de nevoeiro.

Por fim, importante informar que há muitas décadas o nevoeiro tem sido

objeto de estudo de inúmeros pesquisadores. Em 1941, Taylor em seus estudos já

11

refletia a relevância do fenômeno para o meteorologista aeronáutico, como se

verifica do trecho a seguir traduzido:

“A temática geral do nevoeiro é talvez o mais importante problema que se

confronta o meteorologista aeronáutico hoje. Nevoeiro é um obstáculo que está

presente de uma forma ou de outra, em quase todos os segmentos da terra com

exceção feita aos trópicos, onde raramente é encontrado. Trata-se de uma grave

ameaça para o piloto experiente, bem como para o novato. É muitas vezes

extremamente difícil de prever, desde a sua formação que está geralmente

intimamente ligada com influências locais.”

2.2. Objetivo da Investigação

Analisar a freqüência de ocorrência de nevoeiro no Aeroporto Internacional

Salgado Filho – Porto Alegre/RS

2.3. Objetivos Específicos

Através da análise dos dados coletados da Estação Meteorológica de

Superfície – Classe 1 (EMS-1) do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de

Porto Alegre (DTCEA-PA):

- Averiguar os períodos do ano com o maior índice de ocorrência de nevoeiros;

- Determinar os principais horários de início de nevoeiro;

- Identificar as freqüências dos períodos de duração dos nevoeiros;

- Correlacionar os períodos de duração dos nevoeiros com seus respectivos horários

de início;

- Averiguar as temperaturas no início de ocorrência dos nevoeiros;

- Averiguar a visibilidade predominante durante os períodos de ocorrência dos

nevoeiros.

12

2.4. Relevância da Pesquisa

A relevância do estudo do nevoeiro é verificada em estudos para análise do

referido fenômeno, bem como, de sua ocorrência nos mais diversos aeródromos.

Estes estudos buscam de forma geral, prever com confiança e com antecedência a

formação de nevoeiro, bem como, buscam desenvolver equipamentos que

possibilitem as operações aéreas em locais com restrições máximas de visibilidade e

teto.

Cumpre destacar que o nevoeiro, por definição, restringe a visibilidade

horizontal para menos de 1000 metros. O referido fenômeno impede a operação dos

aeródromos para pouso e decolagem, em razão de restrições de teto e visibilidade.

Assim, o nevoeiro é um dos principais causadores de interferência nas

operações de superfície nos aeroportos, bem como, restrição na visibilidade vertical

- vez que apresenta densidade variável, afetando assim o planejamento das

empresas de aviação e alterando toda a malha viária de um país.

Em razão dessa característica, o nevoeiro traz inúmeras conseqüências para

as operações aeronáuticas, entre as quais, dificuldades operacionais decorrentes de

redirecionamento de vôos, abastecimento e manutenção de aeronaves, escala de

trabalho de tripulantes, além de inúmeros danos morais e materiais aos usuários do

serviço, bem como, vários prejuízos à economia do país.

Dessa forma, vários motivos justificam o estudo do fenômeno, objetivando a

análise de sua ocorrência e freqüência, de forma a identificar suas principais

características.

Ademais, a análise proposta, justifica-se especialmente, em razão de poder

auxiliar aeronavegantes, quando do planejamento de vôos ou redirecionamentos,

bem como, poderá servir como base para diversos estudos e pesquisas pertinentes

ao fenômeno, de forma especial, aos pesquisadores que buscam desenvolver novos

métodos de previsão do nevoeiro, objetivando resultados ainda mais precisos.

2.5. Delimitação

Como já mencionado nos itens anteriores, o objeto da presente pesquisa é a

análise da freqüência de ocorrência de nevoeiro, no entanto, para realizar a referida

13

análise, de forma a atingir os objetivos propostos no presente estudo é necessário

delimitar a região a ser estudada.

Esta delimitação se justifica, pois os fenômenos meteorológicos distinguem-se

entre as diversas localidades em razão das diferenças geográficas e topográficas de

cada região.

Neste contexto, entre as regiões brasileiras, as regiões sul e sudeste se

destacaram entre as demais, especialmente por dois fatores: maior concentração de

tráfego aéreo e maior ocorrência do fenômeno nevoeiro, objeto desta análise.

Entre os aeródromos das referidas regiões, optou-se pelo Aeroporto

Internacional Salgado Filho, em razão da existência de outros estudos sobre o

fenômeno na região. Ademais, necessário foi delimitar um período a ser analisado,

para tanto, inicialmente foram definidos os últimos 10 anos, qual seja, 1998 à 2007.

Todavia, em verificação preliminar foi constatada a ausência de dados de

alguns meses do ano de 2007 (maio, agosto, setembro, novembro e dezembro),

razão pela qual foi feito o estudo da possibilidade de influência de tais meses no

resultado da presente análise. Verificada que a referida ausência poderia interferir

nos resultados finais, o ano de 2007 foi excluído.

Assim, passou-se a trabalhar com os dados dos anos em que as informações

meteorológicas estavam completas. Logo, a pesquisa foi elaborada através da

análise de nove anos de dados, abrangendo o período de janeiro de 1998 a

dezembro de 2006.

14

3. INVESTIGAÇÃO

3.1. Metodologia

De forma geral, para a realização dessa pesquisa, a coleta e análise dos

dados foram divididas em quatro fases:

(a) Coleta de dados: os dados brutos foram adquiridos do banco de dados do

ICEA em forma de arquivos compactados.

(b) Acondicionamento dos dados em forma utilizável para a pesquisa: os

arquivos de texto obtidos no banco de dados do ICEA foram convertidos para

planilhas eletrônicas do Software Microsoft Excel 2007.

(c) Seleção dos dados de interesse para a pesquisa: através de recursos do

Software Microsoft Excel 2007 foram selecionados apenas os horários de ocorrência

de nevoeiro no Aeroporto Internacional Salgado Filho. Após essa seleção inicial,

foram estabelecidos critérios preliminares para validação dos dados (verificação de

inconsistências e estabelecimento de regras para cada situação encontrada) Em

seguida, os dados válidos foram acondicionados em outra planilha eletrônica do

Software Microsoft Excel 2007.

(d) Análise dos dados selecionados: com a planilha eletrônica do Software

Microsoft Excel 2007 constando apenas com os dados válidos de ocorrência de

nevoeiro foram feitas as análises estatísticas e confeccionados gráficos

representativos das análises para apresentar de forma mais agradável visualmente

os resultados propostos como objetivos iniciais da pesquisa.

Os dados utilizados nessa pesquisa foram obtidos junto ao banco de dados

do ICEA e constam de informações meteorológicas horárias inseridas no banco

através da digitação dos dados constantes no formulário IEPV 105-78 da EMS-1 do

Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto Alegre/RS, órgão subordinado ao

Comando da Aeronáutica através do Departamento de Controle do Espaço Aéreo

(DECEA).

No IEPV 105-78 são registradas, pelo observador meteorológico da EMS-1 de

Porto Alegre, as informações meteorológicas reinantes na área do Aeroporto

Internacional Salgado Filho. Dentre outras informações, no referido formulário

constam dados de vento, visibilidade, condições de tempo, nuvens, pressão,

temperatura do ar, umidade relativa e precipitação.

15

Como mencionado no item ‘2.5 – Delimitação’, do presente trabalho, o

período inicialmente delimitado para a análise, foi os últimos 10 anos (1998 a 2007).

Contudo em razão da ausência de dados pertinentes a cinco meses do ano de 2007,

que poderia interferir nos resultados da análise, optou-se por excluir o ano de 2007.

Dessa forma, a pesquisa passou a abranger os últimos 9 anos (1998 a 2006),

utilizando apenas os dados dos anos em que as informações meteorológicas

estavam completas.

Cumpre ressaltar que não foram usados dados de observações

meteorológicas especiais (SPECI), ou seja, aquelas que são confeccionadas pelo

observador meteorológico fora dos horários regulares.

Especificamente para essa pesquisa foram analisados apenas os horários,

entre 1998 e 2006, em que foi relatada a ocorrência de nevoeiro, pois o foco

principal do trabalho é analisar a freqüência de ocorrência do fenômeno nevoeiro no

Aeroporto Internacional Salgado Filho.

Como o objetivo da pesquisa é fazer uma análise da freqüência de ocorrência

de nevoeiro para uma determinada localidade, o método estatístico de análise de

dados foi considerado o mais coerente para realizar esse tipo de trabalho.

Visando uma análise quantitativa e qualitativa dos dados, a estatística oferece

inúmeras ferramentas para representar de forma consistente os resultados de uma

pesquisa científica.

Através do tratamento estatístico dos dados foi possível averiguar as

freqüências de ocorrência de nevoeiro no Aeroporto Internacional Salgado Filho,

sendo realizadas inúmeras análises dentro do período de janeiro de 1998 a

dezembro de 2006, entre as quais, relaciona-se:

a) quantidade de dias de ocorrência de nevoeiro por mês;

b) quantidade de horas de ocorrência de nevoeiro por mês;

c) quantidade de dias de ocorrência de nevoeiro por ano;

d) quantidade de horas de ocorrência de nevoeiro por ano;

e) hora de início dos nevoeiros;

f) hora de início dos nevoeiros dentro do período mais significativo;

g) período de duração dos nevoeiros;

h) período de duração dos nevoeiros dentro do período mais significativo;

i) hora de início dos nevoeiros de curta duração (1 a 3 horas de duração);

j) hora de início dos nevoeiros de média duração (4 a 6 horas de duração);

16

k) hora de início dos nevoeiros de longa duração (7 a 9 horas de duração);

l) hora de início dos nevoeiros de muito longa duração (10 a 12 horas de

duração);

m) hora de início dos nevoeiros de curta duração dentro do período mais

significativo;

n) hora de início dos nevoeiros de média duração dentro do período mais

significativo;

o) hora de início dos nevoeiros de longa duração dentro do período mais

significativo;

p) hora de início dos nevoeiros de muito longa duração dentro do período

mais significativo;

q) comparativo da ocorrência dos períodos de duração;

r) temperatura no início dos períodos de nevoeiro;

s) visibilidade durante a ocorrência dos períodos de nevoeiro.

Cumpre ressaltar que para a análise dos períodos de nevoeiro, quando houve

intermitência de ocorrência do nevoeiro de até 2 horas entre o término de um

período e o inicio do outro, foi considerado como hora de início o da primeira

ocorrência, e como duração o período total até completa dissipação do mesmo.

Verificou-se que em apenas cinco dias ocorreu intermitência de mais de duas

horas entre os períodos de ocorrência. Sendo considerados como dois períodos de

ocorrência distintos.

3.2 Revisão da Literatura

Apesar da importância da previsão da ocorrência de nevoeiros, no Brasil

ainda são poucos os estudos sobre o assunto. Porém, o congestionamento do

tráfego aéreo dos últimos anos, tem levado pesquisadores a descobrir critérios mais

precisos de avaliação da formação e duração dos nevoeiros em nosso país.

Um dos primeiros trabalhos que se tem notícia, para a região de Porto Alegre

foi o método de previsão objetiva de Lima (1982). Ele propôs um algoritmo para

previsão de ocorrência de nevoeiro de radiação para o Aeroporto Internacional

Salgado Filho, em Porto Alegre/RS, estabelecendo que para que ocorram os

nevoeiros, o anticiclone em superfície deve estar à sudeste, leste ou nordeste da

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região em estudo. Com os dados retirados da carta sinótica de superfície das 1200

UTC (Universal Time Coordenate – Hora no Meridiano de Greenwich) e informações

sobre a posição do sistema de alta pressão e do posicionamento das frentes, pode-

se fazer uma previsão da ocorrência, ou não, de nevoeiro para o Aeródromo, com

índice de acerto de 91% de acordo com avaliação do próprio autor.

Piva e Fedorova (1999), analisando as condições sinóticas no nevoeiro de

radiação para Porto Alegre, encontraram a maior freqüência de ocorrência de

nevoeiro quando o anticiclone localizava-se sobre o estado, ou à leste ou nordeste

de Porto Alegre. O período estudado foi de janeiro de 1995 a abril de 1996, onde

analisaram as condições atmosféricas antes, durante e depois dos períodos de

nevoeiro de radiação, associando a sua formação a um anticiclone de intensidade

moderada (1020 a 1030 hPa) e que se intensificou ou permaneceu com a mesma

intensidade no decorrer dos dias com ocorrência de nevoeiro. Outra conclusão do

trabalho foi que a dissipação do nevoeiro ocorre entre 1 e 4 horas depois do nascer

do sol. Verifica-se também na referida obra, que os autores relatam que “existe certa

dificuldade para se caracterizar a duração do nevoeiro, pois em geral não se dispõe

de dados sobre o horário de início e término do fenômeno”.

Oliveira (2002) empregou um método estatístico e identificou as condições

necessárias de ocorrência de nevoeiro de radiação no aeroporto internacional de

Guarulhos. Utilizando informações das 12 horas anteriores a 00 UTC (horário da

aplicação do método), condicionou a formação do nevoeiro à presença de céu claro

ou com nebulosidade acima de 25000 pés e presença de névoa úmida.

Oliveira e Fedorova (1998) identificaram padrões de perfis verticais de

temperatura e umidade para a cidade de Pelotas e situação sinótica favorável à

formação de nevoeiro e desenvolveram um algoritmo para previsão de nevoeiro em

Pelotas. Todos os dados coletados na pesquisa são confrontados e quando se

adéquam aos padrões identificados, há indicação de ocorrência de nevoeiros. O

algoritmo foi testado para o período de março a maio de 1998 e apresentou,

segundo os pesquisadores, 95 % de acerto.

França (2008) testa duas diferentes estimativas de visibilidade horizontal e

avalia as previsões de ocorrências de nevoeiro e visibilidade horizontal que podem

ser fornecidas pelo modelo Regional Eta (Centro de Previsão de Tempo e Estudos

Climáticos/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - CPTEC/INPE). Os

experimentos foram integrados sobre os aeroportos Afonso Pena (Curitiba/PR),

18

Guarulhos (São Paulo/SP) e Salgado Filho (Porto Alegre/RS). Os resultados

sugerem que o modelo Eta de 4 km pode ser usado como ferramenta útil na

previsão de ocorrências de nevoeiro e visibilidade horizontal e do FSI sob aspecto

regional quando comparados qualitativamente com o produto de detecção de

nevoeiro e stratus por imagens do GOES-12.

Souza (2008) em seu trabalho desenvolve um método de previsão de duração

de nevoeiro para todos os meses do ano para o Aeroporto Internacional de São

Paulo utilizando o método de Análise de Sobrevivência. Utilizou séries temporais

horárias de várias variáveis meteorológicas do Aeroporto Internacional de São

Paulo, para o período de 1° de janeiro de 1988 até 31 de dezembro de 2005. Os

dados foram obtidos através do convênio firmado entre a INFRAERO e o

CPTEC/INPE.

A segurança de vôo exige condições meteorológicas satisfatórias, tanto em

rota como nos procedimentos de pouso e decolagem. Assim, o nevoeiro, por

interferir por longos períodos nas operações dos aeródromos merece destaque

especial. Visando obter resultados mais precisos quanto ao prognóstico de formação

e duração do nevoeiro, para apoiar principalmente as atividades aeronáuticas, mais

pesquisas como as mencionadas nesse capítulo devem ser elaboradas.

19

4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. Apresentação dos dados

Após caracterização do fenômeno objeto da presente análise, no presente

capítulo, passa-se a apresentar os gráficos obtidos a partir dos dados extraídos das

mensagens meteorológicas pertinentes à EMS-1 do Aeroporto Internacional Salgado

Filho, quais sejam:

A. Dias de Nevoeiro

43

34

28 29

23

35

3033

35

0

5

10

1520

25

30

35

40

4550

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Dia

s de

Nev

oeir

o

Dias de Nevoeiro

Figura 1 – Dias de Nevoeiro por Ano

A figura 1 apresenta os dias de ocorrência de nevoeiro por ano, no período de

1998 a 2006, onde é possível perceber uma redução significativa na ocorrência do

fenômeno de 1998 a 2002, com novo incremento em 2003, mas, mantendo-se

equilibrada nos anos seguintes.

Cumpre ressaltar que foram constatados 290 dias de ocorrência de nevoeiro

no período sob análise.

20

0

10

20

30

40

50

60

70

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

5 4

12

33

5663

48

39

18

74 1

Dias de Nevoeiro por Mês(98/06)

Figura 2 – Dias de Nevoeiro por Mês (98/06)

A figura 2 apresenta os dias de ocorrência de nevoeiro por mês, no período

de jan/98 à dez/06. É possível perceber uma maior freqüência de dias de nevoeiro

nos meses de maio a agosto, correspondendo à 206 ocorrências.

B. Horas de Nevoeiro

162 158

93 99 94

125

96104

152

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Hor

as d

e N

evoe

iro

Horas de Nevoeiro

Figura 3 – Horas de Nevoeiro por Ano

21

A figura 3 apresenta as horas de ocorrência de nevoeiro por ano, no período

de 1998 a 2006. É possível verificar uma redução significativa de 1999 para 2000,

vez que a ocorrência do fenômeno passou de 158 para 93 horas. Nos anos

seguintes a ocorrência de horas de nevoeiro manteve-se próxima de 100. Em 2006

houve retorno aos patamares iniciais, com 152 horas de ocorrência.

Cumpre ressaltar que foram constatadas 1083 horas de ocorrência de nevoeiro no

período sob análise.

0

50

100

150

200

250

300

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

8 1033

83

212

285

198

159

67

16 10 2

Horas de Nevoeiro por Mês(98/06)

Figura 4 – Horas de Nevoeiro por Mês (98/06)

A figura 4 apresenta as horas de ocorrência de nevoeiro por mês, no período

de jan/98 à dez/06, onde é possível perceber uma maior quantidade de horas de

nevoeiro nos meses de maio a agosto, correspondendo à 854 horas.

22

C. Hora de início de Nevoeiro

Figura 5 – Hora de Início de Nevoeiros

A figura 5 representa a hora de início do nevoeiro durante o período de jan/98

à dez/06, sendo possível perceber que 176 das 290 ocorrências (60,7%) iniciam

entre 04 e 07 Local.

Figura 6 – Hora de Início de Nevoeiros (maio/agosto)

23

A figura 6 apresenta a hora de início de ocorrência de nevoeiro durante o

período de maio à agosto, entre os anos de 1998 a 2006, vez que corresponde ao

período de maior ocorrência, conforme verifica-se nas figuras 2 – Dias de Nevoeiro

por Mês e 4 – Horas de Nevoeiro por Mês (98/06). Nota-se nesta figura que 117 dos

206 (56,8%) dos nevoeiros iniciam entre 04 e 07 Local.

D. Duração dos Nevoeiros

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

57 58

3731

40

2016

10 106 3 2

Núm

ero

de O

corr

ênci

as

Duração (Horas)

Duração dos Nevoeiros (1998/ 2006)

Figura 7 – Duração dos Nevoeiros (98/06)

A figura 7 apresenta a duração dos nevoeiros durante o período de jan/98 à

dez/06, sendo possível perceber que 223 dos 290 (76,9%) dos nevoeiros duram de

1 a 5 horas. No entanto, somente os nevoeiros com 1 e 2 horas de duração

representam 115 desse total (39,7%).

24

05

10152025303540

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

36 34

22 20

32

1814

10 105 3 2

Núm

ero

de O

corr

ênci

as

Duração (Horas)

Duração dos Nevoeiros (maio/agosto)

Figura 8 – Duração dos Nevoeiros (maio/agosto)

A figura 8 apresenta a duração dos nevoeiros durante o período de maio à

agosto, entre os anos de 1998 à 2006, onde é possível perceber que 144 dos 206

(69,9%) tem duração de 1 a 5 horas. No entanto, destacam-se os nevoeiros com 1,2

e 5 horas de duração representando 102 desse total (49,5%).

E. Hora de Início x Duração dos Nevoeiros

Figura 9 – Hora de Início de Nevoeiros de Curta Duração

25

A figura 9 apresenta a freqüência de ocorrência de cada hora de início dos

nevoeiros de curta duração (1 a 3 horas) durante o período de jan/98 à dez/06,

sendo possível perceber que 76,3% dos nevoeiros de curta duração têm início entre

05 e 08 Local.

Figura 10 – Hora de Início de Nevoeiros de Média Duração

A figura 10 apresenta a freqüência de ocorrência de cada hora de início dos

nevoeiros de média duração (4 a 6 horas) durante o período de jan/98 à dez/06,

sendo possível perceber que 71,4% dos nevoeiros de média duração têm início

entre 04 e 06 Local.

Figura 11 – Hora de Início de Nevoeiros de Longa Duração

26

A figura 11 apresenta a freqüência de ocorrência de cada hora de início dos

nevoeiros de longa duração (7 a 9 horas) durante o período de jan/98 à dez/06,

sendo possível perceber que 77,7% dos nevoeiros de longa duração têm início entre

02 e 04 Local.

Figura 12 – Hora de Início de Nevoeiros de Muito Longa Duração

A figura 12 apresenta a freqüência de ocorrência de cada hora de início dos

nevoeiros de muito longa duração (11 a 12 horas) durante o período de jan/98 à

dez/06, sendo possível perceber que 90,9% dos nevoeiros de muito longa duração

iniciam entre 23 e 01 Local.

Como se encontrou basicamente a mesma relação entre a duração e seu

horário de início em análise similar dos nevoeiros ocorridos no período de maio a

agosto, seus gráficos não foram incluídos no trabalho.

27

F. Temperatura

0,0%5,0%

10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%

3,8%

10,3%

20,7%

25,9%23,8%

7,9% 7,6%

Temperatura (°C)

Temperatura na Hora de Início

Figura 13 – Temperatura na Hora de Início dos Nevoeiros

A figura 13 apresenta as temperaturas nos inícios dos períodos de ocorrência

de nevoeiro, no período de 1998 a 2006, onde se evidencia que 70,4% dos

nevoeiros iniciam com temperaturas entre 8,1°C e 17°C.

G. Visibilidade

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

1,7%

19,7%

16,4%

13,3%11,3%

8,3% 8,4%

3,2%

11,1%

6,6%

Visibilidade (metros)

Visibilidade Durante os Nevoeiros

Figura 14 – Visibilidade Durante os Nevoeiros

28

A figura 14 apresenta as visibilidades horizontais predominantes durante os

períodos de ocorrência de nevoeiro, no período de 1998 a 2006, onde se evidencia

que 60,7% dos nevoeiros restringe a visibilidade entre 50 e 400 metros.

4.2. Análise dos Resultados

Fazendo-se uma análise da região de Porto Alegre através dos gráficos

climatológicos do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia, nota-se uma

tendência climatológica favorável à formação do nevoeiro no outono e no inverno.

Gráfico 1 - Pressão ao Nível da Estação Gráfico 2 – Umidade

Gráfico 3 – Temperatura Média Gráfico 4 – Temperatura Mínima

29

Os gráficos contribuem para a pesquisa confirmando a presença de altas

pressões (indicando estabilidade atmosférica), umidade relativa elevada e

temperaturas baixas indicando alguns dos fatores contribuintes para a formação de

nevoeiro, principalmente entre os meses de maio a agosto.

Analisando a distribuição de freqüência de ocorrência do nevoeiro através das

figuras apresentadas no item 4.1 do presente, é possível verificar características da

sua formação quanto a sazonalidade, freqüência mensal e anual, hora de início,

duração, relação entre duração e hora de inicio, temperatura e visibilidade.

Quanto à sazonalidade e as freqüências mensal e anual, observou-se que o

mês de maior incidência é junho, quando ocorre a transição do outono para o

inverno. O mês de maio supera os meses de julho e agosto, confirmando uma

tendência em Porto Alegre de maior ocorrência do fenômeno no outono.

De forma geral, entre 1998 e 2006, houve redução na freqüência de

ocorrência de nevoeiros, porém em 2006 algum fator contribuiu significativamente

para ampliar os seus períodos de duração. Sendo relevante um estudo para

identificar os fatores que influenciaram essa ampliação da duração.

Cumpre destacar que em apenas um caso ocorreu o inicio de nevoeiro entre

11 e 21 Local, sendo que o período entre 04 e 07 Local foi observado como o

principal período de inicio, correspondendo a 60,7% dos nevoeiros.

Quanto a duração, foi verificado que em quase 40% das ocorrências do

nevoeiro, o fenômeno durou entre 1 e 2 horas. Isto revela que os nevoeiros de curta

duração são aqueles que mais ocorrem na região do Aeroporto Internacional

Salgado Filho.

Cumpre ainda destacar, que o período de maior ocorrência de nevoeiro,

refere-se aos meses de maio a agosto, correspondendo a mais de 70% das

ocorrências verificadas, sendo que o referido período também corresponde, aquele

em que os nevoeiros demoram mais para se dissipar.

Tais evidências e conclusões obtidas são confirmadas na análise dos dados

meteorológicos da EMS-1 do Aeroporto Internacional Salgado Filho, apresentadas a

seguir:

30

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%

mai/ago outros meses

71,0%

29,0%

Dias de Nevoeiro

Figura 15 – Dias de Nevoeiro

Fazendo-se uma comparação entre as ocorrências de dias de nevoeiro nos

meses do ano é notório que o fenômeno se faz presente mais significativamente

entre maio e agosto, respondendo em apenas 4 meses por 71% do total de

ocorrências, conforme observado na figura 15.

0,0%10,0%20,0%30,0%40,0%50,0%60,0%70,0%80,0%

mai/ago outros meses

78,9%

21,1%

Horas de Nevoeiro

Figura 16 – Horas de Nevoeiro

Na comparação entre as ocorrências de horas de nevoeiro nos meses do ano

fica mais evidente, através da observação da figura 16, que o fenômeno se faz

31

presente mais significativamente entre maio e agosto, respondendo por 78,9% em

apenas 4 meses.

0

50

100

150

200

250

300

1h/3h 4h/6h 7h/9h 10h/12h Total

152

91

3611

290

9270

3410

206

Núm

ero

de O

corr

ênci

as

Duração

Períodos de Duração dos Nevoeiros

Ano

Mai/Ago

Figura 17 – Períodos de Duração dos Nevoeiros

Comparando-se a freqüência de ocorrência entre os nevoeiros de curta

duração (1h a 3h), média duração (4h a 6h), longa duração (7h a 9h) e muito longa

duração (10h a 12h), na figura 17, pode-se afirmar que os nevoeiros com duração

igual ou superior a 7 horas, ou seja, 44 das 47 ocorrências (93,7%), ocorrem entre

os meses de maio a agosto.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%90,9%

100,0%

76,7% 73,3% 72,5%

34,8%

0,0%

Temperatura (°C)

Comparação da Temperatura na Hora de Início dos Nevoeiros entre Mai/Ago e o restante do ano

Figura 18 – Comparação da Temperatura na Hora de Início dos Nevoeiros

32

Conforme a figura 18, para as temperaturas iniciais de ocorrência de nevoeiro

entre 2,1 e 8,0°C, quase a totalidade dos nevoeiros ocorreram entre maio e agosto.

Constatou-se ainda que, no período entre maio a agosto, ocorreram poucos

nevoeiros com temperaturas iniciais entre 17,1 e 20,0°C e não ocorreram nevoeiros

com temperaturas iniciais superiores a 20,0°C. Outro resultado bastante significativo

foi a verificação da não ocorrência de nevoeiros em qualquer época do ano com

temperaturas iniciais menores ou iguais a 2,0°C.

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

80,0%

100,0%100,0%

71,9% 73,7% 77,5%66,7% 60,2%

76,4% 76,5% 74,6%62,9%

Visibilidade (metros)

Comparação da visibilidade Durante os Nevoeiros entre Mai/Ago e o restante do ano

Figura 19 – Comparação da Visibilidade Durante os Nevoeiros

O fato mais significativo verificado através da figura 19, comparação da

visibilidade durante os nevoeiros, foi que nevoeiros com restrição de visibilidade zero

ocorreram somente durante o período de maio e agosto.

33

Figura 20 – Duração e Hora de Início dos Nevoeiros (1998/2006)

Através das figuras 20 e 21, pode-se também concluir que, de forma geral,

quanto mais cedo o nevoeiro inicia, mais tempo ele demora a se dissipar,

independente da época do ano. Tal fato também foi observado no trabalho de Lima

(1982).

Figura 21 – Duração e Hora de Início dos Nevoeiros (mai/ago)

34

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Em razão da globalização, as atividades aeronáuticas tiveram grande impulso

em seu crescimento. Contudo, este incremento deve estar aliado à segurança,

rapidez e eficácia, tornando a aviação um meio de transporte condizente às

necessidades sociais da atualidade.

Dessa forma, todas as condições que possam interferir nas atividades

aeronáuticas, requerem atenção especial dos órgãos de proteção do tráfego aéreo,

entre os quais, destacam-se as condições meteorológicas. Dentre elas, aquelas com

maior implicação, devem ser devidamente analisadas e estudadas para maior

compreensão e desenvolvimento de técnicas de previsão mais precisas.

Assim, este trabalho, analisou a freqüência de ocorrência de nevoeiro no

Aeroporto Internacional Salgado Filho, considerando que o referido fenômeno, tem

grande incidência na região, causando inúmeras conseqüências, como a suspensão

das operações de pouso e decolagem, por longos períodos.

A análise proposta partiu inicialmente do estudo do fenômeno nevoeiro,

abordando sua conceituação, classificação, formação e dissipação, bem como suas

peculiaridades.

Em capítulo próprio foram apresentados os dados obtidos a partir de

mensagens meteorológicas pertinentes à localidade escolhida para análise, que

constam junto ao banco de dados do ICEA. Os dados obtidos foram submetidos aos

métodos estatísticos, de forma, a compilar as informações existentes, e, apresentar

seus resultados mediante figuras.

A partir dos resultados obtidos, foram iniciadas as análises, onde foi possível

fazer várias constatações, para o período de 1998 a 2006, dentre elas, tem-se:

quanto à ocorrência – o período de maior ocorrência de nevoeiro engloba os meses

de maio à agosto, sendo o mês de junho, o mês com maior ocorrência.

Quanto à duração e início – os nevoeiros com maior duração (> 6 h) iniciam

mais cedo (entre 23 e 04 Local); os nevoeiros com menor duração (≤ 3 h) iniciam

mais tarde (a partir de 05 Local).

Quanto à temperatura – os nevoeiros ocorridos apresentaram temperaturas

iniciais entre 2,1 e 23°C.

35

Quanto à visibilidade – os meses de maio à agosto correspondem ao período

com maior restrição de visibilidade nos nevoeiros. Nevoeiros com visibilidade zero só

foram verificados no referido período.

Apesar, das constatações feitas, o presente trabalho não encerra o estudo do

fenômeno nevoeiro, vez que observada variações na freqüência de ocorrência

durante os nove anos analisados (ver figuras 1 e 3 - Capítulo quatro).

Ocorre, que não se tem conhecimento dos fatores que contribuíram para tais

variações, razão pela qual, recomenda-se um estudo específico a fim de averiguar

quais fatores interferiram diretamente na freqüência de ocorrência dos nevoeiros na

região. Acredita-se que fenômenos meteorológicos de larga escala como o El Niño,

La Niña, entre outros, possam ter contribuído para oscilação.

Fica também como recomendação a possibilidade do estudo de um método

estatístico de previsão de ocorrência de nevoeiro, usando como base os dados

apresentados nesta análise e a indicação da utilização de Softwares estatísticos

modernos, que buscam relacionar as variáveis em grupos detalhando ainda mais a

análise.

Outro trabalho sugerido seria uma análise mais profunda sobre a influência da

Camada Limite Planetária na formação, duração e dissipação dos nevoeiros na

Região de Porto Alegre.

Desta forma, é necessário continuar elaborando pesquisas na região do

Aeroporto Internacional Salgado Filho, visando a melhoria dos prognósticos de

ocorrência de nevoeiro, assim como de outros fenômenos meteorológicos que

possam causar impacto nas operações do Aeródromo.

36

6. REFERÊNCIAS

CONDE, F. C.; DIAS, M. A. F. S.. Caracterização das Condições Atmosféricas

Durante a Ocorrência de Nevoeiro em São Paulo: Um Estudo de Caso. São

Paulo – SP. 1999

ESCOLA DE ESPECIALISTAS DA AERONÁUTICA - EEAR. Apostila de

Meteorologia Geral. Guaratinguetá. Elaborada por 3S BMT José Hélio Abreu

Nogueira, 2005.

FERREIRA, A. G. Meteorologia Prática. São Paulo: Oficina de Textos. 2006.

FRANÇA, V. D. J. Avaliação da metodologia de previsão de nevoeiro e

visibilidade horizontal. Dissertação de mestrado em Meteorologia, São José dos

Campos, INPE, 2008.

INSTITUTO DE CONTROLE DO ESPAÇÕ AÉREO – ICEA. Apostila de

Metodologia de Pesquisa e Métodos Objetivos de Previsão. São José dos

Campos. Revisada por Cap Esp Met Cícero Barbosa dos Santos, 2006.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA – INMET. Disponível em

http://www.inmet.gov.br. Acesso em: 17 jun. 2008.

LIMA, J. S. Previsão de ocorrências de nevoeiros em Porto Alegre: método

objetivo. Porto Alegre: Instituto de Proteção ao Vôo do Ministério da Aeronáutica,

1982.

OLIVEIRA, G. A. Método estatístico no auxílio à previsão de nevoeiro para o

aeródromo de Guarulhos. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção -

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

37

OLIVEIRA, V. M.; FEDOROVA, N. Condições para Formação de Nevoeiro em

Pelotas: Parte I – Análise Sinótica e Estatística (UFPel). In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, Brasília: SBMET, 1998 a.

OLIVEIRA, V. M.; FEDOROVA, N. Condições para Formação de Nevoeiro em

Pelotas: Parte II – Análise Estatística das Correlações (UFPel). In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, Brasília: SBMET, 1998 b.

OLIVEIRA, V. M., FEDOROVA, N. Condições para Formação de Nevoeiro em

Pelotas: Parte III - Análise Termodinâmica (UFPel). In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, Brasília: SBMET, 1998 c.

OLIVEIRA, V. M.; FEDOROVA, N. Condições para Formação de Nevoeiro em

Pelotas: Parte IV – Método de Previsão (UFPel). In: CONGRESSO BRASILEIRO

DE METEOROLOGIA, Brasília: SBMET, 1998 d.

PIVA, E. D.; FEDOROVA, N. Um estudo sobre a formação de nevoeiro de

radiação em Porto Alegre. Revista Brasileira de Meteorologia, v. 14, n. 2, 47-62,

1999.

SOUZA, M. P. Método Estatístico para Previsão de Duração de Nevoeiro no

Aeroporto Internacional de São Paulo, Utilizando Análise de Sobrevivência.

Dissertação de mestrado em Meteorologia, São José dos Campos, INPE, 2008.

TAYLOR, G. F. Aeronautical Meteorology. New York/USA. Pitman Publishing

Corporation, 1941.

VAREJÃO-SILVA, M. A. Meteorologia e Climatologia. Brasília: INMET, Gráfica e

Editora Pax, 2001. 2ª Edição.

38

APÊNDICE A – MAPA COM LOCALIZAÇÃO DA

CIDADE DE PORTO ALEGRE/RS

39

APÊNDICE B – MAPA COM LOCALIZAÇÃO DO

AEROPORTO INTERNACIONAL SALGADO FILHO (PORTO ALEGRE/RS)


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