Interpretações Fisiopsicológicas
São aquelas que se relacionam com questões
psicológicas, procurando associar as formas e
os espaços arquitetônicos a reações físicas e
psíquicas dos usuários, destacando a questão
do SIGNIFICADO da obra de arquitetura.
Aqui, o interesse do crítico passa a ser em
desvendar os aspectos imateriais (subjetivos)
que influenciam na concepção, produção e uso
dos espaços arquitetônicos, desvendando
valores subjetivos individuais e/ou coletivos.
a) Interpretação psicológica:
Recorre a evocações
literárias de “estados
da alma”, emoções
e sentimentos
produzidos pelos
estilos arquitetônicos,
decorrentes das
diferentes épocas
históricas.
Idade do Medo ➔ Arquitetura Egípcia
Pirâmides(2700 aC, Gizé
- Egito)
Templode Khonsu
(1180/50 aC- Egito)
Idade da Força ➔ Arquitetura Romana
Termas deCaracala(216 dC,Roma)
Coliseum
(72/80 dC
Roma)
b) Interpretaçãopsicanalítica:
Individualiza um
fenômeno do
subconsciente e
procura as relações entre
o conceito de espaço
sensível e a psicologia
abismal, tentando
encontrar explicações
para a arquitetura tanto
na personalidade dos
arquitetos como
usuários.
Casa Milà(1907, Barcelona
- Espanha)
SagradaFamília(1882/90, Barcelona- Espanha)
Antoni Gaudi(1852-1926)
Frank Lloyd Wright (1867-1959)
Michelangelo (1475-1564)
c) Interpretação simbolista:
Interpretação que “humaniza” e anima as formas
arquitetônicas em uma casuística de elementos
geométricos através de uma simpatia simbolista.
Linha reta = Razão Linha curva = Emoção
Horizontal = Repouso Vertical = Ascensão
Mies van der RoheTugendhat Haus(1928/30, Brno - Alemanha)
Tour Eiffel(1887/9,Paris)
Gustave Eiffel
Villa Emo (1565, Fanzolo - Itália)
Andrea Palladio
Catedral de Reims(1211, França)
Círculo = Perfeição Triângulo = Tensão
Catedral (1957/65, Brasília DF)Oscar Niemeyer
DonatoBramanteTempietto diSan Pietro inMontorio (1502/6,Roma - Itália)
Firestat (1992/3,Weil-am-Rhein - Alemanha)
Zaha Hadid
BarbaraBarkerCenter forDance(2000/3,Minneapolis- EUA)
Interpretações Formalistas
São aquelas que se relacionam com a FORMA
da arquitetura, enumerando uma série de
regras, leis e qualidades a que deve
corresponder à harmonia de uma composição.
Por HARMONIA entende-se o conjunto de
princípios e normas que visa a concordância ou
disposição bem ordenada entre as partes de um
todo, o que pode ser conseguido de vários
modos, principalmente através da adoção de
padrões pré-estabelecidos em relações.
a) Equilíbrio:
Referência visual mais
forte e constante do
homem, que serve de
base, consciente ou não,
para a formulação de
juízos visuais.
Seu conceito relaciona-se
à noção de estabilidade;
uma necessidade físico-
biológica, na qual se
assenta a percepção
humana.
Leon B. AlbertiTempio Malatesta(1446/50, Rimini)
Villa Stein (1927, Garches - França)Le Corbusier (1887-1965)
b) Simetria:
Equilíbrio segundo o qual
cada unidade situada a um
lado de uma linha central
da composição
corresponde exatamente
outra igual no outro lado,
ou seja, é o rebatimento
dos elementos visuais
segundo um eixo axial ou
radial .
Église des Invalides(1676/1706, Paris - França)
Jules-Hardouin Mansart(1646-1708)
c) Ritmo:
É a cadência ou compasso
em uma composição
artística, o que
corresponde à
identificação de uma
periodicidade de algum
elemento visual.
Analogamente à música, é
como se fosse a sucessão
de tempos fortes e fracos
em intervalos regulares,
que se alternam em uma
fachada arquitetônica.
Façade Est du Louvre(1667/74, Cour Carré
Paris - França)
Claude Perrault (1613-88)& Louis Le Vau (1612-70)
d) Unidade:
Princípio de composição
artística, segundo o qual deve
haver uma totalidade
visualmente perceptível, na qual
todas as partes devem se
entrosar tão perfeitamente, que
se perceba e se considere como
objeto único. É a expressão
unitária do conjunto ou a
síntese dos elementos.
Edo-Tokyo Museum(1992/94, Tóquio - Japão)
Kisho Kurokawa(1934-2007)
John Portman (1924-2017)Bonaventure Hotel (1975/7, Los Angeles CA - EUA)
e) Contraste:
Oposição entre duas
coisas, através da
diferenciação de forma,
de cor ou de material.
Elemento essencial das
artes, influencia todas as
sensações visuais, pois
permite intensificar uma
mensagem visual. Além
disso, pode provocar
ilusões perceptivas.
The Atlantis (1979/82, Miami FL - EUA)
Arquitectonica
Hans Hollein (1934-2014)Haas Haus
(1989/93, Viena - Áustria)
f) Ênfase:
Na composição, consiste
em realçar intensamente
uma só coisa contra um
fundo uniforme, criando
uma tensão em relação a
um ponto focal ou centro de
interesse visual. É o mesmo
que ACENTUAÇÃO.
California Aerospace Museum
(1982/84, Los Angeles CA - EUA)
Frank Gehry (1929-)
Chiat-Day-MojoHeadquarters(1975/91, Venice CA- EUA)
g) Escala:
Relação dimensional ou
comparação de tamanho
entre um elemento e um
padrão, que pode ser o
homem, outro elemento
ou o todo.
h) Proporção:
Caso especial da escala,
ou seja, relação
harmoniosa das partes
entre si e com o conjunto
do edifício (proportio =
relação por porção).
Templo de Hera Argiva(c.460 aC,
Paestum- Itália)
i) Verdade:
Diz-se da sinceridade
arquitetônica, quando
um edifício expressa o
que realmente é.
J) Propriedade:
Verdade técnica, ou
seja, uso de recursos
necessários e
suficientes para que
haja o edifício.
EngineeringFaculty(1964/68, Leicester –Inglaterra)
James Stirling(1928-92)
Arata Isozaki (1931-)Team Disney Corporation Office(1989/91, Orlando FL- EUA)
k) Caráter:
Consiste na expressão geral da obra, ou seja, na forma
como pode ou não exprimir nobreza, requinte, civismo,
vulgaridade, dignidade, sobriedade, força, opressão, etc.
Saint ChapelleCatedral de Notre-Dame
(1243/8, Paris França)
Chiswick House(1725, Middlesex - Ingl.)
R. Boyle & W. Kent
R. Rogers & R. PianoCentre Georges Pompidou(1977/81, Paris - França)
Interpretações Espaciais
São aquelas que não se limitam aos efeitos
visíveis abordados pela análise formalista ou às
questões mais abstratas abordadas pelas
interpretações conteudistas e fisiopsicológicas,
pois valorizam o ESPAÇO, considerado como
objetivo e fim da arquitetura.
Aqui, o espaço arquitetônico é visto como
materialização de conteúdos sociais, efeitos
psicológicos, valores formais e questões utilitárias.
Considera-se como o valor
próprio e original da
arquitetura o ESPAÇO
INTERIOR, ou seja, todos os
outros elementos –
volumétricos, plásticos e
decorativos – valem para a
apreciação do edifício em
função, segundo o modo
como acompanham,
acentuam ou ofuscam
seu valor espacial.
Vilanova Artigas(1915-85)
Prédio da FAU-USP(1954/61, São Paulo SP)
Como a interpretação da
arquitetura requer uma
vivência do seu espaço,
pode-se dizer que este
“modo de ver” seria o mais
completo que todos, já que
envolveria todos os
demais aspectos, os quais
se efetivam no CONTATO
DIRETO com o ambiente.
Miller House – House V (1970, Lakeville CT - EUA)Peter Eisenman (1932-)
Conclusão
Todo espaço arquitetônico é fruto de uma série
de CONDICIONANTES, as quais variam desde
determinantes contextuais (sistema sócio-
econômico, questões técnicas, imposições morais,
etc.) até critérios compositivos, intenções plásticas
e inclusive valores pessoais.
Sua INTERPRETAÇÃO requer a análise de todas
essas componentes, sem esquecer que a vivência
espacial é fundamental, pois sempre sugere um
movimento, pois é uma realidade multidimensional.
Assim, a compreensão da
arquitetura requer o estudo
da PERCEPÇÃO
ESPACIAL, que analisa
como as pessoas “leem” o
espaço, interpretam-no e
são influenciadas por ele;
um tema de grande
interesse aos arquitetos,
responsáveis pela
concepção desses
espaços de vivência. San Antonio Main Library
(1992/8, Texas - EUA)Ricardo Legorreta (1931-2011)
Rafael Vignoly (1944-)Tokyo International Center(1996/99, Tóquio - Japão)
Leitura Complementar
❑APOSTILA – Capítulo 08.
❑ARNHEIM, R. Arte e percepção visual. São Paulo: EdUSP, 1998.
❑CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço, ordem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
❑DONDIS, A. Sintaxe da mensagem visual.3. ed. São Paulo: Martins Frontes, 2002.
❑ZEVI, B. Saber ver a arquitetura. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.