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Iris Santos FEP (1)

Date post: 17-Dec-2015
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0 PLANO DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING INTEGRADA (IMC): MARCA PAUPÉRIO por Íris Diana Rocha dos Santos Projeto de Mestrado em Marketing Orientada por Prof. Doutor Paulo Alexandre Botelho Rodrigues Pires 2012
Transcript
  • 0

    PLANO DE COMUNICAO DE MARKETING INTEGRADA (IMC):

    MARCA PAUPRIO

    por

    ris Diana Rocha dos Santos

    Projeto de Mestrado em Marketing

    Orientada por

    Prof. Doutor Paulo Alexandre Botelho Rodrigues Pires

    2012

  • i

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Breve Nota Biogrfica

    A mestranda ris Santos licenciou-se em Gesto pela Faculdade de Economia da

    Universidade do Porto em 2009. Em 2010 ingressou no mestrado em Marketing na

    mesma faculdade.

  • ii

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Agradecimentos

    Pauprio, em particular ao Dr. Hlio Rebelo, pela amabilidade e

    disponibilidade demonstrada durante a execuo deste projeto.

    Ao orientador, o Professor Doutor Paulo Pires, pelo apoio e orientao terica.

  • iii

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Resumo

    O final do sculo XX foi marcado por um boom de nostalgia, caraterizado como

    um fenmeno coletivo de crescente interesse e fascnio por pocas passadas. A nostalgia

    considerada um estado emocional no qual o individuo sente saudade de uma verso

    idealizada de um perodo de tempo passado (Stern, 1992). Cada vez mais os

    consumidores procuram novas experincias atravs de marcas revivalistas que os

    transportem para pocas passadas mais felizes, tal como a infncia. Na verdade, poder

    ser esperado que em tempos de incerteza ou turbulncia sociocultural e econmica, a

    nostalgia fornea uma sensao de conforto e uma comunidade de ligao prxima, um

    paraso seguro num mundo inseguro (Brown, Robert, & F. Sherry Jr, 2003).

    A Pauprio - caso abordado neste plano de comunicao - uma marca

    portuguesa de bolachas e biscoitos desde 1874, que tem vindo a tirar partido nestes

    ltimos anos de uma crescente procura por parte dos consumidores de produtos antigos

    portugueses. A histria, antiguidade e tradio da marca envolvem-na numa aura

    nostlgica, levando os consumidores a reviver tempos idos. Sem dvida alguma que a

    antiguidade e a histria so os seus pontos fortes, bem como o expertise que advm da

    sua experincia de fabricante de quase 140 anos.

    Em 2010, com a inaugurao da loja de Rio Tinto, a Pauprio iniciou um

    processo de expanso dos seus pontos de venda de insgnia prpria, que at a data

    contavam nica e exclusivamente com a loja de fbrica em Valongo. Com esta

    iniciativa, a marca pretende reduzir a dependncia que tem no mercado do consumidor

    final e contorna a questo do incumprimento dos pagamentos relativamente aos seus

    revendedores.

    Este plano de comunicao de marketing integrada prope uma estratgia de

    comunicao assente em apelos criativos muito fortes: a nostalgia, o afeto e o

    patriotismo. So tambm propostas solues ao nvel da comunicao para problemas

    que afetam a marca, tal como a acentuada sazonalidade dos seus produtos. De igual

    modo, ser dada particular ateno s redes sociais, devido aos seus baixos custos, ao

    crescimento do nmero de utilizadores da Internet e por constiturem um meio

    privilegiado para alcanar segmentos de consumidores jovens.

  • iv

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Abstract

    The late 20th

    century was characterized by a nostalgia boom, concept known as a

    collective phenomenon of increasing interest and fascination with the past. Nostalgia is

    considered an emotional state in which and individual yearns for an idealized or

    sanitized version of an earlier time period (Stern, 1992). Increasingly, consumers are

    looking for new experiences that could take them back to happier and more fulfilling

    times, such as childhood. In fact, it might be expected that in times of threat or of

    sociocultural and economic turbulence, nostalgia would provide a sense of comfort and

    close-knit community, a safe haven in an unsafe world. (Brown, Robert, & F. Sherry Jr,

    2003).

    Pauprio the case discussed in this communication plan is an antique

    Portuguese brand of cookies and biscuits since 1874 which, recently, has been taking

    advantage of a growing demand from consumers for vintage Portuguese products. The

    history, antiquity and tradition involve this brand in a nostalgic aura, leading consumers

    to live bygone times. Doubtless, the antiquity and history are the brandss strengths, as

    well the expertise that comes from its experience of nearly 140 years of manufacturer.

    In 2012, with the opening of Rio Tintos store, Pauprio began a process of

    expansion of their selling points that, to the date, only included the factory store in

    Valongo. With this initiative, the brand aims to reduce its dependence on the final

    consumer market and avoids the issue of non-payment by its resellers.

    This integrated marketing communications plan proposes a communication

    strategy based on strong creative appeals: nostalgia, affection and patriotism. There

    will be presented, likewise, solutions regarding communication to solve some problems

    such as the pronounced seasonality of its products. Similarly, particular attention will be

    given to social networks due to their low costs, the growing number of Internet users

    and also because they constitute a fast-track in reaching segments of younger

    consumers.

  • v

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    ndice

    Breve Nota Biogrfica ....................................................................................................... i

    Agradecimentos ................................................................................................................ ii

    Resumo ............................................................................................................................ iii

    Abstract ............................................................................................................................ iv

    Introduo ......................................................................................................................... 1

    CAPTULO 1 .................................................................................................................... 2

    1.1. Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC) ..................................... 3

    1.2. Objetivos do Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC) ................ 6

    1.3. Ciclo de Vida do Produto ................................................................................. 11

    1.4. Situaes de Escolha do Consumidor .............................................................. 13

    CAPTULO 2 .................................................................................................................. 14

    2.1. Histria da Marca ............................................................................................. 15

    2.2. Anlise do Mercado ......................................................................................... 18

    2.2.1. Comportamento de Compra do Consumidor ................................................ 18

    2.2.2. Anlise Competitiva ..................................................................................... 23

    2.2.3. Ambiente e Tendncias de Mercado ............................................................ 27

    2.2.3.1. Tendncias na Comunicao ................................................................. 27

    2.2.3.2. Anlise do Comrcio a Retalho ............................................................. 30

    2.2.3.3. O Mercado da Nostalgia ........................................................................ 32

    2.2.4. Anlise do Produto ....................................................................................... 34

    2.3. Estratgia de Marketing ................................................................................... 36

    2.3.1. Segmentao de Mercado ............................................................................. 39

    2.3.2. Mercado Alvo ............................................................................................... 41

  • vi

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.3.3. Posicionamento da Marca ............................................................................. 44

    2.3.4. Bases de Concorrncia ................................................................................. 45

    2.4. Anlise da Comunicao Atual ........................................................................ 47

    CAPTULO 3 .................................................................................................................. 49

    3.1. Objetivos .......................................................................................................... 50

    3.1. Oramento Previsional ..................................................................................... 52

    3.2. Desenvolvimento da Campanha ....................................................................... 53

    3.3. Mix Comunicacional ........................................................................................ 56

    3.3.1. Promoes de Vendas ................................................................................... 57

    3.3.2. Marketing Digital ......................................................................................... 61

    3.3.3. Patrocnios .................................................................................................... 71

    3.3.4. Ponto de Venda ............................................................................................. 76

    CAPTULO 4 .................................................................................................................. 81

    Janeiro ............................................................................................................................. 86

    Fevereiro ......................................................................................................................... 87

    Maro .............................................................................................................................. 89

    Abril ................................................................................................................................ 90

    Maio ................................................................................................................................ 93

    Junho ............................................................................................................................... 94

    Agosto ............................................................................................................................. 98

    Setembro ......................................................................................................................... 99

    Outubro ......................................................................................................................... 101

    Novembro ..................................................................................................................... 103

  • vii

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Dezembro ...................................................................................................................... 104

    Notas Complementares ................................................................................................. 105

    Bibliografia ................................................................................................................... 106

    Webgrafia ...................................................................................................................... 110

    ANEXOS ...................................................................................................................... 111

    Anexo 1 ..................................................................................................................... 112

    Anexo 2 ..................................................................................................................... 113

    Anexo 3 ..................................................................................................................... 114

    Anexo 4 ..................................................................................................................... 115

    Anexo 5 ..................................................................................................................... 116

    Anexo 6 ..................................................................................................................... 117

    Anexo 7 ..................................................................................................................... 118

    Anexo 8 ..................................................................................................................... 119

    Anexo 9 ..................................................................................................................... 121

    Anexo 11 ................................................................................................................... 123

  • 1

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Introduo

    Frequentemente a nossa preferncia por uma marca que usvamos na infncia

    deve-se nostalgia.1 A Pauprio faz parte das memrias de infncia de muitas geraes,

    tornando-se uma marca carregada de emoes e de reminiscncias do passado. A

    experincia e a identificao com os valores tradicionais envolvem a marca numa aura

    nica e difcil de imitar pela concorrncia. Numa poca de revivalismo, esta vantagem

    competitiva diferenciadora e considerada apelativa at para os pblicos mais jovens.

    Tirando partido desta tendncia de consumo, a Pauprio encontra-se em pleno

    processo de expanso da sua cadeia de lojas prprias, atividade que iniciou em 2010,

    com a abertura do ponto de venda em Rio Tinto. No presente ano, a marca abriu outra

    loja, desta vez em Ermesinde, prevendo-se para breve novas aberturas no distrito do

    Porto. Em plena crise econmica, a estratgia da marca pode ser considerada ousada, no

    entanto, esta permite contornar o incumprimento dos seus revendedores e beneficiar das

    suas margens de lucro.

    Neste plano de comunicao so sugeridas algumas solues ao nvel das

    comunicaes de marketing, temtica ainda pouco desenvolvida pela marca. De

    momento, a Pauprio no tem departamento de marketing, nem um plano de

    comunicao formalizado.

    Assim, este plano de comunicao de marketing divide-se em quatro captulos.

    O primeiro consiste numa introduo e anlise do conceito de comunicaes de

    marketing integradas (integrated marketing communications - IMC). O segundo

    captulo engloba diversas anlises relativas ao caso especfico da Pauprio, bem como,

    a definio dos objetivos de comunicao da marca. Na terceira parte so propostas

    solues de comunicao atravs da seleo das variveis mais adequadas do mix

    comunicacional. Por fim, no quarto captulo, a calendarizao e a oramentao so

    apresentadas para cada ms do ano de 2013. Embora as solues propostas neste plano

    sejam relacionadas com os pontos de venda da marca, em alguma situaes, o foco e

    anlise sero direcionados aos seus produtos, uma vez que ambos se fundem num nico

    conceito.

    1 (Lindstorm, 2011)

  • 2

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    CAPTULO 1

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC)

    Definio, importncia e objetivos. O modelo DAGMAR. Condicionantes dos

    objetivos do IMC: o ciclo de vida do produto e as situaes de escolha do

    consumidor.

  • 3

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    1.1. Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC)

    Um plano de comunicao de marketing integrada um documento que delineia

    estratgias e aes de comunicao de forma integrada, bem como o seu modo de

    execuo, calendarizao das tarefas e oramentao. O ponto mais importante deste

    plano a integrao dos vrios instrumentos de comunicao. O conceito de integrao

    implica a existncia de coerncia e sinergias entre os vrios elementos do mix

    comunicacional e tem como objetivo alcanar uma aparncia homognea e coerente da

    marca perante os consumidores.

    A comunicao de marketing integrada usualmente comparada a uma

    orquestra.2 Se numa orquestra cada instrumento tomar um caminho diferente dos

    demais, o resultado no ser harmonioso, acontecendo o mesmo no campo da

    comunicao de marketing. Se cada elemento do mix comunicacional seguir uma

    direo independentemente dos restantes, isso resulta em contradies na imagem da

    marca, podendo penalizar a atitude e o conhecimento que os consumidores tm desta.

    No aspeto prtico, o IMC tenta combinar, integrar e criar sinergias entre os elementos

    do mix comunicacional, uma vez que as foras de uns so usadas para compensar as

    fraquezas de outros.3

    Mais, a integrao deve existir no s entre os instrumentos de comunicao que

    constituem o plano, como tambm fora, ou seja, o prprio plano tem que estar integrado

    num plano global, o de marketing estratgico.4 De acordo com Duncan (2005), as

    comunicaes de marketing verdadeiramente integradas no integram apenas as funes

    de comunicao de marketing, mas tambm os aspetos comunicacionais de outras aes

    de marketing e at atividades levadas a cabo por outros departamentos da organizao.

    Segundo De Pelsmacker et al. (2010), uma vez que a estratgia de comunicao dever

    ser parte integrante do plano de marketing estratgico da marca, o primeiro passo ser

    analisar o ambiente atual ao nvel de aes de comunicao, bem como a estratgia de

    marketing da marca. Destas anlises devem-se definir as aes de comunicao de

    marketing que melhor servem os objetivos da marca. Assim, o IMC tem uma

    2 (Duncan, 2005)

    3 (Kitchen, Brignell, Li, & Jones, 2004)

    4 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

  • 4

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    importncia substancialmente superior quando comparado com os planos de

    comunicao de marketing tradicionais5, dado que evita que o consumidor seja

    confrontado com mensagens contraditrias e inconsistentes.

    A integrao dos esforos comunicacionais pode, no entanto, ser complexa

    devido especializao funcional das agncias de comunicao em reas muito

    especficas.6 difcil encontrar uma agncia que oferea uma soluo de comunicao

    integrada, que englobe todas as variveis do mix comunicacional. A ttulo de exemplo,

    existem agncias especializadas somente em relaes pblicas, deixando a empresa com

    a tarefa de atribuir as outras reas de comunicao como a publicidade e a promoo de

    vendas a outra agncia, ou por outro lado, internalizar estas atividades. A complexidade

    decorrente de ter vrias agncias responsveis por diferentes veculos de comunicao

    a coerncia entre o trabalho destas. Para evitar esta situao, muitas empresas optam por

    atribuir algumas funes s agncias e por internalizar outras, de forma a assegurar que

    o resultado final seja harmonioso e coerente.

    De igual importncia, o sucesso do IMC reside tambm na existncia de um

    gestor de comunicaes que dever ter a autoridade para supervisionar e integrar todas

    as funes de comunicao especializada da organizao.7 A existncia de um

    responsvel pela comunicao de marketing assegura que todos os esforos de

    comunicao seguem a mesma direo.

    Definido o conceito de IMC e a sua relevncia, importa analisar os motivos

    pelos quais todas as marcas devem elaborar um plano de comunicao. Segundo

    Duncan (2005), existem diversas razes para a criao de um plano de comunicao.

    Segundo o autor, um plano de comunicao fornece um processo racional na

    identificao das questes de comunicao mais importantes nas quais a empresa se

    deve focar nos prximos meses, ajudando-a a determinar a melhor forma de usar a

    comunicao de marketing para alcanar os seus objetivos. Para alm de orientar a

    prossecuo dos objetivos, um plano pode ser entendido como uma lista de

    5 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

    6 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

    7 (Duncan, 2005)

  • 5

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    expectativas, uma vez que informa toda gente envolvida nas aes de comunicao

    sobre o que esperado ao nvel do seu desempenho.

    Ao nvel hierrquico, um plano de comunicao informa os gestores de topo

    sobre como o oramento de comunicao ser gasto e o que a empresa poder esperar

    como retorno do capital investido em comunicao de marketing. Um plano de

    comunicao um investimento, sendo de esperar retornos a mdio/longo prazo. Ao

    nvel da avaliao de desempenho, um plano fornece um padro atravs do qual os

    progressos e os resultados finais podem ser medidos, temtica desenvolvida na seguinte

    seco.

    Como nota final, importante salientar a componente prtica da comunicao de

    marketing. Embora assente na estratgia da empresa, a comunicao de marketing

    atravs do plano de comunicao, consiste num conjunto de atividades concretas, por

    oposio ao plano de marketing cuja natureza estratgica. Desta forma, os objetivos de

    comunicao so um importante meio para alcanar os objetivos de marketing de ordem

    superior, tal como volumes de vendas, quota de mercado, havendo contudo uma

    dificuldade inerente em relacion-los com as aes de comunicao.8

    8 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

  • 6

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    1.2. Objetivos do Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC)

    O intuito principal da definio de objectivos a constatao das metas que

    devero ser atingidas, de modo a que a organizao mobilize os esforos necessrios e

    possa avaliar a eficcia do plano de comunicao.9 Segundo De Pelsmacker et al.

    (2010), sabendo que os objetivos de comunicao so tambm um critrio atravs do

    qual o sucesso - ou fracasso - da campanha avaliado, importante que estes sejam

    bem definidos e quantificados. Apenas ser possvel aferir o sucesso da campanha, se

    houver um ponto de partida, a partir do qual se possa comparar aquilo que se pretendia

    com aquilo que efetivamente foi conseguido. Os autores supracitados defendem que a

    escolha dos objetivos certos depende dos problemas surgidos na anlise situacional

    preliminar, do posicionamento da marca, concorrncia, oportunidades e ameaas. Na

    verdade, os objetivos devem ser relevantes para os problemas identificados pela

    empresa e especificamente lidar com as ameaas ou construir oportunidades de

    mercado.10

    De igual modo, na definio dos objetivos do plano de comunicao, h que

    ter em conta uma diversidade de fatores, como o caso do ciclo de vida do produto e as

    situaes de escolha do consumidor.

    Os objetivos de comunicao podem ser categorizados como de ao e de

    tema/imagem. Nesta ltima, a chamada comunicao above-the-line, a marca tem como

    intuito comunicar ao pblico alvo algo sobre a marca, ou o produto e servios

    oferecidos, sendo o objetivo principal a melhoria do relacionamento com o consumidor,

    o aumento da satisfao do cliente, ou o reforo da notoriedade da marca e preferncia

    (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Estas aes podem conduzir a uma

    influncia positiva no comportamento de compra do pblico alvo. Por contraposio, as

    comunicaes de aco, below-the-line, cujo objetivo principal o estimulo da compra,

    pretendem influenciar o comportamento de compra do pblico alvo e persuadir o

    consumidor a adquirir o produto.11

    de referir que estes dois tipos de aes no so

    conceitos estanques, podendo uma aco below-the-line ser considerada tambm como

    above-the-line, e vice-versa.

    9 (Duncan, 2005)

    10 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

    11 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

  • 7

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Para a definio dos objetivos de comunicao deste plano ser usado o modelo

    DAGMAR - Defining Advertising Goals for Measured Advertising Results de Colley

    (1961), utilizado frequentemente para monitorizar e avaliar campanhas de publicidade.

    Embora a literatura sugira outros modelos igualmente aplicveis, o DAGMAR surge

    como um dos mais completos e por isso escolhido para a definio dos objetivos deste

    plano. Segundo De Pelsmacker et al. (2010), o ponto forte deste modelo consiste na

    introduo de medidas quantificveis de eficcia, tal como os nveis de notoriedade e

    imagem, uma vez que os objetivos relativos s vendas so difceis de correlacionar com

    os gastos em comunicao. Estas medidas assumem-se como efeitos intermedirios e

    constituem, indicadores de vendas futuras, dado que, um aumento nos ratings de

    notoriedade e imagem podero ser responsveis por um aumento nas vendas. Assim,

    segundo o modelo DAGMAR, o processo de comunicao pode surtir nove efeitos, que

    se traduzem em objetivos:

    1 Necessidade da Categoria

    2 Notoriedade da Marca

    3 Conhecimento da Marca

    4 Atitude face Marca

    5 Inteno de Compra

    6 Facilitao da Compra

    7 Compra

    8 Satisfao

    9 Lealdade Marca

    (Colley, 1961)

  • 8

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Necessidade da Categoria

    A primeira condio a respeitar por uma marca fazer parte de uma categoria de

    produtos necessrios ou desejados. Se os consumidores no perceberem a marca como

    apropriada para responder s suas necessidades, estes no tero motivao para a

    comprar. Embora a necessidade de categoria seja sempre necessria antes de outros

    objetivos, torna-se claro que na maioria dos casos se pode considerar presente.

    Notoriedade da Marca

    A notoriedade consiste na associao de caractersticas fsicas como a marca,

    nome, logtipo e embalagem a uma categoria de necessidades. A notoriedade pode ser

    definida de duas formas: espontnea e assistida. A notoriedade assistida a mais fcil

    de conseguir, visto que, mais simples reconhecer uma marca do que lembr-la

    espontaneamente. Contudo, importante referir que quando um indivduo se lembra de

    uma marca tal no significa que a reconhea no ponto de venda. O tipo de notoriedade

    mais adequado como objetivo depende da situao circunstancial em que o produto

    comprado. Se a escolha de compra no feita no ponto de venda, torna-se fundamental

    lembrar marca. Caso contrrio, quando a compra efetuada na loja, o reconhecimento

    mais importante que o lembrar. Para estimular o reconhecimento fundamental mostrar

    a embalagem ou marca do produto, na publicidade ou em outras formas de

    comunicao, de forma sempre igual e com as mesmas cores e formatos (De

    Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Para fomentar a lembrana da marca

    necessrio repetir a associao entre esta e a categoria de produto. A notoriedade

    precede a atitude, uma vez que, se uma marca no for conhecida, impossvel construir

    uma imagem, preferncia ou atitude.

    Conhecimento da Marca

    O conhecimento da marca significa que o pblico alvo de consumidores est a

    par das suas caractersticas mais essenciais e benefcios. O pblico alvo conhece os

    pontos fortes da marca e sabe porque h de compr-la, em vez de adquirir outra soluo

    concorrente. Pode-se afirmar que quando os consumidores esto a par das

    caractersticas da marca, estes conhecem o seu posicionamento. Este conhecimento

  • 9

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    tanto pode ser objetivo como subjetivo, dado que muito do que sabemos de uma marca

    pode ser resultado de experincias passadas, crenas e percees.12

    Atitude face Marca

    Uma vez conhecidas as marcas existentes numa determinada categoria de

    produtos, os consumidores iro basear a sua escolha numa avaliao das diferentes

    opes. O resultado desta avaliao ou julgamento chama-se de atitude, podendo ser

    positiva, negativa ou inexistente.

    Inteno de Compra

    A inteno de compra ou outras aes relacionadas com esta, tal como ir loja

    ou pesquisar mais informaes, pode ser sempre melhorada. Para as marcas cujos

    produtos implicam um envolvimento baixo, a inteno de compra nunca dever ser

    evidenciada na comunicao (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Neste

    caso, quando uma marca conhecida e a sua atitude favorvel, tal pode levar

    compra, sempre que haja necessidade de adquirir essa categoria de produto.

    Facilitao da Compra

    A facilitao da compra traduz-se em assegurar aos compradores de que no

    existem barreiras escondidas aquando da compra. Algumas vezes a disponibilidade e o

    preo podem impedir o consumidor de comprar, devendo a comunicao minimizar

    estes problemas.

    Compra

    Embora a compra seja o principal objetivo de marketing, o mesmo no se

    verifica de forma imediata ao nvel da comunicao (exceto no caso das promoes de

    vendas). No momento da compra, o consumidor tem determinadas expectativas que

    espera serem realizadas. Quando o produto cumpre ou excede as expectativas, o

    consumidor ficar satisfeito e ter tendncia a escolher a mesma marca na prxima vez

    que comprar essa categoria. No satisfeitos, os clientes tendem a comentar com amigos

    12

    (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

  • 10

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    e familiares e podem no voltar a comprar. Desta forma, a comunicao no pode parar

    no momento da compra, devendo incidir sobre os atuais compradores uma vez que estes

    podem tornar-se advogados da marca. De igual modo, fundamental assegurar aos

    consumidores que fizeram uma boa compra, dado que, ao serem expostos a uma

    situao de escolha e deciso, estes podem ter dvidas sobre qualidade da sua compra

    (dissonncia cognitiva).

    Lealdade Marca

    Segundo De Pelsmacker et al. (2010) a lealdade marca um compromisso

    mental ou uma relao entre o consumidor e a marca. Segundo os mesmos autores a

    compra repetida no o mesmo que lealdade. A compra repetida fruto do hbito ou

    rotina de compra e no preferncia pela marca ou lealdade. Quando o envolvimento

    baixo, os consumidores tendem a comprar sempre as mesmas marcas sem que haja

    lealdade, de modo a evitar avaliar as alternativas e ter que escolher uma marca de todas

    as vezes que vo comprar. A lealdade no uma caracterstica da marca mas sim da

    categoria de produto (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). A lealdade

    pode ser, de fato, um resultado do hbito. No sentido de encorajar os clientes leais a

    comprar mais frequentemente, pode-se sugerir novas formas de usar os produtos marca

    ou novas situaes de utilizao.

  • 11

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Vendas

    1.3. Ciclo de Vida do Produto

    Um dos fatores mais importantes na escolha dos objetivos consiste na fase do

    ciclo de vida do produto de uma marca ou produto (De Pelsmacker, Geuens, & Van den

    Bergh, 2010). Dependendo da fase do ciclo do produto em que a marca se encontra,

    depender tambm a estratgia de comunicao de marketing. Assim, as necessidades

    de comunicao so distintas para cada estgio do ciclo de vida, observando-se uma

    evoluo dos objetivos de marketing, sendo certo que em qualquer fase a notoriedade

    deve ser sempre trabalhada. No caso que ir ser abordado neste plano de comunicao -

    a marca Pauprio - a definio da fase do ciclo de vida do produto no bvia. A marca

    encontra-se simultaneamente numa fase de maturidade - como produtora desde 1874 - e

    numa fase de introduo - como distribuidora dos seus prprios produtos desde 2010.

    Introduo Crescimento Maturidade Declnio

    Necessidade de Atitude e Notoriedade top-of-mind, Compra e

    categoria, notoriedade, preferncia. atitude, lealdade e novos pblicos

    conhecimento e atitude. satisfao do consumidor alvo

    Grfico 1: Ciclo de vida do produto e objetivos de comunicao de marketing

    (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

    Tempo

  • 12

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    De acordo com De Pelsmacker et al. (2010), numa fase de introduo, os

    objetivos de comunicao mais importantes so a notoriedade, conhecimento e atitude.

    Segundo os mesmos autores, nos bens de consumo dirio, os consumidores devem ser

    persuadidos a experimentar o novo produto. Numa fase de maturidade, a estratgia de

    comunicao deve passar pela lealdade dos consumidores, notoriedade top-of-mind,

    atitude e satisfao do consumidor.

  • 13

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    1.4. Situaes de Escolha do Consumidor

    Para alm do ciclo de vida do produto/marca, a situao em que o consumidor se

    encontra na altura da compra determina em larga medida os objetivos de um plano de

    comunicao. O processo de escolha pode abarcar a rapidez, frequncia e modalidade

    da compra, ou seja, se as compras so frequentes e pouco pensadas ou raras e mais

    planeadas (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Uma diversidade de

    situaes pode ocorrer no momento da aquisio e influenciar a escolha do consumidor.

    Existem cinco variveis importantes que influenciam o processo de deciso de compra

    do indivduo: o processo de escolha, a relao do consumidor com o produto, as

    caractersticas do ponto de venda, os conselhos envolvidos na compra, as caractersticas

    do produto e o prprio consumidor.13

    A relao que o consumidor tem com o produto

    ou a marca traduz-se num envolvimento que pode ser alto ou baixo. O envolvimento

    pode ser definido como a importncia que as pessoas atribuem a um produto ou a uma

    deciso de compra, ou seja, at que ponto o individuo tem que pensar - mais vezes - e

    qual o nvel de risco percebido associado a uma escolha errada (De Pelsmacker,

    Geuens, & Van den Bergh, 2010). Quando o envolvimento alto, o processo de escolha

    tende a ser longo e com grande processamento de informao, partindo-se do

    pressuposto que existe uma quantidade importante de dinheiro envolvida na aquisio.

    As caractersticas dos consumidores so relevantes na medida em que o seu

    background socioeconmico e experincias determinam os seus gostos e padres de

    compra. O consumidor faz parte do processo de escolha, influenciando-o, mesmo que

    inconscientemente. De igual modo, os conselhos de amigos, a interao com os

    colaboradores da loja e outros influenciadores devem ser tomados em conta, de modo a

    dirigir a comunicao tambm a estes.

    A anlise das situaes de escolha uma parte muito importante da definio

    dos objetivos de um plano de comunicao porque permite a identificao dos seus

    influenciadores, permitindo que algumas aes de comunicao se dirijam tambm a

    estes.

    13

    (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

  • 14

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    CAPTULO 2

    A Pauprio

    Aplicao prtica do plano de comunicao marca Pauprio. Histria da marca,

    anlise do mercado, produto e tendncias da comunicao. Estratgia de marketing e

    anlise da comunicao atual.

  • 15

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.1. Histria da Marca

    A Pauprio uma marca portuguesa de bolachas e biscoitos criada em 1874 em

    Valongo, distrito do Porto, fruto de uma sociedade entre Antnio de Sousa Malta

    Pauprio e Joaquim Carlos Figueira. As referncias mais antigas fbrica remetem para

    o ano de 1865, altura em que foi premiada na Exposio Hortcola e Agrcola no

    Palcio de Cristal no Porto. O reconhecimento da qualidade dos produtos Pauprio

    ultrapassou fronteiras, sendo tambm premiada na Exposio Internacional Flour and

    Crackers de Filadlfia (1876) - ver anexo 1 - e na do Rio de Janeiro (1879). Em 1907,

    devido ao falecimento de Antnio de Sousa Malta Pauprio, Joaquim Carlos Figueira

    adquire todos os direitos da mesma pelo valor de 1500$00.

    Atualmente, a Pauprio administrada pela quinta gerao da famlia Figueira,

    mantendo uma linha de biscoitos tradicionais com as mesmas receitas e equipamentos

    de fabrico utilizados desde a sua criao. No entanto, por questes legais, algumas

    alteraes foram efetuadas no processo produtivo: os fornos de cozedura j no so a

    lenha como antigamente, uma vez que tal no permitido. As instalaes da fbrica,

    bem como as mquinas utilizadas na produo constituem um esplio de grande valor,

    atraindo a curiosidade de admiradores de histria e maquinaria antiga. De forma a

    responder a este interesse, a criao de uma zona museolgica nas instalaes da fbrica

    consiste num dos objetivos de mdio prazo da marca, estando a decorrer de atualmente

    obras de recuperao e restauro de algumas divises do edifcio e materiais expostos. O

    Arquivo da Biblioteca Municipal de Valongo conta com grande parte das receitas

    originais e outros documentos centenrios (anexo 2), no s para garantir uma melhor

    preservao dos mesmos, como tambm pela importncia que empresa tem na

    economia e histria da regio. Deste arquivo tambm constam outros artigos de grande

    valor ao nvel do coleccionismo, tal como latas originais com as quais eram vendidas as

    bolachas no incio do sculo (anexo 3). A importncia da marca tamanha, que a rua

    onde se encontra sediada - Rua Sousa Pauprio - deve o seu nome a um dos seus

    fundadores.

    Em 2010, com a inaugurao da loja de Rio Tinto, a Pauprio iniciou um

    processo de expanso dos seus pontos de venda de insgnia prpria que at a data

    contavam somente com a loja de fbrica, em Valongo. Com esta iniciativa a marca

  • 16

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    pretende reduzir a dependncia que tem no mercado do consumidor final e contorna a

    questo do incumprimento dos pagamentos por parte dos seus revendedores. No

    presente ano a Pauprio abriu em Ermesinde o terceiro ponto de venda da sua cadeia de

    lojas.

    Quanto ao branding, a Pauprio opta pela estratgia de marca corporativa, um

    caso especial da extenso de linha, em que atribui a sua marca a todos os seus produtos.

    A vantagem desta estratgia consiste na transferncia da boa imagem da marca

    corporativa para os seus produtos. Para alm da reputao, a antiguidade da Pauprio

    pode induzir atitudes positivas nos consumidores, uma vez que lhes transmite uma

    sensao de confiana derivada da sua experincia no setor. Mais, dada a sua natureza

    competitiva, o branding pode ser especialmente importante na indstria do retalho, de

    modo a influenciar as percees dos consumidores e levar escolha da loja e lealdade.14

    Tal como em muitas reas do setor alimentar, as vendas dos produtos da

    Pauprio so afetadas pelo fenmeno da sazonalidade. Como se pode verificar atravs

    do grfico abaixo, devido s festividades religiosas, a Pauprio tem o seu auge de

    atividade no Natal, seguido da Pscoa. Fevereiro, junho e setembro so os meses com

    menos vendas registadas. Segundo informaes fornecidas pela marca, este

    comportamento das vendas, moldado pela sazonalidade, semelhante em todos os

    pontos de venda Pauprio Valongo, Ermesinde e Rio Tinto.

    14

    (Ailawadi & Keller, 2004)

  • 17

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Grfico 2: Faturao de 2011 em valores absolutos, loja Pauprio de Rio Tinto.

    A empresa emprega aproximadamente 25 colaboradores, uma fora de trabalho

    que se mantem constante ao longo do ano, independentemente das oscilaes da

    procura.

    0,00

    1.000,00

    2.000,00

    3.000,00

    4.000,00

    5.000,00

    6.000,00

    7.000,00

    8.000,00

    9.000,00

    10.000,00

    Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

  • 18

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.2. Anlise do Mercado

    2.2.1. Comportamento de Compra do Consumidor

    Uma das formas de prever como o consumidor ir responder aos esforos de

    comunicao da empresa so os modelos de hierarquia dos efeitos. Para alm destes

    modelos, outras variveis podem ser usadas para aferir o impacto da comunicao nos

    consumidores, tal como os seus objetivos, as caractersticas do produto, a situao de

    compra, o envolvimento com a categoria de produto, bem como fatores sociais,

    psicolgicos e culturais (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Os modelos

    de hierarquia dos efeitos assumem que certos eventos tm que acontecer numa certa

    ordem, implicando que os efeitos anteriormente ocorridos so uma condio necessria

    para os seguintes acontecerem.15

    De acordo com estes modelos, os consumidores

    passam por trs fases diferentes ao responder s comunicaes de marketing: a

    cognitiva, afectiva e conativa (think-feel-do). Na fase cognitiva os consumidores

    empreendem em processos mentais - pensar - que levam notoriedade e conhecimento

    da marca comunicada. No estgio afetivo, acontecem respostas emocionais e

    sentimentos que so associados marca publicitada e forma-se atitude em relao a

    esta. A varivel comportamental refere-se a levar a cabo aes relativamente marca,

    tal como compr-la.

    Segundo o modelo Foote-cone-belding de Vaughn (1986), existem quatro

    situaes diferentes baseadas em duas dimenses: envolvimento baixo/alto e a

    dimenso pensar/sentir. O envolvimento pode ser definido como a importncia que as

    pessoas atribuem a um produto ou a uma deciso de compra, ou seja, at que ponto o

    individuo tem que pensar - mais vezes - e qual o nvel de risco percebido associado a

    uma escolha errada. A dimenso sentir-pensar representa um contnuo que reflete se a

    deciso tomada numa base cognitiva ou afetiva. Segundo o autor existem certas

    categorias de produto em que os elementos cognitivos so mais importantes, enquanto

    que em outras categorias, o elemento afetivo parece ter mais impacto no processo de

    deciso de compra (ver grfico 3).

    15

    (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

  • 19

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Grfico 3: Grelha Foote-Cone-Belding

    (Vaughn, 1986)

    Os produtos da Pauprio encontram-se no quarto quadrante, onde o

    envolvimento baixo e a dimenso sentir tem mais preponderncia que o pensar. O

    quarto quadrante reflete a tomada de deciso relativamente a produtos que podem ser

    chamados de pequenos prazeres da vida.16

    Neste caso, a sequncia de aes consiste em

    primeiro comprar o produto, experienciar uma resposta afectiva e reunir conhecimento

    do produto depois. A partir do momento em que os produtos da Pauprio se enquadram

    neste quadrante, onde a componente comportamental aparece em primeiro lugar,

    notria a importncia de o consumidor provar o produto de modo a poder criar uma

    atitude. Assim, as aes de sampling, abordadas na seco Promoo de Vendas,

    representam umas das principais aoes de comunicao deste plano, pois permitem aos

    consumidores provarem o produto e formarem uma opinio relativamente marca.

    Formao e mudana de atitude

    Nos modelos de hierarquia dos efeitos, as atitudes so definidas como reaes

    afetivas. Contudo, outras componentes comportamentais e cognitivas podem tambm

    assumir-se como parte deste conceito. Os consumidores seguem processos diferentes e,

    16

    (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

    Fazer

    Sentir

    Pensar

    Fazer

    Pensar

    Sentir

    Sentir

    Pensar

    Fazer

    Pensar

    Sentir

    Fazer

    Envolvimento

    alto

    Envolvimento

    baixo

    Pensar Sentir

    carros, moblia, emprstimos joalharia, perfumes, moda

    detergentes, comida, papel higinico

    doces, refrigerantes, gelados

  • 20

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    por isso, tm sido desenvolvidos modelos de comunicaes distintos. Estes modelos de

    comunicao relativos formao e mudana de atitude podem ser classificados atravs

    de duas dimenses: a primeira refere-se forma como as atitudes so formadas

    principalmente cognitiva, afetiva e comportamental - enquanto que a segunda relativa

    ao nvel de elaborao da mensagem, processamento por via central ou perifrica. Estas

    dimenses so comparveis com as usadas na grelha FCB, no entanto, no existem

    concluses relativas sua hierarquia. A dimenso thinkfeel da grelha FCB

    transformada numa distino entre formao de atitude cognitiva, afetiva e

    comportamental. A dimenso envolvimento pode corresponder motivao, capacidade

    e oportunidade de processamento da mensagem. Por motivao entende-se uma vontade

    de se envolver em comportamento, tomar decises, tomar ateno e processar

    informao.17

    A motivao em larga medida influenciada pelas necessidades e

    objetivos dos consumidores. As necessidades dos consumidores podem ser

    categorizadas como funcionais, simblicas e hednicas (De Pelsmacker, Geuens, & Van

    den Bergh, 2010). A capacidade refere-se aos recursos necessrios para atingir

    determinado objectivo, enquanto que a oportunidade traduz-se na medida em que a

    situao permite que a pessoa obtenha o objetivo. Estes trs efeitos - motivao,

    capacidade e oportunidade relativos formao de atitudes e ao processamento das

    comunicaes de marketing so apresentados no modelo de probabilidade de elaborao

    Elaboration Likelihood model (ELM). De acordo com este modelo, se a motivao,

    capacidade e oportunidade forem elevadas, a probabilidade de elaborao e

    processamento da mensagem ser alta e espera-se que os consumidores empreendam o

    processamento por via central (central-route processing). Isto significa que os

    consumidores esto dispostos a processar a informao, a avaliar argumentos e procurar

    o que a mensagem tem realmente para oferecer. No entanto, se um dos fatores for baixo,

    mais provvel que os consumidores processem a informao perifericamente.

    Neste plano de comunicao supe-se que a audincia atingida atravs das redes

    sociais possui a motivao, capacidade e oportunidade de processamento da informao

    elevadas, uma vez que a aceitao para integrar redes de amigos/seguidores depende da

    vontade prpria do utilizador. Assim, para estes pblicos alvo, a comunicao deve

    17

    (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

  • 21

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    seguir o caminho central, podendo e devendo-se apresentar diversas informaes

    relevantes sobre a marca, atravs de argumentos positivos. Para os restantes pblicos,

    aos quais se dirige a comunicao da Pauprio, arriscado assumir que as trs variveis

    do modelo ELM so elevadas e, por isso, devem ser apresentadas mensagens via

    perifrica.

    Necessidades dos consumidores

    Como foi referido anteriormente, as necessidades dos consumidores podem ser

    categorizadas como funcionais, simblicas e hednicas. No entanto, tambm podem ser

    entendidas como problemas que os consumidores tentam solucionar atravs de

    diferentes opes disponveis. Segundo Bettencourt e Ulwick (2008), existem duas

    formas atravs das quais as necessidades dos consumidores podem ser definidas e que

    podem refletir corretamente a sua definio de valor. Em primeiro lugar existe a

    afirmao de um job, que consiste num objetivo fundamental que os consumidores

    tentam alcanar, ou um problema que tentam resolver numa dada situao. Em segundo

    lugar, existem as afirmaes de outcome, que se traduzem no resultado desejado, sendo

    uma mtrica usada pelos consumidores para medirem o sucesso da resoluo do seu

    problema (job). De acordo com os autores, os consumidores contratam solues para

    conseguir a tarefa realizada e escolhem entre opes concorrentes, de modo a assegurar

    que o objetivo prioritrio satisfeito. O conceito de job pode ser articulado com a

    necessidade de categoria, um dos objetivos do modelo de DAGMAR18

    . De fato, a

    necessidade de categoria pode responder ao job que o consumidor quer ver realizado.

    Deste raciocnio conclui-se que o foco de comunicao das marcas deve ser

    direccionado para o job e no para a soluo, j que esta ltima pode ter uma variedade

    de formas. Diferentes solues podem satisfazer a mesma necessidade. A utilidade

    prtica desta constatao traduz-se na consciencializao de que os produtos Pauprio

    podem e devem ser solues para diversos problemas constatados pelo consumidor -

    jobs - devendo a comunicao informar o pblico alvo deste fato. Neste plano de

    comunicao, uma das mensagens transmitidas aos consumidores, principalmente

    atravs das redes sociais a considerao dos produtos da Pauprio como oferta para

    18

    (Colley, 1961)

  • 22

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    amigos e familiares - atravs dos sortidos que contam com um design e apresentao

    mais cuidados mas tambm como um ingrediente a incorporar em receitas e

    sobremesas. A sugesto de novas utilizaes dos produtos deve ser uma das tarefas da

    comunicao.

  • 23

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.2.2. Anlise Competitiva

    Segundo Dibb et al. (2006), os concorrentes so geralmente vistos por uma

    organizao como negcios que oferecem produtos similares ou substitutos aos seus

    produtos, quando direcionados aos mesmo tipo de consumidores. A identificao dos

    concorrentes uma tarefa chave para os gestores interessados em examinar o seu

    terreno competitivo, aumentar as defesas contra possveis incurses da concorrncia e a

    respetiva estratgia de resposta (Bergen e Peteraf, 2002).

    Antes de analisar os concorrentes fundamental identific-los, tendo em conta

    diversos aspetos, tal como a existncia de produtos e solues substitutas. Nesta anlise

    no se deve considerar somente os concorrentes diretos, ou que oferecem produtos

    idnticos. As marcas que apenas do relevncia aos concorrentes que atuam no mesmo

    segmento, subestimam a ameaa dos concorrentes indiretos ou potenciais, uma vez que

    ignoram que uma mesma necessidade do consumidor pode ser satisfeita por inmeras

    opes oferecidas pelo mercado. A identificao dos concorrentes, no marketing, apoia

    a anlise de polticas de preos, o design de produtos, o desenvolvimento e

    posicionamento, a estratgia de comunicao e dos canais de distribuio.19

    Segundo

    Berger e Peteraf (2001), esta identificao dos concorrentes pode ser efetuada com base

    em dois conceitos retirados de Chen (1996): a similaridade de recursos - resource

    similarity - que consiste na dotao de recursos semelhantes aos dos da empresa, em

    termos de tipo e composio, e a semelhana do mercado - market commonality - que

    corresponde ao grau em que a concorrncia consegue responder s necessidades do

    pblico alvo. Segundo os autores citados, na definio do mercado importante ter em

    conta as necessidades dos consumidores, de modo a que haja um reconhecimento do

    que estas trazem relativamente ao conhecimento do horizonte competitivo. O conceito

    de equivalncia de recursos facilita a comparao dos concorrentes indiretos ou

    potenciais, com base na capacidade que estes possam ter em responder s necessidades

    dos consumidores como concorrentes diretos.

    19

    (Berger & Peteraf, 2002)

  • 24

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Grfico 4: Mapeamento do terreno competitivo

    (Berger & Peteraf, 2002)

    Assim, na categoria de concorrentes indirectos (substitutos) enquadram-se todos

    os produtos que podem preencher a mesma necessidade mas cujos recursos so

    distintos. Nos concorrentes diretos incluem-se os produtos que servem a mesma

    categoria de necessidade e que simultaneamente usam a mesma tecnologia. Os

    concorrentes potenciais so aqueles que de momento no preenchem a mesma

    necessidade do consumidor, mas que podem vir a faz-lo, uma vez que dispem de

    tecnologia apropriada para tal.

    Para analisar o ambiente competitivo de forma mais completa, o modelo das

    cinco foras de Porter (1979) introduz outros elementos a considerar na anlise

    competitiva: a ameaa dos fornecedores e o poder de negociao dos compradores. Para

    alm destas variveis, este modelo inclui a ameaa de novos entrantes, de

    produtos/servios substitutos e a rivalidade entre concorrentes existentes, conceitos

    equiparveis aos acima descritos, no grfico de Berger e Peteraf (2001).

    Deste modo, a anlise do ambiente competitivo da marca Pauprio a seguinte:

    Sem

    elh

    ana

    de

    mer

    cad

    o

    Similaridade de recursos

    Concorrentes indiretos

    (substitutos)

    Concorrentes

    diretos

    Concorrentes

    potenciais

  • 25

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Ameaa dos fornecedores

    O poder de negociao dos fornecedores inexistente, dado que, o retalhista

    simultaneamente o produtor e fornecedor. Uma das vantagens reside na ausncia da

    possibilidade de incumprimentos nos pagamentos, atrasos nas entregas e muitos outros

    problemas que acontecem quando as lojas de retalho recorrem a fornecedores externos.

    No entanto, existe um lado negativo, que consiste na possibilidade de ocorrncia de

    algum problema na seco de fabrico da marca que possa afetar o fornecimento das

    lojas no seu todo. De momento existe uma dependncia total no prprio fabrico mas

    que, segundo a marca, temporrio: futuramente as lojas Pauprio contaro com a

    venda de produtos de outras marcas portuguesas.

    Poder de negociao dos compradores

    O poder negocial dos compradores considerado mdio. O fato de existirem em

    grande nmero retira-lhes algum poder de negociao, no entanto a existncia de muitas

    opes concorrentes/alternativas onde comprar confere-lhes poder de escolha.

    Ameaa de novos entrantes

    Atravs da anlise da ameaa de novos entrantes, pode prever-se a

    probabilidade de novas empresas no setor. Esta varivel pode ser equiparada de

    concorrentes potenciais, de Berger e Peteraf (2001). Tal como a Pauprio o fez, outras

    marcas nacionais produtoras de bolachas e biscoitos podem comear a vender os seus

    produtos em lojas de insgnia prpria para contornar a situao atual de incumprimento

    nos pagamentos dos clientes. Embora no exista nenhuma situao semelhante

    descrita, no se deve desvalorizar essa possibilidade e, por isso, necessrio estar atento

    probabilidade e ameaa destas empresas. No entanto, a ameaa de novos concorrentes

    no vem somente dos fabricantes do setor, mas tambm de lojas de retalho

    especializado que queiram tirar partido da crescente procura de experincias e produtos

    tradicionalmente portugueses. A ameaa de novos entrantes pode ser considerada baixa

    devido atual situao econmica, bastante desmotivadora para o investidores na rea

    do retalho.

  • 26

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Ameaa de produtos/servios substitutos

    A ameaa de produtos ou servios substitutos outro elemento potenciador de

    aumentar a rivalidade do setor, assemelhando-se ao conceito de concorrentes indirectos

    de Berger e Peteraf (2001). Como produtos substitutos podem considerar-se solues

    que satisfaam a mesma necessidade, mas cuja categoria de produto difere, como por

    exemplo: po, bolos, chocolates, entre outros tipos de doces. No entanto, a substituio

    pode acontecer dentro da mesma categoria de produto. Com a crescente preocupao

    com questes de sade, de esperar que alguns consumidores procurem opes menos

    calricas, relativamente aos doces, ou mais amigas do ambiente como o caso dos

    produtos biolgicos. A ameaa de produtos substitutos , assim, considerada elevada.

    Rivalidade

    A rivalidade entre os concorrentes existentes traduz-se no conceito de

    concorrentes diretos de Berger e Peteraf (2001), ou seja, aqueles que oferecem o mesmo

    produto/servio para o mesmo tipo de consumidores. Neste campo, as lojas de retalho

    alimentar especializado tal como as mercearias finas e as lojas gourmet so os principais

    concorrentes da Pauprio, dado que oferecem produtos alimentares de qualidade

    nacionais, no competindo atravs de estratgias de preo baixo. Estas lojas tm como

    vantagem para o consumidor a diversidade de oferta, pois disponibilizam uma maior

    variedade de produtos alimentares, no se limitando doaria tradicional portuguesa.

    Para alm destes pontos de venda de pequena dimenso, as grandes superfcies

    generalistas podem constituir um concorrente direto devido crescente tendncia de

    criao de zonas gourmet dentro de hipermercados, estratgia que permite servir

    pblicos de segmento elevado. Em 2009, o Continente criou uma zona de produtos

    gourmet dentro do prprio hipermercado. O El corte ingls tambm tem uma seco

    especializada, Club del Gourmet, no supermercado SuperCor. Como j foi referido

    anteriormente, este tipo de lojas tm a vantagem de oferecer outros produtos, poupando

    tempo e trabalho aos compradores que num s espao podem comprar produtos de

    elevada qualidade bem como outro tipo de artigos no alimentares. A rivalidade entre

    concorrentes existentes , deste modo, elevada.

  • 27

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.2.3. Ambiente e Tendncias de Mercado

    2.2.3.1. Tendncias na Comunicao

    A evoluo da Internet, em particular a emergncia das redes sociais, com a sua

    capacidade de facilitar a interao entre vendedores e compradores, tem atrado o

    interesse dos gestores que procuram entender e servir melhor os seus consumidores

    usando estas tecnologias e ferramentas.20

    A par da Internet, os mdia sociais permitem

    uma comunicao entre pessoas de forma instantnea, o que requer por parte das

    empresas uma maior capacidade de lidar com as situaes em tempo real. Segundo

    David Meerman Scott, os mdia sociais possibilitam a comunicao de forma

    instantnea, no entanto, a maioria dos profissionais de marketing no desenvolveram as

    competncias de comunicao necessria para lidar com o tempo real.21

    Depreende-se

    que, apesar da importncia de um plano de comunicao, igualmente relevante ter a

    competncia para lidar com os imprevistos em tempo til. As empresas devem adaptar-

    se nova realidade que os mdia sociais criaram, sendo necessrio ter capacidade para

    reagir instantaneamente a novos acontecimentos e tambm saber lidar com os

    comentrios negativos.

    Segundo Paul Gillin, as marcas esto a aprender a no tratar a gesto dos mdia

    sociais como algo isolado, que se delega a uma agncia ou a um gestor jnior.22

    Na

    verdade, cada vez mais as promoes de vendas, publicidade e relaes pblicas tm

    como palco as redes sociais, devendo a gesto destes meios ser executada por

    profissionais qualificados. A par do crescente uso das redes sociais, o uso do telemvel

    tem vindo a crescer, fazendo deste, uma das principais tendncias da comunicao atual.

    De acordo com Debi Kleiman, o crescimento contnuo do uso dos telemveis e dos

    smartphones como dispositivos preferenciais de acesso web e uso social, iro

    modificar por completo o jogo do marketing social.23

    O telemvel e os smartphones tm

    mudado as dinmicas de acesso Internet, fazendo com que cada vez mais as pessoas

    os usem como meio preferencial de acesso rede. Assim, a estratgia das marcas ter

    20

    (Sashi, 2012) 21

    (Awareness, 2011) 22

    (Awareness, 2011) 23

    (Awareness, 2011)

  • 28

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    que acompanhar a mobilidade do acesso informao, que cada vez mais se traduz em

    novos stios webs e aplicaes mveis como o caso do foursquared24

    .

    Como j foi mencionado anteriormente, a integrao deve fazer parte de um

    plano de comunicao e as redes sociais e o marketing digital no so exceo. Dada a

    diversidade das redes sociais, importante evitar repeties de utilizadores nos diversos

    perfis das diferentes contas. Pelas palavras de Marc Meyer da Ernst & Young,

    continuaremos a assistir a um crescimento das ferramentas de marketing dos mdia

    sociais - social media marketing (SMM) - e necessitamos de ter a capacidade para

    agregar o marketing, a sua monitorizao e a gesto, num nico painel, de modo a gerir

    as mltiplas contas e reduzir mltiplas inscries (logins) e processos. Esta unificao

    facilita o reconhecimento dos utilizadores evitando duplos registos em perfis de redes

    diferentes.

    Ainda no domnio do marketing social, a avaliao de resultados das aes das

    marcas nas redes sociais tm vindo a alcanar alguma fora na medida em que se torna

    necessrio monitorizar e avaliar o desempenho da marca na Internet. Muitas ferramentas

    tornam possvel a medio do nvel de influncia de uma marca ou at mesmo de

    embaixadores da marca como o caso do Klout25

    . A importncia do surgimento de

    software e stios web que avaliam o desempenho da marca atravs do nmero de

    partilhas, likes e comentrios, permite reformular estratgias mal concebidas e melhorar

    as aes de marketing social seguintes.

    Para alm das tendncias da comunicao online, cada vez mais as aes no

    ponto de venda tm desempenhado um papel importante na criao de laos entre as

    marcas e os consumidores. Com maior relevncia no sector alimentar, o marketing

    sensorial surge como uma estratgia de seduo do consumidor atravs dos seus

    sentidos: paladar, olfato, viso, tato e audio. Conseguida a ateno dos sentidos do

    consumidor, prev-se que este permanea mais tempo no ponto de venda e

    consequentemente consuma mais, aumentando o valor da aquisio. O objetivo um

    aumento do valor da transao e da frequncia de compra, variveis possveis de

    24

    Aplicao mvel que permite descobrir a localizao de amigos bem como lojas e restaurantes numa 25

    Stio web que mede a influncia dos utilizadores de redes sociais e outros stio webs de partilha de

    contedos. Os utilizadores mais influentes podem ganhar ofertas de determinadas empresas no sentido de

    testarem os produtos e desta forma, recomendarem-nos a terceiros. Endereo: www.klout.com

  • 29

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    incrementar atravs de uma experincia agradvel no ponto de venda. Assim, o

    envolvimento sensorial sensory engagement - assume-se como uma tendncia cada

    vez mais importante no comrcio do retalho alimentar. Segundo Hultn (2011), as

    sensaes boas - que a marca conseguir proporcionar ao consumidor podem contribuir

    para a criao de uma atitude favorvel, um aumento da notoriedade e do conhecimento,

    fazendo com que mesmo que no haja um aumento do valor comprado no ponto de

    venda, pelo menos outros benefcios sejam conseguidos.

    Para alm do marketing sensorial, muitas marcas tm desenvolvido aes no

    ponto de venda com o intuito de tornar o momento do pagamento algo menos penoso

    para o consumidor. No neuromarketing, a este desconforto chama-se a dor do

    comprador - The buyerspain - uma vez que, segundo os especialistas, o momento de

    pagamento despoleta uma reao cerebral semelhante que temos quando nos

    magoamos fisicamente.

    Por fim, como uma das tendncias mais populares da ltima dcada, o marketing

    viral assume-se como um meio muito eficaz na difuso de uma mensagem mas

    simultaneamente difcil de executar com sucesso. O marketing viral um conjunto de

    tcnicas usadas com o intuito de levar os consumidores e admiradores de uma marca a

    promov-la junto de amigos ou familiares.26

    Os admiradores da marca espalham a

    palavra sobre a marca usando como meio de recomendao pessoal o email, SMS, likes

    ou a partilha do contedo nas redes sociais. A este fenmeno chama-se de word-of-

    mouse - passa palavra eletrnico - por analogia ao word-of-mouth - passa palavra - em

    tudo semelhantes, com a diferena de o primeiro ser online e o segundo offline.

    Segundo De Pelsmacker et al. (2010) o marketing viral usa o princpio da bola de neve e

    a natureza tpica das redes que a Internet suporta relativamente ao crescimento rpido e

    exponencial na exposio da mensagem e a sua influncia sem recorrer a grandes

    esforos.

    26

    (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)

  • 30

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.2.3.2. Anlise do Comrcio a Retalho

    A anlise do sector do retalho alimentar ser baseada nas informaes e

    concluses da publicao Estatsticas do Comrcio 2010, que divulga os principais

    resultados caraterizadores do sector do Comrcio portugus.27

    Em 2010, os 1 547

    estabelecimentos do comrcio a retalho alimentar distribuam-se pelo Continente da

    seguinte forma: 30,4% em Lisboa (28,6% em 2009), 30% no Norte (28,6% em 2009),

    24% no Centro (23,6% em 2009), 9,8% no Alentejo (9,6% em 2009) e 5,8% no Algarve

    (9,6% em 2009). O volume de vendas das UCDR de retalho alimentar ascendeu a 10

    525 milhes de euros, refletindo um acrscimo de 0,6% face a 2009 (que j tinha

    igualmente crescido 2,2% face a 2008).

    Na globalidade do sector retalhista, os produtos de alimentao, bebidas e tabaco

    agregaram a maior parcela de volume de negcios (30,5%), correspondendo-lhes um

    montante de 14 450 milhes de euros. Em 2010, os produtos alimentares foram

    comercializados principalmente por empresas de natureza generalista, ou seja, empresas

    com estabelecimentos no especializados (supermercados, hipermercados, mercearias),

    os quais concentraram 76,6% das vendas deste gnero de produtos. O remanescente

    coube sobretudo aos estabelecimentos especializados (padarias, talhos, peixarias,

    frutarias, etc).

    Deste resultado conclui-se que nas compras de produtos alimentares, os

    consumidores preferem as grandes generalistas, uma vez que num s lugar podem

    comprar uma diversidade de produtos (one-stop-shop), evitando gastar tempo e dinheiro

    na deslocao a outras lojas.

    Em 2010 apurou-se um total de 847 milhes de transaces, apurando-se um

    montante mdio por transao no retalho alimentar fixado nos 16 euros e no retalho no

    alimentar em 28 euros. A atividade de comrcio a retalho no especializado (grupo

    471), na qual se incluem os supermercados e outros estabelecimentos generalistas,

    embora representando apenas 12,9% do total de empresas do sector, gerou o terceiro

    maior volume de negcios de todo o Comrcio (16,9 milhares de milhes de euros),

    27

    Resultados obtidos a partir do Inqurito s Empresas de Comrcio (IECom) e do Inqurito aos

    Estabelecimentos Comerciais Unidades de Dimenso Relevante.

  • 31

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    seguindo-se a atividade de comrcio a retalho de outros produtos em estabelecimentos

    especializados, com um volume de negcios de 12,1 milhares de milhes de euros.

  • 32

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.2.3.3. O Mercado da Nostalgia

    O final do sculo XX foi marcado por um boom de nostalgia, caraterizado como

    um fenmeno coletivo de crescente interesse e fascnio por pocas passadas. A nostalgia

    considerada um estado emocional no qual o individuo sente saudades de uma verso

    idealizada de um perodo de tempo passado.28

    Cada vez mais os consumidores

    procuram novas experincias atravs de marcas revivalistas que os transportem para

    pocas passadas mais felizes, como a infncia. Na verdade, poder ser esperado que em

    tempos de ameaa ou turbulncia sociocultural e econmica, a nostalgia fornea uma

    sensao de conforto e uma comunidade de ligao prxima, um paraso seguro num

    mundo inseguro.29

    Cenna (2009) afirma que medida que uma gerao mais antiga de

    consumidores se agarra com carinho s marcas do passado e uma nova gerao procura

    adotar coisas antigas como novas, cada vez mais as marcas se reinventam e tudo que era

    velho torna-se novo outra vez. Contudo, segundo a autora, as marcas no podem confiar

    demasiado nas suas glrias passadas quando se trata de atrair pblicos mais jovens, que

    no tm qualquer ligao com a marca. Para os pblicos mais jovens que nunca tiveram

    qualquer contato passado com a marca, o estmulo no passa pela lembrana dos tempos

    idos, nem to pouco pela nostalgia: o que atrai as novas geraes s marcas retro a

    inspirao que estas trazem s suas vidas.30

    O passado oferece um conjunto de

    elementos que se traduzem em novas experincias, no sendo necessrio ter vivido em

    determinado poca para apreciar as marcas consumidas nessa altura.

    Os segmentos de indivduos que viveram determinada poca passada e os que

    no a viveram, correspondem a duas formas distintas do sentimento de nostalgia: a

    nostalgia pessoal e a histrica, respetivamente. Marchegiani e Phau (2010) definem a

    nostalgia pessoal como respostas geradas a partir de um passado pessoal lembrado

    como eu era (the way I was) - enquanto que a nostalgia histrica traduz-se em

    respostas geradas de um tempo na histria que o individuo no experienciou

    diretamente, podendo at ter acontecido antes do seu nascimento como as coisas

    eram (the way it was). As motivaes destes dois segmentos so diferentes: se para um

    28

    (Stern, 1992) 29

    (Brown, Robert, & F. Sherry Jr, 2003) 30

    (Cenna, 2009)

  • 33

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    pblico jovem, o retro atrai pelo fator novidade e pela nostalgia de tempos nunca

    vividos, para os consumidores mais velhos, esta nostalgia verdadeira e despoleta

    recordaes e saudade.

    Outro fator que tem vindo a influenciar a crescente procura deste tipo de

    produtos o conceito de comida emocional que consiste em produtos alimentares

    procurados pelos consumidores com o intuito de mudar o seu estado de esprito.

    Enquanto que as preocupaes relacionadas com o trabalho e a vida domstica podem

    despoletar a necessidade de comida emocional, alguns eventos globais podem tambm

    provocar este comportamento, fazendo parte deste grupo de alimentos conforto as

    marcas consumidas na infncia.31

    No cenrio nacional existem muitos exemplos de marcas antigas que aps um

    perodo de ausncia ou esquecimento, ressurgem em fora na atualidade, servindo um

    pblico cada vez mais saudoso e patriota. Estas marcas, cheias de histria, antiguidade e

    tradio so chamadas de marcas retro, tendo Portugal muitos exemplos destes. Os

    chocolates da Regina, os sabonetes da AchBrito, as conservas da Tricana, a pasta de

    dentes Couto, os cremes Nally e os lpis da Viarco, so alguns de muitos exemplos de

    marcas portuguesas que voltaram a ser populares. Perante o ressurgimento deste tipo de

    marcas, o retalho tem acompanhado esta procura tendo-se assistido ao surgimento de

    casas dedicadas a produtos retro portugueses. Atualmente uma das lojas deste segmento

    mais conhecidas na regio norte A Vida Portuguesa, que tambm vende os produtos

    Pauprio.

    31

    (Datamonitor, 2008)

  • 34

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.2.4. Anlise do Produto

    Todos os produtos vendidos pela marca so produtos de consumo, dado que se

    destinam a satisfazer necessidades pessoais ou das famlias. Dentro das vrias

    categorias dos produtos de consumo32

    , a Pauprio encaixa-se na categoria de produtos

    de convenincia. Os produtos de convenincia no so caros, so adquiridos

    frequentemente e so artigos consumidos rapidamente, cujo esforo de compra

    mnimo.33

    O portflio de produtos da marca conta com trs linhas de produtos: as bolachas

    e biscoitos, as marmeladas e geleias e os bolos. A linha de produtos com mais

    profundidade a das bolachas e biscoitos, contando com quarenta variedades, podendo

    estes ser adquiridos a peso ou atravs de sortidos. Os sortidos so compostos pelo

    sortido fino, biscoitos finos, sortido de seleo 1100 gr. e sortido de seleo 300 gr. A

    linha dos bolos conta apenas com duas variedades: o bolo rei e o po de l. As geleias e

    marmeladas tambm consistem somente em duas variantes.

    Pro

    fun

    did

    ad

    e d

    o m

    ix d

    e p

    rod

    uto

    s

    40 variedades

    Sortido Fino

    Biscoitos finos

    Seleo 300gr Marmelada Po de l

    Seleo 1100gr Geleia de Marmelo Bolo rei

    A peso Sortidos Geleias e

    Marmeladas Bolos

    Bolachas e Biscoitos

    Amplitude do mix de produtos

    Grfico 5: Portflio de produtos da Pauprio

    32

    Shopping products, speciality products e unsought products. 33

    (Dibb, Simkin, William, & Ferrell, 2006)

  • 35

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    O produto mais vendido da marca a Princesa Negra - bolachas de cacau - que

    se vendem em quase todas as escolas do pas e que, devido ao seu enorme sucesso, j

    foram alvo de uma proposta de compra. Como foi mencionado anteriormente, grande

    parte das receitas so guardadas no Arquivo Histrico da cidade de Valongo, no s

    para uma melhor preservao destes documentos centenrios, como tambm pela

    importncia histrica da marca na regio. Na verdade, uma das bolachas fabricadas pela

    marca - a tosta rainha - deve o seu nome rainha de Portugal Dona Amlia. Segundo os

    registos histricos, numa das visitas do Duque e da Duquesa de Bragana ao Porto em

    1886, e por ocasio da realizao de um banquete real, foi solicitado Fbrica Pauprio

    que produzisse uma tosta doce como forma de presentear a Princesa D. Amlia de

    Orlees. E assim aconteceu, nos finais do ano de 1886 a Pauprio produziu a tosta doce,

    com caractersticas ideais para o acompanhamento de doces e compotas. De forma a

    homenagear a ento Rainha D. Amlia, a Pauprio passou a designar a tosta doce de

    tosta rainha, nome que ainda hoje preserva.

    A grande maioria dos artigos produzidos pela marca foram registados, como por

    exemplo, os minhones, rosquinhas, princesa negra e os fidalguinhos, bem como o bolo

    rei Pauprio e o po de l Pauprio. As embalagens de sortido da marca sofreram este

    ano um rebranding e so atualmente iguais s caixas Pauprio vendidas na dcada de

    40/50 de cor azul e branca como os tradicionais azulejos portugueses ver anexos 4 e 5.

    Uma opo bastante econmica ao nvel do design e do packaging e que prova aos

    consumidores a autenticidade, histria e originalidade da marca.

  • 36

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.3. Estratgia de Marketing

    A estratgia de marketing consiste na seleo das oportunidades de mercado a

    seguir, anlise dos pblicos alvo e a criao e manuteno do apropriado marketing mix

    que ir satisfazer os indivduos dos referidos mercados.34

    Segundo a matriz de Ansoff35

    ,

    a estratgia da Pauprio consiste na penetrao de mercado, uma vez que com o

    lanamento de lojas prprias, esta tem como objetivo aumentar as suas vendas com

    produtos existentes, num mercado existente.

    No atual contexto de recesso econmica e de pouco crescimento do comrcio a

    retalho, o incumprimento dos pagamentos torna-se uma constante nas relaes

    comerciais levando muitas empresas fornecedoras a optar por integrar verticalmente as

    suas atividades. A Pauprio no exceo a este cenrio e, de modo a contornar a

    dependncia excessiva em terceiros para a venda dos seus produtos, a marca est a

    apostar no lanamento de uma cadeia de lojas prprias, para alm do ponto de venda

    que integra a fbrica em Valongo desde a fundao da empresa. Assim, em 2010, a

    marca abriu a sua segunda loja prpria em Rio Tinto e, este ano em Ermesinde, abriu

    portas em Maro, sendo este o caminho a seguir para os anos que se seguem.

    Em entrevista ao semanrio online Grande Porto36

    , o CEO da marca explica

    como a Pauprio tem sobrevivido s dificuldades dos ltimos tempos: Para contornar

    o problema dos pagamentos, com clientes a pagarem a mais de 120 dias, a soluo foi ir

    diretamente para o mercado com lojas prprias. Segundo o mesmo, o objetivo crescer

    e estabelecer uma rede de lojas que comear pelo norte, atendendo localizao da

    fbrica e a um maior reconhecimento da marca nesta regio. O objetivo a mdio prazo

    passa pela criao de uma quarta loja na Maia e posteriormente na baixa do Porto. A

    longo prazo, o intuito chegar a Lisboa. Nesta fase inicial, o limite so as sete lojas

    porque a partir desse momento esgota-se a capacidade de produo. Assim, o objectivo

    e futuro da marca passam pela expanso da cadeia de lojas de insgnia prpria como

    forma de se defender da ameaa dos incumprimentos de terceiros e ao mesmo tempo

    ganhar independncia no mercado do consumidor final. Para alm deste crescimento no

    34

    (Dibb, Simkin, William, & Ferrell, 2006) 35

    (Ansoff, 1957) 36

    Por Isabel Cristina Costa, em 28.02.2011

  • 37

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    nmero de pontos de venda, a marca pretende vender nas suas lojas outras marcas

    portuguesas de qualidade, no entanto, segundo o CEO, apenas poder faz-lo quando a

    sua cadeia de lojas tiver dimenso suficiente que confira empresa algum poder

    negocial.

    No seguimento das lojas prprias, a Pauprio pretende reforar a sua imagem de

    tradio, qualidade e antiguidade junto do seu pblico alvo atual e no s. Para alm dos

    clientes habituais necessrio conquistar as camadas mais jovens dos consumidores,

    cada vez mais apreciadores de produtos vintage. Aproveitando esta tendncia de

    consumo, a Pauprio quer reforar aquilo que junto dos atuais consumidores e

    apresentar-se aos consumidores mais jovens como uma nova experincia. O revivalismo

    uma oportunidade de mercado que a marca tem sabido aproveitar, dado que preenche

    todos os critrios para servir este segmento: a Pauprio uma marca portuguesa,

    autntica e cheia de histria.

    Outro dos projectos da marca passa pela criao de uma zona museolgica no

    interior da fbrica. De acordo com o CEO da Pauprio: Somos visitados por inmeras

    escolas do Pas, cerca de cinquenta todos os anos, e esta ser uma forma de se

    enriquecer essa experincia. Mas ser uma zona museolgica com mquinas que

    funcionam e a ideia mostrar isso mesmo aos mais jovens.

    A anlise SWOT uma ferramenta de marketing bastante popular para aferir

    quais as melhores decises ao nvel estratgico a seguir pelas empresas, uma vez

    permite a anlise das foras e fraquezas da marca e identifica as oportunidade e ameaas

    que esta enfrenta, tudo numa nica representao grfica. Como se pode verificar pela

    anlise abaixo apresentada, a estratgia de marketing da Pauprio assenta na expanso

    da cadeia de lojas da marca como forma de se proteger da ameaa dos incumprimentos

    nos pagamentos e simultaneamente aproveitar uma oportunidade de mercado, o

    crescimento do mercado da Nostalgia. Mais, a possibilidade de vender nestas lojas

    outras marcas portuguesas uma forma de colmatar a sua fraqueza no que toca

    limitao da capacidade produtiva e a criao de um museu na fbrica tira partido da

    sua maior fora, a sua antiguidade e histria.

  • 38

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    Tabela 1: Anlise SWOT da Pauprio

    Foras Antiguidade da marca e conhecimento desta por parte de grande

    parte dos consumidores. Experincia no sector.

    Fraquezas Capacidade produtiva limitada, o que impede a obteno de

    economias de escala.

    Ameaas Incumprimento nos pagamentos por parte dos retalhistas.

    Oportunidades Mercado da Nostalgia em alta. Crescente interesse dos

    consumidores pelos produtos nacionais.

  • 39

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    2.3.1. Segmentao de Mercado

    A segmentao do mercado uma parte fundamental da estratgia de marketing,

    ajudando as organizaes a lidar com o fato de que nem todos os consumidores

    partilham as mesmas necessidades, comportamentos de compra ou requisitos dos

    produtos.37

    De acordo com Dibb et al. (2006), a segmentao o processo de

    agrupamento de consumidores em mercados com alguma heterogeneidade em

    segmentos mais pequenos, similares e homogneos. Segundo os mesmos autores, os

    indivduos que constituem um segmento devem ter necessidades e comportamentos de

    compra semelhantes.

    Desta forma, a segmentao consiste na diviso do mercado de consumidores

    em grupos homogneos cujos indivduos tenham pontos em comum, o que permite a

    criao de aes de marketing personalizadas a cada grupo, com relevncia para os

    interesses dos indivduos que o compem. No processo de segmentao devem ser

    escolhidos critrios que permitam agrupar indivduos com caractersticas semelhantes.

    Uma das vantagens deste processo a poupana de esforos ao nvel das aes de

    comunicao, dado que muito mais simples organizar uma campanha para grupos do

    que para indivduos singularmente. Dentro de cada segmento, a reao a certo estmulo

    de marketing deve ser semelhante entre os indivduos.

    No entanto, cada vez mais as empresas se apercebem da singularidade dos

    indivduos e tem havido a tendncia a consider-los individualmente, atravs do uso de

    tcnicas de CRM (Costumer Relationship Managment). Pelas palavras de Bailey et al

    (2009) a segmentao continua a ter um papel vital para o planeamento de marketing,

    no entanto, as organizaes com uma riqueza grande de dados sobre os consumidores

    individualmente deveriam considerar o desenvolvimento e a implementao de sistemas

    de modelos de propenso (onde os dados dos consumidores estejam disponveis), o uso

    de estmulos e eventos nas interaes individualizadas com o consumidor.

    A complexidade dos consumidores atuais e o contexto atual de mudana

    constante podem tornar o uso da segmentao per si uma ferramenta grosseira e que no

    corresponde realidade. A segmentao por sexo, gnero ou rendimento muito

    37

    (Dibb, Simkin, William, & Ferrell, 2006)

  • 40

    Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio

    redutora para classificar os indivduos, devendo-se usar mltiplos critrios. Segundo

    Dagevos (2005), os critrios clssicos para distinguir os diferentes grupos homogneos

    de consumidores, com as correspondentes intenes de compra e padres

    comportamentos, perderam muito do seu poder explanatrio. Mais, o autor defende que

    os comportamentos dos indivduos de uma sociedade moderna j no podem ser

    entendidos somente atravs de critrios de segmentao direitos straight - e

    mensurveis. H que melhorar o conhecimento da empresa sobre os seus consumidores

    em campos mais difceis de mensurar, tal como as influncias socioculturais e socio-

    fisiolgicas nas escolhas dos consumidores. De momento a Pauprio no tem

    capacidade para uma segmentao atravs do mtodo CRM mas, futuramente, esta

    hiptese dever ser tomada em conta atravs da criao de um carto de fidelizao que

    permite a criao de uma base de dados com as informaes fornecidas pelos clientes.

    As variveis de segmentao traduzem-se nas dimenses ou caractersticas dos

    indivduos, grupos ou negcios que so usados para dividir o mercado em segmentos.38

    Quanto mais variveis forem usadas mais segmentos sero encontrados, o que pode

    tornar o processo mais complicado de gerir. Mais, os segmentos devem ser

    diferenciveis, alcanveis, mensurveis e com dimenso relevante. As variveis de

    segmentao para a Pauprio so o estilo de vida e personalidade (variveis

    psicogrficas). As variveis psicogrficas, em concreto, as caractersticas de

    personalidade, motivos e estilos de vida, so as mais importantes para a marca. Segundo

    Dibb et al. (2006), as caractersticas de personalidade so teis quando as necessidades

    dos consumidores no so significativamente afetadas por outras variveis de


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