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PLANO DE COMUNICAO DE MARKETING INTEGRADA (IMC):
MARCA PAUPRIO
por
ris Diana Rocha dos Santos
Projeto de Mestrado em Marketing
Orientada por
Prof. Doutor Paulo Alexandre Botelho Rodrigues Pires
2012
i
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Breve Nota Biogrfica
A mestranda ris Santos licenciou-se em Gesto pela Faculdade de Economia da
Universidade do Porto em 2009. Em 2010 ingressou no mestrado em Marketing na
mesma faculdade.
ii
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Agradecimentos
Pauprio, em particular ao Dr. Hlio Rebelo, pela amabilidade e
disponibilidade demonstrada durante a execuo deste projeto.
Ao orientador, o Professor Doutor Paulo Pires, pelo apoio e orientao terica.
iii
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Resumo
O final do sculo XX foi marcado por um boom de nostalgia, caraterizado como
um fenmeno coletivo de crescente interesse e fascnio por pocas passadas. A nostalgia
considerada um estado emocional no qual o individuo sente saudade de uma verso
idealizada de um perodo de tempo passado (Stern, 1992). Cada vez mais os
consumidores procuram novas experincias atravs de marcas revivalistas que os
transportem para pocas passadas mais felizes, tal como a infncia. Na verdade, poder
ser esperado que em tempos de incerteza ou turbulncia sociocultural e econmica, a
nostalgia fornea uma sensao de conforto e uma comunidade de ligao prxima, um
paraso seguro num mundo inseguro (Brown, Robert, & F. Sherry Jr, 2003).
A Pauprio - caso abordado neste plano de comunicao - uma marca
portuguesa de bolachas e biscoitos desde 1874, que tem vindo a tirar partido nestes
ltimos anos de uma crescente procura por parte dos consumidores de produtos antigos
portugueses. A histria, antiguidade e tradio da marca envolvem-na numa aura
nostlgica, levando os consumidores a reviver tempos idos. Sem dvida alguma que a
antiguidade e a histria so os seus pontos fortes, bem como o expertise que advm da
sua experincia de fabricante de quase 140 anos.
Em 2010, com a inaugurao da loja de Rio Tinto, a Pauprio iniciou um
processo de expanso dos seus pontos de venda de insgnia prpria, que at a data
contavam nica e exclusivamente com a loja de fbrica em Valongo. Com esta
iniciativa, a marca pretende reduzir a dependncia que tem no mercado do consumidor
final e contorna a questo do incumprimento dos pagamentos relativamente aos seus
revendedores.
Este plano de comunicao de marketing integrada prope uma estratgia de
comunicao assente em apelos criativos muito fortes: a nostalgia, o afeto e o
patriotismo. So tambm propostas solues ao nvel da comunicao para problemas
que afetam a marca, tal como a acentuada sazonalidade dos seus produtos. De igual
modo, ser dada particular ateno s redes sociais, devido aos seus baixos custos, ao
crescimento do nmero de utilizadores da Internet e por constiturem um meio
privilegiado para alcanar segmentos de consumidores jovens.
iv
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Abstract
The late 20th
century was characterized by a nostalgia boom, concept known as a
collective phenomenon of increasing interest and fascination with the past. Nostalgia is
considered an emotional state in which and individual yearns for an idealized or
sanitized version of an earlier time period (Stern, 1992). Increasingly, consumers are
looking for new experiences that could take them back to happier and more fulfilling
times, such as childhood. In fact, it might be expected that in times of threat or of
sociocultural and economic turbulence, nostalgia would provide a sense of comfort and
close-knit community, a safe haven in an unsafe world. (Brown, Robert, & F. Sherry Jr,
2003).
Pauprio the case discussed in this communication plan is an antique
Portuguese brand of cookies and biscuits since 1874 which, recently, has been taking
advantage of a growing demand from consumers for vintage Portuguese products. The
history, antiquity and tradition involve this brand in a nostalgic aura, leading consumers
to live bygone times. Doubtless, the antiquity and history are the brandss strengths, as
well the expertise that comes from its experience of nearly 140 years of manufacturer.
In 2012, with the opening of Rio Tintos store, Pauprio began a process of
expansion of their selling points that, to the date, only included the factory store in
Valongo. With this initiative, the brand aims to reduce its dependence on the final
consumer market and avoids the issue of non-payment by its resellers.
This integrated marketing communications plan proposes a communication
strategy based on strong creative appeals: nostalgia, affection and patriotism. There
will be presented, likewise, solutions regarding communication to solve some problems
such as the pronounced seasonality of its products. Similarly, particular attention will be
given to social networks due to their low costs, the growing number of Internet users
and also because they constitute a fast-track in reaching segments of younger
consumers.
v
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
ndice
Breve Nota Biogrfica ....................................................................................................... i
Agradecimentos ................................................................................................................ ii
Resumo ............................................................................................................................ iii
Abstract ............................................................................................................................ iv
Introduo ......................................................................................................................... 1
CAPTULO 1 .................................................................................................................... 2
1.1. Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC) ..................................... 3
1.2. Objetivos do Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC) ................ 6
1.3. Ciclo de Vida do Produto ................................................................................. 11
1.4. Situaes de Escolha do Consumidor .............................................................. 13
CAPTULO 2 .................................................................................................................. 14
2.1. Histria da Marca ............................................................................................. 15
2.2. Anlise do Mercado ......................................................................................... 18
2.2.1. Comportamento de Compra do Consumidor ................................................ 18
2.2.2. Anlise Competitiva ..................................................................................... 23
2.2.3. Ambiente e Tendncias de Mercado ............................................................ 27
2.2.3.1. Tendncias na Comunicao ................................................................. 27
2.2.3.2. Anlise do Comrcio a Retalho ............................................................. 30
2.2.3.3. O Mercado da Nostalgia ........................................................................ 32
2.2.4. Anlise do Produto ....................................................................................... 34
2.3. Estratgia de Marketing ................................................................................... 36
2.3.1. Segmentao de Mercado ............................................................................. 39
2.3.2. Mercado Alvo ............................................................................................... 41
vi
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.3.3. Posicionamento da Marca ............................................................................. 44
2.3.4. Bases de Concorrncia ................................................................................. 45
2.4. Anlise da Comunicao Atual ........................................................................ 47
CAPTULO 3 .................................................................................................................. 49
3.1. Objetivos .......................................................................................................... 50
3.1. Oramento Previsional ..................................................................................... 52
3.2. Desenvolvimento da Campanha ....................................................................... 53
3.3. Mix Comunicacional ........................................................................................ 56
3.3.1. Promoes de Vendas ................................................................................... 57
3.3.2. Marketing Digital ......................................................................................... 61
3.3.3. Patrocnios .................................................................................................... 71
3.3.4. Ponto de Venda ............................................................................................. 76
CAPTULO 4 .................................................................................................................. 81
Janeiro ............................................................................................................................. 86
Fevereiro ......................................................................................................................... 87
Maro .............................................................................................................................. 89
Abril ................................................................................................................................ 90
Maio ................................................................................................................................ 93
Junho ............................................................................................................................... 94
Agosto ............................................................................................................................. 98
Setembro ......................................................................................................................... 99
Outubro ......................................................................................................................... 101
Novembro ..................................................................................................................... 103
vii
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Dezembro ...................................................................................................................... 104
Notas Complementares ................................................................................................. 105
Bibliografia ................................................................................................................... 106
Webgrafia ...................................................................................................................... 110
ANEXOS ...................................................................................................................... 111
Anexo 1 ..................................................................................................................... 112
Anexo 2 ..................................................................................................................... 113
Anexo 3 ..................................................................................................................... 114
Anexo 4 ..................................................................................................................... 115
Anexo 5 ..................................................................................................................... 116
Anexo 6 ..................................................................................................................... 117
Anexo 7 ..................................................................................................................... 118
Anexo 8 ..................................................................................................................... 119
Anexo 9 ..................................................................................................................... 121
Anexo 11 ................................................................................................................... 123
1
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Introduo
Frequentemente a nossa preferncia por uma marca que usvamos na infncia
deve-se nostalgia.1 A Pauprio faz parte das memrias de infncia de muitas geraes,
tornando-se uma marca carregada de emoes e de reminiscncias do passado. A
experincia e a identificao com os valores tradicionais envolvem a marca numa aura
nica e difcil de imitar pela concorrncia. Numa poca de revivalismo, esta vantagem
competitiva diferenciadora e considerada apelativa at para os pblicos mais jovens.
Tirando partido desta tendncia de consumo, a Pauprio encontra-se em pleno
processo de expanso da sua cadeia de lojas prprias, atividade que iniciou em 2010,
com a abertura do ponto de venda em Rio Tinto. No presente ano, a marca abriu outra
loja, desta vez em Ermesinde, prevendo-se para breve novas aberturas no distrito do
Porto. Em plena crise econmica, a estratgia da marca pode ser considerada ousada, no
entanto, esta permite contornar o incumprimento dos seus revendedores e beneficiar das
suas margens de lucro.
Neste plano de comunicao so sugeridas algumas solues ao nvel das
comunicaes de marketing, temtica ainda pouco desenvolvida pela marca. De
momento, a Pauprio no tem departamento de marketing, nem um plano de
comunicao formalizado.
Assim, este plano de comunicao de marketing divide-se em quatro captulos.
O primeiro consiste numa introduo e anlise do conceito de comunicaes de
marketing integradas (integrated marketing communications - IMC). O segundo
captulo engloba diversas anlises relativas ao caso especfico da Pauprio, bem como,
a definio dos objetivos de comunicao da marca. Na terceira parte so propostas
solues de comunicao atravs da seleo das variveis mais adequadas do mix
comunicacional. Por fim, no quarto captulo, a calendarizao e a oramentao so
apresentadas para cada ms do ano de 2013. Embora as solues propostas neste plano
sejam relacionadas com os pontos de venda da marca, em alguma situaes, o foco e
anlise sero direcionados aos seus produtos, uma vez que ambos se fundem num nico
conceito.
1 (Lindstorm, 2011)
2
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
CAPTULO 1
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC)
Definio, importncia e objetivos. O modelo DAGMAR. Condicionantes dos
objetivos do IMC: o ciclo de vida do produto e as situaes de escolha do
consumidor.
3
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
1.1. Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC)
Um plano de comunicao de marketing integrada um documento que delineia
estratgias e aes de comunicao de forma integrada, bem como o seu modo de
execuo, calendarizao das tarefas e oramentao. O ponto mais importante deste
plano a integrao dos vrios instrumentos de comunicao. O conceito de integrao
implica a existncia de coerncia e sinergias entre os vrios elementos do mix
comunicacional e tem como objetivo alcanar uma aparncia homognea e coerente da
marca perante os consumidores.
A comunicao de marketing integrada usualmente comparada a uma
orquestra.2 Se numa orquestra cada instrumento tomar um caminho diferente dos
demais, o resultado no ser harmonioso, acontecendo o mesmo no campo da
comunicao de marketing. Se cada elemento do mix comunicacional seguir uma
direo independentemente dos restantes, isso resulta em contradies na imagem da
marca, podendo penalizar a atitude e o conhecimento que os consumidores tm desta.
No aspeto prtico, o IMC tenta combinar, integrar e criar sinergias entre os elementos
do mix comunicacional, uma vez que as foras de uns so usadas para compensar as
fraquezas de outros.3
Mais, a integrao deve existir no s entre os instrumentos de comunicao que
constituem o plano, como tambm fora, ou seja, o prprio plano tem que estar integrado
num plano global, o de marketing estratgico.4 De acordo com Duncan (2005), as
comunicaes de marketing verdadeiramente integradas no integram apenas as funes
de comunicao de marketing, mas tambm os aspetos comunicacionais de outras aes
de marketing e at atividades levadas a cabo por outros departamentos da organizao.
Segundo De Pelsmacker et al. (2010), uma vez que a estratgia de comunicao dever
ser parte integrante do plano de marketing estratgico da marca, o primeiro passo ser
analisar o ambiente atual ao nvel de aes de comunicao, bem como a estratgia de
marketing da marca. Destas anlises devem-se definir as aes de comunicao de
marketing que melhor servem os objetivos da marca. Assim, o IMC tem uma
2 (Duncan, 2005)
3 (Kitchen, Brignell, Li, & Jones, 2004)
4 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
4
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
importncia substancialmente superior quando comparado com os planos de
comunicao de marketing tradicionais5, dado que evita que o consumidor seja
confrontado com mensagens contraditrias e inconsistentes.
A integrao dos esforos comunicacionais pode, no entanto, ser complexa
devido especializao funcional das agncias de comunicao em reas muito
especficas.6 difcil encontrar uma agncia que oferea uma soluo de comunicao
integrada, que englobe todas as variveis do mix comunicacional. A ttulo de exemplo,
existem agncias especializadas somente em relaes pblicas, deixando a empresa com
a tarefa de atribuir as outras reas de comunicao como a publicidade e a promoo de
vendas a outra agncia, ou por outro lado, internalizar estas atividades. A complexidade
decorrente de ter vrias agncias responsveis por diferentes veculos de comunicao
a coerncia entre o trabalho destas. Para evitar esta situao, muitas empresas optam por
atribuir algumas funes s agncias e por internalizar outras, de forma a assegurar que
o resultado final seja harmonioso e coerente.
De igual importncia, o sucesso do IMC reside tambm na existncia de um
gestor de comunicaes que dever ter a autoridade para supervisionar e integrar todas
as funes de comunicao especializada da organizao.7 A existncia de um
responsvel pela comunicao de marketing assegura que todos os esforos de
comunicao seguem a mesma direo.
Definido o conceito de IMC e a sua relevncia, importa analisar os motivos
pelos quais todas as marcas devem elaborar um plano de comunicao. Segundo
Duncan (2005), existem diversas razes para a criao de um plano de comunicao.
Segundo o autor, um plano de comunicao fornece um processo racional na
identificao das questes de comunicao mais importantes nas quais a empresa se
deve focar nos prximos meses, ajudando-a a determinar a melhor forma de usar a
comunicao de marketing para alcanar os seus objetivos. Para alm de orientar a
prossecuo dos objetivos, um plano pode ser entendido como uma lista de
5 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
6 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
7 (Duncan, 2005)
5
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
expectativas, uma vez que informa toda gente envolvida nas aes de comunicao
sobre o que esperado ao nvel do seu desempenho.
Ao nvel hierrquico, um plano de comunicao informa os gestores de topo
sobre como o oramento de comunicao ser gasto e o que a empresa poder esperar
como retorno do capital investido em comunicao de marketing. Um plano de
comunicao um investimento, sendo de esperar retornos a mdio/longo prazo. Ao
nvel da avaliao de desempenho, um plano fornece um padro atravs do qual os
progressos e os resultados finais podem ser medidos, temtica desenvolvida na seguinte
seco.
Como nota final, importante salientar a componente prtica da comunicao de
marketing. Embora assente na estratgia da empresa, a comunicao de marketing
atravs do plano de comunicao, consiste num conjunto de atividades concretas, por
oposio ao plano de marketing cuja natureza estratgica. Desta forma, os objetivos de
comunicao so um importante meio para alcanar os objetivos de marketing de ordem
superior, tal como volumes de vendas, quota de mercado, havendo contudo uma
dificuldade inerente em relacion-los com as aes de comunicao.8
8 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
6
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
1.2. Objetivos do Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC)
O intuito principal da definio de objectivos a constatao das metas que
devero ser atingidas, de modo a que a organizao mobilize os esforos necessrios e
possa avaliar a eficcia do plano de comunicao.9 Segundo De Pelsmacker et al.
(2010), sabendo que os objetivos de comunicao so tambm um critrio atravs do
qual o sucesso - ou fracasso - da campanha avaliado, importante que estes sejam
bem definidos e quantificados. Apenas ser possvel aferir o sucesso da campanha, se
houver um ponto de partida, a partir do qual se possa comparar aquilo que se pretendia
com aquilo que efetivamente foi conseguido. Os autores supracitados defendem que a
escolha dos objetivos certos depende dos problemas surgidos na anlise situacional
preliminar, do posicionamento da marca, concorrncia, oportunidades e ameaas. Na
verdade, os objetivos devem ser relevantes para os problemas identificados pela
empresa e especificamente lidar com as ameaas ou construir oportunidades de
mercado.10
De igual modo, na definio dos objetivos do plano de comunicao, h que
ter em conta uma diversidade de fatores, como o caso do ciclo de vida do produto e as
situaes de escolha do consumidor.
Os objetivos de comunicao podem ser categorizados como de ao e de
tema/imagem. Nesta ltima, a chamada comunicao above-the-line, a marca tem como
intuito comunicar ao pblico alvo algo sobre a marca, ou o produto e servios
oferecidos, sendo o objetivo principal a melhoria do relacionamento com o consumidor,
o aumento da satisfao do cliente, ou o reforo da notoriedade da marca e preferncia
(De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Estas aes podem conduzir a uma
influncia positiva no comportamento de compra do pblico alvo. Por contraposio, as
comunicaes de aco, below-the-line, cujo objetivo principal o estimulo da compra,
pretendem influenciar o comportamento de compra do pblico alvo e persuadir o
consumidor a adquirir o produto.11
de referir que estes dois tipos de aes no so
conceitos estanques, podendo uma aco below-the-line ser considerada tambm como
above-the-line, e vice-versa.
9 (Duncan, 2005)
10 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
11 (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
7
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Para a definio dos objetivos de comunicao deste plano ser usado o modelo
DAGMAR - Defining Advertising Goals for Measured Advertising Results de Colley
(1961), utilizado frequentemente para monitorizar e avaliar campanhas de publicidade.
Embora a literatura sugira outros modelos igualmente aplicveis, o DAGMAR surge
como um dos mais completos e por isso escolhido para a definio dos objetivos deste
plano. Segundo De Pelsmacker et al. (2010), o ponto forte deste modelo consiste na
introduo de medidas quantificveis de eficcia, tal como os nveis de notoriedade e
imagem, uma vez que os objetivos relativos s vendas so difceis de correlacionar com
os gastos em comunicao. Estas medidas assumem-se como efeitos intermedirios e
constituem, indicadores de vendas futuras, dado que, um aumento nos ratings de
notoriedade e imagem podero ser responsveis por um aumento nas vendas. Assim,
segundo o modelo DAGMAR, o processo de comunicao pode surtir nove efeitos, que
se traduzem em objetivos:
1 Necessidade da Categoria
2 Notoriedade da Marca
3 Conhecimento da Marca
4 Atitude face Marca
5 Inteno de Compra
6 Facilitao da Compra
7 Compra
8 Satisfao
9 Lealdade Marca
(Colley, 1961)
8
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Necessidade da Categoria
A primeira condio a respeitar por uma marca fazer parte de uma categoria de
produtos necessrios ou desejados. Se os consumidores no perceberem a marca como
apropriada para responder s suas necessidades, estes no tero motivao para a
comprar. Embora a necessidade de categoria seja sempre necessria antes de outros
objetivos, torna-se claro que na maioria dos casos se pode considerar presente.
Notoriedade da Marca
A notoriedade consiste na associao de caractersticas fsicas como a marca,
nome, logtipo e embalagem a uma categoria de necessidades. A notoriedade pode ser
definida de duas formas: espontnea e assistida. A notoriedade assistida a mais fcil
de conseguir, visto que, mais simples reconhecer uma marca do que lembr-la
espontaneamente. Contudo, importante referir que quando um indivduo se lembra de
uma marca tal no significa que a reconhea no ponto de venda. O tipo de notoriedade
mais adequado como objetivo depende da situao circunstancial em que o produto
comprado. Se a escolha de compra no feita no ponto de venda, torna-se fundamental
lembrar marca. Caso contrrio, quando a compra efetuada na loja, o reconhecimento
mais importante que o lembrar. Para estimular o reconhecimento fundamental mostrar
a embalagem ou marca do produto, na publicidade ou em outras formas de
comunicao, de forma sempre igual e com as mesmas cores e formatos (De
Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Para fomentar a lembrana da marca
necessrio repetir a associao entre esta e a categoria de produto. A notoriedade
precede a atitude, uma vez que, se uma marca no for conhecida, impossvel construir
uma imagem, preferncia ou atitude.
Conhecimento da Marca
O conhecimento da marca significa que o pblico alvo de consumidores est a
par das suas caractersticas mais essenciais e benefcios. O pblico alvo conhece os
pontos fortes da marca e sabe porque h de compr-la, em vez de adquirir outra soluo
concorrente. Pode-se afirmar que quando os consumidores esto a par das
caractersticas da marca, estes conhecem o seu posicionamento. Este conhecimento
9
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
tanto pode ser objetivo como subjetivo, dado que muito do que sabemos de uma marca
pode ser resultado de experincias passadas, crenas e percees.12
Atitude face Marca
Uma vez conhecidas as marcas existentes numa determinada categoria de
produtos, os consumidores iro basear a sua escolha numa avaliao das diferentes
opes. O resultado desta avaliao ou julgamento chama-se de atitude, podendo ser
positiva, negativa ou inexistente.
Inteno de Compra
A inteno de compra ou outras aes relacionadas com esta, tal como ir loja
ou pesquisar mais informaes, pode ser sempre melhorada. Para as marcas cujos
produtos implicam um envolvimento baixo, a inteno de compra nunca dever ser
evidenciada na comunicao (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Neste
caso, quando uma marca conhecida e a sua atitude favorvel, tal pode levar
compra, sempre que haja necessidade de adquirir essa categoria de produto.
Facilitao da Compra
A facilitao da compra traduz-se em assegurar aos compradores de que no
existem barreiras escondidas aquando da compra. Algumas vezes a disponibilidade e o
preo podem impedir o consumidor de comprar, devendo a comunicao minimizar
estes problemas.
Compra
Embora a compra seja o principal objetivo de marketing, o mesmo no se
verifica de forma imediata ao nvel da comunicao (exceto no caso das promoes de
vendas). No momento da compra, o consumidor tem determinadas expectativas que
espera serem realizadas. Quando o produto cumpre ou excede as expectativas, o
consumidor ficar satisfeito e ter tendncia a escolher a mesma marca na prxima vez
que comprar essa categoria. No satisfeitos, os clientes tendem a comentar com amigos
12
(De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
10
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
e familiares e podem no voltar a comprar. Desta forma, a comunicao no pode parar
no momento da compra, devendo incidir sobre os atuais compradores uma vez que estes
podem tornar-se advogados da marca. De igual modo, fundamental assegurar aos
consumidores que fizeram uma boa compra, dado que, ao serem expostos a uma
situao de escolha e deciso, estes podem ter dvidas sobre qualidade da sua compra
(dissonncia cognitiva).
Lealdade Marca
Segundo De Pelsmacker et al. (2010) a lealdade marca um compromisso
mental ou uma relao entre o consumidor e a marca. Segundo os mesmos autores a
compra repetida no o mesmo que lealdade. A compra repetida fruto do hbito ou
rotina de compra e no preferncia pela marca ou lealdade. Quando o envolvimento
baixo, os consumidores tendem a comprar sempre as mesmas marcas sem que haja
lealdade, de modo a evitar avaliar as alternativas e ter que escolher uma marca de todas
as vezes que vo comprar. A lealdade no uma caracterstica da marca mas sim da
categoria de produto (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). A lealdade
pode ser, de fato, um resultado do hbito. No sentido de encorajar os clientes leais a
comprar mais frequentemente, pode-se sugerir novas formas de usar os produtos marca
ou novas situaes de utilizao.
11
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Vendas
1.3. Ciclo de Vida do Produto
Um dos fatores mais importantes na escolha dos objetivos consiste na fase do
ciclo de vida do produto de uma marca ou produto (De Pelsmacker, Geuens, & Van den
Bergh, 2010). Dependendo da fase do ciclo do produto em que a marca se encontra,
depender tambm a estratgia de comunicao de marketing. Assim, as necessidades
de comunicao so distintas para cada estgio do ciclo de vida, observando-se uma
evoluo dos objetivos de marketing, sendo certo que em qualquer fase a notoriedade
deve ser sempre trabalhada. No caso que ir ser abordado neste plano de comunicao -
a marca Pauprio - a definio da fase do ciclo de vida do produto no bvia. A marca
encontra-se simultaneamente numa fase de maturidade - como produtora desde 1874 - e
numa fase de introduo - como distribuidora dos seus prprios produtos desde 2010.
Introduo Crescimento Maturidade Declnio
Necessidade de Atitude e Notoriedade top-of-mind, Compra e
categoria, notoriedade, preferncia. atitude, lealdade e novos pblicos
conhecimento e atitude. satisfao do consumidor alvo
Grfico 1: Ciclo de vida do produto e objetivos de comunicao de marketing
(De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
Tempo
12
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
De acordo com De Pelsmacker et al. (2010), numa fase de introduo, os
objetivos de comunicao mais importantes so a notoriedade, conhecimento e atitude.
Segundo os mesmos autores, nos bens de consumo dirio, os consumidores devem ser
persuadidos a experimentar o novo produto. Numa fase de maturidade, a estratgia de
comunicao deve passar pela lealdade dos consumidores, notoriedade top-of-mind,
atitude e satisfao do consumidor.
13
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
1.4. Situaes de Escolha do Consumidor
Para alm do ciclo de vida do produto/marca, a situao em que o consumidor se
encontra na altura da compra determina em larga medida os objetivos de um plano de
comunicao. O processo de escolha pode abarcar a rapidez, frequncia e modalidade
da compra, ou seja, se as compras so frequentes e pouco pensadas ou raras e mais
planeadas (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Uma diversidade de
situaes pode ocorrer no momento da aquisio e influenciar a escolha do consumidor.
Existem cinco variveis importantes que influenciam o processo de deciso de compra
do indivduo: o processo de escolha, a relao do consumidor com o produto, as
caractersticas do ponto de venda, os conselhos envolvidos na compra, as caractersticas
do produto e o prprio consumidor.13
A relao que o consumidor tem com o produto
ou a marca traduz-se num envolvimento que pode ser alto ou baixo. O envolvimento
pode ser definido como a importncia que as pessoas atribuem a um produto ou a uma
deciso de compra, ou seja, at que ponto o individuo tem que pensar - mais vezes - e
qual o nvel de risco percebido associado a uma escolha errada (De Pelsmacker,
Geuens, & Van den Bergh, 2010). Quando o envolvimento alto, o processo de escolha
tende a ser longo e com grande processamento de informao, partindo-se do
pressuposto que existe uma quantidade importante de dinheiro envolvida na aquisio.
As caractersticas dos consumidores so relevantes na medida em que o seu
background socioeconmico e experincias determinam os seus gostos e padres de
compra. O consumidor faz parte do processo de escolha, influenciando-o, mesmo que
inconscientemente. De igual modo, os conselhos de amigos, a interao com os
colaboradores da loja e outros influenciadores devem ser tomados em conta, de modo a
dirigir a comunicao tambm a estes.
A anlise das situaes de escolha uma parte muito importante da definio
dos objetivos de um plano de comunicao porque permite a identificao dos seus
influenciadores, permitindo que algumas aes de comunicao se dirijam tambm a
estes.
13
(De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
14
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
CAPTULO 2
A Pauprio
Aplicao prtica do plano de comunicao marca Pauprio. Histria da marca,
anlise do mercado, produto e tendncias da comunicao. Estratgia de marketing e
anlise da comunicao atual.
15
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.1. Histria da Marca
A Pauprio uma marca portuguesa de bolachas e biscoitos criada em 1874 em
Valongo, distrito do Porto, fruto de uma sociedade entre Antnio de Sousa Malta
Pauprio e Joaquim Carlos Figueira. As referncias mais antigas fbrica remetem para
o ano de 1865, altura em que foi premiada na Exposio Hortcola e Agrcola no
Palcio de Cristal no Porto. O reconhecimento da qualidade dos produtos Pauprio
ultrapassou fronteiras, sendo tambm premiada na Exposio Internacional Flour and
Crackers de Filadlfia (1876) - ver anexo 1 - e na do Rio de Janeiro (1879). Em 1907,
devido ao falecimento de Antnio de Sousa Malta Pauprio, Joaquim Carlos Figueira
adquire todos os direitos da mesma pelo valor de 1500$00.
Atualmente, a Pauprio administrada pela quinta gerao da famlia Figueira,
mantendo uma linha de biscoitos tradicionais com as mesmas receitas e equipamentos
de fabrico utilizados desde a sua criao. No entanto, por questes legais, algumas
alteraes foram efetuadas no processo produtivo: os fornos de cozedura j no so a
lenha como antigamente, uma vez que tal no permitido. As instalaes da fbrica,
bem como as mquinas utilizadas na produo constituem um esplio de grande valor,
atraindo a curiosidade de admiradores de histria e maquinaria antiga. De forma a
responder a este interesse, a criao de uma zona museolgica nas instalaes da fbrica
consiste num dos objetivos de mdio prazo da marca, estando a decorrer de atualmente
obras de recuperao e restauro de algumas divises do edifcio e materiais expostos. O
Arquivo da Biblioteca Municipal de Valongo conta com grande parte das receitas
originais e outros documentos centenrios (anexo 2), no s para garantir uma melhor
preservao dos mesmos, como tambm pela importncia que empresa tem na
economia e histria da regio. Deste arquivo tambm constam outros artigos de grande
valor ao nvel do coleccionismo, tal como latas originais com as quais eram vendidas as
bolachas no incio do sculo (anexo 3). A importncia da marca tamanha, que a rua
onde se encontra sediada - Rua Sousa Pauprio - deve o seu nome a um dos seus
fundadores.
Em 2010, com a inaugurao da loja de Rio Tinto, a Pauprio iniciou um
processo de expanso dos seus pontos de venda de insgnia prpria que at a data
contavam somente com a loja de fbrica, em Valongo. Com esta iniciativa a marca
16
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
pretende reduzir a dependncia que tem no mercado do consumidor final e contorna a
questo do incumprimento dos pagamentos por parte dos seus revendedores. No
presente ano a Pauprio abriu em Ermesinde o terceiro ponto de venda da sua cadeia de
lojas.
Quanto ao branding, a Pauprio opta pela estratgia de marca corporativa, um
caso especial da extenso de linha, em que atribui a sua marca a todos os seus produtos.
A vantagem desta estratgia consiste na transferncia da boa imagem da marca
corporativa para os seus produtos. Para alm da reputao, a antiguidade da Pauprio
pode induzir atitudes positivas nos consumidores, uma vez que lhes transmite uma
sensao de confiana derivada da sua experincia no setor. Mais, dada a sua natureza
competitiva, o branding pode ser especialmente importante na indstria do retalho, de
modo a influenciar as percees dos consumidores e levar escolha da loja e lealdade.14
Tal como em muitas reas do setor alimentar, as vendas dos produtos da
Pauprio so afetadas pelo fenmeno da sazonalidade. Como se pode verificar atravs
do grfico abaixo, devido s festividades religiosas, a Pauprio tem o seu auge de
atividade no Natal, seguido da Pscoa. Fevereiro, junho e setembro so os meses com
menos vendas registadas. Segundo informaes fornecidas pela marca, este
comportamento das vendas, moldado pela sazonalidade, semelhante em todos os
pontos de venda Pauprio Valongo, Ermesinde e Rio Tinto.
14
(Ailawadi & Keller, 2004)
17
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Grfico 2: Faturao de 2011 em valores absolutos, loja Pauprio de Rio Tinto.
A empresa emprega aproximadamente 25 colaboradores, uma fora de trabalho
que se mantem constante ao longo do ano, independentemente das oscilaes da
procura.
0,00
1.000,00
2.000,00
3.000,00
4.000,00
5.000,00
6.000,00
7.000,00
8.000,00
9.000,00
10.000,00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
18
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.2. Anlise do Mercado
2.2.1. Comportamento de Compra do Consumidor
Uma das formas de prever como o consumidor ir responder aos esforos de
comunicao da empresa so os modelos de hierarquia dos efeitos. Para alm destes
modelos, outras variveis podem ser usadas para aferir o impacto da comunicao nos
consumidores, tal como os seus objetivos, as caractersticas do produto, a situao de
compra, o envolvimento com a categoria de produto, bem como fatores sociais,
psicolgicos e culturais (De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010). Os modelos
de hierarquia dos efeitos assumem que certos eventos tm que acontecer numa certa
ordem, implicando que os efeitos anteriormente ocorridos so uma condio necessria
para os seguintes acontecerem.15
De acordo com estes modelos, os consumidores
passam por trs fases diferentes ao responder s comunicaes de marketing: a
cognitiva, afectiva e conativa (think-feel-do). Na fase cognitiva os consumidores
empreendem em processos mentais - pensar - que levam notoriedade e conhecimento
da marca comunicada. No estgio afetivo, acontecem respostas emocionais e
sentimentos que so associados marca publicitada e forma-se atitude em relao a
esta. A varivel comportamental refere-se a levar a cabo aes relativamente marca,
tal como compr-la.
Segundo o modelo Foote-cone-belding de Vaughn (1986), existem quatro
situaes diferentes baseadas em duas dimenses: envolvimento baixo/alto e a
dimenso pensar/sentir. O envolvimento pode ser definido como a importncia que as
pessoas atribuem a um produto ou a uma deciso de compra, ou seja, at que ponto o
individuo tem que pensar - mais vezes - e qual o nvel de risco percebido associado a
uma escolha errada. A dimenso sentir-pensar representa um contnuo que reflete se a
deciso tomada numa base cognitiva ou afetiva. Segundo o autor existem certas
categorias de produto em que os elementos cognitivos so mais importantes, enquanto
que em outras categorias, o elemento afetivo parece ter mais impacto no processo de
deciso de compra (ver grfico 3).
15
(De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
19
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Grfico 3: Grelha Foote-Cone-Belding
(Vaughn, 1986)
Os produtos da Pauprio encontram-se no quarto quadrante, onde o
envolvimento baixo e a dimenso sentir tem mais preponderncia que o pensar. O
quarto quadrante reflete a tomada de deciso relativamente a produtos que podem ser
chamados de pequenos prazeres da vida.16
Neste caso, a sequncia de aes consiste em
primeiro comprar o produto, experienciar uma resposta afectiva e reunir conhecimento
do produto depois. A partir do momento em que os produtos da Pauprio se enquadram
neste quadrante, onde a componente comportamental aparece em primeiro lugar,
notria a importncia de o consumidor provar o produto de modo a poder criar uma
atitude. Assim, as aes de sampling, abordadas na seco Promoo de Vendas,
representam umas das principais aoes de comunicao deste plano, pois permitem aos
consumidores provarem o produto e formarem uma opinio relativamente marca.
Formao e mudana de atitude
Nos modelos de hierarquia dos efeitos, as atitudes so definidas como reaes
afetivas. Contudo, outras componentes comportamentais e cognitivas podem tambm
assumir-se como parte deste conceito. Os consumidores seguem processos diferentes e,
16
(De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
Fazer
Sentir
Pensar
Fazer
Pensar
Sentir
Sentir
Pensar
Fazer
Pensar
Sentir
Fazer
Envolvimento
alto
Envolvimento
baixo
Pensar Sentir
carros, moblia, emprstimos joalharia, perfumes, moda
detergentes, comida, papel higinico
doces, refrigerantes, gelados
20
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
por isso, tm sido desenvolvidos modelos de comunicaes distintos. Estes modelos de
comunicao relativos formao e mudana de atitude podem ser classificados atravs
de duas dimenses: a primeira refere-se forma como as atitudes so formadas
principalmente cognitiva, afetiva e comportamental - enquanto que a segunda relativa
ao nvel de elaborao da mensagem, processamento por via central ou perifrica. Estas
dimenses so comparveis com as usadas na grelha FCB, no entanto, no existem
concluses relativas sua hierarquia. A dimenso thinkfeel da grelha FCB
transformada numa distino entre formao de atitude cognitiva, afetiva e
comportamental. A dimenso envolvimento pode corresponder motivao, capacidade
e oportunidade de processamento da mensagem. Por motivao entende-se uma vontade
de se envolver em comportamento, tomar decises, tomar ateno e processar
informao.17
A motivao em larga medida influenciada pelas necessidades e
objetivos dos consumidores. As necessidades dos consumidores podem ser
categorizadas como funcionais, simblicas e hednicas (De Pelsmacker, Geuens, & Van
den Bergh, 2010). A capacidade refere-se aos recursos necessrios para atingir
determinado objectivo, enquanto que a oportunidade traduz-se na medida em que a
situao permite que a pessoa obtenha o objetivo. Estes trs efeitos - motivao,
capacidade e oportunidade relativos formao de atitudes e ao processamento das
comunicaes de marketing so apresentados no modelo de probabilidade de elaborao
Elaboration Likelihood model (ELM). De acordo com este modelo, se a motivao,
capacidade e oportunidade forem elevadas, a probabilidade de elaborao e
processamento da mensagem ser alta e espera-se que os consumidores empreendam o
processamento por via central (central-route processing). Isto significa que os
consumidores esto dispostos a processar a informao, a avaliar argumentos e procurar
o que a mensagem tem realmente para oferecer. No entanto, se um dos fatores for baixo,
mais provvel que os consumidores processem a informao perifericamente.
Neste plano de comunicao supe-se que a audincia atingida atravs das redes
sociais possui a motivao, capacidade e oportunidade de processamento da informao
elevadas, uma vez que a aceitao para integrar redes de amigos/seguidores depende da
vontade prpria do utilizador. Assim, para estes pblicos alvo, a comunicao deve
17
(De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
21
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
seguir o caminho central, podendo e devendo-se apresentar diversas informaes
relevantes sobre a marca, atravs de argumentos positivos. Para os restantes pblicos,
aos quais se dirige a comunicao da Pauprio, arriscado assumir que as trs variveis
do modelo ELM so elevadas e, por isso, devem ser apresentadas mensagens via
perifrica.
Necessidades dos consumidores
Como foi referido anteriormente, as necessidades dos consumidores podem ser
categorizadas como funcionais, simblicas e hednicas. No entanto, tambm podem ser
entendidas como problemas que os consumidores tentam solucionar atravs de
diferentes opes disponveis. Segundo Bettencourt e Ulwick (2008), existem duas
formas atravs das quais as necessidades dos consumidores podem ser definidas e que
podem refletir corretamente a sua definio de valor. Em primeiro lugar existe a
afirmao de um job, que consiste num objetivo fundamental que os consumidores
tentam alcanar, ou um problema que tentam resolver numa dada situao. Em segundo
lugar, existem as afirmaes de outcome, que se traduzem no resultado desejado, sendo
uma mtrica usada pelos consumidores para medirem o sucesso da resoluo do seu
problema (job). De acordo com os autores, os consumidores contratam solues para
conseguir a tarefa realizada e escolhem entre opes concorrentes, de modo a assegurar
que o objetivo prioritrio satisfeito. O conceito de job pode ser articulado com a
necessidade de categoria, um dos objetivos do modelo de DAGMAR18
. De fato, a
necessidade de categoria pode responder ao job que o consumidor quer ver realizado.
Deste raciocnio conclui-se que o foco de comunicao das marcas deve ser
direccionado para o job e no para a soluo, j que esta ltima pode ter uma variedade
de formas. Diferentes solues podem satisfazer a mesma necessidade. A utilidade
prtica desta constatao traduz-se na consciencializao de que os produtos Pauprio
podem e devem ser solues para diversos problemas constatados pelo consumidor -
jobs - devendo a comunicao informar o pblico alvo deste fato. Neste plano de
comunicao, uma das mensagens transmitidas aos consumidores, principalmente
atravs das redes sociais a considerao dos produtos da Pauprio como oferta para
18
(Colley, 1961)
22
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
amigos e familiares - atravs dos sortidos que contam com um design e apresentao
mais cuidados mas tambm como um ingrediente a incorporar em receitas e
sobremesas. A sugesto de novas utilizaes dos produtos deve ser uma das tarefas da
comunicao.
23
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.2.2. Anlise Competitiva
Segundo Dibb et al. (2006), os concorrentes so geralmente vistos por uma
organizao como negcios que oferecem produtos similares ou substitutos aos seus
produtos, quando direcionados aos mesmo tipo de consumidores. A identificao dos
concorrentes uma tarefa chave para os gestores interessados em examinar o seu
terreno competitivo, aumentar as defesas contra possveis incurses da concorrncia e a
respetiva estratgia de resposta (Bergen e Peteraf, 2002).
Antes de analisar os concorrentes fundamental identific-los, tendo em conta
diversos aspetos, tal como a existncia de produtos e solues substitutas. Nesta anlise
no se deve considerar somente os concorrentes diretos, ou que oferecem produtos
idnticos. As marcas que apenas do relevncia aos concorrentes que atuam no mesmo
segmento, subestimam a ameaa dos concorrentes indiretos ou potenciais, uma vez que
ignoram que uma mesma necessidade do consumidor pode ser satisfeita por inmeras
opes oferecidas pelo mercado. A identificao dos concorrentes, no marketing, apoia
a anlise de polticas de preos, o design de produtos, o desenvolvimento e
posicionamento, a estratgia de comunicao e dos canais de distribuio.19
Segundo
Berger e Peteraf (2001), esta identificao dos concorrentes pode ser efetuada com base
em dois conceitos retirados de Chen (1996): a similaridade de recursos - resource
similarity - que consiste na dotao de recursos semelhantes aos dos da empresa, em
termos de tipo e composio, e a semelhana do mercado - market commonality - que
corresponde ao grau em que a concorrncia consegue responder s necessidades do
pblico alvo. Segundo os autores citados, na definio do mercado importante ter em
conta as necessidades dos consumidores, de modo a que haja um reconhecimento do
que estas trazem relativamente ao conhecimento do horizonte competitivo. O conceito
de equivalncia de recursos facilita a comparao dos concorrentes indiretos ou
potenciais, com base na capacidade que estes possam ter em responder s necessidades
dos consumidores como concorrentes diretos.
19
(Berger & Peteraf, 2002)
24
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Grfico 4: Mapeamento do terreno competitivo
(Berger & Peteraf, 2002)
Assim, na categoria de concorrentes indirectos (substitutos) enquadram-se todos
os produtos que podem preencher a mesma necessidade mas cujos recursos so
distintos. Nos concorrentes diretos incluem-se os produtos que servem a mesma
categoria de necessidade e que simultaneamente usam a mesma tecnologia. Os
concorrentes potenciais so aqueles que de momento no preenchem a mesma
necessidade do consumidor, mas que podem vir a faz-lo, uma vez que dispem de
tecnologia apropriada para tal.
Para analisar o ambiente competitivo de forma mais completa, o modelo das
cinco foras de Porter (1979) introduz outros elementos a considerar na anlise
competitiva: a ameaa dos fornecedores e o poder de negociao dos compradores. Para
alm destas variveis, este modelo inclui a ameaa de novos entrantes, de
produtos/servios substitutos e a rivalidade entre concorrentes existentes, conceitos
equiparveis aos acima descritos, no grfico de Berger e Peteraf (2001).
Deste modo, a anlise do ambiente competitivo da marca Pauprio a seguinte:
Sem
elh
ana
de
mer
cad
o
Similaridade de recursos
Concorrentes indiretos
(substitutos)
Concorrentes
diretos
Concorrentes
potenciais
25
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Ameaa dos fornecedores
O poder de negociao dos fornecedores inexistente, dado que, o retalhista
simultaneamente o produtor e fornecedor. Uma das vantagens reside na ausncia da
possibilidade de incumprimentos nos pagamentos, atrasos nas entregas e muitos outros
problemas que acontecem quando as lojas de retalho recorrem a fornecedores externos.
No entanto, existe um lado negativo, que consiste na possibilidade de ocorrncia de
algum problema na seco de fabrico da marca que possa afetar o fornecimento das
lojas no seu todo. De momento existe uma dependncia total no prprio fabrico mas
que, segundo a marca, temporrio: futuramente as lojas Pauprio contaro com a
venda de produtos de outras marcas portuguesas.
Poder de negociao dos compradores
O poder negocial dos compradores considerado mdio. O fato de existirem em
grande nmero retira-lhes algum poder de negociao, no entanto a existncia de muitas
opes concorrentes/alternativas onde comprar confere-lhes poder de escolha.
Ameaa de novos entrantes
Atravs da anlise da ameaa de novos entrantes, pode prever-se a
probabilidade de novas empresas no setor. Esta varivel pode ser equiparada de
concorrentes potenciais, de Berger e Peteraf (2001). Tal como a Pauprio o fez, outras
marcas nacionais produtoras de bolachas e biscoitos podem comear a vender os seus
produtos em lojas de insgnia prpria para contornar a situao atual de incumprimento
nos pagamentos dos clientes. Embora no exista nenhuma situao semelhante
descrita, no se deve desvalorizar essa possibilidade e, por isso, necessrio estar atento
probabilidade e ameaa destas empresas. No entanto, a ameaa de novos concorrentes
no vem somente dos fabricantes do setor, mas tambm de lojas de retalho
especializado que queiram tirar partido da crescente procura de experincias e produtos
tradicionalmente portugueses. A ameaa de novos entrantes pode ser considerada baixa
devido atual situao econmica, bastante desmotivadora para o investidores na rea
do retalho.
26
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Ameaa de produtos/servios substitutos
A ameaa de produtos ou servios substitutos outro elemento potenciador de
aumentar a rivalidade do setor, assemelhando-se ao conceito de concorrentes indirectos
de Berger e Peteraf (2001). Como produtos substitutos podem considerar-se solues
que satisfaam a mesma necessidade, mas cuja categoria de produto difere, como por
exemplo: po, bolos, chocolates, entre outros tipos de doces. No entanto, a substituio
pode acontecer dentro da mesma categoria de produto. Com a crescente preocupao
com questes de sade, de esperar que alguns consumidores procurem opes menos
calricas, relativamente aos doces, ou mais amigas do ambiente como o caso dos
produtos biolgicos. A ameaa de produtos substitutos , assim, considerada elevada.
Rivalidade
A rivalidade entre os concorrentes existentes traduz-se no conceito de
concorrentes diretos de Berger e Peteraf (2001), ou seja, aqueles que oferecem o mesmo
produto/servio para o mesmo tipo de consumidores. Neste campo, as lojas de retalho
alimentar especializado tal como as mercearias finas e as lojas gourmet so os principais
concorrentes da Pauprio, dado que oferecem produtos alimentares de qualidade
nacionais, no competindo atravs de estratgias de preo baixo. Estas lojas tm como
vantagem para o consumidor a diversidade de oferta, pois disponibilizam uma maior
variedade de produtos alimentares, no se limitando doaria tradicional portuguesa.
Para alm destes pontos de venda de pequena dimenso, as grandes superfcies
generalistas podem constituir um concorrente direto devido crescente tendncia de
criao de zonas gourmet dentro de hipermercados, estratgia que permite servir
pblicos de segmento elevado. Em 2009, o Continente criou uma zona de produtos
gourmet dentro do prprio hipermercado. O El corte ingls tambm tem uma seco
especializada, Club del Gourmet, no supermercado SuperCor. Como j foi referido
anteriormente, este tipo de lojas tm a vantagem de oferecer outros produtos, poupando
tempo e trabalho aos compradores que num s espao podem comprar produtos de
elevada qualidade bem como outro tipo de artigos no alimentares. A rivalidade entre
concorrentes existentes , deste modo, elevada.
27
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.2.3. Ambiente e Tendncias de Mercado
2.2.3.1. Tendncias na Comunicao
A evoluo da Internet, em particular a emergncia das redes sociais, com a sua
capacidade de facilitar a interao entre vendedores e compradores, tem atrado o
interesse dos gestores que procuram entender e servir melhor os seus consumidores
usando estas tecnologias e ferramentas.20
A par da Internet, os mdia sociais permitem
uma comunicao entre pessoas de forma instantnea, o que requer por parte das
empresas uma maior capacidade de lidar com as situaes em tempo real. Segundo
David Meerman Scott, os mdia sociais possibilitam a comunicao de forma
instantnea, no entanto, a maioria dos profissionais de marketing no desenvolveram as
competncias de comunicao necessria para lidar com o tempo real.21
Depreende-se
que, apesar da importncia de um plano de comunicao, igualmente relevante ter a
competncia para lidar com os imprevistos em tempo til. As empresas devem adaptar-
se nova realidade que os mdia sociais criaram, sendo necessrio ter capacidade para
reagir instantaneamente a novos acontecimentos e tambm saber lidar com os
comentrios negativos.
Segundo Paul Gillin, as marcas esto a aprender a no tratar a gesto dos mdia
sociais como algo isolado, que se delega a uma agncia ou a um gestor jnior.22
Na
verdade, cada vez mais as promoes de vendas, publicidade e relaes pblicas tm
como palco as redes sociais, devendo a gesto destes meios ser executada por
profissionais qualificados. A par do crescente uso das redes sociais, o uso do telemvel
tem vindo a crescer, fazendo deste, uma das principais tendncias da comunicao atual.
De acordo com Debi Kleiman, o crescimento contnuo do uso dos telemveis e dos
smartphones como dispositivos preferenciais de acesso web e uso social, iro
modificar por completo o jogo do marketing social.23
O telemvel e os smartphones tm
mudado as dinmicas de acesso Internet, fazendo com que cada vez mais as pessoas
os usem como meio preferencial de acesso rede. Assim, a estratgia das marcas ter
20
(Sashi, 2012) 21
(Awareness, 2011) 22
(Awareness, 2011) 23
(Awareness, 2011)
28
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
que acompanhar a mobilidade do acesso informao, que cada vez mais se traduz em
novos stios webs e aplicaes mveis como o caso do foursquared24
.
Como j foi mencionado anteriormente, a integrao deve fazer parte de um
plano de comunicao e as redes sociais e o marketing digital no so exceo. Dada a
diversidade das redes sociais, importante evitar repeties de utilizadores nos diversos
perfis das diferentes contas. Pelas palavras de Marc Meyer da Ernst & Young,
continuaremos a assistir a um crescimento das ferramentas de marketing dos mdia
sociais - social media marketing (SMM) - e necessitamos de ter a capacidade para
agregar o marketing, a sua monitorizao e a gesto, num nico painel, de modo a gerir
as mltiplas contas e reduzir mltiplas inscries (logins) e processos. Esta unificao
facilita o reconhecimento dos utilizadores evitando duplos registos em perfis de redes
diferentes.
Ainda no domnio do marketing social, a avaliao de resultados das aes das
marcas nas redes sociais tm vindo a alcanar alguma fora na medida em que se torna
necessrio monitorizar e avaliar o desempenho da marca na Internet. Muitas ferramentas
tornam possvel a medio do nvel de influncia de uma marca ou at mesmo de
embaixadores da marca como o caso do Klout25
. A importncia do surgimento de
software e stios web que avaliam o desempenho da marca atravs do nmero de
partilhas, likes e comentrios, permite reformular estratgias mal concebidas e melhorar
as aes de marketing social seguintes.
Para alm das tendncias da comunicao online, cada vez mais as aes no
ponto de venda tm desempenhado um papel importante na criao de laos entre as
marcas e os consumidores. Com maior relevncia no sector alimentar, o marketing
sensorial surge como uma estratgia de seduo do consumidor atravs dos seus
sentidos: paladar, olfato, viso, tato e audio. Conseguida a ateno dos sentidos do
consumidor, prev-se que este permanea mais tempo no ponto de venda e
consequentemente consuma mais, aumentando o valor da aquisio. O objetivo um
aumento do valor da transao e da frequncia de compra, variveis possveis de
24
Aplicao mvel que permite descobrir a localizao de amigos bem como lojas e restaurantes numa 25
Stio web que mede a influncia dos utilizadores de redes sociais e outros stio webs de partilha de
contedos. Os utilizadores mais influentes podem ganhar ofertas de determinadas empresas no sentido de
testarem os produtos e desta forma, recomendarem-nos a terceiros. Endereo: www.klout.com
29
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
incrementar atravs de uma experincia agradvel no ponto de venda. Assim, o
envolvimento sensorial sensory engagement - assume-se como uma tendncia cada
vez mais importante no comrcio do retalho alimentar. Segundo Hultn (2011), as
sensaes boas - que a marca conseguir proporcionar ao consumidor podem contribuir
para a criao de uma atitude favorvel, um aumento da notoriedade e do conhecimento,
fazendo com que mesmo que no haja um aumento do valor comprado no ponto de
venda, pelo menos outros benefcios sejam conseguidos.
Para alm do marketing sensorial, muitas marcas tm desenvolvido aes no
ponto de venda com o intuito de tornar o momento do pagamento algo menos penoso
para o consumidor. No neuromarketing, a este desconforto chama-se a dor do
comprador - The buyerspain - uma vez que, segundo os especialistas, o momento de
pagamento despoleta uma reao cerebral semelhante que temos quando nos
magoamos fisicamente.
Por fim, como uma das tendncias mais populares da ltima dcada, o marketing
viral assume-se como um meio muito eficaz na difuso de uma mensagem mas
simultaneamente difcil de executar com sucesso. O marketing viral um conjunto de
tcnicas usadas com o intuito de levar os consumidores e admiradores de uma marca a
promov-la junto de amigos ou familiares.26
Os admiradores da marca espalham a
palavra sobre a marca usando como meio de recomendao pessoal o email, SMS, likes
ou a partilha do contedo nas redes sociais. A este fenmeno chama-se de word-of-
mouse - passa palavra eletrnico - por analogia ao word-of-mouth - passa palavra - em
tudo semelhantes, com a diferena de o primeiro ser online e o segundo offline.
Segundo De Pelsmacker et al. (2010) o marketing viral usa o princpio da bola de neve e
a natureza tpica das redes que a Internet suporta relativamente ao crescimento rpido e
exponencial na exposio da mensagem e a sua influncia sem recorrer a grandes
esforos.
26
(De Pelsmacker, Geuens, & Van den Bergh, 2010)
30
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.2.3.2. Anlise do Comrcio a Retalho
A anlise do sector do retalho alimentar ser baseada nas informaes e
concluses da publicao Estatsticas do Comrcio 2010, que divulga os principais
resultados caraterizadores do sector do Comrcio portugus.27
Em 2010, os 1 547
estabelecimentos do comrcio a retalho alimentar distribuam-se pelo Continente da
seguinte forma: 30,4% em Lisboa (28,6% em 2009), 30% no Norte (28,6% em 2009),
24% no Centro (23,6% em 2009), 9,8% no Alentejo (9,6% em 2009) e 5,8% no Algarve
(9,6% em 2009). O volume de vendas das UCDR de retalho alimentar ascendeu a 10
525 milhes de euros, refletindo um acrscimo de 0,6% face a 2009 (que j tinha
igualmente crescido 2,2% face a 2008).
Na globalidade do sector retalhista, os produtos de alimentao, bebidas e tabaco
agregaram a maior parcela de volume de negcios (30,5%), correspondendo-lhes um
montante de 14 450 milhes de euros. Em 2010, os produtos alimentares foram
comercializados principalmente por empresas de natureza generalista, ou seja, empresas
com estabelecimentos no especializados (supermercados, hipermercados, mercearias),
os quais concentraram 76,6% das vendas deste gnero de produtos. O remanescente
coube sobretudo aos estabelecimentos especializados (padarias, talhos, peixarias,
frutarias, etc).
Deste resultado conclui-se que nas compras de produtos alimentares, os
consumidores preferem as grandes generalistas, uma vez que num s lugar podem
comprar uma diversidade de produtos (one-stop-shop), evitando gastar tempo e dinheiro
na deslocao a outras lojas.
Em 2010 apurou-se um total de 847 milhes de transaces, apurando-se um
montante mdio por transao no retalho alimentar fixado nos 16 euros e no retalho no
alimentar em 28 euros. A atividade de comrcio a retalho no especializado (grupo
471), na qual se incluem os supermercados e outros estabelecimentos generalistas,
embora representando apenas 12,9% do total de empresas do sector, gerou o terceiro
maior volume de negcios de todo o Comrcio (16,9 milhares de milhes de euros),
27
Resultados obtidos a partir do Inqurito s Empresas de Comrcio (IECom) e do Inqurito aos
Estabelecimentos Comerciais Unidades de Dimenso Relevante.
31
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
seguindo-se a atividade de comrcio a retalho de outros produtos em estabelecimentos
especializados, com um volume de negcios de 12,1 milhares de milhes de euros.
32
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.2.3.3. O Mercado da Nostalgia
O final do sculo XX foi marcado por um boom de nostalgia, caraterizado como
um fenmeno coletivo de crescente interesse e fascnio por pocas passadas. A nostalgia
considerada um estado emocional no qual o individuo sente saudades de uma verso
idealizada de um perodo de tempo passado.28
Cada vez mais os consumidores
procuram novas experincias atravs de marcas revivalistas que os transportem para
pocas passadas mais felizes, como a infncia. Na verdade, poder ser esperado que em
tempos de ameaa ou turbulncia sociocultural e econmica, a nostalgia fornea uma
sensao de conforto e uma comunidade de ligao prxima, um paraso seguro num
mundo inseguro.29
Cenna (2009) afirma que medida que uma gerao mais antiga de
consumidores se agarra com carinho s marcas do passado e uma nova gerao procura
adotar coisas antigas como novas, cada vez mais as marcas se reinventam e tudo que era
velho torna-se novo outra vez. Contudo, segundo a autora, as marcas no podem confiar
demasiado nas suas glrias passadas quando se trata de atrair pblicos mais jovens, que
no tm qualquer ligao com a marca. Para os pblicos mais jovens que nunca tiveram
qualquer contato passado com a marca, o estmulo no passa pela lembrana dos tempos
idos, nem to pouco pela nostalgia: o que atrai as novas geraes s marcas retro a
inspirao que estas trazem s suas vidas.30
O passado oferece um conjunto de
elementos que se traduzem em novas experincias, no sendo necessrio ter vivido em
determinado poca para apreciar as marcas consumidas nessa altura.
Os segmentos de indivduos que viveram determinada poca passada e os que
no a viveram, correspondem a duas formas distintas do sentimento de nostalgia: a
nostalgia pessoal e a histrica, respetivamente. Marchegiani e Phau (2010) definem a
nostalgia pessoal como respostas geradas a partir de um passado pessoal lembrado
como eu era (the way I was) - enquanto que a nostalgia histrica traduz-se em
respostas geradas de um tempo na histria que o individuo no experienciou
diretamente, podendo at ter acontecido antes do seu nascimento como as coisas
eram (the way it was). As motivaes destes dois segmentos so diferentes: se para um
28
(Stern, 1992) 29
(Brown, Robert, & F. Sherry Jr, 2003) 30
(Cenna, 2009)
33
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
pblico jovem, o retro atrai pelo fator novidade e pela nostalgia de tempos nunca
vividos, para os consumidores mais velhos, esta nostalgia verdadeira e despoleta
recordaes e saudade.
Outro fator que tem vindo a influenciar a crescente procura deste tipo de
produtos o conceito de comida emocional que consiste em produtos alimentares
procurados pelos consumidores com o intuito de mudar o seu estado de esprito.
Enquanto que as preocupaes relacionadas com o trabalho e a vida domstica podem
despoletar a necessidade de comida emocional, alguns eventos globais podem tambm
provocar este comportamento, fazendo parte deste grupo de alimentos conforto as
marcas consumidas na infncia.31
No cenrio nacional existem muitos exemplos de marcas antigas que aps um
perodo de ausncia ou esquecimento, ressurgem em fora na atualidade, servindo um
pblico cada vez mais saudoso e patriota. Estas marcas, cheias de histria, antiguidade e
tradio so chamadas de marcas retro, tendo Portugal muitos exemplos destes. Os
chocolates da Regina, os sabonetes da AchBrito, as conservas da Tricana, a pasta de
dentes Couto, os cremes Nally e os lpis da Viarco, so alguns de muitos exemplos de
marcas portuguesas que voltaram a ser populares. Perante o ressurgimento deste tipo de
marcas, o retalho tem acompanhado esta procura tendo-se assistido ao surgimento de
casas dedicadas a produtos retro portugueses. Atualmente uma das lojas deste segmento
mais conhecidas na regio norte A Vida Portuguesa, que tambm vende os produtos
Pauprio.
31
(Datamonitor, 2008)
34
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.2.4. Anlise do Produto
Todos os produtos vendidos pela marca so produtos de consumo, dado que se
destinam a satisfazer necessidades pessoais ou das famlias. Dentro das vrias
categorias dos produtos de consumo32
, a Pauprio encaixa-se na categoria de produtos
de convenincia. Os produtos de convenincia no so caros, so adquiridos
frequentemente e so artigos consumidos rapidamente, cujo esforo de compra
mnimo.33
O portflio de produtos da marca conta com trs linhas de produtos: as bolachas
e biscoitos, as marmeladas e geleias e os bolos. A linha de produtos com mais
profundidade a das bolachas e biscoitos, contando com quarenta variedades, podendo
estes ser adquiridos a peso ou atravs de sortidos. Os sortidos so compostos pelo
sortido fino, biscoitos finos, sortido de seleo 1100 gr. e sortido de seleo 300 gr. A
linha dos bolos conta apenas com duas variedades: o bolo rei e o po de l. As geleias e
marmeladas tambm consistem somente em duas variantes.
Pro
fun
did
ad
e d
o m
ix d
e p
rod
uto
s
40 variedades
Sortido Fino
Biscoitos finos
Seleo 300gr Marmelada Po de l
Seleo 1100gr Geleia de Marmelo Bolo rei
A peso Sortidos Geleias e
Marmeladas Bolos
Bolachas e Biscoitos
Amplitude do mix de produtos
Grfico 5: Portflio de produtos da Pauprio
32
Shopping products, speciality products e unsought products. 33
(Dibb, Simkin, William, & Ferrell, 2006)
35
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
O produto mais vendido da marca a Princesa Negra - bolachas de cacau - que
se vendem em quase todas as escolas do pas e que, devido ao seu enorme sucesso, j
foram alvo de uma proposta de compra. Como foi mencionado anteriormente, grande
parte das receitas so guardadas no Arquivo Histrico da cidade de Valongo, no s
para uma melhor preservao destes documentos centenrios, como tambm pela
importncia histrica da marca na regio. Na verdade, uma das bolachas fabricadas pela
marca - a tosta rainha - deve o seu nome rainha de Portugal Dona Amlia. Segundo os
registos histricos, numa das visitas do Duque e da Duquesa de Bragana ao Porto em
1886, e por ocasio da realizao de um banquete real, foi solicitado Fbrica Pauprio
que produzisse uma tosta doce como forma de presentear a Princesa D. Amlia de
Orlees. E assim aconteceu, nos finais do ano de 1886 a Pauprio produziu a tosta doce,
com caractersticas ideais para o acompanhamento de doces e compotas. De forma a
homenagear a ento Rainha D. Amlia, a Pauprio passou a designar a tosta doce de
tosta rainha, nome que ainda hoje preserva.
A grande maioria dos artigos produzidos pela marca foram registados, como por
exemplo, os minhones, rosquinhas, princesa negra e os fidalguinhos, bem como o bolo
rei Pauprio e o po de l Pauprio. As embalagens de sortido da marca sofreram este
ano um rebranding e so atualmente iguais s caixas Pauprio vendidas na dcada de
40/50 de cor azul e branca como os tradicionais azulejos portugueses ver anexos 4 e 5.
Uma opo bastante econmica ao nvel do design e do packaging e que prova aos
consumidores a autenticidade, histria e originalidade da marca.
36
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.3. Estratgia de Marketing
A estratgia de marketing consiste na seleo das oportunidades de mercado a
seguir, anlise dos pblicos alvo e a criao e manuteno do apropriado marketing mix
que ir satisfazer os indivduos dos referidos mercados.34
Segundo a matriz de Ansoff35
,
a estratgia da Pauprio consiste na penetrao de mercado, uma vez que com o
lanamento de lojas prprias, esta tem como objetivo aumentar as suas vendas com
produtos existentes, num mercado existente.
No atual contexto de recesso econmica e de pouco crescimento do comrcio a
retalho, o incumprimento dos pagamentos torna-se uma constante nas relaes
comerciais levando muitas empresas fornecedoras a optar por integrar verticalmente as
suas atividades. A Pauprio no exceo a este cenrio e, de modo a contornar a
dependncia excessiva em terceiros para a venda dos seus produtos, a marca est a
apostar no lanamento de uma cadeia de lojas prprias, para alm do ponto de venda
que integra a fbrica em Valongo desde a fundao da empresa. Assim, em 2010, a
marca abriu a sua segunda loja prpria em Rio Tinto e, este ano em Ermesinde, abriu
portas em Maro, sendo este o caminho a seguir para os anos que se seguem.
Em entrevista ao semanrio online Grande Porto36
, o CEO da marca explica
como a Pauprio tem sobrevivido s dificuldades dos ltimos tempos: Para contornar
o problema dos pagamentos, com clientes a pagarem a mais de 120 dias, a soluo foi ir
diretamente para o mercado com lojas prprias. Segundo o mesmo, o objetivo crescer
e estabelecer uma rede de lojas que comear pelo norte, atendendo localizao da
fbrica e a um maior reconhecimento da marca nesta regio. O objetivo a mdio prazo
passa pela criao de uma quarta loja na Maia e posteriormente na baixa do Porto. A
longo prazo, o intuito chegar a Lisboa. Nesta fase inicial, o limite so as sete lojas
porque a partir desse momento esgota-se a capacidade de produo. Assim, o objectivo
e futuro da marca passam pela expanso da cadeia de lojas de insgnia prpria como
forma de se defender da ameaa dos incumprimentos de terceiros e ao mesmo tempo
ganhar independncia no mercado do consumidor final. Para alm deste crescimento no
34
(Dibb, Simkin, William, & Ferrell, 2006) 35
(Ansoff, 1957) 36
Por Isabel Cristina Costa, em 28.02.2011
37
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
nmero de pontos de venda, a marca pretende vender nas suas lojas outras marcas
portuguesas de qualidade, no entanto, segundo o CEO, apenas poder faz-lo quando a
sua cadeia de lojas tiver dimenso suficiente que confira empresa algum poder
negocial.
No seguimento das lojas prprias, a Pauprio pretende reforar a sua imagem de
tradio, qualidade e antiguidade junto do seu pblico alvo atual e no s. Para alm dos
clientes habituais necessrio conquistar as camadas mais jovens dos consumidores,
cada vez mais apreciadores de produtos vintage. Aproveitando esta tendncia de
consumo, a Pauprio quer reforar aquilo que junto dos atuais consumidores e
apresentar-se aos consumidores mais jovens como uma nova experincia. O revivalismo
uma oportunidade de mercado que a marca tem sabido aproveitar, dado que preenche
todos os critrios para servir este segmento: a Pauprio uma marca portuguesa,
autntica e cheia de histria.
Outro dos projectos da marca passa pela criao de uma zona museolgica no
interior da fbrica. De acordo com o CEO da Pauprio: Somos visitados por inmeras
escolas do Pas, cerca de cinquenta todos os anos, e esta ser uma forma de se
enriquecer essa experincia. Mas ser uma zona museolgica com mquinas que
funcionam e a ideia mostrar isso mesmo aos mais jovens.
A anlise SWOT uma ferramenta de marketing bastante popular para aferir
quais as melhores decises ao nvel estratgico a seguir pelas empresas, uma vez
permite a anlise das foras e fraquezas da marca e identifica as oportunidade e ameaas
que esta enfrenta, tudo numa nica representao grfica. Como se pode verificar pela
anlise abaixo apresentada, a estratgia de marketing da Pauprio assenta na expanso
da cadeia de lojas da marca como forma de se proteger da ameaa dos incumprimentos
nos pagamentos e simultaneamente aproveitar uma oportunidade de mercado, o
crescimento do mercado da Nostalgia. Mais, a possibilidade de vender nestas lojas
outras marcas portuguesas uma forma de colmatar a sua fraqueza no que toca
limitao da capacidade produtiva e a criao de um museu na fbrica tira partido da
sua maior fora, a sua antiguidade e histria.
38
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
Tabela 1: Anlise SWOT da Pauprio
Foras Antiguidade da marca e conhecimento desta por parte de grande
parte dos consumidores. Experincia no sector.
Fraquezas Capacidade produtiva limitada, o que impede a obteno de
economias de escala.
Ameaas Incumprimento nos pagamentos por parte dos retalhistas.
Oportunidades Mercado da Nostalgia em alta. Crescente interesse dos
consumidores pelos produtos nacionais.
39
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
2.3.1. Segmentao de Mercado
A segmentao do mercado uma parte fundamental da estratgia de marketing,
ajudando as organizaes a lidar com o fato de que nem todos os consumidores
partilham as mesmas necessidades, comportamentos de compra ou requisitos dos
produtos.37
De acordo com Dibb et al. (2006), a segmentao o processo de
agrupamento de consumidores em mercados com alguma heterogeneidade em
segmentos mais pequenos, similares e homogneos. Segundo os mesmos autores, os
indivduos que constituem um segmento devem ter necessidades e comportamentos de
compra semelhantes.
Desta forma, a segmentao consiste na diviso do mercado de consumidores
em grupos homogneos cujos indivduos tenham pontos em comum, o que permite a
criao de aes de marketing personalizadas a cada grupo, com relevncia para os
interesses dos indivduos que o compem. No processo de segmentao devem ser
escolhidos critrios que permitam agrupar indivduos com caractersticas semelhantes.
Uma das vantagens deste processo a poupana de esforos ao nvel das aes de
comunicao, dado que muito mais simples organizar uma campanha para grupos do
que para indivduos singularmente. Dentro de cada segmento, a reao a certo estmulo
de marketing deve ser semelhante entre os indivduos.
No entanto, cada vez mais as empresas se apercebem da singularidade dos
indivduos e tem havido a tendncia a consider-los individualmente, atravs do uso de
tcnicas de CRM (Costumer Relationship Managment). Pelas palavras de Bailey et al
(2009) a segmentao continua a ter um papel vital para o planeamento de marketing,
no entanto, as organizaes com uma riqueza grande de dados sobre os consumidores
individualmente deveriam considerar o desenvolvimento e a implementao de sistemas
de modelos de propenso (onde os dados dos consumidores estejam disponveis), o uso
de estmulos e eventos nas interaes individualizadas com o consumidor.
A complexidade dos consumidores atuais e o contexto atual de mudana
constante podem tornar o uso da segmentao per si uma ferramenta grosseira e que no
corresponde realidade. A segmentao por sexo, gnero ou rendimento muito
37
(Dibb, Simkin, William, & Ferrell, 2006)
40
Plano de Comunicao de Marketing Integrada (IMC): marca Pauprio
redutora para classificar os indivduos, devendo-se usar mltiplos critrios. Segundo
Dagevos (2005), os critrios clssicos para distinguir os diferentes grupos homogneos
de consumidores, com as correspondentes intenes de compra e padres
comportamentos, perderam muito do seu poder explanatrio. Mais, o autor defende que
os comportamentos dos indivduos de uma sociedade moderna j no podem ser
entendidos somente atravs de critrios de segmentao direitos straight - e
mensurveis. H que melhorar o conhecimento da empresa sobre os seus consumidores
em campos mais difceis de mensurar, tal como as influncias socioculturais e socio-
fisiolgicas nas escolhas dos consumidores. De momento a Pauprio no tem
capacidade para uma segmentao atravs do mtodo CRM mas, futuramente, esta
hiptese dever ser tomada em conta atravs da criao de um carto de fidelizao que
permite a criao de uma base de dados com as informaes fornecidas pelos clientes.
As variveis de segmentao traduzem-se nas dimenses ou caractersticas dos
indivduos, grupos ou negcios que so usados para dividir o mercado em segmentos.38
Quanto mais variveis forem usadas mais segmentos sero encontrados, o que pode
tornar o processo mais complicado de gerir. Mais, os segmentos devem ser
diferenciveis, alcanveis, mensurveis e com dimenso relevante. As variveis de
segmentao para a Pauprio so o estilo de vida e personalidade (variveis
psicogrficas). As variveis psicogrficas, em concreto, as caractersticas de
personalidade, motivos e estilos de vida, so as mais importantes para a marca. Segundo
Dibb et al. (2006), as caractersticas de personalidade so teis quando as necessidades
dos consumidores no so significativamente afetadas por outras variveis de