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Joseph Campbell - As Máscaras de Deus II - MITOLOGIA ORIENTAL

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Joseph Campbell

 AS MÁSCARAS DE

DEUSDEUS

MITOLOGIA ORIENTAL

tradução

Carmen Fischer 

PALAS ATHENA

São Paulo

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SUMÁRIO

PARTE IA DIVISÃO ENTRE ORIENTE E OCIDENTE

Capítlo !" s Sinais Distinti!os Dos "uatro #randes Dom$nios %&'( di)lo*o m$tico entre riente e cidente %&''( mito comum do um +ue se tornou dois %,'''( As duas inter-retaç.es a res-eito do e*o /%'0( 1ndia e E2tremo riente3 dois caminhos4 dois modos /,0( As duas lealdades da Euro-a e do Le!ante &&0'( A era da com-aração &5

Capítlo #" As Cidades de Deus &6'( A era do es-anto &6''( Mito*7nese &,'''( Est)*io cultural e estilo cultural 88'0( estado hier)tico 8,0( 'denti9icação m$tica 580'( En9atuação m$tica 650''( imanente deus transcendente ,&0'''( A arte sacerdotal ,:';( Su<ordinação m$tica =/

Capítlo $" As Cidades dos Homens =='( Dissociação m$tica ==''( 0irtude m$tica :5'''( Tem-o m$tico :,'0( dil>!io m$tico %?/0( Cul-a m$tica %?:0'( conhecimento da dor %%8

PARTE IIAS MITOLOGIAS DA %NDIA

Ca-$tulo 83 A $ndia Anti*a %/&'( -rota*onista in!is$!el %/&''( A ci!ili@ação do 'ndo3 c(/5??%5?? a(C( %/:'''( -er$odo !Bdico3 c( %5??5?? a(C( %8/'0( Poder m$tico %550( Filoso9ia da 9loresta %6/0'( A di!indade imanentetranscendente %6=

&pa'( ))*+0''( A *rande %,/0'''( caminho da 9umaça %,,

';( caminho do %:?

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Capítlo *" A 1ndia udista %:5'( heri ocidental e o oriental %:5''( As no!as cidadesestados3 c=??5?? a(C( %::'''( A lenda do sal!ador do mundo /?&'0( Eterni@ação m$tica /?5

0( caminho do meio /?,0'( Nir!ana //%0''( A idade dos *randes cl)ssicos3 c5?? a(C(5?? d(C( //:0'''( Tr7s reis <udistas /&%';( caminho da !isão /8?;( mundo recon+uistado como sonho /8=

Cap,tlo -" A 'dade de uro da 1ndia /58'( A herança de Roma /58 ''( -assado m$tico /5:'''( A idade das *randes crenças3 c(5??%(5?? d(C( /6,

'0( A !ia do -ra@er /,%0( ata+ue do islamismo /=6

PARTE IIIAS MITOLOGIAS DO E.TREMO ORIENTE

Capítlo /" Mitolo*ia Chinesa /:%'( A anti*idade da ci!ili@ação chinesa /:%''( -assado m$tico /:,'''( A B-oca 9eudal chinesa3 c. %5??5?? a(C( &%?'0( A idade dos *randes cl)ssicos3 c(5?? a(C5?? d(C( &/%0( A B-oca das *randes crenças3 c(5?? a(C%5?? d(C( &/8

Capítlo 0" Mitolo*ia a-onesa &6?'( ri*ens -rBhistricas &6?''( -assado m$tico &6&'''( caminho dos es-$ritos &,?'0( s caminhos do uda &,80( caminho dos heris &=,0'( caminho do ch) &=:

Capítlo 1"  Ti<ete3 o uda e a No!a Felicidade &:& Notas de re9er7nciaG 8?&1ndice remissi!o 8/,&pa'( ))-+

G As Notas 9oram inseridas ao 9inal das -)*inas(PS3 A Numeração de -)*inas do sum)rio corres-onde ao ori*inal im-resso(PS/3 As -)*inas estão numeradas de acordo com o documento ori*inal4 indicando sem-re o 9inal de cada uma4entre colchetes(

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ILUSTRA23ES

Fi*ura %( Anti*o com-le2o de tem-lo4 ti-o o!al3 'ra+ue4 c(8???&5?? a(C( &=

Fi*ura /( A 9orça +ue se autoconsome3 SumBria4 c(&5?? a(C( &:Fi*ura &( senhor da !ida3 SumBria4 c(&5?? a(C( 8?

Fi*ura 8( sacri9$cio3 SumBria4 c(/&?? a(C( 8/

Fi*ura 5( leito ritual3 SumBria4 c(/&?? a(C( 8/

Fi*ura 6( Mural mortu)rio em Hieracm-olis3 E*ito4 c(/:??I a(C( 8,

Fi*ura ,( Estela de Narmer Jan!ersoK3 E*ito4 c(/=5? a(C( 8:

Fi*ura =( Estela de Narmer Jre!ersoK3 E*ito4 c(/=5? a(C( 5?

Fi*ura :. Petr*li9o( <arco da morte3 N><ia4 c(5??5? a(C(I 6/

Fi*ura %?( se*redo dos dois -arceiros3 E*ito4 c(/=?? a(C( 6=

Fi*ura %%( A du-la entroni@ação3 E*ito4 c(/=?? a(C( 6:Fi*ura %/( -oder dual3 E*ito( c(/65? a(C( ,/

Fi*ura %&( @i*urate de Ni-ur JreconstruçãoK3 'ra+ue4 c(/??? a(C( :?

Fi*ura %8( 'ma*em de uma ser!a3 0ale do 'ndo4 c(/??? a(C( %&?

Fi*ura %5( 'ma*em de um sacerdote3 0ale do 'ndo4 c(/??? a(C( %&/

Fi*ura %6( sacri9$cio3 0ale do 'ndo4 c(/??? a(C( %&,

Fi*ura %,( A deusa da )r!ore3 0ale do 'ndo4 c(/??? a(C( %&=

Fi*ura %=( senhor das 9eras3 0ale do 'ndo( c(/??? a(C( %8?

Fi*ura %:( -oder da ser-ente3 0ale do 'ndo4 c(/??? a(C( %8?

Fi*ura /?( senhor da !ida3 França4 c(5? d(C( /8&

Fi*ura /%( A ilha das -edras -reciosas3 1ndia JRa-utK4 c( %=?? d(C( /68

Fi*ura //( Estilo do Anti*o Pac$9ico es+uerda4 ca<o de osso( China

JShan*K4 c. %/?? a(C direita4 -oste tot7mico4 AmBrica do Norte(

JCosta NoroesteK4 recente &%/

Fi*ura /&( Estilo do Anti*o Pac$9ico3 acima4 AmBrica do Norte JCosta

 NoroesteK4 recente a<ai2o4 MB2ico Jestilo TainK4 c(/??%??? d(C &%&

Desenhos das 9i*uras /4 &484 %64 %:4 //4 /&3 ohn L( MacOe( &pa'( ))/+

&pa'( ))0+ P)*ina em <ranco

&pa'( ))1+ t$tulo

&pa'( )!)+ P)*ina em <ranco

&pa'( )!!+ t$tulo

&pa'( )!#+ P)*ina em <ranco

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AS MASCARAS DE DEUS

MITOLOGIA ORIENTAL

htt-3QQ*rou-s(*oo*le(com(<rQ*rou-Qdi*italsource

Esta o<ra 9oi di*itali@ada -elo *ru-o Di*ital Source -ara -ro-orcionar4 de maneira

totalmente *ratuita4 o <ene9$cio de sua leitura +ueles +ue não -odem com-r)la ou +ueles

+ue necessitam de meios eletrnicos -ara ler( Dessa 9orma4 a !enda deste e<ooO ou atB

mesmo a sua troca -or +ual+uer contra-restação B totalmente conden)!el em +ual+uer

circunstncia( A *enerosidade e a humildade B a marca da distri<uição4 -ortanto distri<ua este

li!ro li!remente(

A-s sua leitura considere seriamente a -ossi<ilidade de ad+uirir o ori*inal4 -ois assim

!oc7 estar) incenti!ando o autor e a -u<licação de no!as o<ras(

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PARTE I

A DIVISÃO ENTREORIENTE E OCIDENTE

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CAPITULO I

OS SINAIS DISTINTIVOS DOS 4UATROGRANDES DOM%NIOS

I( O DIALOGO M%TICO ENTRE ORIENTE E OCIDENTE

mito do eterno retorno4 +ue continua sendo essencial na !ia oriental4re!ela uma ordem de 9ormas imut)!eis +ue sur*em e ressur*em ao lon*o do

tem-o( A rotação di)ria do sol4 o min*uar e o crescer da lua4 o ciclo do ano e o

ritmo de nascimento4 morte e renascimento no mundo or*nico4 re-resentam um

mila*re de sur*imento cont$nuo4 9undamental nature@a do uni!erso( Todos

conhecemos o mito arcaico das +uatro idades do ouro4 da -rata4 do <ron@e e

do 9erro em +ue o mundo B mostrado em seu decl$nio4 sem-re -ara -ior( Em

seu de!ido tem-o ele se desinte*rara no caos4 a-enas -ara ressur*ir4 !içosocomo uma 9lor4 e recomeçar es-ontaneamente seu curso ine!it)!el( amais

hou!e um tem-o em +ue não hou!esse tem-o( Tam-ouco ha!er) um tem-o em

+ue esse o*o caleidosc-ico da eternidade no tem-o dei2e de e2istir(

 Não h)4 -ortanto4 nada a ser *anho4 nem -elo uni!erso nem -elo homem4

atra!Bs de ori*inalidade e es9orço indi!iduais( A+ueles +ue se a-e*aram ao seu

cor-o mortal e a suas a9eiç.es4 necessariamente acharão tudo muito -enoso4 -ois

tudo -ara eles ter) +ue aca<ar( Mas -ara a+ueles +ue encontraram o -onto

im!el da eternidade4 em !olta do +ual tudo *ira4 inclusi!e eles -r-rios4 tudo Baceit)!el da maneira como B4 e -ode ser !i!enciado como ma*n$9ico e

mara!ilhoso( -rimeiro de!er do indi!$duo B4  -ortanto4 sim-lesmente e2ercer o

 -a-el +ue lhe 9oi atri<u$do como o 9a@em o sol e a lua4 as !)rias es-Bcies

animais e !e*etais4 as )*uas4 as rochas e as estrelas sem resist7ncia4 sem

ne*li*7ncia4 e então4 se -oss$!el4 orientar a mente de maneira a identi9icar sua

consci7ncia com o -rinc$-io contido no todo( &pa'( )!$+

encantamento on$rico dessa tradição contem-lati!a4 orientadameta9isicamente , onde a lu@ e  as tre!as dançam untas no o*o csmico de

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som<ras criador do mundo4 tra@4 atB os tem-os modernos uma ima*em de idade

incalcul)!el( Em sua 9orma -rimiti!a4 ela B am-lamente conhecida entre as

aldeias tro-icais da !asta @ona e+uatorial +ue se estende da Á9rica4 em direção

leste4 atra!Bs da 1ndia4 Sudeste Asi)tico e ceania4 atB o rasil4 onde o mito <)sico B o da idade dos sonhos do -rinc$-io4 +uando não ha!ia nem morte nem

nascimento e +ue4 entretanto4 aca<ou +uando 9oi cometido um assassinato(

cor-o da !$tima 9oi cortado e enterrado( E das -artes enterradas não a-enas

sur*iram as -lantas comest$!eis das +uais a comunidade !i!e tam<Bm sur*iram

os r*ãos re-roduti!os na+ueles +ue comeram de seus 9rutos( Foi assim +ue a

morte4 +ue che*ou ao inundo atra!Bs de um assassinato4 9oi contra<alançada -or

seu o-osto4 a *eração4 e a !ida4 essa coisa +ue se autoconsome e +ue !i!e da

 -r-ria !ida4 iniciou seu intermin)!el curso(Em todas as sel!as do mundo a<undam não a-enas cenas !iolentas entre

animais4 mas tam<Bm es-antosos ritos humanos de comunhão cani<al4

re-resentando dramaticamente com a 9orça de um cho+ue iniciatrio a cena

do assassinato4 o ato se2ual e o <an+uete do -rinc$-io4 +uando a !ida e a morte4

+ue ha!iam sido uma4 tornaramse duas4 e os se2os4 +ue antes eram um4

tornaramse dois( As criaturas -assam a ter e2ist7ncia4 !i!em da morte de outras4

morrem e tornamse alimento de outras4 -er-etuando atra!Bs das trans9ormaç.esdo tem-o o ar+uBti-o semtem-o do -rinc$-io mitol*ico( indi!$duo4 neste

conte2to4 não é mais im-ortante do +ue uma 9olha ca$da( Do -onto de !ista

 -sicol*ico4 o e9eito da -r)tica de tal rito B retirar o 9oco da mente do indi!idual

  +ue -erece e coloc)lo no *ru-o +ue -ermanece( Do -onto de !ista

m)*ico4 re9orça a !ida -erene em todas as !idas4 +ue -arecem muitas4 mas na

!erdade são uma s4 estimulando assim o crescimento do inhame4 do coco4 dos

 -orcos4 da lua4 da 9ruta-ão4 <em como da comunidade humana(

Sir ames Fra@er4 em O Ramo Dourado, mostrou +ue nas -rimeiras

cidadesestados do riente Pr2imo4 de cuo centro se ori*inaram todas as

ci!ili@aç.es a!ançadas do mundo4 reisdeuses eram sacri9icados em

con9ormidade com esse rito sel!a*em(% E a esca!ação de Sir Leonard oolle

das tum<as reais de Ur4 nas +uais cortes inteiras ha!iam sido cerimonialmente

enterradas !i!as4 re!elou +ue na SumBria tais -r)ticas continuaram atB

1 Sir James George Frazer, The Golden Bough (The Macmillan Company, Nova York, edi!o em "mvol"me, 1#$$%, p& $' e seg"in)es&

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a-ro2imadamente /&5? a(C(/ Sa<emos4 alBm do mais4 +ue na 1ndia4 no sBculo

;0' da nossa era4 9oram o<ser!ados reis retalhando cerimonialmente a si

 -r-rios &4 e nos tem-los da deusa ne*ra  Kālī 4 a terr$!el de muitos nomes4

Vdi9$cil de ser a<ordadaV (durgā), cuo estma*o B um !)cuo +ue amais -ode ser -reenchido e cuo >tero est) eternamente -arindo todas as coisas4 um rio de

san*ue de o9erendas deca-itadas tem 9luido continuamente -or mil7nios atra!Bs

de canais a<ertos -ara de!ol!er esse san*ue4 ainda !i!o4 sua 9onte di!ina(

AtB hoe setecentas ou oitocentas ca<ras são a<atidas em tr7s dias no

Wali*hat4 o -rinci-al tem-lo da deusa em Calcut)4 durante seu 9esti!al de

outono4 o Dur*a Pua( &pa'( )!5+

As ca<eças são em-ilhadas diante da ima*em e os cor-os !ão -ara os

de!otos4 -ara serem consumidos em comunhão contem-lati!a( >9alos4 o!elhas4 -orcos e a!es tam<Bm são imolados -rodi*amente em adoração a ela e4 antes da

 -roi<ição do sacri9$cio humano em %=&54 ela rece<ia de todas as -artes do -a$s

 <an+uetes ainda mais a<undantes( Em Tanore4 no tem-lo dedicado a Xi!a4 uma

criança do se2o masculino era deca-itada diante do altar da deusa todas as

se2tas9eiras na hora sa*rada do cre->sculo( No ano de %=&?4 um insi*ni9icante

monarca de astar4 deseando sua *raça4 sacri9icoulhe em uma ocasião !inte e

cinco homens em seu altar em Dantesh!ari e4 no sBculo ;0'4 um rei de Coochehar imolou cento e cin+enta no mesmo local(8

 Nas montanhas aintia4 no Assam4 era costume de uma certa casa real

o9erecer iodos os anos uma !$tima humana durante o Dur*a Pua4 De-ois de ter

se <anhado e -uri9icado4 o sacri9icado era !estido com rou-as no!as4 co<erto

com sndalo e !ermelhão4 adornado com *rinaldas4 e dessa maneira instalado

so<re uma -lata9orma ele!ada diante da ima*em4 onde -assa!a al*um tem-o em

meditação4 re-etindo sons sa*rados e4 +uando -ronto4 9a@ia um sinal com o

dedo( carrasco4 tam<Bm -ronunciando s$la<as sa*radas4 -rimeiro ele!a!a a

es-ada e em se*uida corta!a a ca<eça do homem4 +ue lo*o era o9ertada deusa

numa <andea de ouro( s -ulm.es4 de-ois de co@idos4 eram consumidos -elos

$ Sir Charles *eonard +oolley, Ur of the Chaldees (rnes) -enn *)d&, *ondres, 1#$#%, p& .. c ss&,ci)ado e disc")ido em As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva (di)ora /alas 0)hena, S!o /a"lo,1##$%, pp& .$2...& 0 da)a a)ri3"4da por +oolley 5 s"a desco3er)a, cerca de .677 a&C, e ho8ereconhecida como "m mil9nio an)ecipadamen)e&.  :"ar)e -ar3osa, Descripiton of the Coasts of East frica and Mala!ar in the Beginning of the"i#teenth Centur$ (The ;akl"y) Socie)y, *ondres, 1''%, p& 1<$= ci)ado por Frazer, op% cit &, pp& $<2

$<6, e Joseph Camp3ell, As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& pp& 1121$& &0& Gai), >;"man Sacri?ice (@ndian%>, in James ;as)ings, Enc$clopaedia of 'eligion and Ethics(Charles Scri3nerAs Sons, Nova York, 1#$%, vol& B@, pp& #26.&

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io*ues4 e a 9am$lia real com-artilha!a uma -e+uena -orção de arro@ em<e<ido

no san*ue sacri9ical( s +ue eram o9erecidos em tais sacri9$cios eram

ha<itualmente !olunt)rios( Entretanto4 +uando se carecia deles4 eram

se+estrados 9ora do -e+ueno 9eudo( Assim aconteceu em %=&/4 +uando +uatrohomens desa-areceram do dom$nio <ritnico4 dos +uais um esca-ou -ara contar

a histria4 e no ano se*uinte o reino 9oi ane2ado sem esse costume(5

VPor cada sacri9$cio humano acom-anhado de seus de!idos ritos4 a deusa

9ica a*radecida mil anosV4 -odemos ler no Kalika Purāna, uma escritura hindu

datada de cerca do sBculo ; da nossa era Ve -elo sacri9$cio de tr7s homens4 cem

mil anos( Xi!a4 em seu as-ecto terr$9ico4 como consorte da deusa4 B a-lacado

durante tr7s mil anos -or uma o9erenda de carne humana( Pois o san*ue4 se

imediatamente consa*rado4 tomase am<rosia4 e4 como a ca<eça e o cor-o sãoe2tremamente *rati9icantes( de!eriam ser o9erecidos nas de!oç.es deusa(

s)<io 9aria <em se acrescentasse tais carnes4 li!res de -7los4 s suas o9erendas de

comida(V6

 No ardim da inoc7ncia4 onde tais ritos -odem ser reali@ados com -er9eita

e+uanimidade4 tanto a !itima +uanto o sacerdote sacri9icial são ca-a@es de

identi9icar sua consci7ncia com o -rinc$-io contido no todo( Eles -odem

!erdadeiramente di@er e sentir4 nas -ala!ras da Bhagavad Gītā, +ue Vassim comoas rou-as *astas são o*adas 9ora e as no!as são !estidas4 tam<Bm cor-os *astos

são o*ados 9ora -elo ha<itante do cor-o e no!os são !estidosV(,

Para o cidente4 entretanto4 a -ossi<ilidade de retorno a tal estado sem

e*o4 anterior ao nascimento da indi!idualidade4 não e2iste h) muito tem-o4 e

 -odese considerar +ue o -rimeiro est)*io im-ortante da se-aração ocorreu

na+uela mesma  -arte  do riente Pr2imo Nuclear4 onde os -rimeiros reis

deuses e suas cortes 9oram &pa'( )!*+ se-ultados ritualmente durante sBculos3 na

SumBria4 onde a se-aração das es9eras di!ina e humana começou a ser

re-resentada no mito e no ritual -or !olta de /&5? a(C( rei4 então4 não era mais

um deus4 mas um ser!o de deus4 seu Vlu*artenente na TerraV4 su-er!isor da raça

de escra!os humanos criada -ara ser!ir aos deuses com la<uta incessante( E a

+uestão su-rema ) não era a da identidade4 mas a da relação( homem tinha

sido 9eito não -ara sr Deus4 mas -ara conhec7lo4 honr)lo e ser!ilo de modo

6 (!id%'  )*li+* Pur*na& 'udhir*dh$*$a, )rad"!o adap)ada de +&C& -la"iDre,  Asiatic 'esearches& 1<#<,vol& B, pp& .<12.#1& e Gai), loc% cit%< Bhagavad Gt* $E$$&

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+ue o -r-rio rei +ue de acordo com a !isão mitol*ica anterior tinha sido a

 -rinci-al -ersoni9icação da di!indade na terra era a*ora a-enas um sacerdote

o9erecendo sacri9$cio em honra Y+uele acima4 não um deus retornando4 ele

mesmo4 em sacri9$cio dedicado ao SiPr-rio( No curso dos sBculos se*uintes4 um no!o sentido de se-aração le!ou a

uma as-iração in!ersa de retorno4 isto B3 não identidade4 -ois ) não era mais

 -oss$!el conce<er isso Jcriador e criatura não eram o mesmoK4 mas -resença e

!isão do deus -erdido( Em conse+7ncia4 a no!a mitolo*ia -rodu@iu4 no de!ido

tem-o4 um -rocesso +ue se a9asta!a da !isão est)tica anterior de ciclos

re-etidos( Assim4 de uma criação 9eita no -rinc$-io do tem-o de uma s !e@ e

 -ara sem-re4 de uma +ueda su<se+ente e de uma o<ra de restauração ainda em

curso4 sur*e uma mitolo*ia -ro*ressi!a de orientação tem-oral( mundo nãomais era -ara ser conhecido como mera demonstração no tem-o dos -aradi*mas

da eternidade4 mas como um cam-o de con9lito csmico inaudito entre as duas

9orças4 a da lu@ e a das tre!as(

-rimeiro -ro9eta dessa mitolo*ia de restauração csmica 9oi4 ao +ue

 -arece4 o -ersa Zoroastro4 cuas datas4 entretanto4 não 9oram 9i2adas com

se*urança( Elas 9oram situadas !ariadamente entre c(%/?? e c(55? a(C4=  de

maneira +ue4 como Homero Jde mais ou menos a mesma dataçãoK4 ele tal!e@de!esse ser olhado mais como s$m<olo de uma tradição do +ue como es-ec$9ica

ou e2clusi!amente um homem( sistema associado a seu nome est) <aseado na

idBia de um con9lito entre o senhor s)<io4 Ahura Ma@da4 V-rimeiro -ai da rdem

usta4 +ue determinou o rumo do sol e das estrelasV4:  e um -rinc$-io

inde-endente do mal( An*ra Mainu4 o 'm-ostor4 -rinc$-io da mentira +ue4

+uando tudo esta!a -er9eitamente aca<ado4 -enetrou em cada -art$cula(

mundo4 em conse+7ncia4 e um com-le2o dentro do +ual o <em e o mal4 a lu@ e

as tre!as4 a sa<edoria e a !iol7ncia4 estão dis-utando a !itria( E o -ri!ilB*io e

de!er de cada homem +ue4 como -arte da criação4 e ele -r-rio um com-osto

de <em e mal B escolher4 !oluntariamente4 -artici-ar da luta em de9esa da lu@(

Su-.ese +ue com o nascimento Zoroastro4 do@e mil anos a-s a criação do

mundo4 o con9lito e2-erimentou uma mudança decisi!a em 9a!or do <em4 e +ue

 /ara de)erminar a da)a c& 1777 a&C& e disc"ss!o geral do pro3lema, c?& G&-& Gray e M& Cary, in TheCam!ridge Ancient .istor$& vol& @B (The niversi)y /ress, Cam3ridge, 1#.7%& pp& $7'2$7< e '1'2'1<=

e para de)erminar a da)a c&667 a&C, 0&T& lms)ead, .istor$ of the Persian Empire (The niversi)y o?Chicago /ress, /hoeniH -ooks, Chicago, 1#%, p& # e ss&# /asna E.&

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+uando ele retornar4 -assados outros do@e mil7nios4 na -essoa do messias

Saoshant4 ocorrer) a <atalha 9inal e a con9la*ração csmica4 atra!Bs da +ual o

 -rinc$-io das tre!as e a mentira serão destru$dos( De-ois disso4 tudo ser) lu@(

não ha!er) mais histria e o Reino de Deus JAhura Ma@daK ter) sido 9undado emsua 9orma -r$stina -ara sem-re(

[ e!idente +ue -ara a reorientação do es-$rito humano seria necess)ria

a+ui uma -oderosa 9rmula m$tica4 ca-a@ de arremessar esse es-$rito -ara a

9rente no decorrer &pa'( )!-+ do tem-o e de con!ocar o homem a assumir uma

res-onsa<ilidade autnoma -ela reno!ação do uni!erso em nome de Deus(

Ca-a@ tam<Bm de -romo!er uma no!a e -otencialmente -ol$tica Jou sea4 não

contem-lati!aK 9iloso9ia de *uerra santa( Di@ uma oração -ersa3 V"ue -ossamos

ser como a+ueles +ue causam a reno!ação e o -ro*resso deste mundo4 atB +uesua -er9eição sea atin*idaV4%?

A -rimeira mani9estação histrica da 9orça dessa no!a !isão m$tica

ocorreu no im-Brio a+uem7nida de Ciro4 o #rande Jmorto em 5/: a(C(K4 e Dario

' J+ue reinou de c(5/%  a 8=6 a(CK4 +ue em al*umas dBcadas estendeu seu

dom$nio da 1ndia #rBcia e so< cua -roteção os he<reus do -s72odo tanto

reconstru$ram seu tem-lo JE@ra %3%%%K como reconstru$ram sua herança

tradicional( A se*unda mani9estação histrica dessa no!a !isão 9oi a a-licação -or -arte dos he<reus de sua mensa*em uni!ersal a si -r-rios a se*uinte 9oi a

missão mundial do cristianismo e a +uarta4 a do islamismo(

VAm-liem o lu*ar de suas tendas e dei2em a<ertas as cortinas de suas

ha<itaç.es Não recuem4 estendam suas cordas e 9ortaleçam suas estacas( Pois

!oc7s se dis-ersarão -ara o e2terior -ara a direita e -ara a es+uerda e seus

descendentes -ossuirão as naç.es4 e o -o!o escolhido4 as cidades a<andonadas

J'sa$as 583/& c(5865&6 a(CK(

VE esse e!an*elho do reino ser) -re*ado em todo o mundo como

testemunho -ara todas as naç.es4 e então che*ar) o 9imV JMateus /83%8 C(:?

d(CK4

VE mateos onde +uer +ue os encontre4 e e2-ulseos de onde eles o

e2-ulsaram -ois o tumulto e a o-ressão são -iores +ue a matança( \(((] E

com<ataos atB não ha!er mais tumulto ou o-ressão e ali -re!alecer a ustiça e a

9B em Al) mas se eles cessarem4 não -ermita +ue haa hostilidade4 e2ceto -ara

a+ueles +ue -raticam a o-ressãoV JAlcorão /3%:%4 %:& c(6&/ d(CK(17 /asna .7E#&

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Duas mitolo*ias com-letamente o-ostas so<re o destino e !irtude

humanos4 -ortanto4 che*aram untas ao mondo moderno( E am<as estão

contri<uindo com +ual+uer no!a sociedade +ue -ossa estar em -rocesso de

9ormação( Pois4 da )r!ore +ue cresce no ardim onde Deus anda no 9rescor dodia4 os s)<ios a oeste do 'rã com-artilharam do 9ruto do conhecimento do <em e

do mal4 en+uanto os do outro lado da+uele limite cultural4 na 1ndia e E2tremo

riente4 -ro!aram a-enas do 9ruto da !ida eterna( Entretanto4 os dois *alhos4

somos in9ormados4%%  unemse no centro do ardim4 onde 9ormam uma >nica

)r!ore na <ase4 rami9icandose +uando atin*em uma cena altura( '*ualmente4 as

duas mitolo*ias ori*inamse de uma >nica <ase no riente Pr2imo( E se o

homem -ro!asse de am<os os 9rutos ele se tornaria4 disseramnos4 como o

 -r-rio Deus J#7nese &3//K o +ue constitui a <7nção +ue o encontro doriente e do cidente hoe nos o9erece a todos(

II( O MITO COMUM NO UM 4UE SE TORNOU DOIS

A e2tensão da di!er*7ncia entre as mitolo*ias e em conse+7ncia as

 -sicolo*ias do riente e do cidente no decorrer do -er$odo entre o

nascimento da ci!ili@ação no riente Pr2imo e a B-oca atual de redesco<ertam>tua4 9ica e!idente nas &p6'( )!0+  res-ecti!as !ers.es o-ostas da mesma

ima*em mitol*ica do -rimeiro ser4 +ue ori*inalmente era um4 mas se tornou

dois(

VNo -rinc$-ioV4 a9irma um e2em-lo indiano de c(,?? a(C4 -reser!ado no

 Brhadaran!aka "#anisad,

este uni!erso não era nada senão o SiPr-rio na 9orma de um homem( Ele

olhou em !olta e !iu +ue não ha!ia nada alBm de si mesmo4 de maneira +ue

seu -rimeiro *rito 9oi3 VSou Eu^V4 e da$ sur*iu o conceito VeuV( JE B -or isso

+ue4 atB hoe4 +uando inter-elados res-ondemos antes Vsou eu^V4 e s de-ois

damos o nome -elo +ual atendemos(K

Então4 ele te!e medo( J[ -or isso +ue +ual+uer -essoa so@inha tem

medo(K Mas considerou3 VComo não h) nin*uBm a+ui alBm de mim mesmo4 o

11 Ia33i -ahia 3en 0sher, Commentar$ on the Pentateuch (Barsvia, 16.%, so3re G9nese $E#= c?&ci)ado por *o"is Ginz3erg, The 0egends of the 1e2s (The JeKish /"3lica)ion Socie)y o? 0merica&FiladLl?ia, 1#$6%, vol& B, p& #?&

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+ue h) -ara temerIV Em conse+7ncia disso o medo desa-areceu( JPois o +ue

de!eria ser temidoI [ a-enas a outro +ue o medo se re9ere(K

Entretanto4 ele carecia de -ra@er J-or isso4 carecemos de -ra@er +uando

so@inhosK e deseou outro( Ele era e2atamente tão *rande +uanto um homem euma mulher a<raçados( Esse SiPr-rio di!idiuse então em duas -artes4 e com

isso -assou a ha!er um senhor e uma senhora( JPor isso4 esse cor-o4 em si

mesmo4 como declara o s)<io _ana!alOa4 B como a metade de uma er!ilha(

E B -or isso4 alBm do mais4 +ue esse es-aço B -reenchido -or uma mulher(K

macho a<raçou a 97mea e desse a<raço sur*iu a raça humana( Ela4

entretanto4 re9letiu3 VComo ele -ode unirse a mim4 +ue sou -roduto dele

 -r-rioI em4 então !ou esconderme^V Ela tornouse uma !aca4 ele um touro

e uniuse a ela4 e dessa união sur*iu o *ado( Ela tornouse uma B*ua4 ele um

*aranhão4 ela uma umenta4 ele um umento e uniramse4 e disso sur*iram os

animais de casco( Ela tornouse uma ca<ra4 ele um <ode ela uma o!elha4 ele

um carneiro e uniramse4 e sur*iram as ca<ras e as o!elhas( Dessa maneira ele

criou todos os -ares de criaturas4 atB as 9ormi*as( E então -erce<eu3 VNa

!erdade4 sou a criação -ois tudo isso <rotou de mimV( Da$ sur*iu o conceito

VCriaçãoV Jem snscrito4 sistih4 V9ruto do manarVK(

Todo a+uele +ue entender isso tornase4 !erdadeiramente4 ele -r-rio umcriador nessa criação(%/

mais conhecido e2em-lo ocidental dessa ima*em do -rimeiro ser4

di!idido em dois4 +ue -arece ser dois mas B de 9ato um4 est) no Li!ro do

#7nese4 se*undo ca-$tulo4 orientado -orBm em outra direção( Pois o casal B

di!idido ali -or um ser su-erior +ue4 como nos contam4 9e@ com +ue o homem

ca$sse em -ro9undo sono e4 en+uanto ele dormia tirou uma de suas costelas(%& Na

!ersão indiana B o -r-rio deus +ue se di!ide e se torna não a-enas homem4 mas

toda a criação de maneira +ue tudo B uma mani9estação da+uela >nica

su<stncia di!ina oni-resente3 não h) outro( Na $<lia4 entretanto4 Deus e

homem4 desde o in$cio4 são distintos( De 9ato4 o homem B 9eito ima*em de

Deus e o so-ro de Deus 9oi insu9lado em suas narinas mas seu ser4 seu Si

Pr-rio4 não B o de Deus4 nem tam-ouco B uno com o uni!erso( A criação do

mundo4 dos animais e de Adão J+ue então se tornou Adão e E!aK4 9oi reali@ada

1$ Brhad*ran$a+a Upanisad 1&&126&1. G9nese $E$12$$&

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não dentro da es9era da di!indade4 mas 9ora dela( H)4 conse+entemente4 &pa'(

)!0+  uma se-aração intr$nsca  e não a-enas  %ormal. E o -ro-sito do

Conhecimento não -ode ser contem-lar Deus a+ui e a*ora em todas as coisas

 -ois Deus não est) nas coisas( Deus B  transcendente( A-enas os mortos !7emDeus( -ro-sito do conhecimento tem +ue ser4 antes4 conhecer a rla&'o de

Deus com sua criação4 ou4 mais es-eci9icamente4 com o homem4 e atra!Bs de tal

conhecimento4 -ela *raça de Deus4 reli*ar a -r-ria !ontade de cada um com a

do Criador(

AlBm do mais4 de acordo com a !isão <$<lica desse mito4 9oi a-enas a-s

a criação +ue o homem caiu4 en+uanto no e2em-lo indiano a -r-ria criação 9oi

uma +ueda a 9ra*mentação de um deus( E o deus não B condenado( Antes4 sua

criação4 Vseu manarV JsistihK , B descrito como um ato de !olunt)ria e dinmica!ontadedesermais4 +ue antecedeu a criação e tem4 -ortanto4 um si*ni9icado

meta9$sico e sim<lico4 nem literal nem histrico( A +ueda de Adão e E!a 9oi

um e!ento dentro da ) criada estrutura de es-aço e tem-o4 um acidente +ue não

de!eria ter ocorrido( Por outro lado4 o mito do SiPr-rio na 9orma de um

homem +ue olhou em !olta e não !iu nada alem de si mesmo4 disse VEuV4 sentiu

medo e então deseou ser dois4 9ala de um 9ator não casual mas intr$nseco na

multi-licação do ser4 cua correção ou anulação não a-er9eiçoaria4 masdissol!eria a criação( -onto de !ista indiano B meta9$sico4 -oBtico o <$<lico4

Btico e histrico(

A +ueda e e2-ulsão de Adão do Para$so não 9oi4 -ortanto4 em nenhum

sentido uma di!isão meta9$sica da -r-ria su<stncia di!ina4 mas um e!ento

a-enas na histria4 ou -rBhistria4 do homem( E esse e!ento no mundo criado

a-arece ao lon*o da $<lia no re*istro dos sucessos e 9racassos do homem na

tentati!a de reli*arse a Deus sucessos e 9racassos4 mais uma !e@4 conce<idos

historicamente( Pois4 como !eremos a se*uir4 o -r-rio Deus4 em certo momento

no curso do tem-o4 -or na -r-ria !ontade4 mo!euse em direção ao homem4

instituindo uma no!a lei na 9orma de um -acto com um certo -o!o4 +ue se

tornou4 com isso4 uma raça sacerdotal4 >nica no mundo( A reconciliação de Deus

com o homem4 de cua criação ele se ha!ia arre-endido J#7nese 636K4 de!eria

ser alcançada a-enas -ela !irtude dessa comunidade -articular em seu de!ido

tem-o3 -ois em seu tem-o de!eria ocorrer a instauração do reino do Senhor

Deus na terra4 +uando as monar+uias -a*as se desa*re*ariam e 'srael seria sal!o4+uando os homens Vlançariam seus $dolos de -rata e seus $dolos de ouro4 +ue

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9i@eram -ara adorar4 s tou-eiras e aos morce*osV(%8

Sede su<u*ados4 !s -o!os4 e 9icai desalentados

dai ou!idos4 todos !s -a$ses distantesescarnecei e 9icai desalentados

escarnecei e 9icai desalentados(

Aconselhai!os4 mas isso não !os le!ar) a nada3

di@ei uma -ala!ra4 mas ela não se sustentar)4

 -or+ue Deus est) conosco(%5

 Na !isão indiana4 -elo contr)rio4 o +ue B di!ino a+ui B di!ino l) tam<Bm

tam-ouco se ter) +ue es-erar ou mesmo desear -elo Vdia do SenhorV(Pois o +ue se &pa'( )!1+ -erdeu e4 em cada um4 o SiPr-rio JātmanK , a+ui e

a*ora4 e tem a-enas +ue ser -rocurado( u4 como eles di@em3 VA-enas +uando

os homens enrolarem o es-aço como um -edaço de couro4 ha!er) um 9im -ara o

so9rimento e alBm disso ha!er) o conhecimento de DeusV(%6

 No mundo dominado -ela $<lia sur*e a +uestão a res-eito da

comunidade escolhida4 -ois B <em sa<ido +ue tr7s mani9estaram -retens.es3 a

 udaica4 a cristã e a muçulmana4 cada uma ale*ando autoridade ad!inda de umare!elação -articular( Deus4 em<ora conce<ido como 9ora do m<ito da histria e

não sendo ele -r-rio sua su<stncia Jtranscendente3 não imanenteK4

su-ostamente en*aouse de modo mila*roso na em-resa de restaurar o homem

ca$do4 atra!Bs de uma aliança4 sacramento ou li!ro re!elado4 a 9im de -ro-iciar

uma e2-eri7ncia comunal *eral de reali@ação ainda -or !ir( mundo B corru-to

e o homem um -ecador o indi!$duo4 entretanto4 atra!Bs da união com Deus no

destino da >nica comunidade le*itimada4 -artici-a da *lria !indoura do reino

da ustiça4 +uando Va *lria do Senhor ser) re!elada e toda a carne unta a

!er)V(%,

 Na e2-eri7ncia e !isão da 1ndia4 -or outro lado4 em<ora o mistBrio e

ascend7ncia sa*rados tenham sido entendidos como4 de 9ato4 transcendentes

JVoutro +ue não o conhecido mais do +ue isso3 acima do desconhecidoVK4%= eles

1 @sa4as $&$7&16 (!id &, E#217&1' 3vet*4vatara Upanisad  'E$7&1< @sa4as 7E6&1 )ena Upanisad  1&.&

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são tam<Bm4 ao mesmo tem-o4 imanentes JVcomo uma na!alha em seu estoo4

como o 9o*o no -a!ioVK(%: Não B +ue o di!ino estea em todas as #arts B +ue o

di!ino B tudo. De maneira +ue não se -recisa de nenhuma re9erencia e2terna4

re!elação4 sacramento ou comunidade autori@ada -ara se retornar a ele( Temsea-enas +ue mudar a orientação -sicol*ica e reconhecer JreconhecerK o +ue est)

dentro( Sem esse reconhecimento4 somos a9astados de nossa -r-ria realidade

 -or uma mio-ia cere<ral +ue em snscrito B chamada mā!ā, VilusãoV Jda rai@

!er<al mā, Vmedir4 marcar4 9ormar4 construirV4 denotando4 em -rimeiro lu*ar4 o

 -oder de um deus ou demnio de -rodu@ir e9eitos ilusrios4 de mudar de 9orma e

de a-arecer so< m)scaras en*anadoras em se*undo lu*ar4 Vm)*icaV4 a -rodução

de ilus.es e4 na *uerra4 Vcamu9la*em4 t)ticas en*anadorasV4 e 9inalmente4 no

discurso 9ilos9ico4 a ilusão so<re-osta realidade -or causa da i*nornciaK( Nolu*ar da e2-ulsão <$<lica de um -ara$so *eo*r)9ico e conce<ido historicamente4

onde Deus anda!a no 9rescor do dia4/? temos na 1ndia4 -ortanto4 ) -or !olta de

,?? a(C( Jcerca de tre@entos anos antes da com-ilação do PentateucoK4 uma

inter-retação #sicolgica do *rande tema(

 Nas duas tradiç.es4 o mito do andr*ino -rime!o B a-licado mesma

9unção3 e!idenciar a distncia do homem4 em sua !ida secular normal4 dos

di!inos Al9a e `me*a( Mas os ar*umentos di9erem radicalmente e4 -or isso4sustentam duas ci!ili@aç.es radicalmente di9erentes( Pois4 se o homem 9oi

a9astado do di!ino -or um e!ento histrico4 ser) um e!ento histrico +ue o

le!ar) de !olta4 en+uanto4 se 9oi im-edido -or al*um ti-o de des!io -sicol*ico4

a -sicolo*ia ser) seu !e$culo de retorno( Portanto4 na 1ndia o 9oco >ltimo de

 -reocu-ação não B a comunidade Jem<ora4 como !eremos4 a idBia de

comunidade sa*rada e2erça um -a-el 9ormid)!el como 9orça disci-linadoraK4

mas a io*a( &pa'( )#)+

III( AS DUAS INTERPRETA23ES A RESPEITO DO EGO

termo indiano !oga deri!a tia rai@ !er<al snscrita !u*, Vli*ar4 untar ou

unirV4 etimolo*icamente relacionada com Vem-arelharV uma can*a de <ois

e B4 em certo sentido4 an)lo*a -ala!ra Vreli*iãoV Jlatim r+ligio), Vli*ar de !olta

ou atarV( homem4 a criatura4 B li*ado de !olta a Deus -ela reli*ião( Entretanto4

1# Brhad*ran$a+a Upanisad  1&&<&$7 G9nese .&&

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a reli*ião4 rligio, re9erese a uma !inculação historicamente condicionada -or

meio de uma aliança4 sacramento ou li!ro sa*rado4 en+uanto a io*a B a

!inculação -sicol*ica da mente com o -rinc$-io su-erior V-elo +ual a mente

conheceV(/%

 AlBm do mais4 na io*a o +ue B  unido B4 9inalmente4 o SiPr-rioconsi*o mesmo4 consci7ncia com consci7ncia -ois o +ue -arecia4 atra!Bs da

mā!ā, ser dois4 na realidade não B assim ao -asso +ue na reli*ião4 o +ue se une

são Deus e o homem4 +ue não são a mesma coisa(

 Nas reli*i.es -o-ulares do riente4 entretanto4 os deuses são adorados

como se 9ossem e2teriores a seus de!otos e são o<ser!ados todos os ritos e

re*ras de uma relação con!encionada( Contudo4 a reali@ação >ltima4 +ue os

s)<ios cele<raram4 B +ue o deus adorado como al*o e2terno B4 na realidade4 um

re9le2o do mesmo mistBrio do SiPr-rio( En+uanto -ermanecer a ilusão do e*o4tam<Bm -ermanecer) a ilusão -ro-orcional de uma di!indade se-arada4 e !ice

!ersa3 en+uanto 9or alimentada a idBia de uma di!indade se-arada4 uma ilusão

do e*o relacionada com ela no amor4 medo4 adoração4 se-aração e reconciliação

tam<Bm estar) -resente( Mas -recisamente essa ilusão de dualidade B o ardil da

mā!ā. VTu Bs A+uiloV Jtat tvam asiK//  B o -ensamento ade+uado ao -rimeiro

 -asso em direção sa<edoria(

 No -rinc$-io4 como !imos4 ha!ia a-enas o SiPr-rio mas ele disse VEuVJem snscrito4 ahamK e imediatamente sentiu medo e de-ois4 deseo(

De!ese o<ser!ar +ue nesta a<orda*em do instante da criação

Ja-resentada do de dentro da es9era da -si+ue do -r-rio ser criadorK4 as duas

moti!aç.es <)sicas são 'denti9icadas da mesma 9orma +ue as -rinci-ais escolas

modernas de an)lise -ro9unda as indicaram na -si+ue humana a*ressão e

deseo( Carl #( un*4 em seu -rimeiro ensaio so<re h "nconscious in -ormal

and Pathological Ps!chotog! \ inconsciente na Psicolo*ia Normal e na

Psico-atolo*ia] J%:%6K4/& escre!eu so<re dois ti-os -sicol*icos3 o intro!ertido4

acossado -elo medo4 e o e2tro!ertido4 condu@ido -elo deseo( Si*mund Freud

tam<Bm4 em lém do Princ$#io do Pra/r J%:/?K4/8 escre!eu so<re Vo deseo de

morteV e Vo deseo de !idaV3 -or um lado4 o deseo de !iol7ncia e o medo dela$1 )ena Upanisad  1&$$ Ch*ndog$a Upanisad  '&11&$.

  CG& J"ng, Das Un!e2usste im normalen und +ran+en "eetenlehen& 1#1', 1 ed&= 1#1, $ ed&=Iascher Berlag, "ri"e, 1#$', . ed&= reimpresso em T2o Essa$s on Anal$tical Ps$cholog$(-ailliDre&Tindall and CoH, *ondres, 1#$= The -ollingen Series OO, The Collected 5or+s of CG% 1ung&

vol& <, Nova York, 1#6.%&$  Sigm"nd Fre"d, 1enseits des 0ustprin6ips (@n)erna)ionaler /sychoanaly)iseher Berlag, *eipzig,

Biena, "ri"e, 1#$7%&

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Jth0natos, dstrudoK e4 -or outro4 a necessidade e o deseo de amar e ser amado

JEros4 li<idoK( Am<os ori*inamse es-ontaneamente da 9onte -ro9unda e o<scura

das ener*ias da -si+ue4 o id4 e são *o!ernados4 -ortanto4 -elo autocentrado

V-rinc$-io do -ra@erV  1u +uero3 u tenho medo( De modo semelhante4 nomito indiano4 assim +ue o SiPr-rio disse VEuV JahamK , ele conheceu -rimeiro

o medo e de-ois o deseo(

Mas a*ora e a+ui4 acredito4 h) um -onto de im-ortncia 9undamental -ara

nossa inter-retação da di9erença <)sica entre as a<orda*ens oriental e ocidental

no culti!o do es-$rito no mito indiano o -rinc$-io do e*o4 VEuV JahamK , B

totalmente  &pa'( )#!+  identi9icado com o -rinc$-io do -ra@er4 en+uanto nas

 -sicolo*ias tanto de Freud +uanto de un* sua 9unção es-ec$9ica e conhecer a

realidade e2terna e relacionarse com ela JV-rinc$-io da realidadeV de FreudK3não a realidade da es9era meta9$sica4 mas a da 9$sica4 em-$rica4 de tem-o e

es-aço( Em outras -ala!ras4 a maturidade es-iritual4 con9orme entendida no

moderno cidente4 re+uer uma di9erenciação entre o go e o id, en+uanto no

riente4 ao lon*o de -elo menos toda a histria de todas as doutrinas +ue

 -ro!ieram da 1ndia4 o e*o Jaham+kāra Va emissão do som EuVK B im-u*nado

como o -rinc$-io da ilusão li<idinosa4 a ser dissol!ida(

0amos lançar um olhar so<re a mara!ilhosa histria do uda no e-isdioem +ue alcança o -ro-sito de todos os -ro-sitos so< a V)r!ore do des-ertarV4 a

)r!ore o ou odhi J2odhi, Vdes-ertarVK(

ema!enturado4 so@inho4 acom-anhado a-enas de sua -r-ria decisão4

com a mente 9irmemente determinada4 er*ueuse como um leão ao cair da noite4

na hora em +ue as 9lores se 9echam e4 encaminhandose -ara uma estrada +ue os

deuses tinham 9orrado de <andeiras4 a-ressouse em direção )r!ore odhi(

Co<ras4 *nomos4 -)ssaros4 m>sicos di!inos e muitos outros seres o !eneraram

com -er9umes4 9lores e outras o9erendas4 en+uanto os coros dos cBus entoa!am

m>sica celestial de maneira +ue os de@ mil mundos 9icaram re-letos de aromas

a*rad)!eis4 *rinaldas e <rados de ><ilo(

 Na+uele momento4 sur*iu na direção o-osta um cortador de *rama

chamado Sotthia4 carre*ando um 9ardo de *rama +uando ele !iu o #rande Ser4

+ue era um homem santo4 deulhe de -resente oito -unhados( De-ois disso4

che*ando unto da )r!ore odhi4 a+uele +ue esta!a -restes a tornarse o uda

9icou em -B no lado sul4 de 9rente -ara o Norte( 'mediatamente4 a metade sul domundo a9undou atB -arecer locar o mais inicio dos in9ernos4 en+uanto a metade

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norte se ele!ou atB o cBu mais alto(

VParecemeV4 disse o 9uturo uda4 V+ue este não -ode ser o lu*ar -ara a

o<tenção da su-rema sa<edoriaV4 e caminhando em !olta da )r!ore4 com seu

lado direito !oltado -ara ela4 che*ou ao lado oeste e -ostouse de 9rente -ara oLeste( Em se*uida4 a metade oeste do mundo a9undou atB -arecer tocar o mais

$n9ero dos in9ernos4 en+uanto a metade leste ele!ouse atB o mais alto dos cBus(

De 9ato4 onde +uer +ue o ema!enturado -arasse4 a !asta terra ele!a!ase e

a9unda!ase4 como se 9osse uma imensa roda deitada so<re seu ei2o e al*uBm

esti!esse -isando em sua <orda(

VPensoV4 disse o 9uturo uda4 V+ue este tam<Bm não -ode ser o lu*ar -ara

a o<tenção da su-rema sa<edoriaV4 e continuou caminhando4 com seu lado

direito !oltado -ara a )r!ore4 atB che*ar ao lado norte4 colocandose de 9rente -ara o Sul( Então a metade norte do mundo a9undou atB -arecer tocar o mais

$n9ero dos in9ernos4 en+uanto a metade sul se ele!ou atB o mais alto dos cBus(

VPensoV4 disse o 9uturo uda( V+ue este tam-ouco -ode ser o lu*ar -ara a

o<tenção da su-rema sa<edoriaV4 e caminhando em !olta da )r!ore4 com seu

lado direito !oltado -ara ela4 che*ou ao lado leste e colocouse de 9rente -ara o

este(

Pois <em4 B do lado leste de suas )r!ores odhi +ue todos os udassentaram4 de -ernas cru@adas4 e esse lado amais estremeceu ou oscilou( &pa'(

)##+

Então4 o #rande Ser4 di@endo -ara si mesmo Veste B  o Ponto 'm!el4 no

+ual todos os udas se assentaram este B o lu*ar -ro-$cio -ara destruir a rede

das -ai2.esV4 a-anhou um tu9o do *rama -or uma das -ontas e sacudiuo( E

imediatamente as 9olhas da *rama 9ormaram um assento medindo cator@e

c><ilos \5? cm] de lado4 tão simBtrico +ue nem mesmo o mais ha<ilidoso -intor

ou escultor conse*uiria desenhar(

9uturo uda4 de costas -ara o tronco da )r!ore odhi4 colocouse de

9rente -ara o Leste e4 tomando a 9irme resolução3 V+ue minha -ele4 ner!os e

ossos 9i+uem secos +ue toda a carne e san*ue do meu cor-o se+uem4 mas eu

não me mo!erei deste assento atB  atin*ir a sa<edoria su-rema e a<soluta^V4

sentouse de -ernas cru@adas numa -ostura ina<al)!el4 da +ual nem mesmo uma

centena de raios caindo de uma s !e@ -oderia remo!7lo(/5

$6 1*ta+a 1&'2<1, seg"ndo (com po"ca al)era!o% a )rad"!o de ;enry Clarke +arren, Buddhism inTranslations& (;arvard niversi)y /ress, Cam3ridge, Massach"sel)s, 1#$$%, pp& <62<'&'&

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Tendo dei2ado seu -al)cio4 es-osa e 9ilho al*uns anos antes4 -ara <uscar o

conhecimento +ue de!eria li<ertar do so9rimento todos os seres4 o -r$nci-e

#autama XbOamuni che*ara4 9inalmente4 ao -onto central4 o -onto +ue sustenta

o uni!erso a+ui descrito em termos mitol*icos4 -ara +ue não sea tomado comoum local 9$sico +ue -udesse ser encontrado em al*um lu*ar da terra( Sua

locali@ação B -sicol*ica( E a+uele -onto de e+uil$<rio na mente4 do +ual o

uni!erso inteiro -ode ser contem-lado3 o -onto im!el de desa-e*o em torno do

+ual *iram todas as coisas( Ao homem secular4 as coisas -arecem mo!erse no

tem-o e ser4 em seu car)ter >ltimo4 concretas( Eu estou a+ui4 !oc7 est) l) direito

e es+uerdo em cima4 em<ai2o !ida e morte( s -ares de o-ostos estão todos em

!olta e a roda do mundo4 a roda do tem-o4 est) sem-re *irando4 com nossas

!idas -resas ao seu aro( Entretanto4 h) um -onto central +ue tudo sustenta4 umcentro onde os o-ostos con!er*em4 como os raios de uma roda4 na !acuidade( E

B ali4 di@se4 de 9rente -ara o Leste Ja direção do no!o diaK +ue os udas do

 -assado4 do -resente e do 9uturo -ertencentes a um >nico Estado de uda4

em<ora se mani9este !ariadamente no tem-o e2-erimentaram a a<soluta

iluminação(

-r$nci-e #autama XbOamuni4 com sua mente 9irmada na+uele centro e

 -restes a des!endar o mistBrio >ltimo da e2ist7ncia4 seria a*ora assaltado -elosenhor da ilusão da !ida3 a+uele mesmo SiPr-rioem9ormadeumhomem

+ue4 antes do -rinc$-io do tem-o4 olhou em !olta e não !iu nada alem de si e

disse VEuV4 e imediatamente sentiu4 -rimeiro medo e de-ois deseo(

Re-resentado mitolo*icamente4 esse mesmo Ser de todos os seres a-areceu

diante do 9uturo uda4 -rimeiro como um -r$nci-e4 -ortando um arco 9lorido4

 -ersoni9icando Eros( Deseo Jem snscrito4 kāma) e de-ois como um

aterrori@ante mara) de demnios4 montado em um ele9ante *uerreiro4 o Rei

Tanatos Jem snscrito4 māraK. Rei Morte(

EM  uma 9amosa !ersão snscrita da !ida do uda4 escrita -or

Ash!a*hosha Jc( %?? d(CK4 um dos -rimeiros mestres do assim chamado estilo

V-oBticoV Jkāv!aK  de com-osição liter)ria4 <rmane douto +ue se con!erteu

ordem <udista4 lemos3

a+uele +ue no mundo B  chamado de Senhor Deseo4 o dono das setas

9loridas4 +ue tam<Bm B chamado de Senhor Morte e B o inimi*o >ltimo dodesa-e*o4 conclamando &pa'( )#$+ seus tr7s 9ilhos encantadores4 ou sea4

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Loucura4 Folia e r*ulho4 e suas !olu-tuosas 9ilhas4 Lu2>ria4 Pra@er e

Anseio4 en!iouos ao ema!enturado( Pe*ando seu arco 9lorido e suas

cinco 9lechas +ue instilam -ai2ão4 chamadas4 A 'ncitadora do Au*e do

Deseo4 A "ue d) Contentamento4 A "ue Ce*a de Pai2ão4 A A<rasadora eA Portadora da Morte4 ele acom-anhou sua -role atB o -B da )r!ore onde o

#rande Ser esta!a sentado( rincando com uma 9lecha4 o deus a-areceu e

diri*iuse ao tran+ilo !idente +ue ali esta!a 9a@endo sua tra!essia atB a

costa distante do oceano da e2ist7ncia(

VLe!antese4 le!antese4 no<re -r$nci-e^V4 ele ordenou em tom de

di!ina autoridade( VLem<rese dos de!eres de sua casta e a<andone esta

 <usca dissoluta de desa-e*o( A !ida mendicante não B -ara a+uele +ue

nasceu numa casa no<re mas antes4 -ela lealdade aos de!eres de sua casta4

9icar) a ser!iço da sociedade4 manter) as leis da reli*ião re!elada4

com<ater) a -er!ersidade no mundo e com isso4 na +ualidade de um deus4

merecer) uma morada no mais alto cBu(V

ema!enturado não se mo!eu(

VNão !ai le!antarseIV4 -er*untou então o deus( E colocou uma

9lecha no arco( VSe 9or o<stinado4 teimoso e -ersistir em sua decisão4 esta

9lecha +ue estou armando e +ue ) in9lamou o -r-rio sol ser) arremessada49ila ) est) a-ontando a l$n*ua em sua direção4 como uma ser-ente(V E4

ameaçando sem nenhum e9eito4 ele dis-arou a 9lecha sem resultado(

Pois o ema!enturado4 -elo mBrito de inumer)!eis atos de doação

ilimitada -raticados durante suas in>meras !idas4 tinha dissol!ido em sua mente

o conceito do VeuV JahamK e4 com isso4 a e2-eri7ncia correlata de +ual+uer VtuV

JtvamK( Na !acuidade do Ponto 'm!el4 de<ai2o da )r!ore do conhecimento

alBm dos -aresdeo-ostos4 alBm da !ida e da morte4 do <em e do mal4 do eu e

do tu4 se ele ti!esse -ensado no VeuV teria sentido Veles ou elasV e4 !endo as

!olu-tuosas 9ilhas do deus +ue se e2i<iam4 sedutoras4 sua 9rente4 como o<etos

na es9era de um sueito4 teria -recisado no m$nimo4 controlarse( Entretanto4 não

ha!endo nenhum VeuV -resente em sua mente 7 não ha!ia tam-ouco nenhum

Veles ou elasV( A<solutamente im!el4 -or+ue ele -r-rio a<solutamente

ausente4 assentado no Ponto 'm!el na atitude ina<al)!el de todos os udas4 o

ema!enturado era in!ulner)!el 9lecha(E o deus4 -erce<endo +ue seu ata+ue tinha 9racassado4 -ensou3 VEle nem

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mesmo -erce<e a 9lecha +ue in9lamou o sol^ Ser) +ue B destitu$do de sentidosI

Ele não merece nem minha 9lecha 9lorida nem nenhuma das minhas 9ilhas3 !ou

en!iar contra ele meu e2BrcitoV(

E imediatamente4 des-indose de seu as-ecto atraente como SenhorDeseo4 o *rande deus tornouse o Senhor Morte e em !olta dele irrom-eu um

e2Brcito de criaturas demon$acas4 ostentando 9ormas assustadoras e -ortando nas

mãos arcos e 9lechas4 dardos4 maças4 es-adas4 )r!ores e mesmo montanhas

res-landecentes com a-ar7ncia de a!alis4 -ei2es4 ca!alos4 camelos4 asnos4

ti*res4 ursos4 le.es e ele9antes com um s olho4 !)rias caras4 tr7s ca<eças4

 -ançudos e com <arri*as -intadas munidos de *arras4 -resas4 al*uns tra@endo

nas mãos cor-os sem ca<eça4 muitos com &pa'( )#5+ caras semimutiladas4 <ocas

monstruosas4 oelhos co<ertos de ns e catin*a de <ode !ermelhos cordeco<re4al*uns !estindo couro4 outros a<solutamente nada4 com ca<elos corde9o*o ou

de 9umaça4 muitos com lon*as orelhas -endentes4 com a metade da cara <ranca4

outros com a metade do cor-o !erde -intados de !ermelho e corde9umaça4

amarelo e ne*ro com <raços mais lon*os do +ue o alcance das ser-entes4 os

cintos com sinos tilintantes al*uns tão altos +uanto -almeiras4 -ortando lanças

al*uns do tamanho de uma criança4 com dentes saltados al*uns com cor-o de

 -)ssaro e cara de carneiro ou cor-o de homem e cara de *ato com ca<eloshirsutos4 com to-etes ou semicarecas com e2-ress.es carrancudas ou

triun9antes4 consumindo 9orças ou 9ascinando mentes( Al*uns di!ertindose no

cBu4 outros no to-o das )r!ores muitos dança!am uns so<re os outros e muitos4

ainda4 -ula!am des!airadamente no chão( Um deles4 dançando4 <alança!a um

tridente outro estala!a sua maça um4 9eito um touro4 -ula!a de ale*ria outro

es-ar@ia chamas de cada 9io de ca<elo( E ha!ia al*uns +ue se -ostaram sua

!olta -ara assust)lo com muitas l$n*uas es-ichadas4 muitas <ocas4 sel!a*ens4

dentes -ontudos a9iados4 orelhas -ontudas como -re*os e olhos i*uais ao disco

solar( utros4 saltando -ara o cBu4 arremessa!am rochas4 )r!ores e machados4

es-alhando chamas tão !olumosas +uanto -icos de montanhas4 chu!as de <rasas4

ser-entes de 9o*o e chu!as de -edras( E o tem-o todo4 uma mulher nua4 com

uma ca!eira na mão4 a*ita!ase !olta4 irre+uieta4 não -arando em nenhum

lu*ar4 como a mente de um estudante distra$do de<ruçado so<re os te2tos

sa*rados(

Mas !eam^ entre todos esses terrores4 !is.es4 sons e odores4 a mente doema!enturado não esta!a mais a<alada do +ue o u$@o de #aruda4 o -)ssaro

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sol de -enas douradas4 entre os cor!os( E uma !o@ *ritou do cBu3 V Mara4 não

se canse em !ão^ Desista dessa maldade e !) em<ora em -a@^ Pois mesmo +ue o

9o*o um dia a<andone o seu calor4 a )*ua sua 9luide@4 a terra sua solide@4 amais

este #rande Ser4 +ue ad+uiriu o mBrito +ue o trou2e atB esta )r!ore -or muitas!idas em inumer)!eis eras4 a<andonar) sua determinaçãoV(

E o deus Mara4 9rustrado4 desa-areceu com seu e2Brcito( cBu4 iluminado

 -ela lua cheia4 <rilhou então como o sorriso de uma don@ela e derramou so<re o

ema!enturado 9lores4 -Btalas de 9lores4 ramalhetes de 9lores >midas de

or!alho( Na+uela noite4 ao lon*o da noite4 no -rimeiro -er$odo de !i*$lia

da+uela noite mara!ilhosa4 ele ad+uiriu o conhecimento de sua e2ist7ncia

anterior no se*undo -er$odo con+uistou a !isão di!ina no >ltimo4 com-reendeu

a Lei da ri*inação De-endente e4 ao nascer do sol4 atin*iu a onisci7ncia(A terra estremeceu de -ra@er4 como uma mulher e2citada( s deuses

desceram do todos os lados -ara adorar o ema!enturado +ue era a*ora o uda4

o Des-orto(

V#lria a ti4 heri iluminado entre os homensV4 eles canta!am en+uanto o

circunda!am mo!endose no sentido do sol( E che*aram todos os demnios da

terra4 mesmo os 9ilhos e 9ilhas de Mara4 as di!indades +ue !a*am -elo cBu e as

+ue andam no chão( E de-ois de terem adorado o !itorioso com todas as 9ormasde homena*ens de acordo com suas -osiç.es4 retornaram a suas di!ersas

moradas4 radiantes -elo no!o 72tase( /6 &pa'( )#*+

Em resumo3 o uda4 ha!endo dissol!ido o senso de VeuV4 orientou sua

consci7ncia -ara alBm da moti!ação da criação o +ue4 entretanto4 não

si*ni9icou +ue ele ti!esse dei2ado de !i!er( De 9ato4 ele -ermaneceria -or mais

meio sBculo no mundo do tem-o e do es-aço4 -artici-ando oh4 ironia^ da

!acuidade dessa multi-licidade4 -erce<endo a dualidade4 mas sa<endo +ue ela B

ilusria4 ensinando com-assi!amente o +ue não -ode ser ensinado a outros +ue4

na !erdade4 não eram outros( Pois não h) nenhuma 9orma de comunicar uma

e2-eri7ncia em -ala!ras +ueles +ue ainda não !i!eram essa e2-eri7ncia ou4

 -elo menos4 al*o +ue se a-ro2ime dela4 +ual s -ossa 9a@er re9er7ncia -or

analo*ias( AlBm do mais4 onde não h) e*o4 não h) VoutroV a ser temido4 deseado

ou ensinado(

 Na doutrina cl)ssica indiana das +uatro 9inalidades -ara as +uais se su-.e

$' 0Pvaghosa, Buddhacarita 1.21 (res"mida%, seg"ndo, em grande par)e, a )rad"!o de &-& CoKell,"acred Boo+s of the East& vol& O*@O (The Clarendon /ress, H?ord, 1#%& pp& 1.<216&

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+ue os homens !i!am e lutem amor e -ra@er JkāmaK , -oder e sucesso Jartha),

ordem le*al e !irtude moral JdharmaK e4 9inalmente4 li<ertação da ilusão Jmok  saK

 3 notamos +ue as duas -rimeiras são mani9estaç.es do +ue Freud chamou de

V-rinc$-io do -ra@erV4 im-ulsos -rim)rios do homem natural4 resumidos na9rmula Veu +ueroV( No adulto4 de acordo com a !isão oriental4 esses im-ulsos

de!em ser dominados e controlados -elos -rinc$-ios do dharma +ue4 no sistema

cl)ssico indiano4 são estam-ados no indi!$duo -ela instrução outor*ada -or sua

casta( in9antil Veu +ueroV de!e ser dominado -elo Vtu de!esV4 a-licado

socialmente Jnão determinado indi!idualmenteK4 o +ual se su-.e ser tão inerente

ordem csmica imut)!el +uanto o curso do -r-rio sol(

A*ora4 de!ese o<ser!ar +ue na !ersão +ue aca<amos de a-resentar so<re

a tentação do uda4 o Anta*onista re-resenta as tr7s -rimeiras 9inalidades Joassim chamado trivarga Va*re*ado de tr7sVK -ois em sua caracteri@ação como

Senhor Deseo ele -ersoni9ica a -rimeira como Senhor Morte4 a 9orça a*ressi!a

da se*unda en+uanto em sua intimação ao s)<io meditati!o a le!antarse e

retornar aos de!eres de sua -osição na sociedade4 ele -romo!e a terceira( E4 na

!erdade4 como uma mani9estação da+uele SiPr-rio +ue não a-enas criou4 mas

sustenta -ermanentemente o uni!erso4 ele B a -r-ria encarnação dessas

9inalidades( Pois elas4 de 9ato4 su-ortam o mundo( E na maioria dos ritos detodas as reli*i.es4 esse deus4 di*amos4 trino e uno4 B o >nico e e2clusi!o deus

adorado(

Entretanto4 no nome e na reali@ação do uda( V 'luminadoV4 B anunciada

a +uarta 9inalidade3 li<ertação da ilusão( E -ara sua o<tenção4 as outras são

im-edimentos4 di9$ceis de serem remo!idos4 mas não insu-er)!eis -ara +uem

ti!er -ro-sitos 9irmes( Sentado no um<i*o do mundo4 su<u*ando a -er9eita

9orça criati!a +ue sur*ia em seu -r-rio ser e atra!Bs dele4 o uda4 de 9alo4

irrom-eu no !a@io e ironicamente o uni!erso de imediato !iceou( Este ato de

autoanulação B um e2em-lo de es9orço indi!idual( No entanto4 um o<ser!ador

ocidental não -ode dei2ar de notar +ue não h) e2i*7ncia ou e2-ectati!a em

+ual+uer -arte desse sistema indiano de +uatro 9inalidades4 com relação ao

amadurecimento da -ersonalidade atra!Bs de3 %K a ada-tação indi!idual4

inteli*ente e sem-re reno!ada4 ao mundo es-aço tem-oral +ue est) ao nosso

redor /K a e2-erimentação criati!a com &pa'( )#-+ -ossi<ilidades ine2-loradas

e4 &K a aceitação de res-onsa<ilidade -essoal -ela reali@ação de atos inauditos -raticados dentro do conte2to da ordem social( Na tradição indiana tudo 9oi

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Em !erdade3 a-enas a+uele +ue não tem deseos -ode discernir as

ess7ncias secretas4 não li<ertos do deseo4 !emos tãos cascas(/,

A -ala!ra tao Vo modo4 o caminhoV4 B e+ui!alente ao dharma, !isto +ue se

re9ere lei4 !erdade ou a ordem do uni!erso4 +ue B lei4 !erdade4 ordem e modode todo ser e coisa contidos nele4 con9orme sua es-BcieV Si*ni9ica uma estrada4

um caminho4 &pa'( )#/+ um modoV4 escre!e Arthur ale4 Ve -ortanto4 a

maneira -ela +ual se 9a@ al*o mBtodo4 -rinc$-io4 doutrina( Modo do CBu4 -or

e2em-lo4 e im-lac)!el +uando che*a o outono nenhuma tolha B -ou-ada -ela

sua <ele@a4 nenhuma 9lor -ela sua 9ra*rncia( Modo do Homem si*ni9ica4

entre outras coisas4 a -rocriação4 e di@se +ue os eunucos estão a9astados do

Modo do Homem 7hu ao é a maneira de ser de um monarca4 isto B4 a arte de

*o!ernar( Cada escola de 9iloso9ia tem seu t'o, sua doutrina da maneira -ela+ual a !ida de!e ser or*ani@ada( E -or >ltimo4 -ara uma escola es-ec$9ica de

9iloso9ia4 cuos se*uidores -assaram a ser chamados tao$stas, tao si*ni9ica o

modo -elo +ual o uni!erso 9unciona e4 -rinci-almente4 al*o muito semelhante a

Deus4 no sentido mais a<strato e 9ilos9ico do termo(V/=

e+ui!alente snscrito B certamente dharma, da rai@ dhr  , +ue si*ni9ica

sustentar4 su-ortar4 a-oiar4 carre*ar4 se*urar ou manter( Dharma B a ordem +ue

sustenta o uni!erso e4 conse+entemente4 todo ser e coisa contidos nele deacordo com a es-Bcie( E como o ao 7hing disse a res-eito do tao, assim

di@em os indianos a res-eito do dharma seu lado de l) est) alBm da de9inição

seu lado de c) B a mãe4 sustento e -ortadora de todas as coisas(

dia*rama chin7s da -ala!ra tao  re-resenta *eometricamente uma

interação de dois -rinc$-ios3 o  !ang   o -rinc$-io claro4 masculino ou ati!o4

+uente4 seco4 <enB9ico4 -ositi!o e seu o-osto4 o !in, escuro4 9eminino4 -assi!o4

9rio4 >mido4 mali*no e ne*ati!o( Eles estão inclusos em um c$rculo do +ual cada

um ocu-a a metade4 re-resentando o momento J+ue B sem-reK em +ue *eram as

Vde@ mil coisasV3

$<  Tao T7 Ching 1&12$& James *egge, The "acred Boo+s of the East& vol& OOO@O (The Clarendon/ress, H?ord, 1#1%= /a"l Car"s, The Canon of 'eason and 8irtue (The pen Co"r) /"3lishing Co&,*a Salle, @llinois, 1#1.%= :Kigh) Goddard& 0aot6u9s Tao and 5u 5ei (-ren)anoAs, Nova York& 1#1#%=

 0r)h"r +aley, The 5a$ and (ts Po2er (The Macmillan Company, Nova York= George 0llen and nKin*)d&, *ondres, 1##%&$ +aley, op% cit%& p& .7&

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VA linha di!isria desta 9i*uraV4 con9orme o<ser!ou o Pro9( Marcel

#ranel4 V+ue ser-enteia um dimetro como uma co<ra4 B com-osta de duas

meias circun9er7ncias4 cada uma com dimetro i*ual metade do dimetro do

c$rculo inteiro(  1sta linha é, #ortanto, igual a uma mia circun%r8ncia.

contorno do !in, como o do !ang, B i*ual ao contorno em !olta de am<os( Se em

!e@ de uma linha di!isria4 traçarmos uma linha com-osta de +uatro semi

circun9er7ncias4 cada uma com dimetro do mesmo tamanho4 estas continuarão a

ser i*uais a meia circun9er7ncia do c$rculo -rinci-al( AlBm disso4 resultar)

sem-re no mesmo se -rosse*uirmos com a o-eração4 e a linha ser-enteante4 com

isso4 se a-ro2imar) do dimetro e tender) a unirse com ele( Tr7s estarão

unindose com dois( \(((] No -er$odo Sun* J%%/,%/,: d(C(K este dia*rama4 era

considerado um s$m<olo das 9ases da lua(V/: &pa'( )#0+

+ue este dia*rama re-resenta *eometricamente B o mistBrio de umacircun9er7ncia +ue se torna duas e *era4 então4 as Vde@ mil coisasV da criação(

as-ecto inomin)!el4 ine9)!el do lado de l) do mesmo mistBrio4 -or sua !e@4 B

re-resentado sim-lesmente -or um c$rculo3

 !ang   o  !in estão -resentes em todas as coisas( Eles não -odem ser

se-arados tam-ouco -odem ser ul*ados moralmente como <om ou mau(

Funcionando untos4 em constante interação4 -redomina4 ora um4 ora outro( No

homem -re-ondera o an* , na mulher o !in 3 em<ora am<os esteam -resentes

$# & Marcel Grane), 0a Pens:e chinoise (*a Ienaissance d" *ivre, /aris, 1#.%, p& $7& n& $&

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tanto no homem +uanto na mulher( E sua interação B o uni!erso das Vde@ mil

coisasV( Assim lemos4 em se*uida4 no ao 7hing

 Na ori*em4 esses dois são o mesmo4 em<ora di9erentes em nome A

ori*em ns chamamos #rande MistBrio3 E desse MistBrio o mistBrio aindamais o<scuro B o -ortal de todas as ess7ncias secretas(&?

[ certamente <!io essa conce-ção chinesa do um alBm de nomes4 +ue se

tornando dois *erou de si mesmo as Vde@ mil coisasV e est)4 -ortanto4 contido em

cada uma delas como a lei o tao, o modo4 o sentido4 a ordem e a su<stncia

  de sua e2ist7ncia4 B uma conce-ção muito mais -r2ima da indiana do +ue da

!isão <$<lica do um +ue se tornou dois( s$m<olo do tao -ro-orciona uma

ima*em do estado dual de Adão antes de E!a ter sido e2tra$da de seu 9lanco(

Entretanto4 em contraste e com a 9i*ura <$<lica e em concordncia com a indianado SiPr-rio +ue se di!idiu em dois4 o tao B imanente e tam<Bm transcendente3

B a ess7ncia secreta de todas as coisas4 o mistBrio mais insond)!el(

AlBm do mais4 tanto no E2tremo riente como na 1ndia4 a arte da

meditação como meio de reconhecimento do mistBrio tem sido -raticada4 ao +ue

 -arece4 desde os tem-os anti*os( VSa<emosV4 a9irma ale4 +ue muitas escolas

di9erentes de "uietismo e2istiram na China nos sBculos '0 e ''' a(C( De sua

literatura4 a-enas uma -e+uena -arte su<sistiu( Em termos cronol*icos4 a -rimeira 9oi a +ue chamarei de Escola de Chi( Sua doutrina era chamada hsin

 shu, VA Arte da MenteV( Por VmenteV entende se não o cBre<ro ou o coração4

mas Vuma monte dentro da menteV4 +ue est) -ara o homem assim como o sol

est) -ara o cBu(&%  [ ela +ue *o!erno o cor-o4 cuos com-onentes são os

ministros(&/ Ela tem +ue &pa'( )#1+  -ermanecer serena e im!el como um

monarca em seu trono( Ela B uma  shn, uma di!indade4 +ue somente

esta<elecer) sua morada onde tudo esti!er lim-o e adornado( lu*ar +ue o

homem -re-ara -ara ela B denominado seu tem-lo Jkung K. VA<ra os -ort.es4

 -onha o eu de lado4 a*uarde em sil7ncio e o res-lendor do es-$rito entrar) e 9ar)

sua morada(V&& E um -ouco adiante3 VA-enas onde tudo esti!er lim-o o es-$rito

ha<itar)( Todos os homens deseam conhecer4 mas eles não <uscam na+uilo -or

onde B -oss$!el conhecerV( E no!amente3 V +ue um homem desea conhecer B

a5uilo Jou sea4 o mundo e2teriorK( Mas seu meio de conhecer B isto, Jou sea4

.7 Tao T7 Ching 1&.&

.1 )uan T6u& /Aien 1$, in4cio (no)a de +aley%&.$ (!id%& /Aien .', in4cio (no)a de +aley%&

.. (!id%& /Aien .' (no)a de +aley%&

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ele -r-rioK( Como -ode conhecer a5uilo9 A-enas -elo a-er9eiçoamento

disto6.:;

Assim4 encontramos o corres-ondente chin7s não a-enas do mito indiano

do um +ue se tornou dois4 mas tam<Bm do mBtodo -elo +ual a mente B -re-arada -ara a reunião com o um( A che*ada do <udismo China4 no -rimeiro sBculo da

nossa era4 -ro!ocou uma trans9ormação +uase esma*adora das mitolo*ias e

rituais do E2tremo riente( Entretanto4 -ermanece mani9esta nas duas

ci!ili@aç.es do Pac$9ico na a-onesa não menos +ue na chinesa uma

atitude cultural e es-iritual muito di9erente da do mestre indiano +ue4 +uando

sentado de -ernas cru@adas so< a )r!ore odhi em -ostura ina<al)!el4 Vrom-eu a

!i*a do telhado da sua casa e -enetrou conscientemente no 0a@ioV(&5

A o<ra cl)ssica indiana so<re os 9undamentos da to*a B o <oga =>tra, VFioCondutor -ara a 'o*aV4 do le*end)rio santo e s)<io Patanali +ue

su-ostamente caiu J #ataK do cBu na 9orma de uma -e+uena co<ra nas mãos de

outro santo4 Panini4 +uando suas -almas se uniam no *esto de adoração Ja?*aliK&6 

A -ala!ra  s>tra, +ue +uer di@er V9ioV4 etimolo*icamente relacionada com a

in*lesa satur \sutura4 unção]4 si*ni9ica em todo o riente um ti-o de manual

e2tremamente conciso +ue sinteti@a os rudimentos de uma disci-lina ou

doutrina4 ao +ual se acrescentaram coment)rios de escritores -osteriores +ueaumentaram considera!elmente seu !olume( No <oga =>tra o te2to <)sico B um

V9ioV muito 9ino contendo a-enas %:5 9rases curtas +ue sustentam uma

in9inidade de coment)rios4 dos +uais os dois mais im-ortantes são3 %( VA

Elucidação da 'o*aV J<oga+2hās!aK , escrito -resumi!elmente em tem-os -rB

histricos -elo le*end)rio autor do  @ahā2hārata, o -oeta 0asa4 so<re cuo

nascimento e !ida miraculosa 9alaremos em ca-$tulo -osterior4 -orBm mais

 -ro!a!elmente escrito c.&5?65? d(C( ou mesmo mais tarde&, e /( VA Ci7ncia da

RealidadeV (attvavaiArādī K , de um certo 0achas-atimishra4 +ue -arece ter

 <rilhado -or !olta de =5? d(C(&= A este s>tra 9oram atri<u$das di!ersas datas4

. +aley, op% cit%& pp& '2<&

.6 1*ta+a 1&<'&

.' Sir Monier Monier2+illiams, A "ans+rit-English Dictionar$ (The Clarendon /ress, H?ord, 1%, p&6$&.< James ;a"gh)on +oods, The /oga "$stem of Pata;<ali (The ;arvard niversi)y /ress, Cam3ridge,Massach"se))s, 1#$<%, p& HH, s"gere c% '67267 d&C, "e, en)re)an)o, o :r& M& +in)erni)z, Geschichte

der indisehen 0itteratur& vol& @@@ (C& F& 0melangs Berlag, *eipzig, 1#$7%, p& '1, "es)iona seriamen)e,s"gerindo a da)a an)erior, c&.672'67 d&C, como a mais provQvel&. +oods, op% cit%& pp& HHi2HHii&

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 -elos estudiosos modernos4 entre o sBculo '' a(C(&: e o 0 da nossa era(8? Mas

como as disci-linas +ue ele codi9ica ) eram conhecidas -elo uda J56&8=&

a(CK4 -elo santo aina Maha!ira Jmorto em c(8=5 a(CK4 e como -arece ter sido

mesmo -raticado antes da che*ada dos )rias4

 tudo o +ue se -ode di@er B +ue4não im-oria +ual sea a data desse documento4 tanto seus 9ins +uanto seus meios

são de anti*idade indetermin)!el( &pa'( )$)+

A cha!e mestra dessa disci-lina B a-resentada no a9orismo inicial3  !ogas

cittavrtti+nirodhah V'o*a B a sus-ensão JintencionalK da ati!idade es-ontnea da

su<stncia mental(V 8%

A teoria -sicol*ica arcaica en!ol!ida nessa de9inição sustenta +ue na

matBria 2ruta do cBre<ro e do cor-o h) uma su<stncia  sutil e2tremamente

!ol)til4 continuamente ati!a4 +ue assume as 9ormas de tudo o +ue lhe Ba-resentado -elos sentidos e +ue4 em !irtude das trans9ormaç.es dessa matBria

sutil4 nos tornamos conscientes das 9ormas4 sons4 *ostos4 odores e to+ues do

mundo e2terior( AlBm do mais4 a mente est) num cont$nuo 9luir de

trans9ormaç.es e com tal 9orça +ue se al*uBm sem treinamento em io*a

tentasse 9i2)la em uma >nica ima*em ou idBia -or4 di*amos4 um minuto4 a !eria

+uase de imediato a9astarse dessa ima*em ou idBia em 9lu2os de -ensamentos

ou sentimentos correlatos ou mesmo remotos( -rimeiro o<eti!o da io*a B4 -orisso4 alcançar o controle desse 9lu2o es-ontneo4 diminu$lo e interrom-7lo(

A analo*ia B dada -ela su-er9$cie de um -e+ueno la*o so-rada -elo !ento(

As ima*ens re9letidas em tal su-er9$cie são entrecortadas4 9ra*ment)rias e

continuamente oscilantes4 Mas se o !ento -arasse de so-rar e a su-er9$cie 9icasse

im!el nir!ana ValBm ou 9ora Jnir K do !ento JvānaK6 3  -oder$amos !er não

ima*ens entrei orladas4 mas o re9le2o -er9eito de lodo o cBu4 das )r!ores em

!olta e4 nas -ro9unde@as calmas do -r-rio la*o4 seu <elo 9undo arenoso e os

 -ei2es( Poder$amos então !er +ue todas as ima*ens entrecortadas4 +ue antes

 -erce<$amos 9u*a@mente4 eram na !erdade a-enas 9ra*mentos dessas 9ormas

9i2as reais4 a*ora !istas de modo n$tido e est)!el( E -oder$amos ter nossa

dis-osição4 em conse+7ncia4 tanto a -ossi<ilidade de imo<ili@ar a su-er9$cie do

la*o -ara a-reciar a 9orma 9undamental4 +uanto a de dei2ar o !ento so-rar e a

)*ua encres-arse4 -elo sim-les -ra@er do o*o JlilaK das trans9ormaç.es( ) não

.# +in)erni)z, loc% cit%7 +oods, op% cit%& p& HiH& R Con?orme infra& pp 1.#211&1 /ogas=tras 1&$&

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se tem medo +uando uma !em e a outra !ai nem mesmo +uando a 9orma +ue

 -arece ser o SiPr-rio desa-arece( Pois A+uele +ue B tudo -ermanece -ara

sem-re3 transcendente alBm de tudo -orBm tam<Bm imanente -resente em

tudo( u4 como di@ um te2to chin7s mais ou menos contem-orneo do <oga=>tra

s 0erdadeiros Homens dos tem-os anti*os não sa<iam nada a res-eito do

amor !ida nem do dio morte( A entrada na !ida não lhes causa!a

nenhuma ale*ria o sair dela não des-erta!a nenhuma resist7ncia(

Serenamente eles iam e !inham( Não es+ueciam +ual ha!ia sido sua ori*em

e não in+uiriam so<re seu 9im( Eles aceita!am a !ida e a des9ruta!am

 -assa!am -or cima do medo da morte e retorna!am a seu estado anterior

!ida( Dessa maneira4 ha!ia neles o +ue se chama aus7ncia de toda intenção

de resistir ao ao e aus7ncia tam<Bm de +ual+uer es9orço atra!Bs do

Humano -ara estar entre os Celestiais( Assim eram a+ueles +ue são

chamados 0erdadeiros Homens( Suas mentes esta!am li!res de todo

 -ensamento sua conduta era tran+ila e est)!el suas testas irradia!am

sim-licidade4 "ual+uer 9rie@a -ro!indo deles ore como a do outono

+ual+uer calor -ro!indo deles era como o da -rima!era( Sua ale*ria e rai!a

&pa'( )$!+ assemelha!amse ao +ue !emos nas +uatro estaç.es( Eles a*iamem relação a todas as coisas de maneira a-ro-riada e nin*uBm -odia

conhecer o alcance dos seus atos(8/

En+uanto o -onto de !ista e a meta ha<ituais e t$-icos do indiano sem-re

9oram os do io*ue es9orçandose -or ter uma e2-eri7ncia como a da )*ua

 -arada4 o chin7s e o a-on7s4 em contra-artida4 tenderam a <alançar com o

mo!imento das ondas( Com-aradas com +ual+uer dos sistemas teol*icos ou

cient$9icos do cidente4 as duas !is.es são nitidamente da mesma es-Bcie

entretanto4 com-arando uma com a outra em seus -r-rios termos4 re!elamse

diametralmente o-ostas3 o indiano4 rom-endo a casca do ser4 !i!e em 72tase no

!a@io da eternidade4 +ue est) a um s tem-o 9ora e dentro4 ao -asso +ue o chin7s

ou a-on7s4 satis9eito com o 9ato de a #rande 0acuidade ser o Motor de todas as

coisas4 aceita +ue as coisas se mo!am e4 sem temer e sem desear4 -ermitindo

+ue sua -r-ria !ida se mo!imente com elas4 -artici-a4 no ritmo do ao.

$ Chuang T6u& *ivro B@, /ar)e @, se!o B@& $2.= )rad"!o de James *egge, op% cit%& pp& $.2$.#&

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Ma*n$9ico4 ele -rosse*ue(

Prosse*uindo4 tornase remoto(

Tendose tornado remoto4 retorna4

Por isso4 o ao é ma*n$9ico o CBu B ma*n$9ico(A Terra B ma*n$9ica4 e o Rei s)<io B tam<Bm ma*n$9ico(

A lei dos homens -ro!Bm da Terra a da Terra4 do CBu

a do CBu4 do ao.

E a lei do ao B ela ser o +ue [s(8&

Em !e@ de imo<ili@ar tudo4 o s)<io do E2tremo riente -ermite +ue as

coisas se mo!am nos !)rios modos de seu sur*imento es-ontneo4

acom-anhandoas como se 9osse uma es-Bcie de dança4 Va*indo sem a*irV( indiano4 -or outro lado4 tende a cele<rar a catale-sia do !a@io3

Para mim4 ha<itando em minha -r-ria *lria3 nde est) o -assado4 onde

o 9uturoI nde o -resenteI nde o es-açoI u onde est) atB mesmo a

eternidadeI88

Esses são4 -ortanto4 os sinais distinti!os das duas maiores -ro!$ncias do

riente e4 em<ora4 como !eremos4 a 1ndia tenha tido seus dias de *lria no

encres-amento das ondas e o E2tremo riente tenha a*uçado seu ou!ido -ara osom das -ro9unde@as alBm das -ro9unde@as4 em lermos *erais4 as duas !is.es

9oram4 res-ecti!amente3 VTudo B ilusão4 dei2e -assarV e VTudo est) em ordem3

dei2e acontecerV na 1ndia4 iluminação Jsam)diK com os olhos 9echados no

a-ão4 iluminação JsatoriK com os olhos a<ertos( A -ala!ra mok  s a, Vli<ertaçãoV4

tem sido a-licada a am<os os termos4 mas eles não são a mesma coisa( &pa'(

)$#+

V( AS DUAS LEALDADES DA EUROPA E DO LEVANTE

0oltando um r)-ido olhar -ara o cidente4 onde uma teolo*ia ori*in)ria

em *rande -arte do Le!ante 9oi en2ertada na consci7ncia da Euro-a4 do mesmo

modo +ue4 no riente4 a doutrina do uda o 9oi na consci7ncia do E2tremo

riente4 desco<rimos +ue a 9usão não ocorreu sem rachaduras( De 9ato4 a

rachadura4 !is$!el desde o in$cio4 am-liouse a*ora -ara tornarse uma lacuna

. Tao T7 Ching $6&62'= con?orme *egge, op% cit%& pp& '<2'&  Astava+ra-samhit* 1#&.&

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e!idente( E ) -odemos -erce<er os -ren>ncios dessa <recha4 ilustrados numa

!ariante mais uma !e@ da ima*em mitol*ica do -rimeiro ser +ue se

tornou dois3 a !ersão de O Ban5ut de Platão(

leitor lem<rase com certe@a da anedota ale*rica4 atri<u$da aArist9anes4 so<re os -rimeiros seres humanos +ue4 no -rinc$-io4 eram cada um

do tamanho +ue corres-onde a dois hoe( Eles tinham +uatro mãos e -Bs4 as

costas e os lados 9orma!am um c$rculo4 uma ca<eça com dois rostos4 dois se2os

e o restante de acordo com me conunto( E os deuses Zeus e A-oio4 temerosos

de sua 9orça4 di!idiramnos em dois4 como maçãs -artidas ao meio -ara

com-ota4 ou como se -ode cortar um o!o co@ido com um 9io de ca<elo( Mas as

 -artes di!ididas4 cada uma deseosa da outra4 untaramse e a<raçaramse e

teriam morrido de 9ome se os deuses não as ti!essem a9astado( A lição di@ +ueVa nature@a humana era ori*inalmente una e ns Bramos um lodo4 e o deseo e

 <usca do todo e chamado amor( \(((] E se 9ormos ami*os de Deus e esti!ermos

em harmonia com ele4 encontraremos nossos -r-rios !erdadeiros amores4 o +ue

não B 9re+ente acontecer neste mundoV( Ao -asso +ue Vse não somos

o<edientes aos deuses h) o -eri*o de sermos di!ididos no!amente e 9icarmos

condenados a andar maneira das 9i*uras escul-idas de -er9ilV(85

Tal como na !ersão <$<lica dessa ima*em4 o ser a+ui di!idido em dois nãoB a -r-ria di!indade su-rema( Mais uma !e@4 de 9ato4 estamos no cidente4

onde Deus e homem estão se-arados e o -ro<lema4 no!amente4 B de relação(

Entretanto4 de!e se o<ser!ar uma sBrie de contrastes entre as 7n9ases mitol*icas

*re*a e he<raica -ois Va teolo*ia *re*aV4 con9orme o<ser!ou F(M( Com9ord4

Vnão 9oi 9ormulada -or clBri*os4 nem mesmo -or -ro9etas4 mas -or artistas4

 -oetas e 9ilso9os( \(((] Não ha!ia uma classe sacerdotal -rote*endo de

in9lu7ncias ino!adoras uma tradição sacra entesourada em um li!ro sa*rado(

 Não ha!ia reli*iosos +ue -udessem4 com 72ito4 a -artir de uma 9ortale@a

ine2-u*n)!el de autoridade4 -retender ditar os termos da crença(86 A mitolo*ia4

em conse+7ncia4 -ermanece 9luida como a -oesia4 o os deuses não são

literalmente concreti@ados4 como a!B no -ara$so4 mas conhecidos e2atamente

como o +ue são3 -ersoni9icaç.es tra@idas e2ist7ncia -ela criati!a ima*inação

humana( Eles são realidades4 !isto +ue re-resentam 9orças tanto do macro

6  "$mposium 1#: e ss&= seg"ndo a )rad"!o de -en8amin JoKell, The Dialogues of Plato (The

Clarendon /ress, H?ord, 1<1%&' F& M& Corn?ord, Grec+ 'eligious Thonght from .omer to the Age of Ale#ander (J& M& :en) and Sons,*)d&, *ondres= &/& :"llon and Co&, Nova York, 1#$.%, pp& Hv2Hvi&

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+uanto do microcosmos4 o mundo e2terior e o mundo interior( Entretanto4 como

são conhecidos a-enas -elo seu re9le2o na mente4 com-artilham dos de9eitos

da+uele a*ente e esse 9ato B  -er9eitamente conhecido -elos -oetas *re*os4

como o B -or todos os -oetas J-orBm não4 con9orme -arece4 -elos sacerdotes e -ro9etasK( As lendas *re*as so<re os deuses são ocosas4 cmicas4 e!ocam e

e2-ulsam as ima*em ao mesmo tem-o4 receando +ue a mente4 9i2andose nelas

com -ro9undo res-eito( &pa'( )$$+ 9racasse em ir alem das ima*ens4 rumo

realidade <asicamente desconhecida e -arcialmente intu$da4 e re9letida -or

a+uelas mesmas ima*ens(

Da !ersão do mito do um +ue se tornou dois4 a-resentada em O Ban5ut,

9icamos sa<endo +ue os deuses tinham medo dos -rimeiros homens( Tão terr$!el

era seu -oder e tão *randiosos os -ensamentos em seus coraç.es4 +ue atacaramos deuses4 ousaram tomar o cBu de assalto e teriam mesmo deitado suas mãos

so<re os deuses( E tais deuses 9icaram con9usos -ois se ani+uilassem os homens

com raios4 as o<laç.es aca<ariam e os -r-rios deuses morreriam -or 9alta de

culto(

A lição irnica desse momento de indecisão celestial B a da de-end7ncia

m>tua entre Deus e o homem4 como4 res-ecti!amente4 o conhecido e o

conhecedor do conhecido uma relação na +ual nem toda iniciati!a ecriati!idade est)4 a-enas4 em uma das -artes( Em todas as reli*i.es do Le!ante

essa relação da idBia de Deus com as necessidades4 a ca-acidade e o culto ati!o

do adorador4 -arece nunca ter sido entendida4 ou4 se entendida4 reconhecida(

Pois l)4 sem-re se su-s +ue Deus4 conce<ido como Ahura Ma@da4 a!B4 a

Trindade ou Al) nesse as-ecto es-ec$9ico seria a<soluto4 e um >nico Deus

certo -ara todos4 en+uanto entre os *re*os4 no -er$odo de seu a-o*eu4 tal

literalismo e im-ud7ncia eram inconce<$!eis(

AlBm do mais4 com relação a +ual+uer con9lito de !alores +ue -udesse

sur*ir entre as 9orças csmicas desumanas sim<oli@adas -elas 9i*uras dos deuses

e os -rinc$-ios su-remos de humanidade re-resentados -or seus heris4 a

lealdade e sim-atia dos *re*os esta!am4 sem d>!ida al*uma4 do lado dos

homens4 li !erdade +ue os melhores e mais ousados -ensamentos do coração

humano se contra-.em ine!ita!elmente 9orça csmica4 de maneira +ue o

 -eri*o de ele ser -artido em dois est) sem-re -resente( Por isso4 a -rud7ncia

de!e ser o<ser!ada4 a 9im de não sermos condenados a andar como as 9i*urasescul-idas de -er9il( Entretanto4 amais tomamos conhecimento de tal traição da

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causa humana -or -arte dos *re*os4 como e normal e mesmo necess)ria no

Le!ante( As -ala!ras do se!eramente açoitado 4 Vusto e sem cul-aV4 diri*idas

a um deus +ue o tinha Vconsumido sem moti!oV4 8, -odem ser re-resentati!as do

ideal clerical de!oto e su<misso de todas as *randes reli*i.es da+uela )rea( V074sou de -ouca !alia \(((]4 Ponho minha mão so<re a <oca \((((] Sei +ue tu -odes

9a@er todas as coisas \(((]( Menos-re@ome e arre-endido 9aço -enit7ncia no - e

na cin@a(V8=  Prometeu *re*o4 em contra-artida4 i*ualmente torturado -or um

deus +ue <em -odia cri!ar a ca<eça do Le!iatã com ar-.es4 a-esar disso sustenta

seu ul*amento humano de ser res-ons)!el -or seu tormento e *rita +uando

rece<e ordem de ca-itular3 VPouco me im-orta Zeus3 Ele +ue 9aça o +ue <em

entenderV(8:

Por um lado4 o -oder do Deus Su-remo4 em contato com +uem todas essasinsi*ni9icantes cate*orias humanas se trans9ormam em misericrdia4 ustiça4

 <ondade e amor4 e4 -or outro4 o construtor titnico da Cidade dos Homens4 +ue

rou<ou o 9o*o dos deuses4 coraoso e dis-osto a assumir a res-onsa<ilidade -or

suas -r-rias decis.es( Esses são os dois *randes temas de discrdia do +ue se

 -oderia denominar estrutura mitol*ica ortodo2a do cidente3 os -los da

e2-eri7ncia de um e*o &pa'( )$5+ se-arado da nature@a4 amadurecendo !alores

 -r-rios4 +ue não são os do mundo dado4 e4 contudo4 -roetando so<re ouni!erso uma noção de -aternidade antro-omr9ica3 como se ela mesma

 amais ti!esse -ossu$do4 ou -udesse che*ar a -ossuir4 em si ou na sua <ase

meta9$sica4 os !alores4 sensi<ilidade e inteli*7ncia4 dec7ncia e no<re@a de um

homem^

 Na 1ndia e E2tremo riente4 entretanto4 tal con9lito entre o homem e

Deus4 como se 9ossem se-arados um do outro4 seria considerado sim-lesmente

a<surdo( Pois o +ue l) B desi*nado -elos termos +ue ns tradu@imos como

VDeusV não B a sim-les m)scara descrita nas escrituras sa*radas e +ue se -ode

mani9estar -ara o meditante3 B o mistBrio a uma s !e@ imanente e

transcendente da -ro9unde@a >ltima da -r-ria e2ist7ncia humana4

consci7ncia da e2ist7ncia e4 em conse+7ncia4 deleite(

< J $E.& J 7E= $E$ e '&#  0eschyl"s, Prometheus 11&#.2#.#& Trad"!o de Se)h C& -enarde)e, in :avid Green andIichmond *a))imore (edi)ores%, The Complete Gree+ Tragedies (The niversi)y o? Chicago /ress,Chicago& 1#6#%, vol& @, p& .6&

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VI( A ERA DA COMPARA2ÃO

"uando os ousados na!e*adores do cidente4 trans-ortando em suas

+uilhas as mentes de uma no!a era titnica4 -or !olta de %5?? d(C4 a-orta!am aolon*o das costas não a-enas da AmBrica4 mas tam<Bm da 1ndia e da China4

9loresciam no 0elho Mundo as +uatro ci!ili@aç.es desen!ol!idas da Euro-a e do

Le!ante4 da 1ndia e do E2tremo riente4 cada uma com sua -r-ria mitolo*ia e

considerandose o >nico centro autori@ado de es-iritualidade e merecimento4 so<

o cBu( Sa<emos hoe +ue a+uelas mitolo*ias estão e2auridas ou4 -elo menos4

ameaçadas de aca<ar3 cada +ual satis9eita de si dentro de seu -r-rio hori@onte4

dissol!endose4 untamente com seus deuses4 em uma >nica no!a ordem

emer*ente de sociedade4 em +ue4 como Niet@sche -ro9eti@ou em uma o<radedicada ao Es-$rito Li!re4 Vas !)rias !is.es de mundo( costumes e culturas

serão com-aradas e !i!enciadas lado a lado4 de maneira im-oss$!el antes4

+uando a inclinação sem-re re*ional de cada cultura esta!a de acordo com as

ra$@es tem-orais e locais de seu -r-rio estilo art$stico( A*ora4 9inalmente4 uma

sensi<ilidade estBtica a*uçada decidir) entre as muitas 9ormas e2istentes +ue

 -oderão ser com-aradas e se dei2ar) morrer a maioria( Da mesma 9orma4 est)

ocorrendo uma seleção entre as 9ormas e costumes das moralidades su-eriores4cuo 9im s -oder) ser a ru$na dos sistemas in9eriores( E uma era de

com-araç.es^ Essa B a sua *lria mas4 mais ustamente4 tam<Bm sua m)*oa^

 Não tenhamos medo dessa m)*oa^V5?

Das +uatro direç.es4 reuniramse os +uatro -aradi*mas3 res-ecti!amente4

da ra@ão humana e do indi!$duo res-ons)!el4 da re!elação so<renatural e da

>nica !erdadeira comunidade so< Deus4 do 72tase i*uico na *rande !acuidade

imanente e da harmonia es-ontnea entre a ordem do cBu e da terra

Prometeu4 4 o uda sentado de olhos 9echados4 e o S)<io errante4 de olhos

a<ertos( E B hora de considerar cada um em sua -uerilidade4 <em como em sua

maestade4 de maneira <astante 9ria4 sem indul*7ncia ou desdBm( Pois em<ora a

!ida4 como di@ Niet@sche( Vdesee ser iludida e !i!a da ilusãoV45% 9a@se tam<Bm

necess)rio4 em certas ocasi.es4 um momento de !erdade( &pa'( )$*+

67  Friedrich Nie)zsche, Menschliehes All-6umenschliches> Ein Buch f?r freie Geister& Nie)zscheAs5er+e& )omo @@ (0l?red roner Berlag, *eipzig, 1#1<%, a?orismo n@- $.&61 (!id%& Borrede $ (p& 6%&

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CAPITULO #

AS CIDADES DE DEUS

I( A ERA DO ESPANTO

Dois *randes temas -ercorrem as mitolo*ias e reli*i.es do mundo( Eles

não são i*uais( T7m histrias di9erentes( -rimeiro a sur*ir -ode ser chamado

s#anto em al*umas de suas modalidades4 da mera con9usão Frente a al*o

ine2-lic)!el atB o arre<atamento de um terror demon$aco ou a re!er7ncia

m$stica( se*undo B a sal!ação de si mesmo3 a redenção ou li<ertação de um

mundo +ue -erdeu o <rilho(

Rudol9 tto4 em sua im-ortante o<ra O =agrado,5/ escre!e so<re um 9ator

não racional4 essencial e2-eri7ncia reli*iosa4 +ue não -ode ser caracteri@ado

 -or nenhum dos termos tradicionalmente a-licados -elos telo*os di!indade3

Poder Su-remo4 Es-$rito4 Ra@ão4 Pro-sito4 ene!ol7ncia4 Seidade4 Unicidade e

outros( Na !erdade4 credos constitu$dos de tais termos racionais tendem mais a

im-edir do +ue a -ro-iciar a e2-eri7ncia reli*iosa em conse+7ncia4 +ual+uerestudo cient$9ico de reli*ião ou mitolo*ia +ue lide a-enas com tais conceitos e

sua e!olução *radual est) sim-lesmente dei2ando esca-ar a ess7ncia de seu

tema( VPoisV4 como escre!e o Pro9( tto4

se h) um dom$nio da e2-eri7ncia humana +ue nos -ro-orciona al*o sem d>!ida

es-ec$9ico e >nico4 -eculiar a si mesmo4 certamente B a !ida reli*iosa( Na

!erdade4 o inimi*o tem re!elado com 9re+7ncia uma !isão mais -ers-ica@ neste

conte2to do +ue tanto o de9ensor da reli*ião +uanto o terico neutro

reconhecidamente im-arcial( Pois os ad!ers)rios sa<em muito <em +ue toda

Vin+uietação m$sticaV não tem nada a !er com Vra@ãoV e VracionalidadeV(

E assim4 B salutar -erce<ermos +ue a reli*ião não est) e2clusi!amente

contida e e2austi!amente inclu$da em +ual+uer sBrie de a9irmaç.es VracionaisV(

0ale a -ena tentar tornar clara na mente a relação entre cada um dos di9erentes

VelementosV da reli*ião4 -ara +ue sua nature@a -ossa tornarse mais claramente

6$ I"dol? ))o, The (dea of .ol$& )rad"zido por John +& ;arvey (H?ord ni2versi)y /ress, *ondres,1#$6%

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mani9esta( 5& &pa'( )$-+

Tomarei essa a9irmação como lema e atri<uição de nossa tare9a4

acrescentando a-enas +ue na histria das culturas mais a!ançadas4 de-ois de um

 -er$odo de desen!ol!imento comum no riente Pr2imo nuclear4 os dois ramosdo riente e do cidente se-araramse e os VelementosV Jou4 eu diria4 Vest)*ios

 -sicol*icosVK de suas e2-eri7ncias do sa*rado tam<Bm se se-araram(

utrossim4 de-ois do momento crucial +ue chamarei Va *rande re!ersãoV

+uando4 -ara muitos no riente e no cidente sentido de santidade se a9astou de

sua e2-eri7ncia4 tanto do uni!erso +uanto de sua -r-ria nature@a4 e so<re!eio

um deseo de li<ertação do +ue era sentido como um estado insu-ort)!el de

 -ecado4 <animento e dece-ção os modos de autosal!ação adotados nos dois

mundos eram distintos4 em todos os sentidos( No cidente4 de!ido 7n9ase4

o<ser!ada no ca-$tulo anterior4 so<re a dissociação homemQDeus4 a a*onia era

inter-retada como uma se-aração de Deus4 es-ecialmente em termos de cul-a4

 -unição e reconciliação( No riente4 entretanto4 onde -ermaneceu um senso de

iman7ncia da di!indade em todas as coisas Jem<ora oculto -or uma

com-reensão erradaK4 a inter-retação era -sicol*ica e4 conse+entemente4 os

meios e ima*Bticas de li<ertação t7m o car)ter mais de tera-ias alternati!as do

+ue de direti!as autorit)rias de um -ai so<renatural( Em am<as as es9eras4contudo( a ironia da +uestão est) na circunstncia de +ue -recisamente a+ueles

+ue deseam a <usca!am a sal!ação de maneira mais sincera são os mais

con9inados em seu em-enho4 ) +ue B ustamente a <usca de si mesmos +ue est)

lhes causando so9rimento( 0imos +ue +uando uda e2tin*uiu em si o e*o4 o

mundo 9loresceu( [ esse4 e2atamente4 o modo como o mundo se a-resenta

+ueles -ara +uem o es-anto e não a sal!ação B reli*ião(

II( MITOG9NESE

Uma -l7iade de estatuetas 9emininas4 +ue sur*e nos estratos ar+ueol*icos

do riente( Pr2imo nuclear -or !olta de 85?? a(C(4 9ornece nossa -rimeira -ista

 -ara o 9oco do es-anto das -rimeiras comunidades neol$ticas a*ro-astoris( As

9i*uras são de osso4 ar*ila4 -edra ou mar9im4 eretas ou sentadas4 comumente

nuas4 9re+entemente *r)!idas e4 -or !e@es4 se*urando ou amamentando uma

criança( S$m<olos concomitantes a-arecem em louças de cermica -intada dos

6. l!id%&p% &

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mesmos estratos ar+ueol*icos4 e entre eles4 um moti!o -roeminente J-or

e2em-lo4 na chamada cermica Hala9 da e2tremidade s$riocil$ciaK58 e a ca<eça

de um touro4 !ista de 9rente4 com lon*os chi9res cur!os su*erindo +ue o mito

am-lamente conhecido da deusaterra 9ertili@ada -elo tourolua4 +ue morre e

ressuscita4 ) de!a ter sido desen!ol!ido( Deri!ados <emconhecidos desse mitosão as lendas do -er$odo cl)ssico tardio de Euro-a e o Touro de Zeus4 Pas$9ae e

o Touro de Pos$don4 'o metamor9oseada em !aca e o e2term$nio do Minotauro(

AlBm disso4 os -rimeiros com-le2os de tem-los do riente Pr2imo de Fato4 os

 -rimeiros na histria do mundo re9orçam a e!id7ncia do deustouro e da deusa

!aca como -rinci-ais s$m<olos de 9ertilidade do -er$odo( Datados  grosso modo

entre 8???&5?? a(C(4 tr7s desses com-le2os de &pa'( )$/+  tem-los 9oram

esca!ados no sul da Meso-otmia4 em <eid455 UruO 56 e Eridu5, dois um -ouco

 -ara o norte4 em Wha9aah5=  e U+air45:  res-ecti!amente ao norte e ao sul de

a*d) en+uanto um se2to4 <em lon*e dali4 em Tell raO4 no !ale do Wha<ur no

nordeste da S$ria46? su*ere uma am-la di9usão da+uela 9orma4 comum na re*ião

s$riocil$cia Jchamada T)ureaK( Sa<ese +ue dois desses seis com-le2os 9oram

dedicados a deusas3 o de <eid4 a Ninhursa* e o de Wha9aah4 a 'nanna as

di!indades dos outros são desconhecidas( E tr7s dos com-le2os Jem <eid(

Wha9aah e U+airK4 cada um cercado -or dois altos muros4 eram de 9orma

o!alada4 -roetada4 ao +ue -arece4 -ara su*erir a *enit)lia 9eminina J9i*ura 'K( 6% 

Pois4 como os tem-los indianos da deusamãe4 onde o santu)rio mais secreto

tem a 9orma sim<lica do r*ão *enital 9eminino4 tam<Bm esses sim<oli@aram a

9orça *eradora da nature@a4 -or analo*ia com os -oderes de *estação e nutrição

da 97mea(

A construção -rinci-al de cada com-le2o esta!a assentada so<re uma

 -lata9orma de <arro com-acto4 com altura de & a 6 metros e acess$!el -or uma

6 :isc")ido em As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& Cap4)"los . e 17, pp& 1$121$ e .$62.$<&66 ;&I& ;all& A "eason9s 5or+ at Ur& Al-9U!aid& A!u "hahrain Eridu& and Else2here (Melh"en andCo&, *ondres, 1#1#%= ;&I& ;all e C& *eonard +oolley, Ur E#cavations (& A(-9U!aid (H?ord niversi)y/ress, *ondres, 1#$<%= /& :elo"gaz, >0 Shor) @nves)iga)ion o? )he Temple a) 0l2A3aid>, (ra& B, /ar)e1 (1#.%, pp& 121$&6'  J"li"s Jordan, 0rnold Nldeke, & ;einrich, e) al&, >BorlU"?ige -erich) V3er die von derNolgemeinscha?) der de")schen +issenscha?) in r"k2+arka "n)ernommenen 0"sgra3"ngen>,Preussische A+ademie der 5issenschaften 6u Berlin% A!handlungen& F& nW <= H& nW = F& nW$, nW '= & nW 6= I& nW $, nW = J& nW 1.= K& nW 11= & nW F%6< ;all, op cit%& pp& 1<2$$= Se)on *loyd e F"ad Sa?ar, >rid">, "umer @@@, nW F (1#<%, pp& 62111= @B,nW $ (1#%, pp& 11621$<= B@, nW 1 (1#67%, pp& $<2..&6  ;enri Frank?or?, >/reliminary Iepor)s on @ra Hpedi)ions>, Chicago Universit$& Lriental (nstituteCommunications& nW 1., 1'21<, 1#2$7 (1#.$21#.'%= )am3Lm :elo"gaz, op% ci)&, p& 17, ?ig& 1&6# Se)on *loyd e F"ad Sa?ar, >Tell air>, 1ournal of ear Eastem "tudies& @@, nW $ (1#.%, pp& 1.$216&'7 M&&*& MalloKan, T2ent$-five /ears of Mesopotamian Discover$ F-IJ (The -ri)ish School o? 0rchaeology in @ra, *ondres, 1#6'%, pp& $<2.1&'1 0ndrL /arro), Niggurate et Tourde Ba!el (0l3in Michel, /aris, 1##%, p& 1'<&

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desconhecem(6/ Não -ode ha!er d>!ida de +ue nos est)<ulos reais da deusa

 Ninhursa* de <eid e 'nanna de Wha9aah4 um mil7nio e meio antes dos

 -rimeiros sinais de +ual+uer ci!ili@ação a*ro-astoril ao leste do 'rã4 temos o

 -rel>dio da *rande sin9onia ritual com-osta de sinos4 !elas tremulantes4

oraç.es4 hinos e mu*idos de !acas sacri9iciais +ue atra!essando os sBculosche*ou atB a deusa na 1ndia3

h Mãe4 Causa e Mão do Mundo^

Tu Bs o nico Ser Primordial4

Mãe de in>meras criaturas4

Criadora dos -r-rios deuses3 atB de rahma o Criador4

0isnu o Mantenedor4 e Xi!a o Destruidor^

h Mãe4 ao lou!arTe com hinos4 -uri9ico minha 9ala(

Como a lua solit)ria se deleita com o ltus <ranco da noite4

sol solit)rio4 com o ltus do dia4

Do mesmo modo +ue uma coisa +uando so@inha se deleita

com outra coisa(

Assim4 +uerida Mãe4 a-enas Tu deleitas o uni!erso com Teu olhar( 6&

Fi*ura /( A 9orça +ue se autoconsome3 SumBria4 c(%5?? a(C(

H) um anti*o sinete cil$ndrico sumBrio de mais ou menos &5?? a(C(

J-er$odo UruO 9ase A3 imediatamente antes da in!enção da arte das letrasK onde

se !7em dois carneiros monteses um de 9rente -ara o outro4 -or cima de um

'$ ;&I&;& /r4ncipe /e)er da GrLcia e :inamarca, >The Cal? Sacri?ice o? )he Todas o? )he Nilgiris (So")hXndia%>, "elected   Papers of the Oifth (nternational Congress of Anthropological and Ethnological

"ciences& Philadelphia& IJ (niversi)y o? /ennsylvania, FiladLl?ia, 1#'7%, pp& 62#&'.  s)ro?es de "m hino 5 :e"sa em se" aspec)o de >Iegen)e do M"ndo> Bhuvane4var& doTantras*ra% Cf% 0r)h"r e llen 0valon, .$mns to the Goddess (*"zac and Co&, *ondres, 1#1.%, pp& .$2..&

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monte de terra4 do &pa'( )$1+ lado do +ual sur*e uma ser-ente de duas ca<eças

+ue -arece -restes a -ic)los J9i*ura /K( H) uma 9lor acima de seus 9ocinhos e

uma )*uia com as *arras 9incadas em suas ancas4 +ue se untam no re!erso do

cilindro( Pro9( Henri FranO9ort o<ser!ou em seu coment)rio desse o<eto +ue

cada um de seus elementos 9oi relacionado4 na arte e culto -osteriores4 com amitolo*ia do deus Tammu@ JDumu@i4 na SumBriaK4 morto e ressuscitado4

 -rotti-o de Adnis4 +ue era consorte4 <em como 9ilho de -arto !ir*inal4 da

deusamãe de muitos nomes3 'nanna4 Ninhursa*4 1star4 AstartB4 Ártemis4

DemBter4 A9rodite4 07nus(68 Em todo o mundo anti*o4 um monte de terra como

o +ue a-arece no centro do desenho sim<oli@a!a a deusa( [ co*nato do cl)ssico

um<i*o do anti*o relic)rio <udista J st>#aK. "uando am-liado4 ele B o monte dos

deuses Jlim-o *re*o4 Meru indianoK4 em cuo to-o est) a 9ul*urante cidade das

di!indades4 com as )*uas do a<ismo em<ai2o e os dom$nios da !ida no meio(

A deusamãe sustentaos a todos( Ela B reconhecida no cBu estrelado <em

como na terra semeada4 e no sinete -ode ser !ista não a-enas no monte mas

tam<Bm no 9undo -lano e nas <ordas su-erior e in9erior4 na >ltima das +uais o

monte desa-arece(

A ser-ente +ue emer*e desse morrinho -arece -restes a -icar os carneiros4

e os carneiros4 -or sua !e@4 -arecem -restes a comer a 9lor( #irando o sinete4

!emos a a!e de ra-ina com suas *arras( Tudo isto indica um ciclo de !idananature@a-elamortem>tua( E como todas as 9i*uras re-resentam o -oder do

mesmo deus4 o tema mitol*ico re-resentado B o da ener*ia *eradora +ue se

autoconsome4 +ue !i!e sem-re e morre sem-re e +ue B a !ida e a morte em todas

as coisas(

Fi*ura &( senhor da !ida3 SumBria( c(&5?? a(C(

Em um se*undo sinete sumBrio de cerca de &5?? a(C( um sacerdote4 tal!e@' ;enri Frank?or), C$linder "eals (The Macmillan Company, *ondres, 1#.#%, p& 1<&

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sim<oli@ando o deus4 se*ura uma )r!ore contra o -eito de tal maneira +ue seus

dois ramos !ão nas +uatro direç.es J9i*ura &K( s animais a*ora estão

!isi!elmente comendo seus <rotos4 en+uanto no re!erso h) um <e@erro entre

dois altos montes de uncos4 da maneira como nessa arte sem-re B re-resentada a

entrada -ara os recintos de um tem-lo da deusa( <e@erro est) ali -ara sersacri9icado e4 no entanto4 B como se esti!esse em se*urança dentro do >tero( Na

conce-ção cristã encontramos uma amal*amação semelhante de nascimento

morte na 9i*ura do Cristo4 a !elha &pa'( )5)+ Sacri9icial( Fruto da Ár!ore de

essB +ue4 no >tero da Mãe 0ir*em4 ) era !irtualmente o Cruci9icado(

Entre o -er$odo das -rimeiras estatuetas 9emininas de cerca de 85?? a(C(4

e o dos sinetes das 9i*uras / e &4 decorreu um inter!alo de mil anos4 durante o

+ual aumentam constantemente os sinais ar+ueol*icos de um culto da terra

arada 9ertili@ada -elo animal mais no<re e -oderoso do re<anho sa*rado

recentemente desen!ol!ido4 o touro +ue não a-enas em-renha!a as !acas

leiteiras4 mas tam<Bm -u2a!a o arado +ue4 na+uele -er$odo4 a<ria e semea!a a

terra a um s tem-o( AlBm do mais4 -or analo*ia4 a lua chi9rada4 senhor

\masculino] do ciclo do >tero4 das chu!as e do or!alho4 era e+ui!alente ao touro

de maneira +ue o animal se tornou um s$m<olo cosmol*ico4 unindo as es9eras e

as leis do cBu e da terra( E todo o mistBrio da e2ist7ncia -de4 assim4 ser

 -oeticamente ilustrado -ela met)9ora da !aca4 do touro e seu <e@erro4re-resentado litur*icamente nos recintos dos anti*os com-le2os de tem-los

+ue sim<oli@a!am o >tero da -r-ria deusa csmica 0aca(

Durante o mil7nio se*uinte4 entretanto4 a cultura <)sica de aldeia 9loresceu

e se tornou uma ci!ili@ação de cidadesestados4 so<retudo na ai2a

Meso-otmia4 e4 como Sir ames #( Fra@er demonstrou em O Ramo Dourado, a

litur*ia -oBtica do sacri9$cio csmico era a*ora e2ercida -rinci-almente nos reis4

 -eriodicamente mortos4 -or !e@es acom-anhados de suas cortes( Pois era a corte4não a leiteria4 +ue a*ora re-resenta!a a >ltima e mais im-ressionante

*lori9icação da !ida( A arte da escrita tinha sido in!entada -or !olta de &/??

a(C( J-er$odo UruO4 9ase K a aldeia 9ora de9initi!amente su-lantada -ela

cidadetem-lo4 e uma casta de sacerdotes -ro9issionais tinha assumido o rumo

da ci!ili@ação( A -artir da o<ser!ação dos astros4 9oram identi9icados os cinco

 -lanetas !is$!eis JMerc>rio4 07nus4 Marte4 >-iter e SaturnoK4 mo!endose em

cursos ) -ercorridos -ela lua e -elo sol entre os astros 9i2os Jsete !iaantes ao

todoK um calend)rio matematicamente correto 9oi criado -ara disci-linar a !idada cidadetem-lo de acordo com as leis celestiais re!eladas -elos astros4 e4 como

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sa<emos de numerosas 9ontes4 o conceito de ordem do Estado era a tal -onto

identi9icado com as leis celestiais +ue a VmorteV e VressurreiçãoV da lua4 o ciclo

do ano e os *randes ciclos das eras csmicas matematicamente calculadas eram

imitados de modo literal tanto +uanto -oss$!el no -adrão ritual da corte4

 -ara +ue as ordens csmica e social 9ossem a mesma(Dois sinetes sumBrios de cerca de /&?? a(C( serão su9icientes -ara ilustrar

a no!a ordem das cortes reais sim<licas( -rimeiro J9i*ura 8K4 das ru$nas da

cidade de La*ash4 mostra uma mulher nua acocorada so<re um homem deitado

de costas4 en+uanto um se*undo homem4 a*arrando o <raço dela4 ameaça com

uma !ara ou -unhal( A direita da cena h) uma inscrição cuas duas -rimeiras

linhas estão dani9icadas( A linha se*uinte4 entretanto4 re!ela estas -ala!ras3 VRei

de #his*allaV +ue4 como Ernest de Sar@ec o<ser!ou4 re9erese a Vuma

di!indade denominada em outros te2tos o deusrei ou reideus da+uela

localidadeV(65 Ha!ia um tem-lo da deusa csmica em #his*alla e o +ue -arece

termos a+ui B um ritual de sacri9$cio em con><io4 -raticado em uma sacerdotisa

e um rei(66 &pa'( )5!+

Fi*ura 8( sacri9$cio3 SumBria4 c(/&?? a(C(

'6 rnes) de Sarzec, D:couvertes en Chald:e (rnes) *ero"H, /aris, 121#1$%, vol& @ (TeH)o%, pp&.1#2.$7= vol, @@ (Grav"ras%, ?ig& H !is& nW $1&'' Comparar o ri)"al do assassina)o em con3io e s"3seVen)e re?ei!o cani3alis)a da ()ri3o% Marind2anim da Nova G"inL, descri)o em As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& pp& 1621'&

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Uma *rande +uantidade de sinetes ilustra essa cena 9esti!a( Vs

 -artici-antes da 9esta 9re+entemente um homem e uma mulher estão de

9rente um -ara o outro e h) um *rande arro entre eles4 do +ual <e<em atra!Bs de

canudos4 como -arece ter sido a maneira usual de <e<er cer!ea no Anti*oriente Pr2imo(V,% Muitos desses sinetes 9oram encontrados entre os es+ueletos

nas tum<as reais de Ur4 onde a-arecem su9icientes -ro!as da reali@ação do ritual

do amormorte no -er$odo re-resentado -elas 9i*uras 8 e 5( Não B necess)rio

re!er a+ui a descrição da+uelas sur-reendentes tum<as4 ) 9eita no !olume '

desta o<ra4,/ mas a-enas o<ser!ar resumidamente +ue4 dentro do com-le2o do

tem-lo da+uela cidade do deuslua4 Sir Leonard oolle esca!ou nos -rimeiros

anos da dBcada de %:/? uma sBrie de de@esseis t>mulos do +ue -areciam cortes

reais inteiras( mais im-ressionante 9oi o se-ultamento du-lo de uma rainha

chamada Shu<ad e seu senhor A<ar*i( A se-ultura dele continha sessenta e

cinco acom-anhantes e dois carros -u2ados -or tr7s <ois cada um4 enterrados

em<ai2o da rainha ou sacerdotisa ricamente ornamentada +ue4 com um sB+uito

de a-enas !inte e cinco -essoas e um tren -u2ado -or dois asnos4 acom-anhara

seu senhor ao mundo dos mortos consumando4 com isso4 o mito da deusa +ue

acom-anhou o 9alecido deus Dumu@i ao mundo dos mortos -ara e9etuar sua

ressurreição( es+ueleto de Shu<ad 9oi achado em um es+ui9e de madeira numa

cmara se-ulcral de tiolos4 com uma taça de ouro na mão4 da +ual -ode ter

 <e<ido sua -oção mort$9era( E -erto dela encontra!ase um diadema 9eito de

uma tira de couro <ranco macio adornada com contas de l)-isla@>li e com uma

sBrie de animais de ouro mara!ilhosamente moldados3 !eados4 *a@elas4 touros e

ca<ras4 e4 entre eles4 cachos de tr7s romãs4 *alhos carre*ados de 9rutos de

al*uma outra )r!ore e nos inter!alos rosetas de ouro( A analo*ia com o sinete da9i*ura / B e!idente( No chão4 uma ca<eça de !aca em -rata4 en+uanto entre os

ossos das har-istas +ue toca!am -ara seu senhor &pa'( )5$+ na se-ultura a<ai2o

ha!ia duas <elas har-as4 ornamentadas com ca<eças de touro4 uma de co<re e a

outra de ouro4 cuos olhos4 <ar<a e -ontas dos chi9res eram de l)-isla@>li(

A !aca de -rata na cmara de Shu<ad e o touro de <ar<a de ouro na

se-ultura de A<ar*i a-ontam4 dois mil anos antes4 -ara os tem-losleiterias da

deusa csmica 0aca as -rimeiras estatuetas 9emininas e os utens$lios de

<1 (!id%% p& <<&<$  As Máscaras de Deus 2 Mitologia Primitiva& pp& .$<2..., ci)ando Sir Charles *eonard +oolley, Ur ofthe Chaldees (rnes) -enn *)d&, *ondres, 1#$#%, pp& '2'6&

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cermica -intada e2i<em a ca<eça do touro lunar mitol*ico com lon*os chi9res

cur!os( Pro9( Anton Moort*at4 em sua <usca desses mesmos dois mil anos do

nascimento da ci!ili@ação4 o<ser!a +ue Va deusamãe e o touro sa*rado as

 -rimeiras e2-ress.es es-irituais tan*$!eis e si*ni9icati!as da cultura a*r$cola de

aldeia re-resentam -ensamentos +ue teriam sua 9orma -reser!ada -ormil7nios no riente Pr2imoV(,& E não a-enas no riente Pr2imo4 -odemos

acrescentar( Pois os temas anunciados -ictoricamente na+ueles -rimeiros

s$m<olos do 9oco do es-anto dos criadores da ci!ili@ação so<re!i!em4 em certa

medida4 mesmo nas teolo*ias mais recentes do riente e do cidente modernos(

 Na !erdade4 -oderemos ou!ir ecos de sua m>sica -or todo o -assado mitol*ico

da+uela +ue se tornou a >nica *rande -ro!$ncia do al!orecer da nossa ci!ili@ação

mundial( Em<ora anunciada de maneira muito sim-les nessas -rimeiras 9ormas

neol$ticas4 sua m>sica trans9ormouse num *randioso e rico %ort$ssimo, em um

 -er9eito concerto de arte de catedral e tem-lo4 da 'rlanda ao a-ão4 cerca de 5??

l5?? d(C(

III( ESTÁGIO CULTURAL E ESTILO CULTURAL

De acordo com Rudol9 tto4 aceitarei a rai@ da mitolo*ia4 tanto +uanto da

reli*ião4 como uma a-reensão do num7nico(

Esse estado mental Jele escre!eK B  totalmente sui gnris e não -ass$!el de

ser redu@ido a +ual+uer outro4 e -or isso4 como +ual+uer dado a<solutamente

 -rimado e elementar4 a-esar de admitir ser discutido4 não -ode ser estritamente

de9inido( H) a-enas uma 9orma de audar outrem a entend7lo4 A -essoa ter) +ue

ser condu@ida e orientada -ela o<ser!ação e discussão da +uestão com os meios

de sua -r-ria mente4 atB +ue atina o -onto no +ual Vo num7nicoV nela começa ades-ertar4 a -eneirar em sua !ida e sua consci7ncia( Podemos cola<orar nesse

 -rocesso a-resentando a sua -erce-ção tudo o +ue -ode ser encontrado em outras

re*i.es da mente4 ) conhecido e 9amiliar4 +ue se assemelhe ou +ue -ossa

 -ro-orcionar al*um contraste es-ecial com a e2-eri7ncia em -articular +ue

deseamos elucidar( Então temos +ue acrescentar3 VEste nosso ; não B

e2atamente sta e2-eri7ncia4 mas semelhante a ela e o-osto a+uela outra( Não

tens ) -or ti -r-rio a idBia deleIV Em outras -ala!ras4 nosso ; não -ode4

estritamente4 ser ensinado4 -ode a-enas ser e!ocado4 des-ertado na mente como

<. Schar?? e Moor)ga), op% cit%& p& $1&

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tudo o +ue -ro!Bm Vdo es-$ritoV4 tem +ue ser des-ertado( ,8

 Nesse  sentido4 o sim<olismo do tem-lo e a atmos9era do mito são

catalisadores do num7nico e nisso est) o se*redo de sua 9orça( Entretanto4 as

 -eculiaridades dos &pa'( )55+ s$m<olos e elementos dos mitos tendem a ad+uirir9orça -r-ria atra!Bs da associação4 +ue -ode <lo+uear o acesso ao -r-rio

num7nico( E4 de 9ato4 ele B <lo+ueado +uando as ima*ens -ersistem como

ima*ens de9initi!as em si mesmas3 como o são4 -or e2em-lo4 em um credo

do*m)tico(

Tal 9ormulação4 como o<ser!ou muito <em o Dr( Carl #( un*4 V-rote*e a

 -essoa de uma e2-eri7ncia direta de Deus4 im-edindo +ue ela se e2-onha de

maneira noci!a -ara si mesma( Mas se ela a<andonar o lar e a 9am$lia4 !i!er

tem-o demais so@inha e se 9i2ar -ro9undamente no es-elho escuro4 então o

terr$!el e!ento do encontro -oder) so<re!ir( PorBm4 mesmo então4 o s$m<olo

tradicional4 +ue 9loresceu -lenamente atra!Bs dos sBculos4 -oder) o-erar

maneira de um !ento re-arador e des!iar a incursão 9inal da di!indade !i!a -ara

os es-aços consa*rados da i*reaV(,5

Com a trans9er7ncia radical de 9oco e9etuada com a *uinada do homem da

caça -ara a a*ricultura e domesticação de animais4 as anti*as met)9oras

mitol*icas -erderam 9orça4 e com o reconhecimento4 -or !olta de &5?? a(C4 deuma ordem csmica matematicamente calcul)!el e +uase im-erce-ti!elmente

indicada -elas lu@es -lanet)rias4 !i!enciouse um no!o e direto im-acto de

mara!ilhamento4 contra o +ual não ha!ia de9esa( A 9orça do concomitante

arre<atamento -ode ser a!aliada a -artir dos ritos da+uele tem-o( Em O Ramo

 Dourado, Fra@er inter-retou em termos racionais o ritual re*icida4 como uma

medida -r)tica de e9etuar uma 9ertili@ação m)*ica no solo4 e não de!e ha!er

d>!ida de +ue era usado com tal 9inalidade e2atamente como em todo cultoreli*ioso4 a oração B usada4 !ia de re*ra4 -ara conse*uir <ene9$cios de Deus( Tal

m)*ica e tal oração4 entretanto4 não re-resentam a es-eci9icidade -eculiar

da+uela e2-eri7ncia do num7nico +ue as autoridades mais -r2imas +ue Fra@er

do n>cleo da +uestão reconhecem uni!ersalmente na reli*ião( Não -odemos

 -ressu-or +ue o homem -rimiti!o4 menos -rote*ido do +ue ns do num7nico4

ti!esse uma mente de al*uma 9orma imune a ele e4 conse+entemente4 a-esar de

inde9eso4 9osse antes uma es-Bcie de cientista social -rimiti!o +ue um

< ))o, op% cit &, p& <&<6 Carl G& J"ng, The (ntegration of the Personalit$& )rad"zido por S)anley M& :ell (Farrac and Iinehar),Nova York e Toron)o, 1#.#%, p& 6#&

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!erdadeiro sueito de arre<atamento num7nico( VNão e 9)cilV4 como disse o Pro9(

tto4 Vdiscutir +uest.es de -sicolo*ia reli*iosa com al*uBm +ue conse*ue

lem<rar as emoç.es de sua adolesc7ncia4 os descon9ortos da indi*estão ou4

di*amos4 !alores sociais4 mas não conse*ue recordar nenhum sentimento

intrinsecamente reli*ioso(V,6 Su-ondo +ue meu leitor não sea tal -eso-esado4não 9arei mais nenhum coment)rio so<re esse assunto4 mas tomarei como <!io

+ue o sur*imento4 -or !olta de 85??/5?? a(C4 de uma constelação inaudita de

coisas sa*radas atos e o<etos sa*rados a-onta não -ara uma no!a teoria

so<re como 9a@er o 9eião crescer4 mas -ara uma !erdadeira e2-eri7ncia em

 -ro9undidade da+uele m!strium trntndum +ue irrom-eria so<re todos ns4

mesmo hoe4 se não esti!esse tão e2traordinariamente mascarado(

sistema de no!as artes e idBias criado dentro dos recintos dos *randes

com-le2os de tem-los sumBrios -assou -ara o E*ito -or !olta de /=?? a(C4 -ara

Creta e o 0ale do 'ndo -or !olta de /6?? a(C( -ara a China -or !olta de %6??

a(C( e -ara a AmBrica durante os mil anos se*uintes4 Entretanto4 a -r-ria

e2-eri7ncia reli*iosa &pa'( )5*+ em torno da +ual os no!os elementos de

ci!ili@ação tinham sido reunidos não 9oi e nem -oderia ser disseminada(

 Não 9oi o -r-rio arre<atamento4 mas sua litur*ia e antes a ele relacionadas +ue

se es-alharam com os !entos4 e 9oram a-licadas4 então4 a -ro-sitos estranhos4

ada-tadas a no!as *eo*ra9ias e estruturas -sicol*icas muito di9erentes da+uelasdos reisdeuses sacri9icados ritualmente(

Podemos tomar como e2em-lo o caso das mitolo*ias do E*ito4 +ue com

relação ao -er$odo de c(/=??%=?? a(C( são as mais <emdocumentadas do

mundo( Fra@er demonstrou +ue os mitos do deus s$ris morto e ressuscitado se

assemelham tanto com os de Tammu@4 Adnis e Dioniso4 +ue -arecem

 -raticamente o mesmo e +ue todos esta!am !inculados4 no -er$odo de seu

desen!ol!imento -rBhistrico4 com os ritos do rei di!ino morto e ressuscitado(AlBm do mais4 as desco<ertas mais recentes da ar+ueolo*ia demonstram +ue o

 -rimeiro centro a -artir do +ual se di9undiu a idBia de um estado *o!ernado -or

um rei di!ino 9oi +uase certamente a Meso-otmia( mito de s$ris4 -ortanto4 e

de sua es-osairmã4 a deusa 1sis4 de!e ser inter-retado como uma !ariante

e*$-cia de um tema comum ao Neol$tico Tardio e 'dade do ron@e Anti*o(

Dr( E(A( allis ud*e4 -or outro lado4 em suas muitas o<ras so<re a

reli*ião e*$-cia4 de9endeu o ar*umento de uma ori*em a9ricana da mitolo*ia de

<' ))o, op% cit%  p% &

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s$ris4,,  e o Pro9( ohn A( ilson4 mais recentemente4 em<ora ateste os

Vcontatos e2ternos +ue de!em ter sido mutuamente reno!adores -ara am<as as

 -artesV4 ar*umenta i*ualmente em de9esa da in9lu7ncia da V-rolon*ada e lenta

mudança culturalV nati!a do Nilo na 9ormação da mitolo*ia e da ci!ili@ação

e*$-cias(,=  No entanto4 o ar*umento em de9esa do desen!ol!imento nati!ocontra o estran*eiro dissol!ese +uando se o<ser!a +ue dois -ro<lemas ou

melhor4 dois as-ectos de um mesmo -ro<lema estilo em +uestão( Pois4 como

demonstra de imediato uma !isão a<ran*ente4 todo m<ito cultural <em

esta<elecido4 +uando atin*ido -or um no!o sistema de idBias e ci!ili@ação4

rece<eo de maneira criati!a4 não inerte( Um com-le2o e sens$!el -rocesso de

seleção4 ada-tação e desen!ol!imento coloca as no!as 9ormas em contato como

seus an)lo*os -r2imos ou seus homlo*os na herança nati!a e4 em certos casos

  nota!elmente no E*ito4 Creta4 no 0ale do 'ndo e4 um -ouco mais tarde4 no

E2tremo riente 9orças -rodi*iosas de -roduti!idade nati!a são li<eradas4 em

stilo nati!o4 mas no n$!el do no!o st0gio. Em outras -ala!ras4 em<ora -ossa se

demonstrar +ue seu est)*io cultural4 em +ual+uer -er$odo dado4 tenha deri!ado

da conse+7ncia de in9lu7ncias estranhas4 -odese demonstrar4 com não menos

se*urança4 +ue o estilo -articular de cada um dos *randes dom$nios B nati!o( E

assim B +ue um estudioso muito interessado nas 9ormas nati!as tender) a

ar*umentar em de9esa da ori*inalidade estil$stica local4 en+uanto outro4 !oltado -ara as e!id7ncias am-las de di9usão de tBcnicas4 arte9atos e moti!os

mitol*icos4 se inclinar) a traçar uma >nica histria cultural da humanidade4

caracteri@ada -or est)*ios *erais <emde9inidos4 -orBm e2-ressa -or meio de

estilos locais não menos <emde9inidos( Uma coisa B analisar a *7nese e

su<se+ente di9usão da herança mitol*ica <)sica de todas e +uais+uer

Ci!ili@aç.es desen!ol!idas outra B indicar a *7nese4 maturação e &pa'( )5-+

morte dos !)rios estilos mitol*icos locais4 e ainda outra B medir a in9lu7ncia decada estilo local no conte2to da histria unit)ria da humanidade( Uma ci7ncia

com-leta da mitolo*ia ter) +ue dar atenção4 na medida do -oss$!el4 s tr7s(

IV( O ESTADO 8IERÁTICO

<<  &0& +allis -"dge, Lsiris and the Eg$ptian 'esurrection (/hilip *ee +arner, *ondres= G&/&

/")namAs Sons, Nova York, 1#11%, vol& @, pp& Hiv2Hv e passim= )am3Lm, The Gods of the Eg$ptians(Me)h"en and Co&, *ondres, 1#7%, vol& 1, pp& Hiv2Hv, < e ss& e)c&< John 0& +ilson, The Culture of Ancient Eg$pt (niversi)y o? Chicago /ress, Chicago, 1#61%, pp& $< e$$2$.&

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A mais anti*a o<ra de arte +ue se conhece no estilo caracter$stico do E*ito

B uma -laca comemorati!a *ra!ada em -edra4 mostrando em cada lado a

re-resentação de um 9ara triun9ante J9i*uras , e =K( local desta desco<erta 9oi

Hieracm-olis no Alto E*ito4 a-arentemente o lu*ar ori*in)rio de coroação deuma dinastia de reis de!otada ao 9alcão solar4 Hrus( Por !olta de /=5? a(C(

esses reis mudaramse -ara o Norte4 -ara o ai2o E*ito4 e 9undaram a -rimeira

dinastia das Duas Terras unidas( Uma se*unda desco<erta no local 9oi uma

cmara 9uner)ria su<terrnea de muros de tiolos4 com uma das -aredes em

estu+ue decorada com cenas de caça4 na!e*ação e com<ate no estilo

relati!amente in9antil da cermica ornamentada do Neol$tico Tardio J9i*ura 6K(,: 

E essa tum<a B not)!el não a-enas -or seu mural4 o -rimeiro conhecido da

e*i-tolo*ia4 mas tam<Bm -or seus tiolos4 +ue na+uele -er$odo re-resenta!am

uma no!a idBia -ro!eniente da re*ião de lamaçais da Meso-otmia(

Fi*ura 6( Mural mortu)rio em Hieracm-olis3 E*ito4 c(%:??I a(C( &pa'( )5/+

AtB então as se-ulturas no E*ito eram sim-les co!as rasas4 de contornos<# J&& Z"i3ell, .iera+onpolis& gyp)ian Iesearch 0cco"n) NW (-ernard Z"ari)ch, *ondres, /ar)e @,1#77= /ar)e @@, 1#7$%, /ar)e @@, pp& $72$1 e ?ig& *OOB&

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retan*ulares com cantos arredondados ou4 nas se-ulturas menores4 o!alados(

cor-o4 en!ol!ido em couro cru4 em -anos de linho4 ou em am<os4 era colocado

so<re o lado es+uerdo numa -ostura encolhida4 com a ca<eça !oltada -ara o sul4

de 9rente -ara o oeste e4 de-ois de arrumados os !asos domBsticos de cermica

nas laterais do t>mulo4 a co!a era co<erta e a terra e2cedente em-ilhada acimaem um monte4 so<re o +ual se -odiam de-ositar o9erendas(=?  tiolo -ossi<ilitou

a construção de uma cmara su<terrnea li!re de terra Ja su<estruturaK4 <em

como a ele!ação e am-liação do monte de terra em cima4 dando lu*ar a uma

masta<a de tiolos Ja su-erestruturaK4 +ue ser!ia tanto de memorial do

 -ersona*em +ue mora!a em<ai2o +uanto de ca-ela -ara seu culto 9uner)rio( Mas

tais su-erestruturas não resistem como a -edra( VEstruturas maciças desse ti-oV4

a9irma o Pro9( #eor*e Reisner em seu estudo <)sico das tum<as e*$-cias4

Vdesa-areceram com-ro!adamente em -oucos anos no >ltimo meio sBculo(V=% 

Por conse*uinte4 com o tem-o as masta<as desa-areceram as cmaras

su<terrneas4 nas +uais os reis de!eriam descansar -ara sem-re4 9oram

sa+ueadas4 e as areias -enetraram -elos tetos rachados(

A cmara de Hieracm-olis era de tamanho consider)!el3 845? metros de

com-rimento4 %4:? m de lar*ura e %45? m de -ro9undidade4 se-arada em duas

 -artes i*uais -or uma di!isria <ai2a( -iso e as -aredes eram de tiolo cru4

medindo em mBdia // cm -or %% cm -or : cm4 re!estidos de uma camada dear*amassa e co<ertos com tinta amarela( A <orda su-erior esta!a ni!elada com a

su-er9$cie deserta e seus conte>dos tinham desa-arecido(=/ A -intura4 entretanto4

 -erdurou( E os na!ios de casco alto +ue ela e2i<e4 im-ressionantes4 são de ti-o

meso-otmico( Entre suas numerosas 9i*uras tam<Bm notamos um homem

domando dois animais ram-antes J+uarta 9i*ura es+uerda in9eriorK e4 atr)s

dele4 um carrossel de +uatro ant$lo-es na e2tremidade direita do lon*o <arco4

mais dois ant$lo-es4 de 9rente -ara direç.es o-ostas J-ara cima e -ara <ai2oK4unidos -elas -ernas( Todos esses moti!os ha!iam che*ado ao E*ito -ro!enientes

da es9era Sudeste Asi)tica4 onde tinham sur*ido como moti!os <)sicos da

cermica -intada JSamarraK ) -or !olta de 85?? a(C(

Mas tam<Bm4 em<ora o<!iamente so< in9luencia de uma B-oca de

desco<ertas culturais oriundas da Meso-otmia4=&  no -er$odo da esteia de7 George 0ndreK Ieisner, The Development of the Eg$ptian Tom! do2n to the Accession of Cheops(;arvard niversi)y /ress, Cam3ridge, Mass&, 1#.'%, p& @&1 (!id &, p& 1.&$ Z"i3ell, op% cit%& p& $7&. ;elene J& an)or, >The Chronology o? gyp) and @)s Correla)ion Ki)h Tha) o? )her /ar)s o? )he Nearas) in )he /eriods 3e?ore )he *a)e -ronze 0ge>, in Io3er) +& hrich (ed&%, 'elative Chronologies inLld 5orld Archeolog$ (niversi)y o? Chicago /ress, Chicago, 1#6%, p& '&

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 Narmer a arte e*$-cia re!ela su<itamente e4 -elo +ue sa<emos4 sem

 -recedentes não a-enas uma ele*ncia no estilo e no modo de escul-ir -edra4

mas tam<Bm uma mitolo*ia solidamente 9ormulada4 +ue são suas caracter$sticas

in+uestion)!eis( monarca re-resentado B o 9ara Narmer4 +ue uma sBrie de

estudiosos identi9ica hoe com Menes4=8 o uni9icador das duas re*i.es do Alto eai2o E*ito4 -or !olta de /=5? a(C(=5 E o 9eito comemorado -arece ser sua

con+uista do Norte(

Vs sacerdotes di@emV4 escre!eu o Pai da Histria4 Herdoto J8=88/5

a(CK4 V+ue Menes 9oi o -rimeiro rei do E*ito e +ue 9oi ele +uem construiu o

di+ue +ue -rote*e M7n9is das inundaç.es do Nilo( Antes de seu reinado o rio

inunda!a inteiramente o terreno ao lon*o da areenta e2tensão montanhosa +ue

orla!a o E*ito do 'ndo da L$<ia( Ele4 entretanto4 aterrando o rio na sua cur!a a

a-ro2imadamente !inte &pa'( )50+ +uilmetros ao sul de M7n9is4 secou o anti*o

leito e a<riu um no!o curso -ara as )*uas entre as duas linhas montanhosas( \(((]

Menes4 o -rimeiro rei4 des!iando o curso do rio e trans9ormando a re*ião +ue

costuma!a ser seca4 construiu a cidade +ue hoe se chama M7n9is e 9ica na -arte

estreita do E*ito de-ois4 ele continuou a esca!ar um la*o 9ora da cidade4 -ara o

norte e oeste4 em comunicação com o rio4 +ue era a -r-ria 9ronteira leste do

 -a$s(V =6

 0 s"ges)!o ?oi ?ei)a primeiro por Se)he e Gars)ang Den+mQler armers> .iera+onpolis, ver )am3LmCapar)%= d"ard Meyer n!o a considero" improvQvel )ulturgeschichte des Altertums& vol& @, /ar)e $,se!o $7, no)a%, e ?oi acei)a por ;enri Frank?or),  Ancient Eg$ptian 'eligiRo (Col"m3ia niversi)y/ress, Nova York, 1#%, p& 16#&6 s)o" seg"indo o sis)ema de ?iHa!o de da)as de 0leHander Schar?? e 0n)on Moor)ga), op& cit &, p&.& :e .177 a&C, c?& +ilson, op% cit &, p& .1#= de .777 a&C, Sam"el 0&-& Mercer, The P$ramid Te#ts(*ongmans, Green, Nova York, *ondres e Toron)o, 1#6$%, vol& @B, p& $$6= e $77 a&C, /& van derMoer, in Lrientalia eelandica (1#%, pp& $.2#& :e)ermina[es de da)as pelo mL)odo Car3ono21

de "ma )"m3a da @ :inas)ia revelaram as seg"in)es varia[esE .717 \]2 $7 a&C e $6$ \]2 $'7 a&C(+&F& *i33y 'adiocar!on Dating ^niversi)y o? Chicago /ress, Chicago, 1#6$_, pp& <72<1%, i&e&, "maeH)ens!o )o)al de pro3a3ilidade de c&.$672$6#$ a&C&' ;erdo)o @@& ##&

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 -oderoso esse deus era s$ris4 identi9icado com o -ai morto do 9ara !i!o

mas no as-ecto de 9ilho o 9alcão( Hrus ele era o 9ara !i!o a*ora

reinante( Essencialmente4 entretanto4 esses dois4 o 9ara !i!o e o morto4 Hrus e

s$ris4 eram o mesmo(

Fi*uras =( Estela de Narmer Jre!ersoK3 E*ito4 c./=5? a(C( &pa'( )*)+

AlBm do mais4 em e*$-cio4 se*undo o Pro9( FranO9ort4 Vcasa4 cidade ou

-a$s -odem ser s$m<olos da mãeV(=:

 Conse+entemente a Vcasa de HrusV4 adeusa!aca H)tor4 não era a-enas a estrutura do uni!erso4 mas tam<Bm a terra do

E*ito4 o -al)cio real e a mãe do 9ara !i!o4 en+uanto4 como aca<amos de !er4

ele4 o ha<itante da casa4 auto*erado4 era não a-enas ele mesmo4 mas tam<Bm seu

 -r-rio -ai(

Tudo isso -ode -arecer um -ouco com-licado4 e com certe@a o B4 caso se

 -ense no 9ara sim-lesmente como este ou a+uele ser mortal4 nascido em tal ou

tal B-oca4 conhecido -or este ou a+uele 9eito e enterrado -or !olta desse ou

da+uele ano antes de Cristo( Entretanto4 a+uele 9ara +uando assim descrito

# Frank?or), )ingship and the Gods& loc% cit%

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  não B o mesmo Fara ao +ual a mitolo*ia se re9ere( Ele não B o 9alcão +ue B o

macho de sua -r-ria mãe( -rinc$-io 9aranico Fara com   mai>sculo

era um ser eterno4 não um mortal( Por isso a re9er7ncia mitol*ica e sim<lica

era sem-re C5ul Fara encarnado nesses 9aras mortais so<re os +uais

escre!emos +uando determinamos datas4 dinastias e outras +uest.es de interessehistrico(

[ ousado atri<uir uma su<stncia imortal a uma se+7ncia de homens

mortais mas na+uela B-oca essa insensate@ -odia ser sim-lesmente ecli-sada

 -elo dis9arce4 !endose não o homem mas a 9antasia4 como 9a@emos no teatro(

Era uma B-oca na +ual o titular do car*o não a*ia de acordo com sua -r-ria

!ontade4 mas com a de seu -a-el4 V-ara +ue os Preceitos -udessem ser

cum-ridosV( Pois como Thomas Mann certa !e@ e2-s muito <em em uma

discussão so<re o 9enmeno do Vmito ) !i!idoV3 VAnti*amente4 o e*o com sua

consci7ncia de si mesmo era di9erente do nosso4 menos e2clusi!o4 menos

 -recisamente de9inido( Ele era4 -or assim di@er4 a<erto atr)s rece<ia muito do

 -assado e4 re-etindoo4 concedialhe no!a atualidadeV( E -ara tal senso de e*o

im-recisamente di9erenciado4 Va -ala!ra imitação si*ni9ica!a muito mais do

+ue hoe( Era uma identi9icação m$tica( \(((] A !ida4 ou melhor4 a !ida

si*ni9icati!a4 era a reconstituição do mito em carne e san*ue re9eriase ao mito

e a-ela!a -ara ele a-enas atra!Bs dele4 atra!Bs da re9er7ncia ao -assado4 a !ida -odia con9irmarse como *enu$na e si*ni9icati!aV( E em conse+7ncia dessa

solene re-resentação da !ida como mito4 da !ida como citação4 o tem-o era

a<olido e a !ida torna!ase um 9esti!al4 uma m)scara3 a re-rodução c7nica com

sacerdotes como atores re-resentando os -rotti-os dos deuses -or e2em-lo4

a !ida e so9rimentos de s$ris morto e ressuscitado(:?

9ara da esteia de Narmer4 -ortanto4 em<ora e2ecutando um ato

histrico no tem-o4 em certa data e local4 na terra do E*ito4 B re-resentado nãoa-enas como um rei *uerreiro <emsucedido4 mas como a mani9estação na

histria de uma 9orma eterna( Essa 9orma tem de ser conhecida como a

V!erdadeV ou Vordem ustaV Jmaat K , +ue d) su-orte ao rei en+uanto consuma seu

9eito(

0erdade ou ordem usta4 maat B o -rinc$-io mitolo*icamente

 -ersoni9icado na deusa!aca H)tor( Ela B o -rinc$-io eternamente -resente4

mantenedor do mundo3 a uma s !e@ a estrutura do mundo e a 9orça maternal

atuando dentro dele4 -arindo o deus consumado e4 ao mesmo tem-o4 9ertili@ada

#7 Thomas Mann, >Fre"d and )he F")"re>, in 0ife and 0etters Toda$& vol& OB, nW 6, 1#.', pp& #72#1&

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em sua 9ecundidade -elo ato dele( [ -or isso +ue se di@ +ue o deus B  o macho de

sua mãe( E B  -or isso +ue o e!ento &pa'( )*!+ histrico mitolo*i@ado da estela

de Narmer est) coroado -elos +uatro as-ectos da deusa H)tor(

VA-s a con+uistaV4 a9irma o Pro9( FranO9ort4 Vtornouse -oss$!el

considerar a uni9icação do E*ito4 não como resultado e97mero de am<iç.escon9litantes4 mas como re!elação de uma ordem -redestinada( E assim a reale@a

9oi4 de 9ato4 considerada em toda a histria do E*ito \(((] como a usti9icação de

um estado de coisas di!inamente ordenado(V:%  Desse modo4 a *uerra e sua

crueldade não eram !iol7ncias contra a nature@a +uando -raticadas -elo rei

deus4 mas atos -ara a e2ecução de uma norma moral eterna4 maat, da +ual o rei4

com o cetro er*uido4 era a 9orça terrena e a re!elação( De tal rei di@se3 VFala

autori@ada JhuK est) em tua <oca( Entendimento J siaK em teu -eito( Teu discurso

B o santu)rio da ordem usta Jmaat K6 .:/

As di!inas !estes cerimoniais do rei e a alta estili@ação art$stica da estela

de Narmer 9a@em a mente !oltarse -ara o 9oco mitol*ico3 -or isso4 os deuses

a-arecem sustentando o e!ento( 0emos de um lado o Fara usando a alta coroa

 <ranca do Alto E*ito e4 com o cetro er*uido Ja -ostura de HrusK4 matando o

che9e dos -ntanos do Delta( Atr)s da ca<eça desse des!enturado homem Ja+ui

no -a-el mitol*ico do anta*onista -er!erso de s$ris4 o deus Set( inimi*o de

s$ris e morto -or HrusK est) o em<lema do sBtimo nomo do ai2o E*ito4 umar-ão4 hori@ontal4 acima de um la*o3 em<lema her)ldico do -o!o -escador cua

anti*a ca-ital era a cidade sa*rada de uto4 no Delta cidental( Sua -rinci-al

di!indade4 a deusanaa adel Jse*uindo a tradição de tais deusas locais4 +ue

não são mais do +ue es-eci9icaç.es da 9orça -rinci-al da deusamãe csmica de

maat), tornarseia a*ora a -adroeira e -rotetora do !itorioso4 cua 9açanha a

*lori9icou( Atr)s dele4 o<ser!amos um -ersona*em +ue carre*a suas sand)lias(

A sua 9rente4 acima da ca<eça da !$tima4 h) um 9alcão JHrus4 a 9orça amanteKse*urando uma corda -resa no nari@ de uma ca<eça humana +ue -arece emer*ir

do solo de um <reo de -a-iro( Uma inscrição di@3 V6(??? inimi*osV( E no -ainel

in9erior estão dois cad)!eres 9lutuando(

re!erso mostra o mesmo rei Narmer4 a*ora4 entretanto4 usando a coroa

!ermelha achatada4 com a es-ira +ue sim<oli@a o ai2o E*ito4 +ue ele

con+uistara( Se*uido no!amente -or a+uele +ue carre*a suas sand)lias4

 -recedido -or +uatro estandartes sim<licos4 o !encedor a-ro2imase de de@

#1 Frank?or), )ingship and the Gods& p& 1&#$  Frank?or), )ingship and the Gods& p& 61, ci)ando 0&;& Gardiner, in Proceedings of the "ociet$ ofBi!lical Archaeolog$& *ondres, OOOB@@@& p& 67&

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inimi*os deca-itados4 cada um com a ca<eça entre os -Bs( Na -arte in9erior da

com-osição h) um 9orte louro demolindo uma 9ortale@a3 o Fara caracteri@ado

como consorte de H)tor( No centro4 h) um s$m<olo mara!ilhoso da uni9icação

das Duas Terras3 le.es e -anteras com -escoços ser-entinos4 ori*in)rios da

Meso-otmia4 onde e2em-los de cerca de &5?? a(C( t7m -escoços entrelaçadosde maneira id7ntica(:&  E como l)4 tam<Bm a+ui as 9ormas entrelaçadas

sim<oli@am a união de um -ar de o-ostos destinados a unirse -ois tal era o

conceito dos dois E*itos4 heroicamente uni9icados(

E2aminandose de -erto as re-resentaç.es do rei4 -erce<ese +ue na -arte

su-erior do saiote h) +uatro -ainBis decorati!os4 cada um ornamentado no to-o

com uma ca<eça de H)tor assim4 no!amente4 ela a-arece +uatro !i!es4

su*erindo &pa'( )*#+ os +uadrantes( Essa 9ai2a real re-resenta o hori@onte4 +ue o

Fara ocu-a em seu car)ter di!ino( Tam<Bm h)4 sus-ensa dessa 9ai2a4 uma

es-Bcie de cauda( E as 9i*uras nos estandartes re-resentam4 da es+uerda -ara a

direita3 %( a -lacenta real /( o deuslo<o U-faut4 -ostado numa 9orma

conhecida como  shdshd, +ue !ai na 9rente do rei !itorioso como o

Fran+ueador do Caminho &( um 9alcão solar4 e 8( um se*undo 9alcão solar de

maneira +ue4 no!amente4 o n>mero B +uatro( Esses +uatro estandartes estarão

 -atentes em toda a histria do culto real( Eles re-resentam as-ectos mani9estos

do ha<itante da casa de Hrus4 cor-ori9icado nesse 9ara4 o Rei Terrestre4 cua -roteção e 9orça se es-alham nas +uatro direç.es(

Mas B e!idente +ue4 em<ora o conceito de monarca uni!ersal a+ui

re-resentado lenha -enetrado no E*ito durante o -er$odo #er@eano Tardio4 unto

com a idBia e instituição da -r-ria reale@a e4 em<ora sea tam<Bm e!idente +ue

o mesmo conceito -enetrou na 1ndia sBculos mais tarde e4 ainda mais tarde4 na

China e no a-ão4 o estila es-ec$9ico de ada-tação B -eculiar em cada dom$nio(

AlBm do mais4 em cada caso o no!o estilo -arece ter sur*ido su<itamente4 sem -rel>dio( S-en*ler em   Dcad8ncia do Ocidnt a-ontou -ara esse -ro<lema

  -ouco tratado -elos historiadores do s><ito a-arecimento de tais estilos

culturais em certos momentos cr$ticos dentro de hori@ontes limitados e sua

 -ersist7ncia4 a -artir da$4 -or sBculos4 atra!Bs de muitas 9ases de

desen!ol!imento e mudança( A estela de Narmer ) B E*ito( A -e+uena

se-ultura -intada4 um -ouco anterior4 ainda não B E*ito( s -escoços

entrelaçados dos animais na esteia de Narmer são da Meso-otmia4 como

#. ;enri Frank?or), The Birth of Civili6ation in the ear East (+illiams and Norga)e, *ondres, 1#61%, p&17$&

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tam<Bm os moti!os +ue a-ontei na se-ultura( Entretanto4 na estela eles 9oram

a-reendidos em um cam-o de ação +ue os trans9ormou em 9unç.es de uma

inter-retação mito-oBtica e*$-cia do lu*ar e destino do homem no uni!erso4 ao

 -asso +ue na se-ultura eles ainda não esta!am tão com-rometidos( Eles

 -ermaneceram ali mais na condição de uma miscelnea descoordenada tal!e@contando uma histria4 tal!e@ não não sa<emos( De +ual+uer maneira4 eles

ainda não esta!am contando a+uela histria em -articular +ue4 durante os tr7s

mil7nios se*uintes4 seria o *rande mito do E*ito com di9erentes 7n9ases4 mas4

não o<stante4 o mesmo(

E seremos o<ri*ados a reconhecer momentos similares tanto na 1ndia

+uando no E2tremo riente( Momentos em +ue4 como -areceria4 o car)ter da

cultura se decidiu momentos em +ue uma no!a inter-retação do uni!erso se

tornou socialmente atuante( E eles tomaram 9orma4 no in$cio4 não em uma !asta

e am-la es9era4 mas em centros es-ec$9icos4 restritos4 +ue lo*o se tornaram

centros de in9lu7ncia4 9ormando -rimeiro uma elite e de-ois4 aos -oucos4 uma

estrutura mais am-lamente -artilhada e -ortadora de ci!ili@ação en+uanto o

 -o!o -ermanecia essencialmente no n$!el neol$tico -rBliter)rio4 mais como

o<eto e matBria-rima do +ue como sueito e !italidade criati!a da histria mais

a!ançada(

"ual -ode ser o se*redo -sicol*ico do momento -reci-itador de umestilo cultural sem -recedentesI Ainda não temos essa in9ormação4 -elo menos

+ue eu sai<a( S-en*ler escre!eu so<re um no!o senso e e2-eri7ncia de

mortalidade um no!o temor da morte4 um no!o temor do mundo como

elemento catalisador( VNo &pa'( )*$+  conhecimento da morteV4 ele declarou4

Vori*inase a !isão de mundo +ue temos -elo 9ato de sermos humanos e não

animais(V:8

S-en*ler continua3 VA criança su<itamente ca-ta o +ue B o cad)!er sem!ida3 al*o +ue se tomou -ura matBria4 totalmente es-aço e4 ao mesmo tem-o4 ela

sente a si -r-ria como um sr indi!idual em um estranho !asto mundo( Da

criança de cinco anos a mim mesmo não h) mais +ue um -asso( Mas do <e<7

recBmnascido criança de cinco anos h) uma distncia es-antosa4 disse Tolsloi

certa !e@( A+ui4 nos momentos decisi!os da e2ist7ncia4 +uando o homem -ela

 -rimeira !e@ se torna homem e com-reende sua imensa solidão no uni!ersal4 o

medo do mundo re!elase -ela -rimeira !e@ como o medo essencialmente

# sKald Spengler, The Decline of the 5est (0l?red 0& nop?, Nova York,1#$' e 1#$%, )rad"!o deCharles Francis 0)kinson, vol& @@, p& 1'&

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humano na -resença da morte4 o limite do mundo da lu@4 do es-aço r$*ido( A+ui4

tam<Bm4 ori*inase o -ensamento mais ele!ado como meditação so<re a

morteV(:5

E4 conse+entemente4 Vtudo de +ue temos consci7ncia4 +ual+uer +ue sea a

9orma na +ual B a-reendido es-$rito e mundo4 ou !ida e realidade4 ouHistria e Nature@a4 ou lei e sentimento4 Destino ou Deus4 -assado e 9uturo ou

 -resente e eternidade tem -ara ns um si*ni9icado ainda mais -ro9undo4 um

si*ni9icado >ltimo( E o >nico meio de tornar esse incom-reens$!el

com-reens$!el tem de ser uma es-Bcie de meta9$sica +ue considere o 5u 5ur

5u s*a com si*ni9icado en+uanto s$m2olo6.E 

sur*imento da estela de Narmer marca o momento4 memor)!el -ara o

E*ito4 em +ue o or*anismo cultural atin*iu4 -or assim di@er4 a idade de cinco

anos( Al*o de modo de9initi!o tinha ocorrido3 al*o mais -ro9undo e de

!alor mais intimamente humano e in9initamente csmico do +ue o massacre de

seis mil inimi*os e a 9undação de um no!o  Rich. De 9ato4 a -resença de um

no!o estilo de arte o estilo de arte4 d %acto, e*$-cio4 e de uma !isão

mito-oBtica inte*rada4 micro e macrocsmica4 em +ue o 9ara ) est)

 -er9eitamente situado em seu -a-el -areceria indicar4 não +ue uma no!a crise

econmica ou -ol$tica ti!esse *erado uma no!a idBia de ci!ili@ação4 mas

e2atamente o contr)rio( A idBia ) m 4ist8ncia na estela de Narmer esta!adestinada a so<re!i!er en+uanto 9orça 9ormadora e mantenedora e9eti!a de

cultura atra!Bs de mil7nios de crises no!as e !elhas4 9amiliares e estranhas4

9a!or)!eis e des9a!or)!eis4 -ol$ticas e econmicas4 atB ser su<stitu$da e

li+uidada4 não -or um no!o e2Brcito ou uma no!a economia4 mas -or um no!o

mito4 no -er$odo de Roma(

V( IDENTI:ICA2ÃO M%TICA

 Nos >ltimos anos do sBculo -assado4 uma assom<rosa sBrie de se-ulturas

9oi esca!ada nas areias 9ora dos limites de A<idos no Alto E*ito e4 em<ora todas

ti!essem sido totalmente sa+ueadas4 restaram e!id7ncias su9icientes -ara dar

uma idBia do car)ter da mitolo*ia +ual tinham o -ro-sito de ser!ir(:, As duas

#6 (!id &, vol& @, pp& 1''21'<&#' (!id &, vol& @@, p& 1'.&#< 0"g"s)e Marie))e& Catalogue g:n:ral des monuments d9A!$dos (@mprimerie Nalionale, /aris, 17%=mile 0mLlinea", 0es ouvelles Oouilles d9Ah$dos (rnes) *ero"H& /aris, vol& @, SI-J ^1##_, vol& @@2SJ-K ^1#7$_, vol& @@@, SK-S ^1#7_%= +& M& Flinders /e)rie, The 'o$al Tom!s of the Oirst D$nast$(The gyp) Hplora)ion F"nd, *ondres, /ar)e @, 1#77= /ar)e @@, 1#71%&

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 -rimeiras eram do -er$odo -rBdin)stico tardio4 cerca de /:?? a(C4 maiores do

+ue a cmara de Hieracm-olis7 mas sem +ual+uer estu+ue  ou -intura( Cada

uma tinha cerca de 6 metros de com-rimento4 & de lar*ura4 & de -ro9undidade e

 -aredes não mais *rossas &pa'( )*5+ do +ue o com-rimento de um tiolo3 /= cm(

A se-ultura se*uinte4 entretanto4 era de um no!o e ma*n$9ico tamanho3 ,4=? m -or 84=? m e com -aredes de %45? m a /4%? m de es-essura( Cinco -ilastras em

cada lado e uma em cada e2tremo ha!iam ser!ido de su-orte -ara o

re!estimento interior de madeira4 en+uanto4 adunto a essa 9ormid)!el cmara4

 -ercorrendo cerca de ,/ m em direção nordeste4 ha!ia um no!o e es-antoso

achado3 um !erdadeiro em-reendimento imo<ili)rio su<terrneo de trinta e tr7s

 -e+uenas se-ulturas secund)rias re!estidas de tiolos4 em on@e 9ilas de tr7s

se-ulturas cada4 com uma >ltima tum<a na -onta mais distante e duas4 <em

maiores4 na mais -r2ima3 trinta e seis se-ulturas ao lodo( Al*o

de9initi!amente tinha ocorrido( E sa<emos o +u7( Pois essa era a se-ultura e

necr-ole do rei Narmer(:= A tum<a !i@inha4 de um certo rei Sma4 em<ora

i*ualmente 9ormid)!el4 carecia de uma necr-ole adunta( Entretanto4 a

se*uinte4 de mais ou menos o mesmo tamanho4 tinha a seu lado duas *randes

se-ulturas secund)rias e o nome de seu 9ara4 AhaMena4 9oi identi9icado -or

al*umas autoridades com Menes(:: H)4 -or isso4 al*uma d>!ida so<re +ual dos

tr7s 9oi4 de 9ato4 o -rimeiro 9ara4 o uni9icador dos dois E*itos nenhuma d>!ida4contudo4 a res-eito de +uem eram os se-ultados nas moradas adicionais da+ueles

 a@i*os su<terrneos(

E!id7ncias irre9ut)!eis so<re a nature@a dos ritos +ue4 no -er$odo do

Anti*o Reino do E*ito Jcerca de /=5?/%:? a(C(K acom-anha!am as e2B+uias de

um rei4 !ieram lu@ entre %:%& e %:%64 +uando o Pro9( #eor*e Reisner esca!ou

um cemitBrio e*$-cio relati!amente intocado4 de cerca de =% hectares de

e2tensão4 <em no alto do Nilo4 na N><ia4 onde um *o!erno -ro!incial e*$-ciomuito -rs-ero4 cerca de /???%,?? a(C4 ha!ia controlado as rotas comerciais e4

 -rinci-almente4 o su-rimento de ouro -ara o Norte( De!ese o<ser!ar +ue essas

datas -ertencem ao -er$odo do Reino 'ntermedi)rio do E*ito J/?5/%6%? a(CK(

+uando rituais desse ti-o não mais se -ratica!am Jnão +ue sai<amos4 -elo

menosK nos -rinci-ais centros da ci!ili@ação e*$-cia( Entretanto4 na+uela B-oca4

como hoe4 as -essoas +ue !i!iam nas -ro!$ncias4 lon*e da -er!ersidade das

*randes cidades4 tendiam a 9a!orecer e 9omentar a <oa e !elha reli*ião com suas

# /e)rie, op% cit%& /ar)e @@, pp& 62< e ?ig& *@O&## (!id &, p& 6 e Meyer, op% cit%& vol& @, /ar)e $, p& 1.$= )am3Lm Schar?? e Moor)ga), op% cit%& pp& 721&

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 <oas e !elhas maneiras(

cemitBrio em +uestão era uma imensa necr-ole4 +ue esti!era em

9uncionamento -or cerca de tre@entos anos e continha um semn>mero4 tanto de

 -e+uenas e modestas se-ulturas4 +uanto de *randes t>mulos4 um dos +uais com

mais de :? m de dimetro( E o +ue o esca!ador encontrou4 sem e2ceção4 9oi um -adrão de se-ultamento com sacri9$cio humanoes-eci9icamente4 sacri9$cio de

mulheres3 da es-osa e4 nas tum<as mais o-ulentas4 todo o harBm4 unto com

ser!içais(

cor-o -rinci-al masculino esta!a sem-re deitado so<re seu lado

direito ao sul da co!a4 ha<itualmente so<re um leito com tra!esseiro de madeira4

com a ca<eça orientada -ara o leste4 de 9rente -ara o norte Jem direção ao

E*itoK4 e com as -ernas le!emente Fle2ionadas nos oelhos4 a mão direita so< a

9ace e a es+uerda so<re o coto!elo direito ou -erto dele4 como -ara dormir( Ao

lado e em !olta esta!am as armas e adornos -essoais4 certos arti*os de toalete e

im-lementos de <ron@e4 um le+ue de -enas de a!estru@ e um -ar de sand)lias de

couro cru( Uma -ele de animal &pa'( )**+  J*eralmente de <oiK co<ria todo o

cor-o e os -Bs da cama eram em 9orma de -atas de touro( cor-o tinha sido

!estido de linho <ranco e ha!ia numerosos e *randes reci-ientes de cermica

dis-ostos em !olta das -aredes(

De consider)!el interesse e im-ortncia a+ui B o detalhe das -atas detouro4 untamente com a -ele de animal( Sir Flinders Petrie4 em seu relato so<re

o a*ru-amento de se-ulturas sa+ueadas +ue ele esca!ou nas areias de A<idos4

in9ormou +ue entre os 9ra*mentos de <ens se-ultados +ue restaram -ara ser

classi9icados ha!ia numerosas -artes de m!eis Jcadeiras4 camas4 estoos etc(K

com -Bs escul-idos de maneira a simular -atas de touro4%?? ao -asso +ue -elo

9inal da 0 Dinastia Jcerca de /&5? a(CK4 -atas de leão começaram a su<stituir as

de touro( Na+uela B-oca4 tam<Bm4 a -r)tica do sacri9$cio humano nosse-ultamentos reais ) tinha sido a<andonada( As tum<as4 alBm do mais4 eram

então constru$das com -edra4 não com tiolos4 e os santu)rios eram eri*idos ao

no!o deussol R)4 a +uem o -r-rio 9ara -resta!a re!er7ncia4 como se 9osse seu

 -ai nas alturas4 no cBu não a<ai2o4 na co!a( Da+uele -er$odo em diante4 o

9ara era conhecido como o V<om deusV4 ao -asso +ue no -er$odo das Dinastias '

a '0 ele era o V*rande deusV +ue não -resta!a re!er7ncia a nin*uBm4 sendo ele

 -r-rio a mani9estação su-rema do -rinc$-io di!ino no uni!erso(%?%  Portanto4

177 /e)rie, op& cit%& /ar)e @@& p& $171 Meyer, op& cit &, vol& @, /ar)e $& p, $7&

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 -arece +ue durante os memor)!eis cinco sBculos +ue decorreram entre a

9undação da ' Dinastia Jc(/=5? a(C(K e a +ueda da 0 Dinastia Jc(/&5? a(C(K

aconteceu o a-o*eu e a trans9ormação do culto 9aranico do touro -oderoso4

mas não se encontra re*istrado em nenhum te2to escrito3 a-enas nas 9ormas

mudas e conte>dos das tum<as dos 9aras mortos-orBm!i!endo-arasem-re esuas cortes se-ultas(

Em cada um dos t>mulos da necr-ole n><ia o<ser!ouse +ue o cor-o

 -rinci-al e seus -ertences ocu-a!am a-enas uma -arte muito -e+uena da

esca!ação( restante era ocu-ado -or outros cor-os humanos de um a uma

d>@ia4 nos se-ultamentos menores e4 nos maiores4 de cin+enta atB +uatrocentos

ou +uinhentos( s t>mulos colossais ) mencionados4 com não menos de :? m

de dimetro4 tinham um lon*o corredor em sentido lesteoeste atra!essando o

centro4 a -artir do +ual uma es-Bcie de cidade se-ulta com muros de tiolos4

literalmente a<arrotada de es+ueletos4 se estendia atB a -eri9eria( Restos de

numerosos carneiros tam<Bm 9oram encontrados nos t>mulos( E4 em contraste

com a -ostura sem-re serena do cor-o -rinci-al4 a dis-osição dos outros cor-os

não se*uia nenhuma re*ra4 e2ceto +ue a maioria esta!a so<re seu lado direito4 a

ca<eça orientada -ara o leste4 mas em +uase todas as -osturas -oss$!eis( As

mãos esta!am *eralmente so<re o rosto ou na *ar*anta4 mas s !e@es

entrecru@adas e outras -u2ando os ca<elos( VA esses cor-osV4 escre!e o Pro9(Reisner4 Veu chamo de sacri9$cios(V %?/

Sem d>!ida4 seu maior n>mero4 sea nos t>mulos menores ou nos maiores4

era de mulheres e4 entre elas4 uma -articularmente <em acom-anhada de ias e

 <ens se-ultados era sem-re colocada4 ora diretamente em 9rente4 ora so<re o

leito4 -or <ai2o da -ele de animal( V a*ru-amentoV4 declara o Pro9( Reisner4

de-ois de muitos anos de cuidadosa esca!ação e estudo desses t>mulos4

Vre-resenta um *ru-o 9amiliar \(((] constitu$do de mem<ros de uma 9am$lia4em<ora não necessariamente incluindo &pa'( )*-+ a 9am$lia inteira(V E nos

t>mulos maiores4 onde o n>mero de ocu-antes aumenta!a a-ro2imadamente em

 -ro-orção ma*nitude do monumento4 mesmo as +uatrocentas ou +uinhentas

 -essoas -resentes s !e@es não teriam sido demais -ara re-resentar o harBm de

um *o!ernador e*$-cio do Sudão( Esse total teria inclu$do uma *rande

 -ro-orção de mulheres e crianças4 mas tam<Bm *uardacostas e criados

masculinos e B <em -oss$!el4 mas indetermin)!el4 +ue al*uns deles 9ossem

17$ George 0& Ieisner, E#cavations at )erma& ;arvard 0?rican S)"dies& Bol& B (/ea3ody M"se"m o?;arvard niversi)y, Cam3ridge, Massach"se))s, 1#$&1%, pp& '62''&

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eunucos(

homem Jlem<ranos o Pro9( ReisnerK era o *o!ernante de um -a$s +ue

controla!a as -rinci-ais rotas de comBrcio e o su-rimento de ouro do E*ito e -ela

distncia em dias de !ia*em de Te<as e M7n9is4 de!e ter ocu-ado a -osição de

um !icerei +uase inde-endente4 mas +ue -a*a!a tri<utos ao rei do E*ito( Em taiscondiç.es4 um harBm com todos seus inte*rantes criados e -ro*7nie !ariada

  9acilmente totali@aria +uinhentas -essoas ou mais( Portanto4 todas as

a9irmaç.es com relação aos cor-os +ue acom-anha!am o -rinci-al nos t>mulos

menores4 a-licamse i*ualmente aos dos *randes t>mulos( Essas se-ulturas

imensas tam<Bm re-resentam enterros 9amiliares reali@ados em um >nico dia4

di9erindo a-enas em escala4 +ue era -ro-orcional ao lu*ar e -oder do -ersona*em

 -rinci-al(

Concluindo +ue a Se-ultura re-resenta um *ru-o 9amiliar de criados4

mulheres e crianças unto com o cor-o -rinci-al concluindo +ue todos 9oram

enterrados no mesmo dia e na mesma co!a concluindo +ue isso não ocorria

a-enas em uma se-ultura4 mas em todas em um !asto cemitBrio4 contendo s na

 -arte e*$-cia -or !olta de +uatrocentas se-ulturas4 e +ue a -r)tica de!e co<rir um

 -er$odo de muitas centenas de anos4 ca<e então -er*untar e2-eri7ncia humana

so< +uais condiç.es tal costume -ode e2istir( As -ossi<ilidades de *uerra são

sim-lesmente a<surdas a -ossi<ilidade do e2term$nio cont$nuo de 9am$lia a-s9am$lia4 e2ecutadas -or !iolaç.es criminais ou -ol$ticas4 não -ode ser seriamente

considerada4 e não h) com certe@a nenhum micr<io conhecido da ci7ncia

moderna +ue -udesse a*ir de maneira tão male!olamente o-ortuna4 le!ando

9am$lia a-s 9am$lia ao mesmo tem-o -ara o t>mulo4 atra!Bs de tantas *eraç.es(

Em lodo o m<ito do conhecimento atual4 h) a-enas um costume conhecido +ue

le!a a 9am$lia ou -arte dela -ara o outro mundo unto com seu che9e3 B o

costume4 am-lamente -raticado4 mas mais conhecido no ritual hindu chamado sati no +ual as es-osas do de9unto se lançam Jou são lançadasK na -ira 9uner)ria(

Costumes como esse e2-licariam -er9eitamente os 9atos re*istrados nos t>mulos

de Werma e4 a-s !)rios anos de re9le2ão4 não me ocorre nenhum outro costume

conhecido ou -oss$!el +ue e2-licasse4 mesmo -arcialmente4 esses 9atos(%?&

Desem<ocamos4 assim4 diante de um interessante eni*ma4 +ue de!e

acorrer mente de todos os +ue com-aram seriamente os costumes anti*os do

E*ito com os da 1ndia e do E2tremo riente o eni*ma das numerosas analo*ias

17. (!id &, pp& '2<7&

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+ue a-arecem4 e continuam a a-arecer(

Por e2em-lo4 na mitolo*ia da estela de Narmer4 a 9i*ura da !aca B4 sem

du!ida al*uma4 <!ia( alcance da re9er7ncia reli*iosa e emocional da !aca em

toda a literatura e !ida na 1ndia B enorme sem-re4 entretanto4 a maneira de uma

ima*em &pa'( )*/+ maternal4 <ondosa e +uerida um V-oema de com-ai2ãoV4 -ara usarmos a 9rase de #andhi(%?8 ) no Ri* 0eda Jc(%5??%??? a(C(K a deusa

Aditi4 mãe dos deuses4 era uma !aca(%?5 Nos ritos4 uma !aca era cerimonialmente

chamada -elo seu nome(%?6  Ela era o Vsustent)culo das criaturasV4%?, 

Vam-lamente e2-andidaV4%?= mãe do deussol Mitra e do senhor da !erdade e da

ordem uni!ersal4 0aruna%?:  mãe4 tam<Bm4 de 'ndra4 rei dos deuses4 tratado

constantemente como um touro%%? e ar+uBti-o do monarca terreno( No hindu$smo

 -osterior dos -er$odos tntrico e -urnico Jc(5??%5?? d(CK4 +uando os ritos e

mitolo*ias de 0isnu e Xi!a 9loresceram4 Xi!a era identi9icado com o touro4

0isnu com o leão( !eiculo ou montaria de Xi!a era o touro <ranco Nandi4 cua

9orma sua!e B uma 9i*ura 9re+ente em todos os seus tem-los e4 em um caso

cBle<re4 em Mamalla-uram4 -erto de Madras Jo Tem-lo da Praia4 c(,??,/?

d(C(K4%%% Nandi a-arece multi-licado !)rias !e@es4 maneira de uma es-Bcie de

moldura em !olta do com-le2o( AlBm disso4 a consorte de Xi!a4 a deusa Sati4

+ue se imolou -or causa de seu amor e 9idelidade4 B o modelo da -er9eita es-osa

indiana( E4 9inalmente4 a 9i*ura mitol*ica indiana e ideal do rei uni!ersalJcakravartinK , cuo dom$nio tem o hori@onte como limite4 9rente ao +ual a roda

do sol JcakraK  *ira JvartatiK como uma mani9estação da autoridade di!ina +ue

a<re o caminho -ara as +uatro direç.es4 +ue ao nascer B dotado com trinta e dois

*randes sinais e numerosos sinais com-lementares e +ue4 +uando se-ultado4

de!er) ter uma imensa estu-a J st>#aK  eri*ida so<re seus restos mortais4%%/  est)

sem d>!ida em -er9eita corres-ond7ncia com a anti*a ima*em e*$-cia e com o

ideal do 9ara(Tais -aralelos não são concatenaç.es acidentais4 mas conuntos

mitol*icos estruturadores de cultura4 relacionados e -ro9undamente17 eKal Mo)Kani, ndia> A "$nthesis of Cultures (Thacker and Company, -om3aim, 1#<%, p& $6.&176 'g 8eda 1&16.&.= &#7&16= 17& 11&1&17' 0&0& Macdonell, 8edic M$tholog$% Grundriss der (ndo-Arischen Philologie und Altertums+unde& vol&@@@, 1W ?asc4c"lo 0& (arl J& TrV3ner, s)ras3"rgo, 1#<%, p& 1$$&17< 'g 8eda 1&1.'&.&17 (!id%& 6&'&'&17# (!id%& &$6&.= 17&.'&.= 17&1.$&'&117 (!id%& &1&17= 17&111&$&111 ;einrich immer (ed& Joseph Camp3ell%, The Art of (ndian Asia (/an)heon -ooks, The -ollingenSeries OOO@O, Nova York& 1#66%, vol& @@, ?igs& $#2$#6&11$ C?& ;einrich immer (ed& Joseph Camp3ell%, Philosophies of ndia (/an)heon -ooks, The -ollingenSeries OOB@, Nova York, 1#61%, p& 1.. e no)a&

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si*ni9icati!os4 +ue re-resentam o -r-rio n>cleo do -ro<lema su-remo de

+ual+uer ci7ncia de cultura com-arada4 mitolo*ia4 reli*ião4 arte ou 9iloso9ia4

consideradas com seriedade(

ritual do sati -ara ns4 terr$!el4 cruel e a-arentemente sem sentido

 4 -raticado na 1ndia atB hoe4 o encontramos no -assado remoto e*$-cio e odesco<riremos no!amente na China -rimiti!a( As tum<as reais de Ur o re!elam

na Meso-otmia e h)4 tam<Bm4 e!id7ncias na Euro-a( +ue si*ni9icar) +ue o

homem4 -recisamente nos momentos de -rimeiro 9lorescimento de suas *randes

ci!ili@aç.es4 sacri9icou sua humanidade e senso comum Jde 9ato4 -odese di@er4

mesmo seu deseo <)sico4 <iol*ico4 de !i!erK no altar de um sonhoI

Ter$amos irrom-ido nas cidades do sono de !$timas !olunt)rias ou

9orçadasI

VSe as !$timas ti!essem sido mortas antes de serem colocadas nos

t>mulosV4 escre!eu o Pro9( Reisner4 Velas teriam sido colocadas todas na mesma

 -osição4 ordenadamente do lado direito4 com a ca<eça -ara o leste4 com a mão

direita so< a 9ace e a es+uerda so<re o coto!elo direito ou -erto dele(V

Entretanto4 em<ora al*umas esti!essem +uase nessa -osição4 a maioria esta!a

em outras -osturas4 +ue -ara citar o Pro9essor V-odiam a-enas ter

resultado do medo4 de uma atitude resoluta so< a dor ou sua anteci-ação4 ou de

outros mo!imentos +ue sur*iriam naturalmente no cor-o de -essoas -er9eitamente saud)!eis so9rendo morte -or su9ocação conscientemente aceitaV(

&pa'( )*0+

A coisa mais comum era a -essoa enterrar a ca<eça nas mãos4 ou colocar

uma das mãos so<re o rosto e -ressionar a outra entre as co2as( Em tr7s casos o

 <raço cru@a!a o -eito4 se*urando a nuca -elo lado o-osto( utro es+ueleto

a-resenta!a a ca<eça -endida na cur!a do coto!elo Vde maneiraV4 a9irma o

Pro9( Reisner( Vmuito re!eladora do estado mental no momento de serenterradoV( utro esta!a so<re o lado direito4 com a ca<eça -ara o oeste4 mas

com o om<ro direito !irado -ara tr)s e a mão direita se*urando um le+ue de

 -enas de a!estru@ -ressionado na 9ace inclinada so<re o -eito4 en+uanto o <raço

es+uerdo4 atra!essado4 se*ura!a o ante<raço direito4 Dois es+ueletos 9oram

desenterrados com as testas -ressionadas uma na outra4 como -ara consolarse(

utro tinha os dedos da mão direita a*arrados no cordão de contas em !olta da

ca<eça4 e essa era uma atitude <astante comum( A !$tima -rinci-al em uma das

se-ulturas4 a mulher na cama4 em<ai2o do couro de <oi4 esta!a !irada de costas4 -ernas a<ertas4 mão es+uerda a-ertada contra o -eito4 a direita a-ertando o osso

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 -Bl!ico direito e com a ca<eça cur!ada so<re o om<ro es+uerdo( utra se-ultura

re!elou uma -o<re criatura +ue tinha en*atinhado atB de<ai2o da cama e ali

su9ocara lentamente( A -osição de suas -ernas mostrou +ue ela se tinha deitado

so<re o lado direito4 da maneira a-ro-riada4 com a ca<eça -ara o leste4 mas

então tinhase !irado de <ruços com a ca<eça !oltada como se 9osse re-ousarso<re a 9ace es+uerda4 de 9rente -ara o sul em lu*ar do norte( s <raços esta!am

estendidos -ara <ai2o com a mão es+uerda nas n)de*as e a direita

a-arentemente a-ertando o -B es+uerdo( Pois como a cama era <ai2a4 ela não

 -odia !irarse sem esticar as -ernas e isso era im-oss$!el4 -ois elas se

 -roetariam -ara 9ora do -B da cama4 +ue esta!a <lo+ueado E ainda outra

mulher4 tam<Bm a !$tima -rinci-al em seu t>mulo4 deitada ao -B do leito4 so< a

 -ele de <oi4 tinhase !irado de costas com a mão direita contra a -erna direita e a

mão es+uerda4 na a*onia4 a-ertando o tra2(%%&

Entretanto4 a-esar desses sinais de so9rimento e mesmo de -nico na hora

da dor e su9ocação4 não de!er$amos -ensar no estado mental e e2-eri7ncia

da+uelas -essoas de acordo com +ual+uer modelo nosso de reaç.es ima*in)!eis

diante de tal destino( Pois a+ueles sacri9$cios não eram4 de 9ato4 -ro-riamente

 -essoais em outras -ala!ras4 não se trata!a de seres -articulares4 destacados de

uma classe ou *ru-o em !irtude de +ual+uer sentido ou reali@ação de um destino

e res-onsa<ilidade -essoais e indi!iduais a serem desen!ol!idos em uma !idaindi!idual( Eram -artes4 a-enas4 de um todo maior4 e era a-enas em !irtude de

sua a<soluta su<missão a esse todo4 ao seu inalter)!el im-erati!o cate*rico4

+ue tais seres eram al*o(

sentido -leno do termo indiano sati J satī K  e2-or)4 acho eu4 al*o da

+ualidade e car)ter da mente e coração a<solutamente a<ertos a uma

identi9icação com um -a-el( A -ala!ra -ro!Bm da rai@ !er<al snscrita  sat,

VserV4 VestarV( A 9orma su<stanti!a4 sat!a, si*ni9ica V!erdade o real4 *enu$no esincero4 o leal4 !irtuoso4 -ino e <omV4 <em como Vo reali@ado4 o consumadoV4

en+uanto o ne*ati!o4 a+sat, Virreal não!erdadeiroV4 tem as conotaç.es Verrado4

mau e !ilV4 e na 9orma 9eminina do -artic$-io4 a+satī, Ves-osa 'n9iel4 'ncastaV4

=atī, o -artic$-io 9eminino de sat, é a 97mea +ue realmente B al*o -or+uanto ela

B de 9ato uma -ersona*em do -a-el &pa'( )*1+ 9eminino3 ela não B a-enas <oa e

!erdadeira no sentido Btico4 mas !erdadeira e real ontolo*icamente( Na lealdade

de sua morte4 ela se torna una com seu -r-rio ser !erdadeiro(

Uma -erce-ção esclarecedora4 em<ora um tanto +uanto es-antosa4 da

11. Ieisner, E#cavations at )erma& pp& <72<1&

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9onte silenciosa e -ro9unda do es-$rito oriental arcaico4 re-leto desse sentido de

transcend7ncia de sua -r-ria realidade4 e -ro-orcionada -or uma histria +uase

inacredit)!el de um ritual sati na 1ndia recente4 +ue ocorreu em %= de março de

%=%&( A not$cia 9oi comunicada -or certo ca-itão <ritnico Wem-4 testemunha

ocular do sacri9$cio !i!o4 a um anti*o mission)rio na 1ndia4 o Re!erendoilliam ard( Um dos melhores e mais o!ens tra<alhadores do ca-itão4

chamado 0ish!anatha4 +ue ha!ia estado doente durante al*uns dias4 9ora

in9ormado -or um astrlo*o +ue esta!a -restes a morrer4 e4 -or isso4 tinha sido

le!ado atB a mar*em do #an*es -ara e2-irar( 'merso atB a cintura nas )*uas

tur!as4 ele 9oi mantido ali -or certo tem-o4 mas como não morreu4 9oi le!ado de

!olta mar*em e ali dei2ado torrando ao sol( Então4 9oi no!amente colocado

dentro do rio e de no!o le!ado de !olta mar*em( Essa 9unção continuou -or

umas trinta e seis horas4 atB +ue 9inalmente4 ele morreu4 e sua es-osa4 uma

 o!em saud)!el de de@esseis anos4 ao sa<er da morte4 Vche*ou deses-erada

decisãoV4 escre!e o ca-itão4 Vde ser enterrada !i!a com o de9untoV( o9icial

 <ritnico tentou em !ão -ersuadir4 -rimeiro a o!em e de-ois sua mãe4 de +ue tal

decisão era uma loucura4 mas não o<te!e o menor sinal nem de hesitação nem

de -esar( E assim a o!em !i>!a4 acom-anhada de seus ami*os4 encaminhouse

 -ara a -raia onde esta!a o cor-o e ali 9oilhe o9ertado um -e+ueno ramo de

man*ueira e4 ao rece<7lo4 ela selou sua decisão(

Ys oito horas da noite Jescre!e o ca-itãoK o cad)!er4 acom-anhado da

!$tima !olunt)ria4 9oi le!ado -ara um lu*ar um -ouco a<ai2o da nossa )rea4 onde

me re9u*iei4 -ara assistir -r)tica de um crime +ue eu mal conse*uia acreditar

 -oss$!el de ser cometido -or um ser humano( cad)!er tinha sido dei2ado no

chão -erto do rio4 en+uanto era esca!ada a co!a circular de a-ro2imadamente

845? m de circun9er7ncia e %45? m ou %4=? m de -ro9undidade e então Jde-ois daleitura de al*umas -recesK4 ele 9oi colocado no 9undo da co!a4 em -osição

sentada4 com o rosto !oltado -ara o norte4 e o -arente mais -r2imo -assoulhe

um chumaço de -alha le!emente no alto da ca<eça( A o!em !i>!a4 então4

adiantouse e deu sete !oltas em torno da co!a4 *ritando Fari Bul Fari Bul∗  

acom-anhada -elas -essoas !olta( Lo*o desceu co!a( Então me a-ro2imei4

 -ara o<ser!ar se ha!ia al*uma relutncia em seu sem<lante ou -esar em al*um de

seus -arentes( Ela colocouse em -osição sentada4 com o rosto de 9rente -ara as

 R >;ari (is)o L, Bisn"%, Salve` ;ari, Salve`> /ara a m"lher indiana, se" marido L  "ma mani?es)a!o de:e"s&

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costas de seu marido4 a<raçando o cad)!er com o <raço es+uerdo4 e reclinou a

ca<eça so<re os om<ros dele a outra mão4 ela colocou so<re sua -r-ria ca<eça4

com o indicador a-ontado4 mo!endoo em c$rculos( A terra 9oi então &pa'( )-)+

!a*arosamente dis-osta em !olta deles dois homens esta!am dentro da co!a

com o -ro-sito de socar a terra em !olta do morto e do !i!o4 o +ue eles 9i@eramcomo 9a@ um ardineiro em !olta de uma -lanta recBmtrans-lantada4 atB +ue a

terra se ele!ou atB a su-er9$cie4 ou sea 6? ou =? em acima das ca<eças dos

se-ultados( En+uanto a ca<eça da o!em era co<erta4 antes de co<rir o dedo de

sua mão direita4 ti!e a o-ortunidade de o<ser!ar se ela mani9esta!a al*um -esar

mas o dedo continuou mo!endose em c$rculos da mesma maneira +ue antes4 atB

a terra 9a@7lo desa-arecer -or com-leto( Não se !iu nenhuma l)*rima de

des-edida derramada -or nenhum de seus -arentes atB o *ru-o dis-ersarse4

+uando então se iniciaram os lamentos e sus-iros costumeiros4 mas sem

a9liç.es(%%8

Podemos com-arar esta cena com a reconstrução do Pro9( Reisner dos

ritos de se-ultamento do *rande *o!ernador -ro!incial( Pr$nci-e He-@e9a4 no

maior dos t>mulos do cemitBrio n><io de Werma4 +ue de!e ter ocorrido4 se*undo

seus c)lculos4 entre %:8? e %==? a(C(%%5 A -rocissão teria -artido de um *rande

edi9$cio retan*ular4 cuas ru$nas 9oram esca!adas acerca de &/ m do -rodi*iosot>mulo(

'ma*ino a -rocissão saindo da ca-ela 9uner)ria Jele escre!eK e tomando o

atalho -ara a entrada oeste do lon*o corredor +ue le!a ao t>mulo o leito de

+uart@ito a@ul!$treo4 no +ual o de9unto He-@e9a -ro!a!elmente ) esta!a deitado

co<erto com traes de linho4 com a es-ada entre as -ernas4 sua almo9ada4 seu

le+ue e suas sand)lias nos de!idos lu*ares os ser!os com arros de ala<astrocontendo un*entos4 cai2as de arti*os de toucador e o*os4 os *randes !eleiros

a@uis de 9aiança com toda a tri-ulação a <ordo4 os !asos de 9aiança lindamente

decorados e a 9ina cermica de uso di)rio do -r$nci-e os carre*adores tal!e@

 -u2ando as cordas +ue arrasta!am as duas *randes est)tuas acondicionadas so<re

trens4 em<ora elas -ossam ter sido le!adas atB o t>mulo anteriormente os

carre*adores +ue le!a!am as estatuetas mais le!es a multidão de mulheres e

11 Iev& +illiam +ard, A 8ie2 of the .istor$& 0iterature& and 'eligion of the .indoos (The -ap)is)

Mission Socie)y, Serampore, 116, 1 ed&= -lack, /ar3"ry and 0llen, -ooksellers )o )he ;on& as)Xndia Company, *ondres, 1$7, $ ed&, condensada e aper?eioada, vols& @ e @@, 11<, vols& @@@ e @B%& eHcer)o e do vol& 1 (11<%, pp& lHHi2lHHiii, no)a&116 Ieisner, E#cavations at )erma& pp& ##217$&

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criados do harBm co<ertos com seus mais <elos ornamentos4 muitos le!ando

al*uns utens$lios ou !asos indis-ens)!eis( Eles marcha!am4 não no sil7ncio

cerimonioso de nossos 9unerais4 mas com todas as ululaç.es e -rantos comuns ao

 -o!o do Nilo( leito com o cor-o B colocado na cmara -rinci-al4 os o<etos

mais 9inos nessa cmara e na antecmara4 os o<etos de cermica entre as est)tuase estatuetas no corredor( As -ortas das cmaras são 9echadas e lacradas( s

sacerdotes e o9iciantes retiramse( As mulheres e criados tomam seus lu*ares4

acoto!elandose no corredor estreito4 tal!e@ ainda *uinchando ou -ro9erindo as

 -ala!ras ade+uadas ao seu lu*ar( s *ritos e mo!imentos cessam totalmente( [

dado o sinal( A multidão de -essoas reunidas -ara a cerimnia4 de -rontidão4 o*a

a terra de seus cestos so<re as !$timas im!eis4 mas !i!as( [ 9)cil ima*inar a

con9usão 9renBtica e a -reci-itação da multidão -resente( As emoç.es das !$timas

 -odem tal!e@ ser e2a*eradas -or ns -r-rios elas eram 9ortalecidas e a-oiadas

 -or suas crenças reli*iosas e tinham assumido !oluntariamente seus lu*ares4 sem

d>!ida4 mas no momento 9inal  sa<emos a -artir de suas -osturas na hora da

morte  um arre-io de medo -ercorreuas4 em al*uns casos4 hou!e um es-asmo

de a*onia 9$sica( &pa'( )-!+

corredor era ra-idamente co<erto( Uma !e@ +ue a terra esla!a

con!enientemente dis-osta4 al*umas centenas de homens -odiam reali@ar o

tra<alho em um +uarto de hora al*uns milhares com cestos cheios de terra -odiam e9etuar a tare9a em al*uns minutos( A multidão reunida diri*iuse então4

 -ro!a!elmente4 -ara a *rande cele<ração( ois ha!iam sido a<atidos ritualmente

 -ara +ue seus es-$ritos acom-anhassem o es-$rito do -r$nci-e( A carne tinha +ue

ser comida4 como sem-re o era( Se estou certo em minha inter-retação dos

9ornos4 +ue consistiam de cin@as e terra !ermelha +ueimada4 e +ue -ontilha!am a

cam-ina -ara o oeste e sul do t>mulo4 a multidão rece<ia a carne em -orç.es e a

distri<u$a4 -ela )rea adacente4 a *ru-os 9amiliares ou comunit)rios4 -ara ass)la ecom7la( Não h) d>!ida de +ue os lamentos e os 9esteos se -rolon*a!am -or

!)rios dias4 acom-anhados de o*os e danças( Dia a-s dia4 a 9umaça das

9o*ueiras de!e terse diri*ido -ara o sul( \(((]%%6

11' (!id &, pp& <2<#&

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Fi*ura :( Petr*li9o4 <arco da morte3 N><ia4 c(5??5? a(C(I

 Não h) d>!ida de +ue diante desses dois ritos4 tão di9erentes em

intensidade4 estamos na es9era da mesma crença es-iritual( A mitolo*ia e o ritual

do sati4 +ue tanto chocou os -rimeiros !isitantes ocidentais na 1ndia e a9rontou o

senso moral ocidental4 são muito mais anti*os do +ue a tradição <rmaneindiana +ual o ritual B em *eral atri<u$do4 e -ela +ual 9oi mantido atB ser

a<olido em %=/:( Em nosso -rimeiro !olume desta o<ra( @itologia Primitiva,

discutimos detalhadamente a mitolo*ia do ritual amormorte -rimeiramente

como ele tem sido -raticado atB o &pa'( )-#+  -resente no n$!el cultural das

comunidades a*r$colas -rimiti!as da @ona tro-ical e+uatorial4 do Sudão em

direção leste atB a 'ndonBsia e4 atra!Bs do Pac$9ico4 atB o No!o Mundo4 e a

se*uir como ele a-areceu em uma 9orma considera!elmente ele!ada nos ritos

reais das -rimeiras cidadesestados hier)ticas do riente Pr2imo de onde a -r)tica es-antosa de um ritual re*icida -eridico se di9undiu unto com a -r-ria

instituição da reale@a4 -ara o E*ito4 interior da Á9rica e 1ndia4 <em como -ara a

Euro-a e a China(%%, Não !amos re-etir a+ui o ar*umento4 mas a-enas a-ontar

mais uma !e@ -ara as tum<as reais de Ur na SumBria4 esca!adas -or Sir Leonard

oolle4 onde se tornou <!io +ue +uando um -ersona*em real morria Jou

tal!e@ 9osse morto ritualmenteK os mem<ros da corte ou4 -elo menos4 os

mem<ros 9emininos e o cor-o de criados !estidos a car)ter4 entra!am na co!a

11<  As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& Caps& , 6, e 17&

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com o es+ui9e e eram enterrados !i!os(%%= E 9oram encontradas em uma das

cmaras reais de Ur duas ma+uetes de <arco4 uma em -rata e uma em co<re4

com -roa e -o-a ele!adas e remos laminados( s !eleiros de 9aiança a@ul!$trico

no t>mulo do -r$nci-e no cemitBrio de Werma não eram4 -ortanto4 meros

 <rin+uedos ou e2tra!a*ncias4 mas elementos de um sim<olismo do mundo doalBm3 as em<arcaç.es do <ar+ueiro da morte( H) uma Fi*ura em -edra

 -ro!eniente do deserto n><io ao sul de Werma re-resentando esse <arco4 com

!elas e <ar+ueiro4 colocado de tal maneira nas costas de um touro +ue o <arco e

o animal *alo-ando se tornam uma >nica coisa J9i*ura :K( H) tam<Bm4 num

ata>de no Museu ritnico4 a 9i*ura de s$ris na 9orma de um touro *alo-ando4

com chi9res em 9orma de meialua4 trans-ortando o morto -ara o mundo

$n9ero(%%: E a*ora !amos recordar os leitos 9uner)rios com -Bs i*uais s -alas do

touro e as -eles de couro cru colocadas so<re o morto( ) discutimos o sinete

cil$ndrico da Meso-otmia mostrando o casal so<re um leito cuos -Bs su*eriam

as -atas de um touro(%/? E lon*e dali4 em )li4 no -onto mais remoto +ue a

in9lu7ncia do com-le2o cultural indiano alcançou na 'ndonBsia4 os cor-os dos

ricos4 es-era de serem cremados4 são colocado em sarc9a*os em 9orma de

touros(

Retornando a*ora anti*a A<idos com olhos mais ca-a@es de !er4

o<ser!amos no!amente os -al)cios reais4 -or mil7nios em sil7ncio de<ai2o dasareias( Podemos recordar +ue na -e+uena se-ultura -intada de Hieracm-olis

ha!ia duas -artes4 se-aradas -or um muro <ai2o( E2aminamos no!amente a

necr-ole do rei Narmer4 o uni9icador das Duas Terras4 o !i*oroso macho de sua

mãe4 +ue em um dia !enceu seis mil inimi*os( E -er*untamos +uem eram os +ue

esta!am nos outros t>mulos4 ou nas duas *randes cmaras secund)rias -r2imas

da tum<a do outro -oss$!el -rimeiro 9ara4 AhaMena( Então4 olhamos -ara a

se-ultura se*uinte3 a de Zer4 o sucessor imediato do 9ara AhaMena e4 -ro!a!elmente4 seu 9ilho( Não h) nenhuma cidade su<terrnea dos mortos mais

*randiosa no mundo^ A tum<a -rinci-al4 cerca de 6 m a<ai2o da terra4 tinha %&

m de com-rimento4 %%45? m de lar*ura e /4,? m de -ro9undidade4 e dentro dela

e2istiu uma *rande cmara de madeira4 di!idida em com-artimentos(  Contra a

11 0s Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& pp& .$2..1, ci)ando Sir Charles *eonard +oolley, Urof the Chaldrees& p& 6<&11#  -ri)ish M"se"m nW $#, <<<= reprod"zindo in &0& +allis -"dge, Lsiris and the Eg$ptian'esurrection (/hilip *ee +arner, *ondresE G&/& /")namAs Sons Nova York& 1#11%& vol& @& p, 1.=

)am3Lm, in Joseph Camp3ell, The .ero 2ith a Thousand Oaces& -ollingen Series OB@@ (/an)heon-ooks, Nova York, 1##%, p& 6&1$7 ;enri Frank?"r), >Gods and My)hs on Sargonid Seals>, (ra& vol& @& nW1 (1#.%, p& = ci)ado em  AsMáscaras de Deus - Mitologia Primitiva& p& ...%

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 -arte e2terna de suas *rossas -aredes4 com /45? m de es-essura4 ha!ia -aredes

mais 9inas de tiolos de numerosos com-artimentos adicionais4 en+uanto a<ai2o

desse -al)cio real de muitas cmaras se desen!ol!ia maneira de &pa'( )-$+

um 0ersailles su<terrneo uma !asta )rea de &%= t>mulos secund)rios4

ordenados em de-end7ncias4 ane2os e alas(s -ro!)!eis ocu-antes su*eridos -elo Pro9( Reisner eram os se*uintes3

no ane2o mais im-onente de de@essete cmaras secund)rias4 seis es-osas

 -rinci-ais e on@e mulheres de se*unda -osição do harBm( Nas <arracas

imediatamente atr)s delas4 +uarenta e +uatro do corteo do harBm4 dois *uardas

do harBm e dois criados deles( Em um am-lo dormitrio se-arado4 cerca de

trinta e oito criados do harBm Jtal!e@ eunucosK e !inte e um *uardacostas4

carre*adores de -alan+uim etc( Em uma se*unda ala ou ane2o4 !inte mem<ros

do +ue -arece ter sido um harBm se-arado4 secund)rio( Em um am-lo

com-artimento de ser!içais4 <em se-arado4 um *ru-o de ser!içais4 desordenado4

de mais ou menos cento e setenta e +uatro almas( E entre as ru$nas da -r-ria

cmara4 +ue ao lon*o de seus 8(,?? anos 9ora com-letamente sa+ueada4 9oi

encontrado um -edaço do <raço arrancado de uma m>mia com seus en!oltrios4

ainda tra@endo +uatro ele*antes <raceletes de ouro da rainha 9a!orita ou

 -rinci-al( %/%

Uma relação de dados a-ro2imados ser) su9iciente -ara ilustrar o modelosati das se-ulturas restantes da ' Dinastia em A<idos4 em ordem cronol*ica(

 Ri Hl uma )rea de %,8 t>mulos secund)rios4 alBm de cmaras dentro do

recinto -rinci-al(

 Rainha @rnith Jes-osa de ZelIK3 8% t>mulos secund)rios4 alBm de

cmaras dentro do recinto -rinci-al(

 Ri Dn+=tui um mausolBu e2tremamente ele*ante4 com uma am-la

escadaria descendo atB uma entrada lateral do alicerce Juma no!a idBia4 co-iada -or 'odos os +ue o sucederam4 a +ual -ermitiu +ue o -al)cio su<terrneo 9osse

conclu$do4 co<erto com teto e mo<iliado -elo -r-rio monarca antes de sua

morteK( Na cmara -rinci-al4 uma -a!imentação de *randes <locos de *ranito

rosado4 <em talhado4 e uma -orta le!adiça de -edia calc)rea <ranca emoldurada4

+ue re!ela um e2celente dom$nio do tra<alho em -edra4 cuas conse+7ncias

seriam muito si*ni9icati!as a*ru-ada em !olta do -al)cio central4 uma corte de

%&6 t>mulos secund)rios4 dos +uais um4 muito *rande e com uma escada4 -ode

ter sido o de uma rainha(

1$1 /e)rie, op% cit%% /ar)e @@, pp% 1'21<&

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 Ri /a2+@r#a2a o salão -rinci-al com escassos 646? m -or 84/? m e

a-enas 68 t>mulos secund)rios( JVPodese concluirV4 comentou Reisner4 V+ue4 ou

seus recursos esta!am considera!elmente redu@idos4 ou seu reinado 9oi muito

 <re!e(VK%//

 Ri @rskha+=mm#ss JSemarOhatK3 um no!o estilo4 sem muitas alas eane2os se-arados 9ora da e2tensão da masta<a -rinci-al4 mas uma >nica

su<estrutura imensa4 com *rande n>mero de com-artimentos internos e 6& celas

secund)rias reunidas sua !olta4 -ara +ue uma >nica su-erestrutura -rodi*iosa

 -udesse co<rir tudo(

 Ri Ia mais uma tum<a nesse no!o estilo4 com /6 celas secund)rias4

constru$da4 entretanto4 s -ressas e co<erta antes de os tiolos secarem4 de

maneira +ue muitas cmaras desmoronaram +uando -eso da areia acima as

 -ressionou com-ro!ando de maneira de9initi!a4 como o<ser!a Petric4 +ue todos

tinham sido enterrados ao &pa'( )-5+ mesmo tem-o +ue o rei4 -ossi!elmente em

desordem -ois era a B-oca da +ueda da dinastia de Menes e do sur*imento da ''

Dinastia(%/&

E a*ora4 mais um detalhe3 de!emos in9ormar +ue outra sBrie de tais

 -al)ciossati4 constru$da -elos 9aras da ' Dinastia4 9oi recentemente desco<erta4

 <em distante da necr-ole de A<idos4 descendose -elo Nilo4 em Sacara4 -erto

de M7n9is uma se*unda sBrie de t>mulos4 o +ue +uer di@er4 4atamnt dosmsmos %aras. Vs t>mulos de Sacara são4 em todos os casos4 muito maiores e

mais ela<orados do +ue seus corres-ondentes em A<idosV4 a9irma o Sr( alter

Emer4 um dos res-ons)!eis -elas esca!aç.es( AlBm do mais4 ele declara4 Vas

esca!aç.es demonstram +ue a ci!ili@ação no al!orecer do -er$odo 9aranico no

E*ito era muito mais desen!ol!ida do +ue se su-unha atB a*oraV%/8

VI( EN:ATUA2ÃO M%TICA

VNo Alto E*itoV4 escre!eu Sir ames #( Fra@er em O Ramo Dourado,

citando as o<ser!aç.es de um !iaante alemão do sBculo ;';4 Vno -rimeiro dia

do ano solar -ela conta*em co-ta4 ou sea4 no dia %? de setem<ro4 +uando o Nilo

*eralmente ) atin*iu seu n$!el mais alto4 o *o!erno re*ular B sus-enso -or tr7s

dias e cada cidade escolhe seu -r-rio *o!ernante( Esse re*ente tem-or)rio usa

um alto <arrete de <it9ão e uma lon*a <ar<a loura e B en!ol!ido em um estranho

1$$ Ieisner, The Development of the Eg$ptian Tom! do2n to the Accession of Cheops& p& .6&1$. /e)rie, op% cit%% /ar)e @, pp& 121'&1$ +al)er -& mery, >Ioyal Tom3s a) Sakkara>&  Archaeolog$& vol& & NW 1 (1#66%, p& <&

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manto( Com o cetro na mão e se*uido -or homens dis9arçados de escri<as4

carrascos etc(4 ele se encaminha -ara a casa do *o!ernador( Este admite ser

de-osto4 e o rei <u9ão4 ocu-ando o trono4 -reside um tri<unal4 a cuas decis.es

mesmo o *o!ernador e seus o9iciais t7m de cur!arse( A-s tr7s dias o 9also rei B

condenado morte o in!lucro ou casca na +ual ele 9ora en!olto B entre*ue schamas e o 9el) sai rasteando de suas cin@as( costume a-onta -ara uma anti*a

 -r)tica cruel4 de +ueimar de 9ato um !erdadeiro rei(V %/5

0ale certamente a -ena o<ser!ar +ue4 em<ora no -er$odo dos *randes

t>mulos dos 9aras da ' Dinastia a+ueles !i*orosos touros4 ao V-artiremV4

le!assem consi*o -ara o mundo su<terrneo numerosos re<anhos de !acas

V-oemas de com-ai2ãoV eles não esta!am tão identi9icados com seu -a-el

mitol*ico +uanto e2i*iria deles reis -oderosos 4 a su<missão !olunt)ria

morte ritual( Nos -rimeiros sBculos das cidadesestados hier)ticas -rBhistricas

  dos +uais temos numerosas -ro!as circunstanciais e cuas datas estou

determinando es+uem)tica e hi-oteticamente entre &5?? e /5?? a(C(%/6  os

reis4 em sua identi9icação m$tica4 eram a tal -onto Va<ertos atr)sV J-ara usar a

9rase -ers-ica@ de Thomas MannK +ue o9ereciam seus cor-os -ara serem mortos

ou mesmo se mata!am na -antomima 9esti!a4 como4 de 9ato4 reis continuaram a

ser mortos na 1ndia atB o sBculo ;0' e na Á9rica atB o sBculo ;;(%/, No E*ito4

entretanto4 ) no -er$odo da estela de Narmer Jc(/=5? a(C(K4 suas -ersonalidades4atB certo -onto4 tinhamse V9echadoV4 de maneira +ue as cenas sa*radas de

morteeressurreição não eram mais re-resentadas com toda a em-atia de

outrora -elo menos -elos atores do -a-el -rinci-al( A+ueles reis *uerreiros 7

estrate*istas e -ol$ticos os4 9ormadores do -rimeiro estado -ol$tico na histria do

&pa'( )-*+ mundo4 não se imola!am como !erdadeiros touros4 -orcos4 carneiros

ou ca<ras aos *uardiães clericais locais4 +ue em tem-os idos tinham e2tra$do

seus conhecimentos sa*rados da ordem usta Jmaat K  atra!Bs da o<ser!ação dar<ita dos astros(%/= Em al*um lu*ar4 al*uma !e@4 a certa altura do ma-a -rB

histrico ainda não 9ocali@ado -ela -es+uisa4 o rei tinha tomado a maat -ara si

mesmo de maneira +ue +uando os -rimeiros atores reais datados entram em

cena -ara ns de modo intem-esti!o eles ) estão re-resentando uma no!a

!ersão do <emconhecido -a-el do Prota*onista(

Em lu*ar da+uele terr$!el drama anti*o e 9>ne<re da morte do rei4 antes

1$6 Frazer, op% cit%& p& $'&1$'  As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& pp& 1$21$#&1$< "upra& p& 6, e As Máscaras de Deus Mitologia Primitiva& pp& 1$21&1$ Ber As Máscaras de Deus 2 Mitologia Primitiva& pp& 1$21&

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re-resentado -or inteiro4 a -latBia assistia a*ora a uma solene -antomima

sim<lica4 o %stival =d, no +ual o rei reno!a!a sua autoridade 9aranica sem

su<meterse Vincon!eni7nciaV de uma morte literal( rito era cele<rado4

acreditam al*umas autoridades4 se*uindo um ciclo de trinta anos4

inde-endentemente da duração dos reinados%/: outros acreditam4 entretanto4 +ueo >nico 9ator determinante era o deseo do -r-rio rei +ue ordena!a sua

reali@ação(%&? "ual+uer +ue sea o caso4 o !erdadeiro heri da *loriosa ocasião

não era mais o eterno Fara Jcom F mai>sculoK4 +ue vstia e ds#ia os 9aras4

como se 9ossem rou-as4 mas o trae !i!o de carne e osso4 determinado 9ara

Fulano de Tal4 +ue4 em !e@ de entre*arse a seu -a-el4 a*ora tinha encontrado

uma 9orma de a-ossarse dele( E ele 9e@ isso sim-lesmente descendo um de*rau

na ima*em mitol*ica( Em !e@ do Fara trocando de 9aras4 era o 9ara +ue

troca!a de rou-a(

A estação do ano desse <alB real era a mesma da coroação3 os -rimeiros

cinco dias do -rimeiro m7s da VEstação da Che*adaV4 +uando os outeiros e ?=

cam-os4 de-ois da inundação do Nilo4 emer*iam no!amente das )*uas( Pois o

ciclo sa@onal4 em todo o mundo anti*o4 era o -rinci-al sinal de renascimento

de-ois da morte e4 no E*ito4 o cronmetro desse ciclo era a enchente anual do

 Nilo( Numerosas edi9icaç.es 9esti!as eram er*uidas4 incensadas e consa*radas3

um salão real onde o rei de!eria sentarse +uando a<ordado com re!er7ncia -elos deuses e seus cleros J+ue em tem-os mais cruBis teriam sido os o 9iei antes

de sua morteK uma *rande corte -ara as re-resentaç.es m$micas4 -rociss.es e

outros e!entos !isuais4 e 9inalmente4 uma ca-ela +ual o reideus se retira!a

 -ara trocar de !estimenta( Cinco dias de iluminação4 chamados o VAcender da

ChamaV J+ue na -rimeira !ersão dessa re-resentação miraculosa aconteceria

a-s a e2tinção dos 9o*os na noite de lua escura4 +uando o rei era morto

ritualmenteK4%&% 

 -recediam os cinco dias do 9esti!al -ro-riamente dito4 e então4inicia!ase a ocasião solene Jad ma*orm di gloriamK.

s ritos iniciais eram reali@ados so< a -roteção de H)tor( rei4 !estindo a

9ai2a com as +uatro 9aces de H)tor e a cauda de seu !i*oroso macho4 caminha!a

em numerosas -rociss.es4 -recedido -or seus +uatro estandartes4 de um tem-lo a

outro4 o9erecendo -resentes Jnão sacri9$ciosK aos deuses( Em se*uida4 os

sacerdotes !inham re!erenci)lo em seu trono4 -ortando os s$m<olos de seus

deuses( Mais -rociss.es eram reali@adas4 durante as +uais o rei anda!a -ara c) e

1$# /e)rie, op% cit &, /arle @, p& $$&1.7 Frank?or), )ingship and the Gods& p& <#&1.1  As Máscaras de Deus 2 Mitologia Primitiva& pp% 1.721&

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 -ara l) con9orme di@ o Pro9( FranO9ort em seu relato Vcomo a na!eta de um

*rande tearV -ara re9a@er o &pa'( )--+ tecido de seu dom$nio4 no +ual as 9orças

csmicas re-resentadas -elos deuses4 não menos +ue os ha<itantes do -a$s4

de!iam ser entrelaçadas(%&/

Toda essa -om-a e circunstncia4 entretanto4 eram a-enas -reliminares doe!ento -rinci-al -ois4 como em todos os ritos tradicionais4 tam<Bm nesse o

 -er$odo de introdução e -re-aração cerimoniais de!ia ser se*uido -or um ato de

consumação Janteriormente4 a morte do reiK4 de-ois do +ual uma r)-ida

se+7ncia de meditaç.es 9inais4 <7nçãos etc4 condu@iria a uma marcha 9inal(

Ha<itualmente4 cinco est)*ios são cum-ridos em um -ro*rama assim3

%( Paramentaç.es -re-aratrias4 <7nçãos e consa*raç.es

/( Prociss.es introdutrias

&( Ritos -ro-iciatrios consumação

8(  consuma&'o do sacri%$cio (ou su 5uivalnt)

5( O #dido d 2n%$cios

6( Ação de *raças4 <7nçãos 9inais e des-edida(

 Neste es<oço do 9esti!al Sed ) che*amos ao est)*io n>mero 8(

rei4 usando a*ora um manto anti*o4 curto e r$*ido4 encaminhase demaneira *ra!e e im-onente -ara o santu)rio do deuslo<o U-faut4 o

VFran+ueador do CaminhoV ali un*e o estandarte sa*rado atr)s do +ual marcha

atB a ca-ela do -al)cio4 onde desa-arece(

Decorre um -er$odo de tem-o durante o +ual o 9ara não B !isto(

"uando rea-arece est) !estido como na estela de Narmer4 o saiote com a

9ai2a de H)tor e a cauda de touro -resa( Sua mão direita se*ura o man*ual e a

es+uerda4 em !e@ do caado do om Pastor4 um o<eto semelhante a um -e+uenorolo de -er*aminho4 chamado Testamento4 Documento da Dinastia ou Se*redo

dos Dois Parceiros4 +ue e2i<e triun9almente4 -roclamando a toda a audi7ncia +ue

lhe 9ora entre*ue -or seu 9alecido -ai s$ris4 na -resença do deus da terra #e<(

VEu corriV4 ele *rita4 Vle!ando o Se*redo dos Dois Parceiros4 o Testamento

+ue meu -ai me entre*ou diante de #e<( Atra!essei o -a$s e che*uei aos +uatro

cantos dele( Atra!essoo con9orme minha !ontade(V%&&

H) uma *ra!ura interessante4 muito anti*a4 em uma -eça +ue<rada de

1.$ Frank?or), )ingship and the Gods& p& 6&1.. Frank?or), )ingship and the Gods& p& '&

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B<ano -ro!eniente da se-ultura do Rei DenSetui4 o +uinto 9ara da ' Dinastia Jo

de!oto <ar<aa@ul cuo -al)cio -a!imentado de *ranito rosado4 outrora re-letode es-osas assassinadas4 ) !imosK4∗ +ue mostra o rei aca<ando de rece<er o

Testamento J9i*ura %?K( Ele est) saindo a-ressadamente com o Testamento(

Le!a o man*ual so<re o om<ro e o Testamento na mão es+uerda( VA cenaV4escre!e Petrie em seu relato da desco<erta4V \(((] B o e2em-lo mais anti*o de

uma cerimnia +ue se !7 nos monumentos atB os tem-os romanos(V%&8  Tanto

s$ris +uanto o 9ara usam a coroa du-la das Duas Terras uma com<inação da

coroa <ranca alta4 ti-o tiara4 do Alto E*ito e a coroa !ermelha <ai2a4 com a

es-ira sim<lica4 do Norte(&pa'( )-/+

Fi*ura %?( se*redo dos dois -arceiros3 E*ito4 c(/=?? a(C(

Al*uns estudiosos su*eriram +ue no -)tio interno do -al)cio de!e ter sidodemarcada uma )rea sim<oli@ando as duas terras4 isto B4 o ai2o e o Alto E*ito4

e +ue o 9ara a atra!essa!a numa es-Bcie de dança 9ormal e -om-osa4 com

 -assos lentos e cerimoniosos( Relatos e ima*ens -osteriores indicam +ue uma

mulher4 -ro!a!elmente uma sacerdotisa re-resentando a deusa Mert4 +ue

sim<oli@a!a o -a$s4 encara!a o dançarino e4 acom-anhandoo com -almas4 di@ia3

V0amos^ Tra*ao^V4 en+uanto o estandartelo<o do VFran+ueador do CaminhoV

era a-resentado a ele -or um criado !estindo o tradicional saiote de couro cru(%&5

 R "upra& pp& '.2'6&1. /e)rie, op% cit%& /ar)e @, p& $$&1.6 Frank?or), )ingship and the Gods& pp .2<&

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Esse era o rito -elo +ual o assassinato do anti*o rei e a trans9er7ncia do

 -oder -ara o no!o se trans9ormara em ale*oria( rei não morria de 9ato mas

sim<olicamente4 na mais anti*a re-resentação da Pai2ão de +ue temos not$cia( E

o enredo da -antomima sa*rada era a !elha4 -orBm sem-re no!a4 9rmula da

A!entura do Heri4 conhecida nas artes e literaturas -osteriores de todo omundo(%&6 Analisado em termos de seus lemas 9olclricos4 o enredo -ode ser

resumido da se*uinte maneira3

9ara Jo HeriK4 +uando tomou conhecimento de +ue tinha che*ado a

hora de ser morto4 começou a -rocurar uma -ro!a de sua +uali9icação -ara

continuar de -osse de seu trono JChamado A!enturaK( Condu@ido -elo

VFran+ueador do CaminhoV J#uia -ara a A!entura4 Auda M)*ica4 ele entrou no

 -al)cio do mundo $n9ero JLimiar da A!entura4 La<irinto4 Reino dos MortosK4

onde atin*iu os +uatro lados da terra do E*ito JTare9a Di9$cil4 Corres-ond7ncia

MicromacrocsmicaK e com auda da deusa do reino do E*ito JAuda M)*ica4

Tema de Ariadne4 Noi!a So<renaturalK4 9oi4 em se*uida4 reconhecido -or seu

9alecido -ai4 s$ris JReconciliação com o PaiK( Ele rece<eu o Testamento

JDesi*nação Di!ina4 S$m<olo4 Eli2irK e4 com no!os -aramentos JA-oteoseK4

rea-areceu diante de seu -o!o JRessurreição4 RetornoK4 -ara reassumir seu trono

JA!entura Conclu$daK( &pa'( )-0+

Assim4 de maneira admir)!el mente sutil começou o tra<alho da Arte4 +uedurante os lon*os e cruBis sBculos se*uintes iria ameni@ar4 de modo *radati!o4 a

9orça dos arre<atamentos m$ticos -raticados no -assado( Com isso4 ela li<ertou o

homem da desumanidade da+ueles arre<atamentos e4 -or meio das ima*ens

ins-iradas na+ueles mesmos arre<atamentos4 a<riu no!os caminhos -ara a

com-reensão da -r-ria humanidade(

+uinto est)*io do 9esti!al Sed4 o do Pedido de ene9$cios4 era dedicado

ao em-osse do %ara no seti du-lo trono4 +ue a*ora ele tinha merecidamentealcançado( Em seu -a-el4 -rimeiro como rei do ai2o E*ito4 ele era carre*ado

em uma liteira em 9orma de cai2a nos om<ros dos #randes do Reino atB a ca-ela

de HrusdaL$<iacomoraçoEr*uido4 onde o sacerdote su-remo lhe

con9eria o caado de -astor4 o man*ual e o cetro da V-ros-eridadeV e dois

di*nit)rios da cidade sa*rada de uto4 no Delta4 entoa!am +uatro !e@es um hino

em direção aos +uatro -ontos cardeais4 lendo a ordem VSil7ncio^V -recedido

+uatro !e@es cada canto( Em seu -a-el4 de-ois4 como rei do Alto E*ito4 ele era

trans-ortado numa liteira em 9orma de cesto atB a ca-ela de HrusdeEd9ue

1.' C?& Joseph Camp3ell, The .ero 2ith in Thousand Oaces%

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Setdem<os4 onde o sacerdote su-remo lhe entre*a!a o arco e as 9lechas de

seu -oder real( Dis-arando uma 9lecha em cada uma das +uatro direç.es4 o rei

assumia seu trono e era coroado +uatro !e@es  olhando de 9rente cada uma das

!e@es -ara um -onto cardeal de-ois disso4 no est)*io 9inal do 9esti!al4 o se2to4

ele se desloca!a em -rocissão -ara a Corte dos Ancestrais Reais4 onde -resta!ahomena*em em um rito no +ual os +uatro estandartes reais chama dos Vos

deuses +ue se*uem HrusV e2erciam -a-el im-ortante(%&,

Fi*ura %%( A du-la entroni@ação3 E*ito c(/=?? a(C(

A mais anti*a re-resentação so<re!i!ente da du-la entroni@ação do

9esti!al Sed a-arece num selo real J9i*ura %%K encontrado -or Petrie no t>mulo

de!astado do rei Zer4 o se*undo 9ara J-elo cm-uto de PetrieK da ' Dinastia4 a

cuo monstruoso &pa'( )-1+  se-ultamento con9orme o ritual sati ) ti!emoso-ortunidade de nos re9erir(∗ E isso nos le!a de !olta a nossa +uestão( Pois

em<ora estea -er9eitamente claro +ue esses 9aras ha!iam arre<atado maat das

estrelas4 dos seus deuses e sacerdotes4 renunciando ao ritual sa*rado da morte e

assumindo a 9unção muito mais amena4 de uma dança ritual a<andonando

assim o -a-el de o9erenda -rinci-al de uma ordem hier)tica medonha4

*o!ernada -elos cBus4 -ara dedicarse ao comando de uma ordem racionali@ada

e in!estida reli*iosamente4 -orBm indiscuti!elmente -ol$tica4 *o!ernada -or seu

1.< Seg"i, para os de)alhes do ?es)ival, a recons)r"!o apresen)ada por Frank?or) )ingship and theGods& pp& 62 R "upra& pp& '.2'&

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 -r-rio mandato 4 -or outro lado4 +uando eles 9inalmente e2-ira!am no tem-o

decidido -ela nature@a Jnão sim<licoK4 e2i*iam de suas es-osas4 concu<inas(

*uardiães do harBm4 *uardas do -al)cio e an.es +ue 9i@essem o -a-el mais

di9$cil4 acom-anhando o de9unto -ara a se-ultura +ue ele mesmo lhes -re-arara(

Tais e2B+uias não -odem ser inter-retadas4 a e2em-lo do ritual re*icidaarcaico4 como e!id7ncias da e2tinção do e*o no -a-el di!ino de rei( De 9ato4 em

um n$!el di*amos4 meramente -essoal elas teriam sido cele<radas

de!idamente e de maneira su9icientemente no<re na >ltima estro9e melanclica

de 1noch rdn, de Tennson3

Assim 9oise o 9orte es-$rito herico(

E +uando o se-ultaram4 o -e+ueno !ilareo

Raras !e@es tinha !isto um 9uneral mais suntuoso(

Do -onto de !ista histrico4 entretanto4 os *randes t>mulos sati são de

enorme interesse( Pois seu momento no al!orecer da histria e*$-cia deuse

 -recisamente -ara usar a ima*em de S-en*ler +uando o conhecimento da

morte irrom-eu na mente( Foi o momento ser!indonos da ima*em de

Thomas Mann em +ue o senso de indi!idualidade4 +ue antes 9ora Va<erto

atr)sV4 se 9echou4 e o conhecimento da morte deu seu *ol-e certeiro( u ainda49oi o momento em +ue -ara usar a e!id7ncia de nossa inci-iente ci7ncia da

ar+ueolo*ia a in!enção do tiolo de <arro co@ido ao sol -ossi<ilitou 9orrar o

alicerce de uma se-ultura com -aredes su-ortando o teto4 criando assim uma

cmara interna li!re de terra4 onde o cor-o4 e com ele a alma cor-rea indi!idual

Jem e*$-cio4 2aK , -odia ser -reser!ado( V cor-o do homem mortoV4 como disse

S-en*ler4 re9erindose ao culto mortu)rio e*$-cio4 V9oi -er-etuado(V%&=  E a

9inalidade do culto era reunir -ela ma*ia a alma cor-rea J2aK com o -rinc$-ioener*Btico incor-reo JkaK +ue tinha esca-ado no momento da morte3 su-unha

se +ue4 9eito isso4 a morte dei2aria de e2istir(

E assim temos +ue reconhecer a*ora na histria do nosso lema um est)*io

secund)rio de arre<atamento m$tico3 não idnti%ica&'o m$tica, e*o a<sor!ido e

 -erdido em Deus4 mas seu o-osto4 a n%atua&'o m$tica, o deus a<sor!ido e

 -erdido no e*o( -rimeiro4 *ostaria de su*erir4 caracteri@a!a a !erdadeira

santidade dos reis sacri9icados das -rimeiras cidadesestados hier)ticas e o

se*undo4 a 9alsa santidade dos reis adorados nos su<se+entes estados

1. Spengler, op& cit &, vol& @& p& 1$&

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din)sticos( Pois estes >ltimos su-unham +ue em seu car)ter tem-oral B +ue eram

deuses( u sea3 eram homens alienados4 AlBm &pa'( )/)+ disso4 eram

sustentados nessa crença4 instru$dos4 <aulados e estimulados -or seus clBri*os4

 -ais4 es-osas4 conselheiros e -or todos os +ue tam<Bm os considera!am deuses(

u sea3 toda a sociedade esta!a alienada( PorBm4 9oi dessa loucura +ue sur*iu acoisa *randiosa a +ue chamamos ci!ili@ação e*$-cia( Seu correlato na

Meso-otmia resultou nos estados din)sticos da+uela re*ião4 e temos as -ro!as

claras de sua in9lu7ncia na 1ndia4 no E2tremo riente e tam<Bm na Euro-a( Em

outras -ala!ras4 *rande -arte da matBriatema de nossa ci7ncia tem +ue ser

inter-retada como e!id7ncia de uma crise -sicol*ica de en9atuação4

caracter$stica do al!orecer de cada uma das *randes ci!ili@aç.es do mundo3 o

momento do nascimento de seu estilo -articular( E se estou certo em minha tese

acerca do -rimeiro est)*io hier)tico4 B -oss$!el indicar certa se+7ncia3 %(

identi9icação m$tica e o estado hier)tico4 -rBdin)stico4 e /( en9atuação m$tica e

os estilos din)sticos arcaicos(

Em seu culto4 os 9aras não esta!am mais sim-lesmente imitando o

 -assado sa*rado4 Vcom a 9inalidade de +ue a escritura 9osse cum-ridaV( Eles e

seus sacerdotes esta!am criando al*o de e -ara si mesmos( Estamos a+ui na

 -resença de uma *randiosa linha*em de e*os altamente e*o$stas e

 -rodi*iosamente -resunçosos( Ademais4 como !imos4 esses me*aloman$acosnão se satis9a@iam em ser a-enas um deus eles eram dois e4 como tais4 tinham

dois -al)ciosse-ultura cada um( Na estela de Narmer4 tra<alhada dos dois lados4

a-arecem duas coroas4 uma de cada lado4 e elas re-resentam os dois E*itos +ue4

no!amente4 estão re-resentados -elos -escoço34 entrelaçados de dois animais

sim<licos( Em um lado da estela o -rinc$-io 9aranico era re-resentado na

9orma de -)ssaro o 9alcão Hrus e no outro na de um !i*oroso touro( E na

 -om-a do 9esti!al Sed cele<ra!amse duas coroaç.es( E no selo real do rei Zer4o monarca B mostrado duas !e@es4 en+uanto na -e+uena 9i*ura arranhada do rei

DenSetui a9astandose ra-idamente da -resença de seu -ai Jcom +uem4 em<ora

eles 9ossem dois4 o rei era unoK !imos +ue am<os usam a coroa du-la(

AlBm disso4 o nome cerimonial do Testamento4 a >ltima *arantia

sim<lica do re*ime 9aranico4 B o VSe*redo dos Dois ParceirosV( +ue -ensar

dissoI

A res-osta sur*e nas areias de A<idos4 nas tum<as dos 9aras da ''

Dinastia4 +ue são enormes e e2-.em todas as e!id7ncias de uma -ro9usaostentação do ritual sati( Pois o +uarto 9ara dessa dinastia B sem-re

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re-resentado -or dois cartuchos e dois nomes4 so<re um dos +uais4 SeOhema<4 se

e2i<e o ha<itual 9alcão Hrus da casa real4 en+uanto so<re o outro nome4

Pera<sen4 a-arece o curiosamente caracter$stico +uadr>-ede semelhante a um

oca-i +ue sim<oli@a sem-re o ar+uiinimi*o4 tanto de Hrus +uanto de s$ris

ou sea4 Set( E nas chancelas do sBtimo e >ltimo 9ara dessa dinastia4WhascOhemui4 os dois anta*onistas( Hrus4 o heri4 e Set4 o !ilão da histria4

estão lado a lado4 untos e em condiç.es de i*ualdade J9i*ura %/K4 en+uanto o

 -r-rio monarca B denominado Va mani9estação do -oder dual no +ual os deuses

estão em -a@V( %&:

nome do Testamento4 Vo Se*redo dos Dois ParceirosV4 era então uma

re9er7ncia ao entendimento secreto dos dois deuses +ue4 em<ora -areçam

inimi*os im-lac)!eis4 são uma >nica mente atr)s dos <astidores( E somos

o<ri*ados a re!er ou &pa'( )/!+  -elo menos4 am-liar nossa !isão da

sa<edoria na loucura do 9ara( Re-resentando mitolo*icamente a dialBtica

ine!it)!el da tem-oralidade4 onde todas as coisas a-arecem aos -ares4 Hrus e

Set estão sem-re em con9lito4 en+uanto na es9era da eternidade4 -or tr)s do !Bu

do tem-o e do es-aço4 onde não h) dualidade4 eles estão unidos a morte e a !ida

são uma tudo B -a@( E l) sa<ese4 tam<Bm4 +ue a -r-ria -a@ transcendente

ha<ita atB nas crueldades da *uerra( De maneira +ue na estela de Narmer4 onde o

9ara4 com o <raço er*uido de Hrus4 mata o che9e do -o!o -escador4 <em comoseis mil inimi*os +ue estão ali no -a-el de Set4 a cena B de -a@( E dessa -a@4 +ue

B a realidade inerente de todas as coisas4 toda a histria e todo o so9rimento4 o

Faradeus!i!ente B o centro( Ele B um e-$tome da es9era do -r-rio

uni!erso na +ual atuam os -ares de o-ostos(

Conse+entemente4 acom-anh)lo na morte B -ermanecer na !ida4 -ois

não h)4 de 9ato4 morte na -asta*em real alBm do tem-o4 onde os dois deuses são

um e o caado de -astor -ro-orciona se*urança(

1.# /e)rie, op& cit%& /ar)e @@, p& .1&

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Fi*ura %/( -oder dual3 E*ito4 c(/65? a(C(

E esse conhecimento secreto a -a@ da e2ist7ncia eterna inerente a cada

as-ecto da es9era do !iraser tem-oral B a caracter$stica de toda essa

ci!ili@ação( [ o 9undo meta9$sico da maestade de sua escultura4 <em como da

no<re@a de seu culto 9aranico da morte4 +ue em si mesmo era loucura4

alienação4 mas4 maneira de um s$m<olo4 era uma met)9ora do mistBrio da

e2ist7ncia( 9ara era conhecido como Vs Dois SenhoresV3 &pa'( )/#+

Vs Dois SenhoresV Jescre!eu o Pro9( FranO9ortK eram os eternos

anta*onistas4 Hrus e Set( rei era identi9icado com am<os esses deuses4 mas

não no sentido de ser considerado a encarnação de um e tam<Bm de outro( Ele os

cor-ori9ica!a en+uanto um -ar4 en+uanto o-ostos em e+uil$<rio \(((](

Hrus e Set eram os anta*onistas #r s 3 os s$m<olos mitol*icos de

todo con9lito( Contenda B um elemento do uni!erso +ue não -ode ser i*norado

Set B eternamente dominado -or Hrus4 mas amais ani+uilado( Tanto Hrus

+uanto Set são 9eridos no com<ate4 mas no 9inal h) uma reconciliação3 o

e+uil$<rio est)tico do cosmos B esta<elecido( A reconciliação4 uma ordem

imut)!el na +ual as 9orças con9litantes e2ercem seu de!ido -a-el essa B a

!isão e*$-cia do mundo e tam<Bm sua conce-ção de estado(%8?

Essa4 então4 era a loucura do 9ara e do E*ito como B do riente atB

17 Frank?"r), )ingship and the Gods& pp& $12$$&

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hoe(

VII( O IMANENTE DEUS TRANSCENDENTE

Uma -edra +ue<rada4 o*ada na -raia como re9u*o4 che*ou ao Museuritnico !inda do E*ito no ano de %=?5 e 9oi catalo*ada como a estela ng ,:,(

Sua di9$cil inscrição esta!a a-a*ada4 -ois tinha ser!ido -or al*um tem-o de m

in9erior( A lu@ na *aleria do museu era 9raca os e*i-tolo*istas são humanos4 e a

maneira como os hier*li9os esta!am dis-ostos era -eculiar( Por isso4 nas

 -rimeiras c-ias -u<licadas de seu te2to4 as dinastias não a-enas 9oram

a-resentadas de modo incorreto4 mas tam<Bm enumeradas ao contr)rio( E 9oi o

*rande4 o !elho Pro9( ames Henr reasted4 cuas  Fistrias ntigas todos ns

temos na escola4 en+uanto tra<alha!a meticulosamente com a coleção de

inscriç.es do Museu ritnico -ara a -re-aração do Brlin 1g!#tian Dictionar!,

o -rimeiro a com-reender o +ue tinha ocorrido com as dinastias e4 em se*uida4

sur*iulhe su<itamente uma re!elação( Ele escre!eu um ensaio3 VA Filoso9ia de

um Sacerdote de M7n9isV(%8%

Pro9( #( Mas-ero -rosse*uiu e tam<Bm escre!eu um ensaio intitulado

VSo<re o Poder A<soluto da Pala!raV(%8/

Pro9( Adol9 Erman redi*iu então o ensaio 1m Dnkmal mm#hitischrhologiJ;: \Um Monumento da Teolo*ia Men9ita]4 +ue 9i2ou a data do te2to

como o in$cio do Anti*o Reino4 e essa -rimeira demarcação 9oi a*ora

con9irmada(%88  -edaço de -edra +ue<rada tinha rece<ido seu conte>do liter)rio

de um documento anterior Vde!orado -or !ermesV4 +ue 9ora co-iado4 -ara ser

 -reser!ado4 no sBculo oita!o a(C( -or ordem de certo 9ara Sa<aOos( E a ra@ão

de toda a a*itação +uando sua mensa*em 9oi deci9rada 9oi o 9ato de se

considerar +ue o te2to anteci-ara em dois mil anos a idBia da criação -elo -oderda Pala!ra4 +ue a-arece no Li!ro do #7nese4 onde Deus disse Façase a lu@V4 e a

lu@ 9oi 9eita( Ademais4 na !ersão e*$-cio anti*a dessa cena não testemunhada4 o

 -onto de !ista Jcomo no relato indiano do SiPr-rio +ue disse VEuV e se tornou

11 James ;enry -reas)ed, >The /hilosophy o? a Memphi)e /ries)>& Neitschrift f?r Qg$ptische "pracheund   Altertums+unde& vol& OOO@O, .#&1$ G& Maspero, >S"r la )o")e p"issance de la parole>, Transactions of the inth (nternational Congressof Lrientalists& *ondres, 1#1= vol& @@@&1.  0dol? rman,>in :enkmal memphi)ischerTheologie>, "it6ungshericht der )niglichen

Preussischen A+ademie& 1#11, O*@@@&pp& #1'2#67&1 Meyer& op% cit%& se!o $<$, p& $6= Frank?or), )ingship& no)as re?s& ao Cap& $, pp& .6$2.6.= John 0&+ilson, >gyp)>, )o ;enri Frank?or) e) al&, The (ntellectual Adventure of Man (niversi)y o? Chicago/ress, Chicago, 1#'%= /elican -ooks edi)ionE Before Philosoph$& 1##, p& '6&

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doisK era 'ntr$nseco di!indade e era -sicol*ico ou sea4 não era4 como a

!ersão <$<lica4 um relato a-enas da Se+7ncia de ordens e seus &pa'( )/$+

e9eitos acrescidos do re9rão VE Deus !iu +ue era <omV( No te2to de M7n9is do

deusm>mia Pt)4 somos in9ormados de +ue 9oi o cora&'o de Deus +ue *erou

todas as coisas e a l$ngua de Deus +ue re-etia o +ue o coração tinha -ensado3VToda -ala!ra di!ina -assou a e2istir -elo -ensamento do coração e a

ordem da l$n*ua(V

V"uando os olhos !7em4 os ou!idos ou!em e o nari@ res-ira4 eles se

comunicam com o coração( [ o coração +ue conce<e tudo e a l$n*ua +ue re-ete

o -ensamento do coração( Assim 9oram criados todos os deuses mesmo Atum e

sua EnBade(V

As mentes clericais do *rande tem-lo de Pt)4 na cidade -rinci-al 9undada -elo -rimeiro 9ara4∗ e2-.em nesse te2to uma !isão da nature@a da di!indade

Jc(/=5? a(C(K +ue B a uma s !e@ -sicol*ica e meta9$sica( s r*ãos do cor-o

humano estão relacionados com as 9unç.es -sicol*icas3 o coração4 com a

conce-ção criati!a a l$n*ua4 com a reali@ação criati!a( E essas 9unç.es4 são

então cosmologi/adas. A maneira de uma corres-ond7ncia micro

macrocsmica4 elas são conce<idas -ara serem a -orção4 no homem4 das 9orças

uni!ersalmente atuantes( E são esses os -rinc$-ios ou 9orças -ersoni9icados nas

9i*uras dos deuses e -or isso são mani9estaç.es Jreali@aç.es em ima*ensK dos!)rios as-ectos reconhecidos do mistBrio da e2ist7ncia( s deuses -artici-am4

como tais4 do as-ecto num7nico da realidade( Mas4 -or outro lado4 !isto +ue

9oram reconhecidos e nomeados4 eles re-resentam4 tam<Bm4 a medida da

 -enetração do homem no mistBrio da e2ist7ncia( E suas +ualidades4

conse+entemente4 -artici-am não a-enas do mistBrio >ltimo +ue ha<ita todo

santu)rio de contem-lação4 mas tam<Bm da -ro9undidade de -erce-ção

re-resentada -elos clBri*os +ue lhes de9iniram as caracter$sticas(Dessa maneira4 o clero men9ita da di!indadecriadora Pt) a-ro9undou o

si*ni9icado e -oder do nome de seu deus ao -enetrar -sicolo*icamente em uma

no!a -ro9unde@a de discernimento da nature@a da -r-ria criati!idade( E -or

esse 9eito 9ilos9ico ele ultra-assou o clero !i@inho4 da anti*a cidade de n

JHeli-olisK4 cuo conceito de criação ha!ia sido a-resentado no mito de sua

 -r-ria di!indadecriadora local4 o deussol Atum(

Temos duas !ers.es dos atos criati!os de Atum4 am<os dos Te2tos das

Pirmides o mais anti*o cor-o conhecido de escritos reli*iosos -reser!ados

 R C?& supra pp& 2#&

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em +ual+uer -arte do mundo4 inscritos nas -aredes de uma sBrie de no!e

t>mulos Jc(/&5?/%,5 a(C(K na !asta necr-ole de M7n9is4 em Sacara(

Se*undo a -rimeira dessas !ers.es3

Atum criou em Heli-olis -or um ato de mastur<ação(Ele -e*ou seu 9alo na mão4 -ara com isso des-ertar o deseo(

E os *7meos nasceram4 Shu e Te9nut( %85

De acordo com a se*unda !ersão4 a criação sur*iu da sali!a de sua <oca4

no &pa'( )/5+ momento em +ue o Deus esta!a no -ico do monte csmicomaterno4∗ sim<oli@a do -or uma -irmide3

AtumWhe-ri4 +uando tu su<iste na montanha4

E iluminaste como a 97ni2 a anti*a -edra -iramidal

no Tem-lo de F7ni2 em Heli-olis4

Tu cus-iste o +ue era Shu4 cus-iste o +ue era Te9nut(

E tu -useste teus <raços em !olta deles como os <raços de um ka, 

 -ara +ue teu ka esti!esse J-resenteK neles( %86

Atum4 -ortanto4 como o SiPr-rio no U-ani2ade indiano4 derramouseFisicamente na criação( Entretanto4 em nenhum desses dois te2tos e*$-cios

certamente muito mais anti*os +ue as inscriç.es nas +uais são -reser!ados h)

indicação de +ue tenha se desen!ol!ido al*uma analo*ia -sicol*ica( +ue eles

a-resentam B sim-lesmente uma ima*em -rim)ria da criação 9$sica +uase no

n$!el de um -uro e sim-les s$m<olo on$rico(

s *7meos Shu e Te9nut eram um macho e uma 97mea e 9oi deles +ue se

ori*inou o resto do -anteão( Podese ler3 VShu untamente com Te9nut criou osdeuses4 *erou os deuses4 instituiu os deusesV(%8,

E os deuses *erados deles eram a deusacBu Nut e seu cnu*e4 o deus

terra #e<4 +ue -or sua !e@ *eraram dois -ares di!inos de *7meos o-ostos4 1sis e

s$ris4 NB9tis e seu irmãoconsorte Set( De maneira +ue no sistema clerical do

tem-lo do deussol de Heli-olis ha!ia se desen!ol!ido uma mitolo*ia

sincrBtica tardia e lon*e de ser -rimiti!a na +ual no!e deuses Jconhecidos

16 /yramid TeH) 1$= )rad"!o de Sam"el 0&-& Mercer, The P$ramid Te#ts (*ongmans, Green, Nova

York, *ondres, Toron)o, 1#6$%, vol& @, p& $7'& R C?& supra& p& 7%1' /yramid TeH) 1'6$ (Mercer, op% cit%& @, p& $6.%&1< /yramid TeH) <3 (i!id%& p& 177%&

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como a Enade de Heli-olisK 9oram reunidos em uma ordem hier)r+uica4

sim<oli@ada como uma *enealo*ia3

Atum

 Q Shu (((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((Te$nut

 Q 

#e<(((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((( Nut

 Q 

s$risQ1sis Set Q NB9tis

h *rande EnBade( +ue est)s em Heli-olis4

Atum4 Shu( Te9nut4 #e<4 Nut4 s$ris4 1sis( Set4 NB9tis4

Filhos de Atum((( !osso nome B No!e Arcos(%8=

Com-aremos4 a*ora4 a -erce-ção de M7n9is +ue su-erou essa teolo*ia(

te2to <re!e B de 9)cil com-reensão3 &pa'( )/*+

 ormou  s no cora&'o l$ngua d Pt0, algo C imagm d tum.

criador ri!al4 em sentido 9$sico4 B mostrado a+ui como mero a*ente de

uma 9orça es-iritual anterior(

Grand #odroso é Pt0, 5u con%riu #odr aos duss sus Oas

através d su cora&'o, Frus tornou+s Pt0, através d sua l$ngua. ot

tornou+s Pt0.

Tot era um anti*o deuslua da cidade de Herm-olis4 introdu@ido no

sistema sincrBtico de Heli-olis no -a-el de escri<a4 mensa*eiro4 mestre da

 -ala!ra e da ma*ia da ressurreição( No *rande salão onde os mortos são

 ul*ados4 ele re*istra os -esos de seus coraç.es( Suas 9ormas animais são o $<is e

o <a<u$no( Como $<is4 ele !oa no cBu e4 como <a<u$no4 ele sa>da o sol nascente(

Como s$m<olo da -ala!ra criadora4 entretanto4 ele B identi9icado no sistema de

M7n9is com o -oder da l$ngua de Pt)( '*ualmente4 a 9orça solar +ue Tot sa>da ao

sur*ir4 isto B4 Hrus4 9ilho !i!o e ressurreição do -oder criador de s$ris4 B a+ui

1 /yramid TeH) 1'66 (i!id%& p& $6.%&

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identi9icada com a 9orça do cora&'o de Pt)( s deuses são4 -ortanto4 mem<ros

atuantes do cor-o maior4 ou totalidade4 de Pt)4 +ue ha<ita neles como sua 9orça

!ital eterna4 o seu ka.

 Dssa manira o cora&'o a l$ngua dominaram todos os mm2ros, visto5u 1l st0 m cada cor#o cada 2oca d todos os duss, todos os homns,

todas as 2stas, todas as criaturas rast*ants o 5u 5ur 5u tnha vida, uma

v/ 5u 1l conc2 comanda tudo C sua vontad.

A+ui4 indu<ita!elmente4 e anunciada a idBia do Deus imanente4 +ue no

entanto B transcendente4 +ue !i!e em todos os deuses4 todos os homens4 todas as

 <estas4 todas as criaturas rasteantes e o +ue +uer +ue tenha !ida( A ima*em

indiana do SiPr-rio +ue se tornou criação B a+ui anteci-ada dois mil7nios

com-letos(

=ua 1néad st0 diant dl m sus #r#rios dnts l02ios. 1ls

corrs#ondm ao s8mn m'o d tum. @as n5uanto a 1néad d tum s

 %ormou através d su s8mn ddos, a d Pt0 consist nos dnts l02ios d

 sua 2oca, 5u #ronunciaram, d cada coisa, o nom 3 d ond =hu %nut

 surgiram sndo dssa manira o criador da 1néad.

s dentes e os l)<ios como a*entes da 9ala da l$n*ua estão a+ui nos -a-Bis

re-resentados alhures -or Shu4 Te9nut e os demais( Todo o -anteão4 <em como o

mundo4 B assim or*anicamente assimilado ao cor-o csmico do criador(

E a*ora che*amos analo*ia -sicol*ica ) mencionada3

Iuando os olhos v8m, os ouvidos ouvm o nari/ rs#ira, ls scomunicam com o cora&'o. 1 o cora&'o 5u conc2 tudo a l$ngua 5u r#l

o #nsamnto do cora&'o. ssim %oram criados todos os duss msmo tum

 sua 1néad.

oda #alavra divina ad5uiriu 4ist8ncia através do #nsamnto do

cora&'o do comando da l$ngua.

 oi assim 3 #or tal %ala 3 5u os kas %oram criados tam2ém as srvas

do Oas( &pa'( )/-+

As VSer!as dos kas6 são uma constelação de cator@e +ualidades4

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identi9icadas como os e9eitos e sinais -rim)rios da 9orça criadora3 -oder4

radincia4 -ros-eridade4 !itria4 ri+ue@a4 a<undncia4 maestade4 a-tidão4 ação

criati!a4 inteli*7ncia4 em<ele@amento4 esta<ilidade4 o<edi7ncia e *osto(%8:

='o las 5u garantm todo o sustnto, todo o alimnto tudo o 5u éds*ado tudo o 5u é dtstado.

 Portanto, %oi l 5u du vida ao #ac$%ico mort ao transgrssor.

 Portanto, %oi l 5u rali/ou todas as o2ras, todas as arts, a a&'o dos

2ra&os, o movimnto das #rnas a atividad d cada mm2ro, d acordo com

comandos  conc2idos #lo cora&'o mitidos #la l$ngua, comunicando su

 signi%icado a cada coisa.

 Por isso, di/+s d Pt0 6oi l 5um %/ tudo grou os duss6. 1l é

m vrdad rra -ascnt 5u grou os duss, #ois tudo #rovio dl,

 sustnto alimnto, as o%rndas dos duss todas as coisas 2oas. ssim

dsco2riu+s com#rndu+s 5u sua %or&a ra maior do 5u a d todos os

duss. 1 Pt0 %icou satis%ito 5uando aca2ou d criar todas as coisas toda

 #alavra divina.

 1l tinha dado %orma aos duss, %ito as cidads, %undado os nomos,

instalado os duss m sus santu0rios, institu$do suas o%rndas #rovido sus

lugars sagrados. 1l tinha %ito imagns d sus cor#os #ara a satis%a&'o d sus cora&Ls, os duss tinham #ntrado nsss cor#os %itos d cada coisa

d madira, #diu argila 5u 4ist C sua volta, ond ls tomaram %orma. 1

dssa manira todos os duss sus Oas s'o um com l, satis%itos unidos

com o =nhor das Duas rras.JMN

VPodese o<ser!arV4 comenta Eduard Meer so<re esse te2to4 V+uão

anti*as são realmente essas es-eculaç.es da sa<edoria e*$-cia( \(((] s mitosnão -odem mais ser tomados sim-lesmente em seu sentido literal( Eles t7m +ue

ser entendidos como uma e2-ressão de conce-ç.es mais -ro9undas4 +ue

 -rocuram com-reender o mundo de maneira es-iritual4 como uma unidade(V%5%

PorBm4 en+uanto tais es-eculaç.es csmicas em B-ocas -osteriores 9oram

e2-ressas sua maior -arte em termos !er<ais4 o instrumento usual do

1#  James ;enry -reas)ed, Development of 'eligion  and Thonglu in Ancient Eg$pt (;odden andS)o"gh)on& *ondres, 1#1$%, p& 6, n& $&167 Minha vers!o 3aseia2se em -reas)ed, Development& pp& 2'= Frank?or), )ingship& pp& $#2.7= eJohn 0& +ilson, >The Memphi)e Theology o? Crea)ion>, in James @@, /ri)chard (ed&%, The Ancient earEast (/rince)on niversi)y /ress, /rince)on, 1#6%, pp& 12$&161 Meyer, op% cit%& vol& @, se!o $<$, p& $'&

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 -ensamento arcaico era re-resentado em lermos !isuais( E B certamente curioso

considerar +ue4 em<ora nenhum estudioso merecedor de seu <arrete de

9ormatura -re9erisse comer o card)-io em !e@ do antar4 tomando

e+ui!ocadamente a -ala!ra im-ressa -or a+uilo a +ue se re9ere4 la-sos

elementares desse ti-o são normais em o<ras cient$9icas +ue tratam dos deusesanti*os( [ !erdade +ue4 hoe em dia4 tanto clBri*os +uanto lei*os comentem

normalmente esse e+u$!oco em relação a seus -r-rios s$m<olos reli*iosos e +ue

em todas as -artes e em todos os tem-os hou!e homens +ue consideraram seus

deuses como Vcele<ridadesV so<renaturais +ue -oderiam ser encontradas em

 -essoa em al*um lu*ar( Entretanto4 nosso e2austi!o e2ame da =a2doria da

 1stla n  -ermitiu nos sa<er +ue na !isão4 -elo menos do clBri*o no seu

tem-lo o deus não 9oi conce<ido tão sin*ularmente( &pa'( )//+

Ele B re-resentado em seu hier*li9o como uma m>mia com uma <orla na

 -arte -osterior de seu colar honor$9ico e a ca<eça careca de um sacerdote

tonsurado4 e di@iase +ue esta!a encarnado em um touro ne*ro *erado de modo

miraculoso -or um raio de lua( assim chamado touro Á-is4 +uando morto

ritualmente ao atin*ir a idade de !inte e cinco anos4 9oi em<alsamado e

se-ultado na necr-ole de Sacara em um t>mulo talhado em rocha conhecido

como Sera-eu então4 imediatamente4 nasceu uma no!a encarnação do deus4 +ue

 -ode ser reconhecido -or certos sinais3 entre outros4 marcas <rancas -eculiaresno -escoço e ancas4 assemelhandose s asas de 9alcão4 e uma intumesc7ncia de

escara!elho de<ai2o da l$n*ua(

sim<olismo do touro Á-is continha assim4 -or meio da ima*em animal

Jem lu*ar de humanaK4 o tema <)sico do deus sacri9icado essencial ao culto

9aranico4 e a 7n9ase dada a ele4 na ca-ital 9undada -elo instaurador da ' Dinastia

su*ere4 com muita 9orça4 +ue a met)9ora do touro sacri9icado de!e ter sido

considerada um su<stituto a-ro-riado -ara a do rei sacri9icado( Na B-oca -rBdin)stica4 o reilua era morto ritualmente4 mas nesta B-oca -osterior era o touro

  de maneira +ue o rei4 ali!iado dessa car*a num7nica4 9oi li<erado -ara se

dedicar ao seu <alB -ol$tico(

Pt) B re-resentado como uma m>mia4 e o touro Á-is B ne*ro4 com

e2ceção das marcas mais claras su*erindo asas de 9alcão( Tanto a m>mia como a

ne*ritude do touro re9eremse lua escura4 a lua morta4 na +ual a !elha lua

desa-arece e a no!a sur*e( ciclo !is$!el de min*uar e crescer B a-enas uma

mani9estação4 no tem-o4 de as-ectos desse estrato mais -ro9undo e eterno( Demodo an)lo*o4 a mitolo*ia da morte de s 1ris e do nascimento de Hrus não B

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tr-icos ele B4 de 9ato4 uma 9orça terr$!el4 semelhante a uma leoa ou a uma a!e

de ra-ina com *arras en+uanto a lua4 -ro!edora do or!alho noturno +ue re9resca

o mundo !e*etal4 re-resenta o -rinc$-io da !ida3 o -rinc$-io do nascimento e da

morte +ue B a !ida( Sim<olicamente4 a lua o tourolua como todos os seres

!i!os4 morre e renasce4 e en+uanto4 -or um lado4 sua morte B uma 9unção de sua -r-ria nature@a4 -or outro4 ela B e2ecutada -elas *arras da leoa ou da a!e de

ra-ina solar( De maneira +ue4 -)ssaro solar ou leoa4 B4 de 9ato4 a-enas um a*ente

do -rinc$-io da morte ) inerente nature@a da -r-ria !ida( Em conse+7ncia4 o

sol tem +ue ser conce<ido como mani9estação de a-enas um as-ecto do

 -rinc$-io !idamorte4 sim<oli@ado de modo mais com-leto na lua no touro

lua atacado -ela leoa( Portanto4 Secmet B mani9estação de um as-ecto de H)tor(

E en+uanto Pt)4 em seu as-ecto 9)lico criador4 en!ia seu raio de lua -ara

9ertili@ar uma !aca o animal de H)tor e assim *erar o touro lua4 em seu

as-ecto 9aranico -uniti!o4 +ue lida com a morte4 sua consorte B Secmet(

Seu 9ilho com Secmet B o 9ara *o!ernante sim<oli@ado -ela Es9in*e

com ca<eça humana e cor-o de leão4 entre as -irmides onde os cor-oss$ris

dos 9aras ha<itam silenciosamente( E -or >ltimo4 -ara encerrar a tese da

analo*ia de identidade na ori*em dos s$m<olos de Pt) e Xi!a4 de!ese o<ser!ar

+ue a ser-ente Uraeus da autoridade 9aranica sur*e do -onto central da testa da

Es9in*e4 +ue no sim<olismo do Xi!a da 1ndia B o -onto do terceiro olho4conhecido como o centro de VcomandoV Jā*?āK de onde a chama ani+uiladora do

chamado Poder JdeK Ser-ente do rei lança sua ira(

VIII( A ARTE SACERDOTAL

sa<er re9inado da maior ca-ital do Anti*o E*ito s -ode ser entendido

em sua de!ida im-ortncia +uando se -erce<e +ue a+ueles +ue o desen!ol!eramconstitu$am um clero artistas criati!os em e2erc$cio( As se-ulturas de A<idos4 no

Alto E*ito4 ha!iam sido esca!adas entre -edre*ulhos as da re*ião de M7n9is4 no

 -lanalto de Sacara onde o estrato de -edra calcaria esta!a muito mais -r2imo

da su-er9$cie4 ti!eram +ue ser talhadas no leito de rocha( %5& ) no -er$odo -rB

din)stico tardio4 as -edras mais duras ha!iam sido usadas no E*ito em -ontas de

cla!as4 estelas de &pa'( )/1+ ardsia e !)rios ti-os de !asos4 tra<alhados -or

meio de <rocas manuais e ras-a*em( Na B-oca da estela de Narmer4 9oram

introdu@idos o trado de ra<eca e a -esada 9uradeira a mani!ela4 e4 em

16. Ieisner, Development& p& 1$$&

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conse+7ncia disso4 na B-oca do rei Zer ∗ -rodu@iramse !asos de -edra em tal

+uantidade +ue todos os outros4 com e2ceção dos ti-os mais 9inos de o<etos de

cermica4 9oram su<stitu$dos(%58 Como conse+7ncia4 ) no -er$odo do 9ara

SeOhema<QPera<sen da '' Dinastia4 9orm.es de co<re nas mãos de artesãos do

nomo de M7n9$s não a-enas la!ra!am e da!am aca<amento a enormes <locos4mas tam<Bm talha!am !ontade a rocha !i!a(

-er$odo de WhascOhemui4 no 9inal do reinado da '' Dinastia Jc(/65?

a(CK4 9oi de -ro*resso s><ito em todas as artes( torno de oleiro J+ue no

Sudoeste da Ásia ) ha!ia sur*ido -or !olta de 8??? a(CK4 9ora introdu@ido

recentemente o co<re começa!a a ser muito usado sur*iu uma no!a coleção de

!asos de -edra e a arte de escul-ir -edra4 tanto em rele!o +uanto de 9orma

tridimensional4 começou a mostrar sinais de talento( Como Eduard Meer

escre!eu so<re esse -er$odo em sua *rande  Fistria da ntigQidad V)

estamos nos a-ro2imando do 9lorescimento da -rimeira cultura e*$-ciaV(%55  E

com a +ueda da '' Dinastia o 9lorescimento che*ou( Pois com a ''' Dinastia

Jc(/65?/6?? a(C(K ocorreu uma mudança decisi!a de 7n9ase -ol$tica ao norte de

M7n9is a sBrie sinistra de se-ultamentos sati em A<idos aca<ou e na

necr-ole de M7n9is em Sacara sur*iu4 -or !olta de /6&? a(C4 a 9a<ulosa

 -irmide em de*raus do 9ara Zoser(

Esse <elo monumento não era de tiolos4 como os *randes t>mulosanteriores4 mas de -edra calc)ria <ranca4 com aca<amento mara!ilhosamente

 -olido4 admirado -elos -ere*rinos atB -or !olta de 6?? a(C( Jcon9orme

e2-ressam seus elo*ios escritos na su-er9$cieK( A su-erestrutura era um alto

monumento em de*raus3 cinco masta<as de -edra diminuindo -ro*ressi!amente4

em-ilhadas uma so<re a outra atB atin*irem a altura de cerca de 6? m4 com <ase

de cerca de 6: m de com-rimento -or 6, m de lar*ura( A cmara se-ulcral Ja

su<estruturaK 9oi esca!ada -ro9undamente na -edra calc)ria4 -ara onde 9oram <ai2ados imensos <locos de *ranito mais duro -ara a construção do mausolBu(

Cercando a -irmide J+ue tinha a-ro2imadamente a altura de um edi9$cio

moderno de !inte andaresK4 ha!ia um muro 9orti9icado4 com /, m de lar*ura de

leste a oeste4 5&, m de norte a sul e : m de altura4 re!estido com 9ina al!enaria

de -edra calc)ria <ranca em -e+uenos <locos semelhantes a tiolos4 imitando os

muros de tiolo de <arro de uma cidade arcaica 9orti9icada( Ao lon*o desse

muro4 a inter!alos re*ulares4 ha!ia *randes <asti.es +uadrados e entre dois

 R Ber pp& '.2'&16 @3id&, p& .&166 Meyer, op% cit%& se!o $.7, p& 1'#&

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mestres artesãosV( s -rodi*iosos <locos de -edra dos monumentos dedicados

*lria dos 9aras eram ali tra<alhados um -or um4 e nas B-ocas da inundação

anual4 +uando todo o tra<alho no cam-o se interrom-ia4 os tra<alhadores das

la!ouras de lodo o -a$s iam -ara M7n9is trans-ortar so<re as )*uas os imensos

 <locos -er9eitamente aca<ados e iç)los -elas ram-as atB o de!ido lu*ar( As -edreiras tam<Bm eram -ro-riedade do deus Pt)4 de maneira +ue tanto o

material +uanto a mãodeo<ra eram encomendados -elo rei ao clero de seu

tem-lo( E como os -roetos reais4 tanto -ara o -r-rio 9ara como -ara sua corte

  +ue ele a*rada!a com lotes e t>mulos 9uner)rios -r2imos do seu eram

in9initamente numerosos4 a maior escola de arte do mundo anti*o atB o <re!e

 -er$odo do a-o*eu de Atenas4 desen!ol!euse do coração e da l$n*ua4 -or assim

di@er4 do mestre dos dili*entes e muito com-etentes artesãos de Pt)(%5,

Deste modo4 o deusm>mia não era a-enas uma di!indade da criação4 mas

tam<Bm da arte( s *re*os o identi9icaram com He9esto( Ele era o deus +ue

modelara o mundo e -ortanto4 os se*redos do sua arte eram os da 9orma o

9ormação do mundo( Seria então demasiada ousadia su*erir +ue o conhecimento

da nature@a da criação( &pa'( )0!+ e2-resso na mitolo*ia da+uele deus4 e2tra$sse

sua -ro9undidade da e2-eri7ncia criadora concreta do clero +ue conce<eu tal

conhecimentoI E e2-eri7ncia criadora +ue o mundo ci!ili@ado de!e as ru$nas4

não a-enas da -irmide em de*raus da ''' Dinastia Jc(/65? a(C(K4 mas tam<Bmda Era das Pirmides entre a '0 e a 0' Dinastias Jc(/6??/%:? a(C(K e4 -or

conse*uinte4 a -rimeira mani9estação em -edra historicamente dat)!el de

 -raticamente todas as re*ras <)sicas4 tBcnicas e 9rmulas so<re as +uais as artes

da ar+uitetura e escultura em -edra se <asearam desde essa B-oca(

I.( SU;ORDINA2ÃO M%TICA

Em todos os reinados +ue e2istiram da ' '0 Dinastia Jc(/=5?/8=? a(C(K

a mãodeo<ra e*$-cia não necess)ria no culti!o dos cam-os era a-ro!eitada no

em-reendimento mitol*ico de manter os 9aras 9eli@es -or toda a eternidade4 e

tal culto dos mortos4 como o<ser!ou Eduard Meer4 Vamais tinha a !er com a

adoração de um deus do +ual se desea!a auda e -roteção4 ou cua ira de!ia ser

a-lacada Jcomo -resumem todas as teorias +ue atri<uem adoração ancestral as

ori*ens da reli*iãoK4 mas4 -elo contr)rio4 -reocu-a!ase a-enas com a res-iração

arti9icial de um es-$rito4 em si im-otente4 +ue de!eria ser e+ui!alente a um deus4

16< Meyer, op% cit%& vol& @, se[es $.. e $<, pp& 1<< e $77= Ieisner, Development& p& .6<&

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em<ora não 9osse tal coisaV(%5= Com a<soluta naturalidade o mito era diretamente

atri<u$do a si mesmo -elo 9ara de maneira +ue a di!indade su-rema4 9oco da

!ida reli*iosa e o<eto dotado da mais alta consideração -ara toda a humanidade4

era a+uele e2-oente do Se*redo dos Dois Parceiros4 esse indi!$duo Va<erto -or

tr)sV3 o reideus( E a ma*nitude da -irmide de "uBo-s Jseis milh.es detoneladas3 Va estrutura mais -ortentosa +ue a terra tem +ue su-ortarV4 como

o<ser!a MeerK%5: ilustra as -ro-orç.es +ue um e*o desen9reado -ode atin*ir so<

tais condiç.es(

Entretanto4 no a-o*eu da -r-ria Era das Pirmides4 uma no!a +ualidade

  com-arati!amente humanit)ria4 <ene!olente e -aternal começou a sur*ir

no car)ter e com-ortamento dos 9aras da '0 Dinastia( VA 9orte 7n9ase na

oni-ot7ncia do 9araV4 o<ser!a Meer4 Ve a desen9reada satis9ação de seus

ca-richos -ertenciam a um -assado distante4 mesmo +ue na lin*ua*em dos

te2tos m)*icos -areça ter so<re!i!ido( Ele de!ia ser tratado a-enas como um

deus4 em<ora atB os deuses hou!essem se tornado <ondosos( As inscriç.es

tumulares re!elam +ue o rei considera!a *enerosamente seus ser!os4 os ama!a4

os e2alta!a e lhes o9erta!a !aliosas recom-ensas( E +uando no meio da '0

Dinastia as inscriç.es tumulares começaram a se tornar lo+ua@es4 elas e2altaram

os mortos -or amais terem -er-etrado o mal( tomado a -ro-riedade ou o ser!o

de outrem4 ou a<usado de seu -oder4 mas tendo sem-re se com-ortado com ustiça( E ha!ia mesmo menç.es de!oção 9ilial e ao amor marital(V%6?  0isto

+ue4 no -assado4 no -er$odo dos terr$!eis -al)cios dos mortos sacri9icados a esse

reideus4 o Senhor da 0ida e da Morte tinha tirado es-osas de seus maridos a seu

 <el-ra@er4 se*undo o ardor de seu -r-rio deseo4 os homens se a-ro2ima!am

dele tremendo4 <eiando o chão +ue ele -isa!a4 e a-enas os mais -ri!ile*iados

tinham -ermissão de che*ar atB seus oelhos4 e mesmo a menção de seu nome

era e!itada( &pa'( )0#+ usandose outro termo em seu lu*ar4 a sa<er3 a V#randeCasaV J #arSoK. Fara(%6%

Podese a-enas tentar ima*inar4 lu@ dessa descrição dos mestresartesãos

da+ueles -al)cios su<terrneos constru$dos -elos -r-rios deuses !i!entes

en+uanto ainda !i!iam4 +ue ti-o de sentimentos de!e ter tido a multidão de

 o!ens mulheres4 an.es e eunucos4 *uardacostas e mestres da corte4 +ue

o<ser!a!am e sa<iam o si*ni9icado das salas e corredores +ue esta!am sendo

16 Meyer, op% cit%& vol& @, se!o $.', p& 1$&16# (!id%& se!o $., p& 1<&1'7 (!id%& se!o $, p& $77&1'1 (!id%& se!o $1#, p& 16$&

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constru$dos -ara rece<7los( E resta a-enas -er*untarse +ue ti-o de in9lu7ncias

sensatas -odem ter trans9ormado a+ueles monstros do *i*antesco VeuV em

humanos e humanit)rios(

Meu -rimeiro -al-ite4 ) mencionado4 B +ue tenha sido -or in9lu7ncia da

arte( Pois como a mitolo*ia nasce da 9antasia4 toda !ida e ci!ili@ação criadascomo resultantes de identi9icação m$tica literal ou en9atuação como uma

concreta imitatio di necessariamente terão as caracter$sticas de um -esadelo4

um o*o on$rico le!ado demasiadamente a sBrio em outras -ala!ras4 loucura(

Por outro lado4 +uando a mesma ima*Btica mitol*ica B de!idamente

inter-retada como 9antasia e se lhe -ermite a*ir na !ida como arte4 não como

nature@a com ironia e *raça4 não com com-ulsão demon$aca 9ero@ 4 as

ener*ias -s$+uicas anteriormente a-risionadas -elas ima*ens constran*edoras

 -assam a*ora a a-risionar as ima*ens4 e 9icam dis-osição -ara serem

desen!ol!idas com es-ontaneidade -ara o enri+uecimento da !ida( AlBm do

mais4 como a -r-ria !ida B4 de 9alo4 9eita da mesma su<stncia +ue os sonhos4

tal trans9er7ncia de 7n9ase -ode condu@ir4 em seu de!ido tem-o4 -ara uma !ida

!i!ida com a no<re consci7ncia de sua -r-ria nature@a(

[ -er9eitamente <!io +ue no anti*o 0ale do Nilo4 no terceiro mil7nio

a(C4 um mito !i!ente ou melhor4 um mito +ue so<re!i!eu nos cor-os dos

homens esta!a trans9ormando uma cultura -o-ular neol$tica em uma das maisre9inadas e duradouras das *randes ci!ili@aç.es do mundo4 literalmente

mo!endo montanhas -ara trans9orm)las em -irmides e enchendo a terra com o

ecoar de sua <ele@a( PorBm4 os indi!$duos nas *arras desse mito !i!ente esta!am

tão en9eitiçados +ue4 em<ora 9ossem titãs na -r)tica4 eram in9antis nos

sentimentos( Uma sBrie de lon*as <arcaças reais de madeira 9oi recentemente

encontrada enterrada em -ro9undas rendas talhadas nas rochas nos arredores das

 -ortentosas -irmides de #i@B3 cinco em !olta da de "uBo-s JWhu9uK e cinco em!olta da de "uB9rem JWha9reK(%6/

Primeiro4 o se-ultamentosati4 e a*ora istoI *rande homem !eleando

em seu <rin+uedo -ara a eternidade4 como uma criança em um a!ião sem asasI

Vamais nesta terraV4 escre!eu Eduard Meer4 comentando o culto

mortu)rio da Era das Pirmides(

a tare9a de trans9ormar o im-oss$!el em -oss$!el 9oi en9rentada com tanta

ener*ia e -ersist7ncia3 a tare9a de -rolon*ar o <re!e -er$odo de anos do homem4

1'$ 03del Moneim 03"3akr& >:ivine -oa)s o? 0ncien) gyp)>, Archaeolog$& vol& , nW $, 1#66, p& #<&

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m$tico do -ensamento solar em o-osição ao lunar( Nela4 a anti*a e -ro9unda

melancolia !e*etal de um o<scuro destino de morte e nascimento a -artir da

decom-osição desa-areceu4 e um no!o so-ro o!ial de ar -uro es-alhouse -elos

cam-os4 dis-ersando todas as som<ras( Um es-$rito masculino -redominou4 um

tanto +uanto -ueril relati!amente su-er9icial4 -oderseia di@er mas com certodistanciamento de si mesmo +ue torna -oss$!el o desem-enho do intelecto onde

antes tudo tinham sido tre!as e in9ort>nio(

A lenda B so<re a <oa senhora Ruditdidit4 es-osa de um alto sacerdote4

chamado Rausir4 do tem-lo do deussol R) ela ha!ia conce<ido tr7s 9ilhos de

R) +ue nasceriam dela como tri*7meos( E +uando as dores do -arto se

iniciaram4 o -r-rio deus4 no cBu4 chamou -or 1sis4 NBrtis4 Hi+ait Ja -arteira com

ca<eça de sa-o +ue tinha assistido ao nascimento do mundoK4 MasOhonuit deusa

do -arto e do <erçoK e -elo deus Whnum J+ue d) as 9ormasK3 VA-ressemse^

De-ressa^ Li<ertem a senhora Ruditdidit dos <e<7s +ue estão em seu >tero4 +ue

de!erão e2ercer nas Duas Terras a &pa'( )05+  9unção real <ene9icente4

construindo tem-los -ara !oc7s e tra@endo o9erendas a seus altares4 -ro!is.es

 -ara suas mesas e aumentando o -atrimnio de seus tem-losV(

Ao ou!ir a ordem maest)tica de R)4 as cinco di!indades o<edeceram( As

+uatro deusas trans9ormaramse em m>sicas e Whnum acom-anhouas como

carre*ador( Assim dis9arçados che*aram ao domic$lio de Rausir4 onde oencontraram estendendo linho( "uando -assaram diante dele com suas

castanholas e sistros ele as chamou3 Senhoras^ Senhoras^ Por 9a!or^ H) uma

mulher a+ui em dores de -artoV( Ao +ue elas res-onderam3 VPermitanos4 então4

!7la4 -ois somos es-ecialistas nas artes do -artoV( E ele disselhes3 Vem4 então

entrem^V Entraram e 9echaramse no +uarto com a senhora Ruditdidit(

1sis colocouse diante da mulher +ue esta!a acocorada so<re uma esteira

 NB9tis colocouse atr)s dela -ara se*urarlhe o cor-o durante as dores4 e Hi+aitacelerou o -arto com massa*ens( V criançaV4 disse a deusa 1sis4 Vem teu -r-rio

nome de Usirra94 A+uele cua <oca B -oderosa4 não seas -oderosa no >tero^V

Em se*uida( a criança !eio s mãos de 1sis3 um <e<7 com uns 5? cm de

com-rimento4 de ossos 9ortes4 mem<ros da cor do ouro e ca<elos l)-isla@>li( As

deusas -arteiras o la!aram4 cortaram o cordão um<ilical e o colocaram num leito

de tiolos e então MasOhonuit a-ro2imouse e -ro9eti@ou3 VEste ser) um rei +ue

e2ercer) a reale@a nas Duas Terras( E Whnum in9undiu sa>de em seus mem<ros(

1sis -ostouse no!amente diante da mulher4 NB9tis atr)s e Hi+ait assistiu ose*undo -arto3 V criançaV4 disse 1sis4 em teu nome de Sahuria4 A+uele +ue B

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*uardam seu -osto na teolo*ia4 a-enas -or serem mani9estaç.es de R)4 e as

deusas tornamse deusas celestiais e mães do sol( A -r-ria reale@a tam<Bm B

reinter-retada( Por um lado4 o 9ara B e2altado como o 9ilho do re*ente celestial

do mundo -or outro4 ele 9ica su<ordinado a uma idBia reli*iosa no!a e su-erior(

rei não mais est) em -B de i*ualdade com seu -ai4 como esta!a anteriormente oHrus !i!o entre os deuses3 a*ora B seu 9ilho o<ediente +ue lhe cum-re a

!ontade( [ -or isso +ue o 9ara dos sBculos se*uintes não B mais o V*rande deusV4

como outrora4 mas o V<om deusV(%65

Com isso *ostaria de terminar nossa re!isão dos documentos do Nilo4

onde 9oi -reser!ado o re*istro de uma se+7ncia e!oluti!a de trans9ormaç.es

 -sicol*icas3

%( de um est)*io -rBdin)stico de identi9icação m$tica4 caracteri@ado -ela

su<missão de todo ul*amento humano ao mila*re de uma su-osta ordem

csmica4 determinada -or um sacerdcio e e2ecutada -elo sacri9$cio de um rei

deus

/( atra!Bs de um est)*io din)stico -rimiti!o de en9atuação m$tica Jda '

'0 Dinastia4 c./=5?/8=? a(CK4 +uando a !ontade do -r-rio reideus se tornou o

sinal do destino e uma -atolo*ia muito criati!a e demon$aca in!ocou ae2ist7ncia de uma ci!ili@ação sim<lica

&( a um est)*io culminante de su<ordinação m$tica J0 Dinastia4 c(/8=?

/&5? a(C( e da$ em dianteK4 onde o rei4 em<ora ainda em sua 9unção m$tica4 não

mais desem-enha!a o -a-el desen9reado de um m!strium trmndum tornado

carne4 mas e2ercia contra si mesmo a censura de uma ordem de ul*amento

humano(

Assim4 maneira de uma cura -sicanal$tica comunaK4 a ci!ili@ação 9oi

le!ada4 atra!Bs da -essoa de seu rei sim<lico4 de um estado de 9ascinado

arre<atamento csmico a outro de humanidade4 ra@oa!elmente e+uili<rado(

0alores humanos -roetados no uni!erso <ondade4 <ene!ol7ncia4 com-ai2ão

e outros 9oram atri<u$dos a seu Criador e o a-a@i*uamento do 9ara 9oi

alcançado como re9le2o deste su-osto humanitarismo do deus uni!ersal( 9ara

era VomV4 não mais V#randeV no sentido arcaico4 e ainda assim era Deus

!erdadeiro Deus e tam<Bm !erdadeiro Homem( Ele mante!e seu -oder e seu

1'6 Meyer, op% cit%& se!o $6$, pp& $7<2$7&

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lu*ar es-ecial entre os homens como uma di!indade no entanto esta!a

su<ordinado -ela ima*Btica do mito a um -oder su-erior não a si mesmo4 mas

aos as-ectos de si mesmo +ue a-arecem como o touro Á-is na es9era do tem-o(

utrossim4 a terra do E*ito4 na +ual ele *o!erna!a4 era o -ara$so3 &pa'( )0-+

 -ermanecia o sentido de uma di!indade imanente no mundo( homem não 9oideserdado( Não tinha ha!ido nenhuma "ueda( Ao morrer4 o indi!$duo 9icaria

diante do ul*amento de s$ris4 mas essa seria uma +uestão a res-eito a-enas

dos mBritos -articulares( A es-Bcie humana não era ontolo*icamente condenada4

tam-ouco o uni!erso( De maneira +ue o E*ito em de9initi!o de!e ser

reconhecido como -ertencente antes ao conte2to de certo as-ecto do riente do

+ue do cidente( es-$rito +ue ha<ita sua mitolo*ia B o mila*re4 não a cul-a(

Por >ltimo4 B certamente a-ro-riado -er*untarse a*ora se não 9oi -ela

ma*ia de sua -rodi*iosa arte +ue a cura do E*ito de seu arre<atamento csmico

se e9etuou sem +ue<rar o !$nculo com o mila*re4 -orBm humani@ando sua 9orça(

 Na Meso-otmia o !$nculo rom-euse mas na Meso-otmia não ha!ia uma arte

tão es-l7ndida +uanto no E*ito( Na !erdade4 não hou!e e+ui!alente arte

e*$-cia em nenhum lu*ar do mundo atB o -er$odo cl)ssico *re*o e4

 -osteriormente4 o -er$odo #u-ta da 1ndia4 -or !olta de 8?? d(C4 +uando a ma*ia

 -assou com o <udismo Mahaana -ara a China e o a-ão( Notamos semelhanças

 -ro9undas entre as mitolo*ias de Pt) e Xi!a(0amos a*ora a-ontar tam<Bm as das artes3 no tem-lo A<uSim<el4

esca!ado na rocha e constru$do -or RamsBs '' J%&?%%/&8 a(CK4 não a-enas o

arti9$cio4 mas tam<Bm a idBia e mesmo o -lano ar+uitetnico <)sico4 a

or*ani@ação da 9achada e conce-ção do interior4 anteci-am em mais de %(5??

anos os tem-los indianos esca!ados na rocha tanto de Xi!a +uanto de uda em

Elura e em outros locais( Portanto se a relação de um estilo de arte com seu mito

*erador B uma +uestão de al*uma im-ortncia4 h) a+ui um -ro<lema deconsider)!el interesse4 a*uardando ser e2-lorado3 a -assa*em da ins-iração4

tanto das artes +uanto dos mistBrios do E*ito4 -ara a+ueles +ue !ieram a

9lorescer -or !olta de 8??%/5? d(C( na 1ndia4 no Ti<ete4 na China e no a-ão(

&pa'( )0/+

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cua data *enBrica se situa entre 8???&5?? a(C( Durante o mil7nio se*uinte

a-areceu um no!o ti-o de tem-lo meso-otmico4 na 9orma do ele!ado @i*urate

de muitos terraços J9i*ura %&K( rientado com os +uatro n*ulos -ara os -ontos

cardeais4 ele!andose de uma imensa )rea na +ual numerosos -rBdiossecund)rios a<ri*a!am um dili*ente clero administrati!o4 a montanha sim<lica

de tiolo e <arro sustenta!a em seu to-o um -al)cio dedicado ao -rinci-al deus

da cidade( Pois nesse -er$odo4 cada uma das cidadesestados meso-otmicas era

conce<ida -ara ser o solar terreno de um dos deuses re*entes do mundo3 Ur4 do

deuslua Nanna4 e -erto de <eid4 como !imos4 da deusa leiteira Ninhursa*(

Eridu4 na costa do #ol9o PBrsico4 era o solar do deus )*ua EnOi ou Ea4 cuo

tem-lo4 ele!andose de um terraço com cerca de %=? metros de com-rimento

 -or %?= m de lar*ura4 -ode ter tido não mais do dois andares Jos sBculos 9i@eramdesa-arecer sua altura certaK e tal!e@ tenha conser!ado atB um &pa'( )01+

Fi*ura %&( @i*urate de Ni-ur JreconstruçãoK3 'ra+ue4 c(/??? a(C(

 -er$odo -osterior o 9ormato do anti*o tem-lo em 9orma de casa so<re um

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terraço4 -orem com dimens.es e2a*eradas( Em Ni-ur4 a-ro2imadamente a %,6

Om a noroeste4 sur*iu o imenso @i*urate do deusar Enlil +ue4 -or todo o -er$odo

de a-o*eu da anti*a SumBria J7 .&5??C(/?5? a(C(K 9oi4 como o Zeus ol$m-ico

dos *re*os4 #rimas intr #ars do -anteão( local 9oi esca!ado durante os anosde %==::?4 %=:?:%4 %=:&:6 e %=:6%:??4 -or uma sBrie de e2-ediç.es

e2tremamente tumultuadas en!iadas -ela Uni!ersidade da Pensil!nia(

'm-ortunados -elos )ra<es4 -elas doenças4 -elos mBtodos canhestros e tudo

mais4 os coraosos esca!adores reuniram umas trinta mil ta<uletas

cunei9ormes4%6= mas 9oram um tanto im-recisos no estudo do @i*urate4%6:  de

maneira +ue encontramos hoe -ouca concordncia entre os eruditos com &pa'(

)1)+ res-eito a suas !)rias 9ormas e dimens.es durante os -er$odos de sua lon*a

histria(%,? Contudo4 B certo +ue ha!ia um *rande )trio de 9rente -ara o rio e um -)tio ainda maior nos 9undos e ali4 um @i*urate de tal!e@ cinco andares4 tal!e@

tr7s4 com uma >nica escadaria +ue ocu-a!a toda a 9rente4 condu@indo a um

 -ro!)!el tem-lo no to-o4 e tudo orientado com n*ulos !oltados -ara os -ontos

cardeais( Tam<Bm ha!ia4 -arece4 um *rande Vtem-lo mais <ai2oV4 na <ase(

 Na !erdade4 a 9rmula de dois tem-los4 um acima4 outro a<ai2o4 -arece ter

sido essencial ao @i*urate desde seu in$cio4 e o su<strato mitol*ico disso 9oi

inter-retado com sensi<ilidade -elo ar+uiteto ( Andrae(%,%

 Em resumo4 seuracioc$nio su*ere +ue a di!indade !i!ia no tem-lo do to-o e se mani9esta!a no

de <ai2o( Ha!ia a-artamentos mo<iliados no andar su-erior4 -ara acomodar não

a-enas o deus ou deusa -rinci-al4 mas tam<Bm um sB+uito de ser!içais di!inos4

e -or ocasião de certos 9esti!ais desi*nados -elo calend)rio4 +uando a di!indade

a-arecia no tem-lo 'n9erior4 era a !enerada -elo -o!o e concedia <7nçãos( De

maneira +ue o @i*urate -or um lado concedia di!indade os meios -ara descer

sua cidade na terra e4 -or outro4 -ro!ia os ha<itantes da+uela cidade com os

meios de se a-ro2imarem do deus e lhe 9a@erem -edidos(

Pois os reis meso-otmicos não mais eram4 como os do E*ito4 deuses em

si mesmos( A dissociação cr$tica entre as es9eras de Deus e as do homem4 +ue

com o tem-o aca<aria se-arando de9initi!amente os sistemas reli*iosos do

1' Sam"el Noah ramer, "umerian M$tholog$ (The 0merican /hilosophical Socie)y, FiladLl?ia, 1#%,pp& 2#&1'# /arro), Nigurat et Tour de Ba!el& pp& 12166&1<7 C?& @@&B& ;ilprech), DieAusgra!ungren im B7l-Tempel 6u ippur (J&C& ;inrichAsche -"chhandhmg,

*eipzig, 1#7.%&1<1  +& 0ndrae, Das Gotteshaus und die Urformen des Bauens im alten Lrient& S)"dien z"r-a"?orsch"ng, ?asc4c"lo $ (;ans Schoc)z "nd Co&, -erlim, 1#.7%&

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cidente e do riente4 ) tinha ocorrido( rei não era mais um reideus4 ou

mesmo -ro-riamente um VreiV Jlugal K , mas a-enas o Vre-resentanteV J #atsiK do

!erdadeiro Rei4 +ue era o deus no cBu( H) um mito da criação do homem no +ual

a-arecem al*umas das im-licaç.es dessa no!a conce-ção de dissociação( Ele -ro!Bm do ciclo do deus EnOi ou Ea da cidadetem-lo de Eridu( Um dos nomes4

+a, si*ni9ica VDeus da Casa de Á*uaV4 e o outro4 Vo Senhor J nK da deusa Terra

JkiK6. Seu animal sim<lico tinha as -artes dianteiras de uma ca<ra4 mas o cor-o

de um -ei2e3 a 9orma ainda conhecida como Ca-ricrnio4 o s$m<olo do dBcimo

si*no do @od$aco4 no +ual o sol4 -ara renascer4 entra na B-oca do solst$cio de

in!erno( EnOi 9unciona!a como um deus da -uri9ic)lo nos rituais a+u)ticos

conhecidos como rituais da Vcasa de <atismoV ou Vde la!a*emV(%,/  e h)

certamente mais do +ue uma coincid7ncia a ser !ista no 9ato de +ue na o<ra deerossos4 sacerdote <a<ilnio tardio4 +ue escre!eu em *re*o cerca de /=? a(C( o

nome dado a EnOi 9osse annes( Com-arese o *re*o l.annes4 o latino

ohannesV o he<raico _ohanan4 oão oão atista e a idBia do renascimento

 -ela )*ua JSão oão &35K EnOi mora!a com a es-osa4 a deusa Ninhursa*4 numa

ilha -aradis$aca conhecida como Dilmun4 identi9icada *eo*ra9icamente com a

ilha ahrein no #ol9o PBrsico4 mas +ue em seu car)ter mitol*ico era uma Vterra

dos !i!osV4 -ura e luminosa4 no meio do mar -rime!o3

Em Dilmun o cor!o não *rasna4

milhano não emite seus *uinchos( &Pa'( )1!+

leão não mata4

lo<o não de!ora o cordeiro4

E desconhecido B o cão sel!a*em de!orador de ca<ritos(

L) a -om<a não cur!a a ca<eça4

doente da !ista não di@ Veu sou doente da !istaV4

doente da ca<eça não di@ Veu sou doente da ca<eçaV4

A senhora idosa não di@ Veu sou uma senhora idosaV4

E o homem idoso não di@ Veu sou um homem idosoV( %,&

1<$ S)ephen ;enry *angdon, "emitic M$tholog$% The M$tholog$ of All 'aces& vol& B (Marshall Jones

Company, -os)on, 1#.1%, pp& 17.217'&1<. Sam"el Noah ramer, Orom the Ta!lets of "umer (The FalconAs +ing /ress, @ndian ;ills, Colorado,1#6'%, pp& 1<$21<.= *angdon, op% cit &, pp& 1#21#6&

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Dr( Samuel Noah Wramer demonstrou em estudos com-arati!os de

inumer)!eis ta<uletas sumBrias nas <i<liotecas da Euro-a4 riente Pr2imo e

Estados Unidos4 +ue a deusa Nammu4 cuo nome B escrito com o -icto*rama de

Vmar -rime!oV4 era a 9undamental Vmãe +ue -ariu o CBu e a TerraV4%,8

  e +ueam<os eram re-resentados na 9orma >nica de uma montanha csmica cua <ase4

 -airando so<re o a<ismo das )*uas4 era o 9undo da terra4 en+uanto seu to-o era o

@7nite do cBu( A -orção in9erior4 Terra JkiK , era 97mea e a su-erior4 CBu JanK4

macho de maneira +ue sua nature@a era no!amente a do ser -rimordial dual +ue

 ) conhecemos(

An *erou o deusar Enlil4 +ue se-arou Terra e CBu4 di!idindoos

e2atamente como no conhecido mito cl)ssico de Hes$odo4 #aia JTerraK e Uranos

JCBuK 9oram se-arados -elo 9ilho Cronos JSaturnoK(%,5  Sur*iu um numeroso -anteão e esses deuses !i!iam em sua cidade celestial mais ou menos como os

homens !i!em na terra4 culti!ando cam-os de cereais(

Entretanto4 hou!e um tem-o em +ue as colheitas 9alharam4 em *rande

 -arte de!ido ne*li*7ncia4 e Nammu4 a !elha mãe)*ua4 -erce<endo a situação

de sua -ro*7nie4 -rocurou EnOi4 o mais inteli*ente de todos4 o senhor do a<ismo

dela4 +ue encontrou em -ro9undo sono em seu leito( Ela acordouo( VMeu

9ilho^V4 disse( E 9aloulhe da triste@a dos deuses( VLe!antate desse leito e reali@auma *rande o<ra de sa<edoria( Fa<rica ser!os -ara assumir as tare9as dos

deuses(V E o s)<io EnOi4 le!antandose4 disselhe3 V Mãe4 isso -ode ser 9eitoV(

V0ai4 ele disse4 Ve <usca um -unhado de <arro do 9undo da terra4 lo*o

acima da su-er9$cie do nosso a<ismo das )*uas e modelao na 9orma de um

coração( Produ@irei <ons e ma*n$9icos artesãos +ue darão a esse <arro a

consist7ncia ade+uada( E então tu 9ar)s os mem<ros( Acima de ti a mãeTerra4

minha es-osa di!ina4 estar) -arindo e oito deusas do -arto estarão dis-osição

 -ara assistila( Tu determinar)s o destino do recBmnascido( A mãeTerra ter)

im-rimido nele a ima*em dos deuses( E ele ser) Homem(V

A o<ra 9oi reali@ada( A deusaTerra4 es-osa de EnOi4 -ostouse acima da

deusa do a<ismo das )*uas e4 assistida -elas oito deusas do -arto4 o <arro 9oi

tomado e se-arado como se se-ara o <e<7 de sua mãe( ons e ma*n$9icos

artesãos deramlhe a consist7ncia certa e Nammu modelou -rimeiro o coração e

de-ois o cor-o e os mem<ros( &pa'( )1#+

1< ramer, Orom the Ta!lets of "umer& pp& <<2<&1<6 ;esiod, Theogonia KJ%

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"uatros outros assim 9oram criados cua descrição nin*uBm 9oi atB

hoe ca-a@ de inter-retar a -artir da inscrição cunei9orme( Entretanto4 a

 <rincadeira ainda não tinha aca<ado -ois EnOi4 achando +ue tinha !encido4desa9iou a deusa a trocar de lu*ar ele a*ora criaria e a deusa determinaria o

destino(

Ele 9e@ uma criatura chamada VMeu Dia de Nascimento B RemotoV4 com

9$*ado e coração doloridos4 olhos en9ermos4 mãos tr7mulas e sem es-$rito(

Então( Ele 9alou deusa3 &pa'( )1$+

Para cada um dos +ue tu modelaste4 indi+uei -rontamente um lu*ar

Portanto4 a este +ue modelei4 a*ora d)s tu o lu*ar 

nde ele de!er) su<sistir(

A deusa se a-ro2imou da criatura e lhe 9alou( Ela 9oi inca-a@ de

res-onder( 9ereceulhe -ão( A criatura 9oi inca-a@ de -e*)lo( Não -odia

sentarse4 9icar de -B ou do<rar os oelhos( A deusa 9oi inca-a@ de determinar

lhe +ual+uer destino(

E assim EnOi criou outros( Mais uma !e@4 entretanto4 a inscriçãocunei9orme e ile*$!el( Parece +ue doença4 loucura e similares 9oram criados

en+uanto EnOi maliciosamente dei2a!a a deusa sem sa$da( Tudo o +ue sa<emos

B +ue no 9inal ela *rita!a3

Minha cidade est) destru$da4 minha casa4 arruinada

Meus 9ilhos 9oram 9eitos -risioneiros(

Fui e2ilada da cidademontanha dos deuses3

 Nem mesmo eu esca-o de tuas mãos^

Da+ui em diante tu não ha<itar)s nem no cBu nem na terra(

E EnOi4 assim inustamente condenado -ela mãedeusa da humanidade4 9oi

de 9ato e2ilado da terra -ara o a<ismo( VUma ordem sa$da de tua <ocaV4 ele

disse4 V+uem -oder) mud)laIV E com essa 9rase a ta<uleta interrom-ese(V %,6A

1<' ramer, Orom the Ta!lets of "umer& pp& 17121= )am3Lm, ramer, "umerian M$tholog$& pp& '2<$= e Thorkild Jaco3sen, >Mesopo)amia>, in ;enri Frank?or) e) al&, Before Philosoph$ (/eng"in -ooks,;armondsKor)h, 1##%, pp& 1<621<,$7$2$7<&

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9esta com a+uela <e<edeira aca<a em tumulto( Seus e9eitos4 entretanto4

su<sistem(

VA -antomima -ertence ao homemV4 con9orme se l7 em inngans Tak

VDeus tem *esta(V0ale a -ena o<ser!ar +ue4 en+uanto no mito meso-otmico da se-aração

da montanha cButerra -or seu 9ilho EnOi4 o cBu JanK B masculino e a terra JkiK

9eminino4 no mito e*$-cio corres-ondente o caso era e2atamente o o-osto( Ali4 o

cBu 9oi -rimeiro Jno -er$odo da estela de NarmerK a deusa!aca H)tor e de-ois

Jno -er$odo dos Te2tos das PirmidesK4 a deusa antro-omr9ica Nut4

re-resentada -rote*endo o mundo com seu cor-o em 9orma de arco4 mãos e -Bs

a-oiados no chão( Nos Te2tos das Pirmides essa deusa Nut B chamada Va

radiante4 a *randiosaV4%,, Va *rande -rotetoraV%,= Va dos ca<elos lon*os4 a dosseios -endentesV(%,: VEla não -ode ser 9ertili@adaV4 di@se4 Vsem a<ai2ar seus

 <raçosV(%=? E o deusterra4 seu cnu*e4 #e<4 est) sentado a<ai2o dela( VUm

 <raço estendido -ara o cBuV4 l7se4 Ve o outro a-oiado na terraV(%=%  s dois

esta!am se-arados4 alBm do mais4 -or Shu4 o deusar4 +ue não era 9ilho deles como Enlil B 9ilho de AnOi mas seu -ro*enitor∗ de maneira +ue4 en+uanto em

um caso B su*erida uma !iolenta 9açanha ed$-ica 9reudiana de um 9ilho

desdenhando o -ai e tomando a mãe -ara si JVDe-ois de An ter arre<atado oCBu( De-ois de Enlil ter arre<atado a TerraVK4%=/ no outro sistema a se-aração B

!ista mais como e9eito do @elo -arental( Notamos tam<Bm a ima*em tosca da

criação( homem B 9eito do <arro e2tra$do do 9undo da terra4 onde ela co<re as

)*uas do a<ismo4 e a deusa Terra B re-resentada de -B so<re a deusa Mar4 sendo

o <arro e2tra$do dela Vcomo um 9ilho de sua mãeV o<!iamente uma ima*em

da criação da es-Bcie humana a -artir do &pa'( )15+ e2cremento3 outro tema

9reudiano in9antil4 anteci-ando o sentimento da re-etida Frase <$<lica3 V +ue e

o homem -ara te -reocu-ares com eleIV J ,3%, %53%8 Salmos =38 %883&

He<reus /35K(

0oltemos aos anti*os sinetes sumBrios de cerca de &5?? a(C( J9i*uras / e

&K e recordemos a idBia neles e2-ressa de uma di!indade imanente a todas as

1<< /yramid TeH) 1 (Mercer, op% cit &, vol& 1, p& $7%&1< /yramid TeH) $ (i!id%& vol& @, p& 16'%&1<# /yramid TeH) $1<1 (i!id%& vol& @, p& .16%&17 /yramid TeH) 1.$1 (i!id%& vol& @, p& $16%&11 /yramid TeH) 11$ (i!id%& vol& @, p& 1#%& R "upra& p& <6&1$ ramer, Orom the Ta!lets of "umer& p& <<&

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coisas4 +ue se  auto*era e autoconsome( <ser!emos +ue essa idBia e em

ess7ncia a mesma +ue a da !isão men9ita4 de Pt)4 +ue est) Vem todo cor-o e toda

 <oca de todos os deuses4 homens4 animais4 seres rasteantes e tudo o mais +ue

!i!eV(

 E2aminemos em se*uida os dois sinetes sumBrios de c(/&?? J9i*uras 8 e5K4 onde as 9ormas 9emininas estão em rima das masculinas e notemos a

corres-ond7ncia de locali@ação com a de Nut e #e< do E*ito(

Pareceria4 -ortanto4 +ue a ordem anterior4 neol$tica4 era a da 97mea acima

do macho4 a mãe csmica so<re o -ai e +ue em certa data4 +ue temos a*ora de

tentar 'ndicar4 as atri<uiç.es -arentais na Meso-otmia 9oram determinadas em

sentidos o-ostos e conse+entemente4 tam<Bm o 9oram seus e9eitos -sicol*icos

  com resultados 9ilos9icos e mitol*icos interessantes( Pois en+uanto o cor-o

enterrado no solo e*$-cio era identi9icado com o deushomem s$ris no mundo$n9ero de seu -ai #e<4 e a ele retorna!a4 o se-ultado em solo meso-otmico não

!olta!a -ara o -ai4 mas -ara a mãe( E com a -ro*ressi!a des!alori@ação da

deusamãe em 9a!or do -ai4 o +ue em toda -arte acom-anhou o amadurecimento

do estado din)stico e do -atriarcado4 mas +ue no Sudoeste Asi)tico 9oi le!ado

mais lon*e +ue em +ual+uer outra -arte culminando na mitolo*ia do Anti*o

Testamento4 onde não h) a<solutamente nenhuma deusamãeK4 um sentido de

se-aração essencial do s$m<olo de !alor su-remo se tornou no de!ido tem-o osentimento reli*ioso caracter$stico de todo o riente

Pr2imo( E os -rimeiros sinais dessa ru-tura es-iritual 9oram os @i*urates

+ue começa!am a ser er*uidos como -roteção e +ue4 ao mesmo tem-o4

 -ro-orciona!am aos -oderes celestiais uma escada -ela +ual eles -odiam descer

*raciosamente atB os homens(

II( VIRTUDE M%TICA

De-ois +ue An4 Enlil4 EnOi e Ninhursa*

Modelaram o -o!o de ca<eça ne*ra4

A !e*etação <rotou da terra4

Animais4 +uadr>-edes das cam-inas4 en*enhosamente

9oram tra@idos e2ist7ncia(%=&

 R "upra& p& <'1.  (!id &, p& 1<<= 0rno /oe3el, .istorical Te#ts (niversi)y o? /ennsylvania, FiladLl?ia= /"3lica)ions o?)he -a3ylonian Sec)ion,The niversi)y M"se"m, vol& @B, nW 1, 1#1%, p& 1<&

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 E o inundo como o conhecemos4 ou como o -o!o da SumBria o conheceu

no +uarto mil7nio a(C4 e2istia e2atamente na 9orma em +ue se es-era!a +ue se

manti!esse inalterado( Pois não h) em +ual+uer mitolo*ia arcaica nenhumaidBia de uma e!olução da sociedade nem da es-Bcie( As 9ormas -rodu@idas no

 -rinci-io de!eriam &pa'( )1*+ -ermanecer atB o 9inal dos tem-os( E a !irtude de

cada classe de coisas4 de cada ti-o de homem4 da$ -or diante4 consistia em

re-resentar o modelo di!ino ori*inal criado -ara sua es-Bcie o +ue no E*ito4

como !imos4 era conhecido como maat, na 1ndia como dharma, no E2tremo

riente como tao, e na SumBria seria conhecido como m.

Dr( Wramer le!antou em uma anti*a ta<uleta de <arro sumBria uma

interessante lista -arcial das !irtudes JmSsK +ue na+ueles -rimeiros tem-os de -ensamento sistem)tico se su-unha constitu$rem a ordem do uni!erso( Ao

e2aminar a lista4 o leitor moderno ter) +ue tentar es+uecer suas -r-rias

conce-ç.es4 não a-enas da nature@a4 mas tam<Bm do senso comum4 e dei2ar a

ima*inação entre*ue a cada cate*oria4 como se ela 9osse um elemento

 -ermanente estruturador do mundo de Deus4 re-resentando -er9eição Seu

 -roeto como se !7 a se*uir3 %K dom$nio su-remo /K di!indade &K a coroa

e2altada e -ermanente 8K o trono da reale@a 5K o cetro e2altado 6K a ins$*niareal ,K o santu)rio e2altado =K a condução es-iritual :K reale@a %?K senhoria

duradoura %%K a ocu-ação sacerdotal conhecida como Vsenhora di!inaV %/K a

ocu-ação sacerdotal conhecida como ishi2 %&K a ocu-ação sacerdotal conhecida

como lumah, %8K a ocu-ação sacerdotal conhecida como gutug %5K a !erdade

%6K descida ao mundo $n9ero %,K su<ida do mundo $n9ero %=K a ocu-ação do

eunuco conhecida como kurgarru %:K a ocu-ação do eunuco conhecida como

 gir2adara /?K a ocu-ação do eunuco conhecida como  sagursag /%K o

estandarte de <atalha //K dil>!io /&K armas /8K relação se2ual /5K

 -rostituição /6K -rocedimento le*al /,K li<elo /=K arte /:K a cmara de culto

&?K a 9unção da Vhierodula do cBuV &%K o instrumento musical chamado

 gusilim &/K a m>sica &&K -rimo*enitura &8K condição de heri &5K o -oder

&6K inimi@ade &,K retidão &=K a destruição de cidades &:K lamentação 8?K

re*o@io do coração 8%K 9alsidade 8/K a terra re<elde 8&K <ondade 88K ustiça

85K a arte da marcenaria 86K a arte da metalur*ia 8,K a condição de escri<a 8=K

a arte do 9erreiro 8:K a arte de tra<alhar o couro 5?K a arte do construtor 5%K aarte do con9eccionador de cestos 5/K sa<edoria 5&K atenção 58K -uri9icação

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sa*rada 55K medo 56K terror 5,K luta 5=K -a@ 5:K 9adi*a 6?K !itria 6%K

conselho 6/K -ro<lemas sentimentais 6&K discernimento 68K decisão 65K o

instrumento musical chamado lilis 66K o instrumento musical chamado u2 6,K

o instrumento musical chamado msi 6=K o instrumento musical chamado ala(%=8

Esses eram os ar+uBti-os da e2ist7ncia e e2-eri7ncia determinados no

+uarto mil7nio a(C( -ara todo o sem-re( E a 7n9ase so<re a m>sica B interessante(

0ale lem<rar +ue 9oi encontrada uma sBrie de har-as entre as se-ulturas sati das

tum<as reais de Ur +ue tem como ornamento a 9i*ura do tourolua morto eressuscitado4 Tammu24 com <ar<a em l)-isla@>li(∗ Pois a inaud$!el Vm>sica das

es9erasV4 +ue B o sussurro do cosmos no ser4 tornase aud$!el atra!Bs da m>sica

B a harmonia4 o si*ni9icado da ordem social4 e a harmonia do -r-rio es-$rito

desco<re nela sua consonncia( Essa idBia B <)sica m>sica con9uciana4 <emcomo m>sica indiana essa 9oi4 B claro4 a crença -ita*rica4 e 9oi uma idBia

9undamental4 tam<Bm4 da nossa &pa'( )1-+ 'dade MBdia3 da$ o canto cont$nuo

dos mon*es4 +ue se e2ercita!am dili*entemente em consonncia com o coro dos

anos(

 Não a-enas a m>sica4 mas toda a arte toda a arte arcaica e oriental

 -artici-a dessa m$stica( [ uma e-i9ania da Forma das 9ormas( Vnde a arte

euro-BiaV4 escre!eu o Dr( Ananda W( Coomarasfam4 Vdescre!e um momentodo tem-o4 uma ação sus-ensa ou um eleito da lu@4 a arte oriental re-resenta uma

condição cont$nua(V%=5  Assim tam<Bm4 -odese acrescentar4 ocorre com cada

as-ecto4 estilo4 e2-eri7ncia e condição da !ida oriental( E assim4 i*ualmente4 -or

toda a 'dade MBdia todas as 9ormas de !ida 9oram conce<idas -ara su<sistir

su<stancialmente como idBias Jes-Bcies 9i2asK na mente res-landecente de Deus(

De 9ato4 -odemos mesmo di@er +ue na maior -arte do mundo moderno ocidental

essa anti*a crença se -er-etua4 -elo menos aos domin*os4 +uando o te2to

cient$9ico -re9erido não e   Origm das 1s#écis de Charles Darfin4 mas o

Li!ro do #7nese J-rimeiro mil7nio a(C3 es-Bcies 9i2as4 costela de Adão4 ser-ente

no Para$so4 arca de NoB e tudo o maisK(

VA<solutamente todas as coisas o<edecem a uma ordem -r-ria e essa B a

9orma +ue torna o uni!erso i*ual a DeusV4 escre!eu o -oeta Dante %=6  e na

1 ramer, Orom the Ta!lets of "umer& pp& #$2#.& R "upra& p% &16  0nanda & CoomarasKamy, The Transformation of ature in Art (;arvard niversi)y /ress,Cam3ridge, Massach"se))s, 1#.%, p& .1&1' :an)e 0lighieri, Divina Commedia& /aradiso @, 17.2176&

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mesma linha de -ensamento4 Santo Tom)s de A+uino3 VDeus em Si mesmo nem

*anha nem -erde nada -elo ato do homem mas o homem4 -or seu lado4 rece<e

al*o de Deus4 ou o9ereceLhe al*o4 +uando o<ser!a ou dei2a de o<ser!ar a

ordem institu$da -or DeusV(%=,

 E essa ordem4 B claro4 sea no se*undo mil7niode-ois de Cristo ou no +uarto mil7nio antes de Cristo4 B sem-re a da estrutura

social local e a do estado de a-rendi@ado consentido4 cua e2ist7ncia B o<ra e

mesmo o<ra <rutal4 assassinado -r-rio homem J-or e2em-lo4 o Narmer e*$-cio

uni9icador das Duas TerrasK( Tudo isso4 entretanto4 de!e ser inter-retado e2ata4

total e eternamente4 como maat, m, dharma, tao e a ar+ueti-olo*ia da !ontade

de Deus(

III( TEMPO M%TICO

Por tudo o +ue sa<emos da anti*a Meso-otmia4 tornase e!idente a

su-osição de +ue certos n>meros -ermitiam acesso a um conhecimento da

ordem csmica4 e ) em &/?? a(C4 com o sur*imento -ela -rimeira !e@ de

ta<uletas escritas4 eram em-re*ados dois sistemas de numeração3 o decimal e o

se2a*esimal( >ltimo <asea!ase no soss J6?K4 -or cua unidade ainda medimos

c$rculos e calculamos o tem-o Sessenta se*undos 9a@em um minuto4 6? minutosum *rau4 &6? *raus um c$rculo( cBu e a terra são medidos em *raus( E no

c$rculo do tem-o4 6? se*undos 9a@em um minuto4 6? minutos uma hora( ano

meso-otmico conta!a com &6? dias4 de maneira +ue o c$rculo do tem-o e o do

es-aço esti!essem em harmonia4 como duas -ers-ecti!a do mesmo -rinc$-io

numBrico( E no centro do c$rculo do es-aço esta!am cinco -ontos do @i*urate

sa*rado +uatro n*ulos !oltados -ara os -ontos cardeais e o to-o -ara o cBu

  -or meio dos +uais a di!indade !inha ao mundo4 en+uanto no c$rculo do

tem-o4 i*ualmente4 alBm dos &6? dias seculares4 ha!ia um 9esti!al +ue se

 -rolon*a!a -or uma semana de cinco dias4 durante a +ual o ano !elho &pa'( )1/+

morria e o no!o nascia4 e era restaurado o -rinc$-io da di!indade na terra( AlBm

do mais4 como o dia em -ro-orção ao ano4 o ano tam<Bm esta!a em -ro-orção

ao ano *rande4 e no 9inal de tal era4 ou ano *rande4 ha!ia um dil>!io4 uma

dissolução e um reinicio csmicos(

Uma ta<uleta sumBria4 hoe em 29ord Jeldlundell4 6/K4 9ornece uma

1< Thomas 0"inas, "umma Theologica @2@@, "es)!o $1, ar)igo , respos)a 1& Trad"!o dos /adresda rdem :ominicana @nglesa (-"rns, a)es and +ash3o"rne, *ondres, 1#1%& vol& ', p& $<'&

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lista de de@ reis mitol*icos +ue reinaram -or um total de 856(??? anos no

 -er$odo entre a -rimeira descida da reale@a das cortes celestiais -ara as cidades

dos homens e a !inda do Dil>!io( Uma se*unda ta<uleta Jeldlundell4 %88K

relaciona a-enas oito desses deuses4 num total de /8%(/?? anos4 e uma terceiralista4 muito -osterior4 escrita em *re*o -or !olta de /=? a(C( -elo erudito

sacerdote <a<ilnio erossos4 +ue ) ti!emos o-ortunidade de mencionar4

relaciona os de@ reis no!amente4 mas num total de 8&/(??? anos soma

e2tremamente interessante( Pois no Eda -oBtico island7s contase +ue no salão

celestial dos *uerreiros de din ha!ia 58? -ortas3

"uinhentas e +uarenta -ortas e2istem(

Su-onho4 nas -aredes do 0alhalaitocentos *uerreiros -assam -or cada -orta

"uando -ara a *uerra com o Lo<o eles !ão(%==

A V*uerra com o Lo<oV4 na+uela mitolo*ia4 era a -eridica <atalha

csmica dos deuses e antideuses no 9inal de cada ciclo csmico Jo

GUttrdVmmrung de O nl dos -i2lungos de a*nerK4 e como o leitor

sem-re alerta sem d>!ida ) -erce<eu4 58? !e@es =?? B 8&/(???4 o n>mero9ornecido -or erossos como a soma de anos dos reis antedilu!ianos( AlBm do

mais4 no  @ahā2hārata indiano e numerosos outros te2tos do -er$odo dos

Puranas Jc(8?? d(C( em dianteK4 o ciclo csmico de +uatro eras do mundo

totali@a %/(??? Vanos di!inosV de &6? Vanos humanosV cada um4 o +ue si*ni9ica

8(&/?(??? anos humanos4 e nossa -orção -articular da+uele ciclo4 a >ltima e

 -ior4 a chamada Wali _u*a4 B e2atamente um dBcimo dessa soma(%=: De maneira

+ue encontramos esse n>mero4 a*ora4 na Euro-a -or !olta de %%?? d(C4 na 1ndia

 -or !olta de 8?? d(C4 e na Meso-otmia cerca de &?? a(C4 re9erindose4 em cada

caso4 medida de uma era csmica(

Mas h) outra -articularidade interessante relacionada com esse n>mero4

+ue 9oi -erce<ida imediatamente antes da Primeira #uerra Mundial e -ro!ocou

muita contro!Brsia acer<a na B-oca e de-ois 9icou com-letamente es+uecida4 e

*ostaria de retomar a+ui4 -ois não consi*o consider)la resol!ida4 mas a-enas

1 Grimnismol $.= )rad"!o de ;enry 0dams -elloKs, The Poetic Edda (The 0merican2Scandinavian

Fo"nda)ion, Nova York, 1#$.%, p& #.&1#  Mah*!h*rata .&1&$$ e ss&= )am3Lm, 1$&$.1&11 e ss&, e M*nava Dharma4*stra 1&'# e ss&&Comen)Qrios de @@& Jaco3i& >0ges o? )he +orld (@ndian%>& ;as)ings (ed&%, op% cit%& vol& @, pp& $772$71&

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dei2ada de lado( Lia se re9ere ao 9ato o<ser!)!el de +ue na ocasião do e+uinciode -rima!era J/% de marçoK∗ o cBu não se encontra amais na mesma -osição do

ano anterior4 ) +ue h) uma -e+uena retardação anual de cerca de 5? se*undos4 o

+ue no curso de ,/ anos e+ui!ale a um *rau J5?V 2 ,/ j &(6??V j 6? j %K e em/(%6? anos e+ui!ale a &? *raus4 o +ue e um si*no do @od$aco( sol no e+uincio

de -rima!era encontrase atualmente na constelação de Pei2es J PiscsK , mas no

sBculo de Cristo encontra!ase &pa'( )10+ na de carneiro J risK e no -er$odo da

SumBria -rimiti!a4 na de #7meos JGminiK.

Esse consider)!el Vdesli@amentoV B conhecido como a V-recessão dos

e+uinciosV4 e su-.ese ter sido noti9icada -or um *re*o asi)tico4 Hi-arco de

it$nia Jcuo 9lorescimento ocorreu entre %86 e %/6 a(C4 %5? anos de-ois do

 -er$odo de erossosK4 em sua o<ra =o2r o dslocamnto dos signos d solst$cios 5uincios   na +ual4 entretanto4 os c)lculos che*aram ao total4

le!emente errado4 de cerca de 85 a 86 se*undos -or ano(%:? Su-.ese +ue o

c)lculo correto tenha -recisado es-erar atB o sBculo de Ca-ricrnio4 -or !olta de

%5/6 d(C( Entretanto4 se continuarmos o c)lculo sumBrio ) iniciado 4 !amos

encontrar o +ue B e2-licado a se*uir(

Em um ano4 como !imos4 a retardação -recessional B de 5? se*undos em

,/ anos -er9a@ um *rau e em /(%6? anos4 &? *raus conse+entemente4 em/5(:/? anos -er9aria &6? *raus4 um ciclo com-leto do @od$aco4 ou4 como B

chamado4 um VAno #randeV VPlatnicoV( Mas /5(:/? di!idido -or 6? Jum  soss)

resulta no n>mero 8&/( E !oltamos ao mesmo lu*ar( H) uma relação e2ata entre

o n>mero de anos atri<u$do -or erossos ao ciclo de seus de@ reis antedilu!ianos

e a soma real de anos4 de um ciclo e+uinocial do @od$aco(

  Ser) então4 +ue os <a<ilnios ) teriam o<ser!ado e calculado

corretamente a -recessão dos e+uincios sBculos antes de Hi-arco calcul)la

erradamenteI Pro9( H(0( Hil-recht4 na FiladBl9ia4 no Museu da Uni!ersidade4

o<ser!ando litralmnt milhares4 de 9ra*mentos de <arro contendo c)lculos

matem)ticos escre!eu em %:?6 +ue Vtodas as ta<elas de multi-licação e di!isão

das <i<liotecas dos tem-los de Ni-ur e Si-ur e da <i<lioteca de Assur<ani-al são

 <aseadas na ci9ra %/(:6?(???V(%:% E4 como ele indicou4 %/(:6? 2 / j /5(:/?4 +ue

 R Ie?ere2se ao ;emis?Lrio Nor)e, ^N& da T&_1#7  J&*&& :reyer,  A .istor$ of the Planetar$ "$stems from Thales to )epler (Cam3ridge niversi)y/ress, Cam3ridge, @ngla)erra, 1#7'%, pp& $7.2$7& 0 precess!o an"al varia de ?a)o en)re os limi)es de

67>A $716 \]2 16> .'#6 i!id%& p& ..7%&1#1 ;&B& ;ilprech), The Ba!$lonian E#pedition of The Universit$ of Penns$lvania& "eries A> CuneiformTe#ts& vol& OO, /arle @ (niversi)y o? /ennsylvania, niversi)y M"se"m, FiladLl?ia, 1#7'%, p& .1&

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Sm<=,a >(;( ?>el@;lB@ell !55 Sm<=,a >(; -#

Rei Anos Rei Anos

%( Alulim /=(=?? Alulim 6,(/??/( Ala*ar &6(??? Ala*ar ,/(???

&( Enmenluanna 8&(/?? WidunnushaOinOin ,/(???

8( Etimen*alanna /=(=?? ((( I /%(6??

5( Di!ino Dumu@i &6(??? Di!ino Dumu@i /=(=??

6( Ensi<@ianna /=(=?? Enmenluanna /%(6??

,( Enmenduranna /%(??? En@i<@ianna &6(???

=( U<ardudu %=(6?? Eumenduranna ,/(???

:( Arad*in /=(???%?( Ziusudra &6(???

/8%(/?? 856(???

;e=ossos A ;íbl,a ?GBese *

Rei Anos Patriarca Anos

%( Aloros &6(??? Adão %&?

/( Ala-aros %?(=?? Set %?5

&( Amelon 86(=?? Ens :?8( Ammenon 8&(/?? Cainã ,?

5( Me*alaros 68(=?? Malaleel 65

6( Daonos &6(??? ared %6/

,( Euedoraches 68(=?? Henoc 65

=( Amem-sinos &6(??? MatusalBm %=,

:( -artes /=(=?? Lamec %=/

%?( ;isuthros 68(=?? NoB4 atB o Dil>!io 6??8&/(??? %(656

&pa'( !))+

A -rimeira +uestão a ser notada B +ue4 em<ora a de erossos di!ira

considera!elmente das listas anteriores e estas entre si4 h) o su9iciente -ara

indicar +ue todas são !ariantes de um le*ado comum4 +ue com isso -ro!a ler

 -ersistido numa continuidade essencial -or4 -elo menos4 dois mil anos( E R 0 n"mera!o a"i es)Q de acordo com a he3raica (Iei James%, n!o com a B"lga)a dos Se)en)a o"vers[es samari)anas&

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 -odemos 9acilmente !er +ue4 em<ora os anos +ue lhes são atri<u$dos !ariem

muito4 todos são da mesma ordem mitol*ica e não -oderiam ser inter-retados

hoe como re9erindose com -recisão a e!entos histricos( Esses cm-utos4

 -ortanto4 re-resentam remanescentes não de uma histria -ro-riamente dita4 masde lenda4 isto e4 da histria inter-retada como mani9estação do mito(

Tam-ouco se -ode di@er +ue a mitolo*ia a+ui em +uestão tenha ou -ossa

ter sur*ido es-ontaneamente da -si+ue maneira de um sonho( Tam<Bm não

de!e ser 'nter-retada sim-lesmente em termos de um tema t$-ico neol$tico de

 -reocu-ação com a 9ertilidade +ue4 em<ora tal!e@4 -resente4 não -ode ser

res-ons)!el -ela 7n9ase4 e!idente em toda essa mitolo*ia e em todas as

mitolo*ias dela resultantes4 dada aos n>meros n>meros *i*antescos4 e

contudo não aleatrios4 mas n>meros cuidadosamente ela<orados4 <aseados emleis4 temas e corres-ond7ncias de uma certa ordem matem)tica seriamente

considerada e com-artilhada como -erce<emos +uando reconhecemos +ue

nas tr7s ta<elas meso-otmicas ) mencionadas4 as somas 9inais são m>lti-los do

mesmo n>mero inteiro4 %(/??4 +ue na 1ndia re-resenta atB hoe a soma dos Vanos

di!inosV em um ciclo csmico3 %(/?? 2 /?% j /8%(/?? %(/?? 2 &=? j 856(???

%(/?? 2 &6? j 8&/(???(

A indicação -areceria ser4 -ortanto4 +ue a -rinci-al -reocu-ação damitolo*ia da +ual se ori*inaram essas listas de reis não era nem com a histria

nem com a 9ertilidade4 mas com al*um ti-o de ordem3 al*um ti-o de idBia

matematicamente ordenada e astronomicamente atri<u$da relação do homem

com os ritmos de sua !ida na terra não a-enas com as estaç.es4 os mistBrios

anuais do nascimento4 morte e re*eneração4 mas alBm desses4 com os ciclos <em

maiores os anos *randes( s temas anteriores4 de um -o!o neol$tico

relati!amente sim-les4 e da 9ertilidade na aldeia4 9oram am-liados de maneira

colossal e a<ertos a uma !isão de lodo no!a4 -oBtica e elitista do homem no

uni!erso o homem como um r*ão do uni!erso4 untamente com os deuses e

todas a+uelas V!irtudesV JmSsK , +ue4 como !imos4 são os elementos

estruturadores -ermanentes do mundo de Deus(

u antes4 não acho +ue -ossamos di@er VDeusV neste conte2to4 ) +ue os

>nicos deuses nomeados e reconhecidos nessa mitolo*ia são eles -r-rios

9unç.es e 9uncion)rios da ordem( Tam-ouco o Dil>!io4 nessa mitolo*ia4 -ode ter

sido ori*inalmente conce<ido como en!iado -ara -unir o homem( Toda a idBiado ritmo csmico en!ol!e intrinsecamente morte e ressurreição de maneira +ue

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o<!iamente -oss$!el +ue cem cada -e+uena cidadeestado a enchente local tenha

sido inter-retada de modo e2a*erado como um e!ento csmico4 dando su<s$dios

ao Dil>!io mitol*ico( Entretanto4 como estudiosos modernos desse tema4 não

 -odemos -ermitirnos com-artilhar desses u$@os e!identemente errneos4cacareando como a *alinha +uando uma er!ilha caiu em seu ra<o3 VCorra4 corra4

o cBu est) des-encando^V

-rimeiro relato de dil>!io4 atB hoe conhecido4 est) num 9ra*mento

dani9icado de <arro co@ido de %= cm de com-rimento -or %8 cm de lar*ura4

le!ado -ara a Uni!ersidade da Pensil!nia4 entre milhares de outros tro9Bus4 -ela

e2-edição de %=:5%=:6 a Ni-ur( Catalo*ado e ar+ui!ado em %:?8 como

VFrmula m)*ica %?(6,& J''' E2-( o2e %&KV4 ele 9oi e2aminado criticamente

a-enas em %:%/ -elo Pro9( Arno Poe<el do Museu da Uni!ersidade e4 como )tinha ocorrido com a -edra de M7n9is so< as lentes de reasted dois ou tr7s anos

antes4 su<itamente tornouse !is$!el como o -)lido raio de lu@ de uma estrela

distante +ue so< uma o<ser!ação mais ri*orosa se re!ela uma imensa *al)2ia

outra re!elação ines-erada do *randioso terceiro mil7nio a(C(

As -rimeiras linhas do te2to cunei9orme estão e2tremamente dani9icadas(

Um deus4 ou tal!e@ uma deusa4 est) 9alando Enlil4 EnOi ou a deusa Nintu Jum

as-ecto de Ninhursa*K &pa'( !)#+

VMinha raça humana4 em sua destruição eu irei (((V

[ essa a !o@ de Enlil4 ameaçadoraI Pois B ele +uem !ai en!iar o dil>!io

V((( em sua destruição irei em-enharme^V u B a !o@ de EnOi ou da deusa4 )

considerando o res*ateI3 V((( em sua destruição eu irei socorrer^V Não -odemos

a9irmar( A linha se*uinte tam<Bm B o<scura3

VMinhas4 criaç.es de Nintu ((( eu irei(((V

u tal!e@4 melhor3

V Nintu4 o +ue criei ((( eu irei (((V%::

1## Iespec)ivamen)e de 0rno /oe3el, .istorical Te#ts (niversi)y o? /ennsylvania, FiladLl?ia& 1#1%,

The niversi)y M"se"m /"3lica)ions o? )he -a3ylonian Sec)ion, vol& @B, nW 1, p& 1<, e *angdon, op%cit%& p& $7'& ma )erceira in)erpre)a!o da linha L dada por ramer, Orom the Ta!lets of "umer& p&1<<E >To Nin)" @ Kill re)"rn )he &&& o? my crea)"res>&

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resto4 entretanto4 est) relati!amente claro3

VEu recolocarei as -essoas em suas terras

Cidades ((( elas construirão((((

Seus tetos Jou a<ri*osK eu tornarei se*uros(s tiolos de nossos tem-los elas colocarão em lu*ares imaculados(

 Nossos locais((( elas 9undarão em lu*ares imaculados(V/??

Se*uem al*umas linhas mutiladas e4 em se*uida4 as +uatro +ue ) citei na

 -)*ina :54 de-ois das +uais na Coluna '' est) relacionada uma lista das

cinco cidades a serem destru$das3 Eridu4 LaraO4 adti<ira4 Si-ar e Shuru--aO(

A se*uir Coluna ''' ou!iremos a deusa4 +ue com-reendeu o +ue est)

 -or acontecer( -rimeiro nome dado a ela B Nintu o se*undo4 entretanto4 B'nanna( Não est) claro se de!emos !er nessas di9erentes desi*naç.es uma ou

duas deusas4 ) +ue denominaç.es m>lti-las desse ti-o não são necessariamente

 -ersoni9icadas em se-arado3

((( lu*ar(((

-o!o (((

Uma chu!a torrencial(((

 Na+uela hora Nintu urra!a como uma mulher com dores de -artoA -ura 'nanna chora!a -or seu -o!o(

EnOi consulta!a seu -r-rio coração(

An( Enlil4 EnOi e Ninhursa* (((

s deuses do cBu e da terra in!oca!am os nomes de An e Enlil(

Parece ha!er di!er*7ncia entre os deuses e B e!idente +ue o Dil>!io

csmico de!e ser tratado nesse te2to não como uma ocorr7ncia 9ria4

matematicamente determinada e ine!it)!el4 mas como conse+7ncia da ira de

um deus contra o +ual certas outras di!indades estão -restes a cons-irar4 e isso

 -areceria re-resentar uma teolo*ia com-letamente di9erente da+uela relacionada

com as listas de reis(

u4 antes4 de!emos considerar esse te2to  como mani9estação -o-ular e

e2otBrica da mesma tradiçãoI Sa<emos +ue na 1ndia uma atitude de!ocional de

amor e temor &pa'( !)$+ a Deus B culti!ada em numerosos cultos -o-ulares

onde se en9ati@a o car)ter de al*uma di!indade contudo4 no n$!el mais$77 /oe3el, *angdon, e ramer, loc% cit 

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Humilde4 -rostrouse4 re!erentemente (((

Di)ria e -erse!erantemente4 -restes a ser!ir (((

Pressa*iando atra!Bs de sonhos nunca sonhados antes (((

Conurando em nome do cBu e da terra (((

A coluna interrom-ese e -assamos a e2aminar a Coluna '0( es9orço do

rei -ara conhecer a !ontade dos deuses a*ora est) sendo recom-ensado -ois ele

est) de -B unto -arede de um santu)rio +ue construiu4 +uando uma !o@ a

!o@ do deus EnOi B ou!ida3 &pa'( !)5+

((( os deuses um muro (((

Ziusudra4 de -B a seu lado4 ou!iu3

Esse B o cen)rio( A*ora che*a a !o@3

 Na -arede4 minha es+uerda4 estão((((

unto da -arede4 !ou di@erte uma -ala!ra(

meu a<ençoado4 a<re teu ou!ido a mim(

Por nossa mão uma tem-estade (((

ser) en!iada4 Para destruir a semente da raça humana(((

[ a decisão4 a -ala!ra da assem<lBia dos deuses4

A ordem de An e Enlil( (((

Seu reino ((( seu *o!erno (((

H) no!amente uma interru-ção( Na -arte +ue 9alta4 a construção e

ocu-ação da <arca de!em ter sido conclu$das -ois no in$cio da Coluna 0 )

estamos testemunhando o Dil>!io4 +ue e descrito em duas <re!es e !i!idas

estro9es3

Todos os !enda!ais com 9orça enorme4 che*aram todos untos(

A chu!a torrencial((( !eio assolando com eles(

E +uando -or sete dias e sete noites

A chu!a torrencial a terra tinha de!astado4A imensa <arca so<re a imensidão das )*uas

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tinha sido le!ada -elo !enda!al4

Utu4 o sol4 sur*iu4 es-alhando lu@ no cBu e na terra(

Ziusudra a<riu uma anela da imensa <arca(

Dei2ou +ue a lu@ do deussol4 o heri4 -enetrasse no interior da imensa <arca(

Ziusudra4 o rei4

Prostrouse diante de Utu(

rei3 ele sacri9ica um <oi4 mata uma o!elha( (((

E a*ora4 9inalmente4 a Coluna 0'3 não sa<emos com certe@a +uem est)

9alando4 mas -ode ser o deussol Utu4 diante de An e Enlil intercedendo em

9a!or de Ziusudra3

VPelo es-$rito do cBu4 -elo es-$rito da terra4 !s o conurais4

+ue ele -ossa ((( con!osco(

Pelo es-$rito do cBu4 -elo es-$rito da terra4 An e Enlil4

!s conurais4 e ele !ai ((( con!osco(V

A !e*etação4 saindo da terra4 ressur*e(

Ziusudra4 o rei4Diante de An e Enlil -rostrase((( &pa'( !)*+

E os deuses concedem ao heri !ida imortal na+uela terra 9eli@ da +ual )

ou!imos 9alar3

0ida como a de um deus eles lhe concedem(

E es-$rito eterno como o de um deus eles criam -ara ele(

De-ois do +ue Ziusudra4 o rei(

Portador do t$tulo4 VPreser!ador da Semente da HumanidadeV4

 Numa ((( montanha4 a montanha de Dilmun4 eles o 9i@eram morar( (((/?%

A data da ta<uleta na +ual a-arece essa -rimeira !ersão conhecida do

Dil>!io +ue no cidente B conhecida como o dil>!io de NoB e na 1ndia como

$71  Seg"i primeiramen)e /oe3el, op% cit &, pp& 1<2$7, mas com a8"da considerQvel das vers[espos)eriores de *angdon, op% cit& pp& $7'2$7, e ramer, Orom the Ta!lets of "umer& pp& 1<#211&

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o de Manu na !erdade4 em termos sumBrios4 B tardia3 cerca de %,5? a(C(/?/ V

idioma sumBrio de nosso te2toV4 a9irma o Pro9( Poe<el4 Vnão B mais o do -er$odo

cl)ssico(V/?& De 9alo4 a SumBria4 en+uanto -oder -ol$tico4 ) tinha ru$do4 e a

liderança da ci!ili@ação ) tinha -assado -ara os numerosos -o!os sem$ticos deAcad4 -ara +uem o sumBrio era uma l$n*ua arcaica4 estudada como o latim na

'dade MBdia( Na realidade4 atB o -r-rio -er$odo sumBrio 9inal de Ur '''4 entre

/?5?%:5? a(C4 tinha sido um sBculo neosumBrio de restauração4 !oltado -ara o

 -assado4 cuos >ltimos tr7s reis4 AmarSin4 ShuSin e '<<iSin tinham nomes

sem$ticos(

Pois4 como uma olhada no ma-a 9$sico mostrar)4 h) um *rande deserto a

oeste da Meso-otmia4 estendendose da S$ria4 ao norte4 atB o e2tremo sul da

Ar)<ia +ue4 desde o remoto -er$odo do 9inal do Paleol$tico4 9oi a matri@ da +ualtodas as numerosas tri<os sem$ticas da histria se ori*inaram4 notadamente3

%( os acadianos4 +ue con+uistaram a terra da SumBria e le!aram a reale@a

 -ara sua cidade de A*ade JSar*ão de AcadK4 cerca de /&5? a(C( JSe*uiuse o

 -er$odo de restauração de Ur '''4 de a-ro2imadamente /?5? a %:5? a(CK

/( os <a<ilnios amor$ticos4 +ue deram o *ol-e de misericrdia tanto na

SumBria +uanto em Acad4 cerca de %=5? a(C( JHamur)<i4 cerca de %,?? a(CK

&( os amoritas -osteriores4 +ue con+uistaram a anti*a cidade de eric -or !olta de %85? a(C e a dei2aram em ru$nas

8( os cananeus Jde CanaãK4 +ue os sucederam na S$ria e Palestina

5( os 9en$cios da costa4 seus -arentes -r2imos

6( os he<reus JSaul4 cerca de %?%? a(CK

,( os ass$rios4 +ue con+uistaram a a<ilnia -or !olta de %%?? a(C( e no

a-o*eu de seu -oderio4 no -er$odo de Assur<an$-al J66=6/6 a(CK4 dominaram a

totalidade do Sudoeste Asi)tico

=( os caldeus4 +ue 9oram -or um <re!e -er$odo os senhores4 de 6/5 a

cerca de 55? a(C

:( os arameus o<scuramente de9inidos cua l$n*ua era 9alada do

Sinai S$ria4 e4 como l$n*ua de comBrcio4 atB a 1ndia4 nos sBculos imediatamente

anteriores e -osteriores a Cristo4 e 9inalmente4

%?( os )ra<es +ue4 com as con+uistas do islamismo JsBculos 0'' a ;0'

$7$  ramer, Orom the Ta!lets of "umer, p& HiHE >a primeira me)ade do seg"ndo mil9nio an)es deCris)o>&$7. /oe3ell, op& cit%& p& <7&

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d(CK4 se torn)ramos senhores do maior dom$nio cultural di9undido na historia do

mundo ami*o( &pa'( !)-+

Mas mesmo antes das !itrias de Sar*ão4 tri<os sem$ticas de *uerreiros

nmades ) esta!am in!adindo e sa+ueando a SumBria de maneira +ue4 nodom$nio cl)ssico dos -rimeiros estados hier)ticos4 desde muito cedo ha!ia

contri<uiç.es da es9era -rimiti!a dos <andos de nmades do deserto -ara +uem

as sutile@as da o<ser!ação matem)tica dos astros não si*ni9ica!a nada( Por isso4

não -odemos e2cluir a -ro<a<ilidade de +ue4 em nossa lenda do Dil>!io de

Ziusudra4 ) esti!essem atuando in9lu7ncias sem$ticas( A s><ita 7n9ase dada ao

 -a-el de Utu4 o corres-ondente sumBrio do *rande deussol sem$tico Shamash(

a-onta -ara al*o dessa adulteração +ue as mãos clericais sem-re se -ermitem( E

toda a idBia do Dil>!io mais como o<ra de um deus irado do +ue comomarcação natural de uma era4 di*amos de 8&/(??? anos4 -arece4 de 9ato4 ser

e9eito de uma criação intelectual -osterior4 secund)ria e relati!amente sim-les(

Assim4 a e!idencia -ro!eniente de !)rias -artes su*ere muito claramente

+ue nos mais anti*os te2tos mitol*icos sumBrios ate a*ora conhecidos4 !isão

sacerdotal <)sica4 matematicamente ins-irada4 ) se so<re-usera uma intrusa

!isão antro-omr9ica das 9orças +ue criam o mundo4 muito mais -rimiti!a do

+ue a+uela da +ual ha!ia emer*ido a -rimeira ci!ili@ação a!ançada de maneira+ue os mitos +ue so<re!i!eram atB ns re-resentam certa +ueda ou de*eneração

da tradição4 +ue -ode ter sido intencional maneira de +ual+uer

 -o-ulari@ação reli*iosa ou não intencional4 em conse+7ncia de uma -erda de

com-reensão( E esta >ltima hi-tese B a mais -ro!)!el4 ) +ue4 como o ProlV(

Poe<el nos d) a conhecer4 o idioma sumBrio desses te2tos Vnão B mais o do

 -er$odo cl)ssicoV( São te2tos de um -er$odo e-$*ono tardio(

Eu su*eriria4 -ortanto4 +ue a matem)tica mani9esta em al*uns dos

 -rimeiros documentos sumBrios conhecidos4 ainda +ue tardios4 B su9iciente -ara

mostrar +ue durante o -er$odo 9ormati!o da+uela !i*orosa tradição J+ue então

remodelou a humanidadeK4 uma a!assaladora e2-eri7ncia de ordem não como

al*o criado -or um -rimeiro ser antro-omr9ico4 mas como um ritmo

estruturador do uni!erso4 ritmo todocriador sem -rinc$-io e sem 9im so-rou

o !ento +ue deu 9orma sua ci!ili@ação( AlBm disso4 -or um mila*re +ue atB

a*ora nin*uBm inter-retou4 a aritmBtica desen!ol!ida na SumBria ) -or !olta de

&/?? a(C4 -or coincid7ncia ou -or indução intuiti!a4 e+ui-arouse de tal maneira ordem celestial +ue si*ni9icou em si mesma uma re!elação( Todo o mundo

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arcaico oriental4 em contraste com o -rimiti!o anterior e o ocidental -osterior4

9icou a<solutamente hi-noti@ado -or esse mila*re( A in9lu7ncia do n>mero era

mais im-ortante +ue a mera realidade4 -ois -arecia4 de 9alo4 ser o *erador da

realidade( Era mais im-ortante +ue a humanidade4 -ois era o -rinc$-ioor*ani@ador -elo +ual a humanidade -erce<ia e reconhecia sua -r-ria harmonia

e sentido latentes( Era ainda mais im-ortante +ue os deuses4 -ois na maestade

de seus ciclos4 ciclos maiores e cada !e@ maiores4 mais maestosos4

in9initamente am-liados4 esla!a a lei -ela +ual os deuses *anha!am e2ist7ncia e

desa-areciam( Era mesmo maior +ue a e2ist7ncia4 -ois em sua matri@ esla!a a

lei da e2ist7ncia(

Dessa maneira4 a matem)tica na+uele momento crucial de mutação

cultural encontrou o anteriormente conhecido mistBrio da morte o *eração <iol*icas4 o os dois &pa'( !)/+ uniramse( ritmo lunar do >tero ) ha!ia

ad!ertido so<re uma corres-ond7ncia entre as condiç.es celestes e terrestres( A

lei matem)tica a*ora unia as duas( E assim4 em todas essas mitolo*ias4 o

 -rinc$-io de maat, m, dharma e tao, +ue na tradição *re*a tornouse moira, 9oi

mitolo*icamente sentido e re-resentado como 9eminino( A terr$!el e misteriosa

#rande Mãe4 cua 9orma e a-oio dominam toda a tradição ritual do mundo

arcaico4 +ue !imos como a deusa!aca H)tor nos +uatro -ontos cardeais daestela de Narmer e cua deusa da !aca domBstica4 Ninhursa*4 era a amadeleite

dos -rimeiros reis sumBrios4 est) i*ualmente -resente no cBu acima4 na terra

a<ai2o4 nas )*uas so< a terra e no >tero( E a lei de seu ritmo *enerati!o era

re-resentada -ara todo o mundo anti*o na+uelas unidades e m>lti-los de 6? da

anti*a aritmBtica se2a*esimal sumBria4 +ue4 a uma s !e@4 tinha ca-turado a

medida do tem-o e do es-aço(

 Na !erdade4 mesmo o Li!ro do #7nese -ode cont7la secretamente em

toda a sua e2tensão4 na matem)tica do destino de seu Po!o de Deus como

 -arece su*erir a com-aração das ta<elas e+ui!alentes dos de@ reis <a<ilnios e

de@ -atriarcas he<reus( H)4 num -rimeiro relance4 B claro4 uma consider)!el

di9erença entre as somas de anos de erossos e da $<lia res-ecti!amente4

8&/(??? e %(656( Entretanto4 como o<ser!ou um cBle<re estudioso udeu do

sBculo -assado4 o VNestor da assiriolo*iaV4/?8 ulius --ert J%=/5%:?6K4 em um

9ascinante ensaio so<re VAs Datas do #7neseV4/?5 am<as as somas cont7m ,/

$7 3i)"ary, 1ournal of the 'o$al Asiatic "ociet$& 1#7', pp& $<$2$<<&$76  J"li"s (J"les% pper), >:ic :a)en der Genesis>, )nigliche Gesellschaft der 5issenschaften 6u

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como 9ator3 8&/(??? k ,/ j 6(???4 e %(656 k ,/ j /& de maneira +ue a relação e

de 6(??? -ara /&( JLem<remos +ue ,/ B o n>mero de anos +ue a -recessão le!a

 -ara a!ançar um *rau(K AlBm disso4 no calend)rio udaico um ano B contado

como &65 dias4 o +ue em /& anos4 somados os 5 dias dos anos <isse2tos contidosnesse -er$odo4 corres-onde a =(8?? dias4 ou %(/?? semanas de , dias4 e dessa

>ltima soma multi-licada -or ,/4 -ara encontrar o nXmro d smanas *udaicas

d dias m J.EME JY: 4 YK anos, rsulta ZE.;NN JJ.YNN 4 YK. En+uanto4 -or

outro lado4 no calend)rio <a<ilnico o ano era com-osto de ,/ semanas de 5

dias3 de maneira +ue4 se a*ora se*uindo a -r)tica normal de c)lculos desse

ti-o contarmos cada ano <a<ilnico como um dia e4 a se*uir4 contarmos o

nXmro d smanas 2a2ilWnicas d M dias m ;:Y.NNN dias, o resultado tam<Bm

ser) =6(8?? J8&/(??? k 5K( Mas =6(8?? j =6(8?? "(E(D( \5uod ratdmonstrandum]. Nitidamente4 est) a+ui im-l$cita uma corres-ond7ncia -asso a

 -asso dos sistemas dos calend)rios3 e como uma ordem matem)tica B a ant$tese

de uma doutrina de li!rear<$trio4 -odese a-enas +uestionar atra!Bs de +ue ti-o

de idBia transcendente as duas teolo*ias se reconciliaram(

Pro9( --ert ima*ina!a4 +uando escre!eu seu ensaio em %=,,4 antes de

se ter +ual+uer conhecimento da SumBria4 +ue os n>meros he<raicos eram os

ori*inais e os de erossos os V9alsi9icadosV/?6

  entretanto4 a*ora -arece ser oo-osto( Tam-ouco -ode ter ha!ido +ual+uer V9alsi9icaçãoV de nenhuma -arte4 )

+ue não ha!ia nessa histria nenhum 9ato -ro-riamente dito -ara ser 9alsi9icado4

mas a-enas uma 9orma de inter-retar o uni!erso e +uem aceita o modelo de

outroI Do mesmo modo +ue o E*ito4 a 1ndia4 e a China Creta4 #rBcia e Roma

os *ermnios e os celtas &pa'( !)0+ herdaram o recriaram o le*ado ci!ili@ador

do riente Pr2imo nuclear4 assim tam<Bm os autores do Li!ro do #7nese( E

VrecriaçãoV4 não V9alsi9icaçãoV4 e a -ala!ra a ser usada +uando se discute a

reconstrução de um mito(

V( CULPA M%TICA

Sur*e a*ora um -arado2o4 +ue su<sistir) -or toda a histria do nosso

tema4 se-arando riente do cidente -or+ue +uando a !isão csmica -assa -ara

se*undo -lano e os deuses não são mais meros administradores de uma ordem

Gttingen% Nachrich)en, n 17 (Maio 1<<%, pp& $712$$.&$7' (!id &, p& $7#&

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matem)tica4 mas eles -r-rios oni-otentes4 criadores !olunt)rios de uma ordem

relati!amente ar<itr)ria -ersoni9icaç.es am-lamente di9undidas de

 -aternidade4 sueitas a e2tra!a*ncias4 ira4 -ai2ão e tudo o mais desa-arece

certa so9isticação m$stica caracteri@ada -or di*nidade e maturidade4 e -elamaestade de -ers-ecti!a e *arantia es-iritual( Mas4 em contra-artida4 sur*e um

9ator -essoal4 Btico e humani@ante4 com-letamente ausente do outro lado do

muro( L) se encontra a nãodualidade4 a -a@ de es-$rito e a inumanidade a+ui4 a

tensão4 a dualidade e um senso de se-aração -orBm com a 9ace não de um

mero 9uncion)rio4 mas do indi!$duo autnomo4 es-ontneo4 com-etente -ara

mudar o destino e4 em conse+7ncia4 res-ons)!el -or si mesmo4 -ela

humanidade e -elo 9uturo4 não -elo cosmos4 a meta9$sica e o -assado( Esse B o

muro +ue se-ara radicalmente os dois hemis9Brios4 Leste e este4 da+ui atB ocBu4 o in9erno e mais alBm(

Como disse certa !e@ o 9ilso9o @en<udista a-on7s4 Dr( Daiset@ T(

Su@uOi4 resumindo o +ue lhe -arecia ser a situação es-iritual caracter$stica do

cidente3 V homem B contra Deus4 a nature@a B contra Deus4 e o homem e a

nature@a são um contra o outroV( En+uanto4 ao contr)rio4 se*undo seu

ar*umento3 VSe Deus criou o mundo4 criou o homem como -arte dele4 como

 -ertencente a ele4 or*anicamente relacionado com ele( \(((] H) al*o di!ino emser es-ontneo e de maneira al*uma o<stru$do -elas 9ormalidades humanas e

suas so9isticadas hi-ocrisias arti9iciais( H) al*o direto e !i!i9icante no 9ato de

não ser restrin*ido -or al*o humanoV(/?, E4 na !erdade4 h)( Mas toda a histria

es-iritual do cidente4 desde /&5? a(C4 tem sido a lon*a desmama de sua

 -r-ria -arte humana -ara se-ararse de seu demonismo su<lime(

Uma tend7ncia cr$tica ) est) im-l$cita no mito sumBrio da criação4 em

+ue a !irtude do homem B descrita como a de um escra!o criado -ara o -ra@er

dos deuses(

Tal mito re-resenta não essencialmente uma de!oção4 mas um

coment)rio4 e em tal coment)rio o riente se -erde e sur*e o cidente(

trmndum meta9$sico4 o *rande temor diante da *randiosa !erdade imut)!el e a

total su<missão de todo ul*amento humano a um mistBrio sem nome4 +ue B

in9inito4 im-essoal4 -orBm -ro9undo em todos os seres4 todas as coisas e tam<Bm

na morte3 esses são os !alores +ue no riente -ermaneceram !enerados como os

$7< :aise)z T& S"z"ki, >The Iole o? Na)"re in en -"ddhism>, Eranos-1ahr!uch I (Ihein2Berlag,"ri"e, 1#6%, pp& $# e $#<&

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mais sa*rados( E do -onto de !ista do conhecimento no 72tase da+uele !a@io

 -leno4 a dedicação da mente ocidental aos assuntos meramente -essoais dos

homens e mulheres !i!endo no mundo -arece &pa'( !)1+ re-resentar a-enas a

 -erda do 9ruto da !ida +ue a+uela o!em encontrou unto ao #an*es +uando9oi com seu marido -ara a co!a(∗

0imos +ue no E*ito uma se+7ncia de est)*ios -sicol*icos -ro*redia

Jou4 se o leitor -re9erir4 declina!aK de um estado de identi9icação m$tica4 atra!Bs

da en9atuação4 atB a su<ordinação m$tica4 e +ue no >ltimo est)*io certo -adrão

de dec7ncia humana não inerente ordem da nature@a era4 -or -roeção4

atri<u$do a Deus( 9ara a+uele *rande VMenino da Nature@aV era assim

redu@ido !irtude humana sem -reu$@o de seu senso de -artici-ação na !irtude

di!ina( Mas4 na Meso-otmia4 esse senso altamente lisoneiro de -artici-ação nadi!indade dissol!euse( rei não era mais o #rande Deus nem tam-ouco4 como

no E*ito4 o om Deus4 mas o Arrendat)rio da Fa@enda de Deus( E essa ru-tura

mitol*ica se-arou as duas ordens4 a da nature@a e a da humanidade4 sem4

contudo4 dar ao homem a cora*em de assumir seus -r-rios ul*amentos

racionais( Como conse+7ncia4 desen!ol!euse um #0thos de ansiedade4 no +ual

todas as an*>stias da criança na -rimeira in9ncia +ue se es9orça -or con+uistar

a atenção dos -ais 9oram trans9ormadas em um -esadelo cosmol*ico dede-end7ncia m$tica4 caracteri@ado -ela alternncia da o<tenção e da -erda do

au2$lio di!ino c4 9inalmente4 -or um senso morda@4 canino4 de uma intr$nseca

cul-a humana(

H) uma <emconhecida <alada B-ica de certo rei Etana da cidade de Wish4

na +ual o si*ni9icado dessa -assa*em da mitolo*ia anterior de di!indade

intr$nseca do homem Jou4 -elo menos4 do reiK -ara a mitolo*ia -osterior de

a<soluta dissociação4 de-end7ncia e cul-a4 a-arece tão !i!idamente4 +ue -ode

muito <em ser!irnos de marco -ara 9i2ar o -onto sem retorno entre a es9era

es-iritual anterior e a -osterior(

 Nas anti*as listas de reis sumBrios4 nas +uais ) e2aminamos as -artes

relati!as ao tem-o antes do Dil>!io4 o nome de Etana a-arece entre os reis da '

Dinastia de-ois da+uela cat)stro9e4 onde ele e chamado Vum -astor4 o +ue

ascendeu ao cBu4 o +ue consolidou todos os -a$ses4 tornouse rei e reinou -or

%(56? anosV(/?=  Essa o<ser!ação toma claro +ue4 em<ora nenhuma !ersão

 R "upra& pp& '72'1&$7 Thorki@d Jaco3sen, The "umerian )ing 0ist& (niversi)y o? Chicago, 1#.#%, pp& <<26&

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sumBria de tal ascensão ao cBu tenha che*ado atB ns4 a a!entura de Etana era

conhecida do anti*o cronista4 e tudo indica +ue ele 9oi <emsucedido em sua

ascensão( A lenda de!e ter ser!ido4 na !erdade4 -ara le*itimar o mandato di!ino

do rei( Entretanto4 nas !ers.es dessa ascensão +ue so<re!i!eram4 todas elas de -rodução sem$tica tardia <a<ilnicas ou ass$rias4 em sua maior -arte

 -ro!enientes da <i<lioteca dani9icada do >ltimo monarca ass$rio4 Assur<an$-al

J66=6&5 a(C(K todo o tema 9oi con!ertido em ne*ati!o4 de maneira +ue a

lição +ue dei2a não B a de !irtude de as-iração4 mas a de cul-a(

-rlo*o dessa -e+uena e-o-Bia4 como a-arece hoe4 9ala da cul-a atB

mesmo do -ortentoso -)ssaro4 a Á*uia Solar4 +ue ser!iria na *rande a!entura

como !e$culo do -rimeiro astronauta do mundo(

V0emV4 disse o -)ssaro a sua !i@inha4 a Ser-ente4 V!amos 9a@er um uramento de &pa'( !!)+ -a@ e ami@ade4 e +ue a maldição do deussol Shamash

recaiu so<re a+uele +ue não cum-rir com a -ala!ra(V

Eles 9i@eram o uramento diante do deussol e o selaram com uma

maldição3 V"ue Shamash4 com sua 9orte mão de *ol-eador4 *ol-eie

calamitosamente a+uele +ue trans*redir os limites de Shamash^ "ue a montanha

dos mortos cerre sua entrada -ara ele^V

De-ois disso4 eles conce<eram e *eraram 9ilhotes3 os da ser-ente som<rade um olmo os do -)ssaro no -ico de uma montanha( E +uando a )*uia a<atia

um touro sel!a*em ou um asno4 a ser-ente comia e se a9asta!a -ara seus 9ilhotes

comerem +uando a ser-ente -e*a!a uma ca<ra sel!a*em ou um ant$lo-e4 a

*rande )*uia comia4 a9asta!ase e seus 9ilhotes comiam atB +ue4 certo dia4

+uando os 9ilhotes de )*uia criaram -enas4 uma idBia mali*na se a-ossou da

mente do -)ssaro(

VlhaiV4 ele disse4 V!ou de!orar o 9ilhote da ser-ente(V

V meu -aiV4 disse um de seus 9ilhotes4 Vnão 9aças isso4 senão a rede de

Shamash !ai te ca-turar(V

-)ssaro4 entretanto4 saltou4 de!orou o 9ilhote de ser-ente4 re<entou seu

ninho e4 +uando a ser-ente olhou4 seu 9ilhote ) tinha desa-arecido( Então4 ela

9oi atB Shamash(

VCertamente4 ShamashV4 ela su-licou4 Vtua rede B a !asta terra tua

armadilha4 o cBu distante^ E da lua rede4 +uem esca-aIV

VPre-arate^V4 disse o deussol( VSo<e a montanha^ Fa@e de um tourosel!a*em teu esconderio( Corta a <arri*a dele4 entra nela e 9a@e dela lua

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morada( Todos os -)ssaros do cBu descerão e4 entre eles4 con9iante4 tua )*uia

com um >nico -ensamento3 entrar( A-anhaa -or uma asa( Arrancalhe as asas e

as *arras( Tiralhe as -enas4 o*aa numa co!a e dei2aa morrer ali de 9ome e

sede(VA ser-ente 9e@ con9orme lhe 9oi dito e o -)ssaro mutilado su-licou a

Shamash3 V senhor4 de!o e2-irar nesta co!aI senhor4 teu casti*o4 de 9ato4

recaiu so<re mim( Entretanto4 -ermiteme !i!er eu4 tua )*uia e honrarei

 -ara sem-re teu nomeV(

deussol disselhe3 VTu 9oste mau4 causando so9rimento4 o +ue B

 -roi<ido -elos deuses( [ uma des*raça o +ue tu 9i@este3 -ois tu uraste( E em

!erdade4 9arei recair so<re ti a recom-ensa -or teu uramento( Entre*ate ao

 -rimeiro homem +ue eu te en!iar e dei2ao condu@irte -ela mãoV( homem seria o !elho e muito dB<il rei -astor4 Etana4 da cidade de Wish(

V meu Senhor ShamashV4 o ancião im-lorou3 VTu consumiste a 9orça de

meu carneiro e4 em todo o reino4 os 9ilhotes de minhas o!elhas -orBm4 eu

re!erenciei os deuses4 dei !ida aos mortos4 9i@ sacerdotisas imolarem minhas

o9erendas( Por tua ordem4 -ortanto4 Senhor4 -ermite +ue al*uBm o<tenha -ara

mim a -lanta do nascimento -ois sou !elho e sem descendentes( Permite +ue a

 -lanta do nascimento me sea re!elada( Arranca seu 9ruto4 Deus4 e concedemeum 9ilho(V

VSo<e a montanhaV4 disse o deussol( VProcura a co!a( lha dentro dela(

 -)ssaro ali te mostrar) a -lanta do nascimento(V

E assim 9e@ Etana( \(((] &pa'( !!!+ 

As ta<uletas 9ra*mentadas interrom-emse a+ui4 e +uando a lenda

 -rosse*ue4 o !elho rei4 montado em sua )*uia4 ) est) che*ando entrada do cBu

in9erior4 onde estão o sol4 a lua4 a tem-estade e o -laneta 07nus( -)ssaro est)

9alando com seu -assa*eiro(

V0em4 meu ami*o4 !ou le!arte ainda mais adiante4 -ara o cBu mais acima

de Anu JAn sumBrioK( A-erta teu -eito contra mim( Coloca tuas mãos so<re as

 -enas das minhas asas e teus <raços so<re as costas das minhas asas(V

Por mais duas horas eles su<iram( -)ssaro e2clamou3 Vlha -ara <ai2o4

meu ami*o4 -ara a terra4 +ue estranha^ mar sal*ado B cercado -or um oceano(

A terra no meio B uma montanhaV(

Por mais duas horas eles su<iram( -)ssaro disse3 Vlha -ara <ai2o4 meuami*o4 -ara a terra4 como ela B^ mar sal*ado não B mais +ue uma am-la 9ai2a

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em torno da terraV(

Mais duas horas e no!amente3 Vlha -ara <ai2o4 meu ami*o4 -ara a terra^

mar sal*ado não B mais +ue uma !ala de irri*ação de ardineiroV(

Eles che*aram ao -ortão su-erior dos deuses Anu4 el e Ea Jos sumBriosAn4 Enlil e EaK( \(((] Etana e sua )*uia \(((]

A ta<uleta interrom-ese mais uma !e@( 0irandoa4 reconhecemos o

 -)ssaro3

V0em4 meu ami*o4 !ou le!arte ainda mais adiante4 -ara o cBu da deusa

'star J'nannaK4 0ou colocarte a seus -Bs( A-erta teu -eito contra mim( Coloca

tuas mãos so<re as -enas de minhas asas(V

Mais duas horas4 e o -)ssaro disse3 Vlha -ara <ai2o4 meu ami*o4 -ara a

terra4 !7^ A terra -arece chata e o !asto mar sal*ado não mais +ue um curralV(Mais duas horas3 Vlha -ara <ai2o4 meu ami*o4 -ara a terra4 !7^ A terra B

um mero torrão e o !asto mar sal*ado4 um cesto de !imeV(

Por mais duas horas eles su<iram( Mas dessa !e@4 +uando Etana olhou4

não -de mais !er nem o mar nem a terra( V meu ami*o4 não su<as mais^V ele

*ritou4 e com isso4 eles ca$ram(

Por duas horas eles ca$ram4 e mais duas \(((]

documento e seus caracteres 9ra*mentamse untos na -arte in9erior(Tudo o +ue resta são al*umas linhas interrom-idas3

Pela terceira !e@ duas horas (((

A )*uia continuou caindo e esta!a (((

Esta!a des-edaçada so<re a terra (((

A )*uia caiu e ele esta!a (((

((( )*uia (((

utro -unhado de -ala!ras su*ere +ue a !i>!a do rei est) de luto e o

es-$rito dele B in!ocado em tem-os de di9iculdade(/?:

Pro9( Morris astrof4 em sua discussão desse 9ra*mento4 ) o<ser!ou h)

meio sBculo +ue Vna lenda ori*inal de Etana4 h) todas as [email protected] -ara se su-or

+ue4 de 9alo4 ele 9oi colocado ente os deusesV( &pa'( !!#+ 

$7# dKard J& ;arper& Die !a!$lonischen 0egenden von Etana& Nu& Adapa& und Di!!ara (0"g"s) /ries,

*eipzig, 1#$%, pp&217= Morris Jas)roK, Jr&, >0no)her Fragmen) o? )he )ana My)h>, 1ournal of the American Lriental "ociet$& vol& O@@@, 1#7#21#17, pp& 17121$#= S)ephen ;& *angdon, op% cit%& pp& 1'21<.&

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V'sso B mostradoV4 ele escre!eu4 V-elo 72ito do -rimeiro !o4 no +ual a

meta B atin*ida4 ) +ue o cBu de Anu a -arte mais alta do cBu B alcançada(

se*undo !o B claramente uma re-rodução do -rimeiro e e!idencia na

lin*ua*em usada sua de-end7ncia do anterior(

 Esse B um dos temas -re9eridosdas teolo*ias <a<ilnicas4 as +uais de!emos a -reser!ação e 9orma 9inal dos

anti*os contos -o-ulares e mitos4 onde o homem não conse*ue che*ar aos

deuses4 nem tam-ouco desco<rir o +ue lhe est) reser!ado a-s a morte4 alBm da

certe@a de +ue estar) condenado inati!idade em uma o<scura ca!erna

su<terrnea( Pode ha!er e2ceç.es4 mas essa B a re*ra *eral(V/%?

AlBm disso4 o Pro9( astrof distin*uiu nessa !ersão da lenda duas

histrias inteiramente distintas entrelaçadas3 a -rimeira4 de um rei e sua cidade

a<andonada -or seus deuses4 e a se*unda4 de uma )*uia e uma ser-ente aliadas( Na -rimeira4 ele su-s4 o <emestar da comunidade de!e ter sido restaurado -ela

inter!enção da deusa e do deus da 9ertilidade ou sea4 'star J'nannaK e el

JEnlilK -elos +uais Etana a-elou -ara Shamash Jou tal!e@ ori*inalmente -ara

'starK -ara +ue lhe 9osse mostrada a -lanta do nascimento com a +ual seus

re<anhos -udessem no!amente ter 9ilhotes(/%%

A se*unda histria4 -or outro lado4 era uma -eça 9olclrica4 +ual 9oi

acresceu cada uma lição de moral( E teria estado de acordo com o es-$rito <a<ilnico -osterior se4 na com<inação das duas histrias4 Etana ti!esse sido

im-edido de alcançar sua meta(

VEm !e@ de ser le!ado -resença de 'star4 ele B lançado -ara a terra(

E2atamente +uando ele -arece estar -erto de atin*ir sua meta4 a )*uia montada

 -or Etana cai -elo imenso es-aço de tr7s !e@es duas horas4 +ue tinha

 -ercorrido(((V/%/ E a a!entura não se consuma(

astrof conclui3 VAs duas histrias assim entrelaçadas 9oram criadas -ara

ensinar uma lição4 ou melhor4 duas liç.es3 aK +ue as leis de Shamash não -odem

ser trans*redidas sem a im-osição de *ra!es casti*os e4 em se*undo lu*ar

 -orBm4 mais im-ortante3 <K +ue o homem não -ode ser imortal como os deuses(

E essa a lição +ue os telo*os <a<ilnicos en9ati@aram na com-osição B-ica de

#il*amesh((( e B essa mesma lição +ue o mito de Etana4 em sua 9orma 9inal4 le!e

 R >Z"e o seg"ndo vbo L meramen)e "ma d"plica!o do primeiro v92se na persis)9ncia de Apela )erceiravez d"as horasA no perc"rso da dis)ncia, Na realidade, os dois vbos co3rem seis horas d"plas e aQg"ia deveria cair essa dis)ancia an)es de a)ingir a )erra&> (No)a de Jas)roK%$17 Jas)roK, >0no)her Fragmen) o? )he )ana My)h>, pp& 1$<21$&$11 (!id%& p& 1$'&$1$ (!id%& p& 1$&

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o -ro-sito de transmitirV(/%&

Assim4 um dos -rinci-ais estudiosos desse cam-o4 ) em %:%?4 acreditou

+ue a idBia da se-aração a<soluta entre o homem e os deuses -ertence não

 -ro-riamente SumBria4 mas mentalidade sem$tica -osterior( Entretanto4 elatam<Bm -ertence aos *re*os4 em sua idBia de h!2ris, e B o -rinc$-io contido na

tra*Bdia( E est) su<acente tam<Bm no mito cristão de "ueda e Redenção(

Ár!ore e Cru@( De 9alo4 em toda a literatura do cidente4 o malo*ro B t$-ico de

tais a!enturas so<rehumanas4 &pa'( !!$+ mas não B assim no riente4 onde4

como na lenda do uda4 a+uele +ue -arte em <usca da imortalidade +uase

sem-re !ence(

 No cidente4 o sentido da tra*Bdia tem tal 9orça +ue a -ala!ra Vcat)stro9eV

Jdo *re*o kata, V<ai2oV4 stro#hin, V!irarVK4 +ue -rimariamente si*ni9ica a-enaso e!ento 9inal4 o des9echo de um drama4 sea triste ou não4 -assou a si*ni9icar

 -ara ns4 na 9ala comum4 a-enas calamidade4 e mesmo nosso s$m<olo mais alto

de es-iritualidade4 o cruci9i2o4 mostra o -r-rio Deus na+uele momento tr)*ico

em +ue seu cor-o B entre*ue ao -oder da morte(

 Nosso conceito do heri e o do indi!$duo real4 es-ec$9ico4 +ue B mortal e4

 -or isso4 condenado( No riente4 entretanto4 o !erdadeiro heri de toda

mitolo*ia não B a -ersonalidade em-$rica4 lutando em !ão4 mas o reencarnado ea-enas transmi*rante +ue4 -ara citar uma cBle<re -assa*em4 Vamais nasce

tam-ouco morre nem4 tendo e2istido4 dei2a de e2istir( Não nascido4 eterno e

imut)!el4 ele não morre +uando o cor-o morreV(/%8

A +ueda de Etana com sua )*uia tem o car)ter de uma Vcat)stro9eV

ocidental4 não oriental( De maneira +ue4 com essa lenda4 -erdemos a inoc7ncia4

 -ro!amos o 9ruto do conhecimento do <em e do mal e deslocamos o caminho

ocidental -ara a *rande es9era da -si+ue e do destino4 onde a tare9a do homem

9oi conce<ida4 em sua maior -arte4 não -sicolo*icamente4 como <usca interior de

um -rinc$-io ) ali -resente4 mas historicamente4 como o esta<elecimento

 -ro*ressi!o de um acordo entre as ordens moral e em-$rica(

VI( O CON8ECIMENTO DA DOR 

Muitos estudiosos o<ser!aram4 como o Pro9( ohn A( ilson4 +ue os

$1. (!id%& p& 1$#&$1 Bhagavad Gt* $E$7&

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 -rimeiros murais e rele!os de se-ulturas e*$-cias Vnão en9ati@am as cerimnias

9>ne<res e de se-ultamento eles en9ati@am o -ra@er de uma colheita a<undante4

o deleite na nature@a4 o -ra@er da caça e a ale*ria das 9estas e o*osV( A

im-ressão total4 como ele o<ser!a4 B de con9iança4 !i!acidade e ale*ria(VAutocon9iança4 otimismo e !ontade de !i!er cria!am uma a9irmação !i*orosa

de !ida eterna(V/%5

Entretanto4 nos -rimeiros sBculos do se*undo mil7nio a(C4 uma no!a nota

dissonante tornase e!idente nos escritos do E*ito e4 mais en9aticamente4 da

Meso-otmia( Por e2em-lo4 lemos em um 9amoso -a-iro de cerca de /??? a(C(

o se*uinte melanclico VDi)lo*o de um Misantro-o com sua AlmaV3

074 meu nome B a<ominado3

074 mais do +ue o odor dos -)ssaros

Em dias de !erão4 +uando o cBu est) ardente(

074 meu nome B a<ominado3

074 mais do +ue o odor dos -escadores

Pelos -ntanos de-ois de terem -escado( \pa'( !!5+

074 meu nome B a<ominado3

074 mais do +ue uma mulher(Contra +uem uma mentira B contada ao marido(

Com +uem -osso 9alar hoeI

s irmãos são maus

s ami*os de hoe não amam(

Com +uem -osso 9alar hoeI

homem *entil sucum<iu

atre!ido anda em toda -arte(

Com +uem -osso 9alar hoeI

De des*raças estou carre*ado(

Sem nenhum ami*o de <oa9B(

Com +uem -osso 9alar hoeI

A ini+idade assola o -a$s

Ela não tem 9im(

$16 +ilson, The Culture of Ancient Eg$pt& pp& <2<#&

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A morte est) diante de mim hoe3

Como a recu-eração de um homem en9ermo4

Como sair -ara o ardim de-ois da en9ermidade(

A morte est) diante de mim hoe3Como o odor da mirra4

Como estar sentado em um !eleiro en+uanto um !ento <om so-ra(

A morte est) diante de mim hoe3

Como o curso de um rio4

Como o retomo de um homem do na!io de *uerra -ara sua casa(

A morte est) diante de mim hoe3

Como a casa +ue um homem anseia -or !er4

De-ois de ter -assado anos como -risioneiro(

Ele +ue est) alBm∗

Prender) o cul-ado4 como um deus !i!o4

'n9li*indo casti*o ao mal!ado(

Ele +ue est) alBm

Estar) de -B na <arca celestial4

Escolhendo os sacri9$cios a serem o9erecidos aos tem-los(Ele +ue est) alBm

Ser) um s)<io +ue não B re-elido

"uando 9ala em oração com R)(/%6 &pa'( !!*+

Ser) +ue ) não ou!imos nesse canto o -rel>dio Primeira No<re 0erdade

do uda3 VA !ida inteira B cheia de so9rimentosV4 e ao ul*amento de Santo

Tom)s de A+uino3 V[ im-oss$!el +ue a 9elicidade do homem sea nesta !idaVI/%, 

Con9orme Niet@sche o<ser!ou3 Vs en9ermos e mori<undos3 9oram eles +ue

des-re@aram o cor-o e a terra e in!entaram o mundo celestial e as *olas

redentoras de san*ue( \(((] Para alBm da es9era de seus cor-os e desta terra eles

então se ima*inaram trans-ortados4 esses in*ratos( PorBm4 a +ue eles de!em a

 R >le "e es)Q alLm>= o +a do prprio @n?eliz, "ando )iver se 8"n)ado com se" !a no 3arco de IQ& ka e3a% c?& p& <7&$1' -reas)ed, Development of 'eligion and Thought in Ancient Eg$pt& p& 1, seg"ndo 0dol? rman,>GesprUch eines *e23ensmVden mi) seiner Seele>,  A!handlungen der +niglichen Preussischen

 A+ademie& 1#', )rad"zindo "m man"scri)o em papiro do Ieino do Meio, -erlim /& .7$, a"igrandemen)e condensado&$1< 0"inas, "umma Contra Gentiles& *ivro @@@, Cap4)"lo O*B@@@, parQgra?o @&

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con!ulsão e o 72tase de seu arre<atamentoI A seus cor-os e a esta terraV(/%=

Chamarei essa crise de  Grand Rvrs'o,  -ela +ual a morte não era

mais !ista como uma continuação do mila*re da !ida4 mas corno uma li<ertação

de seu so9rimento3 VComo a recu-eração de um homem en9ermoV4 Vcomo a casa+ue um homem anseia -or !erV(

Mas4 o +ue -ode ter causado essa in!ersão de !aloresI

 No E*ito4 a-arentemente4 um -er$odo de desinte*ração social +ue sucedeu

+ueda da '0 Dinastia4 -or !olta de /%:? a(C na Meso-otmia4 o -a!or de uma

B-oca durante a +ual a 9orça <Blica4 -rimeiro de cidade contra cidade4 mas

de-ois de tri<os do deserto e da este-e Jsemitas e )riasK contra os -r-rios

centros da ci!ili@ação4 es-alhando ru$nas -or todos os lados(

VSar*ão4 rei de A*adeV temos em uma crnica real de cerca de /&5? a(C4V0icere*ente de 'nanna4 Rei de Wish4 #ashishu de Anu4 Rei da Re*ião4 *rande

ishakku de Enlil3 a cidade de UruO ele atacou e suas muralhas destruiu( Com o

 -o!o de UruO ele lutou e derrotouo( Com Lu*al@a**isi4 Rei de UruO4 ele lutou e

ca-turouo e a*rilhoado condu@iuo -elo -ortão de Enlil( Sar*ão de Acad lutou

com o homem de Ur e !enceuo sua cidade ele atacou e suas muralhas destruiu(

ENinmar ele atacou e suas muralhas destruiu4 e lodo seu territrio4 de La*ash

atB o mar4 ele assolou( E la!ou suas armas no mar( Com o homem de Umma elelutou4 derrotouo e atacou sua cidade e destruiu suas muralhas( A Sar*ão4 Rei da

Re*ião4 Enlil não o9ereceu nenhum ad!ers)rio do mar alto ao mar <ai2o4 Enlil

su<meteu a ele as terras(V/%:

AlBm do mais4 ha!ia tam<Bm as ine!it)!eis dece-ç.es da+uelas almas

de!otas +ue4 como 4 tinham cum-rido atB em demasia todas as o<ri*aç.es

reli*iosas4 a-enas -ara serem a<atidas horri!elmente4 como 9oi o caso de um

!elho rei de!oto4 Ta<iutulEnlil4 de cerca de %,5? a(C4 conhecido como o da

a<ilnia( Seu lamento e testemunho merecem ser citados3

Meus *lo<os oculares ele o<scureceu4 trancandoos so< cadeado

Meus ou!idos ele <lo+ueou4 como os de um surdo(

De rei eu 9ui trans9ormado em escra!o4

E como um louco sou maltratado -elos +ue estão minha !olta(

$1 Nie)zche, Also "prach Narathustra& /ar)e @&Cap& .&$1#  @nscri!o his)rica 3il4ngVe em s"mLrio e acQdio, c%$.67 a&C& George 0& liar)on, The 'o$al(nscriptions of"umer and A+-+ad /ale niversi)y /ress, NeK ;aven, 1#$#%, pp& 1712176&

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tem-o de !ida desi*nado eu tinha atin*ido e ultra-assado

Para onde +uer +ue eu me !irasse !ia maldade so<re maldade(

A misBria crescia4 a ustiça -erecia4

Eu su-li+uei a meu deus4 mas ele não mostrou sua 9ace'm-lorei minha deusa4 mas ela não le!antou sua ca<eça( &pa'( !!-+

sacerdoteadi!inho não conse*uiu -re!er o 9uturo atra!Bs de uma !isão4

necromante com uma o9erenda não conse*uiu usti9icar meu caso(

A-elei -ara o sacerdote oracular3 ele não re!elou nada(

mestre e2orcista com seus ritos não conse*uiu li<ertarme da maldição(

Al*o i*ual amais tinha sido !isto3

Para onde +uer +ue eu me !irasse4 ha!ia so9rimentos -ela 9rente(

Como se eu nunca ti!esse reser!ado a -orção do deus

E não ti!esse in!ocado a deusa na re9eição4

 Não ti!esse inclinado minha ca<eça e -a*o meu tri<uto3

Como se eu 9osse um cua <oca não e2-ressa constantemente s>-licas e oraç.es

 Não ti!esse reser!ado o dia do deus ti!esse ne*li*enciado a 9esta da lua no!a

Sido ne*li*ente4 ou des-re@ado suas ima*ens4

 Não ti!esse ensinado a seu -o!o re!er7ncia e temor4

 Não ti!esse in!ocado sua di!indade4 ou ti!esse comido alimentos do deus4 Ne*li*enciado sua deusa e dei2ado de 9a@er a li<ação3

Sou com-arado com o o-ressor +ue es+ueceu seu senhor 

E -ro9anou o sa*rado nome de seu deus(

 No entanto eu -ensa!a a-enas em s>-licas e oraç.es

A oração era minha -r)tica4 o sacri9$cio minha lei4

dia de adoração dos deuses4 o ><ilo de meu coração4

dia de de!oção deusa4 mais \!alia] -ara mim do +ue as ri+ue@as

Prece real essa era minha ale*ria

Sua cele<ração meu deleite(

Ensinei meu -a$s a *uardar o nome de deus4

Acostumei meu -o!o a honrar o nome da deusa(

A *lori9icação do rei4 eu tornei i*ual a de um deus4

E -or temor ao -al)cio4 eu instru$ o -o!o(

Acha!a +ue tais coisas 9ossem a*rad)!eis a um deus( (((

A+ui temos o -ro<lema deste -o<re !elho( E a*ora !em a res-osta usual4

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 ) conhecida da a<ilnia -or !olta de %,5? a(C(

+ue4 entretanto4 -arece <om a si mesmo4 a um deus desa*rada4 E o +ue B

reeitado encontra as <oas *raças unto a um deus( "uem B +ue -ode sa<er a!ontade dos deuses no cBuI -lano de um deus4 -leno de mistBrio +uem -ode

entend7loI Como -odem os mortais desco<rir a !ontade de um deusI

Pois o homem não -assa de uma coisa insi*ni9icante4

en+uanto os deuses são im-ortantes(

homem +ue ontem esta!a !i!o hoe est) morto &pa'( !!/+

Em um instante ele -ode enlutar4 de re-ente4 ser ani+uilado(

Pois4 en+uanto um dia ele canta e se di!erte4

 No outro chora como as car-ideiras(

estado de es-$rito do homem muda como o dia e a noite

"uando tem 9ome4 B como um cad)!er

Satis9eito4 ul*ase i*ual a seu deus

"uando as coisas !ão <em4 *a<ase de su<ir ao cBu4

"uando em di9iculdades4 +uei2ase de descer ao in9erno(

Como 4 entretanto4 +ue en9rentaria esse mesmo -ro<lema cerca de %(5??

anos mais tarde4 o !elho rei Ta<iutulEnlil4 em<ora su<metido a se!era

 -ro!ação4 não 9oi a<andonado -or seu deus4 mas !iu aumentada sua 9ortuna(

Primeiramente4 entretanto4 -ara tornar clara a e2tensão do mila*re de seu deus4

temos +ue ou!ir toda a litania de seus males3

Um demnio -er!erso saiu de sua toca4

E4 de amarelado4 minha en9ermidade dei2oume l$!ido(

Ele *ol-eou meu -escoço4 +ue<rou minha es-inha(

Do<rou minha altura como um )tomo

De maneira +ue 9ui arrancado como uma -lanta do <reo e atirado de costas(

A comida tornouse amar*a ->trida(

E a doença -rolon*ou seu curso( (((

Recolhime a minha cama4 inca-a@ de dei2)la4

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E minha casa tornouse minha -risão(

Como al*emas do meu cor-o4 minhas mãos 9icaram im-otentes(

Como cotos de asa4 meus -Bs esmoreceram4

Meu desconcerto era *rande4 minha dor intensa(

Uma correia de muitas !oltas a9li*iame4

Uma lança -ontuda tres-assa!ame(

E o -erse*uidor atormentoume o dia inteiro

E -or toda a noite não me deu sosse*o3

Como +ue deslocadas4 minhas untas esta!am e dilaceradas4

Meus mem<ros4 des-edaçados4 9icaram im-otentes(

Em meu est)<ulo -assei a noite como um <oi(

'merso como uma o!elha em meus -r-rios e2crementos(

mal de minhas untas aturdiu o -rinci-al esconurador4

Para o !aticinador meus -ress)*ios eram o<scuros

e2orcista não conse*uiu encontrar o car)ter da minha doença4

Tam-ouco o adi!inho determinar o limite de meus males( &pa'( !!0+

Mesmo assim nenhum deus !eio em meu socorro4 tornandome -ela mão(

 Nenhuma deusa le!e com-ai2ão de mim4 9icando a meu lado(

A co!a 9oi a<erta4 meu se-ultamento4 ordenado4

em<ora não morto4 ) esta!a sendo -ranteado(

-o!o de meu -a$s ) tinha -ronunciado Vais^V

so<re meu cor-o(

A 9ace de meu inimi*o res-landeceu +uando ele sou<e(

"uando as not$cias 9oram anunciadas4 seu 9$*ado se re*o@iou4

E eu sa<ia +ue tinha che*ado o dia em +ue toda minha 9am$lia( De-endente da

 -roteção de nossa di!indade4 estaria em a-uros(

Mas então4 +uando tudo esla!a -erdido e o !elho rei4 acamado4 -aralisado4

ce*o4 surdo4 inca-a@ de comer e atormentado -or dores incessantes che*ou

 <eira do deses-ero4 então !ea^ !irtuoso so9redor não 9oi a<andonado4 mas em

sua hora mais som<ria4 !eio atB ele em um sonho o mensa*eiro de sua di!indade  Vum 9orte heri ornado com uma coroaV e tudo o +ue lhe tinha sido

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tornado lhe 9oi de!ol!ido(

deus en!iou uma 9orte tem-estade atB a <ase da montanha celeste4

Para as -ro9unde@as da tetra ele diri*iuaE o<ri*ou a+uele demnio -er!erso a !oltar -ara o a<ismo((((

Com a marB ele me li!rou do cala9rio(

Ele arrancou a rai@ de meu mal como uma -lanta(

mau sono4 +ue tinha im-edido meu re-ouso4

encheu e escureceu os cBus como 9umaça( (((

E meus olhos4 +ue tinham sido co<ertos -elo !Bu da noite4

Com um 9orte !ento +ue le!ou o !Bu ele 9e@ <rilhar(

De meus ou!idos4 +ue tinham estado 9echados e <lo+ueados4

como os de uma -essoa surda4

Ele remo!eu a surde@4 a<rindo sua audição(

A <oca +ue tinha estado ta-ada4 com di9iculdade de e2-rimir sons4

Ele -uri9icou4 e como o co<re a 9e@ <rilhar(s dentes +ue tinham estado -resos4 a-ertados uns contra os outros4

Ele soltou4 9ortalecendo suas ra$@es(

Da l$n*ua inchada +ue não -odia mo!erse4

Ele remo!eu a intumesc7ncia e a 9ala retornou(

Minha *ar*anta4 +ue tinha estado com-rimida como a de um cad)!er4

Ele curou e meu -eito ressoou como uma 9lauta((((

Meu -escoço tinha sido torcido e -endia3

Ele tornouo ereto como um cedro er*uido(

Minha estatura ele tornou -er9eita

E li<erto do demnio4 ele -oliu minhas unhas( &pa'( !!1+

Ele curou meu escor<uto4 li!roume da coceira( (((

Todo meu cor-o ele resta<eleceu(

Pois o !elho rei4 a*arrado sua 9B4 tinha sido le!ado4 maneira de umde!oto +ue !ai a Lourdes ou ao #an*es4 a uma )*ua sa*rada4 onde o -oder do

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deus o curou imediatamente3

Ele lim-ou as manchas4 tornando o cor-o inteiro radiante(

A carcaça estro-iada recu-erou seu es-lendor(

Ys mar*ens do rio onde os homens são ul*adosA marca da escra!idão 9oi a-a*ada e os *rilh.es retirados(

Da$ a se*uinte lição3

Dei2a a+uele +ue -eca contra o tem-lo a-render comi*o3

 Na mand$<ula do leão -restes a de!orarme4 Enlil inseriu um <ocado(

Enlil ca-turou o laço do meu -erse*uidor3

Enlil sitiou a co!a do demnio(//?

E assim4 9inalmente4 de-ois de todos esses mitos so<re imortalidade e reis

+ue desa-areciam e sur*iam como a lua de-ois de mil7nios de inumanidade

rituali@ada4 +uando o homem4 -artici-ando das ordens de nature@a animal4

!e*etal e matem)tica4 tinha tão -ouca consideração -or seu -r-rio ul*amento

+ue a lei Jmaat, mK -roetada so<re o uni!erso a -artir de sua -r-ria

ima*inação condicionada tem-oralmente 9oi aceita sem +uestionamento4 não

a-enas como so<renaturalmente ordenada4 mas tam<Bm su-erior ao +ue4 mesmono +uarto mil7nio a(C4 de!e ocasionalmente ler sido reconhecido como senso

comum de-ois dos su-remos e sa*rados contos de 9adas da criação a -artir do

nada4 da !er<ali@ação m)*ica4 da mastur<ação ou do ato se2ual de seres di!inos4

das -rimeiras tra!essuras dos deuses uns com os outros e com suas criaturas

Jdil>!ios4 criaturas dis9ormes e tudo o maisK a*ora4 9inalmente4 o >nico -onto

ao +ual não se concedera nem mesmo um -e+ueno lu*ar na a*enda4 isto B4 o

 -ro<lema moral do so9rimento4 deslocouse -ara o centro do -alco4 onde

 -ermaneceu a -artir de então(

Pois +uando a sensi<ilidade do -r-rio homem ou antes4 de certas

 -essoas su-eriores not)!eis se desen!ol!eu do n$!el do san*ue 9rio rB-til dos

 -rimeiros reis -ara o de humanidade da+ueles +ue mais tarde escre!eram -ara

seus 9ilhos3 VTomate inocente diante de Deus( \(((] Mostra *enerosidade -ara

$$7 Trad"!o (res"mida% seg"ndo Morris Jas)roK, >0 -a3ylonian /arallel )o Jo3>, 1ournal of Bi!lical0iterature& vol& OOB, pp& 1.621#1= )3& Franois Mar)in, >*e 8"s)e so"??ran) 3a3ylonian>, 1ournal Vsiatiue& serie 17, vol& Hvi, pp& <621.= e Simon *andersdor?er, >Fine 3a3ylonische Z"elle ?Vr das

-"ch Jo3> Bi!lische "tudien& vol& Hvi, $& Seg"ndo as o3serva[es dessas a")oridades, rec"perei onome nlil nos l)imos versos, onde "m escri3a pos)erior coloco" o do de"s pos)erior da cidade de-a3ilbnia, Mard"k& nome do prprio rei, Ta3i2"l"l2nlil, ?ala a ?avor da propriedade desse resga)e&

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com a cidade Deus te lou!ar) -ela consideração( \(((] <em B tra<alhar -elo

9uturo \(((]V//% ine!ita!elmente4 tornouse claro +ue o -r-rio homem tinha mais

 <ondade do +ue Deus4 mais amor4 mais di*nidade4 mais ustiça e mais a9eição( E

medida +ue a reali@ação dessa !erdade se am-liou e o se*undo a2ioma douda ocu-ou aos -oucos a mente VH) li<ertação do so9rimento^V a

su-rema -reocu-ação da mitolo*ia4 do ritual e da sa<edoria humana -assou dos

anti*os interesses m)*icos do culto da nature@a -ara a tare9a -sicol*ica mais

$ntima de alcançar a -a@4 a harmonia e a -ro9unde@a da alma neste !ale de

l)*rimas( &pa'( !#)+

&pa'( !#!+ T$tulo

&pa'( !##+ Em <ranco

$$1 >The Co"nsels o? ing @n)e?>, )rad"!o de 0llan ;& Gardiner, in Charles F& ;orne (ed&%, The "acred.oo+s and Earl$ 0iterature of the East (/arke, 0"s)in and *ipscom3, Nova York e *ondres, 1#1<%, vol&@@, >gyp)>, pp& #2##&

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PARTE II

AS MITOLOGIASDA %NDIA

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CAPITULO 5

A %NDIA ANTIGA

I( O PROTAGONISTA INVIS%VEL

VA crença de +ue a !ida te!e ori*em na )*uaV4 a9irma o Dr( Ananda W(

Coomarasfam em uma de suas o<ras4 Vera comum a muitas culturas anti*as e

de!e ter sur*ido muito naturalmente em casos de -o!os como os do Nilo4Eu9rates ou 0ale do 'ndo4 entre os +uais a )*ua4 em 9orma de chu!as sa@onais ou

de inundaç.es constantes4 era o -rBre+uisito mais <!io -ara o crescimento

!e*etati!o(V///

A im-licação dessa -ro-osta e +ue mitolo*ias an)lo*as -oderiam lerse

desen!ol!ido inde-endentemente em !)rias -artes do mundo4 se*undo leis

 -sicol*icas comuns4 e essa 9oi a !isão -re9erida de *rande -arte dos estudiosos

do sBculo ;'; e in$cio do sBculo ;;( Entretanto4 desde +ue as mais recentes

desco<ertas ar+ueol*icas indicaram n>cleos culturais es-ec$9icos a -artir dos+uais se di9undiram !ariedades comuns de *rãos4 animais domesticados e

tBcnicas de 9a<ricação de no!os arte9atos -ara os +uatro cantos da terra4 o !elho

ar*umento em 9a!or de um desen!ol!imento -aralelo de ci!ili@aç.es4

ori*inalmente isoladas -ela atuação de VleisV econmicas4 sociol*icas ou

 -sicol*icas VnaturaisV4 9oi em *eral a<andonado( Como ) se o<ser!ou4 a

ori*em >ltima da economia cam-onesa domBstica de culti!o de *rãos e criação

de *ado na +ual se <asearam as -rimeiras ci!ili@aç.es ri<eirinhas não ocorreunos *randes !ales do Nilo4 do <ai2o Ti*reEu9rates ou do 'ndo4 mas nos -rados

montanhosos e !ales das montanhas do Crescente FBrtil chu!oso( E na+uela

sin*ular re*ião de trans9ormação cultural4 uma su<re*ião de -articular

im-ortncia tanto -ara a 1ndia +uanto -ara o cidente 9oi o sudoeste do 'rã4

onde -or !olta de 85?? a(C( sur*iu um arte9ato caracter$stico de couro de <>9alo4

cua in9lu7ncia -ode ser rastreada tanto na direção oeste atB a ai2a

Meso-otmia4 cerca de 8??? a(C4 Jocu-ação inicial da @ona sumBria3 Eridu e$$$  0nanda & CoomarasKamy, /a+sas, Parte (( (Smi)hsonian @nsli)")ion, /"3lica!o .76#,+ashing)on, :&C&, 1#.`%, p& 1&

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<eid Anti*asK4 +uanto na leste4 cerca de um mil7nio mais Jarde4 ale o

eluchistão Jcoleç.es de "ueda4 Nal e WulliK e o 0ale do 'ndo Jarte9atos Anui e

Wale-arK(//& &pa'( !#$+ 

s emi*rantes do Sudoeste Asi)tico +ue se diri*iram 1ndia rece<eram oselementos de uma cultura neol$tica a!ançada3 ca<ras domesticadas4 o!elhas e

*ado4 carretas de <oi co<ertas4 torno de oleiro4 co<re e <ron@e e4 ao +ue -arece4

atB !idro( Eles constru$ram cidades de tiolos crus4 -edras ou tiolos so<re

alicerces de -edra4 culti!aram cereais e con9eccionaram estatuetas de cermica

da deusa e de touros( E a ornamentação de sua cermica com-reendia moti!os )

9amiliares ao cidente3 a su)stica re!ela a in9lu7ncia do 'rã o machado de du-la

lmina4 da distante S$ria meandros4 linhas -ontilhadas e onduladas4 moti!os

+uadrados4 an*ulares4 trin*ulos4 losan*os etc(4 com animais4 -lantas4 -ei2es e -)ssaros estili@ados ou naturalistas entre eles4 com 9re+7ncia re-rodu@em

 -recisamente caracter$sticas conhecidas nos s$tios do Neol$tico Su-erior do

sudoeste e norte do 'ra+ue JSusa ' e '' e cermica SamarraK4 S$ria Jcermica

Hala9K e estratos mais anti*os da Meso-otmia ri<eirinha J<eid e emdit NasrK(

 Na !erdade4 a tal -onto +ue4 como o Pro9( 0( #ordon Childe o<ser!ou3 Vo

eluchistão \(((] al*um dia de!e ter 9eito -arte de um continuum cultural

estendendose do Ti*re ao 'ndoV(//8

AlBm do mais4 ) +ue 9oi do mesmo riente Pr2imo nuclear e4

 -articularmente da S$ria onde o touro4 o machado de du-la lmina e a deusa

a-areceram ) -or !olta de 85?? a(C( +ue a ci!ili@ação <)sica de Creta e

muito da anti*a mediterrnea se ori*inou4 não -recisamos mais 9icar

 <o+uia<ertos ou em enle!o meta9$sico +uando a-arecem semelhanças

corres-ondendo a identidades nos mitos e rituais do riente e do cidente(

Como o Dr( Ro<ert Heine#eldern muito <em o<ser!ou3 VPor mais ori*inal e

>nica +ue -areça +ual+uer uma das anti*as ci!ili@aç.es4 nenhuma delas sur*iu

inde-endente( \(((] Estamos diante de um *rande mo!imento histrico4 mais

 -recisamente4 de uma concatenação de mo!imentos +ue4 em >ltima an)lise4 se

irradiaram4 todos4 de uma mesma 9onteV(//5

$$. :onald & McCoKn, >The Iela)ive S)ra)igraphy and Chronology o? @ran>, in hrich (ed&%, 'elativeChronologies in Lld 5orld Archeolog$& pp& 6# e '.= S)"ar) /iggo)), Prehistoric ndia (/eng"in -ooks,;armondsKor)h, 1#67%, p& <$ e seg"in)es&$$ B& Gordon Childe, e2 0ight on the Most Ancient East (:& 0pple)on2Cen)"ry Company, Nova York,

1#.%, p& $<<&$$6 Io3er) ;eine2Geldern, >The rigin o? 0ncien) Civiliza)ions and Toyn3eeAs Theories>, Diogenes& n1. (/rimavera 1#6'%, pp& #'2#&

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E ainda4 se -rocurarmos a*ora não as analo*ias4 mas as di9erenças4 uma

serie de caracter$sticas 9icam e!identes no e2tremo oriental da !asta e2-ansão do

continuum neol$tico do riente Pr2imo4 o +ual -arece a-ontar -ara uma ordem

de ci!ili@ação indiana não inteiramente de-endente de ins-iração oucontri<uiç.es dos imi*rantes do cidente( s <elos touros re-resentados na

cermica e modelados nas estatuetas de cermica são do ti-o corcunda da 1ndia

J@e<uK( Moti!os ornamentais <aseados nas 9ormas das 9olhas da 9i*ueirados

 -a*odes indiana (icus rligiosa) indicam +ue ) era re!erenciada uma -lanta

hoe adorada -or toda a 1ndia e associada a seus *7nios da terra nati!os (<aksas

!ak  sīs). E h) uma sBrie interessante de estatuetas de cermica re-resentando a

deusa do !ale Zho< do norte do eluchistão com caracter$sticas +ue não se

encontram em nenhum outro lu*ar em todo o am-lo dom$nio do culto deusa noriente Pr2imo( Como uma sBrie de e2em-los do 'rã4 elas aca<am a<ai2o da

cintura em -edestais4 e como as estatuetas da deusa em toda -arte4 são

ornamentadas com colares( Mas como o Pro9( Stuart Pi**ott o<ser!ou4 os rostos

são com-letamente di9erentes de +ual+uer um conhecido em outras -artes do

mundo(

VAs ca<eças com uma touca ou 2aleV4 ele escre!e4 Vt7m testas altas e lisas

acima das r<itas circulares dos olhos -roeminentes4 nari@es <icodecorua e <ocas estreitas( &pa'( !#5+  resultado B aterrori@ante mesmo em um modelo

min>sculo com não mais de 5 cm de altura e em dois de Da<ar Wot4 toda ilusão B

colocada de lado e o rosto B uma ca!eira sorridente( \(((] Di9icilmente -odem ser

 <rin+uedos antes -arecem uma -ersoni9icação horr$!el da deusamãe4 +ue e

tam<Bm a *uardiã dos mortos uma di!indade do mundo $n9ero i*ualmente

 -reocu-ada com o cad)!er e com a semente de cereal colocados na terra(V//6

utras t7m olhos arre*alados4 tais como se encontram atB hoe nas

ima*ens da deusa do sul da 1ndia4 onde ela e conhecida a9etuosamente como VA

de lhos de Pei2eV JminaksiK. E tam<Bm4 em Da<ar Wot4 eluchistão4 um dos

altares esca!ados re!elou um escoadouro de tiolos co@idos e no !ale de "uetta4

um -ouco -ara oeste4 estatuetas da deusamãe e do touro a-areceram em uma

 -lata9orma de tiolos de <arro contendo esses drenos4 +ue tinham na <ase um

crnio humano desarticulado(//,

Esses escoadouros são nossos conhecidos( São a+ueles +ue nos santu)rios

$$' /iggo)), op% cit &, pp& 1$'21$<&$$< +al)er 0& Fairservis, Jr&, atural .istor$& vol& *OB@@, nW #&

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da 1ndia le!a!am o san*ue das !$timas deca-itadas imediatamente de !olta -ara

sua 9onte na Deusa -ois4 como !imos4 Vo san*ue4 se imediatamente consa*rado4tornase am<rosiaV(∗  E -ara com-letar o +uadro de certa en9)tica tend7ncia

indiana nesses !est$*ios3 de um local conhecido como Mo*hul #hundai4 noeluchistão do Sul4 sur*iu um 9alo escul-ido em -edra4 en+uanto de outro

Periano #hundai não a-enas um 9alo em cermica r>stica4 mas uma estatueta

+ue consistia de Vuma !ul!a e co2as 9emininas e2a*eradamente *randesV( //= [

!erdade +ue caracter$sticas 9)licas são rele!antes tam<Bm nos cultos ocidentais

da deusa neol$tica( Entretanto4 na 1ndia4 elas -redominam atB hoe4 e untamente

com os moti!os acima mencionados da deusa da morte4 a deusa de olhos de

 -ei2e4 altares com escoadouros4 altares constru$dos so<re seres humanos

sacri9icados4 touros corcundas e 9olhas de 9i*ueirasdos-a*odes4 su*erem +ue -ode ter ha!ido na 1ndia al*um ti-o de centro cultural se-arado4 com

caracter$sticas -r-rias4 relacionadas com as ocidentais4 mas sem imit)las -or

inteiro(

Entretanto4 essa e!idencia tornarse) um !erdadeiro desa9io -ara o

estudioso da -rBhistria4 -ois +uando a -) ar+ueol*ica -enetra um cent$metro

a<ai2o dessas -rimeiras aldeias e 9undaç.es de cidades4 ela irrom-e

a<ru-tamente num estrato muito mais -rimiti!o4 indicando um !asto hiatocultural3 materiais -rBneol$ticos muito sim-les do -er$odo Ca-sitano Tardio de

caça4 cuo traço caracter$stico B um ti-o de -ederneira min>scula JmicrlitoK4

encontrada -or toda a -arte ocidental da es9era cultural -aleol$tica tardia4 da

Á9rica do Sul ao norte da Euro-a4 do Marrocos ao Ceilão4 e cua -)tria não era

certamente a 1ndia( E esca!ando mais -ro9undamente4 a camada cultural

se*uinte B todo o a<ismo atB a -r-ria <ase da escala cultural humana no -er$odo

Paleol$tico 'n9erior(

'sso +uer di@er +ue a 1ndia4 em termos de <ens dur)!eis -edra4

cermica e metal nos d) um +uadro muito !ariado e desarticulado( Pois a

coleção -aleol$tica in9erior a +ue che*amos a*ora -ro!Bm da >ltima 9ase da

se*unda Era #laci)ria ou in$cio da &pa'( !#*+ se*unda 'nter*laci)ria4 -or !olta

de 8?? ??? a(C( e mais ou menos contem-ornea do Pitecantro-o ereto4 +ue o

!elho Pro9( HaecOel cele<rou como o VElo PerdidoV(//: Uma es-Bcie de

 R Cf% supra& p& 16&$$ /iggo)), op% cit%& p& 1$<&$$# Ber As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& pp& $#.2$#< e .12.$7&

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9erramenta *rande de -edra lascada conhecida como cutelo4 encontrada no

noroeste e centro da 1ndia4 re-resenta a !ariante indiana da ind>stria -aleol$tica

da+uela B-oca tateante e tosca( A essas4 as mais anti*as 9erramentas indianas

conhecidas4 chamadas de cutelosdecortar -rBSoan4 se*uemse no noroeste a chamada @ona cultural Soan no decorrer da se*unda Era 'nter*laci)ria de

cerca de 8?? ??? a tal!e@ /?? ??? a(C4 dois ti-os adicionais de im-lementos de

 -edra e2tremamente -rimiti!os3 %( uma V9erramenta de sei2oV maciçamente

redonda4 mostrando a9inidades com os im-lementos contem-orneos e

anteriores mais r>sticos da Á9rica do Sul e riental4 e /( um no!o ti-o de lmina

*rossa e -esada -ara cortar4 de cua matri@ eram e2tra$dos tais im-lementos

r>sticos( Ferramentas e matri@es desse >ltimo ti-o 9oram encontradas tam<Bm

em urma Jind>stria ani0ciaK , Mal)sia Jtam#[niaK , a!a J #a*it[niaK  China Jemassociação com os remanescentes do Homem de Pe+uim em ChouOoutienK4 de

maneira +ue indicam uma !asta @ona cultural -aleol$tica anti*a no leste da Ásia4

da +ual 9a@ia -arte o noroeste da 1ndia(

Durante esse lon*o -er$odo4 entretanto4 um ti-o muito mais desen!ol!ido

de 9erramenta de -edra ) tinha sido criado no este4 no !asto dom$nio curo

a9ricano da chamada cultura do machado sem ca<o do -er$odo A+ueliano e

a-enas o oeste4 centro e sudeste da 1ndia -artici-aram desse desen!ol!imento(Portanto4 duas @onas culturais indianas di9erentes4 -orBm interati!as4 -odem ser

reconhecidas ) desde cerca de 5?? ??? a(C3

A( A @ona cultural Soan do noroeste4 em-re*ando3

%( Vinstrumentos de sei2oV com a9inidades sula9ricanas -rimiti!as4 e

/( VcutelosV com a9inidades -osteriores no Leste Asi)tico

( A @ona Madrasa+ueliana do oeste4 centro e sudeste da 1ndia Jde

om<aim a MadrasK4 re-resentada -or 

&( Vmachados sem ca<oV do ti-o a+ueliano(

Durante o Paleol$tico MBdio Jterceira Era 'nter*laci)ria e >ltima #lacial4

de /?? ??? a tal!e@ &? ??? a(C4 +uando o Homem de Neandertal4 +ue ) tinha

 -enetrado nas re*i.es *Blidas do Norte4 -erse*uia o mamute lanoso -or toda a

Euro-aK as duas re*i.es indianas <)sicas acima de9inidas -ermaneceram 9iBis a

suas res-ecti!as tradiç.es do Paleol$tico 'n9erior +ue se desen!ol!iam muito

lentamente( E assim aca<a4 tanto +uanto sa<emos4 a histria -aleol$tica da 1ndia4

 -ois nada atB hoe 9oi encontrado indicando +ual+uer -ro*resso em solo indianoem direção ao n$!el cultural do Paleol$tico Su-erior4 ou sea4 rumo a um

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!erdadeiro ti-o de ind>stria Vda lminaV4 como a +ue sur*iu na Euro-a no

 -er$odo das -inturas de ca!erna do CroMa*non JLascau2 e demais4 c(&? ??? a

c( %? ??? a(C(K e se desen!ol!eu na Á9rica durante o -er$odo Ca-sitano Tardio

Jc( %? ??? a c(8??? a(CK atB a 9ase 9inal4 microl$tica4 +ue aca<amos demencionar(

Entretanto4 como o Pro9( Pi**ott o<ser!a4 9erramentas de -edra não

contam4 de maneira al*uma4 toda a histria( &pa'( !#-+

VA-enas dis-omosV4 ele escre!e4 Vdo !est$*io im-erec$!el da cultura

material de *ru-os de caçadores nmades4 +ue muito -ro!a!elmente esti!eram

e+ui-ados com outros o<etos leitos de su<stncias -erec$!eis como madeira4

9i<ra4 ca-im4 9olhas ou outros materiais or*nicos como -eles e couros(V/&?

E Leo Fro<enius4 h) muitos anos4 colocou a interessante +uestão de +ueem nossas reconstruç.es dos -rimeiros -er$odos da humanidade4 dos +uais

restam a-enas as -artes mais duradouras dos es+ueletos4 a -ro!a !is$!el tem +ue

ser com-reendida como re-resentante a-enas de um res$duo de uma realidade

desconhecida e in!is$!el +ue um dia e2istiu(/&% AlBm do mais4 -or toda a !asta

@ona e+uatorial das remotas ori*ens e di9usão do homem4 onde os materiais

naturais mais dis-on$!eis são -erec$!eis4 a-enas so<re!i!em as 9ormas +ue

tradicionalmente modelaram os materiais4 en+uanto nas @onas tem-eradas do Norte4 a -edra4 e de-ois a cermica e os metais4 e2ercem um -a-el

 -ro-orcionalmente muito maior na estruturação material de uma cultura( De

maneira +ue4 en+uanto a in9lu7ncia do Norte so<re o Sul -ode ser re-resentada

 -or uma intrusão !is$!el e mensur)!el4 o im-acto de uma in9lu7ncia e+uatorial

so<re uma tradição de uso de -edra4 cermica e metais de uma @ona tem-erada

 -ode ser re!elado a-enas -or alteraç.es sintom)ticas dos arte9atos da -r-ria

tradição do Norte +ue o 9ilso9o incauto -ode ser le!ado a inter-retar como

ilustração de al*uma Vlei naturalV de e!olução cultural !a*amente conce<ida(

 Nossa com-reensão da histria anti*a Jescre!e Fro<eniusK de-ende de

documentos de conte2tos culturais mani9estos -rimeiro em 9ormas

ar+ueol*icas e4 mais tarde4 em 9ormas histricas( Mas todos esses

relatrios são de ti-o essencialmente e*o$sta3 dão in9ormaç.es a res-eito de

$.7 /iggo)), op% cit%& p& ..& res"mo das desco3er)as da @dade da /edra, so3re o "al es)Q 3aseado

me" rela)o, serQ encon)rado& 8"n)amen)e com no)as e 3i3liogra?ia, pp& $$21&$.1 *eo Fro3eni"s, Monumenta Terrarum (Frank?"r)er Soeie)U)s2:r"ckerei, Frank?"r) e Main, 1#$#, $ed&%, pp& $12$6&

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si mesmos e de seus -r-rios -e+uenos e*os( Cada dom$nio a SumBria

a+ui4 o E*ito ali 9ala de seus -r-rios interesses( +ue +uer +ue ocorra4

e2ista4 ou 9uncione 9ora dos limites dessas estreitas -ro!$ncias B

com-letamente i*norado e4 se uma in9lu7ncia cultural -ro!Bm de 9ora4 nãoim-orta como ela che*ou ali e de +ue circunstncia alien$*ena ela -ro!eio(

Tudo o +ue im-orta B o 9ato da sua che*ada4 amais a histria de sua

maturação alhures( E assim somos le!ados a crer +ue o *rande ciclo cultural

do este Asi)tico e do E*ito se desenrolou so@inho e isolado do mundo4

nascendo e desen!ol!endose totalmente -arte( Esses monumentos não

dão ind$cios de +ue 9ora do -r-rio m<ito hou!esse 9orças tra<alhando em

sil7ncio( mundo e2terno não a-arece no es-elho desses documentos(

En+uanto a ci7ncia se satis9a@ia em in!esti*ar o car)ter histrico das

culturas mais a!ançadas em outras -ala!ras4 en+uanto 9oi aceito o

critBrio adotado no -er$odo romano -ara a classi9icação em V-o!o

ci!ili@adoV e V-o!o <)r<aroV essa limitação 9oi -ermitida( Entretanto4 nas

>ltimas dBcadas Jescre!eu Fro<enius em %:/:K4 +uando a necessidade de

in+uirir so<re o destino da humanidade nos o<ri*ou a +uestionar o car)ter

>ltimo e o sentido da cultura4 tudo mudou( A ar+ueolo*ia -or um lado e a

moderna etnolo*ia -or outro4 demonstram +ue as culturas a!ançadas são os -in)culos de -irmides4 cuas -artes in9eriores e <ases -odem ser

reconstru$das a-enas atra!Bs da -rocura de miser)!eis 9ra*mentos( PorBm4

tais desco<ertas mostram +ue uma &pa'( !#/+ intensa !ida cultural animou

o mundo de outrora4 alBm do m<ito das ru$nas das culturas su-eriores(

As *randiosas culturas a!ançadas da Anti*idade ocu-aram4 -elo +ue

sa<emos4 uma -arte do mundo não maior do +ue uma 9ai2a entre /? e 85

*raus no Norte isto B4 esta!am con9inadas a uma )rea ao norte do Tr-ico

de Cncer( Contra essa demonstração da ar+ueolo*ia4 o ramo etnol*ico de

nossa ci7ncia não -odia dei2ar -ara sem-re de reconhecer +ue ao sul dessa

9ai2a4 a -artir da Á9rica cidental4 atra!Bs da 1ndia 4 do ar+ui-Bla*o malaio

e MelanBsia4 atB hoe so<re!i!eram culturas cuos traços não a-enas não

 -odem terse ori*inado das culturas histricas4 mas tam<Bm re-resentam

um mundo -r-rio4 não menos distinto do outro do +ue o mundo !e*etal do

animal( Esse dom$nio de uma sgunda s#éci d cultura B um 9alo( Essa

se*unda es-Bcie B em tudo tão di9erente do car)ter das culturas histricas+ue não B -oss$!el associ)la com +ual+uer circunstncia histrica4 -ois não

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o9erece nenhum !est$*io e2terno ou ind$cio de sua idade( 0ista de 9ora4 ela

e2i<e a-enas -anoramas e -ers-ecti!as est)ticos( Parece ter -assado seu

tem-o de !ida4 como o mundo !e*etal de sua terra nati!a4 sem -rima!eras

ou in!ernos4 sem altos e <ai2os(Eu *ostaria de denominar esse *rande *ru-o de culturas de

V-rota*onista in!is$!elV na histria da cultura da humanidade(

E em<ora sua e2ist7ncia raramente sea atestada em documentos

histricos c4 -ortanto4 di9icilmente sea demonstrada de modo direto4 não

tenho d>!ida de +ue seus e9eitos4 -ro!enientes do Sul4 -odem ser

reconhecidos nas in9lu7ncias +ue e2erceu so<re as culturas mais

a!ançadas(/&/

E assim B +ue4 contra as e!id7ncias das desco<ertas ar+ueol*icas tão <em

descritas nos arte9atos -rBhistricos +ue a*ora estão sur*indo lemos +ue

considerar a in9lu7ncia4 tam<Bm4 de um -rota*onista in!is$!el4 cuo car)ter ser)

indicado a-enas -elas trans9ormaç.es e acrBscimos +ue um olho -ouco atento a

sinais -oderia não !er( Pro9( ( Norman rofn su*eriu uma )rea de =?? a

%(6?? Om a leste do rio 'ndo como -oss$!el local das -rimeiras e!id7ncias de

cultura desen!ol!ida no 0ale do 'ndo/&&

  e como hi-tese e2-erimental4 essaidBia ainda -ode ser -laus$!el( Entretanto4 a!aliar seu -oss$!el n$!el de

ci!ili@ação acima4 -or e2em-lo4 de um com-le2o -o-ulacional melanBsio

contem-orneo4 seria ir considera!elmente alem das e!idencias( Minha -r-ria

su*estão seria +ue na rica -en$nsula da 1ndia de!e4 de 9ato4 terse desen!ol!ido

uma ordem local de uma es-Bcie de aldeias tro-icais *enericamente relacionada

ao com-le2o e+uatorial comum +ue descre!i no !olume anterior  @itologia

 Primitiva 3 e +ue ela -ode muito <em ter sido de di*nidade res-eit)!el e de

 -ro9undidade es-iritual( Mas receio ter de dei2ar -ara a+ueles a +uem a

intan*i<ilidade de um -ensamento d) a medida de seu !alor4 a idBia -atritica4

com-artilhada atualmente -or muitos eruditos indianos4 de uma sa<edoria eterna

re!elada unicamente na 1ndia em uma B-oca inde9in$!el4 tal!e@ antes do

Dil>!io/&8 +uando4 -ara citar um ins-irado autor4 Vo -ensamento se ori*ina!a -or

$.$ *eo Fro3eni"s, (ndische 'eise (Berlag von Ieimar ;o33ing, -erlim, 1#.1%, pp& $$12$$$&$..  +& Norman -roKn, >The -eginnings o? Civiliza)ion in Xndia>, "upplement to the 1ournal of the

 American Lriental "ociet$& nW , :ez& 1#.#, p& &$.  eKal MolKani, Manu Dharma 3*stra> A "ociological and .istorical "tud$ (Ganesh and Co&,Madras, 1#6%, pp& $$.2$$#&

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 -edra4 madeira4 o<etos de mar9im e certas es-Bcies de animais 9ossem4 de

al*uma 9orma4 o<tidos l)( Então4 9inalmente4 a-ro2imadamente no -er$odo de

Hamur)<i Jc( %,?? a(CK4 o contato com MaOOan tam<Bm se -erdeu( V corol)rio

dessa e!id7ncia de decl$nio comercialV4 escre!e heeler4 VB +ue Telmun4MaOOan e Meluhha estão res-ecti!amente a maiores distncias da Meso-otmia4

e se a esse 9ato acrescentarmos a associação de Meluhha com o mar9im4 madeira

e co<re4 sua identi9icação com a ci!ili@ação do 'ndo Jcom suas 9lorestas4

ele9antes e minas de co<re no RaasthanK se torna -ro!)!el( Ela corres-onde

tam<Bm e!id7ncia ar+ueol*ica( tra<alho em mar9im era uma arte do 'ndo(

\(((]

VPodemos ima*inarV4 ele continua a su*erir4 Vna!ios carre*ados de

madeira4 metais e mar9im e -or +ue não tam<Bm de macacos e -a!.es4 am<os9amiliares ao artista do 'ndoI le!antando ncoras dos -ortos do 'ndo no

a-o*eu de sua ci!ili@ação4 e4 em se*uida4 com o -rolon*ado decl$nio e!idente

nos -adr.es c$!icos -osteriores4 B 9)cil !isuali@ar uma redução corres-ondente

na e2tensão e intensidade do tr)9e*o transocenico( A in9er7ncia dos re*istros e

as e!idencias materiais estão de acordo(V/&,

Do -onto de !ista racial4 os cin+enta e tantos es+ueletos humanos

encontrados entre as ru$nas do 'ndo 9oram classi9icados4 na maior -arte4 em dois*ru-os3 %( com caracter$sticas -rotoaustralides4 e /( com a9inidades

mediterrneas(

$.< (!id%& pp% 17#2117&

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Fi*ura %8( 'ma*em de uma ser!a3 0ale do 'ndo4 c(/??? a(

s -rimeiros 9oram com-arados com os a<or$*ines !edides do Ceilão4 os

nati!os da Austr)lia e numerosas tri<os autctones da -r-ria 1ndia( VA o-inião

comum tende a !erV4 escre!e o Pro9( Stuart Pi**ott so<re essa in9luencia4 V+ue a

Austr)lia rece<eu sua -o-ulação a<or$*ine -ela mi*ração4 !ia Ceilão eMelanBsia4 do sul da 1ndia4 onde este ti-o est) nem re-resentado ate hoe( De

 -e+uena estatura4 cor de -ele escura a-ro2imandose da ne*ra4 ca<elos ne*ros

ondulados ou encaracolados Jmas amais encara-inhadosK4 ca<eças alon*adas4

nari@es *randes achatados e &pa'( !$)+ -ol-udos4 l)<ios salientes4 esse ti-o de

 -essoa 9orma o -rinci-al elemento das tri<os a<or$*ines do sul e centro da 1ndia

de hoe4 <em como constitui am-lamente as chamadas castas e2clu$das da

sociedade hindu(V/&=

H) uma estatueta de <ron@e desse ti-o -ro!eniente de MohenoDaro4 de

uma menina es<elta nua J9i*ura %8K( Seu -enteado4 seus seios -e+uenos e a

dis-osição de suas -ulseiras su*erem uma com-aração com uma sBrie de

estatuetas do com-le2o cultural Wulli do eluchistão do Sul4 de cerca de &???

a(C4 Ve se4 como -arece -ro!)!elV4 escre!e o Pro9( Pi**ott ao su*erir a

com-aração4 Vela 9or de 9ato uma re-resentação de um ti-o do eluchistão4

 -odese notar de -assa*em +ue a -ele muito escura associada ao *ru-o -roto

$. /iggo)) op% cit%& pp& 1'21<&

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australide estaria de acordo com o nome atri<u$do ao eluchistão do Sul nos

tem-os cl)ssicos #edrosia4 o -a$s do -o!o escuroV/&:

Con!iria notar4 ademais4 +ue as -rinci-ais l$n*uas do sul da 1ndia4 +ue não

são )rias4 mas de ori*em dra!$dica ou sea4 tmil Ja -rinci-al l$n*ua do sul4 da+ual o malaiala do Mala<ar B um dialetoK4 telu*u Jna re*ião de MadrasK4

canarense Ja l$n*ua de MsoreK4 Ooda*u4 <ada*a4 Oota e toda Jl$n*uas das tri<os

das montanhas Nil*iriK4 *ndi e seus dialetos4 <hil e Oolam4 tam<Bm Ohondi e

oraon Jdas -ro!$ncias centrais4 rissa e iharK e4 9inalmente4 malto Jem

RamahalK t7m atB hoe um -arentesco -r2imo com o idioma <rahui das

montanhas do eluchistão riental e de Sind(/8?

A se*unda raça4 a mediterrnea4 ao contr)rio -ara citar mais uma !e@ o

Pro9( Pi**ott 4 Vatualmente inclui *rande n>mero de *ru-os de -o!os4 da'<Bria ate a 1ndia( ti-o caracter$stico sur*e nos tem-os natu9ianos tardios na

Palestina Jc(,5??55?? a(C(K e -ode terse di9erenciado nas este-es sul da Á9rica

Setentrional e na Ásia e se di9undido -ara leste e oeste( s e*$-cios -rB

din)sticos certamente -ertenciam a essas raças e seus re-resentantes mais -uros

 -odem ser encontrados atualmente na Pen$nsula Ar)<ica( Na 1ndia4 ela constitui

hoe um elemento dominante na -o-ulação do Norte e est) es-alhada em outras

 -artes entre as classes sociais su-eriores( Tais -o!os t7m estatura +ue !ai damBdia alta4 cor de -ele do marronoli!a escuro ao claro4 ca<eça e 9ronte

alon*adas e nari@ estreito e relati!amente saliente ca<elos ne*ros e olhos +ue

!ão do ne*ro ao castanho e -eculiarmente *randes e a<ertos( A constituição

9$sica B es<eltaV(

VA e!id7ncia ar+ueol*ica mostraV4 ele continua4 V+ue esse ti-o

mediterrneo de ca<eça alon*ada B associado em todas as -artes da Ásia

cidental com os -rimeiros -o!oados a*r$colas(V E conclui3 VE2atamente como

a e!id7ncia da cermica -intada do eluchistão e a +ue est) oculta nos o<etos

 -intados da cultura Hara-a a-onta -ara uma e!entual homo*eneidade entre essas

!ariadas e sim-les economias a*r$colas4 tam<Bm esse ti-o 9$sico a-resenta

semelhança Btnica -or toda a re*ião4 e o sur*imento de um -o!o mediterrneo

 -rimiti!o na 1ndia -rBhistrica tem +ue ser relacionado com a e2-ansão

 -ro!eniente do oeste(V/8%

$.# (!id%& p% 1&$7 J"les -loch, >*e :ravidien>, in 0& Meille) e Marcel Cohn (eds&%, 0es 0angues du monde (Cen)reNa)ional de la Iecherehe Scien)i?i"e, /aris, 1#6$%, pp& <2#1&$1 /iggo)), op% cit%& pp& 1621'&

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H) uma estatueta +ue<rada de MohenoDaro4 com %,45? cm de altura4

e2i<indo uma 9i*ura sacerdotal co<erta -or um 2ale com desenhos tri9lios so<re

o om<ro es+uerdo4 dei2ando o direito nu J9i*ura %5K +ue B ainda a maneira

ade+uada de &pa'( !$!+ indicar re!er7ncia4 tanto na 1ndia +uanto em todo omundo <udista4 ao a-ro2imarse de um santu)rio ou um homem santo( Tal

re!er7ncia -elo om<ro direito desco<erto e t$-ica tam<Bm4 entretanto4 das

 -rimeiras est)tuas sumBrias de -ersona*ens sacerdotais4 e o desenho tri9lio

a-arece i*ualmente na arte meso-otmica4 -orem não na tradição -osterior da

1ndia( Tam-ouco o arrano dos ca<elos dessa estatueta a-arece na arte -osterior

da 1ndia( Pu2ados -ara tr)s e re-artidos no meio4 os ca<elos aca<am em

 -e+uenos cachos na nuca e estão -resos -or uma 9ita estreita amarrada atr)s4

com duas lon*as -ontas soltas e um medalhão no meio da testa( A <ar<a e o <i*ode estão cuidadosamente a-arados4 a<ai2o de cada orelha h) um 9uro +ue

 -ode ler -rendido um colar e em !olta do <$ce-s direito a 9i*ura usa um

 <racelete( s olhos alon*ados -arecem estar semi9echados( nari@4 <em

9ormado4 tem <ase alta e não su*ere4 de maneira al*uma4 o e-$teto a!iltante

Vsem nari@V JanāsaK ,  -osteriormente usado -elos )rias in!asores o9endendo a

 -o-ulação nati!a4 +ue eles des-re@a!am como VdemniosV de -ele ne*ra Jdāsas,

das!usK , Vcuo deus B o 9aloV J AiAna+dvaK.Y;Y

 <!iamente4 essa 9i*ura -ertence se*unda raça4 cultural e socialmente su-erior4 +ue4 em certa medida4 ) -odia

estar assimilada +uando os )rias che*aram(

$$ 'g 8eda <&$1&6&

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Fi*ura %5( 'ma*em de um sacerdote3 0ale do 'ndo4 c(/??? a(C( &pa'( !$#+

Entre as ru$nas encontramos muitos ind$cios de +ue os cultos 9)licos dadeusa mãe4 des-re@ados -elos )rias4 eram uma caracter$stica im-ortante da

ci!ili@ação( Ademais4 como o etnlo*o Padre ilhelm Wo--ers demonstrou4

so<re!i!em na 1ndia atB hoe duas 9ormas de culto deusamãe3 %( do estrato

 -rotoaustralide4 e /( do Neol$tico4 em<ora o conceito de di!indade >ltima4

antes 9eminino +ue masculino4 em nenhum outro lu*ar do mundo tenha sido tão

ela<oradamente desen!ol!ido(/8& Não B4 -ortanto4 de se admirar +ue o sacri9$cio

humano4 caracter$stico do culto da deusa em toda -arte sea na es9era tro-ical

$. +ilhelm oppers, >"m rspr"ng des Mys)erienKesens in *ich)e von Blkerk"nde "nd )hnologie>,Eranos-1ahr!uch WW (Ihein2Berlag& "ri"e, 1#6%, pp& $162$<6&

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se*undo o costume4 te sacri9icamos3 &pa'( !$$+ nenhum -ecado -esa so<re nsV(

Se*uiase uma *rande luta -ara conse*uir rel$+uias m)*icas dos adornos de sua

 -essoa 9lores ou aça9rão ou uma *ota de sua sali!a4 e a or*ia continua!a

atB -or !olta do meiodia se*uinte4 +uando che*a!a a hora4 9inalmente4 daconsumação do rito(

A !$tima 9oi no!amente un*ida com leo Jescre!e Sir ames #( Fra@er em

seu resumo de +uatro relatos inde-endentes de testemunhas ocularesK e cada

 -essoa tocou o un*ido e -assou o leo na sua -r-ria ca<eça( Em al*uns

lu*ares4 le!a!ase a !$tima em -rocissão em !olta da aldeia4 de -orta em -orta4

onde al*uns arranca!am ca<elos de sua ca<eça e outros su-lica!am -or uma

*ota de sua sali!a4 +ue es9re*a!am em suas -r-rias ca<eças( Como a !$tima

não -odia ser amarrada nem demonstrar +ual+uer resist7ncia4 +ue<ra!amlhe os

ossos dos <raços e4 se necess)rio4 das -ernas mas com 9re+7ncia essa

 -recaução torna!ase desnecess)ria -elo entor-ecimento dela com -io( A

maneira de mat)la !aria!a de acordo com os di9erentes lu*ares( Um dos

mBtodos mais comuns -arece ter sido o estran*ulamento ou esma*amento(

*alho !erde de uma )r!ore era rachado em sentido lon*itudinal o <astante -ara

ser inserido no -escoço da !$tima Jem outros lu*ares4 no -eitoK e o sacerdote4com o au2$lio de seus audantes4 luta!a com todas as 9orças -ara 9echar a 9enda(

Então ele 9eria le!emente a !$tima com seu machado4 ao +ue a multidão se

 -reci-ita!a -ara o des*raçado e arranca!a a carne dos ossos4 dei2ando a ca<eça

e os intestinos intactos( Ys !e@es4 a !$tima era es+uarteada !i!a( Em Chinna

Wimed ela era arrastada -elos cam-os4 cercada -ela multidão4 +ue4 e!itando

sua ca<eça e intestinos4 lhe arranca!a a carne do cor-o com 9acas ate ela morrer(

utro mBtodo de sacri9$cio muito comum no mesmo distrito era -re*ar a !$tima

trom<a de um ele9ante de madeira4 +ue *ira!a em !olta de um -oste 9i2o e4

medida +ue *ira!a4 a multidão corta!a a carne da !$tima ainda !i!a( Em

al*umas aldeias4 o maor Cam-<ell encontrou cator@e desses ele9antes de

madeira4 +ue tinham sido usados -ara sacri9$cios( Em uma re*ião a !$tima 9oi

morta lentamente a 9o*o( Foi constru$da uma -lata9orma <ai2a4 com decli!es

laterais4 como um telhado so<re ela colocaram a !$tima4 os mem<ros en!oltos

em cordas -ara im-edir seus es9orços( Então se acenderam 9o*os e lhe

a-licaram <rasas incandescentes4 -ara 9a@7la rolar -elas inclinaç.es da -lata9orma -or tanto tem-o +uanto -oss$!el4 -ois +uanto mais l)*rimas ela

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derramasse4 mais a<undantes seriam as chu!as( No dia se*uinte4 o cor-o era

es+uarteado(

A carne cortada da !$tima era imediatamente le!ada -ara casa -elas

 -essoas +ue tinham sido dele*adas -or cada aldeia( Para asse*urar +ue che*assera-idamente4 era -or !e@es -assada adiante numa es-Bcie de corrida de

re!e@amento -or =? ou %?? +uilmetros( Em cada aldeia todos os +ue 9ica!am

em casa eua!am ri*orosamente atB a carne che*ar( -ortador a de-osita!a no

lu*ar de reunião -><lica4 onde era rece<ida -elo sacerdote e os che9es de

9am$lia( sacerdote a di!idia em duas -orç.es4 uma das +uais o9erecia Deusa

Terra enterrandoa em um <uraco no chão4 de costas e sem !7la( Então4 cada

homem acrescenta!a um -unhado de terra e o sacerdote des-ea!a )*ua no local

com uma ca<aça( A outra -orção de carne4 ele di!idia em &pa'( !$5+  tantos

 -edaços +uantos 9ossem os che9es de 9am$lia -resentes( Cada che9e de 9am$lia

enrola!a sua 9atia de carne em 9olhas e enterra!aa em seu terreno -re9erido4

colocandoa na terra !irado de costas sem !7la( Em al*uns lu*ares4 cada

homem le!a!a sua -orção de carne -ara o rio +ue irri*a!a suas la!ouras e ali a

 -endura!a num -oste( Pelos tr7s dias consecuti!os nenhuma casa era !arrida4 e

em uma re*ião4 o<ser!a!ase sil7ncio a<soluto nenhum 9o*o era distri<u$do4

nenhuma lenha cortada e nenhum estran*eiro era rece<ido( s restos da !$timahumana Jou sea4 a ca<eça4 os intestinos e os ossosK eram !i*iados -or 9ortes

*ru-os durante a noite de-ois do sacri9$cio4 e na manhã se*uinte eram

+ueimados4 untamente com uma o!elha inteira4 numa -ira 9uner)ria( As cin@as

eram es-alhadas -elos cam-os4 colocadas como -asta so<re as casas e celeiros4

ou misturadas com os cereais no!os -ara -reser!)los dos insetos( Ys !e@es4

entretanto4 a ca<eça e os ossos não eram incinerados mas enterrados(

De-ois da su-ressão dos sacri9$cios humanos4 !$timas in9eriores

su<stitu$ram as -recedentes em al*uns lu*ares -or e2em-lo4 na ca-ital de

Chinna Wimed4 uma ca<ra ocu-ou o lu*ar da !$tima humana( utros

sacri9icam um <>9alo( Eles o atam a um -oste de madeira em uma 9loresta

sa*rada4 dançam sel!a*emente sua !olta <randindo 9acas e4 então4 atacam o

animal !i!o4 o es+uarteam e cortam em al*uns minutos4 lutando e <ri*ando uns

com os outros -or cada naco de carne( Assim +ue um homem conse*ue um

 -edaço4 sai a toda !elocidade -ara enterr)lo em sua la!oura4 se*undo um

costume anti*o4 antes de o sol se -r4 e como al*uns t7m +ue andar muito -recisam correr ra-idamente( Todas as mulheres o*am torr.es de terra aos

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homens +ue se a9astam !elo@mente4 al*umas com <oa -ontaria( A 9loresta

sa*rada4 h) -ouco um cen)rio tumultuado4 9ica em sil7ncio e deserta4 com

e2ceção de al*umas -essoas +ue -ermanecem -ara -rote*er tudo o +ue restou

do <>9alo3 a ca<eça4 os ossos e os intestinos4 +ue são incineradoscerimoniosamente ao -B do -oste(/88

AtB hoe4 entre os na*as de Assam4 -odese !er um touro !i!o4 correndo

numa arena4 e aos -oucos sendo retalhado -or uma tri<o de sel!a*ens urrando e4

entre os <irmaneses de olhos dceis4 ao norte do distrito Chindfin Su-erior4

crianças -e+ue nas são com-radas com o -ro-sito de serem sacri9icadas

anualmente durante o 9esti!al em a*osto4 -ara asse*urar urna 9arta colheita de

arro@(VDe-ois de lhe colocarem uma corda em !olta do -escoço4 a !$tima era

le!ada s casas de todos os -arentes de seu com-rador( Em cada casa corta!am

lhe um n de dedo e todas as -essoas da casa eram lam<u@adas com o san*ue(

Elas tam<Bm lam<iam o n cortado e o es9re*a!am no tri-B de co@inhar( A

!$tima era então amarrada a um -oste no meio da aldeia e morta -or re-etidos

*ol-es de lança o san*ue de cada *ol-e recolhiase em um <am<u oco4 usado

de-ois -ara lam<u@ar os cor-os dos -arentes do com-rador( As entranhas eramentão retiradas e a carne remo!ida dos ossos e tudo colocado num cesto numa

 -lata9orma -r2ima4 como o9erenda ao deus( De-ois de o san*ue ter sido

es9re*ado no com-rador e seus -arentes4 +ue en+uanto isso dança!am e

chora!am4 o cesto com seu conte>do era o*ado na 9loresta(/85 &pa'( !$*+

Tais ritos são end7micos da @ona cultural do Prota*onista 'n!is$!el e )

9oram a<ordados no !olume anterior4 @itologia Primitiva.Y;E   mito su<acente

B o de um ser di!ino4 morto4 es+uarteado4 cuas -artes enterradas de-ois se

trans9ormam nas -lantas comest$!eis das +uais a comunidade !i!e4 e o tema

 -rinci-al4 como 9oi dito no !olume anterior4 B a che*ada da morte ao mundo3

com o -articular detalhe de +ue ela che*a atra!Bs do assassinato( se*undo

detalhe B +ue as -lantas comest$!eis das +uais o homem !i!e se ori*inam dessa

morte( Finalmente4 os r*ãos se2uais4 de acordo com essa mitolo*ia4 sur*iram

 -or ocasião da che*ada da morte -or+ue a re-rodução sem a morte teria sido

$ Frazer, op% cit%& pp& .62.<&$6 G&&I& Gran) -roKn, >;"man Sacri?ices near )he pper ChindKin>, 1ournal of  the Burma 'esearch"ociet$& vol& @= ci)ado por Gai), loc% cit%$'  As Máscaras de Deus  Mitologia Primitiva& especialmen)e pp& 1672166&

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uma calamidade4 como o seria a morte sem a re-rodução( Conse+entemente4

 -odemos a9irmar a*ora4 mais uma !e@4 V+ue a interde-end7ncia de morte e se2o4

sua im-ortncia como as-ectos com-lementares de um >nico estado de

e2ist7ncia e a necessidade de matar Jmatar e comerK -ara a continuidade desseestado de ser4 +ue B o do homem na terra e o de todas as coisas na terra os

animais4 os -)ssaros e os -ei2es esse tocante e emocionalmente -ertur<ador

!islum<re da morte como a !ida dos !i!os4 e a moti!ação <)sica +ue sustenta os

ritos ao redor dos +uais se 9ormou a estrutura social dos -rimeiros a*ricultores

alde.esV( E 9oi tam<Bm4 lemos +ue acrescentar a*ora4 o tema 9undamental a

 -artir do +ual se desen!ol!eram toda a mitolo*ia4 a ci!ili@ação e a 9iloso9ia da

1ndia(

Pois a 9orça calma e im-lac)!el da sel!a e a conse+ente orientação deseu -o!o Jos a<or$*ines -rotoaustralides da+uele mundo de -ers-ecti!as

est)ticas4 sem histria mas a-enas com duraçãoK 9orneceu o tom <)sico de

+ual+uer canção entoada na 1ndia a res-eito do homem4 seu destino e 9u*a do

destino( No!as ci!ili@aç.es4 raças4 9iloso9ias e *randes mitolo*ias entraram na

1ndia e 9oram não a-enas assimiladas4 mas am-lamente desen!ol!idas4

enri+uecidas e so9isticadas( PorBm4 no 9inal Je tam<Bm durante4 ainda +ue de

modo secretoK4 o -oder duradouro da+uela terra 9oi sem-re o da mesma !elhadeusa escura de lon*a l$n*ua !ermelha +ue trans9orma tudo em seu SiPr-rio

eterno4 terr$!el mas4 a9inal4 um tanto tedioso(

Vh4 ela alua de di9erentes maneirasV4 di@nos4 -or e2em-lo4 seu maior

de!oto de tem-os recentes4 Shri RamaOrishna J%=&6%==6K(

Ela B a >nica conhecida como MahaWbl JTem-o PoderosoK4 NitaWbl

JTem-o 'n9initoK4 ShmashanaWbl JWbl do SoloA<rasadorK4 RaOshaWbl JWbl

#uardiãK e ShamaWbl JA Ne*raK( MahaWbl e NitaWbl são mencionadas

na 9iloso9ia tntrica( "uando não ha!ia nem a criação4 nem o sol4 nem a lua4

nem os -lanetas e nem a terra4 e +uando as tre!as esta!am en!ol!idas nas

tre!as4 então a Mãe4 a Sem Forma4 MahaWbl4 o #rande Poder4 era una com

MahaWblb4 o A<soluto(

ShamaWbl tem um as-ecto um tanto mei*o e B !enerada nos lares

hindus( Ela B a Dis-ensadorade<7nçãos e a Dis-ersadoradomedo( As -essoas

!eneram RaOshaWbl4 a Protetora4 em tem-os de e-idemia4 9ome4 terremotos4secas e inundaç.es( ShmashanaWbl B a cor-ori9icação do -oder de destruição(

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Ela reside nos crematrios4 cercada de cad)!eres4 chacais e terr$!eis es-$ritos

9emininos( De sua <oca &pa'( !$-+ orra uma torrente de san*ue4 de seu -escoço

 -ende uma *rinalda de ca<eças humanas e em !olta de sua cintura h) um cinto

9eito de mãos humanas(De-ois da destruição do uni!erso4 no 9inal do *rande ciclo4 a Mãe Di!ina

arma@ena as sementes -ara a -r2ima criação( Ela B como a senhora idosa da

casa4 +ue tem um <a> no +ual *uarda di!ersos arti*os de uso domBstico( \(((]

De-ois da destruição do uni!erso4 minha Di!ina Mãe4 a Cor-ori9icação de

rahman4 recolhe as sementes -ara a -r2ima criação( De-ois da criação4 esse

Poder Prime!o ha<ita no -r-rio uni!erso( Ela emana este mundo 9enom7nico e

então im-re*nao( \(((]

Wbl4 minha Di!ina Mãe4 B de -ele ne*raI Ela -arece ne*ra -or+ue B

!ista de al*uma distncia mas +uando conhecida intimamente ela não B mais

assim( \(((] Prisão e li<eração4 am<as são o<ras suas( Atra!Bs de sua mā!ā os

ha<itantes do mundo se en!ol!em em Vmulheres e ouroV e no!amente4 -or sua

*raça4 eles conse*uem a li<eração( Ela B chamada a Redentora e a Remo!edora

do cati!eiro +ue -rende a -essoa ao mundo( J(((K Ela B o<stinada e sem-re tem

+ue tr tudo sua maneira( Ela B cheia de *raça(/8,

Fi*ura %6( sacri9$cio3 0ale do 'ndo4 c(/??? a(C(

Como -ro!a -rinci-al4 e!id7ncia do -a-el dessa -oderosa deusa no

$<  The Gospel of "ri 'ama+rishna& )rad"!o para o ingl9s e in)rod"!o de SKami Nikhi)ananda(Iamakrishna2Bivekananda Cen)er, Nova York, 1#$%, pp& 1.621.'&

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 -rimiti!o 0ale do 'ndo4 -odemos tomar um sinete desco<erto em Hara-a4 +ue

chamou a atenção de Sir ohn Marshall4 diretor da -rimeira esca!ação desse

s$tio J9i*ura %6K( Ele e2i<e4 direita do lado an!erso4 uma 97mea nua4 de ca<eça

 -ara <ai2o4 -ernas a<ertas e com uma -lanta saindo de seu >tero( A es+uerda4 namesma 9ace4 h) dois es-$ritos animais um 9rente ao outro( E entre eles e a 97mea

nua h) uma inscrição &pa'( !$/+ indeci9r)!el de seis caracteres( No re!erso4 a

inscrição se re-ele e  sua es+uerda4 como o<ser!a Marshall4 estão Vas 9i*uras de

um homem e uma mulher o homem de -B com uma 9aca em 9orma de 9oice na

mão direita e a mulher4 sentada no chão com as mãos er*uidas em -ostura de

s>-licaV(

VE!identementeV4 o<ser!a Marshall4 Vo homem est) -re-arandose -ara

matar a mulher4 e B ra@o)!el su-or +ue a cena tenha a intenção de retratar umsacri9$cio humano relacionado com a Deusa Terra re-resentada no outro lado4

com +uem temos tam<Bm +ue associar os dois es-$ritos4 +ue eu tomo como

ministrantes da Di!indade( Em<ora >nica na 1ndia4 +ue eu sai<a4 esta

im-ressionante re-resentação da Deusa Terra com uma -lanta crescendo de seu

>tero não B inatural e -odemos com-ar)la a um rele!o de terracota do anti*o

 -er$odo #u-ta Je(&&?65? d(C(K de Shita nas Pro!$ncias Unidas4 no +ual a Deusa

B e2i<ida com as -ernas em -ostura muito semelhante4 mas com um ltus saindonão do >tero mas de seu -escoço(V/8=

utro sinete J9i*ura %,K le!a o moti!o mais adiante( Mostra no!amente

nossa deusa nua4 mas a*ora de -B entre os *alhos a<ertos de uma 9i*ueirados

 -a*odes sa*rada +ue4 como Marshall o<ser!ou4 VB a )r!ore do conhecimento

J)r!ore 2odhi ou 2oK , em<ai2o da +ual o uda che*ou iluminaçãoV( Uma

es-Bcie de es9in*e4 metade touro4 metade ca<ra ou carneiro4 com 9ace humana4

est) de -B atr)s da 9i*ura semiaoelhada do +ue -arece um su-licante diante

dela4 en+uanto no es-aço a<ai2o h) uma 9ileira de sele ser!içais 9emininas4 cada

uma com uma -luma4 ou tal!e@ ramo4 no ca<elo4 e uma lon*a trança -endendo

nas costas( Muitos sinetes meso-otmicos mostram um de!oto le!ado -or um

deus -resença de um deus su-erior(

$ Sir John Marshall (ed&%, Mohen<o-Daro and the (ndus Civili6ation (0r)h"r /ro3es)hain, *ondres,1#.1%, vol& @, p& 6$&

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 -ortanto4 B +ue sua rai@ mais -ro9unda est) no solo do eterno mundo e+uatorial

do ritual da morte do +ual a !ida -rocede( No -er$odo das eni*m)ticas cidades

do 0ale do 'ndo4 um corres-ondente neol$tico dessa !ersão -rimiti!a do mistBrio

da e2ist7ncia che*ou do riente Pr2imo com sua -r-ria !ersão da deusa4 untamente com as artes de uma ci!ili@ação letrada3 a escrita e4 sem d>!ida4 a

matem)tica do calend)rio4 a reale@a e tudo o mais( E4 a não ser +ue as e!idencias

tanto da ar+ueolo*ia +uanto da etnolo*ia nos tenham en*anado4 na+uelas

cidades era -raticado al*um ti-o de ritual de re*ic$dio e sati4 no +ual -elo menos

al*umas da+uelas *randes tradiç.es indianas de sacri9$cio humano4 ou tal!e@

todas elas4 de!em ser rastreadas4 e so<re as +uais a<undam re*istros e relatos

não a-enas nas notas dos !iaantes ocidentais4 mas tam<Bm em monumentos4

crnicas4 mitos e contos ao estilo da -r-ria 1ndia(Um se*undo tema4 não menos t$-ico da eterna 1ndia4 chama a atenção nas

ima*ens de uma sBrie de cerca de meia d>@ia de sinetes do 'ndo e2i<indo

 %iguras m #ostura d toga, dos +uais dois e2em-los serão su9icientes no

momento( -rimeiro J9i*ura %=K mostra um -ersona*em4 a-arentemente com

tr7s rostos4 sentado em -osição de io*a so<re um trono <ai2o4 diante do +ual

estão duas *a@elas uma 9rente outra( "uatro animais o cercam nas +uatro

direç.es3 um ti*re4 um ele9ante4 um rinoceronte e um <>9alo da 1ndia( Suaca<eça tra@ como en9eite dois imensos chi9res entre os +uais uma coroa alta

su*ere Jcomo o adorno na ca<eça da deusa na )r!oreK a 9orma de um tridente

JtriA>laK. E o 9alo4 e2-osto4 est) ereto(

Todos os +ue comentaram essa 9i*ura -erce<eram nela um -rotti-o de

Xi!a4 o deus +ue na 1ndia atB hoe B o consorte da deusa Wbl -ois Xi!a4 B o

senhor da io*a4 dos crematrios4 dos animais sel!a*ens4 cua 9erocidade su<u*a

com sua -resença meditati!a4 e do \ingam Jo 9aloK( Seu s$m<olo B o tridente(

Re-resentado como Mahesh!ara4 #rande Senhor4 ele Jem tr7s laces( Ademais4

seu animal es-ec$9ico B o touro4 e4 entre as numerosas <estas re-resentadas nos

sinetes do 0ale do 'ndo4 o touro &pa'( !$1+  -re-ondera de lon*e4

9re+entemente diante de um censor4 o +ue su*ere +ue4 como o touro Á-is de

Pt)4 ele era considerado di!ino(

Entretanto4 Xi!a não B a >nica *rande 9i*ura do mito indiano -osterior

su*erida -or essa ima*em -ois as duas *a@elas diante do trono -osam como nas

ima*ens cl)ssicas do uda -re*ando seu -rimeiro sermão no Par+ue dos Cer!osde enares(

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Fi*ura %=( senhor das 9eras3 0ale do 'ndo( c(/??? a(C(

Fi*ura %:( -oder da ser-ente3 0ale do 'ndo4 c(/??? a(C( &pa'( !5)+

AlBm disso4 a 9orma do en9eite +ue le!a so<re sua ca<eça B 9amiliar na

arte <udista como s$m<olo das chamadas VTr7s iasV3 uda4 a Lei e a

Comunidade(

 No se*undo sinete desta sBrie de io*a J9i*ura %:K4 um -ar de ser-entesle!antam os cor-os a cada lado da ima*em meditati!a4 -recisamente atB a altura

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da coroa de sua ca<eça4 en+uanto adoradores aoelhados -restam re!er7ncia de

cada lado(

 Numerosos s$m<olos 9)licos 9oram encontrados entre as ru$nas do 'ndo4

medindo a-ro2imadamente de %4/5 cm a &? cm de com-rimento4 e a eles Bassociada uma sBrie curiosa das assim chamadas V-edras anBisV( V"uanto ao

tamanhoV4 escre!eu Marshall so<re elas4 Vt7m de %4/5 cm atB +uase %/? cm de

dimetro( Todos os es-Bcimes maiores são de -edra os menores4 do mesmo

material ou de 9aiança4 concha ou cornalina( s mais t$-icos t7m a su-er9$cie

su-erior e in9erior ondulantes em outros4 a su-er9$cie in9erior B lisa e a su-erior

assume 9orma +uadri9lia(V Nas V-edras anBisV de data muito -osterior

desenterradas em Ta2ila4 +ue tam<Bm 9ica no 0ale do 'ndo4 ele acrescenta4

V9i*uras nuas de uma deusa estão si*ni9icati!amente entalhadas no interior deum <uraco central4 indicando com isso \(((] a relação entre elas e o -rinc$-io

9emininoV(/8:

s cl)ssicos s$m<olos indianos de Lin*am    oni  3 de lon*e4 os mais

numerosos o<etos sa*rados em toda a sBrie de reli*i.es indianas

contem-orneas anteci-amse claramente nessas re-resentaç.es da 'dade da

Pedra Tardia e Alta 'dade do ron@e4 E +uando se acrescentam a esta e!id7ncia

as 9i*uras4 -or um lado4 do di!ino io*ue meditati!o e4 -or outro4 da mãe deusado mundo !e*etal4 não -ode ha!ei d>!ida +uanto anti*idade na 1ndia do

*rande deus e da deusa conhecidos hoe como Xi!a e sua consorteconsumidora

desan*ue4 Wbl4 Va escuraV4 Dur*a4 Vde di9$cil a-ro2imaçãoV4 -ara a +ual

so<eam sacri9$cios( Seu culto4 alBm do mais4 B du-lo em um n$!el4 de ordem

e2tremamente -rimiti!a4 -rotoaustralide e com a9inidades com os cultos das

aldeias da MelanBsia4 No!a #uinB e outras re*i.es 9lorestais do mundo mas em

outro4 -ro!eniente das matri@es de ci!ili@ação do riente Pr2imo4 o -rinci-al

conceito era de uma deusa de uma era matematicamente marcada -elas

 -assa*ens das sele es9eras4 e o rei4 morto ritualmente4 era o deus encarnado4 seu

cnu*e +ue constantemente !i!ia e morria(

Recentemente4 desco<riuse +ue ao lon*o da e2tremidade oeste tanto de

Hara-a como de MohenoDaro *uardando a direção de onde os construtores

dessa -ro!$ncia cultural !ieram e de onde4 no de!ido tem-o4 o -o!o *uerreiro

)ria tam<Bm !iria terminar seus dias ha!ia uma 9ormid)!el cidadela de chão

 <atido4 <em re!estida com tiolos4 de a-ro2imadamente 8?? m de com-rimento$# Marshall, op% cit%& vol& @, pp& '12'.&

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em sentido nortesul4 %5 m de altura e %=? m de lar*ura( No to-o ha!ia -ort.es e

 -lata9ormas Jsu*erindo -rociss.esK4 9orti9icaç.es4 torres de o<ser!ação4 sa*u.es

e )reas de !)rios ti-os e4 em MohenoDaro4 um <anho -><lico com %/ m de

com-rimento4 , de lar*ura e /48? de -ro9undidade acom-anhado de !esti)rios(Duas a!enidas -rinci-ais4 com : m de lar*ura4 estendiam se -ara o leste de cada

e2tremo dessas *randes cidadelas4 atra!essadas em cada um dos casos -or tr7s

am-las ruas em sentido nortesul4 a inter!alos de cerca de //5 m( De maneira

+ue as cidades4 -laneadas de &pa'( !5!+ 9orma +uadriculada4 eram or*ani@adas

ordenadamente em do@e di!is.es4 e dentro de cada uma ha!ia la<irintos de

ruelas estreitas entre -aredes ininterru-tas de tiolos(

Em certas )reas das cidades4 um consider)!el lu2o B su*erido -or

 <alne)rios assoalhados4 mananciais co<ertos e so9isticados sistemas sanit)rios4 grosso modo com-ar)!eis em<ora em maior escala aos esca!ados em

Creta( Certas outras )reas4 entretanto4 su*eriram aos ar+uelo*os uma

com-aração com os <airros cules dos modernos cortiços orientais( s <airros

o-er)rios em Hara-a4 -or e2em-lo4 consistiam de sBries de estruturas -laneadas

de modo id7ntico4 com dimens.es internas de 6 m -or &46? m e di!ididas em

dois a-osentos4 um com o do<ro do tamanho do outro( Nas -ro2imidades

9ica!am as caldeiras dos metal>r*icos e as moendas circulares de tiolos co@idos4onde era mo$do um ti-o de ce!ada +ue em *eral se considera -ro!eniente do

riente Pr2imo4 e tam<Bm um tri*o -ara -ão4 de !inte e um cromossomos4

desen!ol!ido no -r-rio 0ale ou -erto dele( Da mesma 9orma4 em<ora as

es-Bcies de -orco4 ca<ra4 <oi4 o!elha e asno ali conhecidas ) -ertencessem h)

tr7s mil7nios ao Com-le2o do Crescente FBrtil4 uma sBrie de re<anhos e animais

locais tam<Bm 9oram domesticados3 o louro corcunda ou @e<u ) notado no

eluchistão4 o camelo e o ca!alo Jtam<Bm4 ao +ue -arece4 dessa re*iãoK4 o

ele9ante4 o <>9alo da 1ndia e a!es domBsticas J+ue são de9initi!amente de ori*em

indiana e do Sudeste Asi)ticoK e4 -or 9im4 um *rande cão a-arentado com o !ira

lata indiano e o din*o australiano(/5? Acrescentese a tudo isso a e!id7ncia das

duas raças4 ) o<ser!ada4 e a situação histrica *eral tornase clara( Não ha!ia

necessidade de nenhuma de9esa a leste4 -ois os nati!os eram -rimiti!os

mesol$ticos ou mesmo -aleol$ticos nãodesen!ol!idos( Entretanto4 eles -odiam

ser treinados -ara o tra<alho( E assim encontramos na 1ndia4 como em nenhum

$67 /iggo)), op% cit%& p& 1.$ e ss&= Marshall (ed&%, op% cit%& vol& 1, pp& $2$#= +heeler, op% cit%& p% #. e ss&=rnes) Mackay& The (ndus Civili6ation (*ova) :ickson and Thompson, *)d&, *ondres, 1#.6%, p& $1 e ss&

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outro lu*ar no mundo anti*o4 não a-enas um culto du-lo da deusa4 mas tam<Bm

as -rBcondiç.es das castas( Em nenhum outro lu*ar ha!ia tal de9asa*em racial e

cultural entre as raças su-eriores4 con+uistadoras4 e as in9eriores4 su<u*adas( E

atB hoe essa de9asa*em com sua herança caracter$stica mesclada inumanidade e resi*nação -ermanece(

III( O PER%ODO VEDICO" C( !*))*)) a(C(

E di9$cil entender +ue antes do se*undo mil7nio a(C( onde +uer +ue o

homem 9osse4 a não ser -elas an*adas e outras em<arcaç.es4 ele ia com os

 -r-rios -Bs( im-ulso cultural era4 -ortanto4 centr$9u*o3 uma tend7ncia -ara

9ora e -ara a distncia4 destinada a -ermanecer( E o resultado4 -ara a mitolo*ia4era uma cont$nua di9erenciação( Temas4 -ersona*ens4 e-isdios4 sistemas

com-letos eram le!ados -ara no!as terras4 onde4 -or um -rocesso sens$!el +ue

eu cunhei Jde acordo com o Dr( Ananda W( CoomarasfamK land+n0ma,

Vdesi*nação de terraV ou Vtomada de terraV(/5%  as caracter$sticas do mundo

recentemente adentrado eram assimiladas herança im-ortada do mito(

Com o dom$nio do ca!alo4 entretanto4 tudo mudou4 e !emos os -rimeiros

sinais da no!a in9luencia no s><ito a-arecimento4 lo*o de-ois de /??? a(C( docarro le!e &pa'( !5#+ de duas rodas -u2ado -or um -ar de <em treinados corcBis(

A roda4 como sa<emos4 ) tinha sur*ido na SumBria -or !olta de &/?? a(C( e l)

h) um estranho mosaico de conchas4 l)-isla@>li e arenito !ermelho das tum<as

reais de Ur +ue mostra como seu desco<ridor4 Sir Leonard oolle4 declara

  Vo armamento e a or*ani@ação do -rimeiro e2Brcito de +ue lemos

conhecimentoV(/5/  Na+uele mosaico !7emse carrua*ens mas eram coisas

desaeitadas de +uatro rodas -u2adas -or untas de +uatro asnos ou <urros

sel!a*ens( VAs rodas eram slidasV4 escre!e o Pro9( 0( #ordon Childe4 ao

descre!er os !e$culos da+uela B-oca4 Vconstituindose de -eças slidas de

madeira unidas -or su-ortes e 9i2adas com aros de couro -resos com -re*os de

co<re( Elas *ira!am unto com o ei2o +ue era -reso estrutura do carro -or tiras

de couro(V/5& Não era4 o<!iamente4 um !e$culo 9)cil de mano<rar^ Entretanto4 a

$61  As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& pp& 1'<21', ci)ando 0nanda & CoomarasKamy, The'ig 8eda as 0ánd-áma-Bo+ (*"zac and Co&, *ondres, 1#.6%&$6$ Sir *eonard +oolley, Ur> The Oirst Phases (The ing /eng"in -ooks, *ondres e Nova York, 1#'%,p& .1&$6. Childe, op% cit%& pp& 1121$&

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certa altura no tem-o e no es-aço4 -or !olta de /??? a(C( e -ro!a!elmente ao

norte da cordilheira do C)ucaso4 a <i*a le!e de duas rodas -u2ada -or dois

ca!alos !elo@es entrou em uso e as rodas4 +ue a*ora tinham raios4 roda!am

li!res so<re seus ei2os4 de maneira +ue os !e$culos -odiam ser a*ilmentemano<rados( E com a !anta*em dessa arma militar m!el4 sur*iram su<itamente

no!os im-Brios em -artes ines-eradas do mundo4 como -or e2em-lo o dos

hititas na Anatlia4 -or !olta de %65? a(C( +ue4 ademais4 ) usa!am o 9erro

ou4 -or !olta de %5/& a(C4 o da dinastia Shan*4 na China4 +ue ainda usa!a o

 <ron@e( s hiesos4 +ue Vreinaram sem R)V4 le!aram o !e$culo -ara o E*ito4

a-ro2imadamente em %6,?%5,? a(C4 e os indo)rias o le!aram -ara a 1ndia -or

!olta de %5??%/5? a(C( E tam<Bm4 no sudeste da Euro-a4 -or !olta de %5?? a(C4

sur*iu uma no!a arma3 a es-ada4 in!entada -ara *ol-ear montando a ca!alo( /58 

De al*uma -arte do mundo che*a!am homens +ue tinham a-rendido a ca!al*ar(

 Nessas circunstncias4 todos a+ueles +ue domina!am o uso dessas no!as

armas ad+uiriram um -oderoso im-ulso e2-ansionista +ue nada detinha4 e as

ci!ili@aç.es mais anti*as <asicamente cam-onesas e enrai@adas na terra

9icaram sim-lesmente desam-aradas( Não ha!ia sur*ido a-enas uma no!a 9orça

com<atente4 mas tam<Bm uma no!a arro*ncia4 -ois h) al*o mais lisoneiro -ara

um homem de car)ter sim-les do +ue uma con9ort)!el sela so<re um es-l7ndidoca!aloI As -ala!ras cavalir ca2allro, chvalir e cavalhirsco 9alam -or si

ss( tem-o do cam-on7s a -B e do no<re montado a ca!alo des-ontara4 e

 -erdurou atB hoe4 s a*ora su<stitu$do -ela era da m)+uina( E a+uela era

de!eria -ermanecer -or cerca de +uatro mil anos4 unindo -ro*ressi!amente -ela

!iol7ncia e o dom$nio as !astas -ro!$ncias das centr$9u*as eras anteriores de

maneira +ue o mundo4 +ue antes se di!idia4 a*ora esta!a aos -oucos sendo unido

  mas com uma cisão radical no n$!el hori@ontal entre a+ueles +ue *ritam

V0itria^V e os +ue choram( Por todo o -ercurso do Nilo atB o rio Amarelo4 a

lição da ine!ita<ilidade da dor era assim a-rendida -elos +ue tinham o -a-el de

 <i*orna e ensinada -elos +ue tinham tem-era -ara serem martelos( Com isso4 a

idade de ouro dos 9ilhos da Mãe Terra 9oi rele*ada ao -assado(

Montes de es+ueletos de homens4 mulheres e crianças4 al*uns com cortes

de es-ada o machado4 9oram encontrados no n$!el mais alto das esca!aç.es de

MohenoDaro( &pa'( !5$] Um *ru-o in!asor tinha -assado -or cima e ele

$6 ;arold /eake e ;er3er) John Fle"re, The Oirst and the "2ord% The Corridors of Time& vol& B@@@ (Yaleniversi)y /ress, NeK ;aven, 1#..%, pp& 62#

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era de uma raça tão -ouco interessada em cidades4 +ue uma !e@ e9etuada a

con+uista não hou!e mais cidades no 'ndo -or um mil7nio( Em ChanhuDaro4

cerca de %&? Om ao sul4 e em muitos outros locais4 um -o!o rude de n$!el

in9erior er*ueu chou-anas -o<res so<re as ru$nas Ja chamada cultura huOarK eno e2tremo sul do +ue tinha sido um !asto dom$nio cultural4 a -en$nsula de

Wathiafar4 restou al*um ti-o de !est$*io de ri+ue@a( Entretanto4 no +ue tan*e ao

Vmaior e2-erimento -ol$tico antes do ad!ento do 'm-Brio RomanoV3  %uit   ]lium,

seu tem-o aca<ara(

Podese ter uma idBia do <rilho da no!a raça nmade *uerreira +ue

che*ara4 entoando ma*icamente -oderosos !ersos a um -anteão de deuses

*uerreiros condutores de carrua*em4 a -artir do se*uinte hino t$-ico do  Rig

^daEu clamei a A*ni4 -rimeiro -or <emestar

Clamei a Mitra0aruna4 a+ui4 -or auda(

Clamei Noite4 +ue 9a@ o mundo re-ousar

Clamei ao deus Sa!itri -or a-oio(

Rodando -or este caminho s escuras4

A<atendo tanto os imortais +uanto os mortais(Em seu carro de ouro Sa!itri che*a4

deus +ue o<ser!a todos os seres(

nome de Sa!itri -ro!Bm da rai@ !er<al snscrita s>, Ve2citar4 estimular4

incitar4 im-elirV e denota4 de acordo com um anti*o comentarista4 Vo estimulador

de tudoV(

Sa!itri de mãos de ouro4 o ati!o4

0iaa entre o cBu e a terra(

Ele <ane a doença4 orienta o sol4

E atra!Bs das tre!as che*a ao cBu(

Por um caminho descendente4 -or um caminho ascendente ele !ai

Ador)!el ele !ai4 com seus dois !i*orosos corcBis(

De lon*e !em o deus Sa!itri4

Dissi-ando todas as a9liç.es(

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Por teus anti*os caminhos4 Sa!itri4

Sem -oeira e <em traçados no es-aço(

0iaando -or esses caminhos 9acilmente atra!essados

Prote*enos e 9ala -or ns4 Deus4 neste dia(/55

Por cerca de um sBculo e meio4 cientistas de *rande erudição discutiram a

ori*em dos )rias +ue assim che*aram4 e em<ora uma sBrie de +uest.es

im-ortantes &pa'( !55+ -ermaneça sem res-osta4 as linhas <)sicas de uma teoria

*eral da -rBhistria do *ru-o de -o!os4 l$n*uas e mitolo*ias dos assim

chamados )rias4 indoeuro-eus ou indo*ermnicos4 emer*iram de maneira

 <astante clara(

Resumidamente4 de!emse distin*uir dois est)*ios -rBhistricos dedesen!ol!imento do +ue -ode4 ou não4 ter sido inicialmente uma comunidade

nuclear <astante homo*7nea3

%( Um est)*io de ori*ens comuns4 em al*um lu*ar das !astas re*i.es

 -astoris4 +uer entre o rio Reno e o Don4 +uer entre o Reno e o Tur+uestão

cidental(

/( Um est)*io de di!isão entre3 aK uma con*Brie ocidental de tri<os4

centrada -ossi!elmente nas -lan$cies entre o rio Dnie-er e o Dan><io4 da +ualem <re!e deri!aram as -rimeiras di9us.es *re*a4 it)lica4 cBltica e *ermnica4 e <K

uma di!isão oriental4 -ossi!elmente centrada ao norte do C)ucaso4 tal!e@ em

torno do Mar de Aral4 da +ual se ori*inaram4 com o tem-o4 as tri<os arm7nias e

!)rias <altoesl)!icas Janti*os -russianos4 la!$nios e lituanos checos4 -oloneses4

russos etcK4 <em como os anti*os -ersas e seus -arentes -r2imos4 os indo)rias4

os +uais4 9orçando a entrada atra!Bs das -assa*ens do HindoWush4 irrom-eram

na -romissora4 rica e dis-on$!el -lan$cie indiana(

 Nin*uBm sa<e +uando ocorreu a se-aração das duas *randes di!is.es4 a e

24 ou onde o *ru-o se encontra!a ao se-ararse se B +ue de 9ato aconteceu tal

se-aração ou mesmo se al*uma !e@4 hou!e um >nico *ru-o homo*7neo( Pois as

am-las -radarias do norte4 das +uais esses -o!os sur*iram4 ha!iam sido um

cam-o de caça -alco l$tico -or cerca de /??(??? anos4 antes de che*arem as

no!as artes do riente Pr2imo nuclear -ara trans9ormar caçadores em -astores(

Podese -ensar em cam-oneses la<utadores e2-andindose -ara leste e oeste a

$66 'g 8eda @& .6, versos 1, $, ., # e 11= )rad"!o 3aseada em 0r)h"r 0n)hony Macdonell, A 8edic'eader (H?ord niversi)y /ress, *ondres, 1#1<%, pp& 172$1&

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 -artir dos anti*os centros do Neol$tico4 entre 85?? e /5?? a(C4 com a

conse+ente retração das tri<os -alco l$ticas mais anti*as( Mas a-s assimilar

uma -arte das no!as artes sua -r-ria maneira4 estas >ltimas !oltaram e4 com

seu dom$nio da carrua*em4 tornaramse terr$!eis( Re<anhos4 inicialmente de*ado4 eram seus -rinci-ais <ens( Eram homens -ol$*amos4 -atriarcais4

or*ulhosos de sua descend7ncia4 ha<itantes de lendas4 imundos e rudes( E como

as mulheres -or eles con+uistadas eram ale*remente incor-oradas s suas

 <a*a*ens4 as raças )rias se B +ue se -ode cham)las assim -odem ter e!olu$do

a-enas -or um -rocesso de constante cru@amento4 mistura e se-aração( De 9ato4

como o Pro9( C(C(  Uhlen<ecO demonstrou4 mesmo antes da di!isão em duas

 -artes se e9etuar4 a l$n*ua materna era uma mescla de elementos +ue su*ere

a9inidades4 -or um lado com os -o!os do C)ucaso e4 -or outro4 com oses+uims(/56

s deuses dos !)rios -ante.es )rias são4 na maior -arte4 dissociados da

realidade local( Eles não são es-eci9icamente identi9icados com esta ou a+uela

)r!ore em -articular4 com este ou a+uele la*o4 rocha ou cen)rio local4 como as

di!indades tanto de culturas -rimiti!as +uanto das a!ançadas e esta<elecidas(

Eram4 sim4 -oderes tornados mani9estos nos 9enmenos +ue os nmades -odiam

!i!enciar e le!ar consi*o -ara onde 9ossem( Por e2em-lo4 dos %(?/= hinos doRi* 0eda  indo)ria4 não &pa'( !5*+ menos +ue /5? eram diri*idos a 'ndra4 rei

dos deuses4 controlador do relm-a*o e -ro!edor da chu!a /?? a A*ni4 a

di!indade do 9o*o4 +ue nas chamas das lareiras -rote*ia as 9am$lias e nas

chamas dos altares rece<ia a honra de seus sacri9$cios4 +ue ele -r-rio le!a!a em

sua <oca in9lamada atB os deuses4 e %/? eram diri*idos a Soma4 a <e<ida da

o9erenda derramada na <oca de A*ni(

Eram numerosos os hinos diri*idos ao sol4 ao !ento4 ao deus da chu!a e a

deuses das tem-estades( radiante Pai CBu e a muito di9undida Mãe Terra4

 untamente com suas 9ilhas4 as encantadoras Aurora e Noite4 tam<Bm eram

cele<rados( Entretanto4 a maestade su-rema4 em<ora a-enas uma d>@ia de hinos

9ossem diri*idos a ele de maneira e2clusi!a4 era 0aruna(

nome 0aruna -ro!em da rai@4 !er<al vr 4 Vco<rir4 circundarV -ois ele

circunda o uni!erso4 e seu atri<uto e a so<erania( 0aruna coloca 9o*o nas )*uas

9a@ a es9era dourada4 o sol4 -ercorrer o cBu re*ula e mantBm o dia e a noite

$6'  C&C& hlen3eck, >The @ndogermanic Mo)her *ang"age and Mo)her Tri3es CompleH>,  American Anthropologist& vol& .#, n2 . (1#.<%, pp& .#12.#.&

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se-arados4 e o ritmo de sua ordem Jr taK B a ordem do mundo( Sus-enso no ar4 ele

delimita a terra atra!Bs de seu -oder oculto criati!o Jmā!āK , usando como

instrumento o sol( Dessa maneira ele 9e@ tr7s mundos4 ha<itando em todos eles3

cBu4 terra e o es-aço intermedi)rio de ar4 onde o !ento +ue ressoa B o so-ro de0aruna( Sua morada dourada B o @7nite3 uma mansão de mil -ortas4 onde est)

sentado4 o<ser!ando todos os leitos4 en+uanto sua !olta estão sentados  sus

in9ormantes4 +ue ins-ecionam o mundo e não se dei2am ludi<riar( s Pa$s o

!isitam e tam<Bm o sol +uetudoo<ser!a4 saindo de sua -r-ria casa luminosa4

se encaminha -ara a+uela morada su-rema -ara relatarlhe os 9eitos dos

homens(/5,

<!iamente4 essa di!indade não B de maneira al*uma um mero Vdeus

naturalV4 como muitos desearam !er nas 9i*uras do -anteão !Bdico J<em comono *re*oK( Tam-ouco B ade+uado a-licar sistematicamente +ual+uer teoria de

e!olução reli*iosa a essa coletnea de hinos -oBticos e4 em conse+7ncia4

classi9icar como -rimiti!os todos os diri*idos ao 9o*o  %actual +ueimando no

altar4 ao -r-rio sol <rilhando4 ao relm-a*o saindo das nu!ens ou chu!a

caindo do cBu4 e como de desen!ol!imento -osterior a+ueles +ue -ersoni9icaram

as 9orças #or tr0s desses 9enmenos( Por+ue4 em -rimeira instncia4 não h) em

lu*ar al*um do mundo e!id7ncia slida de tal tend7ncia mitol*ica a e!oluir deuma !isão direta do 9enmeno -ara uma -ersoni9icação de sua 9orça inerente( )

em todos os mitos dos -i*meus andamaneses +ue são mais ou menos tão

sim-les +uanto +uais+uer outros conhecidos sur*em -ersoni9icaç.es4 como

na 9i*ura de iliOu4 a monção noroeste( E4 em se*undo lu*ar4 os )rias4 ) de

 -osse de animais domesticados4 da carrua*em e do <ron@e4 esta!am4 de 9ato4

lon*e de ser -rimiti!os( As 9ormas estruturadoras 9undamentais de sua ordem

!Bdica mostram +ue elas tinham suas ra$@es untamente com a a*ricultura4 a

criação de *ado e o sistema decimal de c)lculo no centro -rim)rio de toda e

+ual+uer ci!ili@ação su-erior4 isto B4 a SumBria(

cBu4 a terra e o ar entre am<os são os reinos de An4 Wi e Enlil( Soma4 a

o9erenda4 corres-onde a Tammu@ e atB conser!a as mesmas associaç.es -ois

este deus tam<Bm B identi9icado com a lua crescente e min*uante4 o touro

amarrado ao -oste &pa'( !5-+ sacri9icial4 a sei!a 9ruti9icadora +ue 9lui atra!Bs de

todo ser !i!ente e4 na 9orma de uma <e<ida ine<riante 9ermentada do sumo da

$6< 0s re?er9ncias vLdicas de cada "ma dessas a?irma[es ser!o encon)radas em Macdonell, 8edicM$tholog$& pp& $$2$<&

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 -lanta soma4 B a am<rosia da !ida imortal( Ademais4 o -rinc$-io da ordem Jrta

Vcurso ou caminhoVK de acordo com o +ual 0aruna re*e todas as coisas B o

corres-ondente !Bdico4 e2atamente4 do maat e*$-cio e do m sumBrio( E4 como

maat   m, o termo não desi*na a-enas uma ordem 9$sica4 mas tam<Bm umaordem moral(

Pro9( Hermann lden<er* escre!eu so<re este -rinc$-io re*ente do

uni!erso em seu estudo cl)ssico so<re o -ensamento !Bdico3

6Rta 9a@ os rios correrem(V VDe acordo com rta sur*e a Aurora nascida

do cBu(V Os Pais re*entes do mundo Vde acordo com rta ele!aram o sol ate o

cBuV4 +ue B ele -r-rio Va radiante 9ace !is$!el de rta6, ao -asso +ue a escuridão

de um ecli-se4 +ue o<scurece o sol !iolando a ordem natural4 B uma coisa

Vcontr)ria leiV( Em !olta do cBu *ira a roda de do@e raios de rta, +ue amais

en!elhece o ano( E a 9orça de rta  B es-ecialmente !is$!el onde +ual+uer

ocorr7ncia sur-reendente e a-arentemente contraditria se torna uma ocorr7ncia

sem-re no!a -or e2em-lo4 na+uele -rod$*io ao +ual o homem de!e seu

alimento3 +ue a !aca4 a-esar de ser escura -rodu@a leite <ranco e a !aca4 a-esar

de V9riaV4 -rodu@a uma <e<ida +uente o +ue B cele<rado -elo -oeta !Bdico

como Vo rta da !aca4 re*ido -or rta6 6Rta++0erdadeV são termos constantemente com<inados4 e como

antnimo de V!erdadeV B usado com 9re+7ncia o termo anrta, V+ue não B rta6.

homem +ue inuria seu semelhante -elo en*ano ou ma*ia malB!ola B situado

em o-osição ao homem honrado4 +ue Vse es9orça de acordo com rta6. VPara

a+uele +ue se*ue rta o caminho so< os -Bs B a*rad)!el e sem es-inhos(V \(((]

[ !erdade +ue certo traço de concretude B inerente ao rta. H) mesmo traços de

uma es-Bcie de !a*a locali@ação4 como +uando desco<rimos +ue os al!oreceres

!em des-ertando da morada de rta ou +uando o lu*ar da o9erenda B

re-resentado como o assento de rta. H) caminhos de rta 3 e essa4

com-reensi!elmente4 B uma e2-ressão 9a!orita4 ) +ue rta, na !erdade4 en!ol!e

a idBia de uma direção nos acontecimentos h) ami*as de rta, <arcos de rta,

!acas e leite de rta. PorBm4 sal!o al*umas 4c&Ls irrele!antes4 nin*uBm

 amais orou a rta ou lhe 9e@ o9erendas(/5=

$6 ;ermann lden3erg, Die 'eligion des 8eda (J&G& Co))aAsche -"chhandl"ng Nach?olger, S)"))gar) e-erlim, . e eds&, 1#$.%, pp& 1#621#<&

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De!ese o<ser!ar4 entretanto4 +ue em<ora uma in9lu7ncia o<!iamente

enorme das -rimeiras matri@es culturais do  riente Pr2imo sea res-ons)!el

 -ela ma*ni9ic7ncia ar+uitetnica da mitolo*ia dos 0edas4 h) nesses hinos um

es-$rito e uma tinha de interesse com-letamente di9erentes de +uais+uer oraç.ese mitos conhecidos tanto do E*ito +uanto da SumBria( Pois4 como os semitas4 os

)rias eram um -o!o relati!amente sim-les e +uando toma!am material

em-restado das ordens sacerdotais das *randes cidadestem-los dos estados

institu$dos4 eles os a-lica!am a seu -r-rio -ro-sito +ue não era a

articulação de uma com-le2a unidade social4 ) +ue não administra!am tal

condição4 mas4 es-eci9icamente4 o -oder3 !itria e -ilha*em4 -roduti!idade

com-etiti!a e ri+ue@a( &pa'( !5/+ Portanto4 como !imos4 a <ase mitol*ica da

Ci!ili@ação do 'ndo4 destronada -elos )rias4 -arece ter sido uma !ariante daordem r$tmica !e*etallunar da anti*a 'dade do ron@e Su-erior4 na +ual uma

ci7ncia clerical do calend)rio e2i*ia de todos su<missão sem resist7ncia a um

destino im-lac)!el A Deusa Mãe4 em cuo >tero macrocsmico se su-unha

+ue todas as coisas !i!essem suas <re!es !idas4 tinha -oder a<soluto4 e4 na

es9era de seu dom$nio4 sentimentos tão insi*ni9icantes +uanto hero$smo não

 -odiam es-erar alcançar +ual+uer resultado sBrio( VEla B o<stinadaV4 disse

RamaOrishna4 Ve tem sem-re +ue ter tudo sua maneira(V Entretanto4 -ara os9ilhos +ue se su<metem sem se re<elar !ontade da mãe4 Vela B cheia de *raçaV(

Toda !ida4 todos os momentos aca<am em seu estma*o insaci)!el -orBm4

nesse retorno tem$!el4 e2iste a -ossi<ilidade do 72tase -ara a+uele +ue4 em

con9iança4 conse*ue o9erecerse como o rei -er9eito3 o 9ilho e tam<Bm o

macho de sua mãe csmica(

V Kālī 4 minha mãe4 ser) realmente ne*raIV4 assim canta um de!oto indiano(

A Des-ida4 da cor mais ne*ra(

'lumina o Ltus do Coração(/5:

 Nos hinos dos 0edas4 -or outro lado4 ressoa um cntico com-letamente

di9erente( Com um re*o@io !i!ido e colorido -ela recom-ensa da continuação

da !ida4 esses !ersos m)*icos se alçam com o <rilho de um nascer do sol ou de

sua o!em deusa -re9erida4 Aurora4 +ue B cele<rada em cerca de !inte hinos3

$6# Nikhilananda ()rad")or%, op% cit%& p& 1.'&

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Mara!ilhosa de se admirar4 ela des-erta o mundo dos homens(

'ndo na 9rente4 a<rindo o caminho

 Na sua su<lime carrua*em4 maestosa4 deleitando a todos(

'rradiando lu@ ao rom-er do dia(

Como se esti!esse or*ulhosa dos encantos de seu cor-o(

RecBm<anhado4 a o!em Aurora er*uese4

Para ser !ista( As Tre!as4 o 'nimi*o4 B e2-ulso

"uando a Filha do CBu sur*e4 irradiando lu@(

Filha do CBu4 como uma noi!a 9ormosa4 dei2a cair o !Bu

De seu -eito3 re!ela um re*o@io luminoso

Y+uele +ue a adora( Como desde outrora ela che*ou4 assim

A o!em Aurora er*uese no!amente4 irradiando lu@( /6?

D) -ara ou!ir o ru$do dos carros de *uerra4 o estalido dos chicotes e o tinir

de <ron@e so<re <ron@e na cad7ncia destes !ersos !i*orosos4 cua trama ca-turou

o -oder dos -r-rios deuses( reconhecimento do destino como al*o +ue o

es-$rito humano -ode muito <em su-ortar em !erdadeira e -aciento de!oção4com a -romessa de um <om des9echo no 9inal4 incendeia cada !erso4 e ainda4 -or

serem &pa'( !50+ suas -rinci-ais ima*ens sim<licas o sol nascente4 o 9ul*or do

relm-a*o e as la<aredas das l$n*uas de A*ni so<re os altares4 encontramos em

todos esses hinos uma con9iança na ca-acidade do 9o*o ati!o -ara a<rir

caminhos em toda -arte em !ista de sua !itria so<re a escuridão( A !elocidade

con+uistada atra!Bs do ca!alo recentemente arreado4 as no!as armas e o

conse+ente -oder de a!ançar so<re as cidades4 -lan$cies e tudo mais !ontade4

deram ao -o!o *uerreiro um no!o senso de autonomia( De maneira +ue mesmo

a lição do sacri9$cio csmico era a*ora inter-retada como uma lição não em

termos de su<missão4 mas de 9orça con+uistada( A !$tima lunar( Soma4 era a*ora

derramada so<re o 9o*o em 9orma de sumo da -lanta soma como uma <e<ida

a-ro-riada -ara os deuses mas a mesma <e<ida em<ria*ante era des-eada

tam<Bm na *oela do -r-rio *uerreiro4 onde in9lama!a a <ra!ura de seu coração

de modo todo es-ecial( VPrudentementeV4 ou!imos3

$'7 'g 8eda B& 7, versos $, 6&'&

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Prudentemente eu com-artilhei do doce alimento +ue estimula

ons -ensamentos3 o melhor ant$doto da cautela(

Do +ual todos os deuses e mortais

Chamandoo de mel4 se a-ro2imam(

 Ns <e<emos Soma tornamonos imortais(

Fomos -ara a lu@ encontramos os deuses(

+ue -ode a hostilidade 9a@er conosco a*oraI

E o +ue -ode a mal$cia4 'mortal4 do homem mortalI

*loriosas4 *otas redentoras^

"ue me 9undiram s minhas untas4 como as amarras de uma carrua*em(

"ue essas *otas me -roteam de +ue<rar uma -erna4

E me li!rem das doenças(

Como o 9o*o aceso -ela 9ricção4 in9lamame^

'luminanos^ Tornanos ricos3

Pois na em<ria*ue@ +ue tu -ro-orcionas4 Soma4

Sintome rico( Ao -enetrar em ns , a*ora4 tornanos de 9ato ricos(/6%

s )rias4 ) dissemos4 eram4 como os semitas4 um -o!o relati!amente

sim-les( E4 e2atamente como na mitolo*ia dos semitas o conceito clerical da era

in!enc$!el 9oi trans9ormado em uma 9unção da !ontade com-lacente de um deus

 -essoal4 sueito a ira4 mas tam<Bm a -reces4 assim tam<Bm na es9era !Bdica a

ordem c$clica JrtaK de 0aruna4 em<ora reconhecida com de!oção4 era im-edida

de estar no -rimeiro -lano do sistema( Sendo caçadores4 -astores e *uerreiros4 os

)rias conheciam -or demais o -oder do homem de ação de traçar o destino(

Conse+entemente4 não tolerariam +ue o -eso morto e assassino de uma !isão

matem)tica clerical os tornasse 9arinha do mesmo saco4 com todo o resto4 Por

isso4 a ordem &pa'( !51+  r$tmica de 0aruna retrocedeu( E er*ueuse -ara o

 -rimeiro -lano da cena csmica m$tica4 em um carro de <atalha -u2ado -or dois

e2traordin)rios corcBis 9ul!os com crinas es!oaçantes de coloração de -enas de

 -a!ão4 o maior de todos os <e<edores de Soma4 o deus do com<ate4 da

temeridade4 da 9orça *uerreira e da !itria4 arremessador do raio de muitos$'1 'g 8eda B@@@& , versos 1, ., 6 e '= seg"ndo Macdonell, A 8edic 'eader& pp& 16<216&

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n*ulos4 cua <ar<a 9ul!a se a*ita!a !iolentamente +uando tinha <e<ido e esla!a

encharcado de Soma4 como um la*o3 'ndra4 como o sol4 cuos lon*os <raços

arremessa!am o raio -elo +ual o dra*ão csmico 0ritra era destru$do(

Uma ser-ente e2traordin)ria4 sil!ando4 dis-ondo do tro!ão4 do relm-a*o4de nB!oa e *rani@o !ontade4 0ritra4 o ar+uidemnio sem mãos ou -Bs4

descansa!a entre as 9ortale@as distantes4 deitado so<re as montanhas de-ois

de açam<arcar -ara si as )*uas do mundo4 de maneira +ue o uni!erso4 -ri!ado

 -or sBculos de +ual+uer l$+uido4 tinha se tornado um deserto(

Mas +uem ainda não ou!iu 9alar da 9açanha de 'ndraI

Como um touro im-etuoso4 ele a-ossouse do Soma4

E <e<eu de tr7s *randes ti*elas a <e<ida es-remida4

Pe*ou sua arma4 o raio 9ulminante4

E matou o dra*ão -rimo*7nito(/6/

A 9açanha B narrada4 como dissemos4 em -elo menos um +uarto dos hinos

da coletnea(

AlBm do  mais Je a+ui h) uma +uestão4 acredito4 +ue não 9oi

su9icientemente en9ati@ada nos coment)riosK4 o nome do dra*ão destru$do -eloraio -ro!em da rai@ !er<al vr  , Vco<rir4 circundarV4 +ue4 como o leitor certamente

lem<ra4 B a rai@ da +ual tam<Bm deri!ou o nome 0aruna(

Em outras -ala!ras3

%( anta*onista nesta mitolo*ia )ria B o as-ecto ne*ati!o da -r-ria

ordem csmica clerical4 na medida em +ue a9eta o mundo da !ida(

/( A seca -ro!ocada -ela ser-ente es-iralada 0ritra4 Vo +ue en!ol!eV4

corres-onde nessa mitolo*ia ao Dil>!io no sistema meso-otmico(

&( Como na !ersão sem$tica do Dil>!io4 tam<Bm nesta !ersão )ria da

Seca4 a cat)stro9e csmica não B inter-retada como e9eito autom)tico de uma

ordem r$tmica im-essoal4 mas como o<ra de uma !ontade autnoma(

8( Em contraste com a !isão sem$tica4 entretanto4 o mito indo)ria

re-resentou 0ritra4 o autor da 9açanha ne*ati!a4 não como um deus a ser

!enerado4 mas como uma coisa a ser des-re@ada3

Sem -Bs e sem mãos4 ele en9rentou 'ndra4$'$ 'g 8eda @& .$0, verso .&

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Mas h) ainda um -onto a ser le!antado3 na !ida le!iana e no deseo de

 -oder terreno desses hinos não encontramos nada do es-$rito nem da ima*em do

mundo mitol*ico do hindu$smo -osterior +ue4 ironicamente4 se su-.e terseori*inado dos 0edas( Não h)4 -or e2em-lo4 nenhuma idBia de reencarnação

nenhum anseio de li<ertação da roda do renascimento nenhuma io*a nenhuma

mitolo*ia de sal!ação3 nenhum !e*etarianismo4 não!iol7ncia ou casta( A anti*a

 -ala!ra !Bdica -ara *uerra4 *a!isti4 si*ni9ica Vdeseo -or !acasV e as !acas dos

 -astores )rias eram a<atidas4 usa!ase o couro e consumiase a carne <em como

o leite( JTudo isso seria di9$cil de e2-licar4 se contradiç.es e inter-retaç.es

tendenciosas não 9ossem comuns ao tradicionalismo reli*ioso em todo o

mundo(KA +uestão a+ui e4 sim-lesmente4 +ue a mitolo*ia -osterior da 1ndia não B !Bdica

em su<stncia4 mas dra!idiana4 ori*in)ria -rinci-almente do com-le2o da 'dade

do ron@e do 'ndo( Pois no curso dos anos os )rias 9oram assimilados Jem<ora

não4 in9eli@mente4 suas !acasK e o -rinc$-io da ordem do deus csmico 0aruna

  +ue tinha &pa'( !*!+ deri!ado4 como o -r-rio -er9il do 'ndo4 da matem)tica

do riente Pr2imo ad+uiriu su-remacia so<re o -rinc$-io da !ontade

autnoma de 'ndra( rta  de 0aruna tornouse dharma. A mā!ā  criati!a de0aruna tornouse a mā!ā  criati!a de 0isnu( E os ciclos do eterno retorno

!oltaram a *irar in9initamente( Assim4 o ato de !ontade e !irtude do maior deus

herico dos 0edas tornouse a-enas al*o +ue não de!eria ter ocorrido(

Pois o dra*ão4 como lo*o sa<eremos4 tinha sido um <rmane( E como o

assassinato de um <rmane4 se*undo uma conce-ção -osterior da 1ndia4 e o mais

hediondo de todos os crimes4 o assassinato do <rmane 0ritra -raticado -or

'ndra era um crime +ue ele somente e2-iaria cum-rindo uma -enit7ncia terr$!el(

A se*uir4 lemos no  @ahā2hārata, um mil7nio com-leto J-elo menosK

de-ois do -er$odo dos nossos hinos !Bdicos4 a !ersão modi9icada da matança do

dra*ão csmico -elo deus !Bdico(

VFaçanos ou!ir4 S)<io^V Assim B 9eita a in!ocação ao narrador no in$cio

desta -assa*em3 VFaçanos ou!ir so<re a *rande dedicação !irtude (dharma)

do imensura!elmente <rilhante 0ritra4 cua sa<edoria era ini*ual)!el e cua

de!oção a 0isnu4 ilimitada^V

 Na+uele tem-o Jcomeça o relato trans9ormadoK o -oderoso Rei dos

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Deuses4 diri*indo sua carrua*em4 cercado -elo seu e2ercito celestial4 !iu diante

de si um titã imenso4 descomunal como uma montanha4 com ,(??? Om de altura

e /(8?? Om de circun9er7ncia( Em se*uida4 -erce<endo a+uela 9orma -rodi*iosa4

+ue a 9orça dos tr7s mundos untos seria inca-a@ de destruir4 todo o e2Brcitocelestial 9icou -aralisado -elo medo e seu comandante4 -erce<endo a dimensão

de seu anta*onista4 -erdeu o controle dos mem<ros da cintura -ara <ai2o(

Um ru$do de <alidas de tam<or4 trom<etas e outros instrumentos

es-alhouse -or todos os lados e o titã4 di!isando o e2Brcito dos deuses com seu

rei 9rente4 não 9icou nem sur-reso nem assustado( Tam-ouco achou +ue seria

necess)rio usar de todos seus -oderes nessa luta(

A *uerra iniciouse( E ela semeou terror nos tr7s mundos( Pois todo o cBu

9oi ocu-ado -or *uerreiros de am<os os lados4 em-unhando lanças4 dardos4

ada*as e machados4 es-adas e maças4 -edras de !)rios tamanhos4 arcos de som

estrondoso4 numerosos ti-os de armas celestiais4 9o*os e 9erros incandescentes(

E ali reuniramse -ara assistir4 a*ru-andose em suas melhores carrua*ens4

todos a+ueles -ro9etas a<ençoados -or +uem os 0edas em tem-os de outrora

tiniram sido re!elados4 e tam<Bm io*ues reali@ados e m>sicos celestiais em seus

 -r-rios carros 9ormosos4 onde esta!am tam<Bm as damas celestiais ademais4

 <rilhando acima de todos esta!a o criador e controlador do mundo4 o *randedeus rahma em -essoa(

Então4 0ritra4 o mantenedor do dharma, destramente su<u*ou tanto o

Rei dos Deuses +uanto todo o inundo do ar com uma densa chu!a de -edras( E

os deuses4 e2-lodindo de rai!a4 des-earam uma chu!a de 9lechas na+uelas

 -edras4 dissol!endoas( Mas o titã4 -oderoso *raças ) sua mā!ā e sua 9orça4

dei2ou o Rei dos Deuses com-letamente estu-e9ato -elo -oder de sua mā!ā, E

+uando7 entor-ecido -or a+uele &pa'( !*#+  -oder mā!ā, o deus dos cem

sacri9$cios 9icou imo<ili@ado4 o s)<io !Bdico 0asishtha +ue em contem-lação

tinha ou!ido e4 conse+entemente4 com-osto4 todos os hinos do sBtimo li!ro do

 Rig ^da 3 de!ol!eulhe os sentidos entoando !ersos !Bdicos( VTu Bs o l$der

dos deusesV4 disse o s)<io( VDentro de ti est) o -oder dos tr7s mundos( Por +ue

!acilasI Todos4 rahma o Criador4 0isnu o Conser!ador e Xi!a o Destruidor da

'lusão4 <em como o *lorioso4 di!ino Soma e !identes !Bdicos estão o<ser!ando(

 Não sucum<as a+ui como um mero mortal( s tr7s olhos de Xi!a estão so<re ti(

E tu não est)s ou!indo os santos !Bdicos lou!andote com hinos em tua!itriaIV

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Assim4 recu-erados os sentidos4 tornandose con9iante4 o deus a-licouse

io*a e4 dessa maneira4 a9astou a mā!ā, -ela +ual tinha sido entor-ecido( Em

se*uida4 os !identes4 +ue tinham aca<ado de testemunhar a 9açanha do titã4

!oltaramse -ara Xi!a4 Senhor do uni!erso4 em oração( E4 em res-osta4 a+uele#rande Deus en!iou sua ener*ia -ara 0ritra na 9orma de uma terr$!el 9e<re(

Simultaneamente 0isnu -enetrou na arma de 'ndra( E todo o sB+uito de

!identes4 diri*indose a 'ndra4 e2ortouo a atacar seu inimi*o( -r-rio deus

Xi!a diri*iuse a ele3

VDiante de ti est) teu inimi*o4 0ritra4 a-oiado -elo seu e2Brcito ele B o

SiPr-rio JātmanK do uni!erso4 oni-resente e de imenso -oder en*anador(

Por 6? mil anos esse titã dedicouse a austeridades ascBticas -ara

alcançar essa 9orça atB +ue4 -or 9im4 rahma 9oi com-elido a concederlhe as

*raças +ue ele desea!a( E elas 9oram as maiores +ue se -odem o<ter -ela io*a4

notadamente4 o -oder de criar ilus.es !ontade4 9orça in!enc$!el e ener*ia sem

9im( Entretanto4 a*ora estou con9iandote minha ener*ia e 9orça( Assim4 com a

io*a a assistirte4 mata o inimi*o com teu raio(V

Disse então o Rei dos Deuses3 V Deus Su-remo4 diante de !ossos

a<ençoados olhos4 dotados com a <7nção de !ossa *raça4 !ou a*ora com este

meu raio matar o 9ilho in!enc$!el da mãe dos demniosV(E os deuses e todos os santos4 !endo o inimi*o atacado -or a+uela 9e<re4

soltaram um ru*ido de satis9ação( Tam<ores ri<om<antes4 tim<ales4 conchas e

trom<etas4 aos milhares4 em todas as -artes4 começaram a soar( s demnios

 -erderam o u$@o( Seus -oderes de iludir os a<andonaram( E a 9orma +ue o Rei

dos Deuses assumiu então4 no momento de sua *rande !itria4 sentado em sua

carrua*em4 entre os *ritos de aclamação dos !identes !Bdicos4 9oi tal +ue

nin*uBm conse*uia olhar -ara ele sem medo(

Mas contemos -rimeiro o +ue aconteceu com o titã *ol-eado( "uando ele

9oi tomado -or a+uela 9e<re a<rasadora4 sua imensa <oca soltou uma e2-losão

de chamas( Sua cor desa-areceu( Todo ele tremia4 mal conse*uia res-irar e cada

 -7lo de seu cor-o eriçouse( Sua mente atra!essou seus ma2ilares em 9orma de

um demnio4 um terr$!el chacal e meteoros e2-lodiram em chamas de seus

lados4 tanto direito +uanto es+uerdo(

E o Rei dos Deuses4 lou!ado e adorado -elos deuses4 maneando seu

raio4 o<ser!a!a o monstro +ue4 arre<atado -ela 9e<re4 escancarou a <oca comum estrondoso ui!o4 e en+uanto sua *rande <oca esta!a a<erta4 o deus dis-arou

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nela seu raio4 re-leto &pa'( !*$+  de não menos ener*ia do +ue o lo*o +ue

consome o uni!erso no 9inal de um ciclo csmico o +ual 9e@ 0ritra !oar em

 -edaços -rodi*iosamente -elos ares4 no mesmo instante( s deuses esta!am em

72tase4 E o Rei dos Deuses4 recu-erando seu raio4 a9astouse cBlere em suacarrua*em em direção ao cBu(

Mas a+uele crime hediondo4 V<ramanic$dioV4 terr$!el4 ominoso(

es-alhando medo -or todos os mundos4 saiu do cor-o do titã assassinado na

9orma de uma 9i*ura 9eminina4 com os dentes -roetandose de modo terr$!el4

as-ecto 9uriosamente contorcido4 9ul!o e ne*ro4 ca<elos des*renhados4 olhos

assustadores4 uma *rinalda de ca!eiras !olta do -escoço4 <anhada em san*ue4

!estida de 9arra-os e cascas de )r!ores( E ela 9oi atr)s do Mestre do Raio4

tomou sua carrua*em4 -rendeuo e4 desde a+uele momento4 o V<ramanic$dioV

colouse a ele( A-a!orado4 ele escondeuse num talo de ltus4 onde se re9u*iou

durante anos tentando -or todos os meios li!rarse dela( Mas 'odos seus

es9orços 9oram em !ão atB +ue4 -or 9im4 com a+uele es-$rito mali*no ainda

colado4 o miser)!el Rei dos Deuses a-ro2imouse de rahma o Criador +ue4

conhecendo o crime4 começou a considerar a +uestão de como o Rei dos Deuses

 -oderia ser li<erto( /65

Portanto4 certamente nada h) de !Bdico neste e-isdio senão os nomes

e a-enas os nomes dos dois com-etidores( Suas caracter$sticas 9oram

alteradas( Seus -oderes tam<Bm( Mesmo suas !irtudes 9oram in!ertidas( Não

 -odemos dei2ar de notar +ue a cora*em do heri9antoche e deri!ada não do

soma4 e sim da io*a +ue4 como desco<rimos nos sinetes do 'ndo4 era uma

caracter$stica da ci!ili@ação do 'ndo( E o crBdito 9inal da !itria 9oi atri<u$do a

Xi!a4 o mestre da io*a4 i*ualmente -re9i*urado na+ueles sinetes( De maneira

+ue4 o<!iamente4 no decorrer dos sBculos entre o in*resso dos )rias e a

com-osição desta -eça liter)ria4 o -anteão !Bdico 9oi ada-tado a uma teolo*ia

deri!ada4 -elo menos em certos traços4 do sistema anterior nati!o da 1ndia4 no

+ual a io*a e2ercia -a-el so<erano( De 9ato4 mesmo o -oder do anta*onista B

a+ui atri<u$do a um e2erc$cio de io*a no +ual ele -erse!erou -or sessenta mil

anos( Notamos4 ademais4 uma 7n9ase no dharma, inter-retado como !irtude em

concordncia com a lei csmica3 -recisamente maat, m, rta , tao. Em outras

 -ala!ras4 o -rinc$-io da ordem da 'dade do ron@e no!amente -assou -ara$'6 Mah*!h*rata 1$&$1&1 a $$&$7&

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 -rimeiro -lano4 en9ra+uecendo o tema do heri !Bdico da 9açanha indi!idual( E

na !erdade4 ao lon*o de todo o @ahā2hārata  -redominou um tema contr)rio4

isto B4 antiherico notadamente de uma alternncia de -oder entre um sB+uito

de titãs e um sB+uito de deuses4 como ilustração do -rinc$-io do ciclo da lu@ edas tre!as( De modo +ue4 muito maneira de certas modernas !is.es da histria

  -or e2em-lo4 a de Tolstoi ou de Mar2 B a -r-ria marB da histria +ue e

re-resentada condu@indo heris notrios JNa-ole.es4 ismarcOs4 'ndras etc(K em

sua irresist$!el crista3 não B o heri +uem 9a@ a histria( Entretanto4 em contraste

com o sistema de Mar2 um tanto le!antino 4 não de!e ha!er nessa

mitolo*ia nenhuma Era Messinica na +ual as leis da histria4 tais como as

conhecemos4 dei2am de 9uncionar( Pois4 de acordo com essa !isão4 B inerente

!itria de cada lado uma limitação intr$nseca( A alternncia B &pa'( !*5+essencial( rahma4 o criador da ilusão do mundo4 concede o -oder da ilusão ao

!ilão da histria( Xi!a concede a 'ndra sua 9orça e ener*ia -ara a destruição

dessa mesma ilusão( E +uando o deus heri mala seu homem4 acha +ue se tornou

  -or assim di@er um criminoso de *uerra4 em<ora sea o sal!ador do

inundo(

A+ui4 encontramos um eco de Prometeu um eco tam<Bm do Cristo

cruci9icado4 com os -ecados do mundo so<re suas costas( Cristo na cru@Prometeu -re*ado na montanha do mundo 'ndra no talo do seu ltus^ Tocamos4

no!amente4 na+uele !eio mitol*ico arcaico4 +ue nos a-areceu -ela -rimeira !e@nas 9i*uras de Hrus4 Sei e o Se*redo dos Dois Parceiros4 ∗ alBm do <em e do

mal(

A io*a e o -rinc$-io do ciclo ) eram4 então4 a-arentemente4 caracter$sticas

de um sistema anterior do 'ndo( Entretanto4 o tema dos -ro9etas !Bdicos cantores

de salmos -ertence ao lado !Bdico da 9i*ura a-resentada nesse mito4 e a idBia de

uma trindade de deuses4 com-reendendo rahma4 como criador da ilusão do

mundo4 0isnu4 seu mantenedor4 e Xi!a com tr7s olhos4 o mestre da io*a4 como

destruidor da ilusão do mundo4 B uma conce-ção tardia4 muito tardia4 +ue não

a-arece na arte e mito da $ndia atB 8?? d(C(

Trataremos dessa idade -osterior no Ca-$tulo 0' -or en+uanto

se*uiremos o curso -elo +ual os ensolarados deuses !Bdicos 9oram unidos4 -ela

 -rimeira !e@4 ao sistema nãoherico da adoração 9)lica +ue eles

menos-re@a!am e assim4 ironicamente4 con!ertidos ao culto da+uela doutrina de R "uppra pp, <12<.&

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ne*ação do mundo +ue Niet@sche denominou a ^irtud 5u #5una, -ela +ual

os *randes são tornados -e+uenos4 os -e+uenos4 *randes e os -re*adores da

resi*nação o<t7m a *lria -ara si mesmos(

IV( PODER M%TICO

meio -elo +ual a casta sacerdotal na $ndia con+uistou a su-erioridade

so<re a no<re@a tal!e@ de!a*ar4 mas se*ura e decididamente 9oi o medo

+ue conse*uiu ins-irar sua !olta atra!Bs do cntico e -oder a-arente de seus

encantamentos !Bdicos( No -rimeiro -er$odo im-lora!ase aos deuses( Mas

+uando se concluiu +ue4 !isto +ue os deuses -odiam ser conurados -ela !ontade

do homem4 o -oder dos ritos de conuração de!ia ser maior +ue o dos deuses4dei2ouse de im-lorar aos deuses e -assouse a o<ri*)los a conceder suas

 <7nçãos aos clãs *uerreiros4 e a ma*ia dos <rmanes4 conhecedores de  #otnts

ncantamntos, 9oi reconhecida como a mais -oderosa e mais -eri*osa do

mundo(

A -ala!ra vda, VconhecimentoV4 -ro!Bm da rai@ vid Jcom-arese com a

latina vido, Veu !eoVK4 +ue si*ni9ica V-erce<er4 conhecerQsa<er4 considerar4

nomear4 desco<rir4 ad+uirir4 concederV( s hinos !Bdicos4 su-unhase4 nãotinham sido com -ostos -or homens4 mas Vou!idosV J ArutiK , atra!Bs de re!elação4

 -elos *randes -ro9etas JrsisK do -assado m$tico( Eram -ortanto um tesouro da

!erdade di!ina e4 &pa'( !**+  conse+entemente4 um -oder a ser estudado4

analisado e contem-lado( As o<ras de teolo*ia dedicadas sua inter-retação são

as chamadas V<ras dos rmanesV JrahmanasK4 a -rimeira das +uais -ode ser

datada de cerca de =?? a(C( Nelas4 os hinos e ritos !Bdicos não são tratados

como -rodutos do -ensamento e da ação do homem4 mas como 9atores

9undamentais do uni!erso( Na !erdade4 os 0edas4 acredita!ase então4

antecederam o uni!erso -ois eles continham a+uelas eternas s$la<as -otentes e

criati!as das +uais tinham -rocedido os deuses e o uni!erso( Acerca de VM^V

lemos4 -or e2em-lo3

Esta s$la<a imortal e tudo isso(

+ue +uer di@er3

Tudo o +ue B Passado4 Presente e Futuro B M

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E o +ue est) alem dos tr7s Tem-os tam<Bm B M(/66

Atra!Bs do conhecimento e controle do -oder dos hinos !Bdicos4 o

 <rmane iniciado -odia causar4 con9orme lhe a*radasse4 tanto <ene9$cios a seusami*os +uanto des*raças a seus inimi*os4 sim-lesmente -ela mani-ulação

ade+uada dos !ersos( Por e2em-lo3

Se ele desear -ara um homem3 V"uero -ri!)lo da e2-iraçãoV4 de!e

recitar o terceto a 0au Jo deus !entoK em desordem4 omitindo um !erso ou

uma estro9e com isso4 o terceto 9ica con9uso em !erdade4 dessa maneira4 ele

o im-ede de e2-irar( Se ele desear -ara um homem3 V"uero -ri!)lo da

e2-iração e da ins-iraçãoV4 de!e recitar -ara ele o terceto a 'ndra e 0au

desordenadamente4 omitindo um !erso ou uma estro9e com isso4 o terceto 9ica

con9uso na !erdade4 dessa maneira4 ele o im-ede de e2-irar e ins-irar( \(((]

Se ele desear -ara um homem3 V"uero -ri!)lo da 9orçaV4 ele de!e recitar -ara

ele o terceto a 'ndra desordenadamente( \(((] Se ele desear -ara um homem3

V"uero -ri!)lo de seus mem<rosV4 ele de!e recitar -ara ele o terceto a Todos

os Deuses desordenadamente( \(((] Mas se ele desear -ara um homem3 VCom

todos os mem<ros4 com todo o SiPr-rio4 +uero 9a@7lo -ros-erarV4 de!e recitar -ara ele na ordem certa na !erdade4 dessa maneira4 ele o 9a@ -ros-erar com

todos seus mem<ros4 com todo su SiPr-rio( Com todos seus mem<ros4 com

todo seu SiPr-rio4 -ros-ere a+uele +ue sou<er isto( V /6,

s deuses tira!am sua 9orça do sacri9$cio( V sacri9$cioV4 di@iase4 VB a

carrua*em dos deuses( /6= Conse+entemente4 os <rmanes eram os mestres4 não

a-enas dos homens4 mas tam<Bm dos deuses( VH)4 na !erdadeV4 lemos4 Vduas

es-Bcies de deuses( +ue +uer di@er4 os deuses são deuses4 e os iniciados e

s)<ios <rmanes são deuses humanos( A o9erenda e com-artilhada entre os dois3

os sacri9$cios são -ara os deuses e os -ro!entos são -ara os deuses humanos4 os

iniciados e s)<ios <rmanes( A -essoa +ue o9erece o sacri9$cio -ro-orciona

 -ra@er aos deuses com o sacri9$cio e aos deuses humanos4 os iniciados e s)<ios

$'' Mfnḍkya panisad @&$'<  Aitare$a Br*hmana .&., )rad"!o de 0r)h"r -erriedale ei)h, 'igveda Brahmanas, ;arvard rien)al

Series, vol& $6 (;arvard niversi)y /ress, Cam3ridge, Massach"se))s, 1#$7%, pp& 1''21'<,condensada&$' (!id%& $&.<&

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 <rmanes4 com os -ro!entos( E uma !e@ +ue todos 9icam satis9eitos4 esses dois

ti-os de deuses ele!am o o9erente <eatitude do cBu( /6: &pa'( !*-+ Se sur*isse4

entretanto4 a +uestão so<re +ual dos dois ti-os de deus B mais im-ortante4 a

res-osta se encontra!a mão( V <rmane descendente de um *rande rishi B4 em!erdade4 ele -r-rio4 todos os deusesV /,? e no!amente3 V <rmane B o deus

su-remo(V /,%

De todas as *randes cerimnias atra!Bs das +uais os <rmanes eram

 -re-arados -ara e2altar seus -rotetores4 a mais -om-osa era a do Sacri9$cio do

Ca!alo JaAva+mdhaK , destinada e reser!ada a reis4 e -ara a +ual se necessita!a

de *rande n>mero de <rmanes ca-acitados( Tais <rmanes constitu$am +uatro

classes3

%( hotri, ou V'n!ocadorV4 +ue no -er$odo anterior Jc. %??? a(C(K -odeter sido lauto cantor +uanto o9iciante do sacri9$cio4 mas no -er$odo su-erior dos

rahmanas -osteriores Jentre =?? e 6?? a(CK4 tinha a tare9a es-ec$9ica de

con!ocar os deuses4 con!idandoos a dei2ar suas !)rias moradas -ara -artici-ar

da 9esta e rece<er os <ocados sacri9icados no 9o*o

/( adhvar!u, ou VSacri9icadorV4 cua tare9a era su-er!isionar as

o9erendas4 e en+uanto o hotri B e2altado como Vdotado de l$n*ua -rimorosaV4 o

adhvar!u B dot ado de mãos -rimorosasV o manual do hotri era o  Rig ^da e ode adhvar!u o <a*ur ^da, e em todos os ritos im-ortantes os dois eram os

 -rinci-ais o9iciamos4 cada um com uma sBrie de au2iliares4 de-endendo da

ma*nitude da ocasião

&( udgatri, ou VCantorV4 +ue entoa!a -artes selecionadas de outra

coletnea4 o =ama ^da, de onde os hinos Jmuitos dos +uais são os mesmos do

 Rig) são destaca dos -ara esse uso4 e 9inalmente3

8( <rmane su-er!isor4 com 9re+7ncia4 mas não necessariamente4 o

sacerdote -rinci-al do rei(

sim<olismo do Sacri9$cio do Ca!alo era em muitos lu*ares

*rotescamente se2ual -ois o rito tinha sido ada-tado dos rituais anteriores do

touro da 'dade do ron@e4 os +uais tinham ser!ido -rimeiramente -ara cultos de

9ertilidade !e*etal4 Entretanto4 su-unhase +ue mesmo os as-ectos 9)licos mais

e!identes concedessem não a-enas 9ertilidade mas4 so<retudo4 -oder real

$'# a)apa)ha -rfhmana $&$&$&'= &.&&&$<7(!id%& 1$&&&'&$<1 Mfnavadharma fs)ra #&.1#&

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su-remo e autoridade so<re no melhor dos casos o mundo inteiro( rito

inicia!ase na -rima!era ou no !erão e o animal tinha +ue ser um *aranhão

 -urosan*ue4 distin*uido -or sinais es-eciais( Uma !e@ escolhido4 era isolado

cerimonialmente e amarrado a um -oste sacri9icial(V -oste sacri9icialV4 lemos4 VB o sol4 o altar B a terra o ca-im sa*rado

re-resenta as -lantas os *ra!etos4 as )r!ores as )*uas <orri9adas são as )*uas

as !aras circundantes4 os +uatro -ontos cardeais(V/,/

Cada as-ecto do sacri9$cio tinha sua contra-artida na estrutura do

uni!erso cada ato4 uma re9erencia csmica4 e o -oder do rito de -rodu@ir eleitos

so<re o mundo -ro!inha da -recisão dessas analo*ias( -oder da casta

 <rmane4 na !erdade4 consistia no conhecimento de tais concordncias(

asicamente4 o -rinc$-io en!ol!ido era o da Vma*ia imitati!aV de Fra@er(/,& 

Entretanto4 ao -asso +ue no n$!el -rimiti!o as analo*ias de ma*ia en!ol!idas

são !ia de re*ra e!identes4 as dos <rmanes eram o<scuras em e2tremo e com

9re+7ncia <rilhantemente -oBticas(

De-ois de amarrado ao -onto4 o ca!alo era em-urrado com uma !assoura

 -ara a &pa'( !*/+ )*ua a 9im ele ser <anhado4 en+uanto o 9ilho de uma -rostituta

 <atia atB a morte num cachorro de V+uatro olhosV Jou sea4 um cachorro com

uma mancha escura acima de cada olho4 su*erindo os cães de *uarda do mundodos mortosK4 +ue era então remetido no curso das )*uas rumo ao sul -ara a

terra dos mortos a-s -assar so< a <arri*a do ca!alo(

V"ue 0aruna a!ance contra +uem se atre!er a atacar este corcelV4 *rita o

matador do cachorro( VFora o homem^ Fora o cão^V /,8

cão morto nesse curioso rito B s$m<olo do a@ar4 ma*icamente <anido

 -or um ser +ue não a-enas re-resenta4 mas e 9ruto realmente do -oder do -uro

se2o3 o 9ruto de uma -rostituta( -oder do se2o de!e então e2ercer seu -a-el

nesse rito4 não menos +ue os -oderes das armas militares e o conhecimento da

tradição <rmane(

ca!alo B a*ora li<ertado -ara +ue corra !ontade -or um ano em

com-anhia de uma centena de rocins mas sem nenhuma B*ua lustrosa4 se*uidos

de uma ca!alaria de uma centena de -r$nci-es4 mais uma centena de 9ilhos de

o9iciais de alto escalão e uma centena de 9ilhos de o9iciais de <ai2o escalão de

$<$ 0i)areya -rfhmana 6&$&$<. Frazer, op% cit%& pp& 112.<&$<  Taittir$a "amhit* <&&6&1= ci)ado por J&J& Meyer, Trilogie altindischer MQchte und Oeste der8egetation (MaH Niehans Berlag, "ri"e e *eipzig, 1#.<%, /ar)e @@@, pp& $.2$.#&

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maneira +ue se al*uBm tentasse rou<ar o *ar<oso ca!alo ou -roi<ir sua entrada

em um reino4 a+uele rei teria de lutar( Por outro lado4 se al*um rei 9ran+ueasse a

 -assa*em desse ca!alo4 com isso concedia su-remacia ao *rande monarca +ue o

tinha li<ertado e +ue a*ora esta!a em casa muito ocu-ado em uma cerimniade consider)!el ma*nitude e im-ortncia m)*ica(

Y maneira de sacri9$cios4 -resentes eram o9erecidos diariamente ao deus

Sa!itri( Diariamente tam<Bm4 em uma reunião 9esti!a diante do rei e sua corte4 o

sacerdote hotri  -romo!ia recitais com re-resentaç.es dram)ticas4 canto e

m>sica4 dança e declamaç.es de lendas B-icas4 <em como !ersos im-ro!isados

cantados -or um no<re <ardo em homena*em ao rei( E  o -><lico era escolhido

de acordo com o assunto do dia3 !elhos ou o!ens encantadores de ser-entes4

 -escadores ou -assarinheiros ladr.es e usur)rios ou s)<ios(/,5  E da mesma9orma +ue o ca!alo4 o rei tam<Bm não de!eria des9rutar do se2o durante esse ano

  -ara ele4 entretanto4 a a<stenção torna!ase mais di9$cil -ela e2i*7ncia de ter

+ue dormir todas as noites entre as -ernas de sua rainha -redileta( E a cada

+uin@e dias4 mais ou menos4 um cole*iado de trinta e sete sacerdotes adhvar!u,

sentados cada um em um <anco de madeira ashvatta Ja+ui h) um trocadilho

en!ol!ido na -ala!ra aAva, Vca!aloVK4 -assa!a a noite lançando ao 9o*o -rodutos

da la!oura e latic$nios3 mantei*a4 ce!ada4 leite e arro@(/,6

ano aca<a!a com um 9esti!al de tr7s dias4 +uando o ca!alo e seus

acom-anhantes retorna!am *alo-ando *ar<osamente e entoa!am o hino do

=uma ^da. mila*re da !o@ animal era conse*uido +uando o sacerdote

udgatri inicia!a seu -r-rio canto e era tra@ida uma B*ua ante a +ual o

im-ec)!el *aranhão relincha!a( relincho era conhecido como o udgitha do

*aranhão( A im-ec)!el B*ua res-ondia( E esse era o udgitha da B*ua(/,,

Parece +ue em tem-os !Bdicos anteriores o >nico animal sacri9icado nesse

rito4 alBm do ca!alo4 era o carneiro4 re-resentando o deus Pushan4 mensa*eiro do

sol( Entretanto4 no @ahā2hārata B descrito o se*uinte es-et)culo &pa'( !*0+ s

sacerdotes iniciados nos 0edas e2ecuta!am com -recisão todos os ritos4

mo!endose ade+uadamente em todas as direç.es de!idas4 todos -er9eitamente

treinados e -er9eitamente cnscios( Tam-ouco cometiam +ual+uer in9ração no

ritual3 nada era 9eito inde!idamente( Entre a multidão4 alBm do mais4 não se

$<6 & Geldner, ar)igo >0Pvamedha>, in ;as)ings (ed&%, op% cit%& vol& @@, p& 1'7&$<' a)apa)ha -rfhmana 1.&$&1&$&26= Tai))irya -rfhmana .&&1= 0pas)am3a ra")as)ra $7&17&6, e)ai&= ci)ado por Meyer, op& ci)&, /ar)e @@@, pp& $.#2$7&$<< 'g 8eda 1&1'$&$2= 1'.&1$= ci)ado por lden3erg, op% cit%& p& <$, no)a 1&

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encontra!a nin*uBm desanimado4 -o<re4 com 9ome4 -esaroso e nin*uBm !ul*ar

ha!ia comida dis-on$!el -ara todos os +ue deseassem comer(

Todos os dias4 os sacerdotes4 !ersados em todos os ti-os de sa<er

sacri9icial4 se*uindo com -recisão as inunç.es da escritura4 reali@a!am os atosnecess)rios -ara a consumação de um -oderoso rito4 e não ha!ia nin*uBm +ue

não 9osse mestre em conhecimento !Bdico ou -er9eito o<ser!ador de seus !otos(

E che*ada a hora de colocar as estacas4 seis eram de madeira vilva, seis de

kadhira, seis de sarvavarnin, duas de dvadaru e uma de shlshmataka J!inte e

uma estacas ao todoK( Ademais4 a-enas -or +uestão de <ele@a4 9oram er*uidas

outras4 de ouro( E tais estacas4 adornadas com 9lmulas o9ertadas -elo rei4

relu@iam como 'ndra cercado -elas di!indades de sua corte4 unto com sete

 -ro9etas celestiais sua !olta( Tam<Bm eram 9ornecidos tiolos de ouro -ara aconstrução de uma torre4 tão <ela +uanto +ual+uer uma no cBu4 com de@oito

c><itos de altura e +uatro andares4 so<re cuo -in)culo 9oi colocado um *rande

 -)ssaro de ouro trian*ular em 9orma de #anida4 o -)ssarosol(

Então4 os sacerdotes4 se*uindo com -recisão todas as inunç.es da

escritura4 ata!am animais e -)ssaros +uelas estacas se*undo a di!indade de

cada uma( Touros de caracter$sticas a-ro-riadas4 con9orme as indicaç.es dos

0edas4 e animais a+u)ticos4 eram de!idamente atados +uelas estacas de-ois deaceso o 9o*o sacri9icial( E em -re-aração aos sacri9$cios4 tre@entos animais eram

então amarrados nessas estacas inclusi!e a+uele +ue era o melhor de todos os

melhores *aranh.es(

E com isso todo o terreiro sacri9icial 9ica!a es-lendidamente adornado4

como um lu*ar animado -or -ro9etas celestes4 acom-anhados -or <andos de

m>sicos celestiais com suas damas as o!ens dançarinas( \(((]/,=

As tr7s Jou +uatroK es-osas do rei4 uma das +uais -odia ser da casta sudra∗ 

a-ro2imamse então e andam em !olta do ca!alo de-ois o -re-aram -ara a

imolação4 un*indoo com leo e colocandolhe *rinaldas no -escoço4 en+uanto o

sacerdote hotri e o <rmane su-er!isor 9a@em uma re-resentação sim<lica4

cmica e eni*m)tica( De-ois disso o ca!alo B le!ado de !olta ao seu -oste4

co<erto com um -ano e su9ocado em se*uida4 a es-osa -rinci-al do rei

$< Mah*!h*rata 1&&1#2.' (condensado%& R >;Q )r9s )ipos de esposa para o 3rmane, dois para o HQ)ria, e o vaiHia pode desposar apenas

alg"Lm de s"a prpria cas)a& ^&&&_ Faa com "e a esposa 3rmane se8a a primeira de "m 3rmane ea HQ)ria de "m HQ)ria& /ara o prazer, )am3Lm "ma s"dra L permi)ida& ")ros, en)re)an)o, n!o )9m essapermiss!o&> (Mah*!h*rata 1.&&1$%

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a-ro2imase e iniciase o rito arcaico curioso e +uase inacredit)!el do casamento

de uma rainha com um animal morto4 s$m<olo do eterno e *randioso deus

0aruna4 senhor da ordem do mundo(

Ela deitase ao lado do ca!alo morto e o sacerdote adhvar!u co<re os doiscom um -ano( Ele ro*a3 VNo cBu seam am<os co<ertos( "ue o *aranhão

!irilmente &pa'( !*1+ -otente4 doador de s7men4 a-li+ue o s7men dentroV( A

rainha de!e -e*ar e atrair -ara si o r*ão se2ual do *aranhão4 -ressionandoo

contra seu -r-rio r*ão se2ual(

V Mãe4 Mãe4 Mãe^V4 ela *rita( VNin*uBm !ai me tomar^ -o<re ca!alo

dorme^ Eu4 esta mara!ilhosa coisinha toda !estida de 9olhas e cascas da )r!ore

kam#ila6 

sacerdote3 V'ncitarei o -rocriador( Tu tam<Bm4 incita o -rocriador(VAo +ue a rainha di@ ao *aranhão3 V0em4 !amos os dois esticar nossos

mem<rosV(

sacerdote re@a -ara incitar o deus3 V0em4 coloca teu s7men no canal

da+uela +ue te a<riu as co2as( tu4 -ot7ncia de !irilidade4 im-ulsiona o r*ão

+ue B -ara as mulheres o nutridor da !ida( Ele arremessase dentro da <ainha4

seu amante oculto4 mo!imentandose no escuro -ara a 9rente e -ara tr)sV(

A rainha3 V Mãe4 Mãe4 Mãe^ Nin*uBm est) me tomando^V rei acrescenta uma met)9ora eni*m)tica3 VLe!antao alto4 como al*uBm

a-oiando uma car*a de uncos contra uma colina( Ficar) mais 9)cil +uando

che*ar ao meio4 como al*uBm oeirando numa <risa 9rescaV(

sacerdote !oltase -ara uma -rincesa assistente4 a-ontando -ara o se2o

dela3 VA -o<re *alinha est) l) cha-inhando e2citada( -7nis !ai 9undo na 9enda

com !oracidade4 a <ainha o en*oleV(

E a -rincesa di@ ao sacerdote4 a-ontando -ara o se2o dele3 V -o<re *alo

est) cha-inhando e2citado4 e2atamente como tua *rande <oca lo+ua@( Sacerdote4

calateV(

Mais uma !e@ a rainha3 V Mãe4 Mãe4 Mãe^ Nin*uBm est) me tomando^V

<rmane su-er!isor lem<roua3 VTeu -ai e tua mãe uma !e@ su<iram ao

to-o da )r!ore( A*ora4 disse teu -ai4 !ou -enetrar4 e ele 9e@ -enetrar o -7nis na

9enda -ro9unda4 indo -ara a 9rente e -ara tr)sV(

A rainha3 V Mãe4 Mãe4 Mãe^ Nin*uBm est) me tomando^V

sacerdote hotri, !oltandose -ara uma das outras rainhas3 V"uandoa+uela coisa enorme na+uela 9enda estreita se choca contra a coisa -e+uena4 os

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dois *randes l)<ios se a*itam como dois -ei2inhos numa -oça em uma trilha de

!acasV(

A rainha a +uem 9ora diri*ida a -ala!ra !oltase -ara o sacerdote

adhvar!u VSe os deuses concedem -ra@er +uele touro manchado e *oteante4os oelhos er*uidos da mulher !ão demonstr)lo tão nitidamente +uanto uma

!erdade diante de seus olhosV(

E a rainha no!amente3 V Mãe4 Mãe4 Mãe^ Nin*uBm est) me tomando^V

mordomo real4 a*ora4 -ara a +uarta es-osa4 sudra3

V"uando o no<re ant$lo-e se alimenta de *rãos de centeio4 nin*uBm se

lem<ra de +ue a !aca da aldeia se alimentou deles antes( "uando o amante da

sudra B um )ria4 ela se es+uece do -a*amento -ela -rostituição(V/,:

Cruas e di9$ceis de serem relacionadas com os <elos t$tulos da+ueles decuas <ocas no<res elas sa$ram4 estas o<scenidades rituali@adas estão -lenamente

de acordo com o sa<er m)*ico da reli*ião arcaica das 'dades do ron@e e do

Ferro( Pois4 como escre!e o Pro9( (( Meer em seu *rande estudo dos cultos

das -lantas da $ndia3 V#raças ao -rinc$-io da analo*ia4 tal coito !er<al atua não

menos sauda!elmente em sua ma*ia do +ue a !erdadeira relação se2ual rituais4

ou4 de 9ato4 +uais+uer &pa'( !-)+ relaç.es se2uaisV( /=?  ato sim<lico do ca!alo

morto sacri9icado corres-onde ao de s$ris morto4 *erando Hrus4 o o!em touroÁ-is(∗ E o rito de uma rainha relacionandose com um animal B 9acilmente

encontrado4 como o<ser!a Meer4 Vno hiros gamos da Rainha de Atenas com o

deus da 9ertilidade Dioniso4 cele<rado no est)<ulo onde o deus de!e t7la

a<ordado em sua 9orma de touro4 e2atamente como a+ui 0aruna !eio #rande

Rainha (mahisī) em sua 9orma de *aranhãoV(/=%

Todas as rainhas4 inclusi!e a +ue se deitou com o ca!alo sacri9icial4 estão

a*ora de -B recitando em un$ssono uma estro9e do  Rig ^da, diri*ida a um

ca!alo !oador di!ino chamado DadhiOra!an JVA+uele +ue es-arrama leite

coalhadoVK3

A DadhiOra!an lou!ores seam cantados3$<# 0s ?on)es snscri)as desse ri)o s!o a)apa)ha -rfhmana 1.&1&26= Tai))irya -rfhmana .&2#= e osSrfn)asf)ras de a)yfyana $7& 0pas)am3a $7, 0svalfyana 17&' e ss&, Sfnkhyfna 1'& Seg"i asin)erpre)a[es de Meyer, op& ci)&& /ar)e @@@, pp& $12$'& /ara disc"ss!o de in)erpre)a[es variadas do)eH)o a)apa)ha, c?& J"li"s ggeling, The a)apa)ha -rfhmana, Sacred -ooks o? )he as), vols& O@@,OOB@, O*@, O*@@@, O*@B (The Clarendon /ress, H?ord, 1$21#77%, vol& O*@B, pp& .$12.$$, no)a .&$7 (!id%& p% $'& R "upra& p& 67, e As Máscara de Deus X Mitologia Primitiva& pp, .$2.6&$1 (!id%& p& $&

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-otente e !elo@ corcel de muitas !itrias

"ue ele em-reste 9ra*rncia a nossas <ocas(

"ue ele -rolon*ue os dias de nossa !ida^/=/

Elas <anhamse ritualmente e se diri*em s )*uas +ue de!em ser

consideradas4 como todas as )*uas do mundo4 correndo em direção a 0aruna(

Estas são as -ala!ras4 tam<Bm do Rig ^da

tu Á*ua4 !i!i9icanos4

E tra@enos no!a ener*ia4

"ue nos -ro-orcione *rande ale*ria(

"ue a<undante <7nção B a tua^

Permitenos -artilhar dela a+ui4

Como as amorosas4 di!inas mãesdeusas(

 Ns te a<ordamos em nome DA+uele

Para cua morada tu corres a-ressadamente(

Concedenos4 Á*ua4 tua 9orça^/=&

VDe-ois de a<ater o ca!aloV4 lemos em se*uida na !ersão do

 @ahā2hārata, Veles 9i@eram com +ue a rainha de *rande inteli*7ncia +ue era

dotada de conhecimentos sa*rados4 de di*nidade e de!oção4 +ualidades <)sicas

de uma rainha se sentasse ao lado do animal es+uarteado4 en+uanto os

 <rmanes4 tran+ilos e im-ass$!eis4 tira!am o tutano e o co@inha!am

de!idamente( Em se*uida o rei4 con9orme os te2tos sa*rados4 as-ira!a a 9umaça

da+uele tutano assim co@ido4 +ue e -oderoso -ara e2-ur*ar os -ecados( s

mem<ros restantes do animal eram então lançados no 9o*o -elos de@esseis

sacerdotes iniciados e o Sacri9$cio do Ca!alo da+uele Monarca do Mundo esta!a

conclu$do(V/=8

A lenda homBrica do Ca!alo de Tria4 atra!Bs de cuo VrenascimentoV os

heris *re*os con+uistaram Tria4 de!e ter sido re9le2o de um rito -otente como

$$ 'g 8eda @B&.#&'%$. 'g 8eda O&#&12.&$ Mah*!h*rata 1&#&$2' ("m po"co condensado%&

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este( E ainda4 um Sacri9$cio do Ca!alo <astante sim-li9icado4 en!ol!endo

tam<Bm a &pa'( !-!+ matança de um carneiro <ranco como Vmensa*eiroV do

deus4 mas omitindo tanto o tema se2ual +uanto o im-erial4 9oi o<ser!ado tão

recentemente +uanto %:%& entre o -o!o 9in7s+ueremense da re*ião do 0ol*a(/=5 

  rito B ori*in)rio do -o!o das este-es do Norte4 +ue su<u*ou o ca!alo -ela

 -rimeira !e@4 e do +ual os )rias !Bdicos 9oram uma rami9icação( E no conte2to

da tradição indiana -osterior4 B um ind$cio <)sico da in9lu7ncia )ria<rmane4

como os ritos de sacri9$cio humano o são da mais anti*a ordem m$tica não

!Bdica da deusa e seu cnu*e(

V( :ILOSO:IA DA :LORESTA

rahma!arta4 a cl)ssica Terra Santa dos 0edas4 9ica!a na -arte nordeste

da -lan$cie entre os rios _amuna e Sutle4 a-ro2imadamente entre DBlhi e

Lahore en+uanto rahmarshidesha4 Va Terra dos Santos Pro9etasV4 onde os

hinos 9oram coletados e com-ilados4 9ica!a um -ouco a sudeste dessa re*ião4 na

 -arte su-erior de Doa< Ja terra entre o _amuna e o #an*esK e nas re*i.es em

!olta de Mathura(/=6  ti*re de en*ala não e mencionado no  Rig ^da

tam-ouco o arro@4 -roduto do sul( lu*ar de honra e ocu-ado -elo leão4 +uena+uela B-oca ronda!a os !astos desertos a leste do Sutle4 e o cereal dos

criadores de *ado -arece ter sido o tri*o(/=,

A terra cl)ssica dos <udistas4 -or outro lado4 situase distante a leste

desses -rimeiros centros )rias4 em sentido leste4 descendo o #an*es4 a<ai2o de

enares4 nas redonde@as de udh e ihar4 atin*indo ao norte o Ne-al e ao sul as

 -eri*osas sel!as de Chota Na*-ur3 as terras do ti*re de en*ala e do arro@(

Podemos dei2ar +ue esses dois mundos -ermaneçam como -los

sim<licos re-resentando a interação das mitolo*ias o-ostas dos recBm

che*ados e dos mais anti*os ha<itantes da re*ião( Pois não a-enas os <udistas e

 ainistas4 mas tam<Bm uma *rande constelação de s)<ios autnomos moradores

da 9loresta e +ue ne*a!am o mundo4 tinha sua -r-ria Terra Santa nessa outra

 -arte da 1ndia( enares era a cidade do deus Xi!a4 V Mestre da 'o*aV( E4 na

$6 no ;olm3erg, Oinno-Ugric M$tholog$% The M$tholog$ of All 'aces& vol& @B, /ar)e @ (Marshall JonesCompany, -os)on, 1#$<%, pp& $'62$1&$' &J& Iapson, >/eoples and *ang"ages>, in &J& Iapson (ed&%, The Cam!ridge .istor$ of ndia& vol&@, Ancient ndia (Macmillan, Nova York, 1#$$%, p& '&$< 0& -erriedale ei)h, >The 0ge o? )he Iigveda>, in Iapson (ed&%, op% cit &, p& 1&

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!erdade4 e2iste a -ossi<ilidade como ) se o<ser!ou ∗  de ter sido o centro

de onde4 em >ltima instncia4 se ori*inaram as -osiç.es de io*a re-resentadas

nos sinetes do 0ale do 'ndo( Podemos tom)lo hi-oteticamente como @ona

mito*enBtica de -assado insondado(ra4 os <rmanes4 como 9omos in9ormados4 eram os deuses mais

im-ortantes( Entretanto4 ha!ia uma <recha consider)!el na 9ortale@a m)*ica de

seu lim-o4 e essa <recha não 9oi conhecida -or eles ate o dom$nio )ria da

 -lan$cie do #an*es atin*ir as redonde@as de enares di*amos4 -or !olta de

,??6?? a(C( Con9orme lemos no mais anti*o dos U-ani2ades3

Era uma !e@ um or*ulhoso e iniciado <rmane da 9am$lia #ar*a4 de

nome alaOi4 +ue 9oi atB o rei Aatashatru de enares( V0ou 9alar!osV4 disse

ele4 Vso<re 2rahman6. rei res-ondeu3 VPor tal ensinamento eu te darei mil

!acasV( E o <rmane #ar*a disse3 VA -essoa +ue est) no sol eu -re@o como

2rahman6. Mas Aatashatru &pa'( !-#+  disse3 VNão me 9ales dele3 ) o

re!erencio como che9e su-remo e rei de todos os seres( Todo a+uele +ue o

re!erencia dessa maneira se torna che9e su-remo e rei de todos os seresV(

#ar*a disse3 VA -essoa +ue est) na lua4 eu re!erencio como 2rahman6. Mas

Aatashatru disse3 VNão me 9ales dele ) o re!erencio como o *rande rei demanto <ranco Soma( Todo a+uele +ue o re!erencia como tal rece<e a<undante

 soma concedido todos os dias3 não lhe 9alta alimentoV(

<rmane tentou da mesma 9orma -re*ar so<re o raro4 o es-aço4 o !ento4

o 9o*o e a )*ua4 o ser !isto no es-elho4 o som dos -assos de um homem4 as

+uatro direç.es4 a som<ra e o cor-o4 e a cada uma do suas su*est.es ele rece<eu

a mesma recusa então4 9icou su<itamente silencioso(

E o rei -er*untou3 V'sso B tudoIV

E #ar*a res-ondeu3 V'sso B tudoV(

rei disse3 VMas isso não B su9iciente -ara o conhecimento de 2rahman6.

<rmane res-ondeu3 VEu che*o a !s como alunoV(

E o rei disse3 V[ certamente e2traordin)rio um <rmane !ir ate3 um 2)tria

 -ensando4 ele !ai 9alarme de 2rahman( Entretanto4 de!o instruirteV( E o rei

le!antouse4 tomou #ar*a -ela mão e le!ouo atB um homem dormindo(

Aatashatru disse ao homem adormecido3 V4 tu4 *rande Rei Soma de manto R "upra& pp, 1$, 16&

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 <rancoV( homem não se le!antou( rei cutucouo atB des-ert)lo( homem

le!antouse( E Aatashatru disse3 V"uando este homem dormia4 onde esta!a a

 -essoa +ue consiste de entendimento4 e de onde ele !eio +uando retornouIV

#ar*a não sou<e res-onder(Aatashatru disse V"uando um homem dorme4 a -essoa +ue consiste de

entendimento -ermanece no es-aço dentro do coração4 tendo se a-ossado do

entendimento dos sentidos atra!Bs de seu entendimento( E +uando a -essoa ti!er

a<sor!ido dessa maneira os sentidos4 di@se estar adormecida( A res-iração B

a<sor!ida4 e a !o@ e as 9aculdades da !isão4 audição e intelecto( E +uando um

homem dorme assim4 o mundo inteiro e seu( Ele se torna como um mahara*a.

Ele se torna como um *rande <rmane( Ele como +ue -enetra nas alturas e nas

 -ro9unde@as( Pois4 e2atamente como um mahara*a, le!ando consi*o su  -o!o4se mo!e em !olta de seu -r-rio -a$s a seu <el-ra@er4 assim a -essoa

adormecida4 le!ando consi*o seus sentidos4 mo!ese Jem sonhosK em !olta de

seu -r-rio cor-o !ontade(

VMas +uando ele !ai alBm e cai em sono -ro9undo4 sem sa<er nada de

nada4 todo seu cor-o descansa4 tendo desli@ado -ara 9ora da+uele es-aço dentro

do coração atra!Bs dos ,/(??? canais +ue !ão do coração -ara o cor-o( E então4

tal como um mahara*a, um *rande <rmane ou uma criança +uando atin*e oau*e de 9elicidade4 essa -essoa descansa(

VPois como uma aranha -ercorre sua teia ou como 9a$scas saem do 9o*o4

tam<Bm desse SiPr-rio JātmanK saem todos os sentidos4 os mundos4 os deuses

e toda e2ist7ncia( E o nome secreto J"#anisad K ,  -or isso4 B a realidade da

realidade J sat!as!a sat!a a E2ist7ncia da e2ist7ncia4 a 0erdade da !erdadeK(

mundo sensorial B uma realidade4 de 9alo( E sua realidade B esta( \(((]V /== &pa'(

!-$+ 

Uma caracter$stica marcante dessa lição B a dos canais ou !eias saindo do

coração4 unto com a associação m$stica dessa anatomia interior com os estados

de sono com sonhos e sem sonhos( Esse sa<er da E2ist7ncia da e2ist7ncia

 -ertence4 sem d>!ida4 a uma doutrina -sicossom)tica de io*a ) <em

desen!ol!ida ali -or !olta de ,??6?? a(C4 em<ora não tenhamos nenhuma

in9ormação so<re isso nos 0edas( A doutrina do ātmam, o SiPr-rio es-iritual4

tam<Bm est) -er9eitamente con9i*urada nesse te2to e4 alBm do mais4 associada

não com o sa<er <rmane do sacri9$cio4 mas com uma doutrina de sonho$ -rhadfranyaka panisad F%1&

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incu<ado e estados sem sonhos(

Permitamme tam<Bm chamar a atenção -ara o n>mero ,/(???( ano

meso-otmico4 como !imos4 era com-osto de ,/ semanas de 5 dias( Ademais4

no relato de Plutarco so<re a morte de s$ris4 o deus morto e ressuscitado +ue eid7ntico ao SiPr-rio∗  9oi encarcerado em seu ata>de Jen!iado4 em outras

 -ala!ras4 -ara o estado de sono -ro9undoK -or ,/ com-anheiros de seu irmão

Set(/=:  n>mero est) em um conte2to meso-otmico ao +ual se atri<uem

e+ui!al7ncias macro e microcsmicas( E uma ma*nitude m$tica4 relacionada a

uma ci7ncia de ordem mais sim<lica do +ue estritamente 9actual(

As idBias4 então4 de3 '( ātman /( sono -ro9undo4 sonho e estado de !i*$lia

&( io*a4 e 8( um sistema -sicossom)tico relacionado sim<olicamente a 5( um

sistema csmico -ro!eniente4 -arece4 da Meso-otmia da 'dade do ron@e4su<itamente a-areceram no -rimeiro U-ani2ade como um raio num cBu a@ul(

Elas -ermanecerão como idBias <)sicas de todo o desen!ol!imento su<se+ente

da 9iloso9ia e reli*ião orientais( E elas não são introdu@idas na histria mundial

do -ensamento4 -ermitamme o<ser!ar4 -or um <rmane ou -or um mon*e4 mas

 -or um rei -ossi!elmente não )ria a +uem o or*ulhoso #ar*a tinha ido

como mission)rio e4 como muitos dos melhores mission)rios4 a-rendido o +ue

de!eria ter ensinado4 ou sea4 +ue ele4 a9inal4 não detinha o controle de toda aes9era da !erdade(

Um se*undo e *entil <rmane4 +ue B o 9a!orito de todos os mestres da

sa<edoria do riente4 te!e a mesma sur-resa +uando en!iou seu 9ilho a certa

casa real -ara -artici-ar de uma reunião de s)<ios( o!em iniciado(

Sh!etaOetu4 che*ou e o rei4 Pra!ahana ai<ali4 disselhe3

  o!em4 teu -ai te instruiuI

  Sim4 senhor4 ele o 9e@(

  Tu sa<es -ara onde !ão as criaturas +uando morremI

  Não4 senhor(

  Tu sa<es como elas retornamI

  Não4 senhor(

  Tu sa<es onde se se-aram os dois caminhos4 o +ue !ai aos deuses e o

+ue !ai aos ante-assadosI

 R C?& supra& pp& <2<#&$#  As Máscaras de Deus 2 Mitologia Primitiva& pp& ..2.&

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  Não4 senhor(

  Tu sa<es -or +ue o mundo do alBm amais 9ica lotadoI &pa'( !-5+ 

  Não4 senhor4 não sei(

  Tu sa<es como a )*ua da +uinta li<ação !em a chamarse HomemI  Não4 senhor4 na !erdade4 não(

  Então4 -or 9a!or4 -or +ue me disseste +ue 9oste instru$doI Como -ode

al*uBm +ue i*nora tais +uest.es di@erse instru$doI

An*ustiado4 o o!em retornou a seu -ai(

  0ener)!el senhor4 o senhor 9e@me -ensar +ue ha!ia me instru$do

+uando4 de 9ato4 não o ha!ia( A+uele mem<ro da classe real colocoume cinco

+uest.es4 das +uais não conse*ui res-onder nenhuma(

-ai4 in9ormado so<re as -er*untas4 disselhe3 VMas eu tam-ouco sei

+ual+uer uma das res-ostas( Se sou<esse teria te ensinadoV(

E4 -or isso4 ele 9oi atB o -al)cio do rei(

rei disse a seu !isitante3 V0ener)!el #autama4 -odes escolher -ara ti

mesmo +ual+uer <em +ue deseares de ri+ue@a humanaV(

Mas ele res-ondeu3 V"ue a ri+ue@a humana sea !ossa4 Rei^ 0im4

antes4 -ara sa<er a res-eito das cinco -er*untas +ue 9i@estes ao meu 9ilhoV(

Então4 o rei 9icou -er-le2o(VEs-eraV4 disse ele( VEsse conhecimento amais 9oi dado a um <rmane(

E -or isso +ue4 no mundo inteiro4 atB hoe4 a so<erania se mante!e a-enas com a

casta 2)tria(V

Contudo4 o rei ai<ali deu seu ensinamento4 o a doutrina +ue ele ensinou B

uma das mais im-ortantes do -ensamento m$tico oriental( Ela B denominada

a+ui doutrina do 9o*o e da 9umaça4 ou a se-aração dos dois caminhos es-irituais3

de um lado4 o caminho do 9o*o +ue le!a ao sol e4 -ortanto4 aos deuses4 -ara l)

morar de outro4 o caminho da 9umaça +ue condu@ lua4 aos ante-assados e

reencarnação(

s +ue conhecem essa sa<edoriaV4 disse o rei4 Ve os +ue4 !i!endo na

sel!a4 meditam com 9B e austeridade4 -assam -ela chama do 9o*o crematrio e

dela -ara o dia do dia -ara a +uin@ena da lua crescente dela -ara os seis meses

do sol diri*ido ao norte dali -ara o ano e do ano -ara o sol do sol -ara a lua4 eda lua -ara o raio4 onde h) uma Pessoa J #urusaK não humana (a+manāva), +ue

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os le!a atB rahma( Esse B o caminho -ara os deuses(

Mas a+ueles +ue na aldeia re!erenciam o sacri9$cio4 o mBrito e a

caridade4 -assam -ela 9umaça do 9o*o sacri9icial e da 9umaça -ara a noite da

noite -ara a se*unda +uin@ena do m7s dela -ara os seis meses do ano em +ue osol est) diri*ido ao sul com os +uais o ano não culmina da+ueles meses -ara

o mundo dos ante-assados do mundo dos ante-assados -ara o es-aço do

es-aço -ara a lua( 'sso B o Rei Soma( 'sso B o alimento dos deuses( 'sso B o +ue

os deuses comem(

E -ermanecendo na+uele lu*ar -or tanto tem-o +uanto durar o mBrito de

suas <oas aç.es4 retornam -elo mesmo caminho -or +ue !ieram( Eles !ão -ara

dentro do es-aço e do es-aço -ara o !ento( Tendo sido !ento4 eles tornamse

9umaça e de-ois de terem sido 9umaça tornamse nB!oa4 De-ois de nB!oa4

tornamse nu!em( De-ois de terem sido nu!em4 caem como chu!a e nascem

como arro@4 ou ce!ada4 er!as4 &pa'( !-*+ )r!ores4 *er*elim ou 9ei.es4 de cua

condição B realmente di9$cil emer*ir( Pois a-enas se um ou outro o comer como

alimento e de-ois o emitir como s7men4 -oder) al*uBm a-risionado dessa

maneira continuar a desen!ol!erse(

Entretanto4 -ara a+ueles +ue ti!eram uma conduta cordial a+ui na terra4 a

 -ers-ecti!a então B -enetrarem num >tero cordial sea de <rmane4 2)tria ou!ai2ia( Mas -ara a+ueles +ue ti!eram uma conduta miser)!el a+ui4 a -ers-ecti!a

B de 9ato4 -eneirarem num >tero miser)!el4 de um cão4 um -orco ou um -)ria(

Mas então4 9inalmente4 -or nenhum desses caminhos !ão a+uelas

criaturas -e+uenas +ue retomam continuamente4 das +uais se di@3 Nasçam e

morram( delas B um terceiro estado( E B  -or isso +ue o mundo do alBm nunca

9ica lotado( [ -or isso +ue sem-re se de!e estar alento( \(((]

Y+uele +ue sa<e disso amais B maculado -elo mal( \(((] Ele tornase

 -uro4 lim-o4 -ossuidor de um mundo -uro4 a+uele +ue sa<e disso sim4 de

9alo4 a+uele +ue sa<e disso^V/:?

E a+ui est) tudo3 casta4 carma4 a roda do renascimento e a 9u*a dela uma

associação da lua com o ciclo da morte e do nascimento4 e do -ortal solar com a

li<ertação disci-linas de reli*iosidade secular Jritos sacri9iciais4 caridade etc(K

como meios de um nascimento 9a!or)!el4 <em como de uma estadia celestial

$#7 Ch*ndog$a panisad 6&.217, condensado= )rad"!o em grande par)e de Io3er) rnes) ;"me, TheThirteen Principal Upanishads (H?ord niversi)y /ress, *ondres e Nova York, 1#$1%, pp& $.72$.&

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a*rad)!el entre os ante-assados e4 -or outro lado4 disci-linas de austeridade

 -raticadas na sel!a4 como meios de li<ertação( Acrescentese a isso a doutrina da

io*a4 ātman, sono -ro9undo4 sonho e !i*$lia4 -re*ada -elo outro rei4 e resta muito

 -ouco de hindu$smo <)sico a ser -rocurado(/:%

Como o Pro9( Paul Deussen o<ser!ou em sua discussão cl)ssica so<re esse

t-ico3 VConsiderandose +ue nessas -assa*ens so<re o conhecimento de

2rahman como ātman e de ātman como o -rinc$-io animador de tudo e do

destino da alma alBm da morte4 os -ontos mais im-ortantes da doutrina dos

U-ani2ades estão enunciados4 e +ue neles os reis são re-resentados como os

conhecedores e os <rmanes4 es-eci9icamente4 como os desconhecedores ou

9alsos conhecedores Jsendo os te2tos comunicados -elos s)<ios !Bdicos4 eles

 -r-rios <rmanesK4 -odemos concluir se não com a<soluta certe@a4 -elo menoscom consider)!el -ro<a<ilidade +ue a doutrina de ātman, de 9ato o-osta a

todo o es-$rito do sa<er ritual !Bdico4 mesmo +ue no in$cio -ossa ter sido

9ormulada -or <rmanes4 9oi assumida e culti!ada no c$rculo dos 2)trias e

a-enas -osteriormente ada-tada -elos <rmanesV(/:/

Deussen escre!eu no 9inal do sBculo ;';4 antes de se ter +ual+uer

conhecimento da Ci!ili@ação do 'ndo4 e ele ) reconhecera como nenhum

indiano -arece amais ter -erce<ido +ue entre as !is.es !Bdica e u-ani2)dicaa di9erença B tão *rande +ue a se*unda não -oderia terse desen!ol!ido da

 -rimeira( Uma era !oltada -ara Fora e lit>r*ica4 a outra -ara dentro e

 -sicol*ica( Uma era )ria a outra não(

 Na !erdade4 como outro te2to !ai demonstrar4 os deuses -atriarcais )rias

eram a*ora e2-ostos como meras insi*ni9icncias em termos de sa<edoria

mesmo se com-arados Deusa a !elha Deusa neol$tica da idade do ron@e^

Ela &pa'( !--+ a-arece -ela -rimeira !e@ em +ual+uer documento indo)ria no

se*uinte U-ani2ade de cerca de 6?? a(C(

A LENDA DA DEUSA E DOS DEUSES ÁRIAVHDICOS

rahman o<ti!era uma !itria -ara os deuses( rahman4 o -oder

$#1  ")ros g"r"s monQr"icos pregando aos 3rmanes ?oramE Iei 0shvapa)i aikeya Ch*ndog$aUpanisad   6&112$%, Iei (% 0)idhanvan (i!id%& 1&#&.%, e "m, )alvez m4)ico, Sana)k"mara, "e de"

ins)r"!o ao lendQrio disc4p"lo2sQ3io Narada (i!id &, <&12$6%&$#$  /a"l :e"ssen, Die Philosophie der Upanishads (O% A% -rockha"s, *eipzig, l ed&, 1##=   ed&,1#$7%, p& 1#&

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sa*rado( Eles4 entretanto4 e2ultantes -ela !itria de rahman4 a

ima*inaram deles -r-rios4 -ensando3 VDe 9ato4 B nossa esta !itria^ [

nossa a *lria^V rahman entendeu este or*ulho e a-areceu diante deles

mas eles não sa<iam o +ue era rahman( V"ue ti-o de es-ectro J !ak  saKser) essa coisaIV4 -er*untaram( E disseram a A*ni3 V tu "uase

nisciente4 desco<re o +ue e essa coisaV( VSimV4 res-ondeu ele e correu

 -ara ela( rahman -er*untou3 V"uem Bs tuIV VSou o 9amoso A*ni4 o

"uase niscienteV4 ele res-ondeu( rahman -er*untou3 V"ue -oder em ti

te concede tal ramaIV E o deus re-licou3 VPosso +ueimar coisas4 o +ue 9or

+ue esti!er na terraV( rahman colocou uma -alha diante dele( V"ueima

a^V A*ni atacoua com todas as 9orças( Foi inca-a@4 de +ueim)la( Ele

retornou aos deuses3 VNão conse*ui sa<erV4 disse ele4 Vo +ue B a+uele

es-ectroV(

s deuses disseram então a 0au3 V tu 0ento4 desco<re o +ue B

a+uele es-ectroV( VSimV4 disse e correu -ara ele( rahman -er*untou3

V"uem Bs tuIV VSou o 9amoso 0au4 A+uele +ue se Mo!e -elo CBuV4 ele

res-ondeu( rahman -er*untou3 V"ue -oder em ti te concede tal 9amaIV E

o deus res-ondeu3 VFosso le!ar coisas em<ora4 sea o +ue 9or +ue hou!er

na terraV( rahman colocou uma -alha diante dele( VLe!aa em<ora^Vordenou rahman( 0au tentou4 E com todas as 9orças 9oi inca-a@ de le!)

la em<ora( Ele retornou aos deuses3 VNão conse*ui desco<rirV4 disse ele4

Vo +ue B a+uele es-ectroV(

Então os deuses -ediram a 'ndra3 V tu Res-eit)!el4 desco<re o

+ue B a+uele es-ectroV( VSimV4 ele res-ondeu4 e correu -ara ele4 mas

rahman desa-areceu de sua 9rente( Em seu lu*ar ele !iu uma mulher de

*rande <ele@a( Uma Haima!ati4 a Filha da Montanha Ne!ada( Ele

 -er*untoulhe3 V +ue era a+uele es-ectroIV Ela res-ondeu3 Vrahman(

Pela !itria da+uele rahman !oc7s con+uistaram a *lria da +ual tanto se

or*ulhamV( Dessa maneira4 'ndra sou<e de rahman(/:&

VA Deusa não era nenhuma iniciada na sa<edoria !BdicaV4 escre!eu

Heinrich Zimmer em coment)rio so<re esta lenda ale*rica

contudo4 ela e não os deuses !Bdicos conhecia rahman( E$#. )ena Upanisad  .&1& a &1= seg"ndo immer, The Ari of (ndian Vsia& vol& @, pp& 17217#&

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ela deulhes a conhecer a+uela ess7ncia di!ina4 de maneira +ue os tr7s se

tornaram então os maiores deuses4 V-or+ue 9oram os -rimeiros a conhecer

rahman(V /:8 Por esse te2to !emos +ue ) em um -er$odo relati!amente

 -recoce J-or !olta do sBculo 0'' a(C(K era a Deusa4 e não as di!indadesmasculinas a-arentemente dominantes do -anteão !Bdico4 a !erdadeira

conhecedora do sa*rado -oder central oculto do uni!erso4 -elo +ual são

o<tidas todas as !itrias no drama intermin)!el do -rocesso do mundo(

Pois ela -r-ria era a+uele mesmo -oder( Ela B rahman4 a 9orça !ital do

uni!erso +ue ha<ita secretamente todas as coisas( &pa'( !-/+ 

 Nesse e-isdio do  Kna "#anisad, em +ue a mãe deusa a-arece

 -ela -rimeira !e@ na tradição ortodo2a reli*iosa e 9ilos9ica da $ndia4 ela

  a 9eminilidade encarnada se torna o guru dos deuses masculinos( Ela

B re-resentada como o mista*o*o deles4 +ue os inicia no se*redo mais

 -ro9undo e elementar do uni!erso4 e B4 de 9ato4 sua -r-ria ess7ncia(/:5

"uando o termo 2rahman, V-oder sa*radoV4 da rai@ 2rh, Vcrescer4

e2-andir4 ru*irV/:6 a-arece nos hinos !Bdicos4 B a-enas com re9erencia ao -oder

inerente nas -ala!ras e ritmo da -rece seu si*ni9icado e es-eci9icamente Vesta

estro9e4 !erso ou tinhaV( Por e2em-lo4 VPor esta estro9e Janna 2rahmanāK li!rote da doençaV(/:,  deus rihas-ati4 sacerdote dos deuses4 e -ortanto Vo senhor

J #atiK do -oder ru*idor J2rhK6, o -oder das estro9es m)*icas4 e os <rmanes são

seus corres-ondentes entre os homens3 *randes deuses -or+ue tem o

conhecimento e o controle -ara usar tal -oder( Entretanto4 o uso do termo

2rahman com re9erencia a uma <ase de toda e2ist7ncia conce<ida

meta9isicamente4 anterior utili@ação <rmane desse -oder e inde-endente dela4

não B encontrado atB o -er$odo dos rahmanas4 Je mesmo então4 raramenteK e no

 -er$odo -osterior4 chamado \ivros da lorsta.

 Não de!e ha!er d>!ida a este res-eito3 uma constelação alien$*ena

tornouse conhecida dos <rmanes e est) a caminho de ser assimilada(

Tam-ouco se -ode du!idar de +ue a <ase dessa in9lu7ncia se encontra re!elada

nas cidades do 0ale do 'ndo( Em contraste ma*ia lit>r*ica4 !oltada -ara 9ora e

imitati!a dos  <rmanes  -rimeiro im-lorando e de-ois conurando os -oderes

$# )ena Upanisad  &$&$#6 immer, The Art of (ndian Asia& vol& @, pp& 17#2117&$#' immer, Philosophies of (ndia%$#<  Atharva 8eda& passim&

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do cBu4 da terra e do es-aço intermedi)rio4 atra!Bs do n>cleo controlador do

mundo do altar do 9o*o  4 esse outro era um sistema -sicol*ico4 !oltado -ara

dentro4 de -ensamento4 ma*ia e e2-eri7ncia4 no +ual muito do +ue hoe se sa<e

do inconsciente 9oi anteci-ado e mesmo4 em certa dimensão4 em certo sentido4su-erado(

VI( A DIVINDADE IMANENTETRANSCENDENTE

) com-aramos dois elementos do com-le2o m$tico indiano3 o do anti*o

0ale do 'ndo4 no +ual o touro era o -rinci-al animal sim<lico e onde se

encontram os antecedentes das 9i*uras tanto de Xi!a +uanto da #rande Deusa4 e

o sistema dos 0edas4 onde o lu*ar de honra -assou -ara o leão +ue de!ora olouro4 como o *uerreiro <e<e soma e o sol consome a lu@ da lua( Temos a*ora

+ue considerar um terceiro elemento3 a io*a4 +ue4 em termos de nosso estudo4

 -ode ser de9inida como uma tBcnica -ara indu@ir identi9icação m$tica(

sur*imento de 9i*uras em -ostura cl)ssica io*ue nos sinetes do 0ale do

'ndo su*ere uma relação do sistema com a anti*a mitolo*ia do ritual re*icida da

'dade do ron@e4 em +ue o rei era identi9icado com a lua morta e ressuscitada( E

a associação do -ensamento io*ue nos sBculos -osteriores com Xi!a e a Deusa ecom a idBia de um ciclo +ue se re-ete eternamente tende a con9irmar esse

ind$cio( Numerosos sinais su*erem uma relação -articularmente -r2ima com a

!isão de mundo e  sistema &pa'( !-0+ sim<lico da ordem clerical do *rande

Pt) de maneira +ue se -ode ar*umentar +ue o desen!ol!imento indiano da io*a

 -ro!eio de M7n9is( Entretanto4 em !ista do 9alo de cada linha da literatura io*ue

e!idenciar uma -ro9undidade de discernimento -sicol*ico +ue su-era tudo o

+ue conhecemos diretamente do E*ito4 e em !ista tam<Bm do 9ato de não e2istir

e!id7ncia arcaica4 em nenhuma -arte a oeste do 'ndo4 de -ostura io*ue como a

das -e+uenas 9i*uras da+ueles sinetes4 seria mais sensato su-or de modo

e2-erimental4 -elo menos +ue a io*a sea nati!a da 1ndia4 e4 em

conse+7ncia4 trat)la como um terceiro elemento inde-endente(

Em hi-tese4 -odese su-or +ue a io*a se desen!ol!eu a -artir de tBcnicas

2amanistas locais -ara indu@ir ao transe e -ossessão( Pois4 como o Pro9(

Mircea Eliade demonstrou4 a -rodução de Vcalor internoV Jta#asK  -ela retenção

da res-iração B uma tBcnica am-lamente disseminada entre os -o!os -rimiti!os4!ia de re*ra associada ao dom$nio do 9o*o4 Vuma 9açanha de 9a+uir +ue de!e ser

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considerada o elemento mais arcaico e mais am-lamente disseminado da

tradição m)*ica( \(((] A 1ndia a<or$*ine4 entãoV4 como ele conclui4 V-ode ter

conhecido uma sBrie de tradiç.es imemor)!eis a res-eito dos meios de atin*ir o

calor m)*ico4 o 72tase ou a -ossessão di!inaV(/:=

s sinetes do 0ale do 'ndo4 nesse caso4 indicariam uma assimilação da

tradição io*ue ordem m$tica da anti*a 'dade do ron@e4 +uando alcançou o

0ale do 'ndo -or !olta de /5?? a(C( E as -assa*ens anteriormente citadas dos

U-ani2ades indica riam uma 9iliação similar de sua tBcnica icono*ra9ia dos

)rias !Bdicos( Com relação ao sistema indo4 o termo >ltimo de identi9icação teria

sido o deus lunar morrendo constantemente4 o o2*to do destino4 o sacri9$cio Jo

Rei Soma sacri9icadoK4 en+uanto no sistema )ria4 -elo contr)rio4 o termo >ltimo

de identi9icação era o  su*ito do destino4 o -oder 9lameante -elo +ual osacri9$cio B consumado( 'denti9icado com o -rimeiro4 o io*ue ou de!oto morre e

retorna Vmaneira de 9umaçaV4 continuando no circuito ao -asso +ue o

identi9icado com o >ltimo -assa -ara a es9era da eternidade -ela !ia da

identi9icação m$tica com o deussol +ue tudo consome4 com o deusraio ou com

o deus9o*o ou ainda com uma a<stração como 2rahman, o sueito -uro JātmanK

ou Jcon9orme o <udismoK a !acuidade(

Uma serie de -ontos de a-oio -ara um en2erto or*nico imediato dohemis9Brio do mito !Bdico !oltado -ara 9ora e do não !Bdico !oltado -ara dentro

  isto B4 a io*a 9oi su-rida -or numerosas di!indades e -rinc$-ios do -r-rio

sistema !Bdico4 e os <rmanes J+ue na+uele momento 9oram os mais criati!os e

 -ers-ica@es intBr-retes de mitos +ue o mundo ) conheceraK não demoraram em

 -erce<er a o-ortunidade(

deus !Bdico Sa!itri4 -or e2em-lo4 cele<rado no -rimeiro hino citado na

 -)*ina %884 +ue su*ere de muitas maneiras o sol4 B na !erdade um -oder alBm

do sol( Con9orme o Pro9( lden<er* a9irmou so<re esse deus e o sistema !Bdico

do +ual ele B atB hoe um s$m<olo im-ortante3 VComo o sol4 em si mesmo4 B a

s$ntese da -rinci-al 9orça m!el do uni!erso e4 assim4 controla +ual+uer outro

mo!imento4 Sa!itri naturalmente est) em uma relação muito -r2ima com ele4 e

h) uma tend7ncia a trans9erir -ara ele os atri<utos de uma di!indade solar(

Entretanto4 inter-retar o &pa'( !-1+ Sa!itri ori*inal e mesmo o Sa!itri ri*!Bdico

como um deussol B inter-retar mal a estrutura de todo esse com-le2o de idBias(

$# Mircea liade, /oga> (mmortalit$ and Oreedom (/an)heon -ooks, The -ollingen Series *B@, NovaYork, 1#6%, pp& ..<2..#&

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-onto essencial na conce-ção de Sa!itri não e a idBia do sol tam-ouco o B a

idBia do sol e2ercendo certa 9unção4 na medida em +ue estimula a !ida e o

mo!imento( Pelo contr)rio4 o -rinci-al a+ui B o -ensamento a<strato dessa

estimulação( Esse -ensamento 9ornece a estrutura +ue inclui todas as idBiasassociadas ao deusV(/::

nome Sa!itri4 como !imos4 -ro!Bm da rai@  s>4 Ve2citar4 incitar4

estimular e im-elirV e si*ni9ica4 se*undo um anti*o comentarista4 Vo estimulador

de tudoV(&?? Lemos num !erso diri*ido a ele3

Todas as coisas imortais re-ousam so<re ele4

Como so<re a e2tremidade do ei2o de uma carrua*em(&?%

E no!amente3

 No re*aço4 eternamente4 de Sa!itri4

Re-ousam o Deus4 os ha<itantes e todos os -o!os(&?/

Sa!itri con9ere tem-o de !ida ao homem4 imortalidade aos deuses as

)*uas e os !entos o<edecem a seu comando nenhum ser4 nem mesmo o maiordeus4 -ode resistir sua !ontade e ele B o senhor tanto do +ue se mo!e +uanto do

+ue -ermanece -arado( Com laços ele 9i2ou a terra3 ele 9irmou o cBu no es-aço

desancorado( E ele cum-re leis imut)!eis(&?&

Uma se*unda 9i*ura !Bdica +ue 9orneceu uma cone2ão com o outro

sistema 9oi o 9ero@ deus Rudra4 a +uem são dedicados a-enas tr7s hinos !Bdicos4

e cuo nome4 da rai@ rud 4  V*ritarV4 -arece si*ni9icar VUi!adorV( Ele 9oi

identi9icado em culto -osterior com o meditati!o Senhor das Feras J9i*ura %=K4

discutido acima como um -rotoXi!a( e-$teto Xi!a4 V Aus-iciosoV4 B uma

 -ala!ra snscrita e assim não -ode ter sido o nome da+uele deus em tem-os -rB

!Bdicos( Nos 0edas4 entretanto4 ele B diri*ido ao deus Rudra +ue4 em<ora

terr$!el e destruti!o4 B i*ualmente <enB!olo( Ele B chamado de touro e B o -ai de$## lden3erg, op% cit%& p& '&.77  Macdonell, 8edic M$tholog$& p& ., ci)ando Yfska (c&<772677 a&C&%= )am3Lm J& M"ir, Lriginal"ans+rit Te#ts& vol& B (TrV3ner and Co&, *ondres& 1<7%& p& 1'6, ci)ando Yfska& iru+ta 17&.1& C?&*akshman Sar"p, The Nighan)" and the iru+ta (H?ord niversi)y /ress, *ondres, 1#$1%, )rad"!oinglesa e no)as, p& 1'&.71 'g 8eda 1&.6&'&.7$ (!id%& 1&.6&6&.7. C?& Macdonell, 8edic M$tholog$& pp& .$2.6, para re?er9ncias do 'g 8eda%

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uma *rande hoste dourada de o!ens deuses masculinos4 os Maruts4 cua mãe era

uma !aca( Eles det7m o raio em suas mãos4 estão co<ertos de ricos ornamentos e

são tão am-los +uanto o cBu -or onde suas carrua*ens tro!eam4 derramando

chu!a(

Rudra4 Controlador do Raio4 o mais e2celente dos

 Nascidos4 *lorioso4 -oderoso dos -oderosos3

Le!anos com se*urança -ara a outra mar*em4

Para alBm da a9lição4 a9astando as ameaças da maldade(&?8

A terra do lado de l)4 -ara alBm do mal4 o -oderoso raio4 a hoste ui!ante4 o

touro e a !aca4 o car)ter 9ero@ e tam<Bm -rotetor e a ordem uni!ersal do deusRudra4 sem-re o!em4 são todos atri<utos do Xi!a dos tem-os -osteriores(

Entretanto4 o car)ter en9aticamente 9)lico de Xi!a não -ode ter ori*em em

+ual+uer ar*umento dos 0edas4 nem tam-ouco seu car)ter como mestre da io*a(

&pa'( !/)+

Do mesmo modo4 0isnu4 di!indade !Bdica de menor im-ortncia4 a +uem

são diri*idos a-enas meia d>@ia de hinos4 tornase em um culto -osterior uma

das mais ricas e mais so9isticadas di!indades do -anteão hindu( No -er$odo!Bdico4 como !encedor de demnios4 ele est) aliado a 'ndra e B cele<rado

 -articularmente -or seus tr7s lances dois deles são !is$!eis aos homens4 ao

 -asso +ue o >ltimo !ai alBm do !o dos -)ssaros( Com esse lances ele mensurou

Jisto B( trou2e e2ist7nciaK a terra4 o ar e o cBu( Ademais4 seu nome4 deri!ado da

rai@ vi s , Vestar ati!oV4 est) associado -elo sentido ao de Sa!itri( E assim4 mais

uma !e@4 -odemos !er -or +ue moti!os -ro9undos alBm de suas 9ormas

m$ticas -oeticamente re-resentadas os deuses !Bdicos se tornaram os

 -re9eridos como mani9estaç.es do oni-resente 2rahman da 9B nati!a(

A 0isnu +ue meu hino ins-irador lou!e(

Y+uele touro de -assadas lar*as +ue ha<ita a montanha4

"ue so@inho4 com tr7s lances a-enas4 mediu

Este imenso lu*ar de auntamento +ue se estende ao lon*e(

i +uem dera -oder ir -ara o seu caro dom$nio4

nde os de!otos aos deuses !i!em em del$cia3.7 'g 8eda @@&..&.

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Pois a+uele lu*ar4 su-remamente 9amiliar ao de -assos lar*os4

[ uma 9onte de am<rosia3 o lance su-remo de 0isnu(&?5

E4 9inalmente4 o deus Soma4 o sacri9$cio4 era outra 9i*ura !Bdicaa-ro-riada -ara ser ada-tada idBia de um SiPr-rio +ue se !erte em todas as

coisas( Fra*mentado4 -orBm !i!endo em tudo4 ele B consumido -or A*ni no

9o*o do altar( De modo an)lo*o4 +uando o alimento B comido4 o 9o*o do

estma*o o di*ere Jisto B4 Vo co@inhaVK( 9o*o no estma*o B A*ni( alimento4

 -ortanto4 B Soma( E +uando o indi!$duo morre4 ele -or sua !e@ se torna Soma

 -ois A*ni o consome na -ira 9uner)ria e nos !ermes( De maneira +ue todo este

mundo B um eterno sacri9$cio Soma3 imortalidade incessantemente derramada no

9o*o do tem-o(VTodas as coisas4 sacerdotesV4 disse uda em seu 9amoso Sermão do

Fo*o4 Vestão acesas( \(((] E com +ue estão ardendoI Com o 9o*o da -ai2ão4 di*o

eu4 o 9o*o do dio4 da en9atuação4 do nascimento4 d) !elhice4 da morte4 do

so9rimento4 da lamentação4 da misBria4 da a9lição e do deses-ero( \(((] E

 -erce<endo isso4 sacerdotes4 o no<re e iniciado disc$-ulo o reeita( \(((]V&?6

Mas não era esse o es-$rito da !isão !Bdicou-ani2)dica das chamas

dançantes( Ali se l73

4 mara!ilhoso^ 4 mara!ilhoso^ 4 mara!ilhoso^

Sou alimento^ Sou alimento^ Sou alimento^

Sou um comedor Jde alimentoK^ Sou um comedor Jde alimentoK^

Sou um comedor Jde alimentoK^

Sou um 9a@edor de 9ama^ Sou um 9a@edor de 9ama^

Sou um 9a@edor de 9ama^ &pa'( !/!+

Sou o -rimo*7nito da ordem do mundo JrtaK( 

Anterior aos deuses4 no um<i*o da imortalidade^

A+uele +ue me o9erece4 na !erdade me audou^

Eu4 +ue sou alimento4 como o comedor de alimento^

Eu con+uistei o mundo inteiro^

.76 'g 8eda @ &16&. e 6= seg"ndo Macdonell& A 8edic 'eader& pp, .. e .6&

.7' Mah*-8agga 1&$1&12$&

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sacerdotes4 o iniciado e no<re disc$-ulo *era uma a!ersão -elo olho4

*era uma a!ersão -elas 9ormas4 *era uma a!ersão -ela consci7ncia !isual4 *era

uma a!ersão -elas im-ress.es rece<idas -ela !ista( E +ual+uer +ue sea a

sensação4 a*rad)!el4 desa*rad)!el ou indi9erente4 ela sur*e na de-end7ncia deim-ress.es rece<idas -ela !ista4 -ela +ual ele tam<Bm *era uma a!ersão( Ele

*era uma a!ersão -elo ou!ido4 uma a!ersão -elos sons4 \(((] *era uma a!ersão

 -elo nari@4 *era uma a!ersão -elos odores4 \(((] *era uma a!ersão -ela l$n*ua4

*era uma a!ersão -elos sa<ores4 \(((] *era uma a!ersão -elo cor-o4 *era uma

a!ersão -or coisas tan*$!eis4 \(((] *era uma a!ersão -ela &pa'( !/#+ mente4 *era

uma a!ersão -or idBias4 *era uma a!ersão -ela consci7ncia mental4 *era uma

a!ersão -elas im-ress.es rece<idas -ela mente( E +ual+uer +ue sea a sensação4

a*rad)!el4 desa*rad)!el ou indi9erente4 ela sur*e na de-end7ncia de im-ress.es

rece<idas -ela mente4 -ela +ual ele tam<Bm *era uma a!ersão( E ao *erar essa

a!ersão4 ele se toma des-oado de -ai2ão e -ela aus7ncia de -ai2ão4 ele se torna

li!re e +uando ele est) li!re4 ele toma consci7ncia de +ue est) li!re4 e ele sa<e

+ue o renascer se es*otou4 +ue ele !i!eu a !ida sa*rada4 +ue ele 9e@ o +ue lhe

cou<e 9a@er e +ue não é mais -ara este mundo( &?:

A intro!ersão B4 em conse+7ncia4 o mBtodo -elo +ual se o<tBm ase*urança a<soluta entretanto4 não B !erdade +ue o o<eti!o ori*inal da io*a

9osse orientar o s)<io4 atra!Bs desse mBtodo4 -ara a li<ertação dos

renascimentos( A io*a não B intrinsecamente4 nem necessariamente4 nem mesmo

usualmente4 associada com a ne*ação( 9ato de +ue as -rimeiras escrituras

conhecidas4 nas +uais a io*a B analisada4 a descre!am como disci-lina de

des-oamento4 não nos -ermite a9irmar +ue as 9i*uras nos sinetes do 0ale do

'ndo 9ossem em seu tem-o associadas a +ual+uer ideal semelhante( Na !erdade4

ale hoe4 no conceito -o-ular a io*a B am-lamente associada antes com a

a+uisição de V-oderesV J siddhiK do +ue com a 9açanha de uma sa$da da arena do

mundo4 e esses -oderes atra!Bs dos +uais os o<st)culos concretos do mundo são

ma*icamente su-erados são oito3 %( o -oder de tornarse -e+ueno ou in!is$!el /(

o -oder de che*ar a um tamanho enorme e alcançar atB o o<eto mais distante

 -or e2em-lo4 a lua4 com a -onta de um dedo &( o -oder de tornarse le!e e4

assim4 andar no ar4 andar so<re as )*uas 8( o -oder de tornarse tão -esado

.7#  Mah*-8agga 1&$1&$2= )rad"!o de ;enry Clarke +arren, Buddhism in translations& ;arvardrien)al Series, vol& @@@ (;arvard niversi)y /ress, Cam3ridge, Massach"se))s, 1#'%& pp& .6$2.6.&

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 -alha a aumentar o 9o*o +ue a -essoa de!eria se es9orçar com @elo -or e2tin*uir(

caso +ue !ou contar B so<re um *rande s)<io4 de nome Sau<hari +ue4

como iodos os *randes s)<ios da 1ndia4 era iniciado nos 0edas e dedicado

a-enas !irtude su-rema( Por isso4 ele tinha -assado anos imerso na )*ua4 lon*edo mundo dos homens4 Não ha!ia nenhum homem4 rei4 mulher ou inimi*o +ue

conse*uisse tra@7lo de !olta a este mundo ilusrio4 mas a-enas certo -ei2e de

consider)!el tamanho4 +ue ha<ita!a as mesmas )*uas do santo(

Com sua numerosa -ro*7nie de 9ilhos e netos !olta4 o -ei2e !i!ia muito

9eli@ entre eles4 <rincando com eles dia e noite( E Sau<hari4 o s)<io4 ao ser

 -ertur<ado em sua concentração -elos res-in*os4 -erce<eu a 9elicidade -atriarcal

do monarca do la*o e -ermitiuse -ensar3 V"ue in!e)!el B esta criatura +ue4

em<ora nascida em tão modesta situação4 <rinca ale*remente com seus 9ilhos enetos^ Ele des-erta em minha mente o deseo de -artici-ar de tal -ra@er4

di!ertindome assim com meus 9ilhosV( E4 decidido4 Sau<hari saiu da )*ua e 9oi

atB o -al)cio de um -oderoso rei chamado Mandhatri4 -edir em casamento uma

de suas 9ilhas(

rei4 in9ormado da che*ada do santo4 le!antouse do trono -ara o9erecer

lhe a hos-italidade usual4 tratandoo com -ro9undo res-eito4 e Sau<hari então

disse ao rei3 VDecidime4 Rei4 a casar( Concedeime4 -ortanto4 uma de !ossas9ilhas( Não B   -r)tica dos -r$nci-es de !ossa linha*em recusar os deseos

da+ueles +ue !em a eles em <usca de auda e sei4 -or isso4 +ue não me

desa-ontareis( utros reis !i!em na terra4 a +uem 9oram concedidas 9ilhas4 mas

!ossa 9am$lia B4 acima de todas4 reconhecida -ela sua *enerosidade( Tendes

cin+enta 9ilhas( Concedeime a-enas umaV(

E o rei4 considerando a -essoa do s)<io4 en9ra+uecido -ela austeridade e

idade a!ançada4 sentiuse dis-osto a recusar mas temendo -ro!ocar a ira e a

im-recação do santo homem4 9icou -er-le2o e4 <ai2ando a ca<eça4 -ermaneceu

a<sorto -or um momento em seus -r-rios -ensamentos(

Em se*uida4 o s)<io4 o<ser!ando sua hesitação4 disse3 VSo<re o +u74

Ra)7 &pa'( !/5+ meditaisI +ue 9oi +ue -edi +ue não -ossa ser -rontamente

concedidoI Ademais4 se eu 9icar satis9eito com a 9ilha +ue ora de!eis me dar4

nada ha!er) no mundo +ue -ossais desear sem conse*uirV(

Mas o rei4 com muito medo de desa*rad)lo4 res-ondeulhe3 VRes-eit)!el

senhor4 B costume desta casa +ue nossas 9ilhas escolham4 elas mesmas4 entre os -retendentes de -osição a-ro-riada4 e como seu -edido ainda não B conhecido

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de minhas 9ilhas4 não -osso di@er se ele ser) tão <em!indo a elas +uanto o B  a

mim( Essa B a ra@ão de minha re9le2ão não sei o +ue 9a@erV(

s)<io com-reendeu( V'ssoV4 ele -ensou( VB um mero arti9$cio do rei -ara

es+ui!arse de mim( Ele !7 +ue sou !elho4 não tenho atrati!os -ara as mulherese -ro!a!elmente não serei escolhido -or nenhuma de suas 9ilhas( em4 assim

sea^ A*irei da mesma 9orma +ue ele(V E disse3 V) +ue esse4 Maestade4 B o

costume de !ossa casa4 ordenai +ue eu sea condu@ido ao harBm( Se al*uma de

!ossas 9ilhas +uiser tomarme como es-oso4 eu a tomarei como es-osa4 e se

nenhuma +uiser4 dei2emos +ue a cul-a recaia so<re os anos +ue tenho e a-enas

so<re elesV(

Mandhatri4 com muito temor dele4 9oi assim o<ri*ado a ordenar +ue o

eunuco o condu@isse aos a-osentos interiores4 onde o s)<io4 en+uanto osadentra!a4 assumiu uma 9orma de tal <ele@a +ue de lon*e e2cedia a de +ual+uer

mortal4 e atB mesmo os encantos dos seres celestiais( E o eunuco disse3 V0osso

 -ai manda!os este s)<io de!oto4 o!ens damas4 +ue !eio a ele em <usca de uma

noi!a( E o rei -rometeulhe +ue não lhe recusar) nenhuma +ue o escolher -ara

maridoV( As o!ens4 ao !7lo e ou!ir tal -roclamação4 9icaram imediatamente

tomadas de deseo e4 como uma manada de 97meas ele9antes dis-utando os

9a!ores de seu dono4 al!oroçaramse e em-urraramse mutuamente3 VFora4 irmã49ora^V VEle B meu escolhido(V VEle B meu(V VEle não B -ara ti(V VEle 9oi criado

 -or rahma -ara mim e eu -ara ele(V VFui eu +uem o !iu -rimeiro(V VTu não

 -odes colocarte entre ns(V De maneira +ue sur*iu uma !iolenta contenda e

en+uanto o VinocenteV s)<io era dis-utado -elas -rincesas aos *ritos4 o eunuco

retornou ao rei e com a ca<eça <ai2a relatoulhe a ri2a( rei 9icou sur-reso( V

+ue^V e2clamou( VNão B -oss$!el^ +ue de!o 9a@er a*oraI +ue B +ue eu 9ui

 -rometerIV E -ara cum-rir com sua -romessa ele teria +ue conceder ao !elho

!isitante as cin+enta(

E assim4 de-ois de des-osar le*almente as cin+enta 9ilhas do rei4 o s)<io

9oi com elas -ara sua Floresta4 onde 9e@ o mestre artesão dos deuses4 o -r-rio

0ish!aOarman4 construirlhe cin+enta -al)cios4 um -ara cada uma de suas

es-osas4 -ro!endo cada um com lu2uosos leitos4 ele*antes -oltronas e outros

m!eis4 ardins4 a*rad)!eis ar!oredos e reser!atrios d)*ua4 onde o -ato

sel!a*em e outras a!es a+u)ticas -odiam <rincar entre os ltus( E 9inalmente4

em cada um ha!ia uma des-ensa e um tesouro ines*ot)!eis -ara +ue as -rincesas -udessem entreter seus hs-edes e criadas com suas <e<idas -re9eridas

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Eu os !erei casados e com 9ilhos( E de-ois !erei os 9ilhos desses 9ilhos(V

Ele -erce<eu4 entretanto4 +ue a cada dia suas e2-ectati!as su-era!am o

transcorrer do tem-o de maneira +ue4 -or 9im4 -ensou3 V"ue louco^ Não h) 9im

 -ara meus deseos( Mesmo +ue em de@ mil anos ou cem mil anos4 tudo o +uedeseo se reali@asse4 ha!eria ainda no!os deseos sur*indo em minha mente( Pois

a*ora ) !i meus 9ilhos caminharem4 assisti a sua u!entude4 maturidade4

casamentos e -ro*7nie4 e no entanto as e2-ectati!as continuam sur*indo e minha

alma anseia -or !er a -ro*7nie de sua -ro*7nie( Assim +ue a !ir4 um no!o

deseo sur*ir) e +uando se reali@ar4 como -osso -re!enir o sur*imento de ainda

outros deseosI Finalmente desco<ri +ue não h) 9im -ara a es-erança a não ser

com a morte e +ue a mente -er-etuamente ocu-ada com e2-ectati!as não -ode

unirse ao es-$rito su-remo( Minhas de!oç.es4 +uando !i!ia imerso na )*ua49oram interrom-idas -elo en!ol!imento com meu ami*o -ei2e( resultado

dessa relação 9oi meu casamento e o resultado de minha !ida de casado o deseo

insaci)!el( \(((] A se-aração do mundo e >nico caminho do s)<io &pa'( !/-+

 -ara a li<ertação 9inal da relação com o mundo -odem sur*ir a-enas

inumer)!eis erros( A*ora4 -ortanto4 de!o em-enharme na sal!ação de minha

almaV(

E tendo assim dialo*ado consi*o mesmo4 Sau<hari dei2ou os 9ilhos4 acasa com todo seu es-lendor e4 acom-anhado de suas es-osas4 9oi !i!er na

9loresta4 onde diariamente -ratica!a as o<ser!ncias -rescritas aos che9es de

9am$lia4 atB ter a<andonado todos os a-e*os( Então4 +uando sua inteli*7ncia

atin*iu a maturidade4 concentrou em seu es-$rito os 9o*os sa*rados e se tornou

um mendicante de!oto( De-ois disso4 dedicando todos seus atos ao su-remo4 ele

alcançou a condição de Firme@a Jac!utaK  Vnão *oteante4 não !a@ante4 não

 -erec$!elVK4 +ue não conhece nenhuma mudança E não est) sueita s

!icissitudes de nascimento4 transmi*ração e morte(&%/

A moral B o<!iamente +ue -ara o !erdadeiro indiano o mundo não <asta

  mesmo o melhor +ue h) no mundo4 mesmo alBm do melhor( Seu o<eti!o

su-remo4 -ortanto4 est) alBm deste mundo( E no entanto4 as criaturas e os 9eitos

do mundo t7m -ara ele certos 9asc$nios4 +ue se a-ossam de suas 9aculdades em

9orma de ciladas( A 9loresta4 -or isso4 B   o -rimeiro re9>*io de seu coração

anelante( Mas mesmo a 9loresta mostra seus encantos( Conse+entemente4 as

.1$  Bisn" /"rana &$2.= )rad"!o 3aseada em ;&;& +ilson, The 8ishnu /"rfna (The rien)alTransla)ion F"nd o? Grea) -ri)ain and @reland, *ondres, 17%, pp .'.2.'&

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 -ortas dos -r-rios sentidos t7m +ue ser 9echadas( Contudo4 no interior4 tam<Bm

a res-iração d) -ra@er( E mais 9undo no interiorI Si*amos4 -ortanto4 o io*ue em

sua <usca da chama(

VIII( O CAMIN8O DA :UMA2A

Em -rimeiro lu*ar4 -ara entender de +ue mar de l)*rimas o s)<io indiano

desea li<ertarse4 !amos considerar de 9orma um -ouco detalhada uma das

!)rias !ers.es indianas do mito arcaico matematicamente estruturado do ciclo

do eterno retorno( 0amos escolher4 -or sua clare@a4 o ciclo4 do mundo dos ainas

+ue4 a-esar de hoe constitu$rem uma comunidade -e+uena4 9oram no -assado

numerosos e de *rande in9lu7ncia( Seu mestre mais 9amoso4 Maha!ira4 +uemorreu -or !olta de 8=5 a(#4 9oi contem-orneo e 9ormid)!el ri!al do uda(

Am<os eram naturais da+uela re*ião do <ai2o #an*es4 ao sul de enares4 +ue

chamamos a Terra Santa cl)ssica dos s)<ios da 9loresta( Am<os eram de

ascend7ncia 2)tria4 não <rmane4 e de-ois de se casarem dei2aram o mundo -ara

se tornarem sal!adores errantes de con*re*aç.es ascBticas de disc$-ulos( E

am<os -re*aram doutrinas de li<ertação Jmok  saK do deseo  JkāmaK e da morte

JmāraK , -or meio de um sistema -ro*ressi!o de !otos( Entretanto4 en+uanto a douda era em todos os sentidos uma 0ia do Meio4 a de Maha!ira não -oderia ser

mais e2tremada( Ela continha todos os traços de uma noção arcaica e dualista

+ue o-unha radicalmente matBria e es-$rito4 a!ersão e2trema a mescla dos dois

 -rinc$-ios no or*anismo do uni!erso4 !ontade ine2or)!el de desem<araçar o

es-$rito imortal do !rtice e4 no entanto4 e2traordin)ria sua!idade -ara com

todas as coisas4 +uais+uer +ue 9ossem4 ) +ue todas J-aus4 -edras4 ar4 )*ua e tudo

maisK eram es-$ritos !i!os enredados -or sua -r-ria !ontade mal direcionada

na in>til e cruel roda do renascimento no !rtice em eterno *irar deste mundo de

dor( &pa'( !//+

uda -re*a!a uma no!a doutrina Maha!ira4 -re*a!a uma +ue em seu

tem-o ) era !elha( Seus -ais ) tinham sido ainas4 se*uidores da doutrina de um

sal!ador anterior4 o Senhor Parsh!a4 cuo animals$m<olo era a ser-ente

 -or+ue4 no momento de alcançar a -er9eição4 a<solutamente nu JV!estido de

cBuV digam2araK  na -ostura ereta conhecida como Vreeitando o cor-oV

Jkā!otsargaK , de-ois de ter arrancado com as -r-rias mãos todos os 9ios deca<elo e cortado -ela rai@ todos os im-ulsos de !ida4 ele 9oi atacado -or um

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demnio4 mas -rote*ido de cada lado -or um imenso -ar de ser-entes csmicas(

demnio4 cuo nome era Me*hamalin JVEnco<erto -or nu!emVK4 ha!ia

en!iado contra o santo a<sorto em si mesmo ti*res4 ele9antes e escor-i.es +ue4

+uando in!adiram a es9era de sua -resença im!el4 se retiraram desconcertados(Então4 uma escuridão densa e terr$!el 9oi in!ocada( 0eio um ciclone( Ár!ores4

des-edaçandose4 arremessa!amse no ar( Picos des-encaram( A terra4 com um

ru*ido4 a<riuse e a chu!a caiu4 tornandose uma torrente( Mas a 9i*ura do santo

 -ermaneceu im!el( monstro4 irado4 tornouse hediondo3 a cara ne*ra e a <oca

!omitando 9o*o( Com uma *rinalda de ca!eiras4 ele -arecia a+uele deus da

morte4 Mara4 +ue atacou o uda em situação semelhante( Mas +uando !eio

cBlere4 <rilhando na noite4 *ritando VMatem^ Matem^V4 o Senhor Parsh!a

 -ermaneceu4 como sem-re4 a<solutamente im!el( reiser-ente4 +ue !i!e de<ai2o da terra4 cuas muitas ca<eças com

ca-elos su-ortam a su-er9$cie da terra4 emer*iu então4 acom-anhado de sua

rainha4 a deusa Xri LaOsm +ue4 como ele4 tinha 9orma de ser-ente( As duas

co<ras 9i@eram mesuras diante do Senhor4 +ue não tomou conhecimento da

che*ada delas e4 -ostandose a seu lado4 a<riram seus ca-elos so<re ele( Em

se*uida4 o demnio4 aterrori@ado -ela ma*nitude das ser-entes4 montou em sua

carrua*em e 9u*iu( Elas então4 cur!andose mais uma !e@ diante do Senhor4retornaram -ara sua morada(

A cena su*ere a do sinete do 0ale do 'ndo com as duas ser-entes J9i*ura

%:K e -ode ha!er mesmo uma relação( Pois o Senhor Parsh!a4 cuas datas 9oram

estimadas entre =,/ e ,,/ a(C(4&%& não 9oi o -rimeiro sal!ador dos ainistas4 mas

  se*undo a tradição aina o !i*Bsimoterceiro( E se hou!e de 9ato !inte e

dois antes dele4 ou mesmo a-enas um +uarto desse total4 a descend7ncia -oderia

9acilmente ter -ro!indo do -er$odo da+ueles sinetes( Entretanto4 o estilo aina de

c)lculo matem)tico não nos -ermite con9iar na e2atidão dos c)lculos( Pois4

se*undo uma lenda aina4 Arishtanemi4 o sal!ador anterior a Parsh!a4 antecedeu

o =8(??? anos4 o +ue o situa no -er$odo do Homem de Neandertal( Nami4 o

!i*Bsimo-rimeiro4 B datado -or !olta de %&8 ??? a(C( e Su!rata4 o !i*Bsimo4

 -or !olta de % /&8 ??? a(C( ou sea4 uns <ons =??(??? anos antes do

Pitencantro-o ereto( Com sal!adores ainda antes disso4 ultra-assamos atB

mesmo as eras *eol*icas e tornase claro +ue4 como no caso dos reis

meso-otmicos e dos -atriarcas <$<licos anteriores ao Dil>!io4 a conta*em B.1. immer, Philosophies of (ndia& p= 1.&

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9eita em termos m$ticos e não histricos(

 Na ima*em csmica dos ainas a ordem do tem-o B re-resentada -or uma

roda de seis raios descendentes Javasar#inī K e outros seis ascendente Jutsar#inī K.

Ao lon*o dos descendentes onde a e2tensa era dos !inte e +uatro sal!adoresdo mundo &pa'( !/0+ se situa no +uarto raio4 e a nossa -r-ria era Jse*uindose

morte de Maha!iraK no +uinto o <em d) lu*ar ao mal mas -or outro lado4

durante as su<se+entes eras ascendentes4 o mal d) lu*ar ao <em e o mundo

inteiro !oltase ine!ita!elmente -ara a !irtude(

 No começo do -rimeiro -er$odo descendente4 as -essoas atin*iram a

estatura de :(6?? metros4 tinham /56 costelas e nasciam *7meas4 sem-re um

menino e uma menina4 +ue se torna!am marido e mulher e !i!iam -or tr7s

 #al!as tr7s V-er$odos de incont)!eis anosV( De@ )r!ores miraculosas satis9a@iamtodos os deseos3 uma re-leta de 9rutas deliciosas4 outra com 9olhas +ue ser!iam

como -otes e -anelas4 en+uanto as 9olhas de uma terceira -rodu@iam

continuamente m>sica sua!e( Uma +uarta <rilha!a noite com lu@ 9orte e uma

+uinta com o 9ul*or de muitas -e+uenas lm-adas( As 9lores da se2ta não eram

a-enas ma*n$9icas4 mas im-re*na!am o ar de -er9ume encantador e a sBtima

concedia alimento4 tanto de *rande <ele@a +uanto de muitos sa<ores deliciosos(

A oita!a -rodu@ia ias( A nona era um -al)cio de muitos andares e a casca dadBcima 9ornecia rou-as( A terra então era doce como o aç>car as )*uas eram

!inhos deliciosos( E +uando cada casal4 em seu de!ido tem-o4 da!a lu@ um -ar

de *7meos4 os mais !elhos4 de-ois de um -er$odo de sete !e@es sete dias4

 -assa!am diretamente -ara as re*i.es dos deuses4 sem nem mesmo terem ou!ido

9alar de reli*ião(

Essa era4 conhecida como E2trema Felicidade J susama+susamaK , durou8??(???(???(???(??? de oceanos de anos∗ e deu lu*ar +ue B conhecida como

Felicidade J susamaK  +ual4 como o nome su*ere4 ca<ia e2atamente a metade da

!entura da -rimeira( As )r!ores miraculosas4 a terra e as )*uas tinham a-enas

metade da a<undncia de antes( s homens e as mulheres tinham a-enas 6(8??

metros de altura4 a-enas %/= costelas4 !i!iam a-enas -or dois -er$odos de anos

incont)!eis e -assa!am -ara o mundo dos deuses +uando seus 9ilhos *7meos

tinham a-enas 68 dias( Essa era durou &??(???(???(???(??? de oceanos de anos4

declinando *radual mas ine!ita!elmente atB o est)*io chamado Felicidade e

 R m >oceano de anos> consis)e de 177&777&777 vezes 177&777&777  pal$as& sendo o pal$a "m per4odode incon)Qveis anos&

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Des*raça J susama+duhsamaK , +uando a ale*ria se misturou ao -esar( s *7meos

a*ora tinham &(/?? metros de altura4 68 costelas e !i!iam a-enas um -er$odo de

incont)!eis anos( AlBm disso4 as )r!ores miraculosas tinhamse tornado tão

9ru*ais em sua -ro!isão +ue as -essoas começaram a rei!indic)las como -ro-riedades indi!iduais e4 assim4 sur*iu a necessidade de um *o!erno( Por isso4

9oi indicado um le*islador de nome 0imala!ahana4 e o >ltimo -atriarca de sua

lon*a descend7ncia4 Na<hi4 9oi o -ai do -rimeiro Sal!ador aina4 Risha<hanatha(

Pois ha!ia necessidade não a-enas de um *o!erno4 mas tam<Bm de um *uia

li<ertador desse c$rculo a*ora -esaroso(&%8

Risha<hanatha4 cuo nome si*ni9ica o VSenhor JnāthaK  Touro Jrsa2haK ,

nasceu em Aodha4 a ca-ital de seu res-eit)!el -ai4 *o@ou en+uanto o!em

 -r$nci-e dos -ra@eres da corte -or %(???(??? de !e@es /(???(??? de anos e+uando se tornou rei4 &pa'( !/1+  -erce<endo +ue as -ro!is.es das )r!ores

miraculosas em <re!e se tomariam insu9icientes4 ensinou4 durante os %(???(???

de !e@es 6(&??(??? anos de seu reinado4 as ,/ ci7ncias4 das +uais a -rimeira4

di@se4 e a escrita4 a aritmBtica a mais im-ortante e a ci7ncia da adi!inhação a

>ltima ,  e  tam<Bm %?? artes -r)ticas4 & ocu-aç.es masculinas e 68 -er$cias

9emininas( Ele te!e %?? 9ilhos4 a cada um deles deu um reino e4 então4 !oltando

se -ara sua o<ra >ltima4 renunciou ao mundo4 entre*ouse -r)tica deausteridades -or %(??? !e@es %(???(??? de anos e4 9inalmente4 atin*indo a

iluminação so< uma 9i*ueirade<en*ala no -ar+ue conhecido como Cara Sua

J sakat amukha)  -erto da cidade de Purimatala4 -re*ou aos =8 disc$-ulos

 -rinci-ais -elos ::(??? !e@es %(???(??? de anos restantes de sua !ida4 !iu o

crescimento de uma ordem de =8(??? mon*es4 &??(??? monas e =5:(???

disc$-ulos lei*os J&?5(??? do se2o masculino e 558(??? do se2o 9emininoK e

 -artiu4 9inalmente4 -ara o -ico do Monte ct-ode Ja st a#adaK onde4 de-ois de

um ciclo com-leto de =(8??(??? !e@es %(???(??? de anos4 seu cor-o dourado 9oi

dei2ado cair -or sua mnada( e2atamente tr7s anos4 oito meses e meio antes do

9inal do -er$odo Felicidade e Des*raça do mundo e in$cio do Des*raça e

Felicidade (duhsama+susamā).

Pois com a +uarta era do ciclo descendente4 os as-ectos desa*rad)!eis da

e2ist7ncia começaram a -re-onderar so<re os a*rad)!eis e essa situação -iorou

.1  C? % Mrs& Sinclair S)evenson, The .eart of 1ainism (H?ord niversi)y /ress& *ondres, 1#16%, pp&

$<$2$<= ;ermann J"co3i, ar)igo >Jainism>, in ;as)ings (ed&%, op% cit%& vol& B@@, p& ''= immer&Philosophies of (ndia& pp& 1$21.= ;elm")h von Glasenapp, Der 1ainismus (0l? ;ager Berlag, -erlim,1#$6%, p& $ e ss&= 0& G"Lrino), 0a religion d<aina (/a"l Ge")hner, /aris, 1#$'%, pp& 17211&

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com o -assar de cada milhão de anos( A era anterior tinha durado

/??(???(???(???(??? de oceanos de anos essa iria durar a-enas

%??(???(???(???(??? de oceanos de anos4 menos 8/(??? anos comuns( E

en+uanto as -essoas no in$cio do -er$odo tinham :?? metros de altura4 &/costelas e !i!iam -or %?(???(???(??? de anos4 no 9inal Jdatado -recisamente em

5// a(CK4 elas não tinham mais de /4=5 metros de altura e !i!iam não mais +ue

um miser)!el sBculo( A reli*ião aina4 entretanto4 9oi durante esse tem-o

re-etidamente reno!ada -ara sua sal!ação -ela lon*a sBrie de !inte e +uatro

Sal!adores do Mundo ou VAutores JtrthanOarasK da tra!essia do rioV4 o >ltimo

dos +uais morreu tr7s anos4 oito meses e meio antes do começo da +uinta era

descendente4 +ue B a nossa -r-ria4 +uando o caminho da li<ertação se 9echa

*radualmente a reli*ião dos ainas lo*o desa-arecer) e não ha!er) maistrthanOaras -ara -re*ar a uma humanidade em deterioração ) a<ai2o do n$!el

da ca-acidade necess)ria -ara a reali@ação(

Esta B a era conhecida como Des*raça JduhsamaK. E a-esar de4 -ara certos

estran*eiros e a<or$*ines4 -arecer tratarse de um -er$odo de mudanças

aus-iciosas e de a<ertura de hori@ontes4 -ara os s)<ios J+ue se dedicaram mais

leitura dos te2tos sa*rados do +ue ao 9>til a-rendi@ado do mundo e +ue4

 -ortanto4 sa<em não a-enas +ue coisa mara!ilhosa era a !ida h) milh.es deoceanos de anos atr)s4 mas tam<Bm +ue mesmo a+uele estado de *raça4 -reso

roda da ilusão4 B in9initamente ultra-assado no estado incondicional do nir!anaK

este mundo com toda sua es-alha9atosa *lria de meras )r!ores !is$!eis4

montanhas4 oceanos4 estrelas e *al)2ias +ue causam estu-e9ação B4 de 9ato4 um

miser)!el !ale de l)*rimas( Pois4 !eam^ s homens mais altos tem a-enas &4/?

metros de altura e suas !idas não duram mais +ue %/5 anos( As -essoas t7m

a-enas %6 costelas4 são e*o$stas4 inustas4 !iolentas4 lu2uriosas4 or*ulhosas e

a!aras( A era de!e durar /%(??? anos e antes de seu tBrmino o >ltimo &pa'( !0)+

mon*e aina4 +ue sem chamado Du--asahasuri4 a >ltima mona aina4

Phal*ushri4 o >ltimo lei*o aina4 Na*ila4 e a >ltima mulher lei*a4 Satashri4

morrerão não iluminados e então começar) a >ltima era descendente4 +ue ser)

conhecida corno E2trema Des*raça Jduhsama+duhsamaK.

A !ida mais lon*a ser) então de /? anos4 a maior estatura ser) de 85  cm e

o n>mero de costelas ser) a-enas =( s dias serão terri!elmente +uentes4 as

noites *eladas4 ha!er) a<undncia de doenças e a castidade desa-arecer)(Tem-estades !arrerão a terra e aumentarão medida +ue o -er$odo a!ançar( No

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9inal4 toda a !ida humana e animal4 <em como todas as sementes de -lantas4

terão +ue <uscar a<ri*o no #an*es4 nas ca!ernas e no mar(

ciclo descendente de seis eras terminar) e o ascendente Jutsar#inī K ter)

in$cio +uando a tem-estade e a de!astação ti!erem atin*ido um n$!elinsu-ort)!el( Então4 cho!er) -or sete dias sete di9erentes ti-os de chu!a cairão

o solo se reno!ar) e as sementes começarão a crescer( Essa melhora ter) in$cio

durante a +uin@ena escura da lua no m7s de  sharavana Julhoa*ostoK( As

horr$!eis criaturas anãs da terra )rida sairão de suas ca!ernas e4 muito

lentamente4 tornarse) -erce-t$!el uma -e+uena melhora em seus costumes4

sa>de4 estatura e <ele@a atB +ue4 com o tem-o4 elas estarão !i!endo em um

mundo tal como o +ue conhecemos hoe( Um sal!ador chamado Padmanatha

JVSenhor LtusVK nascer) -ara anunciar no!amente a reli*ião dos ainas aestatura da es-Bcie humana a-ro2imarse) no!amente do su-erlati!o e a <ele@a

do homem su-erar) o es-lendor do sol( Por 9im4 a terra tornarse) doce e as

)*uas trans9ormarseão em !inho4 as )r!ores miraculosas -rodu@irão

a<undncia de -ra@eres a uma -o-ulação a<ençoada de *7meos -er9eitamente

casados4 e a 9elicidade dessa comunidade no!amente se du-licar) e a roda4

atra!Bs de de@ milh.es de de@ milh.es de cem milh.es de cem milh.es de

 -er$odos de anos incont)!eis4 atin*ir) o -onto do in$cio da re!oluçãodescendente4 +ue no!amente le!ar) e2tinção da reli*ião eterna e ao crescente

tumulto da licenciosidade da *uerra e dos !entos -estilentos(

A mais anti*a mitolo*ia em +ue se re*istra tal ciclo de idades do mundo

9oi encontrada na anti*a Meso-otmia onde4 entretanto4 não a-arece nenhum

sinal de racionali@ação sistem)tica de a!ersão ao mundo como nessa mitolo*ia

dos ainas( Tam-ouco tenho conhecimento de +ual+uer conceito meso-otmico

anti*o so<re o 9ormato do uni!erso +ue corres-onda ao dos ainas +ue B de

uma 9orma humana colossal4 normalmente 9eminina4 com a su-er9$cie da terra

altura da cintura sete in9ernos a<ai2o4 na ca!idade -Bl!ica4 -ernas e -Bs4

estrati9icados como na !isão de Dante cator@e andares celestiais acima4 na

ca!idade tor)2ica e nos om<ros4 -escoço e ca<eça en+uanto -airando no alto na 9orma de um *uardasol de ouro <ranco <rilhante de %8(/&?(/5? !o*anas∗  :JM 

de circun9er7ncia4 =  !o*anas de es-essura no centro4 a9inando na direção das

e2tremidades atB che*ar tenuidade de uma asa de mos+uito h) um lu*ar de

 R /o<ana : "ma medida e"ivalen)e a km, ', km, km, 1, km o" $, km&.16 C?& Monier2+illiams, op% cit &, p& $.&

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 -er9eição -ura chamado VLe!emente 'nclinadoV &pa'( !0!+ Ji sat+#rāg2hāra),

 -ara o +ual o es-$rito li<erto ascende +uando o >ltimo !est$*io de a-e*o4 mesmo

celestial4 9oi +ueimado -ela -r)tica da io*a(

 Na su-er9$cie ao n$!el da cintura4 uma serie de continentes circulares4ordenados como os anBis de um al!o com oceanos intercalados4 estaria

circundando uma montanha a2ial3 o Monte Meru( continente circular da

Macieira Rosa B o central( Tem dois sis e duas luas e em seu e2tremo sul est) a

$ndia( E cercado -elo ceano Sal*ado4 +ue tem +uatro sis e +uatro luas(

se*uinte e o continente do Sal*ueiro P>r-ura4 com do@e sis e luas4 cercado -elo

ceano Ne*ro4 com +uarenta e dois sis e luas4 C$rculo do Ltus4 +ue B o

se*uinte4 tem setenta e dois -ares de astros e B o ultimo continente ha<itado -elo

homem( AlBm dele 9ica o ceano do Ltus e de-ois4 em sBries +ue !ão see2-andindo4 o C$rculo do Deus 0aruna e o ceano de 0aruna4 o C$rculo L)cteo

e o ceano L)cteo4 o C$rculo da Mantei*a Clari9icada e ceano da Mantei*a

Clari9icada4 o C$rculo da CanadeAç>car e ceano da CanadeAç>car4

 -assando -or muitos outros atB4 9inalmente4 che*ar Terra da Ale*ria de Ser Si

Mesmo e4 alBm4 o ceano da Ale*ria de Ser SiMesmo4 +ue tem o dimetro de

uma in9initude Jra**uK e -reenche a e2tensão da cintura do ser csmico(

Mas este *rande ser não tem !ontade4 ale*ria4 nem -oder na !erdade4nenhuma ess7ncia -r-ria -ois ele B a-enas uma ma*nitude da matBria Ja+*īvaK

cua 9orma 9oi so-rada4 -or assim di@er4 -ela 9orça e !italidade de um n>mero

in9inito de mnadas iludidas J *īvasK ,  -ululando como !ermes atra!Bs de cada

 -art$cula de sua su<stncia *eralmente inerte( Presas e circulando -elos !astos

r*ãos e mem<ros4 elas !estem e des-em as 9ormas das !)rias ordens +ue

conhecemos como !ida4 a-arentemente nascendo4 a-arentemente morrendo4

 -orBm4 de 9alo4 a-enas transmi*rando de um estado a outro em um c$rculo

ine2or)!el e lament)!el( E essas numerosas ordens de a-ar7ncia4 muito

di9erentes entre si4 são classi9icadas -elos ainistas com min>cia em um sistema

sur-reendente de cate*orias -sicolo*icamente -ro*ressi!as4 um -ouco tediosa de

se analisar4 mas com conse+7ncias não a-ertas -ara o ainismo4 mas tam<Bm

 -ara o <udismo4 o hindu$smo4 todo o riente atin*ido -elo -ensamento <udista4

o @oroastrismo e mesmo Dante( Como uma ima*em de la condition humain,

alBm do mais4 ele B tão desolador e <i@arro +uanto +ual+uer coisa +ue a mente

insana do homem 9or ca-a@ de conce<er( Na altura da cintura do *rande ser csmico4 onde a -assa*em do tem-o B

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marcada -elo ciclo do eterno retorno dos do@e est)*ios ) !istos4 as encarnaç.es

 -elas +uais todos ns -assamos muitas !e@es e continuamos a -assar são as

se*uintes3

I( EBa=Baes te==eBas"

%( numerosas !ariedades de -art$culas de -

/( areia4 sei2os4 -edre*ulhos e rochas

&( os !)rios metais

8( as !)rias -edras -reciosas

5( ar*ila4 en2o9re e os !)rios sais Jtalco4 alume4 rosal*ar4 salitre4 sdio4

 -i*mento4 cin)<rio etc(K &pa'( !0#+

As mnadas -ermanecem nessas 9ormas -or -er$odos +ue !ão desdemenos de um se*undo atB //(??? anos e en+uanto -ermanecem nesse n$!el

 -odem che*ar a !i!er atB ,??(??? encarnaç.es( AlBm de a-arecerem como

matBria <ruta J sth>laK4  outras ocorrem como matBria sutil JsuO smaK4   -or

e2em-lo4 no cen)rio do cBu e nas ima*ens dos sonhos(

II( EBa=Baes aK6t,as"

%( mares4 la*os4 rios etc(4 e chu!as de !)rias es-Bcies/( or!alho e outras e2sudaç.es

&( *eada

8( ne!e4 *rani@o e *elo

5( nu!ens e ne!oeiro

Tais encarnaç.es -odem durar de menos de um se*undo a ,(??? anos e

cada mnada -oder) totali@ar atB ,??(??? encarnaç.es4 sea como matBria <ruta

ou sutil(

III( EBa=Baes e'eta,s"

%( -lantas re-rodu@idas -or *emação Jl$+uens4 mus*os4 ce<olas e outras

ra$@es <ul<osas4 aloBs4 eu9r<ios4 aça9rão4 <ananas etc(K3 %(8??(??? encarnaç.es

 -odem ser !i!idas -or uma >nica mnada nesta es9era(

/( -lantas indi!iduais4 -rodu@idas -or sementes J)r!ores4 ar<ustos e

ci-s4 ca-ins4 *rãos e -lantas a+u)ticasK3 nestas a mnada -ode a-arecer a-enas%(???(??? de !e@es(

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Todas as encarnaç.es dessas tr7s di!is.es4 terrena4 a+u)tica e !e*etal4 são

conhecidas como im!eis( utro *ru-o4 tam<Bm com-osto de tr7s di!is.es4

constitui as encarnaç.es m!eis4 a sa<er3

IV( EBa=Baes í'Beas"

%( chamas

/( <rasas

&( lam-eos

8( raios

5( meteoros e <lides

Tais encarnaç.es amais duram mais de tr7s dias e são comumente mais <re!es +ue um se*undo( Uma >nica mnada -ode !i!er ,??(??? dessas

encarnaç.es(

V( EBa=Baes el,as"

% <risas

/( !entanias4 raadas de !ento4 tem-orais e tem-estades

&( redemoinhos8( ne!ascas

5( as inalaç.es e e2alaç.es dos seres !i!os &pa'( !0$+

Seam m!eis ou im!eis4 todos os seres enumerados atB a+ui -ossuem

+uatro -oderes !itais3 um cor-o4 um tem-o de !ida4 res-iração e o sentido do

tato( s se*uintes4 em escala ascendente4 t7m -oderes !itais adicionais3

VI( O='aB,smos" to@os om o po@e= @e ae= m som (vāc):

%( Seres com dois sentidos tato e -aladar J!ermes4 san*uessu*as4

moluscos4 cauris4 cracas4 mariscos e outrosK(

/( Seres com tr7s sentidos tato4 -aladar e ol9ato J-ul*as e -iolhos4

lar!as de 9arinha4 <aratas4 9or9iculinos4 insetos rasteantes4 9ormi*as4

aranhas etc(K3 estes !i!em não mais de 8: dias(

&( Seres com +uatro sentidos tato4 -aladar4 ol9ato e !isão J<or<oletas4

a<elhas e !es-as4 moscas e mos+uitos4 escor-i.es4 *rilos4 *a9anhotose outros insetos altamente desen!ol!idosK3 estes -odem !i!er atB seis

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meses4 e 9inalmente3

8( Seres +ue -ossuem cinco sentidos4 classi9icados em duas cate*orias4

cada uma4 entretanto4 su<di!idida3

A( AB,ma,s"

%( AK6t,os" -ei2es4 tu<ar.es4 *ol9inhos4 marso-as4 crocodilos e

tartaru*as(

/( Te==est=es" mam$9eros Jal*uns com cascos4 outros com *arrasK

lacert$deos e icn7umones ser-entes(

&( A<=eos" com asas de -enas J-a-a*aios4 cisnes etc(K com asas de

couro Jmorce*osK os +ue t7m asas e 9orma do cai2as redondas

Jesses amais são !istos -elo olho humano4 mas !i!em em outroscontinentesK os +ue amais tocam a terra4 mas 9lutuam e mesmo

dormem nas alturas com asas sem-re estendidas Jtam<Bm amais

!istosK(

;( Esp<,e hmaBa"

%( Pessoas @e l,Bha'em @eeBte  (ār!an), de muitos ti-os -or

e2em-lo3 <onitas e 9eias4 en9ermas e saud)!eis4 s)<ias eim-rudentes4 ricas e -o<res com -oucos ou muitos 9amiliares4

9amosas ou desconhecidas4 -oderosas ou de <ai2o n$!el 9alando

esta ou a+uela l$n*ua -ossuindo la!ouras4 casas4 re<anhos4

escra!os4 ouro ou outros <ens mercadores4 oleiros4 tecel.es4

 <an+ueiros4 escri<as4 al9aiates4 *uerreiros4 sacerdotes e reis4

*randes reis e monarcas uni!ersais os >ltimos4 ademais4 são

su<di!ididos em Dinastia Lunar e Dinastia Solar4 e 9inalmente4  B

9eita uma distinção radical entre os +ue ha<itam as chamadas

Ves9eras de açãoV4 +ue 9icam no e2tremo sul e e2tremo norte4 <em

como no centro do Continente da Macieira Rosa4 e os +ue

ha<itam as Ves9eras do -ra@erV4 em certas outras -artes da terra(

 Nestas >ltimas4 os homens são *i*antes4 duas !e@es mais altos do

+ue os +ue conhecemos4 mas4 como não -restam atenção s leis

da !irtude4 estão sueitos a inumer)!eis encarnaç.es(

/( ;6=ba=os  JmlcchasK3  são o res$duo da es-Bcie humana e entre

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eles h) &pa'( !05+  raças 9a<ulosas !i!endo em remotas ilhas

 amais !isitadas al*uns t7m chi9res e caudas4 outros andam

 -ulando so<re uma -erna4 todos com caras monstruosas4 al*uns

com orelhas imensas +ue4 +uando dormem4 se do<ram so<re osolhos(&%6

Encarnaç.es ao n$!el da cintura não constituem4 entretanto4 tudo -ois os

cBus e in9ernos tam<Bm estão !i!os nas mnadas3 os de <ai2o4 rece<endo as

 -uniç.es e os de cima4 as recom-ensas de suas !idas na terra(

Em<ai2o4 nos sete in9ernos4 h) 9i*uras terr$!eis de se olhar4 como -)ssaros

imensos -ri!ados de -enas4 asse2uados e com cor-os do ti-o conhecido como

Vmut)!elV Jvaikri!ikaK  -ois carecem de ossos e tend.es e são articulados9rou2amente( No in9erno mais <ai2o tem :?? metros de altura∗ &%, no se*uinte4

85? no +uinto4 //5 no +uarto4 %%/ no terceiro4 56 no se*undo4 /=4 e no

 -rimeiro ou in9erno su-erior4 %8 metros( s +ue estão nos tr7s in9ernos mais

 <ai2os são ne*ros4 os dos dois se*uintes4 a@ulescuros e os dos dois su-eriores4

da cor cin@a da 9umaça( Todos estão sueitos s +uatro -ai2.es <)sicas3 o

or*ulho4 a ira4 a ilusão e o deseo e atormentam e dilaceram uns aos outros

terri!elmente com 9lechas4 dardos e tridentes4 <ast.es e achas4 9acas e na!alhas4lançando uns aos outros )s 9eras e -)ssaros dotados de *arras e <icos de 9erro ou

aos rios de l$+uido corrosi!o ou de 9o*o al*uns são -endurados de ca<eça -ara

 <ai2o so<re <arris 9er!entes de san*ue e e2crementos4 outros são assados !i!os4

e outros4 -re*ados -elas ca<eças a *randes )r!ores lamentosas4 tem os cor-os

cortados em tiras( E o alimento dessas  criaturas B !eneno4 *ra2a escaldante e

estrume4 e -ara <e<er eles t7m metal derretido( s tr7s in9ernos su-eriores estão

em chamas4 os dois -r2imos são uma mistura de 9rio e calor e o mais -ro9undo

est) con*elado como na !isão de Dante(

Ademais4 -ara os in9ernos su-eriores são desi*nadas +uin@e di!indades de

uma laia ordin)ria e !i*orosa conhecida como asuras, +ue não são de maneira

al*uma in9eli@es nesse dom$nio mas4 -elo contr)rio4 des9rutam de um -ra@er

dia<lico em ministrar dores(

.1' Minha ?on)e principal para a apresen)a!o das ordens 8ainas da mbnada ?oi G"Lrino), op% cit%& pp%1'2$76& R Z"inhen)os dhanus& )endo "m dhanu  hastas (>m!os>= a medida "e vai do co)ovelo a)L a pon)a dodedo mLdio, cerca de 6 cm%&.1< C?& Monier2+illiams, op% cit%& pp& e 11'&

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Mas na !isão ainista4 as di!indades4 seam mali*nas no in9erno ou seres

celestiais4 são4 elas -r-rias4 meras mnadas -resas no !rtice do renascimento4

9eli@es -or um tem-o4 mas destinadas a -assar -ara outras 9ormas( E elas são de

+uatro cate*orias -rinci-ais4 mas cuidadosamente su<di!ididas3

I( Deses Ke ssteBtam a o=@em te==eBa

%( Demnios dos in9ernos su-eriores Jasuras)

/( Ser-entes di!inas

&( Di!indades do relm-a*o

8( P)ssarossol de asas douradas

5( Di!indades do 9o*o &pa'( !0*+

6( Di!indades do !ento,( Deuses do tro!ão

=( Deuses da )*ua

:( Deuses dos continentes

%?( Deuses dos -ontos cardeais

II( Espí=,tos elemeBta=es @a Bat=ea o @a sela

%.  Kinnaras  Jo nome si*ni9ica V+ue ti-o de homemIVK3 m>sicos em9orma de -)ssaros com ca<eças humanas(

/(  Kimpurushas Jo nome tam<Bm si*ni9ica V+ue ti-o de homemIVK3 são

os +ue t7m 9ormas humanas com ca<eças de ca!alo(

&.  Mahoragas V#randes Ser-entesV(

8. Gandharvas m>sicos celestiais de 9orma humana(

5( Yakshas -oderosos demnios terrestres4 normalmente <eni*nos(

6(  Rakshasas demnios cani<ais mali*nos e muito -eri*osos(

,(  Bhutas !am-iros de cemitBrios(

=(  Pishachas -oderosos demnios mali*nos(

III( Co=pos Celestes

%( S,s num total de %&/ nos mundos ha<itados -elo homem

/( Las3 tam<Bm %&/

&( CoBstelaes3 /= -ara cada sol e cada lua

8( PlaBetas3 == -ara cada sol e cada lua5( Est=elas3 6(6:,(5??(???(???(???(??? -ara cada sol e cada lua

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IV( 8ab,taBtes @as MaBses @os C<s P=o'=ess,os @e @as o=@eBs7

sb@,,@,@as Ba se',Bte s<=,e aseB@eBte"

!( Os @e @eBt=o @a Ese=a Tempo=al

A( Mestres da 0erdadeira Lei

( s Poderes Senhoriais

C( A u!entude Eterna

D( s #randes Reis

E( Ha<itantes do Mundo Causal

F( Senhores do Som M$stico ^a

#( Muito rilhanteH( s de Mil Raios

'( Pac$9ico

( 0enerado

W( s +ue Des9rutam do A<ismo

L( 'm-erec$!el Jac!utas V+ue não *oteaVK &pa'( !0-+

#( Os @e al<m @a Ese=a Tempo=al em @as ate'o=,as sb@,,@,@as"A( Os Ke Res,@em Bo Pesoo Csm,o

%( A*rad)!el de 0er 

/( De Alcance No<re

&( Deliciando a Mente

8( Uni!ersalmente eni*no

5( 'lustre

6( emintencionado

,( Aus-icioso

=( Pro-orcionando Ale*ria

:( Dando ema!enturança

;( Os Ke Res,@em Ba Cabea Csm,a

%( 0itorioso

/( s Portadores de Estandartes

&( s Con+uistadores

8( s 'n!enc$!eis5( s Plenamente Reali@ados

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Cada uma dessas +uarenta e no!e su<ordens do ser di!ino B or*ani@ada4

como um reino indiano4 em de@ n$!eis3

 %( Reis JindrasK

 /( Pr$nci-es

 &( Trinta e tr7s altos 9uncion)rios

 8( No<res da Corte

 5( #uardacostas

 6( #uardas Palacianos

 ,( Soldados

 =( Cidadãos :( Escra!os

%?( Classes criminosas

Todas as di!indades +ue residem a<ai2o da es9era do -escoço des9rutam

da -r)tica se2ual e4 como nos in9ernos4 a+ui tam<Bm as mnadas da !ida tem

cores se*undo a es-Bcie as das cate*orias '4 '' e ''' são ne*ras4 a@ulescuras e

cin@a9umaça as da '04 su<ordens %( A e 4 !ermelho 9o*o de e a E4 amarelas4e as restantes4 cada !e@ mais <rancas( s deuses das ordens '4 ''4 ''' e '0( %( A e

tem &4%& m de altura '0 %( W4 L e os deuses +ue residem no -escoço4 tem :?

cm de altura4 en+uanto os seres no to-o os !encedores -ortando estandartes4

con+uistadores4 in!enc$!eis e -lenamente reali@ados t7m todos menos de 85

cm de altura( Com -arados com os seres no in9erno mais <ai2o +ue t7m :?? m

de altura4 um desses deuses -oderia muito <em ser!ir de en9eite so<re uma

escri!aninha^ &pa'( !0/+ 

E assim4 acima da terra4 <em como a<ai2o4 B ima*inada a-enas uma sBrie

de mnadas nenhum deus4 nem mesmo Deus4 sea no sentido ocidental desse

termo ou no anti*o sentido !Bdico( Pois4 mesmo em seu dia su-remo de !itria

 -ortando o estandarte nos luminosos cBus da ca<eça4 não são mais +ue es-$ritos4

mnadas4 tem-orariamente <em situados -or causa das <oas aç.es reali@adas nas

!idas anteriores4 mas destinados a continuar o caminho +uando seu mBrito ti!er

se es*otado( Tam-ouco h) +ual+uer ui@ com-utando os 9eitos -ara atri<uirlhes

a de!ida -unição ou recom-ensa( A ação tem e9eitos autom)ticos( Atos de!iol7ncia automaticamente atraem -eso e escuridão -ara o es-$rito os de

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Entre os *re*os4 B !erdade +ue ha!ia tam<Bm uma tend7ncia ascBtica4 na

linha dos r9icos4 Pit)*oras4 ele)ticos e Platão( Mas não h) nada em -arte

al*uma da 9iloso9ia *re*a e4 de 9ato4 em nenhuma outra -arte da histria

conhecida do nosso tema4 +ue se com-are ao a<soluto Não^ da reli*ião aina( Amelancolia -eculiar de sua alienação desta !idanamorte +ue amais aca<ar) !ai

in9initamente mais lon*e do +ue a *re*a como tam<Bm sua !isão do alcance

do tem-o e do es-aço e4 conse+entemente4 da misBria csmica( Pois a !isão

*re*a do mundo4 como S-en*ler <em demonstrou em suas discuss.es do

Ves-$rito a-ol$neoV em  Dcad8ncia do Ocidnt, coloca!a toda a 7n9ase nos

cor-os !is$!eis4 tan*$!eis( A l$n*ua *re*a não -ossu$a nenhuma -ala!ra -ara

es-aço( distante e o in!is$!el eram i#so %acto Vnão l)V( termo *re*o cosmos

re9eriase não a um cam-o de es-aço e ener*ia4 mas a uma soma de cor-os <emde9inida4 harmoniosamente ordenada4 euclidiana4 mensur)!el e -erce-t$!el( s

n>meros euclideanos eram uma de9inição de limites( VAssim4 ine!ita!elmenteV4

como declarou S-en*ler4 Va cultura cl)ssica tornouse *radualmente a cultura do

 -e+ueno( &%=

Por outro lado4 a orientação da mente indiana -ara o ilimitado <em

sinteti@ada em seu rid$culo J-ara nsK #al!a JVum -er$odo de incont)!eis anosVK4

no +ual mesmo os n>meros -recisos se tornam im-recisos dilatou de talmaneira o es-et)culo csmico +ue os 9atos ao alcance da mão sim-lesmente não

merecem a atenção dos s)<ios( Em contraste com o *re*o4 cua inter-retação do

cosmos começa!a -elo !is$!el e se orienta!a a-enas um -ouco em direção ao

es-aço es-aço +ue sua !isão -odia a-reender o indiano inicia!a sua

cosmolo*ia -elo es-aço (ākāAa) e cria!a a -artir disso um uni!erso +ue nin*uBm

 amais tinha !isto3 ademais4 um uni!erso tres-assado -or tal ma*nitude de

so9rimento +ue o !erdadeiro so9rimento e dor dos seres Ve97merosV -r2imos

um !i@inho4 -or e2em-lo4 de casta in9erior mal merecia consideração(

s)<io4 ) saturado de seu conhecimento do so9rimento do mundo4 -odia !er neles

a-enas ilustraç.es de um estado csmico incorri*$!el( E lu@ de seu

conhecimento4 tudo o +ue era se*uramente e!idente era a im-ortncia in9inita

 -ara o indi!$duo in9inito da tare9a es-iritual de sair de seu e2traordin)rio

 -esadelo4 no +ual mesmo o cBu B a-enas uma teia de 9ios de ouro -er9umados4

dis-ostos -ara -render e indu@ir o *īvā de !olta ao c$rculo calamitoso(

A 9orça e melancolia -eculiares da alienação indiana dessa !idanamorte.1 Spengler, op% cit%& vol& @, pp& 6<& ., '.&

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+ue amais aca<ar) B uma 9unção da -r-ria mente indiana +ue4 em sua 9a<ulosa

e2tensão4 encontrou in9inidade em todos os cantos e -reencheua4 não com

o<ser!ação racional4 mas com um -esadelo racionali@ado de sua -r-ria

 -rodução( amais hou!e um tem-o em +ue não hou!esse tem-o e amais ha!er)um tem-o em +ue o tem-o dei2ar) de e2istir3 este mundo de triste@as como

ele e continuar)4 de triste@as4 -ara sem-re( AlBm do mais4 a triste@a +ue o

olho !7 não re-resenta4 de maneira al*uma4 a ma*nitude em -ro9undidade nem a

am-litude do todo( A misBria do homem e dos animais sua !olta4 o inundo

!e*etal e a terra +ue d) o sustento4 as rochas e )*uas4 o 9o*o4 o !ento e as nu!ens

 -assa*eiras na !erdade4 o -r-rio es-aço com seus cor-os luminosos4

constituem a-enas uma 9ração m$nima da+uele cor-o &pa'( !01+

con*lomerado de misBria eternamente !i!o e eternamente iludido +ue B ouni!erso em sua e2ist7ncia total(

I.( O CAMIN8O DO :OGO

Lemos em um te2to aina3 VDa mesma 9orma +ue um la*o4 +uando seu

9lu2o d)*ua B <arrado4 seca *radualmente -elo consumo d)*ua e e!a-oração4

assim tam<Bm a matBria c)rmica de um mon*e4 ad+uirida atra!Bs de milh.es denascimentos4 B ani+uilada -elas austeridades desde +ue não haa mais

9lu2oV(&%:

A -rimeira tare9a do mestre aina4 -ortanto4 B <lo+uear em seu disc$-ulo o

9lu2o c)rmico4 o +ue -ode ser conse*uido a-enas -or uma *radati!a redução na

 -artici-ação da es9era da !ida( A se*unda tare9a4 +uando o disc$-ulo )

conse*uiu 9echar e <lo+uear todas as -ortas4 B 9a@7lo +ueimar4 -elo ascetismo4 a

matBria c)rmica ) -resente( termo snscrito usual -ara desi*nar essa

disci-lina B ta#as, -ala!ra +ue si*ni9ica VcalorV( Atra!Bs de seu calor interno

incandescente o io*ue aina de!e4 literalmente4 +ueimar a matBria c)rmica e4

assim4 -uri9icar e clarear sua -reciosa mnada -ara +ue4 ele!andose -elos

 -lanos do cor-o csmico4 ele -ossa -or 9im atin*ir Va -a@ no isolamentoV

(kaival!am), so< o #uardasol Le!emente 'nclinado4 onde a mnada !ital

indi!idual4 -er9eitamente lim-a de +ual+uer matBria colorante4 <rilhar) -ara

sem-re em sua -r-ria e2ist7ncia -ura4 transl>cida e cristalina(

.1# Uttar fdh$a$ana "=tra .7&62'= ;ermann Jaco3i, The Gaina-"=tras& Parte (( , Sacred -ooks o? )heas), vol& O*B (The Clarendon /ress, H?ord, 1#6%, p& 1<&

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Para iniciar de modo sBrio e sistem)tico a *rande ascensão +ue -ode

e2i*ir muitas !idas 9uturas o mero homem do mundo4 o lei*o4 maculado e

carre*ado -ela matBria do mundo4 ainda +ue deseando li!rarse dela4 tem +ue

renunciar -rimeiro a cinco de9eitos3 %( d>!ida a res-eito da !alidade da !isão aina do uni!erso4 da 9açanha dos Sal!adores do Mundo( VAutores da Tra!essia

do RioV4 e da e9ic)cia da -r)tica aina /( deseo de a<raçar +ual+uer outra 9B &(

incerte@a com relação aos e9eitos noci!os da ação 8( lou!or aos im-ostores Jisto

B4 -essoas +ue não renunciaram aos cinco de9eitosK e 5( associação com os

im-ostores(

-asso se*uinte B tomar -ro*ressi!amente de acordo com a -r-ria

ca-acidade do@e !otos3

I( Os C,Bo Votos ;6s,os @o Le,'o Ja,Ba

 %( não!iol7ncia

 /( autenticidade

 &( não rou<ar 

 8( castidade

 5( não ad+uirir <ens

II( T=s Votos pa=a ameBta= a o=a @os C,Bo ;6s,os

6( limitar os -r-rios mo!imentos

 ,( limitar o n>mero de coisas usadas

 =( não desear mal a nin*uBm ou usar de in9lu7ncia -ara causar o

mal não -r em risco a !ida -or descuido ou -ossuir armas e

9acas desnecess)rias &pa'( !1)+

III( 4at=o Votos pa=a ,B,,a= @e ato a p=6t,a =el,',osa

:( meditar no m$nimo 8= minutos -or dia

%?( restrin*ir de tem-os em tem-os4 durante um dia4 os limites )

im-ostos

%%( -raticar durante +uatro dias -or m7s o eum e a meditação4

maneira dou mon*es

%/( au2iliar mosteiros e mon*es com donati!os

E a !ida ideal do lei*o4 na +ual se de!e em-enhar atra!Bs de tudo isso4

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de!e incluir as on@e ordens de !irtude4 a sa<er3

 %( virtudes de crença:  crença resoluta no ainismo4 res-eito -ara com o

mestre reli*ioso J guruK adoração dos !inte e +uatro Autores da Tra!essiaJtīrthankarasK e e!itação dos sete 9eitos malB9icos4 isto B3 9a@er o*os de

a-ostas4 comer carne4 in*erir <e<idas em<ria*antes4 cometer adultBrio4

caçar4 rou<ar e -raticar a de!assidão(

 /. virtudes de dedicação:  o<ser!ar estritamente os do@e !otos e rece<er a

morte em -a@ a<soluta +uando ela che*ar(

 &( virtudes de meditação: aumento do n>mero de -er$odos de meditação atB4

 -elo menos4 tr7s !e@es ao dia(

 8( virtudes de esorço mon!stico: aumento do n>mero de -er$odos de eummonacal atB4 -elo menos4 seis !e@es -or m7s(

 5( virtude de não daniicar as p"antas:  e!itar comer !e*etais crus amais

a-anhar uma man*a da man*ueira ou com7la antes de al*uma outra

 -essoa ter e2tra$do o caroço etc(

 6( virtude de não pre#udicar insetos min$scu"os:  amais comer entre o -r e

o nascer do sol ou <e<er )*ua antes do raiar do dia4 -ois -ode ha!er al*um

inseto in!is$!el nela( ,( virtude da castidade a%so"uta: e!itar mesmo a -r-ria mulher e o odor do

cor-o -ara +ue ela não se e2cite de-ois4 e!itar todos os deuses4 seres

humanos e animais do se2o o-osto4 tanto em -ensamento +uanto em

 -ala!ra e ação(

 =( virtude de renunciar a uma ação:   amais iniciar +ual+uer

em-reendimento +ue -ossa en!ol!er destruição de !ida -or e2em-lo4 a

construção de uma casa ou a esca!ação de um -oço(

 :( virtude de renunciar &s posses: ren>ncia am<ição4 dis-ensa de todos os

criados e trans9er7ncia das -ro-riedades -ara os 9ilhos(

%?( virtude de renunciar & participação:  a -essoa não come nenhuma

re9eição4 mas a-enas os restos da de outros não d) nenhum conselho

mundano e4 assim4 -re-arase -ara4 9inalmente4 dar o *rande -asso(

%%( virtude do retiro:  a -essoa !este o trae de asceta4 retirase -ara al*um

mosteiro ou -ara a 9loresta e !i!e de acordo com as re*ras -rescritas a um

mon*e(

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A-s des-edirse de seus -arentes Jlemos em um te2to ainaK4 li<erado -ela

9am$lia4 es-osa e 9ilhos a-s dedicarse -r)tica do conhecimento4 da intuição4

da &pa'( !1!+ conduta4 do ascetismo e da coraosa concentração4 então4 diante

de um mon*e +uali9icado4 um l$der rico em mBritos4 de 9am$lia distinta eas-ecto -uro4 de idade madura e altamente a-ro!ado -or outros mon*es4 ele 9a@

uma re!er7ncia e4 de-ois de di@er VaceitemeV4 rece<e a-ro!ação(

0otos4 o<ser!ncias reli*iosas4 restrição dos sentidos4 remoção de todos os

ca<elos4 de!eres di)rios4 nude@ e e!itação do <anho3 esses são os 9undamentos

do mona+uismo4 -rescritos -elos melhores 0encedores (*īnas), e tam<Bm

dormir no chão4 não esco!ar os dentes4 in*estão da comida de -B e uma re9eição

 -or dia(

Se a ren>ncia não 9or a<soluta4 não ha!er) -ara o mon*e a -uri9icação do

9lu2o c)rmico( E na mente do im-uro4 como -oder) o carma ser ani+uiladoI&/?

Durante os -rimeiros est)*ios de es9orço mon)stico a rai!a B su-rimida o

or*ulho4 a ilusão e a *anncia são redu@idos a meros !est$*ios a necessidade de

dormir B su-erada4 a ca-acidade de meditação aumenta e uma no!a ale*ria

introdu@se na !ida(

Em <re!e4 o or*ulho desa-arece e com isso4 aumenta imensamente aca-acidade de meditação( As mulheres4 di@em al*uns4 não conse*uem ir alBm

desse -onto -or isso4 elas não t7m -ermissão -ara entrar no estado des-ido

chamado V!estido de cBuV( VA -ai2ão4 a a!ersão4 o medo4 o dio e outros ti-os

de ilusão (mā!ā) são inerradic)!eis das mentes das mulheresV4 a9irma um

manual aina -ara che*ar ao nir!ana V-ara as mulheres4 -or isso4 não h)

nir!ana( Tam-ouco seu cor-o B uma -roteção ade+uada -or isso4 elas t7m +ue

usar !estes( No >tero4 entre os seios4 no seu um<i*o e +uadris4 uma sutil

emanação da !ida est) continuamente ocorrendo( Como então elas -odem ser

ca-a@es de autocontroleI Uma mulher -ode ser -ura em sua 9B e mesmo ocu-ar

se com o estudo dos sutras ou com a -r)tica de um e2tremo ascetismo3 neste

caso4 mesmo assim não ha!er) dissolução da matBria c)rmica(V &/%

VDo mesmo modo +ue a ilusão e natural nas mulheresV4 a9irma outro

manual4 V9icar de -B4 sentarse4 -eram<ular e -re*ar a lei são naturais aos

.$7  "nda2k"nda 0charya, Pravacana @@@&$2., <2#,$7= )rad"!o de -arend Faddegon, F&+& Thomas

(ed&%, Jain *i)era)"re Socie)y Series, vol& @ (Cam3ridge niversi)y /ress, 1#.6%, pp& 16$2166= 16<216#=1'6&.$1 Tf)parya2vr))i 111&$3, 26, <2= )rad"!o de Faddegon in Thomas (ed&%& op% cit &, p& $7$&

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s)<ios(V &//

A -r2ima -ai2ão a ser su-rimida4 então4 B a+uela necessidade de ler um

 -a-el no o*o da !ida4 +ue B chamada de ilusão -elos ainas e +ue4 nas mulheres4

 amais B su-erada( "uando essa -ai2ão desa-arece4 o car)ter se torna!irtualmente asse2uado e o desa-e*o a<soluto B anu!iado a-enas -ela memria

de coisas a*rad)!eis ou desa*rad)!eis +ue a -essoa 9e@ ou !iu antes de tornarse

ascBtica(

A -r)tica in9le2$!el da meditação4 -ortanto4 tem +ue erradicar a*ora não

a-enas todas as sensaç.es de -ra@er na <ele@a das 9ormas e sons4 mas tam<Bm a

re-ulsa 9ei>ra4 aos odores ->tridos e mesmo dor( E +uando esse -rod$*io de

 -ur*ação B alcançado4 o s)<io 9ica com-letamente a-)tico e o >ltimo sinal de

sua humanidade desa-arece(E mesmo assim4 a +u$mica do cor-o continua a-e*ada ao -rimeiro e

>ltimo !$nculo elementar da mnada !ital com a matBria( s lermos Va!ide@V4

Va!are@aV ou4 no n$!el +u$mico4 V!al7nciaV e no n$!el 9$sico atmico4 V-oder de

li*açãoV4 -odem ser usados -ara caracteri@ar seu controle -uramente 9isiol*ico

+ue tem a*ora de ser &pa'( !1#+  dissol!ido( Pois se não 9or rom-ido4 mas

en9ra+uecido ou a9rou2ado4 não a-enas a sa$da 9inal -ara a li<erdade a<soluta

 amais ser) atin*ida4 como -ermanecer) o -eri*o latente de atB uma le!einca-acidade de concentração ascBtica des-ertar o 9o*o +uase e2tinto 9a@endoo

e2-lodir em chamas( Se isto acontecer4 toda a serie4 numa reação em cadeia4 se

in9lamar) no!amente -ra@er e dor4 lem<ranças4 or*ulho4 rai!a e todo o resto

  de maneira +ue a mnada4 numa corrente in9lamada4 ser) outra !e@ !arrida

 -ara dentro do redemoinho como 9oi o caso do io*ue com as cin+enta o!ens

es-osas4 +ue -ermitiu +ue sua unidirecionalidade 9osse -ertur<ada -elos

res-in*os de um -ei2e(

Y+uele +ue deu o *rande -asso4 -or outro lado4 e com ele atin*iu a

condição de V-ai2ão ani+uiladaV4 restam a-enas mais dois est)*ios3 %( o da

Vautoidentidade na io*aV4 e /( o da Vautoidentidade sem io*aV(

E assim como a !isão aina da misBria do uni!erso era uma ima*em m$tica

so<renatural destinada a ins-irar reeição4 tam<Bm o B a*ora a !isão de

reali@ação não menos m$tica4 destinada4 entretanto4 a ins-irar @elo(

0imos no e-isdio de Parsh!a4 o Sal!ador do Mundo4 +ue o demnio

Me*hamalin4 +uando o atacou com tre!as4 tem-estade e na 9orma do -r-rio.$$ Pravacana-s*ra 1&= i!id%& p& $<&

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deus da morte4 9oi <anido -elo -ar de ser-entes csmicas( santo +ue4 ao

contr)rio da+uele +ue 9ora distra$do -or um -ei2e4 tinha -ermanecido im!el

mesmo +uando a terra se a<riu4 as montanhas ca$ram e a 9loresta se des-edaçou

sua !olta ad+uiriu a autoidentidade na io*a( Uma !e@ dissol!ido todo ocontato com o mundo e2terior4 sua ener*ia e lu@ esta!am em re-ouso4

in9initamente radiantes4 no interior da mnada( Em se*uida4 caiu do cBu uma

chu!a de 9lores( As moradas de todos os deuses do uni!erso estremeceram( s

coros celestiais cantaram( E acorreram di!indades de todas as direç.es e classes4

 -ortando s$m<olos de autoridade4 com o -ro-sito de construir -ara o Mestre do

Mundo um local de reunião de do@e -artes chamado VA9lu7nciaV4 no +ual

ha!eria um es-aço desi*nado -ara cada es-Bcie de ser( Foi lhe o9erecido o trono

em 9orma de leão4 o *uardasol da ordem do mundo e uma aurBola <rilhante( Seu -ai rei4 sua mãe e sua e2rainha che*aram cantando hinos em seu lou!or( Hou!e

ru9ar de tim<ales celestiais e ele -re*ou a todos o Sermão Csmico4 no +ual se

ensina a disci-lina +u)dru-la do caminho +ue condu@ mar*em alBm do

so9rimento4 ou sea3 caridade4 -iedade4 ascetismo e car)ter(

Muitos inclusi!e o demnio +ue o tinha atacado con!erteramse

al*uns che*aram mesmo a atin*ir a -er9eição( -ai4 a mãe e a rainha tomaram

!otos( Che*ou um demnio ne*ro de +uatro <raços e cara de ele9ante4 montadonuma tartaru*a4 -rote*ido -elo ca-elo de uma *rande naa4 tra@endo em suas

duas mãos es+uerdas um man*usto e uma ser-ente res-ecti!amente nas mãos

direitas4 uma cidra e uma ser-ente de-ois a-areceu uma deusa dourada de

+uatro mãos numa carrua*em -u2ada -or uma ser-ente alada4 tra@endo em suas

duas mãos direitas res-ecti!amente um laço e um ltus4 e nas es+uerdas um

*ancho e uma 9ruta( E o Senhor4 se*uido de toda a !asta multidão4 começou a

andar4 com o demnio de um lado e a deusa do outro4 diante dele e no ar a roda

da lei e um *rande tam<or ressoando( Prote*ido -or &pa'( !1$+ um *uardasol emoscadeiros4∗ ele andou a -assos lar*os so<re ltus dourados +ue emer*iam

sua 9rente en+uanto as )r!ores se cur!a!am em re!er7ncia as doenças se

a9astaram -ara muito lon*e as estaç.es4 -)ssaros e !entos esta!am em *lria4 e

em Todo o mundo cessaram as hostilidades(

Então4 sa<endo +ue seu nir!ana esta!a -r2imo4 o mestre Parsh!a su<iu

certa montanha4 dei2ando seus acom-anhantes ao lon*o do caminho4 atB che*ar

ao to-o com a-enas trinta e tr7s s)<ios iluminados +ue4 unto com ele4 R MoscadeiroE no rien)e, s4m3olo de a")oridade& ^N& da T&_

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CAPITULO *

A %NDIA ;UDISTA

I( O 8ERQI OCIDENTAL E O ORIENTAL

H) +uatro dBcadas4 Mi*uel As$n Palacios4 -adre catlico e -ro9essor de

)ra<e da Uni!ersidade de Madri4 chocou o mundo erudito euro-eu ao

demonstrar uma in9lu7ncia de ori*em muçulmana na  Divina 7omédia deDante(&/8 Re!endo detalhadamente a literatura a res-eito da lenda so<re a !isita

noturna de MaomB ao -ur*atrio4 in9erno e cBu4 ele demonstrou ha!er -aralelos

su9icientes -ara -ro!ar de9initi!amente essa relação4 +ue tam<Bm se estende

tradição da PBrsia @oroastriana e4 alBm disso4 ao ul*amento da alma ante s$ris4

tal como 9i*ura no \ivro dos @ortos e*$-cio( E de -articular interesse -ara nosso

 -ro-sito e a nota4 em sua o<ra4 so<re a ori*em -ersa da tortura -elo 9rio no

c$rculo in9erior de Dante( VNem seria -reciso notarV4 a9irma o Padre As$n4 V+ue a

escatolo*ia <$<lica não 9a@ menção a nenhuma tortura -elo 9rio no in9erno( A

doutrina muçulmana4 entretanto4 coloca essa tortura no mesmo n$!el da tortura

 -elo 9o*o( \(((] Sua introdução no sistema muçulmano do in9erno de!euse \(((]

assimilação -elo islamismo de uma crença @oroastriana( \(((] [ -ro!)!el +ue ela

tenha sido introdu@ida -or @oroastrianos con!ertidos ao islamismoV( VTortura

 -elo 9rioV4 ele acrescenta4 Vtam<Bm ocorre no in9erno <udista(V&/5  E4 como

aca<amos de !er4 no ainista(

Tanto no cidente +uanto no riente4 a 9onte mais remota do cBu comandares e de in9ernos a<issais com a montanha do mundo no meio4 B o conceito

meso-otmico da ar+uitetura do uni!erso( Nele4 como ) !imos4 h) uma

montanha csmica a2ial sim<oli@ada -elo @i*urate com os lados orientados -ara

os -ontos cardeais e acima dele4 no cBu mais alto4 est) sentado um deus

su-remo4 An4 entre um ilustre sB+uito de di!indades( A Planta do Nascimento e

o Pão e a Á*ua da 'mortalidade situamse nessa es9era ele!ada4 A<ai2o dela4 no

.$ Mig"el 0s4n y /alQcios, 0a Escatologia musulmana en (a Divina Comedia (@mpren)a de s)anislaoMaes)re, Madrid& 1#1#= sc"elas de s)"dios jra3es, Madrid2Granada& 1#., $a ed&%&.$6 (!id% (1#.%, pp& 1''21'&

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cBu intermedi)rio4 est) o ar+uBti-o di!ino e senhor do -oder real4 cuo -a-el4 no

lon*o curso da histria meso-otmica &pa'( !1*+ com sua insta<ilidade im-erial4

9oi e2ercido -or uma sBrie de <ene9iciados3 -rimeiro4 a-arentemente4 Enlil

Jdi!indade -adroeira da cidade sumBria Ni-urK4 em se*uida4 el MarduO Jdaa<ilnia de Hamur)<iK4 Assur Jda Ass$riaK e4 entre numerosos outros( a!B Jdos

anti*os he<reusK( Em sua corte de muitos deuses Jou anosK luminosos eram

escritas anualmente as T)<uas do Destino( E os sete cBus dos -lanetas *irando

a<ai2o4 em andares4 eram re-resentados no -er$odo da Ass$ria Jc( %%??6&? a(C(K

 -elos sete terraços na encosta da montanha do @i*urate4 en+uanto de<ai2o da

terra4 no a<ismo4 a terr$!el deusa EreshOi*al4 da TerrasemRetorno4 era

alcançada de-ois de atra!essados sete -ort.es( No reino de tre!as desta deusa4

chamado Arallu4 uma horda de monstros e almas -enadas4 -ri!ados ao morrerdos >ltimos ritos de se-ultamento4 !a*a!am de-lora!elmente em 9orma de

 -)ssaros horrendos(&/6

Assim4 na icono*ra9ia dos -rimeiros 9ocos de ci!ili@ação4 as cidades

sumBrias da Meso-otmia ri<eirinha4 +ue 9loresceram mais ou menos entre &5??

e /??? a(C( e criaram a ordem sim<lica da cidadeestado hier)tica4 !7se a

9onte comum das !is.es mitol*icas do uni!erso tanto orientais +uanto

ocidentais( Entretanto4 um -rocesso di9erenciador se-arou claramente etrans9ormou as duas ao lon*o do tem-o( Pois notase no cidente4 de acordo

com nossa 7n9ase caracter$stica na di*nidade da !ida indi!idual -ara cada

alma um nascimento4 uma morte4 um destino4 uma maturação da -ersonalidade

  +ue4 sea no cBu4 no -ur*atrio ou no in9erno4 o !isitante !ision)rio lo*o

reconhece os 9alecidos( MaomB4 no cBu4 9alou com seus leais e !alentes ami*os4

da mesma 9orma +ue Dante em sua ornada o 9e@4 tanto com os condenados

+uanto com os sal!os( E tam<Bm nas !isitas *re*as e romanas ao mundo $n9ero4

tanto Ulisses +uanto EnBas 9alaram com seus ami*os 9alecidos( No riente não

h) tal continuidade da -ersonalidade( centro de atenção não B o indi!$duo4

mas a mnada Jo *īva reencarnadoK +ual não -ertence intrinsecamente

nenhuma indi!idualidade4 mas +ue -assa adiante4 como um na!io atra!Bs das

ondas4 de uma -ersonalidade -ara outra3 ora lar!a4 ora deus4 demnio4 rei ou

al9aiate(

Encontramos4 -ortanto4 como o<ser!ou Heinrich Zimmer4 +ue nos cBus e

in9ernos orientais4 em<ora multid.es de seres seam re-resentados em suas.$' *angdon, "emitic M$tholog$& pp& #217$, 1'121'$&

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a*onias e re*o@ios4 nenhum conser!a as caracter$sticas de sua -ersonalidade

terrena( Al*uns conse*uem lem<rarse de ter estado em outro lu*ar e sa<er +ual

9oi o ato +ue -reci-itou o atual casti*o contudo4 em *eral estão todos imersos e

 -erdidos em seu estado( Da mesma 9orma como +ual+uer cão est) a<sor!ido nacondição de ser e2atamente o cão +ue ele B4 9ascinado -elos detalhes de sua !ida

atual como ns mesmos4 em *eral4 estamos 9ascinados -elas nossas atuais

e2ist7ncias -essoais 4 assim estão os seres nos outros mundos hindu$stas4

 ainistas e <udistas( Eles são inca-a@es de recordar +ual+uer condição anterior4

+ual+uer trae usado durante uma e2ist7ncia anterior eles se identi9icam s com

o +ue são a*ora( E isso4 do -onto de !ista indiano4 B ustamente o +ue eles não

são(V&/,

En+uanto o t$-ico heri ocidental B uma -ersonalidade e4 -or isso4necessariamente tr)*ico4 condenado a !erse enredado seriamente na a*onia e

mistBrio da tem-oralidade4 o heri oriental B a mnada3 sem car)ter em ess7ncia

uma ima*em de &pa'( !1-+ eternidade4 intocada -elos en!ol!imentos ilusrios

da es9era mortal ou li<erta deles( E da mesma 9orma +ue no cidente a

orientação -ara a -ersonalidade se re9lete no conceito e e2-eri7ncia atB de Deus

como uma -ersonalidade4 no riente4 em total o-osição4 a com-reensão

dominante de uma lei a<solutamente im-essoal -ermeando e harmoni@andotodas as coisas redu@ o acidente de uma !ida indi!idual a um mero <orrão(

Um o<scuro e ainda não esclarecido -ro<lema na histria da ru-tura entre

os dois mundos en!ol!e a 9i*ura -ersa de Zoroastro e a ori*em de sua mitolo*ia

 -ro*ressista4 orientada eticamente e estritamente dualista +ue4 no +ue di@

res-eito a seu es-$rito4 est) do lado ocidental do di!isor de )*uas cultural4

em<ora na ori*em tenha sur*ido4 -elo menos em -arte4 da mesma mitolo*ia dos

0edas( Uma discussão mais ou menos e2tensa ser) reser!ada ao !olume

 @itologia Ocidntal. Mas com relação $ndia e in9lu7ncia do -ensamento

 -ersa so<re o <udismo e o hindu$smo4 tornase necess)rio4 neste momento4

a-ontar -ara al*uns dos -rinci-ais contrastes +ue distin*uem a doutrina de

Zoroastro e conse+entemente do cidente(

A -rimeira e mais radical das ino!aç.es +ue4 acredito4 a-arece a+ui

 -ela -rimeira !e@ na histria da mitolo*ia B o ciclo do mundo -ro*ressi!o4não de*enerati!o( Como ) se o<ser!ou4∗  a !ersão @oroastriana do curso do

.$< immer, Philosophies of (ndia& pp& $.<2$.& R "upra& pp& 1'21<&

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mundo +ue *ira 9utilmente4 o caminho -ersa era e2atamente o nga*amnto no

es9orço comum de Deus e do homem em direção a uma meta atin*$!el de

maneira al*uma 9>til de ustiça na terra( Na !erdade4 encontramos na literatura

@oroastriana um ata+ue e2-l$cito4 direto e intencional aos ideais de uma 9iloso9iacomo a +ue aca<amos de !er em nosso estudo do ainismo3

 Na !erdade4 !os di*o Jdeclarou o Senhor da Lu@4 Ahura Ma@da4 a seu

 -ro9eta ZoroastroK4 o homem +ue tem uma es-osa est) muito acima da+uele +ue

não *era nenhum 9ilho a+uele +ue tem um lar est) muito acima da+uele +ue

não o tem a+uele +ue tem 9ilhos est) muito acima do +ue não os tem o +ue tem

ri+ue@as est) muito acima da+uele +ue não as tem4 e de dois homens4 a+uele +ue

se sacia de carne B muito mais -leno de <om es-$rito do +ue o +ue não o 9a@ o

>ltimo est) +uase morto o -rimeiro est) acima dele no !alor de uma moeda4 de

uma o!elha4 no !alor de um <oi4 no !alor de um homem( E este homem +ue

 -ode lutar contra os ata+ues da Morte Se-aradora dos ssos4 da Morte Flecha

Auto-ro-ulsora +ue mesmo com as rou-as mais le!es4 -ode lutar contra o

es-$rito in!ernal +ue -ode lutar contra o tirano cruel e *ol-e)lo na ca<eça B

st homem +ue -ode lutar contra o im-ostor $m-io e iludido , a+uele +ue não

come(&/:

s anos em +ue Zoroastro nasceu e morreu4 como ) dissemos4 são

desconhecidos( Mesmo a +uestão +ue o Pro9( ames Darmestetter le!antou ) em

%==?4 Vse Zoroastro era um homem con!ertido em deus ou um deus con!ertido

em homemV4&&? -ermanece sem res-osta( Tudo o +ue se sa<e com certe@a4 +ue

 -ossa audar a determinar o -er$odo de sua !ida4 B o 9ato de Dario ' J+ue reinou

de 5/% a 8=6 a(CK4 contem-orneo de Maha!ira J+ue morreu -or !olta de 8=5

a(CK4 de uda J56&%=& a(CK4 de Es+uilo J5/5856 a(CK e de Con9>cio J55%8,=

a(CK4 ter escrito -ela -r-ria mão em ehistun em 5/? a(C4 com caracteres

cunei9ormes e em tr7s l$n*uas -ersa4 elamita e ac)dio 4 como um de!otado

@oroastriano3 VPela *raça de Ahura Ma@da4 eu sou reiV(

 Na+uela B-oca o im-Brio -ersa estendiase das ilhas *re*as nicas

JSatr)-ia 'K o Puna< e 'ndo JSatr)-ia ;;K( Todos os mundos anti*os do E*ito4

.$# 8endidad &<2#& Trad"!o de James :armes)e))er "acred Boo+s of the East& vol& @B, The Nend- Avesta& /arle @= The Clarendon /ress, H?ord, 17%, pp& '2<&..7 :armes)e))er, op% cit%& p& @HHvi&

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Sem d>!ida4 a mesma descrição *eral -ode ser a-licada s tri<os +ue

atra!essaram o 0ale do 'ndo na B-oca da destruição das cidades de Hara-a e

MohenoDaro da Alta 'dade do ron@e( Entretanto4 en+uanto os in!asores doE*eu esta!am entrando em um mundo de im-Brios arcaicos ainda -oderosos4 os

da $ndia4 de-ois de -assar e dei2ar atr)s de si as duas cidadelas decadentes de

um sistema colonial ) ultra-assado4 !iramse diante de a*ricultores

relati!amente rudes4 caçadores e coletores4 os dasus4 o<eto de seu -ro9undo

des-re@o( AlBm disso4 em %/?? a(C( os *re*os tinham 9erro os )rias indianos

não( E 9inalmente4 as a*rad)!eis )*uas de am-los hori@ontes do Mediterrneo

re-leto de na!ios4 con!ida!am os *re*os a conhecer terras distantes e a manter

os olhos a<ertos4 en+uanto as !astid.es de terra e montanhas da Ásia4 amaiscon+uistadas antes -elo homem4 sem-re ameaçando res-onder s suas -e+uenas

!itrias com uma 9orça in9initamente su-erior a +ual+uer coisa +ue o homem

 -udesse ima*inar4 mantinham diante da mente o as-ecto do uni!erso +ue B

e2-erienciado mais como su<lime do +ue como <elo( Assim temos4 de um lado4

a es9era euro-Bia4 onde os deuses e mitos da herança arcaica com a

 -ro*ressi!a se*urança do homem em um mundo onde -odia sentirse em casa

&pa'( !11+ 9oram cada !e@ mais desen!ol!idos em seu as-ecto antro-omr9icode outro lado4 a 1ndia4 onde o as-ecto de es-anto4 *rande medo e -oder4 9orça

so<rehumana e su<limidade transcendente 9oi le!ado a tal -onto +ue mesmo no

coração do homem a humanidade se dissol!eu e nele -enetrou a inumanidade de

Deus(

anti*o mundo das cidadesestados hier)ticas era a*ora uma lem<rança

e4 na maior -arte4 muito !a*a( Mas em<ora muitas cidades ti!essem ru$do4 no

cidente muitas -ermaneceram( Na 1ndia4 em contra-artida4 não ha!ia

nenhuma( Assim4 os *re*os lo*o começaram a reconstruir so<re as ru$nas do

 -assado utili@ando tiolos4 estu+ue e -edras4 en+uanto os )rias !Bdicos do Puna<

e -lan$cie do #an*es usa!am material não su9icientemente dur)!el -ara dei2ar

nos +uais+uer !est$*ios4 ra@ão -ela +ual sua traetria atB cerca de =?? a(C( B um

!a@io em termos ar+ueol*icos( Tam-ouco dei2aram +uais+uer ind$cios

liter)rios de seu estilo de !ida( Da ]l$ada  Odisséia -odese tirar uma ima*em

 <astante 9idedi*na da idade herica *re*a4 da +ual temos4 ademais4 consider)!el

su-orte ar+ueol*ico( Por outro lado4 da e-o-Bia indiana +ue4 como !imos4mostra caracter$sticas e alteraç.es -ro9undas atB o sBculo 0 d(C4 temos a-enas

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uma ilusria !isão clerical4 muito ideali@ada4 acerca do -o!o e do mundo da

idade !Bdica4 e não temos a<solutamente nada de tan*$!el4 isto B4 -ara ser !isto

em !e@ de ou!ido4 so<re os o<etos domBsticos4 ritual$sticos e de *uerra da+ueles

 -or +uem 'ndra matou o dra*ão4 li<ertou os sete rios4 Vsu<u*ou o -o!o escurodasu e 9e@ sua cor desa-arecerV(&&/

So<re o -er$odo su<se+ente ao )ria!Bdico4 entretanto4 hou!e uma

desco<erta ar+ueol*ica -romissora na re*ião do alto #an*es h) -enico mais de

uma dBcada4 +uando uma colina <em estrati9icada 9oi e2-lorada em Hastina-ura4

a-ro2imadamente a %/= Om a nordeste de DBlhi4 e onde 9oi encontrada uma

se+7ncia de tr7s ti-os distintos de o<etos de cermica3

%( Utens$lios coloridos com ocre4 a-arentemente de cerca de %??? a(C4

associados a im-lementos de co<re( VA im-ressão no momentoV4 a9irma SirMortimer heeler4 VB +ue eles -recedem \(((] o -leno desen!ol!imento de !ida

ur<ana na re*ião(V&&&

/( Utens$lios cin@a -intados4 datados -or heeler entre o +uinto e o oita!o

sBculos a(C3 uma cermica caracter$stica da 'dade do ron@e concentrada na

re*ião dos Vdois riosV Jdoā2K _amuna#an*es4 mas estendendose -ara oeste atB

o Puna< e -ara o sul atB Uain( Torneada e <em +ueimada4 -intada com -adr.es

lineares e -ontilhados4 c$rculos conc7ntricos4 es-irais4 si*mas e su)sticas4 em*eral -retos4 ocasionalmente !ermelhos( VSe os )rias t7m +ue ser inseridos neste

+uadroV4 escre!e heeler4 VB -oss$!el su-or +ue a cermica cin@a -intada -ossa

re-resentar a se*unda 9ase de sua in!asão da 1ndia4 +uando -enetraram -elo

Puna< e ariani@aram a re*ião intermedi)ria entre o #an*es e o _amuna4 de-ois

de recolherem idBias e artesãos no 0ale do 'ndo e na re*ião lim$tro9e do

eluchistão(V&&8

A+uele era o -er$odo dos rahmanas4 dos -rinci-ais U-ani2ades4 dos reis

Aatashatru e ai<ali e4 -ossi!elmente tam<Bm4 da+uela *rande *uerra cuos ecos

che*aram atB ns no  @ahā2hārata 3 +ue4 como as #uerras das Rosas na

'n*laterra4 &pa'( #))+ re-resenta o 9im de uma era aristocr)tica 9eudal( De-ois

da+uele desastre4 o termo vira, VheriV4 não mais se a-lica!a a com<atentes em

carrua*ens4 mas aos io*ues como no nome Maha!ira4 o #rande (mahā) Heri

(vira), o >ltimo dos Sal!adores do Mundo dos ainas(

..$ 'g 8eda $&1$&&... +heeler, op% cit%& pp& 11< e 1$6&

.. (!id &, pp& $'2$&

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&( Utens$lios -retos -olidos do Norte4 uma cermica ele*ante4 torneada4

muito <em -olida4 com-ar)!el em +ualidade ao aço e associada ao 9erro datada

 -ro!isoriamente entre os sBculos +uinto e se*undo a(C( o -er$odo +ue !ai do

uda J56&8=/ a(C(K ao im-erador AshoOa J+ue reinou entre cerca de /6= e /&/a(CK( A-arentemente dominante em ihar4 a re*ião das -rimeiras -re*aç.es do

uda4 dali -ode ter sido le!ada4 -elos !encedores de AshoOa e seus

 -redecessores imediatos4 -ara oeste atB o alto Puna< JTa2ilaK4 -ara leste atB

en*ala e rissa e4 -ara o sul4 atB Amara!ati e NasiO(

sur*imento de cidades na $ndia4 não de tiolos ou -edras4 mas de

madeira e com -aliçadas de enormes !i*as e toras4 -ode ser associado a-enas

com os dois >ltimos desses utens$lios( Com relação cermica cin@a -intada4

 -odemos ima*inar Jsu*ere heelerK Vuma !ida ur<ana con9ort)!el e or*ani@adana <acia do _amuna#an*es em al*um -er$odo da -rimeira metade do -rimeiro

mil7nio a(C( \(((] -ano de 9undo ur<ano do  @ahā2hārata \(((]3 uma re-resentação

de dinastias e -ol$ticas ricas e ciumentas4 <aseadas em solo ilimitado e 9Brtil4 e

 <oas comunicaç.es 9lu!iaisV(&&5 E então4 -or !olta de 5?? a(C4 relacionado com o

com-le2o de utens$lios -retos -olidos do Norte4 Vo conhecimento do tra<alho

em 9erro es-alhouse -ela re*ião4 sem d>!ida -ro!eniente da PBrsia4 onde a

9undição do 9erro era 9amiliar h) cinco ou seis sBculos( \(((] A introdução dacunha*em4 tam<Bm -ro!eniente da PBrsia4 re!ela uma aceleração do senso

comercialV e4 como conclui heeler4 uma !e@ esta<elecida4 essa ci!ili@ação do

#an*es +ue a cermica ne*ra -olida do Norte nos indica4 V-ermaneceu -elos

sBculos com uma imuta<ilidade +ue a idade moderna não conse*uiu a<alar

totalmenteV(&&6

Podemos re*istrar4 então4 com uma olhada de !olta -ara a #rBcia4 -ara

alBm da outra 9ronteira do im-Brio -ersa4 o sur*imento *radual e 9lorescimento4

de cerca de =?? a(C a cerca de 5?? a(C4 de uma multidão de estados seculares

mon)r+uicos Jem o-osição aos hier)ticosK atra!Bs de todo o territrio de Atenas

a en*ala3 literalmente centenas de min>sculas -ot7ncias so<eranas4 cada uma

com sua -rinci-al 9ortale@a4 cidade ou metr-ole4 *o!ernada -or uma 9am$lia

real e com conselhos de anciãos4 assem<lBias de cidadãos4 e2Brcito -alaciano4

clero4 cam-esinato e comerciantes4 loas4 resid7ncias e4 nas mais -rs-eras4

monumentos e -ar+ues( E eis +ue4 a certa altura4 na+uelas a*rad)!eis -e+uenas

..6 (!id%& p& 1.$&

..' (!id &, pp& 1.$21..&

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Um mil7nio tur<ulento decorrera( A anti*a situação am-lamente rural da

'dade do ron@e tinha dado lu*ar4 so<re um !asto territrio de ci!ili@ação em

desen!ol!imento4 a uma *al)2ia de cidades *o!ernadas -or reis seculares e não

di!inos( E nelas4 a maioria dos ha<itantes não mais era de a*ricultores( Temosnot$cia de mercadores4 ladr.es -ro9issionais4 a*iotas4 artesãos de todos os ti-os4

 u$@es e uma classe de <urocratas4 marinheiros4 inte*rantes de cara!anas4

hos-edeiros4 su-er!isores de minas e o9iciais militares( So<re eles4 sim-lesmente

não e2erciam nenhum -oder os anti*os ritos de uma reli*ião rural do solo 9Brtil4

ou mon)r+uica da m)*ica da !itria3 eram ritos ultra-assados( Assim4 criouse

uma !asta @ona a-ta rece-ção de uma no!a a<orda*em do -ro<lema do

su-remo <em humano( Deslocada do solo4 <em como das anti*as necessidades

da caça4 sur*iu uma -o-ulação ur<ana <astante so9isticada4 com certo la@er4 lu2oconsider)!el e4 -ortanto4 tem-o -ara a neurose( 'ne!ita!elmente4 a-areceram os

no!os iniciadores4 +ue em suas -r-rias e2-eri7ncias ha!iam en9rentado as

no!as ansiedades3 os -rimeiros -siclo*os sistem)ticos de todos os tem-os e4 de

muitas maneiras4 tal!e@ os melhores( E seus instrumentos <)sicos eram sem-re

os mesmos3 a anti*a tradição ritual4 herdada de seu -assado hier)tico4 com sua

conce-ção de harmonia e e+ui!al7ncia ocultas unindo o &pa'( #)#+ microcosmos

ao macrocosmos e de uma conse+ente ressonncia +ue le!a!a a eleitosm)*icos( Entretanto4 a*ora a +uestão -rinci-al não era mais m)*ica Jo clima4 as

colheitas4 a<undncia de <ens e !ida lon*aK4 mas -sicol*ica Ja détnt e

harmoni@ação da -si+ueK e sociol*ica Ja inte*ração do indi!$duo a uma no!a

sociedade <aseada em uma tradição secular em !e@ de hier)ticaK( Assim4 tinha

se esta<elecido uma -er9eita @ona mito*enBtica Vuma )rea limitada4 -orBm

su9icientemente am-la da su-er9$cie da terra4 relati!amente uni9orme +uanto s

caracter$sticas4 onde uma !asta -o-ulação de indi!$duos estreitamente

relacionados Jno caso4 os +ue ha<ita!am o !asto dom$nio das sociedades da Alta

'dade do ron@e Tardia e in$cio da 'dade do FerroK 9oi a9etada ao mesmo tem-o

 -or estam-a*ens \im#rintings] *rosseiramente com-ar)!eis Jde uma emer*ente

!ida 9amiliar ur<anaK e onde4 em conse+7ncia4 arre<atamentos -sicol*icos da

mesma es-Bcie eram iminentes em toda -arte e4 de 9ato4 se -reci-itaram em um

conte2to de -rocedimento rituali@ado e mito a9imV(&&=

Em uma @ona como essa4 idBias e -r)ticas -odem sur*ir de modo

es-ontneo em mais de um lu*ar ao mesmo tem-o e es-alharse tão ra-idamente.. :e?ini!o do )ermo >zona mi)ogenL)ica>, de As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& p& .12.16&

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+uanto um inc7ndio(

VA9astados de seu -assado de rituais masculinos ori*inais4 tri<ais e

am-lamente di9undidosV4 a9irma o Dr( Warl WerBni4 ao escre!er so<re os ritos

r9icos de iniciação es-iritual4 em moda na #rBcia no sBculo se2to a(C4 Veleso9ereciam suas artes ada-tadas s necessidades reli*iosas de uma no!a era( E

nesse -rocesso histrico tanto o sentido +uanto o car)ter da iniciação mudaram(

Eles 9oram di!ididos em uma direção in9erior4 meramente ritual$stica e uma

su-erior4 -uramente es-iritual4 onde os 9ilso9os -rimeiro os -ita*ricos e

de-ois outros4 mas nem todos maneira acrimoniosa de um Em-Bdocles se

tornaram os iniciadores(V&&:

E assim ocorreu tam<Bm na $ndia4 onde os anti*os ritos das cidades -rB

)rias 9orneceram os temas <)sicos de renascimento na morte e ascetismo4desa-e*o -sicol*ico e identi9icação m$tica( Em cursos -er9eitamente -aralelos

os no!os ensinamentos sur*iram4 tal!e@4 9ecundados !ia PBrsia( Tudo o +ue -ode

ser a9irmado a*ora lu@ das -arcas e!id7ncias de +ue dis-omos com relação ao

 -er$odo4 B +ue tanto na 1ndia +uanto na #rBcia4 <em como na PBrsia entre

am<as4 os temas <)sicos de uma -recoce 9iloso9ia mitol*ica dualista

a-areceram a<ru-tamente so< no!as 9ormas4 mais ou menos ao mesmo tem-o4 e

se di9undiram com ra-ide@(

III( A LENDA DO SALVADOR DO MUNDO

[ im-oss$!el reconstruir o car)ter4 a !ida e a !erdadeira doutrina do

homem +ue se tornou o uda( Su-.ese +ue ele tenha !i!ido entre 56& e 8=&

a(C( Entretanto4 sua mais anti*a <io*ra9ia4 a do cnon -)li4 começou a ser escrita

a-enas -or !olta de =? a(C( no Ceilão \atual Sri LanOa]4 a cinco sBculos e /(8??

Om de distncia do !erdadeiro cen)rio histrico( E a !ida4 a essa altura4 tinhase

tornado mitolo*iase*undo um -adrão caracter$stico dos Sal!adores do Mundo

do -er$odo entre a-ro2imadamente 5?? a(C( e 5?? d(C4 sea na 1ndia4 como nas

lendas dos ainas4 ou no riente Pr2imo4 como na !isão e!an*Blica de Cristo(

&pa'( #)$+

Em resumo4 essa <io*ra9ia ar+uet$-ica do Sal!ador 9ala de3

..# arl erLnyi, >:ie rphische osmogonie "nd der rspr"ng der rphik>, Era-nos-1ahr!uch W(Ihein2Berlag, "ri"e, 1#67%, p& '&

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 %( o descendente de uma 9am$lia real

 /( nascido mila*rosamente

 &( em meio a 9enmenos so<renaturais 8( so<re +uem um santo ancião JSimão j AsitaK4 lo*o a-s o nascimento4

 -ro9eti@ou uma mensa*em de sal!ação do mundo4 e

 5( cuas 9açanhas na in9ncia -roclamam seu car)ter di!ino(

 Na se+7ncia indiana4 o heri do mundo3

 6( casase e *era um herdeiro

,( des-erta -ara sua missão =( -arte4 com o consentimento de seus -ro*enitores Jno ainismoK4 ou

secretamente Jo udaK

 :( -ara en*aarse em )rduas disci-linas na 9loresta

%?( +ue o con9rontam4 9inalmente4 com um ad!ers)rio so<renatural4 so<re

o +ual

%%( a !itria B alcançada(

>ltimo citado4 o Ad!ers)rio4 B uma 9i*ura +ue nos tem-os !Bdicos teria

a-arecido como um dra*ão antisocial J0ritraK mas4 em concordncia com a

no!a 7n9ase -sicol*ica4 re-resenta a*ora a+ueles e+u$!ocos da mente +ue o

mer*ulho do Sal!ador do Mundo nas suas -r-rias -ro9unde@as tra@ lu@4 e

contra os +uais ele est) lutando4 tanto -or sua -r-ria !itria +uanto -ara a

sal!ação do mundo(

 Na lenda cristã4 não h) re*istro dos anos de u!entude re-resentados

acima -elos est)*ios 6 a =( Entretanto4 os e-isdios culminantes J: a %%K estão

re-resentados -elo eum de +uarenta dias no deserto onde se deu o con9ronto

com Satã( Ademais4 -odese ar*umentar +ue as cenas in9antis da matança dos

inocentes -elo rei Herodes4 o a!iso do ano a São osB e a 9u*a da Sa*rada

Fam$lia corres-ondem sim<olicamente ao 64 isto B4 aos es9orços do -ai do 9uturo

uda -ara 9rustr)lo em sua missão4 con9inandoo no -al)cio e 9a@endoo casar

se de-ois do +ue J,K ele 9oi des-ertado -ara sua missão -ela !isão de um ancião4

um homem doente4 um cad)!er e um io*ue4 ante o +ue J=K -laneou 9u*ir( Emam<os os casos a narrati!a e a de um inimi*o rB*io do es-$rito4 lutando com

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todos seus recursos seam eles malB9icos rei HerodesK ou <eni*nos Jrei

SuddhodanaK +ue se mostram !ãos -ara 9rustrar o in9ante Sal!ador em sua

 -redestinada missão(

Se*uindo seu encontro cara a cara com o Anta*onista e !encendoo4 oSal!ador do Mundo3

%/( reali@a mila*res Jcaminha so<re as )*uas etc(K

%&( tornase um -re*ador errante

%8( -re*a a doutrina da sal!ação

%5( a um sB+uito de disc$-ulos e

%6( a uma -e+uena elite de iniciados &pa'( #)5+

%,( um dos +uais4 menos r)-ido -ara a-render do +ue o resto JPedro jAnandaK4&8? rece<e o comando e se torna o modelo da comunidade

lei*a4 en+uanto

%=( outro4 o<scuro e traiçoeiro Judas j De!adattaK4 est) em-enhado na

morte do Mestre(

Em !)rias !ers.es da lenda são dadas di9erentes inter-retaç.es aos ternas

comuns4 coincidindo com as di9erenças de doutrina( Por e2em-lo4 /3 en+uanto a0ir*em Maria conce<eu do Es-$rito Santo4 a rainha Maa4 mãe do uda4 era

uma !erdadeira es-osa de seu consorte tam-ouco o Sal!ador do Mundo +ue ela

dera lu@ era uma encarnação de Deus4 o Criador do Uni!erso4 mas um  *īva

reencarnado iniciando a >ltima de suas inumer)!eis !idas( '*ualmente os itens

%?%%3 en+uanto a !ida do uda atin*iu o )-ice na sua !itria so<re Mara so< a

)r!ore odhi4 a lenda cristã trans9ere a Ár!ore da Redenção -ara o est)*io %:4

isto B4 a morte do Sal!ador4 +ue na !ida do uda não B mais do +ue uma

 -assa*em -ac$9ica no 9inal de uma lon*a carreira de mestre( Pois o -onto

 -rinci-al do <udismo não B 3 como no anti*o sacri9$cio Soma a imolação

9$sica do Sal!ador4 mas seu des-ertar J2odhiK  -ara a 0erdade das !erdades e4 em

conse+7ncia4 a li<ertação Jmok  saK da ilusão Jmā!āK. Por isso4 o -onto -rinci-al

 -ara o indi!$duo <udista não B se a lenda do uda corres-onde ao +ue de 9alo e

historicamente ocorreu entre 56& e 8=& a(C4 mas se ser!e -ara ins-ir)lo e *ui)

lo -ara a iluminação(

.7 Ma)e"s 1'E$.= Mah*parini!!na-"=tta '1&

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IV( ETERNIFA2ÃO M%TICA

Assim a narrati!a4 -ouco -reocu-ada com a e2atidão dos 9atos4 di@3

Era uma !e@ um rei <ondoso4 Suddhodana4 da Dinastia do Sol4 +uereina!a na cidade de Wa-ila!astu4 onde o s)<io Wa-ila ha!ia -re*ado Je-isdio

lend)rioK(

A Dinastia do Sol4 como o leitor sa<e4 corres-onde ao -rinc$-io da -ura lu@( A

lu@ do sol B -ura( A lu@ da lua4 -or seu lado4 -artici-a da escuridão( A lu@ do sol4

ademais4 B eterna4 en+uanto a da lua4 min*uando e crescendo em contra-osição

sua -r-ria o<scuridade4 B a uma s !e@ mortal e imortal( s deuses Tammu@ e

s$ris e4 no sistema !Bdico( Soma4 eram mani9estaç.es do mistBrio lunar( E o

deus _iva4 como !imos4 tam<Bm era uma di!indade desse conte2to( Seu animal Bo touro nos seus ca<elos est) a lua crescente relacionamos sua icono*ra9ia com

a do io*ue dos sinetes do 0ale do 'ndo( A mitolo*ia do uda4 -or outro lado4 B

solar( Ele B chamado o Leão do clã _āk!a4 +ue est) sentado so<re o Trono do

Leão( s$m<olo de sua doutrina B o Disco Solar e sua doutrina 9a2 re9erencia a

um estado +ue não B estado4 do +ual a >nica ima*em a-ro-riada B a lu@(

 No E*ito4 com a ascensão da 0 Dinastia -or !olta de /8=? a(C4 a

mitolo*ia do sol su<stituiu o sistema lunar de s$ris e o 9ara4 no -a-el da lua4era chamado o 9ilho do deussol R)( Tronos e leitos com -atas de louro deram

lu*ar a -alas de leão( Entre os semitas4 o deussol Shamash JUtu4 na SumBriaK

era uma di!indade de -oder su-remo4 e entre os )rias4 o sol e era uma 9oiça

 -oderosa( Na relu@ente cidade de &pa'( #)*+ PersB-olis do Rei dos Reis -ersa

constru$da -or Dario '4 em 5// a(C( e destru$da em &&? a(C( -or Ale2andre o

 -rinc$-io solar do Senhor da Lu@4 do -ro9eta )ria Zoroastro res-landecia com o

 <rilho do -r-rio sol na terra4 emitindo seus raios( E assim 9icamos sa<endo4

tam<Bm4 +ue o <om rei4 -ai do uda4 era da Dinastia do Sol4 reinando na cidade

em +ue um dia o s)<io Wa-ila tinha -re*ado(

Wa-ila era o 9undador da chamada 9iloso9ia San+uia4 +ue o uda tomou

como -onto de -artida( Como o ainismo e o <udismo4 a escola San+uia B não

!Bdica e4 como o ainismo4 mas não como o <udismo4 ela trata de dois -rinc$-ios

contr)rios3 E matBria4 +ue chama de #rakrti, e /( a mnada4 +ue ela denomina

 #urusa, Vo serV( En+uanto no ainismo a mnada B conce<ida como 9isicamente

contaminada -ela matBria4 na !isão San+uia não h) um contato real entre elas a -essoa como o sol 9ica se-arada( Seu <rilho ati!a o -rinc$-io inerte da

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matBria4 +ue B como a )*ua a*itada na +ual se re9lete a lu@ solar( E cada re9le2o

ima*ina +ue ele -r-rio B o ser e  -or isso4 eterno3 conse+entemente4 !i!encia

se a ansiedade4 unto com a triste@a e tudo mais( Na escola 'o*a4 entretanto4

+uando a -orção de matBria a*itada contida na mente indi!idual Jo esto9omentalK se acalma como na io*a de Patanali descrita no Ca-$tulo '∗  sur*e

a ima*em inteira do ser real4 a 9alsa idBia do mero re9le2o Je*o j aham)

desa-arece e se reconhece a !erdadeira identidade da -essoa com a+uela

entidade imorredoura4 semelhante ao sol identidade +ue4 ironicamente4 a

 -essoa 9oi o tem-o todo sem sa<7lo(

A io*a de Patanali descrita acima4 tão di9erente na 9inalidade +uanto no

mBtodo do suic$dio -sico9$sico dos ainistas4 B  a -r)tica dessa 9iloso9ia( E a

9)<ula cl)ssica contada -ara ilustrar seu tema central e a do 9ilho do rei a9astadodo -al)cio do -ai +uando <e<e e criado -or um mem<ro de uma tri<o -rimiti!a

na i*norncia a res-eito de sua !erdadeira nature@a( Ele !i!e anos -ensando3

VSou uma -essoa sem casta4 um mem<ro de uma tri<o -rimiti!aV( Entretanto4

+uando o rei morre sem outro descendente4 certo ministro de Estado4 a-urando

+ue o menino est) !i!o4 locali@ao e di@lhe3 VTu não Bs sem casta( Tu Bs o 9ilho

do reiV( 'mediatamente o o!em a<andona a idBia de ser um -)ria e assume sua

nature@a real4 di@endo a si mesmo3 VEu sou o reiV(VDesse modoV4 continua a narrati!a4 Vse*uindo a instrução de um ser

misericordioso Jo guruK , +ue declara3 Tu Bs ori*in)rio do Homem Primordial

Jādi#urusaK , a di!ina e uni!ersal mnada da !ida +ue se mani9esta atra!Bs da

consci7ncia -ura e B es-iritualidade +ue tudo -ermeia e com-leta em si mesma

tu Bs uma -orção dela4 uma -essoa inteli*ente a<andona o erro de su-orse

mani9estação ou -roduto da sim-les matBria e -ermanece 9iel sua -r-ria

e2ist7ncia intr$nseca (svasvar>#am).6 :;J  nome de Wa-ila si*ni9ica Vo

0ermelhoV e B um e-$teto do sol4 s$m<olo da mnada <rilhante e cristalina( E h)

uma lenda so<re ele no @ahā2hārata, +ue conta +ue +uando os sessenta mil

9ilhos de certo Monarca Uni!ersal chamado ceano JSa*araK esta!am

ca!al*ando na 9unção de *uarda armada do ca!alo sacri9icial de &pa'( #)-+ seu

 -ai4 o animal su<itamente desa-areceu da !ista deles e +uando -enetraram na

terra onde tinha desa-arecido4 desco<riramno <em no 9undo da terra com um

santo sentado a seu lado em meditação Wa-ila( "uando a *uarda tentou

 R "upra& pp, .72.1&.1 Sfnkhya-s)ras &1& (Trad"!o, immer, Philosophies of (ndia% pp& .72.7#&%

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reca-turar o o<eto de sua res-onsa<ilidade sem deterse -ara -restar a de!ida

re!er7ncia a Wa-ila4 este4 com o <rilho de seus olhos4 +ueimouos dei2andoos

em cin@as(&8/ De maneira similar4 o encontro com a mnada4 Vo 0ermelhoV4

ani+uila as incont)!eis ilus.es do oceano do mundo( sacri9$cio do ca!alocsmico4 conse+entemente4 tornase um sacri9$cio interior(∗  E a 9alsa

identi9icação desa-arece(

Em nossa !isão da -rimiti!a se+7ncia touroleão4 do E*ito4 9oram

o<ser!ados tr7s im-ortantes est)*ios -sicol*icos3 '( 'denti9icação M$tica Jno

ritual re*icida -rBdin)sticoK4 /( En9atuação M$tica Jno culto 9aranico da ' '0

DinastiasK4 &( Su<ordinação M$tica Jna mitolo*ia de R) da 0 DinastiaK(

Temos a*ora +ue re*istrar4 com relação 9iloso9ia San+uia de Wa-ila4

io*a de Patanali e anterior e mais rude mitolo*ia e io*a dos ainistas4 um+uarto est)*io ou instncia3 8( Eterni@ação M$tica Jna io*aK onde4 -or uma

mudança de associação4 o sueito a-rende a identi9icarse4 não com o 9ilho do

sol4 mas com o -r-rio sol4 o Pai4 testemunho do Filho(

VTão serenamente +uanto a -r-ria lu@ <rilharia se tudo o +ue ela ilumina

  cBu4 terra e ar não e2istisse4 e2atamente assim B o estado isolado da+uele

+ue !74 o -uro SiPr-rio4 +uando o mundo tr$-lice4 tu e eu4 em suma tudo o +ue

B !is$!el4 se aca<a(V&8&

VEsse tam<Bm B o isolamento da+uele +ue !7 e +ue 9ica sem !er4 de-ois

+ue a con9usão de a-ar7ncias eu4 tu4 o mundo e tudo desa-arece(V&88

E2atamente como no est)*io %4 a+ui tam<Bm 9oi alcançada uma identi9icação

m$tica( Ela não se d)4 entretanto4 com +ual+uer o<eto -erce<ido4 sea mortal ou

imortal4 mas com o sueito +ue -erce<e não com o cam-o4 mas com +uem

 -erce<e o cam-o não com a VmatBriaV J #rakrtiK4 so< +ual+uer 9orma4 mas com o

Vindi!$duoV J #urusaK so@inho3 consci7ncia de nada em e de si mesma(

V( O CAMIN8O DO MEIO

0amos a*ora saltar -ara os e-isdios 6 a %%4 os anos de casamento4 <usca

e des-ertar do o!em #autama4 +ue iria su-erar atB Wa-ila em sua ca-acidade de

.$ Mah*!h*rata .&17<& R "upra& p& 1<$&..  Bi8fna3hiks", comen)Qrio so3re Sfnhhyas)ra  1&1', ci)ado por Iichard Gar3e, Die Samkhya-Philosophie% (;& ;aessel Berlag, *eipzig, 1#1<, $ ed&%, p& .<&. Bi8fna3hiks", comen)Qrio so3re Sfnhhyas)ra @@&.= Gar3e, loc& cit%

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intro!ersão -ois se Wa-ila 9e@ o mundo o<eti!o desa-arecer4 o uda tam<Bm

!arreu o sueito(

A !ersão de sua lenda +ue irei usar4 a do mon*e -oeta Ash!a*hosha4 de

cerca de %?? d(C4 ) 9orneceu nosso relato do ata+ue de Mara(

∗ R

 Com-osta emsnscrito4 do -onto de !ista da escola Mahaana Jdi!isão -osterior do

 -ensamento <udistaK4 ela não a-enas -ro-orciona uma ocasião de com-ar)la

com a -ers-ecti!a estritamente &pa'( #)/+ mon)stica maneira San+uia

da anti*a escola Hinaana4 mas tam<Bm dedica uma atenção mais -recisa do +ue

o te2to -)li s crises de <usca intelectual +ue -recederam a desco<erta do

Caminho do Meio( E -ara nosso -ro-sito4 +ue B de9inir tanto +uanto -oss$!el

em termos orientais as trans9ormaç.es do -ensamento m$tico orientai4 esse *uia

sum)rio B inestim)!el( De!erei determe no caminho -ara su<linhar cate*orias4mas em *eral a-enas -rocurarei a-resentar4 da melhor 9orma -oss$!el ainda +ue

 <re!emente4 al*o do sa<or e do sentido desse -rimeiro cl)ssico do chamado

estilo Wb!a JV-oBticoVK da l$n*ua liter)ria snscrita(

ESTÁGIO - O PALÁCIO DOS PRAFERES

"uando o o!em -r$nci-e #autama ultra-assou a in9ncia e atin*iu a u!entude4 a-rendeu em -oucos dias as ci7ncias -r-rias sua linha*em4 coisa

+ue os outros necessitam de muitos anos -ara dominar4 e o rei4 seu -ai4 -rocurou

 -ara ele em uma 9am$lia de e2cel7ncia moral irre-reens$!el uma noi!a dotada de

 <ele@a4 modBstia e conduta sua!e4 chamada _ashodhara4 e o -r$nci-e reu<ilou

se com a+uela -rincesa( E -ara +ue não ti!esse nenhuma !isão +ue -udesse

 -ertur<ar sua mente4 o rei -re-arara -ara ele uma resid7ncia lon*e das -ress.es

do -al)cio4 -ro!endoa de todos os -ra@eres( Com o ressoar sua!e das <alidas de

tam<orim -elas mãos das mulheres dançando como nin9as celestiais4 a+uela

resid7ncia res-landecia como a montanha dos deuses( Com suas <elas !o@es

sua!es4 sua ocosa e2citação4 doces risadas o olhares 9urti!os4 a+uelas mulheres

 -eritas nas artes do amor a*rada!amno a tal -onto +ue uma !e@4 em <usca do

telhado de um -a!ilhão4 ele escorre*ou entretanto4 amais che*ou ao chão3

como um santo s)<io saindo de uma carrua*em celeste4 9icou sus-enso

9lutuando no ar(

 No de!ido tem-o4 a <ela e *enerosa _ashodhara deu lu@ um 9ilho4 R∗ "upra& pp& $.2$6&

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Rahula4 e o <om rei4 -ai de #autama4 ale*randose com o neto4 redo<rou as

de!oç.es s +uais !inha se entre*ando desde o nascimento de seu -r-rio 9ilho4

#autama( 9ereceu sacri9$cios  soma a A*ni e outras di!indades do -anteão

 -ronunciando 9rases dos 0edas4 -raticou a tran+ilidade -er9eita e o<ser!ounumerosas disci-linas a-ro-ria das aos lei*os mas sem-re -er*untandose com

+ue outros meios de sedução sensual -oderia im-edir +ue seu +uerido 9ilho

 -artisse -ara a 9loresta(

Reis -rudentes desta terra +ue -re@am a -ros-eridade @elam

cuidadosamente os -assos de seus 9ilhos no mundo mas esse rei4 em<ora

de!otado reli*ião4 mante!e o 9ilho lon*e disso4 !oltandoo a-enas -ara os

o<etos de -ra@er(

Entretanto4 a+ueles cua Ve2ist7nciaV J sattvaK  B ViluminaçãoV J2odhiK4  os2odhi sattvas, os 9uturos <udas4 de-ois de conhecerem o sa<or do mundo4

sem-re4 de-ois do nascimento de um 9ilho4 -artem -ara a 9loresta(

ESTÁGIO / OS 4UATRO SINAIS

E assim4 certo dia +uando as la*oas de ltus esta!am adornadas e as

9lorestas co<ertas do *rama tenra4 tendo ou!ido so<re a <ele@a dos <os+ues dacidade caros &pa'( #)0+ as mulheres4 o 2odhisattva decidiu sair4 como um

ele9ante h) muito tem-o trancado em seu est)<ulo( E o rei4 ao sa<er do deseo do

9ilho4 ordenou +ue uma comiti!a se -re-arasse com e2tremas -recauç.es -ara

+ue nenhuma -essoa a9lita a-arecesse ao lon*o do caminho e -ertur<asse a

mente -rote*ida de seu 9ilho(

Em uma carrua*em de ouro4 acom-anhado de um ilustre sB+uito e -or

uma estrada ata-etada de 9lores4 o -r$nci-e -artiu4 -u2ado -or +uatro ca!alos

mansos4 e ao anuncio de sua -assa*em4 Vo Pr$nci-e !em !indoV4 as mulheres4

+ue ha!iam o<tido -ermissão dos maridos4 se a-ressaram -ara os telhados e

assustaram os -)ssaros com o tilintar de suas cintas e *ui@os nos torno@elos

ressoando atB as estrelas( Al*umas atra-alha!amse com as tiras das cintas

escorre*ando4 atordoadas4 tendo aca<ado de des-ertar e de !estir s -ressas seus

ornamentos outras tinham di9iculdade -ara su<ir sim-lesmente -elo -eso de

seus am-los +uadris e seios a<undantes( De<ruçando se incansa!elmente nas

 anelas4 em-urrandose entre a multidão4 os ornamentos tilintando4 as 9aces deltus das mulheres <rilha!am en+uanto olha!am intensamente e sus-ira!am com

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mentes -uras e sem sentimentos a<etos3 VFeli@ de sua es-osa^V

s deuses4 entretanto4 em suas moradas -uras4 reconhecendo o momento4

en!iaram um ancião a andar -ela estrada(

-r$nci-e !iuo( -r$nci-e diri*iuse ao condutor da carrua*em(

V"uem B a+uele homem de ca<elos <rancos4 mãos 9racas se*urando um

 <astão4 olhos -erdidos so< as so<rancelhas4 mem<ros cur!ados e andando

deri!aI Al*uma coisa aconteceu -ara alter)lo ou B esse seu estado naturalIV

V[ !elhiceV4 res-ondeu o condutor da carrua*em4 V+ue arre<ata a <ele@a4

aca<a com a 9orça4 causa -esar4 destri os -ra@eres4 en!enena a memria e B

inimi*a dos sentidos( Em sua in9ncia4 ele tam<Bm tomou leite e a-rendeu a

en*atinhar4 che*ou -asso a -asso atB o !i*or da u!entude e a*ora4 tam<Bm -asso a -asso4 che*ou 0elhice(V

condutor da carrua*em re!elou dessa maneira4 em toda sua

sim-licidade4 o +ue de!eria ser ocultado do 9ilho do rei4 +ue e2clamou3 V +ueI

E este mal atin*ir) a mim tam<BmIV

VSem d>!ida4 -or 9orça do tem-oV4 res-ondeu o condutor(

E o de *rande alma4 cua mente4 atra!Bs de muitas !idas4 tinha se

a-ossado de *rande +uantidade de mBritos4 9icou a*itado +uando ou!iu so<re a!elhice como um touro +ue ou!iu de -erto a e2-losão de um tro!ão( E -ediu

 -ara ser le!ado -ara casa(

utro dia4 outra sa$da4 e os deuses en!iaramlhe um homem a9li*ido -ela

doença(

-r$nci-e disse3 VA+uele homem4 -)lido e ma*ro4 de <arri*a inchada4

res-iração -esada4 <raços e om<ros ca$dos e com todo o cor-o al+ue<rado4

 -ronunciando lamuriosamente a -ala!ra mãe +uando a<orda um estranho3 o +ue

lhe aconteceuIV

VMeu <om senhorV4 res-ondeu o condutor da carrua*em4 VB a doença(V

E esse mal B -eculiar a ele ou são todos os seres i*ualmente ameaçados

 -ela doençaIV &pa'( #)1+

V[ um mal comum a todosV4 res-ondeu o condutor(

E4 de no!o4 tremendo4 o -r$nci-e deseou ser le!ado -ara casa(

Pela terceira !e@4 ele saiu e as di!indades en!iaramlhe um homem morto(

Disse o -r$nci-e3 VMas o +ue e a+uilo4 carre*ado -or +uatro homens4!estido mas sem res-irar e acom-anhado de um sB+uito de -ranteadoresIV

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condutor da carrua*em4 com a mente -ura su<u*ada -elos deuses4

disselhe a !erdade3 VEsse4 meu <om senhor4 B o 9im de todos os seres !i!entesV(

Per*untou o o!em3 VComo -ode um ser racional4 sa<endo essas coisas4

 -ermanecer ne*li*ente a+ui na hora da calamidadeI 0olta a carrua*em4 homem(Esta não B a hora nem o lu*ar -ara o -ra@erV(

Dessa !e@4 entretanto4 em o<edi7ncia ao -ai do o!em4 o condutor

 -rosse*uiu atB o 9esti!al das mulheres nos <os+ues( E o o!em -r$nci-e4 ao

che*ar4 9oi rece<ido como um noi!o( Al*umas acharam +ue era o -r-rio deus

do amor encarnado outras acharam +ue era a lua( Muitas 9icaram tão como!idas

+ue sim-lesmente a<riram a <oca como se 9ossem en*olilo( E como o 9ilho do

sacerdote 9amiliar as e2ortasse a 9a@er uso de seus encantos4 ti!eram as almas

arre<atadas -elo amor( Elas atacaram o -r$nci-e com todos os ti-os deestrata*emas( Encostando os seios contra ele4 diri*iramlhe con!ites( Uma

a<raçouo !iolentamente4 9in*indo ter tro-eçado( utra sussurroulhe no ou!ido3

VDei2e meu se*redo ser re!eladoV( Uma terceira4 com *estos a-ro-riados4

entoou uma canção ertica4 9)cil de entender4 e uma +uarta4 com <elos seios4 riu4

seus <rincos a <alançar no ar e *ritou3 VPe*ueme4 senhor4 se -uder^V Mas ele4 o

mais e2celente de todos os o!ens4 ali !a*ando como um ele9ante na 9loresta

se*uido de um re<anho de mulheres4 a-enas -onderou em sua mente a*itada3VEssas mulheres não sa<em +ue a !elhice um dia lhes tirar) a <ele@aI Sem

!erem a doença4 são 9eli@es a+ui neste mundo de dor( E4 a ul*ar -ela maneira

como riem em suas <rincadeiras4 não sa<em a<solutamente nada so<re a morteV(

sB+uito !oltou -ara o -al)cio com as es-eranças a<aladas(

Assim o o!em e a9etuoso -r$nci-e tinha a-rendido as liç.es ne*ati!as da

!elhice4 da doença e da morte4 +ue no sistema <udista são os sinais do

so9rimento de toda !ida( E a circunstncia da in9ncia em !ão su-er-rote*ida

intensi9icou o im-acto desses as-ectos ne*ati!os da e2ist7ncia -ois a lenda B

inteiramente sim<lica4 não uma <io*ra9ia !erdadeira( Um o!em sens$!el e

 <emdotado e criado em um mundo de total ilusão atB o -er$odo de 9ermentação4

+uando -ro9undos cho+ues -sicol*icos a9etam4 de 9ato4 o es-$rito4 e um cho+ue

em -ro9undidade -lena B conse+entemente re-resentado -elo +ue chamar$amos

hoe de trauma( Sua <usca4 de a*ora em diante4 ser) a de uma cura(

Mas uma cura com +ue 9inalidadeI retorno a este mundo4 desco<erto

J-ara usarmos a 9rase terr$!el de Scho-enhauerK como Val*o +ue não de!eria tersidoVI

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Con9orme Niet@sche escre!e so<re o -ro<lema3

o inundo do dia a dia est) se-arado -or um a<ismo de es+uecimento da

realidade dionis$aca da !ida4 o +uando4 de-ois de uma -erce-ção r)-ida dessa -ro9undidade4 o &pa'( #!)+ mundo do diaadia no!amente se descortina4 B

considerado a-enas com re-u*nncia( Uma dis-osição ascBtica4 ne*ati!a -ara

com a !ontade de !i!er4 B a conse+7ncia de tal estado mental(

 Nesse sentido4 o car)ter dionis$aco lem<ra Hamlet( Cada um te!e uma

 -erce-ção real da nature@a essencial das coisas( Eles são iluminados( E a*ora

isso -ode a-enas tirarlhes a !ontade de a*ir( Pois seus leitos não -odem mudar

nada do +ue di@ res-eito eterna nature@a da e2ist7ncia( Por isso acham rid$culo

ou in9ame o Fato de serem chamados a consertar o mundo +ue est)

desarticulado( A iluminação -aralisa a ação4 +ue e2i*e a -resença de um !Bu de

ilusão co<rindo a !erdade( Essa B a moral de Hamlet( \(((]

Por+ue4 uma !e@ !ista a !erdade das coisas4 tendo essa !erdade em

mente4 -odese !er em toda -arte a-enas a monstruosidade ou o a<surdo da

e2ist7ncia3 com-reendese o sim<olismo do destino da louca 9Blia( \(((] E 9ica

se totalmente nauseado(&85

[ 9)cil demais atri<uir tal -erce-ção da nature@a das coisas e o cho+ue

resultante a um trauma -sicol*ico e4 então4 escre!er com-lacentemente so<re

Vada-taçãoV( Semelhante <analidade a-enas retira um !Bu de es+uecimento4 e

so<re ele4 um !Bu de ilusão( Pois o -ro<lema4 de 9ato4 e conser!ar a -erce-ção

o<tida en+uanto se -rocura orient)la -ara o +ue Niet@sche denominou Vsa>de

mais ele!adaV(

E o chamado do o!em -r$nci-e #autama a essa 9inalidade !eiolhe na

sa$da se*uinte do ninho4 +uando !iu o +uarto e >ltimo dos "uatro Sinais(

Ele ca!al*a!a em seu corcel <ranco4 WanthaOa4 -or um cam-o +ue esta!a

sendo arado e !iu o ca-im no!o não a-enas cortado e es-alhado4 mas tam<Bm

co<erto de o!os e lar!as de insetos mortos( Cheio de -ro9unda triste@a4 como se

9osse sua -r-ria es-Bcie a<atida4 ele desceu do ca!alo e caminhou lentamente

so<re o chão4 re9letindo so<re o nascimento e a destruição e -ronunciando3

VRealmente lament)!el^V E4 deseando estar a ss4 9oi sentarse ao -B de uma

macieira rosa num lu*ar ermo4 so<re a terra co<erta de 9olhas( Ponderando so<re.6 Nie)zscheE Die Ge!urt der Tragdie& p& <, penl)imo parQgra?o&

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a ori*em do mundo e sua destruição4 ele resol!eu manterse no caminho da

9irme@a mental( E assim li<erto de todas as causas de so9rimento4 como o a-e*o

ao deseo -elos o<etos do mundo4 atin*iu o -rimeiro est)*io da contem-lação(

Ele esta!a tran+ilo e a<sorto em -ensamentos(Em se*uida4 !iu diante de si um asceta mendicante( V +ue Bs tuIV4 ele

 -er*untou4 ao +ue o outro res-ondeu3 VAterrori@ado -elo nascimento e morte4

deseando li<ertarme tomeimc asceta( Como mendi*o4 errando sem 9am$lia e

sem es-erança4 aceitando +ual+uer esmola4 !i!o a*ora -or nada alBm do <em

su-remoV( Em se*uida4 ele ele!ouse -ara o cBu e desa-areceu -ois trata!ase

de um deus(

ESTÁGIO 0A A VISÃO DO CEMITHRIO

De !olta a casa4 o -r$nci-e 9oi atB o -ai reunido com sua corte e4

 -rostrando se4 com as mãos untas acima da ca<eça4 disselhe3 V Senhor dos

Homens4 +uero tornarme um asceta mendicanteV Mas o rei4 a<alado como uma

)r!ore atacada -or um &pa'( #!!+ ele9ante4 -e*ou as mãos untas de seu 9ilho e

disselhe4 a9o*ado em l)*rimas3 V meu 9ilho4 a9asta essa idBia( Não B hora de te

!oltares -ara a reli*ião( Durante o -rimeiro -er$odo da !ida a mente B inst)!el ea -r)tica reli*iosa cheia de -eri*osV( -r$nci-e olhou -ara ele e res-ondeu

ris-idamente3 VPai4 não B certo deter uma -essoa -restes a esca-ar de uma casa

+ue est) se incendiandoV( E le!antouse e retornou a seu -al)cio4 onde 9oi

rece<ido -or suas es-osas( Mas o rei disse3 VEle não ir)^V

Em seu -al)cio4 o -r$nci-e sentouse num trono de ouro4 cercado -or

a+uelas *raciosas mulheres +ue não desea!am nada mais do +ue a*rad)lo com

sua m>sica( E  os deuses encantaramnas4 de maneira +ue en+uanto toca!am

ca$ram no sono4 dei2ando os instrumentos escorre*arlhes das mãos( Uma deitou

com seu tam<or como se 9osse um amante( utra4 com os ca<elos em desalinho4

saias e ornamentos em desordem4 era como uma mulher atro-elada -or um

ele9ante( Muitas res-ira!am ruidosamente outras4 com os olhos <rilhantes

arre*alados e -aralisados4 esta!am 9eito mortas( Uma4 com a nude@ mostra4

 <a<a!a como se esti!esse em<ria*ada( E todas +ue antes ostenta!am todas as

*raças4 a*ora4 com os traes em desordem4 esta!am a<andonadas !er*onha e

ao desam-aro( Eram como um la*o de ltus !arrido -elo !ento( -r$nci-e -ensou3 VTal B a nature@a das mulheres3 im-uras e monstruosas

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um eremitBrio na 9loresta4 onde reali@aria sua -rimeira 9açanha no caminho do

9o*o( #a@elas e cer!os dormiam ainda em calma e con9iança e os -)ssaros

re-ousa!am tran+ilamente( E ali che*ando4 o 9uturo uda tam<Bm descansou4

como se sua meta ti!esse sido atin*ida(Ele desceu de seu ca!alo4 elo*iouo com al*umas -ala!ras e diri*iuse a

ChandaOa( Vom ami*o4 tua de!oção a mim e tua <ra!ura de es-$rito 9oram

 -ro!adas -ela condução desta montaria(V E deu ao homem uma -edra -reciosa4

retirada de seu diadema4 -edindolhe +ue !oltasse com a montaria a Wa-ila!astu(

VNão de!o ser -ranteadoV4 ele disse( VTam-ouco -arti -ara a 9loresta em hora

errada( Não h)4 na !erdade4 hora errada -ara a reli*ião(V

ChandaOa a9o*ouse em l)*rimas( V mestre^ +ue dir) !osso -o<re -ai

e !ossa rainha com o 9ilhinhoI E4 mestre4 meu >nico re9>*io B a !ossos -Bs( +ue ser) de mimIV

9uturo uda res-ondeu3 VComo os -)ssaros recorrem a seus a<ri*os nas

)r!ores e não o<stante -artem4 tam<Bm os encontros de todos os seres aca<am

ine!ita!elmente em se-aração( Meu <om ami*o4 não te entristeças e -arte4 e se

teu amor resistir4 al*um dia retorna( Aos de Wa-ita!astu di@e +ue s retornarei

de-ois de ter !encido a !elhice e a morte4 do contr)rio -erecerei 9racassadoV(

Ao ou!ir isso4 o ca!alo4 dei2ando -ender a ca<eça4 derramou l)*rimas+uentes e lam<eu as -atas( -r$nci-e acariciouo( VTua nature@a e+ina

 -er9eitaV4 disse ele4 V9oi constatada( Não chores4 <om WanthaOa( Tua ação dar)

9ruto(V

Em se*uida ele -u2ou da <ainha sua es-ada -ontuda4 a@ulescura4 co<erta

de -edras -reciosas4 com a lmina ornamentada de ouro( E tendoa -u2ado4

cortou de um s *ol-e o to-ete real de seus -r-rios ca<elos( untamente com o

diadema4 o*ouo -ara o alto no ar onde os deuses4 tomandoo res-eitosamente4

le!aramno com *ritos de ><ilo -ara ser adorado no cBu(

ESTÁGIO 1 A PROCURA DO CAMIN8O

Com o -asso de um leão e a <ele@a de um cer!o4 o 9uturo uda -enetrou

no <os+ue4 e todos ali4 e2-erientes em -enit7ncias4 dei2aram suas ati!idades(

Encarnados4 os -a!.es soltaram *rilos as !acas em o<lação derramaram seu

leite( Ascetas -astando como cer!os imo<ili@aramse unto com os cer!os( E o -r$nci-e disse +ueles +ue se a-ro2imaram3 Vons senhores4 como este4 hoe4 B

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meu -rimeiro eremitBrio4 -or 9a!or4 e2-licaime os -ro-sitos de  tais

ati!idadesV( &pa'( #!$+

VFolhas4 )*ua4 ra$@es e 9rutos4 alimentos nãoculti!adosV4 disseramlhe3

Visto e a-enas isto B o alimento destes <ons santos( Al*uns4 como os -)ssaros4 <icam sementes outros -astam4 como os cer!os( Al*uns !i!em de ar e !i!em

como as co<ras entre as 9ormi*as4 s +uais -ermitem 9a@er 9ormi*ueiros sua

!olta( Al*uns -oucos4 com *rande es9orço4 conse*uem alimentarse de -edras(

utros comem *rãos mo$dos com seus -r-rios dentes( utros4 como os -ei2es4

!i!em na )*ua( -ermitindo +ue as tartaru*as arranhem sua carne en+uanto

muitos4 com os ca<elos emaranhados sem-re molhados4 o9erecem o<laç.es a

A*ni4 entoando hinos( Por+ue a dor4 di@emos4 B a rai@ do mBrito( cBu B

con+uistado -elas maiores -enitencias4 os o<eti!os terrenos -elas menores massea +ual 9or o caso4 B -elo caminho da dor +ue e!entualmente a 9elicidade ser)

o<tida(V

9uturo uda -ensou3 V[ na melhor das hi-teses o cBu +ue eles estão

con+uistando( Mas se a dor B reli*ião e a 9elicidade nãoreli*ião4 então4 -ela

reli*ião eles estão con+uistando a nãoreli*ião( Como4 entretanto4 e a-enas -ela

mente +ue o cor-o a*e ou não a*e4 o +ue de!eria ser controlado não B o cor-o4

mas o -ensamento( Sem o -ensamento4 o cor-o não -assa de uma tora(Tam-ouco a )*ua ir) la!ar o -ecadoV(

Esse era um ar*umento em-restado -elo o!em -r$nci-e da escola

 -sicol*ica de Wa-ila4 com o +ual se re9uta!a tanto o ainismo +uanto as cruBis e

e2tremadas disci-linas io*ues -uramente 9$sicas -raticadas na+uele eremitBrio(

Entretanto4 um se*undo -ensamento conce<ido na+uela ocasião4 con9orme

a-resentado -ela !isão Mahaana4 a-onta -ara alBm de Wa-ila em direção ao

9undamento >ltimo da reli*ião -o-ular +ue iria emer*ir4 um dia4 da desco<erta e

ensinamento do uda4 re9erente a seu Caminho do Meio( 9uturo uda re9letiu3

VUma !e@ +ue se de!e -rocurar um lu*ar na terra +ue -ossa ser de!idamente

chamado sa*rado4 +ue sea um onde haa al*o tocado -or um homem !irtuoso(

Eu contaria como metas de -ere*rinação a-enas as !irtudes da+ueles +ue

mani9estaram !irtudeV(

) h) em seu -ensamento uma racionali@ação do culto -o-ular <udista

 -osterior4 o das rel$+uias4 e4 em contra-osição a um caminho 9ilos9ico4 B

 -rescrito um am-lo interesse -or um caminho reli*ioso de redenção( Pois ain9luencia 9inal +ue se -retende a+ui não B a-enas so<re o -ensamento4 mas

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so<re o car)ter( -ensamento -ode trans9ormar o car)ter4 mas mesmo a sim-les

 -resença de um -ersona*em -ode tam<Bm causar tal mila*re de trans9ormação(

A curiosa im-aci7ncia -o-ular -or a-enas !er4 tocar e untar lem<ranças de

V-ersonalidadesV +ue no cidente de hoe em *eral não se considera uma!ariante do em-enho reli*ioso no riente B e2atamente assim4 como 9oi em

nossa -r-ria 'dade Media4 e o 9uturo uda4 nessa <io*ra9ia4 -areceria ter sido

 -re-arado -ara ada-tar esse deseo a seu sistema4 como um com-lemento

 -o-ular4 secund)rio4 mas de maneira nenhuma inconse+ente( A rel$+uia do

Ceilão do Dente do uda e as rel$+uias -reser!adas em toda -arte nas estu-as do

mundo <udista4 tra@em mente a+uelas idBias das !irtudes dos !irtuosos -elas

+uais são -uri9icados Vos -ecadosV ou sea4 -ensamentos e+ui!ocados e4

conse+entemente4 -ala!ras e aç.es e+ui!ocadas( 9uturo uda -ermaneceu a-enas al*umas noites na+uele dili*ente e

tran+ilo &pa'( #!5+  <os+ue eremitBrio4 o<ser!ando os io*ues em suas

 -enit7ncias e4 +uando se dis-s a -artir4 eles todos untaramse4 im-lorando +ue

não 9osse4 VCom tua che*adaV4 disse um ancião4 Veste eremitBrio 9icou -leno(

Meu 9ilho4 se*uramente não !ais nos dei2ar a*ora( A nossa 9rente temos os

sa*rados Himalaias -ara olhar4 ha<itados -or santos lua -resença multi-lica o

mBrito de nossas -enit7ncias( Nas redonde@as h) numerosos centros de -ere*rinação3 escadas -ara o cBu( u tal!e@ tenhas !isto a+ui al*uBm

ne*li*enciar seus o9$ciosI Al*um -)riaI Al*um im-uroI Fala e ns te

ou!iremos com ale*ria^V

autor desse te2to4 de a-ro2imadamente %?? d(C( -ertencera casta

 <rmane antes de -artici-ar da ordem <udista4 e a+ui satiri@a humoristicamente

as de!oç.es de sua -r-ria crença anterior3 as -enosas austeridades dos io*ues

da 9loresta4 sua re!er7ncia aos -oderosos Himalaias4 a *lori9icação da

 -ere*rinação4 as idBias de mBrito es-iritual e o reconhecimento das castas(

Vons santosV4 disse o 9uturo uda4 V!ossa de!oção B -ara *anhar o cBu4

en+uanto meu deseo B não mais renascer( A cessação não B o mesmo +ue a

ação( Por isso4 não -osso continuar !i!endo neste <os+ue sa*rado( Todos a+ui4

como os *randes s)<ios !Bdicos4 estão <em 9irmes em suas tare9as reli*iosas4 as

+uais estão em -er9eita concordncia com o estilo dos tem-os -assados(V

s ascetas reunidos -restaramlhe a de!ida re!er7ncia4 e certo <rmane de

olhos !ermelhos4 deitado so<re cin@as4 le!antou a !o@( V s)<io4 Bs!erdadeiramente coraoso em leu -ro-sito( Na !erdade4 todo homem +ue4 ao

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 -onderar -ro9undamente as alternati!as do cBu e da li<ertação4 decide -ela

li<ertação4 B coraoso^ E assim4 !ai a*ora atB o s)<io Arada( Ele B a+uele +ue

o<te!e -erce-ção da <ema!enturança a<soluta(V

9uturo uda -sse a caminho4 mas duas interru-ç.es ocorreram antesde ele che*ar ao eremitBrio de Arada( Pois +uando o condutor da carrua*em

retornou ao -al)cio sem seu amo4 e com um ca!alo +ue se recusa!a a comer e

!irandose -ara a 9loresta relincha!a re-elidos lamentos4 o rei4 +ue esla!a no

tem-lo4 rece<eu a not$cia e caiu no chão( Er*uido -or criados4 ele olhou -ara o

selim !a@io e !oltou a cair( Então um conselheiro o9ereceuse -ara <uscar o 9ilho

e4 com a <7nção do rei4 montado numa carrua*em4 che*ou ao eremitBrio4 onde

sou<e +ue o -r$nci-e tinha -artido em <usca de Arada( Ele alcançou o -r$nci-e4

desceu e a<ordouo(V Pr$nci-e4 -ensaV4 ele disse4 e relatou toda a con9usão em casa( Mas a

res-osta não lhe deu nenhuma es-erança( VRetornarei a casaV4 disse o 9uturo

uda4 Va-enas com o conhecimento da !erdade( E se 9racassar em minha <usca

eu -re9eriria antes entrar nas la<aredas do 9o*o do +ue na minha casa(V

conselheiro retornou4 e o -r$nci-e4 de-ois de atra!essar o #an*es(

che*ou cidade de Raa*riha4 onde o rei4 im<isara4 -erce<endo de seu -al)cio

uma multidão +ue crescia e se mo!ia lentamente na rua4 -er*untou a ra@ãoda+uilo e 9oi in9ormado( o!em mendicante dei2ou a cidade e su<iu a encosta

de uma montanha !i@inha4 -ara onde im<isara o se*uiu acom-anhado de um

 -e+ueno sB+uito e lo*o o !iu sentado tão calmamente +uanto a -r-ria

montanha4 o rei4 um leão entre os homens4 &pa'( #!*+  a-ro2imouse

res-eitosamente4 sentouse na su-er9$cie lim-a de uma rocha e4 com o

consentimento do -ere*rino4 diri*iulhe a -ala!ra(

V#entil o!em4 tenho uma *rande ami@ade com tua 9am$lia e se4 -or al*um

moti!o4 não deseas o reino de teu -ai4 então aceita4 a+ui e a*ora4 a metade do

meu( Tu Bs um amante da reli*ião3 mas di@em +ue ao o!em -ertencem os

 -ra@eres ao homem de meiaidade4 a ri+ue@a e os <ens a reli*ião e -ara os

!elhos( Tu de!erias des9rutar dos -ra@eres a*ora( Entretanto4 se a reli*ião B

realmente teu >nico o<eti!o4 então est) <em4 o9erece sacri9$cios de acordo com

a tradição de tua estir-e e4 dessa maneira4 merece o su-remo cBu(V

-r$nci-e re-licou( E +uando aca<ou de 9alar4 -rimeiro da *ratidão -ela

ami@ade do rei e de-ois so<re a !elhice4 a doença4 a morte e tam<Bm so<re osso9rimentos da+ueles +ue deseam o -ra@er4 declarou +ue ha!ia a<andonado o

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mundo -or com-leto4 inclusi!e os o<eti!os mais ele!ados(

VE com relação ao +ue aca<ais de di@er4 ou sea4 +ue eu de!eria ser

dili*ente em sacri9$cios di*nos de minha estir-e4 +ue tra@em 9rutos *loriosos4

lou!ados seam tais sacri9$cios^ Mas não deseo nenhum 9ruto o<tido atra!Bs dador e da morte( Fi@ este caminho -ara !isitar Arada4 o -ro9eta4 e estarei com ele

hoe mesmo( Portanto a*ora4 !s -odeis *uardar o mundo4 Rei4 como 'ndra

*uard)lo incessantemente4 como o Sol *uardar sua 9elicidade *uardar a terra e

*uardar a reli*ião(V

im<isara er*ueu suas mãos untas ante a 9ace dele( V0ai^V4 ele disse(

VEst)s a caminho de tua meta( E +uando4 9inalmente4 ti!eres alcançado a !itria4

!olta a+ui e concedenos tua *raça(V

rei retornou ao -al)cio( -r$nci-e er*ueuse e se*uiu seu caminho( E os)<io Arada4 em seu re9>*io na 9loresta4 a!istandoo de lon*e4 deulhe <oas

!indas com um 9orte *rito( De olhos arre*alados4 ele diri*iuse ao o!em +ue se

a-ro2ima!a(

VNão B nenhum mila*re +uando reis se retiram -ara a 9loresta na !elhice4

 -assando suas *lrias -ara os 9ilhos como se dei2a uma *rinalda de-ois de t7la

usado( Mas isto B -ara mim um mila*re( Tu Bs um eleito(V

-r$nci-e4 sentandose4 -ediu -ara ser ensinado4 e o s)<io relatoulhetoda a lição do mestre Wa-ila(

VA+uilo +ue nasce tem necessariamente +ue en!elhecer e morrer isto B

determinado -elas leis do tem-o e B denominado o mani9esto4 do +ual o não

mani9esto de!e ser distin*uido -or o-osição(

VPois <em4 com re9er7ncia causa da e2ist7ncia tem-oral4 ela B tr$-lice4

ou sea4 i*norncia4 ação e deseo4 cada um condu@indo os outros dois( Nin*uBm

+ue -ermaneça nesse c$rculo alcança a !erdade das coisas(

VEssa -erman7ncia e+ui!ocada B o -rimeiro erro4 do +ual deri!am4 na

se*uinte se+7ncia3 e*otismo4 con9usão4 indiscriminação4 9alsos meios Jritos e

coisas semelhantes são 9alsos meiosK4 a-e*o e o in9ort>nio da *ra!itação( As

 -essoas -ensam3 VEste sou euV4 e lo*o4 Visto B meuV4 e desse modo -reci-itamse

 -ara <ai2o -ara no!os nascimentos( &pa'( #!-+

VPortanto4 dei2emos +ue o s)<io conheça estas +uatro coisas3 o mani9esto

e o nãomani9esto iluminação e nãoiluminação( Conhecendoas4 -odese

a-reender o imortal(V ou!inte -er*untou +uais os meios -ara se atin*ir tal sa<er e o s)<io

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ancião Arada re!elou3

VAntes de tudo4 a !ida mendicante nela4 a -r)tica da sueição dos sentidos

condu@ satis9ação4 dentro da +ual B e2-erienciado o -rimeiro est)*io da

contem-lação3 um no!o 72tase e deleite( s)<io -assa -ara o se*undo est)*io3um mais ele!ado e luminoso 72tase e deleite(

Continuando atB o terceiro4 che*ase ao 72tase sem o deleite4 onde muitos

 -ermanecem mas h) um +uarto est)*io de contem-lação4 isto B4 sem o 72tase4 e

o !erdadeiro s)<io !ai ainda alBm desse4 -ara se li!rar de lodo sentido de cor-o(

VPorBm4 -ara e2-erienciar o !a@io do cor-o4 B -reciso antes4 no estado de

contem-lação4 9a@er uso de todas as a<erturas do cor-o4 resultando disso uma

sensação de !a@io nas -artes slidas( u4 considerandose o ha<itante do cor-o

 -uro es-aço4 -odese le!ar essa consideração alBm do es-aço4 reconhecendo um!a@io ainda mais re9inado( Uma terceira !ia B a<olir o sentido de ser uma -essoa

contem-lando a Pessoa Su-rema(

VEntão4 como um -)ssaro +ue esca-ou de sua *aiola4 a -essoa +ue

esca-ou do cor-o B considerada li<erada( Ns a chamamos Pessoa Su-rema

eterna4 imut)!el4 !a@ia de atri<utos cuo conhecimento os s)<ios +ue

conhecem a realidade chamam Li<ertação(

Vem4 ) te ensinei tanto a meta +uanto o caminho e4 se com-reendeste econcordaste com am<os4 colocaos a*ora em -r)tica(V

9uturo uda tinha -onderado4 mas não aceito(

Vu!i teus sutis ensinamentos4 -ro9undos e -roeminentemente

aus-iciosos -orBm4 eles não -odem ser conclusi!os4 -ois não ensinam como

li!rarse da Pessoa4 o SiPr-rio su-remo( Em<ora o SiPr-rio -uri9icado -ossa

ser chamado li!re4 en+uanto esse SiPr-rio -ermanecer não h) nenhum

!erdadeiro a<andono do e*otismo( Ademais4 se o SiPr-rio em seu estado

 -r$stino B li!re4 como B +ue ele 9oi a-risionadoI Eu mantenho +ue a >nica

reali@ação a<soluta se d) -elo a<andono a<soluto(V

Ele le!antouse e4 inclinando a ca<eça4 dei2ou o s)<io Arada(

E 9oi atB outro s)<io4 UdraOa4 +ue tinha encontrado -a@ -ara seu

desassosse*o na idBia de +ue não h) nada nem nomeado nem nãonomeado(

Essa idBia4 ele chamou !isão alBm do nome e nãonome4 alBm do mani9esto e

nãomani9esto(

De-ois de ou!ilo o 9uturo uda dei2ou tam<Bm o s)<io UdraOa(E che*ou a um a*rad)!el eremitBrio mar*em do *racioso rio Nairanana4

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onde se untou a cinco mendicantes em um mBtodo de disci-lina <aseado em

a<stin7ncia -ro*ressi!amente mais austera atB +ue a-enas -ele e ossos4

macilento -or nenhum -ro-sito4 ele considerou3 VMas este4 certamente4 não B o

caminho -ara a im-assi<ilidade4 conhecimento e li<ertação4 +ue não -odem seratin*idos sem 9orçaV( &pa'( #!/+

Em se*uida ele recordou sua -rimeira meditação ao -B da macieira rosa

+uando4 de-ois de ler !isto a morte es-alhada em um cam-o arado4 ele descera

de seu ca!alo e re9letira so@inho( VA+ueleV4 ele -ensou4 Vera o !erdadeiro

caminhoV( E -ensou mais3 VA calma -er9eita o controle da -r-ria mente

s -ode ser o<tida -ela satis9ação constante e -er9eita dos sentidos( A

contem-lação -rodu@se +uando a mente4 controlada4 est) em re-ouso( E -ela

contem-lação -ode ser alcançado a+uele estado de calma -er9eita4 im-erec$!el4+ue e tão di9$cil de conse*uir( Tudo isso de-ende de in*erir comidaV(

E assim4 mais uma !e@4 er*ueuse( E4 tendo se <anhado4 ma*ro como

esta!a4 no *racioso rio Nairanana4 !oltou a mar*em a-oiandose nas )r!ores ao

lon*o do rio(

A <ela Nanda<ala4 9ilha de um dos -rinci-ais -astores da+uelas -ara*ens4

mo!ida e *uiada -elos deuses4 a-ro2imouse de onde ele esta!a sentado e4

9a@endo uma re!er7ncia com s><ita ale*ria no coração4 o9ereceulhe uma <oati*ela de leite4 +ue resta<eleceu suas 9orças mas os cinco mendicantes4

considerando +ue ele tinha retornado ao mundo4 -artiram( -r$nci-e le!antou

se e4 so@inho4 acom-anhado a-enas de sua -r-ria decisão4 diri*iu seus   -assos

atB a )r!ore odhi onde4 se*undo se sa<e sentouse no Ponto 'm!el(

ESTÁGIOS !) e !! O GRANDE DESPERTAR 

Esta !ersão Mahaana dos 9eitos do uda contanos +ue +uando o Senhor

da Morte JmāraK 3 +ue no mundo chamamos de Pra@er JkāmaK 3 9racassou em

seu es9orço -ara mo!7lo4 o Santo recordou na -rimeira !i*$lia da+uela noite o

*rande n>mero de suas !idas anteriores e4 -ensando3 VToda e2ist7ncia4 +ual+uer

+ue sea4 B insu<stancialV4 sentiu com-ai2ão -or todos os seres( Em sua <usca

 -ela -assa*em -ara alBm do so9rimento4 ele ) tinha demarcado o Caminho doMeio entre a dedicação ao -ra@er JkāmaK e dor JmāraK. A*ora4 como -rimeiro

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9ruto de sua -assa*em entre as rochas anta*nicas desses dois e2tremos4 ele

!i!encia!a uma no!a dimensão do Caminho do Meio ou sea4 -or um lado4 a

com-reensão de +ue todos os seres carecem de nature@a intr$nseca JanātmamK e4

 -or outro e simultaneamente4 a com-ai2ão -or todos os seres JkarunāK(Esta -ode ser considerada a -ostura 9undamental da mente <udista(

com-rometimento da mente ocidental com os interesses e !alores do ser !i!ente

B <asicamente reeitado4 como o B no ainismo e4 tam<Bm4 no sistema San+uia(

Entretanto4 o t$-ico interesse oriental -ela mnada tam<Bm e reeitado(  -'o h0

nnhuma mWnada+hri rncarnant a sr salva, li2rtada ou ncontrada. A

!ida inteira B so9rimento e4 no entanto4 não h) nenhum SiPr-rio4 nenhum ser4

nenhuma entidade no so9rimento( Não h) nenhuma ra@ão4 conse+entemente4

 -ara sentir a!ersão4 cho+ue ou n)usea diante do es-et)culo do mundo mas4 -elocontr)rio4 o >nico sentimento a-ro-riado B a com-ai2ão JkarunāK4 de 9ato4

imediatamente sentida +uando se com-reende a !erdade -arado2al e

incomunic)!el de +ue todos esses seres so9redores são4 na realidade4 nãoseres(

&pa'( #!0+

Então4 +ual ter) sido o -rinc$-io ilusrio +ue 9e@ com +ue tantos seres

em<ora carecendo de um SiPr-rio esteam ocu-ados consi*o mesmos a

 -onto de su-or +ue os so9rimentos -r-rios e os dos outros constituem um -ro<lema csmico e di@er3 VA !ida B al*o +ue não de!eria serIV

A res-osta !eio ao Santo na se*unda !i*$lia da+uela noite4 +uando

alcançou uma !isão di!ina e !iu o mundo como em um es-elho imaculado3 os

tormentos do condenado4 a transmi*ração das almas humanas -ara <estas e todas

as !ariantes de nascimento4 -uro e im-uro( Ele !iu claramente então +ue onde h)

nascimento h) ine!ita!elmente !elhice4 doença e morte onde hou!e a-e*o h)

nascimento onde h) deseo h) a-e*o onde h) -erce-ção h) deseo onde h)

contato h) -erce-ção onde h) r*ãos sensoriais h) contato onde h) or*anismo

h) r*ãos sensoriais onde h) consci7ncia inci-iente h) or*anismo onde h)

inclinaç.es resultantes de atos h) consci7ncia inci-iente4 e onde h) i*norncia h)

inclinaç.es(

A i*norncia4 -ortanto4 -recisa ser desi*nada como a rai@(

Pela cessação da i*norncia4 os so9rimentos de todos os seres e2istentes

são interrom-idos(

ema!enturado considerou3 VEssa4 então4 e a causa do so9rimento nomundo dos seres !i!os4 e esse4 -ortanto4 B o mBtodo -ara sua cessação(V

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De %( a i*norncia4 -rocedem4 na se*uinte se+7ncia /( aç.es &( no!as

inclinaç.es 8( consci7ncia inci-iente Jau*urando no!a !idaK 5( um or*anismo4

6( r*ãos sensoriais ,( contato =( -erce-ç.es :( deseo %?( a-e*o %%(

renascimento e %/( !elhice4 doença e morte(Ele encontrara o +ue <usca!a( Ele esta!a des-erto3 Va+uele +ue tinha

!istoV( Ele era o uda(

ESTÁGIO II ?oBt,Bao O :ESTIVAL DO SUPREMO J;ILO

Muito temse escrito so<re a crença <udista e h) tanto desacordo so<re o

si*ni9icado da cadeia de causação dos do@e elos (#ratit!a+samut#āda) +ue

aca<amos do descre!er4 +ue o -ro<lema 9icou no ar( Entretanto4 o -rinci-al -onto da doutrina B su9icientemente claro3 ) +ue todas as coisas carecem de

nature@a intr$nseca4 cate cem de um SiPr-rio4 nenhuma tem +ue alcan&ar a

e2tinção cada uma ) est)4 na !erdade4 e2tinta e sem-re o este!e( A i*norncia4

entretanto4 condu@ idBia e4 em conse+7ncia4 e2-eri7ncia4 de uma entidade

+ue so9re( Portanto4 em !e@ de indi9erença ou a!ersão4 de!ese sentir com-ai2ão

 -or a+ueles seres so9redores +ue4 caso se li!rassem de sua idBia de e*o4 sa<eriam

+ue não h) V-essoaV so9rendo em a<solutamente nenhum lu*ar ee2-erienciariam esse 9ato(

"uando alcançou essa iluminação4 o uda -ensou3 VMas como -osso

ensinar uma sa<edoria tão di9$cil de ser a-reendidaIV

Esse4 -ortanto4 B o se*undo -onto3 o <udismo não -ode ser ensinado(

+ue se ensina são sim-lesmente os caminhos +ue le!am dos !)rios -ontos da

 <>ssola es-iritual atB a )r!ore odhi4 e conhecer esses caminhos não B

su9iciente( 0er a )r!ore &pa'( #!1+ não B su9iciente( Mesmo ir sentarse so< a

)r!ore não B su9iciente( Cada um tem +ue encontrar e sentarse4 ele -r-rio4 so<

a )r!ore e4 então4 em meditação solit)ria4 iniciar a -assa*em -ara dentro4 -ara o

interior de si mesmo +ue não est) a<solutamente em nenhum lu*ar(

s deuses es-alharam 9lores do cBu e uda4 so<re um trono4 ele!andose

no es-aço atB sete !e@es a altura de uma -almeira4 diri*iuse aos 2odhisattvas de

todos os tem-os3 Vh^ h^ u!i minhas -ala!rasV4 ele e2clamou4 iluminando

lhes as mentes( V[ -or atos meritrios +ue tudo B alcançado( Por tais atos4

atra!Bs de muitas !idas4 torneime -rimeiro um 2odhisattva e sou a*ora o0itorioso4 TodoS)<io( Portanto4 en+uanto hou!er !ida4 ad+uiri mBritos^V

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A+ui lemos4 -ortanto4 um terceiro -onto4 o -onto -rinci-al do caminho

Mahaana4 em o-osição ao Hinaana( Ele B conhecido como o Caminho do

2odhisattva, o meio de !i!er no mundo sem retirarse -ara a 9loresta3 ad+uirindo

e2-eri7ncia e com ela o conhecimento da !erdade da não e2ist7ncia do euatra!Bs do dar dar sem limites reali@ando altruisticamente a -r-ria missão

na !ida(

s 2odhisattvas de todos os tem-os4 de-ois de !enerarem o uda4

desa-areceram e che*aram os deuses4 o*ando 9lores em se*uida4 o 0itorioso4

descendo ao n$!el da terra4 -ermaneceu em seu trono4 imerso em re9le2ão -or

sete dias e seu >nico -ensamento era3 VAlcancei a sa<edoria a<solutaV(

A terra estremeceu de seis maneiras di9erentes4 como uma mulher

arre<atada de ale*ria mir$ades de uni!ersos 9icaram iluminados4 e os seres detodos os mundos4 descendo4 circumam<ularam o uda4 retornando a suas

moradas(

Mais sete dias e ele 9oi <anhado -or seres celestiais com arros de )*ua

dos +uatro oceanos(

Um terceiro -er$odo de sete dias e ele -ermaneceu sentado de olhos

9echados(

Um +uarto -er$odo de sete dias e ele esta!a de -B so<re seu trono4assumindo muitas 9ormas +uando um deus4 descendo4 -er*untou o nome da

meditação das +uatro semanas -assadas( VEla chamase4 E ser di!inoV4

res-ondeu o uda4 Va rdem do Alimento do #rande ><ilo( [ o 9esti!al da

coroação de um rei +ue4 tendo con+uistado todos seus inimi*os4 *o@a a*ora de

 -ros-eridade( s <udas -assados tam<Bm -ermaneceram4 como estou

 -ermanecendo a+ui4 so< suas )r!ores odhi(V

cBu 9icou escuro -or sete dias e caiu uma -rodi*iosa chu!a( Entretanto4

o -oderoso rei das ser-entes4 Mucalinda4 !eio das -ro9unde@as da terra e

 -rote*eu com seus ca-elos a+uele +ue B a 9onte de toda -roteção( "uando a

*rande tem-estade -assou4 o reiser-ente assumiu sua 9orma humana4 9e@ umare!er7ncia ao uda e retornou em ><ilo ao seu -al)cio(∗

uda encaminhouse -ara uma *rande 9i*ueira4 onde 9icou sentado -or

mais &pa'( ##)+  sete dias de-ois encaminhouse -ara outros lu*ares( Dois

 R Compare a ?ig"ra 1# e o )eH)o supra p& 1<& Fica eviden)e "e o episdio da serpen)e na vida de

/arshva coincide com o des?echo& 0"i, ela ocorre aps a il"mina!o e represen)a "m mo)ivo dereconcilia!o com a ?ora da na)"reza "e s"s)en)a o m"ndo& 0 serpen)e, renascendo de si mesma"ando m"da de pele, e sim3lica do princ4pio l"nar do e)erno re)orno&

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 -rs-eros mercadores su-licaram -or chumaços de seus ca<elos e 9ra*mentos de

suas unhas -ara a construção de um santu)rio( s +uatro deuses dos -ontos

cardeais che*aram com a o9erenda de +uatro ti*elas -ara esmolas +ue se

tornaram uma >nica4 da +ual o 0itorioso <e<eu uma o9erenda de leite( E umadeusa4 9ilha dos deuses4 sorrindo4 trou2elhe -ara sua in!estidura um trae de

9arra-os(&86

VI( NIRVANA

[ e2tremamente di9$cil -ara uma mente ocidental com-reender +uão

 -ro9unda e a im-essoalidade do oriental( Mas4 se +uisermos com-reender al*o

da+uele mundo tão distante com o +ual ora estamos dialo*ando4 B necess)rioa<andonar a ima*em de uma es-Bcie de almauda -rBra9aelesca sentada

inocentemente so<re um ltus4 dissol!endose no nir!ana com amor a todos os

seres em seu coração de ltus ima*em +ue um n>mero consider)!el de

sentimentalistas -intaram -ara ns(

Certa !e@4 o 0ener)!el Ananda a-ro2imouse do Mestre e disse3 VE

mara!ilhoso4 Mestre4 +ue a ri*inação De-endente +ue ensinastes4 a-esar de

ser tão -ro9unda e -arecer tão -ro9unda4 a mim -areça a<solutamente claraV(VNão 9ales assim4 Ananda -ois essa ri*inação De-endente +ue eu

ensinei B -ro9unda e -arece -ro9unda4 tam<Bm( [ do não des-ertar -ara essa

!erdade4 Ananda4 do não -enetr)la4 +ue essa ori*inação 9icou em<araçada como

um no!elo de linha4 en!olta em des*raça4 retorcida como um ci- e não

conse*ue li<ertação do so9ri mento4 do mal das circunstncias4 do incessante

redemoinho4 deste c$rculo c$clico(V &8,

-rimeiro encontro si*ni9icati!o entre o riente e o cidente4 em n$!el

de tentati!a de intercm<io 9ilos9ico4 ocorreu +uando o -rimeiro e mais

 <rilhante de todos os ocidentais che*ou3 o o!em Ale2andre o #rande( De-ois

de destruir todo o 'm-Brio Persa com um >nico e -oderoso *ol-e4 ele che*ou

disseminando ru$nas e sur*iu no 0ale do 'ndo em &/, a(C4 en!ol!endose

imediatamente tanto em o<ser!aç.es 9ilos9icas +uanto -ol$ticas4 econmicas e

*eo*r)9icas( Estra<ão nos in9orma +ue em Ta2ila4 a -rimeira ca-ital indiana +ue

ele in!adiu4 Ale2andre e seus o9iciais sou<eram de um *ru-o de 9ilso9os

.' 0Pvaghosa, .uddhacarita& *ivros $216, 3as)an)e condensado&

.< Dgha-ni+*$a @@&66&

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sentados em reunião 9ora da cidade4 e ima*inando rB-licas de seus -r-rios

 -ro9essores e modelos Jo tutor de Ale2andre4 Aristteles4 ou a+uele 9amoso

ta*arela4 ScratesK4 en!iaram uma dele*ação -ara con!idar o c$rculo de eruditos

mesa de Ale2andre( E o +ue eles encontraram 9oram +uin@e sueitoscom-letamente nus sentados im!eis numa su-er9$cie de -edra torrada -elo sol4

tão +uente +ue nin*uBm -odia -isar nela sem calçado( che9e da dele*ação4

nesicrito4 9a@endo um da+ueles ca!alheiros sa<er atra!Bs de uma serie de tr7s

intBr-retes +ue ele e seu rei desea!am a-render al*o de sua sa<edoria( Perce<eu

a res-osta de +ue a nin*uBm +ue ti!esse a -etulncia de !ir de <olas de cano

lon*o4 cha-Bu de a<a lar*a o cota cintilante de ca!alaria4 como as +ue os

macednios usa!am4 se -odia ensinar 9iloso9ia3 o as-irante ainda +ue !iesse

de Deus de!eria -rimeiro 9icar nu e ter a-rendido a sentarseim-assi!elmente so<re a &pa'( ##!+  -edra escaldante( *re*o4 cuo -r-rio

mestre tinha sido Di*enes4 sem intimidarse -or tal a9ronta4 9alou a um se*undo

 -ensador nu a res-eito de Pit)*oras4 Scrates4 Platão e demais4 e o indiano4

a-esar de admitir +ue tais homens de!iam ser ori*in)rios de uma *rande nação4

e2-ressou -esar e sur-resa -or eles terem mantido tanto res-eito -elas leis e

costumes de seu -o!o a -onto de terem ne*ado a si mesmos a !ida su-erior4

 -ermanecendo !estidos(Estra<ão -rosse*ue contando +ue4 entretanto4 dois deles4 um mais idoso e

outro mais o!em4 9oram 9inalmente -ersuadidos -elo ra) de Ta2ila a irem atB a

mesa de Ale2andre4 mas +uando dei2aram a rocha 9oram acom-anhados -elos

insultos de seus com-anheiros e4 +uando retornaram4 se retiraram -ara um lu*ar

isolado( Ali4 o !elho 9icou deitado de costas4 e2-osto ao sol e chu!a4 en+uanto

o mais o!em 9icou a-oiado alternadamente so<re uma -erna e outra durante

todo um dia4 com uma !ara de cerca de / metros de com-rimento em cada

mão(V&8=

utro do *ru-o4 +ue os *re*os a-elidaram Walanos4 -or+ue usa!a a

 -ala!ra kal!ana JVsorteVK4 -ara saudar as -essoas4 acom-anhou o sB+uito -or

al*um tem-o4 tomandose uma 9i*ura 9amosa entre os *uerreiros e os 9ilso9os

em !olta do o!em rei( No entanto4 +uando o e2Brcito4 !oltandose -ara oeste4

che*ou PBrsia4 ele -ediu a Ale2andre +ue mandasse construir uma *rande -ira4

 -ara a +ual 9oi carre*ado numa liteira4 adornado maneira indiana e cantando

. 0rrian, Ana!asis of Ale#ander& B@@&$&&= S)ra3o, Geograph$& OB, c%<l ?& e /@")arch, Ale#ander '6=c?& ci)ado por &I& -evan, >0leHander )he Grea)>, in Iapson (ed&%, op% cit%& pp& .62.6#&

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numa l$n*ua +ue os *re*os não conse*uiam entender( A !ista do e2Brcito4 ele

su<iu e assumiu a -ostura sentada de -ernas cru@adas de io*ue( A construção

tinha sido co<erta de !asos de ouro e -rata4 materiais -reciosos e outros

tesouros4 +ue ele distri<uiu entre os ami*os( De-ois4 ordenou +ue a -ira 9osseateada( As trom<etas *re*as soaram4 todas ao mesmo tem-o( e2Brcito inteiro

*rilou4 como se esti!esse iniciando uma <atalha( s ele9antes indianos soltaram

seus urros -eculiares( As chamas4 su<indo4 en!ol!eram a 9i*ura4 +ue os

es-ectadores !iram sentada im!el(&8: E Walanos4 dei2ando assim os *re*os4

renasceu imediatamente4 -odese su-or4 tal!e@4 no CBu do Pescoço4 -ara

 -ermanecer -or in>meros milh.es de oceanos de -er$odos inde9inidos de anos

em al*um estado inconce<$!el de -ra@er(

Pode ser sur-reendente4 mas o relato *re*o B a mais anti*a e!id7nciatan*$!el da -r)tica da io*a na 1ndia )ria( Pois não encontramos atB a*ora

nenhuma testemunha4 sea escrita ou de -edra cin@elada4 re*istrando lodo o

 -er$odo de tem-o desde a destruição das cidades do 'ndo atB o ano da che*ada

de Ale2andre( De-ois da+uele e!ento4 entretanto4 o desen!ol!imento

 -rimeiro na -ol$tica e mais tarde nas artes re!elou coisas a -artir das +uais 9oi

 -oss$!el reconstruir os tem-os !Bdicos anteriores e os -rimeiros sBculos

 <udistas( 'sto se conse*uiu atra!Bs da mara!ilhosa m)*ica da 9ilolo*ia +ual4em anos recentes4 somouse a m)*ica da ar+ueolo*ia(

A e2-ectati!a +ue os io*ues encontrados -or nesicrito tinham a res-eito

dos 9ilso9os di*nos desse t$tulo4 era +ue de!iam reeitar as leis e costumes de

seu -o!o4 des-oarse das rou-as como -ro!a do a<andono deste mundo e

retirarse -ara uma rocha +uente( 'sso demonstra +ue -or !olta de &/, a(C4 o

mais tardar4 ) esta!a desen!ol!ida a idBia Fundamental indiana da 9inalidade da

!ida humana4 +ue ins-ira &pa'( ###+  atB hoe todo -ensamento ti-icamente

indiano e moti!a a+uele lu*arcomum a res-eito de o indiano sr Ves-iritualV e o

ocidental VmaterialistaV uma es-Bcie de a2ioma da arena internacional4

inclusi!e do circuito de co+uetBis da moda4 em +ue os indianos <e<em suco de

tomate( Entre os ainisias4 +ue re-resentam in 4trmis essa !isão dualista4 a

inter-retação 9$sica do -ro<lema do desa-e*o condu@ia4 como !imos4 a um

desen!ol!imento n$tido4 ine+u$!oco de !otos -ro*ressi!os4 e!oluindo da

condição de a-risionamento do lei*o atB a li<erdade4 de-ois de muitas !idas4 do

.# 0rrian B@@& e S)ra3o OB, c%<1<= -evan, op% cit%& p& .1&

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0itorioso( V uni!ersoV4 lemos em um te2to t$-ico4 VB constitu$do d *īva e não

 *īva( "uando eles estão se-arados4 nada mais e necess)rio mas +uando unidos4

como o estão no mundo4 a interru-ção e a dissolução -rimeiro *radual e

de-ois 9inal de sua união são as >nicas consideraç.es -oss$!eis(V&5?

 E tam<Bmno sistema San+uia4 como a-rendemos do s)<io Arada4 o conceito de uma

se-aração essencial da -essoa es-iritual J #urusaK do mundo da matBria J #rakrtiK

con9irma!a a !isão de +ue a !ida mendicante4 com controle dos sentidos etc(4 era

o >nico !erdadeiro caminho -ara a+uele estado de isolamento es-iritual

Jkaival!am) 3 >nica meta !erdadeira -ara o homem( Da mesma 9orma4 no

 -rimeiro cor-o dos escritos <udistas4 o do cnon -)lido Ceilão de cerca de =?

a(C4 tal ideal B mantido em sua -ure@a acima de todos os outros( E as escolas

 <udistas deri!adas desse centro4 as chamadas Escolas Sulistas de urma4Tailndia e Cam<oa4 duo indiscutida -rima@ia a esse  ideal ne*ati!o Jdo -onto

de !ista mundanoK4 tendo como s$m<olo o uda en+uanto mon*e( Con9orme

lemos em um dos -rimeiros salmos da ordem3

Cada um -or si4 JnsK !i!emos na 9loresta4

Como Joras reeitadas -ela arte do lenhador

E mais de um in!ea minha sorte4"ue mesmo acorrentado ao in9erno4 a caminho do cBu(&5%

Entretanto4 nos -rimeiros monumentos <udistas de -edra4 os do  -rimeiro

*rande lei*o da 9B4 o rei AshoOa4 +ue reinou entre cerca de /6= e /&/ a(C4 dois

sBculos antes da escrita do cnon4 -arece +ue um ideal e mitolo*ia contr)rios )

esta!am começando a se desen!ol!er em torno da 9i*ura do homem !i!endo no

mundo da mesma 9orma +ue o uda !i!era -or incont)!eis !idas e !i!e a*ora

em cada um de ns atin*indo o nir!ana não -ela cessação4 mas -elo

desem-enho dos atos( E no decorrer dos sBculos se*uintes4 culminando no

 -er$odo do reinado de WanishOa4 cerca de ,= a %/& d(C( Jou4 se*undo outra

estimati!a3 cerca de %/? a %6/ ACK4&5/ esse tema secular se desen!ol!eu a tal

 -onto +ue a !isão mon)stica anterior4 +ue ne*a!a o mundo4 9oi desa9iada

.67 Tattvarth*dhigama "=tra "acred Boo+s of the 1aina& vol& @@%, pp& '2<&

.61  Thera-g*th* '$ (Ba88i2p"l)a%, )rad"!o, Mrs& Ihys :avids, Psalms of the Earl$ Buddhists ((% 2Psalms of the Brethren& /ali TeH) Socie)y (;enry Fro"de, *ondres, 1#1.%, p&'.&.6$ Comparar Iapson, >The Sey)hian and /ar)hian @nvaders>, in Iapson (ed&%, op& cit & 6126$ (<21$.d&C&% e ;&G& IaKlinson, (ndia> A "hort Cultural .istor$ (D%  0pple)on2Cen)"ry, Nova York e *ondres,1#.%, pp& #.2#&

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9undamentalmente como uma arcaica inter-retação e+ui!ocada do Caminho do

Meio( termo 2odhisattva, Va+uele cua e2ist7ncia J sattvaK  e iluminaçãoJ2odhiKV 9ora em-re*ado no !oca<ul)rio anterior do cnon -)li do Ceilão∗ -ara

desi*nar a+uele +ue est) a caminho da reali@ação4 mas +ue ainda não  &pa'( ##$+che*ou3 um uda em suas !idas anteriores4 um 9uturo uda( Por outro lado4 no

no!o !oca<ul)rio do cnon snscrito +ue se desen!ol!eu no norte e noroeste da

1ndia nos -rimeiras sBculos da nossa era4 o termo 9oi usado -ara re-resentar o

s)<io +ue4 !i!endo no mundo4 recusa a *raça da cessação em<ora tenha

alcançado a reali@ação e4 assim4 -ermanece um -er9eito conhecedor do mundo4

um 9arol4 um *uia e sal!ador com-adecido de todos os seres(

Pois se4 como o uda anunciara4 não h) nenhum SiPr-rio a ser

encontrado em -arte al*uma4 se todos ) estão e2tintos -or nature@a e se o +uede!e ser controlado não e o cor-o4 mas o -ensamento então4 -or +ue toda

essa con!ersa so<re !ia*em e che*ada outra mar*emI ) estamos l)^ Al*uns4

de 9ato4 -ara controlar suas mentes4 -odem ter +ue ras-ar as ca<eças4 recolher

esmolas com suas ti*elas4 9u*ir -ara a 9loresta e olhar -ara os cer!os em !e@ de

olhar -ara os homens( Mas a+ueles realmente dotados -ara a sa<edoria do uda

 -odem ordenar suas mentes em casa e4 no mesmo tem-o4 audar os outros na

reali@ação da sa<edoria do uda em suas -r-rias !idas !i!idas( Pois4 comoHeinrich Zimmer certa !e@ o<ser!ou3 VA estação de r)dio SD4 Sa<edoria Do

uda4 est) sem-re no ar3 tudo o +ue -recisamos B de um a-arelho rece-torV(

0imos como Ash!a*hosha introdu@iu o tema do 2odhisattva na cena da

noite da 'luminação4 onde antes não ha!ia e2istido( So<re um trono4 ascendendo

no es-aço atB sete !e@es a altura de uma -almeira4 o recBm iluminado uda

diri*iuse aos 2odhisattvas de todos os tem-os3 V[ -or atos meritrios +ue tudo B

alcançadoV( De-ois4 ele desceu terra e os acontecimentos retomaram seu curso

normal( Da mesma 9orma4 em outro im-ortante e-isdio -osterior4 o da -rimeira

!olta da Roda da Lei no Par+ue dos Cer!os de enares4 Ash!a*hosha

acrescentou ao sermão usual4 -re*ado aos cinco ascetas 9amintos com +uem

#autama tinha -assado a >ltima 9ase de seus anos de <usca4 uma se*unda

mensa*em4 diri*ida não a +ual+uer um na terra4 mas a Maitrea4 o 9uturo uda4

+ue esta!a es-erando no CBu dos Deuses Feli@es -ara nascer cinco mil anos

a-s a -artida de #autama e ha!ia che*ado4 untamente com numerosos deuses

 R  0 verdadeira ?orma da palavra em pQli L !odhisatta& mas nes)e livro es)amos "sando as ?ormassnscri)as%

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e 2odhisattvas, -ara assistir a essa Primeira 0olta da Roda da Lei(

VTudo o +ue B sueito a causaçãoV4 disse o uda a Maitrea e outros sua

!olta4 Ve como uma mira*em4 um sonho4 a lua !ista na )*ua4 um eco3 nem

remo!$!el4 nem e2istente -or si( E a -r-ria Roda da Lei B descrita nem comoela B nem como ela não B( E tendo ou!ido e rece<ido essa Lei com ale*ria4 ide

a*ora4 9eli@es -ara sem-re( Pois isto4 senhores4 B o Mahaana4 anunciado -or

todos os <udas( 0enerando os <udas4 os 2odhisattvas, os #rat!ka <udas J<udas

+ue não ensinamK e os arhats Js)<ios iluminadosK4 um homem *erar) em sua

mente a idBia do Estado de uda e -roclamar) a Lei em <oas o<ras( Em

conse+7ncia4 onde essa doutrina -ura -re!alece4 mesmo o che9e de 9am$lia +ue

!i!e em sua casa se torna um <uda(V&5&

Assim4 o Mahaana4 Va *rande JmahāK  <arca JvanāKV4 [ uma em<arcaçãoso<re a +ual Todos !iaam e4 de 9ato4 estão !iaando indo a lu*ar nenhum4

 ) +ue todos estão e2tintos( E um -asseio4 um 9esti!al de ><ilo( Ao -asso +ue o

Hinaana4 &pa'( ##5+ Va a<andonada JhinaK <arca J !ānaKV4  B uma em<arcação

dili*ente relati!amente -e+uena4 trans-ortando a-enas io*ues atra!Bs do

redemoinho +ue eles desdenham4 a caminho de a<solutamente nenhum lu*ar^

De maneira +ue4 a9inal4 eles tam<Bm estão numa !ia*em a -asseio4 mas -arecem

não sa<er(Con9orme a recente descrição dos -rinci-ais est)*ios da com-reensão da

 -assa*em io*ue <udista Hinaana4 9eita -elo Re!erendo H-e Aun*4 cBle<re

mestre da ordem <irmanesa4 eles são os se*uintes3

 %( Com-reensão de +ue tudo B im-ermanente4 triste e des-ido de um Si

Pr-rio4 de uma nature@a intr$nseca(

 /( Com-reensão re9erente ao -rinc$-io e 9im das coisas

 &( Com-reensão re9erente decom-osição das coisas

 8( Com-reensão de +ue o mundo B terr$!el

 5( Com-reensão de +ue tal mundo terr$!el B re-leto de !a@io e de !aidade

 6( Com-reensão de +ue tal mundo de!eria ser e2ecrado

 ,( Com-reensão de +ue o mundo de!eria ser a<andonado

 =( Com-reensão de +ue a li<ertação de!eria ser alcançada

 :( Com-reensão de +ue o e+uil$<rio de!eria ser o<ser!ado a-esar das

!icissitudes da !ida.6. 0Pvaghosa, Buddhacarita 1 '&6<21$# (condensado%&

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%?( Com-reensão de +ue B -reciso ade+uarse -ara a reali@ação do nir!ana(

Vs <udistas são otimistasV4 ele escre!eu4 V-or+ue4 a-esar de o mundo ser

re-leto de so9rimentos4 -ara o <udista4 ainda assim4 h) uma sa$da(V&58

Deste modo4 em<ora reconhecendo +ue o -ro-sito ainista de esca-ar do

mundo da matBria e conse*uir o isolamento 9$sico4 o do sistema San+uia de

reali@ar -sicolo*icamente a realidade do isolamento4 e o do mon*e <udista de

reali@ar a realidade da nãoe2ist7ncia4 re-resentam di9erenças im-ortantes -ara

os !erdadeiros -raticantes da arte da io*a4 temos +ue classi9icar esses tr7s

caminhos mon)sticos como !ariantes da >nica cate*oria m$tica da #rande

Re!ersão(

 No Mahaana4 -or outro lado a-esar da t$-ica re!erencia ao mon*e4 aoarhat e ao uda desen!ol!euse o tema !i*oroso e sem-re crescente do

mila*re e a9irmação do mundo4 sim<oli@ado -ela ima*em do 2odhisattva. Pois

en+uanto o Hinaana re-resenta o mistBrio do nir!ana do -onto de !ista do

 -ensamento dualista normal do mundo4 onde se su-.e ha!er uma di9erença entre

as !icissitudes do ciclo e a -a@ da li<ertação eterna4 o Mahaana !7 o mundo do

 -onto de !ista do !a@io reali@ado4 da -r-ria eternidade4 e sa<e +ue -ara

!i!enciar uma distinção entre a -a@ da+uele !a@io e o tumulto deste mundo nãoser e ser e -reciso -ermanecer iludido -elas cate*orias dualistas dos

sentidos(

uda disse4 se*undo um desses te2tos Mahaana so<re a Sa<edoria da

outra Mar*em3 VTudo o +ue tem 9orma B ilusrio( Mas +uando se -erce<e +ue

toda 9orma B não9orma4 o uda B reconhecido( \(((] Todas as coisas são coisas

udaV(&55

E com isso che*amos ao +uinto e >ltimo com-onente do com-le2o m$tico

 -rim)rio indiano( &pa'( ##*+

-rimeiro4 como !imos4 9oi institu$do no sistema do 0ale do 'ndo( Uma

mitolo*ia !e*etallunar de mara!ilhamento e su<missão diante do destino4 em

dois as-ectos3 aK o -rotoaustralide4 de um mundo !e*etal tro-ical em

*erminação4 e <K a Alta 'dade do ron@e4 hier)tica4 oriunda do riente Pr2imo4

de uma ordem csmica Jmaat 4 mK matematicamente determin)!el e !isualmente

.6 ;pe 0"ng, >-"ddhis) )hics, -"ddhis) /sychology and -"dhis) /hilosophy, ?rom -"ddhadesana>, in

Proceedings of the (Yth (nternational Congress for the .istor$ of 'eligions& To+$o and )$oto& IS(Mar"zen, T"io, 1#'7%, pp& .112.1.&.66 8a<racchedi+* (The :iamond2C"))er%, 6 e 1'&

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mani9esta nos ciclos -lanet)rios(

se*undo era o sistema de -oder leonino )ria dos 0edas4 no +ual tam<Bm

de!em ser notados dois as-ectos3 aK um anterior4 no +ual as di!indades eram os

termos >ltimos de re9er7ncia4 e <K um -osterior4 no +ual o -oder da -r-rialitur*ia <rmane era o termo >ltimo( <ser!amos4 tam<Bm4 +ue em o-osição

!isão semita4 onde a cat)stro9e e o so9rimento são inter-retados como casti*os

en!iados -or um deus aos homens cul-ados4 a dis-osição )ria sem-re 9oi

considerar tal calamidade antes o<ra dos demnios4 com os deuses do lado do

homem( Na 1ndia4 no decorrer do tem-o4 os deuses !Bdicos do li!re ar<$trio

 -erderam o controle e o -rinc$-io da ordem Jmaat, m, rta , dharmaK da anterior

'dade do ron@e retornou ine!ita!elmente( PorBm4 como mestra das litur*ias nas

+uais 9oi inclu$do o -rinc$-io da ordem4 a casta sacerdotal mante!e o controle não so<re o -r-rio destino4 mas so<re a distri<uição de seus e9eitos( ^id!ā,

VconhecimentoV4 era da ordem csmica e VEle +ue sa<e tantoV Jcomo se l7 -or

todos os rahmanas e os U-ani2adesK -ode 9a@er -raticamente tudo o +ue

desear(

terceiro com-onente do com-le2o m$tico indiano era a io*a4 de9inida4

em termos deste estudo4 como uma tBcnica -ara alcançar a identi9icação m$tica(

Uma sBrie de suas disci-linas -arece ter sido ori*in)ria do 2amanismo -ore2em-lo4 o controle da res-iração e o uso de dança4 sons r$tmicos4 dro*as4

meditaç.es controladas etc(4 -ara a -rodução de calor interior4 72tase e

 -ossessão( Nesse n$!el -rimiti!o atin*emse identi9icaç.es com !)rios -)ssaros

e animais 2amnicos Jo lo<o4 o urso4 a ra-osa4 o cor!o4 a )*uia4 o *anso

sel!a*em etc(K e os -oderes ad+uiridos incluem4 alBm do de assumir essas

9ormas animais4 o dom$nio do 9o*o e a imunidade a ele4 !o e2t)tico4

in!isi<ilidade4 -assa*em -ara alBm dos limites da terra e -ara re*i.es su-eriores

e in9eriores4 ressurreição4 conhecimento de !idas -assadas e curas mila*rosas(

Muito do car)ter e 9ama da io*a nas aldeias da 1ndia encontrase nesse n$!el atB

hoe( Entretanto4 no conte2to do 0ale do 'ndo !imos 9i*uras na cl)ssica -ostura

io*ue assemelhandose4 de um lado4 a _iva  en+uanto Senhor das Feras

(#aAu#ati) e4 de outro4 a #autama uda no Par+ue dos Cor!os de enares e ao

mestre Parsh!a entre ser-entes( A indicação <!ia e de +ue a io*a4 em sua

caracter$stica es-eci9icamente indiana4 ) ha!ia sido desen!ol!ida unto com a

icono*ra9ia +ue -ermanece com ela atB hoe4 mas não sa<emos +uais eram suas9inalidades na B-oca( sinete da 9i*ura %,4 e2i<indo uma cena de sacri9$cio

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diante da deusa da Ár!ore da 'luminação4 su*ere o tema do ritual re*icida no

 -er$odo do sistema do 0ale do 'ndo e4 -ortanto4 -odese su-or +ue o mestre da

io*a 9osse o -r-rio rei sacri9icado( Nesse caso4 o deus lunar teria sido o teimo

mais -ro!)!el de identi9icação mas não o sa<emos( No -er$odo )ria!Bdicodos U-ani2ades4 muito -osterior4 tanto a mitolo*ia lunar +uanto a solar &pa'(

##-+ 9oram inclu$das na io*a ensinada aos <rmanes -elos reis iniciados de

maneira +ue tanto a identi9icação lunar +uanto a solar estão <em documentadas

com re9er7ncia ao -er$odo de cerca de ,?? a 6?? a(C( E sa<emos tam<Bm +ue na

união su<se+ente da io*a não!Bdica com o sistema de -oder !Bdico em seu

se*undo est)*io o est)*io <K 4 a >ltima instncia com a +ual o io*ue teria

+ue se es9orçar -ara conse*uir a identi9icação esla!a alBm de +uais+uer deuses4

isto B4 esta!a no -oder J2rahmanK do sacri9$cio4 então reconhecido como a <asede toda e2ist7ncia(

+uarto com-onente essencial do com-le2o m$tico indiano4 ou sea4 a

dis-osição de a<soluta a!ersão ao mundo da #rande Re!ersão4 -arece ter sido

conhecido dos reis mestres dos U-ani2ades4 -ois eles se re9erem +ueles +ue

trocaram o mundo -ela 9loresta como os se*uidores do caminho solar4 do

caminho do 9o*o( Sa<emos tam<Bm +ue tanto no E*ito +uanto na Meso-otmia

uma literatura de lamentação ) se tinha desen!ol!ido -or !olta de %,5? a(C(∗ 

Podese su-or +ue tam<Bm no 0ale do 'ndo4 uma dis-osição -ara ne*ar o

mundo e a !ida tenha con+uistado *rande -arte da -o-ulação nati!a nãoariana

em seu -er$odo de cola-so4 +uando o -o!o *uerreiro !Bdico che*ou4

a-ro2imadamente entre %5?? e %/?? a(C( Mas4 en+uanto nem no E*ito nem na

Meso-otmia -arece ter sido encontrada uma res-osta -r)tica -ara o -ro<lema

da li<ertação do so9rimento4 na 1ndia a io*a 9ornecia os meios( Em !e@ de <uscar

a identidade m$tica com +ual+uer ser ou -rinc$-io do mundo o<eti!o4 os

contem-lati!os ne*adores do mundo começa!am a*ora tal!e@4 ) -or !olta de

%??? a(C( a *rande Je4 creio eu4 >nicaK a!entura indiana do caminho da

ne*ação3 Vnão B isto4 não B a+uilo Jnti ntiKV(  Ns indicamos tr7s est)*ios nesse

caminho de sa$da do cam-o de <atalha( -rimeiro 9oi o dos ainistas4 +ue se

es9orçaram -or se-arar 9isicamente  *īva  de não+*īva  atra!Bs de !otos

 -ro*ressi!os de ren>ncia !ida( se*undo 9oi o da 9iloso9ia San+uia de Wa-ila

e o sistema io*ue de Patanali4 em +ue o al!o do conhecimento , #urusa, se

conce<ia como eternamente se-arado do mundo o<eti!o da matBria e a tare9a R "upra& pp& 1121$7&

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crucial era alcançar o -leno conhecimento de nossa identidade com #urusa4 al!o

de todo conhecimento3 Va ener*ia do intelecto orientada -ara si mesmaV( &56 

terceiro est) re-resentado na !itria do uda +uando atB mesmo esse al!o se

a-a*ou e a >nica instncia se tornou o !a@io3 +ue era e ainda B a -osturado Hinaana(

Entretanto4 na+uele momento um +uinto e >ltimo com-onente entrou na

es9era do -ensamento indiano -ois4 como +ual+uer cole*ial sa<e4 dois ne*ati!os

9a@em um -ositi!o( du-lo ne*ati!o4 eliminando a identi9icação tanto com o

o<eto +uanto com o sueito4 le!a!a a um irnico retomo !ida sem

com-romisso com a<solutamente nada4 a não ser uma com-ai2ão JkarunāK i*ual

 -ara todos -ois todas as coisas são !a@ias(

 Niet@sche4 em  ssim alava Haratustra, descre!e o +ue ele denominaVtr7s metamor9oses do es-$ritoV3 o camelo4 o leão e a criança( &pa'( ##/+

H) muitas coisas +ue são di9$ceis -ara o es-$rito4 -ara o es-$rito 9orte e

res-eitoso3 -orBm o mais di9$cil são as e2i*7ncias desse -r-rio es-$rito(

+ue B di9$cilI -er*unta o es-$rito +ue su-ortaria muito e se aoelha

como um camelo +uerendo ser <em carre*ado( \(((] E como o camelo +ue4

carre*ado4 se a-ressa -ara o deserto4 o es-$rito então se a-ressa -ara o deserto(

 No deserto mais solit)rio4 entretanto4 ocorre a se*unda metamor9ose( Ali4o es-$rito tornase um leão +ue +uer con+uistar sua li<erdade e ser senhor de seu

 -r-rio deserto( Ali4 ele -rocura seu >ltimo senhor3 desea com<at7lo e

com<ater seu >ltimo deus -ela !itria 9inal ele desea lutar com o *rande

dra*ão(

"ual B o *rande dra*ão +ue o es-$rito não +uer mais chamar de senhor e

deusI VTu de!esV e o nome do *rande dra*ão( Mas o es-$rito do leão di@4 VEu

+ueroV( VTu de!esV est) no seu caminho4 cintilante como ouro4 um animal

co<erto de escamas4 e em cada escama <rilha um dourado VTu de!esV(

0alores4 com milhares de anos de idade4 9a$scam nessas escamas4 e assim

9ala o mais -oderoso de todos os dra*.es3 VTodo !alor de todas as coisas <rilha

em mini( Todo !alor ) 9oi criado h) muito tem-o e eu sou todo !alor criado(

Em !erdade4 não ha!er) mais Eu +ueroV( Assim 9alou o dra*ão(

Meus irmãos4 -or +ue h) no es-$rito a necessidade do leãoI Por +ue não

 <asta a <esta de car*a4 +ue renuncia e B res-eitosaI

Criar no!os !alores B coisa +ue mesmo o leão não conse*ue contudo4.6' Yoga S)ras &.%

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criar li<erdade -ara uma no!a criação4 isto o -oder do leão conse*ue( Para

instituir a li<erdade -ara si mesmo e um santo VNãoV mesmo -erante o de!er

 -ara isso4 meus irmãos4 B necess)rio o leão( Assumir o direito a no!os !alores

  essa B a admissão mais aterrori@ante -ara um es-$rito 9orte e res-eitoso +uesu-ortaria muito( Na !erdade4 -ara ele isto B uma ra-ina e assunto -ara um

animal de ra-ina( Ele um dia amou VTu de!esV como o mais sa*rado3 a*ora ele

tem +ue encontrar ilusão e ar<itrariedade mesmo no mais sa*rado a 9im de

con+uistar a li<erdade de seu amor -recisa do leão -ara essa ra-ina(

Mas di*am4 meus irmãos4 o +ue -ode a criança 9a@er +ue mesmo o leão

não -oderiaI Por +ue o leão de ra-ina tem ainda +ue se tornar criançaI A

criança B inoc7ncia e es+uecimento4 um no!o começo4 um o*o4 uma roda

auto-ro-ulsora4 um -rimeiro mo!imento4 um sa*rado VSimV( Para o o*o da

criação4 meus irmãos4 B necess)rio um sa*rado VSimV3 o es-$rito +uer a*ora sua

 -r-ria !ontade e a+uele +ue esta!a -erdido -ara o mundo con+uista a*ora seu

 -r-rio mundo(

Tr7s metamor9oses do es-$rito eu lhes contei3 como o es-$rito se tornou

um camelo4 e o camelo4 um leão4 e o leão4 9inalmente4 uma criança(&5,

Ru*ido de Leão do uda um es-$rito de imensa criati!idade na !ida4na ci!ili@ação4 nas artes4 e de arre<atamento no o*o dos deuses Juma *ar*alhada

ol$m-icaK ecoou -or toda a $ndia nos sBculos res-landecentes +ue se

se*uiram( Mas tam<Bm emer*iu um no!o -ro<lema +ue nos daremos ao tra<alho

de e2aminar em al*uns detalhes e +ue4 na !erdade4 hoe re-resenta um -ro<lema

9undamental no &pa'( ##0+  encontro e com-reensão m>tua do riente e

cidente( Pois se todas as coisas são coisasuda e nada e nem re!erenciado

nem condenado4 o +ue ser) 9eito dos !alores sociais so<re os +uais re-ousa toda

ci!ili@açãoI No cidente4 esses !alores tem sido a *rande -reocu-ação tanto da

9iloso9ia +uanto da reli*ião4 mesmo ao -onto insustent)!el de atri<uir !alores

Bticos ao uni!erso e seu su-osto4 eticamente orientado( Criador( Con9orme o Dr(

Al<ert Schfeit@er resumiu essa !isão3 VSe*undo essa e2-lanação tica do

uni!erso4 -ela ati!idade Btica o homem a<raça o e2erc$cio do -ro-sito di!ino

do mundoV(&5= Na $ndia4 entretanto4 sea na idBia do 2rahman dos U-ani2ades ou

.6< Friedrich Nie)zsche, Also sprach Narathustra& /ar)e 1, :isc"rsos de ara)h"s)ra, se!o @& Trad"!o

de +al)er a"?mann, The Porta!le iet6sche (The Biking /ress, Nova York, 1#6%, pp& 1.<21.#&.6 0l3er) SchKei)zer, (ndian Thought and (ts Development& )rad"zido por Mrs& Charles &-& I"ssell(;odder and S)o"gh)on, *ondres, 1#.'%, p& 1.&

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na do !a@io J Aun!atāK  da com-ai2ão JkarunāK da reali@ação <udista Mahaana4

alcançase uma ru-tura 9undamental alBm do <em e do mal como o B4 tam<Bm4

na !erdade4 em<ora atra!Bs da ne*ação4 nas identi9icaç.es ne*ati!as ainistas4

San+uia e Hinaana(s ca-$tulos se*uintes irão mostrar4 de uma 9orma ou outra4 a ca-acidade

do *rande VDu-lo NãoV da 1ndia de *erar no!os mundos mas tam<Bm a

in9lu7ncia ali -resente do VTu de!esV do eterno dra*ão com escamas de ouro(

dra*ão e o camelo4 o leão e a criança3 essas são as +uatro 9aces4 -or assim di@er4

de rahma4 o criador da alma indiana( E4 se B +ue se -ode resumir a esta altura a

estrutura do -arado2o es-iritual <)sico e a tensão da+uela alma4 mesmo no

momento atual ela est) entre as e2i*7ncias4 -or um lado4 do dra*ão4 dharma, e4

 -or outro4 da meta es-iritual >ltima de li<ertação a<soluta da !irtude4 mok  sa acriança4 a roda *irando -or si mesma(

V senso do de!erV4 lemos em um te2to cl)ssico dos 0edas4 V-ertence ao

mundo da relati!idade( Ele B transcendido -elos s)<ios4 +ue t7m a 9orma do

!a@io sem9orma4 imut)!el e im-oluto(

VA -essoa sincera 9a@ o +ue +uer +ue sura -ara ser 9eito4 sea <om ou

mau -ois sua ação B como a da criança(V&5:

VIL A IDADE DOS GRANDES CLÁSSICOS" (*)) a(C*)) @(C(

Temos a*ora +ue e2aminar em linhas *erais o es-et)culo -arado2al de

uma ci!ili@ação <rotando da mani9estação do nãomani9esto -ois B 9ato +ue a

ci!ili@ação -osterior da 1ndia che*ou a 9lorescer como e2-ressão do o*o da

ener*ia do !a@io +ue est) em todas as coisas sea em termos <udistas ou

 <ramnicos(

A B-oca +ue !ai do sBculo do uda atB a metade do -er$odo #u-ta Jcerca

de 5?? a(C( a 5?? d(C(K -ode ser denominada 'dade dos #randes Cl)ssicos4 não

a-enas com relação 1ndia4 mas tam<Bm ao mundo ci!ili@ado( Na Euro-a4 entre

o tem-o de [s+uilo J5/5856 a(C(K e o de oBcio Jc(8=?5/8 d(CK4 a herança

*recoromana *anhou 9orma( No riente Pr2imo4 entre os reinos de Dario '

Jreinou c(5/%8=o a(C(K e ustiniano J5/,565 d(C(K4 9oram de9inidos os cnones

@oroastriano4 he<raico4 cristão e !)rios *nsticos o mani+ueus( No E2tremo

riente4 entre a !ida de Con9>cio J55%8,= a(C(K e a data lend)ria da che*ada .6#  Astava+ra-samhit* 1, versos 6< e #&

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China do s)<io <udista indiano odhidharma J5/? d(CK4 9oram institu$dos os

te2tos <)sicos e os -rinc$-ios &pa'( ##1+  das doutrinas con9uciana4 tao$sta e

 <udista chinesa( E de lato4 mesmo as ci!ili@aç.es da America -rBcolom<iana

!ieram a 9lorescer na+uele mil7nio de seu assim chamado Hori@onte Cl)ssico3c(5?? a(C(5?? d(C(&6?

Tanto -or !ia terrestre +uanto mar$tima4 os caminhos entre Roma4 PBrsia4

1ndia e China 9oram a<ertos nesse -er$odo -ara um comBrcio a tal -onto em

cont$nuo crescimento +ue em nenhum lu*ar do hemis9Brio resta!a ainda a

 -ossi<ilidade de um desen!ol!imento mitol*ico local isolado( intercm<io

de idBias era muito !ariado( PorBm4 ha!ia em cada dom$nio uma 9orça re*ionalJ+ue chamei de estilo ou sinais distinti!osK∗  +ue 9unciona!a como 9ator de

trans9ormação so<re cada idBia im-ortada3 na Euro-a4 como ) 9oi de9inido4 ain9lu7ncia do indi!$duo racional4 ino!ador no riente Pr2imo4 a idBia de uma

>nica comunidade !erdadeira reali@ando o -ro-sito de Deus na China4 o

 -ensamento da anti*a 'dade do ron@e de harmonia entre o cBu4 a terra e o

homem4 e em toda a histria da 1ndia -osterior4 a noção de uma <ase imanente

dentro da +ual todas as coisas se dissol!em e 9ora da +ual4 simultaneamente4 -or

um tru+ue de mā!ā, elas continuamente emanam(

 No decorrer da+uele mil7nio 9lu$ram do cidente -ara a 1ndia +uatrocorrentes3 '( A -rimeira4 +ue ) o<ser!amos resumidamente4∗ R  era a da PBrsia

a+uem7nida4 de-ois de cerca de 6?? a(C4 ''( A se*unda4 de-ois da in!asão de

Ale2andre em &/, a(C4 era de uma casta nitidamente helenista4 sustentada -or

uma -oderosa comunidade *re*a na -ro!$ncia de actriana na 9ronteira

noroeste4 +ue -or certo tem-o recu-erou o controle de todo o 0ale do 'ndo4

c(/??/5 a(C( '''( A se*uinte trou2e a marca de Roma e -assou -ara a $ndia em

*rande -arte -or meio de um comBrcio mar$timo e2tremamente arriscado4 mas

lucrati!o4 +ue se desen!ol!eu nos -rimeiros sBculos da nossa era4 atra!Bs de uma

cadeia de -ortos ao lon*o da costa oeste da 1ndia4 <ordeando o Ca<o da oa

Es-erança e continuando atB o outro lado( E 9inalmente4 '04 com a !itria em

Roma do culto cristão4 o 9echamento das uni!ersidades e a eliminação dos

 -a*ãos em lodo o im-Brio condu@iram -ara a 1ndia4 -or !olta de 8?? d(C(4 uma.'7 0s ?ases do Novo M"ndo ?oram as seg"in)esE na Meso 0mLricaE /rL2maia Chicanel ($ a&C26<d&C%, Maia 0n)erior Tzakol (6<2.<. d&C%, Maia /os)erior Tepe"h (.<.2<$< d&C%& No /er"E Salinar eGallinazo (c%6772.77 a&C%, Moche, Nazca e Tiah"anaco 0n)erior (c%.77 a&C2677 d&C%& Ber  As

Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& pp& 1<21<#& R "upra& Cap4)"lo @& R∗ "upras& pp, 1#21## e $712$7.,

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corrente de re9u*iados eruditos4 le!ando um rico tesouro das ci!ili@aç.es

romana tardia4 *re*a e s$rioe*$-cia4 cua in9lu7ncia ins-irou de imediato muitos

as-ectos da su<se+ente idade de ouro indiana(

Em termos ar+ueol*icos4 como o<ser!ei4

∗ R R

  temos -ouco mais +ue9ra*mentos +ue<rados de cermica colorida com ocre4 cin@a -intada4 e ne*ra

 -olida4 indicando os sBculos de cultura )ria!Bdica anterior che*ada de

Ale2andre( Entretanto4 o s><ito a-arecimento de ele*antes monumentos de

 -edra tirou a *lria da 1ndia das tre!as -ara coloc)la na lu@ da ci!ili@ação

documentada4 no -er$odo da su<se+ente dinastia Maura Jcerca de &//%=5

a(CK( im-acto do *ol-e do o!em macednio tinha re!er<erado -elo norte do

su<continente e4 no momento de &pa'( #$)+ alteração do e+uil$<rio -ol$tico4 um

arro*ante de ori*em desconhecida4 Chandra*u-ta Maura4 -ossi!elmente decasta in9erior4 não a-enas destronou o rei da dinastia Nanda4 da +ual ha!ia sido

comandanteemche9e4 mas tam<Bm instituiu um estado militar nati!o se*undo o

modelo -ersa4 su9icientemente 9orte -ara en9rentar SeleuOos no ano de &?5 a(C(

com meio milhão de homens4 no!e mil ele9antes de *uerra e uma in9inidade de

carrua*ens( Foi 9irmado um tratado -elo +ual os *re*os 9icaram com +uinhentos

dos ele9antes e4 ao +ue tudo indica4 Chandra*u-ta 9icou com uma 9ilha de

SeleuOos4 os *re*os se retiraram -ara )ctria e a recBm institu$da dinastiaMaura dominou do A9e*anistão atB ihar(&6%

VIII( TR9S REIS ;UDISTAS

AS8OA MAURA" (#-0#$# a(C(

neto de Chandra*u-ta 9oi o *rande AshoOa4 +ue reinou de

a-ro2imadamente /6= a /&/ a(C( e4 dando continuidade s con+uistas4 dominou

toda a costa leste da 1ndia4 de rissa a Madras( Mas4 ao !er as marcas de

so9rimento4 misBria e morte +ue seus triun9os tinham causado4 9oi tomado Jcomo

o o!em -r$nci-e #autamaK de -ro9undo -esar e4 -enitenciandose -ela nature@a

do mundo4 entrou -ara a rdem udista como disc$-ulo lei*o e -rimeiro rei

 <udista( Su-.ese +ue tenha sustentado 68(??? mon*es e constru$do não a-enas

incont)!eis mosteiros4 mas tam<Bm4 numa >nica noite4 =8(??? santu)rios

relic)rios( Na !erdade4 cerca de meia d>@ia de suas lend)rias estu-as so<re!i!e

 R∗∗ "upra& pp, $772$71&.'1 Iapson (ed&%, op% cit%& pp& '<2<.&

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atB hoe4 mas tão incrementadas em tamanho4 +ue não -odemos consider)las da

9ase de AshoOa(

0est$*ios mais re!eladores4 so<re!i!entes das dBcadas de seu reinado4 são

uma sBrie de sete colunas her)ldicas de -edra4 de -B ou tom<adas em !)rioslocais4 com ca-itBis 9inamente escul-idos em estilo a+uem7nida-ersa altamente

re9inado( Com a +ueda do im-Brio -ersa e o inc7ndio da cidade-al)cio de

PersB-olis4 Vo e!olu$do talento art$stico da PBrsiaV4 con9orme colocou Sir

Mortimer heeler4 V9icou sem 9unçãoV e4 mo!endose em direção leste atB o

im-Brio sucessor mais -r2imo4 alcançou a $ndia de Chandra*u-ta &6/ onde4 na

arte <udista do tem-o de AshoOa4 um 9lorescimento colonial do estilo

a+uem7nida -rodu@ia os -rimeiros monumentos de -edra da+uela +ue em <re!e

se tomaria uma das maiores tradiç.es esculturais da historia do mundo(De!emos notar4 entretanto4 +ue todos os locais da -rimeira e mais not)!el

tradição de -edra do mundo4 isto B4 a do clero men9ita de Pt) no E*ito4 tinham

sido h) muito incor-orados aos im-Brios4 -rimeiro da PBrsia e de-ois de

Ale2andre o #rande( Cam<ises4 9ilho de Ciro4 con+uistou o E*ito em 5/5 a(C( e

a tum<a de seu sucessor4 Dario '4 -ode ser !isitada atB hoe 9ora das ru$nas de

PersB-olis4 talhada4 como as tum<as talhadas em rochas dos 9aras JA<uSim<el

e os demaisK4 numa -arede rochosa -er-endicular( H) mais seis mausolBussemelhantes nas !i@inhanças4 um dos +uais inaca<ado4 atri<u$dos

res-ecti!amente a ;er2es ' J8=5865K4 &pa'( #$!+ Arta2er2es ' J8658/5K4 Dario

'' J8/88?8K4 Arta2er2es '' J8?8&5:K4 Arta2er2es ''' J&5:&&=K e Jo inaca<adoK

a Arses J&&=&&6K ou4 tal!e@4 !$tima de Ale2andre4 D)rio ''' J&&6&&?K(

Por +ue sur-reendernos4 então4 se os -rimeiros monumentos talhados em

rocha a-arecem na 1ndia no -er$odo de AshoOaI mais not)!el da sBrie de

AshoOa B um -e+ueno eremitBrio delicadamente talhado -erto de #aa4 a *ruta

chamada Lomas Rishi4 talhada em rocha slida4 com a 9achada <elamente

escul-ida4 imitando uma chou-ana de madeira e -alha com um !i!ido <ai2o

rele!o e2i<indo uma 9ileira de ele9antes em mo!imento4 *raciosamente ar+ueada

so<re a entrada(

As estu-as de AshoOa su*erem i*ualmente uma ori*em no -assado

.'$ +heeler, op% cit%& pp& 1<$21<.& Ber )3& & :iez, Die )unst (ndiens (0kademische Berlagsgesellscha?) 0)henaion, /o)sdam& n&d&%, p& 11, e -en8amim IoKland, The Art and Architecture of (ndia> Buddhist&

.indu& 1ain% The Pelican .istor$ of Art (/eng"in -ooks, *ondres, Mel3o"rne, -al)imore, 1#6.%,  pp% 26& /ara il"s)ra[es, immer, The  Art of (ndian Asia& vol& * @& ?igs& -<a e 3& e vol& @@, ?ig % = o" IoKland,op& cit%& ?igs& , #, 17, e 11&

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remoto4 es-eci9icamente no culto da deusa Terra neol$tica( Pois4 como o Dr(

Heinrich Zimmer o<ser!ou em suas con9er7ncias so<re VA Arte da Ásia

'ndianaV4 a*ru-amentos de sele -e+uenos4 mont$culos de <arro <atido atB hoe

são 9eitos e adorados nas aldeias do  sul da 1ndia4 não como t>mulos ourelic)rios4 mas como santu)rios das sete deusasmães(&6& [ interessante lem<rar o

mont$culo no sinete sumBrio da 9i*ura /( Rel$+uias do morto colocadas nesse

santu)rio são de!ol!idas ao >tero da mãedeusa -ara o renascer4 como a m>mia

do 9ara em sua -irmide( A estu-a <udista -areceria a-ontar4 -ortanto4 como a

io*a do -r-rio <udismo4 não -ara o sistema de crença )ria!Bdico4 mas -ara um

sistema neol$tico anterior(

Da mesma 9orma4 os eremitBrios encra!ados na rocha4 a-ontando -ara o

E*ito !ia PBrsia4 nos 9a@em sa<er +ue as 9ormas de arte e ar+uitetura +uesur*iram no -er$odo de AshoOa não eram e2atamente no!as( Elas -ro!inham de

uma arte arcaica +ue ha!ia sido -rimeiramente desen!ol!ida nos limites do

tem-lo de Pt) de M7n9is e +ue a*ora4 sBculos de-ois4 eram en2ertadas em uma

 <ase indiana -rB!Bdica de estilo mais rude4 -orBm essencialmente da mesma

ori*em cultural(

E medida +ue as 9ormas de arte indiana a!ançam a -artir de então4

aumentam as e!idencias dessa interação or*nica entre traços do -assadoindiano mais remoto e in9lu7ncias oriundas do cidente( De maneira +ue ainda

resta um -ro<lema e2tremamente com-le2o a ser en9rentado -elos estudiosos

da+uelas o<ras( Elas re-resentam uma interação cultural or*nica4 onde a

in9luencia de uma corrente a-arentemente alien$*ena -ro!eniente de um centro

alien$*ena tinha4 na !erdade4 traços de *rande a9inidade com um as-ecto do

 -assado es-iritual autctone oculto -or muito tem-o(

Entretanto4 nem tudo o +ue sur*e na+uele -er$odo tem +ue ser

inter-retado como o des-ertar de um *i*ante tro-ical +ue dormia h) dois mil

anos( Muito do +ue ha!ia era realmente no!o( uso do 9erro e da cunha*em4

ori*in)rios da PBrsia cerca de tr7s sBculos antes do -er$odo de AshoOa4 era no!o4

assim como o uso de um al9a<eto semita -ara a escrita de inscriç.es reais( Uma

sBrie de colunas de AshoOa contBm inscriç.es desse ti-o4 como tam<Bm certas

su-er9$cies de rocha tosca4 e o ti-o de escrita (karosthi) da maioria das inscriç.es

era uma ada-tação da escrita aramaica do riente Pr2imo(

Por e2em-lo3 numa -arede de rocha -erto de Wandahar4 A9e*anistão do.'. immer, The Art of (ndian Asia& vol& @, p&$6< e ?ig& -c&

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Sul4 h) &pa'( #$#+ um te2to <il$n*e em *re*o e aramaico J*re*o acima e

aramaico a<ai2oK cele<rando4 nos se*uimos lermos autocon*ratulatrios e de

 -aternal ad!ert7ncia4 a con!ersão de AshoOa 9B <udista e su<se+ente conduta

e2em-lar3 Rei de Atenciosa Consideração4 +uando de@ anos de seu reinado se

tinham cum-rido4 tornou mani9esta humanidade a !irtude da -iedade( E desde

essa B-oca4 os homens 9oram -ersuadidos a se tornarem mais -iedosos4 e na

terra tudo -ros-erou( E o Rei -ri!ase de seres !i!os3 assim i*ualmente o 9a@em

outros4 e os caçadores e -escadores do Rei cessaram de caçar e -escar(

utrossim4 a+ueles +ue não eram senhores de si mesmos dei2aram4

se*undo suas ca-acidades4 de não ser senhores de si mesmos( E são o<edientes

a seus -ais4 mães e idosos4 o +ue não era antes o caso( De maneira +ue no

9uturo4 com-ortandose assim4 eles !i!erão de maneira melhor e mais

 -ro!eitosa em todos os sentidos(&68

A -arte *re*a da inscrição4 como a9irma o Pro9( A( Du-ontSommer em

sua a-resentação do monumento4 Vcon9ormase inteiramente ao estilo hel7nico

do terceiro sBculo a(C(4 sem e2otismos ou re*ionalismos( \(((] A aramaica lo*o

a<ai2o dela \(((] con9ormase no *eral ao aramaico im-erial +ue 9ora usual nostri<unais a+uem7nidas4 mas re!ela certa licenciosidade na sinta2e4 <em como

!)rios re*ionalismos( E4 como era o caso no -r-rio -er$odo a+uem7nida4 ela

assimilou uma sBrie de termos iranianos4 sendo iranianas não menos +ue no!e de

suas oitenta e -oucas -ala!rasV(&65

Podese 9a@er uma com-aração entre o destino do cristianismo so<

Constantino4 tr7s sBculos a-s a cruci9icação4 e o do <udismo so< AshoOa4 tr7s

sBculos a-s a Primeira 0olta da Roda da Lei( Pois em am<os os casos uma

doutrina ascBtica de sal!ação4 -re*ada a um *ru-o de disc$-ulos mendicantes

JVSe al*uBm lhe <ater na 9ace direita4 !olte -ara ele a outra( \(((] Si*amme e

dei2em +ue os mortos enterrem seus -r-rios mortosVK4&66 tornouse uma reli*ião

im-erial e secular de <oa conduta de!ocional -ara as -essoas en*aadas no

mundo ainda na es9era da histria e +ue não a<andonaram tudo -ara ras-ar

.' 0& :"pon)2Sommer, >ne inscrip)ion greco2aramLenne d" ro4 0soka rLcemmen) dLco"ver)e en 0?ghanis)an>, Proceedings of the (Y )h (nternational Congress for the .istor$ of 'eligions& To+$o and

)$oto& IS (Mar"zen, T"io, 1#'7%, p& '1&.'6 (!id%.'' Ma)e"s 6E.#= E$$&

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as ca<eças e !i!er de esmolas( Tam<Bm B -oss$!el notar +ue nos [ditos em

Pedra de AshoOa4 +ue são os -rimeiros escritos <udistas +ue -ossu$mos4 não se

9a@ +ual+uer menção s doutrinas da ne*ação do eu4 da i*norncia ou da

e2tinção4 mas a-enas ao cBu4 s <oas o<ras4 ao mBrito e alma(V"ue todo ><ilo consista no es9orçoV4 o rei aconselha4 V-or+ue isso ser!e

tanto -ara este mundo +uanto -ara o -r2imo(V&6,

V cerimonial da de!oção não B tem-oral -ois mesmo +ue ele não

consi*a atin*ir a 9inalidade deseada neste mundo4 certamente -rodu@ mBrito

eterno no -r2imo(V&6=

VMesmo o homem comum -ode4 se ele assim escolher4 con+uistar -ara si

mesmo -elo em-enho a *raça celestial(V&6:

VE -or +ue la<utoI Para nenhuma outra 9inalidade a não ser esta3 +ue eu -ossa saldar minha d$!ida com seres sencientes e +ue4 en+uanto torno 9eli@es

al*uns a+ui4 eles -ossam no -r2imo mundo merecer o cBu(V&,? &pa'( #$$+

u ainda3 VSua Maestade acha +ue nada tem muita im-ortncia4 com

e2ceção do +ue concerne ao -r2imo mundoV(&,%

VSua Sa*rada e #raciosa MaestadeV4 a9irma o mais cBle<re de todos4

mostrando uma tolerncia t$-ica da $ndia atra!Bs de toda sua lon*a histria

reli*iosa4 Vre!erencia os homens de todas as seitas4 seam ascetas ou -ais de9am$lia4 com -resentes e !arias 9ormas de re!er7ncia( Sua Sa*rada Maestade4

 -orBm4 não se im-orta tanto com -resentes ou re!er7ncias +uanto com o

crescimento es-iritual em todas as seitas( crescimento es-iritual assume !)rias

9ormas4 mas sua rai@ e a restrição da 9ala4 a sa<er3 um homem não de!e

re!erenciar sua -r-ria seita inuriando a de outro homem sem ra@ão4 A

re-ro!ação de!eria ser a-enas -or [email protected] es-ec$9icas4 -or+ue as seitas de outras

 -essoas merecem re!erencia -or uma ou outra ra@ão( \(((] A concrdia B4

 -ortanto4 meritria4 a sa<er3 ou!indo !oluntariamente uma e outra !e@ a doutrina

da de!oção como B aceita -or outras -essoas( Pois B deseo de Sua Sa*rada

Maestade +ue se*uidores de todas as seitas ouçam muita -re*ação e o<ser!em

uma doutrina -er9eita(V&,/

.'< Iock dic) O@@@= Bincen) 0& Smi)h, The Edicts of Aso+a (sseH Mo"se /ress, -road Campden,1#7#%, p& $1&.' Iock dic) @O= Smi)h, op% cit%& p& 16&.'# Minor Iock dic) @ (I"p"a)h TeH)%= Smi)h, op% cit%& p& .&.<7 Iock dic) B@= Smi)h, op% cit%& p& 1$&.<1 Iock dic) O@@@= Smi)h, op% cit%& pp& $72$1&.<$ Iock dic) O@@= Smi)h, op% cit%& p& 1<&

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Foi so< o -atroc$nio de AshoOa +ue se iniciou a missão <udista mundial4

com -re*adores en!iados não a-enas ao Ceilão onde a missão atin*iu solo

9Brtil mas tam<Bm a Ant$oco '' da S$ria4 Ptolomeu '' do E*ito4 Ma*as de

Cirene4 Ant$*ono #natas da Macednia e Ale2andre '' de E-iro(&,&

 Durante seureinado tam<Bm encontramos a -rimeira e!id7ncia su<stancial da -enetração no

sul da 1ndia de uma ci!ili@ação oriunda do #an*es4 do norte( Esca!aç.es

reali@adas am-lamente em Msore nos >ltimos anos de *o!erno <ritnico4 mas

su-lementadas e a-oiadas desde então -or esca!aç.es em outras -artes4

demonstraram +ue atB -or !olta de /?? a(C( a cultura do Decão e do Sul era

ainda e2tremamente -rimiti!a( As 9erramentas eram de um ti-o microl$tico

*rosseiro do Paleol$tico Tardio( A cermica era ainda artesanal4 usualmente de

material tosco e de cor cin@a4 de ti-o *lo<ular4 em<ora tenham sido achados9ra*mentos ocasionais de cermica *ra!ada e -intada( metal era conhecido4

mas muito escasso3 -eças de co<re e <ron@e4 mas nenhuma de 9erro4 a-arecem

entre os !est$*ios( uracos de -ostes su*erem casas 9eitas de madeira4 -or !e@es

com-lementadas -or -aredes <ai2as de <locos de *ranito natural( E isso B tudo(

Foi a-enas de-ois de cerca de /?? a(C( +ue sur*iu um com-le2o cultural

me*al$tico e2tremamente interessante4 com semelhanças sur-reendentes com o

me*al$tico muito anterior da 'dade do ron@e Jcerca de /??? a(C(K da Es-anha4França4 'n*laterra( SuBcia e 'rlanda( Entretanto4 esse com-le2o alcançou o sul da

$ndia associado ao 9erro e -arece ter !indo4 não do oeste4 mas do nordeste(

De-ois disso4 su<itamente -or !olta de 5? d(C4 che*ou uma in9lu7ncia muito

mais a!ançada e deu in$cio4 com a !inda dos mercadores de Roma4 a um -er$odo

de es-lendor no sul(&,8

Assim4 na re*ião ao sul dos 0indhas4 -arece ha!er indicaç.es de tr7s

 -er$odos de desen!ol!imento muito retardado a-s o Paleol$tico3 %( uma cultura

de machado de -edra mesocalcol$tica tosca4 tal!e@ do -rimeiro mil7nio a(C( ale

cerca de /?? a(C( /( uma cultura me*al$tica intrusa associada ao 9erro4 de cerca

de /?? a(C( atB &pa'( #$5+ cerca de 5? d(C &( a che*ada de -ostos de comBrcio e

manu9atura de Roma( -or !olta de 5? d(C4 -ela rota mar$tima direta dos -ortos

e*$-cios do Mar 0ermelho( E 9oi nessa re*ião sel!a*em relati!amente -rimiti!a4

 -elo 9inal do -er$odo %4 +ue a cermica ne*ra -olida do norte e o 9erro dos

.<. Iock dic) O@@= Smi)h, op% cit%& p& $7&.<  I&&M& +heeler, >-rahmagiri and Chan draKelli 1#<E Megali)hic and )her C"l)"res in )heChi)aldr"g :is)ric), Mysore S)a)e>, Ancient (ndia& nW , pp& 112.17&

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centros ur<anos )rio<udistas -enetraram -or !olta de &?? a(C(4 com as

con+uistas dos *randes *o!ernantes da dinastia Maura( Tr7s c-ias de um dos

Bditos de AshoOa 9oram encontradas ao sul4 em rahma*iri4 Msore(

De maneira +ue um !asto dom$nio cultural hetero*7neo B assinalado no -er$odo da mais anti*a di9usão <udista4 marcado no oeste4 no A9e*anistão4 -elo

Bdito *recoaramaico de AshoOa Je alBm disso4 suas miss.es -ara a Macednia e

o E*itoK4 no leste4 -ela con+uista da costa indiana desde rissa atB Madras e no

sul -or sua missão ao Ceilão4 <em como Jno continenteK -or seus Bditos em

Msore( E nesse !asto mundo <udista -ode ser 9acilmente constatada uma

com<inação de elementos e*$-cioass$rio-ersas4 indo)rias4 dra!idianos e

*re*os4 toda ela enca<eçada -or um monarca4 o maior do mundo em sua B-oca4

de tolerncia e *enerosidade di9icilmente encontradas na histria das naç.es4 -rote*endo as mir$ades de mon*es Vru*idores como le.esV dos numerosos cultos

de ren>ncia !ida Jnir!anaK4 em<ora 9omentasse e desen!ol!esse4 com a

sa<edoria de um *rande -atriarca4 o <emestar4 tanto na terra +uanto no cBu4 de

seus 9ilhos no mundo(

E durante um -er$odo4 so< o reinado deste -oderoso e -iedoso rei4 -arecia

+ue4 de 9ato4 al*o semelhante idade de ouro do leão dormindo com a o!elha

esta!a -restes a reali@arse( Entretanto4 as leis da histria +ue no manual de -ol$tica de seu a! tinham sido de9inidas como a Vlei dos -ei2esV Jos *randes

de!oram os -e+uenos e os -e+uenos t7m +ue ser r)-idosK &,5  não se tinham

dissol!ido no !rtice deste mundo( im-Brio desinte*rouse cerca de cin+enta

anos a-s a morte de AshoOa4 +uando o >ltimo de seus sucessores4 rihadratha4

9oi morto -or seu -r-rio comandanteemche9e -or ocasião de uma re!ista das

tro-as e uma no!a 9am$lia não<udista4 -ro!eniente da -ro!$ncia de Uain J+ue

anti*amente ha!ia sido um 9eudo da dinastia MauraK4 assumiu o trono im-erial(

Em se*uida4 o assassino4 Pushamitra4 9undador da no!a dinastia hindu$sta

Shun*a4 dando in$cio ao cl)ssico sacri9$cio !Bdico4 soltou um ca!alo -ara

 -eram<ular !ontade -elo reino acom-anhado de uma centena de -r$nci-es

*uerreiros( Mas em al*um lu*ar no meio do caminho -ara o Puna<4 o desa9io do

ca!alo errante sim<lico 9oi aceito -or uma com-anhia de ca!alaria *re*a( s

euro-eus 9oram derrotados e o sacri9$cio !Bdico im-erial consumado mas a

 -resença dos ca!aleiros *re*os 9oi su9iciente -ara indicar +ue al*o interessante

.<6  a")ilyaAs  Artha4*stra% S"p[e2se "e a")ilya )enha sido o conselheiro e vizir de Chandrag"p)aMa"rya= c?, immer, Philosophies of (ndia& pp& <21.#&

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esta!a 9er!ilhando no este(&,6

MENANDRO" c' !#*1* a(C

Pois4 de 9ato4 na )ctria hel7nica um tirano *re*o4 Eutidemo4 9undara -or

!olta de /%/ a(C( o estado milhar -e*o inde-endente dos sel7ucidas4 e seu 9ilho

DemBtrio recon+uistara todo o 0ale do 'ndo -ara os *re*os4 -or !olta de %:,

a(C( &pa'( #$*+

 Na+uele 9ormid)!el -osto a!ançado esta!am em ação mitolo*ias e

crenças hindu$stas e <udistas4 <em como cl)ssicas( s -r-rios *re*os

identi9ica!am 'ndra com Zeus4 Xi!a com Dioniso4 Wrsna com HBracles e a deusa

LaOsm com Ártemis4 e um dos maiores reis *re*os4 Menandro Jc.%/5:5 a(CK4 -arece ter sido4 se não ele -r-rio um <udista4 -elo menos um *eneroso -rotetor

desta 9B( A Roda da Lei <udista a-arece em suas moedas&,, Plutarco a9irma +ue

as cidades de seu dom$nio com-etiram -ela honra da -osse de suas cin@as e

aca<aram concordando em di!idilas entre si -ara +ue a memria de seu reinado

não se -erdesse(&,= E h) um im-ortante te2to <udista anti*o Jem -arte4 tal!e@4 de

c.MI a(C(K4&,:   s IustLs do Ri @ilinda J @ilinda#a?haK4 no +ual o rei

JMilinda j MenandroK B mostrado em discussão com um mon*e <udista4 Na*asena4 -or +uem B derrotado e con!ertido(

V rei era eruditoV4 lemos4 Velo+ente4 s)<io e ca-a@4 um -raticante

consciencioso e isso na hora certa de todos os !)rios atos de de!oção e

cerimnia -rescritos nos seus hinos sa*rados re9erentes s coisas -assadas4

 -resentes e -or !ir( \(((] E numa discussão4 ele era di9$cil de se i*ualar e ainda

mais di9$cil de su-erar reconhecidamente4 su-erior entre todos os 9undadores

das !)rias correntes de -ensamento( Ademais4 assim como na sa<edoria4 em

9orça 9$sica4 a*ilidade e cora*em4 não se encontra!a nin*uBm em toda a 1ndia4

i*ual a Milinda( AlBm disso4 era rico4 *rande na 9ortuna e -ros-eridade4 e o

n>mero de suas tro-as armadas era in9inito(V

0ou dei2ar +ue o -r-rio leitor -rocure o te2to&=? e descu<ra como esse.<' immer, Philosophies of (ndia& pp& 67.267, ci)ando Iapson (ed&%, op% cit%& p& 66&.<<  &J& Iapson, >The S"cecssors o? 0leHander )he Grea)>, in Iapson (ed&%, op% cit%& p& 67 eseg"in)es&.< (!id%& p& 661&.<# +in)erni)z, op% cit%& vol& @@, pp& 17211& *ivros @B2B@@ es)!o ?al)ando na )rad"!o chinesa ?ei)a en)re

.1<2$7 d&C, e s!o, por)an)o, 8"lgados como sendo de da)a pos)erior&.7 The Zuestions of )ing Milinda& )rad"zido por T&+& Ihys :avids, "acred Boo+s of the East& vols&OOOB e OOOB@ (The Clarendon /ress, H?ord, 1#7, 1#%&

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homem -oderoso4 ao 9im de seu dia de tra<alho4 solicita!a a seus +uinhentos

cortesãos nios +ue lhe su*erissem al*um s)<io indiano erudito com o +ual

 -udesse des9rutar de uma noite de con!ersa e como4 atendido -elos +uinhentos4

montando na carrua*em real4 ele ia -ara os re9>*ios deles4 um a-s outro4colocandolhes +uest.es +ue eles eram inca-a@es de res-onder(

Então4 o rei Milinda -ensou consi*o mesmo3 VToda a 1ndia B uma coisa

!a@ia B4 na !erdade4 uma insi*ni9icncia^ Não h) nin*uBm4 nem mon*e nem

 <rmane4 ca-a@ de discutir comi*o e dissi-ar minhas d>!idasV(

Feli@mente -ara a re-utação da $ndia4 entretanto4 !i!ia no alto dos

Himalaias um *ru-o de arhats <udistas e um deles4 -or sua di!ina ca-acidade de

audição4 ouviu o -ensamento de Milinda( Em se*uida4 iniciouse a -rocura de

um +ue esti!esse altura do *re*o4 e desco<riuse tam<Bm -or tele-atia +ue ele seria encontrado Jnão se es-ante^K no CBu dos Deuses Feli@es(

inumer)!el sB+uito de arhats, desa-areceu do -ico da montanha4 sur*iu no CBu

dos Deuses Feli@es e4 desco<rindo o deus em +uestão4 de nome Mahasena4 ou!iu

+ue teria -ra@er em socorrer a 9B4 re9utando a heresia de Milinda( Então os

arhats, desa-arecendo da+uele cBu4 ressur*iram na montanha dos Himalaias4 e o

deus nasceu na terra como 9ilho de um <rmane(

"uando tinha com-reendido tudo +uanto o <ramanismo -odia ensinar4Mahasena entrou na ordem <udista so< o nome de Na*asena a-rendeu com

9acilidade a Lei e4 em <re!e4 era um arhat merecedor de en9rentar o rei4 +ue

assim encontrou seu i*ual( s)<io res-ondeu com sucesso cada uma das /6/

 -er*untas do *re*o4 a terra tremeu seis !e@es atB seus limites4 relam-eou4 uma

chu!a de 9lores caiu do cBu etc(4 e todos &pa'( #$-+ os ha<itantes da cidade4 e as

mulheres do -al)cio do rei4 cur!aramse diante de Na*asena4 er*ueram as mãos

 untas atB a testa e -artiram( E o rei4 com ><ilo no coração e o or*ulho a-lacado4

tomou consci7ncia da !irtude da reli*ião dos udas4 -arou de alimentar d>!idas4

não -ermaneceu mais na sel!a da heresia e4 como uma co<ra !enenosa -ri!ada

de suas -resas4 -ediu -erdão -or seus erros e admissão na 9B4 -ara ser um

!erdadeiro -rosBlito e -atrocinador -elo resto de sua !ida(

ANIS8A" (/0!#$ ?o !#)!-# @(C(

s dias dos *re*os na+uele -ortal do nir!ana esta!am contados -elaa-ro2imação de uma horda um tanto +uanto eni*m)tica de nmades das

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!i@inhanças da Muralha da China4 chamados uchchi -elos chineses4 Oushanas

 -elos indianos4 classi9icados -or al*uns como mon*is4 -or outros como um ti-o

de turcomanos e ainda -or outros como al*um ti-o de -o!o )ria da 9am$lia dos

citas( Eles tinham sido desaloados e -ostos em marcha -or um *ru-o de hunos -ercorrendo o -a$s entre a e2tensão sul da Muralha e as montanhas de Nan Shan(

Sua mi*ração -elos desertos de WuOu Nor e SinOian* -rolon*ouse -or cerca de

+uarenta anos Jc. %65%/5 a(CK4 causando *randes deslocamentos de -o-ulação

nas )reas +ue atra!essa!am e4 conse+entemente4 no!as -ress.es so<re as

9ronteiras da )ctria( As de9esas *re*as se +ue<raram( Primeiro irrom-eram os

citas4 de-ois os Oushanas e4 atra!essando as montanhas em direção 1ndia4

a-ossaramse da maior -arte da -lan$cie do #an*es atB as montanhas 0indha(

WanishOa4 cuas datas são estimadas !ariadamente como cerca de ,=%/&ou %/?%6/ &(C(K4&=% 9oi o maior dos reis Oushanas( H) uma est)tua de sua 9i*ura4

com %(6? metros de altura atB os om<ros Jin9eli@mente 9alta a ca<eçaK4 escul-ida

em arenito !ermelho de Mathura4 na +ual o uni9orme de cam-anha de cinto

lon*o e -esadas <otas de montar4 a !i*orosa -ostura e a destre@a das duas mãos

nas em-unhaduras de duas imensas es-adas em<ainhadas4 anunciam

dramaticamente o car)ter dos centroasi)ticos +ue tinham assumido o comando

da $ndia(&=/

Como AshoOa e Menandro4 WanishOa era um con!erso ao <udismo e4

como tal4 um *eneroso -atrocinador tanto dos mon*es +uanto das artes da

comunidade laica( Ash!a*hosha era uma 9i*ura de sua corte -ossi!elmente o

autor de sua con!ersão( H) uma tradição4 +uestion)!el em<ora em *eral aceita4

de +ue so< seu -atroc$nio um *rande concilio <udista deu lu@ a doutrina

Mahaana( uso do snscrito como l$n*ua liter)ria de elite e do estilo cl)ssico

Wb!a JV-oBticoVK4 iniciouse4 a-arentemente4 nas cortes Oushanas(&=& E na es9era

da arte reli*iosa4 ocorreu uma sBrie de desen!ol!imentos +ue esta!am entre os

mais not)!eis na histria do riente(

 Numerosos e imensos relic)rios 9oram constru$dos na+uela B-oca os do

tem-o de AshoOa 9oram am-liados4 e em !olta dos santu)rios er*ueramse

 -ort.es e <alaustradas o-ulentamente talhados em rocha4 so<re os +uais

.1 /ara as da)as <21$., ver &J& Inpson, >The Sey)hian and /ar)hian @nvaders>, in Iapson (ed&%& op%cit%& pp& 6$2.= e para 1$721'$, ;&G& IaKlinson, (ndia> A "hort Cultural .istor$ (:& 0pple)on2Cen)"ry,

Nova York e *ondres& 1#.%& pp& #.2#&.$ immer, The Art of (ndian Asia& vol& @@, ?ig& '1&.. :&C& Sircar& >@nscrip)ions in Sanskri)ic and :ravidian *ang"ages>,  Ancient (ndia& nW #, 1#6., p& $1'&

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a-areciam em a<undncia todos os es-$ritos da terra e da nature@a da tradição

 -o-ular -erene cercando em re!er7ncia u<ilosa as *randes estu-as

silenciosas4 s$m<olos do nir!ana( Mas &pa'( #$/+ essas 9i*uras4 lon*e de

re-resentarem o so9rimento e as a<ominaç.es do mundo con9orme -re*a!am oMestre e seus mon*es4 -arecem antes re-resentar seu encanto in*7nuo( Ao

 -ere*rino +ue !isite o santu)rio4 essas -e+uenas cenas e 9i*uras -arecem di@er3

VDe 9ato4 -ara ti +ue !ieste atB a+ui4 carre*ando teu u, tudo B so9rimento mas

 -ara ns a+ui4 sa<endo +ue ns e todas as coisas somos des-idos de u, h) o

72tase do nir!ana4 mesmo a+ui na terra4 em cada uma de nossas !)rias !idas e

maneiras de serV(

An.es <arri*udos su-ortam *randes !i*as mestras so<re as +uais animais4

deuses4 es-$ritos da nature@a e seres humanos adoram os s$m<olos dos udas4 -assados e 9uturos( Le.es alados estão acocorados como cães de *uarda4

demnios da terra carre*ando -esados <ast.es nos om<ros *uardam a Roda

Solar da Lei( Em toda -arte !inhas e lianas em 9lor saem das <ocas e um<i*os de

monstros mitol*icos( Conchas4 m)scaras e !asos emanam i*ualmente lianas4

ltus e aus-iciosas -lantas *eradoras de 9rutos e -edras -reciosas4 dos +uais

sur*em animais ou entre os +uais os -)ssaros -odem salutar e os es-$ritos da

terra <rincar( Dr$ades a*arramse aos *alhos de suas )r!ores4 <alançandose!olu-tuosamente( E entre essas numerosas 9ormas4 a-arecem 9i*uras tanto da

!ida +uanto das encarnaç.es anteriores do uda3 +uando ele era uma tartaru*a4

um macaco4 um ele9ante ou uma *rande le<re4 mercador ou monarca do mundo

+uando retornou a Wa-ita!astu e reali@ou mila*res diante de seu -ai4 su<iu

miraculosamente atB sua mãe no cBu4 +ue tinha morrido sete dias a-s seu

nascimento4 ou +uando andou so<re as )*uas(

PorBm4 em monumentos desse ti-o4 constru$dos antes do -er$odo de

WanishOa Jos do chamado Anti*o Estilo Cl)ssico de cerca de %=5 a(C5? d(CK4 a

9orma humana do -r-rio uda amais e mostrada( Na cena de suas e2curs.es

 -alacianas na carrua*em4 -or e2em-lo4 o condutor B !isto se*urando um *uarda

sol so<re um -r$nci-e +ue não est) -resente(&=8  retorno a Wa-ita!astu mostra o

 -ai e sua corte em saudação e os deuses dei2ando cair *rinaldas do cBu4 mas

onde de!eria estar o uda !emos uma )r!ore odhi4 sim<oli@ando sua

 -resença(&=5 A Roda da Lei4 a )r!ore4 um assento !a@io4 -e*adas ou uma estu-a

. immer, The Art of (ndian Asia& vol& @@, ?ig& #&

.6 (!id &, ?ig& 113&

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re-resentam o uda em tais cenas -ois ele B a+uele +ue reali@ou a e2tinção4

+ue4 como o sol4 se -s e est) V!a@io4 não e2istenteV( Como se l7 em um te2to do

cnon -)li do Ceilão3 VNão h) mais nada com o +ue ele -ossa ser com-aradoV(&=6

Entretanto4 no -er$odo e reinado de WanishOa ocorreu um no!odesen!ol!imento4 !isto +ue o -r-rio uda era a*ora re-resentado em toda

 -arte 4 em dois estilos contrastantes3 o *recoromano de #andhara4 em +ue B

mostrado como uma es-Bcie de mestre *re*o semidi!ino4 humani@ado4 como

uma -ersonalidade im-ressionante4&=,  e um 9orte estilo nati!o desen!ol!ido

 -elos escultores da cidade de Mathura4 em +ue B e2i<ido4 !i*orosa e

realisticamente4 como um ar+uet$-ico s)<io indiano(&==  E a e2-licação dessa

a-arição4 como Heinrich Zimmer 9oi o -rimeiro a indicar4 B +ue uma no!a

conce-ção da doutrina 9undamental tinha sur*ido( 6 E  sa<emosV4 ele a9irma(V-recisamente +ual era a no!a conce-ção3 era a Mahaana4 documentada no

 -r-rio -er$odo dos monumentos #andhara -elos te2tos  Pra*?ā+#āramitā..

 Neles4 &pa'( #$0] 9icamos sa<endo +ue e2atamente como nunca hou!e nenhum

mundo4 assim tam<Bm amais hou!e um uda histrico -ara redimilo( uda

e o mundo são i*ualmente !acuidade A>n!am !a@io4 nãoe2ist7ncia( Do -onto

de !ista transcendental da consci7ncia li<erta4 eles estão em um >nico e mesmo

 -lano de ilusão4 e esse -onto de !ista transcendental B4 ademais4 o !erdadeiro( ilusrio uda histrico4 +ue -ela iluminação alcançou o nir!ana4 mas continuou

!i!endo aos olhos do mundo atB alcançar o-arinir!bna , -ode4 conse+entemente4

ser re-resentado como se esti!esse !i!o no mundo ilusrio(V&=:

Mais um detalhe de!e ser o<ser!ado na arte da+uelas <alaustradas das

estu-as <udistas +ue4 lu@ do +ue sa<emos so<re a atitude usual dos mon*es4

 -areceria re-resentar um desa9io direto a seu -onto de !ista(

Ananda disse3 VSenhor4 como de!emos nos com-ortar com as mulheresIV

Mestre3 VNão !7lasV(

Ananda3 VE se ti!ermos +ue !7lasIV

Mestre3 VNão 9alar com elasV(

Ananda3 VE se ti!ermos +ue 9alar com elasIV

Mestre3 VMantenham seus -ensamentos so< estrito controleV(&:?

.' "=tra ip*ta 6&<&&

.< immer& The Art of (ndian Asia& vol& @@& ?igs& '$2'<&

. (!id &, ?igs& <12<.&

.# (!id &,vol&@, p& .7&.#7 Ci)a!o eH)ra4da das regras da rdem (Binaya% por dKard Conze, Buddhism% (ts Essence andDevelopment (/hilosophical *i3rary, Nova York, sem da)a%, p& 6&

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E ainda assim4 a 9i*ura mais -roeminente na decoração de todos os

 -rimeiros monumentos <udistas4 ri!ali@ando em -roemin7ncia mesmo com os

s$m<olos do uda e do nir!ana4 B a da deusaltus4 Xri LaOsm4 do -anteão

 -o-ular indiano( Ela a-arece !ariadamente de -B ou sentada so<re um ltus4ele!ando ltus nas mãos4 com <ot.es e corolas de ltus er*uendose sua !olta

  em duas das +uais -odem a-arecer ele9antes4 des-eando )*ua das trom<as ou

de arros le!antados com as trom<as so<re sua ca<eça e cor-o de am-los

+uadris( AlBm do mais4 a-esar de nas re-resentaç.es anteriores J-or e2em-lo4

nas <alaustradas da estu-a n /4 em Sanchi4 cerca de %%? a(C(K &:% a -arte in9erior

de seu cor-o estar decentemente co<erta4 como tam<Bm o estão os cor-os de

outras 9ormas 9emininas nos monumentos da+uele -er$odo4 nas <alaustradas e

 -ort.es de data -osterior JEstu-a Sanchi n(  '3 -rimeiro sBculo d(C(K4&:/  nãoa-enas a -arte in9erior do cor-o da deusaltus est) nu4 mas a -erna est)

9re+entemente do<rada -ara re!elar o ltus de seu se2o4 e as outras 9ormas

9emininas4 esteam elas a-inhadas em <alc.es e anelas -ara !er o -r$nci-e

#autama saindo de seu -al)cio4 ou <alançando !olu-tuosamente como dr$ades

nas )r!ores4 usam um ti-o de cinta ornamentada +ue não esconde4 mas e2-.e e

acentua seu se2o(&:& Na !ida de uda de Ash!a*hosha4 as cenas +ue aca<amos

de mencionar das mulheres nos telhados4 nos <os+ues do -ra@er e no harBm4 sãore-resentadas em detalhe com uma 7n9ase ertica +ue em numerosas -assa*ens

co<re -)*inas inteiras( E no decorrer dos sBculos se*uintes4 sea na arte e

literatura <udistas4 hindu$stas ou mesmo ainistas4 essa 7n9ase no 9eminino e4

es-eci9icamente4 como o<eto ertico4 B constantemente intensi9icada4 atB +ue

nos sBculos ;'' e ;''' -areceria ha!er muito -ouco alBm disso no misticismo

indiano(

A deusa da )r!ore do 0ale do 'ndo4 -arindo o mundo !e*etal4 retornou

então de maneira dram)tica J9i*uras %? e %,K4 e de!e ser reconhecida como

 -resente ou &pa'( #$1+ re-resentada em cada mulher do mundo( Ela B a deusa da

)r!ore odhi a mesma +ue4 na lenda de Adão4 era E!a( Mas no ardim do

[den4 a ser-ente4 seu amante4 9oi amaldiçoada4 en+uanto na cena da )r!ore

odhi a ser-ente se er*ueu da terra -ara -rote*er o Sal!ador( A ser-ente4 unto

com sua consorte4 tam<Bm a-areceu -ara -rote*er o io*ue na cena da -ro!ação

.#1 immer, The Art of (ndian Asia& vol& @@& ?ig& $<&.#$ (!id &, ?ig& 1$&

.#. (!id &, ?igs& #, 16, $$&<1&

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de Parsh!anatha( E a consorte4 na+uele caso4 era e2-ressamente a deusa Ltus4

Xri LaOsm4 a deusa da 9orça !ital4 em 9orma de ser-ente(

H) um *rande conte2to mitol*ico desenrolandose a+ui diante de ns4

estendendose -ara oeste e leste4 como os dois ramos de uma )r!ore3 de um lado4do conhecimento do <em e do mal e4 do outro4 da !ida imortal( Mas !amos

a*uardar -or mais al*umas in9ormaç.es antes de assistirmos rea-arição da

deusa sim<lica do uni!erso no meio de um mundo de mon*es meditantes( Pois

al*o realmente no!o aconteceu(

V 'luminado -arte na #rande arcaV4 lemos em um te2to deste -er$odo4

Vmas não h) -onto de -artida( Ele -arte do uni!erso mas na !erdade4 ele -arte

de nenhum lu*ar( Sua <arca est) e+ui-ada com todas as -er9eiç.es4 e não e

maneada -or nin*uBm( Ela se a-oiar) em a<solutamente nada e se a-oiar) noestado de tudo sa<er4 +ue lhe ser!ir) como nãoa-oio( Ademais4 nin*uBm amais

 -artiu na #rande arca nin*uBm amais -artir) nela e nin*uBm est) -artindo

nela a*ora( E -or +ue issoI Por+ue nem a+uele +ue est) -artindo nem o destino

 -ara o +ual ele -arte -odem ser encontrados3 -or isso4 +uem estaria -artindo e

 -ara ondeIV

odhisatt!a Su<huti disse3 VPro9unda4 0ener)!el4 B a -er9eita

Sa<edoria TranscendentalV(E o 0ener)!el res-ondeu3 VPro9unda como o a<ismo4 como o es-aço do

uni!erso4 o Su<huti4 B a -er9eita Sa<edoria TranscendentalV(

Su<huti disse ainda3 VDi9$cil de ser alcançada -elo Des-ertar B a -er9eita

Sa<edoria Transcendental4 0ener)!elV(

Ao +ue o 0ener)!el res-ondeu3 VEssa e a ra@ão4 Su<huti4 -or +ue

nin*uBm amais a alcança -elo Des-ertarV(&:8

I.( O CAMIN8O DA VISÃO

Han Min* Ti4 da China4 sonhou com um homem de ouro no oeste4 ou4

 -elo menos4 assim nos contam(&:5 E em<ora sou<esse +ue a-enas demnios e

 <)r<aros !i!iam alBm das 9ronteiras de seu im-Brio celestial +ue mantinha em

harmonia com o uni!erso4 atra!Bs de sua imo<ilidade em seu trono csmico4 de

.#  Astas*hasri+* Pra<;*p*ramit* 1= immer, /hilosophies o? @ndia, p& 6&.#6 C?& &*& Ieichel), Truth and Tradition in Chinese Buddhism (Commercial /ress, Oangai, 1#$<%, pp&#21$&

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9rente -ara o sul 4 ele en!iou uma dele*ação( Esta 9e@ incurs.es no deserto ao

lon*o da Anti*a Rola da Seda4 a<erta entre Roma e o E2tremo riente -or !olta

do ano %?? a(C( E -or ela4 de 9ato4 !inham na direção leste -elo caminho

desolado do deserto dois mon*es <udistas condu@indo um ca!alo <ranco +uele!a!a no lom<o uma ima*em do uda e um maço de te2tos Mahaana(

mosteiro constru$do -ara hos-ed)los na ca-ital Lo _an* rece<eu o nome do

animal em cuo lom<o a res-eit)!el car*a tinha che*ado4 e 9oi ali4 na+uele

Mosteiro Ca!alo ranco4 -or !olta de 65 d(C4 +ue se iniciou a lon*a tare9a de

!erter o snscrito -ara o chin7s( &pa'( #5)+

A ul*ar -ela data4 a ima*em de!e ter sido da escola #andhara4 *reco

romana4 -ossi!elmente de ouro e -ro!a!elmente de #autama -re*ando(

Entretanto4 a *rande maioria das ima*ens do uda do E2tremo riente 9eitasdesde essa B-oca não re-resenta o uda indiano #autama( São ima*ens +ue

re-resentam a-ariç.es -uramente !ision)rias( Vudas sur*idos da meditaçãoV4

sem +ual+uer re9erencia histrica( E delas4 a mais -o-ular e im-ortante B a de

Amita<ha4 o uda de Vlu@ Jā2haK  imensur)!el Ja+mitaKV4  tam<Bm conhecido

como Amitaus4 o uda de Vlon*e!idade Jā!usK  imensur)!el Ja+mitaKV4  +ue B

 -roduto do -ensamento <udista4 mas le!a as marcas de -roced7ncia >ltima do

'rã(Amida4 como esse <rilhante uda solar B chamado no E2tremo riente4 )

era conhecido na China na metade do sBculo '' d(C4 e B hoe no a-ão o 9oco da

de!oção das *randes seitas odo e Shinshu( Em sua re!er7ncia4 o caminho

ensinado não B o da autocon9iança Ja-on7s3 *iriki, Va 9orça -r-ria da -essoaVK4

mas o da con9iança na *raça Jtariki, V9orça 9ora( 9orça de outremVK de Amida

am<os caminhos4 entretanto4 não di9erem tanto +uanto um ocidental -oderia

su-or4 ) +ue o uda conce<ido 9ora sim<oli@a o Estado de uda4 +ue est)

i*ualmente dentro(

 Na !ersão Mahaana da !ida do uda do mon*e -oeta indiano

Ash!a*hosha4 +ue aca<amos de ler4 a-arece uma sBrie de cenas +ue não

encontramos no te2to Hinaana em -)li( Uma das mais im-ortantes ocorre no

9inal da +uarta semana do 9esti!al do #rande Des-ertar +uando4 se*undo essa

!ersão4 Mara o anta*onista do uda 9oi mais uma !e@ -ostarse diante do

Santo3 V SantoV4 ele disse4 Vtu ir)s a*ora *entilmente -assar -ara o nir!anaV(

Mas o #autama uda res-ondeu3 VFundarei4 -rimeiro4 inumer)!eis Reinos

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>dicosV( E o tentador4 com um *rito de horror4 desa-areceu(&:6

Reino >dico B um -roduto da escola Mahaana4 de enorme interesse

 -ara todo estudioso de mitolo*ia com-arada -ois4 de um lado4 mostra muitos

 -ontos semelhantes idBia ocidental do -ara$so4 mas4 -or outro4 não B conce<idocomo a meta >ltima da !ida es-iritual4 e sim como a -en>ltima( Uma es-Bcie de

 -orto de -artida -ara o nir!ana( E assim como e2istem muitos -ortos ao lon*o

da costa de um *rande mar4 tam<Bm ao lon*o do oceano do !a@io 9oram criados

muitos Reinos >dicos( Sa<emos do de Maitrea4 0airochana e #autama4 <em

como do de Amida e4 teoricamente -elo menos4 mesmo o Para$so de Cristo -ode

ser !i!enciado como Reino >dico( Na !erdade4 como um mecanismo de en*ate

 -elo +ual a mitolo*ia -aradis$aca de +ual+uer reli*ião -ode ser aco-lada

 <udista4 o conceito de Reino >dico torna -oss$!el missão Mahaana -eneirarem +ual+uer es9era reli*iosa e não destruir4 mas acrescentar e com-lementar as

9ormas locais(

Reino >dico de Amita<ha sur*iu4 se*undo se conta4 -ela !irtude do

!oto +ue esse -articular Sal!ador do Mundo 9e@ +uando era ainda um

2odhisattva. Esse !oto consistia na ren>ncia iluminação -ara si mesmo a não

ser +ue -or seu Estado de uda ele -udesse le!ar ao nir!ana lodo a+uele +ue

a-elasse -ara seu nome mesmo +ue não 9i@esse mais +ue re-elilo de@ !e@es(E  o -oder de sua io*a era tal +ue em se*uida sur*iu no cidente um reino

 -uramente !ision)rio4 o Reino da Felicidade( &pa'( #5!+  J sukhāvatiK , onde ele

a*ora est) sentado -ara sem-re4 como um sol se -ondo J+ue4 entretanto4 amais

se -.eK4 -ermanecendo -ara sem-re Jamitā!usK , imensura!elmente <rilhante

Jamitā2haK , mar*em de um *rande la*o de ltus( E todos os +ue in!ocam seu

nome renascem so<re os Ltus da+uele la*o4 al*uns em c)lices a<ertos4 outros

ainda dentro de <ot.es4 se*undo seus !)rios est)*ios es-irituais4 -ois nem todos4

na hora da morte4 estão -re-arados -ara a -lenitude da radiante lu@ redentora(

"uando morre um ser da mais alta cate*oria4 um ser +ue -raticou -or toda

a !ida a !erdadeira com-ai2ão Jkarunā), não inuriou nin*uBm e o<ser!ou

ri*orosamente todos os -receitos4 Amitha<a lhe a-arece numa <ola de lu@4

9lan+ueado -or dois *randes 2odhisattvas A!aloOitesh!ara es+uerda e

Mahasthama direita( 'numer)!eis <udas histricos <rilham -or todos os lados4

 unto com seus mon*es e de!otos4 inumer)!eis deuses e incont)!eis -al)cios

adornados com -edras -reciosas( Um trono de diamantes B o9erecido ao 9alecido.#' Buddhacarita 16&1121$&

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 -elos dois *randes 2odhisativas todos estendem as mãos -ara ele a 9im de dar

lhe <oas !indas o uda Amita<ha irradia seu cor-o so<re raios de lu@4 e lendo

contem-lado tudo isto4 com um -ulo de ale*ria de alcança o trono de diamantes4

sendo le!ado em uma *rande -rocissão -ara o Reino da Felicidade( Em todas as -artes ou!ese o  Dharma !7emse raios <rilhantes e 9lorestas de -edras

 -reciosas( E4 !i!endo na -resença de todos a+ueles <udas4 2odhisattvas, deuses e

!is.es luminosas4 <anhado continuamente na lu@ de Amita<ha4 consciente de um

es-$rito de resi*nação a +uais+uer conse+7ncias +ue -ossam sur*ir4 sãolhe

dados incont)!eis mantras de meditação -ara recitar e em -ouco tem-o ele

alcança o nir!ana(&:,

 No e2tremo o-osto da moral4 o ser +ue não alcançou a<solutamente nada4

o -er!erso4 o est>-ido4 cul-ado de muitos crimes4 aconselhado na hora da morte -or al*um ami*o +ue lhe disse3 VMesmo se !oc7 não -uder ima*inar o uda4

 -ode -elo menos -ronunciar seu nomeV4 e de-ois de ler -ronunciado o mantra de

Adoração ao uda Amitaus -or de@ !e@es4 ao morrer !er) um ltus dourado4

 <rilhante como o disco solar4 em cua corola ele então se encontrar) en!ol!ido(

E nesse la*o4 -ermanecer) dentro do <otão durante do@e *randes eras4 rece<endo

e a<sor!endo o tem-o lodo as in9lu7ncias radiantes do la*o atB +ue4 um dia4 as

 -Btalas se a<rirão e todas as *lrias do la*o estarão sua !olta( Então4 ele ou!ir)as !o@es4 ele!andose em *rande com-ai2ão4 dos dois *randes 2odhisattvas,

ensinandolhe detalhadamente o !erdadeiro estado de todos os elementos da

nature@a e a lei da e2-iação das 9altas( Lo*o4 reu<ilandose4 ele diri*ir) todos

seus -ensamentos -ara o Estado de uda +ue4 de 9ato4 em <re!e alcançar)(&:=

Um -ur*atrio sua!e su-lantou a+ui a ima*em indiana do -ro*resso

es-iritual -ela reencarnação e se a data desta doutrina não 9osse tão remota4

 -oderseia su-or uma in9luencia cristã( Entretanto4 da maneira como estão as

coisas4 a inter-retação mais -laus$!el B +ue a in9lu7ncia do 'rã e a doutrina de

Zoroastro +ue4 como ) se o<ser!ou4 e2erceram seu -a-el na 9ormação da !isão

de Dante tenham dei2ado suas -e*adas a+ui( Uma <rilhante mono*ra9ia

recente so<re este assunto di@3 &pa'( #5#+

 Não de!emos es+uecer +ue o -rimeiro a-stolo a le!ar o culto de Amida

.#<  Amit*$ur-dh$*na "=tra& /ar)e @@@, parQgra?o $$, seg"ndo a )rad"!o de J"n8iro Takak"s", in

Buddhist Mah*$*na Te#ts& Sacred -ooks o? )he as), vol& O*@O (The Clarendon /ress, H?ord, 1#%&/ar)e @@, p& 1&.#  Amit*$ur-dh$*na "=tra& /ar)e @@@& parQgra?o .7E Takak"s"& op% cit &, pp& 1#<21##&

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 -ara a China 9oi um -r$nci-e -arta4 N*an CheWao4 e +ue o im-Brio Wushana4

onde sur*iu -ela -rimeira !e@4 o culto a Amida4 era não menos iraniano +ue

indiano4 não menos masde$sta +ue <udista( N*an CheWao era um ars)cida +ue

!i!eu na China de %8= a %,? d(C( \(((] AlBm do mais4 o tra<alho de tradu@irte2tos sa*rados e de mascatear e con9eccionar ima*ens sa*radas4 no se*undo e

terceiro sBculos da nossa era4 9ica!a a car*o -rinci-almente dos s>ditos

 <actrianos e so*dianos do _uchchi( \(((] Por isso4 não B na -r-ria $ndia +ue

de!em ser -rocurados os 9atores +ue contri<u$ram -ara a !itria de Amida4 mas

na @ona intermedi)ria entre a $ndia e a China4 onde -re!aleceu a in9lu7ncia do

'rã( \(((] Tudo isso e2-lica -or +ue o culto a Amida4 +ue na Ásia Central e

E2tremo riente des9rutou de tamanha e2-ansão4 -arece ter sido -ouco

9a!orecido na -r-ria $ndia(&::

.## Marie2ThLrDse de Mallmann, (ntroduction [ l9:tude d9Avalo+ite\vara (Civiliza)ions d" S"d& /aris,1#%, pp& #72#1&

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Fi*ura /?( senhor doa !ida3 França4 c(5? d(C(

A Dra( MarieThBrse de Mallmann4 autora desse im-ortante estudo4

demonstrou +ue os nomes Amita<ha e Amitaus corres-ondem s

caracteri@aç.es usuais do &pa'( #5$+ deuscriador -ersa Ahura Ma@da4 como o

senhor tanto da lu@ +uanto do tem-o eterno4 e ademais4 +ue -or todo o !asto

dom$nio de in9lu7ncia reli*iosa -ersa J+ue4 como sa<emos4 se e2-andiu com o

e2Brcito romano -ara a #)lia e a retanhaK4 a-arecem em muitos locais tr$ades

di!inas semelhantes de Amita<ha4 sentadas entre seus dois *randes

2odhisattvas de -B(

Em Reims4 -or e2em-lo4 9oi encontrado um altar *aloromano J9i*ura /?K4cua 9rente mostra4 em altorele!o4 uma di!indade com chi9res so<re um trono

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 <ai2o4 tendo no ante<raço es+uerdo um reci-iente em 9orma de cornuc-ia de

onde caem *rãos4 e diante de seu trono4 de 9rente um -ara o outro como as

*a@elas da di!indade com chi9res do 0ale do 'ndo da 9i*ura %= um touro e

um !eado comem dos *rãos( 9rontão acima a-resenta a 9i*ura de um *randerato4 +ue na 1ndia B o !e$culo animal do deus #anea4 senhor JiaK  das hostes

J*anaK  de seu -ai _iva( En+uanto a cada lado4 direita e es+uerda desse rei

celta4 identi9icado como Cernunnos J+ue em outra circunstncia a-arece4 como

_iva4 com tr7s ca<eçasK h) um -ar de deuses4 A-oio e HermesMerc>rio4 de

maneira muito semelhante aos dois *randes 2odhisattvas.;NN

A semelhança dessa com-osição sim<lica com a tr$ade <udista e4 alBm

disso4 suas m>lti-las associaç.es com moti!os incidentais do conte2to _iva

uda4 são demasiado -r2imas -ara serem acidentais( E se lem<rarmos a*ora+ue o -ro9eta -ersa Mani J/%6,/,6I d(CK4 9undador do mani+ue$smo4 -rocurou

sinteti@ar os ensinamentos do uda4 Zoroastro e Cristo4 e +ue -or !olta do

sBculo 0 comunidades mani+uBias ) eram conhecidas desde o norte da Á9rica

Jonde Santo A*ostinho 9oi um mani+ueu -ro9esso de &,& a &=/K atB a China4

tornarse) e!idente +ue a reli*ião de Amida não era de maneira al*uma o >nico

e2em-lo cons-$cuo de sincretismo intercultural nesse -er$odo *enBrico de

ascensão e +ueda dos *randes im-Brios militares de Roma4 PBrsia4 $ndia e daChina da dinastia Han(

Em es-$rito4 contudo4 a reli*ião de Amida B a<solutamente di9erente do

dualismo ocidental4 sea de re!elação -ersa ou cristã( Em uma an)lise

su-er9icial4 a <ase <!ia -ara mani-ulaç.es sincrBticas 9oi 9ornecida -or uma

a9inidade não a-enas de tradiç.es4 mas de ima*Btica e o<eti!os es-irituais

*erais( Por e2em-lo3 se com-ararmos a !isão cristã do destino do homem com a

hindu$sta<udista !eremos +ue em am<as o tema 9undamental4 a -reocu-ação

m)2ima4 B a -re-aração do ser tem-oral -ara uma e2-eri7ncia na eternidade do

 summum 2onnm. A+ueles +ue na hora da morte se encontram des-re-arados t7m

+ue su<meterse a-s a morte a uma es-Bcie de curso de -s*raduação4

re-resentado na ima*em cristã -elo s$m<olo do -ur*atrio e na hindu$sta<udista

 -ela reencarnação( Pur*atrio e reencarnação resultam4 assim4 homlo*os(

'*ualmente4 se*undo am<as icono*ra9ias4 a+ueles tão incorri*$!eis no !$cio +ue

nenhuma in9lu7ncia da *raça di!ina seria ca-a@ de endireitar4 -ermanecem como

77 Ber a disc"ss!o dessa ?ig"ra em /ierre *am3rech), Contri!utions [ 9:tude des divinit:s celtiues(Ii8ks"nivers)iei) )e Gen), -r"gge, 1#$%, pp& 6'2'7&

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são4 a9astados de seu -r-rio <em su-remo4 +uer no in9erno eterno Ja ima*em

cristãK4 +uer em um c$rculo de renascimentos ininterru-tos(

Porem4 +uando os dois sistemas são com-arados mais de -erto4 a-arecem

di9erenças si*ni9icati!as4 Com-arando a -arte in9erior das duas com-osiç.es4desco<rimos +ue na ima*em cristo do *rande teatro da sal!ação os4 reinos

animal4 !e*etal e &pa'( #55+ inanimado da e2ist7ncia 9oram omitidos4 en+uanto

na -arte su-erior a inteire@a m)2ima B Deus( A ima*em ocidental e4 -or assim

di@er4 a-enas o torso da outra não che*a a alcançar nem a de <ai2o do homem

9eitoima*emdeDeus nem a de cima do Deusima*emdohomem( Pois não

im-orta +uão so<er<a e etereamente Deus -ossa ser descrito4 ele B sem-re4 em

>ltima instncia4 i*ual ao homem tão *rosseiramente i*ual como em toda a

$<lia4 ou mais sutilmente4 +uando descrito como al*uma es-Bcie de -resençaa<strata contendo em *rau su-erlati!o as +ualidades humanas de <ondade4

com-ai2ão4 ustiça4 sa<edoria4 ira e -oder(

Em suma4 en+uanto os limites HomemDeus do sistema ocidental

resultam4 em >ltima instncia4 em uma inter-retação do uni!erso em termos de

situação ed$-ica Jum <om -ai criou um mau 9ilho +ue -ecou e a*ora -recisa ser

redimidoK4 no riente a ordem antro-omr9ica e a-enas o -rimeiro -lano de uma

estrutura maior( E4 en+uanto na estrutura antro-omr9ica se d) ao -ro<lema douni!erso uma moldura essencialmente Btico-enal Jem +ue as -uniç.es e

 -ro!aç.es são a doença4 a derrota4 o tormento e a morte4 9icando -orBm

ine2-licado o so9rimento animalK4 a Btica no riente ser <om e o<edecer ao

 -ai re-resenta a-enas o ardimdein9ncia de uma escola su-erior( Portanto4

en+uanto na ima*em ocidental do -ur*atrio o 9im >ltimo4 o  summum 2onun a

ser alcançado B a !isão <eat$9ica no Reino da Felicidade4 na ima*em <udista

Mahaana de Amida a -r-ria !isão <eat$9ica B a-enas a >ltima 9ase do -rocesso

de -ur*ação não um 9im >ltimo mas o >ltimo -asso -ara al*o alem( A -essoa

de!e saltar -ara alBm de Deusima*emdohomem4 homemima*emde

Deus e do uni!erso conhecido -ela mente( A -r-ria mente4 na !erdade4 de!e

+ue<rar e dissol!er na lu@ ardente da reali@ação tanto acima +uanto a<ai2o4

9ora e dentro tudo o +ue ela conce<eu3 uma e2-eri7ncia do ine9)!el4

inima*in)!el nada JnãocoisaK4 +ue e o mistBrio de toda e2ist7ncia4 mas tam<Bm

nenhum mistBrio4 ) +ue ele B4 na !erdade4 ns -r-rios e o +ue estamos !endo a

cada minuto durante todo o tem-o de nossas !idas(Em conse+7ncia4 nem a condição terrena do homem B inter-retada no

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riente como uma -unição -or al*o cometido4 nem sua 9inalidade B tida como

e2-iatria( -oder redentor de Amida não tem a<solutamente nada a !er com

e2-iação( Sua 9unção e -eda**ica4 não -enal( o<eti!o não B a satis9ação de

um -ai so<renatural4 mas o des-ertar do homem natural -ara a !erdade( E sua>nica intenção B +ue a !isão desse uda e seu elo+ente Reino da Felicidade

le!em a atin*ir essa 9inalidade de maneira mais 9)cil e r)-ida e de modo mais

a<ran*ente do +ue +ual+uer outro mBtodo -eda**ico +ue se conheça(

Por e2em-lo4 no V#uia de Meditação so<re AmidaV4 +ue ) citei

anteriormente4 B a-resentado em detalhe o mBtodo de criar na mente4 -asso a

 -asso4 a !isão redentora do uda4 seus acom-anhantes 2odhisattvas e o -r-rio

Reino da Felicidade com a *arantia 9inal de +ue a !isão não B4 na !erdade4 de um

ser e um lu*ar es-ec$9icos4 mas do ser e da nature@a +ue ha<itam cada um de nse o mundo todo4 todas as coisas e 'ndo o +ue est) alBm de todas as coisas(

Ademais4 continuando a leitura desse te2to Jno +ual acho 'm-ortante nos

determosK4 não -odemos dei2ar de &pa'( #5*+ reconhecer nele a 9onte das

ima*ens da arte dos tem-los <udistas de todo o E2tremo riente +ue em

termos ocidentais s -odem ser mal inter-retadas( Pois essas ima*ens não são

em nenhum sentido $dolos3 são su-ortes -ara a meditação( E o -r-rio uda da

meditação não B um ser su-remo situado em al*um lu*ar no cBu4 ou mesmo emal*um Reino da Felicidade real4 mas uma 9i*ura4 uma m)scara4 uma

re-resentação -ara a mente4 do mistBrio +ue ha<ita toda e +ual+uer

9enomenalidade4 sea do mundo4 do tem-lo4 da ima*em ou do -r-rio de!oto(

A lição B a-resentada nesse te2to maneira de um ensinamento -re*ado

 -elo uda #autama rainha consorte da+uele *entil rei im<isara4 +ue lhe

o9erecera seu reino +uando4 no in$cio de sua <usca4 ha!ia -assado esmolando -ela cidade do rei4 detendose -ara um descanso ao -B da montanha(∗  -r-rio

rei4 a*ora idoso4 -assara -or maus momentos -ois seu -er!erso 9ilho

Aatashatru tinhao o*ado numa -risão de sete -aredes4 e sua es-osa4 0aidehi4 a

mãe da+uele 9ilho -er!erso4 tam<Bm tinha sido o*ada atr)s das *rades( Ela(

entretanto4 ha!ia4 su-licado -or consolo4 e o uda Sal!ador do Mundo4 #autama

XbOamuni4 a-areceulhe numa !isão4 sentado so<re um ltus de numerosas

 -edras -reciosas4 9lan+ueado -or dois disc$-ulos e4 acima dele4 di!indades

derramando 9lores( Por entre as so<rancelhas do uda -artiu um raio +ue se

di9undiu -or todos os mundos das de@ direç.es e4 retornando4 -ousou so<re sua R "upra% pp& $162$1'&

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ca<eça4 e ali se tornou um -ilar dourado4 alto como a montanha dos deuses4 de

onde todos os Reinos >dicos das de@ direç.es -odiam ser !istos de uma s !e@(

E ao !7los4 ela escolheu o do uda Amita<haAmitaus(

#autama disse3 A+ueles +ue desearem nascer ali de!em4 antes de tudo4ser 9iliais4 com-assi!os e o<ser!antes dos de@ -receitos4 +ue são os se*uintes3 '(

não matar /( não rou<ar &( não mentir 8( não -ecar contra a castidade 5( nãoin*erir ine<riamos(∗ R Esses são os cinco +ue todos t7m de o<ser!ar4 se*uidos de

mais cinco adicionais -ara os mon*es3 6( não comer em ocasi.es -roi<idas ,(

não dançar4 cantar ou assistir a es-et)culos teatrais e outros =( não usar

 -er9umes4 *rinaldas ou outros ornamentos :( não usar camas altas ou lar*as %?(

não aceitar dinheiro(

Em se*undo lu*ar4 disse o uda4 a+ueles +ue desearem entrar nesse reinode!em tomar re9>*io no uda4 na Lei e na rdem4 cum-rir todas as re*ras

cerimoniais e de!otar total atenção a alcançar a iluminação4 acreditando

 -ro9undamente na doutrina dos do@e elos da causação4 estudando e recitando os

sutras e orientando outros a se*uirem o mesmo caminho(

A se*uir4 o uda disse *raciosamente rainha3 VTu Bs a-enas uma -essoa

comum a +ualidade de tua mente B in9erior e med$ocre( Ainda não alcançaste a

!isão di!ina e4 -ortanto4 não conse*ues !er nada +ue não estea diretamente ateu alcance( &pa'( #5-+

Por isso4 !ais -er*untar como -ode ser ad+uirida a -erce-ção do Reino

>dico( Eu !ou te e2-licarV( Lo*o4 ensinou <oa e -iedosa rainha como

!isuali@ar Amitaus(8?%

 Na hora do -r do sol ela de!eria sentarse de 9rente -ara o oeste4

concentrar 9irmemente a mente no sol e reler a ima*em da+uele sol na memria(

Essa seria a -erce-ção do sol3 a Primeira Meditação(

Em se*uida4 ela de!eria ad+uirir a -erce-ção da )*ua cristalina4 retendo

 <em essa ima*em4 e uma !e@ -erce<ida a )*ua4 a mente meditante de!eria

!isuali@ar o *elo4 trans-arente e relu@ente4 e de-ois o l)-isla@>li( Então4 a terra

de!eria ser !ista como se 9osse l)-isla@>li4 trans-arente e relu@ente4 tanto -or

dentro +uanto -or 9ora4 sustentada -or <ai2o -or um estandarte de ouro com sete R∗ Comparar supra& p& 1#7, com os cinco vo)os 3Qsicos do 8ainismo& Comparar, )am3Lm, com a pardiapol4)ica desses cinco nos >Cinco /on)os pan\a 4ila para a CoeHis)9ncia @n)ernacional>, criados ema3ril de 1#6 no prem3"lo do 0cordo Sino2indiano so3re o ComLrcio com o Ti3e)e (disc")ido por

 0dda -& -ozeman,  >lndiaAs Foreign /oliey Today` Ie?lec)ions "pon @)s So"rces>, 5orld Politics& 8aneiro de 1#6, vol& O, n $, pp& $6'2$<.&71  Amit*$ur-dh$*na "=tra& /ar)e @, parQgra?os 12<= Takak"s", op% cit%& pp& 1'121'<&

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 -edras -reciosas4 estendendose -ara os oito cantos da terra4 cada um deles

constitu$do -or uma centena de -edras -reciosas4 cada -edra -reciosa -or mil

raios e cada raio -or oitenta e +uatro mil cores +ue4 re9letindose da terra l)-is

la@>li4 -areceriam i*uais a um <ilhão de sis( Estendendose so<re a+uele chão -oderiam ser !istas cordas de ouro4 entrelaçadas trans!ersalmente4 sendo o

conunto di!idido -or cord.es de sete -edras -reciosas4 cada uma das +uais

emitindo raios de +uinhentas cores4 -arecendo 9lores ou a lua e as estrelas( E

esses raios de!eriam 9ormar uma torre de de@ milh.es de andares4 constru$dos de

 -edras -reciosas4 cuos lados de!eriam ser *uarnecidos com cem milh.es de

estandartes re-resentando dores e incont)!eis instrumentos musicais4 todos

emitindo sons cuos si*ni9icados são3 Vso9rimentoV4 Vnãoe2ist7nciaV4

Vim-erman7nciaV e VnãoeuV( Essa seria a -erce-ção da )*ua3 a Se*undaMeditação(

A se*uir4 alcançada essa -erce-ção4 cada um de seus com-onentes4 um

 -or um4 de!eria ser !isuali@ado tão claramente +ue a totalidade amais se

 -erdesse4 mesmo +uando os olhos esti!essem a<ertos a não ser durante o

sono( VConsiderase +ue a+uele +ue ti!er reali@ado esta -erce-çãoV4 disse o

uda Vtenha !isto !a*amente o Reino da FelicidadeV( E essa -erce-ção do Reino

B a Meditação N>mero Tr7s(A meditação se*uinte de!eria ser a das )r!ores de -edras -reciosas

da+uele Reino >dico3 sete 9ileiras delas4 cada uma com =??  !o*anas∗  de altura4

todas carre*adas de 9lores e 9olhas de sete -edras -reciosas( E da -rimeira -edra

 -reciosa de cada uma4 +ue B de l)-isla@>li4 sai um raio dourado da se*unda4 de

cristal4 um raio amarelolarana da -r2ima4 de )*ata4 um raio diamantino etc(

Corais4 m<ar e todas as outras -edras -reciosas sucedemse como ornamentos(

Ademais4 sele redes de -Brolas de!em ser !isuali@adas estendidas so<re cada

)r!ore e4 entre cada conunto de redes e o conunto !i@inho4 +uinhentos milh.es

de -al)cios constru$dos de 9lores -rimorosas4 como o -al)cio do deus rahma(

Crianças di!inas ha<itam esses -al)cios e cada criança tem uma *rinalda de

+uinhentos milh.es de -edras -reciosas4 cuos raios iluminam uma centena de

 !o*anas, como se cem milh.es de sis e luas esti!essem reunidos( VE di9$cilV4

disse o -r-rio uda4 Ve2-lic)los em detalhes(V8?/

E che*amos a-enas "uarta Meditação^ &pa'( #5/+

 R Ber no)a do Cap4)"lo &p& 11&7$ (!id%& /ar)e @@, parQgra?os 121$= Takak"s", op% cit &, pp& 1'#21<.&

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nir!ana B a meta4 e a mente est) começando a ceder como tem de

acontecer se4 de 9ato4 se +uer atin*ir a meta(

Entretanto4 como a meta desta o<ra não B o nir!ana4 mas a !isão

intercultural das ima*ens com +ue os -o!os do mundo -rocuraram re-resentarno tem-o e no es-aço suas instituiç.es da+uele termo alBm dos termos +ue no

cidente -ersoni9icamos como Deus e no riente e des-ersoni9icado tanto como

Ser +uanto como NãoSer 4 !ou -edir ao leitor +ue desear continuar com o

uda +ue me -ermita di@erlhe4 res-eitosamente4 as -ala!ras do Anta*onista Jele

 -r-rio4 como ) sa<emos4 umacoisaudaK3 V Santo4 tu ir)s a*ora *entilmente

 -assar -ara o nir!anaV( Pois !amos 9a@er uma -ausa a+ui4 -or um momento4 -ara

ordenar nossas idBias( Che*amos a um -onto em nosso estudo onde todo seu

dom$nio est) irrom-endo4 como um Reino >dico4 em +uinhentos milh.es deraios multicoloridos e4 certamente4 B di9$cil e2-licar todos em detalhes(

.( O MUNDO RECON4UISTADO COMO SON8O

uso de !isuali@ação de ima*ens com o -ro-sito de condu@ir a mente e

os -ensamentos -ara alBm de si mesmos4 ultra-assando limiares rumo a no!as

es9eras de com-reensão4 desen!ol!euse no riente durante sBculos4 desde aescrita do V#uia -ara a Meditação so<re AmidaV atB che*ar a uma tBcnica

 -eda**ica e2tremamente !ers)til4 e -ara esse 9im4 são usados não a-enas li!ros

de meditação4 mas tam<Bm o<ras de arte( Ainda não che*amos4 nesta nossa

 -es+uisa sistem)tica4 ao -er$odo da maior re!elação dessa metodolo*ia

!ision)ria( Entretanto4 os -rinc$-ios <)sicos ) são e!identes( E como eles não

re-resentam a-enas um mBtodo oriental de *uiar o es-$rito4 mas tam<Bm a mais

 -ro9unda4 am-la e mais com-letamente testada e -ro!ada teoria da nature@a e do

uso do mito +ue a ci7ncia de +ual+uer -arte ) -rodu@iu nesse cam-o4 !ou 9a@er

uma -ausa -ara uma <re!e an)lise de seus -ostulados(

-rimeiro -onto a ser notado B o +ue ) reconhecemos em nosso estudo

do sistema ainista3 a 9u*a da realidade( Sea !oluntariamente na 9loresta

en+uanto mon*e4 ou na -risão -or 9orça maior4 o indi!$duo est)

 -sicolo*icamente dissociado tia es9era da !ida normal sua es-Bcie( s

est$mulos e2ternos são cortados(

A se*uir4 com o sistema normal de Vest$mulos sinaisV interrom-ido Jsistema da realidadeK4 desen!ol!ese uma ordem su-ranormal Jo sistema m$ticoK4

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+ual são diri*idos os sentimentos(

Dali sur*em duas alternati!as( mBtodo ne*ati!o dos ainistas4 da escola

San+uia e do Hinaana e2i*ia a e2tinção -arcial ou total do sistema m$tico de

Vest$mulos su-ranormaisV e4 como conse+7ncia4 ad!o*a!a uma reali@ação dearre<atamento e2t)tico( mBtodo -ositi!o do Reino >dico4 -or outro lado4

retBm a ima*em su-ranormal e a desen!ol!e em duas direç.es simultneas3 '(

em direção ao !a@io da nãoe2ist7ncia Jo Reino >dico B uma mera !isão da

menteK( e /( em direção realidade Jo mundo da !ida normal B em si mesmo um

Reino >dicoK( &pa'( #50+

De-ois de o uda XbOamuni ensinar rainha as -rimeiras seis

meditaç.es4 -or e2em-lo4 a-areceu como +ue es-ontaneamente4 a !isão de

Amitaus( A rainha a-rendeu -rimeiro a !isuali@ar o sol a se*uir4 a )*uade-ois4 a terra4 as e2traordin)rias )r!ores de -edras -reciosas( Em se*uida4 disse

o uda4 de!eriam ser !istos os la*os co<ertos de ltus da+uele Reino >dico3 as

)*uas de oito la*os4 cada um de sete -edras -reciosas4 macias e dceis4 oriundas

do Rei das Pedras Preciosas4 a #ema Reali@adora de Deseos( Dela <rota!am

)*uas em cator@e correntes luminosas4 cada uma da cor de sete -edras -reciosas4

com encostas de ouro e leito de diamantes !ariados( Em cada la*o h) sessenta

milh.es de ltus de sete -edras -reciosas cada um4 medindo do@e  !o*anas decircun9er7ncia4 todas elas su<indo e descendo sua!emente medida +ue a )*ua

se a*ita entre elas4 entoando de maneira melodiosa a lição de Vso9rimentoV4

Vnãoe2ist7nciaV4 Vim-erman7nciaV e VnãoserV -roclamando4 tam<Bm4 os sinais

Jtrinta e dois no totalK e as oitenta marcas menores de e2cel7ncia( Ademais4 raios

de ouro emitidos da #ema Reali@adora de Deseos tornamse -)ssaros das cores

de uma centena de -edras -reciosas4 lou!ando o uda4 a Lei e a rdem( Assim B

a "uinta Meditação3 nas oito )*uas das <oas +ualidades( E esta B então se*uida

de uma se2ta e >ltima meditação antes de o uda Amitaus che*ar( Perce<ese

+ue cada di!isão do Reino >dico tem *alerias e andares de -edras -reciosas

atin*indo um total de +uinhentos milh.es4 e dentro de cada uma delas h)

inumer)!eis di!indades tocando m>sica celestial( E numerosos instrumentos

musicais estão sus-ensos4 tam<Bm4 como estandartes co<ertos de -edras

 -reciosas a cBu a<erto4 ressoando a lem<rança do uda4 da Lei e da rdem( E

di@se +ue +uem atin*iu esse *rau de meditação !iu !a*amente as )r!ores de

 -edras -reciosas4 a terra de -edras -reciosas4 os la*os de -edras -reciosas e o arde -edras -reciosas do Reino da Felicidade( VA+uele +ue a ti!er e2-erienciadoV4

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disse o uda4 Ve2-iou todas as 9altas4 as mesmas +ue o teriam le!ado a in>meras

transmi*raç.es4 e se*uramente nascer) no Reino >dico(V

A mente 9oi assim li<erta de toda relação com )r!ores4 terra4 la*os e ar4

 -)ssaros4 estandartes e -edras -reciosas !erdadeiros um -alco !ision)rio 9oimontado -ara a entrada de Amida e eis +ue ele che*a^

Pois en+uanto o uda XbOamuni4 no -a-el de mestre4 9ala!a rainha

0aidehi4 a-areceu o uda Solar Amitaus4 no cBu de -edras -reciosas re-leto de

estandartes e m>sica4 unto com seus dois *randes 2odhisattvas, A!aloOitesh!ara

sua es+uerda e Mahasthama direita4 e hou!e um 9ul*or tão deslum<rante +ue

nin*uBm conse*uiu !er claramente( Era cem mil !e@es mais intenso do +ue o

 <rilho do ouro( E a-ro2imandose do uda XbOamuni4 a rainha orou a seus -Bs(

Ele então lhe e2-licou como todos os seres de!eriam meditar so<re o udaAmitaus no 9uturo(

leitor4 com certe@a4 ) !iu a descrição desta meditação re-rodu@ida em

numerosas o<ras <udistas4 seam elas da 1ndia4 Ti<ete4 China4 CorBia ou a-ão(

Em conse+7ncia4 com-reender) +ue4 em<ora o olho do conhecedor de arte 9aça

um ul*amento estBtico das 9ormas4 o olho da reli*ião atra!essa e !7 ou4 -elo

menos4 es9orçase -or !er não a -edra4 a madeira ou a tinta4 não o <ron@e4 mas

um chão &pa'( #51+ de sete -edras -reciosas sustentando um ltus deinumer)!eis lu@es4 cada -Btala e2i<indo as cores de numerosas -edras -reciosas

e com oitenta e +uatro mil ner!uras4 cada ner!ura emitindo oitenta e +uatro mil

raios( E h) uma torre inteira de -edras -reciosas4 na +ual h) +uatro -ostes com

estandartes co<ertos de -edras -reciosas4 sendo cada estandarte como cem mil

montanhas csmicas3 so<re os estandartes um !Bu de -edras -reciosas4 como

a+uele do -al)cio celestial do Senhor da Morte4 <rilhando com +uinhentos

milh.es de -edras -reciosas4 cada uma com oitenta e +uatro mil raios4 cada raio

com oitenta e +uatro mil cores douradas e todo ele mudando continuamente de

a-ar7ncia3 ora uma torre de diamantes4 ora uma rede de -Brolas4 outra !e@

nu!ens de *rande !ariedade de 9lores +ue4 como se di@ ter declarado o uda

XbOamuni4 B a SBtima Meditação3 no trono 9lorido(

De-ois desta !em o -ensamento 9inal( A ia de todas as *randes ias

nessa rede de ias de 9ato4 a >nica ia da Ásia +ue de!e ser mantida na mente

atra!Bs de todas essas ma*nitudes de !isão metamr9ica( Palco e trono 9oram

instalados( A*ora a mente de!e !er Amitaus( E no +ue di@ res-eito nature@ada+uele uda4 !amos ou!ir XbOamuni3

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Cada uda "ue Assim Che*ou JtathāgataK e a+uele cuo cor-o es-iritual

B ele -r-rio o -rinc$-io +ue ha<ita a nature@a Jdharmadhātukā!a o cor-o +ue

B o -rinc$-io ou sustent)culo da lei da !erdadeira e2ist7nciaK(Conse+entemente4 ele -ode -enetrar na mente de +ual+uer ser( Como

conse+7ncia4 tam<Bm4 +uando !oc7 ti!er -erce<ido a+uele uda4 de 9ato4 B sua

mente +ue est) de -osse da+ueles trinta e dois sinais de -er9eição e das oitenta

marcas menores de e2cel7ncia encontradas no uda( Em resumo3 B sua -r-ria

mente +ue se torna o uda( Não^ E sua -r-ria mente +ue B4 mesmo a*ora4 o

uda( oceano de !erdade e de conhecimento uni!ersal de todos os udas tem

ori*em na mente e -ensamento da -r-ria -essoa(8?&

A lu@ desta idBia <)sica4 escrita em snscrito no -er$odo Wushana4

tradu@ida -or !olta de 8/8 d(C( -ara o chin7s e conhecida em +ual+uer tem-lo

moderno do uda solar Amita<ha sea na China4 na CorBia ou no a-ão o

leitor sa<er) +ue4 durante os sBculos +ue se se*uiram -rimeira a-arição das

ima*ens do uda4 hou!e uma r)-ida tend7ncia ao a9astamento da !isão realista

dos ensinamentos dos udas4 tanto do anti*o estilo #andhara *recoromano

+uanto do estilo indiano nati!o de Mathura4∗

 +ue trans9eriu a 9orma do -lano da!ida des-erta -ara o do sonho !ision)rio iniciatrio( A aurBola solar -or tr)s das

ca<eças do uda do -er$odo #andhara 9oi ori*inariamente um moti!o

@oroastriano iraniano4 +ue esta!a sur*indo tam<Bm no cidente4 mais ou menos

na mesma B-oca4 na icono*ra9ia *recoromana dos -rimeiros cristãos( Com o

 -assar do tem-o4 entretanto4 a ima*em do Cristo assumiria car)ter cada !e@ mais

realista4 en+uanto a do uda anda!a ra-idamente na direção o-osta( Nas 9ormas

do estilo #andhara a ação dram)tica do dra-eamento *re*o e do desta+ue da

ca<eça maneira a-ol$nea -erderam Torça3 a 9i*ura4 -or &pa'( #*)+ assim di@er4

mo!iase um -ouco -ara tr)s4 con!ocando a mente contem-lati!a tam<Bm a dar

um -asso atr)s( Con9orme declarou Heinrich Zimmer3 VA a-ar7ncia Foi

transmutada em a-arição( Nenhum ser cor-reo4 a-enas uma ess7ncia +ue se

tornou silenciosamente mani9esta4 B o +ue se !7 na+uelas 9ormas -osteriores do

estilo #andhara(8?8 E tam<Bm na arte do estilo Mathura4 no *randioso sBculo 0

7. (!id%& /ar)e @@, parQgra?o 1<= Takak"s", op% cit &, p& 1<& R "upra& p& $.&7 immer, The Art of (ndian Asia& vol& @, p& ..&

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da nossa era +ue B o momento do a-o*eu da 1ndia cl)ssica a aurBola

tornouse maestosa4 su*erindo o mila*re do mundoltus( Se*uiuse -or toda a

Ásia um 9lorescimento das artes !ision)rias4 incom-ar)!el na histria da

humanidade( E no -r-rio reino da Mãe $ndia4 a ins-iração <udista -assou4 como+ue -or uma reação em cadeia4 -ara o no!o uni!erso do hindu$smo -s<udista

  +ue4 in9lamado -elo es-$rito <udista4 lo*o sur*iria com seu desa9io e4 em

 <re!e4 -assaria 9rente4 a!ançando -ara um inundo 9Brtil e !olu-tuoso com suas

 -r-rias <ema!enturanças !ision)rias(

Ao entrar em uma sala com esculturas indianas Jescre!e o Dr( ZimmerK4

9icase im-ressionado -ela atmos9era de -a@4 mesmo +uando as ima*ens +ue ela

contBm são !i*orosamente ati!as( Elas res-iram um ar de tran+ilidade +ue se

a-ossa do !isitante4 redu@4 seu -asso e o le!a ao sil7ncio4 tanto e2terno +uanto

interno( Essas o<ras de arte não ins-iram a -essoa a uma entusi)stica con!ersa

elo*iosa elas não -edem -ara serem olhadas e consideradas <elas( 0i!em em

um mundo -r-rio4 e atB do uda com sua mão a<erta er*uida ou sus-ensa

  -odese di@er +ue sim-lesmente est) ali4 reali@ando em seu *esto sua -r-ria

e2ist7ncia na es9era de sua -r-ria aura4 sem diri*irse nossa -essoa( Diante

de sua serenidade4 ns não e2istimos(8?5

Tal o<ra B uma !isão encarnada4 não na matBria -reciosa do sonho4 sutil e

luminosa4 mas na massa insens$!el de uma rocha4 ou em ar*ila4 madeira ou

 <ron@e( Não se -erce<e nela o es9orço do artista( Tam-ouco B uma imitação da

nature@a( Ela B mani9estação da mente V+ue assim che*ouV4 tathāgata 3 +ue

sai de uma -ro9unde@a -ara diri*irse a uma -ro9unde@a e+ui!alente4 não a um

 -erito em arte( Ela não est) a$ -ara ser ul*ada nem mesmo moralmente Jcomo

em <re!e teremos o-ortunidade de -erce<erK( Pois o<ras desse ti-o são

re-resentaç.es de alBm do hori@onte racional4 alBm do m<ito do ul*amento

social4 da Btica e da estBtica4 e a 9aculdade de ul*ar4 +ue tira sua 9orça das

es9eras da e2-eri7ncia normal4 B e2atamente a 9aculdade da +ual essas o<ras

tencionam nos li<ertar( Posta em ação contra elas4 essa 9aculdade de ul*amento

tomarse) uma <arreira nossa -r-ria entrada nas es9eras de atuação dessas

o<ras( Em outras -ala!ras3 -ode ser!ir a-enas -ara nos -rote*er do im-acto de

76 ;einrich immer, )unstform und /oga im indischen )ulthild (Frank?"r)er Berlags20ns)al), -erlim,1#$'%, p& 1$&

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uma e2-eri7ncia num7nica4 destruindo todas nossas idBias autocon*ratulatrias

de !erdade desco<erta(

VAo 9ormar a ima*em do uda AmitausV disse o uda XbOamuni

rainha -ara cua mente não ha!ia mais nenhuma -risão V-rimeiro de!erias -erce<er a ima*em da+uele uda esteam teus olhos a<ertos ou 9echados

cor de ouro4 sentado so<re a+uela 9lor4 e +uando a ti!eres !isto4 ser)s ca-a@ de

!er clara e nitidamente a *lria da+uele Reino >dico( E +uando a ti!eres !isto4

de!erias 9ormar outra Flor &pa'( #*!+ de ltus no lado es+uerdo e outra no lado

direito da+uele uda( No trono 9lorido do lado es+uerdo -erce<e uma ima*em

do 2odhisattva A!aloOitesh!ara emitindo raios dourados como os do uda4 e

Mahasthama4 i*ualmente4 no direito( E +uando essa -erce-ção ti!er sido

atin*ida4 de!ese ou!ir a oa Lei sendo -re*ada atra!Bs de uma corrente de)*ua4 um <rilhante raio de lu@4 numerosas )r!ores de -edras -reciosas4 -atos de

 -edras -reciosas4 *ansos de -edras -reciosas e cisnes de -edras -reciosas( Tanto

em meditação +uanto 9ora dela de!ese ou!ir sem-re a Lei e2celenteV8?6

Ademais4 nos dois *randes 2odhisattvas 3 cada um com oitocentos milni!utas∗   d  !o*anas de altura na aurBola de A!aloOitesh!ara4 -odemos !er

+uinhentos udas4 cada um acom-anhado de outros tantos 2odhisattvas,

cercados -or inumer)!eis deuses4 en+uanto na -arte da 9rente de sua tiara est)sentada a 9i*ura de um uda de !inte e cinco  !o*anas de altura( Do cacho de

ca<elo entre suas so<rancelhas irrom-em oitenta e +uatro ti-os de raios4 cada um

emitindo inumer)!eis udas acom-anhados de seus 2odhisattvas, mudando de

a-ar7ncia e ocu-ando os mundos nas +uatro direç.es( E na coroa de

Mahasthama <rilham +uinhentas 9lores de -edras -reciosas4 cada uma

su-ortando +uinhentas torres de -edras -reciosas4 em cada uma das +uais -odem

ser !istos todos os reinos <>dicos das de@ direç.es( "uando ele caminha4 as de@

direç.es estremecem e onde +uer +ue a terra trema a-arecem +uinhentos

milh.es de 9lores de -edras -reciosas( As -almas das mãos desses dois

2odhisattvas com-assi!os são multicoloridas4 as -ontas de seus dedos são

dotadas de oitenta e +uatro mil 9i*uras4 e cada 9i*ura de oitenta e +uatro mil

cores e cada cor de oitenta e +uatro mil raios( E com essas mãos co<ertas de

 -edras -reciosas eles acalentam todos os seres(8?,

7'  Amit*$ur-dh$*na "=tra& @@&1<= Takak"s", op% cit &, pp& 1<21<#& R  ma ni$uta L "ma "nidade de?inida variadamen)e como 177&777, 1&777&777 o" 17&777 vezes17&777&777&7< (!id%& 1#= Takak"s", op% cit%& pp& 11216&

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Essa B a !isão da *lria do !a@io do nãoser da -r-ria -essoa4 +ue a*ora

de!e ser conhecida como a *lria sem-re -resente de todas as coisas( As slidas

 -aredes de nossa -risão de matBria dissol!emse( As mãos de -edras -reciosas

dos 2odhisattvas sur*em e o mundo +ue antes si*ni9ica!a -risão tornase umReino >dico( V homem não de!eria acreditar nem na idBia de uma coisa nem

na idBia de uma nãocoisaV4 lemos num te2to Mahaana am-lamente conhecido4

e4 continuando3

Estrelas4 escuridão4 uma lm-ada4 um 9antasma4 or!alho4 uma <olha

Um sonho4 um relm-a*o e uma nu!em3

Assim de!er$amos considerar o mundo(8?=

A deusaltus4 o ltus do mundo4 so<re cuo trono 9lorido de inumer)!eis

lu@es a-arece o uda4 em cuo c)lice mesmo o ser de nenhuma reali@ação4

est>-ido4 -er!erso4 cul-ado de muitos crimes4 -ode o<ter o conhecimento de sua

 -r-ria *lria e +ue4 ademais4 est) -resente em todos a+ueles seres 9emininos

des-re@ados -elos ainistas e -elos mon*es do Hinaana4 retorna assim

trans9ormada cena( Como &pa'( #*#+

!imos4 ela sur*iu -ela -rimeira !e@ nas o<ras da mais anti*a arte <udistacomo a 9i*ura mais -roeminente na ornamentação dos locais sa*rados -ois4

como se l7 em um te2to Mahaana -osterior3

=arvāsām va mā!ānām 

 strīmā!aiva viAi s !at

VDe todas as 9ormas de ilusão4 a mulher B a mais im-ortante(V 8?:  Seu

 -a-el4 conse+entemente4 B am-liar -rimeiro o ima*in)rio e de-ois a realidade3

como o -r-rio -ortal da li<ertação4 como o Reino >dico -or e2cel7ncia4 em

cua nature@a ilusria est) mani9esta a com-ai2ão JkarunāK do nir!ana( Pois da

mesma 9orma +ue o uda B o s$m<olo m)2imo da !ia ne*ati!a4 ela o B da

 -ositi!a( Como a ima*em !i!a do mila*re deste mundo no +ual !i!emos4 ela B a

 <arca e a meta a um s tem-o( &pa'( #*$+

7 8a<racchedi+* .1 e .$&7# *& de la BallLe /o"ssin, Boudhisme (Ga3riel -ea"chesne, /aris, 1#$6, . ed&%, p& 7.= ci)ado por 0l3er) GrVnKedel, M$thologie des Buddhismus in Ti!et und der Mongolei (/&0& -rockha"s, *eipzig,1#77%, p& 1$&

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CAP%TULO -

A IDADE DE OURO DA %NDIA

I( A 8ERAN2A DE ROMA

 No ano &:: d(C4 Fahsien4 -rimeiro de uma not)!el sBrie de -ere*rinos

 <udistas chineses4 dei2ou a suntuosa ca-ital Chan*an -erto do trecho inicial

da Anti*a Rota da Seda da China -ara Roma -ara en9rentar os desertos de

Lo- Nor( Seis anos mais tarde che*ou a Ta2ila4 no Puna<4 -assou -ara a -r-ria

$ndia e le!ou mais seis anos atra!essando o -a$s de oeste a leste4 consultando os

s)<ios e de<atendo com eles4 !isitando lu*ares sa*rados e o<ser!ando com

 -ra@er a !irtude do -o!o e a <ele@a dos santu)rios <udistas(

VEm todas as re*i.es da $ndia a di*nidade na condução do sacerdcio e a

sur-reendente in9lu7ncia da reli*ião são indescrit$!eisV4 escre!eu em seu di)rio(

Desde o tem-o do nir!ana do Mestre uda4 reis4 homens not)!eis e

che9es de 9am$lia eri*iram mosteiros -ara os mon*es e -ro!eram seu  sustento

doandolhes la!ouras4 casas4 ardins4 ser!os e re<anhos( Essas terras da

con*re*ação sãolhes *arantidas -or concess.es em -lacas de co<re +ue -assam

de reino -ara reino e +ue  nin*uBm te!e a temeridade de anular( Todos os

sacerdotes residentes a +uem 9oram concedidos a-osentos nas viharas são

su-ridos de cama4 esteira4 comida e <e<ida eles -assam o tem-o reali@ando atos

de caridade4 recitando as escrituras ou meditando( "uando um estranho che*a

ao mosteiro4 os sacerdotes su-eriores o acom-anham ate a casa de hs-edes4

carre*am suas !estes e a cuia de esmola( 9erecemlhe )*ua -ara la!ar os -Bs4

leo -ara unção e -re-aramlhe uma re9eição es-ecial( De-ois de ele ter

descansado -or um momento4 -er*untam -or sua -osição no sacerdcio e4 de

acordo com ela4 indicam lhe um a-osento e um leito( Durante o m7s a-s a

estia*em4 os de!otos 9a@em uma coleta -ara ser o9erecida ao mosteiro4 e os

sacerdotes4 -or sua !e@4 9a@em uma *rande assem<lBia e -re*am a Lei( 8%? &pa'(17  Fa2hsien (Fa2;ian%& Oo-+2o-+i& )rad"zido por Sam"el -eal, Travels of Oah-.ian and "ung-/un

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#*5+

  <udismo esta!a emer*indo no -er$odo de Fahsien4 -er$odo do lend)rio

monarca indiano Chandra*u-ta '' Jcuo reinado transcorreu de &,= a 8%8 d(C(K  Na 1ndia4 os mosteiros e ca-elas de Aanta cra!ados nas rochas o -rimeiro

dos +uais data de cerca de 5? a(C( aumenta!am tanto em n>mero +uanto na

 <ele@a de seus ornamentos escul-idos4 e2i<indo numerosos moti!os

desconhecidos da arte indiana anterior( s tem-losca!ernas <udistas do

Tur+uestão chin7s esta!am sendo escul-idos em *randes rochedos( E em 8%84

ano da morte de Chandra*u-ta4 começouse a tra<alhar nas ca!ernas <udistas

chinesas de _unOan*( Nesse -er$odo4 a ima*em do uda *anhou sua 9orma

cl)ssica matematicamente harmoniosa3 9i*uras colossais sur*iram tanto em -edra +uanto em <ron@e( E +uando nosso decidido !iaante chin7s4 no ano de

8%%4 em<arcou num na!io no -orto de Tamrili-ti4 na em<ocadura do rio #an*es4

e em duas semanas che*ou ao Ceilão4 encontrou a reli*ião <udista não menos

e2altada ali do +ue no continente(

Entretanto4 de S><ito4 a ocasional !isão de um le+ue chin7s de ta9et)

o9ertado em um santu)rio como!eu Fahsien de tal maneira +ue ele irrom-eu em

l)*rimas e decidiu na!e*ar de !olta -ara casa -elo caminho de a!a4 aondeche*ou em um na!io mercante +ue trans-orta!a du@entos -assa*eiros( Ali

 -assou -ara um na!io menor e com toda sua <a*a*em de ima*ens e manuscritos

 <udistas che*ou ao -orto de Wfan Chof4 no sul da China4 no ano de 8%8(

Fahsien esti!era em territrio <udista durante toda a traetria no

entanto4 na -r-ria 1ndia de sua B-oca4 a-esar da ma*nitude e *lria da ordem

tanto ali +uanto -or toda a Ásia Maior4 a 9orça criati!a -rinci-al não era mais o

 <udismo4 mas um renascente e so9isticado <ramanismo4 -rodi*amente

 -atrocinado -ela corte e desen!ol!ido de modo <rilhante -or uma *eração de

 <rmanes +ue <em sa<ia como sinteti@ar as tradiç.es nati!as e estran*eiras4 as

desen!ol!idas e as -rimiti!as4 a 9im de criar o +ue -ode ser denominado4 sem

d>!ida4 o sistema Jou *al)2ia de sistemasK mitol*ico mais sutil4 rico e

a<ran*ente ) conhecido -elo homem(

Uma das *lrias da+uela B-oca era o -oeta hindu Walidasa4 cua deliciosa

 -eça4 =hakuntala, ins-irou a #oethe os !ersos3

(TrV3ner and Co&, *ondres, 1'#%, pp& 6626&

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Se !oc7 desea o desa<rochar da u!entude e os 9rutos da maturidade(

Desea o +ue B encantador e 9ascinante <em como o +ue nutre e satis9a@4 Desea

ca-turar o cBu e a terra em um s nome3 Eu di*o ShaOuntala4 e est) dito^ 8%%

Um enri+uecimento su<itamente -ro9$cuo de toda a cadeia de !ida4 arte4

literatura4 ci7ncia e reli*ião indianas sur*e nas o<ras da+uele tem-o m)*ico da

9lor e do 9ruto4 -ara o +ual a 1ndia -ermaneceu sem-re !oltada4 -roetando

ima*inati!amente sua -er9eição em um -assado distante4 como se -or mil7nios

ela ti!esse conhecido a !olu-tuosa *raça e harmonia da+uele instante de a-o*eu(

 Na !erdade4 uma das caracter$sticas mais not)!eis da+uela B-oca 9oi a tend7ncia

dos res-ons)!eis -or sua *lria a atri<u$rem todas as no!as artes4 ci7ncias4

 -receitos teol*icos4 sociais e &pa'( #**+ estBticos não sua -r-ria *enialidade4mas aos deuses e s)<ios de um su-osto -assado mitol*ico(

Tal tend7ncia não B4 na !erdade4 -ri!ilB*io da 1ndia( 0amos o<ser!)la

tam<Bm na China( Ela ins-irou4 ainda4 os autores do Pentateuco( Entretanto4 a

ma*nitude e so9isticação da 9antasia indiana do sBculo 0 da nossa era 9oi al*o

totalmente e2ce-cional -ois não a-enas esta!am en!ol!idos uma reno!ação da

crença e ritual reli*iosos4 da ordem moral e do sistema social4 mas tam<Bm um

9lorescimento das artes !isuais4 da literatura4 teatro4 m>sica e dança4 cuosas-ectos 9oram ela<orados racionalmente de maneira a re-resentar um

renascimento da eterna 1ndia em<ora4 na realidade4 *rande -arte de seus

antecedentes não 9osse de maneira al*uma indiana4 mas romana(

VNão -assa um anoV4 escre!eu Pl$nio o 0elho J/&,: d(CK4 Vsem +ue a

1ndia nos tire nada menos +ue 55?(???(??? de sestBrcios em troca de seus

 -r-rios -rodutos manu9aturados4 +ue são !endidos entre ns a %?? !e@es seu

custo ori*inal(V8%/

VNossas damas !an*loriamse de andarem com -Brolas nos dedos4 ou com

duas ou tr7s <alançando nas orelhas4 deliciadas atB mesmo com o chocalhar das

 -Brolas +uando <atem umas nas outras( E a*ora4 nos dias de hoe4 atB as classes

mais -o<res as estão ostentando4 -ois as -essoas t7m o h)<ito de di@er +ue uma

 -Brola usada -or uma mulher em -><lico !ale tanto +uanto um lictor andando

11  Goe)he, "Qmltiche 5er+e& 1u!ilQum-sausga!e J&G& Co))aAsche -"chhandl"ng Nach?olger,S)"))gar) e -erlim, 1#7$21#7<%, vol& @, p& $6&1$ /liny, Na)"ral ;is)ory, B@&$'&171= ci)ado por +il?red ;& Scho??, The /eripl"s o? )he ry)hraean SeaETravel and Trade in )he @ndian cean 3y a Merchan) o? )he Oirst Centur$& )rad"zido do grego ecomen)ado (:avid Mcay Company, Nova York, 1#1'%, p& $1#&

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sua 9renteG( Não3 !ale mais elas as usam nos -Bs e não a-enas nos laços das

sand)lias4 mas co<rindo todo o calçado usar -Brolas não B o su9iciente4 B -reciso

 -isar so<re elas e caminhar com elas tam<Bm so< os -Bs(V8%&

E!idencias desse comBrcio -odem ser constatadas em numerosas moedasromanas da coleção do Museu de Madras4 cunhadas com os <ras.es de Ti<Brio4

Cal$*ula4 Cl)udio e Nero J8/ a(C6= d(CK em menor n>mero4 de 0es-asiano e

Tito J6:=% d(CK4 e no!amente em a<undncia4 de Domiciano4 Ner!a4 Traano e

Adriano J=%%&= d(CK(8%8 E h) tam<Bm o di)rio de <ordo4 O Péri#lo do @ar da

 1ritréia, de um desconhecido *re*o e*$-cio4 cidadão romano4 +ue na B-oca de

Pl$nio condu@ira -essoalmente sua na!e mercante4 do Mar 0ermelho -ara a

1ndia4 -or uma rola mar$tima de comBrcio muito utili@ada(

VMu@irisV4 ele escre!eu4 re9erindose ao -rinci-al -orto do sudoeste da1ndia4 Va<unda em na!ios -ara l) en!iados com carre*amentos da Ar)<ia e dos

 grgos.6  -imenta B mencionada entre as e2-ortaç.es e4 tam<Bm4 V*randes

+uantidades de -Brolas 9inas4 mar9im4 seda4 nardo do #an*es4 cinamomo do

interior4 -edras trans-arentes de todas as es-Bcies4 diamantes4 sa9iras e cara-aças

de tartaru*a(V8%5 E entre as im-ortaç.es4 encontramos V!inho4 de -re9er7ncia

italiano \(((] co<re4 estanho e chum<o coral e to-)@io tecidos le!es \(((]4 cintos

de cores 9ortes com 5? cent$metros de lar*ura4 \(((] moedas de ouro e -rata4 +uedão lucro +uando trocadas -ela moeda do -a$s un*entos4 mas não muito caros

e não em *rande +uantidade( E -ara o rei são tra@idos !asos de -rata muito

caros4 meninos cantores4 <elas o!ens -ara o harBm4 !inhos 9inos4 rou-as le!es

da melhor +ualidade e os melhores un*entosV(8%6

VA re*ião interiorana distante da costa com-reende muitas )reas desertas e

&pa'( #*-+ *randes montanhas a<undam todos os ti-os de animais sel!a*ens

leo-ardos4 ti*res4 ele9antes4 ser-entes enormes4 hienas e <a<u$nos de todas as

es-Bcies(V Entretanto4 ha!ia tam<Bm4 como a9irma o autor4 Vmuitas naç.es

 -o-ulosas atB o #an*esV(8%,

Sir Mortimer heeler4 na metade da dBcada de %:8?4 esca!ou na Costa do

Coromandel4 no sudeste da 1ndia4 os !est$*ios de AriOamedu4 um consider)!el

 -osto de comBrcio romano do -er$odo( VNumerosos 9ra*mentos tanto de

1. (!id& @O&6<, 11= ci)ado por Scho??& op& cit%& p& $7&1 Scho??, op% cit%& p& $$7&16 Periplus& parQgra?os 6 e 6'= Scho??, op% cit%& pp& 26&1' (!id &, parQgra?o #= Scho??, p& $&1< (!id &, parQgra?o 67= Scho??, op% cit%& p& .&

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cermica !ermelha esmaltada se*undo consta 9a<ricada na 't)lia nos

 -rimeiros sBculos antes e de-ois de Cristo +uanto dos !asos de duas alças ou

n9oras caracter$sticos do comBrcio de !inho  mediterrneo do -er$odo4

 untamente com lm-adas e arti*os de !idro romanos4 associamse indicandoV4a9irma heeler em seu relato4 V+ue AriOamedu era um dos -ostos de comBrcio

S!avanaS ∗  ou ocidental dos +uais 9alam tanto os escritores *recoromanos +uanto

os anti*os tmeis(V A manu9atura de contas de colar era uma ind>stria da+uele

 -orto( Vuro4 -edras semi-reciosas e !idro eram usados -ara esse -ro-sito e

duas ias4 la-idadas com desenhos *ra!ados -or oalheiros *recoromanos4 uma

delas inaca<ada4 su*erem a -resença de artesãos ocidentais no local(V Al*uns

 -)tios murados associados a 'an+ues cuidadosamente constru$dos4 su-ridos e

escoados -or *alerias de tiolo4 su*erem Va manu9atura de musselina4 +ue 9oidesde os tem-os anti*os um -roduto not)!el dessa -arte da 1ndia e B re*istrado

 -or escritores cl)ssicos como um -roduto indiano4 de e2-ortaçãoV(8%= E a 8=? Om

ao norte4 em Amara!ati4 nas esculturas ornamentais da+uilo +ue do -rimeiro ao

terceiro sBculos de nossa era 9oi uma estu-a <udista ricamente decorada4

a-arecem !)rias re-resentaç.es de ocidentais4 en+uanto al*umas das esculturas

são nitidamente ins-iradas em modelos hel7nicos(8%:

Em outras -ala!ras4 são numerosos os sinais de um intenso comBrcioindiano com Roma nos -rimeiros sBculos de nossa era4 com um 9lu2o de

in9lu7ncias tanto culturais +uanto comerciais em am<as as direç.es( Em

Ale2andria4 no E*ito4 era comum encontrar s)<ios indianos3 eles são

mencionados -or Dio Crisstomo Jc( %?? d(C(K e -or Clemente Jc(/?? d(C(K(8/? 

 No norte4 onde a Anti*a Rota da Seda4 de Roma -ara a China4 9ora a<erta -or

!olta de %?? a(C4 os Ohushanas culti!a!am associaç.es tanto no comBrcio

+uanto na di-lomacia( Sur*ira uma era de comBrcio mundial desen!ol!ido

sistematicamente -or terra e -or mar4 unindo costas +ue aumentariam em

com-le2idade e !i*or os +uatro *randes dom$nios do mundo anti*o4 de Roma

J+ue então ) inclu$a a França e a retanhaK ao E2tremo riente(

Tudo isso4 entretanto4 B a-enas o começo da histria -ois4 como

demonstrou o Dr( Hermann #oet@4 e2curador do Museu de aroda4 ocorreu um

 R /avana> grego o" es)rangeiro ^N do &_1 +heeler, com Ghosh e :eva, op% cit% ( Ancient (ndia& nW $& 1#'%, p& 1<&1# ;ermann Goe)z, >@mperial Iome and )he Genesis o? Classical @ndian 0r)>, East and 5est& NeKSeries, vol& 17, nWs .2, Se)&2:ez&, 1#6#,p& 17&v$7 IaKlinson, op% cit%& p& #&

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e!ento de suma im-ortncia -ara a 1ndia no in$cio do sBculo 0 de nossa era4 cua

 -rimeira 9ase se deu em Roma(

VAs crueldades JromanasK -raticadas contra os m)rtires cristãos são <em

conhecidasV4 escre!e o Dr( #oet@4 Vmas +uando a tend7ncia mudou4 ascrueldades -ratica das contra os -a*ãos leais a 9B de seus ante-assados não

9oram menos marcantes( &pa'( #*/+ So< Teodsio ' os anti*os cultos 9oram

sistematicamente !arridos J&,:&:5K4 a des-eito de uma o<stinada resist7ncia4

em<ora não tenham desa-arecido atB o 9inal do sBculo 0'( s tem-los 9oram

9echados ou destru$dos4 os sacri9$cios -a*ãos -roi<idos so< -ena de morte4 os

sacerdotes <anidos ou mortos(V8/% Mas Vos re9u*iados !ão -ara +ual+uer lu*ar

onde encontrem asiloV4 e como o<ser!a o Dr( #oet@( Vesse lu*ar era a 1ndia4 com

anti*as relaç.es comerciais com o MediterrneoV(Portanto4 9oi na tolerante 1ndia4 no -er$odo de Chandra*u-ta '' J&,=8%84

datas +ue4 de!ese o<ser!ar4 incluem e ultra-assam o -er$odo de Teodsio 'K4

+ue ocorreu ti 9lorescimento s><ito de uma imensa e 9ant)stica constelação de

9ormas ar+uitetnicas4 esculturais4 liter)rias4 sociais4 reli*iosas e 9ilos9icas4

desconhecidas atB então na 1ndia4 mas com centenas de -ontos em comum com a

Roma Tardia(

Façamos uma interru-ção -ara o<ser!ar al*uns detalhes( No cam-o da ar+uitetura3 um ti-o de cela de -edra retan*ular com -rtico

e colunata4 semelhante a um -e+ueno tm#lum in antis helen$stico4 +ue sur*iu

a<ru-tamente no -er$odo de Chandra*u-ta ''4 e ) no -er$odo de seu sucessor4

Wumara*u-ta ' J8%885&K4 9oi su-lantado -or um ti-o modi9icado de cela de

 -edra com uma torre um tanto +uanto -iramidal no to-o4 resultante da ins-iração

no @i*urate e relacionada com a introdução na 1ndia4 na+uele momento4 da

astronomia <a<ilniohelen$stica( Tam<Bm da arte romana sur*iu a idBia de

est)tuas em nichos4 um ti-o es-ecial de decoração de 9risos ornamentados com

ara<escos no +ual !)rios Eros <rincam entre tre-adeiras entrelaçadas4 outro

com-osto de uma linha de cu<os em altorele!o4 e ainda outro de -Btalas4 outro

de rosetas de +uatro ou mais -Btalas outro ainda3 molduras em 9orma de

*rinaldas de louro ou ocanto4 certas no!as !ariantes do trono do uda4 *rinaldas

de 9ios de -Brolas ora sus-ensas ora -resas a dois su-ortes um moti!o ori*in)rio

de sarc9a*os romanos mostrando uma -orta entrea<erta com uma mulher

olhando -ara 9ora( Acrescentemse al*uns ti-os de +uimBricos animais a+u)ticos$1 Goe)z, op% cit& p& $'$&

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JmakaraK4 har-ias Jkinnarī K4 m)scara de leão JkīrtimukhaK4 casal di!ino -airando

(gandharva++a#saras), tBcnicas de 9undição de <ron@e com desenho em<utido4

esmalte e arte *li-to*r)9ica e o n>mero de semelhanças tornase demasiado

*rande -ara re-resentar +ual+uer coisa +ue não sea uma ada-tação massi!a +ue tam<Bm de!e ser reconhecida4 como o Dr( #oet@ demonstra claramente4 em

uma multidão de outros detalhes +ue !ão das 9ormas de -ensamento e liter)rias a

estilos de dança e de -enteados(

Entretanto e a+ui est) o -onto crucial3 VA-esar de terem sido

a<sor!idas muitas idBias4 tBcnicas e ti-os no!os4 a -onto de terse a<erto um

no!o e im-ortant$ssimo ca-$tulo da arte indiana4 tais idBias4 tBcnicas e ti-os

nunca 9oram assimilados de uma !e@( \(((] Tudo era 9ra*mentado4 tradu@ido -ara

conceitos indianos e reconstru$do so<re -rinc$-ios indianosV(8// Contra o cnonhelen$stico do cor-o humano4 9oi institu$do um cnon indiano( Contra a ti-olo*ia

hel7nicoromana4 9oi desen!ol!ida uma indiana4 -ara ser!ir a uma !ida

com-letamente di9erente( Ti-os ar+uitetnicos e esculturais 9oram ada-tados ou

su<stitu$dos -or ti-os indianos an)lo*os3 tritãos -or  gandharvas 9olhas de

acanto -elas de ltus( Usouse do 9olclore nati!o4 ada-tado &pa'( #*0+

sistematicamente Jmas amais de maneira consistenteK -elos <rmanes a seus

 -r-rios des$*nios( E o resultado4 -ara citar mais uma !e@ o Dr( #oet@4 9oi Vumreescre!er da histria como4 em nosso tem-o4 a-enas o na@ismo e o comunismo

9oram ca-a@es de ousarV(8/& <literado o !erdadeiro -assado4 9oi -roetado um

 -assado m$tico4 -elo +ual o -resente de!eria então ser !alidado ostensi!amente

 -ara todo o sem-re4 contra toda heresia4 cr$tica e !erdade(

VA re!olução #u-ta -ros-erou com <ase no lema de +ue esta!a 9a@endo

retornar os <ons !elhos tem-os dos anti*os rishis, heris e deuses( Entretanto4

na realidade4 ocorria um desen!ol!imento cultural catico( Mas todas as

ino!aç.es eram introdu@idas so< ale*ação de +ue ) tinham sido -roclamadas no

 -assado4 se -oss$!el -elos -r-rios deuses(V8/8

Foi esta4 então4 a idade !i!ida na +ual o ousado -ere*rino chin7s4 Fa

hsien4 che*ou 1ndia e se mara!ilhou com seu a-o*eu3 a 1ndia na+uela B-oca de

ouro4 +uando se tornou -or um tem-o a -rinci-al ci!ili@ação da humanidade(8/5

$$ (!id &, p& $'&$. (!id%& p% $'&$ (!id%& p% FJI%$6 (!id%& pp& $'$ e $'2$'&

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II( O PASSADO M%TICO

-rinci-al documento mitol*ico da 'dade de uro da 1ndia e a e-o-Bia

 @ahā2hārata, da +ual muito material B inde9inidamente anti*o4 tal!e@ anterior a8?? a(C4 mas cuo estilo e es-$rito 9inais são a-ro2imadamente de 8?? d(C4 ou

ainda mais recentes( A o<ra B uma es-Bcie de moraina terminal de todos os ti-os

de tradição m$tica4 ritual4 moral e *eneal*ica4 oito !e@es mais e2tensa +ue a

 ]l$ada a Odisséia  untas3 Vum con*lomeradoV4 -ara citar uma autoridade

erudita4 Vde !is.es muito di9erentes e4 o +ue B mais im-ortante4 de !is.es muito

di9erentes re-etidas em -ro2imidade imediata uma das outras sem +ual+uer

consci7ncia a-arente de sua incon*ru7nciaV(8/6

Seria tedioso e sem nenhum sentido a-resentar a+ui um es<oço do enredodessa o<ra imensa( Mas a lenda de seu su-osto autor4 recontada no -rimeiro

li!ro4 9ornece uma e2celente amostra de sua a!entura( *rande 0asa 9oi

chamado V Homero da 1ndiaV mas B4 na !erdade4 muito mais( Ele e o +ue

Homero teria sido se4 alBm de lou!ar a #uerra de Tria4 tam<Bm ti!esse sido o

 -ai de todos seus -ersona*ens de am<os os lados( -r-rio nome4 v!+āsa,

si*ni9ica Vdistri<uir ou dei2ar ir JasK  m todas as direç.es JviKV  3 o +ue

di9icilmente -oderia ser mais ade+uado( Pois esse homem não 9oi a-enas o autorda -rodi*iosa o<ra e o -ro*enitor de todos os -ersona*ens -rinci-ais4 mas

tam<Bm o autor dos de@oito ou mais Puranas J+ue B uma sBrie de e-o-Bias

menores4 re9erentes ao -er$odo +ue !ai do sBculo '0 ao ;0' d(CK4 com-ilador e

or*ani@ador dos +uatro 0edas4 criador da 9iloso9ia !edantina e4 alBm disso tudo4

um -er9eito eremita da 9loresta(

A <io*ra9ia t$-ica indiana desse rsi J-ro9eta4 s)<io4 !identeK iniciase

na+uela idade mais +ue de ouro -ara a +ual os -oetas do -er$odo de WanishOa )

esta!am se !oltando4 B-oca +ue deu 1ndia um -assado in9initamente su-erior a

+ual+uer outro conhecido em outras -artes do mundo( Pois ha!ia na+ueles

tem-os lend)rios um rei4 &pa'( #*1+  de nome 0asu4 de!otado !irtude

Jdharma), mas não menos caça( E em uma ocasião em +ue certa *rande

montanha -r2ima de seu -al)cio4 louca dc deseo -elo rio +ue corria a seus -Bs4

a<raçou e cercou o rio de maneira +ue suas )*uas dei2aram de <anhar a cidade4

ele 9oi e deu um -onta-B na montanha( rio 9luiu da lenda4 mas esta!a a*ora

$'  0& -erriedale ei)h, The "*m+h$a "$stem& The ;eri)age o? @ndia Series (0ssocia)ion /ress,Calc")Q= H?ord niversi)y /ress, *ondres, sem da)a%, p& .7&

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*r)!ido e4 dando lu@ um menino e uma menina4 os o9ereceu ao rei em

a*radecimento( rei 9e@ do menino seu *eneral4 e da menina sua es-osa( Ela 9oi

chamada #iriOa4 VFilha da MontanhaV( E +uando che*ou a B-oca de sua

Vim-ure@aV4 9alou ao marido dc seu estado e 9oi ao rio -uri9icarse(Pois <em4 B um -rinc$-io do dharma de todos os maridos +ue eles tenham

relação se2ual com suas es-osas imediatamente a-s o -er$odo menstrual

 -or+ue se*undo a !erdade in9al$!el da re!elação !Bdica essa B a melhor

B-oca -ara a conce-ção de um 9ilho( E assim a+uele rei4 ao tomar conhecimento

da a-tidão de #iriOa4 tam<Bm se lem<rou de seu de!er4 ao +ual era de!otado(

Mas ele era de!otado tam<Bm4 como ) sa<emos4 aos -ra@eres da caça( Assim4

en+uanto sua es-osa ainda se encontra!a no rio4 che*ou um *ru-o de -arentes

mais !elhos -ara con!id)lo a caçar cer!os e ele4 -onderando +ue um ancestralde!eria ser o<edecido4 o<ser!ou o dharma 9ilial4 e não o marital(

Ha!ia numerosas )r!ores em 9lor na re*ião em +ue ele -eneirou( Ademais4

a 9loresta inteira esta!a enlou+uecida na+uela B-oca -elo canto dos -)ssaros e o

@um<ido das a<elhas em<ria*adas -ois era -rima!era e os <os+ues -elos +uais

anda!a esta!am tão encantados +uanto os ardins dos es-$ritos da terra( Sua

mente 9oi tomada -elo dharma marital e4 su<u*ado -elo deseo4 sentouse

em<ai2o dc uma <ela )r!ore 9lorida e de 9orte -er9ume onde4 +uando sua mentese dissol!eu em loucura4 ele entrou em crise em se*uida4 cismou +ue seu s7men

não de!eria -erderse e untandoo numa 9olha4 chamou um 9alcão +ue

so<re!oa!a3 V meu ami*o4 le!e isso minha mulher4 +ue est) em seu momento

 -ro-$cioV(

-)ssaro assumiu a tare9a4 mas no caminho outro 9alcão4 su-ondo +ue a

car*a 9osse carne4 -reci-itouse contra ela +ue caiu no rio _amuna4 onde 9oi

imediatamente en*olida -or um -ei2e +ue4 na !erdade4 era uma nin9a so< 9eitiço

no dBcimo m7s o desa9ortunado -ei2e 9oi ca-turado -or um -escador o +ual4 ao

desco<rir dentro dele uma menina e um menino4 9icou mara!ilhado( menino4

 -resenteado ao rei4 em <re!e tornouse ele -r-rio rei mas a menina4 -or causa

do odor t$-ico dc -ei2e com o +ual 9ora dotada4 9oi destinada a ser 9ilha do

 -escador( E a nin9a4 li<erta4 su<iu ao cBu(

Esta B a -rimeira -arte da lenda da linha*em do autor do @ahā2hārata.

A se*unda -arte narra a*ora a da menina(

Ela era dotada de e2traordin)ria <ele@a e de todas as !irtudes( Sata!ati4V0erdadeV4 era seu nome4 mas era conhecida como Cheiro de Pei2e( E4 ser!indo

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a seu -ai adoti!o4 ela manea!a um <arco so<re as )*uas do rio _amuna ao +ual4

um dia4 che*ou -ara ser trans-ortado outra mar*em um *rande4 muito *rande

io*ue chamado Parashara( E ao !er a+uela menina com suas <elas 9ormas

sorrindo -ara ele no <arco4 9oi su<itamente tomado de deseo( Mas ela disse3 Vsanto a<ençoado4 os outros santos ao lon*o das mar*ens4 es-erando -ara serem

trans-ortados4 iriam nos !erV( &pa'( #-)+

Então4 o io*ue 9e@ descer uma nB!oa +ue os ocultou da !isão no +ue a

moça 9icou con9usa( VSa<ei +ue sou uma don@ela aos cuidados de meu -aiV4 ela

disse( V santo imaculado sem i*ual4 -ensai e -rocedei corretamente(V

Encantado com o car)ter dela4 o santo tran+ili@oua( VMocinha t$mida4 tua

!ir*indade -ode ser restauradaV4 ele disse( VAdemais4 nenhum deseo meu

 amais B sem 9ruto( Pede me +ual+uer coisa +ue desearas(V Ela -ediu +ue seucor-o ti!esse um odor sua!e assim4 os deseos de am<os 9oram mutuamente

concedidos( A !ir*indade retornou e a don@ela 9icou conhecida dali em diante

como #andha!ati4 VDocemente Per9umadaV4 -ois os homens -odiam sentir o

 -er9ume de seu cor-o a uma lB*ua de distncia(

 Na mar*em o-osta4 o io*ue -artiu -ara seu eremitBrio e a o!em4 +uando

che*ou a hora4 em se*redo4 numa ilha co<erta de mato no meio do sa*rado rio

_amuna4 deu lu@ um menino( Mais uma !e@ a !ir*indade retornou( E omenino4 -ondose de -B4 caminhou -ara a 9loresta4 di@endo3 V"uando -recisares

de mim4 -ensa em mim4 Mãe4 e eu a-arecereiV(8/,

leitor tal!e@ não consi*a acreditar +ue essa lenda estea <astante

 -r2ima da realidade( Entretanto4 esse 9ilho assim -arido 9oi 0asa4 e estamos

lendo sua -r-ria narrati!a desses 9eitos sa*rados em seu -r-rio li!ro *randioso

  +ue continua4 a*ora com a a!entura da mãe4 ainda !ir*em4 a cuo <arco

che*ou4 atra$do -or seu -er9ume4 certo rei im-ortante4 muito im-ortante(

E esse <ondoso homem4 +ue ) não era mais o!em4 de nome Santanu4

tinha aca<ado de conceder o direito de sucessão a seu e2traordin)rio 9ilho

hishma4 nascido h) al*uns anos de uma encantadora -ersona*em +ue -ro!ara4

 -ara es-anto do rei4 ser a deusario #an*es( A-ro2imandose a*ora do sa*rado

rio _amuna e sentindo a+uele -er9ume e2traordin)rio4 o rei4 em <usca de sua

9onte4 che*ou ao <arco da <ela don@ela da casta dos -escadores(

V t$mida e encantadora don@elaV4 ele disse4 V+uem ser)s tuIV

E ela res-ondeu3 VSou a 9ilha4 <om senhor4 do -rinci-al -escador deste$< Mah*!h*rata 1&'.&126, condensado&

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lu*ar e a ser!iço de meu -ai trans-orto -ere*rinos -ara a outra mar*emV(

rei 9oi diretamente ao -ai4 mas o -escador disselhe3 VSe !osso deseo

 -or minha 9ilha 9or l$cito4 tereis +ue -rometerme +ue o 9ilho +ue conce<erdes

com ela ser) o >nico sucessor de !osso tronoV( E ao ou!ir isso4 o !elho rei 9icoudesalentado Ele retornou a Hastina-ura4 sede de seu reino4 e triste4 -ensando

a-enas na+uela don@ela4 começou a de9inhar(

Então4 seu e2traordin)rio 9ilho4 hishma4 desco<rindo a causa da a9lição

do -ai4 9oi atB o -escador acom-anhado de um sB+uito de -r$nci-es4 e lhe disse3

VMeu <om homem4 -rometo a+ui diante destes -r$nci-es +ue o 9ilho de meu -ai

com tua 9ilha ser) nosso reiV( Mas o -escador res-ondeu3 VNão du!ido4 senhor4

de !osso com-romisso( +ue ser)4 entretanto4 das rei!indicaç.es de !ossos

 -oss$!eis 9ilhosIV E o -r$nci-e disse3 VAssumirei4 então4 um se*undocom-romisso3 o de !i!er celi<at)rio -or toda a !idaV( Ao ou!ir a+uilo4 os

ca<elos do -escador 9icaram de -B( Ele assentiu E a !ir*em do rio 9oi

concedida(8/= &pa'( #-!+

Assim che*amos lenda dos outros 9ilhos da don@ela do <arco -ois o

 <ondoso rei Santanu *erou dois( -rimo*7nito sucedeuo no trono4 mas 9oi

morto em uma <atalha4 ainda muito o!em4 e como o caçula morreu consumido

 -or uma doença4 tam<Bm muito o!em4 restaram duas !i>!as reais sem 9ilhos4 <elas4 altas4 com ca<elos lisos e sedosos4 unhas !ermelhas4 seios t>midos e

*randes +uadris( E a en!iu!ada rainhamãe4 Sata!ati4 disse a hishma3 VA

linha*em não tem descendentes( Mas tu Bs conhecedor dos 0edas4 -oderoso4

!irtuoso e4 estou certa4 -reocu-ado com a -reser!ação da estir-e -ortanto4 !ou

atri<uirte uma missão( Assume nosso trono4 des-osa don@elas de acordo com

nossos ritos e *era 9ilhosV(

hishma sim-lesmente lem<roulhe o uramento +ue o -ai dela lhe ha!ia

arrancado e ela4 em sua adição4 lo*o -ensou no menino +ue tinha ido em<ora(

0asa era a*ora um *rande s)<io4 tra<alhando na inter-retação dos 0edas4

 -orBm ele a-areceu4 con9orme ha!ia -rometido4 +uando sua mãe -ensou nele(

V0ou *erar 9ilhos como _ama e 0arunaV4 ele disse4 +uando ela o <anhou

de l)*rimas e lhe con9iou sua -reocu-ação( VS +ue antes as duas o!ens damas

de!em o<ser!ar durante um ano certos !otos +ue !ou lhes determinar(V

E ela res-ondeu3 VMas nosso reino est) em -eri*o( A tare9a de!e ser

reali@ada hoeV($ (!id%, 1&177&72171, condensado&

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Vem4 entãoV4 disse ele4 V+ue elas tolerem minha 9ei>ra4 a-ar7ncia soturna4

cor-o re-ulsi!o4 odor terr$!el e as-ecto assustador( Se elas su-ortarem tudo isso

terão 9ilhos ro<ustos( Fa@e com +ue a mais !elha sea -re-arada( Fa@ea es-erar

 -or mim em um leito(V E desa-areceu(A o!em 9oi delicadamente -ersuadida4 <anhada e en9eitada com <elos

ornamentos e condu@ida -or Sata!ati a um am-lo leito( VA+ui !ais 9icar

deitadaV4 ela disse4 Ves-erando o irmão mais !elho de teu es-osoV( E a o!em

!i>!a4 9eli@4 -or su-or +ue era hishma o irmão mais !elho4 Ficou

 -ensati!amente em !i*$lia( lam-ião +ueima!a( A -orta a<riuse e uma 9orma

entrou( E o +ue ela !iu4 com um so<ressalto4 9oi um asceta de rosto ne*ro

ameaçador4 olhos ardentes4 ca<elos de co<re entrançados4 <ar<a re-u*nante e

um odor tal +ue4 +uando se a-ro2imou4 ela mal -ode su-ortar( Ela 9echou osolhos( E +uando ele retornou a Sata!ati4 disse3 V menino ser) tão 9orte +uanto

de@ mil ele9antes4 -ai de cem 9ilhos entretanto4 -or causa da omissão da mãe4

+ue no momento da conce-ção 9echou os olhos4 ele ser) ce*oV(

E a criança nasceu4 de 9alo4 ce*a( Tornouse o *rande rei Dhritarashtra

JVa+uele +ue su-ortaV4 dhr ta, Vo reinoV4 ra st ra),  -ai dos Waura!as4 a 9acção

inimi*a no enredo do  @ahā2hārata. Mas Sata!ati4 ao !er a+uela criança4

 -ensou de no!o em 0asa e +uando ele a-areceu4 -ediulhe -ara tentarno!amente(

A se*unda encantadora !i>!a 9oi le!ada4 sem sus-eitar4 -ara o leito(

lam-ião +ueima!a no *rande +uarto( A -orta a<riuse( Uma 9i*ura entrou e os

olhos dela arre*alaramse ela 9icou -)lida( santo a-ro2imouse e +uando a

relação aca<ou4 disse3 VComo tu est)s -)lida4 teu 9ilho tam<Bm ser) -)lido( Por

isso4 de!eras cham)lo PanduV (#ānd u V<ranco4 amareloes<ran+uiçado4

 -)lidoVK(

E4 de 9ato4 o 9ilho +ue nasceu era muito -)lido( Mas 9oi o -ai dos

Panda!as4 os &pa'( #-#+  cinco irmãos heris do  @ahā2hārata _udhishthira4

hima4 Aruna e os *7meos NaOula e Sahade!a(

Em outras -ala!ras4 a *uerra B-ica seria em ess7ncia um con9lito entre os

Filhos das Tre!as Jum rei +ue ha!ia sido conce<ido com os olhos 9echadosK e os

Filhos da Lu@ Jum rei conce<ido com os olhos a<ertosK( Mas ha!eria ainda um

terceiro nascimento -ois Sata!ati4 ainda insatis9eita4 arranou uma se*unda

o-ortunidade -ara a -rimeira das duas o!ens rainhas +ue4 entretanto4 tramoucolocar uma o!em escra!a em seu lu*ar( E   de-ois de o io*ue ter satis9eito a

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!ontade de Sata!ati com a+uela o!em sudra4 ela le!antouse e -restoulhe

re!er7ncia4 o +ue muito o a*radou( V am)!el don@ela4 tu não ser)s mais

escra!aV4 ele disse4 Ve teu 9ilho ser) *randiosamente dotado(V E4 de 9ato4 seu

9ilho 9oi o s)<io 0idura4 tioconselheiro dos Panda!as +ue4 no 9inal4 se tornouiluminado como um io*ue(8/:

ra4 o tema da Lu@ e das Tre!as4 como o leitor lem<ra4 a-areceu no 'rã

 -or !olta de 5?? a(C na *uerra csmica entre o Senhor da 0erdade e o Mestre da

Mentira( Nos -er*aminhos he<raicos do Mar Morto4 de cerca de %,5 a(C66

d(C(48&? ele rea-arece na *uerra dos Filhos da Lu@ contra os Filhos das Tre!as( E

nas !)rias literaturas *nsticas dos -rimeiros sBculos de nossa era -odem ser

encontrados outros desen!ol!imentos desse mesmo tema( A utili@ação le!antina

deste tema B4 a uma s !e@4 Btica e ontol*ica( -rinc$-io da !erdade e da lu@re-resenta tanto virtud +uanto 4ist8ncia vrdadira. Assim4 tem uma

re9er7ncia social e !alidade a<soluta e4 no 9inal4 triun9ar) em escala csmica(

 Nesses sistemas4 não se 9ar) nenhuma distinção essencial entre a ordem social e

a ordem meta9$sica de ul*amento(

E tam<Bm na mitolo*ia <udista de Amida4 o -rinc$-io da lu@ e do

!erdadeiro conhecimento tem uma re9er7ncia Btica e su<stancial( A !itria 9inal

da lu@ não B re-resentada a+ui em termos csmicos -ois no cosmos <udista deciclos intermin)!eis não h) lu*ar -ara um tem-o alBm do tem-o +uando a

sucessão de ciclos ti!er aca<ado3 a e2tinção <udista B -sicol*ica4 maneira de

um desa-e*o do c$rculo incorri*$!el( Contudo4 o -rinc$-io da lu@ B de uma

ordem mais !erdadeira e mais su<stancial do +ue o das tre!as do c$rculo( Este

>ltimo B mera 9unção da i*norncia e do deseo e da ação do 9eitiço

en!ol!ente e ce*ante de am<os( Por conse*uinte4 da mesma 9orma +ue nos

sistemas ocidentais as ordens social e meta9$sica são e+ui!alentes4 tam<Bm no

sistema de Amida o são a ordem -sicol*ica e a meta9$sica(

Al*o muito mais com-le2o a-arece no so9isticado4 a-arentemente rid$culo

mas4 na !erdade4 ela<orado o*o sim<lico dos <rmanes4 -or +uem 9oi

conce<ida a <io*ra9ia 9isicamente im-oss$!el de 0asa( De!ese notar +ue4

nessa !ersão indiana da in9luencia -olari@ada da lu@ e das tre!as no cam-o de

 <atalha da !ida4 não h) !encedor( Mas4 am<as as 9orças -ro!em de uma >nica

9onte su-erior3 0asa( E4 em<ora sea a-licado um ul*amento Btico a 9a!or e

$# (!id%, 1&171217', condensado&.7 Millar -"rroKs, The Dead "ea "crolls (The Biking /ress, Nova York, 1#66%, pp& $$$2$$.&

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contra res-ecti!amente os Filhos da Lu@ e os Filhos das Tre!as4 o !eredito não B

de maneira al*uma a<soluto( Pelo contr)rio4 os dois lados são i*ualmente de

uma ordem dual$stica secund)ria4 9unç.es de certa circunstncia +ue !aleria a

 -ena -arar um momento -ara considerar3 a im-aci7ncia da rainha -or resultados -r)ticos imediatos( 'sso tornou im-oss$!el a -re-aração do &pa'( #-$+ cam-o e

9oi assim a !erdadeira causa do so<ressalto das duas o!ens e suas res-ostas

o-ostas e i*ualmente es-ontneas( Portanto4 a in9luencia da lu@ e das tre!as na

es9era da histria humana -arece ter sido uma 9unção da 9ra+ue@a humana4 e

em<ora -ossam ser a-resentados ul*amentos Bticos na es9era dessa in9luencia4

tanto a !irtude +uanto o !$cio aos +uais eles se re9erem -ertencem a uma es9era

secund)ria( São com-lementares( Com-arese com o anti*o Se*redo E*$-cio

dos Dois Parceiros^ Na tradição indiana h) um -onto de !ista mais am-lo eele!ado do +ue a+uele em +ue a-arece o o*o csmico 9antasma*rico da lu@ e

das tre!as4 e no conte2to do @ahā2hārata esse -onto de !ista B re-resentado

 -elo -ro*enitor e testemunha da histria( Com-arese a 9i*ura4 +ue )

discutimos4 de Pt)4 a M>mia4 -rocriador do touro Á-is e do Fara4 cua rB-lica

Fi*ura /%( A ilha das -edras -reciosas3 1ndia JWa-utK( c. %=?? d e &pa'( #-5+

no -osterior sim<olismo tntrico da 1ndia B Xa!a4 o Cad)!er4 di!orciado de4 mas

essencialmente uno com o -ar Xi!aXaOti4 *erador do mundo Jsu-ra -( ,= e

9i*ura /%K^ Com-arese com o SiPr-rio +ue disse VEuV e se tornou dois^

sistema <ramnico tardio do @ahā2hārata, ao contr)rio do <udista de

Amida4 a<arca tanto o en!ol!imento no mundo de mā!ā +uanto a 9u*a dele(Entretanto4 nesse en!ol!imento não est) im-l$cita +ual+uer a9irmação a<soluta

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dos !alores do mundo como acontece em nosso -ositi!ismo Btico ocidental(

c$rculo não -ode ser a-er9eiçoado tam-ouco seus !alores !ão alBm de sua

 -r-ria es9era( Ainda assim como demonstra claramente a <io*ra9ia de 0asa

o mundo -ode ser a9irmado ironicamente -elo s)<io3 um -ouco maneira comoum adulto a9irma uma <rincadeira le!ada a sBrio -ela criança +ue <rinca(

E a*ora4 9inalmente4 a 9i*ura da rainha Sata!ati4 +ue nesta lenda

re-resenta toda a ironia do o*o de mā!ā, B a mãe tanto de 0asa +uanto dos

dois o!ens reis +ue morreram( mistBrio csmico de mā!ā tem tr7s -oderes(

 -rimeiro B o de o<scurecer4 tornar oculto 2rahman o se*undo4 o de -roetar a

mira*em do mundo4 e o terceiro4 o de re!elar 2rahman atra!Bs da mira*em(

Sata!ati em seu <arco trans-orta!a io*ues -ara a outra mar*em e nessa 9unção

re-resenta!a o -oder re!elador de mā!ā mas ela tam<Bm trans-orta!a -assa*eiros da mar*em de l) -ara a de c) e com isso o<scurecia e -roeta!a( A

ser!iço do deseo do <ondoso rei Santanu4 +ue 9icou com ela na mar*em de c)4

ela se tornou a 9orça ati!adora de toda a es9era e de toda interação de lu@ e

som<ra no uni!erso do  @ahā2hārata. Atendendo ao deseo da+uele io*ue

durante a tra!essia entre as duas mar*ens4 ela se tornou mãe do *rande 0asa

+ue4 como com-ilador dos 0edas4 autor dos Puranas etc(4 o9ereceu ao mundo

uma literatura de re!elação e4 como -ro*enitor das duas 9am$lias criou4 mesmona mar*em de c)4 uma histria essencialmente re!eladora +ue4 se 9or tida como

meramente 9actual4 o<scurece(

Sata!ati no -a-el de sedutora do rei tinha um doce -er9ume +ue4

entretanto4 não era seu odor !erdadeiro tam-ouco a !ir*indade concedida ao rei

era !erdadeira( odor re-ulsi!o -ara o mundo era o !erdadeiro4 e 9oi rece<ido

com a!ide@ -elo io*ue cua !erdadeira meta4 entretanto4 esta!a na outra

mar*em( E o rio da !ida +ue corre incessantemente4 do +ual ela tinha !indo4

como toda !ida em toda a literatura do riente4 B s$m<olo do orrar da *raça

di!ina no cam-o do 9enom7nico( Em um dos lados Juma mar*emK4 B cam-o de

toda ale*ria e dor4 !irtude e !$cio4 conhecimento e ilusão4 mas no outro Ja outra

mar*emK4 atra!essado ou inter-retado de outra maneira4 le!a -ara alBm desses

 -rinc$-ios com-lementares atB um a<soluto +ue est) alBm dos -rinc$-ios( E na

ilha entre am<os4 a ilha do nascimento do *rande 0asa4 est) o mundo e 9onte

do mito o @ahā2hārata 3 +ue4 em si mesmo4 B tanto !erdadeiro +uanto

9also4 tanto re!elador +uanto o<scurecedor4 e de!e ser inter-retado4 como a -r-ria !ida4 de acordo com o talento de cada um4 de um ou de outro eito(

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Mas -rometi não relatar detalhadamente o enredo desse oceano de mito(

"uero a-enas o<ser!ar4 concluindo4 +ue o ce*o Dhritarashtra dei2ou seu trono e

Pandu4 Vo <rancoV4 &pa'( #-*+ se tornou rei ele4 entretanto4 morreu o!em4 de

maneira +ue o irmão mais !elho te!e +ue retomar( s numerosos 9ilhos deDhritarashtra4 os Waura!as4 e os cinco e2traordin)rios 9ilhos de Pandu4 os

Panda!as4 en!ol!eramse então num <anho de san*ue no +ual a nata da 9idal*uia

da B-oca 9eudal da 1ndia !Bdica -ereceu(

s >ltimos cinco li!ros da e-o-Bia Jli!ros %8 a %=K re9eremse a um elenco

de9initi!amente -sherico( _udhishthira4 o mais !elho dos Panda!as4 Sacri9ica

um ca!alo4 ato -elo +ual todos os -ecados da *uerra são -uri9icados( ancião

Dhritarashtra e sua es-osa4 -ri!ados de seus cem 9ilhos4 retiramse -ara a

9loresta( As encarnaç.es di!inas do deus 0isnu Orsna ne*ro e seu irmão <ranco alarama 4 +ue -or todo o lon*o curso das numerosas -ro!aç.es

 -ro-orcionaram *rande con9orto e assist7ncia aos cinco irmãos Jos +uais

sim<oli@am os cinco sentidos4 os cinco elementosK4 morrem( s -r-rios

Panda!as4 untamente com a encantadora Drau-adi4 sua es-osa comum Jo

9asc$nio da !idaK4 -artem !estidos com cascas de )r!ores e acom-anhados de um

cão4 -ara su<ir a -B ao cBu( Eles atra!essam a cordilheira dos Himalaias rumo

montanha do mundo4 Meru4 +ue escalam com di9iculdade( No caminho4Drau-adi cai morta e4 em se*uida4 Sahade!a4 NaOula4 Aruna e hima4 de

maneira +ue a-enas _udhishthira che*o ao to-o4 acom-anhado de seu cachorro(

deus 'ndra desce da carrua*em -ara le!)lo4 mas ele 9a@ o<eç.es atB o<ter a

 -romessa de +ue a es-osa e os irmãos serão encontrados no reino celestial e +ue

o cachorro tam<Bm -oder) entrar( animal4 aceito4 tomase o deus Dharma( s

irmãos e a es-osa4 entretanto4 não são encontrados4 -ois estão no in9erno

en+uanto4 sentado *lorioso em um trono4 est) o l$der dos escuros Waura!as4 o

!ilão su-remo( 'ndi*nado( _udhishthira dei2a o cBu4 descendo ao in9erno4 onde

desco<re não a-enas seus irmãos4 mas muitos ami*os so9rendo terri!elmente(

Então com-reende Je tam<Bm nos( a esta alturaK +ue a+ueles +ue morrem com

 -oucos -ecados !ão -rimeiro -ara o in9erno a 9im de serem -uri9icados e de-ois

 -ara o cBu4 en+uanto a+ueles com -ouca !irtude !ão -rimeiro -ara o cBu onde

des9rutam <re!emente de seus mBritos e de-ois são o*ados -or um lon*o e

terr$!el -er$odo no in9erno(

A cena do in9erno desa-arece e os Panda!as estão todos no cBu comodeuses( Entretanto4 0asa4 seu -ro*enitor4 continua tra<alhando a+ui em<ai2o na

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terra( Passouse al*o como uma era3 todo o mundo do @ahā2hārata, +ue tinha

nascido do -r-rio 0asa4 a-a*arase no ar4 como uma mira*em( E a*ora ele

tinha +ue tradu@ilo em -ala!ras4 -ala!ras sa*radas4 -ala!ras da !erdade de

todas as coisas(Mas a essa altura 0asa conse*uira um aclito4 de nome 0aisham-aana4

a +uem narrou toda a lenda esse homem erudito assistiu então a um *rande

ritual de ma*ia o9$dica4 em +ue um rei4 anameaa4 se !in*ou da morte de seu

 -ai causada -or uma mordida de co<ra4 9a@endo com +ue todas as ser-entes do

mundo rasteassem atB morrer num !asto 9o*o !Bdico( E 9oi durante os

inter!alos entre os atos da cerimnia +ue 0aisham-aana recitou o

 @ahā2hārata. Um -oeta chamado U*rashra!a ou!iuo e 9oi -osteriormente

a<ordado -or um sB+uito de santos -ara +ue lhes recontasse tudo o +ue ele9e@( E essa B a 9onte de nosso atual @ahā2hārata ela !em das -ala!ras de um

 -oeta +ue o ou!ira de um s)<io +ue4 -or sua !e@4 o tinha ou!ido do &pa'( #--+

 -r-rio 0asa 8&% +ue4 a essa altura4 ) dei2ara este mundo ao +ual tinha dado

lu@ e !isto morrer( Dei2arao atra!Bs de um !o io*ue -ela -orta incandescente

do sol(8&/

III( A IDADE DAS GRANDES CREN2AS"c'*))!*)) @(C(

<udismo era na ori*em uma doutrina de ren>ncia4 ti-icamente

re-resentada -elo mon*e de ca<eça ras-ada com sua cuia de esmola +ue se

retirara -ara um mosteiro em <usca da mar*em de l)( <ramanismo ressur*ente

do -er$odo restaurador #u-ta4 -or outro lado4 era diri*ido não a-enas a 9ins

mon)sticos4 mas i*ualmente manutenção de uma sociedade secular( E nesse

conte2to4 o termo dharma não se re9eria -rimariamente a uma doutrina de

desa-e*o como no <udismo 4 mas a um sistema csmico de leis e

 -rocessos -elo +ual o uni!erso e2iste( [ um termo deri!ado da rai@ !er<al dhr  ,

Vsustentar4 su-ortar4 manterV4 e no +ue di@ res-eito ao si*ni9icado4 como )

!imos4 est) em concordncia com o maat e*$-cio e o m sumBrio( Por isso4

en+uanto na mitolo*ia <udista não ou!imos nada a res-eito de 9ormação sa*rada

e manutenção da ordem do mundo4 mas a-enas so<re a a!entura da <io*ra9ia do

.1 Mah*!h*rata 1&.$ (!id &, 1$&...&

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Sal!ador4 com a +ual se de!e a-render o caminho de li<ertação dos so9rimentos

do mundo 9enom7nico4 nas mitolo*ias do <ramanismo sem-re B o9erecida uma

du-la lição4 tanto do dharma +uanto da io*a4 do a-e*o e do desa-e*o am<os

simultaneamente(V ReiV4 lemos no  @ahā2hārata, Vcaminhai como con!Bm em um

reinado4 se*uindo as -e*adas dos homens *enerosos( +ue se *anha !i!endo no

eremitBrio dos ascetas4 -ri!ado da !irtude JdharmaK  da -r-ria casta4 das

ri+ue@as JarthaK do -ra@er JkāmaKIV ;::

 Na inter-retação <udista da nature@a da e2ist7ncia tudo e a<solutamente

!a@io e des-ro!ido de SiPr-rio as 9ormas do 9enom7nico mo!emse como

uma mira*em so<re a<solutamente nada4 in!ocadas -ela 9orça da i*norncia e o

>nico -ro-sito est) em sua dissolução(VDo sur*imento da i*norncia !em o sur*imento das 9ormaç.es c)rmicas(

Do 9im da i*norncia !em o 9im das 9ormaç.es c)rmicasV( Esta B a -ala!ra do

cnon -)li Hinaana(8&8

VA 9orma B o !a@io e o !a@io B a 9orma( !a@io não B nada mais do +ue

9orma e a 9orma nada mais do +ue !a@io( Fora do !a@io não ha nenhuma 9orma e

9ora da 9orma nenhum !a@io(V Essa B a sa<edoria Mahaana da mar*em de l)(8&5

 Na inter-retação ortodo2a !Bdico<ramnica hindu$sta4 -or outro lado4tudo B a mani9estação de um -oder autoconcedido J2rahmanK  +ue B

transcendente4 -orBm imanente em todas as coisas como o SiPr-rio JātmanK de

cada uma( Ele B sa$do de si mesmo maneira do SiPr-rio +ue disse VEuV4

sentiu medo4 de-ois deseo4 e criou o mundo4 do +ual ) ou!imos 9alar( ∗ Da$ o

 -oder *erador da+uela &pa'( #-/+ -resença não um !a@io +ue de!e ser

reconhecido e e2-erienciado em todos os seres( Pois4 em<ora desconhecido4 ele

est) em toda -arte(

Em<ora ele estea oculto em todas as coisas4 A+uele SiPr-rio não se

irradia( No entanto4 B !isto -or !identes ar*utos Com intelecto

su-erior e -ers-ica@(8&6

.. (!id%& .&..&$&. Samy"))a2nikfya $&.&.6 Pra<;*p*ramit*-s=tra% R "upra& p& 1&.' ha)a panisad .&1$= ;"mc, op& ci)&, p& .6$&

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caminho -ara o conhecimento dessa E2ist7ncia das e2ist7ncias -ode

 -arecer semelhante ao <udista4 -ois B conhecido como um sacri9$cio do e*o4 no

+ual o VeuV JahamK e a<andonado(

Para +uem con+uistou a si mesmo -or si mesmo4

Seu SiPr-rio B um ami*o(

Mas -ara +uem não con+uistou a si mesmo -or si mesmo4

Seu SiPr-rio B hostil4 como um inimi*o(8&,

Entretanto4 o +ue !ai ser alcançado -or esse sacri9$cio do e*o e um

conhecimento de identidade4 não com o !a@io4 mas com a+uele Ser +ue B -elo

seu -r-rio sacri9$cio o mila*re do mundo(Portanto4 h) no hindu$smo uma a9irmação essencial da ordem csmica

en+uanto di!ina( E como a sociedade B conce<ida como uma -arte da ordem

csmica h)4 i*ualmente4 uma a9irmação da ordem social indiana ortodo2a

en+uanto di!ina( Alem disso4 como a ordem da nature@a B eterna4 tam<Bm o B  a

dessa sociedade ortodo2a( Não h) tolerncia -ara a li<erdade humana ou

in!enção na es9era social -ois a sociedade não B conce<ida como uma ordem a

ser desen!ol!ida -elos seres humanos4 sueita inteli*7ncia e mudança4 como9oi nas a!ançadas sociedades *re*a e romana e B no cidente moderno( Suas leis

são da nature@a4 não sueitas a serem a-ro!adas4 a-er9eiçoadas ou in!entadas(

E2atamente como o sol4 a lua4 as -lantas e os animais se*uem leis inerentes s

suas nature@as4 assim tam<Bm o indi!$duo tem +ue se*uir a nature@a de sua

ori*em4 sea como <rmane4 2)tria4 !ai2ia4 sudra ou -)ria( Cada uma B

conce<ida como uma es-Bcie( E como um rato não -ode tornarse um leão4 ou

mesmo desear ser um leão4 nenhum sudra -ode ser um <rmane4 e desear s7lo

seria uma insanidade( Por isso4 a -ala!ra indiana V!irtude4 de!er4 leiV4 dharma

tem um alcance -ro9undo4 muito -ro9undo( VMelhor o -r-rio de!er mal

cum-ridoV4 lemos4 Vdo +ue o de outro com -er9eição(V8&=  A idBia *re*a ou

renascentista a res-eito da im-ortncia do indi!$duo sim-lesmente não e2iste no

m<ito desse sistema( 7ada um dv sr, antes4 um dividuum, homem di!idido4

o homem +ue re-resenta um mem<ro ou 9unção do *rande homem (#urusa), +ue

B a -r-ria sociedade4 onde a casta sacerdotal <rmane B a ca<eça a casta

.< Bhagavad Gt* '&'&. (!id &, ..6&

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*o!ernante 2)tria os <raços a casta 9inanceira !ai2ia a <arri*a e o torso

en+uanto os tra<alhadores sudras são as -ernas e os -Bs( s -)rias4 sem casta4

en+uanto isso4 são inteiramente de outra &pa'( #-1+ ordem natural e em relação

com a sociedade humana -odem reali@ar a-enas tare9as inumanas ou de <estas( -rimeiro *ol-e serio inte*ridade desse sistema 9oi des9erido no

 -r-rio -er$odo #u-ta4 no ano de 5%? d(C4 +uando os hunos <rancos ou e9talitas4

so< a o!em liderança de Mihir*ula4 in!adiram e de!astaram o noroeste e

sueitaram os *u-tas a -a*arlhes tri<utos( Seu reinado sel!a*em 9oi <re!e -ois

Mihir*ula 9oi derrotado -or uma con9ederação de -r$nci-es em 5/=4 e retirouse

 -ara a Ca2emira4 onde morreu( As conse+7ncias -ara a 1ndia4 entretanto4 9oram

decisi!as( VA cortinaV4 como o Pro9( H(#( Raflinson escre!e so<re a situação

trans9ormada4 Vdesceu so<re o -alco -or +uase um sBculoV4 e +uando ela su<iuencontramos no !ale do #an*es tr7s -roeminentes estados em constante *uerra

os *u-tas de Malfa riental4 sem d>!ida um ramo da 9am$lia im-erial do

 -assado4 os mauOharis de Wanau e os !ardhanas de Thanesar4 cidade ao norte de

DBlhi( Por !olta de 6%/4 durante um <re!e -er$odo todo o norte este!e unido so<

o dom$nio de Harsha4 de-ois de cua morte no ano de 68,4 entretanto4 Va cortina

mais uma !e@ desceuV4 e +uando se er*ueu dois sBculos mais tarde4 o cen)rio

esta!a com-letamente mudado(8&:

VSur*iu uma no!a ordem social4 cuas 9i*uras centrais são os numerosos

clãs de uma mesma raça4 +ue se autodenominam raa-utros ou Filhos de Reis(

\(((] s raa-utros -roclamam ser os anti*os 2)trias e encontraram seus ideais de

conduta nos heris das e-o-Bias hindus mas a -es+uisa moderna demonstra +ue

eles são -rinci-almente os descendentes dos *uraras4 dos hunos e de outras

tri<os centroasi)ticas +ue entraram atra!Bs da 9ronteira noroeste nos sBculos 0 e

0'( Esses in!asores es9orçaramse -or ad+uirir reinos -ara si mesmos e

9inalmente esta<eleceramse no -a$s4 des-osando mulheres hindus(V88?

Do oeste4 en+uanto isso4 ha!ia che*ado uma sBrie de no!os mo!imentos

reli*iosos4 entre os +uais era de -articular im-ortncia o culto *u-ta tardio do

deussol Sura( Trata!ase de um rico com-osto sincrBtico de elementos

oriundos do culto im-erial romano tardio do  Sol 'n!ictus e do culto do Mitra

iraniano4 mistura do culto -lanet)rio ale2andrino com um ressur*imento -o-ular

dos anti*os ritos s$rios da *rande deusa AnahidC<ele em um tem-lo de

.# IaKlinson, op% cit%, p, 111&7 (!id &, pp& 1##2$77&

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 -rostituição ritual88%  de todos eles4 o 9amoso tem-losol em WanaraO JsBculo

;''' d(C4 em rissaK tal!e@ sea a e!idencia mais conhecida +ue resta(88/

Mas tam<Bm o 9er!or de uma crença le!antina inteiramente no!a

começou a se 9a@er sentir na+ueles anos( Durante sBculos4 mercadores )ra<estinham 9re+entado os mo!imentados -ortos da costa oeste da 1ndia seus na!ios

 ) eram mencionados em O Péri#lo do @ar da 1ritréia no sBculo ' de nossa

era4∗ No decorrer do sBculo 0'' a reli*ião de MaomB J5,?,6&/K con+uistou o

territrio de todo o riente Pr2imo em<ora seu im-acto total não tenha sido

sentido na 1ndia atB um mil7nio mais tarde4 os -ortos de Sind a Mala<ar )

esta!am 9amiliari@ados com seus do*mas -elo ano ,%/4 +uando a -rimeira

colnia maometana )ra<e se esta<eleceu em Sind( &pa'( #-1+

De 9ato4 uma sBrie de no!os mo!imentos dentro da -r-ria con*re*açãohindu$sta ) tinha sido desencadeada -elos -rosBlitos do islamismo -ois como

atesta um recente autor indiano4 RN( Cho-ra3

A crença na irmandade dos homens e i*ualdade terica de todos os

crentes4 o monote$smo e a su<missão a<soluta !ontade de Deus4 +ue são

caracter$sticas do islamismo4 causaram -ro9unda im-ressão nas mentes de

certos -ensadores e re9ormadores indianos desse -er$odo( Contatos entremuçulmanos e hindu$stas4 tanto na costa do Mala<ar +uanto na de Coromandel4

9uncionaram como 9ermento -ara um desen!ol!imento consider)!el do

 -ensamento indiano e estimularam o renascimento de mo!imentos monote$stas

e anticastas no sul4 +ue era o <erço das re9ormas reli*iosas ocorridas do sBculo

0'U ao ;( De!otos de 0isnu e Xi!a 9undaram escolas de 2hakti e homens de

erudição como ShanOara4 Ramanua4 Nim<adita4 asa!a4 0alla<hachara e

Madh!a 9ormularam seus sistemas 9ilos9icos -essoais(88&

Em resumo4 desde o -er$odo da in!asão dos hunos reina!a no cen)rio

indiano um no!o es-$rito caracteri@ado4 -or um lado4 -or uma multi-licação de

in9luencias estran*eiras4 mas -or outro4 -or um es9orço contr)rio em manter as

9ormas cl)ssicas do -er$odo #u-ta anterior( Nas -ala!ras do Dr( #oet@3 VDe-ois

1 Goe)z, op% cit%& pp& $'$2$'.&$ immer, The Art of (ndian Asia& vol& @@, ?ig"ras .2.<6& R "upra& p& $6'&. /&N& Chopra, >Iencon)re de lA@nde e) de 1Alslam>& Cahiers d9histoire mondiale& vol& B@& nW $ (1#'7%,pp& .<12.<$&

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das terr$!eis in!as.es dos hunos e9talitas4 dos shuliOas e dos *uraras4 de-ois da

+ueda do im-Brio #u-ta4 das *uerras ci!is4 ditaduras militares4 desastres

monet)rios4 decl$nio de cidades e cola-so da classe <ur*uesa4 a cultura indiana

tornouse de9initi!amente 9eudalclerical4 isto B4 medie!al( E o +ue no -er$odo#u-ta anterior tinha sido renascimento dis9arçado e retorno ao re*ime

aristocr)tico4 a*ora se tornou tradição sacrossanta3 o modelo indis-ens)!el -ara

uma era +ue de9endia sua herança cultural com muito es9orço contra uma

crescente <ar<ari@açãoV(888

-er$odo corres-onde ao da Euro-a *tica4 da +ueda de Roma ao

Renascimento( [ o -er$odo do a-o*eu de i@ncio e do 9lorescimento do

islamismo4 desde o sBculo de ustiniano J8=&565K +ueda4 -or um lado4 de

Constantino-la -ara os turcos J%85&K e4 -or outro4 da #ranada moura J%8:/K -ara a -atrocinadora de Colom<o( -er$odo -aralelo na China estendese desde

as dinastias Sui e Tan* atB a metade da Min* en+uanto no a-ão lodo o

desen!ol!imento desde a che*ada do <udismo dentro de um sistema de erudição

chinesa J55/ d(C(K atB o a-o*eu do -er$odo AshiOa*a J%&:/%56=K 9oi le!ado a

ca<o no decorrer desse mil7nio(

 Numa !isão am-la4 do riente ao cidente e do cidente ao riente4 a

B-oca distin*uese em toda -arte -elo sur*imento de artes reli*iosasde!ocionais3 B a era da catedral cristã4 o mundo das mes+uitas do islamismo4 dos

 -rinci-ais monumentos <rmanes da 1ndia e dos ardins dos tem-los <udistas do

E2tremo riente( Seus estilos de -ensamento4 em *eral4 eram mais escol)sticos

do +ue criati!os4 a-oiados nos -adr.es de um -assado *lori9icado4 -ouca d>!ida4

crença !eemente4 atri<uindo as re!elaç.es do tem-o eternidade e o tra<alho de

al*uns homens4 a Deus( Mas na 1ndia4 en+uanto os tem-los aumenta!am em

tamanho e ?= li!ros sa*rados em !olume4 sua !italidade 9oi declinando

*radualmente4 o sentimentalismo e os clich7s &pa'( #/)+ su-lantaram o

 -ensamento e a emoção( Artes e reli*iosidade -o-ulares dominaram o terreno4 e

as artes4 es!a@iadas -or com-leto de ins-iração reli*iosa4 tornaramse

astutamente erticas ou totalmente ine2-ressi!as( Assim4 onde antes ha!ia

e2istido um mara!ilhoso es-$rito de a!entura4 ha!ia a*ora nada mais do +ue

de!oção cam-onesa4 arte utilit)ria4 rotina sacerdotal e um mundo de cortes ri!ais

  ;& Goe)z, >Tradi)ion "nd schp?erische n)Kickl"ng in der indischen "ns)>, (ndologen-Tagung&I& Berhandl"ngen der @ndologischen 0r3ei)s)ag"ng in ssen2-redeney, Billa ;Vgel (Bandenhoeek"nd I"prech), G))ingen, 1#6#%, p& 161&

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semi<)r<aras( VA-enas em re*i.es remotas e atrasadas como o Ne-al e o

Ti<eteV4 a9irma o Dr( #oet@4 Va tradição da arte indiana -ermaneceu4 atB nosso

tem-o4 realmente !i!a no sentido medie!al de uma icono*ra9ia( +ue h) l)4

entretanto4 mal -ode ser tomado4 em seu estado atual4 como uma medida da!erdadeira arte indiana em todo seu !i*or e a<undncia de 9ormas(V885

IV( A VIA DO PRAFER 

Para -ro!ar o sa<or do >ltimo 9ruto ) um tanto -assado da )r!ore

da 1ndia4 a escolha mais <!ia e a lenda do meninosal!ador ne*roa@ulado

Orsna4 em seu 9ascinante as-ecto -o-ular de amante ao luar das #o-is3 as

mulheres o!ens e de meiaidade de uma tri<o de !a+ueiros4 -elas +uais ele eracriado como 9ilho adoti!o(

A lenda interessa não a-enas -or si mesma4 mas tam<Bm como -onto de

re9er7ncia4 -ois com-arando sua cele<ração -><lica do amor ad>ltero com a da

 -oesia dos tro!adores euro-eus e dos romances de Lancelote e #uin!ere e de

Tristão e 'solda4 ela e2i<e4 de um lado4 uma serie de analo*ias4 mas de outro4 um

es-$rito com-letamente distinto( Em<ora seu documento m)2imo4   7an&'o do

^a5uiro JGītā GovindaK com-osta -elo -oeta de corte aade!a4 sea de umadata Jc. %%,5K +ue o situa -recisamente no sBculo dos -rinci-ais romances em

!erso de Tristão Jdesde o de Thomas4 ao redor de %%65 atB o de #ott9ried !on

Strass<ur*4 %/%?K e4 alBm disso4 sea uma o<ra de de9inição ertica ainda mais

e2-l$cita do +ue a deles4 a atmos9era e o tema são4 o tem-o todo4 da es9era da

reli*ião3 como se a -ai2ão de Tristão o 'solda ti!esse sido identi9icada com o

amor4 di*amos4 de Cristo e Maria Madalena maneira do Cantar dos Cntaros(

AlBm do mais4 en+uanto nas disci-linas da corte do sBculo ;'' da Euro-a a

concentração do amante de!eria recair inteiramente nas +ualidades de uma

dama4 o mara!ilhoso meninosal!ador Orsna4 +ue -odia multi-licarse

in9initamente4 alcançou no decorrer dos sBculos de sua lenda Jcomo o leitor lo*o

!er)K4 um 72tase de arre<atamento de!asso da mais -rodi*iosa en!er*adura4 e a

tal 9açanha de -oder io*ue não se -ode a-licar o termo ocidental amor J-elo

menos em seu sentido cortesãoK(

 Não B necess)rio rememorar as lendas do miraculoso nascimento e das

6 (!id &, p& 16$&

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in>meras tra!essuras do -e+ueno *aroto ne*roa@ulado4 unto com seu irmão

 <ranco alarama4 entre as carroças dos !a+ueiros( asta di@er +ue 9oram

su9icientes -ara torn)lo conhecido de todas as don@elas e mulheres do *ru-o de

maneira +ue elas ) eram atB certo -onto suas !$timas +uando ou!iram4 umanoite de luar4 a melodia de uma 9lauta solit)ria !inda da 9loresta m>sica +ue

como!eu seus coraç.es4 o -er9ume dos nen>9ares <rancos im-re*na!am o ar e

todas as #o-is a*itaramse no sono( Seus &pa'( #/!+ coraç.es a<riramse4 e a

se*uir4 seus olhos( Uma a uma4 le!antaramse cautelosamente e4 como outras

tantas som<ras4 esca-aram de suas casas( Uma cantarolou sua!emente

acom-anhando a 9lauta outra4 correndo4 escuta!a uma terceira chamou -elo

nome dele e recuou4 en!er*onhada en+uanto uma +uarta +ue4 ao des-ertar4 tinha

!isto os mais !elhos de sua casa ainda acordados4 9echou no!amente os olhos4mas meditou com tal 9er!or no seu amado +ue se uniu a ele -ara sem-re na

morte(

menino declarouse sur-reso +uando !iu a multidão a-ro2imarse( VMas

ondeV4 ele -er*untou4 Vestão !ossos -ais4 irmãos4 maridosIV Chocadas e todas

sur-resas4 alBm do mais4 -or encontrarem as outras #o-is ali al*umas

começaram a desenhar 9i*uras no chão com os dedos dos -Bs e os olhos de todas

tornaramse la*os de l)*rimas( VNão conse*uimos a9astarnos de teus -Bs deltusV4 elas ale*aram4 e o deus4 de-ois de ter caçoado o su9iciente4 começou a

mo!erse li!remente entre elas4 continuando a tocar sua 9lauta( Vh4 -.e tuas

mãos de ltusV4 elas *ritaram4 Vso<re nossos seios doloridos4 so<re nossas

ca<eças^V E a dança começou(

E2iste4 entretanto4 uma sBrie de !ers.es dessa dança4 o rāsa, de Orsna e

das #o-is4 -ro!eniente dos sBculos 0' ao ;0' d(C de maneira +ue lemos

dis-osição uma documentação <astante com-leta do desen!ol!imento do +ue

9oi4 -or um lado4 uma tradição liter)ria4 mas -or outro4 uma tradição

 -ro9undamente reli*iosa do o*o ertico( E seria di9$cil encontrar uma ilustração

mais con!incente da+uele -rinc$-io uni!ersal na histria do -ensamento

reli*ioso +ue di@3 na -ro-orção em +ue a sensi<ilidade e a -erce-ção -oBticas

declinam4 o sensacionalismo4 as e2-ress.es !ul*ares e o sentimentalismo

 -ros-eram(

 Nas !ers.es anteriores do rāsa, no 0isnu Purbna e no  Farivamsa do

sBculo 0'4 a cena ao luar de Orsna e as #o-is conser!a a atmos9era de um id$lio <uclico( Seu -onto culminante era a dança na +ual as mulheres4 de mãos dadas4

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se mo!iam em c$rculo4 de olhos 9echados4 cada uma ima*inandose ami*a de

Orsna( Di@ o 0isnu Purbna

Cada uma ele -e*ou -ela mão4 e +uando os olhos delas se 9echaram antea ma*ia de seu to+ue4 o c$rculo se 9ormou( Orsna entoou uma canção e2altando

o outono( As #o-is res-onderam lou!ando Orsna4 e a dança iniciouse ao

tilintar de seus *ui@os(

Tontas de tanto *irar4 de !e@ em +uando uma ou outra lança!a os <raços

em !olta do -escoço do amado4 cuas *otas de trans-iração eram então como

uma chu!a 9ertili@ante a molhar suas t7m-oras( Orsna  canta!a( As #o-is

*rita!am VSal!e Orsna^V∗ Para onde +uer +ue ele 9osse4 elas o se*uiam +uando

ele se !ira!a as encontra!a no!amente4 e -ara cada uma delas4 cada momento

era uma mir$ada de anos( Desse modo4 o Ser ni-otente assumiu o car)ter de

um o!em entre as mulheres de 0rinda!an4 im-re*nando suas nature@as e4 com

isso4 tam<Bm as nature@as de seus amos -ois4 assim como em todas as criaturas

os elementos se constituem de Bter4 ar4 9o*o4 )*ua e terra4 da mesma 9orma o

Senhor est) em toda -arte4 inerente a tudo(886&pa'( #/#+

Á idBia de iman7ncia do deus transcendente d a+ui o  tema ins-irador4 ecomo em toda a tradição m$stica indiana4 a tend7ncia B  condu@ir isto a uma

 -ro9undidade onde -ossa ser consumado e as di9erenciaç.es se dissol!am( s

olhos 9echados das #o-is indicam +ue a -resença est) em todas elas4 como a

 -r-ria e2ist7ncia de cada ser4 de maneira +ue a dança4 nessa anti*a !ersão4 B

s$m<olo do delicado e+uil$<rio do Du-lo Caminho ortodo2o indiano4 em +ue a

ordem e2terna da !irtude JdharmaK B mantida4 en+uanto internamente se reali@a

a união J !ogaK com um -rinc$-io +ue tanto sustenta a ordem +uanto a

transcende4 e com o +ual toda criatura e -art$cula do uni!erso B eternamente una(

 Na !ersão do  Farivamsa 3 um a-7ndice do  @ahā2hārata +ue acentua a

di!indade do heri B-ico como uma encarnação de Hari J0isnuK a animação

da dança tende4 mais do +ue no 0isnu Purbna , -ara o estilo de a<andono lasci!o

+ue4 no 9inal4 *anharia terreno(VComo as 97meas ele9antes4 co<ertas de -oeira4 *o@am do 9renesi de um

 -otente machoV4 lemos4 Vtam<Bm a+uelas mulheres em <ando com os

 R Comparar supra& p& '7E .uree Bul] ;ari (is)o L, Bisn"  krsna%, Salve`' Bisn" /"rana 6&1., "m po"co condensado= seg"ndo +ilson, op% cit%& pp& 6.126.6&

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mem<ros co<ertos de - e estBreo de !aca lançaramse so<re Orsna e

dançaram com ele de um lado -ara outro( Suas 9aces4 sorrindo4 e seus olhos4

*randes e ardentes como os dos ant$lo-es escuros4 9icaram <rilhantes +uando

 <e<eram a!idamente o mila*re de seu ami*o +uerido( VAha^V4 ele *rita!a -araassust)las e elas estremeciam de -ra@er( E seus ca<elos4 soltandose4 rola!am

so<re seus seios a<undantes4 en+uanto o o!em deus4 ali entre as #o-is4 toca!a

9lauta na+uelas noites4 so< o luar de outono(V88,

 No ha*a!ata Purbna do sBculo ; d(C( atB hoe a -rinci-al o<ra so<re

a meditação de!ocional a Orsna o o!em deus B mestre na arte do amor e a

 <alança -ende a*ora da intro!ersão -ara uma tradução do !oga m 2hoga JV*o@o

9$sico4 relação carnalV da rai@ 2hu*, Vdes9rutar uma re9eição4 consumirVK(

VEstendendo os <raçosV4 lemos4 Vele acariciou as mãos delas4 seus cachoscascateantes4 seus +uadris4 cintura e seios arranhouas com as unhas4 -enetrou

as com seus olhares riu4 <rincou e -ro!ocou *rati9icouas com todos os tru+ues

do Senhor do Amor(V88=

E as #o-is *ritaram -ara ele em 72tase3 VTres-assadas -or esse olhar e

 -elo 9asc$nio desse sorriso4 !endo esses <raços 9ortes +ue dão a todas *arantia de

 -roteção e esse -eito +ue seria ca-a@ de acender o 9o*o do amor no coração da

 -r-ria Deusa da Felicidade4 estamos decididas a nos tornar tuas escra!as( Na!erdade4 +ue mulher4 sea do cBu4 da terra ou do in9erno4 não es+ueceria a

castidade de sua nature@a +uando encantada -or tua 9lauta e -ela <ele@a de tua

9orma +ue B a *lria do mundo e ao !7la4 mesmo as !acas4 as corças4 os

 -)ssaros97meas chocando nas )r!ores4 sentem os -7los e -enu*ens de seus

cor-os eriçaremse de -ra@erV(88:

corre a*ora4 entretanto4 um e-isdio +ue causa um cho+ue no *ru-o e

+ue4 nos sBculos se*uintes de de!oção reli*iosa e cele<ração -oBtica de Orsna e

das #o-is4 seria desen!ol!ido como um im-ortante tema e -onto de meditação(

Pois4 +uando as mulheres tinham sido le!adas ao -onto do 9renesi 9ora dos

limites4 seu deus su<itamente desa-areceu4 e elas4 com-letamente

enlou+uecidas4 começaram a -rocur)lo &pa'( #/$+ de uma 9loresta a outra4

interro*andoas !inhos4 )r!ores4 -)ssaros e 9lores4 *ritando seu nome e sua

*lria4 imitando amorosamente seus mo!imentos então4 de s><ito4 uma

< ;arivamsa <6& -hagava)f /"rfna 17&$#&'&# (!id%& 17&$#&.#27&

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encontrou as marcas de suas -e*adas(

VA+uiV4 *ritaram todas4 Vestão as -e*adas de nosso Amo^V

VMas ai^V4 elas *ritaram no!amente4 -ois ha!ia marcas de -Bs menores ao

lado das -rimeiras4 e então4 as -e*adas menores desa-areceram(VEle de!e t7la carre*ado^V4 elas *ritaram( V0eam^ suas -r-rias -e*adas

estão a*ora mais 9undas -or causa do -eso( E a+ui ele deitoua4 -ara colher

9lores( A+ui ele sentouse -ara colocar as 9lores nos ca<elos dela( "uem e elaIV

 No ha*a!ata  Purbna a #o-i 9a!orecida não B nomeada( Sua a!entura4

entretanto4 B descrita(

Ela era a mulher JlemosK de um !a+ueiro( Orsna le!oua -ara a 9loresta4

dei2ando as demais4 e ela sentiuse a mais a<ençoada do mundo( VDei2ando as

outrasV4 ela -ensou4 Veste amado Senhor de todas ns escolheume -ara seu

 -ra@erV4 e4 or*ulhosa4 ela lhe disse3 VMeu +uerido4 não consi*o dar mais um

 -asso( Pe*ame e le!ame -ara onde +uiseresV( VPois <emV4 disse ele4 Vso<e no

meu om<roV( Mas +uando ela esta!a -restes a saltar4 ele desa-areceu e4

atordoada4 ela caiu -erdendo os sentidos então4 as outras a encontraram e todas

 untas começaram a *ritar deses-eradamente(

VNs arriscamos nossos casamentos -ara !irmos atB ti4 e tu sa<es -or+ue( Traidor^ "uem senão tu a<andonaria uma mulher desta maneira4 noiteIV

Mas lo*o4 seus nimos a+uietaramse( Vh teus -o<res4 -o<res -BsV4 elas

lamentaram( VNão estão doendo de tanto andarI 0em4 dei2anos coloc)los em

nossos seios con9ort)!eis(V85?

Ele a-areceu4 sorrindo4 e todas er*ueramse simultaneamente4 como as

 -lantas ao to+ue da )*ua( Ele esta!a com rou-as amarelas4 ne*ro e <elo4

adornado com 9lores e as #o-is4 a*arrandoo -elos <raços4 er*ueramno ate os

om<ros( Uma le!ou da <oca dele -ara a sua o <Btel +ue esta!a mascando outra

colocou os -Bs dele so<re seus seios( E todas então4 tirando seus traes de cima4

es-alharamnos no chão -ara 9a@erlhe um assento4 onde 9icou sentado en+uanto

elas coloca!am seus -Bs nos re*aços e suas mãos nos seios4 massa*eandolhe as

 -ernas e os <raços( Como se esti!essem @an*adas4 elas disseram3 VAl*umas

 -essoas a-e*amse +ueles +ue lhe são de!otados outras4 aos +ue não o são

tam<Bm h) uma classe +ue não se a-e*a a nin*uBm( Portanto4 a*ora4 +uerido67 (!id%& 17&.72.1&

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Wrsna4 e2-licanos claramente as [email protected] dessas atitudes e2traordin)riasV(

Ao +ue o aus-icioso Senhor Todo-oderoso res-ondeu3 V"uando as

 -essoas se a-e*am mutuamente4 cada uma B indu@ida -or seus -r-rios

interesses e4 -ortanto4 não se a-e*am umas s outras4 mas a si mesmas( E+uando h) a-e*o s não tão de!otadas4 de!emse distin*uir duas classes de

 -essoas3 as *enerosas4 e as +ue são a9etuosas( As -rimeiras *anham mBrito

reli*ioso e as se*undas *anham um ami*o( E assim4 a+ui tam<Bm encontramos

interesse -r-rio( Mas4 +uanto s -essoas +ue não são a-e*adas nem s +ue lhes

são de!otadas nem s não de!otadas4 essas4 eu diria +ue são de +uatro es-Bcies3

as +ue encontram con9orto em suas -r-rias almas4 &pa'( #/5+  as +ue )

conse*uiram o resultado de seus deseos4 as e*oisticamente in*ratas e4 -or

>ltimo4 as +ue a-enas deseam o-rimir( ra4 minhas +ueridas ami*as de +uadrisador)!eis4 eu não -ertenço a nenhuma dessas cate*orias( "uando recuso o a-e*o

dos +ue são de!otados a mim4 minha ra@ão B tornar sua de!oção mais intensa(

Eu ilesa -areci -ara +ue !ossos coraç.es 9icassem tão a<sortos em mim +ue !os

torn)sseis inca-a@es de -ensar em +ual+uer outra coisa( 0s ) ha!$eis

a<andonado -or minha causa +ual+uer noção de certo e errado4 !ossos

9amiliares4 !ossos maridos e !ossos de!eres( Não h) nada de errado no +ue

9i@estes4 minhas +ueridas tam-ouco est) errado o +ue eu 9i@( amais -odereiretri<uir os ser!iços +ue me -restastes eles -oderão encontrar recom-ensa

a-enas na continuidade de !ossos o<sB+uiosV( 85%

Ele le!antouse e as #o-is4 li!res de ressentimento4 er*ueramse e

9ormaram um c$rculo( Senhor multi-licou sua -r-ria -resença e cada uma

sentiu +ue ele a a<raça!a -elo -escoço( cBu acima deles 9icou re-leto de

di!indades e suas consortes4 reunidos -ara assistir tim<ales celestiais ressoaram

uma chu!a de 9lores começou a cair4 e a roda das dançarinas começou a mo!er

se ao som r$tmico dos *ui@os de suas -ulseiras4 <raceletes e torno@eleiras( Com

 -assos lentos4 mo!imentos *raciosos das mãos4 sorrisos4 e2-ress.es amorosas

das so<rancelhas4 +uadris re<olantes4 seios a <alançar4 suor a<undante e laços

dos ca<elos des9a@endose4 assim como os das rou-as4 as #o-is começaram a

cantar( E o Senhor Wrsna4 di!ertindose entre elas4 mara!ilhosamente <rilhante4

*ritou3 VMuito <em^V4 a uma +ue tinha desa9inado um -ouco4 en+uanto

entre*a!a o <Btel de sua <oca a outra +ue o rece<ia com a l$n*ua4 e coloca!a

suas mãos de ltus so<re os seios delas4 dei2ando seu suor escorrer so<re todas(61 (!id%& 17&.$&

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Elas esta!am 9ora de si4 atordoadas4 rou-as 9ora do lu*ar4 *rinaldas e

ornamentos caindo( L) em cima4 as consortes dos deuses4 assistindo do cBu4

9icaram 9ascinadas o es-anto da lua e das estrelas intensi9icou seu <rilho( E

+uando uma #o-i desmaiou a seu lado4 atra!Bs de uma de suas m>lti-las -resenças Wrsna es9re*ou e acariciou o rosto dela com a mão4 en+uanto <eia!a

outra de tal maneira +ue os -7los do cor-o dela se eriça!am de -ra@er( As unhas

dele4 a9iadas como as 9lechas do Deus do Amor4 dei2a!am suas marcas mortais

so<re todas( As *rinaldas de seu -escoço 9icaram amassadas e todo ele

lam<u@ado com o aça9rão dos seios delas( Como um ele9ante louco de -ai2ão4

trom<eteando em meio a um re<anho de i*ualmente loucas ele9antes 97meas4 o

suor escorrendolhe das t7m-oras4 o deus4 acom-anhado de todo o sB+uito4

mer*ulhou no rio e ali4 rindo4 rolando4 <rincando4 *ritando4 uns o*a!am )*uanos outros4 -ara todos os lados( E o deus4 ali4 no _amuna4 era um ltus a@ul

escuro4 es-l7ndido4 rodeado de um en2ame de a<elhas ne*ras(

VMas como então4 meu MestreV4 -er*untou um rei4 +ue nesse Purbna 9oi

caracteri@ado como um ou!inte4 Vcomo -ode o criador4 de9ensor e -reser!ador

das leis da !irtude terse -ermitido !iolar todos os -receitos reli*iosos4

sedu@indo as mulheres de outrosIV

VMeu <om reiV4 res-ondeu o <rmane +ue esta!a recontando essa histriasa*rada -ara o a-er9eiçoamento reli*ioso do rei4 Vmesmo os deuses es+uecemse

da !irtude &pa'( #/*+ +uando suas -ai2.es estão -lenamente des-ertas4 Mas eles

não de!em ser condenados -or isso mais do +ue o 9o*o +uando +ueima( Pois o

+ue os deuses ensinam B a !irtude e ela de!e ser se*uida -elos homens mas o

+ue os deuses 9a@em B al*o di9erente( Nenhum deus de!e ser ul*ado como um

homem(V

Essa B a lição n>mero um(

VAlBm do maisV4 continua o te2to4 Vos maiores s)<ios4 como ns todos

sa<emos4 estão alBm do <em e do mal( A<sortos em de!oção ao Senhor4 eles não

mais estão -resos a seus atos(V

Essa B a lição n>mero dois( E a >ltimaI

VMas 9inalmenteV4 disse o <rmane +ue tudo sa<ia4 VWrsna ) se

encontra!a -resente nos coraç.es tanto das #o-is +uanto de seus amos como

est) nos coraç.es de todos os seres !i!os( Sua mani9estação como homem na

9orma de Wrsna !isa!a suscitar de!oção +uela -resença interna( E todos os+ue escutam de!idamente sua histria encontrarão tanto de!oção +uanto

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com-reensão acesas em seus coraç.es como4 h) muito tem-o4 esta!am acesas

no coração das #o-is de 0rinda!an( Pois4 +uando aca<ou a+uela noite de

arre<atamento lunar4 as #o-is !oltaram -ara seus maridos e os homens4 +ue nem

descon9ia!am +ue elas  ti!essem sa$do4 não 9icaram enciumados4 mas a-enasmais a-ai2onados -ela 9orça4 -resente nelas4 da doce ilusão de 0isnu4 criadora e

mantenedora do mundo(V85/

A-arentemente4 o contraste entre esta lição e a lenda do o!em Futuro uda

entre as mulheres no <os+ue ou na noite de sua 0isão do CemitBrio não -oderia

ser maior mas na+uele -er$odo4 tanto as seitas <udistas +uanto hindu$stas

 -re*a!am o caminho -ara a sal!ação4 não a-enas em termos de nti nti, Vnem

isto4 nem a+uiloV4 mas tam<Bm nos de iti iti4 VB a+ui4 e a+uiV( 0imos +ue dois

ne*ati!os 9ormam um -ositi!o e +ue +uando um -ensamento dualista B a9astado  e em conse+7ncia se reali@a o nir!ana o +ue -arece ser o so9rimento e a

im-ure@a do mundo J sam sāraK tornase o -uro 72tase do !a@io (nirvāna)

A 9ronteira do nir!ana B a 9ronteira do samsbra( Entre os dois4 não h) a

menor di9erença(85&

Tudo o +ue e !isto e2tin*uese3 o de!ir est) em re-ouso(amais4 em lu*ar al*um4 a Lei 9oi -re*ada a al*uBm -or um uda(858

 No -er$odo das *randes crenças4 essa inter-retação -ositi!a do nir!ana

condu@iu ao sur*imento de uma sBrie de mo!imentos d$s-ares ainda +ue

relacionados4 mostrando in9lu7ncias rec$-rocas entre as con*re*aç.es <udistas e

 <ramnicas( E um desses mo!imentos4 chamado culto Sahaia4 +ue 9loresceu

em en*ala no -er$odo da dinastia Pala Jc(,&?%/?? d(C(K4 sustenta!a +ue a

>nica e2-eri7ncia !erdadeira do -uro 72tase do !a@io era o 72tase da relação

se2ual4 +uando Vcada um B am<osV( Esse era o caminho natural4 di@iase4 -ara a

nature@a inata J saha*aK de cada um e4 -ortanto4 tam<Bm do uni!erso3 o caminho

liderado -ela -r-ria nature@a(

Assim4 lemos3 V mundo todo B da nature@a de saha*a  -ois  saha*a B a

9orma &pa'( #/-+ a-ro-riada J svar>#aK de tudo4 e isto e o nir!ana -ara a+ueles

6$ (!id%& 17&..&6. M*dh$ami+a 3*stra $6&$7 (vers!o )i3e)ana%&6  (!id &, $6&$& :e MaH +alleser, Die Mittleve 0e!re des *g*r<una& nach der ti!etanischen 8ersion?!ertragen (Carl +in)erAs niversi)U)s3"chhandl"ng, ;eidel3erg, 1#11%,pp& 1'.21'&

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+ue -ossuem um intelecto inteiramente -uroV(855  6=aha*a de!e ser intu$do

internamenteV856 V[ isento de +ual+uer som4 cor e +ualidade não se -ode 9alar

dele nem tam-ouco conhec7lo(V85, V"uando a mente se e2tin*ue e o so-ro !ital

cessa4 h) o su-remo #rande Deleite3 ele nem -ermanece constante nem 9lutuatam-ouco -ode ser e2-resso em -ala!ras(V85= VNesse estado4 a mente indi!idual

est) unida a saha*a como a )*ua ) )*ua(V85:  VNão h) nenhuma dualidade em

 saha*a. Ele B -er9eito4 como o cBu(V86?

E ainda3 VTodas as 9ormas e2ternas de!em ser reconhecidas como -uro

!a@io( A mente tam<Bm de!e ser com-reendida como -uro !a@io( E -ela

com-reensão de +ue tanto os o<etos +uanto os sueitos carecem de ess7ncia

intr$nseca4 a realidade de saha*a re!elase -or si mesma no coração do -raticante

consumadoV(86% Sa<ese então3 VEu sou o uni!erso Eu sou o uda Eu sou -ure@a a<soluta Eu sou nãoco*nição Eu4 o +ue e2tin*ue o ciclo da

e2ist7nciaV(86/

 Nas lamaserias <udistas do Ti<ete4 +ue -assaram a e2istir durante o

 -er$odo a+ui descrito e -ersistiram atB a recente che*ada dos chineses4 as

ima*ens e estandartes sa*rados e2i<iam os !)rios <udas e 2odhisattvas

a<raçados com suas  Aaktis na -ostura io*ue conhecida como <a2+<um, VPai

MãeV( [ a *rande -rece dos anti*os moinhos de oração do Ti<ete4 Om mani #adm hum, VA -edra -reciosa JmaniK  no ltus J #admKV4  si*ni9ica4 em um

sentido4 a iman7ncia do nir!ana Ja -edra -reciosaK no samsara Jo ltusK mas

tam<Bm4 como no $cone do macho e da 97mea unidos4 o  \ingam na  !oni.

 Buddhatvam !o sid!onisam Aritam, a9irma um a9orisma <udista tardio3 V Estado

de uda reside no r*ão 9emininoV(

E 9oi assim +ue4 +uando o sonho relati!amente intan*$!el da dança de Wrsna

com as #o-is entrou em contato com esse mo!imento +ue ) tinha assimilado

a tradição Xi!aXaOti 4 se desen!ol!eu uma no!a tend7ncia na +ual o

res-eitado -oema ertico de aade!a4  7an&'o do ^a5uiro Jc(%%,5 d(CK4 B

66 .eva<ra Tantra (Man"scrip) in li3rary o? Ioyal 0sia)ic Socie)y o? -engal, Calc")Q%, p& .' (-%= ci)adopor Shashi3h"san :asg"p)a, L!scure 'eligious Cults as Bac+ground of Bengali 0iterature (niversi)yo? Calc"))a, 1#'%, p& #7&6' :asg"p)a, op% cit%& p& #1&6< (!id%& p& #, ci)ando "araha2 p*da, Doh*+osa%6 (!id%& p& #., ci)ando o mesmo&6# (!id%& p& #., ci)ando o mesmo&'7 (!id%& p& #6, ci)ando o mesmo&'1 (!id%& p& #<, ci)ando o mesmo&'$ (!id &, p, 177, ci)ando Tillo2pada, Doh*+osa%

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um documento sem -ar( centro do -alco e ocu-ado a+ui4 não -elo *ru-o das

#o-is nem -elo -r-rio Wrsna4 mas -or a+uela cuas -e*adas 9oram !istas unto

s do seu Senhor( Ela rece<e a*ora um nome e uma -ersonalidade( E com uma

ousadia a meu !er >nica na literatura reli*iosa4 uma mulher -or demaishumana se torna um o<eto de de!oção ante o +ual atB mesmo Deus4 o -r-rio

Criador4 se cur!a(Ela era Radha casada4 um -ouco mais !elha +ue o ra-a@( E4 se*undo

conta aade!a em seu -oema Jconce<ido em do@e odes4 cada uma a ser cantada

de acordo com certa mBtrica e com-asso musical4 maneira de uma -eça l$ricaK4

o romance entre eles iniciouse uma noite nas clareiras de 0rinda!an4 +uando

tinham sa$do com Nanda4 -ai adoti!o de Wrsna4 e outros anciãos do clã a 9im de

cuidar do re<anho de !acas( cBu escureceu4 a 9loresta tam<Bm4 e Nanda4 !irandose -ara Radha4

disse3 V menino est) com medo le!ao -ara casaV( Ela -e*ou a mão dele e

na+uela noite ele 9oi condu@ido4 não -ara casa4 mas -ara o amor4 mar*em do

_amuna(

VLou!ado sea 0isnu^V4 escre!e o -oeta( Vu!indo esta canção de

aade!a4 +ue Ele a torne ca-a@ de ensinar^V &pa'( #//+

[ recitada uma litania das encarnaç.es de 0isnu4 da +ual Wrsna B a oita!a4e o +ue 9icamos sa<endo B +ue Radha4 doente de amor4 -eram<ula inconsol)!el

entre os <os+ues de 0rinda!an com uma criada(

VEu seiV4 cantou sua com-anheira +uando -araram -ara descansar Vsei

onde est) Wrsna3 <eiando uma4 acariciando outra e a*arrando uma terceira(

0estido de amarelo4 adornado de *rinaldas4 ele dança com suas mulheres4

le!andoas loucura4 e a mais <ela de todas dança com ele a*ora(V

Radha4 9uriosa4 in!estindo contra o <os+ue4 irrom-eu enlou+uecida entre o

*ru-o e <uscando a <oca de Wrsna4 de!oroua a-ai2onadamente *ritando3 VSim4

meu +uerido4 tua <oca B am<rosiaV(

E assim termina a -rimeira ode da canção de aade!a(

A se*unda ode B chamada VA Penit7ncia de WrsnaV3

Pois o deus continuara dançando im-ertur<)!el e Radha4 reeitada4

retirouse amuada -ara um re9>*io na 9loresta( Ela sus-ira!a( VAi de mim^

Minha alma não conse*ue es+uecer Wrsna(V E sua criada entoou esta canção3

Vh^ +ue Wrsna me des9rute de todas as maneiras do deseo( "ue ele sedeite ao meu lado esta noite4 me sedu@a com seus sorrisos e4 a-ertandome em

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seus <raços4 sa<oreie meus l)<ios4 durma so<re meus seios no leito de 9lores^V A

canção continua3 V"ue suas unhas se cra!em em meus seios e4 indo alBm da

ci7ncia do amor4 +ue ele me -e*ue -elos ca<elos -ara arre<atarme4 en+uanto as

 ias nos meus mem<ros tre-idam e meus cintos se a<rem^ E oh4 +ue eu caiacomo uma liana em seus <raços4 im!el -elo 72tase4 no momento em +ue o ato

de amor ti!er aca<adoV(

VPois a*ora mesmoV4 a canção -rosse*ue4 V!eoo interrom-endo a dança(

A 9lauta cai de sua mão3 a <rincadeira no <os+ue -erdeu o encanto( Recordando

a+uela <re!e !isão de sua amada seus seios4 um <raço4 um cacho de ca<elos

  seu coração a9astouse da dança(V \(((]

-oema B sensual e um cr$tico de hoe o com-araria antes com ^8nus

 dWnis de ShaOes-eare4 uma es-Bcie de -eça de alco!a4 do +ue4 di*amos4 com a ]mita&'o d 7risto de Thomas Wem-is( Mas na 1ndia4 onde as coisas nunca são

 <em o +ue nos -arecem4 a V'mitação de WrsnaV no mistBrio de sua união com

Radha Jcomo4 -or e2em-lo4 e2-resso no nome RadhaOrishnanK 9oi4 atra!Bs dos

sBculos +ue se se*uiram4 uma +uestão de -ro9unda de!oção reli*iosa4

a-resentada -ela -rimeira !e@ na corte dos reis da dinastia Pala(

A terceira ode do -oema 9ala a*ora do VWrsna Pertur<adoV(

Ele dei2ou as #o-is e4 de-ois de -rocurar Radha no <os+ue4 sentaseso@inho numa moita de <am<u e canta4 mar*em do _amuna3 VAi de mim^ Ela

 -artiu4 -ois eu dei2ei +ue -artisse^ De +ue me !alem a*ora os ami*os4 ou a !idaI

Posso !er seu cenho4 9urioso e o9endido( PorBm *uardoa em meu coração( \(((]

Mas se -osso conser!)la em meus -ensamentos4 ser) +ue ela -ode4 realmente4

ter -artidoIV

A +uarta ode B chamada VWrsna ReanimadoV3 a criada de Radha !ai atB

Wrsna e canta -ara ele as saudades de sua amante( VPara os -ra@eres de teu

a<raço ela -re-arou um leito de 9lores( Como -oderia ela !i!er sem tiI 0em^

 -ois ela est) doente de amor(V &pa'( #/0+

A +uinta ode B VWrsna AnsiosoV3 VDi@elhe +ue estou a+uiV4 -ediu ele( E a

moça retornou a Radha com uma canção incitante4 desa!er*onhada( VEle a9inou

os tons de sua 9lauta de acordo com teu nome( h4 !ai a ele cheia de deseo(

So<re um leito de Tolhas macias4 com o !estido e o cinto a<ertos4 o9erecelhe a

sensualidade de teus +uadris com o rico tesouro de seu doce rece-t)culo de

 -ra@er( Ele est) im-aciente4 <uscandote em toda -arte( [ hora(VVWrsna mais usadoV4 ode seis3 mas a mulher4 arre<atada -elo amor4

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esta!a 9raca demais -ara mo!erse( A criada retornou4 -ortanto4 a Wrsna(

VE +ue este -oemaV4 acrescenta aade!a4 Vd7 ale*ria a todos os amantes^V

VEla a*uarda entre 9lores !i!e a-enas dos sonhos de teu amor -er*unta

se -or +ue hesitas4 e <eia mira*ens4 chorando ali so@inha( A cada 9olha +ue cai4ela -ensa +ue -odes ser tu e alisa o leito( Por +ue4 então4 demoras a che*arIV

de sete4 VWrsna tido como TraidorV3 a lua sur*iu4 mas nenhum Wrsna

che*ou4 e Radha4 so@inha4 lamenta!a( VA hora che*ou e 9oiseV4 ela sus-irou(

VAi de mim( 9ui a-a*ada de seu coração^V

VMas +ue este -oemaV4 canta aade!a4 V!i!a4 Leitor4 em teu coração^V

Vutra mulher en!ol!euo( s ornamentos de seu cinto tilintam medida

+ue ela anda( alançam atraentemente acom-anhando seus +uadris e os

murm>rios de -ra@er( Meu Deus^ Posso !7lo colocando -Brolas amorosamenteem !olta do -escoço dela4 ) marcado -or suas unhas( \(((]V

E aade!a acrescenta3 V"ue 0isnu4 tocado -or este -oema4 ins-ire todos

os coraç.es^V

de oita!a4 VWrsna Re-reendidoV3 o amante che*a com timide@4 e a-esar

de terse cur!ado ante seus -Bs Ele4 a encarnação do Senhor +ue !i!e em

todos os seres a mulher terrena torturao en9urecida( VEsses olhos 9undos^ De

chorarI Não seria4 antes4 resultado de uma noite de e2cessosI 0ai^ Desa-arece^Se*ue o rastro da+uela +ue te causou tal 9adi*a^ Teus dentes estão ne*ros com a

 -intura de seus olhos( Teu cor-o marcado -elas unhas dela B a -ro!a de sua

!itria( A marca dos dentes dela em teus l)<ios machuca minha mente4 h tu^

Tua alma B ainda mais ne*ra do +ue teu cor-o( Tu -eram<ulas -ela 9loresta

a-enas -ara de!orar ra-ari*as(V

VhV4 canta o -oeta( Vh !s s)<ios^ Escutai os lamentos do coração desta

 o!em mulher^V

de no!e3 V Fim do ul*amento de WrsnaV( A criada 9alou3 V minha

+uerida Radha4 teu <elo amante ) che*ou( "ue -ra@er maior h) na terraI Por

+ue não dei2as +ue a a<undncia de teus seios4 mais -esados do +ue cocos4 se

derrame de -ra@erI Não des-re@es este delicioso o!em( Não lamentes( lha

 -ara ele( Amao( De!orao( De*ustao como uma 9ruta(V

Vh4 +ue este -oemaV4 canta o -oeta4 Vdelicie o coração de todos os

amantes( E 4 adorado -astor de 0rinda!an4 9a@e com +ue com as notas de tua

9lauta +ue atin*e todas as mulheres como um 9eitiço e +ue<ra as amarras atBdos -r-rios deuses remo!a de todos ns as cadeias do so9rimento^V  &pa'(

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#/1+

DBcima ode4 VWrsna no Para$soV3 -aci9icada -or sua criada4 Radha

mostrou sua 9ace mais sua!e4 e Wrsna4 no cre->sculo +ue se a-ro2ima4 9aloulhe

entre sus-iros e l)*rimas(V <rilho de teus dentes4 tão relu@ente +uanto a lua4 es-anta as tre!as de

meu medo( 9o*o do deseo arde em minha alma3 dei2ame a-a*)lo no mel

dos teus l)<ios( Se esti!eres com rai!a4 a-unhalame com os olhos4 acorrentame

em teus <raços e ras*ame em tiras com teus dentes( Tu Bs a -Brola no oceano de

minha e2ist7ncia( Tu Bs a mulher do meu coração( A9asta o medo +ue te ins-irei(

 Não h) nenhuma outra 9orça em meu coração +ue não sea a do amor(V

DBcima -rimeira ode3 VA União de Radha e WrsnaV( Ele se diri*iu ao leito

de 9lores +ue ela ha!ia -re-arado e uma das #o-is -resentes aconselhoua3V"uerida4 tu a*ora te tomaras a assassina dele( A-ro2imate com um andar al*o

indolente4 as torno@eleiras tilintando lan*uidamente -ara +ue ele sai<a +ue teu

nimo a*ora B dcil( Le!a a ele essas co2as4 redondas como as trom<as dos

ele9antes4 dei2ando +ue teu coração4 +ue est) a*ora ansiando a<ertamente -or

seus l)<ios4 sea teu *uia( #loriosa4 ador)!el mulher4 teu cor-o maestoso est)

 <em -ro!ido -ara a noite de <atalha +ue se a-ro2ima3 continua marchando4

marchando ao ritmo da <atida de teu cinto de -edras -reciosas4 <alançantede-ois de dei2ares o reunir de luas -ulseiras -roclamar o ata+ue iminente4 cai de

unhas a9iadas so<re seu -eito( Ele a*uarda tremendo4 trans-irando de ><ilo(

En!ol!eo inteiramente nas tre!as desta noite -er9eitaV(

Radha ru<ori@ouse mas sua criada a-ressoua3 VComo -odes ter medo de

al*uBm a +uem -odes com-rar como teu escra!o -or um -ouco de *o@o

 -ro-orcionado tão ra-idamente +uanto um -iscar de olhosIV

E a mulher4 <rilhando como o disco da lua4 er*ueuse com medo e -ra@er4

 -ara se diri*ir com as torno@eleiras tinindo ao re9>*io da 9loresta( E as #o-is

+ue ali esta!am -artiram4 co<rindo a <oca -ara esconder o sorriso -ois ela )

tinha se des-ido de toda !er*onha(

ltima ode4 V Deus de 0estimenta Amarela Su<u*adoV3

A encarnação de Deus 9alou a Radha( VDei2ame a<rir tuas !estes e

a-ertar meu coração contra teu -eito4 de!ol!endo a !ida ao teu escra!o(V Eles

retardaram a 9usão de seus cor-os -ermanecendo -or um tem-o des9rutando do

mel dos l)<ios e olhos um do outro mas +uando Radha tomou a iniciati!a4 a <atalha do amor se iniciou(

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Ela -rendeuo re-entinamente en!ol!endoo com os <raços4 -rocurouo

com o -eito4 arranhouo com as unhas e cortoulhe o l)<io in9erior com os

dentes a*rediuo com os +uadris4 -u2oulhe a ca<eça -elos ca<elos e então

su9ocouo com o hidromel de sua <oca( "uando os olhos dela se 9echaram e suares-iração se tornou mais di9$cil4 entretanto4 a 9orça de seus <raços rela2ou e a

*rande @ona dos +uadris 9icou im!el( deus então mo!euse -ara o cam-o( E

+uando amanheceu4 o +ue o di!ino amante da mulher !iu so< si 9oi o -eito dela

lacerado -elo e2Brcito de suas unhas4 os olhos dela em <rasa -or 9alta de sono4 a

cor de seus l)<ios e2tinta4 sua *rinalda des9eita enroscada em seus ca<elos

desalinhados e suas rou-as soltas &pa'( #0)+ da cinta de -edras -reciosas( A!isão4 como uma sarai!ada de 9lechas de amor4 su<u*ouo(

VE B  leitor +ue este deus +ue des-iu Radha de suas !estes -ara olhar comolhos em<e!ecidos os -in)culos t>midos de seus seios4 en+uanto -rocura!a

entret7la com um te2to do Purbna4 +ue este deus sea tua -roteção( "uando os

deuses e demnios <ateram o ceano L)cteo4 Wrsna relatou4 a 9im de o<ter a

mantei*a da imortalidade4 eles o <ateram -or mil anos então a-areceu -ela

 -rimeira !e@ uma 9umaça tão !enenosa +ue toda a+uela ação te!e de ser

interrom-ida atB +ue o maior de nossos io*ues4 Xi!a4 colocou o !eneno numa

2$cara e o <e<eu4 retendoo na *ar*anta -or meio de sua io*a( Eu tenho me -er*untado -or +ue ele 9e@ isso( !eneno dei2ou sua *ar*anta a@ul4 de maneira

+ue o chamamos de #ar*anta A@ul( Mas a*ora acho +ue ele o <e<eu -or+ue

sa<ia4 minha +uerida4 +ue +uando tu !ieste ao mundo a mar*em da+uele *rande

mar l)cteo4 tu escolherias -ara teu amante4 não a ele4 mas a mim(VE Radha4 lan*orosamente 9eli@4 9oi tomando consci7ncia de seu

desalinho3 ca<elos emaranhados4 suor no rosto4 arranh.es nos seios e acinta 9ora de lu*ar( A9lita4 começou a desamassar sua *rinalda e4 en+uantocom um <raço -rote*ia os seios e com o outro o se2o4 ela se a9astou("uando !oltou4 9ati*ada4 com -ra@er e admiração -ediu ao amante +ue aaudasse a arrumar as !estes(

VWrsna4 meu +uerido4 reno!a com tua mão *entil o - de sndalo do meu

 -eito a*ora4 a ma+uila*em de meus olhos a+ui4 os <rincos a*ora num

arrano <em <onito estas 9lores em meu ca<elo 9a@e uma <ela -inta em

minha testa( E a*ora4 a cinta e a corrente de -Brolas -ara co<rir no!amente estas

!irilhas roliças e suculentas +ue o9ereceram uma -assa*em estreita -ara oele9ante do amor(V

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V leitorV4 canta o -oeta4 Vou!e estes !ersos de aade!a com o coração^V

VA*ora co<reV4 ela disse4 Vmeus seios coloca as -ulseiras de !olta nos

meus <raços( \(((]V

E seu amado 9e@ o +ue ela mandou4 a-esar de ser4 de 9ato4 o -r-rio Deus(V  leitor -ossa o Senhor4 -rote*endote4 multi-licar no mundo os

sinais de sua oni-ot7ncia3 0isnu4 o Ser >nico entre Todos4 +ue -assou -or uma

mir$ada de cor-os4 le!ado -or seu deseo a !er com olhos m>lti-los os -Bs de

ltus da Filha do ceano L)cteo^ "ue os s)<ios -ossam e2trair deste -oema

tudo o +ue h) nele da arte da+ueles seres di!inos +ue em ><ilo !7em e cele<ram

o Senhor^ E +ue -ossam todos os +ue amam o Destruidor do So9rimento le!ar

 -ara sem-re em seus l)<ios esta canção do *rande aade!a4 cuo -ai era o

ilustre anade!a4 e Ramade!i4 a mãe(V86&

aade!a era um <ardo( Na u!entude ha!ia sido asceta errante4 mas

+uando um <rmane lhe o9ereceu sua 9ilha4 ele a des-osou 9oi a-s seu

casamento +ue escre!eu o -oema so<re a -resença da di!indade no amor o

 -r-rio deus Wrsna4 se*undo contam4 -restoulhe assist7ncia ante a di9iculdade

em descre!er a <ele@a de Radha(868

Mas nem todos os +ue deseam e2-erienciar a di!indade do amor são

dotados -ela nature@a da+uela +ualidade de es-$rito +ue os tro!adoreschama!am de Coração Am)!el( E assim como temos cursos de redação -ara os

+ue não sa<em escre!er4 na &pa'( #0!+ 1ndia 9oram criados cursos de amor -ara

+uem não sa<ia amar4 e seu curr$culo e di!idido em tr7s n$!eis3 %( 'niciante

J #ravartaK4  +ue a-rende a re-etir o nome de Deus JnāmaK  e a recitar certas

 -ala!ras m)*icas JmantraK  Y. Disc$-ulo a!ançado J sādhakaK4  +ue a-rendeu a

!i!enciar a Vemoção di!inaV J2hāvaK  e assim est) +uali9icado a iniciarse nas

disci-linas em com-anhia das mulheres e4 9inalmente4 &( Mestre Per9eito

J siddhaK +ue4 ao reali@ar o VamorV (#rma da rai@ snscrita  #rī, Va*radar4

ale*rar4 animar mostrar *enerosidade4 *raça ou 9a!or *ostar deVK4 alcança a

V9elicidadeV (rāsa Va sei!a4 o sumo4 o nBctar o sa<orVK(865

E2istem relatos so<re essas escolas do chamado Caminho da Mão

Es+uerda Jvāmacārī K4 das -ala!ras vāma, Vre!erso4 o-osto4 es+uerdo mau4 !ilV4

mas tam<Bm4 V<elo4 a*rad)!elV4 e cārī, Va+uele +ue !ai4 -rosse*ue ou anda -or

'. Jayadeva, Gt*govinda+*v$am& consideravelmen)e condensado= ed& C& *assen (-onn, 1.'%&' +in)erni)z, op& cit%& vol& @@@, p& 1$<&'6 :asg"p)a, op% cit &, p& 1'&

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um caminhoVK -or e2em-lo4 nas -ala!ras do o<ser!ador alemão do sBculo ;';4

A( arth3 V uso de aumento animal e de <e<idas alcolicas4 consumidos em

e2cesso4 B re*ra nessas estranhas cerimnias4 nas +uais XaOti B !enerada na

 -essoa de uma mulher nua e as -r)ticas terminam com a c-ula carnal dosiniciados3 cada casal re-resenta haira!a e haira!i JXi!a e De!iK e assim4 nesse

momento4 identi9icase com eles( Esse B o c$rculo sa*rado J Arī cakraK  ou a

consa*ração total J #urnā2hi skaK4 o ato essencial4 ou melhor4 -reli<ação da

sal!ação4 o rito su-remo deste misticismo deliranteV(866

s te2tos sa*rados dos vāmacārī  -ertencem a um ti-o de escritura reli*iosa

conhecida como antra JVtear4 teia !este disci-lina manual caminho certoVK

eles !em do -er$odo #u-ta e -osteriores e são essencialmente su-lementos

tBcnicos das !)rias escrituras -urnicas de 0isnu4 Xi!a e da Deusa4 sendo al*unsdo Caminho da Mão Direita Jdak  sinaK  e  outros da Mão Es+uerda entre as

instruç.es deste >ltimo4 l7se3

VSou haira!a4 o Eu nisciente4 dotado de +ualidades(V

Tendo assim meditado4 +ue o de!oto -rossi*a atB a adoração a Wula( 86,

0inho4 carne4 -ei2e4 mulher e união se2ual3Estas são as cinco <7nçãos +ue a9astam todos os -ecados( ∗86=

 Nesses ritos o o<eto sa*rado B uma o!em nua dançando4 de!ota4

 -rostituta4 la!adeira4 es-osa de <ar<eiro4 mulher <rmane ou sudra4 9lorista ou

leiteira4 e a hora tem de ser meianoite( *ru-o de!e ser 9ormado -or um

c$rculo de oito4 no!e ou on@e casais nos -a-Bis de haira!a e haira!i( São

 -ronunciados mantras &pa'( #0#+ es-ec$9icos4 de acordo com a classe da -essoa

escolhida -aia ser XaOti4 +ue então B adorada de acordo com a re*ra( Ela B'' 0& -ar)h& )rad"zido por J& +ood, The 'eligions of (ndia (;o"gh)on, Mi??lin and Company, -os)on,1$%, pp& $762$7'&'<  3$*ma 'ohas$a, c?& ci)ado em ;&;& +ilson, >ssays on )he Ieligion o? )he ;ind"s>,  "elected5or+s (TrV3ner and Company *ondres, 1'1%, vol& @& p& $66, no)a 1& R  ssas cinco >39n!os> s!o conhecidas como os Cinco mesE vinho (mad$a%, carne (mamsa%, peiHe(mats$a%, m"lher (mudr*% e "ni!o seH"al (maithuna%& Nos chamados >ri)os s"3s)i)")ivos>, designados5"eles "e ?oram aconselhados por se"s g"r"s a adorar a de"sa n"ma a)i)"de an)es de criana do"e de aman)e, mad$a )orna2se lei)e de coco= mamsa& gr!os de )rigo, gengi3re, gergelim, sal o" alho=mats$a& ra3ane)e vermelho, gergelim vermelho, masur ("m )ipo de gr!o%, a verd"ra !rin<al 3ranca e paniphala ("ma plan)a a"Q)ica%= mudr*& )rigo, arroz com e sem casca e)c&, e maithuna& s"3miss!o

in?an)il dian)e dos /Ls de *)"s da M!e :ivina, (Sir John +oodro??e, "ha+ti and "ha+ta& Ganesh andCompany, Madras e *ondres, 1#$#, .a ed&, pp& 6'#26<7%&' (!id &, c?& ci)ado por +ilson, >ssays on )he Ieligion o? )he ;ind"s>, p& $6', no)a 1&

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colocada des-ida4 mas ricamente ornamentada4 dentro ou ao lado de um c$rculo

de -ares de homens e mulheres de!otos e -uri9icada atra!Bs de !)rios mantras(

A su-rema s$la<a sa*rada da ocasião lhe B sussurrada tr7s !e@es no ou!ido ela B

as-er*ida com !inho4 rece<e carne4 -ei2e e !inho +ue a<ençoa com seu to+ue e ase*uir são distri<u$dos ao som de uma sin9onia de cnticos sa*rados4 ela torna

se assim o instrumento de uma se+7ncia de atos sacramentais -reliminares +ue

culminam numa consa*ração *eral Vacom-anhada o tem-o todoV4 como

escre!e H(H( ilson4 Vde mantras e 9ormas de meditação su*erindo idBias muito

alheias ao cen)rioV(86:

utras maneiras de adorar a Deusa4 como !imos4 en!ol!em o sacri9$cio de

!$timas humanas e mesmo a de*ustação de sua carne( utras ainda4 -ara a

o<tenção de -oderes m)*icos4 e2i*em de um io*ue reali@ado +ue ele medite meianoite num cemitBrio4 num chão ardente ou num local onde são e2ecutados

os criminosos4 sentado so<re um cad)!er se ele conse*uir reali@ar isso sem

medo4 os 9antasmas e duendes 9emininos tornarseão seus escra!os(8,? 

E2erc$cios erticos -odem acom-anhar ou encerrar tais ritos( Certos de!otos

V9uram sua carne com *anchos e es-etos4 atra!essam suas l$n*uas e <ochechas

com instrumentos -ontudos4 deitamse em camas de -re*os ou cortamse com

9acasV(8,%

 utros4 chamados Portadores de Crnios4 co<remse com as cin@as deuma -ira 9uner)ria4 -enduram uma corrente de crnios humanos em !olta do

 -escoço4 trançam os ca<elos e usam uma -ele de ti*re so<re os +uadris4 le!ando

na mão es+uerda um crnio como ti*ela e na direita um sino +ue de!e ser tocado

incessantemente en+uanto *ritam3 Vh4 Senhor e Es-oso de Wbl^V8,/

Em *eral4 as seitas do Caminho da Mão Es+uerda re-udiam a casta

durante o momento sa*rado do rito( VEn+uanto o tantra de haira!a est)

 -resente na sessão todas as castas são <rmanesV4 lemos em um te2to t$-ico(

VTerminada a sessão4 elas !oltam a ser distintas(V8,&  rito B uma 9orma de io*a4

uma -assa*em -ara alBm dos limites da es9era do dharma, e4 na !erdade4 a tal

 -onto +ue em certas !ariantes dessa -r)tica mesmo as -roi<iç.es de incesto t7m

de ser desconsideradas( Por e2em-lo4 no chamado Vculto cor-eteV JkanculiK4 na

hora da adoração as de!otas de-ositam suas !estes su-eriores numa cai2a aos

'# +ilson, >ssays on )he Ieligion o? )he ;ind"s>, pp& $62$6#, no)a 1= ci)ando o :ev Iahasya&<7 (!id &, p& $6<&<1 (!id &, p& $'6&<$ (!id &, p& $', no)a 1, ci)ando 0nandagiri, "avi+ara 8i<*$a&<. (!id%& p& $'$, no)a 1= ci)ando 3$*ma 'ahas$a&

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cuidados do *uru e4 ao terminarem as cerimnias -reliminares4 cada um dos

homens -e*a um cor-ete da cai2a e a mulher a +uem este -ertence Vmesmo

sendo uma -arente -r2imaV tornase sua -arceira de consumação( V

o<eti!oV4 a9irma H(H( ilson ao a-resentar este dado4V \(((] B consolidar todosos laços de aliança 9eminina4 não a-enas 9ortalecendo uma comunidade de

mulheres entre as de!otas4 mas desconsiderando atB mesmo as restriç.es

naturais(V Pois declarase V+ue todos os homens e todas as mulheres são de uma

casta >nica e +ue sua relação se2ual est) isenta de trans*ressão(V 8,8

VA9asta a idBia de dois e s7 de um cor-oV4 lemos num hino +ue cele<ra a

reali@ação desse caminho4 Vmuito di9$cil B esta disci-lina do amor(V8,5 &pa'( #0$+

Tanto aade!a +uanto os cultos tntricos de XaOti coloca!am a mulher no

centro do sistema sim<lico( As !ers.es -urnicas -osteriores de Wrsna e as#o-is4 -or outro lado4 de!ol!eram a liderança ao deus masculino e4 mesmo

acrescentando a 9i*ura de Radha ao cen)rio4 e2-andiram o rāsa a uma am-litude

de loucura dionis$aca +ue creio não tem e+ui!alente em -arte al*uma da

histria do -ensamento reli*ioso( Como lemos no Brahmavaivarta Purāna  do

sBculo ;'03

Dentro da 9loresta4 o c$rculo da+uela dança era cuidadosamenteas-er*ido com aloB4 aça9rão4 sndalo e alm$scar( Na )rea ha!ia numerosos la*os

destinados ao la@er e ardins re-letos de 9lores *ansos4 -atos e outras a!es

a+u)ticas nada!am em suas su-er9$cies cristalinas man*ueiras e <ananeiras

cerca!am a re*ião4 e Wrsna4 !endo a+uela <ela clareira e a )*ua 9resca na +ual

 -odia ser la!ada a 9adi*a da -ai2ão4 sorriu e4 -ara chamar as #o-is -ara o amor4

tocou sua 9lauta(

Radha4 em sua morada4 ao ou!ir a melodia4 9icou -arada como uma

)r!ore4 en+uanto sua mente se dissol!ia em contem-lação unidirecional( E

+uando !oltou a si4 ao ou!ir no!amente o som da 9lauta4 9icou muito a*itada(

Le!antouse( Sentouse( Então4 es+uecendose de todos seus a9a@eres4 saiu

correndo de casa e4 olhando -ara todas as direç.es4 correu -ara o lado do +ual

!inha a m>sica4 sem-re com os -Bs de ltus de Wrsna em sua mente( A !ol>-ia

de seu cor-o e o <rilho de suas ias ilumina!am a 9loresta(

E as outras #o-is4 suas trinta e tr7s com-anheiras4 as melhores de sua

< (!id &, $'.&<6 :asg"p)a, op% cit &, p& 1'', ci)ando Candidas&

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raça4 ao ou!irem a 9lauta4 tam<Bm 9oram assaltadas -ela -ai2ão e4 es+uecendo

se de suas tare9as domBsticas4 -reci-itaramse -ara a 9loresta( Elas eram i*uais

em idade4 <ele@a e adornos e cada uma esta!a acom-anhada de um sB+uito de

muitas mil Sushila de de@esseis mil SashiOala4 de cator@e mil ChandramuOhi4de tre@e mil Madha!i4 de on@e mil etc(4 resultando num total de no!ecentas mil(

Muitas tinham *rinaldas nas mãos4 outras sndalo4 outras moscadeiros4 outras

alm$scar muitas le!a!am ouro4 outras aça9rão4 outras4 ainda4 tecidos( Ao lon*o

do caminho iam cantando o nome de Wrsna e +uando che*aram ao local da

dança4 o +ue !iram era mais encantador do +ue o cBu4 radiante com a -ura lu@

do luar(

Uma <risa sua!e trans-orta!a o -er9ume das 9lores4 a<elhas @uniam -or

todos os lados e o arru$no dos cucos seria ca-a@ de sedu@ir os coraç.es dos

santos( As mulheres esta!am a*itadas( E o Senhor Wrsna !iu com satis9ação +ue

Radha4 como uma -edra -reciosa entre o *ru-o se a-ro2ima!a com olhares

tra!essos( Seu andar sedutor4 maestoso como o -asso do ele9ante4 teria

 -ertur<ado a mente de um io*ue -ois ela encontra!ase na 9lor de sua

 u!entude4 encantadora4 com n)de*as e co2as mara!ilhosamente *randes( A cor

de sua -ele era a da 9lor do cham- seu sem<lante era o do luar de outono seus

ca<elos !içosos esta!am -resos -or uma *rinalda de -er9umados asmins+uando ela !iu +ue o o!em Wrsna4 lindamente ne*ro4 a o<ser!a!a4 co<riu

timidamente o rosto com a <orda da saia4 mas de!ol!eu o olhar4 -or !)rias

!e@es4 e -ro9undamente atin*ida -ela 9lecha do amor4 sentiu um arre<atamento

tal +ue +uase desmaiou( &pa'( #05+

Mas Wrsna tam<Bm 9ora atin*ido4 A 9lauta4 <em como o ltus com o +ual

 <rinca!a4 ca$ramlhe das mãos e ele 9icou como +ue -etri9icado4 Mesmo as

rou-as ca$ram de seu cor-o( Mas em um instante ele recu-erou o u$@o4 9oi atB

Radha e a<raçoua4 de!ol!endolhe as 9orças com seu to+ue( E o senhor de sua

!ida4 mais caro -ara ela do +ue a -r-ria !ida4 a9astouse com ela4 <eiandose

os dois incessante mente4 e encaminharamse -ara um a<ri*o de 9lores onde se

acariciaram durante um tem-o4 trocando <Bteles de suas <ocas( Mas +uando ela

en*oliu o +ue ele lhe ha!ia dado4 ele -ediuo de !olta e ela te!e medo4

 -rostrandose a seus -Bs( Então4 Wrsna4 tomado de amor4 a 9ace radiante de

deseo4 uniuse a ela num 9lorido leito de -ra@eres(ito ti-os de relação se2ual re!erso e outras 9ormas Wrsna4 o mestre

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dos -ra@eres4 -raticou com sua 9ormosa Radha4 arranhando4 mordendo4 <eiando4

 <atendo4 de todas as maneiras conhecidas -ela ci7ncia do amor maneiras +ue

 -ri!am as mulheres de suas mentes( E com todas as outras tam<Bm4 a um s

tem-o4 Wrsna com-ra@euse arre<atadamente4 a<raçando cada mem<ro de seuscor-os ardentes com seus mem<ros i*ualmente ardentes( Como ele e Radha

eram -eritos na arte do -ra@er se2ual4 sua <atalha de amor não te!e nenhuma

interru-ção -orem4 mesmo estando untos4 Wrsna4 assumindo 9ormas id7nticas4

 -enetra!a todos os recnditos e des9ruta!a dos cor-os das #o-is na es9era

*loriosa da dança( No!ecentas mil #o-is 9oram assim des9rutadas -or um

n>mero i*ual de V!a+ueirosV4 totali@ando um milhão e oitocentos mil 72tases( s

ca<elos de todas 9icaram em desalinho4 as rou-as ras*adas4 os ornamentos

 -erdidos( Em todo lu*ar retiniam -ulseiras e loucas de -ai2ão desmaiaram todas(Então4 de-ois de 9a@er o +ue -odiam em terra4 encaminharamse todos -ara os

la*os( E a-s esses o*os esta!am todos e2austos( Em se*uida4 sa$ram da )*ua e

!estiramse4 e2aminaram seus rostos nos es-elhos das ias e de-ois de terem

 -assado em seus cor-os sndalo4 aloB4 alm$scar e -er9umes4 colocaram suas

*rinaldas e !oltaram a seus estados normais(8,6

 Não B necess)rio -rosse*uir -ara tirarmos a conclusão( A dança continua

 -or ainda dois ca-$tulos -ois4 +uando ela 9inalmente atin*e o cl$ma24 os deusescom suas consortes e sB+uitos4 em carrua*ens de ouro4 reunemse no cBu -ara

assistir( S)<ios4 santos4 ade-tos e os mortos !ener)!eis4 os cantores celestiais e

as nin9as4 demnios terrenos4 o*ros e !)rios seres em 9orma de -)ssaros

reuniramse em ><ilo com suas es-osas -ara !er a *rande cena4 en+uanto em

trinta e tr7s 9lorestas4 -or trinta e tr7s dias4 Wrsna e suas #o-is dança!am e

canta!am4 ras*a!am as rou-as uns dos outros4 -ratica!am muito mais do +ue os

de@esseis ti-os de relaç.es se2uais autori@ados as -ai2.es crescendo o tem-o

todo4 Vcomo o 9o*o alimentado com mantei*a clari9icadaV e +uando tudo

aca<ou4 os deuses e as deusas4 encantados4 elo*iaram a cena e retiraramse -ara

suas moradas(

Entretanto4 as deusas4 +ue tinham desmaiado muitas !e@es durante o

desenrolar do +ue ha!iam assistido4 deseando conhecer o mestre da dança de

0rinda!am4 desceram ) terra e4 -or toda a 1ndia4 nasceram como meninas nos

 -al)cios dos reis(8,, &pa'( #0*+

<' Irahmavaivar)a /"rana& krsna8anma2khanḍa, $&1$2$&<< (!id%& $&211= )am3Lm $# e .7&

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V( O ATA4UE DO ISLAMISMO

As cimitarras dos *uerreiros de Al) Lou!ado e #lori9icado sea Seu Nome4 Su-remo4 Cheio de #raça e Misericrdia ) ha!iam -enetrado nas

9orti9icaç.es do sonho eterno indiano +uando aade!a cele<ra!a sua !isão de

Radha( Cinco sBculos antes no tem-o do reinado de Harsha J6?668, d(C(K

MaomB4 o mensa*eiro da unidade de Deus4 anunciara4 -ara orientar a+ueles cua

9B no amor de Deus era *rande4 a re!elação do islamismo4 o caminho reto( E

uma das mara!ilhas da histria do mundo B o mila*re da r)-ida e2-ansão da

>nica !erdadeira comunidade de Deus a -artir do momento de sua criação Jdata

da HB*ira3 6//K( Toda a Á9rica Setentrional ha!ia sucum<ido -or !olta do anode ,%? a Es-anha 9ora in!adida em ,%% os Pireneus4 atra!essados em ,%=4 e os

 -r-rios -ort.es de Paris corriam risco +uando Charles Martel en9rentou e

im-ediu o a!anço na <atalha de Poitiers4 em ,&/( Es-alhandose -ara leste4

como o 9o*o numa cam-ina de ca-im seco4 -or !olta de 65% a *lria da -a@ e da

 <7nção do islamismo tinha atin*ido a PBrsia e os -ortais da 1ndia esta!am

ameaçados -or !olta de ,5?( Entretanto4 a 1ndia não conta!a com nenhum

Charles Martel( A maldição de Al) so<re os incircuncisos 9oi retardada du@entosanos de!ido a lutas internas -elo -oder no m<ito do -r-rio islamismo4 mas

+uando ela caiu4 não hou!e nenhum im-edimento -ara os casti*os Dele(

 No ano de :=6 d(C4 um e2escra!o do Tur+uestão4 Sa<uOti*in4 +ue -ode

ter sido ou não descendente da reale@a sassnida4 liderou um sa+ue no Puna< e

de-ois disso4 todos os anos4 nos meses mais 9rios a -artir de outu<ro4 tornaram

se comuns assaltos desse ti-o -rs-era 1ndia( ai-al4 o mais im-ortante

 -r$nci-e raa-utro da re*ião4 conse*uiu em ::% reunir um e2Brcito4 +ue 9oi

dominado Peshafar caiu e os assaltos continuaram(

 No ano de ::,4 Sa<uOti*in 9oi sucedido -or seu 9ilho Mahmud al#ha@ni

+ue4 se*uindo o costume dos ata+ues4 no ano de %??% deu o *ol-e de

misericrdia a ai-al e com isso 1ndia( H) uma crnica islmica de sua

9açanha3

inimi*o de Deus4 ai-al4 untamente com seus 9ilhos4 netos4 so<rinhos4os che9es de sua tri<o e seus -arentes4 9oram Jornados como -risioneiros e4

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amarrados com cordas4 le!ados atB o Sultão4 como mal9eitores em cuas 9aces as

emanaç.es da 9alta de 9B são e!identes4 e +ue4 co<ertos -elas <rumas da desdita4

de!em ser amarrados e le!ados -ara o in9erno( s <raços de al*uns 9oram

!iolentamente amarrados nas costas4 outros 9oram a*arrados -elas <ochechas eoutros4 ainda4 9oram condu@idos a ta-as na nuca( Do -escoço de ai-al 9oi tirado

um colar com-osto de *randes -Brolas4 -edras -reciosas e ru<is en*astados em

ouro4 cuo !alor era de du@entos mil dinares4 e o do<ro desse !alor 9oi o<tido

dos -escoços de seus -arentes 9eitos -risioneiros4 ou mortos4 +ue se tinham

tornado alimento nas <ocas de hienas e a<utres( Al) tam<Bm concedeu a seus

ami*os4 como 9ruto da -ilha*em4 tamanha +uantidade de ri+ue@as +ue esta!a

alBm de todos os limites e c)lculos4 inclusi!e +uinhentos mil escra!os4 <elos

homens e mulheres( Sultão retomou com seus se*uidores a seu acam-amento(

&pa'( #0-+ de-ois de ter sa+ueado muito e o<tido a !itria com a auda de Al) e

*raças a Al) o Senhor do Uni!erso( Pois o TodoPoderoso tinha lhe concedido a

!itria so<re uma re*ião da 1ndia4 mais !asta e mais 9Brtil do +ue Ohurasan( 8,=

ai-al 9oi li<ertado4 mas se imolou numa -ira 9uner)ria( A cidade de

Wan*ra caiu4 <em como ulandshahr4 Mathura4 Wanau e a cidadetem-lo de

Xi!a em Somnath(Con9orme o Pro9( Raflinson a9irma em seu !i!ido sum)rio das crnicas

da !itria4 no *rande tem-lo de Xi!a em Somnath ha!ia

um  \ingam  de -edra maciça4 de cinco c><itos de altura4 +ue era

considerado de es-ecial santidade e atra$a milhares de -ere*rinos( Ele era

 <anhado todos os dias com )*ua tra@ida do rio #an*es e ornamentado com

9lores da Ca2emira( A renda de de@ mil aldeias era destinada a sua manutenção

e mil <rmanes reali@a!am o ritual di)rio do tem-lo( santu)rio ori*inal4 como

tantos na anti*a 1ndia4 era constru$do em madeira4 sustentado -or cin+enta e

seis -ilares de teca4 co<ertos de chum<o e com -edras -reciosas incrustadas(

Uma se+7ncia de sinos de ouro maciço 9ica!a sus-ensa so<re o $dolo lustres

co<ertos de -edras -reciosas4 ima*ens de ouro -uro e cortinas <ordadas com

 -edras -reciosas 9a@iam -arte do tesouro( tem-lo e os edi9$cios -ara

acomodar os ministrantes 9orma!am uma cidade4 cercada -or um muro e

<  Sir ;&M& llio) (ed& por J& :oKson%, The .istor$ of (ndia as Told !$ (ts L2n .istorians, vols&(TrV3ner and Co&, *ondres, 1'<21<<%, vol& @@, p& $'= ci)ado por IaKlinson, op% cit &, pp& $7'2$7<&

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Forti9icada4 Mahmud dei2ou #ha@ni em de@em<ro de %?/& com &?(???

ca!aleiros seleciona dos( Ele a-areceu su<itamente diante de Multan4 +ue se

rendeu( Ali4 conse*uiu os camelos necess)rios -ara a tra!essia do deserto e

tanto iOanir +uanto Amir a<riramlhe seus -ortais( Seis semanas de di9$cilmarcha le!aramno a Anhil!ad e o ra)4 de nome hima4 9u*iu +uando ele se

a-ro2imou( Mahmud -ro!a!elmente marchou contra Somnath -eta rota +ue

 -ercorria a costa sul de Wathiafar( Na +uinta9eira4 &? de aneiro4 atra!essou as

de9esas +ue cerca!am a cidade e a-ro2imouse das muralhas da cidade sa*rada(

s ha<itantes4 con9iantes no -oder do deus4 @om<aram dos in!asores desde as

ameias( No dia se*uinte te!e in$cio o assalto( De-ois de uma )rdua luta4 os

muçulmanos conse*uiram tomar -osição nos <aluartes4 mas esta!am e2austos

demais -ara irem alBm( E a*ora os indianos começa!am a -erce<er o -eri*o em

+ue se encontra!am( Durante toda a noite o tem-lo 9oi in!adido -or multid.es

lamuriantes4 +ue <atiam no -eito e in!oca!am a di!indade a !ir em socorro dos

seus( Mas não hou!e nenhuma !o@ nem res-osta( Ao al!orecer4 o ata+ue

recomeçou e4 -asso a -asso4 os de9ensores 9oram 9orçados a retroceder -elas

ruas estreitas e tortuosas atB os muros do -r-rio santu)rio( Ali4 o9ereceram uma

deses-erada resist7ncia atB +ue -or 9im4 a-oiando suas escadas contra os muros4

os muçulmanos os atacaram com *ritos estrondosos de VDin^ Din^V Cin+entamil indianos 9oram -assados a 9io de es-ada outros tentaram esca-ar -elo mar e

morreram a9o*ados( tesouro -ilhado e2cedia o !alor de dois milh.es de

dinares( Se*undo uma lenda4 os <rmanes +ue se renderam su-licaram -ara

 -a*ar um res*ate -elo Lin*am , mas Mahmud não os escutou3 recusa!ase a

a-arecer diante do Tri<unal como a+uele +ue tinha tomado dinheiro -ara -ou-ar

um $dolo( A -edra 9oi +ue<rada em -edaços e um 9ra*mento enterrado na -orta

da mes+uita de #ha@ni4 -ara ser -isado -elos -Bs de !erdadeiros crentes( \(((] 8,: 

&pa'( #0/+

 Não -recisamos ir adiante4 o hori@onte Fechado do sonho da 1ndia tinha

sido de9initi!amente ras*ado e nada -odia im-edila a*ora de dissol!erse diante

de uma ordem de realidade +ue ela não linha le!ado em de!ida consideração(

 -oder da io*a de modelar a e2-eri7ncia con9orme a !ontade do s)<io

intros-ecti!o e o -oder da sa<edoria dos 0edas de -ro!ocar e9eitos m)*icos

ha!iam sido su-erados -or um mero detalhe da sim-les es9era de mā!ā 3 um<# IaKlinson, op% cit &, pp& $72$7#, ci)ando llio), op% cit &, vol& @B, pp& 1721.&

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detalhe +ue a*ora teria de ser assimilado(

A cidade sa*rada hindu de enares caiu em %%:8 e toda a -ro!$ncia

 <udista de ihar em %%::4 +uando a uni!ersidade de Nalanda 9oi totalmente

destru$da4 sua -o-ulação de cerca de 6(??? mon*es sumariamente -assada a 9iode es-ada e assim a >ltima chama da lu@ <udista se e2tin*uiu na 1ndia( Na

!i@inha en*ala4 o ancião ra) LaOshmanasena4 -atrono de aade!a4 9oi tomado

de tal maneira de sur-resa +ue esta!a antando +uando os o9iciais do e2Brcito de

Al) in!adiram seu -al)cio( E4 tendo assim con+uistado todo o norte4 as

cimitarras do islamismo começaram a a<rirse caminho -ara o sul4 atB o ano de

%5654 +uando a es-lendorosa cidade de 0iaana*ar4 a >ltima ca-ital indiana

restante4 sucum<iu(

A artilharia muçulmana atirou a -ouca distancia de uma di!isão deca!alaria indiana sacos de -e+uenas moedas de co<re com e9eito tão a!assalador

+ue as -osiç.es se rom-eram( Uma di!isão de ele9antes muçulmanos lançouse

então contra a multidão +ue *rita!a4 e os carre*adores da liteira do !elho ra)

Ramaraa JVno!enta e seis anos de idade4 mas tão !alente como se ti!esse

trintaVK soltaram a car*a real e de<andaram -ara sal!ar suas !idas( -r$nci-e

muçulmano comandante deca-itou o ancião e a ca<eça en9iada na -onta de uma

lança 9oi le!ada atB as linhas de 9rente4 onde causou -nico nos indianos4 +uerecuaram e 9u*iram( Perse*uidos -or todos os lados4 eles 9oram mortos como

escre!e Raflinson VatB o Wrstna 9icar !ermelho de san*ueV e Va -ilha*em ser

tão *rande +ue cada soldado raso 9icou carre*ado de ias4 armas4 ca!alos e

escra!osV(

"uando a not$cia da terr$!el derrota che*ou cidade4 os -r$nci-es +ue

ha!iam 9icado -ara tr)s -ara -rote*er a ca-ital carre*aram o conte>do do tesouro

real e 9u*iram( VDi@seV4 a9irma nosso autor4 V+ue mais de +uinhentos ele9antes

9oram necess)rios -ara trans-ortar o tesouro( No dBcimo dia o inimi*o che*ou e

9orçou a entrada sem di9iculdade( Ele matou e sa+ueou sem -iedade e di@se +ue

o tra<alho de destruição se -rolon*ou -or tr7s meses( A ma*n$9ica escultura de

 -edra 9oi +ue<rada em -edaços com -Bsdeca<ra e martelos e +uando os

recursos humanos não eram mais su9icientes4 ateouse 9o*o -ara demolila(

\(((]V8=?

E assim -ereceu -ara sem-re o 9a<uloso 'm-Brio 'ndiano de 0iaana*ar

+ue4 em seu a-o*eu4 se estendera de um mar a outro( &pa'( #00+7 IaKlinson, op% cit%& pp& $<<2$<&

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&pa'( #01+ T$tulo

&pa'( #1)+ Pa*ina em <ranco

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PARTE III

AS MITOLOGIAS DOE.TREMO ORIENTE

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moderna da China sur*iu nessa atmos9era(8=% &pa'( #1!+

A !erdadeira iniciati!a ar+ueol*ica *raças a +ual começou a sur*ir o

 -assado 9actual da China4 o-osto ao m$tico4 9oi o tra<alho não de um chin7s4 masde um cientista ocidental so< -atroc$nio do -r$nci-e Jhoe reiK da casa real

sueca4 #usta9 Adol94 com a-oio das mentes e conhecimentos de uma

e2traordin)ria e+ui-e de eruditos austr$acos4 canadenses4 9ranceses4 suecos e

americanos4 <em como de o!ens chineses e4 B claro4 de um *eneroso su-orte

9inanceiro da Fundação RocOe9eller(

V[ <em sa<ido +ue as -es+uisas -rBhistricas na China se iniciaramV4

admite -rontamente o Dr( Li Chi4 Vcom o *elo*o sueco Dr( (#( Andersson4 +ue

não s desco<riu a localidade de ChouOoutien e o -rimeiro !est$*io do Homemde Pe+uim4 mas tam<Bm 9oi o -rimeiro cientista a desco<rir4 na China

Setentrional4 a e2ist7ncia de uma cultura -rBhistrica am-lamente di9undida4 da

9ase neol$tica tardia(V 8=/

tra<alho te!e in$cio em %:%=4 +uando o Dr( Andersson começou a

coletar !est$*ios de mam$9eros -rBhistricos nas colinas ao redor de

ChouOoutien4 não lon*e de Pe+uim( Em %:/%4 ele encontrou o +ue -arecia ser

9erramentas tra<alhadas e4 em %:/&4 seu ami*o e cola<orador4 um austr$aco4 oDr( tto ZdansO4 de-arou com al*uns dentes semihumanos( -r$nci-e che*ou

em %:/6 e interessouse -elo assunto( Em %:/,4 os institutos cient$9icos da

China4 SuBcia e Estados Unidos contri<u$ram com 9undos e4 em %:/=4 lodo o

su-orte 9inanceiro da então consider)!el em-resa +ue continuou atB %:&:

9oi assumido -ela Fundação RocOe9eller(8=&

-r-rio sum)rio do Dr( Andersson so<re os resultados de suas -es+uisas

su*ere o se*uinte es+uema de datas -rBhistricas <)sicas do E2tremo riente

mais anti*o3

!()))())) @e aBos at=6s3 traços muito inde9inidos de Homin$deos

Ma,s @e *))())) aBos3 um 9ino im-lemento de -ederneira Jem ChouOoutienK

*))())) aBos" =inanthro#us #kinnsis Jem ChouOoutienK

MeBos @e *))())) aBos" mand$<ula de Homin$deo e lminas *randes e <em

1 *i Chi, The Beginnings of Chinese Civili6ation (niversi)y o? +ashing)on /ress, Sea))le, 1#6<%, pp&.2&$ (!id%& p& 1$&.  lei)or encon)rarQ "ma eHcelen)e vis!o res"mida desse empreendimen)o na o3ra vivida de;er3er) +end), )rad"zida do alem!o por James Cle"gh, in "earch of Adam (;o"gh)on Mi?llin, -os)on,1#6'%, pp& 662''&

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aca<adas de -ederneira Jem ChouOoutienK

*)())) aBos" Homem Paleol$tico Ja<undantes desco<ertas no deserto de rdosK

#*())) aBos"  Fomo sa#ins nãomon*ol Jem ChouOoutienK

#*()))5())) aBos at=6s" um hiato ine2-licadoc(#))) a(C" a Cultura _an*shao3 utens$lios de cermica lindamente -intada3

Neolít,o Spe=,o=" -rotochin7s(8=8

Homem de Pe+uim J=inanthro#us #kinnsis, cerca de 5??(??? anos

atr)sK4 ) discutido no -rimeiro !olume desta o<ra4  @itologia Primitiva,;ZM  9oi

contem-orneo4 grosso modo, do Homem de a!a (Pithcanthro#us rctus) ,

na Euro-a4 do Homem de Heidel<er* (Fomo hidl2rgnsis) suas 9erramentas

toscas de -edra lascada eram do ti-o dos VcutelosV4 ) o<ser!ado na CulturaSoan da 1ndia(∗ Seus h)<itos alimentares inclu$am o cani<alismo48=6 e sua cai2a

craniana4 -ara citar o Dr( Andersson no!amente4 Vera muito <ai2a com sali7ncias

su-raor<it)rias e2a*eradamente 9ortesV(8=,  +uei2o4 Vo<l$+uo como o dos

antro-idesV4 untamente com os &pa'( #1#+  traços da 9ronte4 de!e ter

 -ro-orcionado um -er9il -ouco -romissor( Esse homem tosco4 no entanto a

não ser +ue as e!id7ncias en*anem 9oi a -rimeira criatura na Jerra a 9a@er uso

do 9o*o(As desco<ertas no deserto de rdos 9oram de n$!el considera!elmentemais alto(

V"uanto ao ti-oV4 escre!e o Dr( Andersson4 Va maioria dos im-lementos

est) mais -r2ima do -er$odo cultural conhecido na Euro-a como Musteriano(

\(((] Mas h) tam<Bm muitas semelhanças com o -er$odo se*uinte4 o

Aurinhacense( E2ce-cional mente4 encontramos o<etos +ue4 -ela -er9eição4

lem<ram a cultura ainda -osterior +ue os 9ranceses chamam de Madaleniana(

Em !ista de nosso limitado conhecimento da Anti*a 'dade da Pedra da Ásiariental4 entretanto4 -ode ser cedo demais -ara entrarmos em com-araç.es

detalhadas e temos +ue nos contentar4 -or en+uanto4 com a su*estão de +ue as

desco<ertas de rdos se -arecem mais4 +uanto ao ti-o4 com as ci!ili@aç.es

Musteriana e Aurinhacense da Euro-a cidental4 +ue e o -er$odo mBdio da

 J&G& 0ndersson, >Iesearches in)o )he /re2his)ory o? )he Chinese>, Bulletin of the Museum of OarEastern Antiuities& nW 16, 1#., p& $6&6  As Máscaras de Deus 2 Mitologia Primitiva& pp% $#.2$#, .12.$7& R "upra& pp& 1$621$'&' 0ndersson, op% cit &, p& $&< (!id%& p& $.&

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Anti*a 'dade da Pedra(V8==

A o<ser!ação dos traços nãomon*licos dos !est$*ios do -rimeiro ser

humano com-leto (Fonro sa#ins) do E2tremo riente B de interesse não

a-enas do -onto de !ista antro-ol*ico4 mas tam<Bm com re9er7ncia aos -ro<lemas da mitolo*ia4 ) +ue -ode Jestou di@endo a-enas  #od) audar a

e2-licar al*uns Jc estou di@endo a-enas alguns) dos -aralelos a ser notados entre

os mitos e as artes dos $ndios norte americanos e os da anti*a China( A esse

res-eito4 !ou citar as -ala!ras do Dr( alter A( Fairser!is r(4 do Museu

Americano de Histria Natural3

As e!idencias \(((] indicam +ue -elo 9inal do Plistoceno Jtermino dos

Per$odos #laci)riosK4 a Ásia Setentrional4 incluindo a China Setentrional4 9oi

ocu-ada -or um -o!o -)leocaucaside4 -ro!a!elmente muito semelhante em

termos 9$sicos aos ainos do a-ão( As e!id7ncias tam<Bm indicam +ue não

hou!e mon*olides no Sudeste Asi)tico atB muito mais tarde( E como não

temos nenhum ti-o mon*ol nesse -er$odo na Ásia cidental4 de!emos

 -ressu-or um lu*ar de ori*em ao norte( \(((]

Ale*ase +ue os atri<utos 9$sicos Jmon*isK∗  são resultantes de um

ha<itat dominado -or 9rio e2tremo( Semelhante meio am<iente de!e ter e2istidona Si<Bria e Ásia Centrorienlal durante o "uarto Per$odo #laci)rio4 +uando

)reas li!res de *elo e2istiam como <ols.es entre as *eleiras montanhosas e os

lençis de *elo si<erianos( Tais )reas eram e2tremamente 9rias Jcom 9re+7ncia4

a<ai2o de 6?gC ne*ati!osK e !arridas -or !entos 9ortes( s homens e os animais

de!em ter tra!ado uma )rdua luta -ara so<re!i!er( Muitos homens morreram e

os restantes4 em -e+ueno n>mero4 ada-taram sua cultura situação3

trans9ormaram -eles de animais em rou-as -rotetoras J-rimeira con9ecção de

rou-asIK( Esta B uma ada-tação4 mas h) outra de maior interesse( A e2-osição

necess)ria do rosto humano4 -articularmente do nari@4 <oca e olhos4 e2i*iu uma

mudança 9$sica -ara -rote*er essas -artes sens$!eis( A condição mais 9a!or)!el

 -ara a seleção natural -ode ter e2istido nesses *ru-os restritos isolados de &pa'(

#1$+  -rotomon*is Jnão identi9icadosK( Se esse ti!er sido o caso4 teriam

ocorrido as mudanças anatmicas -ara a so<re!i!7ncia( \(((]

 (!id%& p& .7& R  sses s!oE 1& cons)i)"i!o slida= $& eH)remidades pe"enas= .& ros)o acha)ado= & olhosempap"ados, com epican)os= 6& ca3elos grossos e lisos com po"cos pelos no ros)o e corpo&

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cl)ssico -o!o mon*ol +ue sa$ra de seu ha<itat do Per$odo #laci)rio

com o a+uecimento da >ltima *laciação4 -ro!a!elmente começou a sair de sua

terra natal em al*um momento a-s =(??? a %?(??? anos atr)s( Misturouse com

outras raças e com o tem-o -rodu@iu as descend7ncias mon*is +ue hoe -o!oam o mundo( Por !olta do se*undo mil7nio a(C4 os ha<itantes da China

Setentrional e -elo menos -arte da China cidental eram essencialmente

mon*olides( \(((]

 No sudoeste da Si<Bria4 o ti-o mon*ol não a-arece na se+7ncia

ar+ueol*ica atB o -er$odo da cultura MinusinsO Wur*an J-ro!a!elmente a-s

5?? a(CK( 'sso indicaria +ue o centro das culturas mon*licas esta!a

 -ro!a!elmente situado a leste do rio 'enisei e +ue o maior deslocamento dessa

raça se encontra!a ao lon*o de um ei2o nortesul4 +ue iria res-onder -or sua

 -rimeira di9usão -ara a China e4 -ossi!elmente4 -ara o No!o Mundo(8=:

"uatro ocorr7ncias -rBhistricas t7m4 -ortanto4 +ue ser le!adas em conta

medida +ue as 9ormas -eculiares do sistema mitol*ico chin7s começam a

sur*ir3

%( Paleol$tico 'n9erior4 cerca de 5?? ??? a(C4 com ori*em -rimordial

nos tr-icos J-ro!a!elmente no centro do Sudeste Asi)tico3 Homem de a!aK3uma raça de cani<ais semelhantes a macacos usando -esados machados toscos e4

em ChouOoutien4 tam<Bm o 9o*o(

/( Paleol$tico MBdio e J-ossi!elmenteK Su-erior4 cerca de 5?(???

/5(??? a(C4 com 9erramentas de -edra lascada mais ela<oradas4 su*erindo a sBrie

 <em conhecida da Euro-a3 Musteriana JHomem de NeandertalK4 Aurinhacense e

Madaleniana JHomem de CroMa*nonK( Ali de!em ter -re!alecido os ritos4

mitos e costumes do mundo cultural nrdico da #rande Caça4 con9orme

discutimos com relação tanto AmBrica +uanto Eur)sia em nosso !olume

 @itologia Primitiva.

&( Uma comunidade hi-otBtica se-arada do resto do mundo4 altamente

es-eciali@ada4 de -rotomon*is )rticos +ue4 +uando saiu -or !olta de =???6???

a(C( de sua terra natal isolada e *Blida4 em al*um lu*ar ao nordeste do 'enisei4 se

diri*iu em -arte -ara o sul4 -enetrando4 atra!Bs da Mon*lia e da China4 atB a

'ndonBsia4 e em -arte -ara a AmBrica do Norte e do Sul( Da+ui -ara a 9rente

# +al)er 0& Fairservis, Jr&, The Lrigins of  Lriental Civili6ation (The NeK 0merican *i3rary o? +orld*i)era)"re, @nc&= 0 Men)or -ook, Nova York, 1#6#%, pp& <.2<', condensado&

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 -rocuraremos sinais +ue -ossam nos di@er al*o a res-eito das 9rmulas m$ticas

deste com-le2o -rotomon*ol circum-olar(

8( As *randes culturas de cermica do Neol$tico Su-erior4 +ue o Dr(

Andersson 9oi o -rimeiro a encontrar na China em uma rica se+7ncia deesca!aç.es em Wansu4 Shansi e Honan e +ue emer*em su<itamente como se

sa$ssem do nada(

"uanto mais 9undo -eneiramos no estudo da+ueles tem-os remotos

Ja9irma o Dr( AnderssonK4 mais 9icamos im-ressionados com os eni*mas

indeci9r)!eis +ue sur*em nossa 9rente( -rinci-al deles B o Vhiato neol$ticoV4

Jdo +ualK os 9atos são4 em resumo4 como se*ue3

Durante o -er$odo loesse JEra Paleol$ticaK o clima da China Setentrional

era tão )rido +ue a re*ião4 a9ora as )reas lacustres4 -ode ter sido am-lamente

des-o!oada( &pa'( #15+

De-ois do -er$odo loesse se*uiuse o Pan Chiao4 de erosão 9lu!ial

!ertical4 durante o +ual a camada de loesse se +ue<rou am-lamente e -e+uenas

*ar*antas locais se 9ormaram entre as rochas slidas( Esse -er$odo4 +ue -ode

corres-onder a-ro2imadamente ao Mesol$tico e Neol$tico 'n9erior4 9oi um

tem-o de chu!as a<undantes4 o +ue na+uela -arte do mundo de!e si*ni9icar umclima ameno( Em outras -ala!ras4 a re*ião certamente era rica em caça e de!e

ter sido um ha<itat a*rad)!el -ara o homem -rimiti!o( Entretanto4 -elo +ue sei

\(((] nenhum s$tio mesol$tico ou neol$tico anti*o incontest)!el 9oi encontrado na

China atB hoe( \(((]

Então4 de s><ito4 <em no 9inal do Neol$tico4 a a-enas +uatro mil anos de

nosso tem-o Jisto B4 -or !olta de /??? a(C(K4 a re*ião atB a+uele momento

a-arentemente !a@ia 9ica re-leta de !ida( Centenas4 -ara não di@er milhares4 de

aldeias ocu-am os -lats +ue dominam os !ales( Muitas dessas aldeias eram de

tamanho sur-reendente e de!em ter a<ri*ado uma -o-ulação consider)!el( Seus

ha<itantes eram caçadores e criadores de *ado4 mas ao mesmo tem-o

a*ricultores4 como e!idenciam seus im-lementos e a desco<erta de cascas de

arro@ em um 9ra*mento de cermica em _an* Shao Tsun( s homens eram

car-inteiros h)<eis e suas mulheres -eritas em tecela*em e <ordado( Sua

cermica -rimorosa4 i*ual a -oucas na B-oca4 indica +ue os então ha<itantes de

Honan e Wansu tinham desen!ol!ido um n$!el de ci!ili@ação em *eral alto(De!e ter ha!ido4 não sa<emos -or +ual meio no!as in!enç.es ou a

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introdução de no!as idBias de 9ora 4 um $m-eto +ue -ermitiu a r)-ida di9usão

de uma -o-ulação em constante crescimento(8:?

Como datas -ro!)!eis4 no !olume @itologia Primitiva 9oram indicadas as

se*uintes3

%( "ma cr[mica rXstica, n'o smaltada hi-oteticamente4 sua te2tura

r>stica4 modelada a mão ou torneada4 decorada com im-ress.es Jde corda ou

esteirasK ou com -edaços e tiras de ar*ila so<re-ostas a ela antes de ser

+ueimada4 -ode ser atri<u$da a um Jainda não con9irmadoK estrato neol$tico

inicial de cerca de /5?? a(C( H) uma consider)!el di9usão desse ti-o de o<etos

de cermica 9ora da China4 da 'n*laterra s AmBricas4 e sua re*ião de ori*em4

em *eral4 -arece ter sido o riente Pr2imo nuclear4 -or !olta de 85?? a(C(/( "ma cr[mica %inamnt #intada (<angshao), cerca de //??%:?? a(C3

mostrando ine*)!eis a9inidades so<retudo com os o<etos de cermica -intada4

 -or um lado4 da re*ião do Dan><ioDniester do Sudeste Euro-eu Ja re*ião )riaK

e4 -or outro4 do norte do 'rã3 not)!eis moti!os comuns são o machado de dois

*umes4 a es-iral e a su)stica4 o meandro e o -ol$*no4 o c$rculo conc7ntrico e o

2adre@4 linhas onduladas4 @i*ue@a*ues an*ulares e listras or*ani@adas

entretanto4 uma caracter$stica interessante4 -eculiar4 creio4 China e ao MB2ico -rBcolom<iano4 B o chamado Tri-B Li4 um !aso com-osto como tr7s seios

 -endentes4 oco -or dentro4 sustentandose como um tri-B so<re as -ontas(

&( "ma %ina cr[mica ngra #olida (\ungshan) mais t$-ica de Shantun*

JVTerra Santa da ChinaVK do +ue de Honan a ser atri<u$da4 a-arentemente4 a

cerca de %:?? %5/& a(C( &pa'( #1*+

8( "ma %ina cr[mica 2ranca (=hang) associada com o <ron@e4 a

carrua*em de duas rodas -u2ada -or ca!alos4 a escrita e o conceito de cidade

estado hier)tica( A dinastia Shan* B a -rimeira das dinastias cl)ssicas da China ehoe lhe B atri<u$da a data de cerca de %5/&%?/, a(C(

Com relação ao es+uema +ue !enho usando -ara cru@ar as re9er7ncias das

mitolo*ias das ci!ili@aç.es a!ançadas4 -arece +ue essa se+7ncia chinesa4 lon*e

de ser a -rimeira4 de 9ato4 B a >ltima( Lem<remos +ue nossas datas4 com res-eito

ao riente Pr2imo nuclear4 são as se*uintes3

'( Protoneol$tico3 c.,5??55?? a(C(#7 0ndersson, op% cit%& pp& $#'2$#<&

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''( Neol$tico asal3 c.55??85?? a(C(

  '''( Neol$tico Su-erior3 c.85??&5?? a(C(

  '0( Cidadeestado hier)tica3 c.&5??/5?? a(C(

0( Alta 'dade do ron@e3 c./5??%5?? a(C(  0'( 'dade Herica do Ferro3 c.%5??5?? a(C(

0''( Per$odo dos #randes Cl)ssicos3 c.5?? a(C5?? d(C(

0'''( Per$odo das #randes Crenças3 c.5??%5?? d(C(

A 1ndia entrou na histria4 como !imos4 durante o Per$odo 0( A China

a-arece a*ora no Per$odo 0'( Entretanto4 de acordo com os te2tos chineses

dis-on$!eis4 teremos +ue es-erar atB o Per$odo 0''( Mas então4 numerosos sinais

 ) e!idenciam relaç.es4 -elo menos remotas4 com o cidente( A Rota da SedaRomaChina era usada comercialmente -or !olta de %?? a(C( Ale2andre che*ou

ao 0ale do 'ndo em &/, a(C( A PBrsia tinha estado no 'ndo dois sBculos antes e

!imos +ue o 9erro che*ou 1ndia !ia PBrsia4 cerca de 5?? a(C( 9erro che*ou

China mais ou menos na mesma B-oca(

As -rinci-ais datas a ter em mente durante esta -arte de nosso estudo são

as se*uintes3

Shan* JAlta 'dade do ron@e Chinesa )sicaK4 %5/&%?/, a(C(

Chou Anti*o J-er$odo do 9eudalismo desen!ol!idoK( %?/,,,/ a(C(

Chou MBdio J-er$odo da desinte*ração do 9eudalismoK4 ,,/8=? a(C(

CON:CIO7 **!5/0 a(C(

Chou Tardio J-er$odo dos Estados <BlicosK4 8=?//% a(C(

Chin J"ueima dos Li!ros3 #rande MuralhaK4 //%/?6 a(C(Han J<urocracia con9uciana institu$daK4 /?6 a(C//? d(C(

Seis Dinastias Jdesunião3 <udismo institu$doK4 //?5=: d(C(

;OD8ID8ARMA7 *#) @(C 

 R s)e L provavelmen)e "m personagem lendQrio e cer)amen)e a da)a )am3Lm L lendQria&

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Sui Jreuni9icação do im-Brio3 #rande CanalK4 5:?6%, d(C(

Tan* Jau*e da ci!ili@ação chinesaK4 6%=:?6 d(C( &pa'( #1-+

Sun* Jneocon9ucionismo3 a-o*eu da -inturaK( :6?%/,: d(C4

_an Jdinastia mon*ol3 #en*his WhanK4 %/=?%&6, d(C4

Min* Jrestauração do neocon9ucionismoK4 %&6=%68& d(C(

Chin* Jdinastia manchu3 desinte*raçãoK4 %688%:%% d(C(

s -er$odos das dinastias Shan* e Chou Anti*o e MBdio *eralmente

corres-ondem4 tanto nas caracter$sticas +uanto no tem-o4 1ndia desde a

che*ada dos )rias ate o -er$odo de uda( sBculo oita!o e os se*uintes antes da

era cristã !iram sur*ir as *randes cidades -rinci-escas em uma !asta re*ião daChina4 <em como da 1ndia4 e o conse+ente cola-so da ordem 9eudal anterior(

Di@se +ue na B-oca de Con9>cio ha!ia nada menos +ue ,,? Estados

mon)r+uicos em luta( Entre tanto4 +uando esse uni!erso começou a !ir a<ai2o4 a

mentalidade chinesa4 em !e@ de a<andonar a luta e retirarse -ara a 9loresta4

assumiu o -ro<lema do re-aro( E assim4 em !e@ da histria ele!ada dos

caminhos do desa-e*o4 a 9iloso9ia chinesa caracteri@ouse -or contestar os

sistemas de orientação do mundo e2istente com e9eitos +ue !amos !er a*ora(

II( O PASSADO M%TICO

Ed*ar Allan Poe escre!eu um -e+ueno te2to +ue chamou VThe 'm- o9 the

Per!erseV \ Es-$rito Mali*no do Per!erso]4 e -enso +ue de!e ha!er nos

criadores de crenças4 em todo o mundo4 uma in9lu7ncia e2ce-cionalmente 9orte

dessa 9aculdade e im-ulso +ue ele descre!e4 -ois não B -oss$!el +ue eles não

sai<am o +ue estão 9a@endo( Tam-ouco B -oss$!el +ue se consideremim-ostores( Entretanto4 raramente se contentam em 9a<ricar como alimento

moral da humanidade uma des-retensiosa cer!einha com a+uilo +ue eles sa<em

ser sua -r-ria 9antasia a-cri9a3 eles #rcisam a-resentar seu a*ente ine<riante4

de a-ar7ncia deli<eradamente 9austosa4 como a am<rosia de al*uma 9onte da

0erdade4 +ual eles4 em seu estado de es-$rito4 ti!eram acesso( Como disse

nosso autor4 Poe3 VTodo meta9isicismoV4 assim ele de nomina tal ati!idade4 V9oi

tramado a #riori, homem intelectual ou l*ico4 mais do +ue o sens$!el eo<ser!ador4 -sse a ima*inar des$*nios -ara ditar -ro-sitos a Deus( Tendo

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assim sondado4 -ara sua satis9ação4 as intenç.es de eo!)4 a -artir dessas

intenç.es ele construiu seus inumer)!eis sistemas mentaisV(8:% E com um curioso

traço da mesma -er!ersão -ela +ual os s)<ios -re*am seus des$*nios4 tanto o

!ul*o +uanto os eruditos sem-re relutaram em !er tra@idas lu@ +uais+uer!erdades +ue -ossam in9orm)los acerca da !erdadeira nature@a das tramas -or

meio das +uais !i!em4 sonham e ordenam suas -r-rias !idas( Assim tem sido4

sa<emos4 em nossa -r-ria relação com a $<lia( Assim tam<Bm e no E2tremo

riente nas +uest.es da idade de ouro de _ao e Shun4 dos mila*res da

en*enharia do #rande _ e4 acima de tudo4 da histria escrita de uma China de

cinco mil anos(

 Na !erdade4 B sur-reendente +uão -ouco sa<emos dos escritos chineses

anteriores ao -er$odo de Con9>cio J55%8,= a(CK( E o +ue -ara al*uns tal!e@ seaainda &pa'( #1/+ mais sur-reendente B o 9ato de +ue do -er$odo de Con9>cio em

diante hou!e tamanha adulteração de te2tos +ue os cientistas mais eruditos4 sea

da Euro-a4 a-ão ou da China4 9icaram im-ossi<ilitados4 atB a*ora4 de

reconstruir com se*urança atB a o<ra do -r-rio Con9>cio -ara não

mencionar +ual+uer sa<edoria4 sea m$tica4 9ilos9ica ou outra4 +ue -ossa ter

ha!ido antes( Em conse+7ncia4 todos os mitos Jou melhor4 anedotas

morali@antesK da idade de ouro da China t7m +ue ser reconhecidos antes como -roduto de uma 9loresta con9uciana de canetas do +ue de +ual+uer Vterra <oaV ou

V9loresta -rime!aV( E se h) *emas e ades a ser encontrados entre eles nas

!erdadeiras mitolo*ias de _an*shao4 Lun*shan4 Shan* ou mesmo Chou Jisto B4

+ual+uer coisa anterior +ueima dos li!ros de Shih Huan* Ti4 em /%& a(CK4

temos de reconhecer +ue 9oram *uindadas de seu cen)rio -rimiti!o e remontadas

cuidadosamente num cen)rio tardio altamente so9isticado4 como um anti*o

escara!elho e*$-cio trans9ormado em anel -ara a mão de al*uma dama(

Em uma o<ra de imensa erudição4 o Dr( ernhard Warl*ren4 sinlo*o

sueco4 tentou reconstruir o sa<er m$tico com o +ual os chineses ou4 -elo

menos4 al*uns chineses !i!iam antes de os escoliastas do -er$odo Han

começarem a a-licar suas -r-rias marcas de erudição tradição4 e !ou *uiar

me -or ele na aceitação de +ue os materiais a-resentados em suas -)*inas seam

em *rande medida -ro!enientes4 como ele su-.e4 das lendas ancestrais das casas

reais do -er$odo Chou(

-rimeiro -onto a ser notado B +ue não h) lendas da criação4 nem nesses#1 dgar 0llan /oe, +orks (Thomas Nelson and Sons, Nova York, 1#76%, se!o @, /ar)e @B, pp& $<2$&

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 -rimeiros mitos do -er$odo Chou nem nos -osteriores cl)ssicos con9ucianos(

Al*umas dessas lendas a-arecem durante o -er$odo Han tardio4 mas não

 -ertencem ao sistema cl)ssico e em sua maioria estão associadas ao -ensamento

tao$sta tardio( Mais do +ue nos in9ormar so<re a China4 ilustram a di9usãomundial de temas no -er$odo dos +uatro *randes im-Brios3 Roma4 PBrsia dos

ars)cidas4 1ndia dos Oushanas e China dos han( Elas -ertencem mitolo*ia

cosmo-olita das *randes rotas mar$timas e terrestres( Tam-ouco encontramos no

material chin7s -rimiti!o nenhuma *randiosa ima*Btica so<re a dissolução

csmica tal como a-arece em todas as mitolo*ias da 1ndia( mundo ali B

al*o <em mais concreto do +ue na mira*em csmica indiana( E 9inalmente4 não

h) +ual+uer sinal da #rande Re!ersão em sua <usca 9undamental da rai@ da

!ontade de !i!er( s chineses manti!eram4 atra!Bs de todas suas di9iculdadesJeles ti!eram muitasK4 uma con9iança dotada de e2traordin)ria es-erança tanto

em si mesmos +uanto nos sim-les <ene9$cios da -ro*7nie4 -ros-eridade e

lon*e!idade(

Em contraste com o a<undante card)-io em +ue esti!emos mer*ulhados

na 1ndia4 a co@inha chinesa -arecer)4 a -rinc$-io4 um -ouco 9ru*al( Mas os

 -ratos o leitor !er) continuam a che*ar e não demorar) muito -ara +ue um

!erdadeiro <an+uete sea ser!ido( s chineses tem um eito -eculiarmentesinuoso de -ensar e tam<Bm de comer4 e a-esar de todos meus es9orços -ara

a-resentar sua mitolo*ia de outra maneira4 o estilo sinuoso -re!aleceu( E assim4

a+ui estamos4 no in$cio de uma curiosa estrada3 o -assado m$tico da China4

con9orme re-resentado nos restos de uma mitolo*ia com-letamente destroçada

dos -er$odos anti*o e mBdio da dinastia Chou4 &pa'( #10+ +ue che*ou atB ns

a-enas em 9ra*mentos distantes entre si4 es-alhados atra!Bs dos te2tos das

 -osteriores eras -scon9ucianas( leitor -erce<er) +ue a+ui não h)

cosmo*onia4 nenhuma criação do mundo( mundo ) est) solidi9icado so< os

 -Bs e a o<ra a iniciarse B a construção da China(

PER%ODO DOS PRIMEIROS 8OMENS

%( Os =nhors dos -inhos dos P0ssaros. As -essoas na+uela B-oca

!i!iam em ninhos de -)ssaros constru$dos nas )r!ores4 -ara e!itar os -eri*os

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+ue as ameaça!am no chão(

/( Os =nhors, os ]nstrutors do ogo. Comendo alimentos crus4 as

 -essoas esta!am destruindo seus estma*os( Al*uns s)<ios in!entaram o uso do

9o*o e ensinaramnas a co@inhar(&( O DilXvio d Kung Kung. VDe-ois do tem-o dos 'nstrutores do Fo*o4

+uando Wun* Wun* era rei4 as )*uas ocu-aram sete dBcimos e a terra tr7s

dBcimos do mundo. Ele a-ro!eitouse das condiç.es naturais e nesse es-aço

restrito *o!ernou o im-Brio(V8:/

De!ese o<ser!ar +ue a+ui ) temos um im-Brio e temos tam<Bm um

Dil>!io( E um tema chin7s <)sico se anuncia na 9rase 9inal4 onde consta +ue

Wun* Wun* Va-ro!eitouse das condiç.es naturaisV( A !irtude consiste em

res-eitar tais condiç.es e a com-et7ncia4 em 9a@er uso delas( Na  Fistria 7l0ssica  -osterior (=hu 7hing), um dos te2tos 9undamentais

do -ensamento cl)ssico chin7s4 o -er$odo dos -rimeiros homens B

com-letamente i*norado e todas as coisas <oas começam com a idade de ouro

de _ao e Shun (in%ra,  -( &?%K4 en+uanto Wun* Wun* e deli<eradamente

trans9erido -ara a+uela B-oca e trans9ormado em um di*nit)rio incom-etente

+ue 9oi <anido(

PER%ODO DA VIRTUDE SUPREMA

nome deste -er$odo su*ere +ue de!e ter sido de consider)!el

im-ortncia na anti*a mitolo*ia( Entretanto4 nada resta dele nos te2tos ainda

e2istentes4 a não ser os nomes de mais ou menos uma d>@ia de seus reis4 um dos

+uais4 un* Chen*4 B chamado o criador do calend)rio4 e outro4 Chu un*4 le!a o

nome do deus do 9o*o( Dr( Warl*ren o<ser!a +ue em<ora os nomes dos reis

da+uele -er$odo o<scuro Vnos di*am -oucoV4 eles en9ati@am o 9ato im-ortante de+ue Vna China do tem-o Chou de!em ter e2istido incont)!eis mitos a res-eito

dos heris -rime!osV(8:&

PER%ODO DOS DEF GRANDES7 CULMINANDO COM AO7S8UN E O GRANDE W

#$ -ernhard arlgren, >*egends and C"l)s in 0ncien) China>, Bulletin of the Museum of Oar Eastern Antiguities& nW 1, 1#', pp& $12$1#, ci)ando )uan T6u%#. (!id &, p& $$1&

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A este im-ortante -er$odo4 +ue aca<a em um dil>!io4 9oram atri<u$dos de@

im-eradores da anti*a mitolo*ia do -er$odo Chou( Portanto4 -arece +ue o +ue

estamos !endo a+ui -ode ser uma trans9ormação local da lista da sBrie de

anti*os &pa'( #11+ reis sum)rios(

 A-resentarei4 unto com os nomes de seus de@monarcas m$ticos4 al*uns itens de suas -r-rias lendas4 -ois -arecem re9orçar o

ar*umento de uma 9onte meso-otmica tentarei indicar tam<Bm as !ariaç.es

chinesas caracter$sticas(

%(  u Fsi Y. =hn -ung.  Nas lendas do -er$odo Chou4 estes dois

im-eradores e2erceram -a-Bis modestos( Entretanto4 am<os ad+uiriram *rande

im-ortncia no -osterior \ivro das @uta&Ls (] 7hing), onde são creditados a Fu

Hsi a in!enção dos s$m<olos nos +uais essa o<ra se <aseia J-( &//K4 <em como

ter ensinado o -o!o a usar redes -ara caçar e -escar +uanto a Shen Nun*4 +ue4se*undo se conta4 V*o!ernou o mundo durante de@essete *eraç.esV4 su-.ese terin!entado o arado e institu$do os mercados(∗ R8:8

&( <n i. Ao lon*o reinado de Shen Nun*4 se*uiuse o curto reinado de

_en Ti4 destronado -elo seu *lorioso irmão Huan* Ti(

8(  Fuang i. Su-.ese +ue esta im-ortante 9i*ura m$tica4 o chamado

'm-erador Amarelo4 te!e !inte e cinco 9ilhos4 dos +uais não menos do +ue do@e

9am$lias 9eudais do -er$odo Chou se -roclamaram descendentes de modo +ue4como o<ser!a Warl*ren4 Vsacri9$cios a Huan* Ti de!em ter sido am-lamente

di9undidos nas cortes 9eudais e não e2clusi!os da casa realV( 8:5  Huan* Ti

in!entou o uso do 9o*o J) in!entado -elos 'nstrutores do Fo*oK4 +ueimou as

9lorestas das montanhas4 lim-ou as matas4 incendiou os -ntanos e e2-ulsou os

animais sel!a*ens( Dessa maneira4 ele tornou -oss$!el a criação de *ado( Sua

!irtude su<meteu os <)r<aros das +uatro 9ronteiras4 al*uns dos +uais tinham

9uros no -eito4 outros <raços lon*os e outros olhos a9undados( Ele consultou

seus s)<ios en+uanto deli<era!a so<re o Terraço rilhante4 ordenou +ue se

9i@essem tu<os musicais e uma estrutura com de@ sinos V-ara harmoni@ar os

cinco sonsV4 e +uando se diri*iu ao monte sa*rado Taishan -ara con!ocar os

es-$ritos4 9oi em uma carrua*em de mar9im -u2ada -or seis dra*.es( deus

 R "upra& p& 177& R∗ Bale a pena no)ar "e os er"di)os ociden)ais do sLc"lo O@O em geral concordam com os chinesesso3re o ?a)o de "e esses reis lendQrios ?oram realmen)e monarcas& 0s da)as de F" ;si ?orams"pos)as como sendo $#6.2$. a&C= as de Shen N"ng $.2$'# a&C (Con?orme &T&C& +erner,  A

Dictionar$ of Chinese M$tholog$& elly and +alsh, Oangai, 1#6$, p& 1#%# (!id &, pp& $<'2$<< e $1$, ci)ando 0? "hih Ch9un Ch9iu&#6 arlgren, op% cit%& p& $<&

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!ento ia 9rente !arrendo o deuschu!a <orri9ou o caminho ti*res e lo<os

*alo-aram na 9rente4 es-$ritos animados atr)s4 ser-entes co<riram todo o

caminho e 97nices so<re!oa!am o caminho(8:6

0ale notar a+ui um ti-o de -ensamento +ue denominarei tnologia m$tica,t$-ico não a-enas da 9iloso9ia chinesa4 mas de todo o sistema arcaico( ∗ R R AlBm do

limite do Reino do Meio h) a-enas <)r<aros4 não e2atamente humanos4 +ue a

China tem a missão csmica de controlar como conclu$mos4 -or e2em-lo4 da

se*uinte mensa*em admoestadora en!iada -elo *rande 'm-erador Manchu da

China4 em %,:54 ao Rei #eor*e ''' da #rãretanha( &pa'( $))+

Dominando o !asto mundo4 tenho a-enas um -ro-sito em !ista4 ou sea4

manter controle a<soluto e cum-rir com as o<ri*aç.es de Estado( <etos

estran*eiros e caros não me interessam \(((] Não tenho necessidade dos

manu9aturados de !osso -a$s( \(((] Ca<e a !s4 Rei4 res-eitar minhas o-ini.es e

mani9estar ainda maior de!oção e lealdade no 9uturo4 -ara +ue4 atra!Bs da

 -er-Btua su<missão ao nosso trono4 -ossais asse*urar -a@ e tran+ilidade a

!osso -a$s da+ui -or diante( \(((] Nosso 'm-Brio Celestial -ossui todas as coisas

em -rol$9ica a<undncia e não carece de nenhum -roduto dentro de suas

9ronteiras( Não ha!ia4 -ortanto4 nenhuma necessidade de im-ortar manu9aturas <)r<aras de 9ora4 em troca de nossos -rodutos( \(((] Não es+ueço a distncia

solit)ria de !ossa ilha4 se-arada do mundo -or e2tens.es imensas de mar

tam-ouco es+ueço !ossa escus)!el i*norncia so<re os costumes de nosso

im-Brio Celestial( \(((] <edecei tremendo e não seais ne*li*ente(8:,

Ah^ ha^

5( =hao Fao. Pouca coisa B contada so<re este rei nos te2tos dis-on$!eis

atualmente( A-enas +ue ele reinou -or sete anos Jmoti!o3 ritual re*icidaIK( Mas

medida +ue a sBrie dos De@ #randes se a-ro2ima da cl)ssica idade de ouro de

_ao e Shun4 os te2tos se tornam mais a<undantes e as coisas começam a 9icar

mais claras(

6( 7huan FsQ, conhcido tam2ém como Kao <ang. Wao _an* te!e oito

#' (!id &, pp& $<2$7= ci)ando )uan T6u, 0? "hih Ch9un Ch9iu e .an Oei T6u& R∗∗ Comparar com a vis!o indiana, supra& p& 1216, le)ra -&

#<  &T& -ackho"se e J&&/& -land,  Annais and Memoirs of the Court of Pe+ing (+& ;einemann,*ondres, 1#1%, p& .$$ c?& ci)ado por 0dda -& -ozeman, Politics and Culture in (nternational .istor$(/rince)on niversi)y /ress& 1#'7%, pp, 1621'

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9ilhos talentosos4 um dos +uais4 Wun JVo #rande Pei2eVK4 9oi o -ai do #rande _

e seu -redecessor malsucedido nas lides com o Dil>!io J!er item =K(8:=

,(  KSu. Este monarca tinha duas es-osas4 Chian* _an e Chien Ti4 e

am<as conce<eram mila*rosamente( A -rimeira 9icou *r)!ida +uando -isou na -e*ada do de dão do -B de Deus( Ela -ariu Hou Chi4 Vsem ru-tura ou

laceramentoV +ue4 no reinado de Shun se tornou Ministro da A*ricultura( VEles o

colocaram numa !iela estreita e as !acas e o!elhas o alimentaram entre as -atas(

Colocaramno so<re o *elo e os -)ssaros o co<riram e -rote*eram(V 8:: JParto de

!ir*em4 <animento da criança4 -ais adoti!os animais3 e!emeri@ação de uma

di!indade a*r$cola( Com-arese com o nascimento de Cristo na manedoura(K A

se*unda *ra!ide@ ocorreu +uando as duas o!ens damas esta!am em sua torre de

la@er de no!e andares4 des9rutando !inho4 doces e m>sica( Deus en!ioulhes umaandorinha +ue canta!a e as duas <ri*aram entre si -ara ca-tur)la( Co<riramna

com um cesto4 +ue er*ueram de-ois de um tem-o e a andorinha esca-ou4

dei2ando dois o!os( Cada uma en*oliu um Chien Ti conce<eu e a criança +ue

ela -ariu tornouse4 sBculos mais tarde4 o -ai do 9undador da dinastia Shan*(5?? 

J n>mero no!e a+ui B si*ni9icati!o( [ o n>mero m$stico da eatri@ de Dante5?% 

o n>mero dos coros de anos entoando hinos a Deus4 e o n>mero das <atidas do

to+ue do n*elus4 cele<rando a conce-ção de Cristo -or Maria atra!Bs daPom<a( Com-arese tam<Bm Leda e o Cisne(K

=( <ao. Ti _ao4 Di!ino _ao4 o mais cBle<re monarca da idade de ouro

chinesa4 B o e2em-lo do homem s)<io de todos os tem-os( A *rande  Fistria

7l0ssica (=im 7hing) começa com uma cele<ração de seu car)ter e reinado3

'n!esti*ando a anti*idade4 encontramos o Di!ino _ao4 +ue4 naturalmente

e sem &pa'( $)!+ es9orço4 era re!erente4 inteli*ente4 reali@ado4 atencioso4

sinceramente am)!el e dili*ente( utrossim4 a luminosa in9luencia dessas

+ualidades era sentida nas +uatro direç.es e alcança!a tanto a es9era su-erior

+uanto a in9erior( Ele distin*uia os ca-a@es e os !irtuosos tendo4 -ortanto4

am)!el consideração -or todos os inte*rantes das no!e classes de seu

 -arentesco4 criando assim uma es9era harmnica( Ele modera!a e esclarecia s

 -essoas4 +ue se tornaram todas luminosamente inteli*entes( Uni9icou e

harmoni@ou os muitos Estados( E o -o!o de ca<elos ne*ros 9oi assim

# arlgren, op% cit%& p& $11= ci)ando Tso Chuan%## (!id%& p& $6<, no)a 1, ci)ando "hih Ching& ode $6&677 (!id &, p& $11, ci)ando 0? "hih Ch9un Ch9iu&671 :an)e, 8ita uova& F& .= )am3Lm '&

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trans9ormado( resultado 9oi a harmonia uni!ersal(5?/

Entretanto4 a-esar de sua *rande !irtude e da in9luencia csmica de seu

car)ter s)<io4 nem tudo 9oi -er9eito no -er$odo de _ao -ois hou!e *randes

inundaç.es4 +ue nin*uBm -arecia ca-a@ de controlar( Ministro de <ras -rometera muito e reali@ara -ouco(

Ti _ao disse3 V"uem -rocurar) -ara mim um homem altura dos

tem-os4 +ue eu -ossa ele!ar e em-re*arIV

Fan* Chi res-ondeu3 V0osso -r-rio 9ilho e herdeiro Chu

e2ce-cionalmente inteli*enteV(

Ti _ao disse3 Vh^ Ele não B sincero e B <ri*uento( Ser) ele ca-a@IV

Ti _ao continuou3 V"uem -rocurar) -ara mim um homem altura das

e2i*7ncias dos meus ne*ciosIV

E seu -er!erso conselheiro Huan Tou res-ondeu3 Vem4 os mBritos do

Ministro de <ras re!elaramse recentemente em lar*a escalaV(

Ti _ao disse3 Vh^ "uando tudo est) em sil7ncio4 ele 9ala mas na

 -r)tica4 suas aç.es mostramse di9erentes( Ele merece res-eito a-enas em

a-ar7ncia( Ai^ As inundaç.es ameaçam os cBus^V

Ti _ao !oltouse4 -or isso4 -ara seu PrimeiroMinistro3 VMeu <omMestre das "uatro Montanhas4 as enchentes são terr$!eis( Elas en!ol!em as

montanhas e co<rem as maiores alturas4 ameaçando atB mesmo os cBus4 de

maneira +ue as -essoas de <ai2o *emem e murmuram( Não h) a<solutamente

nenhum homem com-etente em +uem eu -ossa con9iar -ara corri*ir essa

calamidadeIV

E todos na corte disseram então3 VE WunIV

Pois <em4 Wun4 como ) !imos4 9oi o -ai do o!em +ue se tornaria o

#rande _ e ele -r-rio era um dos talentosos oito 9ilhos do monarca anterior

J6K Chuan Hs(

Ti _ao disse3 Vh^ "uão -er!erso B a+uele sueito^ Deso<edecendo

ordens ele tenta o9ender seus i*uaisV(

Mestre das "uatro Montanhas ar*umentou3 VMas tal!e@ sea <om

67$ "hu Ching 1&1= seg"ndo James *egge, The "acred Boo+s of China> The Te#ts of Confucianism&Part (& Sacred -ooks o? )he as), vol& @@@ (The Clarendon /ress, H?ord, 1##, $ edi!o%, pp& .$2..&

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dei2)lo tentar4 a-enas -ara !er se ele não conse*ueV(

Assim4 Wun 9oi em-re*ado( Ti _ao disse a ele3 V0ai e s7 res-eitoso^V Ele

tra<alhou durante no!e anos4 mas a o<ra -ermaneceu irreali@ada(

Ti _ao disse então a seu PrimeiroMinistro3 Vra4 meu <om Mestre das"uatro Montanhas4 eu ) estou h) setenta anos neste trono( Tu -odes cum-rir

minhas ordens3 !ou entre*arte meu lu*arV( &pa'( $)#+

Mas o outro disse3 VNão tenho !irtude( Seria uma des*raça em !osso

lu*arV(

Ti _ao disse lhe3 V'ndica me então al*uBm entre os ilustres ou al*uBm

entre os -o<res e miser)!eisV4

Então4 todos os -resentes disseram a Ti3 VH) um homem solteiro entre as

 -essoas in9eriores chamado ShunV(

Ti _ao disse3 VSim4 ) ou!i 9alar a seu res-eito( +ue tendes a di@er

deleIV

Mestre das "uatro Montanhas 9alou3 VEle B 9ilho de um ce*o( Seu -ai

era o<stinadamente sem -rinc$-ios sua mãe adoti!a 9alsa seu meioirmão

Hsian* era arro*ante( Entretanto4 ele tem sido ca-a@4 -or sua de!oção 9ilial4 de

!i!er com eles em harmonia e de condu@ilos *radualmente ao autocontrole4 de

maneira +ue não estão mais -ro-ensos a *randes -er!ersidadesV(Ti _ao disse3 V0ou test)lo( 0ou cas)lo e o<ser!ar seu com-ortamento

com minhas duas 9ilhasV(

E Ti _ao arranou tudo como de!eria ser4 en!iando suas duas 9ilhas -ara

o norte do rio Wfei4 -ara serem es-osas na 9am$lia de Shun( E Ti disse a elas

VSede res-eitosas^V5?&

Assim4 che*ou o momento da escolha e ascensão de um no!o Ti4 um no!o

rei deus4 o +ue mostra claramente +ue a descend7ncia e o !alor não são

*eneal*icos4 mas morais uma +uestão eminentemente con9uciana4 tornada

ainda mais en9)tica -elo mau car)ter atri<u$do tanto ao 9ilho do -r-rio

im-erador +uanto aos 9amiliares do o!em Shun4 cua -iedade 9ilial e o -rinci-al

e mesmo o >nico moti!o de sua ele*i<ilidade en+uanto ei2o do uni!erso( Não h)

nada com-ar)!el4 +ue eu sai<a4 nas mitolo*ias da 1ndia4 onde a 7n9ase recai

sem-re na estir-e(

Esse moti!o caracter$stico da China4 do monarca -assando o trono ao67. "hu Ching 1&.= seg"ndo *egge, op% cit%& pp& .2.'&

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mais meritrio de seus s>ditos sem le!ar em consideração a -osição social4 -ode

ser um !est$*io de uma ordem matriarcal anterior e mesmo de al*o tão !iolento

+uanto o tema do assassinato do !elho rei discutido -or Fra@er em O Ramo

 Dourado  -ois _ao4 como !imos um tanto -reci-itadamente entre*a aShun am<as as 9ilhas( Na !erdade4 em um li!ro anti*o h) um !erso +ue re!ela

com e2atidão esse tom assassino ao declarar3 VShun 9orçou _ao _ 9orçou

ShunV(5?8 Entretanto4 nesse conte2to cl)ssico -osterior4 o moti!o arcaico se B

+ue e2iste 9oi a-licado a um ar*umento moral +ue est) no cerne do ideal

chin7s do car)ter do <om rei4 do rei s)<io e4 em conse+7ncia4 do homem s)<io(

_ao testou Shun -or !)rios meios3 en!iouo4 -or e2em-lo4 a uma 9loresta

ao -B de montanhas sel!a*ens mas nem mesmo !entos !iolentos4 tro!.es e

chu!as conse*uiram 9a@7lo des!iarse do caminho(5?5 Portanto4 a+ui4 mais uma!e@4 temos um tema -rimiti!o4 comum4 -or e2em-lo4 nos mitos da AmBrica do

 Norte3 o da+uele +ue testa4 o so*ro o*ro( Mas no!amente a moral e con9uciana(

Podese com-arar essa -ro!ação de Shun na 9loresta4 entre !entanias4 tro!.es echu!as4 com a do sal!ador ainista Parsh!anatha∗  e o contraste do tema

indiano4 de desa-e*o a<soluto4 com &pa'( $)$+ o con9uciano4 de com-et7ncia no

en!ol!imento construti!o4 tornase tão !i!ido +uanto se -oderia es-erar(

Vs a*ricultores do Lishan desres-eita!am as di!isas uns dos outros(Shun 9oi -ara l) culti!ar e ao 9im de um ano as di!isas esta!am corretas( s

 -escadores mar*em do Ho dis-uta!am as )*uas rasas( Shun 9oi -ara l)4

 -escou4 e ao 9im de um ano eles cederam o lu*ar aos mais !elhos( s ceramistas

dos <)r<aros orientais 9a@iam !asos r>sticos e de m) +ualidade( Shun 9oi -ara l)

e 9e@ cermica( Ao 9im de um ano4 os !asos deles tornaramse <ons(V5?6

Ti _ao -ermaneceu a-enas mais tr7s anos no trono4 e então con!idou

Shun -ara assumilo4 e o <om o!em4 o<!iamente4 declinou( VNo entantoV4

a9irma a Fistria 7l0ssica, Vno -rimeiro dia do -rimeiro m7s Shun aceitou o

a9astamento de Ti _ao no tem-lo do Ancestral Reali@ado(V 5?, JCom-arese com

o 9esti!al Sed do Fara4 -ro*ramado -ara o in$cio do ano^K E de-ois de Shun ter

reinado -or !inte e oito anos4 _ao4 aos %?%4 morreu em uma !ia*em ao norte

 -ara instruir as oito tri<os <)r<aras da+uela re*ião4 entre as +uais 9oi enterrado

67 .an Oei T6u c?& ci)ado por arlgren, op% cit &, p& $#6&676 "hu Ching  $&1&$= *egge, op& ci)&, p& .& R "upra& p& 1<&67' .an Oei T6u& Nan @, c?& ci)ado por arlgren, op% cit%& p& $#<&67< "hu Ching , $&1&$= *egge, op& ci)&, p& .&

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com sim-licidade4 sem t>mulo4 no lado norte da montanha sa*rada do Norte(5?=

:( =hun. Como im-erador !icere*ente4 Shun ) reali@ara durante !inte e

oito anos todos os *randes sacri9$cios4 9a@endo !ia*ens de ins-eção a cada cinco

anos nas +uatro direç.es onde o9erecia sacri9$cios s montanhas( Rece<ia ossenhores 9eudais dos +uatro cantos a cada +uatro anos em sua ca-ital e

e2amina!a suas o<ras4 distri<u$a s$m<olos de in!estidura4 corri*ia -adr.es de

medida4 di!idia o reino em do@e -ro!$ncias4 institu$a cdi*os -enais e -unia os

+ue mereciam -uniç.es(5?:

Era tam<Bm muito *eneroso -ara conceder -r7mios( Por e2em-lo4 +uando

seu #uardião dos Dra*.es4 Tun* Fu4 se mostrou es-ecialista em atrair dra*.es

 -ara seu celeiro dandolhes o alimento de +ue *osta!am4 Shun a-reciou tanto

seu ato +ue lhe concedeu o nome de um clã e uma 9am$lia4 en9eudouo einstituiuo como ancestral de uma *rande casa real(5%?

Entretanto4 o -ro<lema -rinci-al continua!a4 isto B4 as enchentes4 +ue Wun

ha!ia 9racassado misera!elmente em controlar -ois4 de acordo com a  Fistria

7l0ssica, m sua em-reitada ele tinha cometido o erro de !iolar a nature@a( VEle

re-resou as )*uas da inundação e com isso causou -ertur<ação no arrano dos

cinco elementos( Como conse+7ncia4 o senhor do CBu 9icou irado e não lhe

concedeu o #rande Plano com suas no!e di!is.es( Portanto4 os -rinc$-iosimut)!eis do mBtodo celestial 9oram ru$na( Wun 9oi a-risionado atB sua morte4

e seu 9ilho _ su<iu e assumiu sua tare9a(V5%%

%?( <Q. VAo #rande _V4 continua nosso te2to4 Vo CBu 9orneceu o #rande

Plano com suas no!e di!is.es4 e assim os -rinc$-ios imut)!eis do mBtodo 9oram

de!idamente colocados em -r)tica(V5%/ E esse mBtodo era e2atamente o o-osto

da+uele +ue o -ai de _ tinha usado -ois4 como in9orma M7ncio3 V_ esca!ou

o solo e condu@iu a )*ua -ara o mar a9astou as ser-entes e os dra*.es4

rele*andoos aos -ntanos( As )*uas -ercorreram assim seus cursos -elo meio

da terra3 os rios Hsian*4 Huai4 Ho e Han( E4 de-ois de remo!idos os o<st)culos4

os -)ssaros e animais +ue molesta!am as -essoas 9oram a9astados e o -o!o

rece<eu terras <oas4 onde se assentouV(5%& &Pa'( $)5+ 

_ tinha um lon*o -escoço4 a <oca como <ico de cor!o e o rosto 9eio

67 arlgren, op% cit%& pp& $#$2$#., ci)ando Mo T6u%67# "hu Ching $&1&.= *egge, op% cit%& pp& .27&617 arlgren, op% cit%& p& $#, ci)ando Tso Chuan%611 "hu Ching 6&&1= *egge, op% cit%& pp& 1.#217&61$ 0oc% cit &61. Mencius .&1&&<= seg"ndo arlgren, op% cit%& p& .7.&

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tam<Bm( mundo4 entretanto4 continua!a considerandoo um s)<io4 -or causa

de sua dedicação ao sa<er(5%8  Uma ser!a do im-erador4 +ue ha!ia 9eito um

e2celente !inho4 le!oulhe um -ouco mas de-ois de -ro!)lo4 achandoo

delicioso4 ele mandoua em<ora( VNo 9uturoV4 ele disse4 Vha!er) muitos +ue -erderão seus Estados -or causa da <e<ida(V E a<ste!ese dali em diante de

+ual+uer !inho( Toda sua !ida4 na+ueles anos4 9oi dedicada ao tra<alho4 +ue

reali@a!a em harmonia com as condiç.es naturais4 "uando ele entra!a na terra

dos nus4 des-iase de acordo com o costume nati!o( E ia em cum-rimento de

suas tare9as atB os con9ins da terra( No mais e2tremo oriente4 ele che*ou ao lu*ar

da )r!ore onde os de@ sis se <anham e -ousam e de-ois !oam no mais e2tremo

sul4 che*ou terra das )r!ores la+ueadas4 do *rão !ermelho4 das termas4 das

montanhas dos no!e <rilhos4 das -essoas aladas4 das -essoas nuas e terra dosimortais a oeste4 onde as -essoas <e<em or!alho e !i!em do ar4 montanha do

m)*ico4 montanha do ouro acumulado e terra das -essoas de tr8s rostos e um

 <raço ao norte4 s terras dos !)rios <)r<aros4 das )*uas reunidas4 das montanhas

sa*radas do norte e montanha das -edras em-ilhadas(5%5 E +uando aca<ou seu

tra<alho4 ele 9oi atB Shun( Con9orme narra a Fistria 7l0ssica

Shun disse3 VDe!es ter e2-eri7ncias mara!ilhosas -ara contarV(_ res-ondeu com uma mesura3 VS tenho -ensado em meu tra<alho

di)rio( +ue -osso di@erIV

Disse o Ministro da ustiça3 Vh4 !amos l)^ Não !ais nos contar

a<solutamente nadaIV

_ res-ondeu3 VAs )*uas da inundação -areciam alcançar o cBu em sua

ma*nitude4 elas en!ol!iam montanhas imensas4 co<riram *randes montes4 e as

 -essoas esta!am assustadas4 es-antadas( De maneira +ue montei meus +uatro

!e$culos Jcarrua*ens -or terra4 <arcos -or mar4 trens -elas *eleiras e sa-atos

com -re*os -ara escalar montanhasK e nas montanhas derru<ei )r!ores( Ao

mesmo tem-o4 unto com o Ministro da A*ricultura J!er item ,K4 mostrei

multidão como -rocurar carne -ara comer Ja-anhando -ei2es4 -)ssaros e

animaisK( A<ri -assa*ens -ara as )*uas -elas no!e -ro!$ncias e condu@ias -ara

o mar4 semeando *rãos ao mesmo tem-o4 sem-re acom-anhado do Ministro da

A*ricultura mostrei s multid.es como conse*uir alimentos com o tra<alho

61 arlgren& op% cit &, p& .7', ci)ando "hih Chi%616 (!id &, p& .76, ci)ando 0? "hih Ch9un Ch9iu&

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alBm da caça( 'nciteias a trocar o +ue tinham -elo +ue não tinham e a dis-orem

de reser!as acumuladas( Dessa maneira4 todos rece<eram *rãos -ara comer e as

in>meras re*i.es começaram a ser <em *o!ernadas( \(((]

V"uando me casei4 -ermaneci a-enas +uatro dias com minha es-osa( E+uando meu 9ilho chora!a4 não lhe da!a atenção4 mas continuei meu tra<alho

com todas minhas 9orças(V5%6

VDurante de@ anosV4 a9irma outro te2to4 V_ não !iu seu lar( Em suas

mãos as unhas não cresceram( Em suas canelas não cresceram -7los( AlBm do

mais4 contraiu uma doença +ue lhe atro9iou metade do cor-o4 de maneira +ue

+uando anda!a não -odia colocar uma -erna diante da outra( E as -essoas

a-elidaram essa maneira de &pa'( $)*+ andar de o -asso de _4V 5%, VE se não9osse -or _4 disse um -r$nci-e de Liu no ano 58% a(C4 Vser) +ue não ser$amos

todos -ei2esIV5%=

Esta B4 em resumo4 a lenda da idade de ouro da China +ue atB h) mais ou

menos cin+enta anos 9oi le!ada a sBrio -elos estudiosos mesmo do cidente

  como s$m<olo de rei!indicação da China anti*idade(

Façamos uma -ausa -ara considerar al*uns 9atos(

-rimeiro4 ) o<ser!ado4 B a <!ia analo*ia entre os de@ reis sumBrios4 os -atriarcas <$<licos e os monarcas chineses4 unto com a lenda comum de um

Dil>!io dominado -elo >ltimo da sBrie( Seria -oss$!el ar*umentar +ue o n>mero

de@ da sBrie chinesa re-resenta a-enas uma coincid7ncia entretanto4 certos

outros -ontos tornam o ar*umento da coincid7ncia um -ouco di9$cil de ser

sustentado( Por e2em-lo4 não e not)!el +ue tanto NoB +uanto o #rande _4 se

tenham tornado co2os durante suas lides com o Dil>!ioI heri <$<lico4 a9irma

uma lenda udaica -o-ular4 9oi 9erido -or um leão Ja <esta solarK dentro do -orão

da sua im-onente em<arcação( VUm dia4 na arcaV4 contase4 VNoB es+ueceuse de

dar a ração ao leão e a <esta es9omeada *ol-eouo tão !iolentamente com a -ata

+ue ele 9icou co2o -ara sem-re e assim4 -or ter um de9eito 9$sico4 não lhe 9oi

 -ermitido e2ercer o o9$cio de sacerdote(V 5%: De 9ato4 e -or isso +ue a-s o

desem<ar+ue 9oi Sem4 não seu -ai NoB4 +uem ser!iu de sacerdote da 9am$lia

sacri9icando um <oi4 uma o!elha4 uma ca<ra4 duas rolas e dois -om<os(

61' "hu Ching $&&1= seg"ndo *egge, op% cit%& pp& 6<2'7&61< arlgren, op% cit%& p& .7., ci)ando "hih Chi%61 0oc% Cit &, ci)ando Tso Chuan&61# *o"is Ginz3erg, op% cit%& vol, @& pp& 1'.21''= e vol& B, p& 1<&

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Ro<ert #ra!es4 em h Thit Goddss \A Deusa ranca]4 a-resenta um

ca-$tulo so<re a 9i*ura do rei co2o nos mitos e lendas le!antinos4 cretenses4

*re*os4 cBlticos e *ermnicos4 +ue certamente !ale a -ena considerar neste

conte2to( Ele a-onta o co2ear de ac de-ois de ter lutado com o ano no !auJ#7nese &/3/8&/K a -ala de touro do deus Dioniso3 He9esto4 o 9erreiro co2o4 e

ieland4 tam<Bm um 9erreiro co2o( Ele lem<ranos tam<Bm das constantes

+uedas de Cristo ao carre*ar a cru@( E se entendi <em o ar*umento4 est) <aseado

na idBia de +ue o rei4 antes assassinado4 em rituais -osteriores era a-enas

tornado co2o e emasculado(5/?

Minha su*estão B +ue a ima*em m$tica do rei mutilado estaria relacionada

com a lua4 +ue B normalmente como !imos a contra-arte celestial do rei

touro sacri9icado e ressuscitado( A lua B co2a4 -rimeiro de um lado4 de-ois dooutro e4 mesmo +uando cheia4 B des9i*urada -or manchas escuras( Em meu

!olume  @itologia Primitiva, 9i@ uma coletnea de ima*ens tanto de um deus

+uanto de uma )r!ore da !ida +ue -or um lado são <elos4 mas -or outro estão

em decom-osição(5/% A lua cheia4 ao sur*ir no dBcimo +uinto dia de seu ciclo4

encara diretamente a es9era do sol se -ondo( Nesse momento a lu@ direta do sol

9ere a lua4 +ue começa a min*uar( Da mesma 9orma o leão 9eriu NoB4 sem

d>!ida no au*e do Dil>!io4 +uando NoB na!e*a!a como a lua cheia o 9a@ namarB alta( A lua4 alBm do mais4 B o c)lice celestial da am<rosia <e<ida -elos

deuses4 e notemos +ue tanto _ +uanto NoB J#7nese :3/%K 9icaram em<ria*ados(

De +ual+uer maneira4 temos a*ora diante de ns tr7s di9erentes !ers.es da

nature@a e si*ni9icado do Dil>!io en9rentado -elo dBcimo monarca de uma

B-oca m$tica( A -rimeira B a do anti*o ciclo sumBrio da era csmica4

matematicamente ine!it)!el4 &pa'( $)-+  +ue aca<a em dissolução csmica( A

se*unda B a da cat)stro9e csmica -ro!ocada -elo li!re ar<$trio de um Deus4 e

isso4 como !imos4 -arece re-resentar o re9le2o de uma atitude -articularmente

semita de dissociação e cul-a em 9ace da di!indade( Em contraste com a 9rmula

)ria de uma seca !Bdica causada -or um demnio4 +uando os deuses esta!am do

lado dos homens(K E 9inalmente4 nesta !ersão chinesa4 !emos a cat)stro9e

redu@ida de e!ento csmico a e!ento *eo*r)9ico local4 onde nem a cul-a nem a

matem)tica são in!ocadas -ara racionali@ar a ocorr7ncia( 6 [  acima de tudoV4

como o<ser!ou o Dr( Warl*ren4 Vuma lenda hrica o tema -re-onderante não B

6$7 Io3er) Graves, The 5hite Goddess (Crea)ive 0ge /ress, Nova York, 1#%, p& $<$&6$1  As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva, pp& 17217<&

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tanto a cat)stro9e da inundação +uanto sua relação com um heri altura

dela(V5// E na conce-ção chinesa 9undamental da ação correta tal!e@ ) no

 -er$odo Chou Anti*o4 mas certamente con9uciano a !irtude do heri reside

em sua harmonia com a ordem da nature@a4 em conse+7ncia do +ue ele rece<e4 -ara o cum-rimento da sua tare9a4 o mandato e o #rande Plano re!elado do

 -r-rio céu.

PER%ODO DA LENDÁRIA DINASTIA 8SIA

Assim como NoB so<re!i!eu ao Dil>!io e4 -or isso4 re-resenta ao mesmo

tem-o o 9im da anti*a e o começo da no!a era4 o mesmo ocorre com o #rande

_( E assim corno a era su<se+ente ao Dil>!io4 tanto na $<lia +uanto naslistas dos anti*os reis sumBrios4 se a-ro2ima!a *radualmente do -lano da

histria4 o mesmo ocorre com a crnica da China de-ois do -er$odo de _(

Su-.ese +ue ele tenha sido o 9undador da lend)ria dinastia Hsia4 so<re a +ual

uma sBrie de estudiosos ainda acredita +ue se -ossa encontrar al*uma e!id7ncia

tan*$!el( Entretanto4 como nenhuma a-areceu atB hoe4 temos +ue continuar

considerandoa lend)ria( Su-.ese +ue a data de sua 9undação tenha sido cerca

de //?5 a(C( e a data da morte de _4 cerca de /%:, a(C

5/&

 Su-.ese +ue umalinha*em de de@essete reis tenha reinado -or 8,% ou 6?? anos Jas dataç.es

di9erem si*ni9icati!amenteK( De-ois de sua +ueda4 sur*iu a ar+ueolo*icamente

 <em!alidada dinastia Shan*( E assim como _ao4 Shun e _ constaram da

literatura chinesa como modelos do car)ter do <om rei4 o >ltimo monarca

lend)rio4 Chieh4 da dinastia Hsia4 tem sido o modelo do mau rei(

Chieh4 di@em4 era o -rotti-o do !$cio( No in!erno não constru$a nenhuma

 -onte4 no !erão nenhuma <alsa4 com o intuito de !er as -essoas con*elarem e se

a9o*arem( Ele dei2a!a as ti*resas soltas no mercado4 a-enas -ara !er as -essoascorrerem( Tinha trinta mil mulheres m>sicas4 +ue *rita!am e toca!am a noite

inteira -ara serem ou!idas em toda -arte e se !estiam de seda <ordada(5/8

Mulheres4 em -articular4 eram sua 9ra+ue@a( Ele atacou a re*ião de _u

Shih e 9oi a-lacado +uando lhe en!iaram uma dama4 Mo Hsi4 +ue imediatamente

con+uistou sua -redileção( De-ois atacou a re*ião de _u Min e o senhor local

en!ioulhe duas damas4 _an e _en4 cuos nomes ele *ra!ou em um cBle<re

6$$ arlgren, op% cit%& pp& .7.2.7&6$. &T&C& +erner, A Dictionar$ of Chinese M$tholog$ (elly +alsh, Oangai, 1#.$%, p& 6#<&6$ arlgren, op% cit%& pp& .$'2.$<, ci)ando )uan T6u%

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 ade4 e Mo Hsi4 reeitada4 9oi <anida -ara o rio Lo4 onde acalentou deseos de

!in*ança no coração(

A lenda 9ala a se*uir de outra dama solit)ria4 sem nome4 +ue !i!ia unto

ao rio _i e4 ao desco<rirse *r)!ida4 sonhou noite +ue um es-$rito lhe di@ia3V"uando a &pa'($)/+ )*ua sair do almo9ari@4 começa acorrer -ara o leste e não

olhes -ara tr)sV( Na manhã se*uinte4 a )*ua sa$a do almo9ari@ e4 a!isando os

!i@inhos4 ela correu -ara o leste( Mas -arou -ara olhar -ara tr)s( Sua cidade

esta!a inundada( E ela 9oi trans9ormada em amoreira(

Esse incidente su*ere a lenda da es-osa de Lot( VFu*i -ara sal!ar !ossas

!idasV4 disseram os anos a Lot4 sua mulher e suas duas 9ilhas Vnão olheis -ara

tr)sV( Mas a mulher -arou -ara olhar -ara tr)s e !iu +ue nas cidades de Sodoma

e #omorra o Senhor 9a@ia cho!er 9o*o e en2o9re( E ela 9oi trans9ormada emest)tua de sal J#7nese %:3%,/6K(

 Na lenda da +ueda do -er!erso monarca Chieh entra a*ora uma terceira

 o!em solit)ria( Ela era 9ilha do senhor de certa -ro!$ncia menor4 e esta!a

so@inha colhendo 9olhas de amoreira +uando encontrou um <e<e em uma

amoreira oca( Le!ouo -ara casa e deuo de -resente ao -ai +ue4 -or sua !e@4

deuo ao co@inheiro do -al)cio( Eles deram criança o nome de _i _in4 -or

causa do rio _i( menino cresceu e tornouse e2tremamente s)<io( E sua 9amalo*o che*ou aos ou!idos de Tan*4 o senhor da casa ascendente da dinastia

Shan*4 +ue en!iou uma dele*ação -ara -edir -or ele( Mas o senhor da -ro!$ncia

menor4 cua 9ilha tinha encontrado o <e<74 não +uis se-ararse do -rod$*io(

Então4 o senhor da casa real Shan* -ediu uma es-osa e4 -ara escolt)la4 9oi

en!iado _i _in +ue ao che*ar 9oi ca-turado -or Tan*4 o +ual o -uri9icou no

tem-lo4 lançou lu@ do 9o*o sa*rado so<re ele4 o <esuntou com o san*ue de um

 -orco sacri9icado e4 no dia se*uinte4 o rece<eu em audi7ncia como mem<ro de

sua corte(5/5

Mas Tan*4 o senhor de Shan*4 ao contr)rio de Chieh4 o senhor de Hsia4

era um modelo de !irtude real( Ele arma@ena!a *rãos -ara sal!ar os 9amintos e

da!a rou-as aos +ue -assa!am 9rio( E2tra$a metais e com eles 9a@ia moedas -ara

res*atar as crianças !endidas -or -ais miser)!eis(5/6  E +uando hou!e uma

terr$!el seca4 ele 9oi so@inho a um <os+ue sa*rado de amoreiras e ali4 su-licando

6$6 (!id &, p& .$#, ci)ando 0? "hih Ch9un Ch9iu%6$' (!id%& p& .$<, ci)ando )uan T6u%

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ao Deus nas Alturas4 o9ereceu seu -r-rio cor-o em sacri9$cio( 5/,

lema recorrente da amoreira nesta lenda da ascensão da casa de Shan* e

+ueda da casa de Hsia su*ere de modo claro um mito !e*etal su<acente( Dr(

Warl*ren o<ser!ou +ue dois dos monarcas da sBrie de s De@ #randes 54Shao Hao e 64 Chuan Hs !i!eram em um lu*ar chamado VA Amoreira

J sang K ca JkSung K6 +ue4 como ele declara4 de!e ter rece<ido o nome Vde al*uma

!elha amoreira 9amosa4 -ro!a!elmente centro de um culto4 9enmeno comum

mesmo na China modernaV( 5/= A -reste@a do !irtuoso senhor Tan* em o9erecer

seu cor-o nesse <os+ue4 e2-ressamente -ara -rodu@ir chu!a4 relaciona a lenda

com a +uestão de O Ramo Dourado de Fra@er e o ritual re*icida restaurador do

mundo( JCom-arese com o sinete do 0ale do 'ndo4 da 9i*ura %,(K <os+ue de

amoreiras e a )r!ore oca são rB-licas -er9eitas do <os+ue ritual romano em Nemie seu car!alho sa*rado de Diana(5/: E +uanto ao autosacri9ico sim<lico Jnão

consumadoK de Tan* no <os+ue de amoreiras se acrescenta o nascimento

!ir*inal de _i _in de uma k S ung sang, temos diante de ns todos os elementos

de um mito de morte e ressurreição atra!Bs de uma )r!ore sa*rada Jcom-arese

com Cristo na Santa Cru@K( &pa'( $)0+

Pensamos em s$ris4 lançado no rio Nilo Jcom-arese com o rio _iK4

encontrado no tronco do uma lamar*ueira -or sua irmães-osa !ir*em4a deusa'sis( H) tam<Bm a lenda de Adnis4 o corres-ondente *recos$rio de s$ris e

Tammu@4 nascido de uma ar!ore +ue ha!ia sido uma !ir*em chamada Mina(

Deseando seu -ai4 Mina sedu@iuo e conce<eu mas 9oi então trans9ormada em

uma mirra( E4 con9orme !$dio conta3 VA )r!ore rachou4 a casca cedeu e sur*iu

sua car*a !i!a4 um menino em -rantosV4 +ue 9oi rece<ido -elas mãos de Lucina4

uma deusa do -arto(5&? Da9ne4 a nin9a( tam<Bm 9oi trans9ormada em )r!ore

+uando -erse*uida -elo deussol A-olo( E4 considerando no!amente Lot4

recordamos +ue +uando sua es-osa4 +ue olhara -ara tr)s4 9oi trans9ormada em

est)tua de sal4 suas 9ilhas o em<ria*aram e4 sedu@indoo4 conce<eram -ois elas

su-unham +ue com a destruição das duas cidades4 os >nicos seres humanos

so<re!i!entes eram elas -r-rias e seu desolado -ai como se um Dil>!io e

no!o começo do mundo esti!essem em +uestão(

V[ tentadorV4 escre!e o Dr( Warl*ren4 Vsus-eitar de uma in9luencia

6$< (!id%& p& .$, ci)ando 0? "hih Ch9un Ch9iu%6$ (!id%& p& .$#, no)a 1&6$# Frazer, op% cit%& pp& 12$, e passim&6.7 vid, Metamorphoses O, linhas 61$261.&

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hel7nica -recoce no tema da mulher trans9ormada em )r!ore JFil7mon e )ucis4

Da9neK(V5&%

Muito mais tentadora4 -areceme4 B a idBia de um >nico mito 9undamental

do termino e reinicio de uma era4 +ue B -arte e +uinhão da herança da -r-riaci!ili@ação( Em sua 9orma m$tica -rim)ria4 ele -rodu@iu os ritos de s$ris e

Tammu@ nos -osteriores estilos helenistas de mito liter)rio4 as lendas de Da9ne4

Mirra etc(4 e tanto nas crnicas -rBhistricas <$<licas +uanto chinesas4 as lendas

de NoB4 Lot e a oito mil +uilmetros de distncia do #rande _ e o

9a<uloso _i _in(

[ -oss$!el +ue nos e-isdios culminantes dessa lenda -ossam ou!irse

ecos !erdadeiros de al*umas cenas -rBhistricas do tem-o da !itria do -o!o

Shan* J-ortador do <ron@eK so<re as -rimeiras cidades e cidadesestadosneol$ticas de _an*shao e Lun*shan( !irtuoso senhor Tan*4 contase4 en!iou

 su ministro _i _in como seu es-ião ele desco<riu não a-enas a misBria do

 -o!o so< o reinado -er!erso de Chieh4 mas tam<Bm a in!ea da dama unto ao

rio Lo( E +uando che*ou a hora de atacar4 o -r-rio CBu declarou sua !ontade(

sol e a lua -erderamse em seus traetos( Frio e calor !inham misturados( s

cinco ti-os de *rãos secaram e morreram( Demnios ui!aram dentro da terra4

*rous choraram -or mais de de@ noites e os no!e caldeir.es so<re tri-Bs4s$m<olos da *raça di!ina4 desa-areceram de Hsia e rea-areceram em Shan*( A

dama do rio Lo4 Mo Hsi4 mante!e _i _in in9ormado de todos os -ress)*ios e

e!entos dentro do -al)cio4 e +uando4 9inalmente4 ela lhe in9ormou +ue o

im-erador Chieh tinha sonhado com dois sis em luta4 um a leste e um a oeste e

+ue o do oeste tinha !encido4 Tan* sou<e +ue seu dia ha!ia des-ontado( Uma

!o@ *ritoulhe3 VAtaca^ 0ou darte as 9orças de +ue -recisares4 -ois rece<i -ara ti

o mandato do CBuV( E o !irtuoso senhor de Shan* en!iou no!enta carros de

*uerra em 9ormação de *ansos sel!a*ens e seis mil soldados dis-ostos a morrer(

Chieh4 em sua -er!ersidade4 tinha numerosos *i*antes +ue -odiam -artir

ao meio um rinoceronte ou um ti*re !i!o e matar um homem com o to+ue de um

dedo( Mas ele não conse*uiu esca-ar do casti*o dos deuses( Chu un*4 o deus

9o*o4 incendiou a -arte noroeste de sua cidade( s carros de Tan* atacaram os

soldados os se*uiram4 Chieh &pa'( $)1+ 9u*iu com um sB+uito de +uinhentos e

9oi <anido4 E o *rande modelo de toda !irtude4 Tan*4 o9ereceu então o trono real

a +ual+uer um +ue ul*asse merec7lo( Nin*uBm ousou( E assim4 ele o assumiu6.1 arlgren, op% cit%& p& .$#, no)a 1&

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 -ara 9undar a *rande dinastia histrica de Shan*(5&/

III( A HPOCA :EUDAL C8INESA" c'!*))*)) a(C(

A DINASTIA S8ANG" c'!*#$!)#/ a(C(

As tum<as reais da -rimeira !erdadeira dinastia da China 9oram

desenterradas em uma sBrie de esca!aç.es entre os anos %:/= e %:&,4 a-s a

desco<erta de (#( Andersson da anti*a ca-ital Shan* em Anan*4 e4 como as

tum<as de A<idos da ' Dinastia do E*ito +uin@e sBculos antes4 re!elam uma

ordem es-iritual totalmente distinta da de +ual+uer idade de ouro m$tica do

 -ensamento 9ilos9ico( A 9orma normal da tum<a Shan* era a de uma *rande!ala com cerca de %5 m de com-rimento4 %/ m de lar*ura e 845? m de

 -ro9undidade4 no meio da +ual ha!ia uma 9ossa central esca!ada -ro9undidade

de mais 845? m e dentro dessa ha!ia ainda outra4 com mais /48? m de

 -ro9undidade( Uma >ltima 9ossa4 ca!ada a<ai2o desta4 era su9icientemente

*rande -ara conter o cor-o de um soldado armado4 e tudo isso era 9orrado em

madeira e re*iamente *uarnecido( Todas as tum<as4 o<!iamente4 ha!iam sido

sa+ueadas -orBm4 resta!a o <astante -ara re!elarnos a ordem do se-ultamento3

um soldado com uma ala<arda na co!a mais -ro9unda um cai2ão de madeira

lo*o acima no *rande !est$<ulo4 <ron@es rituais4 ades4 ossos escul-idos4 armas

etc( nos -isos das ram-as e -assa*ens4 numerosos ca!alos e -arelhas se-ultados4

cães e homens4 e na co!a -rinci-al4 como no E*ito4 os es+ueletos de homens e

mulheres da corte( A co!a inteira era -reenchida com terra socada e4 como

no!idade com relação ao E*ito4 nesse aterro os es+ueletos dos animais cães4

!eados4 macacos etc(4 esta!am es-alhados4 untamente com crnios humanos

somando com 9re+7ncia um total de mais ou menos uma centena( 5&& Não sede!e -ensar +ue no -er$odo do -r-rio Con9>cio o cen)rio m$tico arcaico

documentado nessas tum<as tenha sido es+uecido4 -ois ainda no ano 8/? a(C4 o

moralista Mo T@u se +uei2a!a dos ritos 9uner)rios da reale@a de sua B-oca(

VMesmo +uando uma -essoa comum e sem distinção morreV4 escre!eu

esse 9ilso9o do amor uni!ersal4 Vas des-esas com o 9uneral são tais +ue le!am a

9am$lia misBria4 e +uando um *o!ernante morre os tesouros do Estado 9icam

com-letamente e2auridos -ara se conse*uir su9iciente ouro e ade4 -Brolas e6.$ (!id%& pp& ..12..., ci)ando a3"ndan)emen)e Mo T6u%6.. Fairservis, op% cit%& pp& 1$<21$&

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do Sul notadamente as artes do -oste tot7mico dos -o!os -escadores da Costa

 Noroeste e os monumentos da es9era maiaasteca J9i*uras // e /&K( Entre os

traços comuns mais not)!eis desse estilo circum-ac$9ico estão3 um

em-ilhamento de 9ormas similares em sBrie !ertical J-rinc$-io do -ostetot7micoK modo de -artir 9ormas animais4 sea -elas costas ou -ela 9rente4

a<rindoas como um li!ro Jse-aração <ilateralK olhos e rostos -intados so<re

articulaç.es do cor-o e nas mãos e um modo es-ecial de or*ani@ar es-irais

an*ulares e meandros(

Pro9( Ro<ert Heine#eldern usou o termo VEstilo Anti*o do Pac$9icoV

 -ara desi*nar este com-le2o4 e ns de!emos -ensar nele4 hi-oteticamente4 como

!inculado de al*uma 9orma com o deslocamento da -o-ulação mon*olide

)rtica( s -ro9essores ose-h Needham e an* Lin*4 em sua o<ra enciclo-Bdica=cinc and 7ivili/ation in 7hina \Ci7ncia e Ci!ili@ação na China]4 o<ser!aram

+ue nesse conte2to Vsão encontrados certos traços +ue a-ontam -ara uma am-la

comunidade cultural em todas as latitudes setentrionais a<ai2o do C$rculo

Ártico4 isto B4 Ásia Setentrional e AmBrica do NorteV4 e su*erem +ue toda essa

re*ião V+uase -oderia ser chamada de re*ião do 2amanismoV( &pa'( $!!+

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Fi*ura //( Estilo Anti*o do Pac$9ico3 es+uerda4 ca<o de osso( China JShan*K4 c.%/?? a(C direita4 -oste tot7mico4 AmBrica do Norte JCosta NoroesteK4 recente(

Um im-lemento t$-ico4 comum a todas as -artes dessa !asta re*ião Jeles

escre!emK B a 9aca de -edra retan*ular ou semilunar4 <em di9erente de +ual+uer

coisa conhecida na Euro-a ou no riente MBdio4 mas encontrada entre os

es+uims e amer$ndios4 <em como entre os chineses e na Si<Bria( \(((] Tais 9acas

eram comuns na dinastia Shan* e continuaram a ser 9eitas Jde 9erroK na China atB

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tem-os recentes( utra caracter$stica dessa re*ião cultural do Norte B o uso de

moradias em co!as ou tocas na terra4 cua 9orma de colmBia -ode ter -assado

 -ara as casas dos cam-oneses do -er$odo Tan* +ue !emos -intadas nos a9rescos

de Tunhuan*( arco com tensor &pa'( $!#+ ou arco com-osto -arece ter sidouma in!enção dessa re*ião( Se a AmBrica 9oi -o!oada -or mi*raç.es atra!Bs do

Estreito de ehrin* no in$cio do Neol$tico4 a+ui -ode estar uma e2-licação -ara

al*umas das estranhas semelhanças +ue e2istem entre as ci!ili@aç.es amer$ndia e

do leste asi)tico mas essa B uma +uestão muito di9$cil( \(((]5&6

Fi*ura /&( Estilo Anti*o do Pac$9ico3 acima4 AmBrica do Norte JCosta NoroesteK4 recentea<ai2o3 MB2ico Jestilo TainK4 c(/??%??? d(C(

Portanto4 na a*ora <em documentada arte das tum<as reais do -er$odo

Shan*4 -odese reconhecer a interação entre uma corrente cultural -ro!eniente

do cidente com rai@ na 'dade do ron@e e le!ada tanto -or uma onda

6.'  Joseph Needham e +ang *ing, "cience and Civili6ation in China (Cam3ridge niversi)y /ress,Cam3ridge, @ngla)erra, 1#6%& vol& @, p& 1&

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 -recoce de ceramistas neol$ticos J_an*shao4 Lun*shanK4 +uanto -or um

 -osterior -o!o <Blico condutor de carrua*ens com e!identes a9inidades )rio

homBricas e uma se*unda corrente4 V2amanistaV circum-olar em direção ao

sul4 tam<Bm em ondas e 9ormada -or !)rios *ru-os mon*olides( 2amanismo B uma caracter$stica muito -roeminente tanto do <udismo

+uanto do 2into$smo do a-ão4 <em como da !ida reli*iosa chinesa e ti<etana4 e

um sinal de sua in9lu7ncia ) no -er$odo Shan* -ode ser !isto no moti!o

demon$aco da m)scara animal4 chamada tSao+tSih, +ue -redomina nos <ron@es(

Em tr7s das cinco unidades do desenho do osso escul-ido da 9i*ura // a-arecem

m)scaras tSao+tSih,  &pa'( $!$+ e nas outras duas unidades da sBrie o mesmo

monstro a-arece a*achado de -er9il( RenB #rousset4 em seu !i!ido !olume

7hinsa rt and 7ultur \Arte e Cultura Chinesas]4 escre!e3 VA aus7ncia doma2ilar in9erior na tSao+tSih, como em outros monstros @oomr9icos4 tal!e@ se

de!a ao Tato de +ue eles -ossam ser -ro!enientes da -ele de um animal usada

como dis9arce -or 9eiticeiros em certas danças m)*icas uma -ele na +ual a

ca<eça4 +ue coroa!a o 2amã4 tinha necessariamente +ue ser redu@ida -arte

su-eriorV(5&, VPor !e@es4 *arras 9lan+ueiam a -arte in9erior da ca<eça do animal

em am<os os lados4 dando a im-ressão de +ue o animal est) es-reita4 -ronto

 -ara atacar( Pois4 de 9ato4 e um animal4 e muito con!incente( Em muitos denossos <ron@es Shan*4 tSao+tSih  B nitidamente a cara de um touro4 de um

carneiro4 um ti*re ou de um mocho Jmais raramente de um !eadoK(V 5&= Marcel

#ranet4 em sua o<ra h Dancs and \gnds o% ncint 7hina \As Danças e

Lendas da China Anti*a] a9irma +ue Vem<ora o nome su*ira um mocho4 -arece

se a um carneiro com ca<eça humana4 dentes de ti*re4 unhas humanas e olhos

nas a2ilasV(5&: E !amos notar4 alBm do mais4 +ue tanto em certos <ron@es Shan*

+uanto nas artes do _ucat)n e MB2ico4 a-arece o moti!o 2amanista de uma

ca<eça humana Jde sacerdote ou *uerreiroK co<erta com a de um animal(58?

Entretanto4 a deusa *re*a Atena tam<Bm usa um ca-acete em 9orma de

m)scara em sua <ela ca<eça4 en+uanto seu escudo ostenta a m)scara *or*nea

de Medusa( Assim somos lem<rados +ue4 em<ora o 2amanismo tenha se

6.< IenL Gro"sse), )rad"zido do ?ranc9s por ;aakon Chevalier, Chinese Art and Culture (The rion/ress, Nova York, 1#6#%, p& 1<&6. (!id &6.# Marcel Grane), Danses et l:gendes de la Chine ancienne (FeliH 0lcan, /aris, 1#$'%, p& #1& no)a $,

ci)ado por Gro"sse)& op% cit%& p& 1, no)a .<&67 Ber, por eHemplo, a sLrie de il"s)ra[es em Mig"el Covarr"3ias, The agle & the 1aguar& and the"erpent (0l?red 0& nop?, Nova York& 1#6%, pp& 2#&

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desen!ol!ido atB um n$!el es-ecial na es9era circum-olar mon*olide4 na

!erdade te!e uma lon*a e !asta histria desde os tem-os -aleol$ticos( 58%  De

maneira +ue4 em<ora nas idiossincrasias <!ias do estilo ornamental Shan* se

 -ossa reconhecer a in9luencia de uma ori*em cultural asi)ticooriental ou -ac$9ica não documentada em outras -artes4 não -odemos ler certe@a de +ue os

!erdadeiros moti!os m$ticos e2-ressos nessa arte não tenham sido le!ados -ara

ali do cidente -ois os moti!os usados no -er$odo Shan* Jnão o estiloK4 seam

eles a ser-ente4 o ti*re4 o !eado4 o dra*ão ou a tSao+tSih, são conhecidos em toda

 -arte(

Podese di@er o mesmo da arte adi!inhatria4 da +ual uma consider)!el

sBrie Shan* de inscriç.es em ossos oraculares testemunha4 -or e2em-lo3

Adi!inhando no dia ufu4

Wu inda*ou3

V0amos caça em Chiu al*uma ca-turaIV

Caçando neste dia4 de ato4 ca-turamos3

% ti*re

8? !eados

%68 ra-osas%5: !eados mochos( \(((]58/

Vs ossos oraculares eram em-re*ados como um mBtodo de adi!inhação

esca-ular +ue -arece ter sido comum a essa re*ião cultural e -ode terse

ori*inado um -ouco antes do -er$odo Shan*V4 a9irma o Pro9( Needham( V

mBtodo consistia &pa'( $!5+ em a+uecer as omo-latas de mam$9eros ou os

cascos de tartaru*as com car!ão em <rasa ou com um atiçador de <ron@e

incandescente( A res-osta dos deuses era indicada -elo tamanho ou direção das

rachaduras -rodu@idas( \(((] As -er*untas 9oram classi9icadas e entre as mais

im-ortantes esta!am3 aK a +ue es-$ritos se de!eriam 9a@er certos sacri9$cios <K

instruç.es de !ia*ens4 onde -arar e -or +uanto tem-o e caça e -esca dK a

colheita eK condiç.es clim)ticas 9K doença e recu-eração etc(V 58&

Deste modo4 a+ui encontramos no!amente um estilo +ue B -eculiarmente

61  As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva, p& 1#1 e ss&6$ *i Chi, op% cit &, p& $.&6. Needham e +ang *ing, op% cit%& vol& @& p& &

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chin7s mas cua arte ) esta!a h) muito tem-o desen!ol!ida no riente Pr2imo

nuclear4 !isto +ue o interesse -ela adi!inhação na Meso-otmia era o<sessi!o( E

da mesma 9orma +ue nos -adr.es dos mitos4 tam<Bm nessa sonda*em da

!ontade do cBu atra!Bs de -ress)*ios4 B es-eci9icamente com a SumBria +ue as -rimiti!as relaç.es chinesas -arecem ter sido muito -r2imas(

C8OU ANTIGO E MHDIO" c' !)#/50) a(C(

As lendas so<re a +ueda da dinastia Shan* e a ascensão da Chou re-etem

os lemas ) conhecidos da +ueda da Hsia e a ascensão da Shan*( A  Fistria

7l0ssica J=hu 7hing K a9irma então +ue +uando o !irtuoso 9undador da dinastia

Chou4 o rei u4 caiu *ra!emente en9ermo4 mais ou menos dois anos a-s sua!itria4 seu irmão mais no!o4 o du+ue de Chou4 conce<eu a idBia de morrer em

seu lu*ar( ritual +ue o9ereceu aos ancestrais de sua linha*em com esse

 -ro-sito B de consider)!el interesse3

du+ue de Chou eri*iu tr7s altares em uma clareira e4 de-ois de

construir outro altar ao sul deles4 de 9rente -ara o norte4 ali se -ostou( A-s

colocar um s$m<olo circular de ade em cada um dos -rimeiros tr7s altares etendo nas mãos o lon*o s$m<olo de ade de sua -osição4 ele diri*iuse aos tr7s

*randes reis ancestrais de sua linha*em( *rãohistorio*r)9o ha!ia inscrito sua

s>-lica em ta<uletas4 com a se*uinte 9inalidade3

VSua Maestade4 !osso *rande descendente4 so9re de uma doença *ra!e e

!iolenta( Se !s4 tr7s reis4 tendes o encar*o no cBu de olhar -or ele o #rande

Filho do CBu -ermiti +ue eu4 Tan4 sea um su<stituto de sua -essoa( Fui

ama!elmente o<ediente a meu -ai sou dotado de muitas ha<ilidades e artes4

+ue me ca-acitam a ser!ir seres es-irituais( 0osso *rande descendente4 -or

outro lado4 não tem tantas ha<ilidades e artes +uanto eu e não B tão ca-a@ de

ser!ir a seres es-irituais( AlBm do mais4 na mansão do Senhor do CBu ele 9oi

desi*nado -ara estender sua auda -or todo o reino4 de maneira +ue ele -oderia

instituir !ossos descendentes nesta terra in9erior( Todos os -o!os4 das +uatro

direç.es4 cur!amse diante dele( h^ não -ermitais +ue o mandato -recioso

con9erido -elo CBu caia -or terra a lon*a linha*em de nossos reis anteriores

sem-re ter) al*uBm com +uem contar durante os ritos sacri9iciais(Procurarei !er !ossa determinação a esse res-eito no casco da *rande

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tartaru*a( Se contem-lardes minha s>-lica4 tomarei estes s$m<olos e este ade e

retornarei4 a*uardando !ossas ordens( Se não a contem-lardes4 dei2)losei de

lado(V &pa'( $!*+

du+ue -rocedeu então adi!inhação em tr7s cascos do tartaru*a e ostr7s 9oram 9a!or)!eis( Ele a<riu com uma cha!e o lu*ar onde as res-ostas

oraculares esta!am *uardadas e as e2aminou tam<Bm eram 9a!or)!eis( Então

disse3 VSe*undo a 9orma do -ro*nstico4 o rei não ser) tocado( Eu4 a -e+uena

criança4 conse*ui a reno!ação de seu mandato -elos tr7s reis4 -or +uem um

lon*o 9uturo 9oi -ro9eti@ado( Tenho a*ora +ue es-erar -ela ordem( Eles -odem

@elar a*ora -elo nosso homem nico(V

"uando o du+ue retornou4 colocou as ta<uletas de sua oração em um

co9re de metal e no dia se*uinte o rei 9icou <om(588

 No cl)ssico  \ivro d Ods (=hih 7hing) estão -reser!adas &?5 -eças da

tradição ritual e da -oesia da B-oca 9eudal( Muitas delas são corres-ondentes

chineses dos 0edas tanto no tem-o +uanto no sentido( Cinco são atri<u$das

dinastia Shan*4 o restante Chou a >ltima e atri<u$da ao reinado de Tin* da

dinastia Chou J6?65=6 a(CK(

Assim começa a -rimeira das series Shan*3

"ue Admir)!el^ "ue Per9eito^

A+ui são colocados nossos tam<ores e tam<orins3 eles ressoam 9ortes e

harmoniosos4 -ara deliciar o nosso meritrio ancestral4 o Senhor Tan*(

Com esta m>sica4 seu descendente con!ocao3 +ue ele nos contente com a

reali@ação de nossas as-iraç.es4 +ue diri*imos a ele(

Pro9undo B o som de nossos tam<ores e tam<orins a*udo B o som das 9lautas

  todas harmoniosas entrelaçandose(

h^ Maestoso B o descendente de Tan*3 mais admir)!el sua m>sica(

s *randes sinos e tam<ores enchem os ou!idos as !)rias danças são

*randiosamente e2ecutadas( Temos conosco os !isitantes admir)!eis das

linha*ens de _ao4 Shun e Hsia( Eles estão contentes( Estão encantados(

Desde os tem-os anti*os4 antes de nossa B-oca4 os homens de outrora deram

nos o e2em-lo3 como ser sua!e e humilde da manhã ã noite e ser re!erente6 "hu Ching 6&'&1= *egge, op% cit%& pp& 16$216&

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em cum-rir com os de!eres(

"ue ele considere nossos sacri9$cios sa@onais o9erecidos desta maneira -elos

descendentes de Tan*^585

AtB os dias de hoe4 nos santu)rios 2into$stas do a-ão4 -odemos ou!ir o

som dos tam<ores ru9ados ma*ni9icamente4 de 9lautas de a*udos chamados4 e de

*randes sinos4 e !er a -er9ormance *randiosa das danças com as suas in9luencias

2amanistas domadas com decoro( E este anti*o hino4 +uando ou!ido com sons

contem-orneos4 en!ia atra!Bs dos sBculos um chamado de -oder +ue B muito

mais -ro9undo4 muito mais con!incente do +ue as e2centricidades das

 -osteriores histrias morali@antes con9ucianas narrando acontecimentos

im-laus$!eis( s <elos <ron@es sacri9iciais4 di9icilmente i*ualados em di*nidade49alamnos da maestade -erdida da+ueles tem-os( &pa'( $!-+

Vs es-$ritos -uri9icados estão em nsV4 a9irma outro hino da herança

Shan*4 Ve nos B con9erida a reali@ação de nossas as-iraç.es(V

H) tam<Bm as so-as <em tem-eradas4 -re-aradas com esmero4 com seus

in*redientes em -ro-orç.es certas(Por meio destas o9erendas in!ocamos sua -resença sem uma -ala!ra4

Ele nos a<ençoar) com as so<rancelhas da lon*e!idade com os ca<elos <rancos

e o rosto enru*ado4 em *rau ilimitado(

s cu<os de suas rodas estão 9orrados de couro e suas can*as estão

ornamentadas4 os oito sinos do ca<resto de seus ca!alos a tilintar3 os -r$nci-es

9eudais !7m assistir o9erenda(

 Ns rece<emos o mandato em toda sua *rande@a e do CBu a nossa -ros-eridade B

en!iada3 anos -rs-eros de *rande a<undncia( Nosso ancestral !ir)( Ele

des9rutar) de nossas o9erendas e nos con9erir) 9elicidade sem limite(586

E a*ora um 9lorilB*io das des de Chou3

Em seus mantos de seda4 lim-os e claros4

Com seu <arrete na ca<eça4 res-eit)!el4

66 "hih Ching , >The Sacri?icial des o? Shang>, ode 1= seg"ndo *egge, op% cit%& pp, .72.76&6' "hih Ching , >The Sacri?icial des o? Shang,> ode $= *egge, op% cit%& p& .7'&

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Do salão ele !ai ao -B das escadas4

E da o!elha -ara o <oi3

o9icial ins-eciona as tr$-odes4 *randes e -e+uenas4

E a taça cur!ada do chi9re de rinoceronte(

s <ons es-$ritos são mei*os4 não h) ru$dos nem insol7ncia -ress)*io4

este4 de *rande lon*e!idade(58,

G G G

Eles lim-am a *rama e as moitas

E a *rama 9ica e2-osta -or seus arados(

Aos milhares de -ares eles remo!em as ra$@es(

Al*umas na re*ião <ai2a e >mida4 outras ao lon*o dos di+ues(

L) estão o mestre e seu 9ilho -rimo*7nito

Seus 9ilhos mais o!ens e todos os 9ilhos deles

Seus 9ortes audantes e seus em-re*ados(

Como ressoa o ru$do +ue 9a@em ao comer as i*uarias +ue lhes 9oram le!adas^s maridos -ensam amorosamente em suas es-osas

As es-osas mant7mse -r2imas dos maridos( &pa'( $!/+

Então4 com suas relhas aliadas

Eles -.emse a tra<alhar nas terras situadas ao sul(

Eles semeiam suas es-Bcies di!ersas de *rãos(

Cada *rão contendo em si o *erme da !ida(

Em linhas ininterru-tas des-ontam as 9olhas4

E4 <em nutridos4 os talos tornamse lon*os(

E2u<erante -arece o *rão no!o4

E os mondadeiros !ão entre eles em multid.es(

Então os cei9eiros che*am aos <andos4

E os *rãos são em-ilhados nos cam-os46< "hih Ching , >The Sacri?icial des o? Cho",> dLcada ., ode <= *egge, op% cit%& p& ..&

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Mir$ades4 centenas de milhares e milh.es de -ilhas3

Para es-$ritos e es-$ritos am)!eis4

Para o9erecer a nossos ancestrais4 homens e mulheres4

E -ara a<astecer todas as cerimnias(

Per9umado e seu aroma3 realçando a *lria da nação(

Como o da -imenta B seu odor3 -ara dar con9orto aos idosos(

 Não e a-enas a+ui +ue h) a<undncia

 Não B a-enas a*ora +ue h) tal B-oca  

Desde outrora tem sido assim(58=

G G G

 Nas )r!ores os !entos so-ram chan*chan*4

E os -)ssaros trinam in*in*(

Um sai do !ale escuro e !oa

AtB a )r!ore maestosa in* B seu trinado4

Procurando com sua !o@ uma com-anhia(

Considere a+uele -)ssaro3 -)ssaro +ue B4

Procurando com sua !o@ uma com-anhia^

E o homem não -rocurar) seus ami*osI

Seres es-irituais o ou!irão4 então3

Ele ter) -a@ e harmonia(58:

Ao contr)rio dos 0edas4 encontramos a+ui o -redom$nio da a*ricultura4

não da -ecu)ria uma -rece diri*ida aos ancestrais4 não aos -oderes dos deuses

do mundo natural4 e a liderança dos reis4 não dos sacerdotes4 na condução dos

ritos3 reis +ue eram4 eles -r-rios4 descendentes dos ancestrais !enerados(  &pa'(

$!0+

S-en*ler escre!eu em  Dcad8ncia do Ocidnt so<re o contrasto entre

V-ensar o tem-oV4 em termos de um destino em desen!ol!imento4 e V-ensar o

6 (!id%& dLcada ., ode '= *egge, op% cit%& pp& ..12..$&6# (!id%& >The Minor des o? )he ingdom>, dLcada 1, ode 6, es)ro?e 1= *egge, op% cit%& p& .<&

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es-açoV4 em lermos de leis naturais eternas( -rimeiro B re-resentado so<retudo

 -elo homem de tato -ol$tico4 com senso do -oss$!el4 +ue se tornaria4 ele -r-rio4

um destino o se*undo -elo homem de conhecimento clerical ou cient$9ico4 +ue

controlaria os e9eitos atra!Bs da a-licação de leis eternamente !)lidas( A-licadaao contraste entre a China e a 1ndia nas -rinci-ais a9irmaç.es de seus modos de

 -ensamento e ação4 essa di9erença B re!eladora( Pois na China 9oi o homem de

Estado e na 1ndia o sacerdote +ue colocou seu selo na ci!ili@ação4 e

encontramos4 de um lado4 uma *rande 7n9ase nos or)culos in!esti*ando um

destino mut)!el4 ao, com !istas a uma reali@ação -ol$tica e4 de outro lado4 um

sistema de leis imut)!eis4 dharma, sinteti@ado em 9or mulas de conhecimento

conce<idas como de !erdade eterna3 um senso histrico4 de um lado4 e

a<solutamente nenhum4 de outro a adoração dos ancestrais Jdirecionada notem-oK -redominante na China os deuses da terra4 do ar4 do cBu Jo cam-o

es-acialK -redominantes na 1ndia3 de um lado um senso de en*aamento

si*ni9icati!o e4 de outro4 de desa-e*o4 como a meta humana mais im-ortante(

E4 no entanto4 de uma 9orma mara!ilhosa de se o<ser!ar4 esses dois

mundos culturais desen!ol!emse atra!Bs de -er$odos de mudança +uase

simultnea4 desde o -er$odo da che*ada dos )rias 1ndia e dos condutores das

carrua*ens Shan* China( A B-oca 9eudal !Bdica aca<a num -er$odo de cidadesreais emer*entes4  grosso modo,  -or !olta do sBculo 0''' a(C( e tam<Bm na

China4 -or !olta da+uela B-oca4 iniciase um -er$odo de mudanças -ro9undas

essencialmente do mesmo teor(

 No ano de ,,6 a(C4 a /: de a*osto4 um ecli-se do sol 9oi re*istrado -elos

o<ser!adores chineses em <usca de -ress)*ios celestiais e os maus tem-os

+ue ) tinham se iniciado 9oram reconhecidos( As >ltimas -)*inas do  \ivro d

Ods (=hih 7hing) a-resentam um no!o estilo de -oesia4 uma literatura -essimista de lamentação3∗

 Na conunção do sol e da lua no dBcimo m7s4

no -rimeiro dia da lua4 o sol 9oi ecli-sado

uma coisa de muito mau a*ouro(

Antes4 a lua torna!ase -e+uena e a*ora4 o sol tornouse -e+ueno

Portanto4 as -essoas in9eriores estarão em situação muito de-lor)!el(

sol e a lua anunciam o mal4 não se mantendo em seus de!idos traetos( R C?& supra& pp& 1121$7&

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Em todo o reino não h) *o!erno ade+uado4 -or+ue os <ons

não estão sendo utili@ados(

ecli-se da lua B um e!ento ordin)rio(

Mas a*ora +ue o sol 9oi ecli-sado3 +ue terr$!el^55?

#rande CBu4 inusto4 est) en!iando estes dist>r<ios 9ati*antes(

#rande CBu4 cruel4 est) en!iando estas *randes misBrias( &pa'( $!1+

"ue os homens su-eriores assumam o -osto -ara tra@er -a@ aos coraç.es(

"ue os homens su-eriores e2ecutem sua ustiça -ara +ue as

animosidades e iras desa-areçam(

Em-arelho meus +uatro ca!alos4 meus +uatro ca!alos de -escoços lon*os(

lho -ara as +uatro direç.es3 a9lição -or todos os lados não h) lu*ar 

al*um -ara onde eu -ossa ir(

A*ora !osso mal B desmedido e eu -osso !er !ossas lanças(

Lo*o sereis -aci9icados e am)!eis como se esti!Bsseis <rindando um ao outro(

Do *rande CBu B a inustiça4 e nosso rei não tem descanso(

Contudo4 ele não corri*ir) seu coração e se o9endecom os es9orços -ara emend)lo(

Eu4 Chia Fu4 escre!i este -oema4 -ara re!elar as -ertur<aç.es do rei(

Se a-enas mudasse seu coração4 então as mir$ades de re*i.es seriam -ro!idas(55%

A B-oca chinesa de desinte*ração do 9eudalismo e sur*imento de Estados

mon)r+uicos ri!ais e conhecida eu9uisticamente como o Per$odo dos #randes

Protetores J,,%8=? a(CK( A descrição de Mo T@u dos 9unerais4 ) citada4 su*ere

al*o da nature@a V-iedosaV da+ueles tem-os( A era B tradicionalmente datada a

 -artir do ano em +ue o im-erador _ 9oi morto -or um de seus !assalos

ocidentais( Pin*4 seu sucessor4 trans9eriu a ca-ital -ara Loan*4 no leste4 e dali

em diante o >nico -oder restante no oeste era o Estado relati!amente <)r<aro de

Chin4 +ue no -er$odo su<se+ente a Con9>cio dominaria toda a China4

esta<eleceria o -rimeiro im-Brio militar chin7s4 construiria a #rande Muralha4

667 "hih Ching& >The Minor des o? )he ingdom>, dLcada , ode # (parcial%= *egge, op% cit%& p& .66&661 "hih Ching& >The Minor des o? )he ingdom>, dLcada , ode <, condensado= *egge, op% cit%& p&.6.&

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+ueimaria os li!ros dos 9ilso9os e iniciaria em *rande estilo a+uela -ol$tica de

des-otismo alternadamente e2-l$cita ou mascarada +ue 9oi o !e$culo do

mandato celestial no Reino do Meio(

 Nas -)*inas se*uintes4 lemos muitas <elas 9rases cele<rando a !irtude emum ou outro de seus as-ectos mas B -reciso entender4 entrementes4 +ue na

histria chinesa 9actual uma 9iloso9ia e2-l$cita de ti-o com-letamente contr)rio

9oi a -rinci-al 9orça estruturadora3 a do *rande cl)ssico da dinastia Chin da arte

da -ol$tica4 O \ivro do =nhor =hang (=hang /u) +ue4 em termos de crueldade

desiludida B i*ualado e su-erado a-enas -or seu corres-ondente indiano4 o

 rthashastra. Este >ltimo J-ara citar as -ala!ras lou!)!eis do -ol$tico e 9ilso9o

indiano moderno4 W(M( PanniOarK !ai Vmuito alBm da ima*inação limitada de

Ma+uia!elV4 e assim V-ermite +ue os -ensadores indianos desen!ol!am umateoria -uramente secular de Estado no +ual a >nica <ase B o -oderV(55/ Mas a

China tam<Bm4 como !eremos a se*uir4 tem uma e2-eri7ncia de -ol$tica de

 -oder em seu -r-rio -assado(

cl)ssico em +uestão B  um testemunho dos >ltimos anos da *rande

dinastia Chou3

VSe um -a$s B 9orte e não *uerreiaV4 lemos4 Vha!er) !ilania interna e os

Seis 0ermes4 +ue são3 ritos e m>sica4 -oesia e histria4 culti!o da *enerosidade4 -iedade 9ilial e res-eito aos mais !elhos4 sinceridade e !erdade4 -ure@a e

inte*ridade( &pa'( $#)+  *enerosidade e moralidade4 detração da *uerra e

!er*onha de -artici-ar dela( Em um -a$s +ue tem essas do@e coisas4 o

*o!ernante não ser) ca-a@ de Fa@er o -o!o -lantar e lutar4 e o resultado ser) seu

em-o<recimento e a redução de seu territrio(V55&

VPor isso4 eu manteria o -o!o in9ormado de +ue4 se desea o *anho4 B

a-enas atra!Bs do arado +ue o -oder) conse*uir se ele teme o mal4 ser) a-enas

 -ela luta +ue -oder) li!rarse dele( Então4 todo mundo dentro das 9ronteiras do

 -a$s sa<eria +ue não conse*uiria nenhuma 9elicidade sem antes dedicarse ao

arado e *uerra( -a$s -oderia ser -e+ueno4 mas a colheita seria *rande os

66$ &M& /anikkar, >@ndian :oc)rines o? /oli)ics>, Firs) 0nimal *ec)"re a) )he ;arold *aski @ns)i)")e o?/oli)ical Science a) 0hmada3ad, J"ly $$, 1#66= ci)ado por -ozeman, op% cit%& p& $'& /ara "macompreens!o da ?iloso?ia da pol4)ica indiana clQssica, reme)e2se o lei)or a immer, Philosophies of(ndia& pp& <21$<= da chinesa, +aley, Three 5a$s of Thought in Ancient China& pp& 16$21= e "marevis!o dessas idLias com rela!o 5 his)ria do pensamen)o pol4)ico da jsia, 0dda -& -ozeman,Politics and Culture in (nternational .istor$ (/rince)on niversi)y /ress, 1#'7%, pp&> 1121'1&66. "hang T6u &$a e 1.&3= )rad"!o da o3ra de +aley, Three 5a$s of Thought in Ancient China& pp&1'<21', e J&J&*& :"yvendak, The Boo+ of the 0ord "hang> A Classic of the Chinese "chool of 0a2(0r)h"r /ro3s)hain, *ondres, 1#$%, pp& $.' e $6'&

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ha<itantes -oderiam ser -oucos4 mas seu -oderio militar seria enorme( Um -a$s

+ue se de!otasse a essas duas metas não teria +ue es-erar muito tem-o -ara

con+uistar he*emonia ou mesmo do m$nio com-leto so<re todos os outros

estados(V558

VUm -a$s em +ue os !irtuosos *o!ernam os -er!ersos so9rer) dist>r<ios e

em conse+7ncia ser) desmem<rado mas um -a$s em +ue os -er!ersos

*o!ernam os !irtuosos ser) ordeiro4 de maneira +ue se tornar) 9orte( \(((]V

E com relação a uma <a*atela tal como a honra3 VH) !anta*em em se

9a@er coisas +ue o -r-rio inimi*o se en!er*onharia em 9a@erV(555

IV( A IDADE DOS GRANDES CLÁSSICOS" c'*)) a(C*)) AC(

C8OU TARDIO 50)##! a(C( PER%ODO DOSESTADOS GUERREIROS

-rinci-al interesse do -ensamento cl)ssico chin7s4 ao contr)rio do

indiano4 de desa-e*o social e csmico4 era a re9orma -ol$tica4 e em tal conte2to4

o -ro<lema -rinci-al reside no -r-rio centro de in9lu7ncia e -oder terrenos(

 -oema de lamentação ) citado4 +ue acusa o cBu4 aca<ou -or !oltarse contra o

im-erador -ois de acordo com a !isão m$tica chinesa4 ha!ia uma in9lu7nciaintera*indo entre o cBu4 a terra e o homem3 e na es9era do homem a 9onte central

de in9lu7ncia e -oder era o im-erador +ue4 dentro do es-$rito de su<ordinação

m$tica4 de!eria considerarse 9ilho do cBu( 'm-eradores4 entretanto4 -odiam

 -erder seus mandatos4 e assim4 a +uestão social >ltima era a da !irtude +ue

sustenta o mandato celestial do im-erador(

-ro<lema era com-le2o4 mas4 no *eral4 era !isto so< dois as-ectos3 %( o

da ordem macrocsmica do tem-o4 isto B4 a nature@a das estaç.es4 as e2i*7nciase -ossi<ilidades do momento4 determinadas -or -ress)*ios e au*>rios4 e /( o da

ordem microcsmica do homem3 o reconhecimento e uso do -oder mais e9ica@

dentro da com-et7ncia do indi!$duo4 -ara a harmoni@ação da !ida na terra(

VToda a 9iloso9ia chinesaV4 a9irma Arthur ale em sua e2celente introdução ao

ao 7hing, VB essencialmente o estudo de como os homens -odem ser

melhor audados a !i!er untos em harmonia e ordem(V VToda a 9iloso9ia chinesa

66 (!id%& $6&113 (:"yvendak, op% cit &, p& .$'%= )rad& +aley, op% cit &, p& 1'<&666  (!id%& &11 a e 3 ()am3Lm $7&.3%= :"yvendak, op% cit &, pp& 1#', 1##2$77 ()am3Lm p& .76%= +aley,op% cit &, p& 1<.&

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B 9ormulada não como uma teoria a<strata4 mas como uma arte de *o!ernar(V 556 

E o modelo -ara esta ordem4 +ue cada uma das escolas aceita!a e inter-reta!a

como !erdade4 era a m$tica idade de ouro de _ao4 Shun e o #rande _( &pa'(

$#!+ Pois o -rinci-al documento chin7s so<re o -rimeiro as-ecto do -ro<lema4

o macrocsmico4 B o \ivro das @uta&Ls J ] 7hing K4 +ue em seu as-ecto -r)tico B

uma enciclo-Bdia de or)culos4 <aseada em uma !isão m$tica do uni!erso

9undamental a todo -ensamento chin7s( A lenda de sua ori*em conta +ue seus

elementos <)sicos 9oram desco<ertos -elo -rimeiro dos lend)rios De@

'm-eradores4 Fu Hsi J!er -( &??( item %K( Esses elementos são dois3 uma linhainteira J  K associada com o -rinc$-io masculino !ang, +ue B celestial Jclaro4

seco4 +uente4 ati!oK e uma linha +ue<rada J     K associada com o -rinc$-io9eminino  !in, +ue B terreno Jescuro4 >mido4 9rio4 -assi!oK( Primariamente4 os

termos  !ang !in re9eremse aos lados luminoso e som<rio de um riacho4

montanha ou rua( Estenda um toldo4 9i+ue em<ai2o dele e !oc7 sentir) as+ualidades !in J     K da terra saia e sentir) as +ualidades !ang J   K do cBu

ensolarado( Em todas as coisas4 sem-re4 tanto !in +uanto !ang estão atuantes4

em<ora em *raus di9erentes4 e o -ro-sito do  \ivro das @uta&Ls era 9ornecer

uma enciclo-Bdia das maneiras em +ue am<os -odem se relacionar(

 Nas mais sim-les com<inaç.es -oss$!eis4 são indicadas +uatro relaç.es3

  ( Elas são conhecidas como os +uatro

S$m<olos Em<lem)ticos( Atri<uise a Fu Hsi a ela<oração de uma sBrie

com-osta de tr7s traços3 os oito tri*ramas4 denominados4 arranados e

inter-retados da se*uinte maneira3

NOME ATRI;UTOS SIM;OLISMOANALOGIAS:AMILIARES

%(  ☰ Chien4 o Criati!o 9orte cBu -ai

66' 0r)h"r +aley, The 5a$ and (ts Po2er& pp& ' e 1&

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/(  ☷ Wun4 o Rece-ti!o De!oto dcil terra mãe

&(  ☳ Chen4 o Estimulador  'ncitante4 mo!imento tro!ão Filho -rimo*7nito

8(  ☵ Wan4 o A<ismal  -eri*oso )*ua se*undo 9ilho

5(  ☶ Wen4 o 'm!el re-ouso montanha terceiro 9ilho6(  ☴ Sun4 o Sua!e  -enetrante !ento4 madeira Filha -rimo*7nita

,(  ☲ Li4 a Mudança  -ro!edor de lu@ 9o*o se*unda 9ilha

=(  ☱ Tui4 a Ale*ria ale*re la*o terceira 9ilha

Vs 9ilhosV4 a9irma Richard ilhelm em seu coment)rio so<re esta sBrie4

Vre-resentam o -rinc$-io do mo!imento em seus !)rios est)*ios começo do

mo!imento4 -eri*o no mo!imento4 re-ouso e tBrmino do mo!imento( As 9ilhasre-resentam de!oção em seus !)rios est)*ios -enetração sua!e4 clare@a e

ada-ta<ilidade e ale*re tran+ilidade(V55,

Um no!o desen!ol!imento dos s$m<olos e enri+uecimento de sua sutile@a

e atri<u$do ao rei en J-ai do 9undador da dinastia Chou4 rei uK3 ele teria

com<inado &pa'( $##+ os tri*ramas de maneira a  9ormar sessenta e +uatro

he2a*ramas( E su-.ese +ue seu 9ilho mais no!o4 o du+ue de Chou Jo o!em +ue

!imos sacri9icandose no lu*ar do -r-rio irmãoK4 tenha escrito o te2to

analisando a 9orça de cada linha em cada com<inação( Con9>cio4 di@se4

acrescentou um coment)rio( No decorrer do tem-o4 9oram acrescentados mais

coment)rios( E no holocausto da "ueima de Li!ros no ano /%& a(C4 esse li!ro

em -articular 9oi -ou-ado como uma o<ra -r)tica4 não um dos Seis 0ermes

de maneira +ue4 de 9alo4 ele B comum a todas as escolas(

mBtodo de adi!inhação consiste em o*ar !aretas de mile9lio seis

!o@es construindo um sinal4 linha -or linha4 de <ai2o -ara cima4 de acordo com

a maneira em +ue as !aretas caem de-ois4 uma consulta enciclo-Bdia d) o -ro*nstico( Tomando um e2em-lo ao acaso3

,( =hih O 14ército

Acima3 Wun4 o Rece-ti!o4 terra Jo se*undo tri*ramaK

A<ai2o3 Wan4 o A<ismai4 )*ua Jo +uarto tri*ramaK

66< Iichard +ilhelm, )rad"!o de Cary F& -aynes, The ( Ching or Boo+ of Changes (/an)heon -ooks,-ollingen Series O@O, Nova York, 1#67%, vol& @, p& HHHi&

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Este he2a*rama e com-osto dos tri*ramas Wan4 )*ua4 e Wun4 terra4 e desta

maneira sim<oli@a a )*ua su<terrnea arma@enada na terra( Da mesma 9orma4 a

9orça militar B arma@enada na massa do -o!o in!is$!el em tem-os de -a@4mas sem-re -ronta -ara ser usada como 9onte de -oder( s atri<utos dos dois

tri*ramas são -eri*o dentro e o<edi7ncia 9ora( 'sto indica a nature@a de um

e2Brcito4 +ue no cerne B -eri*oso4 en+uanto a disci-lina e a o<edi7ncia t7m +ue

 -re!alecer e2ternamente( \(((]

ul*amento3 e2Brcito -recisa de -erse!erança e de um homem 9orte(

Sucesso sem cul-a( \(((]

s$m<olo3 no centro da terra a )*ua sim<oli@a o e2Brcito( Assim o homem

su-erior 9ortalece suas massas -ela *enerosidade -ara com o -o!o( \(((]55=

Su-.ese +ue o consultante encontre al*uma es-Bcie de corres-ond7ncia entre

tudo isso e seu -r-rio caso4 -ois o mBtodo de -ensamento B o da li!re

associação de idBias( Ele ter) +ue sentir4 não -ensar4 seu caminho atra!Bs desses

mistBrios4 -ermitindo +ue cada s$m<olo se trans9orme num cosmos de temas

associados( E su<acente a tudo isso est) o -rinc$-io elementar da dialBtica de

duas 9orças4 !ang !in 3 +ue4 em certo sentido4 B an)lo*o ao indiano de  \ingam !oni. Entretanto4 en+uanto na 1ndia as su*est.es se2uais do -ar são

en9ati@adas4 a tend7ncia na China B em direção a um estilo matem)tico a<straio

J*eomBtricoK de sim<oli@ação( E essas tend7ncias contrastantes coloriram todos

os as-ectos das duas mitolo*ias3 a indiana4 !içosa4 !olu-tuosa ou4 em reação4

9ero@mente ascBtica a chinesa4 ora secamente -r)tica4 ora ocosamente

sim<lica4 amais e2trema(

Contudo4 em ess7ncia4 os dois sistemas e+ui-aramse( Com-aremos4 -or

e2em-lo4 a ima*em m$tica indiana do SiPr-rio +ue se autodi!ide4 com a

se*uinte a9irmação do #rande A-7ndice do \ivro das @uta&Ls e o s$m<olo do

ao na -)*ina /=(

VH) o #rande E2tremo4 +ue -rodu@iu as duas Formas Elementares( Essas

duas Formas -rodu@iram os +uatro S$m<olos Em<lem)ticos +ue4 -or sua !e@4

 -rodu@iram &pa'( $#$+ os oito Tri*ramas( s oito Tri*ramas ser!iram -ara

determinar os lados <om e mau dos e!entos e dessa determinação sur*iu o

66 (!id%& vol& @, pp& .$2., condensado&

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 -rosse*uimento da *rande +uestão da !ida(V55:

 \ivro das @uta&Ls, em uma -ala!ra4 e uma es-Bcie de *eometria da

mitolo*ia4 re9erindose es-eci9icamente ao -resente imediato o momento de

 o*ar as !aretas de mile9lio( Ele 9ala da dis-osição do tem-o e da arte de se*uirseus 9lu2os em<alado -elas ondas4 e B a a9irmação mais im-ortante +ue che*ou

ate ns da+uele as-ecto do -ensamento chin7s anti*o +ue relaciona o indi!$duo

com a ordem do mundo e2terior(

0oltamonos a*ora -ara a ordem do mundo interior3 a +uestão da 9orça

mais e9eti!a dentro da com-et7ncia do indi!$duo -ara a harmoni@ação da !ida na

terra( Tr7s -ontos de !ista de!em ser notados JalBm do \ivro do =nhor =hang )

citadoK3 o de Con9>cio4 o de Mo T@u e o dos tao$stas4 em cada um dos +uais

a-arecer) uma !isão distinta4 mas ainda assim ti-icamente chinesa da -sicolo*ia  em o-osição cosmolo*ia do mito(

7on%Xcio, MMJ+;Z a.7. "uanto mais se sa<e a res-eito de Con9>cio mais

sua 9i*ura se assemelha a uma mira*em( Su-unhase +ue ele 9osse o editor de

todos os *randes cl)ssicos( Entretanto4 como o Dr( Fun* _ulan o<ser!ou4

VCon9>cio não 9oi nem o autor nem o comentador e nem mesmo o editor de

+ual+uer um dos cl)ssicosV(56?  Costuma!ase su-or +ue -ossu$amos certos

escritos de sua -ena mas4 como Fun* _ulan no!amente o<ser!ou4 Va escrita deli!ros em m<ito mais -ri!ado do +ue o9icial era uma -r)tica ainda não

e2istente4 +ue se desen!ol!eu a-enas a-s a B-oca de Con9>cioV(56%  A mais

anti*a <io*ra9ia +ue nos resta do s)<io a-arece no ca-$tulo 8, do =hih 7hi

JVRe*istros HistricosVK4 crnica da -rimeira dinastia da China conclu$da -or

!olta de =6 a(C( V 56/  de maneira +ue o es-aço de tem-o entre as datas de sua

!ida real J55%8,= a(C(K e sua -rimeira <io*ra9ia conhecida e o mesmo +ue entre

as datas do uda J56&8=& a(C(K e os -rimeiros relatos e2istentes de seus

ensinamentos no Cnon P)li Jcerca de =? a(CK(

A lenda4 em resumo4 di@ +ue Con9>cio nasceu no -e+ueno Estado

insi*ni9icante de Lu4 de uma 9am$lia no<re descendente da casa im-erial de

Shan* Jisto B4 -rBChou4 do mesmo modo +ue a linha*em do uda era -rB)riaK(

66# @ Ching, >Grea) Commen)ary>= )rad"!o de James *egge, The Sacred -ooks o? ChinaE The TeH)s o?Con?"cianism, /ar) @@, The Yi ing& Sacred -ooks o? )he as), vol& OB@ (The Clarendon /ress, H?ord,1##%, pp& 1$ e .<.&6'7  F"ng Y"2lan,  A "hort .istor$ of Chinese Phifosoph$& edi)ado por :irk -odde (The Macmillan

Company, Nova York, 1#%, p& .#&6'1 (!id%& p& 7&6'$ (!id%& p& .&

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Seu -ai4 um o9icial militar4 morreu +uando ele linha 'res anos -ortanto 9oi

criado -or sua mãe Jtema Filhoda0i>!a3 uma !ariante do 9olclore e!emeristado Nascimento da 0ir*emK(∗ Casouse aos %: anos4 *al*ou -osiç.es no *o!erno

de Lu e com mais ou menos 5? anos tornouse -rimeiroministro( Entretanto4+uando -erce<eu +ue seu -r$nci-e começa!a a ne*li*enciar os ne*cios de

Estado -ara dis-ender seu tem-o e -ensamento em com-anhia de dançarinas e

m>sicos en!iados de -resente -or um monarca !i@inho4 Con9>cio4 desiludido e

desanimado4 se demitiu Ja !isão do cemitBrio a *rande -artidaK e4 acom-anhado

 -or disc$-ulos4 -eram<ulou4 ensinando4 de um &pa'( $#5+ estado 9eudal a outro

Js)<io -ere*rinoK( Ele retomou a Lu -ara -assar os tr7s >ltimos anos de sua !ida

em tra<alhos liter)rios e morreu a-arentemente 9racassado4 -ois seu deseo não

tinha sido4 como o de uda4 con9iar a *uarda do mundo a outros4∗ R mas tornarse

conselheiro de um -r$nci-e +ue de!eria ler restaurado o *o!erno usto da idade

de ouro de _ao4 Shun e do #rande _(

Con9>cio se autodenomina!a um mensa*eiro4 não um criador56&  as

doutrinas as +uais seu nome B relacionado4 na !erdade -odem ser encontradas

 -elo menos em *erme nos te2tos cl)ssicos( Entretanto4 como estes 9oram

muito alterados -or con9ucianos -osteriores4 e im-oss$!el sa<er o +ue sur*iu

 -rimeiro3 o con9ucionismo ou Con9>cio( A anedota contada com 9re+7nciaso<re sua con!ersa com o ancião Lao TsB4 B hoe em *eral reeitada4 ) +ue Lao

TsB B uma total mira*em e a 9iloso9ia li*ada a seu nome -ertence aos sBculos '0

e ''' a(C4 não ao 0'( A a9irmação atri<u$da a Con9>cio nos  naltos de +ue se

al*uns anos 9ossem acrescentados sua !ida ele dedicaria cin+enta ao estudo

do \ivro das @uta&Ls  -oderia então e!itar cair em *randes erros4568 tam<Bm

de!e ser descartada3 a -assa*em B uma 9alsi9icação tardia(565 A -rinci-al 9onte de

nosso conhecimento do +ue e tido como seu -ensamento4 os naltos (\un <u),

não tem um >nico traço da sua mão( 566 E assim4 atB onde alcança nosso estudo

de sua doutrina4 9icaremos com a idBia de +ue o +ue estamos !endo não B

Con9>cio4 mas o con9ucionismo(

con9ucionismo4 -ortanto4 considera a V<ene!ol7nciaV J *nK como a 9orça

mais e9eti!a na harmoni@ação da !ida na terra4 e assim se coloca no e2tremo R Compare /arsi?al e Tris)!o& R∗ "upra& p& $1'&6'.  Analects <&1&6' (!id%& <&1'&6'6 Needham e +ang *ing, op% cit &, vol& @@, p& .7<&6'' F"ng Y"2lan, op% cit &, p& .#&

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VEm outras -ala!rasV4 escre!e em coment)rio o Dr( Fun* _ulan4 Vcada

nome contBm certas im-licaç.es +ue constituem a ess7ncia da classe de coisas

+ual o nome se a-lica( Tais coisas4 -or isso4 de!eriam estar de acordo com esta

ess7ncia ideal(V5,?

Mas essa idBia B -recisamente a da !isão indiana de  sat JVserVK4  sat!a

JV!erdadeVK e a sua relação com o eterno dharma mantenedor do mundo( Como

a9irma Heinrich Zimmer em sua o<ra iloso%ias da `ndia Vu se é (sat) ou n'o

 s é (a+sat) e o dharma de al*uBm B a mani9estação4 no tem-o4 do +ue se é. \(((]

As re*ras de castas e -ro9iss.es são consideradas como re9le2os4 na es9era

humana4 das leis desta ordem natural da$ +ue4 ao aderir a tais re*ras4 as !)rias

classes coo-eram entre si4 mesmo +uando a-arentemente em con9lito( Cada raça

ou estamento se*ue sua -r-ria !irtude e todos untos 9a@em a o<ra do cosmos(Este B o ser!iço -elo +ual o indi!$duo B ele!ado acima das limitaç.es de sua

idiossincrasia -essoal e se torna um conduto !i!o da 9orça csmica( \(((] E2istem

 -ro9iss.es lim-as e -ro9iss.es suas4 mas todas -artici-am do Poder Sa*rado(

Da$ a !irtude ser medida -ela -er9eição atin*ida -or cada um no e2erc$cio de

seu -a-elV(5,%

 No cl)ssico con9uciano conhecido como 8  Doutrina do @io J7hung

<ung K , +ue B atri<u$do ao neto de Con9>cio4 T@u Ssu4 mas B -ro!a!elmente umao<ra da dinastia Chin ou Han45,/ lemos3 V +ue o CBu con9ere Jming K B chamado

de nature@a inata Jhsing K(  e2erc$cio dessa nature@a e chamado de Caminho

JtaoK(  culti!o desse Caminho B chamado instruçãoV(5,&

E indo4 a*ora4 um -asso alem3 VA sinceridade (chSng) é o Caminho do

CBu( A con+uista da sinceridade B o Caminho dos homensV(5,8

VA-enas a+uele +ue -ossui a mais com-leta sinceridade e2istente so< o

cBu B +ue -ode reali@ar o desen!ol!imento -leno de sua nature@a inata( Ca-a@ de

desen!ol!er -lenamente sua -r-ria nature@a4 ele -oder) 9a@er o mesmo com a

nature@a de outros homens( Ca-a@ de dar -leno desen!ol!imento nature@a de

outros homens4 ele -oder) dar -leno desen!ol!imento nature@a dos animais e

coisas( Ca-a@ de dar -leno desen!ol!imento nature@a dos animais e coisas4 ele

 -oder) au2iliar os -oderes trans9ormadores e mantenedores do CBu e da Terra(

6<7 F"ng Y" *an, op% cit &, p& 1&6<1 immer, Philosophies of (ndia& pp& 1'$21'.&6<$ F"ng Y"2lan, A .istor$ of Chinese Philosoph$ (/rince)on niversi)y /ress, 1#6$%, vol& @, p& .<7&6<. Chung /ung& 1&1, *egge& The Oour Boo+s& p& .#&6< (!id%& $7&1 ;= *egge, The Oour Boo+s& p, .#&

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sim-lesmente nas identi9icaç.es locais dos de!eres aos +uais os !irtuosos dão

atenção3 na 1ndia4 os re*ulamentos de casta -ara Con9>cio4 as -ro-riedades das

cinco relaç.es( A meta9$sica dos dois sistemas B a mesma(

 @o /u, c.;ZN+;NN a.7. -rimeiro desa9io 9ilos9ico sBrio ao sistema deCon9>cio !eio da+uele -re*ador da doutrina do amor uni!ersal4 cua reclamação

contra as -ra2es dos ritos 9uner)rios reais de seu tem-o ) citamos( Mo T@u

nasceu4 -arece4 mais ou menos na B-oca da morte de Con9>cio e4 -ortanto4 -ode

se di@er +ue tenha 9lorescido entre 8=? e 8?? a(C(

VMesmo a+ueles de !ida lon*a não conse*uem es*otar o conhecimento

necess)rio dos estudos con9ucianosV4 escre!eu o desa9iador( VMesmo as -essoas

com a 9orça da u!entude não -odem reali@ar todas as o<ri*aç.es cerimoniais( E

mesmo a+ueles +ue acumularam ri+ue@as não -odem darse ao lu2o de dedicartem-o m>sica( s con9ucionistas realçam a <ele@a das artes -er!ersas e

desencaminham seu so<erano( Sua doutrina não -ode satis9a@er as necessidades

da B-oca tam-ouco seu conhecimento -ode educar o -o!o(V5=? &pa'( $#/+

VMo TZU  -er*untou a um con9uciano3 "ual é a ra@ão -ara e2ecutar

m>sicaI A res-osta 9oi3 A m>sica B e2ecutada -ela -r-ria m>sica(V JA -ala!ra

corres-ondente a m>sica4 lo, tam<Bm si*ni9ica -ra@er lo*o h) a+ui um

trocadilho +ue Mo T@u dei2ou esca-ar(K Mo T@u disse( 0oc7 ainda nãores-ondeu( Su-onha +ue eu -er*untasse3 Por +ue construir casasI E !oc7

res-ondesse B -ara a9astar o 9rio no in!erno e o calor no !erão e se-arar os

homens das mulheres( Então4 !oc7 teria me e2-licado a ra@ão -ela +ual se

constroem casas( A*ora estou -er*untando3 Por +ue e2ecutar a m>sicaI E !oc7

res-onde a m>sica B e2ecutada -or ela mesma( E como di@er3 Por +ue construir

casasI E res-onder s casas são constru$das -or elas mesmas(V5=%

VComo a m>sica não tem 9unção -r)tica e4 -ortanto4 de!e ser eliminadaV4

a9irma o Dr( Fun* _ulan ao e2-or as o-ini.es de Mo T@u4 Vtodas as <elas artes4

naturalmente4 tam<Bm de!em ser eliminadas( Uma !e@ +ue resultam das

emoç.es4 elas são ca-a@es a-enas de a-elar -ara essas emoç.es( \(((] Se*undo

esse militarismo -ositi!ista4 as numerosas emoç.es humanas não são a-enas

destitu$das de !alor -r)tico4 mas tam<Bm não t7m im-ortncia al*uma( Portanto4

de!eriam ser eliminadas4 -ara +ue não se tomem em-ecilhos conduta

67 Mo T6u .#= )rad"!o da o3ra de F"ng Y"2lan, A "hort .istor$& p& 6$&61 Mo T6u = )rad"!o da o3ra de F"ng Y"2lan, A .istor$ of Chinese Philosoph$& vol& @, p& '&

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humana(V5=/

Vs con9ucianos tentaram ser honestos na retidão4 sem considerar se disso

resultaria al*um lucro trataram de ser -uros em seus -rinc$-ios4 sem considerar

se isso lhes daria recom-ensa material( A doutrina de Mo T@u4 -or outro lado4 -s 7n9ase e2clusi!amente na lucrati!idade JliK  nos resultados Jkung K(V5=& 

VTudo tem +ue -ro-orcionar lucro ao -a$s e ao -o!o -ara -ossuir !alor e B a

ri+ue@a e a densidade -o-ulacional de uma nação4 acredita!a Mo T@u4 +ue

constituem seu maior lucro(V5=8

-ro<lema da ordem da sociedade e da dinmica -ela +ual ela de!e ser

estruturada continua a ser a +uestão4 como ) o 9ora -ara Con9>cio mas a 9B no

 -oder da dec7ncia4 das artes e dos ritos -ara ati!ar e desen!ol!er a nature@a inata

esla!a -erdida( AlBm disso4 toda 9B na -r-ria nature@a inata tam<Bm esla!a -erdida( Para os con9ucianos a nature@a inata linha sido concedida e selada

dentro de cada um -elo CBu( Des-ertada -ela in9lu7ncia da -oesia4 dos ritos4 da

dec7ncia etc( ela 9lorescia naturalmente4 em harmonia com o tao. Para Mo T@u4

entretanto4 não ha!ia semelhante es-erança(

 No começo da es-Bcie humana Ja9irma o li!ro  @o /u de Fun* _ulanK4

+uando ainda não ha!ia nem lei nem *o!erno4 o costume era3 VCada homem de

acordo com sua -r-ria idBiaV( Assim4 +uando ha!ia um homem4 ha!ia umaidBia4 +uando ha!ia dois homens4 duas idBias e +uando ha!ia de@ homens4 eram

de@ idBias di9erentes( "uanto mais -essoas4 maior o n>mero de conceitos

di9erentes( Em conse+7ncia4 cada homem a-ro!a!a sua -r-ria !isão e

desa-ro!a!a a dos outros e assim sur*iu a desa-ro!ação m>tua entre os homens(

Como resultado4 -ai e 9ilho4 irmãos mais !elhos e mais o!ens tornaramse

inimi*os e estranhos uns aos outros4 inca-a@es de che*ar a +ual+uer acordo( s

 -o!os do mundo tra<alharam uns contra os outros com )*ua4 9o*o e !eneno( A

ener*ia e2cedente não era usada -ara auda m>tua os <ens e2cedentes

dei2a!amse a-odrecer sem serem com-artilhados ensinamentos &pa'( $#0+

e2celentes eram mantidos em se*redo e não eram transmitidos aos outros( A

desordem do mundo dos homens era i*ual das a!es e <estas( PorBm4 era

e!idente +ue toda a+uela desordem se de!ia 9alta de um *o!ernante(

Por isso4 -assouse -rocura de uma -essoa no mundo +ue 9osse !irtuosa

6$ F"ng Y"2lan, .istor$& vol& @, p& #7&6. (!id &, p& &6 (!id &, p& <&

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e ca-a@4 e 9icou esta<elecido +ue seria o Filho do CBu( \(((] "uando todos os

*o!ernante ha!iam sido em-ossados4 o Filho do CBu emitiu um mandato aos

 -o!os4 di@endo3 VAo ou!ir tanto o <om +uanto o mau4 a -essoa de!er) relat)lo a

um su-erior( +ue o su-erior achar correto4 todos de!em achar correto( +ue osu-erior achar errado4 todos de!em achar erradoV(5=5

Desa-arecida a 9B na nature@a interior4 o >nico recurso 9oi então o

des-otismo4 sentimentali@ado en+uanto mandato do cBu4 e o a*ente da

o<edi7ncia não 9oi a m>sica4 mas a es-iona*em4 o medo da -unição e o deseo

de recom-ensa3

"ue o -atriarca institua leis e -roclame ao clã3 V"uem +uer +ue descu<ra

um <en9eitor do clã de!er) comunic)lo +uem +uer +ue descu<ra um mal9eitor

do clã de!er) comunic)loV( Então4 +uem +uer +ue !ea e a-onte um <en9eitor

do clã ser) e+ui!alente ao -r-rio <en9eitor do clã( 'denti9icandoo4 o su-erior o

recom-ensar)( "uem +uer +ue dei2e de a-ontar um mal9eitor do clã ser)

e+ui!alente ao -r-rio mal9eitor do clã( 'denti9icandoo4 o su-erior o -unir) ao

sa<er disso4 o *ru-o o condenar)( Deste modo4 todos os mem<ros do clã

desearão o<ter recom-ensas e honra rias e e!itarão ser denunciados e -unidos

 -elo su-erior( \(((] Com os <ons recom-ensados e os maus -unidos4 o clãcertamente ter) ordem( Mas -or +ue o clã se torna ordeiroI E2atamente -or+ue

a administração se <aseia no -rinc$-io da Concordncia com o Su-erior J shang

tSung K(5=6

E onde4 em meio a tudo isso4 encontramos o -rinc$-io do amor uni!ersal4

 -elo +ual Mo T@u se tornou cBle<reI

A tare9a do homem <ene!olente e conse*uir <ene9$cios -ara o mundo e

eliminar suas calamidades( PorBm4 entre todas as calamidades do mundo4 +uais

são as maioresI Eu di*o +ue são os ata+ues a -e+uenos Estados -elos *randes4

dist>r<ios nas 9am$lias 9racas causados -elas 9ortes4 o-ressão do 9raco -elo

9orte4 a<uso de -oucos so<re muitos4 lo*ro do in*7nuo -elo astuto e desdBm do

im-ortante -elos humildes essas são as des*raças do mundo( \(((] "uando

 -ensamos nas causas de todas essas des*raças -er*untamonos como elas

66 Mo T6u 11= F"ng Y"2lan, .istor$& vol& @, p& 177&6' Mo T6u 1.= F"ng Y"2lan, .istor$& vol& @, pp& 171217$&

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sur*iram( Teriam sur*ido do amor -elos outros e do am-aro a outrosI Temos de

res-onder +ue não( Antes de!er$amos res-onder +ue elas sur*iram do dio -elos

outros e da o9ensa aos outros( Se classi9icarmos a+ueles +ue no mundo odeiam

outros e -reudicam a outros4 de!eremos cham)los de V-reconceituososV ouV9raternosVI Temos de di@er +ue são V-reconceituososV( Portanto4 não ser) o

V-reconceito m>tuoV a causa das maiores calamidades do mundoI Por isso4 o

 -rinc$-io da discriminação B errado( Mas +uem +uer +ue criti+ue os outros tem

de ter al*o -ara su<stituir o +ue critica( Por isso eu di*o3 V su<stituto do

 -reconceito B a 9raternidadeV(5=, &pa'( $#1+

Entretanto4 em nome desse -rinc$-io do amor 9raterno B necess)rio tra!ar

uma *uerra incans)!el(

Su-onhamos JlemosK +ue haa um -a$s -erse*uido e o-rimido -elos seus

tiranos e +ue um s)<io *o!ernante4 -ara li!rar o mundo dessa des*raça4 arme

um e2Brcito e comece a -unir os mal9eitores( Se4 +uando ti!er !encido4 ele

+uiser o<ser!ar a doutrina dos con9ucianos4 emitir) uma ordem s suas tro-as

di@endo3 Vs 9u*iti!os não de!em ser -erse*uidos4 um inimi*o +ue -erdeu seu

ca-acete não de!e ser atin*ido se uma carrua*em !irar4 !oc7s de!erão audarseus ocu-antes a er*u7la \(((]V se isso 9or 9eito4 os !iolentos e desordeiros

esca-arão com !ida e o mundo não se li!rar) de sua des*raça( Essas -essoas

 -ratica!am massacres indiscriminados de mulheres e homens e causaram

*rande mal en+uanto -uderam( Não ha!eria inustiça maior do +ue dei2)las

esca-ar(5==

s se*uidores de Mo T@u constitu$am4 se*undo relato deles -r-rios4 uma

or*ani@ação se!eramente disci-linada ca-a@ de ação militar( Seu l$der era

chamado o V#rande MestreV J7hu /uK. -r-rio Mo T@u 9oi o -rimeiro

#rande Mestre( E ele tinha4 desco<rimos4 Vcento e oitenta disc$-ulos4 aos +uais

 -odia ordenar entrar no 9o*o ou caminhar so<re lminas de es-adas e a +uem

mesmo a morte não conse*uia -ertur<arV(5=:

ao$smo, dsd crca d ;NN a.7. A*ora4 considerandose um mundo em

6< Mo T6u 1'= )rad"!o, F"ng Y"2lan, A "hort .istor$& p& 6&6 Mo T6u, #&.#= )rad"!o, +aley, Three 5a$s of Thought& p& 1.1&6# F"ng Y"2lan, A "hort .istor$& pp& 67261&

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+ue a ordem da sociedade e constitu$da4 -or um lado( de uma massa e2-lorada

de -essoas Vin9erioresV mal *o!ernadas e4 -or outro4 de uma elite con9usa de

dBs-otas in*o!ern)!eis ou da laia autocom-lacente cua incorri*i<ilidade 9e@

com +ue o -r-rio Con9>cio desistisse4 ou da es-Bcie 9arisaica e <rutalmenteutilitarista dos se*uidores de Mo T@u de!er$amos 9icar sur-resos ao desco<rir

+ue nos sBculos '0 e ''' a(C( *rande n>mero de chineses sens$!eis tenha

de<andado -ara a 9lorestaI A B-oca se -arece com4 ou -elo menos su*ere4 a dos

9ilso9os da 9loresta da 1ndia tr7s ou +uatro sBculos antes4 +uando a ordem 9eudal

anterior tam<Bm esla!a desmoronando ali( Escre!endo so<re um dos mais

9amosos desses s)<ios montanheses re<eldes4 o 9ilso9o con9uciano M7ncio

a9irma3 V -rinc$-io de _an* Chu B3 Cada um -or si( Mesmo +ue -udesse ter

 <ene9iciado todo o im-Brio arrancando um >nico 9io de ca<elo4 ele não o teria9eitoV(5:? E o autor desconhecido da o<ra do terceiro sBculo +ue tem o nome de

 Fan i /u descre!e todo o *ru-o -ac$9ico como -essoas +ue Vandam

se-aradas da multidão4 or*ulhandose -or serem di9erentes dos outros homensV(

VEles -re*am a doutrina do +uietismoV4 a9irma o autor4 mas a descrição

dessa doutrina B e2-ressa em termos desconcertantes e misteriosos( \(((] Admito

+ue o de!er do homem em !ida sea ser!ir seu monarca e sustentar seus -ais4 o

+ue não -ode ser 9eito -ela +uietude( Admito tam<Bm +ue B de!er do homem4em tudo o +ue ele -re*a4 -romo!er a lealdade4 a <oa 9B e a Constituição Le*al(

'sso não -ode ser 9eito em termos !a*os e misteriosos( A doutrina dos +uietistas

B 9alsa4 ca-a@ de desencaminhar as -essoas(V5:% &pa'( $$)+

[ claro4 entretanto4 +ue a 9iloso9ia dos homens da 9loresta era4 no m$nimo4

tão res-ons)!el -ela es-Bcie humana e -elo ideal de uma ordem de dec7ncia

es-eci9icamente humana +uanto a da+ueles +ue4 atra!Bs de ucasses de suas

 -r-rias mentes o<tusas4 e2termina!am todos a+ueles +ue se -unham lei ou

 -rocura!am esca-ar dela(

VUm *o!ernanteV4 a9irma outro 9ilso9o da escola da linha dura4 conhecida

como Le*alista4 Vnão de!eria ou!ir a+ueles +ue acreditam em -essoas com

o-ini.es -r-rias e na im-ortncia do indi!$duo( Tais doutrinas 9a@em as

 -essoas retirarse -ara lu*ares isolados e esconderse em ca!ernas ou

montanhas4 -ara dali insultar o *o!erno !i*ente4 escarnecer das autoridades4

redu@ir a im-ortncia das -osiç.es e emolumentos e menos-re@ar todos os +ue

6#7 Mencius <&$'&1= )rad"!o, *egge, The Oour Boo+s& p& #6'&6#1 .an Oei T6u 61= )rad"!o de +aley, The 5a$ and (ts Po2er& p& .&

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det7m -ostos o9iciais(V5:/

Contudo4 tal como o Pro9( Arthur alle demonstra3

A !erdadeira ra@ão -ela +ual essas -essoas se recusaram a rece<er sal)rioso9iciais e insistiram em !i!er sua -r-ria maneira do 9ruto de seu -r-rio

tra<alho4 B +ue elas acha!am +ue a sociedade de!eria consistir de indi!$duos4

cada um com-leto em si mesmo4 e era contr)rio a suas consci7ncias o 9ato de

serem sustentados -or Vca<elosV arrancados da ca<eça so9redora da comunidade

em *eral( Um certo Chen Chun* era um recluso escru-uloso dessa classe( Ele

 -ertencia a uma im-ortante 9am$lia na re*ião de Chi Jhoe -arte de Shantun*K(

Seus ante-assados ha!iam ocu-ado altos -ostos -or muitas *eraç.es

consecuti!as e seu irmão mais !elho ha!ia administrado um 9eudo do +ual

rece<ia uma renda de %?(??? chung ∗   Como era contra os -rinc$-ios de Chen

Chun* !i!er do +ue ele considera!a rendas ad+uiridas desonestamente4 dei2ou a

casa do irmão e se instalou num lu*ar remoto chamado ulin*( Ali4

sustenta!ase con9eccionando sand)lias de sisal4 en+uanto sua mulher trança!a

a 9i<ra( Seus meios de !ida eram muito -rec)rios e em uma ocasião Chen não

te!e nada -ara comer durante tr7s dias(5:&

AlBm do mais4 em seu isolamento4 -raticando disci-linas de reali@ação

interior4 esses dissidentes ha!iam alcançado al*o dentro de si +ue lhes -areceu

uma 9orça mais <enB9ica -ara a humanidade do +ue a -r-ria comida4 a rou-a e

o a<ri*o +ue os se*uidores de Mo T@u -ensa!am ser a <ase da !irtude4 mas a

+ue os eremitas das montanhas tinham atB certo -onto renunciado( Tam<Bm era

mais <enB9ica do +ue a -rinci-al 9orça militar e -olicial +ue de!eria asse*urar a

todos tais <ens materiais( E essa 9orça alcançada em seu interior era constitu$da

 -ela e2-eri7ncia e o -oder -ro9undos do ao o +ual4 de acordo com essa mesma

e2-eri7ncia4 B o vrdadiro 9undamento de todas as coisas4 de todos os seres e

da !erdadeira humanidade do homem(

VSa<emosV4 escre!e ale4 V+ue muitas di9erentes correntes do +uietismo

e2istiram na China nos sBculos '0 e ''' antes de Cristo( A-enas uma -e+uena

6#$ )uan T6u '6= )rad"!o de +aley, op% cit%& p& .<& R m dLcimo do salQrio de "m primeiro2minis)ro (no)a de +aley%&6#. +aley, The 5a$ and (ts Po2er& pp& .<2., ci)ando Mencius& .&$&17= c?& *egge, The Oour Boo+s& pp&'12'6&

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 -arte de sua literatura su<siste(V5:8 [ -oss$!el4 em<ora não -ro!ado4 ele a9irma4

+ue no -er$odo de 9ormação desse mo!imento4 no sBculo '0 a(C4 in9lu7ncias

e2ternas ) esti!essem &pa'( $$!+ em ação( Entretanto4 no sBculo se*uinte4 Vtais

in9luencias esta!am claramente começando a ser de *rande im-ortnciaV(5:5

uso do 9erro4 da ca!alaria na *uerra e de !estimenta nãochinesa -ara os

soldados4 a a+uisição de no!as 9ormas de remoção dos mortos 5:6 e o sur*imento

na literatura chinesa de moti!os indianos somamse indicando +ue o -er$odo era

de consider)!el in9lu2o de idBias estran*eiras( VTodos os estudiosos estão a*ora

de acordoV4 a9irma ale4 Vem +ue a literatura do terceiro sBculo B re-leta de

elementos *eo*r)9icos e mitol*icos ori*in)rios da 1ndia( Não !eo nenhuma

ra@ão -ara du!idar de +ue os santos das montanhas J shng+hsinK descritos -or

Lieh T@u seam rishis indianos4 e +uando lemos em 7huang /u so<re certostao$stas +ue -ratica!am mo!imentos muito semelhantes aos āsanas da io*a

hindu4 B um ind$cio de +ue al*um conhecimento da tBcnica da io*a +ue a+ueles

rishis usa!am ha!ia -enetrado na China(V5:,

Entretanto4 na in9luencia e direção >ltimas do mo!imento +uietista chin7s4

+uando com-arado com o da 1ndia4 h) um *rande contraste a ser notado( Na

1ndia4 como !imos4 a io*a -ermitia ao asceta desen!ol!er em si mesmo certos

V-oderesV J siddhiK com os +uais se -odia alcançar todo ti-o de e9eitos m)*icos(Entretanto4 a !erdadeira 9inalidade das -r)ticas indianas esta!a alBm desses

 -oderes de maneira +ue4 em<ora a literatura indiana estea re-leta de e2em-los

do e2erc$cio dos siddhi, a tradição es-iritual dominante e2i*e +ue todo interesse

neles sea a<andonado( Por e2em-lo4 um te2to -adrão da escola 0edanta4 o

^dāntasāra do sBculo ;04 a9irma +ue4 ) no começo de sua disci-lina4 o

candidato iluminação io*ue tem +ue -ossuir +uatro re+uisitos3 %(

discriminação entre as coisas -ermanentes e transitrias /( rnXncia aos

rsultados da a&'o, tanto nst mundo 5uanto no #r4imo &( seis tesouros

es-irituais3 controle das inclinaç.es mundanas re9reamento dos r*ãos e2ternos

interru-ção dos tra<alhos con!encionais indi9erença a calor e 9rio4 lou!or e

cr$tica e a todos os outros -ares de o-ostos concentração mental 9B na doutrina

es-iritual e no -ro-sito( E4 continuando com a sBrie4 8( #ro%undo ansio #la

6# +aley, The 5a$ and (ts Po2er& p& '&6#6 (!id%& p& 11&6#' (!id%& p& 6$&6#< (!id%& pp& 112116&

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li2ra&'o.MZ  Na China4 ao contr)rio4 era -recisamente nos -oderes Jt8K  +ue

esla!a o interesse( 68 si*ni9ica -oder latente4 uma !irtude inerente a al*oV4

a9irma ale(5:: ao t8 B então4 Vo -oder latente Jt8K do caminho4 da ordem4 do

uni!erso JtaoKV4 +ue o +uietista encontra dentro de si e tam<Bm 9ora -ois e aVMãe de todas as coisasV(

Es-$rito do 0ale amais morre(

Ele B denominado a F7mea Misteriosa(

E a Porta da F7mea Misteriosa

[ a <ase de onde se ori*inaram o CBu e a Terra(

Est) dentro de ns -or todo o tem-o

Usea !ontade4 ela amais se es*ota(6??

 Na 9iloso9ia chinesa do ao, da +ual o mani9esto cl)ssico B o ao

7hing, 6O Li!ro Jching K  do Poder Jt8K  do Caminho JtaoKV4  sustentase +ue a

contem-lação &pa'( $$#+ +uietista do ao V-ro-orciona o +ue os indianos

chamam siddhi, os chineses t8 um -oder so<re o mundo e2terno não sonhado

 -or a+ueles +ue se o-.em matBria en+uanto ainda são seus escra!osV(6?%

 E eracrença 9irme dos escritores tao$stas +ue os monarcas ancestrais da idade de ouro

ha!iam mantido em 9orma a ordem da sociedade e do mundo a-enas

atra!Bs do -oder Jt8K de sua -r-ria e2-eri7ncia interna do ao.

De outrora a+ueles +ue eram os melhores mem<ros da Corte

Tinham nature@as interiores sutis4 o<scuras4 misteriosas4 -enetrantes(

Demasiado -ro9undas -ara serem entendidas(

E como tais homens não -odiam ser entendidos

 Não -osso 9alar deles senão -elo +ue -areciam ao mundo3

Circuns-ectos eles -areciam4 como +uem no in!erno atra!essa um rio(

Cautelosos como +uem tem +ue en9rentar o -eri*o !indo de +ual+uer lado(

Cerimoniosos como +uem 9a@ uma !isita

6#  8ed*ntas*ra 162$6&6## +aley, The 5a$ and (ts Po2er& p& .$&'77 Tao T7 Ching '= )rad"!o, +aley, The 5a$ and (ts Po2er& p& 1#&'71 +aley, The 5a$ and (ts Po2er& pp& 62'&

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PorBm d>cteis como o *elo +uando começa a derreter(

'ne2-ressi!os como um -edaço de madeira não escul-ida

PorBm rece-ti!os como um a<ri*o nas montanhas(Escuros como um rio tur<ulento

"uem de !s conse*ue assumir tal o<scuridade4 -ara no 9inal tornarse

calmo e l$m-idoI

"uem de !s conse*ue 9icar inerte4 -ara no 9inal tornarse ati!o e cheio de !idaI

s +ue -ossuem esse ao não tentam encherse atB a <orda4

E -or+ue eles não tentam encherse atB a <orda

São como uma rou-a +ue resiste ao uso e amais -recisa ser reno!ada(6?/

G G G

A!ança o <astante em direção ao 0a@io4

A*arrate su9icientemente 9irme "uietude4

E de de@ mil coisas a-enas uma -ode ser tra<alhada -or li(

Eu o<ser!eias4 -ara onde elas !oltam(0ede4 todas as coisas -or mais +ue 9loresçam

Retornam rai@ de onde nasceram(

Esse retorno rai@ e chamado "uietude

"uietude B chamado o acato ao Destino

+ue acatou o Destino se tornou -arte do imut)!el(

Conhecer o imut)!el B ser 'luminado

 Não conhec7lo si*ni9ica caminhar ce*amente -ara o desastre( \-a*( &&&]

A+uele +ue conhece o imut)!el tem em si lu*ar -ara tudo

A+uele +ue tem em si lu*ar -ara tudo não tem -reconceito(

Ser sem -reconceito B ser no<re

Ser no<re B ser celestial

Ser celestial B estar no ao.

ao B eterno e a+uele +ue o -ossui4

Em<ora seu cor-o aca<e4 não B destru$do(6?&

'7$ Tao T7 Ching 16= +aley, p& 1'7&'7. Tao T7 Ching 1'= +aley, p& 1'$&

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Uma anedota4 contada uma e outra !e@4 so<re o s)<io tao$sta Chuan* T@u

J+ue 9loresceu -or !olta de &?? a(CK4 di@ +ue +uando sua mulher morreu4 Hui

T@u4 !ersado em L*ica4 9oi ate sua casa -ara -artici-ar das cerimnias decondol7ncias4 mas o encontrou sentado no chão com uma ti*ela !irada nos

 oelhos4 <atucando e cantando( VA9inalV4 disse Hui T@u sur-reso4 Vela !i!eu com

!oc74 cuidou de seus 9ilhos4 en!elheceu com !oc7( "ue !oc7 não a -ranteie ) B

o su9icientemente o9ensi!o4 mas dei2ar +ue seus ami*os o encontrem <atucando

e cantando4 B realmente ir lon*e demais^V

V0oc7 est) me ul*ando malV4 Chuan* T@u res-ondeu3 V"uando ela

morreu4 9i+uei deses-erado4 como +ual+uer homem 9icaria( Mas lo*o4

 -onderando so<re o +ue tinha acontecido4 disse a mim mesmo +ue na mortenenhum no!o destino nos es-era( No começo4 carecemos não a-enas de !ida4

mas tam<Bm de 9orma não de 9orma a-enas4 mas de es-$rito( Ficamos

misturados a uma >nica massa descaracteri@ada4 indistinta( Então che*a a hora

em +ue a massa se trans9orma em es-$rito4 o es-$rito em 9orma4 a 9orma em !ida(

E então a !ida4 -or sua !e@4 e!olui -ara a morte( Pois não a-enas a nature@a4 mas

tam<Bm a e2ist7ncia do homem tem suas estaç.es4 sua se+7ncia de -rima!era e

outono4 !erão e in!erno( Se al*uBm est) cansado e !ai se deitar4 não o -erse*uimos com *ritos e re-reens.es( A+uela +ue -erdi se deitou -ara dormir

 -or um tem-o no #rande "uarto 'nterior4 interrom-er seu re-ouso com o

 <arulho dos lamentos não demonstraria nada mais do +ue meu desconhecimento

a<soluto da Lei So<erana(V6?8

VEsta atitude diante da morteV4 escre!e ale so<re essa cena4

Ve2em-li9icada re-etidamente em Chuan* T@u4 B a-enas -arte de uma atitude

*eral com res-eito s leis uni!ersais da nature@a( Uma atitude +ue não B

meramente de resi*nação4 nem mesmo de a+uiesc7ncia4 mas uma aceitação

l$rica4 +uase e2t)tica4 +ue ins-irou al*umas das -assa*ens mais como!entes da

literatura tao$sta( "uestionarmos o direito de a nature@a 9a@er e des9a@er4 de

desearmos al*um -a-el +ue a nature@a não tenha determinado +ue

desem-enhemos4 não B a-enas 9>til ou sim-lesmente -reudicial +uela

tran+ilidade do Ves-$ritoV +ue B a ess7ncia do tao$smo4 mas en!ol!e4 em !ista

de nosso total desam-aro4 uma es-Bcie de 9atuidade cmica e in9ame a uma s

'7 Chuang T6u 1&$= )rad"!o de +aley, The 5a$ and (ts Po2er& pp& 6.26&

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!e@(V6?5

Podese então di@er +ue4 em linhas *erais4 Con9>cio e os tao$stas esta!am

de acordo em assentar o -oder modelador do mundo no -r-rio homem eles

di!er*iam4 entretanto4 +uanto -ro9undidade e maneira -elas +uais ele -oderiaser &pa'( $$5+ des-ertado( tao$sta -re@a!a a meditação intro!ertida como a

mBtodo sentado com a mente em <rancoV4 Vde retorno ao estado de -edra não

escul-idaV onde4 mais -ro9undamente do +ue o nomeado4 o 9ormado4 o !enerado

e o reeitado4 a+uele -oder estaria o-erando atra!Bs de antinomias( Tu i, Vnão

a9irmação4 não coaçãoV4 era sua -edra de to+ue4 e sua doutrina4 o caminho do

 -arado2o J %an+!nK3

VPara -ermanecer inteiro4 cur!ate^V

Para tornarte reto4 s7 9le2$!el(

Para tornarte cheio4 s7 oco4

S7 es9arra-ado -ara +ue -ossas ser reno!ado(

s +ue t7m -ouco -odem conse*uir mais4

s +ue t7m muito 9icam a-enas -er-le2os(

Por isso o S)<io

A<raça a Unidade Primordial4Testando com ela tudo so< o cBu(

Ele não se mostra4 -or isso B !isto em todas as -artes(

Ele não se de9ine4 -or isso B distinto(

Ele não se !an*loria do +ue 9ar)4 -or isso B <emsucedido(

Ele não B or*ulhoso de sua o<ra4 -or isso ela -ermanece(

Ele não com-ete4

E -or essa mesma ra@ão nin*uBm so< o cBu -ode com-etir com ele(

Assim !emos +ue o anti*o ditado VPara -ermanecer inteiro4 cur!ate^V não era

nenhuma e2-ressão !ã -ois a !erdadeira inteire@a -ode ser alcançada a-enas

 -elo retorno(6?6

Con9>cio4 -or outro lado4 ensinara o caminho e2tro!ertido de atenção

sincera e res-eitosa s artes da m>sica4 -oesia4 tradição ritual e decoro como os

'76 +aley, The 5a$ and (ts Po2er& pp& 6266&'7' Tao T7 Ching $$= +alley, The 5a$ and (ts Po2er& p& 1<1&

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estimuladores da+uele sentimento de <ondade4 sua!idade e *enerosidade J *nK

ad+uirido atra!Bs da relação do homem com os homens4 e dotado de *raça(

Tanto Lao TsB +uanto Con9>cio4 em sua con9iança na nature@a estea

ela no cosmos ou no interior do homem esta!am diametralmente se-aradosde Mo T@u e dos assim chamados Le*alistas ou Realistas do caminho do

intelecto a-resentados no  \ivro do =nhor =hang,  -ara +uem o >nico -oder

e9eti!o era a 9orça !i!a4 e os <ens a serem deseados eram comida4 a<ri*o e

ordem no mundo( No caso dos >ltimos4 a m)2ima tao$sta VA<raça a UnidadeV4

9oi -ri!ada de seu sentido meta9$sico e trans9ormada em m)2ima -ol$tica6?, e o

 -rinc$-io da -edra <ruta tornouse o do +uadrado de -edra talhada -ela es-ada(

DINASTIA OTIN" ##!#)/ a(C(

Em nenhum outro lu*ar a doutrina con9uciana da moralidade e

 <ene!ol7ncia 9ora tão am-lamente aceita +uanto no -e+ueno Estado de Lu

 -orem no ano /8: a(C( Lu &pa'( $$*+ 9oi in!adido e destru$do(6?= Pelo ano de

&%= a(C4 o listado não9ilos9ico de Chin4 ainda com -r)ticas de sacri9$cios

humanos4 ha!ia derrotado uma con9ederação de !i@inhos em &%& o reino de

Chu4 no sudeste tao$sta4 9oi de9initi!amente derrotado em /:/4 Han e eica$ram e em /6?4 Chão( Em /56 a(C4 as -ro-riedades da dinastia Chou 9oram

totalmente cercadas( No ano /86 a(C4 o rei Chin* assumiu o trono Chin e em

/&? ane2ou o Han em //=4 o Chão em //64 o Chi em //54 o ei em ///4 o

Chu em //%4 ele assumiu o t$tulo Chin Shih Huan* Ti4 como o -rimeiro

im-erador da China46?: e imediatamente iniciou a construção da #rande Muralha

 -ara -rote*er o 'm-Brio de outras in!as.es de <)r<aros como ele -r-rio e4 em

/%&4 -romul*ou o Bdito da +ueima dos li!ros(

A morte de!eria ser a sentença dos s)<ios desco<ertos em reunião -ara lerou discutir os cl)ssicos( s +ue 9ossem encontrados com c-ias trinta dias a-s

o in$cio da -roi<ição4 eram marcados a 9o*o e mandados tra<alhar -or +uatro

anos na #rande Muralha centenas 9oram enterrados !i!os(6%?  Em /%?4

entretanto4 Chin Shih Huan* Ti morreu e em /?, a dinastia sucum<iu( JSua

carreira est) em o-osição de seu contem-orneo AshoOa(K Em /?6 a ca-ital 9oi

'7< +aley, The 5a$ and (ts Po2er& p& &'7 (!id%& p& <$&'7# Needham e +ang *ing, op% cit%& vol& @, pp& #<2#&'17 *egge, The "acred Boo+s of China> The Te#ts of Confucianism& pp& '2<&

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sa+ueada4 inc7ndios arderam durante tr7s meses +ueimando os -al)cios4 e o deus

do 9o*o4 Chu un*4 destruiu os li!ros +ue ha!iam esca-ado aos comiss)rios de

Chin Shih Huan* Ti(

DINASTIA 8AN" #)# a(C##) @(C

A Anti*a Rota da Seda -ara a )ctria helenista4 a 1ndia <udista4 a Partia

@oroastriana e Roma ) esta!a a<erta no ano %?? a(C( Dali em diante4 o 9lu2o de

um lado -ara outro de correntes de idBias entre os +uatro dom$nios da Euro-a4 o

Le!ante4 a 1ndia e o E2tremo riente4 le!ou ao desen!ol!imento4 em lodo o

continente curasiano4 de um !oca<ul)rio m$tico comum -orem a-licado em

cada dom$nio a um estilo de -ensamento e sentimento sui gnris, +ue não -odiaser nem comunicado nem e2tinto( A circunstncia era an)lo*a de nosso

cen)rio contem-orneo4 onde as instituiç.es4 -ala!ras e ideais desen!ol!idos no

cidente se di9undiram -ara a Á9rica e Ásia e ali4 nas es9eras de in9luencia de

tradiç.es estran*eiras4 são a-licados a -r)ticas -ol$ticas4 maneiras de sentir e

o<eti!os sociais4 em muitos casos e2atamente o-ostos +ueles aos +uais os

termos e instrumentos -ertenceram ori*inalmente e4 em outros4 com-letamente

dissociados deles( Assim tam<Bm no -er$odo de Roma4 da PBrsia Partia4 da 1ndiade WanishOa e da China Han3 um $ndice intercultural de moti!os mitol*icos

mostraria um tesouro comum de lemas <)sicos( "uanto a estilo4 !alores e

ar*umentos no entanto4 os +uatro dom$nios manti!eram então como

continuam mantendo os -adr.es nati!os +ue4 a-arentemente4 de!em

 -ermanecer(

'sso lem<ranos a -eça de Sartre 1ntr Iuatro Pards. Um +uarto no

in9erno( +uarto est) !a@io( mensa*eiro do hotel manda um homem entrar(

Em se*uida4 entram uma mulher e outra mulher( [ tudo3 eles 9icam ali -arasem-re( E o in9erno B +ue nenhum deles -ode mudar( homem e2i*e

comiseração4 +ue a mulher mais &pa'( $$-+ !elha -oderia lhe dar( Mas ela e

lBs<ica e o des-re@a e desea al*o da mais o!em4 cuos olhos !7em a-enas o

homem4 +ue ela não -ode entender ou li<ertar de seu ensimesmamento( Mais

tarde4 a -orta a<rese -or um momento e eles Ficam li!res -ara 9u*ir do in9erno

+ue eles -r-rios estão criando( Entretanto4 nada -ode ser !isto do lado de 9ora a

não ser o !a@io4 e eles estão todos tão auto-rote*idos +ue não ousam dar um -asso -ara o desconhecido( A -orta 9echase e eles estão ali como estamos a+ui4

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no -laneta Terra3 Euro-a J+ue a*ora inclui a AmBrica do Norte e '' Austr)liaK4

Le!ante J+ue4 na !isão atual4 inclui a R>ssiaK4 1ndia( E2tremo riente e a*ora a

AmBrica do Sul e Á9rica( Todos che*aram( +uarto est) lotado( Todos usam

traes euro-eus( Mas +ue !ariedade antro-ol*ica no interior^ Nin*uBm 9oi ca-a@ de indicar com e2atidão o -onto de ori*em da noção

mitol*ica dos cinco elementos( Minha su*estão4 <aseada no -adrão

distri<uti!o4 B +ue as e!id7ncias de!em sur*ir4 al*um dia4 nas ta<uletas da

SumBria e Acad( mais anti*o sistema *re*o conhecido est) re-resentado nos

9ra*mentos remanescentes de Ana2imandro Jcerca de 6%%58, a(C(K4 +ue d)

nome ao 9o*o4 ar4 terra4 )*ua e ao nãolimitado( A B-oca do sistema indiano não

9oi ainda datada4 mas a se+7ncia a-arece no aittiri!a "#anisad Jcerca de 6??

a(C(IK3

Do SiPr-rio JātmanK sur*iu o es-aço

Do es-aço4 o !ento

Do !ento4 o 9o*o

Do 9o*o4 a )*ua

Da )*ua4 a terra

E da terra4 as -lantas4 alimentos (((6%%

 No sistema San+uia de Wa-ila4 os cinco elementos estão relacionados com

os cinco sentidos3 res-ecti!amente4 o es-aço ou Bter com a audição o !ento ou

ar com o tato o 9o*o com a !isão a )*ua com o -aladar4 e a terra com o ol9ato(

sistema chin7s corres-ondente a-arece -ela -rimeira !e@ no -er$odo

erudito de Han e4 em<ora com caracter$sticas di9erentes4 B a9iliado ao San+uia( A

 -rimeira e!id7ncia autentica a-arece em um ca-$tulo da  Fistria 7l0ssica (=hu

7hing) chamado V #rande Plano ou NormaV (Fuang an), +ue se su-.e

re-resentar uma comunicação do anti*o sa<er ao rei u4 9undador da dinastia

Chou4 9eita -elo #rau de Mestre Chi da corte arruinada de Shan*4 o +ual o

atri<ui o<!iamente ao #rande _( VA ci7ncia moderna tende a situar a

!erdadeira data da #rande Norma entre o +uarto e o terceiro sBculos a(CV46%/ 

escre!e o Dr( Fun* _ulan(

s cinco elementos chineses são )*ua4 9o*o4 madeira4 metal e terra( VA

'11 Tai))riya panisad F%1&'1$ F"ng Y"2lan, A "hort .istor$ of Chinese Philosoph$& pp% 1.121.$&

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nature@a da )*ua e molhar e cair a do 9o*o4 +ueimar e su<ir a da madeira4 ser

cur!ada e ereta a do metal e ceder e se trans9ormar en+uanto a da terra B !ista

no desen!ol!imento e colheita de sementes( +ue molha e cai se torna sal*ado

o +ue +ueima e so<e se torna amar*o o +ue B cur!ado e ereto se torna )cido o+ue cede e se trans9orma se torna acre4 e do desen!ol!imento e colheita da

semente -ro!Bm a doçura(V6%& &pa'( $$/+

s 9ilso9os do -er$odo Han ti!eram *rande consideração -or esse sistema

radical dos cinco elementos4 construindo so<re ele uma es-Bcie de tem-lo de

idBias4 todas associadas -or analo*ias de cinco( Por e2em-lo

ElemeBto Madeira Fo*o Metal Á*ua Terra

D,=ees" Leste Sul este Norte Centro

Estaes" Prima!era 0erão utono 'n!erno Todas

Co=es" 0erde 0ermelho ranco Preto Amarelo

V,=t@es" ondade Decoro ustiça oa FB Sa<edoria

Notas"X Chiao Chih Shan* _u Wun*

Deses" Wou Man* Chu un* u Shou Hsan Min* Hou Tu

Impe=a@o=es" Tai Hao _en Ti Shao Hao Chuan Hs Huan* Ti 6%8

GNotas da escala -entatnica chinesa(

Est) claro a esta altura +ue o -er$odo criati!o do -ensamento m$tico

chin7s ha!ia -assado4 e +ue o tra<alho a*ora não era dos -oetas nem dos

sacerdotes4 mas dos ca!alheiros eruditos +ue se dedicaram a classi9icar e untar

9ra*mentos do -assado ades +ue<rados4 ias dis-ersas con9orme -adr.es

traçados -elo *o!erno( Seu -rinc$-io de ordem era o da correlação -or analo*ia(Sua teoria su<acente era +ue coisas da mesma classe ener*i@am umas s outras(

Como na 1ndia4 a+ui tam<Bm não ha!ia necessidade de -ressu-or um criador -or

tr)s da mani9estação( A !isão era or*nica dentro de cada coisa em si mesma

est) sua !ida4 seu tao ener*i@ante( E4 como -or ressonncia4 in9lu7ncias m>tuas

toca!am os -rinc$-ios !itais atuantes de todas as coisas4 de maneira +ue em todo

o uni!erso ressoa!a uma mara!ilhosa harmonia cuas leis4 como as da m>sica4

'1. "hu Ching I%W, *egge, The "acred Boo+s of China> The Te#ts of Confucianism& pp& 1.#211&'1 arlgren, op% cit%& p& $$$= F"ng Y"2lan, A .istor$ of Chinese Philosoph$& vol& @@, pp& <2.7&

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 -oderiam ser desco<ertas e e2-erienciadas com admiração( Ademais4 tais leis4

ha<ilmente e2ecutadas -elos homens de sa<er seam eles administradores de

um im-Brio4 9a<ricantes de es-adas4 -oetas4 amantes4 mestres atletas ou

construtores de casas -odiam ser tão !i!i9icadas +ue a o<ra -retendidae!oluiria4 como +ue es-ontaneamente( E cada uma a sua maneira seria então4 em

si mesma4 um e2em-lo !i!o dessas leis( De modo +ue a nature@a e o mundo da

arte4 da ar+uitetura4 da ardina*em e do *o!erno chin7s4 eram um >nico es-$rito(

im-Brio4 9ormado de 9ato -ela !iol7ncia4 a*ora de!ia ser ordenado -elo

sa<er4 de modo +ue suas 9eiç.es de!eriam harmoni@arse com a ordem do ao.

Desde os -rimrdios4 os -rinc$-ios dessa ordem eram conhecidos( A*ora4 eles

 -odiam ser a-licados( Assim4 no rico e maestoso im-Brio militar da dinastia

Han J+ue 9ora esta<elecido em um instante4 +uando seu 9undador4 o senhor da*uerra Liu Pan*4 9e@ um tratado com seu -rinci-al ad!ers)rio4 Hsian* Chi4 -elo

+ual seu -ai e es-osa ca-turados de!eriam serlhe de!ol!idos4 e rom-eu o

tratado tão lo*o eles retornaram em se*urança e4 de sur-resa4 tomou o -oderK4 a

dili*encia de muitas mãos de!otadas4 9uncionando nos termos de um consenso4

ha!eria de dar 9orma a uma ci!ili@ação de uma harmonia tal +ue4 a-esar dos

reinados de 9orça e 9ria <rutalidade de &pa'( $$0+ desumanidade incr$!el4 se

er*ueria como o ei2o ina<al)!el do uni!erso4 o Reino do Meio4 -ara sem-re(Como a9irma o Dr( Warl*ren em um trecho ma*n$9ico4 em +ue toda a

estrutura da B-oca B re!elada3

Uma !e@4 -assada a data crucial de /?? a(C4 as condiç.es estilo radicalmente

mudadas( sistema de reinos 9eudais +ue 9lorescera -or um mil7nio ha!ia

sucum<ido -or inteiro( As <arreiras4 tanto -ol$ticas +uanto econmicas entre os

!)rios centros culturais ha!iam sido a<olidas no!as *randes estradas li*a!am as

!)rias -artes da China umas s outras as classes -le<Bias de a*ricultores e

mercadores o<ti!eram condiç.es de !ida <astante di9erentes das +ue tinham

 -re!alecido durante a B-oca 9eudal( Em resumo4 a con9ederação de -e+uenos

estados mais ou menos inde-endentes 9oi su-lantada -or um im-Brio 9orte e

centrali@ado4 em +ue a ni!elação ocorreu em ritmo r)-ido4 remo!endo os

contrastes -ro!inciais e destruindo os costumes e crenças locais( s tem-los

ancestrais dos senhores 9eudais não mais eram centros ritual$sticos e culturais3 os

letrados 9orma!am uma classe social inde-endente do -atroc$nio dos senhores9eudais a literatura da era Chou 9oi seriamente atin*ida -ila 9amosa +ueima dos

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li!ros de /%& a(C4 e as tradiç.es e cultos dos reinos 9eudais não eram mais uma

realidade !i!a4 mas uma lem<rança4 -re@ada -or uma -e+uena classe de eruditos4

mas es+uecida e des-re@ada -elos homens no -oder4 re-resentantes -le<eus

en!iados da corte im-erial central sediada na ca-ital( Em /5? a(C( os  autoresainda -odiam descre!er os cultos +ue ha!iam testemunhado -essoalmente em

%?? a(C( eles tinham +ue contar a histria de como as coisas ha!iam sido antes do

cataclisma de //%/%%( Js cultos de sua -r-ria B-oca eram um con*lomerado

re-leto de ino!aç.es4 muitas delas recentemente institu$das -or ordem im-erial(K

Ao mesmo tem-o4 multi-licaramse as in9luencias estran*eiras( conhecimento

das coisas da Ásia cidental con+uistou ra-idamente terreno mas4 acima de tudo4

os chineses do -er$odo Han entraram em estreito contato e4 ao mesmo tem-o4

manti!eram um intercm<io de idBias e costumes4 com os -o!os nmades do

norte e noroeste e com as culturas das re*i.es +ue a*ora 9ormam a China

Meridional( A -enetração e coloni@ação chinesas desta re*ião <em ao sul do

_an*TsB4 9e@ *randes a!anços no decorrer de dois sBculos( sa<er da era Han

B4 -ortanto4 uma com<inação mesclada4 muito menos homo*7nea e menos

*enuinamente chinesa do +ue o sa<er da era Chou(

Mais um *rande a<ismo a<rese entre as condiç.es do Han inicial e as do

sBculo '' d(C( s tr7s -rimeiros sBculos do reinado Han não tinham a-enasre!olucionado a !ida e o -ensamento chineses4 mas tam<Bm le*aram uma

di9erença muito si*ni9icati!a( No -rimeiro sBculo da era Han os estudiosos não

esta!am ainda muito a9astados no tem-o da era 9eudal3 os mestres de seus

mestres ha!iam !i!ido na >ltima 9ase da+uela B-oca e4 em<ora os costumes e

cultos ) ti!essem sido muito a<alados e4 em *rande escala4 a<olidos4 o

conhecimento a res-eito deles ainda -odia ser mantido !i!o4 atB certo -onto4 nos

c$rculos dos s)<ios do -er$odo Han inicial( Mas al*uns &pa'( $$1+ sBculos de-ois4

na B-oca dos *randes escoliastas Chen* Chun*4 Fu Wien4 Hsu Shen4 Wia Wuei4

Ma un*4 Chin* Hsuan4 Wao _u e muitos outros4 esse conhecimento ha!ia

 -assado -ela se+7ncia de muitas *eraç.es não se <asea!a mais nas lem<ranças

recentes4 mas no sa<er dos tem-os anti*os(6%5

AS SEIS DINASTIAS" !1)Y##!*01 @(C

'16 arlgren, op% cit%& pp& $772$71&

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<udismo 9oi introdu@ido na China no -er$odo Han4 tal!e@ -or !olta de

6, d(C entretanto4 sua in9lu7ncia so<re o -ensamento m$tico e4 em

conse+7ncia4 so<re a ci!ili@ação do im-Brio4 s se tornou si*ni9icati!a no

 -er$odo de desordem +ue se se*uiu +ueda da casa im-erial de Han( Pelos+uase +uatrocentos anos se*uintes4 a *uerra e a de!astação le!aram o -a$s de

!olta s condiç.es +ue t7m sido4 na maior -arte de sua lon*a histria4 a !ersão

chinesa da realidade4 e a sBria <usca da+uela Realidade interior mais -ro9unda4

+ue se iniciara no -er$odo do cola-so da ordem 9eudal4 recomeçou( E

interessante notar +ue cada uma das de@ seitas <udistas enumeradas -elo ProlV(

uniro TaOaOusu em seu !olume h 1ssntials o% Buddhist Philoso#h! \s

Elementos Essenciais da Filoso9ia udistaK4 9oi 9undada nessa B-oca V-or

a+ueles homens ca-a@esV4 como ele escre!e4 V+ue tradu@iram e introdu@iram oste2tosV(6%6  ) relatamos a -ere*rinação 1ndia de Fahsien J&::8%8 d(CK4 e

notamos +ue 9oi no ano de seu retorno +ue se iniciou o tra<alho nos tem-los

ca!ernas <udistas cra!ados em rochas de _unOan*(

Mas no mundo do -ensamento tao$sta tam<Bm hou!e uma 9orte

!i!i9icação na+uela B-oca( A in9lu7ncia do con9ucionismo nas mentes dos

literatos linha diminu$do com a ru$na do sistema <urocr)tico do Estado4 onde o

 -ro*resso e o -rest$*io ha!iam sido alcançados -or meio do estudo dosCl)ssicos( Não se reali@a!am mais e2ames e um no!o Jermo4 Vo a-rendi@ado

o<scuroV JhsQan hsQhK4 +ue entrou em uso4 9a@ia re9erencia a todo a-rendi@ado

tao$sta alBm da es9era da+ueles nomes e 9ormas aos +uais o a-rendi@ado

con9ucionista se dedica!a com @elo(

VH) +uatro coisasV4 a9irma uma o<ra tao$sta dessa B-oca JLich T@u4 sBculo

''' d(CK( V+ue não -ermitem +ue as -essoas tenham -a@( A -rimeira B a

lon*e!idade4 a se*unda e a re-utação4 a terceira B a -osição social e a +uarta são

as ri+ue@as( s +ue t7m essas coisas temem 9antasmas4 temem os homens4

temem o -oder e temem o casti*o( Eles são chamados 9u*iti!os( \(((] Suas !idas

são controladas -or 9atores e2ternos( Mas os +ue se*uem seu destino não

deseam !ida lon*a( s +ue não <uscam honrarias não deseam re-utação( s

+ue não <uscam o -oder não deseam -osição( E os +ue não são a!aros não t7m

deseo de ri+ue@as( Dessa es-Bcie de homens -odese di@er +ue !i!em em

'1' J"n8iro Takak"s", The Essentials of Buddhist Philosoph$& ed& +&T& Chan and Charles 0& Moore(niversi)y o? ;aKaii, ;onol"l"& 1#<= $ edi!o, 1##%, pp& 121'&

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harmonia com sua nature@a( \(((] Suas !idas são re*uladas -or coisas

interiores(V6%,

Urna -essoa de!eria !i!er4 declaram esses mestres dos sBculos ''' e '0 de

nossa era4 con9orme um -rinc$-io denominado t/u+*an, Vseidade4es-ontaneidade4 o naturalV em o-osição a ming+chiao, Vinstituiç.es e

costumesV(6%= &pa'( $5)+

 

+ue o ou!ido *osta de ou!ir B  m>sica e a -roi<ição de ou!ir musica B

chamada de o<strução ao ou!ido4 o +ue os olhos *ostam de !er B <ele@a e a

 -roi<ição do !er a <ele@a B chamada de o<strução !ista( +ue o nari@ *osta de

cheirar B -er9ume e a -roi<ição de cheirar -er9ume B chamada de o<strução ao

ol9ato( +ue a <oca *osta de 9alar B so<re o certo e o errado e a -roi<ição de

9alar do certo e do errado B chamada de o<strução ao entendimento( +ue o

cor-o *osta de des9rutar B <oa comida e <elas rou-as e a -roi<ição de des9rutar

delas B chamada de o<strução das sensaç.es do cor-o( +ue a mente *osta de ser

B li!re e a -roi<ição dessa li<erdade B chamada de o<strução nature@a(

Todas essas o<struç.es são as -rinci-ais causas dos -ro<lemas da !ida(

Li!rar se dessas causas e des9rutar de si mesmo atB a morte4 ou durante um dia4

um m7s4 um ano ou de@ anos B o +ue eu chamo de culti!ar a !ida( A-e*arse aessas causas e tornarse inca-a@ de li!rarse delas4 -ara ter uma !ida lon*a mas

triste4 estendendose -or cem4 mil ou mesmo de@ mil anos não B isso +ue

chamo de culti!ar a !ida(6%:

E a se*uir4 *uisa de e2em-lo de como isto ocorre3

Van* Huichih Jmorreu em &== d(CK !i!ia em Shanin J-erto da atual

Han*chofK( Uma noite 9oi acordado -or uma 9orte ne!ada( Ao a<rir a anela4

!iu uma <rancura cintilante -or todos os lados e4 de s><ito4 -ensou em seu

ami*o Tai Wuei( 'mediatamente4 tomou um <arco e 9oi !er Tai( Foi necess)ria

toda a noite -ara che*ar casa de Tai4 mas +uando esta!a a -onto de <ater

 -orta4 ele desistiu e !oltou -ara casa( "uando lhe -er*untaram a ra@ão de sua

atitude4 ele res-ondeu3 Eu 9ui -elo im-ulso do -ra@er e a*ora ele desa-areceu4

'1< 0ieh T6u& Cap4)"lo Yang Ch" /ang Chu9s Garden of Pleasure& )rad"!o de 0n)on Forke%, ci)ado

por F"ng Y"2lan, A "hort .istor$& pp& $.$2$..&'1 F"ng Y"2lan, A "hort .istor$& p& $..&'1# 0ieh T6u& loc% cit%& )rad"!o F"ng Y"2lan, A "hort .istor$& p& $.&

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de maneira +ue retorno( Por +ue de!eria !er TaiIV6/?

A !elha marotice desses camaradas tao$stas est) <em re-resentada na

se*uinte anedota do s)<io Liu Lin* Jcerca de //%&?? d(CK4 +ue 9a@ia -arte do

*ru-o conhecido como s Sete Not)!eis do os+ue de am<u( "uando esta!aem seu +uarto4 Liu *osta!a de 9icar nu e ao ser criticado -or isso -or um

!isitante4 disse3 VTenho o uni!erso inteiro como minha casa e meu -r-rio

+uarto como !estimenta( Por +ue4 então4 !oc7 entra a+ui nas minhas calçasI6/%

Mas ha!ia outro lado do estilo tao$sta4 tam<Bm em desen!ol!imento nessa

B-oca( ) no -er$odo Han tardio4 o mila*re da Vtrans9ormação em um hsin6 3 o

+ue +uer di@er um Vhomem da montanhaV4 um imortal mitol*ico tinha se

tornado um dos -ro-sitos da iniciati!a tao$sta( Em outras -ala!ras4 en+uanto

em um lado Ja+uele so<re o +ual os 9ilso9os *ostam de escre!erK a Chinada+uela B-oca !inha a-rendendo uma lição mara!ilhosa de !i!er sem

 -ro-sitos4 es-ontaneamente4 -ela moti!ação do tao no outro canto do <os+ue

de <am<u -odiase encontrar al*uBm ocu-ado em 9a@er -$lulas de cin)<rio -ara

a imortalidade(

VPe*ue tr7s li<ras de cin)<rio *enu$no e uma li<ra de mel <rancoV4

escre!eu o *rande tao$sta Wo Hun* Jcerca de 8?? d(CK( VMistureos( Se+ue a

mistura ao sol( Assea no 9o*o atB -oder 9ormar -$lulas( Tome de@ -$lulas dotamanho de uma &pa'( $5!+ semente de cnhamo a cada manhã( Dentro de um

ano4 os ca<elos <rancos !oltarão a ser ne*ros4 dentes cariados !oltarão a crescer

e o cor-o tornarse) liso e res-landecente( Um !elho +ue tomar esse -re-arado

 -or um lon*o -er$odo de tem-o se tornar) o!em( A+uele +ue o tomar

constantemente des9rutar) de !ida eterna e não morrer)(V6//

V[ tam<Bm -eri*oso -ara as -essoas +ue amam a !ida con9iar em suas

 -r-rias es-ecialidadesV4 escre!eu o mesmo autor( VA+ueles +ue conhecem as

tBcnicas do Cl)ssico da Dama Misteriosa e o Cl)ssico da Dama Comum Jli!ros

so<re dieta se2ual não mais e2istentesK dirão +ue a-enas a arte da alco!a

condu@ir) sal!ação( A+ueles +ue entendem o mBtodo dos e2erc$cios

res-iratrios4 dirão +ue a-enas a a<sorção da 9orça !ital -ode -rolon*ar a !ida(

A+ueles +ue conhecem o mBtodo de alon*amento e 9le2.es4 dirão +ue a-enas os

e2erc$cios 9$sicos -odem -re!enir a !elhice( E a+ueles +ue conhecem as

'$7 "hih "huo $.= in F"ng Y"2lan, A "hort  .istor$& pp& $.62$.'&'$1 "hih "huo $.= F"ng Y"2lan, p& $.6&'$$ )o .ung ()am3Lm chamado Pao-p9u T6u& ei P9ien& <, )rad"!o da o3ra de 3ed Simon Johnson, A "tud$ of Chinese Alchem$  (Oangai, 1#$%, p& '.&

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9rmulas das er!as4 dirão +ue a-enas a medicina -oder) tornar a !ida eterna(

Eles 9racassam em sua <usca do tao -or+ue são muito unilaterais( Pessoas de

conhecimento su-er9icial acham +ue sa<em o su9iciente +uando de 9ato

conhecem a-enas um caminho e não -erce<em +ue a !erdadeira -rocura e ada+uele +ue <usca incessantemente4 mesmo de-ois de ler conse*uido al*umas

 <oas 9rmulas(V6/&

Dessa maneira como ocorre com 9re+7ncia no riente dois

o<eti!os diametralmente o-ostos esta!am contidos num mesmo mo!imento3

 -or um lado4 nenhum deseo de !ida lon*a e4 -or outro4 e2atamente esse deseo(

AlBm do mais4 na+uela B-oca esta!a se desen!ol!endo um sistema de

tao$smo reli*ioso or*ani@ado4 literalmente uma i*rea4 com um -atriarca4 o

Mestre Celestial( iniciador desse mo!imento 9oi Chan* Lin*4 -ersona*em dosBculo '' d(C4 +ue coleta!a entre seus se*uidores d$@imos de cinco sacas de

arro@4 de maneira +ue sua doutrina era chamada ao das Cinco Sacas de

Arro@( ei Poan4 mais ou menos na mesma B-oca J9loresceu de %8, a %6,

d(C(K4 -rocurou sinteti@ara 9iloso9ia tao$sta4 a al+uimia e o \ivro das @uta&Ls

em uma o<ra denominada Os r8s 7aminhos do ]m#rador marlo, \ao sé,

o \ivro das @uta&Ls, "ni%icados Farmoni/ados no ltimo6 (sSan+tSung+

chSi), E 9inalmente4 Wo Hun* cua receita de cin)<rio aca<amos de ler  untou a tudo isso um lo+ue de Btica con9uciana e4 tam<Bm4 al*o semelhante a

uma -oção da 1ndia3

Como o CBu e a Terra são as maiores coisas4 seria natural4 do -omo de !ista

dos -rinc$-ios uni!ersais4 +ue ti!essem -oder es-iritual( Tendo -oder es-iritual4

seria a-ro-riado +ue recom-ensassem o <em e -unissem o mal( \(((] "uando

damos uma olhada nos li!ros tao$stas de disci-lina4 iodos são unnimes em

di@er +ue a+ueles +ue -rocuram a imortalidade t7m +ue 9i2ar suas mentes na

acumulação de mBritos e na reali@ação do <oas o<ras( Seus coraç.es tem +ue ser

*enerosos com todas as coisas( Eles t7m +ue tratar os outros como traiam a si

mesmos e estender sua humanidade J *nK atB mesmo aos insetos( \(((] Se4 -or

outro lado4 eles odeiam o <em e amam o mal \(((] o Ar<itro do Destino Humano

redu@ir) seus -er$odos de !ida em unidades de tr7s &pa'( $5#+ dias ou tre@entos

dias4 em -ro-orção a *ra!idade do mal( "uando todos os dias esti!erem

'$. Pao-p9u T6u '&$= )rad"!o da o3ra de +m& Theodore de -ary, +ing2)si) Chan, e -"r)on +a)son,"ources of Chinese Tradition (Col"m3ia niversi)y /ress, Nova York, 1#'7%, p& .71&

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es*otados4 eles morrerão \(((](

A+ueles +ue as-iram a ser imortais a+ui na letra de!eriam reali@ar tre@entas

 <oas aç.es e a+ueles +ue as-iram a ser imortais celestiais de!eriam reali@ar

%(/??( Se a <oa ação n>mero %(%:: 9or se*uida de outra m)4 eles -erderão tudoo +ue acumularam e terão +ue começar de no!o( Não im-oria se as <oas aç.es

9orem *randiosas e a m) ação 9or -e+uena( Ainda +ue eles não 9açam nenhum

mal4 se 9alarem so<re suas <oas aç.es e e2i*irem reconhecimento -or suas

caridades4 anularão o !alor dessas aç.es sem4 contudo4 a9etar as outras <oas

aç.es reali@adas(6/8

E o li!ro di@ mais3 VSe não hou!er su9icientes <oas aç.es acumuladas4 de

nada adiantar) tomar o eli2ir da imortalidadeV( Pro9( in*tsit Chan4 discutindo o tema4 di@3

Como reli*ião das massas4 o tao$smo \(((] tem um dos -ante.es mais

 -o-ulosos do mundo4 com di!indades re-resentando o<etos naturais4

 -ersonalidades histricas4 as !)rias -ro9iss.es4 idBias e atB o todo e as -artes do

cor-o humano( Ele tem uma hoste de imortais e es-$ritos4 <em como um rico

reser!atrio de su-erstiç.es incluiu do um !asto sistema oracular4 leitura dasorte4 astrolo*ia etc( Ele desen!ol!eu um so9isticado sistema de al+uimia em

 <usca da lon*e!idade4 +ue contri<uiu muito -ara a cultura material e o

desen!ol!imento cient$9ico na China medie!al( tao$smo imitou o <udismo de

9orma indiscriminada em as-ectos como tem-los e ima*ens4 hierar+uia

sacerdotal4 mona+uismo e cBus e in9ernos( Com 9re+7ncia 9oi associado a seitas

eclBticas e sociedades secretas4 e assim tem sido um elemento im-ortante em

uma serie de re!oltas -o-ulares( Hoe4 o tao$smo reli*ioso est) em r)-ido

decl$nio e aos olhos de muitos est) !irtualmente morto( Entretanto4 sua 7n9ase

numa <oa !ida terrena4 seu res-eito sa>de tanto 9$sica +uanto es-iritual4 sua

doutrina de harmonia com a nature@a4 sua sim-licidade4 naturalidade4 -a@ mental

e li<erdade de es-$rito continuaram a ins-irar a arte chinesa e a iluminar o

 -ensamento e a conduta chineses( Mesmo inca-a@ de manter sua -r-ria

e2ist7ncia en+uanto culto or*ani@ado4 ele tem enri+uecido os 9esti!ais chineses

com o es-$rito romntico4 ale*re e l>dico de seu culto aos imortais e4 atra!Bs de

seus s$m<olos art$sticos4 cerimnias e 9olclore4 deu ) !ida chinesa tonalidade e'$ (!id%& '&632<a e .&17a23= de "ources& pp& .7$2.7&

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encanto es-eciais( 6/5

Desse modo4 mesmo antes de o caminho <udista ter se 9irmado em solo

chin7s4 um ri!al um -ouco maneira de +uem esti!esse -arodiando suas -r-rias tradiç.es tinha sur*ido -ara contestar o Caminho do Meio4 tão

distante e alien$*ena(

Wou Chienchih Jmorreu em 8&/ d(C(K ordenou os cdi*os e cerimnias

do culto4 9i2ou os nomes de seus de!eres e 9ormulou sua teolo*ia( Atra!Bs de

sua in9luencia4 o tao$smo4 tornouse a reli*ião o9icial em 88? d(C( e o <udismo

9oi su-rimido durante al*um tem-o(6/6

Mas4 mais uma !e@3 era do outro lado do <os+ue de <am<u tao$sta +ue iria

se ori*inar o -r-rio !oca<ul)rio do <udismo chin7s( Assim4 de 9orma sutil4 oensinamento &pa'( $5$+ do uda4 conhecido em snscrito como tathāgata, V

+ue assim che*ouV4 tomouse em chin7s t/u+*an a -r-ria es-ontaneidade( E o

Caminho do uda4 isto B4 o Caminho do Meio4 9oi com-reendido como4

 -recisamente4 o ao.

V( A HPOCA DAS GRANDES CREN2AS" c'*))!*)) @(C(

Uma -es+uisa sistem)tica da -roli9eração de doutrinas dentro das

con*re*aç.es <udista4 tao$sta e con9uciana não -ode ser acrescentada a esta

nossa tare9a +ue B indicar4  grosso modo, as -rinci-ais correntes e B-ocas de

desen!ol!imento da herança mitol*ica da humanidade( Entretanto4 a +uestão

do im-acto de !alores e idBias le!ados de um dom$nio a outro 9undamental

 -ara nosso estudo est) tão <em ilustrada nos anais do esta<elecimento do

 <udismo na China +ue B con!eniente nos determos a+ui(

) ti!emos al*o a di@er so<re o -adrão de im-actoereação interculturalna 1ndia dessa B-oca3 a in9lu7ncia de Roma nas cortes do -er$odo #u-ta4

 -ro!ocando a li<eração das ener*ias indianas nati!as -restes a desa<rochar a

assimilação das su*est.es estran*eiras -or essas mesmas ener*ias4 e a

conse+ente in!enção de um -assado m$tico em +ue a !erdadeira ori*em

histrica 9oi V-eneiradaV e a in9lu7ncia estran*eira ne*ada( Na China4 mais ou

menos na mesma B-oca4 ocorria um desen!ol!imento semelhante com re9er7ncia

'$6 +ing2)si) Chan, in "ources& p& $#&'$' (!id%& p& $#<&

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contri<uição <udista indiana( <ser!amos as se*uintes datas3 Teodsio '4 &,:

&:5 d(C Chandra*u-ta ''4 &,=8%8 d(C4 e a !ia*em 1ndia de Fahsien4 &::8%8

d(C Esse -er$odo 9oi de enorme tensão na China(

VEntre &?8 e 5&5V4 a9irma o Pro9( Needham4 Vnão menos do +ue de@essetedinastias% luta!am entre si no norte +uatro hunas4 +uatro turcas JTho-aK4 seis

mon*is JHsien-iK e a-enas tr7s *o!ernadas -or casas de linha*em chinesa(

Entretanto4 durante todo esse tem-o os <)r<aros se achinesaram muito mais do

+ue os chineses setentrionais se <ar<ari@aram( s costumes nmades 9oram sem

d>!ida am-lamente adotados4 mas em *eral a a*ricultura e a administração

chinesas continuaram e os costumes <)r<aros se ada-taram a elas o casamento

misto era uni!ersal e 9oi estimulado e mesmo os nomes -olissil)<icos dos che9es

 <)r<aros 9oram trocados -or nomes chineses(V6/,

E da mesma 9orma4 a reli*ião estran*eira do uda4 +ue ) se encontra!a

esta<elecida em solo chin7s ha!ia mais ou menos cinco sBculos4 *erou um -ar de

 -rodutos nati!os3 dois 9enmenos totalmente chineses de um lado4 a -ardia

tao$sta -o-ular acima o<ser!ada4 onde o as-ecto -o-ular mais tosco do sistema

 <udista 9oi4 -or assim di@er4 !ertido -ara o chin7s e4 do outro4 em um -lano

muito mais ele!ado4 a seita <udista do E2tremo riente conhecida como Chan

ou Chanan Ja-on7s Zen do termo snscrito dh!āna, Vcontem-larVK4 onde o -ensamento e o sentimento nitidamente tao$stas 9oram tradu@idos em termos

 <udistas im-ortados(

A ori*em dessa interessante seita B atri<u$da !isita China de certo

mon*e indiano J-ro!a!elmente lend)rioK +ue se su-.e ter sido o !i*Bsimo oita!o

 -atriarca da rdem udista rtodo2a( s !inte e oito são enumerados como

se*ue36/= &pa'( $55+

%( #autama XaOamuni %5( Wanade!a

/( MahaOasha-a l6( Ara Rahulata

&( Ananda %,( Sam*hanandi

8( Sana!asa %=( Sam*haasas

5( U-a*u-ta %:( Wumarata

6( DhritaOa /?( aata

'$< Needham e +ang *ing, op% cit%& vol& @, p& 11#&'$ :aise)z Tei)aro S"z"ki, Essa$s in Nen Buddhism Oirst "eries (Iider and Company, Nova York,*ondres e)c&, sem da)a%, p& 1'&

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,( MicchaOa /%( 0asu<andhu

=( uddhanandi //( Manura

:( uddhamitra /&( HaOlenaasas

%?( hiOshu Parsha /8( hiOshu Simha%%( Punaasas /5( 0asasita

%/( Ash!a*hosha /6( Punamitra

%&( hiOshu Wa-imala /,( Pranatara

%8( Na*aruna /=( odhidharma

A lenda di@ +ue ao che*ar4 no ano 5/? d(C4 odhidharma4 ele -r-rio

9ilho de um rei4 9oi con!idado -elo im-erador u da dinastia Lian* a uma

audi7ncia em NanOin*(

u Ti3 VDesde +ue assumi o trono constru$ muitos mosteiros( Mandei

co-iar muitos escrituras sa*radas( rdenei numerosos mon*es e monas( "uanto

mBrito con+uisteiIV

odhidharma3 VNenhumV(

u Ti3 VComo assimIV

odhidharma3 VEssas são aç.es in9eriores( Elas -odem le!ar anascimentos 9a!or)!eis no cBu ou na terra4 mas são do mundo e acom-anham

seus o<etos como som<ras( Elas -odem -arecer e2istir4 mas são ine2istentes( Ao

 -asso +ue as !erdadeiras aç.es meritrias são de -ura sa<edoria4 -er9eitas e

misteriosas4 e sua nature@a est) 9ora da com-reensão humana4 -ortanto não de!e

ser <uscada -or meio de aç.es materiaisV(

u Ti3 V"ual B4 então4 a No<re 0erdade em seu sentido su-remoIV

odhidharma3 VEla B !a@ia( Não h) nada de no<re nelaV(

u Ti3 VE +uem e este mon*e +ue est) diante de mimIV

odhidharma3 VNão seiV(

Ei2o do Uni!erso não alcançou o sentido disso então4 o santo cru@ou o

_an*TsB em direção a Loan*4 ca-ital do Estado de ei4 encaminhouse -ara o

tem-lo Shaolin e ali -ermaneceu sentado no!e anos olhando -ara uma -arede(

Um s)<io con9uciano4 Hui We4 a-ro2imouse dele4 -ediulhe instrução e4 não

o<tendo res-osta al*uma4 -ermaneceu -arado durante dias sem mo!erse( Ne!ou(

A ne!e su<iu ate seus oelhos( Ele cortou o <raço com a es-ada -ara mostrar aseriedade de suas intenç.es4 e odhidharma !irouse(

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Hui We3 VProcuro instrução na doutrina dos udasV(

odhidharma3 VEla não -ode ser encontrada atra!Bs de outroV( &pa'( $5*+

Hui We3 VSu-lico!os4 então4 +ue a-a@i*eis meu es-$ritoV(

odhidharma3 VTra@eo e eu o 9areiV(Hui We3 VTenhoo -rocurado -or muitos anos4 mas não consi*o

encontr)loV(

odhidharma3 VEntão4 ele est) em -a@V(

Hui We4 assim instru$do4 tornouse o Se*undo Patriarca da ordem no

E2tremo riente4 e +uando o Primeiro esta!a a -onto de irse4 os disc$-ulos se

reuniram(

odhidharma3 VChe*ou minha hora de -artir( Permitime ul*ar !ossas

con+uistasV(

Tai Fu3 VA !erdade est) alBm do sim e do não( Conse+entemente4 ela se

mo!eV(

odhidharma3 VTu tens minha -eleV(

A mona Tsun* Chih3 V[ como a !isão de Ananda do Reino >dico de

AOsho<ha uma !e@ !isto4 amais B !isto de no!oV(

odhidharma3 VTu tens minha carneV(

Tao _u3 Vs +uatro elementos são !a@ios os cinco a*re*ados da 9orma4sensação4 conce-ção4 co*nição e consci7ncia tam<Bm são !a@ios( Não h) nada a

ser entendido como realV(

odhidharma3 VTu tens meus ossosV(

Mas Hui We4 re!erenciando o Mestre4 -ermaneceu -arado sem di@er

nada(

odhidharma3 VTu tens minha medulaV(6/:

Su-.ese +ue o -r-rio uda tenha sido o -rimeiro a ensinar dessa

maneira eni*m)tica4 em um cen)rio m$tico4 no m$tico cume do A<utre( deus

rahma 9oi atB onde ele esta!a sentado e4 dandolhe de -resente uma 9lor

kum2halā, su-licou +ue a Lei 9osse ensinada a todos os ali reunidos( E o uda4

su<indo ao Trono do Leão4 er*ueu a 9lor ao +ue a-enas MahaOasha-a sorriu

de ale*ria( VMahaOasha-aV4 disse o uda4 Va ti a doutrina do lho da

'$# S"z"ki, op% cit%& pp& 1'21#= Takak"s", op% cit%& p& 16#= ci)ando Tao ;sVan, The 'ecords of theTransmission of the 0amp (escri)o em 177d&C&%&

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0erdadeira Lei B a+ui con9iada( Aceitaa e -assaa adiante(V6&?

A nature@a da mensa*em assim -assada -or meio da cadeia silenciosa dos

Patriarcas4 atB hoe e sinteti@ada da se*uinte maneira3

Ensinamento es-ecial4 alBm das escrituras4

 Não <aseado em -ala!ras e letras(

A-ontar diretamente -ara o coração do homem(

0er a -r-ria nature@a( Alcançar o Estado de uda(6&%

E o +ue aconteceu com odhidharma +uando ele se a9astou de seu muroI

 Nin*uBm sa<e(

DINASTIA SUI" *0!-!0 @(C(

lon*o -er$odo de desunião -ol$tica na China terminou com a <re!e mas

terri!elmente e9iciente dinastia Sui J5=%6%= d(C(K4 cuo se*undo e >ltimo

im-erador4 _an* Ti4 e -articularmente 9amoso -ela conclusão de um canal

li*ando o rio Amarelo ao _an*TsB( VEle *o!ernou sem <ene!ol7nciaV4 a9irma

um escritor do -er$odo Min*(

6&/

 &pa'( $5-+VCerca de 5(5??(??? tra<alhadoresV4 a9irma o Pro9( Needham4 Vinclusi!e

todos os cidadãos de certas re*i.es entre os +uin@e e cin+enta anos de idade4

 unta!am se -ara tra<alhar so< a *uarda de 5?(??? soldados( De cada cinco

9am$lias e2i*iase +ue uma contri<u$sse com uma -essoa -ara -artici-ar do

9ornecimento e -re-aro da comida( s +ue não -odiam ou não +ueriam

satis9a@er as e2i*7ncias eram -unidos com açoites e can*as al*uns tinham +ue

!ender seus 9ilhos( Mais de dois milh.es de homens 9oram considerados como

-erdidos(V 6&&

A *rande m)+uina chinesa de Vum milhão de homens com colheres de

ch)V reali@ou seu tra<alho4 e o salto 9oi dado( Entretanto4 o im-erador 9oi

ca-turado em com<ate contra 9orças turcas4 e a dinastia soço<rou( Contudo4

e2atamente como as <ar<aridades de Chin 9oram se*uidas -ela ci!ili@ação de

Han4 assim o 9oi Sui -or Tan*4 V+ue a maioria dos historiadores4 tanto chineses'.7 S"z"ki, op& cit%& p& 1'6= Takak"s", op& cit%& pp& 16216#&'.1 S"z"ki, op% cit%& p& 1<= 0lan +& +a))s, The 5a$ of Nen (/an)heon -ooks, Nova York, 1#6<%& p& &'.$ Y" Shen2;sing, c?& ci)ado em F" Tse2;"ng, Golden Mirror of the Olo2ing 5aters .sing "hui-ChinChien& #$= ci)ado por Needham e +ang *ing, op% cit%& vol& @&p& 1$.&'.. Needham e +ang *ing, op% cil%& vol& @, pp& 1$.21$&

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 -r-rio ensinamento4 uma 9orma 9$sica não B uma 9orma 9$sica(V &pa'( $5/+

Disse o uda a Su<huti3 VTudo o +ue tem 9orma B ilusrio4 e +uando se

 -erce<e +ue toda 9orma B não9orma4 o Tatha*ata B reconhecidoV(6&6

o!em !endedor de madeira Huinen* entendeu a idBia4 dei2ou a mãe4

andou durante mais ou menos um m7s e +uando che*ou ao mosteiro da

Amei2eira Amarela4 o -atriarca Hun*en4 +ue ali esta!a 9rente de cerca de

+uinhentos mon*es4 o rece<eu(

Hun*en3 VDe onde !ens e o +ue deseasIV

Huinen*3 VSou um cam-on7s de Hsinchou e +uero ser um udaV(

Hun*en3 Vs sulistas não t7m nature@a <>dicaV(

Huinen*3 Vem4 de 9ato4 -ode ha!er sulistas e nortistas4 mas com res-eito

nature@a <>dica4 como -odeis encontrar nisso distinç.es desse ti-oIV

-atriarca4 satis9eito4 mandouo -ara a co@inha -ara ser o triturador de

arro@ da irmandade( E +uando ) esta!a ali ha!ia cerca de oito meses4 che*ou a

hora de o !elho -atriarca -assar a ti*ela sim<lica de esmolar e o manto a um

sucessor( s mon*es candidatos tinham +ue sinteti@ar em !ersos seus conceitos

da Lei4 na -arede do salão de meditação( E4 con9orme era es-erado4 o +ue

escre!eu o melhor -oema 9oi certo estudioso erudito da Lei4 Shenhsiu Jmorreuem ,?6 d(CK3

Este cor-o B a )r!ore odhi

A mente4 um es-elho radiante(

Cuida de t7los sem-re lim-os4

Para +ue a -oeira não -ouse so<re eles(

 Na+uela noite4 o ra-a@ da co@inha4 um mero lei*o anal9a<eto4 conheceu o

!erso atra!Bs de um ami*o4 a +uem -ediu -ara escre!er o se*uinte ao lado3

amais e2istiu uma )r!ore odhi4

 Nem es-elho radiante al*um(

Como nada e2iste na <ase4

So<re o +ue a -oeira -oderia -ousarI

"uando os mon*es o desco<riram -ela manhã4 esse desa9io annimo

a*itou o mosteiro e o -atriarca4 +ue numa *rande demonstração de ira4 -e*ou'.' 8a<racchedi+* 6&

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seu chinelo e o a-a*ou( Mas na noite se*uinte ele chamou o ra-a@ da co@inha a

seu +uarto4 concedeulhe a ti*ela de esmolar e o manto e4 em se*redo4 mandouo

ir em<ora e esconderse atB +ue 9osse -ro-$cio a-arecer( E dali em diante não

ha!eria mais a transmissão de ti*ela e manto -ois com o insi*ht do lei*o a9unção da !ida mon)stica ha!ia sido ultra-assada(6&,

A not$cia da 9u*a de Huinen* es-alhouse e4 ao ser alcançado num

des9iladeiro4 ele colocou o manto so<re uma rocha e disse a Min*4 um dos +ue o

ha!iam alcançado3 VA+ui est) o s$m<olo de nossa 9B( Não de!e ser con+uistado

 -ela 9orça( Pe*ao se +uiseresV( &pa'( $50+

Mas +uando o outro +uis a-anh)lo4 achouo -esado como uma montanha(

Ele caiu de cara no chão3 VEu !imV4 disse4 V-or causa da 9B4 não -or causa do

mantoV4E o Se2to Patriarca -roclamou3 VSe B a 9B +ue -rocuras4 a<andona o

deseo( Não -enses no <em ou no mal( Encontra teu -r-rio rosto ori*inal4

imediatamente4 o rosto +ue era teu antes de nasceres(V

Min* -er*untou3 VAlBm do si*ni9icado oculto dessas -ala!ras4 h) al*um

outro se*redo a ser des!endadoIV

Se2to Patriarca res-ondeu3 VNa+uilo +ue eu disse não h) um sentido

oculto( E2amina dentro( Encontra teu !erdadeiro rosto4 anterior ao mundo( >nico se*redo est) dentro de ti mesmoV(6&=

Mas essa lição não B da doutrina tao$staI

 No ao 7hing lemos so<re Va -edra não escul-idaV( conhecedor do

ao Vretorna ao 'limitadoV4 Vretorna ao estado de Pedra Nãoescul-idaV36&:

Tao B eterno4 mas não tem nome3

A Pedra Nãoescul-ida4 em<ora a-arentemente de -ouco !alor4

[ su-erior a +ual+uer coisa so< o cBu(

Uma !e@ escul-ida4 ha!er) nomes(68?

VPois o ao ele -r-rio o sem-reassim4 o 9i2o4 o incondicionado4

a+uele +ue B -or si mesmo e sem nenhuma causa4 assimV4 escre!e ale( VNo

indi!$duo4 B a Pedra Nãoescul-ida4 a consci7ncia so<re a +ual nenhuma marca

'.< S"z"ki, op% cit%& pp& $7.2$7'= +a))s, op% cit &, #12#$&'. S"z"ki, op% cit%& pp& $72$7#&'.# Tao T7 Ching FS%'7 (!id%& .$, condensado= )rad"ao, +aley, The 5a$ and (ts Po2er& p& 1.&

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9oi im-ressa4 ao -asso +ue no Uni!erso B a Unidade Primal su<acente

a-arente multi-licidade( <e<74 -ortanto4 B +uem est) mais -r2imo do ao.

M7ncio4 em cuo sistema a Consci7ncia4 a sensi<ilidade ao certo e errado4

su<stitui a noção do ao, di@  +ue o homem moralmente *rande B a+uele +ueconser!ou atra!Bs dos anos seu coração de <e<e( Esta idBia -ermeia a literatura

do sBculo ''' Ja(C(K(V68%

E -elo sBculo 0''' da nossa era ) esta!a 9undida com o e!an*elho do

nir!ana( Pois a du-la ne*ação transmitida -elo uda4 de +ue não h) em sentido

a<soluto nem um o<eto nem um sueito com os +uais se identi9icar4 e+ui!alia4

como !imos4 a um -ositi!o des+uali9icado3 um assassinato de todos os Vtu

de!esV um assassinato do dra*ão das escamas de ouro4 e4 em conse+7ncia4 uma

li<ertação da criança4 a roda *irando -or si mesma4 a nature@a <>dica4tathagātha 3 ser tal +ual se B(∗ '*ualmente4 no ensinamento do ao, ou!imos

+ue +uando as Vo<struç.esV ar<itr)rias im-ostas -elo -ensamento deseante são

remo!idas4 a +ualidade de ser o +ue se B Jt/u+*anK  se torna mani9esta( E estas

duas tathagātha t/u+*an 3 eram a*ora conhecidas como uma >nica(

A 5ualidad d sr o 5u s é, entretanto4 não B sem-re sua!e4 ou4 +uando

rude4 meramente e2tra!a*ante ou ocosa4 como nas !idas e ilustraç.es dos

s)<ios do ao autoreali@ado( No ano =8? d(C4 +uando o trono im-erial da China 9icou !a*o com a

morte do &pa'( $51+ im-erador entsun* J-or+ue4 temendo uma cons-iração4

ele tinha assassinado seu 9ilho4 o -r$nci-e herdeiroK4 o -oderoso Chiu Shih

lian*4 Encarre*ado das <ras -ara as Ruas do Lado Es+uerdo e um dos mais

in9luentes eunucos da corte4 audou o irmão do monarca morto4 utsun*4 na

con+uista do trono( E +uando utsun* 9oi in!estido com o mandato do cBu4

matou imediatamente se*undo in9ormaç.es Vmais de +uatro mil -essoas na

ca-ital4 +ue tinham sido 9a!orecidas no tem-o do im-erador anteriorV(68/ No ano

se*uinte4 ele começou a mostrarse inclinado a a-oiar o clero tao$sta contra o

 <udista( E no ano =8/ iniciou a in!estida -ara e2tin*uir de seu solo sa*rado a

doutrina estran*eira(

Foi -u<licado um Bdito4 ordenando aos mosteiros <udistas tanto +ue não

mais rece<essem no!iços +uanto +ue dis-ensassem seus mon*es e monas ainda

'1 & +aley, The 5a$ and (ts Po2er& p& 66& R "upra& pp% $$12$$#&'$ Ieischa"er, op% cit%& p& $.6&

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não re*istrados unto ao *o!erno( Um se*undo edito no mesmo ano ordena!a

+ue todos os mon*es e monas de h)<itos +uestion)!eis retornassem

imediatamente !ida lei*a e os +ue ti!essem dinheiro4 cereais ou terras4 os

entre*assem ao Estado( s mosteiros na ca-ital de!eriam manterse de -ortastrancadas com os mon*es e as monas dentro( AlBm do mais4 um mon*e -odia

ter a-enas um escra!o Jdo se2o masculinoK e uma mona a-enas 'res escra!as(

Todos os outros de!iam ser mandados de !olta -ara casa ou4 se não a ti!essem4

!endidos ao Estado(68&  No ano =8&( um Bdito ainda mais -ertur<ador ordenou a

+ueima das escrituras <udistas no -al)cio e a eliminação das ima*ens do uda4

dos Bodhisattvas e dos Reis Celestiais das "uatro Direç.es +ue tinham dado ao

uda sua ti*ela +u)dru-la de esmolar( 'nc7ndios irrom-eram em se*uida em

!)rias -artes da cidade e 9icou e!idente +ue se tinha iniciado uma B-oca deterror(

Mas4 -or acaso4 na+uela B-oca che*ara China um mon*e <udista

 a-on7s4 Ennin4 cuo di)rio con9orme a9irma o Dr( Edfin ( Reischauer4 seu

tradutor não dei2a d>!ida +uanto lotai -enetração do <udismo na+ueles

dias(

VRicas comunidades de mon*es4 intelectualmente !i*orosasV4 escre!e

Reischauer4 V-odiam ser encontradas tanto nas cidades +uanto nas montanhas do -a$s multid.es ur<anas a*lomera!amse nos 9esti!ais <udistas lei*os ou!iam

com entusiasmo as -releç.es e ser!iços reli*iosos mon*es e crentes lei*os

 -ercorriam i*ualmente as trilhas rochosas de -ere*rinação( Hou!e -er$odos

anteriores em +ue o *o!erno dera ao <udismo um a-oio mais !i*oroso e a

reli*ião indiana -ode ter conse*uido maior atração -o-ular al*uns sBculos mais

tarde4 mas Ennin conheceu a China no momento em +ue a 9B das massas )

am-lamente di9undida4 e a ainda 9orte crença intelectual das classes dominantes4

tal!e@ se tenham unido -ara le!ar o <udismo ao seu a-o*eu(V688

Ennin era mem<ro da seita Tendai a-onesa JTientai chinesaK4 +ue le!a o

nome de uma montanha do sul da China onde o 9undador4 ChihOai J5&%5:,K4

!i!era e -re*ara mas sua -ere*rinação le!ouo tam<Bm a muitos outros centros(

E de todos4 o maior 9ica!a no Monte utai no e2tremo nordeste do +ue B hoe

a -ro!$ncia de Shansi4 onde se !enera!a o 2odhisattva Manushri( Ennin sou<e

+ue Manushri ha!ia a-arecido em tem-os remotos dis9arçado de mon*e ante o

'. (!id%& pp& $.2$.#&' (!id%& p& $11&

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E assim4 maneira de !eneração -o-ular4 -re*a!ase a sa<edoria do uda

se*undo a +ual Vtodas as coisas são coisas udaV(

 Nesse meio tem-o4 entretanto4 no seio da corte 9ermenta!a uma

!erdadeira tem-estade( Uma insurreição do comandante re*ional do e2Brcito emLuchou Jno sudeste de ShansiK tornou necess)rio o en!io de tro-as -ara a+uela

re*ião mas o -r-rio comandante ha!ia 9u*ido e se di@ia +ue se dis9arçara de

mon*e( Por isso4 tre@entos mon*es 9oram -resos e e2ecutados e a es-osa e os

9ilhos do comandante4 deca-itados( Pu<licarase um edito im-erial ordenando

+ue4 a-esar de se terem reali@ado 9esti!ais em utai e outros lu*ares cele<rando

as !)rias rel$+uias do uda4 não seriam mais -ermitidas -ere*rinaç.es -ara essas

localidades( "ual+uer um +ue 9i@esse o9erendas rece<eria !inte chi<atadas nas

costas( Um mon*e ou uma mona +ue se encontrassem num lu*ar dessesrece<eriam i*ual -unição( s mon*es +ue ali &pa'( $*!+ esti!essem seriam

interro*ados e os +ue não ti!essem credenciais seriam e2ecutados

imediatamente( Pois temiase +ue o comandante 9u*iti!o de Luchou esti!esse

escondido ali(

im-erador alucinado4 muito mais @eloso com a se*urança de sua -r-ria

santa -essoa do +ue com +ual+uer outra coisa no uni!erso do +ual ele era o

>nico su-orte4 con!ocou oitenta e um sacerdotes tao$stas e mandou construir umlocal -ara o ritual dos No!e CBus nos dom$nios do -al)cio( Vitenta <ancosV4

escre!eu Ennin4 V9oram em-ilhados e co<ertos com tecidos ele*antemente

coloridos e durante todo o dia e a noite4 9oram reali@ados sacri9$cios e

cerimnias s di!indades celestiais( \(((] Mas como o local de ritual não 9ica!a

em um edi9$cio e as cerimnias eram reali@adas num -)tio a<erto4 +uando o

tem-o esla!a a<erto o sol +ueima!a os sacerdotes e +uando cho!ia eles 9ica!am

enso-ados4 de maneira +ue muitos dos oitenta e um homens adoeceram( \(((]V68=

e2Brcito4 +ue en+uanto isso com<atia os re<eldes de Luchou4 não

esta!a o<tendo muito sucesso e +uando o im-erador co<rou resultados de seus

o9iciais4 eles começaram a -render os a*ricultores e -astores da re*ião4

mandandoos de !olta -ara a ca-ital como -risioneiros re<eldes( V 'm-eradorV4

di@ Ennin4 Voutor*ou es-adas cerimoniais e nas -r-rias ruas os -risioneiros

eram cortados em tr7s -artes( As tro-as cercaramnos e es+uartearamnos(

Dessa maneira eles continuaram mandando -risioneiros e o e2Brcito se mante!e(

s cad)!eres es+uarteados enchiam as estradas e seu san*ue escorria e' Ieischa"er, Ennin9s Diar$& p& .1&

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encharca!a o chão4 trans9ormandoo em lama( Nas estradas a-inha!amse

es-ectadores e o 'm-erador ia constantemente !er a cena com *rande -ro9usão

de estandartes e lanças( \(((] s le*ion)rios4 cada !e@ +ue mata!am um homem4

arranca!amlhe os olhos e corta!am suas carnes +ue lo*o comiam4 e 'odos os*uardas di@iam +ue na+uele ano o -o!o de Chan*an esta!a comendo seres

humanos(V68:

utro edito im-erial 9oi -u<licado Jescre!e EnninK ordenando +ue em lodo

o -a$s os mosteiros das montanhas4 as comunidades <udistas e os locais de eum

nas 9ontes -><licas e nas aldeias -e+uenas demais -ara lerem re*istro o9icial

9ossem destru$dos e 'odos seus mon*es e monas 9orçados a retornar a !ida lei*a(

\(((] Nos distritos da cidade de Can*an h) mais de tre@entas comunidades

 <udistas( Suas ima*ens4 escrituras sa*radas ele4 tão ma*n$9icas +uanto as

descritas na Lei4 são todas o<ras de 9amosos artesãos( Ali4 um sim-les recinto ou

claustro <>dico e+ui!ale a um *rande mosteiro nas -ro!$ncias( Mas de acordo

com o edito4 eles estão sendo destru$dos( \(((]

utro edito im-erial e2ortou os S)<ios da Uni!ersidade dos Filhos do

Estado4 a+ueles +ue alcançaram o status de Literatos Consumados do Pa$s e os

iniciados a adotarem o tao$smo4 mas atB a*ora nem uma >nica -essoa o 9e@( \(((]A -artir da+uele ano J=88 d(CK4 cada !e@ +ue cho!ia -ouco os Encarre*ados

de <ras4 so< comando im-erial4 intima!am os !)rios mosteiros <udistas e

tao$stas a ler escrituras e re@ar -or mais chu!a( Mas +uando4 em res-osta4 cho!ia4

a-enas os sacerdotes tao$stas rece<iam recom-ensas e os mon*es e monas

 <udistas eram dei2ados &pa'( $*#+ sem nada( As -essoas da cidade di@iam

 ocosamente +ue +uando se u!a -or chu!a incomodase os mon*es <udistas4 mas

+uando se distri<uem recom-ensas4 B a-enas -ara os sacerdotes tao$stas(65?

'm-erador 9oi atB um con!ento tao$sta onde ha!ia uma sacerdotisa

tao$sta e2tremamente tela4 +ue ele con!ocou sua -resença( Ele concedeulhe

mil -eças de seda e ordenou +ue o con!ento 9osse reconstru$do -ara conect)lo

ao -al)cio( Mais tarde4 ele 9oi a um mosteiro tao$sta e4 dando de -resente outras

mil -eças4 instalou ali uma 9i*ura dele -r-rio em <ron@e(65%

'# (!id%& p& .6&'67 (!id%& pp% .<2.&'61 (!id%& pp& ..2.&

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  +uer di!ina4 +uer meramente material4 se*undo a lin*ua*em -ositi!a ou

ne*ati!a +ue se usasse( Tudo B Estado de uda tudo B 2rahman tudo B ilusão

tudo B -roduto da mente( &pa'( $*$+

Tam-ouco causaram +ual+uer mudança 9undamental as !)rias enumerosas 9iloso9ias -ol$ticas de ti-o con9uciano( [ irnico +ue no -er$odo do

 -r-rio utsun* tenha ha!ido um im-ortante ressur*imento do con9ucionismo4

com uma -orção de <elos te2tos so<re a nature@a Jhsing K4  os sentimentos

JchSing K e o s)<io J shng K4 o autodesen!ol!imento4 o dom$nio de si -r-rio e a

in9lu7ncia da !irtude so<re o uni!erso3 -or e2em-lo4 nas o<ras dos mestres

neocon9ucianos Han _u J,6==/8K e Li Ao J+ue morreu em =88K( En+uanto isso4

no -lano rude da crua realidade4 o <emestar não do uni!erso4 mas -elo menos

dos chineses4 de-endia do monarca !i*ente e da -resença ou aus7ncia de al*uma9orça militar -ela +ual ele -odia ser de-osto( A cele<ração mitol*ica arcaica de

seu -oder4 como deri!ado e re-resentante do mandato celestial4 ser!ia a-enas

 -ara tornar sua !ontade humana ainda mais desumana( Ele era *rande e isso era

tudo( Ele era um Vato di!inoV4 alem da lei4 e ao mesmo tem-o a ori*em4 o

su-orte e a -r-ria e2ist7ncia da lei4 +ue -or sua mera -ala!ra 9a@ia acontecer o

+ue +uer +ue 9osse(

clero erudito da i*rea tao$sta4 no ano de sua !itria4 =884 na Nona Lua4en!iou ao -al)cio a se*uinte -etição summa contra gntils e  -onti9$cia3

uda nasceu entre os <)r<aros ocidentais e -re*ou o Vnão nascimentoV(

VNão nascimentoV 6 sim-lesmente morte( Ele con!erteu os homens ao nir!ana4

mas nir!ana B morte( Ele 9alou muito em im-erman7ncia4 so9rimento e

!acuidade4 +ue são doutrinas -articularmente estranhas( Ele não entendeu os

 -rinc$-ios da es-ontaneidade e imortalidade(

Lao TsB4 o Su-remo4 ou!imos di@er4 nasceu na China( No CBu Tsun*-in*

tailo ele 9lutua!a e de modo es-ontneo e natural trans9ormouse( Ele -re-arou

um eli2ir e4 tomandoo4 alcançou a imortalidade e -assou ao reino dos es-$ritos e

causou *rande <ene9$cio sem limite(

Pedimos +ue uma -lata9orma dos imortais sea constru$da no Pal)cio onde

 -ossamos -uri9icar nossos cor-os e su<ir aos ne!oeiros celestes e 9lutuar nos

no!e cBus e4 com <7nçãos -ara as massas e !ida lon*a -ara o 'm-erador4

 -reser!ar -or muito tem-o os -ra@eres da imortalidade(655

'66 (!id%& pp% .612.6$&

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E 9oi assim +ue ocorreu o >ltimo louco -rod$*io da+uele ano de

metamor9ose chinesa( Na DBcima Lua4 con9orme a narrati!a de Ennin3

'm-erador ordenou +ue os dois e2Brcitos constru$ssem no Pal)cio uma

 -lata9orma dos imortais com 85 metros de altura( \(((] A cada dia ele 9a@ia com

+ue tr7s mil le*ion)rios \(((] trans-ortassem terra -ara constru$la( s

Su-er!isores *erais tinham !aras -ara controlar o tra<alho( "uando o 'm-erador

9oi ins-ecion)lo4 -er*untou aos Altos 9iciais do Pal)cio +uem eram os homens

com !aras( 'n9ormado4 ele disse3 VNão +ueremos !oc7s controlando com !aras

!oc7s de!eriam estar carre*ando terraV( E o<ri*ouos a carre*ar terra( Mais tarde4

o 'm-erador !oltou ao lu*ar onde esta!a sendo constru$da a -lata9orma e ele

 -r-rio -u2ou o arco e4 sem nenhuma ra@ão4 atirou num dos Su-er!isores #erais4

o +ue 9oi um ato dos mais imorais( \(((] &pa'( $*5+

A -lata9orma dos imortais tem 8& metros de altura( A )rea no n$!el su-erior

B -lana e su9icientemente *rande -ara as <ases de uma construção de sete !ãos e

no to-o er*uese uma torre de cinco -ontas( As -essoas dentro e Fora da

 -ro-riedade -odem !7la de lon*e4 sus-ensa como um cume solit)rio( Eles

trou2eram -edras das Montanhas Chun*nan e 9i@eram -ared.es de rocha nos+uatro lados com *rutas e caminhos -edre*osos( Ela 9oi decorada da maneira

mais <ela e -inheiros4 )r!oresda!ida e )r!ores raras 9oram -lantados nela(

'm-erador 9icou arre<atado de contentamento e 9oi -roclamado um Bdito im-erial

ordenando +ue sete sacerdotes tao$stas -re-arassem um eli2ir e -rocurassem a

imortalidade na -lata9orma( \(((] 656

'm-erador su<iu duas !e@es ao to-o da -lata9orma( A -rimeira !e@4 ele

+ueria !er um homem ser arremessado e +uando o indi!$duo +ue de!eria dar a

ordem !acilou4 rece<eu !inte chi<atadas nas costas( A se*unda !e@4

+uestionando os sacerdotes tao$stas4 ele disse3 VDuas !e@es su<imos

 -lata9orma4 mas nenhum de !oc7s4 Senhores4 alcançou ainda a imortalidade(

+ue si*ni9ica issoIV

Ao +ue os es-irituosos sacerdotes tao$stas res-onderam3 V0isto +ue no

 -a$s o <udismo e2iste -aralelamente ao tao$smo4 li  JVso9rimentoVK e chSi

JVres-iraçãoVK a<undam em demasia4 <lo+ueando o caminho do imortal( Por'6' (!id%& pp& .6$2.6.&

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isso4 B im-oss$!el alcançar a 'mortalidadeV(65,

Por isso4 o 'm-erador anunciou3 VA co!a da +ual tiraram a terra J-ara a

 -lata9ormaK B muito -ro9unda e dei2a as -essoas temerosas e a-reensi!as(

#ostar$amos de +ue ela 9osse co<erta( Um dia4 como o9erenda -lata9orma4!oc7s de!eriam anunciar en*anosamente +ue uma 9esta ma*ra est) sendo

reali@ada em homena*em a -lata9orma4 reunir todos os mon*es e monas das

duas metade da cidade4 cortar suas ca<eças e encher a co!a com elesV(

Entretanto4 um conselheiro disse3 6 s mon*es e monas são <asicamente

 -essoas comuns4 e se eles retomarem !ida lei*a e cada um *anhar seu -r-rio

sustento4 isso <ene9iciar) o -a$s( Peço!os +ue não os le!eis e2tinção( Peço

!os +ue deis as de!idas ordens 9orçandoos a retornarem !ida lei*a e

mandandoos de !olta a seus lu*ares de ori*em -ara reali@arem a cor!Bia localV( 'm-erador assentiu com a ca<eça e -assado um momento murmurou4

VSeaV(

Escre!eu Ennin3 V"uando os mon*es e monas dos !)rios mosteiros

ou!iram 9alar do assunto4 seus es-$ritos -erderam a se*urança e não sa<iam -ara

onde se !oltarV(65=

A 9arsa cruel continuou ate +ue4 de-ois de muitas di9iculdades4 Ennin

 -artiu -ara casa e um dos disc$-ulos +ue o acom-anharam atB o na!io lhe disse3V <udismo não mais e2iste neste -a$s( Mas o <udismo 9lui -ara leste( Assim se

di@ desde os tem-os remotos( Es-ero +ue 9açais o melhor -oss$!el -ara alcançar

!ossa -)tria e l) -ro-alar o <udismo( 0osso disc$-ulo 9oi muito a9ortunado -or

ler!os !isto muitas !e@es( Hoe nos se-aramos e4 -ro!a!elmente4 não nos

!eremos mais nesta !ida( Es-ero +ue +uando alcançardes o Estado de uda não

a<andoneis !osso disc$-uloV(65: &pa'( $**+

E contase +ue o 'm-erador4 lo*o de-ois4 morreu de su-erdose de -$lulas

de imortalidade(

DINASTIA SUNG" 1-)!#/1 @(C(

<udismo na China nunca se recu-erou dos *ol-es de =8% a =85(

'6< (!id%& p% .6<&'6 (!id%& pp& .62.6#&'6# Ieischa"er, Ennin9s Travels in T9ang China& p% $'$&

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So<re!i!eu -aralelamente ao tao$smo so<retudo em n$!el de reli*ião -o-ular

sim-les4 esta*nada e ser!indo s constantes necessidades da !ida 9amiliar e

comunit)ria4 -ro-orcionando cerimnias -itorescas -or ocasião de nascimentos4

casamentos e mortes o*os sim<licos -ara marcar as -assa*ens e +ualidades -articulares das estaç.es consolo aos 9racos e a<atidos metas m$ticas no alBm

 -ara os sem o<eti!o a+ui res-ostas arcaicas -ara +uest.es não desen!ol!idas

so<re os mistBrios da e2ist7ncia uma literatura de mara!ilhamento4 e a-oio

so<renatural autoridade -arental e *o!ernamental(

A !ersão chinesa desses ser!iços4 es-eci9icamente4 B deri!ada do -assado

da 'dade do ron@e4 e nesse sentido -odemos di@er +ue hoe re-resenta unto

com a 1ndia um -assado de cinco mil anos( n$!el <)sico B o do <elo -o!o

tra<alhador4 Vin9eriorV4 da terra -aciente( Entretanto4 ao contr)rio docam-esinato da 1ndia e de *rande -arte da Euro-a4 o chin7s não era

ori*inariamente um -o!o da terra( Era nmade4 de uma raça desen!ol!ida

Ja-arentementeK no e2tremo norte Ártico ha<it)!el4 +ue 9oi -ara o sul de-ois da

Era #lacial4 e2-ulsando todos os -o!os +ue o tinham -recedido( Em seus cultos

encontramos uma interessante com<inação caracter$stica de elementos neol$ticos

da 9ertilidade4 res-eito aos ancestrais etc(4 como 9ator en9aticamente 2amanista(

9enmeno da -ossessão B -atente em todo o solo mon*ol4 tanto no culto -ri!ado +uanto -><lico( Ser!e -ara com-lementar a adi!inhação en+uanto

mBtodo de conhecimentoe mesmo de in9lu7ncia da !ontade do in!is$!el(

Tam<Bm com-lementa o culto 9amiliar de de!oção aos ancestrais4 <asicamente a

car*o4 não do 2amã4 mas do #atr%amilias.  No -ensamento chin7s a idBia do

ancestral est) relacionada -or um lado aos termos no<res i, =hang i Sin,

+ue em *eral 9oram tradu@idos -or VDeusV mas -or outro lado4 essa idBia est)

relacionada a outros termos como shn, Ves-$ritosV e kui, V9antasmasV( A es9era

 -r-ria do 2amã B a >ltima( A es9era do  #atr%amilias centrase em torno do

culto 9amiliar de sua -r-ria linha*em ancestral( E a es9era do culto im-erial B

um desen!ol!imento do culto 9amiliar4 com acrBscimos do culto 2amanista3 a

linha*em ancestral do im-erador Jo 9ilho do cBuK4 identi9icada4 -raticamente4

com Vo ser dei9icado JtiK acima J shang KV4 =hang i.

Com relação ao culto do nascimento e morte4 são reconhecidos dois

 -rinc$-ios essenciais3 o -rimeiro4 #So Jescrito com os ideo*ramas -ara V<rancoV e

 -ara VdemnioV4 daimnion, isto B4 V9antasma <rancoVK4 e reali@ado na hora daconce-ção o se*undo4 hun Jescrito com os ideo*ramas de Vnu!ensV e

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VdemnioV4 isto B4 Vdemnio ene!oadoVK4 untase a #So na hora do nascimento4

+uando se !em da escuridão e se -eneira no mundo da lu@(  #So no -ensamento

 -osterior 9oi identi9icado com o !in, o hun com o !ang. Na morte4 #So -ermanece

na tum<a com o cad)!er &pa'( $*-+ -or tr7s anos Jcom-arese com o 2a e*$-cioKe então desce -ara as Pontes Amarelas ou4 se não alcançar o re-ouso4 -oder)

retornar como um kui, um Fantasma( Por outro lado4 o hun4 +ue 9a@ -arte do

 -rinci-io da lu@4 ascende ao cBu4 tornandose um shn, um es-$rito(

Acreditase hoe +ue os dois termos =hang i JSenhor AcimaK e Sin JCBuK

deri!am4 res-ecti!amente4 dos -er$odos das dinastias Shan* e Chou( -rimeiro

termo su*ere uma -ersonalidade( >ltimo tende ao im-essoal( Am<os im-licam

uma !ontade a !ontade do cBu( Entretanto4 essa !ontade B conce<ida4 de

acordo com a 9rmula da cidadeestado hier)tica4 maneira de uma ordemcsmica matematicamente estruturada Jmaat, m, r ta, dharma, taoK. E como

tudo na histria do -ensamento e ci!ili@ação chinesas demonstra4 a reali@ação

dessa ordem 9oi a -rinci-al -reocu-ação do Reino do Meio4 desde a B-oca de

seu sur*imento( Fundamentalmente4 a idBia B a de +ue o indi!$duo

JmicrocosmosK4 a sociedade JmesocosmosK e o uni!erso do cBu e da terra

JmacrocosmosK 9ormam uma unidade indissol>!el e +ue o <emestar de todos

de-ende de harmoni@ação m>tua( Na China4 como na 1ndia4 tam<Bm não h)nenhuma idBia de criação a<soluta do mundo( Ao contr)rio da 1ndia onde a

7n9ase B colocada no tema da dissoluçãorecriação 4 na China a idBia -rinci-al

est) no as-ecto atual do mundo( E em !e@ de uma se+7ncia sistem)tica de

+uatro eras recorrentes4 +ue !ão se tornando cada !e@ -iores4 a China a-resenta

no \ivro das @uta&Ls um *uia -ara a nuança do momento -resente( De acordo

com isso con9orme o Pro9( ose-h Wita*afa o<ser!a de modo suscinto 4 o

 -ro<lema -rinci-al do chin7s Jsea das massas su-ersticiosas ou do 9ilso9o

encumeadoK B VComo reali@ar o ao6 mais do +ue V +ue B o ao9EEN

E tam<Bm em o-osição 1ndia4 onde um sistema est)tico de castas

re-resenta o as-ecto social da ordem csmica e o indi!$duo B orientado -elos

de!eres -r-rios da casta +ual -ertence4 na China a 7n9ase est) no !$nculo

9amiliar e sua -arentela mais -r2ima e o !alor central do sistema B a -iedade

9ilial4 não a de!oção a um deus( Est) escrito no 7l0ssico da Pidad ilial

(Fsiao 7hing) VA+uele +ue ama seus -ais não ousar) e2-orse ao risco de ser

odiado -or +ual+uer homem4 e a+uele +ue !enera seus -ais não ousar) e2-orse''7 Joseph M& i)agaKa, 'eligious of the East (The +es)mins)er /ress, FiladLl?ia, 1#'7%, p& &

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ao risco de ser condenado -or +ual+uer homemV(66% A 9iloso9ia de Mo T@u de

amor uni!ersal irrestrito ia contra esse sentimento 9undamental4 ra@ão -ela +ual4

atB ser rea!i!ado -or !olta de %:5? -elos comunistas4 com cuo -onto de !ista

esta 9iloso9ia est) de acordo( Mo T@u e2erceu in9lu7ncia relati!amente -e+uenana 9ormação do sistema de !alores +ue sustentou a ci!ili@ação4 dos tem-os Han

em diante( Na !erdade4 su-unhase +ue atB mesmo o monarca de!eria ser 9iel ao

sentimento da -iedade 9ilial(

V"uando o amor e o res-eito do Filho do CBu são assim le!ados ao

e2tremo no ser!iço aos seus -aisV4 continua o 7l0ssico da Pidad ilial, Vas

liç.es de sua !irtude a9etam todas as -essoas e ele se torna um e2em-lo -ara

todos os dos +uatro mares3 essa B a -iedade 9ilial do Filho do CBu(V66/

Assim B +ue a reli*ião chinesa -ara citar mais uma !e@ o Pro9(Wita*afa amais 9e@ distinção entre o sa*rado e o secular( V car)ter

reli*ioso dos chinesesV4 &pa'( $*/+ ele escre!e4 Vtem de ser encontrado na rotina

da !ida cotidiana mais do +ue nas ati!idades cerimoniais4 em<ora estas não

de!am ser i*noradas( si*ni9icado da !ida era <uscado em toda a !ida e não

esta!a con9inado em +ual+uer -arte dela chamada reli*iosa(V66&

Entretanto4 como !imos4 +uando o !erdadeiro 9ilho do cBu se es+uecia de

seus de!eres de -iedade 9ilial4 nada ha!ia +ue se -udesse 9a@er a res-eito( Aes-ontaneidade4 então4 era a re*ra e com +ue resultado^ 'sto +uer di@er +ue do

 -onto de !ista sociol*ico os chineses -odem no!amente4 sem o<eç.es4

rei!indicar uma idade de cinco mil anos(

A-s a or*ia de utsun*4 a comunidade <udista na China con!alesceu e

ali desen!ol!eu o +ue -ode ser denominado ao menos -ara nosso o<eti!o

a 9orma >ltima da ordem m$tica chinesa( A dinastia Tan*4 cuos monarcas se

acredita!am descendentes do s)<io m$tico Lao TsB4 sucum<iu em :?6 e a-s

cinco dBcadas de senhores *uerreiros Jas chamadas Cinco DinastiasK4 ascendeu a

dinastia Sun* -oliticamente 9raca4 mas culturalmente mara!ilhosa J:6?%/,:K(

Seu 9undador -atrocinou a -rimeira edição im-ressa das escrituras <udistas

chinesas e seu se*undo monarca construiu uma enorme estu-a <udista na

ca-ital( <udismo Chan4 +ue -elo menos na escola ins-irada -or Huinen* se

a9astara do ideal mon)stico4 9oi a -rinci-al in9lu7ncia <udista entre os literatos e4

''1 .siao Ching $= )rad"!o, *egge, The "acred Boo+s of China> The Te#ts of Confucianism% /ar)e @,

p& '<&''$ 0oc% cit%''. i)agaKa, op% cit%& p% 67&

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como uma es-Bcie de s$ntese dos !oca<ul)rios <udista4 tao$sta e con9uciano4

sur*iu o neocon9ucionismo(

Se*undo o Dr( Fun* _ulan3

-ro-sito >ltimo do <udismo B ensinar aos homens como alcançar o

Estado de uda( \(((] Da mesma 9orma4 o -ro-sito >ltimo do neocon9ucionismo

B ensinar como atin*ir o estado de S)<io con9uciano( A di9erença entre o uda do

 <udismo e o S)<io do neocon9ucionismo e +ue4 en+uanto o uda tem de

 -romo!er seu culti!o es-iritual 9ora da sociedade e do mundo dos homens4 o

S)<io tem de -romo!7lo dentro dos !$nculos humanos( acontecimento mais

im-ortante no <udismo chin7s 9oi sua tentati!a de de-reciar o Voutro mundoV do

 <udismo ori*inal( Essa tentati!a este!e -r2ima do sucesso +uando os mestres

Chan a9irmaram +ue Vao carre*ar )*ua e cortar lenha4 h) nisso um mara!ilhoso

ao6. Mas \(((] o +ue eles não disseram B +ue ao ser!ir sua -r-ria 9am$lia e ao

Estado o +ue seria uma conclusão l*ica  4 tam<Bm nisso est) o mara!ilhoso

ao.EE;

) nos tem-os de M7ncio J&,/,/=:I a(C(K e Hsn T@u Jc./:=/&= a(C(K

os dois -rinci-ais con9ucianos dos tem-os -rBHan4 esta<eleceramse os

 -rinc$-ios 9undamentais so<re os +uais a ci!ili@ação consumada Jem o-osição histria terr$!elK da China ha!ia sido 9undada ou sea3

%( M7ncio3 VAs de@ mil coisas estão com-letas dentro de ns( Não h)

maior deleite do +ue reali@ar isso -elo culti!o de si -r-rio( E não h) melhor

caminho -ara a <ene!ol7ncia J bnK do +ue a -r)tica do -rinc$-io do altru$smo

J shuKV(665

/( Hsn T@u3 Vs ritos sacri9iciais são a e2-ressão do deseo de a9eto do

homem( Eles re-resentam o m)2imo de -iedade e lealdade4 de amor e res-eito(

Eles &pa'( $*0+  re-resentam tam<Bm u inteire@a da -ro-riedade e do

re9inamento4 Seu si*ni9icado não -ode ser inteiramente com-reendido a não ser

 -elos s)<ios( s s)<ios entendiam seu si*ni9icado( s homens su-eriores

a-reciam sua -r)tica( Esses ritos tomamse rotina de seus o9iciantes( Eles

tornamse h)<ito do -o!o(

Vs homens su-eriores consideramnos a ati!idade do homem4 en+uanto

as -essoas comuns consideramnos al*o +ue tem a !er com es-$ritos e

'' F"ng Y"2lang, A "hort .istor$ of Chinese Philosoph$& p& $<1&''6 Mencius <&1&= )rad"!o, F"ng Y"2lan& A "hort .istor$& p& <<= *egge, The Oour Boo+s& pp& #.62#.'&

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9antasmas( \(((] Eles e2istem -ara -restar o mesmo ser!iço aos mortos e !i!os4

 -ara -restar o mesmo ser!iço aos -erdidos e aos 4istnts. ser!iço +ue eles

 -restam não tem nem 9orma nem mesmo som<ra no entanto4 os ritos são a

inteire@a da cultura e do re9inamento(V666

VCom essa inter-retaçãoV4 a9irma Fun* _ulan4 Vo si*ni9icado do luto e

dos ritos sacri9iciais tornase totalmente -oBtico4 não reli*ioso(V66,

E com isso4 -odemos acrescentar4 do lado +ue estou chamando de

ci!ili@ação4 trans-.ese o a<ismo entre o caminho da reli*ião e o da arte( &pa'(

$*1+

''' .s?n T6u 1#= )rad"!o, F"ng Y"2lan, A "hort .istor$& pp& 1#2167&''< F"ng Y"2lan, loc% cit%

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CAP%TULO 0

MITOLOGIA JAPONESA

I( ORIGENS PRH8ISTQRICAS

"uando nosso olhar se !olta -ara o a-ão4 +uatro 9atos se tornam

e!identes de imediato( -rimeiro B +ue o -er$odo da che*ada do <udismo e4

com ele4 das artes de uma ci!ili@ação desen!ol!ida4 corres-onde

a-ro2imadamente ao da cristiani@ação da Euro-a *ermnica de maneira +ueen+uanto a 1ndia e a China -odem ser consideradas intrinsecamente

consumadas4 e2auridas4 ou4 como S-en*ler as denominou4  %l0s, o a-ão e

 o!em4 ainda sonhador e ca-a@4 como diria Niet@sche4 Vde dar lu@ uma estrela

dançanteV(

se*undo -onto B +ue4 -or causa de sua u!entude4 não hou!e no a-ão

tradicional nenhuma e2-eri7ncia 9undamental de desilusão social ou csmica

como as +ue o<ser!amos no E*ito( Meso-otmia4 1ndia e China de maneira

+ue4 +uando o <udismo che*ou4 sua -rimeira no<re !erdade4 VToda !ida B

so9rimentoV4 -ode ter alcançado o ou!ido mas amais o coração( a-ão ou!iu

al*o <em di9erente no e!an*elho do uda(

-onto se*uinte e +ue4 en+uanto -o!o relati!amente -rimiti!o4 no

momento de sua entrada no -alco da histria4 o a-on7s era ainda dotado da+uele

senso ori*inal de n>meno em todas as coisas +ue Rudol9 tto denominou estadomental sui gnris da reli*ião(∗

E o +uarto 9ato e +ue o a-ão4 como a 'n*laterra4 B um mundo insular ondee2iste uma relação naturalmente aceita em toda a escala social assim4 en+uanto

no continente os conditos raciais4 culturais e de classes +ue se desconsideram

mutuamente re-resentam a norma na histria social4 no a-ão4 mesmo nos

tem-os dos dist>r<ios mais !iolentos4 o im-Brio 9unciona!a4 em linhas *erais4

como uma unidade or*nica( &pa'( $-)+ E com tal e9ici7ncia +ue4 mesmo hoe4

como em nenhuma outra -arte do mundo4 ali temos a sensação de +ue um

es-$rito essencialmente herico e aristocr)tico im-re*nou o cor-o social4

 R "upra& pp& .'2.< e 26&

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dotandoo com a +ualidade de honra +ue o -ermeou de cima -ara <ai2o( Ao

mesmo tem-o4 mas em sentido in!erso4 a sensação do mara!ilhamento e deleite

no n>meno +ue !ia de re*ra desa-arece nas so9isticaç.es de uma ci!ili@ação

desen!ol!ida -ermanece si*ni9icati!a na estrutura da !ida4 sustentada -or <ai2o -ela sensi<ilidade do -o!o e no entanto in9luenciando o es-ectro cultural

ale o to-o(

A ar+ueolo*ia do a-ão di!idese em cinco estratos( -rimeiro4

altamente hi-otBtico4 B o dos caçadores -aleol$ticos do -er$odo do Sinantro-o e

do Pitecantro-o4 cerca de 8?? ??? a(C4 +uando as ilhas -arecem ter estado

li*adas ao continente( E2istem relatrios de desco<ertas de 9erramentas de corte

e de -elo menos um -oss$!el 9ra*mento de uma -Bl!is -itecantro-ide( [

 -oss$!el +ue suram no!as desco<ertas mas4 atB l)4 -odese di@er muito -oucoalBm disto so<re os homin$deos *laciais do a-ão(66=

se*undo estrato -rBhistrico4 tam<Bm altamente hi-otBtico4 B o dos

caçadores mesol$ticos4 -ossi!elmente -s&??? a(C( Foram encontrados em

Honshu al*uns o<etos min>sculos4 ul*ados micrlitos -or al*uns estudiosos

mas4 mais uma !e@4 a discussão continua a<erta e4 -ara nosso -ro-sito atual4 de

nenhuma auda(66:

terceiro estrato4 -or outro lado4 B de consider)!el im-ortncia(  -er$odo e conhecido como omon JV9risado a cordaVK e4 como o nome indica4 se

caracteri@a -or arte9atos de cermica de ti-o rudimentar4 9eitos a mão e 9risados

a corda( A B-oca B de cerca de /5?? a cerca de &?? a(C4 dentro de cuo lon*o

 -er$odo se conhecem cinco 9ases3 %( Proto /( 'n9erior &( MBdia 8( Tardia4 e 5(

Final( Presumese +ue os -rimeiros -ortadores da cultura tenham sido

caucasides( Seus -ro!)!eis desceu dentes4 os ainos4 estão hoe con9inados

ilha norte4 HoOOaido4 mas em al*um mo mento -ossu$ram tam<Bm toda ou a

maior -arte da Honshu( A -esca e a caça de mam$9eros mar$timos eram as

ocu-aç.es do norte( No sul os alimentos eram mariscos4 !eados e <olotas(

An@is de osso4 9erramentas de -edra lascada4 moradias semi su<terrneas4

se-ultamentos 9letidos dentro ou -erto das moradias e aus7ncia de a*ricultura

''  Faiservis, op& ci)&, pp& 12162121', ci)ando J& Maringer, >inige ?a"s)keilar)ige GerUle vonGongenyama (Japan% "nd die Frage dos Japanischen /alUoli)hik"ms>,  Anthropos& B@& 1#6', pp& 1<621#.= i!id%& ^A Core and Flake @nd"s)ry o? /aleoli)hic Type ?rom Cen)ral Japan>, Arti!us Asiae& vol& O@O,$, pp& 11121$6= e I&& -eardsley, >Japan -e?ore /rehis)ory>, Oar Eastern Zuarterl$& vol& O@B, ., 1#66,

p& .$1&''#  (!id%& p& 1', ci)ando J&& idder, >Iecons)r"c)ion o? )he /re2po))ery C"l)"re o? Japan>,  Arti!us Asiae& OB@@, 1#6, pp& 1.621.&

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caracteri@am as -rimeiras tr7s 9ases( Durante a +uarta4 sur*em estatuetas de

cermica e -adr.es cermicos ritmicamente or*ani@ados +ue re9letem a

in9lu7ncia continental da 'dade do ron@e( Na 9ase 9inal4 9undamse aldeias e

desen!ol!ese a a*ricultura de tri*osarraceno4 cnhamo4 9eião comum e*er*elim4 unto com a criação de *ado e ca!alos(6,?

+uarto estrato4 o -er$odo _aoi4 B situase entre c(&?? a(C(&?? d(C( e

re-resenta o esta<elecimento de uma cultura a-onesa -ro-riamente dita( s

locais4 con9inados em Wushu e sul de Honshu4 mostram +ue as che*adas

aconteciam !ia CorBia( com-le2o cultural su*ere a China -rBShan*

JLun*shan3 cermica ne*ra4 c( %=?? a(CK( As datas a-onesas corres-ondem4

entretanto4 s chinesas Chin e Han( culti!o de arro@ -elo sistema de terraços

ala*ados4 a cermica modelada no torno4 !asos com -edestal e um anti*omBtodo chin7s de -re-arar arro@ a !a-or em um &pa'( $-!+ sistema de !asilhas

du-las são as marcas distinti!as desse com-le2o cultural( A-arecem tam<Bm a

9aca semilunar Jcom-le2o circum-olarK a en2 +uadran*ular J+ue se di9undiu

do Mar Ne*ro ao Ha!a$K -)s4 en2adas4 -il.es de madeira etc(4 e a casa alta so<re

uma >nica !i*amestra( Armas de co<re e <ron@e 9undidos eram conhecidas nas

9ases mBdia e tardia4 e tam<Bm de 9erro4 em -e+uena +uantidade( A cultura4 em

resumo4 era <asicamente de estilo neol$tico su-erior4 mas as datas eram asim-eriais da China de Han e de Roma(

+uinto estrato4 o -er$odo _amato4 +ue começa -or !olta de &?? d(C4

re-resenta uma no!a mi*ração dos centroasi)ticos da CorBia4 !ia Wushu4 -ara

Honshu( Se-ulturas co<ertas de tetra4 em outeiros4 circulares4 +uadradas e em

9orma de <uraco de 9echadura4 situadas ora em colinas ora entre la!ouras de

arro@4 nessa cultura *anharam o nome de Vcom-le2o tumular em outeirosV( Por

!olta de 8?? d(C( as tum<as alcançaram um tamanho enorme( Uma4

tradicionalmente atri<u$da a certo im-erador NintoOo4 a +uem se atri<uem as

datas /5,&:: d(C( J sicK46,% co<re cerca de &/ hectares de terreno4 com /, m de

altura e &6? m de com-rimento4 com santu)rios e de-end7ncias no to-o( Uma

crnica chinesa de cerca de /:, d(C( laia de uma rainha chamada PimiOo Jem

 a-on7s4 HimiOo4 VFilhadoSolVK4 !isitada -or uma dele*ação chinesa no ano

/&=( "uando ela morreu4 9oi er*uido Vum *rande outeiro com mais de =? m de

'<7 (!id%& pp& 12167, ci)ando J&& idder, The 1omon Potter$ of 1apan& s"plemen)o 1<, Arti!us Asiae&1#6<, pp& 1672161&'<1 The 1apan Biographical Enc$clopedia and 5ho9s 5ho (The Iengo /ress, T"io, 1#6%, p& 1767&

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dimetro e mais de uma centena de atendentes4 homens e mulheres4 a

acom-anharam na se-ultura(V6,/  VTendo -ermanecido solteiraV4 a9irma outro

relato chin7s Je(885 d(CK4 Vela se ocu-a!a com m)*ica e <ru2aria e en9eitiça!a o

 -o-ulacho( Por isso4 eles a colocaram no trono( Tinha mil ser!içais do se2o9eminino4 mas -oucas -essoas a !iam( Ha!ia a-enas um homem4 +ue era

encarre*ado do *uardarou-a e das re9eiç.es e atua!a como meio de

comunicação( Ela residia num -al)cio cercado de torres e uma 9orti9icação4 com

a -roteção de *uardas armados( As leis e costumes eram se!eros e

in9le2$!eis(V6,& Essa rainha4 como o<ser!a o Pro9( ose-h Wita*afa4 era uma

2amã(6,8

As crnicas chinesas declaram +ue o -o!o a-on7s 9a@ia adi!inhaç.es

chamuscando ossos4 e +ue seus adi!inhos eram homens +ue não -entea!am oca<elo4 não se li!ra!am das -ul*as4 não la!a!am suas rou-as4 não comiam carne

nem se a-ro2ima!am das mulheres( "uando al*uBm morria4 o<ser!a!ase luto

 -or mais de de@ dias4 -er$odo em +ue nin*uBm consumia carne( s -rinci-ais

car-idores lamenta!am e -rantea!am en+uanto os ami*os canta!am4 dança!am

e <e<iam4 e4 terminados os ritos4 os mem<ros da 9am$lia entra!am na )*ua -ara

um <anho de -uri9icação(6,5

Uma documentação esclarecedora so<re essa B-oca a-areceurecentemente na -l7iade de hania JVima*em de <arroVK4 estatuetas +ue 9oram

desenterradas em !)rios locais( Essas re-resentaç.es ocas de terracota de

soldados armados4 ca!alos selados etc(4 esta!am en9ileiradas em !olta dos

decli!es dos t>mulos como su<stitutos de Vacom-anhantes na morteV !i!os4

maneira das 9i*uras colocadas nos t>mulos e*$-cios tr7s mil anos antes(

Es-adas4 ca-acetes4 armaduras de 9as+uias e acolchoadas4 arcos e 9lechas centro

asi)ticos4 selas4 estri<os circulares e rBdeas estão re-resentados nessas -e+uenas

9ormas !i!idamente re-rodu@idas( AlBm disso4 9oi &pa'( $-#+ recu-erada uma

sBrie de armas de 9erro4 ornamentos e com-onentes de armaduras dessa

 -rimiti!a idade _amato(

 No !olume  @itologia Primitiva discuti o 2amanismo4 os cultos ao urso4

lo*o e montanha4 rituais de se-ultamento e -uri9icação dos ainos( Em termos

'<$ 5ei Chi (>;is)ory o? )he ingdom o? +ei>%, )rad"!o da o3ra de Iy"sak" Ts"noda c *& Carring)onGoodrich, 1apan in the Chinese D$nastic .istories& /erkins 0sia)ic Monograph N $ (/&:& e @one/erkins, So")h /asadena, 1#61%, pp& 21'&'<. .ou .an "hu (>;is)ory o? )he *a))er ;an :ynas)y>%, Ts"noda e Goodrich, op% cit%& p& .&'< Joseph M& i)agaKa, ar)igo >JapanE Ieligion>, Enc$clopaedia Britannica& 1#'1&'<6 .ou .an "hu e i)agaKa, loc% cit%

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culturais4 a mistura desses as-ectos com outros4 mais -rimiti!os4 do 2into$smo

 a-on7s4 aconteceu com muita 9acilidade( A re*ião de ori*em de am<os os -o!os

era o Nordeste e CentroNorte asi)tico re*ião da +ual sa$ram numerosas

mi*raç.es -ara a AmBrica do Norte( 0isto +ue contri<uiç.es cont$nuas damesma es9era circum-olar norteasi)tica tam<Bm 9lu$ram -ara o norte da

Euro-a4 a-arecem a9inidades sur-reendentes em toda a tradição nati!a do a-ão4

atin*indo es9eras m$ticas tão distantes +uanto 'rlanda4 WamchatOa e o nordeste

canadense( A 'dade do Ferro atin*iu a #rãretanha -or !olta de 85? a(C com os

celtas -or !olta de /5? a(C( che*ou mais uma mi*ração4 di9erenciada -or um

ti-o desen!ol!ido J-er$odo La TneK de utens$lios de 9erro cin@elados4

 untamente com os t>mulos de heris4 carrua*ens4 9orti9icaç.es e torres de -edra(

As datas e os elementos su*erem os tio a-ão _amato( -rinci-al !$nculo da tradição a-onesa -rimiti!a B4 -ortanto4 com o

 Norte( Entretanto4 a mitolo*ia inclui muitos elementos +ue su*erem i*ualmente

a PolinBsia e o -o!o -escador da costa( Caçadores norteasi)ticos4 -o!o

 -escador ocenico4 a*ricultores neol$ticos4 mi*raç.es tardias da 'dade do ron@e

e4 en9im4 o -o!o *uerreiro da 'dade do Ferro4 9ornecem os in*redientes do

com-sito mitol*ico a-on7s( #uerras tri<ais e uma *radual re-ressão dos

ainos Jtal!e@ tam<Bm dos aoiK le!ou os clãs _amato dominação -or !olta de8?? d(C( nas )reas do outro lado da CorBia( E 9oi atra!Bs deles +ue os <ene9$cios

da ci!ili@ação chinesa entraram em !i*or nos sBculos 0 e 0' de nossa era(

II( O PASSADO M%TICO

Se*uindo uma re*ra +ue o leitor reconhecer)4 os *o!ernantes do -er$odo

_amato4 ins-irados nos chineses4 in!entaram seu -r-rio -assado4 com-osto de

mitos locais arranados maneira de uma crnica do mundo( Entretanto4 aocontr)rio da aride@ dos con9ucianos4 considera!elmente <emsucedidos na

desmitolo*i@ação da mitolo*ia sem4 no entanto4 terem conse*uido con!ert7la

em +ual+uer outra coisa4 os literatos recBmem-lumados do a-ão ainda eram

 -ortadores do or!alho da u!entude( Seu modelo era4 na !erdade4 uma crnica

lend)ria chinesa do ti-o com-osto -ela -rimeira !e@ na SumBria4 narrando a

ori*em do uni!erso e as eras dos deuses4 de-ois as eras dos reis so<rehumanos

e4 9inalmente4 a dos homens hericos +ue !i!em a-ro2imadamente o mesmon>mero de anos +ue ns( Mas a rou-a*em com +ue !estiram a+uele modelo era

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oriunda de sua -r-ria herança 9olclrica4 +uase in9antil( E o resultado 9oi a mais

not)!el histria do mundocomocontode9adas +ue a literatura de nosso tema

conhece e em certo sentido di*na do a-ão onde4 con9orme o<ser!ado nas

 -rimeiras -)*inas do !olume @itologia Primitiva Jca-$tulo VA Lição &pa'( $-$+da M)scaraVK4 a e2traordin)ria seriedade e a -ro9unda *ra!idade do ideal de !ida

estão mascarados -elo ele*ante recurso de +ue tudo não -assa de um o*o(

As -rimeiras in9lu7ncias chinesas im-ortantes 9oram con9ucianas(

Che*aram -ossi!elmente no sBculo '0 d(C( e4 com certe@a4 no 0( A data

memor)!el4 entretanto4 B o sBculo 0'4 55/ d(C4 +uando um rei coreano

 -resenteou o im-erador Wimmei com uma coleção de sutras e uma ima*em de

ouro do uda( Da$ em diante4 as artes da ci!ili@ação não -araram de entrar no

 -a$s e durante os tre@entos anos se*uintes ocorreu uma )!ida assimilação4 +ueculminou no -er$odo Nara4 ,%?,:8 d(C4 +uando ocorreram dois e!entos

sim<licos3 do lado <udista4 a consa*ração de uma colossal ima*em do uda em

 <ron@e4 hoe uma das mara!ilhas do mundo e4 do lado da herança 2into$sta

nati!a4 o sur*imento -or decreto real de dois com-7ndios da tradição

*eneal*ica da casa real3 Ko*iki JVRe*istros de "uest.es Anti*asVK4 de ,%/ d(C4

e  -ihongi JVCrnicas do a-ãoVK4 de ,/? d(C Como seus nomes indicam4 são

re*istros da tradição nati!a antes transmitida a-enas oralmente( Ao contr)rio deseu modelo chin7s4 eles começam antes do -rinc$-io do mundo( E mant7m um

es-$rito totalmente mitol*ico na narração so<re o -rimeiro heri di!ino e

 -osteriores heris humanos do -assado *randioso( Fa@em a reale@a descer do

céu -ara a casa de _amato e -rosse*uem com ela atB al*umas dBcadas antes de

seu -r-rio tem-o(

A se*uir4 a-resento as lendas do Ko*iki so<re3 %( as -rimeiras idades do

mundo4 e /( a descida da reale@a -ara a terra do a-ão(

A IDADE DOS ESP%RITOS

Então4 +uando o caos tinha começado a condensarse4 mas a ener*ia e a

9orma ainda não eram mani9estas e nada ha!ia +ue -udesse ser nomeado4 nada

9eito3 +uem -odia sa<er sua 9ormaI Não o<stante4 o CBu e a Terra se-araramse

e Tr7s Es-$ritos iniciaram o tra<alho3

%( o Es-$rito Mestre do Maestoso Centro do 7éu,/( o Es-$rito Maestoso4 Su-remo e Mara!ilhosamente Criador4

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&( o Ancestral Di!ino e Mara!ilhosamente Criador(

Eles sur*iram de maneira es-ontnea e de-ois desa-areceram( Mas a

 o!em terra4 como leo 9lutuante4 esla!a a*ora deri!a e dela sur*iu al*o como

um re<ento de unco4 do +ual emer*iram dois es-$ritos38( o A*rad)!el Primo*7nito Pr$nci-eRe<entodeunco e

5( o Es-$rito Eternamente Presente no CBu4 +ue tam<Bm a-areceu e

de-ois desa-areceu(

E esses 9oram os cinco +ue se-araram o CBu e a Terra(

De-ois4 nasceram es-ontaneamente os se*uintes -ares4 +ue tam<Bm

a-areceram e de-ois desa-areceram3

6( o Es-$rito Eternamente Presente na Terra e o Es-$rito Mestre

Pro9usamente 'nte*rador ,( o Senhor TerraLama e sua irmã mais o!em4 Senhora TerraLama

&pa'( $-5+

=( o Es-$rito 'nte*rador do #erme e sua irmã mais o!em( Es-$rito

'nte*rador da 0ida(

:( o Es-$rito Primo*7nito do #rande Lu*ar e sua irmã mais o!em4

Es-$rito Dama do #rande Lu*ar 

%?( o Es-$rito E2teriorPer9eito e sua irmã mais o!em4 a Dama Pa!orosae

%%( o Macho +ue Con!ida J ]/anagiK e sua irmã mais no!a4 a F7mea +ue

Con!ida (]/anami).

Em se*uida4 todos esses Es-$ritos Celestiais ordenaram ao >ltimo -ar +ue

9i@esse4 consolidasse e desse lu@ esta terra 9lutuante4 o a-ão o9erecendolhe

uma es-ada ornada com -edras -reciosas( E os dois4 +ue esta!am na Ponte

Flutuante do CBu4 estenderam -ara <ai2o a es-ada e a mo!eram em c$rculos(

De-ois de a*itarem o l$+uido sal*ado atB dei2)lo VcoalhadocoalhadoV

(koorokooro), er*ueram a es-ada e o l$+uido +ue -in*a!a da -onta tornouse

uma ilha chamada Autocondensada4 na +ual o maestoso casal -ousou(

Ali se dedicaram construção de um Au*usto Pilar Celestial e uma

Mansão de ito raças( De-ois4 sua Maestade o Macho +ue Con!ida4

 -er*untou Sua Maestade a F7mea +ue Con!ida3 VDe +ue maneira B 9eito teu

cor-oIV4 e ela res-ondeu3 VMeu cor-o cresce em seu -r-rio !icear4 mas h) uma

 -arte +ue não acom-anha o crescimentoV( E Sua Maestade o Macho +ueCon!ida disselhe3 VMeu cor-o tam<Bm cresce em seu -r-rio !icear4 mas h)

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uma -arte +ue cresce e2cessi!amente( Portanto4 não seria a-ro-riado introdu@ir a

 -arte e2cessi!a de meu cor-o na -arte de teu cor-o +ue não acom-anha o

crescimento e com isso -rocriar territriosIV

Sua Maestade a F7mea +ue Con!ida disse3 VEstaria <emV( E SuaMaestade o Macho +ue Con!ida disselhe3 V0amos então *irar em torno deste

Au*usto Pilar Celestial4 tu e eu4 e +uando nos encontrarmos4 !amos em

maestosa união untar nossas -artes maestosasV( Ela concordou4 e ele disse3

VEntão4 !ai -ela direita e eu irei -ela es+uerdaV( E assim o 9i@eram e +uando se

encontraram4 Sua Maestade a F7mea +ue Con!ida4 disse3 VAh^ +ue <elo e

encantador o!em^V Ao +ue Sua Maestade o Macho +ue Con!ida res-ondeu3

VAh^4 +ue <ela e encantadora don@ela^V

Mas +uando aca<aram de e2-ressarse( Sua Maestade disse irmãmaestosa3 VNão B certo a mulher 9alar -rimeiroV(

Contudo4 iniciaramse no recinto e conce<eram um 9ilho chamado Leech4

+ue colocaram num <arco de unco e dei2aram ir deri!a( Em se*uida4 deram

lu@ a 'lha de Es-uma +ue4 -or ser tam<Bm um 9racasso4 não conta entre sua

 -ro*7nie(

s dois es-$ritos maestosos então deli<eraram3 Vs 9ilhos +ue demos

lu@ não são <ons( Seria melhor +ue relat)ssemos isto no lu*ar maestosoV( Elesascenderam( E de-ois de -er*untarem a Suas Maestades os Es-$ritos Celestiais4

estes e2aminaram a +uestão -ela su<lime adi!inhação e mandaramnos retornar(

VA -role não saiu <oa -or+ue a mulher 9alou -rimeiroV4 eles conclu$ram( V0oltai

e reti9icai !ossas -ala!ras(V

De !olta( Sua Maestade o Macho +ue Con!ida e Sua Maestade a F7mea

+ue Con!ida *iraram em torno do Au*usto Pilar Celestial como antes( Desta

!e@4 entretanto4 Sua Maestade o Macho 9alou -rimeiro3 VAh4 +ue <ela e

encantadora don@ela^V &pa'( $-*+

Sua maestosa irmã mais no!a e2clamou3 VAh4 +ue <elo e encantador

 o!em^V E assim reti9icado o -ronunciamento4 uniramse(

Eles conce<eram4 deram lu@ e nomearam as oito ilhas do a-ão( De-ois4

conce<eram4 deram lu@ e nomearam os trinta es-$ritos maestosos da terra4 do

mar e das estaç.es4 dos !entos4 das )r!ores4 das montanhas4 dos -ntanos e do

9o*o( >ltimo4 entretanto4 o Es-$rito Masculino R)-idoFo*oA<rasador4

chamuscou as maestosas -artes 9emininas de sua mãe +uando o -ariu e SuaMaestade a F7mea +ue Con!ida 9icou doente e a<atida(

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s es-$ritos +ue nasceram de seu !mito eram o Pr$nci-e Montanha de

Metal e a Princesa Montanha de Metal os +ue nasceram de suas 9e@es eram o

Pr$nci-e arro 0iscoso e a Princesa arro 0iscoso os de sua urina4 o Es-$rito

Princesa das Á*uas e o Es-$rito o!em Reali@ador Mara!ilhoso( E então49inalmente( Sua Maestade a F7mea +ue Con!ida recolheuse es*otada(

E Sua Maestade o Macho +ue Con!ida disse3 Vh4 minha ador)!el irmã

caçula^ Ai de mim +ue tro+uei 0ossa Maestade -or esta criança^V

E +uando ele caiu chorando so<re o maestoso tra!esseiro dela e

continuou chorando a seus -Bs4 nasceu de suas maestosas l)*rimas o es-$rito

+ue mora ao -B das )r!ores na !ertente do -ico do Monte Per9umado4 cuo nome

B Es-$rito Feminino Lacrimeante( E ele enterrou o Es-$rito Maestoso

di!inamente es*otado4 a F7mea +ue Con!ida4 no Monte Hi<a4 na 9ronteira dasterras de '@umo e HahoOi(

E Sua Maestade o Macho +ue Con!ida sacou da es-ada4 de de@ -almos

de com-rimento4 +ue cin*ia maestosamente4 e cortou a ca<eça de seu 9ilho4 o

Es-$rito Masculino R)-idoFo*oA<rasador( Do san*ue +ue escorreu -ara a

 -onta da maestosa es-ada e sal-icou as numerosas massas rochosas nasceram

tr7s es-$ritos do san*ue na -arte su-erior da maestosa es-ada4 +ue no!amente

sal-icou as numerosas massas rochosas4 mais tr7s4 e do san*ue +ue se acumulouno ca<o e escorreu entre seus dedos4 nasceram dois3 oito ao todo( Es-$ritos

adicionais nasceram das oito -artes do cor-o do Es-$rito A<rasador assassinado3

ca<eça4 -eito4 <arri*a4 r*ãos *enitais4 mão es+uerda e direita4 -B es+uerdo e

direito( E o nome da -r-ria es-ada maestosa era Ponta Estendida da Es-ada

Celestial(

De-ois4 Sua Maestade4 deseando encontrar e !er no!amente a irmã

caçula4 desceu ao Reino das Tre!as( E +uando do -al)cio +ue ali ha!ia4 ela a<riu

a -orta e saiu -ara encontr)lo( Sua Maestade o Macho +ue Con!ida disselhe3

Vh minha encantadora irmã mais o!em^ s reinos +ue tu  e eu 9i@emos não

estão conclu$dos( Retorna4 -ortanto4 comi*o^V

E Sua Maestade a F7mea +ue Con!ida res-ondeu3 VLamento realmente

+ue não tenhas !indo antes -ois comi a comida deste lu*ar( Contudo4 como

estou 9ortalecida -ela honra da entrada a+ui de Sua Maestade4 meu ador)!el

irmão mais !elho4 deseo retornar( utrossim4 discutirei a*ora a +uestão com os

es-$ritos deste lu*ar( Mas su-licote +ue não olhes -ara mimV( E !oltou -aradentro do -al)cio(

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Mas como demorasse muito( Sua Maestade o Macho +ue Con!ida não

 -de es-erar e +ue<rou um dos *randes dentes da -onta do -ente -reso ao

maestoso cacho &pa'( $--+ es+uerdo de seus ca<elos( Ateando 9o*o nele4 entrou

no -al)cio e -rocuroua( Ela esta!a a-odrecendo(0ermes toma!am conta de seu cor-o( Em sua ca<eça aloa!ase o #rande

Tro!ão4 em seu -eito o Tro!ão do Fo*o4 em sua <arri*a o Tro!ão da Terra4 em

seu <raço es+uerdo o o!em Tro!ão e em seu <raço direito o Tro!ão Ne*ro em

sua -erna es+uerda4 o Tro!ão da Montanha em sua -erna direita o Tro!ão da

Lua em seu se2o4 o Tro!ão Penetrante3 oito ao todo(

Sua Maestade o Macho +ue Con!ida4 estarrecido com a !isão4 recuou4 e

Sua Maestade a F7mea +ue Con!ida4 sua irmã caçula4 disse a Sua Maestade3

VTu me 9i@este ter !er*onha^V Ela mandou F7mea Feia do Reino das Tre!asse*uilo4 en+uanto ele 9u*ia( Mas Sua Maestade o Macho +ue Con!ida tirou seu

maestoso ornamento da ca<eça e o*ouo -ara tr)s3 o ornamento trans9ormouseimediatamente em u!as(∗ E en+uanto ela se dete!e -ara a-anh)las e com7las4

ele 9u*iu( Ela retomou a -erse*uição e ele +ue<rou o -ente de in>meros dentes

do cacho direito de seus ca<elos e atirouo -ara tr)s3 o -ente trans9ormouse

instantaneamente em <rotos de  <am<u( E en+uanto ela os arranca!a e os comia4

ele continuou a 9u*a(Sua Maestade en!iou então em sua ca-tura os ito Es-$ritos Tro!.es4

 untamente com *uerreiros do Reino das Tre!as4 mil e +uinhentos no total4 e ele

 -u2ou a es-ada de de@ -almos +ue cin*ia maestosamente e <randindoa -ara

tr)s4 continuou 9u*indo( Mas como todos seus -erse*uidores continuaram em

seu encalço4 ele se escondeu ao -B de um *rande -esse*ueiro na Colina Plana na

linha lim$tro9e entre o mundo dos !i!os e o dos mortos( E +uando seus

 -erse*uidores che*aram4 atiroulhes tr7s -7sse*os( E todos 9u*iram(

E Sua Maestade o Macho +ue Con!ida anunciou4 então4 aos -7sse*os3

VAssim como me audaram4 de!em audar todos os !i!os da Re*ião Central das

Plan$cies de unco4 +uando eles esti!erem com -ro<lemas e atormentadosV(

JEssa B a ori*em do costume de manter os es-$ritos mali*nos a9astados -or meio

de -7sse*os(K E a -artir dai con9eriulhes o t$tulo de Suas Maestades #randiosos

Frutos Di!inos(

Mas4 9inalmente( Sua Maestade a Princesa +ue Con!ida -artiu4 ela

mesma4 em seu encalço( Então4 ele -u2ou uma rocha4 +ue -recisaria de mil R Fazendo "m )rocadilhoE +uro-mi-+atsura (>ornamen)o de ca3ea>% e e!i-+atsura (>"vas>%

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homens -ara ser remo!ida e4 colocandoa no meio4 <lo+ueou a Passa*em

Hori@ontal do Reino das Tre!as( De maneira +ue dos lados o-ostos da+uela

rocha os dois se des-ediram(

Sua Maestade a F7mea +ue Con!ida declarou3 VMeu +uerido irmão mais!elho( Sua Maestade^ Se 9i@eres isso4 a cada dia estran*ularei mil -essoas de teu

reinoV(

Sua Maestade o Macho +ue Con!ida res-ondeu3 VMinha ador)!el irmã

caçula( Sua Maestade^ Se 9i@eres isso4 a cada dia en*ra!idarei mil e +uinhentas

mulheresV(

Sua Maestade a F7mea +ue Con!ida B chamada4 -or isso4 o #rande

Es-$rito do Reino das Tre!as( E tam<Bm4 como ela -erse*uiu e alcançou seu

irmão mais !elho4 B  chamada o #rande Es-$rito +ue Alcança o Caminho( E arocha com a +ual ele &pa'( $-/+ <lo+ueou a Passa*em do Reino das Tre!as B

chamada #rande Es-$rito do Caminho +ue Retorna4 ou ainda( #rande Es-$rito

+ue lo+ueia a Entrada do Reino das Tre!as(6,6

A DESCIDA DA REALEFA PARA O JAPÃO

Lemos +ue4 a-s essa terr$!el a!entura4 o Macho +ue Con!ida se -uri9icou <anhandose num rio4 e en+uanto se <anha!a4 sur*iram es-$ritos de cada -eça de

rou-a +ue ele ia atirando na <eira do rio( De todas as -artes de seu cor-o

tam<Bm sa$ram es-$ritos( Mas4 entre todos4 os mais im-ortantes +ue a-areceram

9oram tr7s3 a deusasol Amaterasu miOami Jo #rande Es-$rito Maestoso +ue

'lumina o CBuK4 +ue nasceu +uando ele la!ou seu maestoso olho es+uerdo o

deuslua4 TsuOiominoMiOoto JSua Maestade Possuidor da Noite EnluaradaK4

+ue nasceu +uando ele la!ou seu maestoso olho direito4 e um deustem-estade

a<solutamente intrat)!el4 SusanonoMiOoto JSua Maestade Masculina0alente0elo@'m-etuosoK4 +ue nasceu +uando ele la!ou seu maestoso nari@(6,,

E o >ltimo deles4 um dia4 morti9icou tanto sua maestosa irmã Amaterasu

miOami4 +ue ela se escondeu numa ca!erna4 ao +ue tanto a terra +uanto o cBu

se tornaram escuros4 e4 -ara atra$la -ara 9ora4 os oito milh.es de es-$ritos da

Plan$cie do CBu reuniram )r!ores diante da ca!erna4 decoraramnas com -edras'<'  )o<i+i 1, /re?Qcio e 12#= seg"ndo -asil ;all Cham3erlain, )o-<i-+i> ^'ecords of Ancient Matters^&s"plemen)o do vol& O, Transactions of the Asiatic "ociet$ of 1apan& pp& 121, condensado e al)erado,

com elemen)os da o3ra ps)"ma de +heeler, The "acred "criptures of the 1apanese (;enrySch"man, @nc&, Nova York, 1#6$%, pp& 121<&'<< )o<i+i& 1&17&

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 -reciosas4 acenderam 9o*ueiras e riram alto al!oroçados com a dança rou+uenha

e2ecutada -or um es-$rito 9eminino de nome U@ume( A deusa4 curiosa4 a<riu a

 -orta de sua ca!erna -ara es-iar( Eles colocaram um es-elho na sua 9rente4 o

 -rimeiro +ue ela !ia na !ida e4 assim4 9oi atra$da -ara 9ora e o mundo 9oino!amente iluminado(

Mas o cul-ado Susano4 -or sua *rosseria4 9oi <anido da -lan$cie

celestial -ara a terra( E assim esse 0alente0elo@'m-etuoso Macho4 de-ois de

descer a um lu*ar -r2imo da nascente do rio Hi4 em '@umo4 !iu na+uela hora

al*uns hashi \-au@inhos -ara comerK <oiando rio a<ai2o na corrente@a e achou4

 -or isso4 +ue de!eria ha!er -essoas rio acima( Su<indo a -rocura delas4

desco<riu um !elho e uma !elha com uma menina entre eles( Esta!am chorando

e ele di*nouse a -er*untar +uem eram(VSou um Es-$rito TerrenoV4 disse o !elho4 Ve meu nome B Ancião

AcariciadordePB( nome de minha mulher B Anciã AcariciadoradeMão( E

esta4 nossa 9ilha4 B o!em PentedeCa<eça(V

Macho 0alente0elo@'m-etuoso -er*untou3 VE +ual B a causa do

choroIV

ancião res-ondeu3 Vutrora t$nhamos oito 9ilhas( Mas h) uma ser-ente

de oito <ocas +ue !em todo ano e come uma( [ hora de ela !ir no!amente( [ -orisso +ue estamos chorandoV(

Es-$rito <anido do cBu -er*untou3 VE +ual B a 9orma dessa ser-enteIV

Vs olhos são !ermelhos como as cereas no in!erno( Tem um cor-o com

oito ca<eças e caudas( Nele crescem mus*o e con$9eras o com-rimento estende

se -or oito !ales e oito colinas e4 +uando se olha -ara seu !entre4 !7se +ue est)

constantemente san*rando e in9lamado(V &pa'( $-0+

V) +ue esta B tua 9ilha4 tu a darias a mimIV4 -er*untou Sua Maestade o

Macho 0alente0elo@'m-etuoso(

ancião res-ondeu3 VSim4 com de!oção mas não sei !osso nomeV(

VSou o irmão mais !elho do Es-$rito +ue 'lumina o CBu e desci do cBu(V

VSendo assim4 com de!oção4 ela B !ossa(V

E Sua Maestade tornou imediatamente a menina4 trans9ormoua num

 -ente de numerosos dentes e en9ioua em seu maestoso cacho de ca<elos4

di@endo ao -ar de anciãos3 VDestilai a*ora uma <e<ida de licor re9inado oito

!e@es( Fa@ei tam<Bm uma cerca em !olta com oito -ort.es +ue em cada -ortãohaa oito -lata9ormas4 e em cada -lata9orma um tonel de licor des-eai em cada

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um o licor re9inado oito !e@es e es-eraiV(

Eles 9i@eram e2atamente o +ue ele disse( E ao che*ar4 a ser-ente de oito

 <ocas meteu uma ca<eça em cada tonel( Então4 de-ois de <e<er4 cada uma das

ca<eças caiu adormecida( E Sua Maestade -u2ou sua es-ada de de@ -almos +ueesta!a maestosamente cin*ida sua !olta e cortou a ser-ente adormecida de

oito <ocas em -edaços( Ele construiu um -al)cio no reino de '@umo e4

nomeando o Ancião AcariciadordePB seu camareiromor4 -rocedeu a *erar

9ilhos4 +ue -or sua !e@ *eraram 9ilhos4 atB o total de oitenta todos eles4 com

e2ceção de um4 dei2aram o reino -ara -restar ser!iço a certa -rincesa distante

muito a9amada(V6,=

neto +ue -ermaneceu4 cuo nome era Es-$rito Mestre do #rande Reino4

conce<eu com numerosas mulheres uma -rol$9ica -ro*7nie3 esses4 +ue maistarde se tornaram tumultuosos e <ri*uemos4 o #rande Es-$rito Maestoso +ue

'lumina o CBu +uis -aci9icar en!iando -ara a terra seu au*usto 9ilho( Seu nomeI

Sua Maestade ^rdadiro 7on5uistador, 1u ^n&o ^ncndo, Grands

Grands Orlhas 7lstias ^lo/s. So<re a Ponte Flutuante do 7éu, olhando

 -ara <ai2o4 ele anunciou3 VAs e2u<erantes -lan$cies de uncos4 a terra de !içosas

es-i*as de arro@ de mil outonos4 estão -enosamente tumultuadasV( E de-ois de

9a@er essa -roclamação4 imediatamente !oltou a su<ir(6,:

Tr7s miss.es di-lom)ticas celestiais 9oram então en!iadas ) terra -ara

 -re-arar a descida do monarca solar( Entretanto4 todas 9oram sedu@idas4 de uma

9orma ou de outra4 e 9oi necess)ria uma +uarta -ara se conse*uir a sueição do

Es-$rito Mestre do #rande Reino de '@umo +ue4 rendendose -or 9im ao

ine!it)!el4 concordou em desocu-ar seu trono des*o!ernado com a condição de

+ue um -al)cio lhe 9osse constru$do em<ai2o e ele 9osse a-ro-riadamente

!enerado -or todos os tem-os(6=?

Então #rande Es-$rito Maestoso +ue 'lumina o CBu4 Amaterasu

miOami4 ordenou e in!estiu o Herdeiro Presunti!o4 Sua Maestade #randes

#randes relhas +ue4 entretanto4 res-ondeu3 VEn+uanto eu4 !osso ser!o4 me

 -re-ara!a4 nasceume um 9ilho chamado Sua Maestade 7éu Plno, rra

 Plna, #ogu do =ol no 7éu, Pr$nci# Plno d 1s#igas d rro/ Ru2ras. Esse

9ilho e +ue de!eria ser en!iado -ara <ai2oV(

'< (!id%& 1&12$1= Cham3erlain, op% cit%& pp& <121&'<# (!id%& 1&$'2.7= Cham3erlain, op% cit%& pp& #211.&'7 (!id%& 1&.12.$= Cham3erlain, op& cit%, pp& 1121$&

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Sua Maestade4 o o!em -r$nci-e4 ao ser in9ormado4 res-ondeu3 VDescerei4

cum-rindo !ossas ordensV( E dei2ando seu Trono de Rocha Celestial4 se-arando

as &pa'( $-1+ nu!ens ctu-las es-alhadas -elo cBu4 di!idindo uma estrada com

um maestoso di!isor de estradas4 começou a 9lutuar4 con9inouse na PonteFlutuante do CBu4 desceu ao -ico de certa montanha4 não em '@umo4 +ue 9ica no

norte4 mas em Wushu4 +ue 9ica no sul(

E +uando ele se esta<eleceu na+uele -a$s4 num -al)cio( Sua Maestade

CBu Pleno4 Terra Plena4 A-o*eu do Sol no CBu4 Pr$nci-e Pleno de Es-i*as de

Arro@ Ru<ras4 encontrou uma <ela -essoa no maestoso ca<o chamado Wasasa e

 -er*untoulhe de +uem era 9ilha(

VSou 9ilhaV4 ela disse4 Vdo Es-$rito Possuidor da #rande Montanha e meu

nome B Princesa Florescendo Es-lendidamente Como as Flores das Ar!ores(VEle -er*untou3 VTens irmãosI 'rmãsIV

Ela res-ondeu3 VTenho uma irmã mais !elha( Seu nome B Princesa da

'dade das RochasV(

E ele disse3 VMeu deseo B deitarme conti*o( +ue achas dissoIV

Ela res-ondeu3 VNão sou eu +uem decide( Meu -ai4 o Es-$rito Possuidor

da #rande Montanha4 B +uem decideV(6=%

Ele4 -ortanto4 en!ioua ao -ai +ue4 encantado4 res-eitosamente en!iouade !olta4 acom-anhada da Princesa da 'dade das Rochas4 sua irmã mais !elha( E

o -ai 9e@ com +ue !$!eres 9ossem colocados nas mesas4 centenas de es-Bcies de

comida e <e<ida( Mas a irmã mais !elha era hedionda( Ao !7la4 o Pr$nci-e

Pleno de Es-i*as de Arro@ Ru<ras 9icou chocado( Mandoua de !olta e tomou

 -ara si na+uela noite a-enas a mais o!em(

E o -ai4 co<erto de !er*onha +uando a Princesa da 'dade das Rochas

retornou a ele4 en!iou uma mensa*em ao -r$nci-e(

VA ra@ão -ara -resentear minhas duas 9ilhas untas era +ue a mais !elha4 a

Princesa da 'dade das Rochas4 au*usta -ro*7nie do Es-$rito Celestial4 a-esar das

ne!adas e dos !entos4 !i!eria eternamente4 indestrut$!el como as rochas -erenes4

e *raças mais no!a4 a Princesa Florescendo Es-lendidamente Como as Flores

das Ar!ores4 elas !i!eriam em 9lor4 como o 9lorescer das )r!ores( Entretanto4

como mandastes de !olta a Princesa da 'dade das Rochas4 9icando a-enas com a

Princesa Florescendo Es-lendidamente Como as Flores das Ar!ores4 a au*usta

 -ro*7nie do #rande Es-$rito +ue 'lumina o CBu ser) tão -erec$!el +uanto as'1 (!id%& 1&..2.= Cham3erlain, op& cit &, pp& 1$21.&

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9lores das )r!ores(V

E B -or isso +ue as !idas au*ustas de Suas Maestades4 nossos Au*ustos

So<eranos Celestiais4 não são lon*as(6=/

III( O CAMIN8O DOS ESP%RITOS

Uma histria en*raçada circulou durante o Nono Con*resso 'nternacional

de Histria das Reli*i.es em T+uio4 em %:5=( 0erdadeira ou não4 ilustra o

a<ismo +ue se-ara o riente do cidente em certas es9eras essenciais da

e2-eri7ncia( Re9eriase a dois -ersona*ens eruditos4 o -rimeiro um socilo*o

ocidental e o outro um sacerdote 2into$sta( Am<os ha!iam a-resentado leses no

con*resso cada um su-unha ter conhecimento da nature@a4 da histria e dos -ro<lemas essenciais da humanidade e &pa'( $/)+ nenhum dos dois se ul*a!a

a+uilo +ue em chin7s -oderia ser denominado chin, -)ssaro 9a<uloso com um

>nico olho e uma asa +ue -recisa se unir a um de seus i*uais -ara -oder !oar(6=&

erudito -)ssaro ocidental4 unto com muitos outros da multidão de

dele*ados de todos os cantos da terra4 +ue o Comit7 a-on7s r*ani@ador

trans-orta!a miraculosamente -ara cada um dos im-ortantes santu)rios

2into$stas e tem-los <udistas do -a$s se*undo a histria +ue se conta!a tinha -resenciado sete ou oito ritos 2into$stas e admirado numerosos santu)rios

2into$stas( Tais lu*ares de adoração são des-ro!idos de ima*ens4 t7m Formas

sim-les4 com tetos mara!ilhosos e4 com 9re+7ncia4 -intados de !ermelho claro(

s sacerdotes4 imaculados em suas !estes <rancas4 ornatos ne*ros nas ca<eças e

*randes tamancos ne*ros4 andam em 9ilas com ar -om-oso( Uma m>sica

misteriosa ele!ase a*uda4 entremeada -or <atidas r$tmicas 9racas e 9ortes de

tam<or e de *randes *on*os entrecortada -or sons de har-a tan*idos em um

colo in!ocador de es-$ritos( E então a-arecem4 silenciosos4 dançarinos no<res4im-onentes4 -esadamente adornados4 mascarados ou não4 do se2o masculino ou

9eminino( Eles se mo!em de modo lento4 um -ouco como nos  sonhos ou no

transe 2amnico -ermanecem al*um tem-o !ista e retiramse4 en+uanto

e2-ress.es !ocais são entoadas( E como 9a@er uma !ia*em no tem-o

retrocedendo dois mil anos( Pinheiros4 rochas4 9lorestas4 montanhas4 ar e mar do

a-ão des-ertam e en!iam es-$ritos nesses sons( Eles -odem ser ou!idos e

'$ (!id%& 1&.<= Cham3erlain, op& cit &, pp& 1721.&'.  Mathe2s9 Chinese-English Dictionar$& edi!o americana revis)a (;arvard niversi)y /ress,Cam3ridge, Massach"se))s, $ impress!o, 1#'7%, p& 11, ver3e)e ..&

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sentidos em toda -arte4 E +uando os dançarinos se retiram e a m>sica cessa4 o

ritual aca<a( 0irase e olhase no!amente -ara rochas4 -inheiros4 ar e mar e

todos estão silenciosos como antes s +ue a*ora ha<itados4 e res*atamos a

consci7ncia do mila*re do uni!erso(Contudo4 -arece di9$cil -ara as -essoas de certos ti-os de racioc$nio

e2-erienciar o +ue essa arte e!oca( VCom-arado com as *randes reli*i.es do

mundoV4 li4 -or e2em-lo4 Vo 2into$smo tal!e@4 de!a ser ul*ado o culto reli*ioso

mais rudimentar de +ue lemos documentos escritos( Ele não a!ançou alBm do

 -olite$smo elementar suas -ersoni9icaç.es são !a*as e 9r)*eis h) -ouca

com-reensão da conce-ção do es-$rito ele mal -ossui um cdi*o moral

 -raticamente não reconhece um estado 9uturo e4 em *eral4 mostra -ouca

e!id7ncia de -ensamento -ro9undo ou de!oção sincera( \(((]V6=8

Pois <em4 nosso ami*o socilo*o encontrou seu ami*o sacerdote 2into$sta

numa 9esta ao ar li!re em um am-lo ardim a-on7s onde os caminhos4

ser-enteando entre as rochas4 re!ela!am -aisa*ens im-re!is$!eis4 clareiras com

cascalhos4 la*os escar-ados4 lanternas de -edra4 )r!ores de 9ormas curiosas e

 -a*odes( E nosso ami*o socilo*o disse ao seu ami*o sacerdote 2into$sta3

VSa<e( esti!e em uma sBrie de santu)rios 2into$stas e !i muitos ritos4 alem de ter

lido e -ensado so<re o assunto mas !ea4 não entendo sua ideolo*ia( Nãoentendo sua teolo*iaV(

E a+uele ca!alheiro a-on7s4 -olido4 como se esti!esse res-eitando a

 -ro9unda +uestão le!antada -elo cientista estran*eiro4 -arou -or um momento

como se esti!esse re9letindo( Então4 sorridente4 olhou -ara o ami*o( VNs não

lemos ideolo*iaV( disse( VNs não temos teolo*ia( Ns dançamos(V &pa'( $/!+

Essa B4 -recisamente4 a +uestão( Por+ue o 2into$smo4 na ori*em4 B uma

reli*ião4 não de serm.es4 mas de admiração3 um sentimento +ue -ode ou não

 -rodu@ir -ala!ras4 mas +ue de +ual+uer maneira !ai alBm delas( -ro-sito do

2into$smo não B a Vcom-reensão da conce-ção do es-$ritoV4 mas o sentido de sua

u<i+idade( E ustamente -or+ue esse -ro-sito B sur-reendentemente

alcançado4 as -ersoni9icaç.es do 2into$smo são V!a*as e t7nuesV com relação

9orma( Elas são denominadas kami, termo usualmente tradu@ido como VdeusV4

 -orBm de modo incorreto4 ou como Ves-$ritoV4 termo +ue usei nas -assa*ens do

 Ko*iki relatadas acima(

VDurante sua estadia ou!irão muita coisa a res-eito das reli*i.es' +&G& 0s)on, ar)igo >Shin)o>, em ;as)ings (ed&%, op% cit%& vol& O@& p& '.&

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 a-onesasV4 disse Sua Alte@a Real Pr$nci-e TaOahito MiOasa aos con!idados do

Con*resso4 Ve4 sem d>!ida4 discordarão do uso da -ala!ra in*lesa  god ou gods

Jdeus ou deusesK como tradução a-ro2imada do termo kami, o o<eto de

adoração no culto +ue B e2clusi!amente a-on7s( Tam<Bm -erce<erão4 com toda -ro<a<ilidade4 +ue os termos a-oneses kami deus são inteiramente di9erentes

em sua nature@a essencial(

o<eto de adoração do <udismo a-on7s e hotok Jo udaK e4 como o

 <udismo B uma reli*ião im-ortada4 seria l*ico -resumir +ue hotok e kami

seam <em di9erentes( Entretanto4 tornouse <astante comum entre os a-oneses

relacionar os dois4 e costumase usar o termo kamihotok. E mais ainda4 não se

 -erce<e contradição al*uma nessa com<inação do +ue teoricamente de!eriam

ser dois conceitos distintos h) um *rande n>mero de a-oneses +ue -ode orar4sem o menor constran*imento4 a kami hotok ao mesmo tem-o( 'sso4 acredito4

 -ode ser e2-licado em -arte -ela -sicolo*ia dos a-oneses4 +ue tende mais -ara

o emocional do +ue -ara o racional( Como os a-oneses t7m -ra@er em sentir a

atmos9era4 são mais -ro-ensos a ser in9luenciados -elo meio(

H) um anti*o -oema a-on7s +ue em tradução li!re di@3

Desconhecido de mim o +ue a+ui reside3L)*rimas escorrem -or uma sensação de desmerecimento e *ratidão(

VDi@em +ue esses !ersos 9oram escritos +uando seu autor esta!a orando

no Cirande Santu)rio de 'se4 e acho +ue re9letem ade+uadamente o sentimento

reli*ioso de muitos a-oneses(V6=5

Assim4 um rito 2into$sta -ode ser de9inido como um momento de

reconhecimento e e!ocação da admiração +ue ins-ira *ratidão -ara com a Fonte

e nature@a da e2ist7ncia( E en+uanto tal4 ele se diri*e como arte Jm>sica4

 ardina*em4 ar+uitetura4 dança etc(K sensi<ilidade não s 9aculdades do

intelecto( De maneira +ue !i!enciar o 2into$smo não B o<edecer a determinado

cdi*o moral de9inido4 mas !i!er com *ratidão e admiração em meio ao mistBrio

das coisas( E -ara conser!ar essa sensação4 as 9aculdades -ermanecem a<ertas4

claras e -uras( Esse B o si*ni9icado da -ure@a ritual( V kami deleitase com a

!irtude e a sinceridadeV4 a9irma uma o<ra do sBculo ;''' com-ilada -elos

'6 Ie?er9ncia do /r4ncipe Takahi)o Mikasa, in Proceedings of the (Yth (nternational Congress for the.istor$ of 'eligions& T"io e io)o, 1#6, pp& $'2$<&

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sacerdotes do Santu)rio E2terior de 'se( VFa@er o <em e ser -uro 9a@er o mal B

ser im-uro(V6=6 &pa'( $/#+

Portanto4 B  incorreto di@er +ue o 2into$smo carece de idBias morais( A

conce-ção moral <)sica e +ue os -rocessos da nature@a não -odem ser maus emconse+7ncia4 o coração -uro se*ue os -rocessos da nature@a( homem uma

coisa natural não B inerentemente mau ele B di!ino em seu coração -uro4 em

sua e2ist7ncia natural s termos 9undamentais são Vcoração <rilhanteV Jakaki

kokoroK4  Vcoração -uroV Jki!oki kokoroK4  Vcoração ustoV Jtadashiki kokoroK 

Vcoração honradoV Jnaoki kokoroK(  -rimeiro denota a +ualidade de um coração

 <rilhando claramente como o sol o se*undo4 um coração l$m-ido como uma

 -edra -reciosa o terceiro4 um coração inclinado -ara a ustiça4 e o >ltimo4 um

coração am)!el e sem tend7ncias desonestas( s +uatro unemse como  simi shin -ure@a e cordialidade de es-$rito(6=,

AlBm do mais4 nos relic)rios internos dos -rinci-ais santu)rios 9oram

 -reser!ados4 de uma B-oca remota4 muito alBm dos tem-os de +ue temos

re*istro4 tr7s talismãs sim<licos tra@idos ao mundo4 di@em4 -elo au*usto neto

CBu Pleno4 Terra Plena4 A-o*eu do Sol no CBu4 Pr$nci-e Pleno de Es-i*as de

Arro@ Ru<ras4 +uando a reale@a desceu ao a-ão( Eles são3 um es-elho J-ure@aK4

uma es-ada di!ina Jcora*emK e um colar de -edras -reciosas J<ene!ol7nciaK(Em resumo4 então4 a -rinci-al -reocu-ação do 2into$smo B de!otada ao

culti!o da+uele sentimento +ue Rudol9 tto denominou o essencial da reli*ião4

Vo +ual4 em<ora admita ser discutido não -ode ser estritamente de9inidoV3 o

senso do n>meno(6==  E com uma in9le2ão -articular4 não de medo4 não de

n)usea4 não de deseo -or li<ertação4 mas de *ratidão e2-erienciada ante o

mistBrio( E assim4 mais uma !e@3 VDesconhecido de mim o +ue a+ui resideV o

+ue reside em +ual+uer lu*ar4 em +ual+uer coisa de nosso interesse Vl)*rimas

escorremV -ois estou4 de 9ato4 como!ido V-or uma sensação de

desmerecimentoV como al*uBm não -er9eitamente -uro de coração4 e

V*ratidãoV(

V"ue kami6, lemos em um coment)rio do sBculo ;0 de um estadista

erudito4 Vc adorado -or Amaterasu miOami em a<stin7ncia na Plan$cie do CBu

'' "hinto Go!usho, c?& ci)ado por Geneln a)o, 5hat (s "hinto_ (Mar"zen Company, T"io, 1#.6%,pp& 6 e .&'<  An Lutline of "hinto Teachings& compila do pelo Comi)9 Oin)o4s)a do @O Congresso @n)ernacional de

;is)ria das Ieligi[es (T"io, 1#6%, p& .1= )am3Lm Basic Terms of "hinto& compilado e p"3licadopelo mesmo Comi)9, p& 6$&' ))o, op% cit%& p& <&

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Su-remoI Ela adora seu SiPr-rio interior como kami, es9orçandose -or

culti!ar a !irtude di!ina em sua -r-ria -essoa -or meio da -ure@a interior e4

assim4 tornarse um com o kami.6 EZ

E a*ora4 concluindo com <ase no desen!ol!imento atual do culto4 -odemos di@er +ue o 2into$smo no anti*o a-ão atua!a em +uatro es9eras3 %(

domBstica4 centrada na *ratidão -elo kami do -oço4 do -ortão4 da 9am$lia4 do

canteiro de ardim etc( e lam<em J-ara citar Lan*don arnerK4 -elos Ves-$ritos

reconhecidos no 9o*o da co@inha e na -anela de co@inhar4 -elo es-$rito

misterioso +ue diri*e o -rocesso de en!elhecimento +ue ocorre no -ote de

conser!a e na 9ermentação da cer!eaV 6:?  outrossim4 -elos -ais4 os ancestrais

Juma in9lu7ncia con9uciana a+uiK e4 em sentido in!erso4 dos -ais -elos 9ilhos /(

o culto comunit)rio local4 de *ratidão4 tanto aos 9enmenos naturais do meio em+ue se !i!e +uanto aos mortos locais di*nos de res-eito4 os u*igami Jisto B4 kami

da u*i, a Vdescend7ncia localVK &( os cultos das artes4 honrando

a*radecidamente4 nos -r-rios -rocessos de tra<alho4 os mistBrios e -oderes das

9erramentas4 materiais etc( JNão B -reciso lem<rar +ue as costureiras &pa'( $/$+

reali@am rB+uiens s a*ulhas -erdidas ou +ue<radas4 e +ue o 9undador da

ind>stria de -Brolas a-onesa4 WoOichi MiOimoto J%=5=%:55K4 antes de morrer4

reali@ou um rB+uiem s ostras4 cuas !idas tinham 9eito sua 9ortuna(K E9inalmente4 8( o culto nacional4 de *ratidão ao im-erador em seu -al)cio4 Casa

da Admiração4 e aos seus ancestrais -reser!adores do mundo4 os #randes Wami

do  Ko*iki, dos +uais o maior nascido como a lu@ do uni!erso do olho

es+uerdo do Macho +ue Con!ida4 de-ois de sua !itria so<re a im-ure@a e

 -articularmente es-elhado a+ui na terra em 'se4 no #rande Santu)rio3 no to-o de

uma *rande ele!ação de uma maestosa re*ião ar<ori@ada de *randes rochas e

con$9eras em 9orma de selas4 ao +ual o de!oto so<e -or uma *rande escada

me*al$tica4 como um @i*urate natural(

IV( OS CAMIN8OS DO ;UDA

uda de ouro !indo da CorBia em 55/ d(C( não 9oi imediatamente um

arauto da -a@( rei +ue o en!iou unto com uma coleção de estandartes4

*uardasis e sutras <udistas o 9e@ acom-anhar de uma interessante nota(

'# @chi8o aneyoshi (17$211%, ihonsho +i "anso, ci)ado por a)o, op% cit%& p& '&'#7 *angdon +arner, The Enduring Art of 1apan (Grove /ress, Nova York, 1#6$%& p& 1&

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VEsta doutrina B4 entre todas as doutrinas4 a melhorV4 ele escre!eu4 Vmas di9$cil

de e2-licar e com-reender( Nem mesmo o du+ue de Chou ou Con9>cio

alcançaram o conhecimento dela( \((4] 'ma*inese um homem -ossuidor de

tesouros sem 9im4 de maneira +ue -ossa satis9a@er iodos seus deseos medida+ue os usa( \(((] Assim ocorre com o tesouro desta mara!ilhosa doutrina( Cada

 -rece B atendida e nada 9alta( \(((] Teu ser!o4 -or isso4 Mpn*4 rei de PacOche(

des-achou humildemente este -resente -ara cum-rir com as -ala!ras do uda3

VMinha Lei es-alharse) -elo riente(V6:%

E o im-erador Wimmei4 lemos4 -ulou de ale*ria mas não sa<ia <em o +ue

de!eria 9a@er( V sem<lante do uda B de austera di*nidadeV4 ele disse aos

mem<ros de seu conselho( VDe!e ser adorado ou nãoIV

'name do clã So*a res-ondeu3 VTodos os -a$ses da 9ronteira oeste4 seme2ceção4 o adoram4 e ser) a-enas _amato +uem se recusar)IV

Mas os l$deres dos clãs Monono<e e NaOatomi aconselharam

!i*orosamente o contr)rio( Vs +ue *o!ernaram este 'm-BrioV4 disseram4

Vsem-re ti!eram o cuidado de adorar4 na -rima!era4 !erão4 outono e in!erno4 os

%=? #randes Wami do CBu e da Terra4 alBm dos das re*i.es locais e dos cereais(

Mas se a*ora começarmos a adorar kami estran*eiros em lu*ar deles4 de!ese

temer +ue -ossamos causar a ira de nossos kami nati!os(V uda4 como se !74 esta!a sendo inter-retado não em termos <udistas4

mas 2into$stas4 e o im-erador4 então4 com estes sim-les lermos4 decidiu3 V0amos

d)lo a 'name4 +ue mostrou dis-osição -ara rece<7lo( E como e2-eri7ncia4 +ue

ele adore a ima*emV(

Assim 'name4 em *rande re*o@io4 aoelhouse e4 ao rece<er a ima*em de

ouro4 colocoua em um trono em sua casa4 a9astouse do mundo4 -uri9icou seu

lar e trans9ormouo em tem-lo( Em se*uida4 sur*iu uma -este muitas -essoas

morreram não se desco<ria nenhum remBdio e4 com o -assar do tem-o4 as

coisas -iora!am( Por &pa'( $/5+ isso4 a ima*em do uda 9oi a-anhada e o*ada

num canal( tem-lo 9oi incendiado( Mas de-ois4 o cBu -ermaneceu sem nu!ens4

mio cho!eu mais4 se*uiuse uma seca e4 de s><ito4 chamas irrom-eram no

*rande salão do -al)cio4 +ue 9oi consumido4 Então4 noite4 9oi !isto 9lutuando

no mar um tronco de cn9ora +ue <rilha!a com ele4 o im-erador mandou 9a@er

'#1 ihongi 1#&.2.6= +&G& 0s)on, Chronicles of 1apan> Orom the Earliest Times to '#< d&C& (George 0llen and nKin, *ondres, 1#6'= 3aseado no >S"pplemen) )o Transac)ions and /roceedings o? )heJapan Socie)y>, 1#'%, /ar)e @@, p& ''&

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duas ima*ens radiantes do uda( Se*uiram se -rod$*ios4 al*uns mali*nos4 outros

 <eni*nos er*ueramse santu)rios +ue mais tarde 9oram destru$dos sem-re

com um rancor crescente entre os clãs So*a e Monono<e(V6:/

9eudo continuou -or mais trinta anos atB +ue4 no ano 5=,4 o 9ilho de'nane matou toda a 9am$lia Monono<e( De-ois disso4 os tem-los <udistas

 -roli9eraram( Passados cinco anos4 ele assassinou o im-erador Sushun e

entroni@ou a relutante !i>!a4 +ue como 'm-eratri@ Reinante SuiOo Jde 5:& a

6/=K indicou -ara a re*7ncia o irmão mais no!o de seu marido( E 9oi a-enas

então +ue as -rometidas <7nçãos da No!a Lei começaram a a-arecer( Pois o

amado Pr$nci-e ShotoOu J5,&6/%K -ro!ou ser um dos *randes e no<res

*o!ernantes de todos os tem-os(

Sua mãe4 di@se4 -ariuo sem dor durante uma !ia*em de ins-eção -elasde-end7ncias do -al)cio( V"uando ela che*ou ao De-artamento dos Ca!alos eaca<ara do che*ar -orta dos est)<ulos4 su<itamente4 -ariuo sem es9orço(∗ 

 Nasceu sa<endo 9alar e +uando cresceu tornouse tão s)<io +ue -odia res-onder

s +uest.es de de@ homens ao mesmo tem-o sem e+ui!ocarse( Estudou a

Doutrina 'nterior J<udismoK4 e os Cl)ssicos E2teriores Jcon9ucionismoK e tornou

se mestre em am<os(V6:& Promo!eu as letras e as artes4 -re-arou a -rimeira

histria do a-ão Jhoe -erdidaK4 -romul*ou um sistema de leis e umaor*ani@ação das classes da corte e4 mesmo antes4 de sua morte4 9oi !enerado -or

muitos como um 2odhisattva. Em seu reinado4 o <udismo4 +ue no a-ão tinha

sido <asicamente a reli*ião de um clã4 tornouse uma reli*ião do im-Brio4 e4

como na China4 a linha do <udismo 9a!orecida 9oi a Mahaana(

VCom res-eito s di9erenças entre o #rande e o Pe+ueno 0e$culoV4

escre!eu o -r$nci-e4 no #rande4 -ensase -rimariamente na+ueles +ue não

 <uscam a li<eração e tentase aud)los atraindoos -ara a mela <udista

en+uanto no Pe+ueno4 <uscase a iluminação a-enas -ara si -r-rio4 e!itase

ensinar aos outros como se e!ita a -este e e2ultase em um 9also nir!ana(V6:8

 No ano 6/%4 se*undo m7s4 +uinto dia4 no meio da noite4 o Pr$nci-e

'm-erial ShotoOu 9aleceu4 e hou!e luto no -al)cio luto tam<Bm na aldeia3 os

'#$ (!id%& 1#&.62.= 0s)on, op% cit%& vol @@ pp& '72'& R Compare disc"ss!o supra& p& 1'1&'#. (!id%& $$&$= 0s)on, op% cit%& /ar)e @@ p& 1$$&'#  Sho)ok", "homang$o-gisho, )rad"!o seg"ndo Shinsho ;anayama, >Japanese :evelopmen) o?

kayana Tho"gh)>, @n 'eligious "tudies in 1apan& edi)ado pela Japanese 0ssocia)ion ?or Ieligio"sS)"dies and Japanese rganizing Commi))ee o? )he Nin)h @n)erna)ional Congress ?or )he ;is)ory o?Ieligions (Mar"zen Company, *)d&, T"io, 1#6#%, p& .<.&

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!elhos4 como +ue -ri!ados de um 9ilho +uerido4 ) não tinham mais nenhuma

!ontade de comer e os o!ens4 como +ue tornados r9ãos4 enchiam os caminhos

com sons de lamentaç.es( a*ricultor dei2ou o arado4 a mulher da moenda o

 -ilão e todos -ronunciaram a uma s !o@3 V sol e a lua -erderam seu <rilho ocBu e a terra arruinaramse( Em +uem4 da+ui em diante4 -odemos con9iarIV 6:5 

&pa'( $/*+

PER%ODO NARA" /!)/15 @(C(

<udismo no a-ão não tinha atB então -rodu@ido nenhuma idBia

!erdadeiramente nati!a( A situação era a de uma sim-les usta-osição eclBtica(

s kami do -a$s 9oram en9rentados -or um -anteão cosmo-olita de ori*emestran*eira4 muito mais so9isticado do +ue tudo o +ue eles ha!iam re-resentado

atB a+uele momento ou4 na !erdade4 do +ue o coração de _amato -odia ter

 -recisado na+uela B-oca( Na corte4 a no!a 9B era so<retudo -ortadora de uma

ci!ili@ação continental +ue da!a !ida ali um no!o e ele*ante mati@4 en+uanto

entre o -o!o era um !e$culo de consolo( -er$odo con!Bm notar era o do

ata+ue 9an)tico do islamismo a todo o riente MBdio e Pr2imo e Euro-a

J+uedada PBrsia4 65? da Es-anha4 ,%%K4 e tam<Bm da muito menos san*renta4em<ora não menos 9an)tica4 destruição dos anti*os santu)rios e <os+ues

sa*rados *ermnicos -ela -rimeira missão cristã Joni9)cio4 -rimeiro Arce<is-o

de Main@4 ,&/K4 cua 9açanha de -eda*o*ia canhestra -rodu@iu na -si+ue

euro-Bia uma es+ui@o9renia m$tica J'nsnia *ermnica3  Hi =ln ohnn,

ach, in minr Brust) +ue continua -ro9undamente em ns e ser) analisada no

 -r2imo !olume desta o<ra( ) no a-ão do sBculo 0'''4 com uma +ualidade de

com-ai2ão +ue nos cultos do Le!ante 9oi mais comentada do +ue -osta em ação4

os 2odhisattvas uniramse em a-oio m>tuo com os es-$ritos r>sticos do -a$s( acordo 9oi alcançado em +uatro est)*ios3

%( 1m -ara #r$odo da #rimira ca#ital 2udista do ba#'o, JN+; d.7.

Est)*io em +ue a arte e o -ensamento <udistas chineses esta!am che*ando com

lodo !i*or( -rinci-al e!ento sim<lico 9oi a construção do *rande Tem-lo

Todaii e a consa*ração em seu interior4 no ano ,5/4 de um colossal <ron@e do

uda sentado so<re um ltus de /? metros de circun9er7ncia cada -Btala com

& m de com-rimento4 a 9i*ura -ro-riamente dita com %6 m de altura e 85/'#6 ihongi $$&.$2..= 0s)on, op% cit &, /ar)e @@, p& 1&

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toneladas cada olho com +uase %4/? m de com-rimento e cada mão +uase /4%?

m a direita no *esto ti-icamente indiano n'o+tmas a es+uerda no *esto +ue

concd 28n&'os.

/ e &(  -a sgunda ca#ital 2udista, Fian (ho* Kioto) ;+JJZM d.7.Primeiro4 ,:8=:84 um -er$odo de cont$nua in9lu7ncia chinesa4 mas com uma

no!a caracter$stica4 -ois nos ensinamentos dos mon*es a-oneses Den*o Daishi

J,6,=//K e Wo<o Daishi J,,8=&5K4 os kami do a-ão eram reconhecidos como

2odhisattvas locais( AlBm disso4 na doutrina do >ltimo 9oi introdu@ida uma no!a

tend7ncia3 a da doutrina tntrica <udista ori*in)ria da uni!ersidade indiana de

 Nalanda +ue4 na+uela B-oca4 esta!a no a-o*eu4 di9undindo ensinamentos de

 -oderes di!inos re!elados4 em miss.es -ara o norte atB o Ti<ete4 -ara o sul ate a

'ndonBsia e -ara o leste atB a China e o a-ão(A se*uir4 =:8%%=54 ainda em Heian3 o intercm<io cultural e di-lom)tico

com a China da dinastia Tan* 9oi interrom-ido e na ele*ante corte Fuifara

descrita -ela Senhora MurasaOi J:,=%?%5IK na no!ela Gn*i @onogatari,

desenrola!ase um re+uintado o*o ertico de sensi<ilidade muito semelhante ao

dos tro!adores do sBculo ;''( 'solados do continente4 os a-oneses a*ora

esta!am desen!ol!endo um <udismo &pa'( $/-+  -r-rio4 o +ual atin*iu a

maturidade no -er$odo se*uinte4 do ;o*unato de WamaOura(8(  Pr$odo Kamakura JJZM+J:Y intenso a9astamento tia delicada

sensi<ilidade e erotismo estBtico das damas Fuifara e seus no<res ca!alheiros(

Foram 9undados +uatro escolas <udistas !i*orosas4 es-eci9icamente a-onesas3

odo4 9undada -or Honen J%%&&%/%/K4 e Shinshu4 9undada -or seu disc$-ulo

Shinran J%%,&%/6/K4 am<as seitas Amida Zen4 -ro!eniente da escola chinesa

Chan de Huinen*4 -orem a-licada a no!os -ro-sitos J-rinci-al 9undador4

Eisai3 %%8%%/%5K4 e -or 9im4 a seita cho!inista4 intensamente -essoal de

 Nichiren J%///%/=/K4 9ilho de um -escador(

Seria muito interessante e2aminar em detalhe cada as-ecto da

trans9ormação4 no a-ão4 da doutrina indiana do desa-e*o em uma doutrina de

a-e*o4 *ratidão e admiração4 mas em uma o<ra como esta s -odem ser

es<oçadas as linhas -rinci-ais(

-rimeiro est)*io do -rocesso4 dissemos4 est) sim<oli@ado no #rande

uda de Todaii onde a 9i*ura re-resentada não B a do #autama XbOamuni

indiano4 mas a de um uda de meditação4 9ora do tem-o4 do es-aço e doconte2to racial( Ele B um dos cinco udas #uardiães dos N$!eis de Meditação4

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+ue re-resentam as-ectos da es9era causal4 da +ual -rocedem todos os udas4

2odhisattvas e4 na !erdade4 todos os seres do uni!erso !is$!el( Eles a-arecem

mente !oltada -ara dentro +uando ela -enetra em seu cam-o de ação( E o nome

snscrito desse uda em -articular e 0airochana JVPertencente ao4 ou !indo dosolV a-on7s3 Dainichi+n!orai, Vuda #rande SolVK( AtB se -oderiam !er nele

e!id7ncias de certa in9lu7ncia do culto solar do 'rã( Entretanto4 amais hou!e4 no

'rã ou em +ual+uer outra -arte do mundo a oeste do *rande di!isor cultural

rientecidente4 uma ideolo*ia ou teolo*ia com as -eculiaridades da !isão

0airochana(

Essa -oderosa 9i*ura re-resenta um as-ecto da reali@ação <udista ensinada

no =utra vatamsaka Ja-on7s3  Kgon, V#rinalda de  FloresVK4 +ue a *rande

estu-a <udista a!anesa em oro<udur JsBculo 0'''K tam<Bm testemunha( 6:6  [um ensinamento +ue se su-.e ter sido enunciado -elo uda #autama

diretamente a-s a iluminação( Mas como nenhum dos ou!intes 9oi ca-a@4 de

entender uma >nica -ala!ra4 ele recomeçou e ensinou o caminho dualista

Hinaana mais sim-les +ue4 com o tem-o4 iria tornar a mente ca-a@ de

com-reender o Mahaana( E com o tem-o4 de 9ato4 a-areceu um o!em de nome

Sudhana +ue -artiu em -ere*rinação Jre-resentada nos -ainBis da se*unda e

terceira *alerias da estu-a de oro<udurK4 durante a +ual encontrou cin+enta etr7s *randes mestres( Al*uns deles eram mulheres e homens !i!entes outros

eram udas de meditação( E o +ue ele a-rendeu 9oi o mara!ilhoso ensinamento

contido na Grinalda d lors.

Esse ensinamento e comum a todas as seitas <udistas do a-ão e -ortanto

re+uer um es9orço de nossa -arte4 -ara a-resentar -elo menos um ou dois de

seus -ontos mais su*esti!os( +ue ele re-resenta4 em linhas *erais4 B uma no!a

a-licação da doutrina -rim)ria do uda resumida acima na cadeia causai de

do@e itens4 os +uais4 como !imos4 se ori*inam de3 %( i*norncia /( aç.es &(

no!as inclinaç.es 8( consci7ncia inci-iente Jau*urando no!a !idaK 5( um

or*anismo 6( r*ãos &pa'( $//+ sensoriais ,( contato =( -erce-ç.es :( deseo

%?( a-e*o %%( renascimento4 e %/4 !elhice4 doença e morte( De acordo com esse

 -rinc$-io4 todos os seres eram auto*eradores na medida em +ue o renascimento

Jitem %%K era !isto como resultado da i*norncia Jitem %K( Con9orme

a-resentado nessa cadeia causai de do@e elos4 o ensinamento do uda en9ati@a a

'#' /ara "m es)"do das sLries de -oro3"d"r, c?, immer, The Art of (ndian Vsia& vol& @& pp& .712.1$, evol& @@, ?ig"ras <'2#&

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idBia de uma se+7ncia no tem-o3 -rimeiro isto4 de-ois a+uilo4 de-ois a+uilo

outro ou como di@em os <udistas4 V-ro!eniente de um anteriorV( Na am-liação

desse ensinamento na Grinalda, é acrescentada a idBia de uma interde-end7ncia

tam<Bm no es-aço3 +uer di@er4 o uni!erso B correlato4 em *eral interde-endente4 -ortanto4 Vmutuamente -rocedenteV nenhum ser e2iste em e -or si mesmo(

u4 nas -ala!ras do s)<io Pro9( uniro TaOaOusu3 VPodemos chamar a isso de

causação -ela açãoin9lu7ncia comum de todos os seresV(6:,

De maneira +ue o -ro<lema da causação B a*ora inter-retado em termos

de tem-o e de es-aço simultaneamente4 os +uais4 untos4 constituem o +ue se

conhece como a semente do 5u assim chgou Jtathāgata gar2haK4 o modo de

e2ist7ncia das coisas4 no +ual o uda4 tathāgata, est) oculto mas ao mesmo

tem-o re!elado( Essa B a *rinalda4 o diadema de -Btalas4 onde est) sentado ocolossal uda Solar4 di@endo com uma das mãos VNão temasV en+uanto a outra

distri<ui todas as <7nçãos da e2ist7ncia( E o -o!o a-on7s +ue a9lui a esse

tem-lo4 admira o uda4 se cur!a humildemente e circumam<ula com

sentimento de *ratidão constitui4 ele -r-rio4 as 9lores da *rinalda4 atra!Bs da

+ual o uda tanto se oculta +uanto se re!ela(

Esse ensinamento B chamado Doutrina do Mundo da Harmonia Total +ue

se Relaciona e 'nter-enetra3 e -ara elucidar sua com-reensão 9oram transmitidasVDe@ Teorias Pro9undasV4 das +uais +uatro serão su9icientes -ara ns no

momento3

%(   A Teoria Pro9unda da Correlação4 se*undo a +ual todas as coisas

coe2istem sur*indo simultaneamente( Elas coe2istem4 alBm do mais4 não a-enas

com relação ao es-aço4 mas tam<Bm ao tem-o4 -ois -assado4 -resente e 9uturo

se incluem mutuamente( VDistintos como são e se-arados como -arecem estar

no tem-o4 todos os seres estão unidos 9ormando uma entidade do -onto de

!ista uni!ersalV(6:=

/(   A Teoria Pro9unda da Li<erdade Total4 se*undo a +ual todos os

seres -e+uenos e *randes4 comun*am entre si sem o<struç.es de maneira +ue o

 -oder de cada um -artici-a do de todos e B4 -ortanto4 ilimitado( 6@smo m um

 %io d ca2lo h0 inXmros lLs d ouro.6 E Uma ação4 -or -e+uena +ue sea4

inclui todas as aç.es(

'#< Takak"s", op% cit& p& 11&'# (!id &, p& 1$7&'## /hilipp arl idmann, >The Trac)a)e o? )he Golden *ion>, )rad"!o e comen)Qrios (inLdi)o%&

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9orte na 9ormação do <udismo -o-ular do a-ão -osterior4 B a se*uinte3 +ue o

=utra do \tus, V Ltus da 0erdadeira LeiV J=addharma#und arīkaK  B4 ele

 -r-rio4 o uda( Pois o Hilda4 durante sua traetria4 ensinou numerosos

caminhos a !)rios *ru-os( Ele ensinou o caminho do dar sem limites4 o caminhodo Hinaana4 o caminho do #rande Deleite e4 no 9inal de seus dias4 com mais

 -ro9undidade4 o Ltus da 0erdadeira Lei( E4 no momento de sua morte4 o uda

disse aos +ue esta!am sua !olta3 VNão lamentem di@endo Nosso Mestre 9oi

em<ora^ O 5u u nsini sr0 vosso @str a#s minha mort. Se aderirem e

 -raticarem meus ensinamentos4 não ser) como se meu Cor-o de Lei \ Dharma]

esti!esse a+ui -ara sem-reIV,?& E o Ltus da 0erdadeira Lei4 a doutrina 9inal4 B

o resumo do resto( Por isso4 o =utra do \tus o Cor-o de Lei do uda(

Mas temos a*ora de acrescentar mais uma idBia3 +ue entre a eternidade eo tem-o Cor-o de Lei e Cor-o de Forma4 a+uilo e isto não h) distinção(

 Não se de!e -ensar +ue em al*um lu*ar e2iste uma Su<stncia uda

 -ermanente4 im!el4 em torno da +ual as +ualidades da realidade se mo!em e

mudam( Pelo contr)rio3 o V!erdadeiroV estado +ue não B estado al*um -ode ser

considerado -ro!isoriamente como o-osto a Veste estadoV +ue B 9enomenico

entretanto4 o meio4 o Caminho do Meio4 est) so<re e acima4 e mais3 B id7ntico a

am<os( uda 0i!ente e seu Cor-o de lei não eram di9erentes um do outrotam-ouco o Cor-o de Lei B outra coisa senão o =utra do \tus. Mas as coisas

i*uais a uma terceira são i*uais entre si -ortanto4 o =utra do \tus é o uda

0i!ente( &pa'( $/1+

Al*o considera!elmente mais com-le2o4 entretanto4 che*ou com o retorno

do se*undo !iaante4 Wo<o Daishi4 +ue ha!ia estudado na China o mistBrio

tntrico indiano conhecido como a V0erdadeira Pala!raV Jsnscrito4 mantra,

chin7s4 chn !n a-on7s4 shingonK. conceito <)sico a+ui B com-ar)!el ao da

Missa Catlica Romana em +ue4 -ronunciando de modo ade+uado as -ala!ras

solenes da consa*ração4 o consa*rado sacerdote o9iciante trans9orma de 9ato o

 -ão e o !inho em cor-o e san*ue de Cristo( As a-ar7ncias -ermanecem4 mas a

su<stncia trans9ormase em Deus( Nas escolas tntricas <udistashindu$stas

tam<Bm -re!alece a idBia de +ue a V0erdadeira Pala!raV -ode -ro!ocar tais

e9eitos( Ali4 entretanto4 h) uma idBia adicional4 essencial a todo -ensamento

oriental4 de +ue a es9era da di!indade4 a es9era <>dica4 est) dentro do -r-rio

cele<rante3 o mila*re ocorre dentro do cele<rante +uem B transu<stanciado B ele<7. irv*na s=tra% Takak"s", op% cit%& pp& 1$<21$&

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  ou ela(

cele<rante4 -or isso4 de!e assumir a -ostura do -rinc$-io <>dico

in!ocado( Por meio dela4 ele entra de imediato em harmonia com esse -rinc$-io

no -ensamento Jdh!ānaK , na -ala!ra JmantraK  e na -ostura cor-oral JmudrāK(Assim4 nosso -r-rio cor-o tornase o uda(

AlBm do mais4 em consonncia com a idBia <udistahindu$sta de

numerosos *raus4 ordens ou 9ormas de mani9estação di!ina4 numerosas ima*ens

sim<licas 9oram associadas com essas mani9estaç.es4 o9erecendo4 -or assim

di@er4 modelos -ara o sistema de -osturas associado com os mantras( Tais

modelos são classi9icados em duas *randes cate*orias3 %( os da coroa do cor-o

do diamante ou raio Jva*raK4  +ue re-resentam as-ectos da es9era do estado

indestrut$!el4 !erdadeiro ou do diamante4 onde a 9i*ura central do *ru-o B o*rande uda Solar4 0airochana4 cercado -or suas emanaç.es4 e /( os do c$rculo

do >tero J gar2haK4  sim<oli@ando a ordem do mundo mut)!el4 +ue 9oi

denominado semente do 5u assim chgou e B sim<oli@ado na arte <udistaindiana -ela deusaltus do mundo(∗

Wo<o Daishi 9e@ os kami de sua terra natal -artici-arem do c$rculo

uterino de maneira +ue en+uanto antes os udas ha!iam sido considerados

kami, a*ora os kami  -odiam ser considerados coisas <>dicas( Com issoalcançouse uma interação <ilateral( Ademais4 com<inouse a ma*ia tntrica

indiana com a tradição 2amanista a-onesa e4 mais uma !e@4 -ro!ocouse uma

interação <ilateral( Essa ordem dual -oderosa4 -o-ular e elitista ao mesmo

tem-o4 era conhecida como ;into$smo R!o2u, V;into$smo de Du-lo As-ectoV(

A seita Tendai uniuse ao mo!imento4 denominando sua a<orda*em V;into$smo

de uma RealidadeV J;into$smo ]chi+*itsuK. De maneira +ue mesmo antes de o

relacionamento com a China ter sido interrom-ido4 o a-ão ha!ia começado a

ela<orar seu -r-rio <udismo(

Foi a-enas na se*unda 9ase do Per$odo Heian4 entretanto4 +ue o a-ão

começou a e2i<ir seu -r-rio estilo atra!Bs de cada as-ecto de seu est)*io

cultural su-erior recentemente assimilado( Pro9( Lan*don arner4 em uma

sens$!el discussão o<ser!a4 -or e2em-lo4 +ue ) nos sBculos ; e ;'4 V+uase

su<itamente e4 com certe@a4 &pa'( $0)+ sem nada de!er s escolas anteriores de

 -intura4 os a-oneses esta!am -rodu@indo lon*os rolos hori@ontais de narrati!as

como o mundo amais tinha !isto( En+uanto os chineses da+uelas dBcadas e de R "upra& pp& $.#2$7&

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dBcadas -osteriores o9ereciam +uadros de -aisa*ens e climas carre*ados de

sensi<ilidade -ara com a nature@a4 os a-oneses o9ereciam narrati!as de

 -ersona*ens sem i*ualV( \(((]

VA di9erença -rinci-alV4 ele conclui4 VB o 9ato de +ue os chineses erame2trema mente interessados em +uest.es de 9iloso9ia4 en+uanto os a-oneses

en9ati@a!am o Homem e o +ue ocorria no mundo material em determinada

B-oca(V,?8

) o<ser!amos +ue na China o !oca<ul)rio do tao$smo associou a idBia do

tao a ordem da nature@a4 no cBu e na terra de maneira +ue o ideal do s)<io era o

de um homem +ue4 como o -r-rio m$stico m$tico Lao TsB4 a<andonara a es9era

social -ela nature@a4 onde sua -r-ria nature@a tinha se desen!ol!ido entre as

no<res in9luencias das montanhas4 )*uas4 )r!ores e nB!oas mara!ilhosas( Poisali4 os mistBrios anunciados no  \ivro das @uta&Ls esta!am em toda -arte4

!is$!eis de di!ersas maneiras e4 -or um -rinc$-io de ressonncia es-iritual4 a

nature@a indi!idual era ali res*atada es-ontaneamente( Na $ndia4 -or outro lado4

o o<eti!o ideal ha!ia sido o de li<erarse JmoO saK , não a-enas da es9era

humana4 mas tam<Bm da csmica(

erudito -ro9essor de Filoso9ia riental4 Dr( Haime NaOamura4 da

Uni!ersidade de T+uio4 9e@ uma o<ser!ação e2tremamente im-ortante em umacon9erencia -ronunciada em Ran*oon em %:55( conceito de li2rdad B

e2-resso em chin7s e a-on7s4 ele o<ser!ou4 -elos mesmos dois ideo*ramas3 os

+ue denotam u e causa Jcausa -r-ria4 automoti!ação4 ou es-ontaneidade4 esse

 -arece ser o sentidoK( VMasV4 o<ser!ou4 Ven+uanto na China li<erdade

si*ni9ica!a li2ra&'o do v$nculo humano JPuhua4 -or e2em-lo4 atuando como

um louco4 tocando constantemente seu sino4 era um s)<io idiotaK4 no a-ão

si*ni9ica!a acita&'o do v$nculo humano 3  -ela dedicação a ati!idades

seculares(V,?5

) acom-anhamos4 na China4 o curso da trans9ormação da doutrina

 <udista indiana de li<ertação em uma doutrina de es-ontaneidade na escola

Chan de Huinen*( Temos a*ora de o<ser!ar no a-ão uma no!a mudança de

7n9ase -ara o mundo dos homens e os homens do mundo3 ou melhor4 essa

mudança de 7n9ase ) 9oi -erce<ida nas -ala!ras do Pr$nci-e ShotoOu4 e na

<7 +arner, op% cit%& pp& $#2.7&<76 ;a8ime Nakam"ra, >The Bi)ali)y o? Ieligion in 0sia>, em Cultural Oreedom in Asia& /roceedings o? aCon?erence ;eld a) Iangoon, -"rma, Fe3& 1<2$7, 1#66 (Charles & T"))le Company, I")land,Bermon) e T"io, 1#6'%, p& 6'&

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doutrina de umemtodosetodosem um do Mundo da Harmonia Total +ue se

Relaciona e 'nter-enetra4 isso *anhou ainda maior !i*or( Na !erdade4 tudo o +ue

 -recisa ser dito a*ora B +ue o resto da histria do <udismo no a-ão B4 de modo

*eral4 re9le2o dos di9erentes !$nculos humanos aos +uais a doutrina 9oi a-licada(A desilusão com o uni!erso era inerente ao <udismo indiano no <udismo

chin7s4 a desilusão era com a sociedade e no a-on7s4 com nada( De maneira

+ue4 en+uanto o re9>*io indiano era o 0a@io e o chin7s a Fam$lia JCon9>cioK ou

a Nature@a JLao TsBK4 o a-on7s não se re9u*ia!a4 mas -ermanecia e2atamente

onde esta!a4 sim-les mente trans9orma!a seus kami em coisas <>dicas e !ia este

 -r-rio mundo com todas suas *rande@as e misBrias como o Mundo do Ltus

Dourado4 imediatamente a+ui e a*ora( &pa'( $0!+

E um dos -rimeiros entre os !)rios !$nculos humanos no a-ão a assumiro <rilho do Ltus Dourado 9oi o mundo do -al)cio da corte Heian( Pro9(

Masaharu AnesaOi escre!e3

Era uma B-oca de V*alanteadores +uimBricosV e Vdon@elas em 9lorV4 de

suntuosos ca!alheiros e damas +ue circula!am no am<iente romntico e arti9icial

da corte im-erial( Era uma B-oca de esteticismo e sentimentalismo4 na +ual se

da!a !a@ão s emoç.es +ue eram re9inadas e culti!adas -ela atmos9era um tanto+uanto ener!ante da ca-ital cio im-Brio( Todos os mem<ros da+uela -itoresca

sociedade4 homens e mulheres4 eram -oetas4 sens$!eis ao encanto da nature@a e

ansiosos -or e2-ressar cada as-ecto dos sentimentos em !ersos( Seu sentimento

de intimidade com a nature@a e com as !ariadas emoç.es do coração humano era

e2-resso -ela -ala!ra aaré, +ue si*ni9ica!a tanto V-iedadeV +uanto

VsolidariedadeV( Esse sentimento tinha ori*em no delicado romantismo da B-oca

ele tam<Bm de!ia muito ao ensinamento <udista da unicidade das e2ist7ncias4 da

unidade <)sica +ue une di9erentes seres e +ue -ersiste atra!Bs das encarnaç.es

mut)!eis de um indi!$duo( A con!icção na continuidade da !ida4 tanto nesta

e2ist7ncia +uanto de-ois4 a-ro9undou o tom sentimental e am-liou o alcance de

aaré.  Não B de estranhar +ue o reinado de aaré tenha -rodu@ido muitas

histrias de amor4 tanto na !ida real +uanto na literatura do -er$odo( ,?6

leitor ocidental reconhecer) em aaré uma +ualidade com-ar)!el do

<7' Masahar" 0nesaki, 1aponese M$tholog$% The M$tholog$ of All 'aces& vol& B@@@, /ar)e @@ (MarshallJones Company, -os)on, 1#$%, p& $#'&

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ideal do tro!ador cortesão do sBculo ;''4 de coração no<re4 suscet$!el ao

sentimento -uro e eno<recedor do amor( Entretanto4 no a-ão4 como o Pro9(

AnesaOi mostra4 o sentimento esta!a a<erto inclusão de tudo o +ue 9osse da

nature@a e do uni!erso(V <udismoV4 ele escre!e4 Vim-rimiu nos *alanteadores +uimBricos e

don@elas em 9lor o sentido da unicidade da !ida(V

Seu sentimento4 aaré, B , -ortanto4 um eco muito sua!e da+uela -ro9unda

a9lição sentida -elo o!em Pr$nci-e #autama em seu -r-rio -er$odo -alaciano

ante a com-reensão da morte( H) uma 9rase4 mono no aaré o shiru, +ue

si*ni9ica Vestar consciente da com-ai2ão das coisasV( Entretanto4 em !e@ de uma

!isão de cemitBrio4 a !isão do mundo dos *alanteadores e don@elas do ardim da

!ida Fuifara era a do 9esti!al da <ele@a das 9lores caindo(

PER%ODO AMAURA" !!0*!$$$ @(C(

"uando os HeiOe 9oram derrotados em 'chinotani e seus 9idal*os e

cortesãos 9u*iram -ara a costa -ara esca-ar em seus na!ios4 Wuma*ai Nao@ane

che*ou ca!al*ando -or uma !ereda atB a -raia4 com a intenção de interce-tar um

dos ca-itães( E2atamente então seu olhar caiu em um ca!aleiro solit)rio +uetenta!a alcançar um dos na!ios( ca!alo +ue monta!a era de cor cin@a e sua

sela de en9eites dourados <rilha!a( Sem du!idar de +ue 9osse um dos -rinci-ais

ca-itães4 Wuma*ai acenou -ara ele com seu a<ano de *uerra4 *ritando3

V0er*onhoso dar as costas ao inimi*o^ 0olta^ 0olta^V

*uerreiro 9e@ o ca!alo dar meia!olta e ca!al*ou de no!o -ara a -raia4

onde &pa'( $0#+ Wuma*ai imediatamente o en9rentou em um com<ate mortal(

Derru<ando o4 atirou se so<re ele o arrancou lhe o ca-acete -ara deca-it)lo4

de-urando com o rosto de um o!em de de@esseis ou de@essete anos4 le!ementeem-oado e com os dentes ene*recidos4 da idade de seu -r-rio 9ilho e com

traços de *rande <ele@a( V"uem Bs tuIV ele -er*untou4 VDi@eme teu nome e

tal!e@ -ou-e tua !ida(V

VNão4 -rimeiro di@e +uem Bs tuV4 res-ondeu o o!em(

VSou Wuma*ai Nao@ane de Musashi4 uma -essoa sem nenhuma

im-ortncia es-ecial(V

VEntão a-anhaste uma <oa -resaV4 disse o o!em( VCorta minha ca<eça4mostraa a al*uns dos meus e eles dirão +uem sou(V

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VComo B um dos l$deres delesV4 -ensou Wuma*ai4 Vse o matar a !itria

não se trans9ormar) em derrota e se o -ou-ar4 a derrota não se trans9ormar) em

!itria( Esta manhã4 +uando meu 9ilho Woiro 9oi a-enas le!emente 9erido em

'chinotani4 isso não me 9e@ so9rerI "uanto o -ai deste o!em iria so9rer aosa<er +ue seu 9ilho 9oi morto^ 0ou -ou-)lo(V

E2atamente na+uele momento4 ao olhar -ara tr)s4 !iu Doi e Waifara

che*ando com cin+enta ca!aleiros( VAi de mim^ olha^V4 e2clamou com

l)*rimas escorrendolhe -elo rosto4 Vmesmo +ue -ou-e tua !ida4 toda a re*ião

est) a-inhada de homens nossos e tu não -oder)s esca-ar deles( Se ti!eres de

morrer4 +ue sea -or minhas mãos4 -ois -ro!idenciarei oraç.es -ara teu

renascimento no Para$so(V

VNa !erdade4 assim tem de serV4 disse o o!em *uerreiro( VCorta minhaca<eça de uma !e@(V

Wuma*ai 9icou tão tomado de com-ai2ão +ue mal -de <randir a es-ada(

Seus olhos inundaramse e mal sa<ia o +ue esta!a 9a@endo4 mas não ha!ia sa$da

lamentando amar*amente4 ele cortou a ca<eça do menino( VMeu deus^V4 *ritou4

V+ue !ida B tão dura +uanto a de um soldadoI S -or ter nascido em uma 9am$lia

de *uerreiros -reciso so9rer tamanha a9lição^ "uão lament)!el B cometer atos

tão cruBis^V Ele a-oiou o rosto no <raço da armadura e chorou amar*amente(Então4 em<rulhando a ca<eça4 começou a tirar a armadura do o!em e desco<riu

uma 9lauta em um saco de <rocado( VAhV4 ele e2clamou4 V9oi este o!em com

seus ami*os +ue esti!eram se di!ertindo com m>sica entre as muralhas hoe -ela

manhã( Entre todos nossos homens das Pro!$ncias rientais du!ido +ue haa um

+ue tenha tra@ido uma 9lauta consi*o( "ue delicadas as maneiras destes

cortesãos^V

"uando le!ou a 9lauta ao Comandante4 todos os +ue a !iram como!eram

se as l)*rimas desco<riuse então +ue o o!em era Atsumori4 o 9ilho mais no!o

de Tsunemori4 de de@esseis anos( Na+uele momento4 a mente de Wuma*ai

!oltouse -ara a !ida reli*iosa(,?,

A data B %%=8 a ocasião cada e2tinção do clã Taira JHeiOeK -elo

Minamoto J#eniK o -er$odo4 o do in$cio dos +uatro sBculos e um +uarto de

<7< .ei+e Monogatari (The Tale of .ei+e> The Death of Atsumori %& )rad"!o de 0&*& Sadler, em :onaldeene (ed&%, Antholog$ of 1apanese 0iterature& NSC Collec)ion o? Iepresen)a)ive +orks (Grove/ress, Nova York, 1#66%, pp& 1<#211&

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dis-utas 9eudais4 -aralelas s da Euro-a desde a 9amosa Terceira Cru@ada ale o

assassinato da Rainha Mar da Esccia4 e o sentimento é aaré VAi^ ai de

mim^V &pa'( $0$+

s *uerreiros do islamismo estão destruindo a 1ndia os mon*is estão naChina e a Horda Dourada nas R>ssias so<re as )*uas do Pac$9ico4 a leste do

a-ão4 reis *uerreiros -olinBsios rei!indicam cada -almo do !asto mar4 e do

outro lado do oceano4 dois im-Brios militares sacerdotais4 o 'nca e o Asteca4

estão sendo constru$dos so<re carne e ossos esma*ados( s centros

caracter$sticos de todas as reli*i.es da B-oca são os suntuosos -al)cios

9orti9icados e o cam-o armado4 a ca<ana do cam-on7s e a aldeia i*norante4 os

tem-los e catedrais m)*icos le!ados ao a-o*eu de es-lendor icono*r)9ico nesse

 -er$odo4 e as crescentes cidades 9er!ilhando( Como na Euro-a4 tam<Bm no a-ãodesco<rimos a cortesia da nata do ca!aleirismo4 <anditismo4 aaré e o coração

delicado4 mon*es militares4 claustros -ara meditação e damas com seus li!ros de

ca<eceira(

Sa<emos tam<Bm de uma no!a ordem de 9rades4 +ue usa!am sand)lias e

mantos es9arra-ados4 !i!endo entre os -o<res e au2iliandoos3 na Euro-a4

Dominico J%%,?%//%K e Francisco J%%=/%//6K4 no a-ão4 Honen J%%&&%/%/K

e Shinran J%%,&%/6/K( <udismo do -er$odo WamaOura J%%=5%&&&K era de duas tend7ncias3

 *iriki, V9orça -r-ria e autocon9iançaV4 e tariki, V9orça de outro4 sal!ação -or

intercessãoV( A >ltima era re-resentada -rinci-almente -elo culto a Amida a

 -rimeira -elo Zen( s -rinci-ais mestres do culto a Amida 9oram os santos

Honen e Shinran do Zen4 Eisai J%%8%%/%5K e Do*en J%/??%/5&K( E as es9eras

sociais nas +uais 9loresceu tariki eram so<retudo os +uartos das damas no<res e

as aldeias dos -o<res4 en+uanto  *iriki 9loresceu nos acam-amentos de *uerra

masculinos(

sim-les ato de a-elar -ara Amida era conhecido no a-ão ha!ia muitos

anos( Ennin4 cuo di)rio da -erse*uição chinesa ) citamos4 ao re*ressar ao a-ão

era de!oto e di!ul*ador de Amida( Muitos sacerdotes -o-ulares -eram<ulando

 -elas aldeias tam<Bm tinham ensinado seu nome( Entretanto4 a 9undação 9ormal

de uma seita es-ec$9ica4 a da Terra Pura JodoK4 como -arte da comunidade

Mahaana mas com seus -r-rios mon*es4 monas e tem-los 9oi o<ra do santo

Honen4 mensa*eiro do -ara$so do uda -ara os -o<res(  -amu mida Butsu,VLou!ado sea uda AmidaV4 as-iração de!ota -ronunciada re-etidamente em

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todas as ocasi.es <em como em ser!iços reli*iosos es-eciais entre lu@es4 sinos4

incensos e tudo mais4 9oi institu$da em toda sua missão como tradição

9undamental de -rodi*iosa in9lu7ncia na !ida reli*iosa do a-ão( E a 9inalidade

não era o Estado de uda ou a iluminação a+ui na terra4 mas uma !ida -smorte de <eatitude4 -ela +ual4 no de!ido momento4 se alcançaria o nir!ana(

mBtodo não B a -r)tica de +uais+uer disci-linas de autocon9iança4 mas a

in!ocação de!ota4 sol$cita4 con9iante no !oto do uda( E o <ene9$cio terreno B

uma mudança no coração4 como resultado dessa sim-les -r)tica reli*iosa

9acilmente acess$!el a todos(

Honen tinha a-enas = anos de idade +uando seu -ai 9oi assassinado4

morrendo com o deseo de +ue o 9ilho <uscasse não a !in*ança4 mas o uda4 e o

menino entrou na+uele ano na ordem Tendai como sacerdote( Aos 8/ anos deidade 9oi tomado -elo sentimento de de!oção ao nome de Amida e4 assim4 -elo

resto da !ida4 le!ou sua &pa'( $05+ mensa*em a um -o!o su<itamente dominado

 -ela !iol7ncia4 *ritos de *uerra e heris de am<os os lados(

Mas a com-leta assimilação de Amida na !ida secular do a-ão s 9oi

reali@ada -or seu -rinci-al disc$-ulo Shinran +ue -erdeu o -ai +uando linha &

anos e a mar +uando linha =4 tornandose sacerdotecriança da ordem Tendai(

Aos /= anos encontrou Honen4 +ue morreu +uando Shinran tinha &:( A ino!açãoreali@ada -or Shinran no culto de Amida era du-la( Em -rimeiro lu*ar4

reeitando o ideal mon)stico como não !)lido -ara o a-ão4 dei2ou o mosteiro4

assumiu a 9unção de lei*o e se casou( A lição dessa atitude era +ue a adoração

não B uma tare9a es-ecial ou um modo -articular de !i!er4 mas coe2iste com a

!ida4 B id7ntica tare9a cotidiana da -essoa4 +ual+uer +ue sea( E em se*undo

lu*ar4 ele en9ati@ou não o !oto e o -ara$so de Amida4 mas a crise do des-ertar no

 -r-rio interior do de!oto4 +ue chamou Vo des-ertar da 9BV4 cuo sentido era uma

!erdadeira reali@ação J+ue -odia4 entretanto4 -ermanecer inconsciente en+uanto

transmuta!a cada as-ecto do -ensamento4 -ala!ra e ação da -essoaK da realidade

da !erdade da Grinalda d lors um B todos e todos são um( unto com este

des-ertar est) a *ratidão ao mundo4 e -ronunciar o nome -assou a ser uma ação

de *raças( Na !erdade4 o mBtodo a*ora não B4 como no odo de Honen4

 -ronunciar o nome4 mas !i!er a !ida e escutar a doutrina em atitude de *ratidão4

culti!ando a 9B no mistBrio sim<oli@ado na 9i*urado uda Amida Solar( E o

des-ertar che*a4 não -elo es9orço4 mas -or si mesmo(,?=

<7 /hihpp arl idmann, e) a)&, The 0ions 'oar& vol, @& nW . (03ril, 1#6%, passim, e Takak"s", op% cit%&

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Por outro lado4 no Zen4 +ue no -er$odo de sua introdução no a-ão se

tornou o <udismo dos samurais4 encontramos uma !isão essencialmente não

teol*ica so<re o -ro<lema da !ida iluminada( Todas as coisas são coisas

 <>dicas( Estado de uda B inerente( lhe dentro e o uda ser) encontrado(Aa nesse sentido e o Estado de uda atuar)( A li2rdad JVautomoti!açãoV4

Ves-ontaneidadeVK B4 ela -r-ria4 a mani9estação do uda Solar4 +ue

e*ocentrismo4 ansiedade4 medo4 im-osição4 racioc$nio etc(4 a-enas im-edem4

distorcem e <lo+ueiam( Na 1ndia4 no sistema io*ue de Patanali4 o -ro-sito da

io*a era descrito como Va interru-ção intencional da ati!idade es-ontnea dasu<stncia mentalV(∗ No Zen4 -elo contr)rio4 o o<eti!o B4 antes4 dei2ar o esto9o

da mente 9uncionar es-ontaneamente em toda sua mo<ilidade(

Sentado im!el4 sem la@er nada4

A -rima!era che*a e a *rama cresce -or si mesma(

VEsse -or si mesma%V4 o<ser!a Alan ( atts4 VB a maneira natural de

a*ir da mente e do mundo4 como +uando os olhos !7em -or si mesmos e os

ou!idos ou!em -or si mesmos e a <oca a<rese -or si mesma4 sem ter +ue ser

9orçada -elos dedos(V,?:

E no conte2to da arte <Blica3 VA -er9eição na arte do maneo de es-adas BalcançadaV4 escre!eu Eu*en Herri*el em  rt 7avalhirsca do r5uiro Hn,

V+uando o coração não est) mais -ertur<ado -ela idBia de Eu e 0oc74 do

ad!ers)rio com sua es-ada4 da -r-ria es-ada e como em-unh)la -or

nenhum -ensamento4 nem &pa'( $0*+ mesmo so<re a !ida e a morte( Tudo B

!acuidade3 seu -r-rio eu4 a es-ada !elo@4 e os <raços +ue a <randem( Mesmo o

 -ensamento de !acuidade não est) mais -resente( Desse !a@io a<soluto4 a9irma

TaOuan4 sur*e a mais sur-reendente mani9estação de ação(V,%?

AtB certo -onto4 +ual+uer *rande atleta ou ator reconhecer) esta >ltima

a9irmação como a+uilo +ue chamamos Vestar em 9ormaV( Zen4 -odese di@er4 B

a arte de Vestar em 9ormaV -ara tudo4 o tem-o todo( Não h) <lo+ueio3 tudo 9lui

 -er9eitamente( E o Estado de uda est) nisto na medida em +ue não h)

e*ocentrismo intrusi!o em ação( e*ocentrismo est) em ação a-enas no

ne9ito4 no amador4 no o*ador desastrado no -ro9issional -er9eitamente

pp& 1''21<6& R "upra& p& .1&<7# 0lan +& +a))s& The 5a$ of Nen (/an)heon -ooks, Nova York, 1#6<%, p& 1.&<17 "gen ;errigel, Nen in the Art of Archer$ (/an)heon -ooks, Nova York, 1#6.%, p& 17&

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treinado não e2iste( E assim4 encontramos no Zen4 -or assim di@er4 o Estado de

uda de com-et7ncia nas artes( Na arte do samurai4 era a-licado arte <Blica(

 Nos -er$odos -osteriores e em outras es9eras da !ida no a-ão4 seus -rinc$-ios

eram a-licados a todas e +uais+uer artes3 nos mosteiros4 arte da meditação nasala de ch)4 arte de ser!ir o ch)4 e i*ualmente na -intura4 cali*ra9ia etc(4 ao ato

Vem 9ormaV(

E a*ora4 9inalmente4 de!emos notar mais um im-ortante mo!imento3 o do

9ilho im-etuoso de um -escador4 Nichiren4 +ue -er*untou a si mesmo +uando

tinha +uin@e anos3 V"ual 9oi a 0erdade ensinada -elo udaIV4 e em sua <usca

decidiu +ue um redes-ertar da escola Tendai re-resentaria a a<orda*em mais

 -r2ima da+uela !erdade( Pois e nela +ue se en9ati@a a idBia da+uele -rinc$-io

>ltimo do Estado de uda +ue B eterno4 o uda de idades imensur)!eis4 sem-reatuante como o 'luminador4 do +ual os udas histricos4 udas de Meditação4

 Bodhisattvas e demais não -assam de 9ormas a-arentes( s termos Vuda da

Posição ri*inalV e Vuda da Mani9estação +ue Dei2a RastrosV resumem a

dicotomia( Por isso4 Nichiren denunciou todos os outros caminhos +ue esta!am

sendo ensinados como de!oç.es ilusrias a meros rastros( Eles são do reino de

u#ā!a, Va-ro2imaç.esV4 Vm)scarasV ou Ve2-edientesV4 !isto +ue o V>nico !e$culo

 -ara todosV4 o >ltimo da se*unda metade do =utra do \tus, mostra oensinamento do Reino da ri*em(

 Nichiren condenou Honen como inimi*o de todos os udas4 escrituras4

s)<ios e -o!os de todos os tem-os e -ediu ao *o!erno +ue inter!iesse -ara

aca<ar com sua heresia3 odo e o in9erno Zen4 o demnio Shin*on4 a ru$na

nacional( -r-rio Nichiren 9oi atacado e <anido mas !oltou( Ele !ia no a-ão

a terra do destino <udista4 da restauração do <udismo e4 em conse+7ncia4 da

iluminação do mundo( Na+uela B-oca4 a dinastia mon*ol chinesa ameaça!a

seriamente in!adir o a-ão( Nichiren4 cuo nome si*ni9ica Ltus JrnK  do Sol

JnichiK4  declarou +ue sua re9orma reli*iosa sal!aria a histria( VSerei o

sustent)culo do a-ão serei os olhos do a-ão serei o reci-iente do a-ãoV4 ele

escre!eu e começou a considerarse o odhisatt!a 0ishishtacharita JVAção

MeritriaVK4 a +uem o uda tinha con9iado o tra<alho de -rote*er a !erdade(,%%

Em seu culto4 como no Tendai4 B o =utra do \tus +ue rece<e adoração e a

 -rece re-etida4 *ritada mesmo4 acom-anhada das <atidas dondon dondoOo

dondon de um tam<or4 B  -amu @!h+rng+k! V0i!a o Ltus da<11 Takak"s", op% cit%& pp& 1<'21&

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0erdadeira Lei^V E so@inho4 &pa'( $0-+ no 9inal4 solit)rio em um eremitBrio na

montanha4 ele escre!eu3 VSei +ue meu -eito B o lu*ar onde todos os udas estão

imersos em contem-lação sei +ue eles *iram a Roda da 0erdade so<re minha

l$n*ua +ue minha *ar*anta os 'aQ nascer4 e +ue eles estão alcançando a Su-rema'luminação em minha <oca( \(((] Assim como a 0erdade B no<re4 tam<Bm o B o

homem +ue a cor-ori9ica assim como o homem B no<re4 lam<em o e o lu*ar em

+ue ele resideV(,%/

s n>meros re9erentes s -essoas +ue4 no a-ão4 se declaram ade-tas das

seitas +ue !imos são atualmente mais ou menos os se*uintes3,%& Amida JShinshu

e todoK3 %&(/&=(:/8 Nichiren3 :(%/?(?/= Shin*on3 ,(5&?(5&% Zen JRin@ai e

SotoK3 8(&%,(58% Tendai3 /(%8%(5?/ We*on3 5,(6/?4 e todas as outras seitas

 <udistas3 6?=(&=5(

V( O CAMIN8O DOS 8ERQIS

VFomos con!idados a acom-anhar a testemunha a-onesa ao hondo ou

recinto -rinci-al do tem-lo4 onde a cerimnia seria reali@ada( Era uma cena

im-onente(V Assim começa o relato de A(( Mit9ord so<re um ritual de suic$dio

 a-on7s(

Um !asto salão de teto alto sustentado -or -ilares escuros de madeira3 do

leio -endia uma -ro9usão de imensos lustres dourados e ornamentos -eculiares

aos tem-los <udistas4 em 9rente ao altarmor4 o chão ele!ado a uns , a %? em

  esta!a co<erto com <elas esteiras <rancas4 so<re as +uais 9ora colocado um

ta-eie de 9eltro escarlate( 0eias altas dis-ostas a inter!alos re*ulares re9letiam

uma -)lida lu@ misteriosa4 a-enas su9iciente -ara -ermitir +ue se !isse o

desenrolar da cena( s sete a-oneses tomaram seus lu*ares es+uerda do chão

ele!ado os sete estran*eiros4 direi ta( Não ha!ia nenhuma outra -essoa

 -resente(

De-ois de um inter!alo de al*uns minutos de ansiosa e2-ectati!a4 TaOi

Zen@a<uro4 um homem 9orte de trinta e dois anos4 de ar no<re4 entrou no recinto

!estindo seu h)<ito de cerimnia4 com as asas de cnhamo -r-rias s *randes

ocasi.es( Che*ou acom-anhado de um kaishaku e tr7s o9iciantes4 +ue usa!am o

<1$  Masahar" 0nesaki, ichiren& the Buddhist Prophet (;arvard niversi)y /ress, Cam3ridge,Massach"se))s, 1#1'%, p& 1$#&<1. 'eligions in 1apan at Present (@ns)i)")e ?or Iesearch in Ieligio"s /ro3lems, T"io, 1#6%, p& 6&

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 *im2aori ou cota com en9eites ele tecido dourado( A -ala!ra kaishaku, de!ese

notar4 não B o termo e+ui!alente a nossa -ala!ra vrdugo. o9$cio B o de um

ca!alheiro( Em muitos casos4 ele B desem-enhado -or um -arente ou ami*o do

condenado e a relação entre eles B antes a de che9e e su<ordinado +ue a de !$timae carrasco( Nesse caso4 o kaishaku era um -u-ilo de TaOi Zen@a<uro e 9oi

escolhido -or e entre ami*os do >ltimo -or sua ha<ilidade no maneo da es-ada(

TaOi Zen@a<uro e o kaishaku sua es+uerda a!ançaram lentamente em

direção s testemunhas a-onesas ante as +uais se cur!aram4 e lo*o se diri*iram

aos estran*eiros saudandonos da mesma 9orma4 tal!e@ ainda com mais

de9er7ncia em am<os os casos a saudação 9oi cerimoniosamente retri<u$da( Com

lentidão e *rande di*nidade o homem condenado su<iu ao chão ele!ado4

 -rostrouse duas !e@es diante do altarmor e sentouse no ta-ete de 9eltro de

costas -ara o altar( kaishaku aoelhouse sua &pa'( $0/+ es+uerda( Então4 um

dos tr7s o9iciantes a-ro2imouse tra@endo uni su-orte do ti-o usado nas

o9erendas dos tem-los4 so<re o +ual4 em<rulhado em -a-el4 esta!a o aki/ashi, a

es-ada curta ou ada*a dos a-oneses4 com /5 em de com-rimento4 com a -onta e

o *ume tão a9iados +uanto os de uma na!alha( Ele entre*oua4 -rostrandose4 ao

condenado4 +ue a rece<eu com re!er7ncia4 ele!andoa atB a ca<eça com am<as as

mãos e colocandoa diante de si(De-ois de outra -ro9unda re!er7ncia4 TaOi Zen@a<uro4 numa !o@ +ue

e2-ressa!a tanta emoção e hesitação +uanto se -ode es-erar de um homem +ue

9a@ uma con9issão dolorosa4 mas sem nenhum sinal4 nem no rosto4 nem no *esto4

9alou assim3

VEu e a-enas eu4 inusti9icadamente4 dei ordem de atirar nos estran*eiros

em Wo<e e4 ainda4 +uando eles tentaram esca-ar( Por esse crime eu estri-o a mim

mesmo e -eço a !oc7s +ue estão -resentes +ue me d7em a honra de testemunhar

o ato(V

Cur!andose outra !e@4 o orador dei2ou cair suas rou-as su-eriores atB o

cinto4 desnudando o torso( Cuidadosamente4 de acordo com o costume4 -rendeu

as man*as so< os oelhos -ara im-edir sua +ueda -ara tr)s4 -ois um no<re

ca!alheiro a-on7s de!e morrer caindo -ara a 9rente( Com mão 9irme -e*ou o

 -unhal +ue esta!a sua 9rente olhou -ara ele ansiosamente4 +uase com a9eição

 -or um momento4 -areceu untar seus -ensamentos -ela >ltima !e@ e4 então4

a-unhalandose a<ai2o da cintura do lado es+uerdo4 -u2ou a ada*a lentamente -ara o lado direito e4 !irandoa na 9erida4 9e@ um le!e corte -ara cima( Durante

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essa re-u*nante e dolorosa o-eração4 não mo!eu um s m>sculo da 9ace( "uando

 -u2ou a ada*a -ara 9ora4 inclinouse -ara a 9rente e esticou o -escoço s então

uma e2-ressão de dor atra!essou seu rosto4 mas não emitiu nenhum som(

 Na+uele momento o kaishaku +ue4 ainda a seu lado4 o<ser!a!a atentamente cadamo!imento4 le!antouse e <randiu a es-ada -or um se*undo no ar hou!e um

clarão4 um ru$do -esado e surdo4 uma +ueda estre-itosa com um *ol-e4 a ca<eça

linha sido se-arada do cor-o(

Se*uiuse um silencio de morte4 interrom-ido a-enas -elo ru$do hediondo

do san*ue orrando da ca<eça inerte diante de ns4 +ue h) a-enas um instante

tinha sido a de um !alente homem no<re( Foi horr$!el(

kaishaku 9e@ uma -ro9unda re!er7ncia4 lim-ou a es-ada com um -edaço

de -a-el -r-rio -ara isso e retirouse do chão ele!ado( A ada*a ensan*entada

9oi solenemente le!ada em<ora -ro!a !i!a da e2ecução(

s dois re-resentantes do micado dei2aram então seus lu*ares e4 diri*indo

se -ara onde esta!am as testemunhas estran*eiras4 con!ocaramnos a atestar +ue

a sentença de morte so<re TaOi Zen@a<uro ha!ia sido 9ielmente cum-rida( Tendo

aca<ado a cerimnia4 dei2amos o tem-lo(,%8

Passouse um lon*o -er$odo desde o tem-o das cidadesestados hier)ticase as tum<as reais de Ur e no entanto o -rinc$-io <)sico a+ui4 como l)4 e o da

total e solene identi9icação do indi!$duo com o -a-el +ue lhe e socialmente

atri<u$do( A !ida na ci!ili@ação B conce<ida como uma *randiosa e no<re

re-resentação +ue se desenrola no -alco do mundo4 e a 9unção de cada um B

re-resentar sua -arte sem &pa'( $00+ resist7ncias resultantes de +ual+uer 9alha da

 -ersonalidade4 TaOi Zen@a<uro4 em 9eria ocasião4 inter-retara mal seu -a-el(

Ha!ia4 entretanto4 um estilo ade+uado -aia sair tio -alco +ue4 em seu ri*or4 deu

lhe a o-ortunidade de -ro!ar +ue sua identi9icação 9undamental não era com a

 -ersona*em res-ons)!el -elo incidente Jou sea4 ele -r-rio como indi!$duo

atuando li!rementeK4 mas com seu -a-el( E4 no mesmo es-$rito4 lemos nos anais

 a-oneses in>meros relatos de homens e mulheres *alantes +ue no desem-enho

de seus -a-Bis 9oram de <om *rado morte da maneira mais im-ressionante4

no ritual conhecido como *unshi, com-anheiros na morte(

<1 0&-& Mil?ord, Tales of Lld 1apan (Macmillan and Co&, *ondres, 1<1%, pp& $.$2$.'= ci)ado por @nazoNi)o3L, Bushido> The "oul of 1apan (Tei3i /"3lishing Company, T"io, 1#11, 1<2 edi!o, revis)a eampliada%, pp& 17'2111&

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As 9i*uras hania colocadas em !olta dos outeiros tumulares do -er$odo

_amato eram su<stitutos das !$timas !i!as -orBm o costume de !i!os

acom-anharem os mortos -ermanece no a-ão atB o -resente( No -er$odo das

*randes *uerras 9eudais ele 9oi re!i!i9icado e4 +uando um daim!o morria4 +uin@eou !inte de seus criados estri-a!amse( A se*uir4 durante sBculos4 mesmo contra

as re*ras 9irmes do ;o*unato ToOu*afa J%6?&%=6=K4 VatoresV hericos da

anti*a escola insistiram em continuar a re-resentação( Deso<edecendo ordens

e2-ressas4 -or e2em-lo4 um certo Uemon no Ho*e estri-ouse no 9inal do

sBculo ;0'' -or ocasião da morte de seu senhor4 Oudaura Tadamasa4 e o

*o!erno -rontamente con9iscou as terras de sua 9am$lia4 e2ecutou dois de seus

9ilhos e mandou o resto dos -arentes -ara o e2$lio( utros se*uidores leais4

+uando seus senhores morriam4 ras-a!am a ca<eça e se torna!am mon*es <udistas(,%5 E ainda em %:%/4 o conde e *eneral No*i4 heri de Porto Artur4

suicidouse na hora e2ata do enterro do micado Meii Tenno4 e sua mulher4 a

condessa No*i4 matouse então -ara acom-anhar o marido(,%6

A conduta ade+uada da mulher no caso era cortar o -escoço de-ois de

amarrar as -ernas untas com um cinto -ara +ue4 +uais+uer +ue 9ossem seus

estertores4 o cor-o 9osse encontrado de!idamente com-osto(,%,

E h) um interessante e <re!e -oema cele<rando o suic$dio de No*i4 escrito -or RuiOo Wuroifa4 editor do ornal <oro/o 7hoho

Falsamente considereio

Um !elho soldado3

Hoe4 reconheçoo

Deus encarnado(,%=

 Bushido, Vo Caminho Jdo, tao m chin8sK do #uerreiro J2ushiKV4  9oi

denominado a alma do a-ão( Eu diria4 em sentido mais am-lo4 +ue B a alma do

riente4 e4 ainda mais am-lo4 a alma do mundo arcaico( Pois B o ideal hier)tico

da re-resentação -oderosa(

VI( O CAMIN8O DO C8Á<16 *a?eadio ;earn, 1apan (Grosse) and :"nlap, Nova York, 1#7%, pp& .1.2.1&<1' Ci)ado em As Máscaras de Deus - Mitologia Primitiva& p& .7&<1< Ni)o3L, op% cit%& pp& 1$#21.7&<1Ci)ado da o3ra de Genchi a)o, "hinto in Essence& as (llustrated !$ The Oaith in a GlorifiedPersonalit$ (The Noki Shrine, T"io, 1#6%, p& 1$&

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0imos +ue na Meso-otmia4 -or !olta de /5?? a(C4 uma -sicolo*ia de

dissociação m$tica +ue<rou o anti*o encantamento da identidade do homem com

o di!ino4 se-aração +ue 9oi herdada -elos sistemas m$ticos -osteriores docidente4 mas não &pa'( $01+ ocorreu nem no E*ito nem no riente a leste do

'rã( a-ão -artici-a do sistema oriental e4 de 9ato4 B seu re-resentante mais

!ital no mundo moderno(

PorBm4 h) al*o não menos im-ortante +ue o a-ão com-artilha com o

cidente e +ue eu delinearia mais em termos de tem-o +ue de *eo*ra9ia -ois4

em<ora em mar*ens o-ostas do continente asi)tico4 o a-ão e a Euro-a ocidental

amadureceram mais ou menos simultaneamente e no mesmo ritmo( -er$odo

_aoi J&?? a(C(&?? d(C(K -ode ser com-arado com o celta euro-eu e o _amatocom o -er$odo da ^Ulkrandrung *ermnica( A B-oca da che*ada e

 -ro-a*ação inicial do <udismo4 desde o rece<imento do -resente coreano atB o

tBrmino da relação com a China Tan* J55/=:8K4 -ode ser com-arada com o

 -er$odo contem-orneo euro-eu mero!$n*iocarol$n*io Jc.5??:??K( '*ualmente4

os sBculos de esteticismo -alaciano do -er$odo Heian su*erem em muitos

sentidos o 9lorescimento das artes do amor nas cortes da Euro-a4 en+uanto em

am<os os dom$nios uma sBrie de mo!imentos reli*iosos si*ni9icati!os a-areceno sBculo ;''' JHonen4 Shinran4 Eisai4 Nichiren Dominico4 Francisco4 A+uinoK(

De-ois disso4 no a-ão atB %6&= Je2-ulsão dos esu$tasK e na Euro-a atB %68=

J9im da #uerra dos Trinta AnosK4 so<re!ieram -er$odos com-ar)!eis de

desinte*ração das relaç.es 9eudais e lutas reli*iosas e din)sticas cada !e@ mais

9ero@es(

[ im-ortante notar ainda +ue no a-ão do sBculo ;'0 as coisas che*aram

a tal -onto +ue4 de %&&: a %&:/4 hou!e dois micados4 cada um a-oiado -or uma

*rande 9am$lia 9eudal en+uanto na Euro-a de %&,= a %8%= hou!e dois4 e atB tr7s

 -a-as e2comun*ando um ao outro( Lan*don arner o<ser!ou na arte e !ida

 a-onesas durante o 9inal do sBculo ;'0 e in$cio do ;04 uma no!a Vtend7ncia

semi-ro9anaV( VPois4 como na Renascença euro-Bia4 aca<ou a tradição anti*a

onde todas as artes eram essencialmente su<ordinadas reli*ião(V,%: arner não

9oi o >nico estudioso ocidental +ue indicou tais analo*ias( Um o<ser!ador

9ranc7s de uns cin+enta anos atr)s4 M( de la Ma@elire4 escre!eu o se*uinte3

<1# +arner, op% cit%& p& 6&

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Por !olta da metade do sBculo ;0'4 indo era con9usão no a-ão no

*o!erno4 na sociedade4 na i*rea( Mas as *uerras ci!is4 os h)<itos retornando

 <ar<)rie4 a necessidade de cada um 9a@er ustiça -or si mesmo4 9ormaram homens

com-ar)!eis aos italianos do sBculo ;0'4 em +uem Taine lou!a Va !i*orosainiciati!a4 o h)<ito de resoluç.es r)-idas e em-reendimentos arroados4 a *rande

ca-acidade de 9a@er e so9rerV( No a-ão como na 't)lia Vos h)<itos rudes da 'dade

Media 9i@eram do homem um animal no<re4 inteiramente com<ati!o e

inteiramente resistenteV( E B -or isso +ue o sBculo ;0' a-resenta no mais alto

*rau a -rinci-al +ualidade da raça a-onesa3 a+uela *rande di!ersidade +ue se

encontra entre as mentes4 <em como entre os tem-eramentos( En+uanto na 1ndia

e mesmo na China os homens -arecem di9erir -rinci-almente em n$!el de ener*ia

ou inteli*7ncia4 no a-ão eles di9erem tam<Bm -ela ori*inalidade de car)ter( \(((]

Usando uma e2-ressão cara a Niet@sche4 -oder$amos di@er +ue na Ásia

continental 9alar de humanidade B 9alar de suas -lan$cies tanto -ara o a-ão

como -ara a Euro-a4 B 9alar de suas montanhas(,/? &pa'( $1)+

utro Fato a ser notado B o da -aisa*em3 o a-ão e a Euro-a carecem

da+ueles imensos desertos +ue na Ásia im-rimem no es-$rito humano uma

su<lime indi9erença do uni!erso -ara com o homem( As sua!es -aisa*ensencantadoras4 onde as +uatro estaç.es se e2i<em ao -ra@er do homem4 su*erem

um mundo -re9erencialmente a-ro-riado humanidade um mundo +ue tem o

 -oder mesmo de humani@ar a humanidade( 'sso -ode ter 9acilitado a mudança de

9oco no a-ão4 +ue a<andonou as -aisa*ens naturais dos *randes mestres

chineses em 9a!or de cenas de re*i.es -o!oadas4 cidades !i!idas e ur<anas( A

 <recha entre os caminhos do homem e os da nature@a não 9oi tão *rande ou

 -erce-t$!el no a-ão +uanto na China(

De +ual+uer maneira4 a +uestão 9inal +ue eu colocaria nesta <re!e

 -es+uisa do 9uncionamento e trans9ormaç.es da mitolo*ia no a-ão4 B +ue4 no

curso de +uatro sBculos som<rios de desinte*ração 9eudal4 9orouse4 como em

uma 9ornalha de alta tem-eratura4 uma e2traordin)ria ci!ili@ação de nature@a

!$trea4 em<ora intensamente -un*ente4 em +ue as +ualidades de toda a herança

reli*iosa do E2tremo riente 9oram transmutadas -ara 9ins seculares( As liç.es

 -r)ticas +ue os a-oneses assimilaram da herança mitol*ica nota!elmente

com-le2a4 mas solidamente sinteti@ada4 -odem ser assinaladas da se*uinte<$7 Ci)ado por Ni)o3L, op% cit%& pp& 1#2$7&

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9orma3 aK a !isão 2into$sta do mundo4 se*undo a +ual os -rocessos da nature@a

não -odem ser maus4 unto com o 9er!or 2into$sta -ela -ure@a e -ela casa tão

lim-a +uanto o coração4 onde os -rocessos se tornam mani9estamente

desim-edidos4 -ro-iciando o reconhecimento do es-anto ine9)!el nas -e+uenascoisas e4 em se*uida4 <K a lição <udista da Grinalda d lors, cua ess7ncia B

+ue o lodo B um e o um B o todo4 ori*inandose mutuamente o +ue

acrescentou uma ma*nitude sin*ular m$stica 2into$sta4 cK o sentimento tao$sta

da ordem da nature@a e o con9uciano do ao nas relaç.es humanas4 unto com o

 <udista de +ue todas as coisas se encaminham ao Estado de uda4 +ue ) est)

nelas4 dK a idBia do l$der e seus  se*uidores e4 em conse+7ncia4 o

reconhecimento <udista do so9rimento4 não com re-ulsa !iolenta JHinaanaK

mas com com-ai2ão a9irmati!a4 solidariedade4 -iedade e Vconsci7ncia dacom-ai2ão de todas as coisasV Jmono no aaré o shiruK ,YJ eK o ensinamento de

Shinran4 -ara +uem o caminho do a-ão não era o do ascetismo4 mas o da !ida

normal do homem comum4 !i!ida a-ro-riadamente e com es-irilo de *ratidão

 -elo des-ertar da 9B na realidade da Grinalda d lors 3 o +ue ocorrer) de

maneira es-ontnea e 9K a 7n9ase adicional do Zen da -erse!erança na disci-lina4

!isando a ação li!re e natural( Atra!Bs de todas estas liç.es -romo!eramse as

!irtudes hericas 9undamentais do no<re Caminho do #uerreiro3 lealdade comcora*em4 !eracidade4 autocontrole e <ene!ol7ncia4 <em como dis-osição -ara

desem-enhar inteiramente o -a-el atri<u$do a cada um na re-resentação da !ida(

E do sBculo ;'0 em diante essas liç.es -rodu@iram um le+ue de artes

seculares4 tanto -o-ulares +uanto de elite4 mutuamente enri+uecedoras4

 -re!alecendo em todas uma ordem estBtica de encantamento( s ardins 9oram

 -roetados de maneira a le!ar a -r-ria nature@a ao m>lti-lo o*o sim<lico4 não

como seu mero teatro4 mas como -artici-ante ati!a4 e!ocando um

reconhecimento tanto da humanidade +uanto de &pa'( $1!+ al*o mais +ue

!em a ser o mesmo3 *randes ardins4 a<rindose -ara !istas de aldeias distantes

 -e+uenos ardins interiores( Sentimos o sa<or do !erso Zen3

Uma lon*a coisa B o lon*o Cor-o do uda

Uma coisa curta B o Cor-o curto do uda(,//

<$1 /or essa par)ic"lar parQ?rase da idLia, agradeo a 0lan +& +a))s (com"nica!o pessoal%&<$$ enrin, verso ci)ado por +a))s, op% cit%& p& 1$'&

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Sur*iram !)rios *7neros de teatro altamente estili@ados4 numerosas no!as

artes4 o*os e condutas -r-rias de 9esti!ais( mundo encantado da *uei2a

desen!ol!euse -ara lem<rar o a-ão de um -onto -ouco en9ati@ado -elos

mon*es indianos de ca<eça ras-ada4 ou sea4 de +ue +uando o uda4 aos oitentaanos Je -ortanto4 <em e2-erimentado de acordo com a sa<edoria da Mar*em de

L)K esta!a a -onto de dei2ar a cidade de 0aisali -ela >ltima !e@ -ara -assar -ara

a e2tinção a<soluta4 a -rincesa re*ente da anti*a 9am$lia Liccha!i es-era!a

rece<7lo -ara um antar de des-edida contudo4 a mais ele*ante cortesã da

ca-ital ha!ia a-resentado seu con!ite -rimeiro( E +uando o uda -artiu da+uela

cidade4 acom-anhado de seu -rimo Ananda4 -arou -ara descansar em uma

montanha nas -ro2imidades e4 olhando o a*rad)!el cen)rio com seus numerosos

santu)rios4 )r!ores sa*radas e relic)rios4 disse a Ananda3 VColorida e rica4ma*n$9ica e atraente B a 1ndia4 e ador)!el e sedutora B a !ida dos homensV(,/&

E uma disci-lina central de toda essa es-iritualidade cort7s era o ch)( Pois

o ato de tomar ch) e uma -r)tica normal4 secular e cotidiana4 como o B  sentarse

em uma sala com ami*os( Porem4 considere o +ue acontece +uando !oc7 resol!e

 -restar total atenção a cada as-ecto do ato de tomar ch)4 en+uanto sentado em

uma sala com ami*os4 escolhendo -rimeiro as 2$caras melhores e mais

ade+uadas4 arranandoas da maneira mais ele*ante4 usando um <ule es-ecial4 -artilhando com al*uns ami*os +ue se com-ra@em em estar untos e -ro!endo

os com coisas -ara admirar3 al*umas 9lores em arranos -er9eitos4 -ara +ue cada

uma irradie sua -r-ria <ele@a e tam<Bm a do arrano uma -intura escolhida

 -ara a ocasião4 e tal!e@ uma cai2inha de mara!ilhas4 -ara a<rir4 9echar e

e2aminar de todos os lados( Então4 se no ato de -re-arar4 ser!ir e <e<er o ch)

cada eta-a da ação 9or e2ecutada dessa maneira *raciosamente 9uncional -ara

+ue todos os -resentes -ossam des9rutar dela4 ser) -oss$!el di@er +ue essa

sim-les ocasião 9oi ele!ada ao status de -oema( E4 de 9alo4 na escrita de um

soneto4 as -ala!ras usadas são instrumentos rotineiros de tra<alho4 seculares e

normais( Com o ch) acontece e2atamente como na -oesia3 certas re*ras e estilos

9oram desen!ol!idos em conse+7ncia a sBculos de e2-eri7ncia dominandoos4

alcançamse 9orças de e2-ressão e2tremamente sutis( Pois como a arte imita a

nature@a em seu modo de o-erar4 o mesmo ocorre com o ch)( modo da

nature@a e es-ontneo4 mas ao mesmo tem-o4 or*ani@ado( A nature@a não B4 na

maior -arte do tem-o4 mero -roto-lasma( E +uanto mais com-le2a 9or a<$. immer, The Art of (ndian Asia& pp& 1#21#7&

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or*ani@ação4 maior a mani9estação do alcance e 9orça da es-ontaneidade(

dom$nio da arte do ch) B4 -ortanto4 o dom$nio do -rinc$-io da li<erdade

Jautomoti!açãoK no conte2to de uma ci!ili@ação altamente com-le2a4 de

nature@a !$trea4 re*rada e onde4 ao se -retender !i!er como homem4 cadacontin*7ncia de!e des-ertar a-enas *ratidão( &pa'( $1#+

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CAP%TULO 1

O TI;ETE" O ;UDA E A NOVA

:ELICIDADE

Em um documento intitulado VA 'ni+idade Ne*ra dos Reacion)rios

'm-ostores +ue Pertencem s 'nstituiç.es Reli*iosas B Totalmente 'ntoler)!elV4

a-arece o se*uinte relato da !ida do uda(

VNa+uela B-oca ha!ia muitos reinos na 1ndia e o reino onde XbOamuni

ha!ia nascido era o maior e mais <rutal de todos( Esta!a sem-re o-rimindo osreinos menores !i@inhos( Durante o reinado de XbOamuni4 toda a -o-ulação

o-sse a ele e4 -osteriormente4 o reino !i@inho uniuse a ela e untos

insur*iramse 9inalmente4 XbOamuni 9oi derrotado4 mas conse*uiu esca-ar dos

e2Brcitos +ue o cerca!am( Como não tinha -ara onde ir4 9oi -ara um eremitBrio

na 9loresta e4 de-ois de meditar4 criou a reli*ião <udista( Assim4 a-s ter

indu@ido a arre-endimentos e 9ra+ue@as o 9orte coração do -o!o4 ele !oltou -ara

im-or sua autoridade( Esse B nitidamente o in$cio da reli*ião(V

,/8

Di@se +ue o autor desta 0ersão Re!isada 9oi um mon*e ti<etano antes de

ter sido le!ado -ara a China e introdu@ido na lu@ da -es+uisa cient$9ica4 moderna

e o<eti!a( E no 9inal de seu testamento4 ele a9irma or*ulhoso VSe e2istem

a+ueles +ue 9alam de deuses4 o deus no +ual acredito B o Comunismo( Se me

 -er*untarem -or +u74 B -or+ue o Comunismo nos trar) uma !ida de 9elicidade(

Portanto4 +uando lim-arem as 9ronteiras de todos a+ueles -otentados mon)sticos

reacion)rios4 continuarei a se*uir o Comunismo4 en+uanto !i!erV(,/5

Para melhor com-reender a -ostura deste mon*e4 ouçamos seu mestre(Vs deusesI Eles -odem muito <em merecer nossa !eneração( Mas se não

ti!Bssemos nenhuma associação cam-onesa4 e sim a-enas o 'm-erador Wuan e a

Deusa da Misericrdia4 ter$amos derru<ado os tiranos locais e a no<re@a

decadenteI &pa'( $1$+ s deuses e deusas são4 na !erdade4 de-lor)!eis mesmo

!enerados durante centenas de anos4 eles não conse*uiram derru<ar -ara !oc7s

um >nico tirano local nem se+uer um >nico no<re -er!erso^

<$ Ti!et and the Chinese People9s 'epu!lic& 0 Iepor) )o )he @n)erna)ional Commission o? J"ris)s 3y @)s*egal ln"iry Commi))ee on Ti3e) (@n)erna)ional Commission o? J"ris)s, Gene3ra, 1#'7%, p& 6#&<$6 (!id%& p% '.&

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VA*ora !oc7s +uerem uma redução no -reço do alu*uel( #ostaria de

 -er*untar o +ue !ão 9a@er( Acreditarão nos deuses ou na associação dos

cam-onesesIV,/6

Tais a9irmaç.es são de MaoTsBTun*4 +ue continua3

A !isão dialBtica do mundo ) tinha sur*ido nos tem-os anti*os tanto na

China +uanto na Euro-a Jescre!eu Mao em sua o<ra =o2r a 7ontradi&'o). Mas

a dialBtica anti*a tem al*o es-ontneo e in*7nuo <aseandose nas condiç.es

sociais e histricas da+ueles tem-os4 ela não 9oi 9ormulada em uma teoria

ade+uada4 -or isso não conse*uiu e2-licar -or com-leto o mundo4 e 9oi

 -osteriormente su-lantada -ela meta9$sica( 9amoso 9ilso9o alemão He*el4 +ue

!i!eu do 9im do sBculo ;0''' ao in$cio do ;';4 deu contri<uiç.es muito

im-ortantes dialBtica4 mas a sua B uma dialBtica idealista( Foi a-enas +uando

Mar2 e En*els os *randes homens de ação do mo!imento -rolet)rio

9i@eram a s$ntese das con+uistas -ositi!as na histria do conhecimento humano e4

em -articular4 a<sor!eram criticamente os elementos racionais da dialBtica

he*eliana e criaram a *rande teoria do materialismo dialBtico e materialismo

histrico4 +ue uma *rande re!olução sem -recedentes ocorreu na histria do

conhecimento humano( Posteriormente4 L7nin e St)lin desen!ol!eram essa*rande teoria4 introdu@ida na China4 tal teoria -ro!ocou de imediato tremendas

mudanças no mundo do -ensamento chin7s(

Essa !isão dialBtica do mundo ensina ao homem so<retudo como o<ser!ar e

analisar com e9ici7ncia o mo!imento dos contr)rios nas !)rias coisas e4 com <ase

em tal an)lise4 desco<rir os mBtodos -ara resol!er as contradiç.es( Por

conse*uinte4 B da m)2ima im-ortncia -ara ns com-reender e9eti!amente a lei

da contradição nas coisas(,/,

A+ui4 a -rimeira +uestão de interesse -ara o estudioso de mitolo*ia e +ue

ocorreu uma unção da anti*a dicotomia chinesa !in+!ang com o materialismo

dialBtico de Mar2( E4 como su*erem muitas mani9estaç.es no moderno riente4

h) na mente orientai um sentido de -ro9unda a9inidade com a !isão mar2ista4 o

+ual4 creio4 de!e estar <aseado no 9alo de +ue4 no do*ma mar2ista de uma lei

irre!ers$!el da histria4 a idBia de maat, m, dharma, tao 9oi a-licada ordem

<$' Mao TsL2T"ng, "elected 5or+s& vol& @ (@n)erna)ional /"3lishers, Nova York, 1#6%, p& #&<$< Mao TsL2T"ng, Ln Contradiction (@n)erna)ional /"3lishers, Nova York, 1#6.%, p& 1&

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humana na terra( A noção de uma lei csmica B descartada -or seu car)ter

irrele!ante4 mas a de uma lei nas +uest.es humanas B -reser!ada3 uma lei a ser

conhecida e se*uida4 sem necessidade ou mesmo -ossi<ilidade de escolha

indi!idual e li<erdade de decisão( De maneira +ue4 en+uanto anti*amente era osacerdote4 o intBr-rete dos astros4 +uem conhecia e ensina!a a Lei4 a*ora B o

estudioso da sociedade( Assim4 -arece o9erecerse a -ossi<ilidade de entrar na

modernidade em lermos totalmente modernos4 sem ter de en9rentar o -ro<lema

crucial do cidente4 a+uilo +ue o Dr( C#( un* chamou de indi!iduação ou4 em

termos mais anti*os4 li!rear<$trio3 a res-onsa<ilidade de cada indi!$duo4 não de

o<edecer4 mas de a!aliar e decidir( &pa'( $15+

V in*l7s 9ala de li!rear<$trioV4 disse o santo indiano Shri RamaOrishna4

VMas a+ueles +ue reali@aram Deus tem consci7ncia de +ue o li!rear<$trio emera a-ar7ncia( Na realidade4 o homem B a m)+uina e Deus seu -erador(

homem B o !e$culo e Deus o Condutor(V,/=

Fora da ordem limitada do mundo de nomes e 9ormas não h) nenhuma

mitolo*ia no riente so<re a sede da indi!idualidade transcendente e

antecedente4 de car)ter e !alor eternos4 mas a-enas o !a@io4 o 2rahman nãodual4

a outra 9ace !a@ia do ito, u4 em outras -ala!ras3 no riente essa entidade

 -eculiar B Deus e não homem( Contudo4 o homem4 ou melhor4 este homem em -articular4 esta ou a+uela mulher4 tem um !alor eterno +ue4 +uando li!re4 não B

mera mani9estação da es-ontaneidade csmica4 mas seu sueito4 seu

desencadeador( VMostrame o rosto +ue tinhas antes de nascer^V4 ou!imos do

riente a idBia da -edra nãoescul-ida( Mas o +ue di@ei da -edra +ue B

escul-ida atra!Bs de uma sBrie de decis.es criati!as sem -recedentesI

Um dos mais im-ortantes 9atos mitolo*icamente condicionados do

cen)rio mundial de hoe B +ue4 en+uanto todo a-elo do cidente -ara a li<erdade

indi!idual soa aos ou!idos orientais como -ro-a*anda do -r-rio demnio

Jaham, VEuV4 +ue criei o mundo e4 de 9ato4 ele o 9e@^K4 a canção da V#rinalda

de FloresV mar2ista soa como a ine!it)!el trans9ormação moderna de um tema

h) muito lou!ado como -ro9unda mente es-iritual4 misterioso e sa*rado( Não h)

nenhuma idBia de +ue os homens -ossam dcidir +ue ti-o de mundo eles

+uerem4 e então cri)lo(

E assim4 como todos ns sa<emos hoe4 esse no!o desen!ol!imento da

idBia diurna lei su-erior +ual todas as mentes humanas de!em cur!arse 9oi<$ Nikhilananda, op% cit%& pp& .<#2.7&

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le!ado4 em dBcada recente4 -ara o Ti<ete onde4 mais do +ue em +ual+uer

lu*ar da terra4 a 9eição do riente mais anti*o esla!a ainda -reser!ada3 9r)*il4

tal!e@ en!elhecida e decrB-ita4 -orBm !i)!el e a*rad)!el( Dei2emos +ue o leitor

consulte4 -or e2em-lo4 a !isão de !ida ti<etana antes da cat)stro9e4 e2-ressa -orMarco Pallis em seu Paks and \amasY \Cumes e Lamas]( u +ue e2amine a

!isão meticulosamente -onderada da Comissão Le*al de 'n+uBrito so<re o

Ti<ete4 da Comissão internacional de 'n+uBrito de uristas4 -u<licada em

#ene<ra em %:6?( VA ima*em do -o!o ti<etanoV4 in9ormamnos ali4V\(((] B de

uma nação !i*orosa4 <emdis-osta e autocon9iante4 !i!endo em -a@ com os

!i@inhos e -rocurando em *rau not)!el culti!ar a 9B e o misticismo conhecidos

de -oucos 9ora do Ti<ete(V,&?

<udismo do Ti<ete re-resenta!a em *eral as doutrinas Mahaanaindianas do sBculo ; ao ;'' d(C3 um desen!ol!imento4 em *rande -arte4 da

ordem Shin*on4 com 7n9ase -sicol*ica de *rande so9isticação como mesmo

um <re!e estudo do mara!ilhoso \ivro dos @ortos ti<etano ser) su9iciente -ara

demonstrar(,&%

E então4 de s><ito4 a<ateuse so<re esse -o!o uma materiali@ação imediata

das cenas es-irituais de seu -r-rio 'n9erno das Di!indades 'radas4 maneira de

um teste a<solutamente decisi!o so<re o -oder da meditação do <udismoMahaana de reconhecer em todos os seres4 todas as coisas4 todos os atos4

ori*inandose mutuamente4 a -resença o +ue assim che*ou do uda( E4

entretanto4 um teste +ue o mundo <udista ) tinha en9rentado antes( teste4 ouso

di@er4 do +ual ele nasceu( E as &pa'( $1*+ cenas4 -or incr$!eis +ue -areçam4 em

linhas *erais de!em ser re-etiç.es em rou-a*em moderna dos temas )

ensaiados -or e2em-lo4 -or ocasião de =88 de nossa era(

Um mon*e de trinta e sete anos4 +ue Fu*ira de ThrashaO4 aldeia Naron*4

 -ara o Ne-al4 testemunhou +ue em março de %:55 todas as -essoas de sua

aldeia4 inclusi!e os mon*es4 9oram con!ocadas -ara uma reunião e interro*adas

so<re onde seus che9es ha!iam conse*uido suas 9ortunas e se eles as trata!am

mal(

A res-osta 9oi +ue nin*uBm tinha sido maltratado e +ue não ha!ia +uei2as

<$# Marco /allis, Pea+s and 0amas (Cassell, *ondres, 1#.#= 0l?red 0& nop?, Nova York, 1##%&<.7 Ti!et and the Chinese People9s 'epu!lic& p& B@@@&<.1 +&Y& vans2+en)z, The Ti!etan Boo+ of the Dead (0 GalaHy -ook, H?ord niversi)y /ress, NovaYork, 1#'7%&

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dos l$deres( Na reunião4 os chineses re+uisitaram as armas e muniç.es( Então4

 -er*untouse aos mon*es +ue ti-o de colheitas4 -ro-riedades e <ens eles tinham e

+uem eram os <ons e maus l$deres( A res-osta 9oi +ue seus l$deres eram <ons e os

trata!am <em( s chineses então disseram aos mon*es +ue eles eram todoscorrom-idos e +ue de!eriam casarse( s +ue recusaram casarse 9oram

mandados -ara a cadeia e ele -r-rio !iu dois lamas4 Dafa e Naden4 +ue esta!am

entre eles4 cruci9icados com -re*os e a<andonados morte( Um lama chamado

#umi Tserin* 9oi -er9urado na co2a com um instrumento -ontudo como um

9urador da *rossura de um dedo( Ele 9oi torturado dessa maneira -or+ue se

recusou a -re*ar contra a reli*ião( s chineses chamaram seus com-anheiros

lamas e mon*es -ara carre*)lo( Eles -artici-aram da tortura e ele morreu( Não

se sa<e se 9oram 9orçados a 9a@7lo( De-ois disso muitos mon*es e alde.es

9u*iram( AtB onde sa<e o in9ormante4 nenhum mon*e concordou em casarse e

ou!iu di@er +ue outros do@e tinham sido cruci9icados( As cruci9icaç.es eram

reali@adas nos mosteiros e ele sou<e delas -or+ue 9u*iti!os !olta!am a noite -ara

sa<er o +ue esla!a acontecendo( \(((] Eles !iram muitos chineses dentro do

tem-lo4 -ara onde tam<Bm le!a!am seus ca!alos( s chineses le!aram tam<Bm

mulheres -ara ali4 mas os mon*es recusaramse a -ossu$las( Eram mulheres

Oham<a4 le!adas em *ru-os -or chineses armados( As escrituras 9oramtrans9ormadas em colch.es e tam<Bm usadas como -a-el hi*i7nico( Um mon*e

de nome TuruOhu Sun*ra< -ediu aos chineses +ue desistissem e seu <raço 9oi

cortado acima do coto!elo( Disseramlhe +ue Deus lhe daria de !olta o <raço( s

chineses lhe disseram +ue a reli*ião não e2iste e +ue sua -r)tica era o des-erd$cio

da !ida e do tem-o da -essoa( Por causa da reli*ião as -essoas não

tra<alha!am(,&/

Um a*ricultor de cin+enta e dois anos4 de aeu<a4 ao ou!ir um

al!oroço na casa do irmão4 olhou -ela anela e4 em suas -r-rias -ala!ras4 V!iu

os *ritos da es-osa de seu irmão serem su9ocados com uma toalha( Dois

chineses se*uraramlhe as mãos e outro estu-roua em se*uida4 os outros dois4cada um -or sua !e@4 a estu-raram e 9oram em<oraV( Em %:58 ∗ +uarenta e oito

 <e<7s da+uela aldeia4 com menos de um ano de idade4 9oram le!ados -ara a

<.$ Ti!et and the Chinese People9s 'epu!lic& :eclara!o nW 6, p& $<& R Compare2se a da)a do 0cordo Sino2indiano so3re ComLrcio com o Ti3e)e com os >Cinco /rinc4piosde CoeHis)9ncia /ac4?ica>, supra& p& $', no)a&

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China4

 -or+ue4 disseram os chineses4 assim seus -ais -oderiam tra<alhar mais( Muitos

 -ais su-licaram aos chineses +ue não le!assem os <e<es( Dois soldados e doisci!is com &pa'( $1-+  al*uns cola<oradores ti<etanos entraram nas casas e

tomaram os <e<7s dos -ais a 9orça( "uin@e -ais +ue -rotestaram 9oram

 o*ados no rio -elos chineses e um se suicidou( Todos os <e<7s eram de

classe mBdia e alta( \(((] s 9ilhos eram estimulados a su<meter os -ais a

in>rias e a critic)los se não se sueitassem aos costumes chineses( A

doutrinação tinha começado( Um o!em doutrinado !iu o -ai com um

moinho de oraç.es e um ros)rio e se -s a chut)lo e maltrat)lo( -ai

começou a <ater no *aroto4 +ue lhe de!ol!eu os *ol-es e al*umas -essoas!ieram 9a@7los -arar com a+uilo( Tr7s soldados chineses che*aram e

im-ediram +ue as -essoas inter!iessem4 di@endolhes +ue o *aroto tinha

 -leno direito de 9a@er o +ue esta!a 9a@endo( *aroto continuou a maltratar

e a *ol-ear o -ai4 +ue ali mesmo se suicidou4 o*andose no rio( nome do

 -ai era Ahchu e o do 9ilho Ahsalu4 de de@oito ou de@eno!e anos( \(((]

Em %:5&4 esse mesmo in9ormante 9oi chamado -ara testemunhar acruci9icação de um homem de uma 9am$lia a<astada4 em sua aldeia de Patun*

Ahn*a4

Uma 9o*ueira 9oi acesa -or <ai2o do homem e ele !iu a carne +ueimar( Ao

todo !inte e cinco -essoas das classes a<astadas 9oram cruci9icadas e ele assistiu

a todas as e2ecuç.es( "uando dei2ou o Ti<ete4 em aneiro de %:6?4 a luta ainda

continua!a em Trun*i( \(((] A esta altura os mosteiros da+uela re*ião tinham

dei2ado com-letamente de e2istir en+uanto instituiç.es reli*iosas( Esta!am

sendo usados como aloamentos dos soldados chineses e os andares in9eriores

eram usados como est)<ulos( Al*um tem-o de-ois de as crianças terem sido

en!iadas -ara a China4 ele !iu !inte e cinco -essoas assassinadas em eu<a com

 -re*os en9iados nos olhos( No!amente o -o!o 9oi chamado -ara testemunhar(

Eram -essoas de classe mBdia e os chineses disseram +ue a+uilo esta!a sendo

9eito -or+ue elas não esta!am no caminho do comunismo4 -ois ha!iam

e2-ressado sua relutncia em cola<orar e em en!iar os 9ilhos escola(,&&

<.. (!id%& :eclara!o nW 1, pp& $$$2$$.&

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VTodo -oderV4 escre!eu MaoTsBTun*4 V Associação Cam-onesa^V

s -rinci-ais al!os de ata+ue dos cam-oneses são os tiranos locais4 osno<res -er!ersos e os -ro-riet)rios 9ora da lei4 atin*indo de -assa*em as

ideolo*ias e instituiç.es -atriarcais4 o9iciais corru-tos nas cidades e maus

costumes nas re*i.es rurais( Em e9ic)cia e im-ortncia4 o ata+ue B como uma

tem-estade ou 9uracão os +ue se su<metem a ele so<re!i!em e os +ue resistem4

 -erecem( Como conse+7ncia4 os -ri!ilB*ios +ue os senhores 9eudais des9rutaram

durante milhares de anos estão sendo esma*ados( A di*nidade e o -rest$*io

desses senhores são o*ados -or terra( Com a +ueda da autoridade dos senhores4 a

associação dos cam-oneses tornase o >nico r*ão de autoridade e o +ue o -o!o

chama Vtodo -oder Associação Cam-onesa^V -assou a !i*orar( Mesmo uma

 <a*atela como uma <ri*a de marido e mulher tem +ue ser resol!ida na

Associação Cam-onesa( Nada -ode ser resol!ido na aus7ncia dos inte*rantes da

Associação( A Associação4 na !erdade4 decide todas as +uest.es na re*ião rural e

B literalmente !erdadeiro +ue Vo +ue +uer +ue ela di*a e 9eitoV( -o!o -ode

a-enas elo*iar a Associação e amais conden)la( s tiranos locais e no<res &pa'(

$1/+ -er!ersos e os senhores 9ora da lei 9oram totalmente -ri!ados do direito deter o-inião e nin*uBm ousa <al<uciar a -ala!ra VnãoV(,&8

VEm %:56 os chineses cercaram o mosteiro Litan* en+uanto se reali@a!a

uma cerimnia es-ecial4 e a testemunha Jum nmade de 8? anos4 de Rafa4

situada a um dia de !ia*emK4 assistia cerimnia dentro do mosteiro unto com

outros 9orasteiros( s chineses disseram aos mon*es +ue ha!ia a-enas duas !ias

 -oss$!eis3 o socialismo e o anti*o sistema 9eudal( Se eles não entre*assem toda

sua -ro-riedade ao socialismo4 o mosteiro seria inteiramente destru$do( s

mon*es recusaramse( \(((] Durante sessenta e +uatro dias4 com a testemunha

ainda dentro4 o mosteiro -ermaneceu cercado( s chineses atacaram os muros e

os mon*es lutaram com lanças e es-adas( No se2a*Bsimo +uarto dia a!i.es

 <om<ardearam e metralharam o mosteiro4 atin*indo os -rBdios ane2os mas não

o tem-lo -rinci-al( Na+uela noite4 cerca de dois mil mon*es 9u*iram e mais ou

menos dois mil 9oram -resos( \(((]V Um lama 9oi cruci9icado4 outro morto

+ueimado4 dois outros <aleados e 9eridos um lançado em )*ua 9er!endo e<. Mao TsL2T"ng, "elected 5or+s& vol& 1, p& $.&

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estran*ulado e o outro a-edreado e *ol-eado na ca<eça com um machado(,&5

Um che9e de aldeia de aNan*san* 9oi mandado -ara Mina a 9im de !er

o +ue acontecia com as -essoas +ue se o-unham re9orma( VUm homem

chamado an*loO 9oi -reso e le!ado a um *rande salão onde ti<etanos 9oramo<ri*ados a -resenciar o +ue acontecia( Mendi*os +ue se tinham tornado

soldados do e2Brcito chin7s *ol-earamno com !aras e des-earam )*ua

9er!endo em sua ca<eça( Ele então admitiu -ossuir no!e carre*amentos de ouro

J+ue amais a-areceram4 di@ a testemunhaK( Ele 9oi amarrado e -endurado -elos

 -ole*ares e ded.es dos -Bs( "ueimouse -alha em<ai2o dele e interro*aramno

so<re o -aradeiro do ouro( Um -re*o de co<re incandescente4 de uns & cm de

com-rimento 9oi então en9iado em sua lesta( Em se*uida 9oi -osto em um

caminhão e le!ado em<ora( s chineses disseram +ue o tinham le!ado -araPe+uim(V,&6

s -Bs do lama Whan*sar4 o a<ade de Litan*4 9oram al*emados untos e

uma estaca 9oi atra!essada so<re seu -eito e <raços( VEntão amarraramlhe os

 <raços4 com um arame( Ele 9oi -endurado com uma -esada corrente em !olta do

 -escoço e en9orcado4 a-esar de as -essoas su-licarem -or sua li<ertação( u/a

Jrecitador de oraç.esK 9oi -reso4 des-ido e +ueimado nas co2as4 -eito e nas

a2ilas com um 9erro incandescente de mais ou menos dois dedos de es-essura('sso 9oi 9eito -or tr7s dias4 com a-licaç.es de un*entos entre uma sessão e

outra( "uando a testemunha -artiu4 a-s +uatro dias4 o u/a ainda esta!a !i!o(V,&,

 No mosteiro SaOa4 -erto de SiOOim4 arrancaram o ca<elo4 em -><lico4

mãe da mulher de um lama Nma-a Jlinha*em dos onetes 0ermelhos4 na +ual

os reli*iosos se casamK(,&= Em Der*e D@on*sar a 9ilha de um che9e de aldeia4 de

a-ro2imadamente 8? anos4 9oi -rimeiro maltratada como e2-loradora do -o!o

de-ois4 com a <oca cheia de ca-im4 9oi arreada e selada e a ralB montou em suas

costas4 9a@endoa andar de +uatro em se*uida4 os chineses 9i@eram o mesmo(,&: 

Em uma aldeia da -ro!$ncia &pa'( $10+ de Amdo4 Ri*on*4 onde as -essoas

esta!am reunidas -ara !er seus l$deres serem mortos4 Vmu homem 9oi <aleado

 -or eta-as4 de <ai2o -ara cima4 em no!e eta-as ao todo( A um outro homem

 -er*untouse se -re9eria morrer de -B ou deitado( Ele -re9eriu de -B( A<riuse

<.6 Ti!et and the Chinese People9s 'epu!lic& :eclara!o nW $', p& $6&<.' (!id &, :eclara!o nW 11& p& $.6&<.< 0oc%& cit%<. (!id &, :eclara!o nW , p& $$6&<.# (!id%& :eclara!o nW 6, p& $$'&

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uma co!a e ele 9oi colocado dentro( Em se*uida4 a co!a Foi co<erta de terra e

socada( E continuaram socando4 mesmo de-ois de ele ) ter morrido4 atB seus

olhos saltarem da ca<eça e serem então cortados -elos chineses( "uatro outros

9oram o<ri*ados a relatar as cul-as de seus -r-rios -ais4 +ue eram de!otos dareli*ião etc(4 -ara em se*uida serem mortos com tiros na ca<eça( Como seus

miolos se es-alharam4 os chineses os chamaram de 9lores !iceandoV(,8?

V"ue uma centena de 9lores !iceeV4 escre!eu MaoTsBTun*4 Ve +ue se

en9rentem uma centena de doutrinas de -ensamento(V,8%

V'dentidade4 unidade4 coincid7ncia4 -ermeação rec$-roca4 inter-enetração4

interde-end7ncia Jou interde-end7ncia -ara e2istirK4 intercone2ão ou coo-eração

  todos estes di9erentes termos si*ni9icam a mesma coisa e se re9erem s duas

condiç.es se*uintes3 -rimeiro4 no -rocesso de desen!ol!imento de uma coisa4cada um dos dois as-ectos de cada contradição encontra a -ressu-osição de sua

e2ist7ncia no outro as-ecto e am<os os as-ectos coe2istem em uma entidade

se*undo4 cada um dos dois as-ectos contraditrios4 de acordo com as condiç.es

dadas4 tende a trans9ormarse no outro( [ isso o +ue se +uer di@er com

identidade(V,8/

VA re!olução a*r)ria +ue reali@amos ) B e ser) um -rocesso no +ual a

classe dos lati9undi)rios se torna uma classe -ri!ada de suas terras4 en+uanto oscam-oneses4 antes -ri!ados de suas terras4 se tornam -e+uenos arrendat)rios( s

ter e não ler4 *anhos e -erdas4 estão interli*ados -or causa de certas condiç.es

h) identidade dos dois lados( So< o socialismo4 o sistema de -ro-riedade -ri!ada

dos cam-oneses tornarse)4 -or sua !e@4 a -ro-riedade -><lica da a*ricultura

socialista isso ) ocorreu na União So!iBtica e ocorrer) em todo o mundo( Entre

a -ro-riedade -ri!ada o a -ro-riedade -><lica h) uma -onte +ue li*a uma

outra4 +ue em 9iloso9ia se chama identidade4 ou trans9ormação uma na outra4 ou

 -ermeação rec$-roca(V,8&

 Na re*ião de Amdo4 tam<Bm em Ri*on*4 arrancaram o ca<elo4 em

 -><lico4 a tr7s lamas muito im-ortantes tiraram seus sa-atos e eles 9oram

*ol-eados e de-ois 9orçados a se aoelhar no cascalho( VPer*untaramlhes3 VPelo

9ato de serem lamas4 não sa<iam +ue seriam -resosI Tr7s -oços 9oram a<ertos e

<7 (!id& :eclara!o nW <, p, $$#&<1 Mao TsL2T"ng, 0et a .undred Olo2ers Bloom (The NeK *eadcr, Nova York, 1#6%, ed& por G&F&

;"dson, p& &<$ Mao TsL2T"ng, Ln Contradiction& p& $&<. (!id%& pp% 26&

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V o9icial do distrito de Tuhlun* 9u*iu e 9oi ca-turado dois dias de-ois(

Cortaramlhe os l)<ios4 o amarraram e o le!aram nu de !olta -ara Tuhlun*( s

chineses não esta!am satis9eitos com o ritmo de sua marcha como era um

homem *ordo4 não conse*uia caminhar muito ra-idamente e era es-etado com <aionetas -ara caminhar mais de-ressa( A testemunha !iuo co<erto de

9erimentos de <aioneta( s chineses amarraramno a uma )r!ore e con!idaram

os ti<etanos a <ater nele4 acusandoo de crueldade( Disseramlhes +ue não o

matassem com os *ol-es4 -ois isso o <ene9iciaria( \(((] Na !erdade4 ele 9oi

*ol-eado -elos chineses e morreu de-ois de oito dias( Seus l)<ios 9oram

cortados +uando ele su-licou -ara ser morto em !e@ de torturado(V,86

E 9inalmente a-esar de os relatos serem in>meros ha!ia um nmade

de 8: anos4 anti*amente -ro-riet)rio de !inte ou trinta ia+ues e +ue !i!ia emtendas4 +ue !iu dois de seus com-anheiros +ueimados !i!os em -><lico( De-ois

!iu todas as -essoas a<astadas da re*ião de Wham serem e2ecutadas e4 em

se*uida4 os lamas e os mon*es( Estes >ltimos 9oram tirados dos mosteiros do

distrito e cerca de mil 9oram e2ecutados em -><lico( in9ormante !iuos

claramente de uma montanha onde esta!a escondido( V0iu +uatro serem

estran*ulados com uma corda da +ual -endia uma -esada ima*em do uda( \(((]

E ele !iu D@orchen Rim-oche4 um dos mais 9amosos lamas do Wham4 amarradoa +uatro estacas e inteiramente e!iscerado( A acusação contra os lamas era +ue

en*ana!am e e2-lora!am o -o!o(V,8, Em Doi4 &pa'( 5))+ na re*ião de Amdo4

em %:554 os mon*es V9oram le!ados -ara as la!ouras4 encan*ados aos -ares4

 -ara -u2arem o arado so< o comando de um chin7s +ue em-unha!a  um

chicoteV(,8=

Em lodo o  \ivro dos @ortos ti<etano4 sea do ti-o celestial ou in9ernal4 a

alma B  aconselhada -elo lama assistente a reconhecer como -roeç.es de sua

 -r-ria consci7ncia todas as 9ormas !istas e +uando as cenas do in9erno estão

 -restes a sur*ir4 o lama di@3 VNão tenhas medo4 não tenhas medo4 tu4 de no<re

nascimento^ As F>rias do Senhor da Morte colocarão uma corda em !olta de teu

 -escoço e o -u2arão cortarão tua ca<eça4 e2trairão teu coração4 arrancarão teus

intestinos4 su*arão teus miolos4 <e<erão teu san*ue4 comerão tua carne e roerão

(p& $.7%, nW 17 (p& $.%, nW .' (p& $'<%, nW  .< (p& $'#%, nW . (p& $'#%, nW  .# (p& $<1%, nW (p& $<<%, epassim&<' (!id%& :eclara!o nW .$, p& $'7&<< (!id%& :eclara!o nW , p& $<'&< (!id%& :eclara!o nW .6, p& $''&

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teus ossos mas em realidade4 teu cor-o B da nature@a do !a@io tu não -recisas

ter medo( \(((]V,8:

VNão 9i+ues aterrori@ado não 9i+ues assustado( Se todos os 9enmenos

e2istentes +ue <rilham e se irradiam como 9ormas di!inas 9oremreconhecidos como emanaç.es da -r-ria mente4 o Estado de uda ser)

alcançado nesse mesmo instante( \(((] A+uele +ue reconhecer suas -r-rias

9ormas-ensamento atra!Bs de um ato im-ortante e atra!Bs de uma -ala!ra4

atin*ir) o Estado de uda(V,5?

E com esta !isão terr$!el des-ida de +ual+uer en9eite 4 !isão

consumada de todas as coisas4 materiali@ação da mitolo*ia na !ida4 concluo em

sil7ncio -ois nenhuma mente ocidental -oderia tecer coment)rios so<re esses

dois as-ectos de um riente >nico e *randioso em lermos a-ro-riados ao -r-rio riente +ue4 nas -ala!ras de suas -rinci-ais mentes contem-orneas4

tem certo or*ulho e es-erança em am<os as-ectos(

A anti*a doutrina e*$-cia do Se*redo dos Dois Parceiros4 a doutrina

Mahaana da 0acuidade4 da ri*inação De-endente e da Grinalda d lors, a

doutrina tao$sta da com-lementaridade do !ang !in4 a comunista chinesa da

 -ermeação rec$-roca e a tradição tntrica da -resença interior em cada ser de

todos os deuses e demnios dos cBus e in9ernos de todos os -atamares3 elas4 ao+ue -arece4 !iradas e 9raseadas de di9erentes maneiras4 re-resentam a >nica

doutrina atem-oral da !ida eterna o nBctar do 9ruto da )r!ore do ardim +ue o

homem ocidental ou4 -elo menos4 um n>mero not)!el deles4 não e2-erimentou(

&pa'( 5)!+

&pa'( 5)#+ -)*ina em <ranco

&pa'( 5)$5#*+ Notas Jinseridas ao 9inal de cada -a*(K

&pa'( 5#-+ -)*ina em <ranco

<# vans2+en)z, op% cit%& p& 1''&<67 (!id%& p& 1<&

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%NDICE REMISSIVO

A<ar*i4 8&A<idos4 584 ME, 6&654 ,%4 ,:4 =?4 &%?

A<uSim<el4 =,4 /&%

Acad4 %?64 %%64 %/:

Ac)dio Jl$n*uaK4 %:=

Acadianos4 %?64 %/:

 c!uta, %,,4 %=,

Adão4 %=4 %:4 /:4 :,4 %??4 /8? dhvar!u, sacerdote4 %5,4 %5= e ss(

 di#urusa, /?6

Aditi4 5=

Adi!inhação4 =:4 &%8&%54 &/&&/84 &564 &6/

Adnis4 8?4 864 &?:

Adriano4 /56

A9e*anistão4 /&%4 /&/4 /&5

Á9rica4 864 6&4 654 %/5 e ss(4 %&%4 &&6

A9rodite4 8?

A*ade4 %?64 %%6

A*ni4 %884 %864 %8:4 %6,4 %,%4 %,/4 /?=4 /%8

A*r)ria4 ci!ili@ação4 !er Neol$tico

AhaMena4 554 6&

 ham JVEuVK4 /%4 /84 /?64 /6=4 &:5 !er tam<Bm SiPr-rio na 9orma de homem

Ahura Ma@da4 %64 &84 %:=4 /88Ainos4 /:&4 &6%4 &6&

Aanta4 ca!ernas4 /55

Aatashatru4 %6&%684 /??4 /86

 +*īva, %=/

Amir4 /=,

 *?ā, ,:

 kaki kokoro, &,&

 kāsa, %=:

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Al)4 &84 /=6

Alcorão4 %,

Ale2andre ''4 /&8

Ale2andre o #rande4 =:4 /?64 //%///4 /&? e ss(4 /:6Ale2andria4 /5,4 /6:

Amara!ati4 /?%4 /5,

Amarelo4 'm-erador4 !er Huan* Ti

Amarelo4 rio4 %8&4 &86

AmarSin4 %?6

Amaterasu miOami4 &6=4 &6:4 &,&

Amdo4 &::

Amei2eira Amarela4 mosteiro da4 &8,4 &8=

AmBrica4 854 6&4 /&?4 /:84 /:54 &?&4 &%%&%&4 &6&4 &=8

Amida4 /8?/5/4 /6&/65

Amida4 seitas a-onesas4 /8%4 &,,4 &=8&=54 &=, !er tam<Bm udismo4 no a-ão

Amita<ha !er Amida

Amitaus !er Amida

Amoreira4 &?=

Amoritas4 %?6Amormorte4 ritual4 8&4 6/ !er tam<Bm Casamento4 ritual do

Amri4 cermica4 %/&

An4 :/4 :84 :54 %?&4 %?54 %%/4 %864 %:5 !er tam<Bm Anu

AnahidC<ele4 /6:

 naltos, &/5

Ananda4 /?54 //%4 /&:4 &854 &864 &:/

 nātman, /%=

Anatlia4 %8& &pa'( 5#/+

Ana2imandro4 &&,

Ancestrais4 culto dos4 &%54 &%=4 &%:4 &564 &,&

Andaman4 ha<itantes da 'lha de4 %86

Andersson4 (#(4 /:/4 /:&4 /:84 &%?

Andrae4 (4 :%

AnesaOi4 Masaharu4 &=/

An*ra Mainu4 %6Anhil!ad4 /=,

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Ani)cia4 ind>stria4 %/6

 ?*ali, &?

AnOi4 :8

Ano #rande4 :=%?% !er tam<Bm Csmicas4 eras nr ta, %8,

Antedilu!ianos4 reis4 := , ::4 %??4 %?84 %,=4 &??4 &?6

Ant$*ono #natas4 /&8

Ant$oco ''4 /&8

Anu4 %%/4 %%&4 %%6 !er tam<Bm An

Anan*4 &%?

A-e*o4 /6, !er tam<Bm Desa-e*o En*aamento Desen*aamento Li!rear<$trio

Á-is4 touro4 ,=4 =64 %8?4 %6%4 /65

A-olo4 &&4 /884 &?:

 #saras, /5=

A+ueliana4 cultura4 %/6

A+uem7nida4 estilo4 /&%

A+uem7nida4 im-Brio4 %,4 /&?4 /&&

A+uen)ton4 =6

A+uino4 Santo Tom)s de4 :,4 %%64 &:?Ára<es4 :?4 %?6

Ar)<ia4 %?64 %&%

Arada4 /%5/%,4 //&

Aral4 Mar de4 %85

Arallu4 %:6

Aram)ica4 /&/4 /&&

Arameus4 %?6

 rhats, //84 /&6

Ariadne4 6=

Árias3 !est$*ios ar+ueol*icos4 aus7ncia de4 %::/??4 ///4 /&? che*ada na $ndia4 %8&

%884 %::/??4 //, assimilação dos4 %5%%5/4 %554 %6: atitude -ara com

ha<itantes anteriores4 %&/%&&4 %554 %:: na -lan$cie do #an*es4 %6/4 /??

com-arados aos *re*os4 %:=/?? lin*uados4 %&%4 %88%85 na Meso-otmia4

%%6 -anteão dos4 %85%8, ori*em -rBhistrica dos4 %8&%85 com-arados aos

semitas4 %8,4 %8:4 /?54 //64 &?, !er tam<Bm 0Bdica4 mitolo*iaAriOamedu4 /5,

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Arishtanemi4 %,=

Arist9anes4 &&

Aristteles4 /%%

Aruna4 /6&4 /66 !er tam<Bm Panda!asArmas4 %8:4 &6& es-ada4 %8&4 &=5

Arm7nios4 %85

Arro@4 %&54 /:54 &8/4 &6%

Ars)cida4 PBrsia4 /:=

Arses4 /&/

Arta2er2es4 '4 /&/

Arta2er2es ''4 /&/

Arta2er2es '''4 /&/

Arte4 -a-el na mito*enese4 6=6:4 ,:=/4 =&4 =,4 :6:,4 /86/8=4 /8:/5&4 &5:

Ártemis4 8?4 /&6

 rtha, /64 /6,

 rthashastra, %,&4 &/?

Ár!ore4 sa*rada4 %%&4 %&=4 /?54 //64 /&=/8?4   &?=&?: !er tam<Bm odhi4 )r!ore

Amoreira Fi*ueirados-a*odes

 r!an, %=8 sanas, &&/

AshiOa*a4 -er$odo4 /,?

AshoOa4 /?%4 //&4 /&%/&54 /&,4 &&6

Ash!a*hosha4 /&4 /?,4 //84 /&,4 /&:4 /8%4 &85

As$n Palacios4 Mi*uel4 %:5

Asila4 /?8

Assam4 %54 %&5

 ssim alava Haratustra, //,//=

Ass$rios4 %?64 %%?

Assur4 %:6

Assur<an$-al4 ::4 %?64 %%?

AstartB4 8?

Astecas4 &%%4 &=8

Astrolo*ia4 =:

Astronomia4 =:4:=%?%4 /5=Astrosco-ia4 =:

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 suras, %=5

 Ava+mdha, %5,

Atena4 &%8

Atenas4 =%4 /?% tman JSiPr-rioK4 /?4 %5&4 %6&4 %684 %664 %6:4 /6, !er tam<Bm Si Pr-rio na 9orma

de homem

Atsumori4 &=/&=&

Atum4 ,8,64 =8

Aurinhacense4 cultura4 /:&4 /:8

Austr)lia4 %&? !er tam<Bm Protoaustralides

A!aloOitesh!ara4 /8/4 /8:4 /5/

 vasar#inī, %,=

 vatamsaka =utra !er Grinalda d lors, =atra da

 aré, &=/4 &=&4 &=84 &:% &pa'( 5#0+

Aodha4 %,:

A@a<Mar-a<a4 68

A@hi DahaOa4 %:,

2a, ,? e ss(4 &5,a<ilnia4 %?64 %:6

a<ilnios4 ::4 %?64 %?=4 %%?4 %%&4 %%6%/? lista de reis4 :=4 %??%?%4 %?=%?:

)ctria4 /&%4 /&54 /&,4 /8&4 &&6

ada*a4 %&%

adti<ira4 %?&

a*d)4 &=

ahrein4 :%4 %/:

aeu<a4 &:6

alaOi4 %6/

alarama4 /664 /,% !er tam<Bm 0isnu

)li4 6&

altoesl!icas4 tri<os4 %85

aNan*san*4 &:=

 Ban5ut, O4 &&4 &8

aroda4 /5,arth4 A(4 /=/

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asa!a4 /,?

atismo4 :%

ehistun4 %:=

el4 %%/4 %%& !er tam<Bm Enlilel MarduO4 %:6

eluchistão4 %/&4 %/84 %/54 %&%4 %8/4 /??

enares4 %8?4 %6/4 %,,4 //84 //64 /==

ene!ol7ncia J *nK , &/5 e ss(4 &&54 &8&4 &5=

en*ala4 %&&4 /?%4 /,64 /==

en*ala4 ti*re de4 %6/

e!ossos( :%4 :=%?/4 %?=

 Bhagavad Gītā, %5

 Bhagavata Purāna, /,&/,6

haira!a4 /=/4 /=&

haira!i4 /=/

 Bhakti, /,?

 Bhāva, /=/

hil4 %&%

hima4 /6&4 /66 !er tam<Bm Panda!ashima Jra)K4 /=,

hishma4 /6%/6/

 Bhoga, /,&

$<lia4 %= e ss( ,&4 :54 :,4 %??4 %?84 %?=4 /854 /564 /,%4 /:,4 &?6 e ss( -atriarcas

antedilu!ianos4 %??%?%4 %?=%?:4 %,=4 &?6

ihar4 %&%4 %&&4 %6/4 /?%4 /&%4 /==

iOanir4 /=,

iliOu4 %86

im<isara4 /%54 /%64 /86

i@ncio4 /,?

 Bodhi, //4 /?54 /?=4 //& !er tam<Bm uda4 'luminação

odhi4 )r!ore4 //4 /&4 /84 &?4 %&=4 /?54 /%=4 /%:4 //?4 /&=4 /8? !er tam<Bm Fi*ueira

dos-a*odes Ar!ore4 sa*rada

odhidharma( //:4 /:64 &85&8,4 &,:

 Bodhisattva, Caminho do4 //? Bodhisattva, de9inição4 //&//8

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 Bodhisattvas, /?=4 /?:4 //?4 //&4 //84 //54 /8%4 /8/4 /,,4 &,64 &,,4 &=6 Dois

#randes4 /8//884 /8:4 /5/

oBcio4 //:

om<aim4 %/64 %/:oni9)cio4 Arce<is-o de Main@4 &,6

oro<udur4 estu-a4 &,,

os+ue de am<u4 s Sete Not)!eis do4 &8%4 &8&

rahma4 &:4 %5/%554 %654 %,54 //:4 /8,4 &86

rahrna*iri4 /&5

 Brahman, %&,4 %6/4 %6&4 %66%6:4 %,%4 //,4 //:4 /654 /6,4 &:5

rahmanas4 %564 %5,4 %6=4 /??4 //6

rahmarshidesha4 %6/

 Brahmavaivarta Purāna, /=8

rahma!arta4 %6/

rahui4 %&%

raO4Tell4 &=4 =:

rmane4 casta4 %5/4 %55%5=4 %5:n(4 %6/%6:4 %,,4 /6=

ramanic$dio4 %5/4 %58

ramanismo4 6/4 %55%6/4 %684 %6:4 //6 e ss(4 //:4 /554 /5=/5:4 /654 /6,4 /,6 !ertam<Bm #u-ta4 -er$odo Hindu$smo @ahā2hārata

reasted4 ames Henr4 ,&4 %?/

retanha4 /&84 /884 /5,4 /:54 &6&

 Brhadāran!aka "#anisad, %=

rihadratha4 /&5

rihas-ali4 %6=

ritnico4 Museu4 6&4 ,&

ron@e4 %/84 %&%4 %8&4 %864 %8=4 /&84 &?:4 &6/

ron@e4 'dade do4 %6: e s(4 /&?4 /&8 China4 /:64 &?:&%8 E*ito4 86 1ndia4 %/:%8/4

%8=4 %5%4 %6?4 %6:4 %::4 /?//?&4 //6 a-ão4 &6%4 &6& Meso-otmia4 %68

ron@es4 Shan*4 &%%4 &%84 &%,

rofn4 ( Norman4 %/=

uda J#autama XbOanumiK4 //4 /&4 /54 /64 &?4 &&4 &54 &,4 %&=4 %8?4 %,%%,/4 %,,4

%,=4 %=/4 %:=4 /?%4 /?//?,4 /%&//?4 //&//:4 /&=/5%4 /5&4 /584 /:,4 &/84

&/54 &884 &864 &8,&8=4 &8:4 &5?4 &5%4 &584 &,,&,=4 &,:4 &=/4 &:/4 &:&com-arado com Cristo4 /?8/?5 in$cio da !ida4 /?,/%: com-arado com

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Maha!ira4 %,, !er tam<Bm udismo &pa'( 5#1+

uda4 9uturo4 //84

uda4 reinos4 /8%/5&

udas4 /&4 /84 //84 /8%4 /5/4 /,,4 &,,4 &=6PrateOa4 //8

uddha-ala4 &5%

ud*e4 E(A( allis4 86

udismo4 &?&&4 %6/4 %6:4 %:5/5&4 /58/554 /6&4 /6,/6=4 /,6/,,4 &8&4 &,: arte4

=,4 %8?%8%4 /&%4 /&=4 /8?/8%4 /8:/5&4 /,, na China4 //:/&?4 /8?/8%4 &8?4

&8&4 &88&864 &8,4 &8: e ss(4 &5/&5&4 &55&564 &5= com-arado ao a$nismo4

%:54 %:64 /?84 /?64 /%=4 //&4 //54 //,4 //:4 /86n(4 /8=4 /5/ no a-ão4 /8%4 &5?4

&6?4 &684 &,/4 &,8&=, com-arado 9iloso9ia San+uia4 /?64/?,/?=4 //&4 //54

//,4 //:4 /8= no Ti<ete4 &:54 8??8?% !er tam<Bm Amida

 Bodhisattvas odhi4 )r!ore uda J#autama SaOamuntK uda4 9uturo uda4 reinos

udas Chan4 <udismo Hinaana4 <udismo Mahaana4 <udismo Meditação4

udas de Solar4 uda Zen<udismo

ulandshahr4 /=,

urma4 %/64 %&54 //&

 Bushido, &=:uto4 5/4 6:

Cães4 %8/ como s$m<olo de a@ar4 %5=

7akravartin, 5=

Caldeus4 %?64 %::

Calend)rio4 8%4 :,:=4 ::%??4 %?=4 %&:4 %8=4 /::

Cal$*ula4 /56

Cam<ises4 /&%

Cam<oa4 //&

Caminho do Meio4 %,,4 /?,4 /?=4 /%84 /%=4 //&4 &8&4 &,: !er tam<Bm udismo

Cananeus4 %?6

Canarense4 %&%

7an&'o do ^a5uiro, , /,%4 /,,/=/

Cani<alismo4 /:/ ritual4 %8

7antar dos 7ontars, /,%Ca-ricrnio4 :%

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7a#sitano, -er$odo4 %/54 %/6

Carma4 %664 %:?4 %:/4 %:84 /6,

CarneiroQAries4 ::

Carrua*ens4 %8&4 %5/4 %,?4 &%&Casamento4 ritual do4 8& !er tam<Bm Amormorte4 ritual

Casta4 %8/4 %5%4 %664 /6=/6:4 &/6 e ss(4 &5,

C)ucaso4 Montanhas do4 %8&4 %85

Causação4 cadeia <udista de4 /%:4 &,=

Ca!alo4 domesticado4 %8/%8&4 %854 %6% como s$m<olo do uni!erso4 %,/ e *uerra4

%8&%884 %8=%8:4 &&/ !er tam<Bm Carrua*em

Ca!alo4 sacri9$cio do4 %56%6/4 %,/

Ca!alo ranco4 Mosteiro4 /8?

Ca2emira4 /6:4 /=,

Ceilão4 %/54 %&?4 /?&4 /%84 //&4 /&84 /&54 /&=4 /55

Celtas4 %?=4 %854 /884 &?64 &6&4 &:?

Cermica4 &,4 8=4 =?4 %/& e ss(4 %/,4 %&%4 /??/?%4 /&8 e s(4 /://:64 &?84 &%%4 &6%

colorida de ocre4 /??4 /&? ne*ra -olida do norte4 /?%4 /&?4 /&5 cin@a -intada4

/??/?%4 /&?

Cernunnos4 /88Ch)4 cerimnia do4 &=64 &:/

Chan4 in*tsit4 &8&

Chan4 <udismo4 &884 &8,4 &5=4 &,,4 &=% !er tam<Bm udismo4 na China

Chanan4 <udismo !er Chan4 <udismo

ChandaOa4 /?:/%?4 /%/4 /%&

Chandra*u-ta ''4 /554 /5=4 &88

Chandra*u-ta Maura4 /&%4 /&5

Chan* Lin*4 &8/

Chan*an4 /584&5/

Chanhudaro4 %88

Chao4 &&6

Checos4 %85

7hn !n, &=?

Chen Chun*4 &&%

Chen* Chun*4 &8?Chen*4 &/6

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Chu un* JreiK4 /::

7hu /u, &&?

Chuan Hs4 &?%4 &?/4 &?=4 &&=

7huang /u, &&/Chuan*T@u4 &&8

Chun* Wun*( &/5

7hung <ung   &/6

Chun*nan4 Montanhas4 &55

Ciclo4 -rinc$-io do4 %&4 %648?4 %5/4 %58%554 %664 %6: e ss(4 %,, !er tam<Bm Morte e

ressurreição Eterno retorno Lunar4 mitolo*ia

Cidadesestados4 hier)ticas4 654 /?//?&4 &== e*$-cias4 85584 654 ,?4 ,,,=4 =6=,

indianas4 /?? meso-ritmicas4 8%8&4 854 ,?4 =:4 :54 %?/ e ss(4 %?,4 %:6

Cidadesestados4 seculares4 /?%/?&

Circum-olar4 com-le2o cultural4 /:84 &%%&%84 &6/4 &6&

Cirene4 /&8

Ciro o #rande4 %,4 /&%

Citas4 /&,

7l0ssico da Dama 7omum, &8/

7l0ssico da Dama @istriosa, &8/7l0ssico da Pidad ilial, &5,

7l0udio, /56

Clemente4 /5,

Co<re4 %/84 %/:4 %8&4 /&84 &6/

Comunismo4 &:&8?%

Con9>cio4 l:=4 //:4 /:6 e ss(( &%?4 &/&4 &/8&/54 &/6 e ss(4 &&54 &,84 &=% !er tam<Bm

Con9ucionismo

Con9ucionismo4 /&?4 &?&4 &?,4 &/5&/,4 &/=4 &&?4 &&8&&54 &8?4 &8,4 &684 &:% !er

tam<Bm 7on%Xcio -ocon%ucionismo)

Constantino4 /&&

Constantino-la4 /,?

Coomarasfam4 Ananda W(4 :,4 %/&4 %8/

CorBia4 /8:4 /5?4 &6%4 &6/4 &6&4 &,84 &:?

Corn9ord4 F(M(4 &&

Coromandel4 costa do4 /5,4 /,?Csmicas4 eras4 8%4 :=%?%4 %?,4 %8%4 %8:4 %,=%=%4 &?6&?,4 &?:

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Csmico4 dançarino4 /?/

Csmico4 o!o4 /?/

Co2o4 rei4 &?6

Creta4 854 864 %/84 %8/4 %::4 &?6Criação4 mitos da4 %64 %=4 %:4 /%4 /:4 ,&,,4 :%:54 %?:4 /:=

Cristianismo4 %,4 /?4 %%&%%84 /?&/?54 //: e ss(4 /&&4 /8/4 /88 e s(4 &=?

Cristo4 8?4 %554 /?&4 /8% e ss(4 /5?( /5,4 /,%4 /,=4 &?%4 &?64 &?=4 &&%

CroMa*non4 cultura4 %/64 /:8

VCrnicas do a-ãoV4 &68

Cronos4 :/

Cul-a4 =,4 %%?4 //64 /854 &?,

VCulto cor-eteV4 /=&

Cultura4 estilo !ersus est)*io4 864 5&4 ,?,%

C<ele4 /6=

Da<ar Wot4 %/5

DadhiOra!an4 %6%

Da9ne4 &?:

Dainichinorai4 &,, Daksina, /=/

Dante4 :,4 %=%4 %=/4 %=54 %:54 %:64 /8/4 &?%

Dan><io4 %854 /:5

Dario '4 %,4 %:=4 /?64 //:4 /&%

Dario ''4 /&/

Dario '''4 =:4 /&/

Darmesletter4 ames4 %:=

Darfin4 Charles4 :,

 D'sas JdasusK4 %&/4 %::

 Dcad8ncia do Ocidnt, , 5&4 %=:4 &%: &pa'( 5$!+

Decimal4 sistema de numeração4 :,4 %86

DBlhi4 %6/4 /??4 /6:

Demeter4 8?

DemBtrio4 /&5

Den*o Daishi4 &,64 &,:DenSetui4 684 6,4 ,%

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Der*e D@on*sar4 &:=

Desa-e*o4 /&4 /84 %,&4 %:/4 /6,4 /:,4 &?&&?84 &%: !er tam<Bm @oksa Li<ertação

Desen*aamento4 %:,%:= !er tam<Bm @oksa Li<ertação

 Dusa Branca, , &?6Deusa4 dos Volhos de -ei2eV4 %/5 e s(

Deusaltus4 /&:4 /8?4 /5/4 &=?

Deusamãe4 &=4 8?4 884 5/4 ,=4 :/4 :54 %?=4

%/8%/54 %&& e ss(4 %&6%&:4 %8%4 %8,%8=4

%66%6=4 %6:4 /&/ !er tam<Bm Deusa!aca Deusaterra 'nanna Kālī  Ninhursa*

Deusaterra4 &,4 :/ !er tam<Bm Deusamãe

Deusa!aca4 &,4 8%4 884 8:4 5?4 5%4 5=4 ,=4 %?= !er tam<Bm H)tor Ninhursa*

Deuses4 solares4 =84 =5=64 %6:%,?4 /?5/?6 !er tam<Bm Solar4 mitolo*ia

Deussen4 Paul4 %66

De!adatta4 /?5

De!i4 /=/

VDe@ Teorias Pro9undasV4 &,=

 Dharma, /64 /,4 /=4 :64 :,4 %?=4 %5/( %584 //64 //:4 /8/4 /6?4 /6,4 /6=4 /,&4 /=&4

&%:4 &/64 &/,4 &5,4 &:8

Dharma JdeusK4 /66 Dharmadhātu+kā!a, /5?

Dhritarashtra4 /6/4 /654 /66

 Dh!āna, &884 &=?

 Diamant, =utra, &8,

Diana4 &?=

Di9usão !ersus desen!ol!imento -aralelo4 %/& e s(4 %/,%/=

Dilmun4 :l4 %?64 %/:

Dil>!io4 Jmito doK4 :64 :=4 %??4 %?/%?,4 %%?4 %/=4 %5? e s(4 /::4 &?%4 &?6&?,4 &?:

Dinastias4 Cinco4 &5=

Dio Crisstomo4 /5,

Di*enes4 ///

Dioniso4 864 %6%4 /?/4 /&64 &?6

 Divina 7omédia, %:5

Dnie-er4 rio4 %85

Dniester4 rio4 /:5Doa<4 re*ião4 %6/4 /??

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Do*en4 &=8

Doi4 &=&

DoiDura4 &::

Domiciano4 /56Dominico4 &=84 &:?

Don4 rio4 %85

Doutrina do 9o*o e da 9umaça4 %65%664 %,,%:8

 Doutrina do @io, , &/6

Doutrina do Mundo da Harmonia Total "ue Se Relaciona e 'nter-enetra4 &,=4 &=%

Drau-adi4 /66

Dra!idianos4 %&%4 %&&4 %5%%5/ !er tam<Bm 'ndo4 ci!ili@ação do 0ale do4

 Duhsama, %,:

 Duhsama+duhsama, %=%

 Duhsama+su samvā, %=?

Dumu@i4 8?4 8&4 %?? !er tam<Bm Tammu@

Du-lo Caminho4 /,&

Du-ontSommer4 A(4 /&&

Du--asahasuri4 %=%

Dur*a Pua4 %84 %5D@orchen Rim-oche4 8??

Ea4 =:4 :%4 %%/

[den4 ardim do4 /8? Para$so4 %:4 :,

Ed9u4 6:

[di-o4 com-le2o de4 :84 /85

[ditos em Pedra4 de AshoOa4 /&&/&8

E9talitas4 hunos4 /6:4 /,?

E*Bia4 ci!ili@ação4 %:: e ss(

E*ito3 8,=, arte4 584 ,:=/4 =, com-arado com a China4 &%?4 &5&4 &56&5, mito da

criação4 ,&,, estados din)sticos4 654 ,?,%4 ,=4 =6 ' Dinastia4 564 68654 6,4

6:,?4 ,=4 =/4 =6 '' Dinastia4 564 ,%4 =?4 =/4 =6 ''' Dinastia4 564 =?4 =/4 =6 '0

Dinastia4 564 =/ e ss(4 =6 0 Dinastia4 564 =/4 =84 =64 /?5 0' Dinastia4 =/4 %%6

cidadesestados hier)ticas J-rBdin)sticasK4 854 8,584 654,?,%4 ,=4 =6

com-arado 1ndia( 5,5=4 6/6&4 ,=4 =,4 %6=%6:4 //, literatura de lamentação4%%8%%64 /?/ ai2o4 8, e s(4 6: com-arado Meso-otmia4 85864 8, e s(4 8:4

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5/ e s(4 6& e s(4 =,4 ===:4 :8 e s(4 %%?4 %%6 neol$tico4 85864 =& Anti*o Reino4

55 e s(4 654 ,&4 ,:4 =&=8 e PBrsia4 %:=%:: clero4 664 ,&,=4 ,:=/4 =64 :54 /&%

e s( -irmides4 =?=%4 =/ e ss( tum<as4 8,8=4 585,4 6&654 ,?4 ,8,54 ,:=?

Unido4 8, e s(4 5% e ss(4 6, e ss( Alto4 8, e s(4 654 6:4 ,?,% !er tam<Bm H)tor @aat R) Se*redo dos Dois Parceiros4

E*o4 %5/64 &84 &,4 5%4 ,?4 ,%4 =/4 %:6%:, !er tam<Bm Li!rear<$trio Mnadas &pa'(

5$#+

Eisai4 %,,4 &=84 &:?

Elamita4 %:=

Ele)ticos4 %=:

Elementos4 doutrina dos4 /?/4 &&,&&=

Eliade4 Mircea4 %6:

VElo PerdidoV4 %/6 !er tam<Bm Pitecantro-o ereto

Elura4 =,

Emer4 alter4 65

Em-Bdocles4 /?%4 /?&

EnBade4 ,84 ,5,6

EnBas4 %:6

En*aamento4 %:,%:=4 &?84 &%: !er tam<Bm A-e*o Desa-e*o Desen*aamentoLi!rear<$trio

ENinmar4 %%6

EnOi4 =:4:%:54 %?/4 %?&4 %?8 !er tam<Bm 1a

Enlil4 :?4 :/:54 %?/4 %?&4 %?54 %%/4 %%&4 %%64 %%=4 %/?4 %864 %:6

Ennin4 &5?&554 &=8

E-iro4 /&8

E+uincios4 -recessão dos4 :=::

EreshOi*al4 %:6

Eridu4 &=4 =: e ss( %?&4 %/&

Erman4 Adol94 ,&

Eros4 /%4 /& como Senhor Deseo4 /&/84 /6 !er tam<Bm  Kāma

Erotismo4 /&:/8?4 /,%/=54 &,,

Esca-ular4 adi!inhação4 &%8

Escrita4 &:48%4 %&:4 &?? escritos4 /&//&&

Es9in*e4 ,:4 %&=%&:Es-anha !er '<Bria

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Es-anto4 mara!ilhamento4 admiração4 &6&,4 854 =,4 %?:4 /??4 &,/ !er tam<Bm

num7nico

Es-$rito Santo4 /?5

Es-ontaneidade Jt/u+*anK , &8?&8/4 &884 &8:4 &=%4 &=5&=64 &:%4 &:/Es+uerda4 Caminho da Mão4 /=//=& !er tam<Bm Tntricas4 doutrinas

[s+uilo4 %:=4 //:

Es+uims4 %854 &%/

Estela n ,:,4 ,&4 ,5,=4 %?/

Estra<ão4 //%4 ///

Estu-as4 8?4 5=4 /%84 /&%4 /&/4 /&,4 /&=4 /&:4 /5,

Etana( %%?%%8

Eterno retorno4 mito do4 %&%64 %,%=4 8?4 %5/4 //?n( !er tam<Bm Ciclo4 -rinc$-io do

Morte4 e ressurreição Lunar4 mitolo*ia

VEuV JahamK %= e ss(4 /&/64 /?64 /6=4 &:5 !er tam<Bm SiPr-rio na 9orma de

homem

Euclideanos4 n>meros4 %=:

Eu9rates4 ===:4 %/&

Euro-a4 JdeusaK4 &,

Euro-a4 com-arada ao riente4 :6:,4 %::/??4 /?%/?/4 //:/&?4 /884 /5?/5%4 /6=4/,?/,%4 &6?4 &,64 &=/4 &=&&=84 &=:&:?

Eutidemo4 /&5

E!a4 %:4 /:4 /8?

Fahsien4 /584 /554 /5:4 &8?4 &88

Fairser!is4 r( alter A(4 /:&/:8

Falo4 adoração do4 %/54 %&/4 %&:%8%4 %554 %5,4 %,? !er tam<Bm  \ingam

 on+!n, &&5

Fan* chi4 &?/

Fara4 -rinc$-io do4 8,4 5?584 564 666:4 =/=&4 %&:4 /68/65

Fen$cios4 %?64 %:=

Ferro4 %8&4 %::4 /?%4 /&/4 /&84 /&54 /:64 &&/4 &6/

Ferro4 'dade do4 %6?4 /?&4 &6&

FBrtil4 Crescente4 %/&4 %8/ !er tam<Bm Meso-otmia4 SumBria

Fertilidade4 ritos da4 &,4 854 %5, !er tam<Bm Deusamãe Neol$tico Falo4 adoração doFi*ueirados-a*odes4 %/8 e ss(4 %&= !er tam<Bm odhi4 )r!ore

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Fil7mon e )ucis4 &?:

Filial4 -iedade4 &/54 &5,

Fin7s+ueremense4 %6/

 inngans Tak, :8Florestais4 s)<ios4 %6/%6=4 %,/4 %,8%,,4 &&?&&% !er tam<Bm udismo Tao$smo

'o*a

Fo*o4 caminho do4 %654 %6:4 %:?%:84 /%&4 //,

Fo*o4 conceito mitol*ico do4 %8:4 %6:4 %,%

França !er #)lia

Francisco de Assis4 São4 &=84 &:?

FranO9ort4 Henri4 8?4 8/4 5%4 5/4 664 ,&

Fra@er4 Sir ames4 #(4 %84 8%4 854 864 654 %&8%&54 %5,4 &?&4 &?=

Freud4 Si*mund4 /%//4 /6

Fro<enius4 Leo4 %/,%/=

Fu Hsi( &??( &??n(4 &//

Fuifara4 corte4 &,64 &,,4 &=/

Fu Wien4 &8?

Fumaça4 caminho da4 %654 %6:4 %,,%=:

Fun* _ulan4 &/84 &/64 &/=4 &&,4 &5=4 &5:

#aia4 :/

#)lia4 /&84 /884 /5,

#andhara4 estilo4 /&=4 /8%4 /5?/5% &pa'( 5$$+

Gandharvas, /5=

#andha!ati4 /6% !er tam<Bm Sata!ati

#andhi4 Mahatma4 5=

#anea4 /88

#an*es4 %/?4 %6/4 %,,4 %=%4 /55( /564 /5,4 /=,

#an*es4 ci!ili@ação do4 %6/4 /?? e ss(4 /&84 /&,4 /6:

Gar2ha, &=?

#ar*a4 %6/%68

#aruda4 /54 %5:

#autama !er uda J#autama XbOamuniK

#aa4 /&/#e<4 6,4 ,54 :84 :5

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&=6 e Zen4 &=5&=6

#u-ta4 -enodo4 =,4 %&=4 /5=/5:4 /6,4 /6: e ss(4 /=/4 &88

#uraras4 /6:4 /,?

HaecOel4 %/6

HahoOi4 &66

'lala$4 cermica4 &,4 %/8

Hamlet4 /%%

Hammond4 H(#(L(4 %::

Hamur)<i4 %?64 %/:4 %:6

Han4 dinastia4 /884 /:64 /:=4 &/64 &&6&8?4 &8%4 &8,4 &5,4 &6%4 &6/

Han4 rio4 &?8

Han Fei T@u4 &&?

Han _4 &58

Han* Min* Ti4 /8?

Han*chof4 &8%

 Fania, &6/4 &=:

 Fara+kiri, &=,&=:

Hara-a4 %/:4 %&%4 %&,4 %8%4 %8/4 %:: Fari, 6?4 /,/n(4 /,& !er tam<Bm 0isnu

 Farivamsa, /,/4 /,&

Harsha4 /6:4 /=6

Hastina-ura4 /??4 /6%

H)tor4 8:4 5? e ss(4 66 e s(4 ,:4 =%4 =64 :84 %?=

Hatshe-sut4 ==

Ha!a$4 &6/

He<reus4 %,4 /?4 %?64 %:64 //:4 /6& !er tam<Bm Le!ante Semitas

He<reus4 E-$stola aos4 :5

He9esto4 =%4 &?6

He*el4 &:8

He*ira4 /=6

Heian4 &,6 -er$odo4 &,64 &,:&=/4 &:?

Heidel<er*4 Homem de4 /:/

HeiOe4 clã4 &=/4 &=&Heine#eldern4 Ro<ert4 %/84 &%%

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Heli-olis4 ,8 e ss(

He-atosco-ia4 =:

He-@e9a4 6%

HBracles4 /&6Her)clito4 /?/

Hermes4 /88

Herm-olis4 ,6

Herodes4 /?8

Herdoto4 8= &pa'( 5$5+

Heri4 conceito de4 6=4 %%84 %8: %5/4 %58 %554 %:64 %:,4 /?%4 &?, !er tam<Bm Li!re

ar<$trio

Herri*el4 Eu*en4 &=5

Hes$odo4 :/

He2a*ramas4 J ] 7hing K &/&&/8

Hi4 rio4 &6=

Hi<a4 Monte4 &66

Hiesos4 ==4 %8&

Hieracm-olis4 8, e s(4 584 6&

Hil-reehet4 H(0(4 ::Himalaias4 /%5

HimiOo4 &6/

Hinaana4 <udismo4 /?=4 //?4 //8//54 //,4 //:4 /8%4 /8=4 /5/4 /6,4 &,,4 &,:4 &:%

!er tam<Bm P)li4 cnon HindoWush4 %85

Hindu$smo4 %=/4 %:6%:,4 /&:4 /5%4 /6,/6=4 /,6 -rinc$-ios <)sicos do4 %66

in9lu7ncia dra!idiana4 %5%%5/ com-arado mitolo*ia !Bdica4 %5%%554 %5=

%5:4 %664 %6=4 %,% !er tam<Bm ramanismo Dharma

Hi-arco de it$nia4 ::

Hi+ait4 =8=5

 Fistria 7l0ssica. /::4 &?%4 &&, citação da4 &?%&?&4 &?84 &?54 &%5&%64 &&,&&=

Histricos4 Re*istros4 &/8

Hititas4 %8&

Ho4 rio4 &?8

HoOOaido4 &6%

Homero4 %64 %6%4 /5:Honan4 /:8 e ss(

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Honen4 &=8&=64 &:?

Honshu4 &6%4 &6/

Horda Dourada4 &=8

Hrus4 8,4 5? e ss(4 6:4 ,%,/4 ,&4 ,64 =84 =64 %554 %6% Fotok, &,/

 Fotri, sacerdote4 %5,%6?

Hou Chi4 &?%

H-e Aun*4 //5

Hsia4 dinastia4 &?,&?=4 &?:

Hsian* JheriK4 &?&

Hsian*4 rio4 &?8

Hsian* Chi4 &&=

 Fsiao 7hing, &5,

 Fsin, &8%

Hsien-i4 &88

Hsinchou4 &8,4 &8=

 Fsin shu, /:

 Fsing, &/64 &58

Hsu Shen4 &8? FsQan hsQch, :;N

Hsun T@u4 &5=&5:

Huai4 rio4 &?8

HuanTou4 &?/

 Fuang an, &&,

Huan* Ti4 &??4 &&=

Hui We4 &85&8,

Huinen*4 &8,4 &8=4 &5=4 &,,4 &=%

HuiT@u4 &&8

 Fun, &56&5,

Hun*en4 &8,&8=

Hunos4 /&,4 /6: e ss(4 &88

 F!2ris, %%&

i4 &/, ] 7hing !er \ivro das @uta&Ls

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'<<iSin4 %?6

'<Bria4 %&%4 /&8

'chinotani4 &=/4 &=&

'chiitsu4 ;into$smo4 &=? !er tam<Bm Tendai4 seita'dade MBdia4 euro-Bia4 :6:,4 /%84 /,?4 &:?

'din Da*an4 8&

'enisei4 rio4 /:8

 ]l$ada, /??4 /5:

'luminação J2odhiK , /&4 /64 &/4 /?54 /?=4 //&4 //84 /&: !er udismo

'maneme4 di!indade4 /?4 =,4 =:4 :54 %?:%%?

'manente transcendente4 di!indade4 /?4 /:4 &%4 &54 ,&4 ,64 ,=4 %6=%,/

 ]mita&'o d 7risto, /,=

'name4 &,8&,5

'nanna4 &=4 &:4 8?4 %?&4 %%/4 %%&4 %%6 !er tam<Bm 'star 

'nata4 nature@a hsing, &/6&/=4 &58 saha*a, /,6

'ncas4 &=8

1ndia4 %8//4 /,&/4 &54 %/&/== 'dade do ron@e4 %/:%8/4 %8=4 %6?4 %6:4 %::4 /?&4

//6 e China4 /8?/8%4 /58/554 /5,4 /,?4 &%64 &%=&%:4 &/?4 &/&4 &/64 &/,4

&&/4 &&,4 &8?4 &884 &56 com-arada ao E*ito4 5,5=4 6/6&4 ,=,:4 =,4 %6=%6:4//, com-arada #rBcia4 %==%=:4 %:=%::4 /?%/?/4 /?&4 &&, *re*os na4 //%

///4 /&?/&%4 /&5/&, e hunos4 /6: e ss( e 'slã4 /=6/== e a-ão4 /,?/,%4

&,,4 &=? e ss(4 &=5 com-arada Meso-otmia( 85864 6/6&4 %?%4 %&%%&/4 %684

%=%4 //, neol$tica4 %/&%/54 %/=4 %&&4 %&: -aleol$tica4 %/5%/,4 %&64 %8/4 /&8

e PBrsia4 %:=%::4 /&?/&%4 /&% /&&4 /&54 /8%4 /8//8&4 /6:/,? in9lu7ncia

romana4 &pa'( 5$*+ /&?4 /&84 /56/5:4 /6: cidadesestados seculares4 /?% Sul

da4 /&8 in9lu7ncias ocidentais4 %:=%::4 //%///4 //:/&% com-arada ao

Zoroastrismo4 %:,%:= !er tam<Bm Árias ramanismo udismo Hindu$smo

0ale do 'ndo4 ci!ili@ação do ainismo Wushanas

'ndo4 ci!ili@ação do 0ale do4 85 e s(4 %/&4 %/=4 %/:%8/4 %5%%5/4 %584 %6= e ss(4 //6 e

ss(4 /&:/8?4 /88

'ndo4 mitolo*ia do 0ale do4 &?&%4 %&&%8/4 /&:/8? com-arada com hindu$smo4

%5%%5/4 %58%554 %6%%6/4 %6=%6: sinetes4 %&:%8%4 %584 %6/4 %6=%6:4 %,&4

%,=4 /?54 //6//,4 &?= com-arada mitolo*ia !Bdica4 %8,%5?4 %584 %6: !er

tam<Bm Deusamãe 'o*a'ndo4 rio4 %/&4 %/=4 %:=4 /:6

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'ndo4 0ale do4 %8&%884 %:= e ss(4 /&?4 /&5

'ndo)rias !er Árias

'ndoeuro-eus4 %85

'ndo*ermnicos4 -o!os4 %85'ndonBsia4 6&4 /:84 &,6

'ndra4 5=4 %864 %5?%564 %6,4 %,%4 /??4 /%64 /&64 /66

'n9erno3 aina4 %=%4 %=54 %=, oriental !ersus ocidental4 %:5%:6

'n*laterra4 !er retanha4

'o4 &,

'o*a3 /?/%4 &?&%4 %&: e ss(4 %5&4 %584 %6/4 %684 %664 %6=%6:4 %,?4 %,&%,84 %:?4

%:&%:84 /?64 ///4 //54 //6//,4 /6,4 /=%4 /=&4 /==4 &&/&&&4 &=5

'rã4 !er PBrsia

'ra+ue4 %/8

'rlanda4 884 /&84 &6&

'sa$as4 Li!ro de4 %,

'se4 #rande Santu)rio de4 &,/4 &,8

'shara4 8&

'sin4 8&

1sis4 864 ,54 =8=54 ==4 &?:'slã4 islamismo4 %,4 /?4 %?64 %:5%:64 /6:/,?4 /=6/==4 &=8 !er tam<Bm MaomB

'slndia4 :=

1star4 8?4 %%/4 %%& !er tam<Bm 'nanna

 ]ti iti, /,6

'@ana*i4 &68&6=4 &,8

'@anami4 &68&6=

'@umo4 &664 &6= e ss(

ac4 &?6

ai<ali4 %68%654 /??

ainismo4 %?4 %36/4 %,,%:84 %:5 e ss(4 /?%/?/4 /?84 /%=4 //&4 //54 //,4 //:4 /&:

/8?4 /86n(4 /%=4 /5/ com-arado ao <udismo4 %:54 %:64 /?&4 /?64 //?n(4 //&4

//54 //,4 //:4 /86n(4 /8=4 /5/ desen*aamento do ciclo do mundo4 %:?%:8

com-arado 9iloso9ia San+uia4 /?6/?,4 /%8 ciclo do mundo4 %,,%:?

com-arado ao @oroastrismo4 %:,%:=aintia4 montanhas4 %5

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ai-al4 /=6/=,

anameaa4 /66

a-ão3 &/4 &6?&:/ 'dade do ron@e4 &6%&6& e China( &6&&684 &,&4 &,5 e ss(4 &,:4

&=84 &=64 &=:4 &:% e 1ndia4 /,?4 &,,4 &=? e ss(4 &=5 'dade do Ferro4 &6& eCorBia4 &6%4 &6/4 &6&4 &,8 com-arado Meso-otmia4 884 &=: s$ntese

mitol*ica do4 &:%&:/ neol$tico4 &6/4 &6& -aleol$tico4 &6% !er tam<Bm

udismo4 no a-ão ;into$smo

astrof4 Morris4 %%/%%&

a!a4 %/64 /554 &,,

a!a4 Homem de4 /:/4 /:8 !er tam<Bm Pitencantro-o ereto

a!B4 &&4 %:6

aade!a4 /,%4 /,,/=/4 /=84 /=64 /==

emdel Nasr4 -er$odo4 %?/4 %/8

 bn &/54 &&54 &8/4 &5=

eremias4 Al9red4 ::

eric4 %?6

erusalBm4 %::

esu$tas4 &:?

huOar4 cultura4 %88 biriki, /8%4 &=8

 bīvas, %=/4 %=:4 %:=4 /?5 !er tam<Bm Mnadas

4 &84 %%64 %%= Li!ro de4 :5

oão atista4 :%

odo4 seita4 /8%4 &,,4 &=84 &=54 &=64 &=, !er tam<Bm udismo4 no a-ão Honen

omon4 -er$odo4 &6%

nicas4 ilhas4 %:=

udas4 /?5

un*4 Carl #(4 /%//4 854 &:8

un* Chen*4 /::

 bunshi, &=:

>-iter4 -laneta4 8%

ustiniano4 //:4 /,?

 Ka, ,?4 ,5 e ss( Kaishaku4 &=,&==

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 Kaival!am, %:?4//&

Waifara4 &=& &pa'( 5$-+

WaOui4 =5

Walanos4 ///Wale-ar4 cermica4 %/&

Wali4 %8%54 ,=4 %&64 %&,4 %8%4 %8=4 /=& !er tam<Bm XaOti

Wali _u*a4 :=

Walidasa4 /55

Wali*hal( %8

 Kalika Purāna, %5

 Kāma, /&4 /64 %,,4 /%=4 /6,

WamaOura4 -er$odo4 &,,4 &=/&=,

WamaOura4 ;o*unato4 &,,

WamehatOa4 &6&

 Kami, &,/ e ss(4 &,84 &,64 &=?4 &=%

 Kamihotok, &,/

WanaraO4 tem-lo do sol4 /6:

Wanau4 /6:4 /=,

 Kanculi, culto4 /=&Wandahar4 /&/

Wan*ra4 /=,

WanishOa4 //&4 /&,/&:4 /5:

Wansu4 /:84 /:5

WanthaOa4 /%%4 /%/4 /%&

Wao _an* !er Chuan Hsu4

Wao _u4 &8?

Wa-ila4 /?%4 /?54 /?64 /?,4 /%/4 /%84 /%64 //,4 &&, !er tam<Bm4 San+uia4 9iloso9ia

Wa-ila!astu4 /?54 /%&4 /&=

Warl*ren4 ernhard4 /:=4 /::4 &??4 &?,&?:4 &&:&8?

 Karma+!oga &/,

 Karosthi, /&/

 Karunā, /%=4 //,4 //:4 /8/4 &,:

Wasasa4 &,?

Wathiafar4 %884 /=,Waura!as4 /6//654 /66

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Wautila4 %,&

Wb!a4 estilo V-oBticoV4 /&4 /?=4 /&,

 Kā!otsarga, %,=

We*on4 !er Grinalda d lors, =utra daWe*on4 seita4 &=,

 Kna "#anisad, %6=

WerBni4 Warl4 /?&

Werma4 5,46%4 6&

Wha<ur4 0ale do4 &=

Wha9aah4 &=4 &:4 =:

W<a9re !er "uB9ren

Wham4 8??

WhaseOhemui4 ,%4 =?

Whnum4 =8=5

W<ondi4 %&%

Whonds4 %&&%&54 %&:

Whu9u4 !er "uBo-s

Wi4 JkiK4 :%4 :84 %86

Wia Wuei4 &8?Wimmei4 &684 &,8&,5

Wioto4 &,6 !er tam<Bm Heian

Wish4 %?/4 %%?4 %%%4 %%6

Wila*afa4 ose-h4 &5,4 &6/

 Ki!oki kokovo, &,&

Wo Hun*4 &8%4&8/

Wo<e4 &==

Wo<o Daishi4 &,64 &,:4 &=?

Woda*u4 %&%

 Ko*iki, &684 &,/4 &,8 citação4 &68&,?

Wolam4 %&%

Wo--ers4 ilhelm4 %&&

Wota4 %&%

Wou Chienchich4 &8&

Wramer4 Samuel Noah4 :/Wrsna4 /&64 /664 /,%/,64 /,,/=%4 /=8/=5 !er tam<Bm 0isnu

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Wu4 &?'

 Kui, &564 &5,

WuOu Nor4 /&,

Wulli4 cultura4 %/&4 %&%Wuma*ai Nao@ani4 &=/&=&

Wumara*u-ta '4 /5=

Wun4 &?%&?/4 &?8

 Kung, &/=

Wun* Wun*4 /::

 KSung =ting, &?=

Wushanas4 /&,/&:4 /8&4 /5?4 /5,4 /:=

Wfan Cho!!4 /55

W!!ei4 &?&

Wushu4 &6%4&6/4 &,?

La Tne4 cermica4 &6&

La*ash4 8%4 %%6

La<ore4 %6/

LaOs<manasena4 /==LaOsm4 %,=4 /&64 /&:4 /8?

Lamentação4 literatura de4 /?/4 //,4 &%:&/?4 &/%

Lancelote e #uine!re4 /,%

 \and+n0ma, %8/

Lao TsB4 &/54 &&54 &8/4 &584 &5=4 &=%

LaraO4 %?&

Lascau24 ca!erna4 %/6

La!$nios4 %85

Leão3 solar4 ,:( =% como s$m<olo4 564 5=4 ,= ,:4 =%4 %6= !er tam<Bm Solar4

mitolo*ia Leda e o Cisne4 &?%

Le*alista4 escola4 &&%4 &&5 &pa'( 5$/+

Le!anteQriente4 &&&54 //:/&?4 /6&4 /6: &?64 &&64 &,6

Le!iatib4 &8

 \i JlucroK4 &/,

 \i Jso9rimentoK4 &55Li Ao4 &58

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Li<erdade4 &=%4 &=5&=64 &:/ !er tam<Bm Es-ontaneidade

Li Chi4 /:%4 /:/4 &%%

Li4 Tri-B4 /:5

Lian*4 dinastia4 &85Li<ertação4 /6/,4 &/4 &64 &,4 %/?4 %664 /?/ !er tam<Bm Desa-e*o Desen*aamcnto

#rande Re!ersão3 @ok  sa, Sal!ação

L$<ia4 8=4 6:

Lieeha!i4 9am$lia4 &:/

Lieh T@u4 &&/4 &8?

Lin*am %&: e ss(4 /,,4 /=,4 &/&

Lishan4 &?8

Litan*4 mosteiro4 &:=

Lituanos4 %85

Liu4 &?6

Liu Lin*4 &8%

Liu Pan*4 &&=

Li!rear<$trio4 /,4 &84 %?:%%?4 %8:4 %5/4 %584 %:,4 &:8&:5

 \ivros da lorsta, %6=

 \ivro das @uta&Ls, &??4 &//&/&4 &/84 &8/4 &5,4 &=% \ivro d Ods, &%64 &%,&%=4 &%:&/?

 \ivro do =nhor =hang, &/?4 &/84 &&5

 \ivro dos @ortos, e*$-cio4 %:5

 \ivro dos @ortos, ti<etano4 &:54 8?%

Lo4 rio4 &?,4 &?:

Lo _an*4 /8?

Lomas Rishi4 *ruta4 /&/

Lo- Nor4 /58

Lot4 &?=4 &?:

Ltus da 0erdadeira Lei4 &,:4 &=6

Ltus =utra do, &,:4 &=6

Loan*4 &/?4 &85

Lu4 &/84 &/54 &&5

Lua !er Lunar4 mitolo*ia Tourolua

Luchou4 &5%4 &5/Lucina4 &?:

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 \ugal, :%

Lu*al@a**isi4 %%6

 \un+<u, !er naltos

Lunar4 mitolo*ia4 &,4 8%4 884 ,=4 ,:4 =%4 =54 %86%8,4 %6=4 /?54 //64 &?6Lun*shan4 cermica4 /:54 &%%4 &%&4 &6% cultura4 /:=4 &?:

Ma un*4 &8?

 @aat 4 5% e s(4 664 ,?4 ==4 :64 :,4 %?=4 %/?4 %8,4 %584 //64 /6,4 &5,4 &:8

Macednia4 /&8

Madaleniana4 cultura4 /:&4 /:8

Madh!a4 /,?

Madras4 5=4 %/64 %&%4 /&%4 /&54 /56

Madrasa+ueliana4 @ona cultural4 %/6

 @ad!a. /=/n(

Ma*as4 /&8

 @ahā2hārata,&? , := , %5/4 %584 %5=4 %5:4 %6%4 /??4 /?%4 /?64 /5:/664 /,& citação4

%5/%584 %5=%5:4 %5:n(4 %6%

MahaOasha-a4 &854 &86

Mahasena4 /&6Mahaslhama4 /8/4 /8:4 /5/

Maha!ira4 &?4 %,,4 %,=4 %:=4 /?%

Mahaana4 <udismo4 =,4 /?,4 /%84 /%=4 //?4 //84 //54 //:4 /&,4 /&=4 /8?/5&4 /6,4

&,54 &,,4 &=84 &:54 8?%

Mahesh!ara4 %&:

Mahmud al#ha@ni4 /=6/=,

Maias4 &%%

 @aithuna, /=/n(

Maitrea4 //84 /8%

MaOOan4 %/:

Mala<ar4 %&%4 %&:4 /6:4 /,?

Malaiala4 %&%

Mal)sia4 %/6

Mallmann4 MarieThrese de4 /8&

Malto4 %&%Malfa4 /6:

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Mamalla-uram4 5=

 @amatā, %,6

Mamsa. /=/n(

Manchu4 dinastia4 /:,Mandhatri4 %,84 %,5

Mani4 /88

Mani+ue$smo4 //:4 /88

Manushri4 &5?4 &5%

Mann4 Thomas4 5%4 654 ,?

Mantra4 /=/4 /=&4 &=?

Manu4 %?64 &/,

MaomB4 %:54 %:64 /6:4 /=6 !er tam<Bm 'slã

MaoTsBTun*4 &:84 &:,&:=4 &::

Mar Morto4 -er*aminhos do4 /6&

 @āra, Y:, %,,4/%=

Mara4 /54 %,=4 /?54 /?,4 /8%

Maria4 /?54 &?%

Maria Madalena4 /,%

Marrocos4 %/5Marshall4 ohn4 %&,%&=4 %8% &pa'( 5$0+

Marte4 -laneta4 8%

Maruts4 %,?

Mar24 Warl4 %584 &:8

Mar2ismo4 &:8&:5 !er tam<Bm comunismo

MasOhonuit4 =8=5

Mas-ero4 #(4 ,&

Matem)tica4 8%4 854 :,4 ::4 %?%4 %?,%?=4 %&:4 %864 %8:4 %5/4 &?,

Mateus4 E!an*elho se*undo4 %,

Mathura4 %6/4 /&,4 /&=4 /5?4 /5%4 /=,

Matriarcado4 &?&

 @ats!a, /=/n(

MauOharis4 /6:

Maura4 dinastia4 /&?4 /&%4 /&5

 @ā!ā, /? e ss(4 %&,4 %864 %5/4 %5&4 %:/4 /?54 /&?4 /654 /==Maa4 /?5

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Ma@elire4 M( de la4 &:?

 @, :64 :,4 %?%4 %?=4 %/?4 %8,4 %584 //64 /6,4 &5,4 &:8

Meditação4 /:4 %:%4 %:/4 //64 /86/5?4 /,&

Meditação4 udas de4 /85/864 &,,4 &=6Mediterrneo4 ti-o racial4 %&?4 %&%

Medusa4 &%8

Me*hamalin4 %,=4 %:&

Meii Tenno4 &=:

MelanBsia4 %/=4 %&?4 %8%

Meluhha4 %/:

Menandro( /&54 /&64 /&,

M7ncio4 &?84 &&?4 &8:4 &5=

Menes4 8=8:4 554 65

M7n9is4 8=4 8:4 5,4 654 ,&,64 ,:=%4 %6:

Men9ita4 clero4 ,&,:4 :54 /&%

Merc>rio4 deus4 /88 -laneta4 8%

 @riah, %&&

Merneith4 68

MerseOhaSemem-ses4 68Mert4 6=

Meru4 monte4 8?4 %=/

Meso-otmia4 &6884 ==%/? arte4 :6 e China4 85864 6&4 /::&??4 &?,4 &%5 conceito

de uni!erso4 %:5%:6 estados din)sticos4 ,?,% com-arada ao E*ito4 85864 8, e

s(4 8:5?4 5/4 6&4 =,4 ===:4 :8 e s(4 %?:%%?4 %%6 dil>!io4 %?/%?: cidades

estados hier)ticas4 8?8&4 854 6&4 =:4 :?:%4 :5( %?/ e ss(4 %?,4 %:6 com-arada

1ndia4 854 6/6&4 %?%4 %&%%&/4 %5? e ss(4 %684 %=%%=/4 //, com-arada ao

a-ão4 &=:&:? literatura de lamentação4 %%84 %%=%/?4 /?/ matem)tica4 :,

%?/4 %?,%?: neol$tica4 &,8%4 =:4 :54 %?%4 %/8 e im-Brio -ersa4 %:=%::

sacerdcio4 8%4 ===: sinetes4 %&=%&: in9lu7ncia sem$tica na4 %?6%?,4 %%?4

%%&4 %%6 @i*urates4 =::%4 :54 :,:=4 %:54 /5= !er tam<Bm a<ilnios SumBria

MB2ico4 /:54 &%&4 &%8

Meer4 Eduard4 ,,4 =?4 =/4 =&4 =5

Meer4 ((4 %6?%6%

Mic7nica4 ci!ili@ação4 %::/??Mihir*ula4 /6:

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MiOimoto4 WoOichi4 &,8

Milinda4 /&6/&, !er tam<Bm Menandro

Milinda-aqha4 /&6/&,

MinaO s   , %/5Minamoto4 clã4 &=&

 @ing, &/6

Min*4 &8=

Min*4 dinastia4 /,?4 /:,4 &86

 @ing+chiao, &8?

Minotauro4 &,

MinusinsO Wur*an4 cultura4 /:8

Mina4 &:=

Mirra4 &?:

Mil9ord4 A((4 &=,&==

M$tica4 dissociação4 %5%64 /,4 :%4 %%?4 %%&4 &?,4 &=:

M$tica4 en9atuação4 ,?,%4 =64 %%?4 /?,

M$tica4 eterni@ação4 /?5/?,

M$tica4 identi9icação4 %&%64 /,4 ,?,%4 =64 %%?4 %6=%6:4 /?,4 //6

M$tica4 su<ordinação4 =/=&4 =64 %%?4 /?,VMito ) !i!idoV4 5%

Mito*7nese4 %/? oriental4 %&%6 e*$-cia4 5&584 ,?,%4 =%=/4 =84 =5=, indiana4

%&6%&:4 %==4 /?//?& meso-otmica4 %5%64 85864 :%4 %?%%?/4 l?:%%?

neol$tica do riente Pr2imo4 %8%64 &,88 ocidental4 %5%,

Mitolo*ia4 ci7ncia da4 8,

Mitra4 5=4 %88

Mitra$smo4 /6:

 @lcchas, %=8

Mo Hsi4 &?,4 &?:

Mo T@u4 &/?4 &/84 &/,&&?4 &&54 &5, citação4 &%?4 &/,4 &/=&/: !er tam<Bm

Mohistas

Mohul *hundai4 %/5

MohenoDaro4 %/:4 %&%4 %8%4 %8&%884 %::

Mohistas4 &/=4 &&?4 &&% !er tam<Bm Mo T@u

 @oira, %?84 %?= @ok  sa, /6 e ss(4 &/4 /?54 //:4 &=84 &=? !er tam<Bm Desa-e*o Desen*aamento

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#rande Re!ersão Li<ertação Sal!ação

Mnadas (bīvas), %=/%=,4 %=:4 %:/4 %:&4 %:64 %:=4 /?64 /?,4 /%=4 //& &pa'( 5$1+

Mon*is4 dinastias da China4 /:,4 &884 &=84 &=6

Mon*lia4 /:&Mon*olides4 /&,4 /:&/:84 &%%&%84 &56 !er tam<Bm Circum-olar4 com-le2o

cultural

Monono<e4 clã4 &,8&,5

Moort*at4 Anton4 88

Morte4 acom-anhamento na4 &6/4 &=:

Morte4 idBia da4 5&584 ,?,%4 %%64 %&64 &&8 e ressurreição4 %&%64 %,4 8?4 ,:4 =%4 %?%4

%&64 %8%4 %664 %6:4 &?= !er tam<Bm Morto e ressuscitado4 deus Reisdeuses

Lunar4 mitolo*ia Re*icida4 ritual

Morto e ressuscitado4 deus4 8?4 8&4 864 654 %8%4 %6: !er tam<Bm Adnis Dioniso

Dumu@i s$ris Tammu@

Mortos4 culto dos4 ,?,&4 =/

Mucalinda4 //?

 @udrā, /=/n(4 &=?

Multan4 /=,

MurasaOi4 Senhora4 &,6Musashi4 &=&

M>sica4 :64 :,4 %?/4 &??4 &/, e ss(

Musteriana4 cultura4 /:&4 /:8

Mu@iris4 /56

Mpn*4 &,8

Msoro4 %&%4 /&84 /&5

 Na<hi4 %,:

 Na*as4 %&5

 Na*asena4 /&6/&,

 Na*ila4 %=%

 Nairanana4 /%,4 /%=

 NaOamura4 Haime4 &=%

 NaOatomi4 clã4 &,8

 NaOula4 /6&4 /66 !er tam<Bm Panda!as Nal4 %/&

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 Nalanda Juni!ersidadeK4 /==4 &,6

 -āma, /=/

 Nami4 %,=

 Nammu4 :/ Nan Shan4 montanhas4 /&,

 Nanda4 /,,

 Nanda4 dinastia4 /&%

 Nanda<ala4 /%=

 Nandi4 5=4 ,=

 NanOin*4 &85

 Nanna4 =:

 -aoki kokoro, &,&

 Nara4 &,6 -er$odo4 &684 &,64 &,,&,:

 Narmer4 8=4 8:4 5/4 554 6&4 :,

 Narmer4 estela de4 8=4 5?5,4 654 6,4 ,%4 ,/4 =?4 :84 %?=4 &5&4 88?

 NasiO4 /?%

 Natu9iano4 -er$odo4 %&%

 Neandertal4 Homem de4 %/64 %,=4 /:8

 Needham4 ose-h4 &%%&%/4 &884 &8, NB9tis4 ,54 =8=5

 Ne*ro4 Mar4 &6/

 Nemi4 &?=

 Neocon9ucionismo4 /:,4 &584 &5=&5:

 Neol$tico4 %/&%/84 %85 China4 /:/4 /:8/:64 /:=&%%4 &%/&%& E*ito4 85864 =&

1ndia4 %/&%/54 %/=4 %&&4 %&: a-ão4 &6/4 &6& Meso-otmia4 &,8%4 =:4 :54

%?%4 %/&%/8 riente Pr2imo nuclear4 %/&%/84 %854 /:6 na PBrsia %/&%/8

!er tam<Bm Deusa!aca Tourolua Deusamãe

 Ne-al4 /,%4 &:6

 Nero4 /56

 Ncr!a4 /56

 -ti nti, //,4 /,6

 N*an CheWao4 /8&

 Nichiren4 &,,4 &=64 &=,4 &:?

 Nichiren4 seita4 &=, Niet@sche4 Friedrich4 &54 %%64 %554 /%?/%%4 //,//=4 &6?4 &:?

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 -ihongi, &68

 Nil*iri4 montanhas4 &:4 %&%

 Nilo4 8=8:4 654 ==4 =:4 %/&4 %8&4 &?:

 Nim<adita4 /,? Ninhursa*4 &=4 8?4 8:4 =:4 :%4 :54 %?/4 %?&4 %?=

 Ninlil4 :&

 NintoOo4 &6/

 Nintu4 %?/%?& !er tam<Bm4 Ninhursa*

 Ni-ur4 :?4 ::4 %?/4 %:6

 Nir!ana4 &%4 %=?4 %:/4 %:84 //%//:4 //54 /&:4 /8%4 /,64 &8:4 &=8 !er tam<Bm

MoO sa 0a@io

 NoB4 :,4 %??4 %?84 %?64 &?6&?,4 &?:

 No*i4 conde4 &=:

 Nmades3 )rias4 %8&4 %6/ indianos -aleol$ticos4 %/6%/, semitas4 %?,

 No!a #uinB4 %8%

 N><ia4 554 564 6/

 Num7nico 88864 ,84 &6?&6%4 &,& !er tam<Bm Es-anto

 N>meros3 sistema decimal4 :,4 %86 euclideano4 %=: se2a*enimal4 :,4 ::4 %?=

 Nul4 ,54 :84 :5 Naron*4 &:6

<eid4 &= e ss(4 =:4 %/&4 %/8 -er$odo de4 %?/

cidental4 !isão de mundo4 com-arada com oriental4 %&&54 %?:4 %%&%%84 %:5%:=4

/==//:4 &:8&:54 8?% &pa'( 55)+

cidente4 !er Euro-a cidental4 !isão de mundo

cre4 utens$lios coloridos com4 /??4 /&?

ct-ode4 Mte( %=?

Odisséia, /??4 /5:

9Blia4 /%%

OudauraTadamasa4 &=:

lden<er*4 Hermann4 %8,4 %6:

leo*ra9ia4 =:

lim-o4 Monte4 8?

M4 %56Om mani #adm hum, /,,

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m<os4 6:

n !er Heli-olis

nesicrito4 //%4 ///

--ert4 ulius4 %?=raon4 %&%

rdem4 -rinc$-io da !er Dharma @aat @ Rta ao

rdos4 desco<ertas no Deserto de4 /:/4 /:&

r9eu4 /?/

r9icos4 %=:4 /?/4 /?&

riente4 com-arado ao cidente !er Euro-acidental4 !isão de mundo

rienteQLe!ante4 &&&54 //:/&?4 /6&4 /6:4 &?64 &&64 &,6

riente Pr2imo4 nuclear4 %8%54 %,4 %/& e ss(4 %854 /:5/:6 !er tam<Bm

Meso-otmia

Origm das 1s#écis, , :,

rissa4 %&%4 %&&4 /?%4 /&%4 /&54 /6:

s$ris4 864 5? e ss., 6&4 6, e s(4 ,%4 ,5 e ss., =,4 :54 %6%4 %684 %:54 /?54 &?:

tto4 Rudol94 &64 88854 &6?4 &,&

udh4 %6/

!$dio4 &?:

Pac$9ico4 Estilo Anti*o do4 &%% e ss(

Padmanatha4 %=%

PaeOche4 &,8

Paitnia4 ind>stria4 %/6

Pala4 dinastia4 /,64 /,=

Paleol$tico4 %854 &%8 China4 /://:8 Leste Asi)tico4 %/6 Eura9rieano4 %/6 1ndia4

%/5%/,4 %&64 %8/4 %5: a-ão4 &6%

Palestina4 %?64 %&%

P)li4 cnon4 /?&4 /?=4 //&4 /&=4 /6,4 &/8 !er tam<Bm Hinaana4 <udismo

Pallis4 Marco4 &:5

 Pal!a, %,:4 %,:n(4 %=:

Pan Chiao4 -er$odo4 /:5

Panda!as4 /6//6&4 /66

Pandu4 /6/4 /65Panini4 &?

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PanniOar4 WM(4 &/?

Pans4 %&&

Parashara4 /??

Parcas4 %?8Pares de o-ostos4 %64 /&4 5/4 ,%,&4 %58%554 %,,4 /6&/684 /65

P)rias4 /6=

Prmenides4 /?%

Par+ue dos Cer!os4 Renares4 %8?4 //84 //6

Parsh!a JnathaK Senhor4 %,=4 %:& %:84 %:,4 /?/4 //?n(4 //64 /8?4 &?&

Parsi9al4 &/8n(

Partia4 /8&4 &&6 !er tam<Bm PBrsia

Pas$9ae4 &,

Pastoril4 ci!ili@ação !er Neol$tico

Patanali4 &?4 /?64 /?,4 //,4 &=5

 Patsi, :%

Patriarcado4 :54 %85

Patun* Ahn*a4 &:,

Pedra4 tra<alho em4 564 684 ,:=/4 =,4 %/84 %/6%/,4 /??4 /&?4 /&%/&/

Pedro4 São4 /?5Pei2es4 J PiscsK , :=

Pensil!nia4 Uni!ersidade da4 :?4 ::4 %?/

Pentateuco4 /?4 /56

Pe+uim4 /:/

Pe+uim4 Homem de J=inanthro#us #kinnsisK , %/64 /:/4 &6%

Pera<sen !er SeOhema<QPera<sen

Periano #hundai4 %/5

 Péri#lo do @ar da 1ritréia, /564 /6:

Persa4 l$n*ua4 %:=

PersB-olis4 /?64 /&%

PBrsia4 %/84 %854 %:=%::4 /?%4 /?&4 /?5/?64 //%4 //:/&?4 /&%/&&4 /8%4 /8//8&4

/8%4 /6&4 /6:4 /=64 /:64 /:=4 &&64 &,64 &:? !er tam<Bm Zoroastrismo

PBrsico4 #ol9o4 =:4 :%

Peshafar4 /=6

Petrie4 Sir Flinders4 564 684 6,4 6:Phal*ushri4 %=%

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Pi**ott Stuart4 %/84 %/64 %&?4 %&%

PimiOo4 &6/

Pin*4 &/?

Pirmide4 de De*raus4 =?=%Pirmides4 ,54 =? e ss(4

Pirmides4 Era das4 =%4 =/4 =&

Pirmides4 Te2tos das4 ,84 :8

Pit)*oras4 :64 %?/4 %=:4 /?%4 /?&4 ///

Pitecantro-o ereto4 %/64 %,=4 /:/4 &6%4 !er tam<Bm a!a4 Homem de &pa'( 55!+

Platão &&4 %=:4 /?/4 %//

Platnico4 ano !er Ano #rande

Pl$nio4 o 0elho4 /56

Plutarco4 %684 /&6

 PSo, &56&5,

Poe4 Ed*ar Allan4 /:,

Poe<el4 Amo4 %?/4 %?64 %?,

PolinBsia4 &6&4 &=8

Pol$tica4 teoria chinesa4 &%:4 &/?&/%

Poloneses4 %85Pos$don4 &,

Possessão4 di!ina4 %6:4 //64 &56 !er tam<Bm ;amanismo

 Pra*?ā+#āramitā, te2tos4 /&=/&:

 Prakrti, /?64 //&

 Pranidhāna, &,:

 Prasad, &:

 Pratit!a+samut#āda, !er Causarão4 cadeia <udista de

PrateOa4 udas4 //8

 Provarta, /=/

Precessão dos e+uincios4 ::

 Prma, /=/

Prometeu4 &8&54 %55

Protoaustralide4 %&?4 %&%4 %&&4 %&64 %8%4 //6

Protomon*is4 /:8 !er tam<Bm Mon*olides

Prussianos4 anti*os4 %85Pt)4 ,84 ,:4 =%4 =,4 :54 %8?4 %6:4 /&%4 /&/4 /68

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Ptolomeu ''4 /&8

Puhua4 &=%

Puna<4 %/:4 %:= e ss(4 /&54 /584 /=6

Puranas4 /5:4 /654 /,54 /=% !er tam<Bm  Bhagavata Purāna Brahmavaivarta Purāna Kalika Purāna ^isnu Purāna

Purnico4 -er$odo4 5=4 :=

Pur*atrio4 /8/4 /88

Purimatala4 %=?

 Purnā2hi ska, /=/

 Purusa, /?6/?,4 //&4 //,4 /6=

Pushan4 %5=

Pusha4 %,&

Pushamitra4 /&5

"a4 68

"uB9ren4 =&

"ueima de Li!ros4 /:64 /:=4 &/?4 &/&4 &&64 &&:

"uBo-s4 =/4 =&

"uetta4 %/&4 %/5"uietismo4 /:4 &&?4 &&%&&&

R)4 564 =8=64 ==4 %%54 /?54 /?,

Radha4 /,,/=%4 /=8/=5

Rahula4 /?=

Raa*riha4 /%5

Raa-t$tros4 /6:4 /=6

Raasthan4 %/:

Ramahal4 %&%

RamaOrishna4 Shri4 %&64 %8=4 &:5

Ramanua4 /,?

Ramaraa4 /==

 Ramo Dourado, O, %84 8%4 854 654 &?&4 &?=

 Ramsés, %%4 =,

 Rāsa J72taseK4 /=/Rausir4 =84 =5

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Ra!i4 %/:

Rafa4 &:=

Raflinson4 H(#(4 /6:4 /=,4 /==

Reale@a4 idBia de4 5/4 5&4 6&4 %&:Reencarnação4 %%84 %5%4 /?/4 /8/4 /88

Re*icida4 ritual4 8%4 854 6&4 65 e ss(4 ,?4 %&:4 %6=%6:4 //64 &?= !er tam<Bm Sed4

9esti!al

VRe*istro de Anti*as "uest.esV4 !er Ko*iki

Reinis4 aliar *aloromano4 /88

Reisdeuses4 %8%64 8%4 864 5%5/4 ,?,%4 ,,,=4 =/=&4 =64 :%4 %8%4 %8=%8:4 &?&4

&/% !er tam<Bm Re*icida4 ritual

Reisehauer4 Edfin (4 &5?

Reisner4 #eor*e4 8=4 555:4 6%4 68

Relic)rios4 estu-as4 8?4 5=4 /&%4 /&/4 /&,/&=4 /&:4 /5,4 &,&4 &:/

Rel$+uias4 culto de4 /%84 /&/

Renascença4 euro-Bia4 /,?4 &:?

Renascimento4 %65 e s(4 %,&4 /?/4 /?& !er tam<Bm Morto e ressuscitado4 deus

Re*icida4 ritual Reencarnação Sacri9$cio4 do reideus

Reno4 rio4 %85Ressurreição !er Morte e ressurreição

Retidão4 JiK4 &/,

Reti9icação de nomes4 &/5&/,

Re!er7ncia !er Num7nico Es-anto

 Rig ^da, 5=4 %854 %5&4 %5,4 %6%4 %6/4 %,? citação4 %884 %5?%5%4 %6%

Ri*on*4 &::

Rin@ai4 seita4 &=,

Risha<ha JnathaK4 %,:4 /?/

 Rishis Jrsi K , %554 /5:4 &&/

RocOe9eller4 Fundação4 /:/

Roda da Lei4 //84 /&&4 /&64 /&=

Roma4 584 %?=4 /&?4 /&8/&54 /8?4 /884 /584 /564 /5,4 /:=4 &&64 &884 &6/ in9lu7ncia

da 1ndia4 /&?4 /&84 /56/5:4 /6:

Rota da Seda4 Anti*a4 /8?4 /584 /5,4 /:64 &&6 &pa'( 55#+

Rsi 4 !er RishisRta , %864 %8,4 %8:4 %5/4 %584 %,/4 //?4 &5,

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Ruditdidit4 =8=5

Rudra4 %,?

R>ssia4 %854 &=8 !er tam<Bm Si<Bria

Ro<u4 ;into$smo4 &=? !er tam<Bm Wo<o Da$shi

Sa<aOos4 ,&

Sa<uOti*in4 /=6

Sacara4 654 ,84 ,=4 ,:4 =?

Sacerdotais4 castas !er ramanismo Cidadesestados hier)ticas

Sacri9$cio3 conceito de4 %6:4 %,%4 //6 do reideus4 8%8&4 85864 ,=4 %8%4 %8:

humano4 %5%64 8&4 56654 6:,?4 ,%4 %&&%&54 %&:4 %6/4 &6/3 ritual re*icida4 8%4

8/8&4 6/6&4 65 e ss(4 ,?4 %&:4 %6:4 //64 &?= !er tam<Bm Morto e ressuscitado4

deus Soma

=addharma#undarika, !er \tus, =utra do

='dhaka, /=/

Sahadc!a4 /6&4 /66 !er tam<Bm Panda!as

=aha*a, /,64 /,,

Sahaia4 culto4 /,6

Sahuri!a4 =5XaOti4,=4 /654 /,,4 /=//=8 !er tam<Bm Wbl 

SbOa4 clã4 /?5

SaOa4 mosteiro4 &:=

XbOamuni4 !er uda J#aulama XbOamuniK

Salmos4 :5

Sal!ação4 &64 %5%4 %:=

Sal!adores do Mundo4 modelos de4 /?%4 /?&

=ama ^da, %5,4 %5=

Sam)di4 &/

Samarra4 cermica4 8=4 %/8

Samsara4 /,6 e s(

Samurai4 &=54 &=6

Sanchi4 /&:

San+uia4 9iloso9ia4 /?64 /?,4 /?=4 /%=4 //&4 //54 //,4 //:4 &&, !er tam<Bm Wa-ila

Snscrito4 /?,4 //84 /&,4 /8?4 /5?Santanu4 /6%4 /6/4 /65

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Santo A*ostinho4 /88

São osB4 /?8

Saoshant4 %6

=ar, %?/4 %?=Sar*ão4 %?64 %?,4 %%64 %/:

Sartre4 eanPaul4 &&6

Sar@ec4 Ernest de4 8%

Sassnidas4 /=6

=at, 5:6?4 &/6

Satb4 /?8

Sati4 5=4 5:4 6?4 6/4 684 654 ,?4 ,%4 =?4 =&4 %&: ,  !er tam<Bm Se-ultamento4 com

sacri9$cio humano

Sati4 deusa4 5=

=atī, !er Sati

Satori4 &/

Saturno4 deus4 :/ -laneta4 8%

=at!a, 5:6?4 &/64 &/,

Satashri4 %=%

=at!as!a sat!a, %6&Sata!ati4 /6?/6&4 /65

Sau<hari4 %,8%,,

Saul4 %?6

Xa!a4 ,=4 /65 !er tam<Bm Xi!a

Sa!itri4 %884 %5=4 %6:4 %,?4 %,%

Scheil4 0(4 ::

Scho-enhauer4 Arthur4 /%?

Schfeit@er4 Al<ert4 //:

Seca4 mito da( %5?4 &?,

Secmet4 ,=4 ,:

Sed4 9esti!al4 666,4 6:4 ,%4 =%4 &?8

Se*redo dos Dois Parceiros4 4 6,4 6=4 ,%4 =%4 =/4 %554 %:=4 /684 8?%

=imi shin, &,&

Seis Dinastias4 /:64 &8?&88

SeO<ema<QPera<sen4 ,%4 =?Sel7ucidas4 /&5

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SeleuOos4 /&%

Sem4 &?6

SemerOhat4 !er MerscOhaSemem-ses

Semitas4 /&/4 &?, com-arados aos )rias4 %8,4 %8:4 /?54 //64 &?, na Meso-otmia4%?6%?,4 %%?4 %%&4 %66

Sen*tsan4 &8,

Se-ultamento4 com sacri9$cio humano4 8&8%4 556&4 68 e SS(4 6:,?4 ,%4 &6/ !er

tam<Bm Morte4 acom-anhamento na Sati

Ser-ente4 como s$m<olo4 %8%4 %,=4 //?4 //64 /8?

Set4 5/4 ,%,&4 ,54,:4 %554 %68

Se2a*esimal4 sistema de numeração4 :,4 ::4 %?=

ShaOuntala4 /55

Shamash4 %?,4 %%%4 %%&4 /?5 !er tam<Bm Utu

Shan*4 cultura4 /:=4 &?:4 &%?&%54 &%: <ron@es4 &%%4 &%&4 &%6&%, cermica4 /:64

&%%

Shan*4 dinastia4 %8&4 /:6/:,4 &?%4 &?,&?=4 &?:&%54 &%6&%,4 &/84 &&,4 &5,

Shan* Ti4 &56&5,

=hang tSung 4 &/:

=hang /u, !er \ivro do =nhor =hang ShanOara4 /,? &pa'( 55$+

Shansi4 /:84 &5?4 &5%

Shantun*4 /:54 &&%

 Nhanin4 &8%

Shao Hao4 &?%4 &?=4 &&=

=hn, &?4 &56&5,

Shen Nun*4 &??

=hng, &58

=hng+hsin, &&/

Shenhsiu4 &8=

=hih 7hi, &/8

=hih 7hing, !er \ivro d Ods

Shih Huan* Ti4 /:=4 &&6

Shin*on( &=?4 &=64 &=,4 &:5

Shinran4 &,,4 &=84 &=54 &:?4 &:% !er tam<BmShinshu4 seita

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Shinshu4 seita4 /8%4 &,,4 &=, !er tam<Bm udismo4 no a-ão Shinran

Shita4 %&=

ShotoOu4 Pr$nci-e4 &,54 &=%

Shra!ana4 %=%4 %:8Shu4 ,8 e ss(4 :8

=hu, &5=

=hu 7hing, !er Fistria 7l0ssica

ShuSin4 %?6

Shu<ad4 8&88

Suddhodana4 /?84 /?54 /?=/%?4 /%//%&

ShuliOas4 /,?

Shun4 /:%4 /:,4 /::4 &?%4 &?&&?54 &?,4 &%64 &/%4 &/5

Shun*a4 dinastia4 /&5

Shuru--aO4 %?/ e ss(

Sh!elaOetu4 %68

Si<Bria4 /:&4 /:84 &%/

=iddha, /=/

=iddhi, %,&4 &&/&&&

SiOOim4 &:=Simão4 /?8

Sinai4 %?6

=inanthro#us #kinnsis vr P5uim, Fomm d

Sind4 %/:4 %&%4 /6:

SinOian*4 /&,

Si-ar4 ::4 %?&

SiPr-rio vr tman E*o SiPr-rio na 9orma de homem

SiPr-rio na 9orma de homem4 %=%:4 /&4 /64 /:4 ,8 e ss(4 ,=4 /654 /6,4 /6=4 &/&4 &&,

SiPr-rio +ue disse VEuV !er SiPr-rio na 9orma de homem

S$ria4 &=4 ==4 %?64 %/84 /&84 /6:

S$riocil$cia4 re*ião4 &, e s(

Sirius4 ==

Xi!a4 %5 e ss(4 &:4 5=4 ,= e ss(4 =,4 %&:%8%4 %5& e ss(4 %6/4 %6=4 %,?( /?54 //64 /&64

/884 /654 /,?4 /,,4 /=%4 /=/ -rotti-o de4 %&:%8%4 %584 %6=4 %,? tem-lo de4

=,4 /=, !er tam<Bm RudraSma4 55

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Soan4 @ona cultural4 %/64 /:/

Scrates4 //%4 ///

Sodoma4 &?=

So*a4 clã4 &,8&,5So*dianos4 /8&

Sol3 -)ssaro solar4 /54 8,4 5?5%4 ,:4 %%?%%%4 %5: leão solar4 ,:4 =% deuses do4 =84

=5=64 %6:%,?4 /?5/?6 !er tam<Bm Solar4 uda Solar4 mitolo*ia

Sol 'n!ictus4 /6:

Solar4 uda4 /8%4 &,=4 &=?4 &=5 !er tam<Bm Amida

Solar4 leão4 ,:4 =%

Solar4 mitolo*ia4 ,:4 =%4 =84 =5=64 %6:%,?4 /?5/?64 //, !er tam<Bm Lunar4

mitolo*ia Deuses4 solares

Solar4 -)ssaro4 /54 8,4 5?5%4 ,:4 %%?%%%4 %5: !er tam<Bm Hrus

Soma4 %8,4 %8:4 %584 %6&4 %6= !er tam<Bm Sacri9$cio4 conceito de

Soma4 deus4 %864 %8:4 %5?4 %5&4 %6&4 %654 %6:4 %,%4 /?5

Somnath4 /=,

=oss4 :,4 ::4 %?/

Stis4 ==

Soto4 seita4 &=,Sotthia4 //

S-en*ler4 sfald4 5&4 584 ,?4 %=:4 &%:4 &6?

=rī cakra, /=/

Srstih , %= e ss(

=th>la %=&

Sirass<ur*4 #ott9ried !on4 /,%

Su<huti4 /8?4 &8,&8=

Sudão4 5,4 6&

Sudhana4 &,,

Sudras4 casta4 %5: e ss(4 /6=4 /=/

SuBcia4 /&84 /:/

Sui4 dinastia4 /,?4 /:64 &86&8,

Suic$dio4 ritual do4 &=,&=:

SuiOo4 &,5

=ukhāvatī 4 /8/SuO sma , %=&

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SumBria4 %84 %6 com-arada aos )rias4 %86%8, mito da criação4 :%:54 %?: a-o*eu4

:? listas de reis4 := e s(4 %??%?%4 %,=4 /::&??4 &?6 e s( ordem do uni!erso4 :5

:,4 &pa'( 555+ %?,%?=4 %86 %8, sinetes4 &:8&4 ,=4 :54 /&/ com-le2os de

tem-los4 &,&:4 8&4 85864 =: !er tam<Bm Enlil @ Meso-otmia Ninhursa*4Ur 

Sun*4 dinastia4 /=4 /:,4 &56&5:

_un!atā, //:4 /&: !er tam<Bm 0a@io

Sura4 /6:

Susa4 cermica4 %/8

=usama, %,:

=usama+duhsama4 % ,:

=usama+=usama, %,:

SusanonoMiOoto4 &6=

Sushun4 &,5

Sutle4 %6/

Sutra4 de9inição4 &?

Su!rata4 %,=

Su@uOi4 Daiset@4 T(4 %?:4 &5&

=vasvar>#am, /?6

Ta<iutulEnlil4 %%6%%=

adashiki kokoro, &,&

Tai Fu4 &86

Tai Hao4 &&=

Tai Wuei4 &8%

Taishan4 &??

Tailndia4 //&

Taira4 clã !er HeiOe4 clã

aittirī!a "#anisad, &&,

TaOahito MiOasa4 &,/

TaOaOusu4 uniro4 &8?( &,=

TaOuan4 &=6

Tales4 /?/

Tmil4 %&%Tammu@4 8?4 864 :64 %864 /?54 &?: !er tam<Bm Dumu@i

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Tam-nia4 ind>stria4 %/6

Tamrili-ti4 /55

Tanatos4 /%4 /& como Senhor Morte4 /&/6 !er tam<Bm @āra Mara

Tan*4 &?=&%?4 &%6Tan*4 dinastia4 /,?4 /:64 &%/4 &8,&564 &5=4 &,64 &:?

Tntricas4 doutrinas4 5=4 ,=4 %&6%&,4 /68/654 /=//=84 &,64 &=?4 8?%

ao, /,/:4 &%&/4 :64 :,4 %?=4 %,84 &%:4 &/&4 &&%4 &&/&&&4 &&84 &&=4 &884 &8:4 &5,4

&5=4 &=%4 &=:4 &:%4 &:84 &:5 !er tam<Bm Tao$smo

ao das Cinco Sacas de Arro@4 4 &8/

ao 7lring, &/%4 &&/&&& citação4 /,4 /:4 &/4 &&&&&84 &8/4 &8:

Taohsin4 &8,

Tao _u4 &86

Tao$smo4 /=4 /&?4 /:=4 &/84 &&?&&54 &8?&884 &8,4 &8:&5?4 &5/4 &584 &55&564 &=%

&=: !er tam<Bm ao

Sao+tSih, moti!o4 &%& e ss(

a#as, %6:4 %:?

ariki4 /8%4 &=8

athāgata. /5?4 /5%4 &8&&884 &8,&8:4 &,=

athāgata gar2ha, &,=attvavaiArādī, &?

T)urea4 re*ião4 &=

Ta2ila4 %8%4 /?%4 //%4 /58

8, &&/&&&

Te<as4 5,

Te9nut4 ,8 e ss(

Telmun4 %/: !er tam<Bm Dilmun

Telu*u4 %&%

Tem-los4 com-le2os de4 &,&=4 8%4 8&4 854 5=4 =%

Tendai4 seita4 &5?4 &,:4 &=?4 &=8&=, !er tam<Bm udismo4 no a-ão Den*o Daishi

Teodsio '4 /5=4 &88

Testamento4 Anti*o4 :5

Thanesar4 /6:

Thomas Wem-is4 /,=

Tho-a4 &88ThrashaO4 &:6

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i( &56

Ti<Brio4 /56

Ti<ete4 /8:4 /,%4 /,,4 &%&4 &,64 &:&8?%

Sin, &564 &5,Tientai4 seita !er Tendai4 seita

Ti*re4 rio4 =:4 %/&4 %/8

Tiolos4 &=4 8&48,4 8=4 55 e s(4 6&4 684 =?4 =54 %/84 %8/4 /??4 /5=

Timeu4 /?/

Tin*4 &%6

TirthanOaras JVAutores da tra!essia do rioVK4

%=?4 %:? e s(

Tito4 /56

Todaii4 tem-lo4 &,6 e s(

Todas4 &: l$n*ua4 %&%

To*orsh4 &:

ToOu*afa4 ;o*unato4 &=:

Tolstoi4 584 %58

Tol4 ,6

Tol7mico4 -oste4 &%%&%/Touro3 deustouro4 &,4 5? e s(4 5= tourolua4 &,4 8%4 8&884 ,=,:4 =%4 %86%8,4 /?5

sa*rado4 &,4 8%4 %&54 %&:%8?4 %5, e ss( como s$m<olo4 564 5=4 6&4 =%4 %/8 e ss(4

%&:%8?4 %6= !er tam<Bm Á-is4 touro4 Nandi Lunar4 mitolo*ia

Traano4 /56 &pa'( 55*+

Transcendente4 di!indade4 %:/?4 &, !er tam<Bm 'manente4 di!indade

Transe4 arre<atamento4 %6:4 /8= !er tam<Bm ;amanismo

VTr7s iasV4 %8%

Tri*ramas J ] 7hing K , &//&/8

Trindade3 cristã4 &8 hindu$sta4 %55

Tristão e 'solda4 /,%4 &/8n(

riA>la, %&:

rivarga, /6

Tria4 %6%4 /5: Ca!alo de4 %6%

Trun*i4 &:,

sSan+tSung+chSi4 &8/suki!omi+no+@ikoto, &6=

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Tsunemori4 &=&

Tsun* Chih4 &86

Tsun*-in*tailo4 CBu4 &58

Tun* Fu4 &?8Tunhuan*4 &%/

Turcomanos4 /&,

Turcos4 -o!os4 /,?4 &884 &8,

Tur+uestão4 %854 /554 /=6

/u+*an, &8?4 &884 &8:

TZU Ssu4 &/6

"dgatri sacerdote4 %5,4 %5=

"dgitha, %5=

UdraOa4 /%,

U*rashra!a4 /66

Uhlen<ecO4 C(C(4 %85

"*igami, &,&

Uain4 /??4 /&5

Ulisses4 %:6Uma Haima!ati4 %6,

Um<i*o4 8?

Umma4 %%6

"#anisad, %6& !er tam<Bm U-ani2ades

U-ani2ades4 %6/4 %664 %6:4 /??4 //64 //,4 //: citação4 %=4 %6/%6&4 %6,4 %,%4 &&,

"#ā!a, &=6

U-faut J Fran+ueador do CaminhoK4 5&4 6,4 6=

U+air4 &=4 &:

Ur4 =:4 :64 %?%4 %?/4 %?64 %%6 tum<as reais de4 %84 8&4 5=4 6&4 :64 %?%4 %8&4 &=,4 &==

!er tam<Bm SumBria

Uracus4 ser-ente4 ,:

Uranos4 :/

UruO4 &=4 =:4 %?/4 %%6 -er$odo4 &:4 8%

Usirra94 =5

"tsar#inī, %,=4 %=%Utu4 %?54 %?,4 /?5 !er tam<Bm Shamash

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Uemon no Ho*e4 &=:

"/a, &:=

0aca4 sa*rada4 &=&:4 5=0achas-atimishra4 &?

0aidehi4 /86/8,4 /8:4 /5%/5/

^aikri!ika, %=5

0airochana4 /8%4 &,,4 &=? !er tam<Bm Solar4 udha

0aisali4 &:/

0aishani-aana4 /66

0ai2ia4 casta4 %5:n(4 %664 /6=

^a*ra, &=?

0alla<hachara4 /,?

^āmacārī, /=/

0ardhanas4 /6:

0aruna4 5=4 %884 %864 %8,4 %8:4 %5?4 %5%4 %5/4 %5=4 %5:4 %6%4 %=/4 /6/

0asishtha4 %5&

0asu4 /6?

0au4 %564 %6,0a@io4 /6 e ss(4 &?4 &/4 %6:4 //54 //,4 //: e ss(4 /&=4 /6,4 /6=4 /,64 /,,4 &=%4 &=64

&:54 8?%

^dāntasāra, &&/

0edas4 %/=4 %8,4 %8=4 %5%4 %5/4 %564 %5:4 %6/4 %684 %6=4 %,?4 %,84 %:,4 /?=4 //64 //:4

/5:4 /6/4 /654 /==4 &%64 &%= !er tam<Bm  Rig ^da =ama ^da 0Bdica4

mitolo*ia <a*ur ^da

0Bdica4 mitolo*ia3 e <ramanismo4 %55%6%4 %6/4 %684 %664 %6=4 %6:4 //6 com-arada

ao hindu$smo4 %5%%554 %5=4 %,?%,% com-arada mitolo*ia do 0ale do 'ndo4

%8,%5?4 %584 %6: com-arada Meso-otmia4 %86%8,4 %5? ordem do

uni!erso4 %86%8,4 %8:%5? -anteão4 %85%864 %5%4 %584 %664 %6,%6=

com-arada aos semitas4 %8,4 %8:4 /?54 //6 !er tam<Bm Árias Rta

07nus4 deusa4 8? -laneta4 8%4 :&4 %%/

0es-asiano4 /56

0idura4 /6&

^id!ā, //60iaana*ar4 /==

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0imala!ahana4 %,:

0indha4 montanhas4 /&84 /&,

^īra, /?%

0ir*em4 -arto de4 8?8%4 =8=54 /6%4 &?%4 &?:4 &/80ishishlacharila !er Nichiren

0ish!aOarman4 %,5

0isnu4 &:( 5=4 6?4 %5/ e ss(4 %,%4 /664 /,?4 &pa'( 55-+ /,/n(4 /,&4 /,6/,:4 /=%4 /=/

!er tam<Bm Orsna

0isnu Purbna , /,//,&

0isuali@ação4 /8= /5&

0ol*a4 %6/

0rinda!an4 /,/4 /,?4 /,,4 /,=4 /,:

0ritra4 %5?%584 /?8

0asa4 &?4 /5:/6,

adet4 5/

Taki/ashi4 &==

ale4 Arthur4 /=4 /:&?4 &/%4 &&% e ss(4 &&%n(4 &&84 &8:

an* Huichih4 &8%an* Lin*4 &%%

ard4 illiam4 6?6%

arner4 Lan*don4 &,&4 &=?4 &:?

atts4 Allan (4 &=5

en4 &//&/&

entsun*4 &5?

heeler4 Sir Mortimer4 %/:4 /??4 /?%4 /&%4 /5,

ieland4 &?6

ilhelm4 Richard4 &//

ilson4 H(H(4 /=&

ilson4 ohn A(4 864 %%8

internit@4 M(4 %5%

oole4 Sir Leonard4 %84 8&4 6&4 %8&

u JChouK4 &%5&%64 &//4 &&,

u JLian*K4 &85&86Tu i, &&5

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_4 o #rande4 /:%4 /:,4 /::4 &?%4 &?/4 &?8&?64 &?,4 &?:4 &/%4 &&,

_u Min4 &?,

_u Shih4 &?,

_uan4 &?,_uan4 dinastia4 /:,


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