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Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de … · 2016-03-22 · fornecem...

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Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78 (2016) http://www.aprh.pt/rgci/pdf/rgci-661_Cristiano.pdf | DOI: 10.5894/rgci661 Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Inte- grated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661 Supporting Information Supporting Information I Torres – paisagem única na costa do Rio Grande do Sul O município de Torres localiza-se a 200 km da capital do estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, e as prin- cipais vias de acesso são as rodovias BR-101 e RS-389 (Estrada do Mar). No município há os únicos afloramentos de rochas do litoral do estado, o que faz de Torres referência em paisagem costeira. O litoral do município divide-se em diversos balneários, denominados no Plano de Manejo de Dunas Costeiras de Torres como: Praia dos Molhes, Praia Grande, Prainha, Praia da Cal, Parque da Guarita, Parque Estadual de Ita- peva, Praia da Itapeva Sul, Praia Lagoa Jardim, Praia Rivera, Praia Gaúcha, Praia Petrópolis, Praia Recreio, Praia Webber, Praia Santa Helena, Praia Estrela do Mar, Praia Real e Praia Paraíso (Município de Torres & NEMA, 2006) (Figura 1). Figura 1- Localização das praias e unidades de conservação de Torres, Rio Grande do Sul (mapa base ESRI, UTM-WGS84, 22J). Figure 1- Location of beaches and conservation units in Torres, Rio Grande do Sul, Brazil (base map ESRI, UTM-WGS84, 22J)
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Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78 (2016)

http://www.aprh.pt/rgci/pdf/rgci-661_Cristiano.pdf | DOI: 10.5894/rgci661

Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Inte-grated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661

Supporting Information

Supporting Information I

Torres – paisagem única na costa do Rio Grande do Sul

O município de Torres localiza-se a 200 km da capital do estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, e as prin-cipais vias de acesso são as rodovias BR-101 e RS-389 (Estrada do Mar). No município há os únicos afloramentos de rochas do litoral do estado, o que faz de Torres referência em paisagem costeira. O litoral do município divide-se em diversos balneários, denominados no Plano de Manejo de Dunas Costeiras de Torres como: Praia dos Molhes, Praia Grande, Prainha, Praia da Cal, Parque da Guarita, Parque Estadual de Ita-peva, Praia da Itapeva Sul, Praia Lagoa Jardim, Praia Rivera, Praia Gaúcha, Praia Petrópolis, Praia Recreio, Praia Webber, Praia Santa Helena, Praia Estrela do Mar, Praia Real e Praia Paraíso (Município de Torres & NEMA, 2006) (Figura 1).

Figura 1- Localização das praias e unidades de conservação de Torres, Rio Grande do Sul (mapa base ESRI, UTM-WGS84, 22J). Figure 1- Location of beaches and conservation units in Torres, Rio Grande do Sul, Brazil (base map ESRI, UTM-WGS84, 22J)

Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661

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1 Contexto Geológico-Geomorfológico

A Planície Costeira do Estado do Rio Grande do Sul possui mais de 620 km de extensão, desde o Arroio Chuí até à foz do rio Mampituba. Esta se caracteriza pela extensa continuidade de praias arenosas, correspondente à porção emersa da Bacia de Pelotas, composta por um sistema de leques aluviais, que se desenvolveu no contato com as terras altas, e por quatro sistemas deposicionais do tipo laguna-barreira (Villwock & Tomazelli, 1995). A linha de costa atual está associada ao sistema laguna-barreira IV, que iniciou sua formação há cerca de 7 ka. Diferentes fei-ções geomorfológicas se desenvolveram durante a evolução da barreira, com a formação de cordões litorâneos e de campos de dunas transgressivos (Villwock, 1984; Villwock & Tomazelli, 1995, Hesp et al., 2005; Hesp et al., 2007). O litoral norte apresenta-se como uma sucessão de cristas e pequenos terraços arenosos, intercalados por depressões lagunares que dão suporte a importantes ecossistemas (Villwock & Tomazelli, 1995). O município de Torres é conhecido pela sua importância turística, devido à ocorrência de falésias, constituindo as únicas praias do Estado com ocorrências rochosas (Petry et al., 2005). Os morros da região são afloramentos de rochas do Cretáceo inferior da Bacia do Paraná, compostos por rochas de origem vulcânica da Formação Serra Geral - 140 M.A, sobrepostos a rochas sedimentares da Formação Botucatu - 240 M.A., configurando registros da separação do supercontinente Gondwana (Petry et al., 2005; Milani et al., 2007). As “torres” do município, deno-minadas de Torre Norte, Torre do Meio, Guarita e Torre Sul (Figura 2), vêm resistindo à ação das ondas que as moldam, esculpindo furnas de abrasão e falésias. A uma distância de 25 km da costa, no setor norte da Planície Costeira, as rochas da Formação Serra Geral ocorrem na forma de escarpas com desníveis de até 1.000 m, que podem ser visualizadas da praia em dias claros e sem muitas nuvens.

Figura 2 – Detalhe da porção litorânea de Torres onde ocorrem afloramentos rochosos (mapa base ESRI, UTM-WGS84, 22J). Figure 2 – Detail of the coastal portion of Torres, with the rocky outcrops (base map ESRI, UTM-WGS84, 22J)

Um campo de dunas transgressivo ocorre na porção central do litoral do município, e constitui uma área protegida através de uma unidade de conservação estadual – o Parque Estadual de Itapeva (Figura 1). Neste parque estão presentes dunas com cotas próximas a 30 metros e com morfologias distintas das dunas encontradas em outros locais do Estado (Tomazelli et al., 2008; Rockett et al., 2014).

Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661

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2 Caracterização Climática e Oceanográfica

Segundo a classificação de Köppen (1931), o clima que ocorre na região é do tipo Cfa - temperado úmido com verão quente (Moreno, 1961). Devido às características climáticas do estado, as praias recebem turistas em massa apenas nos períodos de verão. A costa norte do litoral é dominada por ondas, sendo caracterizado pela ocorrência de ondulação de longo período proveniente do SE e por vagas (que resultam da ação de ventos locais) provenientes principalmente do E-NE. A área também apresenta um regime de micromarés, com marés meteorológicas que podem chegar a 1,36 m (Comissão de Estudos do Porto de Torres, 1918). De acordo com as sequências morfodinâmicas as praias de Torres apresentam-se em estágio intermediário, com exceção da porção leste da praia do Parque da Guarita que se apresentou mais estável, devido a proteção pela Torre do Meio (Pivel & Calliari, 1999).

3 Contexto Ecológico e Socioeconômico

Os morros e dunas preservadas na região são cobertos por vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, representado pela vegetação de restinga. Grande parte do sistema de dunas frontais está bem vegetado, com menor densidade em áreas antropizadas, próximo a passarelas e calçadões (Município de Torres & NEMA, 2006). A vegetação das dunas é composta principalmente por espécies nativas como Capim-das-dunas (Panicum racemosum), Capim sal-gado (Spartina cilliata), Margarida-das-dunas (Senecio crassiflorus) e Capotirágua (Blutaparon portulacoides) (Município de Torres & NEMA, 2006). Os extensos costões rochosos da região abrigam vegetação diferenciada, com cactáceas e bromeliáceas fixadas nas falésias. Estes costões rochosos são os únicos substratos naturais que fornecem condições favoráveis à fixação considerável de flora algal no Estado do RS (Prado, 2009). Além da flora distinta, Torres também é detentora de importante fauna marinha, com a presença de botos (Tursiops truncatus) junto a barra, onde desempenham a cooperação para a pesca artesanal de tarrafa. Entre junho e novembro, a costa municipal é visitada por baleias francas (Eubalaena australis) e principalmente nos períodos de inverno podem ser encontrados penípedes junto aos molhes da barra e alguns descansando junto a praia, assim como diversas aves marinhas que alcançam o litoral por diferentes motivos. O município de Torres encontra-se na região costeira do estado do RS mais densamente ocupada. Com área de 160,5 km², o município possuía uma população de 34.656 mil no ano de 2010, sendo que em 2014 estima-se que este número chegue próximo aos 37 mil. A densidade média chega a 215 hab/km² (IBGE, 2010). A maior con-centração urbana se dá na porção norte do município, nas proximidades do rio Mampituba. Com relação às atividades econômicas do município, o setor de serviços corresponde a 84% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo 12% das indústrias e 4% do setor agropecuário (IBGE, 2014). O setor de serviços abrange uma grande quantidade de atividades, entre elas, o comércio e o turismo. O turismo ocorre principalmente nos meses de verão (dezembro a março), período em que a cidade chega a com-portar aproximadamente 400 mil turistas, destes 100 mil veranistas. Torres é a praia do estado que mais recebe turistas estrangeiros (Macedo, 2011). Scheffer (2010) constata que a divulgação turística do município é voltada para os países do Mercosul, sem ênfase para o público brasileiro. Com relação à infraestrutura de hospedagem, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2011), o município possuía naquela data 47 esta-belecimentos de hospedagem (hotéis, pousadas, motéis e outros) e 2001 unidades habitacionais, totalizando uma capacidade para 5.576 hóspedes. Dentro dos limites político-administrativos de Torres, existem cinco Unidades de Conservação, uma sob a jurisdição federal - Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos; uma estadual - Parque Estadual da Itapeva; duas municipais - Parque da Guarita e Área de Proteção Ambiental da Lagoa Itapeva; e uma particular - Reserva Par-ticular do Patrimônio Natural Recanto do Robalo (Figura 1). O Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos é formado por uma pequena ilha, a única ilha presente na costa do RS e localizada a 2 km da Praia Grande. Esta ilha recebe por ano, sazonalmente, numerosos exemplares de leões-marinhos (Otaria flavescens) e lobos-marinhos (Arctocephalus australis) que utilizam a ilha como um refúgio (Sanfelice et al., 1999). O Parque da Guarita busca proteger o cenário geológico do município possuindo grande importância cultural e econômica, é referência no lazer ambiental e recebe por ano, aproximadamente, 30.000 visitantes (Município de Torres, s/d). O Parque Estadual da Itapeva busca conservar os recursos naturais da Mata Atlântica e espécies da fauna e flora silvestres dos ecossistemas de dunas, banhados, mata paludosa e mata de restinga.

Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661

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Referências Comissão de Estudos do Porto de Torres (1918) - Observações das Marés. Relatório de Condições do Mar. Secretária de Obras Públicas do

Estado do Rio Grande do Sul. Arquivado no Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais. 31p. Rio Grande do Sul, Brasil. Não publicado.

Hesp, P.A.; Dillenburg, S.R.; Barboza, E.G.; Tomazelli, L.J.; Ayup-Zouain, R.N.; Esteves, L.S.; Gruber, N.L.; Toldo, E.E. Jr.; Tabajara, L.L.C.A.; Clerot, L.C.P. (2005) - Beach ridges, foredunes or transgressive dunefields? Definitions and an examination of the Torres to Tramandaí barrier system, Southern Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 77:493-508. DOI: 10.1590/S0001-37652005000300010.

Hesp, P.A.; Dillenburg, S.R.; Barboza, E.G.; Clerot, L.C.P.; Tomazelli, L.J.; Ayup-Zouain, R.N. (2007) - Morphology of the Itapeva to Tramandaí transgressive dunefield barrier system and mid- to late Holocene sea level change. Earth Surface Processes and Landforms, 32:407-414. DOI: 10.1002/esp.1408.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) - Censo Demográfico 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014) - Cidades. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php

Köppen,W. (1931) - Grundriss der Klimakunde. 390p., Walter de Gruyter, Berlim, Alemanha. Macedo, P.C. (2011) - O Espaço geográfico do Rio Grande do Sul e sua relação com seus principais roteiros turísticos: Torres com cânions,

Ferrovia do Vinho com Vale dos Vinhedos e Natal Luz em Gramado.96p., Monografia de Graduação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Não publicado.

Milani, E.J.; Melo, J.H.G.; Souza, P.A.; Fernandes, L.A.; França, A.B. (2007) - Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobras (ISSN: 1806-2881), 15(2): 265-287, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Disponível em http://vdpf.petrobras.com.br/vdpf/PDFHighlightServlet.svlt?acao=pdf&codigoArtigo=84#xml=http://vdpf.petrobras.com.br/vdpf/PDFHighlightServlet.svlt?acao=xml&codigoArtigo=84

Moreno, J.A. (1961) - Clima do Rio Grande do Sul. 42p., Secretaria da Agricultura, Porto Alegre, RS, Brasil. Município de Torres (s/d) - Site da Prefeitura Municipal de Torres, RS, Brasil. Disponível em http://www.torres.rs.gov.br/ Município de Torres & NEMA, Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (2006) - Plano de Manejo das Dunas Costeiras do Muni-

cípio de Torres - RS. 33p., Torres, RS, Brasil. Não publicado. Petry, K.; Almeida, D.P.M.; Zerfass, H. (2005) - O vulcanismo Serra Geral em Torres, Rio Grande do Sul, Brasil: empilhamento estra-

tigráfico local e feições de interação vulcano-sedimentar. GAEA (ISSN: 1983-3628), 1(1):36-47. Disponível em http://revistas.unisinos.br/index.php/gaea/article/view/6403

Pivel, M.A.G.; Calliari, L.J. (1999) - Mobilidade das Praias de Torres (RS). In: Anais do VII Congresso da ABEQUA, Porto Seguro, BA, Brasil.

Prado, J.F. (2009) - Vegetação de ambientes aquáticos do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. In: Würdig, N.L.; Freitas, S.M.F. (org), Ecos-sistemas e biodiversidade do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, pp. 76-89, Editora Nova Prova, Porto Alegre, RS, Brasil. ISBN 978-8578950378.

Rockett, G.C.; Barboza, E.G.; Rosa, M.L.C.C.; Gruber, N.L.S. (2014) - Caracterização Geológica e Geomorfológica do Campo de Dunas de Itapeva, RS, Brasil. In: Actas del XIX Congreso Geológico Argentino, ISBN: 978-987-22403-5-6, pp.1049-1050, Asociación Geológica Argentina, Córdoba, Argentina.

Sanfelice, D.; Vasques, V.C.; Crespo, E.A. (1999) - Ocupação sazonal por duas espécies de Otariidae (Mammalia, Carnivora) da Reserva Ecológica Ilha dos Lobos, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Zoologia (ISSN: 0073-4721), 87:101–10, Porto Alegre, RS, Brasil. Disponível em http://biostor.org/reference/80071

Scheffer, A.C. (2010) - Análise da Qualidade no Atendimento ao Turista: Secretaria Municipal de Turismo da Cidade de Torres-RS. 110p., Monografia de Especialização, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, SC, Brasil. Disponível em http://repositorio.unesc.net/handle/1/896?show=full

Tomazelli, L.J.; Dillenburg, S.R.; Barboza, E.G.; Rosa, M.L.C. (2008) - Geomorfologia e Potencial de Preservação dos Campos de Dunas Transgressivos de Cidreira e Itapeva, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas em Geociências (ISSN: 1807-9806), 35(2):47-55, Porto Alegre, RS, Brasil. Disponível em http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/22670

Villwock, J.A. & Tomazelli, L.J. (1995) - Geologia Costeira do Rio Grande do Sul. Notas Técnicas, 8:1-45, Porto Alegre, RS, Brasil. Villwock, J.A. (1984) - Geology of the coastal province of Rio Grande do Sul, southern Brazil: A Synthesis. Pesquisas em Geociências

(ISSN: 1807-9806), 16:5-49, Porto Alegre, RS, Brasil.

Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661

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Supporting Information II

Sistema de avaliação de cenários costeiros O Sistema de Avaliação de Cenários Costeiros proposto por Ergin et al. (2004, 2006, 2011) consiste no uso de lógica fuzzy para estipular pesos aos 26 parâmetros que resumem a qualidade paisagística, pontuados em uma escala de 1 (ausência/má qualidade) a 5 (presença/excelente qualidade). Os parâmetros avaliados são citados abaixo e na tabela do apêndice 1:

• Parâmetros Físicos: falésia, face de praia, costão rochoso, dunas, vale, relevo, maré, feições da paisagem costeira, panorama, cor e transparência da água, cobertura de vegetação natural, resíduos de vegetação. • Parâmetros Antrópicos: ruídos, resíduos sólidos, evidência de liberação de esgoto, ambiente não urbanizado, ambiente urbanizado, tipo de acesso, linha de horizonte e utilitários.

Os graus de adesão dos fatores P (parâmetros físicos) e H (parâmetros humanos) para a classe de avaliação foram expressos através da atribuição de números de peso wP e wH, respectivamente, que refletem a importância dos fatores na avaliação global, e vai ser representada como uma matriz de linha para a finalidade de simplicidade computacional: WF= (wPwH) (Ergin et al., 2004). A importância e o peso de cada parâmetro foram determinados por pesquisas de percepção pública (Ergin et al., 2004). Foi utilizado um modelo matemático de lógica fuzzy para integrar os pesos dos parâmetros e obter o indicador de atratividade do local, valor D, dividido em cinco classes (Ergin et al., 2011), apresentadas na tabela 1: Tabela 1 – Classificação de cenários costeiros com base no valor D estimado pelo método de (Ergin et al., 2011).

Classe Valor D Descrição 1 >0,85 Apresenta áreas naturais altamente atrativas. 2 0,85 – 0,65 Áreas naturais atrativas, com altos atributos paisagísticos.

3 0,64 – 0,4 Áreas majoritariamente naturais, com alguns parâmetros paisa-gísticos em destaque.

4 0,39 – 0 Áreas urbanas pouco atraentes em sua maior parte, com poucos parâmetros paisagísticos em destaque.

5 <0 Áreas urbanas não atraentes, com intenso desenvolvimento e baixos atributos paisagísticos.

(Ergin et al., 2011)

Referências

Ergin, A.; Karaesmen, E.; Micallef, A.; Williams, A. T. (2004) - A new methodology for evaluating coastal scenery: fuzzy logic systems. Area, 36:367-386. doi: 10.1111/j.0004-0894.2004.00238.x

Ergin, A.; Williams, A.T.; Micallef, A. (2006) - Coastal scenery: appreciation and evaluation. Journal of Coastal Research, 22(4):958-964. doi: 10.2112/04-0351.1

Ergin, A.; Karaesme, E., Uçar, B. (2011) - A quantitative study for evaluation of coastal scenery. Journal of Coastal Research, 27(6):1065-1075. doi: 10,2112/JCOASTRES-D-09-00093.1

Rangel-Buitrago, N.; Correa, I.D.; Anfuso, G.; Ergin, A.; Williams, A.T. (2013) - Assessing and managing scenery of the Caribbean Coast of Colombia. Tourism Management. 35: 41-58. doi: 10.1016/j.tourman.2012.05.008.

Williams, A.T; Micallef, A.; Anfuso, G.; Gallego-Fernadez, J.B. (2012) - Andalusia, Spain: An Assessment of Coastal Scenery. Landscape Research, 37(3): 327-349. doi: http://dx.doi.org/10.1080/01426397.2011.590586

Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Inte-grada, 16(1):71-78. DOI: 10.5894/rgci661

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Tabela de avaliação de cenários costeiros na versão apresentada por Williams et al. (2012) e Rangel-Buitrago et al. (2013).

Sistema de Avaliação do Cenário Costeiro 1 2 3 4 5 Parâmetros Físicos

1 Altura (m) Ausente 5-30m 31-60m 61-90m >90° 2 Declive (°) Ausente > 45° Cerca de 60° Cerca de 75° Vertical 3

Falésia Características Especiais¹ Ausente 1 2 3 Muitas (>3)

4 Tipo Ausente Lama Matacão/blocos/seixos Cascalhos/seixos Areia 5 Largura Ausente ≤ 5 > 100 > 5 ≤ 25 > 50 ≤ 25 >50 ≤100

6

Perfil de Praia

Cor Ausente Escuro Bege escuro Bege claro/esbranquiçado Branco/dourado

7 Declive (°) Ausente < 5° 5° - 10° 10°-20° 20°-45° 8 Extensão Ausente < 5m 5-10m 10-20m >20m

9

Costão Rochoso

Irregularidade Ausente Perceptivelmente irregular

Profundamente escavado/ irre-gular

Superficialmente escavado Suave

10 Dunas Ausente Remanescentes Duna frontal Dunas secundárias Várias 11 Vale Ausente Vale Seco (<1m) Córrego (1-4m) Córrego Rio/ravina calcária 12 Relevo Não é perceptível Plano Ondulado Altamente ondulado Montanhoso 13 Maré Macro (>4m) Meso (2-4m) Micro (<2m) 14 Feições da Paisagem Costeira² Ausente 1 2 3 >3 15 Panorama Aberto em um lado Aberto em dois lados Aberto em três lados Aberto em quatro lados 16 Cor e Transparência da água Lamacento/ cinza Azul/ verde opaco Azul/ Cinza/ Verde Azul claro/ Azul escuro Translúcido/azul turquesa

17 Cobertura de Vegetação Natural Descoberto (<10% restante) Restinga Pantanal/Prado Pequenos bosques (árvores ± maduras)

Variedade de árvores e cobertura natural madura

18 Vegetação Restante Contínua (>50cm de altura) Linha de costa cheia Acumulação Única Poucos itens dispersos Sem acumulação Parâmetros Antrópicos 19 Ruídos Intolerável Tolerável Poucos Ausente 20 Resíduos sólidos Acúmulo contínuo Linha de costa cheia Acumulação única Alguns itens espalhados Aparentemente ausente 21 Evidência de liberação de esgoto Evidência de esgoto Algumas evidências (1-3 itens) Sem evidências de esgoto

22 Ambiente não urbanizado Ausente Cerca viva/terraços agrícolas/ monocultura Campo misto de árvores cultivadas

ou nativas

23 Ambiente urbanizado Indústria Urbanização e turismo pesados Urbanização e turismo leves Urbanização e turismo

brandos Histórico ou ausente

24 Tipo de Acesso Tráfego Intenso/sem zona de amortecimento

Tráfego mais ameno/sem zona de

amortecimento Estacionamento visível

da área costeira Estacionamento não é visível da área

costeira

25 Linha de Horizonte Nada atrativa Vista projetada sensivelmente Vista projetada muito sensivelmente Feições naturais/ históricas

26 Utilitários³ >3 3 2 1 Sem

¹Características especiais das falésias: depósito de tálus, estratificação, recuos, dobras, perfil irregular, etc. ²Feições da paisagem costeira: penínsulas, cristas rochosas, costões irregulares, pilares, arcos e janelas de abrasão, cavernas, cascatas, deltas, lagoas, ilhas, estuários, recifes, fauna, embaiamento, tombolo, pontal, etc. ³Utilidades: linhas de energia, postes de luz, oleodutos, espigões, quebra mares, calçamentos, etc.

Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(X):xxx-xxx. DOI: 10.5894/rgci661 Supporting Information

Supporting Information III

Conservação e gestão da paisagem costeira de Torres

A maior extensão de dunas no território de Torres encontra-se no Parque Estadual da Itapeva, onde formam um sistema preservado (setores 7, 8 e 9). A faixa de praia protegida pelo Parque situa-se entre os afloramentos rochosos da Praia da Guarita e da Pedra da Itapeva, totalizando mais de 4 km de extensão de areias claras, com sistema de dunas frontais e campo de dunas transgressivo. A paisagem natural neste setor oferece um aspecto dife-renciado das outras praias, sem a presença da urbanização. No setor norte da praia, no limite da região urbana central do município, a ocupação urbana irregular faz com que haja presença de efluentes na praia. Apesar de apro-ximadamente 30% do litoral de Torres estar inserido no Parque Estadual de Itapeva, algumas práticas, como o trânsito de veículos, não são controladas de forma eficiente. A paisagem rochosa é um parâmetro que apresenta elevado peso no índice de qualidade paisagística, ocorrendo nas áreas avaliadas, com afloramento rochoso em três segmentos de praia, com destaque para os setores Parque Itapeva Sul e Balneário Itapeva Sul, que se encontram próximas da classe 4 de qualidade paisagística. As praias do Parque apresentam parâmetros físicos de elevadas pontuações, mas, ressalta-se que a gestão de parâmetros antrópicos pode alavancar seu potencial paisagístico. A coloração da água é outro parâmetro de relevância paisagística, de modo a que ao translúcido azul turquesa é atribuída nota 5. Para a área de estudo, todos os setores da costa apresentaram nota 3, representado pelo azul/verde cinza. Esta coloração é resultante da alta energia das ondas, que remobiliza os sedimentos de fundo. Outro fator que afeta a coloração é o aporte sedimentar oriundo do rio Mampituba, causando maior turbidez na água. Em alguns períodos do ano, a floração de algas diatomáceas (Asterionellopsis glacialis), que formam uma mucilagem, confere uma coloração achocolatada na zona de arrebentação, restringindo o uso da praia para banho. A praia do Parque da Guarita por apresentar uma pequena extensão (entre os afloramentos rochosos da “Torre do Meio" e "Torre Sul”) e por situar-se dentro de um Parque municipal resultou em fatores que contribuíram para a conservação e limpeza desta faixa de praia, tanto por parte dos turistas que frequentam o local quanto por parte dos donos dos quiosques instalados na faixa de praia durante o verão. Não há ocorrência de esgoto nesta praia. Porém, logo ao sul, na praia denominada Praia de Fora (setor Parque Itapeva Norte) há presença de efluentes na praia e, conforme o sentido da corrente atuante na costa, estes podem contaminar outros setores. Nos setores avaliados, nenhum se enquadrou nas classes 1 e 2. As praias classificadas nestes níveis normalmente estão associadas a valores altos dos parâmetros físicos e antrópicos. A maioria das áreas classificadas como classe 1 relaciona-se a áreas de grande beleza paisagística e constituem zonas remotas, rurais ou mesmo de proteção ambiental, com acesso restrito da população (Rangel-Buitrago et al.,2013; Anfuso et al, 2014). Por esta razão, estas áreas como, por exemplo, a praia de Macuaca no Parque Nacional Tayrona, Colômbia, apresentam valores ele-vados nos parâmetros antrópicos, devido ao ausente ou escasso nível de ocupação humana e total ausência de lixo ou descarga de esgoto cloacal (Rangel-Buitrago et al., 2013). As praias urbanas dificilmente atingem este valor, em função da interferência humana. A classificação das praias de Torres quanto a sua qualidade paisagística foram influenciadas de forma prepon-derante pelos aspectos negativos resultantes da ação humana sobre o sistema. No sentido de minimizar estes efeitos, estão disponibilizadas ao município duas ferramentas de gestão o Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima (Projeto Orla) e os Planos de Manejo de Dunas (Portz et al., 2011a). O Projeto Orla, coordenado pelo Governo Federal, busca o ordenamento dos espaços litorâneos sob domínio da União, aproximando as políticas ambiental e patrimonial. No município este projeto foi implantado entre os anos 2003 e 2004 (Município de Torres & MMA, 2003), mas o mesmo não foi legitimado e já está desatualizado. O Plano de Manejo de Dunas apresenta-se vinculado à esfera estadual, e possui como principal foco controlar as formas de utilização e apropriação do espaço de dunas. Diversas atividades previstas no plano foram executadas, principalmente para a contenção da erosão da praia e para a redução do pisoteio das dunas frontais, com a instalação de passarelas de acesso à praia e o plantio de vegetação nativa para fixar as dunas (Município de Torres & NEMA, 2006). Medidas de manejo também foram aplicadas nas dunas frontais da Praia da Cal (plantio de vegetação para conter a erosão). Tais medidas sur-tiram efeito claramente identificado nas referidas praias, com a recuperação do cordão de dunas frontais e a pro-teção do calçadão contra ressacas durante o inverno, contribuindo para a manutenção da paisagem. A presença de resíduos sólidos no ambiente e que contribuiu para a diminuição da qualidade dos setores analisados é o resultado de uma inadequada manipulação ou eliminação de resíduos descartados (Portz et al., 2010), e também deveria estar contemplado nas práticas de gestão. Um estudo realizado no litoral do RS chegou à conclusão de que grande parte da presença de resíduos nas praias é decorrente do turismo e do veraneio; muitos quiosques presentes nas praias durante o período de veraneio acumulam uma grande quantidade de resíduos, muitas vezes com um des-

Cristiano et al. (2016) - Evaluation of Coastal Scenery in Urban Beaches: Torres, Rio Grande do Sul, Brazil. Journal of Integrated Coastal Zone Management / Revista de Gestão Costeira Integrada, 16(X):xxx-xxx. DOI: 10.5894/rgci661 Supporting Information

carte ineficiente por parte dos “quiosqueiros” e dos veranistas. O constante vento presente na região também facilita a dispersão dos mesmos, resultando em uma acumulação no sistema de dunas (Portz et al., 2011b). Dentro da questão da contaminação da praia, a colocação de equipamentos de apoio ao turista em locais ina-propriados, como banheiros químicos e um número elevado de quiosques e restaurantes na faixa de praia; também prejudicam a qualidade paisagística, resultando em um aspecto estético desfavorável. Um ponto positivo na gestão da orla ocorre em virtude da presença de áreas protegidas no município. A praia da Guarita, por exemplo, classificada no nível mais atrativo de paisagem no município (classe 3), por ter acesso de veículos condicionado ao pagamento de uma taxa de acesso ao Parque e localizar-se mais distante da região urbana central do município. Justamente estas restrições inerentes à sua característica de “Parque” é que propícia a con-servação de seus aspectos naturais, e consequentemente, sua classificação elevada nos índices de cenários costeiros. A implantação de ações e finalização no Parque da Itapeva poderia, por exemplo, contribuir para uma clas-sificação superior da praia presente neste Parque, ressaltando em características similares a da praia da Guarita. Lembrando que este constitui em área de importante beleza cênica e boa conservação do sistema de dunas, apesar do uso intenso e desordenado, merecendo atenção e cuidados especiais no que diz respeito a sua valorização como ambiente natural, conservação, planejamento de usos e implantação de infraestrutura condizente com a vocação turística.

Referências

Anfuso, G.; Williams, A.T.; Cabrera-Hernández; Pranzini, E. (2014) - Coastal scenic assessment and tourism management in western Cuba. Tourism Management, 42:307-320. DOI: 10.1016/j.tourman.2013.12.001

Município de Torres / MMA (2003) - Plano de Intervenção na Orla de Torres. 89p., Município de Torres / MMA - Ministério do Meio Ambiente Torres, RS, Brasil. Não publicado.

Município de Torres / NEMA (2006) - Plano de Manejo das Dunas Costeiras do Município de Torres - RS. 33p., Município de Torres / NEMA - Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental ,Torres, RS, Brasil. Não publicado.

Portz, L. C.; Manzolli, R. P.; Gruber, N. L. S.; Correa, I. C. S. (2010) - Turismo e degradação na orla do Rio Grande do Sul: conflitos e gerenciamento. Desenvolvimento e Meio Ambiente, 22:153-166. DOI: 10.5380/dma.v22i1.20351.

Portz, L., Manzolli, R.M., Corrêa, I.C.S. (2011a) - Tools for Environmental Management Applied to the Coastal Zone of Rio Grande do Sul, Brazil. Revista da Gestão Costeira Integrada, 11(4):459-470. DOI: 10.5894/rgci278

Portz, L., Manzolli, R.M., Ivar do Sul, J.A. (2011b) - Marine debris on Rio Grande do Sul north coast, Brazil: spatial and temporal patterns. Revista da Gestão Costeira Integrada, 11(1):41-48. DOI: 10.5894/rgci187

Rangel-Buitrago, N.; Correa, I.D.; Anfuso, G.; Ergin, A.; Williams, A.T. (2013) - Assessing and managing scenery of the Caribbean Coast of Colombia. Tourism Management. 35: 41-58. DOI: 10.1016/j.tourman.2012.05.008.


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