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Karl Marx.pdf

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  • Karl Marx

    Karl Heinrich Marx (Trveris, 5 de maio de 1818 Londres, 14 de maro de 1883)[1] foi um intelectual e revolucionrio alemo, fundador da doutrina comu- nista moderna, que atuou como economista, lsofo, historiador, terico poltico e jornalista.

    O pensamento de Marx inuencia vrias reas, especial- mente Filosoa, Geograa, Histria, Direito, Sociologia, Literatura, Pedagogia, Cincia Poltica, Antropologia, Economia e Teologia, mas tambm a Biologia[2], Psicologia[3], Comunicao[4], Administrao [5], Fsica[6], Cosmologia[6], Arquitetura[7] e Ecologia[8][9].

    As teorias de Marx sobre a sociedade, a economia e a poltica - conhecidas coletivamente como marxismo - armam que as sociedades humanas progridem atravs da luta de classes: um conito entre a classe burguesa que controla a produo e um proletariado que fornece a mo de obra para a produo. Ele chamou o capita- lismo de a ditadura da burguesia, acreditando que seja executada pelas classes ricas para seu prprio benefcio, Marx previu que, assim como os sistemas socioecon- micos anteriores, o capitalismo produziria tenses inter- nas que conduziriam sua auto-destruio e substituio por um novo sistema: o socialismo. Ele argumentou que uma sociedade socialista seria governada pela classe tra- balhadora a qual ele chamou de ditadura do proletari- ado, o estado dos trabalhadores ou democracia dos trabalhadores.[10][11] Marx acreditava que o socialismo viria a dar origem a uma aptrida, uma sociedade sem classes chamada de comunismo. Junto com a crena na inevitabilidade do socialismo e do comunismo, Marx lu- tou ativamente para a implementao do primeiro, argu- mentando que os tericos sociais e pessoas economica- mente carentes devem realizar uma ao revolucionria organizada para derrubar o capitalismo e trazer a mu- dana scio-econmica.[12]

    Em uma pesquisa realizada pela Radio 4, da BBC, em 2005, foi eleito o maior lsofo de todos os tempos.[13][14] Alm disso, Marx normalmente citado, juntamente com mile Durkheim e Max Weber, como um dos trs principais arquitetos da sociologia moderna.[15] Ainda em outro campo, a obra de Marx sobre economia lanou as bases para a compreenso atual do trabalho e de sua relao com o capital, muito inuenciando o pensamento econmico subsequente.[16][17][18][19]

    1 Biograa 1.1 Juventude

    Marx foi o terceiro de nove lhos[20], de uma fam- lia de origem judaica de classe mdia da cidade de Trveris, na poca no Reino da Prssia. Sua me, Hen- riette Pressburg (17881863), era judia holandesa e seu pai, Herschel Marx (17771838), um advogado e con- selheiro de Justia. Herschel descende de uma famlia de rabinos, mas se converteu ao cristianismo luterano em funo das restries impostas presena de mem- bros de etnia judaica no servio pblico, quando Marx ainda tinha seis anos.[21] Seus irmos eram Sophie (1816- 1886), Hermann (1819-1842), Henriette (1820-1845), Louise (1821-1893), Emilie (1824-1888 - adotada por seus pais), Caroline (1824-1847) e Eduard (1826-1837).

    Em 1830, Marx iniciou seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm, em Trveris, ano em que eclodiram revolues em diversos pases europeus. Ingressou mais tarde na Universidade de Bonn para estudar Direito, transferindo- se no ano seguinte para a Universidade de Berlim, onde o lsofo alemo Georg Wilhelm Friedrich Hegel, cuja obra exerceu grande inuncia sobre Marx, foi profes- sor e reitor.[21] Em Berlim, Marx ingressou no Clube dos Doutores, que era liderado por Bruno Bauer. Ali per- deu interesse pelo Direito e se voltou para a Filosoa, tendo participado ativamente do movimento dos Jovens Hegelianos. Seu pai faleceu neste mesmo ano.[21] Em 1841, obteve o ttulo de doutor em Filosoa com uma tese sobre as "Diferenas da losoa da natureza em Demcrito e Epicuro".[21] Impedido de seguir uma car- reira acadmica,[22] tornou-se, em 1842, redator-chefe da Gazeta Renana (Rheinische Zeitung), um jornal da pro- vncia de Colnia;[23] conheceu Friedrich Engels neste mesmo ano, durante visita deste a redao do jornal.[21]

    1.2 Casamento e inicio de sua vida politica

    Em 1843, a Gazeta Renana foi fechada aps publicar uma srie de ataques ao governo prussiano. Tendo perdido o seu emprego de redator-chefe, Marx mudou-se para Paris. L assumiu a direo da publicao Anais Franco- Alemes e foi apresentado a diversas sociedades secretas de socialistas. Antes ainda da sua mudana para Paris, Marx casou-se, no dia 19 de junho de 1843, com Jenny von Westphalen,[21] a lha de um baro da Prssia com a qual mantinha noivado desde o incio dos seus estudos

    1

  • 1 BIOGRAFIA 2

    Monumento a Marx em Chemnitz, Alemanha.

    universitrios.[24] (Noivado que foi mantido em sigilo du- rante anos, pois as famlias Marx e Westphalen no con- cordavam com a unio.[25])

    Do casamento de Marx com Jenny von Westphalen, nas- ceram sete lhos, mas devido s ms condies de vida que foram forados a viver em Londres, apenas trs so- breviveram idade adulta. As crianas eram: Jenny Caroline (1844-1883), Jenny Laura (1845-1911), Edgar (1847-1855), Henry Edward Guy (Guido"; 1849-1850), Jenny Eveline Frances (Franziska"; 1851-52), Jenny Ju- lia Eleanor (1855-1898) e mais um que morreu antes de ser nomeado (Julho, 1857). Ao que consta, Franziska, Edgar e Guido morreram na infncia, provavelmente pe- las pssimas condies materiais a que a famlia estava submetida.[26] Marx tambm teve um lho nascido de sua relao amorosa com a militante socialista e empregada da famlia Marx, Helena Demuth. Solicitado por Marx, Engels assumiu a paternidade da criana, Frederick De- lemuth, e pagando uma penso, entregou-o a uma famlia de um bairro proletrio de Londres [27]

    No tratamento pessoal Leandro Konder ressalta Marx foi produto de seu tempo: "Antes de poder contestar a sociedade capitalista Marx pertencia a ela, estava espi- ritualmente mais enraizado no solo da sua cultura do que admitiria", e que diante dos padres da Inglaterra vitori- ana mostrou: "traos tpicos das limitaes de seu tempo". Como moas aristocrticas, suas lhas tinham aulas de piano, canto e desenho, mesmo que no tivessem desen- voltura para tais atividades artsticas.[27]

    Tambm em 1843, Marx conheceu a Liga dos Justos

    Esposa de Marx, Jenny von Westphalen.

    Marx com sua mulher, em foto de 1869.

  • 1.3 Morte 3

    (que mais tarde tornar-se-ia Liga dos Comunistas).[21] Em 1844, Friedrich Engels visitou Marx em Paris por al- guns dias. A amizade e o trabalho conjunto entre ambos, que se iniciou nesse perodo, s seria interrompido com a morte de Marx.[24] Na mesma poca, Marx tambm se encontrou com Proudhon, com quem teve discusses po- lmicas e muitas divergncias. E conheceu rapidamente Bakunin, ento refugiado do czarismo russo e militante socialista. No seu perodo em Paris, Marx intensicou os seus estudos sobre economia poltica, os socialistas ut- picos franceses e a histria da Frana, produzindo ree- xes que resultaram nos Manuscritos de Paris, mais co- nhecidos como Manuscritos Econmico-Filoscos. De acordo com Engels, foi nesse perodo que Marx aderiu s ideias socialistas.[24]

    De Paris, Marx ajudou a editar uma publicao de pe- quena circulao chamada Vorwrts!, que contestava o regime poltico alemo da poca. Por conta disto, Marx foi expulso da Frana em 1845 a pedido do governo prus- siano. Migrou ento para Bruxelas, para onde Engels tambm viajou.[24] Entre outros escritos, a dupla redi- giu na Blgica o Manifesto comunista. Em 1848, Marx foi expulso de Bruxelas pelo governo belga. Junto com Engels, mudou-se para Colnia, onde fundam o jornal Nova Gazeta Renana.[21] Aps ataques s autoridades lo- cais publicados no jornal, Marx foi expulso de Colnia em 1849. At 1848, Marx viveu confortavelmente com a renda oriunda de seus trabalhos, seu salrio e presen- tes de amigos e aliados, alm da herana legada por seu pai.[25] Entretanto, em 1849 Marx e sua famlia enfren- taram grave crise nanceira; aps superarem diculda- des conseguiram chegar a Paris, mas o governo francs proibiu-os de xar residncia em seu territrio. Graas, ento, a uma campanha de arrecadao de donativos pro- movida por Ferdinand Lassalle na Alemanha, Marx e fa- mlia conseguem migrar para Londres, onde xaram re- sidncia denitiva.[21]

    1.3 Morte

    Encontrando-se deprimido por conta da morte de sua es- posa, ocorrida em Dezembro de 1881, Marx desenvol- veu, em consequncia dos problemas de sade que su- portou ao longo de toda a vida, bronquite e pleurisia, que causaram o seu falecimento em 1883. Foi enterrado na condio de aptrida,[28] no Cemitrio de Highgate, em Londres.[21]

    Muitos dos amigos mais prximos de Marx prestaram homenagem ao seu funeral, incluindo Wilhelm Liebkne- cht e Friedrich Engels. O ltimo declamou as seguintes palavras:[29]

    Em 1954, o Partido Comunista Britnico construiu uma lpide com o busto de Marx sobre sua tumba, at ento de decorao muito simples.[30] Na lpide encontram-se ins- critos o pargrafo nal do Manifesto Comunista (Prole- trios de todos os pases, uni-vos!") e um trecho extrado

    Tumba de Karl Marx no Cemitrio de Highgate, Londres.

    Marx por volta de um ano antes de sua morte, em 1882.

    das Teses sobre Feuerbach: Os lsofos apenas inter- pretaram o mundo de vrias maneiras, enquanto que o objetivo mud-lo.[31][32]

  • 4 2 PENSAMENTO 2 Pensamento

    Durante a vida de Marx, suas ideias receberam pouca ateno de outros estudiosos. Talvez o maior interesse tenha se vericado na Rssia, onde, em 1872, foi publi- cada a primeira traduo do Tomo I d'O Capital. Na Alemanha, a teoria de Marx foi ignorada durante bas- tante tempo, at que em 1879 um alemo estudioso da Economia Poltica, Adolph Wagner, comentou o traba- lho de Marx ao longo de uma obra intitulada Allgemeine oder theoretische Volkswirthschaftslehre. A partir de en- to, os escritos de Marx comearam a atrair cada vez mais ateno.[33]

    Nos primeiros anos aps a morte de Marx, sua teo- ria obteve crescente inuncia intelectual e poltica so- bre os movimentos operrios (ao nal do sculo XIX, o principal locus de debate da teoria era o Partido Social- Democrata alemo) e, em menor proporo, sobre os cr- culos acadmicos ligados s cincias humanas notada- mente na Universidade de Viena e na Universidade de Roma, primeiras instituies acadmicas a oferecerem cursos voltados para o estudo de Marx.[33]

    Marx foi herdeiro da losoa alem, considerado ao lado de Kant, Nietzsche e Hegel um de seus grandes represen- tantes. Foi um dos maiores (para muitos, o maior) pen- sadores de todos os tempos, tendo uma produo terica com a extenso e densidade de um Aristteles, de quem era um admirador. Marx criticou ferozmente o sistema losco idealista de Hegel. Enquanto que, para Hegel, da realidade se faz losoa, para Marx a losoa precisa incidir sobre a realidade. Para transformar o mundo ne- cessrio vincular o pensamento prtica revolucionria, unio conceitualizada como prxis: unio entre teoria e prtica.

    A teoria marxista , substancialmente, uma crtica radi- cal das sociedades capitalistas. Mas uma crtica que no se limita a teoria em si. Marx, alis, se posiciona contra qualquer separao drstica entre teoria e prtica, entre pensamento e realidade, porque essas dimenses so abs- traes mentais (categorias analticas) que, no plano con- creto, real, integram uma mesma totalidade complexa.[34]

    O marxismo constitui-se como a concepo materialista da Histria, longe de qualquer tipo de determinismo, mas compreendendo a predominncia da materialidade sobre a ideia, sendo esta possvel somente com o desenvolvi- mento daquela, e a compreenso das coisas em seu mo- vimento, em sua inter-determinao, que a dialtica. Portanto, no possvel entender os conceitos marxia- nos como foras produtivas, capital, entre outros, sem le- var em conta o processo histrico, pois no so conceitos abstratos e sim uma abstrao do real, tendo como pres- suposto que o real movimento.[35]

    Karl Marx compreende o trabalho como atividade fun- dante da humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social. Sendo os homens seres soci-

    ais, a Histria, isto , suas relaes de produo e suas relaes sociais fundam todo processo de formao da humanidade. Esta compreenso e concepo do homem radicalmente revolucionria em todos os sentidos, pois a partir dela que Marx ir identicar a alienao do trabalho como a alienao fundante das demais. E com esta base losca que Marx compreende todas as de- mais cincias, tendo sua compreenso do real inuenci- ado cada dia mais a cincia por sua consistncia.[36]

    2.1 Inuncias

    Algumas das principais leituras e estudos feitos por Marx so:[37]

    A losoa alem de Kant, Hegel e dos neo-

    hegelianos (como Feuerbach e outros);

    O socialismo utpico (representado por Saint- Simon, Robert Owen, Louis Blanc e Proudhon);

    E a economia poltica clssica britnica (represen- tada por Adam Smith, David Ricardo e outros).

    Ele estudou profundamente todas essas concepes ao mesmo tempo em que as questionou e desenvolveu novos temas, de modo a produzir uma profunda reorientao no debate intelectual europeu.[37]

    2.1.1 Inuncia da Filosoa Idealista

    Hegel foi professor da Universidade de Jena, a mesma instituio onde Marx cursou o doutorado. E, em Berlim, Marx teve contato prolongado com as ideias dos Jovens Hegelianos (tambm referidos como Hegelianos de es- querda). Os dois principais aspectos do sistema de Hegel que inuenciaram Marx foram sua losoa da histria e sua concepo dialtica.[38]

    Para Hegel, nada no mundo esttico, tudo est em constante processo (vir-a-ser); tudo histrico, portanto. O sujeito desse mundo em movimento o Esprito do Mundo (ou Superalma; ou Conscincia Absoluta), que re- presenta a conscincia humana geral, comum a todos in- divduos e manifesta na ideia de Deus. A historicidade concebida enquanto histria do progresso da conscincia da liberdade. As formas concretas de organizao social correspondem a imperativos ditados pela conscincia hu- mana, ou seja, a realidade determinada pelas ideias dos homens, que concebem novas ideias de como deve ser a vida social em funo do conito entre as ideias de li- berdade e as ideias de coero ligadas a condio natural (selvagem) do homem. O homem se liberta progres- sivamente de sua condio de existncia natural atravs de um processo de espiritualizao reexo losca (ao nvel do pensamento, portanto) que conduz o homem a perceber quem o real sujeito da histria.[38][39]

  • 2.1 Inuncias 5

    Marx considerou-se um hegeliano de esquerda durante certo tempo, mas rompeu com o grupo e efetuou uma reviso bastante crtica dos conceitos de Hegel aps to- mar contato com as concepes de Feuerbach. Manteve o entendimento da histria enquanto progresso dialtica (ou seja, o mundo est em processo graas ao choque per- manente entre os opostos; no esttico), mas eliminou o Esprito do Mundo enquanto sujeito ou essncia, por- que passou a compreender que a origem da realidade so- cial no reside nas ideias, na conscincia que os homens tm dela, mas sim na ao concreta (material, portanto) dos homens, portanto no trabalho humano. A existn- cia material precede qualquer pensamento; inexiste pos- sibilidade de pensamento sem existncia concreta. Marx inverte, ento, a dialtica hegeliana, porque coloca a ma- terialidade e no as ideias na gnese do movimento histrico que constitui o mundo. Elabora, assim, a dia- ltica materialista (conceito no desenvolvido por Marx, que tambm costuma ser referida por materialismo dia- ltico).[38][40]

    A respeito da inuncia de Hegel sobre Marx, escreveu Lenin que

    Ludwig Feuerbach foi um lsofo materialista que atraiu muita ateno de intelectuais de sua poca. Publicou, em 1841, uma obra (Das Wesen des Christentums A essn- cia do cristianismo) que teve inuncia importante sobre Marx, Engels e os Jovens Hegelianos. Nela, Feuerbach criticou duramente Hegel, e armou que a religio con- siste numa projeo dos desejos humanos e numa forma de alienao. de Feuerbach a concepo de que em He- gel a lgica dialtica est de cabea para baixo, porque apresenta o homem como um atributo do pensamento ao invs do pensamento como um atributo do homem. Sem dvida, o contato de Marx com as ideias feuerbachianas foi determinante para a formulao de sua crtica radical da religio e das concepes invertidas de Hegel.[38]

    2.1.2 Inuncia do socialismo utpico

    Por socialismo utpico costumava-se designar, poca de Marx, um conjunto de doutrinas diversas (e at an- tagnicas entre si) que tinham em comum, entretanto, duas caractersticas bsicas: todas entendiam que a base determinante do comportamento humano residia na esfera moral/ideolgica e que o desenvolvimento das civilizaes ocidentais estava a permitir uma nova era onde iria imperar a harmonia social. Marx criticou sagaz- mente as ideias dos socialistas utpicos (principalmente dos franceses, com os quais mais polemizou), acusando- os de muito romantismo ingnuo e pouca (ou nenhuma) dedicao ao estudo rigoroso da conjuntura social, pois os socialistas utpicos muito diziam sobre como deveria ser a sociedade harmnica ideal, mas nada indicavam so- bre como seria possvel alcan-la plenamente. Por ou- tro lado, pode-se dizer que, de certa forma, Marx ado- tou explcita ou implicitamente algumas noes con- tidas nas ideias de alguns dos socialistas utpicos (como, por exemplo, a noo de que o aumento da capacidade de produo decorrente da revoluo industrial permite condies materiais mais confortveis vida humana, ou ainda a noo de que as crenas ideolgicas do sujeito[43] lhe determinam o comportamento).[38]

    2.1.3 Inuncia da economia poltica clssica

    Marx empreendeu um minucioso estudo de grande parte da teoria econmica ocidental, desde escritos da Grcia antiga at obras que lhe eram contemporneas. As con- tribuies que julgou mais fecundas foram as elaboradas por dois economistas polticos britnicos, Adam Smith e David Ricardo (tendo predileo especial por Ricardo, a quem referia como o maior dos economistas clssicos). Na obra deste ltimo, Marx encontrou conceitos en- to bastante utilizados no debate britnico que, aps fe- cunda reviso e re-elaborao, adotou em denitivo (tais como os de valor, diviso social do trabalho, acumulao primitiva e mais-valia, por exemplo). A avaliao do grau de inuncia da obra de Ricardo sobre Marx bas- tante desigual. Estudiosos pertencentes tradio neo-

  • 2 PENSAMENTO 6

    Marx em 1867.

    ricardiana tendem a considerar que existem poucas dife- renas cruciais entre o pensamento econmico de um e outro; j estudiosos ligados tradio marxista tendem a delimitar diferenas fundamentais entre eles.[38][44]

    2.1.4 Classes Sociais

    As relaes de produo controlam tanto a distribuio dos meios de produo e dos produtos, quanto a apropri- ao dessa distribuio e do trabalho. Elas expressam as formas sociais de organizao voltadas para a produo. Os fatores decorrentes dessas relaes resultam em uma diviso dentre as sociedades.

    Em razo da diviso social do trabalho e dos meios, a sociedade se extrema entre possuidores e os no detento- res dos meios de produo. Surgem, ento, a classe do- minante e a classe dominada, sendo a classe dominante aquela que mantm poder sobre os meios de produo e a classe dominada a que se sujeita a dominante para obter os bens produzidos. O Estado aparece para repre- sentar os interesses da classe dominante e cria, para isso, inmeros aparatos para manter a estrutura da produo. Esses aparatos so nomeados por Marx de infraestrutura e condicionam o desenvolvimento de ideologias e normas reguladoras, sejam elas polticas, religiosas, culturais ou econmicas, para assegurar os interesses dos propriet- rios dos meios de produo.[45]

    2.2 Metodologia

    Marx nunca escreveu um livro dedicado especicamente metodologia das cincias sociais para expor, mas dei- xou, dispersas por numerosas obras escritas, um conjunto de reexes metodolgicas, nas quais desenvolve o seu prprio mtodo por meio da crtica ao idealismo especu- lativo hegeliano e economia poltica clssica.

    Segundo Marx, Hegel e seus seguidores criaram uma dialtica misticada, que buscava explicar especulativa- mente a histria mundial como auto-desenvolvimento da Ideia absoluta.

    J os economistas clssicos naturalizavam e desistorici- zaram o modo de produo capitalista, concebendo a do- minao de classe burguesa como uma ordem natural das relaes econmicas, a partir de um conceito abstrato de indivduo, homo economicus. Por isso, os economistas clssicos recorriam a robsonadas, isto , narrativas de trocas de produtos entre caadores e pescadores primiti- vos, para ilustrar as suas teorias econmicas. Marx atri- bua essa misticao ao fetichismo da mercadoria, e no a uma inteno consciente.

    Em oposio aos lsofos idealistas e aos economistas clssicos, Marx propunha a investigao do desenvolvi- mento histrico das formas de produo e reproduo so- cial, partindo do concreto para o abstrato e do abstrato para o concreto[46]

    2.3 Crtica da religio

    Para Marx a crtica da religio o pressuposto de toda cr- tica social, pois cr que as concepes religiosas tendem a desresponsabilizar os homens pelas consequncias de seus atos.[38] Marx tornou-se reconhecido como crtico sagaz da religio devido a sentena que profere em um escrito intitulado Crtica da losoa do direito de Hegel: A religio o suspiro da criatura oprimida, o corao de um mundo sem corao, assim como o esprito de uma situao carente de esprito. o pio do povo.[47] Em verdade, Marx se ocupou muito pouco em criticar sistematicamente a atividade religiosa. Nesse quesito ele basicamente seguiu as opinies de Ludwig Feuerbach, para quem a religio no expressa a vontade de nenhum Deus ou outro ser metafsico: criada pela fabulao dos homens.[47]

    2.4 Revoluo

    Apesar de alguns leitores de Marx adjetivarem-no de terico da revoluo, inexiste em suas obras qual- quer denio conceitual explcita e especca do termo revoluo.[48] O que Marx oferece so descries e proje- es histricas inspiradas nos estudos que fez acerca das revolues francesa, inglesa e norte-americana.[38] Um exemplo de prognstico histrico desse tipo encontra-se

  • 2.6 A prxis 7

    em Contribuio para a crtica da Economia Poltica:

    Em geral, Marx considerava que toda revoluo neces- sariamente violenta, ainda que isso dependa, em maior ou menor grau, da constrio ou abertura do Estado. A necessidade de violncia se justica porque o Estado ten- deria sempre a empregar a coero para salvaguardar a manuteno da ordem sobre a qual repousa seu poder po- ltico, logo, a insurreio no tem outra possibilidade de se realizar seno atuando tambm violentamente. Dife- rente do apregoado pelos pensadores contratualistas, para Marx o poder poltico do Estado no emana de algum consenso geral, antes o poder particular de uma classe particular que se arma em detrimento das demais.[48]

    Importante notar que Marx no entende revoluo en- quanto algo como reconstruir a sociedade a partir de um zero absoluto. Na Crtica ao Programa de Gotha, por exemplo, indica claramente que a instaurao de um novo regime s possvel mediada pelas instituies do re- gime anterior. O novo sempre gestado tendo o velho por ponto de partida.[48] A revoluo proletria, que ins- tauraria um novo regime sem classes, s obteria sucesso pleno aps a concluso de um perodo de transio que Marx denominou socialismo.[38]

    2.5 Crtica ao Anarquismo

    Criticou o anarquismo por sua viso tida como ingnua do m do Estado onde se objetiva acabar com o Es- tado por decreto, ao invs de acabar com as condies

    sociais que fazem do Estado uma necessidade e reali- dade. Na obra Misria da Filosoa elabora suas crticas ao pensamento do anarquista Proudhon. Ainda, criticou o blanquismo com sua viso elitista de partido, por ter uma tendncia autoritria e superada. Posicionou-se a fa- vor do liberalismo, no como soluo para o proletariado, mas como premissa para maturao das foras produti- vas (produtividade do trabalho) das condies positivas e negativas da emancipao proletria, como a da homoge- neizao da condio proletria internacional gerado pela "globalizao" do capital. Sua viso poltica era profun- damente marcada pelas condies que o desenvolvimento econmico ofereceria para a emancipao proletria, tanto em sentido negativo (desemprego), como em sen- tido positivo (em que o prprio capital centralizaria a eco- nomia, exemplo: multinacionais).[50]

    2.6 A prxis

    Na lgica da concepo materialista da Histria no a realidade que move a si mesma, mas comove os ato- res, trata-se sempre de um drama histrico (termo que Marx usa em O 18 Brumrio de Lus Bonaparte) e no de um "determinismo histrico" que cairia num materi- alismo mecnico (positivismo), oposto ao materialismo dialtico de Marx. O materialismo dialtico, hist- rico, poderia tambm ser denido como uma dialtica realidade-idealidade evolutiva. Ou seja, as relaes en- tre a realidade e as ideias se fundem na prxis, e a prxis o grande fundamento do pensamento de Marx. Pois sendo a histria uma produo humana, e sendo as ideias produto das circunstncias em que tais ideais brotaram, fazer histria racionalmente a grande meta. E o pr- prio fazer da histria que criar suas condies objetivas e subjetivas adjacentes, j que a objetividade histrica produto da humanidade (dos homens associados, luta po- ltica, etc). E assim, Marx naliza as Teses sobre Feuer- bach, no se trata de interpretar diferentemente o mundo, mas de transform-lo. Pois a prpria interpretao est condicionada ao mundo posto, s a ao revolucionria produz a transcendncia do mundo vigente.[51]

    2.7 A mais-valia

    O conceito de Mais-valia foi empregado por Karl Marx para explicar a obteno dos lucros no sistema capitalista. Para Marx o trabalho gera a riqueza, portanto, a mais- valia seria o valor extra da mercadoria, a diferena entre o que o empregado produz e o que ele recebe. Os operrios em determinada produo produzem bens (ex: 100 carros num ms), se dividirmos o valor dos carros pelo trabalho realizado dos operrios teremos o valor do trabalho de cada operrio. Entretanto os carros so vendidos por um preo maior, esta diferena o lucro do proprietrio da fbrica, a esta diferena Marx chama de valor excedente ou maior, ou mais-valia.[52]

  • 3 CRTICAS 8 2.8 O Capital

    Capa da primeira edio (1867) de Das Kapital

    A grande obra de Marx O Capital, na qual trata de fazer uma extensa anlise da sociedade capitalista. predomi- nantemente um livro de Economia Poltica, mas no s. Nesta obra monumental, Marx discorre desde a econo- mia, at a sociedade, cultura, poltica e losoa. uma obra analtica, sinttica, crtica, descritiva, cientca, - losca, etc. Uma obra de difcil leitura, ainda que suas categorias no tenham a ambiguidade especulativa pr- pria da obra de Hegel, possui, no entanto, uma lingua- gem pouco atraente e nem um pouco fcil. Dentro da estrutura do pensamento de Marx, s uma obra como O Capital o principal conhecimento, tanto para a huma- nidade em geral, quanto para o proletariado em particu- lar, j que atravs de uma anlise radical da realidade que est submetido, s assim poder se desviar da ide- ologia dominante (a ideologia dominante sempre da classe dominante), como poder obter uma base con- creta para sua luta poltica. Sobre o carter da abordagem econmica das formaes societrias humanas, armou Alphonse De Waelhens: O marxismo um esforo para ler, por trs da pseudo-imediaticidade do mundo econ- mico reicado as relaes inter-humanas que o edica- ram e se dissumularam por trs de sua obra.[53] Cabe

    lembrar que O Capital uma obra incompleta, tendo sido publicado apenas o primeiro volume com Marx vivo. Os demais volumes foram organizados por Engels e publica- dos posteriormente.[54]

    2.9 Outras obras

    Na obra A Ideologia Alem, Marx apresenta cuidado- samente os pressupostos de seu novo pensamento. No Manifesto Comunista apresenta sua tese poltica bsica, propondo a construo de uma nova sociedade, derru- bando a burguesia atravs da luta.[55] Na Questo Judaica apresenta sua crtica religiosa, que diz que no se deve apresentar questes humanas como teolgicas, mas as te- olgicas como questes humanas. E que armar ou ne- gar a existncia de Deus, so ambas teologia. O ponto de vista deve ser sempre o de ver as religies como re- exes humanas fantasiosas de si mesmo, mas que repre- senta a condio humana real a que est submetido. Na Crtica ao Programa de Gotha, Marx faz a mais extensa e sistemtica apresentao do que seria uma sociedade socialista, ainda que sempre tente desviar desse tipo de futurologia, por no ser rigorosamente cientca. Em A Guerra Civil na Frana, Marx supera todas as suas tendncias jacobinas[56] de antes e defende claramente que s com o m do Estado o proletariado oferece a si mesmo as condies de manter o prprio poder recm conquistado, e o m do Estado literalmente o povo em armas, ou seja, o m do monoplio da violncia que o Estado representa. Em O 18 Brumrio de Lus Bo- naparte, j est uma profunda anlise sobre o terror da "burocracia"; a questo do campesinato como aliado da classe operria na revoluo iminente, o papel dos par- tidos polticos na vida social e uma caracterizao pro- funda da essncia do bonapartismo so outros aspectos marcantes desta obra.

    2.10 Colaborao de Engels

    Engels exerceu signicativa inuncia sobre as reexes intelectuais de Marx, principalmente no incio da associa- o entre ambos, perodo em que Engels dirigiu a ateno de Marx para a Economia Poltica e a histria econmica da Europa. Aps a morte deste, Engels tornou-se no s o organizador dos muitos manuscritos incompletos e/ou inditos legados, mas tambm o primeiro intrprete e sis- tematizador das ideias de Marx. Engels igualmente se ocupou, desde bem antes do falecimento de seu amigo, de redigir exposies em termos populares das ideias de Marx visando facilitar sua difuso.[33]

    3 Crticas

    A crtica ao pensamento de Marx iniciou-se desde a pu- blicao de suas primeiras obras e prossegue, principal-

  • 9

    mente entre seus seguidores e intelectuais preocupados em conhecer, desenvolver e discutir a atualidade de suas ideias.

    Em A Misria do historicismo (1936), Karl Popper dis- corda de Marx quanto histria ser regida por leis que, se compreendidas, podem servir para se antecipar o futuro. Segundo Popper, a histria no pode obedecer a leis e a ideia de lei histrica uma contradio em si mesma. J em A sociedade aberta e seus inimigos (1945), Popper arma que o historicismo conduz necessariamente a uma sociedade tribal e fechada, com total desprezo pelas liberdades individuais.

    Todavia h dvidas se Marx teria realmente baseado sua teoria em um historicismo, nos termos colocados por Popper. Argumenta-se que Marx, seguindo uma tradi- o inaugurada por Maquiavel e Hobbes, busca nos inte- resses e necessidades concretas dos indivduos, ao longo da Histria, a causa fundamental das aes humanas - em oposio s ideias polticas e morais abstratas. Ele no parece supor que esta busca de realizao de inte- resses tenha consequncias predeterminadas. Tal inter- pretao, provavelmente inuenciada pelo evolucionismo darwinista, na exegese pstuma do pensamento marxi- ano, creditada ao papa da Social-Democracia alem, Karl Kautsky, no nal do sculo XIX. A interpreta- o kautskista seria contestada, de vrias formas, por Bernstein, Rosa Luxemburgo, Lenin, Trotsky, Gramsci, entre outros.

    Monumento a Marx e Engels, em Berlim.

    Popper considera Marx como no-cientco tambm porque sua teoria no passvel de contestao. Uma

    teoria cientca tem que ser falsevel - caso contrrio, includa no campo das crenas ou ideologias. Resta saber, claro, se armaes sobre fatos histricos, necessaria- mente nicos, podem ser, nos termos de Popper, falsi- cveis. (A crtica de Popper no tem esse sentido, ela faz referncia ao fato de Marx armar que as crticas ao Comunismo so feitas por burgueses com interesses con- trrios, ou seja, qualquer crtica ao Comunismo tem uma explicao: feita por um burgus. Dessa forma a teoria no falsevel, ningum pode dizer que falsa porque quem diz o faz por interesse burgus).

    Ludwig von Mises, em Ao Humana um tratado de Economia (1949), demonstrou a impossibilidade de se organizar uma economia nos moldes socialistas, pela au- sncia do sistema de preos, que funciona como sinali- zador aos empreendedores acerca das necessidades dos consumidores. Mises tambm renou argumentos for- mulados por Eugen von Bhm-Bawerk na obra Marxism Unmasked: From Delusion to Destruction.

    Raymond Aron, em O pio dos intelectuais de (1955) criticou de forma agressiva os intelectuais seguidores de Marx e condenou a teoria da revoluo e o determinismo histrico.

    Eric Voegelin talvez seja um dos crticos mais severos de Karl Marx. No seu livro Reexes Autobiogrcas relata que, induzido pela onda de interesse sobre a Revoluo Russa de 1917, estudou O Capital de Marx e foi mar- xista entre agosto e dezembro de 1919. Porm, durante seu curso universitrio, ao estudar disciplinas de teoria econmica e histria da teoria econmica aprendera o que estava errado em Marx.

    Voegelin arma que Marx comete uma grave distoro ao escrever sobre Hegel. Como prova de sua armao cita os editores dos Frhschiften (Escritos de Juventude) de Karl Marx (Krner, 1953), especialmente Siegfried Landshut, que dizem o seguinte sobre o estudo feito por Marx da Filosoa do Direito de Hegel:

    Ao equivocar-se deliberadamente sobre

    Hegel, se nos dado falar desta maneira, Marx transforma todos os conceitos que Hegel conce- beu como predicados da ideia em anunciados sobre fatos.

    Para Voegelin, ao equivocar-se deliberadamente sobre Hegel, Marx pretendia sustentar uma ideologia que lhe permitisse apoiar a violncia contra seres humanos afe- tando indignao moral e, por isso, Voegelin consi- dera Karl Marx um misticador deliberado. Arma que o charlatanismo de Marx reside tambm na termi- nante recusa de dialogar com o argumento etiolgico de Aristteles. Argumenta que, embora tenha recebido uma excelente formao losca, Marx sabia que o problema da etiologia na existncia humana era central para uma losoa do homem e que, se quisesse destruir a huma- nidade do homem fazendo dele um homem socialista,

  • 5 NOTAS E REFERNCIAS 10

    Marx precisava repelir a todo custo o argumento etiol- gico.

    Segundo Voegelin, Marx e Engels enunciam um disparate ao iniciarem o Manifesto Comunista com a armao ca- tegrica de que toda a histria social at o presente foi a histria da luta de classes. Eles sabiam, desde o colgio, que outras lutas existiram na histria, como as Guerras Mdicas, as conquistas de Alexandre, a Guerra do Pe- loponeso, as Guerras Pnicas e a expanso do Imprio Romano, as quais decididamente nada tiveram de luta de classes.

    Voegelin diz que Marx levanta questes que so imposs- veis de serem resolvidas pelo homem socialista. Tam- bm alega que Marx conduz a uma realidade alternativa, a qual no tem necessariamente nenhum vnculo com a realidade objetiva do sujeito. Segundo Voegelin, quando a realidade entra em conito com Marx, ele descarta a realidade.

    Finalmente, uma questo de ordem prtica, iniciada d- cadas atrs, foi suscitada pelo stalinismo, notadamente os expurgos, os gulags e o genocdio na antiga Unio Sovi- tica, que tiveram grande repercusso sobre o pensamento marxista europeu e os partidos comunistas ocidentais. Discutia-se at que ponto Marx poderia ser responsabili- zado pelas diferentes leituras de sua obra (e respectivos efeitos colaterais) ou se tais prticas seriam resultantes de uma viso deturpada das ideias marxianas. Com o nal da guerra fria, o debate tornou-se menos polarizado. To- davia a discusso acerca do futuro do capitalismo - ou da Humanidade - prossegue.

    Segundo o lsofo Leandro Konder, correntes como o le- ninismo, o stalinismo, o maoismo e o castrismo so dou- trinas histricas inuenciadas por questes polticas, de estratgia e de luta dos referidos contextos histricos que no necessariamente podem ser elevadas categoria de consequncia necessria ou corolrio da obra de Marx, possuindo assim uma ontologia diferente da apresentada por ele em sua obra

    Revendo posies anteriores sobre a ideia de reformismo ontolgico, o historiador marxista Jacob Gorender arma que o proletariado ontologicamente, em si, reformista, e descarta uma teleologia na histria, em sua obra Mar- xismo sem utopia 1999

    O marxismo, na atualidade, encontra se distribudo em vrias corrente tericas que expressam a riqueza de seu pensamento como esforo intelectual da maior relevncia para o entendimento do processo social e histrico

    4 Obras As obras de Marx relatam sobre temas filosficos, econmico, poltico, social e histrico. Obras de Karl Marx: 1841 As diferenas entre a filosofia natural de Demcrito e Epicuro a filosofia natural (Tese de doutorado)

    Crtica da Filosofia do Direito de Hegel. 1844 Manuscritos Econmico-Filosficos. (Publicado em 1932) 1845 Teses sobre Feuerbach. 1847 Trabalho Assalariado e Capital. 1847 A Misria da Filosofia 1848 fala sobre o livre comrcio 1849 A burguesia e os (segundo item) contador. Publicado na Neue Rheinische Zeitung 1849 Trabalho Assalariado e Capital. 1850 Lutas de Classes na Frana de 1848 a 1850. 1851-1852 A Brumrio de Lus Bonaparte XVIII. 1853 A regra britnico na ndia. 1853 resultados futuros do domnio britnico na ndia. 1854 A Espanha revolucionria. 1859 Contribuio Crtica da Economia Poltica. 1864 Manifesto inaugural Associao Internacional dos Trabalhadores. 1865 Salrio, Preo e Lucro. 1867 Capital 1871 A guerra civil na Frana. 1874 Anotaes para o Livro de Estado e Anarquia de Bakunin. 1875 Crtica ao Programa de Gotha. A obra mais importante de Marx o Capital; ele aborda neste livro a sociedade: a bese o processo de trabalho, seres humanos cooperando entre si para fazer uso das foras da natureza e, portanto, para satisfazer suas necessidades. O produto do trabalho deve, antes de tudo, responder a algumas necessidades humanas. Deve, em outras palavras, ser til. Marx chama-o valor de uso. Seu valor se assenta primeiro e principalmente em ser til para algum; cultura: fala da diferena das classes sociais, e tambm aborda o tema politica e filosofia. O Capital uma das suas principais obras por que toda a estrutura de seu pensamento se encaixa nesse livro e a onde se encontra o total conhecimento da humanidade em geral, quanto para o proletariado em particular, j que atravs de uma anlise radical da realidade que est submetido, s assim poder se desviar da ideologia dominante (a ideologia dominante sempre da classe dominante), como poder obter uma base concreta para sua luta poltica. Cabe lembrar que O Capital uma obra incompleta, tendo sido publicado apenas o primeiro volume com Marx vivo. Alm destas obras escritas por Marx, existem

  • tambm as que ele recebe a participao de Friedrich Engels: 1845 A Ideologia Alem (publicado em 1932) 1845 A Santa Famlia 1848 Manifesto do Partido Comunista. Circular 1850 do Comit Central da Liga dos Comunistas. 1871 das resolues da Conferncia de Delegados da Associao Internacional dos Trabalhadores. 1872 fictcios divises no Internacional. 1879 Na carta circular A. Bebel, W. Liebknecht, W. Bracke et al. 5 Notas e referncias

    [1] Enciclopdia Britannica. Karl Marx (em Ingls). Visitado

    em 20 de outubro de 2014. [2] LOPES, Adriano Jorge T. Contribuies

    marxistas acerca da evoluo biolgica dos primatas como con- dio para o surgimento do ser social primeiras aproximaes. V Encontro Brasileiro de Educao e Marxismo - Marxismo, educao e emancipao humana. Florianpolis. 2011. Disponvel em http://www.5ebem. ufsc.br/trabalhos/eixo_03/e03l_t004.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2013.

    [3] PAES, Paulo Duarte. Vigotski e os

    fundamen- tos de uma psicologia marxista. Cadernos Ce- marx, n. 3, 2006. UNICAMP. Disponvel em http://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/cemarx/ article/view/1368/943. Acesso em 12 de novembro de 2013.

    [4] MELO, Jos M. Marxismo e comunicao:

    contribui- es para revitalizar o pensamento crtico brasileiro. Comunicao e Educao, v. 16, n. 2, 2011. Universi- dade de So Paulo. Disponvel em http://www.revistas. usp.br/comueduc/article/view/44882/48512. Acesso em 12 de novembro de 2013.

    [5] BURNHAM, James. The managerial revolution.

    Blo- omington: Indiana University Press, 1960.

    [6] LERNER, Eric. Cem anos aps Engels, onde est o en- foque histrico nas cincias?. A Verdade, e. 15, 1995.

    [7] Dickens, P G. Marxism and architectural theory: a critique of recent work. Environment and Planning, B 6(1) 105 116, 1979. Disponvel em http://envplan.com/ abstract.cgi?id=b060105. Acesso em 12 de novembro de 2013.

    [8] BARENHO, Cntia P & MACHADO, Carlos

    RS. Contribuies do Marxismo e da Etnoecologia para o estudo das relaes socioambientais. 5 Colquio Internacional Marx Engels. Campinas. 2007. Disponvel em

    http://www.unicamp.br/cemarx/anais_v_coloquio_ arquivos/arquivos/comunicacoes/gt2/sessao3/Cintia_ Barenho.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2013.

    [9] ANDRIOLI, Antnio Incio. A atualidade de

    Marx para o debate ambiental. 5 Colquio Internacio- nal Marx Engels. Campinas. 2007. Disponvel em http://www.unicamp.br/cemarx/anais_v_coloquio_ arquivos/arquivos/comunicacoes/gt2/sessao3/Antonio_ Andrioli.pdf. Acesso em 12 de novembro de 2013.

    [10] Karl Marx:Critique of Gotha Program (Marx and

    En- gels selected Works, volume three, pp. 13 - 30;)(em ingls)

    [11] Em Letter from Karl Marx to Joseph

    Weydemeyer (MECW Volume 39, p. 58) (em ingls)

    [12] Craig J. Calhoun. Classic sociological theory. [S.l.]: Wiley-Blackwell. ISBN 978-0-631-21349-2

    [13] BBC Radio 4 (2005). Karl Marx - Winner of the greatest philosopher vote. Visitado em 29 de julho de 2012.

    [14] Hart, Michael H.. The 100: A Ranking of the Most

    In- uential Persons in History. [S.l.]: Citadel, 2000. ISBN 0-89104-175-3 (em ingls)

    [15] Max Weber Stanford Encyclopaedia of Philosophy.

    (em ingls)

    [16] Roberto Mangabeira Unger. Free Trade Reimagined: The World Division of Labor and the Method of Economics. Princeton: Princeton University Press, 2007. (em ingls)

    [17] John Hicks, Capital Controversies: Ancient and Mo- dern. The American Economic Review 64.2 (Maio, 1974) p. 307: The greatest economists, Smith or Marx or Key- nes, have changed the course of history...

    [18] Joseph Schumpeter Ten Great Economists: From Marx to Keynes. Volume 26 of Unwin University books. Edi- tion 4, Taylor & Francis Group, 1952 ISBN 0415110785, 9780415110785

    [19] "Karl Marx to John Maynard Keynes: Ten of the greatest economists by Vince Cable", Daily Mail, 16 July 2007. Pgina visitada em 7/dez/2012.

    [20] Frank E. Manuel. A Requiem for Karl Marx (em In- gls). [S.l.]: Harvard University Press, 1997. ISBN 9780674763272

    [21] BOITEMPO, Editorial. Cronologia resumida de Karl Marx e Friedrich Engels contida em edio de A Ideologia Alem. So Paulo: Boitempo Editorial, 2007

    [22] Neste ano Bruno Bauer foi expulso da ctedra de Teologia da Universidade de Bonn acusado de atesmo; isso repre- sentou, para Marx, um impedimento virtual a uma pos- svel carreira acadmica devido ao fato de ser conhecido como seguidor de Bauer. Cf.

  • BOITEMPO, Editorial. Cronologia resumida de Karl Marx e Friedrich Engels contida em edio de A Ideologia Alem. So Paulo: Boi- tempo Editorial, 2007

    [23] ESPNDOLA, Arlei de. Karl Marx e a Gazeta Renana. Visitado em 29 de julho de 2012.

    [24] ENGELS, F. (1892) Biography of Marx. Primeira publi- cao em Handwrterbuch der Staatswissenschaften. P- gina visitada em 29 de julho de 2012.

    [25] MALTSEV, Yuri N.(editor) (1993) Requiem for Marx, Ludwig von Mises Institute, p.91-96 ISBN 0-945466-13- 7.

    [26] ASSUNO, Vnia Noeli Ferreira de. Karl Marx, Teoria e Prxis de um Gnio das Cincias Sociais. Visitado em 29 de julho de 2012.

    [27] KONDER, Leandro. O Futuro da Filosoa da Prxis. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1992

    [28] MALTSEV, Y. (1993), p. 451.

    [29] Marxist Internet Archive (2008). Karl Marxs funeral. Vi- sitado em 29 de julho de 2012.

    [30] WHEEN, Francis. Karl Marx: A Life. New York: Nor- ton, 2002. Introduction.

    [31] Veja fotograa da tumba.

    [32] Em ingls, Workers of the world, unite! e The philo- sophers have only interpreted the world in various ways - the point however is to change it.

    [33] BOTTOMORE, Tom. Marxismo e Sociologia. In: Nisbet, Robert; Bottomore, Tom. Histria da anlise sociolgica Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980, captulo quatro.

    [34] IANNI, Octavio. Dialtica e capitalismo ensaio sobre

    o pensamento de Marx. Petrpolis: Vozes, 1982, p. 9-10.

    [35] CHAGAS, Eduardo F.. O Mtodo dialtico de Marx: in- vestigao e exposio crtica do objeto. Visitado em 29 de julho de 2012.

    [36] SILVA, Clia Regina da; SILVA, Luis Fernando

    da; MARTINS, Sueli Terezinha F. Marx, cincia e educao: a prxis transformadora como mediao para a produo do conhecimento. Visitado em 29 de julho de 2012.

    [37] IANNI, Octavio. Dialtica e capitalismo ensaio sobre

    o pensamento de Marx. Petrpolis: Vozes, 1982, p. 10.

    [38] BOTTOMORE, Tom (editor). Dicionrio do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001

    [39] ABBAGNANO, Nicola. Dicionrio de Filosoa. So

    Paulo: Martins, 2001.

    [40] KOSIK, Karel. Dialtica do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976, primeira parte.

    [41] MARX, Karl. El Capital, 3 tomos. Mxico: Fondo

    de Cultura Econmica, 1946, tomo I, p. 18. Apud IANNI, Octavio. Dialtica e capitalismo ensaio sobre o pensa- mento de Marx. Petrpolis: Vozes, 1982, p. 11.

    [42] LENIN, V. I. Obras escolhidas, 1972, volume 38, p. 180.

    [43] Importante, contudo, destacar uma diferena primordial: para os socialistas utpicos em geral, todo o comporta- mento humano absolutamente determinado pela mo- ral/ideologia; j para Marx, essa armao parcialmente verdadeira, pois a moral/ideologia encontra-se ela tam- bm submetida a uma outra condio anterior que lhe de- termina a dimenso material da reproduo da existn- cia.

    [44] IANNI, Octavio. Dialtica e capitalismo ensaio

    sobre o pensamento de Marx. Petrpolis: Vozes, 1982, p. 12-13.

    [45] http://www.brasilescola.com/filosofia/ as-classes-sociais-no-pensamento-karl-marx.htm

    [46] Marxist Internet Archive. Introduo Contribuio para a Crtica da Economia Poltica. Visitado em 29 de julho de 2012.

    [47] LESBAUPIN, Ivo. Marxismo e religio. In: Teixeira,

    F. (org.). Sociologia da religio. Petrpolis, RJ: Vozes, 2003.

    [48] MAGALHES, Fernando. 10 lies sobre Marx.

    Petr- polis, RJ: Vozes, 2009.

    [49] MARX, Karl. Contribuio para a crtica da economia poltica (em portugus) Zur Kritik der Politischen Oekono- mie. Prefcio. Pgina visitada em 29 de julho de 2012

    [50] ALVES, Giovanni. Marx e a Globalizao Como Lgica do Capital.

    [51] MARX, Karl. Teses sobre Feuerbach (em portugus)

    The- sen ber Feuerbach. Pgina visitada em 29 de julho de 2012

    [52] SINGER, Paul. Marx Economia in: Coleo Grandes Cientistas Sociais; Vol 31.

    [53] WALHENS, A de. L'ide phnomnologique d'intentionalit, in Hussuerl et la pense moderne. Haia: 1959, pp. 127-128. Apud KOSIK, K. Dialtica do Concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976, p. 17.

    [54] SECCO, Lincoln. Engels e a economia poltica. Visitado em 29 de julho de 2012.

    [55] Como Tudo Funciona

    [56] Marx: um democrata jacobino?, por Thamy Pogrebins- chi, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

    1 Biograa1.1 Juventude1.2 Casamento e inicio de sua vida politica1.3 Morte

    2 Pensamento2.1 Inuncias2.1.1 Inuncia da Filosoa Idealista2.1.2 Inuncia do socialismo utpico2.1.3 Inuncia da economia poltica clssica2.1.4 Classes Sociais

    2.2 Metodologia2.3 Crtica da religio2.4 Revoluo2.5 Crtica ao Anarquismo2.7 A mais-valia2.8 O Capital

    2.9 Outras obras2.10 Colaborao de Engels

    3 Crticas4 Obras


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