+ All Categories
Home > Documents > Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum...

Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum...

Date post: 08-Aug-2020
Category:
Upload: others
View: 0 times
Download: 0 times
Share this document with a friend
25
Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo Sete Lagoas, MG Dezembro, 2003 27 ISSN 1518-4269 Autores José M. Waquil Ph.D. Entomologia [email protected] Paulo A. Viana Ph.D. Entomologia [email protected] Ivan Cruz Ph.D. Entomologia [email protected] A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente pelas culturas do trigo, milho, arroz e cevada. A sua maior utilização é na alimentação animal, na formulação de rações ou como forragem e industrial. A sua utilização na alimentação humana é possível, mas, por questões culturais, está restrita a algumas regiões da África e da Ásia. Nutricionalmente, o sorgo apresenta 95% do valor biológico do milho. O sorgo pode substituir 100% do milho nas rações para ruminantes e de 40 a 60% nas rações para monogástricos. A planta do sorgo tem ampla adaptação geográfica e caracteriza-se pela sua tolerância ao estresse hídrico. Essa característica fisiológica distingue o sorgo do milho. Sob estresse hídrico, o milho encurta seu ciclo e tem sua produtividade extremamente reduzida e o sorgo, nesse caso, paralisa seu desenvolvimento, aguardando as condições favoráveis de precipitação, condição essa típica dos veranicos nas regiões dos cerrados brasileiros. Sua alta sensibilidade ao alumínio tóxico do solo e a utilização de práticas de calagem, que corrige apenas as camadas superficiais do solo, tem limitado o sucesso dessa espécie quando cultivada nos cerrados brasileiros. Devido à tolerância do sorgo ao estresse hídrico, as primeiras tentativas de introdução do sorgo granífero, no Brasil, foram na região Nordeste. Entretanto, ela se estabeleceu primeiramente na região da fronteira do Rio Grande do Sul, que também sofre de déficit hídrico. Nos últimos 30 anos, foi realizado um esforço significativo para a introdução da cultura do sorgo nas demais regiões brasileiras, mas sem o sucesso esperado. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde se cultiva cerca de 85% do sorgo granífero no Brasil, ele vem se adaptando como cultura de segunda safra, ou seja, em sucessão (safrinha), principalmente à soja. Com o aumento da demanda e as dificuldades de importação de milho na região Nordeste, o sorgo vem sendo incentivado com sucesso também nas regiões do semi-árido, onde ocorrem altas temperaturas e precipitações inferiores a 600 mm anuais. Para os consumidores de grãos forrageiros, o aumento da produção, principalmente do sorgo safrinha, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, tem sido fator importante para a estabilização da oferta dessa matéria-prima, reduzindo as CircTéc27.p65 10/03/04, 16:12 1
Transcript
Page 1: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo

Sete Lagoas, MGDezembro, 2003

27

ISSN 1518-4269

Autores

José M. WaquilPh.D. Entomologia

[email protected] A. Viana

Ph.D. [email protected]

Ivan CruzPh.D. Entomologia

[email protected]

A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco

mais importantes do mundo, sendo superada somente pelas culturas do

trigo, milho, arroz e cevada. A sua maior utilização é na alimentação

animal, na formulação de rações ou como forragem e industrial. A sua

utilização na alimentação humana é possível, mas, por questões

culturais, está restrita a algumas regiões da África e da Ásia.

Nutricionalmente, o sorgo apresenta 95% do valor biológico do milho.

O sorgo pode substituir 100% do milho nas rações para ruminantes e de

40 a 60% nas rações para monogástricos.

A planta do sorgo tem ampla adaptação geográfica e caracteriza-se pela

sua tolerância ao estresse hídrico. Essa característica fisiológica

distingue o sorgo do milho. Sob estresse hídrico, o milho encurta seu

ciclo e tem sua produtividade extremamente reduzida e o sorgo, nesse

caso, paralisa seu desenvolvimento, aguardando as condições favoráveis

de precipitação, condição essa típica dos veranicos nas regiões dos

cerrados brasileiros. Sua alta sensibilidade ao alumínio tóxico do solo e

a utilização de práticas de calagem, que corrige apenas as camadas

superficiais do solo, tem limitado o sucesso dessa espécie quando

cultivada nos cerrados brasileiros.

Devido à tolerância do sorgo ao estresse hídrico, as primeiras tentativas

de introdução do sorgo granífero, no Brasil, foram na região Nordeste.

Entretanto, ela se estabeleceu primeiramente na região da fronteira do

Rio Grande do Sul, que também sofre de déficit hídrico. Nos últimos 30

anos, foi realizado um esforço significativo para a introdução da cultura

do sorgo nas demais regiões brasileiras, mas sem o sucesso esperado.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde se cultiva cerca de 85% do

sorgo granífero no Brasil, ele vem se adaptando como cultura de

segunda safra, ou seja, em sucessão (safrinha), principalmente à soja.

Com o aumento da demanda e as dificuldades de importação de milho

na região Nordeste, o sorgo vem sendo incentivado com sucesso

também nas regiões do semi-árido, onde ocorrem altas temperaturas e

precipitações inferiores a 600 mm anuais. Para os consumidores de

grãos forrageiros, o aumento da produção, principalmente do sorgo

safrinha, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, tem sido fator importante

para a estabilização da oferta dessa matéria-prima, reduzindo as

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:121

Page 2: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

2 Manejo de pragas na cultura do sorgo

oscilações no preço. Entretanto, amanutenção dessa vantagem comparativa dosorgo depende da sua produtividade.

No Brasil, até 1995, a área cultivada com osorgo granífero oscilou em torno de 200 milhectares. A partir daquele ano, observou-seum incremento sistemático da área cultivadae da produção, sendo registrado pela CONAB,na safrinha de 2003, cerca de 550 milhectares, produção de 1,18 milhão detoneladas de grãos, resultando numaprodutividade média de 2.143 kg/ha (Figura1).

Os bons preços obtidos pelos produtores desorgo nos últimos dois anos têm incentivadoo uso de insumos e melhores práticas demanejo, o que permitiu um aumentoexpressivo de produtividade no último ano,passando de pouco mais de 1500 para maisde 2000 kg/ha (Figura 1). Também o altopreço do milho nos últimos dois anos forçouvários segmentos consumidores de milho autilizar o sorgo, ampliando o mercadocomprador desse grão. Mais recentemente, ainclusão do sorgo na pauta de exportaçãotem elevado seu preço de mercado relativo aomilho de 75% para mais de 90%.

Uma das vantagens da diversificação dasespécies cultivadas na segunda safra do anoagrícola (safrinha), como o cultivo do sorgo,por exemplo, é a quebra do ciclo de algumasdoenças e pragas, reduzindo sua incidênciano milho, como, por exemplo, o enfezamentovermelho, enfezamento amarelo e a virose dorayado fino, cujos patógenos sãotransmitidos pela cigarrinha-do-milho,Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott). As

perdas causadas por esses patógenos aomilho podem variar de 9 a 90%, dependendodo patógeno e da susceptibilidade da cultivar.

A produtividade de qualquer espéciecultivada depende de vários fatores quereduzem seu potencial de produção. Entreestes, o estabelecimento da população idealde plantas no campo constitui um dosfatores mais limitantes para se obter altasprodutividades. Hoje, a adoção do plantiodireto e a utilização de semeadoras maisadaptadas às nossas condições têm permitidouma melhoria significativa nessas operações.Entretanto, levantamentos realizados noúltimo ano agrícola, na região da altaMogiana, em São Paulo, no Triângulo, emMinas Gerais e Sul de Goiás, revelaram que apopulação de plantas, na maioria das lavourasde sorgo, ainda está abaixo da recomendada(Figura 2).

Além do número insuficiente de plantas,ainda se detectam muitas falhas emreboleiras, possivelmente causadas porinsetos-praga e/ou doenças viróticastransmitidas por insetos. Portanto, o manejofitossanitário no estabelecimento da culturapoderá trazer benefícios significativos àprodutividade do sorgo. Infelizmente, até omomento, não há nenhum produto registradopara o tratamento de sementes de sorgovisando o controle das pragas iniciais.

Desde o semeio até o completoestabelecimento da planta, um grandenúmero de espécies de insetos pode estarassociado à cultura do sorgo. Entretanto,

������

������

���������

������

���������

���������

������

���������

������

������

������

������

������

������

����

���������

������������

������

������

���������

������

������

���������

����

������

���������

������

������

������

����

������

������

����

������

������

����

���������������

������

������

������

Estande da Cultura do Sorgo

0

50

100

150

200

250

RV MV JT MN CS CB BR GR FT CA

Municípios

N° P

lant

as/1

0 m

��Média1

���� Média2��

Média3��Média4

T - Intervalo de confiança P=0,05

Figura 2. População de plantas de sorgo em quatro lavourasdos municípios de Rio Verde, GO (RV); Montevidiu, GO(MV); Jataí, GO (JT); Mineiros, GO (MN); Chapadão do Sul,MS (CS); Colômbia, SP (CB); Barretos, SP (BR); Guaíra, SP(GR); Frutal, MG (FT) e Conceição das Alagoas, MG (CA).

0

500

1000

1500

2000

2500

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Area plantada (mil ha)Produção de grãos (mil ton)Produtividade (kg/ha)

Figura. 1. Área cultivada, produção de grãos eprodutividade da cultura do sorgo no Brasil nos últimos 13anos, Fonte Conab:(http://www.agricultura.gov.br/spa/pagespa/ch02/2_1.xls

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:122

Page 3: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

3Manejo de pragas na cultura do sorgo

apenas algumas espécies são fitófagas esomente poucas causam danos econômicos àcultura. Portanto, é importante tomarmedidas preventivas e monitorarperiodicamente a lavoura para identificar asespécies de insetos subterrâneos, causadoresde danos em sementes e/ou plantas jovens, eadotar medidas de controle, quandonecessário. É importante salientar que nemsempre a densidade do inseto-praga estárelacionada com o dano na planta. Fatorescomo vigor, estádio de desenvolvimento,umidade do solo, período do ano eabundância de inimigos naturais (predadorese parasitóides) são igualmente importantes.

Os insetos-praga que atacam a partesubterrânea das plantas são normalmentemais difíceis de serem observados.Entretanto, os danos causados por essaspragas contribuem para a redução daprodutividade de várias maneiras. Devido àdestruição de sementes e plantas jovens, osdanos provocam redução do estande dacultura. O ataque destes insetos ao sistemaradicular provoca redução do vigor da planta,causando acamamento e maiorsusceptibilidade aos estresses ambientais. Asprincipais espécies de insetos-praga quepodem danificar sementes e plantas jovens,reduzindo a população de plantas no campo,podem ser distribuídas em três grupos:

1. Insetos que atacam as sementes e/ousistema radicular das plantas - esse grupo deinsetos causa redução da população deplantas, devido à destruição de sementes oumorte de plantas jovens ou redução dodesenvolvimento das plantas, confundindocom deficiência nutricional das plantasatacadas.

1.1. Cupins–subterrâneos - gênerosHeterotermes, Syntermes e Proconitermes(Isoptera: Termitidae) – são insetos sociais,cujas formas ápteras têm hábitossubterrâneos e as aladas, produzidas pararevoadas e reprodução logo após as primeiraschuvas da primavera, são conhecidas comoaleluias. Os insetos alimentam-se de celulose,que é digerida por protozoários que vivem emsimbiose no tubo digestivo. Podem atacar assementes, o sistema radicular e mesmo cortarfolhas, como as formigas cortadeiras. Restos

culturais de gramíneas geralmente são ótimomeio de cultura para esses insetos, quetambém têm papel importante na reciclagemda matéria orgânica. A detecção dessesinsetos na área pode ser feita através devistorias em restos culturais ou podem serusados como iscas o sabugo de milho,pedaços de papelão enrolados ou mesmo rolode papel higiênico (sem cor e perfume)distribuídos na superfície do solo. O examedessas iscas revelará a presença desse grupode insetos, indicando a necessidade demedidas de controle.

1.2. Larva-arame: verdadeira e falsa,respectivamente, Conoderus spp.(Coleoptera: Elateridae) e várias espécies detenebrionídeos (Coleoptera: Tenebrionidae).A larva-arame é a forma imatura de váriasespécies de besouros. Estes apresentam ocorpo alongado e se movimentam agilmenteno solo. As larvas possuem o corpo rígido,brilhante e delgado, sendo achatado na larva-arame verdadeira e cilíndrico na falsa. Acoloração varia de amarelo-leitosa (verdadeira)(Figura 3) a marrom (falsa).

Os danos causados ao sorgo pela larva-aramesão principalmente devidos à destruição dassementes e, em menor escala, devido aoataque ao sistema radicular na fase deplântula. O estabelecimento da população deplantas e seu vigor são reduzidos.Recomenda-se um levantamento para verificara presença de larva-arame antes do plantio.Amostras de 30 cm x 30 cm por 10 cm deprofundidade de solo devem ser examinadas.Medidas de controle devem ser adotadas seduas ou mais larvas-arame forem detectadaspor amostra. Para a simples observação dapresença de larva no campo, pode-se

Figura 3. Larva-arame – larva e adulto (verdadeira).

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:123

Page 4: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

4 Manejo de pragas na cultura do sorgo

proceder da seguinte maneira: tomar cerca de200 g de sementes sem tratamento e enterrarem locais, com identificação, dentro da áreaa ser monitorada, dois ou três dias depois,desenterrar o material e procurar por larvas.

1.3. Larva-angorá Astylus variegatus (Germar)Os adultos, com aproximadamente 8 mm decomprimento, apresentam élitros decoloração amarela e com cinco manchasnegras. Geralmente se alimentam de pólen enéctar e as fêmeas fazem a postura no solo.As larvas se alimentam do embrião dassementes, causando falhas na cultura. Logoapós a eclosão, as larvas são de coloraçãoalaranjada e, quando completamentedesenvolvidas, tornam-se cinza-escuras,podendo atingir até 14 mm de comprimento.O tegumento da larva é abundantementecoberto por pêlos, o que lhe confere tambémo nome comum de “peludinha” (Figura 4).

O controle das pragas que atacam assementes pode ser feito através dotratamento com inseticidas, ou pela aplicaçãode inseticidas granulados no sulco de plantio.Métodos culturais, como aração profunda erotação de culturas, são eficientes parareduzir a população de larvas no solo.

1.4. Bicho-bolo, Pão-de-galinha ou Corós-São formas imaturas de besouros de váriasespécies dos gêneros Phyllophaga,Cyclocephala, Diloboderus, Eutheola,Dyscinetus e Stenocrate ¾ Os adultos têmcomprimento variável de 15 a 25 mm e, deacordo com a espécie, a coloração varia desdemarrom-brilhante até pardo-escura. Essesbesouros são abundantes nos meses deoutubro e novembro. São facilmentepercebidos à noite, devido a atração pela luz,acumulando-se próximos aos postes de

iluminação. As fêmeas fazem postura nosolo. Depois de uma semana, eclodem aslarvas, que se alimentam de todo tipo dematéria orgânica do solo, viva ou emprocesso de decomposição. Dependendo daespécie, podem se alimentar do sistemaradicular de plantas, causando perdasexpressivas. Esses insetos causam danos àsculturas de verão e de inverno. As larvas dasdiferentes espécies são bastante semelhantesentre si, apresentam o formato de um “C” epodem atingir até 50 mm de comprimento(Figura 5).

São pouco ativas e têm coloração branco-leitosa, com as extremidades escuras.Dependendo da espécie, o ciclo de vida podedurar um, dois ou mais anos para sercompletado. Os danos causados pelo bicho-bolo são resultados da alimentação das larvasno sistema radicular e pelos adultos que sealimentam dos colmos das plantas, emboraesse dano seja de pouca importância. Oataque das larvas pode provocar a morte depequenas plantas, causando redução napopulação. Em plantas maiores, os danos nosistema radicular reduzem o vigor, aumentama susceptibilidade ao tombamento e à seca,bem como abrem entrada paramicroorganismos patogênicos. Oprocedimento para se detectar a presença dobicho-bolo é semelhante ao usado para larva-arame e pode ser feito simultaneamente.Amostras de 30 x 30 cm de solo devem seranalisadas. A média de uma larva por amostraé suficiente para causar dano significativo.Nesse caso, medidas de controle sãonecessárias, tais como preparo antecipado daárea, eliminação dos hospedeiros voluntários,

Figura 4. Peludinha – larva

Figura 5. Bicho-bolo – larva

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:134

Page 5: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

5Manejo de pragas na cultura do sorgo

destruição dos restos de cultura após acolheita ou o controle químico.

1.5. Larva-de-diabrotica, Diabrotica speciosa(Germar) e D. viridula (F.) - Os adultos sãocomumente conhecidos como vaquinhas oupatriota, pela coloração geral verde, com seismanchas amarelas nas asas anteriores(hélitros). Os adultos se alimentam de pólenou tecidos foliares, preferencialmente, deleguminosas, mas podem danificar, também,gramíneas (Figura 6).

Eles colocam seus ovos no solo, próximos aocoleto das plantas (Figura 7).

Após a eclosão, as larvas, conhecidastambém como larva-alfinete, apresentamcoloração esbranquiçada, com o corpocilíndrico e cabeça negra facilmente visível(Figura 8).

Essas larvas se alimentam das raízes,desbastando o sistema radicular, causando,conseqüentemente, redução dodesenvolvimento, aumento do tombamento emaior susceptibilidade das plantas aosestresses nutricionais e hídricos. Os principaisfatores de mortalidade desses insetos nocampo são a dessecação em solos bemdrenados e infecção pelos fungos do gêneroMetarrhizium em solos úmidos. Assim, essesinsetos passam a ser problema somente sobcondições de solos encharcados,naturalmente ou devido ao excesso deirrigação. O controle, quando necessário, deveser feito através do tratamento do solo cominseticidas granulados.

1.6. Percevejos-do-solo, percevejo-castanho,Scaptocoris castanea Perty e Atarsocorisbrachiariae Becker e percevejo-preto,Cyrtomenus mirabilis (Perty) S. castaneaadulto (Figura 9) atinge até 9 mm decomprimento enquanto que A. brachiariae éum pouco menor. Já o percevejo-preto (Figura10) mede cerca de 7 mm.

Nesse grupo de insetos, as patas anterioressão modificadas e adaptadas para escavaçãoe as posteriores possuem fortes cerdas e

Figura 6. Diabrótica – adulto raspando a folha.

Figura 7. Diabrótica – ovo nas raízes.

Figura 8. Diabrótica – larva na raiz.

Figura 9. Percevejo-castanho – adulto no solo.

Figura 10. Percevejo-preto – adulto.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:135

Page 6: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

6 Manejo de pragas na cultura do sorgo

espinhos. As formas jovens são de coloraçãomarrom-clara ou branca em C. mirabilis, tantoos adultos como as ninfas têm hábitossubterrâneos e sugam seiva das raízes e dasvagens, no caso do amendoim. Durante anoite, os adultos podem migrar de um campopara outro através do vôo. Áreas muitoinfestadas podem ser identificadas pelo odorcaracterístico de percevejo, que exala duranteo preparo do solo. Nos períodos mais secos,os percevejos aprofundam-se no solo àprocura de umidade mais favorável. Os danoscausados pelos percevejos-do-solo resultamda sucção de seiva, causando perdas devigor, murcha e amarelecimento das folhas,podendo causar até a morte de plantasjovens.

2. Insetos que atacam o colmo - neste grupoestão incluídas espécies que cavam galerias ecausam o sintoma típico de coração morto eespécies que cortam as plântulas na regiãodo coleto do colmo. Esses insetos, ao sealimentarem do colmo das plantas jovens,destroem o ponto de crescimento, causandoa morte da planta principal. Normalmente,nesses casos, há emissão de perfilhos quenão apresentam o mesmo vigor e estádio dedesenvolvimento da planta principal,produzindo plantas de tamanho irregular ecom panículas reduzidas, acarretando perdassignificativas na produção de grãos.

2.1. Lagarta-elasmo, Elasmopalpus lignosellus(Zeller) - Essa espécie ataca as plântulas logoapós a emergência, sendo o período desusceptibilidade relativamente curto, de duasa três semanas. Os adultos (Figura 11)são pequenas mariposas de hábitos rasteirose estão sempre pousados no solo, ondegeralmente colocam seus ovos (Figura 12).

Os sintomas da infestação caracterizam-se,inicialmente, pela murcha e, posteriormente,pela morte das folhas centrais, permanecendoas folhas mais velhas verdes (sintomadenominado coração morto). Arrancando-seuma plântula de sorgo com esse sintoma,

observa-se no colmo uma galeria aberta pelalagarta, a partir de um orifício de entrada naregião do coleto da planta. Solto no solo ouligado a esse orifício, pode ser encontradoum casulo, tecido pela lagarta com fios edetritos, onde ela se protege. Rompendo-se ocasulo, pode-se observar uma pequenalagarta verde-azulada de até 15 mm decomprimento (Figura 13).

Figura 11. Lagarta-elasmo – casal de adultos.

Figura 13. Largarta-elasmo – larva.

Figura 12. Lagarta-elasmo – ovos.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:136

Page 7: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

7Manejo de pragas na cultura do sorgo

A incidência da lagarta-elasmo se dáprincipalmente em período de estiagem, emculturas semeadas em solos leves e soltos,podendo seus danos ser reduzidos pelosuprimento de água. Sendo um insetosaprófita facultativo, seus danos sãoreduzidos em áreas de plantio direto, quandocomparado com convencional ou áreas dequeimadas. O prejuízo é causado pelo grandenúmero de falhas no campo. Esta talvez sejauma das principais pragas responsáveis pelasignificativa perda de plantas, no campo, nosorgo cultivado na safrinha. O controlepoderia ser feito através do tratamento desolo e/ou sementes, com inseticida à base detiodicarb, associado com micronutrientes, seesse produto fosse registrado para uso nosorgo. Sob condições de estresse hídrico, ocontrole deve ser feito através depulverização, pois o tratamento de sementesnão funciona.

2.2. Lagarta-rosca, Agrotis ipsilon (Hufnagel)Os adultos, com 35 a 50 mm de envergadura,são mariposas de coloração cinza, no corpo enas asas anteriores. As fêmeas, após oacasalamento, preferem colocar seu ovoglobular, isolado, no solo úmido ou parte deplantas jovem, que estejam em área onde hámuitos detritos (áreas sujas). Uma fêmeapode colocar até 1.000 ovos durante suasemana de vida reprodutiva. A larva, logoapós a eclosão, que leva de 2 a 9 dias após apostura, apresenta coloração café, com umafaixa mais clara na região dorsal.Completamente desenvolvida, a larva podeapresentar até 45 mm de comprimento,levando de 20 a 40 dias para completar seuciclo. Nesse estádio, a larva apresentacoloração cinza-escura brilhante, com umalinha dorsal cinza-clara com tubérculosnegros em cada segmento. As larvasalimentam-se inicialmente das folhas

próximas ao solo e, a partir do terceiro ínstar,passam a cortar plantas de várias espécies(polífaga) na região do coleto. São muitoativas durante a noite e se escondem duranteo dia. Quando molestadas, as larvas seenrolam. Passam a fase de pupa (10 a 20dias) no solo, em uma câmara pupal abaixodo nível do solo. Os danos são causadospelas larvas grandes, que cortam as plantasno nível do solo, para se alimentaremescondidas. São pragas típicas de regiõesaltas, acima de 1000 m, e de solos pesados.Entre os métodos culturais, recomenda-se alimpeza e preparação do solo alguns diasantes da semeadura. No caso do plantiodireto, deve-se roçar ou dessecar a áreaalguns dias antes do plantio. O controlequímico pode ser utilizado com o uso delagarticidas de boa ação translaminar. Emáreas restritas, pode-se utilizar isca tóxicaseca ou líquida. A isca seca pode serpreparada à base de farelo de cereais (25 Kg)mais 1 Kg de açúcar (ou 3 L de melaço) e umKg de trichlorfon. À isca líquida, para a base100 L de água, adicionam-se 10 Kg de açúcar(ou melaço) mais 300g de metomil.

2.3.Lagarta-do-cartucho,Spodopterafrugiperda (Smith) - Os adultos da lagarta-do-cartucho são mariposas de hábitos noturnose migratórios. Durante o dia, as mariposassão encontradas, normalmente, dentro docartucho das plantas. Durante a noite, osadultos têm intensa atividade deacasalamento, dispersão e migração.

As fêmeas, depois do acasalamento,depositam massas de ovos (150 a 250 ovos/postura) nas folhas (Figura 19).

Após a eclosão, as larvas de primeiro ínstartêm comportamento dispersivo, migrandopara outras folhas e plantas (Figura 14).

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:137

Page 8: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

8 Manejo de pragas na cultura do sorgo

No início, raspam as folhas (Figura 15) edeslocam-se para as partes mais protegidasdas plantas, procurando se alimentar nasregiões de crescimento.

O dano típico dessa espécie ocorre nas folhasnovas dentro do cartucho, o que serádiscutido no item 5.1, sobre insetosdesfolhadores.Entretanto, sob determinadas condições, aslarvas descem do cartucho para o solo eatacam a planta na região do coleto.Neste ponto, cavam uma galeria ascendente(Figura 16), consumindo os tecidos novos,destruindo o ponto de crescimento. Istocausa inicialmente murcha e morte das folhascentrais mais novas, causando o sintomatípico de “coração morto” (Figura 17).

A lagarta completamente desenvolvidaapresenta um “Y” invertido na cabeça(Figura 18), transforma-se em pupa no solo,onde passa toda essa fase protegida dentrode uma câmara pupal, de onde, então,emergem os adultos (Figura 19).

Figura 15. Lagarta-do-cartucho – raspando folha.

Figura 16. Lagarta-do-cartucho – na galeria

Figura 17. Lagarta-do-cartucho – sintoma de coração-

Figura 18. Lagarta-do-cartucho – típico y invertido nacabeça

Figura 14. Lagarta-do-cartucho – larvas recém eclodidas.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:138

Page 9: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

9Manejo de pragas na cultura do sorgo

Para evitar a infestação precoce do sorgo poressa praga, o tratamento de sementes e/oude solo pode trazer benefícios significativos.Por outro lado, a pulverização do sorgo noinício de seu desenvolvimento, para controlara lagarta–do-cartucho, com inseticidas poucoseletivos, poderá causar desequilíbriobiológico, resultando em altas infestaçõespelo pulgão-verde, pois sua população vemsendo eficientemente controlada pelosinimigos naturais, principalmente peloschrysopídeos, tesourinha e parasitóides dogênero Aphidius. Provavelmente, as duasespécies de insetos-praga, lagarta-elasmo elagarta-do-cartucho atacando as plantasjovens sejam os principais fatoresresponsáveis pela redução da população deplantas no sorgo e no milho cultivados nasafrinha. Em casos críticos, o controle deveser feito utilizando inseticidas com açãotranslaminar, para atingir os insetos naentrada da galeria ou escondidos no solo.(Tabela 1)

2.4. Broca-da-cana-de-açúcar, Diatraea spp.

Os adultos desta praga são mariposas queovipositam na face inferior das folhas dosorgo e de outras gramíneas, sendo também

Figura 19. Lagarta-do-cartucho – casal de adultos.

P raga Ingr. A tivo N om e com ercial F orm . C l. tox. D ose (p.c./ha) F abricante

M osca-do-sorgo chlorpyrifos L orsban 480 B R E C II 0,62 L D ow

V exter E C II 0,62 L D ow

deltam ethrin D ecis 25 C E E C III 0,2 L A ventis

D ecis 4 U B V U L III 1,3 – 2,0 L A ventis

L agarta-do-cartucho chlorpyrifos L orsban 480 B R E C II 0,62 L D ow

V exter E C II 0,62 L D ow

deltam ethrin D ecis 25 C E E C III 0,2 L A ventis

Tabela 1 . Inseticidas registrados para o controle da mosca-do-sorgo, Stenodiplosis sorghicola e da lagarta-do-cartuchodo milho Spodoptera frugiperda na cultura do sorgo, no

praga importante nas culturas da cana-de-açúcar, milho, milheto e arroz. O ovo, comformato elíptico e achatado, é colocadoagrupado numa única camada, cujas bordasse sobrepõem semelhantes a escamas depeixe (Figura 20).

Após a eclosão, as lagartas raspam o limbofoliar e se dirigem para a face interna dabainha das folhas e, pouco acima do nó,penetram no colmo. Ao se alimentar nointerior do colmo, a lagarta cava uma galeriaascendente (Figura 21), que termina numorifício para o exterior (Figura 22), por ondesairá o adulto (Figura 23) após completar afase de pupa.

Figura 21. Broca-da-cana – larva na galeria

Figura 20. Broca-da-cana – postura na folha

Figura 22. Broca-da-cana – orifício de saída do adulto.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:139

Page 10: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

10 Manejo de pragas na cultura do sorgo

A galeria pode também ser circular,seccionando o colmo. Quando a infestaçãoocorre no início de desenvolvimento daplanta, o dano causa a morte, com o sintomasemelhante ao sintoma de “coração morto”causado pela lagarta-elasmo ou pela lagarta-do-cartucho. Nas infestações mais tardias,quando o dano ocorre no pedúnculo, ocorrea morte da panícula, causando o sintomadenominado panícula branca, com 100% deprejuízo. Na região Centro-Oeste, as brocas-do-colmo têm causado prejuízos significativostanto no sorgo como no milho, arroz epossivelmente no milheto. Na cana-de-açúcar,tem sido utilizado o controle biológico. Nasculturas anuais, os estudos de controle sãoescassos, entretanto, o tratamento desementes ou do solo pode evitar os danosdessa espécie no início de desenvolvimentoda planta. Em áreas com histórico de altaincidência de brocas, o controle comlagarticida deve ser preventivo, pois, após apenetração das larvas no colmo, torna-seimpossível atingir o alvo.

3. Insetos sugadores e vetores defitopatógenos (vírus) - esse grupo de insetos,além de causar dano direto às plantas, devidoà sucção de seiva, transmitem fitopatógenoscapazes de causar redução significativa naprodução ou mesmo a morte de plantasjovens.

3.1. Pulgão-verde - Schizaphis graminum(Rondani) - O pulgão-verde é uma das pragas-chaves para a cultura do sorgo. O biótipo Cinfesta o sorgo desde a emergência dasplântulas até a maturação dos grãos. Tanto os

adultos como as ninfas sugam seiva dasfolhas e introduzem toxinas que provocambronzeamento e morte da área foliar afetada.Os adultos, principalmente as formas aladas,são também importantes vetores de víruscomo o do mosaico da cana-de-açúcar. Tantoo pulgão como essa virose têm sidofreqüentemente observados nas áreascultivadas com o sorgo.

O pulgão-verde distingue-se da outra espéciede pulgão, também comumente encontradoinfestando o sorgo, o pulgão-do-milho, poralgumas características. Eles têm sítiospreferenciais de alimentação opostos,enquanto que o pulgão-verde prefere aspartes mais maduras da planta (bainha efolhas baixeiras), o pulgão-do-milho prefereas partes mais jovens da planta (cartucho ougemas florais). Os adultos medemaproximadamente 1,8 mm de comprimento,são de cor verde-limão com duas estriasverde-escuras bem distintas no dorso doabdômen.As antenas e patas apresentam pontosnegros. O sifúnculo e patas têm extremidadespretas. Embora o pulgão-verde normalmenteinfeste a face inferior (Figura 24) das folhas,o sintoma de danos pode ser observado naface superior, na forma de manchasbronzeadas.A presença de exúvias brancas nas folhas ede excrementos pegajosos nas folhas e nosolo está associada à infestação pelo pulgão.

Nas regiões tropicais, os pulgões sereproduzem por partenogênese, em quefêmeas produzem apenas fêmeas, tendo,assim, um grande potencial biótico,formando grandes colônias (Figura 25).

Figura 24. Pulgão-verde – sintoma de dano.

Figura 23. Broca-da-cana – adulto.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1310

Page 11: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

11Manejo de pragas na cultura do sorgo

Embora o pulgão-verde possa se reproduzirentre 10 e 33ºC, a temperatura ideal está emtorno de 22,5ºC. Nessas condições e emhospedeiros susceptíveis, o pulgão podeproduzir de 3 a 4 gerações por mês. Asninfas, em condições ideais, passam por 4ínstares e atingem a maturidade em 5 dias.Cada fêmea pode produzir até 100descendentes nos seus 25 dias delongevidade. Em condições favoráveis, aplanta toda pode ser colonizada pelo pulgão,que termina causando-lhe a morte. Tanto asfolhas abaixo das infestadas quanto o solonas proximidades da planta ficam cobertospor um fungo escuro (fumagina) que sedesenvolve nos excrementos dos pulgões. Sobcondições de estresse, alimentar ouambiental, surgem adultos alados, que é aforma de dispersão dos insetos na lavoura ede migração para outras áreas.O pulgão-verde causa dois tipos de danos,como vetor de vírus e injetando toxina naplanta. Como vetor, a forma alada dessaespécie é considerada a mais eficiente natransmissão do vírus do mosaico comum. Asplantas suscetíveis, quando infectadas comesse patógeno, apresentam um mosqueadocom dois padrões de verde, um mais claro eoutro mais escuro (Figura 26).

Pode ocorrer, ainda, uma manifestação maissevera da doença, que causa a morte daplanta, sendo conhecido como o mosaiconecrótico (Figura 27).

A doença causada por esse patógeno podecausar perdas de até 50% no milho. Comovárias gramíneas podem servir comohospedeiro intermediário desse vírus, ocontrole efetivo de plantas daninhas pode serum fator importante para evitar adisseminação dessa doença na lavoura. Sendoesse patógeno de transmissão estiletar ounão persistente, o estilete do inseto serveapenas de veículo do patógeno, sendofacilmente limpo logo após algumas picadasem plantas sadias. A extensão dos danosdiretos causados pelo pulgão-verde dependeda densidade populacional, do estádio dedesenvolvimento, do vigor e do suprimentode água das plantas. Logo após a emergência,baixas populações do pulgão-verde sãosuficientes para causar a morte das plântulas,reduzindo, assim, o estande da cultura. Ainfestação de plântulas de sorgo pelo pulgão-verde pode ser retardada através dotratamento de sementes ou do solo cominseticidas sistêmicos. O controle químicodeve ser adotado segundo os níveisapresentados na Tabela 2.

Figura 25. Pulgão-verde – colônia na folha.

Figura 27. Mosaico - sintoma de mosaico-necrótico.

Figura 26. Mosaico – folha com sintoma de mosaico

E stádio de d esenvolvim ento N ível de con trole E m ergência até V 3 (3 folhas totalm ente abertas) P lantas infestadas am areladas V 3 até o em borracham ento U m a folha m orta pelos pulgões E m ergência de panículas até m aturação fisiológica D uas folhas m ortas pelos pulgões

Tabela 2. Nível de controle do pulgão-verde em função doestádio de desenvolvimento das plantas.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1311

Page 12: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

12 Manejo de pragas na cultura do sorgo

3.2. Pulgão-do-milho Rhopalosiphum maidis(Hemiptera: Aphididae) - O pulgão-do-milho éde coloração verde-azulada com patas,antenas e cornículos pretos. Em algumascondições, ele pode apresentar todo o corponegro (Figura 28).

Tantos os adultos como as ninfas dessaespécie preferem infestar as partes maisnovas das gramíneas e geralmente estãopresentes no cartucho, panículas ou gemasflorais, deixando essas partes da plantacobertas por exúvias brancas (Figura 29).

Durante a alimentação, os insetos dessaespécie posicionam-se na face superior dafolha. Essa espécie diferencia-se da anteriorpor não introduzir toxina, sendo seus danosatribuídos à sucção de seiva e transmissão defitopatógenos entre as plantas.

Semelhantemente ao pulgão-verde, os adultosalados (Figura 30) realizam várias picadas deprova antes de estabelecer uma colônia numa

determinada planta.

Assim, devido a essas picadas de prova, osalados se tornam os principais vetores dovírus do mosaico da cana-de-açúcar. Essepatógeno, sob determinadas condições,manifesta-se com sintoma necrótico,causando a morte das plantas. Portanto, osprejuízos causados por essa espécie setornam significativos, somente em condiçõesespeciais, quando a população de insetos éalta e a cultura está sob estresse hídrico ouquando há fonte de inóculo de virosespróximo à área de plantio. Normalmente, essaespécie não requer controle e uma leveinfestação pode ser benéfica para atrair emanter inimigos naturais, parasitóides epredadores, importantes agentes de controlebiológico de pragas em geral, algumas atémais nocivas, como, por exemplo, o pulgão-verde.

4. Insetos desfolhadores – Embora váriasespécies de insetos alimentem-se das folhasdo sorgo, apenas duas causam, regularmente,perdas significativas de área foliar. Assimcomo os pulgões, uma espécie prefere atacaras folhas mais novas, a lagarta-do-cartuchodo milho, e a outra inicia seu ataque pelasfolhas mais maduras das plantas, ocuruquerê-dos-capinzais.

4.1. Lagarta-do-cartucho, Spodopterafrugiperda (Smith) - Como descrito no item3.2, após a eclosão, as larvas de primeiroinstar dispersam-se pela planta e infestaminclusive as plantas vizinhas. Normalmente,uma postura é suficiente para infestar cincoplantas. Inicialmente, as larvas alimentam-seraspando o limbo foliar e se dirigem para aregião do cartucho da planta. Nesse sítio, alarva, além de encontrar o tipo de alimento

Figura 30. Pulgão-do-milho – adulto alado.

Figura 28. Pulgão-do-milho – colônia no cartucho

Figura 29. Pulgão-do-milho – cartucho coberto comexúvias.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1312

Page 13: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

13Manejo de pragas na cultura do sorgo

preferido, tecido ainda não diferenciado,produz excrementos que tampam a entradado cartucho, dando-lhe proteção. É nos doisúltimos instares que as lagartas apresentam omaior consumo de tecido, quando, então,provocam os maiores prejuízos (Figura 31).

A larva, ao se alimentar nas folhas antes dese abrirem, no “palmito” da planta,perfurando-o, provocam lesões que se tornamsimétricas nas folhas após sua abertura(Figura 32).

Os danos são causados pela redução da áreafoliar das folhas mais novas. No caso dosorgo granífero, como as plantas são baixas,normalmente a lagarta consome toda a folhabandeira (Figura 33) e partes significativasdas folhas abaixo dela.

Como se sabe, as folhas superiores são asque mais contribuem no processo deenchimento dos grãos. Em geral, quando seobserva o cartucho todo destruído eabundância de excrementos no topo daplanta, a larva já completou o seu ciclo e caiuno solo, para passar à fase de pupa. Nacultura do sorgo, há variedades tãosusceptíveis à lagarta-do-cartucho quanto nomilho, apresentando redução deaproximadamente 27% no peso final degrãos, mas, em geral, o sorgo é maisresistente que o milho ao ataque da lagarta-do-cartucho. Nos últimos anos, tanto pelaalta incidência como pela freqüência aolongo do ano e distribuição espacial, essaespécie vem se tornando uma das principaispragas na cultura do sorgo e do algodão.

O controle deve ser feito antes que os danostenham sido provocados, portanto, quando alarva está no início de desenvolvimento,como no caso do milho. Portanto, para ascultivares de sorgo susceptíveis, os níveis decontrole da lagarta-do-cartucho sãosemelhantes aos utilizados para o milho.Para o eficiente controle químico dessapraga, é importante que o produto atinja ointerior do cartucho da planta. Portanto,recomenda-se a pulverização com inseticidasem alto volume. Produtos com ação deprofundidade tendem a ser mais eficientes nocontrole de S. frugiperda. Deve-se estaratento para usar produtos seletivos, a fim deevitar o desequilíbrio biológico. Os produtosregistrados estão apresentados na Tabela 1.

4.2. Lagarta militar ou curuquerê-dos-capinzais, Mocis latipes (Guen.) - Os adultossão mariposas de coloração pardo-acinzentadas, com aproximadamente 4,2 cmde envergadura, apresentando uma linhaescura transversal na asa anterior.As lagartas atacam primeiro as folhasbaixeiras e não raramente todas as folhas sãodestruídas.A infestação inicia-se geralmente pelasbordas das lavouras ou nas reboleirasinfestadas por plantas daninhas.As lagartas são, facilmente, reconhecidaspelo tipo de caminhamento “mede palmo” epela coloração brilhante, sendo o fundoverde-escuro com listras castanho-escuras,margeadas por faixas amarelas, ambaslongitudinais (Figura 34).

Figura 32. Lagarta-do-cartucho – sítio de alimentação.

Figura 33. Lagarta-do-cartucho – 2 folhas superiores

Figura 31. Lagarta-do-cartucho – cartucho danificado

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1413

Page 14: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

14 Manejo de pragas na cultura do sorgo

A importância econômica dessa espécie estáassociada aos prejuízos devido à redução daárea foliar das plantas. Geralmente, ainfestação da lavoura inicia-se pelas áreasonde o controle de plantas daninhas não foisatisfatório. Em anos e em locais críticos, osinsetos podem consumir todo o limbo foliarda planta, com perdas totais. Como sãolagartas que se alimentam nas folhas abertas,ficam, portanto, mais expostas do que alagarta-do-cartucho, tornando-se maisvulneráveis, tanto ao controle natural como àsações artificiais de controle. Além doslagarticidas normalmente utilizados, essaespécie pode também ser controlada com osprodutos à base de Bacillus thuringiensis.

5. Insetos que atacam a panícula do sorgo

5.1. Mosca-do-sorgo, Stenodiplosissorghicola (Coquillett) - Recentemente, váriosaspectos da biologia, ecologia e manejo damosca-do-sorgo foram revistos por Waquil &Lara (2001). A mosca-do-sorgo temdistribuição por todas as regiões onde seencontra planta do gênero Sorghum, excetono Sudeste da Ásia. Os adultos são pequenasmoscas, com tamanho variando de 1,3 a 1,6mm de comprimento, com coloraçãoalaranjada, cabeça amarela e apêndicesmarrons. As fêmeas são observadasovipositando em flores abertas de gramíneasdo gênero Sorghum. Geralmente é colocadoum ovo por flor, sendo que mais de um podeser observado numa mesma flor, mas comoresultado de múltipla oviposição. Cada fêmeacoloca em média 75 ovos durante seu dia devida adulta. Os ovos têm forma alongada,medindo cerca de 0,1 x 0,4 mm. Após doisou três dias de incubação, eclodem as larvas,que se deslocam para a base da cariopse(grão em formação), onde se alimentam dosfluidos do grão. O período larval, dependendo

da temperatura, pode variar de 9 a 11 dias.As larvas são inicialmente leitosas, passandoa uma coloração alaranjada escura no final deseu ciclo. O inseto passa à fase de pupa, queleva três dias para ser completada, dentro daprópria espigueta. No final dessa fase, a pupase desloca para o ápice da espigueta, poronde sai o adulto. Normalmente, os machosemergem primeiro e, após o endurecimentode suas asas, permanecem voando em tornoda panícula infestada, esperando pelaemergência das fêmeas para o acasalamento.Logo após, as fêmeas migram para plantas noestádio de florescimento, onde iniciam aatividade de postura.

A importância econômica da mosca-do-sorgoestá associada aos danos causados pelas suaslarvas diretamente nos grãos em formação(Figura 35).

Uma larva alimentando-se na espigueta é osuficiente para causar perda total daquelegrão. As infestações podem chegar a níveiselevados, causando perdas totais nas lavourasde sorgo granífero. Esta é uma das pragas-chave para o sorgo cultivado na época doverão. Os sintomas de danos são vistossomente após a granação, onde é observadoum grande número de espiguetas chochas.Uma das estratégias para confirmar ainfestação pela mosca, em panículas noestádio de grãos leitosos, é amassar umaespigueta chocha entre os dedos. Se forobservado um líquido alaranjado saindo entreas glumas, está confirmada a infestação pelamosca; caso contrário, as causas da nãoformação do grão são outras, como, por

Figura 34. Curuquerê-dos-capinzais – larva e dano típicos.

Figura 35. Mosca-do-sorgo – ramilhos com e sem danos.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1414

Page 15: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

15Manejo de pragas na cultura do sorgo

exemplo, deficiência de polinização oumacho-esterilidade. Nas áreas onde se cultivao sorgo safrinha, o florescimento ocorre emépocas mais frias e, nessas condições, ainfestação por esse inseto é muito reduzida,devido à entrada das larvas em diapausa.

Na fase de larva, é praticamente impossívelcontrolar essa praga, pois ela fica protegidadentro da espigueta do sorgo. Portanto, ocontrole efetivo da mosca depende daintegração de várias estratégias para reduzir apopulação dos adultos ovipositando nalavoura. Assim, são recomendadas váriasmedidas culturais, tais como: a eliminação dosorgo selvagem nas áreas próximas ao plantiocomercial, para evitar a multiplicação doinseto antes do florescimento das plantas; oplantio cedo ou tarde como na safrinha, paraque o florescimento das planta não coincidacom o pico populacional da mosca (ocorreentre dezembro e fevereiro); bom preparo dosolo; plantio num curto período de tempo euso de híbridos que permitam a floraçãouniforme, para evitar a multiplicação damosca nas plantas que florescerem primeiro.O controle químico deve ser o último recursoe somente quando os levantamentosrealizados de 3 em 3 dias durante oflorescimento da lavora indicarem, em média,uma fêmea/panícula. Tanto os levantamentosquanto as pulverizações devem ser realizadospela manhã, quando as fêmeas estãoovipositando no campo. Os produtosregistrados estão apresentados na Tabela 1.

5.2. Lagartas-da-panícula, Helicoverpa zea(Boddy) e Spodoptera frugiperda (Smith)As lagartas dessas duas espécies atacam apanícula do sorgo durante o período deenchimento de grãos. A postura é feita pelasmariposas durante o florescimento dapanícula e as lagartas alimentam-se dos grãosem formação, causando prejuízo direto naprodução. A alimentação dos insetos nosgrãos leitosos causa perdas diretas, pelaredução da massa de grãos, e indiretas, pelacontaminação, por fungos, dos grãosdanificados. Aparentemente, os danos sãosemelhantes aos causados por pássaros. Umdos fatores decisivos para o sucesso dainfestação é o tipo de panícula. As panículasabertas dificultam a alimentação e expõem aslarvas à ação dos inimigos naturais e sua

própria agressividade canibal, reduzindo,assim, as perdas. Portanto, o controle naturalé altamente eficiente e somente sobcondições de desequilíbrio biológico ainterferência do produtor se tornaránecessária. Nesse caso, o controle pode serfeito através da pulverização, que deve serrealizada somente quando os levantamentosindicarem uma média de duas lagartaspequenas por panícula. Nas condiçõesbrasileiras, não se tem tido notícias deproblemas significativos causados por essesinsetos à panícula do sorgo.

5.3. Percevejos-da-panícula - Várias espéciesde percevejos fitófagos infestam a panículade sorgo durante o desenvolvimento dosgrãos. Para facilitar o manejo, poderíamosdividi-los em dois grupos principais: ospercevejos grandes (ex. Percevejo-gaúcho -Leptoglossus zonatus, Percevejo-verde -Nezara viridula e Percevejo-pardo - Thyantaperditor) e percevejos pequenos (Percevejo-do-sorgo - Sthenaridea carmelitana e Percevejo-chupador-do-arroz - Oebalus spp.).

Tanto as ninfas como os adultos dessesinsetos alimentam-se, principalmente, dosgrãos em enchimento e, menosfreqüentemente, das partes da panícula.Dependendo da população, os percevejospodem causar danos econômicos expressivos,reduzindo até 59,5 % do peso dos grãos emais de 98% na germinação e vigor dassementes. Portanto, constituem problemasprincipalmente nos campos de produção desementes.Os sintomas de danos, grãos manchados ecom tamanho reduzido, aparecem devido àsucção dos fluidos da cariopse. Portanto,panículas com grãos mal formados emanchados constituem o principal indicadorde danos causados por percevejos. Algumasespécies, como o percevejo-gaúcho (Figura36), podem também inocular agentesfitopatogênicos nos grãos.

Figura 36. Percevejo-da-panícula – Leptoglossus sp.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1415

Page 16: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

16 Manejo de pragas na cultura do sorgo

Entre os inimigos naturais dos percevejos,destacam-se os parasitóides de ovos, que têmsido usados em programas de manejo.Mesmo assim, a população desses percevejostem se tornado cada vez mais freqüente nocampo. O controle químico fica limitado peladificuldade de entrar com o trator na lavouraapós o florescimento. Quando possível, deve-se utilizar outros métodos de aplicação (águade irrigação ou pulverização aérea) erecomenda-se iniciar o controle quando oslevantamentos indicarem uma média de 12percevejos pequenos ou quatro percevejosgrandes/panícula. O controle dos percevejospode ser feito com inseticidas fosforados oucarbamatos.

6. Controle Natural das Pragas do SorgoNo agroecossistema, as populações deinsetos e ácaros, incluindo as espéciespragas, as benéficas e as irrelevantes, estãosujeitas a uma série de fatores ambientais,cujas combinações determinam o aumento oua redução da sua densidade ao longo dotempo. O resultado da ação dos fatoresdesfavoráveis a uma determinada espécie édenominado - controle natural. Assim, ocontrole natural pode ser atribuído a doisgrupos de fatores: os associados ao clima –Fatores Abióticos e os associados aosorganismos – Fatores Bióticos.

6.1. Efeitos dos fatores abióticos no ControleNatural – Com relevância para o manejo depragas na cultura do sorgo, citaremos algunsexemplos de como fatores climáticos afetamdiretamente a incidência, os danos esobrevivência de algumas espécies-praga. Atemperatura destaca-se, de uma maneirageral, por regular a velocidade dedesenvolvimento do ciclo biológico de todasas espécies. Entretanto, para algumasespécies, esse fator é mais crítico que paraoutras. No caso da mosca do sorgo, espéciecom atividade típica de verão, uma ligeiraqueda na temperatura induz as larvas emdesenvolvimento a entrarem em diapausa.Enquanto que no verão cerca de 90% daslarvas passam à fase de pupa e produzemadultos, no outono/inverno essa taxa cai paracerca de 13%. Este fato explica-se porque amosca-do-sorgo deixou de ser praga-chavepara o sorgo safrinha. Por outro lado, seconsiderarmos o caso do pulgão-verde, praga

importante para o sorgo, no verão e para otrigo, no inverno, a temperatura não limitaseus surtos de infestação.

A umidade e o estresse hídrico podem reduzirou aumentar tanto a incidência quanto osdanos das pragas na cultura do sorgo. Logoapós a emergência das plantas, se a culturafoi semeada em solo leve, no sistemaconvencional, e passar por uma a duassemanas sob estresse hídrico, as chances deinfestação pela lagarta-elasmo aumentamsignificativamente. Por outro lado, se, após ainstalação da cultura, ocorrerem fortesprecipitações por um período longo detempo, pelo menos duas espécies de pragaspodem ser significativamente favorecidas. Oencharcamento do solo reduz a taxa demortalidade das larvas-de-diabrótica peladessecação, aumentando muito os seusdanos. A precipitação por períodosprolongados aumenta o vigor e a invasão dalavoura pelas plantas daninhas, o quefavorece a infestação pelo curuquerê-dos-capinzais, M. latipes. A incidência dessapraga causando danos econômicos estáaltamente correlacionada com anos chuvosos,envolvendo longos períodos com precipitaçãocontínua. Por outro lado, parece não seconfirmar a crença popular de que aprecipitação controla a lagarta-do-cartucho.Já foram conduzidos vários estudos tentandodemonstrar esse efeito no milho, mas não setem conseguido confirmar essa hipótese. Naverdade, a baixa umidade do solo retarda ocrescimento da planta e a lagarta danifica olimbo foliar num número menor de folhas, oque realça visualmente os danos. Quandoocorre precipitação, há uma explosão nodesenvolvimento foliar, com emissão rápidade novas folhas sem danos ou com a mesmaquantidade de danos diluídos em váriasfolhas, o que leva o observador a acreditarnum controle devido à chuva.

6.2. Efeito dos Fatores Bióticos no ControleNatural – Entende-se por fatores bióticos acomunidade de organismos que direta ouindiretamente afetam o agroecossistemacomo um todo. Diretamente, váriosorganismos, como vírus, bactérias, fungos,nematóides, artrópodes, pássaros etc.,contribuem para a dinâmica populacional dasespécies-alvo no agroecossistema.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1416

Page 17: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

17Manejo de pragas na cultura do sorgo

Indiretamente, muitos outros organismostambém interferem nessa dinâmica, como,por exemplo, as plantas daninhas, avariabilidade genética da cultura, etc. Aintrodução, o aumento e a preservação dosagentes de controle biológico são muitoimportantes para manter a população deinsetos e ácaros fitófagos em densidadesabaixo do nível de dano econômico. Nacultura do sorgo, tanto os predadores comoos parasitóides são importantes agentes paramanter o balanço da população de pulgões,lagartas e percevejos. Portanto, aidentificação correta dos insetos e oentendimento do seu papel noagroecossitema é muito importante nomanejo das espécies-alvo. Assim comoexistem várias pragas comuns às diferentesculturas de cereais, muitas espécies deinimigos naturais são comuns, especialmenteos predadores, que, pela sua característicageneralista, atuam como verdadeirosreguladores de população noagroecossistema. Gassen (1986) registrou osprincipais inimigos naturais associados àcultura do trigo, sendo que a maioria delesestão também associados à cultura do sorgo.

Entre os inimigos naturais mais importantesno agroecossitema durante odesenvolvimento do sorgo, principalmente naépoca da safrinha, destacam-se os predadores(um indivíduo consome várias presas, ou seja,outros insetos ou ácaros) como a tesourinha,chrisopídeos (Chrysoperla externa), larvas deSyrphidae, percevejos (Orius insidiosus eGeocoris sp.) e várias espécies de coleópterosdas famílias Carabidae e Coccinelidae, comoas joaninhas (ex. Cyncloneda sanguinea).Existem, também, várias espécies deparasitóides (um ou vários indivíduosdesenvolvem num único hospedeiro) emicroorganismos (fungos, bactérias, vírus,etc.) que desempenham papel importante nocontrole de espécies-alvo para o sorgo. Nessegrupo deve-se dar ênfase à ação dosparasitóides do gênero Aphidius, quedesempenham papel importante no controlede pulgões. Entretanto, nos levantamentosrealizados em lavouras comerciais de sorgo,nos últimos três anos, é preponderante opapel dos predadores na redução dapopulação de pulgões.

6.2.1. Tesourinha, Doru luteipes (Scudder)São predadores comumente encontrados nocartucho das gramíneas e na espiga do milho.O corpo é alongado e apresenta coloraçãocastanha. As asas anteriores são reduzidas ede coloração amarela, deixando à vista oabdômen, que termina num par de pinças(cercos), utilizadas na sua defesa. As asasposteriores ficam dobradas sob as anteriorese são acionadas somente quando o insetolevanta vôo. Os adultos e ninfas alimentam-sede pequenos insetos como os pulgões, ovos elarvas pequenas, constituindo-se num dosprincipais inimigos naturais nas culturas domilho e do sorgo, podendo, assim, serconsiderada a espécie guardiã do cartucho eda espiga ou panícula (Figura 37).

Durante o ciclo de um indivíduo, ele podeconsumir mais de 2.000 insetos (ovo, pulgão,larvas). A partir do 3° instar, tanto as ninfascomo os adultos podem consumir até 20insetos por dia, dependendo dadisponibilidade. Os ovos, 25 em média, sãocolocados em local com muita umidade,dentro do cartucho da planta (Figura 38) e operíodo de incubação é de aproximadamentesete dias.

Figura 37. Tesourinha – revisando o cartucho.

Figura 38. Tesourinha – postura.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1417

Page 18: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

18 Manejo de pragas na cultura do sorgo

O período ninfal varia de 35 a 40 dias,passando por quatro mudas (Figura 39). Alongevidade dos adultos (Figura 40) é emtorno de 135 dias, podendo alguns indivíduosviver por até um ano. Dependendo da época,pode-se encontrar pelo menos um indivíduoem mais de 70% das plantas. Portanto, noslevantamentos, deve-se acompanhar apresença dessa espécie.

6.2.2. Formiga-leão ou bicho-lixeiro - Freitas(2002) reviu os crisopídeos como agente decontrole biológico. O nome bicho-lixeiro sedeve ao comportamento da larva em carregaros detritos residuais de sua alimentação, bemcomo outros encontrados em seu habitat, noseu dorso. Existem várias espécies decrisopídeo predadores, mas essa espéciepredomina nas nossas condições. Esse grupoapresenta metamorfose completa, isto é,passa pelas fases de ovo, larva, pupa eadulto. Entre as espécies encontradas noBrasil, a mais comum é a C. externa, exceçãodo grupo com relação ao comportamento decarregar detritos. Os adultos, com

aproximadamente 25 mm de comprimento,caracterizam-se por apresentarem o corpodelgado e de coloração esverdeada. As asassão grandes, transparentes, com muitasnervuras transversais e, quando em repouso,apresentam a disposição de um telhado(Figura 41).

A cabeça apresenta longas antenas filiformese os olhos são amarelo-ouro brilhantes.Adultos de algumas espécies são predadores,mas, em geral, eles se alimentam de pólen,néctar e excremento dos pulgões. As larvassão de aparência fusiforme (Figura 42), ágeise vorazes sobre pulgões, tripes, ácaros,pequenas larvas, ovos e outros insetos decorpo mole. Seu aparelho bucal, equipadocom longas mandíbulas, é usado paraimobilizar sua presa e extrair-lhe todos osseus fluidos. As longas mandíbulas dessaslarvas as distinguem das larvas das joaninhas.

Figura 41. Chrysopa – adulto.

Figura 42. Chrysopa – larva atacando o pulgão-verde

Figura 40. Tesourinha – casal.

Figura 39. Tesourinha – ninfas.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1418

Page 19: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

19Manejo de pragas na cultura do sorgo

As fêmeas, logo após o acasalamento,colocam seus ovos no topo de um fio, comaproximadamente 12 mm, para evitarpredação, inclusive da própria espécie. Naplanta, os ovos são colocadosindistintamente na face superior ou inferior,sendo sua densidade maior nas partesreprodutivas, panícula no sorgo e espiga nomilho. Cada fêmea, dependendo daalimentação, pode colocar de 40 a mais de2.000 ovos, com viabilidade de mais de 95%.Cerca de uma semana após a postura,eclodem as larvas, que levam cerca de trêssemanas para completarem o ciclo larval. Apartir do 3o instar, as larvas procuram umlugar seguro na planta e tecem um casulopara passar a fase de pupa (Figura 43).

Nesta fase, o inseto passa o inverno e, noverão, leva cerca de duas semanas paraemergir o adulto. O ciclo biológico completoleva cerca de 40 dias e nas regiões tropicaispodem produzir cinco ou seis gerações porano. A densidade populacional dessecrisopídeo é maior no outono, quando podeser observada verdadeira nuvem de adultosvoando nas culturas de safrinha. Esta tambémé uma espécie que precisa ser consideradanum programa de manejo de pragas nacultura do sorgo.

6.2.3. Joaninhas - São besouros predadoresde várias espécies da família Coccinellidae.Este grupo caracteriza-se por apresentar ocorpo oval e convexo, com cores vivas ebrilhantes. Muitas espécies apresentam osélitros com manchas de cores contrastantes.Na sua maioria, os insetos dessa família sãopredadores. Os adultos hibernam no inverno,geralmente em grandes números, em localseco e bem protegido. A partir da primavera,as fêmeas colocam um total de 200 a 500

ovos agrupados de cinco a sete. As larvas sãovorazes consumidoras de pulgões (11-25pulgões/dia), mas atacam, também, ácaros,pequenas larvas e ovos. Preferem insetos decorpo mole e sob altas densidades podem-setornar canibais. Os adultos também sãopredadores e consomem de 16 a 56 pulgões/dia. O ciclo biológico total varia de três aquatro semanas. As principais espéciesencontradas nas nossas condições são: C.sangüinea (vermelha - Figura 44), Hippodamiaconvergens (amarela com manchas negras),Eriopis connexa (preta com manchas brancase amarelas), Coleomegilla quadrifasciata(preta com manchas amarelas) e várias outrasespécies.

6.2.4. Sirfídeos - São várias espécies dedípteros da família Syrphidae que atuamcomo predadores. Os adultos são comumenteencontrados voando sobre as panículas dosorgo em florescimento. Seu comportamentode vôo é característico, muitas vezes parecemparados no ar e podem se deslocar agilmentequando perturbados. Apresentam coloraçãobrilhante e se assemelham a vespas. Algumasespécies produzem sons semelhantes a dasabelhas. Os sirfídeos se alimentam do pólen,néctar e têm papel importante na polinizaçãode várias espécies. As fêmeas colocam seusovos sobre as folhas, nas proximidades dascolônias de pulgões. Após a eclosão, as larvasdeslocam-se lentamente sobre as colônias depulgões, fisgando os insetos com suamandíbula afiada e sugando todo oconteúdo, descartando em seguida seuexoesqueleto vazio. A larva tem o corpoalongado, afilado na cabeça e rombudo naextremidade posterior, ligeiramente achatado,sem patas, semelhante a uma pequena lesma.Completamente desenvolvida a larva mede de6 a 19 mm de comprimento. Muitasapresentam coloração com sombra de

Figura 43. Chrysopa – pupa.

Figura 44. Joaninha – adulto.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1419

Page 20: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

20 Manejo de pragas na cultura do sorgo

amarelo, passando por verde a marron. Apóscada ecdise, deixa uma mancha preta oleosana superfície. Completado o ciclo larval, oinseto adere a uma superfície e passa à fasede pupa, cujo formato lembra uma gotapendente. Freqüentemente, as pupas sãoparasitadas por himenópteros, o que reduz apopulação dessa espécie no campo. Nasnossas condições, os sirfídeos mais comunssão as espécies do gênero Allograpta,Pseudodorus e Toxomerus.

6.2.5. Percevejos predadores - Nesse grupoestão incluídas várias espécies de pelo menoscinco famílias de hemípteros. Dentre esses,para a cultura do sorgo, pelo menos doisgêneros merecem destaque, Orius e Geocoris.Ambos são pequenos percevejos de coloraçãovariando de parda-escura a negra, com ohemiélitro das asas anteriores claro.

Os percevejos do gênero Orius são osmenores do grupo e, por isso, são conhecidoscomo percevejos-minúsculos, pois medemmenos de 2 mm. São geralmente pretos, commanchas brancas e negras (triangulares) nosélitros. São considerados comedores detripes, mas atacam, também, outrospequenos insetos, ovos, larvas recém-eclodidas e ácaros. No sorgo, os percevejos eninfas alimentam-se também da mosca-do-sorgo. As fêmeas colocam seus ovos nointerior de tecidos vegetais macios. As ninfas,de coloração amarelada, alimentam-se domesmo tipo de presa dos adultos. Algumasplantas daninhas, como o picão-preto, sãoum ótimo nicho para esse predador, pois elese alimenta de tripes que infestam o capítulo(flor) da planta. Em levantamentos realizadosem milho e sorgo, esse predador tem sido umdos inimigos naturais mais freqüente nasamostras.

Os percevejos do gênero Geocoris são maioresque os do gênero Orius, medindo cerca de 5mm de comprimento. A coloração é parda-escura e a parte membranosa das asasanteriores é branca-brilhante. Este percevejo écomumente conhecido como “percevejo-olhudo”, devido a seus olhos compostosestarem na extremidade de uma protuberân-cia, que se movimenta à semelhança de umaantena. Tanto os adultos como as ninfas sealimentam de pequenos insetos.

6.2.6. Parasitóides - O parasitismo empulgões é facilmente detectado pela presençade múmias. Essas são facilmente visíveissobre plantas onde há, ou houve, infestaçãopor pulgões. Na verdade, as múmias são oscorpos dos pulgões que se tornam inchados,com o tegumento enrijecido e onde algumasespécies de parasitóides completam o seuciclo biológico. Os adultos dessesparasitóides, medindo entre 2 e 15 mm,dependendo da espécie, são pequenas vespas,algumas com coloração metálica, e sealimentam de néctar das plantas. As fêmeasintroduzem seus ovos dentro do corpo dospulgões. Em dois ou três dias eclodem aslarvas, que completam seu ciclo em umasemana. No final dessa fase, causam a mortee mumificação do pulgão, quando passam àfase de pupa. Das múmias, por orifícioscirculares, emergem os adultos quecontinuarão o ciclo. Essas múmias nãopodem ser confundidas com as exúviasdeixadas pelos pulgões durante sua muda,que são menores e murchas. Diferentesespécies de parasitóides podem produzir tiposdiferentes de múmias. Múmias claras(coloração palha) e volumosas indicamparasitismo por vespinhas dos gênerosAphidius e Diaeretiella, enquanto que múmiasnegras e menos intumescidas por parasitóidesdo gênero Ephedrus. Parasitóides do gêneroPraon tecem um casulo na face ventral damúmia que a fixa na superfície da planta. Poroutro lado, múmias provocadas peloparasitóide Ephedrus plagiator desprendem-seda superfície da planta e caem no solo,sendo, assim, difíceis de serem encontradas.

Os parasitóides de pulgão têm um grandepotencial biótico; entretanto, sob condiçõesde plena atividade dos predadores, essegrupo de inimigo natural tem ação limitada,devido à destruição inclusive dos insetosparasitados.

6.2.7. Outros Inimigos Naturais - Os gruposacima citados são os que geralmente têmação expressiva na dinâmica da entomofaunanas lavouras de sorgo. Entretanto, existeminúmeras outras espécies pertencentes adiferentes ordens que, sob condiçõesespeciais, podem ser constatadas exercendopapel relevante nessa dinâmica. Nas famíliasCarabidae e Staphilinidae, existem várias

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1420

Page 21: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

21Manejo de pragas na cultura do sorgo

espécies de predadores, como, por exemplo,o carabídeo Calosoma spp. que, quandopresentes na lavoura, têm papel importanteno controle de lagartas. Existem, também,várias espécies de outros percevejospredadores como, por exemplo, Podisiusmaculiventris, que preda a largarta-do-cartucho. Entre os parasitóides poderiam sercitados, ainda, os tacnídeos (semelhante amosca-doméstica grande) e várias outrasespécies de himenópteros, como, porexemplo, as do gênero Trichogramma, quesão eficientes parasitóides de ovos. Hoje,existem algumas empresas produzindo essesparasitóides para liberações inundativas nocontrole de vários lepidóteros-praga. Incluem-se ainda, os entomopatógenos (nematóides,Baculovirus, Bacillus thuringiensis, Beauveria,Nomuraea, Metarhizium) que têm grandepotencial e, sob condições favoráveis, podemcontribuir para a redução da população deinsetos-alvo.

O grande desafio para as pesquisas na áreado controle biológico das pragas na culturado sorgo, visando o manejo integrado, é aavaliação da seletividade dos novosinseticidas, para a utilização em situaçõesemergenciais, e a determinação dos níveis denão controle em função da densidadepopulacional da espécie-alvo e de seusrespectivos inimigos naturais. A preservação ea proteção desses agentes de controlebiológico são da mais alta importância paramanter a população de insetos e ácarosfitófagos em equilíbrio e em níveis que nãocausem prejuízos econômicos.

7. Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo -Nos últimos três anos, a Embrapa Milho eSorgo realizou levantamentos da incidênciade pragas e doenças na cultura do sorgocultivado na safrinha nas regiões Sudeste eCentro-Oeste. Entre os principais problemasdetectados destacaram-se alguns associadosao tratamento fitossanitário. Em primeirolugar, pode ser mencionada a irregularidadena população de plantas. Foi comum observarfalhas e plantas mortas, possivelmente devidoao ataque de diferentes pragas subterrânease/ou doenças em plantas jovens. É possívelque o tratamento de sementes traga grandesbenefícios para o estabelecimento dapopulação ideal de plantas e se obter

melhoria expressiva na produtividade dacultura.

Os problemas tradicionais de pragas nacultura do sorgo, como a mosca-do-sorgo e opulgão-verde, parecem razoavelmenteequacionados nos plantios de safrinha. Comojá discutido anteriormente, o plantio do sorgona safrinha permite o escape da fase desusceptibilidade do sorgo ao picopopulacional da mosca, reduzindo seus danosa níveis insignificantes. Entretanto, sobalgumas condições especiais (ex. clima elocal) pode-se observar a incidência dessasespécies. Por outro lado, a população depulgão-verde encontra-se sob controle pordois fatores independentes: um foi amudança da época de plantio do sorgo dasafra normal para o plantio em safrinha. Coma colheita das culturas de verão, os inimigosnaturais, que são abundantes no final dociclo da cultura, como os crisopídeos, migrame concentram-se nas culturas de safrinha enos cereais de inverno semeados depois defevereiro, com grande pressão sobre apopulação dos pulgões; o outro fator foi aintrodução, pela Embrapa Trigo, de algunsparasitóides dessa espécie, que se adaptarambem nas nossas condições. São raros oscasos de necessidade de controle químicopara essas pragas nas regiões Sudeste eCentro-Oeste. Geralmente isto acontecequando se faz controle de outras pragas noestabelecimento da cultura, como a lagarta-do-cartucho, causando desequilíbrio.

A lagarta-do-cartucho vem se tornando, ano aano, uma praga importante para a cultura dosorgo safrinha. Embora fosse esperado umfato semelhante ao que aconteceu com opulgão-verde, ou seja, um aumento da açãodos inimigos naturais também sobre apopulação das pragas em geral, incluindo alagarta-do-cartucho, isto não vem severificando na prática. Na safrinha, tanto nomilho como no sorgo, tem-se registrado umaumento da incidência (acima de 50%) dalagarta-do-cartucho. Mesmo no verão, aincidência dessa espécie tem aumentado,sendo hoje citada também como pragaimportante no algodão. Entretanto, métodosalternativos de controle dessa praganecessitam ser implementados, pois o usosomente do controle químico pode ser

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1421

Page 22: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

22 Manejo de pragas na cultura do sorgo

desastroso, especialmente para a cultura dosorgo. A redução da população dos inimigosnaturais, como, por exemplo, dos crisopídeos,poderá provocar uma explosão na populaçãodo pulgão-verde, que é, sem dúvida, muitomais prejudicial para a cultura do sorgo doque a lagarta-do-cartucho.

7.1. Tratamento de sementes - normalmenteas sementes comercializadas por empresasconceituadas no mercado são tratadas comfungicidas (mais comumente o captan) e cominseticidas fosforados ou piretróides para ocontrole, respectivamente, de fungos quecausam danos às sementes e de pragas degrãos armazenados. Entretanto, essetratamento tem pouco ou nenhum efeitosobre as pragas de solo ou as iniciais acimadescritas, que atacam as sementes ou plantasjovens no campo.

Para a obtenção de altas produtividades, emqualquer cultura, sabe-se que oestabelecimento efetivo da população idealde plantas é fator crucial. Portanto, para segarantir um bom estande no campo, otratamento de sementes antes da semeadura,com inseticidas eficientes, se torna umaprática tão importante quanto usar umasemente de boa qualidade tecnológica(germinação e vigor) e genética. Dados sobrea incidência, distribuição, danos e controlede insetos-praga subterrâneas, no Brasil, sãoraros. No Estado de Minas Gerais,levantamentos em milho revelaram redução de30 a 50% no estande, sendo que 5,78%devido a danos nas sementes e 8,03% adanos em plantas jovens. Levantamentosrealizados nas duas principais regiõesprodutoras de sorgo safrinha – Alta Mogiana/Triângulo Mineiro, no vale do Rio Grande, eSul de Goiás/Norte do Mato Grosso do Sul,revelaram, tanto a baixa população deplantas, quanto a freqüente presença defalhas nas linhas de plantios. A distribuiçãoirregular de plantas na lavoura pode serindicada pelo alto intervalo de confiançacalculado para as médias em algumasamostras, como, por exemplo, nos municípiosde Colômbia e Barretos em SP e Conceiçãodas Alagoas em MG (Figura 2). Em muitoscasos, essa irregularidade deve-se ao ataquede insetos ou patógenos.

Entre os princípios ativos hoje disponíveis nomercado para o tratamento de sementes, nãohá registro de produtos para o uso em sorgo.Em milho, o tratamento de sementes, querepresenta aproximadamente 4,8% do custodos insumos, permite um aumento de 15%na emergência de plantas e redução de até50% de perdas na produção, devido aoataque da lagarta-elasmo. No sorgo, osbenefícios do tratamento de sementes seriamequivalentes aos obtidos no milho. Estudosrealizados em Sete Lagoas revelaram que otratamento de sementes com os inseticidascarbofuran, tiodicarb e fipronil, mesmodepois de 90 dias de armazenamento, nãoreduziram a germinação, mas somente otratamento à base de tiodicarb maismicronutrientes (Bo, Mo e Zn), nas doses de1,5 a 2,0 L/100 kg de sementes, não afetou ovigor das sementes do híbrido BR 303. Foiobservado, ainda, que, nesse tratamento, nãohouve diferença quando as sementes foramarmazenadas em embalagem de papel ou depano. Neste tópico, o desafio está emconseguir o registro de produtos para essefim na cultura do sorgo.

7.2. Plantio Direto - O manejo cultural podeafetar significativamente a incidência deespécies no campo. Considerando quepraticamente todo o sorgo cultivado nasafrinha é sob sistema de plantio direto, asimplicações dessa prática sobre o manejo depragas não pode deixar de ser considerada.Embora haja poucos dados avaliando o efeitodo plantio direto sobre a população deinsetos-praga na cultura do sorgo, pelomenos dois aspectos dessa interação podemser analisados.

Se, por um lado, a abundância de matériaorgânica na superfície do solo e a preservaçãoda estrutura da camada superficial do solopodem aumentar a população de insetos emgeral, na litosfera, por outro lado, nesteambiente pode ocorrer uma maior ação dosinimigos naturais, beneficiando, assim, oequilíbrio biológico. Por exemplo, sabe-se que,sob plantio direto, há uma menor incidênciada lagarta-elasmo. Tanto a preservação daumidade do solo como a abundância dematéria orgânica propiciam a redução dosdanos da lagarta-elasmo, pois essa espécie ésaprófita facultativo e pode sobreviver

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1422

Page 23: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

23Manejo de pragas na cultura do sorgo

alimentando-se da matéria orgânica do solo.O processo de preparo do solo, além dereduzir a matéria orgânica na superfície,pulveriza o solo, facilitando a sobrevivênciadas larvas de E. lignosellus. Por outro lado, aspráticas de preparo do solo como a aração egradagem constituem num importante fatorde mortalidade, reduzindo significativamentea população de várias espécies, que passampelo menos uma de suas fases no solo.

Durante o preparo do solo, os indivíduos queescapam do efeito mecânico direto, causadopelo esmagamento, são expostos àdessecação e ação de vários inimigos naturaiscomo, por exemplo, os pássaros. Todos essesfatores afetam significativamente a dinâmicapopulacional dessas espécies. Portanto, parase avaliar o efeito dos sistemas de manejocultural no controle de pragas, cada casodeve ser estudado cuidadosamente. Porexemplo, tanto para as pragas subterrâneascomo para algumas espécies que atacam aparte aérea da planta, como a lagarta-do-cartucho, lagartas-da-panícula e broca-da-cana-de-açúcar, e passam à fase de pupa nosolo ou no interior do colmo de gramíneas, opreparo do solo, sem dúvida, constitui umfator importante de mortalidade.

Em geral, como já foi comentado para alagarta-do-cartucho, tem sido observadotambém um aumento da incidência da broca-da-cana, tanto no sorgo como nas outrasculturas de cereais. Isso pode serconseqüência do aumento da área com oplantio direto, principalmente quando seutiliza o milheto como cobertura morta. Omilheto é altamente susceptível à broca-da-cana. A permanência de colmos degramíneas, como do milho, do sorgo e domilheto, permite a sobrevivência de larvas daDiatraea saccharalis, em diapausa durante oinverno, aumentando, assim, sua populaçãoano após ano. Como o controle químicodessa praga é extremamente difícil, devido aoseu sítio de alimentação, medidas culturaiscomo trituração mecânica dos restos culturaisda palhada tornam-se essenciais para aredução da população dessa espécie. Ocontrole biológico também é possível; ajustarentretanto, mais estudos são necessários paraos atuais métodos utilizados na cultura dacana-de-açúcar para as culturas anuais.

7.3. Recomendações - No atual sistema deprodução de sorgo, na safrinha, deve-seenfatizar que os dois principais problemas(tradicionais) de insetos-praga (mosca-do-sorgo e pulgão-verde) estão razoavelmenteequacionados. Entretanto, dois outrosprecisam ser urgentemente atacados. Um érelativo à proteção das sementes e plântulasdurante o estabelecimento da cultura. Assim,métodos de controle, como o tratamento desementes, que tem baixo impacto sobre apopulação dos inimigos naturais e boaeficiência na proteção inicial da cultura,constituem estratégias importantes para aobtenção de boas produtividades.

Embora a prática de tratamento de sementeou de solo possa dar, inicialmente, proteçãotambém contra a infestação pela lagarta-do-cartucho e broca-da-cana, novas alternativasprecisam ser implementadas para proteger asplantas nos estádios mais avançados dedesenvolvimento. Tendo em vista o aumentoda incidência da lagarta-do-cartucho nasculturas hospedeiras em geral, como milho,sorgo, arroz e milheto, a curto prazo, deve-sedar preferência para o controle utilizandoprodutos altamente seletivos e com aplicaçãodirigida para o cartucho da planta. Deve-seevitar aplicações dos inseticidas em área totalou junto com os herbicidas, pois os alvos sãodiferentes. A aplicação com jato dirigido parao cartucho da planta aumentasignificativamente a seletividade do produto.Por outro lado, como recomendação a médioe longo prazos, para reduzir os danoscausados por essas espécies nas culturas emgeral, seria recomendado o manejo emgrandes-áreas. Isto implicaria a utilização devários métodos de controle de formasistemática e estratégica, com ações pro-ativas, ao invés de reativas, para manter apopulação dessas espécies-alvo sob controleem unidades de agroecossitemas (ex.microbacias). Hoje, esse modelo parece omais compatível com o meio ambiente,visando a sustentabilidade do sistema, o qualpoderia ser reconhecido como o ManejoEcológico de Pragas (MEP).

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1423

Page 24: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

24 Manejo de pragas na cultura do sorgo

9. Referências bibliográficas

ALVARENGA, C. D. Controle integrado dopulgão-verde, Schizaphis graninum (Rondani,1852) em sorgo através de genótiposresistentes e do predador Doru luteipes(Scudder, 1876). 1992. 113 f. Tese (Mestrado)- Escola Superior de Agricultura “Luiz deQueiroz”, Universidade de São Paulo,Piracicaba.

CORTEZ, M. G. R.; WAQUIL J. M. Influênciade cultivar e nível de infestação deSpodoptera frugiperda (J.E. Smith)(Lepidoptera: Noctuidae) no rendimento dosorgo. Anais da Sociedade Entomologica doBrasil, Jaboticabal, v. 26, p. 407-410, 1997.

CRUZ, I. Resistência de genótipos de sorgo aopulgão-verde, Schizaphis graminum(Rondani,1852) (Homoptera: Aphididae).1986. 222 f. Tese (Doutorado) – EscolaSuperior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,Universidade de São Paulo, Piracicaba.

CRUZ, I. A lagarta-do-cartucho na cultura domilho.. Sete Lagoas: Embrapa.CNPMS, 1995.45 p. (EmbrapaCNPMS.Circular Técnica, 21)

CRUZ, I.; VALICENTE, F. H.; SANTOS, J. P.;WAQUIL, J. M.; VIANA, P. A. Manual deidentificação de pragas na cultura do milho.Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 1997.67 p.

CRUZ, I.; WAQUIL, J. M. Pragas da Cultura doMilho para Silagem. In: CRUZ, J. C.; PEREIRAFILHO, I. A.; RODRIGUES, J. A.; FERREIRA, J.J. (Ed.).Produção e utilização de silagem demilho e sorgo. Sete Lagoas: Embrapa Milho eSorgo, 2001. p. 141-207.

FREITAS, S. Uso de crisopídeos no controlebiológico de pragas. In: PARRA, J. R. P.;BOTELHO, P. S. M.; CORRÊA-FERREIRA, B. S;BENTO, J. M. S. (Ed.). Controle biológico noBrasil: parasitoides e predadores. Barueri:Manole, 2002. p. 209-219.

GALO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.;CARVALHO, R. P. L.; BATISTA, G. C.; BERTIFILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.;ALVES, S. B.; VENDRAMIM, J. D.;MARCHINI, L. C.; SPOTTI LOPES, J. R.;OMOTO, C. Entomologia Agrícola. Piracicaba:FEALQ, 2002. 920 p.

GASSEN, D. N.. Insetos associados a culturado trigo. Passo Fundo: Embrapa-CNPT, 1984.39 p. (EmbrapaCNPT.Circular Técnica, 3)

GASSEN, D. N., Manejo de pragas associadasà cultura do milho. Passo Fundo: AldeiaNorte, 1996. 127 p.

HOELSCHER, C. E.; TEETES, G. L. Insects andmites pest of sorghum ¾ Managementapproaches. College Station: Texas A & MUniversity, 1983. 24 p. (Texas AgriculturalExperiment Station, B. 1220).

JOTWANI, M. G.; YOUNG, W. R. Recentdevelopment of chemical control of insectpest of sorghum. In: RAO, N. G. P.; HOUSE, L.R. (Ed.). Sorghum in Seventies. 2 ed. NewDelhi: Oxford & IBH, 1976. p. 377-396

KING, A. B. S.; SAUNDERS, J. L. Las plagasinvertebradas de cultivos anuales alimenticiosen America Central. Turrialba: CATIE; London:TDRI, 1984. 182 p.

LARA, F. M. Influência de genótipos de sorgo,Sorghum vulgais Pers., local e época deplantio, inimigos naturais e inseticidas sobreContarinia sorghicola (Coq. 1898). 1974. 111f. Tese (Mestrado) - Faculdade de MedicinaVeterinaria e Agronomia de Jaboticabal “Prof.Ruete”, Jaboticabal.

LOPES, S. C.; WAQUIL, J. M.; RODRIGUES, J.A. S. Identificação do biótipo de pulgão-verde, Schizaphis graminum (Rondani, 1852)de ocorrência em Sete Lagoas-MG. In:CONGRESSO BRASILEIRO DEENTOMOLOGIA, 14., 1993, Piracicaba.Anais... Piracicaba: SEB, 1993. p. 381.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1424

Page 25: Manejo de Pragas na Cultura do Sorgo - Embrapa · 2017-08-16 · A cultura do sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] está entre as cinco mais importantes do mundo, sendo superada somente

25Manejo de pragas na cultura do sorgo

Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:Embrapa Milho e SorgoEndereço: Rod. MG 424 km 45 - Caixa Postal 151Fone: (31) 3779-1000Fax: (31) 3779-1088E-mail: [email protected]

1a edição1a impressão (2003): 200 exemplares

Presidente: Ivan CruzSecretário-Executivo: Frederico Ozanan M. DurãesMembros: Antônio Carlos de Oliveira, Arnaldo Ferreirada Silva, Carlos Roberto Casela, Fernando TavaresFernandes e Paulo Afonso Viana

Supervisor editorial: José Heitor VasconcellosRevisão de texto: Dilermando Lúcio de OliveiraTratamento das ilustrações: Tânia Mara A. BarbosaEditoração eletrônica: Tânia Mara A. Barbosa

Comitê depublicações

Expediente

CircularTécnica, 27

MATRANGOLO, W. J. R.; WAQUIL. J. M.Biologia de Paramixia carmelitana (Carvalho)(Hemiptera: Miridae). Anais da SociedadeEntomologica do Brasil, Jaboticabal, v. 20, p.299-306, 1990.

MENSCHOV, A. B. Insetos-pragas do sorgo eseu combate. Pelotas: Embrapa/UEPAEPelotas, 1982. 43 p. (Embrapa/UEPAEPelotas.Circular Técnica, 14).

MONTESO, L. F. A.; MATRÂNGOLO, W. J. R.;WAQUIL, J. M. Preferência alimentar deStenaridea carmelitana (Carvalho) (Hemiptera:Miridae) em sorgo e milho. Anais daSociedade Entomologica do Brasil,Jaboticabal, v. 26, n. 1, p.195-198, 1997.

REIS, P. R.; BOTELHO W.; WAQUIL, J. .M.Pragas do sorgo. Informe Agropecuário, BeloHorizonte, v. 5, n. 56, p. 27-35, 1979.

ROSSETTO, C. J.; BANZATTO, N. V.;CARVALHO, R. P. L.; AZZINI, E.; LARA, F. M.Pragas do sorgo em São Paulo, p. 219. In:SIMPÓSIO INTERAMERICANO DE SORGO,1.,1972, Brasília, DF. Anais... Brasília: Ministérioda Agricultura, 1972. p. 219.

SHARMA, H.; SING, C. F ; NWANZE, K. F.Plant resistant to insects in sorghum.Patancheru: ICRISAT, 1997. 205 p.

TEETES, G. L.; SESHU REDDY, K. V.;LEUSCHNER, K.; HOUSE, L. R. Sorghuminsect identification handbook. Pantacheru:ICRISAT, 1983. 124 p. (ICRISAT.InformationBulletin, 12)

WAQUIL, J. M.; CRUZ, I.; VIANA, P. A. Pragasdo sorgo. Informe Agropecuário, BeloHorizonte, v.12, p. 46-51, 1986.

WAQUIL, J. M.; MATRÂNGOLO, W. J. R.Ocorrência de Paramixia carmelitana(Hemiptera. Miridae) causando dano emsorgo. Anais da Sociedade Entomologica doBrasil, Jaboticabal, v. 20, p. 457, 1990.

WAQUIL, J. M.; VIANA, P. A. Avaliação docontrole da lagarta-elasmo em sorgo. RelatórioTécnico Anual do Centro Nacional de Pesquisade Milho e Sorgo - 1992-1993, Sete Lagoas, v.6, p. 70, 1994.

WAQUIL, J. M.; LOPES, S. C.; AZEVEDO, J.T.; OLIVEIRA, A. C. Ocorrência e dano deThyanta perditor (Fabr. 1874) (Hemiptera:Pentatomidae) em sorgo. Relatório TécnicoAnual do Centro Nacional de Pesquisa deMilho e Sorgo - 1992-1993, Sete Lagoas, v. 6,p. 69, 1994.

WAQUIL, J. M.; OLIVEIRA, A. C.Monitoramento da mosca-do-sorgo,Contarinia sorghicola (Coquillett, 1898)através de armadilhas de feromônio. RelatórioTécnico Anual do Centro Nacional de Pesquisade Milho e Sorgo - 1992-1993, Sete Lagoas,v.6, p. 68-69, 1994.

WAQUIL, J. M.; LARA, F. M. Mosca-do-sorgo,Stenodiplosis sorghicola (Coquillett) (Diptera:Cecidomyiidae). In: VILELA, E. F.; ZUCCHI, R.A.; CANTOR, F. (Ed.). Histórico e impacto daspragas introduzidas no Brasil. Ribeirão Preto:Holos, 2001. p. 106-112.

WAQUIL, J. M.; CRUZ, I. Manejo de pragas nacultura do sorgo forrageiro. In: CRUZ, J. C.;PEREIRA FILHO, I. A.; RODRIGUES, J. A.;FERREIRA, J. J. (Ed.). Produção e utilizaçãode silagem de milho e sorgo. Sete Lagoas:Embrapa Milho e Sorgo, 2001. p. 341-359.

CircTéc27.p65 10/03/04, 16:1425


Recommended