+ All Categories
Home > Documents > Message from - Thai Embassy · Somos personagens dessa espécie de presépio em que desfilam as...

Message from - Thai Embassy · Somos personagens dessa espécie de presépio em que desfilam as...

Date post: 03-Dec-2018
Category:
Upload: trinhhanh
View: 215 times
Download: 0 times
Share this document with a friend
22
Transcript

Message from the Ambassador of Thailand

As part of our efforts to foster closer ties and promote people-to-people better understanding, the Royal

Thai Embassy in Maputo is proud to be given the opportunity to bring Dino Jethá, the master of the unique Psikhelekedana

art of Mozambique to exhibit his lively wooden figurines in Thailand, which marks his first solo exhibition in Asia.

The first ever Royal Thai Embassy in Maputo has recently been opened in June 2016 and it was during our early months of arrival that we come to know the Psikhelekedana. In fact, myself and our staffs at the embassy as well as our visitors from Thailand have particularly been impressed by the art.

Our homes in Maputo and our guests’ baggage would stock and carry one or more pieces of the small Psikhelekedana being sold in the Maputo’s FEIMA craft market, which we later learned that most of the works we found are of the students of Dino Jethá.

Indeed, Psikhelekedana reminds us of the likes of Tingatinga and Lilanga in Kenya and Tanzania, Makonde of Mozambique and Tanzania – all of which not only constitute a uniqueness and humbleness in their makings but also depicts the lives in Mozambique and Africa.

Dino Jethá’s talent has impressed everyone who see it. Therefore, in introduc-ing Mozambique to us in Thailand, we find no other kind of art more suitable than that of Dino Jethá’s Psikhelekedana. As a result, the idea of “Mozambique written in wood” exhibition came together and is now in full display in Bangkok, Thailand.

Dino Jethá will spend around 10 days from 10 to 22 July 2017 in Bangkok, during which we hope that he would be inspired to produce some more works on the lives in Bangkok and Thailand. After this exhibition, the works being shown in Bangkok will be permanently exhibited at the Royal Thai Embassy in Maputo.

On this note, we would like to acknowledge the support of H.E. Mr. Silva Dunduro, Minister of Culture and Tourism and his able colleagues at the Ministry for this project and the promotion of the cultural ties between our two Countries.

Russ Jalichandra Ambassador

Mensagem do Embaixador da Tailândia

Como parte dos nossos esforços para promover melhores vínculos e compreensão entre tailandeses e moçambicanos, a Embaixada Real da Tailândia em Maputo orgulha-se de ter a oportunidade de levar Dino Jethá, mestre da arte singular Psikhelekedana, de Moçambique, a exibir as suas figurinhas animadas de madeira na Tailândia, naquela que será a sua primeira exposição individual na Ásia.

A Embaixada Real da Tailândia em Maputo foi inaugurada recentemente, em junho de 2016, e foi durante os nossos primeiros meses de estadia que conhecemos o Psikhelekedana. Na verdade, eu e os nossos funcionários da Embaixada, bem como os nossos visitantes da Tailândia, ficamos particularmente impressionados com esta arte.

As nossas casas em Maputo possuem, e as bagagens dos nossos visitantes carregam, uma ou mais peças pequenas de Psikhelekedana, vendidas no mercado de artesanato em Maputo, chamado FEIMA. Depois descobrimos que a maioria das obras de Psikhelekedana que encontramos é feita pelos estudantes de Dino Jethá.

De facto, o Psikhelekedana faz-nos lembrar dos gostos de Tingatinga e Lilanga no Quénia e na Tanzânia, do Makonde de Moçambique e da Tanzânia – tudo isso não só constitui uma singularidade e humildade na sua elaboração, mas também retrata a vida em Moçambique e na África.

O talento de Dino Jethá impressionou a todos. Por tanto, para introduzir Moçambique na Tailândia, não encontramos outro tipo de arte mais adequado do que o Psikhelekedana de Dino Jethá. Desta forma, nasce a ideia desta exposição, "Moçambique escrito em madeira", que agora está a ter lugar em Banguecoque, na Tailândia.

Dino Jethá passará cerca de 10 dias, de 10 a 22 de julho de 2017, em Banguecoque, durante os quais esperamos que ele se inspire para produzir novos trabalhos de Psikhelekedana sobre as realidades da Tailândia. Após esta exposição, as obras exibidas em Banguecoque ficarão permanentemente em exibição na Embaixada Real da Tailândia em Maputo.

Nesta nota, gostaríamos de reconhecer o apoio de H.E. Sr. Silva Dunduro, Ministro da Cultura e Turismo e dos seus colegas no Ministério neste projeto e para a promoção dos laços culturais entre os nossos dois países.

Russ Jalichandra Embaixador

2 3

“There are those who write with ink and there are those who write with wood. The sculpture gathered here forms a book. More than a book: it’s a way of writing History, through the enchantment of little stories. Each piece is a tale, and each figure is much more than a doll carved out of a mafurreira root. Each figure is the root of something else, and this undefinable something carries out its destiny, which is to give meaning to our collective memory. We are the figures in this kind of “nativity scene”, through which our memories file. After visiting these pieces – which are stories – we are more ourselves, more neighbors and dreaming closer together.”1

Mia Couto Mozambican Writer

“Há os que escrevem com tinta. Há os que escrevem com madeira. A escultura que aqui se reúne é um livro. Mais que um livro: é um modo de escrever a História, por via do encantamento das pequenas estórias. Cada peça é um conto e cada figurinha é muito mais que um boneco esculpido em raiz de mafurreira. Cada figura é raiz de uma outra coisa e essa indefinível coisa cumpre um destino que é o dar sentido à nossa memória coletiva. Somos personagens dessa espécie de presépio em que desfilam as nossas memórias. Depois de visitarmos estas peças – que são estórias – somos mais nós, mais vizinhos e sonhando mais perto.”1

Mia Couto Escritor Moçambicano

PsikhelekedanaO termo Psikhelekedana refere-se ao trabalho de artesanato ou de escultura feito

de «madeira branca».2

O Psikhelekedana é amplamente praticado no sul de Moçambique, particularmente por Rongas3, um dos numerosos grupos étnicos que vivem no país.

Tal «madeira branca» é de mafurreira (Trichilia emetica), uma árvore perene indígena das províncias do sul de Moçambique. Os troncos secundários e, mais particularmente, as raízes são usados para criar Psikhelekedana. Esta madeira é fácil de trabalhar porque é macia, leve e impermeável aos insetos.

O uso de «madeira branca» diferencia o Psikhelekedana da mais reconhecida arte Makonde do norte de Moçambique e da Tanzânia, que, pelo contrário, usa «madeira preta» de valor alto, como o pau-preto e o pau-rosa.4

O moderno Psikhelekedana distingue-se ma is da arte Makonde tradicional e moderna, já que consiste em várias peças esculpidas, pintadas em cores brilhantes e conectadas por pequenos fios metálicos. Por outro lado, a arte Makonde compreende uma única peça esculpida, que não está pintada.

Uma possível razão pela qual o Psikhel e kedana não era tão apreciado nem reconhecido anteriormente é devido ao valor comercial inferior da sua matéria-prima.5 No entanto, graças à nova abordagem de Dino Jethá, o Psikhelekedana gradualmente ganhou mais atenção e reconhecimento do seu valor artístico.

2 Sol Carvalho, “Psikhelekedana, O Artesanato do Sul”, Cadernos do Terceiro Mundo, Ano VIII.74 (1985), 90 <http://www.mozambiquehistory.net/arts/artes_plasticas/psikhelekedana/19850200_psikhelekedana.pdf> [accessed 2 June 2017].3 Fátima Ribeiro, “Introduction”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 5.4 Nedjma Kacimi and Astrid Sulger, Makonde Masters: Encounter with Artists of Cabo Delgado, Mozambique, 1st edn (Maputo: Ndjira, 2004), p. 22..5 Carvalho, p. 92.

1 Mia Couto, “A Country Written in Wood”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003),p. 9.

4 5

De Mafurreira a PsikhelekedanaTradicionalmente, Psikhelekedana encontrava-se no domínio do artesanato de

algum valor artístico. Desempenhava funções sociais e estava profundamente ligado à cosmologia, tradição e ritual locais.6

As técnicas de criação do Psikhelekedana tradicional foram passadas de geração em geração. Os artesãos desbastavam a madeira de mafurreira a enxó e talhavam-na a navalha. Às vezes, queimavam-na ou pintavam-na com tintas naturais antes de gravar a peça esculpida.7

Psikhelekedana comummente engloba não só utensílios, como tigelas, colheres e espátulas, bem como animais e figuras humanas, para o uso em casa, em rituais tradicionais e, às vezes, para fins comerciais, para estrangeiros.8

Psikhelekedana ModernoÉ de destacar que o Psikhelekedana, nesta exposição, é a forma moderna

e a mais recente deste artesanato. Ele evoluiu a partir de seu domínio anterior de «artesanato local» e agora tornou-se o que pode ser considerado como «arte moderna». O «artesão» de Psikhelekedana que segue a tradição tornou-se um «artista» que acrescenta imaginação criativa e ideias emergentes de autenticidade e singularidade às suas criações artísticas.

Já não é a forma tradicional de uma figura ou objeto. Em vez disso, o Psikhelekedana moderno é um modelo em miniatura, composto por várias figurinhas de madeira, esculpidas em formas urbanizadas de humanos, animais, objetos e locais.

6 Ibid., pp. 90-92.7 Ribeiro, p. 5.8 Carvalho, pp. 90-92.

O processo de criação do Psikhelekedana moderno é mais elaborado do que anteriormente. O passo tradicional de desbastar e talhar é realizado em menor escala. Uma vez esculpida, a peça é posta ao sol para secar completamente. Mais tarde, os artistas lixam-na e pintam-na com produtos químicos brilhantes, principalmente acrílicos. Depois, engraxam com cera de cor neutra, para proteção e para criar um efeito brilhante. Para criar a figura desejada, todas as peças necessárias são montadas, conectando-se umas às outras com pequenos fios metálicos. Depois, as figuras diferentes são colocadas e exibidas de maneira a representarem uma pequena história, que podem ser momentos quer da história quer da vida diária do povo moçambicano.9

Através desta nova abordagem, o Psikhelekedana assume um papel de documentário para Moçambique10 e o seu valor artístico já foi reconhecido tanto a nível nacional como internacional.

Hoje em dia, o Psikhelekedana moderno é amplamente feito por artistas lo-cais e vendido, na sua maior parte, a expatriados e turistas, bem como a mecenas e colecionadores de arte.

Camordino Mustafá Jethá (Dino Jethá) é reconhecido como o fundador deste movimento moderno de Psikhelekedana.11

9 Dino Jethá and Psikhelekedana (Maputo, 2017).10 Ribeiro, p. 5.11 Ibid.

6 7

PsikhelekedanaThe term Psikhelekedana refers to wood carvings made from «white wood».2

Psikhelekedana is widely practiced in southern Mozambique, in particular by Ronga people3, one of the numerous ethnic groups living in the country.

Such «white wood» comes from mafurreira tree (Trichilia emetica), an evergreen tree indigenous to the southern provinces of Mozambique. Its branches and more particularly its roots are used to create Psikhelekedana. This wood is easy to work with because it is soft, light and impervious to insects.

Using «white wood» differentiates Psikhelekedana from the more recognized Makonde art from northern Mozambique and Tanzania which, on the contrary, uses «black wood» of high value, such as ebony and rose wood.4

The modern Psikhelekedana also distinguishes itself more from both traditional and modern Makonde art, as it consists of various carved pieces painted in bright colors, connected together by small metal wires. On the other hand, Makonde art comprises one, sole carved piece, which is not painted.

One possible reason why Psikhelekedana was not previously appreciated nor recognized as much was due to the inferior commercial value of its raw material.5

However, thanks to Dino Jethá’s new approach in Psikhelekedana, it has gradually gained more attention and recognition in its artistic value.

From Mafurreira to PsikhelekedanaTraditionally, Psikhelekedana lies in the domain of craft of some artistic value.

Rather, it performs social functions and is deeply connected to local cosmology, tradition and ritual.6

The techniques of making traditional Psikhelekedana have been passed from generation to generation. The artisans hewed the mafurreira wood with a chisel and carved it with a pocket knife. At times, they scorched or painted it with natural dyes before engraving the carved piece.7

Psikhelekedana is commonly crafted in utensils such as bowl, spoon and spatula, as well as animals and human figures, for the use in households, in traditional rituals and at times for commercial end for foreigners.8

Modern PsikhelekedanaIt is worth noted that Psikhelekedana shown in this exhibition is the modern and

the most recent form of the craft. It has evolved from its previous domain of «local craft» and has now become what can be considered «modern art». The Psikhelekedana «artisan» who follows the tradition has now become an «artist» who adds creative imagination and emerging ideas of authenticity and uniqueness to his artistic creations.

It is no longer the traditional wood carving of one figure or object. Rather, modern Psikhelekedana is a miniature model, consisting of several wooden figurines carved in urbanized forms of human, animal, object and place.

The process of creating modern Psikhelekedana is more elaborate than before. The traditional hewing and carving is carried out in a smaller size. Once carved, the piece is left in the sun to dry completely. Later on, the artists sand and paint it with bright chemicals, mainly acrylics. They then polish it with neutral color wax for protection and to create a shining effect. To create a desired figure, all necessary pieces are assembled by connecting one to another with small metal wires. The different figurines are later placed and displayed in a way that they represent a small story, which could be moments from either the history or the daily life of the Mozambican people.9

Through this new approach, Psikhelekedana also assumes a documentarian role for Mozambique10 and its artistic value has now been recognized at both the national and international level.

Nowadays, the modern Psikhelekedana is widely made by local artists and sold, for the most part, to expatriates and tourists as well as art patrons and collectors.

Camordino Mustafá Jethá (Dino Jethá) is recognized as the founder of this modern movement of Psikhelekedana.11

2 Sol Carvalho, “Psikhelekedana, O Artesanato do Sul”, Cadernos do Terceiro Mundo, Ano VIII.74 (1985), 90 <http://www.mozambiquehistory.net/arts/artes_plasticas/psikhelekedana/19850200_psikhelekedana.pdf> [accessed 2 June 2017].3 Fátima Ribeiro, “Introduction”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 5.4 Nedjma Kacimi and Astrid Sulger, Makonde Masters: Encounter with Artists of Cabo Delgado, Mozambique, 1st edn (Maputo: Ndjira, 2004), p. 22..5 Carvalho, p. 92.6 Ibid., pp. 90-92.7 Ribeiro, p. 5.

8 Carvalho, pp. 90-92.9 Dino Jethá and Psikhelekedana (Maputo, 2017).10 Ribeiro, p. 5.11 Ibid.

8 9

12 Malangatana Ngwenya, “Psikhelekedana”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 8.

12 Malangatana Ngwenya, “Psikhelekedana”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 8.

“We are used to looking at and regarding Psikhelekedana as domestic utensils, or as objects that belong to the mythological area, serving spiritual interests in the deepest sense. (…) Yes, but Psikhelekedana has its own dynamic. It is not tied only to household service, as home utensils on the table, on the rug, in the kitchen, or just adornments. Today we are witnessing a transformation that accompanies society in its evolution. (…) The young people of today, particularly in the major cities accompanying the new times, are doing something else: a history and the stories of the country, illustrating daily life, a report of political and cultural events, and everything that people are part of.”12

Malangatana Ngwenya Mozambican Painter

“Estamos habituados a olhar e a contemplar os Psikhelekedana como utensílios domésticos ou como objectos que vão pela área mitológica, servindo interesses espirituais no sentido mais profundo. (…) Bom, mas o Psikhelekedana tem dinâmica. Não se aprisiona só no serviço doméstico, como bons utensílios do lar, na mesa, na esteira, na cozinha, nem apenas como adornos. Assistimos hoje a uma transformação que acompanha a sociedade na sua evolução. (…) Os jovens hoje, sobretudo nas grandes cidades acompanhantes dos novos tempos, fazem outra coisa: a história e as estórias do país, ilustrando o dia a dia, um relatar de eventos políticos, culturais e tudo quanto faz parte do homem.”12

Malangatana Ngwenya Pintor Moçambicano

10 11

Dino JetháCamordino Mustafá Jethá (Dino Jethá) é o fundador e um dos artistas mais célebres

do Psikhelekedana moderno. Ao longo do seu percurso artístico, tem desempenhado um papel crucial na promoção e modernização do Psikhelekedana com dedicação e inovação constantes.

Dino Jethá nasceu em 1977, no bairro de São Dâmaso, perto de Maputo, a capital de Moçambique. Foi lá que ele passou a infância, até que os tempos difíceis da guerra civil o forçaram a refugiar-se em Maputo. Depois de a guerra acabar, ele voltou para São Dâmaso, onde mora e trabalha até hoje.13

Aos 13 anos, ele aprendeu a esculpir madeira com Raimundo, um amigo mais velho do bairro, principalmente através da observação e imitação das suas técnicas de esculpir. No início, Dino Jethá fazia Psikhelekedana nas figuras comuns daquele tempo, tal como os outros artesãos de Psikhelekedana, como animais, palhotas, máscaras pequenas, carros, motas, etc. Aos sábados, ele vendia-os, exibidos em cima de jornais, no chão, na Feira do Pau, um mercado local de artesanato, ao fim de semana, localizado na atual Praça 25 de Junho, em Maputo.

Nesse mercado de artesanato, os outros artesãos também faziam e vendiam as mesmas figuras esculpidas. Consequentemente, o negócio de Psikhelekedana tornou-se altamente competitivo e tornou-se muito difícil para Dino Jethá vender as suas peças. Como resposta, ele inspirou-se para criar um Psikhelekedana diferente: uma pessoa a jogar à bola, motas com condutores, ou seja, Psikhelekedana que contasse pequenas histórias.

Dino Jethá tornou-se o primeiro artesão a inserir histórias em Psikhelekedana. Para criar a história desejada, ele inventou e experimentou novas técnicas, nomeadamente a pintura, a conexão de peças diferentes com pequenos fios metálicos, a incorporação de diferentes materiais além da madeira.14

Mais tarde, os outros artesãos começaram a imitar o trabalho dele, mas Dino Jethá sentiu que havia algo de único e especial nas suas criações, que não se podia encontrar nas outras. Através da inspiração e do conselho de amigos, ele continuou a criar outras cenas com Psikhelekedana, como cenas de luta e desporto. Naquele momento, ele era o único que trabalhava com essa abordagem nova e singular de Psikhelekedana.15

Este diferente Psikhelekedana – recém-inventado por Dino Jethá – atraiu muitos clientes, especialmente estrangeiros. Fascinados pela nova abordagem deste artesanato,

eles compraram e, mais tarde, encomendaram mais peças de temas relacionados com a cultura moçambicana, como a cena de lobolo (“espécie de dote (dinheiro, gado ou objetos) que o noivo dá à família da noiva para legitimar o casamento"16, tradicional do sul de Moçambique), Makwaela (uma dança tradicional do sul de Moçambique), curandeiros, escolas, mercados, etc. Dino Jethá respondeu aos pedidos especiais dos clientes com cuidado e atenção.17

Dino Jethá usa o conhecimento tradicional deste artesanato e acrescenta mais contexto social e criatividade inovadora, produzindo trabalhos originais e modernos com uma noção emergente de autenticidade e singularidade. Com o seu trabalho, ele mudou completamente o Psikhelekedana tradicional para o que agora pode ser considerado o Psikhelekedana moderno. Simultaneamente, ele transformou este «artesanato» numa «arte». Esta transformação pode ser considerada como uma fase crucial, em que ele evoluiu de «artesão» para «artista».

Com o tempo, o estilo novo de Psikhelekedana de Dino Jethá tornou-se muito popular e os seus vários clientes começaram a fazer tantas encomendas, que se tornou difícil ele responder a todas, sozinho. Então, ele chamou os seus amigos Bernardo Valói e Crimildo Mário Cumbe para se juntarem a ele, aprenderem as novas técnicas e acompanharem a alta demanda das suas peças. Mais tarde, Abel Alexandre Nhan-tumbo e Samuel Balói também se juntaram ao grupo. Eles são os primeiros discípulos do Psikhelekedana moderno18 e, hoje em dia, eles também se tornaram mestres de Psikhelekedana, como Dino Jethá.

O Psikhelekedana moderno de Dino Jethá foi reconhecido a nível nacional e internacional. O seu talento nesta arte foi demonstrado em várias exposições ao longo dos anos, entre as quais se destacam:

• 2003: exposição coletiva “Moçambique: Vida e História em Psikhelekedana”, em Maputo, Moçambique

• 2003: Washington DC Cultural Industry Exhibition, exposição de artesanato da África Austral, Kellogg Foundation, em Washington D.C., Estados Unidos da América

• 2004: “O Natal em Psikhelekedana”, em Maputo, Moçambique• 2009 - Presente: International Folk Art Market, uma das mais importantes

exposições de artesanato ao nível mundial, na cidade de Santa Fé, Estados Unidos da América

• 2012: “Maputopia”, em Maputo, Moçambique• 2017: “Nas ruas de Maputo”, em Maputo, Moçambique

13 Nas Ruas de Maputo, 1st edn (Maputo: Fundação Fernando Leite Couto, 2017).14 Dino Jethá and Psikhelekedana (Maputo, 2017).15 “Camordino Jethá (Dino)”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 10.

16 “Definição ou Significado de Lobolo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico”, Infopédia - Dicionários Porto Editora, 2017 <https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/lobolo> [accessed 13 June 2017].17 Dino Jethá and Psikhelekedana (Maputo, 2017).18 Ibid.

12 13

Dino JetháCamordino Mustafá Jethá (Dino Jethá) is the

founder and one of the most renowned artists of modern Psikhelekedana. Throughout his artistic journey, he has played a crucial role in promoting and modernizing Psikhelekedana

with continuous dedication and innovation. Dino Jethá was born in 1977 in the neighborhood

of São Dâmaso, near Maputo, the capital city of Mozambique. He spent his childhood there, until the difficult times of the civil war forced him to take refuge in Maputo. After the war was over, he returned to São Dâmaso where he lives and works until the present day.13

At the age of 13, he learned to carve wood from Raimundo, an older friend from the neighborhood, mostly by observing and imitating his carving techniques. In the beginning, Dino Jethá made Psikhelekedana into the regular figures of that time like the other Psikhelekedana artisans, such as animals, huts, small masks, cars, motorbikes, etc. On Saturdays he sold them, displaying them on newspapers kept on the floor, at the Feira do Pau, a local weekend craft market located at the current 25 de Junho Square in Maputo.

In that weekend market, other artisans were making and selling the same carved figures. As a result, the Psikhelekedana business became highly competitive and it became very difficult for Dino Jethá to sell his carvings. In response to this, he was inspired to create a different Psikhelekedana: a person playing ball, motorbikes with drivers, or in another word, Psikhelekedana that tells small stories.

Dino Jethá became the first artisan to insert stories into Psikhelekedana. In order to create a desired story, he invented and experimented with new techniques, namely painting, connecting different pieces with small metal wires, incorporating different materials besides wood, etc.14

Later on, other artisans started to imitate his work, but Dino Jethá felt that there was something unique and special in his creations that could not be found in others. Through the inspiration and advice of friends, he continued to create other scenes with Psikhelekedana, such as fighting and sport scenes. At that time, he was the only one with this new and unique approach to Psikhelekedana.15

13 Nas Ruas de Maputo, 1st edn (Maputo: Fundação Fernando Leite Couto, 2017).14 Dino Jethá and Psikhelekedana (Maputo, 2017).15 “Camordino Jethá (Dino)”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 10.

This different Psikhelekedana – newly invented by Dino Jethá – attracted many clients, especially foreigners. Fascinated by the new approach to this craft, they bought and later ordered more pieces of themes related to Mozambican culture, such as a lobolo scene (a tradition of bride price16, traditional to southern Mozambique), Makwaela (a traditional dance from southern Mozambique), traditional healers, schools, markets, etc. Dino Jethá complied with his clients’ special requests with care.17

Dino Jethá uses the traditional knowledge of this craft and adds more social context and innovative creativity to, thereby producing original and modern works with an emerging sense of authenticity and uniqueness. With his work, he has completely changed traditional Psikhelekedana into what can now be considered modern Psikhelekedana. He has simultaneously transformed this «craft» into an «art». This transformation can be considered as a crucial phase where he has evolved from being an «artisan» to an «artist».

In time, Dino Jethá’s new style of Psikhelekedana became very popular and his various clients started to place so many orders that it became too much for him to respond to everyone, all by himself. And so, he called his friends Bernardo Valói and Crimildo Mário Cumbe to join him and learn new techniques to keep up with the high demand. Later on, Abel Alexandre Nhantumbo and Samuel Balói also joined the group. They are the first disciples of modern Psikhelekedana18 and nowadays they have also become masters of Psikhelekedana like Dino Jethá.

Dino Jethá’s modern Psikhelekedana has been recognized at both national and international levels. His talent for this art has been demonstrated in several exhibitions over the years, among which the following stand out:

• 2003: collective exhibition “Mozambique: Life and History in Psikhelekedana” (“Moçambique: Vida e História em Psikhelekedana”) in Maputo, Mozambique

• 2003: Washington DC Cultural Industry Exhibition, handicraft exhibition of Southern Africa, Kellogg Foundation, in Washington, D.C., United States of America

• 2004: “Christmas in Psikhelekedana” (“O Natal em Psikhelekedana”) in Maputo, Mozambique

• 2009 - present: International Folk Art Market, one of the most important handicraft exhibitions in the world, in the city of Santa Fé, United States of America

• 2012: “Maputopia” in Maputo, Mozambique• 2017: “On the streets of Maputo” (“Nas ruas de Maputo”) in Maputo,

Mozambique

16 “Definição ou Significado de Lobolo no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico”, Infopédia - Dicionários Porto Editora, 2017 <https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/lobolo> [accessed 13 June 2017].17 Dino Jethá and Psikhelekedana (Maputo, 2017).18 Ibid.

14 15

A última exposição, "Nas ruas de Maputo", que teve lugar na Fundação Fernando Leite Couto, em Maputo, introduziu Dino Jethá e o seu talento à Embaixada Real da Tailândia em Maputo. O Psikhelekedana de Dino Jethá representa, de uma maneira única, a identidade e a vida quotidiana moçambicana e pode ser considerado um ótimo meio para dar a conhecer ao público tailandês mais sobre Moçambique e o continente africano. Foi assim que esta exposição, "Moçambique escrito em madeira", se concretizou e está a ter lugar agora em Banguecoque, na Tailândia.

"Moçambique escrito em madeira" é a primeira exposição individual de Dino Jethá na Tailândia e também na Ásia.

É de notar que, nesta exposição, Dino Jethá evoluiu ainda mais, fazendo as suas novas obras de maneira mais refinada, realista e dramática, através de técnicas habilidosas e materiais diferentes. As peças aqui presentes não representam meramente pequenas histórias como anteriormente, mas histórias singulares dos povos moçambi-canos que comunicam e provocam algo indefinível, mas profundo, dentro de nós.

As novas técnicas e abordagens, juntamente com a provocação profunda desta arte em espetadores, mostram como o Psikhelekedana pode ser considerado arte moderna elaborada, e não apenas artesanato, reivindicando o reconhecimento como tal entre os conhecedores.

Psikhelekedana não é uma arte acabada. Ainda hoje continua a evoluir de forma dinâmica, juntamente com o seu mestre, Dino Jethá, e as novas técnicas, estilos e temas que ainda estão por vir.

"Moçambique escrito em madeira" é a verdadeira prova do que acima foi dito.

Qual é a sua inspiração de cada peça na exposição «Moçambique escrito em madeira»?

“A inspiração de cada peça na exposição «Moçambique escrito em madeira» vem das personagens e das cenas que eu vejo nas ruas. Busco inspiração, vendo cada dia que passa. Através das minhas criações, eu tento retratar as diferentes realidades de Moçambique, relacionadas principalmente com a «luta quotidiana» dos moçambicanos. Eu quero relatar a vida dos meus compatriotas, que fazem diferentes negócios, formais e informais, em vários lugares, que apanham os nossos trans-portes públicos para ir trabalhar, ou seja, que fazem diferentes coisas para viver a sua vida. Eu faço estas peças como se fosse a minha maneira de homenagear e agradecer aos moçambicanos, quer do campo quer da cidade, que lutam diariamente para ganhar a vida. Esta exposição é também um «reencontro» dos próprios moçambicanos. Quando vemos cada peça, sabemos que isto somos nós.”

Qual é a sua peça favorita?

“A minha peça favorita é «My love» porque representa uma das realidades mais relevantes e atuais de Moçambique. «My love» relata muito bem a situação dos transportes públicos que os moçambicanos têm de enfrentar todos os dias. A maioria de nós sente-se muito familiarizada com isto.”

Qual é a peça mais desafiadora para si?

“«Embaixada Real da Tailândia em Maputo» é a peça mais desafiadora para mim porque nunca fiz este tipo de edifício antes. Portanto, o processo de criação foi muito novo e um pouco difícil para mim com os pequenos detalhes que eu tive de acertar. De qualquer forma, eu dei o meu melhor para fazer esta peça.”

Dino Jethá:

Dino Jethá:

Dino Jethá:

16 17

O que quer dizer aos visitantes da exposição «Moçambique escrito em madeira»?

“Esta exposição é um grande desafio para mim. Eu tentei recriar e mostrar Moçambique a partir do meu olhar e eu queria que os tailandeses observassem as nossas realidades e que conhecessem mais sobre a nossa terra, através dos meus Psikhelekedanas. Para falar a verdade, eu não sei como eles vão reagir com o meu trabalho, mas eu espero receber feedback positivo deles.”

O que acha do facto de que os seus Psikhelekedanas estão a ser exibidos agora na Tailândia?

“Eu acho que é uma grande iniciativa da Embaixada Real da Tailândia em Maputo para trazer a arte moçambicana para a Tailândia. É uma experiência boa e nova para mim, como um artista moçambicano. Penso que esta exposição vai ajudar a promover o intercâmbio cultural entre a Tailândia e Moçambique. É uma ótima oportunidade para os tailandeses saberem mais sobre Moçambique, para verem o nosso modo de vida, os nossos transportes públicos, os nossos mercados, os nossos métodos para ganhar a vida, ou seja, para verem diferentes realidades no mundo.”

O que sabe sobre a Tailândia?

"Para falar a verdade, eu não sei muito sobre a Tailândia. Eu, como muitos moçambicanos, conheço a Tailândia através do filme tailandês chamado Ong Bak. No entanto, através deste filme, notei que a Tailândia e Moçambique são bastante semelhantes em certos aspetos, como a crença em espíritos sobrenaturais, campo, etc. Também conheci um artista tailandês que também participou em International Folk Art Market, nos Estados Unidos da América. Ele faz instrumento musical tailandês que é muito diferente dos instrumentos que conheço, mas não conheço o nome deste artista nem o nome deste instrumento musical. Agora que eu estarei na Tailândia para a exposição "Moçambique escrito em madeira", espero coisas boas e um pouco de tudo. Espero visitar muitos lugares, conhecer novas pessoas e aprender muito sobre cultura e modo de vida da Tailândia. Vou prestar muita atenção às coisas que verei na Tailândia para depois recriar as realidades tailandesas e trazer a Tailândia para Moçambique através dos meus Psikhelekedanas.”

Dino Jethá:

Dino Jethá:

Dino Jethá:

The last exhibition “On the streets of Maputo” which took place at the Fernando Leite Couto Foundation in Maputo, introduced Dino Jethá and his talent to the Royal Thai Embassy in Maputo. Dino Jethá’s Psikhelekedana represents Mozambican identity and daily life in a unique way, and it can be considered a great medium in informing the Thai public to know more about Mozambique and the continent of Africa. This is how the idea of this exhibition “Mozambique written in wood” came together and is now taking place in Bangkok, Thailand.

“Mozambique written in wood” is Dino Jethá’s first solo exhibition in Thailand and also in Asia.

It can be noted that in this exhibition Dino Jethá has evolved even more from previ-ously by making his new works more refined, realistic and dramatic through skillful techniques and different materials. The Psikhelekedanas in this exhibition do not represent only small stories as previoulsy, but rather unique stories of Mozambican people that communicate and provoke something indefinable but profound within us.

The new techniques and approaches, together with the profound provocation of this art in people, show how Psikhelekedana can be considered to be an elaborate modern art and not only a craft, claiming the recognition as such amongst connoisseurs.

Psikhelekedana is not a finished art. Even today Psikhelekedana continues to evolve dynamically, together with its master Dino Jethá and the new techniques, styles and themes that are yet to come.

“Mozambique written in wood” is a true endorsement of the above statement.

18 19

What is your inspiration for each piecein the exhibition “Mozambique written in wood”?

“The inspiration for each piece in the exhibition “Mozambique written in wood” comes from the characters and scenes I see in the streets. I seek inspiration by observing each day that passes. Through my creations, I try to portray the different realities of Mozambique, related principally to the «daily struggle» of Mozambicans. I want to show the life of my compatriots who practice different businesses, both formal and informal, in various places, who take our public transports to go to work, or in other words, who do different things to live their life. I make these pieces as if it were my way of honoring and appreciating Mozambicans, either from the countryside or from the city, who struggle every day to make a living. This exhibition is also a «re-encounter» of the Mozambicans themselves. When we see each piece, we know that this is us.”

Which is your most favorite piece?

“My most favorite piece is «My love» because it represents one of the most relevant and current realities of Mozambique. It portrays very well the situation of public transport that Mozambicans have to encounter every day. Most of us feel we can relate to it.”

Which is your most challenging piece?

“«Royal Thai Embassy in Maputo» is the most challenging piece for me because I have never made this kind of building before. Therefore, the creative process was very new and a little difficult for me to manage the small details. Anyhow, I have given my best to make this piece.”

Dino Jethá:

Dino Jethá:

Dino Jethá:

What do you want to say to the visitors of the exhibition “Mozambique written in wood”?

“This exhibition is a great challenge for me. I tried to recreate and show Mozambique from my perspective and I want those who visit the exhibition “Mozambique written in wood” to observe our realities and to know more about our country through my Psikhelekedanas. To be honest, I don’t know how they will react when they see my work but I hope to receive positive feedback from them.”

What do you think of the fact that your Psikhelekedanas are now being displayed in Thailand?

“I think that it is a great initiative from Royal Thai Embassy in Maputo to bring Mozambican art to Thailand. It is a good and new experience for me as a Mozambican artist. I think that this exhibition will help promote cultural exchange between Thailand and Mozambique. It is a great opportunity for the Thais to know more about Mozambique, to see our way of life, our public transports, our markets, our ways of earning a living, in other words, to see different realities in the world.”

What do you know about Thailand?

“To be honest, I don’t know much about Thailand. I, like many Mozambicans, know about Thailand through Thai film called Ong Bak. In this film, I noticed that Thailand and Mozambique are quite similar in certain aspects, such as belief in supernatural spirits, countryside, etc. Apart from that, I know a Thai artist who also participated in International Folk Art Market, in United States of America. He makes Thai musical instrument which is very different from the instruments I know of but I don’t know his name or the name of this musical instrument. Now that I will be in Thailand for the exhibition “Mozambique written in wood”, I expect good things and a little bit of everything. I hope to visit many places, get to know new people and learn a lot about Thai culture and way of living. I will pay good attention to the things I will see in Thailand to later recreate Thai realities and bring Thailand to Mozambique through my Psikhelekedanas.”

Dino Jethá:

Dino Jethá:

Dino Jethá:

20 21

as camionetas utilizadas para servir de transporte público em Moçambique são chamadas de «My love». São conhecidas por este nome porque, ao entrar na viatura, independentemente da sua proveniência, homens e mulheres abraçam-se para terem segurança durante a viagem nestetrans-porte. Esta peça demostra a realidade do transporte público em Moçambique, especialmente em Maputo. Muitas vezes, mesmo já muito cheio, o cobrador de «My love» continua a convencer as pessoas de que ainda há espaço, para que elas subam. Com a pressa, as pessoas vão aperfeiçoando as suas técnicas deem-barcar e desembarcar, quer por escadas atrás, quer por rodas ao lado, ou através de outras alternativas.

The small pickup trucks used as public transport in Mozambique are called «My love». They are known by this name because, when entering the vehicle, regardless of who they are, men and women hug each other to secure themselves during the trip in this transport. This piece demon-strates the reality of public transport in Mozambique, especially in Maputo. Often, although it is already very full, the collector of «My love» still convinces people that there is still space for them to get in. With the rush in the street, people are perfecting their embarking and disembarking techniques, whether by stairs behind, by wheels, or through other alternatives.

My love55X18X30 cms. I 2017

22 23

No Mercado Compone, são vendedores, principalmente da origem ni-geriana, proprietários de lojas designadas de minimercearias e contentores. Eles são comerciantes de alto nível que têm capaci-dade de vender os produtos a grosso, ou seja, em quantidade maior. Os seus princi-pais clientes são também vendedores que compram os produtos ali para a revenda no seu bairro. Um dos principais produtos vendidos naquele local é o arroz, que, em grande parte, é importado da Tailândia.

Txopela é um termo local para designar os tuk-tuks moçambicanos. É uma das alternativas de transporte público em Moçambique, principalmente para a população da classe média. Normalmente, os txopelas andam aos ziguezagues com pouco cuidado de conduta no trânsito.

At Compone Market, they are sellers, mainly from Nigerian origin, owners of mini grocery store and containers. They are high level traders who have the ability to sell products in bulk, or in another word, in larger quantities. Their main customers are also sellers who buy products there for resale in their neighborhood. One of the main products sold there is rice, which is mainly imported from Thailand.

Txopela is a local term to refer to Mozambican tuk-tuk. It is one of the alter-natives of public transport in Mozambique, mainly for the middle-class people. Usually, the txopelas zigzag around in the street with little regard about traffic conduct.

Txopelas stop

Wholesale at Compone

Paragem de txopelas

Venda a grosso no Compone

60X27X30 cms. I 2017

37X30X25 cms. I 2017

24 25

Refere-se à mercearia em banca montada informalmente num local movimentado, com certas condições de venda. Normalmente vendem-se ali produtos de primeira necessidade ou mercadorias desejadas naquela locali-dade.

Grocery store on the sidewalk refers to the grocery stall informally set up in a busy place, with certain conditions to sell. Usually they sell products of prime necessity or desired goods in that area.

Grocery store on the sidewalkMercearia no passeio

36X17X18 cms. I 2017

Dumba nengue é palavra em changana cujo significado literal é «confiar no pé». Usa-se para refer-enciar mercados informais em pontos estratégicos, em que os vendedores podem encontrar clientes interessados nas suas mercadorias, independentemente das condições do local. No entanto, o termo Dumba nengue («confiar no pé») surge porque, ao aparecer a polícia municipal em Dumba nengue, os vende-dores têm de fugir, «confiando nos seus pés» e correndo com os seus produtos à cabeça.

Dumba nengue is word in Changa-na whose literal meaning is «trust in the foot». It is used to refer to informal markets at strategic points where the sellers can find customers who might be interested in their merchandise, regardless of the location conditions. However, the term Dumba nengue («trust in the foot») appears because, when the municipal police appear at Dumba nengue, the sellers have to flee, «trusting in their feet» and running with their products on their head.

32X23X16 cms. I 2017

Trust in the footDumba nengue

26 27

Em busca de melhores condições de vida para a sua família, estas senhoras andam nas ruas a vender os seus produ-tos, que transportam em bacias carregadas à cabeça. As mercadorias mais populares deste modo de venda são pão, mandio-ca, amendoins torrados, fruta da época, comida local, etc. Além de carregarem os produtos à cabeça, é frequente ver estas senhoras a levar nas costas os seus bebés, numa neneca de capulana, por estarem em situação que não os podem deixar em casa e lhe obriga a levar consigo.

existem diferentes artigos usados, como roupas, sapatos, malas, etc., que são vendidos e comprados por alguns moçambicanos. Estes artigos designam-se por Xicalamidade ou Calamidade. O seu preço acessível e o encontro ocasional de produtos de qualidade fazem com que este negócio seja rentável para os vendedores e uma boa alternativa para os compradores.

In search of better living conditions for their family, these ladies walk through the streets to sell their products, which they put in plastic baskets and carry on their head. The popular products that they usually sell are bread, cassava, roasted peanuts, seasonal fruits, local food, etc. Apart from carrying the products on their head, these ladies are often seen carrying their babies in a capulana neneca on their back because they cannot leave them at home and have to carry their babies around with them.

There are different used articles, such as clothes, shoes, bags, etc., which are sold and bought by some Mozambicans. These articles are called Xicalamidade or Calamidade (Calamity). Its affordable price and the occasional encounter of quality products make this business profitable for sellers and a good alternative for buyers.

Street vendorsVendedoras ambulantes

24X20X23 cms. I 2017

34X22X17 cms. I 2016

Second-hand clothesXicalamidade

28 29

Localizada no centro da cidade de Maputo, a Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo, ou mais conhe-cida por FEIMA, é um sítio muito popular, particularmente visitado por turistas. É um ponto de referência para a criação artística e a venda. Entre os diferentes artigos ven-didos ali, encontram-se também as flores. Elas são vendidas nas bancas oficiais montadas na Avenida Mao Tse Tung, com o objetivo de atrair e facilitar a compra aos possíveis compradores, que costumam passar de carro e assim podem adquiri-las sem descer do seu veículo. Muitas vezes, os clientes, quer locais quer estrangeiros, são pessoas com condições financeiras estáveis ou a celebrar ocasiões especiais.

Located in the center of the city of Maputo – Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo (Craft, Flowers and Gastronomy of Maputo Market) – or better known as FEIMA, is a very popular site, mainly visited by tourists. It is a ref-erence point for artistic creation and sale. Among the different articles sold there, there are also flowers. They are sold in the official stalls set up on Mao Tse Tung Avenue, in order to attract and facilitate potential buyers, who usually drive by so they can get the flowers without having to get out of their vehicle. The clients, whether local or foreign, are often people with stable finances or others who are celebrating special occasions.

Flowers of FEIMAFlores da FEIMA

30X32X25 cms. I 2017

É frequente ver as árvores nas cidades a serem utilizadas como montra dos produtos de venda. Nesta peça são as batas para empregadas domésticas que estão penduradas nos ramos de árvore para atrair quem passa. É um sítio infor-mal de negócio, muitas vezes nas aveni-das movimentadas, que os vendedores aproveitam de recurso natural existente para promover o seu negócio.

It is frequent to see the trees in the cities be used to showcase the products. In this piece, they are the robes for housekeepers, hanging on tree branches to attract passersby. It is an informal business site, often on busy avenues, in which the sellers take advantage of existing natural resources to promote their business.

The tree of the robesA árvore das batas

37X33X30 cms. I 2017

30 31

A marioneta é um dos espetáculos que os artistas ambulantes moçambicanos realizam em locais movimentados, espe-cialmente nas ruas ou mercados, para entreter as pessoas e, ao mesmo tempo, ganhar dinheiro. O marionetista moçam-bicano faz dançar o boneco com cordéis harmoniosamente manipulados ao ritmo das músicas, especialmente moçambica-nas. Além disso, faz também teatro. Duran-te o espetáculo, as pessoas vão deixando o dinheiro no chapéu que ele coloca no chão.

Existem duas categorias de nail spas de rua em Moçambique. O pri-meiro é o pintor de unhas ambulante que vai andando, com o seu equipamento, por diferentes lugares com potenciais clientes. Logo que os encontra, pinta as unhas naquele sítio. O segundo é o pintor de unhas que, num sítio improvisado, se estabelece temporariamente para oferecer o seu serviço aos transeuntes.

Puppet show is one of the shows that Mozambican street performers perform in busy places, especially in the streets or markets, to entertain people and make money at the same time. The Mozambican puppeteer makes dolls harmoniously dance to the rhythm of the songs, especially Mozambican music. Apart from that, the puppeteer also does theater with the puppet. During the show, people leave money in the hat that he puts on the floor.

There are two types of street nail spas in Mozambique. The first one is the mobile nail painter who walks with his equipment, to different places with poten-tial clients. As soon as he finds one, he often paint nails right where he finds that client. The second one is the nail painter who temporarily establishes himself at an improvised place to offer his services to those who pass by.

Puppeteer

Street Nail Spa

Marionetista

Nail spa de rua

35X23X20 cms. I 2017

28X19X18 cms. I 2017

32 33

Embaixada Real da Tailândia em Maputo foi recentemente estabelecida, exercendo as suas funções pela primei-ra vez em território moçambicano. É um símbolo físico oficial da amizade e futura cooperação entre os dois países. O muro da Embaixada é decorado com mosaicos e desenhado pelo artista moçambicano, tendo como temática o intercâmbio cul-tural entre a Tailândia e Moçambique. A Embaixada é a ponte que levou Dino Jethá e partes de Moçambique, nos seus Psikhelekedanas, para a Tailândia. É, ao mesmo tempo, uma porta para outros projetos futuros entre a Tailândia e Moçambique.

Royal Thai Embassy in Maputo was recently established, performing its duties for the first time on Mozambican territory. It is an official physical symbol of friendship and future cooperation between the two countries. The embassy wall is decorated with mosaics and designed by a Mozambican artist, its theme is the cultural exchange between Thailand and Mozam-bique. The embassy is the bridge that led Dino Jethá and small parts of Mozambique in his Psikhelekedanas to Thailand. It is, at the same time, a gateway to other future projects coordinated between Thailand and Mozambique.

Royal Thai Embassy in MaputoEmbaixada Real da Tailândia em Maputo

56X34X30 cms. I 2017

Os moçambicanos que partem para a África do Sul com o objetivo de tentar ganhar a vida, principalmente nas minas, e mais tarde voltarem à sua terra de machimbombo com os bens adquiri-dos são chamados por Madjonidjon ou Madjonidjone. É uma realidade muito comum, particularmente no sul de Moçambique, desde o passado até à atualidade. Esta peça retrata o movimento migratório dos moçambicanos entre estes dois países vizinhos, por razões financei-ras. Na chegada à sua terra, com novos bens para a família, realizar-se-á sempre uma grande festa para celebrar o regresso dos Madjonidjones.

Mozambicans who depart to South Africa with the objective to make a living, mostly in the mines, and later return to their homeland in minibuses with acquired goods are called Madjonidjon or Madjonidjone. It is a very common reality, particularly in southern Mozambique, from the past until the present. This piece depicts the migratory movement of Mozambicans between these two neighboring countries for financial reasons. On their arrival to the homeland with new assets for their family, there will always be a big party to celebrate the return of the Madjonidjones.

60X24X18 cms. I 2017

The return home from South Africa of Mozambican workersMadjonidjon

34 35

Esta peça demonstra a iniciativa da Embaixada Real da Tailândia em Maputo de partilhar com os povos moçambicanos a experiência da Tailândia, em relação ao desenvolvimento rural e ao sistema de agricultura integrada, com o objetivo de servir de alternativa para melhorar o bem-estar dos povos. A representação moçambicana da Filosofia da Economia de Suficiência, em Psikhelekedana, é um tributo simbólico ao falecido Rei Rama IX. Dino Jethá criou esta peça, seguindo a informação dada pela Embaixada, mas no contexto moçambicano. Esta peça é o resultado da fusão entre a realidade moçambicana e a filosofia tailandesa.

This piece demonstrates the initiative of the Royal Thai Embassy in Maputo to share the experience of Thailand with the Mozambican peo-ple, in relation to rural development and integrated farming systems, in order to serve as alternative to improve the well-being of the people. The Mozambican representation in Psikhelekedana of the Philosophy of Sufficiency Economy is a symbolic tribute to the late King Rama IX. Dino Jethá created this piece, following the information received from the Embassy, but in a Mozambican context. This piece is the result of a fusion between Mozambican reality and Thai philosophy.

Sufficiency Economy in MozambiqueEconomia de Suficiência em Moçambique

56X32X20 cms. I 2017

36 37

Publicado por Embaixada Real da Tailândia em MaputoJulho de 2017 ISBN 978-616-341-048-1

Escrito e Traduzido por Bencharassamee Rujraweehiran ([email protected])Revista por Nolina Minj (Inglês) e Cláudia Martins (Português)Fotografado por Surachai Lakhat ([email protected])Design gráfico por Wachana Luewattananon ([email protected])

A Embaixada Real da Tailândia queria expressar o seu agradecimento às seguintes pessoas pela suas contribuições valiosas para este projeto Krerkpan Roekchamnong, Puttaporn Ewtoksan, Worawoot Pongprapapant, Sorawud Preededilok, Prasom Fangtong, Kittipod Hongsombud, Walliya Premchit, Sarinda Muncharoensiri, Naravit Ongkamongkol and Raquel Uqueio

Published by Royal Thai Embassy in MaputoJuly 2017 ISBN 978-616-341-048-1

Written and Translated by Bencharassamee Rujraweehiran ([email protected])Proofread by Nolina Minj (English) and Cláudia Martins (Portuguese)Photographed by Surachai Lakhat ([email protected])Artwork by Wachana Luewattananon ([email protected])

The Royal Thai Embassy wishes to express its appreciation to the following persons for their valuable contributions to this project Krerkpan Roekchamnong, Puttaporn Ewtoksan, Worawoot Pongprapapant, Sorawud Preededilok, Prasom Fangtong, Kittipod Hongsombud, Walliya Premchit, Sarinda Muncharoensiri, Naravit Ongkamongkol and Raquel Uqueio

BibliografiaBibliography

“Camordino Jethá (Dino)”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 10

Carvalho, Sol, “Psikhelekedana, O Artesanato do Sul”, Cadernos do Terceiro Mundo, Ano VIII (1985), 90-92 <http://www.mozambiquehistory.net/arts/artes_plasticas/psikhelekedana/19850200_psikhelekedana.pdf> [accessed 2 June 2017]

Couto, Mia, “A Country Written in Wood”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 9

“Definição Ou Significado De Lobolo No Dicionário Infopédia Da Língua Portuguesa Com Acordo Ortográfico”, Infopédia - Dicionários Porto Editora, 2017 <https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/lobolo> [accessed 13 June 2017]

Dino Jethá and Psikhelekedana (Maputo, 2017)

Dino Jethá in Thailand (Maputo, 2017)

Kacimi, Nedjma, and Astrid Sulger, Makonde Masters: Encounter with Artists of Cabo Delgado, Mozambique, 1st edn (Maputo: Ndjira, 2004)

Nas Ruas de Maputo, 1st edn (Maputo: Fundação Fernando Leite Couto, 2017)

Ngwenya, Malangatana, “Psikhelekedana”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 8

Ribeiro, Fátima, “Introduction”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), p. 5

Ribeiro, Fátima, O Natal em Psikhelekedana, 1st edn (Maputo: Instituto Camões – Centro Cultural Português, 2004)

Sopa, António, “Psikhelekedana: A Statement of Popular Creativity”, in Exhibition Mozambique: Life and History in Psikhelekedana, 1st edn (Maputo, 2003), pp. 6-7

Uamusse, Samuel, “A Dura Realidade do “My Love””, Jornalnoticias.Co.mz, 2017 <http://www.jornalnoticias.co.mz/ index.php/capital/18335-a-dura-realidade-do-my-love.html> [accessed 9 June 2017]

38 39


Recommended