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Metropolis PDF Final

Date post: 15-Nov-2015
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hellraiser sistema daemon
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1 Metrópolis Antônio Augusto Shaftiel
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  • 1Metrpolis

    Antnio Augusto Shaftiel

  • Criao e Desenvolvimento: Antnio Augusto ShaftielEditor: Hatalbio AlmeidaReviso: Hatalbio AlmeidaCapa: Tim bradstreet - HellraiserArte Interna: Varios artistas do Deviant ArtProgramao Visual: Lobo LancasterDiagramao: Lobo LancasterFicha de Personagem: Nana Mariano

    Esta uma obra de fico sem fins lucrativos. Apesar dos fatos citados neste livro poderem ter sido extrados de lendas, religies, culturas e histrias reais de diversos povos, a magia e os rituais aqui descritos no devem ser utilizados, podendo ferir os participantes. Toda ordem secreta, seita draconiana/cavalaria e raas de drages citados aqui so tratados de forma ficcional. Este apenas um jogo. A realidade muito pior.

    Metrpolis

    comunicacao e Design

    Twinlight Comunicao e DesignProjeto grfico realizado gratuitamente por Lobo Lancaster. Toda e qualquer imagem neste netbook pertence a seus respectivos donos. Caso o artista se sinta prejudicado de alguma forma entre em contato com : [email protected]

    Feito de F para F. Se voc pagou por esta obra voce foi lesado, exija seu dinheiro de volta. Esta obra no tem fins lucrativos e pode ser encontrada gratuitamente na internet.

    ndiceAs estranhas Satsfaes da HistriaA Vida DecadenteA cidade TorpeFilhos da DecadnciaSenhores, Escravos e seus CrculosAprimoramentos, Poderes e FraquezasCriaturas

    IIIIIIIVVVIVIII

    5122041567285

  • Introduo Metrpolis surgiu em uma das primeiras matrias para Trevas da extinta revista de RPG Drago Brasil. Atraiu o interesse do pblico como a mancha de corrupo, a vlvula de escape dos deuses em pleno Cu. A ideia de Marcelo Del Debbio surgiu de diversas inspiraes, desde filmes antigos quase esquecidos aos mais novos e famosos entre os amantes do terror. Meu trabalho foi apanhar todas essas ideias e uni-las de modo a tornar essa cidade divina parte do universo de Trevas. A produo desse livro foi baseada principalmente para o uso de personagens do mestre. Quase nada aqui feito para os jogadores controlarem. O objetivo criar um universo a ser enfrentado nas campanhas de Trevas, um lugar onde se perde a noo de dor e prazer. E, como todos sabem, basta um pouco dessas duas sensaes para as percepes de tempo se alterarem. Tudo isso se encaixa nos temas de opresso de Metrpolis, um lugar onde os personagens dos jogadores se debatero com os prprios medos e desejos, corrompendo-se no processo de alcana-los ou at mesmo de neg-los. Metrpolis aceita tudo, desde hedonistas a acetas, basta um vcio, seja na dor, no prazer, na f ou no asco de conviver com o mundo para se ter acesso a essa cidade. pouco provvel que o mestre permita que os jogadores usem Cenobitas ou Chezas como personagens em suas campanhas. Qualquer inteno disso deve estar restrita a pessoas maduras, dispostas a lidar com um conceito afastado na mente humana sadia. preciso, portanto, muita ateno no uso desses personagens potencialmente destrutivos. Metrpolis se encaixa em qualquer aventura de Trevas ou Arkanun. O modo mais fcil de colocar um personagem em contato com a cidade da dor e do prazer pelos cubos j to conhecidos na literatura de terror. A partir da, basta um pouco de imaginao do mestre para colocar o personagem diante de seus maiores sofrimentos para evitar as tentaes que a cidade oferece. No se engane, pois Metrpolis oprime at mesmo ao dar liberdade. O objetivo do lugar dominar tudo at simplesmente perder o interesse e deixar decair, ser consumido pelas ruas. As entidades descritas em Metrpolis devem ser usadas com cautela para que seu potencial no seja perdido durante o processo de apresentao dos personagens. O Mestre de Jogo faria bem em nunca introduzi-las diretamente, mas apenas de relance com jogos de manipulao para atiar a curiosidade dos jogadores e colocarem-nos na rede de intrigas sem que percebam. Espero que aproveitem esse livro. Houve muita expectativa para o lanamento e foi com a ajuda de amigos e devotos do sistema de jogo de Trevas que conseguimos disponibiliz-los.

    Antnio Augusto Shaftiel

  • Metrpolis4

    Existe uma cidade nos cus cujo nico objetivo a satisfao. o pice de tudo o que pode ser considerado felicidade para qualquer criatura do universo. E falar dessa generalidade no uma mentira ou uma mera propaganda. No toa que essa cidade no procurada ativa e ansiosamente, mas temida, odiada e, diversas vezes, perigosamente sedutora para as almas que mal entendem o que significa satisfao e a amplitude da palavra. O nome da cidade Metrpolis, e a existncia dela uma mancha e uma vergonha para todos os deuses. Uma mancha que eles no conseguem lavar... E nem querem.

    Batalha Divina

    H um mundo chamado Terra, onde vivem criaturas que se julgam sbias, poderosas e capazes de quase tudo e imaginam que sempre esto certos. Alm desse mundo existe outro, em que os habitantes julgam as criaturas anteriores pretensiosas e incapazes enquanto falam da prpria sabedoria, poder e de como seriam capazes de fazerem tudo e de como esto sempre certos. O nome desse mundo Paradsia, o Cu, lugar onde vivem anjos, deuses e est localizada Metrpolis, mas, depois dali, encontra-se um outro mundo que ainda no existe nos sonhos dos mortais, mas o sonho de tudo o que existe e existiu, sem contar do que existir. Edhen, lugar onde as criaturas so sbias, poderosas, capazes de tudo e sempre esto certas. Se esto erradas, elas se fazem certas, e assim sua vontade se torna realidade. Foi assim que comeou a batalha entre Leviat e Bel Meritah, imposio de vontades e definio de certezas, afinal, duas certezas no se podem existir frente quase oniscincia. Ento dois poderes travaram guerra na

    perfeio, onde trevas e luzes poderiam ser o destino do mundo e a sina do universo. O vu da realidade foi rasgado diversas vezes, novos fios para destinos e novas almas foram criados, retraando definies do que seria o pensamento e o desejo, porque aqueles eram campees. O primeiro era o que seria mais tarde chamado de monstro e o segundo aquele que um dia seria contado como heri, o campeo da luz que rasgou o cu que pairava sobre o Cu, e atravessou as nuvens e o azul em que os deuses solares cavalgavam em seus corcis e bigas iluminadas. Caram os dois, quebrando um mundo inteiro com uma luta que enlouqueceu deuses em uma reao em cadeia, transferindo loucura para seguidores e provocando guerras em mundo aps mundo, reino aps reino, eliminando vidas e povos inteiros por uma questo de verdade e mentira. A luta teve o incio do que os povos definiriam pateticamente como fim quando a espada iluminada de Bel Meritah cravou-se no corpo dracnico de Leviat. Desciam em queda livre enquanto o sangue negro e apodrecido do monstro se espalhava pelo mundo divino. E mais uma vez a realidade fendeu, negando a existncia de algo que era perfeito demais at para o Cu. A perfeita escurido e a perfeita luz trombaram contra o cho de Paradsia e ele se abriu, quebrando-se para criar um fosso to grande e profundo que no teria nome alm da prpria palavra que o caracterizava, o Fosso.

    O Fosso

    Os deuses viram a batalha. Alguns deles ficaram cegos, outros enlouquecidos devoraram os prprios filhos, alguns tiveram vises de mundos ainda por vir e traaram planos. Os menos inteligentes foram averiguar

    As Estranhas Satisfaes da Histria

  • Captulo 1 - As estranhas Satsfaes da Histria 5

    o que aconteceram. Encontraram uma terra devastada, que corrompia at mesmo criaturas to prximas da perfeio como eles pisaram no sangue do monstro e sentiram o veneno da escurido. Tocaram a chama do campeo da luz e queimaram-se com o fogo mais puro que o que residia nos coraes das divindades do fogo. Alguns caram, outros continuaram at alcanarem a viso do Fosso. Olhavam de perto e os urros que vinham l de baixo, do meio das trevas impenetrveis, gelaram suas almas e fizeram voltar para casa criaturas sem amor ou paixo, aqueles que mataram suas amantes e no choraram pelos pais derrotados. Ali havia o Fosso e ele no era nem vida, nem morte. Era o destino sem ambio que no fosse simplesmente ser pleno e satisfeito, pois ali estava a essncia do campeo da luz que ningum nunca mais viu e o corpo do monstro das trevas que muitos ainda queriam ver. Eles queriam encontr-lo, queriam se refestelar na carne podre que estava na profundidade obscena. As divindades mais atentas e pacientes ouviram a carne l embaixo ser mordida, comida, defecada e transformada. Seguiu-se o bater de asas dbeis e o barulho de uma escalada sofrida. Assim vieram eles, os primeiros Guardies. Esses seres deformados voaram junto aos deuses e comeram a carne de alguns mortos e at daqueles vivos, estranhamente satisfeitos em serem devorados enquanto o corpo ainda pulsava. Os Guardies olharam de volta para o Fosso. L embaixo, havia algo que os chamava, mas o terror desse chamado impediu que descessem de novo para encontrar a existncia da carne de onde haviam emergido. Esperaram em volta do Fosso e ali decidiram ficar, sabendo que no fim dos tempos, um ser faminto ressurgiria para se alimentar, sofrer, comer, morrer, viver e se satisfazer com uma nova realidade.

    Fundao

    A profanao no precisava de abundncia de matria prima para se propagar ou para construir. Do corpo de divindades mortas e vivas se fizeram os primeiros prdios

    em volta do Fosso. Eram construes pulsantes que sentiam, morriam, renasciam e sofriam. Foram remendadas com metal e madeira colhidos de minas sagradas e florestas divinas. Ali a viso de perfeio mudou e se diluiu em meio idia da satisfao e do prazer, to bizarro quanto o que se queria. Esse mundo foi se alterando e crescendo, com os Guardies tomando cada vez mais poder naquele territrio que os deuses evitavam. Anjos no pisavam ali, guerreiros sagrados no lutavam naqueles campos sem glria. Metrpolis comeou a ser erguida e os primeiros prdios foram um reflexo do que os humanos imaginavam serem eles mesmos, casas divinas que abrigavam a alma e o reflexo de deus. Aqueles prdios vivos passaram a reter partes de deuses, pegas pelos Guardies para serem torturadas e paparicadas enquanto ainda existisse luz no mundo e at que as trevas no fossem mais a mentira. A idia do prazer comeou a se espalhar pelo Universo. Deuses compaream pequena cidade que nascia. Metrpolis ganhou habitantes ilustres, divindades em decadncia, mas viciadas no prprio poder e nos desejos que desse vinham. J havia ali quem os atendesse, classes dentro de classes, nobres e plebeus, criaturas divididas pela aparncia e pelas funes. Assim os Cenobitas nasceram, ascendendo entre os Guardies de Leviat como anjos deformados que sorriam ante sofrimento, confundindo a dor e o prazer e transformando as sensaes em delcias perdidas e ansiadas pelos mortais e imortais.

    Seduo Corruptora

    Metrpolis no nasceu para tocar diretamente os humanos. Era um centro em que os desgarrados e perdidos de outros mundos se reunia, um antro de perverso dentro do Cu, uma vlvula de escape diante de toda a luz e batalhas que conduziam a existncia entre verdades e mentiras. Na cidade de Leviat, a mentira e a verdade eram os conceitos mais frgeis, pois dependiam depois de quem os dizia e da fora para mant-la. A verdade de algum poderia tornar-se to poderosa que o mudaria. Ele se tornaria satisfeito com a nova crena.

  • Metrpolis6

    Os Cenobitas recebiam as almas e as divindades para passearem por Metrpolis. Aqueles que ficavam permanentemente logo se tornavam parte integrante da cidade, pois ali sua sanidade se perdia, assim como a vontade de no se tornar plenamente satisfeito com a dor ou o prazer. E essas palavras se repediam em sua mente e em qualquer frase em que pensassem sobre Metrpolis. Metrpolis nunca precisou procurar seguidores. Eles surgiram trazidos pelos deuses que se abrigavam na nova cidade. Outros eram almas desgarradas e enlouquecidas que encontravam suas verdades no ambiente inspito ao redor do Fosso. Metrpolis atraa e seduzia sem precisar se mover. No tardou a ser um sonho da humanidade. Uma bizarrice sem fim que alcanaria o inconsciente de uma raa, permeando os pensamentos e criando algo to vil quanto seguidores e sacerdotes que procurariam levar almas para um lugar to podre.

    Deuses Ambiciosos

    Os primeiros povos a se conectarem com Metrpolis eram ainda primitivos, aqueles cuja magia e a capacidade de pensar nas atrocidades em prol do prazer ainda engatinhavam para o que a humanidade poderia conseguir. Os povos mesopotmicos aprenderam sobre os modos de se alcanar a Cidade do Fosso com mortes e autoflagelamento, arrancando a prpria pele e cobrindo com a pele alheia enquanto se deitavam com vivos e mortos. Os deuses observaram os mortais pecarem assim. Alguns temeram e viraram os olhos, outros puniram quando reis participaram dos rituais. Ningum disse nada alm de gritar horrorizado quando divindades foram seduzidas pelo horror vindo da luz, quando elas mesmas haviam lutado para escapar do inferno que era seu mundo de origem. Aquelas eram divindades de Ark-a-nun, acostumadas com a corrupo e, no entanto, impressionadas com a perfeio que Metrpolis insinuava quando se tratava desse aspecto to banal em suas vidas. Seria inteligente se a maioria houvesse aprendido com os erros do passado, mas Metrpolis

    pareceu-lhes uma chance de lutar contra as criaturas que comeavam a surgir na Palestina e que em breve criariam tantos problemas no Egito. Havia trevas no meio de toda aquela luz e seria um pouco a se aproveitar, uma falha no espao e no tempo, oculta nos cantos que os seres perfeitos de Paradsia no enxergavam. As divindades de Ark-a-nun no conseguiam visitar Metrpolis diretamente, mas o faziam atravs de seus seguidores e os ensinavam rituais para romper a barreira do espao e do esprito. s vezes, dominando mentes e fundindo seu pensamento almas, at tinham vislumbres muito prximos de Metrpolis. O conhecimento comeou a se espalhar e em pouco tempo, os humanos no precisavam mais de seus antigos deuses. Abandonaram-nos em suas disputas mesquinhas para se ater a mesquinharias prprias. Cultos surgiram, morreram e batalharam para procurar por Metrpolis. Os perdedores das lutas se espalharam pelo mundo.

    Portais

    A entrada para Metrpolis no estava baseada apenas no esprito. Descobrir isso foi difcil. Ao contrrio de muitas das cidades de Paradsia, a Cidade do Fosso era baseada na carne e no metal e na dor que a unio dos dois causava. A humanidade ainda caminhava para entender as dimenses e lutava com a prpria mente para alcanar as formas que definiam os prdios de Metrpolis. As criaturas que vinham dali eram improvveis em qualquer pensamento humano, matando de delrios aqueles que as viam. Os sobreviventes, aqueles que finalmente compreendiam o que era espao e o que era tempo, caam de joelhos frente ao prazer de entender as agulhas que lhes perfuravam o crebro. Assim abriam-se os portais e os mais poderosos Cenobitas comeavam a nascer, vindos de carne pura que mudava a forma pensamento e carne podre que cara dos cus. As formas tramautizadas que se diziam os novos sacerdotes de Leviat foram os primeiros a encontrarem o Cisma. Essa danificao no tempo e no espao permitiu vislumbres cada

  • Captulo 1 - As estranhas Satsfaes da Histria 7

    vez mais ntidos de Metrpolis e as pessoas aprenderam aos poucos a criar equipamentos que permitissem a outros mortais enxergarem a cidade. O conhecimento passou do Oriente Mdio para a China, onde finalmente foram criados os cubos, pequenos jogos que, quando manipulados, atraam os Cenobitas para atenderem desejos inconscientes e sonhos indesejveis. Os registros foram sendo feitos e tornados ocultos por escolas de magia, principalmente quando a perseguio comeou.

    Caada

    Metrpolis nunca foi bem vista na Terra. Desde que os primeiros seres de luz tomaram conscincia de que os humanos haviam a vislumbrado, perceberam que aquela seria a demonstrao de que o Cu no era a perfeio no sentido que deveria transparecer. Isso irritou muitos, tanto os que queriam atrair almas, quanto os que queriam salv-las de um destino como o Fosso. As ordens de magia comearam a caada contra as visitas dos Cenobitas, rechaando os rituais de invocao e procurando pelos itens mgicos. Tanto as foras ocidentais quanto orientais agiram em pocas simultneas, travando uma guerra silenciosa em que a corrupo era fcil demais. E foi graas a ela que conhecimento no se perdeu. Magos deliciados com o poder que os cubos traziam os mantiveram para si e aguardaram o esquecimento. Os anos vieram e a vigilncia caiu, novos medos apareceram na Terra com a ascenso de Christos e a idia do flagelamento surgiu com tanto mpeto que muitos seguidores dos Cenobitas, cortando-se e mutilando-se eram confundidos com mrtires da cruz. As ordens e os anjos nem perceberam a corrupo se infiltrando de novo entre os seus e crescendo. Mais e mais as perspectivas e noes de espao aprofundavam-se na mente humana, alcanando novas maneiras de contatar Metrpolis. Como sempre, a cidade no precisava se esforar para conseguir os seus. As idias alheias e confuses sobre prazer e dor carregavam

  • Metrpolis8

    almas para o Fosso sem o mnimo de esforo dos Cenobitas. O cristianismo colaborou com idias que nem os cultos de Cibele davam. Passar adiante o conceito de redeno atravs da dor e do quanto o martrio levaria algum ao cu, fez as pessoas acreditarem em masoquistas que eram vistos como santos por imporem-se sofrimento e sentirem-se tocados pela divindade. Nada mais curioso para um Cenobita do que isso. Assim os seguidores de Leviat contataram vrios cristos no decorrer da Idade Mdia.

    Monastrios Doentios

    Um dos locais em que a cincia floresceu durante a Idade Mdia foram os monastrios, mas o conhecimento de Metrpolis no foi gerado l. Sociedades secretas que visitaram o Oriente o trouxeram, como algumas que um dia constituiriam os Iluminados e a Maonaria. Eram engenheiros e pensadores que criavam novas formas e perspectivas. Algumas vezes caados e entregues pelos Cenobitas, acabaram soltando seus preciosos segredos para a Igreja. Assim muitos monastrios aprenderam sobre Metrpolis e alguns deles, alm de apenas copiarem livros, aprenderam a criar os cubos e a convocarem os anjos da dor. Os monges, escondidos em meio aos corredores escuros, cultuaram uma nova cidade do cu. No era a Cidade de Prata onde Christos governava. A cruz que procuravam era literal. Assim homens se viam pregados a cruzes e sentiam o sangue escorrer, aproximando-se literalmente da imagem de seu deus e julgando alcanar uma nova iluminao. As ordens mgicas e anjos perceberam a infiltrao tarde demais. Quando o fizeram, notaram apenas o que alguns grupos secretos faziam e os perseguiram. Inquisidores passaram pelos monastrios, mas foram incapazes de chegarem a todos. E alguns investigadores acabaram contaminados por essa doena chamada prazer. A Inquisio fez um bom trabalho, levando seguidores de Metrpolis para a fogueira, destruindo livros e artefatos mgicos da cidade. Vrios Cenobitas foram queimados e houve uma nova supresso do

    contato com Metrpolis. Durante duzentos anos, monastrios foram limpos e batalha aps batalha eliminou a contaminao. Cultistas iam felizes para a fogueira, sentindo o prazer das chamas lambendo seus corpos. A idia teria funcionado muito bem, se no houvesse nascido um novo conceito.

    Renascena

    Uma das principais invenes que repercutiram na renascena foi o conceito de perspectiva. Era um novo jeito de encarar o espao. Alm disso, o questionamento e o avano do que se entendia sobre o corpo humano permitiu observar de maneiras diferentes o que era a carne. Os humanos comearam a projetar os cubos com maior perfeio. Atravs deles, conseguiam criar o Cisma com maior acuidade. Magos passaram a visitar Metrpolis mais frequentemente, caminhando pela cidade por dias at, algo difcil de ser feito, devido s mutaes temporais e espaciais, alm do empuxo espiritual que os levava de volta para a origem. A mente humana se abria continuamente para Metrpolis. Os anjos sabiam que isso acontecia. Outras religies observavam aquela corrupo, mas a maioria desses deuses era incapaz de compreender o que Metrpolis estava se tornando. A cidade era cada vez mais uma percepo do futuro que a humanidade poderia atingir. Era um pensamento contnuo sobre sonhos de libertao da carne, sobre como o esprito entendia aquela priso e lidava com as sensaes que criava. Era buscando essas sensaes que se procurava a iluminao e assim se vislumbrava o que se poderia criar. Metrpolis era a viso deturpada e contente de tudo isso. E os deuses no a compreendiam. Religies quase destrudas lutavam contra ela, enquanto agonizavam para se manterem vivas. Tentavam de todas as maneiras se afastarem daquela corrupo enquanto viam pantees vencidos pela Cidade de Prata terem seus resqucios de poder serem tragados pelo Fosso. Asgard odiava, os senhores celtas queriam ver o local destrudo, os egpcios evitavam o lugar como uma doena.

  • Captulo 1 - As estranhas Satsfaes da Histria 9

    Os anjos de Christos e Demiurgo mantinham uma relao de amor e dio com Metrpolis. Especulou-se por muito tempo que fosse um caso de corrupo, mas outras fontes acusaram que havia uma ligao maior entre as foras do Fosso e da Morada de Deus. Alianas e guerras foram as caractersticas dessa relao, com as foras batalhando ou simplesmente se ignorando, enquanto perseguiam novos seguidores. Houve casos em que se aliaram para gerarem tortura eternas para divindades pags e fadas que tentaram encontrar um novo nicho na Terra.

    Avanos Intercontinentais

    O poder de metrpolis no cresceu exponencialmente como o da Cidade de Prata, mas soube-se que ele j contaminava povos como os astecas, tendo aparecido ao meio aos cultos sangrentos de seus deuses. No era uma religio instituda, mas surgiram e deixaram sua marca, aparecendo algumas outras vezes e tendo pelo menos um local lhes dedicado, um ponto em que at deuses eram torturados. Quando os anjos chegaram ao Mxico e conquistaram o espao das divindades de Ark-a-nun, encontraram esse local de culto e se impressionaram com as criaturas presas ali, em xtase com a prpria dor. Transformaram-no numa nova priso para os seres indesejveis e chamaram-na de Celas de Penitncia. Os conquistadores procuraram por novas Celas de Penitncia, afirmando que humanos presos l poderiam ser levados a novos estados de conscincia e uma purificao da alma, o que permitiria aproveitar suas almas no futuro e envi-las direto para Paradsia. Houve quem dissesse que essas almas seriam o centro da corrupo da Cidade de Prata, pele de Cenobita envolvida por aura de anjo. Os anjos se espalharam pela Amrica, alcanaram a China, a ndia e os Cenobitas os acompanharam como parasitas. Encontraram outros humanos que viviam escondidos, louvando Metrpolis e tentando contat-la eficientemente h milnios. Os conhecimentos se uniram; surgiam novos modos de se encontrar os Cismas. A Inquisio se encerrou nessa mesma

    poca. Os cenobitas vinham seguindo-a de perto, infiltrando muitos dos seus ali e usando os tribunais para ensinar novos mtodos de tortura e prazer para os mortais. Muitos saam purificados e sem pecados, encontrando um novo deus para seguir e seu nome era Leviat. Quando finalmente as fogueiras foram apagadas e os tribunais encerrados, os Cenobitas precisaram encontrar outros meios de apreciar a dor que os mortais gostavam de espalhar. Alguns adoraram os enforcamentos mesquinhos dos tribunais ingleses e estadunidenses, mas esses eram muito entediantes se comparados aos mtodos da Inquisio.

    Foras Abissais

    Os deuses negros do Abismo sempre enxergaram Metrpolis com curiosidade. Viam-na como uma oportunidade de alcanar o cu, seu futuro ou at como o passado, como uma cidade com muito o que aprender antes de alcanar o estado de corrupo ideal, onde deuses se confundem com a essncia mais destrutiva do Universo. A maioria compreendeu, no entanto, que Metrpolis nunca seria destruio. Seria a inteno de alcan-la, de procur-la, sem nunca chegar l. A autodestruio de muitos de seus seguidores era uma conseqncia de mentes fracas que no sabiam utilizar o poder. No fim do sculo XIX, o Abismo enviou os primeiros sacerdotes para contatar Metrpolis. A cidade entendeu que haveria ali uma boa aliana, comparecendo reunies dos magos da Irmandade de Tenebras e at os ajudando a combater os Magos das Sombras. Alguns Cenobitas visitaram o Abismo e, em certas Montanhas, aprenderam o que era dor. Abissais caram nas mos dos seguidores de Leviat e aprenderam o que era prazer. Eram vises novas de prticas antigas. As alianas nunca foram, no entanto, suficientes para que os grupos se ajudassem em batalhas. Os deuses negros quiseram tornar Metrpolis um posto avanado para atingir Paradsia, mas esse nunca foi um interesse da Cidade do Fosso. Todas as tentativas de domnio, ataque e negociao para garantir isso foram ignoradas. Mesmo quando

  • Metrpolis10

    Cenobitas foram destrudos por agentes dos deuses negros por no colaborarem, as foras de Leviat no retaliaram. Simplesmente ignoraram o processo. A tendncia dos Cenobitas de ignorar a perseguio abissal passou a preocupar outros paradisianos. Notaram naquilo um perigo ao verem que a contaminao pelo Abismo no seria notada pelos seguidores de Leviat como algo ruim ou como uma inimizade. Nem mesmo outras cidades mais tolerantes com foras dos mundos inferiores, como Asgard que tolerou Loki, podia aceitar aquela situao.

    Declaraes de Guerra

    Diversas cidades pags traaram planos para lutar contra Metrpolis. A maioria delas sempre enxergou a cidade como um ponto fraco em Paradsia. O local no teria estabilidade e seria a fonte para a penetrao de energias inferiores que colocariam o mundo dos deuses no eixo da Roda dos Mundos e os tornaria em posio imperfeita, em uma vibrao obscura que eliminaria o poder dos sonhos dessas criaturas. Exrcitos marcharam para encontrar as foras de Metrpolis. Sabia-se que os seguidores de Leviat nunca foram to numerosos, no se equivalendo em poder nem s cidades mais moribundas de Paradsia quando se tratava de combates diretos. Seu poder era insidioso, mais ligado corrupo, tentao e contato individual. E esse era um dos grandes medos dos pantees moribundos. Asgard mal conseguia se reerguer depois das derrotas nos pases nrdicos, ainda mais com a inimizade de Loki. Os egpcios precisavam lidar com djinns e magos negros em suas terras ou foras obscuras como Set para manterem ativos. Lidar com Metrpolis, alm disso tudo, era inconcebvel. As tropas paradisianas se prepararam. Metrpolis no se moveu nem quando os primeiros exrcitos atravessaram mares, cus e tneis para alcanarem a cidade. Ela estava l, de portas abertas para oferecer prazer aos soldados. Alguns dos comerciantes da satisfao at circularam entre as tropas como se nem soubessem o motivo de elas estarem ali.

    Antes ento que os generais pudessem tomar uma atitude, a guerra foi cancelada. Houve alguma movimentao nos tribunais celestiais. Houve troca de favores, suborno e diversas outras acusaes. Sabe-se, no entanto, que os anjos da Cidade de Prata no ofereceram apoio. Alguns at tramaram cobrando favores de outras cidades. Alguns pantees corrompidos, viciados nos prazeres de Metrpolis, fizeram o mesmo. Foi uma frustrao que demonstrou claramente que o poder de Metrpolis no estava em um exrcito, mas em sua capacidade de agradar s partes que realmente interessavam. A prpria retirada de generais importantes de Paradsia gerou suspeitas nos pantees e levou a inquritos e condenaes, alm de gerar alguns exilados que foram se refugiar na Cidade de Prata ou... na Cidade do Fosso.

    Tempos Atuais

    Metrpolis parece que nunca parou, mas ao olhar de um visitante, assemelha-se a uma cidade decadente, repleta de bairros de arquitetura variada, tudo pronto a desabar devido a uma corrupo inerente dos habitantes. Ela sempre a mesma, no importando o que esteja para acontecer ou como o mundo esteja mudando. As convulses no mundo espiritual e o avano da humanidade na compreenso do espao e do tempo aumentaram a incidncia de Cismas, tanto acidentais quanto intencionais. Desse modo, os Cenobitas surgem cada vez com mais freqncia na Terra. No so exrcitos furiosos como os agentes do Inferno e do Cu, mas so influncias pontuais e importantes que sabem como dominar e entender. Sua mente bizarra est se alastrando de um modo to impressionante que o poder de algumas criaturas da Cidade de Leviat j alcana o divino. Ainda no existem muitos cultos especficos a Metrpolis, mas sim cultos s criaturas que adotaram a cidade como nova morada. Quando os mesmo so procurados por crimes em Paradsia, muitos Cenobitas apenas os entregam como se no tivessem nada com o assunto e logo um substituto surge, tomando o lugar da antiga divindade e acumulando mais energia.

  • Captulo 1 - As estranhas Satsfaes da Histria 11

    Os Cenobitas insistem em enviar novos embaixadores e diplomatas para as cidades paradisianas. A maioria recusada ou morta assim que coloca os ps no local. Estranhamente, outro surge pouco tempo depois, como se nada houvesse acontecido. J surgiram casos em

    que um Cenobita apareceu com uma acusao de assassinato antes de ela ocorrer e algumas cidades no conseguiram impedir o incidente posterior, gerando uma falha diplomtica que s foi desculpada com o posicionamento de uma embaixada.

  • 12 Metrpolis

    Viver em Metrpolis misturar a decadncia moral com o desinteresse pelos sentimentos e vontades ao redor. A cidade no feita de uma construo ativa ou de seres que se interessam em criar. Passa a noo de que todo o local foi simplesmente ocupado aps um longo abandono e os novos ocupantes no demonstraram o mnimo desejo de restaurar as construes. O motivo da existncia de Metrpolis ainda desconhecido. A verso mais conhecida e considerada verdadeira a da queda de leviat e construo dos prdios pelos Cenobitas e pelas criaturas que tomaram o entorno do Fosso como lar. Existem outras histrias macabras ainda que ajudam a entender como e por que a cidade seria assim. Alcanando Metrpolis

    A principal maneira de se alcanar Metrpolis atravs dos Cismas. As posies temporais e espaciais distorcida do lugar tornam difceis as viagens diretas ou a abertura de portais simples. A localizao da cidade no tem exatido no mundo espiritual. Quando ocorrem rupturas no espao-tempo, v-se fragmentos da mesma ou pequenos portais sugam criaturas de diversas partes do universo para esse inferno no Cu. Um Cisma uma dessas falhas que distorcem o espao e o tempo. Os fatores que o geram podem ser magias de alterao espacial ou temporal que deram muito errado, falhas terrveis na abertura de portais para mundos espirituais. Quando criaturas poderosas rompem a Barreira Entre os Mundos, h uma possibilidade grande de que as distores geradas pela travessia causem essas alteraes. Alguns experimentos da cincia da Terra tambm geram Cismas.

    Entretanto, no basta uma distoro para que haja o Cisma. Apesar de eles ocorrerem naturalmente em certas ocasies, geralmente preciso algum ritual, magia ou objeto mgico para usar as falhas tempo-espaciais para se alcanar Metrpolis. H itens mgicos especficos para criar Cismas ou atrair Cenobitas que o faam. Os cubos so quebra-cabeas que quando resolvidos geram portais e, dependendo da configurao, podem levar a pontos especficos de Metrpolis ou atrair um tipo ou outro de Cenobitas. Atualmente, os servos do Fosso esto construindo cubos personalizados e os colocando na Terra para entrar em um contato maior com os humanos.

    Boatos sobre as Origens

    Ainda hoje se discute se Metrpolis foi realmente construda pelos Cenobitas. O que se conhece da histria vem de boatos e se confunde com as distores temporais da cidade. Imagina-se que Leviat destruiu uma cidade inteira com sua queda, cercando de trevas as criaturas que ali existiam e as obliterando ou enviando para outro lugar. Os Cenobitas teriam ocupado essa nova cidade, vendo os resqucios da civilizao destruda e aproveitando seus corpos, magia e cincia para criarem sua prpria cultura decadente. Essa uma das histrias que ajuda a entender os BelNarah que agora ameaam os Cenobitas. Se eles realmente forem os espritos perdidos dessa civilizao destruda, o que eles mais querem a destruio dos Cenobitas que ocupam e mantm decadente sua cidade e evitarem que o maldito Leviat saia do Fosso. O segundo boato mais conhecido o que de Metrpolis teria sido construda por deuses e os primeiros visitantes a se estabelecerem

    A Vida Decadente

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    ali seriam soldados para guardar o local. Eles teriam visto a ascenso dos Guardies e Cenobitas, mas Leviat os teria corrompido e a posio de cidade guardi da corrupo de Paradsia teria se perdido para um refgio de tudo de ruim e viciado o que a luz ofusca. Talvez os Belnarah, sejam ento, os ltimos remanescentes fiis dessa batalha contra a corrupo da luz. A idia de que o Fosso uma priso para Leviat amplamente utilizada e dividida em duas verses. A primeira a de que ele j estaria pronto e teria sido utilizado por Bel Meridath para manter o Deus Monstro longe da luz do Edhen. Os Cenobitas estariam ajudando a manter essa priso, mesmo que muitos faam isso inconscientemente. Eles, de algum modo, alimentam-se do poder de Leviat ao usarem suas prprias habilidades ou as energias da cidade e ainda ao criar novos Guardies e Cenobitas. Assim a divindade continua sempre viva e presa e os Cenobitas mantm seu poder. A segunda verso da histria da priso diz que Bel Meridath jogou deliberadamente Leviat naquela posio para evitar que espritos prximos da ascenso transcendessem a luz. Corrompidos, eles teriam se tornado os Cenobitas e Guardies ou teriam sido expulsos dali para nveis inferiores do plano espiritual. Todas as histrias ajudam a explicar a situao de Metrpolis, mas a mais detalhada continua sendo a da queda de Leviat e criao da cidade pelos Cenobitas. Vrios deles vivem de acordo com essa, no se interessam ou at escolhem uma das outras. Existem alguns que realmente pretendem escravizar Leviat e usar as energias da divindade aprisionada. Magos pesquisadores de Metrpolis afirmam duas coisas sobre a principal histria corrente. Ela aceita s porque a mais simples e fcil de acreditar. As outras envolvem conspiraes demais, que levariam a desacreditar muito do que existe em Paradsia.

    O Tempo

    A idia de tempo costuma ser contraditria em Metrpolis. Os visitantes tendem a pensar que vivem em Metrpolis

    durante um tempo normal como o que ocorre em sua cidade ou mundo de origem. Devido s poucas horas ou dias que permanecem perto do Fosso, isso de fato pode ser verdade. Raramente eles se vem diante de um Cisma ou diante de uma distoro normal. Imaginam que as ruas da cidade so realmente sempre vazias e que nada mais existe, sem pensar que na verdade o que acontece que os visitantes raramente comparecem a Metrpolis no mesmo intervalo. s vezes no se esbarram na rua por segundos. Um mago junto a um amigo pode alcanar a Cidade do Fosso e caminhar pelo Bazar sem encontrar ningum, nem o acompanhante. De repente, v o companheiro dobrando uma esquina e corre para cham-lo, mas ao dobr-la, no v mais ningum, apenas mais uma rua vazia com os prdios destrudos ao redor. Isso porque quando ambos pisaram na cidade, uma falha temporal pode t-los colocado em intervalos diferentes. Quando o primeiro viu o outro na esquina, estiveram por uma frao de segundos juntos, mas outra distoro fez o tempo na segunda rua passar mais depressa. Ao dobrar a esquina, o companheiro j tinha passado por ela h muito tempo, apesar de parecer ter acabado de entrar ali. Essas distores so difceis de entender e podem complicar a vida de quem apenas visita a cidade e nunca entendeu de magias relacionadas ao tempo e espao. At magos se perdem e pagam fortunas por relgios ou cubos de Metrpolis, alguns dos poucos mecanismos capazes de regular a presena na cidade ou de entender as distores sem viver l h sculos como acontece com os Cenobitas. Um evento interessante das falhas que na maioria das vezes, quando enviam uma criatura de volta a origem, esse retorno feito depois da partida, nunca antes. E o tempo pode ter avanado para o indivduo, s vezes avanado muito, de modo que ele parece mais velho e cansado. Os estudiosos argumentam que Metrpolis sempre se envolve com a entropia e nunca com a criao ou renovao, da esses acontecimentos serem mais comuns do que o retorno ao passado ou rejuvenescimento.

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  • 14 Metrpolis

    O Espao

    Metrpolis transmite uma noo de que maior, muito maior. Parece uma infinidade de prdios ligadas a estruturas estranhas, tudo na mesma penumbra e desordem to relatada em qualquer descrio da cidade. Olha-se de cima e imagina-se que o lugar ir crescer ainda mais, devorando mais luz e alcanando reas no corrompidas de Paradsia. uma sensao de desespero imaginar que uma cidade como essa pode ser to imensa e ainda est para crescer mais. Dentro da mesma, a sensao de espao muda mais frequentemente. Nos pontos de maior medo, nos espaos abertos, ela parece grande e nunca acaba, exaurindo aquele que quer sair dali. As pernas e asas cansam de se movimentar em ruas que no acabam, cercadas por prdios que esto quase prontos a desabar ou que so quase vivos, observando o passante. O interior dos prdios claustrofbico. D sensao de sufocamento. O ar que falta para tudo, at para alimentar um bater de asas. Se as paredes no desabarem, algo atacar e no haver para onde fugir. Mas essas paredes to frgeis s vezes parecem densas e fortes demais quando se quer destru-las para se escapar. Duas coisas podem ocupar o mesmo espao, ainda que em tempos diferentes. Dependendo da data que se visita a cidade, pode haver dois prdios no mesmo lugar ou dois seres diferentes convivendo no mesmo, cada um a seu tempo. O espao reordenado com bastante freqncia. Prdios so deslocados devido s distores espaciais e at os bairros somem, mudando as fronteiras entre os mesmos. Por mais que se imagine que um esteja junto ao outro, vez por outra eles simplesmente giram e assumem uma nova disposio. J aconteceu at de Metrpolis se tornar uma cidade com vrios andares, com um bairro sobre o outro em uma espiral em volta do Fosso.

    Sentimentos

    Abandono

    Metrpolis marcada pelo abandono. No existe interesse em nada na cidade que no seja aderir ao vcio, ao prazer ou ao egocentrismo. O interesse por construir algo s surge quando pode ser usado para manipular e fornecer novos servios. Todo o restante da cidade abandonado, inclusive as pessoas. As relaes so frias e sem sentimentos livres. Cada emoo aqui vinculada e tem um preo. No se ama em Metrpolis, mas se apaixona por algo dado por outra pessoa ou criatura, seja um prazer, uma droga ou mercadoria. Um indivduo carente rapidamente dominado pelo vcio, sem ter a quem recorrer para ter sentimentos correspondidos. A nica maneira de encontrar resposta e certa semelhana com afeto pelas trocas. Indivduos j frios so cercados pela falta de sentimento e se afundam nisso, abandonando amigos e recusando pedidos de ajuda. Amizades acabam com freqncia em Metrpolis. Aquelas que so mantidas na verdade so alianas base de trocas como proteo mtua ou mercadorias.

    Decadncia

    A sensao de decadncia permanente em quem chegou h pouco em Metrpolis. Ela desaparece apenas quando o indivduo j se perdeu tanto nos vcios que no consegue perceber o quanto o prprio j foi tomado por ela. Os prdios mal cuidados, as pessoas envelhecidas e sujas, enlouquecidas, os escravos, o lixo e o vazio das ruas assustam. Fica claro aos visitantes que as coisas esto erradas e que em breve a destruio alcanar a cidade. Esse ltimo pensamento, o da destruio, est errado, Metrpolis no pretende destruir nada. Tudo o que ela quer manter as coisas como esto, levando-as podrido permanente, escravido, sem nunca destruir ou obliterar. A cidade no ganha nada quando destri, mas muito quando escraviza outros em seus vcios.A proximidade da destruio real, mas

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  • 15Captulo 2 - A Vida Decadente

    ela no tende a se concluir a no ser que seja ativamente procurada ou investida. Os habitantes da cidade sentem o corpo ruir e a sanidade se desfazer, mas sempre possuem um trao de razo para poderem lidar com o mundo e ainda terem utilidade para os servos do Fosso.

    Espiritualidade

    Metrpolis no uma cidade do esprito. local da carne, a mesma carne que apodrece, associada entropia, aos instintos e s emoes. dela que a cidade se alimenta, apesar de existir tanto metal e vidro presos nos corpos dos habitantes. O esprito tem pouco acesso aqui. Serve para sustentar as carcaas que continuam sua jornada pelo mundo de prazer e imoralidade da cidade. A noo de espiritualidade em Metrpolis aperfeioar a carne e, a partir dela, alcanar novos nveis de existncia. pelas sensaes corporais que os Cenobitas e servos do Fosso dizem evoluir. Eles nada querem com as oraes e valores morais definidos por outras cidades de Paradsia. No se alcana Metrpolis por ter sido bom em vida, valoroso ou honrado. A cidade prmio, ou priso, para os devassos ou ambiciosos demais, que rompem as correntes da conscincia e buscam ativamente pela liberdade moral. A evoluo da carne est descrita at no modo como alguns Guardies podem ser totalmente transformados e ascenderem condio de Cenobitas ou de Chezas. No s isso, mas o modo como humanos so roubados da Terra ou convidados a Metrpolis para fazerem parte dos seguidores de Leviat. Os espritos corrompidos da cidade, como divindades cadas e decadentes, so seres dependentes da f alheia, conseguindo-a por sacrifcios ou acorrentando os seguidores atravs de recompensas ligadas s sensaes da carne ou aos bens materiais.

    Liberdade

    A Cidade do Fosso passa a sensao de que tudo se pode e que a liberdade total para se tomar qualquer atitude. H acesso a qualquer mercadoria. At mesmo a vida se

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    torna uma mercadoria. Isso alcana um nvel to extremo que mesmo os Cenobitas muitas vezes so desatentos morte de seus pares por inimigos. Continuam suas vidas mesmo sob ataques e s se renem quando a situao comea a afetar o equilbrio de toda essa liberdade ou os negcios de muitos deles. Ser livre aqui uma iluso, na verdade. A liberdade de se ter tudo ao alcance est ligada diretamente a uma priso de vcios. Metrpolis um exemplo do quanto o refgio da imoralidade pode se tornar perigoso, destruindo espritos e os transformando em fragmentos do que eram. A luz da cidade serve apenas para ofuscar a corrupo que cresce cada vez que se afunda mais e mais na busca pelos prazeres. As criaturas de Metrpolis no conhecem o verdadeiro sentido de liberdade. Os habitantes do Fosso associam a palavra a ter acesso ao material sem proibies morais. Ela esconde o pensamento deles dos elos com o vcio e a manuteno desse status. Quando se alcana esse estado e o indivduo no tem mais nada a oferecer, descartado e encontra o abandono completo.

    Parania

    Algum est olhando. Observa com olhos atentos, cobiosos, famintos. um brilho oculto atrs de janelas, escondido nas sombras. So seres invisveis que esperam um tropeo para avanarem. Basta virar as costas para eles se mexerem excitados e prepararem-se para o bote. A nuca se arrepia e a respirao dessas criaturas cai sobre a pele. quase possvel sentir a saliva caindo da boca ansiosa enquanto o predador prepara a mordida. Metrpolis cheia de parania. O abandono e a procura incessante pelos vcios levam as pessoas a usarem as outras, a pisarem em aliados, para sobreviverem. Criaturas ainda com sentimentos ou que no se sentem suficientemente fortes para manipularem os outros so as primeiras a serem tomadas pela parania. No se sabe com quem contar em Metrpolis. A cidade toda um perigo s que no tem hora para atacar. At mesmo as construes podem desabar sobre as pessoas.

    Das ruas vazias podem surgir guardies, deuses enlouquecidos ou Cenobitas escravizadores. O Fosso chama. O som maldito sempre ouvido. o nico acompanhante ao se caminhar pelas ruas em que as portas esto lacradas ou os prdios esto vazios. Ele aumenta a sensao de perseguio e de perigo eminente que danifica a sanidade.

    Solido

    Vive-se sozinho em Metrpolis. Morre-se sozinho. Ama-se sozinho. Ter sentimentos por outra pessoa ou mesmo cultivar qualquer sentimento que no seja egocntrico perigoso aqui. O amor pelo prximo morre na Cidade do Fosso. Se percebido, usado at que aquele que o possui seja massacrado e perea ou abandone esse sentimento. As portas no se abrem por amor ou compaixo em Metrpolis. Abrem-se por um preo. Os indivduos vivem sozinhos em suas casas e os acompanhantes, se no so aliados, so escravos que no amam, mas dependem de alguma forma. Essa relao no satisfaz um amor, apenas engana a sede de contato do corpo por algum tempo.

    Habitantes

    Metrpolis uma cidade aberta para se viver. Ela aceita exilados de todos os cantos. No importa o crime cometido. As razes no so perguntadas, desde que se tenha algo a oferecer e aproveite bem os servios. Se pretende se tornar ou no um servo do Fosso, no importa. Os Cenobitas aceitam bem qualquer f, religio ou senso de moral e sabem que podem quebrar qualquer defesa espiritual, bastando ter tempo para conseguir as ferramentas certas. Servos de divindades de todas as cidades de Paradsia podem ser encontrados nos bairros da cidade. preciso apenas procurar bem. Eles no se acumulam, pois a parania impede que se aliem ativamente. Sua essncia passa para a corrupo cedo ou tarde, conforme utilizam os servios dos Cenobitas. A sintonia de suas energias muda para a ligao com o Fosso e os separa de sua

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    cidade original, s vezes sem perceberem. Os humanos raramente conseguem passar muito tempo em Metrpolis. Os visitantes precisam sair logo antes que sua sanidade se deteriore. Os negcios so resolvidos com rapidez. Aqueles que ficam muito tempo sofrem de efeitos variados sobre o corpo e a mente. Voltar para a Terra envelhecido e esgotado acontece bem como certos distrbios mentais como a incapacidade de a mente coordenar o tempo ou o espao. Nenhum habitante vive na cidade sem abandonar seus verdadeiros sentimentos, agarrar-se aos prazeres ou enlouquecer com a parania e a solido.

    A Roda dos Mundos

    Metrpolis est localizada em Paradsia, mesmo que muitos sbios tentem negar isso devido situao decadente da cidade. Segundo os pesquisadores mais assduos, ela uma espcie de intercesso entre os mundos inferiores e aqueles que ainda esto por vir. Seria uma conexo quase que direta entre as foras espirituais mais plenas com a corrupo e destruio da Roda dos Mundos. A existncia distorcida de Metrpolis seria uma anomalia perigosa para Paradsia. Ela um refgio para seres de mundo exteriores penetrarem no plano de luz. Criaturas de Tenebras e do Infernun costumam ser destrudas ao alcanarem o lar dos anjos, mas em Metrpolis h uma tolerncia para os mesmos. Ainda que no possam viver plenamente l, outros seres menos corrompidos ou que no esto associados a planos espirituais derivados (como os daemons esto associados ao Inferno) conseguem fixar moradia na Cidade do Fosso. Metrpolis pode ser um salto das foras carnais e corrompidas que pretendem sobreviver ao giro da Roda dos Mundos, mas os pesquisadores no costumam encarar isso mais como um chamariz para que a cidade espalhe corrupo em Paradsia. Se isso uma inteno direta de Leviat e seus servos para reduzir o poder dos outros deuses ou fazer com que todos alcancem o mesmo estado de decadncia difcil dizer.

    Reconhece-se que Metrpolis no uma estrutura comum dentro da Roda dos Mundos. Sua criao se deve a uma falha, uma ruptura com certeza relacionada ao Fosso. Quem criou isso, no se sabe. Mas, como j foi comentando, as teorias so muitas. Se houve inteno na criao, h muito o que se pensar no que isso gerar.

    A Terra

    Metrpolis verteu seu interesse sobre a Terra somente nos ltimos sculos. Os primeiros contatos da cidade com as foras terrenas sempre foram espordicos e quase sempre sem inteno dos Cenobitas. Foram os humanos quem atraram o mal para si. Ajudaram a criar os cubos e outros instrumentos alm de desenvolver rituais para alcanarem mais facilmente a cidade e se deleitarem em seus prazeres. A descoberta do Caminho da Metamagia aumentou as possibilidades de contato com a cidade. Os magos com rituais associados a Metrpolis so quase sempre especialistas nele. De acordo com esses rituais, conseguiram contatar muitos Cenobitas ou fazerem a passagem para Metrpolis e eles mesmos se tornarem servos do Fosso. Esses tendem a voltar para fazerem mais contatos e criarem pequenos cultos ao se julgarem deuses. Os cultos da Terra no so organizados e raramente se reconhecem. Quando o fazem, no existe nenhuma tendncia a serem aliados ou inimigos. Simplesmente se tratam como estranhos que podem at trocar, ou roubar, informaes preciosas sobre a cidade. A maioria deles no est envolvida com louvor, mas com a troca direta de servios. Somente os deuses decadentes apreciam lidar com a f humana, mas mesmo eles esto mais sedentos pelo sangue e pelos sacrifcios, ou pela escravido dos mortais, do que pela religio em si, com os cdigos de moral. Existem cultistas de Metrpolis em locais e sociedades variadas. Bordis e centros de trfico de drogas atraem os servos da Cidade do Fosso com facilidade. Ali a influncia se espalha podendo atrair at um Cenobita nos casos de maior decadncia moral e fsica.

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    A maior incidncia de Cismas na Terra ainda ocorre por mortais ignorantes das foras ocultas do mundo que encontram cubos e resolvem os enigmas ou partes dele. Sem saber que esto contratando servios de Cenobitas ou invocando demnios, eles abrem contato com Metrpolis e aprendem o quanto as preces podem ser inteis nesses momentos.

    Ark-a-nun

    Os arkanitas aprenderam sobre Metrpolis h sculos, mas quase sempre a consideraram uma lenda. Quando as suspeitas de sua existncia se confirmaram, dezenas de magos tentaram usar os portais para alcanar a cidade. A energia utilizada ajudou a aumentar a corrupo e a mesma foi levada para a Morada de Leviat sem que os Cenobitas se importassem. A maioria desses arkanitas pereceu aps a chegada, seja pelo choque de energia planar ou pelas mos de caadores paradisianos que no toleraram a presena dos mesmos e invadiram os bairros para destruir os invasores. Os sobreviventes se perderam na iluso dos prazeres, mas os mais inteligentes viram que nada ali indicava salvao, mas s uma sobrevivncia difcil. Alguns conseguiram se manter, mas outros preferiram rumar para a Terra a se manter em um lugar como aquele. Metrpolis ainda atrai arkanitas e alguns cubos foram parar no Mundo Moribundo. O envio dos mesmo parece ser proposital, mas duvida-se que tenham sido mandados por Cenobitas. Alguns deles se sentem muito incomodados de serem invocados para Ark-a-nun.

    Infernun

    Um mundo to devastado quanto Infernun, em que o desespero parou de bater porta e j entrou nos coraes de todos, bastante propcio para fazer os habitantes pensarem em Metrpolis como um Cu. Nas rarssimas oportunidades em que os Cismas ocorrem nesse mundo decadente, as criaturas saltam sobre os mesmos para tentarem fugir. raro dar certo e aquele que consegue ainda

    tem que aprender a lidar com as energias diferentes do Fosso, que podem mat-lo, ou com a caa dos paradisianos. Fora o fato de, se sobreviverem, se tornarem fragilizados pelo choque energtico do salto para um plano to diferente. Os infernitas que vivem em Metrpolis abandonaram seus corpos ou os deixaram no Cemitrio Sem Lamrias. Protegidos nos tmulos, eles atraem vtimas para se alimentarem ou hibernam enquanto usam o esprito para possuir os humanos e continuarem suas vidas. So criaturas raras e com vidas to secretas que poucos estudiosos sabem de sua existncia. Esses precisam zelar para que ningum sabem que conhecem esse segredo. As razes para a ocultao no so s o medo de serem caados ou a fragilidade de seus corpos quase divinos. tambm um medo maior. O Abismo os espera aflitos e quer utiliz-los. Ordens arcanas pretendem conhec-los e usar sua essncia ou aproveitar desses corpos sem esprito.

    Abismo

    O interesse do Abismo usar Metrpolis como ponto de apoio para continuar suas funes da Roda dos Mundos durante o prximo giro. Enviando seus servos humanos, eles conseguem entrar na cidade e alguns abismais possuindo os mesmos fazem a mesma visita. As foras abissais no entram diretamente em Paradsia. Esse feito, s realizado por Arim, no foi repetido nem em Metrpolis. Os deuses negros querem aprender a usar a cidade e o Fosso a seu favor. O foco estudar as energias locais, mas eles sabem que no a maneira mais bvia. O principal campo de batalha ainda a Terra e s a partir dela as criaturas conseguiro alcanar Paradsia, mudando a forma pensamento de modo a aceitarem novas energias. Metrpolis parecem uma prova de que isso possvel ou talvez seja justamente o que pode tornar isso possvel, por j ser uma chaga no Cu.

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  • 20 Metrpolis

    H um fosso no meio da cidade. uma estrutura to grande, to imensa, que os ventos que ali passam geram um eco que pode ser ouvido desde os esgotos at as fronteiras. Alcana cada habitante ou visitante, mesmo aquele que acabou de colocar o p nas ruas. No importa de onde venha, onde pise primeiro, a primeira coisa de que o viajante se torna ciente em Metrpolis do Fosso. Primeiro existe o Fosso, o mausolu de Leviat, depois existe a cidade. Logo aps a sensao onipresente da morte o Monstro do Edhen, nota-se a abundncia e decadncia de Metrpolis. Essa uma cidade que mistura o tempo e o espao. No existe poca da Terra que no esteja representada na Cidade do Fosso. As formas arquitetnicas so variadas, confundindo-se na imaginao humana e somando-se aos conceitos de outros planos. Seres de mundos diferentes se refugiam em Metrpolis, vivendo em construes vivas ou feitas somente de metal.

    Entradas

    Existem vrios meios de se entrar em Metrpolis, principalmente porque a cidade est aberta a todos que querem passear e conhecer os prazeres e a dor. No to grande quanto Asgard ou a Cidade de Prata, mas um local imenso, que somou-se a pocas e tempos diferentes. Com isso, as grandes entradas da cidade so definidas como os Grandes Portais, abertos no espao e no tempo, permitindo que habitantes de pocas e locais diferentes interajam, mesmo que quase nunca consigam usar essa comunicao de maneira proveitosa. Alguns chamam as fronteiras de Metrpolis de Muralhas, pois quase sempre encontram muros altos como de cidades

    medievais quando pretendem entrar. Esses muros so na verdade tentativas de deuses antigos de evitarem que certas almas sejam perdidas para o Fosso. Aparecem subitamente servindo como proteo mais para quem entra do que para quem sai. As grandes fronteiras de Metrpolis so o Vale da Carne, o Deserto do Ao, o Labirinto do Tempo, a Floresta de Espinhos, o Mar Podre, as Savanas dos Devorados, o Abismo Atento, o Esgoto, o Cu dos Pecados e o Cemitrio sem Lamrias. So reas extensas em que acontecem eventos estranhos e deturpados. Cada um deles tem caminhos seguros que levam ao centro de Metrpolis e, claro, ao Fosso. Tudo em Metrpolis leva ao Fosso.

    As Fronteiras

    Abismo Atento

    O penhasco que se estende em uma das fronteiras de Metrpolis cai no desconhecido. somente uma rea de pedras e metal, em que as rochas so pontiagudas e as rvores so pequenas e retorcidas. Aqueles que andam descalos logo deixam rastros de sangue, pois minsculos cacos de vidro esto espalhados em todos os cantos. Andando-se na direo do Abismo Atento, percebe-se as primeiras rachaduras e fendas no cho, algumas to grandes que escondem ameaas deformadas. Esses buracos aumentam de tamanho. Em certos pontos, v-se as pedras se desprendendo. A decomposio e a tomada do terreno pelo abismo testemunhada. Qualquer pessoa que ande nessa fronteira se sentir observada. uma sensao to poderosa que poderes de deteco no funcionam aqui. Poderes de percepo

    A cidade Torpe

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  • 21Captulo 3 - A cidade Torpe

    ampliada apenas aumentam a sensao de parania, forando as pessoas a se testarem e usarem sua fora de vontade para manterem a sanidade e no atacarem amigos. Isso apenas piora quando se coloca em frente ao abismo. O viajante no enxerga nada alm da escurido e de seus pesadelos o observando com a expectativa de domin-lo, devor-lo ou destru-lo. Um humano que presencie o Abismo Atento no conseguir dormir por pelo menos trs noites devido aos pesadelos. As criaturas que vivem prximas do Abismo Atento esto todas enlouquecidas pela parania. No confiam em ningum e sempre se sentem perseguidas. O local to prximo dos mundos inferiores que muitos dos que vivem ali so parecidos com demnios. H at alguns seres que so tidos como abismais ou criaturas de Ark-a-nun e Infernun, sobrevivendo na nica rea de Paradsia que os toleraria. Esses boatos no podem ser confirmados, pois a insanidade dos monstros impede que dem uma resposta concisa e a impossibilidade de se usar magias de deteco impede se confirmar qualquer identidade ali.

    Cemitrio Sem Lamrias

    Nem todo corpo aproveitado em Metrpolis ou simplesmente jogado no esgoto. Alguns so enterrados em grandes covas e mausolus na fronteira da cidade. Geralmente so de inimigos ou criaturas cuja energia pode causar algum dano aos Cenobitas. Ali eles so colocados para apodrecerem e no tocarem as foras do Fosso. Ningum chora nesse cemitrio ou lamenta pelo que est enterrado aqui. No h como derramar lgrimas pelos mortos quando se pisa nessa regio. Algumas pessoas tomadas pelo luto at surgem aqui para esquecerem a tristeza e acabam esquecendo-se tambm de todas as boas memrias que causam tanta dor ao serem relembradas. O cemitrio foi criado pouco depois do Fosso. Ali foi enterrada a Segunda Ameaa, a criatura que varreu pelo menos dois bairros de Metrpolis enquanto tentava alcanar o Fosso. Pouco de sua energia foi aproveitada

    pelos Cenobitas e apenas os mais incautos ainda ousam pesquis-la.

    Cu dos Pecados

    Chegar a Metrpolis pelo ar uma maneira comum para um plano em que seres alados so uma viso freqente. O Cu dos Pecados um limite contundente da cidade, definido pelas nuvens enegrecidas e pela fumaa que o alcana o tempo todo. Correntes de ar fortssimas so capazes de quebrar as asas dos anjos, mas elas aparecem s ocasionalmente. Em geral, o Cu dos Pecados bastante tranqilo. A maioria movimentao nele ocorre pelas pequenas ilhas de pedra flutuante ligadas umas s outras por correntes. Eram antigos postos de viglia de outras cidades, hoje corrompidos e usados pelos Cenobitas como bases ou pequenos castelos onde possuem liberdade total. As criaturas que voam pelo cu dos pecados so desde grgulas a drages. Acabam defendendo a cidade e impedindo a entrada de viajantes devido fome ou, se possuem inteligncia, nsia de se conseguir vtimas para trocarem com os Cenobitas.

    Deserto do Ao

    O Deserto de Ao uma rea estril. A nica cosia que existe l o metal em formas variadas. So correntes, p, armas, pedaos de construes, torres. No se produz nada nessa rea. H apenas criaturas que ali caminham para procurar metais preciosos e us-los para os fins mais variados. Alguns eremitas, sentindo um prazer obsceno na solido e se torturando com anzis e se cortando com lminas enferrujadas, vivem nas torres dessa rea desolada. Olham para o cu cinzento, depois para o horizonte montono, e esperam que o nada finalmente os alcance. Vrios deles so sbios que fugiram de suas terras devido aos conhecimentos depravados que adquiriram ou por terem cado em descrdito devido aos vcios nos prazeres. Muitos so visitados e procurados para se conseguir informaes.

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  • 22 Metrpolis

    Floresta de Espinhos

    As rvores da floresta de espinhos so uma mistura de vrias espcies da Terra sem dar ateno ao clima ou ao solo. H pinheiros ao lado de palmeiras. A peculiaridade delas que todas possuem espinhos afiados. Diversas espcies so venenosas e podem matar apenas com um arranho. O nico caminho seguro para se passar pela floresta pela estrada, mas ela tomada pelos Cenobitas que cobram diversos pedgios. Atacar um ou outro no implica na inimizade do prximo, mas pode alterar as negociaes, tornando a cobrana cada vez mais cara. H monstros vivendo nas florestas e fugir deles quase sempre fatal, afinal a vtima tende a se descuidar e acaba flagelada pelos espinhos, sangrando at a morte ou caindo envenenada. Algumas das criaturas so caadas para terem suas partes extradas e inseridas em corpos de humanos, anjos ou Guardies.

    Esgoto

    Os Esgotos de Metrpolis no so apenas uma fronteira, mas uma srie de galerias onde vivem Cenobitas, humanos, vtimas de experimentos, monstros e escondem criaturas cujos planos ainda so desconhecidos. As galerias esto quase sempre vazias, mas escondem toda essa populao, talvez pelo menos duas raas de seres malignos e lugares onde so praticados atos que devem ser escondidos at mesmo dos lderes da cidade. A maior parte do Esgoto composta de grandes tneis de pedra ou ao por onde corre uma gua suja, sempre cheia de metal enferrujado, restos de corpos ou zumbis que caminham sorrateiramente. Como quase tudo nessa cidade pervertida, h pontos em que o metal se transforma em matria viva. Um viajante pode se ver andando em um tnel de metal e, de repente, pisar em uma massa mida onde corre sangue espesso e rubro.

    Labirinto do Tempo

    Uma das piores maneiras de se entrar em Metrpolis atravessando o Labirinto do Tempo. No s por causa dos Cenobitas enloquecidos, to vis que foram expulsos de Metrpolis para morar ali. No s por causa das criaturas doentias que vagam pelo lugar para rasgarem a pele dos viajantes e vestirem-nas. Aqui o tempo perde toda a lgica. Conforme o local, passa como um raio ou lento como uma lesma. Todas as reaes so alteradas. s vezes, um humano se v como uma criana de novo ou um anjo perde seus poderes e volta ser uma alma recm-transformada. As pessoas envelhecem e morrem no labirinto antes de alcanarem Metrpolis. Outras ficam perdidas e se vem em cantos onde sua vida repassada, sem contar os locais em que todas as aes so repetidas continuamente at a vtima ser libertada. Certos combates ou atos sexuais so repetidos e a dor e o prazer acontecem tantas vezes que a mente se desfaz e tudo o que importa depois a ao. Existem guias para se passar pelo labirinto, mas nem todos so confiveis. A maioria de Cenobitas que querem de alguma forma voltar a Metrpolis e cobraro favores por isso. Engan-los difcil, mas aqueles que conseguem ao menos no perdem muito para alcanarem seus planos.

    Mar Podre

    As ondas do Mar Podre so mansas e pequenas. Quase no existe violncia no meio dessas guas apodrecidas e ftidas que mais se parecem com matria orgnica liquefeita. Um viajante que caia nelas tende a morrer por envenenamento e no por afogamento. Seu corpo consumido pelo mar, tornando-se parte das guas ou devorado por uma das criaturas que nadam nas profundezas e surgem apenas para atacar os navios paradisianos que rumam para o Porto. As pequenas ilhas servem como portos menores para descanso ou como bases para Cenobitas que pesquisam o mar, ansiosos para as revelaes das profundezas. Alguns fazem

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    experimentos com as criaturas ou tentam entender de onde surgiram.

    Savana dos Devorados

    Entre a Floresta dos Espinhos e o Abismo Atento est a Savana dos Devorados. O nome se deve pequena semelhana com as savanas africanas e s dezenas de corpos semi-devorados espalhados. Dezenas de feras, quase todas grandes felinos, esto espalhadas pela Savana, devorando todas as formas corruptas que pretendem entrar ou sair de Metrpolis. Muitos anjos, Einherjar e Valkrias se escondem aqui ou usam a savana como posto avanado para alcanar Metrpolis, mas mesmo eles precisam tomar cuidado com as feras. A vegetao composta de gramneas com at meio metro de altura ou rvores pequenas. Tem pequenos rios de guas cristalinas, mas alguns j esto poludos pelos esgotos de Metrpolis. Nas reas prximas a eles, a grama assume um aspecto acinzentado e metlico e vivem criaturas modificadas pelos Cenobitas e Guardies.

    Vale da Carne

    A passagem pelo Vale da Carne feita por caminhos similares a intestinos. Anda-se por uma espcie de organismo vivo, jogado ali h tanto tempo que no se sabe mais do que se trata. As criaturas que caminham por l so meras projees desse ser, como pedaos dele que vivem para proteger o local e destruir e digerir tudo o que se move. O vale um monte de rgos e msculos expostos ao sol. O cheiro de sangue, fezes e bile nauseante, quase impedindo a respirao. Os Cenobitas no caminham pelo Vale da Carne e at comentam que seus inimigos s vezes vm de l. Os registros sobre o lugar falam de um servo divino derrotado pelas criaturas mais poderosas de Metrpolis e que agora tenta se regenerar para voltar ao combate. Acontece que os Guardies esto sempre caminhando pelos pedaos de carne e cortando e rompendo as ligaes para evitar que a criatura se reforme.

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  • 24 Metrpolis

    Os Bairros

    Quase no se v pessoas andando por Metrpolis. Tudo o que existe nessa cidade imensa est escondido. Ouve-se gritos e gemidos frequentemente, mas quase nada se move pelas ruas. Mesmo os bairros mais populosos so quase sempre constitudos de ruas amplas e escuras em que quase ningum anda. A sensao de desolao est por toda parte. No se sente a presena de nada vivo, a no ser de algo poderoso chamado para o Fosso. Caminha-se por ruas grandes ou becos curtos e a primeira sensao ao se cruzar com algum a do medo mais profundo. Um aviso de perigo bombardeia o terror pelo corpo e pede a fuga imediata. Quem no foge, assume um ar de desconfiana ou agressividade quase instantnea. Os movimentos que se v nos prdios causam parania e verific-los quase intil. Quando se consegue passar por uma porta (ou encontr-la) nem sempre se cai no prdio correspondente, devido a alguns problemas srios do encaixe de tempo e espao. Entrar na moradia de outra pessoa ainda pior. Um dos sinais de Metrpolis que se algum entra na casa de outro por livre e espontnea vontade est merc de tudo o que o anfitrio tem a oferecer.

    Bazar

    Os Cenobitas nunca tiveram uma necessidade de espalhar abertamente os servios de sua cidade, no entanto, Metrpolis atraiu, de alguma maneira, diversas criaturas do Orbe para tratarem de comrcio. O Bazar foi um dos bairros criados para atender aqueles que chegassem por portais para comprarem e no precisassem comparecer ao Porto, onde as negociaes incluem quantidades maiores de mercadoria. O Bazar formado por diversas ruas onde todos os prdios so baixos, com no maiores que seis andares. To destrudos ou decadentes quanto o restante de Metrpolis, aqui se soma a exposio de mercadorias, desde carne e sangue aos corpos ainda vivos

    daqueles que se vendem ao prazer. Apesar dessa propaganda, no entanto, o Bazar no um local cheio de movimento. Como toda a cidade, nota-se as pessoas com discrio. Ouve-se os gritos dentro de uma casa, dando noo do que existe l dentro, v o reflexo de uma beldade atravs de uma vitrine embaada. Mais adiante, aps andar por uma rua solitria, encontra-se um corpo trespassado por lanas ou uma vtima de tortura pregada ao cho, demonstrando que no prdio adiante se vende armas ou mecanismos de tortura.

    Os transeuntes andam com cuidado e so sempre orientados a conversarem pouco. As trocas de palavras aqui so cuidadosas. Sem querer, durante uma conversa, pode-se contratar um servio ao se falar demais, usar uma ironia que ser levada a srio. Alguns Cenobitas caminham pelas ruas e a viso rara dos mesmos tende a causar pnico. Eles tendem a considerar que os visitantes esto dispostos a experimentar todos os prazeres de Metrpolis e, portanto, devem aceitar quaisquer servios. O Bazar , tambm, um local para visitantes. aqui que eles podem permanecer mais tempo, segundo sua prpria conta e risco. Existem estalagens, hotis e spas mrbidos para que criaturas de qualquer parte do universo possam descansar e conhecer mais de Metrpolis.

    Poltica

    O Bazar rigidamente controlado pelos Guardies. Esses anjos deformados andam invisveis entre os compradores e cuidam para que no incomodem uns aos outros ou no atendam aos pedidos de ajuda. Aqui, pedidos de socorro so considerados distrbios desesperados de uma parte da alma que quer impedir a liberao total dos desejos. Eles no devem ser ouvidos. Os vendedores so quase sempre Cenobitas ou subordinados a eles. Alguns seres de outros mundos ou cidades se fixam aqui para distriburem suas mercadorias, no entanto difcil permanecerem sem uma proteo de um dos nativos. A contrao de dvidas e a necessidade de manter os Guardies sob

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  • 25Captulo 3 - A cidade Torpe

    controle acaba os colocando em dbito com os Cenobitas. Mesmo assim, eles ainda preferem permanecer em Metrpolis, devido ao lucro.

    Aougue das Finas Refeies

    O plano astral est repleto de seres com paladares exticos e diversos deles dependem de carnes especiais para sobreviverem. Alguns querem carne humana, outros carne de anjos e h at quem procure por carcaas de demnios. Quem no quer caar, pode procurar em Metrpolis pelo Aougue das Finas Refeies, um pequeno estabelecimento em que o dono, o Cenobita Meho o Fatiador, recebe os fregueses de braos abertos e d pequenas amostras as especiarias que vende. Ele tambm trata com grupos de aventureiros que queiram viajar pelos planos para trazer espcimes vivos para serem fatiados e terem suas carnes vendidas. O aougue uma loja pequena com pedaos de carne pendurados na porta. Muitas vezes a carne est ainda conectada s cabeas das vtimas para que a espcie seja melhor identificada. Meho tambm consegue manter algumas vtimas esfoladas ainda vivas para que o sabor no seja perdido. Dentro da loja, os gritos de socorro so constantes, mas param quando a magia do Cenobita transforma o desespero em um desejo fatal de ser devorado.

    Casa dos Relgios

    Faurl, Relojoeiro do Tempo Angustiado, o responsvel por um dos estabelecimentos mais incomuns de Metrpolis. Essa construo estranha parece um polgono cuja quantidade de lados, e o tamanho dos mesmos, varia conforme o dia. Em cada uma dessas faces se encontra um grande relgio que marca o horrio em um ponto do universo, em um ponto da histria. De acordo com os mesmos, consegue-se se ajustar encontros durante viagens no tempo, viagens dimensionais ou at mesmo entre as andanas dentro de Metrpolis. preciso apenas encontrar o relgio certo. Faurl no o dono da casa. Ele apenas cuida do funcionamento dos relgios,

    consertando os mesmos e fornecendo a energia para o funcionamento de cada um. Certos mundos precisam ter as horas computadas s custas de dor, de almas ou de sangue. Segundo histrias pouco contadas, ele tem alguns relgios perdidos no poro. So os que do mais trabalho para cuidar, pois cuidam do tempo que no existe mais, marcando datas de mundos que deixaram de existir. Mais horripilante ainda o Relgio do Fim do Mundo, construdo a partir de ossos e carne de Leviat para marcar o tempo de den. O Cenobita tambm tem um pequeno comrcio. Ele vende relgios inusitados que marcam a hora em que o corao de algum se partir, em que as crianas choraro, em que ossos se partiro. As horas nos mesmos so na verdade intervalos em que ocorrero esses eventos. De acordo com a oferta, ele pode construir relgios especficos, mas que costumam ser sempre caros.

    Praa dos Mortos

    Existem diversas praas em Metrpolis, mas nenhuma como a Praa dos Mortos. Essa lembra uma daquelas reas abertas e arborizadas da Terra. Nem preciso dizer como o parquinho, os bancos ou as rvores sem encontram. O que conta mais aqui so os mortos vivos, zumbis, fantasmas e espectros que surgem para movimentar o local. Essas criaturas assumem aspectos das lembranas dos visitantes. So parentes reformados com quem se pode conversar mais uma vez. Oferecem conselhos, contam sobre seus erros e falam sobre a vida aps a morte. Quase sempre, esse consolo para aqueles que querem ver pessoas amadas de novo uma tragdia. As conversas deprimem qualquer um e tm como preo a alma ou a perda da vontade tentar deixar a praa ou sair de Metrpolis. preciso muita fora de vontade para no sair dali direto para uma das salas de tortura ou de prazer para se tentar afundar mais no sofrimento ou esquec-lo.

    Torre de Marfim

    H uma estrutura no Bazar que surge acima de todos os prdios baixos do bairro. uma

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    torre branca que quase toca o cu. Diferente de toda a cidade, totalmente limpa e livre da decadncia. A estrutura sem janelas ou portas a morada do demnio Khaelthorpe. Tendo encontrado refgio na nica cidade de Paradsia que poderia suportar a existncia de uma criatura de sua natureza, ele definiu que ali montaria sua torre e usaria como base para o comrcio de almas. Khaelthorpe no permite que ningum entre na Torre de Marfim a no ser que seja para negociao de itens valiosos ou almas. As portas s se abrem se o indivduo assinar o prprio nome no marfim para vender sua alma ou mostrar que entregar algo valioso ao demnio. Algumas vezes rostos aparecem na parede para observar os transeuntes e visitantes e podem at conversar com os mesmos em situaes mais raras. Diversas vezes, Khaelthorpe prega os invasores ou inimigos vencidos com pregos de marfim diante da torre e os deixa ali durante o tempo que resistirem antes de morrerem ou serem encontrados por algum Guardio ou Cenobita mais afoito.

    Bairro da F

    Metrpolis tem um apreo especial por religies. A cidade nunca deixou transparecer se quis criar a sua, mas sempre esteve disposta a ser um centro religioso onde se pudesse encontrar templos de qualquer religio ou divindade ou criatura que quisesse se tornar uma divindade. do entendimento dos Cenobitas que os indivduos sentem prazer nas experincias religiosas, seja na unio, na f, no sofrimento que elas impem ou na sensao de culpa em que se aprofundam. As criaturas tambm amam serem louvadas ou assumirem cargos de importncia que lhes permitam especular sobre as verdades do universo e definir o que deve ser levado a srio e o que mentira. O Bairro da F est aberto a tudo isso. Encontram-se templos catlicos, protestantes, muulmanos, judeus, budistas e at clareiras para se louvarem deuses celtas. Os transeuntes andam de cabea baixa, com medo de seus deuses e sacerdotes ou olhando para cima,

    nunca enxergando os outros, j que, nesses casos, se consideram deuses ou sacerdotes. Quase todas as almas so penitentes e se entregam ao prazer da f. Encontram satisfao em apontar os erros do prximo, em julgar, em orar em conjunto, em se auto-flagelar em nome de uma divindade, em sacrificar plantas, animais, riquezas ou o prprio corpo. As casas dos residentes so construdas ao lado dos templos, quando eles no vivem como mendigos jogados prximos s portas desses e esperando serem agraciados pela divindade. ntido o prazer nos rostos quando se unem para lutar contra outra f e esmagar qualquer criatura enquanto julgam satisfazer uma divindade.

    Poltica: No existe uma liderana declarada no bairro da f, apesar de os seguidores de Demiurgo terem uma proeminncia assustadora. Sixtus IV, o Papa Iluminado, guarda o mesmo nome de quando foi o lder da Igreja Catlica e agora, como Cenobita, comporta-se como o mestre do Bairro da F. A maioria dos outros lderes religiosos se submete a ele e at mesmo algumas das divindades que vivem ali. Sua maior disputa com Cernunnus, uma divindade corrompida que lembra muito o deus original de mesmo nome e se esbalda em orgias. O Crculo Ecumnico se rene periodicamente para resolver problemas do bairro e tratar com os Cebonitas mais poderosos de Metrpolis. Ele d acesso a todos os grandes lderes religiosos e inclusive convida embaixadores de outras cidades de Paradsia ou at de organizaes da Terra para discutirem sobre a satisfao de verem as religies unidas ou se massacrando. A hipocrisia impera nessas reunies e negociaes so feitas, onde se vende desde o corpo at a alma (do prximo, geralmente). Sixtus IV se impe sobre o Crculo e j escravizou alguns oponentes, mantendo-os em sua Catedral. Ele aceita a liberdade dos outros desde que no atrapalhem suas negociaes ou dos filhos que trouxe da Terra e tambm transformou em Cenobitas.

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    Baslica do Senhor

    Essa catedral gtica foi construda no centro do Bairro da F, onde havia a Praa da Crucificao. Desde que essa foi movida, a construo em homenagem a Demiurgo tomou conta e pode ser vista de qualquer parte do bairro. Tem nove torres imensas, mas na maior deles que o Papa Iluminado vive, observando seu territrio. A baslica acolhe anjos e magos. Alguns humanos que foram parar em Metrpolis devido a seqestros ou por puro azar geralmente recorrem ao local, considerando-o seguro para se abrigarem at entenderem o que est acontecendo. Sujeitos aos Cenobitas de Sixtus IV, essas pessoas quase sempre se tornam escravas ou so devolvidas Terra aos pedaos ou como seres enlouquecidos, geralmente fanticos religiosos que se divertem incitando o mesmo tipo de fanatismo sdico ou masoquista.

    Bosque de Cernunnus

    Cernunnus era uma divindade celta, uma das muitas que emulavam o deus da fertilidade e assumiam esse nome. Vivia na Terra e era louvado at seu culto ser tomado por um deus bastante similar. Perdendo fiis e desesperado, ele volto para Paradsia para tentar conseguir ajuda. Sem apoio do panteo celta, vagou at encontrar Metrpolis, onde fixou residncia como o Deus Frtil. Comeou a batalhar imediatamente para conseguir influncia entre os Cenobitas, corrompendo-se a um ponto que seus rituais nada lembravam a fertilidade, mas apenas orgias disparatadas. O Bosque similar uma floresta temperada, em que animais como ursos, coelhos, lobos e cervos so a caa. H pequenas cabanas onde habitam alguns humanos, mas so difceis de serem encontradas. Elas aceitam bem os visitantes, mas logo os foram a se submeterem a uma das orgias em homenagem ao deus.

    Casa das Ovelhas

    Dentre as grandes perversidades de Metrpolis, o orfanato conhecido como Casa das Ovelhas, regido pelo Cenobita Palo o Reverendo, est entre as piores. Sua cabea est a prmio em vrias das cidades de Paradsia por um simples motivo. Ele abriga na Casa das Ovelhas crianas, todas vtimas de abuso na Terra. So almas a quem ele jurou defender e agora mantm como prisioneiras e vende para atender aos seus piores clientes. No s almas e crianas encarnadas, mas ele tambm vende aqui Querubins e o que mais encontrar em forma infantil. A Casa das Ovelhas est entre o que h de pior em Metrpolis e sua destruio seria altamente bem vinda por qualquer criatura cujo corao no seja totalmente negro.

    Santurio da Virgem

    A Virgem Obscura uma figura conhecida em Metrpolis. Os boatos sobre ela so imensos, principalmente pelo desejo de t-la. Ela uma Cenobita que nunca se entregou sexualmente a ningum e gera um rebulio por onde passa. Sua histria controversa. Fala-se do filho que ela concebeu em divindade antes de chegar a Metrpolis ou de quando o fez quando j estava na cidade e seu poder poltico j estava instaurado. O Santurio da Virgem foi construdo quase na fronteira com o Abismo Atento. De suas janelas amplas possvel observar o terreno adiante e, com cuidado, at mesmo perceber a ateno do abismo. um local simples com uma gruta no meio do centro de oraes e imagens da histria da Virgem, muitas associadas ao cristianismo. Uma manjedoura descansa no centro, sem que se saiba se uma relquia ou somente um bero que aguarda o verdadeiro filho dela. No existe a procura por sexo no Santurio, mas o desejo paira no ar. Os olhares so obscenos e so tratados com espancamento e represso verbal. As pessoas procuram esse lugar para se reprimirem e se satisfazerem por esquecerem o instinto animal.

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  • Metrpolis28

    Vale das Virgens

    O fetiche por virgens uma nsia comum em todos os pantees. Elas so procuradas avidamente por servos divinos e at por deuses. Caractersticas especiais como marcas de nascena e cor dos cabelos podem aumentar o preo das mesmas. Um grupo especial de Cenobitas guerreiros reuniu diversas delas para sua satisfao. A maioria deles morreu em nome da f na Terra e agora se diverte desvirginando humanas seqestradas, Valkrias ou anjos em forma feminina. Elas so escravizadas aqui e, as que no so utilizadas pelos Cenobitas, so vendidas ou dadas como prmio a quem serviu Metrpolis. O Vale das Virgens um santurio coberto de grama escura em que pequenas clareiras ou construes simples so usadas pelos Cenobitas para receberem aqueles merecedores dessas mulheres. Todos so bem tratados desde que tenham o valor de guerreiros ou paguem bem para estarem nesse cu.

    Cidadelas do Luxo

    O bairro politicamente mais importante de Metrpolis formado pelas Cidadelas do Luxo. So grandes vilas, castelos, arranha-cus e torres aglomeradas, algumas vezes em posies incongruentes como na diagonal ou criadas a partir de um buraco no cho. Andar pelas cidadelas sempre traz a noo de que os prdios iro desabar sobre o transeunte e que h um poder por trs que manipula seu caminho. Diferente da sensao de que existe algo maior como no Bairro da F, sente-se aqui a sensao de estar sendo enganado, de se querer mais ou de procurar por um sentido perdido nas construes. As ruas so todas pavimentadas com ouro, prata ou mrmore, porm nada brilho. Tudo est sujo e mal cuidado. Qualquer metal tem incio de ferrugem e parece fosco. Restos de comida e lixo esto espalhados em alguns cantos. Vez por outra, um cadver est estendido na rua, um corpo exaurido de tanto

    caminhar pela Cidadela e se perder no labirinto de construes ou por ter sido usado at a destruio pelos Cenobitas. Quase no h luz perto das cidadelas. Olhar para o cu difcil, pois os prdios so to altos que geram vertigem e esto to inclinados que quase cobrem a viso. Cada vez que se anda sente-se um medo maior dos espaos abertos. possvel encontrar algumas pessoas nas ruas. Na maioria das vezes so pequenos grupos que se acumulam debaixo de um prdio esperando por sua vez de se juntarem aos senhores do luxo que vivem nas cidadelas. Eles sabem que sempre que um deles morre, o primeiro a ocupar o lugar pode se tornar o senhor. Isso gera grandes disputas em Metrpolis, causando conflitos que algumas vezes levam outros senhores a entrarem na batalha. Pequenas partes do bairro j foram destrudas por causa disso e os corpos dos mortos s vezes ainda ficam l ou vagam como mortos-vivos. Como quase nada em Metrpolis reconstrudo, essas cidadelas possuem tesouros expostos e podem servir de abrigo para diversas criaturas.

    Poltica

    Os moradores das cidadelas so chamados Senhores do Luxo. De alguma forma, conseguiram fortuna no mundo espiritual. a partir dos bens materiais ou daquilo que consideram objetos (como almas) que sentem prazer. Eles querem comprar pessoas, emoes e aumentar seus recursos. Usam-nos para subornar, corromper e levar o prazer da cidade para outros lugares. A maioria dos grandes negociantes de Metrpolis vive nas cidadelas e luta ardentemente para mant-las. So tubares que se devoram e buscam novas vtimas, atraindo-as com todo o luxo que tm disponvel. Os recursos das cidadelas so amplamente utilizados nas negociaes de Metrpolis, para atrair aventureiros, pagar mercenrios ou simplesmente fornecer para alguma criatura um gosto do prazer e ensin-la a abandonar certos aspectos do pensamento.

  • 29Captulo 3 - A cidade Torpe

    O preo de se trabalhar com as Cidadelas do Luxo se tornar escravo do vcio. No que a vtima seja um servo direto de um dos Senhores, mas torna-se escrava de si mesma, da carne, das sensaes, sem a oportunidade de outras evolues espirituais que no envolvam a decadncia mortal e fsica de Metrpolis. Ento ela entra no crculo vicioso, como uma serva que vai e volta para as cidadelas, mendigando para os Senhores do Luxo e depois voltando para a vida miservel, para uma falsidade que no agenta mais ou para destruir os valores de onde vivia. Os Cenobitas da Cidadela so bastante divididos quanto origem. at estranho o modo como atuam. Aqueles originrios de humanos combatem aqueles vindos dos Guardies. Esses seres disputam sobre tudo e renem em pequenos Grmios para tentar reunir ainda mais recursos e destruir outros grupos. Quando vencem seus inimigos, acabam destruindo a si mesmos pouco depois. No existe um lder nas Cidadelas do Luxo. impossvel que algo como isso aparea aqui, pois faria todos os Grmios se unirem para destrurem tal pretendente. Existem sim foras maiores que formam centros de influncia e sobrevivem h sculos submetendo outros Cenobitas e evitando os ataques. Grande parte da fora de uma dessas criaturas est nas cidadelas. Os prdios esto ligados fora vital do dono. Atravs disso, o Senhor pode sentir tudo o que se passa dentro dele. Criaturas mais poderosas vivem bem com isso e podem at deixar essas moradas. As mais fracas sucumbem e nunca podem deixar as construes, vivendo atravs delas e esperando que as vtimas surjam.

    Arranha-Cu dos Espinhos

    A criatura que vive nesse Aranha-Cu j foi um anjo Nimbus. RerafTeniel era um poltico influente na Cidade de Prata, conhecedor de magia e viciado nos jogos polticos. Seu entendimento das verdades, mentiras e vcios alheios eram tantos que foi enviado a Metrpolis como embaixador. Negociou com os Cenobitas das Cidadelas do Luxo, andou pelo Bairro da F e pelas Torres do Fosso. E foi de uma delas

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    que saltou para o Abismo sem avisar o motivo. Voltou dois sculos depois, no se sabe como e muito menos o que fez durante esse tempo. Em seu ressurgimento, RerafTeniel caminhou para as Cidadelas do Luxo e encontrou o Arranha-Cu dos Espinhos. Entrou na construo e tomou posse do lugar. O prdio to grande que toca as nuvens negras. Suas paredes so cobertas por trepadeiras espinhentas. No salo de entrada h um humano crucificado deliciando-se com o prazer de imitar Christos em seu sofrimento. No h ningum a espera no saguo sujo e os elevadores parecem sempre disponveis, com as portas abertas no meio da penumbra. Existem muitas salas com arquivos, a maioria deles semi-destrudos, mas muitos com informaes relevantes sobre cidades de Paradsia, Montanhas do Abismo, vales espirituais ou fichas de indivduos que vo desde importantes a desconhecidos. Os arquivos j estavam l antes de RerafTeniel ocupar o edifcio. No se sabe quem os fez ou o motivo, mas de assustar como algumas informaes so precisas e h aquelas que at prevem nascimentos de algumas criaturas e suas mortes. Outros so s boatos sujos e mentirosos que se tornam verdade na cabea do leitor. Os andares do prdio esto quase todos vazios, mas alguns possuem escritores de Cenobitas que trabalham para RerafTeniel. Sua principal funo lidar com contratos e negociaes para adquirir servos terrenos para Metrpolis. O Nimbus corrompido pretende iniciar pequenos centros de culto na Terra endividando as pessoas e as tornando dependentes dos prazeres e vcios da cidade. E o modo de corromp-las mostrando a riqueza que Metrpolis possui, mas a decadncia ligada a isso. Quer passar a lio do quanto a glria vista no se equipara ao fosso espiritual que se oculta.

    Castelo de Ao

    A primeira imagem que aparece na mente quando se fala castelo a de uma construo medieval. Ela pouco tem a ver com o Castelo de Ao. Apesar de estar prximo de outros

    prdios similares aos medievais, esse castelo uma estrutura feita inteiramente em metal com muros altos repletos de cacos de vidro. Atrs deles h um buraco conectado diretamente aos esgotos e, flutuando no meio desses, uma grande esfera de onde surgem quatro torres. S possvel chegar a ela atravs de uma ponte cuja parte superior est coberta por vidro e ao derretido. O Castelo dominado por Rontrakius, o Drago, um Cenobita antigo, sado diretamente da carne de Leviat. Ele acumula ouro, prata, armas e coraes de criaturas importantes de Paradsia h vrios sculos. Dorme sobre toda essa riqueza, despertando apenas para sair de Metrpolis e se alimentar. Tem a forma de um humano com olhos de lagarto e escamas de ao saindo da pele negra. Suas asas possuem misturas de partes metlicas e de carne, enquanto as mos so garras imensas. Rontrakius possui servos que ajudam a coletar coraes de heris e seus principais tesouros e est disposto a negociar os itens que consegue, apesar de que na maioria das vezes coloca o outro negociante no prejuzo. Se no o faz, torna-se inimigo dele pelo restante da existncia. Mesmo sabendo disso, as pessoas ainda negociam com o Drago, pois o valor do tesouro sobre o qual ele dorme grande demais para no ser cobiado.

    Cpula

    A Cpula est localizada entre vrios prdios modernos, alguns at j cados sobre ela. Segundo as histrias, surgiu como uma esfera completa que caiu em meio s cidadelas e ali ficou. Portas se abriram permitindo aos Cenobitas usarem seu interior como centro de reunies para os Grmios ou para grandes discusses sobre o bairro ou at a cidade. Convenes com criaturas de outras localidades de Paradsia j foram feitas nessa estrutura. O interior aparece como um teatro grego ou como uma cmara de reunies moderna. repleto de Cismas, de um modo que s vezes rouba indivduos que aparecem sozinho em parlamentos, senados ou assemblias de governos da Terra. As distores temporais e espaciais permitem que vrias reunies se


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