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MODELAGEM DE TERRENOS NATURAIS ATRAVES DE MALHAS DE ... · MODELAGEM DE TERRENOS NATURAIS ATRAVES...

Date post: 13-Nov-2018
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MODELAGEM DE TERRENOS NATURAIS ATRAV ´ ES DE MALHAS DE TRI ˆ ANGULOS Anderson Sangreman * , Gustavo Freitas * , Ramon R. Costa * * Programa de Engenharia El´ etrica, COPPE/UFRJ Emails: [email protected], [email protected], [email protected] Abstract— In this paper we present a method for modeling natural terrain covered by vegetation. The model construction is made from triangulation of a 3D point cloud, in this case obtained by a laser, producing a 2 D surface. Tests performed in natural terrain illustrate the performance of the method. The obtained maps represent the terrain profile in detail according to the defined resolution, which should be chosen taking into account a tradeoff between level of detail and computational processing power required. Keywords— Digital Terrain Modeling (DTM), Delaunay Triangulation, Field Robotics Resumo— Nesse trabalho ´ e apresentado um m´ etodo de modelagem de terrenos naturais cobertos por vegeta- ¸c˜ ao. A constru¸c˜ao do modelo´ e feita a partir da triangula¸c˜ao de uma nuvem de pontos 3D, neste caso obtidos por um laser, gerando uma superf´ ıcie 2 D. Testes realizados em um ambiente natural ilustram o funcionamento do etodo proposto atrav´ es dos resultados obtidos. Os mapas gerados representam o terreno com detalhes, de acordo com a resolu¸c˜ao definida, que deve ser escolhida levando em conta o compromisso entre n´ ıvel de detalhamento e processamento computacional exigido. Palavras-chave— Modelagem Digital de Terreno (MDT), Triangula¸c˜ ao de Delaunay, Rob´otica de Campo 1 Introdu¸ ao A modelagem de um terreno ´ e uma forma de repre- sentar a distribui¸ ao da eleva¸ ao da sua superf´ ıcie (Plagemann et al., 2009), representando infinitos pon- tos por um modelo finito. Essa modelagem ´ e crucial em ´ areas como enge- nharias cartogr´ afica, civil, ambiental e militar, forne- cendo informa¸ oes indispens´ aveis para, por exemplo, viabilizar o planejamento urbano (projetos de constru- ¸ ao de estradas, t´ uneis, barragens e dimensionamento dos respectivos deslocamentos de terras), extra¸ ao de curvas de n´ ıveis e redes de drenagem, estudos de im- pacto ambiental como o c´ alculo de ´ areas alagadas na constru¸ c˜aodehidroel´ etricas (M. A. Piteri, 2007), pes- quisas geol´ ogicas, treinamentos em simula¸c˜ oes de voo e rob´ otica m´ ovel. Para mais aplica¸c˜ oes, ver (Barbosa et al., 2003). Terrenos naturais (em inglˆ es tamb´ em denomina- dos outdoor ) podem apresentar parte da superf´ ıcie co- berta por vegeta¸c˜ ao, pedras e outros obst´ aculos. Es- tes terrenos tendem a compor superf´ ıcies irregulares, cujarepresenta¸c˜ ao atrav´ es de figuras geom´ etricas b´ a- sicas n˜ ao ´ e trivial. Nestes casos a modelagem se torna complexa e outros problemas surgem ` a tona, como ca- pacidade de mem´ oria e processamento computacional. A representa¸ ao de terrenos e a constru¸ ao de ma- pas s˜ ao tarefas centrais na rob´ otica m´ ovel, e podem ser utilizadas para planejamento e simula¸ ao de trajet´ o- ria, identifica¸ ao de pontos de contato, an´ alise de esta- bilidade, entre outras. Estas tarefas requerem especial aten¸ ao no caso de opera¸c˜ oes em ambientes naturais (Hamner et al., 2008), lidando com riscos de tomba- mento causado pela estrutura irregular do terreno e colis˜ ao com objetos oclusos por vegeta¸c˜ ao. Para operar de maneira autˆ onoma em terrenos naturais, o robˆ o necessita de uma representa¸ ao do meio de opera¸ ao. Um exemplo ´ e apresentado em (Batavia et al., 2002), onde uma estrat´ egia para na- vega¸ ao autˆ onoma em ambientes outdoor ´ e proposta com base no modelo do ambiente previamente cons- tru´ ıdo. Al´ em disso, quanto maior for a velocidade do ve´ ıculo, mais precisa deve ser a representa¸ ao do ter- reno (Broten and Collier, 2006). Um sensor usualmente utilizado para perceber o ambiente ´ eo laser range finder, que apresenta uma boa raz˜ao entre eficiˆ encia e custo com respeito a ou- tros sensores. Al´ em do laser, merecem destaque outros dispositivos de instrumenta¸ ao: sensores de ultrassom e cˆ ameras. O sensor de ultrassom possui baixo custo; por´ em seu alcance, tempo de resposta e precis˜ ao s˜ ao consideravelmente inferiores ao laser. a a cˆ amera ´ e um sensor passivo, e suas medidas s˜ ao altamente sen- ıveis a varia¸ oes na ilumina¸ ao do ambiente. Al´ em disso, o processamento de imagens pode exigir alta capacidade computacional. O laser pode ser empregado para varrer um deter- minado terreno e assim gerar uma nuvem de pontos no espa¸co tridimensional. A representa¸ ao do terreno por pontos desconexos dificulta a visualiza¸ ao da superf´ ı- cie percorrida, e n˜ ao oferece nenhuma informa¸ ao adi- cional de natureza topol´ ogica (incidˆ encia, adjacˆ encia, conectividade), propriedades de natureza geom´ etrica (declividade e orienta¸ ao do terreno) e outras caracte- ısticas que auxiliam nas diferentes aplica¸c˜ oes de um modelo. Dessa forma, deve ser realizada algum tipo de aproxima¸ ao permitindo a cria¸c˜ ao de uma superf´ ıcie cont´ ınua no espa¸ co 3D. Uma solu¸ c˜ao comum para a representa¸ ao de ter- renos naturais ´ eo2 D grid map (Broten and Col- lier, 2006; Hebert and Krotkov, 1993). Um mapa 2 D pode ser gerado pela regra de forma¸ ao z = f (x, y), onde z ´ e a eleva¸ c˜aodoterreno. Representa¸ oes de ter- renos atrav´ es de mapas 2 D s˜ ao denominadas de Mo- delo Digital de Terreno (MDT), Mapa de Eleva¸ ao Di- gital ou simplesmente Mapa de Terreno. Uma an´ alise mais completa dos m´ etodos usados para a modelagem de terrenos ´ e apresentada em (Hugentobler, 2004). No caso da rob´ otica m´ ovel, a forma¸ c˜ao de uma superf´ ıcie cont´ ınua a partir da nuvem de pontos 3D
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MODELAGEM DE TERRENOS NATURAIS ATRAVES DE MALHAS DETRIANGULOS

Anderson Sangreman∗, Gustavo Freitas∗, Ramon R. Costa∗

∗Programa de Engenharia Eletrica, COPPE/UFRJ

Emails: [email protected], [email protected], [email protected]

Abstract— In this paper we present a method for modeling natural terrain covered by vegetation. The modelconstruction is made from triangulation of a 3D point cloud, in this case obtained by a laser, producing a 2 ½D surface. Tests performed in natural terrain illustrate the performance of the method. The obtained mapsrepresent the terrain profile in detail according to the defined resolution, which should be chosen taking intoaccount a tradeoff between level of detail and computational processing power required.

Keywords— Digital Terrain Modeling (DTM), Delaunay Triangulation, Field Robotics

Resumo— Nesse trabalho e apresentado um metodo de modelagem de terrenos naturais cobertos por vegeta-cao. A construcao do modelo e feita a partir da triangulacao de uma nuvem de pontos 3D, neste caso obtidos porum laser, gerando uma superfıcie 2 ½ D. Testes realizados em um ambiente natural ilustram o funcionamento dometodo proposto atraves dos resultados obtidos. Os mapas gerados representam o terreno com detalhes, de acordocom a resolucao definida, que deve ser escolhida levando em conta o compromisso entre nıvel de detalhamento eprocessamento computacional exigido.

Palavras-chave— Modelagem Digital de Terreno (MDT), Triangulacao de Delaunay, Robotica de Campo

1 Introducao

A modelagem de um terreno e uma forma de repre-sentar a distribuicao da elevacao da sua superfıcie(Plagemann et al., 2009), representando infinitos pon-tos por um modelo finito.

Essa modelagem e crucial em areas como enge-nharias cartografica, civil, ambiental e militar, forne-cendo informacoes indispensaveis para, por exemplo,viabilizar o planejamento urbano (projetos de constru-cao de estradas, tuneis, barragens e dimensionamentodos respectivos deslocamentos de terras), extracao decurvas de nıveis e redes de drenagem, estudos de im-pacto ambiental como o calculo de areas alagadas naconstrucao de hidroeletricas (M. A. Piteri, 2007), pes-quisas geologicas, treinamentos em simulacoes de vooe robotica movel. Para mais aplicacoes, ver (Barbosaet al., 2003).

Terrenos naturais (em ingles tambem denomina-dos outdoor) podem apresentar parte da superfıcie co-berta por vegetacao, pedras e outros obstaculos. Es-tes terrenos tendem a compor superfıcies irregulares,cuja representacao atraves de figuras geometricas ba-sicas nao e trivial. Nestes casos a modelagem se tornacomplexa e outros problemas surgem a tona, como ca-pacidade de memoria e processamento computacional.

A representacao de terrenos e a construcao de ma-pas sao tarefas centrais na robotica movel, e podem serutilizadas para planejamento e simulacao de trajeto-ria, identificacao de pontos de contato, analise de esta-bilidade, entre outras. Estas tarefas requerem especialatencao no caso de operacoes em ambientes naturais(Hamner et al., 2008), lidando com riscos de tomba-mento causado pela estrutura irregular do terreno ecolisao com objetos oclusos por vegetacao.

Para operar de maneira autonoma em terrenosnaturais, o robo necessita de uma representacao domeio de operacao. Um exemplo e apresentado em(Batavia et al., 2002), onde uma estrategia para na-vegacao autonoma em ambientes outdoor e proposta

com base no modelo do ambiente previamente cons-truıdo. Alem disso, quanto maior for a velocidade doveıculo, mais precisa deve ser a representacao do ter-reno (Broten and Collier, 2006).

Um sensor usualmente utilizado para perceber oambiente e o laser range finder, que apresenta umaboa razao entre eficiencia e custo com respeito a ou-tros sensores. Alem do laser, merecem destaque outrosdispositivos de instrumentacao: sensores de ultrassome cameras. O sensor de ultrassom possui baixo custo;porem seu alcance, tempo de resposta e precisao saoconsideravelmente inferiores ao laser. Ja a camera eum sensor passivo, e suas medidas sao altamente sen-sıveis a variacoes na iluminacao do ambiente. Alemdisso, o processamento de imagens pode exigir altacapacidade computacional.

O laser pode ser empregado para varrer um deter-minado terreno e assim gerar uma nuvem de pontos noespaco tridimensional. A representacao do terreno porpontos desconexos dificulta a visualizacao da superfı-cie percorrida, e nao oferece nenhuma informacao adi-cional de natureza topologica (incidencia, adjacencia,conectividade), propriedades de natureza geometrica(declividade e orientacao do terreno) e outras caracte-rısticas que auxiliam nas diferentes aplicacoes de ummodelo. Dessa forma, deve ser realizada algum tipo deaproximacao permitindo a criacao de uma superfıciecontınua no espaco 3D.

Uma solucao comum para a representacao de ter-renos naturais e o 2 ½ D grid map (Broten and Col-lier, 2006; Hebert and Krotkov, 1993). Um mapa 2 ½

D pode ser gerado pela regra de formacao z = f(x, y),onde z e a elevacao do terreno. Representacoes de ter-renos atraves de mapas 2 ½ D sao denominadas de Mo-delo Digital de Terreno (MDT), Mapa de Elevacao Di-gital ou simplesmente Mapa de Terreno. Uma analisemais completa dos metodos usados para a modelagemde terrenos e apresentada em (Hugentobler, 2004).

No caso da robotica movel, a formacao de umasuperfıcie contınua a partir da nuvem de pontos 3D

apresenta diversas funcionalidades. A superfıcie podeser empregada na identificacao de pontos de contatoentre as rodas do robo e o terreno, permitindo a analisede estabilidade do mesmo. O modelo tambem e utilem tomadas de decisao relativas a navegacao, evitandoregioes com presenca de vegetacao densa, ou aindaidentificando objetos que se destacam no ambiente,por exemplo uma arvore, utilizados como referenciapara localizacao (Siegwart and Nourbakhsh, 2004).

Uma superfıcie pode ser aproximada por um con-junto de polıgonos adjacentes e, como geometrica-mente um plano pode ser definido por tres pontos,o polıgono mais usual e o triangulo. Assim, um dosmetodos mais utilizados na modelagem de terrenos apartir da amostragem de pontos e a triangulacao (Fi-gura 1).

Figura 1: Exemplo de uma superfıcie triangulada.

A criacao de uma malha de triangulos nao e umprocesso unico, e permite solucoes distintas. Uma dasformas de triangulacao mais utilizadas e a de Delau-nay, devido a sua propriedade de maximizar o me-nor angulo de cada triangulo; assim o metodo ga-rante uma malha triangular o mais equiangular possı-vel (Sibson, 1978).

O objetivo desse trabalho e apresentar uma me-todologia para modelagem de terrenos naturais combase apenas em informacoes geometricas do ambiente.Para tal, sao utilizados dados coletados por um veıculoautonomo equipado com laser range finder e sensor deposicionamento de alta precisao, percorrendo terrenosnaturais de forma a gerar uma nuvem de pontos tri-dimensional. Apos o devido tratamento dos dados, erealizada uma filtragem para excluir do modelo arbus-tos e grama alta. A modelagem e realizada atraves datriangulacao de Delaunay, gerando uma superfıcie 2½ D. Essa modelagem e atualmente implementada emum processo offline utilizando o software Matlab.

Esse artigo e organizado da seguinte maneira: nasecao 2 e apresentada uma revisao bibliografica sobremodelagem de terrenos por triangulacao de pontos,com enfase na robotica movel. Na secao 3 sao apresen-tados detalhes sobre metodo de triangulacao adotado.Na secao 4 e formulado o metodo da modelagem deterrenos utilizado e na secao 5 sao apresentados resul-tados experimentais. O artigo e concluıdo na secao 6,onde sao propostas sugestoes de trabalhos futuros.

2 Revisao Bibliografica

A reconstrucao de um terreno por triangulacao depontos nao e uma ideia recente. Malhas triangularestem sido aplicadas na modelagem de terrenos naturaispara reduzir a informacao geometrica disponıvel a suaforma mais basica, como na aerofotogrametria.

Uma vantagem em utilizar malhas triangulares e acapacidade de alterar a resolucao do modelo de acordo

com a complexidade do terreno, conforme descrito em(Bakambu et al., 2006).

A triangulacao deve ser realizada de forma a obteruma representacao mais proxima possıvel do terrenooriginal. Foi observado que triangulacoes que levama boas interpolacoes tendem a evitar triangulos lon-gos e finos (Barnhill, 1977), e por isso a tecnica deDelaunay corresponde a uma eficiente forma de repre-sentacao, dada a propriedade de maximizar o menorangulo interno dos triangulos.

Uma aplicacao do metodo e apresentada em(Wettergreen et al., 2010), onde um robo movel comlaser computa uma malha de triangulos para criar ummodelo 3D do terreno a ser percorrido (Figura 2). Asuperfıcie e obtida atraves da triangulacao de Delau-nay 2D e o modelo e utilizado para duas tarefas: pla-nejamento de trajetoria e ajuste de configuracao dorobo.

O planejamento de trajetoria e obtido empre-gando um algoritmo de minimizacao de custo; essatrajetoria e posteriormente suavizada visando a umamaior eficiencia energetica e menor tempo de percurso.No ajuste de configuracao do robo, e feita uma esti-mativa da interacao entre robo e terreno, ajustando aconfiguracao do robo para evitar o capotamento de-vido a irregularidades do terreno percorrido.

Figura 2: Robo SCARAB modelando o terreno atra-

ves da triangulacao de Delaunay (Wettergreen et al.,

2010). O robo possui um laser range finder e constroi

um modelo em tempo real.

No trabalho de (Gerbaud et al., 2004) e descritauma plataforma movel capaz de realizar simultanea-mente a exploracao e a construcao do mapa ao seuredor. O ambiente e percebido por lasers e o conjuntode pontos medidos e projetado em um plano para arealizacao da triangulacao de Delaunay 2D.

3 Triangulacao

A triangulacao de um conjunto de pontos estabeleceuma conexao entre objetos de dimensao 0 (os pontos)formando objetos de dimensao 1 e 2 (as arestas e asfaces triangulares). Dessa forma, e criada uma estru-tura topologica onde e possıvel obter informacoes uteissobre o terreno, representado aqui por uma superfıcie2 ½ D. Uma forma de garantir que a triangulacao depontos gere uma superfıcie desse tipo e realizar umatriangulacao de Delaunay 2D, utilizando as projecoesdos pontos originais em uma plano horizontal. Apos atriangulacao, as projecoes dos pontos sao elevados assuas alturas originais (Figura 3).

A triangulacao de Delaunay 2D nao garante queo triangulo obtido, quando reprojetados no espaco tri-dimensional, seja necessariamente o mais equiangularpossıvel. Ainda assim, esta variacao do metodo possuıconsideraveis vantagens em comparacao a triangula-cao tridimensional.

Figura 3: Triangulacao gerando uma superfıcie 2 ½ D.

Segundo (Rippa, 1990), a triangulacao 2D mini-miza a rugosidade do terreno resultante, independen-temente da altura dos dados. Esta pode ser uma ca-racterıstica desejada durante a interpolacao de pontos.Outras vantagens sao a simplicidade de implementa-cao, menor processamento computacional associado emaior literatura disponıvel. De fato, os trabalhos des-tacados na Secao 2 empregaram a triangulacao de De-launay 2D.

Um metodo alternativo e apresentado em (Dynet al., 1990), combinando triangulacao 2D com otimi-zacao de uma funcao de custo calculada levando emconta a altura de cada ponto. Uma abordagem seme-lhante e utilizada em (Quak and Schumaker, 1990),podendo resultar em representacoes mais realistas comrespeito a triangulacao de Delaunay no caso de super-fıcies suaves.

3.1 Propriedades da Triangulacao de Delaunay

Alem de maximizar o menor angulo interno, a trian-gulacao de Delaunay apresenta outras caracterısticasfundamentais (Lee and Schachter, 1980):

� Se tres pontos sao vertices de um mesmo trian-gulo, o cırculo que passa por esses tres pontosnao contem nenhum outro ponto em seu interior.

� Se dois pontos formam uma aresta, existe um cır-culo que passa por esses dois pontos e nao contemmais nenhum ponto.

Figura 4: Triangulacao de Delaunay de 6 pontos no

plano. Observe que o cırculo circunscrito a cada tri-

angulo nao contem nenhum outro ponto.

Essas propriedades sao utilizadas na construcaoda malha triangular (Figura 4). Triangulos e arestasque nao obedecam as caracterısticas fundamentais saochamadas de ilegais. Caso uma triangulacao possuasomente triangulos e arestas legais, trata-se de umatriangulacao de Delaunay.

A triangulacao de Delaunay nao e necessaria-mente unica. Caso no conjunto de pontos existam

quatro ou mais pontos pertencentes a um mesmo cır-culo, mais de uma triangulacao pode ser obtida. Casocontrario, a solucao e unica.

3.2 Construcao da Triangulacao de Delaunay

Um quadrilatero convexo pode ser triangulado de duasmaneiras invertendo-se a aresta interior conforme ilus-trado na Figura 5.

Figura 5: Flip de arestas em um quadrilatero.

A triangulacao apresentada a direita e obtida uti-lizando a tecnica de Delaunay. E possıvel perceberque ela maximiza o menor angulo dos triangulos. Ainversao de arestas e chamada em ingles de flip. Umaimplementacao simples da tecnica parte de uma trian-gulacao qualquer dos pontos. Em seguida realiza-se oflip de arestas ilegais ate que so existam arestas legais.Contudo, esta abordagem e pouco eficiente.

Metodos para a construcao da triangulacao de De-launay ja foram amplamente divulgados na literaturae uma grande quantidade de algoritmos para sua ob-tencao estao disponıveis. O metodo utilizado nessetrabalho para a triangulacao foi o algoritmo incremen-tal aleatorio (randomized incremental algorithm) con-forme proposto em (Guibas et al., 1992). Esse e um al-goritmo eficiente e sua implementacao e simples, comconvergencia na ordem de n log(n), sendo n o numerode pontos.

A modelagem comeca pela criacao de um primeirotriangulo auxiliar que ira englobar todos os pontos domodelo. Os pontos sao ordenados de forma aleatoriae adicionados ao triangulo auxiliar um de cada vez,gerando novos triangulos. Quando um ponto e adici-onado, primeiramente e identificado a qual trianguloele pertence. O novo ponto e ligado aos vertices dotriangulo em que esta contido, criando tres novos tri-angulos. Em seguida, e verificado se as arestas dosnovos triangulos sao legais. Em caso negativo, e rea-lizado um flip e as arestas envolvidas sao novamenteverificadas. Quando restarem apenas arestas legais, oproximo ponto e adicionado. O processo e repetido ateque nao existam mais pontos a se adicionar, quandoentao e concluıda a triangulacao.

O algoritmo implementado nesse trabalho utilizauma estrutura de armazenamento de dados do tipoarvore, conforme sugerido em (De Berg et al., 2008),composta de um elemento principal chamado raiz li-gado a outros elementos chamados de ramos. Cadaramo pode levar a outros elementos, gerando novosramos, ate que atinja um elemento que nao se rami-fica denominado de folha. Dessa forma, e armazenadoo historico de criacao dos triangulos e dos flips reali-zados, de maneira que o elemento da arvore que arma-zena cada triangulo tambem armazena um indicadorpara os triangulos que o substituıram. Para identi-ficar o triangulo que contem um determinado ponto,parte-se da raiz da estrutura proposta, indo para osnıveis seguintes ate chegar ao ultimo nıvel (folha) cor-respondente.

4 Metodologia

Este artigo propoe uma metodologia de modelagem deterreno atraves de uma nuvem de pontos tridimensio-nal. Nesta aplicacao, a nuvem de pontos foi obtida porum veıculo utilizando um sistema de posicionamentode alta precisao e um laser range finder fornecendomedicoes transversais do terreno diretamente a frentedo veıculo.

A modelagem e feita em quatro etapas (Figura 6):tratamento inicial dos dados, transformacao de coor-denadas dos pontos do laser para um referencial iner-cial, filtragem da vegetacao e triangulacao dos pontos.

Figura 6: Diagrama da metodologia proposta.

4.1 Tratamento Inicial dos Dados

O primeiro passo consiste em filtrar as medicoes obti-das pela instrumentacao embarcada, no caso um sen-sor de posicao e um laser range finder. No presentecaso, foi utilizado um sensor Applanix POS 220 LVINS/GPS que, devido a sua acuracia na medida depose, induz pouco erro de modelagem e permite dis-pensar o uso de filtros.

O principal ruıdo do sensor laser e conhecido emingles como salt and pepper (Lingemann et al., 2005),e consiste em medidas que nao acompanham a geo-metria da superfıcie local (Sotoodeh, 2006). Ruıdosdesse tipo sao causados por limites de oclusao, refle-tancia de superfıcies e multiplos caminhos de reflexao.Para eliminar tais ruıdos, foi adotada uma tecnica deidentificacao e rejeicao de outliers analoga a aplicadaem (Underwood et al., 2007).

4.2 Transformacao Homogenea

O laser percebe pontos do terreno em frente ao veı-culo, fornecendo as distancias e seus respectivos angu-los de medicao no plano de visao do sensor. Contudo,os pontos devem ser registrados com respeito a umsistema de coordenadas inercial, tornando necessariatransformacoes de coordenadas dos dados. Para isso,sao definidos tres sistemas de coordenadas (Figura 7):um sistema de coordenadas coincidente com o planode medicao do laser com origem OL, um sistema decoordenadas do veıculo cuja origem OV esta localizadaentre as rodas traseiras, e um sistema de coordenadasinercial com origem OI localizado no ponto de partida.

O processo de registro consiste em 2 transforma-coes homogeneas. A primeira transformada leva ospontos do sistema de coordenadas do laser para osistema de coordenadas do veıculo e a segunda levado sistema do veıculo para o sistema de coordenadasinercial. A primeira matriz de transformacao e defi-nida pela posicao e orientacao do laser com respeito aorigem do sistema de coordenadas do veıculo, obtidaatraves do processo de calibracao descrito em (Freitaset al., 2012). A segunda matriz de transformacao e

Figura 7: Sistemas de coordenadas utilizados na

transformacao homogenea.

dada pela translacao e rotacao do veıculo com respeitoa origem do sistema de coordenadas inercial, obtidadiretamente atraves do sensor Applanix.

4.3 Filtragem da Vegetacao

O objetivo da filtragem de vegetacao consiste em eli-minar arbustos e grama alta, equivalentes a volumesporosos representados na nuvem de pontos 3D. O me-todo de filtragem adotado e o proposto em (Vandapelet al., 2006). Para tal, um cone auxiliar e criado apartir de cada ponto da nuvem em direcao ao terreno,conforme ilustrado na Figura 8. Caso exista algumoutro ponto no interior do tronco de cone definido pe-los parametros θ e ρ, o ponto no topo e classificadocomo vegetacao.

Figura 8: Parametros do algoritmo de classificacao

de vegetacao.

4.4 Triangulacao

O conjunto de pontos filtrados e usado como entradano processo de triangulacao. Para isso sao considera-das apenas as coordenadas x e y das medicoes, reali-zando uma triangulacao planar. O pseudocodigo 4.1descreve a implementacao da triangulacao de Delau-nay atraves do algoritmo incremental aleatorio.

Apos concluıda a triangulacao no plano, a com-ponente z e novamente agregada a cada ponto, preser-vando as conexoes estabelecidas entre eles. Durante oprocesso, os triangulos sao armazenados numa estru-tura de dados do tipo arvore. Quando um triangulofinal (folha) da origem a novos triangulos, este nao eapagado da memoria, e sim reclassificado como ramo.Esta estrutura e util para a aproximacao de um pontonao amostrado a partir da triangulacao, onde e ne-cessario obter o triangulo folha que contem o pontoestimado. Uma forma eficiente de busca parte do tri-angulo raiz e segue nos ramos correspondentes na ar-vore, ate que se chegue a uma folha equivalente aotriangulo final desejado.

Algorithm 4.1: Triangulacao de Delaunay(Pontos)

procedure LegalizarAresta(pr, pi, pj , T )if aresta(pi, pj) e ilegal

then

Find(pk)Replace(aresta(pi, pj), aresta(pr, pk))LegalizarAresta(pr, pi, pk, T )LegalizarAresta(pr, pk, pj , T )

mainCreateBigTriangle(Pontos)RandomSort(Pontos)for r ← 1 to n

do

T (pi, pj , pl)← FindTriangle(pr)Insert(pr, T )LegalizarAresta(pr, pi, pj , T )LegalizarAresta(pr, pi, pl, T )LegalizarAresta(pr, pj , pl, T )

DeleteBigTrianglereturn (MalhaDeTriangulos)

Vale comentar algumas funcoes presentes no al-goritmo:

� LegalizarAresta(pr, pi, pj , T ): O ponto sendo inse-rido e pr, e a aresta(pi,pj) pertence ao trianguloT (pr, pi, pj) que pode precisar da realizacao de umflip para tornar-se uma aresta legal. A aresta(pi,pj)e considerada ilegal caso o cırculo circunscrito ao tri-angulo T (pr, pi, pj) contenha algum outro ponto;

� Find(pk): encontra pk (caso exista) que forma otriangulo T(pi,pj ,pk), que e adjacente ao trianguloT(pr,pi,pj) e compartilha com esse a aresta(pi,pj);

� Replace(aresta(pi, pj), aresta(pr, pk)): Substitui aprimeira aresta pela segunda (flip);

� CreateBigTriangle(Pontos): Cria um triangulo au-xiliar que envolve todos os pontos;

� FindTriangle(pr): Encontra o triangulo T (pi, pj , pl)que contem pr;

� Insert(pr, T ): Insere pr em T , criando 3 triangulosao conectar pr a pi, pj e pl;

� DeleteBigTriangle: Apaga o triangulo auxiliar, seus3 pontos e as arestas ligadas a eles.

5 Validacao Experimental

A metodologia proposta e validada utilizando dadosde campo obtidos com um veıculo agrıcola autonomo(Figura 7) desenvolvido pela Carnegie Mellon Univer-sity durante o projeto Comprehensive Automation forSpecialty Crops - CASC.

A plataforma movel e equipada com um sistemade localizacao de precisao Applanix POS 220 LVINS/GPS com precisao de 3 cm para posicao e 0.05◦

para orientacao, e tambem um laser range finder SickLMS 291. O laser possui um angulo de visao de 180◦

com resolucao de 1◦ e alcance maximo de leitura de80 m, com precisao de 3.5 cm. Este sensor esta ins-talado na parte superior frontal do veıculo, inclinadoem aproximadamente −20◦ com respeito a horizontalde forma a medir o terreno 4 m a frente.

A coleta de dados foi realizada no pomar Soergel(PA-EUA) em 2011, quando o veıculo percorreu apro-ximadamente 100 m de uma estrada de terra irregularparcialmente coberta por grama (Figura 9), numa ve-locidade media de 1 m/s.

Seguindo a metodologia proposta, as medicoes dolaser passaram por remocao de outliers, registro com

respeito ao sistema de coordenadas inercial, filtragemde vegetacao e por fim triangulacao, obtendo assimo modelo do terreno. A Figura 10 ilustra diferentesetapas do processo, incluindo (1) a nuvem de pontos3D com respeito a OI , (2) a classificacao dos pontoscomo vegetacao ou terreno, e (3) a superfıcie geradapela triangulacao.

E possıvel realizar uma comparacao visual do mo-delo com o terreno real. Na Figura 11 sao exibidasimagens obtidas de tres trechos do terreno, e podemser comparadas com as secoes (a), (b) e (c) desta-cadas na Figura 10. O filtro de vegetacao permiteidentificar as regioes do terreno cobertas por gramaalta, conforme ilustrado na Figura 12. A mesma fi-gura apresenta declividades e buracos do modelo quecorrespondem a adversidades reais do terreno.

Figura 11: Imagens do terreno percorrido que podem

ser comparadas com o modelo ilustrado nas Figuras

10 e 12.

Figura 12: Trecho do terreno modelado destacado na

Figura 11(a). A esquerda o modelo com vegetacao e

a direita o modelo apos a filtragem da vegetacao.

6 Conclusoes e Trabalhos Futuros

Considerando a importancia da modelagem de terre-nos naturais para diversas aplicacoes, em especial narobotica movel, este trabalho apresenta uma solucaobaseada apenas em informacoes geometricas do ambi-ente. A metodologia proposta e composta por quatroetapas: remocao de outliers, registro com respeito aosistema de coordenadas inercial, filtragem de vegeta-cao e triangulacao de Delaunay.

A modelagem foi realizada offline utilizando da-dos experimentais. O passo seguinte consiste em im-plementar a metodologia proposta em um robo movele realizar experimentos em tempo real. Neste caso,a resolucao do modelo deve ser ajustada conforme aslimitacoes de processamento do hardware utilizado. Aresolucao pode ser reduzida atraves da exclusao de me-dicoes do ambiente, o que reduz os requisitos compu-

Figura 9: Imagem do terreno percorrido obtida atraves da interpolacao de imagens obtidas por uma camera.

(1) (2) (3)

Figura 10: Etapas do processo de modelagem de terreno: (1) Nuvem de pontos 3D; (2) Classificacao dos pontos

como vegetacao ou terreno (verde ou azul respectivamente); (3) Superfıcie criada pela triangulacao dos pontos.

tacionais exigidos, porem aumenta a incerteza do mo-delo obtido. Outra tecnica mais sofisticada de ajustede resolucao consiste em aglutinar triangulos adjacen-tes semelhantes.

Uma dificuldade associada consiste em estimar oserros do modelo obtido com respeito ao terreno na-tural percorrido. Futuramente o metodo sera testadoem ambientes conhecidos, permitindo a comparacaodestes. Pensando em sistemas com maior capacidadede processamento, uma linha futura de trabalho con-siste em integrar imagens em cores ao sistema para aclassificacao de vegetacao.

Agradecimentos

Esse trabalho foi financiado pelo CNPq e FAPERJ. Os au-tores agradecem a todos os membros do projeto CASC, emespecial o Prof. Marcel Bergerman e Prof. Sanjiv Singhpela orientacao e suporte prestados.

Referencias

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