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Monografia - Repositório Aberto da Universidade do Porto ... · Desenho experimental ......

Date post: 09-Dec-2018
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METABOLÓMICA NUTRICIONAL Nutritional Metabolomics Monografia Ana Cristina Monteiro da Cruz Orientada por Duarte Torres Porto, 2008
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METABOLÓMICA NUTRICIONAL

Nutritional Metabolomics

Monografia

Ana Cristina Monteiro da CruzOrientada por Duarte Torres

Porto, 2008

À minha família,

Aos meus amigos,

Ao meu orientador.

Surprises in science often arise from new tools rather than from new concepts.

Madou, 2002

Índice

Lista de Abreviaturas .......................................................................................... iii�

Resumo e Palavras-chave ................................................................................. iv�

Abstract and Key words ..................................................................................... v�

1.� Introdução ................................................................................................... 1�

2.� A Metabolómica .......................................................................................... 2�

2.1.� A Metabolómica no contexto da Genómica Funcional e da Biologia de

Sistemas ............................................................................................................. 4�

2.2.� A Metabolómica Nutricional ....................................................................... 6�

2.3.� Metaboloma nutricional versus saúde ....................................................... 7�

3.� As metodologias utilizadas na Metabolómica ............................................ 12�

3.1.� Desenho experimental ............................................................................ 13�

3.2.� Medição e identificação de metabolitos ................................................... 14�

3.1.1.� Fingerprinting .................................................................................... 15�

3.1.2.� Caracterização do perfil metabólico - “profiling” ............................... 16�

3.1.3.� Análise orientad - “targeted” ............................................................ 17�

4.� Aplicações da metabolómica nas Ciências da Nutrição ............................ 19�

4.1.� Análise de subconjuntos do metaboloma por abordagens orientadas .... 20�

4.2.� Análises holísticas ................................................................................... 21�

5.� Futuro da metabolómica nas Ciências da Nutrição ................................... 25�

5.1.� Construção de redes biológicas – desenvolvimento de um novo conceito

de biomarcadores ............................................................................................. 25�

5.2.� O papel da metabolómica na nutrição personalizada .............................. 28�

6.� Análise crítica e conclusões ...................................................................... 29�

Referências Bibliográficas ................................................................................ 34�

Índice de Anexos .............................................................................................. 42�

Lista de Abreviaturas

1H RMN - Ressonância Magnética Nuclear de protão

ACP – Análise de componentes principais

ARNm – Ácido ribonucleico mensageiro

CG – Cromatografia Gasosa

CL – Cromatografia Líquida

EM – Espectrometria de massa

MN – Metabolómica Nutricional

RMN – Ressonância Magnética Nuclear

TRP – Técnicas de Reconhecimento de Padrões

Resumo e Palavras-chave

A Metabolómica é uma disciplina emergente da Genómica Funcional que se

caracteriza pela elevada capacidade de identificação, quantificação e

caracterização de pequenas moléculas presentes no metaboloma. O metaboloma

pode ser definido como o conjunto das pequenas moléculas encontradas numa

célula, órgão ou organismo.

Neste trabalho, apresentam-se os conceitos e metodologias subjacentes à análise

global de metabolitos em amostras biológicas. Inicialmente são introduzidas a

metabolómica e suas terminologias, seguidas pela abordagem da metabolómica

nutricional. Depois são abordadas as várias etapas da análise do metaboloma,

começando pelo desenho experimental de um estudo metabolómico, passando

por uma abordagem geral das técnicas analíticas mais comummente utilizadas na

separação, detecção e identificação de metabolitos e terminando na análise de

dados – um dos grandes desafios enfrentados pela ciência e tecnologia

metabolómica.

São reportadas algumas das aplicações da metabolómica na área das Ciências

da Nutrição, consideradas representativas da caracterização orientada e holística

de perfis metabólicos.

Os futuros papéis da metabolómica nutricional são discutidos, do ponto de vista

da descoberta de novos “biomarcadores holísticos” e da caracterização de

fenótipos metabólicos, num contexto da sua possível aplicação na nutrição

personalizada e na manutenção de um óptimo estado de saúde.

Palavras-Chave: metabolómica, metabonómica, nutrição, metabolómica

nutricional, biomarcadores, fenótipo nutricional.

Abstract and Key words

Metabolomics is an emerging field of Funtional Genomics, with high-throughput

identification, quantification and characterization of the small molecules in the

metabolome. The metabolome can be defined as a set of small molecules found in

a cell, organ or organism.

Concepts and methodologies underlying the global analysis of metabolites in

biological samples are presented. Initially, metabolomics and its terminologies are

introduced, followed by the application of metabolomics to Human Nutritional

Sciences. Later on, the various stages of metabolome analysis are approached,

starting with the experimental design of the study, through a general approach of

analytical techniques more commonly used in separation, detection and

identification of metabolites and completing with data analysis – one of the major

challenges facing metabolomics science and technology.

Some applications considered representative of targeted or holistic approach

characterization of metabolic profiles, in nutritional metabolomics field are

reported.

The future roles of metabolomics nutrition, in terms of new “holistic biomarkers”

discovery, and characterization of metabolic phenotypes are discussed in a

context of their possible utilizations for personalized nutrition to provide an optimal

health status.

Key words: metabolomics, metabonomics, nutrition, nutritional metabolomics,

biomarkers, nutritional phenotype.

1

1. Introdução

Ao longo dos milénios, a conexão alimento-saúde tem sido valorizada e as

diferentes civilizações têm incorporado este conceito na abordagem da cura (1).

Com o desenvolvimento das Ciências da Nutrição, entendemos que os nutrientes

e outras substâncias alimentares obtidas aquando da ingestão de uma grande

variedade de alimentos promovem a saúde, mantêm a homeostasia metabólica e

preenchem os requisitos energéticos (1). A nutrição modula os aspectos físicos e

cognitivos do desempenho e tem um efeito importante sobre o risco de doença.

Estima-se que a nutrição pode contribuir em 50% ou mais para o risco de doença

e, dependendo do individuo, pode ser tão importante ou mais do que factores

ambientais, tais como o tabaco (2). A ligação entre a alimentação, a manutenção

da saúde e o desenvolvimento de doenças crónicas tem-se tornado evidente nos

últimos anos, tendo a alimentação assumido o papel decisivo como agente

preventivo de doença e promotor de saúde (3).

Os nutricionistas têm-se debatido para deduzir a base mecanística da relação

entre a alimentação e a saúde, através do entendimento da interacção entre

nutrientes e vias metabólicas. O elevado ritmo a que a informação tem sido

gerada, no últimos 10 anos, traduzir-se-á num aprofundar do conhecimento

acerca das complexas relações entre o metabolismo humano ou animal e os

alimentos. As Ciências da Nutrição poderão então decifrar os mecanismos de

acção de alimentos e dietas promotores de saúde (4).

As novas ferramentas para o estudo do metabolismo incluem a genómica, a

proteómica, a metabolómica e as ferramentas modernas da bioinformática. Serão

estas as forças motrizes capazes de integrar na comunidade científica

conhecimentos sobre ligações entre o que somos e o que comemos. A genómica

2

(estudo dos genomas dos organismos) fornece a matriz e a proteómica (estudo

de todas as proteínas expressas numa célula, tecido ou organismo) fornece as

estruturas e as actividades catalíticas. Todavia, num determinado momento, o

desempenho de um organismo no seu ambiente é reflectido mais nitidamente

pelo seu metabolismo dinâmico, que terá de ser medido por caracterização

fenotípica metabólica quantitativa ou seja, metabolómica (5).

2. A Metabolómica

Com o Projecto do Genoma Humano, a comunidade científica começou a encarar

os organismos de uma forma completamente renovada. Contrariamente ao

paradigma do último século, os genes não são o ponto culminante e a razão de

todas as investigações sobre o funcionamento da vida. A sequenciação é,

portanto, apenas o primeiro passo na compreensão dos organismos a um nível

molecular e a maioria das perguntas permanece sem resposta. Para chegar à real

função dos genes, os sistemas biológicos devem ser analisados em diferentes

níveis de controlo – através de parâmetros externos (ambiente, o estádio de

desenvolvimento, os sinais moleculares, etc) e de parâmetros internos

(transcrição e degradação de ácido ribonucleico mensageiro (ARNm), modificação

pós-tradução, dinâmica proteica e concentrações e fluxos de metabolitos). A

metabolómica, ou seja, a identificação e quantificação de todos os metabolitos de

baixo peso molecular numa amostra biológica (metaboloma), desempenha um

papel fundamental em toda esta análise (6).

Os pioneiros da metabolómica foram um grupo de cientistas, liderado por Jeremy

Nicholson, agora a trabalhar no Imperial College of London. Porém apenas em

3

1999, o termo metabonómica foi definido pelos mesmos como a “medida

quantitativa da resposta metabólica dinâmica e multiparamétrica dos sistemas

vivos a estímulos patofisiológicos ou a modificações genéticas (7)”. Mais tarde, em

2001, o termo “metabolómica” foi introduzido por Oliver Fiehn e definido de forma

ligeiramente diferente como “a análise quantitativa e abrangente de todos os

metabolitos num sistema (8)”. Apesar de permanecerem algumas diferenças de

conceito, há uma grande sobreposição de filosofias e metodologias e os dois

termos são frequentemente usados indiferenciadamente por cientistas e

organizações. No entanto, alguns autores fazem a distinção entre estudos

metabolómicos em sistemas simples (celulares) e estudos metabonómicos em

sistemas complexos (de tecidos, ou organismos) (9). Apesar do termo

“metabolómica” ser agora mais amplamente aceite (10), os leitores são avisados a

conduzir as pesquisas de literatura com ambos os termos (11). Neste trabalho o

termo metabolómica será utilizado englobando as duas ciências.

A metabolómica pretende detectar mudanças na distribuição e concentração de

uma larga gama de metabolitos em matrizes biológicas e tecidos, recorrendo,

principalmente, ao uso de tecnologias baseadas em espectroscopia por

Ressonância Magnética Nuclear (RMN) (12-16) e Espectrometria de Massa (EM) (17-

21). A metabolómica não estuda apenas as concentrações estáticas de metabolitos

celulares ou de metabolitos endógenos nos biofluídos. Estuda a dinâmica das

concentrações de metabolitos ao longo do tempo, incluindo moléculas que

resultam de processos químicos, não enzimáticos, e moléculas que surgem como

consequência de interacções intergenómicas, como as decorrentes da interacção

entre microflora do intestino e o hospedeiro.

4

O Prémio Nobel de 2002, Sidney Brenner, em 1980, declarou que “os progressos

no domínio da ciência dependem de novas técnicas, novas descobertas e novas

ideias, provavelmente por esta ordem”. As plataformas analíticas modernas

permitem uma medição simultânea de vários metabolitos, possibilitando novas

perspectivas na compreensão das funcionalidades das células e de todo o

organismo (4).

A metabolómica é um novo domínio da ciência, encontrando-se em fase de

crescimento exponencial, será central à biologia nas próximas décadas. Vivem-se

tempos emocionantes neste domínio, experiencia-se um estado de crescimento e

agitação sem precedentes. Estão a ser criadas novas sociedades, como a

Metabolomics Society (www.metabolomicssociety.org) (22), fundada em 2004;

estão a surgir novos jornais dedicados a este domínio científico (Metabolomics,

Springer) (23). Para ilustrar o crescente interesse na área da Metabolómica, em

especial no âmbito das Ciências da Nutrição, foi conduzida uma pesquisa restrita

aos termos [metabolomics OR metabonomics AND nutrition], na base de dados

ISI Web of knowledge. Desta pesquisa resultaram 1407 artigos publicados entre

1991 e 2007. Ao dividir as publicações por ano, verifica-se um crescimento

significativo desde 2003 (Anexo 1 - Gráfico 1).

2.1. A Metabolómica no contexto da Genómica Funcional e da Biologia

de Sistemas

Tem sido reconhecida a complexidade da biologia molecular no seu estudo das

interacções entre factores genéticos e ambientais. É agora aceite que a

compreensão destas interacções é impossível ao nível da transcritómica e difícil

com a proteómica. Na realidade, o estudo das pequenas moléculas (metabolitos)

5

envolvidas nos processos bioquímicos fornece informação de inigualável valor

sobre o estado e o funcionamento de um sistema vivo. O sistema biológico

humano é muito extenso e a integridade funcional da fisiologia humana reflectida

no fenótipo depende não só dos polimorfismos no nucleótido, mas também de

vários factores externos tais como os ambientais e comportamentais, e mesmo da

interacção com outros genomas de organismos simbióticos como os da microflora

do intestino (24-26). Os dados da expressão genética e os dados proteómicos

apenas indicam o potencial para mudanças fisiológicas, porque alguns

mecanismos de feedback simplesmente não são reflectidos na concentração de

proteínas ou na expressão genética. Por outro lado, as concentrações de

metabolitos e cinéticas reaccionais nas células, tecidos ou órgãos representam

parâmetros quantificáveis reais de processos fisiológicos de regulação (25, 27).

A genómica, a transcritómica, a proteómica e a metabolómica, em conjunto com a

bioinformática, constituem a disciplina da genómica funcional, que é também

referida como a biologia de sistemas (28). Este conceito relaciona-se com a

integração da informação proveniente dos diferentes níveis de expressão genética

(ARNm, proteína e metabolitos) (4).

A biologia de sistemas fornece informação sobre as vias metabólicas, permitindo

a monitorização de variações subtis resultantes dos efeitos nutricionais e a sua

integração na investigação nutricional conduziu ao desenvolvimento da Genómica

Nutricional, ou Nutrigenómica, que aborda o modo como a alimentação influencia

a transcrição genética, a expressão proteica e o metabolismo (28-30). Por sua vez, a

Genética Nutricional, ou Nutrigenética, tenta compreender como o fundo genético

coordena a resposta à dieta (31-34). A Nutrigenómica e a Nutrigenética são,

portanto, duas disciplinas com abordagens diferentes, mas ambas objectivam a

6

compreensão da interacção entre a alimentação e os genes e da forma como a

alimentação modula os mecanismos moleculares (35).

2.2. A Metabolómica Nutricional

No âmbito das Ciências da Nutrição a transcritómica, a proteómica e a

metabolómica aplicam-se, fundamentalmente, para avaliar as adaptações a nível

molecular em resposta à ingestão de nutrientes, como ilustra a Figura 1 (Anexo

2). A transcritómica pode gerar uma visão holística sobre as alterações da

expressão genética nas intervenções dietéticas. A proteómica é ainda mais

desafiante devido à maior complexidade dos proteomas comparativamente aos

transcritomas e metabolomas. A metabolómica, como ferramenta de estudo do

metaboloma – o conjunto de pequenas moléculas presentes num organismo, que

pode ser considerado como a expressão final do seu genótipo a alterações

ambientais (36, 37) - é complementar à transcritómica e proteómica, mas tem, no

entanto, vantagens importantes (38). Embora se espere que as mudanças nas

quantidades de enzimas individuais tenham um pequeno efeito nos fluxos

metabólicos, elas podem ter efeitos significativos nas concentrações de

numerosos metabolitos individuais. Para além disso, o metaboloma está mais

distante na linha entre o gene e a função e assim reflecte melhor as actividades

da célula a um nível funcional. Assim, como resultado a jusante da expressão

genética, espera-se que as mudanças no metaboloma sejam amplificadas

relativamente às mudanças no transcriptoma e proteoma (39).

A aplicação da metabolómica à área da nutrição encara desafios únicos pois o

conhecimento sobre o impacto que as mudanças no conteúdo de nutrientes da

alimentação têm nos perfis metabólicos ainda é exíguo. No entanto, o conceito de

7

Metabolómica Nutricional (MN) tem emergido rapidamente e esta tem sido

identificada como uma abordagem promissora para avaliar funcionalidades de

alimentos e nutrientes através da medição simultânea de múltiplos parâmetros

metabólicos quantificáveis em organismos complexos (40). A MN é uma

abordagem única para avaliar respostas às deficiências ou excessos de nutrientes

e compostos bioactivos. Além disso, a MN é utilizada para caracterizar o fenótipo

metabólico de indivíduos integrando polimorfismos genéticos, interacções

metabólicas com parceiros comensais ou simbióticos como a microflora intestinal,

bem como factores ambientais e comportamentais, incluindo preferências

alimentares (4).

A MN será capaz de caracterizar modulações metabólicas induzidas por

alimentos ou nutrientes dentro de um sistema metabólico altamente dinâmico

exposto simultaneamente a vários factores ambientais (4, 24). Espera-se que estas

modulações sejam mais subtis do que as associadas a condições toxicológicas ou

patológicas. Além disso, os efeitos biológicos em nutrição não podem ser

reduzidos à acção de uma única molécula, pois resultam da interacção do

metaboloma do consumidor com o metaboloma do alimento que fornece tanto

nutrientes como compostos não nutrientes. A resposta metabólica é multifactorial

e reflecte a modulação de muitas vias metabólicas ao mesmo tempo, o que é, a

priori, muito mais difícil de distinguir, quando comparada com um mecanismo

único (4, 24, 25, 41).

2.3. Metaboloma nutricional versus saúde

Rapidamente se tem tornado possível medir centenas ou milhares de metabolitos

em pequenas amostras de biofluídos ou tecidos. O primeiro desafio da MN será

8

identificar todos os químicos que estão ligados ao metaboloma nutricional

humano, presentes nos diferentes biofluídos. O segundo maior desafio encontra-

se na forma de trabalhar com os grandes conjuntos de dados obtidos, nos quais

muitos compostos permanecem não identificados. Ainda não está publicamente

disponível, uma biblioteca suficientemente abrangente de pequenas moléculas

com espectros RMN e EM (42). Na persecução deste propósito, estão a ser

levadas a cabo algumas importantes iniciativas internacionais.

A Molecular Libraries Screening Center Network, uma iniciativa do National

Institutes of Health (11), aloja numa base de dados a informação de pequenas

moléculas metabólicas (peso molecular inferior a 500 dalton) (43). A PubChem irá

recolher, numa fase inicial, dados de 500000 substâncias químicas (40). O governo

do Canadá, através da organização financiada Genome Canada, apoia, desde

2005, e durante 3 anos, o projecto The Human Metabolome Project (44). Cerca de

7.5 milhões de dólares estão a ser utilizados para identificar, quantificar, catalogar

e armazenar todos os metabolitos que podem ser encontrados em tecidos e

biofluídos humanos em concentrações superiores a 1 milimolar (mM). O projecto

prevê tornar estes dados acessíveis em formato electrónico para todos os

investigadores, através da Human Metabolome Database (www.hmdb.ca). Para

além disso, todos os compostos serão sintetizados e isolados podendo ser

adquiridos na Human Metabolome Library (www.metabolibrary.ca) (45).

O valor de definir uma base de dados quantitativa única, acessível

electronicamente, bem registada, contendo dados metabólicos extensos,

registados por fenótipo, é inegável e representa um recurso chave para o futuro

da saúde humana. A Tabela 1 (Anexo 3) resume os principais tipos de bases de

dados e os esforços internacionais actuais na persecução desse objectivo.

9

O contributo da bioinformática, com a sua capacidade para lidar com grandes

séries de dados e o seu valor na avaliação do risco de doença fará com que a MN

beneficie de uma cada vez maior capacidade analítica quantitativa. Este ponto

pode ser ilustrado usando a medição do colesterol sérico como exemplo. O valor

do prognóstico da doença cardiovascular através de medições de biomarcadores

aumentou à medida que níveis adicionais de análises técnicas foram adicionados:

as medições de colesterol total foram reforçadas quando a avaliação de LDL foi

acrescentada; esta foi melhorada quando as medições de HDL foram

adicionadas, e posteriormente melhoradas, com a adição da homocisteína,

fibrinogénio, lipoproteínas (a), dimensão das partículas de LDL e proteína-C

reactiva (46).

Cada indivíduo é distinto fenotipicamente, quer na aparência física, quer na

fisiologia e na resposta aos estímulos ambientais (47). A fixação das medições

potencialmente relevantes para a nutrição e para a saúde, num conjunto integrado

de informações genéticas, proteómicas, metabolómicas, medições

antropométricas e comportamentais, irão servir para estimar o real estado

nutricional, a que chamamos fenótipo nutricional (48), representado na Figura 2

(Anexo 4).

2.3.1. Tipo de amostras usadas na análise do metaboloma

O sangue, a urina e a saliva são as fontes de biofluídos mais importantes para a

metabolómica humana (40). O tipo de amostras a serem analisadas e a frequência

da sua amostragem dependem da questão científica colocada (36), no entanto na

maioria dos casos, são usadas a urina e o plasma.

10

Os perfis metabólicos da urina fornecem uma representação das alterações

metabólicas de curto a médio prazo e codificam também informações sobre as

actividades metabólicas da flora microbiana (49, 50). O plasma revela

acontecimentos metabólicos mais instantâneos e transporta informações sobre a

dinâmica dos nutrientes e metabolitos no metabolismo inter-órgãos. Este é o tipo

de amostra que mais se adapta ao estudo de redes biológicas de micronutrientes

(4, 51).

A metabolómica é também cada vez mais aplicada no estudo de matéria fecal que

pode transportar informação sobre a saúde do tracto intestinal, sobre a eficiência

digestiva, e sobre a microflora intestinal (52).

2.3.2. O metaboloma e os compostos não-nutrientes

Os compostos não nutrientes com efeitos metabólicos potenciais, como por

exemplo os fitoquímicos, juntamente com as centenas de milhares de compostos

alimentares que não têm efeitos metabólicos, mas que tornam a comida um

prazer gastronómico, devem todos ser tomados em conta na análise do

metaboloma (Anexo 5, Figura 3) (40).

Vale a pena considerar alguns exemplos de não nutrientes. Os ácidos salicilúrico

e salicílico, que estão geralmente presentes em frutos e hortícolas, são

excretados pela urina em concentrações mais elevadas em vegetarianos do que

em omnívoros (53). Certos alimentos são conhecidos por produzir alterações

óbvias na urina de alguns, mas não de todos os indivíduos; a beterraba pode

produzir urina vermelha; os espargos podem dar origem a uma urina com um mau

odor (54). Os metabolitos do café são detectados na urina recolhida 4-5 horas após

a ingestão de café (55). A presença de metabolitos da quercitina no sangue e urina

11

após a ingestão de 270 g de cebola frita foi estudado e 18 dos metabolitos da

quercitina foram recolhidos 0-4 h após a refeição testada (56). Num estudo, foi

descrito que a concentração de aminas heterocíclicas, que são produzidas

quando as carnes são grelhadas, aumentava 14-18 vezes na urina no dia em que

o bife grelhado era ingerido e retomavam os níveis basais após 48-72 h da

cessação da ingestão de carne (57).

Está, portanto, claro que cuidadosas intervenções alimentares crónicas poderiam

ser desfeitas pela ingestão aguda de diferentes alimentos antes das amostras

finais de biofluídos serem recolhidas. Assim, os não nutrientes alimentares, que

podem não ser importantes em farmacologia ou toxicologia, podem ser

extremamente importantes em estudos alimentares no Homem que visam utilizar

a metabolómica. Uma decisão que necessita de maior consenso na área da MN

será abordar os metabolitos humanos endógenos e os componentes exógenos

dos alimentos que coexistem pelo menos transitoriamente nos biofluídos

humanos (40).

2.3.3. O metaboloma e a microflora intestinal

O “metaboloma ingerido” que se mistura no tempo e espaço com nutrientes e

intermediários do metabolismo do hospedeiro e também com a microflora

intestinal metabolicamente activa confere grande complexidade ao metaboloma

mamífero.

Os humanos saudáveis têm 400-500 espécies microbianas no seu intestino

grosso. Estas podem distribuir directamente compostos do seu metaboloma para

o metaboloma humano, que ou são absorvidos e contribuem para o metabolismo

humano (como por exemplo os aminoácidos, vitaminas e substratos energéticos)

12

ou então não são considerados metabolicamente importantes (40). A disparidade

das actividades da microflora intestinal associada com a variabilidade da

alimentação representa o maior determinante da grande variabilidade inter-

individual metabólica observada em humanos (49, 58-60).

3. As Metodologias utilizadas na Metabolómica

O processo de trabalho da MN implica o uso simultâneo de técnicas de química

analítica para gerar perfis metabólicos e de técnicas de exploração de dados para

recuperar informações metabólicas relevantes (61).

Nenhuma plataforma analítica é capaz de medir e identificar todos os metabolitos

simultaneamente. Por conseguinte, técnicas de separação e de análise

quantitativa são acopladas para completar o estudo de amostras (5). A aquisição

de dados metabólicos, como já foi referido, pode ser realizada por estratégias

analíticas baseadas principalmente em EM e espectroscopia por RMN (16). Na

Tabela 2 são referidas as principais características de cada técnica (Anexo 5). A

análise de dados adquiridos termina com a transformação da informação

metabólica numa hipótese biológica que pode ser conseguida através da

observação directa das vias metabólicas estabelecidas ou com a ajuda de

modelação matemática de redes metabólicas (62, 63).

A desvantagem da ampla aceitação da tecnologia metabolómica é que vários

protocolos, métodos e estruturas de comunicação desenvolveram-se dentro das

sub-disciplinas que empregam a tecnologia. Como tal, revela-se também

importante padronizar procedimentos experimentais da metabolómica e métodos

de comunicação de dados entre os grupos que abordam assuntos semelhantes

13

(64). O grupo de trabalho Standard Metabolic Reporting Structures (SMRS)

publicou um sumário de recomendações e padrões para a caracterização do perfil

metabólico no qual é apresentada uma versão abreviada dos requisitos mínimos

propostos para o desenho e registo dos dados de um estudo metabólico (23).

É consensualmente aceite que um estudo metabolómico engloba 3 passos

principais:

� Desenho experimental;

� Medição e identificação de metabolitos;

� Análise da relação entre metabolitos.

3.1. Desenho experimental

A variação bioquímica inter-individual no metabolismo é geralmente maior em

humanos do que em modelos animais devido à sua maior diversidade em factores

genéticos e ambientais. A maior variabilidade inter-individual deve-se também a

maiores diferenças na alimentação, ao ciclo circadiano, ao género e ciclo

menstrual, ao estado de saúde e a uma vasta gama de componentes do estilo de

vida como o tabagismo, o consumo de álcool, ou a actividade física, por exemplo.

Como consequência, a MN requer um cuidadoso desenho experimental. Para

lidar com a variação metabólica inter-individual, devem conduzir-se estudos de

intervenção alimentar cuidadosamente controlados, onde cada indivíduo consome

uma dieta definida e participa nas intervenções de teste e de controlo (4).

A padronização das dietas é reconhecida como uma boa precaução para reduzir

as variações metabólicas que não estão ligadas à intervenção propriamente dita.

Assim, é um pré-requisito, o controlo de fontes e quantidades de macro- e

micronutrientes consumidos (58, 59, 65). Walsh e colegas examinaram o efeito da

14

padronização alimentar nos perfis metabólicos de biofluídos de humanos

saudáveis e observaram uma redução importante na variabilidade inter-individual

no perfil metabólico de amostras de urina (60). Assfalg e colegas demonstraram

que através da recolha de múltiplas amostras de urina ao longo do dia, pode-se

eliminar o efeito da variabilidade diária no metaboloma da urina (66).

É frequentemente usado o desenho de estudo aleatorizado duplamente cruzado.

O número de participantes num estudo deve ser fixado de acordo com os

requerimentos estatísticos, isto é, um número suficiente de indivíduos agrupados

por classe, para originar modelos estatísticos robustos e interpretáveis. Os

critérios de selecção de participantes são também fundamentais. Geralmente,

para esta selecção é levado a cabo um pré-estudo utilizando parâmetros

biológicos (índice de massa corporal, pressão sanguínea) e parâmetros químicos

convencionais (colesterol sanguíneo, perfil lipídico, glicemia, uremia, etc.).

Adicionalmente, são aplicados questionários sobre o estilo de vida e alimentação

destinados a recolher informações que podem ser responsáveis pela variabilidade

bioquímica inesperada. O âmbito desta aplicação é usar a informação para a

interpretação de perfis metabólicos pouco usuais e para a identificação de

alimentos que podem ter influenciado particularmente os perfis metabólicos dos

biofluídos (4). Por exemplo, está claramente estabelecido que a presença de óxido

de trimetilamina (TMAO) na urina, pode estar associado ao consumo de peixe (13).

3.2. Medição e identificação de metabolitos

A escolha de uma estratégia analítica adequada exige uma formulação clara do

problema para o qual queremos obter respostas. Algum conhecimento prévio

pode simplificar bastante ao permitir-nos dividir os problemas em sub-problemas,

15

possibilitando o planeamento de uma estratégia analítica mais sensível ou uma

estratégia orientada. O planeamento eficaz de uma estratégia para a análise do

metaboloma requer que se considerem as seguintes questões: que tipo de

informação é necessária? que tipo de química é esperada? e que tipo de métodos

analíticos estão disponíveis? (67) Em geral, as abordagens para a análise do

metaboloma estão divididas em 3 tipos diferentes, como podemos ver na Tabela 3

(Anexo 7). No entanto há autores que consideram 5 tipos de abordagens

diferentes (68).

3.2.1. “Fingerprinting”

Nesta estratégia obtém-se uma assinatura química através da análise directa da

amostra biológica em bruto. Estas assinaturas são uma ferramenta eficaz para

comparar e classificar amostras, mas não fornecem sempre informação sobre a

presença de metabolitos específicos, sejam eles conhecidos ou não, pois o

fingerprinting envolve a detecção de todos os metabolitos dentro de uma amostra

sem ter em conta a sua identificação (67, 69).

As técnicas de fingerprinting são habitualmente utilizadas para rastrear um

sistema biológico diferenciado e ver se os metabolitos estão presentes no material

de controlo e de teste, proporcionando assim uma primeira abordagem, mais

barata e rápida em relação à caracterização do perfil metabólico (69). Em princípio,

as alterações nas assinaturas químicas devidas à presença/ausência ou

alterações na concentração de metabolitos podem oferecer evidências precoces

de doenças. A maior falha apontada a esta “fotografia instantânea” do

metaboloma é a sua forte variabilidade diária.

16

Assfalg e colegas mostram que uma análise estatística rigorosa realizada ao

espectro de RMN de amostras de urina revela uma parte invariável característica

de cada pessoa, que pode ser extraída das análises de amostras múltiplas de

cada indivíduo. Estas descobertas fornecem evidências de que os fenótipos

metabólicos individuais podem existir e abrem novas perspectivas aos estudos

metabolómicos (66).

3.2.2. Caracterização do perfil metabólico - “profiling”

A caracterização do perfil metabólico envolve a detecção, quantificação e, quando

possível, a identificação de metabolitos dentro de um extracto, empregando

vulgarmente separação por cromatografia (ou seja, CG ou CL) ou electroforese

capilar (EC) acopladas à EM (67, 69). Os metabolitos identificados podem então,

posteriormente, ser quantificados e correlacionados uns com os outros e também

com as suas potenciais vias metabólicas. As vias metabólicas alteradas são

depois relacionadas com os sistemas biológicos correspondentes.

É geralmente aceite que para a caracterização metabólica de um extracto inteiro

sem viés, devem ser empregues várias tecnologias. Os perfis metabólicos mais

ricos serão mais facilmente obtidos pelo emprego de uma sequência de métodos

de extracção e instrumentos analíticos devido ao facto de que nenhum método é

isento de enviesamento para determinado grupo de compostos (38, 69, 70).

O profiling é a principal abordagem da metabolómica que permite a comparação e

estudo detalhado de metabolomas de estados fenotípicos distintos

(saúde/doença, magreza/obesidade, dieta com baixo teor de gordura/ dieta com

elevado teor de gordura) (51).

17

3.2.3. Análise orientada “targeted”

A análise orientada visa detectar e quantificar metabolitos que participam numa

parte específica do metabolismo (67). Podem ser usadas várias técnicas analíticas

de acordo com o(s) metabolito(s) a detectar.

3.3. Análise de dados

A análise dos complexos dados metabolómicos é realizada por programas

informáticos desenvolvidos especificamente para cada plataforma analítica. Está

em curso a introdução de programas informáticos fáceis de utilizar e a custo

acessível para cada ferramenta.

As técnicas de reconhecimento de padrões (TRP) e outras ferramentas de análise

estatística multivariada são usadas para extrair o máximo de informação em

dados de espectroscopia (61). Dependendo do modelo matemático em construção,

as técnicas estatísticas utilizadas na metabolómica podem ser divididas em

técnicas não-supervisionadas e em técnicas supervisionadas.

As técnicas não-supervisionadas como a ACP (análise dos componentes

principais) são geralmente aplicadas para explorar a variância estatística global

com o objectivo de aglomerar perfis metabólicos semelhantes e detectar valores

atípicos. Simples algoritmos de aglomeração não-supervisionados (que não

requerem conhecimento a priori da classe da amostra), como a ACP, permitem a

visualização de dados biológicos baseados nas semelhanças e diferenças

inerentes relativamente à composição bioquímica. Normalmente, é aplicada nos

estádios iniciais de uma investigação a fim de apresentar uma visão geral da

informação contida em cada conjunto de dados. A ACP cria um resumo de dados,

que podem ser analisados graficamente.

18

A análise da variância dos valores atípicos pode fornecer importantes informações

sobre as alterações metabólicas, isto é, fortes respostas a um estímulo específico.

Posteriormente há que decidir a remoção dos valores atípicos da análise

estatística, considerando as possíveis perdas de informação metabólica e a

robustez dos modelos obtidos. Uma análise cuidadosa dos valores atípicos é

essencial se a investigação requer a aplicação de técnicas supervisionadas

(necessitando a priori de conhecer o tipo de amostra) que são frequentemente

empregues em MN.

Dentro das várias técnicas supervisionadas, as mais populares na investigação

em MN, são baseadas no método de regressão multivariada dos mínimos

quadrados parciais (PLS) ou de regressão multivariada dos componentes

principais (RCP). Estas técnicas utilizam o conhecimento obtido durante o

desenho do estudo, o que permite separar as observações em, pelo menos duas

classes diferentes e, desta forma, usar métodos multivariados mais avançados

(71). As técnicas supervisionadas aplicam-se quando se associa a ingestão de

alimentos específicos ou ingredientes individuais a uma resposta metabólica, pois

entende-se que esta seja subtilmente distinta da variabilidade metabólica global.

As TRP já foram usadas na investigação metabolómica para, por exemplo,

separar com sucesso os casos e controlos na doença cardiovascular (72),

esclerose múltipla (73), hipertensão (74), no cancro do epitélio do ovário (75), para a

detecção de erros inatos do metabolismo, para espécies de animais (76), para

estirpes de animais dentro de espécies (77), para animais tratados com fármacos

(78) ou alimentados com diferentes dietas, ou para humanos de diferentes regiões

geográficas (58, 79).

19

4. Aplicações da metabolómica nas Ciências da Nutrição

A metabolómica tem sido identificada como uma abordagem promissora para

avaliar funcionalidades de alimentos e nutrientes através da medição simultânea

de múltiplos parâmetros metabólicos quantificáveis em organismos complexos.

Nos últimos 10 anos, inúmeros cientistas discutiram o elevado potencial da MN

para entender mais a fundo as relações complexas entre o metabolismo humano

e os alimentos (4). A MN tenta, pois, decifrar as alterações metabólicas na

resposta a compostos alimentares específicos, produtos alimentares ou dietas.

Esta informação poderá ser incorporada no desenvolvimento de determinadas

composições alimentares que ajudem a manter a saúde e a prevenir a progressão

da doença (4, 36). Na descoberta de biomarcadores onde a priori os alvos

metabólicos não são sempre evidentes, prefere-se a caracterização do perfil

metabólico holístico porque é mais adequada para explorar variações metabólicas

inesperadas em organismos complexos (36).

De um ponto de vista técnico, podem distinguir-se as abordagens orientadas,

(onde as medições são focadas em metabolitos específicos ou na sub-

caracterização do perfil metabólico de famílias moleculares, isto é, lipídeos (80-82),

aminoácidos (80, 83), ácidos biliares, ácidos orgânicos), de abordagens mais

holísticas onde não é feita nenhuma selecção prévia de metabolitos (4).

O conceito de rastrear uma vasta gama de metabolitos seleccionados, em

sistemas biológicos, também foi aplicado a estudos com isótopos estáveis,

denominando-se assim metabolómica baseada em marcadores (84). Esta última

abordagem é interessante pois complementa o conhecimento gerado pela

metabolómica baseada nas múltiplas concentrações de metabolitos com os

20

cálculos e a análise da distribuição dos fluxos moleculares dentro de uma rede de

reacções bioquímicas.

4.1. Análise de subconjuntos do metaboloma por abordagens orientadas

Não será aqui feita uma revisão completa das diferentes aplicações de análises

orientadas no domínio nutricional, mas alguns exemplos encontram-se resumidos

na Tabela 4, no Anexo 8.

Uma abordagem metabolómica para a determinação de metabolitos responsáveis

pelos efeitos da ingestão excessiva de aminoácidos foi descrita por Noguchi e

colegas (83).

Matsuzaki e colegas investigaram o efeito metabólico do excesso de leucina

alimentar (80, 82). Todos os dados foram consistentes com os efeitos exercidos pelo

excesso de leucina através da sobrecarga do metabolismo do azoto e que a ureia

ou o �-ceto-isocaproato pode ser um marcador precoce para o limite superior da

ingestão de leucina.

Watson reviu as técnicas analíticas que permitem a extracção e a análise de

lipídeos biológicos, isto é, lipidómica.(81) A lipidómica, como um ramo da

metabolómica é uma abordagem que visa um entendimento abrangente da

influência de todos os lipídeos num sistema biológico, no que diz respeito às suas

várias facetas (sinalização celular, arquitectura membranar, modulação da

transcrição e tradução, interacções célula-célula e célula-proteína, etc).

Watkins e colegas usaram a caracterização quantitativa do perfil metabólico em

ratinhos deficientes em fosfatidiletanolamina N-metiltransferase (PEMT)

alimentados com dietas com várias concentrações em colina (82). Estes resultados

21

indicaram que a suplementação em colina tem efeitos benéficos em alguns, mas

não em todos os fenótipos induzidos pelo knockout.

4.2. Análises holísticas

A literatura relata vários estudos com abordagens metabolómicas holísticas para

a avaliação de alterações metabólicas em resposta a alimentos, ingredientes e

suplementos bioactivos, bem como componentes relacionadas com o estilo de

vida. Além disso, há um crescente interesse em entender a contribuição

metabólica e fisiológica do metaboloma da microflora do intestino em organismos

complexos. Não será aqui feita uma revisão completa das diferentes aplicações

de análises holísticas no domínio nutricional, mas serão reportadas algumas das

aplicações consideradas mais representativas (Tabela 5, Anexo 7).

A metabolómica foi destacada como uma abordagem eficiente para entender

alterações metabólicas associadas com a restrição calórica (85, 86), suplementação

com vitamina E (87), para avaliar efeitos de ingredientes activos como os polifenóis

(88-90), estimulação do stress (91) e processo de envelhecimento em modelos

animais (92). A metabolómica foi também aplicada para decifrar os efeitos

metabólicos causados pela ingestão de isoflavonas de soja (89, 93), chá (94) e

camomila (95).

Recentemente, Selman e colegas examinaram as alterações metabólicas

induzidas por restrição calórica (RC) aguda (85). Neste estudo, concluíram que as

alterações e metabólicas dos ratos submetidos a RC aguda rapidamente se

assemelharam àquelas apresentadas numa situação crónica, sugerindo que os

efeitos benéficos da RC podem requerer apenas uma redução de curto prazo na

ingestão calórica.

22

Griffin e colegas aplicaram a metabolómica ao estudo do efeito da suplementação

em vitamina E (87). Esse estudo demonstrou a eficácia da metabolómica na

caracterização de fenótipos metabólicos de uma dada alteração genética.

Solanky e colegas investigaram as alterações metabólicas que se seguiram a

uma intervenção alimentar com isoflavonas de soja (89). Esse estudo sugeriu

alterações do metabolismo energético induzidas pela soja. Dois anos mais tarde,

voltaram a conduzir um estudo semelhante sobre os efeitos das isoflavonas de

soja conjugadas (glicosídeos) e não conjugadas (agliconas) no metabolismo (90).

Desses estudos, concluiu-se que o efeito das isoflavonas conjugadas é

semelhante ao das não conjugadas mas com magnitudes diferentes devido,

provavelmente, a diferenças na biodisponibilidade.

Foram estudados os efeitos bioquímicos da epicatequina, um flavonóide bioactivo

presente em vários produtos alimentares como o chá verde, cacau e chocolate

(88). Este estudo enfatizou o potencial da metabolómica para estudar a

bioactividade dos polifenóis que ocorrem naturalmente em alimentos como o chá.

Wang e colegas aplicaram a metabolómica para avaliar, no plasma, as

consequências metabólicas da exposição ao stress e da separação maternal em

ratos, isoladamente, ou seguida de um segundo agente stressante (carência de

água) (91). Avaliaram os efeitos da suplementação alimentar com ácidos gordos

polinsaturados de cadeia longa (AGPI-CL), que podem supostamente aliviar os

efeitos do stress. No entanto, concluíram que a suplementação era incapaz de

reverter as alterações metabólicas induzidas pelo stress.

Van Dorsten e colegas compararam os efeitos do consumo de chá preto e de chá

verde no metabolismo humano (94). Este estudo demonstrou o forte potencial da

metabolómica baseada em RMN para detectar alterações metabólicas subtis,

23

relativas ao consumo de chá preto e chá verde quando comparadas com o

controlo de cafeína. A partir destes resultados, eles relataram que a ingestão de

chá pode ter efeito no metabolismo oxidativo energético e nas vias de biossíntese.

Stella e colegas aplicaram a metabolómica baseada em RMN para a

caracterização dos efeitos metabólicos, em humanos, de dietas vegetarianas,

dietas com baixa ingestão de carne e dietas com elevada ingestão de carne (59).

Esse estudo ilustra a eficácia da metabolómica para medir a influência de

modulações alimentares num metabolismo humano a curto prazo.

Lenz e colegas sublinharam as diferenças metabólicas significativas entre dietas à

base de peixe e dietas com baixa ingestão de glicídeos, derivadas de populações

suecas e britânicas, respectivamente (58).

Kochhar e colegas têm caracterizado as assinaturas metabólicas relacionadas

com o género, idade e índice de massa corporal para um melhor entendimento do

papel destas variáveis confundidoras em experiências metabolómicas (96).

Está bem estabelecido que as preferências e hábitos alimentares são

predominantemente de origem cultural, socioeconómica, psicológica e

comportamental, embora algumas características biológicas possam também ter

uma influência significativa (97-99). Muito recentemente, o metaboloma associado a

preferências alimentares específicas, exemplificadas pelo consumo de chocolate

em humanos foi avaliado (65). A modelação estatística da análise metabolómica do

plasma e urina revelam que a preferência por chocolate foi associada a uma

assinatura metabólica específica que é marcada no metabolismo mesmo na

ausência do chocolate como estímulo. Os metabolitos que contribuem para esta

preferência por chocolate são provenientes de diferenças no metabolismo

energético basal e interacções metabólicas entre o indivíduo e a sua flora

24

microbiana. Este estudo forneceu evidências para ligações entre preferências

alimentares específicas e fenótipos metabólicos e destaca a importância da

actividade da microflora intestinal que pode ser modulada por escolhas

alimentares mais do que se pensava.

A metabolómica é adequada para revelar as interacções metabólicas entre o

metabolismo do hospedeiro e os seus microrganismos simbióticos e parasitas da

população de microrganismos do cólon. Espera-se que a caracterização

metabólica e a modelação matemática desta interacção com o hospedeiro

conduzam a uma melhor compreensão das consequências na saúde a longo

prazo, associadas a uma actividade da microflora óptima ou deficiente. Num

estudo recente, Martin e colegas descreveram um modelo matemático dos efeitos

metabólicos resultantes da inoculação da população de microrganismos fecal

inadaptada num modelo animal (100). Este estudo evidencia mais uma vez que o

metabolismo microbiano intestinal tem um forte impacto em muitas vias

metabólicas de importância fisiológica primordial. Também ilustra o potencial da

metabolómica para investigar os mecanismos metabólicos de compostos

alimentares que têm como alvo a flora intestinal como os probióticos

(principalmente bactérias lácteas) ou prebióticos (principalmente fibras solúveis).

25

5. Futuro da metabolómica nas Ciências da Nutrição

5.1. Construção de redes biológicas – desenvolvimento de um novo

conceito de biomarcadores

No passado, apenas um número limitado de biomarcadores metabólicos, atributos

físicos e comportais eram utilizados para a avaliação do estado nutricional. A

investigação foi pensada para resolver hipóteses sobre as relações existentes

entre deficiências nutricionais e doenças (48). Na abordagem metabolómica, os

metabolitos devem ser medidos de tal forma que as diferenças ao nível do

metabolismo sejam identificadas antes dos indivíduos se tornarem doentes (101). A

MN permite também estender o conceito de biomarcadores ao estudo dos efeitos

metabólicos de micronutrientes na saúde (51).

Dos futuros estudos metabolómicos realizados poderão emergir diferentes tipos

de biomarcadores:

Marcadores de exposição a micronutrientes

Claramente, a concentração do micronutriente, a sua forma bioactiva e

marcadores moleculares directamente relacionados que reflectem a ingestão de

micronutrientes e o estado nutricional a curto prazo, representam as peças chave

de análises mais complexas envolvendo vias metabólicas e interacções múltiplas.

Porém, as alterações transientes nos níveis plasmáticos podem influenciar pouco

o estado nutricional a longo prazo, as reservas corporais e a saúde.

As concentrações plasmáticas do micronutriente, os níveis de enzimas

dependentes ou as concentrações de marcadores moleculares relacionados

dependem da ingestão alimentar ou da síntese endógena. A utilização de

isótopos permite construir modelos matemáticos capazes de descrever o fluxo de

26

micronutrientes entre diferentes compartimentos corporais e assim determinar a

sua origem (endógena ou exógena).

Este tipo de marcadores é pouco útil para alguns micronutrientes, como o cálcio,

onde há uma influência predominante de mecanismos homeostáticos na

manutenção das concentrações plasmáticas (51).

Marcadores de função e de resposta biológica

Os marcadores funcionais de micronutrientes estão directamente relacionados

com o seu papel bioquímico primordial. Por exemplo, a actividade das enzimas

das quais alguns micronutrientes são co-factores está directamente relacionada

com a biodisponibilidade do micronutriente. Outros factores afectam os

marcadores de função de um micronutriente tais como os polimorfismos genéticos

e o estado redox. A partir destas observações, pode entender-se a

conceptualização de uma rede biológica onde muitas vias metabólicas

interligadas se relacionam por meio das quais os micronutrientes exercem acção

na saúde metabólica (51).

Metabolitos relacionados com estado de saúde

As tecnologias metabolómicas permitem determinar uma grande gama de

metabolitos plasmáticos (102). As bases de dados em criação possibilitam a

descrição do metaboloma plasmático (103). Estes pré-requisitos permitem

complementar a abordagem orientada e funcional anteriormente descritas, com

uma abordagem aberta e holística.

Uma aplicação primordial será a determinação do perfil metabólico de distintos

fenótipos (saudável/doente, magro/obeso, dieta rica em gordura/dieta pobre em

gordura, etc). A análise das concentrações dos metabolitos será feita sem ideias

27

pré-concebidas, da estatística multivariada emergirão biomarcadores holísticos

(de perfil) explicados, posteriormente, com argumentos mecanísticos o que

conduzirá à descoberta.

Parâmetros de doença relacionados com micronutrientes

As deficiências relacionadas com micronutrientes têm sido associadas a

patologias tais como a hipertensão (104), cancro do cólon e da próstata (105), cancro

da mama, doenças cardiovasculares e osteoporose. Mas, em muitos casos, o

nosso conhecimento actual não nos permite fazer uma ligação causal com a

deficiência, apesar desta poder ser descrita como um factor de risco precoce de

doença.

Do ponto de vista bioquímico uma doença manifestar-se-á sempre por uma

alteração transiente ou crónica das concentrações de um ou, mais provavelmente,

muitos metabolitos. Para uma melhor compreensão desta abordagem, Van

Ommen e colegas definiram conceptualmente, um “espaço de saúde”, ou seja,

um espaço multidimensional construído a partir das concentrações de todos os

metabolitos ou proteínas que constituem a rede metabólica. Este “espaço de

saúde” pode ser visualizado reduzindo-o a duas dimensões com o uso de

ferramentas estatísticas como a ACP. Os indivíduos “normais” (com valores

“normais” para todos os biomarcadores) são projectados numa zona definida, e os

indivíduos (com estados de doença) são projectados nas regiões extremas à zona

saudável (51). A Figura 4 (Anexo 9) ilustra este conceito.

28

5.2. O papel da metabolómica na nutrição personalizada

Após a Segunda Guerra Mundial, vários governos começaram por estabelecer

recomendações alimentares para as suas populações de modo a identificar

doenças relacionadas com deficiências nutricionais e a tratar doenças

relacionadas com as deficiências nutricionais através de políticas de Saúde

Pública (1). Em vez de causados por deficiências de nutrientes essenciais, os

novos problemas de saúde, são o resultado de desequilíbrios alimentares e da

incapacidade de controlar rigorosamente o metabolismo dentro de um estilo de

vida (106).

Na maioria das pessoas, escolhas inapropriadas resultam em desequilíbrios

metabólicos e desta maneira acentuam os riscos de doenças tais como

aterosclerose, obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, alergias alimentares e

intolerâncias, distúrbios gastrointestinais e doenças inflamatórias (5). A solução

poderia ser tão simples como escolher uma melhor alimentação. No entanto, o

que é uma melhor alimentação? A mesma dieta é ideal para todos os indivíduos?

Deveria ser meta da nutrição, construir um conjunto recomendações que devam

ser seguidas por todos? Ou o objectivo das ciências da nutrição é construir um

conhecimento que permita que os seres humanos alcancem um óptimo estado de

saúde, dentro do estilo de vida que aspira para si próprio (101)? Vários autores

afirmam que as variações genéticas e fenotípicas entre humanos são tão vastas

que uma dieta óptima para um indivíduo pode predispor outro à doença (5, 101). A

estrutura de conhecimento científico básico necessário para entender a relação

indivíduo/dieta, pré-requisito de escolhas alimentares individualizadas, está,

actualmente, em construção (5).

29

Na Europa, trabalha desde o início de 2007, um Rede de Excelência financiada

pela Comunidade Europeia ao abrigo do VI Programa Quadro (13 milhões de

euros, 2007-2011) - “EURRECA - Harmonising nutrient recommendations across

Europe with special focus on vulnerable groups and consumer understanding”

(www.eurreca.org) (107), cujo objectivo primordial é criar uma rede colaborativa

sustentável para o desenvolvimento de ferramentas de apoio aos governantes na

elaboração de recomendações nutricionais harmonizadas ao longo da Europa. No

seio desta rede irá ser investigado se as recomendações podem ser dadas em

função do fenótipo nutricional de cada um (108). Nesta tarefa, especificamente, a

EURRECA colabora directamente com a “NuGO - European Nutrigenomics

Organisation” (www.nugo.org), uma Rede de Excelência, financiada pela

Comissão Europeia ao abrigo do VI Programa Quadro (17 milhões de euros,

2004-2009), com o objectivo de promover e integrar a investigação da Genómica

Nutricional na Europa. A NuGO desenvolve investigação fundamental e aplicada

em quatro vectores estruturantes: Definição do Metaboloma Nutricional;

Desenvolvimento do metaboloma nutricional – Ferramentas Analíticas; Definição

a interacção Nutrição – Metaboloma; Construção de uma Base de Dados de

Metabolómica Nutricional (109).

6. Análise crítica e conclusões

Seria errado deixar a impressão de que a ciência e tecnologia metabolómica são

apenas importantes na área da saúde humana. A metabolómica aplica-se em

vários domínios da ciência vegetal, da saúde animal e no desenvolvimento de

organismos modelo para a investigação (leveduras, bactérias ou sistemas in

30

vitro). Actualmente, o estado da arte da metabolómica encontra-se em tal

momento, que algumas destas possibilidades, e ainda outras estão à beira de ser

realidades.

A metabolómica está a desenvolver-se como uma importante ferramenta da

genómica funcional, mas ainda há muito espaço para melhorias técnicas na

determinação em larga escala de metabolitos dentro de uma amostra biológica, e

na disseminação de dados da investigação metabolómica. Entre os desafios

tecnológicos que marcam o crescimento da metabolómica, destacam-se a

necessidade de novos modelos metabólicos para facilitar a interpretação dos

resultados metabolómicos, a falta de ferramentas para a integração da

metabolómica e outros níveis da genómica funcional, o desenvolvimento de novos

métodos quantitativos sensíveis que permitam a predição de perturbações das

vias metabólicas e a necessidade de coordenar investigadores de várias áreas

(necessidade de padronização internacional dos procedimentos analíticos e

estruturação de dados), entre outros factores.

A questão chave é saber se as tecnologias genómicas, combinadas com uma

análise avançada de dados e ferramentas interpretativas, permitem uma

reconstrução e compreensão dos mecanismos metabólicos e definir melhor o

papel da nutrição humana na saúde e na doença (36).

Dadas as várias iniciativas científicas internacionais na área da metabolómica,

algumas delas referidas ao longo deste trabalho, há razões para acreditar que as

falhas e necessidades de desenvolvimento apontadas serão colmatadas num

futuro próximo e que se tornará então possível medir milhares de metabolitos em

pequenas quantidades de tecido e fluidos biológicos a custo moderado.

31

Relembre-se que há 15 anos atrás nenhum organismo vivo tinha sido

completamente sequenciado. Naquela altura, tínhamos apenas estimativas

incorrectas do número de genes que podiam ser encontrados no genoma humano

e um conhecimento escasso da complexidade da maioria dos outros genomas.

Hoje em dia, o mesmo acontece com o metaboloma humano. Temos apenas

boas estimativas sobre o seu tamanho e diversidade. Certamente que, tentar

aplicar a metabolómica em humanos actualmente, é o mesmo que tentar aplicar a

genética no início dos anos 90 do século XX (67).

A tarefa de topo da metabolómica é clara: completar o metaboloma humano.

Apenas a informação do que é o metaboloma humano normal, pode permitir a

distinção entre situações normais e anormais. No início de 2007 o grupo

Canadiano da Universidade de Alberta, liderado por David Wishart, alegou ter

construído o primeiro esboço do metaboloma humano ao publicar a Human

Metabolome Database (103). Essa notícia foi recebida com um misto de surpresa e

desconfiança pela comunidade científica que alega que os 2500 metabolitos

previstos para a base de dados representam no máximo 10% do metaboloma

humano (110).

Acredita-se que em breve seremos capazes de prever a probabilidade de uma

pessoa desenvolver uma doença durante a sua vida e assim adequar o

tratamento curativo ou preventivo de forma mais eficaz. Evidentemente que o

estudo do comportamento de moléculas como o ADN, ARNm e proteínas, apenas

nos permitirá obter parte da informação de que precisamos para observar a

resposta de um organismo complexo, como o homem, a um ambiente em

alteração constante. Para dar um retrato mais completo, temos de ser capazes de

observar marcadores dinâmicos do estado biológico – sinais em tempo real que

32

reflectem a função integrada do organismo de maneira que permitam o

diagnóstico e a predição. É aqui que a metabolómica está a demonstrar um

grande potencial.

A tabela 6 resume uma análise SWOT (111) (forças, fraquezas, oportunidades e

ameaças) da metabolómica (Anexo 9)

As Ciências da Nutrição devem ser um motor primário no desenho e realização de

cada vez mais estudos metabolómicos objectivando avanços na descoberta de

biomarcadores de estado nutricional, na variabilidade inter-individual, na definição

do fenótipo nutricional e no aperfeiçoamento das recomendações nutricionais.

A conceptualização de um fenótipo nutricional fornece uma base concreta para o

reconhecimento da nutrição como uma área que está a desenvolver e aplicar

instrumentos adequados das ciências mais actuais para compreender o

metabolismo (5, 112). A caracterização do fenótipo nutricional irá exigir a

participação de cientistas com uma ampla gama de competências (Figura 2,

Anexo 4), e os nutricionistas deverão conduzir esforços para envolver estes

potenciais colaboradores (48).

É razoável esperar que a implementação da metabolómica na prática clínica e

saúde pública irá enfrentar grandes desafios. Os nutricionistas terão a

oportunidade de influenciar a politica nutricional e as organizações de saúde a

perceber o potencial da medição dos fenótipos metabólicos e construir bases de

dados de referência do metabolismo humano durante os próximos 10 anos (5). A

redefinição do papel do nutricionista resultante da extensão da ciência e

tecnologias “ómicas” às Ciências da Nutrição Humana deverá compreender a

ampliação dos currículos, que deverão incluir uma formação adequada de

bioinformática.

33

O estabelecimento de protocolos que ligam as análises metabolómicas por RMN

ou EM aos fenótipos num padrão internacional, e a crescente criação e

disponibilização das bases de dados correspondentes, está a permitir grandes

avanços nas Ciências da Nutrição Humana. German e colegas defendem que

estas bases de dados deverão ser usadas em programas de graduação como um

eixo sobre o qual se ensina e ilustra as relações entre alimentação e saúde,

alimentação e desenvolvimento, alimentação e comportamento, genética e

resposta à alimentação, genética e escolhas alimentares e a na aplicação de

ferramentas epidemiológicas. Tal como os vários genomas estão a guiar e inspirar

a próxima geração de geneticistas e bioquímicos em volta de um consenso único

de conhecimentos básicos, as bases de dados metabolómicas irão guiar e unir os

nutricionistas na sua prossecução de associações entre alimentação,

metabolismo e saúde (5).

Claramente, a metabolómica vai ter um grande impacto na investigação na área

das Ciências da Nutrição. A sua aplicabilidade, em termos comerciais, aumentará

na medida em que novos biomarcadores baseados na metabolómica começarem

a surgir e que métodos com boa relação custo/eficácia forem estabelecidos. A

este respeito, importa ainda dizer que as estratégias analíticas, para medição de

metabolitos, são mais susceptíveis de miniaturização e monitorização remota do

que a genómica ou a proteómica, este facto aumenta a sua importância na

avaliação individual da saúde (4, 5).

34

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42

ANEXOS

Índice de Anexos

ANEXO 1 ............................................................................................................ 1�

ANEXO 2 ............................................................................................................ 2�

ANEXO 3 ............................................................................................................ 3�

ANEXO 4 ............................................................................................................ 5�

ANEXO 5 ............................................................................................................ 6�

ANEXO 6 ............................................................................................................ 7�

ANEXO 8 ............................................................................................................ 9�

ANEXO 9 .......................................................................................................... 16�

ANEXO 10 ........................................................................................................ 17�

a1

ANEXO 1

Gráfico 1 – Artigos divididos por ano de publicação obtidos na base de dados ISI Web of

Knowledge através de uma pesquisa restrita aos termos [metabolomics OR metabonomics AND

nutrition] a 28 de Agosto de 2008. Não foram incluídos os números relativos a 2008 pois seriam

apenas uma projecção do número de artigos para o ano inteiro.

a2

ANEXO 2

Figura 1 – Os alimentos são digeridos, absorvidos e distribuídos no corpo. Os diferentes alimentos

contêm macronutrientes e micronutrientes. Estes nutrientes induzem alterações ao nível do ARN,

das proteínas e dos metabolitos em células, tecidos ou organismos. As técnicas de caracterização

do perfil correspondentes, nomeadamente a transcritómica (análise da expressão genética),

proteómica (análise da expressão proteica) e a metabolómica (caracterização do perfil dos

metabolitos) são aplicadas para uma melhor compreensão e avaliação destes efeitos. Adaptada

de Kussmann, 2008 (36).

a3

ANEXO 3

Tabela 1 – Diferentes tipos e estruturas de bases de dados metabólicas

Tipos de Bases de dados

Bases de dados de laboratórios

Específicas e restritas a um assunto;

Informação muito detalhada;

Capacidade para exportar dados em formatos padronizados de modo

a permitir troca de informação com outras bases de dados.

Bases de dados baseadas em espécies

Armazenamento de perfis de metabolitos relativamente simples

através da compilação de experiências publicadas para uma espécie;

Fornecem dados para outros tipos de experiências (por exemplo,

experiências fenotípicas, de sequenciação, transcritómicas e

proteómicas);

Principal ponto de entrada de informação para relacionar espécies.

Perfis genéricos de metabolitos

Não há armazenamento de dados em bruto, mas faz-se referência (s)

aos mesmos;

Como são genéricos devem permitir comparações entre diferentes

bases de dados e entre diferentes plataformas metabólicas;

Todos os perfis metabólicos publicados para várias espécies em

diferentes estados fisiológicos;

Provável que existam poucas deste tipo, e devem, preferencialmente

mostrar os mesmos dados.

Metabolitos conhecidos para cada espécie biológica

Específicas para cada espécie;

Lista de todos os metabolitos observados num organismo, englobando

diferentes estados biológicos;

Equivalente às bases de dados genéticas que contêm listas de todos

os potenciais metabolitos que podem ser vistos num organismo.

Exemplo: Human metabolome project (44).

Todos os metabolitos conhecidos

Não são específicas para espécies.

Lista de todos os metabolitos prováveis de encontrar, com meios para

a sua identificação (113).

A deposição de dados deve estar ao nível de um único organismo e

organizada taxonomicamente.

Bases de dados de bioquímicas de referência

Representar factos bioquímicos estabelecidos (isto é, informação de

referência para a literatura).

Bases de dados metabolómicas e padrões internacionais

Armet Architecture for metabolomics

Esquema de dados para a metabolómica (114).

SMRS Standard metabolic reporting structure

a4

Discussão de questões experimentais relativas à aquisição de dados (23).

MeMo Modelagem metabolómica

Abordagem para gestão de dados metabolómicos para a genómica

funcional (115).

MSI Metabolomics standards initiative

Grupos internacionais destinados a definir as informações mínimas

exigidas durante todo o estudo metabólico (116).

Adaptada de Mendes, 2002 (117) e Goodacre 2007 (68)

a5

ANEXO 4

Figura 2 – O conceito de fenótipo nutricional é definido como um conjunto integrado de dados

sobre genética, proteómica, metabolómica, factores funcionais e comportamentais que, quando

medidos, formam a base para a avaliação do estado nutricional.

Muitas disciplinas devem ser envolvidas no desenvolvimento do fenótipo nutricional. A nutrição

deve interagir com um conjunto diverso de ciências biológicas para desenvolver os componentes

metabolómicos, proteómicos e genéticos do fenótipo nutricional. Ao mesmo tempo, as ciências

clínicas, comportamentais, e outras ciências sociais terão de colaborar na identificação e avaliação

dos componentes funcionais do fenótipo. Adaptado de Zeisel, 2005 (48).

a6

ANEXO 5

Figura 3 – Nutrientes e não-nutrientes presentes na alimentação humana. Adaptado de Gibney,

2005 (40).

a7

ANEXO 6

Tabela 2. Comparação entre metodologias baseadas em RMN e EM

Ressonância Magnética Nuclear Espectrometria de Massa

Ausência de pré-tratamento (118) Implica pré-tratamento (4)

Não é necessária pré-separação. No entanto o

acoplamento da RMN com HPLC tem sido

desenvolvido e aplicado (119)

Geralmente necessária pré-separação

por cromatografia ou electroforese (21,

67, 120)

Vulgarmente utilizada na obtenção da assinatura

metabólica (69)

Vulgarmente utilizada na

caracterização do perfil metabólico (69)

Técnica de eleição para a caracterização do

perfil metabólico holístico (118)

Técnica cada vez mais usada para a

caracterização do perfil metabólico

holístico (121)

1H RMN mais sensível do que 13C RMN (69) Elevada sensibilidade (4)

Fornece informação estrutural Fornece elevada informação sobre a

estrutura (4, 67). Identificação molecular

Variabilidade inter-plataforma e variabilidade

inter-laboratorial mais baixas (122)

Variabilidade inter-plataforma e

variabilidade inter-laboratorial mais

altas (122)

Reprodutibilidade analítica elevada (122) Reprodutibilidade analítica ainda não

tem o sucesso satisfatório (123)

Intervalo dinâmico de concentrações elevado Intervalo dinâmico de concentrações

relativamente baixo

A combinação de RMN com EM já foi ilustrada em estudos metabolómicos (17, 124, 125)

a8

ANEXO 7

Tabela 3 – Tipos de abordagens na análise do metaboloma

Fingerprinting de Metabolitos Profiling Metabólico Targeted

Técnicas

� RMN;

� Espectroscopia por Fourier transform -

(FT)-IR;

� Espectroscopia de Raman ou;

� EM com ionização por electrospray - (ESI)-EM (69).

� Cromatografia [CG ou CL] acoplada a

EM ou;

� Electroforese capilar (EC) acoplada a

EM (67, 69).

� Podem ser usadas várias técnicas

analíticas de acordo com o(s)

metabolito(s) a detectar

� Cromatografia [CG ou CL] ou

Electroforese capilar (EC) acoplada a

EM, RMN (67, 69)

Custo Menos dispendioso (69) Mais dispendioso (69)

MetabolitosDetecção de metabolitos no material

controlo e no de teste (67, 69).

Detecção, quantificação e, quando

possível, a identificação de metabolitos

dentro de um extracto (67, 69).

Detecção e quantificação de metabolitos

que participam numa parte específica

do metabolismo (67).

a9

ANEXO 8

Tabela 4 – Algumas investigações relatadas em publicações com aplicação de abordagens metabolómicas orientadas.

Abreviaturas: CAMC – Cluster Analysis of Multivariate Correlations; PEMT – fosfatidiletanolamina N-metiltransferase; DHA – ácido docosahexanóico; AA

– ácido araquidónico.

Ref. Contexto Modelo Desenho Amostras Aquisição de dados

Análisede dados

Metabolitosrelevantes

Noguchi,

2003(83)

Avaliar a adequação da ingestão de aminoácidos Ratos Fisher -- CAMC

Matsuzaki, 2005 (80)

Efeito metabólico do excesso de leucina alimentar

Ratos Fisher masculinos

Ratos foram alimentados com dietas ricas em leucina antes de recolherem amostras

Urina, sangue e fígado

CG-EM CAMC Ureia, �-cetoisocaproato

Watson,

2006 (81)

Extracção e a análise de lipídeos biológicos – lipidómica Ratinhos 3 grupos de ratinhos: deficiente

em colina, controlo, suplementado Fígado, plasma

Técnicas de separação acopladas com EM

Watkins,

2003(82)

Caracterização quantitativa do perfil metabólico em ratinhos deficientes em PEMT

Ratinhos Ratinhos alimentados com dietas com várias concentrações em colina

Separação por cromatografia de camada fina; CG

Fosfatidilcolina, triglicerídeos, colesterol plasmático, DHA e AA.

a10

Tabela 5 – Algumas investigações relatadas em publicações com aplicação de abordagens metabolómicas holísticas.

Ref. Contexto Modelo Desenho Biofluídos Aquisição de dados

Análise de dados

Metabolitosrelevantes

Selman, 2006 (85)

Análise das alterações

metabólicas induzidas por

restrição calórica aguda

Ratos C57BL/6

20 ratos machos, durante 14

catorze semanas de

restrição calórica ou ad

libitum.

Plasma RMN ACP;

PLS

Lactato, 3-hidroxibutirato,

colesterol e VLDL,

creatina plasmática e

vários aminoácidos

glicogénicos; gicose,

VLDL.

Griffin, 2002 (87)

Estudo do efeito da

suplementação em vitamina E

Ratos com

degeneração do

neurónio motor

(dnm),

2 grupos de ratos dnm e

controlo alimentados com

uma de 3 dietas com

diferentes concentrações

em vitamina E

Plasma

sanguíneo

1H RMN;

high-

resolution

magic angle

spinning

NMR

ACP;

PLS

Glicose, lactato, sinais

metil dos lipídeos,

acetato,

�-hidroxibutirato,

fenilalanina,

glutamato, glutamina,

aspartato, creatina.

a11

Tabela 5 (continuação) – Algumas investigações relatadas em publicações com aplicação de abordagens metabolómicas holísticas.

Ref. Contexto Modelo Desenho Biofluídos Aquisição de

dados

Análise de

dados Metabolitos relevantes

Solanky, 2003 (89)

Alterações metabólicas após

intervenção alimentar com

isoflavonas de soja

5 mulheres pré-

menoupáusicas

saudáveis

Intervenção alimentar

controlada com isoflavonas

de soja

Plasma 1H RMN

Análise

estatística

multivariada

Açúcares do plasma,

lactato;

lipoproteínas, isoleucina,

valina, triglicerois, colina

Solanky, 2005 (90)

Efeitos das isoflavonas de soja

conjugadas (glicosídeos) e

não conjugadas (agliconas) no

metabolismo

Mulheres pré-

menopáusicas

saudáveis

Intervenção alimentar

controlada antes e após

consumo de soja

Urina

1H RMN

Análise

estatística

multivariada

TMAO, N-acetil-glutamato,

glutamina, glutamato,

citrato, metilamina,

dimetilamina, creatina;

creatinina, hipurato

a12

Tabela 5 (continuação) – Algumas investigações relatadas em publicações com aplicação de abordagens metabolómicas holísticas.

Ref. Contexto Modelo Desenho Biofluídos Aquisição

de dados

Análise de

dados Metabolitos relevantes

Solanky, 2003 (88)

Efeitos bioquímicos da

epicatequina

Ratos Sprague-

Dawley

Amostras recolhidas de 2

animais masculinos, duas

vezes por dia (0-8 horas e 8-

24 horas), antes da dose, e

depois recolheram-se

amostras de urina após 2

dias de ingestão de 22 mg

de epicatequina através da

água de beber.

Urina 1H RMN ACP

taurina, citrato,

dimetilamina e 2-

oxoglutarato

Wang, 2006 (91).

Consequências metabólicas

em resposta à exposição ao

stress da separação maternal

isoladamente, ou seguida de

um segundo stressante

(carência de água)

Ratos

Ratos alimentados com uma

dieta padrão e com uma

dieta enriquecida com AGPI-

CL ómega-3. Os animais

foram submetidos a stresses

simples e combinados

Urina RMN ACP;

PLS

Lipoproteínas,

triglicerídeos, aminoácidos,

glicose, lactato, creatina,

citrato, acetil-

glicoproteinas, 3-D-

hidroxibutirato, colina.

a13

Tabela 5 (continuação) – Algumas investigações relatadas em publicações com aplicação de abordagens metabolómicas holísticas.

Ref. Contexto Modelo Desenho Biofluídos Aquisição de dados

Análise de dados Metabolitos relevantes

Van Dorsten, 2006

(94)

Efeitos do consumo de chá

preto e de chá verde no

metabolismo humano

17 Indivíduos

masculinos

saudáveis

17 indivíduos masculinos

saudáveis consumiram chá

verde, chá preto ou cafeína

tomada como placebo num

estudo randomizado,

cruzado

Urina,

plasma

sanguíneo

RMM

Análise

estatística

multivariada

Ácido hipurico, 1,3-

dihidroxifenil-2-O-sulfato,

piruvato, oxaloacetato,

citrato, lipoproteínas,

glicose, acetato. Lactato,

alanina, acetato, �-

hidroxibutirato

Wang, 2005 (95)

Estudo de respostas

biológicas humanas à

ingestão de chá de camomila

40 indivíduos

masculinos e

femininos

3 fases / 2 semanas:

período de controlo, período

de dosagem com ingestão

diária de 200 ml de

camomila, período pós

dosagem. Não foram

aplicadas restrições

alimentares e foi recolhida a

informação alimentar da

noite e da manhã anteriores

à recolha da urina

Urina 1H RMN; ACP; RCP

Criatinina; glicina,

hipurato; metabolito

aromático não

identificado.

a14

Tabela 5 (continuação) – Algumas investigações relatadas em publicações com aplicação de abordagens metabolómicas holísticas.

Ref. Contexto Modelo Desenho Biofluídos

Aquisição

de dados

Análise de

dados Metabolitos relevantes

,(59)

Caracterização dos efeitos

metabólicos de dietas

vegetarianas, baixas em

carne e elevadas em carne

20 homens

saudáveis

Estudo crossover, indivíduos

alimentados com as 3

dietas.

Urina RMN ACP;

PLS

Carne: �creatinina, creatina,

carnitina, TMAO, taurina, e

1- e 3-metilhistidina.

Vegetariana: p-

hidroxifenilacetato

Lenz, 2004 (58).

Diferenças metabólicas

significativas entre dietas à

base de peixe e dietas baixas

em glicídeos, derivadas de

populações suecas e

britânicas, respectivamente

Homens e

mulheres

Britânicos;

Homens e

mulheres

Suecos

2 estudos distintos: o

primeiro com Britânicos e o

segundo com Britânicos e

Suecos. As amostras

recolhidas correspondiam à

primeira urina da manhã de

cada indivíduo, numa única

ocasião.

Urina 1H RMN;

urina ACP

Suecos: TMAO;

Britânicos: taurina (devido à

dieta Atkins)

Rezzi, 2007 (65)

Avaliação do metaboloma

associado a preferências

alimentares específicas,

exemplificadas pelo consumo

de chocolate em humanos

22 voluntários

saudáveis

masculinos

Indivíduos estratificados

segundo os seus hábitos de

consumo de chocolate com

um questionário desenhado

especificamente, numa

experiencia duplamente

cruzada com a duração de

uma semana com grupo

controlo

Plasma

sanguíneo e

urina

RMN Estatística

multivariada

“desejo por chocolate”:

3-hidroxisovalerato, citrato,

dimetilglicina, glicina,

fenilacetilglutamina, 4-

hidroxifenilacetato;

“indiferentes ao chocolate”:

Isobutirato, 2-metilsuccinato,

trimetilamina, N-acetil-

carnitina, carnitna, taurina, 2-

hidroxipurato, trigonelina.

a15

Tabela 5 (continuação) – Algumas investigações relatadas em publicações com aplicação de abordagens metabolómicas holísticas.

Ref. Contexto Modelo Desenho Biofluídos Aquisição de dados

Análise de dados Metabolitos relevantes

Kochhar, 2006 (96)

Caracterizar as assinaturas metabólicas relacionadas com o género, IMC para um melhor entendimento do papel destas variáveis confundidoras em experiencias

150 humanos saudáveis

Todos os voluntários preencheram questionários sobre saúde e estilo de vida, registaram género e idade. Foram excluídos: indivíduos com doenças agudas (pirexia, gripe ou constipação), em tratamento com antibióticos ou anti-inflamatórios e mulheres grávidas. A recolha de amostras de sangue e urina das mulheres foi realizada entre o 10º e o 15º dia do ciclo menstrual.

Urina e plasma

1H RMN Estatística multivariada

Lipoproteínas, lipídeos insaturados; citrato;

Abreviaturas: IMC – Índice de Massa Corporal; ACP – Análise de Componentes; PLS – Regressão multivariada dos mínimos quadrados parciais; VLDL –

lipoproteínas de muito baixa densidade; TMAO – óxido de trimetilamina.

a16

ANEXO 9

Figura 4 – Retirada de van Ommen, 2008. “Espaço de saúde” tal como é definido pelos perfis

metabólicos. Este plano bi-dimensional (teórico) é criado por ACP de todos os parâmetros

metabólicos afectados pelo estado de micronutrientes. Um “fenótipo nutricional” produz um perfil

de metaboloma concentrado à volta do centro do plano, enquanto os extremos são representados

por estados de doença em que os micronutrientes intervêm. Conceptualmente, estes estão

organizados em efeitos metabólicos, efeitos inflamatórios, efeitos na oxidação e efeitos no ciclo

celular. Os fenótipos relacionados com a nutrição (como a obesidade) mostram diferenças subtis

do “saudável”; baixos níveis de suplementação de micronutrientes (por exemplo o folato)

demonstram uma mudança para fora do estado de saúde; ao mesmo tempo pode ser visualizado

um genótipo específico.

a17

ANEXO 10

Tabela 6 – Análise das Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças da Metabolómica

Nutricional

FORÇAS

� Plataformas analíticas robustas e estáveis;

� Excelente reprodutibilidade analítica e

biológica;

� Minimamente invasiva;

� Possibilidade de estudos exploratórios;

� Parâmetros metabólicos quantificáveis reais;

� Descoberta de biomarcadores holísticos;

� Integração de todo o sistema;

� Baixo custo por amostra/ metabolito;

� Caracterização do fenótipo nutricional.

OPORTUNIDADES

� Mais experiencia em estudos com sistemas

mamíferos (por exemplo: vias metabólicas);

� Potencial de integração das “ómicas”;

� Melhorias nas ferramentas analíticas;

� Avanços na análise de dados metabolómicos;

� Novos recursos bioinformáticos;

� Criação e disponibilização de bases de dados;

� Completar o metaboloma humano;

� Descoberta de biomarcadores;

� Definição do fenótipo nutricional;

� Compreensão da variedade inter-individual;

� Miniaturização e monitorização remota das

estratégias analíticas de medição de

metabolitos.

FRAQUEZAS

� Plataformas analíticas múltiplas;

� Sensibilidade analítica;

� Intervalos dinâmicos analíticos;

� Desequilíbrio entre precisão e amplitude das

medições de metabolitos;

� Complexidade e quantidade dos dados

obtidos;

� Efeitos de confundimento associados à MN;

� Os métodos ainda não estão padronizados;

� Necessário um organismo para atender às

necessidades formativas;

� Alto custo de capital.

AMEAÇAS

� Cepticismo quanto a estudos não orientados

para a hipótese (estudos abertos)

� Conservacionismo (abordagem “um composto

quantificado por análise”)

� Insuficiência de cientistas com elevado nível de

formação na área;

� Envolvimento de cientistas de várias áreas.


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