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O ALUNO DEFICIENTE VISUAL E OS RECURSOS … · (guyton; hall, 1997). Importante canal e...

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Educação Especial Inclusiva Rosângela Pereira Barbosa O ALUNO DEFICIENTE VISUAL E OS RECURSOS DISPONÍVEIS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM LINS SP 2010
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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Educação Especial Inclusiva

Rosângela Pereira Barbosa

O ALUNO DEFICIENTE VISUAL

E OS RECURSOS DISPONÍVEIS PARA

O ENSINO-APRENDIZAGEM

LINS – SP

2010

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Barbosa, Rosângela Pereira

O aluno deficiente visual e os recursos disponíveis para o ensino-aprendizagem/ Rosângela Pereira Barbosa. – – Lins, 2010.

55p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para Pós-Graduação em Educação Especial Inclusiva, 2010

Orientadores: Fatima Eliana Frigatto Bozzo; Heloisa Helena Rovery da Silva.

1. Deficiência visual. 2. Ensino-aprendizagem. 3. Recursos pedagógicos. I. Título.

CDU 376

B211a

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ROSÂNGELA PEREIRA BARBOSA

O ALUNO DEFICIENTE VISUAL E OS RECURSOS DISPONÍVEIS PARA O

ENSINO-APRENDIZAGEM

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Educação Especial Inclusiva sob a orientação dos Professores M.Sc. Fatima Eliana Frigatto Bozzo e Profª M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP

2010

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ROSÂNGELA PEREIRA BARBOSA

O ALUNO DEFICIENTE VISUAL E OS RECURSOS DISPONÍVEIS PARA O

ENSINO-APRENDIZAGEM

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Especialista em Educação Especial Inclusiva.

Aprovada em: ____/____/______

Banca Examinadora:

Profª Fatima Eliana Frigatto Bozzo

Mestre em Odontologia - Saúde Coletiva pela Universidade do Sagrado

Coração

_________________________________

Profª Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC / FACECA - MG.

_________________________________

LINS – SP

2010

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A Deus pelo milagre da vida, saúde, força e oportunidade que nos deu de ensinar e aprender durante todos os dias de nossas vidas. Ao meu filho, por ser a razão do meu viver. Ao meu marido, por ser meu companheiro e dividir comigo as conquistas de minha vida.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora M.Sc. Fatima Eliana Frigatto Bozzo pelo esforço, bondade, credibilidade e apoio dedicados na orientação deste trabalho. À Prof. M.Sc Heloisa Helena Rovery da Silva o apoio e dedicação que com sua sapiência, carinho e colaboração nos foi dado durante a orientação Ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium - Unisalesiano que possibilitou a realização deste sonho.

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RESUMO

A pessoa com deficiência não é incapaz, normalmente os seres humanos que possuem dificuldades para realizar algumas atividades em geral tem extrema habilidade em outras. A pessoa com deficiência visual normalmente perde um importante canal de relacionamento com o mundo exterior, mais com a ajuda da família, escola e sociedade estes podem enfrentar os obstáculos colocados pela deficiência. Na escola o deficiente visual pode debater e analisar questões relacionadas às suas limitações e satisfazer suas necessidades de aprendizagem. As necessidades educacionais básicas dos alunos com deficiência visual são geralmente as mesmas que as das crianças de visão normal. Nesse contexto são muitas as tentativas de capacitação dos professores do ensino regular a realidade educacional brasileira, porém a realidade mostra lacunas e graves problemas no processo de inclusão de alunos com deficiências visuais. Sob a filosofia de inclusão escolar, entende-se que todos os estudantes devem ser escolarizados numa mesma sala de aula, evitando-se sistemática de exclusão temporária ou permanente dos alunos com necessidades educacionais especiais dessas turmas. Entretanto, essa prática implica em desafios consideráveis para o professor de classe comum que tem uma numerosa e heterogênea turma de alunos. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo traçar considerações sobre a deficiência visual e descrever sobre o trabalho pedagógico desenvolvido com o aluno deficiente visual. Procura-se descobrir quais os recursos disponíveis para o ensino-aprendizagem do deficiente visual e verificar sua eficácia como trabalho pedagógico. Entende-se que o desafio maior da escola inclusiva é a quebra de paradigmas, enfrentamento do desconhecido, aceitação do não saber e efetivação, na prática, dos princípios que fundamentam uma escola inclusiva. Faz-se necessário, portanto, a necessidade de conhecer a real dificuldade enfrentada pelos professores que recebem esses alunos e quais as alternativas geradas por eles para adquirir a metodologia e a aprendizagem necessária para desenvolver seu alunado. Palavras-chave: Deficiência visual. Ensino-aprendizagem. Recursos pedagógicos.

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ABSTRACT

A disabled person is incapable, generally humans who have difficulties in carrying out some activities in general has great skill in others. The visually impaired person usually loses an important channel for relations with the outside world, but with the help of family, school and society may face these obstacles posed by disability. At school the visually impaired can discuss and analyze issues related to their limitations and meet their learning needs. The basic educational needs of students with visual impairments are usually the same as those of children with normal vision. In this context there are many attempts in the training of regular teachers the Brazilian educational reality, but reality shows serious gaps and problems in the process of inclusion of students with visual impairments. Under the philosophy of inclusive education means that all students should be educated in the same classroom, avoiding systematic temporary or permanent exclusion of pupils with special educational needs of these groups. However, this practice implies considerable challenges to the regular class teacher who has a large and heterogeneous group of students. Thus, this study aims to make some considerations about visual impairment and describe on the pedagogical work developed with the visually impaired student. It seeks to discover what resources are available for teaching and learning of visually impaired and verify its effectiveness as a pedagogical work. It is understood that the greatest challenge of inclusive schooling is to break paradigms, facing the unknown, not knowing and accepting the realization in practice of the principles that underpin an inclusive school. It is necessary, therefore, need to know the real difficulty faced by teachers who receive these students and what the alternatives generated by them to acquire the methodology and learning needed to develop its students. Keywords: Visual impairment. Teaching-learning. Educational resources.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Alfabeto Braille (leitura): disposição universal dos 63 sinais

simples do sistema Braille ................................................................................ 40

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Classificação da perda da visão (OMS/ Escala Optométrica

Decimal de Snellen) .......................................................................................... 17

Quadro 2: Classificação da perda da visão (OMS/ Escala Optométrica

Decimal de Snellen) .......................................................................................... 20

Quadro 3: Paralelo e intersecção da classificação médica e educacional ........ 25

Quadro 4: Recursos ópticos e não-ópticos ....................................................... 42

Quadro 5: Materiais didáticos para o aluno deficiente visual ............................ 46

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADV - Atividades da Vida Diária

AVP - Atividades da Vida Prática

CAPs - Centros de Apoio Pedagógico aos Deficientes Visuais

ICEVI - Educação de Pessoas com Deficiência Visual

OMS - Organização Mundial da Saúde

USP - Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12

CAPÍTULO I - CONSIDERAÇÕES SOBRE DEFICIÊNCIA VISUAL ............... 15

1 A IMPORTÂNCIA DA VISÃO ................................................................ 15

1.1 Conceitos de deficiência visual .............................................................. 15

1.2 Classificação para a deficiência visual ................................................... 16

1.3 Causas da deficiência visual .................................................................. 20

1.4 Implicações e desenvolvimento do indivíduo com deficiência

visual ............................................................................................................... 22

1.4.1 Implicações sob a abordagem clínica e educacional ............................ 24

CAPÍTULO II - A EDUCAÇÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL ...... 26

2 CLASSIFICAÇÃO EDUCACIONAL ...................................................... 26

2.1 Desenvolvimento do alunado com deficiência visual ............................. 27

2.2 Atendimento educacional ao alunado com deficiência visual ................. 31

2.2.1 As normas pedagógicas sugeridas pela da Secretaria de Estado da

Educação .......................................................................................................... 34

2.2.2 Conceitos importantes para a alfabetização e aprendizagem da

criança com deficiência visual........................................................................... 38

2.2.2.1 Espaço físico e mobiliário ..................................................................... 38

2.2.2.2 Comunicação e relacionamento ............................................................ 39

2.2.2.3 O sistema Braille ................................................................................... 39

2.2.2.4 Recursos ópticos e não-ópticos ............................................................ 42

2.2.2.5 Atividades ............................................................................................. 43

2.2.2.6 Avaliação .............................................................................................. 44

2.2.2.7 Recursos didáticos ................................................................................ 44

2.2.2.8 Outros Recursos ................................................................................... 47

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CONCLUSÃO ................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 52

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INTRODUÇÃO

A visão caracteriza-se por um sentido de especial relevância para a vida

de relação, sendo responsável por importante parcela da informação

assimilada, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento cognitivo

(GUYTON; HALL, 1997).

Importante canal e relacionamento do indivíduo com o mundo exterior, a

visão, capta registros próximos ou distantes e permite organizar, no nível

cerebral, as informações trazidas pelos outros órgãos dos sentidos. (GIL, 2000)

Os graus de visão abrangem um amplo espectro de possibilidades: desde a cegueira total, até a visão perfeita, também total. A expressão deficiência visual se refere ao espectro que vai da cegueira até a visão subnormal e acarreta limitações ou impedimentos quanto à aquisição de conceitos, acesso direto à palavra escrita, à orientação e mobilidade independente, à interação social e ao controle do ambiente, o que poderá trazer atrasos no desenvolvimento normal. (DE MASI, 2002, p. 7).

Importantes aliados à integração do indivíduo com deficiência visual, a

família, a escola e a sociedade podem (e devem) contribuir no sentido de

ajudá-lo a enfrentar os obstáculos colocados pela deficiência. Na escola o

deficiente visual poderá debater e analisar questões relacionadas a

preconceitos, mitos e estigmas com professores, alunos e funcionários. (GIL,

2000).

“Ao se tornar um espaço de inclusão, a escola promove trocas

enriquecedoras para toda a equipe escolar, incluindo os alunos e suas

famílias”. (GIL, 2000, p. 3).

De Masi (2002) comenta que:

A criança deficiente visual é aquela que difere da média a tal ponto que irá necessitar de professores especializados, adaptações curriculares e ou materiais adicionais de ensino, para ajudá-la a atingir um nível de desenvolvimento proporcional às suas capacidades. O compromisso com a formação do cidadão com deficiência visual, exige uma prática educacional voltada à compreensão da realidade social, dos direitos e das responsabilidades em relação à sua vida pessoal e comunitária. As questões da ética, da pluralidade do conhecimento, da cultura e da socialização, devem ser amplamente observadas e trabalhadas pelo educador dentro de um ambiente que inspire a mútua confiança, o intercâmbio de informações e experiências, a liberdade e independência para a transferência do conhecimento. (DE MASI, 2002, p. 8).

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A observação de De Masi (2002) não identifica a necessidade de se criar

uma disciplina específica para a formação educacional deste aluno, é

importante que a organização escolar permita que se conheça a fundo as

deficiências, e nela inclui-se a deficiência visual, dando subsídios ao educador

entre em contato com novos objetos, pessoas e situações e, assim, saber (ou

aprender).

Nesse aspecto Pereira; Costa (2009) consideram muito importante que

os professores do ensino regular detenham conhecimentos sobre as pessoas

com necessidades educacionais especiais, com o objetivo de melhor adequar

as suas práticas pedagógicas em sala de aula.

É freqüente nestes alunos terem baixos níveis de expectativa com

relação ao rendimento acadêmico, motivado pelo desconhecimento das

possibilidades da pessoa que tem essa deficiência.

As necessidades educacionais básicas dos alunos com deficiência visual

são geralmente as mesmas que as das crianças de visão normal, estes alunos

não constituem um grupo homogêneo, com características comuns de

aprendizagem. (PEREIRA; ROBERTO; OLIVEIRA, 2004).

Apesar dos esforços realizados para a capacitação dos professores do

ensino regular a realidade educacional brasileira aponta lacunas e graves

problemas no processo de inclusão de alunos com deficiências visuais.

(PEREIRA; ROBERTO; OLIVEIRA, 2004).

Manzini (2006) observa que a filosofia de inclusão escolar, argumenta

que todos os estudantes devem ser escolarizados numa mesma sala de aula,

evitando-se sistemática de exclusão temporária ou permanente dos alunos com

necessidades educacionais especiais dessas turmas. Entretanto, essa prática

implica em desafios consideráveis para o professor de classe comum que tem

uma numerosa e heterogênea turma de alunos.

Todavia, segundo Manzini (2006):

Faltam aspectos básicos para garantir não apenas o acesso, mas a permanência e o sucesso desses alunos com necessidades educacionais especiais matriculados em classes comuns, que seriam principalmente a oferta de serviços de apoio especializado e formação de professores. (MANZINI, 2006, p. 33).

Nesse contexto, cabe lembrar a Declaração de Salamanca (UNESCO,

1994, apud VIDAL, 2009) quando define que:

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As escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiências ou superdotadas, crianças de rua ou crianças que trabalham, crianças de populações imigradas ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais. (UNESCO, 1994, apud VIDAL, 2009).

A luz dos conceitos o presente estudo pretende através de revisão

bibliográfica esclarecer sobre a deficiência visual e apresentar dados e

discussões acerca do ensino aprendizagem deste aluno.

O trabalho tem como objetivo principal traçar considerações sobre a

deficiência visual e descrever sobre o trabalho pedagógico desenvolvido com o

aluno deficiente visual. Tem como objetivos específicos verificar os recursos

didáticos disponíveis para a alfabetização e aprendizagem do aluno com

deficiência visual, analisar a atual situação educacional do deficiente visual,

verificar as dificuldades de docentes e alunos com deficiência visual no ensino-

aprendizagem.

Desta forma, questiona-se: Em que medida os recursos disponíveis para

o ensino-aprendizagem do deficiente visual são eficazes como trabalho

pedagógico?

A priori, o desafio maior da escola inclusiva é a quebra de paradigmas,

enfrentamento do desconhecido, aceitação do não saber e efetivação, na

prática, dos princípios que fundamentam uma escola inclusiva. Faz-se

necessário, portanto, a necessidade de conhecer a real dificuldade enfrentada

pelos professores que recebem esses alunos e quais as alternativas geradas

por eles para adquirir a metodologia e a aprendizagem necessária para

desenvolver seu alunado.

O trabalho foi assim dividido: o Capítulo I fala sobre a deficiência visual,

conceitos, classificação, causas implicações no desenvolvimento do indivíduo

com deficiência visual e as sobre abordagem clínica e educacional.

O Capítulo II traz comentários sobre a educação do aluno com

deficiência visual com a classificação educacional, desenvolvimento,

atendimento educacional e as normas pedagógicas sugeridas ao alunado com

deficiência visual.

A Conclusão sintetiza os conceitos vistos.

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CAPÍTULO I

CONSIDERAÇÕES SOBRE DEFICIÊNCIA VISUAL

1 A IMPORTÂNCIA DA VISÃO

Um dos mais importantes sentidos humanos, a visão caracteriza-se pelo

canal que relaciona a pessoa ao meio exterior, pois ela “capta registros

próximos ou distantes e permite organizar, no nível cerebral, as informações

trazidas pelos outros órgãos dos sentidos”. (GIL, 2000, p. 10).

Estudos revelam que a visão não é uma habilidade inata, o ser humano

após o nascimento deve aprender a ver e são nos primeiros os anos de vida

que acontece o desenvolvimento das funções visuais. Atualmente, testes de

acuidade visual avaliam a visão do recém-nascido. (CAMARGO, 2008).

A visão é um dos sistemas-guia humanos utilizados pelo indivíduo para

orientar no espaço, se o indivíduo for cego ele utiliza-se de outros tipos de

sistema-guia para se orientar (CAMARGO, 2008).

1.1 Conceitos de Deficiência visual

A deficiência visual possui vários graus que num espectro vão desde a

visão perfeita até a cegueira total. Segundo Hernandes (2005, p. 12) “a

expressão deficiência visual se refere ao espectro que vai da cegueira até a

visão subnormal”.

Entretanto, várias patologias podem causar problemas visuais e devem

ser tratadas assim que identificadas, principalmente para não prejudicar a

criança na fase escolar, dentre elas miopia, estrabismo, astigmatismo,

ambliopia, hipermetropia, estas não constituem necessariamente deficiência

visual. (GIL, 2000).

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O Ministério da Educação (MEC, 2010), traz a seguinte definição para

deficiência visual

É a perda ou redução de capacidade visual em ambos os olhos em caráter definitivo, que não possa ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento clínico ou cirúrgico. Existem também pessoas com visão sub-normal, cujos limites variam com outros fatores, tais como: fusão, visão cromática, adaptação ao claro e escuro, sensibilidades a contrastes, entre outros. (MEC, 2010).

Campos (2004) salienta que a deficiência visual é uma situação onde

ocorre diminuição da resposta visual de forma irreversível devido a causas

congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso

de óculos convencionais. Essa diminuição da resposta visual pode ser leve,

moderada, severa, profunda (que compõem o grupo de visão subnormal ou

baixa visão) e ausência total da resposta visual (cegueira).

O Grupo Consultivo do Programa da OMS, em reunião sobre a

prevenção da cegueira, Genebra 1981, preocupado com a localização,

notificação, incidência, etiologia, prevenção e tratamento da deficiência visual,

salienta a importância de uma definição que, além de satisfazer as

necessidades atuais, seja adotada em todo o mundo. Recomenda também a

diferenciação entre cegueira e visão subnormal.

1.2 Classificação para a deficiência visual

São muitas as classificações existentes para a deficiência visual que

variam conforme as limitações e os fins que se destinam.

De acordo com Campos (2004), a deficiência visual pode ser leve,

moderada, profunda, severa e perda total da visão, Conforme o com

comprometimento de campo visual, tem-se o comprometimento central,

periférico e sem alteração, a deficiência pode ser congênita ou adquirida de

acordo com a idade de início.

Munster; Almeida (2005) sugerem que a deficiência visual surge para

que as desvantagens decorrentes da visão funcional de cada indivíduo sejam

minimizadas, baseado no fato de que os indivíduos com deficiência visual

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possuem em comum o comprometimento do órgão da visão, as alterações

estruturais e anatômicas que promovem modificações e resultam em níveis

diferenciados nas funções visuais, que interferem no desempenho de cada um.

O Quadro 1 apresenta a classificação da perda da visão adotada pela

Organização Mundial da Saúde (OMS, 1982). Esta classificação auxiliou,

principalmente os oftalmologistas, a melhorar as Atividades da Vida Diária

(ADV) e nas Atividades da Vida Prática (AVP) de seus pacientes, na medida

em que orientou-os na preocupação com a visão funcional deles. (DE MASI,

2002).

GRAU DE PERDA

DE VISÃO

ACUIDADE VISUAL

(com ambos os olhos e melhor correção óptica possível)

Máxima menor que Mínima igual ou maior que

1 - visão

subnormal

6/18 (metros)*

3/10 (0,3)

20/70 (pés)

6/60

1/10 (0,1)

20/200

2 - visão

subnormal

6/60

1/10 (0,1)

20/200

3/60

1/20 (0,05)

20/400

3 - cegueira

3/60

1/20 (0,05)

20/400

1/60 (capacidade de contar dedos

a um metro)

1/50 (0,02)

5/300

4- cegueira

1/60 (capacidade de contar

dedos a um metro)

1/50 (0,02)

5/300

Percepção de luz

5 - cegueira Não percebe luz

9 - Indeterminada ou não especificada

CID 2000. * A fração 6/18 metros significa que o indivíduo vê a seis metros o que normalmente se veria a 18 metros. O mesmo ocorrendo com 20/70 pés, ele vê a 20 pés o que seria visto a 70 e assim sucessivamente conforme proposto na tabela. Apesar da conversão em metros e decimal, os oftalmologistas utilizam com maior freqüência a expressão da acuidade visual medida em pés e, algumas vezes, em decimal, conforme proposto na escala de Snellen.

Fonte: OMS (1982)

Quadro 1: Classificação da perda da visão (OMS/ Escala Optométrica Decimal

de Snellen)

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Os portadores de deficiência visual apresentam uma variação de perdas

que poderão se manifestar em diferentes graus de acuidade visual que pode ir

desde a ausência da percepção de luz até 0,3 (Snellen), conforme detalhado

nas definições médica e educacional.

Utilizada para medir a acuidade visual para longe, a escala optométrica

decimal de Snellen mede a percepção de forma e posição dos objetos da

seguinte forma:

A uma distância de 6 metros, as figuras e, em negro, em diferentes posições são alinhadas sobre uma carta branca, diminuindo seu tamanho de cima para baixo, numa proporção direta de distância e tamanho baseados em uma escala decimal que varia de 0,1 a 1. Considerando a amplitude do campo visual, os indivíduos com campo maior do que 5 graus e menor do que 10 graus ao redor do ponto central de fixação devem ser colocados na categoria 3 e aqueles cujo campo visual não ultrapasse os 5 graus ao redor do ponto central de fixação na categoria 4, quando não está afetada a agudeza visual central (DE MASI, 2002, p. 10).

De acordo com a OMS (1982), a deficiência visual pode ser considerada

pela baixa acuidade visual ou campo visual restrito.

Segundo Crós et al. (2006),

Para que possa ocorrer um bom entendimento das classificações da deficiência visual faz-se necessário o entendimento das funções visuais, ocorrendo uma maior compreensão do funcionamento visual dos alunos, que abrange a acuidade visual (capacidade de distinguir detalhes, dada pela relação entre o tamanho do objeto e a distância onde está situado), a binocularidade (é a capacidade de fusão da imagem proveniente de ambos os olhos em convergência ideal, o que proporciona a noção de profundidade), o campo visual (é avaliado a partir da fixação do olhar, quando é determinada a área circundante visível ao mesmo tempo), a visão de cores (capacidade para distinguir diferentes tons e nuances das cores), a sensibilidade à luz (capacidade de adaptação frente aos diferentes níveis de luminosidade do ambiente) e a sensibilidade ao contraste (habilidade para discernir pequenas diferenças na luminosidade de superfícies adjacentes) (CRÓS et al., 2006).

Segundo a OMS (apud, CAMPOS, 2004), o indivíduo com baixa visão ou

visão subnormal é aquele que apresenta diminuição das suas respostas

visuais, mesmo após tratamento e/ou correção óptica convencional, e uma

acuidade visual menor que 6/18 à percepção de luz, ou um campo visual

menor que 10 graus do seu ponto de fixação, mas que usa ou é potencialmente

capaz de usar a visão para o planejamento e/ou execução de uma tarefa.

Também chamada baixa visão, a visão subnormal caracteriza-se na

alteração da capacidade funcional devido a vários fatores, tais como “o

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rebaixamento significativo da acuidade visual, redução importante do campo

visual e da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades”.

(GIL, 2000, p. 10).

Normalmente, a pessoa com visão subnormal possui conserva resíduos

visuais e não conseguem enxergar com clareza a distâncias pequenas.

(CARVALHO, 1994).

Uma definição mais voltada para a visão funcional é apresentada por

Veitzman (2000), que apresenta o conceito elaborado em 1992 em Bangkok, a

saber:

O portador de baixa visão é aquele que possui um comprometimento do seu funcionamento visual mesmo após tratamento ou correção de erros refracionais comuns e apresenta uma acuidade visual inferior a 6/18 até percepção luminosa e um campo visual inferior a 10 graus do seu ponto de fixação, mas que utiliza ou é potencialmente capaz de utilizar a visão para o planejamento ou a execução de uma tarefa. (VEITZMAN, 2000, p. 3)

Os resíduos visuais, até a pouco tempo, não eram considerados como

úteis e as pessoas eram tratadas como cegas, atualmente, oftalmologistas,

terapeutas e educadores desenvolveram técnicas para aproveitar o resíduo

visual nas atividades educacionais, na vida cotidiana e no lazer. Com isso,

conseguiu-se melhorar significativamente a qualidade de vida dos indivíduos,

mesmo sem eliminar a deficiência. (GIL, 2000).

Pessoas com visão subnormal apresentam visão embaçada, diminuída,

restrita em seu campo visual ou prejudicada de algum modo, distinguem

apenas vultos, claridade ou objetos a pouca distância e, normalmente, usam

auxílios ópticos, tais como: óculos, lupas e outros. (CARVALHO, 1994).

Recursos ou auxílios ópticos para visão subnormal são lentes especiais ou dispositivos formados por um conjunto de lentes, geralmente de alto poder, que se utilizam do princípio da magnificação da imagem, para que possa ser reconhecida e discriminada pelo portador de baixa visão. Os auxílios ópticos estão divididos em dois tipos, de acordo com sua finalidade: recursos ópticos para perto e recursos ópticos para longe. (BRAGA, 1997, p. 12).

A cegueira, ou perda total da visão, pode ser adquirida, ou congênita,

caso o indivíduo perca a visão após o nascimento este guarda memórias

visuais de imagens, luzes e cores e este fator faz-se importante para a sua

readaptação. (GIL, 2000).

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20

1.3 Causas da deficiência visual

Segundo Crós et al. (2006), as causas da deficiência visual podem ser

congênitas ou adquiridas que resultam na deficiência visual direta ou indireta.

De acordo com Gil (2000), as causas mais freqüentes de cegueira e

visão subnormal são:

a) Retinopatia da prematuridade causada pela imaturidade da retina,

em decorrência de parto prematuro ou de excesso de oxigênio na

incubadora;

b) Catarata congênita em conseqüência de rubéola ou de outras

infecções na gestação;

c) Glaucoma congênito que pode ser hereditário ou causado por

infecções;

d) Atrofia óptica;

e) Degenerações retinianas e alterações visuais corticais;

f) A cegueira e a visão subnormal podem também resultar de doenças

como diabetes, descolamento de retina ou traumatismos oculares.

O Quadro 2 descreve as causas congênita ou adquirida da deficiência

visual.

continua

CAUSAS CONGÊNITAS CAUSAS ADQUIRIDAS

Albinismo: patologia caracterizada pela

deficiência na pigmentação da íris, o que

resulta em grande sensibilidade à luz

Ambliopia ou olho preguiçoso: baixa acuidade visual

em decorrência do estrabismo

Anirídia: ausência ou má formação da

íris, resultando na deficiência visual.

Ansiometropia: é a diferença acentuada de grau entre

os olhos

Atrofia ótica: deteriorização de parte ou

de todas as fibras nervosas do nervo

óptico

Astigmatismo: são variações na curvatura dos

meridianos da córnea que podem causar distorção e

embaçamento da visão

Catarata: opacidade do cristalino,

causando o embaçamento da visão,

pode ser congênita ou adquirida

Catarata: pode ser corrigida através de cirurgia

com implante de uma lente artificial na parte

interna da estrutura capsular do cristalino

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21

conclusão

CAUSAS CONGÊNITAS CAUSAS ADQUIRIDAS

Corriorrentinite macular: inflamação da

coróide, atingindo a mácula geralmente

causada por toxoplasmose

Conjuntivite: inflamação conjuntiva

Estrabismo: os olhos encontram-se

desalinhados impedindo a fusão da

imagem

Deslocamento de retina: é a separação entre as

diferentes camadas da retina, decorrente de

inflamações e infecções

Glaucoma: aumento anormal da pressão

intra-ocular

Diabetes: doença metabólica que pode levar a diversas

alterações visuais

Hipermetropia: erro da refração que

dificulta a focalização de objetos próximos Glaucoma: pode ser congênito ou adquirido

Miopia: dificuldade para enxergar a

distancia

Presbiopia ou vista cansada: perda da capacidade de

acomodação da lente decorrente do processo de

envelhecimento, resultando em limitações visuais

Retinóide pigmentar: degeneração e

atrofia da retina iniciando na região

periférica conduzindo ao afunilamento

gradativo da visão

Retinoblastoma: doença manifestada por presença de

tumor maligno na retina de um ou dos dois olhos,

aparece geralmente antes dos cinco anos

Rubéola materna: infecção febril e

virótica que pode resultar na deficiência

visual, na perda auditiva e em déficits

mentais e neurológicos quando a mãe

sofre contágio no primeiro trimestre de

gestão

Retinoplatia ou prematuridade: neurovascularização

dos vasos retinianos por excesso de oxigenação em

bebês prematuros mantidos em incubadoras, há

formação de uma membrana pós-cristalina e

geralmente provoca deslocamento da retina

Sífilis: é uma doença infecciosa que

pode causar a paralisia do nervo

óculomotor

Sarampo: doença aguda virótica, com evolução febril

que pode levar a cegueira.

Subluxação do cristalino: deslocamento parcial do

cristalino afetando os principais mecanismos de

refração e acomodação podendo causar hipermetropia

Toxoplasmose: pode causar inflamação

prévia na retina, resultando na deficiência

visual

Toxoplasmose: pode ser congênita, através da

transmissão da mãe ao feto durante a gestação ou

adquirida, através do contato com fezes de animais

contaminados ou da ingestão de carne crua ou mal

cozida infectadas pelo protozoário Toxoplama gondi

Fonte: Crós et al. (2006)

Quadro 2: Classificação da perda da visão (OMS/ Escala Optométrica Decimal

de Snellen)

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1.4 Implicações e desenvolvimento do indivíduo com deficiência visual

A deficiência visual quer seja congênita ou adquirida causa variações no

desenvolvimento individual e psicológico do indivíduo. Já a cegueira resulta

também em perdas emocionais; das habilidades básicas (mobilidade, execução

das atividades diárias); da atividade profissional; da comunicação; e da

personalidade como um todo. Essa experiência traumática exige

acompanhamento terapêutico para a pessoa e para a família. (GIL, 2000).

Muitas crianças, além da deficiência visual ainda possuem outras

deficiências aditivas, de fala entre outros, desta forma, além do diagnóstico

precoce uma equipe multidisciplinar deve acompanhar o seu desenvolvimento

para que se obtenha um resultado satisfatório.

Em crianças, o tratamento adequado deve ser dado o mais cedo

possível, devido à necessidade de cuidados especiais pelo comprometimento

do canal sensorial e para que a deficiência visual não cause prejuízos ao

desenvolvimento neuropsicomotor, com repercussões educacionais,

emocionais e sociais, que podem perdurar ao longo de toda a vida. Faz-se

necessário elaborar sistemas de ensino que transmitam, por vias alternativas,

as informações que não podem ser obtidas por meio da visão. (DE MASI,

2002).

A partir do diagnóstico, deve ser elaborado um programa de educação

precoce, que inclui atividades lúdicas de acordo com a idade. Sua aplicação

depende, em primeiro lugar, da efetiva participação da família. (GIL, 2000).

Um programa de orientação e mobilidade deve ser diferente para

crianças portadoras de cegueira e de visão subnormal. Técnicas

especializadas podem desenvolver o sentido de orientação usando o tato, a

audição e o olfato para se relacionar com os objetos significativos que estão no

ambiente nos programas de estimulação precoce, orientação e mobilidade para

que a criança aprenda a usar seus outros sistemas-guia. (FELIPPE; ÁLVARO,

1997).

O treinamento da orientação e da mobilidade permite que a pessoa se

movimente e se oriente com segurança na escola, em casa, no trânsito, em

locais públicos entre outros, de acordo com sua idade. (GIL, 2000).

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Para as crianças com visão subnormal se desenvolve um programa de

estimulação visual, também baseado em jogos e brincadeiras, criados ou

adaptados para as mais diferentes ocasiões. Essas atividades se destinam a

estimular a visão residual (quando há), e também os outros sentidos. (GIL,

2000).

Durante anos, o preconceito impedia o desenvolvimento da pessoa

deficiente visual com vistas à sua autonomia. Esta era tolhida a executar várias

atividades, dentre elas, deslocar-se com independência, cuidar-se e vestir-se

com adequação, alimentar-se, interagir socialmente, competir no mercado de

trabalho, casar-se dentre outros. (FELIPPE; ÁLVARO, 1997).

Atualmente, programas desenvolvidos por serviços de atendimento às

crianças portadoras de deficiência visual já incorporam um trabalho voltado

para as atividades de vida diária (AVD) e para a orientação e a mobilidade.

Estes programas têm a intenção de capacitar estes indivíduos para o prazer da

autosuficiência, libertação da ajuda e da proteção excessivas e motivação para

o crescimento pessoal, por meio de atitudes e valores positivos. (FELIPPE;

ÁLVARO, 1997).

Estes programas são importantes não só para a independência das

necessidades pessoais básicas, mas também para o desenvolvimento da

autoconfiança e valorização das próprias capacidades, aquisição de

naturalidade, eficiência e desenvoltura no universo social e uma atitude que

favorece a conscientização da sociedade em relação às potencialidades do

portador de deficiência. (GIL, 2000).

Nesse contexto, cabe à família a tarefa oferecer ao portador de

deficiência visual condições para seu crescimento fazendo com que este

indivíduo seja uma pessoa total, que tem potencialidades outras que dão

condições de estudo, independência, trabalho, práticas esportivas dentre

outras coisas que o permitam levar uma vida normal.

De acordo com De Masi (2002), para que se possa compreender a

necessidade que crianças ou adultos com deficiência, há a necessidade de

ocorrer uma troca de experiências, principalmente entre pais e profissionais

para que ocorra a construção de novos e significativos valores.

Na opinião de Gil (2000, p. 14), no Brasil, “ainda predomina, em relação

à deficiência, uma concepção assistencialista, permeada de barreiras sociais”

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onde o portador de deficiência e sua família ficam a mercê da assistência de

instituições, serviços médicos ou profissionais que possam curar ou auxiliar nos

problemas que envolvem a deficiência. Para isso, faz-se necessária a

informação antes de tudo, para que estes possam encontrar interlocutores para

discutir sua problemática e para se identificar.

De acordo com De Masi (2002), a deficiência da visão é uma limitação

sensorial que pode atingir uma gravidade capaz de praticamente anular a

capacidade de ver, abrangendo vários graus de acuidade visual, permitindo

diversas classificações de redução da visão. Portanto, ao se adotar

determinada classificação, deve-se considerar as finalidades propostas para

sua utilização.

Existem, basicamente, dois enfoques para isso: a conotação clínica

determinada pela Organização Mundial da Saúde e a conotação com

propósitos educacionais.

1.4.1 Implicações sob a abordagem clínica e educacional

Conforme dito anteriormente, a Organização Mundial da Saúde utiliza a

Escala de Snellen que são critérios médicos de medidas de acuidade visual

para determinar resultados estáticos em condições especiais de distância e

iluminação, sem considerar outras características físicas e psicológicas dos

indivíduos que podem alterar o resultado (GARCIA, 1984).

A definição educacional é mais funcional e dinâmica, pois a acuidade visual, conforme a Escala de Snellen é muito menos importante do que o uso real que o indivíduo faz da visão. A eficiência visual não pode ser expressa por medidas estáticas, encontrando-se enormes diferenças na eficiência visual entre indivíduos com perdas semelhantes de visão. A eficiência psicovisual ou o uso da visão residual é determinada por fatores como a natureza e extensão da doença do olho, idade em que ocorreu a perda da visão, oportunidades de estimulação visual e de ver materiais visuais, condições psicológicas do indivíduo e sua atitude em relação à deficiência. (FAYE; BARRAGA, 1985, p. 98).

A definição da OMS é utilizada para fins legais, econômicos e

estatísticos, a educacional se preocupa com o desempenho visual, visando a

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formação e participação do indivíduo na sociedade, conforme salienta De Masi

(2002).

Sendo assim, não se deve seguir a risca os diagnósticos baseados na

distância padrão de medidas da acuidade visual para prognósticos

educacionais, pois muitas crianças podem ter alguma visão para perto

potencialmente aproveitável, mas não desenvolvida. (DE MASI, 2002).

Isto significa que às pessoas de qualquer idade, portadoras de visão

residual, devem ser facilitadas a utilização desta visão o mais cedo possível,

devendo ser preparadas para isso, evitando-lhes a imputação do rótulo de

cegueira. (DE MASI, 2002).

O Quadro 3 apresenta a um paralelo entre a Classificação médica e

educacional.

CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA CLASSIFICAÇÃO EDUCACIONAL

Diagnóstico médico – baseado na

Acuidade visual.

Ênfase no que enxerga.

Finalidade legal, econômica e

estatística.

Resultado estático em condições

especiais de distância e iluminação.

Dados Quantitativos (numéricos)

Diagnóstico educacional - baseado na

Eficiência Visual.

Ênfase no como enxergar.

Finalidade prática e funcional em

termos de desempenho na orientação e

mobilidade na AVD e nas tarefas

escolares

Resultado dinâmico em condições de

vida prática.

Dados qualitativos

Obs.: Uma complementa a outra. O diagnóstico médico não leva necessariamente ao prognóstico educacional (pode haver uma capacidade de visão para perto não desenvolvida).

Fonte: De Masi (2002, p. 34)

Quadro 3: Paralelo e intersecção da classificação médica e educacional

Em 1992, a OMS e o Conselho Internacional para Educação de Pessoas

com Deficiência Visual (ICEVI), em reunião realizada em Bangcoc, Tailândia,

sugerem nova avaliação clínico-funcional, para a participação dos portadores

de baixa visão, nos diferentes programas de educação e reabilitação (DE

MASI, 2002).

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CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL

A educação de crianças portadoras de deficiência visual, durante muitos

anos, visou somente êxitos intelectuais com o intuito de alcançar desempenho

acadêmico satisfatório e bom nível de informação e verbalização, não sendo

vislumbrada autonomia e independência. (GIL, 2000).

A criança na idade pré-escolar começa a desenvolver seu

relacionamento com outras pessoas, é o momento em ela inicia suas

amizades, aprende a compartilhar brinquedos e a deficiência visual constitui

um empecilho de desempenho desses papéis o que acarretará insatisfação e

isolamento, trazendo prejuízos a sua aprendizagem. (DA MATA,

VASCONCELOS, 2001).

Para alguns autores, a limitação na orientação e na mobilidade pode ser

considerada o efeito mais grave da cegueira. (GIL, 2000).

O desenvolvimento das habilidades de orientação e mobilidade, parte

essencial do processo educacional de qualquer criança deficiente visual,

precisa começar desde cedo, em casa, com o apoio dos pais. Depois, o

treinamento continuará na escola, com o professor especializado. (GIL, 2000).

Como dito anteriormente, várias são as classificações da deficiência

visual, cabe aqui traçar as observações sobre a classificação educacional da

deficiência.

2 CLASSIFICAÇÃO EDUCACIONAL

A capacidade de ver não é inata, conforme comprovam os estudos e

pesquisas de Barraga (1997), ela depende de habilidades aprendidas em cada

estágio do desenvolvimento com base no fato de que a estimulação da visão

residual podem levar à eficiência visual.

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Os estudos de Barraga (1997), revelaram que 89% dos educandos com

acuidade visual inferior a 0,1 (Escala Optométrica Decimal de Snellen) tem

visão residual possível de utilização e desenvolvimento.

Antigamente, os serviços em educação especial tinham por objetivo a

conservação da visão através da utilização de materiais e métodos que

exigissem sua mínima utilização (GARCIA, 1984).

Os alunos portadores de visão subnormal, na época chamados de amblíopes, eram aqueles que apresentavam acuidade visual 0,1 a 0,3 (Escala de Snellen), enquanto os de acuidade visual menor que 0,1 eram considerados cegos e forçados a utilizar o Sistema Braille no processo de leitura e escrita. Quanto aos considerados cegos, os sentidos do tato e da audição eram estimulados, ignorando-se totalmente o potencial da visão ainda existente e com possibilidades de melhorar a sua eficiência. (DE MASI, 2002, p. 15).

Faye; Barraga (l985) salientam que os educandos portadores de

cegueira apresentam ausência total de visão com perda de projeção de luz,

devendo utilizar o Sistema Braille no processo ensino/aprendizagem, mesmo

que a percepção de luz os auxilie na orientação e mobilidade.

Já os educando com visão subnormal, segundo Faye; Barraga (l985),

apresentam condições de indicar projeção de luz até o grau em que a redução

de sua acuidade visual limite o seu desempenho.

2.1 Desenvolvimento do alunado com deficiência visual

A classificação educacional do deficiente visual determina as diferenças

nos programas de orientação e mobilidade para estas crianças, sendo que os

portadores de visão subnormal que se encontram no limite superior utilizarão

poucos recursos adicionais, usando quase exclusivamente a visão para a

orientação e mobilidade enquanto que os que se encontram como limítrofes da

cegueira necessitam de treinamento sensório-perceptivo com o objetivo de

utilizar melhor as informações provenientes dos outros sentidos, servindo como

pistas em sua orientação espacial. (DE MASI, 2002).

Para que se possa entender o desenvolvimento da criança portadora de

deficiência visual há a necessidade de considerar alguns aspectos, tais como:

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idade em que aconteceu, a associação (ou não) com outras deficiências, os •

aspectos hereditários e aspectos ambientais e o tratamento recebido. (GIL,

2000).

Ainda, segundo Scholl (1982, apud DE MASI, 2002), algumas variáveis

intervenientes afetam o grau da perda visual tais como: a idade em que se

manifestou o problema visual, forma de manifestação, etiologia, tipo e grau de

visão, nos casos em que existe algum resíduo de visão.

De acordo com Scholl (1982, apud DE MASI, 2002), é importante saber

a idade em que manifestou o problema visual por que uma criança com

cegueira congênita dependerá da audição e do tato para adquirir

conhecimentos e formar imagens mentais, enquanto uma criança cuja cegueira

ou perda acentuada da visão ocorra depois do nascimento, poderá reter

imagens visuais e ser capaz de relacioná-las com as impressões recebidas

pelos outros sentidos.

As crianças que perdem a visão antes dos cinco anos, não são capazes

de reter imagens visuais, conforme observa Lowenfeld (1963, apud DE MASI,

2002). Já a criança que adquire a deficiência antes ou depois da alfabetização,

terá mais resistência ou dificuldade para a aceitação da escrita Braille.

É importante também saber de que forma se manifestação a deficiência,

pois a criança ou jovem de baixa visão que vai perdendo-a progressivamente,

poderá estar melhor preparada para a aceitação da perda total, enquanto

aqueles que a perdem subitamente, podem ter reações diferentes, requerendo

apoio e compreensão por mais tempo para poderem aceitar sua nova

condição. Porém, é comum, em ambos os casos o aparecimento de problemas

ou interferências no ajustamento emocional. A aceitação da deficiência pelo

indivíduo é importante para que este tenha melhores resultados. (DE MASI,

2002).

Em relação à etiologia, faz-se importante sua verificação, na em que

certas patologias trazem problemas adicionais que podem causar diferentes

formas de comportamento, como no caso do glaucoma congênito que causa

dor, ou outro fator como a iluminação que em certas patologias requerem

pouco ou muita luz. Outras dificuldades enfrentadas pelos alunos com baixa

visão referem-se a certas circusntâncias, tais como: objetos situados em

ambientes mal iluminados, ambiente muito claro ou ensolarado, objetos ou

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materiais que não proporcionam contraste, objetos e seres em movimento,

visão de profundidade, percepção de formas complexas, representação de

objetos tridimensionais, e tipos impressos ou figuras não condizentes com o

potencial da visão. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

Na escola, os professores costumam confundir ou interpretar

erroneamente algumas atitudes e condutas de alunos com baixa visão que

oscilam entre o ver e o não ver. A partir deste entendimento, o professor

poderá decidir com o aluno qual o melhor lugar para ele ficar na classe.

No que se refere à iluminação, é oportuno lembrar que os casos de catarata, glaucoma, aniridia, ceratocone e albinismo, respondem melhor quando há menor intensidade de luz, enquanto alguns erros de refração, a retinose pigmentar, a atrofia óptica e degeneração macular requerem maior quantidade de luz para estimular as células da fóvea (componente do sistema visual) e melhorar a clareza e agudeza visual. No entanto, poderão ocorrer variações entre dois indivíduos com a mesma etiologia, onde um poderá exigir maior, e outro, menor quantidade de luz (BARRAGA, 1971, apud DE MASI, 2002, p. 14).

Outra variável que afeta o grau da perda visual é o tipo e grau de visão

residual, ou seja, o grau de visão subnormal juntamente com o tipo de afecção

existente poderá causar interferências no aproveitamento do aluno devido ao

esforço que poderá fazer na tentativa de querer enxergar mais do que

realmente pode, provocando tensão, tanto física, quanto emocional. Nesses

casos nota-se a necessidade de se utilizar materiais impressos em tipos

ampliados e em braille ao mesmo tempo.

Muitas vezes, os recursos ópticos existentes não são estéticos e são

rejeitados pelos seus usuários que muitas vezes mostram-se frustrados e

possuem baixo rendimento escolar.

Zimmerman (1965, apud DE MASI, 2002), nota que muitas vezes a

criança portadora de cegueira total apresenta um melhor ajustamento do que a

de visão subnormal devido, principalmente a menor expectativa impostas às

crianças cegas do que as com visão subnormal.

Além destes itens mencionados por Scholl (1982), Norris et al. (1957)

comentam sobre a oportunidade para aprender da criança com deficiência

visual que deverá através de outras vias adquirir conhecimentos. (DE MASI,

2002).

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Em seus estudos, Norris et al. (1957, apud DE MASI, 2002, p. 65)

concluíram que as crianças pré-escolares necessitam de oportunidades para

aprender e não, simplesmente, de estimulação. A oportunidade para aprender

implica “um clima emocional dentro do qual é dada à criança orientação e

liberdade em proporções justas e relativas às suas necessidades como uma

personalidade em desenvolvimento”.

Para que se possa identificar as necessidades específicas e

potencialidades da criança portadora de deficiência visual, há a necessidade de

se fazer uma avaliação que deverá ser feita profissionais da área da saúde e

da educação que, por sua vez, devem trabalhar junto à criança e à família,

desde o momento do diagnóstico. (AMIRALIAN, 1994).

O papel da família é primordial para o sucesso do desenvolvimento da

criança com deficiência visual, assim como a escola que deve integralizar

discussões acerca dos problemas, mitos e preconceitos.

Ao se tornar um espaço de inclusão, a escola promove trocas

enriquecedoras para toda a equipe escolar, incluindo os alunos e suas famílias.

(GIL, 2000).

Para conhecer o deficiente visual o educador deve entender como ele é,

percebe, age, pensa, fala e sente buscando atender aos seus interesses e

descobrindo suas habilidades, prestando atenção ao referencial perceptual que

ele irá revelar, que não é o da visão. A partir daí, o educador pode oferecer-

lhes oportunidades para entrarem em contato com novos objetos, pessoas e

situações e, assim, saber (ou aprender). (MASINI, 1993).

No trabalho com crianças cegas ou portadoras de visão subnormal há

necessidade de um conhecimento prévio de cada caso, para elaboração de um

plano educacional adequado às características e necessidades do educando.

Algumas informações importantes devem ser colhidas junto aos pais ou

responsáveis pela mesma, as quais serão posteriormente ampliadas ou

rejeitadas de acordo com o desenvolvimento das atividades no contato direto

com o aluno. (DE MASI, 2002).

Nesse contexto, salienta-se a importância das relações interpessoais

podem ser saudáveis e baseadas na reciprocidade.

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2.2 Atendimento educacional ao alunado com deficiência visual

Atualmente, a educação da criança deficiente visual ocorre através de

programas diferentes desenvolvidos em classes e escolas especiais, ou

através do ensino integrado, nas salas de recursos, no ensino itinerante ou na

classe comum, recebendo apoio do professor especializado.

Embora, a educação especial atual tendencie manter as crianças com

necessidades educativas especiais em escola comum num programa regular

de ensino, com ou sem serviços suplementares, pois nota-se que o interesse

da criança, da família e da comunidade em geral, é melhor atendido quando os

programas de educação especial são instalados em escolas locais,

proporcionando ao educando o máximo de convivência com outras crianças e

pessoas de seu próprio círculo de relações sociais. (DE MASI, 2002).

Em ambos os casos, programas diferenciados ou escolas comuns, as

crianças necessitam de requisitos especiais, fazendo ou não, uso de materiais

ou equipamentos de apoio e professores especializados nesta área, métodos e

técnicas específicas de trabalho, instalações e equipamentos especiais, bem

como algumas adaptações ou adições curriculares. (DE MASI, 2002).

A educação de alunos com baixa visão baseia-se no princípio de

estimular a utilização plena do potencial de visão e dos sentidos

remanescentes, bem como na superação de dificuldades e conflitos

emocionais.

Para isso, é necessário conhecer e identificar, por meio da observação contínua, alguns sinais ou sintomas físicos característicos e condutas freqüentes, tais como: tentar remover manchas, esfregar excessivamente os olhos, franzir a testa, fechar e cobrir um dos olhos, balançar a cabeça ou movê-la para frente ao olhar para um objeto próximo ou distante, levantar para ler o que está escrito no quadro negro, em cartazes ou mapas, copiar do quadro negro faltando letras, tendência de trocar palavras e mesclar sílabas, dificuldade na leitura ou em outro trabalho que exija o uso concentrado dos olhos, piscar mais que o habitual, chorar com freqüência ou irritar-se com a execução de tarefas, tropeçar ou cambalear diante de pequenos objetos, aproximar livros ou objetos miúdos para bem perto dos olhos, desconforto ou intolerância à claridade. Esses alunos costumam trocar a posição do livro e perder a seqüência das linhas em uma página ou mesclar letras semelhantes. Eles demonstram falta de interesse ou dificuldade em participar de jogos que exijam visão de distância. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007, p. 20).

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O professor deve despertar o interesse do aluno com baixa visão através

de atividades que proporcionem prazer e motivação para o desenvolvimento da

iniciativa e a autonomia, que são os objetivos primordiais da estimulação visual

para que este desenvolva a eficiência visual, estabeleça o conceito de

permanência do objeto, e facilite a exploração dirigida e organizada. (SÁ;

CAMPOS; SILVA, 2007).

Conhecer o desenvolvimento global do aluno, o diagnóstico, a avaliação

funcional da visão, o contexto familiar e social, bem como as alternativas e os

recursos disponíveis, facilitam o planejamento de atividades e a organização do

trabalho pedagógico. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

Lowenfeld (1973, apud DE MASI, 2002) estabeleceu cinco princípios

básicos didáticos para a educação das crianças e jovens deficientes visuais.

Os princípios consideram o aluno globalmente e envolvem a individualização,

concretização, ensino unificado, estímulo adicional e auto-atividade.

Quando Lowenfeld (1973, apud DE MASI, 2002) cita individualização,

ele refere-se às diferenças individuais dos alunos com dificuldades visuais que

exigem um programa individualizado que venha a atender às necessidades de

cada criança, de acordo com suas potencialidades e ritmo de desempenho.

Em relação à concretização, Lowenfeld (1973, apud DE MASI, 2002)

refere-se ao conhecimento dos outros sentidos da criança deficiente visual que

irão se demonstrar através da percepção de objetos passíveis de toque e

manipulação fazendo com que ela adquira a noção de forma, tamanho, peso,

solidez, textura, flexibilidade, temperatura e outras características dos objetos,

principalmente através do tato. Face às barreiras reais que o ambiente pode

oferecer a criança deficiente deverá ser estimulada a comparar, detectar

diferenças para, realmente, conhecer e se inteirar do que é.

No ensino unificado a experiência visual tende a unificar, globalizar o

conhecimento em sua totalidade através de orientações transmitidas de modo

global permitindo, assim, que a criança localize-se numa situação real de vida,

para poder ser auxiliada na aquisição de novos conhecimentos em que não

haja condições de observação em conjunto, estruturando interiormente suas

experiências num todo organizado.

Para facilitar essa globalização devem ser dadas ao educando oportunidades de observação através de todos os sentidos remanescentes. O professor deve procurar descobrir todas as

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possibilidades auditivas, gustativas, olfativas, táteis e cenestésicas do aluno e utilizá-las não só na exploração dos conteúdos específicos da aprendizagem formal, como também nas atividades gerais da vida diária e na orientação e mobilidade, sugerindo aos pais para também fazerem o mesmo, sempre que possível (LOWENFELD, 1973, apud DE MASI, 2002, p. 36).

O estímulo adicional deve ser dado para criar novas situações para

acarretar aprendizagem incidental. Desta forma, deve-se desenvolver as

imagens mentais das crianças deficientes visuais orientando-as para ambientes

mais amplos com estimulação adequada e sistemática, em um nível

proporcional ao seu desenvolvimento e motivação, fazendo-a conhecer o

mundo através de sua própria observação e experiência.

A orientação mental sobre ambientes mais próximos pode ser iniciada pela exploração detalhada dos mesmos, seguida de descrição ou representação, iniciando-se, por exemplo, pelo próprio quarto, sala, cozinha e demais dependências; a sala de aula, banheiro, diretoria, refeitório e demais ambientes que deve circular na escola; procurando estabelecer relações de tamanho e distância entre os ambientes conhecidos, tanto do lar quanto da escola, evoluindo conforme o interesse e domínio da criança. (LOWENFELD, 1973, apud DE MASI, 2002, p. 37).

Este tipo de atividade irá contribuir para que, futuramente, o aluno tenha

os pré-requisitos necessários para uma locomoção independente.

Finalmente, a auto-atividade proporciona à criança deficiente visual

desenvolvimento físico e motor harmonioso através da motivação e estímulo de

seu desejo de movimentar-se livremente. A mobilidade, a fala, o ato de

preensão, de alimentar-se, a socialização e outros aspectos poderão ser

retardados se ela não for orientada para executar tais atividades; ela só irá

dominar estas habilidades fazendo. Por outro lado, a maturação também

precisa ser auxiliada em todos os seus estágios, sendo necessário oferecer à

criança oportunidades para poder fazer sozinha atividades compatíveis com

suas condições, num ritmo crescente de interesses e complexidade.

(LOWENFELD, 1973, apud DE MASI, 2002).

De acordo com Sá; Campos; Silva (2007), a alfabetização e

aprendizagem da criança com deficiência visual envolve o conhecimento desta

como um todo, através de seus outros sistemas-guia, como audição, o tato, o

paladar e o olfato. Além destes, a linguagem amplia o desenvolvimento

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cognitivo porque favorece o relacionamento e proporciona os meios de controle

do que está fora de alcance pela falta da visão.

É através da comunicação e representações que ocorre a interação com

o meio físico e social. O aprimoramento e a aplicação das linguagens oral e

escrita manifestam-se nas habilidades de falar e ouvir, ler e escrever. Ao

professor cabe observar como os alunos se relacionam com os seus colegas e

com os adultos e verificar a qualidade da experiência comunicativa nas

diversas situações de aprendizagem.

De acordo com Sá; Campos; Silva (2007, p. 46), as crianças cegas

operam com dois tipos de conceitos:

Aqueles que têm significado real para elas a partir de suas experiências e aqueles que fazem referência a situações visuais, que embora sejam importantes meios de comunicação, podem não ser adequadamente compreendidos ou decodificados e ficam desprovidos de sentido. Nesse caso, essas crianças podem utilizar palavras ou expressões descontextualizadas, sem nexo ou significado real, por não basearem-se em experiências diretas e concretas. Esse fenômeno é denominado verbalismo e sua preponderância pode ter efeitos negativos em relação à aprendizagem e ao desenvolvimento. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007, p. 46).

A falta de visão promove nas crianças comportamentos estereotipados

por comprometer a imitação deixando uma lacuna a ser preenchida com outras

modalidades de percepção. Por esse motivo, há a necessidade de incentivar o

comportamento exploratório, a observação e a experimentação para que estes

alunos possam ter uma percepção global necessária ao processo de análise e

síntese.

2.2.1 As normas pedagógicas sugeridas pela da Secretaria de Estado da

Educação

Para que a criança cega ou de visão subnormal aprenda a viver com

pessoas que não são deficientes há a necessidade de da intervenção da

sociedade que deve prover os auxílios necessários para que a criança se

capacite e possa integrar-se no grupo social a que pertence. (DE MASI, 2002).

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Nesse contexto, a rede regular de ensino regular deve manter em suas

escolas serviços de apoio pedagógico para esta clientela nas classes

especiais, salas de recursos, na classe comum e no ensino itinerante, contando

ainda, com centrais de atendimento (Centros de Apoio Pedagógico - CAP), que

oferece serviços especializados complementares a alunos matriculados em

qualquer classe ou nível do ensino regular, orientando os pais, professores,

pessoal da escola e a comunidade, bem como oferecendo cursos de formação

continuada aos especialistas da educação. (DE MASI, 2002).

A classe especial constitui-se no agrupamento tradicionalmente utilizado

nas escolas especiais organizadas para o atendimento de um determinado tipo

de deficiência, no caso, a visual. Embora tais escolas possam oferecer

oportunidades mais completas para o ensino face aos recursos disponíveis,

são evidentes as desvantagens da própria institucionalização como a rotina,

formalidade, segregação familiar e social, rigidez de horários e outros aspectos.

(PEREIRA; ROBERTO; OLIVEIRA, 2004).

Atualmente, as escolas especiais vêm proporcionando um eficiente

processo de reformulação de conceitos e de seus programas com o objetivo de

melhor atender a clientela sob sua responsabilidade e minorar os efeitos

decorrentes da segregação. Estas escolas desenvolvem programas

educacionais e de internato ou semi-internato e seus cursos se norteiam pela

orientação geral das escolas comuns. Planejam suas atividades em função do

ano letivo, estimulando amplamente a saída dos alunos nos fins-de-semana e

nos períodos de férias, nos casos de internato, numa tentativa de manter,

dentro do possível, a convivência familiar e social. (PEREIRA; ROBERTO;

OLIVEIRA, 2004)

As crianças deficientes visuais devem ser educadas com as crianças

videntes, devendo a escola especial servir apenas aquelas que precisam e não

podem beneficiar-se de um serviço educacional especializado em sua própria

comunidade. (DE MASI, 2002).

Já as salas de recursos são criadas e instaladas em estabelecimentos

de ensino regular, de acordo com os critérios estabelecidos pelo órgão central

de educação, contando com um professor especializado à disposição da

unidade escolar onde a mesma se encontra instalada e deve atender a todos

os educandos cegos e portadores de visão subnormal que estejam

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matriculados no estabelecimento em qualquer série ou grau. Nestes, o

atendimento ao aluno cego ou portador de visão subnormal ocorre após

avaliação educacional, a partir daí faz-se o desenvolvimento de atividades

introdutórias. Em muitos casos o aluno pode ser encaminhado a uma classe

comum correspondente ao seu nível de adiantamento, recorrendo à sala de

recursos quando encontrar dificuldades de aprendizagem decorrentes de

problemas impostos por sua limitação visual. (PEREIRA; ROBERTO;

OLIVEIRA, 2004).

Nas salas de recursos o professor deve estar atento para que esta não

se torne uma classe especial, evitando manter nela os alunos por períodos

mais longos do que o necessário, visto que esta situação contraria os

pressupostos desta forma de atendimento.

Um aluno deficiente visual que inicia a escolaridade, não poderá ser colocado diretamente numa classe de ensino regular, sendo necessário um conhecimento prévio do mesmo para avaliação e definição da proposta de trabalho a ser desenvolvida, sendo que o sistema Braille deverá ser ensinado na sala de recursos e posterior, ou concomitantemente, ser escolhida a classe comum que o aluno irá ficar após preparo do professor comum e dos colegas que o terão na classe. No que se refere aos alunos portadores de visão subnormal há necessidade de conhecimento sobre o nível de potencialidade visual, oportunidades para usar a visão existente e adequação aos equipamentos e recursos que irá necessitar. As séries iniciais do ensino fundamental favorecem a integração do aluno, tendo em vista os tipos de atividades desenvolvidas; entretanto, quando o mesmo inicia a escolaridade em idade mais avançada que não permite o agrupamento com crianças menores, ou porque suas necessidades exigem um período mais longo na sala de recursos, o professor poderá sugerir sua participação na classe comum através do plano cooperativo entre as duas classes. Através deste plano o aluno inicialmente participa apenas de atividades gerais da classe comum, desenvolvendo-se num crescente proporcional às suas condições, até atingir a completa integração tanto em termos sociais quanto pedagógicos. (DE MASI, 2002, p. 28).

O programa de ensino itinerante atende aos alunos deficientes visuais

que estejam matriculados em estabelecimentos de ensino comum de sua

comunidade em qualquer idade, série ou período. O ensino itinerante

proporciona maiores oportunidades para a integração do aluno. (PEREIRA;

ROBERTO; OLIVEIRA, 2004).

O programa é indicado quando o número de alunos a serem atendidos,

em qualquer das escolas ou região, não justifica a criação de uma sala de

recursos e cujas necessidades específicas dos educandos podem ser

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atendidas através dos esforços conjugados do professor de classe regular e do

ensino itinerante, bem como da própria família. Neste tipo de atendimento, o

professor atende o aluno na escola em que este se encontra matriculado

obedecendo a um planejamento elaborado de forma a satisfazer às

necessidades individuais de cada aluno e do pessoal da escola.

Através da prestação de serviços diretos e indiretos, o professor procura solucionar as dificuldades acarretadas pela deficiência, de modo a possibilitar a inclusão do aluno na vida escolar, familiar e social; estimula a participação dos pais no processo educacional, orientando-os sobre os procedimento mais adequados com relação à criança, além de a melhor forma de auxiliarem nas tarefas escolares como leituras, gravações, aprendizado do Braille, consultas a bibliotecas especializadas, ampliação de materiais e outros esforços necessários para possibilitar a continuidade do usufruto da convivência familiar dessas crianças, ao mesmo tempo em que estudam em um ambiente competitivo, junto à pessoas de visão normal e próximo de sua residência. (DE MASI, 2002, p. 30).

Apesar de bem intencionado, o programa apresenta fracassos que estão

ligados ao padrão das escolas e dos professores comuns, personalidade e

competência do professor especializado ou do próprio aluno, bem como

carência de recursos humanos e materiais especializados, do que ao tipo de

atendimento propriamente dito. (PEREIRA; ROBERTO; OLIVEIRA, 2004).

No ensino itinerante o professor especializado trabalha diretamente com

o aluno e indiretamente, podendo deixar orientações e atividades a serem

realizadas, até o seu retorno, pelo próprio aluno, o professor comum, a família

ou pelo pessoal da escola. (PEREIRA; ROBERTO; OLIVEIRA, 2004)

Atualmente alguns professores de salas de recursos saem de suas

unidades, exercendo funções de itinerante, ou recebem ex-alunos que foram

remanejados para outros estabelecimentos e que se encontram sem orientação

especializada. (PEREIRA; ROBERTO; OLIVEIRA, 2004)

Os Centros de Apoio Pedagógico (CAP) surgiram nos últimos, mas tem

dificuldades na ampliação dos serviços de atendimento para deficientes

visuais, face à carência de professores especializados, insuficiência de

materiais para estudos e pesquisas dos alunos, tanto em Braille quanto em

tipos ampliados por esse motivo contam, atualmente, com o suporte de centros

especializados. (DE MASI, 2002).

O objetivo do Projeto CAP é garantir às pessoas cegas e às de baixa

visão o acesso ao conteúdo programático desenvolvido na escola de ensino

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regular, assim como acesso a literatura, à pesquisa e à cultura por meio da

utilização de equipamentos da moderna tecnologia e da impressão do livro em

Braille. Uma das alternativas para dinamizar e favorecer a integração dos

deficientes visuais consiste, principalmente, na produção de material impresso

em Braille, na ampliação de textos, na adaptação de materiais, na qualificação

de recursos humanos e outros recursos necessários ao processo de ensino e

aprendizagem do aluno. (DE MASI, 2002).

Além do atendimento específico ao deficiente visual, o CAP orienta pais

e professores das escolas onde os alunos estão matriculados, além de

organizar programas e cursos para formação continuada e de capacitação dos

professores especializados da rede, colocando à disposição dos mesmos

bibliografia atualizada, materiais de apoio e equipamentos de última geração

para uso deles e de seus alunos. (DE MASI, 2002).

2.2.2 Conceitos importantes para a alfabetização e aprendizagem da criança

com deficiência visual

2.2.2.1 Espaço físico e mobiliário

De início, o espaço físico não é percebido pelos alunos cegos, por isso é

necessário possibilitar a este aluno o conhecimento e o reconhecimento do

espaço físico e da disposição do mobiliário que deve ser feita através de

informações dadas de forma processual e analítica através da exploração do

espaço concreto da sala de aula e do trajeto rotineiro dos alunos: entrada da

escola, pátio, cantina, banheiros, biblioteca, secretaria, sala dos professores e

da diretoria, escadas, obstáculos entre outros. (GIL, 2000).

O mobiliário deve estar estático e qualquer modificação deve ser

avisada, deve-se reservar um espaço na sala de aula com mobiliário adequado

para a disposição dos instrumentos utilizados por esses alunos que devem

incumbir-se da ordem e organização do material para assimilar pontos de

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referência úteis para eles. Portas devem ficar completamente abertas ou

fechadas para evitar acidentes. (PEREIRA; COSTA, 2009).

2.2.2.2 Comunicação e relacionamento

É comum professores não saberem como proceder em relação aos

alunos cegos e por esse motivo apresentarem dificuldades de comunicação.

Nestes casos, somente o diálogo pode quebrar paradigmas proporcionando

novas atitudes, procedimentos e posturas. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

É através do contato com os familiares do aluno com deficiência visual

que os educadores poderão esclarecer dúvidas ou responder perguntas dos

colegas na sala de aula, tomando o cuidado de evitar a comunicação gestual e

visual na interação com esses alunos. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

2.2.2.3 O sistema Braille

Foi em 1580 que ocorreu a primeira tentativa no sentido de desenvolver

um sistema de leitura para pessoas sem visão. Através de letras do alfabeto

romano gravadas em baixo-relevo, sobre pedacinhos de madeira. (GIL, 2000).

A partir daí, somente em 1825, Louis Braille criou o sistema Braille,

método eficiente de leitura e escrita para cegos. O sistema baseia-se na

combinação de 63 pontos que representam as letras do alfabeto, os números e

outros símbolos gráficos. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

A combinação dos pontos é obtida pela disposição de seis pontos

básicos, organizados espacialmente em duas colunas verticais com três pontos

à direita e três à esquerda de uma cela básica denominada cela braille. (SÁ;

CAMPOS; SILVA, 2007).

O sistema Braille pode ser escrito com dois tipos de equipamento: o

conjunto manual de reglete e punção e a máquina de datilografia (Perkins-

Braille), que começou a ser produzida no Brasil em 1999.

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A reglete é uma régua de madeira, metal ou plástico com um conjunto de celas Braille dispostas em linhas horizontais sobre uma base plana. O punção é um instrumento em madeira ou plástico no formato de pêra ou anatômico, com ponta metálica, utilizado para a perfuração dos pontos na cela Braille. O movimento de perfuração deve ser realizado da direita para a esquerda para produzir a escrita em relevo de forma não espelhada. Já a leitura é realizada da esquerda para a direita. Esse processo de escrita tem a desvantagem de ser lento devido à perfuração de cada ponto, exige boa coordenação motora e dificulta a correção de erros. A máquina de escrever tem seis teclas básicas correspondentes aos pontos da cela Braille. O toque simultâneo de uma combinação de teclas produz os pontos que correspondem aos sinais e símbolo desejados. É um mecanismo de escrita mais rápido, prático e eficiente. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007, p. 49).

Fonte: Sá; Campos; Silva (2007, p. 23).

Figura 1: Alfabeto Braille (leitura): disposição universal dos 63 sinais simples do

sistema Braille

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O processo de escrita em relevo e a leitura tátil requer o

desenvolvimento de habilidades do tato que envolvem conceitos espaciais e

numéricos, sensibilidade, destreza motora, coordenação bimanual,

discriminação, dentre outros aspectos e baseiam-se em componentes

específicos no que diz respeito ao movimento das mãos, mudança de linha,

adequação da postura e manuseio do papel. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

As pessoas com deficiência visual nem sempre conseguem ter suficiente

velocidade de leitura para conseguir ler de forma eficiente e prazerosa. A

velocidade da leitura em braille depende da idade em que a pessoa aprendeu a

ler, e também do grau de desenvolvimento do tato: quanto maiores forem as

oportunidades para pesquisar e explorar o ambiente e quanto antes se iniciar o

processo de alfabetização, melhor será a qualidade da leitura. (GIL, 2000).

Pesquisas comprovam que a leitura tátil é três vezes mais fatigante que

a leitura visual. Também são cansativos os movimentos das duas mãos e a

posição em que se precisa manter os braços. A temperatura ambiente é outro

fator adverso; no tempo frio, é comum a sensação de amortecimento nos

dedos, o que prejudica o tato. (GIL, 2000).

Educadores devem ter domínio do alfabeto Braille e de noções básicas

do sistema para serem eficientes no processo de ensino-aprendizagem da

criança portadora de deficiência visual. Alguns cursos, como o Braille Virtual

curso on-line, criado e desenvolvido por uma equipe de profissionais da

Universidade de São Paulo (USP) podem possibilitar estes entendimento, pois

o cursos tem como objetivo possibilitar o aprendizado do sistema Braille de

forma simples, gratuita e lúdica. (PEREIRA; COSTA, 2009).

Um conhecimento mais aprofundado do sistema Braille é necessário

para quem realiza trabalhos de revisão, adaptação de textos e livros e de

produção Braille em geral. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

Os meios informáticos ampliam significativamente as possibilidades de

produção e impressão Braille. Existem diferentes tipos de impressoras com

capacidade de produção de pequeno, médio e grande portes que representam

um ganho qualitativo e quantitativo no que se refere à produção Braille em

termos de velocidade, eficiência, desempenho e sofisticação. (SÁ; CAMPOS;

SILVA, 2007).

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2.2.2.4 Recursos ópticos e não-ópticos

Ao portador de visão subnormal cabe a utilização de auxílios ópticos

adequados e materiais adaptados a suas necessidades especiais, como por

exemplo os textos com letras ampliadas. Na sala de aula, o professor precisa

estar atento para planejar a melhor posição (localização da carteira em relação

à lousa, à janela entre outros) do aluno, de forma a facilitar sua aprendizagem.

Utilizados sob mediante prescrição e orientação oftalmológica, os

recursos ou auxílios ópticos caracterizam-se por lentes de uso especial ou

dispositivo formado por um conjunto de lentes, geralmente de alto poder, com o

objetivo de ampliar a imagem da retina. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

O Quadro 4 relacionam os recursos ópticos e não- ópticos mais

utilizados atualmente.

RECURSOS ÓPTICOS RECURSOS NÃO-ÓPTICOS

Recursos ópticos para longe:

telescópio: usado para leitura no quadro

negro, restringem muito o campo visual;

telessistemas, telelupas e lunetas.

Tipos ampliados: ampliação de fontes, de sinais e

símbolos gráficos em livros, apostilas, textos avulsos,

jogos, agendas, entre outros.

Acetato amarelo: diminui a incidência de claridade sobre

o papel.

Recursos ópticos para perto: óculos

especiais com lentes de aumento que

servem para melhorar a visão de perto.

(óculos bifocais, lentes

esferoprismáticas, lentes monofocais

esféricas, sistemas telemicroscópicos).

Plano inclinado: carteira adaptada, com a mesa

inclinada para que o aluno possa realizar as atividades

com conforto visual e estabilidade da coluna vertebral.

Acessórios: lápis 4B ou 6B, canetas de ponta porosa,

suporte para livros, cadernos com pautas pretas

espaçadas, tiposcópios (guia de leitura), gravadores.

Lupas manuais ou lupas de mesa e

de apoio: úteis para ampliar o tamanho

de fontes para a leitura, as dimensões

de mapas, gráficos, diagramas, figuras

e outros. Quanto maior a ampliação do

tamanho, menor o campo de visão com

diminuição da velocidade de leitura e

maior fadiga visual.

Softwares com magnificadores de tela e Programas com

síntese de voz.

Chapéus e bonés: ajudam a diminuir o reflexo da luz em

sala de aula ou em ambientes externos.

Circuito fechado de televisão: aparelho acoplado a um

monitor de TV monocromático ou colorido que amplia até

60 vezes as imagens e as transfere para o monitor.

Fonte: Sá; Campos; Silva (2007, p. 25)

Quadro 4: Recursos ópticos e não-ópticos

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Dependendo da patologia, este recurso é utilizado por indivíduos com

baixa visão que necessitem dele. Outros recursos como lentes, lupas, óculos,

telescópios também são utilizados, porém ainda há a necessidade de

adaptação de material e de outros cuidados. (PEREIRA; COSTA, 2009).

A utilização de recursos ópticos e não-ópticos envolve o trabalho de

pedagogia, de psicologia, de orientação e mobilidade e outros que se fizerem

necessários.

As escolhas e os níveis de adaptação desses recursos em cada caso

devem ser definidos a partir da conciliação de inúmeros fatores. Entre eles,

destacam-se: necessidades específicas, diferenças individuais, faixa etária,

preferências, interesses e habilidades que vão determinar as modalidades de

adaptações e as atividades mais adequadas. (GIL, 2000).

2.2.2.5 Atividades

Dentre as atividades que envolvem a alfabetização e aprendizagem da

criança com deficiência visual algumas devem ser adaptadas com

antecedência e outras durante a sua realização por meio de descrição,

informação tátil, auditiva, olfativa e qualquer outra referência que favoreçam a

configuração do cenário ou do ambiente, como por exemplo, a exibição de

filmes ou documentários, excursões e exposições. (PEREIRA; COSTA, 2009).

A descrição oral de imagens, cenas mudas e leitura de legenda

simultânea se não houver dublagem são necessárias nas apresentações em

vídeo e um resumo da atividade deveria ser apresentada para os alunos.

(PEREIRA; COSTA, 2009).

Os esquemas, símbolos e diagramas presentes nas diversas disciplinas devem ser descritos oralmente. Os desenhos, os gráficos e as ilustrações devem ser adaptados e representados em relevo. O ensino de língua estrangeira deve priorizar a conversação em detrimento de recursos didáticos visuais que devem ser explicados verbalmente. Experimentos de ciências e biologia devem remeter ao conhecimento por meio de outros canais de coleta de informação. As atividades de educação física podem ser adaptadas com o uso de barras, cordas, bolas com guiso e outros. O aluno deve ficar próximo do professor que recorrerá a ele para demonstrar os exercícios ao mesmo tempo em que ele aprende. Outras atividades que envolvem expressão corporal, dramatização, arte, música podem ser

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desenvolvidas com pouca ou nenhuma adaptação. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

Cabe salientar, que a deficiência visual não deve impedir que os alunos

cegos não participem de todas as atividades, principalmente aquelas que

envolvem criatividade, confecção de material e cooperação entre os

participantes, com diferentes níveis e modalidades de adaptação.

2.2.2.6 Avaliação

Assim como as atividades, as avaliações também devem ser adaptadas

representações e relevo, como por exemplo, desenhos, gráficos, diagramas,

gravuras, uso de microscópios, principalmente aquelas baseados em

referências visuais (PEREIRA; COSTA, 2009).

Os exercícios orais também podem ser recomendados, através da

adaptação e produção de material, a transcrição de provas, exercícios e de

textos em geral para o sistema Braille podem ser realizadas em salas

multimeios, núcleos, serviços ou centros de apoio pedagógico. Caso não exista

nenhum educador que domine o sistema Braille, far-se-á necessário a

conversão da escrita Braille para a escrita em tinta. (SÁ; CAMPOS; SILVA,

2007).

O tempo de avaliação deverá ser estendido se necessário desde que

observadas as peculiaridades já mencionadas em relação à percepção não

visual. Os alunos podem realizar trabalhos e tarefas escolares utilizando a

máquina de escrever em Braille ou o computador, sempre que possível.

(PEREIRA; COSTA, 2009).

2.2.2.7 Recursos didáticos

Os recursos didáticos para o aluno deficiente visual devem ser envolver

a tecnologia existente, equipamentos e jogos pedagógicos para que a

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aprendizagem sejam mais agradável e motivadora em um ambiente de

cooperação e reconhecimento das diferenças. O bom senso e a criatividade

devem dar subsídios para se selecionar, confeccionar ou adaptar recursos

abrangentes ou de uso específico. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007).

A predominância de recursos didáticos eminentemente visuais ocasiona uma visão fragmentada da realidade e desvia o foco de interesse e de motivação dos alunos cegos e com baixa visão. Os recursos destinados ao Atendimento Educacional Especializado desses alunos devem ser inseridos em situações e vivências cotidianas que estimulem a exploração e o desenvolvimento pleno dos outros sentidos. A variedade, a adequação e a qualidade dos recursos disponíveis possibilitam o acesso ao conhecimento, à comunicação e à aprendizagem significativa. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007, p. 46).

Outros recursos podem ser adaptados para alunos cegos ou com baixa

visão é o caso dos jogos, instrumentos de medir, mapas de encaixe e diversos

objetos de baixo custo e sucatas como embalagens descartáveis, frascos,

retalhos de papéis e tecidos com texturas diferentes, botões, palitos entre

outros. (PEREIRA; COSTA, 2009).

Os recursos didáticos devem promover estímulos visuais e táteis que

atendam às diferentes condições visuais para que ocorra uma comunicação e

entrosamento entre todos os alunos. A estimulação visual dos recursos

didáticos baseia-se na escolha adequada do material, que deve ter cores fortes

ou contrastes que melhor se adaptem à limitação visual de cada aluno e

significado tátil. O relevo deve ser facilmente percebido pelo tato e, sempre que

possível, constituir-se de diferentes texturas para melhor destacar as partes

componentes do todo. Contrastes do tipo liso/áspero, fino/espesso, permitem

distinções adequadas. O material não deve provocar rejeição ao manuseio e

ser resistente para que não se estrague com facilidade e resista à exploração

tátil e ao manuseio constante. Deve ser simples e de manuseio fácil,

proporcionando uma prática utilização e não deve oferecer perigo para os

alunos. (GIL, 2000).

A confecção de recursos didáticos para alunos cegos deve se basear em alguns critérios muito importantes para a eficiência de sua utilização. Entre eles, destacamos a fidelidade da representação que deve ser tão exata quanto possível em relação ao modelo original. Além disso, deve ser atraente para a visão e agradável ao tato. A adequação é outro critério a ser respeitado, considerando-se a pertinência em relação ao conteúdo e à faixa etária. As dimensões e o tamanho devem ser observados. Objetos ou desenhos em relevo pequenos demais não ressaltam detalhes de suas partes

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componentes ou se perdem com facilidade. O exagero no tamanho pode prejudicar a apresentação da totalidade dificultando a percepção global. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007, p. 48).

A disponibilidade de recursos que atendam ao mesmo tempo às

diversas condições visuais dos alunos pressupõe a utilização do sistema

Braille, de fontes ampliadas e de outras alternativas no processo de

aprendizagem. (GIL, 2000).

O Quadro 5 apresenta sugestões de Sá; Campos; Silva (2007) de

materiais didáticos para o aluno deficiente visual.

continua

MATERIAL DESCRIÇÃO

Cela Braille confeccionada com caixas de papelão, frascos de desodorantes e

embalagem de ovos.

Celinha Braille: feitas com caixas de chicletes, botões, cartelas de comprimidos, caixa de

fósforo, emborrachado.

Cela Braille Vasada confeccionada em vários tamanhos com acetato usado em radiografias ou

papelão.

Caixa de vocabulário caixa de plástico ou de papelão contendo miniaturas coladas em cartões

com o nome do objeto em Braille e em tinta.

Alfabeto letras cursivas confeccionadas com emborrachado, papelão ou em arame

flexível.

Gaveteiro alfabético cada gaveta contém miniaturas de objetos iniciados com a letra fixada em

relevo e em Braille na parte externa.

Pesca-palavras

caixa de plástico ou de papelão contendo cartelas imantadas com palavras

em Braille para serem pescadas com vareta de churrasco com imã na

ponta.

Roleta das letras disco na forma de relógio com um ponteiro giratório contendo as letras do

alfabeto em Braille e em tinta.

Livro de bolso as páginas são bolsos de pano contendo reálias e com palavras, frases ou

expressões escritas em Braille.

Grade para escrita

cursiva

pautas confeccionadas com caixa de papelão, radiografias, emborrachado

e outros.

Medidor garrafas plásticas de água mineral cortadas, com capacidade para um litro

e meio.

Caixa de números

caixas de plástico ou de papelão contendo miniaturas. Colar na parte

externa o numeral, em tinta, relevo e em Braille, correspondente à

quantidade de objetos guardados no interior da caixa.

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47

conclusão

MATERIAL DESCRIÇÃO

Fita métrica adaptada. com marcações na forma de orifícios e pequenos recortes.

Pranchas para

desenhos em relevo

retângulo de eucatex recoberto com tela de náilon de proteção para

produção de desenhos com lápis-cera ou recoberto com couro para

desenhos com carretilhas.

Brincando com as

frações

representação de frações utilizando embalagens de pizza e bandejas de

isopor.

Bandeira do Brasil confeccionada com diferentes materiais em relevo com encaixe ou

superposição das partes.

Dominó adaptado com diferentes texturas de tecido.

Jogo de dama adaptado com velcro.

Jogo da velha adaptado com peças de encaixe ou imantadas.

Resta-um adaptado com embalagem de ovos e bolinhas de isopor ou papel machê

e bolinhas de gude

Figuras geométricas

em relevo confeccionadas com emborrachado, papelão e outros.

Caneta maluca

caneta Bic com um fio comprido de lã enrolado em um carretel na parte

superior e com a ponta enfiada no lugar da carga para desenhar sobre

prancha de velcro.

Livro de texturas

Calendário-mural confeccionado em cartolina com cartelas móveis para o registro em tinta

e em braille dos dias, meses e ano.

Baralho adaptado com inscrição em Braille do número e naipe.

Mural do tempo cartaz com frases curtas em braille e em tinta e desenho em relevo

expressando as condições do tempo em cada dia da semana.

Fonte: Sá; Campos; Silva (2007, p. 50).

Quadro 5: Materiais didáticos para o aluno deficiente visual

2.2.2.8 Outros Recursos

Entre outros recursos didáticos para o aluno deficiente visual Gil (2000)

cita modelos e maquetes, mapas, sorobã, livro didático adaptado, livro

acessível e recursos tecnológicos

Os modelos e maquetes trabalham as noções e os conceitos

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relacionados aos acidentes geográficos, ao sistema planetário e aos

fenômenos da natureza. Para isso, os modelos devem ser criteriosamente

escolhidos e demonstrados com explicações objetivas. Os objetos muito

pequenos devem ser ampliados para que os detalhes sejam percebidos e os

objetos muito grandes e intocáveis devem ser convertidos em modelos

miniaturizados, por exemplo, as nuvens, as estrelas, o sol, a lua, os planetas,

entre outros. (GIL, 2000).

Os mapas podem ser representados em relevo, utilizando-se de

cartolina, linha, barbante, cola, e outros materiais de diferentes texturas.

Já o sorobã constitui-se num instrumento utilizado para trabalhar

cálculos e operações matemáticas. O sorobã é uma espécie de ábaco que

contém cinco contas em cada eixo e borracha compressora para deixar as

contas fixas. (GIL, 2000).

Os livros didáticos são ilustrados com desenhos, gráficos, cores,

diagramas, fotos e outros recursos inacessíveis para os alunos com limitação

visual. A transcrição de um texto ou de um livro para o sistema Braille tem

características específicas em relação ao tamanho, à paginação, à

representação gráfica, aos mapas e às ilustrações devendo ser fiel ao

conteúdo e respeitar normas e critérios estabelecidos pela Comissão Brasileira

do Braille. A adaptação parcial ou integral desses livros é complexa e pode ser

realizada nos Centros de Apoio Pedagógico aos Deficientes Visuais (CAPs) ou

em serviços similares, enquanto a produção em grande escala fica sob a

responsabilidade das instituições especializadas em parceria com o Ministério

da Educação. (GIL, 2000).

O livro acessível visa contemplar a todos os leitores apresentando-se

como um produto referenciado no modelo do desenho universal. O livro ideal,

ainda não está disponível nas livrarias e bibliotecas e se constitui como objeto

de debate que depende de regulamentação e de negociação entre o governo e

os elos da cadeia produtiva do livro.

Em relação aos recursos tecnológicos pode ser relacionados os meios informáticos que facilitam as atividades de educadores e educandos porque possibilitam a comunicação, a pesquisa e o acesso ao conhecimento. Existem programas leitores de tela com síntese de voz, concebidos para usuários cegos, que possibilitam a navegação na internet, o uso do correio eletrônico, o processamento de textos, de planilhas e uma infinidade de aplicativos operados por meio de comandos de teclado que dispensam o uso do mouse.

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Existem, ainda, outras ferramentas que possibilitam a produção de livros em formato digital, em áudio e em Braille. É o caso, por exemplo, de scanner, de programas de reconhecimento óptico de caracteres para a digitalização de textos e programas que permitem converter o texto digitalizado em arquivo de áudio. Além disso, há programas magnificadores de tela, geralmente, conjugados com síntese de voz, desenvolvidos para quem tem baixa visão. É necessário que essas ferramentas estejam disponíveis no âmbito do sistema escolar, nos serviços e centros de apoio que visam promover a inclusão escolar e social. Os laboratórios de informática, os telecentros e os programas de inclusão digital devem contar com meios informáticos acessíveis para pessoas cegas e com baixa visão, porque o uso de computadores e de outros recursos tecnológicos são tão fundamentais para elas quanto os olhos são para quem enxerga. (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007, p. 52).

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CONCLUSÃO

Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de explicitar os conceitos,

sugestões e princípios que norteiam uma ação educativa voltada para o

respeito e a valorização dos deficientes visuais que aprendem e os que

ensinam.

O sucesso do ensino-aprendizagem desta população envolve o desejo

de ensinar e de aprender, a postura de observação, indagação e investigação

constante, bem como a valorização e a aceitação das diferenças.

Os investimentos dos educadores devem ser os mesmos em relação a

todos os alunos e este deve entender que o alunado cego e com baixa visão

têm as mesmas potencialidades que os outros, pois a deficiência visual não

limita a capacidade de aprender.

Em resposta ao questionamento do estudo pode-se dizer que os

recursos disponíveis para o ensino-aprendizagem do deficiente visual são

eficazes como trabalho pedagógico a partir do momento que são adequados às

condições visuais destes educandos através de estratégias de aprendizagem,

procedimentos, meios de acesso ao conhecimento e à informação, além dos

instrumentos de avaliação.

Para este fim, outros fatores devem ser observados, como as normas

pedagógicas sugeridas pela da Secretaria de Estado da Educação, o espaço

físico e mobiliário onde ocorre o ensino-aprendizagem, a comunicação e o

relacionamento, o sistema Braille , os recursos ópticos e não-ópticos, as

atividades, a avaliação e os recursos didáticos .

Nesse contexto a cooperação das famílias e a mobilização da

comunidade em busca de melhor qualidade de vida, educação e participação

social dos alunos com deficiência visual anunciam novos tempos, de combate

às atitudes discriminatórias, de disseminação do conhecimento e,

principalmente, com a criação de uma sociedade mais acolhedora e solidária.

Além disso, as exigências da escola inclusiva para com o professor

regular e o professor do ensino especial exigem empenho e trabalho assíduo.

Em mútua colaboração e entendimento, o professor do ensino regular e o

professor do ensino especial podem assegurar uma escolaridade estimulante,

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não apenas às crianças portadoras de deficiência visual, mas a toda a

classe/turma no seu conjunto. A presença do aluno portador de deficiência na

classe/turma pode e deve ser um bom pretexto para incrementar o

desenvolvimento de um grande leque de valores ligados à cidadania, nos

colegas da turma e da própria escola.

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