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O Pedroso nº 34

Date post: 10-Mar-2016
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Publicaçom trimestral da organizaçom independentista e socialista galega NÓS-Unidade Popular na comarca de Compostela (capital da Galiza)
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O Pedroso entrevista José Silva Dirigente da Associaçom vicinal As Marias Análise: Sobre a interrupçom voluntária da gravidez ou a escassa atençom no serviço galego de saúde s o Pedro o vozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela Ano IX • nº 34 • Julho, Agosto e Setembro de 2008 Nom há muitos anos o anterior presidente composte- lano, Gerardo Esteves, apresentara um projecto para construir no monte Pedroso umha torre-miradouro que combinasse a funcionalidade como antena de telecomu- nicaçons e o seu uso turístico. Tal projecto fora encarre- gado na altura a um dos arquitectos com mais “nome” do momento, o británico Norman Foster. Por razons diversas a questom nunca passou de ser umha maqueta que se mostrou em diferentes exposiçons sobre o plane- amento urbanístico da cidade e que agora estará guar- dando pó nalgum dos armazéns do concelho. Vem à memória a torre de Foster neste momento, nom por um acaso mas pola sensaçom de déjà vu que nos atacou quando por vez primeira começamos a escuitar novas sobre o projecto do teleférico da Cidade da Cul- tura. Lembrámos como o projecto apadrinhado por Esteves fora criticado na altura como excessivo e megalomanía- co, sendo umha das últimas contribuiçons do presiden- te-aparelhador que semeou Compostela com auditórios, CGAC’s e estádios. E fora paulatinamente esquecido como um projecto sem futuro. Lamentavelmente a história nom tem porque repetir- se, e os disparates que nalgum momento som anulados pola combinaçom do bom siso e a restriçom orçamentar podem achar no futuro a cumplicidade necessária para saírem avante. E mesmo instalaçons que deixam a no- meada torre de Foster como um simples capricho sem maldade, como é o caso da Cidade da Cultura, podem ser aperfeiçoadas na sua dimensom disparatada com a adiçom de adornos da magnitude de um teleférico. Porque disso é do que se trata. A dia de hoje a ninguém com um mínimo de capacidade crítica lhe pode escapar que a insistência em pujar para a frente com a Cidade da Cultura nom responde a que fique alguém nas ins- tituiçons encarregadas da sua posta em andamento que acredite no projecto, mas à simples necessidade de gerir Continua na página 2 www.nosgaliza.org Evitemos novo disparate de Bugalho Teleférico em Compostela? Modelo turístico municipal teima em converter a capital galega num parque de diversons Cidade da Cultura
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Page 1: O Pedroso nº 34

O Pedroso entrevista José Silva

Dirigente da Associaçom vicinal As Marias

Análise:

Sobre a interrupçom voluntária da gravidez ou a escassa atençom no serviço galego de saúde

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2008

Nom há muitos anos o anterior presidente composte-lano, Gerardo Esteves, apresentara um projecto para construir no monte Pedroso umha torre-miradouro que combinasse a funcionalidade como antena de telecomu-nicaçons e o seu uso turístico. Tal projecto fora encarre-gado na altura a um dos arquitectos com mais “nome” do momento, o británico Norman Foster. Por razons diversas a questom nunca passou de ser umha maqueta que se mostrou em diferentes exposiçons sobre o plane-amento urbanístico da cidade e que agora estará guar-dando pó nalgum dos armazéns do concelho.

Vem à memória a torre de Foster neste momento, nom por um acaso mas pola sensaçom de déjà vu que nos atacou quando por vez primeira começamos a escuitar novas sobre o projecto do teleférico da Cidade da Cul-tura.

Lembrámos como o projecto apadrinhado por Esteves fora criticado na altura como excessivo e megalomanía-

co, sendo umha das últimas contribuiçons do presiden-te-aparelhador que semeou Compostela com auditórios, CGAC’s e estádios. E fora paulatinamente esquecido como um projecto sem futuro.Lamentavelmente a história nom tem porque repetir-se, e os disparates que nalgum momento som anulados pola combinaçom do bom siso e a restriçom orçamentar podem achar no futuro a cumplicidade necessária para saírem avante. E mesmo instalaçons que deixam a no-meada torre de Foster como um simples capricho sem maldade, como é o caso da Cidade da Cultura, podem ser aperfeiçoadas na sua dimensom disparatada com a adiçom de adornos da magnitude de um teleférico.

Porque disso é do que se trata. A dia de hoje a ninguém com um mínimo de capacidade crítica lhe pode escapar que a insistência em pujar para a frente com a Cidade da Cultura nom responde a que fique alguém nas ins-tituiçons encarregadas da sua posta em andamento que acredite no projecto, mas à simples necessidade de gerir

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www.nosgaliza.org

Evitemos novo disparate de Bugalho

Teleférico em Compostela?

Modelo turístico municipal teima em converter a capital galega num parque de diversons

Cidade da Cultura

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o que vulgarmente se conhece como o “morto” que Fraga deixou a Touri-nho e Quintá.

Os políticos que nos tocou sofrer som incapazes de reconhecer publi-camente o que já fai muito tempo é umha evidência, que a Cidade da Cultura é um projecto sem pés nem cabeça, embora sejam totalmente conscientes de que essa é a realida-de. E na sua infatigável fugida cara a nom se sabe onde, cada dia afrontam com maior decisom o descenso na espiral do disparate.

O último episódio notável desta es-trepitosa descida está em relaçom com o anúncio da possível instala-çom de um teleférico que ligue a Ci-dade da Cultura com a Cidade Velha e a estaçom ferroviária.

As primeiras novas sobre dita ques-tom começárom a fazer-se públi-cas polos começos do presente ano 2008. E nom está a mais reconhecer que num primeiro momento a cousa soava mais a brincadeira que a au-têntica possibilidade.

Porém, mais umha vez a realidade superou a mais incrível ficçom, e toda a vizinhança de Compostela to-mámos consciência de que a cousa ia a sério quando em finais do mês de Setembro a imprensa lançava à luz pública um relatório elaborado por um organismo assessor da UNES-CO, o ICOMOS, em que se avaliava a viabilidade do projecto do telefé-rico em relaçom com a categoria de Compostela como cidade património da humanidade.

Dito informe fora solicitado polo próprio concelho como passo prévio

à posta em andamento da constru-çom do teleférico, e nele o ICOMOS mostrava que para alívio de muitas ainda ficava algures um mínimo de racionalidade. Assim neste relatório nom só se colocava umha objecçom taxativa à contruçom do teleférico, mas era questionada a totalidade do projecto da Cidade da Cultura e cha-mava-se a atençom sobre a nefasta política patrimonial da cámara muni-cipal compostelana que parece estar obsessionada por converter Compos-tela num parque de diversons.

Aliás, tal relatório serviu para animar umha azeda polémica entre os jor-nais El Correo Gallego, infatigável defensor da Cidade da Cultura, e La Voz de Galicia, “radicalmente críti-ca” com a obra do Gaiás desde que em 2005 mudasse o ocupante do ca-deirom da presidência da Junta. Esta polémica permitiu conhecer qual é o estado de opiniom das “forças vivas” deste país e da nossa cidade em rela-çom à questom, o que nom fijo mais que acrescentar a já por si deplorável sensaçom que nos provocam estas personagens e instituiçons.

Temos que reconhecer que se bem a hipocrisia de La Voz de Galicia, que até a chegada do bipartido era um corifeu mais entre os que defendiam a idoneidade da Cidade da Cultura, resulta nojenta; o certo é que é difícil encontrar qualificativos para descre-ver a atitude de El Correo Gallego. Realmente resultaria cómico, se nom for terrível, lembrar como para o jor-nal conservador compostelano nom tenha importáncia algumha o que poda dizer a UNESCO sobre a con-servaçom patrimonial em Compos-tela. A fim de contas, que é a UNES-CO?...

Especialmente temos que agradecer do surgimento deste debate público que o próprio Bugalho tivesse que reconhecer em público algumhas das grandes deficiências da Cidade da Cultura. Porque o teleférico tem duas razons de ser: Em primeiro lu-gar serviria como via de chegada de visitantes a um espaço concebido como atracçom turística mas carente de vias de comunicaçom eficientes. Em segundo lugar, mas em nengum caso menos importante, o próprio teleférico teria que servir como pólo de atracçom para umha Cidade da Cultura que de por si carece de ali-cientes para ser visitada.

Em definitiva o teleférico terá a fun-çom de transferir visitantes a um sí-tio que ninguém quereria visitar de nom ter que empregar tam “pitores-co” meio de transporte.

Mas se calhar o mais terrível nom é que um organismo encarregado da avaliaçom patrimonial seja to-talmente contrário à instalaçom do teleférico, e mostre duras críticas contra a política patrimonial no con-celho de Compostela. Críticas que se vem reforçadas polo facto de que foi esta mesma instituiçom a que elabo-rou o informe favorável para que a UNESCO outorgasse a categoria de património da humanidade à nossa cidade no passado.O realmente terrível e que tenha que ser alguém de fora, estranho a nossa cidade, quem tenha que exercer o pa-pel do neno do conto e dizer-nos que “o imperador vai nu”.

Até que extremo chegou a degenera-çom intelectual e moral entre a casta política galega e compostelana para que nem tam sequer lhes passe pola

cabeça instalar um teleférico para ir à Cidade da Cultura quando a capital do país sofre um problema de trans-porte crónico?

Como se esbanjam milhons e mi-lhons de euros em alimentar o mons-tro do Gaiás quando existe um défice de serviços evidente para a maioria da cidadania?

Até que ponto está desmobilizada a nossa sociedade para nom dar umha reposta contundente a quem anda a brincar com o nosso dinheiro. On-tem decide construir umha Cidade da Cultura, hoje pom um teleférico e amanhá pode querer cobrir as cabi-nas com encaixe de Camarinhas.Porém parece que a racionalidade continua a ser um bem escasso entre os políticos que nos dim represen-tar, e é mui possível que o ditame negativo inicial do ICOMOS seja descartado por umha UNESCO que depende para a sua subsistência da injecçom de fundos que lhe achegam os estados membros da ONU. Polo que nom é para nada impensável que dentro duns anos tenhamos que so-mar um novo disparate urbano à nos-sa maltratada cidade.Seja como for, de NÓS-Unidade Po-pular nom nos cansaremos de apelar nom já por um modelo de cidade mais justo mas simplesmente mini-mamente racional.

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Os neoliberais PSOE e BNG privatizam a Cidade da Cultura e situam um banqueiro como porta-voz.Sem nengum dissimulo, o banqueiro Juan

Manuel Urgoiti, presidente de Banco Gallego, já exerce como porta-voz da entidade mista, com maioria privada, que gerirá a Cidade da Cultura segundo já tinham anunciado o presi-dente Peres Tourinho e a conselheira Ángela Bugalho. O descomunal projecto financiado

polo Povo galego com 500 milhons de euros será, segundo Urgoiti, “mui representativo do tecido e dos interesses empresariais da Galiza”,

o que a converterá, dixo o banqueiro, em “satis-fatório para todos”. O elitismo do projecto, contrário a umha política cultural ao serviço da maioria social, confirma-se

nom só na focagem material das instalaçons e serviços previstos, como também na

privatizaçom da gestom (só 49% da Fundaçom Cidade da Cultura terá titularidade pública) anunciada polo presidente da Junta e pola conse-lheira da Cultura no passado mês de

Julho. De facto, por volta de 15 grandes empresas da Galiza integra-

rám essa Fundaçom, maioritariamente privada e ao serviço dos inte-resses financeiros dos seus promotores. Toda umha declaraçom de princípios da política cultural do bipartido, com destaque para o BNG, titular da Con-selharia da Cultura, e que nos últimos anos passou de umha morna oposiçom ao projecto a um apoio incondicional, privatizaçom incluída. Se qualquer entrega a maos privadas da gestom da política cultural é em si mesma aberrante, situando o lucro como critério da actividade e formaçom cultural, neste caso a operaçom constitui o sacrifício de umhas infra-estrutu-ras desmedidas, fruto de um investimento público milionário, em favor dos interesses de empresas privadas.

NÓS-Unidade Popular e a esquerda indepen-dentista no seu conjunto posicionou-se desde o início das obras, em 2001, denunciando du-rante todo este tempo a corrupçom que acom-panhou o processo de construçom do complexo. Agora, a sua entrega ao grande capital privado culmina umha operaçom tipicamente neoliberal rubricada polos dous partidos que em 2005 se apresentárom como alternativa “de esquerda” ao reaccionário Partido Popular. O sistema reproduz-se através dos partidos ins-titucionais que o representam, obrigando-nos a construir forças próprias, anticapitalistas e inde-pendentistas, para fazer frente a quem nos vende sem pudor ao capitalismo espanhol.Como nom podia ser de outro jeito o presidente da Cámara Municipal de Compostela aplaude esta de-cisom. Sanches Bugalho volta a manifestar a sua adesom incondicional a um modelo de cidade ao serviço das elites. O BNG, sócio no governo muni-cipal, como vem sendo habitual nom se opom a este disparate do neoliberalismo.

Enquanto isto sucede o desemprego na cidade e na co-marca nom deixa de incrementar. A finais de Outubro no Concelho de Compostela eram mais de 6.000 o número de de-sempregadas e desempregados, superando os 15.000 na comarca. Uns dados dramáticos e arrepiantes pois num só mês fôrom mais de mil o número de trabalhadoras e trabalhadores que perdêrom o seu posto de trabalho. Enquanto isto sucede PSOE e BNG continuam a contribuir ao enriquecimen-to do grande capital esbanjando recursos públicos na Cidade da Cultura. Por se isto nom for suficiente agora apostando polo novo disparate de Bugalho: o teleférico que pretende unir a cidade histórica com o monte Gaiás.

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Mais um ano o go-verno do bipartido municipal nom du-vida em utilizar os fundos públicos da vizinhança de Com-postela para mostrar um aparente bem-es-

tar da populaçom. Com tal fim, gastam o dinheiro em luzes e cores de Natal para garantirem o tam co-nhecido desejo de pam e circo. No entanto, se isto resulta insustentável em condiçons normais para o capitalismo, já que reduz a cidadania a um elemento automático, sem maiores preocupaçons que a comi-da e diversom, e nom o atende como pessoa autóno-ma, muito mais é no contexto que estamos a viver, um contexto em que, para mais, falta o pam.

Que se quer dizer com isto? Que a falta de pam, po-nhamos mais circo para que assim estejam entretidas as pessoas e nom tenham que pensar, nom duvidem de nós. E nom só isso, senom que somos nós quem temos de correr com o gasto, quem devemos sofrer as conseqüências de tam irracional acto.Nom podemos ficar em silêncio e permitir que seja-mos nós quem corramos com os caprichos dos ricos que em nada sofrem, por agora, a crise. Porque es-tes políticos mostram-se mais umha vez alheios as problemáticas de trabalhadoras e trabalhadores que luitam por ter algo que comer, por ter onde viver.

E o que menos lhes preocupa é se há luzes de Natal ou nom.

Enquanto o nosso dinheiro serve para sufragar os gastos que eles mesmos provocam, e venhem pro-vocando, querem que fiquemos em silêncio. Preten-dem pagar as dívidas dos bancos, empresas que se aproveitam conjuntamente com os estados capitalis-tas da precaridade do povo trabalhador. Mas, para os governos, escravos do capital, nada fam pola saúde pública, onde há listagens de espera intermináveis; tampouco contra as empresas, que incumprem con-tratos e realizam despedimentos massivos, sobreto-do contra os sectores mais marginalizados: pessoas jovens, imigrantes, mulheres...; ou a educaçom, em que a insuficiência de capital fai que se tenham que vender aos bancos. E esta listagem é muito mais lon-ga, em definitiva todas as cousas que estejam entre as necessidades primárias e que nom forem dinheiro, poder e manipulaçom.

Mas nem só isso, porque, aparte do enorme custo económico que tem de pagar a cidadá/ao, supom um grandíssimo gasto de energia que nem podemos nem queremos afrontar. Nom queremos polo feito em si de dano ecológico que supom isso. Nom podemos porque a situaçom de escasseza das energias nom renováveis supom que para dentro de trinta anos se-jam necessários dous planetas como este para poder manter tam louco gasto irresponsável. Aliás, tendo

em conta que o papel dos estados, dos governos locais, nacionais, supom que além de manejarem o nosso dinheiro tenhem que dar exemplo; o primeiro fam-no mui bem, campanhas contra a poluiçom, de consciencializaçom de gasto energético...; mas o se-gundo..., como vemos nom é no que som melhores. E isto deve surpreender-nos? Pois nom, porque já vam anos de governo de concelhos, da naçom gale-ga, no caso do Bloque, onde se está galega do capi-talismo e que nom duvidam ante este tipo de medidas com tal de obter apoios. E do PSOE? Pois tampouco, mas isso já o sabemos desde há muitos mais anos e mesmo agora que continuam a apoiar e aplicar medi-das similares às de qualquer governo neofascista da Europa; veja-se por exemplo que para poder acudir à reuniom dos países mais ricos do mundo, tenhem que vender-se e mendigar perante o governo francês, que todas sabemos qual é a sua política social...

Este problema nom o devemos ver como algo actu-al e por pressons, como alguns pretendem mostrar-nos pois já há tempo, nos governos “socialistas” de Felipe González havia quem cantava “é socialista?, é operário?, ou é espanhol simplesmente”. Apenas mais umha cousa que é umha chamada à reflexom: se trocarmos espanhol por galego nom nos soa a algo...?

o p i n i o mCrise de Luzes e Cores

César Campos Carvalhude

César Campos Carvalhude é membro da Direcçom Comarcal de NÓS-UP de Compostela

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Como surgiu a iniciativa de criar umha associaçom vicinal no bair-ro, e por qué se chama “As Ma-rias”?O nosso bairro fica no meio da Cida-de Velha e da Almáciga, que contam também com associaçom vicinal, assim que depois de falá-lo entre al-gumhas vizinhas e vizinhos, vimos a necessidade de nos constituirmos como associaçom para apresentar os problemas do bairro de forma orga-nizada no Concelho.O nome “As Marias” nom é mais que umha homenagem a Maruja e Corália, conhecidas por todo o mun-do e que fôrom vizinhas do bairro.

Quais som os problemas mais im-portantes que tem o bairro?O nosso maior problema é que, ain-da que o Cámara municipal insista na nossa pertença à Cidadea Velha, nom nos beneficiamos das vanta-gens que isso traz. Pola contra, sim sofremos os seus inconvenientes, por exemplo o mal estado das ruas, esgotos e acometidas de águas, ou a

falta de contentores para a recolha selectiva do lixo. Além de outros problemas típicos de qualquer bairro de Compostela. A recuperaçom das festas semelha ser um dos maiores logros da vossa entidade. Depois de três anos de experiência, como valorizas este festejo?Mui positivo, já que ano a ano jun-tam-se mais pessoas que querem

colaborar com as festas e portanto, com a associaçom. Conseguimos que voltem a ser um referente na ci-dade, como ocorria há anos. A abertura do centro social O Pi-chel tem sido um acontecimento significativo? É claro. As pessoas que trabalham nele encarregárom-se desde o prin-cípio de dinamizar umha parte da cidade que já praticamente desapa-recera como bairro. Claro está que sem a colaboraçom deste colectivo nunca se teriam recuperado as festas e, possivelmente, nunca se teriam constituído “As Marias”.

Muitas pessoas de toda Composte-la achegam-se agora até aqui. Que pensas da repercussom do traba-lho do centro entre a gente que vive no bairro?Num primeiro momento, a abertura do Centro Social causou bastante desconfiança entre a vizinhança do bairro. Pouco a pouco ganhárom o afecto de todo o mundo. Hoje, mui-tas vizinhas e vizinhos participam das actividades, converte-se assim este lugar numha parte importante da vida social e cultural da zona.

Como som as vossas relaçons com a instituiçom municipal?Com a Concelharia de Relaçons

Vicinais damo-nos bem, mas com o resto do Cámara as relaçons som praticamente nulas. Nem sequer se molestam em responder as nossas chamadas. Para o único que se ponhem em con-tacto connosco é para convidar-nos aos actos propagandísticos das con-celharias. Que projectos e iniciativas tendes para o futuro?Além de continuar com os nossos actos anuais como as festas ou o magusto, temos em mente organizar alguns cursos polos que os vizinhos mostrárom interesse e algumha que outra excursom. Além de, claro está, continuar a pressionar às instituçons para conseguir as melhorias que o nosso bairro merece.

O Pedroso entrevista

José SilvaDirigente da Associaçom vicinal As Marias

“Imos continuar

a pressionar as

instituçons para

conseguirmos as

melhorias que o nosso

bairro merece”

“O mal estado das ruas, esgotos e acometidas de

águas, ou a falta de contentores para a recolha selectiva do lixo som alguns dos

nossos principais problemas”

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5SOBRE A INTERRUPÇOM VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ, OU

A ESCASSA ATENÇOM NO SERVIÇO GALEGO DE SAÚDE

A nível galego assistimos atónitas as mulheres à escassa atençom por parte do Serviço Galego de Saúde das IVGs.O actual quadro desenhado pola Lei orgánica 9/1985, de 5 de Julho, que a data de hoje é insuficiente e inca-paz, ao tempo que constringe os di-reitos das mulheres a decidir sobre o seu próprio corpo, tem na nossa naçom umha aberrante caricatura do que em outras latitudes do Estado es-panhol tenhem as mulheres que “de-cidem” interromper a sua gravidez.

Hoje umha mulher na Galiza que dese-jar interromper a sua gravidez, acudi-rá ao seu centro de saúde, ao doutor/a de medicina geral quem a derivará ao COF (Centro de Orientaçom Familiar).A primeira estranheza é que nos deri-vem ao COF, umha vez que é orien-taçom familiar. Isto já tem um certo carácter condutista, semelha umha prática maternalista, tanto polo que é de orientaçom à mulher, que já sabe o que deseja fazer, como familiar que é precisamente o que nom deseja.

Todo isto é compreensível pola L.O. 9/1985 que tam só conclui, restringe, a três supostos a interrupçom da gravi-dez, por saúde e perigo para a nai, por ser a gravidez fruto de um acto crimino-so, por que o feto poda ter graves taras.E mais umha vez, onde fica a nossa soberana vontade? Onde fica a livre decisom? Somos as mulheres tute-ladas, pouso da época franquista?Se todo for bem, com a autorizaçom da profissional psicóloga que nos rece-beu, entom enviarám-nos a um centro de saúde privado, concertado com o SERGAS, no qual nos sentiremos gado, já que é nula a atençom que aí se dá.

E isso será assim, se estivermos de 12 semanas ou menos. E se estivermos com mais? Pois toca sair além, em ge-ral a Madrid, na procura de um serviço

que dê esta prestaçom roubada na Galiza.Em Madrid, prévio pagamento, ar-ranjar umha clínica. Talvez uma melhor que a outra, mais tem.

Quando chegar da clínica privada com um protocolo de seguimento das aten-çons médicas que deve ter, arranjará, esta vez sim, a porta do SERGAS fe-chada. A razom se foi a uma clínica pri-vada vaia a umha outra privada já que o SERGAS nom vai atender. Solicitará hora, e darám, como já é conhece-dora, para dentro de 8 ou 10 meses!E que fai o SERGAS? Anunciou o 18 de setembro a secretária geral da Conselharia da Saúde, Pilar Fernandes Romeiro na sua intervençom na comis-som 5ª do Parlamento da Galiza que no ano 2009, no segundo trimestre, todas os Hospitais públicos galegos oferecerám e realizarám o processo da interrupçom voluntária da gravidez.Voluntária quando podemos escolher livremente só entre três supostos?? Que medo há se a competência é plena em sa-nidade ter uma legislaçom nom fechada?Pois bem, falta valentia, coragem de saber que se o SERGAS quer, pode.

Nom somos pessoas com anseios de fa-zer per se uma interrupçom da gravidez mas que quando o decidimos é cons-ciente a nossa decissom. E desculpem a minha, a nossa decisom é soberana, se nom é na Casa parlamentar é-a no meu próprio corpo, é de justiça, mais nada.Chega de tanta hipocrisia, de tan-to verniz castrador e castrante, des-sa rançosa tradiçom judaico-cris-tá. Se o corpo é nosso, nós deci-dimos e nenguma outra pessoa é quem de avaliar as nossas decisons.

Laura Bugalho é pedagoga, desenvolve o seu trabalho de sindicalista dirigido ao co-lectivo de pessoas emigrantes na comarca de Compostela.Activista nos movimentos sociais do país, comprometida especialmente com o feminis-mo e o movimento LGBT galego.

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A esquerda independentista concentrou-se 11 de Outubro ao pé do Farol de Meirás, no concelho de Valdovinho, para comemorar o Dia da Galiza Combatente, dedicado às mulheres que, ao lon-go da história da Galiza, luitárom em defesa das classes populares, dos direitos nacionais e de gé-nero no nosso país.

NÓS-UP quijo reconhecer assim as mui diver-sas expressons de luita que, em diferentes etapas, assumírom posiçons libertadoras no campo po-pular: mulheres operárias, mulheres comunistas, mulheres guerrilheiras, mulheres feministas... mulheres independentistas. O lugar nom foi es-colhido por acaso: a paróquia onde se encontram

enterrados os restos da luitadora Lola Castro, Meirás de Valdovinho, com o imenso Oceano Atlántico como pano de fundo.Após diversas intervençons @s assistentes des-locárom-se até o cemitério de Meirás onde fôrom depositadas umhas flores no túmulo de Lola Cas-tro, Mariana.

Militantes e simpatizantes da esquerda independentista e socialista participámos activa-mente na mobilizaçom convo-cada pola CIG contra a crise económica 13 de Novembro reivindicando um novo mo-delo socioeconómico de corte socialista.As palavras de ordem entoadas assinalárom a responsabilidade do poder financeiro e empresa-rial, denunciando a cumplici-dade institucional na manuten-çom de um sistema em crise estrutural. Achamos positivo o passo à

frente dado pola CIG num contexto de crise sistémica em que a luita de classes deverá intensificar-se. É fundamental continuar com umha dinámica mobilizadora que faga frente desde já aos projectos anti-operários que o poder espanhol e a sua sucursal autonómica tentarám impor nos próximos meses. Nessa dinámica, a militáncia operária da esquerda indepen-dentista galega estará, junto ao resto de sectores da nossa clas-se, onde se defendam os direi-tos do nosso povo trabalhador.

Dixemo-lo pouco antes do julgamento decorrido nos dias 3 e 4 de Novembro na Audiência Nacional espanhola: Giana Gomes e Ugio Caamanho deviam ser postos em liberdade, pois sabíamos, como umha parte do nosso povo já sabe, que no Estado espanhol nom se cumprem os mínimos exigíveis a um Estado que se di democrático no tratamento de casos de violência política como este.Finalmente, a própria Audiência Nacional, tribunal de excepçom para ca-sos políticos, reconheceu na sua sentença que as mensagens emitidas polos meios de comunicaçom sobre o carácter “terrorista” da e do compatriota presos era mais do que um excesso. Porém, a própria maquinaria legal es-panhola mantivo Giana Gomes mais tempo do que a sentença estabelece, devido às arbitrariedades da prisom preventiva.

Um e outra sofrêrom também, durante mais de três anos, os rigores da desu-mana política de dispersom, que sofrêrom ainda mais as respectivas famílias e amizades. É este o modelo de justiça que o “democrático” Estado espanhol oferece às galegas e aos galegos?O caso de Ugio Caamanho e de Giana Gomes exemplifica os défices de-mocráticos da monarquia bourbónica e deve encorajar os democratas e as democratas galegas a trabalharem firmemente polos direitos colectivos do nosso povo, incluída a denúncia da repressom contra expressons políticas nom digeríveis polo regime surgido da reforma do franquismo.NÓS-Unidade Popular fai pública a sua satisfaçom pola libertaçom de Giana Gomes e Ugio Caamanho.

NÓS-UP homenageou em Meirás as luitadoras galegas, no VIII Dia da Galiza Combatente

NÓS-Unidade Popular expressa a sua satisfaçom pola liberdade de Ugio Caamanho e Giana Gomes

NÓS-Unidade Popular manifestou-se contra a crise capitalista

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7Luita popular impinge severa derrota ao Concelho de Compostela: Tribunais confirmam

ilegalidade da vídeo-vigiláncia

A defesa da liberdade de expres-som é sem lugar a dúvidas umha das mais importantes e sistemáti-cas luitas desenvolvidas pola es-querda independentista compos-telana. Na última década dúzias de activistas e simpatizantes do soberanismo galego tenhem sido perseguidas, detidas e condena-das a milhares de euros em mul-tas e penas de prisom por defen-derem o exercício da liberdade de expressom. A recente sentença judicial que declara ilegal a instalaçom de vi-deocámaras por parte da Cámara Municipal compostelana é umha boa notícia que confirma como justa a reivindicaçom que de for-ma constante e incansável vimos defendendo. Sob a falsa justificaçom da salva-guarda do património, reduçom do “vandalismo” e defesa da se-gurança cidadá Rajói confirmou no verao de 1999 a instalaçom de cinco cámaras de vídeo-vigilán-cia nas principais praças da Cida-de Velha. Imediatamente foi constituída umha plataforma popular contra esta decisom e fôrom desenvol-vidas numerosas iniciativas para conseguir a sua retirada, desta-cando a greve de fame realizada por dúzias de pessoas filiadas a NÓS-UP em Novembro de 2002. Dous anos antes centos de vizi-nhas e vizinhos da cidade que

secundavam umha concentraçom convocada por NÓS-UP fôrom violentamente agredidos pola po-lícia espanhola. Enquanto todo isto sucedia o BNG, que já formava parte do governo municipal, optava pola hipocrisia e o cinismo: publica-mente manifestava-se contrário às videocámaras, mas primeiro tanto Encarna e Néstor, como agora So-corro, nada faziam para evitar ou lograr a sua retirada.

Frente ao descarado oportunismo de entidades virtuais subsidiadas polo sistema que aparentam de-fender os direitos democráticos básicos e na prática nom passam de exercer umha lavagem de cara do regime, a esquerda indepen-dentista está orgulhosa de ter sido pioneira numha reivindicaçom estratégica na qual continuamos envolvidas e envolvidos.Porém, nom devemos deixar-nos levar polo triunfalismo nem pola ingenuidade. A recente sentença judicial vem de ser recorrida polo governo municipal do PSOE-BNG, polo que a batalha nom está ganhada. E embora os tribunais ratificassem a sua ilegalidade a luita continua pois a cidade continua inçada de cámaras privadas e públicas (tanto as que teoricamente só controlam o tránsito, como as empregues para proteger instalaçons institu-

cionais) que vulneram o direito a intimidade da vizinhança. Mas nom só: é necessário con-tinuar a combater a “Ordenança Municipal de publicidade estática e dinámica” exigirmos a derroga-çom de todos aqueles artigos le-sivos com a liberdade de expres-som.Ao igual que a denúncia popular evitou a recuperaçom da anacró-nica figura fascista do sereno, agora esta sentença favorável dá razom a quem manifestamos a ilegalidade das videocámaras. É necessário continuarmos a luitar sem trégua contra toda forma de controlo social.Nom podemos consentir nem le-gitimar o modelo social do gran-de irmao apoiado no fomento do “medo” que as três forças políti-cas municipais compartilham e defendem. Nom podemos assu-mir com resignaçom as cíclicas campanhas de intoxicaçom e ma-nipulaçom do movimento popu-lar, de criminalizaçom da juven-tude, promovidas polos meios de comunicaçom e os poderes mais reaccionários da cidade. É imprescindível garantir a plena liberdade de expressom e o direi-to à intimidade para toda a vizi-nhança, organizaçons e entidades de Compostela.Continua a ser a hora da luita. Nom há outro caminho.

Com a complacência do governo municipal compostelano a associa-çom anti-galega “Galicia Bilingüe” instalou 30 de Outubro na praça de Vigo da nossa cidade o autocarro com que difunde impunemente os seus insultos e mentiras contra a lín-gua nacional da Galiza. Mas como é possível que a umha or-ganizaçom que procura o apartheid contra as pessoas galego-falantes e o extermínio da nossa língua poda gozar de espaços públicos cedidos polo governo local para as suas ac-tividades?

Porque o autocarro de “Galicia Bi-lingüe” ocupa espaço que nom po-dem utilizar outras viaturas? Porém nesta ocasiom, como em muitos outros lugares do país, houvo umha concentraçom para denunciar a presença dos ultras de “Galicia Bi-lingüe” na capital da Galiza. Nova-mente frente ao silêncio cúmplice do regionalismo e a intimidatória pre-sença policial foi a esquerda inde-pendentista quem defendeu a digni-dade e o orgulho de sermos galegas e galegos e contarmos com umha cultura e umha língua própria.

Governo municipal PSOE-BNG permite que “Galicia Bilingüe” insulte a língua galega

Page 8: O Pedroso nº 34

soPedro ovozeiro comarcal de NÓS-Unidade Popular da comarca de Compostela www.nosgaliza.org

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O Pedroso nº34 · Julho-Setembro 2008 • Tiragem: 5.000 exemplares • Depósito Legal: C-1002-01 • Encerramento da ediçom: 10 de Novembro de 2008

A paulatina perda de poder aquisitivo, o re-trocesso nas conquistas e direitos laborais, e nas liberdades fundamentais que levamos anos denunciando agrava-se agora pola ofensiva do burguesia europeia de pretender impor jorna-das laborais de 65 horas, e polos nefastos efei-tos de umha das maiores crises que padece o capitalismo nas últimas décadas.

O modelo neoliberal do Estado espanhol, sustentado polo conjunto das forças políticas institucionais –desde o PSOE e o PP até o BNG e IU– tem enormes similitudes com o norte-americano. Daí que as conseqüências da cri-se económica gerada nos EUA já comecem a deixar-se sentir. A economia do cimento e do tijolo, das imobiliárias, está em declí-

nio e som centenas os operários da cons-truçom com rescisom de contratos. As cada vez maiores dificuldades para chegar a fim de mês provoca a queda do consumo e, portanto, o fechamento de empresas ou despedimento de parte do seu pessoal.

Nem a burguesia, nem a casta política que, como cans guardians, defendem os seus in-teresses nas suas instituiçons, estám dispos-tos a perder ou ceder nos seus privilégios. Por isso optam por congelar salários, aumentar as jornadas de trabalho e despedir trabalhado-ras/es.

Sem lugar a dúvida som os ricos os responsáveis por esta situaçom e som eles, e só eles, que tenhem que re-solvê-la Mas o conjunto dos governos capitalis-tas, entre eles o espanhol, optam por tirar as castanhas do lume desviando imensos fundos públicos dos bancos nacionais para cobrir o enorme buraco. Mas os ri-cos cada vez som mais ricos, amassam mais e maiores fortunas. Os bancos, indústrias, grandes empresas de ser-viços, anunciam ano após ano maiores benefícios. Sem pudor e com absoluta impunidade, a burguesia nom oculta os seus obscenos lucros à custa da nossa sobreexploraçom.

Podemos pará-los!!Nom nos enganemos!! Vam ser tempos duros. Sabemos que nom som momen-tos de vinho e rosas, mas tampouco de resignaçom e fraqueza. Toca defender com decisom e firmeza o nosso presente e o nosso futuro. A classe obreira e o conjunto do povo trabalhador galego nom pode seguir de-positando confiança nas promessas in-cumpridas das forças políticas burguesas, nem nas de ámbito espanhol nem nas autonomistas, tampouco nos dirigentes sindicais entreguistas e vende-obreiros. Resulta siginificativa a falta de disponibi-lidade para convocar urgentemente umha jornada nacional de luita, umha greve ge-ral, quando enfrentamos umha das maio-res agressons à classe trabalhadora das últimas décadas.

Umha das primeiras medidas a adoptar nom é a congelaçom salarial dos políticos: é reduzir os seus salários obscenos.

·Por que razom Tourinho ganha mais de 80.000 mil euros por ano e Quintana acima dos 71 mil dos Conselheir@s? ·Por que razom altos funcionários do regime, como a presidenta do parlamentinho, superam os 110 mil euros, os conselheiros da CRTVG cerca de 120 mil?É impostergável suprimir o plus dos altos car-gos, esses 15.000€ anuais de carácter vitalício que recebem os funcionários que tiverem ocu-pado cargos na Administraçom autonómica.

E porque Juan Carlos de Bourbon e família recebem fundos públicos sem baterem pan-cada?·Há que desviar os mais de 25 milhons de eu-ros que o Estado dá à Casa Real para fomentar o emprego e combater a precariedade laboral. Que os Bourbons se ponham a trabalhar. Basta de parasitas sociais!!

Nom tem o mais mínimo sentido comum se-guir investindo mais de 1% do PIB em ar-mas e militares.·Devemos exigir a supressom do gasto militar. O Estado espanhol ocupa o posto 15 no ranking de investimento em armamento. O PSOE au-mentou em mais de 5.5% com respeito ao ano

passado o gasto militar!! Para comprar avions Eurofighter e tanques leopard Zapatero tem di-nheiro!

·Porque temos as trabalhadoras e os trabalha-dores galegos que contribuir para sanear me-diante dinheiro público as empresas e entidades financeiras com problemas de liquidez quando os seus donos amassárom com o nosso suor e sangue fortunas milionárias? Ou nos tempos de fartura os oligarcas distribuírom entre nós o ga-nho das suas fabulosas fortunas? Nom podemos apoiar que magnates como Amáncio Ortega, Tojeiro ou Jacinto Rei –os verdadeiros donos deste País– se burlem de nós.

Para os responsáveis directos da nossa preca-riedade e empobrecimento, nem água!!

·Nom podemos consentir seguir enterrando mais dinheiro na Cidade da Cultura. Centos de milhons de euros tenhem, e seguem a ser investidos, nesta obra faraónica completamen-te inútil para os interesess e necessidades da maioria social. Primeiro o PP e agora BNG e PSOE injectam umha boa parte do orçamento autonómico no disparate do monte Gaiás. Este ano, os orça-mentos da Junta dedicam mais de 40 milhons de euros na obra para simultaneamente entre-garem a gestom deste negócio ao capital pri-vado.

Dirám que nom há dinheiro. Mas há, e há muito! O que esta é mal repartido!

Chegou a hora de luitar A casta política profissional, independen-temente da sigla e da retórica –PP, PSOE, BNG e IU– defende interesses similares, enriquece-se e obtém enormes privilégios à custa do povo trabalhador, legislan-do para Amáncio Ortega, Manuel Jove, Tojeiro ou Carmela Arias.

Som horas de mudarmos esta situaçom. É necessário deter a voracidade ilimitada da burguesia. O patronato só pode ser freado mediante a luita unitária e organizada da nossa classe.

As trabalhadoras e trabalhadores galegos, o conjunto dos sectores populares, nom podemos continuar impassíveis e anco-rados na resignaçom paralisante. Há que mobilizar-se, protestar, reivindicar, exigir responsabilidades. Há que parti-cipar activamente nas luitas das empresas e centros de trabalho, implicar-se nelas, evitar que sejam instrumentalizadas polas burocracias sindicais para favorecer inte-resses políticos espúreos.

Chegou pois a hora de luitar. É o mo-mento da unidade de classe, de confiar na nossa imensa força e potencialida-de. Evitemos despedimentos, reduçom de sa-lários, aumentos de jornadas, incrementos da energia, transportes e bens de primeira necessidade!!

Preparemos as condiçons para o êxito de umha jornada nacional de luita que obri-gue a mudar de rumo!

ADIANTE COM A GREVE GERAL NACIONAL CONTRA A CRISE

ECONÓMICA


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