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O que é arte?

Date post: 09-Jul-2015
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Norman Rockwell The Connoisseur; 1962
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Page 1: O que é arte?

Norman RockwellThe Connoisseur; 1962

Page 2: O que é arte?

Jackson Pollock: Lavender Mist (nº 1); 1950; National Gallery of Art; Washigton D. C

Page 3: O que é arte?

Yves KleinBlue Monochrome1961The Museum of Modern Art New York.

Page 4: O que é arte?

Kasimir MalevichQuadrado Branco sobre Fundo Branco

1918The Museum of Modern Art, New York

Marcel DuchampL.H.O.O.Q.; 1919Readymade de «Box in a Valise»The Philadelphia Museum of Art

Page 5: O que é arte?

Platão427 a. C. - 347 a. C.

«A verdade está na ideia, não

na coisa, já que a coisa,

imperfeita concretização da

ideia, se encontra a um grau

de distância da verdade, da

qual é uma mera imitação.

Portanto, a arte, imitando a

coisa, encontra-se a dois

graus de distância da verdade

e é a imitação de uma

imitação. »

Giovanni Lombardo: A Estética da Antiguidade Clássica; Lisboa; EditorialEstampa; 2003; p. 72

Page 6: O que é arte?

Embora a questão acerca da natureza da arte remonte aos tempos de Platão, é nasegunda metade do século XX que a questão se torna acutilante.

Page 7: O que é arte?

Até então, todos sabiam distinguirum objecto comum de uma obra dearte, porque estas exibiam umconjunto de propriedades de formae conteúdo que as tornavamreconhecíveis.

RembrandtDescida da Cruz

1633

Page 8: O que é arte?

A arte abstracta, por exemplo, não seria admissível como arte.

Piet MondrianComposição nº 81939 - 1942

Page 9: O que é arte?

A modernidade questionou oconceito de obra de arte edesafiou a crítica a fixar oslimites que distinguem umobjecto artístico de umobjecto vulgar.

Marcel DuchampA Fonte

1917

Page 10: O que é arte?

O crítico de arte Harold Rosenberg usou a expressão objectoansioso (The Anxious Object, 1964) para designar estes objectos queexigem uma classificação que os integre ou exclua do conceito deobra de arte.

Constantin BrancusiBird in Space1923 - 1940

Page 11: O que é arte?

Cy TwomblySem Título1970

Page 12: O que é arte?

Robert MorrisSem Título; 1991Solomon R. Guggenheim Museum, Panza Collection

Page 13: O que é arte?

Ad ReinhardtAbstract Painting; 1960-66Solomon Guggenheim MuseumNova Iorque

Page 14: O que é arte?

PicassoCabeça de Touro; 1942Museu Picasso; Paris

Page 15: O que é arte?

Piero ManzoniMerda d'artista nº. 066, 1961

Agnolo BronzinoEleanora di Toledo e Ferdinando de Medici

c. 1545Galleria degli Uffizi, Florença

Page 16: O que é arte?

Yellow Among Reds (mobile)1966

Catálogo da Kool-RoomzUS$ 90 em

www.koolroomz.net

Alexander Calder1898 - 1976

Page 17: O que é arte?

Clive Bell (1881- 1964) publicou em 1914 uma obraintitulada Art, em que desenvolvia as suas teoriasprocurando captar a essência da arte.

Tem de haver uma qualidade sem a qual não pode haverobra de arte. Possuindo-a, ainda que em grau mínimo,nenhuma obra é completamente desprovida de valor. Quequalidade é esta? (…) Parece-me que há uma única respostapossível: a forma significante. (…) Uma particularcombinação de linhas e cores, certas formas e relações entreformas [que] despertam as nossas emoções estéticas.

Citado em Carmo d’Orey: O Que É a Arte? A Perspectiva Analítica; Lisboa; Dinalivro; 2007; p. 30

Esta definição permite defender uma teoria do belo e traçar uma linha separadora entre artee não-arte. Ao defender que toda a arte, de todas as épocas tem um denominador comum –a forma significante -, os objectos que a não possuem não são arte.

Page 18: O que é arte?

A arte, como a lógica do conceito evidencia, não tem um conjunto depropriedades necessárias e suficientes; é por isso que uma teoria daarte é logicamente impossível, e não apenas factualmente difícil deconstituir. A teoria estética tenta definir o que não pode ser definido naacepção exigida.

(…) a teoria estética é uma tentativa logicamente vã de definir o quenão pode ser definido (…)

O problema com que devemos começar não é “O que é a arte?”, mas“Que tipo de conceito é a arte”?

Morris Weitz (1916 – 1981)

Page 19: O que é arte?

George Dickien. 1926

Outros autores, como George Dickie, desenvolvemteorias institucionais, destacando as qualidades nãoobserváveis nas obras de arte.

«A tese central (…) é a de que tal como as pessoas eos objectos podem adquirir determinados estatutos,por exemplo, professor jubilado ou monumentonacional, apenas porque existem instituições capazesde os outorgar, também os objectos podem adquiriro estatuto de obra de arte, no âmbito da instituiçãomundo-da-arte.

Carmo d’Orey: Ob. Cit.; p. 20

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Umberto Econ. 1932

Em 1958, num congresso de filosofiarealizado em Veneza, Umberto Ecoapresenta pela primeira vez ospressupostos para a sua concepção deobra aberta:

O desenvolvimento da sensibilidadecontemporânea acentuou (…) a pouco epouco, a aspiração a um tipo de obra dearte que, cada vez mais consciente dasvárias perspectivas de «leitura», seapresenta como estímulo para uma livreinterpretação orientada apenas nos seustraços essenciais.

no quadro da sensibilidade corrente, estatendência para a abertura da obra éacompanhada por uma evolução análogada lógica e das ciências que substituíramos modos unívocos pelos modosplurivalentes.

O Problema da Obra Aberta; in «A Definição da Arte»; Lisboa; Edições 70; 2006; pp. 153 – 159

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Nelson Goodman(1906-1998)

Em 1978, Nelson Goodman publica um livro intitulado Ways ofWorldmaking, onde explicita as teorias que já vinha ensaindodesde há alguns anos:A literatura da estética está atafulhada com tentativasdesesperadas para responder à questão «O que é arte?» Estaquestão, muitas vezes irremediavelmente confundida com aquestão «O que é boa arte?» (…) O que distingue aquilo que édaquilo que não é uma obra de arte? O facto de um artista lhechamar uma obra de arte? O facto de estar exposto nummuseu ou numa galeria? Nenhuma destas respostas fazprevalecer qualquer convicção.

Como observei no início, parte da dificuldade reside em perguntar a questão errada - emnão conseguir reconhecer que uma coisa pode funcionar como obra de arte em certosmomentos e não noutros. Nos casos cruciais, a verdadeira questão não é «Quais osobjectos que são (permanentemente) obras de arte?» mas «Quando é que um objecto éuma obra de arte?» - ou mais brevemente, como no meu título, «Quando é arte?».A minha resposta é que exactamente como um objecto pode ser um símbolo - porexemplo, uma amostra - em certos momentos e em certas circunstâncias e não noutras,assim um objecto pode ser uma obra de arte em certos momentos e não noutros. Narealidade, exactamente por funcionar, e enquanto funcionar, de determinado modocomo um símbolo, um objecto torna-se uma obra de arte.

Modos de Fazer Mundos; Porto; Edições ASA; 1995; pp. 103

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Bibliografia comentada: como obra de consulta imprescindível deve indicar-se a recentecolectânea editada pela Dinalivro sob a orientação de Carmo d’Orey (O Que É a Arte? APerspectiva Analítica; Lisboa; 2007), a mais importante estudiosa portuguesa destatemática e que redige uma esclarecedora introdução antes de apresentar uma colectâneade textos de Clive Bell, Morris Weitz , George Dickie ou Nelson Goodman, entre outros.Todavia, a obra fundamental da autora é a sua tese de doutoramento, editada pelaFundação Calouste Gulbenkian, (A Exemplificação na Arte. Um Estudo sobre NelsonGoodman; Lisboa; Fundação Calouste Gulbenkian / Fundação para a Ciência e aTecnologia / Ministério da Ciência e Tecnologia; 1999) essencial para os que desejaremaprofundar o tema, nomeadamente o capítulo III. Nelson Goodman, cujas teses originaise estimulantes propiciam uma leitura agradável, tem dois livros editados no nosso país:Modos de Fazer Mundos; Porto; Edições ASA; 1995 e Linguagens da Arte. Uma Abordagema uma Teoria dos Símbolos; Lisboa; Gradiva; 2006. O texto citado de Umberto Eco foirepublicado numa compilação recente: O Problema da Obra Aberta; in «A Definição daArte»; Lisboa; Edições 70; 2006; pp. 153 – 159. Útil é o pequeno livro, já clássico, deAlexandre Melo: Arte; Lisboa; Quimera; 3ª edição; 2001. De entre os muitos ensaiosclássicos acerca desta questão da estética e da definição da obra de arte, uma leitura dealguns excertos do ensaio de Martin Heidegger pode ajudar a esclarecer alguns tópicosda questão, nomeadamente no que respeita à natureza simbólica do objecto artístico (AOrigem da Obra de Arte, Lisboa; Edições 70, 1989). O último título saído no mercadonacional é da autoria de um conhecido autor e prova que o assunto continua a suscitarinteresse. Trata-se da excelente síntese de Nigel Warburton: O Que É Arte?; Lisboa;Bizâncio; 2007.


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