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5/26/2018 Orley Dulcetti Junior
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Pontifcia Universidade Catlica de So PauloSecretaria Acadmica Processamento de
Dissertaes e Teses
Orley Dulcetti Junior
O Caminho do Ni jngpara o Ocidente: Continuidades e Rupturas
de uma Obra de Medicina Chinesa Antiga e suas Tradues para os
Idiomas Europeus
DOUTORADO EM CINCIAS DA RELIGIO
Tese apresentada BancaExaminadora da PontifciaUniversidade Catlica de So Paulo,como exigncia parcial para obtenodo ttulo de Doutor em Cincias daReligio sob a orientao do Prof. Dr.Frank Usarski
SO PAULO2012
5/26/2018 Orley Dulcetti Junior
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ERRATA
ABSTRACTOrley Dulcetti Junior. The Nijng Way to the West: Continuities and Rupturesof an Ancient Work of Chinese Medicine and its translations into Europeanlanguages.
The present scientific work investigates the composed object from the original
Taoist Ancient Medicine text in archaic Chinese, The Yellow Emperors Inner
Classic, and the European translations into English, Portuguese, by Veith, and
into French, by Ung and Chamfrault. There has been an attempt to keep the
legitimacy of the source of the text in the translations into the Portuguese
language, made by the author of the thesis. Thematic excerpts of do,
ynyngq, wxngof the The Yellow Emperors Inner Classic have been taken
and contrasted to the European versions by means of comparisons that havebeen given systematized commentaries. Because both textualities are products
of the fecundity and intelligibility of two distinct cultures, ancient Chinese and
current European cultures, there is reference to the study of the problems of the
cultural differences with the dimensions that have implications in the
Philosophical, Linguistic and aesthetics scopes. A conceptual elaboration has
been performed in order to explain the cultural phenomena involved in the
transformation and in the translocation of the hypotext into the hypertext. The
cultural differences have been made concrete based on Montgomerys cultural
diffusion theories, Bastides acculturation, globalization, Holtons hybridization,
Lackners hybridization and neo-figurism, Juliens cultural fecundity, Genette
and Kristevas intertextuality. The result of the research has led to the
conclusion that the translation into Portuguese sought to preserve the
authenticity of the original books cultural and textual fecundity. The
translocation of the original text from ancient China to current Europe has
received modifications in cultural, philosophical, semantic-linguistic and
aesthetic dimensions that took place in the translations of the ancient polysemic
sinograms of taoism. These were decontextualized in the entrance of the
received texts in another culture, the European culture, which is distinct from
the former. It conduces to phrasing and recurrent significations, which are
familiar in the receiving Western culture that overpowers the ancient Chinese,
belonging to the ancestry of the Yellow Emperor.
Key-words: Inner Classic, ancient Chinese medicine, ancient taoism, translation,
cultural differences, cultural diffusion, decontextualization.
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Banca Examinadora
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DEDICATRIA
Ao meu orientador Prof. Dr.Frank Usarski pelo seu constante apoio e
colaborao.
Ao saudoso Prof. Dr. Alexander Chun Yuan Yang, de Taiwan, iniciador nos
meus estudos nas disciplinas de cultura chinesa, literatura e lingustica chinesa
naquela poca, dcada de oitenta/noventa foi chefe do departamento de
chins, na Universidade de So Paulo.
Profa. Dra. Mun que me ensinou na USP em intercmbio, durante quatro
anos, entre a Universidade de Bei Jing/USP,
Ao Prof. Dr. Mrio Sproviero. pelo ensino com aulas magistrais brilhantes defonologia chinesa.
Ao saudoso Prof. Dr. Claude Larre, filsofo, sinlogo e jesuta fundador do
Institut Ricci.
Profa. Dra. Elisabeth Rochat de La Valle, filsofa, sinloga ex-diretora do
Institut Ricci, amiga pessoal, grande colaboradora nas minhas pesquisas e pelo
incentivo acadmico.
Ao querido Prof. Dr. Warren Qiu (Chiu) de Taiwan descendente de Kngzfundador do Instituto Mandarim, tambm sua carinhosa famlia que so
profundos conhecedores do cultural, do histrico, idioma chins, bem como
sua esposa a Profa. Julia Liao (gan) sua esposa que me ensina, ainda hoje,
caligrafia e literatura clssica chinesa. Amigos e colaboradores fiis e amados.
querida Profa. Dra. Emrita Catherine Despeux, sinloga da Sorbonne na
Universit Paris IV-France pela sua disponibilidade em atender-me para a
minha tese.Aos meus colegas da Association Franaise dEtudes chinoises, de Paris e da
Association Europenne d'Etudes Chinoises.
Ao amigo Gustavo pelo auxlio prestado, carinhosamente.
A querida Andria, secretria do programa de ps do CRE.
minha amada famlia, em especial:esposa Prola e as queridas filhas Estela
Goretti,Selena e Tain. Aos meus queridos pais, irmos e tias Suely e Magali
com todo o meu amor.
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RESUMO
Orley Dulcetti Junior. O Caminho do Nijng para o Ocidente: Continuidades eRupturas de uma Obra de Medicina Chinesa Antiga e suas Tradues para os
Idiomas Europeus.
O presente trabalho cientfico investiga objeto composto do texto original de
medicina chinesa antiga do taoismo, em chins arcaico, o Clssico Interno do
Imperador Amarelo e as tradues europeias em ingls, portugus, de Ve ith;
em francs de Ung e Chamfrault. Procurou-se manter a legitimidade do texto
de origem na traduo para o idioma portugus feito pelo autor da tese. Foram
extrados excertos temticos do do, ynyngq, wxngdo Clssico Interno
comparado s verses europeias por recursos de cotejos que receberam
comentrios sistematizados. Sendo que, ambas as textualidades so produtos
da fecundidade da inteligibilidade de duas culturas distintas, a da chinesa
antiga e a europeia atual. Por essa razo remeteu-se ao estudo dos problemas
das diferenas culturais com as dimenses que implicam no mbito filosfico,
lingustico e esttico. Realizou-se a elaborao conceitual para se explicitar os
fenmenos culturais envolvidos na transformao na transladao do
hipertexto ao hipotexto. Foram feitas concretizao das diferenas culturais
fundamentando-se nas teorias da difuso cultural de Montgomery, aculturao
de Bastide, globalizao, polarizao, hibridao de Holton, hibridao e neo-
figurismo de Lacnker, fecundidade cultural de Jullien, intertextualidade de
Genette e Kristeva. O resultado da pesquisa permitiu concluir que a traduo
ao portugus procurou preservar a autenticidade da fecundidade cultural e
textual do livro de origem. A translocao da obra de origem, da China Antiga
para a Europa atual recebeu modificaes em dimenses culturais, filosficas
semntico-lingusticas, estticas ocorridas nas tradues dos sinogramas
antigos polissmicos do taoismo descontextualizados na recepo dos textos
de acolhida por outra cultura distinta da anterior, a europeia que conduz a
fraseados, significaes recorrentes, familiares na cultura dominante ocidental
de chegada sobre a chinesa antiga, da ancestralidade do Imperador Amarelo.
Palavras-chave: Clssico Interno, medicina chinesa antiga, taoismo antigo,traduo, diferenas culturais, difuso cultural, descontextualizao.
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ABSTRACT
Orley Dulcetti Junior. The Way of the Nijng to the West: Ruptures andContinuities of Pieces of Ancient Chinese Medicine and its Translations for
European Languages.
This paper investigates scientific compound object of the original text of
Chinese medicine ancient of taoism, in Chinese archaic, the Yellow Emperor's
Inner Classic and the European translations in English, Portugueses Veith,;
Frenchs Ung e Chamfrault. It maintained the legitimacy of the source text in
the translation to Portuguese made by the author of the thesis. Were extracted
excerpts themed do, ynyngq, wxng the "Inner Classic" compared to
European versions of tab resources for receiving comments systematized.Being that both are products of fertility textualities intelligibility of two distinct
cultures, from the ancient Chinese and European current. For this reason
referred to the study of the problems of cultural differences to the dimensions
within which involve philosophical, linguistic and aesthetic. Conceptual
elaboration was made to explain the phenomena involved in cultural
transformation in the translocation of hypertext and hypotext. Were asked
embodiment of cultural differences basing on the theories of cultural diffusion ofMontgomery, acculturation of Bastide, of globalization, polarization Holtons
hybridization. The hybridization and neo-figurism of Lackner, cultural fecundity
of Jullien, intertextuality of Genette and Kristeva. The research result showed
that the translation into Portuguese preserve the authenticity of fertility and
cultural textual source book. The translocation of the text of origin, from Ancient
China to Europe given current changes in cultural, philosophical semantic-
linguistic, aesthetic occurred in ancient sinograms translations taoismspolysemycs of decontextualized in receiving the texts received by another
culture distinct from the previous one, the European leading to phrasing,
meaning recurrent, relatives in Western dominant culture of arrival on the
ancient Chinese, the Yellow Emperors ancestrality.
Keywords: Inner Classic, ancient Chinese medicine, ancient Taoism,translation, cultural differences, cultural diffusion, decontextualization.
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SUMRIO
INTRODUO 10
CAPTULO I 24
I O Clssico Interno do Imperador Amarelo na Antiga China 24
I.1 Introduo 24
I.2 A Histria do Clssico Interno do Imperador Amarelo 27
I.2.1 As Origens 27
I.2.2 A Evoluo do Nijng nas Dinastias 31
I.3 Organizao do Nijng 43
I.4 A Composio Esttica Chinesa do Ni jng 48
I.5 Aspectos Substanciais 58
I.5.1 O Ttulo da Obra e Significado do Hung d Ni jng 58
I.5.2 Eixos Temticos da Obra Ni jng 64
I.6 O Impacto do Taosmo sobre a Obra Nijng 70
I.6.1 As Principais Referncias Literrias do Taosmo 70
I.6.2 O Pensamento de Correlao do Taosmo 72
I.6.2.1 O Do do Pensamento de Correlao do Taosmo 74
I.6.2.2 O Ynyngq da Correlao do Taosmo 82I.6.2.3 O Wxngde Correlao do Taosmo 89
I.6.3 Repercusses do Pensamento do Taosmo na Obra Nijng 94
I.6.3.1 A Assimilao do Do do Taosmo no Nijng 95
I.6.3.2 A Assimilao do Ynyngq do Taosmo no Nijng 101
I.6.3.3 A Assimilao do Wxng do Taosmo no Nijng 112
I.7 Resumo 117
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CAP TULO II 119
II As Verses Ocidentais do Clssico Interno 119
II.1 Introduo 119
II.2 A Obra Nijngna Verso Europeia de Veith 120
II.2.1 Os Aspectos Formais da Verso de Veith 120
II.2.2 Aspectos Fundamentais da Verso de Veith 121
II.2.3 A Tradutora Veith das Verses Ocidentais do Nijng 123
II.3 A Verso Francesa de Ung e Chamfrault 124
II.3.1 Aspectos Formais da Verso de Ung e Chamfrault 124
II.3.2 Aspectos Fundamentais da Verso de Ung e Chamfrault 125
II.3.3 Os Tradutores Ung e Chamfrault da Verso Francesa 126
II.4 Os Excertos em Cotejos da Traduo dos Temas doTaosmo Nijng e das Verses Europeias
128
II.4.1 Os Excertos do Do do Taosmo do Nei Jing e das VersesEuropeias
128
II.4.2 Os Excertos da Expresso Chinesa Ynyngqdo Nijng e dasVerses Europeias
132
II.4.3 Os Excertos do Wxingno Nijng e das VersesEuropeias
136
II.5 Resumo 140
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CAP TULO III 142
III O Problema da Diferena Cultural: Reflexes Tericas eExemplificao
142
III.1 Introduo 142
III.2 Base Conceitual 143
III.2.1 Cultura 144
III.2.2 A Diferena Cultural 146
III.2.2.1 As Dimenses que implicam nas Diferenas entre as Culturas 149
Dimenso Filosfica 147
Dimenso da Medicina 147
Dimenso Lingustica 148
Dimenso Esttica 150
III.2.3 Difuso 150
III.2.4 Globalizao 152
III.2.5 Aculturao 154
III.2.6 Intertextualidade 154
III.3 Exemplificao 156
III.3.1 Diferenas das Culturas entre a China Antiga e Europa 156
III.3.1.1 China Antiga: Caractersticas Culturais 157
Dimenso filosfica do do na Cultura Chinesa Antiga 157
A Medicina do do na Cultura Chinesa Antiga 160
Lingustica Chinesa Antiga 164
A Esttica na Cultura da China Antiga 168
III.3.1.2 Europa: Caractersticas Culturais 170
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A Filosofia do Logos Europeu 171
A Medicina Helnica e Europia Atual 174
Lingustica Europia 176
A Esttica na Antiga Grcia e Europa 178
III.4 Resumo 180
CAPTULO IV 183
IV Os Excertos em Cotejos das Verses Europeias do Nijng 183
IV.1 Os Cotejos do Donas Verses Europeias do Nijng 184
IV.1.1 Cotejos e Comentrios 184
IV.2 Cotejos Yinyngq das Verses Europeias do Nijng com oscomentrios
193
IV.3 Os Cotejos do Wxng das Verses Ocidentais do Nijng ecomentrios
198
IV.3 Resumo 203
CONSIDERAES FINAIS 204
BIBLIOGRAFIA 208
APNDICE 226
GLOSSRIO 227
QUADRO SINPTICO:cronologia pr-dinstica e dinsticahistrica da China
233
LISTA DE FIGURAS E TABELA 234
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Introduo
Objetos de Estudo e Seus Limites
A presente pesquisa apresenta objetos de estudos complexos, um
fundamental, que corresponde a o texto original em chins (matriz) de medicina
chinesa, o Clssico Interno do Imperador Amarelo. Sero extrados excertos
previamente escolhidos desta obra publicada e recompilada por Wng Bing
(762 d.C.), durante a dinastia Tng, traduzido para o portugus como o
Clssico Interno do Imperador Amarelo (Hungd Nijng) de Wng Bing
(2007) e as tradues para os idiomas indo-europeu. A primeira em ingls
(Veith 1973a), a segunda a sua retraduo ao portugus (Veith b1973), a
terceira em francs (Ung e Chamfrault 1973). Para se entender o fenmeno de
modificao cultural, contextual, de ressignificao dos sinogramas dos temas
centrais do taosmo assimilados pelo Nei jing original (762 d.C.) na ocorrncia
das verses feitas ao idioma europeu.
As tradues do texto matriz, o Nijngcomo Objeto de Estudo
Para se realizar a anlise crtica comparativa dos excertos dos temas do
taosmo absorvidos pela obra matriz, o Clssico Interno (2007), conforme
explicado anteriormente foram escolhidos os trechos previamente, que contm
os sinogramas mais representativos com relevncia sobre temas centrais do
taosmo assimilados de modo recorrente na textualidade do Nijng(2007.). A
mostragem ser feita com os trechos dos textos traduzidos, sob a forma de
cotejos, de acordo, com os que foram selecionados previamente ecorrespondentes aos extrados da obra original do Clssico Internode Wng
Bing (2007) dos Tng. As verses europeias do Nei Jing contm as tradues
para o idioma francs com retraduo ao portugus, o ingls. Foram escolhidos
de acordo com a ampla difuso e serventia destas verses do Nijngpara o
estudo da medicina chinesa clssica em todo o mundo ocidental.
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A primeira traduo a ser apresentada o The Yellow Emperors Classic of
Internal Medicine, traduo inglesa de Veith (1973a) foi publicada como
primeira edio em 1949, a obra de amostra ser a reedio inglesa e
brasileira de 1973b. o ttulo seguinte: Translation of the Huang di nei jing su
wen (The Yellow Emperors Classic on the Internal Medicine).Essa traduo
inglesa de Veith (1973a), bem a sua edio retraduzida ao portugus (1973b),
a qual consiste na segunda verso ocidental, precedida de uma Introduo
ao Nei jing (Introduction of Nei Jing) e um estudo prvio ao texto e nos autores
nos quais ela se baseou para realizar a sua traduo.
A terceira traduo a ser apresentada est presente no livro Trait deMdecine Chinoisede autoria de Ung e Chamfrault (1973), foi selecionada a
publicao de 1973. Les Livres Sacrs de Mdecine Chinoise encontra-se a
traduo francesa do texto recompilado por Wang Bing dos Tang. Contm o Su
wen, a primeira parte com oitenta e um captulos e o Ne Jing, a sua segunda
parte, sem a traduo dos ttulos ao idioma francs escrevem-se apenas a
transliterao adotada pelos tradutores Ung e Chamfrault (1973).
Estado da Arte
Anteriormente a este trabalho foram feitos estudos sobre temas afins em
relao tese. Mas, nenhum destes teve preocupao em se realizar uma
anlise crtica entre o texto original Nei Jing e suas verses ocidentais o que se
constitui no status indito tese. Alm disso, no que concerne aos estudosprvios a este trabalho no h tambm a abordagem de um modelo explicativo
sobre o fenmeno das modificaes da contextualidade cultural e semntica
dos sinogramas contidos neste texto de base de medicina clssica chinesa no
Nei Jing e suas verses.
Diante disso apresenta-se o estado da arte sob trs aspectos. O primeiro
sobre a anterioridade de pesquisas lingstico-filolgicas sobre o Nei Jing. Osegundo contm estudos prvios feitos sobre o taosmo no mbito lingstico-
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filolgicos do taosmo. E, em terceiro, os estudos prvios, porm sem
preocupao lingstico-filolgica sobre a difuso cultural e transplantao
religiosa da medicina clssica chinesa.
Estudos lingstico-filolgicos do Nei Jing
O primeiro estudo lingstico-filolgico j feito foi com a traduo do Nei Jing
para o idioma indo-europeu, no francs deve-se a Morant (1939) que aponta
para o contedo do taosmo na referida obra na cosmologia do taosmo como a
do qi, do yin yang. Porm, contm idias na perspectiva do pensamento do
cientificismo europeu como uma medicina alternativa. Esta corrente sofreu
influncias da racionalidade greco-latina e judaico-crist e medicina moderna
europia, viso diversa do pensamento do taosmo da poca, durante a qual foi
redigido o Nei Jing de Wang Bing, em chins. Nessa mesma linha do
cientificismo europeu, outros estudos lingsticos- filolgicos com as tradues
do Nei Jing foram feitas e interpretadas ocidentalmente para o idioma francs
por Husson (1973) e nesta mesma linha traduziu trechos do Nei jing. Tambm
seguindo essa viso de medicina alternativa e biomdica feita na traduo de
trechos do Nei jing para o idioma ingls foi realizada por Porket (1974), que
tambm formulou um lxico de termos tcnicos mdicos do Nei Jing em latim.
Os estudos lingsticos-filolgicos subseqentes j realizados sobre o Nei Jing
tal como ocorre nos trechos tradutivos para o idioma ingls feito por Needham
(1983), numa influncia da viso biomdica e de ideologia socialista. J, nas
verses alems de Unschuld (1984 e 2003), que foram posteriormente
retraduzidas para o ingls procuram-se contextualizar o pensamento do
taosmo nessa obra numa bscula de abordagem no mbito de conhecimento
das medicinas alternativas, que procura sistematizar uma teoria de
correspondncias ao se referir ao wuxing com a filosofia naturista e o corpo.
Seguindo, ainda, nesta mesma linha Barsted (2003) estuda a cosmologia
taosta na medicina chinesa do Nei Jing de Wang Bing dos Tang
fundamentando-se nas idias pautadas sobre a linha epistemolgica das
racionalidades mdicas.
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A seguir as abordagens prvias referentes aos estudos lingsticos e filolgicos
do taosmo.
Estudos lingsticos-filolgicos do taosmo
No campo de pesquisa do taosmo h estudos prvios a tese, os quais se
aproximam, mas no se preocupam com anlises crticas de tradues
ocidentais do taosmo, nem sobre a sua assimilao pelo Nijngcomo tambm
no estudaram analiticamente as suas verses ocidentais com feitas base no
Nei Jing de Wng Bing (762 d.C.)
H pesquisas iniciais feitas sobre o taosmo e confucionismo, cuja primeira
investigao realizada foi realizada com o estudo lingstico e filolgico do
taosmo no Dodjngseguindo na linha de pensamento figurista dos jesutas
franceses, na China. Alm disso, se fundamentou numa abordagem filosfico-
teolgica num catolicismo de inculturao, neste veis ocorre a primeira verso
completa feita para o idioma indo-europeu, em latim, em 1711, por Nol (apud
Pluquet 1784). J, os primeiros estudos lingsticos do taosmo, tambm na
linha figurista. Mas, desta vez, com tradues parciais dos textos de taosmo,
os quais foram vertidos ao latim e com comentrios sobre o Dod jng,
Zhuang zi e Huainan zi feitos pelo padre Prmare (1708).
Ainda, numa linha que segue a abordagem figurista jesuta houve estudo do
taosmo e sobre a traduo do chins para a verso francesa do Tao de Jing
feita por Rmusat (1823), seguido neste viis por Julien (1842) E, tambm,
nessa mesma linha figurista os trabalhos de estudos sobre o taosmo foram
feitos, porm, sob a abordagem de inculturao protestante de missionrios
que estiveram na China, como foram as pesquisas lingusticas feitas do
taosmo e tradues do chins para o idioma ingls do Tao de jing e de Zhuang
zi por Legge (1891). J, mais recentemente e numa outra vertente foi feito
estudo lingstico e filolgico do pensamento chins segundo Granet (1939) a
respeito do confucionismo, taosmo e outras correntes chinesas de
pensamento na abordagem dos seus princpios do tao, Yin Yang, wuxing enmeros chineses antigos seguindo a interpretao na linha durkheimiana e
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socialista (Granet 1939). Ainda, tambm h estudos antecedentes lingstico-
filolgicos sobre o taosmo e da sua obra fundante, o Tao De Jing, numa
corrente explanatria conceitual sobre princpios ou leis de filosofia naturalista
inculcadas no pensamento chins, numa linha inculturalista protestante nos
estudos de neo-figuristas de Duyvendak (1953).
Seguem estudos numa abordagem que estabelecem aliana entre a tradio
chinesa e as influncias protestantes alems e a filosofia de Kant e Gethe,
como nos estudos neo-figuristas de Wilhelm (2004). E, alm disso, h
pesquisas de lingstica e filologia com a contextualizao do taosmo que
seguem na linha de pensamento chins do taosmo com Larre (1970). So
essas idias sobre o taosmo, o qual foi estudado prvio ao presente trabalho.
E, no campo de pesquisa da transplantao religiosa encontram-se estudos
prvios a tese, os quais se aproximam da mesma. Mas sem preocupao
lingstico-filolgica.
Estudos de transplantao Religiosa
H estudos sobre temas afins, que tambm contribuem inicialmente para a
tese, os quais esto relacionados s modalidades da medicina chinesa sem
preocupao lingstico-filolgica sobre o Nei Jing, a acupuntura, na
perspectiva da teoria da transplantao religiosa como os estudos de Moraes
(2007) antropolgico da religio e histrico-cultural da transplantao damedicina chinesa, a acupuntura. Tambm, h estudos feitos sobre a
transplantao religiosa-cultural do Kung Fuda China para o Ocidente feito por
Apolloni (2004) que antecedem a tese, que estuda a trajetria histrico-cultural
do Oriente ao Brasil, estudo desse fenmeno na Teoria da Transplantao
Religiosa, com base em Baumann (1994). Mas, que tambm, no apresenta
preocupaes voltadas para o estudo lingstico e filolgico do assunto.
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Anterior a tese h outros estudos sobre a transplantao religiosa-cultural,
como as feitas por Pye (1969), que apresenta o modelo de transplantao em
trs principais fases: o contato, a ambigidade e a recuperao. Alm destes
trabalhos encontra-se um estudo cientfico de transplantao religiosa-cultural
sobre a interpretao religiosa e o conceito de separao do termo religio e
seus estudos, como sendo uma criatividade ocidental so discutidos nos
problemas de mtodo interpretativo de religio em Pye. (1974). J, nos estudos
prvios que servem tese sobre o fenmeno de transplantao religiosa-
cultural h estudos que seguem a abordagem da difuso religiosa-cultural de
Montgomery (1996), do espalhamento cultural de uma tradio religiosa, o seu
favorecimento na receptividade diante das caractersticas inovadoras da oferta,
as percepes individuais e a localizao geogrfica (Montgomery 2002).
Justificativa
H uma diversidade de tradues chinesas e ocidentais da obra Nei Jing e a
anlise de excertos dessas tradues em relao matriz que pode fornecer
relevantes subsdios para se notar as diferenas culturais, modificaes ocorridas
dessas tradues que ao serem vertidas de uma linguagem materna
sinogramtica e no alfabtica, para idiomas de recepo indo-europeus e
alfabticos tornam-se alteradas na esttica chinesa, na semntica da totalidade
polissmica dos caracteres chineses antigos e, alm disso, descontextualizadas.
Como tambm, ocorre com a indiferena de pensamento greco-latino e a outra
forma de se pensar como ocorre com o pensamento chins da antiguidade.
O estudo pode fornecer contribuio acadmica e cientfica. Pois, tem a
importncia destacada para o entendimento das diferenas culturais entre China
Antiga e europa atual. A pesquisa lingustica do taosmo e medicina chinesa, o
impacto do taosmo no texto Nei Jing de Wang Bing e principalmente por ser de
carter indito quanto ao estudo sobre a anlise crtica lingustico e filolgica do
nei jing original e suas verses ocidentais, como j mencionadas anteriormente.
Alm disso, contribui com a pesquisa sobre a compreenso lingustico-cultural ao
se realizar um modelo explicativo sobre esse tema. Por isso, tem relevncia tanto
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para a sociedade cientfica, quanto valor de entendimento cultural para o taosmo
antigo ao ser assimilado pelo Nei Jing e nas modificaes das verses feitas para
o Ocidente, bem como, pela medicina chinesa no Brasil, bem como para as
Cincias da Religio.
Hipteses
Na posio preliminar a ser averiguada pode se afirmar que o texto matriz
publicado durante os Tang( sculo VIII) d.C.) a obra mais antiga e acessvel
e serve como ponto de partida contextual e tradutivo e de representao dos
ensinamentos taostas e sinogramticos contidos no Nei Jing, texto de
medicina clssica chinesa. O texto matriz recompilado por Wang Bing
representa os ensinamentos taostas assimilados pela medicina chinesa na sua
obra Nei Jing. Sendo que, na traduo poder ocorrer perda do significado e
contexto nas verses modernas chinesas subseqentes ao original e na
receptividade da obra com as tradues ocidentais. E, inclusive as
modificaes ocorridas nas verses chinesas modernas e nas tradues
ocidentais acarretariam prejuzo na transmisso do ensinamento da medicina
do NeiJing de Wang Bing (762 d.C.)..Alm disso, ocorre a perda de contexto e
esttico chins da obra fonte ao ser recompilada e/ou traduzida. Podem-se
verificar mudanas entre a obra matriz e a verso chinesa moderna de cunho
ideolgico. Como tambm nas verses ocidentais, alm disso, nota-se que h
distanciamento contextual nas tradues para as lnguas ocidentais. A anlise
crtica comparativa capaz de demonstrar o grau de afastamento das verses
chinesa simplificada e as ocidentais em relao a sua matriz pelas diferenas
culturais e difuso cultural.
Explicitao do Problema
No presente estudo cientfico do Clssico Interno do Imperador Amarelo ou
Huang di nei jing (2007) aponta para uma problemtica sobre o eixo central,
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como o taosmo, a matriz e as suas tradues ocidentais para os idiomas
francs, ingls. Por isso, tornam-se pertinentes as seguintes explicitaes do
problema. Pondo-se em relevncia as diferenas culturais entre a poca do
texto de recompilao da china Antiga com as verses europeias atuais. O
pensamento chins possui a caracterstica de um contexto consolidado na
correlativa do yinyangqie do wuxing,assim como, ocorre com o pensamento
do taosmo, que se construiu e se maturou com esta correlatividade, a partir
dos sinais chineses escritos ou sinogramas. Isto implica, tambm, na
expresso cultural que produz o pensamento do taosmo sui generis na
formao da esttica chinesa, que foi feita de maneira sui generis,por meio
do sinograma antigo contido num campo semntico de especificidade,
multiplicidade, plasticidade e de totalidade, simultneos. E, ainda esto
associados escrita e gramtica prprias da poca da publicao do Nei jing
de Wang Bing (762 d.C.), que no possui nada em comum com o idioma
alfabtico e nem com a gramtica indo-europia. Ambas, consistem em
dificuldades e indiferenas tradutivas, lingstico-filolgicas, para se realizar as
tradues modernas chinesas e ocidentais.
Portanto, ao se verter o texto Nei jing, escrito em sinogramas, em chins antigo
para o idioma ocidental e alfabtico conduzem-se estes sinogramas que so
portadores de rica polissemia de totalidade simultnea a sofrerem modificaes
na sua forma de escrita e estilo, bem como, na sua esttica, que se alteram e
mudam o campo semntico e decorrente disso ocorre a perda da correlativa do
taosmo que foi assimilada no Nei jing original ao se realizar as verses
ocidentais, em francs, ingls e portugus com o uso corrente de termosalfabticos de equivalncia e invarincia semntica tradutiva. Tambm, na
recompilao textual chinesa moderna do Nei Jing original costuma-se fazer a
substituio para a escrita moderna chinesa simplicada atual, o que provoca a
distoro morfolgica dos caracteres chineses antigos (gu wen), do texto
original do Nei Jing tornando-os alterados na forma da escrita e no seu
significado fornecendo-lhes novo sentido, ou de ressignificao, o que difere do
antigo. Dessa maneira, o desvio de significncia e de desvalorizao do campo
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semntico de totalidade do texto original recebe o teor de equivalncia
universal.
H, tambm, modificaes contextuais entre os sinogramas da forma original e
na verso chinesa moderna, como tambm nas verses ocidentais. Assim, os
caracteres chineses antigos escritos numa esttica chinesa com seus
mltiplos sentidos e alusivos includentes numa nica textualidade nos textos
taostas assimilados pelo Nei Jing original no correspondem ao chins
moderno e nem a esttica chinesa moderna. So obstculos para as
recompilaes ao chins moderno e para as tradues ao idioma indo-europeu.
Alm, de se distanciar contextualmente do texto chins matriz. Devido o textoNei jing ter servido e servir de guia prtico de medicina clssica chinesa ao
receber modificaes contextuais que esto presentes nas obras versivas de
recepo afetam a conduta prtica da medicina chinesa, como produto da
descontextualizao e da modificao do campo semntico da textualidade do
Nei jing inclusive obtm-se a perda da sua originalidade.
Objetivos do Trabalho
O presente estudo procura mostrar as diferenas do texto Nei jing, matriz e as
suas trs verses previamente selecionadas de tradues ocidentais nos
idiomas indo-europeus: ingls, francs. Tambm, objetiva-se analisar as
diferenas culturais com as suas dimenses pelo impacto entre o contato das
culturasi distintas de pocas remotas produzindo alteraes ocorridas narelao do pensamento do taosmo na obra matriz de medicina chinesa, com
consequncias culturais, de aculturao, globalizao,hibridismo. Realizar uma
anlise crtica entre esta matriz e suas verses.
Procurar-se- escolher e resumir os ensinamentos taostas presenvados na
obra original, a descontextualizao polissmica sinogramtica e que seguem a
apresentao da textualidade numa esttica chinesa que lhe prpria e
distinta da esttica de texto alfabtico e ocidental.
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Quadro terico
A fundamentao terica da presente pesquisa cientfica numa anlise
contextualizada da obra do Clssico Interno do Imperador Amarelo (2007) e
suas verses fazem-se por meio do pensamento do taosmo antigo e cultural
chins compreendido entre o perodo dos Reinos Combatentes (403-256 a. C.)
Dinastia Han (206 a.C.- 220 d.C.).
Assim, sero seguidas duas perspectivas na apresentao da fundamentao
terica. A primeira so as diferenas culturais, nas dimenses filosficas,
lingusticas,na medicina e na esttica. Na segunda as teorias de difuso cultural
Rogers (2003), (Montgomery (2007), aculturao (Bastide 1998), Globalizao,
hibridao (Holton 1998, 2000), que servem como conceitual na explicao e
exemplificao das mudanas decorrentes entre diferentes culturas entre a
produo do texto de origem e receptividade textual noutra cultural, a europeia
nas verses ocidentais para os idiomas indo-europeus, francs, ingls.
A Cultura Chinesa: Lingustica-Filolgica
Interessam para fundamentar a tese as teorias e as noes prprias
provenientes do lingstico cultural chins com a teoria e o nocional de
inteligibilidade chinesa desenvolvida por Gernet (1994), ou pensamento
chins, este que se escreve com pincel ou caligrafia, o sinograma si que
serve para embasar este pensamento que ressurge no pensar mdico do Nei
Jing. O pensamento chins possui correspondncia e comunicao entreambas as noes, o crebro e corao num contexto lingstico cultural chins
antigo o qual difere do pensamento ocidental (Gernet 1994).
Dessa maneira, o pensamento chins antigo uma maneira de se viver com o
corao dirigindo o pensamento estabelece relaes justas entre a ordem
reguladora do cu/terra e no interior do corao do humano e fornece o
discernimento e a inteligncia em concordncia com as relaes yin yang e
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principalmente das cinco fases, como a fase do fogo, madeira e terra (Rochat
2009).
A teoria construda sobre o pensamento ccorrelativo outro fundamento
nocional que serve para embasar a tese no aspecto do taosmo antigo, do
saber-viver e fazer dos chineses, como o seu modo de raciocinar, interpretar e
vivenciar o mundo e o homem chins, Tambm, a teoria desenvolvida por
Vandermeersch (1989) e seguida por Cheng (1994) sobre a racionalidade
divinatria que foi feita com os sinais escritos diagramticos (yao), linhas
configurativas (yao ci) e depois sinais escritos com caracteres chineses
(wen), sem preocupaes teleolgicas. Mas, que leva em conta mudanas
de configuraes diagramticas, so formas de escritas portadoras de sentido
e de modo espontneo (yi ), em correlatividade com a fase terra das cinco
fases, no procedimento ritual. (Vandermeerch 1989).
Nestas teorias e nocionais, acima que fundamentam a tese h uma perspectiva
de ordenao da mentalidade chinesa correlativo-cosmolgico, elaborado de
maneira no linear e circular que se desenvolve atravs de procedimentosritualsticos pela escrita e depois desenvolve especulaes sobre o
pensamento feito de imagens, dos sinais chineses e de correspondncias, com
caractersticas de racionalidade combinatria e correlativa ou de
correspondncias ocorridas de modo ordenado ou ordem intrnseca do mundo
e das coisas visveis e invisveis (li), espontnea do mundo (tao) e as
correspondncias do yin yang,como par de opostos complementares situados
numa razo inclusiva indiferente e que no h nada em comum com as
ligaes e encadeamentos lineares, como ocorre no idioma indo-europeu.
(Gernet 2004). O pensamento correlativo chins fundamenta a inteligibilidade
chinesa (si ), que no separa o visvel do invisvel no interior, exterior e
invisvel do homem, e o mais importante o funcionamento (tao), tambm
assim traduzido do chins tao ou como , o funcionamento,a continuidade ou
trnsito processual de um no outro e vice-versa. Isto o pensamento chins do
taosmo que tem interesse para a tese como fundamentao terica lingstica
e cultural da inteligibilidade chinesa e do pensamento do taosmo, que
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posteriormente foi sendo assimilado e se encontra contido na textualidade do
Nei Jing (Gernet 1994).
A teoria de Cheng (1994) construda com o caractere chins li como a
ordem do tao, possui o nocional da inteligibilidade da ordem do mundo no
interior do homem resultante deste processo inseparvel e ininterrupto repleto
de animao das mudanas e transformaes (yi). Todas estas teorias
servem para fundamentar o estudo na tese do taosmo e do contedo
assimilado do taosmo no texto do Nijng (Cheng 1994). Fundamenta-se,
tambm, nas teorias e noes feitas com o conceito da multiplicidade,
plasticidade e de totalidade do campo semntico do sinograma contextual,numa abordagem da linguagem na polissemia dos caracteres chineses feitos
com o estudo do contedo do texto. Assim, contextualizando-se o significado
dos sinogramas textuais considerando a multiplicidade de totalidade semntica
cultural numa interpretao e traduo fundamentada nas noes subjacentes
aos valores de significncia dos sinais chineses do taosmo assimilados como
termos tcnicos da medicina clssica chinesa presentes no Nei Jing, o
Clssico Interno suscetveis na receptividade textual ao receber modificaes
profundas de significncia (Jullien 2010).
Alm disso, a fundamentao da contextualizao do campo semntico da
escrita chinesa componente da esttica chinesa do pensamento chins, que
foi absorvido no Clssico Interno fornece, tambm, subsdios para esse
trabalho (Billeter 2010). Essas noes teorizadas servem para embasar o
estudo sobre o pensamento chins, dos temas sinogramticos polissmicosjuntamente com a esttica chinesa do contedo nos textos do taosmo, que
foram absorvidos no Clssico Interno (Nei jing) no transcorrer das pocas das
dinastias dos Reinos Combatentes aos Han, que so fundamentais para este
trabalho cientfico.
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A Difuso Cultural
A abordagem terica da difuso serve de fundamentao para a explicao
sobre o fenmeno de translao cultural a respeito das idias religiosas
contidas na recepo e traduo do Nei Jing nas tradues para idiomas
francs, ingls e portugus acompanhado dos ideogramas simplificados. A
teoria de difuso e espalhamento das idias culturais e religiosas de
Montgomery (1996), que serve de fundamento para uma explicao do
fenmeno da recepo do Nei Jing, o Clssico Internona cultura europia e
brasileira. No processo de difuso as tradies religiosas deixam seus
territrios de origem em direo a novas fronteiras culturais e religiosaslevando seus contedos. (Montgomery 1996,2007). A partir da propagao do
cristianismo prope modelo explicativo numa compreenso da difuso da
religio. As hipteses so as caractersticas inovadoras da religio difundida, a
localizao geogrfica, as relaes entre as sociedades, as caractersticas da
sociedade receptadora e as percepes individuais. (Montgomery 1996, 2007).
O pluralismo religioso favorece ao espalhamento religioso na sociedade
receptora ou de adoo. (Montgomery 2002).
Procedimentos Metodolgicos e Tcnicos
A presente pesquisa realizar-se- inicialmente com o levantamento bibliogrfico
a fim de obter referenciais tericos que fundamentem o objeto. A coleta de
dados bibliogrficos procurar proporcionar uma conduo lgica ao trabalho,bem como permitir selecionar os autores que serviro de alicerce ao mesmo.
A seguir o procedimento metodolgico realizar-se- atravs da seleo prvia
de trs temas centrais do taosmo na obra matriz, o taoa expresso chinesa
yinyangqi e o wuxing, os quais sero analisados criticamente por meio
comparativo entre a matriz e suas verses ocidentais, a partir desse mesmo
texto de base chinesa com as trs tradues ocidentais: portugus, ingls e
francs. Tambm ser feito um quadro sinptico contendo as trs temticastaostas presentes nas obras acompanhados de uma hierarquizao de
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relevncias. Bem como, procurar-se- realizar um estudo com as teorias a
respeito de fenmenos de modificaes lingstico-filolgicas e culturais e
contextuais dos sinogramas ocorridos com o texto, bem como as teorias sobre
a difuso cultural com base nas concepes de Montgomery (2002), de Rogers
(2003), de aculturao de Bastide (1998) dos fenmenos de globalizao e
hibridao (Holton, 1998, 2000), de intertextualidade (Genette, 1992,Kristeva
1969), Jullien (2010, 2012) e na receptividade do Nei Jing matriz nas verses,
objeto de estudo nesse trabalho.
Os procedimentos sero filolgicos, de acordo com a lingstica chinesa e
hermenutica chinesa cientfica seguindo as noes de comentadores daantiguidade e moderna da literatura chinesa antiga. Assim, as tradues sero
feitas pelo prprio autor do presente trabalho, em alguns excertos dos textos do
taosmo e de todos os trechos extrados do objeto fundamental, o Nei jing em
chins de Wang Bing (2007) que so fundamentadas nas tradues e
interpretaes francesas de Larre e Valle (1993) num enfoque lingstico-
cultural e contextualizado do Clssico Interno ou Nei Jing (2007) com o
pensamento do taosmo. Tambm, segundo as tradues e interpretaes deDespeux (2000), com os seus estudos da traduo no vis do taosmo servem
de subsdio terico para se realizar a anlise crtica da obra matriz com as
tradues europia e brasileira. (Rochat 2009). Os dicionrios etimolgicos
para o suporte tcnico dos caracteres arcaicos so o de Wieger (1974) e o de
Wilder e Ingram (1974). O dicionrio Ricci (1990) e o dicionrio Grand Ricci
(2010) servem tambm de suporte tcnico para as pesquisas dos pictogramas
e sinogramas com seus diversos significados tcnicos.
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I O Clssico Interno do Imperador Amarelo na Antiga China
I.1 Introduo
Inicia-se o presente captulo com o estudo do Nijngoriginal de Wng Bng
(762 d.C.) por se tratar do objeto fundamental e de referncia para as suas
verses. A obra martiz um texto de medicina clssica chinesa em chins
antigo (gwn). Faz parte de um objeto ainda mais complexo com as suas
verses indo-europias. Estas foram previamente escolhidas neste trabalho
cientfico, como a verso inglesa e em portugus, respectivamente, de Veith
(1973 a, 1973b); a verso francesa de Ung e Chamfrault (1973). Tambm,comea-se a se discutir pelo Nijng de Wng Bng (762 d.C.). Pois, a obra
serve como referncia textual para a extrao de trechos do seu contedo de
assimilao do taosmo. Alm disso, serve de obra de base de traduo,
parmetro para se estudar as modificaes ocorridas diante do fenmeno de
difuso cultural, da ocorrncia da transladao entre as culturas da China
Antiga e da Europa atual, com a transculturao do idioma chins antigo do
livro transposto s suas verses ocidentais supramencionadas. Ainda, ser
feita a apresentao em forma de cotejo por meio de excertos textuais, numa
anlise crtica comparativa, entre o texto matriz e suas verses europeias. H
implicaes culturais, histrico-lingusticas, estticas e medicinais de profundas
influncias do pensamento chins de diversas escolas-famlia na China Antiga
nesta obra em estudo. Por isso, escolheu-se como eixo central temtico deste
texto materno o pensamento chins do taosmo antigo, principalmente durante
o perodo dos Reinos Combatentes (403-256 a. C.) que foi a poca de Zhung z
e de Lo z, at a dinastia Hn (206 a.C-220 d.C.), com destaque a Huinn z.
Os pensamentos de correlao chinesa das cinco fases do taoismo destes
mestres foram assimilados pelo pensamento sinomdico na obra Nijng
compilada por Wng Bng, tardiamente, na dinastia Tng (762 d.C.).
O Clssico Interno do Imperador Amarelo () (2007) ou simplesmente
Clssico Interno () uma obra chinesa fundante da Medicina da ChinaAntiga atribuda ao ancestral da civilizao chinesa, o Imperador Amarelo
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(Hungd 2697-2598 a.C.). Porm, a mais antiga edio existente at os dias
atuais foi organizada com a recompilao feita pelo mdico taosta Wng Bng
em 762 d. C, sob a influncia principal do taosmo antigo. Essa obra
considerada texto matriz ser analisada sob cinco perspectivas.
Numa primeira perspectiva discursa-se sobre a obra o Clssico Interno, desde
as suas origens na alta antiguidade chinesa (shng g gu), at o
surgimento de documentao bibliogrfica no transcorrer das dinastias (cho
di ) da China Antiga (g zhng gu) subseqentes segundo a
datao chinesa numa contagem pelos caracteres cclicos do calendrio luno-
solar circular adotado pelos chineses desta poca, o que confere uma
continuidade de eventos e reinados chineses. Tambm, na cronologia chinesa
so contadas as datas da antigidade da China a partir da ascenso de um
soberano ao trono (ninho). Como ainda, no se encontrou nenhuma
documentao arqueolgica nos perodos chineses contados anteriores
dinastia dos Shng (sculos XVIII-XI a.C.) estabeleceram-se as
correspondncias aproximativas entre o calendrio cclico chins e o calendrio
linear gregoriano. Por isso, optou-se pela denominao da nomenclatura do
pensamento chins, traduzido por alta antiguidadechinesa, segundo traduo
de Rochat (2003), referente ao perodo anterior s suas dinastias. A primeira
dinastia datada historicamente a dos Shng ou a dinastia Yn (sculo
XVIII-XI a. C.) e dessa poca em diante a tradio chinesa denomina pelo
termo dinastias chinesas (chodi) concordantes com o reinado vigente.
Na segunda perspectiva segue-se com a apresentao, anlise da organizao
do Clssico Inteno, a distribuio do texto confeccionado em rolos de papel de
arroz, originariamente, com subdiviso feita em volumes, segundo as noes
do pensamento chins da correlao do taoismo da poca. Embora, a
discusso dessa anlise da obra seja feita em dois tempos, o da forma e o do
contedo, isto, no significa que haja uma separao entre ambos, na
interpretao chinesa antiga, bem como, taosta do texto matriz. Pois, asabedoria chinesa entende que forma e contedo esto numa relao
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conjuntiva, em concordncia como a correlao do taosmo do ynyng(),
dos sopros (q ), das cinco fases (wxng) e os seus desdobramentos
(ESCANDE 2003).
Na terceira perspectiva discute-se a composio esttica chinesa do taoismo
de contedo tradicional assimilado na textualidade da medicina da China
Amtiga. Numa quarta perspectiva analisam-se os aspectos substanciais da
obra, como a explanao do ttulo completo da obra em chins, o Hungd
NijngSwn Lngsh () traduzido por Clssico Interno do
Imperador Amarelo, Questes Simples e Eixo Eficiente. Tambm, se analisa o
significado, bem como, a atribuio obra ao vocbulo traduzido por Clssico
seguido dos eixos temticos do taosmo na obra materna.
Numa quinta perspectiva mostra-se analiticamente o impacto do pensamento
do taosmo sobre o Clssico Interno, a sabedoria chinesa com as principais
noes concernentes ao pensamento de correlao chinesa. Esse pensar
chins influenciou a composio da obra Nijng, com as referncias literriasdo taosmo seguido da explicitao do pensamento chins taosta, as
repercusses do pensamento do taosmo na referida obra original. Ento,
completam-se com a assimilao das temticas do taosmo do do (), a
assimilao do ynyngq () a assimilao do wxng () do taosmo
antigo no texto. Os temas foram escolhidos por suscetibilidade de modificaes
lingsticas, semntico-culturais, pela difuso cultural. Alm disso, realiza-se a
apresentao do resumo do captulo no final para preparao ao prximocaptulo.
Assim sendo, inicia-se com a anlise sobre as origens do Nijng na Alta
Antiguidade Chinesa (shng g), como se escreve na sabedoria do
taosmo na China Antiga. Na continuidade faz-se a discusso a respeito da
recepo do Clssico Interno nos documentos bibliogrficos encontrados nos
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acervos das bibliotecas durante o perodo das dinastias chinesas (chaoda
).
I.2 A Histria do Clssico Interno do Imperador Amarelo
A sabedoria do pensamento chins do taosmo antigo costuma-se fundir
com as origens da medicina chinesa da prpria civilizao. Assim sendo, o
Clssico Interno na sua procedncia estima-se ser o livro mais antigo de
medicina chinesa, de grande importncia tanto na literria antiga, como na
prtica mdica na Antiguidade da China. Por ser uma obra que representa olegado original do ensinamento do taosmo. Alm de outras escolas de
pensamento chins que transmitiram pela escrita na sua medicina recebem
o nome em homenagem fonte, ao ancestral do taosmo, o Imperador
Amarelo (Hungd ). O seu reinado foi durante a alta antiguidade
chinesa acompanhado de um crculo fechado de conselheiros e mdicos
sbios. Ele designou aos mestres os ensinamentos da fecundidade da
cultura, do saber-viver, saber-fazer da sabedoria do taoismo, inclusive oscuidados de manuteno da vida, em chins yngshng (), como
tambm, com o corpo humano constitudo de sopros.
I.2.1 As Origens
Considerado o Imperador Ancestral da civilizao chinesa pela famlia do
taosmo na dinastia Hn (206 a.C-220 d.C.), o denominado Imperador Amarelo
(Hungd) viveu entre 2697-2598 a.C, a data do seu nascimento marca a
recontagem do calendrio cclico do taosmo antigo chins. Para Keegan
(1988), de certo, o Imperador Amarelo no foi o autor da obra Nijng. Mas, na
dinastia Hn, a ele se atribua toda a sabedoria taosta, por conseguinte a
medicina clssica chinesa proveniente desse pensamento (Rochat 2009). O
Imperador Amarelo (Hungd ) pertence a uma linhagem de dignos
Imperadores conhecidos pela expresso chinesa trs soberanos (sn huang
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) citados no livro Memrias Histricas, de Sm Qin(145 a.C.- 85 a.C.).
Na glosa tradicional ao se aludir aos trs soberanos l-se traduzido abaixo.
Enfatiza-se que as citaes e referncias bibliogrficas que no constarem nas
tradues considera-se de autoria do escritor da tese, conforme segue.
(4)(3)(2)(1)
Ainda, o Imperador Amarelo figura entre os cinco Imperadores da Alta
Antiguidade Chinesa (shng g ), na conhecida expresso chinesa cinco
soberanos (wd). Isto, segundo o pensamento correlativo das cinco
fases (wxng ), do ynyng da dinastia Hn (206 a. C.-220 d.C.)
consolidada pelos taostas nesta dinastia. Cada um dos cinco imperadores
reina sob uma condio do wxng (), traduzido por cinco fases ouagentes de correlao interpretada pelos taostas. Assim, o Imperador Amarelo
(Hungd ) assume a posio central (zhng), cujo centro corresponde
a uma das cinco fases do pensamento de correlao, a do ynyng () no
vazio mdio, tambm chamado de fase terra (t). Possui correlao com a
cor, o amarelo, que corresponde cor do nome do Imperador Amarelo (Hung
d). O primeiro dos cinco o Imperador Fx (), denominado Qing d, o
Imperador Azul que reina pela fase yng do fogo (hu). O segundo, que
Smqin2011, rolo 2, captulo 2:125.
(1) rn rn z wng z sh(2) sh wng tin xi zh wi(3) snHuang wi g zh d di(4) f x shn nng Huang d
(1)Todos eles reinaram por assim mesmo
no comeo espontneo.
(2) No incio, os Reis sob o cu foram
(3)os trs soberanos da antiguidade,
antes das grandes dinastias:
(4) Fx, Shnnng, Hungd.
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reina pela faseyng da madeira (m ) o ImperadorShnnng (), o
Eficiente da Agriculturachamado de Yan d () ou Imperador vermelho. O
terceiro Imperador reina pela fase da terra conhecido pelo nome de Imperador
Amarelo. O quarto o Shao Hao (tambm, Bid ), o Imperador Branco.Ele reina pela fase yin, do metal. O quinto reinado de Zhuan Xu (Hid ),
o Imperador Negro corresponde cor da fase yn, cor negra segundo a
correlao da fase gua (Ryjik 1984).
Sabem-se apenas sobre os trs soberanos da alta antiguidade chinesa. Cada
Imperador reinou com trs livros do do. Mas, tm-se notcia, somente, da
existncia de um livro para cada um deles: Fx, Shnnng e Hungd. O
primeiro reinou com o Clssico das Mudanas, o Y jng(). O segundo,
com o Clssico dos fundamentos das plantas medicinais de Shnnng
(Shnnng bnco jng). O terceiro o Imperador Amarelo, a quem
se atribui a obra de medicina chinesa traduzido por Clssico Interno do
Imperador Amarelo, o Hungd Nijng() (Robinet 1977).
O Imperador Amarelo reinou e ordenou a sabedoria taosta de governar (zh).
Organizou (zh ) o imprio com seis ministros e trs funcionrios chamados
de nuvens entre o sol e a terra. Foram os encarregados da gua, eficincia da
vida, da fecundao, dos humanos que assim se estabelecia a designao das
cinco nuvens, do trovo, do relmpago, da chuva e do vento. Ao digno
Imperador lhe foi atribudo a responsabilidade por todas as invenes chinesas
como o advento dos caracteres chineses, a matemtica, msica, tcnicas,
utenslios, armas, meios de transporte terrestres e aquticos, moedas feitas
comas cascas de animais, conchas, jade, cobre, ouro, a arte do saber viver, do
saber-fazer, da arte do corao na atitude mdica de curar (zhi), mtodos
(do) para preservar a vida, como a medicina chinesa, a acupuntura. Ele
unifica a administrao (zhi) da China Antiga coma delimitao em nove
territrios (Larre 1982).
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Tambm, o Imperador Amarelo foi mencionado na introduo do Nijng do
recompilador, o mdico taosta Wng Bng (762 d.C.). Ele comenta que no
prefcio feito por Kng n gu() no Livro de Histria da dinastia Hn.
Ele comenta que os escritos de Fx (), Shnnng (), Hung d ()so as Trs Colinas (snfn) que falavam sobre o grande do (Wng
Bng2007: 3).
Na citao acima, feita pelo Wng Bng(2007: 3) produz a referncia textual da
fecundidade cultural, legtima herana escrita e oral do taoismo na
transmisso-tradio (chun), comentrios (zhun ) na medicina do do
dos trs Imperadores na seguinte ordem de surgimento. Primeiro, nos escritos
do Yjng (), o Clssico das Mudanas. Embora, esse no seja um tratado
de medicina. Mas, lhe fornece os fundamentos taostas pelo Nijng
assimilados. Este foi seguido por dois livros mdicos da tradio taosta, o texto
atribudo ao Imperador Shnnng o Shnnng bnco jng ()
traduzido por Clssico dos fundamentos das plantas medicinais de Shnnng,
o terceiro o livro de medicina do Imperador Amarelo, o Hungd Nijng, o
Clssico interno do Imperador Amarelo. O sinlogo Grison sobre o Hungd
comenta esse mesmo texto atribuindo a ancestralidade ao Imperador Amarelo.
Ao se atribuir o Nijngao Hung d(no se lhe atribui, tambm,toda a parte do dod jng?) simplesmente fazer da obra ofundamento da arte mdica ligando a ele as mesmas fontes datradio chinesa (Grison 1979: vi).
Alm disso, enfatiza a mesma originalidade do Clssico interno com o
dodjng de Loz.No texto primrio de Wng Bng(762 d.C.), na sua primeira
parte denominada Questes Simples (Swn ), o primeiro captulo
traduzido porTratado sobre os autnticos do cu na alta antiguidade inicia-se
com a apresentao do Imperador Amarelo. Enquanto que, nos escritos
historiogrficos de Sm Qin (145 a.C.- 85 a.C.), traduzido por MemriasHistricas (Shj ) da China Antiga reconta a histria do Imperador
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Amarelo. O autor do livro Memrias Histricas faz uma ligao entre os
ancestrais celestes com o ImperadorAmarelo. Eles so destitudos da noo
de transcendncia ou de divindade, como tambm, entre ele e os seus
descendentes. Assim, procura-se estabelecer uma continuidade de Soberanos
e Reis da China. Da origem da contagem do calendrio cclico chins
tradicional s dinastias consideradas histricas, at o perodo de sua poca da
dinastia dosHn (206 a.C.-220 d.C.) (Cheng 2008).
I.2.2 A Evoluo do Nijngnas Dinastias
O Nijng, conforme j foi mencionado considera-se como o primeiro e maisimportante tratado de medicina da Antiguidade Chinesa. Foi elaborado
medida em que houve a maturao do pensamento chins com o pensar de
correlao entre o homem, o cu e a terra. Segundo documentao
historiogrfica chinesa permite se afirmar que o texto teve sua redao iniciada
no perodo de guerras, durante o perodo chamado de Reinos Combatentes
(403-256 a.C.) que prossegue pela dinastia dosHn ocidentais (206 a.C.- 9 d.
C.), at o perodo da dinastia dos Hn orientais (25-220). Para ser completadoem 762 d. C. por Wng Bngna dinastia dos Tng (618-907 d.C.) ao acrescentar
alguns captulos referida obra (Rochat 2009).
Como o Clssico Interno inicia sua elaborao durante o Perodo dos Reinos
Combatentes (403-256 a.C.), segue sua redao na dinastia Hn para ser
completado, depois publicado por Wng Bng na dinastia Tng interessa
explanar sobre esses perodos culturais, histrico-governamentais deexpresso na formao, desenvolvimento da inteligibilidade chinesa, para se
entender os acontecimentos intelectuais, escriturais contextulizados relativos
formao do Clssico Interno. A comear pelos Perodos dos Reinos
Combatentes (403-256 a.C.), que foram marcados por perodos de guerras, de
reorganizao de governo, social, desenvolvimento da escrita chinesa, do
pensamento chins, que duraram de 403 a.C. aos 256 a.C. Por isso foi
denominado de perodo dos Reinos Comabatentes (zhn gu sh di
)por Sm Qin (2011). Este historiador chins inclue no final da dinastia
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Zhu (sculo XI-256 a. C.) o perodo da ltima etapa compreendida na
dinastia dos ZhuOrientais (770-256 a.C.). Esta precede a unificao dos reinos
na dinastia dos Qn(221-207) (Gernet 2008).
Para se entender este pequeno intervalo de desunies que durou em torno de
dois sculos e meio, torna-se importante se destacar os acontecimentos
histrico-culturais, do pensamento dos intelectuais dos mestres chineses das
dinastias precedentes, como da dinastia Shng(sculo XVIII-XI) dinastia
Zhu (sculo XI-256 a.C.), o denominado Perodo de Primavera e Outonos,
conforme tabela 1, em apndice, da cronologia pr-dinstica e dinstica. J
havia na dinastia Shng um refinamento poltico, ritualstico e escritural, combase numa ordem do mundo e das coisas que comea a se desenvolver e se
aplicar ao pensamento de correlao, de incio no exoesqueleto ventral de
quelnio, bem como, os modos de pensamento, de escrita chinesa que so
diferentes dos alfabetos ocidentais, de seus encadeamentos e de sua
gramtica. Estes so os primeiros indcios fundamentais para a ocorrncia de
formao de textos em geral, como tambm, dos livros mdicos antigos, como
o Clssico Interno, que comearia somente a ser elaborado a partir dos ReinosCombatentes, no final dos Zhu(Gernet 1961).
Convm destacar que anteriormente, ao Perodo dos Reinos Combatentes
houve a poca Adinstica denominada de Primaveras e Outonos que durou de
772-481 a.C, durante o final da dinastia dos Zhu. Nesta mesma poca surge o
pensador chins Kngz () que significa o mestre da cavidade ou do
vazio. Segundo fontes tradicionais ele nasceu na data ocidental aproximada
ao dia 28 de outubro de 551 a.C., engajado em interesses do governo chins,
como funcionrio ou oficial (sh ), mestre (shi ) do Soberano ele
administrou a crte e terminou como Ministro da Justia. Foi Kngz quem
pediu a seus discpulos que transcrevessem a tradio oral e vestigial escritural
para a tradio escrita nas Conversaes do MestreKng(Lny ). Ele
foi o iniciador da famlia-escola, dos sbios escritores da sua linhagem. O
nome foi latinizado pelo neologismo jesuta por Confucius. O Kngzproveniente do principado de L, atual Shndng(), famlia nobre dos
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Qi(). Ensinava a ordem moral, tica, relao social. Tambm, selecionou os
textos escolhidos e trazidos da Alta Antiguidade, considerados como os
primeiros Clssicos (jng) que foram oficializados, posteriormente, pelo
imprio Hn. Depois existiu durante a mesma dinastia, outro grupo depensadores advindos de seguidores de Kngz, o Mz (), ou Mestre M
segundo latinizao da inveno jesuta. Ademais, latinizaram tambm com o
neologismo mosta. O Mz foi originrio de Shndng.Esta provncia ficava
localizada no noroeste da China. Ele j teve uma linha mais utilitalista e dura
(Cheng 2008).
Uma diversidade de eventos ocorreu em decorrncia dos fatos histrico-degoverno, de inteligibilidade chinesa com os carcateres arcaicos no ritual na
carapaa de tartaruga, desde a dinastia dos Shng (sculo XVIII-XI a.C.),
segue pela dinastia dos Zhu(sculo XI-256 a.C.), com a correlao das cinco
fases, da inteligncia ritual de correlao do pensamento chins dos caracteres
chineses feitos no bronze. Com a promoo de um crescimento do poderio
guerreiro comea-se a diviso da China, com a tripartio do Reino dos Jn
(453 a.C.), em estados Hn, Wi e Zho so eventos iniciais para se instalar oPerodo dos Reinos Combatentes, em Shnx() ao norte de Hnn(),
em mais trs reinos: ao norte o reino de Zho, zona dos estepes, no centro o
reino dos Wie ao sul o reino Hn (Gernet 1994).
Continuam as guerras no Perodo denominado de Reinos Combatentes (403-
256 a.C.), entre os sete maiores reinos: no nordeste, na atual regio de Bi
Jng (), o Reino dos Yan, e no meio do vale do rio Yngz () o reinoChu e em Shndng(), o Reino dos Q (). Foram perodos de intensas
mudanas como nas reservas agrcolas, desenvolvimento da siderurgia,
demografia, forma de governar, na sociedade, economia, da escrita chinesa, do
pensamento chins incluso reino Qin ao Zhao, Hn e Wei, desenvolvem-se as
tcnicas nas artes dos mestres das receitas ou dos fang shi() da medicina
fora do crculo imperial, pr-escritura do Clssico Interno, conjuntamente
desenvoltura do pensamento chins, ao pensar mdico que colaboraram naformao do que viria a se tornar o Nijngcomo textualidade de referncia da
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medicina chinesa. Fatos que chegaram a contribuir com intensidade para a
formao primria do Nijng original (Rochat 2009). Segundo o quadro
sinptico da cronologia pr-dinstica e dinstica histrica da China, no
apndice.
Nesse mesmo perodo histrico da Antiga China durante os Reinos
Combatentes desenvolve-se a inteligibilidade chinesa, com a sua diversidade
nos discursos feitos por mestres provenientes de diferentes regies de culturas
distintas. Depois, anexadas a China da poca, pela necessidade da diplomacia
entre as disputas entre os chefes de famlias de culturas diferentes, com
mestres de pensamentos diversos. Todos estes acontecimentos de diversidadechinesa marcariam profundas influncias intelectuais, de governo, sociais na
formulao do Nijng, a partir desta poca dos Reinos Combatentes, no de
maneira definitiva, mas por acumulao de transmisso de conhecimento
ancestral. Neste perodo dos Reinos combatentes houve um sbio seguidor
inovador dos ensinamentos de Kngz () discpulo de Zs (). Ele foi o
Mngz (), nome latinizado pelos jesutas por meio do neologismo de
Mencius, que nasceu em Zuchng () localizado a oeste de Shndng. Ele
teve preocupaes morais e polticas mais ferrenhas que seu prprio mestre.
Ele escreveu um livro Clssico, em cujo ttulo h o seu nome com
preocupaes humanitrias e poltico-sociais (Gernet 1994).
Tambm, houve o Snz () foi quem escreveu a Arte da Guerra, um
herdeiro do confucionismo numa verso mais realista sobre a natureza humanaque Mngz. Com pensamentos racionalistas mais desenvolvidos de formade
governo e moral que o anterior, foi conhecido pelo nome de famlia Xnz ()
do reino de Zho. Ele teve um discpulo chamado Hnfiz() do reino de
Hn, dos Reinos Combatentes. Este ltimo manteve-se numa posio
especulativa entre os denominados autoritaristas e totalitaristas, formou a
famlia escolar dos legistas, numa viso utilitarista, entre outros, influencia o
governo autoritrio, daquele que unificaria a China como o territrio do meio, nototalitalitarismo dos Qn(), o Imperador Qnsh Hungd() consolida
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uma sociedade chinesa centralizadora, autoritria extremista seguindo os
legistas. Depois, destacam-se parte aos confucionianos e legistas, os
mestres do dooriginrios da famlia-casa do taosmo queinstrumentalizam
seus pensamentos correlativos cosmolgicos, por meio da escrita antiga
taosta. Os mestres do taosmo escreveram seus prprios Clssicos e
desenvolveram uma argumentao discursiva e tambm antidiscursiva, como
Zhungz (), Loz (). Este ltimo descendente da famlia dos L
(prunus) durante os Reinos Combatentes. Alm disso, tiveram a preocupao
com a manuteno da vida (yngshng ), por meio do acmulo da
transmisso do conhecimento ancestral, que concomitantemente se renova a
cada iniciativa do pensamento chins. Ao mesmo tempo, assimila-se ao textode medicina chinesa o Clssico Interno, paulatinamente, no desenrolar da
inteligibilidade chinesa, ao longo do perodo histrico-cultural, governamental-
social, tambm, mdico chins, em geral. Esses fatos propiciaram o destaque
dos saberes dos mestres no meio das cortes imperiais circunspectas. Eles
eram oficiais do Imprio e pequenos aristocratas intelectuais instrudos com
amplo acesso aos caracteres chineses. Alm de serem funcionrios escritores
do reino chins que se tramsformava dia-a-dia, dinastia-a-dinastia, de mestre-
a-mestre, de mestre-a-discpulo (Cheng 2008).
O perodo dos Reinos Combatentes caracterizado pelo turbilho de disputas
polticas e intelectuais favoreceu a criatividade fecunda, a partir desses
mestres. Nesse perodo histrico, j havia preocupaes taostas e de outras
escolas de pensamento sobre o homem, a arte de manter a vida (yngsheng),
sobre o do (
), ynyngq (
), a ordem (l
) e a correspondnciainseparvel entre o corpo humano com o mundo seguindo o pensamento da
correlao chinesa. Tudo isso foi o que influenciou os pensadores mdicos,
bem como, na formao inicial do contedo do Clssico Interno. Com isso,
muitas famlias de pensamento ou de transmisso de sabedoria surgiram
nessa poca que so as denominadas de Cem Escolas-Famlias (biji),
o termo cem significa incontvel, entre estas se rotulou de Escola da Familia
do do (doji) na classificao feita pelo primeiro historiador chinsSm Tn (), em 110 a.C. Depois, pelo seu filho SmQin (145-86?)
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que completou o livro Memrias Histricas (Sh j), conforme meno
feita anteriormente (Larre 1982).
Dentre Os Mestres e as Cem Escolas de Famlias h uma linha de
pensamento que tem como principal matiz a concepo do doespontnea,
pelos mestres. Como modo de pensar, de agir e viver dos chineses com
reflexes sobre o mundo, como condensao doq em relao ao homem, com
qparticularizado em constante correlao, consonncia (gnyng) segundo o
ynynge as suas cinco fases que mantm a regulao do cu sobre a terra,
nas relaes humanas. Essa corrente de pensamento aquela que receberia
tardiamente, a denominao de taoismo pelo neologismo jesuta. Foram
pocas de constante desenvolvimento do taosmo pelos pensadores clssicos
chineses, comoZhungz (), Loz (). Eles viveram durante os Reinos
Combatentes, porm suas publicaes ocorreram apenas durante a dinastia
dos Hn, entre IV-I a.C. Foram as noes destes pensadores da famlia taosta
que influenciaram os pensadores mdicos, desde os Reinos Combatentes,
durante a dinastia Hn.Depois chegam at o taosmo mdico de Wng Bng,
na dinastia Tng, com a elaborao do contedo e publicao do Clssico
Interno, o primeiro existente at os tempos atuais (Robinet 1991).
Pois, foi a partir dos Reinos Combatentes, em meio a conflitos no que diz
respeito ordem de governo, intelectual, que movimentos de pensadores
chineses comeam a consolidar as noes primeiras sobre o nascer do mundo
fundadas na concepo do do (comumente traduzido como a via ou o
caminho), o(s) sopro(s) (q), ynyngwxngtraduzido como as cinco fases da
luz sombra, que serviram de suporte ao modo de vida do saber-viver, saber-
fazer dos chineses, na elaborao da sua medicina, bem como influenciaram
no amadurecimento da elaborao do pensamento do Nijng(Despeux 2004).
Aps essa fase pr-imperial, na qual ocorreram os ensinamentos do taosmo
de Zhungz e Lozseguem-se pela dinastia Qinque durou de 221 a 207 d. C.um perodo de unificao chinesa que foi marcado pela consolidao da
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correlao chinesa do ynyng com as correspondncias (gnyng) das cinco
fases (wxng). Como se l na obra das Primaveras e Outonos escrita por
Lbwi (). Ele nasceu, segundo Sm Qin(2011) no Reino dos Wei,
no final dos Reinos Combatentes, viveu at o incio da unificao dos Qin(221-207 a.C.), se tornou o ministro desta dinastia. O pensador Lbwi combina o
pensamento anterior ao de correlao, de cunho intelectual e governamental,
na formulao do calendrio para regrar a conduta da liderana durante o ano
que seguem, com este nocional de ordem no Tratado dos Ritos (Lj ),
que no captulo dos Mandamentos Mensais (Yulng) encontra-se a
noo taosta num teor correlativo ritualstico com interesses governamentais
(Levi 1999). So os pensadores chinese, no somente com os temas dotaoismo. Mas, com os textos clssicos chineses provenientes de outras
correntes oriundas com as de Kngz, portadores do legado tradicional com
temticas correlatas, s vezes divergentes, que continuariam futuramente a
serem assimilados pelo Clssico Interno (Despeux e Obringer 2000).
Assim, o pensamento de correlao mantinha-se no papel principal no
desenvolvimento do pensamento chins e na famlia-escola do do, no
encaminhamento do governo chins. Sob a dinastia Hn (206 a.C. at 220 d.
C.) que se dividiu em duas dinastias: a dos Hn anterior ou Ocidental e
Oriental. Foram os Hn Orientais ou a dinastia Hn Posterior que durou de 25
d.C. a 229 d.C. Esta dinastia foi fundada por Li Bng que adotou o
pensamento de cunho legista. Ele foi sucedido pelo Imperador Wddos Hn,
que expandiu a China em 135, na Monglia, sia Central, Coria, Sul da China
como Fjin. Depois, penetra no Xigian ou Turkisto chins, Vietn, incorporaos estepes nmades do Norte e sino-tibetano ao imprio Hn. Nesse momento,
a expanso da China favorece relaes comerciais e a sua influncia sob estas
regies anexadas. Desenvolve-se o artesanato, a extrao da seda, a
manufatura dos tecidos em seda e a escrita que passa a ser realizada no pincel
com nanquim, tambm em seda, a extrao e manufatura do ferro, do sal e
crescimento da urbanizao. Aps, tantas conquistas ocorre a usurpao
temporria pelo Wng Mng (). Ele estabelece na China a dinastia dosXn. Depois segue a reinstaurao dos Hn da famlia dos Li, momento do
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incio da Dinastia dos Hn Orientais ou Posterior, que durou de 25 a 220 d.C.
J, nesse perodo se transfere a capital da China a Luyng, regio Ocidental
chinesa. Os funcionrios escritores so bem aceitos na corte como
conselheiros. Na mesma dinastia Hn (206 a.C.- 220 d.C.) acontecem
preocupaes intelectuais dos mestres com escrita chinesa antiga, que
colaboram na organizao, classificao e disseminao de noes chinesas
provenientes da florescncia intelectual advinda durante os Reinos
Combatentes. Ainda, h uma valorizao dos principados e reis dos locais
anexados ao imprio dos Hn. Foram eventos que propiciaram a organizao
dos textos clssicos chineses e dos clssicos de medicina chinesa, como
ocorreu com o Nijng(Gernet 2008).
Precipuamente, a dinastia dos Hn caracteriza-se por ser um perodo
escritural, de colees, registros e catalogaes (Cheng 2008). O corpus das
escrituras, fecundidades culturais de intelectualidades herdadas so
valorizadas, retomadas na viso chinesa de coerncia, sntese dos
pensadores, durante esta mesma dinastia (Jullien 2010). Nesse perodo grande
parte da obra Nijngfoi redigida (Despeux e Obringer 2000).
Ainda, segundo Cheng (2008), na dinastia Hn (206 a.C.-220 d.C.) a maior
representao do pensamento chins surge com as preocupaes reflexivas
de fuso taoisante do Rei de Huinn, Li n ( ) que sintetiza as
especulaes taostas anteriores, inclusive a famlia-escola de Zu Yndo final
dos Reinos Combatentes. No texto chamado em chins de Huinnzi de Li n
h uma abordagem da concepo do nascimento do mundo com a
manifestao dos ventos, ventos-sopros (fng q )ou sopro(s) (q ),
como sendo o fundamento da vida numa viso abrangente de correlao com o
do . As artes de receitas de saber-fazer e de vida so difundidas e
aperfeioadas dentro deste escopo. Ademais, os textos clssicos chineses so
redigidos, recompilados, ainda na escrta chinesa antiga (gwn ) de
maneira semelhante ocorrida durante dos Reinos Combatentes. Esseinteresse origina o primeiro dicionrio etimolgico do idioma chins Shuwn
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Jizescrito pelo primeiro fillogo da China da dinastia Hn, X Shn, cerca do
ano 100 da era Crist, com todo este legado escritural, oral, o pensar de
correlao se consolida definitivamente, pela primeira vez no pensamento do
taosmo. Este influenciou e foi absorvido com estes temas na formao do
Clssico Interno (Despeux e Obringer 2000).
A primeira meno do ttulo Hungd Nijng foi redigida por Bn G no
documento histrico chins chamado de Histria dos Hn (Hnsh)
publicado na dinastia Han (206 a.C.-220 d.C), em apndice com o nome de Yi
Wen Shi. Sendo que consta de dois livros em homenagem ao Imperador
Amarelo (Triadou 1995).
Aps serem assimiladas as temticas das preocupaes do taosmo nas obras
mdicas clssicas chinesas tornando-se componentes de um conjunto de sete
textos na seco dos Clssicos de Medicina Chinesa (Y jng ), do Yi Wen
Shi do Livro Hnsh(), traduzido por Livro dos Hn,que foiescrito por
Bn G (1903), durante a dinastia dos Hn anteriores (206 a.C-9 d.C.). Oprimeiro livro da lista o Hungd Nijng. O segundo livro o Hungd wijng.
O terceiro o livro de Bian Que Nijng. O quarto Bian Que wijing. O quinto
livro o Bish Nijng. O sexto o Bish wijing. O stimo livro intitulado
atribudo a Bish pang pin pin. Todos os ttulos se perderam, exceto o
Hungd Nijng,o Clssico Interno do Imperador amarelo que foi recuperado
por Wng Bng (618-907), somente nesta mesma dinastia (Keegan1988). Vide
tabela 2. Estes sete livros de medicina chinesa pertencem ao taosmo, pelo fato
de serem cotados entre os Clssicos de Medicina (Yjng ) nos
documentos Hnsh de Bn G (1903), da biblioteca da dinastia dos Hn e
seus ttulos homenageiam o ancestral taosta da alta antiguidade, o
Imperador Amarelo. J, os mdicos taostas contemporneos na dinastia Hn,
o Bian Que, Bi Sh configiram com a listagem dos sete livros de medicina
taosta. Seguem no rol da tabela 2.
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Tabela 1: Rol dos Sete livros da seco Clssicos de medicina (Yjng)
Cf. Hnsh(Bng1903)
As mensagens do mestre Zhng zhngjngda dinastia dos Hn (206 a. C.-222
d.C.) seviram de escritura e comentrios do Tratado das Desordens de Frio,
em chins, Shnghn Ln()(Triadou 1995). Foi entre o perodo dos Hn
orientais e Wi que o mestre mdico taosta Hungf M (215-282)
escreve em 259 d. C. o livro Hungd San Bu JiYjngtraduzido por Clssico
do Primeiro e Segundo da Difuso das Agulhas de Metal e Fogo Lento.Depois, simplesmente, chamado Zhn ji Jiy jng() verte-se, aqui
ao portugus porClssico do Primeiro e Segundo das Agulhas de Metal e do
Fogo Lento. Ele ordenou o livro Questes Simples, alm dos Nove Juan
(Jijun). Foi o primeiro nome dado para o Lngsh traduzido por Eixo
Eficiente do Clssico Interno do Imperador Amarelo. O Hungf Mteve em
mos os Clssicos como, o Kong Xue Zhen Jiu Zhi Yao, uma parte do livro
Nnjng.Tambm, ele obteve parte do livro Jinkui Yao Lue, do livro Mng Tang.Este ltimo se perdeu. Depois disso, o mestre mdico taosta Wngshh, da
dinastia dos Jin Ocidentais (365-316) foi quem compilou o Clssico dos
Pulsos (Mijng). Este ltimo livro mencionado, tambm foi posterormente
incorporado ao Nijngde Wng Bngda dinastia dos Tng (Wng Bng2007:
2).
Tm-se notcias, tambm sobre outro mestre mdico taosta chamado QuanYuan Qi, na dinastia Ling (502-557 d. C.). Ele foi quem escreveu o Clssico
1. Clssico Interno do Imperador Amarelo Hungd Nijng
2. Clssico Externo do Imperador Amarelo Hungd wijng
3. Clssico Interno de Bian que Bian Que Nijng
4. Clssico Interno de Bian que Bian Que wijng
5. Clssico Interno de Bish Bish Nijng
6. Clssico Externo de Bish Bish wijng
7. Suplemento de Bish Bish pang pin pin
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Interno contendo apenas o Swn nove rolos, com ausncia dos rolos do Zhen
Jing, o outro nome do Lngsh. Na mesma poca desse mestre Quan Yuan Qi,
houve, tambm, outro mestre, o mdico taosta Yngshng Shn. Foi ele quem
escreveu o livro A Grande Simplicidade do Clssico Interno do Imperador
Amarelo, o Hung d Ni jng Tis (). Ele teve como base esse
mesmo mestre, o Quan Yuan Qi seu contemporneo. O livro por ele
recompilado foi incorporado, tambm de maneira organizada, posteriormente,
pelo mdico taosta Wng Bngda dinastia Tng (Triadou 1995).
Durante essa mesma dinastia (618-907 d.C.), embora houvessem vrias
introdues na China, da sia Central e do Ir com a entrada do islamismo,
nestorianismo, mazdesmo, maniquesmo o contato foi efmero sem influncia
cultural, nem assimilaes. Porm, isso no aconteceu com o budismo chins,
depois de seis sculos de implantao do mesmo ocorreu o ressurgimento das
reflexes do taosmo preferido pelo imprio. O soberano da dinastia Tng se
legitima como sendo descendente da famlia de Loz, com o sobrenome imperial
dos Tng mantendo o nome de famlia dos L (), latinizado pelos jesutas do
sculo XVI, por prunus. Tambm, nome familiar do Loz. O imperador
Xunzng teve o nome pessoal L (), o Long Ji. Ele foi considerado o
Imperador Ming dos Tng (690-705 d.C.). Alm, de ter sido o comentarista do
Loz Dod jng, nesta dinastia. Assim, o imprio dos Tng permite o
reflorescer do interesse pela leitura dos Clssicos do Taosmo, principalmente, o
Zhungz e o Loz, alm de servirem como referncias aos exames feitos na
corte para seleo de funcionrios imperiais (Cheng 2008).
Ocasio propcia para Wng Bngpincelar o taosmo mdico na publicao do
Clssico Interno (762 d.C.), a mais antiga existente que ocorrera
posteriormente a essa poca do Hnsh permitiu editar a sua obra (Keegan
1988). No prefcio do Hungd Nijng de Wng Bng (2007: 2), durante a
dinastia Tng, o compilador completa a redao do mesmo, comenta que na
dinastia Hn (206 a.C 220 d C), no livro Hnsh, o autor do livro de medicina
chinesa Shnghn Ln chamado Zhang Ji menciona o Clssico Interno do
Imperador Amarelo, com a sua primeira parte Questes Simples, o Hungd
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NijngSwn com dezoito rolos (jun) e O Eixo Eficiente, o Lngshteve
nove rolos (Wng Bng: 2).
O recompilador do Clssico Interno, em 762 d. C. rene a anlise ecomentrios feitos por Hungf M(215-282) no Clssico Interno do Imperador
Amarelo. Segundo o comentador e compilador desta obra durante a dinastia
dos Sng, logo em seguida a dos Tng chamado o Lin Yi dos Sng do Norte
(960-1127) publica na biblioteca Imperial o Zhnjng () traduz-se por
Clssico das Agulhas de Metal e o Eixo Eficiente so a mesma obra
contendo nove rolos. Tambm, os escritos do mestre Zhngzhngjng (206 a.
C.-222 d.C.) comentador do Tratado das Desordens de Frio (Shng hn Ln), a do mdico taosta Wang Shu He (Jin Ocidentais 365-316). Esse
ltimo comentarista citado recompilou o Clssico dos Pulsos (Mi jng ),
conforme citado anteriormente, todos esses livros foram incorporados ao de
Wng Bng(Wng Bng2007: 3).
O Clssico Interno surge apenas em 762 d.C. contendo vinte e quatro rolos dasQuestes Simples com doze rolos do Eixo Eficiente. Alm dele recompilar,
acrescentou, tambm, alguns rolos e captulos. Foi nessa poca Tng, que as
obras taostas, de medicina chinesa foram reunidas na Biblioteca Oficial com o
nome de Do Zng () Arquivos de Escrituras Taostas, compiladas sob
ordem do Imperador, Kiyun a partir de 745 d.C. que contm 1464 textos do
taosmo. Neste mesmo Do Zng consta o Clssico Interno do Imperador
Amarelo de Wng Bng(Larre 1987).
A obra de medicina chinesa recompilada pelo Wng Bng apresenta-se de
maneira integrada o contedo e o seu formato segundo normas e mtodos da
escrita chinesa no pincel com nanquim no papel de arroz (shf) em
concordncia com o pensamento de correlao acumulada e transformada,
desde os Reinos Combatentes, dinastia Hn, Jn, at a poca de publicao do
texto, durante a dinastia Tng (Larre e Rochat 1987).
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A seguir analisar-se- a organizao sob o aspecto da forma e o contedo do
Clssico Interno, numa perspectiva de correlao cosmolgica do taosmo do
pensamento mdico de Wng Bng.
I.3 Organizao do Nijng
A estrutura da obra matricial consiste na formalizao do seu contedo dos
ensinamentos secretos advindos de um crculo interno do legado do Imperador
Amarelo de cosmologia correlativa, na medicina, mtodos de manuteno da
vida, cuidados corporais seguindo os mtodos (do) medicinais expostos de
uma forma coerente e organizados numa ordem do pensamento de correlao
cosmolgica, as regras de vida (jingdo) heranas da alta antiguidade chinesa,
at se chegar a sua poca.A seguir, discute-se a organizao desta obra
sobre a disposio em rolos de papel de arroz, ou em volumes e respectivos
captulos, bem como, a sua quantidade, a significncia de acordo com o
pensamento de correlao do taosmo.
A recompilao de Wng Bng constitui-se no total de 36 rolos ou volumes,
sendo que 24 rolos (juan ) formam a primeira parte. Foi traduzido por
Questes Simples (Swn ). Possuem 12 rolos a segunda parte, o Eixo
Eficiente(Lngsh). Cada uma das duas partes (pin) contm oitenta e
um captulos (bshy), cujos nmeros tm fundamentao no taosmo
antigo. O texto acima referido possui o mesmo nmero de captulos do Lo zDo d jng (), o Clssico da Via e da Eficincia, que expressam a
noo do 9x9=81, o duplo de nove, um aspecto yn, outro aspecto yng, o
nmero nove considerado pela sabedoria taosta como a plenitude do yng,
(yng d yng), nmero da totalidade e de um ciclo completo para o
ensinamento do taosmo, o nmero do palcio das luzes (mngtng) ou o
quadrado dividido em nove partes do taosmo assimilado pela medicina de
Wng Bng.Embora, conforme j visto, o Clssico Interno listado na biblioteca
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dos Hn (206 a. C.-220 d.C.) tivesse sido composto por 18 rolos, sendo 9 rolos
para o Swn ou Questes Simples, nove rolos para o Lngsh Eixo
Eficiente(Larre e Rochat 1993).
A primeira parte da obra original de Wng Bng, as Questes Simples contm
24 rolos, sendo que o stimo rolo ele mesmo o recuperou aps ter recebido
diretamente das mos de seu mestre taosta de medicina. Como o seu livro
representa o resultado do acmulo dos ensinamentos da sabedoria chinesa do
Imperador Amarelo, pensadores do taosmo e da medicina no pensamento
taosta de Wng Bng, a primeira parte deveria possuir 24 rolos, cujo nmero
no taosmo fornece noo dos vinte e quatro perodos dos ritmos dos influxoscelestes (tinyn) ou dos sopros rtmicos (qyn). O Eixo Eficiente, a
segunda parte do Clssico Interno possui 12 rolos, um nmero que no taosmo
emblematiza um conjunto regular da trama ou rede dos sopros (maiqi ),
que corresponde ao nmero 6 (liu ), com seu aspecto ynyng ou nmero
dois. Assim sendo, que 6x2=12. O nmero doze (shr) um nmero para
o taosmo considerar da terra, os doze perodos do dia e os doze ramos
terrestres combinados com os dez troncos celestes compem o calendrio
chins cclico (tin gn d zh) se associam a rede dos sopros (mai)
ou caminhos regulares invisveis (mijng vias regulares dos sopros
corporais). Tambm contados em nmero de doze so as vias regulares dos
sopros no corpo conforme o texto matriz. So os contedos expressos na
forma numrica do ensinamento taosta. Desse modo, o Swn tem carter
celeste ou yng,Enquanto que, o Lngshalude ao terrestre ou yn.De modo
semelhante ao no Clssico da Via e da Eficincia (Loz Dodjng), cuja
primeira parte (shng , ou do alto, yng) refere-se ao do . A segunda
parte (xi ou do baixo, yn) refere-se sua Eficincia ou comumente
traduzido pelos jesustas por virtus, como tambm, por alguns sinlogos
contemporneos vertem por Virtude (d , em chins). Sendo assim, o
primeiro volume, Questes Simples a parte do alto (shng) que contm os
fundamentos. O segundo, o Eixo Eficiente (xi, do baixo), o texto mais clnicode medicina chinesa. Dessa maneira, o conjunto dos textos constitui uma
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totalidade da via espontnea. Convm acrescentar que nessa perspectiva, a
sabedoria chinesa possui nocional de totalidade, conjuntiva, no