+ All Categories

PARQ 14

Date post: 11-Mar-2016
Category:
Upload: parq-magazine
View: 229 times
Download: 5 times
Share this document with a friend
Description:
September Issue: Grunge Fashion Hans Maier-Aichen
Popular Tags:
84
REVISTA GRATUITA DE MODA E CULTURA URBANA. PARQ. NÚMERO 14. SETEMBRO 2009. www.parqmag.com GRUNGE STYLE HANS MAIER-AICHEN JOSÉ PEDRO CORTES HONEST JON'S 14
Transcript
Page 1: PARQ 14

PARQ

. NÚ

MERO

14. SETEMBRO

2009. REVISTA

GRA

TUITA

DE M

OD

A E C

ULTU

RA U

RBAN

A.

REVIST

A GRA

TUITA

DE

MODA E

CULT

URA U

RBANA.

PARQ

. NÚM

ERO 1

4. SET

EMBR

O 2009.

www.parq

mag.co

m

GRUNGE S

TYLE

HANS M

AIER-A

ICHEN

JOSÉ

PEDR

O CORTE

S

HONEST J

ON'S14

Page 2: PARQ 14

DirectorFrancisco Vaz Fernandes [email protected]

eDitoracarla [email protected]

Direcção De arteValdemar lamego [email protected]

trenDscoutmário nascimento [email protected]

traDuçãoroger [email protected]

publiciDaDeFrancisco Vaz Fernandes [email protected]áudia [email protected]

parQnúmero 14setembro 2009

textoscarla carbonecláudia matos silVajúlio dolbethluísa santosmami pereiramiguel joão Ferreiramiguel pedreiramiss jonesnuno sousapedro marquespedro motapureza Fleminghray monderoger WinstanleysoFia saunders

fotospedro janeiropedro pachecopedro matosandré britomário ambrózio

stylingjuliana lapaconForto moderno

ilustraçãoVanessa teodoro

periociDaDemensal

Depósito legal272758/08registo erc125392

eDiçãoconforto moderno uni, lda.número de contribuinte: 508 399 289

parqrua quirino da Fonseca, 25 – 2ºesq.1000-251 lisboa

00351.218 473 379

impressãobeprofit / sogapalrua mário castelhano · queluz de baixo2730-120 barcarena20.000 exemplares

Distribuiçãoconforto moderno uni, lda.

a reproDução De toDo o material é expressamente proibiDa sem a permissão Da parQ.toDos os Direitos reservaDos. copyright © 2008 parQ.

assinatura anual 15€.

www.parqmag.com

capaedgar martins (central models) fotografado por pedro pacheco (www.pedro-pacheco.com)veste jeans e colete de pele diesel black goldstyling: conForto modernomake-up&pintura corporal: inês pais para unicórnio azullight equipment www.spot-lightservice.com

agradecimentos ao jardim botânico do museu nacional de história natural de lisboa

PARQ

. NÚ

MERO

14. SETEMBRO

2009. REVISTA

GRA

TUITA

DE M

OD

A E C

ULTU

RA U

RBAN

A.

REVIST

A GRA

TUITA

DE

MODA E

CULT

URA U

RBANA.

PARQ

. NÚM

ERO 1

4. SET

EMBR

O 2009.

www.parq

mag.co

m

GRUNGE S

TYLE

HANS M

AIER-A

ICHEN

JOSÉ

PEDR

O CORTE

S

HONEST J

ON'S14

2

Page 3: PARQ 14

38viewpoint

jose pedro cortes

eDitorialregressos

É o regresso. Depois deste período de paragem para férias voltamos com uma edição em grande parte dedicada ao design aproveitando o evento da ExpErimEnta DEsign que começa a 14 de setembro. temos um artigo sobre um dos seus gran-des criadores, Hans maiEr-aicHEn, que vem a Lisboa para comissariar uma das exposições princi-pais da ExpErimEnta, Lapse of Time, na sociedade nacional de Belas artes de Lisboa. segue-se um texto da nossa colaboradora mais regular, carla carbone, sobre as questões da produção do design e do tempo, equação que se tornou premente entre os jovens criadores. Desta forma, quisemos apoiar a ExpErimEnta ou pelo menos contribuir para a divul-gação de um pensamento crítico inerente ao design e à criação em geral, uma das grandes lacunas nacionais. se em tempos fui crítico do modelo da Experimenta —que me pareceu desadequado das realidades mais prementes do nosso país— hoje é com certo sentimento prazenteiro que vejo este pro-jecto vingado, no número de eventos tangenciais que se desenvolvem em seu torno. não é tanto o mús-culo que me interessa, o maior ou menor grau de pertinência da temática abordada, dos conferencis-tas, dos projectos expostos, mas o facto de reconhe-cer que uma pequena comunidade se organiza por múltiplos interesses legítimos em torno deste gran-de evento. É evidente que a ExpErimEnta se torna uma janela de oportunidade que tantas vezes falta aos criativos e às áreas de negócio envoltas. nesse sentido, também o nosso apoio é para os criadores nacionais que conseguem colocar portugal definiti-vamente no mapa do design internacional.

por Francisco Vaz Fernandes

real people06

tiago pirespor miguel pedreira

08mason jung

por Francisco Vaz Fernandes

10maxWell holyoke-hirsch

por júlio dolbeth

12Filipe macedo

por pedro mota

14

you must shopping

18

you must news

sounDstation32

kika santospor nuno sousa

34corsage

por miguel joão Ferreira

36honest jon'spor rui miguel abreu

38

viewpointjosé pedro cortes

central parQ42

hans maier-aichenpor carla carbone + Francisco Vaz Fernandes

46o lugar das coisas

por carla carbone

50you look so incredibly

trashy todaypor pureza Flemingh

52joão abel manta

por pedro marques

54marcel Van eeden

por luísa santos

56khalil joreige & joana

hadjithomaspor Francisco Vaz Fernandes

moDa58

last dayspor pedro matos

66tWinkle tWinkle little star

por andré brito

parQ here73

green Fresh WeekViagem

74porsche design + cat

merrel + g-starplaces

75clara clara + à

margem + sky barplaces

76Vitamin Water + zoka

+ singatobagourmet

english version

78mason jung

by Francisco Vaz Fernandes(english version by roger Winstanley)

78hans maier-aichen

by carla carbone + Francisco Vaz Fernandes (english version by roger Winstanley)

80the place oF things

by carla carbone (english version by roger Winstanley)

82

Dia positivothe special k

crónica de cláudia matos silVailustrado por Vanessa teodoro

3

Page 4: PARQ 14

*

shop online DIESEL.COM

*Qua

ndo

est

iver

es f

arto

da

vid

a, p

ede

mai

s D

iese

l.

LifeSucks_Parq P.indd 1-2 31-07-2009 17:13:10

Page 5: PARQ 14

*

shop online DIESEL.COM

*Qua

ndo

est

iver

es f

arto

da

vid

a, p

ede

mai

s D

iese

l.

LifeSucks_Parq P.indd 1-2 31-07-2009 17:13:10

Page 6: PARQ 14

REal PEoPlE

tExto: miguel pedreira foto: Francisco de almeida

faz-nos um balanço Do teu primeiro ano no worlD tour.Foi um primeiro ano positivo. apesar de me ter requalificado via WQs (World Qualifying series – o circuito que dá acesso ao Wt; espécie de segunda divisão do surf profissional), consegui chegar a uma meia-final. Era o objectivo que tinha em mente em termos de classificações em etapas.

como tem siDo 2009 em termos Desportivos? Este segundo ano está a ser de altos e baixos, embora os meus níveis de motivação estejam consistentemente altos. comecei o ano com duas boas performances mas fui barrado por dois surfistas do top 5 devido ao meu baixo seeding, que veio de 2008. Depois tive uma prova algo frustrante no tahiti, local onde me sinto bastante confortável, mas onde não consegui encontrar uma segunda onda boa no meu heat para derrotar o australiano Josh Kerr. mesmo assim saí de cabeça erguida, com a melhor onda do dia. Depois do tahiti lesionei-me na indonésia durante uma viagem de promoção e treino do meu patrocinador (red Bull), e isso veio a fazer com que surfasse lesionado nas duas últimas provas, o que não me ajudou muito a vingar em termos de resultados. neste momento, e a meio do ano, conto com três 17º lugares e dois 33º lugares, o que significa que estou um pouco melhor que no ano passado.

no ano passaDo fizeste o wt e o wQs. este ano estás a fazer apenas o wt. a estratégia está a resultar? sim, este ano optei por correr só o Wt, ou seja, não recorrer ao circuito de qualificação para tentar garantir a vaga do ano seguinte, como fiz em 2008. Optei por manter-me na porta “grande” porque penso ter qualidades para isso. por outro lado, devido às várias lesões que tenho vindo a contrair, decidi apostar muito na minha forma física e contratei uma equipa de preparadores físicos com os quais tenho vindo a trabalhar desde Janeiro. É uma nova aposta pois vai preparar-me bastante para os próximos anos de circuito, evitando possíveis lesões e ganhando um pouco mais de força e resistência.

como é ser consiDeraDo, De facto, um Dos melhores surfistas Do munDo?não penso muito nisso! trabalho muito todos os dias para conseguir escalar uma pirâmide íngreme e é aí que se concentram os meus pensamentos. tudo o que se diz, o que se fala, é mera opinião pública. tento não pensar nesse tipo de coisas.

o contingente europeu aumentou este ano para sete representantes no wt. a europa é realmente uma nação muito forte no surf munDial? penso que é indiscutível não se dizer que a Europa surge como uma potência mundial de surf. Um continente que consegue ter sete representantes num grupo de 45 é de facto uma potência. O mais engraçado é que as coisas evoluíram muito depressa e ninguém esperava que chegássemos aqui tão cedo. agora acho que a meta está mais longe e começa-se a pensar no primeiro campeão do mundo europeu.

Quais são os teus objectivos profissionais, a méDio prazo? “saca campeão munDial!” é um eventual título De notícia? O meu objectivo de vida é ser campeão do mundo. mas sei que para chegar lá ainda tenho alguns parafusos para apertar. neste momento quero ganhar experiência, evoluir em alguns aspectos técnicos e psicológicos, e espero poder manter-me confortavelmente no Wt. É para isso que trabalho e que acordo todos os dias.

o Que falta ao surf profissional para “exploDir” meDiaticamente como o futebol, a fórmula 1 ou mesmo o ténis? acho que o surf é um desporto especial, algo difícil de captar e compreender à primeira vista. Logo, tem tido uma certa dificuldade em chegar ao mainstream, embora acredite que a evolução tenha vindo a ser contínua e de certo modo grande. Falta-nos, se calhar, outro tipo de estrutura e organização para que se possa começar a falar mais em milhões e assim movimentar as massas. a asp (association of surfing) tem pecado por fechar o circuito mundial só a marcas da indústria do surf, pois há, com certeza, muita vontade de investir num desporto como o surf, que carrega umas das imagens mais bonitas e puras entre todos os desportos do nosso mundo.

em outubro vamos ter uma etapa Do worlD tour em peniche. o Que pensas Desse regresso a portugal, sete anos Depois Da última prova cá realizaDa? a localização favorece-te?Estou muito satisfeito por voltar a competir em casa num grand slam do surf e desta vez a somar pontos para o meu ranking! acho que portugal merece muito uma prova do Wt pois é um país com muitos surfistas assíduos, com um litoral cheio de boas ondas e muita vontade de fazer coisas grandes. Estou super motivado para competir em peniche. a onda é, sem dúvida, uma das melhores do mundo e penso que vai ser um espectáculo digno de se ver ao vivo.

a coleccionar títulos internacionais desde os 14 anos, Tiago Pires “saca” é hoje, aos 29, considerado o melhor surFista português de todos os tempos, o primeiro (e único) que chegou ao degrau mais eleVado do surF competitiVo – o

World tour (Wt), elite constituída pelos 45 melhores surFistas do mundo.

tiago pires

6

Page 7: PARQ 14

*

shop online DIESEL.COM

*Par

a q

uê m

udar

se

já m

ora

s na

cas

a q

ue a

do

ras?

Dog_Underw_Parq P.indd 1 31-07-2009 16:45:39

Page 8: PARQ 14

REal PEoPlE

tExto: Francisco Vaz Fernandes

não és o primeiro sul coreano a ser DistinguiDo num concurso De moDa internacional, como te aconteceu agora no its. há um granDe interesse pelo Design De moDa na coreia Do sul?Houve sempre interesse e os mais novos que beneficiam do uso da internet estão mais actualizados e prontos para viverem os seus sonhos.

como Defines a colecção Que apresentaste no its?Ela debruça-se sobre a forma como vemos e concebemos a roupa em geral. Eu gosto de analisar fórmulas, mais especificamente as que são inerentes ao uso do fato que os homens vestem no dia-a-dia. Questiono estes estereótipos pegando nos seus aspectos normalizados mais banais para os transformar em algo de diferente, permitindo que ganhem uma maior liberdade de formas. algumas das minhas criações mantém ainda os elementos estruturais de um fato clássico mas são apenas uma referência visual residual. a colecção não é construída a partir da sua aparência mas a partir da subversão das formas fossilizadas.

acreDitas Que o aspecto formal Da roupa masculina restringe a liberDaDe Dos homens? como é Que achas Que os homens se Deveriam vestir?na roupa masculina há um acordo de formas baseado em regras de alfaiataria que ao final de contas restringe os homens. Eles limitam no sentido em que os homens são forçados a seguirem formulas standarizadas pelo mercado e perdem a oportunidade de terem mais variações disponíveis. Daí que para mim seja importante conceber o estereótipo desse estereótipo e trabalhar a partir daí.

em muitos aspectos as formaliDaDes são mais fortes na cultura oriental Do Que no ociDente. isto corresponDe à verDaDe ou é apenas uma impressão ociDental?na coreia, por exemplo, depois da guerra, o governo criou um sistema que procurava controlar as pessoas com o objectivo de reconstruir a sociedade. nessas circunstâncias a individualidade foi sacrificada em detrimento da totalidade. Este facto influenciou globalmente a cultura e penso que a formalidade coreana deriva desse legado. Os coreanos reconhecem isso mas penso que essa nossa especificidade não é uma característica que se possa estender a toda a cultura oriental

Qual o tipo De roupas Que gostas De usar? gosto de roupa que seja um pouco “eu” , não uma roupa em que esteja a pensar que saio favorecido.

como é Que te vês DaQui a cinco anos? estarás a Desenhar uma colecção própria?penso que sim. mas tenho uma opinião diferente sobre os ciclos da moda. penso que as pessoas não precisam de roupa nova todos os seis meses e o tempo não deve ser limitado quando se pensa num trabalho mais profundo. a moda continua a ser a uma área altamente comercial que acaba por impulsionar esses ciclos. no meu futuro vou procurar conciliar interesses díspares, comerciais e criativos. não quero montar o meu próprio negócio à pressa. Quero estar bem preparado para cada degrau que tiver de subir.

o principal prémio do ITS (InTernacIonal TalenTS SuporT), que todos os anos se organiza em trieste com o patrocínio da DIeSel, Foi ganho por um joVem coreano,

Mason Jung, que Vem do royal college oF arts de londres. ganhou 200 mil euros com uma colecção que brinca com as Formas estereotipadas da roupa Formal masculina.

mason jung

WWW.masonjung.

com

8

Page 9: PARQ 14

9

Page 10: PARQ 14

REal PEoPlE

tExto: júlio dolbeth

em Que momento resolveste tornar-te num ilustraDor? pensas Que haja uma linha Divisória entre a ilustração e a arte?na verdade não houve um momento em que decidi tornar-me num ilustrador, foi acontecendo. Queria fazer desenhos e exprimir-me nesse campo e por isso fui fazendo alguns trabalhos que iam sendo colocados online. penso que existe uma linha entre ilustração e arte porque quando fazes ilustração em geral estás a seguir as directivas de uma outra pessoa e tens que trabalhar na maior parte das vezes com um director de arte. Quando faço trabalhos de “arte” para as minhas exposições sigo a minha vontade sem ter que justificar nada a ninguém.

o teu trabalho reflecte muito o processo. como consegues a transição Do Que tens em mente para o papel?mexendo as mãos, fico em pé e vou misturando as minhas tintas. nos últimos seis anos tenho conseguido realizar as minhas ideias com qualquer material disponível que tenha entre mãos. torna-se cada vez mais fácil idealizar qualquer coisa e conseguir realizá-la.

há um nível De espiritualiDaDe nas tuas ilustrações. Queres comentar esse facto?Há sempre um nível de espiritualidade na minha vida. É esse o cataclismo que me permite criar uma coisa bruta e única a um passo mais próximo de um fluxo divino na terra ou de qualquer coisa semelhante que tenha a ver com isto.

tens uma aborDagem poética muito pessoal Que não se Deixa apagar pelas narrativas mesmo QuanDo trabalhas na ilustração De artigos. é Difícil conseguir esse eQuilíbrio?Há vezes em que é mais fácil do que outras. Depende do que está a ser pedido. Eu quero desenhar dentro do meu estilo muito próprio mas quando tenho uma encomenda é preciso criar-se um equilíbrio para não se perder a ligação entre o assunto, o artigo e os leitores.

relativamente às suas auto-narrativas, Qual é tua Definição para ilustração?iluminação e representação do corpo e alma do criador.

para além Da cultura popular e Das tuas memórias, Quais são as outras influências?Fracasso, exploração e transcendência.

faz-nos uma lista De um top 10 Que Quiseres.Dylan, Batfinks, Ditc, rimbaud, Estes, Dosc, Lexaunculpt, miller, B.rich, prince.

Vindo de uma Família de pintores e músicos, Maxwell é um artista multidisciplicar de los angeles que desenVolVeu um desenho poético. apesar de ser produzido dentro de um contexto marginal das subculturas caliFornianas, não deixou de chamar a

atenção dos editores do neW york times que lhe pedem colaborações regularmente.

maxwell Holyoke-HirscH

WWW.lorenholyoke.

com

10

Page 11: PARQ 14
Page 12: PARQ 14

REal PEoPlE

tExto: pedro mota

como surgiu a maD subculture e De onDe veio a inspiração? surgiu quando decidi começar a partilhar conteúdos que na minha opinião eram interessantes mas não eram divulgados. refiro-me a conteúdos originais e criativos, sejam eles a música, festas, moda, cinema, fotografia, personalidades. parte dessa inspiração vem de fora, são “importados” mas o objectivo não é copiar. O objectivo é criar algo diferente, à medida do nosso país e das nossas necessidades.

Quem é filipe maceDo fora Do contexto Da maD subculture? Fiz 23 anos, acabei recentemente o mestrado em Engenharia informática no técnico, embora esteja a desenvolver interesses em outras áreas neste momento. Este blog ajudou-me a perceber aquilo que realmente gostava de fazer. E aproveitei-o para tirar um curso de comércio electrónico e marketing online em Londres. Durante 10 anos joguei basquetebol e no ano passado fui campeão nacional da proliga. Qual é o teu papel no projecto? Faço a manutenção do blog, crio a imagem e os conteúdos e até faço o design das nossas t-shirts. Há amigos que ajudam e fazem posts ocasionalmente.

o teu projecto já Deu origem a várias festas em lisboa. porQuê festas maD? tinha interesse num certo tipo de festas que acontecem lá fora, pela originalidade, criatividade ou mesmo pela música associada a essas festas. acho que faziam falta Lisboa porque o nosso objectivo principal é sem dúvida a diversão e o entretenimento. Estamos a oferecer uma alternativa. Eu sinto essa necessidade e existem muito mais pessoas que também partilham essa opinião.

em Que consiste uma festa maD? Qual é a música, o ambiente, o DresscoDe? Uma festa maD tem muitas parecenças com outras festas, mas o que a diferencia das outras a que estamos acostumados é talvez a música e principalmente o incentivo à originalidade e criatividade. como o próprio nome do blog sugere, gostamos de ter nas nossas festas pessoas que se diferenciem, que sobressaiam, que fujam do comum. a originalidade e a criatividade que incentivamos é expressa através do que se veste. no entanto, ao contrário do que possa parecer, não tem havido —e em princípio não haverá— nenhum dress code concreto. as festas não são temáticas. E ninguém é obrigado a vestir-se de maneira diferente.

como é Que este projecto cresceu o ponto De já ter um consiDerável número De seguiDores?nunca tive grandes pretensões para este blog, apenas ia partilhando coisas que do meu ponto de vista eram interessantes. no entanto, o blog teve um crescimento algo inesperado. talvez porque existem muito mais pessoas que partilham os meus gostos ou porque sentiam a falta de algo novo em Lisboa, ou simplesmente porque acharam divertido ou diferente. Estou a promovê-lo através da redes sociais na web. as festas acabaram por ajudar o projecto a crescer. a promoção é feita apenas através do blog, do Facebook e passando a palavra. não houve flyers nem qualquer tipo de promoção.

este projecto permitiu, para além De outras coisas, Desenvolver a tua carreira como Dj. como é Que isso aconteceu? as festas maD subculture permitiram-me ser DJ com muito mais regularidade. Deu-me uma maior exposição, o que, por sua vez, levou a que surgissem outras oportunidades. maD mac foi o nome adequado para este projecto.

criado há cerca de seis meses, o blog MaDSubculTure tem-se distinguido por conseguir dinamizar noites que captam gente apreciadora de um Visual Forte para

se diVertir. é um projecto de liberdade de expressão que Faz lembrar os extraVagantes “club kids” do início dos anos 90 em noVa iorque, ou o ex-clube londrino boombox.

filipe macedo

WWW.myspace.

com/madmacdj

WWW.madsubculture.

com

12

Page 13: PARQ 14
Page 14: PARQ 14

14

Page 15: PARQ 14

silv

ER

stREE

t

pedro janeiro& mário ambrozio

styling: conForto moderno

relógio diesel, óculos cARRERA, ténis nike

sportsWear, ténis ADiDAs, corrente h&m, botins

stEFAnEl, pregadeira h&m, cAnDEEiRo nEXt na Area,

ténis lacoste, pERFumE plAY da GiVEncHY,

braceletes mango

15

Page 16: PARQ 14

16

Page 17: PARQ 14

go

ldEn

cit

y

pedro janeiro& mário ambrozio

styling: conForto moderno

relógio michael kors, bRAcElEtE H&m, ténis

tiger tokidoki, cinto com tAcHAs HuGo boss, pochette marc da marc

jacobs na loja das meias, ténis mERREll, sombra sephora, óculos DiEsEl, ténis Fred perry, VERniz Ysl, perFume benedit na sephora, sApAtos

AbERtos mADE in

17

Page 18: PARQ 14

BartHÉLÉmy tOgUO nasceu nos camarões, vive e trabalha entre paris e Bandjoun. Este mês vem exi-bir a sua obra no antigo palácio pombal. O carpe Diem convidou tOgUO para apresentar a instala-ção «Road to Exile» e dar uma masterclass focaliza-da na sua obra e na discussão do activismo políti-co através da arte (entre outros tópicos). as obras de tOgUO falam da contestação dos papéis so-ciais, fazem crítica política e social e põem o dedo na ferida porque o artista é alérgico ao comodismo.

a instalação que traz a Lisboa, «Road to Exile», evoca as ideias de mobilidade, navegação, lugar e identi-dade no espaço político globalizado. Viagens onde as expectativas, os sonhos e os desejos se cruzam quando saltamos de um lugar para outro transpor-tando uma bagagem de vida que toca e choca nas bagagens dos outros. Dizia tOgUO acerca de um trabalho de sua autoria que também aborda estas questões, «Transit»: “este encontro pode ser bonito ou difícil. Estamos constantemente em movimento. portanto esta noção de trânsito é cada vez mais re-levante no presente, talvez através de diferentes ava-tars à medida que a sociedade evolui.” a instalação «Road to Exile» é ainda uma metáfora das travessias de africanos para o continente europeu onde milha-res morrem no mar, são forçados a voltar ao ponto de partida ou vêem a esperança ser comida pelos barões do tráfico humano.

tOgUO vai dar ainda uma masterclass nos dias 17 e 18 (véspera e dia da inauguração) que promete ser uma experiência enriquecedora acerca do seu processo de trabalho e das questões sobre arte que considera importantes.

Outro elemento a conhecer é o Bandjoun Station —centro cultural, artístico e projecto de agricultura (onde integra elementos de arte com elementos agrí-colas)— que construiu em Bandjoun, nos camarões. O espaço acolhe artistas, investigadores e curado-res, promove residências artísticas, sessões de leitu-ra, workshops, e funciona como centro congregador e polarizador de cultura contemporânea, africana e não só. mais um tópico interessante para discu-tir na masterclass.

carpe diem arte e pesquisa rua de o século, 79 - lisboa tel. 210 966 274

inaugura dia 18 de setembro Fica até dezembro

Barthélémy toguo«Road to ExilE»tExto: carla isidoro

www.barthelemytoguo.comwww.bandjounstation.com

➊ «aFrika oil»➋ «road to exile»

you must

18

Page 19: PARQ 14
Page 20: PARQ 14

Depois do sucesso da BD, Persopolis de marJanE satrapi, que contava a vida quotidiana de uma jo-vem no irão, apareceu na net durante as recentes elei-ções iranianas o Persopolis 2.O. dinamizado por sina and payman. Os dois iranianos exilados não fizeram desaparecer a adolescente que usa uma burka com a frase the punk is not Dead nas costas. contudo, são as manifestações da rua, as cargas policiais, as re-des sociais como o twitter e a morte de neda agha soltan, consequentes às eleições, que estão no centro das aventuras. com o mesmo humor e cinismo que prevalecia no primeiro Persopolis as novas histórias não têm obviamente o mesmo apuramento que o pri-meiro porque nascem de um imediatista, mas são no mínimo esclarecedoras. segundo os dois criadores o objectivo desta nova BD e do site era criar um ve-ículo de discussão pública internacional a partir de uma versão dos acontecimentos. Quem com certeza não vai gostar das opiniões que circulam pelo site é mahmoud ahmadinejad que relativamente à recen-te conversão a cinema de Persopolis disse que era uma imagem deturpada da realidade. imaginamos o que dirá destas novas histórias.

a artista maria LUsitanO apresenta na sala do Veado, no museu nacional de História natural, o seu último trabalho de vídeo, “O Correspondente de Guerra”. através da exposição dum evento históri-co —a guerra da crimeia, que opôs a rússia ao império Otomano apoiado pelo ocidente— a artis-ta produz uma contra narrativa não só sobre o sujei-to histórico mas também sobre o discurso dominan-te de representação e produção histórica. recorreu a uma colecção de jornais ilustrados do século xix que através de ilustrações documentando as notícias da guerra permitia ao público viver apaixonadamen-te os dramas da violência. realizadas no campo de batalha estas ilustrações imbuídas de fervor nacio-nalista não passavam de interpretações unilaterais dos factos, como em geral acontece nos processos de montagem fotográfica e de vídeo que nos infor-mam da actualidade. Desta forma a construção das narrativas e a legitimidade da violência são equa-cionadas durante 54 minutos, partindo do relato do suposto primeiro correspondente de guerra do jor-nal times numa linguagem que balança entre o do-cumentário e o filme de ensaio.

museu nacional de história natural rua da escola politécnica, 56/58 lisboa

O filme "morrer como um homem" de João pedro rodrigues vai abrir a 13ª edição do Queer Lisboa, Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, que decorrerá este mês na capital. O filme foi exibido em estreia mun-dial em maio no festival de cannes, sendo esta a sua primeira exibição prevista para portugal antes de entrar no circuito comercial em Outubro. ao todo vão ser exibidos 95 filmes no Queer Lisboa, em di-ferentes categorias, das quais se destacam aqueles em competição ou os da secção Queer art, onde se podem ver os mais experimentais que não têm pro-jecção fora dos festivais. O Queer Lisboa encerrará com o filme "Were the World mine", comédia musi-cal gay do norte-americano tom gustafson.

cinema s. jorge, aV da liberdade, lisboa de 18 a 26 de setembro

PersoPolis 2.0MaRjanE SatRapi

maria lusitano«o coRRESpondEntE dE guERRa»

queer lisBoa

tExto: soFia saunders tExto: Francisco Vaz Fernandes

tExto: soFia saunders

www.spreadpersepolis.com www.marialusitano.com

www.queerlisboa.pt

1.

2.

3.

you must

20

Page 21: PARQ 14
Page 22: PARQ 14

“conheci o JOn KEnnEDy em manchester num fes-tival onde estávamos a pôr música em clubes um ao lado do outro. Já gostava da sua música mas gostei muito da personagem "bigger than life" que ele é. Depois foi só manter o contacto e arranjar a opor-tunidade certa para o convidar. Vai ser um encon-tro interessante... trago-o mais pelo seu gosto musi-cal do que pelas produções e ressalvo a noção de groove e o seu sentido de humor.”

É assim que o DJ miKE stELLar (na foto) apresen-ta JOn KEnnEDy, o seu convidado deste mês no music Box.

a música de KEnnEDy ficou conhecida quando ele tinha 24 anos e mr. scruff tocou o tema “tell me how you feel” no programa de rádio Unfold. a tru thoughts recordings pegou logo nele e em 2000 lançava o seu primeiro disco, “We’re Just Waiting For You Now”. KEnnEDy tem um gosto eclético e revela influências de projectos tão díspares como rage against the machine, Debussy ou pete rock nas suas produções.

miKE stELLar dispensa apresentações no panorama nacional. Já tocou ao lado de incontornáveis como Jazzanova, peter Kruder, gilles peterson ou Quantic, entre muitos outros. É um apaixonado por groove, mú-sica negra e adora pratos: os vinis e os culinários..

Esta noite promete.

music box – lisboa 11 de setembro

se há país produtor de gente bonita e que musical-mente e faz a diferença, ele é a Finlândia. LaUra naUKKarinEn canta e compõe desde inícios de 2000 evidenciando-se dentro da comunidade ar-tística independente nacional. Esta artista inclui-se numa geração de jovens criadores que têm profun-do conhecimento das tradições populares e folclo-re, aliando-os ao rock e ao psicadelismo. LaU tem trabalhado com artistas reputados como avarus e as parcerias que desenvolve com eles assenta na leitu-ra tribalista das tradições da folk local, privilegian-do mais o som na sua forma pré e pós-musical, mais do que a técnica musical em si.

com dois álbuns editados pela americana Locust music, LaU naU ocupa já um lugar de referência no songwriting que hoje se faz. O espectáculo é uma proposta dos programadores Filho Único.

culturgest porto 18 de setembro

tExto: carla isidorotExto: soFia saundersfotogRafia: katri naukkarinen

launau

stellarconvidakennedy

www.myspace.com/launau www.musicboxlisboa.com

you must

22

Page 23: PARQ 14

a vida é feita de bons encontros e também de opostos: realidades diferentes que nos completam, como o melhor da cidade e o melhor da natureza. a vida é feita de coisas que marcam esses encontros, como um bom vinho. como vinha da defesa, tinto, branco ou rosé.

Há sempre mais por descobrir.

as luzes da cidade

as estrelas do céu

Seja r

espo

nsáv

el. B

eba

com

mod

eraç

ão.

RevParq 21x29.7cm.indd 1 09/06/08 13:11:23

Page 24: PARQ 14

FrEDriKsOn staLLarD (Patrik Fredrikson & Ian Stallard) tem tido uma carreira marcada no essen-cial pela edição de objectos de design únicos e de luxo. Vão apresentar em Outubro na galeria David gill em Londres as suas últimas peças que consistem em 15 vasos de porcelana em 5 formatos. O inte-resse nessas peças passa pelo processo de execu-ção, já que os dois designers não se pouparam em esforços e mandaram produzir as peças na china, em Jingdezhen, ao que parece nos mesmos fornos e com as mesmas técnicas com que produziram du-rante centenas de anos as peças que eram destina-das aos imperadores da china. para o acabamento final procuraram nos EUa o melhor pintor do esti-lo Van art para executar o desenho e pintura sobre as porcelanas Os designers justificam a presença de pin-ups envoltas em labaredas que se pode en-contrar na decoração de carros porque encontram nessas figuras um certo paralelo ao simbolismo dos dragões. ambos remetem para protecção e fertilida-de. apesar dessa aproximação os pontos de cho-que são mais evidentes, já que por um lado evoca-mos uma tradição elitista chinesa e por outro a de uma cultura popular americana. numa resulta da expressão de um refinamento cultural e noutro um aspecto marginal. É o choque entre esses dois mun-dos antagónicos e a possibilidade de existirem nes-ta forma híbrida que tornam estas peças tão invul-gares como atraentes.

daVid gill galleries 3 loughborough street london se11 5rb uk

hot rod Vases tExto: Francisco Vaz Fernandes

www.fredriksonstallard.comwww.davidgillgalleries.com

you must

24

Page 25: PARQ 14

a ZErO2 é um recente atelier e casa de edições de design português com um espaço aberto ao público no chiado que oferece peças de autor —algumas delas resultantes de colaborações. as pri-meiras edições mais relevantes contam com peças de gezo marques, que transforma —a partir da re-ciclagem de materiais— um sideboard dos anos 50 standarizado numa peça plástica única. no que se refere a design próprio, o destaque vai para a edi-ção de uma cadeira de Eduardo Benamor Duarte, criador actualmente a residir em nova iorque. Feita a partir de módulos de madeira de bétula cortada a laser, faz-nos lembrar projectos vienenses de formas orgânicas no final do século xix. O atelier que acre-dita que ”um país que não cria não se vê, e se não se vê não existe”, promete trazer dia 9 deste mês no-vas propostas de Eduardo Benamor Duarte, Hugo da silva, miguel coimbra e pedrita, uma mostra integra-da nos projectos tangenciais da Experimenta Design.

zero2 rua Vítor cordon, 40 lisboa

a pensar nas problemáticas do tempo, a ExpErimEnta DEsign volta a Lisboa um ano de-pois da sua edição em amesterdão. De 9 a12 de setembro, para além da inauguração da maior par-te das exposições oficiais e projectos adjacentes que se quiseram associar, a Experimenta apresenta um programa extenso de conferências com especialis-tas de diversas áreas, dos quais destacamos pEtEr saViLLE, KOnstantin grcic e giULiO cappELLini. as exposições estão espalhadas por diversos pon-tos da cidade mas ficam aqui os nossos destaques: a “Quick, Quick Quick” no museu colecção Berardo promete uma extensa retrospectiva sobre a dimen-são do tempo no design gráfico desde o início do séc xx. a “Lapse in Time” comissariada por Hans maiEr-aicHEn, fundador da authentics (ler grande Entrevista p.42) apresenta na sociedade de Belas artes de Lisboa uma exposição de jovens e menos jovens designers (algumas das novas estrelas) que reflectem novos paradigmas do design com intersec-ções pioneiras nas ciências cognitivas, na ecologia e na interculturalidade.

experimenta design de 9 de setembro a 8 de noVembro lisboa

tExto: soFia saunderstExto: Francisco Vaz Fernandes

exdliSboa

zero2Rapigattoli

www.experimentadesign.pt www.zerodois.com

you must

25

Page 26: PARQ 14

como dita a regra, no final do ano lectivo os fina-listas melhores têm viagem assegurada a trieste, na itália. its é isso mesmo, o grande concurso desti-nado aos recém talentos da moda que nos últimos anos invariavelmente saíram em maior número da Hogeschool de antuérpia ou do royal college of art de Londres. Este ano, como aconteceu no anterior, o primeiro prémio foi atribuído a um finalista do royal college, voltando a contrariar a hegemonia da es-cola belga verificada durante anos. Foi o coreano masOn JUng (ver entrevista real people p.08) da escola britânica a arrecadar o Fashion collection of the year no valor de 20 mil euros. À alemã aLicE KnacKFUss, da akademie mode Design de munique —uma escola que em geral está fora do baralho— seria atribuído o prémio Diesel no valor de 50 mil euros com a possibilidade de estagiar no atelier cria-tivo da empresa italiana e fazer uma colecção pró-pria a ser difundida pelas suas principais lojas. De fora dos prémios ficariam alguns nomes fortes como a britânica BrOnWEn marsHaLL ➊➌➎, do royal college, com uma colecção masculina baseada na figura dos super heróis, e a italiana Karisia papOni ➍➏, da Hogeschool, com uma colecção desconstru-tivista inspirada nas porcelanas europeias do séc xix. Houve ainda um prémio especial para a russa masHa LamZina ➋ que trouxe uma colecção sim-ples mas fora do vulgar e cheia de humor.

O its tem ainda duas outras secções a concurso, a de fotografia e a de acessórios. nos acessórios mais uma vez os finalistas do royal college of art estive-ram em destaque. É o caso da holandesa JUULtJE mEErDinK ➐ com uma colecção fabulosa de sapa-tos que seria preteria à da colega inglesa, cHaU Har LEE, com sapatos igualmente inspirados em ma-deira. chegar ao its é o sonho de qualquer jovem com pretensões na área da moda mas é evidente que a qualidade da formação e o peso dos formadores é crucial para jogar no pequeno xadrez do topo.

tExto: Francisco Vaz Fernandes

the greatest show of allintERnational talEnt SuppoRt

www.itsweb.org

you must

26

Page 27: PARQ 14
Page 28: PARQ 14

Este inverno as linhas de moda da maior parte das marcas de calçado de desporto dirigiram o seu olhar para os modelos de basquetebol. a começar pela aDiDas OriginaLs que destacou para esta esta-ção os Nizza ➊, modelo old school dos anos 70, e os Fórum ➋ de grande sucesso nos anos 80. Já a niKE spOrtsWEar evidencia a herança dos Air Max, um sapato que nascia em 1987 propondo re-criações do Air Max 90 �� ou dos Air Max 09 —um modelo evoluído que aposta nas novas tecnologias. Já a rEEBOK, para além de acarrear toda a sua he-rança dos Pump ➑ que rivalizaram nos EUa com os Air Max, propõe um modelo novo feminino, o Top Down ��. Este modelo é baseado na forma do clássi-co Freestyle só que é mais baixo e com possibilida-de de ser usado como um hi-top (cano alto) ou como um modelo low. a cOnVErsE, por seu lado, pro-põe um bem conseguido modelo feminino do clás-sico Weapon ➐.

no que se refere à OnitsUKa tigEr ➎, a aposta é mais singular apresentando nesta estação o invulgar The Tsunahiki ➌, num modelo híbrido com um look artesanal inspirado no sapato mocassim, umas das grandes tendências dos próximos anos.

a LacOstE e a FrED pErry destacam-se pela ges-tão do legado histórico predominando modelos ins-pirados na prática do ténis. O primeiro continua a querer desenvolver a linha Stealth ➒ mais urbana com modelos inspirados no desenvolvimento dos clássicos mas com estampas hi-tech sensíveis à luz que podem mudar de cor ao serem expostos aos raios solares.

também a FrED pErry tem explorado os seus clássi-cos dando-lhes materiais e texturas novas, sendo as evoluções de cano alto bem conseguidas.

no domínio do outdoor, a mErrELL propõe o Converge ➎, um modelo que se inspira na tendência retrorun-ning mas com a típica robustez de um outdoor. Já a cat ➏ investe em modelos abotinados, outra das grandes tendências em termos de calçado de moda de inspiração desportiva.

tExto: soFia saunders

téniscolEcçõES invERno 2009

��

��

��

��

��

��

��

➐ puma speed cat➒ diesel industry�� le coq sportiF sorbone checkers�� cadmus ue dark grey dirt red

you must

28

Page 29: PARQ 14

you must

Jeans e t-shirts que brilham no escuro em conjun-to com ténis fluorescentes e lingerie, estes são os must-have para a próxima estação 09. a colecção Flash for Fun da DiEsEL foi concebida para os que se divertem à brava dia & noite, 24h non stop, sem tempo para trocar de roupa para sair. Um especial revestimento fluorescente concebido para ser lumi-noso debaixo de luz UV é aplicado em denim e al-godão fazendo com que a roupa ganhe uma nova aparência. se essas aplicações são discretas duran-te o dia revelam-se extremamente brilhantes à noi-te e quando a noite estiver no auge a fluorescência ácida da roupa invade os clubs.

para o Outono/inverno de 2009, a Fred perry inspi-rou-se no vestuário feminino nas “teddy girls” , movi-mento ligado às subculturas londrinas dos anos 50. Essas raparigas com um visual arrapazado, que subs-tituíram os homens durante a guerra queriam no pós uma nova identidade que as libertasse da imagem desmazelada e caseira procurando roupas simples, práticas e de produção industrial . a colecção de homem também se inspira nos anos 50 e é um mis-to de um visual das escolas privadas inglesas com facetas da ivy League, formada pelas oito universi-dades mais importantes dos EUa. para ambos uma roupa urbana mais cingida ao corpo , micro riscas e vários tipos de xadrez para além do emblemático pólo em piqué com golas cada vez mais pequenas para eles e arredondas para elas.

do dia Para a noite

teddy PeoPle

tExto: soFia saunders tExto: soFia saunders

www.diesel.com

a ray Ban nos últimos anos tem sido mais conhe-cida pela reedição de modelos dado o seu legado histórico que tornou muitos dos seus óculos ícones de várias gerações. no entanto, a inovação tecno-lógica foi sempre o motor da ray Ban, que iniciou a sua actividade em 1937 com a lente verde “anti-glare“, anti encadeamento, aplicado no modelo “aviator” que se destinava à aviação militar nor-te americana quando os aviões começaram a voar a maior altitude. porque inovação ainda é um va-lor importante, continuam a propor novos modelos com novas tecnologias e è nesse contexto que este ano aparece a Carbon Fibre, a primeira linha da co-lecção ray Ban tEcH que utiliza materiais técni-cos. são uns óculos com hastes em fibra de carbo-no que para além de ser um material muito resistente também é leve, o que os torna muito mais cómodos. a combinar foram aplicadas a esse modelo lentes p3 (em policarbonato) e p3pLUs (em cristal) garan-tindo uma polarização de excelente qualidade com cores mais vivas e definidas.

CarBon fiBretExto: soFia saunders

www.ray-ban.com

www.fredperry.com

Page 30: PARQ 14

you must

Baseada no desenho de vários formatos de lapida-ção do diamante, a colecção Ever —uma edição li-mitada— é um dos produtos estrela da tous para a estação de inverno. inspirado nos desenhos dos co-mics americanos dos anos 20, estas jóias em prata aparecem com evidência na campanha publicitária que tem como figurante principal Kylie minogue fo-tografada com um dos brincos deste conjunto. a li-nha é dirigida a um público mais jovem e composta ainda por colar, pulseira alfinete e até um diade-ma para quem quiser ser uma verdadeira princesa. Brilham porque diamants are forEver.

a pensar no público feminino a sOny EricssOn desenvolveu um telemóvel que se assemelha a uma jóia. pequeno e facetado na cor de várias pedras pre-ciosas, JaLOU vem equipado com câmera de 3.2 mega-pixéis, music player, gravação de vídeo, 3G, Bluetooth™, com rádio FM e Internet podendo aceder ao seu e-mail, ao youtube™, google™, tem ainda uns ex-tras de requinte que serão do agrado do seu públi-co como por exemplo um ecrã que num toque se pode transformar em espelho. É também o primeiro sOny EricssOn com o Walk Mate —que conta os passos— proporcionando um exercício que ajuda a mulher a manter-se em forma.

FOreVer JaloutExto: soFia saunders tExto: soFia saunders

www.tous.com

BELL & rOss ocupou desde sempre um espaço único na alta relojoaria suíça ao impor a reprodução de um relógio de bordo dos aviões da segunda guerra mun-dial à escala de um pulso humano, o que os tornou inconfundíveis e únicos. na perspectiva de renovar sempre esse modelo, esta estação apresentam uma nova edição limitada, o Br01 airborne, onde é visí-vel o desenho de uma caveira directamente inspira-do num dos símbolos da bandeira da Us airborne, o corpo da aviação militar dos Estados-Unidos. O mais radical da linha instrument, tem a particulari-dade de os ponteiros e caveira serem luminescen-tes, para que quem use se torne um pirata da noite.

Br01 Airborne tExto: soFia saunders

www.bellross.com

www.sonyericsson.com

30

Page 31: PARQ 14

you must

www.bareminerals.com www.isseymiyakeparfums.com www.benefitcosmetics.com

simples, minimal e austero, três adjectivos que podem definir o novo perfume de mulher de issEy miyaKE que entra no mercado nacional este mês. a nova fragrância é uma homenagem à poética minimalis-ta e é inspirada no odor das montanhas japonesas. procurou-se criar um perfume que traduzisse a pureza e a frescura que paira no ar das grandes altitudes e o seu odor remetesse de imediato para uma nature-za primordial. a ideia não foi fazer um perfume que parecesse muito complexo mantendo até uma certa simplicidade nas matérias principais como o jacinto, a verbena, jasmim e galbano. a embalagem trans-mite os mesmos valores de pureza, é quase lumino-sa e etérea. Fabulosa como não poderia deixar de ser quando traz a assinatura do designer arik Levy.

a sCent tExto: soFia saunders

a BEnEFit destacou-se no mundo da cosmética pelo estilo do humor na sua comunicação e pelo uso de produtos naturais a lembrar o tempo das avós. O úl-timo lançamento da empresa de cosmética califor-niana foi inspirado no royal crescent, um símbolo da construção Vitoriana inglesa na estância balne-ar de Bath. são três perfumes diferentes. Um deles, “My place or yours Gina”, é amadeirado equilibrado com a fragrância delicada da pimenta rosa, peó-nia e lírio branco. como se subentende, dirige-se a uma mulher determinada que consegue sempre o que quer, eclipsando as suas rivais.

CresCent rowtExto: soFia saunders

para uma maquilhagem com acabamento final vivo, a BarE minEraLs propõe este pó cuja fór-mula à base de água refresca a pele desidratada, mantendo-a fresca durante todo o dia. sem conser-vantes, este produto utiliza as propriedades hidra-tantes dos ácidos gordos do arroz e da sílica e os efeitos calmantes da madressilva para proporcionar um verdadeiro conforto à pele.

Um exclusivo das Lojas sephora.

hydrating mineral Veil tExto: soFia saunders

31

Page 32: PARQ 14

Enquanto prepara o segundo álbum de LOOpLEss —projecto ao qual dá voz desde 2003— KiKa santOs aproveita para lançar o seu mais recente desafio, juntando a pintura à música numa propos-ta única designada de «Art Beats From The Heart». "É um projecto instintivo que vem direito do cora-ção. É nu, nasce em bruto sem preconceitos. nunca aprendi as técnicas. Frequentei o curso de medici-na dentária em ciências da saúde, foi essa a minha área em tempos...", refere KiKa. a incursão na pin-tura vem já de uma vontade antiga. "sempre gostei muito de desenhar. Em criança passava horas com desenhos. coisas do meu imaginário. (...) a deter-minda altura, há cerca de três anos, entrei numa loja de pintura perto de minha casa e arrisquei. comprei todo o arsenal e a minha primeira tela branca com 1,5m/1m.", conta a cantora, acrescentando que "a pintura é mais uma forma criativa de dar vazão e li-berdade aos meus sonhos. a evasão que a pintura me proporciona faz-me sentir bem e feliz com tudo e todos os que me rodeiam. assim como a músi-ca que faço, sendo que esta é a minha prioridade. as telas são como as minhas melhores amigas e confidentes. nelas deposito toda a confiança. conto-lhes segredos que deixam de ser só meus... a arte em geral é assim”.

aproveitando o facto de ter decidido deixado de tra-balhar como produtora de audiovisuais, começou a compor novos temas e a dar azo à sua criatividade. “À medida que fui pintando tela atrás de tela, fui cantarolando músicas novas que tinham a ver com os seus conteúdos. a certa altura tinha mesmo que fazer um "break" para poder gravar novas ideias, construir novas letras, novas melodias, novas can-ções que no fundo iam nascendo enquanto os pin-ceis estavam nas minhas mãos e as telas em branco ganhavam corpo fazendo um chamamento quase mágico. Uma nova paixão nasceu assim”.

Quanto a este projecto, a ideia é apresentá-lo em espaços diferentes. segundo KiKa “distingue-se dos outros projectos precisamente porque as suas atmos-feras são outras. trata-se de uma outra essência. Um outro lado meu que quero dar-vos a conhecer. trata-se de uma exposição/concerto itinerante pen-sado para o mundo. Quero levar este projecto a to-dos os recantos.”

O single «U Fill Me» (disponível para download no seu website) é um tema produzido pelo DJ ride que ti-nha guardado há uns anos. “Foi um processo curioso. não precisei de dizer-lhe nada quanto à remix. Depositei-lhe a minha ideia e o que ele fez é simples-mente delicioso. Espontaneamente, o trabalho que ride desenvolveu foi ao encontro do que eu preten-dia. como se fôssemos cumplices e na realidade ain-da mal nos conhecíamos.”

Quanto a novas colaborações podemos contar com nomes como tó ricciardi, new max (Expensive soul) ou João gomes (cool Hipnoise) e muitas outras sur-presas. Os próximos singles o dirão.

«Art BeAts From the heArt» é o novo projecto de KiKa SantoS onde, pArA Além de usuFruirmos do seu enorme tAlento vocAl, mergulhAmos no universo dA suA pinturA. «U Fill Me» é o single, produzido e remisturAdo por dj ride.

kika santosart BeatS FroM the heart

soundstation

tExto: nuno sousa foto: josé Fernandes www.josefernandesphoto.com

www.kikasantos.com

32

Page 33: PARQ 14

kika santos

33

Page 34: PARQ 14

cOrsagE, palavra francesa, pode ser um arranjo de flores num vestido de senhora ou em volta do pulso. Este adereço é (cumprindo-se a tradição) usado pe-las mães e avós dos noivos numa cerimónia de ca-samento. O termo também representa o corpete de um vestido e o seu uso transformou-se, consoante as tendências, quer nas fábricas quer nas passerelles. com o tempo também o termo evoluiu e ainda que tenha os seus floreados, é bem mais do que flores ou vestuário de senhora. É uma banda de cinco espiri-tuosos elementos.

nascidos para a música em data não determinada, mas uns para os outros em 2004, fruto do encontro entre pEDrO tEmpOrãO (baixo – raindogs, cello e actvs tragicvs), carLOs antóniO santOs (tecla-dos e acordeão – actvs tragicvs), nUnO DamiãO (guitarras e sopros), HEnriQUE amOrOsO (voz e percussão) e rUi cOELHO (bateria), a banda começou por lançar um Ep homónimo editado pela camouflage records com distribuição da música activa, em que já se afirmava o pop alternativo/indie com que os seus membros estabelecem afinidades. poderá apontar-se-lhes a influência de tindersticks, Leonard cohen, the triffids, morrisey (durante e pós the smiths). amoroso reconhece que “são influências que temos e não po-demos negar; isso seria como andar nu pelo chiado e esperar que as pessoas não olhassem”.

Em 2005 participaram, com uma versão de scott Walker, na colectânea «angel of ashes» de homena-gem ao muito referenciado músico britânico. seguiu-se a integração na colectânea «novo rock português» com o tema «gate creepers».

«Finito L’amore», já com nuno castêdo (pop dell’arte) na bateria, lança os seus sons em 2009, numa edição de autor com distribuição da compact records. a alte-ração na formação, segundo nUnO DamiãO, reflec-te-se na música, mas o objectivo de gravar boas can-ções pop permanece. O músico destaca ainda a aposta em instrumentos como o trompete, o clarinete-baixo, o violino e o acordeão na busca de uma sonoridade mais ‘tímbrica’ e acessível. Deste trabalho extrai-se o tema de apresentação «All Their Faces» para a colec-tânea «Pop Nation Vol.2», da editora espanhola Bon Vivant records. Este tema poderá ser entendido como uma apresentação do grupo, afirmando o seu espaço musical e demarcando-se dos demais. a produção fi-cou a cargo de Hélder nelson (Dead combo, mikado Lab), com participação especial de sanja chakarun (que contribuiu com voz e letras); de gonçalo Lopes (alfa arroba, interLúnio, in-canto), amigo de lon-ga data, no clarinete-baixo; e carlos santa clara, in-troduzido por Hélder nelson, no violino.

Lançado «Finito L’Amore», os cOrsagE conquista-ram a crítica e o público. Vistos como autores de uma indie romântica divertida, passeiam o seu som en-tre a melancolia, o vintage, o vaudeville e um humor cáustico. Em maio de 2009 este reconhecimento foi além fronteiras e o júri dos prémios internacionais da música e criação independente atribuiu-lhes o pré-mio de melhor grupo português de 2009. a cerimó-nia de entrega decorrerá a 26 de setembro no gran teatro de cáceres.

nome em FrAncês, título do álBum em itAliAno, letrAs em inglês, colectâneA em espAnhA, BAndA portuguesA. pArece que FAlA do Fim do Amor, mAs em CorSage há um pouco de tudo e, como dizem, «toMorrow iS never goodBye».

CorsageCoMeÇoU a MÚSiCa

tExto: miguel joão Ferreira

www.mysPacE.com/coRsagE

soundstation

34

Page 35: PARQ 14

constituído por 13 faixas mais um interlúdio, em vi-nil virtual (lados a e B, distinguidos por um intervalo que não tem forçosamente de representar uma pau-sa), suporta a simbologia das duas faces da sua mú-sica, uma dominantemente pop, mais enérgica, a ou-tra mais folk/vaudeville e instrospectiva. O vaudeville, quase burlesco, em que Kim Wilde e Oscar Wilde po-dem ter algo em comum, é aliás uma das suas roupa-gens mais significativas, reflectida em particular nas actuações ao vivo da banda, que assume uma pos-tura vivamente teatral.

pelos próprios, “cOrsagE é uma espécie de contra-ceptivo social que queremos ver usado apenas com fins recreativos, como se faz aos doze anos e se en-che os contraceptivos com água e depois se atira a alguém de quem se gosta pouco. cOrsagE é o fim derradeiro que nunca começa". É um peter pan que relembra que a infância não tem de perder-se e é sempre possível. Esta nostalgia de um passado pre-sente sobressai também no aspecto gráfico do disco.

Este regresso não é, porém, regressão, e a banda adianta que desde 2004 “cOrsagE cresceu, mas a verdadeira transformação ainda está por acontecer”. Vendo a música como partilha, crê que “egoísta é fi-car em casa com medo e acender o televisor. a mú-sica faz as pessoas virem-se juntas.” pretendem por isso continuar a apresentar ao vivo «Finito L’Amore» e compor novas canções. com actuações previstas para setembro e Outubro (Ler Devagar, cáceres, maxime), aconselham-nos a “como Daffy Duck, ex-pect the unexpected”.

coRsagE

35

Page 36: PARQ 14

a realidade é clara: a música tem vindo a mudar-se com crescente velocidade para um plano incorpó-reo, onde existe liberta de uma dimensão física. as novas tecnologias subjugaram a música a uma nova ordem de ideias —reduzida à dimensão de “conteú-do”, a música é apenas mais um dos vectores onde assenta o verdadeiro negócio: o da comercialização de peças de hardware crescentemente sofisticadas e com cada vez maiores capacidades de “memória” e de espaço de armazenamento. Essa “memória”, no entanto, tende a apagar o carácter da música redu-zindo-a toda a uma condição meramente funcional. nesta passagem a outro plano de existência, a mú-sica tem perdido a sua própria memória: desapare-cem as molduras gráficas que são reduzidas a minús-culos ícones, desaparecem as “liner notes” que são transformadas em hiperligações, desaparece o con-texto. Em tempos idos, a indústria do Hi-Fi era orien-tada para o consumidor no pressuposto de que per-mitiria retirar o maior prazer possível da música. mas hoje essa ordem natural alterou-se e é a música que parece orientada como mais uma forma de retirar o maior prazer possível do iphone ou do ipod.

E é exactamente por isso que a actividade de edito-ras como a HOnEst JOn’s resulta tão crucial. com distribuição assegurada em solo nacional pela Flur, esta editora oferece várias portas de entrada para um universo onde as fronteiras de espaço e tempo são di-luídas e onde o prazer da descoberta é acentuado.

O interessante neste catálogo é, precisamente, a sua liberdade: não existe uma linha nítida de exploração de uma ideia de groove, como acontece na soul Jazz, e muito menos um foco exclusivo numa estética ou numa região geográfica, como acontece nos catálo-gos da soundway ou da analog africa. O fio condu-tor que une as diversas entradas no espantoso catálo-go da HOnEst JOn’s é feito de outro impulso: entre a exploração do espaço protagonizada pelo recen-te exercício do Moritz Von Oswald Trio e o mergulho nos arquivos do congo para «The World Is Shaking – Cubanismo From The Congo 1954-1955» vai uma in-comensurável distância. Dois mundos, duas épocas, duas estéticas completamente diferentes. práticas, fer-ramentas, atitudes quase opostas. mas uma idênti-ca vontade: a de traduzir o seu próprio mundo, a de inscrever a sua época num devir histórico mais am-plo. a HOnEst JOn’s é uma editora discográfica, mas poderia ser uma colecção privada de fotogra-fia, tal a vontade que tem de documentar um mundo em permanente mudança. É a mesma vontade que anima os excelentes Hypnotic Brass Ensemble, colec-tivo que une as galáxias de sun ra, Fela Kuti e James Brown com o mesmo fôlego anímico que define os sons que se desprendem das «Open strings» —onde passado e presente são aliás colocados em rota de colisão por via de respostas dadas por contemporâ-neos como Sir Richard Bishop a gravações de arqui-vo datadas dos anos 20.

a abordagem da HOnEst JOn’s à construção de um catálogo não deve ser analisada sem se consi-derar que o ponto de partida para esta aventura se encontrou, precisamente, nas prateleiras da loja de portobello road aberta desde os anos 70. Foi nessa loja que um jovem James Lavelle começou a trabalhar e terá sido ao dono que pediu as mil libras com que deu início à aventura mo’ Wax. porque ninguém con-segue olhar para o stock de uma loja sem imaginar o que lhe poderia acrescentar. Desse manuseamento fí-sico nascem as vontades que depois servem de base a aventuras como a que a HOnEst JOn’s agora protagoniza. a construção de um mundo onde a mú-sica —e não os artefactos que a permitem ler— ocu-pa o verdadeiro centro e justifica tudo o resto. Entre o congo, Bagdad, nova iorque e Berlim ou entre a dé-cada de 20 do século passado e o presente não há fronteiras, nem distâncias. cada uma dessas coorde-nadas é uma porta representada por um número de catálogo na HOnEst JOn’s: é possível cruzar todas essas portas ao mesmo tempo e beber a informação e a música contida em cada um dos lançamentos que a Flur agora disponibiliza entre nós. segurando na mão capas que são completamente relevantes para a fruição do todo, deixando os olhos sorver a infor-mação nelas contidas. Entendendo que a música não se pode reduzir a um ficheiro despido de toda a sua bagagem —e como se pode viajar sem bagagem?

A Honest Jon’s é umA dAs lojAs de discos de reFerênciA em londres. nos últimos Anos, AtrAvés dA AssociAção A Damon albarn dos Blur, trAnsFormou‑se iguAlmente numA dAs mAis interessAntes editorAs com umA ActividAde que une As coordenAdAs do espAço e do tempo num BrilhAnte cAtálogo.

soundstation

tExto: rui miguel abreu

www.honEstjons.comwww.fluR.Pt

36

Page 37: PARQ 14

honEst jons

honest Jon's

entre o paSSado e o FUtUro

37

Page 38: PARQ 14

viEwPoint

38

Page 39: PARQ 14

josé pedro cortesthings gone And things

still here in tel Avivwww.josepedrocortes.com

josé PEdRo coRtEs

© copyright 2009 josé pedro cortes39

Page 40: PARQ 14

viEwPoint

40

Page 41: PARQ 14

josé PEdRo coRtEs

41

Page 42: PARQ 14

gRandE EntREvista

42

Page 43: PARQ 14

hans maiER-aichEn

hans maiER-aichEn é ConheCido pela SUa relaÇão CoM a authentics e o Modo CoMo oS SeUS prodUtoS alCanÇaraM SUCeSSo eM todo o MUndo. CoM ele ColaBoraraM deSignerS de topo CoMo Konstantin grcic, tord Boontje, ed annink, Marti guixé, entre oUtroS. Os seus utensíliOs de usO dOmésticO habituaram-nOs a um estilO “menOs é mais” e a uma nOva fOrma de Olhar as pOtencialidades dO plásticO, nUM eSForÇo de o tornar, pelaS SUaS CaraCteríStiCaS, nUM Material noBre e reConheCido CoMo SUSCeptível de deSpertar UMa experiênCia taMBéM eStétiCa. até aqUi, ao qUe o Material dizia reSpeito, tUdo tinha Sido inSípido —o plástico não nos dava sensação alguma, dizia-nos eames, UM deSigner qUe não adMirava MUito eSte Material. poréM maiER-aichEn SoUBe Contrariar eSSa ideia pré-ConCeBida e Criar ForMaS e UtenSílioS de tal Modo inovadoreS e aUtêntiCoS qUe provoCaraM UMa onda de Cópia doS SeUS prodUtoS eM todo o MUndo. maiER–aichEn eStá eM portUgal para CoMiSSariar UMa expoSiÇão qUe terá lUgar na ExpErimEnta DEsign. qUiSeMoS entreviStá-lo não Só para SaBer CoMo vão oS traBalhoS de CoMiSSariado MaS taMBéM para noS inteirarMoS daS ideiaS e da oBra deSte deSigner, para aléM daS haBitUaiS inCUrSõeS na authentics.

Hans Maier‑aicHena autenticidade criatiVatExto: carla carbone e Francisco Vaz Fernandes

www.authentics.de

43

Page 44: PARQ 14

encontra-se em portugal para comissariar uma exposição integraDa na experimenta Design onDe mostra trabalhos De novos Designers. Que relação encontra entre esses trabalhos propostos e o seu passaDo na authentics? na altura a aUtHEntics mostrava uma atitude ex-tremamente radical e inovadora na medida em que recorria a uma matéria vulgar, o plástico, para criar objectos de vanguarda. por isso estava interessado numa selecção de jovens designers “virgens”, que ti-vessem saído recentemente da escola e pudessem desenvolver conceitos excepcionais para produtos de massa que fossem dirigidos a toda a sociedade, de forma ampla.

a sua escolha De materiais na authentics teria siDo Diferente se não tivesse estuDaDo pintura e escultura no início Da sua carreira? haverá em si uma preocupação no sentiDo De um artista total, um pouco ao género De william morris?na minha ampla educação/experiência, as artes plás-ticas tiveram sempre um papel fundamental quando surgiam questões relacionadas com volume, formas, superfícies e cor. muitos dos meus primeiros projec-tos de design, produtos injectados em moldes, eram baseados num equilíbrio entre o único e as formas básicas, recorrendo a tecnologias de ponta e pes-quisa de materiais, especialmente no que se refere a superfícies. nessa altura conseguimos por acaso descobrir a qualidade da transparência do plásti-co através de um plástico comum. Esta coincidência acabou por lançar a nossa marca.

Qual a sua opinião sobre os novos estúDios De Design Que trabalham completamente fora Dos paraDigmas Da proDução em massa?a maior parte das novas ideias provém de designers ou de estúdios de design que recusam colaborar com a indústria, rejeitam qualquer direcção dada atra-vés de “briefings”. na maior parte dos casos estão contra o pano de fundo da produção de massa que envolve a mediocridade da indústria. por isso, mui-tos deles acabaram por redescobrir o lado artesa-nal com que produzem as suas colecções, o que em muitos casos corresponde a uma solução alternati-va, um facto que agora coloca alguns dilemas estra-tégicos às empresas.

acreDita na possibiliDaDe De um sauDável relacionamento entre proDução artesanal, como agora referiu, e proDução inDustrial? ainDa acreDita na inDústria?sem a indústria e as necessidades de métodos de produção económica, incluindo inovações tecnoló-gicas não haveria progresso. a questão é se a in-dústria ou especificamente a indústria do design vai conseguir ir ao encontro de uma procura mais dis-tinta, de verdadeiros produtos de design. neste mo-mento duvido. no entanto a ideia de uma actualiza-ção de processos de manufactura acabará um dia por influenciar a indústria e a competição entre es-tes dois grupos dispares vai-se transformar em recí-procas formas de produção harmoniosa.

se tivesse oportuniDaDe De voltar ao períoDo Da authentics o Que é Que muDaría, se houvesse alguma coisa para muDar?mudava alguns resultados, mantendo no entanto a mesma estratégia de “menos mas melhor”.

começou como artista e já nos Disse Que isso afectou a sua carreira. o Que pensa ser hoje funDamental na eDucação De um Designer?Ver muitas coisas e manter-se curioso o tempo todo. numa regra simples, evitar uma educação num sen-tido único. É importante mudar de escola, atraves-sar fronteiras científicas e psíquicas, alargar o nos-so conhecimento.

consiDera Que seria importante muDar os pontos De vista acaDémicos? têm haviDo nos últimos anos muDanças significativas nas escolas De Design?sim, mas teria que ter muito mais tempo para res-ponder em detalhe a esta questão, mas não queria de fazer algumas observações. É necessário uma maior orientação interdisciplinar na formação aca-démica. tem havido muita discussão em torno des-te assunto, mas ainda poucos resultados. Depois é necessário atravessar fronteiras de ciências cogniti-vas, da antropologia e estar atento aos desafios do meio ambiente. treinar uma mente mais elástica e estar melhor preparado para mudanças radicais dos paradigmas do design.

o Que muDou no royal college of art nessa matéria?não conheço em detalhe.

Quais são as suas preocupações relativamente ao futuro e o Que é Que está a tentar Dizer às novas gerações?parem com o excesso de produção. É importante que as novas gerações viagem, observem, questionem, divirtam-se, permanecendo controversos e argutos. Façam menos design e melhores produtos.

vemos um enorme crescimento De jovens a formarem-se em Design. acha Que o mercaDo vai ter capaciDaDe para absorver tantos profissionais?nesta como nas outras categorias profissionais. muitos deles não vão ter direito à sua “fatia do bolo” na área especifica do design. mas eu acredito que ainda há espaço para criadores bem formados con-seguirem trabalhos periféricos. por exemplo, eles po-diam dar um maior brilho a muitos serviços e insti-tuições públicas. mas tendencialmente haverá mais jovens designers a produzir as suas próprias colec-ções ignorando a indústria. as redes internacionais vão unir esforços e vão fazer com que eles sejam glo-balmente e localmente mais eficientes e influentes.

acreDita Que no futuro tuDo vai passar pela mão De um Designer? em Que meDiDa um munDo estetizaDo afectaria as nossas viDas?se considerarmos que todo o excesso de produ-ção de peças de design de que se fala é produzido para apenas 10% da população do mundo, então o melhor seria dar mais atenção ao design dirigi-do aos restantes 90%. ainda assim, devemos parar com a crescente inflação do design, com as adap-tações, variações e cópias e concentrarmo-nos nos arquétipos, no “super-normal” com qualidades du-radoiras e sustentáveis. pergunto-me se será que o design terá que ficar menos apelativo, menos foca-lizado numa estética tradicional, para depois voltar a chamar a atenção?

a função social Do Designer já não é simplesmente criar objectos estéticos. Qual será o seu papel no futuro?O designer vai estar entre o “animador” e o ama-dor treinado na área do design que encoraja as pes-soas a entender as coisas quotidianas e as coerên-cias entre elas.

Disse numa entrevista Que o “global versus local” seria a chave para as soluções mais prementes na área Do Design nos próximos anos. os Designers tem Que se concentrar na pesQuisa De materiais e em tecnologias inovativas, mas não teremos igualmente Que olhar também para as velhas tecnologias e matérias naturais? uma nova “mentaliDaDe De proDução” poDe criar um renascimento para contrapor as activiDaDes Do comércio global. acreDita Que global versus local será realmente a chave para um Design Do futuro? tem meDo Que o "global" se venha a sobrepor o "local"?no meio de uma crise mundial financeira, é eviden-te que a economia individual e a ambição as gran-des estruturas entraram em colapso. É a queda dos bancos, de empresas de transporte, do ramo auto-móvel e muitos outros. Estou convencido que vamos voltar a actividades locais com dimensão humana que criam para consumidores regionais mas móveis. Eu espero que isso seja para bem dos designers e dos seus clientes in situ.

as necessiDaDes fazem os materiais ou é mais o contrário?a maior parte das vezes, os materiais provocam as necessidades e não ao contrário.

se não houvesse esta preocupação com o meio ambiente, o resultaDo Do Design seria Diferente? a aparência estéril e a performance Dos objectos proDuziDos em massa, manter-se-íam hoje em Dia?actualmente a nossa básica preocupação com ques-tões do meio ambiente força-nos a pensar na sus-tentabilidade, em preocupações ecológicas e na ideia de termos que “consertar” algumas coisas. geralmente não há razão de fazer produtos em sé-rie menos atractivos pelo facto de serem mais bara-tos. mas a industria não respeita ainda os requisitos sociais e culturais e a obrigação que tem para servir as necessidades das pessoas com os seus produtos.

Quais serão os próximos talentos na área Do Design? cada dia há uma nova estrela a nascer. a impren-sa internacional gosta de fazer disparar novas estre-las para sua própria satisfação. Eles não percebem como as celebridades se esgotam com tanta rapi-dez. andy Warholl disse uma vez que um dia todos iríamos ter um pedestral e tornarmo-nos celebrida-des por poucos segundos.

Defina-se em cinco palavras a partir De iDeias, pessoas, objectos ou aDjectivos.curioso como uma criança. Estar na estrada, obce-cado com ideias diferentes, realizadas de uma forma simples. gosto de Jean prouvé e de objectos super normais. O meu piano permanece como fundamen-tal para a alcançar a harmonia.

gRandE EntREvista

Lapse in time (exposição)Design, elasticidade e responsabilidadeauger-Loizeau (gB); BLEss (Fr/DE); constantin Boym (Us); EricKlarenbeek (nL); Fernando Brízio (pt); Jason miller (Us); Jerszy seymour (DE/gB); Julien carretero (nL); Katharina Wahl (DE); Katrin sonnleitner (DE); martín azúa (Es); nacho carbonell (Es/nL); pieke Bergmans (nL); silvia Knüppel (DE); studio glithero (gB/DE); susana soares (pt); tal gur (iL); yvonne Fehling + Jennie peiz (DE)

------------------------------------------------------------------------

13 set - 08 novseg-sex 11:00 – 20:00 sáb 14:00-20:00 (aberto 13 set)sociedade nacional de Belas artes, salão nobrer. Barata salgueiro, 36, Lisboa — tel.: 213 138 510

44

Page 45: PARQ 14

hans maiER-aichEn

➊ Fernando brízio "target"➋ silVia knüppel➌ silVia knüppel➍ constantin & laurene leon boym "still life"➎ tal gur "mesh chair orch with afterlife cell"

45

Page 46: PARQ 14

central parq—design

Dizia-nos Ruskin que os homens oRientaDos apenas paRa agiR como se fossem máquinas De DesenhaR linhas DiReitas, copiaR ou esculpiR um númeRo infinito De foRmas e aRcos com uma RapiDez e pRecisão suRpReenDentes, se fossem DesafiaDos a pensaR pelas suas mentes e a consiDeRaR outRas foRmas De RepResentação, ficaRiam hesitantes, paRaRiam, e questionaR-se-iam. o autoR Da obRa “the stones of Venice” (1853) entenDia que esta eRa a gRanDe opoRtuniDaDe paRa esses homens cResceRem. toRnaRem-se melhoRes homens.

texto: Carla Carbone

o lugar das Coisas

46

Page 47: PARQ 14

o lugar das coisas

➊+➋ Frank Tjepkema "amestel Station"

47

Page 48: PARQ 14

central parq—design

➋ ➌

➊+➋+➌ Marcel Wanders "snotty Vases"➍+➎ Mariana Tocornal "Beecups"➏ Pieke BergMans "light Bulbs"

48

Page 49: PARQ 14

o lugar das coisas

Os seres humanos não foram feitos para trabalhar como instrumentos de precisão, dizia-nos, nem os seus braços podem descrever arcos tão perfeitos como os compassos. Pedir-lhes para traçar formas perfeitas seria o mesmo que desumanizá-los. Desperdiçando assim a suas energias e espírito em direcção a uma única e redutora preocupação, garantir que as li-nhas de certos objectos fiquem direitas e perfeitas, nas suas medidas. Dividindo o trabalho de tal modo que o transformaria em meros segmentos do homem. Fragmentando de tal ordem a vida, que cada peda-ço da inteligência do homem que restasse não seria suficiente para concretizar um projecto na sua pleni-tude, apenas partes do mesmo. Ficando por isso su-jeito a um estado de anestesia, estado perfeito para a tarefa a que foi destinado: fazer o maior núme-ro de peças possíveis. Dez horas de trabalho repe-titivo, pouco tempo para pensar, pouco tempo para dedicar a sua vida às emoções.

Não só a vida do artesão, e mais tarde a do ope-rário, saíram compartimentadas e mecanizadas, to-das as nossas vidas se transformaram em prol de um tempo medido minuto a minuto, segundo a segun-do, e ditado pela máquina. Como nos diria William Morris, vinte anos mais tarde, “tudo o que as mãos humanas produzem tem uma forma bela e feia”. Bela se se harmoniza com a natureza, feia se não a segue nas suas leis e as contraría”. Encarregamo-nos inclusivé, em alterar e a impor, a essa mesma natureza, novas leis e ritmos. A longa observação da natureza e das suas formas complexas, o traba-lho realizado com respeito por essa natureza, o co-nhecimento das suas leis internas, parecem não ter mais lugar no mundo em que o tempo passou a ser mecanizado, dividido.

O relógio, antes analógico, passou a ser digital (LCD). Com o desaparecimento do relógio analó-gico, o acto de “ler” o tempo também desaparece. Com o LCD no pulso, deixou de ser necessário per-der tempo a ler o tempo. Ele apresenta-se imedia-to na leitura. Já só é necessário olhar para as horas no mostrador, sem perder tempo a pensar, sem per-der tempo a interpretar o tempo, conforme a cadên-cia de cada um dos seus ponteiros. O advento do relógio digital trouxe igualmente o abandono pro-gressivo do relógio de pulso como peça de joalha-ria. O relógio tornou-se uma peça essencialmente de cariz funcional. O que parece não ter sido assim tão positivo no campo do design uma vez que omi-te outras dimensões igualmente importantes dos ob-jectos, como as funções lúdicas e as funções estéti-cas (decorativas em Morris). E que, sem elas, a vida pode tornar-se intolerável. Sem prazer ou qualquer deleite visual, sem cunho personalizado. Como se sabe as funções dos objectos podem ser múltiplas, não sendo sustentável viver-se rodeado de objectos que sirvam apenas funções primeiras e úteis. O re-lógio digital perde assim o lúdico tic tac, caracterís-tico do relógio de ponteiros, em que quase se podia dançar ao ritmo das suas batidas. Os relógios de ponteiros permitiam diferentes experiências tácteis, tornadas possíveis pelos diferentes materiais, como a cerâmica, os metais, o vidro. A aparência univer-sal dos objectos trouxe igualmente a uniformização das sensações, dos gostos, dos gestos.

Na realidade a produção em massa não uniformali-zou apenas os gostos, mas também o ritmo das nos-sas vidas, despersonalizando-as, neutralizando-as, mecanizando-as. Em “Time, Work, Discipline and Industrial Capitalism” E.P. Thompson vai observar a diferença que se estabelece entre um tempo que é medido pela natureza e um tempo que é medido pelo relógio mecânico. O autor dá exemplos de contos de Canterbury e da personagem do galo, símbolo na-tural da medição do tempo. Questiona até que pon-to o relógio afecta o modo de apreensão da vida, o modo como é encarado o trabalho. Na agricultura o trabalho é realizado de acordo com o ritmo dos rebanhos, do ciclo do sol, e se for no mar, o modo como o trabalho varia com as marés. Um marinhei-ro pode passar toda a noite acordado a vigiar os ventos e marés, ou quando os peixes são apanhados pelas suas redes. Nos rebanhos, as ovelhas devem ser guardadas antes que os predadores as avistem e as alcancem. Parece que as actividades, guiadas pela natureza, sobretudo as rurais, exigem tempos próprios. E a vida para estes homens surge em sin-tonia com a natureza. O mesmo pode pensar-se so-bre o design. O design é vida e um design ao servi-ço da mecanicidade e da indústria é um design que se afasta da natureza.

Aos operários, a quem foi exigido que segmentas-sem as suas vidas no seio do trabalho, condenaram-nos a uma condição de autómatos, sem receberem prazer nenhum pelo que faziam, sem encontrarem sentido algum para as suas vidas. Como poderiam compreender a paciência dos marinheiros e a espe-ra de camponeses, habituados a auscultar e a guia-rem-se pelos fenómenos da natureza, se eram obriga-dos a esquecer os seus ritmos biológicos e internos?, se eram obrigados a afastarem-se dos próprios pra-zeres? Estavam condenados a realizar tarefas repe-titivas e rápidas porque o tempo nas fábricas signi-ficava lucro e dinheiro. Marx também dizia que “a pequena oficina de mestre patriarcal se convertera na grande fábrica do capitalista industrial”. Para ele os operários “acumulados nas fábricas, são organi-zados como soldados (...) ao serviço do exército in-dustrial”. Este pensador, admirado por Morris, tam-bém lembrava a dimensão das tarefas do operário, reduzida a uma actividade mecânica e fragmenta-da, reduzida a uma existência desprovida de senti-do, significado e individualidade. E tudo em nome da divisão do trabalho.

Os designers hoje perceberam essa condição e de como é avessa a qualquer tipo de criatividade. Hoje os designers, nos seus ateliers, realizam experiências e voltam a sua atenção para a natureza. Divorciam-se a pouco e pouco desse compromisso quase vi-talício com a indústria. Procurar uma definição de design já não significa dizer que o mesmo é sinó-nimo de indústria e produção em série. Hoje temos designers que respiram um tempo e ritmo próprios. Fazem dos seus ateliers, lugares de alquimias e ex-periências de pura botânica e retomam o prazer de apreciar a natureza. Sem medo de decorativismos (Morris). Podemos falar de vários, Marcel Wanders, Tord Boontje, os irmãos Bouroullec, Wieki Somers, entre muitos outros que, embora não se encontrem mencionados aqui, são de igual modo importantes, porque valorizam os materiais e respeitam a sua na-tureza, comprometem-se a agir com a matéria, sem forçar as suas leis: a jarras de Pieke Bergmans, ou as chávenas Beecups, de Mariana Tocornal, ou ain-da a redutibilidade do tempo nas peças do Museu Vitra, transformadas por Maarten Baas.

Loos quando manifestava, nos seus textos, o desejo de ausência de ornamento ou de referências históri-cas nos objectos, estas apareciam enquadradas num espaço e tempo muito específicos. E é aqui que va-mos recordar Heidegger, o filósofo da obra “O que é uma coisa'”. Heidegger dizia-nos, acerca dos ob-jectos, e da determinação dos mesmos, que se fun-dem na essência de um espaço e de um tempo: “o carácter ocasional dos lugares e a sua multiplicida-de está fundado no tempo”.Dois baldes, mesmo que rigorosamente idênticos, se colocados em lugares di-ferentes, passam a ser diferentes. Dois objectos exac-tamente iguais, para o serem, terão que ocupar o mesmo tempo e o mesmo espaço, e tal parece não ser possível. Loos impunha uma lógica de determi-nação dos objectos, mas a sua lógica está fundida inelutavelmente no tempo.

Loos também se encontrava afectado por uma carac-terística que mais tarde Pierre Bourdieu parecia ca-racterizar no seio das interacções sociais, a chama-da violência simbólica, e que em muito a revolução industrial deixou o seu contributo. Pierre Bourdieu entendia que as práticas sociais foram implemen-tando valores de tal ordem que esses mesmos valo-res foram-se consolidando na memória e acção dos grupos sociais. Como se sabe, a sociedade é com-posta por indivíduos com as suas características in-dividuais, mas esses mesmos indivíduos também são compostos pelas características que compõem o seu grupo social, e que o alimentam. Garantem as suas leis para que essa sociedade se mantenha com as características que a formam. Os indivíduos não são só seres individuais que escolhem e definem os seus gostos de forma isolada, mas seres que simultanea-mente pertencem a um grupo e que por isso adop-tam também as características desse grupo social. (Podíamos até referir aqui Dorfles e a sua obra “As Oscilações do Gosto”).

Mais importante ainda, e para ilustrar o modo como ao longo do tempo o olhar sobre os objectos vai mu-dando - tenha sido essa mudança realizada por via da “violência simbólica” ou não - a verdade é que por vezes esses espaços e esse tempo, que parecem interiores às coisas, resultam antes exteriores a elas (a industrialização), no sentido em que estão sujeitos às questões da subjectividade e às questões da ver-dade. Na realidade, o artigo “isto” ou “esta” coisa, “em vez de ser uma característica da própria coisa, é apenas um acréscimo subjectivo vindo do nosso lado”(Heidegger).

Por esse motivo torna-se evidente que “não podemos ir directamente até ás próprias coisas porque as deter-minações que atribuímos às próprias coisas se apre-sentam como determinações que não pertencem às próprias coisas”. Sendo que as determinações de-pendem do “lugar em que se encontra aquele que faz a experiência e do momento-de-tempo no qual, do lado do sujeito, a experiência da coisa é, justa-mente, feita”. Por esse motivo, se a questão é a ver-dade, e se versamos sobre ela acerca dos objectos que devem ser deste modo e não de outro, se para uns surge como um assumir o essencial e para os ou-tros um receptáculo de emoções, e se ainda para ou-tros uma evocação da natureza, na verdade, e assu-mindo, mais uma vez as coordenadas de Heidegger, talvez seja que na “nossa expressão quotidiana das coisas, permaneça a dúvida se a mesma verdade deve ser encarada como subjectiva, se objectiva ou uma mistura das duas”(Heidegger).

49

Page 50: PARQ 14

Com uns antigos jeans rasgados que foram abrupta-mente transformados em calções e um tank cinzento estampado da Blondie, saio com botas pretas rasas ao estilo Sienna Miller e cara de poucos amigos. A completar o look, um blusão curto, preto e um cha-péu de zebra e lá vou no estilo mais-trash-é-impos-sível enquanto Kurt Cobain me amacia os ouvidos gritando palavras de desalento. Bem reparo nos olha-res de soslaio de senhoras mais velhas que caiam no meu aparentemente desleixado outfit. Não dou importância porque foi escandalosa e meticulosa-mente estudado. É o estilo grunge inexplicável e in-compreensível, principalmente para quem não cres-ceu nos anos 90.

O Grunge é uma das imagens de marca dos anos 90, reflexo de uma geração rebelde e populariza-do por grupos como Nirvana, Pearl Jam ou Alice in Chains. Este estilo trash parece ter sido reanimado e adoptado para se conseguir o look mais “I don’t give a shit” possível. Aparentemente descuidado, pobre e trapalhão, é curioso que tenha sido precisamen-te ressuscitado por quem não é pobre, trapalhão e que, de descuidado, tem pouco ou nada. Primeiro foi adaptado por Kate Moss, num estilo mais light e rock star, depois por Mary-Kate Olsen, Daisy Lowe ou Lindsay Lohan e ainda por modelos como Irina Lazareanu ou Erin Wasson. Elas são apenas algu-mas das celebridades que fazem questão de mos-trar ao mundo o seu look acabado de sair da cama. Por isso não dispensam rasgões, tank tops com rock stars estampadas, as míticas Doc Martens que, en-tretanto, adoptaram novos estilos, comprimentos ou padrões. Contam ainda com as basic tees que va-riam entre o branco, cinza e preto, camisas à Kurt Cobain, black biker jackets ou camisolas XXL esbu-racadas mostram ao mundo a atitude de quem não quer ser igual ao vizinho do lado.

Mas o trash não se perde apenas nas ruas. Também nas principais passereles internacionais estilistas de tesoura em punho fizeram questão de provocar es-tragos às sua obras. O maior exemplo é o do jovem designer americano Alexander Wang que assumiu o seu estilo como um re-inventar da grunge girl. Partindo do princípio de que “uns jeans e uma t-shirt podem ser tão sexy como um vestido de noite”, o jovem de-signer que acaba de vencer o FDA Swarovski Award para Womenswear, aposta em peças simples explo-rando os básicos e prefere deixar de lado o arco-íris, concentrando-se em cores básicas como o branco, o preto e o cinza. Wang define-se como um apaixona-do pelos contrastes: Street & Luxe; Sexy & Androgyny e por fim, o declarar do trash come-back, vagabond meets the street-smart modernist.

Vagabundos ou não, a verdade é que a tendência não só pegou como tem sido adoptada pelos gran-des nomes actuais do panorama fashionista: os jeans deslavados de Balmain, a colecção Fall 09 de Charles Anastase, a britânica Top Shop ou a Mango demons-tram-no e bem. Portanto, não se acanhe. Ainda que seja vítima de olhares duvidosos de quem não per-cebe, rasgue as calças, destrua calções, faça cara de poucos amigos e fique incrivelmente trashy. E não se esqueça: desordem é mesmo a palavra de ordem.

central parq—moda

O GrunGe é uma das imaGens de marca dOs anOs 90, reflexO de uma GeraçãO rebelde e pOpularizadO pOr GrupOs cOmO nirvana, pearl Jam Ou alice in chains. este estilO trashy, parece ter sidO reanimadO e adOptadO para se cOnseGuir O lOOk mais ‘i dOn’t Give a shit’ pOssível.

you look so inCrediBle trashy today o grUnge doS anoS 90

texto: Pureza Flemingh

➊➊+➋ Mango➌ alexander Wang, Fall/09/10

50

Page 51: PARQ 14

o grunge dos anos 90

➋ ➌

51

Page 52: PARQ 14

central parq—arte

O riscO de encerrar num museu uma Obra tãO pOderOsa e tãO interventiva cOmO a de JOãO abel manta é O de anestesiar Os seus valOres extra-artísticOs e cOndenar a riqueza plástica aO abandOnO. istO numa épOca em que, pelOs seus assustadOres paralelOs mentais cOm Os anOs dO marcelismO, pOrtugal necessita cada vez mais de um nOvO J.a.m. e que caricaturas ele nãO faria destes últimOs 20 anOs!

texto: Pedro Marques

João aBel Manta

eCos de uma exPosiÇÃo

52

Page 53: PARQ 14

Se muito na Revolução de 1974 parece algo atípico no contexto de meados dos anos 1970 (uma revo-lução de esquerda feita na rua com tanques, solda-dos rasos e capitães, em plena Europa Ocidental, e num período de progressiva desmotivação políti-ca, em que as guerrilhas urbanas em Espanha, na Alemanha, em França, na Itália, que procuravam concretizar a revolução pedida em 1968, ou eram desmanteladas ou se radicalizavam na clandestini-dade), atípico seria também o artista que lhe ficou ligado indissociavelmente.

Sem o culto do traço livre e “raivoso” de um Siné, um Reiser, um Steadman, um Ungerer, um Topor ou um Feiffer (os cartoonistas de referência por esses anos), JOãO AbEl MAnTA parecia o grafista me-nos propício aos tempos de caos e renovação que couberam a Portugal em 74-75. Sem grande portfo-lio na produção de cartazes, a credencial sine qua non para um grafista radical e progressista, JAM cultivava, para além disso, um leque de referências muito erudito, conseguindo criar cartoons plenos de graça com legendas como “Cidadão português despe-dindo-se da família antes de se aventurar na leitura duma crítica ensaística” (em cartoon de 1974). O seu esti-lo gráfico de traço limpo, perfeccionista e pleno de contrastes, devia mais ao seu trabalho como arqui-tecto, à influência da “linha clara” franco-belga dos anos 1940-50 e ao culto da linha de alguma produ-ção gráfica nos anos da Pop do que à ebulição que sacudiu os aparos e os pincéis com tinta-da-china, sobretudo em França (e que tanto influenciou outro dos grandes cartoonistas portugueses dos Setenta, Vasco). Além disso, sendo filho de um pintor de re-nome, estar-lhe-ia mais rapidamente prevista uma carreira de pintor para galerias do que de “rabisca-dor” para jornais.

Terá sido, contudo, a sua enorme experiência de tra-balho como cartoonista na imprensa rigorosamen-te vigiada do Marcelismo (em que a inteligência e a astúcia de um desenho ou texto conseguiam, ain-da assim, passar incólumes por entre as malhas da censura de um regime que precisava desesperada-mente de uma fachada de liberalidade cosmopolita, obrigando o artista a um depuramento estilístico pe-dido pelos vários níveis de “leitura”), conjugado com uma enorme facilidade em usar de forma eficiente re-cursos recentemente disponíveis como as tramas da Pantone e a tipografia decalcável da letraset, que lhe deu o músculo gráfico que lhe permitiu, em cima da hora, produzir uma assombrosa quantidade de desenhos sobre a vertiginosa cena política portugue-sa do PREC. Tendo estado alguns desses desenhos políticos expostos no Museu bordalo até ao início de Fevereiro passado, é difícil, perante a sua esca-la (alguns bem maiores do que A3) e a sua factura (colagens em perfeita união de desenho a tinta, tra-mas autocolantes e detalhes fotográficos ampliados ou aumentados em fotocopiadora —esses céus das gravuras oitocentistas que ele usou tão bem), não emitir um sinal de admiração.

Espanto, por outro lado, é o que se sente quando nos confrontamos com o facto de a última exposição da obra de JAM aberta ao público ter sido em 1992, há dezassete anos (também no Museu bordalo) e de nada, nem sequer uma pequena fracção deste por-tfolio espantoso estar em exposição permanente em qualquer local deste país. Espera-se que, no segui-mento da doação do seu espólio ao Museu bordalo, este possa abrir em breve uma sala permanente de-dicada a JAM.

As minhas duas visitas em Janeiro, num dia de sema-na e num Sábado, reforçaram este sentimento de al-gum “abandono”: a exposição, montada com bom gosto num curto espaço organizado temática e cro-maticamente (a única relação gráfica directa e bem conseguida com os desenhos de JAM) pareceu-me mal publicitada (um painel apenas na frontaria do museu, numa zona, ali perto do viaduto do Campo Grande, pouco própria a contemplações de passeio) e mal servida nos seus suportes gráficos (apenas um folheto A4, com um péssimo tratamento tipográfico, um eco desse do-it-yourself no que toca ao design que parece reinar na CML desde o “célebre” caso da Agenda LX…). Lá dentro, e em ambas as visitas, uma sala rigorosamente vazia (com a excepção do proverbial segurança a impedir-me de fotografar o espaço “porque não pode ser”), em contraste cho-cante com o bulício mental que alguns daqueles de-senhos ainda provocam.

A exposição foi articulada com o lançamento da monografia de João Paulo Cotrim para a Assírio & Alvim, publicada no seguimento da atribuição do “Prémio Stuart” de 2008 (a edição tem o contributo do El Corte Ingles, que patrocina o Prémio), prémio que, sob outro patrocínio, JAM recebera em 1988. Mas, fora a presença deste (caro) livro na banca à entrada da sala de exposições temporárias, nada mais (para além dos souvenirs Bordalescos, cla-ro):  nem uma reprodução de um cartaz, um carto-on, uma ilustração em postal, poster ou uma tshirt. (Quem o quisesse, teria de ir à Trindade, à loja da Assosiação 25 de Abril, onde comprei 3 excelentes reproduções de cartoons “revolucionários”). As ób-vias e excitantes possibilidades de fazer reviver es-tas obras pela sua integração com um merchandi-sing de qualidade parecem ter escapado a quem de direito: por exemplo, alguém se lembrou já de enco-mendar a criação de uma fonte com base na tipo-grafia “infantil” de JAM, usada como legenda nos seus cartoons, e pô-la à disposição dos computado-res nas escolas primárias?

joão abel manta

Entre um livro de preço algo proibitivo (que não li, mas que, como documento de imagens, não vale o excelente catálogo publicado em conjunto pela CML e pelo Museu em 1992) e um folheto pouco memo-rável (alguém poderia ter-se lembrado de que esta-va nos jornais a força e a justificação das obras de JAM, pelo que seria muito melhor uma pequena edi-ção de 8 páginas em papel de jornal a 2 cores, mas se nem o JL se lembrou de fazer isso para a edição mil…), restava, claro, a exposição. Cobrindo com parcimónia mas acerto a obra de JAM desde os anos de 1950 (mas, curiosamente, omitindo as suas obras feitas para as galerias, como os desenhos so-bre as peças de Shakespeare), o conjunto permitia, mesmo numa visita apressada, comprovar o génio gráfico que esteve na sua origem. Os desenhos são extraordinários, sobretudo, pelo facto de manterem o seu impacto seja a que distância o observador es-tiver deles: passo a passo, da composição geral e harmonia das cores numa vista geral, à leitura da legenda, à observação da textura das colagens e, finalmente, à inspecção das ondulações e termina-ções de algumas linhas a pincel “seco”, os olhos não têm um momento de tédio. Apesar de uma gritante falta de suporte audiovisual (alguém se lembrou de filmar e entrevistar JAM e passar o resultado aos vi-sitantes da sala?), a pura qualidade gráfica dos tra-balhos é suporte de sobra.

➊ João Abel MAntA,“A espera da primeira espiga”,1975Desenho a tinta da chinaPublicado em 0 Jornal, 1975, 16 de MaioColecção do Museu da Cidade de lisboa/CMl

➋ João Abel MAntA,“Saudosismo – Um beco sem saída”,1975Desenho a tinta da chinaPublicado em 0 Jornal, 1975Colecção do Museu da Cidade de lisboa/CMl

53

Page 54: PARQ 14

Para o artista Holandês Marcel van eeden a pa-lavra “morte” representa todo o tempo antes do nas-cimento de alguém, bem como, todo o tempo que se segue. a sua série de trabalhos, "Encyclopedia of My Death" está em constante mudança diária des-de 1993. desde então, o artista faz pelo menos um desenho por dia, copiando imagens de revistas, li-vros, álbuns, postais e arquivos, todos antes do ano de 1965, ano do seu nascimento. Pretende continu-ar este projecto até à data da sua morte numa tenta-tiva de ir contra a irreversibilidade do tempo, apro-priando-se de imagens de um tempo do qual não foi testemunha.

É difícil imaginar Marcel van eeden com um diá-rio Moleskine com dias e meses planeados. no en-tanto, é fácil imaginá-lo num mercado de antiguida-des, imerso em fotografias antigas, jornais, imagens de revistas com histórias das quais não poderia ter sido testemunha. em vez de construir a sua história pelo presente, constrói-a recorrendo a arquivos de eventos dos quais não foi testemunha, o passado do qual não participou. a nossa percepção da História é formada —em parte documentada, em parte con-tada— pelas origens do Universo com todas as teo-rias possíveis sobre a génese da vida, a evolução e o desenvolvimento da Humanidade. no entanto, não podemos participar nesse passado de um modo que ultrapasse o mero conhecimento. Todos os seus dese-nhados com 19 x 28 cm foram realizados a lápis de grafite mole a partir do canto superior esquerdo na direcção ao canto inferior evidenciam um humor. Só mais recentemente, iniciou séries pintadas em gran-de formato sobre acrílico. É na forma como as his-tórias são narradas, criadas e destruídas, que facto e ficção se tocam seguindo as suas regras auto-dita-das e mantendo o conceito sem cair numa monotonia desinteressante. eventos importantes ou pessoas co-nhecidas são claramente evitadas. Frequentemente retratando cenários de Guerra, arquitectura moder-nista, arte e pessoas vestidas ao estilo do pós-guer-ra, as imagens são cuidadosamente mantidas numa aura de anonimato. Muitas vezes em fragmentos ou desfocadas, são mais reminiscentes de um filme noir de Hitchcock do que de fotografias de imprensa.

Apesar de ser fiel à prática de um desenho por dia desde 1993, van Eeden ganharia atenção do públi‑co pela primeira vez com uma série 139 desenhos com uma narrativa linear: "K. M. Wiegand - Life and Work, 2005-2006", mostrada pela primeira na 4ª edi‑ção da Bienal de Berlim em 2006. A história baseia‑se na vida de um botânico enigmático e é alimentada por detalhes de outras vidas possíveis como a de um capitalista hiperactivo que era também artista, ho‑mem de letras, campeão mundial de boxe.

Na sua recente exposição na galeria Bob van Orsouw, em Zurique, para além dos desenhos indi‑viduais surgiram séries curtas e um novo ciclo de his‑tórias ‑ "The Death of Matheus Boryna", 2006‑2007, ‑ formado por trinta e oito desenhos. Nesta série como numa anterior, —"Celia", 2004‑2006—, os fragmen‑tos de texto inseridos não têm qualquer relação com as imagens. Contudo, acrescentam tantos detalhes à história quanto as interpretações dos espectadores. "Boryna" relaciona‑se em estilo e conteúdo à série anterior, "K. M. Wiegand", mas desta vez, demasia‑do fragmentado para formar uma narrativa coeren‑te. No entanto ficam algumas pistas para possíveis histórias: O protagonista é uma personagem ficcio‑nal, provavelmente retirado de um romance policial e, aparentemente também artista. Algumas composi‑ções a preto e branco, abstracto‑expressionistas apa‑recem no fim do ciclo e podem ser interpretados como sendo trabalhos da personagem. A história centra‑se na morte não natural do protagonista em que as circunstâncias permanecem obscuras. Algures entre o lugar de repórter e o de arqueólogo, com um tom obsessivo, VAN EEdEN cria o seu próprio atlas do passado, juntando uma pré‑história pessoal através de fragmentos. A impossibilidade de desenhar tudo é compensada pela possibilidade de resgatar vidas anónimas e criar novas identidades. Num dos dese‑nhos pode‑se ler, "Some people think in music, some in paragraphs, some in receipts; Matheus Boryna thou‑ght in pictures", uma afirmação que poderia ser apli‑cada ao próprio MArCEl VAN EEdEN.

central parq—arte

Marcel van eeden é uM artista conteMporâneo que trabalha a ideia de história e de MeMória de uM Modo auto-biográfico. eM oposição a uM diário, cria uM registo seM entradas correspondentes ao dia-a-dia do autor Mas a vários quotidianos relativos ao período antes da data do seu nasciMento, o ano de 1965.

o anti-diário MarCel van eeden

texto: Luísa santos

Na série “Otto Stangl”, 2005, somos levados ao fim dos anos quarenta, a uma exposição de três artistas —Exner, Stringer e Vlasto— na galeria Otto Stangl em Munique. Mais uma vez, VaN EEdEN conduz o espectador a momentos e a lugares da sua História imaginada. Nessa serei os detalhes e os textos são tão meticulosos que, à primeira vista, pode parecer perante um recorte de um jornal antigo ou de um ar-tigo de arte acompanhado de imagens fotográficas. Reinterpretando, parcialmente reproduzindo, estes artefactos culturais datados, VaN EEdEN transfor-ma o original. O seu modo específico de desenhar e a sua escrita manual seguem, de modo obsessiva-mente preciso, a fotografia. apesar desta precisão, transforma a imagem informativa em interpretação pessoal pelo carácter nostálgico. Esta nostalgia só se manifesta no desenho, enquanto a fotografia de reportagem ou os arquivos em que se baseia, no momento da sua realização, são meros retratos de exactos momentos e lugares. ao desenhar fotogra-fias, VaN EEdEN torna o imaterial em material, tra-zendo o passado para o presente. À primeira vista podemos questionar a razão de um imaginário tão diverso. Em termos de selecção, parece que qual-quer coisa serve desde que tenha acontecido antes da data de nascimento do artista. Contudo, o méto-do de VaN EEdEN não é propriamente arbitrário; tal como qualquer escolha, é selectiva e implica um lado pessoal à semelhança de quando se escreve um diário – ou um “anti-diário”, neste caso. O pro-jecto tem por objectivo retratar a vida como uma re-colha de momentos, um olhar à História por séries de histórias pessoais. Com este processo, MaRCEl VaN EEdEN junta-se –com trabalhos de dimensões modestas– a uma grande tradição.

www.marcelvaneeden.nl

BiografiaMarcel van eeden nasceu em 1965 na Haia, Holanda. exposições individuais recentes incluem The archaeologist. The Travels of Oswald Sollmann, centro de arte caja de Burgos, espanha (2008), e celia, Galerie Zink, Berlim (2007). exposições colecti-vas recentes incluem lügen.nirgends – Zwischen Fiktion, Wirklichkeit und dokumentation, ausstellungshalle zei-tgenössische Kunst Münster (2008); The teardrop ex-plodes, Stadtgalerie Schwaz, austria; endless possi-bilities, Sabanca University Kasa Gallery, Istambul; drawing Typologies, Stedelijk Museum cS, amsterdão (todas em 2007); dessins/Tekeningen/Zeichnungen, Galerie Bernard Jordan, Paris; 1st Shift, Galerie Maurits van de laar, Haia; e Of Mice and Men, 4ª edição da Bienal de Berlim (todas em 2006).

54

Page 55: PARQ 14

Marcel van eeden

o anti-diário MarCel van eeden

Otto Stangl, 2005Série de 16 desenhos, da “Encyclopedia of My Death”, 1993 - presenteGrafite sobre papel, 19 x 28 cmCortesia Galeria Zink Munique / Berlim© Marcel Van Eeden

55

Page 56: PARQ 14

central parq—cinema

À sombra de um cinema verdade, com as sucessivas guerras do Líbano a servir de fundo, os cineastas KhaLiL Joreige e Joana hadJithomas mostram a reLevância do seu registo como espaço de construção da memória permitindo que a adversidade humana não seJa um foLhetim banaL. na 17ª edição do festivaL de curtas de viLa do conde, que proJectou grande parte da obra dos reaLizadores, tivemos o priviLégio de conhecer a sua obra cada vez mais importante.

nas fronteiras do real Khalil Joreige & Joana hadJithoMaS

texto: Francisco Vaz Fernandes

www.hadjithomasjoreige.com

56

Page 57: PARQ 14

O registo e pesquisa documental estão na base do cinema dos libaneses Khalil JOreige e JOana hadJithOmas, recentemente homenageados na 17ª edição das Curtas de Vila do Conde. Criaram uma obra com base na recolha de imagens de arquivos públicos ou pessoais através dos quais engendram destruições e desaparecimentos com evocações a um real próximo. Por isso, todo o seu cinema é uma per-manente interrogação sobre o poder da representa-ção das suas imagens, a sua capacidade de repor a verdade e o real vivido. interrogam-se ainda sobre o que essas imagens representam no líbano em ter-mos individuais e colectivos e sobre as representa-ções da vítima e do herói desse povo. estas questões são evidentes na última longa-metragem do casal. em “Je Veut Voir” ➊ Catherine de deneuve é con-vocada como protagonista num duplo papel de ac-triz e testemunha. ela empresta a sua figura icónica para enfatizar uma errância incrédula por um territó-rio estilhaçado pelas guerras. este filme que passou recentemente no circuito comercial português, pare-ce ser uma tentativa de percurso topográfico onde mais que a representação dos factos, o que está em jogo é a sua apresentação. nesse território/cenário todo o percurso é demonstrativo e testemunhal. O fil-me não se torna muito explicativo nem sequer espe-culativo. Os realizadores optam muitas vezes pelo silêncio e contenção, mais do que o comentário gra-tuito. deneuve quase não fala. ela olha e a câmara como que hipnotizada pela sua figura apenas a se-gue. de resto, deneuve daria o empurrão definitivo na carreira do casal, fazendo-os a chegar a Cannes com este filme aclamado.

Se compararmos “Je Veut Voir” com o filme ante-rior, “Perfect Day”, onde os realizadores se aventu-ram no território ficcional propondo a dupla história de um filho e de uma mãe e as suas perdas íntimas, percebemos, como a ultima longa metragem é um volte face a um território que durante muitos anos experimentado.

Procuraram assegurar que toda a força estivesse numa câmara com a emoção de um em directo. Apesar das referências a uma realidade amarga, a de mi-lhares libaneses que não chegam a fazer um luto definitivo porque não lhes é entregue o corpo dos seus entes queridos, “Perfect Day”, não consegue o carácter testemunhal tão único no seu cinema. Esta mesma temática já tinha sido magistralmente toca-da em “Lasting Images” (2003) que consistia num ví-deo de três minutos com base num filme Super-8 rea-lizado por um tio de Joreige desaparecido. Tal como 17 mil libaneses, foi mais um dos raptados durante a guerra civil sem deixar traços do seu destino. O filme encontrado estava bastante danificado e por isso é basicamente imperceptível, sendo evidente o desaparecimento do seu registo com o tempo, temá-tica tão ao agrado dos realizadores.

“Perfect Day” foi uma entrada num território estra-nho onde o elemento ficcional acabava por se tor-nar uma longa metáfora que distraía o espectador do essencial. A esse propósito e para trazer refe-rências a projectos anteriores, quase sempre em ví-deo que em geral circulavam em museus, é impor-tante referir, Khiam ➋ (2000-2007). Nessa obra de KhAlil JOrEigE e JOANA hAdJiThOmAS mostra o testemunho de seis prisioneiros junto dos destro-ços daquilo que foi um campo de concentração. Os ex-prisioneiros lamentam a falta de um suporte cre-dível que guarde os vestígios da insuportável reali-dade que viveram. É nesse sentido, que os autores voltam novamente à questão complexa da represen-tação da política vexatória dos prisioneiros. Para os realizadores não importa só empolar os episódios de sobrevivência desses seis homens mas também a tentativa de esquecimento de toda uma socieda-de que procura apagar a sua história recente Para todos os efeitos, Khiam é sobre a oportunidade dos destroços possibilitarem a emergência de palavras. É também, sobre o poder do cinema mudar o curso dos acontecimentos. A ele cumpre assim o seu de-ver de memória. É um filme que ganha ainda um ou-tro valor simbólico já que o seu o contexto de produ-ção medeia seis anos, simbolicamente um período em que após o fim da retirada israelita do território libanês em 2000 nasce a preocupação de alguns intelectuais libaneses de desenvolverem a promo-ção de uma cultura árabe contemporânea, experi-mental e crítica. Por muitas razões KhAlil JOrEigE e JOANA hAdJiThOmAS destacaram-se nessa ne-cessidade de discutir um projecto cultural a médio prazo para o libano.

Khalil Joreige e Joana hadJithomas

57

Page 58: PARQ 14

last

d

ays

pedro matoswww.pedro-matos.com

styling: conForto modernoassistente: monica mateusmake-up&hair: joão nunopintura Facial: inês pais para unicórnio azul

assistente de FotograFia: Frederica abreu dos santos

modelo: alberto miguelloFt/elite, ricardo Valgode best models, sebastião jensen karacter

agradecimentos à câmara municipal de oeiras – Fábrica da pólvora de barcarena

aLberto: cortaVento White tent, mochila ralF simons para eastpak, jeans conVerse, botas mango/he

Page 59: PARQ 14

ricardo: blusão, jeans e cinto diesel sebastião: cardigan Fred perry, t-shirt e jeans lee, camisa xadrez pepe jeans, botas Fly london

aLberto: sWeat carhartt, t-shirt Vans, camisa xadrez e botas diesel, calças pepe jeans

Page 60: PARQ 14

sebastião: hood e ténis conVerse, calças nike sportsWear, t-shirt carhartt

ricardo: com parka Fred perry, sobre hood nike sportsWear, t-shirt e cinto h&m, calças replay

Page 61: PARQ 14

aLberto: cardigan mango/he calças e cinto diesel

Page 62: PARQ 14

sebastião: duplo colete g-star com correntes e cinto h&m, calças carhartt

Page 63: PARQ 14

ricardo: calças diesel, corrente ao pescoço Fernanda pereira, botas cat

Page 64: PARQ 14

ricardo: jeans e gorro g-star e écharpe diesel

sebastião: pólo lacoste, calças carhartt, botas pepe jeans gorro h&m

aLberto: sWeat e alFinetes Fernanda pereira, t-shirt pepe jeans, calção carhartt, ténis conVerse

Page 65: PARQ 14

ricardo: camisa k karl lagerFeld, graVata energie

Page 66: PARQ 14

twin

klE

tw

ink

lE

litt

lE

sta

R

andré britowww.andrebrito.com

styling: juliana lapawww.julianalapa.commake-up: tinocahair: rui rocha

modelo: rita gonçalVesloFt models

Vestido e leggings k karl lagerFeld,botins mango

Page 67: PARQ 14
Page 68: PARQ 14

saiote de tule e cinto nuno baltazar, body h&m, bolero red Valentino, luVas annette gortz na the, meias calzedonia, botins mango

Page 69: PARQ 14

casaco liu.jo, Vestido gant, mini-saia com ligueiro h&m, botins e clutch mango, colares gF Ferre, chapéu annette gortz na the, meias calzedonia

Page 70: PARQ 14

casaco Vestido luis buchinho, leggings calzedonia,

botins e cinto mango, colar h&m,

acessório de cabelo claire’s, body de rede da produção

Page 71: PARQ 14

casaco liu.jo, saia luis buchinho, body e meia liga h&m, sapato repetto

71

Page 72: PARQ 14
Page 73: PARQ 14

a madeira é um dos grandes destinos internacionais de turismo, no entanto, pouco familiar entre os portu-gueses. provavelmente porque durante anos o inves-timento turístico dessa região foi sempre direcciona-do da mesma forma, o que fez com que a madeira fosse vista como um paraíso para a terceira idade inglesa. Essa imagem ultrapassada tem sido com-batida por múltiplas propostas, algumas dirigidas a um turismo jovem. nesse sentido, a grEEn FrEsH WEEK junta, num programa de uma semana, o que a madeira tem para oferecer em termos de acção, festa e ecologia.

a ilha foi desde sempre conhecida pela flora única mas para além das suas vistas e passeios é possível proporcionar um turismo mais activo e intervenien-te. Durante os 7 dias do programa grEEn FrEsH WEEK os típicos postais turísticos não são postos de parte, mas aparecem associados a actividades de desporto radical e actividades de consciencializa-ção ecológica. por exemplo, no dia em que se visita o montado dos aviceiros —um pequeno paraíso na terra— ecologia e desporto associam-se. Depois de uma caminhada por uma natureza mágica, há um momento em que se pode ouvir os oradores locais exporem as suas questões sobre projectos de agri-cultura biológica para a região. Depois de uma refei-ção, os participantes ainda são convidados a plan-tar árvores numa área que estava a ser florestada.

todas as noite o recolhimento faz-se na estalagem da ponta do sol. É um dos momentos altos do programa porque oferece —num ambiente de design requinta-do— um grande terraço com uma piscina panorâmi-ca com umas das melhores vistas da madeira. À noi-te há animação com Djs e o ambiente é relaxado, que sabe bem depois de toda a actividade propos-ta pelo programa: passeios a pé nas levadas, subi-da ao pico do areeiro, canoagem no seixal, descida tradicional de cestos - programas cheios de adrena-lina para quem as férias significam cortar com a ro-tina num ambiente de grande beleza.

greenfreshweektExto: roger Winstanley

PaRq hERE—viagEm

www.greenfreshweek.com

➊ pousada ponta do sol➋ montado dos aviceiros➌ canoagem no seixal➍ Fresh sunset party

73

Page 74: PARQ 14

a primeira loja da pOrscHE DEsign na península ibérica abriu no segundo piso do amoreiras shopping center, em Lisboa, com um vasto leque de produ-tos. Destacam-se os artigos de viagem, óculos, ca-chimbos, jóias, telemóveis e canetas, assim uma co-lecção de moda, bem como produtos e fragrâncias masculinas. a pOrscHE DEsign é uma marca de luxo centrada especialmente em produtos de inspira-ção tecnológica. a marca foi fundada em 1972 por Ferdinand alexander porsche e, desde então, os seus produtos têm mantido um design funcional, purista e intemporal. são concebidos no estúdio pOrscHE DEsign em Zell am see, na Áustria, e comercializa-dos por todo o mundo em lojas próprias ou grandes armazéns e lojas de retalho exclusivas.

amoreiras shopping center

a g-star entrou timidamente em portugal e só no último ano —com a abertura das lojas no Dolce Vita das antas e no colombo em Lisboa— foi possível ter acesso a uma vasta gama de produtos que ago-ra é reforçada pela nova loja na rua ivens. Este es-paço, localizado em pleno chiado, pela sua dimen-são e pelo carácter emblemático da zona, torna-se a principal montra da g-star em portugal. Esta em-presa de denim de origem holandesa destacou-se no mercado mundial a partir de 1996 com o concei-to G-Star Raw Denim. criava produtos apoiados es-sencialmente no corte e no design tendo como maté-ria principal um denim de qualidade sem lavagens. segundo os mais entusiastas a g-star conseguiu elevar os jeans à categoria “alta costura”. a cons-tante participação da marca na semana da moda de nova iorque tem permitido que ela acrescente (além de estar vocacionada para uma cultura street que valoriza o lado prático associado ao conforto) uma componente de luxo ao produto final.

rua iVens,68, lisboa

a cat e a mErrELL, marcas de calçado, vestuário e acessórios streetwear e outdoor, inauguraram a sua 11ª loja no centro comercial cascais shopping. criada pelo atelier mão Livre, a loja está dividida em duas áreas distintas criadas para envolver as duas marcas. no espaço reservado à cat, marca mais urbana, realça-se o conceito “city connection” atra-vés do qual várias cidades do mundo estão ligadas entre si por uma malha de redes.

na área reservada à mErrELL —mais associada a actividades outdoor— realça-se a vertente ecológi-ca e tecnológica da marca, com os ténis e as botas a assumirem grande protagonismo.

centro comercial cascais shopping

PorsChe design

g-star

catmerrel

tExto: soFia saunders

tExto: soFia saunders

tExto: soFia saunders

PaRq hERE—PlacEs

www.porsche-design.com

www.g-star.com

www.merrell.comwww.catfootwear.com

74

Page 75: PARQ 14

interpretação cinema e tv . .

fotografia] . . . . . . ]

[ criação e gestão de marcas \

Page 76: PARQ 14

não paramos de aproveitar o sKy Bar no terraço do Hotel tivoli, uma das melhores vistas da cidade. É quase uma vista de 360graus perto do céu. recomenda-se o final da tarde com o baixar da luz amarelada e frescura que caracterizam os fins de tar-de de Lisboa. são momentos mágicos numa atmosfe-ra lounge de inspiração marroquina com uma carta de cocktails extensa e finger food ( pastéis, hambur-gueres) para ir petiscando com uma mão enquanto a outra segura o copo .O sKy Bar está aberto das 19h à uma da manhã, de quinta a sábado. não há consumo mínimo.

hotel tiVoli aV da liberdade, 185 lisboa

sky Bar

à margem

tExto: soFia saunders

tExto: soFia saunders

www.tivolihotels.com

chamam-lhe “café branco” pelo aspecto minimal e clean perfeitamente enquadrado na actual estética-ipod, idealizado por alguém que um dia quis tomar um café quase em cima do tejo. mas o À margEm desafia, com as leves transparências do vidro, (obra de João pedro Falcão de campos e ricardo Vaz) ou-tras “brancuras” imponentes debruçadas sobre a nos-sa riviera alfacinha. numa altura em que o “serviço esplanada” já não é o que era, sabemos que nesta margem o nível se mantém. só aqui podemos passar uma tarde a ouvir tom Jobim ao sabor da melhor fa-tia de bolo de chocolate, almoçar deliciosas tostas e sanduíches ao som de clássicos de Jazz e brindar aos pores-do-sol com cocktails e exclamações ins-piradas do género “isto é que é vida!” E é mesmo!

doca do bom sucesso – lisboa tel: 918 225 548 ou 918 620 032. de dom a 5ª, das 10h à 01h; de 6ª a sáb e Vésperas de Feriados, das 10h à 02h

até acredito que haja pessoas que não adorem cou-ves-de-Bruxelas, mas toda a gente gosta de torra-das, assim como toda a gente gosta de quiosques. O cLara cLara é um novo quiosque-esplanada plan-tado no verde jardim-miradouro Botto machado, bem ao lado do panteão nacional. O sítio ideal para jo-gar à sueca, admirar as pechinchas encontradas na Feira da Ladra, tomar brunchs "al fresco" com gente gira acabada de conhecer no Lux, ouvir música nos Domingos preguiçosos, escrever poemas sobre a be-leza líquida do tejo, o macio entardecer lisboeta ou o ódio aos pombos, e mandar emails a fazer inve-ja com o Wi-Fi grátis. no Verão petisca-se ao som do riso dos putos no parque ao lado, à noite espe-ra-se por estrelas cadentes, de mojito na mão. no inverno prometem-nos mantas, aquecedores e cho-colate quente. melhor que este spot secreto, só se as torradas já nascessem sem côdea.

jardim de botto machado

campo de santa clara Verão: 10h-23h inVerno: 10h-19h

Clara ClaratExto: soFia saunders

PaRq hERE—PlacEs

76

Page 77: PARQ 14

adidas: telf. 214 424 400 www.adidas.com/pt adidas EyEwEar, BrodhEim lda: telf. 213 193 130 afoREst dEsign: telf. 966 892 965 www.aforest-design.com Bing Punch: r. do norte, 73 — bairro alto — lisboa telf. 213 423 987 caRhaRtt shoP: r. do norte, 64 — bairro alto — lisboa www.carhartt-streetwear.com caRolina hERRERa: av. da liberdade, 150 — lisboa cat BEdivar: telf. 219 946 810 chloé: Fátima mendes e gatsby (porto) loja das meias e stivali (lisboa) chEyEnnE: acqua roma – av de roma — lisboa colcci: rua ivens, 59-61 — lisboa convERsE ProgEd: telf. 214 412 705 www.converse.pt dEcodE: tivoli Forum – av da liberdade, 180 lj 3b — lisboa diEsEl stoRE: prç luís de camões, 28 — lisboa telf 213 421 974 dioR joalhaRia: david rosas – av. da liberdade — lisboa machado joalharia – av. boavista — porto EastPak – morais&gonçalvEs, lda: telf. 219 174 211 EmERgildo ZEnha: av. da liberdade, 151 telf. 213 433 710 EnERgiE – sixty Portugal: telf. 223 770 230 EPicuRista: rua do instituto industrial, nº 7h — lisboa telf. 223 770 230 faBRico infinito: rua d. pedro V, 74 — lisboa fashion clinic: tivoli Forum – av. da liberdade, 180, lj 2 e lj 5 — lisboa c.c. amoreiras lj 2663/4 — lisboa r. pedro homem de melo, 125/127 — porto fátima mEndEs: av. londres, b1 1º piso — guimarães r. pedro homem de melo, 357 — porto filiPE faÍsca: calçada do combro, 95 — lisboa fiREtRaP – Buscavisual, lda: telf. 917 449 778 fly london: telf. 253 559 140 www.flylondon.com foRnaRina: telf. 912 1818 88 wwwfornarina.it fREd PERRy – sagatEx: telf. 225 089 153 gant: telf.252 418 254 riccon comercial lojas: av. da liberdade, 38h — lisboa av. da boavista 2300/2304, — porto EmPóRio casa: telf. 210 964 093 gas: telf. 223 770 314 wwwgasjeans.com gooRin: hold me – rua do norte, bairro alto — lisboa guRu – dualtrand: telf. 225 101 245 gsus – Pano dE Fundo lda: telf. 223 745 278 h&m: rua do carmo, 42 — lisboa havaianas – cia Brasil: telf. 291 211 860 hoss – andré costa: telf. 226 199 050 hugo Boss PoRtugal: telf. 212 343 195 wwwhugoboss.com killah – sixty Portugal: telf. 223 770 230 lacostE – manuEl F. montEiro & Filho: telf. 214 243 700 laRa toRREs: www.laratorres.com lE coq sPoRtif: telf. 220 915 886 www.lecoqsportif.com lEE: www.lee-eu.com lEvi's – lEvi's Portugal: telf 217 998 149 lEvi's acEssóRios – PEdro nunEs lda: telf. 239 802 500 lidija kolovRat: telf. 213 874 536 rua do salitre, 169 louis vuitton: av. da liberdade, 190 — lisboa telf: 213 584 320 luis Buchinho: telf 222 012 776 rua josé Falcão 122 — porto www.luisbuchinho.pt maison maRgiEla: telf. 220 927 002 por Vocação – av. da boavista mango www.mango.com maRlBoRo classics: gaia shopping, Forum coimbra e c.c. Vasco da gama mElissa: telf 934 134 392 www.melissa.com.br mERREll – BEdivar: telf. 219 946 810 wwwmerrellboot.com nikita – FonsEca E carvalho, lda: www.nikitaclothing.com miss sixty – sixty Portugal: telf. 223 770 230 miguEl viEiRa: telf. 256 833 923 www.miguelvieira.pt my good: avis, r. josé gomes Ferreira, 11 lj 251 — lisboa c.c. amoreiras, lj 2142 — lisboa nikE sPoRtswEaR: telf. +351 214 169 700 www.nike.com numPh – aBout Face: telf. 226 102 652 www.numph.dk nuno BaltaZaR: telf. 226 065 083 av. boavista, 856 — porto nuno gama – gavEsa: telf. 309 914 363 oficina mustRa: rua rodrigues sampaio, 81 — lisboa telf. 309 914 363 osklEn: telf. 213 258 844 rua do carmo, 9 chiado — lisboa PatRiZia PEPE – andré costa: telf. 226 199 050 PEdRo PEdRo: telf. 916 634 920 PEPE jEans: telf. 213 400 010 www.pepejeans.com Ray Ban – luxótica PoRtugal: telf 217 221 300 PiagEt: anselmo 1910, c.c. colombo — lisboa Puma: armazéns do chiado – r. do carmo, 2 — lisboa PuRificacion gaRcia: www.purificaciongarcia.es REEBok: telf. 219 381 759 www.rbk.com/pt REPlay: telf. 213 961 64 www.replay.it RicaRdo douRado: telf. 222 011 833 muuda – rua do rosário, 294 — porto RicaRdo PREto: telf 919 758 953 sEPhoRa: telf. 213 225 188 armazéns do chiado – r. do carmo, 2 — lisboa skywalkER: telf. 213 466 125 rua do norte, 37 sonia RykEl: loja das meias www.soniarykel.com sPRingfiEld – man & woman: armazéns do chiado — lisboa telf. 213 479 337 norteshoping — porto telf. 229 540 985 stivali: telf. 213 860 944 r. castilho, 71 c — lisboa stoRytailoRs: telf. 213 433 306 cç do Ferragial, 8 – chiado — lisboa www.storytailors.pt swEaR: telf. 226 181 319 www.swear-london.com timEZonE – comPanhia dos dEsPortos: telf. 213 570 019 tommy hElfigER: telf. 213 400 010 www.tommy.com tous: telf. 214 601 125 — cascaisshopping twEnty 8 twElvE: telf. 213 400 010 www. twenty8twelve.com umm – Buscavisual, lda: telf. 916 139 874 valEntim quaREsma: telf .962 333 449 www.valentimquaresma.com vitRa: paris sete – lg. de santos, 14 d — lisboa wEsc: telf. 213 472 136 rua mouzinho da silveira, 1723 — porto rua nova do almada, 47 — lisboa ww.wesc.com wolfoRd: av da boavista, 3295 — porto wwwwolford.com womEn'sEcREt: cccolombo. telf. 217 166 132 armazéns do chiado. telf. 213 479 338 cascaishoping. telf. 214 601 420 norteshoping, porto, telf. 229 548 444 Zillian: av. antónio augusto de aguiar, 29 d —lisboa

guia de compras:

a moda das águas energizantes e com sabores está no auge. E compreende-se porquê. agora chega a portugal a gLacÉaU Vitamin WatEr, uma água criada em nova iorque que rapidamente ganhou su-cesso em outras grandes metrópoles Esta água de cores atraentes, criada para um estilo de vida urba-no, foi pensada como complemento diário juntando à água da nascente as vitaminas e minerais necessá-rios ao dia-a-dia. Estão disponíveis no mercado seis variedades, todas com um sabor diferente e cada uma preparada para oferecer benefícios variados.

a gELataria ZOKa é desde 1977 uma instituição em Évora, especialmente quando o calor aperta. produz gelados à maneira italiana granjeando um prestígio que ultrapassa as fronteiras locais, sendo hoje uma referência a nível nacional. para além dos gelados, outra das referências desta gelataria são os requintados chocolates e bombons comercializa-dos em especial no inverno. realizados de forma artesanal, com cacaus de diferentes proveniências e enriquecidos com leite, frutos secos ou frescos, os bombons Zoka são hoje um produto premium já dis-ponível em hotéis de referência.

rua miguel bombarda, 14 - éVora

a indonésia encontra-se entre os maiores exportado-res de café no mundo e a ilha da sumatra é parti-cularmente conhecida pelo cultivo de café de eleva-da qualidade. O novo nEsprEssO spEciaL cLUB, singatOBa, é composto por 100% de arábica Blue Batak, um grão colhido até 1,600 metros de altitude em torno do Lago toba, no norte da sumatra. O Blue Batak beneficia da riqueza do solo vulcânico da re-gião, produzindo um café encorpado que é procu-rado pelos grandes apreciadores. com uma safra limitada e uma forte procura global, o arábica Blue Batak é uma variedade de café rara. singatOBa fica disponível a partir de setembro nas boutiques nEsprEssO.

Vitamin water

zoka SingatobatExto: soFia saunders

tExto: soFia saunders tExto: soFia saunders

PaRq hERE—gouRmEt

www.glaceau.com

www.nespresso.com

77

Page 78: PARQ 14

hans maiER-aichEnauthentic creatiVity

p. 42

mason jungp. 08

hans maier-aichen is Well-knoWn For his relation-ship With the authentics and the Widespread success oF his objects around the World. among those Who haVe collaborated With him are konstantin grcic, tord boontje, ed annink and marti guixé. his domes-tic utensils demonstrate the “less is more” philoso-phy and shoW us a neW Way oF looking at the po-tential oF plastic, With the idea oF transForming it into a more exclusiVe and aesthetic material, Wor-thy oF embracing more. beFore maier – aichen, plas-tic Was looked doWn upon by those such as eames, but he Went against this and started creating Forms and utensils so innoVatiVe and authentic that they Were subsequently copied around the World. maier – aichen is currently in portugal to curate an exhi-bition For experimenta design. We interVieWed him to Find out not only hoW the curating Was going but also to delVe deeper into the ideas and Work oF this designer, his Work With the authentics and beyond.

You are here in Portugal to curate an exhibition show-ing the work of Young designers; how do You feel this work ties in with Your Past in authentics? the atti-tude of authentics at that time was radical and innovative in terms of using ordinary plastic material and converting it into avant-garde products. i was extremely interested in choosing young “un-spoiled” designers, just having left school, to develop an incom-parable concept for mass products for everybody.

do You think that Your choices of materials in the authentics Period would be different, if You hadn't studied Painting and sculPture at the beginning of Your career? or are we in a Presence of a total artist in the william morris sense? my widespread education/ex-perience, and the fine arts in particular, was always part of when it came to questions of volume, shape, surfaces and colours. most of the early designs of injection moulding products were based on a balance between unique and distinctive shapes,the latest technology and research in materials and especially surfaces. at that time we were able to discover the quality of “transparen-cy” by using ordinary plastic. this coincidence started the trade-mark of the company.

how do You see the design studios that currentlY seem to be working comPletelY indePendentlY from mass Production? the most innovative ideas arrive from designers and design studios that refuse to collaborate with mainstream in-dustries, rejecting any kind of narrow-minded “briefings”. against the backdrop of the mediocrity of industrial mass production some emerging designers rediscover arts and crafts for their “private collections” that in some cases mark alternative design solutions which often place companies in a strategic dilemma.

do You believe in a healthY relationshiP between craft and industrY in the future? do You still believe in in-dustrY? Without industry and the need for economic production methods, including permanent technological innovations, there will be no progress! the question is whether industry and in particu-lar the design industry will be able to communicate a higher de-mand for authentic design products. at the moment i doubt it. the idea of an updated manufacture will strongly influence industry and the former competition between both disparate groups will transfer into a reciprocal harmony of production.

this year, mason jung, a young korean, Won First prize in its (international talent support), organised eVery year in trieste and sponsored by diesel. mason jung, From the royal college oF arts in london Won 20,000 euros With a collection Which explores the stereotypical Forms oF Formal mensWear.

You are not the first south korean to come to the west and find success, winning contests as haPPened with its. is there now increasing interest in fashion design in korea? there has always been a lot of interest in fashion in south korea, and the younger generations that have benefited from the internet seem more eager than ever now be-cause they are more informed and stimulated.

how would You define the collection You showed at its? my collection is about questioning general perception of cloth-ing. specifically, the formula for the man’s formal suit, which has never changed its fixed form. i question the stereotypes and have created ordinary looking garments  that transform into different and more liberal forms. some of them have elements of a classic suit just as visual reference. the collection is not only about the out-ward appearance but about something behind the fossilised form. 

do You believe that formal menswear restricts male libertY? how do You think men should dress? in mens-wear people agreed on a specific form and have created the sartorial rules which would restrict themselves in the end. it is important to conceive a stereotype as a stereotype. they are "re-stricted" in the sense that they are forced to wear a standardised form by the market. they lose the opportunity to have more var-iations made available.

are issues of formalitY stronger in oriental culture than here, do You think, or is this just the imPres-sion we get here in the west? in korea for example, after the korean war, the government needed an effective system to control people to re-build the society. in those circumstances, indi-viduality was sacrificed for totality. those characteristics have in-fluenced the overall culture. i think formality is the result of our spe-cial situation. korean people themselves recognise it. (though they live in korea) it's not characteristic of the whole oriental culture.

how was Your liberation after all that time living such a restricted life, having to wear korean militarY uni-form and with so little control over things? i did mil-itary service for 26 months. it was quite a unique experience to put yourself in those restricted situations. When i just came back from the army, it was a great feeling, but soon after i forgot the feeling as i became adjusted to my new environment.

what tYPe of clothes do You like to wear? i like to wear clothes like me, not something that makes me look better.

would You saY that living in london and studYing at the roYal college has influenced Your work? yes, it was a period where i could devote all my time to concentrat-ing on my creative vision.

You won 20,000 euros. can i ask what You Plan to do with it? i am going to spend it on the new project (collection).

if You were in the authentics Period again, what would You change, if anYthing? change some designers for the good, maintaining the strategy of doing “less but better”.

You began as an artist, which must have affected the course of Your career. what would You saY is most im-Portant in the education of a designer? Watching things and remaining curious all the time. a very simple rule against one-way education: change schools, cross borders scientifically and physically, extend knowledge.

do You think it is imPortant to change academic Points of views? have there been anY significant changes in academia over the Past few Years? yes, but it would take too much time to answer in detail. a few remarks: a need for more interdisciplinary orientation in academic training (there is too much discussion but still little result!), border crossing practices with cognitive sciences, anthropology and environmental challenges, training the “elastic mind”, being well prepared for a radical par-adigmatic shift in design.

what has changed at the roYal college? don’t know in detail!

what are Your concerns for the future, and what do You trY to conveY to the Younger generations? stop overproduction! For younger generations: travel, observe/watch, question, communicate, have fun, stay controversial, argue. design less but better products!

we are seeing a large influx of new designers. how do You think the market is going to absorb so manY? as with other professions, many of them will not “share the big de-sign cake”. i still believe we could accommodate quite well trained creators in numerous sideline jobs. this , for example, would en-hance many public services and public institutions. more young designers will create their own collections and ignore industries. international network will unify designers and make them global-ly and locally more efficient and influential.

do You think in the future, everYthing is going to have to Pass through the hands of designers? is the whole world going to be aestheticised, and how is this go-ing to affect us? if we consider our overproduction of indus-trial design collections being produced for only 10% of the world’s population i would give priority to the interest in “design for the other 90%. in addition we should stop the ongoing inflation of de-sign (adaptions, variations and copies) and concentrate on “super normal” archetypes with long lasting and sustainable qualities.shouldn´t design become a bit uglier (less focused on traditional aesthetics) in order to attract attention?

as the social function of designers is no longer sim-PlY to create aesthetic objects, what would You saY the role of the designer will be in the future? the designer will act as something in between an “animateur” and a trained designer amateur and will encourage people to understand eve-ryday things and coherences better.

You said once in an interview: “global versus local,” this confrontation will be the keY for recognizable design solutions in the coming Years. as designers we will have to concentrate on research in materials and innovative technologies but we have to look into old techniques and natural materials as well. a new “manufacturing mentalitY” could create a glorious comeback to counterPoint activities of commercial global PlaYers. do You believe that the global versus local will reallY be the keY for recognizable design so-lutions in the future? aren't You afraid that the global will overtake the local? in the middle of a worldwide crises of finances, economics individual greed and a gigantic collapse of global players, i.e. banks, supermarkets, shipping companies, automobile manufacturers and many others, i am even more con-vinced that we will be confronted by a surprising revival of effi-cient local activities dealing with human dimensions, producing for regional but mobile consumers – hopefully for the sake of the designers and their future clients “in situ”.

English vERsion

78

Page 79: PARQ 14

19 a 22 Novembro27 a 29 Novembro

EntrEga dE trabalhos a compEtiçãoData limite: 30 De Setembro

iNformaçõeS, regulameNto e ficha De SubmiSSão em:www.waitaminutEfilmfEst.com

apoioS

be@web

Page 80: PARQ 14

hands and interpreting the time; it is instantly recognisable. also, the growth of the digital clock has brought about the gradual de-cline in the wristwatch as an accessory; the digital clock is now primarily functional, which has not been such a positive step in the area of design as it has eliminated other considerations such as the more playful elements and the aesthetic (the decorative in morris). Without these things, without visual delight, life can be-come unbearable. as we know, the functions of things can be mul-tiple but unsustainable, and we are surrounded by objects with a very particular, primary function. clocks have lost their charac-teristic tick-tock, and the traditional, mechanical (even wind-up) clocks permitted experimentation with differences in material such as ceramic, metal and glass. the universal nature of these objects brought about a certain uniformity of sensations, tastes and gesture.in actual fact, mass production has not merely made our tastes more uniform, it has also made the rhythm of our lives more uniform, de-personalising them, neutralising them and making them more me-chanical. in “time, Work, discipline and industrial capitalism” e.p. thompson observed the difference between establishing a sense of time which is measured by nature and one which is measured by the clock. he gives examples from the canterbury tales and the character of the cockerel, natural symbol for measuring the passing of time. he questions how far clocks have affected the way we view our life and the way we deal with work. in agri-culture, work is carried out according to the rhythm of the herd, the position of the sun in the sky and, if by the sea, according to the tides. a sailor can spend the whole night awake, monitor-ing the wind and the tides or when the fish are caught in the net. moreover, on land, the sheep have to be put away before they are spotted and hounded by predators. activities, guided by na-ture, especially in rural areas, demand their own timescale, and the lives of those who carry them out have to be in harmony with nature. We could say the same about design. in other words, de-sign is life and the design which is subject to the mechanical and the industrial is a design far removed from nature.

Workers, whose lives are expected to be segmented in the work-place, were doomed to be considered automatons, not getting any pleasure from what they did, nor feeling that there was any meaning to their lives. how could they possibly understand the patience of sailors and those in the countryside, used to listening to nature and being guided by natural phenomena, if they them-selves were expected to forget their natural internal rhythms? they were condemned to do repetitive tasks quickly because time in the factories meant money and profit. marx wrote that “the small workshop of the patriarchal master has now been convert-ed into the great factory of the industrial capitalist.” For him, the workers “gathered in the factories are organised like soldiers (…) serving the industrial army”. this thinker, so admired by morris, remembered the dimensions of the workers’ tasks and how they were reduced to a mechanical, fragmented activity, a meaning-less existence, stripped of all individuality. all in the name of the division of labour.

designers today understand this condition and how it is the very opposite of any type of creativity. nowadays, designers in their studios try out experiments and turn their attentions back to na-ture. they have gradually distanced themselves from this lifelong commitment to industry. searching for a definition for design does not mean that it is synonymous with industry and mass produc-tion. We see designers now who breathe at their own pace and with their own rhythm; their studios have become places of bo-tanic experimentation and alchemy and they have gone back to the pleasure of appreciating nature, whilst being unafraid of the decorative (morris). there are various notable examples, such as marcel Wanders, tord boontje, the brothers bouroullec, Wieki somers, among others who, despite not being referred to here, are of equal importance. they are designers who value their ma-terials, respect nature, show a commitment to what they do without forcing the rules; vases by pieke bergmans, beecups by mariana tocornal, or even the ability to reduce time found in the museu Vitra pieces, as transformed by maarten baas.

loos, when writing about the desire for lack of ornament or of his-toric references in objects, put these issues into a very specific con-text. it is worth remembering heidegger who, in his philosophical work “What is a thing?” observed that objects merge in the es-sence of a certain time and space: “the chance character of places and its multiplicity is fused in time.” two buckets, even if identical,

will be different when placed in different places. any two identical objects, in order to be identical, will have to occupy the same place at the same time, which is technically impossible. loos imposed a bold logic on things, but this logic merges inescapably into time.loos was also affected by a characteristic which pierre bourdieu later believed characterised the very heart of social interaction, the so-called “symbolic violence” upon which the industrial revo-lution left its mark. pierre bourdieu believed that social practices implemented certain values which were consolidated in the mem-ory and action of social groups. as we know, society is made up of individuals with their individual character types, yet these same individuals in turn consist of characteristics which constitute their social group, and subsequently feed it. laws are guaranteed so that society keeps the characteristics which formed it. individuals do not merely choose and define their tastes in isolation; they be-long to a group and thus adopt the characteristics of this social group (and here we can refer to dorfles’ le oscillazioni del gusto)even more importantly, and something which illustrates how, with time, the way we see objects may shift – a change which “symbol-ic violence” identified – is the fact that sometimes, space and time seem to be a part of things, though end up being external to them (the process of industrialisation) in the sense that they are subject to questions of subjectivity and truth. in fact, the partitive “this” or “that”, “instead of being characteristic of the actual thing, is merely a subjective addition, coming from within ourselves” (heidegger)For this reason, it is obvious that “we cannot go straight to the ac-tual things because what we attribute to them are not the determi-nations which belong to them.” since the determinations depend upon “where the moment-in-time experience places them, and beside the subject, the experience of the thing is actually sealed.” maybe the question is about truth and whether we are concerned with this, and whether the objects should be this way and not any other way. maybe for some it is about admitting what is essen-tial, while for others, the object is a receptacle of emotions or an evocation of nature. returning to heidegger’s thinking, maybe “in our quotidian expression of things, the doubt remains as to whether we face the same truth as subjective, objective or as a mixture of the two.” (heidegger)

English vERsion

thE PlacE ofthings timE

p. 46

it Was ruskin Who said that men Who are trained to act like eFFicient machines For accurately draWing, copying and sculpting shapes and arches Would soon Feel paralysed iF they Were Forced to use other Forms oF representation. the author oF the stones oF Venice (1853), hoWeVer, belieVed that this Was an opportunity For men to groW and improVe..

human beings were not created to work with precise instruments, ruskin wrote; their arms cannot draw circles as well as a com-pass can. to ask them to draw perfect forms would be the equiv-alent of dehumanising them, wasting their energies and spirit on a reductive quest to create straight lines and perfect, measured forms. Work is divided in such a way that it becomes mere seg-ments of men; fragmenting life in such a way that each part of man’s intelligence would never be enough to complete a whole project, merely parts of it. a kind of anaesthesia, perfect for the designated task; ten hours of repetitive work, hardly any time to think, or to dedicate oneself to emotions.

the life of the craftsman, as well as that of the worker, is com-partmentalised and mechanised. all our lives are accounted for, minute by minute, second by second, dictated by machines. as William morris would say twenty years after ruskin, “every-thing produced by human hands has a beautiful and ugly form.” beauty is in harmony with nature, while ugliness does not follow this, but rather goes against it. We change and impose new rules and rhythms upon nature. our ongoing observation of nature, its complex forms, work which is done in harmony with nature, whilst acknowledging its laws, would seem to be irrelevant in a world where time is both mechanised and divided up.

clocks, previously analogical, are now digital. With the disappear-ance of the analogical clock, we have lost the act of “reading” the time. With a digital clock, we no longer waste time “reading” the

do the needs make the materials or is it the other waY around? mostly the materials provoke the needs and not the other way around.

we mean: if it weren't for environmental concern, maYbe the design result would be different? with the sterile aPPearance and Performance of mass Produced objects, would theY Prevail more stronglY in the minds of designers? our basic understanding for environmental ques-tions today will force us to think about sustainability, ecological concern and about “repairing” things. generally there is no rea-son to make mass products less attractive just because they have to be low-cost and inexpensive. the attitude of the industry still does not sufficiently respect the social and cultural requirements and the obligation to serve the people with their products.

who would You saY are the uP and coming talents? still every day a new “shooting star” is born. the international press likes shooting stars for their own satisfaction. they do not realize how quick that burns down. andy Warhol once stated: “one day everybody will stay on the pedestal and become a ce-lebrity for a few seconds”.

how would You define Yourself in 5 words, ideas, Peo-Ple, objects, and adjectives…curious as a child! being on the road! obsessed with unusual ideas being realized in a simple way.i like jean prouvé and super-normal objects. my piano stays for crucial harmony.

80

Page 81: PARQ 14

www.nomenuhomeservice.pt

Basta marcar:LISBOA 213 813 939 / 933 813 939PARQUE DAS NAÇÕES 213 813 939 / 933 813 939OEIRAS 214 412 807 / 934 412 807CASCAIS 214 867 249 / 914 860 940ALMADA 212 580 163 / 917 164 591COSTA DA CAPARICA 212 580 163 / 917 164 591COIMBRA 239 714 307 / 961 014 220LINDA-A-VELHA 213 813 939 / 933 813 939

RECEBE UMA REVISTA PARQ, EM CADA ENCOMENDA.

Page 82: PARQ 14

Ilustração: Vanessa teodorowww.thesupervan.com

Nunca tivemos a sorte de nos cruzarmos com ela à porta do prédio. Kylie Minogue era mesmo assim, a nossa vizinha favorita. Juntamente com o loiro de sorriso “pepsodent” Jason Donovan, revelou-se uma jovem estrela da televisão australiana com a série “Neighbours”. Um doce de menina, boa influência para as adolescentes dos anos 80, que giravam a cintura com hoola hoops florescentes ao som do single “the locomotion”.

Michael Hutchence, primeiro apaixonou-se pela jovem de riso sincero e cabelo aos canudos, depois viu o potencial da menina de coro para mulher sem decoro e escreveu «Suicide Blond». O músico dizia muitas vezes que o seu hobbie favorito era corromper Miss Minogue e aos poucos ia levando a água ao seu moinho. A início um corte de cabelo radical, mais tarde um sublime dueto com Nick Cave. Mas as marcas que Hutchence deixaria na vida da cantora não se ficavam pelo nível artístico. Partiu-lhe o coração trocando-a pela top-model Helen Christensen —e antes de se enforcar no seu apartamento com um cinto— juntou-se à apresentadora Paula Yates, que desgostosa teve o mesmo fim deixando a filha de ambos à guarda do ex-marido Bob Geldof.

Michael mudaria para sempre a vida de Kylie, abrindo-lhe os horizontes à pop mais refinada com o lançamento do incompreendido «Impossible Princess». O infortúnio ditou que a Princesa Diana morresse no fim-de-semana anterior ao lançamento do disco. Para a história, uma enorme falta de timing e um monumental flop comercial. Pensámos que

Kylie seria mais uma estrela dos anos 80 que com a nova década perdera o brilho e desapareça dos escaparates. Não poderíamos estar mais enganados pois ela tinha um plano: regressar à pop pastilha elástica e com uns micro calções dourados que lhe valeram o título de rabiosque mais sexy da indústria discográfica. «Spinning Around» do CD «Light Years» ou «Just Can’t get you out of my head» do disco «Fever» enchiam as pistas de dança e a carreira da coqueluche da pop, por vezes uma cópia pirateada do ídolo Madonna ressurgia “on her own terms”.

Kylie actuou pela primeira vez em Portugal em Julho passado num Pavilhão Atlântico com pouco mais de quatro mil pessoas. Mesmo assim há que ressalvar que quem esteve fez-se ouvir alto e bom som! Da plateia, destaque para algumas celebridades: o coreógrafo Marco de Camilis ou o futebolista Cristiano Ronaldo. No dia seguinte os fóruns da Internet queixavam-se da promotora não terá publicitado devidamente o espectáculo, afinal na primeira passagem da pequena Kylie por Portugal quase ninguém deu por ela. Mas a justificação para uma noite tão desfalcada de público pode mesmo ser o “Delta Tejo”, um festival que estava à pinha para ver, entre outros, os Deolinda. Tratando-se de música nacional, do mal ao menos!

E assim se celebraram mais de 20 anos de carreira da que não dança, nem canta especialmente bem mas possui o factor K que faz dela tudo…menos a nossa “the girl next door”!

The Special K

CróniCa de Cláudia Matos silva

diaPositivo

82

Page 83: PARQ 14

Cinema São Jorge

Apoio Institucional Apoio à ProgramaçãoFestival Apoiado porCo-ProduçãoParceria EstratégicaProdução

ww

w.iv

oval

adar

es.c

om 2

009

Apoio Prémio da Competição Hotel OficialApoios Privados

Televisão Oficial Rádio Oficial Website Parceiros Media

Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa18 a 26 de Setembro de 2009Cinema São Jorge

www.queerlisboa.pt

Secç

ão C

omp

etit

iva

par

a a

Mel

hor

Lon

ga-M

etra

gem

Mel

hor

Film

e |

Mel

hor

Act

or |

Mel

hor

Act

riz

Secç

ão C

omp

etit

iva

par

a o

Mel

hor

Doc

um

entá

rio

Secç

ão C

omp

etit

iva

par

a a

Mel

hor

Cu

rta-

Met

rage

m

Prém

io d

o Pú

blic

o

Pano

ram

a Lo

nga

s-M

etra

gen

sQ

ueer

Art

Que

er P

opN

oite

s H

ard

Esp

aço

Lou

nge

, Esp

aço

da

Mem

ória

Sess

ões

Esp

ecia

is

Exp

osiç

ão S

hock

ing

Pin

ks

Fest

as

Restaurantes Parceiros Diner Parceiro Apoio a EventosApoios Espaço da Memória OrganizadO pOr: associação Cultural Janela indiscreta informações: [email protected] | www.queerlisboa.pt

Page 84: PARQ 14

Recommended