PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES
CURSO DE JORNALISMO
BRUNA CAROLINA KOPESKI
JORNALISMO DE MODA E NARRATIVAS – UM ESTUDO SOBRE O
CURITIBA
2019
BRUNA CAROLINA KOPESKI
JORNALISMO DE MODA E NARRATIVAS – UM ESTUDO SOBRE O
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Graduação em
Jornalismo da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, como requisito
parcial à obtenção do título de bacharel
em Jornalismo.
Orientadora: Prof. Me. Celina Alvetti
CURITIBA
2019
BRUNA CAROLINA KOPESKI
JORNALISMO DE MODA E NARRATIVAS – UM ESTUDO SOBRE O
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Jornalismo da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título
de Jornalismo de moda e narrativa – um estudo sobre o Instagram.
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________
Professora Celina Alvetti
Pontifícia Universidade católica do Paraná
_____________________________________
Professora Luana Navarro
Pontifícia Universidade católica do Paraná
_____________________________________
Professor Miguel Manasses
Pontifícia Universidade católica do Paraná
Curitiba, 11 de junho de 2019.
Dedico aos meus pais e à minha
irmã que sempre me apoiaram.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiro de tudo a Deus por sempre orientar os meus passos. Em
segundo agradeço aos meus pais (Leonardo e Claudete) por estarem sempre
ao meu lado me apoiando e torcendo por mim. Agradeço a minha irmã (Aline)
por sempre acreditar em mim mais do que eu mesma, por ser minha “fã
número 1”. Também agradeço a minha avó (Rosa) por sempre orar por mim e
ao meu sobrinho (João Bruno) por me fazer sorrir em todos os momentos, até
os mais difíceis. Sou grata também ao meu cunhado (Rafael) e a minha prima
(Ana Claudia) por serem meus parceiros e me ajudaram a realizar os meus
trabalhos.
Não poderia deixar de agradecer as minhas amigas, Eliziane, Isadora, Heloisa,
Camilla, Rute e em especial a Marilia, por sempre estarem ao meu lado
durante toda a faculdade, amo cada uma de vocês. Por fim, agradeço a minha
orientadora por ter tido paciência e por ter iluminado todos os meus
pensamentos e dúvidas. A todos que em algum momento me ajudaram durante
esses quatros anos, eu sou completamente grata.
Dar acesso à moda e à informação
de moda gera cultura de moda e
mais oportunidade para a sociedade.
(PACCE, Lilian, 2014, p.1)
RESUMO
Este trabalho tem como tema os conteúdos jornalísticos de moda no Instagram, com o
objetivo geral de analisar como o jornalismo de moda utiliza o Instagram para informar.
Os objetivos específicos desta monografia são compreender o conceito e a história do
jornalismo; revisar a história e a apropriação do jornalismo na internet e nas redes
sociais, estudando as narrativas jornalísticas online; compreender a importância do
jornalismo de moda no contexto atual; analisar a produção de conteúdos jornalísticos de
moda das revistas Vogue e Glamour no Instagram. Assim a pesquisa estuda quais são
suas características narrativas e imagéticas e de que forma as ferramentas (Feed,
InstaStory e IGTV) desta rede social são utilizadas. A pesquisa utilizará da análise de
Conteúdo, e analise monográfica, e busca embasamento teórico nos autores Crane
(2009), Scalzo (2004), Joffily (1991), Garcia e Miranda (2011) e Ali (2009) que
estudam o surgimento e o jornalismo de moda. E nos autores Canavilhas (2014),
Traquina (2005), Palácios (2002), Recuero (2009), Mielniczuk (2003), Motta (2012)
para explicar sobre o jornalismo online, as redes sociais e as narrativas. Por meio da
leitura desses autores, serão buscados resultados que demonstrem como uma notícia no
ambiente online é construída e quais são seus elementos narrativos.
Palavras-chave: Instagram; Jornalismo online; Narrativas; Jornalismo de moda;
Revistas;
ABSTRACT
The theme of this project is fashion journalistic content in Instagram, with the general
objective of analyzing how fashion journalism uses Instagram to inform. The specific
objectives of this monograph is to understand the concept and history of journalism;
review history and journalism appropriation of the Internet and social networks by
studying the online journalistic narratives; understand the importance of fashion
journalism in the current context; analyze production of fashion journalistic content
from Vogue and Glamour magazines on Instagram, examining their narrative and
imagery characteristics and how the tools (Feed, InstaStory and IGTV) of this social
network are used. The research will be done through Content analysis, and monographic
analysis. Aiming at the theoretical basis of the authors Crane (2009), Scalzo (2004),
Joffily (1991), Garcia e Miranda (2011), Ali (2009) who study the emergence and
fashion journalism. And the authors Canavilhas (2014), Traquina (2005), Palacios
(2002), Recuero (2009), Mielniczuk (2003), Motta (2012) to explain about online
journalism, social networks and narratives. Through these authors, results will be sought
that demonstrate how a story in the online environment is built and what are its
narrative elements.
Keywords: Instagram; Online Journalism; Narratives; Fashion Journalism; Magazines;
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Os gêneros textuais de moda........................................................................53
Figura 1: Divulgação da Gisele Bündchen na Vogue Outubro.......................................61
Figura 2: Divulgação do vídeo Vogue Raízes.................................................................62
Figura 3: Matéria de serviço – lugares para conhecer no Rio de Janeiro........................63
Figura 4: Tendências de beleza.......................................................................................64
Figura 5: Gif 10 years challenge.....................................................................................64
Figura 6: Gisele Bündchen com vestido sustentável.......................................................65
Quadro 2- Elementos narrativos: Vogue.........................................................................65
Figura 7: Baile da Vogue.................................................................................................67
Figura 8: Cobertura do SPFW realizada pela Vogue: bastidores....................................68
Figura 9: Cobertura do SPFW realizada pela Vogue: desfiles........................................69
Figura 10:Tendencia Western..........................................................................................72
Figura 11:Semana de moda em Paris..............................................................................73
Figura 12:Beneficios da automassagem..........................................................................74
Figura 13:Primeira bailarina do dance theatre of harlem................................................74
Figura 14:Previa da coluna jornalística Vic Ceridono.....................................................75
Figura 15:Nota de aniversario para atriz Drew Barrymore.............................................76
Figura 16: Dicas para criar penteados.............................................................................76
Quadro 3 - Elementos narrativos: Glamour.....................................................................76
Figura 17: Cobertura do SPFW realizada pela Glamour: bastidores..............................78
Figura 18: Cobertura do SPFW realizada pela Glamour: desfiles..................................79
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................12
2 O JORNALISMO .............................................................................................14
2.1 DOS VEÍCULOS TRADICIONAIS AO AMBIENTE ONLINE.....................15
2.1.1 A influência da tecnologia no jornalismo ......................................................17
2.2 JORNALISMO ONLINE ...................................................................................21
2.2.1 Web 2.0 ..............................................................................................................23
2.2.2 O Jornalismo na era da Convergência ...........................................................26
2.3. JORNALISMO NAS REDES SOCIAIS ...........................................................28
3 A NARRATIVA.................................................................................................33
3.1 NARRATIVAS JORNALÍSTICAS....................................................................33
3.1.1 Narrativas online: a pirâmide deitada ............................................................35
3.1.2 Narrativas do Jornalismo nas Redes Sociais...................................................36
3.1.3 Elementos Narrativos do Jornalismo Online..................................................37
3.1.3.1 Interatividade ......................................................................................................38
3.1.3.2 Multimidialidade ................................................................................................39
3.1.3.3 Hipertextualidade ...............................................................................................39
3.1.3.4 Personalização ....................................................................................................41
3.1.3.5 Memória ..............................................................................................................41
3.1.3.6 Instantaneidade ...................................................................................................42
3.1.4 Outras caracterizações......................................................................................43
4 A MODA COMO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO................................44
4.1 SISTEMA DE MODA ........................................................................................45
4.2 O JORNALISMO DE MODA E O SURGIMENTO DAS REVISTAS ............47
4.2.1 Revistas Segmentadas .......................................................................................50
4.3 JORNALISMO DE MODA NO BRASIL ........................................................52
4.3.1 Transição da revista de moda para redes sociais...........................................54
4.3.2 Gêneros textuais do jornalismo de moda .......................................................56
5 ANÁLISE DA REVISTA VOGUE E DA REVISTA GLAMOUR...............59
5.1 A HISTÓRIA DO INSTAGRAM ......................................................................61
5.2 VOGUE...............................................................................................................62
5.2.1 Feed.....................................................................................................................64
5.2.1.1 Primeira publicação V. 1.....................................................................................64
5.2.1.2 Segunda publicação V. 2.....................................................................................65
5.2.1.3 Terceira publicação V. 3......................................................................................67
5.2.1.4 Quarta publicação V. 4........................................................................................67
5.2.1.5 Quinta publicação V. 5........................................................................................68
5.2.1.6 Sexta publicação V. 6..........................................................................................68
5.2.1.7 Sétima publicação V. 7........................................................................................69
5.2.1.8 As setes publicações da Vogue............................................................................70
5.2.2 Instastories........................................................................................................71
5.2.3 IGTV..................................................................................................................74
5.3 GLAMOUR ........................................................................................................74
5.3.1 Feed....................................................................................................................75
5.3.1.1 Primeira publicação G. 1.....................................................................................75
5.3.1.2 Segunda publicação G. 2.....................................................................................76
5.3.1.3 Terceira publicação G. 3......................................................................................77
5.3.1.4 Quarta publicação G. 4........................................................................................77
5.3.1.5 Quinta Publicação G. 5........................................................................................78
5.3.1.6 Sexta publicação G. 6..........................................................................................79
5.3.1.7 Sétima publicação G. 7 .......................................................................................80
5.3.1.8 As setes publicações da Glamour........................................................................80
5.3.2 Instastories........................................................................................................81
5.3.3 IGTV.................................................................................................................83
5.4 CONCLUSÃO DA ANÁLISE...........................................................................83
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................86
REFERÊNCIAS ..............................................................................................89
12
1 INTRODUÇÃO
Com a revolução da internet e a criação das redes sociais, as mudanças no
jornalismo foram inevitáveis. Novas formas de fazer jornalismo foram adotadas para
suprir as diferentes necessidades que esse ambiente trouxe. O papel do leitor e do
jornalista, além dos gêneros e as narrativas, também mudaram para se adequarem a esse
novo espaço comunicacional. As notícias se converteram para vários formatos
narrativos, em que a utilização de imagem, de texto e de vídeo em uma única notícia
tornou-se comum.
As revistas de moda são um exemplo desta migração de plataforma, pois,
atualmente, é comum uma leitora que antes lia conteúdos de moda em uma revista
impressa, acesse agora o Instagram desta revista para ler as matérias postadas.
O Instagram surgiu em 2010 com o intuito de compartilhar fotos e vídeos
exclusivamente para dispositivo móvel. Com o passar dos anos, diferentes ferramentas
foram desenvolvidas, como o InstaStory e o IGTV, atualmente está é a mais nova
função deste aplicativo. Consequentemente, os canais de comunicação que emergiram
nesta rede se apropriaram destas ferramentas para complementar seus conteúdos. A
problemática deste trabalho pressupõe de que forma as ferramentas do Instagram
influenciam a construção da notícia de moda, evidenciando seus gêneros textuais?
Desta maneira, entendendo a importância das mudanças na construção de uma
notícia no ambiente online, como os elementos narrativos do jornalismo online e sua
influência no jornalismo de moda nas redes sociais, o objetivo geral desta monografia é
compreender como o jornalismo de moda utiliza o Instagram para informar.
Para isso, esta pesquisa tem como objetivos específicos compreender o
conceito e a história do jornalismo, revisar a história e a apropriação do jornalismo na
internet e nas redes sociais, estudando as narrativas jornalísticas online, compreender a
importância do jornalismo de moda no contexto atual e analisar a produção de
conteúdos jornalísticos de moda das revistas Vogue e Glamour no Instagram,
examinando quais são suas características narrativas e imagéticas e de que forma as
ferramentas (Feed, InstaStory e IGTV) desta rede social são utilizadas.
Para a realização desta monografia, dois métodos serão utilizados: a análise
bibliográfica para compreender as narrativas e os gêneros jornalísticos assim como
estudar os gêneros textuais do jornalismo de moda; análise de conteúdo para examinar
13
as narrativas jornalísticas das publicações do Instagram da revista Vogue e Glamour,
assim compreender quais são as narrativas presentes nesta rede social, além de examinar
as novas ferramentas do Instagram, como InstaStorie e IGTV na construção da notícia
de moda.
A linha de pesquisa deste trabalho é Cultura e ambientes midiáticos. Desta
forma, a estruturação da pesquisa será dividida em seis seções, sendo a primeira a
introdução, a segunda, terceira e quarta seções de revisão bibliográfica de conceito e
história do jornalismo, do jornalismo online, da narrativa e seus elementos narrativos,
além de compreender a importância do jornalismo de moda e sua função como notícia,
revisando a apropriação das revistas de moda no Instagram.
Para compreender de que forma as notícias de moda são construídas no
Instagram, a quinta e a sexta seção, por meio da análise de conteúdo, examinará as
publicações online das revistas Vogue e Glamour no Instagram, além de apresentar as
considerações finais do trabalho.
Deste modo, o trabalho se baseia nos conceitos abordados pelos autores
Traquina (2005), Canavilhas (2014), Palácios (2002), Marcondes Filho (2000), Recuero
(2009), Mielniczuk (2003), Pinho (2003), Salaverria (2014), Jenkins (2009) e Bertocchi
(2016) para explicar a história e os conceitos do jornalismo online e narrativas
jornalísticas, e os autores como Joffily (1991), Miranda e Garcia (2011), Crane (2009),
Scalzo (2004), Ali (2007), Melo e Assis (2016), Lipovetski (1989) e Barthes (2009)
para fundamentar os conceitos e a história da revista e do jornalismo e produção de
moda.
14
2. O JORNALISMO
O jornalismo é uma prática que, por meio de relatos sobre determinados
acontecimentos, contribuí com a construção de uma realidade. Sodré (1999) explica que
a produção de notícias é baseada a partir do reflexo do jornalista para representação de
uma certa realidade. Deste modo, “esse reflexo é apenas uma dimensão na construção e
percepção da realidade que ocorre de forma discursiva (apud SILVA, 2012, p. 9).
Barreiros (2003, p. 19) explica que, de certa maneira, “o jornalismo não
reproduz a realidade, mas constrói textos com o efeito de sentido de verdade”. Sendo
assim, a produção de uma matéria jornalística tenta reproduzir uma realidade da
maneira que ela aconteceu, a partir de um ponto de vista. Contudo, o autor pontua que
uma notícia, na maioria das vezes, “é escrita do ponto de vista do objeto e não do
sujeito” (2003, p. 27).
O jornalismo trabalha com a verdade, os fatos, tal qual acontecem. A notícia,
matéria prima do jornalismo, e o relato fiel do que ocorreu. E o dever ético
do repórter é narrar os fatos. [...] A realidade apresentada nas páginas dos
jornais não reproduz a realidade, mas constrói pelos próprios jornais, que
apresentam ao leitor uma verdade fabricada graças ao uso de técnicas que
buscam causar no leitor a impressão de que aquilo que ele encontra nas
páginas dos jornais e o simples relato objetivo dos fatos, exatamente como
eles se deram. [...] O jornalismo buscaria a reprodução da verdade, o relato
daquilo que de fato aconteceu, e tal como aconteceu. No jornalismo não há
espaço para ficção: tudo que se relata e real, verdadeiro. O espaço da ficção
seria o da literatura (BARREIROS, 2003, p. 19 -30).
A teoria do jornalismo intitulada como Construcionista originada em 1970, a
partir de teóricos como Stuart Hall, Gaye Tchuman, Schudson, Dardene e entre outros,
estuda a notícia como construção, evidenciando sua narrativa como complemento em
relatar uma realidade. Deste modo, as narrativas utilizadas em uma notícia ajudam a
construir, de certa forma, a realidade do acontecimento sem que aconteça distorção dos
fatos (HOHLFELDT, MARTINO, FRANÇA, 2011). Sousa (2008, p. 5) complementa
que “as notícias são histórias que resultam de um processo de construção linguística,
organizacional, social e cultural, pelo que não podem ser vistas como o espelho da
realidade”.
Contudo, Traquina (2005) esclarece que essa teoria defende as narrativas como
construção e as notícias como estórias, mas isso não significa que essa corrente de
estudo assume as notícias como caráter ficcional. Para o autor, o jornalismo é a forma
como a vida é contada e narrada, “é a vida em todas as suas dimensões, como uma
15
enciclopédia [...], é um conjunto de estórias, estórias de vida, estórias das estrelas,
estórias de triunfo e de tragédia” (TRAQUINA, 2005, p. 19-21).
Deste modo, o autor ressalta que a prática jornalística sempre existiu. Contudo,
a sua expansão se originou após o advento da tipografia de Gutenberg no século 15 e a
chegada da imprensa no século 19, que massificou os jornais. Com isso, o jornalismo se
tornou o principal “dispositivo enformador da aldeia global” (SOUSA, 2008 p. 4), e os
jornais se tornaram os principais meios de comunicação e de divulgação de notícias,
adquirindo um aspecto de indústria jornalística.
2.1 DOS VEICULOS TRADICIONAIS AO AMBIENTE ONLINE
No Brasil, a imprensa surgiu com a chegada da família real em 1808
(GLANZMANN, OLIVEIRA, 2010). O primeiro jornal editado no país foi o jornal
Gazeta do Rio de Janeiro, que tinha como objetivo e função divulgar assuntos dos
interesses da coroa, sem possuir um conteúdo social. Contudo, o primeiro jornal
brasileiro foi lançado na Inglaterra chamado de Correio Brasilienze, sendo editado por
José Hipólito de Costa com o intuito de fazer circular conteúdos fora do domínio do
governo português (BRANDÃO, JARDIM, 2014).
O surgimento da imprensa no Brasil e no mundo, proporcionou um novo
momento ao jornalismo. Traquina (2005) relata que neste período, também conhecida
como penny press, a prática jornalística e as redações de jornais se expandiram, o que
contribuiu com a criação de novos empregos e com a contratação de vários profissionais
empenhados a melhorar essa profissão.
Com isso, o autor relata que esses profissionais desenvolveram um novo
propósito ao jornalismo: noticiar e não fazer propaganda. Dessa maneira, a notícia se
tornou baseada somente em fatos e não em opiniões, com a proposta final de servir
apenas aos leitores e não aos políticos, assim como Marcondes filho cita no livro
Comunicação e Jornalismo (2000, p. 12), “o jornalismo vai deixando de ser um
instrumento dos políticos para ser uma força política autônoma”.
No entanto, ainda no século 19, as transformações tecnológicas da época
reivindicaram das empresas jornalísticas uma competência financeira de
autossustentação. E com isso, incorporou no jornalismo “pesados pagamentos
periódicos para amortizar a modernização de suas maquinas”, além de, “transformar
uma atividade praticamente livre de pensar e de fazer política em uma operação que
16
precisará vender muito para se autofinanciar”. Em consequência, a prática jornalística
ficou sujeita ao domínio do poder financeiro e da autoridade pública (MARCONDES
FILHO, 2000, p. 13).
Bourdieu (1997), citado por Silva (2012, p.4, grifo do autor), ressalta que
devido ao impacto dessas novas mudanças, os jornais começaram a trabalhar com a
notícia em tempo real, em que, “a atividade jornalística começou a ser orientada pela
pressão do tempo, do imediatismo e pelo “furo” de reportagem”. Traquina (2005, p. 53)
também ressalta que esses aspectos da imprensa nesta época marcaram o jornalismo do
século 19 como iria marcar toda a história do jornalismo ao longo do século 20, até o
presente, “apertando cada vez mais a pressão das horas de fechamento, permitindo a
realização de um valor central da cultura jornalística – o imediatismo”.
O autor ainda comenta que nesse período surgiu a figura do repórter e a adoção
da técnica da entrevista com uma multiplicidade de fontes e utilização de testemunhas
oculares. Assim, os conteúdos noticiosos começaram a ter uma apuração mais
fundamentada, inserindo características do jornalismo investigativo e utilizando
narrativas com técnicas descritivas, as quais, transformou a notícia em um produto,
procedendo de tal modo, o início da pirâmide invertida e a utilização do lide, formato
dominante a partir de 1900 e utilizada até hoje (TRAQUINA, 2005). Silva afirma que:
o século XIX foi o período da História de maior importância para a imprensa
devido a fatores como a evolução dos sistemas econômico e político, os
avanços tecnológicos, transformação sociais e o reconhecimento da liberdade
em rumo à democracia. Quando o jornalismo se expandiu transformando-se
em um negócio lucrativo e rentável conseguiu também sua independência
econômica em relação aos subsídios políticos que dominava a imprensa em
seus primórdios (SILVA, 2010, p. 2).
Sodré (1999 apud SILVA, 2012) reforça que nesse período, devido à demanda
em produzir cada vez mais notícias, houve um crescimento das empresas jornalísticas.
Contudo, para Marcondes Filho (2000), o desenvolvimento das indústrias publicitárias
como novas formas de comunicação distorceu a essência do jornalismo, no qual, o autor
explica essa descaracterização da prática jornalística como um enfraquecimento dos
princípios da construção da notícia em si.
17
o processo de desintegração da atividade, seu enfraquecimento, sua
substituição por processos menos engajados (que já não buscam a “verdade”,
que já não questionam a política ou os políticos, que já não apostam numa
evolução para uma “sociedade mais humana”) é um sintoma de mudança dos
tempos e dos espíritos (MARCONDES FILHO, 2000, p. 15, grifo do autor).
Foi no final do século 19 e início do século 20 que o jornalismo incorporou
novos gêneros textuais, como reportagem, nota, crônica, entrevista, entre outros. Ainda
no mesmo período, os conteúdos mais segmentados tiveram desenvolvimento como
Silva descreve: “Então, surgiram as editorias especializadas em temas e abordagens
específicas como esportes, lazer, vida social e cultural, crítica literária, notícias
policiais, regionais, nacionais, internacionais” (SILVA, 2012, p.5).
Essas editorias segmentadas são características marcantes no século 20. Os
jornalistas começaram a escrever matérias baseadas em seu gosto pessoal,
“considerando afinidades com temas que habitualmente costumavam cobrir ou que
abordavam com maior facilidade. Essa tendência de especialização incentivou os
repórteres a escrever para públicos específicos” (SILVA, 2012, p. 6).
No Brasil, o século 20 caracterizou-se por grandes mudanças na história do
país, pois é o período em que o Brasil “deixava de ser Império e entrava na República
sem se configurar como nação”, consolidando o jornalismo como uma “empresa que
vende informação” (SCHERER, 2014, p. 2). Costella (1964) afirma que por meio
dessas mudanças, o texto das notícias deixa de ser opinativo e assume um caráter
informativo, mudando conceitos da prática jornalística, dedicando-se mais à notícia
(apud SCHERER, 2014).
2.1.1 A influência da tecnologia no jornalismo
Marcondes Filho (2000, p. 30) descreve que neste período, século 20, o
jornalismo foi marcado pela era tecnológica. O autor aponta dois processos
fundamentais que caracterizam essa fase, como a ampliação da “indústria da
consciência no plano das estratégias de comunicação e persuasão dentro do noticiário e
da informação”, ou seja, o aumento das matérias realizadas pela imprensa, fornecidos
aos jornais por meio de agentes empresariais e públicos.
Outro processo retratado pelo autor foi a substituição do jornalista pelos
“sistemas de comunicação eletrônica, pelas redes, pelas formas interativas de criação,
18
fornecimento e difusão de informações” (MARCONDES FILHO, 2000, p.30), na
produção recolhimento de materiais para as produções das notícias.
Para Barcelos, ainda no século 19, as primeiras fotografias foram tiradas por
Joseph Nicéphore Nièpce, em que, devido os instrumentos usados na época, as imagens
demoravam horas para serem capturadas. Foi a partir de 1880 que surgiu “a técnica que
permitiu a reprodução das fotografias em jornais e revistas” (BARCELOS 2003, p. 1).
Entretanto, Costa (1999, p.2) afirma que foi Louis Daguerre, “que ficou com a
glória de inventor da fotografia. Daguerre, após ter divulgado o seu processo, tornou-o
acessível ao público em 19 de agosto de 1839”, em que, foi nesse momento que a
Academia de Artes e Ciências da França anunciou o nascimento da fotografia.
O processo para introduzir as imagens nos veículos de comunicação foi lento.
Os editores desvalorizaram, por muito tempo, “a seriedade da informação fotográfica
que, para eles, não se encaixava nas convenções nem na cultura jornalística de então.
Além disso, [...] as câmeras eram pesadas, o flash de magnésio exalava mau cheiro”
(BARCELOS, 2013, p. 1). Entretanto, para Lima (1989, p. 9):
a introdução da fotografia na imprensa foi um fenômeno de importância
capital. Ela mudou a visão das massas. Até então o homem comum só
visualizava os acontecimentos que ocorriam ao seu lado, na rua, em sua
cidade. Com a fotografia, uma janela se abriu para o mundo. Os olhares dos
personagens públicos, os acontecimentos que ocorreram no próprio país e
fora das fronteiras ficam familiares. Com o alargamento do olhar o mundo se
estreitou.
Sousa (2002, p. 14) afirma que com o surgimento do primeiro tabloide
fotográfico, o Daily Mirror, em 1904, as fotografias deixaram de “ser secundarizadas
como ilustrações do texto para serem definidas como uma categoria de conteúdo tão
importante como a componente escrita”.
Com isso, surgiu a cobertura baseada em uma única fotografia considerada
exclusiva, conhecida como a técnica de scoop (furo). Barcelos (2013, p. 8) reforça que
nessa época os jornais passaram “a dar mais atenção à fotojornalismo, valorizando o
scoop, a velocidade e o sensacionalismo”.
A popularização da utilização das imagens fotográficas na imprensa foi
ampliada a partir de 1930. Sousa (2002, p. 17) pontua alguns elementos que justificam
essa ampliação, como: a influência do cinema, as práticas de fotografia documental
dedicada a fins sociais, o surgimento do fotojornalismo de autor, a compreensão da foto
19
“como fator de legibilidade e acesso aos textos”, as modificações na diagramação e
designer dos jornais norte-americanos, valorizando as fotos, além da utilização do
fotojornalismo na cobertura de guerras e, por fim, o avanço tecnológico desenvolvendo
câmeras menores e mais rápidas.
é na década de trinta do século XX que o fotojornalismo vai integrar-se, de
forma completa, nos jornais diários norte-americanos, de tal modo que, no
fim da década, e em comparação com o seu início, o número de fotografias
nos diários tinha aumentado dois terços, atingindo a média de quase 38% da
superfície em cada número. (Nerone e Barnhurst, 1995) Alguns jornais, como
o New York Evening Graphic, usavam até fotomontagens obscenas para
vender nos tempos de crise (SOUSA, 2002, p. 20, grifo do autor).
Foi também por volta desse período que a notícia radiofônica surgiu. No
Brasil, o registro do surgimento da primeira emissora de rádio, chamada de Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro, foi em 1923. Contudo, de acordo com os autores Oliveira
e Menenguel (2008), a primeira experiência radiofônica foi a transmissão em praça
pública do discurso do presidente Epitácio Pessoa em 1922.
Foi a partir da notícia transmitida no rádio que muitas pessoas da época,
analfabetas, informavam-se. Tavares (1997 apud GOMES, SANTOS, 2017, p. 19)
definiu a importância deste meio comunicacional, afirmando que:
o rádio é o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à
escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças;
o consolador do enfermo; o guia dos sãos, desde que o realizem com espírito
altruísta e elevado.
A partir dos anos 1950, o rádio sofre consequências devido ao surgimento de
um novo meio de comunicação: a Televisão. No Brasil, em 18 de setembro de 1950 foi
inaugurada a primeira emissora de Televisão, a PRF-3 TV Difusora, e posteriormente,
surgiu a TV Tupi de São Paulo, com a iniciativa do jornalista Assis Chateaubriand. Foi
a TV Tupi que inaugurou o primeiro telejornal, “a imagem do dia”, com modelo
próximo ao do rádio, ou seja, com locução em off. O primeiro telejornal de sucesso
surgiu em 1953, conhecido como “Repórter Esso” e ficou entre os dez programas de
maior audiência de São Paulo (PEREIRA, 2005, grifo do autor).
Com o passar dos anos, o jornalismo foi se adequando às novas tecnologias –
do rádio e da televisão – modificando-se, como sua narrativa e sua forma de noticiar, de
20
acordo com os contextos sociais que transitava. Marcondes Filho (2000, 31) comenta
que as tecnologias mudam as linguagens dos conteúdos, e cita que o “fascínio da
imagem, definido como critério principal dos meios visuais, passa a ditar a hierarquia da
comunicação”, sendo considerada primeiro a qualidade da imagem, e depois a narrativa
da notícia.
Esse preceito da protagonização da imagem é um aspecto importante dos meios
de comunicação online. Mas antes de falar sobre o jornalismo online, é necessário
compreender sobre o início da internet.
Foi em 1969 que surgiu a internet nos Estados Unidos, originada por um órgão
do governo conhecido como o Advanced Research Projects Agency (Arpa – Agência de
Pesquisa e Projetos Avançados), que desenvolveram a Arpanet. No início, a internet foi
criada com o objetivo de ser uma rede que trocava informações entre computadores,
com o intuito de gerar uma comunicação que informava sobre possíveis ataques de
guerra no país.
Em 1983, a Arpanet deixou de ser criada apenas para fins de segurança e se
dividiu entre mielt, com intenções a práticas militares, e entre a “nova Arpanet, uma
rede com propósitos de pesquisa, que progressivamente começa a ser chamada de
Internet”. A qual, posteriormente foi transferida como responsabilidade da National
Science Foundation (NSF) (NASCIMENTO, 2004, p. 14).
Pinho (2003) pontua que a NSF desenvolveu uma nova rede para comunicar
pesquisadores em vários países, na qual, a partir desse momento, a internet se
popularizou em meados da década de 1990.
tal como os seus antecessores, este meio passou várias décadas num “estado
larvar”, desde os anos 60. No entanto, na última década do século XX, o
desenvolvimento da internet deu um salto qualitativo graças, especialmente, à
tecnologia Web. O recurso ao hipertexto foi potenciado, ao mesmo tempo
que se simplificou precisamente a apresentação simultânea de vários tipos de
elementos multimídia (SALAVERRÍA, 2014, p.32, grifo do autor).
A ascensão da internet se deu com o surgimento da World Wide Web (WWW)
em 1991, desenvolvida pelo o engenheiro Tim Berners-Lee no Laboratório Europeu de
Física de Partículas (CERN) “criando assim a configuração da rede mundial que
utilizamos hoje e que, tal sua importância, representa aos olhos do usuário a própria
Internet”(NASCIMENTO, 2004, p. 15). Pinho reforça que:
21
a World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da
informação dos arquivos na rede. O método extremamente simples e eficiente
do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem
como principais padrões o protocolo de comunicação HTTP, a linguagem de
descrição de páginas HTML e o método de identificação de recursos URL
(PINHO, 2003, p. 33).
A partir disso, a internet adotou uma linguagem mais simples, permitindo a
várias empresas, organizações, entidades públicas ou privadas, a acessarem esta rede
para divulgar seus produtos e criar uma relação com os clientes/usuários. Foi neste
contexto que os veículos de comunicação também decidiram apropriar da internet para
ter maior alcance em seus conteúdos, transformando esta rede online em um novo canal
de comunicação (NASCIMENTO, 2004, p. 17).
Pinho ressalta que o jornalismo online ao surgir teve, em consequência, a
reintegração com a globalização. (PINHO, 2003). Assim, a internet possibilitou uma
facilidade na disseminação de notícias, em que, o jornalismo se tornou digital, adotando
características narrativas próprias de sua plataforma.
2.2 JORNALISMO ONLINE
A migração do jornalismo para internet foi inevitável. Nesse espaço as
informações se tornam onipresentes, facilitando a comunicação e a troca de
conhecimentos (BERTOCCHI, 2016). O primeiro relato da apropriação do jornalismo
na Web foi nos Estados Unidos, na década de 1970, no jornal The New York Times. No
Brasil essa migração aconteceu após a expansão do World Wide Web (www)
aproximadamente em 1994 (IVASSAKI, 2005).
O primeiro veículo jornalístico do Brasil a lançar um site noticioso na internet
foi o Jornal do Brasil em 1995. Posteriormente, o jornal O Globo e a agência de notícias
Agência Estado também surgiram nesse meio “ajudando no ponta-pé do jornalismo na
Internet no país” (REGES, 2010, p.14).
Um ano depois, em 1996, foi lançado o primeiro jornal em tempo real, em
língua Portuguesa da América Latina, o Brasil Online (atualmente Folha Online) com
matérias feitas na redação com a convergência de áudios como forma de
22
complementação nos conteúdos da web. Sucessivamente, com a popularização desse
novo ambiente, novas plataformas de jornalismo na internet foram desenvolvidas, como
o Último Segundo (US) criada nos anos 2000 pela Internet Grátis, sendo considerado
por alguns autores como o primeiro jornal brasileiro voltado especificamente para a
internet (IVASSAKI, 2005).
No início, o jornalismo apenas transferia seus conteúdos impressos para o
ambiente online. Posteriormente, com o passar dos anos, foi adotando características
próprias da rede para construir as notícias. Os autores Pavlik (2001 apud
CANAVILHAS 2005) e Mielniczuk (2001 apud DREVES, PALMAS, 2006) separaram
a evolução do jornalismo na web em três fases, ou gerações:
a) no primeiro momento, os conteúdos impressos foram publicados na internet
sem grande mudança, não existia uma narrativa própria para este meio;
b) na segunda fase os conteúdos ainda possuíam características do primeiro
período, mas já eram produzidos direccionalmente para o ambiente online,
podendo ter, ou não, características de uma linguagem própria para o meio,
como os hiperlinks, utilizações de vídeos, fotos, sons e com aplicações
interativas, surgindo sucessivamente a terceira fase;
c) na terceira geração, a noticia é construída exclusivamente pensada para a
web, possuindo a convergência de todas as características narrativas;
Alguns autores ainda separam as fases do jornalismo na internet em quatro ou
cinco períodos. Schwingel (2005, p. 1) afirma a existência de uma quarta geração ao
jornalismo online que representa “a efetiva industrialização de processos que hoje são
elaborados muitas vezes de forma intuitiva e artesanal”. No entanto, de maneira geral,
todas fases tem o mesmo conceito de tempo e características.
as empresas jornalísticas começam então a “otimizar” o espaço no Jornalismo
Online, no sentido do melhor aproveitamento das características da rede, com
a real convergência dos meios, possibilitando não só a leitura na Web, mas
também proporcionando ao internauta o acesso a som, animação, imagens em
movimento, com forma de explorar as potencialidades da rede (DREVES,
PALMA, 2006, p. 2, grifo do autor).
Mielniczuk aponta várias nomenclaturas ao jornalismo na internet, separando-
as de acordo com cada função, bem como: Jornalismo digital ou multimídia, citado por
Gonçalves (2000 apud MIELNICZUK, 2003, p. 24), como “uma característica do meio,
não contemplando todas as especificidades da nova realidade”. Já o jornalismo
23
eletrônico é explicado pela autora como o termo mais abrangente, e refere-se a
uma prática que “utiliza de equipamentos e recursos eletrônicos para construir uma
notícia”.
O conceito de Ciberjornalismo origina-se do termo ciber, como “um espaço
hipotético ou imaginário no qual se encontram imersos aqueles que pertencem ao
mundo da eletrônica, da informática” (GIBSON, 1991 apud MIELNICZUK, 2003, p.
25). Além desse conceito inicial, Mielniczuk (2003, p. 27) define o ciberjornalismo
como uma prática que é auxiliada a partir de tecnologias dentro deste espaço.
Outros termos pontuados pela autora são o Jornalismo online, sendo
“desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo
real”; e o Webjornalismo definido pela autora e por Canavilhas (2001) como uma
prática jornalística que tem o enfoque na utilização “de uma parte específica da internet,
que é a web” (apud MIELNICZUK, 2003, p. 27).
Porém, atualmente, o Jornalismo na Web adota todos os termos com um
mesmo significado, bem como: Jornalismo Online, Ciberjornalismo, webjornalismo,
jornalismo digital, jornalismo multimídia, entre outros. Assim como Palácios (2011
apud LIMA, 2016, p. 6) defende, que o jornalismo na internet pode adotar quaisquer
termos referente a esse conceito, pois, independente da definição, o jornalismo no
ambiente online é uma prática jornalística realizada “de alguma maneira na Internet com
suporte dos meios digitais”.
Canavilhas (2005, p. 1) reforça esse conceito, e para o autor “o jornalismo
online não é mais do que uma simples transposição do velho jornalismo escrito,
radiofónico e televisivo para um novo meio”. Nunes (2018, p. 13) complementa que as
nomenclaturas do jornalismo na internet “ainda não possuem uma unanimidade no
mundo acadêmico”. Deste modo, esta pesquisa adota o termo como jornalismo online,
pois assim como Mielniczuk e Canavilhas, compreende essa prática como o jornalismo
realizado dentro do ambiente online, transmitindo as notícias em tempo real.
2.2.1 Web 2.0
A partir de 2004, um novo ambiente tecnológico e social foi captado, intitulada
como Web 2.0. De acordo com Steganha (2010, p.12) esse ambiente “potencializa a
atividade coletiva, reconfigura a troca, a produção e a distribuição das informações
24
dentro da rede por meio de um sistema de cooperação entre os internautas”. A web 2.0
reestruturou a troca e a distribuição de informações e principalmente a produção de
conteúdo.
Esse processo desenvolveu e incorporou a técnica de cooperação e participação
entre os usuários. As comunidades, blogs (considerada primeira ferramenta da Web
2.0), sistemas de assinaturas, Wikis (enciclopédia online), as redes sociais, além do uso
das tags (tagging).
é como se todos fossem vizinhos, apesar de poderem estar distantes milhares
de quilômetros uns dos outros, compartilhando preferências, confidências,
namorando ou mesmo falando de trabalho. Basta apenas a conexão com uma
ou mais redes sociais (STEGANHA, 2010, p.10).
Nesse espaço, a forma de fazer jornalismo foi modificada e a sua essência
permaneceu a mesma - apuração dos fatos, ouvir diversas fontes, captar imagens
intrigantes, entregar o conteúdo mais rápido, a procura pela verdade, objetividade e a
prestação de serviço ao público. No entanto, a maneira de realizar essas etapas foram
remodeladas com o acesso e a mobilidade da internet.
Bertocchi (2016) afirma que esse novo espaço comunicacional permitiu para a
população mais facilidade de acesso às informações. Desse modo, o receptor além de
ser mais imersivo, também se transformou em um leitor móvel e interativo, no qual, o
papel do jornalista se tornou como um mediador no fluxo de notícias. Steganha
concorda com os benefícios do jornalismo na internet:
o mundo ficou mais próximo para o jornalista da ‘Sociedade da Informação’,
e apurar uma notícia tornou-se um processo mais ágil e menos dispendioso.
Com um clique ou uma ligação para um telefone móvel ou fixo é possível
saber o que acontece do outro lado do planeta em tempo real. Nada mais de
esperar as agências internacionais repassarem as notícias. Basta um e-mail,
um SMS, um telefonema, um scrap ou uma ‘twittada’ para se obter
instantaneamente a informação (STEGANHA, 2010, p. 13, grifo do autor).
Nesse ambiente, as funções do emissor e receptor se remodelaram. O leitor é
participativo e pode publicar informações de alguma notícia, na maioria das vezes por
meio de relatos sobre acontecimentos vividos ou presenciados por ele. “É como se todo
cidadão que tem acesso às tecnologias se tornasse uma fonte de informação”
(STEGANHA, 2010, p. 18). Contudo, para os autores Aguiar e Barsotti (2012) a Web,
de certa forma, complicou o trabalho do jornalista, sobre o qual, é questionado o papel
25
desse profissional diante de um ambiente em que todos dominam, e que qualquer um
pode ser um “repórter” ou uma fonte exclusiva.
Os autores ainda perguntam qual a melhor forma de aproveitar a
contribuição/participação desses usuários e demonstram uma preocupação com a
colaboração desses leitores, pois afirmam que tal internauta pode resistir a contribuição
de informação, optando por ele mesmo a divulgar a notícia em suas redes sociais. Além
de colaborar com a construção da notícia, esse usuário também tem a capacidade da
distribuição dessas notícias, presentes nos veículos de comunicação, por meio da rede
online, mais especificamente, de suas redes sociais.
Nesse contexto, outro problema foi originado pelo ciberespaço: o constante
fluxo de notícias construídos por fontes questionáveis, já que todos podem criar uma
informação, seja ela verdadeira ou não. Desta maneira, esse leitor pode colaborar, ainda
que inconsciente, a distribuição de falsa notícias (ROCHA, LAVARDA, SILVEIRA,
2018).
Vários veículos de comunicação já desenvolveram diferentes maneiras de
aproveitar as participações dos leitores, como, por exemplo, a adoção de um espaço para
os receptores compartilharem suas opiniões e informações nos grandes portais de
comunicação. As opções “deixe sua opinião”, ou “Comunique erros” presente, por
exemplo, no site da Gazeta do Povo e “erramos” no site da Folha de São Paulo são
exemplos destas participações. Esses conteúdos compartilhados com os veículos de
comunicação, seja imagem, vídeo, ou apenas o relato textual, são utilizados, em alguns
casos, nas construções das reportagens.
as novas tecnologias da comunicação e informação (NTICs) estão mudando
não só o jornalismo on-line, mas sim todas as formas de se fazer jornalismo;
estão alterando o processo de produção da notícia, graças, como vimos, aos
dispositivos que agilizam a apuração dos fatos e o acesso às fontes. Mais uma
vez, o ambiente on-line possibilita experiências como a convergência entre
mídias, além de um processo contínuo de produção de informação
(STEGANHA, 2010, p. 31).
A construção das notícias no jornalismo online adota novas características a
partir da era da convergência retratada por Jenkins no livro Cultura da Convergência,
em que “representa uma transformação cultural, à medida que consumidores são
incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos de
mídia dispersos (2009, p. 29-30). Sendo assim, o jornalismo neste ambiente incorpora
26
novas características que afetam o modo de produção, distribuição e consumo dos
conteúdos (SALAVERRÍA, 2008).
2.2.2 O jornalismo na era da convergência
Nessa era da convergência, a construção dos conteúdos, sua forma e seus
elementos narrativos, foram modificados. A “era da convergência” é pautada por
Jenkins (2009) como uma relação desenvolvida entre as pessoas e as novas mídias e que
deve ser compreendida como um processo cultural.
a convergência das mídias é mais do que apenas uma mudança tecnológica.
A convergência altera a relação entre tecnologias existentes, industrias,
mercados, gêneros e públicos. A convergência altera a lógica pela qual a
indústria midiática opera e pela qual os consumidores processam a notícia e o
entretenimento. Lembre-se disto: a convergência refere-se a um processo,
não a um ponto final [...]. Estamos entrando em uma era em que haverá
mídias em todos os lugares. A convergência não e algo que vai acontecer um
dia, quando tivermos banda larga suficiente ou quando descobrirmos a
configuração correta dos aparelhos. Prontos ou não, já estamos vivendo numa
cultura da convergência” (JENKINS, 2009, p. 43).
Na era da convergência, “as novas tecnologias da informação e da
comunicação modificam os modos de construção da narrativa e as práticas jornalísticas”
(SOUZA, 2018, p. 2). Jenkins (2009) complementa e afirma que essa cultura da
convergência remodelou a relação dos veículos de comunicação e os leitores, além de
ter modificado a estrutura narrativa de uma notícia.
O autor (2009, p. 138) nomeia essa estrutura de “narrativa transmídia” ou
transmedia storytelling, e explica que esse modelo narrativo é uma resposta à
convergência, na qual uma história “desenrola-se através de múltiplas plataformas de
mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo”.
Inspirado por esse conceito, Martins resume a transmidialidade como uma “relação
entre as histórias, ligadas pelo mesmo enredo e narradas por meios diferentes” (2015, p.
189).
Gutemberg e Lima (2017, p. 2) afirmam que são necessárias duas
características fundamentais para uma narrativa ser considerada transmídia, como a
adição de conteúdo, e a participação do público/usuário, em que, “deve existir uma
participação, pois o público precisa contribuir na construção do conteúdo”. Figueiredo
(2016, p. 46), do mesmo modo que Jenkins (2009), chama essa característica como
27
“cultura participativa”, que “contrasta com a noção de passividade do público, que
abandona o papel de simples consumidor de produtos de mídias e passa a participar,
interagir e até mesmo produzir seu próprio conteúdo midiático”.
A autora ainda afirma que a narrativa transmídia, apoia-se em uma tríade, entre
a cultura participativa, explicado anteriormente, a convergência dos meios de
comunicação e a inteligência coletiva. A convergência dos meios de comunicação é
explicada como “fluxos de conteúdo através de múltiplas plataformas de mídias” (2016,
p. 46). Quanto ao conceito de “inteligência coletiva”, de acordo com Pierre Lévy,
“refere-se à estratégia de consumo encontrada para fazer frente ao grande fluxo de
informações dos nossos dias” (apud FIGUEIREDO, 2016, p. 46).
Para Souza (2018 p.2) esse aspecto narrativo - Storytelling – é muito utilizado
no jornalismo atualmente, pois, “corresponde a uma técnica narrativa que consiste
basicamente em apropriar-se de discursos e ações para transformá-los em relatos”.
Cunha e Mantello (2014) exemplificam o conceito, no qual, “o jornalista é o contador
(teller) e o fato selecionado (story) é aquilo que será narrado”. Dessa maneira,
storytelling é a utilização de alguns discursos para narrar uma história. Assim como
pontua Figueiredo:
uma vez que um único texto não conseguiria abranger todo o conteúdo da
narrativa, um texto central oferece vários pontos de acesso ao enredo, pontos
esses que são explorados em outras mídias tais como jogos digitais, histórias
em quadrinhos, sites, vídeos online, blogs, redes sociais etc. Assim, através
da narrativa transmídia, pode- -se, por exemplo, desenvolver histórias de
personagens secundários, apresentar outras perspectivas da narrativa,
completar “buracos” da história, ou ainda fazer uma ponte entre um filme e
sua sequência (2016, p. 46, grifo do autor).
Cunha e Mantello (2014) realçam que a técnica do Storytelling assemelha-se ao
jornalismo literário ao narrar uma história. Contudo, “a técnica do storytelling não
necessariamente está atrelada à reportagem densa e literária dos veículos impressos, que
hoje precisam adaptar-se à convergência de plataformas”. Os autores ainda afirmam:
portanto, storytelling está mais próximo de uma técnica de redação do que de
ser outra nomenclatura para o Novo Jornalismo, visto que pode ser aplicado
em qualquer meio de comunicação e em qualquer natureza de texto. Também
vai além do jornalismo, visto que é uma técnica de redação aproveitada por
este último para reportar histórias apuradas. É possível, portanto, aplicar a
técnica do storytelling na redação publicitária ou em produtos e estratégias da
comunicação organizacional, por exemplo (CUNHA, MANTELLO, 2014, p.
60).
28
Foi neste ambiente online que surgiu as redes sociais mais conhecidas, como o
Facebook, Twitter e Instagram. Ainda que essas redes não tenham sido criadas para o
jornalismo, a apropriação destas plataformas para informar foi inevitável. Novas
maneiras de fazer jornalismo foram mais uma vez desenvolvidas para suprir as
necessidades desse novo espaço.
2.3 O JORNALISMO NAS REDES SOCIAIS
Com a expansão da internet e a criação de comunidades, blogs, sites de
relacionamentos e, posteriormente, os desenvolvimentos das redes sociais, mudaram as
formas de comunicação, de relacionamentos e de trocas de informações, sendo
mediadas por computadores e, nos últimos anos, por celulares.
Por ser um ambiente midiatizado, em que a troca de informações é constante, a
facilidade de acesso permitiu uma propagação de culturas compartilhadas, criando o que
Pierre Levy chama de “Cibercultura”. De acordo com o autor, cibercultura é “o
conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de
pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do
ciberespaço” (LEVY, 1999, p. 18).
Canavilhas (2011), citado por Aroso (2013, p. 6), realça que este ambiente
“mejora la transformación de las audiencias en las comunidades, situación que tiende a
generar lealtad de los consumidores por el desarrollo de sentimientos de pertenencia a
una comunidad”. Mas, ainda que essas redes não tenham sidos desenvolvidas para o
jornalismo, a migração dos meios de comunicação para este ambiente foi inevitável.
Recuero define a rede social como uma ligação de dois elementos, as pessoas,
ou instituições e grupos a que ela chama de atores, e suas interações e conexões nestas
redes sociais, ou seja, “uma rede social, assim, é uma metáfora, para observar os
padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os
diversos atores (RECUERO, 2009, p. 24).
Desse modo, a utilização do jornalismo nas redes sociais como, Instagram,
Facebook, Twitter, entre outros, tornou-se uma prática bastante comum, possibilitando
aos leitores “complementar a informação pelos comentários, mensagens diretas, além de
compartilhar os conteúdos em seus perfis pessoais” (LUZ, WOITOWICZ, 2017, p 4).
29
Aroso (2013) complementa, afirmando, que a participação deste usuário é uma
característica bem forte na rede. Essa atividade tem várias nomenclaturas, entre elas
jornalismo participativo, jornalismo colaborativo, jornalismo cidadão, cultura
participativa e entre outros.
Essa característica jornalística se originou no impresso por meio de cartas e
ligações telefônicas e, até mesmo, por sugestão de pautas. No ambiente online, com a
facilidade de acesso, o jornalismo participativo passou a ter uma maior importância,
pois, o leitor, nesse ambiente, tem mais liberdade em se expor, participar, publicar e
compartilhar as informações (AROSO, 2013). Viegas ressalta que “hoje o jornalismo
conta com a colaboração de um usuário comum que busca pela sua exposição e
liberdade de expressão junto à sociedade contemporânea: ele é visto nas redes sociais
como um ator social” (2015, p. 13). Para Aroso:
esta ocorre de diversas formas, na medida em que o público é convidado a
dar o seu contributo através de: comentários, blogs, fóruns, redes sociais,
chats, envio de fotografias, vídeos ou textos. Tudo isto tem repercussões: no
jornalismo – nas rotinas produtivas, na agenda, nos recursos e fontes
utilizadas –; na relação entre jornalistas e público; e na própria profissão – há
novas funções para jornalistas ou até mesmo novas profissões como gestores
dos media e de comunidades (AROSO, 2013, p. 4).
Canavilhas (2011 apud AROSO, 2013) afirma que devido ao crescimento das
redes sociais, os meios de comunicação se adaptaram a esse espaço para melhorar a
distribuição dos conteúdos noticiosos. Rodrigues (2010) ressalta alguns conceitos da
utilidade dessas redes no jornalismo, como “o relacionamento com as fontes, a
ampliação, valorização e distribuição de conteúdo, a fidelização dos leitores e a
velocidade informativa (2010, p. 219)”.
Outra característica que as redes sociais possibilitaram à prática jornalística foi
uma visibilidade maior nos conteúdos específicos, ou seja, a popularização dos
conteúdos jornalísticos segmentado, assim como o jornalismo esportivo, jornalismo
cultural, jornalismo de moda, e entre outros. Sendo assim, os portais destes gêneros
jornalísticos se beneficiaram.
O Instagram é uma das redes sociais que mais favoreceram os conteúdos de
moda, pois é uma plataforma bastante visual, característica que enriquece esse
segmento. As revistas de moda Vogue e Glamour, por exemplo, utilizam de suas redes
sociais para criar uma aproximação maior com seu público. Por meio da participação e
30
interação dos leitores em suas publicações online, os conteúdos desses portais de
comunicação conseguem atingir um público ainda maior.
Essa rede social surgiu em 2010 com o principal objetivo de publicação e
edição de fotos. Com o passar dos anos, novas ferramentas surgiram, assim como o
Instastories – possibilitando a publicações de fotos e vídeos que ficam online apenas
durante 24 horas - e a mais nova ferramenta, o IGTV – permitindo a publicação de
vídeos com a temporalidade maior que um minuto.
Sendo assim, as redes sociais têm sua própria maneira de transmitir notícias, e
ainda que as características narrativas sejam as mesmas do online, a maneira que esses
conteúdos se estabelecem nessas redes possibilitam maior liberdade de criação e de
interação com os leitores.
Essas redes, de certa maneira, são consideradas como uma inovação ao
jornalismo, pois são acessadas, na maioria das vezes, por telefones celulares,
caracterizando-se como jornalismo mobile. Pellanda afirma que esta mobilidade permite
aos conteúdos sempre uma conexão Always-on (sempre online), no qual, o leitor “está
100% do tempo em estado de potencial consumo e produção de informação, o que torna
o desafio de comunicação ainda mais complexo” (2015, p. 2). Assim como Cavendish
complementa, que o “desenvolvimento de celulares com câmeras portáteis de alta
capacidade permitiu que cada um de nós fosse o responsável pela captura e
compartilhamento da própria realidade” (2013, p. 11).
Nesse contexto, o jornalismo, com avanço da tecnologia, vai incorporando
inovações em sua prática, assim como a utilização de características imersivas, como da
realidade virtual (VR), o uso de drones, a criação de games e o texto longform.
Contudo, as inovações na prática jornalística não se referem apenas ao advento da
tecnologia. Franciscato (2012) caracteriza a inovação tecnológica no jornalismo “como
um aporte que modifica as rotinas e processos de trabalho do jornalista, bem como o
perfil e a qualidade do produto jornalístico” (apud LONGHI, FLORES, 2017, p. 25).
Desse modo, a inovação no jornalismo se caracteriza com toda mudança “nas
técnicas, tecnologias, processos, linguagens, formatos e dispositivos destinados a
potencializar a produção e consumo das informações jornalísticas” (LONGHI,
FLORES, 2017, p. 45).
O jornalismo sempre está em constante mudança, adequando-se às novas
tecnologias para melhorar sua produção. Assim, nesse contexto midiático, o jornalismo,
31
ao se apropriar de um novo ambiente, desenvolveu diferentes elementos narrativos e
novos gêneros jornalísticos para se ajustar às novas necessidades desse ciberespaço.
Para entender as mudanças narrativas que o jornalismo passou ao longo dos anos, é
necessário compreender primeiro o conceito de narrativa.
32
3 A NARRATIVA
A narrativa é a maneira construtiva de como um acontecimento, e, ou uma
história, é descrito e representado, por meio de uma linguagem, seja escrita ou não.
(GENETTE apud SILVA, 2007). Para Motta, as narrativas representam a compreensão
do ser humano e do mundo em que ele vive, “compreender o sentido da vida”
(MOTTA, 2012, p. 23).
estudar a narrativa para entender quem somos. Nossa vida individual, nossa
identidade é uma narrativa pessoal. Estamos sempre contando estórias sobre
nós mesmos, fazendo pequenos relatos de nossas experiencias e testemunhos
de nossos sonhos. Estamos sempre enviando mensagens diversas, contando
estórias, escrevendo diários, cartas, e-mails, posts, tweets, orkuts, etc. Se
alguém nos indaga quem somos, arrolamos uma série cronológica de eventos
que intencionalmente escolhemos para construir a imagem desejada de quem
pretendemos ser. (MOTTA, 2012, p. 24)
É nesta forma de contar histórias que se define o que é a narrativa. Gennette
define alguns critérios que desenvolvem um relato bem formado: que contenha
verossimilhança, como selecionar eventos relevantes das histórias, em que, os
personagens e objetos permaneçam com uma identidade contínua e a delimitação de
signos, indicando o início e o final do relato, assim como, estabelecer um objetivo a ser
explicado, um significado a ser alcançado. (GENETTE apud MOTTA, 2012).
A narrativa como “prática humana universal”, tem fator importante nas
representações sociais dos seres humanos. Para Motta (2012), dessa maneira é
identificado como a sociedade se comunica e relaciona-se, tanto por meio de cartas,
conversas, ligações telefônicas, e-mails, canções, filmes, livros e, como atualmente, por
meio das redes sociais.
Silva (2007), assim como Motta, entende a narrativa como um instrumento
fundamental na introdução e visibilidade do homem dentro da sociedade. O autor
compreende que a narrativa, por meio da linguagem, “registra os pensamentos, relembra
fatos passados, e estabelece a comunicação entre os indivíduos” (SILVA, 2007, p. 50).
Contudo, a narrativa não deve ser confundida com discurso, ainda que ambas
significações se complementam. Motta (2005) explica que o discurso é a fala, a
linguagem de um relato, a qual se constrói por meio de estratégias linguísticas,
desejando produzir um efeito ou sentido próprio da fala, por meio do locutor. Desse
modo, ainda de acordo com o autor, as narrativas são as construções discursivas sobre
33
algum acontecimento ou realidade humana, ou seja, a narrativa pode ser utilizada como
um discurso. Silva (2007) subentende-os como:
na narrativa a significação é oferecida pelo próprio desenrolar dos
acontecimentos, já no discurso a situação mesma do ato de falar é o centro
das significações mais importantes. Porém, não se deve procurar as essências
da narrativa e do discurso, pois nunca são encontradas em estado puro
(SILVA, 2007, p. 52).
Em sua função informativa, ao narrar uma história, o jornalismo incorpora
ambos os conceitos - discurso e narrativa - como um só. Ou seja, ambos os conceitos
são utilizados pelo jornalismo como uma forma estratégica de construir um relato, para
alcançar um objetivo, bem como Souza (SOUSA, 2012 p. 49) define, “a narrativa
jornalística é um produto cultural que realiza objetivos determinados construídos por
estratégias comunicativas”.
3.1 NARRATIVA JORNALÍSTICA
As produções jornalísticas, tais como as reportagens, são entendidas como
construções narrativas desenvolvidas como práticas discursivas, pois, compreendem o
jornalismo como um trabalho não apenas em relatar histórias, mas com a intenção de
alcançar e “seduzir” o receptor, construindo um significado por meio de sua mensagem
(DOMENICI, 2012). Fonseca (2012, p. 92) explica a narrativa jornalística como:
uma representação de uma realidade, e não a própria realidade, pois apresenta
fatos apropriados de forma seletiva e transformados pelos enunciadores,
veículos e jornalista, em acontecimento compostos de diversas camadas e
significados.
Alguns autores ressaltam que, por ser uma representação de uma realidade, a
construção de uma notícia está carregada por discursos, assim como “conflitos,
reconhecimentos, relações de poder, constituições de identidade” (ORLANDI apud
SOUSA, 2012, p. 56). Esses conflitos, segundo Motta, citado por Sousa, (2012, p. 57)
são como “elementos estruturadores de quaisquer narrativas e particularmente da
narrativa jornalística, que trabalha com rupturas, descontinuidades e anormalidades”.
Assim, esses discursos têm a capacidade de unir os acontecimentos narrados, levando-
os ao início, meio ou fim deste acontecimento.
34
A partir disso, Sousa (2012, p. 57) explica que os conflitos são considerados,
ou identificados, como valor narrativa, pois, esses elementos “respondem” de certa
forma, perguntas pré-concebidas em uma história. Perguntas como: “o que aconteceu?
Quem estava envolvido? Em que momento aconteceu? Como aconteceu? Há motivos
identificados?”.
Nesse sentido, Amaral (1987) pontua que esses procedimentos narrativos são
trabalhados pela estrutura do lide, o qual, em uma produção jornalística, apresenta-se no
primeiro parágrafo da notícia, com o objetivo de conduzir o acontecimento de forma
direta e objetiva. Esse formato encontra-se na técnica jornalística da pirâmide invertida,
em que, as informações são construídas hierarquizadas dentro da notícia (apud SOUSA,
2012).
A pirâmide invertida é utilizada pelos veículos de comunicação até nos dias de
hoje. Essa estrutura satisfaz o leitor de forma mais rápida, já que as informações de
maior interesse estão no início da notícia (MIELNICZUK, 2002 apud DREVES,
PALMAS, 2006). Contudo, a internet rompe esta técnica e adota uma nova estrutura na
construção da notícia: a pirâmide deitada.
É importante ressaltar que no jornalismo as narrativas literárias também são
muito comuns. As notícias construídas nesta técnica – jornalismo literário - adotam uma
estrutura de início, meio e fim, assim possuem uma unidade integral, além de ter uma
narração mais descritiva com riqueza de detalhes, traços da literatura (MOTTA, 2012).
Essa técnica narrativa, originada oficialmente no século 20, tinha como função construir
produtos jornalísticos que fugissem do lide. Desse modo, novos gêneros jornalísticos
foram construídos, como o livro-reportagem, o perfil, biografia, o jornalismo gonzo,
entre outros (FARIA, 2011).
Por fim, em cada plataforma comunicacional as narrativas jornalísticas
funcionam de um modo especifico, ainda que, os gêneros e formatos narrativos dessa
prática funcionam em todos os meios (FARIA, 2011). No impresso, por exemplo, as
narrativas são construídas a partir do lide, já na Web as notícias encontram outros meios
de se estruturarem, correspondendo as necessidades deste ambiente online.
35
3.1.1 Narrativas online: a pirâmide deitada
Nesse espaço multidimensional, a construção de uma notícia tem mais
liberdade e criatividade. Diferente do papel, a web tem espaço “tendencialmente
infinito”, ou seja, o espaço e a margem não são um problema na hora de publicar uma
reportagem. Além disso, a notícia construída nesse ambiente tem mais possibilidades de
oferecer novas formas de complementação, convergindo textos com áudios, vídeos,
fotos e infográficos, nos quais, todas as possibilidades da rede podem ser exploradas.
Canavilhas (2012) comenta que na internet, os conteúdos implicam uma nova
estrutura, arquitetada semelhante ao do jornalismo escrito (impresso) com as mesmas
técnicas de redação usada nos jornais, com algumas modificações. Mas, ainda que a
tradicional forma de construir uma notícia tenha sido alterada, as questões “Quem,
Onde, O que e Quando” devem ser respondidas, de forma simplificada, para construir
uma reportagem.
O autor ainda afirma que as notícias construídas na Web necessitam de uma
nova narrativa, pois a “pirâmide invertida”, tradicional técnica de construção de uma
notícia, mudou para “uma arquitetura noticiosa mais aberta, com blocos de informação
organizados em diferentes modelos, sejam eles lineares ou complexos”
(CANAVILHAS, 2005, p. 5). Sendo assim, o autor propõe a criação das notícias em
uma nova técnica, conhecida como “Pirâmide deitada”. Esta técnica, foi originada com
o foco de ser utilizada em conteúdos que permitem o uso de links e de elementos da
multimidialidade, no qual, as informações são construídas considerando o espaço que
são expostas, e que, a estrutura da notícia– início, meio e fim- deve ter o mesmo nível
de importância de informações.
se o eixo vertical que vai do vértice superior a base da pirâmide invertida
significa que o topo é mais importante que a base, então a pirâmide deve
mudar de posição, procurando-se dessa forma fugir a hierarquização da
notícia em função dos fatos relatados (CANAVILHAS, 2003, p.13).
Castro (2014) concorda com Canavilhas e afirma que a pirâmide invertida
possibilita ao leitor/usuário navegar nos conteúdos noticiosos, permitindo-o a escolha de
uma leitura pessoal. Esse formato jornalístico é considerado uma “técnica libertadora”
para os jornalistas, pois possibilita-os inovar em cada conteúdo. Ao falar sobre
liberdade de construção narrativa, as redes sociais são protagonistas nesse aspecto. No
36
entanto, as características construtivas das notícias nestas redes, assemelham-se muito
com webjornalismo em geral, os seus elementos narrativos são os mesmos.
3.1.2 narrativas online nas redes sociais
Assim como o jornalismo online tem sua própria linguagem e narrativa, o
jornalismo nas redes sociais também tem características próprias nas construções de
notícias. Essas características narrativas são semelhantes as localizadas na da internet de
modo geral, contudo, o visual e o estético ganham mais força e o texto diminui.
Muitos associam conteúdos gerados para as redes sociais com o jornalismo de
serviço, pois suas características narrativas dependem da quantidade de caracteres
possíveis para escrever uma matéria. Assim, por ter pouco espaço para transmitir uma
notícia, a imagem deve, portanto, ser informativa, ao ponto, de o texto ser apenas um
complemento para a matéria (RECUERO, 2009).
As narrativas de comunicação utilizada no jornalismo digital, de acordo com
Pinho (2003), têm como elementos fundamentais a instantaneidade, interatividade,
pessoalidade, acessibilidade e um receptor mais ativo, comparado às mídias
tradicionais. Dessa maneira, as grandes mídias ao verem um ambiente social
digitalizado, em que, “juntamente com as ferramentas utilizadas tornou a produção e
transmissão de notícias de uma forma mais eficiente e com um alcance de público ainda
maior que o anterior” decidem migrar para as redes sociais (JESUS, ARAUJO,
CARVALHO, 2018, p. 3).
Os canais de comunicação presentes neste ambiente constroem matérias
contextualizadas, normalmente adotando características do jornalismo de serviço, no
qual complementam as informações com a presença de hiperlinks destinados aos sites
oficiais destes canais, para o leitor ler os conteúdos mais completos. O jornalismo de
serviço, ou utilitário, é um gênero jornalístico que tem um proposito em dar “orientação
e dicas ao público [...], tem como base principal a proposta de oferecer a informação
que o receptor necessita ou que poderá se tornar necessária a ele em algum momento”.
Contudo, esse gênero jornalístico adota características publicitarias o que reduz o
caráter jornalístico, “podendo induzir o receptor para o consumo dos bens simbólicos”
(VAZ apud MORAES, 2012, p. 23).
37
Dentro dessa nova estruturação da notícia no ambiente online, algumas
técnicas utilizadas no impresso foram reutilizadas, ainda que remodeladas, e novos
elementos foram criados para suprir as necessidades do jornalismo neste espaço.
3.1.3 Elementos Narrativos do jornalismo online
Existe uma narrativa própria em cada período e plataforma jornalística. Com a
apropriação do jornalismo na internet, e posteriormente nas redes sociais, a maneira que
uma notícia é construída, sua narrativa, também evoluiu surgindo, consecutivamente,
novos elementos narrativos. Esses elementos são características que ajudam a construir
e a estruturar uma narrativa (BERTOCCHI, 2016). Inicialmente, por exemplo, o
jornalismo online na primeira fase, possuía um texto jornalístico linear, igual aos
conteúdos impressos.
Posteriormente, a narrativa das matérias online adquiriu características
próprias, como o aproveitamento dos hipertextos, criação de fóruns e comunidades com
intuito de gerar um debate sobre a reportagem publicada, a utilização do e-mail como
forma do leitor interagir e comunicar com o veículo, entre outros. Os autores Dreves e
Palmas (2006, p.8, grifo do autor) ainda refletem os efeitos da evolução da internet:
vemos que a rede está sendo constantemente redesenhada pelo uso e pelas
tecnologias que estão sendo inventadas, formando assim um novo meio de
comunicação. De fato, um “novo meio” que traz embutido em si os já
existentes, com o avanço tecnológico permitindo maior velocidade e
diferentes formatações, com novos artefatos, novos padrões e
tecnologicamente à frente dos demais.
Na internet, novos elementos narrativos surgiram. Assim como a
interatividade, hipertextualidade, customização, memória, multimidialidade,
instantaneidade e supressão de limite de espaço e tempo (PALACIOS, 2002). Outros
autores também possuem sua própria caracterização desses elementos, em que, a
nomenclatura em alguns casos é diferente, mas os conceitos seguem o mesmo
significado. Deste modo, após identificar as nomenclaturas caracterizadas por diversos
autores, esta monografia, assumirá os seis elementos mais abordados entre os autores,
sendo assim, seguindo com a classificação de Canavilhas (2014) e Palácios (2002).
38
3.1.3.1 Interatividade
Palácios (2014) define esse elemento como uma capacidade do usuário/leitor
tem em interagir com os veículos de comunicação e com os produtos noticiosos. As
interações existiam antes da internet, por meio de ligações telefônicas, o envio de cartas
e, até mesmo, na presença em plateias em programas de televisão. Rost, no livro 7
características que marcam a diferença (2014), relata o conceito da interação na internet
como:
entendemos a interatividade como a capacidade gradual que um meio de
comunicação tem para dar maior poder aos utilizadores tanto na seleção de
conteúdos (“interatividade seletiva”) como em possibilidades de expressão e
comunicação (“interatividade comunicativa”) [...] A interatividade implica
uma certa transferência de poder do meio para os seus leitores. Poder, por um
lado, quanto aos caminhos de navegação, recuperação e leitura que podem
seguir entre os conteúdos que oferece. E, por outro lado, relativamente às
opções para se expressar e/ou se comunicar com outros utilizadores/as
(ROST, 2014, p. 54, grifo do autor).
Ribas (2005 apud SILVA, 2014) comenta que o ambiente online, a
interatividade entre o leitor e o autor – do texto noticioso e dos veículos jornalísticos - é
um dos principais elementos da notícia. Na Web, essa interação é realizada por meio de
dois conceitos, interatividade seletiva e interatividade comunicativa.
A seletiva envolve a ideia de interação nos controles dos usuários na recepção
dos conteúdos, ou seja, a navegação entre hiperlinks – hipertextual-, a utilização da
função de busca nos sites, o tagging - nuvens de etiquetas -, a personalização da página
dos veículos, e “um diversificado menu de alternativas de distribuição/recepção de
conteúdos (RSS, envios de conteúdos por correio eletrônico, distribuição pelas redes
sociais, alertas em dispositivos móveis)” (ROST, 2014, p. 57).
Para autora, outra característica da interatividade é o leitor no processo de
criação das notícias. Bardoel e Deuze (2000, apud MIELNICZUK, 2003) não
concordam com os autores em relação da interatividade no âmbito da notícia em si – a
navegação dos hiperlinks-, mas afirmam que a interatividade pode ser realizada pela
troca de e-mails, entre os veículos/jornalistas e os leitores, por meio dos chats e fóruns
de discussões nos sites jornalístico. Esse tipo de interatividade é apresentada por Rost
(2014) como comunicativa, pois, o leitor busca ser participativo através de sua opinião,
busca-se expressar, por meio de comentários, abaixo das notícias, participação em
39
pesquisas, envio de notícias, por fotos e vídeos, correção de informações, além de envio
de e-mails e discussões em fóruns, apontados anteriormente.
3.1.3.2 Multimidialidade
A multimidialidade é definida por Ribas (2014 apud SILVA, 2014) como a
convergência de diferentes formatos dos meios de comunicação tradicionais na
produção e divulgação de um fato ou informação noticiosa, em que os conteúdos
jornalísticos têm uma pluralidade de “registros da linguagem”, seja na escrita, sonora,
oral, visual e etc. Além disso, a noticia é acompanhada por vários formatos de
apresentação, como o texto, imagens, vídeos, gráficos, áudios, ilustração entre outros.
A autora ainda comenta que na web e nas redes sociais, a notícia pode ser
construída não só pelo texto, “mas conta com uma gama de elementos textual-
discursivos, que refletem os inúmeros registros da linguagem”, promovendo assim uma
integração de várias linguagens (apud SILVA, 2014, p. 182). Salaverría (2014, p. 27)
separa o conceito da multimidialidade em três aspectos:
a) a multiplataforma, que se refere na empresa jornalística, “distintos meios da
mesma empresa jornalística articulam as suas respetivas coberturas informativas
para conseguir um resultado conjunto”;
b) multimídia como polivalência, ou seja, o perfil do jornalista é responsável por
ser um profissional “multimídia”, realizando todas as atividades que no passado
era separado por diferentes profissões. Neste contexto, o autor classifica-os em
três modelos: os midiáticos – jornalistas trabalhando simultaneamente em
diferentes meios -, a temática – o jornalista trabalha sem especialização
informativa-, e a polivalência funcional – o jornalista desempenha várias funções
na mesma redação;
c) a multimidialidade como combinação de linguagens, que se refere a junção de
linguagens e formatos, assim como Ribas explicou anteriormente;
3.1.3.3 Hipertextualidade
Essa característica narrativa manifesta-se por meio da interação entre diversos
textos, imagens, sons ou vídeos interligados através de hiperligações. Palma e Dreves
40
(2006) defendem que a estrutura do hipertexto é diferente dos textos tradicionais do
impresso, pois, no jornalismo online a narrativa da notícia pode ser construída em vários
modelos. Deste modo, os conteúdos noticiosos ficam à mercê de um grande volume de
informações, pelas atualizações constantes e pela convergência dos outros meios de
comunicação, além do próprio formato hipertextual. Nesse formato, ainda de acordo
com o autor, o espaço é ilimitado possibilitando a facilidade de armazenamento.
pela primeira vez está nas mãos do leitor a decisão sobre qual caminho seguir
em sua busca pela informação. Pode-se decidir desde fazer uma pesquisa
detalhada sobre o tema em questão, ou então apenas “passar os olhos” nos
principais tópicos expostos sobre determinado assunto. O leitor pode ainda
decidir a partir de que mídia ele vai ficar informado sobre os fatos do dia,
seja por vídeo, som, texto ou outras ferramentas de multimidialidade, como
animações em flash e/ou 3D. Se, por um lado, a formatação textual rígida não
“combina” com as novas exigências do ambiente digital, por outro lado a
organização hipertextual pressupõe uma organização muito criteriosa dos
elementos informacionais, no intento de possibilitar uma coerência e
amplitude entre os diversos links (PALMA, DREVES, 2006, p.7, grifo do
autor).
Ribas (2005 apud SILVA, 2014) define o conceito do hipertexto como a
capacidade do leitor em acessar a diferentes textos. Ingressando-o a outras leituras,
logo, a outras perspectivas relacionadas a um especifico tema ou notícia. Canavilhas,
neste contexto, separa o hipertexto em dois elementos: os blocos informativos, ou nós,
no qual, “aplica-se a todo o tipo de conteúdo, sejam textos, imagens fixas, imagens em
movimento, sons ou infografias” (2014, p. 6), sendo os conteúdos que mais inserem as
hiperligações.
O autor ainda reforça que nesse elemento o tamanho do texto é essencial na
construção da notícia, não podendo ser um conteúdo muito curto ou um texto longo
demais, e sim um conteúdo que “o leitor se sinta confortável na leitura”
(CANAVILHAS, 2014, p. 6). O outro elemento discutido pelo autor é a hiperligação,
ou conexão. Este elemento permite a ligação de dois conteúdos, sendo documental que
serve como contextualização de uma informação, e hiperligação narrativa, que
possibilita o leitor uma liberdade no percurso de leituras, fazendo com que o texto seja
construído da melhor maneira possível.
41
3.1.3.4 Personalização
Reges (2010) afirma que devido à interatividade na mídia os usuários “buscam
nas plataformas o reconhecimento de si mesmos”, deste modo, personalização trata-se
da customização do próprio conteúdo nos veículos de comunicação. Para Ribas (2005)
esse elemento permite ao leitor separar os conteúdos noticiosos por temas, sendo
agrupado de acordo com os seus interesses. “O leitor vai especificar os conteúdos
temáticos de seu interesse, passando a receber as notícias atreladas às escolhas temáticas
deste leitor” (apud SILVA, p. 184)
Com isso, a ideia principal da personalização, de acordo com Lorenz (2014, p.
138) é “reunir, classificar e filtrar o conteúdo disponível, incluindo as notícias mais
interessantes, ou como dizem os críticos, os itens que recebem mais cliques”. A função
desse elemento relaciona-se com o fator de alterar as especificações de algum conteúdo,
ou de acordo com as preferências pessoais dos leitores, de acordo com a suas
necessidades.
3.1.3.5 Memória
Segundo Palácios (2014), esse elemento é como a acumulação de informação e
produções noticiosas, tanto no ambiente online como no impresso. Contudo, a
acumulação na web é muito maior do que nos meios de comunicação tradicionais, pois
possibilita ao leitor o acesso à conteúdos já difundidos de forma imediata. Ribas (2005
apud SILVA, 2014, p. 7) afirma e complementa que “o formato web traz consigo um
conjunto de documentos e conteúdos [...] armazenados e disponíveis, para a busca do
leitor”. Dessa maneira, esse elemento promove um resgate histórico sobre os conteúdos
jornalísticos, permitindo ao leitor buscar noticiais antigas para entender mais sobre o
assunto que está lendo.
De certa forma, o elemento narrativo é produzido antes da internet, pois para
Palácios (2014, p. 96):
os jornais impressos, desde longa data, mantêm arquivos físicos das suas
edições passadas, abertos à consulta do público e utilizados por seus editores
e jornalistas no processo de produção de informação noticiosa. O jornalismo
impresso moderno recorre à publicação de pesquisas, baseadas em
informação de arquivo, que complementam, ampliam ou ilustram o material
noticioso corrente. O mesmo ocorre com relação às emissoras de rádio e TV,
42
que mantêm arquivos sonoros e de imagem, eventualmente utilizados na
produção de material noticioso de caráter jornalístico ou documental.
Na web e nas redes sociais, a memória é utilizada como um elemento narrativo
para estruturar e editar conteúdos jornalísticos. Palácios ainda (2014, p. 97) aborda a
facilidade da utilização da memória no jornalismo online, especificamente para os
jornalistas, no sentido de incorporar características da narrativa nas notícias, no qual,
“os textos relacionados passam a ser indexados hipertextualmente (Leia mais; Veja
também; Notícias relacionadas etc.), seja através de um trabalho de edição humana” ou
seja por meio da utilização de tags e palavras-chave dos textos.
3.1.3.6 Instantaneidade
Esse aspecto narrativo diz respeito à rapidez com que se pode aceder aos
conteúdos no ambiente online, no qual, a sua facilidade de produção e divulgação
permitem uma atualização contínua das informações e desenvolvimento de assuntos de
grande interesse para o público em tempo real (PALACIOS, 2014).
O jornalismo na internet e nas redes sociais, de acordo com Bradshaw (2014),
coloca a notícia em estado de “pressão”, em que as empresas jornalísticas competem no
quesito da velocidade de publicação, buscando “ser o primeiro” a noticiar. Deste modo,
as tecnologias servem como suporte, dando a vantagem necessária para realizar essa
função.
caso o veículo (publisher) não conseguisse ser o primeiro a divulgar a estória,
então teria de ser o primeiro a obter a primeira fotografia, a primeira
entrevista, a primeira reação, ou o primeiro a fornecer a análise do fato. O
processo de trabalho nas redações em diferentes meios de comunicação
possuía uma dinâmica semelhante: uma estória que, num dia, foi considerada
“nova” para os leitores de determinadas revistas especializadas poderia se
tornar “nova” para os leitores de um jornal nacional online no dia seguinte e
para os telespectadores de um noticiário de TV um dia depois. Até
recentemente, um repórter poderia se sentir confiante sobre o que os seus
leitores sabiam (BRADSHAW, 2014, p. 111, grifo do autor).
O autor ainda explica que quando uma informação nova, ou interessante, é
descoberta, os leitores contribuem com a propagação dessa notícia, fazendo com que a
distribuição dessas informações tenha um alcance maior do que antigamente, quando a
propagação da notícia era baseada especificamente apenas pelos veículos.
43
Outro efeito da instantaneidade, além do efeito na publicação e na distribuição
dos conteúdos, é o de consumo da notícia. Mielniczuk, afirma que esse elemento
narrativo é uma característica que transposta do rádio e da televisão, mas que na internet
assume uma outra proporção. As notícias na web ficam armazenadas, sempre à
disposição do leitor, formando uma “grande narrativa sobre determinado fato. [...]
Assim, um conjunto de blocos de textos, que foi sendo acumulado e continua
disponível, constitui uma nova narrativa sobre um determinado acontecimento”
(MIELNICZUK, 2003, p. 34).
3.1.4 Outras caracterizações
Vários autores ainda adotam diferentes elementos narrativos. Valcarce (2009)
classifica-os em interatividade, instantaneidade, hipertextualidade e convergência.
Contudo, o autor ainda traz mais quatros elementos, como a continuidade, na qual, a
notícia tem possibilidade de ser permanentemente atualizada. Silva citando Palácios
(2014, p. 185) alinha-se a Valcarce, e ressalta esse conceito como “atualização
contínua” – originada por Palácios - complementando que “o texto noticioso é
constantemente renovado, trazendo à tona novos aspectos acerca da informação
publicada”.
Outros elementos abordados por Valcarce são: a versatilidade, a
transnacionalidade e a transtemporalidade. A versatilidade dá ao leitor inúmeras
possibilidades em navegar nos veículos jornalísticos, que vai além de ler os conteúdos,
mas participar de fóruns de discussões e fazer ligação com outros sites. Esse elemento
mostra que no jornalismo online, os meios de comunicação são versáteis para várias
funções. O outro elemento - transnacionalidade – tem caráter narrativo que “abre todas
as portas, supera os limites espaciais e permite que todos os internautas possam aceder
ao mesmo tempo a um mesmo produto” (VALCARCE, 2009, p. 97). Por fim, a
transtemporalidade é o último elemento ressaltado pelo o autor, e é definido pelo tempo
que os conteúdos online são acessíveis, ou seja, durante 24 horas por dia.
Desse modo, os elementos narrativos são características utilizadas para
construir uma notícia no ambiente online e nas redes sociais. Sendo assim, neste
ciberespaço os conteúdos jornalísticos segmentados foram beneficiados, pois, obtiveram
44
maior alcance em seus respectivos públicos alvo, assim como, o jornalismo de moda,
que com as redes sociais, tiveram uma maior democratização da informação de moda.
45
4 A MODA COMO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
A moda é uma forma de comunicação que representa mais que um conjunto de
vestimentas, correspondendo como um dispositivo social. Sendo assim, possui
significações e elementos que ajudam na visibilidade e personalidade de cada ser
humano (GARCIA, MIRANDA, 2011). Para Weidlich, “a indumentária sempre foi uma
forma de o sujeito expressar-se e “ser expressado”. Deste modo, ela é uma das maneiras
de serem concretizados os anseios primeiros dos seres humano: a necessidade de
adornar-se, de embelezar-se” (2013, p.19, grifo do autor).
Castilho (2009) afirma que “o vestuário pode ser observado na sua
contextualização em um determinado meio social, pois se manifesta como uma das mais
espetaculares e significativas formas de expressão articulada e desenvolvida pela cultura
humana”, em que, o sujeito “por intermédio do corpo como suporte e meio de
expressão, revela uma necessidade latente de querer significar, de reconstruir -se e de
recriar-se por meio de artifícios inéditos” (CASTILHO, 2009, p. 32 – 48). Barthes
complementa:
pela roupa, trocamos informações bastante elementares, não apenas sobre
nossa situação social ou profissional, sobre nossa faixa etária, como dizem os
etnólogos, mas igualmente sobre tal uso social, tal cerimonia, tal ocupação.
Por outro lado, a moda se esforça por fazer corresponder à roupa descrita
aquilo que nós mesmos queremos exprimir sobre nós mesmos, o papel
complexo que queremos desempenhar na sociedade (BARTHES, 2009, p.83).
Contudo, no início da humanidade a indumentária tinha outra função. A
vestimenta existe desde os primórdios do homem na pré-história com o intuito de
apenas cobrir o corpo para se proteger do frio, e continuou neste conceito até no final da
idade média. Foi com o início da burguesia que a moda como ferramenta e
representação social surgiu (STEFANI, 2005).
Nesse período, também conhecido como o “berço da moda”, a indumentária
tinha papel fundamental para marcar a diferença entre classes, status e poder. Weidlich
(2014, p. 26) afirma que “nesse período, características como poder, abundância de
matéria-prima e ostentação eram a tônica para que a indumentária servisse de divisor de
águas entre as classes sociais”. Assim como complementa Lipovetsky (1989, p. 39)
“Com a moda, inicia-se o poder social dos signos ínfimos, o espantoso: dispositivo de
distinção social conferido ao porte das novidades sutis”. Para Cavendish:
46
com o advento dos “novos-ricos”, a moda caminha para um processo de
democratização, tendo a imitação do vestuário nobre se propagado em novas
camadas sociais como na média e pequena burguesia, e mais tarde entre
comerciantes e artesãos (CAVENDISH, 2013, p. 18).
Santos (2015) afirma que após a burguesia copiar os vestuários das classes
mais altas, os nobres recorreram “às práticas de poder, extrapolando seus ordenamentos
na determinação de regras de apresentação pública, de comportamento, de alimentação,
de vestimenta, entre outras, recorrendo à outorga de leis ditas suntuárias”. Essas leis
proibiam a utilização de tecidos e ou peças de vestuários para pessoas que não eram
nobres. Contudo, a autora ainda relata que a lei suntuária foi ineficaz, pois “nenhum
governo jamais conseguiu frear a ostentação e o luxo advindos do comportamento de
moda” (SANTOS, 2015, p. 45 - 47).
Foi a partir do século 19 que a sociedade, cansada de copiar a indumentária dos
nobres, procurou vestuários diferenciados, no qual, “o gosto e o desejo pelo novo
ganham novas dimensões, tornando-se mais intensos e frequentes, e o acesso à moda
chega às classes mais baixas. É a partir daí que surge a Alta Costura e a confecção
industrial” (CAVENDISH, 2013, p. 19).
4.1 SISTEMA DE MODA
A Alta Costura, ou mais conhecida como Haute Couture, incorporou uma nova
fase à indústria de moda. Originada a partir da inauguração do ateliê de Charles-
Frédéric Worth, entre 1857 e 1858, em Paris, a Alta Costura surge com os primórdios
de desenvolver peças exclusivas feitas com técnicas de costura sofisticadas, realizadas
manualmente, com qualidades superiores. Deste modo, a alta costura ditou tendências,
transformando o costureiro à condição de artista e promoveu espetáculos publicitários
baseados em grifes e modelos (CARMO, 2015).
Com isso, várias mulheres da alta sociedade se descolocavam até o atelier de
Worth para comprar e observar as tendências. Isso mudou a produção de moda, pois,
dentro da loja do estilista, surgiu a figura de “modelos” desfilando as peças para as
clientes.
Charles-Frédéric Worth foi responsável também pela concepção dos
primeiros desfiles de moda. Na Maison Worth, onde o costureiro criava para
47
mulheres parisienses e americanas os vestidos sob encomenda com os
melhores tecidos da Europa, sua produção chegava a aproximadamente 7.000
vestidos e 4.000 roupas por ano[...]. Era um volume de mercado que os
concorrentes, ainda estruturados sobre um sistema artesanal de confecção,
não podiam alcançar. Dessa forma, em 1858 Worth decide criar sua própria
coleção de vestidos. Reuniu as clientes mais importantes, pertencentes à
nobreza e à aristocracia francesa e mostrou as roupas em modelos vivas,
mulheres da sociedade que aceitaram desfilar para Worth por status. Nascia
então o desfile de moda (CAVENDISH, 2013, p. 20).
Contudo, a moda neste período se tornou um produto exclusivo, no sentido de
ser apenas consumida pela alta sociedade. Deste modo, surge, em 1949, o Prêt-à-
Porter, ou no inglês: Ready to Wear (pronto para usar). Essa nova produção se originou
da necessidade de produzir roupas com qualidade superior que estivessem dentro das
tendências, e que, principalmente, estivessem com preço acessível. Dessa maneira “os
preços mais acessíveis permitiram às classes mais baixas o acesso a uma forma de
vestir, até então, exclusiva dos ricos” (STEFANI, 2005, p. 66).
O surgimento do Prêt-a-Porter colaborou com uma popularização e
democratização da moda impulsionando o mercado de consumo. Esse sistema também
começou a ditar tendências, surgindo grifes, evidenciando os estilistas às marcas, além
de adotar características da Publicidade como técnica de venda. (CAVENDISH, 2013).
A partir dessa época, a moda foi acompanhando as manifestações e revoluções
sociais da humanidade, e com isso, em cada movimento foi quebrando os padrões
antigos, assumindo a forma que é conhecida atualmente.
com as guerras e a escassez de matérias primas as roupas se tornaram mais
leves. Em períodos de paz, as cores predominam. Em época de austeridade
econômica, a sobriedade toma conta das vitrines. E assim foi sendo
construído um sistema que permite novidades a cada estação e que dita o que
será usado pela sociedade. No dia a dia, estar na moda significa, a grosso
modo, vestir o que a maioria das pessoas está usando (MORAES, 2012, p. 7)
Sendo assim, Pais (2013, p.4) relata a moda como “marco de civilização e de
iniciação à construção da sociedade”, em que, movimenta um mercado de consumo,
“envolvendo movimentações de milhares de milhões de euros”, além de,
“sociologicamente, a moda separa homem e mulher, separa formas de pensar, estilos e
mais importante ainda, ajuda a cimentar classes e hierarquias”. Deste modo, a autora
ressalta que a informação da moda é importante, pois, “jornalisticamente, a moda é
interpretada como um objeto de interesse público” (2013, p.4), em que, retrata
costumes, hábitos e movimentações sociais.
48
Weidlich afirma que, ainda no século 17, foram reveladas novas maneiras de se
portar socialmente, “sendo marcado pelas primeiras manifestações de informação sobre
moda de que se tem notícia: as fashion plates ou ilustrações de moda” (2014, p. 26). No
início, essas ilustrações eram feitas com tintas aquarelas que evidenciavam os detalhes e
novidades de roupas, sapatos e acessórios como joias e penteados.
A partir do século 18, com o surgimento da litografia – técnica de reprodução
que imprime por meio de prensa, desenho ou escritos com tinta graxenta sobre uma
superfície metálica -, as ilustrações de moda ganharam mais força, pois, de acordo com
Weidlich (2014, p.27), retratavam com riqueza de detalhes o “estilo de roupa que um
alfaiate, costureira ou loja poderia fazer ou fornecer, apontando com quais materiais
essas roupas eram feitas”.
A autora ainda ressalta que com o surgimento da prensa tipográfica
desenvolvida por Gutenberg, e consequentemente, a possibilidade da reprodução de
livros em várias cópias, as informações de moda se ampliaram “abrindo caminho para
que, sorrateiramente, a moda, como sistema, adquirisse cada vez mais autonomia nos
séculos seguintes” (WEIDLICH, 2014, p. 27). Crane (2009) complementa e afirma que
esse sistema possibilitou uma democracia da moda para todos os públicos.
4.2 O JORNALISMO DE MODA E O SURGIMENTO DAS REVISTAS
Weidlich relata que “a moda e a comunicação estão interligadas historicamente
desde que se circunscreveram na cultura moderna ocidental como práticas sociais que
perpassam as relações entre indivíduos” (2014, p. 19). De modo geral, as informações
de moda começaram a ser publicadas a partir do surgimento das revistas.
Scalzo aponta que “estudando a história das revistas o que se nota em primeiro
lugar não é uma vocação noticiosa do meio, mas, sim, a afirmação de dois caminhos
bem evidentes: o da educação e do entretenimento” (2004, p. 15)
Nunes e Araujo (2016) relatam que as primeiras revistas surgiram na década de
1600, dentre as quais, a primeira revista criada foi a Erbauliche Monaths
Unterredungen na Alemanha em 1663, posteriormente em 1655, surgiu duas novas
revistas com conteúdos científicos, como a francesa Le Jounal Des Sçavans (Jornal dos
letrados), e a britânica Philosophical Transactions (Atas filosóficas).
49
Foi só em 1672 que surgiu as revistas voltadas para a moda, com a inauguração
do periódico The mercure Galante. Ali (2009, p. 310) afirma que esse periódico foi
importante na história e no jornalismo de moda, pois, foi a primeira a divulgar, para
vários países, informações sobre moda, etiqueta, objetos de luxo e sobre a vida de Luís
XIV. “Seu objetivo era informar a sociedade sobre os assuntos da corte e os debates
artísticos e intelectuais”. Pais complementa:
a verdade é que a maior parte destas publicações tinha um público específico:
o feminino e de elite. E o formato não era aquele que corresponde hoje às
revistas de moda. Estas publicações consistiam em figuras e ilustrações de
roupas e de mulheres com visuais completos que as leitoras podiam seguir
(PAIS, 2013, p.40).
No final da década, em 1690, outra revista britânica surge, a The Athenian
Mercury se tornando a primeira a ser publicada regulamente. E em 1693 a primeira
revista feminina é inaugurada, a The Ladie’s Mercury (O mercúrio das damas), era
“impressa em duas páginas com circulação regular [...] e, apesar de ser dirigida as
mulheres, era feita por homens” (ALI, 2009, p.311).
Foi na década de 1700 que as revistas se tornaram um produto de lazer e
prazer. Nesse período surgiu a Review (1704), The Spectator (1711), sendo a revista
mais imitada do século, pois, foi considerada inovadora, trazendo conteúdos de
etiquetas e comportamento (REGINA, JESUS, 2012).
Ainda nessa década, outras revistas foram inauguradas, a The Gentleman’s
Magazine (1731), The General Magazine (1741) - considerada a primeira revista
americana – The Female Spectator (1941) – primeira revista feita por mulheres-, The
Lady’s Magazine (1770), no qual, “foi a mais popular entre as revistas femininas de seu
tempo e mais importante referência para as mulheres” (ALI, 2009, p. 315), sendo a
primeira a publicar figurinos de moda coloridos.
Os autores Regina e Jesus (2012, p. 5) apontam que no século 19, até 1830, “as
revistas eram um produto caro, de elite, consumido pelas classes mais altas, de
formação escolar avançada”, tornando-se um produto de venda quando “um inglês
decidiu fazer um a revista com preço de capa baixo, barato”.
Ali (2009) ressalta que nesse século surgiram revistas com cultura e
informação para a classe média, nascendo as primeiras revistas populares. Scalzo
reforça que “as revistas começaram a ganhar os Estados Unidos na medida que o país se
50
desenvolve, o analfabetismo diminui, cresce o interesse por novas ideias e a
consequentemente, necessidade de divulga-las” (2016, p. 20).
A autora ainda relata que durante o século 19 as revistas ficaram populares e
começaram a ditar moda, pois:
com o aumento dos índices de escolarização, havia uma população
alfabetizada que queria ler e se instruir, mas não se interessava pela
profundidade dos livros, ainda vistos como instrumentos da elite e pouco
acessíveis. Com o avanço técnico das gráficas, as revistas se tornaram o meio
ideal, reunindo vários assuntos em um único lugar e trazendo belas imagens
para ilustra-los. Era uma forma de fazer circular diferentes informações
concentradas sobre os novos tempos, a nova ciência e as possibilidades que
se abriam para uma população que começava a ter acesso ao saber. A revista
ocupou assim um espaço entre o livro (objeto sacralizado) e o jornal (que só
trazia o noticiário ligeiro) (ALI, 2009, p. 20, grifo do autor).
Nesse período surgiram as revistas The Saturday Evening Post em 1821, a The
Youth’s Companion, The Edinburgh Review, Espelho Diamantino – primeira revista
feminina do Brasil, originadas em 1827 (LIMA, 2007).
Os autores Regina e Jesus (2012, p. 5) afirmam que nesse século, as revistas
femininas se popularizam, “apresentando uma fórmula editorial dedicada aos afazeres
do lar e às novidades da moda”. Surgindo revistas como a Godey’s Lady’s Book (1830)-
maior revista feminina durante 50 anos, Espelho das Brasileiras em 1831. O jornal das
Senhoras (1852), ambas publicadas no Brasil, Good Housekeeping em 1885, Harper’s
Bazar em 1867 – considerada a primeira revista de moda, Ladie Home Journal em 1883
– primeira a vender 1 milhão de copias, e Vogue em 1892- uma das maiores revistas de
moda atualmente.
Outras revistas originadas ainda nesse século foram: The Illustrated London
News (1842) – considerado o veículo mais importante da época, pois trazia reportagens
com ilustrações; L’illustration (1843) – assim como a revista anterior, famosa pelas
ilustrações de qualidade, “introduziu na França a técnica jornalística de correr atrás da
notícia” (ALI, 2009, p.324); The Economist (1843) – considerada até hoje a mais
importante revista de economia do mundo; The English Woman’s Domestic Magazine
(1852); Revista Brasileira (1855) – dirigida por Machado de Assis; McCall’s Magazine
(1876) – revista que publicava moldes de roupas; Revista ilustrada (1876) – primeira
ilustrada no Brasil, e entre outras publicações (ALI, 2009).
51
4.2.1 Revistas Segmentadas
Foi a partir das tecnologias de impressão que, assim como o jornalismo, as
revistas especializadas começaram a se consolidar na cultura ocidental. Nunes e Araujo
(2016, p. 3) afirmam que as revistas são responsáveis “pela criação da identidade social
do sujeito que a lê, já que escolhe um segmento específico e expõe assuntos que vão
interessar um conjunto determinado de pessoas, aproximando-os”.
Sendo assim, a criação de revistas para um público específico existe desde o
século 18, com o surgimento, por exemplo das revistas: The House Beautiful (1896)
especializada em decoração, Kosmos (1904) com conteúdos de design e alta qualidade
gráfica, O tico e o Teco (1905) baseada em conteúdos de HQ, Vanity Fair (1913 e 1983)
e Elle (1945) ambas especializadas em moda, A Scena Muda (1921) especializada em
cinema, The Squire (1933) voltada para o público masculino, Sports Illustrated (1954)
com conteúdos sobre esportes, Manequim (1959) primeira revista brasileira com
conteúdos apenas sobre moda, Rolling Stone (1967) dedicadas a conteúdos sobre
música (ALI, 2009).
Weidlich (2014) ressalta que nessa época surgiu uma consciência coletiva da
moda como é conhecida atualmente. Posteriormente, com o avanço tecnológico da
comunicação e as manifestações sociais, as publicações de moda foram sendo
modificadas para se adequarem ao contexto social da época.
no decorrer das décadas de 1950 e 1960, a imprensa feminina e a moda
diversificaram-se, enquanto os avanços tecnológicos, econômicos e sociais,
como as conquistas da mulher, floresciam no contexto histórico, o que
culminou na segmentação desse mercado, com a criação de títulos, formatos
e periodicidade distintos para cada público (WEIDLICH, 2014, p. 14)
No entanto, para as autoras Angelleti e Olivia (2006 apud ELMAN, 2008), foi
na década dos anos 1970 que o jornalismo de moda aparece em evidência nas
publicações de revistas segmentadas, voltada especificamente para o público feminino.
Ali (2009) ainda ressalta outros nomes originados na década de 1900, como
Revista da Semana – primeira do século 20, publicando conteúdos de fotorreportagem-,
The New Yorker (1925) – uma das maiores revistas literárias dos Estados Unidos-, O
cruzeiro (1928) – um dos maiores sucessos editoriais do Brasil-, Manchete (1952),
PlayBoy (1953), Cosmopolitan (1965), Realidade (1966) – considerada uma grande
52
revista brasileira de reportagem-, Veja (1968), People (1974) – conteúdos sobre
celebridades- e In Style (1994).
Ainda neste período, em 1936, surge uma das mais influentes revistas de
fotojornalismo do mundo, a Life. Sousa (2000, p. 108) ressalta que a finalidade da
revista “era fazer ver. É o efeito-verdade a funcionar, a ilusão de que a fotografia não
pode fazer outra coisa senão reproduzir fielmente o real”.
Em 1937 a Life foi pioneira em apresentar pela primeira vez o ensaio
fotográfico, em um anúncio sobre a própria revista, “cujo objetivo era promover a ideia
de que a reportagem fotográfica seria um formato mais evoluído e estaria muito além de
um simples conjunto de imagens” (FREEMAN, 2014, p. 9).
a Life adaptou os temas e as técnicas das suas predecessoras alemãs e
consagrou o foto-ensaio como o gênero mais prestigiante do fotojornalismo.
Além disso, consagrou o projeto ao nível das rotinas produtivas foto
jornalísticas nas revistas ilustradas - os fotos-ensaios, as grandes foto-
reportagens, podiam dar atenção aos detalhes porque antes de os repórteres
partirem para o terreno era empreendido um trabalho aprofundado de
pesquisa e documentação (SOUSA, 2000, p. 107, grifo do autor).
Contudo, assim como aponta Freeman (2014, p. 9), há diferenças entre matéria
fotográfica e ensaio fotográfico. Na matéria fotográfica “as fotografias podem ser
tomadas de várias fontes, o que, em teoria, possibilitaria a adoção de um padrão visual
muito mais elevado e um efeito visual mais variado”, no qual, possibilita o controle
maior nas mãos dos editores e fotógrafos. Já o ensaio fotográfico “implica uma visão
única e o trabalho de um só fotógrafo fotografando segundo um estilo consistente”
(FREEMAN, 2014, p. 9).
Nos conteúdos de moda a fotografia é muito importante. Segundo Maia (2014,
p. 2) “a imagem opera como representação da moda. A fotografia busca eternizar um
momento, sendo assim, ela assegura a sobrevivência da moda, uma vez que atuando tal
como documento, pode relatar o seu desenvolvimento”.
Deste modo, é muito comum encontrar várias reportagens, matérias e ensaios
fotográficos nos portais e revistas de moda, em que, o visual e o estético se tornam uma
das principais características destes conteúdos. Sendo assim, as revistas de moda,
caracterizadas como revista segmentadas, possuem características próprias para um
público consumidor específico. Weidlich (2014, p. 31) afirma que “o jornalismo de
53
moda atua como uma ponte entre aqueles que produzem moda e aqueles que a
consomem, sendo um mediador entre os processos comunicativos e os de consumo”.
Nesse contexto, a função desse jornalismo é informar não apenas o contexto
comercial desta indústria, mas também notícias de assuntos interligados a movimentos
sociais, a gêneros e a construção de identidade.
4.3 JORNALISMO DE MODA NO BRASIL
As primeiras revistas no Brasil, surgiram após a chegada da família real em
1808. Sendo em 1827 o lançamento do primeiro periódico feminino no país, o Espelho
Diamantino. Esse periódico publicava conteúdos sobre política, arte, literatura, teatro e
vestimenta, espelhado nas “senhoras” de alta classe no país (MORAES, 2012).
A segunda revista feminina no país, a Espelho das Brasileiras, surgiu em 1831
no recife. Ainda que os conteúdos pareciam com o espelho Diamantino, essa revista “foi
seguida de várias outras publicações do gênero, muitas vezes de efêmera duração”
(LIMA, 2007, p. 222).
Ferreira (2018, p. 81) relata que, com a influência da moda Francesa, entre
1840 até 1889, “as mulheres precisavam enfeitar-se para os bailes seguindo a influência
francesa”, aumentando a quantidade de páginas das revistas da época.
a imprensa neste período também era utilizada como instrumento de
manutenção dessa configuração social, na qual as mulheres dependiam
inteiramente dos homens, inclusive na aprovação das suas roupas, e isso
acontecia não apenas no Brasil. De acordo com Laver (2014), em 1851, a
defensora dos direitos das mulheres, Amélia Bloomer, foi à Inglaterra tentar
convencer as mulheres, que nesta época viviam presas em espartilhos, a
adotarem trajes mais livres, com vestes soltas e tendo sob a saia uma espécie
de calça larga até o tornozelo , geralmente com um babado de renda na barra.
O que provocou indignação e censura (FERREIRA, 2018, p. 81).
O autor ainda afirma que deste modo, seguindo as movimentações sociais,
algumas revistas publicavam “ridicularizando os homens que permitissem que suas
mulheres usassem tais roupas” (2018, p. 82), assim como a revista britânica Punch
(1841-1992). Com isso, Werneck (2000 apud FERREIRA, 2018) afirma que foi a partir
do século 20 que muitas revistas quebraram o padrão “machista” da época e adotaram
característica feminista, tornando conteúdos com caráter mais sutil.
Scalzo (2004) relata que em 1961, além do surgimento da indústria dos
eletrodomésticos, o estilo de vida da mulher estava se transformando, com isso, foi
54
lançada a revista Claudia, publicando conteúdos sobre novelas, artigos de moda, dicas
de decoração, conselhos de beleza, receitas e conteúdos sobre orçamento doméstico,
sexo, saúde e consultas jurídicas. A autora ainda complementa:
em 1963, a Claudia trouxe outra mudança no jornalismo feminino, com a
jornalista e psicóloga Carmen da Silva e sua coluna “A Arte de Ser Mulher”,
que quebrou tabus e tocou em temas como a solidão, machismo, trabalho
feminino e seus problemas sexuais (SCALZO, 2004, p. 34, grifo do autor).
Joffily (1991) ressalta que em 1971 surge a revista Nova, dedicada a mulheres
com ambições profissionais, que buscava uma identidade própria. “Os artigos de Nova
abordam problemas existenciais e psicológicos da leitora. São textos geralmente
pesquisados” (JOFFILY, 1991, p.73).
Outras revistas de grande importância, ressaltada pela autora foram:
a) Elle (1988) considerada uma publicação inovadora na diagramação e design
da revista, “é uma publicação que reaviva o prazer da leitura” (1991, p.77);
b) Criativa (1982) que publicava dicas de trabalhos e produtos que as mulheres
poderiam fazer em casa;
c) Máxima (1989) trazia reportagens de comportamentos que buscavam “dar
uma dimensão a atualidade feminina” (1991, p. 79), além de matérias de
moda, lar e beleza;
d) Marie Claire (1991) publicava matérias de serviços sobre moda;
A moda com o passar do tempo “tomou mais lugar na sociedade brasileira,
movimentando a economia e revelando talentos que abriram os olhos internacionais e
tornaram o Brasil um recente pólo de moda” (MORAES, 2012, p.16).
Ferreira afirma que foi no século 21, que o cenário do mercado editorial de
moda se transformou, pois, “o contexto social permitia mais liberdades às mulheres, o
que ressaltava o apelo a publicações voltadas para o público feminino”. A autora ainda
aponta que com a evolução das tecnologias da informação, e a criação das redes sociais,
modificou a produção de conteúdo para este segmento. “Isso significa que os títulos
deste segmento também passaram gradativamente a migrar para outras mídias, como
televisão, rádio e internet – ganhando impulso sobretudo nas mídias digitais” (2018, p.
85).
55
4.3.1 Transição da revista de moda para redes sociais
O início do jornalismo de moda no Brasil está relacionado com a criação das
revistas segmentadas, pois “entende-se que o jornalismo de moda traz conteúdo
segmentado e circula em veículos com linguagem e características próprias e, mais
importante, dirigido a um público específico” (FLORES, 2016, p. 9).
Contudo, com o fenômeno da internet e do jornalismo na web, vários canais de
comunicação transitaram do impresso para a web. As revistas de moda são um dos
principais meios de comunicação que se beneficiaram dessa migração.
Para os autores Nunes e Araujo (2016, p. 3), “a internet permitiu um contato
direto e imediato com o leitor, tornando-se um meio para a venda de assinaturas,
enriquecendo o conteúdo editorial com a colaboração instantânea de profissionais em
qualquer parte do mundo”, o que aumentou a interação com os leitores.
Sousa e Pinto (2017, p 5) afirmam que a inserção das revistas de moda para as
redes sociais foi necessária, porque “a efemeridade da moda faz com que a mesma tenha
que se adaptar e utilizar os meios mais avançados como incentivadores do seu
consumo”. Schimitz (2018, p.15) complementa, e afirma que “a moda precisa mudar
para existir. Por sua própria natureza ela e submetida a lei da novidade”.
A moda, por sua efemeridade, pertence a um setor competitivo,
potencializado pela globalização e com ela a possibilidade de obtenção rápida
de informações, incitando a criação de novos produtos, nichos de mercado e
de novos concorrentes (MOREIRA, MANGIALARDO, 2011 p. 1).
Deste modo, as redes sociais beneficiaram as revistas no sentido de facilidade
de publicação e de acesso, os qual, antigamente, os leitores ficavam reclusos apenas em
ler as matérias de moda nas revistas. Schimitz (2018) relata que nessa época, apenas
poucas pessoas conseguiam comprar as revistas, devido seu valor.
No entanto, com a revolução da internet, um novo contexto social surgiu, e
possibilitou uma democratização ao acesso de moda, “seja em seu consumo material ou
simbólico” (SCHIMITZ, WAJNMAN, 2018, p. 16). Feijgiel (2017) comenta que a
disseminação dos meios de comunicação, proporcionou um maior alcance da moda para
todas as classes sociais. A autora ainda reforça:
com o avanço maior das tecnologias no século XXI, a moda se tornou mais
dinâmica e acessível. Hoje em dia, as tendências que demoravam até dois
56
meses para vir a conhecimento público através das revistas, com o avanço da
internet passaram a serem visualizadas em tempo real, online, nos sites das
próprias marcas e nas suas redes sociais (FEIGJIEL, 2017, p.9)
Nessas redes, as informações de moda ficam abertas ao público 24 horas por
dia, desse modo o usuário pode acessar gratuitamente em qualquer momento. As
autoras Sousa e Pinto (2017, p. 6) complementam e ressaltam que a “facilidade de
acesso dessas mídias, através do celular, torna o perfil das marcas de moda um catálogo
online frequentemente atualizado nas mãos dos consumidores”.
Por ser um ambiente online midiatizado e instantâneo, as notícias de moda
mudaram sua forma de produção. A instantaneidade é um importante elemento narrativo
nesse meio, e assim, Frings (2012) ressalta que as informações de moda que “antes
levavam dias ou semanas para acontecer hoje acontecem instantaneamente. Uma
variedade de sistemas de comunicação fornece aos profissionais da moda, e aos
consumidores, informações minutos a minuto sobre a moda” (apud FEIGJIEL, 2017, p.
11).
Feijgiel (2017, p. 14) aborda outra característica das redes sociais, a interação.
Para a autora, “as redes sociais trouxeram uma maior possibilidade de participação e
interação (dos leitores) com suas revistas favoritas, informações compartilhadas [...]e a
cobertura dos principais acontecimentos quase sempre em tempo real”.
Nas redes sociais como o Instagram, a interação é realizada por meio de
curtidas e comentários nas postagens publicada, além de viabilizar, por meio de
ferramentas de perguntas, como quiz e questionários (múltipla escolha) nas publicações
do InstaStories.
A moda na web ainda passou por outros momentos importantes, como a
proliferação de blogs e portais de comunicação voltados para moda, além da
popularização de influenciadores digitais. Fejgiel (2017, p. 31) afirma que a sociedade,
com o avanço da tecnologia, tornou-se mais consumista, e dessa forma, as redes sociais
e os blogs, tornam-se “uma modalidade de estímulo ao consumo e uma ferramenta
mercadológica, gerando ciclos em que os produtos que são postados automaticamente
viram “febre” de consumo no mundo todo” (2017. P. 31, grifo do autor). A autora
complementa:
hoje em dia, as redes sociais, sites e blogs transmitem as informações de uma
forma muito rápida e eficaz com relação aos meios de comunicação
tradicionais, já que há uma interação direta com o interlocutor, ou, nesses
57
casos, seguidor. No Snapchat e Instagram Stories, por exemplo, o usuário
tem acesso a uma postagem “ao vivo” de quem ele segue, o que torna tudo
mais dinâmico com a sensação de que todos estão vivenciando a mesma
situação, ao mesmo tempo. Na sociedade moderna, cada vez mais
tecnológica e consumista (FEJGIEL, 2017, p. 31, grifo do autor).
Outro momento importante foi o surgimento dos influenciadores digitais. As
autoras Suzanna Sousa e Lilian Pinto (2017, p. 6) ressaltam que “a facilidade da criação
de perfil nas mídias sociais permite que cada vez mais usuários passem a aderir essa
interação social instantânea”, no qual, a partir de suas postagens, influencie, de certa
maneira, seus seguidores. Desse modo, alguns usuários se transformam em celebridades
na rede, “seja por terem blogs ou apenas por serem pessoas mais populares fora da web,
e tornam-se influenciadores digitais, criando modelos de estilos de vida e dando dicas
aos seus seguidores nas mídias digitais”. Consequentemente, esses influenciadores
lançam tendências de moda influenciando seus leitores.
4.3.2 Gêneros textuais do jornalismo de moda
O jornalismo de moda, assim como qualquer outro segmento, tem seus
próprios gêneros e formatos que classificam as notícias. Joffily (1991) caracteriza esse
segmento em três gêneros textuais, como:
a) matérias de tendências que explicam ao leitor quais serão as tendências da
próxima estação, com o objetivo de “informar a leitora os critérios a serem
utilizados na renovação do guarda roupa” (JOFFILY, 1991, p. 96). Flores
(2016, p. 11), inspirado pela autora, complementa e afirma que essas matérias
fazem referência ao “que é - ou será - novidade no vestuário e nos produtos de
moda”. Reportagens de tendências adotam conteúdos sobre tecidos, cores,
modelagem das roupas, combinações, acessórios, maquiagem e assuntos sobre
as últimas novidades de indumentaria nos desfiles;
b) matérias de serviço, de acordo com Joffily (1991) “informa a leitora como
colocar a tendência na prática do seu cotidiano”, explicando quais peças
combinam com a pessoa em si, explicando quais são as roupas e acessórios
mais versáteis e baratos. De acordo com Dobrowoski e Araujo (2011), a
matéria de serviço surgiu no jornalismo americano, e tem como função explicar
como adaptar às peças as necessidades das leitoras, servindo, na maioria das
vezes, como uma matéria guia;
58
c) matéria de comportamento que “inserem a moda na atualidade das correntes e
manifestações sociais e culturais, resgatando a moda como uma dessas
correntes, com sua história, preocupação estética e sua simetria com os fatos”
(JOFFILY, 1991, p 98), ou seja, a moda mais aprofundada no contexto social.
A matéria de comportamento possui traços do jornalismo literário, no sentido
da utilização de perfis, deste modo, interessa ao um público maior do que de
moda;
De maneira geral, cada conteúdo jornalístico de moda tem uma intenção e um
estilo, no qual, “texto e imagem devem dialogar dentro de uma publicação” (JOFFILY,
1991). Baseado nestes conceitos, Flores (2016) defende que há ainda uma quarta
caracterização do jornalismo de moda, que são as matérias de celebridade. Essas
matérias têm como conceito a divulgação da vida e da personalidade de pessoas em
destaque na mídia.
Na internet, os conteúdos que mais são utilizados pelos canais de comunicação
são as matérias de serviço, tendência e de celebridade. A matéria de comportamento fica
exclusiva, normalmente com algumas exceções, em revistas e em conteúdo audiovisual.
As classificações apontadas por Joffily em 1991 podem ser comparadas com as
classificações de Jose Marques de Melo e Francisco de Assis (2016). Os autores
apresentam cinco caracterizações de gêneros textuais:
a) Jornalismo Informativo, como notas, noticia, reportagem e entrevista;
b) Jornalismo Opinativo, se caracterizando por resenha, coluna, comentário,
caricatura, crônica, editorial, artigo e carta;
c) Jornalismo Interpretativo, como dossiê, perfil, analise, enquete e cronologia;
d) Jornalismo Diversional, definidos por histórias de interesse humano e história
colorida;
e) Jornalismo Utilitário como cotação, roteiro, serviço e indicador;
Sendo assim, é possível comparar os três gêneros textuais de moda com os
gêneros explicados por Melo e Assis, bem como:
Quadro 1 - Os gêneros textuais de moda
Gêneros de Moda Gêneros Textuais definidos por Melo e Assis
Matérias de Tendências
Jornalismo Informativo
Jornalismo Opinativo
59
Matérias de
Comportamento
Interpretativo
Diversional
Matérias de Serviço
Jornalismo Utilitário
Fonte: adaptado de Joffily (1991), Melo e Assis (2016).
Com isso, compreendendo que Joffily é a única autora que apresenta gêneros
textuais de moda no Brasil, este trabalho utilizou os conceitos apontados por Melo e
Assis para reforçar e complementar as características dos gêneros textuais de um
jornalismo pouco estudo no país. Entender como se classificam as notícias de moda é
importante para a realização da análise desta monografia.
60
5 ANÁLISE DA REVISTA VOGUE E DA REVISTA GLAMOUR
O procedimento metodológico desta análise busca compreender como o
jornalismo de moda utiliza o Instagram para informar. Para isso, utilizará da análise de
conteúdo, pautada por Herscovitz (2010), para assim, verificar quais as narrativas
presentes nas publicações das revistas de moda Vogue e Glamour.
A análise de conteúdo surgiu no campo de comunicação em 1927 por Harold
Laswell, com o objetivo de compreender documentos e textos e entender quem produz e
quem recebe a notícia (HERSCOVITZ, 2010).
Com o intuito de analisar e avaliar quantidades de informações, essa
metodologia se utiliza do pressuposto da experiência empírica qualitativa e quantitativa.
Herscovitz (2010, p. 127) define essa condição de análise em “o que diz a mídia, para
quem, em que medida e em com que efeito”, dessa forma, este trabalho busca se
apropriar do método de pesquisa empírica social qualitativa para compreender como o
jornalismo de moda utiliza as narrativas no Instagram para informar.
A análise terá três etapas: a primeira será analisar os conteúdos do Feed, por
meio de uma tabela com os elementos narrativos online. Na segunda será analisado as
postagens do InstaStories na cobertura da Semana de moda de São Paulo. E a terceira
etapa, será analisado dois conteúdos, de cada perfil, do IGTV.
Para analisar as postagens do feed, a seleção dos conteúdos do objeto de estudo
se deu por meio do que Bauer (2004) intitula de “semana artificial”, no qual, são
escolhidos conteúdos a serem analisados de um calendário aleatório, diminuindo a
distorção da amostragem do objeto de estudo. Bauer ainda reforça e relata que “as datas
do calendário são um referencial de amostragem confiável, de onde se pode extrair uma
amostra estritamente aleatória” (BAUER, 2004, p. 196).
A semana artificial será realizada a partir de setembro de 2018 até março de
2019, no qual, pela quantidade de publicações diárias, serão analisados um conteúdo por
dia, e o critério de escolha será a partir dos conteúdos que mais tiveram curtidas no dia.
Nesta análise, os conteúdos estudados serão avaliados por meio de uma tabela
verificando seus elementos narrativos online, como: Interatividade, Instantaneidade,
Memoria, Personalização, Multimidialidade e Hipertextualidade.
61
A segunda etapa da analisará os Instastories da rede social na cobertura do São
Paulo Fashion Week que foi realizado nos dias 22 a 27 de abril avaliando de que forma
as revistas Vogue e Glamour utilizam esta ferramenta para informar.
Por fim, a terceira etapa da análise examinará o IGTV, ferramenta desenvolvida
em 2018, em que os conteúdos escolhidos também serão baseados no critério de
escolha: interação. Serão analisados dois conteúdos de cada objeto de estudo,
verificando sua narrativa e seus gêneros textuais.
5.1 A HISTÓRIA DO INSTAGRAM
Desenvolvido pelos engenheiros Kevin Systrom e Mile Krieger, o aplicativo
Instagram foi inaugurado comercialmente no dia 06 de outubro de 2010, sendo
oferecido inicialmente de forma gratuita e exclusiva para usuários do sistema
operacional iOS, como o iPhone, iPod Touch e tablet iPad e todos os produtos da
Apple. Posteriormente, em 2012, foi possibilitado para os usuários de Android
(WEIDLICH, 2014).
O principal objetivo e mecanismo do Instagram como rede social é a
publicação e edição de fotos, em que, para o usuário utilizar esta rede social, o indivíduo
deve criar um conta, selecionando os usuários que deseja seguir. “O botão "seguir",
conecta então os usuários, permitindo que estes recebam em seu perfil as atualizações
de ambos” (CAVENDISH, 2013, p. 52).
Essa rede social permite aos usuários várias funcionalidades, como a aplicação
de mais de 20 filtros de edições para as fotografias e vídeos, a utilização das hashtags
(#), que funcionam como um “agrupador de imagens relacionadas a determinado
assunto, facilitando a disseminação de um tópico e o acompanhamento de um
conteúdo”, além de possibilitar a marcação de outros seguidores nas publicações.
(WEIDLICH, 2014, p. 64).
Os usuários do Instagram ainda podem compartilhar e postar suas imagens em
três ferramentas, como:
1. Feed, em que, as fotos ficam a mostra na página do perfil, permitindo interações
de outros seguidores, com o botão “amei” e na criação de comentários. Desde
2017, com uma nova atualização, os usuários podem postar até 10 fotos, ou
vídeos, em uma única publicação;
62
2. O Instagram Stories, ou InstaStories surgiu em 2016 e possibilita a publicação
de fotos e vídeos que ficam online apenas 24 horas, e a gravação de Lives,
vídeos ao vivo. No Instastories há ainda a capacidade de interação, como
enquetes, curtidas e comentários;
3. IGTV, desenvolvido em 2018, permite a publicação de vídeos com a
temporalidade maior que um minuto, tempo máximo ao publicar no feed. A
interação desta ferramenta se dá por meio de comentários e curtidas.
Com tantas ferramentas e possibilidades de publicar uma notícia, Weidlich
(2014, p. 64) comenta que o “Instagram definiu um estilo próprio de compartilhar e
armazenar a informação geolocalizada de moda, uma vez que [...] amplia a interação
social no espaço físico, influenciando estilos e maneiras de adotar modas em diferentes
localidades”.
Sisson (2015, p. 43) afirma que “o jornalismo de moda, ao fazer o uso
adequado do jornalismo online, tornou-se um ponto de atualização e referência de
pesquisa sobre tudo o que acontece nesse mercado”. Além disso, as revistas, ao
migrarem para as redes sociais, proporcionaram ao leitor “uma interatividade produtiva,
gerando uma engrenagem de transmissão de notícias, opiniões, imagens e vídeos”.
Desta maneira, a migração das revistas de moda mais conhecidas no mercado para esta
rede social foi inevitável.
5.2 VOGUE
A revista Vogue surgiu no dia 17 de dezembro de 1892 nos Estados Unidos por
Arthur Baldwin Turnure e Harry McVickar, como uma gazeta social semanal de 30
páginas. O objetivo da revista era transcrever a sociedade, com publicações sobre
cultura, etiqueta, musica, livros, arte e dicas de como se portar em eventos sociais
(WEIDLICH, 2014)
Ali (2009, p. 24) ressalta que em 1909 foi adquirida pelo advogado e publicista
Conde Nast e com o sucesso, diferentes versões da revista foram lançadas em vários
países, como a Vogue Britânica (1916), Vogue Francesa (1920), Vogue Espanhola
(1921), Vogue Italiana (1922) e a Vogue Alemã (1924).
Em 1960 a vogue ganhou o status de “Bíblia da Moda” com a nova editora-
chefe Diana Vreeland. Em 1988 Anna Wintour assumiu o cargo de editora-chefe
63
reformulando radicalmente a revista. A nova editora convertia estilistas e modelos,
antes desconhecidos, em celebridade de um dia para outro. Logo em seguida mais
produtos segmentados da revista surgiram, como a versão online da vogue lançada em
1996.
No Brasil, a revista surgiu em 1975, sendo a primeira edição da Vogue na
América Latina. Produzida pela editora Três, e no ano seguinte pela Carta Editorial. A
primeira publicação da revista tinha 80 páginas de anúncios publicitários e vendeu 50
mil exemplares (MORAES, 2012,)
No início, a revista era comandada por Andrea Carta e Ignácio Loyola. Foi
neste período que a vogue Brasil começou publicar assuntos de moda, beleza, estilo de
vida, política, economia e questões sociais. Pina (2011) comenta que foi no final da
década de 1980, que a revista começou a trazer edições com assuntos mais polêmicos
como o movimento dos sem-terra, a situação das mulheres nas penitenciárias femininas,
a Aids e sobre o aborto. Em 2010 a Globo Conde Nast passou a editar as publicações da
Vogue, após adquiriu os direitos da revista.
As manifestações sociais influenciam as construções dos conteudos da revista
Vogue. Exemplo disso, foi a repercussão negativa de uma foto publicada pela editora
chefe da revista Vogue, Donata Meireles, no dia 11 de fevereiro de 2019.
A publicação mostrava a editora chefe sentada em uma cadeira no meio de
duas modelos negras com roupas de baiana. Após a postagem, Donata recebeu inúmeras
críticas, sendo chamada de racista, pois, a fotografia tinha a semiologia que lembrava e
fazia referências a época da escravidão. Após a repercussão, a editora pediu demissão
da revista.
Além disso, a vogue publicou uma nota lamentando o ocorrido. Após uma
comparação entre meses antes após o ocorrido, foi possível constatar que a revista
publicou mais de 180 fotos de modelos negros, nos três últimos meses seguintes à
publicação da nota da revista. Nos três meses anteriores, o número não chegou a 100
fotos de pessoas negras.
Desse modo, ainda que não seja o proposito deste trabalho identificar a
quantidade de fotos com modelos negras, é pertinente apontar como o mencionado no
parágrafo anterior evidencia uma possível mudança em função das críticas manifestadas
pelo público.
64
Atualmente, de acordo com Media Kit de 2018 disponibilizado pela editora, a
Vogue tem uma tiragem de 78.374 exemplares, 48.244 exemplares por circulação paga
e 7.401 por assinaturas digitais. No Instagram, a revista tem mais de dois milhões de
seguidores, sendo a revista de moda com mais seguidores no país.
5.2.1 O feed
Essa seção analisou o feed da revista por meio da semana artificial. Foram
setes conteúdos analisados: o do dia 30 de setembro de 2018, 01 de outubro de 2018, de
novembro de 2018, de dezembro de 2018, de janeiro de 2019, de fevereiro de 2019 e de
março de 2019.
As postagens adotam a titulação de “primeira publicação V. 1” (30/09/2018),
“segunda publicação V. 2” (01/10/2018), “terceira publicação V. 3” (06/11/2018),
“quarta publicação V. 4” (12/12/2018), “quinta publicação V. 5” (17/01/2019), “sexta
publicação V. 6” (22/02/2019) e “sétima publicação V. 7” (23/03/2019) para melhor
entendimento da análise. Entre as setes publicações, quatros são fotografias e três são
vídeos.
5.2.1.1 Primeira publicação V.1
A primeira publicação analisada com 44.082 mil curtidas e 297 comentários,
apresenta uma matéria sobre a modelo Gisele Bündchen, que aos seus 38 anos posou
para uma sessão de fotos para a revista Vogue.
A foto, preta e branca, mostra a modelo com roupas típicas da sua terra natal, o
Rio Grande do Sul (Figura 1). Com uma cuia de chimarrão em uma das mãos e com seu
cachorro ao lado, a fotografia foi tirada em um ensaio fotográfico, para uma reportagem
publicada na revista impressa.
O texto da matéria é uma publicação curta e descreve a idade da modelo e
comparando com o tempo de carreira que a Gisele tem. “Aos 38 anos, @gisele tem
como principal missão inspirar os outros em defesa das riquezas naturais. Modelo há 23,
ela nunca deixou sua essência e seu orgulho de ser brasileira de lado” (VOGUE, 2018).
A publicação também faz referências à revista impressa do mês de Outubro,
“na #VogueOutubro ela volta às suas raízes em um editorial clicado por @zee_nunes no
Rio Grande do Sul” (VOGUE, 2018).
65
O texto ainda apresenta marcações sobre o fotógrafo, editor de moda e sobre a
marca de sapatos, roupas e joias que a modelo estava usando, além da utilização de tags,
como “#vogueoutrubro, #vogueraizes e #giselebundchen.
Figura 1 – Divulgação da Gisele Bündchen na Vogue Outubro
Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2018
5.2.1.2 Segunda Publicação V. 2
A postagem analisada também é sobre a modelo. Contudo, ao invés de foto, a
matéria exibe uma prévia, em formato audiovisual, para divulgar o vídeo completo,
intitulado Vogue Raízes, presente no IGTV e no portal de comunicação da revista
(Figura 2). Essa postagem, com 24.544 mil visualizações, 5.267 curtidas e 72
comentários, também serve para divulgar a revista impressa que tem a modelo como
capa.
O vídeo apresenta a modelo no ensaio fotográfico do editorial de moda da
revista Vogue outubro de 2018. O ensaio é titulado como Vogue Raízes, e tem como
objetivo apresentar a natureza. Com isso, o vídeo tem uma edição com vários cortes, no
qual, Bündchen aparece posando para as câmeras com abelhas, cavalos e cabras.
A modelo ainda faz uma narração sobre o contexto do editorial. O texto que
compõe o vídeo também é curto, e convida o leitor a acessar o site para ver o filme
completo da publicação. Além disso, a publicação tem uma versão em inglês, tanto do
próprio texto, como das marcações e das utilizações de tags sobre as pessoas e as grifes
envolvidas na produção da postagem.
66
Figura 2: Divulgação do vídeo Vogue Raízes
Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2018
5.2.1.3 Terceira publicação V. 3
Com 5.117 mil curtidas e 28 comentários a postagem, diferente das anteriores,
apresenta traços de uma matéria de serviço, assim como é possível observar no texto:
“Está de passagem pelo Rio? Vogue entrega os melhores programas da semana”
(VOGUE, 2018), ou seja, informa ao leitor dicas do que fazer no rio de janeiro.
A postagem ainda faz a utilização das tags, como #VogueRadar, #RadarRio e
#Airfrance, e convida os leitores a acessarem o link da bio para conferir outras
novidades da revista (Figura 3). Nessa publicação, a foto, do Rio de Janeiro, serve
apenas como ilustração para complementar o texto.
67
Figura 3: matéria de serviço – lugares para conhecer no Rio de Janeiro
Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2018
5.2.1.4 Quarta publicação V. 4
Similar à publicação anterior, com 3.964 mil curtidas e 16 comentários, a
postagem tem características de matéria de tendências, pois, mostra ao leitor 10 dicas de
beleza das celebridades que serão tendências em 2019.
Ainda que o texto não cita quais famosas a matéria se refere, a fotografia, nesta
postagem, expõe a modelo Gigi Hadid com o vestuário e maquiagens na cor rosa, em
que, a imagem serve apenas como uma ilustração para reforçar o texto e chamar a
atenção dos leitores. A publicação também tem a utilização de tags como #beleza e
#GigiHadid.
Figura 4: Tendências de beleza
Fonte: Feed do Instagram da Vogue 2018
68
5.2.1.5 Quinta publicação V. 5
A quinta publicação analisada foi a do dia 17 de janeiro de 2019 com 73.809
mil visualizações, 1.415 mil curtidas e 7 comentários. A matéria é composta por um gif
que mostra 6 celebridades com fotografias de “antes e depois” com 10 anos de
diferença.
O texto, assim como as outras publicações, é curto com característica de nota.
A postagem convida o leitor a entender sobre o conteúdo postado no site oficial da
revista, “entenda no link da bio!” (VOGUE, 2019).
Figura 5: Gif 10 years challenge
Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2019
5.2.1.6 Sexta publicação V. 6
Com 27.639 mil curtidas e 195 comentários, a publicação é um pouco mais
informativa do que as anteriores. Assim como as duas primeiras matérias analisadas,
essa também apresenta Gisele Bündchen. Contudo, o foco da vez é expor o look
sustentável que a modelo estava usando no red carpet.
O texto informa os detalhes da roupa, assim como “a top escolheu um longo
@stellamccartney de viscose ecofriendly combinado com joias brasileiras”. Nessa
publicação também foi utilizada o uso de tag e de marcações de pessoas como a
estilista, a marca das joias e o perfil do evento que a modelo participou.
69
A fotografia da Gisele na publicação serve como uma ilustração para reforçar a
matéria. Entretanto, nesta postagem a vogue publicou 3 imagens, uma do rosto da
modelo, expondo as joias. A segunda exibindo o vestido que a Gisele usou e a terceira
fotografia mostra a modelo com o seu marido.
Figura 6: Gisele Bündchen com vestido sustentável
Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2019
5.2.1.7 Sétima publicação V. 7
A sétima postagem analisada com 76.776 mil Visualizações, 8.931 mil curtidas
e 138 comentários, é um vídeo que apresenta uma prévia sobre a decoração e o tema do
baile da vogue.
O texto que compõe a publicação informa ao leitor que a Vogue realizara a
cobertura do evento. Além do mais, a publicação tem traços de uma nota literária na
narrativa storytelling, apresentando detalhes sobre o baile.
Figura 7: Baile da Vogue
Fonte: Feed Instagram da Vogue, 2019
70
5.2.1.8 As setes publicações da Vogue
Deste modo, entende-se que as matérias analisadas são estruturadas com todos
os elementos narrativos, assim como ilustra a tabela:
Quadro 2 - Elementos narrativos: Vogue
Publicação Elementos Narrativos
Interatividade Instantaneid
ade
Multimidiali
dade
Memória Personalizaç
ão
Hipertextua
lidade
30/09/2018 X X X X X X
01/10/2018 X X X X X X
06/11/2018 X X X X X X
12/12/2018 X X X X X X
17/01/2019 X X X X X X
22/02/2019 X X X X X X
23/03/2019 X X X X X
Fonte: A autora, 2019.
Com isso, foi possível identificar que os elementos narrativos presente em
todas as matérias foram a interatividade, multimidialidade, instantaneidade,
personalização e hipertextualidade. Entende-se que as tags podem ser consideradas
como características do elemento memória, pois, acumula postagens sobre o mesmo
assunto. Deste modo, a última publicação analisada, não foi considerada estruturada
com este elemento, devido a falta de tags em sua composição textual.
Os outros elementos narrativos, foram encontrados em todos as publicações
analisadas. É importante observar que o elemento personalização também está em todas
as análises, pois entende-se que o Instagram permite que o usuário salve aquela
postagem em sua biblioteca.
Todos os textos que acompanham as postagens foram curtos e apresentavam
marcações de pessoas e grifes de roupas. Além do mais, a linguagem textual das
publicações tem características coloquiais em que, aproximam-se do leitor como uma
conversa.
71
5.2.2 InstaStories
Nesta etapa de analise, esta monografia analisou os conteúdos postados na
ferramenta Instastories na cobertura do evento Semana de Moda de São Paulo,
conhecido como São Paulo Fashion Week (SPFW) que ocorreu nos dias 17 até 22 de
abril. Os conteúdos analisados foram divididos por dois momentos, as postagens sobre
os bastidores e as publicações sobre os desfiles.
Kannenberg afirma que os Stories, quando usado em veículos de comunicação,
têm três objetivos, como divulgação de conteúdo, cobertura jornalística e conversação.
O evento analisado se caracteriza como cobertura jornalística, pois:
essa categoria pressupõe que o conteúdo seja produzido para o Instagram
Stories, com fotos e vídeos exclusivamente nativos. Consideramos aqui
coberturas no modelo tradicional do jornalismo, ou seja, quando o repórter
está no local de algum acontecimento e transmite informações de lá
(KANNENBERG, 2017, p. 10).
Com isso, a cobertura realizada pela Vogue iniciou um dia antes, apresentando
quatro postagens. As quatros fotos são “chamadas” informando os detalhes sobre o
evento, como “tudo sobre as 5 marcas estreantes” e “É amanhã! Arraste e confira o line-
up completo do @spfwN47” (VOGUE, 2019). Todas as postagens convidam o leitor a
ler a matéria completa no portal de comunicação da revista.
A partir do primeiro dia da SPFW, 22 de abril, até o ultimo dia, 27 de abril, 35
marcas se apresentaram no evento:
• 22 de abril: Ronaldo Lourenço.
• 23 de abril: Lenny Niemeyer, Patricia Viera, Fabiana Milazzo, Lilly Sarti e
Bobstore.
• 24 de abril: Gloria Coelho*, PATBO*, Another Place, Beira, João Pimenta,
Amir Slama, Modem, Lino Villaventura.
• 25 de abril: Projeto Estufa - Aluf, Projeto Estufa - Victor Hugo Mattos,
CACETE Co, Top5 – Borana, Neriage, Handred, Triya.
• 26 de abril: Projeto Estufa – ÃO, Projeto Estufa – MiPinta, Cotton Project,
Apartamento 03, Ratier, Haight, Ronaldo Fraga.
• 27 de abril: Projeto Estufa - Lucas Leão, Projeto Estufa - Korshi 01 Projeto
Estufa - LED, Ocksa, Flávia Aranha, PIET, Ponto Firme, Cavalera.
72
A Vogue publicou 62 vídeos e 81 fotos durante o evento, ou seja, 143
postagens ao total. Toda primeira postagem publicada durante o evento é uma imagem
preta com um texto padrão informando o leitor que começou a cobertura, como:
“#VOGUEnoSPFW, DIA 1”.
97 destas postagens apresentaram os bastidores do desfile, expondo as modelos
se maquiando, em que foram identificadas matérias de serviço, pois os maquiadores
ensinavam dicas de como se maquiar. Nestas publicações, a revista postou detalhes da
decoração do ambiente e prévias dos looks, informando o tema e os materiais utilizados
nos looks:
Figura 8: Cobertura do SPFW realizada pela Vogue: bastidores
Fonte: Instastories da revista Vogue no Instagram, 2019.
As outras 46 postagens foram sobre o momento das modelos desfilando nas
passarelas. Foram identificadas nestas postagens, matérias de tendências, pois,
informavam o leitor quais seriam as tendências do verão. As opiniões dos jornalistas
sobre as roupas também estavam presentes nas postagens, além do mais, alguns textos
convidavam os leitores a reverem mais sobre os desfiles no site oficial da revista.
73
Figura 9: Cobertura da SPFW realizada pela Vogue: desfile
Fonte: Instastories da revista Vogue no Instagram, 2019.
A vogue ainda cobriu os eventos Fashion Revolution Week e Veste Rio, deste
modo foram publicadas um total de 275 postagens ao total durante a semana analisada.
5.2.3 IGTV
Baseado no critério de escolha interatividade, a primeira postagem analisada
foi a publicação do dia primeiro de outubro de 2018, com 32, 349 mil visualizações,
1.419 mil curtidas e 71 comentários, e assim como a matéria analisada no feed do
mesmo dia, apresenta a modelo Gisele Bündchen com sua família no Rio Grande do
Sul.
O vídeo tem duração de 1 minuto e 36 segundos com modelo narrando um
poema, em que as imagens variam do ensaio fotográfico de Gisele com cenas
específicas para cobrir as falas do vídeo. Bernard afirma que a técnica de narração, ou
como ele chama voice-over, pode atrair o publico “como se fosse pela mão. A narração
traz informações que, de outro modo, não estariam disponíveis, sendo, porém,
essenciais para o publico poder vivenciar plenamente o seu filme” (BERNARD, 2008,
p. 219).
74
O segundo conteúdo analisado é do dia 26 de outubro de 2018, com 24.30 mil
visualizações, 897 curtidas e 43 comentários. Com 8 minutos e 53 segundos de duração,
apresenta a diretora de parceria de moda do Instagram, Eva Chen, que responde 8
perguntas realizadas por celebridades brasileiras, como Anita, Donata Meirelles, Helena
Bordon, Caroline Trentini, Ludmila, Reinaldo Lourenço e Costanza Pascolato, sobre a
moda. O vídeo tem uma estrutura de “ping e pong”, pois, a diretora recebe as perguntas
por meio de vídeos e responde seguidamente.
Deste modo, os vídeos analisados têm características dos gêneros textuais de
tendências e serviços, pois informam os leitores sobre as tendências e revelam dicas de
como utilizá-las. Contudo, a Vogue utiliza desta ferramenta para introduzir matérias de
comportamentos, por exemplo, na primeira análise desta ferramenta, a narração de
Gisele junto com as imagens do vídeo adota o conceito de storytelling com uma
narratividade literária.
Outro exemplo de matéria de comportamento, analisada como complemento, o
vídeo de 5 minutos e 10 segundos do dia 24 de janeiro de 2019 com 10, 206 mil
visualizações, 245 curtidas e 8 comentários, em que, apresenta um perfil narrado sobre
Jules Sauer, um joalheiro brasileiro. O vídeo é estruturado de forma voice-over, com
imagens e fotos de Sauer e sua esposa, com a narração e com alguns trechos de
entrevistas do próprio joalheiro.
5.3 GLAMOUR
A revista Glamour se originou em 1939, nos Estados Unidos pelo grupo
internacional Condé Nast, sendo inicialmente chamada de Glamour of Hollywood, e
assim como a revista Vogue, tem diversas versões em vários países da Europa e da
Ásia, além de África do Sul e México. Os autores Nunes e Araujo (2017, p. 244)
relatam que “no exterior, é considerada a revista número 1 da Europa, já em território
nacional é a revista mais vendida em bancas”.
Sisson (2015, p. 44) afirma que a revista surgiu no Brasil em abril de 2012 pela
Editora Globo “com a proposta de substituir a revista Criativa, que estava em circulação
nacional havia 22 anos e tinha um público-alvo semelhante ao que a Glamour desejava
atingir”. Sua primeira edição vendeu mais de 100 mil exemplares, com leitores entre 20
75
e 35 anos, pertencentes à classe B+, em que, seus conteúdos têm uma linguagem
simples, e abordam assuntos de moda, lifestyle, beleza e relacionamentos.
A autora ainda relata que um dos diferenciais da revista “é não pensar
unicamente como uma publicação, ou seja, a revista trabalha como branding, tendo
produtos assinados que não são comercializados”, no qual, torna os conteúdos mais
atrativos para os leitores, sendo visto como objetos de desejo (SISSON, 2015, p. 44).
A revista Glamour, além de ser a revista feminina brasileira que mais vende em
bancas no país, “é também a revista feminina mais nova no Brasil”, deste modo, a
revista surgiu no país após a popularização das mídias digitais. (ARAUJO, NUNES,
2016, p. 5)
Atualmente, de acordo com o Media Kit 2018, disponibilizado pela editora, a
revista tem uma tiragem de 130 mil exemplares e aproximadamente 400 mil leitores. No
Instagram, a Glamour tem torno de 1,3 milhões de seguidores.
5.3.1 O feed
Assim como os conteúdos analisados da Revista Vogue, as postagens da
Glamour também adotam a uma intitulação, do mesmo modo “primeira publicação, G.
1” para o dia 30/09/2018, “segunda publicação G. 2” para 01 de outubro de 2018,
“terceira publicação G. 3” para de novembro de 2018, “quarta publicação G. 4” para de
dezembro de 2018, “quinta publicação G. 5” para o dia de janeiro de 2019, “sexta
publicação G. 6” para de fevereiro de 2019 e “sétima publicação G. 7” para o dia de
março.
Entre as publicações analisadas, 5 foram fotografias e duas postagens foram
vídeos.
5.3.1.1 Primeira publicação G. 1
A primeira publicação do dia 30 de setembro de 2018 com 1.516 mil curtidas e
59 comentários se caracteriza como matéria de tendência, pois o texto inicia-se com “A
tendência western é uma realidade, bb! Ela bombou nas passarelas internacionais,
chegou ao street style e conquistou nossos corações.” E é finalizado com a
conceitualização da matéria de serviço, pois apresenta dicas de como adotar essa
tendência no dia a dia do leitor.
76
A imagem que acompanha a matéria é uma fotografia da modelo Bia Arantes
com um vestido longo com uma estampa mesclada de xadrez nas cores rosa, preto e
branco. A modelo também utiliza uma bota cowboy com característica do estilo Folk
contemporâneo, assim como expõe a matéria. A utilização de hiperlinks, como as tags e
as marcação de pessoas envolvidas com a criação da reportagem, também estão
presentes na publicação.
Figura 10 Tendência Western
Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2018
5.3.1.2 Segunda publicação G. 2
A postagem do dia 01 de outubro de 2018, com 1.368 curtidas e 12
comentários, apresenta uma nota curta informando sobre as celebridades presentes no
lançamento da nova coleção da grife francesa goyer wear em Paris.
O texto, assim como as outras publicações, também tem a utilização de tags e
marcações de pessoas envolvidas com a postagem. A imagem da publicação apresenta a
colunista Vic Ceridono com a jornalista de moda Constanza Pascolato.
77
Figura 11 Semana de Moda de Paris
Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2018
5.3.1.3 Terceira publicação G. 3
Com 16.216 mil visualizações, 838 curtidas e 17 comentários a publicação do
dia 06 de novembro de 2018 apresenta aos leitores um vídeo, sem áudio, com a modelo
Heloisa Muniz ensinando como realizar uma massagem facial.
O texto que compõe a publicação serve como complemento do vídeo, pois
relata do que se trata o conteúdo. Diferente das outras publicações, a postagem utiliza de
emoctions para ilustrar o texto, contudo, não foi encontrado nenhuma tag na publicação.
Figura 12 Benefícios da automassagem
Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019
78
5.3.1.4 Quarta publicação G. 4
A publicação do dia 12 de dezembro de 2018, com 2.438 mil curtidas e 45
comentários, é uma “chamada”, com a técnica de storytelling. A postagem convida o
leitor a acessar o site para ler a matéria completa, que conta, por meio de um perfil, a
história de Ingrid Silva, a primeira bailarina do Dance Theatre Of Harlem.
A imagem que compõe a matéria é uma fotografia da bailarina em um ensaio
realizado para reportagem, servindo apenas como ilustração para reforçar o texto.
Figura 13 Primeira bailarina do dance theatre of harlem
Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019
5.3.1.5 Quinta publicação G. 5
A quinta postagem analisada foi do dia 17 de janeiro de 2019, com 3.555 mil
visualizações, 275 curtidas e 3 comentários. A publicação apresenta um vídeo de 50
segundos da jornalista Vic Ceridono, beauty expert da revista.
Com características de uma “chamada”, o vídeo faz uma prévia sobre uma
coluna jornalística, construída em formato de audiovisual, da jornalista, que apresenta
dicas de relaxamento e energizantes para fazer na hora do banho.
Sendo assim, o texto que compõe o vídeo, possui traços de matérias de serviços
ao apresentar ao leitor tutoriais.
79
Figura 14 Previa da coluna jornalística de Vic Ceridono
Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019
5.3.1.6 Sexta publicação G. 6
Com 1.475 mil curtidas e 19 comentários, a sexta matéria analisada é diferente
das outras publicações. A publicação apresenta uma nota curta parabenizando a atriz
Drew Barrymore por seus 44 anos de idade.
Com duas fotos da atriz em uma cena do filme E.T, com sete anos, o texto
expõe uma linguagem coloquial, até mesmo literária, ao referenciar para o leitor o filme
dos anos 90, fazendo referências com a atriz atualmente.
Figura 15 Nota de aniversario para atriz Drew Barrymore
Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019
5.3.1.7 Sétima publicação G. 7
Publicada no dia 23 de março de 2019, a sétima publicação analisada tem
1.390 e 47 comentários. A postagem possui características de matéria de serviço, em
que, apresenta para o leitor o perfil da grife de acessórios de cabelo Keashldn, que dá
dicas de como decorar o cabelo de forma inusitada.
80
Para ilustrar a matéria, a fotografia é uma imagem de um penteado com
acessórios de perolas e cristais formando o desenho de um polvo marinho.
Figura 16: Dicas para criar penteados
Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019
5.3.1.8 As setes publicações da Glamour
As postagens analisadas apresentaram em sua estrutura todos os elementos
narrativos online:
Quadro 3 - Elementos narrativos: Glamour
Publicação Elementos Narrativos
Interatividade Instantaneid
ade
Multimidiali
dade
Memória Personaliz
ação
Hipertextua
lidade
30/09/2018 X X X X X
01/10/2018 X X X X X X
06/11/2018 X X X X X
12/12/2018 X X X X X X
17/01/2019 X X X X X
22/02/2019 X X X X X
23/03/2019 X X X X X
Fonte: A autora, 2019.
Com isso, foi possível observar que os elementos narrativos presentes em todas
as postagens foram a interatividade, multimidialidade, personalização e
hipertextualidade.
81
O elemento instantaneidade não foi identificado nas publicações dos dias 17 de
janeiro de 2019, pois a publicação refere-se a uma nota comemorativa de aniversário,
não se encaixando nas características deste elemento narrativo.
Assim como a revista Vogue, na Glamour o elemento narrativo memória
também não foi encontrado, nas publicações dos dias 30 de setembro de 2018, 06 de
novembro de 2018, 22 de fevereiro e 23 de março de 2019, pois as postagens não
apresentavam tags ou quaisquer outras características do elemento.
5.3.2 InstaStories
Nesta seção, os conteúdos analisados também foram separados por publicações
dos bastidores da SPFW e por postagens, em tempo real, sobre os desfiles.
Diferente da Vogue, a Glamour não publicou postagem sobre o SPFW no dia
anterior dos desfiles. Assim, a primeira postagem do evento foi uma foto padrão na cor
rosa com um texto #GLAMOUR no SPFW. A cor rosa é muito utilizada nos Stories da
Glamour, pois é uma cor característica da própria revista.
Após essa foto padrão, a Glamour postou outra imagem com o nome da marca
a ser desfilada, na qual, a revista utilizou desse padrão de imagem em todos as
apresentações. Com 86 vídeos e 68 fotos, a Glamour postou um total de 165
publicações sobre o evento.
As postagens sobre os bastidores dos desfiles, um total de 122 publicações,
foram separadas em duas categorias, uma intitulada “#SPFW na vida real”, em que,
mostrava curiosidades que aconteciam nos desfiles, como a presença de celebridades ou
matérias de serviço ensinando os leitores dicas de maquiagem e cabelo.
A segunda categoria, não intitulada, são postagens dos bastidores de maneira
geral, como prévias dos looks, detalhes das roupas e da decoração e informações sobre
temas, modelos e estilistas. Nestas publicações, Glamour utilizou, várias vezes, as
ferramentas de interatividade, como perguntas, testes e questionários, sempre
convidando o leitor a participar das postagens.
82
Figura 17 – Cobertura da SPFW realizada pela Glamour: bastidores
Fonte: Instastories da Glamour no Instagram, 2019
Foram 43 publicações, assim como a Vogue, todas em formatos de audiovisual,
mostravam os desfiles acontecendo em tempo real. Os textos que acompanhavam as
postagens se caracterizam como matérias de tendências e como gênero opinativo, pois,
informavam as tendências, e ao mesmo tempo, os jornalistas opinavam sobre as peças
apresentadas.
Uma característica identificada nas publicações, diferente da Vogue, é o
designer das postagens. A Glamour editava, criando diferentes molduras, montagens e
imagens de fundo que enfeitavam as publicações.
Nestas postagens, também foram identificadas a utilização de ferramentas de
testes, perguntas, questionários e, até mesmo, adoção de uma linguagem mais coloquial,
em que, criavam uma aproximação com os leitores. Assim como afirma Kannenberg
(2017, p. 10), “funcionalidades típicas do Stories, como aplicação de etiquetas de
horário temperatura, localização e dia da semana, além de emojis e desenhos à mão
livre, entre outros, são oportunidades interessantes para gerar proximidade com o
público”.
83
Figura 18 – Cobertura da SPFW realizada pela Glamour: desfile
Fonte: Instastories da Glamour no instagram, 2019.
Outra diferença, comparada a vogue, foi que a Glamour apenas cobriu o
SPFW, os demais eventos, como Veste rio e Fashion Revolution Week, a revista não
realizou a cobertura.
5.3.3 IGTV
A revista glamour, no Instagram, publicou 28 conteúdos audiovisuais no
IGTV. Com isso, as duas publicações que mais tiveram interação foram os conteúdos
postados no dia 18 e 26 de fevereiro de 2019 com consecutivamente 1.795 mil curtidas
e 90 comentários no primeiro dia e 3.332 mil curtidas e 70 comentários no segundo.
O primeiro vídeo, com 122.566 mil visualizações e 2 minutos e 19 segundos de
duração, expõe o episódio de estreia da nova websérie da revista, em que apresenta a
atriz Camila Queiroz ensinando algumas palavras e palavrões em outros idiomas. O
texto que compõe a postagem é informativo ao relatar ao leitor a trajetória da atriz, e
utiliza das tags e marcações para apontar os envolvidos com a produção do conteúdo
audiovisual.
O vídeo exibe a modelo falando algumas palavras nos idiomas japonês, francês e
alemão. A edição é animada de acordo com o que Camilla narra, como por exemplo
84
quando ela está contando de um a 10 em japonês aparece vários quadros do vídeo
seguindo a contagem.
O segundo vídeo analisado, assim como o primeiro, também exibe a atriz
Camila Queiroz. Contudo, neste conteúdo de audiovisual, ela relata como foi seu
primeiro beijo com seu marido, também ator, Klebber Toledo.
O vídeo de 1 minuto e 53 segundos de duração tem 169. 481 mil visualizações e
é composto com um texto e informativo que apresenta o conteúdo do vídeo. Já a edição,
diferente da matéria analisada anteriormente, são cortes suaves para contextualizar a
entrevista realizada com a modelo. O ambiente também é diferente, em que, Camilla
está em um lugar com bastante vento. O plano do vídeo é mais aberto e a trilha sonora é
uma valsa que remete a elegância.
5.4 CONCLUSÃO DA ANÁLISE
Sendo assim, foi possível perceber que todos os elementos narrativos estavam
presentes nas publicações analisadas. A interação é uma das características
fundamentais das redes sociais, em que, no jornalismo online, classifica-se em duas
maneiras, como a interação do usuário com os veículos jornalísticos e a interação dos
leitores com as notícias.
A análise traz em evidência que, tanto na Glamour como na Vogue, a interação
dos usuários é realizada com os jornalistas e com as notícias. Contudo, a Glamour faz
mais interação pedindo a opinião dos usuários sobre as peças e dicas mostradas nas
publicações do que a Vogue.
Porém, ambas as revistas fazem a utilização de hiperlinks e de convites para
interagir com os leitores. Os hiperlinks também são características da hipertextualidade.
Dessa maneira, a análise identificou esse elemento narrativo nas publicações de todas as
ferramentas do Instagram.
A Glamour e a vogue aproveitam dos hiperlinks para convidar o público a
acessar os outros canais de comunicação das revistas. “Confira aqui”, “acesse o link”,
são alguns exemplos utilizados pelos perfis estudados. As tags e marcações de pessoas
também foram muito utilizados. Essas ferramentas permitiam ao leitor ir a outras
páginas para conhecer mais sobre os assuntos ou sobre as pessoas presentes na
publicação.
85
As tags utilizadas pelas revistas possibilitavam ao público a ir a outras
postagens sobre o mesmo assunto publicado. Desta forma, essa função cria uma
“pagina” com um acumulo de informações sobre um mesmo assunto. Sendo assim, as
tags também são funções do elemento narrativo memória.
A personalização foi um elemento que a análise identificou em todos os
conteúdos publicados nos feeds da Vogue e da Glamour. Pois, assim como mencionado
anteriormente, o instagram é uma rede social que permite que os usuários salvem as
publicações do Feed em sua biblioteca pessoal, possibilitando ao leitor guardar
reportagens de acordo com o seu gosto pessoal. Desta forma, isso se caracteriza como
personalização.
A multimidialidade e instantaneidade são elementos característicos da rede
social. Todas as postagens de todas ferramentas do Instagram fazem a convergência de
vídeos, fotografias e texto, sendo então multimídias. Já a instantaneidade foi encontrada
principalmente nas postagens do Instastories, pois a cobertura do SPFW foi realizada
em tempo real, fazendo com que as publicações fossem instantâneas.
Uma característica encontrada em todas as publicações foi os textos curtos,
contudo, estruturados na pirâmide deitada, ou seja, todas as informações do texto eram
importantes.
Uma observação da análise foi que as matérias de tendências foram
encontradas principalmente nos Instastories, pois a ferramenta permitia indicar quais
tendências estavam na moda no momento. As matérias de serviço foram identificadas
nos Feeds, no qual, tanto a Vogue como a Glamour exibiam dicas e tutorias para os
leitores, sempre convidandoos a acessarem o site.
O IGTV apresentava conteúdos tanto de serviço como de tendências, contudo,
nessa ferramenta foi possível identificar matérias de comportamento, pois exibia perfis
narrados, e vídeos de reportagens mais aprofundadas.
Por fim, de maneira geral, as matérias desenvolvidas na Glamour e na Vogue
são construídas com três pressupostos, chamar a atenção do leitor, divulgar os canais de
comunicação e principalmente informar o público sobre a moda. Com isso, é possível
identificar que o jornalismo de moda constrói sua notícia baseada nos leitores, em que,
as matérias, ainda que curtas, possuem caráter informativo.
86
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A construção de uma notícia, principalmente na web, adota elementos e
características para serem estruturadas da melhor maneira possível para obter seu
objetivo, que é informar.
O ambiente online modificou a forma de se fazer jornalismo. As notícias são
formadas com a técnica da pirâmide deitada, em que, as informações são estruturadas
no mesmo nível de importância, diferente da pirâmide invertida, na qual as notícias
devem ser construídas hierarquicamente iniciando com a informação mais importante.
Outra modificação realizada na estrutura da notícia, foi o surgimento e a
reformulação de elementos narrativos, como: Instantaneidade, Interatividade, Memória,
Personalização, multimidialidade e hipertextualidade, assim como apontam Canavilhas
(2014) e Palácios (2002). Essas características narrativas estão presentes atualmente nas
reportagens presentes em portais de comunicação e nas redes sociais.
Outro efeito da internet foi a popularização do jornalismo segmentado. Com
isso, houve uma democratização da informação de moda, assim como Fejgel (2013, p.
40) afirma, que “antigamente o conteúdo de moda era seleto e restrito para o público
que comprava ou assinava revistas de moda, hoje em dia, é mais democrático e todos
podem se manter informados sobre o assunto”.
As redes sociais, principalmente o Instagram, beneficiaram o jornalismo de
moda, pois, permitem uma facilidade de acesso a esses conteúdos. Além do mais,
ampliou a possibilidade de interação com os leitores, também conhecido como
jornalismo cidadão.
Desta forma, após analisar os perfis do Instagram das duas revistas de moda de
grande importância no Brasil, Vogue e Glamour, foi possível identificar a utilização do
elemento narrativo interatividade em todas as ferramentas (feed, instastories e IGTV).
Pois, além de ser característica das redes sociais, a Vogue e a Glamour aproveitam de
todas as funções do Instagram para interagir com público. É possível observar isso
quando as revistas postavam imagens com perguntas, testes e questionários sempre
incitando os leitores a participarem e darem suas opiniões.
O elemento hipertextualidade foi utilizado em todas as postagens do feed com
a utilização de tags e de marcações de pessoas nas publicações. Esse elemento, nas
ferramentas instastories e IGTV, estavam presentes no formato de “chamadas” que
87
convidavam o público a acessar outros links, como rever ou saber mais sobre o assunto
no site oficial das revistas.
A utilização de tags também serviram para identificar o elemento narrativo
memória, pois, entende se que ao utilizar uma tag o conteúdo é intitulado e identificado,
com isso o Instagram cria um banco de dados, em que, ao acessar essa tag o usuário tem
acesso a todos os conteúdos postados identificados com essa intitulação.
A multimidialidade é a interligação de diferentes mídias e linguagens. Sendo
assim, foi identificado o uso desse elemento em todas as postagens das revistas, pois, as
publicações tinham a convergência de textos com vídeos e imagens, além de elemento
gráficos como perguntas, termômetros, horários e entre outros.
A personalização é toda customização que o usuário faz com os conteúdos e os
portais de comunicação a partir de seu gosto pessoal. Deste modo, este trabalho
identificou este elemento em todas as postagens do feed, pois, o Instagram tem a função
“salvar em sua biblioteca”, com isso, os usuários tem a possibilidade de salvar os
conteúdos publicados, customizando sua biblioteca de acordo sua personalidade.
O último elemento narrativo, instantaneidade foi identificada em todas as
postagens do Instastories. Entende se que este elemento é a capacidade de um veículo
postar uma notícia de forma instantânea e rápida, com isso, a cobertura do SPFW
executada nesta ferramenta foram realizadas em tempo real.
Este elemento também foi encontrado no IGTV e no Feed, pois, além de
acender um conteúdo instantaneamente, a atualização continua de um conteúdo também
é característica da instantaneidade.
Desta forma, esses elementos estruturam as notícias de moda nestas redes
sociais. Entende-se que o jornalismo de moda se constitui em três gêneros textuais,
como de tendência, de serviço e de comportamento, cada qual utilizada para um
objetivo específico.
As revistas utilizam da matéria de serviço nas publicações do feed, do IGTV e
dos instastories para ensinar dicas e tutorias de como utilizar as tendências de moda.
Esse gênero textual estava presente principalmente no feed, pois, as revistas
aproveitavam do espaço para convidar os leitores a acessarem os portais de notícias para
ver e aprender dicas e tutorias de beleza e moda.
88
As matérias de serviço foram identificadas principalmente na cobertura do
SPFW. Nestas publicações as informações sobre as possíveis tendências da próxima
estação eram escritas no momento exato que as marcas apresentavam os looks.
O último gênero textual, matéria de comportamento, é pouco utilizado nas
redes sociais devido ao espaço de caracteres. Com isso, as revistas aproveitam do IGTV
para postar conteúdos especiais, com características narrativas literárias, e reportagens
mais aprofundadas.
Entretanto, mesmo que cada gênero textual foi identificado mais em uma
ferramenta do que em outra, outra observação que este trabalho identificou foi a
narrativa transmidia.
Quando a revista utilizava a hipertextualidade para convidar o leitor a acessar
outros links para saber mais sobre o conteúdo, ou, quando a Vogue e a Glamour
criavam vídeos e websérie – como vogue raízes e G especial - para introduzir os leitores
aos temas e reportagens presentes nas revistas impressas, essas características são
entendidas como transmidialidade.
Desta maneira, a construção da notícia de moda no instagram é realizada
utilizando todos os elementos narrativos e ferramentas da rede social.
Partindo do objetivo geral em entender como o jornalismo de moda utiliza do
Instagram para informar, foi concluído que as revistas Vogue e Glamour, constroem
suas notícias nesta rede social se apropriando de todos os gêneros textuais e todos os
elementos narrativos. Desta maneira, o jornalismo de moda, realizada pelas revistas,
informa com qualidade de produção, no qual, as notícias são construídas pensadas em
três objetivos; informar, divulgar os próprios canais de comunicação e se aproximar e
interagir com os leitores.
Contudo, a internet, as redes sociais e o jornalismo sempre estão em constantes
transformações, com isso, essa pesquisa serve como mais uma contribuição para
compreender a produção da informação de moda no Brasil, tendo em vista, que este
assunto é pouco estudado no país e que as construções das notícias de moda seguem as
manifestações sociais e os avanços tecnológicos.
89
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