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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE … · jornalísticas, e os autores como...

Date post: 05-Jul-2020
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES CURSO DE JORNALISMO BRUNA CAROLINA KOPESKI JORNALISMO DE MODA E NARRATIVAS UM ESTUDO SOBRE O INSTAGRAM CURITIBA 2019
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

CURSO DE JORNALISMO

BRUNA CAROLINA KOPESKI

JORNALISMO DE MODA E NARRATIVAS – UM ESTUDO SOBRE O

INSTAGRAM

CURITIBA

2019

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BRUNA CAROLINA KOPESKI

JORNALISMO DE MODA E NARRATIVAS – UM ESTUDO SOBRE O

INSTAGRAM

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Graduação em

Jornalismo da Pontifícia Universidade

Católica do Paraná, como requisito

parcial à obtenção do título de bacharel

em Jornalismo.

Orientadora: Prof. Me. Celina Alvetti

CURITIBA

2019

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BRUNA CAROLINA KOPESKI

JORNALISMO DE MODA E NARRATIVAS – UM ESTUDO SOBRE O

INSTAGRAM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Jornalismo da

Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título

de Jornalismo de moda e narrativa – um estudo sobre o Instagram.

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________

Professora Celina Alvetti

Pontifícia Universidade católica do Paraná

_____________________________________

Professora Luana Navarro

Pontifícia Universidade católica do Paraná

_____________________________________

Professor Miguel Manasses

Pontifícia Universidade católica do Paraná

Curitiba, 11 de junho de 2019.

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Dedico aos meus pais e à minha

irmã que sempre me apoiaram.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro de tudo a Deus por sempre orientar os meus passos. Em

segundo agradeço aos meus pais (Leonardo e Claudete) por estarem sempre

ao meu lado me apoiando e torcendo por mim. Agradeço a minha irmã (Aline)

por sempre acreditar em mim mais do que eu mesma, por ser minha “fã

número 1”. Também agradeço a minha avó (Rosa) por sempre orar por mim e

ao meu sobrinho (João Bruno) por me fazer sorrir em todos os momentos, até

os mais difíceis. Sou grata também ao meu cunhado (Rafael) e a minha prima

(Ana Claudia) por serem meus parceiros e me ajudaram a realizar os meus

trabalhos.

Não poderia deixar de agradecer as minhas amigas, Eliziane, Isadora, Heloisa,

Camilla, Rute e em especial a Marilia, por sempre estarem ao meu lado

durante toda a faculdade, amo cada uma de vocês. Por fim, agradeço a minha

orientadora por ter tido paciência e por ter iluminado todos os meus

pensamentos e dúvidas. A todos que em algum momento me ajudaram durante

esses quatros anos, eu sou completamente grata.

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Dar acesso à moda e à informação

de moda gera cultura de moda e

mais oportunidade para a sociedade.

(PACCE, Lilian, 2014, p.1)

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RESUMO

Este trabalho tem como tema os conteúdos jornalísticos de moda no Instagram, com o

objetivo geral de analisar como o jornalismo de moda utiliza o Instagram para informar.

Os objetivos específicos desta monografia são compreender o conceito e a história do

jornalismo; revisar a história e a apropriação do jornalismo na internet e nas redes

sociais, estudando as narrativas jornalísticas online; compreender a importância do

jornalismo de moda no contexto atual; analisar a produção de conteúdos jornalísticos de

moda das revistas Vogue e Glamour no Instagram. Assim a pesquisa estuda quais são

suas características narrativas e imagéticas e de que forma as ferramentas (Feed,

InstaStory e IGTV) desta rede social são utilizadas. A pesquisa utilizará da análise de

Conteúdo, e analise monográfica, e busca embasamento teórico nos autores Crane

(2009), Scalzo (2004), Joffily (1991), Garcia e Miranda (2011) e Ali (2009) que

estudam o surgimento e o jornalismo de moda. E nos autores Canavilhas (2014),

Traquina (2005), Palácios (2002), Recuero (2009), Mielniczuk (2003), Motta (2012)

para explicar sobre o jornalismo online, as redes sociais e as narrativas. Por meio da

leitura desses autores, serão buscados resultados que demonstrem como uma notícia no

ambiente online é construída e quais são seus elementos narrativos.

Palavras-chave: Instagram; Jornalismo online; Narrativas; Jornalismo de moda;

Revistas;

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ABSTRACT

The theme of this project is fashion journalistic content in Instagram, with the general

objective of analyzing how fashion journalism uses Instagram to inform. The specific

objectives of this monograph is to understand the concept and history of journalism;

review history and journalism appropriation of the Internet and social networks by

studying the online journalistic narratives; understand the importance of fashion

journalism in the current context; analyze production of fashion journalistic content

from Vogue and Glamour magazines on Instagram, examining their narrative and

imagery characteristics and how the tools (Feed, InstaStory and IGTV) of this social

network are used. The research will be done through Content analysis, and monographic

analysis. Aiming at the theoretical basis of the authors Crane (2009), Scalzo (2004),

Joffily (1991), Garcia e Miranda (2011), Ali (2009) who study the emergence and

fashion journalism. And the authors Canavilhas (2014), Traquina (2005), Palacios

(2002), Recuero (2009), Mielniczuk (2003), Motta (2012) to explain about online

journalism, social networks and narratives. Through these authors, results will be sought

that demonstrate how a story in the online environment is built and what are its

narrative elements.

Keywords: Instagram; Online Journalism; Narratives; Fashion Journalism; Magazines;

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Os gêneros textuais de moda........................................................................53

Figura 1: Divulgação da Gisele Bündchen na Vogue Outubro.......................................61

Figura 2: Divulgação do vídeo Vogue Raízes.................................................................62

Figura 3: Matéria de serviço – lugares para conhecer no Rio de Janeiro........................63

Figura 4: Tendências de beleza.......................................................................................64

Figura 5: Gif 10 years challenge.....................................................................................64

Figura 6: Gisele Bündchen com vestido sustentável.......................................................65

Quadro 2- Elementos narrativos: Vogue.........................................................................65

Figura 7: Baile da Vogue.................................................................................................67

Figura 8: Cobertura do SPFW realizada pela Vogue: bastidores....................................68

Figura 9: Cobertura do SPFW realizada pela Vogue: desfiles........................................69

Figura 10:Tendencia Western..........................................................................................72

Figura 11:Semana de moda em Paris..............................................................................73

Figura 12:Beneficios da automassagem..........................................................................74

Figura 13:Primeira bailarina do dance theatre of harlem................................................74

Figura 14:Previa da coluna jornalística Vic Ceridono.....................................................75

Figura 15:Nota de aniversario para atriz Drew Barrymore.............................................76

Figura 16: Dicas para criar penteados.............................................................................76

Quadro 3 - Elementos narrativos: Glamour.....................................................................76

Figura 17: Cobertura do SPFW realizada pela Glamour: bastidores..............................78

Figura 18: Cobertura do SPFW realizada pela Glamour: desfiles..................................79

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................12

2 O JORNALISMO .............................................................................................14

2.1 DOS VEÍCULOS TRADICIONAIS AO AMBIENTE ONLINE.....................15

2.1.1 A influência da tecnologia no jornalismo ......................................................17

2.2 JORNALISMO ONLINE ...................................................................................21

2.2.1 Web 2.0 ..............................................................................................................23

2.2.2 O Jornalismo na era da Convergência ...........................................................26

2.3. JORNALISMO NAS REDES SOCIAIS ...........................................................28

3 A NARRATIVA.................................................................................................33

3.1 NARRATIVAS JORNALÍSTICAS....................................................................33

3.1.1 Narrativas online: a pirâmide deitada ............................................................35

3.1.2 Narrativas do Jornalismo nas Redes Sociais...................................................36

3.1.3 Elementos Narrativos do Jornalismo Online..................................................37

3.1.3.1 Interatividade ......................................................................................................38

3.1.3.2 Multimidialidade ................................................................................................39

3.1.3.3 Hipertextualidade ...............................................................................................39

3.1.3.4 Personalização ....................................................................................................41

3.1.3.5 Memória ..............................................................................................................41

3.1.3.6 Instantaneidade ...................................................................................................42

3.1.4 Outras caracterizações......................................................................................43

4 A MODA COMO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO................................44

4.1 SISTEMA DE MODA ........................................................................................45

4.2 O JORNALISMO DE MODA E O SURGIMENTO DAS REVISTAS ............47

4.2.1 Revistas Segmentadas .......................................................................................50

4.3 JORNALISMO DE MODA NO BRASIL ........................................................52

4.3.1 Transição da revista de moda para redes sociais...........................................54

4.3.2 Gêneros textuais do jornalismo de moda .......................................................56

5 ANÁLISE DA REVISTA VOGUE E DA REVISTA GLAMOUR...............59

5.1 A HISTÓRIA DO INSTAGRAM ......................................................................61

5.2 VOGUE...............................................................................................................62

5.2.1 Feed.....................................................................................................................64

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5.2.1.1 Primeira publicação V. 1.....................................................................................64

5.2.1.2 Segunda publicação V. 2.....................................................................................65

5.2.1.3 Terceira publicação V. 3......................................................................................67

5.2.1.4 Quarta publicação V. 4........................................................................................67

5.2.1.5 Quinta publicação V. 5........................................................................................68

5.2.1.6 Sexta publicação V. 6..........................................................................................68

5.2.1.7 Sétima publicação V. 7........................................................................................69

5.2.1.8 As setes publicações da Vogue............................................................................70

5.2.2 Instastories........................................................................................................71

5.2.3 IGTV..................................................................................................................74

5.3 GLAMOUR ........................................................................................................74

5.3.1 Feed....................................................................................................................75

5.3.1.1 Primeira publicação G. 1.....................................................................................75

5.3.1.2 Segunda publicação G. 2.....................................................................................76

5.3.1.3 Terceira publicação G. 3......................................................................................77

5.3.1.4 Quarta publicação G. 4........................................................................................77

5.3.1.5 Quinta Publicação G. 5........................................................................................78

5.3.1.6 Sexta publicação G. 6..........................................................................................79

5.3.1.7 Sétima publicação G. 7 .......................................................................................80

5.3.1.8 As setes publicações da Glamour........................................................................80

5.3.2 Instastories........................................................................................................81

5.3.3 IGTV.................................................................................................................83

5.4 CONCLUSÃO DA ANÁLISE...........................................................................83

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................86

REFERÊNCIAS ..............................................................................................89

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1 INTRODUÇÃO

Com a revolução da internet e a criação das redes sociais, as mudanças no

jornalismo foram inevitáveis. Novas formas de fazer jornalismo foram adotadas para

suprir as diferentes necessidades que esse ambiente trouxe. O papel do leitor e do

jornalista, além dos gêneros e as narrativas, também mudaram para se adequarem a esse

novo espaço comunicacional. As notícias se converteram para vários formatos

narrativos, em que a utilização de imagem, de texto e de vídeo em uma única notícia

tornou-se comum.

As revistas de moda são um exemplo desta migração de plataforma, pois,

atualmente, é comum uma leitora que antes lia conteúdos de moda em uma revista

impressa, acesse agora o Instagram desta revista para ler as matérias postadas.

O Instagram surgiu em 2010 com o intuito de compartilhar fotos e vídeos

exclusivamente para dispositivo móvel. Com o passar dos anos, diferentes ferramentas

foram desenvolvidas, como o InstaStory e o IGTV, atualmente está é a mais nova

função deste aplicativo. Consequentemente, os canais de comunicação que emergiram

nesta rede se apropriaram destas ferramentas para complementar seus conteúdos. A

problemática deste trabalho pressupõe de que forma as ferramentas do Instagram

influenciam a construção da notícia de moda, evidenciando seus gêneros textuais?

Desta maneira, entendendo a importância das mudanças na construção de uma

notícia no ambiente online, como os elementos narrativos do jornalismo online e sua

influência no jornalismo de moda nas redes sociais, o objetivo geral desta monografia é

compreender como o jornalismo de moda utiliza o Instagram para informar.

Para isso, esta pesquisa tem como objetivos específicos compreender o

conceito e a história do jornalismo, revisar a história e a apropriação do jornalismo na

internet e nas redes sociais, estudando as narrativas jornalísticas online, compreender a

importância do jornalismo de moda no contexto atual e analisar a produção de

conteúdos jornalísticos de moda das revistas Vogue e Glamour no Instagram,

examinando quais são suas características narrativas e imagéticas e de que forma as

ferramentas (Feed, InstaStory e IGTV) desta rede social são utilizadas.

Para a realização desta monografia, dois métodos serão utilizados: a análise

bibliográfica para compreender as narrativas e os gêneros jornalísticos assim como

estudar os gêneros textuais do jornalismo de moda; análise de conteúdo para examinar

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as narrativas jornalísticas das publicações do Instagram da revista Vogue e Glamour,

assim compreender quais são as narrativas presentes nesta rede social, além de examinar

as novas ferramentas do Instagram, como InstaStorie e IGTV na construção da notícia

de moda.

A linha de pesquisa deste trabalho é Cultura e ambientes midiáticos. Desta

forma, a estruturação da pesquisa será dividida em seis seções, sendo a primeira a

introdução, a segunda, terceira e quarta seções de revisão bibliográfica de conceito e

história do jornalismo, do jornalismo online, da narrativa e seus elementos narrativos,

além de compreender a importância do jornalismo de moda e sua função como notícia,

revisando a apropriação das revistas de moda no Instagram.

Para compreender de que forma as notícias de moda são construídas no

Instagram, a quinta e a sexta seção, por meio da análise de conteúdo, examinará as

publicações online das revistas Vogue e Glamour no Instagram, além de apresentar as

considerações finais do trabalho.

Deste modo, o trabalho se baseia nos conceitos abordados pelos autores

Traquina (2005), Canavilhas (2014), Palácios (2002), Marcondes Filho (2000), Recuero

(2009), Mielniczuk (2003), Pinho (2003), Salaverria (2014), Jenkins (2009) e Bertocchi

(2016) para explicar a história e os conceitos do jornalismo online e narrativas

jornalísticas, e os autores como Joffily (1991), Miranda e Garcia (2011), Crane (2009),

Scalzo (2004), Ali (2007), Melo e Assis (2016), Lipovetski (1989) e Barthes (2009)

para fundamentar os conceitos e a história da revista e do jornalismo e produção de

moda.

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2. O JORNALISMO

O jornalismo é uma prática que, por meio de relatos sobre determinados

acontecimentos, contribuí com a construção de uma realidade. Sodré (1999) explica que

a produção de notícias é baseada a partir do reflexo do jornalista para representação de

uma certa realidade. Deste modo, “esse reflexo é apenas uma dimensão na construção e

percepção da realidade que ocorre de forma discursiva (apud SILVA, 2012, p. 9).

Barreiros (2003, p. 19) explica que, de certa maneira, “o jornalismo não

reproduz a realidade, mas constrói textos com o efeito de sentido de verdade”. Sendo

assim, a produção de uma matéria jornalística tenta reproduzir uma realidade da

maneira que ela aconteceu, a partir de um ponto de vista. Contudo, o autor pontua que

uma notícia, na maioria das vezes, “é escrita do ponto de vista do objeto e não do

sujeito” (2003, p. 27).

O jornalismo trabalha com a verdade, os fatos, tal qual acontecem. A notícia,

matéria prima do jornalismo, e o relato fiel do que ocorreu. E o dever ético

do repórter é narrar os fatos. [...] A realidade apresentada nas páginas dos

jornais não reproduz a realidade, mas constrói pelos próprios jornais, que

apresentam ao leitor uma verdade fabricada graças ao uso de técnicas que

buscam causar no leitor a impressão de que aquilo que ele encontra nas

páginas dos jornais e o simples relato objetivo dos fatos, exatamente como

eles se deram. [...] O jornalismo buscaria a reprodução da verdade, o relato

daquilo que de fato aconteceu, e tal como aconteceu. No jornalismo não há

espaço para ficção: tudo que se relata e real, verdadeiro. O espaço da ficção

seria o da literatura (BARREIROS, 2003, p. 19 -30).

A teoria do jornalismo intitulada como Construcionista originada em 1970, a

partir de teóricos como Stuart Hall, Gaye Tchuman, Schudson, Dardene e entre outros,

estuda a notícia como construção, evidenciando sua narrativa como complemento em

relatar uma realidade. Deste modo, as narrativas utilizadas em uma notícia ajudam a

construir, de certa forma, a realidade do acontecimento sem que aconteça distorção dos

fatos (HOHLFELDT, MARTINO, FRANÇA, 2011). Sousa (2008, p. 5) complementa

que “as notícias são histórias que resultam de um processo de construção linguística,

organizacional, social e cultural, pelo que não podem ser vistas como o espelho da

realidade”.

Contudo, Traquina (2005) esclarece que essa teoria defende as narrativas como

construção e as notícias como estórias, mas isso não significa que essa corrente de

estudo assume as notícias como caráter ficcional. Para o autor, o jornalismo é a forma

como a vida é contada e narrada, “é a vida em todas as suas dimensões, como uma

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enciclopédia [...], é um conjunto de estórias, estórias de vida, estórias das estrelas,

estórias de triunfo e de tragédia” (TRAQUINA, 2005, p. 19-21).

Deste modo, o autor ressalta que a prática jornalística sempre existiu. Contudo,

a sua expansão se originou após o advento da tipografia de Gutenberg no século 15 e a

chegada da imprensa no século 19, que massificou os jornais. Com isso, o jornalismo se

tornou o principal “dispositivo enformador da aldeia global” (SOUSA, 2008 p. 4), e os

jornais se tornaram os principais meios de comunicação e de divulgação de notícias,

adquirindo um aspecto de indústria jornalística.

2.1 DOS VEICULOS TRADICIONAIS AO AMBIENTE ONLINE

No Brasil, a imprensa surgiu com a chegada da família real em 1808

(GLANZMANN, OLIVEIRA, 2010). O primeiro jornal editado no país foi o jornal

Gazeta do Rio de Janeiro, que tinha como objetivo e função divulgar assuntos dos

interesses da coroa, sem possuir um conteúdo social. Contudo, o primeiro jornal

brasileiro foi lançado na Inglaterra chamado de Correio Brasilienze, sendo editado por

José Hipólito de Costa com o intuito de fazer circular conteúdos fora do domínio do

governo português (BRANDÃO, JARDIM, 2014).

O surgimento da imprensa no Brasil e no mundo, proporcionou um novo

momento ao jornalismo. Traquina (2005) relata que neste período, também conhecida

como penny press, a prática jornalística e as redações de jornais se expandiram, o que

contribuiu com a criação de novos empregos e com a contratação de vários profissionais

empenhados a melhorar essa profissão.

Com isso, o autor relata que esses profissionais desenvolveram um novo

propósito ao jornalismo: noticiar e não fazer propaganda. Dessa maneira, a notícia se

tornou baseada somente em fatos e não em opiniões, com a proposta final de servir

apenas aos leitores e não aos políticos, assim como Marcondes filho cita no livro

Comunicação e Jornalismo (2000, p. 12), “o jornalismo vai deixando de ser um

instrumento dos políticos para ser uma força política autônoma”.

No entanto, ainda no século 19, as transformações tecnológicas da época

reivindicaram das empresas jornalísticas uma competência financeira de

autossustentação. E com isso, incorporou no jornalismo “pesados pagamentos

periódicos para amortizar a modernização de suas maquinas”, além de, “transformar

uma atividade praticamente livre de pensar e de fazer política em uma operação que

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16

precisará vender muito para se autofinanciar”. Em consequência, a prática jornalística

ficou sujeita ao domínio do poder financeiro e da autoridade pública (MARCONDES

FILHO, 2000, p. 13).

Bourdieu (1997), citado por Silva (2012, p.4, grifo do autor), ressalta que

devido ao impacto dessas novas mudanças, os jornais começaram a trabalhar com a

notícia em tempo real, em que, “a atividade jornalística começou a ser orientada pela

pressão do tempo, do imediatismo e pelo “furo” de reportagem”. Traquina (2005, p. 53)

também ressalta que esses aspectos da imprensa nesta época marcaram o jornalismo do

século 19 como iria marcar toda a história do jornalismo ao longo do século 20, até o

presente, “apertando cada vez mais a pressão das horas de fechamento, permitindo a

realização de um valor central da cultura jornalística – o imediatismo”.

O autor ainda comenta que nesse período surgiu a figura do repórter e a adoção

da técnica da entrevista com uma multiplicidade de fontes e utilização de testemunhas

oculares. Assim, os conteúdos noticiosos começaram a ter uma apuração mais

fundamentada, inserindo características do jornalismo investigativo e utilizando

narrativas com técnicas descritivas, as quais, transformou a notícia em um produto,

procedendo de tal modo, o início da pirâmide invertida e a utilização do lide, formato

dominante a partir de 1900 e utilizada até hoje (TRAQUINA, 2005). Silva afirma que:

o século XIX foi o período da História de maior importância para a imprensa

devido a fatores como a evolução dos sistemas econômico e político, os

avanços tecnológicos, transformação sociais e o reconhecimento da liberdade

em rumo à democracia. Quando o jornalismo se expandiu transformando-se

em um negócio lucrativo e rentável conseguiu também sua independência

econômica em relação aos subsídios políticos que dominava a imprensa em

seus primórdios (SILVA, 2010, p. 2).

Sodré (1999 apud SILVA, 2012) reforça que nesse período, devido à demanda

em produzir cada vez mais notícias, houve um crescimento das empresas jornalísticas.

Contudo, para Marcondes Filho (2000), o desenvolvimento das indústrias publicitárias

como novas formas de comunicação distorceu a essência do jornalismo, no qual, o autor

explica essa descaracterização da prática jornalística como um enfraquecimento dos

princípios da construção da notícia em si.

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17

o processo de desintegração da atividade, seu enfraquecimento, sua

substituição por processos menos engajados (que já não buscam a “verdade”,

que já não questionam a política ou os políticos, que já não apostam numa

evolução para uma “sociedade mais humana”) é um sintoma de mudança dos

tempos e dos espíritos (MARCONDES FILHO, 2000, p. 15, grifo do autor).

Foi no final do século 19 e início do século 20 que o jornalismo incorporou

novos gêneros textuais, como reportagem, nota, crônica, entrevista, entre outros. Ainda

no mesmo período, os conteúdos mais segmentados tiveram desenvolvimento como

Silva descreve: “Então, surgiram as editorias especializadas em temas e abordagens

específicas como esportes, lazer, vida social e cultural, crítica literária, notícias

policiais, regionais, nacionais, internacionais” (SILVA, 2012, p.5).

Essas editorias segmentadas são características marcantes no século 20. Os

jornalistas começaram a escrever matérias baseadas em seu gosto pessoal,

“considerando afinidades com temas que habitualmente costumavam cobrir ou que

abordavam com maior facilidade. Essa tendência de especialização incentivou os

repórteres a escrever para públicos específicos” (SILVA, 2012, p. 6).

No Brasil, o século 20 caracterizou-se por grandes mudanças na história do

país, pois é o período em que o Brasil “deixava de ser Império e entrava na República

sem se configurar como nação”, consolidando o jornalismo como uma “empresa que

vende informação” (SCHERER, 2014, p. 2). Costella (1964) afirma que por meio

dessas mudanças, o texto das notícias deixa de ser opinativo e assume um caráter

informativo, mudando conceitos da prática jornalística, dedicando-se mais à notícia

(apud SCHERER, 2014).

2.1.1 A influência da tecnologia no jornalismo

Marcondes Filho (2000, p. 30) descreve que neste período, século 20, o

jornalismo foi marcado pela era tecnológica. O autor aponta dois processos

fundamentais que caracterizam essa fase, como a ampliação da “indústria da

consciência no plano das estratégias de comunicação e persuasão dentro do noticiário e

da informação”, ou seja, o aumento das matérias realizadas pela imprensa, fornecidos

aos jornais por meio de agentes empresariais e públicos.

Outro processo retratado pelo autor foi a substituição do jornalista pelos

“sistemas de comunicação eletrônica, pelas redes, pelas formas interativas de criação,

Page 18: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE … · jornalísticas, e os autores como Joffily (1991), Miranda e Garcia (2011), Crane (2009), Scalzo (2004), Ali (2007),

18

fornecimento e difusão de informações” (MARCONDES FILHO, 2000, p.30), na

produção recolhimento de materiais para as produções das notícias.

Para Barcelos, ainda no século 19, as primeiras fotografias foram tiradas por

Joseph Nicéphore Nièpce, em que, devido os instrumentos usados na época, as imagens

demoravam horas para serem capturadas. Foi a partir de 1880 que surgiu “a técnica que

permitiu a reprodução das fotografias em jornais e revistas” (BARCELOS 2003, p. 1).

Entretanto, Costa (1999, p.2) afirma que foi Louis Daguerre, “que ficou com a

glória de inventor da fotografia. Daguerre, após ter divulgado o seu processo, tornou-o

acessível ao público em 19 de agosto de 1839”, em que, foi nesse momento que a

Academia de Artes e Ciências da França anunciou o nascimento da fotografia.

O processo para introduzir as imagens nos veículos de comunicação foi lento.

Os editores desvalorizaram, por muito tempo, “a seriedade da informação fotográfica

que, para eles, não se encaixava nas convenções nem na cultura jornalística de então.

Além disso, [...] as câmeras eram pesadas, o flash de magnésio exalava mau cheiro”

(BARCELOS, 2013, p. 1). Entretanto, para Lima (1989, p. 9):

a introdução da fotografia na imprensa foi um fenômeno de importância

capital. Ela mudou a visão das massas. Até então o homem comum só

visualizava os acontecimentos que ocorriam ao seu lado, na rua, em sua

cidade. Com a fotografia, uma janela se abriu para o mundo. Os olhares dos

personagens públicos, os acontecimentos que ocorreram no próprio país e

fora das fronteiras ficam familiares. Com o alargamento do olhar o mundo se

estreitou.

Sousa (2002, p. 14) afirma que com o surgimento do primeiro tabloide

fotográfico, o Daily Mirror, em 1904, as fotografias deixaram de “ser secundarizadas

como ilustrações do texto para serem definidas como uma categoria de conteúdo tão

importante como a componente escrita”.

Com isso, surgiu a cobertura baseada em uma única fotografia considerada

exclusiva, conhecida como a técnica de scoop (furo). Barcelos (2013, p. 8) reforça que

nessa época os jornais passaram “a dar mais atenção à fotojornalismo, valorizando o

scoop, a velocidade e o sensacionalismo”.

A popularização da utilização das imagens fotográficas na imprensa foi

ampliada a partir de 1930. Sousa (2002, p. 17) pontua alguns elementos que justificam

essa ampliação, como: a influência do cinema, as práticas de fotografia documental

dedicada a fins sociais, o surgimento do fotojornalismo de autor, a compreensão da foto

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19

“como fator de legibilidade e acesso aos textos”, as modificações na diagramação e

designer dos jornais norte-americanos, valorizando as fotos, além da utilização do

fotojornalismo na cobertura de guerras e, por fim, o avanço tecnológico desenvolvendo

câmeras menores e mais rápidas.

é na década de trinta do século XX que o fotojornalismo vai integrar-se, de

forma completa, nos jornais diários norte-americanos, de tal modo que, no

fim da década, e em comparação com o seu início, o número de fotografias

nos diários tinha aumentado dois terços, atingindo a média de quase 38% da

superfície em cada número. (Nerone e Barnhurst, 1995) Alguns jornais, como

o New York Evening Graphic, usavam até fotomontagens obscenas para

vender nos tempos de crise (SOUSA, 2002, p. 20, grifo do autor).

Foi também por volta desse período que a notícia radiofônica surgiu. No

Brasil, o registro do surgimento da primeira emissora de rádio, chamada de Rádio

Sociedade do Rio de Janeiro, foi em 1923. Contudo, de acordo com os autores Oliveira

e Menenguel (2008), a primeira experiência radiofônica foi a transmissão em praça

pública do discurso do presidente Epitácio Pessoa em 1922.

Foi a partir da notícia transmitida no rádio que muitas pessoas da época,

analfabetas, informavam-se. Tavares (1997 apud GOMES, SANTOS, 2017, p. 19)

definiu a importância deste meio comunicacional, afirmando que:

o rádio é o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à

escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças;

o consolador do enfermo; o guia dos sãos, desde que o realizem com espírito

altruísta e elevado.

A partir dos anos 1950, o rádio sofre consequências devido ao surgimento de

um novo meio de comunicação: a Televisão. No Brasil, em 18 de setembro de 1950 foi

inaugurada a primeira emissora de Televisão, a PRF-3 TV Difusora, e posteriormente,

surgiu a TV Tupi de São Paulo, com a iniciativa do jornalista Assis Chateaubriand. Foi

a TV Tupi que inaugurou o primeiro telejornal, “a imagem do dia”, com modelo

próximo ao do rádio, ou seja, com locução em off. O primeiro telejornal de sucesso

surgiu em 1953, conhecido como “Repórter Esso” e ficou entre os dez programas de

maior audiência de São Paulo (PEREIRA, 2005, grifo do autor).

Com o passar dos anos, o jornalismo foi se adequando às novas tecnologias –

do rádio e da televisão – modificando-se, como sua narrativa e sua forma de noticiar, de

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20

acordo com os contextos sociais que transitava. Marcondes Filho (2000, 31) comenta

que as tecnologias mudam as linguagens dos conteúdos, e cita que o “fascínio da

imagem, definido como critério principal dos meios visuais, passa a ditar a hierarquia da

comunicação”, sendo considerada primeiro a qualidade da imagem, e depois a narrativa

da notícia.

Esse preceito da protagonização da imagem é um aspecto importante dos meios

de comunicação online. Mas antes de falar sobre o jornalismo online, é necessário

compreender sobre o início da internet.

Foi em 1969 que surgiu a internet nos Estados Unidos, originada por um órgão

do governo conhecido como o Advanced Research Projects Agency (Arpa – Agência de

Pesquisa e Projetos Avançados), que desenvolveram a Arpanet. No início, a internet foi

criada com o objetivo de ser uma rede que trocava informações entre computadores,

com o intuito de gerar uma comunicação que informava sobre possíveis ataques de

guerra no país.

Em 1983, a Arpanet deixou de ser criada apenas para fins de segurança e se

dividiu entre mielt, com intenções a práticas militares, e entre a “nova Arpanet, uma

rede com propósitos de pesquisa, que progressivamente começa a ser chamada de

Internet”. A qual, posteriormente foi transferida como responsabilidade da National

Science Foundation (NSF) (NASCIMENTO, 2004, p. 14).

Pinho (2003) pontua que a NSF desenvolveu uma nova rede para comunicar

pesquisadores em vários países, na qual, a partir desse momento, a internet se

popularizou em meados da década de 1990.

tal como os seus antecessores, este meio passou várias décadas num “estado

larvar”, desde os anos 60. No entanto, na última década do século XX, o

desenvolvimento da internet deu um salto qualitativo graças, especialmente, à

tecnologia Web. O recurso ao hipertexto foi potenciado, ao mesmo tempo

que se simplificou precisamente a apresentação simultânea de vários tipos de

elementos multimídia (SALAVERRÍA, 2014, p.32, grifo do autor).

A ascensão da internet se deu com o surgimento da World Wide Web (WWW)

em 1991, desenvolvida pelo o engenheiro Tim Berners-Lee no Laboratório Europeu de

Física de Partículas (CERN) “criando assim a configuração da rede mundial que

utilizamos hoje e que, tal sua importância, representa aos olhos do usuário a própria

Internet”(NASCIMENTO, 2004, p. 15). Pinho reforça que:

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21

a World Wide Web é fundamentalmente um modo de organização da

informação dos arquivos na rede. O método extremamente simples e eficiente

do sistema de hipertexto distribuído, baseado no modelo cliente-servidor, tem

como principais padrões o protocolo de comunicação HTTP, a linguagem de

descrição de páginas HTML e o método de identificação de recursos URL

(PINHO, 2003, p. 33).

A partir disso, a internet adotou uma linguagem mais simples, permitindo a

várias empresas, organizações, entidades públicas ou privadas, a acessarem esta rede

para divulgar seus produtos e criar uma relação com os clientes/usuários. Foi neste

contexto que os veículos de comunicação também decidiram apropriar da internet para

ter maior alcance em seus conteúdos, transformando esta rede online em um novo canal

de comunicação (NASCIMENTO, 2004, p. 17).

Pinho ressalta que o jornalismo online ao surgir teve, em consequência, a

reintegração com a globalização. (PINHO, 2003). Assim, a internet possibilitou uma

facilidade na disseminação de notícias, em que, o jornalismo se tornou digital, adotando

características narrativas próprias de sua plataforma.

2.2 JORNALISMO ONLINE

A migração do jornalismo para internet foi inevitável. Nesse espaço as

informações se tornam onipresentes, facilitando a comunicação e a troca de

conhecimentos (BERTOCCHI, 2016). O primeiro relato da apropriação do jornalismo

na Web foi nos Estados Unidos, na década de 1970, no jornal The New York Times. No

Brasil essa migração aconteceu após a expansão do World Wide Web (www)

aproximadamente em 1994 (IVASSAKI, 2005).

O primeiro veículo jornalístico do Brasil a lançar um site noticioso na internet

foi o Jornal do Brasil em 1995. Posteriormente, o jornal O Globo e a agência de notícias

Agência Estado também surgiram nesse meio “ajudando no ponta-pé do jornalismo na

Internet no país” (REGES, 2010, p.14).

Um ano depois, em 1996, foi lançado o primeiro jornal em tempo real, em

língua Portuguesa da América Latina, o Brasil Online (atualmente Folha Online) com

matérias feitas na redação com a convergência de áudios como forma de

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22

complementação nos conteúdos da web. Sucessivamente, com a popularização desse

novo ambiente, novas plataformas de jornalismo na internet foram desenvolvidas, como

o Último Segundo (US) criada nos anos 2000 pela Internet Grátis, sendo considerado

por alguns autores como o primeiro jornal brasileiro voltado especificamente para a

internet (IVASSAKI, 2005).

No início, o jornalismo apenas transferia seus conteúdos impressos para o

ambiente online. Posteriormente, com o passar dos anos, foi adotando características

próprias da rede para construir as notícias. Os autores Pavlik (2001 apud

CANAVILHAS 2005) e Mielniczuk (2001 apud DREVES, PALMAS, 2006) separaram

a evolução do jornalismo na web em três fases, ou gerações:

a) no primeiro momento, os conteúdos impressos foram publicados na internet

sem grande mudança, não existia uma narrativa própria para este meio;

b) na segunda fase os conteúdos ainda possuíam características do primeiro

período, mas já eram produzidos direccionalmente para o ambiente online,

podendo ter, ou não, características de uma linguagem própria para o meio,

como os hiperlinks, utilizações de vídeos, fotos, sons e com aplicações

interativas, surgindo sucessivamente a terceira fase;

c) na terceira geração, a noticia é construída exclusivamente pensada para a

web, possuindo a convergência de todas as características narrativas;

Alguns autores ainda separam as fases do jornalismo na internet em quatro ou

cinco períodos. Schwingel (2005, p. 1) afirma a existência de uma quarta geração ao

jornalismo online que representa “a efetiva industrialização de processos que hoje são

elaborados muitas vezes de forma intuitiva e artesanal”. No entanto, de maneira geral,

todas fases tem o mesmo conceito de tempo e características.

as empresas jornalísticas começam então a “otimizar” o espaço no Jornalismo

Online, no sentido do melhor aproveitamento das características da rede, com

a real convergência dos meios, possibilitando não só a leitura na Web, mas

também proporcionando ao internauta o acesso a som, animação, imagens em

movimento, com forma de explorar as potencialidades da rede (DREVES,

PALMA, 2006, p. 2, grifo do autor).

Mielniczuk aponta várias nomenclaturas ao jornalismo na internet, separando-

as de acordo com cada função, bem como: Jornalismo digital ou multimídia, citado por

Gonçalves (2000 apud MIELNICZUK, 2003, p. 24), como “uma característica do meio,

não contemplando todas as especificidades da nova realidade”. Já o jornalismo

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23

eletrônico é explicado pela autora como o termo mais abrangente, e refere-se a

uma prática que “utiliza de equipamentos e recursos eletrônicos para construir uma

notícia”.

O conceito de Ciberjornalismo origina-se do termo ciber, como “um espaço

hipotético ou imaginário no qual se encontram imersos aqueles que pertencem ao

mundo da eletrônica, da informática” (GIBSON, 1991 apud MIELNICZUK, 2003, p.

25). Além desse conceito inicial, Mielniczuk (2003, p. 27) define o ciberjornalismo

como uma prática que é auxiliada a partir de tecnologias dentro deste espaço.

Outros termos pontuados pela autora são o Jornalismo online, sendo

“desenvolvido utilizando tecnologias de transmissão de dados em rede e em tempo

real”; e o Webjornalismo definido pela autora e por Canavilhas (2001) como uma

prática jornalística que tem o enfoque na utilização “de uma parte específica da internet,

que é a web” (apud MIELNICZUK, 2003, p. 27).

Porém, atualmente, o Jornalismo na Web adota todos os termos com um

mesmo significado, bem como: Jornalismo Online, Ciberjornalismo, webjornalismo,

jornalismo digital, jornalismo multimídia, entre outros. Assim como Palácios (2011

apud LIMA, 2016, p. 6) defende, que o jornalismo na internet pode adotar quaisquer

termos referente a esse conceito, pois, independente da definição, o jornalismo no

ambiente online é uma prática jornalística realizada “de alguma maneira na Internet com

suporte dos meios digitais”.

Canavilhas (2005, p. 1) reforça esse conceito, e para o autor “o jornalismo

online não é mais do que uma simples transposição do velho jornalismo escrito,

radiofónico e televisivo para um novo meio”. Nunes (2018, p. 13) complementa que as

nomenclaturas do jornalismo na internet “ainda não possuem uma unanimidade no

mundo acadêmico”. Deste modo, esta pesquisa adota o termo como jornalismo online,

pois assim como Mielniczuk e Canavilhas, compreende essa prática como o jornalismo

realizado dentro do ambiente online, transmitindo as notícias em tempo real.

2.2.1 Web 2.0

A partir de 2004, um novo ambiente tecnológico e social foi captado, intitulada

como Web 2.0. De acordo com Steganha (2010, p.12) esse ambiente “potencializa a

atividade coletiva, reconfigura a troca, a produção e a distribuição das informações

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dentro da rede por meio de um sistema de cooperação entre os internautas”. A web 2.0

reestruturou a troca e a distribuição de informações e principalmente a produção de

conteúdo.

Esse processo desenvolveu e incorporou a técnica de cooperação e participação

entre os usuários. As comunidades, blogs (considerada primeira ferramenta da Web

2.0), sistemas de assinaturas, Wikis (enciclopédia online), as redes sociais, além do uso

das tags (tagging).

é como se todos fossem vizinhos, apesar de poderem estar distantes milhares

de quilômetros uns dos outros, compartilhando preferências, confidências,

namorando ou mesmo falando de trabalho. Basta apenas a conexão com uma

ou mais redes sociais (STEGANHA, 2010, p.10).

Nesse espaço, a forma de fazer jornalismo foi modificada e a sua essência

permaneceu a mesma - apuração dos fatos, ouvir diversas fontes, captar imagens

intrigantes, entregar o conteúdo mais rápido, a procura pela verdade, objetividade e a

prestação de serviço ao público. No entanto, a maneira de realizar essas etapas foram

remodeladas com o acesso e a mobilidade da internet.

Bertocchi (2016) afirma que esse novo espaço comunicacional permitiu para a

população mais facilidade de acesso às informações. Desse modo, o receptor além de

ser mais imersivo, também se transformou em um leitor móvel e interativo, no qual, o

papel do jornalista se tornou como um mediador no fluxo de notícias. Steganha

concorda com os benefícios do jornalismo na internet:

o mundo ficou mais próximo para o jornalista da ‘Sociedade da Informação’,

e apurar uma notícia tornou-se um processo mais ágil e menos dispendioso.

Com um clique ou uma ligação para um telefone móvel ou fixo é possível

saber o que acontece do outro lado do planeta em tempo real. Nada mais de

esperar as agências internacionais repassarem as notícias. Basta um e-mail,

um SMS, um telefonema, um scrap ou uma ‘twittada’ para se obter

instantaneamente a informação (STEGANHA, 2010, p. 13, grifo do autor).

Nesse ambiente, as funções do emissor e receptor se remodelaram. O leitor é

participativo e pode publicar informações de alguma notícia, na maioria das vezes por

meio de relatos sobre acontecimentos vividos ou presenciados por ele. “É como se todo

cidadão que tem acesso às tecnologias se tornasse uma fonte de informação”

(STEGANHA, 2010, p. 18). Contudo, para os autores Aguiar e Barsotti (2012) a Web,

de certa forma, complicou o trabalho do jornalista, sobre o qual, é questionado o papel

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25

desse profissional diante de um ambiente em que todos dominam, e que qualquer um

pode ser um “repórter” ou uma fonte exclusiva.

Os autores ainda perguntam qual a melhor forma de aproveitar a

contribuição/participação desses usuários e demonstram uma preocupação com a

colaboração desses leitores, pois afirmam que tal internauta pode resistir a contribuição

de informação, optando por ele mesmo a divulgar a notícia em suas redes sociais. Além

de colaborar com a construção da notícia, esse usuário também tem a capacidade da

distribuição dessas notícias, presentes nos veículos de comunicação, por meio da rede

online, mais especificamente, de suas redes sociais.

Nesse contexto, outro problema foi originado pelo ciberespaço: o constante

fluxo de notícias construídos por fontes questionáveis, já que todos podem criar uma

informação, seja ela verdadeira ou não. Desta maneira, esse leitor pode colaborar, ainda

que inconsciente, a distribuição de falsa notícias (ROCHA, LAVARDA, SILVEIRA,

2018).

Vários veículos de comunicação já desenvolveram diferentes maneiras de

aproveitar as participações dos leitores, como, por exemplo, a adoção de um espaço para

os receptores compartilharem suas opiniões e informações nos grandes portais de

comunicação. As opções “deixe sua opinião”, ou “Comunique erros” presente, por

exemplo, no site da Gazeta do Povo e “erramos” no site da Folha de São Paulo são

exemplos destas participações. Esses conteúdos compartilhados com os veículos de

comunicação, seja imagem, vídeo, ou apenas o relato textual, são utilizados, em alguns

casos, nas construções das reportagens.

as novas tecnologias da comunicação e informação (NTICs) estão mudando

não só o jornalismo on-line, mas sim todas as formas de se fazer jornalismo;

estão alterando o processo de produção da notícia, graças, como vimos, aos

dispositivos que agilizam a apuração dos fatos e o acesso às fontes. Mais uma

vez, o ambiente on-line possibilita experiências como a convergência entre

mídias, além de um processo contínuo de produção de informação

(STEGANHA, 2010, p. 31).

A construção das notícias no jornalismo online adota novas características a

partir da era da convergência retratada por Jenkins no livro Cultura da Convergência,

em que “representa uma transformação cultural, à medida que consumidores são

incentivados a procurar novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos de

mídia dispersos (2009, p. 29-30). Sendo assim, o jornalismo neste ambiente incorpora

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26

novas características que afetam o modo de produção, distribuição e consumo dos

conteúdos (SALAVERRÍA, 2008).

2.2.2 O jornalismo na era da convergência

Nessa era da convergência, a construção dos conteúdos, sua forma e seus

elementos narrativos, foram modificados. A “era da convergência” é pautada por

Jenkins (2009) como uma relação desenvolvida entre as pessoas e as novas mídias e que

deve ser compreendida como um processo cultural.

a convergência das mídias é mais do que apenas uma mudança tecnológica.

A convergência altera a relação entre tecnologias existentes, industrias,

mercados, gêneros e públicos. A convergência altera a lógica pela qual a

indústria midiática opera e pela qual os consumidores processam a notícia e o

entretenimento. Lembre-se disto: a convergência refere-se a um processo,

não a um ponto final [...]. Estamos entrando em uma era em que haverá

mídias em todos os lugares. A convergência não e algo que vai acontecer um

dia, quando tivermos banda larga suficiente ou quando descobrirmos a

configuração correta dos aparelhos. Prontos ou não, já estamos vivendo numa

cultura da convergência” (JENKINS, 2009, p. 43).

Na era da convergência, “as novas tecnologias da informação e da

comunicação modificam os modos de construção da narrativa e as práticas jornalísticas”

(SOUZA, 2018, p. 2). Jenkins (2009) complementa e afirma que essa cultura da

convergência remodelou a relação dos veículos de comunicação e os leitores, além de

ter modificado a estrutura narrativa de uma notícia.

O autor (2009, p. 138) nomeia essa estrutura de “narrativa transmídia” ou

transmedia storytelling, e explica que esse modelo narrativo é uma resposta à

convergência, na qual uma história “desenrola-se através de múltiplas plataformas de

mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo”.

Inspirado por esse conceito, Martins resume a transmidialidade como uma “relação

entre as histórias, ligadas pelo mesmo enredo e narradas por meios diferentes” (2015, p.

189).

Gutemberg e Lima (2017, p. 2) afirmam que são necessárias duas

características fundamentais para uma narrativa ser considerada transmídia, como a

adição de conteúdo, e a participação do público/usuário, em que, “deve existir uma

participação, pois o público precisa contribuir na construção do conteúdo”. Figueiredo

(2016, p. 46), do mesmo modo que Jenkins (2009), chama essa característica como

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“cultura participativa”, que “contrasta com a noção de passividade do público, que

abandona o papel de simples consumidor de produtos de mídias e passa a participar,

interagir e até mesmo produzir seu próprio conteúdo midiático”.

A autora ainda afirma que a narrativa transmídia, apoia-se em uma tríade, entre

a cultura participativa, explicado anteriormente, a convergência dos meios de

comunicação e a inteligência coletiva. A convergência dos meios de comunicação é

explicada como “fluxos de conteúdo através de múltiplas plataformas de mídias” (2016,

p. 46). Quanto ao conceito de “inteligência coletiva”, de acordo com Pierre Lévy,

“refere-se à estratégia de consumo encontrada para fazer frente ao grande fluxo de

informações dos nossos dias” (apud FIGUEIREDO, 2016, p. 46).

Para Souza (2018 p.2) esse aspecto narrativo - Storytelling – é muito utilizado

no jornalismo atualmente, pois, “corresponde a uma técnica narrativa que consiste

basicamente em apropriar-se de discursos e ações para transformá-los em relatos”.

Cunha e Mantello (2014) exemplificam o conceito, no qual, “o jornalista é o contador

(teller) e o fato selecionado (story) é aquilo que será narrado”. Dessa maneira,

storytelling é a utilização de alguns discursos para narrar uma história. Assim como

pontua Figueiredo:

uma vez que um único texto não conseguiria abranger todo o conteúdo da

narrativa, um texto central oferece vários pontos de acesso ao enredo, pontos

esses que são explorados em outras mídias tais como jogos digitais, histórias

em quadrinhos, sites, vídeos online, blogs, redes sociais etc. Assim, através

da narrativa transmídia, pode- -se, por exemplo, desenvolver histórias de

personagens secundários, apresentar outras perspectivas da narrativa,

completar “buracos” da história, ou ainda fazer uma ponte entre um filme e

sua sequência (2016, p. 46, grifo do autor).

Cunha e Mantello (2014) realçam que a técnica do Storytelling assemelha-se ao

jornalismo literário ao narrar uma história. Contudo, “a técnica do storytelling não

necessariamente está atrelada à reportagem densa e literária dos veículos impressos, que

hoje precisam adaptar-se à convergência de plataformas”. Os autores ainda afirmam:

portanto, storytelling está mais próximo de uma técnica de redação do que de

ser outra nomenclatura para o Novo Jornalismo, visto que pode ser aplicado

em qualquer meio de comunicação e em qualquer natureza de texto. Também

vai além do jornalismo, visto que é uma técnica de redação aproveitada por

este último para reportar histórias apuradas. É possível, portanto, aplicar a

técnica do storytelling na redação publicitária ou em produtos e estratégias da

comunicação organizacional, por exemplo (CUNHA, MANTELLO, 2014, p.

60).

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28

Foi neste ambiente online que surgiu as redes sociais mais conhecidas, como o

Facebook, Twitter e Instagram. Ainda que essas redes não tenham sido criadas para o

jornalismo, a apropriação destas plataformas para informar foi inevitável. Novas

maneiras de fazer jornalismo foram mais uma vez desenvolvidas para suprir as

necessidades desse novo espaço.

2.3 O JORNALISMO NAS REDES SOCIAIS

Com a expansão da internet e a criação de comunidades, blogs, sites de

relacionamentos e, posteriormente, os desenvolvimentos das redes sociais, mudaram as

formas de comunicação, de relacionamentos e de trocas de informações, sendo

mediadas por computadores e, nos últimos anos, por celulares.

Por ser um ambiente midiatizado, em que a troca de informações é constante, a

facilidade de acesso permitiu uma propagação de culturas compartilhadas, criando o que

Pierre Levy chama de “Cibercultura”. De acordo com o autor, cibercultura é “o

conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de

pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do

ciberespaço” (LEVY, 1999, p. 18).

Canavilhas (2011), citado por Aroso (2013, p. 6), realça que este ambiente

“mejora la transformación de las audiencias en las comunidades, situación que tiende a

generar lealtad de los consumidores por el desarrollo de sentimientos de pertenencia a

una comunidad”. Mas, ainda que essas redes não tenham sidos desenvolvidas para o

jornalismo, a migração dos meios de comunicação para este ambiente foi inevitável.

Recuero define a rede social como uma ligação de dois elementos, as pessoas,

ou instituições e grupos a que ela chama de atores, e suas interações e conexões nestas

redes sociais, ou seja, “uma rede social, assim, é uma metáfora, para observar os

padrões de conexão de um grupo social, a partir das conexões estabelecidas entre os

diversos atores (RECUERO, 2009, p. 24).

Desse modo, a utilização do jornalismo nas redes sociais como, Instagram,

Facebook, Twitter, entre outros, tornou-se uma prática bastante comum, possibilitando

aos leitores “complementar a informação pelos comentários, mensagens diretas, além de

compartilhar os conteúdos em seus perfis pessoais” (LUZ, WOITOWICZ, 2017, p 4).

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Aroso (2013) complementa, afirmando, que a participação deste usuário é uma

característica bem forte na rede. Essa atividade tem várias nomenclaturas, entre elas

jornalismo participativo, jornalismo colaborativo, jornalismo cidadão, cultura

participativa e entre outros.

Essa característica jornalística se originou no impresso por meio de cartas e

ligações telefônicas e, até mesmo, por sugestão de pautas. No ambiente online, com a

facilidade de acesso, o jornalismo participativo passou a ter uma maior importância,

pois, o leitor, nesse ambiente, tem mais liberdade em se expor, participar, publicar e

compartilhar as informações (AROSO, 2013). Viegas ressalta que “hoje o jornalismo

conta com a colaboração de um usuário comum que busca pela sua exposição e

liberdade de expressão junto à sociedade contemporânea: ele é visto nas redes sociais

como um ator social” (2015, p. 13). Para Aroso:

esta ocorre de diversas formas, na medida em que o público é convidado a

dar o seu contributo através de: comentários, blogs, fóruns, redes sociais,

chats, envio de fotografias, vídeos ou textos. Tudo isto tem repercussões: no

jornalismo – nas rotinas produtivas, na agenda, nos recursos e fontes

utilizadas –; na relação entre jornalistas e público; e na própria profissão – há

novas funções para jornalistas ou até mesmo novas profissões como gestores

dos media e de comunidades (AROSO, 2013, p. 4).

Canavilhas (2011 apud AROSO, 2013) afirma que devido ao crescimento das

redes sociais, os meios de comunicação se adaptaram a esse espaço para melhorar a

distribuição dos conteúdos noticiosos. Rodrigues (2010) ressalta alguns conceitos da

utilidade dessas redes no jornalismo, como “o relacionamento com as fontes, a

ampliação, valorização e distribuição de conteúdo, a fidelização dos leitores e a

velocidade informativa (2010, p. 219)”.

Outra característica que as redes sociais possibilitaram à prática jornalística foi

uma visibilidade maior nos conteúdos específicos, ou seja, a popularização dos

conteúdos jornalísticos segmentado, assim como o jornalismo esportivo, jornalismo

cultural, jornalismo de moda, e entre outros. Sendo assim, os portais destes gêneros

jornalísticos se beneficiaram.

O Instagram é uma das redes sociais que mais favoreceram os conteúdos de

moda, pois é uma plataforma bastante visual, característica que enriquece esse

segmento. As revistas de moda Vogue e Glamour, por exemplo, utilizam de suas redes

sociais para criar uma aproximação maior com seu público. Por meio da participação e

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interação dos leitores em suas publicações online, os conteúdos desses portais de

comunicação conseguem atingir um público ainda maior.

Essa rede social surgiu em 2010 com o principal objetivo de publicação e

edição de fotos. Com o passar dos anos, novas ferramentas surgiram, assim como o

Instastories – possibilitando a publicações de fotos e vídeos que ficam online apenas

durante 24 horas - e a mais nova ferramenta, o IGTV – permitindo a publicação de

vídeos com a temporalidade maior que um minuto.

Sendo assim, as redes sociais têm sua própria maneira de transmitir notícias, e

ainda que as características narrativas sejam as mesmas do online, a maneira que esses

conteúdos se estabelecem nessas redes possibilitam maior liberdade de criação e de

interação com os leitores.

Essas redes, de certa maneira, são consideradas como uma inovação ao

jornalismo, pois são acessadas, na maioria das vezes, por telefones celulares,

caracterizando-se como jornalismo mobile. Pellanda afirma que esta mobilidade permite

aos conteúdos sempre uma conexão Always-on (sempre online), no qual, o leitor “está

100% do tempo em estado de potencial consumo e produção de informação, o que torna

o desafio de comunicação ainda mais complexo” (2015, p. 2). Assim como Cavendish

complementa, que o “desenvolvimento de celulares com câmeras portáteis de alta

capacidade permitiu que cada um de nós fosse o responsável pela captura e

compartilhamento da própria realidade” (2013, p. 11).

Nesse contexto, o jornalismo, com avanço da tecnologia, vai incorporando

inovações em sua prática, assim como a utilização de características imersivas, como da

realidade virtual (VR), o uso de drones, a criação de games e o texto longform.

Contudo, as inovações na prática jornalística não se referem apenas ao advento da

tecnologia. Franciscato (2012) caracteriza a inovação tecnológica no jornalismo “como

um aporte que modifica as rotinas e processos de trabalho do jornalista, bem como o

perfil e a qualidade do produto jornalístico” (apud LONGHI, FLORES, 2017, p. 25).

Desse modo, a inovação no jornalismo se caracteriza com toda mudança “nas

técnicas, tecnologias, processos, linguagens, formatos e dispositivos destinados a

potencializar a produção e consumo das informações jornalísticas” (LONGHI,

FLORES, 2017, p. 45).

O jornalismo sempre está em constante mudança, adequando-se às novas

tecnologias para melhorar sua produção. Assim, nesse contexto midiático, o jornalismo,

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ao se apropriar de um novo ambiente, desenvolveu diferentes elementos narrativos e

novos gêneros jornalísticos para se ajustar às novas necessidades desse ciberespaço.

Para entender as mudanças narrativas que o jornalismo passou ao longo dos anos, é

necessário compreender primeiro o conceito de narrativa.

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3 A NARRATIVA

A narrativa é a maneira construtiva de como um acontecimento, e, ou uma

história, é descrito e representado, por meio de uma linguagem, seja escrita ou não.

(GENETTE apud SILVA, 2007). Para Motta, as narrativas representam a compreensão

do ser humano e do mundo em que ele vive, “compreender o sentido da vida”

(MOTTA, 2012, p. 23).

estudar a narrativa para entender quem somos. Nossa vida individual, nossa

identidade é uma narrativa pessoal. Estamos sempre contando estórias sobre

nós mesmos, fazendo pequenos relatos de nossas experiencias e testemunhos

de nossos sonhos. Estamos sempre enviando mensagens diversas, contando

estórias, escrevendo diários, cartas, e-mails, posts, tweets, orkuts, etc. Se

alguém nos indaga quem somos, arrolamos uma série cronológica de eventos

que intencionalmente escolhemos para construir a imagem desejada de quem

pretendemos ser. (MOTTA, 2012, p. 24)

É nesta forma de contar histórias que se define o que é a narrativa. Gennette

define alguns critérios que desenvolvem um relato bem formado: que contenha

verossimilhança, como selecionar eventos relevantes das histórias, em que, os

personagens e objetos permaneçam com uma identidade contínua e a delimitação de

signos, indicando o início e o final do relato, assim como, estabelecer um objetivo a ser

explicado, um significado a ser alcançado. (GENETTE apud MOTTA, 2012).

A narrativa como “prática humana universal”, tem fator importante nas

representações sociais dos seres humanos. Para Motta (2012), dessa maneira é

identificado como a sociedade se comunica e relaciona-se, tanto por meio de cartas,

conversas, ligações telefônicas, e-mails, canções, filmes, livros e, como atualmente, por

meio das redes sociais.

Silva (2007), assim como Motta, entende a narrativa como um instrumento

fundamental na introdução e visibilidade do homem dentro da sociedade. O autor

compreende que a narrativa, por meio da linguagem, “registra os pensamentos, relembra

fatos passados, e estabelece a comunicação entre os indivíduos” (SILVA, 2007, p. 50).

Contudo, a narrativa não deve ser confundida com discurso, ainda que ambas

significações se complementam. Motta (2005) explica que o discurso é a fala, a

linguagem de um relato, a qual se constrói por meio de estratégias linguísticas,

desejando produzir um efeito ou sentido próprio da fala, por meio do locutor. Desse

modo, ainda de acordo com o autor, as narrativas são as construções discursivas sobre

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algum acontecimento ou realidade humana, ou seja, a narrativa pode ser utilizada como

um discurso. Silva (2007) subentende-os como:

na narrativa a significação é oferecida pelo próprio desenrolar dos

acontecimentos, já no discurso a situação mesma do ato de falar é o centro

das significações mais importantes. Porém, não se deve procurar as essências

da narrativa e do discurso, pois nunca são encontradas em estado puro

(SILVA, 2007, p. 52).

Em sua função informativa, ao narrar uma história, o jornalismo incorpora

ambos os conceitos - discurso e narrativa - como um só. Ou seja, ambos os conceitos

são utilizados pelo jornalismo como uma forma estratégica de construir um relato, para

alcançar um objetivo, bem como Souza (SOUSA, 2012 p. 49) define, “a narrativa

jornalística é um produto cultural que realiza objetivos determinados construídos por

estratégias comunicativas”.

3.1 NARRATIVA JORNALÍSTICA

As produções jornalísticas, tais como as reportagens, são entendidas como

construções narrativas desenvolvidas como práticas discursivas, pois, compreendem o

jornalismo como um trabalho não apenas em relatar histórias, mas com a intenção de

alcançar e “seduzir” o receptor, construindo um significado por meio de sua mensagem

(DOMENICI, 2012). Fonseca (2012, p. 92) explica a narrativa jornalística como:

uma representação de uma realidade, e não a própria realidade, pois apresenta

fatos apropriados de forma seletiva e transformados pelos enunciadores,

veículos e jornalista, em acontecimento compostos de diversas camadas e

significados.

Alguns autores ressaltam que, por ser uma representação de uma realidade, a

construção de uma notícia está carregada por discursos, assim como “conflitos,

reconhecimentos, relações de poder, constituições de identidade” (ORLANDI apud

SOUSA, 2012, p. 56). Esses conflitos, segundo Motta, citado por Sousa, (2012, p. 57)

são como “elementos estruturadores de quaisquer narrativas e particularmente da

narrativa jornalística, que trabalha com rupturas, descontinuidades e anormalidades”.

Assim, esses discursos têm a capacidade de unir os acontecimentos narrados, levando-

os ao início, meio ou fim deste acontecimento.

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A partir disso, Sousa (2012, p. 57) explica que os conflitos são considerados,

ou identificados, como valor narrativa, pois, esses elementos “respondem” de certa

forma, perguntas pré-concebidas em uma história. Perguntas como: “o que aconteceu?

Quem estava envolvido? Em que momento aconteceu? Como aconteceu? Há motivos

identificados?”.

Nesse sentido, Amaral (1987) pontua que esses procedimentos narrativos são

trabalhados pela estrutura do lide, o qual, em uma produção jornalística, apresenta-se no

primeiro parágrafo da notícia, com o objetivo de conduzir o acontecimento de forma

direta e objetiva. Esse formato encontra-se na técnica jornalística da pirâmide invertida,

em que, as informações são construídas hierarquizadas dentro da notícia (apud SOUSA,

2012).

A pirâmide invertida é utilizada pelos veículos de comunicação até nos dias de

hoje. Essa estrutura satisfaz o leitor de forma mais rápida, já que as informações de

maior interesse estão no início da notícia (MIELNICZUK, 2002 apud DREVES,

PALMAS, 2006). Contudo, a internet rompe esta técnica e adota uma nova estrutura na

construção da notícia: a pirâmide deitada.

É importante ressaltar que no jornalismo as narrativas literárias também são

muito comuns. As notícias construídas nesta técnica – jornalismo literário - adotam uma

estrutura de início, meio e fim, assim possuem uma unidade integral, além de ter uma

narração mais descritiva com riqueza de detalhes, traços da literatura (MOTTA, 2012).

Essa técnica narrativa, originada oficialmente no século 20, tinha como função construir

produtos jornalísticos que fugissem do lide. Desse modo, novos gêneros jornalísticos

foram construídos, como o livro-reportagem, o perfil, biografia, o jornalismo gonzo,

entre outros (FARIA, 2011).

Por fim, em cada plataforma comunicacional as narrativas jornalísticas

funcionam de um modo especifico, ainda que, os gêneros e formatos narrativos dessa

prática funcionam em todos os meios (FARIA, 2011). No impresso, por exemplo, as

narrativas são construídas a partir do lide, já na Web as notícias encontram outros meios

de se estruturarem, correspondendo as necessidades deste ambiente online.

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35

3.1.1 Narrativas online: a pirâmide deitada

Nesse espaço multidimensional, a construção de uma notícia tem mais

liberdade e criatividade. Diferente do papel, a web tem espaço “tendencialmente

infinito”, ou seja, o espaço e a margem não são um problema na hora de publicar uma

reportagem. Além disso, a notícia construída nesse ambiente tem mais possibilidades de

oferecer novas formas de complementação, convergindo textos com áudios, vídeos,

fotos e infográficos, nos quais, todas as possibilidades da rede podem ser exploradas.

Canavilhas (2012) comenta que na internet, os conteúdos implicam uma nova

estrutura, arquitetada semelhante ao do jornalismo escrito (impresso) com as mesmas

técnicas de redação usada nos jornais, com algumas modificações. Mas, ainda que a

tradicional forma de construir uma notícia tenha sido alterada, as questões “Quem,

Onde, O que e Quando” devem ser respondidas, de forma simplificada, para construir

uma reportagem.

O autor ainda afirma que as notícias construídas na Web necessitam de uma

nova narrativa, pois a “pirâmide invertida”, tradicional técnica de construção de uma

notícia, mudou para “uma arquitetura noticiosa mais aberta, com blocos de informação

organizados em diferentes modelos, sejam eles lineares ou complexos”

(CANAVILHAS, 2005, p. 5). Sendo assim, o autor propõe a criação das notícias em

uma nova técnica, conhecida como “Pirâmide deitada”. Esta técnica, foi originada com

o foco de ser utilizada em conteúdos que permitem o uso de links e de elementos da

multimidialidade, no qual, as informações são construídas considerando o espaço que

são expostas, e que, a estrutura da notícia– início, meio e fim- deve ter o mesmo nível

de importância de informações.

se o eixo vertical que vai do vértice superior a base da pirâmide invertida

significa que o topo é mais importante que a base, então a pirâmide deve

mudar de posição, procurando-se dessa forma fugir a hierarquização da

notícia em função dos fatos relatados (CANAVILHAS, 2003, p.13).

Castro (2014) concorda com Canavilhas e afirma que a pirâmide invertida

possibilita ao leitor/usuário navegar nos conteúdos noticiosos, permitindo-o a escolha de

uma leitura pessoal. Esse formato jornalístico é considerado uma “técnica libertadora”

para os jornalistas, pois possibilita-os inovar em cada conteúdo. Ao falar sobre

liberdade de construção narrativa, as redes sociais são protagonistas nesse aspecto. No

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36

entanto, as características construtivas das notícias nestas redes, assemelham-se muito

com webjornalismo em geral, os seus elementos narrativos são os mesmos.

3.1.2 narrativas online nas redes sociais

Assim como o jornalismo online tem sua própria linguagem e narrativa, o

jornalismo nas redes sociais também tem características próprias nas construções de

notícias. Essas características narrativas são semelhantes as localizadas na da internet de

modo geral, contudo, o visual e o estético ganham mais força e o texto diminui.

Muitos associam conteúdos gerados para as redes sociais com o jornalismo de

serviço, pois suas características narrativas dependem da quantidade de caracteres

possíveis para escrever uma matéria. Assim, por ter pouco espaço para transmitir uma

notícia, a imagem deve, portanto, ser informativa, ao ponto, de o texto ser apenas um

complemento para a matéria (RECUERO, 2009).

As narrativas de comunicação utilizada no jornalismo digital, de acordo com

Pinho (2003), têm como elementos fundamentais a instantaneidade, interatividade,

pessoalidade, acessibilidade e um receptor mais ativo, comparado às mídias

tradicionais. Dessa maneira, as grandes mídias ao verem um ambiente social

digitalizado, em que, “juntamente com as ferramentas utilizadas tornou a produção e

transmissão de notícias de uma forma mais eficiente e com um alcance de público ainda

maior que o anterior” decidem migrar para as redes sociais (JESUS, ARAUJO,

CARVALHO, 2018, p. 3).

Os canais de comunicação presentes neste ambiente constroem matérias

contextualizadas, normalmente adotando características do jornalismo de serviço, no

qual complementam as informações com a presença de hiperlinks destinados aos sites

oficiais destes canais, para o leitor ler os conteúdos mais completos. O jornalismo de

serviço, ou utilitário, é um gênero jornalístico que tem um proposito em dar “orientação

e dicas ao público [...], tem como base principal a proposta de oferecer a informação

que o receptor necessita ou que poderá se tornar necessária a ele em algum momento”.

Contudo, esse gênero jornalístico adota características publicitarias o que reduz o

caráter jornalístico, “podendo induzir o receptor para o consumo dos bens simbólicos”

(VAZ apud MORAES, 2012, p. 23).

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37

Dentro dessa nova estruturação da notícia no ambiente online, algumas

técnicas utilizadas no impresso foram reutilizadas, ainda que remodeladas, e novos

elementos foram criados para suprir as necessidades do jornalismo neste espaço.

3.1.3 Elementos Narrativos do jornalismo online

Existe uma narrativa própria em cada período e plataforma jornalística. Com a

apropriação do jornalismo na internet, e posteriormente nas redes sociais, a maneira que

uma notícia é construída, sua narrativa, também evoluiu surgindo, consecutivamente,

novos elementos narrativos. Esses elementos são características que ajudam a construir

e a estruturar uma narrativa (BERTOCCHI, 2016). Inicialmente, por exemplo, o

jornalismo online na primeira fase, possuía um texto jornalístico linear, igual aos

conteúdos impressos.

Posteriormente, a narrativa das matérias online adquiriu características

próprias, como o aproveitamento dos hipertextos, criação de fóruns e comunidades com

intuito de gerar um debate sobre a reportagem publicada, a utilização do e-mail como

forma do leitor interagir e comunicar com o veículo, entre outros. Os autores Dreves e

Palmas (2006, p.8, grifo do autor) ainda refletem os efeitos da evolução da internet:

vemos que a rede está sendo constantemente redesenhada pelo uso e pelas

tecnologias que estão sendo inventadas, formando assim um novo meio de

comunicação. De fato, um “novo meio” que traz embutido em si os já

existentes, com o avanço tecnológico permitindo maior velocidade e

diferentes formatações, com novos artefatos, novos padrões e

tecnologicamente à frente dos demais.

Na internet, novos elementos narrativos surgiram. Assim como a

interatividade, hipertextualidade, customização, memória, multimidialidade,

instantaneidade e supressão de limite de espaço e tempo (PALACIOS, 2002). Outros

autores também possuem sua própria caracterização desses elementos, em que, a

nomenclatura em alguns casos é diferente, mas os conceitos seguem o mesmo

significado. Deste modo, após identificar as nomenclaturas caracterizadas por diversos

autores, esta monografia, assumirá os seis elementos mais abordados entre os autores,

sendo assim, seguindo com a classificação de Canavilhas (2014) e Palácios (2002).

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3.1.3.1 Interatividade

Palácios (2014) define esse elemento como uma capacidade do usuário/leitor

tem em interagir com os veículos de comunicação e com os produtos noticiosos. As

interações existiam antes da internet, por meio de ligações telefônicas, o envio de cartas

e, até mesmo, na presença em plateias em programas de televisão. Rost, no livro 7

características que marcam a diferença (2014), relata o conceito da interação na internet

como:

entendemos a interatividade como a capacidade gradual que um meio de

comunicação tem para dar maior poder aos utilizadores tanto na seleção de

conteúdos (“interatividade seletiva”) como em possibilidades de expressão e

comunicação (“interatividade comunicativa”) [...] A interatividade implica

uma certa transferência de poder do meio para os seus leitores. Poder, por um

lado, quanto aos caminhos de navegação, recuperação e leitura que podem

seguir entre os conteúdos que oferece. E, por outro lado, relativamente às

opções para se expressar e/ou se comunicar com outros utilizadores/as

(ROST, 2014, p. 54, grifo do autor).

Ribas (2005 apud SILVA, 2014) comenta que o ambiente online, a

interatividade entre o leitor e o autor – do texto noticioso e dos veículos jornalísticos - é

um dos principais elementos da notícia. Na Web, essa interação é realizada por meio de

dois conceitos, interatividade seletiva e interatividade comunicativa.

A seletiva envolve a ideia de interação nos controles dos usuários na recepção

dos conteúdos, ou seja, a navegação entre hiperlinks – hipertextual-, a utilização da

função de busca nos sites, o tagging - nuvens de etiquetas -, a personalização da página

dos veículos, e “um diversificado menu de alternativas de distribuição/recepção de

conteúdos (RSS, envios de conteúdos por correio eletrônico, distribuição pelas redes

sociais, alertas em dispositivos móveis)” (ROST, 2014, p. 57).

Para autora, outra característica da interatividade é o leitor no processo de

criação das notícias. Bardoel e Deuze (2000, apud MIELNICZUK, 2003) não

concordam com os autores em relação da interatividade no âmbito da notícia em si – a

navegação dos hiperlinks-, mas afirmam que a interatividade pode ser realizada pela

troca de e-mails, entre os veículos/jornalistas e os leitores, por meio dos chats e fóruns

de discussões nos sites jornalístico. Esse tipo de interatividade é apresentada por Rost

(2014) como comunicativa, pois, o leitor busca ser participativo através de sua opinião,

busca-se expressar, por meio de comentários, abaixo das notícias, participação em

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pesquisas, envio de notícias, por fotos e vídeos, correção de informações, além de envio

de e-mails e discussões em fóruns, apontados anteriormente.

3.1.3.2 Multimidialidade

A multimidialidade é definida por Ribas (2014 apud SILVA, 2014) como a

convergência de diferentes formatos dos meios de comunicação tradicionais na

produção e divulgação de um fato ou informação noticiosa, em que os conteúdos

jornalísticos têm uma pluralidade de “registros da linguagem”, seja na escrita, sonora,

oral, visual e etc. Além disso, a noticia é acompanhada por vários formatos de

apresentação, como o texto, imagens, vídeos, gráficos, áudios, ilustração entre outros.

A autora ainda comenta que na web e nas redes sociais, a notícia pode ser

construída não só pelo texto, “mas conta com uma gama de elementos textual-

discursivos, que refletem os inúmeros registros da linguagem”, promovendo assim uma

integração de várias linguagens (apud SILVA, 2014, p. 182). Salaverría (2014, p. 27)

separa o conceito da multimidialidade em três aspectos:

a) a multiplataforma, que se refere na empresa jornalística, “distintos meios da

mesma empresa jornalística articulam as suas respetivas coberturas informativas

para conseguir um resultado conjunto”;

b) multimídia como polivalência, ou seja, o perfil do jornalista é responsável por

ser um profissional “multimídia”, realizando todas as atividades que no passado

era separado por diferentes profissões. Neste contexto, o autor classifica-os em

três modelos: os midiáticos – jornalistas trabalhando simultaneamente em

diferentes meios -, a temática – o jornalista trabalha sem especialização

informativa-, e a polivalência funcional – o jornalista desempenha várias funções

na mesma redação;

c) a multimidialidade como combinação de linguagens, que se refere a junção de

linguagens e formatos, assim como Ribas explicou anteriormente;

3.1.3.3 Hipertextualidade

Essa característica narrativa manifesta-se por meio da interação entre diversos

textos, imagens, sons ou vídeos interligados através de hiperligações. Palma e Dreves

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(2006) defendem que a estrutura do hipertexto é diferente dos textos tradicionais do

impresso, pois, no jornalismo online a narrativa da notícia pode ser construída em vários

modelos. Deste modo, os conteúdos noticiosos ficam à mercê de um grande volume de

informações, pelas atualizações constantes e pela convergência dos outros meios de

comunicação, além do próprio formato hipertextual. Nesse formato, ainda de acordo

com o autor, o espaço é ilimitado possibilitando a facilidade de armazenamento.

pela primeira vez está nas mãos do leitor a decisão sobre qual caminho seguir

em sua busca pela informação. Pode-se decidir desde fazer uma pesquisa

detalhada sobre o tema em questão, ou então apenas “passar os olhos” nos

principais tópicos expostos sobre determinado assunto. O leitor pode ainda

decidir a partir de que mídia ele vai ficar informado sobre os fatos do dia,

seja por vídeo, som, texto ou outras ferramentas de multimidialidade, como

animações em flash e/ou 3D. Se, por um lado, a formatação textual rígida não

“combina” com as novas exigências do ambiente digital, por outro lado a

organização hipertextual pressupõe uma organização muito criteriosa dos

elementos informacionais, no intento de possibilitar uma coerência e

amplitude entre os diversos links (PALMA, DREVES, 2006, p.7, grifo do

autor).

Ribas (2005 apud SILVA, 2014) define o conceito do hipertexto como a

capacidade do leitor em acessar a diferentes textos. Ingressando-o a outras leituras,

logo, a outras perspectivas relacionadas a um especifico tema ou notícia. Canavilhas,

neste contexto, separa o hipertexto em dois elementos: os blocos informativos, ou nós,

no qual, “aplica-se a todo o tipo de conteúdo, sejam textos, imagens fixas, imagens em

movimento, sons ou infografias” (2014, p. 6), sendo os conteúdos que mais inserem as

hiperligações.

O autor ainda reforça que nesse elemento o tamanho do texto é essencial na

construção da notícia, não podendo ser um conteúdo muito curto ou um texto longo

demais, e sim um conteúdo que “o leitor se sinta confortável na leitura”

(CANAVILHAS, 2014, p. 6). O outro elemento discutido pelo autor é a hiperligação,

ou conexão. Este elemento permite a ligação de dois conteúdos, sendo documental que

serve como contextualização de uma informação, e hiperligação narrativa, que

possibilita o leitor uma liberdade no percurso de leituras, fazendo com que o texto seja

construído da melhor maneira possível.

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3.1.3.4 Personalização

Reges (2010) afirma que devido à interatividade na mídia os usuários “buscam

nas plataformas o reconhecimento de si mesmos”, deste modo, personalização trata-se

da customização do próprio conteúdo nos veículos de comunicação. Para Ribas (2005)

esse elemento permite ao leitor separar os conteúdos noticiosos por temas, sendo

agrupado de acordo com os seus interesses. “O leitor vai especificar os conteúdos

temáticos de seu interesse, passando a receber as notícias atreladas às escolhas temáticas

deste leitor” (apud SILVA, p. 184)

Com isso, a ideia principal da personalização, de acordo com Lorenz (2014, p.

138) é “reunir, classificar e filtrar o conteúdo disponível, incluindo as notícias mais

interessantes, ou como dizem os críticos, os itens que recebem mais cliques”. A função

desse elemento relaciona-se com o fator de alterar as especificações de algum conteúdo,

ou de acordo com as preferências pessoais dos leitores, de acordo com a suas

necessidades.

3.1.3.5 Memória

Segundo Palácios (2014), esse elemento é como a acumulação de informação e

produções noticiosas, tanto no ambiente online como no impresso. Contudo, a

acumulação na web é muito maior do que nos meios de comunicação tradicionais, pois

possibilita ao leitor o acesso à conteúdos já difundidos de forma imediata. Ribas (2005

apud SILVA, 2014, p. 7) afirma e complementa que “o formato web traz consigo um

conjunto de documentos e conteúdos [...] armazenados e disponíveis, para a busca do

leitor”. Dessa maneira, esse elemento promove um resgate histórico sobre os conteúdos

jornalísticos, permitindo ao leitor buscar noticiais antigas para entender mais sobre o

assunto que está lendo.

De certa forma, o elemento narrativo é produzido antes da internet, pois para

Palácios (2014, p. 96):

os jornais impressos, desde longa data, mantêm arquivos físicos das suas

edições passadas, abertos à consulta do público e utilizados por seus editores

e jornalistas no processo de produção de informação noticiosa. O jornalismo

impresso moderno recorre à publicação de pesquisas, baseadas em

informação de arquivo, que complementam, ampliam ou ilustram o material

noticioso corrente. O mesmo ocorre com relação às emissoras de rádio e TV,

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42

que mantêm arquivos sonoros e de imagem, eventualmente utilizados na

produção de material noticioso de caráter jornalístico ou documental.

Na web e nas redes sociais, a memória é utilizada como um elemento narrativo

para estruturar e editar conteúdos jornalísticos. Palácios ainda (2014, p. 97) aborda a

facilidade da utilização da memória no jornalismo online, especificamente para os

jornalistas, no sentido de incorporar características da narrativa nas notícias, no qual,

“os textos relacionados passam a ser indexados hipertextualmente (Leia mais; Veja

também; Notícias relacionadas etc.), seja através de um trabalho de edição humana” ou

seja por meio da utilização de tags e palavras-chave dos textos.

3.1.3.6 Instantaneidade

Esse aspecto narrativo diz respeito à rapidez com que se pode aceder aos

conteúdos no ambiente online, no qual, a sua facilidade de produção e divulgação

permitem uma atualização contínua das informações e desenvolvimento de assuntos de

grande interesse para o público em tempo real (PALACIOS, 2014).

O jornalismo na internet e nas redes sociais, de acordo com Bradshaw (2014),

coloca a notícia em estado de “pressão”, em que as empresas jornalísticas competem no

quesito da velocidade de publicação, buscando “ser o primeiro” a noticiar. Deste modo,

as tecnologias servem como suporte, dando a vantagem necessária para realizar essa

função.

caso o veículo (publisher) não conseguisse ser o primeiro a divulgar a estória,

então teria de ser o primeiro a obter a primeira fotografia, a primeira

entrevista, a primeira reação, ou o primeiro a fornecer a análise do fato. O

processo de trabalho nas redações em diferentes meios de comunicação

possuía uma dinâmica semelhante: uma estória que, num dia, foi considerada

“nova” para os leitores de determinadas revistas especializadas poderia se

tornar “nova” para os leitores de um jornal nacional online no dia seguinte e

para os telespectadores de um noticiário de TV um dia depois. Até

recentemente, um repórter poderia se sentir confiante sobre o que os seus

leitores sabiam (BRADSHAW, 2014, p. 111, grifo do autor).

O autor ainda explica que quando uma informação nova, ou interessante, é

descoberta, os leitores contribuem com a propagação dessa notícia, fazendo com que a

distribuição dessas informações tenha um alcance maior do que antigamente, quando a

propagação da notícia era baseada especificamente apenas pelos veículos.

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43

Outro efeito da instantaneidade, além do efeito na publicação e na distribuição

dos conteúdos, é o de consumo da notícia. Mielniczuk, afirma que esse elemento

narrativo é uma característica que transposta do rádio e da televisão, mas que na internet

assume uma outra proporção. As notícias na web ficam armazenadas, sempre à

disposição do leitor, formando uma “grande narrativa sobre determinado fato. [...]

Assim, um conjunto de blocos de textos, que foi sendo acumulado e continua

disponível, constitui uma nova narrativa sobre um determinado acontecimento”

(MIELNICZUK, 2003, p. 34).

3.1.4 Outras caracterizações

Vários autores ainda adotam diferentes elementos narrativos. Valcarce (2009)

classifica-os em interatividade, instantaneidade, hipertextualidade e convergência.

Contudo, o autor ainda traz mais quatros elementos, como a continuidade, na qual, a

notícia tem possibilidade de ser permanentemente atualizada. Silva citando Palácios

(2014, p. 185) alinha-se a Valcarce, e ressalta esse conceito como “atualização

contínua” – originada por Palácios - complementando que “o texto noticioso é

constantemente renovado, trazendo à tona novos aspectos acerca da informação

publicada”.

Outros elementos abordados por Valcarce são: a versatilidade, a

transnacionalidade e a transtemporalidade. A versatilidade dá ao leitor inúmeras

possibilidades em navegar nos veículos jornalísticos, que vai além de ler os conteúdos,

mas participar de fóruns de discussões e fazer ligação com outros sites. Esse elemento

mostra que no jornalismo online, os meios de comunicação são versáteis para várias

funções. O outro elemento - transnacionalidade – tem caráter narrativo que “abre todas

as portas, supera os limites espaciais e permite que todos os internautas possam aceder

ao mesmo tempo a um mesmo produto” (VALCARCE, 2009, p. 97). Por fim, a

transtemporalidade é o último elemento ressaltado pelo o autor, e é definido pelo tempo

que os conteúdos online são acessíveis, ou seja, durante 24 horas por dia.

Desse modo, os elementos narrativos são características utilizadas para

construir uma notícia no ambiente online e nas redes sociais. Sendo assim, neste

ciberespaço os conteúdos jornalísticos segmentados foram beneficiados, pois, obtiveram

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maior alcance em seus respectivos públicos alvo, assim como, o jornalismo de moda,

que com as redes sociais, tiveram uma maior democratização da informação de moda.

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45

4 A MODA COMO LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

A moda é uma forma de comunicação que representa mais que um conjunto de

vestimentas, correspondendo como um dispositivo social. Sendo assim, possui

significações e elementos que ajudam na visibilidade e personalidade de cada ser

humano (GARCIA, MIRANDA, 2011). Para Weidlich, “a indumentária sempre foi uma

forma de o sujeito expressar-se e “ser expressado”. Deste modo, ela é uma das maneiras

de serem concretizados os anseios primeiros dos seres humano: a necessidade de

adornar-se, de embelezar-se” (2013, p.19, grifo do autor).

Castilho (2009) afirma que “o vestuário pode ser observado na sua

contextualização em um determinado meio social, pois se manifesta como uma das mais

espetaculares e significativas formas de expressão articulada e desenvolvida pela cultura

humana”, em que, o sujeito “por intermédio do corpo como suporte e meio de

expressão, revela uma necessidade latente de querer significar, de reconstruir -se e de

recriar-se por meio de artifícios inéditos” (CASTILHO, 2009, p. 32 – 48). Barthes

complementa:

pela roupa, trocamos informações bastante elementares, não apenas sobre

nossa situação social ou profissional, sobre nossa faixa etária, como dizem os

etnólogos, mas igualmente sobre tal uso social, tal cerimonia, tal ocupação.

Por outro lado, a moda se esforça por fazer corresponder à roupa descrita

aquilo que nós mesmos queremos exprimir sobre nós mesmos, o papel

complexo que queremos desempenhar na sociedade (BARTHES, 2009, p.83).

Contudo, no início da humanidade a indumentária tinha outra função. A

vestimenta existe desde os primórdios do homem na pré-história com o intuito de

apenas cobrir o corpo para se proteger do frio, e continuou neste conceito até no final da

idade média. Foi com o início da burguesia que a moda como ferramenta e

representação social surgiu (STEFANI, 2005).

Nesse período, também conhecido como o “berço da moda”, a indumentária

tinha papel fundamental para marcar a diferença entre classes, status e poder. Weidlich

(2014, p. 26) afirma que “nesse período, características como poder, abundância de

matéria-prima e ostentação eram a tônica para que a indumentária servisse de divisor de

águas entre as classes sociais”. Assim como complementa Lipovetsky (1989, p. 39)

“Com a moda, inicia-se o poder social dos signos ínfimos, o espantoso: dispositivo de

distinção social conferido ao porte das novidades sutis”. Para Cavendish:

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46

com o advento dos “novos-ricos”, a moda caminha para um processo de

democratização, tendo a imitação do vestuário nobre se propagado em novas

camadas sociais como na média e pequena burguesia, e mais tarde entre

comerciantes e artesãos (CAVENDISH, 2013, p. 18).

Santos (2015) afirma que após a burguesia copiar os vestuários das classes

mais altas, os nobres recorreram “às práticas de poder, extrapolando seus ordenamentos

na determinação de regras de apresentação pública, de comportamento, de alimentação,

de vestimenta, entre outras, recorrendo à outorga de leis ditas suntuárias”. Essas leis

proibiam a utilização de tecidos e ou peças de vestuários para pessoas que não eram

nobres. Contudo, a autora ainda relata que a lei suntuária foi ineficaz, pois “nenhum

governo jamais conseguiu frear a ostentação e o luxo advindos do comportamento de

moda” (SANTOS, 2015, p. 45 - 47).

Foi a partir do século 19 que a sociedade, cansada de copiar a indumentária dos

nobres, procurou vestuários diferenciados, no qual, “o gosto e o desejo pelo novo

ganham novas dimensões, tornando-se mais intensos e frequentes, e o acesso à moda

chega às classes mais baixas. É a partir daí que surge a Alta Costura e a confecção

industrial” (CAVENDISH, 2013, p. 19).

4.1 SISTEMA DE MODA

A Alta Costura, ou mais conhecida como Haute Couture, incorporou uma nova

fase à indústria de moda. Originada a partir da inauguração do ateliê de Charles-

Frédéric Worth, entre 1857 e 1858, em Paris, a Alta Costura surge com os primórdios

de desenvolver peças exclusivas feitas com técnicas de costura sofisticadas, realizadas

manualmente, com qualidades superiores. Deste modo, a alta costura ditou tendências,

transformando o costureiro à condição de artista e promoveu espetáculos publicitários

baseados em grifes e modelos (CARMO, 2015).

Com isso, várias mulheres da alta sociedade se descolocavam até o atelier de

Worth para comprar e observar as tendências. Isso mudou a produção de moda, pois,

dentro da loja do estilista, surgiu a figura de “modelos” desfilando as peças para as

clientes.

Charles-Frédéric Worth foi responsável também pela concepção dos

primeiros desfiles de moda. Na Maison Worth, onde o costureiro criava para

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47

mulheres parisienses e americanas os vestidos sob encomenda com os

melhores tecidos da Europa, sua produção chegava a aproximadamente 7.000

vestidos e 4.000 roupas por ano[...]. Era um volume de mercado que os

concorrentes, ainda estruturados sobre um sistema artesanal de confecção,

não podiam alcançar. Dessa forma, em 1858 Worth decide criar sua própria

coleção de vestidos. Reuniu as clientes mais importantes, pertencentes à

nobreza e à aristocracia francesa e mostrou as roupas em modelos vivas,

mulheres da sociedade que aceitaram desfilar para Worth por status. Nascia

então o desfile de moda (CAVENDISH, 2013, p. 20).

Contudo, a moda neste período se tornou um produto exclusivo, no sentido de

ser apenas consumida pela alta sociedade. Deste modo, surge, em 1949, o Prêt-à-

Porter, ou no inglês: Ready to Wear (pronto para usar). Essa nova produção se originou

da necessidade de produzir roupas com qualidade superior que estivessem dentro das

tendências, e que, principalmente, estivessem com preço acessível. Dessa maneira “os

preços mais acessíveis permitiram às classes mais baixas o acesso a uma forma de

vestir, até então, exclusiva dos ricos” (STEFANI, 2005, p. 66).

O surgimento do Prêt-a-Porter colaborou com uma popularização e

democratização da moda impulsionando o mercado de consumo. Esse sistema também

começou a ditar tendências, surgindo grifes, evidenciando os estilistas às marcas, além

de adotar características da Publicidade como técnica de venda. (CAVENDISH, 2013).

A partir dessa época, a moda foi acompanhando as manifestações e revoluções

sociais da humanidade, e com isso, em cada movimento foi quebrando os padrões

antigos, assumindo a forma que é conhecida atualmente.

com as guerras e a escassez de matérias primas as roupas se tornaram mais

leves. Em períodos de paz, as cores predominam. Em época de austeridade

econômica, a sobriedade toma conta das vitrines. E assim foi sendo

construído um sistema que permite novidades a cada estação e que dita o que

será usado pela sociedade. No dia a dia, estar na moda significa, a grosso

modo, vestir o que a maioria das pessoas está usando (MORAES, 2012, p. 7)

Sendo assim, Pais (2013, p.4) relata a moda como “marco de civilização e de

iniciação à construção da sociedade”, em que, movimenta um mercado de consumo,

“envolvendo movimentações de milhares de milhões de euros”, além de,

“sociologicamente, a moda separa homem e mulher, separa formas de pensar, estilos e

mais importante ainda, ajuda a cimentar classes e hierarquias”. Deste modo, a autora

ressalta que a informação da moda é importante, pois, “jornalisticamente, a moda é

interpretada como um objeto de interesse público” (2013, p.4), em que, retrata

costumes, hábitos e movimentações sociais.

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48

Weidlich afirma que, ainda no século 17, foram reveladas novas maneiras de se

portar socialmente, “sendo marcado pelas primeiras manifestações de informação sobre

moda de que se tem notícia: as fashion plates ou ilustrações de moda” (2014, p. 26). No

início, essas ilustrações eram feitas com tintas aquarelas que evidenciavam os detalhes e

novidades de roupas, sapatos e acessórios como joias e penteados.

A partir do século 18, com o surgimento da litografia – técnica de reprodução

que imprime por meio de prensa, desenho ou escritos com tinta graxenta sobre uma

superfície metálica -, as ilustrações de moda ganharam mais força, pois, de acordo com

Weidlich (2014, p.27), retratavam com riqueza de detalhes o “estilo de roupa que um

alfaiate, costureira ou loja poderia fazer ou fornecer, apontando com quais materiais

essas roupas eram feitas”.

A autora ainda ressalta que com o surgimento da prensa tipográfica

desenvolvida por Gutenberg, e consequentemente, a possibilidade da reprodução de

livros em várias cópias, as informações de moda se ampliaram “abrindo caminho para

que, sorrateiramente, a moda, como sistema, adquirisse cada vez mais autonomia nos

séculos seguintes” (WEIDLICH, 2014, p. 27). Crane (2009) complementa e afirma que

esse sistema possibilitou uma democracia da moda para todos os públicos.

4.2 O JORNALISMO DE MODA E O SURGIMENTO DAS REVISTAS

Weidlich relata que “a moda e a comunicação estão interligadas historicamente

desde que se circunscreveram na cultura moderna ocidental como práticas sociais que

perpassam as relações entre indivíduos” (2014, p. 19). De modo geral, as informações

de moda começaram a ser publicadas a partir do surgimento das revistas.

Scalzo aponta que “estudando a história das revistas o que se nota em primeiro

lugar não é uma vocação noticiosa do meio, mas, sim, a afirmação de dois caminhos

bem evidentes: o da educação e do entretenimento” (2004, p. 15)

Nunes e Araujo (2016) relatam que as primeiras revistas surgiram na década de

1600, dentre as quais, a primeira revista criada foi a Erbauliche Monaths

Unterredungen na Alemanha em 1663, posteriormente em 1655, surgiu duas novas

revistas com conteúdos científicos, como a francesa Le Jounal Des Sçavans (Jornal dos

letrados), e a britânica Philosophical Transactions (Atas filosóficas).

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49

Foi só em 1672 que surgiu as revistas voltadas para a moda, com a inauguração

do periódico The mercure Galante. Ali (2009, p. 310) afirma que esse periódico foi

importante na história e no jornalismo de moda, pois, foi a primeira a divulgar, para

vários países, informações sobre moda, etiqueta, objetos de luxo e sobre a vida de Luís

XIV. “Seu objetivo era informar a sociedade sobre os assuntos da corte e os debates

artísticos e intelectuais”. Pais complementa:

a verdade é que a maior parte destas publicações tinha um público específico:

o feminino e de elite. E o formato não era aquele que corresponde hoje às

revistas de moda. Estas publicações consistiam em figuras e ilustrações de

roupas e de mulheres com visuais completos que as leitoras podiam seguir

(PAIS, 2013, p.40).

No final da década, em 1690, outra revista britânica surge, a The Athenian

Mercury se tornando a primeira a ser publicada regulamente. E em 1693 a primeira

revista feminina é inaugurada, a The Ladie’s Mercury (O mercúrio das damas), era

“impressa em duas páginas com circulação regular [...] e, apesar de ser dirigida as

mulheres, era feita por homens” (ALI, 2009, p.311).

Foi na década de 1700 que as revistas se tornaram um produto de lazer e

prazer. Nesse período surgiu a Review (1704), The Spectator (1711), sendo a revista

mais imitada do século, pois, foi considerada inovadora, trazendo conteúdos de

etiquetas e comportamento (REGINA, JESUS, 2012).

Ainda nessa década, outras revistas foram inauguradas, a The Gentleman’s

Magazine (1731), The General Magazine (1741) - considerada a primeira revista

americana – The Female Spectator (1941) – primeira revista feita por mulheres-, The

Lady’s Magazine (1770), no qual, “foi a mais popular entre as revistas femininas de seu

tempo e mais importante referência para as mulheres” (ALI, 2009, p. 315), sendo a

primeira a publicar figurinos de moda coloridos.

Os autores Regina e Jesus (2012, p. 5) apontam que no século 19, até 1830, “as

revistas eram um produto caro, de elite, consumido pelas classes mais altas, de

formação escolar avançada”, tornando-se um produto de venda quando “um inglês

decidiu fazer um a revista com preço de capa baixo, barato”.

Ali (2009) ressalta que nesse século surgiram revistas com cultura e

informação para a classe média, nascendo as primeiras revistas populares. Scalzo

reforça que “as revistas começaram a ganhar os Estados Unidos na medida que o país se

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50

desenvolve, o analfabetismo diminui, cresce o interesse por novas ideias e a

consequentemente, necessidade de divulga-las” (2016, p. 20).

A autora ainda relata que durante o século 19 as revistas ficaram populares e

começaram a ditar moda, pois:

com o aumento dos índices de escolarização, havia uma população

alfabetizada que queria ler e se instruir, mas não se interessava pela

profundidade dos livros, ainda vistos como instrumentos da elite e pouco

acessíveis. Com o avanço técnico das gráficas, as revistas se tornaram o meio

ideal, reunindo vários assuntos em um único lugar e trazendo belas imagens

para ilustra-los. Era uma forma de fazer circular diferentes informações

concentradas sobre os novos tempos, a nova ciência e as possibilidades que

se abriam para uma população que começava a ter acesso ao saber. A revista

ocupou assim um espaço entre o livro (objeto sacralizado) e o jornal (que só

trazia o noticiário ligeiro) (ALI, 2009, p. 20, grifo do autor).

Nesse período surgiram as revistas The Saturday Evening Post em 1821, a The

Youth’s Companion, The Edinburgh Review, Espelho Diamantino – primeira revista

feminina do Brasil, originadas em 1827 (LIMA, 2007).

Os autores Regina e Jesus (2012, p. 5) afirmam que nesse século, as revistas

femininas se popularizam, “apresentando uma fórmula editorial dedicada aos afazeres

do lar e às novidades da moda”. Surgindo revistas como a Godey’s Lady’s Book (1830)-

maior revista feminina durante 50 anos, Espelho das Brasileiras em 1831. O jornal das

Senhoras (1852), ambas publicadas no Brasil, Good Housekeeping em 1885, Harper’s

Bazar em 1867 – considerada a primeira revista de moda, Ladie Home Journal em 1883

– primeira a vender 1 milhão de copias, e Vogue em 1892- uma das maiores revistas de

moda atualmente.

Outras revistas originadas ainda nesse século foram: The Illustrated London

News (1842) – considerado o veículo mais importante da época, pois trazia reportagens

com ilustrações; L’illustration (1843) – assim como a revista anterior, famosa pelas

ilustrações de qualidade, “introduziu na França a técnica jornalística de correr atrás da

notícia” (ALI, 2009, p.324); The Economist (1843) – considerada até hoje a mais

importante revista de economia do mundo; The English Woman’s Domestic Magazine

(1852); Revista Brasileira (1855) – dirigida por Machado de Assis; McCall’s Magazine

(1876) – revista que publicava moldes de roupas; Revista ilustrada (1876) – primeira

ilustrada no Brasil, e entre outras publicações (ALI, 2009).

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51

4.2.1 Revistas Segmentadas

Foi a partir das tecnologias de impressão que, assim como o jornalismo, as

revistas especializadas começaram a se consolidar na cultura ocidental. Nunes e Araujo

(2016, p. 3) afirmam que as revistas são responsáveis “pela criação da identidade social

do sujeito que a lê, já que escolhe um segmento específico e expõe assuntos que vão

interessar um conjunto determinado de pessoas, aproximando-os”.

Sendo assim, a criação de revistas para um público específico existe desde o

século 18, com o surgimento, por exemplo das revistas: The House Beautiful (1896)

especializada em decoração, Kosmos (1904) com conteúdos de design e alta qualidade

gráfica, O tico e o Teco (1905) baseada em conteúdos de HQ, Vanity Fair (1913 e 1983)

e Elle (1945) ambas especializadas em moda, A Scena Muda (1921) especializada em

cinema, The Squire (1933) voltada para o público masculino, Sports Illustrated (1954)

com conteúdos sobre esportes, Manequim (1959) primeira revista brasileira com

conteúdos apenas sobre moda, Rolling Stone (1967) dedicadas a conteúdos sobre

música (ALI, 2009).

Weidlich (2014) ressalta que nessa época surgiu uma consciência coletiva da

moda como é conhecida atualmente. Posteriormente, com o avanço tecnológico da

comunicação e as manifestações sociais, as publicações de moda foram sendo

modificadas para se adequarem ao contexto social da época.

no decorrer das décadas de 1950 e 1960, a imprensa feminina e a moda

diversificaram-se, enquanto os avanços tecnológicos, econômicos e sociais,

como as conquistas da mulher, floresciam no contexto histórico, o que

culminou na segmentação desse mercado, com a criação de títulos, formatos

e periodicidade distintos para cada público (WEIDLICH, 2014, p. 14)

No entanto, para as autoras Angelleti e Olivia (2006 apud ELMAN, 2008), foi

na década dos anos 1970 que o jornalismo de moda aparece em evidência nas

publicações de revistas segmentadas, voltada especificamente para o público feminino.

Ali (2009) ainda ressalta outros nomes originados na década de 1900, como

Revista da Semana – primeira do século 20, publicando conteúdos de fotorreportagem-,

The New Yorker (1925) – uma das maiores revistas literárias dos Estados Unidos-, O

cruzeiro (1928) – um dos maiores sucessos editoriais do Brasil-, Manchete (1952),

PlayBoy (1953), Cosmopolitan (1965), Realidade (1966) – considerada uma grande

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52

revista brasileira de reportagem-, Veja (1968), People (1974) – conteúdos sobre

celebridades- e In Style (1994).

Ainda neste período, em 1936, surge uma das mais influentes revistas de

fotojornalismo do mundo, a Life. Sousa (2000, p. 108) ressalta que a finalidade da

revista “era fazer ver. É o efeito-verdade a funcionar, a ilusão de que a fotografia não

pode fazer outra coisa senão reproduzir fielmente o real”.

Em 1937 a Life foi pioneira em apresentar pela primeira vez o ensaio

fotográfico, em um anúncio sobre a própria revista, “cujo objetivo era promover a ideia

de que a reportagem fotográfica seria um formato mais evoluído e estaria muito além de

um simples conjunto de imagens” (FREEMAN, 2014, p. 9).

a Life adaptou os temas e as técnicas das suas predecessoras alemãs e

consagrou o foto-ensaio como o gênero mais prestigiante do fotojornalismo.

Além disso, consagrou o projeto ao nível das rotinas produtivas foto

jornalísticas nas revistas ilustradas - os fotos-ensaios, as grandes foto-

reportagens, podiam dar atenção aos detalhes porque antes de os repórteres

partirem para o terreno era empreendido um trabalho aprofundado de

pesquisa e documentação (SOUSA, 2000, p. 107, grifo do autor).

Contudo, assim como aponta Freeman (2014, p. 9), há diferenças entre matéria

fotográfica e ensaio fotográfico. Na matéria fotográfica “as fotografias podem ser

tomadas de várias fontes, o que, em teoria, possibilitaria a adoção de um padrão visual

muito mais elevado e um efeito visual mais variado”, no qual, possibilita o controle

maior nas mãos dos editores e fotógrafos. Já o ensaio fotográfico “implica uma visão

única e o trabalho de um só fotógrafo fotografando segundo um estilo consistente”

(FREEMAN, 2014, p. 9).

Nos conteúdos de moda a fotografia é muito importante. Segundo Maia (2014,

p. 2) “a imagem opera como representação da moda. A fotografia busca eternizar um

momento, sendo assim, ela assegura a sobrevivência da moda, uma vez que atuando tal

como documento, pode relatar o seu desenvolvimento”.

Deste modo, é muito comum encontrar várias reportagens, matérias e ensaios

fotográficos nos portais e revistas de moda, em que, o visual e o estético se tornam uma

das principais características destes conteúdos. Sendo assim, as revistas de moda,

caracterizadas como revista segmentadas, possuem características próprias para um

público consumidor específico. Weidlich (2014, p. 31) afirma que “o jornalismo de

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53

moda atua como uma ponte entre aqueles que produzem moda e aqueles que a

consomem, sendo um mediador entre os processos comunicativos e os de consumo”.

Nesse contexto, a função desse jornalismo é informar não apenas o contexto

comercial desta indústria, mas também notícias de assuntos interligados a movimentos

sociais, a gêneros e a construção de identidade.

4.3 JORNALISMO DE MODA NO BRASIL

As primeiras revistas no Brasil, surgiram após a chegada da família real em

1808. Sendo em 1827 o lançamento do primeiro periódico feminino no país, o Espelho

Diamantino. Esse periódico publicava conteúdos sobre política, arte, literatura, teatro e

vestimenta, espelhado nas “senhoras” de alta classe no país (MORAES, 2012).

A segunda revista feminina no país, a Espelho das Brasileiras, surgiu em 1831

no recife. Ainda que os conteúdos pareciam com o espelho Diamantino, essa revista “foi

seguida de várias outras publicações do gênero, muitas vezes de efêmera duração”

(LIMA, 2007, p. 222).

Ferreira (2018, p. 81) relata que, com a influência da moda Francesa, entre

1840 até 1889, “as mulheres precisavam enfeitar-se para os bailes seguindo a influência

francesa”, aumentando a quantidade de páginas das revistas da época.

a imprensa neste período também era utilizada como instrumento de

manutenção dessa configuração social, na qual as mulheres dependiam

inteiramente dos homens, inclusive na aprovação das suas roupas, e isso

acontecia não apenas no Brasil. De acordo com Laver (2014), em 1851, a

defensora dos direitos das mulheres, Amélia Bloomer, foi à Inglaterra tentar

convencer as mulheres, que nesta época viviam presas em espartilhos, a

adotarem trajes mais livres, com vestes soltas e tendo sob a saia uma espécie

de calça larga até o tornozelo , geralmente com um babado de renda na barra.

O que provocou indignação e censura (FERREIRA, 2018, p. 81).

O autor ainda afirma que deste modo, seguindo as movimentações sociais,

algumas revistas publicavam “ridicularizando os homens que permitissem que suas

mulheres usassem tais roupas” (2018, p. 82), assim como a revista britânica Punch

(1841-1992). Com isso, Werneck (2000 apud FERREIRA, 2018) afirma que foi a partir

do século 20 que muitas revistas quebraram o padrão “machista” da época e adotaram

característica feminista, tornando conteúdos com caráter mais sutil.

Scalzo (2004) relata que em 1961, além do surgimento da indústria dos

eletrodomésticos, o estilo de vida da mulher estava se transformando, com isso, foi

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54

lançada a revista Claudia, publicando conteúdos sobre novelas, artigos de moda, dicas

de decoração, conselhos de beleza, receitas e conteúdos sobre orçamento doméstico,

sexo, saúde e consultas jurídicas. A autora ainda complementa:

em 1963, a Claudia trouxe outra mudança no jornalismo feminino, com a

jornalista e psicóloga Carmen da Silva e sua coluna “A Arte de Ser Mulher”,

que quebrou tabus e tocou em temas como a solidão, machismo, trabalho

feminino e seus problemas sexuais (SCALZO, 2004, p. 34, grifo do autor).

Joffily (1991) ressalta que em 1971 surge a revista Nova, dedicada a mulheres

com ambições profissionais, que buscava uma identidade própria. “Os artigos de Nova

abordam problemas existenciais e psicológicos da leitora. São textos geralmente

pesquisados” (JOFFILY, 1991, p.73).

Outras revistas de grande importância, ressaltada pela autora foram:

a) Elle (1988) considerada uma publicação inovadora na diagramação e design

da revista, “é uma publicação que reaviva o prazer da leitura” (1991, p.77);

b) Criativa (1982) que publicava dicas de trabalhos e produtos que as mulheres

poderiam fazer em casa;

c) Máxima (1989) trazia reportagens de comportamentos que buscavam “dar

uma dimensão a atualidade feminina” (1991, p. 79), além de matérias de

moda, lar e beleza;

d) Marie Claire (1991) publicava matérias de serviços sobre moda;

A moda com o passar do tempo “tomou mais lugar na sociedade brasileira,

movimentando a economia e revelando talentos que abriram os olhos internacionais e

tornaram o Brasil um recente pólo de moda” (MORAES, 2012, p.16).

Ferreira afirma que foi no século 21, que o cenário do mercado editorial de

moda se transformou, pois, “o contexto social permitia mais liberdades às mulheres, o

que ressaltava o apelo a publicações voltadas para o público feminino”. A autora ainda

aponta que com a evolução das tecnologias da informação, e a criação das redes sociais,

modificou a produção de conteúdo para este segmento. “Isso significa que os títulos

deste segmento também passaram gradativamente a migrar para outras mídias, como

televisão, rádio e internet – ganhando impulso sobretudo nas mídias digitais” (2018, p.

85).

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55

4.3.1 Transição da revista de moda para redes sociais

O início do jornalismo de moda no Brasil está relacionado com a criação das

revistas segmentadas, pois “entende-se que o jornalismo de moda traz conteúdo

segmentado e circula em veículos com linguagem e características próprias e, mais

importante, dirigido a um público específico” (FLORES, 2016, p. 9).

Contudo, com o fenômeno da internet e do jornalismo na web, vários canais de

comunicação transitaram do impresso para a web. As revistas de moda são um dos

principais meios de comunicação que se beneficiaram dessa migração.

Para os autores Nunes e Araujo (2016, p. 3), “a internet permitiu um contato

direto e imediato com o leitor, tornando-se um meio para a venda de assinaturas,

enriquecendo o conteúdo editorial com a colaboração instantânea de profissionais em

qualquer parte do mundo”, o que aumentou a interação com os leitores.

Sousa e Pinto (2017, p 5) afirmam que a inserção das revistas de moda para as

redes sociais foi necessária, porque “a efemeridade da moda faz com que a mesma tenha

que se adaptar e utilizar os meios mais avançados como incentivadores do seu

consumo”. Schimitz (2018, p.15) complementa, e afirma que “a moda precisa mudar

para existir. Por sua própria natureza ela e submetida a lei da novidade”.

A moda, por sua efemeridade, pertence a um setor competitivo,

potencializado pela globalização e com ela a possibilidade de obtenção rápida

de informações, incitando a criação de novos produtos, nichos de mercado e

de novos concorrentes (MOREIRA, MANGIALARDO, 2011 p. 1).

Deste modo, as redes sociais beneficiaram as revistas no sentido de facilidade

de publicação e de acesso, os qual, antigamente, os leitores ficavam reclusos apenas em

ler as matérias de moda nas revistas. Schimitz (2018) relata que nessa época, apenas

poucas pessoas conseguiam comprar as revistas, devido seu valor.

No entanto, com a revolução da internet, um novo contexto social surgiu, e

possibilitou uma democratização ao acesso de moda, “seja em seu consumo material ou

simbólico” (SCHIMITZ, WAJNMAN, 2018, p. 16). Feijgiel (2017) comenta que a

disseminação dos meios de comunicação, proporcionou um maior alcance da moda para

todas as classes sociais. A autora ainda reforça:

com o avanço maior das tecnologias no século XXI, a moda se tornou mais

dinâmica e acessível. Hoje em dia, as tendências que demoravam até dois

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56

meses para vir a conhecimento público através das revistas, com o avanço da

internet passaram a serem visualizadas em tempo real, online, nos sites das

próprias marcas e nas suas redes sociais (FEIGJIEL, 2017, p.9)

Nessas redes, as informações de moda ficam abertas ao público 24 horas por

dia, desse modo o usuário pode acessar gratuitamente em qualquer momento. As

autoras Sousa e Pinto (2017, p. 6) complementam e ressaltam que a “facilidade de

acesso dessas mídias, através do celular, torna o perfil das marcas de moda um catálogo

online frequentemente atualizado nas mãos dos consumidores”.

Por ser um ambiente online midiatizado e instantâneo, as notícias de moda

mudaram sua forma de produção. A instantaneidade é um importante elemento narrativo

nesse meio, e assim, Frings (2012) ressalta que as informações de moda que “antes

levavam dias ou semanas para acontecer hoje acontecem instantaneamente. Uma

variedade de sistemas de comunicação fornece aos profissionais da moda, e aos

consumidores, informações minutos a minuto sobre a moda” (apud FEIGJIEL, 2017, p.

11).

Feijgiel (2017, p. 14) aborda outra característica das redes sociais, a interação.

Para a autora, “as redes sociais trouxeram uma maior possibilidade de participação e

interação (dos leitores) com suas revistas favoritas, informações compartilhadas [...]e a

cobertura dos principais acontecimentos quase sempre em tempo real”.

Nas redes sociais como o Instagram, a interação é realizada por meio de

curtidas e comentários nas postagens publicada, além de viabilizar, por meio de

ferramentas de perguntas, como quiz e questionários (múltipla escolha) nas publicações

do InstaStories.

A moda na web ainda passou por outros momentos importantes, como a

proliferação de blogs e portais de comunicação voltados para moda, além da

popularização de influenciadores digitais. Fejgiel (2017, p. 31) afirma que a sociedade,

com o avanço da tecnologia, tornou-se mais consumista, e dessa forma, as redes sociais

e os blogs, tornam-se “uma modalidade de estímulo ao consumo e uma ferramenta

mercadológica, gerando ciclos em que os produtos que são postados automaticamente

viram “febre” de consumo no mundo todo” (2017. P. 31, grifo do autor). A autora

complementa:

hoje em dia, as redes sociais, sites e blogs transmitem as informações de uma

forma muito rápida e eficaz com relação aos meios de comunicação

tradicionais, já que há uma interação direta com o interlocutor, ou, nesses

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57

casos, seguidor. No Snapchat e Instagram Stories, por exemplo, o usuário

tem acesso a uma postagem “ao vivo” de quem ele segue, o que torna tudo

mais dinâmico com a sensação de que todos estão vivenciando a mesma

situação, ao mesmo tempo. Na sociedade moderna, cada vez mais

tecnológica e consumista (FEJGIEL, 2017, p. 31, grifo do autor).

Outro momento importante foi o surgimento dos influenciadores digitais. As

autoras Suzanna Sousa e Lilian Pinto (2017, p. 6) ressaltam que “a facilidade da criação

de perfil nas mídias sociais permite que cada vez mais usuários passem a aderir essa

interação social instantânea”, no qual, a partir de suas postagens, influencie, de certa

maneira, seus seguidores. Desse modo, alguns usuários se transformam em celebridades

na rede, “seja por terem blogs ou apenas por serem pessoas mais populares fora da web,

e tornam-se influenciadores digitais, criando modelos de estilos de vida e dando dicas

aos seus seguidores nas mídias digitais”. Consequentemente, esses influenciadores

lançam tendências de moda influenciando seus leitores.

4.3.2 Gêneros textuais do jornalismo de moda

O jornalismo de moda, assim como qualquer outro segmento, tem seus

próprios gêneros e formatos que classificam as notícias. Joffily (1991) caracteriza esse

segmento em três gêneros textuais, como:

a) matérias de tendências que explicam ao leitor quais serão as tendências da

próxima estação, com o objetivo de “informar a leitora os critérios a serem

utilizados na renovação do guarda roupa” (JOFFILY, 1991, p. 96). Flores

(2016, p. 11), inspirado pela autora, complementa e afirma que essas matérias

fazem referência ao “que é - ou será - novidade no vestuário e nos produtos de

moda”. Reportagens de tendências adotam conteúdos sobre tecidos, cores,

modelagem das roupas, combinações, acessórios, maquiagem e assuntos sobre

as últimas novidades de indumentaria nos desfiles;

b) matérias de serviço, de acordo com Joffily (1991) “informa a leitora como

colocar a tendência na prática do seu cotidiano”, explicando quais peças

combinam com a pessoa em si, explicando quais são as roupas e acessórios

mais versáteis e baratos. De acordo com Dobrowoski e Araujo (2011), a

matéria de serviço surgiu no jornalismo americano, e tem como função explicar

como adaptar às peças as necessidades das leitoras, servindo, na maioria das

vezes, como uma matéria guia;

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58

c) matéria de comportamento que “inserem a moda na atualidade das correntes e

manifestações sociais e culturais, resgatando a moda como uma dessas

correntes, com sua história, preocupação estética e sua simetria com os fatos”

(JOFFILY, 1991, p 98), ou seja, a moda mais aprofundada no contexto social.

A matéria de comportamento possui traços do jornalismo literário, no sentido

da utilização de perfis, deste modo, interessa ao um público maior do que de

moda;

De maneira geral, cada conteúdo jornalístico de moda tem uma intenção e um

estilo, no qual, “texto e imagem devem dialogar dentro de uma publicação” (JOFFILY,

1991). Baseado nestes conceitos, Flores (2016) defende que há ainda uma quarta

caracterização do jornalismo de moda, que são as matérias de celebridade. Essas

matérias têm como conceito a divulgação da vida e da personalidade de pessoas em

destaque na mídia.

Na internet, os conteúdos que mais são utilizados pelos canais de comunicação

são as matérias de serviço, tendência e de celebridade. A matéria de comportamento fica

exclusiva, normalmente com algumas exceções, em revistas e em conteúdo audiovisual.

As classificações apontadas por Joffily em 1991 podem ser comparadas com as

classificações de Jose Marques de Melo e Francisco de Assis (2016). Os autores

apresentam cinco caracterizações de gêneros textuais:

a) Jornalismo Informativo, como notas, noticia, reportagem e entrevista;

b) Jornalismo Opinativo, se caracterizando por resenha, coluna, comentário,

caricatura, crônica, editorial, artigo e carta;

c) Jornalismo Interpretativo, como dossiê, perfil, analise, enquete e cronologia;

d) Jornalismo Diversional, definidos por histórias de interesse humano e história

colorida;

e) Jornalismo Utilitário como cotação, roteiro, serviço e indicador;

Sendo assim, é possível comparar os três gêneros textuais de moda com os

gêneros explicados por Melo e Assis, bem como:

Quadro 1 - Os gêneros textuais de moda

Gêneros de Moda Gêneros Textuais definidos por Melo e Assis

Matérias de Tendências

Jornalismo Informativo

Jornalismo Opinativo

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59

Matérias de

Comportamento

Interpretativo

Diversional

Matérias de Serviço

Jornalismo Utilitário

Fonte: adaptado de Joffily (1991), Melo e Assis (2016).

Com isso, compreendendo que Joffily é a única autora que apresenta gêneros

textuais de moda no Brasil, este trabalho utilizou os conceitos apontados por Melo e

Assis para reforçar e complementar as características dos gêneros textuais de um

jornalismo pouco estudo no país. Entender como se classificam as notícias de moda é

importante para a realização da análise desta monografia.

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60

5 ANÁLISE DA REVISTA VOGUE E DA REVISTA GLAMOUR

O procedimento metodológico desta análise busca compreender como o

jornalismo de moda utiliza o Instagram para informar. Para isso, utilizará da análise de

conteúdo, pautada por Herscovitz (2010), para assim, verificar quais as narrativas

presentes nas publicações das revistas de moda Vogue e Glamour.

A análise de conteúdo surgiu no campo de comunicação em 1927 por Harold

Laswell, com o objetivo de compreender documentos e textos e entender quem produz e

quem recebe a notícia (HERSCOVITZ, 2010).

Com o intuito de analisar e avaliar quantidades de informações, essa

metodologia se utiliza do pressuposto da experiência empírica qualitativa e quantitativa.

Herscovitz (2010, p. 127) define essa condição de análise em “o que diz a mídia, para

quem, em que medida e em com que efeito”, dessa forma, este trabalho busca se

apropriar do método de pesquisa empírica social qualitativa para compreender como o

jornalismo de moda utiliza as narrativas no Instagram para informar.

A análise terá três etapas: a primeira será analisar os conteúdos do Feed, por

meio de uma tabela com os elementos narrativos online. Na segunda será analisado as

postagens do InstaStories na cobertura da Semana de moda de São Paulo. E a terceira

etapa, será analisado dois conteúdos, de cada perfil, do IGTV.

Para analisar as postagens do feed, a seleção dos conteúdos do objeto de estudo

se deu por meio do que Bauer (2004) intitula de “semana artificial”, no qual, são

escolhidos conteúdos a serem analisados de um calendário aleatório, diminuindo a

distorção da amostragem do objeto de estudo. Bauer ainda reforça e relata que “as datas

do calendário são um referencial de amostragem confiável, de onde se pode extrair uma

amostra estritamente aleatória” (BAUER, 2004, p. 196).

A semana artificial será realizada a partir de setembro de 2018 até março de

2019, no qual, pela quantidade de publicações diárias, serão analisados um conteúdo por

dia, e o critério de escolha será a partir dos conteúdos que mais tiveram curtidas no dia.

Nesta análise, os conteúdos estudados serão avaliados por meio de uma tabela

verificando seus elementos narrativos online, como: Interatividade, Instantaneidade,

Memoria, Personalização, Multimidialidade e Hipertextualidade.

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61

A segunda etapa da analisará os Instastories da rede social na cobertura do São

Paulo Fashion Week que foi realizado nos dias 22 a 27 de abril avaliando de que forma

as revistas Vogue e Glamour utilizam esta ferramenta para informar.

Por fim, a terceira etapa da análise examinará o IGTV, ferramenta desenvolvida

em 2018, em que os conteúdos escolhidos também serão baseados no critério de

escolha: interação. Serão analisados dois conteúdos de cada objeto de estudo,

verificando sua narrativa e seus gêneros textuais.

5.1 A HISTÓRIA DO INSTAGRAM

Desenvolvido pelos engenheiros Kevin Systrom e Mile Krieger, o aplicativo

Instagram foi inaugurado comercialmente no dia 06 de outubro de 2010, sendo

oferecido inicialmente de forma gratuita e exclusiva para usuários do sistema

operacional iOS, como o iPhone, iPod Touch e tablet iPad e todos os produtos da

Apple. Posteriormente, em 2012, foi possibilitado para os usuários de Android

(WEIDLICH, 2014).

O principal objetivo e mecanismo do Instagram como rede social é a

publicação e edição de fotos, em que, para o usuário utilizar esta rede social, o indivíduo

deve criar um conta, selecionando os usuários que deseja seguir. “O botão "seguir",

conecta então os usuários, permitindo que estes recebam em seu perfil as atualizações

de ambos” (CAVENDISH, 2013, p. 52).

Essa rede social permite aos usuários várias funcionalidades, como a aplicação

de mais de 20 filtros de edições para as fotografias e vídeos, a utilização das hashtags

(#), que funcionam como um “agrupador de imagens relacionadas a determinado

assunto, facilitando a disseminação de um tópico e o acompanhamento de um

conteúdo”, além de possibilitar a marcação de outros seguidores nas publicações.

(WEIDLICH, 2014, p. 64).

Os usuários do Instagram ainda podem compartilhar e postar suas imagens em

três ferramentas, como:

1. Feed, em que, as fotos ficam a mostra na página do perfil, permitindo interações

de outros seguidores, com o botão “amei” e na criação de comentários. Desde

2017, com uma nova atualização, os usuários podem postar até 10 fotos, ou

vídeos, em uma única publicação;

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2. O Instagram Stories, ou InstaStories surgiu em 2016 e possibilita a publicação

de fotos e vídeos que ficam online apenas 24 horas, e a gravação de Lives,

vídeos ao vivo. No Instastories há ainda a capacidade de interação, como

enquetes, curtidas e comentários;

3. IGTV, desenvolvido em 2018, permite a publicação de vídeos com a

temporalidade maior que um minuto, tempo máximo ao publicar no feed. A

interação desta ferramenta se dá por meio de comentários e curtidas.

Com tantas ferramentas e possibilidades de publicar uma notícia, Weidlich

(2014, p. 64) comenta que o “Instagram definiu um estilo próprio de compartilhar e

armazenar a informação geolocalizada de moda, uma vez que [...] amplia a interação

social no espaço físico, influenciando estilos e maneiras de adotar modas em diferentes

localidades”.

Sisson (2015, p. 43) afirma que “o jornalismo de moda, ao fazer o uso

adequado do jornalismo online, tornou-se um ponto de atualização e referência de

pesquisa sobre tudo o que acontece nesse mercado”. Além disso, as revistas, ao

migrarem para as redes sociais, proporcionaram ao leitor “uma interatividade produtiva,

gerando uma engrenagem de transmissão de notícias, opiniões, imagens e vídeos”.

Desta maneira, a migração das revistas de moda mais conhecidas no mercado para esta

rede social foi inevitável.

5.2 VOGUE

A revista Vogue surgiu no dia 17 de dezembro de 1892 nos Estados Unidos por

Arthur Baldwin Turnure e Harry McVickar, como uma gazeta social semanal de 30

páginas. O objetivo da revista era transcrever a sociedade, com publicações sobre

cultura, etiqueta, musica, livros, arte e dicas de como se portar em eventos sociais

(WEIDLICH, 2014)

Ali (2009, p. 24) ressalta que em 1909 foi adquirida pelo advogado e publicista

Conde Nast e com o sucesso, diferentes versões da revista foram lançadas em vários

países, como a Vogue Britânica (1916), Vogue Francesa (1920), Vogue Espanhola

(1921), Vogue Italiana (1922) e a Vogue Alemã (1924).

Em 1960 a vogue ganhou o status de “Bíblia da Moda” com a nova editora-

chefe Diana Vreeland. Em 1988 Anna Wintour assumiu o cargo de editora-chefe

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63

reformulando radicalmente a revista. A nova editora convertia estilistas e modelos,

antes desconhecidos, em celebridade de um dia para outro. Logo em seguida mais

produtos segmentados da revista surgiram, como a versão online da vogue lançada em

1996.

No Brasil, a revista surgiu em 1975, sendo a primeira edição da Vogue na

América Latina. Produzida pela editora Três, e no ano seguinte pela Carta Editorial. A

primeira publicação da revista tinha 80 páginas de anúncios publicitários e vendeu 50

mil exemplares (MORAES, 2012,)

No início, a revista era comandada por Andrea Carta e Ignácio Loyola. Foi

neste período que a vogue Brasil começou publicar assuntos de moda, beleza, estilo de

vida, política, economia e questões sociais. Pina (2011) comenta que foi no final da

década de 1980, que a revista começou a trazer edições com assuntos mais polêmicos

como o movimento dos sem-terra, a situação das mulheres nas penitenciárias femininas,

a Aids e sobre o aborto. Em 2010 a Globo Conde Nast passou a editar as publicações da

Vogue, após adquiriu os direitos da revista.

As manifestações sociais influenciam as construções dos conteudos da revista

Vogue. Exemplo disso, foi a repercussão negativa de uma foto publicada pela editora

chefe da revista Vogue, Donata Meireles, no dia 11 de fevereiro de 2019.

A publicação mostrava a editora chefe sentada em uma cadeira no meio de

duas modelos negras com roupas de baiana. Após a postagem, Donata recebeu inúmeras

críticas, sendo chamada de racista, pois, a fotografia tinha a semiologia que lembrava e

fazia referências a época da escravidão. Após a repercussão, a editora pediu demissão

da revista.

Além disso, a vogue publicou uma nota lamentando o ocorrido. Após uma

comparação entre meses antes após o ocorrido, foi possível constatar que a revista

publicou mais de 180 fotos de modelos negros, nos três últimos meses seguintes à

publicação da nota da revista. Nos três meses anteriores, o número não chegou a 100

fotos de pessoas negras.

Desse modo, ainda que não seja o proposito deste trabalho identificar a

quantidade de fotos com modelos negras, é pertinente apontar como o mencionado no

parágrafo anterior evidencia uma possível mudança em função das críticas manifestadas

pelo público.

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Atualmente, de acordo com Media Kit de 2018 disponibilizado pela editora, a

Vogue tem uma tiragem de 78.374 exemplares, 48.244 exemplares por circulação paga

e 7.401 por assinaturas digitais. No Instagram, a revista tem mais de dois milhões de

seguidores, sendo a revista de moda com mais seguidores no país.

5.2.1 O feed

Essa seção analisou o feed da revista por meio da semana artificial. Foram

setes conteúdos analisados: o do dia 30 de setembro de 2018, 01 de outubro de 2018, de

novembro de 2018, de dezembro de 2018, de janeiro de 2019, de fevereiro de 2019 e de

março de 2019.

As postagens adotam a titulação de “primeira publicação V. 1” (30/09/2018),

“segunda publicação V. 2” (01/10/2018), “terceira publicação V. 3” (06/11/2018),

“quarta publicação V. 4” (12/12/2018), “quinta publicação V. 5” (17/01/2019), “sexta

publicação V. 6” (22/02/2019) e “sétima publicação V. 7” (23/03/2019) para melhor

entendimento da análise. Entre as setes publicações, quatros são fotografias e três são

vídeos.

5.2.1.1 Primeira publicação V.1

A primeira publicação analisada com 44.082 mil curtidas e 297 comentários,

apresenta uma matéria sobre a modelo Gisele Bündchen, que aos seus 38 anos posou

para uma sessão de fotos para a revista Vogue.

A foto, preta e branca, mostra a modelo com roupas típicas da sua terra natal, o

Rio Grande do Sul (Figura 1). Com uma cuia de chimarrão em uma das mãos e com seu

cachorro ao lado, a fotografia foi tirada em um ensaio fotográfico, para uma reportagem

publicada na revista impressa.

O texto da matéria é uma publicação curta e descreve a idade da modelo e

comparando com o tempo de carreira que a Gisele tem. “Aos 38 anos, @gisele tem

como principal missão inspirar os outros em defesa das riquezas naturais. Modelo há 23,

ela nunca deixou sua essência e seu orgulho de ser brasileira de lado” (VOGUE, 2018).

A publicação também faz referências à revista impressa do mês de Outubro,

“na #VogueOutubro ela volta às suas raízes em um editorial clicado por @zee_nunes no

Rio Grande do Sul” (VOGUE, 2018).

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O texto ainda apresenta marcações sobre o fotógrafo, editor de moda e sobre a

marca de sapatos, roupas e joias que a modelo estava usando, além da utilização de tags,

como “#vogueoutrubro, #vogueraizes e #giselebundchen.

Figura 1 – Divulgação da Gisele Bündchen na Vogue Outubro

Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2018

5.2.1.2 Segunda Publicação V. 2

A postagem analisada também é sobre a modelo. Contudo, ao invés de foto, a

matéria exibe uma prévia, em formato audiovisual, para divulgar o vídeo completo,

intitulado Vogue Raízes, presente no IGTV e no portal de comunicação da revista

(Figura 2). Essa postagem, com 24.544 mil visualizações, 5.267 curtidas e 72

comentários, também serve para divulgar a revista impressa que tem a modelo como

capa.

O vídeo apresenta a modelo no ensaio fotográfico do editorial de moda da

revista Vogue outubro de 2018. O ensaio é titulado como Vogue Raízes, e tem como

objetivo apresentar a natureza. Com isso, o vídeo tem uma edição com vários cortes, no

qual, Bündchen aparece posando para as câmeras com abelhas, cavalos e cabras.

A modelo ainda faz uma narração sobre o contexto do editorial. O texto que

compõe o vídeo também é curto, e convida o leitor a acessar o site para ver o filme

completo da publicação. Além disso, a publicação tem uma versão em inglês, tanto do

próprio texto, como das marcações e das utilizações de tags sobre as pessoas e as grifes

envolvidas na produção da postagem.

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66

Figura 2: Divulgação do vídeo Vogue Raízes

Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2018

5.2.1.3 Terceira publicação V. 3

Com 5.117 mil curtidas e 28 comentários a postagem, diferente das anteriores,

apresenta traços de uma matéria de serviço, assim como é possível observar no texto:

“Está de passagem pelo Rio? Vogue entrega os melhores programas da semana”

(VOGUE, 2018), ou seja, informa ao leitor dicas do que fazer no rio de janeiro.

A postagem ainda faz a utilização das tags, como #VogueRadar, #RadarRio e

#Airfrance, e convida os leitores a acessarem o link da bio para conferir outras

novidades da revista (Figura 3). Nessa publicação, a foto, do Rio de Janeiro, serve

apenas como ilustração para complementar o texto.

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67

Figura 3: matéria de serviço – lugares para conhecer no Rio de Janeiro

Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2018

5.2.1.4 Quarta publicação V. 4

Similar à publicação anterior, com 3.964 mil curtidas e 16 comentários, a

postagem tem características de matéria de tendências, pois, mostra ao leitor 10 dicas de

beleza das celebridades que serão tendências em 2019.

Ainda que o texto não cita quais famosas a matéria se refere, a fotografia, nesta

postagem, expõe a modelo Gigi Hadid com o vestuário e maquiagens na cor rosa, em

que, a imagem serve apenas como uma ilustração para reforçar o texto e chamar a

atenção dos leitores. A publicação também tem a utilização de tags como #beleza e

#GigiHadid.

Figura 4: Tendências de beleza

Fonte: Feed do Instagram da Vogue 2018

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68

5.2.1.5 Quinta publicação V. 5

A quinta publicação analisada foi a do dia 17 de janeiro de 2019 com 73.809

mil visualizações, 1.415 mil curtidas e 7 comentários. A matéria é composta por um gif

que mostra 6 celebridades com fotografias de “antes e depois” com 10 anos de

diferença.

O texto, assim como as outras publicações, é curto com característica de nota.

A postagem convida o leitor a entender sobre o conteúdo postado no site oficial da

revista, “entenda no link da bio!” (VOGUE, 2019).

Figura 5: Gif 10 years challenge

Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2019

5.2.1.6 Sexta publicação V. 6

Com 27.639 mil curtidas e 195 comentários, a publicação é um pouco mais

informativa do que as anteriores. Assim como as duas primeiras matérias analisadas,

essa também apresenta Gisele Bündchen. Contudo, o foco da vez é expor o look

sustentável que a modelo estava usando no red carpet.

O texto informa os detalhes da roupa, assim como “a top escolheu um longo

@stellamccartney de viscose ecofriendly combinado com joias brasileiras”. Nessa

publicação também foi utilizada o uso de tag e de marcações de pessoas como a

estilista, a marca das joias e o perfil do evento que a modelo participou.

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69

A fotografia da Gisele na publicação serve como uma ilustração para reforçar a

matéria. Entretanto, nesta postagem a vogue publicou 3 imagens, uma do rosto da

modelo, expondo as joias. A segunda exibindo o vestido que a Gisele usou e a terceira

fotografia mostra a modelo com o seu marido.

Figura 6: Gisele Bündchen com vestido sustentável

Fonte: Feed do Instagram da Vogue, 2019

5.2.1.7 Sétima publicação V. 7

A sétima postagem analisada com 76.776 mil Visualizações, 8.931 mil curtidas

e 138 comentários, é um vídeo que apresenta uma prévia sobre a decoração e o tema do

baile da vogue.

O texto que compõe a publicação informa ao leitor que a Vogue realizara a

cobertura do evento. Além do mais, a publicação tem traços de uma nota literária na

narrativa storytelling, apresentando detalhes sobre o baile.

Figura 7: Baile da Vogue

Fonte: Feed Instagram da Vogue, 2019

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70

5.2.1.8 As setes publicações da Vogue

Deste modo, entende-se que as matérias analisadas são estruturadas com todos

os elementos narrativos, assim como ilustra a tabela:

Quadro 2 - Elementos narrativos: Vogue

Publicação Elementos Narrativos

Interatividade Instantaneid

ade

Multimidiali

dade

Memória Personalizaç

ão

Hipertextua

lidade

30/09/2018 X X X X X X

01/10/2018 X X X X X X

06/11/2018 X X X X X X

12/12/2018 X X X X X X

17/01/2019 X X X X X X

22/02/2019 X X X X X X

23/03/2019 X X X X X

Fonte: A autora, 2019.

Com isso, foi possível identificar que os elementos narrativos presente em

todas as matérias foram a interatividade, multimidialidade, instantaneidade,

personalização e hipertextualidade. Entende-se que as tags podem ser consideradas

como características do elemento memória, pois, acumula postagens sobre o mesmo

assunto. Deste modo, a última publicação analisada, não foi considerada estruturada

com este elemento, devido a falta de tags em sua composição textual.

Os outros elementos narrativos, foram encontrados em todos as publicações

analisadas. É importante observar que o elemento personalização também está em todas

as análises, pois entende-se que o Instagram permite que o usuário salve aquela

postagem em sua biblioteca.

Todos os textos que acompanham as postagens foram curtos e apresentavam

marcações de pessoas e grifes de roupas. Além do mais, a linguagem textual das

publicações tem características coloquiais em que, aproximam-se do leitor como uma

conversa.

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71

5.2.2 InstaStories

Nesta etapa de analise, esta monografia analisou os conteúdos postados na

ferramenta Instastories na cobertura do evento Semana de Moda de São Paulo,

conhecido como São Paulo Fashion Week (SPFW) que ocorreu nos dias 17 até 22 de

abril. Os conteúdos analisados foram divididos por dois momentos, as postagens sobre

os bastidores e as publicações sobre os desfiles.

Kannenberg afirma que os Stories, quando usado em veículos de comunicação,

têm três objetivos, como divulgação de conteúdo, cobertura jornalística e conversação.

O evento analisado se caracteriza como cobertura jornalística, pois:

essa categoria pressupõe que o conteúdo seja produzido para o Instagram

Stories, com fotos e vídeos exclusivamente nativos. Consideramos aqui

coberturas no modelo tradicional do jornalismo, ou seja, quando o repórter

está no local de algum acontecimento e transmite informações de lá

(KANNENBERG, 2017, p. 10).

Com isso, a cobertura realizada pela Vogue iniciou um dia antes, apresentando

quatro postagens. As quatros fotos são “chamadas” informando os detalhes sobre o

evento, como “tudo sobre as 5 marcas estreantes” e “É amanhã! Arraste e confira o line-

up completo do @spfwN47” (VOGUE, 2019). Todas as postagens convidam o leitor a

ler a matéria completa no portal de comunicação da revista.

A partir do primeiro dia da SPFW, 22 de abril, até o ultimo dia, 27 de abril, 35

marcas se apresentaram no evento:

• 22 de abril: Ronaldo Lourenço.

• 23 de abril: Lenny Niemeyer, Patricia Viera, Fabiana Milazzo, Lilly Sarti e

Bobstore.

• 24 de abril: Gloria Coelho*, PATBO*, Another Place, Beira, João Pimenta,

Amir Slama, Modem, Lino Villaventura.

• 25 de abril: Projeto Estufa - Aluf, Projeto Estufa - Victor Hugo Mattos,

CACETE Co, Top5 – Borana, Neriage, Handred, Triya.

• 26 de abril: Projeto Estufa – ÃO, Projeto Estufa – MiPinta, Cotton Project,

Apartamento 03, Ratier, Haight, Ronaldo Fraga.

• 27 de abril: Projeto Estufa - Lucas Leão, Projeto Estufa - Korshi 01 Projeto

Estufa - LED, Ocksa, Flávia Aranha, PIET, Ponto Firme, Cavalera.

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72

A Vogue publicou 62 vídeos e 81 fotos durante o evento, ou seja, 143

postagens ao total. Toda primeira postagem publicada durante o evento é uma imagem

preta com um texto padrão informando o leitor que começou a cobertura, como:

“#VOGUEnoSPFW, DIA 1”.

97 destas postagens apresentaram os bastidores do desfile, expondo as modelos

se maquiando, em que foram identificadas matérias de serviço, pois os maquiadores

ensinavam dicas de como se maquiar. Nestas publicações, a revista postou detalhes da

decoração do ambiente e prévias dos looks, informando o tema e os materiais utilizados

nos looks:

Figura 8: Cobertura do SPFW realizada pela Vogue: bastidores

Fonte: Instastories da revista Vogue no Instagram, 2019.

As outras 46 postagens foram sobre o momento das modelos desfilando nas

passarelas. Foram identificadas nestas postagens, matérias de tendências, pois,

informavam o leitor quais seriam as tendências do verão. As opiniões dos jornalistas

sobre as roupas também estavam presentes nas postagens, além do mais, alguns textos

convidavam os leitores a reverem mais sobre os desfiles no site oficial da revista.

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73

Figura 9: Cobertura da SPFW realizada pela Vogue: desfile

Fonte: Instastories da revista Vogue no Instagram, 2019.

A vogue ainda cobriu os eventos Fashion Revolution Week e Veste Rio, deste

modo foram publicadas um total de 275 postagens ao total durante a semana analisada.

5.2.3 IGTV

Baseado no critério de escolha interatividade, a primeira postagem analisada

foi a publicação do dia primeiro de outubro de 2018, com 32, 349 mil visualizações,

1.419 mil curtidas e 71 comentários, e assim como a matéria analisada no feed do

mesmo dia, apresenta a modelo Gisele Bündchen com sua família no Rio Grande do

Sul.

O vídeo tem duração de 1 minuto e 36 segundos com modelo narrando um

poema, em que as imagens variam do ensaio fotográfico de Gisele com cenas

específicas para cobrir as falas do vídeo. Bernard afirma que a técnica de narração, ou

como ele chama voice-over, pode atrair o publico “como se fosse pela mão. A narração

traz informações que, de outro modo, não estariam disponíveis, sendo, porém,

essenciais para o publico poder vivenciar plenamente o seu filme” (BERNARD, 2008,

p. 219).

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74

O segundo conteúdo analisado é do dia 26 de outubro de 2018, com 24.30 mil

visualizações, 897 curtidas e 43 comentários. Com 8 minutos e 53 segundos de duração,

apresenta a diretora de parceria de moda do Instagram, Eva Chen, que responde 8

perguntas realizadas por celebridades brasileiras, como Anita, Donata Meirelles, Helena

Bordon, Caroline Trentini, Ludmila, Reinaldo Lourenço e Costanza Pascolato, sobre a

moda. O vídeo tem uma estrutura de “ping e pong”, pois, a diretora recebe as perguntas

por meio de vídeos e responde seguidamente.

Deste modo, os vídeos analisados têm características dos gêneros textuais de

tendências e serviços, pois informam os leitores sobre as tendências e revelam dicas de

como utilizá-las. Contudo, a Vogue utiliza desta ferramenta para introduzir matérias de

comportamentos, por exemplo, na primeira análise desta ferramenta, a narração de

Gisele junto com as imagens do vídeo adota o conceito de storytelling com uma

narratividade literária.

Outro exemplo de matéria de comportamento, analisada como complemento, o

vídeo de 5 minutos e 10 segundos do dia 24 de janeiro de 2019 com 10, 206 mil

visualizações, 245 curtidas e 8 comentários, em que, apresenta um perfil narrado sobre

Jules Sauer, um joalheiro brasileiro. O vídeo é estruturado de forma voice-over, com

imagens e fotos de Sauer e sua esposa, com a narração e com alguns trechos de

entrevistas do próprio joalheiro.

5.3 GLAMOUR

A revista Glamour se originou em 1939, nos Estados Unidos pelo grupo

internacional Condé Nast, sendo inicialmente chamada de Glamour of Hollywood, e

assim como a revista Vogue, tem diversas versões em vários países da Europa e da

Ásia, além de África do Sul e México. Os autores Nunes e Araujo (2017, p. 244)

relatam que “no exterior, é considerada a revista número 1 da Europa, já em território

nacional é a revista mais vendida em bancas”.

Sisson (2015, p. 44) afirma que a revista surgiu no Brasil em abril de 2012 pela

Editora Globo “com a proposta de substituir a revista Criativa, que estava em circulação

nacional havia 22 anos e tinha um público-alvo semelhante ao que a Glamour desejava

atingir”. Sua primeira edição vendeu mais de 100 mil exemplares, com leitores entre 20

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75

e 35 anos, pertencentes à classe B+, em que, seus conteúdos têm uma linguagem

simples, e abordam assuntos de moda, lifestyle, beleza e relacionamentos.

A autora ainda relata que um dos diferenciais da revista “é não pensar

unicamente como uma publicação, ou seja, a revista trabalha como branding, tendo

produtos assinados que não são comercializados”, no qual, torna os conteúdos mais

atrativos para os leitores, sendo visto como objetos de desejo (SISSON, 2015, p. 44).

A revista Glamour, além de ser a revista feminina brasileira que mais vende em

bancas no país, “é também a revista feminina mais nova no Brasil”, deste modo, a

revista surgiu no país após a popularização das mídias digitais. (ARAUJO, NUNES,

2016, p. 5)

Atualmente, de acordo com o Media Kit 2018, disponibilizado pela editora, a

revista tem uma tiragem de 130 mil exemplares e aproximadamente 400 mil leitores. No

Instagram, a Glamour tem torno de 1,3 milhões de seguidores.

5.3.1 O feed

Assim como os conteúdos analisados da Revista Vogue, as postagens da

Glamour também adotam a uma intitulação, do mesmo modo “primeira publicação, G.

1” para o dia 30/09/2018, “segunda publicação G. 2” para 01 de outubro de 2018,

“terceira publicação G. 3” para de novembro de 2018, “quarta publicação G. 4” para de

dezembro de 2018, “quinta publicação G. 5” para o dia de janeiro de 2019, “sexta

publicação G. 6” para de fevereiro de 2019 e “sétima publicação G. 7” para o dia de

março.

Entre as publicações analisadas, 5 foram fotografias e duas postagens foram

vídeos.

5.3.1.1 Primeira publicação G. 1

A primeira publicação do dia 30 de setembro de 2018 com 1.516 mil curtidas e

59 comentários se caracteriza como matéria de tendência, pois o texto inicia-se com “A

tendência western é uma realidade, bb! Ela bombou nas passarelas internacionais,

chegou ao street style e conquistou nossos corações.” E é finalizado com a

conceitualização da matéria de serviço, pois apresenta dicas de como adotar essa

tendência no dia a dia do leitor.

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76

A imagem que acompanha a matéria é uma fotografia da modelo Bia Arantes

com um vestido longo com uma estampa mesclada de xadrez nas cores rosa, preto e

branco. A modelo também utiliza uma bota cowboy com característica do estilo Folk

contemporâneo, assim como expõe a matéria. A utilização de hiperlinks, como as tags e

as marcação de pessoas envolvidas com a criação da reportagem, também estão

presentes na publicação.

Figura 10 Tendência Western

Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2018

5.3.1.2 Segunda publicação G. 2

A postagem do dia 01 de outubro de 2018, com 1.368 curtidas e 12

comentários, apresenta uma nota curta informando sobre as celebridades presentes no

lançamento da nova coleção da grife francesa goyer wear em Paris.

O texto, assim como as outras publicações, também tem a utilização de tags e

marcações de pessoas envolvidas com a postagem. A imagem da publicação apresenta a

colunista Vic Ceridono com a jornalista de moda Constanza Pascolato.

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77

Figura 11 Semana de Moda de Paris

Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2018

5.3.1.3 Terceira publicação G. 3

Com 16.216 mil visualizações, 838 curtidas e 17 comentários a publicação do

dia 06 de novembro de 2018 apresenta aos leitores um vídeo, sem áudio, com a modelo

Heloisa Muniz ensinando como realizar uma massagem facial.

O texto que compõe a publicação serve como complemento do vídeo, pois

relata do que se trata o conteúdo. Diferente das outras publicações, a postagem utiliza de

emoctions para ilustrar o texto, contudo, não foi encontrado nenhuma tag na publicação.

Figura 12 Benefícios da automassagem

Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019

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78

5.3.1.4 Quarta publicação G. 4

A publicação do dia 12 de dezembro de 2018, com 2.438 mil curtidas e 45

comentários, é uma “chamada”, com a técnica de storytelling. A postagem convida o

leitor a acessar o site para ler a matéria completa, que conta, por meio de um perfil, a

história de Ingrid Silva, a primeira bailarina do Dance Theatre Of Harlem.

A imagem que compõe a matéria é uma fotografia da bailarina em um ensaio

realizado para reportagem, servindo apenas como ilustração para reforçar o texto.

Figura 13 Primeira bailarina do dance theatre of harlem

Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019

5.3.1.5 Quinta publicação G. 5

A quinta postagem analisada foi do dia 17 de janeiro de 2019, com 3.555 mil

visualizações, 275 curtidas e 3 comentários. A publicação apresenta um vídeo de 50

segundos da jornalista Vic Ceridono, beauty expert da revista.

Com características de uma “chamada”, o vídeo faz uma prévia sobre uma

coluna jornalística, construída em formato de audiovisual, da jornalista, que apresenta

dicas de relaxamento e energizantes para fazer na hora do banho.

Sendo assim, o texto que compõe o vídeo, possui traços de matérias de serviços

ao apresentar ao leitor tutoriais.

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79

Figura 14 Previa da coluna jornalística de Vic Ceridono

Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019

5.3.1.6 Sexta publicação G. 6

Com 1.475 mil curtidas e 19 comentários, a sexta matéria analisada é diferente

das outras publicações. A publicação apresenta uma nota curta parabenizando a atriz

Drew Barrymore por seus 44 anos de idade.

Com duas fotos da atriz em uma cena do filme E.T, com sete anos, o texto

expõe uma linguagem coloquial, até mesmo literária, ao referenciar para o leitor o filme

dos anos 90, fazendo referências com a atriz atualmente.

Figura 15 Nota de aniversario para atriz Drew Barrymore

Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019

5.3.1.7 Sétima publicação G. 7

Publicada no dia 23 de março de 2019, a sétima publicação analisada tem

1.390 e 47 comentários. A postagem possui características de matéria de serviço, em

que, apresenta para o leitor o perfil da grife de acessórios de cabelo Keashldn, que dá

dicas de como decorar o cabelo de forma inusitada.

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80

Para ilustrar a matéria, a fotografia é uma imagem de um penteado com

acessórios de perolas e cristais formando o desenho de um polvo marinho.

Figura 16: Dicas para criar penteados

Fonte Feed do Instagram da Glamour, 2019

5.3.1.8 As setes publicações da Glamour

As postagens analisadas apresentaram em sua estrutura todos os elementos

narrativos online:

Quadro 3 - Elementos narrativos: Glamour

Publicação Elementos Narrativos

Interatividade Instantaneid

ade

Multimidiali

dade

Memória Personaliz

ação

Hipertextua

lidade

30/09/2018 X X X X X

01/10/2018 X X X X X X

06/11/2018 X X X X X

12/12/2018 X X X X X X

17/01/2019 X X X X X

22/02/2019 X X X X X

23/03/2019 X X X X X

Fonte: A autora, 2019.

Com isso, foi possível observar que os elementos narrativos presentes em todas

as postagens foram a interatividade, multimidialidade, personalização e

hipertextualidade.

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81

O elemento instantaneidade não foi identificado nas publicações dos dias 17 de

janeiro de 2019, pois a publicação refere-se a uma nota comemorativa de aniversário,

não se encaixando nas características deste elemento narrativo.

Assim como a revista Vogue, na Glamour o elemento narrativo memória

também não foi encontrado, nas publicações dos dias 30 de setembro de 2018, 06 de

novembro de 2018, 22 de fevereiro e 23 de março de 2019, pois as postagens não

apresentavam tags ou quaisquer outras características do elemento.

5.3.2 InstaStories

Nesta seção, os conteúdos analisados também foram separados por publicações

dos bastidores da SPFW e por postagens, em tempo real, sobre os desfiles.

Diferente da Vogue, a Glamour não publicou postagem sobre o SPFW no dia

anterior dos desfiles. Assim, a primeira postagem do evento foi uma foto padrão na cor

rosa com um texto #GLAMOUR no SPFW. A cor rosa é muito utilizada nos Stories da

Glamour, pois é uma cor característica da própria revista.

Após essa foto padrão, a Glamour postou outra imagem com o nome da marca

a ser desfilada, na qual, a revista utilizou desse padrão de imagem em todos as

apresentações. Com 86 vídeos e 68 fotos, a Glamour postou um total de 165

publicações sobre o evento.

As postagens sobre os bastidores dos desfiles, um total de 122 publicações,

foram separadas em duas categorias, uma intitulada “#SPFW na vida real”, em que,

mostrava curiosidades que aconteciam nos desfiles, como a presença de celebridades ou

matérias de serviço ensinando os leitores dicas de maquiagem e cabelo.

A segunda categoria, não intitulada, são postagens dos bastidores de maneira

geral, como prévias dos looks, detalhes das roupas e da decoração e informações sobre

temas, modelos e estilistas. Nestas publicações, Glamour utilizou, várias vezes, as

ferramentas de interatividade, como perguntas, testes e questionários, sempre

convidando o leitor a participar das postagens.

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82

Figura 17 – Cobertura da SPFW realizada pela Glamour: bastidores

Fonte: Instastories da Glamour no Instagram, 2019

Foram 43 publicações, assim como a Vogue, todas em formatos de audiovisual,

mostravam os desfiles acontecendo em tempo real. Os textos que acompanhavam as

postagens se caracterizam como matérias de tendências e como gênero opinativo, pois,

informavam as tendências, e ao mesmo tempo, os jornalistas opinavam sobre as peças

apresentadas.

Uma característica identificada nas publicações, diferente da Vogue, é o

designer das postagens. A Glamour editava, criando diferentes molduras, montagens e

imagens de fundo que enfeitavam as publicações.

Nestas postagens, também foram identificadas a utilização de ferramentas de

testes, perguntas, questionários e, até mesmo, adoção de uma linguagem mais coloquial,

em que, criavam uma aproximação com os leitores. Assim como afirma Kannenberg

(2017, p. 10), “funcionalidades típicas do Stories, como aplicação de etiquetas de

horário temperatura, localização e dia da semana, além de emojis e desenhos à mão

livre, entre outros, são oportunidades interessantes para gerar proximidade com o

público”.

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83

Figura 18 – Cobertura da SPFW realizada pela Glamour: desfile

Fonte: Instastories da Glamour no instagram, 2019.

Outra diferença, comparada a vogue, foi que a Glamour apenas cobriu o

SPFW, os demais eventos, como Veste rio e Fashion Revolution Week, a revista não

realizou a cobertura.

5.3.3 IGTV

A revista glamour, no Instagram, publicou 28 conteúdos audiovisuais no

IGTV. Com isso, as duas publicações que mais tiveram interação foram os conteúdos

postados no dia 18 e 26 de fevereiro de 2019 com consecutivamente 1.795 mil curtidas

e 90 comentários no primeiro dia e 3.332 mil curtidas e 70 comentários no segundo.

O primeiro vídeo, com 122.566 mil visualizações e 2 minutos e 19 segundos de

duração, expõe o episódio de estreia da nova websérie da revista, em que apresenta a

atriz Camila Queiroz ensinando algumas palavras e palavrões em outros idiomas. O

texto que compõe a postagem é informativo ao relatar ao leitor a trajetória da atriz, e

utiliza das tags e marcações para apontar os envolvidos com a produção do conteúdo

audiovisual.

O vídeo exibe a modelo falando algumas palavras nos idiomas japonês, francês e

alemão. A edição é animada de acordo com o que Camilla narra, como por exemplo

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84

quando ela está contando de um a 10 em japonês aparece vários quadros do vídeo

seguindo a contagem.

O segundo vídeo analisado, assim como o primeiro, também exibe a atriz

Camila Queiroz. Contudo, neste conteúdo de audiovisual, ela relata como foi seu

primeiro beijo com seu marido, também ator, Klebber Toledo.

O vídeo de 1 minuto e 53 segundos de duração tem 169. 481 mil visualizações e

é composto com um texto e informativo que apresenta o conteúdo do vídeo. Já a edição,

diferente da matéria analisada anteriormente, são cortes suaves para contextualizar a

entrevista realizada com a modelo. O ambiente também é diferente, em que, Camilla

está em um lugar com bastante vento. O plano do vídeo é mais aberto e a trilha sonora é

uma valsa que remete a elegância.

5.4 CONCLUSÃO DA ANÁLISE

Sendo assim, foi possível perceber que todos os elementos narrativos estavam

presentes nas publicações analisadas. A interação é uma das características

fundamentais das redes sociais, em que, no jornalismo online, classifica-se em duas

maneiras, como a interação do usuário com os veículos jornalísticos e a interação dos

leitores com as notícias.

A análise traz em evidência que, tanto na Glamour como na Vogue, a interação

dos usuários é realizada com os jornalistas e com as notícias. Contudo, a Glamour faz

mais interação pedindo a opinião dos usuários sobre as peças e dicas mostradas nas

publicações do que a Vogue.

Porém, ambas as revistas fazem a utilização de hiperlinks e de convites para

interagir com os leitores. Os hiperlinks também são características da hipertextualidade.

Dessa maneira, a análise identificou esse elemento narrativo nas publicações de todas as

ferramentas do Instagram.

A Glamour e a vogue aproveitam dos hiperlinks para convidar o público a

acessar os outros canais de comunicação das revistas. “Confira aqui”, “acesse o link”,

são alguns exemplos utilizados pelos perfis estudados. As tags e marcações de pessoas

também foram muito utilizados. Essas ferramentas permitiam ao leitor ir a outras

páginas para conhecer mais sobre os assuntos ou sobre as pessoas presentes na

publicação.

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85

As tags utilizadas pelas revistas possibilitavam ao público a ir a outras

postagens sobre o mesmo assunto publicado. Desta forma, essa função cria uma

“pagina” com um acumulo de informações sobre um mesmo assunto. Sendo assim, as

tags também são funções do elemento narrativo memória.

A personalização foi um elemento que a análise identificou em todos os

conteúdos publicados nos feeds da Vogue e da Glamour. Pois, assim como mencionado

anteriormente, o instagram é uma rede social que permite que os usuários salvem as

publicações do Feed em sua biblioteca pessoal, possibilitando ao leitor guardar

reportagens de acordo com o seu gosto pessoal. Desta forma, isso se caracteriza como

personalização.

A multimidialidade e instantaneidade são elementos característicos da rede

social. Todas as postagens de todas ferramentas do Instagram fazem a convergência de

vídeos, fotografias e texto, sendo então multimídias. Já a instantaneidade foi encontrada

principalmente nas postagens do Instastories, pois a cobertura do SPFW foi realizada

em tempo real, fazendo com que as publicações fossem instantâneas.

Uma característica encontrada em todas as publicações foi os textos curtos,

contudo, estruturados na pirâmide deitada, ou seja, todas as informações do texto eram

importantes.

Uma observação da análise foi que as matérias de tendências foram

encontradas principalmente nos Instastories, pois a ferramenta permitia indicar quais

tendências estavam na moda no momento. As matérias de serviço foram identificadas

nos Feeds, no qual, tanto a Vogue como a Glamour exibiam dicas e tutorias para os

leitores, sempre convidandoos a acessarem o site.

O IGTV apresentava conteúdos tanto de serviço como de tendências, contudo,

nessa ferramenta foi possível identificar matérias de comportamento, pois exibia perfis

narrados, e vídeos de reportagens mais aprofundadas.

Por fim, de maneira geral, as matérias desenvolvidas na Glamour e na Vogue

são construídas com três pressupostos, chamar a atenção do leitor, divulgar os canais de

comunicação e principalmente informar o público sobre a moda. Com isso, é possível

identificar que o jornalismo de moda constrói sua notícia baseada nos leitores, em que,

as matérias, ainda que curtas, possuem caráter informativo.

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86

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A construção de uma notícia, principalmente na web, adota elementos e

características para serem estruturadas da melhor maneira possível para obter seu

objetivo, que é informar.

O ambiente online modificou a forma de se fazer jornalismo. As notícias são

formadas com a técnica da pirâmide deitada, em que, as informações são estruturadas

no mesmo nível de importância, diferente da pirâmide invertida, na qual as notícias

devem ser construídas hierarquicamente iniciando com a informação mais importante.

Outra modificação realizada na estrutura da notícia, foi o surgimento e a

reformulação de elementos narrativos, como: Instantaneidade, Interatividade, Memória,

Personalização, multimidialidade e hipertextualidade, assim como apontam Canavilhas

(2014) e Palácios (2002). Essas características narrativas estão presentes atualmente nas

reportagens presentes em portais de comunicação e nas redes sociais.

Outro efeito da internet foi a popularização do jornalismo segmentado. Com

isso, houve uma democratização da informação de moda, assim como Fejgel (2013, p.

40) afirma, que “antigamente o conteúdo de moda era seleto e restrito para o público

que comprava ou assinava revistas de moda, hoje em dia, é mais democrático e todos

podem se manter informados sobre o assunto”.

As redes sociais, principalmente o Instagram, beneficiaram o jornalismo de

moda, pois, permitem uma facilidade de acesso a esses conteúdos. Além do mais,

ampliou a possibilidade de interação com os leitores, também conhecido como

jornalismo cidadão.

Desta forma, após analisar os perfis do Instagram das duas revistas de moda de

grande importância no Brasil, Vogue e Glamour, foi possível identificar a utilização do

elemento narrativo interatividade em todas as ferramentas (feed, instastories e IGTV).

Pois, além de ser característica das redes sociais, a Vogue e a Glamour aproveitam de

todas as funções do Instagram para interagir com público. É possível observar isso

quando as revistas postavam imagens com perguntas, testes e questionários sempre

incitando os leitores a participarem e darem suas opiniões.

O elemento hipertextualidade foi utilizado em todas as postagens do feed com

a utilização de tags e de marcações de pessoas nas publicações. Esse elemento, nas

ferramentas instastories e IGTV, estavam presentes no formato de “chamadas” que

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87

convidavam o público a acessar outros links, como rever ou saber mais sobre o assunto

no site oficial das revistas.

A utilização de tags também serviram para identificar o elemento narrativo

memória, pois, entende se que ao utilizar uma tag o conteúdo é intitulado e identificado,

com isso o Instagram cria um banco de dados, em que, ao acessar essa tag o usuário tem

acesso a todos os conteúdos postados identificados com essa intitulação.

A multimidialidade é a interligação de diferentes mídias e linguagens. Sendo

assim, foi identificado o uso desse elemento em todas as postagens das revistas, pois, as

publicações tinham a convergência de textos com vídeos e imagens, além de elemento

gráficos como perguntas, termômetros, horários e entre outros.

A personalização é toda customização que o usuário faz com os conteúdos e os

portais de comunicação a partir de seu gosto pessoal. Deste modo, este trabalho

identificou este elemento em todas as postagens do feed, pois, o Instagram tem a função

“salvar em sua biblioteca”, com isso, os usuários tem a possibilidade de salvar os

conteúdos publicados, customizando sua biblioteca de acordo sua personalidade.

O último elemento narrativo, instantaneidade foi identificada em todas as

postagens do Instastories. Entende se que este elemento é a capacidade de um veículo

postar uma notícia de forma instantânea e rápida, com isso, a cobertura do SPFW

executada nesta ferramenta foram realizadas em tempo real.

Este elemento também foi encontrado no IGTV e no Feed, pois, além de

acender um conteúdo instantaneamente, a atualização continua de um conteúdo também

é característica da instantaneidade.

Desta forma, esses elementos estruturam as notícias de moda nestas redes

sociais. Entende-se que o jornalismo de moda se constitui em três gêneros textuais,

como de tendência, de serviço e de comportamento, cada qual utilizada para um

objetivo específico.

As revistas utilizam da matéria de serviço nas publicações do feed, do IGTV e

dos instastories para ensinar dicas e tutorias de como utilizar as tendências de moda.

Esse gênero textual estava presente principalmente no feed, pois, as revistas

aproveitavam do espaço para convidar os leitores a acessarem os portais de notícias para

ver e aprender dicas e tutorias de beleza e moda.

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88

As matérias de serviço foram identificadas principalmente na cobertura do

SPFW. Nestas publicações as informações sobre as possíveis tendências da próxima

estação eram escritas no momento exato que as marcas apresentavam os looks.

O último gênero textual, matéria de comportamento, é pouco utilizado nas

redes sociais devido ao espaço de caracteres. Com isso, as revistas aproveitam do IGTV

para postar conteúdos especiais, com características narrativas literárias, e reportagens

mais aprofundadas.

Entretanto, mesmo que cada gênero textual foi identificado mais em uma

ferramenta do que em outra, outra observação que este trabalho identificou foi a

narrativa transmidia.

Quando a revista utilizava a hipertextualidade para convidar o leitor a acessar

outros links para saber mais sobre o conteúdo, ou, quando a Vogue e a Glamour

criavam vídeos e websérie – como vogue raízes e G especial - para introduzir os leitores

aos temas e reportagens presentes nas revistas impressas, essas características são

entendidas como transmidialidade.

Desta maneira, a construção da notícia de moda no instagram é realizada

utilizando todos os elementos narrativos e ferramentas da rede social.

Partindo do objetivo geral em entender como o jornalismo de moda utiliza do

Instagram para informar, foi concluído que as revistas Vogue e Glamour, constroem

suas notícias nesta rede social se apropriando de todos os gêneros textuais e todos os

elementos narrativos. Desta maneira, o jornalismo de moda, realizada pelas revistas,

informa com qualidade de produção, no qual, as notícias são construídas pensadas em

três objetivos; informar, divulgar os próprios canais de comunicação e se aproximar e

interagir com os leitores.

Contudo, a internet, as redes sociais e o jornalismo sempre estão em constantes

transformações, com isso, essa pesquisa serve como mais uma contribuição para

compreender a produção da informação de moda no Brasil, tendo em vista, que este

assunto é pouco estudado no país e que as construções das notícias de moda seguem as

manifestações sociais e os avanços tecnológicos.

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