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Por que não polemizo. Entrevista Rabinow-Foucault

Date post: 08-Apr-2018
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16 Antro p o login d u R a /. :il 10. V id c Hubcrt D reyf u s c P a u l Rabi n ow , Michel Foucaul t, uma trajetória filosófico: para além do est ru tu ra li sm o e d a herrnenê uti cn, Rio de Jane iro , Fo re ns e U n i v er si r ia, 19 9 5. 1 1 . M i c e l F o ucault, T ir e Use of Pl easure - Ti re H isto r y of S e xuali t v ; V o lume 7 ' >1 1 0 , N ew Y o r k , V ln t ng c B oo k s, 1 98 6 , p , 8. 12 . A prime i r n ve r s ão da t r adução de s te tex t o ao po r tu g u ês foi fe it a por Antônio C . Maia . 1 3. P a ul Rabin o w , " R ep r e s e nta tio ns a re s oc ia l f ac ts : rnodernit y and post - rn o - dernit y i n A nth r op o l ogy" i n J ames Cl ifford e G eo r g e Marc u s , Writing Cultur e : T he P o e t i cs and Politics of E th n og r a ph y, Be r ke 1 ey, Unive r s ity of C a l í fo r ni a P res s , 1 98 6 , p . 2 41 . . 1 4 . Vide a entrevi s t a d e J o ão -G ui lh erm e B i eh l co m P au l Ra b inow, " E a natur e za fi n a lm e nte se to m a r á artificial " i n Ciência & Ambiente, 2 ( 3 ): 76 , 77 . 15 . P a u l Rabin o w , "A Modern To ur in Br az il" in Fried m an e L as h, Modernity and ldentity, Oxfo r d, Bl a ck w el l , 1 99 2 , p. 26 0 . 16 . P a ul Ra b inow, "Beyond Et h no g r a ph y : A n t hr op o logy as N om in a li s m " in CulruralAnthropology 3 (4): 361 . 17 . P au l R ab in o w , Frencli Modern: Norms and Forms of the Social Environ- ment, C ar n b r i d ge : MIT Prcss , 19 8 9 , p . x . 1 8 . E s te t ex t o foi tr a d u z id oe m parceria c o m Lui s Guilh e rm e St r e b . J 9 . E s te t e xt o foi t r a du z id o por Za r im a V a r ga s . Re v i e s f o r a m fe it as p elo 20. Este texto foi traduzido por Heloísa Jahn. Revisões fo ra m f ei tas pelo autor e pelo organizador desta coletânea. 2 1. Est e tex to f o i tr a duzido em pa r ceria com Mike Panasitt i . 2 2 . G il les Del e u z e , " Qu'es t -ce que un di s posit i f ?" in Michel Foucault Philo- sophe, P a r is : Éd i t i o n s du Seui l , 1 9 89 , p .1 85. .. ,~ i i 1 polít ica da Verdad e : Paul Rabinow entre v ista Michel Foucault ' P.R.: Por que você não se envolve em polêmicas? c; :: :: :: ;> M.F.: Eu gosto de dis utir e tento responder as perguntas que me fazem. É verdade que não me agrada participar de polêmicas. Se abro um livro e vejo que o autor está acusando um adversário de "esquerdisrno infantil", imediatamente tomo a fechá-lo, Esta não é minha maneira de fazer as coisas; não pertenço ao mundo das pessoas que agem assim. Con idero essa diferença como algo essen- cial: toda uma moral está em jogo, a da procura da verdade eda relação com o outro. No intermbio sério de perguntas e respostas, no trabalho de elucidação recíproca, os direitos de cada pessoa são de algum modo imanentes à discussão. Derivam da situação de diálogo. Aquele que pergunta está apenas exercendo um direito que lhe foi concedido: o de não est ar c on vencido, perceber uma contradição, requerer mais informação, enfatizar postulados d iferentes, apontar raciocínios de- feituosos etc. Quanto ao que responde, também ele exercita um direito que não vai além da própria discussão; pela lógica de seu próprio discurso, está comprometido com o que disse antes e, por aceitar o diálogo, com o questionamento pelo outro. Perguntas e respostas dependem de um jogo um jogo que é ao mesmo tempo prazeroso e difícil, no qual cada um dos dois parceiros se compro- mete a usar os direitos que lhe são dados pelo outro e pela aceitação a forma de diálogo. 17
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8/7/2019 Por que não polemizo. Entrevista Rabinow-Foucault

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16 • Antropologin du Ra/.:il

10. V idc Hubcrt D reyfus c Paul Rabinow , Michel Foucaul t, uma trajetória

filosófico: para além do estruturalismo e da herrnenêuti cn, R io d e Ja neiro ,Fo rens e Univer si tá ria, 1995.

11. M ichel Foucault, T ir e Use of Pl easure - Ti re H isto ry of Sexualitv; V olume

7 '>1 1 0 , New York, V ln tng c Boo ks, 198 6, p, 8.

12 . A p rimeirn ve rsão da t radução de ste tex to ao portu guês foi feita p or A n tô nioC . Maia.

13. Pau l R ab inow , "Rep rese nta tio ns a re s oc ia l f ac ts: rnodernity a nd p os t-rn o-dernity in A nth rop ology" in James Cl ifford e Geo rge M arcus, Writing

Culture: T he Po etics and Politics of E th n og ra ph y, Be rke 1e y, U nive rsity ofCalí fo rni a Pre ss, 198 6, p. 241 . .

14. Vide a entrevista de João -Guilherm e Bieh l com Pau l Ra binow , "E anatureza finalm ente se tomará a r ti fi ci al" in Ciência & Ambiente, 2 (3): 76 ,77 .

15 . Paul R ab inow, "A Mo de rn To ur in Braz il" in F ried man e L as h, Modernity

and ldentity, Oxford, Bl ack wel l, 199 2, p. 260.16 . Paul Rabinow , "B eyond E thno graph y: Anthr op ology as N om inalism " in

CulruralAnthropology 3 ( 4) : 3 61.17 . Pau l Rab inow, Frencli Modern: Norms and Forms of the Social Environ-

ment, Car nbridge : M IT P rc ss, 19 89, p. x .18. Este tex to f oi traduzido em p ar ce ria com Luis Guilh erm e St reb.J 9. Este text o fo i tradu zid o por Zarim a Varga s. Re visõ es foram feitas pelo

autor e pelo orga ni za dor de sta col etânea.20. Este texto foi traduzido por Heloísa Jahn. Revisões foram feitas pelo autor

e pelo organizador desta coletânea.

21. E ste tex to foi traduzido em parc eria c om M ik e P an as itti.22. Gil les Del euze, "Qu'est-ce que un dispositif?" in Michel Foucault Philo-

sophe, Paris : Éd itions d u S eu il, 19 89 , p. 185 .

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política da Verdade: Paul Rabinow

entrevista Michel Foucault'

P.R.: Por que você não se envolve em polêmicas?c; ::::::;>

M.F.: Eu gosto de discutir e tento responder as perguntas que me

fazem. É verdade que não me agrada participar de polêmicas. Se

abro um livro e vejo que o autor está acusando um adversário de

"esquerdisrno infantil", imediatamente tomo a fechá-lo, Esta não é

minha maneira de fazer as coisas; não pertenço ao mundo das

pessoas que agem assim. Considero essa diferença como algo essen-

cial: toda uma moral está em jogo, a da procura da verdade e da

relação com o outro.

No intercâmbio sério de perguntas e respostas, no trabalho de

elucidação recíproca, os direitos de cada pessoa são de algum modoimanentes à discussão. Derivam da situação de diálogo. Aquele que

pergunta está apenas exercendo um direito que lhe foi concedido: o

de não estar convencido, perceber uma contradição, requerer mais

informação, enfatizar postulados diferentes, apontar raciocínios de-

feituosos etc. Quanto ao que responde, também ele exercita um

direito que não vai além da própria discussão; pela lógica de seu

próprio discurso, está comprometido com o que disse antes e, por

aceitar o diálogo, com o questionamento pelo outro. Perguntas e

respostas dependem de um jogo, um jogo que é ao mesmo tempo

prazeroso e difícil, no qual cada um dos dois parceiros se compro-mete a só usar os direitos que lhe são dados pelo outro e pela

aceitação da forma de diálogo.

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