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Portuguese Punk Rock - 70's

Date post: 29-Mar-2016
Category:
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Description:
History of Portuguese Punk Rock Aqui D'el Rock UHF Xutos & Pontapés Minas e Armadilhas Os Faiscas
Popular Tags:
18
PUNK ROCK PORTUGUÊS
Transcript
Page 1: Portuguese Punk Rock - 70's

PUNK ROCK

PORTUGUÊS

Page 2: Portuguese Punk Rock - 70's

INTRO

:

Por

que

nen

huma

nov

a man

ifes

taçã

o so

cial

surge

isol

ada, o

mov

imen

to P

unk

Roc

k Po

rtg

uês

sof

reu

uma

inte

nsa

influên

cia

do m

ovim

ento

punk

que

surge

par

alel

amen

te n

a In

gla

terra

e nos

Est

ados

Unid

os r

eflec

tindo

, es

senci

almen

te, o

clim

a de

tu

rbulê

nci

a ec

onom

ia e

pol

ític

a qu

e se

viv

ia n

este

s do

is

paí

ses. A

pres

enta

m-s

e os

fac

tos

segundo

uma

orde

m t

empor

al.

Des

taca

-se

que

não

se

par

te d

o ca

so p

ortu

guês

com

o pon

to

inic

ial, i

sto, n

a med

ida

em q

ue

consi

deram

os q

ue

o Punk

Roc

k Por

tuguês

foi

emin

ente

men

te i

nfluen

ciad

o pel

os á

lbuns

e man

ifes

taçõ

es v

inda

s de

Ingla

terra

e do

s EUA.

«Do ge

ral – Ram

ones (74

), Se

x P

isto

ls (75),

Clas

h (76) - p

ara

o pa

rticula

r – Aqu

i d'el

Roc

k (77) U

HF

(78), Xuto

s &

Ponta

pés (79).»

Des

taca

m-s

e as

3 p

rin

cipai

s ref

erên

cias

inte

rnac

ionai

s,

e tr

ês r

efer

ênci

as n

acio

nai

s -

sem esqucer

os F

aísc

as, Co

rpo

Dip

lomát

ico, M

inas

& A

rmad

ilha

s sem quai

squer

reg

isto

s di

scog

ráfico

s –

mai

s mar

cante

s e

signifi

cati

vas

nes

te c

onte

xto

por

tuguês

. Co

nst

ituem

est

a ab

orda

gem

arti

gos

de

crít

ica, t

este

munhos

da

époc

a, a

s ban

das, o

s ál

buns

e en

trev

ista

s co

m o

s próp

rio

s in

terven

iente

s, (...) em

suma, p

roc

ura-

se c

om e

ste

object

o de

stac

ar u

m p

erío

do d

a his

tória

da

músi

ca p

ortu

gues

a al

go

esqu

ecid

o –

o Punk

Roc

k por

tuguês

.

Prop

õem-s

e co

nte

xtu

aliz

ar o

obse

rvad

or n

o es

paç

o e

no

tempo.

em po

rtug

alA t

empe

stad

e do

s an

os 6

0 - an

os d

e re

vol

ta, de

con

test

ação

, de

rev

oluçã

o po

líti

ca e d

e nov

as ide

ias e men

tali

dade

s -

també

m eco

a em

Por

tuga

l.

EQU

ILÍB

RIO

INST

ÁVEL D

E P

ODERES

Na

polí

tica

, co

m a

subs

titu

ição

de Sa

laza

r po

r Ca

etan

o, a

ssis

te-s

e à

evol

uçã

o pa

ra u

m s

iste

ma

de equ

ilíb

rio

inst

ável

de po

dere

s en

tre o

pres

iden

te d

a Rep

úbli

ca e o

pre

side

nte

de Co

nse

lho

de M

inis

tros

, co

m

um c

resc

endo

de hes

itaç

ão quan

to a

os c

amin

hos

a s

eguir

par

a a

auto

-re

nov

ação

inst

ituci

onal

de um r

egim

e po

líti

co em p

aral

isia

de um t

ipo

Est

ado

cada

vez m

ais

desf

asad

os d

e ev

oluçã

o ec

onóm

ica

e do

con

texto

in

tern

acio

nal

. Nos

últ

imos

trê

s an

os, po

rém, a

cris

paçã

o in

stit

uci

onal

pr

eval

ecer

á, n

a se

quên

cia

da t

ímid

a re

vis

ão c

onst

ituci

onal

de 19

71.

Contu

do, ao

con

trár

io d

os a

nos

60, a

déc

ada

de 70

acab

ou p

or

se r

evel

ar p

rofí

cua

na

const

ruçã

o de

pro

ject

os e

xce

pcio

nal

men

te

vál

idos

par

a o

dese

nvol

vim

ento

do

rock

'n’r

oll. B

asic

amen

te p

odem

os

pers

pect

ivar

o f

enóm

eno

em t

rês

inte

rval

os d

e te

mpo

dif

eren

ciad

os: os

pr

imei

ros

quat

ro a

nos

até

ao

Abr

il d

e 74

; o

perí

odo

do p

ós-r

evol

uçã

o

que

seguiu

; a

cheg

ada

até nós

do pu

nk-

rock

no

final

da

déca

da e

o g

ermin

ar d

as r

aízes

da m

úsi

ca m

oder

na. T

emat

icam

ente

, é im

poss

ível

cri

ar f

osso

s ab

surd

os e

ntr

e a

vag

a ps

icad

élic

a qu

e de

spon

tou e

m 6

7 e

a re

alid

ade

do n

osso

roc

k a

part

ir d

e 19

70.

Confo

rme

foi re

feri

do, o

cenár

io p

ortu

guês

aca

bou p

or a

ctuar

com

o um «

pau d

e do

is b

icos

» p

ara

o ro

ck. Se

, po

r um l

ado, o

seu

sis

tema

dita

tori

al s

ervia

com

o mot

ivo

de insp

iraç

ão p

erfe

ito

para

a

conte

staç

ão n

atura

l do

roc

k, a

s su

as r

egra

s, d

eter

min

adas

seg

undo

mod

elos

sev

eros

de

vig

ia, im

poss

ibil

itav

am a

sua

expa

nsã

o ao

im

agin

ário

de

todo

s os

jov

ens

port

ugues

es, man

tendo

-se

o fe

nóm

eno

rest

rito

às

zonas

urb

anas

mai

s po

pulo

sas, c

om L

isbo

a e

o Po

rto

à ca

beça

, muit

o nat

ura

lmen

te.

Ape

sar

diss

o, o r

ock

impô

s-se

for

temen

te com

o veícu

lo d

e vid

a e at

itude

de

muit

os p

ortu

gues

es, po

dendo

a sua

his

tóri

a en

tre nós

dura

nte

a

déca

da d

e 70

, se

r co

mpr

eendi

da a

par

tir

do r

etra

to d

o re

lato

de um

epis

ódio

que il

ust

ra b

em a

sua

impo

rtân

cia

soci

al e p

olít

ica.

O cinem

a e a

mús

ica, a

pesa

r da

cen

sura

, di

vulg

avam

nov

os est

ilos

e

outr

os com

port

amen

tos or

igin

ando

os mai

s as

sombr

osos

com

entá

rios

. Co

m a

explo

são

dos

mei

os d

e co

munic

ação

, as

fron

teir

as e

sbat

iam

-se

e o

gov

erno, m

esmo

que

o qu

ises

se, não

as

pod

eria

fec

har

. Mas

pod

ia c

ontr

olar

a i

nfo

rmaç

ão a

vei

cula

r: os

tel

ejor

nai

s ab

ria

m c

om

a guer

ra

do V

ietn

ame

par

a não

mos

trar

a i

nte

rna, a

col

onia

l; a

s lu

tas

estu

danti

s não

eram

mat

éria

de

not

ícia

s. D

este

mod

o, o

s jornai

s e

a RTP

ocu

pav

am-s

e de

coi

sas

men

ores

, fu

nci

onan

do, em

muit

os

caso

s, s

olíc

ita

e rev

eren

temen

te, co

mo

uma

exte

nsã

o da

indú

stria

di

scog

ráfi

ca d

e men

or q

ual

idad

e. N

a rád

io, ap

arec

e uma

nov

a ger

ação

co

mprom

etid

a co

m o

som

das

rád

ios

pir

atas

que

agit

avam

a E

urop

a.

Em v

ez d

o la

cónic

o «vão

ouvir

» o

u «

acab

aram

de

ouvir

»

inst

alav

a-se

a i

mag

inaç

ão e

uma

aleg

ria

que

par

ecia

co

ntr

aria

r ’a

tris

teza

e a

pob

rez

a lu

sita

nas

. Ess

a ger

ação

con

test

ava

«o

conce

ito

de que a

Rád

io é a

penas

um

enor

me gi

ra-d

isco

s», uma

tira

nia

do al

inham

ento

musi

cal,

prop

ondo

, an

tes, u

ma

nov

a re

laçã

o co

m o som

, ou

com

o r

uíd

o,

confe

rindo

uma

his

tori

cida

de p

rópr

ia, te

mpo

e r

espe

ito

para

se ou

vir

o sil

ênci

o? N

ós d

izem

os: o mín

imo ru

ído te

m

uma

his

tóri

a pr

ópri

a qu

e é pr

ecis

o re

speita

r, que os

son

s po

dem est

abel

ecer

rel

açõe

s nov

as e insu

speitá

veis. N

ós t

ambé

m

acham

os que o ou

vid

o pe

nsa

.Su

rgia

uma

gera

ção de

pro

fiss

ionai

s da

rád

io com

prom

etid

a co

m t

udo

o que es

tives

se à

mar

gem d

a cu

ltura

dom

inan

te d

o nac

ional

can

çonet

ismo. T

rata

va-

se d

e of

erec

er u

ma

cult

ura

al

tern

ativ

a, a

cham

ada

contr

a-cu

ltura

, qu

e co

nst

ituía

uma

revol

uçã

o es

téti

ca e m

oral

. Sã

o os

Bea

tles

, os

Rol

ling

Ston

es, os

Doo

rs, mas

tam

bém B

ob D

yla

n e J

oan B

aez.»

. BARREIR

O, J

osé

Man

uel

Lar

a, P

op &

Roc

k, V

olume

2/4,

Temas

da

Act

ual

idad

e.

Page 3: Portuguese Punk Rock - 70's

«Est

a fo

i a

déca

da e

m que

se v

erifi

cou a

cri

se d

o pe

tról

eo que

levou

os

Est

ados

Unid

os à

rec

essã

o,

ao m

esmo

tempo

em que, e

conom

ias

de p

aíse

s co

mo

o Ja

pão

começ

avam

a c

resc

er. Nes

ta épo

ca t

ambé

m

surg

ia o

mov

imen

to d

a de

fesa

do

mei

o am

bien

te,

e se

deu

um c

resc

imen

to c

onsi

derá

vel

das

re

vol

uçõ

es c

ompo

rtam

enta

is d

a dé

cada

ante

rior

. Muit

os a

con

side

ram a

"er

a do

indi

vid

ual

ismo".

Ecl

odia

m n

esta

épo

ca o

s mov

imen

tos

musi

cais

do

Roc

k an

d Rol

l, d

as d

isco

teca

s...»

(...)

Nos

anos

70

um «

foss

o en

tre as

ger

açõe

torn

ou-s

e uma

ques

tão muit

o em

vog

a. O

s joven

s pa

reci

am obr

igad

os a

dis

tanci

ar-s

e do

s pa

is

e re

spec

tivos

val

ores

. Ult

rapa

ssad

os, os

pai

s li

mit

avam

-se a

obse

rvar

os filh

os que de

ixav

am

cres

cer

o ca

belo

, usa

vam

cas

acos

de pê

lo com

prid

o e ca

lças

de bo

ca d

e si

no, cri

tica

vam

as as

pira

ções

bu

rgues

as d

os m

ais vel

hos

, viv

iam com

mem

bros

do

sex

o op

osto

sem

qual

quer

com

prom

isso

a lon

go

praz

o e pa

rtia

m p

ara

o ou

tro la

do d

o mundo

à

proc

ura

de av

entu

ras ou

uma

nov

a re

ligi

ão.

Alé

m d

isso

, co

nsu

mia

m d

roga

s po

uco

con

hec

idas

e po

tenci

almen

te let

ais qu

e lh

es p

ertu

rbav

am a

men

te.

O co

nflit

o de

ger

açõe

s po

deri

a se

r ta

mbé

m

inte

rpre

tado

com

o uma

tenta

tiva

dos

joven

s pa

ra s

aber

os

mal

es d

e um m

undo

que

prod

uzira

o

terr

oris

mo

urb

ano

e as

arm

as n

ucl

eare

s.

Na

sua

mai

or p

arte

, es

tes

joven

s pa

rtil

hav

am

uma

preo

cupa

ção

com o

ambi

ente

: en

trav

am

na

linguag

em c

omum t

ermos

com

o co

nse

rvaç

ão,

ecol

ogia

, ch

uva

ácid

a e

camad

a de

ozo

no. E

m

1971

, fo

i fu

nda

do o

mov

imen

to G

reen

peac

e no

Canad

á. A

era

de

ouro

da

cult

ura

expe

rimen

tal

da juven

tude

que

flor

esce

ra n

o fim d

os a

nos

60

no

Ocid

ente

, pr

olon

gou

-se

por

toda

a d

écad

a de

70.

De

mod

o ger

al, a

inoc

ênci

a e

o id

eali

smo

ingén

uo

que

tinham

car

acte

riza

do o

mov

imen

to h

ippi

e de

pa

z e

amor

enco

ntr

avam

-se

man

chad

os p

or u

ma

nov

a vei

a de

civ

ismo

e ex

plor

ação

com

erci

al o

u

corr

ompi

dos

por

uma

tendê

nci

a pa

ra o

act

ivis

mo

polí

tico

. (...)»

A R

EFO

RMULAÇÃ

O DE A

TITU

DES

QUE C

ARACT

ERIZ

ARA O

S ANOS

60

PROL

ONGO

U-S

E P

ELA

DÉCA

DA D

E 7

0, INTR

ODUZI

NDO

GRANDES

MUDANÇA

S NA S

OCIE

DADE – N

O PA

PEL D

A M

ULHER,

NA V

IDA D

OS H

OMOS

EXUAIS

E N

OS D

IREIT

OS D

AS

MIN

ORIA

S. F

ACE

À R

ECO

NVERSÃ

O DOS

VALOR

ES, M

UIT

AS

PROC

URARAM U

M S

ENTI

DO

EM R

ELIG

IÕES

E E

STIL

OS D

E V

IDA

ALTE

RNATI

VOS

. A M

ÚSIC

A E

OS

ÓRGÃ

OS D

E C

OMUNIC

AÇÃ

O EXPR

ESS

ARAM E

STAS

NOV

AS

ATI

TUDES

E R

EFL

ECT

IRAM A

CRESC

ENTE

GLOB

ALIZ

AÇÃ

O DECO

RRENTE

DOS

PROG

RESS

OS D

A

INFO

RMAÇÃ

O.

década de 70 Context.económico, político e social

A t

empe

stad

e do

s an

os 6

0 - an

os d

e re

vol

ta, de

con

test

ação

, de

rev

oluçã

o po

líti

ca e d

e nov

as ide

ias e men

tali

dade

s -

també

m eco

a em

Por

tuga

l.

EQU

ILÍB

RIO

INST

ÁVEL D

E P

ODERES

Na

polí

tica

, co

m a

subs

titu

ição

de Sa

laza

r po

r Ca

etan

o, a

ssis

te-s

e à

evol

uçã

o pa

ra u

m s

iste

ma

de equ

ilíb

rio

inst

ável

de po

dere

s en

tre o

pres

iden

te d

a Rep

úbli

ca e o

pre

side

nte

de Co

nse

lho

de M

inis

tros

, co

m

um c

resc

endo

de hes

itaç

ão quan

to a

os c

amin

hos

a s

eguir

par

a a

auto

-re

nov

ação

inst

ituci

onal

de um r

egim

e po

líti

co em p

aral

isia

de um t

ipo

Est

ado

cada

vez m

ais

desf

asad

os d

e ev

oluçã

o ec

onóm

ica

e do

con

texto

in

tern

acio

nal

. Nos

últ

imos

trê

s an

os, po

rém, a

cris

paçã

o in

stit

uci

onal

pr

eval

ecer

á, n

a se

quên

cia

da t

ímid

a re

vis

ão c

onst

ituci

onal

de 19

71.

Contu

do, ao

con

trár

io d

os a

nos

60, a

déc

ada

de 70

acab

ou p

or

se r

evel

ar p

rofí

cua

na

const

ruçã

o de

pro

ject

os e

xce

pcio

nal

men

te

vál

idos

par

a o

dese

nvol

vim

ento

do

rock

'n’r

oll. B

asic

amen

te p

odem

os

pers

pect

ivar

o f

enóm

eno

em t

rês

inte

rval

os d

e te

mpo

dif

eren

ciad

os: os

pr

imei

ros

quat

ro a

nos

até

ao

Abr

il d

e 74

; o

perí

odo

do p

ós-r

evol

uçã

o

que

seguiu

; a

cheg

ada

até nós

do pu

nk-

rock

no

final

da

déca

da e

o g

ermin

ar d

as r

aízes

da m

úsi

ca m

oder

na. T

emat

icam

ente

, é im

poss

ível

cri

ar f

osso

s ab

surd

os e

ntr

e a

vag

a ps

icad

élic

a qu

e de

spon

tou e

m 6

7 e

a re

alid

ade

do n

osso

roc

k a

part

ir d

e 19

70.

Confo

rme

foi re

feri

do, o

cenár

io p

ortu

guês

aca

bou p

or a

ctuar

com

o um «

pau d

e do

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icos

» p

ara

o ro

ck. Se

, po

r um l

ado, o

seu

sis

tema

dita

tori

al s

ervia

com

o mot

ivo

de insp

iraç

ão p

erfe

ito

para

a

conte

staç

ão n

atura

l do

roc

k, a

s su

as r

egra

s, d

eter

min

adas

seg

undo

mod

elos

sev

eros

de

vig

ia, im

poss

ibil

itav

am a

sua

expa

nsã

o ao

im

agin

ário

de

todo

s os

jov

ens

port

ugues

es, man

tendo

-se

o fe

nóm

eno

rest

rito

às

zonas

urb

anas

mai

s po

pulo

sas, c

om L

isbo

a e

o Po

rto

à ca

beça

, muit

o nat

ura

lmen

te.

Ape

sar

diss

o, o r

ock

impô

s-se

for

temen

te com

o veícu

lo d

e vid

a e at

itude

de

muit

os p

ortu

gues

es, po

dendo

a sua

his

tóri

a en

tre nós

dura

nte

a

déca

da d

e 70

, se

r co

mpr

eendi

da a

par

tir

do r

etra

to d

o re

lato

de um

epis

ódio

que il

ust

ra b

em a

sua

impo

rtân

cia

soci

al e p

olít

ica.

O cinem

a e a

mús

ica, a

pesa

r da

cen

sura

, di

vulg

avam

nov

os est

ilos

e

outr

os com

port

amen

tos or

igin

ando

os mai

s as

sombr

osos

com

entá

rios

. Co

m a

explo

são

dos

mei

os d

e co

munic

ação

, as

fron

teir

as e

sbat

iam

-se

e o

gov

erno, m

esmo

que

o qu

ises

se, não

as

pod

eria

fec

har

. Mas

pod

ia c

ontr

olar

a i

nfo

rmaç

ão a

vei

cula

r: os

tel

ejor

nai

s ab

ria

m c

om

a guer

ra

do V

ietn

ame

par

a não

mos

trar

a i

nte

rna, a

col

onia

l; a

s lu

tas

estu

danti

s não

eram

mat

éria

de

not

ícia

s. D

este

mod

o, o

s jornai

s e

a RTP

ocu

pav

am-s

e de

coi

sas

men

ores

, fu

nci

onan

do, em

muit

os

caso

s, s

olíc

ita

e rev

eren

temen

te, co

mo

uma

exte

nsã

o da

indú

stria

di

scog

ráfi

ca d

e men

or q

ual

idad

e. N

a rád

io, ap

arec

e uma

nov

a ger

ação

co

mprom

etid

a co

m o

som

das

rád

ios

pir

atas

que

agit

avam

a E

urop

a.

Em v

ez d

o la

cónic

o «vão

ouvir

» o

u «

acab

aram

de

ouvir

»

inst

alav

a-se

a i

mag

inaç

ão e

uma

aleg

ria

que

par

ecia

co

ntr

aria

r ’a

tris

teza

e a

pob

rez

a lu

sita

nas

. Ess

a ger

ação

con

test

ava

«o

conce

ito

de que a

Rád

io é a

penas

um

enor

me gi

ra-d

isco

s», uma

tira

nia

do al

inham

ento

musi

cal,

prop

ondo

, an

tes, u

ma

nov

a re

laçã

o co

m o som

, ou

com

o r

uíd

o,

confe

rindo

uma

his

tori

cida

de p

rópr

ia, te

mpo

e r

espe

ito

para

se ou

vir

o sil

ênci

o? N

ós d

izem

os: o mín

imo ru

ído te

m

uma

his

tóri

a pr

ópri

a qu

e é pr

ecis

o re

speita

r, que os

son

s po

dem est

abel

ecer

rel

açõe

s nov

as e insu

speitá

veis. N

ós t

ambé

m

acham

os que o ou

vid

o pe

nsa

.Su

rgia

uma

gera

ção de

pro

fiss

ionai

s da

rád

io com

prom

etid

a co

m t

udo

o que es

tives

se à

mar

gem d

a cu

ltura

dom

inan

te d

o nac

ional

can

çonet

ismo. T

rata

va-

se d

e of

erec

er u

ma

cult

ura

al

tern

ativ

a, a

cham

ada

contr

a-cu

ltura

, qu

e co

nst

ituía

uma

revol

uçã

o es

téti

ca e m

oral

. Sã

o os

Bea

tles

, os

Rol

ling

Ston

es, os

Doo

rs, mas

tam

bém B

ob D

yla

n e J

oan B

aez.»

. BARREIR

O, J

osé

Man

uel

Lar

a, P

op &

Roc

k, V

olume

2/4,

Temas

da

Act

ual

idad

e.

3

Page 4: Portuguese Punk Rock - 70's

PUNk

atta

ck

ANAR

QUISMO

Movimento político que defend

e um

a orga

nização social

basead

a em

con

sens

os e n

a coop

eraç

ão de in

diví

duos liv

res e

autó

nom

os, mas

onde

à p

arti

da s

ejam

abo

lida

s en

tre el

es t

odas

as

formas

de

pod

er. A A

nar

quia

ser

ia a

ssim

uma

soci

edad

e se

m p

oder

,

dado que os indivíduos de uma dada sociedade, se auto-organizariam

de tal f

orma que

garanti

riam que

todos t

eriam em

todas a

s

circunstâncias a mesma cap

acidade de decisão. Esta so

ciedade, objecto

de inúmeras configurações, apresenta-se como uma 'Utopia'’

(algo sem tempo ou espaço determinado). É um ideal a atingir.

Page 5: Portuguese Punk Rock - 70's

The

punk

yea

rs

look

s at

Brit

ish a

nd Amer

ican

cult

ure

in t

he

late

197

0's

and

early

198

0s, a

per

iod

of g

rea

t so

cial

and

econ

omic

turmoi

l in

bot

h c

ountr

ies...

The

punk

mov

emen

t is

mos

t co

mmon

ly a

ssoc

iate

d wit

h m

usi

c a

nd

its

att

enda

nt

grap

hic

s an

d fa

shio

ns, b

ut

the

prim

ary f

ocus

her

e is

musi

c bu

t ar

t, a

nd

the

argumen

t is

that

much

of

the

best

Brit

ish a

n A

mer

ican

art

of t

his

tim

e was

als

o punk

in s

pir

it.

The

arti

sts

feat

ured

embo

dy t

he

punk

zeit

gei

st in a

numbe

r o

f di

ffer

ent

way

s, a

nd

one

stran

d lo

oks

at a

rti

sts

who

mad

e wor

k wit

h d

irec

t pol

itic

al inte

nt, w

ho

use

d th

eir w

ork

to c

rit

icize

soci

ety, of

ten d

eplo

yin

g t

he

imag

ery o

f th

e ci

ty a

s a

symbo

l of

soc

ial

cris

is. Anot

her

str

and

look

s at

arti

sts

who

deplo

yed

tran

sgres

sive

bod

ily imag

ery, as

wel

l as

drag

and

per

forman

ce,

to e

xplo

re

such

iss

ues

as

sexual

ity, vio

lence

, ab

ject

ion a

nd

empow

ermen

t. Y

et a

not

her

str

and

look

s at

approp

ria

tion

, co

llag

e, t

ras

h, «do

-it-

you

rse

lf»

an

d th

e ge

ner

ation of

alte

rnat

ive mea

ns of

pro

duct

ion a

nd

diss

emin

ation.

The

final

str

and

look

s at

the

not

ion o

f th

e sc

ene

and

of s

ubcu

lture, a

t th

e ov

erla

ppin

g

wor

lds

of a

rt

and

musi

c at

this

tim

e, a

nd

at t

he

explo

rat

ion l

f th

e sc

ene

as r

adic

al s

ocia

l sp

ace. S

omet

imes

con

fron

tati

onal

or a

ngry, but

alway

s fier

cely

inde

pen

dent

and

inte

llig

ent,

this

is

art

that

eff

ects

the

spir

it o

f th

e punk

yea

rs.

de tal f

orma que

garanti

riam que

todos t

eriam em

todas a

s

circunstâncias a mesma cap

acidade de decisão. Esta so

ciedade, objecto

«Th

e in

fluen

ce p

unk

has

had

on fi

lm, ar

t, f

ashio

n a

nd

ever

yth

ing e

lse

in o

ur c

ult

ure

goo

d an

d bad

is b

eyon

d my a

bil

ity t

o co

mpreh

end. A

lthou

gh I

hop

ed, as

a

teen

ager

, to

crea

te t

his

kin

d of

thin

g, I

nev

er e

xpec

ted

that

som

ethin

g I

con

trib

ute

d to

wou

ld b

ecom

e th

is p

ervas

ive–

espec

iall

y y

ears

afte

r I

lef

t it

. (Punk

mag

azin

e fo

lded

in 1

979.) At

this

poi

nt

I am

con

cerned

that

it’

s so

me

kind

of ’la

st w

ord.’ I

was

alw

ays

hop

ing I

’d s

ee t

he

nex

t ar

t or

musi

c mov

emen

t th

at

wou

ld w

ipe

out

’punk’

the

way

we

dest

roy

ed h

ippie

cult

ure. I

wan

ted

to s

ee s

omet

hin

g m

ore

inte

res

ting a

nd

outr

ageo

us

than

punk

roc

k ta

ke o

ver

the

wor

ld

and

intr

oduce

new

ide

as a

nd

mak

e punk

seem

lik

e an

outd

ated

con

cept. B

ut

it h

asn't h

appen

ed y

et.»

. SL

ADEN, Mar

k, P

anic

Att

ack!: Art

in t

he

Punk

Yea

rs,

Mer

rel

Publi

shee

s LTD

, 20

07.

5

Page 6: Portuguese Punk Rock - 70's

The

Clas

h

foram

des

de o

prin

cípio

um g

rupo

que

se n

orte

ava

por

fo

rte

s preo

cupaç

ões

pol

ític

as e

soc

iais

e

nes

te p

rim

eiro

álbum a

fai

xa

«I'm s

o bor

ed w

ith

the

USA

» t

em u

m

carác

ter f

orte

men

te

anti

-imper

iali

sta

o qu

e lh

e val

eu a

proi

biç

ao d

a ed

ição

do

álb

um n

os E

stad

os

Unid

os.

No

inic

io d

e 19

77, os

Cl

ash p

ubli

caram

o

seu p

rie

mir

o si

ngle

, Whit

e rio

t, u

ma

cançã

o muit

o du

ra

em

torno

dos

tumult

os

dese

nca

dead

os

duran

te o

car

nav

al

de 1

976

entr

e a

pol

icia

e o

s joven

s neg

ros

do

bai

rro

londr

inho

de N

otti

ng

Hil

l. D

esta

for

ma

e de

sde

o prim

eiro

mom

ento

, to

rnou

-se

evid

ente

o

acti

vis

mo

pol

itic

o da

ban

da, fa

cto

que

a di

feren

ciav

am d

o an

arqu

ismo

confu

so

e nih

ilis

ta d

os S

ex

Pis

tols

.

Ram

ones

Com u

ma

imag

em

que

se t

ornou

a

quin

ta e

ssên

cia

do r

ock

prim

itiv

o (blu

sões

de

couro,

t-sh

irt, c

alça

s de

gan

ga

e sa

pat

os d

e té

nis

), os

Ram

ones

rep

res

enta

ram

um

par

ênte

se l

ongo

e fe

liz. F

oram

as

suas

ca

nçõ

es v

eloz

es, o

som d

esgar

rad

o e

as l

etras

sim

ple

s qu

e red

esco

brir

am o

in

stin

to e

ssen

cial

, o

som l

igad

o di

rec

tamen

te à

s en

tran

has

.Nen

hum d

os q

uat

ro

era

muit

o háb

il c

om

os i

nst

rumen

tos, m

as

não

lhes

fal

tava

ânim

o; p

assa

ram

dia

s a

prat

icar

e, ao

fim

de a

lguns

mes

es, já

esta

vam

dis

pos

tos

a ap

res

enta

r-s

e no

bar

CBGB, prin

cipal

pon

to d

a ce

na

punk

de N

ova

Iorqu

e.

Ao ol

har

a cen

a pu

nk

amer

ican

a na

pers

pect

iva

do t

empo

, po

de obs

ervar

-se qu

e muit

as d

as ide

ias

que a

cara

cter

izar

am

fora

m f

ruto

de juízos

ap

ress

ados

, mas

úte

is

para

rom

per

o muro

da

indi

fere

nça

.

Page 7: Portuguese Punk Rock - 70's

Sex

Pist

ols

Se a

músi

ca f

osse

ap

enas

músi

ca, ta

lvez

nem

nos

lem

brás

semos

del

es (...)

Mas

por

que a

músi

ca n

ão é

ap

enas

músi

ca, es

tando

lig

ada

à man

eira

de o

s in

divíd

uos

pen

sarem

, ag

irem

e v

iver

em,

sendo

uma

das

formas

mai

s an

tigas

de

atrib

uir

inde

nti

dade

, as

soci

ada

em c

erto

s per

íodo

s co

m m

ovim

ento

s so

ciai

s e

pol

ític

os

e co

m f

ormas

alt

ernat

ivas

de

exper

imen

tar

o mundo

, os

Sex

Pis

tols

são

um d

os g

rupos

mai

s im

por

tante

s de

sem

pre

na

his

tória

da

músi

ca p

unk

(...)

A s

ua

músi

ca c

rio

u u

ma

nov

a di

nâm

ica, m

as t

ambém

nov

as c

apa, o

vis

ual

, os

cor

pos

aban

donad

os, as

suas

de

clar

açõe

s. A

s si

tuaç

ões

cria

das

por

ele

s não

pred

endi

am

ger

ar u

m m

undo

mai

s fr

ater

no, m

as s

im m

ostr

ar q

ue

tudo

era

simula

cro. E

ra

nec

essá

ria

uma

inver

são

de v

alor

es. Faz

er d

a tá

bua

ras

a de

tudo

. Tu

do.

As

min

has

armas

são

as

min

has

pal

avras

. Não

me

dou b

em c

om a

vio

lênci

a...C

rei

o qu

e as

coi

sas

acon

tece

m p

orqu

e tê

m q

ue

acon

tece

r. E o

s SE

X

PIST

OLS

tinham

que

acon

tece

r e

aco

nte

ceram

.

falam de coisas

importantes de

coisas que nos

tocam, que nos dizem

respeito.

FUCK OFF!

Ram

ones

Com u

ma

imag

em

que

se t

ornou

a

quin

ta e

ssên

cia

do r

ock

prim

itiv

o (blu

sões

de

couro,

t-sh

irt, c

alça

s de

gan

ga

e sa

pat

os d

e té

nis

), os

Ram

ones

rep

res

enta

ram

um

par

ênte

se l

ongo

e fe

liz. F

oram

as

suas

ca

nçõ

es v

eloz

es, o

som d

esgar

rad

o e

as l

etras

sim

ple

s qu

e red

esco

brir

am o

in

stin

to e

ssen

cial

, o

som l

igad

o di

rec

tamen

te à

s en

tran

has

.Nen

hum d

os q

uat

ro

era

muit

o háb

il c

om

os i

nst

rumen

tos, m

as

não

lhes

fal

tava

ânim

o; p

assa

ram

dia

s a

prat

icar

e, ao

fim

de a

lguns

mes

es, já

esta

vam

dis

pos

tos

a ap

res

enta

r-s

e no

bar

CBGB, prin

cipal

pon

to d

a ce

na

punk

de N

ova

Iorqu

e.

Ao ol

har

a cen

a pu

nk

amer

ican

a na

pers

pect

iva

do t

empo

, po

de obs

ervar

-se qu

e muit

as d

as ide

ias

que a

cara

cter

izar

am

fora

m f

ruto

de juízos

ap

ress

ados

, mas

úte

is

para

rom

per

o muro

da

indi

fere

nça

.

7

«I am

an

Antich

rist

I am

an

anar

chist

Don't kn

ow w

hat I wan

t

but I kn

ow h

ow to ge

t it

I wan

na destr

oy the

passer

by

'cos I

I wan

na be an

arch

y!

No dog

's bod

Anar

chy

in U

K - Sex

Pistols

(Nev

er M

ind th

e Bo

llocks

,

Here

's the

Sex

Pistols, 1977)

«To

mmy g

un, You

'll

be

dead

when

you

r w

ar i

s won

.. To

mmy

gun, But

did

you

hav

e to

gun

down e

ver

yon

e?»

Tommy G

un -

The

Clas

h

«Hey oh, let's g

o Hey oh, let's

go

Hey oh, let's go

Hey oh, let's g

o

They're forming

in straight l

ine

They're going t

hrough a tight

windThe kid

s are losing th

eir minds

The Blitzkrieg

Bop.»

Blitzkrieg Bop

- The Ramones

(Ramones, 1976)

Page 8: Portuguese Punk Rock - 70's

Assistia-se a conc

ertos pu

nks portug

ueses, ond

e os AQU

I D'EL

ROCK

, os XUT

OS & PON

TAPÉ

S, os FA

ÍSCA

S, o

s MI

NHAS

&

ARMA

DILH

AS faziam fu

ror e ag

itação juv

enil. Nã

o se son

segu

iu

violentar o sistem

a, mas deu par

a curtir o sufi

ciente a ond

a

musical violenta e sar

cástica. Os UH

F estava

m a na

scer par

a o

estrelato, os cava

los de corrida dav

am o arr

anque.

punk

rock

Page 9: Portuguese Punk Rock - 70's

punk

rock

A c

laust

rof

obia

soc

ial

das

gran

des

cida

des

brit

ânic

as a

cabav

a de

cria

r, uma

das

ger

açõe

s mai

s em

ble

mát

icas

na

luta

do

roc

k co

ntr

a to

dos

os s

iste

mas

por

exce

lênci

a. I

sto

é, m

ais

do

que

uma

causa

musi

cal, o

punk

apres

ento

u-s

e co

mo

uma

bof

etad

a pol

ític

a, a

rras

tando

con

sigo

todo

s os

reb

elde

s e

desc

onte

nte

s, s

em e

xce

pçã

o.

Em P

ortu

gal

, e

espec

ifica

men

te e

m L

isboa

, os

seu

s ec

os f

oram

sen

tido

s, a

pes

ar d

e, e

stet

icam

ente

, nunca

ter

em a

tingid

o os

extr

emos

toc

ados

pel

os S

ex P

isto

ls o

u X

-Ray

Spex

. No

enta

nto

, o

seu a

par

ecim

ento

no

circu

ito

musi

cal

nac

ional

não

é e

spon

tâneo

, te

ndo

um h

omem

sid

o o

res

pon

sável

pel

o se

u a

pad

rin

ham

ento

: Antó

nio

Sér

gio

e o

seu

prog

ram

a Rot

ação

da

Rád

io R

enas

cença

. In

clusi

ve, A

ntó

nio

Sér

gio

foi

mai

s lo

nge

e la

nço

u o

prim

eiro

«ál

bum p

irat

a» d

e ed

ição

por

tugues

a pel

a Pi

rat

e Drea

m R

ecor

ds, uma

edit

ora

igual

men

te

ileg

al. Nes

sa c

ompil

ação

- P

unk

Roc

k 77

- e

nco

ntr

aram

-se

ban

das

como

os M

orhea

d, S

ex P

isto

ls, Th

e Ja

m, Gen

arat

ion X

ou L

ondo

n.

«Em 7

6, o

u m

elhor

em 7

7, c

omeç

ou-s

e a

formar

entr

e nós

, ou

mel

hor

, en

tre

os «

van

guar

dist

as» d

a ca

pit

al u

ma

peq

uen

a co

munid

ade

de s

impat

izan

tes

do p

unk. C

opia

ndo

com

afinco

os

mod

elos

das

rev

ista

s es

tran

gei

ras

, usa

vam

blu

sões

de

cabed

al, ti

nham

cab

elos

com

prid

os (...)

A u

ma

dada

alt

ura, s

urgir

am g

rupos

musi

cais

que, à

imag

em d

o qu

e su

cedi

a em

Ingla

terra, s

e di

ziam

músi

ca p

unk. M

as q

ue

bas

e cu

ltural

e s

ocia

l te

ria

m e

les

par

a os

lev

ar, no

nos

so

paí

s, e

m q

ue

todo

s os

mov

imen

tos

cult

urai

s ch

egam

atr

asad

os e

dilu

ídos

, a

tomar

est

a pos

ição

rad

ical

e p

rov

ocat

ória

«Em 1

969, o

s meu

s pai

s co

mprar

am u

ma

tele

vis

ão p

ara

assi

stir

mos

à i

da à

Lua

e ti

ve

a so

rte

de

ver

um c

once

rto

dos

Dee

p P

urple

. Fiq

uei

fas

cinad

o, p

asse

i a

comprar

tod

as a

s rev

ista

s da

esp

ecia

lida

de, ou

via

Cree

dence

Cle

arwat

er R

eviv

al.’ N

uma

altu

ra

em q

ue

as c

oisa

s de

mor

avam

a c

heg

ar a

Por

tugal

. Po

r i

sso

é qu

e ti

nha

um g

rupo

de a

mig

os q

ue

se junta

va

par

a en

comen

dar d

isco

s de

Ingla

terra; s

eguía

mos

as

ban

das

de c

ult

o, p

roc

uráv

amos

coi

sas

nov

as. Ain

da h

oje

faço

muit

o is

so, dá

-me

imen

so g

ozo

desc

obrir

nov

os p

rojec

tos. P

ara

mim

, o

roc

k’n'rol

l não

ser

viu

apen

as p

ara

toca

r, er

a to

do o

con

hec

imen

to, ex

per

iênci

a de

vid

a. D

esse

grupo

de a

mig

os f

azia

par

te a

lgum e

lemen

to d

os X

uto

s? O

s Xuto

s vie

ram

mai

s ta

rde

, só

os

con

hec

i par

a fo

rmar

a b

anda

. Co

mec

ei a

ouvir

fal

ar d

e punk

em 1

976, a

trav

és d

e um p

equen

o ar

tigo

sobre

os R

amon

es, e

acab

ei p

or m

anda

r v

ir o

prim

eiro

álbum d

e In

gla

terra. C

om

a ev

oluçã

o do

mov

imen

to, ac

abei

por

ir a

um f

esti

val

de

punk, e

m 1

977. E

m 1

978

conhec

i o

Kal

u, at

rav

és d

e um a

núnci

o de

jor

nal

.Faz

er u

ma

ban

da e

m 1

978

era

um p

riv

ilég

io. Te

nho

a im

pres

são

que

o punk

mod

ifico

u i

sso

tudo

. Ante

s er

a muit

o di

fíci

l um g

ajo

ambic

ionar

ser

músi

co, le

váv

amos

› muit

o mai

s co

m

ban

das

de jaz

z do

que

roc

k. Q

uan

do o

mov

imen

to c

heg

ou a

Lis

boa

– a

uma

esca

la m

enor

, cl

aro

– co

meç

ou t

ambém

a a

nim

ação

no

Bai

rro

Alt

o, c

om b

ares

inte

res

sante

s co

mo

o Roc

k Hou

se, o

Frág

il. Tu

do i

sso

foi

impor

tante

par

a o

surgim

ento

de

ban

das

como

os X

uto

s, o

s Min

as e

Armad

ilhas

, e

depoi

s a

ger

ação

do

João

Pes

te. Na

altu

ra, h

avia

uma

gran

de m

ovid

a na

Aven

ida

de R

oma. P

orqu

ê, o

que

se p

assa

va

lá?

Não

se

pas

sava

gran

de c

oisa

. Era

onde

nos

enco

ntr

ávam

os, na

Muniq

ue, u

ma

cervejar

ia n

o Aree

iro

que

hoje

é um b

anco

. Ía

mos

beb

er u

ns

canec

os,

met

íamos

uns

alfinet

es n

a boc

a ou

onde

cal

has

se, pin

távam

o-nos

e c

ada

um t

inha

a su

a ban

da. Na

ver

dade

eram

ban

das

que

não

exis

tiam

mas

que

nós

tín

ham

os n

a mes

ma. N

ão s

abía

mos

to

car, mas

aqu

ela

idei

a to

rnav

a-nos

impor

tante

s. D

uran

te o

dia

est

ávam

os n

a Aven

ida

de R

oma, entr

e o Váv

á e o Ti

c-Ta

c. U

m d

os ele

men

tos do

s Sé

tima

Leg

ião viv

ia em f

rente

ao ca

fé,

onde

com

eçar

am a

ensa

iar. H

avia

uma

séri

e de

mús

icos

naq

uel

a zona, o R

ibas

viv

ia em A

lval

ade, t

al com

o o Jo

ão C

abel

eira

, ér

amos

o p

esso

al d

os jar

dins qu

e se

ocu

pava

entr

e as

gan

zas e o

pert

ence

r a

uma

banda

. Pa

ssav

am a

ssim

o d

ia t

odo, sem

faz

er n

ada?

Rig

oros

amen

te n

ada. L

impá

vam

os a

cal

çada

e p

erte

ncíam

os a

uma

banda

.

Isso

bas

tava.»

Exce

rto

da

entr

evis

tas

Zé P

edro

dos

Xuto

s

06 d

e Fev

erei

ro

de 2

010, J

ornal

I

9

Page 10: Portuguese Punk Rock - 70's

A c

laust

rof

obia

soc

ial

das

gran

des

cida

des

brit

ânic

as a

cabav

a de

cria

r, uma

das

ger

açõe

s mai

s em

ble

mát

icas

na

luta

do

roc

k co

ntr

a to

dos

os s

iste

mas

por

exce

lênci

a. I

sto

é, m

ais

do

que

uma

causa

musi

cal, o

punk

apres

ento

u-s

e co

mo

uma

bof

etad

a pol

ític

a, a

rras

tando

con

sigo

todo

s os

reb

elde

s e

desc

onte

nte

s, s

em e

xce

pçã

o.

Em P

ortu

gal

, e

espec

ifica

men

te e

m L

isboa

, os

seu

s ec

os f

oram

sen

tido

s, a

pes

ar d

e, e

stet

icam

ente

, nunca

ter

em a

tingid

o os

extr

emos

toc

ados

pel

os S

ex P

isto

ls o

u X

-Ray

Spex

. No

enta

nto

, o

seu a

par

ecim

ento

no

circu

ito

musi

cal

nac

ional

não

é e

spon

tâneo

, te

ndo

um h

omem

sid

o o

res

pon

sável

pel

o se

u a

pad

rin

ham

ento

: Antó

nio

Sér

gio

e o

seu

prog

ram

a Rot

ação

da

Rád

io R

enas

cença

. In

clusi

ve, A

ntó

nio

Sér

gio

foi

mai

s lo

nge

e la

nço

u o

prim

eiro

«ál

bum p

irat

a» d

e ed

ição

por

tugues

a pel

a Pi

rat

e Drea

m R

ecor

ds, uma

edit

ora

igual

men

te

ileg

al. Nes

sa c

ompil

ação

- P

unk

Roc

k 77

- e

nco

ntr

aram

-se

ban

das

como

os M

orhea

d, S

ex P

isto

ls, Th

e Ja

m, Gen

arat

ion X

ou L

ondo

n.

«Em 7

6, o

u m

elhor

em 7

7, c

omeç

ou-s

e a

formar

entr

e nós

, ou

mel

hor

, en

tre

os «

van

guar

dist

as» d

a ca

pit

al u

ma

peq

uen

a co

munid

ade

de s

impat

izan

tes

do p

unk. C

opia

ndo

com

afinco

os

mod

elos

das

rev

ista

s es

tran

gei

ras

, usa

vam

blu

sões

de

cabed

al, ti

nham

cab

elos

com

prid

os (...)

A u

ma

dada

alt

ura, s

urgir

am g

rupos

musi

cais

que, à

imag

em d

o qu

e su

cedi

a em

Ingla

terra, s

e di

ziam

músi

ca p

unk. M

as q

ue

bas

e cu

ltural

e s

ocia

l te

ria

m e

les

par

a os

lev

ar, no

nos

so

paí

s, e

m q

ue

todo

s os

mov

imen

tos

cult

urai

s ch

egam

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asad

os e

dilu

ídos

, a

tomar

est

a pos

ição

rad

ical

e p

rov

ocat

ória

«Em 1

969, o

s meu

s pai

s co

mprar

am u

ma

tele

vis

ão p

ara

assi

stir

mos

à i

da à

Lua

e ti

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um c

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rto

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p P

urple

. Fiq

uei

fas

cinad

o, p

asse

i a

comprar

tod

as a

s rev

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s da

esp

ecia

lida

de, ou

via

Cree

dence

Cle

arwat

er R

eviv

al.’ N

uma

altu

ra

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oisa

s de

mor

avam

a c

heg

ar a

Por

tugal

. Po

r i

sso

é qu

e ti

nha

um g

rupo

de a

mig

os q

ue

se junta

va

par

a en

comen

dar d

isco

s de

Ingla

terra; s

eguía

mos

as

ban

das

de c

ult

o, p

roc

uráv

amos

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sas

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as. Ain

da h

oje

faço

muit

o is

so, dá

-me

imen

so g

ozo

desc

obrir

nov

os p

rojec

tos. P

ara

mim

, o

roc

k’n'rol

l não

ser

viu

apen

as p

ara

toca

r, er

a to

do o

con

hec

imen

to, ex

per

iênci

a de

vid

a. D

esse

grupo

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mig

os f

azia

par

te a

lgum e

lemen

to d

os X

uto

s? O

s Xuto

s vie

ram

mai

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rde

, só

os

con

hec

i par

a fo

rmar

a b

anda

. Co

mec

ei a

ouvir

fal

ar d

e punk

em 1

976, a

trav

és d

e um p

equen

o ar

tigo

sobre

os R

amon

es, e

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ei p

or m

anda

r v

ir o

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eiro

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oluçã

o do

mov

imen

to, ac

abei

por

ir a

um f

esti

val

de

punk, e

m 1

977. E

m 1

978

conhec

i o

Kal

u, at

rav

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e um a

núnci

o de

jor

nal

.Faz

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ma

ban

da e

m 1

978

era

um p

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ilég

io. Te

nho

a im

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que

o punk

mod

ifico

u i

sso

tudo

. Ante

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fíci

l um g

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ambic

ionar

ser

músi

co, le

váv

amos

› muit

o mai

s co

m

ban

das

de jaz

z do

que

roc

k. Q

uan

do o

mov

imen

to c

heg

ou a

Lis

boa

– a

uma

esca

la m

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, cl

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meç

ou t

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a a

nim

ação

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Bai

rro

Alt

o, c

om b

ares

inte

res

sante

s co

mo

o Roc

k Hou

se, o

Frág

il. Tu

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sso

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impor

tante

par

a o

surgim

ento

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das

como

os X

uto

s, o

s Min

as e

Armad

ilhas

, e

depoi

s a

ger

ação

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João

Pes

te. Na

altu

ra, h

avia

uma

gran

de m

ovid

a na

Aven

ida

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oma. P

orqu

ê, o

que

se p

assa

va

lá?

Não

se

pas

sava

gran

de c

oisa

. Era

onde

nos

enco

ntr

ávam

os, na

Muniq

ue, u

ma

cervejar

ia n

o Aree

iro

que

hoje

é um b

anco

. Ía

mos

beb

er u

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canec

os,

met

íamos

uns

alfinet

es n

a boc

a ou

onde

cal

has

se, pin

távam

o-nos

e c

ada

um t

inha

a su

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da. Na

ver

dade

eram

ban

das

que

não

exis

tiam

mas

que

nós

tín

ham

os n

a mes

ma. N

ão s

abía

mos

to

car, mas

aqu

ela

idei

a to

rnav

a-nos

impor

tante

s. D

uran

te o

dia

est

ávam

os n

a Aven

ida

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oma, entr

e o Váv

á e o Ti

c-Ta

c. U

m d

os ele

men

tos do

s Sé

tima

Leg

ião viv

ia em f

rente

ao ca

fé,

onde

com

eçar

am a

ensa

iar. H

avia

uma

séri

e de

mús

icos

naq

uel

a zona, o R

ibas

viv

ia em A

lval

ade, t

al com

o o Jo

ão C

abel

eira

, ér

amos

o p

esso

al d

os jar

dins qu

e se

ocu

pava

entr

e as

gan

zas e o

pert

ence

r a

uma

banda

. Pa

ssav

am a

ssim

o d

ia t

odo, sem

faz

er n

ada?

Rig

oros

amen

te n

ada. L

impá

vam

os a

cal

çada

e p

erte

ncíam

os a

uma

banda

.

Isso

bas

tava.»

Exce

rto

da

entr

evis

tas

Zé P

edro

dos

Xuto

s

06 d

e Fev

erei

ro

de 2

010, J

ornal

I

9

Page 11: Portuguese Punk Rock - 70's

port

uguê

s

Page 12: Portuguese Punk Rock - 70's

AQUI

D'EL

ROCK

A con

cepç

ão d

a ba

nda

foi n

a ver

dade

fru

to d

e uma

conjuga

ção de

circ

unst

âncias

, qu

e levar

am o seu

colectivo a

acha

r-se n

o di

reito de

re

clam

ar o esp

írito do

mov

imen

to p

unk

como sendo

seu

tam

bém, já que

esse esp

írito re

presen

tava

na

sua

essência

algo

que tinha

a v

er com

o

sentir

do g

rupo

, ou

seja, u

ma

gran

de r

evolta

quer

em r

elaç

ão à

cen

a ro

ck

nac

ional

e inte

rnac

ional

, qu

er em r

elaç

ão à

org

anizaç

ão d

a socied

ade em

ge

ral, a

lém d

e qu

e po

deri

a ev

entu

almen

te a

juda

r a

descob

rir

via

s po

r on

de

pude

ssem

faz

er p

assa

r os seu

s id

ealism

os m

usica

is.

Três

anos

após

a c

ham

ada

Rev

oluçã

o do

s Cr

avos

(25

de

Abril

de

1974

), viv

iam-s

e em

Por

tugal

gran

des

tran

sfor

maç

ões, g

ran

des

expec

tati

vas

, mas

tam

bém

imen

sas

dificu

ldad

es a

muit

os n

ívei

s.

Consc

iente

men

te o

grupo

assu

me

essa

s viv

ênci

as e

sem

con

cess

ões

esco

lhe

a su

a próp

ria

filo

sofia; e

é c

om g

ran

de n

atural

idad

e qu

e os

AdR

aca

bam

por

lid

erar

ess

a co

rren

te a

pel

idad

a de

boo

m”d

o roc

k por

tuguês

, on

de a

s nov

as b

anda

s proc

uram

faz

er c

oisa

s di

feren

tes.

Temas

for

tes

com l

etras

cor

ros

ivas

, so

m a

gres

sivo

e muit

o pod

eros

o,

alguma

exper

iênci

a de

pal

co a

par

com

a n

ovid

ade, s

ão o

s prin

cipai

s fa

ctor

es p

ara

que

tal

acon

teça

.

RP –

Voc

ês e

ntr

aram

par

a o

punk

por

opor

tunis

mo?

Se

rra

– Nós

, par

a já, não

nos

auto

-den

omin

amos

... c

omo

é qu

e é...

é as

sim q

ue

se d

iz?

- de

punk. T

emos

uma

série

de

idei

as q

ue, e

m

gran

de p

arte

, co

inci

dem c

om a

s do

punk. S

e o

punk

for a

quil

o qu

e nos

prop

use

mos

a f

azer

, so

mos

punk. S

e não

for

, não

som

os p

unk. P

ara

já,

não

nos

auto

-den

omin

amos

de

punk.

RP –

Entã

o o

que

é is

so q

ue

voc

ês f

azem

? Alf

red

o –

O qu

e a

gen

te e

stá

a fa

zer é

uma

músi

ca q

ue

sempre

gos

támos

. Se

iss

o é

punk

poi

s nós

som

os (...)

XUTO

S &

PONT

APÉS

Quan

do a

noç

ão d

o mov

imen

to p

unk

cheg

ou a

Por

tugal

, nós

está

vam

os c

hei

os d

e punks

. Ess

a é

que

é a

rea

lida

de.

A r

evol

uçã

o ti

nha

sido

muit

o pou

co t

empo, v

ivia

-se

ainda

aqu

ela

eufo

ria

tod

a. E

hav

ia m

uit

a gen

te q

ue

sempre

tinha

cala

do o

bic

o qu

e de

rep

ente

com

eçou

a e

xprim

ir-s

e. E

ra

como

se o

punk

já e

xis

tiss

e cá

, mas

sem

est

ar r

efer

enci

ado, s

em t

er c

ódig

o de

bar

ras

. Por

iss

o o

timin

g f

oi p

erfe

ito", ex

pli

ca Z

é Leo

nel

, voc

alis

ta o

rig

inal

dos

Xuto

s & P

onta

pés

, pos

ição

que

man

teria

até

198

1. "Est

ávam

os n

a es

puma

da

onda

, par

a nós

mai

s rev

oluçã

o ou

men

os r

evol

uçã

o, s

entí

amos

que

fazí

amos

par

te d

e te

mpos

agit

ados

, tu

do e

ra

rev

oluci

onár

io, ad

ianta

Ti

m, bai

xis

ta d

os X

uto

s e, d

esde

198

1, "do

no" d

o mic

rof

one.

«As

cois

as n

asci

am n

as m

esas

dos

caf

és, co

m v

iola

s de

cai

xa:

tirav

am-s

e du

as c

orda

s a

uma

par

a te

r u

m b

aixo. N

o nos

so c

aso, o

pon

to d

e en

contr

o er

a a

cervejar

ia M

uniq

ue, u

ma

cois

a qu

e ex

isti

a al

i no

Aree

iro. Q

uan

do o

s Xuto

s & P

onta

pés

nas

ceram

, ti

nham

mai

s ex

pres

são

físi

ca d

o qu

e musi

cal. E

u e

o Z

é Ped

ro

[guit

arra-

rit

mo

dos

Xuto

s] i

nven

távam

os zan

gas

par

a an

darmos

à t

arei

a no

mei

o da

rua

e só

par

ávam

os q

uan

do a

par

eces

se s

angue, i

sto

ainda

ante

s de

exis

tirem

os

Xuto

s & P

onta

pés

.

UHF

30 a

nos

, em

Alm

ada, c

omeç

ou a

des

enhar

-se

uma

das

mai

s im

por

tante

s his

tória

s do

roc

k por

tuguês

. Os

UHF n

asce

ram

de

sonhos

e

cres

ceram

de

forma

sóli

da, te

ndo

muit

o prov

avel

men

te p

almil

had

o mai

s qu

ilóm

etros

de

estr

ada

do q

ue

qual

quer

outr

a ban

da n

acio

nal

. Em 1

977, q

uan

do o

punk

esta

lava

em I

ngla

terra, P

ortu

gal

ain

da s

e proc

urav

a ajust

ar à

lib

erda

de r

ecém

-con

quis

tada

. Os

UHF f

oram

dos

prim

eiros

a s

acia

r u

ma

imen

sa s

ede

de r

ock

nes

sa n

ova

rea

lida

de

soci

al e

pol

ític

a, q

ue

vei

o co

m a

con

sagraç

ão d

a ed

ição

do

prim

eiro

álbum, À F

lor d

a Pel

e, e

m 1

981, o

nde

uma

his

tória

de

dedi

caçã

o ex

trem

a, s

ingula

r e

, de

cer

ta f

orma, v

isio

nár

ia.

A c

oisa

é p

eta

por

chet

a,é

chet

a por

pet

a,é

vir

gem

puta

é t

ret

aa

cois

asã

o co

isas

e l

oisa

ssã

o lo

isas

e c

oisa

sa

cois

a é

o si

stem

ae

por

iss

o há

que

vio

lenta

r o

sis

tema...»

Aqu

i d'el

roc

k -

que

Vio

lenta

r o

sis

tema

(Há

que

vio

lenta

r o

sis

tema

- Qu

ero

Tudo

, 19

78)

«Sé

men

, Sé

men

, Sé

men

Semen

te d

um c

orpo

que

cai

Do

corpo

da g

ente

Vel

ha

disp

uta

do

sexo

Nunca

é q

uem

se

esper

aTe

isso

nex

o;Se

men

ino

ou m

enin

aAo

pai

pou

co i

mpor

taÉ m

ais

um a

nex

oBem

nin

guém

O qu

e te

mSó

o qu

e não

tem

Xuto

s & P

onta

pés

- S

émen

(78/

82, 19

81)

«Rua

do C

armo,

rua

do C

armo

Mulh

eres

bon

itas

, su

bin

do o

Chia

doMulh

eres

alh

eias

, pres

as á

s mon

tras

,Alg

u n

s al

eijado

s em

hor

a de

pon

ta..

Olha

como

é, a

Rua

do C

armo

Olha

como

é, a

Rua

do C

armo

»

UHF -

Rua

do C

armo

(À F

lor d

a pel

e, 1

981)

11

Page 13: Portuguese Punk Rock - 70's

AQUI

D'EL

ROCK

A con

cepç

ão d

a ba

nda

foi n

a ver

dade

fru

to d

e uma

conjuga

ção de

circ

unst

âncias

, qu

e levar

am o seu

colectivo a

acha

r-se n

o di

reito de

re

clam

ar o esp

írito do

mov

imen

to p

unk

como sendo

seu

tam

bém, já que

esse esp

írito re

presen

tava

na

sua

essência

algo

que tinha

a v

er com

o

sentir

do g

rupo

, ou

seja, u

ma

gran

de r

evolta

quer

em r

elaç

ão à

cen

a ro

ck

nac

ional

e inte

rnac

ional

, qu

er em r

elaç

ão à

org

anizaç

ão d

a socied

ade em

ge

ral, a

lém d

e qu

e po

deri

a ev

entu

almen

te a

juda

r a

descob

rir

via

s po

r on

de

pude

ssem

faz

er p

assa

r os seu

s id

ealism

os m

usica

is.

Três

anos

após

a c

ham

ada

Rev

oluçã

o do

s Cr

avos

(25

de

Abril

de

1974

), viv

iam-s

e em

Por

tugal

gran

des

tran

sfor

maç

ões, g

ran

des

expec

tati

vas

, mas

tam

bém

imen

sas

dificu

ldad

es a

muit

os n

ívei

s.

Consc

iente

men

te o

grupo

assu

me

essa

s viv

ênci

as e

sem

con

cess

ões

esco

lhe

a su

a próp

ria

filo

sofia; e

é c

om g

ran

de n

atural

idad

e qu

e os

AdR

aca

bam

por

lid

erar

ess

a co

rren

te a

pel

idad

a de

boo

m”d

o roc

k por

tuguês

, on

de a

s nov

as b

anda

s proc

uram

faz

er c

oisa

s di

feren

tes.

Temas

for

tes

com l

etras

cor

ros

ivas

, so

m a

gres

sivo

e muit

o pod

eros

o,

alguma

exper

iênci

a de

pal

co a

par

com

a n

ovid

ade, s

ão o

s prin

cipai

s fa

ctor

es p

ara

que

tal

acon

teça

.

RP –

Voc

ês e

ntr

aram

par

a o

punk

por

opor

tunis

mo?

Se

rra

– Nós

, par

a já, não

nos

auto

-den

omin

amos

... c

omo

é qu

e é...

é as

sim q

ue

se d

iz?

- de

punk. T

emos

uma

série

de

idei

as q

ue, e

m

gran

de p

arte

, co

inci

dem c

om a

s do

punk. S

e o

punk

for a

quil

o qu

e nos

prop

use

mos

a f

azer

, so

mos

punk. S

e não

for

, não

som

os p

unk. P

ara

já,

não

nos

auto

-den

omin

amos

de

punk.

RP –

Entã

o o

que

é is

so q

ue

voc

ês f

azem

? Alf

red

o –

O qu

e a

gen

te e

stá

a fa

zer é

uma

músi

ca q

ue

sempre

gos

támos

. Se

iss

o é

punk

poi

s nós

som

os (...)

XUTO

S &

PONT

APÉS

Quan

do a

noç

ão d

o mov

imen

to p

unk

cheg

ou a

Por

tugal

, nós

está

vam

os c

hei

os d

e punks

. Ess

a é

que

é a

rea

lida

de.

A r

evol

uçã

o ti

nha

sido

muit

o pou

co t

empo, v

ivia

-se

ainda

aqu

ela

eufo

ria

tod

a. E

hav

ia m

uit

a gen

te q

ue

sempre

tinha

cala

do o

bic

o qu

e de

rep

ente

com

eçou

a e

xprim

ir-s

e. E

ra

como

se o

punk

já e

xis

tiss

e cá

, mas

sem

est

ar r

efer

enci

ado, s

em t

er c

ódig

o de

bar

ras

. Por

iss

o o

timin

g f

oi p

erfe

ito", ex

pli

ca Z

é Leo

nel

, voc

alis

ta o

rig

inal

dos

Xuto

s & P

onta

pés

, pos

ição

que

man

teria

até

198

1. "Est

ávam

os n

a es

puma

da

onda

, par

a nós

mai

s rev

oluçã

o ou

men

os r

evol

uçã

o, s

entí

amos

que

fazí

amos

par

te d

e te

mpos

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ados

, tu

do e

ra

rev

oluci

onár

io, ad

ianta

Ti

m, bai

xis

ta d

os X

uto

s e, d

esde

198

1, "do

no" d

o mic

rof

one.

«As

cois

as n

asci

am n

as m

esas

dos

caf

és, co

m v

iola

s de

cai

xa:

tirav

am-s

e du

as c

orda

s a

uma

par

a te

r u

m b

aixo. N

o nos

so c

aso, o

pon

to d

e en

contr

o er

a a

cervejar

ia M

uniq

ue, u

ma

cois

a qu

e ex

isti

a al

i no

Aree

iro. Q

uan

do o

s Xuto

s & P

onta

pés

nas

ceram

, ti

nham

mai

s ex

pres

são

físi

ca d

o qu

e musi

cal. E

u e

o Z

é Ped

ro

[guit

arra-

rit

mo

dos

Xuto

s] i

nven

távam

os zan

gas

par

a an

darmos

à t

arei

a no

mei

o da

rua

e só

par

ávam

os q

uan

do a

par

eces

se s

angue, i

sto

ainda

ante

s de

exis

tirem

os

Xuto

s & P

onta

pés

.

UHF

30 a

nos

, em

Alm

ada, c

omeç

ou a

des

enhar

-se

uma

das

mai

s im

por

tante

s his

tória

s do

roc

k por

tuguês

. Os

UHF n

asce

ram

de

sonhos

e

cres

ceram

de

forma

sóli

da, te

ndo

muit

o prov

avel

men

te p

almil

had

o mai

s qu

ilóm

etros

de

estr

ada

do q

ue

qual

quer

outr

a ban

da n

acio

nal

. Em 1

977, q

uan

do o

punk

esta

lava

em I

ngla

terra, P

ortu

gal

ain

da s

e proc

urav

a ajust

ar à

lib

erda

de r

ecém

-con

quis

tada

. Os

UHF f

oram

dos

prim

eiros

a s

acia

r u

ma

imen

sa s

ede

de r

ock

nes

sa n

ova

rea

lida

de

soci

al e

pol

ític

a, q

ue

vei

o co

m a

con

sagraç

ão d

a ed

ição

do

prim

eiro

álbum, À F

lor d

a Pel

e, e

m 1

981, o

nde

uma

his

tória

de

dedi

caçã

o ex

trem

a, s

ingula

r e

, de

cer

ta f

orma, v

isio

nár

ia.

«Rua

do C

armo,

rua

do C

armo

Mulh

eres

bon

itas

, su

bin

do o

Chia

doMulh

eres

alh

eias

, pres

as á

s mon

tras

,Alg

u n

s al

eijado

s em

hor

a de

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ta..

Olha

como

é, a

Rua

do C

armo

Olha

como

é, a

Rua

do C

armo

»

UHF -

Rua

do C

armo

(À F

lor d

a pel

e, 1

981)

11

Page 14: Portuguese Punk Rock - 70's

PUNK

IS

NOT

DEAD

Page 15: Portuguese Punk Rock - 70's

PUNK

IS

NOT

DEAD

Esta

fra

se p

ode ser

encontr

ada, u

m p

ouco, po

r todo

o lad

o nas

pare

des do

s gr

andes contr

os u

rban

os. Mas

ser

á mesmo as

sim? Em

Port

ugal

, os cul

tivad

ores deste «

mov

imen

to-m

oda»

ain

da p

or

aí apa

recem de noite, com os seus

tra

jes bi

zarr

os e os ca

belos

eriçad

os à cus

ta de mui

to «

gel»

e p

aciência, n

umas

qua

isqu

er

«noites longa

s» ou

afins

Art

igo

de E

duar

do P

ais

Mam

ede

Edi

ção

Esp

ecia

l so

bre o

Punk

em P

ortu

gal

Jorn

al B

litz

, Ano

2, N

.º 74

.

13

Page 16: Portuguese Punk Rock - 70's
Page 17: Portuguese Punk Rock - 70's

Crei

o qu

e já n

ão h

aver

á hoje

em d

ia e

m P

ortu

gal

grupos

musi

cais

que

se r

ecla

mem

punk. M

esmo

o grupos

com

o os

Xuto

s & P

onta

pés

, há

muit

o qu

e se

rec

icla

ram

, e

agor

a fa

zem o

utr

o ti

do d

e co

isas

. O

que

inte

res

sa, co

ntu

do, é

que

nes

tes

paí

ses, a

uma

dada

alt

ura, s

urgir

am g

rupos

musi

cais

que, à

im

agem

do

que

suce

dia

em I

ngla

terra, s

e di

ziam

músi

ca p

unk. M

as q

ue

bas

e cu

ltural

e s

ocia

l te

ria

m

eles

par

a os

lev

ar, no

nos

so p

aís, e

m q

ue

todo

s os

mov

imen

tos

cult

urai

s ch

egam

atr

asad

os e

dilu

ídos

, a

tomar

est

a pos

ição

rad

ical

e p

rov

ocat

ória

? Não

ter

ia s

ido

tudo

mes

mo

mod

a?To

dos

os g

rupos

de

juven

tude

rad

icai

s, e

nfo

rmad

os p

or u

ma

vio

lênci

as e

ndé

mic

a e

grat

uit

a,

têm n

a su

a or

igem

, prob

lemas

de

frust

raç

ão s

ocia

l, n

omea

damen

te p

ela

falt

a de

per

spec

tivas

profi

ssio

nai

s, d

esem

preg

o do

s pai

s, i

nse

guran

ça f

amil

iar e

des

inte

graç

ão d

e id

eias

cult

urai

s id

enti

fica

dores

com

o s

eu m

eio

soci

al. Tê

m-s

e en

contr

ado

esta

s si

tuaç

ões

atrav

és d

os t

empos

mas

, mai

s ac

uti

lante

men

te, nos

após

-guer

ra, n

as g

ran

des

soci

edad

es i

ndu

stria

is e

de

consu

mo. C

omo

é ób

vio

, a

juven

tude

, co

mo

estr

ato

soci

al i

nst

ável

, de

proc

ura

const

ante

de

iden

tifica

ção, é

o

veí

culo

nat

ural

de

condu

ção

dos

diver

sos

«in

confo

rmis

mos

» e

«rev

olta

s». Por

outr

o la

do, se

est

a ân

sia

de p

roc

ura, d

e cr

ític

a ap

aixon

ada

e, a

té, de

vio

lênci

a la

tente

, é

nat

ural

na

juven

tude

, ta

mbém

o s

eu i

mag

inár

io p

ode

ser (e

é) m

uit

as v

ezes

pree

nch

ido

com u

ma

mit

olog

ia e

xte

rio

r, qu

e mai

s ta

rde

se

vem

per

feit

amen

te a

ide

nti

fica

r c

om e

la. Ass

im a

conte

ceu c

om o

s rom

ance

s de

Jac

k Ker

ouac

e a

poe

sia

de A

. Gin

sber

g, qu

e en

formar

am o

imag

inár

io d

os jov

ens

dos

anos

ses

senta

e

pol

ariz

aram

a f

ormaç

ão d

e grupos

de

ruptu

ra

tão

diver

sifica

dos

como, e

par

a ci

tar, do

is d

os

mai

s im

por

tante

e a

nta

gón

icos

, os

bea

tnik

s e

os h

ippis

.A m

úsi

ca, qu

e se

mpre

acom

pan

hou

est

a mov

imen

taçã

o de

ide

ias

e es

tilo

s de

vid

a, f

oi, de

iníc

io,

enca

rad

a pel

o si

stem

a (por

pô-

lo e

m c

ausa

) co

mo

vio

lenta

, mar

gin

al e

subver

siva, e

, por

iss

o,

a co

mbat

er. Até

que

se d

eu o

fen

ómen

o do

s Bea

tles

. Co

m a

con

deco

raç

ão d

este

grupo

pel

a rai

nha

de I

ngla

terra

como

orde

m d

o Im

pér

io B

rit

ânic

o, p

elas

col

ossa

is v

enda

s do

s se

us

disc

os t

anto

no

mer

cado

inte

rno

como

espec

ialm

ente

, no

exte

rno, c

om a

subse

quen

te e

ntr

ada

de d

ivis

as, o

sist

ema

dava

o ss

eu a

val

o à

músi

ca d

a ju

ven

tude

, per

ceben

do q

ue

ela

era

um ó

pti

mo

neg

ócio

alt

amen

te

lucr

ativ

o. E

a p

arti

r d

aí n

unca

mai

s de

ixou

de

coman

dar o

proc

esso

. É n

este

cen

ário

que

se t

em

que

per

ceber

a c

urta

duraç

ão e

a b

ase

do f

enóm

eno

punk.

. Arti

go

de E

duar

do P

ais

Mam

ede

.Edi

ção

Esp

ecia

l so

bre

o Punk

em P

ortu

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PUNK / UM OLHAR CRÍTICO

15

Page 18: Portuguese Punk Rock - 70's

Módulo Expositivo - Revolução 9

Jornal de Exposição16 páginas

Janeiro - 2011

um projecto deAndreia Constantino

Bernardo CaldeiraSílvia Matias

Imagem da capa:UHF - Concerto no Pavilhão do Resto

Aniversário do programa Rock em Stock


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